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UNIVERSIDADE PAULISTA
O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS PEQUENAS
E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista – UNIP, para obtenção
do título de Doutor em Engenharia de
Produção.
CLAUDIO LIRA MEIRELLES
SÃO PAULO
2017
UNIVERSIDADE PAULISTA
O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS PEQUENAS
E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista – UNIP, para obtenção
do título de Doutor em Engenharia de
Produção.
Orientador: Prof. Dr. Jose Benedito
Sacomano.
Area de Concentraçao: Gestao de Sistemas de
Operação.
Linha de pesquisa: Redes de Empresas e
Planejamento da Produção.
Projeto de Pesquisa: O Planejamento e
Controle da Produção em Redes de Empresas.
CLAUDIO LIRA MEIRELLES
SÃO PAULO
2017
Meirelles, Claudio Lira. Desenvolvimento sustentável na pequena e média empresa brasileira / Claudio Lira Meirelles. - 2017. 144 f. : il. color.
Tese de Doutorado Apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista, São Paulo, 2017.
Área de Concentração: Gestão de Sistemas e Operação.
Orientador: Prof. Dr. José Benedito Sacomano.
1. Desenvolvimento sustentável. 2. Pequenas e médias empresas. 3. Sustentabilidade. I. Sacomano, José Benedito (orientador). II. Título.
CLAUDIO LIRA MEIRELLES
O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS PEQUENAS
E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Paulista – UNIP, para obtenção
do título de Doutor em Engenharia de
Produção.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA – Qualificação
________________________/__/___
Prof. Dr. Jose Benedito Sacomano
Universidade Paulista – UNIP
__________________________/__/___
Prof. Dr. João Gilberto Mendes dos Reis
Universidade Paulista – UNIP
__________________________/__/___
Profa. Dra. Marcia Terra da Silva
Universidade Paulista – UNIP
__________________________/__/___
Prof. Dr. João Paulo Lara de Siqueira
Universidade Nove de Julho
__________________________/__/___
Prof. Dr. Osvaldo Elias Farah
Universidade Federal de São Carlos
DEDICATÓRIA
Dedico esta tese ao meu pai, que foi e sempre será meu amigo, um exemplo de vida.
Tenho certeza que ele esta no céu feliz e orgulhoso por mais um desafio conquistado.
Também faço uma dedicação especial a minha cara metade, esposa que eu amo muito,
Juliana. Ela segurou as barras mais pesadas para viabilizar meu sonho, e sem sua presença na
minha vida seria impossível estar cumprindo mais esta etapa.
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer primeiro a Deus que, nos momentos mais difíceis durante o período
do doutorado, me deu calma, inteligência, serenidade e paz no coração para superar os
problemas.
À CAPES/PROSUP, que foi fundamental nesta caminhada acadêmica, pois sem a
bolsa de estudo seria inviável a minha dedicação ao projeto de pesquisa.
Ao meu orientador Sacomano, que me honrou com seu vasto conhecimento. Sem suas
orientações não conseguiria produzir artigos e finalizar minha tese. A qualidade e as
exigências do professor nos trabalhos produzidos serão essenciais para meu crescimento
profissional.
Agradeço a todos os professores do programa que sempre me ajudaram e foram
fundamentais para ampliar minha visão de mundo e acadêmica. Agradeço, em especial, ao
professor Oduvaldo que, com sua serenidade, benevolência, sabedoria e amizade foi
imprescindível para eu chegar ao final deste desafio.
À professora Silvia, que teve a bondade de dividir comigo seu conhecimento sobre
Desenvolvimento Sustentável, colocando-me num novo estágio de entendimento sobre o tema
sobre o qual escrevi minha tese.
Aos professores João Paulo, João, Marcia, e Farah, que fizeram parte da minha banca.
As sugestões dadas na minha qualificação foram essenciais para a evolução do meu trabalho.
Aos meus amigos de doutorado que, mesmo diante de todas as dificuldades, sempre
estiveram juntos de mim e contribuindo para meu aprimoramento.
Um agradecimento muito, muito, muito, muito, muito especial à Marcia. Ela é a
pessoa que me acompanhou, incentivou, acreditou, elogiou quando eu acertei e me chamou a
atenção quando eu errei, foi amiga, conselheira e psicológa desde o meu mestrado até agora:
ela é muito mais que uma funcionária da UNIP, é uma amiga.
E, por fim, quero agradecer a toda minha família, mãe, sogra, cunhado, filhos e
amigos: eles são a base da minha vida.
RESUMO
Como decorrência da crise financeira mundial, das fraudes contábeis e da suspeita de
envolvimento de grandes empresas em problemas ambientais e sociais, governos e sociedade
estão demandando uma mudança de comportamento empresarial. Este cenário exige a
transformação do paradigma de um sistema de gestão tradicional, visando o retorno financeiro
independentemente do esgotamento dos recursos, para uma gestão voltada para o
desenvolvimento sustentável, no qual o lucro pode ser uma consequência decorrente do uso
racional dos recursos. Por um lado, as grandes empresas, aproveitando suas características,
adequaram-se e tiraram proveito financeiro com a adoção de uma estratégia de longo prazo
que integra desenvolvimento econômico, social e ambiental. Por outro, as pequenas e médias
empresas têm dificuldades de adequar políticas de sustentabilidade em suas estratégias
comerciais. Mesmo tendo relevância na econômica global, são poucos os estudos sobre
estratégia de Desenvolvimento Sustentável direcionados para pequenas e médias empresas, e
o formato proposto pela literatura atual não parece adequado para PMEs localizadas em
países em desenvolvimento. Assim, este trabalho tem como objetivo principal identificar a
viabilidade das práticas empresariais sustentáveis nas pequenas e médias empresas brasileiras.
A tese está organizada em formato de artigos e, a partir do objetivo proposto, fez uso de uma
metodologia considerada como sendo de pesquisa explicativa. A partir da análise dos dados
desta pesquisa, pode-se concluir que, desconsiderando exceções, uma empresa de pequeno
porte no Brasil, individualmente, não vai adotar políticas para o desenvolvimento sustentável:
além do baixo impacto social e ambiental que a empresa individualmente produz, o custo de
mudança é inviável financeiramente; ainda, as empresas não têm apoio e qualificação técnica
para inovar, o publico consumidor é direcionado para preço e não qualidade, e os empresários
têm poucas garantias de retorno no curto prazo. As ações para o desenvolvimento sustentável
têm que se originar de políticas públicas decorrente de uma visão de benefício da sociedade
local como um todo. Uma ação partindo do governo, com benefícios e regras a serem
seguidas, tem a capacidade de forçar uma mudança de paradigma e institucionalizar o
Desenvolvimento Sustentável nas PME’s.
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável. Sustentabilidade. Pequenas e Médias
Empresas.
ABSTRACT
As a result of the global financial crisis, accounting fraud and the suspicion of involvement of
large companies in environmental and social problems, Governments and Society are
demanding a change of business behavior. This scenario requires the transformation of the
paradigm of a traditional management system, aiming at the independent financial return of
resource depletion, for sustainable development management, where profit can be a
consequence of the rational use of resources. On the one hand, large companies taking
advantage of their characteristics have adapted and benefited by adopting a long-term strategy
that integrates economic, social and environmental development. On the other hand, small
and medium-sized enterprises have difficulties in adapting their sustainability policies to their
business strategies. Even though it has a relevance in the global economy, there are few
studies on Sustainable Development strategies directed at small and medium enterprises, and
the format proposed by the current literature does not seem appropriate for SMEs located in
developing countries. Thus, this work has as main objective to identify the feasibility of the
sustainable business practices in the small and medium Brazilian companies. The Thesis is
organized in articles format and used a methodology, based on the proposed objective,
considered as an Explanatory research. Based on the analysis of the data of this research, one
can conclude that, disregarding exceptions, a small company in Brazil, individually, will not
adopt policies for sustainable development, because in addition to the low social and
environmental impact that the company individually produces, the cost of change is
unfeasible financially, companies do not have the support and technical qualification to
innovate, the consumer public is directed towards price and not quality, and entrepreneurs
have few guarantees of return in the short run. Actions for sustainable development must
originate from public policies stemming from a vision of the benefit of local society as a
whole. An action from the Government, with benefits and rules to be followed, has the
capacity to force a paradigm shift and institutionalize Sustainable Development in SMEs.
Key-words: Sustainable Development. Sustentability. Small and Medium Enterprise.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Banco Mundial ....................... 16
Tabela 2 – Lista de Artigos Publicados .................................................................................... 18
Tabela 3 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Banco Mundial ....................... 20
Tabela 4 – Classificação Porte de Empresa no Brasil – BNDES ............................................. 24
Tabela 5 – Classificação Micro e Pequena Empresa – Lei Complementar .............................. 25
Tabela 6 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Sebrae / IBGE ........................ 25
Tabela 7 – Composição do Setor: Indústria.............................................................................. 26
Tabela 8 – Composição do Setor: Comércio ............................................................................ 27
Tabela 9 – Composição do Setor: Serviço................................................................................ 28
Tabela 10 – Empresas e Outras Organizações, Pessoal Ocupado Total e Assalariado, 2015 .. 29
Tabela 11 – Resultado Consolidado do Número de Empresas Ativas e Empregados, 2015 ... 30
Tabela 12 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas -
Entidades Empresariais (0 – 29), 2015 ..................................................................................... 30
Tabela 13 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas -
Entidades Empresariais (30 ou +), 2015 ................................................................................... 31
Tabela 14 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas -
Entidades Empresariais - por setor (consolidado), 2015 .......................................................... 32
Tabela 15 – Número de Empresas por Número de Empregado - União Europeia e Brasil ..... 33
Tabela 16 – Ranking da Taxa de Juros dos Bancos Comerciais no Mundo, 2016 ................... 34
Tabela 17 – Número de Empresas que Implementaram Inovações de Produtos e/ou Processos,
2014 (Unidades) ....................................................................................................................... 35
Tabela 18 – Número de Empresas que Implementaram Inovações de Produtos e/ou Processos
que Receberam Apoio do Governo, 2014 (Unidades) .............................................................. 36
Tabela 19 – Participação Relativa das Empresas por Porte no Total das Constituições, Ano
(2008 – 2012) ........................................................................................................................... 37
Tabela 20 – Taxa de Mortalidade das Empresas nos Primeiros 2 Anos de Atividades ........... 38
Tabela 21 – 5 Dimensões Chaves do CSR ou Práticas de Gerência Sustentável ..................... 42
Tabela 22 – Ranking Populacão Mundial em 2016 .................................................................. 45
Tabela 23 – Ranking Área Territorial no Mundo em 2016 ...................................................... 46
Tabela 24 – Ranking do Produto Interno Bruto no Mundo em 2016 ....................................... 47
Tabela 25 – Oferta Interna de Energia no Brasil, Ano 2015 em Terajaules............................. 52
Tabela 26 – Participação Regional de Certificação ISO 14001 - em Porcentagem ................. 53
Tabela 27 – Top 10 dos Países com Certificado ISO 14001 – Ano 2015 ................................ 53
Tabela 28 – Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Ocupadas na Semana de Referência, por
Ano de Estudos e Classe de Rendimento em Porcentagem do Total Geral, Ano (2015) ......... 54
Tabela 29 – Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Economicamente Ativas na Semana de
Referência, por Classe de Rendimento, Ano (2015) ................................................................ 55
Tabela 30 – Rendimento Mensal (2015) .................................................................................. 55
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Uso da Área Agrícola no Mundo, em Porcentagem (%) ........................................ 46
Figura 2 – Resíduos Municipais: Total, Kilogramas/per capita (2015) ................................... 52
Gráfico 1 – Empresas por Tamanho de Negócios - 0-9 Empregados, 2014 (Unidades) .......... 32
Gráfico 2 – Iniciando um Negócio - Acesso a Financiamento por Homens e Mulheres, 2013
(Porcentagem) ........................................................................................................................... 33
Gráfico 3 – Histórico dos Certificados ISO14001 - Empresas Nacionais e Estrangeiras,
Dentro e Fora do SBAC - Emitidos Ano Referência ............................................................... 36
Gráfico 4 – Taxa de Mortalidade de Empresas nos Primeiros 2 Anos de Atividades, por Porte,
Ano (2008 – 2012) .................................................................................................................... 37
Gráfico 5 – Taxa de Pobreza - Brasil, União Europeia e Austrália - Ratio, 2013 .................... 48
Gráfico 6 – Desigualdade de Renda – Coeficiente Gini (2013) ............................................... 49
Gráfico 7 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Fundamental - Brasil, União Europeia e
Austrália (2014) ........................................................................................................................ 50
Gráfico 8 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Médio - Brasil, União Europeia e
Austrália (2014) ........................................................................................................................ 50
Gráfico 9 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Superior - Brasil, União Europeia e
Austrália (2014). ....................................................................................................................... 51
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APMS Advances in Production management Systems
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento
CIA Central Intelligence Agency
CSR Corporate Social Responsibility
DS Desenvolvimento Sustentável
EO Entrepreneurial Orientation
EPP Pequenas Empresas
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations
GDE Grande Empresa
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFIP International Federation for Information Processing
ISO International Organization for Standardization
MDE Média Empresa
ME Microempresas
MEI Microempreendedores Individuais
MPME Micro, Pequena e Média Empresa
OE Orientação Empreendedora
OECD Organization for Economic Co-Operation and Development
PIB Produto Interno Bruto
PME Pequena e Média Empresa
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Empresas
SME Small and Medium Enterprise
TBL Triple Botton Line
TI Tecnologia da Informação
UE União Europeia
WCED World Commision on Environment and Development
SUMARIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................... 12
1.1 Introdução ..................................................................................................................... 12
1.2 Justificativa ................................................................................................................... 13
1.3 Objetivos ....................................................................................................................... 15
1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 15
1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 15
1.4 Metodologia .................................................................................................................. 15
1.4.1 Desenvolvimento do Trabalho ........................................................................... 16
1.5 Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 19
2.1 Pequenas e Médias Empresas ........................................................................................ 19
2.1.1 Pequenas e Médias Empresas Brasileiras .......................................................... 23
2.2 Desenvolvimento Sustentavél ....................................................................................... 38
3 RESULTADO DE PESQUISA .......................................................................................... 45
3.1 Características da Economia Brasileira ......................................................................... 45
3.2 Conceito de Sustentabilidade pelas Micros, Pequenas e Médias Empresas Brasileiras57
3.2.1 Contribuição do artigo ....................................................................................... 69
3.3 A Pequena e Média Empresa no Brasil: um Estudo Compreensivo da Visão do Gestor
Sobre o Negócio. ........................................................................................................... 70
3.3.1 Contribuição do artigo ....................................................................................... 80
3.4 Gestão da Qualidade no Atendimento em Empresas de Pequeno e Médio Portes ....... 81
3.4.1 Contribuição do artigo ....................................................................................... 95
3.5 Os Caminhos das Pesquisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas Pequenas e
Médias Empresas: uma Revisão Sistemática ................................................................ 96
3.5.1 Contribuição do artigo ..................................................................................... 131
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 132
4.1 Conclusão .................................................................................................................... 134
4.2 Recomendações de Pesquisa ....................................................................................... 136
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 138
APÊNDICE 1 ........................................................................................................................ 143
APÊNDICE 2 ........................................................................................................................ 144
12
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1 Introdução
O mundo empresarial, atualmente, está passando por uma tripla crise decorrente de
aspectos financeiro, ecológico e social, obrigando as empresas a apresentarem uma nova
abordagem de governança que permita desenvolver um conjunto de indicadores de
desempenho para medir a sustentabilidade destes três aspectos ao nível da empresa (OZCURE
et al., 2011).
Neste ambiente, o Desenvolvimento Sustentável transformou-se num caminho a ser
percorrido pelas empresas no intuito de reverter o cenário adverso de mercado, mas com
complexas questões presentes e futuras que combinam eficiência, capital próprio e capital das
próximas gerações, com base em fatores econômico, social e ambiental, que são interligados e
complementares (CIEGIS et al., 2009).
A ausência de estudos empíricos sobre o tema nos leva a concluir que a discussão
sobre questões de sustentabilidade enfrenta algumas dificuldades, principalmente porque essa
nova realidade exige uma visão em nível de produto, estratégico e tático (EGELS-ZANDEN;
ROSEN, 2014).
Por um lado, as novas legislações estão dando ênfase a responsabilidade social,
imagem corporativa e conscientização do cliente; por outro, os consumidores estão se
interessando por produtos e serviços decorrentes de práticas economicamente viáveis,
socialmente justas e ambientalmente corretas. Isso está fazendo com que os fabricantes
preocupem-se em produzir produtos que não agridam o meio ambiente e em reciclar os
produtos em fim da vida útil (FACCIO et al., 2014; MUSSON, 2012; SEBRAE, 2012).
Diante dessa realidade, grandes empresas estão promovendo uma transição para
modelos de negócios e relações econômicas embasados no desenvolvimento sustentável, o
que inclui o fator ambiental, econômico e social interligados como premissa para a obtenção
de competitividade no mercado.
Neste contexto, é inadiável a discussão das micros, pequenas e médias empresas sobre
este tema devido à importância que estas organizações têm na geração de emprego,
distribuição de riqueza e capacidade de inovação (SEBRAE, 2012).
A administraçao das PME’s tem suas particularidades, sendo que a maior diferença
entre empresas deste porte e as grandes empresas é que seus projetos tendem a ser vinculados
13
a atividades operacionais do dia a dia, enquanto as grandes empresas têm planejamentos
estratégicos no longo prazo (EZCURDIA; SÁBADA, 2012).
Essa realidade afeta as tomadas de decisões das PME’s, evidenciando uma falha na
construção do diálogo entre o conhecimento tácito e o explícito; em outras palavras, não há
protocolos nos processos produtivos e há expectativa que, na organização interna de uma
PME, os conhecimentos sejam desenvolvidos ao longo de sua existência, processo que, no
curto prazo, pode trazer problemas para a sobrevivência da empresa no mercado em que atua
(GONZÁLES, 2011).
Há ainda diferenças entre as PME’s localizadas em países em desenvolvimento e as
dos países considerados desenvolvidos. Nos principais mercados emergentes, as empresas de
pequeno e médio portes têm aumentado sua produção de maneira proporcional à demanda
doméstica, com tendência à importação, ao planejamento no curto prazo, ao emprego de mão
de obra desqualificada, ao uso de pouca tecnologia e à ausência de apoio governamental e
financeiro. Diferentemente desta realidade, as empresas nos países considerados
desenvolvidos tendem a ser exportadoras, beneficiam-se de mão de obra qualificada, de
estrutura local, de apoio financeiro e governamental e do uso de novas tecnologias e
desenvolvem um planejamento de longo prazo (ALVARADO; GRANADOS, 2013).
Por estas razões, faz-se o seguinte questionamento: como o Desenvolvimento
Sustentável proposto para um horizonte de longo prazo pode ser adaptado para Pequenas e
Médias empresas que possuem um planejamento de curto prazo?
1.2 Justificativa
Este trabalho aborda dois temas relevantes para economia atual: aspectos relacionados
às pequenas e médias empresas e a questão do desenvolvimento sustentável.
Por um lado, a importância de estudar as pequenas e médias empresas ocorre por
serem consideradas os principais atores de desenvolvimento econômico, representando cerca
de 98% das empresas privadas no mundo e a principal fonte de emprego na maioria dos países
(HOOF; LYON, 2013; KLEWITZ; HANSEN, 2014).
Na União Europeia, as PME’s representam 66,7% da mão de obra empregada. Elas
são as principais fontes de trabalho e de empreendedorismo, e são os motores de inovação em
países desenvolvidos da Europa e na China na atual conjuntura. Tal cenário é decorrente da
presença, nestes locais, de um corpo técnico qualificado e de serviços terceirizados por
grandes empresas para projetos de inovação, possibilitando, assim, um crescimento
14
sustentável no local que estão inseridas (HILMOLA et al., 2015; KLEWITZ; HANSEN,
2014).
Em contrapartida, em função da dificuldade de implantar inovação e novas tecnologias
em seus métodos produtivos, empresas deste porte são responsáveis por 30% do total mundial
da poluição produzida e 64% da poluição produzida na União Europeia). Em decorrência da
dificuldade de implantar métodos inovadores ou por não usar tecnologia mais limpa,
destacam-se também como fonte de poluição da natureza, aproximadamente 30% do total
mundial e 64% na União Européia (HOOF; LYON, 2013; KLEWITZ; HANSEN, 2014).
No Brasil, as micros e pequenas empresas sao responsaveis por 98% dos
estabelecimentos em funcionamento, sendo que 88,42% são microempresas, 72,05% têm no
máximo 4 funcionários, correspondendo a 51,6% dos empregos privados nao agricolas
formais no pais e a quase 40% da massa de salarios. Empresas deste porte são fundamentais
para a econômia local, tendo como uma de suas características o uso intensivo de mão de obra
não qualificada, o que representa a maior parte das pessoas ativas no país (SEBRAE, 2012;
ALBINO et al., 2010; IBGE, 2017).
Por outro lado, como resultado da crise financeira mundial, das fraudes contábeis e da
suspeita de envolvimento de grandes empresas em problemas ambientais e sociais, a
sociedade mundial e governos estão demandando mais transparência das empresas,
principalmente as multinacionais (ÖZCÜRE et al., 2011; FACCIO et al., 2014).
O problema exige uma mudança de paradigma de um sistema de gestão tradicional,
visando o retorno financeiro independente do esgotamento dos recursos, para uma gestão
voltada para o desenvolvimento sustentável, na qual o lucro pode ser uma consequência
decorrente do uso racional dos recursos (LUEG; RADLACH, 2016). Assim, nas últimas
décadas, intensificou-se a discussão sobre o Desenvolvimento Sustentável como uma
alternativa ao modelo econômico preponderante conhecido como neoliberal (SILVA et al.,
2012; ÖZCÜRE et al., 2011).
Neste contexto, governos, empresas e organizações estão pautando suas ações no uso
racional dos recursos e das relações com a sociedade, considerando o impacto das suas
atividades nas futuras gerações, ou seja, adotando um modelo ideal de desenvolvimento
sustentável.
Entretanto, a maioria dos estudos sobre desenvolvimento sustentável são direcionados
para analise das grandes empresas, e as poucas pesquisas realizadas sobre DS nas PME’s
estão concentradas nos países desenvolvidos da Europa, China e Austrália. Assim sendo,
15
existe uma lacuna de conhecimento sobre o tema direcionada para empresas de pequeno e
médio portes localizadas em países em desenvolvimento, excetuando-se a China.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
O objetivo principal deste trabalho é identificar a viabilidade das práticas empresariais
sustentáveis nas pequenas e médias empresas brasileiras.
1.3.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos estão associados a questões inerentes ao objetivo principal e
são arrolados nessa investigação como:
1. Descrever as pequenas e médias empresas em relação à Sustentabilidade;
2. Identificar os fatores internos e externos que influenciam o desempenho das
empresas de pequeno e médio portes no Brasil;
3. Discutir a ótica do consumidor de produtos/serviços das PME’s;
4. Mapear as características das pesquisas sobre desenvolvimento sustentável nas
pequenas e médias empresas.
1.4 Metodologia
Neste capítulo é apresentada a metodologia do trabalho, que se justifica a partir das
definições do propósito, da abordagem e do procedimento utilizados para análise do problema
e objetivo da pesquisa.
A tese está organizada em formato de artigos. Nesta modalidade, são realizadas
pesquisas sobre o tema definido e os resultados são submetidos ou aprovados, em forma de
artigos, para revistas e congressos acadêmicos conceituados. Os resultados irão responder aos
objetivos específicos e se somarão para uma conclusão final que atenda ao objetivo principal
proposto.
A decisão de utilizar o modelo de publicações de artigo para esta tese ocorre em
função de esta permitir uma discussão sobre o tema em âmbito acadêmico em diferentes
16
fóruns, externos e internos da Universidade, o que permite uma visão ampla realizada por
diferentes pares, agregando no resultado final do trabalho.
Cada um dos artigos apresentados utilizou uma metodologia de pesquisa de pesquisa,
tal como esclarecido no capítulo 3. Aqui, será discutida a metodologia do trabalho como um
todo.
Por ter como objetivo principal apresentar uma teoria que explique fatores que
influenciam determinado fenômeno ou que mostre como acontece um determinado fato ou
fenômeno, esta tese fez uso dos métodos específicos da pesquisa explicativa. Para coleta de
dados do trabalho, foram utilizados procedimentos bibliográficos nos quais foram
confrontados artigos sobre o tema publicados em revistas acadêmicas e congressos
internacionais, com a intenção de identificar opiniões de uma determinada população, usando,
para este fim, uma metodologia qualitativa (GIL, 2002; MARTINS, 2009; YIN, 2010;
CRESWELL, 2007).
1.4.1 Desenvolvimento do Trabalho
Para o desenvolvimento deste trabalho foram definidos os seguintes critérios:
a) Classificação das Empresas Pesquisadas
A partir dos objetivos propostos para o estudo, as empresas de micro, pequeno e
médio portes foram selecionadas como fonte de pesquisa. Diante desta escolha, fez-se
necessário escolher um critério para enquadrar as empresas tidas como aptas à participação no
trabalho. A classificação do tamanho da empresa adotada pelo Banco Mundial foi o critério
escolhido para o trabalho, já que permite ter um índice aceito internacionalmente.
Considerando o índice que a maioria dos países do mundo adota e como decorrência
da dificuldade e da limitação para conseguir informação dos ativos totais e total de vendas
anuais das empresas, decidiu-se usar apenas o critério referente ao número de funcionários, tal
como adotado pelo Banco Mundial, conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Banco Mundial
MICROEMPRESA PEQUENA EMPRESA MÉDIA EMPRESA
No. de Funcionários < 10 10 – 50 50 – 3000
Ativos Totais < USD 100.000 USD 100.000 – 3.000,000 USD 3.000,000 – 15.000,000
Total de Vendas Anuais < USD 100.000 USD 100.000 – 3.000,000 USD 3.000,000 – 15.000,000
Fonte: Adaptado IFC (2012).
17
b) Amostragem
Para os dois artigos publicados no Congresso APMS 2014 (itens 3.2 e 3.3), foram
selecionadas 50 empresas brasileiras de pequeno e médio portes associadas à Câmara de
Dirigentes Lojistas e Associações Comerciais.
As empresas selecionadas para pesquisa sao classificadas como PME’s, representam
diferentes segmentos como o comércio, serviço e indústria, e estão localizadas no Estado do
Ceará, na região Nordeste, e no Estado de Minas Gerais, na região Sudeste do Brasil. As
entrevistas foram realizadas com os sócios-diretores. Por solicitação dos entrevistados, os
nomes das empresas foram preservados.
No terceiro artigo, enviado para o Congresso da APMS 2015 (item 3.4), participaram
da pesquisa 29 empresários que tomaram parte de Missões Internacionais com uma agência
de viagem especializada em turismo de negócio. Este grupo participou de duas Missões
distintas: a primeira Missão, composta por 19 empresários, foi para os Estados Unidos da
América e Panamá, com representantes dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e
Santa Catarina; o segundo grupo, composto por 10 empresários, foi para China e Emirados
Árabes Unidos, com representantes do Distrito Federal.
Para o quarto artigo, foi realizado um trabalho teórico que utilizou algumas bases de
dados para o levantamento bibliográfico. Com o proposito de cobrir o maior número de
trabalhos científicos, foram definidas algumas bases de dados eletrônicas conhecidas como
Base de Pesquisa: Elsevier (<http://www.sciencedirect.com>); Wiley Online Library
(<http://onlinelibrary.wiley.com>), e Base Referencial: EBSCO
(<https://www.ebscohost.com>), Web of Science (<http://apps-webofknowledge.com>), e
Scopus (<https://www.scopus.com>). No presente estudo, duas palavras-chave foram
utilizadas: a “Pequena e Média Empresa”, como dependente, e o “Desenvolvimento
Sustentavel”, como independente.
c) Coleta de Dados
Para os artigos 1, 2, e 3 foram adotados questionários estruturados, com perguntas
fechadas, a partir de bibliografias sobre os temas definidos para os estudos. Conforme Martins
(2009), o questionário é um tipo de ferramenta eficaz para coleta de informações não
estruturadas.
O questionário usado para levantar os dados que foram analisados nos artigos
publicados no APMS 2014 (itens 3.2 e 3.3) consta no Apêndice 1, e o questionário
18
desenvolvido para a pesquisa do terceiro artigo enviado para a APMS 2015 (item 3.4) está
apresentado no Apêndice 2.
1.5 Estrutura do Trabalho
Este trabalho foi dividido em quatro capítulos. Neste primeiro são apresentados a
introdução, a justificativa, os objetivos e a metodologia do trabalho. No segundo capítulo é
discutida a fundamentação teórica, contendo os conceitos que servem de base para o
desenvolvimento da tese, tais como desenvolvimento sustentável, práticas gerenciais de
sustentabilidade e características das pequenas e médias empresas. O terceiro capítulo, com o
titulo Resultado de Pesquisa, é subdividido em cinco itens: o primeiro refere-se à
caracterização do mercado brasileiro; no segundo ao quinto item são apresentados os quatro
artigos cientificos elaborados durante o periodo letivo do Programa de Pos-Graduaçao em
Engenharia de Produçao, Universidade Paulista (Tabela 2).
Tabela 2 – Lista de Artigos Publicados
Item Título Periódico Situação
3.2 Conceito de Sustentabilidade pelas Micro, Pequenas e
Médias Empresas Brasileiras APMS / IFIP Publicado
3.3 A Pequena e Média Empresa no Brasil: um Estudo
Compreensivo da Visão do Gestor sobre o Negócio APMS / IFIP Publicado
3.4 Gestão da Qualidade no Atendimento em Empresas de
Pequeno e Médio Portes APMS / IFIP Publicado
3.5
Os Caminhos das Pesquisas sobre Desenvolvimento
Sustentável nas Pequenas e Médias Empresas: uma
Revisão Sistemática Journal of Cleaner Producion
Em
Submissão
Fonte: Autor.
O último capítulo apresenta as considerações finais, a conclusão e as sugestões para
futuras pesquisas sobre o tema.
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Pequenas e Médias Empresas
A importância de estudar as pequenas e médias empresas reside no fato de serem
consideradas o principal agente de desenvolvimento econômico, representando cerca de 98%
das empresas privadas no mundo. Entretanto, a dificuldade de implantar métodos inovadores
e por não usarem novas tecnologias que reduzem o impacto ao meio ambiente, destacam-se
também como fonte de poluição da natureza, sendo responsáveis por aproximadamente 30%
do total mundial e 64% na União Europeia (HOOF; LYON, 2013; KLEWITZ; HANSEN,
2014).
As PME’s são os motores de inovação em economias europeias desenvolvidas e na
China na atual conjuntura, em decorrência de um corpo técnico qualificado e por terem seus
serviços terceirizados por grandes empresas para projetos de inovação, possibilitando um
crescimento sustentável no local que estão inseridas (HILMOLA et al., 2015; KLEWITZ;
HANSEN, 2014).
Na União Europeia, as PME’s sao as principais fontes de emprego,
empreendedorismo, riqueza, crescimento econômico e inovação tecnológica. São
representados por mais de 20 milhões de empresas, o que significa 99% das empresas ativas e
66,7% dos empregos (STEWART; GAPP, 2014; HOOF; LYON, 2013; SADABA et al.,
2014; HILMOLA et al., 2015).
Também na Austrália, país com características de mercado e cultura similares à
Europa, 99% das empresas privadas são classificadas como PME, havendo menos de 1% das
organizações com mais de 200 funcionários (STEWART; GAPP, 2014).
Em países de economias emergentes, como Tanzânia, África do Sul, China e Brasil, as
PME’s formam o maior grupo de empresas do setor privado, correspondendo a mais de 90%
das atividades empresariais. Na América Latina e Caribe, as PMEs seguem a mesma média
em empresas formais, empregando mais de 75% da população ativa local. Na Colômbia,
pequenas e médias empresas são consideradas os atores chaves para o crescimento da
economia nacional, representando 40% do Produto Interno Bruto - PIB (MORALES, 2010;
ROUX; BENGESI, 2014).
Não existe um consenso mundial para definir pequenas empresas. Diferentes países,
governos, bancos e instituições públicas e privadas têm diferentes critérios, mas alguns
índices são tradicionalmente usados, tais como número de empregados, capital investido,
quantidade total de ativos, volume de vendas e capacidade de produção (LIU et al., 2013).
20
A maioria dos países define uma PME a partir do número de funcionários, que fica
entre 100 a 500 empregados (KLEWITZ; HANSEN, 2014). A União Europeia segue esta
definição, considerando PME o estabelecimento que tem menos de 250 trabalhadores
(HILMERSSON, 2014). Na Austrália, empresas são consideradas de pequeno e médio portes
caso tenham entre 5 a 200 funcionários (STEWART; GAPP, 2014). Alguns bancos adotam
mais de uma definição, como é o caso do Banco Mundial, que inclui três índices em sua
definição, conforme apresentado na Tabela 3:
Tabela 3 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Banco Mundial
MICROEMPRESA PEQUENA EMPRESA MÉDIA EMPRESA
No. de funcionários < 10 10 - 50 50 - 3000
Ativos Totais < USD 100.000 USD 100.000 – 3.000,000 USD 3.000,000 – 15.000,000
Total de Vendas Anuais < USD 100.000 USD 100.000 – 3.000,000 USD 3.000,000 – 15.000,000
Fonte: Adaptado IFC (2012).
De forma geral, as PME’s apresentam vantagens e desvantagens. Como vantagem,
destacam-se o estilo empreendedor, com estrutura enxuta, e a administração feita diretamente
pelos seus proprietários e/ou gerentes. Estas características provocam um ambiente mais
propício a inovações em comparação às grandes empresas. Como desvantagens, pode-se
pontuar a falta de planejamento formal, a limitação de recurso e a dificuldade de atrair
financiamento (KLEWITZ; HANSEN, 2014).
A administraçao das PME’s tem suas particularidades, sendo que a maior diferença
entre empresas deste porte e as grandes empresas é que seus projetos tendem a ser vinculados
a atividades operacionais do dia a dia, enquanto as grandes empresas têm planejamentos
estratégicos no longo prazo (EZCURDIA; SÁBADA, 2012).
Em países desenvolvidos, as PME’s estao mudando suas características produtivas,
deixando de serem os maiores produtores de matérias-primas, componentes ou itens semi-
acabados, para desenvolver novas ideias, novos produtos e participar do mercado
internacional (exportação e importação). O desafio nesta nova realidade é conseguir preço,
qualidade e aumento de flexibilidade na entrega mas, para isso, e principalmente com o apoio
dos governos locais, as empresas estão adquirindo um avançado sistema de TI, recursos e
capacidade de financiamento (HILMOLA et al., 2015).
Os instrumentos de política pública que os governos podem desenvolver para
viabilizar o desenvolvimento das empresas de pequeno e médio portes no contexto
macroeconômico são: fornecer infra-estrutura, adotar legislação favorável (baixa burocracia),
prover educação adequada, apoiar mercados de trabalho flexíveis, pesquisa e
21
desenvolvimento, etc.; no contexto microeconômico, os governos locais podem contribuir por
meio do apoio direto aos empresários ou às empresas individuais, com o fornecimento de
informações e conselhos ou o acesso ao financiamento (LUNDSTRÖM et al., 2014).
Em países considerados emergentes, as PME’s têm pouco apoio dos governos, mesmo
influenciando positivamente o nível de renda geral do país, estimulando o crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB) e configurando-se como uma importante fonte de emprego,
especialmente para mão de obra não qualificada que representa a maioria dos trabalhadores
desempregados (MORALES, 2010).
Devido à dificuldade estrutural e à falta de apoio governamental, os países em
desenvolvimento são caracterizados por um fenômeno conhecido na literatura como "meio
perdido", isto é, eles têm muitas micros e pequenas empresas, mas poucas médias, e
dificilmente estas empresas de pequeno porte conseguem crescer e/ou criar um
relacionamento comercial com as grandes empresas. Este é o hiato entre as empresas deste
porte em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento (MILAGROSA et al., 2015).
Os mesmos autores destacam que este fenômeno constitui um problema para os países
emergentes, já que as empresas de médio porte criam produtos de maior qualidade e
empregos com salários mais elevados. Empresas deste porte, normalmente caracterizadas por
empresas de manufatura, tendem a ser os principais motores da inovação e diversificação
econômica e são as empresas que podem se tornar capazes, ao longo do tempo, de exportar
seus produtos.
Para agravar a situaçao, as empresas PME’s em paises emergentes, e que têm seu
mercado aberto, sofrem a concorrência direta de empresas de países desenvolvidos e/ou
outros países pares que usufruem de algum tipo de vantagem competitiva. Para superar estas
dificuldades, e aproveitando a principal característica da PME, o empreendedorismo, os
empresários podem ter como referência nas suas decisões a Entrepreneurial Orientation
(EO).
Entrepreneurial Orientation, ou Orientação Empreendedora (OE), é definida como o
conjunto de métodos, práticas e decisões de mercado utilizadas por gerentes ou donos de
empresas na tomada de decisão em ações empreendedoras. Esta OE pode variar de acordo
com o tipo de empresa (comércio, serviço e/ou indústria) e o contexto do ambiente
socioeconômico, político e cultural em que está inserida. Três dimensões da OE são
identificadas: inovação, disposição para assumir risco e proatividade. O modelo de OE mais
popular incluiu mais duas dimensões: autonomia e competitividade agressiva (ROUX;
BENGESI, 2014).
22
Os mesmos autores argumentam que os fatores proatividade, disposição para assumir
risco e competitividade agressiva criam vantagens competitiva para PME’s de paises
emergentes, e justificam o argumento explicando que uma postura “proativa” faz com que o
empresário aproveite as oportunidades frente aos concorrentes. Destacam também que esta
postura “proativa” leva o empresário à habilidade de “assumir riscos”, e o “comportamente
agressivo” faz-se necessário para aproveitar oportunidades num mercado aberto no qual
qualquer empresa do país, ou de fora, tem livre acesso e consegue se mover rapidamente.
Os três fatores são definidos pelos autores como:
a) Proatividade: ser o primeiro a oferecer um produto ou serviço ao cliente;
b) Disposição para assumir riscos: pode estar associado à instabilidade política, à
falta de políticas de suporte às empresas, ao ambiente regulatório e às informações
assimétricas;
c) Comportamento agressivo: desenvolvimento de produtos inovadores, sistemas de
apoio ao cliente e um processo de produção altamente adaptável a fim de ganhar o
mercado.
Esses três fatores estão estreitamente ligados ao termo inovação no seu significado
mais amplo, isto é, qualquer mudança estratégica de uma empresa que é nova para o mercado
é relevante.
As empresas podem crescer por muitas razões; por exemplo, elas podem se beneficiar
da crescente demanda por seus produtos (expansão de mercado) ou dificuldade dos
concorrentes, mas raramente elas exercem alguma influência sobre esses fatores. Por outro
lado, a estratégia que os empresários podem controlar está ligada à inovação, como lançar um
produto novo (inovação de produtos), melhorar o processo de produção (inovação de
processo) ou mudar para um novo setor (inovação sectorial) (MILAGROSA et al., 2015).
O conceito Orientação Empreendedora define as ações de um empresário
empreendedor para conseguir vantagem competitiva no mercado em que atua, mas não
responde quais seriam as características empreendedoras para a modernização das empresas.
O Onion Model, ou Modelo Cebola, mostrou-se eficiente para explicar estas características
em PME’s de países emergentes, tal como estudado no trabalho de Milagrosa et al. (2015),
que testou o modelo em empresas do Egito, Índia e Filipinas.
Estas características enquadram-se em quatro grandes categorias: características do
empreendedor, características das empresas, redes (pessoais e profissionais) e o seu ambiente
de negócio.
23
a) Entrepreneus characteristics, ou Características do Empreendedor: capital
humano (incluindo a experiência profissional e formação), idade do empresário,
gênero, capacidade de motivação e habilidade de assumir riscos;
b) Enterprise characteristics, ou Características da empresa: idade da empresa, o
tamanho, o setor, a localização, a informalidade, e a capacidade de absorção na
modernização da empresa.
c) Professional and Personal network, ou Redes profissional e pessoal: refere-se ao
trabalho em rede entre empresas e pessoas que desempenham um papel
importante no processo de criação e crescimento da empresa.
d) Business environment, ou Ambiente de negócio: um ambiente de negócios sem
burocracia e com políticas públicas que facilitam o empreendedorismo, é o
principal determinante para o crescimento de uma PME’s em um país.
Entender estas características facilita o empresário na avaliação dos pontos fortes e
fracos a serem melhorados na empresa, aumentando sua capacidade competitiva no mercado e
viabilizando um desenvolvimento sustentável do seu negócio. Estas características podem ter
impactos diferentes no resultado da empresa em função do tipo de setor e mercado que esteja
inserido.
Mesmo com todas as dificuldades, as PME’s contribuem diretamente para a
estabilidade social, geração de receita fiscal e, muitas vezes, têm interesse no
desenvolvimento da comunidade local, que retribui contribuindo para a melhora do
desempenho da empresa. Diferente das grandes corporações, essas empresas tendem a gerar
um maior grau de parentesco, dependência e familiaridade com suas comunidades, uma
situação que leva a pequena e média empresa a ter muitas vezes práticas concretas de apoio da
comunidade, o que, por sua vez, resulta em uma responsabilidade social visível (MORALES,
2010; GOMES et al., 2014).
2.1.1 Pequenas e Médias Empresas Brasileiras
No Brasil, as micros e pequenas empresas sao responsaveis por 98% dos
estabelecimentos em funcionamento, 51,6% dos empregos privados nao agricolas formais no
pais e quase 40% da massa de salarios. Empresas deste porte sao fundamentais para a
economia local, tendo como uma de suas características o uso intensivo de mão de obra não
qualificada, o que representa a maior parte das pessoas ativas no país, o emprego de baixa
24
tecnologia na sua linha de produção, a falta de design próprio e dificuldades para abertura de
novos mercados (SEBRAE, 2012; ALBINO et al., 2010).
As empresas são agrupadas em cinco categorias: microempreendedores individuais -
MEI, microempresas - ME, pequenas empresas - EPP, médias empresas e grandes empresas.
A MEI não segue as mesmas regras que as outras categorias, de acordo com a política do
governo brasileiro definida pela Lei Complementar no. 128, promulgada em 2008. Esta lei
estabeleceu diretrizes para formalizar profissionais individuais, diminuiu a burocracia,
permitindo que o profissional abrisse seu cadastro pela internet, determinou que a empresa
tivesse, no máximo, um funcionário ganhando um salario mínimo ou o teto salarial de uma
categoria, concedeu diversas isenções tributárias, e estabeleceu um faturamento máximo de
R$ 60 mil ano (SEBRAE DF, 2016).
Existem duas classificações para a PME no Brasil. A primeira considera a receita
bruta anual como índice de análise e a segunda assume a quantidade de funcionários na
empresa como critério (SEBRAE, 2016).
A classificação por receita bruta anual é utilizada pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento – BNDES, outros bancos públicos e privados, e pelo Governo Federal. Para
definir este tipo de classificação, estas instituições são amparadas, respectivamente, pelas
circulares no. 11 de 2010 e no. 34 de 2011, e pela lei complementar no. 139, de 10 de
novembro de 2011. A segunda é adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Empresas - SEBRAE, (BRASIL, 2011; SEBRAE,
2016; BNDES, 2012).
A Receita Operacional Bruta anual é a receita auferida no ano-calendário composto
pelos seguintes elementos: o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta
própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não
incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos (BNDES, 2012).
A Tabela 4 apresenta a classificaçao das PME’s adotada pelo BNDS:
Tabela 4 – Classificação Porte de Empresa no Brasil – BNDES
TIPO DE EMPRESA DEFINIÇÃO
Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões
Pequena Empresa Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões
Média Empresa Maior que R$ 16 milhões e menos ou igual a R$ 90 milhões
Média / Grande Empresa Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões
Grande Empresa Maior que R$ 300 milhões
Fonte: Adaptado BNDES (2012).
25
Na Tabela 5 é apresentada a classificaçao das PME’s adotada pelo governo brasileiro,
enquadrada na Lei Complementar no. 139 e que tem como índice a Renda Bruta:
Tabela 5 – Classificação Micro e Pequena Empresa – Lei Complementar
TIPO VALOR MÁXIMO
Microempreendedor individual – EI – Lei 123/06 Até R$ 65.000,00
Microempresa – ME – Lei 123/06 Até R$ 360.000,00
Empresa de Pequeno Porte – EPP – Lei 123/06 De R$ 360.000,00 até R$ 3.6000.000,00
Fonte: Lei complementar n. 139 (BRASIL, 2011).
O Sebrae e o IBGE utilizam o critério de número de empregados como critério de
classificação do porte das empresas. Esta classificação é o parâmetro para as ações e
atividades realizadas por estas instituições. Este critério é apresentado na Tabela 6 abaixo:
Tabela 6 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Sebrae / IBGE
INDÚSTRIA
Microempresa Com até 19 empregados
Pequena Empresa De 20 a 99 empregados
Média Empresa De 100 a 499 empregados
Grande Empresa Mais de 500 empregados
COMÉRCIO E SERVIÇO
Microempresa Até 9 empregados
Pequena Empresa De 10 a 49 empregados
Média Empresa De 50 a 99 empregados
Grande Empresa Mais de 100 empregados
Fonte: Adaptado SEBRAE (2016).
O IBGE (2017) agrupa as empresas brasileiras em sete setores: 1. Agricultura,
Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Agricultura; 2. Indústria; 3. Eletricidade e Gás; 4. Água,
Esgoto, Atividade de Gestão de Resíduo e Descontaminação; 5. Construção, 6. Comércio, e 7.
Serviço. Os setores da Indústria, Comércio, e Serviço têm subdivisões conforme Tabelas 7, 8
e 8 abaixo:
26
Tabela 7 – Composição do Setor: Indústria
1. INDÚSTRIA EXTRATIVISTA 2. INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO
Extração de Carvão Mineral Fabricação de Produtos Alimentícios
Extração de Petróleo e Gás Natural Fabricação de Bebidas
Extração de Minerais Metálicos Fabricação de Produtos de Fumo
Extração de Minerais Não-Metálicos Fabricação de Produtos Texteis
Atividades de Apoio a Extração de
Minerais Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de
Couro, Artigos para viagem e Calçados
Fabricação de Produtos de Madeira
Fabricação de Celulose, Papel, e Produtos de Papel
Impressão e Reprodução de Gravações
Fabricação de Coque, de Produtos Derivados do
Petróleo e de Biocombustível
Fabricação de Produtos Químicos
Fabricação de Produtos Farmoquímicos e
Farmacêuticos
Fabricação de Produtos de Borracha e de Material
Plástico
Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos
Metalurgia
Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Máquinas
e Equipamentos
Fabricação de Equipamentos de informática,
Produtos Eletrônicos e Óticos
Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais
Elétricos
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e
Carrocerias
Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte.
Exceto Veículos Automotores
Fabricação de Móveis
Fabricação de Produtos Diversos
Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas
e Equipamentos
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
27
Tabela 8 – Composição do Setor: Comércio
1. COMÉRCIO VAREJISTAS
1.1 Comércio não Especializado 1.1.1 Hipermercados
1.1.2 Outros Tipos de Comércio não Especializados
com Predominância de Produtos Alimentícios
1.1.3 Comércio não Especializado sem Predominância
de Produtos Alimentícios
1.2 Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo
1.3 Tecidos, Artigos de Armarinho, Vestuário e
Calçados 1.3.1 Tecidos e Artigos de Armarinho
1.3.2 Artigos do Vestuário e Complementos
1.3.3 Calçados, Artigos e Couro e Viagem
1.4 Combustíveis e Lubrificantes
1.5 Comércio de Outros Produtos em Lojas
Especializadas
1.5.1 Produtos farmacéuticos, Perfumaria e
Cosmédicos e Artigos Médicos, Óticos e Ortopédicos
1.5.2 Eletrodomesticos, Equipamentos de Áudio e
Video, Instrumentos Musicais e acessórios
1.5.3 Móveis, Artigos de iluminação, Peças e
Acessórios e Outros Artigos de Uso Doméstico
1.5.4 Material de Construção
1.5.5 Equipamentos de Informática e Comunicação
1.5.6 Artigos Culturais, Recreativos e Esportivos
1.5.7 Gás Liquefeito de Petróleo
1.5.8 Outros Produtos Novos
1.6 Comércio de Artigos Usados
2. COMÉRCIO POR ATACADO
2.1 Representantes e Agentes do Comércio (Exceto de
Veículos e Motocicletas)
2.2 Comércio de Materias-Primas Agrícolas e Animais
Vivos
2.3 Comércio Especializado em Produtos
Alimentícios, Bebidas e Fumo
2.4 Comércio de Equipamentos e Artigos de Uso
Pessoal e Doméstico
2.4.1 Tecidos, Artefatos de Tecidos e de Armarinho,
Vestuário, Calçados e Artigos de Viagem
2.4.2 Produtos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos,
Odontológicos e Veterinário
2.4.3 Artigos de Escritório e de Papelaria, Papel,
Papelão e seus Artefatos: Livros, Jornais e outras
publicações
2.4.4 Outros Equipamentos e Artigos de Uso Pessoal e
Doméstico
2.5 Comércio de Produtos Intermediários, Resíduos e
Sucatas 2.5.1 Combustíveis e Lubrificantes
2.5.2 Madeira, Ferragens, Ferramentas, Material
Elétrico e Material de Construção
2.5.3 Produtos Químicos, Adubos e Fertilizantes
2.5.4 Produtos Siderúrgicos e Metalúrgicos
2.5.5 Papel e Papelão em Bruto e de Embalagens
2.5.6 Resíduos, Sucatas e Outros Produtos
2.6 Comércio de Equipamentos e Produtos de
Tecnologia de Informação e Comunicação
2.7 Comércio de Máquinas, Aparelhos e Equipamentos
(Exceto de Tecnologia de Informação e Comunicação)
2.8 Comércio não Especializado
3. COMÉRCIO DE VEÍCULOS, PEÇAS E MOTOCICLETAS
3.1 Veículos Automotores
3.2 Peças para Veículos
3.3 Motocicletas, Peças e Acessórios
Fonte: Adaptado IBGE.
28
Tabela 9 – Composição do Setor: Serviço
1. SERVIÇOS PRESTADOS AS FAMÍLIAS
1.1 Serviços de Alojamento
1.2 Serviços de Alimentação
1.3 Atividades Culturais, Recreativas e Esportivas
1.4 Serviços Pessoais
1.5 Atividades de Ensino Continuado
2. SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
2.1 Telecomunicações
2.2 Tecnologia da informação
2.3 Serviços Audiovisuais
2.4 Edição e Edição Integrada à Impressão
2.5 Agências de Notícias e Outras Atividades de Serviços de Informação
3. SERVIÇOS PROFISSIONAIS, ADMINISTRATIVOS E COMPLEMENTARES
3.1 Serviços Técnico-Profissionais
3.2 Alugueis não imobiliários e Gestão de Ativos Intangíveis não Financeiros
3.3 Seleção, Agenciamento e Locação de Mão de obra
3.4 Agências de Viagem, Operadores Turísticos e Outros Serviços de Turismo
3.5 Serviços de Investigação, Vigilância, Segurança e Transporte de Valores
3.6 Serviços para Edifícios e Atividades Paisagísticas
3.7 Serviços de Escritório e Apoio Administrativos
3.8 Outros Serviços Prestados Principalmente a Empresas
4. TRANSPORTES, SERVIÇOS AUXILIARES AOS TRANSPORTE E CORREIO
4.1 Transporte Ferroviário, Metroviário, Rodoviário de Passageiro, Rodoviário de Carga, Dutoviário,
Aquaviário e Aéreo
4.2 Armazenagem e Atividades Auxiliares aos Transporte
4.3 Correio e Outras Atividades de Entrega
5. ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS
5.1 Compra, Venda e Aluguel de Imóveis Próprios
5.2 Intermediação na Compra, Venda e Aluguel de Imovéis
6. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO
6.1 Manutenção e Reparação de Veículos
6.2 Manutenção e Reparação de Equipamentos de Informática e Comunicação
6.3 Manutenção e Reparação de Objetos Pessoais e Domésticos
7. OUTRAS ATIVIDADES DE SERVIÇO
7.1 Serviços Auxiliares da Agricultura, Pecuária e Produção Florestal
7.2 Serviços Auxiliares Financeiros, dos Seguros e da Previdência Complementar
7.3 Esgoto, Coleta, Tratamento e Disposição de Resíduos e Recuperação de Materiais
Fonte: Adaptado IBGE.
Entre todos os setores da economia brasileira, destacam-se com o maior número de
empresas o Comércio Varejista, representando 29,05% (1.486.026) das empresas ativas,
seguido pela Indústria de Transformação, com 8,25% (422.055), e Atividades Administrativas
e Serviços Complementares do setor de serviço, correspondendo a 8,01% (460.850) do
mercado. Quando se verifica o número de mão de obra empregada, o Comércio Varejista e a
29
Indústria de Transformação têm números bem similares, 15,90% (8.511.754) e 15,44%
(8.266.217) respectivamente, sendo seguidos pelo Setor Administração Pública, Defesa e
Seguridade Social, com 14,53% (7.779.399).
Este resultado destaca o peso do Estado na economia brasileira, tendo em vista que o
Setor Público representa apenas 0,36% das empresas ativas. Os números individuais de cada
setor estão apresentados na Tabela 10 abaixo:
Tabela 10 – Empresas e Outras Organizações, Pessoal Ocupado Total e Assalariado, 2015
SETORES
No. de
Unidades
(unidades)
No. de
Unidades
(%)
Pessoal
Ocupado
(Pessoas)
Pessoal
Ocupado
(%)
Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e
Aquicultura 102.448 2,00 581.557 1,09
Indústria Extrativista 10.484 0,20 229.042 0,43
Indústria de Transformação 422.055 8,25 8.266.217 15,44
Eletricidade e Gás 2.555 0,05 125.107 0,23
Água, Esgoto, Atividade de Gestão de Resíduo e
Descontaminação 11.085 0,22 393.884 0,74
Construção 247.426 4,84 2.865.167 5,35
Comércio e Reparação de Veículos Automotores e
Motociclista 254.885 4,98 1.306.141 2,44
Comércio por Atacado, Exceto Veículos
Automotores e Motocicletas 264.458 5,17 1.990.509 3,72
Comércio Varejista 1.486.026 29,05 8.511.754 15,90
Transporte, Armazenagem e Correio 235.751 4,61 2.756.851 5.15
Alojamento e Alimentação 317.122 6,20 2.325.916 4,34
Informação e Comunicação 138.985 2,72 1.124.390 2,10
Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços
Relacionados 81.589 1,60 1.114.739 2,08
Atividades Imobiliárias 79.237 1,55 285.772 0,53
Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas 274.809 5,37 1.393.474 2,60
Atividades Administrativas e Serviços
Complementares 460.850 8,01 4.889.967 9,13
Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 18.290 0,36 7.779.399 14,53
Educação 168.039 3,29 3.180.215 5,94
Saúde Humana e Serviços Sociais 174.453 3,41 2.705.846 5,05
Artes, Cultura, Esporte e Recreação 67.625 1,32 345.306 0,64
Outras Atividades de Serviço 296.537 5,80 1.367.903 2,55
Serviço Doméstico - - - -
Organismos internacionais e Outras Instituições
extraterritoriais 274 0,01 2.539 0
TOTAL 5.114.983 100 53.541.695 100
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
De forma geral, entre os sete setores da economia brasileira, os setores da Indústria,
Comércio e Serviço destacam-se e, juntos, representam 92,89% das empreas ativas e 92,57%
das pessoas ativas empregadas no Brasil, como pode ser visto na Tabela 11.
30
Tabela 11 – Resultado Consolidado do Número de Empresas Ativas e Empregados, 2015
No. total de empresas (%) No. total de empregados (%)
INDÚSTRIA 8.46 15.87
COMÉRCIO 39.21 22.06
SERVIÇO 45.22 54.64
Fonte: Autor.
Detalhando estes resultados e explorando o número de pessoas empregadas, ou seja, o
tamanho da empresa conforme critérios do IBGE e Sebrae, 98,39% das empresas ativas são
consideradas pequenas empresas. Ainda, 88,42% são microempresas, e 72,05% têm, no
máximo, 4 funcionários. Estas constatações podem ser observadas em detalhes nas tabelas 12,
13 e 14.
Tabela 12 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas - Entidades
Empresariais (0 – 29), 2015
SETORES 0-4 5-9 10-19 20-29
Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e
Aquicultura 89.548 6.045 3.642 1.080
Indústria Extrativista 6.262 1.680 1.171 482
Indústria de Transformação 232.384 81.422 54.938 19.846
Eletricidade e Gás 1.661 287 234 90
Água, Esgoto, Atividade de Gestão de Resíduo e
Descontaminação 6.844 1.758 1.128 357
Construção 170.174 35.643 20.596 7.372
Comércio e Reparação de Veículos Automotores e
Motociclista 189.051 43.569 15.469 2.860
Comércio por Atacado, Exceto Veículos Automotores e
Motocicletas 202.031 31.319 17.279 5.003
Comércio Varejista 1.071.781 261.054 111.891 21.484
Transporte, Armazenagem e Correio 175.530 30.622 15.269 4.596
Alojamento e Alimentação 193.905 65.868 38.122 9.797
Informação e Comunicação 113.764 12.483 7.143 2.037
Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços
Relacionados 68.175 7.507 2.904 735
Atividades Imobiliárias 66.315 8.835 2.745 571
Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas 220.299 32.224 14.175 3.460
Atividades Administrativas e Serviços Complementares 329.013 78.300 32.764 6.617
Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 5.393 2.012 1.282 586
Educação 116.778 19.718 15.303 5.719
Saúde Humana e Serviços Sociais 127.561 25.758 11.337 3.202
Artes, Cultura, Esporte e Recreação 53.267 7.928 4.038 999
Outras Atividades de Serviço 245.277 27.073 14.881 3.581
Serviço Doméstico - - - -
Organismos internacionais e Outras Instituições
extraterritoriais 116 81 48 15
TOTAL 3.685.129 781.186 386.359 100.489
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
Nota: Considerando todos os Setores com 0 - 29 funcionários.
31
Tabela 13 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas - Entidades
Empresariais (30 ou +), 2015
SETORES 30-49 50-99 100-249 250-499 500 ou mais
Agricultura, Pecuária, Produçnao
Florestal, Pesca e Aquicultura 851 602 383 160 137
Indústria Extrativista 363 288 145 42 51
Indústria de Transformação 13.948 10.329 5.559 1.865 1.764
Eletricidade e Gás 86 80 48 19 50
Água, Esgoto, Atividade de Gestão de
Resíduo e Descontaminação 319 290 178 87 124
Construção 5.689 4.209 2.483 878 473
Comércio e Reparação de Veículos
Automotores e Motociclista 1.707 1.228 755 182 64
Comércio por Atacado, Exceto
Veículos Automotores e Motocicletas 3.924 2.775 1.497 385 245
Comércio Varejista 11.434 5.113 2.128 564 577
Transporte, Armazenagem e Correio 3.839 2.812 1.664 695 724
Alojamento e Alimentação 6.186 2.282 618 146 125
Informação e Comunicação 1.572 981 610 215 179
Atividades Financeiras, de Seguros e
Serviços Relacionados 735 650 521 171 191
Atividades Imobiliárias 364 275 98 25 9
Atividades Profissionais, Científicas e
Técnicas 2.403 1.322 586 185 155
Atividades Administrativas e Serviços
Complementares 5.410 4.311 2.508 902 1025
Administração Pública, Defesa e
Seguridade Social 721 871 2.328 2.178 2.919
Educação 5.286 3.182 1.089 412 552
Saúde Humana e Serviços Sociais 2.454 1.894 1.111 509 627
Artes, Cultura, Esporte e Recreação 714 395 196 52 36
Outras Atividades de Serviço 2.722 1.742 854 240 167
Serviço Doméstico - - - - -
Organismos internacionais e Outras
Instituições extraterritoriais 9 4 1 - -
TOTAL 70.736 45.635 25.360 9.912 10,194
Fonte: Adaptado IBGE.
Nota: Considerando todos os setores de 30 ou mais funcionários.
32
Tabela 14 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas - Entidades
Empresariais - por setor (consolidado), 2015
FAIXA DE PESSOAL
OCUPADO
TODOS OS SETORES
(%) SERVIÇO (%)
COMÉRCIO
(%)
INDÚSTRIA
(%)
0 – 4 72.05 46.55 39.70 6.46
5 – 9 15.27 40.75 43 10.64
10 – 19 7.55 41.40 37.44 14.52
20 – 29 1.96 41.70 29.20 20.23
30 – 49 1.35 45.81 24.12 20.23
50 – 99 0.89 45.40 19.98 23.27
100 – 249 0.50 48.04 17.27 22.49
250 – 499 0,19 57.81 11.41 19.24
500 ou mais 0,20 65.81 8.69 17.80
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
Nota: A porcentagem apresentada do setor de serviço, comércio e indústria está considerando 100% de todos os
setores.
Fazendo uma comparação com os países da União Europeia e Austrália, tendo em
conta a faixa de 0 a 9 funcionários empregados, ou seja, microempresas, o Brasil só não
supera a Itália (Gráfico 1). Ao comparar o Brasil com a União Europeia, o país tem uma
porcentagem maior em todas as faixas de números de empregados, com exceção de 0 a 4
funcionários (Tabela 15). Ter um número maior de empresas nas faixas que possuem mais
funcionários demonstra que as empresas brasileiras têm características do uso de mão de obra
intensiva e emprega pouca tecnologia nos seus processos.
Gráfico 1 – Empresas por Tamanho de Negócios - 0-9 Empregados, 2014 (Unidades)
Fonte: OECD (2017).
33
Tabela 15 – Número de Empresas por Número de Empregado - União Europeia e Brasil
No funcionários UNIÃO EUROPEIA % BRASIL %
0 – 9 21.736.481 92,98 4.466.315 87,31
10 – 19 901.844 3,86 386.359 7,55
20 – 49 471.972 2,02 171.225 3,34
50 – 249 222.453 0,95 70.995 1,39
250 ou mais 44.245 0,19 20.106 0,40
TOTAL 23.377.006 5.115.000
Fonte: Adaptado IBGE (2017) e EUROSTAT (2017).
Na Europa, mesmo que em menor número absoluto em todas as faixas de números de
funcionários empregados, as empresas conseguem ter um produto/serviço com maior valor
agregado, sendo consideradas os motores de inovação da economia local (HILMOLA et al.,
2015; KLEWITZ; HANSEN, 2014).
Duas variáveis influenciam esta diferença entre empresas de pequeno porte da Europa
e do Brasil. Primeiro, o custo do dinheiro para investir, isto é, a existência de linhas de
creditos para as empresas com um custo baixo; em segundo, a qualificação da mão de obra.
Em pesquisa realizada pela OECD (2017) sobre acesso a linhas de creditos por
homens e mulheres, considerando no resultado da pesquisa apenas os 23 países da União
Europeia, Brasil e Austrália, o Brasil ficou em 18º. e 19º. colocação, respectivamente. No
caso das linhas de crédito acessados pelos homens, que são a maioria dos empreendedores, o
Brasil apresenta menos de 10 pontos percentuais em relação à metade dos países pesquisados
(Gráfico 2).
Gráfico 2 – Iniciando um Negócio - Acesso a Financiamento por Homens e Mulheres, 2013 (Porcentagem)
Fonte: OECD (2017).
Nota: O acesso ao dinheiro para iniciar um negócio é a porcentagem de mulheres e de homens que declaram ter
acesso a dinheiro para começar ou desenvolver uma empresa.
34
O que faz o mercado brasileiro ser um cenário dificil para o empreendedorismo não é
ter acesso, mas sim o custo destas linhas de creditos. O Brasil é o segundo país do mundo
com a maior taxa de juros utilizadas pelos bancos para empréstimos bancários (CIA, 2017).
Tabela 16 – Ranking da Taxa de Juros dos Bancos Comerciais no Mundo, 2016
Ranking País Rate (%)
1 Madagascar 62.00
2 Brasil 47.40
3 Malawi 42.88
4 Argentina 32.30
5 Síria 32.00
6 Gana 31.80
7 Gâmbia 30.60
8 Angola 30.00
9 Yemen 27.00
10 Tajikistam 26.00
Fonte: Adaptado CIA (2017).
Nota: A taxa de crédito preferencial do banco comercial compara uma média simples de taxas de juros
anualizadas que os bancos comerciais cobram em novos empréstimos, denominados em moeda nacional, para
seus clientes mais credíveis.
Esta realidade impede qualquer planejamento financeiro, e faz com que 88% dos
empreendedores brasileiros só possam contar com recursos próprios ou da família para iniciar
um empreendimento, 58% utilizem 10 mil reais como investimento fixo, e 65% usem 5 mil
reias como capital de giro, criando, assim, uma situação de fragilidade e dificuldade para
investir (SEBRAE SP, 2014).
Esta dificuldade de investimento e a falta de apoio do governo ficam evidentes quando
são verificados os números de empresas que implantaram inovações em produto ou processo
com ou sem apoio do governo. Num país onde existem mais de 5 milhões de empresas ativas,
apenas 18.774 tiveram algum tipo de apoio do governo para inovação de produtos ou
processos (0,3% do total); deste número, 90% foram destinados ao setor da Indústria de
Transformação, que representa apenas 8.46% das empresas ativas (Tabelas 17 e 18).
35
Tabela 17 – Número de Empresas que Implementaram Inovações de Produtos e/ou Processos, 2014 (Unidades)
Indústria
Extrativista
Indústria de
Transformação
Manutenção,
Reparação e
Instalação de
Máquinas e
Equipamentos
Atividades
de Edição
e Edição
Integrada
a
impressão
e de
Gravações
de Som e
Edição de
Musica
Atividades
dos
Serviços
de
Tecnologia
da
informação
Serviços
de
Arqutetura
e
Engenharia
testes e
Análises
Técnicas
Redução
dos
Custos de
Produção
A 246 11.171 152 137 371 354
M 280 13.239 123 151 389 269
B 175 6.070 310 20 645 272
Redução
do
Consumo
de
Matéria-
Prima
A 30 5.408 18 - - -
M 299 8.934 207 - - -
B 89 6.711 133 - - -
Redução
do
Consumo
de
Energia
A 145 3.805 19 23 75 150
M 70 8.174 141 20 233 212
B 287 7.133 84 57 433 79
Redução
do
Consumo
de Água
A 86 3.170 3 - - -
M 193 4.922 10 - - -
B 75 4.858 17 - - -
Redução
do
Impacto
Ambiental
e/ou em
Aspectos
Ligados à
Saúde e à
Segurança
A 631 17.174 278 119 144 352
M 340 13.459 336 141 270 361
B 84 5.210 96 56 234 260
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
Nota: Obs. Grau de Importância: A = Alta; M = Média e B = Baixa.
36
Tabela 18 – Número de Empresas que Implementaram Inovações de Produtos e/ou Processos que Receberam
Apoio do Governo, 2014 (Unidades)
Indústria Extrativista 644
Indústria de Transformação 16.705
Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos 31
Atividades de Edição e Edição Integrada à impressão, e de Gravações de Som e
Edição de Música 107
Atividades dos Serviços de Tecnologia da informação 772
Serviços de Arqutetura e Engenharia, testes e Análises Técnicas 515
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
Considerando que apenas 0,8% das empresas ativas de todos os setores implantaram
alguma inovação para redução do impacto ambiental e/ou em aspectos ligados à saúde e à
segurança, e deste número 90% foram do setor da Indústria de Transformação, fica evidente
que empresas do setor de Serviço e Comércio, que representa a maioria das empresas no
Brasil, não estão investindo em inovação para estes fins (IBGE, 2017).
A falta de cultura no mercado brasileiro, seja por parte dos empresários que não têm
recurso para investir em inovações voltadas à preservação da natureza, ou pela falta de
interesse dos consumidores locais em adquirir produtos ou serviços de empresas que aplicam
praticas de sustentabilidade, fica evidente quando se constata o número e a redução de
certificação ISO 14001 nos últimos anos. A normatização ISO 14000 e família é direcionada
a questões ambientais relevantes para a operação da organização como, por exemplo, o uso
eficiente dos recursos e gerenciamento de resíduo (ISO 14000, 2017). Nos últimos 6 anos
foram certificadas 2.184 empresas, a maioria do setor da Indústria, o que representa 0,043 %
das empresas ativas no país (INMETRO, 2017).
Gráfico 3 – Histórico dos Certificados ISO14001 - Empresas Nacionais e Estrangeiras, Dentro e Fora do SBAC -
Emitidos Ano Referência
Fonte: Adaptado Inmetro (2017).
37
Todas estas dificuldades enfrentadas pelas PMEs refletem diretamente na porcentagem
de mortalidade das empresas brasileiras deste porte. Os microempreendedores individuais e as
microempresas representam na média mais de 90% do total das empresas abertas entre 2008 a
2012, e apresentam uma taxa de mortalidade de 9% e 50%, respectivamente, nos primeiros
dois anos de existência, conforme pode ser observado na Tabela 19 e no Gráfico 4.
Tabela 19 – Participação Relativa das Empresas por Porte no Total das Constituições, Ano (2008 – 2012)
2008 2009 2010 2011 2012
MEI 0,0% 7,3% 53,4% 58,1% 63,9%
ME 89,3% 82,1% 42,0% 37,5% 33,0%
EPP 9,7% 9,6% 4,3% 4,0% 3,9%
MDE 1,0% 0,9% 0,3% 0,3% 0,2%
GDE 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0%
Fonte: Adaptado Sebrae DF (2016).
Gráfico 4 – Taxa de Mortalidade de Empresas nos Primeiros 2 Anos de Atividades, por Porte, Ano (2008 –
2012)
Fonte: Adaptado Sebrae DF (2016).
Se desconsiderarmos a MEI criada em 2008 e direcionada para profissionais
individuais, a taxa de mortalidade das empresas brasileiras em dois anos de funcionamento,
38
na média, é de 45%, considerando o período da abertura da empresa entre 2008 a 2012
(Tabela 20).
Tabela 20 – Taxa de Mortalidade das Empresas nos Primeiros 2 Anos de Atividades
2008 2009 2010 2011 2012
Taxa de Mortalidade com MEI 45,8% 44,6% 23,8% 24,2% 23,4%
Taxa de Mortalidade sem MEI 46% 47,7% 44,4% 44,7% 44,6%
Fonte: Adaptado Sebrae DF (2016).
A falta de capital para investimento e esta porcentagem de mortalidade em apenas dois
anos de funcionamento justificam a necessidade de as empresas de pequeno porte terem
estratégias e implementar ações que tragam resultados financeiros no curtíssimo prazo.
2.2 Desenvolvimento Sustentavél
O tema Desenvolvimento Sustentável (DS) foi pela primeira vez exposto na United
Nations Conference on the Human Environment, em 1972 (KLEWITZ; HANSEN, 2014).
Desde então, o tema está sendo muito discutido nos atuais fóruns Governamentais e
Institucionais. Na Academia, diferentes áreas do conhecimento estão pesquisando o assunto e
apresentando diferentes conceitos que se adequam ao escopo estudado, como, por exemplo
(CIEGIS et al., 2009):
a) Economia: é um desenvolvimento que garante uma maior renda per capita para
futuras geracões em relação a atual geração.
b) Sociologia: é o desenvolvimento que preserva a comunidade, mantendo uma
estreita relação social na comunidade.
c) Ecologia: é o desenvolvimento que preserva a diversidade das espécies biológicas,
ecossistemas sociais e processos ecológicos.
Na literatura atual, o tema Desenvolvimento Sustentável está organizado em quatro
áreas temáticas: conceitual, contextual, acadêmica e geopolítica. Isso faz com que a análise do
conceito possa ser estendida para um nível global, regional e de comunidades, o que aumenta
a dificuldade na obtenção de uma definição padrão (CIEGIS et al., 2009). As áreas temáticas
podem ser definidas como:
a) Conceitual: foca a origem etnológica. Faz uma análise da cultura, sistema de valor
e percepção da realidade.
39
b) Contextual: ponto de vista institucional e acadêmico, sendo que a visão
Institucional corresponde ao que está sendo aceito pelo consenso internacional,
quais ações são possíveis e quais ações são limitadas, e a visão acadêmica
corresponde aos debates sobre a origem do conceito, relatado num ambiente
científico, e que está sendo usado como base nas discussões políticas e
institucionais.
c) Acadêmica: inclui propostas teóricas, conceituais e metodológicas, com o objetivo
de expandir a evolução da área do conhecimento. Cria novos conhecimentos e
novas disciplinas de estudo.
d) Geopolítica: considera que são dois os caminhos para alcançar o
desenvolvimento: 1) a construção de uma sociedade industrial que permita o
alcance do bem estar, reduzindo suas desigualdades extremas e proporcionando
aos indivíduos toda a felicidade que a sociedade pode oferecer; 2) um crescimento
econômico é necessário e suficiente como motor para o desenvolvimento social,
ambiental e organizacional.
O termo Desenvolvimento Sustentável, se analisado de forma individual, mostra a
complexidade do tema, porque apresenta diferentes significados que podem confrontar ou se
adequar a diferentes situações.
Em relação à definiçao de “Desenvolvimento”, pode-se fazer um paralelo com a
definiçao de “Inovaçao”, que, em geral, representa a implementação de um novo processo,
métodos de mercado ou métodos organizacionais na prática do negócio e organização da
empresa ou relacionamento externo que tenha como resultado um crescimento significativo
da produção (KLEWITZ; HANSEN, 2014).
O problema reside na definiçao de “Sustentabilidade” e “Sustentavel”. Estas palavras
demonstram o antagonismo conceitual que confronta uma gestão direcionada ao ecossistema
e uma gestão direcionada ao crescimento econômico/financeiro.
Os autores Starik e Kanashiro (2013) enfatizam, na definição de Sustentabilidade, a
capacidade de suportar e se adaptar as dificuldades do mercado, dando ênfase para questões
necessárias para sua sobrevivência.
A partir da década de 1980, a discussão de Desenvolvimento Sustentável inseriu o
tema “meio ambiente” e, desde então, diversas empresas, em especial as organizações de
grande porte, têm inserido o tema em seu planejamento de negócio (GOMES et al., 2014).
Neste ambiente, surge, na década de 1990, o termo Triple Bottom Line (TBL),
cunhado por Elkington (1997). O TBL é formado pelas dimensões econômica, social e
40
ecológica, que passam a ser os principais pilares da sustentabilidade, sendo utilizado para
medir e relatar o desempenho corporativo. Essas três dimensões são inter-relacionadas e se
reforçam mutuamente (FAIRLEY et al., 2011; WISE, 2016).
O problema está na mudança de paradigma de um sistema de gestão tradicional,
visando o retorno financeiro independentemente do esgotamento dos recursos, para uma
gestão voltada para o desenvolvimento sustentável, na qual o lucro pode ser uma
consequência decorrente do uso racional dos recursos. Para a quebra deste paradigma,
fizeram-se necessárias novas ideias e ferramentas de gestão alternativas (LUEG; RADLACH,
2016).
Como resultado da crise financeira mundial, das fraudes contábeis e da suspeita de
envolvimento de grandes empresas em problemas ambientais e sociais, a sociedade mundial e
os governos estão demandando mais transparência das empresas, principalmente as
multinacionais (ÖZCÜRE et al., 2011; FACCIO et al., 2014).
Por um lado, as novas legislações estão dando ênfase na responsabilidade social, na
imagem corporativa e na conscientização do cliente; por outro, os consumidores estão se
interessando por produtos e serviços decorrentes de práticas economicamente viáveis,
socialmente justas e ambientalmente corretas. Esses fenômenos estão fazendo com que os
fabricantes preocupem-se em fabricar produtos que não agridam o meio ambiente e reciclem
os produtos em fim da vida útil (FACCIO et al., 2014; MUSSON, 2012; SEBRAE, 2012).
Neste ambiente, o Desenvolvimento Sustentável transformou-se num caminho a ser
percorrido pelas empresas no intuito de reverter o cenário adverso de mercado, com
complexas questões multidimencionais, e que combinam eficiência, capital próprio e capital
das próximas gerações com base em fatores econômico, social e ambiental, que são
interligados e complementares (CIEGIS et al., 2009).
No entanto, na prática, a discussão sobre questões de sustentabilidade enfrenta
algumas dificuldades, principalmente porque essa nova realidade exige uma visão em nível de
produto, estratégico, cultural, entre outras variáveis (EGELS-ZANDEN; ROSEN, 2014).
Assim, Ciegis et al. (2009) explicam que a definição apresentada pela World
Commision on Environment and Development - WCED (1987), também conhecida como
Conceito de Brundtland, revela a melhor idéia de desenvolvimento sustentável e a mais
utilizada nas literaturas sobre o tema, especialmente porque abrange os três fatores:
econômico, social e ambiental.
O Desenvolvimento Sustentável é uma prática de mercado que tem como fim o
crescimento financeiro da empresa satisfazendo as necessidades atuais, sem prejudicar as
41
gerações futuras, para satisfazer eles próprios. Esta definição de sustentabilidade apresentada
no Relatório Brundtland é subjetiva, dado que não define como conseguir o desenvolvimento
sustentável e quais são as necessidades para chegar neste fim.
O conceito apresentado no Relatório indica alguns fatores que dificultam o
desenvolvimento sustentável, tais como tecnologia obsoleta e uma relação injusta entre
empregado e empregador, e outros fatores como necessários para alcançar este fim, tais como
a necessidade de mudança na exploração dos recursos, na gestao, ou na relação entre todos os
stakeholders (ANGHELUTA et al., 2012).
Esta subjetividade permite analisar os diferentes fatores de forma isolada, isto é, como
um sistema econômico, processo natural ou um fenômeno social. Isso resulta em diversas
possibilidades nas estratégias que terão indicadores diferentes e que podem ser de longo ou
curto prazo (CIEGIS et al., 2009).
Para Henrique e Catarino (2015), qualquer ação definida para alcançar o
desenvolvimento sustentável tem como base um ou mais indicadores dos fatores econômico,
ambiental, ou social, conforme definição abaixo:
a) Indicadores Econômico: melhoria dos processos de fabricação; identificação,
controle e redução de custos; redução de insumos no nível do processo (materiais,
energia e água), levando à melhoria da sustentabilidade econômica das empresas e
aumentando sua rentabilidade através do uso eficiente dos recursos.
b) Indicadores Ambiental: implementação de melhores práticas ambientais; redução
de energia de materiais e consumo de água; abordagem preventiva de resíduos e
redução da dispersão tóxica, o que resulta na melhoria da sustentabilidade
ambiental das empresas, evitando efeitos desejáveis no meio ambiente.
c) Indicadores Social: melhor comunicação interna e externa, mudança de
comportamentos e atitudes, melhora nas condições de higiene e segurança no
trabalho; desenvolvimento de novas competências e adoção de um
comportamento social responsável nas empresas que leva à sustentabilidade
social, respondendo adequadamente às necessidades das partes interessadas.
Entretanto, para ter um cenário favorável ao Desenvolvimento Sustentável, faz-se
necessário a interação de múltiplos atores, como governos, universidades, consultorias e
centros de pesquisa, fornecedores, distribuidores, vendedores e produtores (HERNANDEZ-
PARDO et al., 2013).
A União Europeia apresentou diretrizes conhecidas como “Europa 2020” e "A Green
Knowledge Society" e adotadas por diferentes governos da Europa como, por exemplo, os
42
governos nórdicos, e que estão associadas à necessidade do uso eficiente dos recursos, a
questões ecológicas nas inovações, e a outras ações direcionadas a solucionar problemas
sociais e ambientais como fundamentais para alcançar vantagem competitiva e garantir o
crescimento e emprego na Região (HALME; KORPELA, 2014; BUCHALCEVOVA; GALA,
2012).
Estas diretrizes da Europa serviram de base para o desenvolvimento de diferentes
ferramentas de inovação de produtos e/ou processos, para as quais as ações tendem a criar
vantagem competitiva como resultado da economia de custos ou na diferenciação da empresa
dentro do mercado de atuação (BUCHALCEVOVA; GALA, 2012).
Neste contexto, governos, acadêmicos e empresários visualizam a Corporate Social
Responsibility (CSR) como uma ferramenta para as empresas alcançarem o Desenvolvimento
Sustentável nas três esferas: econômica, social e ambiental (STEWART; GAPP, 2014).
O Green Paper publicado em 2001 pela Comissão Europeia, intitulado "Promover um
quadro europeu para a responsabilidade social das empresas" é a base da CSR e faz referência
a duas definições (ÖZCÜRE et al., 2011):
a) A CSR é, essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas decidem
voluntariamente contribuir para uma sociedade melhor e um meio ambiente mais
limpo.
b) As empresas integram preocupações sociais e ambientais nas suas operações e na
sua interação com outras partes interessadas numa base voluntária.
A Tabela 21 apresenta definições dos fatores que fazem parte de uma estratégia que
utiliza a CSR.
Tabela 21 – 5 Dimensões Chaves do CSR ou Práticas de Gerência Sustentável
FATORES DEFINIÇÃO EXEMPLO
Social Relação entre a comunidade e
Organização
Apoiar instituições de caridade locais ou
novas atividades
Ambiental Impacto e interação com a natureza Reciclar e reutilizar materiais de
embalagem
Econômico Ambiente financeiro e viabilidade Empréstimo de longo prazo viável para
todos os stakeholders
Stakeholder Todas as pessoas que interagem
com a Organização
Considerar e desenvolver relacionamento
com funcionários, fornecedores e clientes
Voluntariado Ação além da conformidade Incorporar os aspectos social, ambiental e
econômico
Fonte: Adaptado Van Marrewijk (2003) apud Stewart e Gapp (2014).
43
Mas a ideia de Corporate Social Responsibility (CSR) não envolve uma única
definição aceita pelos estudiosos, podendo ser vista, também, como uma filosofia ou política
empresarial. Alguns autores caracterizam uma empresa que utiliza o CSR como a que tem
práticas de responsabilidade voluntária de caridade, responsabilidade ética, responsabilidade
legal, responsabilidade econômica, responsabilidade ambiental, direitos humanos e segurança
(LIU et al., 2013).
Estudos sobre CSR estão concentrados, basicamente, na América do Norte e na
Europa Ocidental, regiões em que estão localizados países considerados desenvolvidos. É
consenso que as grandes corporações já estão adotando este conceito e são os principais
incentivadores para a adoção destas praticas nas pequenas empresas (STEWART; GAPP,
2014; NAGYPÁL, 2014).
Porém, discutir o Desenvolvimento Sustentável a partir de uma gestão que integra o
desenvolvimento social, proteção ambiental e crescimento econômico, estratégia de longo
prazo, e que incorpora todos os níveis hierárquicos, leva ao estudo de uma estratégia
adequada para empresas de grande porte que possuem em suas características estes pré-
requisitos (GOMES et al., 2014; ZHANG et al., 2013; KLEWITZ; HANSEN, 2014;
NAGYPÁL, 2014). Apesar disso, em decorrência da importância das PME’s na economia da
Europa, a Comissão Europeia indicou a necessidade de adaptar e direcionar o conceito de
responsabilidade social corporativa para empresas deste porte (SZCZANOWICZ; SANIUK,
2016).
Sabendo que o desenvolvimento de negócios sustentáveis requer inovação e adoção de
uma comunicação ampla e eficaz com consumidores e outros stakeholders, por meio de
investimentos, competência técnica, engajamento do proprietário e mudança tecnológica, as
PME’s por si so, têm dificuldades de se inserir nesta realidade em decorrência de elementos
tais como recursos financeiros limitados, baixo conhecimento técnico e falta de consciência
sobre o tema (HERNANDEZ-PARDO et al., 2013)
Alguns trabalhos que analisam a implantação do CSR em empresas de pequeno e
médio portes reiteram esta dificuldade das PME’s na implantação destas políticas em função
de suas caracterísiticas estruturais. Neste contexto, os governos locais têm fundamental
importância na promoção de capacitação, financiamento, apoio técnico, entre outros (LIU et
al., 2013; STEWART; GAPP, 2014; GELBMANN, 2010; MUSSON, 2012).
Implantar uma política de Desenvolvimento Sustentável numa PME significa ter que
lidar com uma dualidade. Por um lado, a produção em pequena escala poderia ter um controle
local mais fácil, o que possibilitaria uma melhor adaptação da empresa para sustentabilidade
44
do negócio. Por outro lado, uma produção de pequena escala é vulnerável a qualquer mudança
na economia, dificultando assim um planejamento de longo prazo que inviabiliza o
desenvolvimento sustentável (WELLS, 2013).
Esta realidade agrava-se quando da análise das pequena e média empresas localizadas
em países em desenvolvimento. Nestes países, normalmente, há falta de mentoria e
transferência de habilidades, dificuldade de comunicação, infraestrutura limitada, falta de
redes de apoio técnico e linhas de crédito onerosas e de difícil acesso. Estes obstáculos são
acrescidos pela falta de compreensão dos gestores das PME’s em relação ao impacto social e
ambiental que o conjunto das empresas causa, e à crença em relação à redução de resultados
financeiros possíveis em função de iniciativas ambientais (HERNANDEZ-PARDO et al.,
2013; SULONG et al., 2015).
Desse modo, para que se possa entender o desenvolvimento sustentável em empresas
de pequeno e médio portes, deve-se levar em consideração suas características, estruturas, a
cultura local na qual estão inseridas e, principalmente, políticas voltadas para uma estratégia
de mercado de curto prazo.
Neste contexto das PME’s, no qual são necessários resultados positivos no curto prazo
para viabilizar um Desenvolvimento Sustentável, uma variável estratégica básica é a
“qualidade”, no âmbito do binômio Qualidade e Gestao da Qualidade. A introdução deste
binônio na esfera organizacional permite criar um ambiente favorável para se obter eficiência
comercial, organização e/ou racionalização de métodos e processos inerente ao negócio,
redução dos custos, ou algum outro fator, conforme caracteristicas das PME’s, que possa criar
vantagem competitiva (RODRIGUES; COSTA, 2013)
Assim sendo, o binômio Qualidade/Gestão da Qualidade apresenta-se não somente
como a variável estratégica da empresa na busca pela sustentabilidade, mas também como
instrumento de legitimação da organização junto à comunidade em que se encontra inserida,
apresentando-se como unidade geradora de emprego e capacitadora de mão de obra, o que
permite enquadrá-la dentro dos conceitos de Desenvolvimento Sustentável (RODRIGUES;
COSTA, 2013)
45
3 RESULTADO DE PESQUISA
Neste capítulo, são apresentadas as características da economia brasileira, usando
como base os dados secundários de entidades governamentais, organizações não-
governamentais, e/ou institutos nacionais e internacionais oficiais, tais como Central
Intelligence Agency (CIA), Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO),
Word Bank, Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD), Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e International Organization for Standardization
(ISO), e quatro artigos que foram selecionados pelo tema abordado para compor esta tese. No
final da apresentação de cada artigo, é acrescentado um subitem com um resumo das
principais contribuições do artigo para a conclusão deste trabalho.
3.1 Características da Economia Brasileira
O Brasil é um país que tem números expressivos tanto no âmbito econômico como no
geopolítico. Isso faz com que os resultados dos estudos realizados sobre os atores que
compõem sua econômia sejam referência para outras economias, em especial nos países em
desenvolvimento e da América do Sul.
O país está ranqueado em sexto lugar entre os países com a maior população e quinto
lugar entre os países com maior área territorial no mundo (Tabela 22 e Tabela 23). Este
resultado, em conjunto, permite que o Brasil tenha área produtiva suficiente para crescer sua
produção, em especial no agronegócio, garantindo alimento para o mercado interno e externo,
e para ter um mercado consumidor no País que permita escoar sua produção
independentemente da demanda do mercado internacional.
Tabela 22 – Ranking Populacão Mundial em 2016
Ranking País População em Milhões
1 China – BRICS – em desenvolvimento 1,373,541,278
2 Índia – BRICS – em desenvolvimento 1,266,883,598
3 União Europeia 513,949,445
4 Estados Unidos 323,995,528
5 Indonésia – em desenvolvimento 258,316,051
6 Brasil – BRICS – em desenvolvimento 205,823,665
7 Paquistão – em desenvolvimento 201,995,540
8 Nigéria – em desenvolvimento 186,053,386
9 Bangladesh – em desenvolvimento 156,186,882
10 Rússia – BRICS 142,355,415
Fonte: Adaptado CIA (2017).
46
Tabela 23 – Ranking Área Territorial no Mundo em 2016
Ranking País Área em SQ KM
1 Rússia - BRICS 1,373,541,278
2 Canadá 1,266,883,598
3 Estados Unidos 513,949,445
4 China – BRICS – em desenvolvimento 323,995,528
5 Brasil – BRICS – em desenvolvimento 258,316,051
6 Austrália 205,823,665
7 Índia – BRICS – em desenvolvimento 201,995,540
8 Argentina – América do Sul - em desenvolvimento 186,053,386
9 Cazaquistão – em desenvolvimento 156,186,882
10 Argélia – em desenvolvimento 142,355,415
Fonte: Adaptado CIA (2017).
Apenas Brasil, China, Índia, Rússia e Estados Unidos fazem parte da lista de TOP 10
dos ranks de maior área e maior população; entre os cinco países, o Brasil tem um clima anual
mais estável, com poucas variáções climáticas, e está usando uma proporção menor da sua
área agricultável. Em 2014, a Rússia usava 13,29% da área agricultável, o Brasil 33.81%, os
Estados Unidos 44,63%, a China 54,68%, e, a Índia, 61,41% (FAO, 2017). Considerando que
a Rússia tem um inverno rigoroso, impossibilitando o uso de suas áreas agricultáveis na
plenitude, o Brasil coloca-se como o principal celereiro do mundo, podendo suprir a demanda
crescente da população mundial por alimento, sendo esta uma vantagem competitiva
considerável. A Figura 1 apresenta uma visão ampla do uso da área agrícola no mundo.
Figura 1 – Uso da Área Agrícola no Mundo, em Porcentagem (%)
Fonte: FAO (2017).
47
Considerando toda a produção realizada dentro de um país, índice conhecido como
Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil também se destaca, sendo o nono colocado no ranking
mundial, ficando atrás apenas de quatro países que fazem parte da União Europeia, Estados
Unidos e Japão, todos estes considerados países desenvolvidos, e de dois representantes do
BRICS, a Índia e China, que são considerados países em desenvolvimento. Vale salientar que
o PIB do Brasil (USD 1,796,187) é maior que o somatório do PIB de todos os países da
América do Sul que fazem parte da pesquisa (USD 1.478,920), deixando evidente o destaque
do país no continente do qual faz parte (Tabela 24).
Tabela 24 – Ranking do Produto Interno Bruto no Mundo em 2016
Ranking Países Milhões de Dolares (USD)
1 Estados Unidos 18,559,100
2 China - BRICS - em desenvolvimento 11,199,145
3 Japão 4,939,384
4 Alemanha – UE 3,466,757
5 Reino Unido – UE 2,618,886
6 França – UE 2,465,454
7 Índia – BRICS - em desenvolvimento 2,263,523
8 Itália – UE 1,849,970
9 Brasil 1,796,187
10 Canadá 1,529,760
11 Coreia do Sul 1,411,246
12 Rússia - BRICS 1,283,162
13 Espanha – UE 1,232,088
14 Austrália 1,202,616
15 México - América Latina – em desenvolvimento 1,045,998
21 Argentina – América do Sul – em desenvolvimento 545,866
38 África do Sul – BRICS – em desenvolvimento 294,841
41 Colômbia - América do Sul – em desenvolvimento 282,463
42 Chile - América do Sul – em desenvolvimento 247,028
49 Peru - América do Sul – em desenvolvimento 192,094
59 Equador - América do Sul – em desenvolvimento 97,802
76 Uruguai – América do Sul – em desenvolvimento 52,420
93 Bolívia - América do Sul – em desenvolvimento 33,806
96 Paraguai - América do Sul – em desenvolvimento 27,441
160 Suriname - América do Sul – em desenvolvimento 3,621
162 Guiana – América do Sul – em desenvolvimento 3,446
Fonte: Adaptado Word Bank (2016).
48
Como é comum ocorrer em países em desenvolvimento, algumas variáveis sociais
correspondem a valores negativos. Comparando o resultado do Brasil com os países que
fazem parte da União Europeia e Austrália, fica evidente esta disparidade entre países
considerados desenvolvidos, ou que fazem parte de um bloco econômico comandado por
países considerados desenvolvidos, e o Brasil, um país em desenvolvimento.
Três índices, o da Taxa de Pobreza, o Coeficiente de Gini, que calcula a desigualdade
de renda, e o nível de Educação na população adulta, evidenciam esta diferença, deixando
claro que um PIB grande não garante qualidade de vida para a população de um país, pois esta
riqueza adquirida, em muitos casos, não é revertida para a sociedade e está concentrada nas
mãos de poucos.
A Taxa de Pobreza, apresentada no Gráfico 5, e o Coeficiente de Gini representado no
Gráfico 6, dão o tom da disparidade entre o Brasil e países que fazem parte da União Europeia
e Austrália. Nos dois casos apontados, o Brasil está na última colocação, distante do
penúltimo colocado de forma considerável. No que se refere à Taxa de Pobreza, enquanto
mais da metade dos países que fazem parte da pesquisa tem um resultado abaixo de 0.10
pontos percentuais, o Brasil tem o dobro deste índice, com 0,20. No Coeficiente de Gini,
enquanto o maior índice é de um pouco mais de 0,35, o índice do Brasil é de 0,47. É
importante salientar que, quanto mais o índice estiver próximo de 1, maior a desigualdade de
renda do país.
Gráfico 5 – Taxa de Pobreza - Brasil, União Europeia e Austrália - Ratio, 2013
Fonte: OECD (2017).
Nota: A taxa de pobreza é a proporção do número de pessoas (em um determinado grupo etário) cuja renda fica
abaixo da linha de pobreza, levando em consideração o rendimento familiar médio da população total.
49
Gráfico 6 – Desigualdade de Renda – Coeficiente Gini (2013)
Fonte: OECD (2017).
Nota: Coeficiente de Gini, 0 = igualdade completa; 1 = desigualdade completa
O terceiro índice, Nível Educacional, indica a capacidade de o país crescer.
Representa a qualificação da mão de obra que é fundamental para aumentar a
produtividade/hora de trabalho e a possibilidade do desenvolvimento de inovações (BARRO
et al., 2013). Analisar o nível educacional de pessoas com idade entre 25 e 64 anos permite ter
uma foto da realidade da mão de obra ativa nos países selecionados.
Quando o Brasil é comparado com países da União Europeia e Austrália, fica evidente
a inversão do nível educacional entre estes países. No menor nível educacional, o Brasil tem o
segundo maior índice de pessoas entre 25 e 64 anos; quando analisamos o nível intermediário,
o Brasil tem o terceiro menor nível e, no nível superior, o Brasil tem o menor nível entre os
25 países analisados, sendo que, no nível mais educacional mais elevado, 60% destes países
têm o dobro da porcentagem de pessoas com este nível educacional em relação ao Brasil
(Gráficos 7, 8 e 9).
50
Gráfico 7 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Fundamental - Brasil, União Europeia e Austrália (2014)
Fonte: Adaptado OECD.
Nota: Este indicador analisa o nível de educação de adultos, conforme definido pelo mais alto nível de educação
completado pela população de 25 a 64 anos. Existem três níveis: ensino fundamental, médio e superior. O
indicador é medido como uma porcentagem da mesma população etária.
Gráfico 8 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Médio - Brasil, União Europeia e Austrália (2014)
Fonte: Adaptado OECD (2017).
Nota: Este indicador analisa o nível de educação de adultos, conforme definido pelo mais alto nível de educação
completado pela população de 25 a 64 anos. Existem três níveis: ensino fundamental, médio e superior. O ensino
médio, geralmente, segue a conclusão do ensino fundamental. O indicador é medido como uma porcentagem da
mesma população etária.
51
Gráfico 9 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Superior - Brasil, União Europeia e Austrália (2014).
Fonte: Adaptado OECD (2017).
Nota: Este indicador analisa o nível de educação de adultos, conforme definido pelo mais alto nível de educação
completado pela população de 25 a 64 anos. Existem três níveis: ensino fundamental, médio e superior. O ensino
superior, geralmente, segue a conclusão do ensino médio. O indicador é medido como uma porcentagem da
mesma população etária.
O nível educacional da população de um país está diretamente relacionado a índices
de preservação da natureza (GUERRERO et al., 2013) e ao nível salarial das famílias
(REARDON, 2013), sendo este um fator fundamental para um crescimento sustentável de
uma nação.
Diferentemente da Europa, onde mais de 90% dos municípios têm coleta seletiva do
lixo, no Brasil, o índice de coleta do lixo per capita é irrisório quando comparado aos países
da União Europeia e à Austrália. Os países com os melhores índices educacionais são aqueles
que concentram os melhores indices de coletas seletivas do lixo. O Brasil, numa análise de
coleta per capita em comparação aos países desenvolvidos, tem um resultado irrelevante,
sequer aparecendo na pesquisa, como fica evidenciado na Figura 2.
52
Figura 2 – Resíduos Municipais: Total, Kilogramas/per capita (2015)
Fonte: OECD (2017).
Nota: Os resíduos municipais são definidos como resíduos coletados e tratados por ou para municípios.
Abrangem os resíduos das famílias e das empresas públicas e privadas, e resíduos de ambientes públicos. A
definição exclui os resíduos das redes e tratamentos de esgoto municipais, bem como os resíduos das atividades
de construção e demolição. Este indicador é medido em mil toneladas e em quilogramas per capita.
Outros dados corraboram esta constatação. No Brasil, tendo o ano de 2013 como
referência, 65% dos munícios possuíam legistação ambiental, 42,8% possuíam fundos
municipais para o meio ambiente e, até 2008, apenas 36,3% dos municipios tinham coleta
seletiva (IBGE, 2017). Em 2015, apenas 41,19% da energia utilizada no país eram de fonte
renovável e, desta totalidade, apenas 4,74% eram decorrentes de fontes limpas, com baixo
impacto ambiental como, por exemplo, energia solar e eólica (Tabela 25).
Tabela 25 – Oferta Interna de Energia no Brasil, Ano 2015 em Terajaules
TOTAL OFERTADO 12.527.965 100%
1. TOTAL EM ENERGIA RENOVÁVEL 5.160.687 41.19%
1.1 Cana-de-açúcar 2.120.632 16.93%
1.2 Hidráulica e Elétrica 1.419.267 11.33%
1.3 Lenha e Carvão Vegetal 1.026.611 8.19%
1.4 Outras Fontes Primárias Renováveis 594.177 4.74%
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
A falta da cultura ambiental no governo, na população brasileira e na maioria dos
países em desenvolvimento também influencia o meio empresarial. São poucos e seletos os
setores empresariais que investem em ferramentas de gestão ambiental como estratégia de
53
mercado. Esta constatação é evidenciada quando comparados os números de Certificados ISO
14001 ativos nos diferentes continentes.
A Europa representa, na média, entre 2010 e 2015, 41% de todas as empresas
certificadas com ISO 14001. Se for desconsiderado o resultado do Leste da Ásia e Pacífico,
que sofre um viés decorrente do número expressivo de certificações da China, como
observado na lista dos 10 países com maior número de certificados ativos, esta porcentagem
da Europa seria mais expressiva. Somando todos os continentes que concentram a maioria dos
países em desenvolvimento (excluindo Estados Unidos e Canadá na América do Norte), na
sua maioria pobres, com alta concentração de renda, e com baixo nível educacional, esses
representam apenas 10% do todo. Este resultado demostra o interesse pelo tema ambiental nos
países considerados desenvolvidos e com um nível educacional maior, criando assim uma
cultura entre os atores que se relacionam: governo, empresas, e população local (Tabela 26 e
27).
Tabela 26 – Participação Regional de Certificação ISO 14001 - em Porcentagem
Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015
África 0,7% 0,7% 0,8% 0,9% 0,9% 0,9%
América Central/ Sul 2,9% 2,9% 3,1% 3,6% 3,4% 3,2%
América do Norte 3,1% 3,1% 3,3% 3,3% 2,8% 2,7%
Europa 43% 41,6% 42,9% 42,3% 40,1% 37,5%
Leste da Ásia e Pacifico 47,9% 48,8% 46,9% 46,3% 49,2% 51,8%
Ásia Central / Sul 1,8% 1,9% 1,9% 2,4% 2,4% 2,4%
Oriente Médio 1,0% 1,0% 1,1% 1,3% 1,3% 1,4%
Fonte: Adaptado ISO (2017).
Tabela 27 – Top 10 dos Países com Certificado ISO 14001 – Ano 2015
Ranking País Por Unidade
1 China 114.303
2 Japão 26.069
3 Italia (União Europeia) 22.350
4 Reino Unido (União Europeia) 17.824
5 Espanha (União Europeia) 13.310
6 Romenia (União Europeia) 10.581
7 Alemanha (União Europeia) 8.224
8 França (União Europeia) 6.847
9 Índia 6.782
10 Estados Unidos 6.067
Fonte: Adaptado ISO (2017).
54
Aprofundando a análise nos dados internos do Brasil, fica mais evidente o
antagonismo de realidade com os países desenvolvidos. Considerando apenas as pessoas
ocupadas no ano de 2015, 48,41% desta população tinham, no máximo, o ensino fundamental
e 85,44% cursado, no máximo, o ensino médio (IBGE, 2017).
Esta proporção de pessoas com baixo nível educacional reflete diretamente nos
salários pagos. Assim, 69,35% da população ocupada em 2015 recebem, no máximo, 2
salários mínimos. Por outro lado, quem tem curso superior consegue as maiores rendas,
representando 35% das pessoas ocupadas com rendimentos entre 3 a 5 salários mínimos, 56%
dos rendimentos de 5 a 10 salários mínimos, 75% dos rendimentos de 10 a 20 salários
mínimos, e 82% dos rendimentos maiores que 20 salários mínimos (IBGE, 2015). Estes dados
são apresentados na Tabela 28 abaixo:
Tabela 28 – Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Ocupadas na Semana de Referência, por Ano de Estudos e
Classe de Rendimento em Porcentagem do Total Geral, Ano (2015)
CLASSE DE
RENDIMENTO
TOTAL
(%)
ANOS DE ESTUDO
sem e
menos de 1
1 a 3 4 a 7 8 a 10 11 a
14
15 ou
mais
Sem Rendimento 6,50 1,20 1,19 2,04 0,99 0,92 0,15
Até ½ Salários
Mínimo 7,24 1,21 1,15 2,24 1,35 1,17 0,08
Mais de ½ a 1
Salário Mínimo 18,40 1,52 1,81 4,64 3,71 6,11 0,58
Mais de 1 a 2
Salários Mínimos 36,70 1,45 1,87 7,17 7,13 16,43 2,59
Mais de 2 a 3
Salários Mínimos 12,52 0,29 0,38 1,80 1,86 5,81 2,38
Mais de 3 a 5
Salários Mínimos 8,73 0,11 0,13 0,82 0,88 3,70 3,08
Mais de 5 a 10
Salários Mínimos 5,76 0,05 0,04 0,29 0,32 1,85 3,22
Mais de 10 a 20 Salários Mínimos
2,01 0,01 0,01 0,05 0,07 0,37 1,51
Mais de 20
Salários Mínimos 0,56 0,00 0,00 0,01 0,01 0,06 0,46
TOTAL 100 5,96 6,67 19,29 16,49 37,03 14,47
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
Nota: a categoria Sem Rendimento inclui as pessoas que recebem somente benefícios.
Considerando as pessoas economicamente ativas em 2015, e não como foi definido
anteriormente, quando foram consideradas as pessoas ocupadas no período das entrevistas, a
55
Tabela 29 apresenta de forma consolidada o rendimento mensal e o percentual da população
ativa em cada classe de renda.
Tabela 29 – Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Economicamente Ativas na Semana de Referência, por
Classe de Rendimento, Ano (2015)
CLASSE DE RENDIMENTO MENSAL PERCENTUAL DO TOTAL GERAL (%)
Sem Rendimento 10,77
Até ½ Salário Mínimo 7,09
Mais de ½ a 1 Salário Mínimo 16,87
Mais de 1 a 2 Salários Mínimos 34,63
Mais de 2 a 3 Salários Mínimos 12,28
Mais de 3 a 5 Salários Mínimos 8,63
Mais de 5 a 10 Salários Mínimos 5,62
Mais de 10 a 20 Salários Mínimos 1,96
Mais de 20 Salários Mínimos 0,56
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
Nota: a categoria Sem Rendimento inclui as pessoas que recebem somente benefícios.
Assim, uma fotografia da realidade do mercado de trabalho brasileiro em 2015, e que
apresenta as características do mercado consumidor das famílias no país, mostra que: 50% da
força de trabalho têm apenas o ensino fundamental, o rendimento médio mensal é de R$
1.746 e, considerando o domicílio per capita, 75,8% dos domicílios apresentam rendimento
mensal de, no máximo, 2 salários mínimos, conforme tabela 30.
Tabela 30 – Rendimento Mensal (2015)
Rendimento Médio Mensal Real das Pessoas de 15 Anos ou Mais de Idade, com
Rendimento, em Reais. 1.746
Classes de Rendimento Mensal Domiciliar per capita em Porcentagem (%):
Até ½ Salário Mínimo 17,8
Mais de ½ a 1 Salário Mínimo 29,2
Mais de 1 a 2 Salários Mínimos 28,8
Fonte: Adaptado IBGE (2017).
O baixo nível educacional no Brasil cria um ciclo negativo na economia. População
sem um bom nível educacional assume posições de trabalho que exigem baixa qualificação,
56
ganha uma renda mensal pequena para sustentar a família e, por isso, tem o preço do
produto/serviço como o principal fator de decisão de compra.
Em função deste contexto, os empresários direcionam seus produtos/serviços para o
público consumidor que representa 69,35% da população ativa e ganha até 2 salários
mínimos; por isso, trabalham com produtos de baixa qualidade e preço competitivo e têm uma
margem pequena de lucro para investimento. Já que existe apenas um pequeno e seleto grupo
da população com condição financeira para adqurir produtos/serviços com maior valor
agregado, há pouco espaço para trabalhar o conceito de produto sustentável, normalmente
mais caro que a média de preço de produtos/serviços similares do mercado.
Por último, e em função deste mesmo contexto, o governo precisa direcionar suas
políticas para as demandas mais imediatas da população pobre, não desenvolve políticas de
incentivos à preservação do meio ambiente, não criando na população e no meio empresarial
uma cultura para este fim.
57
3.2 Conceito de Sustentabilidade pelas Micros, Pequenas e Médias Empresas Brasileiras
Publicado por IFIP International Federation for Information Processing, Springer, v.
439, n. 2, p. 90-97, 2014, texto original em ingles e intitulado “The Concept of
Sustainability in View of Micro, Small and Medium Brazilian Companies”1, DOI:
10.1007/978-3-662-44736-9_11
Este artigo busca atender ao objetivo especifico de identificar a visão das Pequenas e
Médias Empresas com referência à Sustentabilidade. Para tanto, foi realizada uma pesquisa
com empresários gestores de pequenas e médias empresas, de diferentes setores,
questionando-os sobre qual fator que eles acreditavam estar mais relacionado ao
desenvolvimento sustentável da empresa.
O trabalho apresenta uma visão da relação da empresa com o mercado, isto é, quais os
fatores que influenciam ou nao nas tomadas de decisões do empresario das PME’s.
1 Para esta tese, o artigo foi traduzido para a língua portuguesa.
58
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE PELAS MICRO, PEQUENAS E
MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS
Meirelles L. Claudio1*
, Sacomano B. Jose1,
Papalardo Fabio1
1 Universidade Paulista - UNIP, Pós-Graduação no Programa de Engenharia de Produção, São
Paulo, Brasil
{Claudio Lira Meirelles, [email protected]}
RESUMO
O atual cenário empresarial apresenta uma tripla crise decorrente de aspectos financeiro,
ecológico e social, obrigando as empresas à revisão de suas estratégias para se posicionar de
forma sustentável no mercado. As micros, pequenas e médias empresas (MPMEs)
representam 99% das empresas do mundo, são a principal fonte de emprego e estão tendo
dificuldades de adaptação a esta realidade por falta de políticas publicas, conhecimento e/ou
capacidade de inovação. Com o objetivo de identificar como as empresas brasileiras MPMEs
entendem o conceito de sustentabilidade, foi realizada uma abordagem descritiva,
procedimentos misto, usando métodos survey num corte transversal. A pesquisa identificou
que, para as MPMEs, o fator que impacta diretamente na rentabilidade da empresa, como
custo, é considerado como principal fator para garantir a sustentabilidade da empresa no
mercado. Já os fatores, social e ambiental ainda não são considerados como preponderantes
para atingir esta sustentabilidade, levando a concluir que estes empresários enxergam seu
negócio no curto prazo.
Palavras-chave: Sustentabilidade 1, Micro, Pequena e Média Empresa 2.
1. INTRODUÇÃO
O mundo empresarial atualmente está passando por uma tripla crise decorrente de
aspectos financeiro, ecológico e social, obrigando as empresas a apresentarem uma nova
abordagem de governança que permita desenvolver um conjunto de indicadores de
desempenho para medir a sustentabilidade destes três aspectos ao nível da empresa [9].
Cada vez mais a sustentabilidade entra na pauta das empresas, obrigando-as a incluir
este tema nas suas estratégias, isto é, a criar estrategias sustentáveis. No entanto, na prática,
pela falta de informações segmentadas, discutir questões de sustentabilidade significa
enfrentar algumas dificuldades, principalmente porque esta nova realidade exige uma visão
em nível de produto, estratégico e tático [2].
Por um lado, as novas legislações estão dando ênfase em responsabilidade social,
imagem corporativa e concientização do cliente; por outro, os consumidores estão se
59
interessando por produtos e serviços decorrentes de práticas economicamente viáveis,
socialmente justas e ambientalmente corretas. Isso está fazendo com que os fabricantes se
preocupem em produzir produtos que não agridam o meio ambiente e reciclem os produtos
em fim da vida útil. Neste contexto, políticas de desenvolvimento sustentável que beneficie as
empresas serão importantes para o dinamismo da economia local. Entretanto, não se pode
perder de vista que estas políticas atuais não devem comprometer o desenvolvimento futuro
[3;8;13].
Diante desta realidade, está havendo uma transição dos modelos de negócios e das
relações econômicas embasadas no desenvolvimento sustentável como fator de
competitividade. Neste contexto, é inadiável a adaptação das micros e pequenas empresas
pela importância na geração de emprego, distribuição de riqueza e capacidade de inovar [13].
As micros e pequenas empresas, pela proximidade com o consumidor, podem
antecipar a concorrência na observação e adaptação das demandas nas praticas sustentáveis
pelos seus stakehouders, tendo deste modo um diferencial competitivo. É importante entender
as micros e pequenas empresas por serem consideradas o principal motor de
desenvolvimento, já que representam cerca de 99% das empresas no mundo e a principal
fonte de emprego na maioria dos países, também se destacando como fonte de poluição da
natureza, aproximadamente 30% do total, decorrente da dificuldade de implantar outros
métodos inovadores ou por não usar tecnologia mais limpa [6].
Na economia europeia, as PMEs são consideradas as principais fontes de emprego,
empreendedorismo e inovação, representando 66,7% dos empregos da União Europeia. No
Brasil, as micros e pequenas empresas foram responsaveis por 99% dos estabelecimentos,
51,6% dos empregos privados nao agricolas formais no pais e quase 40% da massa de salarios
[6;10;13].
Em relaçao aos setores de atividade, o comércio é a atividade com maior numero de
MPEs, correspondendo a mais da metade do total das MPEs brasileiras. O serviço é o
segundo setor com o maior número de MPEs, representando 33,3%, seguido da indústria com
10,7% e 4,5% do setor da construção. A participaçao das MPE no total de empresas
exportadoras em 2011 alcançou 61,5%, 27,0% do total de micros e 34,5% do total das
pequenas. As firmas industriais representam cerca de 60% do total de MPE exportadoras,
contra um percentual de 80% das grandes empresas. As empresas do setor do Comércio, ao
contrário, tem uma participaçao bem mais importante entre as MPE do que entre as firmas de
maior porte [12;14].
60
As pequenas e médias empresas são limitadas em recursos, seja em capital humano ou
tecnológico, dificultando o gerenciamento de novos projetos. Uma solução para estas
empresas são as redes empresariais, como foi o caso do setor de autopeças do México. As
empresas que conseguem majorar sua capacidade de competição são aquelas que reinventam
a forma de fazer negócio, criando um cenário sustentável [1;10].
Os principais elementos da empresa sustentável são: um conceito multidimensional da
sustentabilidade como princípio central orientador da empresa, um sistema de comunicação
externamente verificável, a formulação de metas de sustentabilidade de concreto e estratégia
concreta para atingir esses objetivos, o alinhamento dos incentivos de gestão dentro da
empresa e o envolvimento das partes interessadas e, em particular, os trabalhadores [9].
Assim, diante da importância do tema para a competitividade das empresas, questiona-
se como as micros e pequenas empresas entendem o conceito de sustentabilidade. Para
responder esta problemática, este trabalho tem como objetivo principal apresentar qual o
conceito mais relevante de sustentabilidade pelas MPMEs.
2. METODOLOGIA
A partir do objetivo do trabalho e do problema de pesquisa que se pretende estudar,
optou-se por uma abordagem descritiva com procedimentos quantitativos e qualitativos,
usando métodos survey num corte transversal. Em relação à abordagem, a decisão pelo estudo
descritivo decorre da pretensão de identificar numa população, ou subgrupos de uma
população, situações, eventos, atitudes ou opiniões decorrentes de determinado fenômeno
[4;5;17]. Os procedimentos foram definidos a partir do objetivo da pesquisa, que pretende
averiguar a visão sobre sustentabilidade por uma população, num determinado momento de
tempo, usando técnicas estruturadas para coleta de dados.
2.1 Planejamento da Pesquisa
Para operacionalizar a pesquisa, diante do problema e objetivo propostos, definem-se
fontes de dados para o trabalho de campo, método de coleta, estrutura e tratamento dos dados.
a) Fonte de Dados para o Trabalho de Campo
A escolha dos dados a serem analisados leva em consideração o objetivo da pesquisa,
não perdendo de vista as restrições e dificuldades para coleta. Neste trabalho em especial, o
qual definiu como fonte de pesquisa as empresas de pequeno e médio portes, a primeira
61
decisão foi escolher qual o método de classificação do tamanho das empresas que seria
adotado.
Existem duas formas de classificar o porte das empresas. Uma adotada pelo BNDES,
além de outros bancos e governos, que considera a receita bruta como a forma de análise, e
outra, adotada pelo IBGE e Sebrae, na qual se assume a quantidade de funcionários. Este
critério do Sebrae foi o adotado para o trabalho.
Tabela 1 - Critérios de Classificação de Empresas.
INDÚSTRIA
Microempresa Com até 19 empregados
Pequena Empresa De 20 a 99 empregados
Média Empresa De 100 a 499 empregados
Grande Empresa Mais de 500 empregados
COMÉRCIO E SERVIÇO
Microempresa Até 9 empregados
Pequena Empresa De 10 a 49 empregados
Média Empresa De 50 a 99 empregados
Grande Empresa Mais de 100 empregados
Fonte Sebrae [11].
b) População e Amostra
Para a pesquisa, foram selecionadas 50 empresas associadas à Câmara de Dirigentes
Lojistas e Associações Comerciais, de segmentos, localizações e portes distintos. Por
solicitação das empresas, os nomes foram preservados.
As entrevistas foram realizadas com os representantes das empresas que participaram
de palestras ministradas pelo autor do artigo, sendo, em sua maioria, os sócios-diretores das
organizações.
As empresas que participaram do trabalho estão localizadas no Estado do Ceará,
representante da região Nordeste, e Minas Gerais, representante da região Sudeste,
abrangendo os setores de serviço, comércio e indústria.
62
c) Coleta de Dados
A coleta de dados nas empresas selecionadas para a pesquisa foi realizada por meio de
um questionário estruturado, constituído basicamente por perguntas fechadas sobre o tema da
pesquisa. De acordo com Martins [7], o questionário “é um importante instrumento de coleta
de dados para uma pesquisa social, e é formado por um conjunto de perguntas a respeito de
variáveis e situações que se deseja medir ou descrever”. O mesmo autor explica que a
entrevista é necessária por ser uma técnica de pesquisa para coleta de informações, dados e
evidências no intuito de conseguir informações dos entrevistados que não foram estruturadas
anteriormente.
Para este artigo, foi utilizado uma parte do instrumento de coleta que está sendo
utilizado para o desenvolvimento da tese de doutorado do autor e apresentado na Tabela 2.
Tabela 2 - Instrumento de Coleta dos Dados
Na sua opinião, qual conceito (ou quais conceitos) é (são) mais relevante(s) para sustentabilidade da sua
empresa?
Meio Ambiente Desenvolvimento Social Custo Bem estar dos Empregados
Produção Lucro Produtividade Estabilidade no Mercado
Fonte: Autor
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Diante dos resultados obtidos na pesquisa, são feitas as seguintes observações.
Na cidade de Montes Claros, no estado de Minas Gerais, foram entrevistadas 11
empresas que se enquadravam na classificação de empresas assumida como fonte de pesquisa,
micro, pequena e média empresa, e com atividades distintas, serviço, comércio e indústria.
Foram entrevistados os gestores das empresas e, após tabular os dados dos
questionários, chegaram-se aos seguintes resultados:
1) Custo e lucro são os fatores mais relevantes para a sustentabilidade da
organização, ambas com 25,81% das indicações;
2) Desenvolvimento Social é o fator menos relevante para a sustentabilidade da
empresa, com 3,23%;
3) Meio ambiente, com 6,45% das indicações, é o sétimo fator com menor peso para
sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.
63
Na cidade de Araxá, no estado de Minas Gerais, foram entrevistadas 18 empresas que
se enquadravam na classificação de empresas assumida como fonte de pesquisa, micro,
pequena e média empresa, e com atividades distintas, serviço, comércio e indústria.
Foram entrevistados os gestores das empresas e, após tabular os dados dos
questionários, chegaram-se aos seguintes resultados:
1) Desenvolvimento Social é o fator mais relevantes para a sustentabilidade da
organização, com 21,95% das indicações;
2) Estabilidade no Mercado é o fator menos relevante para a sustentabilidade da
empresa, com nenhuma indicação;
3) Meio ambiente, com 14,63% das indicações, é o quarto fator com menor peso
para sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.
Na cidade de Fortaleza, no estado do Ceara, foram entrevistadas 16 empresas que se
enquadravam na classificação de empresas assumida como fonte de pesquisa, micro, pequena
e média empresa, e com atividades distintas, serviço, comércio e indústria.
Foram entrevistados os gestores das empresas e, após tabular os dados dos
questionários, chegaram-se aos seguintes resultados:
1) Bem estar é o fator mais relevantes para a sustentabilidade da organização, com
21,74% das indicações;
2) Produção é o fator menos relevante para a sustentabilidade da empresa, com
1,45% das indicações;
3) Meio ambiente, com 10,14% das indicações, é o sexto fator com menor peso para
sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.
Na cidade de Juazeiro do Norte, no estado do Ceara, foram entrevistadas cinco
empresas que se enquadravam na classificação de empresas assumida como fonte de pesquisa,
micro, pequena e média empresa, e com atividades distintas, serviço, comércio e indústria.
Foram entrevistados os gestores das empresas e, após tabular os dados dos
questionários, chegaram-se aos seguintes resultados:
1) Meio ambiente e Desenvolvimento Social são os fatores mais relevantes para a
sustentabilidade da organização, ambas com 21,43% das indicações;
2) Produção e produtividade são os fatores menos relevante para a sustentabilidade
da empresa, com nenhuma indicação;
64
Analisando de forma consolidada os resultados das cidades de Fortaleza e Juazeiro do
Norte, representando o estado do Ceará, na região Nordeste, destacam-se os seguintes
resultados, apresentados na Figura 1:
1) Bem estar é o fator mais relevante para a sustentabilidade da organização, com
20,48% das indicações;
2) Produção é o fator menos relevante para a sustentabilidade da empresa. com
1,20% das indicações;
3) Meio ambiente, com 12,05% das indicações, é o quinto fator com menor peso
para sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.
Figura 1 - Resultado Pesquisa no Estado do Ceará
Fonte: Autor.
Analisando de forma consolidada os resultados das cidades de Montes Claros e Araxá,
representando o estado de Minas Gerais na região Sudeste, surgem os seguintes resultados,
apresentados na Figura 2:
1) Custo é o fator mais relevante para a sustentabilidade da organização, com
22,22% das indicações;
2) Estabilidade de Mercado é o fator menos relevante para a sustentabilidade da
empresa, com 2,78% das indicações;
3) Meio ambiente, com 11,11% das indicações, é o quinto fator com menor peso
para sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.
65
Figura 2 - Resultado Pesquisa no Estado de Minas Gerais
Fonte: Autor.
Analisando de forma consolidada os resultados de todas as empresas pesquisadas,
representando as organizações classificadas como micro, pequeno e médio portes das regiões
do Nordeste e Sudeste, foram obtidos os resultados apresentados na Figura 3:
1) Custo é o fator mais relevante para a sustentabilidade da organização, com
18,06% das indicações;
2) Produção é o fator menos relevante para a sustentabilidade da empresa, com
5,16% das indicações;
3) Meio ambiente, com 11,61% das indicações, é o sexto fator com menor peso para
sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.
Figura 3 - Resultado Geral da Pesquisa
Fonte: Autor.
66
4. CONCLUSÃO
A sustentabilidade é um tema latente na academia e na mídia nos dias atuais. Mesmo
sendo amplo o debate sobre o que seria uma empresa sustentável, podendo esta condição
advir de melhores praticas gerenciais, ajustes em procedimentos operacionais ou uso de uma
tecnologia mais eficiente, o fator ambiental se destaca, estando este relacionado às exigências
do mercado e sociedade para uma empresa ser sustentável no longo prazo [2, 6, 9, 13,18,].
As micros, pequenas e médias empresas, pelo considerável impacto nas economias
mundial, principalmente por empregar um numero expressivo da mão de obra com menor
qualificação, torna necessário o entendimento sobre como este segmento está se posicionando
diante desta nova realidade [12].
Considerando que apenas 10,7% das empresas MPEs são do setor industrial e 89% das
empresas têm como setor de atividade comércio, serviço e construção, é evidente a
característica de não manufatura no setor, o que refletiu no resultado da pesquisa, que
constatou como fator com maior relevância para sustentabilidade da empresa o “custo” e, de
menor relevância, a “produçao” [12].
Diferentemente do divulgado na midia e trabalhos academicos, destacando o “meio
ambiente” como principal fator para sustentabilidade das empresas, a pesquisa constatou que
este fator não é visto como relevante para atingir a sustentabilidade nas organizações [2, 6, 8,
9, 13,18].
Diante dos resultados apresentados, foi identificado que, nas MPMEs, o fator que
impacta diretamente na rentabilidade da empresa, como custo, é considerado como principal
fator para garantir a sustentabilidade da empresa no mercado, sendo fiel às características de
setores como serviço e comércio, que representam a maioria das empresas destes portes. Já os
fatores, social e ambiental ainda não são considerados como preponderantes para atingir a
sustentabilidade no mercado, mesmo diante de novas legislações e exigências do consumidor,
levando à conclusão que estes empresários enxergam seu negócio no curto prazo.
Estas conclusões abrem espaço para novas pesquisas que permitam um melhor
entendimento das características destes fatores, possibilitando o desenvolvimento de políticas
publicas direcionadas para novas estratégias de negócio em empresas destes portes.
67
REFERÊNCIA
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entornos econômicos poço favorables: El sector auto partes maxicano. Estudios
Gerenciales, 29, 2013, p. 167-176.
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10. Sadaba, Sara Marcelino; Ezcurdia, Amaya Perez; Lazcano, Angel M. Echeverria;
Villanueva, Pedro. Project risk management methodology for small firms. International
Journal of Project Management, v. 32, 2014, p. 327-340
11. SEBRAE. Critérios de classificação de empresas: EI-ME-EPP. Disponível em: <http:
//www.sebrae-sc.com.br_leis_default.asp_vcdtexto=4154>. Acesso em: 10 mar. 2012.
12. SEBRAE/DIESSE. Anuario do trabalho na micro e pequena empresa. Sebrae/Dieese,
Brasilia-DF, 5ª edição, 2012.
13. SEBRAE. O que pensam as micro e pequenas empresas sobre sustentabilidade.
Estudos-e-pesquisas, Sebrae, Maio, 2012.
68
14. SEBRAE. As micro e pequenas empresas na exportação brasileira 1998 – 2011. Sebrae,
Brasília, 2012.
15. SEBRAE. Cenario econômico e social. Sebrae/UGE/NA-NEP, Jun, 2013.
16. SEBRAE. Boletim estudos e pesquisas. Sebrae/UGE, No 6, Jan. / Fev., 2014.
17. Yin, Robert K. Estudo de caso: Planejamento e Métodos. 4 ed., Porto Alegre:
Brookman, 2010.
18. ESTADAO. Sustentabilidade. Disponível em:
<http://topicos.estadao.com.br/sustentabilidade>. Acesso em: April, 2014.
69
3.2.1 Contribuição do artigo
Este artigo pesquisou empresas brasileiras de pequeno e médio portes. O mercado
nacional de empresas deste porte é composto, na sua maioria, pelo setor de comércio e
serviço, e as empresas pesquisadas seguiram esta tendência. Esta configuração do mercado se
faz importante para explicar os resultados encontrados decorrentes das características que
cada setor possui.
Por terem sido entrevistados os proprietários das empresas, pode-se constatar visão
dos empresários para as peculiaridades do seu négocio, isto é, fatores que consideram
importantes para garantir a sobrevivência da empresa, considerando as características do seu
público consumidor.
Como resultado da pesquisa, o fator com maior relevância para sustentabilidade das
empresas pesquisadas é o “custo”, e a menos relevante é a “produçao”. O custo para os
proprietários tem um impacto direto no lucro da empresa; por outro lado, a produção não está
relacionada ao setor de comércio e serviço do qual a maioria das empresas pesquisadas fazem
parte, sendo que nestes setores não existe produção
O resultado deste artigo contradiz as premissas apresentadas nas atuais literaturas que
indicam para uma estratégia de Desenvolvimento Sustentável a necessidade de focar,
primeiramente, nos fatores social e ambiental para alcançar os fatores econômicos. Neste
artigo, o fator “meio ambiente” e “social” nao sao vistos pelos empresarios entrevistados
como relevantes para a sustentabilidade da empresa.
Estes resultados estao em consonância com as caracteristicas das PME’s, isto é, da
necessidade de retorno no curto prazo. Esta caracteristica explica o “custo” como principal
fator para sustentabilidade da empresa (custo dos produtos comercializados, custo
operacional, custo dos impostos e da carga tributária, custo dos salários dos funcionários, etc).
70
3.3 A Pequena e Média Empresa no Brasil: um Estudo Compreensivo da Visão do
Gestor Sobre o Negócio.
Publicado por IFIP International Federation for Information Processing, Springer, v.
439, n. 2, p. 82-89, 2014, texto original em ingles e intitulado “Small and Medium
Enterprises in Brazil: a Comprehensive Study of the Manager’s View of the Business”2,
DOI: 10.1007/978-3-662-44736-9_10
Este artigo busca responder ao objetivo especifico de identificar os fatores internos e
externos que influenciam o desempenho das empresas de pequeno e médio portes no Brasil.
Para alcançar este objetivo, foi realizada uma pesquisa com empresários gestores de
pequenas e médias empresas, de diferentes setores, questionando-os sobre quais os fatores
internos e externos que têm mais influência no alcance do desenvolvimento sustentável da
empresa.
O trabalho apresenta uma visão da relação da empresa com o mercado, isto é, quais os
fatores que influenciam ou não as tomadas de decisões do empresario das PME’s.
2 Para esta tese, o artigo foi traduzido para a língua portuguesa.
71
A PEQUENA E MÉDIA EMPRESA NO BRASIL: UM ESTUDO
COMPREENSIVO DA VISÃO DO GESTOR SOBRE O NEGÓCIO
Fabio Papalardo1*
, José Benedito Sacomano1, Cláudio Meirelles
1, Jayme de Aranha
Machado1
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista UNIP –
Brasil
{Fabio Papalardo [email protected]}
RESUMO
As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) no Brasil são um fator de grande importância
econômica, pois representam mais de cinquenta e seis milhões de empregos formais. Se
considerarmos uma população total do país de duzentos milhões de habitantes, teremos a
magnitude da importância desse segmento econômico, o que indica que o setor é responsável
pela sustentabilidade do emprego estrutural. Como qualquer atividade econômica, ela
depende de eficiência, o que significa administração especializada, baixos custos, baixos
desperdícios, alta competitividade e fatores que asseguram a sustentabilidade destas empresas
no mercado. Além destes fatores internos à administração, há fatores externos que impactam
o desempenho destas empresas, tais como políticas de incentivo ao desenvolvimento, custo
financeiro, mão de obra qualificada, carga de impostos, valor da moeda local em relação à
moeda estrangeira e outros. Uma administração adequada a esse quadro matricial de fatores
depende da visão dos gestores. Esta compreensão dos gestores de diversos fatores internos e
externos às empresas irá determinar o tipo de cultura organizacional que será praticada neste
tipo de empresa. Neste trabalho, pesquisamos a visão dos gestores das PMEs com relação aos
fatores internos e externos que influenciam a administração das empresas.
Palavras-chave: Pequenas e Médias Empresas, Fatores de Sustentabilidade, Fatores
Culturais.
1. INTRODUÇÃO
As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) representam 99% das empresas brasileiras,
segundo dados do IBGE, Dieese e Sebrae Nacional, de outubro de 2013. Também
correspondem a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, no valor de 700 bilhões de
reais, e geram 60% de todos os empregos formais no Brasil, ou seja, 56,4 milhões de
empregos. Estes dados são, por si só, relevantes para o desenvolvimento econômico e social
da nação.
72
A visão dos gestores das PMEs, como eles veem o mercado, como veem a
administração e a importância destas empresas, e sobretudo os fatores de sua sustentabilidade,
indicam uma possibilidade de análise deste setor no sentido de sua consolidação no mercado,
visto que o índice de mortalidade das PMEs é da ordem de 25% em dois anos de existência
(Sebrae, 2103). Mundialmente, é uma boa colocação, já que os melhores números, segundo
Sebrae, são de 22% para a Eslovênia, 24% para a Áustria, seguidos de 31% para a Espanha,
32% para a Itália, 49% para Portugal e 50% para a Holanda. Naturalmente, estes países
mencionados têm um mercado diferente do mercado brasileiro, e têm suas idiossincrasias e
particularidades.
Consideram-se aqui os fatores que influenciam o desempenho das PMEs como sendo
de dois tipos: há fatores internos, que correspondem ao funcionamento orgânico das empresas
e que levam em conta seus setores e funções internas; e, também, há os fatores externos,
como políticas públicas e mercado financeiro, entre outros.
A visão dos gestores são um indicativo de como estes compreendem a realidade das
PMEs, mas não necessariamente de como deveriam ser a gestão e as políticas para o
desenvolvimento e sustentabilidade desse setor tão importante na economia que são as PMEs.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Estudos de Pequenas e Médias Empresas são frequentes devido à sua importância no
desenvolvimento de países e regiões.
Segundo estudos, há diferenças de gestão entre as grandes empresas que contrastam
com as PMEs. A administração das PMEs tem suas particularidades; a maior diferença entre
as grandes empresas e as PMEs é que os projetos das PMEs tendem a ser vinculados às
atividades operacionais do dia a dia, enquanto as grandes empresas têm planejamentos
estratégicos [1].
Os gerentes não percebem o potencial econômico de serem responsáveis pelas
questões sociais, pelo meio ambiente e, como particularmente estudado na pesquisa, para a
saúde dos funcionários. Embora a primeira responsabilidade de um gerente seja gerar lucros,
as empresas podem, ao mesmo tempo, contribuir para os objetivos sociais e ambientais,
através da integração da responsabilidade social corporativa como investimento estratégico
em sua estratégia de negócios principais, seus instrumentos de gestão e suas operações [2].
Outra particularidade das PME é a dificuldade cultural da cooperação e o
estabelecimento de arranjos produtivos locais, nos quais uma relação de cooperação entre
73
PMEs não só facilita o acesso a recursos que uma empresa não possui, como também
complementa os próprios recursos, reforçando ou incrementando o potencial dos seus pontos
fortes. Além disso, a cooperação empresarial pode representar um meio de desenvolvimento
de vantagem competitiva nas PMEs que conseguem transformar esta parceria num vínculo
para competitividade [3].
Os arranjos produtivos são importantes ferramentas para obtenção de apoio financeiro
necessário para as pequenas e médias empresas capacitarem e treinarem a equipe, que é a base
para promover inovação. O atual ambiente de negócios é referido como hipercompetitivo e
global, e uma mudança no cenário pode afetar permanentemente uma PME, em vez do caráter
de crise, dificultando um desenvolvimento futuro [4].
No que se refere ao meio ambiente, a falta de informação é o principal gargalo que
inibe a melhoria na eficiência energética nas PMEs, mas outros fatores também podem ser
citados, tais como barreira financeira e organizacional. Como fatores externos, três barreiras
adicionais às atividades de economia energética podem ser indicadas: o papel das estruturas
de propriedade familiar, a pouca fiscalização das regulamentações públicas, a ausência de
apoio governamental, e a falta de mão de obra qualificada [5].
Todos esses fatores formam características que devem ser estudadas em todas as suas
particularidades, de modo que políticas e sistemas de gerenciamento possam ser
implementados.
3. METODOLOGIA
A metodologia apresentada fez uso do método compreensivo. A análise compreensiva
incentiva a integração de um maior número possível de elementos e conexões em seu
exercício. Este método identifica as opiniões de gestores de pequenas e médias empresas
sobre sua sustentabilidade no mercado brasileiro [6]. A pesquisa, de caráter exploratório,
utilizou um estudo de caso com instrumentos de coleta de dados por intermédio da entrevista
não estruturada e questionário com perguntas.
Entrevistas não estruturadas levantaram os fatores percebidos pelos gestores como
relevantes para a administração das pequenas e médias empresas brasileiras.
O tema que está sendo proposto representa uma contribuição no tratamento de como o
gestor de pequena e média empresa brasileira avalia o negócio.
A pesquisa foi realizada utilizando-se a escala de medição de Likert para fatores
considerados relevantes para a sustentabilidade da empresa no mercado e também uma
74
avaliação com atributos de 0 a 10 sobre os setores da empresa e sua importância na
administração e desempenho das empresas.
Para a escala Likert, a quantidade de respostas possíveis é em número de cinco,
considerando-se o fato de que as possibilidades de resposta podem ser par ou ímpar; salienta-
se que a quantidade ímpar favorece ao respondente manter-se, por qualquer motivo, no centro
das respostas, ou seja, de forma neutra, e a quantidade par de respostas evita esse
comportamento, pois o pesquisado tem que se posicionar. As nomenclaturas foram: 1-
Irrelevante; 2 – Pouco Relevante; 3- Relevante; 4 – Muito Relevante e 5 – Imprescindível.
As pesquisas foram realizadas em quatro áreas: região de Fortaleza e Juazeiro do
Norte, no estado do Ceará; a região de Montes Claros e a região de Araxá, no estado de Minas
Gerais. As regiões de Araxá e Montes Claros, embora no estado de Minas Gerais, possuem
diferentes características de cultura empresarial, pois Araxá encontra-se no chamado
Triângulo Mineiro, com aspectos culturais ligados à Região Sudeste; já a região de Montes
Claros fica no norte de estado de Minas Gerais e tem características culturais ligadas à região
do Sertão Mineiro e Sul da Bahia. As regiões de Fortaleza e Juazeiro do Norte têm aspectos
culturais nitidamente da Região Nordeste.
Essa diversidade tem como objetivo não atribuir um aspecto regional à pesquisa.
4. RESULTADOS
Foram pesquisadas cinquenta e sete empresas, nas quatro regiões, sendo as empresas
classificados como de comércio atacadista e varejista, indústria e serviços.
Figura 1 - Perfil das Empresas Pesquisadas Fonte: Autor.
75
As entrevistas não estruturadas indicaram que as áreas consideradas como essenciais
para os gestores da pequena e média empresa são:
a) Vendas: evidenciando o volume de vendas de produtos ou serviços como um
atributo.
b) Compras: as empresas pesquisadas compram produtos, matérias-primas e/ou mão
de obra de serviços.
c) Produção: a transformação de produtos primários em produtos finais, e a prestação
de serviço como produto de entrega ao mercado.
d) Planejamento: o planejamento operacional e o estratégico do negócio.
e) Produto: o produto comercializado ou serviço executado
f) Custos: os custos provenientes de compras e encargos de mão de obra direta e
indireta, e impostos.
g) Administração: a gestão geral dos negócios, como ferramenta de sustentabilidade
da empresa no mercado.
Estes setores correspondem à visão dos gestores dos fatores internos da empresa.
Nesta parte da pesquisa, evidencia-se a escala de valores percebida pelos gestores nos
diversos setores e funções das empresas, como vemos na figura 2.
Verifica-se que, segundo a visão dos gestores, ter um produto de desempenho
competitivo é o fator de maior importância, com 7,89 atribuídos em uma escala de 0 a 10.
O segundo fator são: vendas, com valor 7,75; administração do negócio, com 7,52;
compras, com 7,51; custos, com 7,32; planejamento, com 7,25; e produção, com 6,76.
Uma visão estratificada por região está na tabela 1
Na segunda parte da pesquisa, temos os fatores externos à empresa que, segundo a
visão dos gestores, influem no desempenho e sustentabilidade das empresas.
São eles:
a) as políticas públicas para o desenvolvimento e aumento das pequenas e médias
Empresas;
b) os sistemas financeiros, bancos e instituições de crédito voltados às pequena e
média empresas;
c) a formação acadêmica e o treinamento técnico para a capacitação da mão de obra
utilizada nas pequena e média Empresas;
76
d) as inovações, os congressos, as feiras e os treinamentos, de maneira a estar
preparado para responder face às constantes exigências do mercado;
e) as contribuições e apoio de entidades de classe e não governamentais para o apoio
e desenvolvimento das pequenas e médias empresas;
f) os empregos gerados pelas pequenas e médias empresas no cenário nacional;
g) a importância das pequenas e médias empresas no desenvolvimento econômico
nacional.
Figura 2 - Importância dos Fatores Internos na Sustentabilidade das PMEs Fonte: Autor.
Tabela 1 - Valores Atribuídos aos Fatores Internos Distribuídos por Região
Montes Claros Fortaleza Juazeiro do Norte Araxá Geral
Set
ore
s d
a E
mp
resa
Produtos 8,43 9,00 7,75 6,38 7,89
Vendas 8,13 8,31 7,00 7,54 7,75
Administração 8,00 7,04 7,00 7,15 7,52
Compras 6,50 8,25 7,67 7,62 7,51
Custos 7,50 7,75 7,50 6,54 7,32
Planejamento do Negócio 8,14 7,71 6,00 7,15 7,25
Produção 5,50 6,63 7,67 7,23 6,76
Fonte: Autor.
Utilizou-se aqui o método de Likert, com a seguinte tabulação:
77
Tabela 2 - Questões de Múltipla Escolha Referentes a Fatores Externos às PMEs.
Irrelevante
Pouco
Importante Importante
Muito
Importante Imprescindível
A importância da PME no
crescimento e desenvolvimento
econômico é:
As políticas públicas no
crescimento e desenvolvimento
das PMEs são:
Os empregos gerados pelas PMEs
no cenário nacional são:
A contribuição de empresas não
governamentais para o
crescimento das PMEs são:
O sistema financeiro (Bancos)
participa na PME de forma:
A formação acadêmica e
treinamento técnico nas PMEs
são considerados:
Estar preparado para a
competitividade de mercado:
Fonte: Autor.
Figura 3 - Classificação por Importância dos Fatores Externos às PMEs
Fonte: Autor.
Verifica-se que o fator externo preponderante é estar preparado para permanecer no
mercado, seguido pelo auxílio e suporte de entidades de classe, da importância das PMEs no
cenário nacional, dos empregos gerados pelas PMEs, da preparação da mão de obra utilizada
pelas PMEs, das políticas públicas e do suporte do sistema financeiro.
78
Tabela 3 - Valores Atribuídos aos Fatores Externos Distribuídos por Região.
Montes Claros Fortaleza Juazeiro do Norte Araxá Média %
Preparar para o mercado 4,58 4,57 4,50 4,33 4,50 15,51
Contribuição de entidades 4,42 4,43 4,33 4,33 4,38 15,11
PME no desenvolvimento 3,73 4,43 4,83 4,33 4,33 14,94
Empregos gerados 4,31 4,30 4,17 3,94 4,18 14,42
Treinamento técnico 3,92 4,22 3,67 4,33 4,04 13,92
Políticas públicas 4,08 3,96 4,00 3,50 3,89 13,41
Sistema Financeiro 3,25 3,52 3,50 4,44 3,68 12,69
Fonte: Autor.
5. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
Quanto aos fatores internos que influenciam a sustentabilidade das PMEs, os produtos
a serem oferecidos ao mercado são vistos como o principal fator, o que denota um mercado
competitivo no aspecto do desempenho do produto; porém, fatores como custos e prazos não
foram mencionados nas opiniões dos pesquisados. Isso evidencia um aspecto de natureza
comercial nas PMEs. Naturalmente, o objetivo de ter um produto competitivo é assegurar as
vendas, que está como segundo lugar em importância nas pesquisas. Mesmo empresas de
serviços ou industriais mostram este tipo de enfoque. Podemos também verificar pelos
números que os atributos administração e compras possuem praticamente o mesmo valor, e de
fato os entrevistados consideram que comprar bem é sinônimo de administrar bem. Os custos
são vistos como uma consequência das compras, que incluem aqui compras de materiais e
mão de obra. O fator planejamento é visto mais como algo operacional de que como algo
estratégico, e a produção tem o menor atributo.
As atividades comerciais como um fim em si mesmas são importantes para o
desempenho e a manutenção das PMEs no mercado, porém tais atividades não agregam valor.
Considerando-se que o setor das PMEs é responsável pelo emprego estrutural no Brasil,
atividades que não agregam valor tendem, no médio prazo, a tornar o mercado importador,
baseando a sustentabilidade da economia somente no consumo interno do país.
Nos aspectos externos, o fator de menor importância está em apoiar-se no setor
financeiro; devidos aos altos encargos, as empresas tentam manter o nível de capitalização o
mais alto possível. Também como fator de pouca importância está a expectativa das políticas
79
públicas voltadas às PMEs; de fato, nas entrevistas, há um ceticismo em relação a esta
questão. Já entidades como associação de classes e instituições como SENAI e SESC são
reconhecidamente como de grande utilidade no apoio das PMEs e fator de desenvolvimento,
muito embora o item treinamento técnico, que muitas vezes decorre destas mesmas
instituições, não seja considerado pelos gestores como um fator de relevante importância. Isto
se deve ao fato de que os gestores não veem os colaboradores como agentes de
desenvolvimento das PMES, mas somente a capacitação e preparação dos mesmos gestores
como fator decisivo no desenvolvimento das PMEs.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. SEBRAE. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-
pesquisas/temasestratégicos/sobrevivência>. Acesso em: 2014.
2. Bakos, L.: Decision-making and Managerial Behaviour Regarding Corporate Social
Responsability in the Case of Small and Middle-sized companies. In: Procedia- Social
Beha- vioral Sciences (2014).
3. Gonzáles, G. P. AsociaciónSignificativaentrelosModosdeConversióndeConocimientoy
los Modelos de Decisión en las PYMEs de Cali- Colombia - Estudios Gerenciales
Universi- dad ICESI Colombia (2011).
4. Pellešovaa, P.: Position of Small and Medium Companies in Poland and Results of
Research in Selected Areas. Science Direct Contemporary Issues in Business,
Management and Education (2013).
5. Kostkaa, G.: Barriers to Increasing Energi Efficiency: Evidence from Small and Medium-
sized Enterprizes in China. Journal of Cleaner Production (2013).
6. Alvarado, T.E.G., Granados, M.A.M.: La innovación en Entornos Económicos Poco
Favorables: El Sector Auto Partes Mexicano - Estudios Gerenciales Elsevier.es (2013).
7. Mendes Junior, J.N., Ferreira, M.C.: Análise Compreensiva: Conceito e Método, Rio
Claro (2010).
80
3.3.1 Contribuição do artigo
O objetivo principal deste trabalho foi identificar os principais fatores internos e
externos que influenciam o resultado das empresas de pequeno e médio portes. Por terem
participado da pesquisa os proprietários das empresas, pode-se ter uma visão dos empresários
para o mercado que atuam, isto é, dos fatores que influenciam a relação empresa/cliente.
De acordo com o resultado da pesquisa, o produto oferecido ao mercado é o principal
fator interno que influencia as empresas positivamente para sua sustentabilidade, por garantir
vantagem competitiva.
Os resultados também mostraram que foi atribuída a mesma importância para os
fatores administração e compra. Isso significa que os empresários acreditam que comprar de
forma eficiente é sinônimo de administrar de forma eficiente. Neste entendimento, os custos
são considerados uma consequência da compra (compra de materiais, produtos, e mão de
obra). Este resultado está em sintonia com o resultado apresentado no artigo 1.
O fator de planejamento é visto como algo operacional, em vez de estratégico, o que
explica a tendência de as empresas apresentarem estratégias de curto prazo.
As atividades comerciais, como um fim em si mesmas, são importantes para o
desempenho e sustentabilidade das PME’s no mercado, mas estas atividades nao acrescentam
valor ao produto. Considerando que as empresas de pequeno e médio portes são responsáveis
pelo emprego estrutural no Brasil, as atividades que não acrescentam valor ao produto final
têm a tendência de direcionar o mercado para as importações, o que afastaria a tendência
destas empresas inovarem.
Entre os fatores externos, o apoio dos estabelecimentos financeiro e a expectativa dos
empresários na criação de politicas publicas direcionadas para PME’s sao vistos pelos
empresarios como de pouca importância para o desenvolvimento sustentavel das PME’s.
Estes dois fatores externos estão diretamente ligados à ação do governo, que é
identificado na literatura como o principal ator na criação de um cenário propício ao
Desenvolvimento Sustentável e que, no Brasil, não é visto pelos empresários como um agente
que teria este interesse.
Em contrapartida, entidades não governamentais, como Sebrae’s, entre outras, são
bem vistas no meio empresarial como suporte para capacitação e apoio institucional no
crescimento sustentável da empresa.
81
3.4 Gestão da Qualidade no Atendimento em Empresas de Pequeno e Médio Portes
Publicado por IFIP International Federation for Information Processing, Springer, v.
460, n. 2, p. 628-635, 2015, texto original em ingles e intitulado “Quality of Service in Small
and Medium Enterprises”3, DOI: 10.1007/978-3-319-22759-7_72
Este artigo busca responder ao objetivo especifico de discutir a ótica do consumidor
de produtos/serviços das PME’s.
Como o perfil majoritário do mercado consumidor brasileiro é composto por uma
população com renda média de R$ 1.760 (IBGE, 2017), este artigo traz para discussão uma
visão de um nicho específico de mercado, o cliente de alta renda. Este público tem algumas
características similares às de países desenvolvidos; desse modo, é possível fazer uma
comparação do perfil dos diferentes grupos de consumidores em relação aos quais as PME
podem atuar com uma abordagem sustentável no Brasil.
O trabalho desenvolve e testa uma ferramenta que permite demonstrar detalhes da
percepção do cliente no que se refere à qualidade de atendimento numa empresa do setor de
Serviço. É uma visão da relação do cliente com a empresa, isto é, quais os fatores que
influenciam ou não na tomada de decisão do cliente para adquirir um serviço de uma empresa,
sendo este consumidor de alta renda.
3 Para esta tese, o artigo foi traduzido para a língua portuguesa.
82
GESTÃO DA QUALIDADE NO ATENDIMENTO EM EMPRESAS DE
PEQUENO E MEDIO PORTES.
Meirelles L. Claudio1*
, Silva Marcia Terra1, Sacomano B. Jose
1
1 Universidade Paulista - UNIP, Pós-Graduação do Programa de Engenharia de Produção, São Paulo, Brasil
{Claudio Lira Meirelles, [email protected]}
RESUMO
Independentemente do segmento, indústria, comércio ou varejo, as empresas estão agregando
valor ao seu produto final por meio de serviços prestados aos clientes. Em especial para
pequenas e médias empresas, que representam a principal fonte de emprego do mundo,
entregar um serviço de qualidade pode fazer a diferença no mercado em que atuam. Entre as
diversas ferramentas para avaliar qualidade do serviço, a SERVQUAL se destaca. Este
trabalho tem como objetivo verificar se as dimensões da ferramenta SERVQUAL são
adequadas ou suficientes para avaliar a qualidade do serviço de uma empresa de pequeno
porte do segmento de turismo, cujos clientes sao PME’s. A metodologia usada foi uma
abordagem descritiva com procedimento quantitativo. A pesquisa concluiu que o questionário
SERVQUAL descreve características da PME e a qualidade pontual no serviço prestado e que
a inclusão das três perguntas do SERVPERF permite identificar se a qualidade do serviço
prestado é convertida ou não em satisfação do cliente. A pesquisa identificou uma lacuna na
ferramenta, que não aponta o principal motivo de o serviço ser tido como de qualidade.
Investigação complementar mostrou que se faz necessário incluir uma variável, a
aprendizagem do cliente.
Palavras-chave: Pequena e Média Empresa 1., Serviço 2., Qualidade 3.
1. INTRODUÇÃO
As pequenas e médias empresas (PME’s) representam cerca de 99% das empresas
ativas no mundo e a principal fonte de emprego, podendo-se destacar a União Europeia, com
66,7% dos empregos formais, e o Brasil, com 51,6% dos empregos gerados no setor privado.
Entre as PME’s brasileiras, o setor de serviço é o segundo com maior número de empresas,
representando 33% do mercado, perdendo somente para o comércio. Por outro lado, o setor de
turismo se destaca, representando, em contribuição total e considerando atividades diretas e
indiretas, 9,3% do PIB brasileiro [1, 2, 3, 4, 5, 6, 7]. O setor de turismo inclui uma
diversidade de empresas, como serviços de hospedagem e de alimentação, empresas de
transporte e agências de turismo, entre outras. Este artigo trata da qualidade de serviço em
agências de turismo de pequeno porte.
Serviço é uma atividade em que o resultado final não é um produto físico e está
direcionada a satisfazer as necessidades do consumidor. Algumas características de serviços
83
são: intangibilidade, simultaneidade, heterogeneidade e perecibilidade [8]. Diante destas
características, faz-se necessário uma ferramenta de medição de qualidade diferente da usada
para a avaliação da qualidade de produto.
A qualidade do serviço prestado está diretamente relacionada à expectativa do cliente.
É uma combinação entre o que o cliente esperava, o que ele constatou durante a prestação do
serviço e o quanto ele ficou satisfeito após a realização da atividade. Se a expectativa inicial
foi superada, o serviço é considerado de qualidade [9].
Mas, para uma empresa compreender se o serviço que está sendo prestado é visto
pelos clientes como de boa qualidade, faz-se necessário o uso de técnicas específicas para
avaliação. Várias ferramentas foram apresentadas e aperfeiçoadas, tais como: Modelo de
Gronroos, o instrumento SERVQUAL, Modelo Percepção-Expectativa, Modelo de Avaliação
de Serviço e Valor, Modelo SERVPERF, Modelo de Desempenho Ideal, entre outros [10].
Entre os modelos informados, o SERVQUAL parte de um questionário, desenvolvido
a partir de um modelo estatístico, com intuito de medir as expectativas e percepções dos
clientes, devendo ser adaptado de acordo com o tipo e os principais atributos do negócio da
empresa pesquisada para melhor representar sua atividade. É muito difundido nos trabalhos
acadêmicos pela facilidade de aplicação e capacidade de diagnostico [11].
Diante da importância que as PME’s tem na economia em geral, e no setor de turismo
no mercado brasileiro, este artigo justifica-se pela necessidade de as empresas de pequeno
porte desenvolverem ferramentas que permitam analisar a qualidade dos serviços prestados,
tendo, assim, uma visão do seu negócio para criar vantagem competitiva. Frente às
dificuldades de empresas desta área e deste porte, chama a atenção a baixa quantidade de
artigos sobre o tema, abrindo assim um espaço para pesquisas.
O objetivo principal deste trabalho é verificar se as dimensões da ferramenta
SERVQUAL são adequadas ou suficientes para avaliar a qualidade do serviço de uma
empresa de pequeno porte do segmento de turismo, cujos principais clientes são outras
empresas de pequeno e médio portes.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Qualidade em Serviço
Entender a formação da qualidade de serviço é fundamental para uma empresa
conseguir vantagem competitiva. Assim, um serviço prestado com qualidade faz com que
84
seus clientes fiquem satisfeitos, resultando em fidelidade com a empresa, divulgação positiva
para outros clientes, novos pedidos e consolidação no mercado [12, 13, 14].
A melhoria da qualidade no serviço está ligada à capacidade de a empresa avaliar a
qualidade intangível de seus resultados e, para isso, a qualidade percebida pode ser definida
como o julgamento subjetivo do cliente sobre um produto. Neste caso, subjetivo quer dizer
que a avaliação é influenciada por experiências anteriores, necessidades de consumo e outras
necessidades pessoais. Especificamente no setor de turismo, a qualidade de desempenho
refere-se aos atributos do serviço prestado por um agente de turismo [15].
Indicadores, como o de nível de qualidade dos clientes, são fundamentais para o
planejamento e controle dos processos internos das empresas. Uma leitura clara dos
indicadores permite que as organizações criem estratégias e identifiquem problemas que vão
impactar diretamente nos seus resultados [16].
2.2 Modelos para Avaliar Serviço
O setor de serviço vem se tornando protagonista no resultado da economia nacional e
internacional nos últimos anos. Esta crescente importância fez com que diversos estudiosos
focassem seus esforços em desenvolver ferramentas que permitissem mensurar a qualidade
nos serviços prestados [10].
De forma resumida, são apresentados na Tabela 1 os principais modelos para avaliar
qualidade. Vale salientar que o modelo SERVQUAL, mesmo diante de algumas críticas sobre
sua eficiência, é usado como base para o desenvolvimento dos outros modelos.
Tabela 1 - Resumo dos Modelos de Qualidade
AUTOR MODELO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
Grônroos (1984) Não apresenta modelo com
apresentação algébrica
Qualidade = f (expectativa, desempenho e
imagem)
Parasuraman (1985, 1988) SERQUAL (Q = D - E) 22 ítens distribuidos em cinco dimensões de
qualidade
Brown and Swartz (1989) Q = E - D Utiliza as 10 dimensões desenvolvidas por
Parasuraman et al. (1985)
Bolton and Drew (1991) Modelo de avaliação do
serviço e valor
Utiliza as 5 dimensões desenvolvidas por
Parasuraman et al. (1985) e introduz o conceito
de valor na avaliação da qualidade do cliente
Cronin and Tylor (1992) SERVPERF Utiliza as 5 dimensões desenvolvidas por
Parasuraman et al. (1985)
Teas (1993) Modelo do desempenho ideal Utiliza as 5 dimensões desenvolvidas por
Parasuraman et al. (1985)
Fonte: Adaptado Miguel e Salomi (2004).
85
O nível de qualidade pode ser identificado pela diferença entre a percepção e
expectativa do serviço contratado. A partir deste conceito, foi desenvolvido o modelo
SERVQUAL que, ao analisar a diferença entre a concepção de qualidade do serviço na visão
gerencial e do cliente, desenvolveu um questionário com 10 dimensões de qualidade. Este
questionário foi sendo aperfeiçoado, resultando na análise de cinco dimensões
(confiabilidade, presteza, segurança, empatia e aspectos tangíveis) e 22 perguntas [14], [18,
19].
Um dos trabalhos que se destaca na crítica ao modelo SERVQUAL, apresentando-se
como um modelo alternativo e mais preciso, foi o realizado por Cronin e Taylor, conhecido
como SERVPERF, que considera a satisfação do cliente uma métrica melhor do que a
qualidade do serviço para prever o desejo de recompra, ajustando o questionário SERVQUAL
para medir a satisfação do cliente [20].
Para este ajuste, os autores utilizaram o questionário do SERVQUAL e um
questionário adicional, contendo três perguntas, com intuito de avaliar os sentimentos a
respeito da empresa fornecedora de serviços: a satisfação do cliente, a qualidade total dos
serviços e a intenção de recompra.
O SERVQUAL transformou-se em um dos modelos mais utilizados para mensurar
qualidade em serviço, tendo sido adequado aos diversos setores de aplicação como, por
exemplo, os de empresas de varejo, companhias aéreas, restaurantes, hotel, educação on line,
hospital, serviços de internet, banco, supply chain, serviço público, entre outros [14] [21].
Apesar de ter sido amplamente utilizado, inclusive no setor turístico, no levantamento
bibliográfico para esta pesquisa não foram encontrados artigos de aplicação do SERVQUAL
em agências de turismo, o que deixa em aberto uma lacuna que este trabalho pretende
investigar.
3. METODOLOGIA
3.1 Síntese do Procedimento de Pesquisa
A investigação, classificada como quantitativa e descritiva, justifica-se pela inter-
relação com o problema de pesquisa, na qual se pretende identificar a existência de
correlações entre variáveis dentro de uma população, analisando um determinado fenômeno e
tentando relacioná-lo a outro por meio de métodos estatísticos. Fernandes e Gomes definem
que a modalidade de pesquisa descritiva tem como objetivo “descrever, analisar ou verificar
86
as relações entre fatos e fenômenos (variáveis), ou seja, tomar conhecimento do que, com
quem, como e qual a intensidade do fenômeno em estudo” [22].
Para alcançar o objetivo do estudo, definiu-se, como estratégia de análise, a
verificação da existência de correlação entre duas variáveis: uma variável representada pela
expectativa dos clientes e uma variável representada pela percepção dos clientes dos serviços
adquiridos.
A coleta dos dados foi realizada num determinado momento; sendo assim, a pesquisa
é considerada um corte transversal no tempo e usa questionários estruturados com questões
fechadas, com o propósito de identificar a qualidade do serviço adquirido por um determinado
grupo de clientes empresários.
3.2 População e Amostra
A pesquisa foi realizada com clientes empresários que participaram de missões
internacionais realizadas por uma agência de viagem, de pequeno porte, localizada na cidade
de São Paulo e especializada em Turismo de Negócio Internacional para empresas de pequeno
e médio portes. Participaram da entrevista 10 empresas de pequeno e médio portes do
segmento gráfico, localizadas no Distrito Federal, Brasil, que participaram de uma Missão
Internacional SHANGAI/DUBAI, e 19 empresas de pequeno e médio portes de diversos
segmentos, localizadas nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Norte,
Brasil, que participaram de uma Missão Internacional EUA/Panamá.
3.3 Construção da Ferramenta
O instrumento aplicado nesta pesquisa foi adaptado a partir do questionário
SERVQUAL. Foi realizada uma entrevista com um dos donos da agência de turismo para
adequar algumas perguntas e refletir sobre a realidade do setor turístico. No intuito de ampliar
as possibilidades de análise, foram incluídas no questionário as três perguntas adicionais do
SERVPERF. O questinário final está apresentado na Tabela 2 abaixo.
87
Tabela 2 - Questionário para Pesquisa
* Marque um X na pontuação que você considera mais adequada tendo como extremos: (1) Discorda Fortemente e (7) Concorda Fortemente
Expectativa antes da viagem Desempenho após a viagem
Os funcionários têm que estar bem vestidos Os empresários da empresa são bem vestidos
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa tem que ser de confiança A empresa é de confiança
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa tem que gerar oportunidades de negócio A empresa consegue gerar oportunidades de negócio
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa tem que cumprir as atividades e horários do
programa de viagem prometido
A empresa cumpre as atividades e horários do
programa de viagem prometido
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa tem que informar aos clientes detalhes das
atividades que serão executadas no programa de
viagem
A empresa informa os detalhes das atividades que
serão executadas no programa de viagem
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
O funcionário da emprea tem que estar sempre
disponível em ajudar os clientes
Os funcionários da empresa estão sempre dispostos a
ajudar os clientes
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
O cliente tem que ser capaz de se sentir seguro em
viajar com os funcionários da empresa
Você se sente seguro em viajar com os funcionários da
empresa
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
O funcionário da empresa tem que ser educado Os funcionários da empresa são educados
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa dará atenção individual aos clientes A empresa deu atenção individual a você
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
Os funcionários darão atenção personalizada aos
clientes
Os funcionários da empresa dão atenção individual aos
clientes
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
Esperava que os funcionários soubessem quais são as
necessidades dos clientes
Os funcionários da empresa sabem das necessidades
dos clientes
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
Nos próximos anos meu uso da empresa será:
Absolutamente
nenhum 1 2 3 4 5 6 7 Muito frequente
A qualidade de serviço da empresa é:
Muito ruim 1 2 3 4 5 6 7 Excelente
Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como:
Muito insatisfeito 1 2 3 4 5 6 7 Bastante satisfeito
Fonte: Autor.
88
4. ANALISE DOS DADOS
Neste tópico serão apresentados e analisados os resultados da pesquisa. Foram
calculadas as médias das notas de expectativa e as médias de desempenho por dimensão
avaliada. As diferenças entre expectativa e desempenho geraram a coluna dos gaps
apresentada em três tabelas, uma para cada grupo de viagem e uma consolidando o resultado
dos dois grupos. O perfil do evento que as empresas participaram foi usado para analisar os
resultados.
O primeiro resultado, apresentado na tabela 3, é referente aos empresários que
participaram da Missão Internacional EUA/Panamá. Este grupo, composto por empresas de
pequeno e médio portes, participou da maior feira do varejo do mundo, a National Retail
Federation – NRF, que apresenta palestras discutindo as tendências do mercado varejistas e
visitas técnicas no mercado local. No Panamá, os participantes visitaram a Zona de Colon,
local direcionado para fazer importações em pequenas quantidades. O objetivo do grupo era
conhecer as tendências do mercado varejista.
Tabela 3 - Resultado da Pesquisa Grupo EUA/Panamá
Expectativa antes da viagem Média Desempenho após a viagem Média Gap
Os funcionários têm que estar bem
vestidos 6,31
Os empresários da empresa são bem
vestidos 6,63 0,32
A empresa tem que ser de confiança 6,89 A empresa é de confiança 7,00 0,11
A empresa tem que gerar oportunidades
de negócio 6,47
A empresa consegue gerar
oportunidades de negócio 6,63 0,16
A empresa tem que cumprir as
atividades e horários do programa de
viagem prometido
6,53
A empresa cumpre as atividades e
horários do programa de viagem
prometido
6,95 0,42
A empresa tem que informar aos clientes
detalhes das atividades que serão
executadas no programa de viagem
6,74
A empresa informa os detalhes das
atividades que serão executadas no
programa de viagem
6,89 0,15
O funcionário da emprea tem que estar
sempre disponível em ajudar os clientes 6,63
Os funcionários da empresa estão
sempre dispostos a ajudar os clientes 6,74 0,11
O cliente tem que ser capaz de se sentir
seguro em viajar com os funcionários da
empresa
6,68 Você se sente seguro em viajar com os
funcionários da empresa 6,95 0,27
O funcionário da empresa tem que ser
educado 6,68
Os funcionários da empresa são
educados 6,84 0,16
A empresa dará atenção individual aos
clientes 6,15
A empresa deu atenção individual a
você 6,73 0,58
Os funcionários darão atenção
personalizada aos clientes 6,16
Os funcionários da empresa dão
atenção individual aos clientes 6,68 0,52
Esperava que os funcionários soubessem
quais são as necessidades dos clientes 6,00
Os funcionários da empresa sabem das
necessidades dos clientes 5,95 -0,05
Nos próximos anos meu uso da empresa será: 6,21
A qualidade de serviço da empresa é: 6,58
Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como: 6,58
Fonte: Autor.
89
Destacam-se entre os resultados deste grupo: a maior média da coluna de expectativa
(6,89) no topico “A empresa tem que ser de confiança”, a menor média da coluna de
expectativa (6,0) no topico “Esperava que os funcionarios soubessem quais sao as
necessidades dos clientes”, o maior gap (0,58) entre os topicos “A empresa dará atenção
individual aos clientes” X “A empresa deu atençao individual a voce” e o menor gap (-0,05)
entre os topicos “Esperava que os funcionarios soubessem quais sao as necessidades dos
clientes” X “Os funcionarios da empresa sabem das necessidades dos clientes”. As tres
últimas perguntas do questionário avaliam a empresa de modo geral e mostram uma avaliação
muito positiva (6,21, 6,58 e 6,58), mesmo tendo uma dimensão com gap negativo.
O segundo resultado, apresentado na tabela 4, é referente aos empresários que
participaram da Missão Internacional Shangai/Dubai. Este grupo, composto por empresas do
setor gráfico de pequeno e médio portes, participou de uma feira do específico do Setor
Gráfico em Shangai e visitas técnicas em fabricas especializadas em equipamentos gráficos.
Em Dubai, foram realizadas visitas técnicas ao mercado local e embaixada para entender as
oportunidades no país para o setor.
Tabela 4 - Resultado da Pesquisa Grupo Shangai/Dubai
Expectativa antes da viagem Média Desempenho após a viagem Média Gap
Os funcionários têm que estar bem
vestidos 4,80
Os empresários da empresa são bem
vestidos 6,30 1,50
A empresa tem que ser de confiança 6,20 A empresa é de confiança 6,50 0,30
A empresa tem que gerar oportunidades
de negócio 5,20
A empresa consegue gerar
oportunidades de negócio 5,50 0,30
A empresa tem que cumprir as
atividades e horários do programa de
viagem prometido
5,90
A empresa cumpre as atividades e
horários do programa de viagem
prometido
6,50 0,60
A empresa tem que informar aos clientes
detalhes das atividades que serão
executadas no programa de viagem
6,10
A empresa informa os detalhes das
atividades que serão executadas no
programa de viagem
6,50 0,40
O funcionário da empresa tem que estar
sempre disponível em ajudar os clientes 5,60
Os funcionários da empresa estão
sempre dispostos a ajudar os clientes 6,10 0,50
O cliente tem que ser capaz de se sentir
seguro em viajar com os funcionários da
empresa
6,10 Você se sente seguro em viajar com os
funcionários da empresa 6,40 0,30
O funcionário da empresa tem que ser
educado 6,50
Os funcionários da empresa são
educados 6,70 0,20
A empresa dará atenção individual aos
clientes 5,10
A empresa deu atenção individual a
você 6,00 0,90
Os funcionários darão atenção
personalizada aos clientes 5,40
Os funcionários da empresa dão
atenção individual aos clientes 6,20 0,80
Esperava que os funcionários soubessem
quais são as necessidades dos clientes 3,90
Os funcionários da empresa sabem das
necessidades dos clientes 4,80 0,90
Nos próximos anos meu uso da empresa será: 6,10
A qualidade de serviço da empresa é: 6,40
Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como: 6,30
Fonte: Autor.
90
Os principais resultados deste grupo foram: a maior média da coluna de expectativa
(6,5) no topico “O funcionario da empresa tem que ser educado”, a menor média da coluna de
expectativa (3,9) no topico “Esperava que os funcionarios soubessem quais sao as
necessidades dos clientes”, o maior gap com média 1,5 dos tópicos “Os funcionarios tem que
estar bem vestido” X “Os funcionarios das empresas sao bem vestidos” e o menor gap com
média de 0,02 dos topicos “O funcionario da empresa tem que ser educado” X “Os
funcionarios da empresa sao educados”. As tres ultimas perguntas do questionário avaliam a
empresa de modo geral e mostram uma avaliação muito positiva (6,1, 6,4 e 6,3).
A tabela 5 apresenta o resultado consolidado dos dois grupos entrevistados.
Tabela 5 - Resultado da Pesquisa Consolidada
Expectativa antes da viagem Média Desempenho após a viagem Média Gap
Os funcionários têm que estar bem
vestidos 5,79
Os empresários da empresa são bem
vestidos 6,52 0,73
A empresa tem que ser de confiança 6,65 A empresa é de confiança 6,83 0,18
A empresa tem que gerar oportunidades
de negócio 6,03
A empresa consegue gerar
oportunidades de negócio 6,24 0,21
A empresa tem que cumprir as
atividades e horários do programa de
viagem prometido
6,31
A empresa cumpre as atividades e
horários do programa de viagem
prometido
6,79 0,48
A empresa tem que informar aos clientes
detalhes das atividades que serão
executadas no programa de viagem
6,52
A empresa informa os detalhes das
atividades que serão executadas no
programa de viagem
6,76 0,24
O funcionário da empresa tem que estar
sempre disponível em ajudar os clientes 6,27
Os funcionários da empresa estão
sempre dispostos a ajudar os clientes 6,52 0,25
O cliente tem que ser capaz de se sentir
seguro em viajar com os funcionários da
empresa
6,52 Você se sente seguro em viajar com os
funcionários da empresa 6,76 0,24
O funcionário da empresa tem que ser
educado 6,62
Os funcionários da empresa são
educados 6,79 0,17
A empresa dará atenção individual aos
clientes 5,79
A empresa deu atenção individual a
você 6,48 0,69
Os funcionários darão atenção
personalizada aos clientes 5,90
Os funcionários da empresa dão
atenção individual aos clientes 6,52 0,62
Esperava que os funcionários soubessem
quais são as necessidades dos clientes 5,27
Os funcionários da empresa sabem das
necessidades dos clientes 5,55 0,28
Nos próximos anos meu uso da empresa será: 6,17
A qualidade de serviço da empresa é: 6,52
Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como: 6,48
Fonte: Autor.
Os principais resultados da planilha consolidada foram: a maior média da coluna de
expectativa (6,65) no topico “A empresa tem que ser de confiança”, a menor média da coluna
de expectativa (5,27) no topico “Esperava que os funcionários soubessem quais são as
91
necessidades dos clientes”, o maior gap com média 0,73 dos topicos “Os funcionarios tem
que estar bem vestidos” X “Os funcionarios da empresa sao bem vestidos” e o menor gap
com média de 0,17 dos topicos “O funcionario da empresa tem que ser educado” X “Os
funcionários da empresa são educados”. As tres ultimas perguntas do questionario avaliam a
empresa de modo geral e mostram uma avaliação muito positiva (6,17, 6,52 e 6,48).
O tópico com maior gap foi a discussão sobre a forma de se vestir dos funcionários. É
um resultado interessante por demostrar o impacto da diferença da formalização no
atendimento, já que na agência todos os seus funcionários trabalham com terno e gravata, o
que nao é habitual nas PME’s.
Em PME por característica, os proprietários são empreendedores, muitas vezes
centralizam as decisões e têm dificuldade para entregar um novo projeto na mão de outra
empresa, o que justifica o tópico confiança ser avaliado com maior média de expectativa.
Entrevistas abertas com os sócios da agência e com os empresários clientes mostraram
que os sócios pensavam serem os tópicos mais importantes os “Esperava que os funcionarios
soubessem quais são as necessidades dos clientes X os funcionários da empresa sabem das
necessidades dos clientes” e “A empresa tem que gerar oportunidade de negócio X A empresa
consegue gerar oportunidade de negócio”. Dos dois topicos, o primeiro se destaca na pesquisa
como o tópico com menor média da expectativa dos empresários, o que é um resultado
antagônico ao esperado, e o segundo não teve uma média ou gap relevante. As características
de PME dos clientes justificam a baixa expectativa deles na capacidade de um fornecedor em
entender seus problemas.
A análise individual por grupo apresenta algumas características especificas que são
ocultadas na análise consolidada. Esta observação é bem explícita no gap negativo do tópico
“Esperava que os funcionarios soubessem quais sao as necessidades dos clientes X os
funcionarios da empresa sabem das necessidades dos clientes” da Missao Internacional
EUA/Panamá. É interessante notar que o foco dessa missão era apresentar tendências do
varejo, e não gerar negócio. Portanto, alguns procedimentos, tais como analisar
individualmente as necessidades de importação dos clientes, não foram realizados, o que
provavelmente afetou a avaliação deste tópico, pois as empresas que contratam a agência têm
ela como a empresa que vai realizar o processo de internacionalização.
Outro tópico que chamou a atenção foi a avaliação altamente positiva no contexto
geral quanto à qualidade do serviço prestado pela agência – 6,52 em 7,0 pontos –, o que
demonstra que, mesmo os resultados não tendo apontado a geração de novos negócios, os
empresários ficaram satisfeitos com os serviços prestados, considerando-os de boa qualidade.
92
5. CONCLUSÃO
Diante das analises dos dados, algumas conclusões podem ser apresentadas:
a) A análise individual dos resultados traz características especificas dos grupos, o
que se perde quando se faz uma analise consolidada de todos os empresários.
b) Caracteristicas de PME’s sao observadas nos resultados do questionário como a
necessidade de confiança.
c) Considerando que a agencia de turismo contratada é especializada em desenvolver
missões para internacionalizar empresas de pequeno e médio portes, os tópicos
específicos de negócio ou tiveram uma expectativa baixa ou não apresentavam
uma média relevante, e a avaliação geral da qualidade de serviço teve excelente
resultado conforme a média apresentada nas três últimas perguntas, o que
demonstra a existência de alguma variável não representada no questionário.
Assim, pode-se concluir que o questionário SERVQUAL demonstra eficiência para
identificar características de uma PME e a qualidade pontual no serviço prestado. A inclusão
das três perguntas do SERVPERF permitiu identificar, de forma geral, se a qualidade pontual
do serviço prestado foi convertida ou não em satisfação do cliente.
A análise dos resultados permite identificar uma lacuna na ferramenta que demonstre
qual o principal motivo que permitiu o serviço ser avaliado como sendo de qualidade como,
por exemplo, “aprendizagem”. A variavel aprendizagem supre um item nao incluso no
questionário de avaliação da qualidade nos modelos discutidos, e que se faz necessário incluir
quando direcionamos o estudo especificamente para PME e suas características,
Esta ideia de acrescentar a variável aprendizagem para o estudo de qualidade surgiu da
necessidade de confrontar características da PME com três informações extraídas dos dados
analisados: a) o objetivo principal das viagens era desenvolver a internacionalização da
empresa; b) os empresários não assinalaram como relevante a expectativa nos tópicos
relacionados a negócio; e, c) as empresas participantes das missões não tinham experiência
com o processo de internacionalização. Estas informações deixam claro que uma empresa de
pequeno e médio porte necessita mais que o resultado final, a importação; de fato, o que ela
necessita é de acesso à informação e qualificação profissional, o que indica um tema
específico para estudos científicos.
93
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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e-pesquisas, Sebrae, Maio, 2012.
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Villanueva, Pedro. Project risk management methodology for small firms. International
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Brasília-DF, 5ª edição, 2012.
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literatura sobre “servitizaçao”: bases para a proposiçao de um modelo conceitual de
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medição da qualidade em serviços. Revista Produção, v. 14, n. 1, 2004.
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13. Souza, C.H.M. Uma ferramenta para avaliaçao da qualidade em serviços – a janela do
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qualidade de serviços de uma empresa agrícola. G&DR – Revista Brasileira de Gestão e
Desenvolvimento Regional, v. 8, n. 1, jan./abr., 2012, p. 109-124.
94
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certification & inspection industry. Applied Soft Computing, 2014.
22. Fernandes, Luciane Alves; Gomes, Jose Mario Matsumura Gomes. Relatórios de
pesquisa nas ciências sociais: características e modalidades de investigação. ConTexto,
Porto Alegre, v. 3, n. 4, 1º semestre, 2003.
95
3.4.1 Contribuição do artigo
Neste artigo, foram entrevistados empresários que avaliaram a qualidade do serviço
prestado por uma agência de turismo. Considerando que os participantes estavam numa
missão internacional, são proprietários de empresas, e o valor pago pelo serviço foi elevado,
os participantes da pesquisa podem ser enquadrados num seleto grupo consumidor brasileiro
com alta renda. Isso contribui para este trabalho por permitir analisar uma visão de um grupo
consumidor com características diferentes da maioria do país e comparar com o padrão.
Fatores como atendimento diferenciado, educação e vestuário dos funcionários, e
planejamento e qualificação técnica da equipe prestadora do serviço, são apreciados pelos
clientes e relevantes na escolha do serviço. Para este público, o valor agregado decorrente de
um serviço diferenciado é aceitável no valor final a ser pago.
Uma ferramenta capaz de avaliar a qualidade no atendimento de empresas do setor de
serviço, demonstrando características peculiares do cliente alvo, facilita a compreensão da
viabilidade, e se for viável, a formulação de estratégias comerciais voltadas ao
Desenvolvimento Sustentável.
96
3.5 Os Caminhos das Pesquisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas Pequenas e
Médias Empresas: uma Revisão Sistemática
Em Submissão ao periodico Journal of Cleaner Producion, texto original em ingles e
intitulado “The Ways of Researches about Sustainable Development with Small and
Medium Enterprise: a Systematic Review4”.
Este artigo busca responder ao objetivo especifico destinado a mapear as
características das pesquisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas pequenas e médias
empresas. Este trabalho realizou uma revisão sistemática nas principais bases de dados sobre
o tema de desenvolvimento sustentável nas pequena e média empresas. Por conseguinte, são
apresentados uma riqueza de detalhes das principais pesquisas sobre o tema no mundo. O
resultado final é uma fotografia dos estudos sobre o assunto dos últimos seis anos.
O trabalho apresenta uma visão acadêmica do tema.
4 Para esta tese, o artigo foi traduzido para a língua portuguesa.
97
Os Caminhos das Pesquisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas
Pequenas e Médias Empresas: uma Revisão Sistemática
Claudio Lira Meirelles 1., Enio Ferigatto, Silvia Helena Bonilla, Jose Benedito Sacomano.
1 Universidade Paulista - UNIP, Pós-Graduação do Programa de Engenharia de Produção, São Paulo, Brasil
{Claudio Lira Meirelles, [email protected]}
RESUMO
O atual avanço tecnológico, a facilidade de comunicação decorrente do maior acesso a
internet e o crescimento demográfico criaram um cenário novo e com mudanças rápidas no
mercado consumidor. As organizações estão se adequando a uma agenda que relacione os
fatores econômico, social e ambiental para alcançar um desenvolvimento sustentável. As
grandes empresas aproveitam-se das suas características para adotarem estratégias comerciais
alinhadas a esta nova demanda mundial, mas as pequenas empresas têm dificuldades de
adequação. Diante da pouca pesquisa sobre o desenvolvimento sustentável direcionada às
pequenas e médias empresas, este trabalho realizou uma revisão sistêmica dos trabalhos
realizados nas principais bases de dados. Os resultados apontaram uma concentração de
estudo em centros acadêmicos da Europa, focado em empresas do setor da indústria, e
seguindo dois diferentes caminhos de pesquisa; um, adotando a visão da PME como grupo de
empresas, e que foi classificada como exógena, voltada a políticas públicas ou características
das pequenas e médias empresas, e uma segunda visão, voltada à empresa individualmente,
classificada como endógena, voltada a uma análise de gestão ou inovação.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, pequena e média empresa, PME, revisão
sistemática.
1. INTRODUÇÃO
O mundo vem passando por mudanças nas quais, por um lado, o avanço tecnológico
está aproximando mercados antes geograficamente separados, criando, desta forma, diversas
oportunidades de negócio e, por outro lado, com o crescimento demográfico no mundo e a
facilidade de comunicação por meio da internet, o público consumidor está demandando cada
vez mais produtos e exigindo melhores condições de vida (Lozano, 2008; Aragón-Correa et
al., 2008; Linnenluecke and Griffiths, 2013). Diante deste cenário, uma nova ordem mundial
vem se consolidando, na qual se tenta conciliar três fatores normalmente com necessidades e
objetivos antagônicos: o econômico, o social e o ambiental.
Este conceito surgiu primeiramente em 1972, durante a United Nations Conference on
the Human Enviromental (Klewitz and Hansen, 2014). Mais tarde, na World Commission on
Environment and Development, em 1987, é apresentado no relatório final do evento,
98
conhecido como Relatório Brundtland, uma definição para este novo termo que foi aceita por
todos os participantes e citada nas publicações acadêmicas como a mais completa sobre o
tema, e e que entende este termo como: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades
econômica, social e ambiental da atual geração sem prejudicar o desenvolvimento das futuras
gerações” (WCED, 1987).
Neste ambiente surge, na década de 1990, o termo Triple Bottom Line (TBL), cunhado
por John Elkington (1997). O TBL é formado pelas dimensões econômica, social e ecológica,
que passam a ser os principais pilares da sustentabilidade, sendo utilizado para medir e relatar
o desempenho corporativo. Essas três dimensões são inter-relacionadas e se reforçam
mutuamente (Fairley et al., 2011; Wise, 2016).
As novas diretrizes foram rapidamente difundidas nas grandes empresas que, por suas
características e impacto direto nos mercados que atuam, adequaram a nova estratégia para
alcançar retorno financeiro (Alves and Medeiros, 2015). A relação destas organizações e o
tema Desenvolvimento Sustentável foi exaustivamente estudado pela academia, criando um
conhecimento empírico que permitiu uma análise científica por diferentes angulos.
Diferentemente das grandes, as pequenas e médias empresas têm pouca pesquisa
relacionando-as com o tema Desenvolvimento Sustentável. Mas, considerando a importância
que as PMEs possuem no mercado mundial, representando aproximadamente 98% das
empresas privadas no mundo, impacto direto no mercado de trabalho local, participação
expressiva no PIB, fonte de inovação, e com crescente impacto no meio ambiente, este
cenário começa a mudar (Alves e Medeiros, 2015).
Por esta razão, o objetivo deste trabalho é realizar uma revisão sistemática para
identificar as abordagens empregadas nos estudos sobre Desenvolvimento Sustentável com
pequenas e médias Empresas. Entender as diferentes tendências de pesquisa permite ao
pesquisador identificar com mais clareza as lacunas e com isso agregar no conhecimento
sobre o tema.
Na próxima sessão, será descrita a metodologia do trabalho e, em seguida, a revisão da
literatura. Subsequentemente, serão exibidos os resultados da pesquisa, os dados serão
analisados e, por fim, apresentada a conclusão.
2. METODOLOGIA DA PESQUISA
Por ser um trabalho de natureza conceitual, é fundamental definir um procedimento
robusto para selecionar os artigos mais relevantes e extrair as informações que sejam o fio
condutor para um desenvolvimento teórico do tema escolhido.
99
Considerando o objetivo do trabalho, o System Review e a Bibliometria foram as
metodologias mais apropriadas para encontrar as referências com maior relevancia no tema
(Genaidy et al., 2010; Klewitz and Hansen, 2014; Garza-Reyes, 2015; Ferenhof et al., 2014;
Linnenluecke and Griffiths, 2013; Lueg and Radlach, 2016).
Por um lado, a revisão sistemática é uma metodologia que exige procedimentos
sistemáticos de pesquisa, de forma transparente, permitindo que seus métodos sejam
reproduzidos por qualquer pesquisador (Klewitz e Hansen, 2014; Garza e Reyes, 2015). E por
outro, o método bibliométrico é uma ferramenta capaz de apresentar dados específicos dos
artigos selecionados como ano, titulo, objetivos, entre outros, possibilitando o uso de
procedimentos matemáticos e estatísticos para interpreter e mapear o comportamento destas
informações (Ferenhof et al., 2014; Linnenluecke and Griffiths, 2013).
O uso dos dois métodos permite combinar uma metodologia qualitativa, a partir de
uma análise sistemática dos artigos selecionados, e uma metodologia quantitativa com
interpretações matemática e estatística dos dados considerados relevantes para o estudo.
Assim, o cruzamento das conclusões dos procedimentos qualitativos e quantitativos
propicia a identificação de gaps e tendências, viabilizando o direcionamento para futuras
pesquisas.
2.1. Etapas da Pesquisa
Para realizar o levantamento bibliográfico, algumas etapas foram necessárias para
atingir rigor exigido numa revisão sistemática. Estas etapas são: a) seleção das bases de
dados; b) definição das palavras-chave, c) critérios e estratégia da pesquisa, e d) avaliação
refinada.
1o Step – Seleção das Base de Dados:
Nesta etapa, foram relacionadas as bases de dados utilizadas para realizar o
levantamento bibliográfico. Com este propósito, pretendeu-se criar uma rede de busca que
alcançasse um maior escopo de publicações.
Para cobrir o maior número de trabalhos científicos, foram utilizadas algumas bases de
dados eletrônicas conhecidas como Base de Pesquisa: Elsevier
(<http://www.sciencedirect.com>); Wiley Online Library (<http://onlinelibrary.wiley.com>),
e Base Referencial: EBSCO (<https://www.ebscohost.com>), Web of Science (http://apps-
webofknowledge.com>) e Scopus (<https://www.scopus.com>).
100
A Base de Pesquisa refere-se ao website da própria editora, permitindo a pesquisa em
diferentes revistas acadêmicas que são editadas e representadas por ela.
A Base Referencial permite uma busca de periódicos atrelados a diferentes fontes de
edição. Normalmente, estes sites de busca possuem critérios que garante uma qualidade de
conteúdo, disponibilizam algumas informações dos artigos originais, e incluem links que
direciona o leitor para o local onde o material originalmente está hospedado.
Nos casos em que as Bases Referenciais escolhidas apresentavam resultados sem
acesso ao texto completo, foi utilizado o Google Scholar (<https://scholar.google.ca>) para
tentar identificá-los.
2o Step – Definição das Palavras-chave:
A definição da palavra-chave é vital para direcionar ao resultado esperado na pesquisa.
No presente estudo, duas variaveis sao analisadas: a “Pequena e Média Empresa”, como
dependente, e o “Desenvolvimento Sustentavel” como independente, conforme demonstrado
na Figura 1.
Figura 1 – Variáveis Dependente e Independente Empregadas na Pesquisa Exploratória
para Determinar as Palavras-chave. Fonte: Autor.
Inicialmente foram realizados alguns testes na base de dados SCOPUS para verificar o
número de retorno na busca ao usar, no campo de busca, as palavras-chave de forma
individual e possíveis variações.
101
O termo “Sustainable Development” foi utilizado de forma inseparavel para evitar que
cada palavra, de forma isolada, estivesse relacionada com outras, gerando grande número de
trabalhos acadêmicos. Desta forma, permitiu captar o seu conceito mais amplo, isto é, visões
econômica, ambiental e social como fatores para alcançar o desenvolvimento sustentável,
conforme a definição mais usada para o termo (WCED, 1987).
Ao inserir o termo “Small and Medium Enteprise”, constatou-se que esta era a forma
mais presente na literatura. Mas o teste também apresentou outras formas adequadas ao
escopo do estudo como, por exemplo: SME, Small and Medium Size Enterprise, Small
Enterprise, Medium Enterprise, Small and Medium Firm, Small and Medium Organization, e
o plural de todos estes termos.
Para alcançar as formas acima citadas, nao considerando o termo “SME”, o uso da
palavra “Small Enterprise” de forma independente, sem as aspas e com asterisco no final da
palavra “Enterprise”, fez com que cada palavra conectasse com outras, formando as possíveis
combinações.
Diante desta constatação, foi definido que seria utilizado uma lógica Boolean no
campo de busca com as palavras “Small Enterprise* OR SME*”, sem aspas e com asterisco, o
que garantiu rastrear trabalhos acadêmicos com as variações apontadas e o plural de todas.
Definido “Sustainable Development”, “Small Enterprise”, e “SME” como as palavras-
chave, e adotando os parametros para o uso destas na pesquisa, foi possível criar uma coesão
entre os artigos selecionados e o principal objetivo do trabalho.
3o Step – Critérios e Estratégia da Pesquisa:
Numa revisão bibliográfica, é necessário criar alguns critérios prévios para alcançar o
melhor refinamento da pesquisa (Saunders et al., 2012). Para este estudo, foram elaborados os
seguintes critérios, listados abaixo:
1. Serão inclusas apenas publicações reavaliadas por pares e publicadas em jornais
acadêmicos como Articles e/ou Reviews;
2. Apenas artigos acadêmicos escritos em inglês foram considerados;
3. Trabalhos científicos com acesso Online e full texts;
4. Artigos publicados entre 2010 e 2016;
5. A consulta realizada em todas as ciências.
Para captar a melhor resposta na pesquisa, foi utilizada a ferramenta de busca
avançada existente em todas as cinco bases de dados definidas para consulta. Esta
102
possibilidade permite que a seleção dos artigos da revisão bibliográfica seja o resultado da
intersecção das duas palavras-chave definidas no Step 2.
As palavras-chave Small Enterprise* OR SME* ficaram limitadas ao título do
documento, e “Sustainable Development*” limitado ao Título, Resumo, e/ou Palavra-chave,
com exceção da base de dados EBSCO e Web of Science que, por limitações de opção de
pesquisa, foi definido ao Título e Resumo e Título e Tópico, respectivamente.
4o Step – Avaliação Refinada:
Após gerar os primeiros resultados da consulta nas bases de dados, fez-se necessário
realizar um doble check para identificar possíveis erros. Para este fim, foram definidas uma
sequência de cinco fases:
1. Identificação dos trabalhos em cada base de dados de acordo com os critérios;
2. Exclusão dos artigos sem acesso ao texto completo por base de dados;
3. Eliminação dos trabalhos repetidos em cada base de dados;
4. Eliminação dos trabalhos repetidos, cruzando o resultado de todas as bases de
dados;
5. Análise do conteúdo dos artigos selecionados por revisores externos, com o
objetivo de identificar possível incoerência com o escopo do presente estudo.
A primeira busca nas bases de dados resultou em 234 artigos, distribuidos de acordo
com a Tabela 1.
Tabela 1 – Resultado da Pesquisa das Bases de Dados
Base de Dados Qtd. Artigos por Base de Dados
Web of Science 98
EBSCO 64
Scorpus 50
Science Direct 15
Wiley 7
TOTAL 234
Fonte: Autor.
Dos 234 artigos revelados na investigação, foram eliminados aqueles documentos que
estavam repetidos na mesma base de dados.
103
Por consequência, 147 trabalhos foram excluídos, conforme segue: 74 artigos na base
da Web of Science, 41 na EBSCO, 3 na Wiley, 11 na ScienceDirect e 18 na Scopus foram
estudos eliminados. Após esta primeira verificação, remanesceram 87 artigos.
A partir deste momento, todos os artigos selecionados foram arquivados numa mesma
pasta e realizado um doble check para verificar a existência de duplicidade dos trabalhos
cruzando o resultado das diferentes bases de dados. Com este procedimento, foram
identificadas e deletadas 32 publicações repetidas, restando, por fim, 55 artigos.
As referências remanescentes foram checadas por três revisores independentes que
verificaram se o conteúdo nestes documentos era relevante ao tema proposto neste trabalho
e/ou não se enquadrava em um dos critérios previamente estabelecidos.
Dos trabalhos analisados pelos revisores, chegou-se no consenso que 14 deveriam ser
removidos por discutirem questões relevantes para pequenas e médias empresas, mas não
relacionadas ao Desenvolvimento Sustentável, e 13 artigos que não citavam a palavra
Desenvolvimento Sustentável no título, resumo e/ou palavra-chave foram aceitos para a
pesquisa porque os textos apresentavam e discutiam a palavra Sustentability tendo como
definição os mesmos preceitos de DS. Após esta última fase, restaram 41 artigos para o
estudo listados na Tabela 2.
Tabela 2 – Resultado da Pequisa
No TÍTULO DO ARTIGO
1 A Conceptual Framework for Assessing Sustainable Development in Regional SMEs
2 A Sustainable Financing Credit Rating Model for China’s Small- and Medium-Sized Enterprises
3 Achieving Effective Sustainable Management: A Small-Medium Enterprise Case Study
4 Barriers and Motivators to the Adoption of Energy Savings Measures for Small- and Medium-
Sized Enterprises (SMEs): The Case of the Climate Smart Business Cluster Program.
5 Beyond Corporate Environmental Management to a Consideration of Nature in Visionary Small
Enterprise
6 Competitiveness and Environmental Performance in Spanish Small and medium Enterprises: Is
there a Direct Link?
7 Concept of Sustainable Development of Small and Medium Enterprises in Moldova
8 Corporate Social Responsibility of Hungarian SMEs with Good Environmental Practices
9 Corporate Sustainability and Economic Performance in Small and medium Sized Enterprises
10 Corporate Sustainability and Innovation in SMEs: Evidence of Themes and Activities in Practice
11 Designing Dynamic Performance Management Systems to Foster SME Competitiveness
According to a Sustainable Development Perspective: Empirical Evidences from a Case-Study
12 Eco-Efficiency in Micro-Enterprises and Small Firms: A Case Study in the Automotive Services
Sector
104
13 Ecological Modernization and Environmental Policy Reform in Thailand: The Case of Food
Processing SMEs
14 Environmental Accounting and Sustainable Development: A Study Insome Small and Medium
Enterprises Industrial Estates of Assam, India.
15 Environmental Management Systems in Small and Medium-Sized Enterprises: An Analysis and
Systematic Review
16 Environmental Value Chain in Green SME Networks: The Threat of the Abilene Paradox
17 Evaluation and Reporting of CSR in SME Sector
18 Exploring SME Perceptions of Sustainable Product Service Systems
19 Framework for Sustainability Assessment of Small and Medium-Sized Enterprises
20 Green Growth as the Best Choice for Chinese Small and Medium Enterprises in Sustainable
Development
21 Green ICT Adoption Survey Focused on ICT Life- Cycle from the Consumer’s Perspective
(SMEs)
22 Industrial Symbiosis Opportunities for Small and Medium sized Enterprises: Preliminary Study in
the Besaya Region (Cantabria, Northern Spain)
23 Material Flow Cost Accounting (MFCA) Enablers and Barriers: The Case of a Malaysian Small
and Medium-Sized Enterprise (SME)
24 Provision of Sustainable Development of Small and Medium Size Enterprises in the Regions of
Latvia
25 Quality System Implementation Process for Sustainable Success Development in Romanian SMEs
26 Responsible Innovation Toward Sustainable Development in Small and Medium-Sized
Enterprises: A Resource Perspective
27 Roles of ‘Small- and Medium-Sized Enterprises’ in Service Industry Innovation: A Case Study on
Leisure Agriculture Service in Tourism Regional Innovation
28 Small and Medium Enterprises and Corporate Social Responsibility Practice: A Swedish
Perspective
29 SME’s Appropriability Regime for Sustainable Development-the Role of Absorptive Capacity and
Inventive Capacity
30 Sustainability Motivations and Practices in Small Tourism Enterprises in European Protected
Areas
31 Sustainability-Oriented Innovation of SMEs: A Systematic Review 1987 - 2010
32 Sustainable Business Development Through Leadership in SMEs
33 Sustainable Food Production: Insights of Malaysian Halal Small and Medium Sized Enterprises
34 Sustainable Life Cycle Engineering of an Integrated Desktop PC: A Small to Medium Enterprise
Perspective
35 Sustainable Product Service Systems in Small and Medium Enterprises (SMEs): Opportunities in
the Leather Manufacturing Industry
36 Sustainable Value and Cleaner Production e Research and Application in 19 Portuguese SME
37 SWOT-AHP Approach for Sustainable Manufacturing Strategy Selection: A Case of Indian SME
38 The Influences of Environmental Uncertainty on Corporate Green Behavior: An Empirical Study
with Small and Medium-Size Enterprises
39 The Model of Sustainable Performance of Small and Medium-Sized Enterprise
40 The Quantitative Eco-Efficiency Measurement for Small and Medium Enterprise: A Case Study of
Wooden Toy Industry
41 The Role of Intrapreneurship for Sustainable Innovation through Process Innovation in Small and
Medium-sized Enterprises: A Conceptual Framework
Fonte: Autor.
105
Com proposito de permitir uma fácil comparação entre os artigos selecionados,
facilitar a analise qualitativa e, principalmente, viabilizar o estudo quantitativo, alguns dados
comuns dos trabalhos foram extraídos e organizados em duas planilhas do programa
Microsoft Excel.
Na primeira planilha, foram definidos como colunas as variáveis Título, Revista
Publicada, Palavra-chave, Ano de Publicação, País onde estão localizados os Institutos de
Pesquisa nos quais os pesquisadores são filiados, País onde as amostras estudadas estão
localizadas (quando cabível), Metodologia de Pesquisa e Setor das Empresas usadas como
amostra.
A segunda inclui todas as referências bibliográficas dos artigos selecionados,
apresentando assim o estado da arte do tema estudado.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O mundo vem passando por mudanças nas quais, por um lado, o avanço tecnológico
está aproximando mercados antes geograficamente separados, criando, desta forma, diversas
oportunidades de negócio e, por outro lado, com o crescimento demográfico no mundo e a
facilidade de comunicação por meio da internet, o público consumidor está demandando cada
vez mais produtos e exigindo melhores condições de vida (Lozano, 2008; Aragón-Correa et
al., 2008; Linnenluecke e Griffiths, 2013).
Nas últimas décadas, intensificou-se a discussão sobre o Desenvolvimento Sustentável
como uma alternativa ao modelo econômico preponderante, conhecido como neoliberal. Esta
ideologia neoliberal está associada a recentes escândalos que abalaram a reputação de
empresas globais, relacionando-as a aumento da poluição, uso de mão de obra infantil,
degradação da natureza, entre outros (Silva et al., 2012; Özcüre et al., 2011; Lee et al., 2016).
Neste ambiente, o Desenvolvimento Sustentável transformou-se num caminho a ser
percorrido pelas empresas no intuito de reverter o cenário adverso de mercado, com
complexas questões multidimensionais, combinando eficiência, capital próprio e capital das
próximas gerações com base em fatores econômico, social e ambiental, que são interligados e
complementares (Ciegis et al., 2009).
No entanto, na prática, discutir questões de sustentabilidade enfrenta algumas
dificuldades, principalmente porque essa nova realidade exige uma visão em nível de produto,
estratégico, cultural, entre outras (Egels-Zanden e Rosen, 2014).
106
3.1. Desenvolvimento Sustentável
O tema Desenvolvimento Sustentável (DS) foi pela primeira vez exposto na United
Nations Conference on the Human Environment em 1972 (KLEWITZ et al., 2014). Desde
então, o tema esta sendo amplamente discutido nos atuais fóruns governamentais e
institucionais.
A partir da década de 1980, a discussão de Desenvolvimento Sustentável inseriu o
tema “meio ambiente” e, desde então, diversas empresas, em especial as organizações de
grande porte, têm inserido o tema em seu planejamento de negócio (Gomes et al., 2014).
Assim, Ciegis et al., (2009) explicam que a definição apresentada pela World
Commision on Environment and Development - WCED (1987), também conhecida como
Relatório Brundtland, revela a melhor definição de desenvolvimento sustentável e a mais
utilizada nas literaturas sobre o tema, especialmente porque abrange os três fatores:
econômico, social e ambiental, tendo sido definido como: “o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades econômica, social e ambiental da atual geração sem prejudicar o
desenvolvimento das futuras gerações”.
Neste ambiente surge, na década de 1990, o termo Triple Bottom Line (TBL), cunhado
por John Elkington (1997). O TBL é formado pelas dimensões econômica, social e ecológica,
que passam a ser os principais pilares da sustentabilidade, sendo utilizado para medir e relatar
o desempenho corporativo. Essas três dimensões são inter-relacionadas e se reforçam
mutuamente (Fairley et al., 2011; Wise, 2016).
No ambiente acadêmico, diferentes áreas do conhecimento estão pesquisando o
assunto e apresentando diferentes conceitos que se adequam ao escopo estudado, como por
exemplo (Ciegis et al., 2009):
Economia: entende o desenvolvimento sustentável como aquele que garante uma
maior renda per capita para futuras gerações em relação à atual geração.
Sociologia: entende o desenvolvimento sustentável como aquele que preserva a
comunidade, mantendo uma estreita relação social na comunidade.
Ecologia: entende o desenvolvimento sustentável como aquele que preserva a
diversidade das espécies biológicas, ecossistemas sociais e processos ecológicos.
No âmbito de políticas públicas, novas legislações são direcionadas a garantir a
preservação da natureza e direitos sociais. As empresas estão dando ênfase a aspectos tais
como responsabilidade social, imagem corporativa e conscientização do cliente, e os
consumidores estão se interessando por produtos e serviços decorrentes de práticas
107
economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas (Faccio et al., 2014;
Musson, 2012; Sebrae, 2012).
Com base nesta nova tendência de mercado, as organizações começam a adotar o
conceito de Corporate Sustainability, isto é, empresas que adotam novas formas de gestão e
produzem produtos/serviços objetivando uma melhora na relação entre empresa, meio
ambiente e sociedade local (Dyllick e Hockerts, 2002).
Discutir Desenvolvimento Sustentável a partir de uma gestão que integra o
desenvolvimento social, proteção ambiental e crescimento econômico, é coerente numa
estratégia de longo prazo, incorporando todos os níveis hierárquicos, sendo desta forma
adequada para empresas de grande porte que possuem em suas características estes pré-
requisitos (Gomes et al., 2014; Zhang et al., 2013; Klewitz and Hansen, 2014).
Diferentes das grandes empresas, as PMEs devem levar em consideração suas
características, estruturas, a cultura em que estão inseridas e, principalmente, políticas
voltadas para uma estratégia empresarial de curto prazo.
Implantar uma política de Desenvolvimento Sustentável numa PME apresenta uma
dualidade. Por um lado, a produção em pequena escala poderia ter um controle local mais
fácil, o que possibilitaria uma melhor adaptação da empresa para sustentabilidade do negócio.
Por outro lado, esta decisão poderia ter um impacto negativo por fragilizar a organizar no caso
de uma mudança do mercado, podendo prejudicar a empresa que trabalha com produção em
pequena escala (Wells, 2013).
3.2. Pequena e Média Empresa
É crescente o interesse da academia em desenvolver pesquisas em empresas de
pequeno e médio portes. Este fato se justifica pela importância que empresas deste porte no
âmbito econômico, social e ambiental global.
Atualmente, as PME’s representam aproximadamente 98% das empresas privadas no
mundo, são os motores de inovação em economias de países da União Europeia e China, e são
as principais fontes de emprego do setor privado. Contudo, pela dificuldade financeira e de
implantar métodos inovadores, e por não usarem tecnologias que minimizem impacto ao meio
ambiente, destacam-se como fonte de poluição da natureza, sendo responsáveis por
aproximadamente 30% do total da poluição produzida em termos mundiais e 64% da poluição
produzida na União Europeia (Hoof e Lyon, 2013; Klewitz e Hansen, 2014; Hilmola et al.,
2015).
108
Vale salientar que em países em desenvolvimento, como o Brasil, que por
característica possui em sua maioria uma mão de obra não qualificada, empresas deste porte
mostram-se como os maiores empregadores, sendo assim vitais para a economia local (Albino
et al., 2010).
Os critérios para definir uma empresa como de pequeno ou médio porte vão variar
conforme as regras estabelecidas por diferentes países, instituições financeiras e instituições
públicas ou privadas. Via de regra, alguns índices se destacam: número de empregados,
capital investido, quantidade total de ativos, volume de vendas, e capacidade de produção
(Liu et al., 2013).
A estrutura de uma PME, por um lado, contém vantagens tais como uma estrutura
enxuta, gestão normalmente realizada pelos próprios proprietários, e um ambiente
empreendedor propício a inovações no seu significado mais amplo, isto é, qualquer mudança
estratégica de uma empresa que cria produto novo (inovação de produtos), melhora no
processo de produção (inovação de processo) ou uma mudança para um novo setor (inovação
setorial) (Klewitz e Hansen, 2014; Pérez-Ezcurdia e Marcelino-Sábada, 2012; Milagrosa et
al., 2015).
Por outro lado, em função da falta de um plano de negócio formal, as estratégias
tendem a ser vinculadas às atividades operacionais diárias, há limitação de recurso e
dificuldades para atrair financiamento, destacando-se esses fatores como desvantajosos
(Klewitz and Hansen, 2014; Pérez-Ezcurdia and Marcelino-Sábada, 2012).
Diante das fragilidades que empresas deste porte possuem, o setor público aparece
como um agente importante no seu processo de desenvolvimento, criando condições propícias
para superação das dificuldades (Lundström et al., 2014).
A relação positiva entre o setor público e PME pode ser constatada em países
desenvolvidos, nos quais, por meio de políticas públicas, as características produtivas destas
empresas passam por transformações, o que leva tradicionais produtores de matérias-primas,
componentes ou itens semi-acabados a desenvolver produtos/serviços inovadores e se
internacionalizar (Hilmola et al., 2015).
Esta é uma realidade diferente daquela dos países considerados em desenvolvimento,
na qual os governos locais pouco apoiam empresas deste porte (Morales, 2010). Por tal
motivo, acontece nestas regiões um fenômeno conhecido na literatura como "meio perdido",
isto é, eles têm muitas micros e pequenas empresas, mas poucas empresas de médio porte.
Isso acaba criando um problema local, porque empresas de médio porte, por característica,
agregam um maior valor ao produto/serviço final, contratam funcionários qualificados e
pagam salários mais altos (Milagrosa et al., 2015).
109
Mesmo com todas as dificuldades, as PME’s, pela proximidade, representatividade, e
similaridade com a cultura do local em que estão estabelecidas, são um agente importante na
estabilidade social da região (Morales, 2010; Gomes et al., 2014).
4. RESULTADO E DISCUSSÃO
Para exibir os resultados, o capítulo foi dividido em duas partes. Na primeira, são
apresentados os dados quantitativos e, na segunda, uma análise qualitativa direcionada ao
conteúdo dos artigos selecionados.
No tocante quantitativo, apesar de as pequenas e médias empresas representarem 98%
das empresas do setor privado no mundo (Hoof e Lyon, 2013; Klewitz e Hansen, 2014),
observa-se que o estudo sobre organizações deste porte ainda é pequeno, embora venha
aumentando nos últimos anos, conforme é visto na Figura 2.
Figura 2 – Número de Publicações entre 2010 e 2016. Fonte: Autor.
A presente revisão bibliográfica identificou que o tema escolhido foi abordado por 27
diferentes revistas acadêmicas, e em algumas havendo mais de um artigo ou revisão
publicados, o que demonstra o interesse da academia pelo assunto e a possibilidade de novas
pesquisas serem divulgadas, conforme Figura 3.
110
Figura 3 - Método de Pesquisa Fonte: Autor.
Entre os 41 trabalhos selecionados, os do The Journal of Cleaner Production
destacam-se, com 29.27% das publicações, ficando os 14.64% restantes distribuídos entre
outras três revistas: Sustainability, Corporate Social Responsibility and Environmental
Management e Business Strategy and the Environment.
Considerando que as quatro revistas representam, praticamente, 50% de todas as
publicações e, como a maioria tem alto fator de impacto, elas são relevantes para a divulgação
do tema.
No tocante dos locais nos quais estao sendo realizadas as pesquisas, a Tabela 3 “a”
mostra a distribuição por continente das afiliações em que os autores atuam. Neste caso,
quando o autor e coautores do mesmo trabalho representam o mesmo centro de pesquisa, é
contabilizado apenas um registro.
Geograficamente, as pesquisas concentram-se mais em centros acadêmicos da Europa,
aproximadamente 60% do total e, em seguida, pela Ásia, com 26,53%, Oceania, com 10,20%,
e América do Sul, com 4% (Tabela 3a). Um fato digno de menção é que, na América do
Norte, mesmo com dois grandes centros de pesquisas, os EUA e o Canadá, não há nenhum
trabalho sobre o tema. Este resultado pode ter sido ocasionado pela limitação das bases de
dados utilizadas na pesquisa.
Quando considerados os continentes onde as amostragens objeto de estudo foram
selecionadas, excluindo-se os trabalhos teóricos, constata-se que a distribuição não tem
grandes variações, apesar de um leve aumento na porcentagem para países da América do Sul
111
(+5,22%), conforme Tabela 3b.
Levando em conta a Europa nos dois casos, centro de pesquisa e amostra objeto dos
estudos, nota-se que as instituições de ensino dos países que fazem parte da União Europeia
possuem a maior porcentagem (82.76%). Mas, quando são analisadas as amostras estudadas,
observa-se que as pesquisas nos países que fazem parte da União Europeia apresentam uma
redução de 7.8% em relação ao número de publicações dos centros de pesquisas (Tabela 3ab).
Este resultado indica que os centros de pesquisa dos países que não fazem parte da
União Europeia estão testando políticas para o Desenvolvimento Sustentável, aplicadas nas
PME’s dos paises da Uniao Europeia, para poder adaptar suas empresas às características e
exigências do Bloco Econômico.
Tabela 3 - Centro de Pesquisa e Amostra por Continente
(a) Continente – Centro das Pesquisas (b) Continente - Amostras
Europa 29 59.2% Europa 24 55.8%
Ásia 13 26.5% Ásia 11 25.6%
Oceania 5 10.2% Oceania 4 9.3%
América do Sul 2 4.1% América do Sul 4 9.3%
América do Norte 0 0% América do Norte 0 0%
América Central 0 0% América Central 0 0%
África 0 0% África 0 0%
TOTAL 49 100% TOTAL 43 100%
Europa - UE 24 82.8% Europa – UE 18 75%
Europa – não UE 5 17.2% Europa – não UE 6 25%
TOTAL 29 100% TOTAL 24 100%
Fonte: Autor.
Nota: Tanto na Tabela “a” como na Tabela “b”, o numero apontado em cada continente refere-se à quantidade de
publicações selecionadas por países que dele fazem parte. A porcentagem refere-se à proporção do número de
trabalhos em relação a quantidade total.
Numa análise minuciosa, as pesquisas selecionadas foram realizadas por centros
acadêmicos de 27 países diferentes, destacando a Reino Unido e Austrália com 4 artigos
publicados cada (Figuras 4 e 5); as amostras estudadas foram representadas por empresas
localizadas em 28 países diferentes (Figuras 6 e 7), o que demostra a disseminação do tema.
112
Vale salientar que, no caso da amostra, trabalhos de cunho teórico não foram contabilizados.
Figura 4 – Países – Centro de Pesquisa. Fonte: Autor.
Nota: O número apontado em cada país refere-se à quantidade de centros acadêmicos que os autores dos artigos
representam. No caso de um artigo com mais de um autor representando o mesmo ou diferentes centros
acadêmicos do mesmo país, foi considerado apenas um apontamento. Se os autores representam centros
acadêmicos de países diferentes, cada país foi numerado uma vez.
Figura 5 – Mapas de Países – Centro de Pesquisa Fonte: Autor.
113
Figura 6 - Países – Amostra das Pesqusias. Fonte: Autor.
Nota: O número apontado em cada país refere-se à quantidade de países que as amostras (empresas analisadas)
estão localizadas. No caso de um artigo que estudou diferentes empresas em mais de um país, foi considerado
um apontamento para cada país.
Figura 7 – Mapa dos países – Amostras das Pesquisas Fonte: Autor.
114
Normalmente, estes trabalhos adotaram como metodologia uma pesquisa survey
(42%) ou estudo de caso (37%) (Figura 8), e consideraram o setor da industrial como
principal case, representando praticamente 60% das amostras analisadas (Figura 9).
Figura 8 – Metodos de Pesquisa. Fonte: Autor.
Nota: A figura mostra a quantidade de artigos ou revisões de trabalhos por método de pesquisa.
Figura 9 – Setor das Amostras. Fonte: Autor.
115
Um termômetro do direcionamento que as pesquisas estão dando no campo do
Desenvolvimento Sustentável nas Pequena e Média Empresas, é verificar quais as palavras-
chave (200 no total) e referências (2.696 no total) que são mais utilizadas pelos autores
selecionados na pesquisa.
As duas palavras-chave mais utilizadas pelos autores foram “Small and Medium
Enterprise” e suas variações, com 34 artigos, e “Sustainable Development” e suas variações,
com 12 apontamentos, o que confirma a conexão entre os artigos selecionados e as palavras-
chave usadas para realizar a pesquisa nas bases de dados no atual trabalho.
Outros resultados deixam claro os principais tópicos nas discussões sobre
Desenvolvimento Sustentável nas pequenas e médias empresas. As palavras que se
destacaram foram “Corporate Social Responsibility” ou “CSR” + variações (8), “Eco” +
variações (6), “Sustainability” + variações (9), “Environment” + variações (8), “Business” +
variações (5), “ICT” + variações (5), e “Innovation” + variações (5) (Figura 10).
Figura 10 – Palavras-chave. Fonte: Autor.
Nota: A figura apresenta as palavras-chave mais usadas em toda a literatura citada por autores dos artigos
selecionados para compor a presente pesquisa. Estão são consideradas as palavras-chave mais frequentes usadas
e suas variações repetidas, no mínimo, 9 vezes.
Os trabalhos selecionados para esta pesquisa utilizaram 2.130 referências
bibliográficas e definem o estado da arte sobre os temas estudado. As mais citadas estão
apresentadas na Tabela 4, permitindo uma visão prelimiar das linhas de pesquisa e base
teorica que estão sendo usadas nas pesquisas acadêmicas.
116
Tabela 4 - Número de Citações, Temas e Autores
REFERÊNCIA No REFERÊRENCIA TEMA
European Commission 31 Sustainable Development in SME
Spence, L. J. 16 CSR
Porter, M. 15 Competitive Advantage
Schaltegger, S. 14 Environmental Management
OECD - Organisation for Economic Co-
Operation and Development (OECD) 14 SME
Sharma, S. 13 Environmental strategy and
performance in small firms
Mol, A. P. J. 12 Greening Industrialization
Jenkins, H. 11 CSR
Wagner, M 10 Sustainable entrepreneurship and
sustainability innovation
Sarkis, J 10 Sustainability
Hillary, R 10
Environmental management
systems and the smaller
enterprise
Aragon-Correa, J 10 Environmental strategy and
performance in small firms
World Commission on Environment and
Development 9
Sustainable Development
Perrini, F. 9 CSR
Hockerts, K. 9 Corporate Sustainability
Bianchi, C. 9 Sustainable strategies for small
companies
Fonte: Autor.
Nota: A tabela apresenta o número de citações, temas e autores que tiveram, no mínimo, 9 indicações nos
trabalhos selecionados. Para chegar neste número, quando um artigo citado tinha mais de um autor, os autores
foram considerados isoladamente para poder contemplar possíveis autores que não aparecem como primeiro
autor do artigo.
Duas organizações governamentais destacam-se nas referências bibliográficas: a
European Commission, com 31 referências. e a OECD, com 14 indicações. Ambas são
relacionadas diretamente com países Europeus, o que se justifica pelo número de artigos
publicados por autores que representam instituições de ensino da Europa.
117
A concentração de pesquisa nos centros europeus define o perfil do estudo sobre
desenvolvimento sustentável com pequenas e médias empresas, servindo como fio condutor
para todas as discussões que são apresentadas nas principais revistas internacionais e
detalhadas na analise qualitativa deste estudo.
Os conteúdos dos artigos selecionados na revisão bibliográfica confirmam a influência
da visão dos pesquisadores dos países da União Europeia. Esta influência é representada por
fatores como o meio ambiente no centro da discussão, ferramentas de gestão ou políticas
econômicas usualmente direcionadas para grandes empresas, e pesquisas realizadas no setor
de manufatura.
As pesquisas, por suas características, foram reunidas em dois grupos, Exógenos e
Endógenos, e quatro subgrupos, Politicas Publicas e Caracteristicas das SME’s na linha
Macro, Gestão e Inovação pelo lado Micro, conforme Figura 11 abaixo.
Figura 11 - Fluxograma da Pesquisa. Fonte: Autor.
O primeiro grupo, chamado de Exógenos, é composto por artigos que estudaram o
impacto de fatores externos nas pequenas e médias empresas, sendo estas consideradas um
conjunto de empresas. Este grupo foi dividido em dois subgrupos:
Políticas Públicas: relacionam trabalhos que partem do entendimento de que o
conjunto das empresas de pequeno e médio portes impactam considerávelmente no
meio ambiente, por tal motivo havendo a necessidade de políticas públicas para
estimular as empresas deste porte na adoção de atividades que beneficiem a
preservação ambiental. As políticas citadas nestes trabalhos são exibidas na Tabela 5.
118
Tabela 5 - Subgrupo Políticas Públicas
POLÍTICAS PÚBLICAS DEFINIÇÕES
Rating de crédito Foi desenvolvido um rating de credito embasado nos preceitos de
desenvolvimento sustentável (CAO, YU; E SHOUYAO XIONG, 2014)
Green Growth
Esta é uma estratégia regional para aplicar o desenvolvimento
sustentável. Permite o crescimento do PIB mantendo ou restaurando a
qualidade ambiental. Atende às necessidades de todas as pessoas com
menores impactos ambientais possíveis (WANG, HUILI E CHUNYOU
WU, 2011).
Leisure Agriculture
É uma forma de gestão agrícola que aplica uma melhora no uso de
ecossistema e recursos ambientais, integrando agricultura, silvicultura,
pesca e pecuária, usando a cultura local para recreação e ajudando os
consumidores a experimentar a realidade do campo (HSU, SHIH-MING
et al., 2013)
Industry Symbiosis (IS)
Rede de empresas na qual o produto descartado num processo produtivo
de uma empresa transforma-se na matéria-prima de outra (PUENTE, MC
RUIZ et al., 2015).
Green Public Procurement (GPP) –
regulation
Ferramenta capaz de moldar tendências de produção e consumo, criando
ou ampliando mercados para produtos e serviços ambientalmente
amigáveis (RIZZI, FRANCESCO et al., 2014)
Voluntary Government Energy
Efficiency
O governo cria políticas públicas para insentivar as PMEs economizarem
energia voluntariamente (MEATH, CRISTYN et al., 2016).
Fonte: Autor.
Nota: A tabela apresenta os diferentes temas de pesquisa dos artigos agrupados no subgrupo Políticas Públicas,
seguido por sua definição e referência bibliográfica. Cada citação é um artigo que pesquisou o tema, podendo ter
mais de um trabalho.
No subgrupo Políticas Públicas, observam-se temas diversificados, mas todos com um
objetivo comum, a preservação do meio ambiente, deixando claro a visão governamental do
pensamento de sociedade.
Características das SME’s: neste subgrupo, os autores estudaram características das
SME’s ou fatores que influenciam as empresas deste porte na aplicação de políticas
internas para alcançar o desenvolvimento sustentável. Os temas pesquisados são
apresentados na Tabela 6.
119
Tabela 6 - Subgrupo Caraterísticas das SME’s
CARACTERISTICA DAS SME's DEFINIÇÕES
Corporate Sustainable X Economics
Performance
Analisa a relação entre duas variáveis: Corporate Sustainable e
Economics Performance (TOMŠIČ et al., 2015; LARRÁN et al., 2015).
Empreendedorismo X Inovação Analisa a relação entre duas variáveis: Empreendedorismo e Inovação
(WIDYA-HASTUTI et al., 2016).
Liderança X Desenvolvimento
Sustentavel
Analisa a relação entre duas variáveis: Liderança e Desenvolvimento
Sustentável (SZCZEPAŃSKA-WOSZCZYNA; KUROWSKA-PYSZ,
2016).
Incerteza de Mercado X
Investimento em Políticas Verdes
Analisa a relação entre duas variáveis: Incerteza de Mercado e
Investimento em políticas verdes (LIN; HO, 2010).
Praticas de Produção de Produtos
Normais X Princípios de Produção
Sustentável
Analisa a relação entre duas variáveis: Praticas de Produção em produtos
Normais e Princípios de Produção Sustentável (ALI; NORHIDAYAH,
2016).
Impacto das empresas na
Sustentabilidade Ambiental
Analisa quais os fatores que afetam o meio ambiente decorrente das
atividades das PMEs (BARMAN; SAIKIA, 2016).
Ferramenta para avaliar performance
e fatores para o Desenvolvimento
Sustentável
Pretende desenvolver uma ferramenta para avaliar performance de SME
dentro do conceito de desenvolvimento sustentavel (CIEMLEJA; LACE,
2011).
3EMT tool - Foi desenvolvido em uma forma de questionário de
autoavaliação baseado na web. Uma divisão em questões relacionadas a
cinco categorias de sustentabilidade. Cada categoria recebe uma sub-
pontuação usando indicadores de desempenho (ID), como uma
metodologia básica da ferramenta 3EMT para desempenho e pontuação,
resultando na definição de pontuação geral (PUSNIK et al., 2014)..
Eco-Efficiency – é uma ferramenta que analisa a sustentabilidade das
indústrias, relacionando indicadores econômicos com o impacto
ambiental (CHARMONDUSIT et al., 2014).
Quartet-Network Model - Foi desenvolvido para analisar questões
ambientais não apenas como desenvolvimento endógeno de PME do
setor de alimento, mas como resultados desencadeados por atores e
instituições no ambiente social de empresas individuais
(WATTANAPINYO; MOL, 2013).
Fatores internos e externos que
influenciam o DS
Determinam os fatores internos e externos que influenciam as PMEs
conseguirem desenvolvimento sustentável (KANTANE et al., 2010;
SALIMZADEH; COURVISANOS, 2015; TARANENCO, 2013).
Facilidades e Dificuldades para
Inovar
Determina os fatores que facilitam e dificultam a inovação das PMEs
(BOS-BROUWERS, JACKE, 2010).
Appropriability Regime for
Inovation
Analisa dois modelos de regime de propriedade. Um regime de
propriedade formal (patent, copyright and trademark; “FAR”) e o
regime de propriedade informal (secrecy, lead time and complexity of
design; “IAR”) (SEO et al., 2016).
Good and Service 100% nature
Tem o entendimento que, para o Desenvolvimento Sustentável, o meio
ambiente tem que ser prioridade na estratégia de negócio (KEARINS et
al., 2010).
Fonte: Autor.
Nota: A tabela apresenta os diferentes temas de pesquisa dos artigos agrupados no subgrupo Caraterísticas das
SME’s, seguido por sua definiçao e referencia biblografica. Cada citaçao é um artigo que pesquisou o tema,
podendo haver mais de um trabalho.
120
Duas linhas de pesquisas destacaram-se. A primeira, representada por seis
publicações, nas quais os pesquisadores definiram dois fatores e analisaram o quanto eles
influenciam no desenvolvimento sustentável da pequena e média empresa, e a segunda,
representada por quatro publicações, na qual foram desenvolvidas ferramentas para avaliar
caracteristicas das PME’s voltadas ao desenvolvimento sustentavel.
No grupo definido como Endógenos, os trabalhos tiveram um foco na PME como
unidade, analisando ações internas nas empresas que beneficiam o meio ambiente e/ou o
social com objetivo de alcançar um retorno econômico.
Os estudos testaram ferramentas e estratégias que foram adotadas por grandes
empresas e adaptadas para empresas de pequeno e médio portes. Por focar nas empresas, o
termo Desenvolvimento Sustentável em diferentes trabalhos foi substituído por Corporate
Sustainability, Sustainable Businesses, e/ou Corporate Responsability.
Os estudos apontaram a inovação como principal ferramenta para alcançar o
desenvolvimento sustentável, sendo este o caminho para as PME’s conseguirem um menor
impacto na natureza ou um maior retorno para a sociedade, a partir de um gerenciamento de
projetos e procedimentos. A inovação cria vantagem competitiva e retorno econômico a partir
de diferentes ganhos, como imagem/reputação, redução de custo, e/ou um produto ou serviço
diferenciado.
Considerando que as ferramentas utilizadas para uma gestão sustentável são as
mesmas amplamente utilizadas pelas grandes empresas, neste trabalho apenas os artigos que
apresentaram um produto e/ou serviço novo foram descritos como inovação.
Assim, o Grupo Endógenos foi dividido em dois subgrupos:
a) Gestão: artigos que analisaram ou desenvolveram ferramentas de gestão
sustentável que têm como fim a redução de custo por meio de ações que reduzam
o impacto ambiental, e/ou ações sociais com intenção final de criar uma imagem
positiva junto aos stakeholders. As metodologias analisadas são retratadas na
Tabela 7.
121
Tabela 7 – Subgrupo Gestão
GESTÃO DEFINIÇÕES
GREEN ICT
Uma gestão preocupada na prevenção da poluição no final do uso de um produto, a administração de
produtos para minimizar a questão ambiental durante o uso, e o uso de tecnologias limpas para
reduzir uso de materiais poluentes e desenvolver competências ecológicas. O modelo é uma
adaptação do Information and Communication Technologies (ICT’s) ao implementar a idéia de
sustentabilidade em todas as fases do processo (BUCHALCEVOVA, ALENA, e LIBOR GALA,
2012).
Cleaner
Production
Methodology
Trata-se de produzir mais com menos impacto ambiental. Isto significa fazer mais com menos,
criando mais valor econômico com menor impacto ambiental a partir de novas oportunidades de
negócios desenvolvidos na empresa (ALVES, JORDANIA LOUSE SILVA e DENISE DUMKE DE
MEDEIROS, 2015).
Quality
management
systems (QMS)
Sistema que ajuda as empresas no desenvolvimento e na manutenção de um nível adequado e estável
de qualidade de seus produtos, controlando o processo de produção e outros processos de negócios
que o apoiam. Atualmente, o processo de implementação de um sistema de gerenciamento de
qualidade baseia-se nos padrões da série ISO 9000 (ANGHELUTA, TITA et al., 2012).
Material Flow
Cost Accounting
(MFCA)
É uma ferramenta que rastreia os fluxos de materiais no processo até o produto final. A MFCA
envolve a quantificação detalhada da quantidade de material e energia utilizada, e os custos que lhes
são inerentes. O MFCA pode ser aplicado de forma flexível de acordo com a própria capacidade da
empresa. O limite do MFCA pode ser um processo único, processos múltiplos, um único produto,
produtos múltiplos, toda a planta, toda a empresa e até mesmo a extensão da cadeia de suprimentos
(SULONG, FARIZAH et al., 2015).
Environmental
Management
Systems (EMS)
É uma ferramenta utilizada para abordar questões ambientais nas instalações das empresas. EMS
também é uma ferramenta que apoia uma empresa com processos sistemáticos para a implementação
de metas, políticas e responsabilidades ambientais, bem como a auditoria regular de seus elementos.
Além disso, o uso de EMSs nas PME pode ajudar com a implantação de políticas ambientais e, na
maioria dos casos, seguem os princípios delineados pela ISO 14001 (FERENHOF, HELIO
AISENBERG et al., 2014).
Sustainability-
Oriented
Innovations
(SOIs)
Integra aspectos social e ambiental no produto, processo, e na estrutura da organização (KLEWITZ,
JOHANNA e ERIK G. HANSEN, 2014).
Corporate Social
Responsibility
(CSR)
É um conceito pelo qual as empresas integram as preocupações sociais e ambientais nas operações
comerciais e na interação com as partes interessadas de forma voluntária (STEWART, HEATHER e
ROD GAPP, 2014; NAGYPÁL, NOÉMI CSIGÉNÉ, 2014; SZCZANOWICZ, JUSTYNA e
SEBASTIAN SANIUK, 2016; LEE, KI-HOON et al., 2016).
Pro-Sustainability
Behaviour
Refere-se à aplicação voluntária de práticas para conciliar a preservação ambiental, a equidade social
e as demandas econômicas. Estes variam de acordo com o tipo de empresa, que vão desde o uso
racional da água, economia de energia, compra proposital de produtos produzidos local e eticamente,
proporcionar condições de trabalho acima dos requisitos legais ou promover a preservação cultural e
patrimonial (FONT, XAVIER, 2016).
Dynamic
Performance
Management
(DPM)
Mistura duas ferramentas: Performance Management (PM) Systems and System Dynamics (SD)
Methodology. Uma gestão principalmente preocupada com a identificação de resultados finais e seus
respectivos drivers. Para afetar esses drivers, cada gestor deve construir, preservar e implantar uma
quantidade adequada de recursos estratégicos que estão ligados entre si. Isso também implica que as
decisões tomadas por diferentes gerentes de unidades sobre recursos estratégicos interdependentes
devem ser coordenadas, de acordo com uma visão sistêmica (BIANCHI, CARMINE et al., 2015).
SWOT-AHP
Hybrid Method
Mistura duas ferramentas: Strength, weakness, opportunities and threats (SWOT) Analysis and
Analytic Hierarchy Process (AHP) Methodology. Gera valores quantitativos para os fatores SWOT.
Oferece vantagens de ser simples de aplicar e eficiente através da combinação de critérios
qualitativos e quantitativos. Quando usado em combinação com AHP, a abordagem SWOT fornece
uma medida quantitativa de utilidade de cada fator na tomada de decisão (KHATRI, J. K. e B.
METRI, 2016).
Sustainable Value
Methodology
(SVM)
Mistura duas ferramentas: Cleaner Production (Eco-Eficiencia) e Value Management (VM). Foi
desenvolvido para responder à necessidade de uma abordagem que poderia apoiar as empresas na
implementação da Produção mais Limpa, aumentando o valor e, portanto, contribuindo para
melhorar sua competitividade (HENRIQUES, JOÃO e JUSTINA CATARINO, 2015).
Fonte: Autor.
Nota: A tabela apresenta os diferentes temas de pesquisa dos artigos agrupados no subgrupo Gestão, seguido por
sua definição e referência biblográfica. Cada citação é um artigo que pesquisou o tema, podendo ter mais de um
trabalho.
122
No subgrupo Gestão, o estudo sobre Corporate Social Responsability (CSR) destaca-
se com quatro artigos publicados sobre o tema, sendo este o único que teve mais de um
trabalho. Outro fato relevante é uma tendência de criação de técnicas para alcançar o
desenvolvimento sustentável juntando duas ferramentas ja conhecidas como pode ser
observado nos trabalhos sobre SVM, DPM, e SWOT-AHP Hybrid Method.
b) Inovação: Artigos que analisaram o processo de desenvolvimento de produtos e
serviços adaptados ao conceito ecológico. Os temas pesquisados são apresentados na
Tabela 8.
Tabela 8 – Subgrupo Inovação
INOVAÇÃO DEFINIÇÕES
Life Cycle Engineering
Desenvolve todas as fases de construção de um PC
seguindo uma visão de preservação ambiental
(FITZPATRICK, COLIN et al., 2014).
Product Service System
(PSS) Development
É considerado como conjunto de soluções integradas, nas
quais os produtos e serviços são misturados para
satisfazer as necessidades do cliente, muitas vezes de
formas muito inovadoras que exigem uma transformação
profunda na organização, incluindo a propriedade da
oferta e com um claro potencial para sistemas
sustentáveis (HERNÁNDEZ PARDO et al., 2012;
HERNÁNDEZ PARDO et al., 2013).
Responsible Innovations
Refere-se a um produto, serviço ou modelo comercial
novo ou significativamente melhorado, cuja
implementação no mercado resolve ou alivia um
problema ambiental ou social (HALME, MINNA e
MARIA KORPELA, 2014).
Fonte: Autor.
Nota: A tabela apresenta os diferentes temas de pesquisa dos artigos agrupados no subgrupo Inovação, seguido
por sua definição e referência biblográfica. Cada citação é um artigo que pesquisou o tema, podendo ter mais de
um trabalho.
O único trabalho no subgrupo Inovação que teve duas citações sobre o mesmo tema
foi sobre Product Service System. Como os dois artigos são dos mesmos autores, usando a
mesma amostra e a mesma ferramenta de analise, não se pode afirmar que existe um interesse
por diferentes pesquisadores sobre o tema.
Resumidamente, os trabalhos foram divididos por temas estudados da seguinte forma
conforme Table 9
123
Table 9 – Números de Artigos por Subgrupos.
GRUPO SUBGRUPO No DE TRABALHOS
Exógenos Políticas Públicas 6
Exógenos Características das SMEs 17
Endógenos Inovação 4
Endógenos Gestão 14
Fonte: Autor.
5. CONCLUSÕES E LIMITAÇÕES
Diante do consenso mundial da necessidade de preservação ambiental para garantir
uma qualidade de vida para futuras gerações, o desenvolvimento sustentável, em sua
definição ampla, estabeleceu-se como guia para governos, empresas e a sociedade ao
relacionar três fatores: ambiental, social e econômico.
Neste cenário, as pequena e média empresas, por sua importância na economia
mundia, apresentam-se como relevantes agentes no processo de desenvolvimento sustentável
regional. Conhecer as peculiaridades das PME’s permite a elaboraçao de politicas publicas ou
estratégias de mercado para alcançar objetivos comuns do tema.
Entender o que está sendo estudando sobre o desenvolvimento sustentavel nas
pequena e média empresas significa colocar no mesmo escopo dois temas relevantes na
atualidade. Portanto, este trabalho teve como objetivo mapear as pesquisas que estão sendo
realizadas no meio acadêmico, permitindo uma visão ampla das linhas de pensamento
empregadas para este conhecimento.
Algumas caracterísiticas ficaram evidentes na pesquisa. Os centros de pesquisa e as
amostras analisadas concentram-se na Europa, são usadas técnicas de pesquisa survey e
estudo de caso e, normalmente, as empresas estudadas são do setor industrial.
Ainda existem poucas pesquisas sobre desenvolvimento sustentável com pequenas e
médias empresas, mas foi constatado um crescimento nos últimos seis anos, com uma
pluralidade de revistas acadêmicas.
Os trabalhos selecionados apresentaram características que permitiu reuni-los em
Grupos e subgrupos. Os grupos foram nomeados como Exógenos e Endógenos, e os
Subgrupos como Politicas Publicas e Caracteristicas das SME’s, e Inovaçao e Gestão,
respectivamente.
124
O grupo Exógenos tem como princípio básico a visão da PME como um grupo de
empresas que afeta positivamente ou negativamente a região que está localizado, seja esta um
País, um Estado, ou algum local específico.
Dentro deste grupo, o subgrupo definido como “Politicas Publicas” reuniu análises das
diferentes políticas adotadas por governos, e o impacto que estas ações têm nas atividades das
PME’s e no meio ambiental. Por outro lado, os trabalhos definidos no subgrupo
“Caracteristicas das SME’s” estudaram fatores internos e externos que afetavam diretamente
as atividades das empresas para alcançar o desenvolvimento sustentável.
O grupo intitulado Endógenos tem uma visão da PME como unidade, realizando
pesquisas sobre a empresa individualmente. Dois subgrupos fazem parte desta linha de
pesquisa: um, definido como “Inovaçao”, analisou processos de desenvolvimento de produtos
e serviços com foco no desenvolvimento sustentável; o outro, denominado “Gestao”,
pesquisou diferentes formas e ferramentas de gestão dentro das pequenas e médias empresas
com o intuido de redução de custo ou ganho de imagem, usando preceitos do
desenvolvimento sustentável, com o objetivo de conseguir um retorno econômico.
Assim, atendendo ao objetivo do artigo e com propósito de criar um guia prático para
novas pesquisas sobre DS com PME, as diferentes linhas de pensamento foram consolidadas
no fluxo rama apresentado na Figura 12 abaixo:
Figura 12 – Mapa das Pequisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas PMEs Fonte: Autor.
125
O trabalho apresenta algumas limitações decorrente da técnica de pesquisa utilizada.
Por ser uma revisão sistêmica, varios critérios são definidos para criar um ambiente de fácil
reprodução do estudo, acarretando exclusão de alguns trabalhos que poderiam ser importantes
para a discussão do tema.
Entre estes critérios, destacam-se: Procedia, Annais, Capítulo de Livros que foram
excluídos, alguns artigos que não estavam disponíveis, e outros trabalhos que não se
relacionavam com as palavras-chave definidas para a pesquisa nas diferentes bases de dados.
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131
3.5.1 Contribuição do artigo
Este artigo contribui com uma visão acadêmica de onde e o que está sendo estudado
sobre desenvolvimento sustentável na pequena empresa em nível mundial.
Algumas caracterísiticas ficaram evidentes na pesquisa. Os centros de pesquisa e as
amostras analisadas concentram-se na Europa, Austrália e China; praticamente 60% das
pesquisas foram direcionadas para o setor da indústria, e a principal referência utilizada pelos
autores foi a European Commission.
Os trabalhos selecionados foram classificados em grupos e subgrupos conforme as
características identificadas. Os grupos foram nomeados como Exógenos e Endógenos, e os
subgrupos como Políticas Públicas/Características das PME’s, e Inovaçao/Gestão,
respectivamente.
O grupo intitulado Exógenos percebe as PMEs como um conjunto de empresas,
diferente do grupo classificado como Endógenos, que tem uma visão da empresa como uma
unidade e por isso é o foco principal desta tese.
Os artigos pertencentes aos dois subgrupos que fazem parte do grupo Endógenos são
definidos como “Inovaçao”, analisaram processos de desenvolvimento de produtos e/ou
serviços com foco no desenvolvimento sustentável, e o outro, denominado “Gestao”,
pesquisou diferentes formas e ferramentas de gestão dentro das pequenas e médias empresas
com o intuido de redução de custo ou de refletir no mercado uma imagem positiva da
empresa, usando preceitos do desenvolvimento sustentável, com o objetivo de conseguir um
retorno econômico.
Dos 18 artigos identificados no trabalho com foco nas ferramentas aplicadas
diretamente nas PMEs para alcançar o Desenvolvimento Sustentável, 62,5% realizaram as
pesquisas em empresas do setor da Indústria de Transformação, 37,5% no setor de Serviço e,
destas empresas, 30% foram no segmento de TI.
Os autores aplicaram as ferramentas com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e
social em 81% dos artigos, 62,5% das empresas pesquisadas participavam ou tinham o apoio
do governo, de empresas de grande porte ou de outro tipo de organização e, em 100% dos
casos, foram apresentados resultados que demonstraram a eficácia da ferramenta de gestão
utilizada para alcançar um desenvolvimento sustentável.
Apenas o trabalho de Khatri e Metri (2016) fez uma análise das caracterísiticas da
empresa antes de definir qual seria a melhor ferramenta a utilizar com objetivo de alcançar o
desenvolvimento sustentável, e somente os artigos de Hernández-Pardo et al. (2012 e 2013)
focaram no fator econômico como principal objetivo da ferramenta adotada.
132
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fio condutor para qualquer estudo sobre Desenvolvimento Sustentável na Pequena e
Média Empresa é o entendimento da definição apresentada no Relatório Brundtland, e
adotada pela maioria dos trabalhos, que tem como fundamento responder às necessidades
presentes sem afetar negativamente as futuras gerações, ou seja, conseguir um crescimento
econômico sem prejudicar os recursos ambientais e relações sociais em nível mundial
(HENRIQUES; CATARINO, 2015).
Este novo consenso foi rapidamente adotado, em especial, por governos e
organizações de países considerados desenvolvidos, que introduziram políticas sociais e
ambientais como necessárias para criar vantagem competitiva e geração de emprego, isto é,
um desenvolvimento sustentável.
Diante desta preocupação com fatores sociais e ambientais, as empresas são inseridas
no debate como atores de mudança, em especial as de grande porte que, de forma individual,
afetam diretamente um grande número de stakeholders com suas atividades.
O problema está na mudança de paradigma de um sistema de gestão tradicional,
visando o retorno financeiro independentemente do esgotamento dos recursos, para uma
gestão voltada para o desenvolvimento sustentável, na qual o lucro pode ser uma
consequência decorrente do uso racional dos recursos. Para quebra deste paradigma, são
necessárias novas idéias e ferramentas de gestão alternativas (LUEG; RADLACH, 2016).
As grandes empresas conseguiram identificar no problema uma oportunidade de
negócio. Aproveitando suas características, começaram a introduzir em sua gestão e estratégia
de mercado políticas que se enquadravam na definição de desenvolvimento sustentável. Desta
forma, elas conseguiram adequar-se a uma demada da sociedade e seus representantes e, ao
mesmo tempo, conseguiram um retorno financeiro.
Para este fim, foram criadas e introduzidas com sucesso nestas organizações diversas
ferramentas de gestão com objetivo de redução de custo pelo uso eficiente dos recursos, a
venda de produtos verdes e mudanças da relação entre empresa e sociedade. Governos que
fazem parte da União Europeia apoiaram estas ações por meio de políticas públicas ou/e
linhas específicas de crédito, mas indicaram a inevitabilidade de adequação destas
ferramentas, em especial a CSR muito praticada na Europa, para pequenas empresas por
terem um impacto expressivo na economia local.
A dificuldade de introduzir práticas empresariais sustentáveis nas PME’s,
diferentemente do que ocorre com as grandes empresas, reside nos valores e crenças dos seus
133
gestores, falta de conhecimento sobre os benefícios de uma política ambiental e social, falta
de uma comunicação social eficaz, limitação dos recursos financeiro, e objetivos e
planejamentos direcionados ao lucro no curto prazo (HERNANDEZ-PARDO et al., 2012;
HERNANDEZ-PARDO et al., 2013; LEE et al., 2016).
Mas não apenas estas características padrões são desfavoráveis: as diferenças do
mercado que as empresas atuam, o perfil do público consumidor e o setor da indústria que a
empresa está associada também são relevantes para definição da ferramenta mais apropriada a
ser aplicada nas empresas de pequeno porte para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Os estudos sobre o desenvolvimento sustentável das pequenas e médias empresas
estão crescendo nos últimos anos, mas ainda não estão disseminados. Aproximadamente 96%
são realizados por centros de pesquisa da Europa, Ásia, e Oceania, sendo 59% apenas na
Europa. As amostras seguem a mesma tendência com 55,8% das empresas pesquisadas
localizadas na Europa, e 60% no setor da Indústria. Considerando apenas os estudos que
tinham o objetivo de estudar a empresa como uma unidade, 62,5% das empresas foram
classificadas como Indústria de Transformação, 37% do setor de serviço, 81% tinham como
objetivo avaliar o impacto ambiental, e 62% faziam parte ou tinham apoio de governos,
organizações, ou grandes empresas (Artigo capítulo 3.5 desta tese).
A concentração dos estudos sobre o tema na Europa faz com que as novas pesquisas
usem estes trabalhos como referência, e isso pode ocasionar erros de interpretações ao tentar
generalizar o resultado. Isto porque países desenvolvidos e em desenvolvimento, com exceção
da China, têm realidades sociais, culturais, e econômicas antagônicas, portanto, em cada
estudo direcionado a um país tem que ser levado em conta as características locais.
Estas diferenças ficam visíveis quando se comparam alguns índices do Brasil, de
países da União Europeia, e da Austrália. O Brasil é o segundo país com maior número de
pessoas entre 25 e 64 anos com apenas ensino primário, antipenúltimo em relação a pessoas
com, no máximo, ensino médio, último em termos de pessoas com nível superior, e último
colocado em desigualdade de renda e taxa de pobreza (OECD, 2017).
Considerando fatores ligados ao meio ambiente, enquanto a Europa concentra mais de
40% dos certificados ISO 14001 ativos, a América Central/Sul representa apenas 3% (ISO,
2017). No Brasil, os números de cetificados ISO 14001 ativos não passam de 0,043% das
empresas do país e estão numa curva decrescente nos últimos anos (INMETRO, 2017). No
que se refere à coleta de lixo seletiva per capita, o Brasil não aparece na análise
comparativamente a países da União Europeia e Austrália (OECD, 2017).
134
A falta de interesse e de apoio governamental por questões ambientais ficam evidentes
quando se observa a porcentagem de empresas brasileiras que investiram em inovação com o
objetivo em reduzir o impacto ambiental e/ou em aspectos ligados à saúde e à segurança, com
ou sem o apoio do governo. Das empresas ativas, 0,3% investiram, sendo que 90% destas
empresas são enquadradas na Indústria de Transformação, o que representa 8,46% do total
das empresas no país (IBGE, 2017).
A falta de apoio do governo para o desenvolvimento sustentável das PME’s também
pode ser medido pelo custo do crédito para os empreendedores brasileiros. O Brasil tem a
segunda maior taxa de juros adotadas por bancos privados para linhas de crédito (CIA, 2017),
e, comparando o acesso a empréstimos entre homens e mulheres em 23 países da União
Europeia e Austrália, o Brasil fica em 18o e 19
o lugar, respectivamente (OECD, 2017).
Numa visão socioeconômica, o mercado consumidor brasileiro é composto por 69%
da população ativa e 75,8% da média dos domicílios recebem, no máximo, 2 salários
mínimos, sendo que a média da renda mensal da população brasileira é de R$ 1.746 (IBGE,
2017). Do total das empresas, 72,05% são compostas por, no máximo, 4 funcionários, 84,43%
das empresas ativas e 76,71% da mão de obra contratada são do setor de comércio e serviço
(setores que não produzem riqueza), e não considerando os empreendedores individuais
(MEI), a mortalidade média das empresas abertas em 2008 ate 2012 é de 45% nos dois
primeiros anos de atividade (Sebrae DF, 2017).
Estes números dão o tom da dificuldade de implementar políticas de desenvolvimento
sustentável nas PMEs no Brasil. Não se discute a eficácia das ferramentas de gestão utilizadas
em diferentes pesquisas, mas sim a aplicabilidade delas em diferentes realidades empresariais.
Desse modo, antes de aplicar uma nova forma de gestão, tem que ser questionado qual
o custo desta implementação, qual o impacto real no faturamento da empresa na redução de
custo alcançada com uma gestão direcionada ao uso eficiente dos recursos, qual a capacidade
da empresa, individualmente, de divulgar suas ações para conseguir ganhar novos clientes e,
principalmente, qual é o principal fator de decisão de compra do consumidor local, preço ou
qualidade.
4.1 Conclusão
Alcançar o desenvolvimento sustentável é um ideal, sendo necessário quebrar
paradigmas e introduzir mudanças profundas na gestão, ressaltando o bem estar por aplicar
ações politicamente corretas, não tendo o lucro com o principal objetivo. Desta forma, essa é
135
uma mudança que depende essencialmente dos valores e crenças dos principais gestores, mas
também da capacidade de inovar e do apoio de todos os stakeholders.
Práticas empresariais sustentáveis têm como objetivo a redução de custo, a partir do
uso eficiente dos recursos, o ganho de vantagem competitiva pela repercussão positiva das
ações sociais e ambientais praticadas pela empresa junto a sociedade, e/ou o desenvolvimento
de produtos “verdes”, isto é, de produtos que não agridem a natureza.
Conforme os resultados encontrados no artigo do item 3.2 da tese, fatores como meio
ambiente e social são pouco relacionados à questão da sustentabilidade da empresa, isto é,
fatores relacionados ao ideal do desenvolvimento sustentável não são os principais valores e
crenças da amostra pesquisada. A sustentabilidade da empresa para esses gestores
entrevistados é vista como uma questão financeira, seguindo a lógica da gestão tradicional.
Contribuindo para demostrar a dificuldade de implementar uma visão sustentável nas
PME’s no Brasil, o artigo do item 3.3 da tese deixa evidente que os empresários não têm o
governo e as instituições financeiras como parceiros. Outros dois fatores são fundamentais
para a adoção de uma gestão sustentável: apoio do governo e linhas de crédito baratas para
investimento em atividades sustentáveis.
O artigo do item 3.4 da tese traz a pauta um caso de exceção, um nicho de mercado
que corresponde a menos de 1% da população brasileira, de alta renda. Este público tem
algumas características parecidas com a população de países desenvolvidos, destacando-se a
alta renda, o interesse e a capacidade de compra de produtos com valor agregado, e o bom
nível educacional. Diferentemente da realidade da maioria do mercado consumidor do Brasil,
para este público, empresas que praticam ações sustentaveis ou vendem produtos “verdes”
têm apelo comercial.
Sendo assim, relacionando as características do mercado brasileiro apresentadas no
item 3.1 da tese (baixa renda da população, falta de recurso para investir, e necessidade de
retorno no curto prazo), o principal fator que os empresários relacionam com a
sustentabilidade do negócio relatado no artigo do item 3.2 da tese (custo), e o fator capaz de
trazer vantagem competitiva revelado no artigo do item 3.3 da tese (produto), evidencia que
qualquer ação que precise de recurso para ser implementado, ou que aumente o valor final do
produto/serviço, não é viável em empresas com características das entevistadas, isto é, PME’s
do setor de serviço ou comércio.
Considerando que o mercado brasileiro é composto, basicamente, por microempresas
do setor de comércio e serviço, pode-se analisar o quanto as três ações para alcançar o
desenvolvimento sustentável numa organização, apresentado no artigo do item 3.5, impactam
em empresas com estas características:
136
a) Uso eficiente dos recursos (Gestão): redução de custo criando retorno financeiro
em despesas como água, luz, e outras operacionais, tem um impacto financeiro
pequeno nas empresas; custo de capacitação da equipe e de consultoria externa
para se preparar para uma estratégia de uso eficiente dos recursos são ações
inviáveis financeiramente para as empresas;
b) Desenvolvimento e venda de produtos “verdes” (Inovação): as empresas não têm
recurso financeiro para investir em inovação, as linhas de crédito são caras no
Brasil, e o público que pode consumir é pequeno, tendo em vista que a população
brasileira tem o preço como principal fator de compra e, normalmente, produtos
“verdes” sao mais caro que os similares.
c) Imagem positiva (Gestão): ações sociais e ambientais necessitam de uma ampla
divulgação para angariar novos clientes, as empresas não têm recurso para fazer
uma divulgação eficiente, a porcentagem do público consumidor que uma
empresa deste porte alcança é pequena, e fatores sociais e ambientais não fazem
parte da cultura da sociedade, empresas e governo brasileiro.
Portanto, não considerando exceções como as empresas que atuam em mercados
específicos de clientes com alta renda e algumas empresas, principalmente, do setor
industrial, pode-se concluir que, para uma empresa de pequeno porte no Brasil,
individualmente, não é viável adotar políticas de desenvolvimento sustentável.
Pela importância das PME’s na economia brasileira, e pela capacidade de resultado
dos objetivos propostos pelas ferramentas para alcançar a sustentabilidade, ações para o
desenvolvimento sustentável têm que se originar de políticas públicas decorrentes de uma
visão de benefício da sociedade local como um todo.
Uma ação partindo do governo, com benefícios e regras a serem seguidas, tem a
capacidade de forçar uma mudança de paradigma e institucionalizar o Desenvolvimento
Sustentavel nas PME’s. O impacto no meio ambiente e no social ocasionado por uma única
PME é pequeno, mas o pouco, numa escala do número de empresas deste porte, representa
um relevante resultado final.
4.2 Recomendações de Pesquisa
Como este estudo é direcionado para as características do mercado brasileiro, e o
Brasil é uma referência entre os países em desenvolvimento, estes resultados podem servir
137
como base para empresas localizadas em mercados com atributos similares; no entanto, este
trabalho tem limitações por trabalhar com uma amostra não representativa dos setores da
economia e focar apenas em artigos da lingua inglesa, espanhola, e portuguesa, com
limitações de busca, em especial nas palavras-chave utilizadas para a revisão bibliográfica.
Portanto, podem ter sido deixados de fora da pesquisa alguns trabalhos que poderiam trazer
contribuições importantes.
Como sugestão para futuras pesquisas, indica-se desenvolver estudos similares em
diferentes segmentos de empresas do setor de serviço e comércio, criando, assim, um
conhecimento empírico da relação das empresas deste porte e destes setores com o
desenvolvimento sustentável.
138
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144
APÊNDICE 2
* Marque um X na pontuação que você considera mais adequada tendo como extremos: (1) Discorda Fortemente e (7) Concorda Fortemente
Expectativa antes da viagem Desempenho após a viagem
Os funcionários têm que estar bem vestidos Os empresários da empresa são bem vestidos
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa tem que ser de confiança A empresa é de confiança
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa tem que gerar oportunidades de negócio A empresa consegue gerar oportunidades de negócio
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa tem que cumprir as atividades e horários do
programa de viagem prometido
A empresa cumpre as atividades e horários do
programa de viagem prometido
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa tem que informar aos clientes detalhes das
atividades que serão executadas no programa de
viagem
A empresa informa os detalhes das atividades que
serão executadas no programa de viagem
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
O funcionário da emprea tem que estar sempre
disponível em ajudar os clientes
Os funcionários da empresa estão sempre dispostos a
ajudar os clientes
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
O cliente tem que ser capaz de se sentir seguro em
viajar com os funcionários da empresa
Você se sente seguro em viajar com os funcionários da
empresa
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
O funcionário da empresa tem que ser educado Os funcionários da empresa são educados
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
A empresa dará atenção individual aos clientes A empresa deu atenção individual a você
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
Os funcionários darão atenção personalizada aos
clientes
Os funcionários da empresa dão atenção individual aos
clientes
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
Esperava que os funcionários soubessem quais são as
necessidades dos clientes
Os funcionários da empresa sabem das necessidades
dos clientes
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
Nos próximos anos meu uso da empresa será:
Absolutamente
nenhum 1 2 3 4 5 6 7 Muito frequente
A qualidade de serviço da empresa é:
Muito ruim 1 2 3 4 5 6 7 Excelente
Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como:
Muito insatisfeito 1 2 3 4 5 6 7 Bastante satisfeito