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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA CIRCUITO INTEGRADO: AMPLIFICADOR OPERACIONAL Área de Microeletrônica por Afrânio Magno Júnior William César Mariano, Mestre Orientador Campinas (SP), dezembro de 2007

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

CIRCUITO INTEGRADO: AMPLIFICADOR OPERACIONAL

Área de Microeletrônica

por

Afrânio Magno Júnior

William César Mariano, Mestre Orientador

Campinas (SP), dezembro de 2007

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

CIRCUITO INTEGRADO: AMPLIFICADOR OPERACIONAL

Área de Microeletrônica

por

Afrânio Magno Júnior Relatório apresentado à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Elétrica para análise e aprovação. Orientador: William César Mariano, Mestre

Campinas (SP), dezembro de 2007

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................................. V

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................... VI

LISTA DE EQUAÇÕES .................................................................................................................. VII

RESUMO ................................................................................................................................... VIII

ABSTRACT ................................................................................................................................... IX

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1. OBJETIVOS ............................................................................................................................... 1 1.2. METODOLOGIA ......................................................................................................................... 2 1.2.1. ESPECIFICAÇÃO DO CI: .......................................................................................................... 3 1.2.2. PARTICIONAMENTO E PLANEJAMENTO: ................................................................................. 3 1.2.3. DESENVOLVIMENTO E LAYOUT: ............................................................................................ 4 1.2.4. MODELAMENTO COMPORTAMENTAL: ................................................................................... 5 1.2.5. IDENTIFICAÇÃO DAS INTERFACES E DESCRIÇÃO DOS PINOS DE ENTRADA E SAÍDA: ............... 5 1.2.6. INTERDEPENDÊNCIA DOS BLOCOS: ........................................................................................ 5 1.2.7. SIMULAÇÃO E ANÁLISE: ........................................................................................................ 6 1.2.8. ANÁLISE DE VARIAÇÃO DE PROCESSO: ................................................................................. 6 1.2.9. LAYOUT DOS BLOCOS: .......................................................................................................... 6 1.2.10. VERIFICAÇÃO DOS BLOCOS (DRC, LVS. LPE): ................................................................ 6 1.2.11. MONTAGEM DO CI: ........................................................................................................... 7 1.2.12. REVISÃO GERAL: .............................................................................................................. 7 1.2.13. VERIFICAÇÃO DE DRC, LVS, LPE .................................................................................... 7 1.2.14. MARCAS DE ALINHAMENTO: ............................................................................................. 7 1.2.15. TESTE DE PROTÓTIPO: ....................................................................................................... 7 1.2.16. TESTE DE PROTÓTIPO PELO CLIENTE: ................................................................................ 8 1.2.17. QUALIFICAÇÃO: ................................................................................................................ 8 1.2.18. PRODUÇÃO DO CI: ............................................................................................................. 8 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................................................. 8

2. EVOLUÇÃO DA MICROELETRÔNICA ...................................................................................... 9

3. O TRANSISTOR MOS ........................................................................................................... 13

3.1. REGIÕES DE OPERAÇÃO ...................................................................................................... 15 3.2. RELAÇÕES DE CORRENTE‐TENSÃO DO TRANSISTOR MOS ................................................ 157 3.3. TIPOS DE MOSFETS ........................................................................................................... 158

4. O AMPLIFICADOR OPERACIONAL ...................................................................................... 139

4.1. A POLARIZAÇÃO DO CIRCUITO ........................................................................................... 20 4.2. CIRCUITO DE PROTEÇÃO CONTRA CURTO‐CIRCUITO ......................................................... 20 4.3. O ESTÁGIO DE ENTRADA ..................................................................................................... 20 4.4. O SEGUNDO ESTÁGIO ......................................................................................................... 21 4.5. O ESTÁGIO DE SAÍDA .......................................................................................................... 22 4.6. AMP OPS CMOS .................................................................................................................. 22

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5. PROJETO DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL .................................................................... 24

5.1. PROJETO DE UM OTA SIMPLES ........................................................................................... 24 5.1.1 A MARGEM DE FASE E PRODUTO GANHO-LARGURA DE BANDA ............................................ 26 5.1.2 PLANO DE PROJETO DO OTA SIMPLES ................................................................................. 27 5.1.3 OTIMIZAÇÃO PARA O MÁXIMO GBW .................................................................................. 28 5.2. O AMPLIFICADOR DE TRANSCONDUTÂNCIA CMOS DE DOIS ESTÁGIOS ............................. 31 5.2.1 O GANHO DO OTA DE DOIS ESTÁGIOS ................................................................................. 32 5.2.2 O PRODUTO BANDA LARGURA DE BANDA E MARGEM DE FASE ............................................. 32 5.2.3 OS PÓLOS E ZEROS SEM A CAPACITÂNCIA DE COMPENSAÇÃO .............................................. 32 5.2.4 OS PÓLOS E ZEROS COM A CAPACITÂNCIA DE COMPENSAÇÃO .............................................. 34 5.2.5 PLANO DE PROJETO DO OTA DE DOIS ESTÁGIOS .................................................................. 35 5.2.6 DETERMINAÇÃO DE (W/L)1 E I1 ........................................................................................... 36 5.3. CONSIDERAÇÕES DE LAYOUT DO AMPLIFICADOR OPERACIONAL ..................................... 37 5.3.1 EFEITOS DA GEOMETRIA ...................................................................................................... 38 5.3.2 EFEITOS TÉRMICOS .............................................................................................................. 38 5.3.3 LAYOUT DE TRANSISTORES MOS DE CENTRO-COMUM ........................................................ 39

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 42

APÊNDICE A – PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO CI ....................................................................... 43

A.1. PROCESSO DE FABRICAÇÃO – CIRCUITO INTEGRADO ........................................................ 43 A.1.1 ETAPAS DE FABRICAÇÃO BICMOS ..................................................................................... 43 A.1.2 INÍCIO .................................................................................................................................. 43 A.1.3 CRESCIMENTO EPITAXIAL ................................................................................................... 43 A.1.4 CRIAÇÃO DE POÇO N ........................................................................................................... 44 A.1.5 DEFINIÇÃO DA ÁREA ATIVA................................................................................................ 45 A.1.6 FORMAÇÃO DO ÓXIDO DE CAMPO ....................................................................................... 47 A.1.7 FORMAÇÃO DO ÓXIDO DE PORTA ........................................................................................ 47 A.1.8 DEPOSIÇÃO DO SILÍCIO ........................................................................................................ 48 A.1.9 FORMAÇÃO DO TRANSISTOR CANAL P ................................................................................ 49 A.1.10 FORMAÇÃO DO TRANSISTOR CANAL N ................................................................................ 50 A.1.11 RECOZIMENTO ..................................................................................................................... 51 A.1.12 ISOLAÇÃO E ABERTURA DOS CONTATOS ............................................................................. 52 A.1.13 DEPOSIÇÃO DE METAL 1 ..................................................................................................... 53 A.1.14 ISOLAÇÃO E ABERTURAS DE VIAS ....................................................................................... 54 A.1.15 DEPOSIÇÃO DE METAL 2 ..................................................................................................... 54 A.1.16 PASSIVAÇÃO ....................................................................................................................... 55

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LISTA DE ABREVIATURAS

AC Alternating Current BiCMOS Bipolar and complementary Metal-oxide-semiconductor CDS Cadence Design System CI Circuito Integrado CIF Configuration Information File CMOS Complementary Metal-Oxide-Semiconductor DC Direct Current DFMEA Design Failure Models and Effects Analysis DRC Design Rule Check FET Field Effect Transistor GBW Produto Ganho-largura de Banda GDS-II Graphic Data System JFET Junction Field Effect Transistor LPE Layout Parameter Extraction LVS Layout versus Schematic MOS Metal-Oxide-Semiconductor MOSFET Metal-Oxide Semiconductor Field-Effect Transistor NMOS N-channel Metal-Oxide-Semiconductor OPAMP Operational Amplifier OTA Amplificador de Transcondutância PMOS P-channel Metal-Oxide-Semiconductor RTL Raster Transfer Language TCC Trabalho de Conclusão de Curso USF Universidade São Francisco VHDL VHSIC Hardware Description Language

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fluxograma detalhado do fluxo de projeto de um circuito integrado analógico .................. 2 Figura 2. Fluxograma detalhado do fluxo de projeto de um bloco analógico ...................................... 4 Figura 3. Fotografia do primeiro transistor bipolar de contato descoberto em dezembro de 1947 ... 10 Figura 4. Fotografia do primeiro circuito integrado desenvolvido por J. Kilby, em 1958 ................ 12 Figura 5. Fotografia do primeiro circuito integrado fabricado por processo planar na Fairchild ...... 13 Figura 6. Desenho esquemático do transistor MOSFET como apresentado por Lilienfeld ............... 14 Figura 7. Desenho esquemático da estrutura moderna do transistor MOSFET em perspectiva, corte

em secção transversal e o símbolo do transistor nMOS ....................................................... 15 Figura 8. Curvas características de transistor nMOS, com indicação das regiões de operação. ........ 16 Figura 9. Desenho esquemático de transistor nMOS polarizado na região linear de operação ......... 17 Figura 10. Estrutura, curvas características e símbolo dos quatro tipos de MOSFETs: (a) nMOS de

enriquecimento,( b) nMOS de depleção, (c) pMOS de enriquecimento, (d) pMOS de depleção ............................................................................................................................. 18

Figura 11. O circuito do amp op 741 ................................................................................................. 19 Figura 12. Configuração de dois estágios do amp op CMOS ............................................................ 23 Figura 13. (a) Configuração de um OTA simples. (b) Símbolo do OTA. ......................................... 25 Figura 14. GBW x (W/L), para variável IB(µA) e CL=5pf (Cn4=4pF ; Cn5=3pF) .............................. 28 Figura 15. GBW x (W/L), para variável IB (µA) e CL=5pF (Cn0=0,5pF;K1=K4=0,1pF) .................... 30 Figura 16. OTA CMOS com dois estágios: VDD= 2,5V; IB=2,5µA; B=10 ...................................... 31 Figura 17. Modelo para o cálculo do ganho do OTA ......................................................................... 32 Figura 18. Diagrama de Bode do OTA com dois estágios Cc=0pF e Cc=1pF ................................... 33 Figura 19. Corrente de Saída versus a Área, onde I5 = I6 (µA) .......................................................... 36 Figura 20. Par diferencial interdigitado .............................................................................................. 39 Figura 21. Par diferencial “cross-coupled”. ....................................................................................... 40 Figura 22. Camada epitaxial tipo p .................................................................................................... 44 Figura 23. Poço de um transistor ........................................................................................................ 44 Figura 24. Layout poço de um transistor ............................................................................................ 45 Figura 25. Definição da área ativa ..................................................................................................... 46 Figura 26. Layout definição da área ativa .......................................................................................... 46 Figura 27. Formação de óxido de campo ........................................................................................... 47 Figura 28. Formação de óxido de porta .............................................................................................. 47 Figura 29. Deposição de polisilício .................................................................................................... 48 Figura 30. Layout deposição de polisilício ........................................................................................ 49 Figura 31. Formação do transistor canal p ......................................................................................... 50 Figura 32. Layout formação do transistor canal p .............................................................................. 50 Figura 33. Formação do transistor canal n ......................................................................................... 51 Figura 34. Layout formação do transistor canal n .............................................................................. 51 Figura 35. Recozimento ..................................................................................................................... 52 Figura 36. Óxido de isolação e abertura de contatos .......................................................................... 52 Figura 37. Layout isolação e abertura de contatos ............................................................................. 52 Figura 38. Deposição de metal 1 ........................................................................................................ 53 Figura 39. Layout deposição de metal 1 ............................................................................................ 53 Figura 40. Óxido de isolação e abertura de vias ................................................................................ 54 Figura 41. Layout deposição de metal 2 ............................................................................................ 54 Figura 42. Layout final com revestimento protetor ............................................................................ 55

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1. ....................................................................................................................................................... 25 Equação 2. ....................................................................................................................................................... 25 Equação 3. ....................................................................................................................................................... 26 Equação 3. ....................................................................................................................................................... 26 Equação 4. ....................................................................................................................................................... 26 Equação 5. ....................................................................................................................................................... 26 Equação 6. ....................................................................................................................................................... 26 Equação 7. ....................................................................................................................................................... 26 Equação 8. ....................................................................................................................................................... 26 Equação 9. ....................................................................................................................................................... 26 Equação 10. ..................................................................................................................................................... 26 Equação 11. ..................................................................................................................................................... 27 Equação 12. ..................................................................................................................................................... 27 Equação 13. ..................................................................................................................................................... 27 Equação 14. ..................................................................................................................................................... 27 Equação 15. ..................................................................................................................................................... 27 Equação 16. ..................................................................................................................................................... 27 Equação 17. ..................................................................................................................................................... 27 Equação 18. ..................................................................................................................................................... 28 Equação 19. ..................................................................................................................................................... 29 Equação 20. ..................................................................................................................................................... 29 Equação 21. ..................................................................................................................................................... 29 Equação 22. ..................................................................................................................................................... 29 Equação 23. ..................................................................................................................................................... 29 Equação 24. ..................................................................................................................................................... 29 Equação 25. ..................................................................................................................................................... 29 Equação 26. ..................................................................................................................................................... 30 Equação 27. ..................................................................................................................................................... 30 Equação 28. ..................................................................................................................................................... 30 Equação 29. ..................................................................................................................................................... 30 Equação 30. ..................................................................................................................................................... 32 Equação 31. ..................................................................................................................................................... 32 Equação 32. ..................................................................................................................................................... 32 Equação 33. ..................................................................................................................................................... 32 Equação 34. ..................................................................................................................................................... 33 Equação 35. ..................................................................................................................................................... 33 Equação 36. ..................................................................................................................................................... 34 Equação 37. ..................................................................................................................................................... 34 Equação 38. ..................................................................................................................................................... 34 Equação 39. ..................................................................................................................................................... 34 Equação 40. ..................................................................................................................................................... 34 Equação 41. ..................................................................................................................................................... 34 Equação 42. ..................................................................................................................................................... 34 Equação 43. ..................................................................................................................................................... 34 Equação 44. ..................................................................................................................................................... 36 Equação 45. ..................................................................................................................................................... 36 Equação 46. ..................................................................................................................................................... 37 Equação 47. ..................................................................................................................................................... 37 Equação 48. ..................................................................................................................................................... 37 Equação 49. ..................................................................................................................................................... 38

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RESUMO

MAGNO, Afrânio Júnior. Circuito Integrado: Amplificador Operacional. Campinas, 2007. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade São Francisco, Campinas, 2007. Este projeto envolve a microeletrônica analógica, bem como o fluxo de projeto de um circuito integrado desde o desenvolvimento teórico do circuito até a possível qualificação do chip. Todo o desenvolvimento teórico, análises das funções de cada bloco, equacionamento e considerações de layout para ser construído um amplificador operacional com qualquer tipo de especificação, sem levar em conta as variáveis do processo semicondutor. Palavras-chave: microeletrônica, amplificador operacional, semicondutores.

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ABSTRACT

This design involves the analog microelectronic, the design flow of the integrated circuit since the development of the circuit to the possible chip qualification. All development, analysis of the block functions, equations and layout considerations for be building an operational amplifier with any type of specification, without the variables of the semiconductor process. Keywords: microelectronic, operational amplifier, semiconductor.

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1. INTRODUÇÃO

Este projeto envolve a microeletrônica analógica, bem como o fluxo de projeto de um

circuito integrado desde o desenvolvimento teórico do circuito até a possível fabricação e validação

do chip.

O tema surgiu com a curiosidade e o interesse em circuitos integrados, de compreender a

integração dos dispositivos eletrônicos em uma única pastilha de silício. Para atender essa proposta

surgiu a idéia de desenvolver um Amplificador Operacional.

Os amplificadores operacionais CMOS são blocos fundamentais na implementação de

conversores analógicos-digitais, filtros capacitivos chaveados, filtros contínuos, tensão de

referência, etc.

As especificações de um opamp direcionado ao mercado estão intimamente relacionadas

com as necessidades da área em que o produto será aplicado.

Para garantir uma alta qualidade do produto, o amplificador terá que seguir algumas

especificações pré-estabelecidas como, por exemplo, os parâmetros de baixa distorção e ruído, alta

velocidade e um alto ganho.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

Pré-amplificação de sinal com baixa distorção e ruído com tempo de resposta alto.

1.1.2. Objetivos Específicos

Aprendizagem de projetos em microeletrônica, simulação, verificação, layout e o processo

de fabricação de circuitos integrados.

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1.2. METODOLOGIA

A Figura 1 resume em um fluxograma a metodologia de projeto de um circuito integrado

analógico, desde o seu desenvolvimento até a produção.

Figura 1. Fluxograma detalhado do fluxo de projeto de um circuito integrado analógico.

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1.2.1. Especificação do CI: Esse estágio é normalmente feito em colaboração com o cliente ou com o departamento de

marketing da empresa. Toda a caracterização do circuito integrado precisa ser feita nesse ponto, que irá determinar a integridade dos passos seguintes.

1.2.2. Particionamento e Planejamento: Baseado na especificação do cliente previamente feita, o CI é particionado seguindo

algumas regras básicas:

O CI é dividido em blocos funcionais menores, os quais podem ser subdivididos se necessário. Nesse processo de segmentação, os engenheiros projetistas devem ter em mente que podem existir blocos prontos que podem ser reutilizados. Além disso, dependendo da aplicação, o particionamento deve ser feito respeitando os domínios de software e hardware, contando, para isso, os fatores de custo e desempenho.

Cada bloco tem então suas interfaces e pinos definidos, quais serão de entrada e quais serão de saída. Nesse ponto geralmente se adianta alguma especificação elétrica do CI.

É feito um cálculo estimado para determinar o tempo necessário para cada bloco, que deve ser sempre o menor possível devido às características de transição do mercado consumidor, que cada vez exige produtos de ponta que estejam sempre inovando o mercado.

Então se define a área do silício usada para fazer o CI e quais blocos que poderão alterar o funcionamento correto do circuito, por exemplo, o bloco de RF deve ficar longe do bloco de potência.

Define-se a estratégia preliminar de testes. Isso inclui, no caso de projetos digitais de um Boundary Scan, da confecção de um circuito especial de teste junto com o CI, ou seja, um circuito adjacente que irá testar a funcionalidade parcial do circuito projetado.

Uma nova técnica está sendo atualmente usada, chamada de matriz de busca (Traceability Matrix), que é um instrumento que garante a testabilidade do projeto e que esse teste chegue a todos os transistores do bloco. Nada mais é do que uma lista compilada de todas as especificações, simulações e procedimento de teste que garante a correspondência total entre as especificações e o circuito. Essa parte da documentação também prevê lugares para colocação de cada parâmetro final, ajudando fortemente na posterior elaboração do data-sheet.

O DFMEA (Design Failure Models and Effects Analysis), por sua vez, enumera todas as falhas dos componentes do sistema e determina o local relacionado com o problema, sendo mais usado em circuitos digitais. Os circuitos analógicos dificilmente usam blocos padrões, como são as portas lógicas para blocos digitais, então é muito difícil se beneficiar desta técnica. Os resultados são usados para identificar e eliminar falhas que causariam conseqüências indesejáveis e graves, como por exemplo a perda de um função de um núcleo de micro controlador. Se uma parte do CI não conseguir ser coberta pela estratégia de testes, esta estratégia é abandonada e outra será usada. Testabilidade de circuitos digitais não é algo trivial quando desejasse testar dezenas de milhares de transistores e muitas vezes esse critério determina mudanças do próprio projeto e não apenas em procedimentos de testes.

Nesse ponto é feito um esquema do topo do CI, ou uma descrição VHDL desse bloco, que acompanha as informações essenciais para cada um dos blocos principais. Isso ajuda muito quando o desenvolvimento é em grupo e todos precisam ter conhecimento do andamento do projeto. Note que essa descrição inclui apenas a interface de cada bloco e a interconexão de cada bloco, o bloco em si será ainda projetado. Essa estimativa de blocos serve ainda para o primeiro planejamento de topo, ou floorplanning, bem como ajuda a se ter uma melhor idéia do tempo de atraso que será usado na síntese do hardware a partir do código VHDL de cada bloco.

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1.2.3. Desenvolvimento e Layout: Neste passo que é gerado o código fonte do circuito digital que posteriormente irá ser

sintetizado para obter o layout. Será abordado todo o fluxo de projeto das partes analógicas e digitais do Circuito Integrado e toda a concepção do layout dos mesmos.

A Figura 2 resume em um fluxograma a metodologia de um bloco analógico, desde a

definição da topologia até o layout finalizado.

Figura 2. Fluxograma detalhado do fluxo de projeto de um bloco analógico.

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1.2.4. Modelamento Comportamental: Dependendo da complexidade do circuito, um modelamento em alto nível é necessário para

um melhor entendimento do que se espera da parte analógica do chip. Esse modelo é útil principalmente para determinar os diversos modos de se construir um CI

analógico, suas diversas arquiteturas e processos. Serve também como uma contraprova sobre o conceito de CI e ajuda na elaboração do

testbench (esquema específico de testes) para os blocos do CI. O uso de linguagens de descrição de hardware está ainda começando nessa área devido à complexidade de se definir não só o circuito, mas tamanhos de trilhas, necessidades específicas de matching (casamento entre componentes), etc.

1.2.5. Identificação das Interfaces e Descrição dos pinos de entrada e saída: Identificar e descrever as interfaces do CI, tanto na parte analógica quanto a digital. A

especificação de interface deve conter os seguintes itens: Entradas e saídas dos blocos (definição elétrica, temporização, etc.); Pinos de entrada (definição elétrica, temporização, etc.); Pinos de saída (definição elétrica, temporização, proteções, componentes externos,

etc.); Tensões de corrente de alimentação.

1. Descrição Detalhada dos Blocos: Antes de iniciar o esquema elétrico, o projetista deve ter em mãos ainda uma descrição

detalhada dos blocos para que ele possa aperfeiçoar o circuito da melhor forma possível. Descrição; Diagrama em Blocos;

Após terminar o projeto do bloco, o projetista deve ter em mãos ainda uma descrição detalhada dos blocos, para que ele possa aperfeiçoar ainda mais o circuito da melhor forma possível.

Descrição do Funcionamento do Circuito; Soluções adotadas (topologia, teoria, referência bibliográfica).

1.2.6. Interdependência dos Blocos: É preciso também que haja uma sintonia da equipe de projeto em relação à dependência de

blocos. As especificações de dependência devem ser identificadas de modo a facilitar o projeto de vários blocos em paralelo. É tarefa do líder de projeto realizar reuniões periódicas para conferir e modificar o andamento do projeto, bem como manter as informações atualizadas para cada projetista e para cada layoutistas, pois estes é que vão realizar todo o posicionamento e roteamento dos blocos, de acordo com as especificações do projeto como um todo.

2. Esquema Elétrico: Tão logo o circuito seja definido, inicia-se o esquema elétrico do mesmo, utilizando o

CADence. Desenhar o esquema consiste de posicionar diversos componentes a partir de uma biblioteca padrão de símbolos, e fazer manualmente sua interconexão.

Junto com esse processo temos simulações, onde se obtém valores de corrente, tensão, etc.

A partir dessas informações o projetista gera especificações bem precisas sobre a largura de cada trilha, tamanho de cada transistor, etc. Essa informação é colocada de maneira textual em arquivos

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CIF (Configuration Information File) associado a cada componente. Dessa forma o esquema elétrico carrega muito mais informação do que normalmente tem e essas informações são usadas tanto para o layout quanto para a simulação.

1.2.7. Simulação e Análise: A simulação e a análise dependem muito do tipo de circuito sendo projetado, mas de modo

genérico temos os seguintes itens: Ponto de polarização e operação; Dependência do ponto de operação com variação de temperatura e alimentação

(análise DC) faz-se também a análise de transiente considerando a variação mais rápida e mais lenta da alimentação, dentro dos parâmetros especificados de cada projeto;

Análise de transiente – É usada para simular todas as funções dos blocos e parâmetros de especificação de cada projeto;

Análise AC Linear. Executar uma análise AC para determinar a resposta em freqüência do circuito, verificando distorção de fase e redução do ganho.

Comparar sempre com valores esperados ou contidos na especificação; Testar o bloco simulando ruído e condições adversas de operação (ripple de

alimentação, ruído na entrada, fuga de corrente, saída em aberto, entre outros). As ferramentas de simulação e projeto analógico provêm recursos avançados para esse fim, geralmente integrados.

1.2.8. Análise de Variação de Processo: Devem ser feitos ensaios, após o circuito estar funcionando num caso típico para verificar as

condições de contorno do processo. Faz-se o ensaio de pior caso. Primeiro em caso de falha, o circuito deve ser reprojetado. Cabe ao projetista do chip

identificar qual é a falha e quais os casos relevantes, gerar os arquivos necessários e executar a simulação.

Os parâmetros para análise de pior caso são: Parâmetros de processo (transistores, resistores, capacitores, etc....); Tensão de alimentação; Temperatura de operação; Casamento de componentes (matching); Componentes externos (não se deve notar variação significativa no funcionamento

do chip se os componentes externos variarem dentro de uma faixa preestabelecida).

1.2.9. Layout dos Blocos: O projetista precisa deixar claro qualquer necessidade especial para o layoutista. Exemplos

dessas necessidades incluem; distâncias mínimas entre dispositivos, shielding, ring, guard-ring (anel-de-guarda).

A pessoa especializada em layout deve tentar alocar todos os componentes na área determinada pelo projetista e se possível ainda menor, pois ganhará espaço no chip como um todo, e este deve estar em sintonia com o grupo para rever partes do projeto se necessário.

1.2.10. Verificação dos Blocos (DRC, LVS. LPE): Os blocos são checados pelos layoutistas para ver se estão de acordo com as regras

de projeto DRC (Design Rule Check), como tamanho máximo recomendado, distância mínima, sobreposições. Todas as violações devem ser corrigidas.

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7

É extraída uma netlist a partir do layout final (Extract) e é comparada com o esquema elétrico para evitar possíveis erros de conexões. Essa verificação é conhecida como LVS (layout versus schematic). Novamente todas as diferenças devem ser corrigidas.

Os parâmetros dos dispositivos individuais colocados no layout devem ser comparados com as informações do CIF, garantindo que os componentes colocados possuam a mesma característica dada pelo projetista. Esse processo é conhecido como LPE (Layout Parameter Extraction).

Algumas configurações são inspecionadas individualmente para evitar o fenômeno de latch-up , quando devido ao parasitismo ou erro de layout temos uma junção PNPN, que caracteriza um SCR.

1.2.11. Montagem do CI: Montar o chip, cuja responsabilidade é do layoutista, consiste em colocar todos os blocos de

hardware confeccionados no nível mais alto de hierarquia de layout, como planejamento de topo anterior. Os blocos digitais podem ser roteados (interligados) automaticamente nos lugares determinados enquanto que os blocos analógicos devem ser feitos manualmente e cuidadosamente em separado. Depois devem ser copiados para o nível superior e conectados ao resto do CI.

1.2.12. Revisão Geral: Esse é um ponto fundamental do processo de projeto, e consiste em fazer uma conferência

do CI pronto. Reúnem os projetistas de todas as partes, tanto digital, quanto analógico e todos os layoutistas que participaram do projeto para que se tenha um conhecimento mais completo do chip, não só do bloco ao qual o projetista e o layoutista fizeram parte.

Qualquer mudança que seja feita nessa parte precisa passar por todas as rotinas de verificação (DLE, LVS, DRC) e então submetida a uma nova revisão. Esse processo evita erros que podem passar despercebidos no dia a dia do desenvolvimento do CI.

1.2.13. Verificação de DRC, LVS, LPE Com todos os blocos posicionados e ligados são efetuadas todas as mudanças pendentes e

são refeitas todas as checagens por blocos, já explicadas anteriormente. Inicialmente a checagem é feita só no nível mais alto para garantir a integridade das interconexões dos blocos, e então esta verificação é feita em todos os níveis de hierarquias de layout comparando com todos os esquemáticos e modelos RTL.

1.2.14. Marcas de Alinhamento: Quando o layout está terminado, são colocadas as marcas de alinhamento entre as máscaras,

logotipos, versão do circuito e outras informações relevantes. Finalmente é gerado o chamado “tape out” do circuito, uma imensa base de dados no

formato GDS-II que contém todos os polígonos necessários para fazer as máscaras de fabricação do circuito. Então esse arquivo é enviado para fabricação de um protótipo de testes.

1.2.15. Teste de Protótipo: Um programa de testes que inclui todas as especificações de caracterização e

comportamentos é preparado enquanto o protótipo é feito. Testes preliminares são enviados diretamente para a fábrica que analisa superficialmente o CI, que quando aprovado dá origem a uma série piloto de chips que são enviados para o local de projeto para teste.

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Geralmente é feito um número de CI’s no qual possa fazer uma análise estatística com segurança. Todos eles são extensivamente testados e se necessário são efetuadas alterações no data-sheet do circuito.

1.2.16. Teste de Protótipo pelo Cliente: O cliente recebe um lote de CI’s para que sejam testados em seu ambiente de produção e

confirmar seu funcionamento.

1.2.17. Qualificação: Estando aprovado nos testes realizados pela equipe de projeto e nos teste desenvolvidos pelo

cliente, o CI é dado como pronto e comercialmente disponível.

1.2.18. Produção do CI: O CI entra em produção maciça, ou seja, além do circuito também são produzidos

application notes, data-sheets e informações de projeto são disponibilizadas.

ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta dissertação tem como objetivo na aprendizagem em projetos de microeletrônica e para

melhor didática ela foi separada em seis capítulos.

O primeiro capítulo trata sobre a metodologia de projeto, mostrando em fluxogramas quais

são as etapas do início do projeto até uma conclusão, está focado no fluxo analógico pois este é o

enfoque do TCC. No segundo capítulo a evolução da microeletrônica no cenário mundial é tratada,

mostra uma linha do tempo de como foi o avanço tecnológico da microeletrônica até os dias de

hoje.

O terceiro capítulo trata do transistor MOS e suas particularidades como, por exemplo,

regiões de operação, relações de corrente-tensão e os tipos de transistores MOS. No quarto capítulo

o amplificador operacional 741 é detalhado. O amplificador é subdividido em blocos e suas

respectivas funções.

O quinto capítulo trata sobre o projeto de um amplificador operacional, iniciando do

entendimento do OTA e seu plano de projeto. Logo após o projeto do OTA de dois estágios é

mostrado juntamente com seu plano de projeto. E por final é feito um estudo do layout do

amplificador operacional e seus impactos no desenvolvimento do projeto.

Finalmente, no capítulo sexto as considerações finais a cerca de todo o trabalho executado e

nas ultimas páginas da dissertação trata de um apêndice relatando o processo de fabricação de um

circuito integrado.

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2. EVOLUÇÃO DA MICROELETRÔNICA

No século 19, pouco se sabia a respeito de semicondutores e muito menos de dispositivos

feito com estes materiais. Houve, no entanto, alguns trabalhos empíricos. É o caso da invenção do

retificador a estado sólido, apresentado por F. Braun, em 1874. Este retificador foi feito com cristal

de PbS, soldado com um fio metálico (diodo de ponta de contato). Este diodo apresentava

característica muito instável e foi abandonado temporariamente, até uma época em que os diodos a

válvula não atendiam à demanda de uso de freqüências mais altas.

O início do século 20 por sua vez foi fundamental para o desenvolvimento da

microeletrônica, pois houve um enorme progresso na teoria física, com o desenvolvimento da

mecânica quântica, por Bohr, de Broglie, Heisenberg, Schrödinger e outros, notadamente durante os

anos 20. Em paralelo a este fato, foi proposto um primeiro conceito de desenvolvimento de um

transistor de efeito de campo em estado sólido. Em 1928, Lilienfeld, um homem muito à frente do

seu tempo, patenteou a idéia de modular a condutividade de um semicondutor por meio de um

campo elétrico, chamado como dispositivo de efeito de campo. Lilienfeld, no entanto, não teve

sucesso na realização prática da sua proposta. Na década seguinte, dos anos 30, houve um forte

crescimento no desenvolvimento de teorias quânticas em sólidos, ou seja, a aplicação da mecânica

quântica em sólidos, com os conceitos de bandas de energias, banda proibida, mecânica estatística,

portadores, etc, pelos trabalhos apresentados por Peieris, Wilson, Mott, Franck e vários outros (a

maioria da Inglaterra). Estes conceitos teóricos permitiram entender os semicondutores e motivar a

pesquisa por dispositivos semicondutores.

No ano de 1936 a Bell Labs decide criar um grupo de pesquisa específico para estudar e

desenvolver dispositivos semicondutores, com o objetivo de fabricar o transistor de efeito de

campo. Outro grupo bastante ativo nesta área e que contribuiu significativamente com o trabalho na

Bell Labs era o grupo da universidade de Purdue. Em 1940, R. Ohi identifica pela primeira vez

semicondutores de Si tipo p e tipo n. No mesmo ano, J. Scaff e H. Theuerer mostram que o nível e o

tipo de condutividade do Si são devido à presença de traços de impurezas. Durante os anos

seguintes da II Guerra mundial, as pesquisas nesta área são suspensas na Bell Labs, devido a outras

prioridades. Em meados dos anos 40, ao final da II Guerra mundial, o status da Eletrônica era

baseado nos seguintes dispositivos básicos:

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Válvulas termiônicas, que apresentavam as seguintes características: muito frágeis, caras e

alto consumo de potência.

Relés eletromecânicos, que por sua vez eram de comutação muito lenta.

Estas limitações destes dispositivos motivaram o reinício da pesquisa e desenvolvimento de

novos dispositivos a estado sólido. Assim, em 1946, a Bell Labs recria seu grupo de pesquisa em

estado sólido, agora sob liderança de William Shockley, concentrando esforços na pesquisa dos

semicondutores Ge e Si e de transistores de efeito de campo. Nesta época, um dos pesquisadores do

grupo, Bardeen, sugere uma explicação pelo insucesso na obtenção do transistor FET baseado na

alta densidade de estados de superfície dos semicondutores (dentro da banda proibida). Mas

persistindo na pesquisa da invenção do FET, Bardeen e Brattain descobrem por acaso o efeito de

transistor bipolar, em final de 1947, mais precisamente em 16 de dezembro. Este transistor é

mostrado na Figura 3.

Figura 3. Fotografia do primeiro transistor bipolar de contato descoberto em dezembro de 1947, por

pesquisadores da Bell Labs.

O transistor era constituído por uma base de Ge tipo n (contato de base pelas costas da

amostra) e duas junções de contato tipo p na superfície, sendo um de emissor e outro o coletor,

feitos um próximo ao outro. Após os cuidados necessários para patentear o invento e convencer o

exército americano, que queria mantê-lo como segredo, a Bell Labs o anuncia publicamente em

junho de 1948. O descobrimento do efeito transistor bipolar é sem dúvida atribuída aos

pesquisadores Bardeen e Brattain, mas quem desenvolveu a teoria e explicação sobre o

funcionamento do transistor bipolar foi o chefe deles, W. Shockley, em janeiro de 1948. A teoria de

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Shockley, de injeção de portadores minoritários pela junção emissor-base, foi comprovada por meio

de um transistor vertical fabricado em fevereiro de 1948, por J. Shive. Esta teoria torna-se

amplamente acessível com o lançamento do livro “Electrons and Holes in Semiconductors” por W.

Shockley em 1950. Mais tarde, em 1956, Shockley, Brattain e Bardeen são condecorados com o

prêmio Nobel de física pelas contribuições referentes ao transistor bipolar. A pesquisa pela

obtenção do transistor de efeito de campo foi mantida, apesar do descobrimento do transistor

bipolar, sendo que em 1952, I. Ross e G. Dacey demonstram o primeiro transistor tipo JFET. Neste

caso, a porta é constituída por uma junção pn, que controla a passagem de corrente pelo canal.

Desta forma, contornou-se o problema de estados de superfície, que ainda não tinha sido

resolvido até então. Um fato histórico que contribuiu muito com o desenvolvimento da

microeletrônica foi o fato da Bell Labs licenciar seu invento a outras empresas. Por um preço de

US$ 25.000,00, empresas como Texas Instruments e Sony (na época com outro nome), compraram

a licença para aprender e usar a tecnologia de fabricação de transistores. A tecnologia foi transferida

através de um workshop realizado na Bell Labs em abril de 1952. Sony foi a primeira empresa a

fabricar um radio totalmente transistorizado e comercializá-lo em escala, criando assim o mercado

de consumo para transistores.

Em 1955, Shockley deixa a Bell Labs e funda sua própria empresa, Shockley

Semiconductors, que marca a origem do Vale do Silício, no estado de Califórnia. A sua empresa em

si não foi marcante, porém ela começou com pesquisadores e empreendedores de alto nível, que

depois criaram a Fairchild (1957) e Intel (1968), entre muitos outros. Entre estes pesquisadores

destacam-se Gordon Moore, Robert Noyce e Andrew Grove.

Uma vez dominados alguns processos de fabricação de transistores, nasceu a idéia de se

fazer um circuito integrado. Este conceito foi proposto e patenteado por J. Kilby, da Texas

Instruments, no ano de 1958. Kilby demonstrou sua idéia com um circuito fabricado sobre um único

bloco de Si, contendo um transistor (em estrutura tipo mesa), um capacitor e um resistor. Estes

dispositivos eram, no entanto, interconectados por meio de fios soldados nos contatos dos mesmos.

Uma fotografia deste circuito integrado rudimentar é mostrada na Figura 4.

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Figura 4. Fotografia do primeiro circuito integrado desenvolvido por J. Kilby, em 1958.

Em paralelo, um grupo da Fairchild desenvolve um processo superior para fabricar

transistores (J. Hoerni) e chamado de processo planar. Este mesmo processo é adaptado logo em

seguida, no mesmo ano, por R. Noyce do mesmo grupo, para a fabricação de circuitos integrados.

Este processo foi fundamental para o progresso da microeletrônica, já que seu princípio básico,

acrescida de várias inovações e evoluções, vêm sendo usado até hoje na fabricação dos modernos

CI´s. O início da comercialização de CI´s inicia-se a partir do ano de 1962, não parando mais de

crescer em termos de volume e de densidade de transistores por chip. A Figura 5 mostra a fotografia

do primeiro CI fabricado pelo processo planar.

Marcos precursores e fundamentais para a invenção do processo planar foram: a) em 1952,

C. Fuller da Bell Labs, publica seu estudo sobre difusão de dopantes doadoras e aceitadoras em Si;

b) em 1955, Frosch e Derick usam camadas de SiO2 para delimitar as áreas de difusão; c) em 1955,

Andrus e Bond desenvolvem materiais tipo fotorresistivo para a litografia e gravação de padrões em

filmes de SiO2.

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Figura 5. Fotografia do primeiro circuito integrado fabricado por processo planar na

Fairchild em 1961.

O estudo e desenvolvimento de processos de oxidação de Si permitiram finalmente o

desenvolvimento do tão sonhado transistor de efeito de campo com porta isolada, ou seja, o

transistor MOSFET ou simplesmente MOS. Em 1960, um grupo da Bell Labs, D. Kahng e M.

Atalla, demonstram o transistor MOS. A interface SiO2/Si é uma interface de muito boa qualidade,

com baixa densidade de estados de superfície. Mas apesar disto, os dispositivos MOS apresentavam

uma estabilidade pobre, causando um atraso de mais 10 anos para seu uso em grande escala. O

motivo deste problema era a falta de controle de contaminação de impurezas. Mais especificamente,

impurezas de Na, que são responsáveis por cargas positivas dentro do isolante de porta e que causa

um desvio na tensão de limiar dos transistores (altera a densidade de portadores induzidos no canal).

A combinação de transistores MOS de canal n e de canal p num mesmo substrato, levou F. Wanlass

a propor a tecnologia CMOS em 1963. Outros marcos históricos que contribuíram enormemente

para o avanço das tecnologias MOS foram, a) o uso de filme de silício policristalino dopado como

material de porta de transistores, a partir de 1966, e b) o uso da técnica de implantação de íons para

o ajuste da tensão de limiar do transistores, pela dopagem da região de canal com muita precisão.

3. O TRANSISTOR MOS

O princípio básico do transistor MOS é na verdade bem simples e foi proposto e patenteado

já em 1928, por Lilienfeld, um homem muito à frente do seu tempo. Dizemos à frente do seu tempo,

pois a realização física do transistor MOS não foi possível na época, pela não maturidade

tecnológica. A Figura 6 ilustra um desenho esquemático do transistor, como apresentado na patente.

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Figura 6.

A

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Figura 7.

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16

Figura 8. Curvas características de transistor nMOS, com indicação das regiões de operação: corte,

linear e saturação.

Para tensão de porta menor que a tensão de limiar, VT, do transistor, a densidade de cargas

no canal é nula ou muito pequena. Desta forma, a corrente que fluirá entre dreno e fonte também

será nula ou muito pequena (desprezível em escala linear). Nestas condições, o transistor está em

região de corte, ou ainda, em região sub-limiar.

Para tensão de porta acima do valor da tensão de limiar e tensão de dreno com valor

pequeno, o transistor está na região linear ou também chamado de região triodo. Nesta região, a

corrente é diretamente proporcional às tensões de porta e de dreno. Como a densidade de cargas no

canal é diretamente proporcional à tensão VGS, a condutância, ou a corrente IDS, entre dreno e

fonte, também segue esta mesmo relação com VGS. No entanto, como mostraremos no próximo

item, a condutância de canal apresenta uma dependência com a tensão de dreno. Mais

especificamente, a condutância diminui com a tensão VDS, resultando num aumento não linear da

corrente IDS com VDS.

Agora, quando a tensão de dreno, VDS, passa de certo valor, a corrente IDS, fica

aproximadamente constante. Esta região é a chamada de saturação. A tensão VDS a partir da qual a

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3.3. TIP

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4. O A

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20

4.1. A POLARIZAÇÃO DO CIRCUITO

A corrente de polarização de referência do circuito 741, IREF, é gerada no ramo extremo

esquerdo, consistindo em dois transistores conectados como diodo, Q11 e Q12 e a resistência R5.

Usando uma fonte de corrente formada por Q11, Q10 e R4 a corrente de polarização para o primeiro

estágio é gerada no coletor de Q10. Outro espelho de corrente formado por Q8 e Q9 faz parte da

polarização do primeiro estágio.

A corrente de polarização de referência IREF é usada para fornecer duas correntes

proporcionais nos coletores de Q13. Esse transistor de coletor duplo pode ser visto como dois

transistores cujas junções emissor-base estão conectadas em paralelo. Logo, Q12 e Q13 formam um

espelho de corrente de saída dupla: uma saída, a do coletor de Q13B, fornece a corrente de

polarização para o Q17 e a outra saída, a do coletor de Q13A, fornece a corrente de polarização para o

estágio de saída do amp op.

Dois outros transistores, Q18 e Q19, fazem parte do processo de polarização CC. O objetivo

de Q18 e Q19 é estabelecer duas quedas de VBE entre as bases dos transistores de saída Q14 e Q20.

4.2. CIRCUITO DE PROTEÇÃO CONTRA CURTO-CIRCUITO

O circuito do 741 incluí vários transistores que estão normalmente em corte e conduzem

apenas no evento de tentativa de drenagem de uma elevada corrente no terminal de saída do amp

op. Isso poderia acontecer, por exemplo, se o terminal de saída fosse curto-circuitado com os

terminais de uma das fontes de alimentação. A malha de proteção contra o curto-circuito consiste

em R6, R7, Q15, Q21, Q24, R11 e Q22.

4.3. O ESTÁGIO DE ENTRADA

O circuito do 741 consiste em três estágios: um estágio diferencial de entrada, um estágio

intermediário de alto ganho com saída simples e um estado de saída reforçador (buffer). O estágio

de entrada consiste nos transistores de Q1 até Q7, com a polarização executada por Q8, Q9 e Q10. Os

transistores Q1 e Q2 funcionam como seguidores de emissor, fazendo com que a resistência de

entrada seja elevada e entregando um sinal de entrada diferencial para o amplificador diferencial

com base comum formado por Q3 e Q4.

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21

Os transistores Q5, Q6 e Q7 com os resistores R1, R2 e R3 formam o circuito da carga do

estágio de entrada. Esse é um circuito de carga elaborado com um espelho de corrente que não

apenas proporciona uma resistência de carga elevada, mas também converte o sinal diferencial na

forma de uma saída simples, sem perda no ganho ou na rejeição de mo do comum. A saída do

estágio de entrada é de terminação simples, tomada no coletor Q6.

Cada circuito amp op inclui um deslocador de nível cuja função é deslocar o nível CC do

sinal, de modo que o sinal na saída do amp op possa excursionar nos sentidos positivos e negativos.

No 741, o deslocamento de nível é feito no primeiro estágio usando os transistores pnp Q3 e Q4.

Embora os transistores tenham um funcionamento pobre em altas freqüências, seu uso na

configuração base comum (conhecida por ter uma boa resposta em altas freqüências) não prejudica

seriamente a resposta de freqüência do amp op.

O uso dos transistores pnp no primeiro estágio resulta em uma vantagem adicional: proteção

dos transistores Q1 e Q2 contra ruptura da junção emissor-base. Como a junção emissor-base de um

transistor npn atinge a ruptura com cerca e 7V de polarização reversa, estágios diferenciais com

transistores npn regulares podem ter problema se a tensão de alimentação for acidentalmente

conectada entre os terminais de entrada. Os transitores pnp, contudo, têm tensões de ruptura

emissor-base elevadas (cerca de 50V); e pelo fato de serem conectados em série com Q1 e Q2,

oferecem uma proteção dos transistores de entrada Q1 e Q2 do 741.

4.4. O SEGUNDO ESTÁGIO

O segundo estágio ou estágio intermediário é composto por Q16, Q17 e Q13B e por dois

resistores, R8 e R9. O transistor Q16 age como um seguidor de emissor, dando, portanto, ao segundo

estágio uma resistência de entrada elevada. Isso minimiza o efeito de carga sobre o estágio de

entrada e evita perdas no ganho. O transistor Q17 funciona como um amplificador emissor comum

com um resistor de 100Ω no emissor. Sua carga é composta pela resistência de saída elevada da

fonte de corrente com o pnp Q13B em paralelo com a resistência de entrada do estágio de saída (visa

olhando para a base de Q23). O uso de uma fonte de corrente com o transistor como uma resistência

de carga é uma técnica conhecida por carga ativa. Ela nos permite obter um alto valor de ganho sem

recorrer ao uso de elevadas resistências de carga, o que ocuparia uma grande área na pastinha e

exigiria um alto valor para a fonte de tensão.

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22

A saída do segundo estágio é tomada no coletor de Q17. O capacitor CC está conectado ao

caminho da realimentação do segundo estágio para proporcionar uma compensação de freqüência

usando a técnica da compensação de Miller. Um capacitor, relativamente pequeno, dá ao 741 um

pólo dominante em torno de 4Hz. Além do mais, a separação dos pólos faz com que outros pólos

sejam deslocados para freqüências muito mais altas, dando ao opamp uma queda uniforme no

ganho de -20 dB/década, com uma faixa de passagem de ganho unitário de cerca de 1MHz. Deve

ser observado que, embora CC seja de pequeno valor, a área da pastinha que ele ocupa é cerca de 13

vezes a de um transistor npn padrão.

4.5. O ESTÁGIO DE SAÍDA

A finalidade do estágio de saída é proporcionar ao amplificador uma baixa resistência de

saída. Além disso, o estágio de saída deve ser capaz de fornecer uma corrente relativamente elevada

à carga sem dissipação de uma grande quantidade de potência indevida no CI. O 741 utiliza um

eficiente estágio de saída classe AB.

O estágio de saída consiste em um par complementar Q14 e Q20. Os transistores Q18 e Q19 são

alimentados pela fonte de corrente Q13A e polarizam os transistores de saída Q14 e Q20. O transistor

Q23 funciona como um seguidor de emissor, minimizando, portanto, o efeito de carga do estágio de

saída sobre o segundo estágio.

4.6. AMP OPS CMOS

A Figura 12 mostra uma arquitetura popular de amp ops CMOS conhecida como

configuração de dois estágios. O circuito utiliza uma fonte de alimentação simétrica, usualmente de

±5V, mas pode ser de até ±2,5V, para as tecnologias avançadas, com características de tamanho

reduzido. Uma corrente de polarização de referência IREF é gerada externamente ou usando um dos

circuitos da pastilha. O espelho de corrente por Q8 e Q5 fornece uma corrente de polarização ao par

diferencial Q1-Q2. A razão W/L de Q5 é escolhida para manter a polarização desejada no estágio de

entrada. O par diferencial de entrada tem como carga ativa o espelho de corrente formado por Q3 e

Q4.

O segundo estágio consiste em Q6, que é um amplificador fonte comum tendo a fonte de

corrente, o transistor Q7, como uma carga ativa. Como no 741, a compensação de freqüência é

implementada por um capacitor de realimentação Miller CC mais um resistor.

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Figura 12

2. Configuraação de dois estágios do amp op CMOS

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24

5. PROJETO DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL

O projeto do amplificador operacional oferece todas as dificuldades do projeto de circuitos

analógicos tal como produto ganho-largura de banda (GBW), ganho, estabilidade e polarização.

A principal característica do amplificador CMOS em relação aos convencionais é o fato de

terem, usualmente, como carga capacitâncias de pF o que não exige, algumas vezes, estágios de

saída.

Geralmente para projetos destes amplificadores são fornecidos as especificações do

processo, tensão de alimentação, corrente de alimentação e faixa de temperatura de operação, sendo

pedidos os índices de desempenho de ganho, largura de banda, slew rate, offset, ruído e área de

layout.

Devido à maior simplicidade, o projeto será inicialmente feito para um amplificador de

transcondutância (OTA) que é um amplificador operacional sem o estágio de saída.

5.1. PROJETO DE UM OTA SIMPLES

O projeto de um OTA CMOS consiste na determinação da razão de aspecto de todos os

transistores para uma dada especificação de GBW, margem de fase, ganho, etc.

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Figura 13

N

os transis

Em

O

Pa

Se

comprim

3. (a) Config

No OTA, T1 e

stores T1 e T

m baixas fre

Onde: é a ra

é o

é a

ara cálculo d

e ro2=ro4=ro ;

ento de cana

guração de um

e T2 possuem

T2 de forma i

eqüências, a

azão de aspe

o parâmetro

corrente de p

do ganho é n

; L1 comprim

al. O ganho d

m OTA simp

m o mesmo W

gual.

transcondutâ

ecto dos tran

de transcond

polarização

necessário de

mento do can

de tensão Av

ples. (b) Sím

W/L, assim c

ância de um

nsistores de e

dutância do

eterminar Ro

nal do transi

v é dado por:

mbolo do OT

como T3 e T

m OTA é dada

entrada

transistor N

out que é dado

stor de entra

:

TA.

T4. A corrente

a por Gm = g

mos

o por:

ada e Vem é a

e IB é dividid

gm1 = gm2.

Eq

Eq

a tensão Earl

da entre

quação 1

quação 2

ly por

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26

A G · R V · K ·W ·LIB

Equação 3

Que também pode ser escrito como:

A V ·LV S VT

Equação 4

Os parâmetros K’n e Vem dependem do processo. Já os parâmetros W1, L1 e IB são

parâmetros de projeto.

É necessário ainda determinar as seguintes resistências:

RK ·IB· W

L

Equação 5

Sendo (W/L)4 = (W/L)3 que são as razões de aspecto dos transistores T3 e T4 e K’p é o

parâmetro de transcondutância do transistor Pmos.

R Equação 6

5.1.1 A margem de fase e produto ganho-largura de banda

Dois pólos estão presentes no circuito: devido ao nó cinco (pólo dominante) e ao nó quatro

(pólo não dominante).

f·R · C CL

Equação 7

Onde: Cn5 = CDG4 + CDB4 + CDG2 + CDB2

O produto ganho-largura de banda GBW pode ser obtido como:

GBW A · f· C CL

Equação 8

g K · WL

· VGS VT ou Equação 9

g 2 K · WL

· I SQ ou Equação 10

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27

g ·I SQ

V S VT Equação 11

Portanto, para determinar gm é necessário sempre escolher duas variáveis W/L e VGS ; W/L e

IDSQ ; ou IDSQ e VGS.

Normalmente é necessária uma margem de fase de 60º. Para isso, o pólo não-dominante

deve estar colocado de dois a três vezes do produto ganho-largura de banda. O pólo não-dominante

é criado pelo nó quatro.

f·R ·C

Equação 12

Cn4=CGD1+CDB1+CDB3+CGS3+CGS4+CGD4+CGB3+CGB4

Para projeto considera-se que fnd seja no mínimo o produto ganho-largura de banda.

Equação 13

Equação 14

Substituindo gm e assumindo que K’n é aproximadamente 2K’p, temos:

WL

2 · WL

· CCL C

Equação 15

Essa equação assegura a margem de fase.

5.1.2 Plano de projeto do OTA simples

Para a realização deste plano, assumiremos que se deseje um OTA simples CMOS com um

dado GBW para uma dada capacitância de carga. As equações são:

GBW A · f· CL C

Equação 16

WL

2 WL

· CC C

Equação 17

Mostra que são necessários definir IB, (W/L)1 e (W/L)4.

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Fa

esta pode

Pa

GBW). A

finalment

H

(W/L)4=1

O

ser obtido

5.1.3 O

A

Se

Figura 14

alta uma equ

e ser usada c

ara um GBW

A razão (W

te (W/L)4 é d

Há alternativa

1 para mínim

O valor de GB

o.

Otimização

A expressão G

e CL é escolh

4. GBW x (W

uação desde

omo a tercei

W e CL dete

/L)1=gm1/2K

determinada

as de projet

ma área.

BW não pod

o para o m

GBW pode s

hido, então G

W/L), para v

e que o tran

ira equação.

rmina-se gm

K’n(VGS1-VT

a através da s

tos tais com

de ser arbitra

máximo GB

ser reescrita

GBW é prop

variável IB(µA

sistor T1 for

m1, desde que

). A corrent

segunda equ

mo fazer VGS

ariamente alt

BW

como:

porcional a ra

A) e CL=5pf

rnece amplif

e Cn5 é desp

te necessári

uação.

S4-VT=0,5V

to, há um lim

aiz quadrada

f (Cn4=4pF ;

ficação, gm/I

prezível pera

a é então IB

para casam

mite no valor

a de (W/L).

Cn5=3pF)

I precisa ser

ante CL (equ

B=gm1/(VGS1

mento ou esc

r de GBW q

Equ

r alto, e

uação de

1-VT). E

colha de

que pode

uação 18

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29

No gráfico não foi considerado a influência do tamanho dos transistores nas capacitâncias

Cn4 e Cn5. Pelo gráfico GBW pode atingir valores infinitos devido a esta consideração. No entanto, a

capacitância no nó pode ser modelada como sendo:

C C K WL

Equação 19

Os valores de K variam de 2 a 5fF e Cn0 0. Portanto a capacitância dos nós depende do

tamanho dos transistores, deste modo pode-se reescrever GBW como sendo:

GBW K ·IB · √C L K

Equação 20

Onde: r1=(W/L)1 e r4=(W/L)4

Com, / C KC L K

Equação 21

E, C’L=CL+Cn0 Equação 22

Para resolução destas equações são necessárias técnicas numéricas, no entanto soluções

podem ser encontradas para casos particulares.

Para valores pequenos de r1, os valores de r4 são também pequenos, e:

GBW K ·IB ·C L

Equação 23

E, / CC L

ou r 2r CC L

Equação 24

Ou seja, GBW é proporcional a WL

Para altos valores de r1, temos:

GBW K ·IB ·K

Equação 25

E, r4 2r1. Eliminando r4 de GBW:

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N

Figura 15

Po

Pr

O

degradaç

Note que agor

5. GBW x (W

ode obter as

ra este ponto

O valor máxi

ão da mobili

ra GWB dec

W/L), para v

sim um valo

o GBW ating

imo depend

idade devido

cresce com

variável IB (µ

or ótimo igua

ge o valor m

de ainda do

o à velocidad

µA) e CL=5pF

alando-se os

máximo GBW

aumento da

de de saturaç

F (Cn0=0,5pF

dois casos:

Wmax que é da

a corrente IB

ção. Para o p

F;K1=K4=0,

ado por:

B. A limitaç

projeto temo

Equ

1pF).

Equ

Equ

ção da corre

os que:

Equ

uação 26

uação 27

uação 28

ente é a

uação 29

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Pa

5.2. O

O

pois o pr

ser conec

N

dois estág

Figura 16

ara (W/L)1

OTA CM

O OTA consi

ocesso é de

ctado ao poç

Nota-se tamb

gios. Todos

6. OTA CMO

20 e IB=máx

OS DE DO

ste em um p

poço tipo N

o.

ém a presen

os transistor

OS com dois

ximo=2mA

OIS ESTÁ

par diferenci

N e para o ca

nça do capac

res atuam na

s estágios: V

ÁGIOS

al de entrad

asamento do

citor de com

a região de sa

VDD= 2,5V;

a e um inver

os componen

mpensação CC

aturação.

IB=2,5µA; B

rsor CMOS.

ntes de entra

C conectado

B=10

A entrada é

ada o substra

entre as saí

é pMOS

ato deve

ídas dos

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5.2.1 O

Pa

Figura 17

O

O

O

5.2.2 O

Pa

capacitân

5.2.3 O

H

com três

C

O ganho do

ara o cálculo

7. Modelo pa

O ganho do pr

Onde: go24=go

Onde: G’L=G

O produto

ara a deter

ncias precisa

Os pólos e z

Há três nós a

pólos. O nó

om, Cn1=CG

o OTA de

o do ganho u

ara o cálculo

rimeiro estág

o2+go4 é a car

L+go5+go6 qu

banda lar

rminação do

am estar adic

zeros sem

a serem cons

um possui a

GD2+CDB2+CG

dois estág

utiliza-se o se

o do ganho d

gio é dado p

rga do prime

ue é a carga

rgura de b

o desempen

cionados.

a capacit

siderados sã

a maior impe

GD4+CDB4+C

gios

eguinte mod

do OTA, ond

por:

eiro estágio.

do segundo

banda e ma

nho do circ

ância de c

ão o um, doi

edância no c

CGS6. O pólo

delo:

de: G’L=GL+

O segundo

estágio.

argem de

cuito a alta

compensaç

is e quatro d

circuito e, po

devido ao nó

+go5+go6; C’L

estágio é um

fase

as freqüênci

ção

deste modo

ortanto define

ó quatro é da

L=CL+Cn4

Equ

m inversor si

Equ

Equ

ias os valo

temos um s

e o pólo dom

Equ

ado por:

uação 30

mples:

uação 31

uação 32

ores das

sistemas

minante.

uação 33

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C

O

Fi

om, Cn4=CG

Onde: Cn2=CG

igura 18. Dia

GD5+CDB5+CD

GS3+CDB3+CG

agrama de B

DB6. O pólo d

GS4+CGD4+C

Bode do OTA

devido ao nó

CDB1

A com dois e

ó dois será:

estágios Cc=

=0pF e Cc=1p

Equ

Equ

pF.

uação 34

uação 35

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34

5.2.4 Os pólos e zeros com a capacitância de compensação

Com a introdução da capacitância de compensação o pólo dominante torna-se:

BW f f 3dB·A ·C

Equação 36

O produto ganho-largura de banda é dado por:

GBW·C

Equação 37

A análise exata para GBW resulta:

GBW·C

·BW

Equação 38

Onde, εGBWG L · 1 C

C· 1 C L

C Equação 39

A largura de banda BW pode ser escrita em função de GBW:

BW·A ·C

·C L· ·C ·A ·C

GBWA

Equação 40

O pólo não dominante ocorre devido ao nó quatro sendo dado por:

f·C L

· BWCC

CC L

·C L Equação 41

Considerando que Cn1 Cc e C’L.

A margem de fase é agora dada por:

90° arctg GBW Equação 42

E o zero ocorre em:

f·C

Equação 43

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35

5.2.5 Plano de projeto do OTA de dois estágios

No projeto são normalmente especificados os valores de GBW, Slew Rate ou ganho e é

necessário determinar as dimensões dos transistores.

GBW e a margem de fase são determinadas por três variáveis gm1, gm6 e Cc. Uma destas

variáveis podem ser escolhidas livremente e as outras determinadas. A outra solução é determinar

mais uma equação que pode ser definido por mínimo ruído, máximo slew rate, mínima área, etc.

Tomando como restrição a área do circuito tem-se:

AT A A AC

Portanto, gm1, gm6 e Cc podem ser obtidos a partir de GBW, MF e AT.

A capacitância de compensação é determinada através da posição do pólo não-dominante

desde que gm6 determina o pólo não-dominante ele precisa ser determinado primeiro. Determina-se

gm6 através de I6.

Resumindo, os passos do projeto são os seguintes:

1. Escolha I6(=I5) como uma variável independente.

2. Para T6:

a. Escolha VGS6 – VT 0,2V

b. Calcule gm6 e (W/L)6

c. Escolha L6 mínimo = 5µm

d. Calcule W6

e. Calcule a área de T6=A6

3. Repita o passo dois para o T5 com VGS5-VT 0,5V.

4. Calcule Cn1 das dimensões de T5 e T6.

5. Calcule Cc da equação do pólo não-dominante exata.

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6.

7.

R

Figura 19

5.2.6 D

D

OTA sim

D

. Calcule a

. Calcule a

Repetindo-se

9. Corrente d

Determinaç

Depois de con

mples. Da equ

Desde que T1

área do capa

área total AT

este procedi

de Saída vers

ção de (W

nhecido o va

uação de GB

, fornece o g

acitor Cc.

T.

imento para

sus a Area, o

W/L)1 e I1

alor de Cc, p

BW determin

ganho faz-se

diversos val

onde I5 = I6 (

pode-se utili

na-se gm1:

VGS1-VT=0,

lores de corr

(µA)

izar o mesm

,2V, assim:

rente I6, obtê

mo procedime

êm-se:

ento usado p

Equ

Equ

para um

uação 44

uação 45

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37

A corrente de I g · V S VT 1,25µA, desta forma IB=2,5µA.

Para um ruído Vf mínimo, os transistores de entrada precisam de uma área grande onde

L1=16µm e W1=26µm. Para máxima simetria no estágio de entrada os nós um e dois precisam ser

iguais, logo VGS3-VT=VGS4-VT=0,2V.

As dimensões de T3 e T4 são facilmente determinadas:

WL

WL K · V S VT

Equação 46

Este procedimento de projeto não é único, o projetista precisa decidir quais são as

especificações mais relevantes para a sua aplicação e levar em conta as especificações da tecnologia

a ser usada e seu processo de fabricação.

5.3. CONSIDERAÇÕES DE LAYOUT DO AMPLIFICADOR

OPERACIONAL

Uma variedade de circuitos analógicos usa transistores casados. No estágio de entrada do

amplificador operacional o par diferencial requer casamento de tensão gate-source e o espelho de

corrente requer um casamento de correntes no dreno.

Supondo que dois MOS casados operando com a mesma corrente de dreno ID. Se os

transistores são dispositivos ideais, então eles irão desenvolver exatamente a mesma tensão de gate-

source VGS. Na pratica, os descasamentos causam diferenças nas tensões de porta-fonte dado por

ΔVGS VGS1 – VGS2. Assumindo que os transistores operam em saturação, o offset de tensão ΔVGS

é igual:

∆ ∆ ∆ Equação 47

Onde: ΔVt é a diferença entre as tensões dos dois transistores, Δk é a diferença entre a

transcondutância dos dispositivos, Vgst1 é a tensão efetiva de porta do primeiro transistor, e k2 é a

transcondutância do segundo dispositivo.

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38

A tensão de offset ΔVGS depende das dimensões do transistor e da transcondutância k2. Estas

dependências estão apenas presentes nos transistores MOS. É possível minimizar este offset

reduzindo a tensão Vgst dos transistores casados.

Circuitos MOS que dependem do casamento de tensão se beneficiam usando grandes

dimensões de W/L e baixas correntes de operação. Circuitos que dependem de um casamento de

corrente, como é o caso do espelho de corrente do amplificador operacional, têm suas

particularidades muito parecidas com as de tensão. O descasamento entre duas correntes de dreno,

ID1 e ID2, pode ser especificado em termos das dimensões ID1/ID2 igual à:

1 ∆ Equação 48

Resumindo, circuitos MOS que geram tensões casadas devem operar com baixas tensões de

porta, e circuitos mos que geram correntes casadas devem operar com altas tensões de porta.

5.3.1 Efeitos da geometria

O tamanho, dimensões e orientação dos transistores MOS afetam o seu casamento.

Transistores maiores são mais precisos que os pequenos porque o aumento da área da porta ajuda a

minimizar o impacto de certas flutuações. Transistores de canais longos casam melhor que os de

canal pequeno porque o tamanho do canal reduz as variações e modulações. Transistores orientados

na mesma direção casam melhor que os orientados em direções diferentes por causa da natureza do

silício mono-cristalino.

5.3.2 Efeitos térmicos

Uma importante consideração de descasamentos que causa grandes variações é chamada de

gradientes. A gradiente de temperatura depende da separação entre os centros dos dispositivos

casados, ou “centroids”. Considerando que os dispositivos são colocados próximos um do outro, a

variação ΔP entre os dois dispositivos casados é igual o produto da distância d entre os centroids e a

gradiente P ao longo da linha conectando os dois “centroids” é de:

∆ P Equação 49

O impacto do gradiente no casamento depende da magnitude do gradiente e da distância

entre os centros dos dispositivos casados.

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5.3.3 L

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existem muitas variáveis que englobam o projeto de um circuito integrado, por exemplo, o

amplificador operacional existe muitas variações de especificações que um mercado possa licitar e

para cada tipo de licitação existe um projeto diferente. Esta dissertação prove uma visão geral de

como projetar um amplificador operacional sem levar em conta estas variáveis.

Além da preocupação que o projetista deve ter com as especificações do circuito, a área que

o bloco irá ocupar do tamanho do chip é muito importante, pois quanto maior o chip mais pastilhas

serão necessárias para fabricar o número esperado de componentes, com isso o custo por peça irá

aumentar. Este é um dos principais motivos dos transistores MOS serem mais empregados na

microeletrônica hoje em dia, seu tamanho é aproximadamente 14 vezes menor quando comparado

com um bipolar.

Todo cuidado deve ser tomado ao ser realizado o layout do circuito projetado,

principalmente se existe a necessidade de casamentos de tensão e corrente para a funcionalidade. Se

houver um descasamento no layout do estágio de entrada do amplificador, que contém um par

diferencial e um espelho de corrente, as especificações deste amplificador deste amplificador jamais

serão atingidas.

No Brasil, a microeletrônica é pouco difundia e existem poucos lugares com acesso a um

processo de fabricação de semicondutores, a idéia inicial deste projeto era difundir um amplificador

operacional no silício com certa especificação baseada no processo, mas este trabalho poderá ser

usado como o fundamento teórico para uma possível continuação da idéia original.

Além do grande aprendizado adquirido nesta pesquisa tendo o primeiro contato com a

microeletrônica, a complexibilidade de um projeto, mesmo este sendo um simples amplificador

operacional, é um grande desafio. Pois, mesmo que toda a teoria e simulações estiverem corretas

com as especificações do projeto, existe sempre uma variável que torna o desenvolvimento de um

circuito integrado em arte.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] - REIS, R.A.L., Concepção de Circuitos Integrados, BRASIL, ED. Sagra Luzzato;

[2] - GRAY, P.R., Analysis and Design of Analog Integrated Circuits, EUA, ED. John Wiley &

Sons;

[3] - FRANCA, J.E., Design of Analog-Digital VLSI Circuits for Telecom. and Signal Processing,

Chapter 11 – Layout of Analog and Mixed Analog/Digital Circuits, EUA, ED John Wiley & Sons;

[4] - GREBENE, A.B., Bipolar and MOS Analog Integrated Circuits Design, EUA, ED. Wiley-

Interscience;

[5] - MARTIN, D.A.J.K., Analog Integrated Circuit Design, EUA, ED. John Wiley & Sons;

[6] - PLASSCHE, R.J., Analog Circuit Design, FRANCE, ED. Kluwer Academic Publishers;

[7] - MEYER, R.G., Integrated Circuit Operational Amplifier, EUA, ED. 1977 IEEE Press;

[8] - GREBENE, A.B., Analog Integrated Circuits, EUA, ED.1978 IEEE Press;

[9] - SOLOMON, JAMES E., The Monolithic Op Amp: A Tutorial Study, Invited Paper.

[10] - HASTINGS, ALAN, The Art of Analog Layout, EUA, ED. 2001 Prentice Hall

[11] – SEDRA/SMITH, Microeletrônica, BRASIL, ED. Makron Books

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APÊNDICE A – PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO CI

A.1. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO – CIRCUITO INTEGRADO

A.1.1. Etapas de Fabricação BiCMOS:

As máscaras que definem um circuito integrado representam cada uma, os padrões

geométricos das camadas que devem ser criadas sobre a superfície do silício por meio de uma

seqüência de passos de fabricação baseados em processos físico-químicos.

Os passos a seguir representam um processo de fabricação típico. A numeração de cada

figura corresponde ao número do passo. Existem inúmeras variantes de processo que privilegiam

uma a outras características desejáveis no produto final. Cada uma das etapas, por sua vez pode ser

executada por métodos diferentes, conforme a conveniência, Os processos de fabricação estão em

contínuo desenvolvimento tecnológico.

A.1.2. Início:

O ponto de partida é uma lâmina de silício levemente dopada com portadores P, polida e

limpa. O plano de cristalização é identificado pelo chanfro na borda.

A.1.3. Crescimento Epitaxial:

Pelo processo de epitaxial, silício dopado com o mesmo material P do substrato é acrescido

à superfície da lâmina, de modo ordenado e obedecendo ao plano de cristalização. O conjunto

continua sendo um cristal único e perfeito. Nesta camada epitaxial, com espessura típica de 2um,

serão fabricados os transistores P e N. As figuras subseqüentes mostram apenas esta camada

epitaxial, deixando implícita a existência do substrato com espessura de 100um e 500um.

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Figura 22. Camada epitaxial tipo p

A.1.4. Criação de Poço N:

O poço N é necessário para a construção dos transistores canal P que dependem de um

substrato N. Por difusão ou por implantação iônica, impurezas N espalham-se pela região

delimitada do poço neutralizando os portadores P originais e revertendo a polaridade para N. A

lâmina a seguir é oxidada de modo a formar uma fina camada de SIO2 em toda sua superfície.

Figura 23: Poço de um transistor

Camada epitaxial p

Substrato p

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Figura 24: Layout poço de um transistor

A.1.5. Definição da Área Ativa:

A isolação elétrica entre cada transistor e os demais componentes que compartilham o

mesmo substrato é essencial para eliminar as correntes de fuga que causam funcionamento incorreto

e aumentam o consumo de energia. A isolação deve ser simples, efetiva e de dimensões reduzidas

para não comprometer a elevada densidade de transistores exigida pelas aplicações atuais.

A superfície da lâmina pode ser dividida em ÁREA ATIVA, onde os transistores são

construídos e ÁREA DE CAMPO, que é o resto da superfície. Esta última é dominante em extensão

e por ela passam a maioria dos condutores que ligam os transistores entre si e distribuem a

alimentação elétrica.

A área ativa é delimitada pela deposição de uma camada de nitrato de silício Si3N4, sobre a

superfície previamente oxidada da etapa passada. Esta camada de óxido é necessária para garantir a

aderência e absorver os esforços mecânicos face aos diferentes coeficientes de dilatação entre o

silício e o nitrato. A operação de corrosão a seguir deixa exposta a área de campo. Ainda nesta

etapa, por implantação iônica, portadores P em maior quantidade, P+, são espalhados por toda a

superfície da lâmina, atingindo a área de campo que deste modo torna-se mais efetiva na isolação

elétrica. Este implante eleva a tensão de limiar dos transistores parasitas que se formam ao rotear os

condutores sobre o óxido de campo. Deste modo, estes transistores parasitas só conduzem com

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tensões superiores aos da alimentação e assim estão inativos. Este implante não será mostrado nas

figuras subseqüentes.

Figura 25: Definição da área ativa

Figura 26: Layout definição de área ativa.

Implante p+

Nitreto do silicio

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A.1.6. Formação do Óxido de Campo:

Figura 27: Formação de Óxido de Campo

A seguir a lâmina é submetida a uma atmosfera rica em oxigênio em temperatura elevada

que oxida localmente (locos, local oxidation) toda área de campo. Esta oxidação (fox, field oxide),

aumenta o volume do material que se dilata e abaixo da superfície, bloqueando deste modo as

correntes elétricas residuais entre as áreas ativas e entre as interconexões e o substrato. A máscara

de nitrato de silício resistente à temperatura protege a área ativa durante esta etapa.

A.1.7. Formação do Óxido de Porta:

Por corrosão, o nitrato de silício e o óxido original são removidos, expondo o silício nas

áreas ativas. A lâmina agora é submetida a uma atmosfera de oxigênio seco e temperatura elevada

para formar lentamente o óxido de porta, de alta qualidade, sem porosidade e com espessura

definida.

Figura 28: Formação do Óxido de Porta

Oxido de porta

Oxido de Campo

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A.1.8. Deposição de Polisilício:

Após a demarcação pela máscara correspondente, inicia-se o processo de formação do

eletrodo de porta e também de algumas interconexões por uma deposição de silício policristalino,

POLISILÍCIO, poly, juntamente com dopante P ou N, pelo processo de CVD.

Toda a lâmina é recoberta, mas apenas as regiões de interesse estão expostas.

A dopagem reduz a resistividade do Polisilício e a escolha do tipo de dopante da sua relação

com as camadas adjacentes. A resistência elétrica desta camada que será a porta dos transistores,

quando associada com as capacitâncias parasitas adjacentes forma filtros passa-baixa, retardando as

transições entre os dois níveis lógicos. Em circuitos de alta velocidade, uma fina camada de platina

ou titânio é depositada sobre o Polisilício objetivando uma maior redução na resistividade.

O polisilício não desejado é removido e a seguir são demarcadas as portas dos transistores

canal P e canal N e algumas interconexões.

Figura 29: Deposição de Polisilício

Polisilicio

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Figura 30: Layout Deposição de Polisilício

A.1.9. Formação do Transistor canal P:

Após a impressão da máscara correspondente e a corrosão do óxido depositado na etapa 6,

as regiões de fonte (source) e dreno (drain) ficam expostas e recebem , por implantação iônica, boa

quantidade de íons de boro ou outro elemento tipo P, formando as regiões P+. Estes íons atingem

toda a superfície da lâmina, inclusive o Polisilício da porta, reduzindo ainda mais a sua

resistividade.

Nesta operação, o Polisilício da porta serve de máscara para o implante de source e drain,

garantindo assim o perfeito alinhamento entre estes três elementos, compondo transistores com alto

desempenho e mínima capacitância parasita entre os eletrodos. A polaridade final do Polisilício de

porta vai depender da soma algébrica de todos os dopantes ali colocados.

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Figura 31: Formação do Transistor de Canal P

Figura 32: Layout Formação do Transistor de Canal P

A.1.10 Formação do Transistor canal N:

De modo semelhante ao ítem anterior, a máscara correspondente às áreas de source e drain é

impressa sobre a lâmina e após a corrosão do óxido da etapa 6, é iniciado o implante de íons de

arsênico ou outro elemento tipo N para formar as regiões N+, perfeitamente alinhadas com o

Polisilício da porta que neste momento serve de máscara e que recebe também a sua dose de

dopante que reduz a sua resistividade.

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Figura 33: Formação do Transistor canal N

Figura 34: Formação do transistor de canal N

A.1.11. Recozimento:

A implantação iônica deforma a estrutura cristalina. Esta etapa submete a lâmina a uma

temperatura elevada por várias horas, possibilitando o realinhamento dos átomos no cristal e

formando efetivamente as regiões de source e drain em ambos os transistores. Usado para

uniformizar as regiões ativas n, p e poços, que não se realizaram por completo apenas com a

implantação iônica.

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Figura 35: Recozimento

A.1.12. Isolação e Abertura dos Contatos:

Após a fabricação dos transistores, é preciso cobri-los com uma camada de SIO2 depositada

pelo processo de CVD que se estende por toda a superfície da lâmina. A seguir é impressa a

máscara de abertura dos contatos, definindo os pontos onde haverá conexão das regiões de porta,

drain e source.

Figura 36: Óxido de Isolação e Abertura dos Contatos

Figura 37: Layout Isolação e Abertura de Contatos

Source e Drain formados

N+ N+P+ P+

Source e Drain formados

N+ N+P+ P+

Oxido de Isolacao Abertura de Contatos

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A.1.13. Deposição de Metal 1:

A superfície da lâmina é metalizada por vaporização de alumínio que penetra nas aberturas

dos contatos. A máscara seguinte define todas as interconexões em metal 1, permitindo a remoção

do alumínio não desejado.

Figura 38: Deposição de Metal 1

Figura 39: Layout Deposição de Metal 1

N+ N+P+ P+

Metal 1

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A.1.14. Isolação e Abertura das Vias:

Figura 40: Óxido de Isolação e Abertura de Vias

O metal 1 exposto é recoberto por outra camada de SIO2 depositada por CVD sobre a qual é

impressa a máscara que define as aberturas, VIAS, que permitem a conexão do metal 2 com as

camadas inferiores.

A.1.15. Deposição de Metal 2:

Novamente o alumínio é evaporado, revestindo toda a superfície da lâmina e penetrando nas

aberturas da vias. A máscara que define todas as conexões em metal 2 é impressa e o alumínio não

protegido por ela é removido.

Figura 41: Deposição de Metal 2

N+ N+P+ P+

Abertura de ViasIsolacao

N+ N+P+ P+

Metal 2

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A.1.16. Passivação:

Para evitar a oxidação da camada de metal 2 pelos gases da atmosfera, executa-se um

revestimento protetor de SIO2, passivação, overglass, nesta etapa. Sobre esta camada pode ainda ser

depositado nitrato de silício que é mais efetivo na proteção contra a contaminação.

Figura 42: Layout final com revestimento protetor