universidade paulista o desenvolvimento … · ela segurou as barras mais pesadas para viabilizar...

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UNIVERSIDADE PAULISTA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista UNIP, para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. CLAUDIO LIRA MEIRELLES SÃO PAULO 2017

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UNIVERSIDADE PAULISTA

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS PEQUENAS

E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista – UNIP, para obtenção

do título de Doutor em Engenharia de

Produção.

CLAUDIO LIRA MEIRELLES

SÃO PAULO

2017

UNIVERSIDADE PAULISTA

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS PEQUENAS

E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista – UNIP, para obtenção

do título de Doutor em Engenharia de

Produção.

Orientador: Prof. Dr. Jose Benedito

Sacomano.

Area de Concentraçao: Gestao de Sistemas de

Operação.

Linha de pesquisa: Redes de Empresas e

Planejamento da Produção.

Projeto de Pesquisa: O Planejamento e

Controle da Produção em Redes de Empresas.

CLAUDIO LIRA MEIRELLES

SÃO PAULO

2017

Meirelles, Claudio Lira. Desenvolvimento sustentável na pequena e média empresa brasileira / Claudio Lira Meirelles. - 2017. 144 f. : il. color.

Tese de Doutorado Apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista, São Paulo, 2017.

Área de Concentração: Gestão de Sistemas e Operação.

Orientador: Prof. Dr. José Benedito Sacomano.

1. Desenvolvimento sustentável. 2. Pequenas e médias empresas. 3. Sustentabilidade. I. Sacomano, José Benedito (orientador). II. Título.

CLAUDIO LIRA MEIRELLES

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS PEQUENAS

E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista – UNIP, para obtenção

do título de Doutor em Engenharia de

Produção.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA – Qualificação

________________________/__/___

Prof. Dr. Jose Benedito Sacomano

Universidade Paulista – UNIP

__________________________/__/___

Prof. Dr. João Gilberto Mendes dos Reis

Universidade Paulista – UNIP

__________________________/__/___

Profa. Dra. Marcia Terra da Silva

Universidade Paulista – UNIP

__________________________/__/___

Prof. Dr. João Paulo Lara de Siqueira

Universidade Nove de Julho

__________________________/__/___

Prof. Dr. Osvaldo Elias Farah

Universidade Federal de São Carlos

DEDICATÓRIA

Dedico esta tese ao meu pai, que foi e sempre será meu amigo, um exemplo de vida.

Tenho certeza que ele esta no céu feliz e orgulhoso por mais um desafio conquistado.

Também faço uma dedicação especial a minha cara metade, esposa que eu amo muito,

Juliana. Ela segurou as barras mais pesadas para viabilizar meu sonho, e sem sua presença na

minha vida seria impossível estar cumprindo mais esta etapa.

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiro a Deus que, nos momentos mais difíceis durante o período

do doutorado, me deu calma, inteligência, serenidade e paz no coração para superar os

problemas.

À CAPES/PROSUP, que foi fundamental nesta caminhada acadêmica, pois sem a

bolsa de estudo seria inviável a minha dedicação ao projeto de pesquisa.

Ao meu orientador Sacomano, que me honrou com seu vasto conhecimento. Sem suas

orientações não conseguiria produzir artigos e finalizar minha tese. A qualidade e as

exigências do professor nos trabalhos produzidos serão essenciais para meu crescimento

profissional.

Agradeço a todos os professores do programa que sempre me ajudaram e foram

fundamentais para ampliar minha visão de mundo e acadêmica. Agradeço, em especial, ao

professor Oduvaldo que, com sua serenidade, benevolência, sabedoria e amizade foi

imprescindível para eu chegar ao final deste desafio.

À professora Silvia, que teve a bondade de dividir comigo seu conhecimento sobre

Desenvolvimento Sustentável, colocando-me num novo estágio de entendimento sobre o tema

sobre o qual escrevi minha tese.

Aos professores João Paulo, João, Marcia, e Farah, que fizeram parte da minha banca.

As sugestões dadas na minha qualificação foram essenciais para a evolução do meu trabalho.

Aos meus amigos de doutorado que, mesmo diante de todas as dificuldades, sempre

estiveram juntos de mim e contribuindo para meu aprimoramento.

Um agradecimento muito, muito, muito, muito, muito especial à Marcia. Ela é a

pessoa que me acompanhou, incentivou, acreditou, elogiou quando eu acertei e me chamou a

atenção quando eu errei, foi amiga, conselheira e psicológa desde o meu mestrado até agora:

ela é muito mais que uma funcionária da UNIP, é uma amiga.

E, por fim, quero agradecer a toda minha família, mãe, sogra, cunhado, filhos e

amigos: eles são a base da minha vida.

RESUMO

Como decorrência da crise financeira mundial, das fraudes contábeis e da suspeita de

envolvimento de grandes empresas em problemas ambientais e sociais, governos e sociedade

estão demandando uma mudança de comportamento empresarial. Este cenário exige a

transformação do paradigma de um sistema de gestão tradicional, visando o retorno financeiro

independentemente do esgotamento dos recursos, para uma gestão voltada para o

desenvolvimento sustentável, no qual o lucro pode ser uma consequência decorrente do uso

racional dos recursos. Por um lado, as grandes empresas, aproveitando suas características,

adequaram-se e tiraram proveito financeiro com a adoção de uma estratégia de longo prazo

que integra desenvolvimento econômico, social e ambiental. Por outro, as pequenas e médias

empresas têm dificuldades de adequar políticas de sustentabilidade em suas estratégias

comerciais. Mesmo tendo relevância na econômica global, são poucos os estudos sobre

estratégia de Desenvolvimento Sustentável direcionados para pequenas e médias empresas, e

o formato proposto pela literatura atual não parece adequado para PMEs localizadas em

países em desenvolvimento. Assim, este trabalho tem como objetivo principal identificar a

viabilidade das práticas empresariais sustentáveis nas pequenas e médias empresas brasileiras.

A tese está organizada em formato de artigos e, a partir do objetivo proposto, fez uso de uma

metodologia considerada como sendo de pesquisa explicativa. A partir da análise dos dados

desta pesquisa, pode-se concluir que, desconsiderando exceções, uma empresa de pequeno

porte no Brasil, individualmente, não vai adotar políticas para o desenvolvimento sustentável:

além do baixo impacto social e ambiental que a empresa individualmente produz, o custo de

mudança é inviável financeiramente; ainda, as empresas não têm apoio e qualificação técnica

para inovar, o publico consumidor é direcionado para preço e não qualidade, e os empresários

têm poucas garantias de retorno no curto prazo. As ações para o desenvolvimento sustentável

têm que se originar de políticas públicas decorrente de uma visão de benefício da sociedade

local como um todo. Uma ação partindo do governo, com benefícios e regras a serem

seguidas, tem a capacidade de forçar uma mudança de paradigma e institucionalizar o

Desenvolvimento Sustentável nas PME’s.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável. Sustentabilidade. Pequenas e Médias

Empresas.

ABSTRACT

As a result of the global financial crisis, accounting fraud and the suspicion of involvement of

large companies in environmental and social problems, Governments and Society are

demanding a change of business behavior. This scenario requires the transformation of the

paradigm of a traditional management system, aiming at the independent financial return of

resource depletion, for sustainable development management, where profit can be a

consequence of the rational use of resources. On the one hand, large companies taking

advantage of their characteristics have adapted and benefited by adopting a long-term strategy

that integrates economic, social and environmental development. On the other hand, small

and medium-sized enterprises have difficulties in adapting their sustainability policies to their

business strategies. Even though it has a relevance in the global economy, there are few

studies on Sustainable Development strategies directed at small and medium enterprises, and

the format proposed by the current literature does not seem appropriate for SMEs located in

developing countries. Thus, this work has as main objective to identify the feasibility of the

sustainable business practices in the small and medium Brazilian companies. The Thesis is

organized in articles format and used a methodology, based on the proposed objective,

considered as an Explanatory research. Based on the analysis of the data of this research, one

can conclude that, disregarding exceptions, a small company in Brazil, individually, will not

adopt policies for sustainable development, because in addition to the low social and

environmental impact that the company individually produces, the cost of change is

unfeasible financially, companies do not have the support and technical qualification to

innovate, the consumer public is directed towards price and not quality, and entrepreneurs

have few guarantees of return in the short run. Actions for sustainable development must

originate from public policies stemming from a vision of the benefit of local society as a

whole. An action from the Government, with benefits and rules to be followed, has the

capacity to force a paradigm shift and institutionalize Sustainable Development in SMEs.

Key-words: Sustainable Development. Sustentability. Small and Medium Enterprise.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Banco Mundial ....................... 16

Tabela 2 – Lista de Artigos Publicados .................................................................................... 18

Tabela 3 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Banco Mundial ....................... 20

Tabela 4 – Classificação Porte de Empresa no Brasil – BNDES ............................................. 24

Tabela 5 – Classificação Micro e Pequena Empresa – Lei Complementar .............................. 25

Tabela 6 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Sebrae / IBGE ........................ 25

Tabela 7 – Composição do Setor: Indústria.............................................................................. 26

Tabela 8 – Composição do Setor: Comércio ............................................................................ 27

Tabela 9 – Composição do Setor: Serviço................................................................................ 28

Tabela 10 – Empresas e Outras Organizações, Pessoal Ocupado Total e Assalariado, 2015 .. 29

Tabela 11 – Resultado Consolidado do Número de Empresas Ativas e Empregados, 2015 ... 30

Tabela 12 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas -

Entidades Empresariais (0 – 29), 2015 ..................................................................................... 30

Tabela 13 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas -

Entidades Empresariais (30 ou +), 2015 ................................................................................... 31

Tabela 14 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas -

Entidades Empresariais - por setor (consolidado), 2015 .......................................................... 32

Tabela 15 – Número de Empresas por Número de Empregado - União Europeia e Brasil ..... 33

Tabela 16 – Ranking da Taxa de Juros dos Bancos Comerciais no Mundo, 2016 ................... 34

Tabela 17 – Número de Empresas que Implementaram Inovações de Produtos e/ou Processos,

2014 (Unidades) ....................................................................................................................... 35

Tabela 18 – Número de Empresas que Implementaram Inovações de Produtos e/ou Processos

que Receberam Apoio do Governo, 2014 (Unidades) .............................................................. 36

Tabela 19 – Participação Relativa das Empresas por Porte no Total das Constituições, Ano

(2008 – 2012) ........................................................................................................................... 37

Tabela 20 – Taxa de Mortalidade das Empresas nos Primeiros 2 Anos de Atividades ........... 38

Tabela 21 – 5 Dimensões Chaves do CSR ou Práticas de Gerência Sustentável ..................... 42

Tabela 22 – Ranking Populacão Mundial em 2016 .................................................................. 45

Tabela 23 – Ranking Área Territorial no Mundo em 2016 ...................................................... 46

Tabela 24 – Ranking do Produto Interno Bruto no Mundo em 2016 ....................................... 47

Tabela 25 – Oferta Interna de Energia no Brasil, Ano 2015 em Terajaules............................. 52

Tabela 26 – Participação Regional de Certificação ISO 14001 - em Porcentagem ................. 53

Tabela 27 – Top 10 dos Países com Certificado ISO 14001 – Ano 2015 ................................ 53

Tabela 28 – Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Ocupadas na Semana de Referência, por

Ano de Estudos e Classe de Rendimento em Porcentagem do Total Geral, Ano (2015) ......... 54

Tabela 29 – Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Economicamente Ativas na Semana de

Referência, por Classe de Rendimento, Ano (2015) ................................................................ 55

Tabela 30 – Rendimento Mensal (2015) .................................................................................. 55

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Uso da Área Agrícola no Mundo, em Porcentagem (%) ........................................ 46

Figura 2 – Resíduos Municipais: Total, Kilogramas/per capita (2015) ................................... 52

Gráfico 1 – Empresas por Tamanho de Negócios - 0-9 Empregados, 2014 (Unidades) .......... 32

Gráfico 2 – Iniciando um Negócio - Acesso a Financiamento por Homens e Mulheres, 2013

(Porcentagem) ........................................................................................................................... 33

Gráfico 3 – Histórico dos Certificados ISO14001 - Empresas Nacionais e Estrangeiras,

Dentro e Fora do SBAC - Emitidos Ano Referência ............................................................... 36

Gráfico 4 – Taxa de Mortalidade de Empresas nos Primeiros 2 Anos de Atividades, por Porte,

Ano (2008 – 2012) .................................................................................................................... 37

Gráfico 5 – Taxa de Pobreza - Brasil, União Europeia e Austrália - Ratio, 2013 .................... 48

Gráfico 6 – Desigualdade de Renda – Coeficiente Gini (2013) ............................................... 49

Gráfico 7 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Fundamental - Brasil, União Europeia e

Austrália (2014) ........................................................................................................................ 50

Gráfico 8 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Médio - Brasil, União Europeia e

Austrália (2014) ........................................................................................................................ 50

Gráfico 9 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Superior - Brasil, União Europeia e

Austrália (2014). ....................................................................................................................... 51

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APMS Advances in Production management Systems

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento

CIA Central Intelligence Agency

CSR Corporate Social Responsibility

DS Desenvolvimento Sustentável

EO Entrepreneurial Orientation

EPP Pequenas Empresas

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

GDE Grande Empresa

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFIP International Federation for Information Processing

ISO International Organization for Standardization

MDE Média Empresa

ME Microempresas

MEI Microempreendedores Individuais

MPME Micro, Pequena e Média Empresa

OE Orientação Empreendedora

OECD Organization for Economic Co-Operation and Development

PIB Produto Interno Bruto

PME Pequena e Média Empresa

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Empresas

SME Small and Medium Enterprise

TBL Triple Botton Line

TI Tecnologia da Informação

UE União Europeia

WCED World Commision on Environment and Development

SUMARIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................... 12

1.1 Introdução ..................................................................................................................... 12

1.2 Justificativa ................................................................................................................... 13

1.3 Objetivos ....................................................................................................................... 15

1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 15

1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 15

1.4 Metodologia .................................................................................................................. 15

1.4.1 Desenvolvimento do Trabalho ........................................................................... 16

1.5 Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 19

2.1 Pequenas e Médias Empresas ........................................................................................ 19

2.1.1 Pequenas e Médias Empresas Brasileiras .......................................................... 23

2.2 Desenvolvimento Sustentavél ....................................................................................... 38

3 RESULTADO DE PESQUISA .......................................................................................... 45

3.1 Características da Economia Brasileira ......................................................................... 45

3.2 Conceito de Sustentabilidade pelas Micros, Pequenas e Médias Empresas Brasileiras57

3.2.1 Contribuição do artigo ....................................................................................... 69

3.3 A Pequena e Média Empresa no Brasil: um Estudo Compreensivo da Visão do Gestor

Sobre o Negócio. ........................................................................................................... 70

3.3.1 Contribuição do artigo ....................................................................................... 80

3.4 Gestão da Qualidade no Atendimento em Empresas de Pequeno e Médio Portes ....... 81

3.4.1 Contribuição do artigo ....................................................................................... 95

3.5 Os Caminhos das Pesquisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas Pequenas e

Médias Empresas: uma Revisão Sistemática ................................................................ 96

3.5.1 Contribuição do artigo ..................................................................................... 131

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 132

4.1 Conclusão .................................................................................................................... 134

4.2 Recomendações de Pesquisa ....................................................................................... 136

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 138

APÊNDICE 1 ........................................................................................................................ 143

APÊNDICE 2 ........................................................................................................................ 144

12

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 Introdução

O mundo empresarial, atualmente, está passando por uma tripla crise decorrente de

aspectos financeiro, ecológico e social, obrigando as empresas a apresentarem uma nova

abordagem de governança que permita desenvolver um conjunto de indicadores de

desempenho para medir a sustentabilidade destes três aspectos ao nível da empresa (OZCURE

et al., 2011).

Neste ambiente, o Desenvolvimento Sustentável transformou-se num caminho a ser

percorrido pelas empresas no intuito de reverter o cenário adverso de mercado, mas com

complexas questões presentes e futuras que combinam eficiência, capital próprio e capital das

próximas gerações, com base em fatores econômico, social e ambiental, que são interligados e

complementares (CIEGIS et al., 2009).

A ausência de estudos empíricos sobre o tema nos leva a concluir que a discussão

sobre questões de sustentabilidade enfrenta algumas dificuldades, principalmente porque essa

nova realidade exige uma visão em nível de produto, estratégico e tático (EGELS-ZANDEN;

ROSEN, 2014).

Por um lado, as novas legislações estão dando ênfase a responsabilidade social,

imagem corporativa e conscientização do cliente; por outro, os consumidores estão se

interessando por produtos e serviços decorrentes de práticas economicamente viáveis,

socialmente justas e ambientalmente corretas. Isso está fazendo com que os fabricantes

preocupem-se em produzir produtos que não agridam o meio ambiente e em reciclar os

produtos em fim da vida útil (FACCIO et al., 2014; MUSSON, 2012; SEBRAE, 2012).

Diante dessa realidade, grandes empresas estão promovendo uma transição para

modelos de negócios e relações econômicas embasados no desenvolvimento sustentável, o

que inclui o fator ambiental, econômico e social interligados como premissa para a obtenção

de competitividade no mercado.

Neste contexto, é inadiável a discussão das micros, pequenas e médias empresas sobre

este tema devido à importância que estas organizações têm na geração de emprego,

distribuição de riqueza e capacidade de inovação (SEBRAE, 2012).

A administraçao das PME’s tem suas particularidades, sendo que a maior diferença

entre empresas deste porte e as grandes empresas é que seus projetos tendem a ser vinculados

13

a atividades operacionais do dia a dia, enquanto as grandes empresas têm planejamentos

estratégicos no longo prazo (EZCURDIA; SÁBADA, 2012).

Essa realidade afeta as tomadas de decisões das PME’s, evidenciando uma falha na

construção do diálogo entre o conhecimento tácito e o explícito; em outras palavras, não há

protocolos nos processos produtivos e há expectativa que, na organização interna de uma

PME, os conhecimentos sejam desenvolvidos ao longo de sua existência, processo que, no

curto prazo, pode trazer problemas para a sobrevivência da empresa no mercado em que atua

(GONZÁLES, 2011).

Há ainda diferenças entre as PME’s localizadas em países em desenvolvimento e as

dos países considerados desenvolvidos. Nos principais mercados emergentes, as empresas de

pequeno e médio portes têm aumentado sua produção de maneira proporcional à demanda

doméstica, com tendência à importação, ao planejamento no curto prazo, ao emprego de mão

de obra desqualificada, ao uso de pouca tecnologia e à ausência de apoio governamental e

financeiro. Diferentemente desta realidade, as empresas nos países considerados

desenvolvidos tendem a ser exportadoras, beneficiam-se de mão de obra qualificada, de

estrutura local, de apoio financeiro e governamental e do uso de novas tecnologias e

desenvolvem um planejamento de longo prazo (ALVARADO; GRANADOS, 2013).

Por estas razões, faz-se o seguinte questionamento: como o Desenvolvimento

Sustentável proposto para um horizonte de longo prazo pode ser adaptado para Pequenas e

Médias empresas que possuem um planejamento de curto prazo?

1.2 Justificativa

Este trabalho aborda dois temas relevantes para economia atual: aspectos relacionados

às pequenas e médias empresas e a questão do desenvolvimento sustentável.

Por um lado, a importância de estudar as pequenas e médias empresas ocorre por

serem consideradas os principais atores de desenvolvimento econômico, representando cerca

de 98% das empresas privadas no mundo e a principal fonte de emprego na maioria dos países

(HOOF; LYON, 2013; KLEWITZ; HANSEN, 2014).

Na União Europeia, as PME’s representam 66,7% da mão de obra empregada. Elas

são as principais fontes de trabalho e de empreendedorismo, e são os motores de inovação em

países desenvolvidos da Europa e na China na atual conjuntura. Tal cenário é decorrente da

presença, nestes locais, de um corpo técnico qualificado e de serviços terceirizados por

grandes empresas para projetos de inovação, possibilitando, assim, um crescimento

14

sustentável no local que estão inseridas (HILMOLA et al., 2015; KLEWITZ; HANSEN,

2014).

Em contrapartida, em função da dificuldade de implantar inovação e novas tecnologias

em seus métodos produtivos, empresas deste porte são responsáveis por 30% do total mundial

da poluição produzida e 64% da poluição produzida na União Europeia). Em decorrência da

dificuldade de implantar métodos inovadores ou por não usar tecnologia mais limpa,

destacam-se também como fonte de poluição da natureza, aproximadamente 30% do total

mundial e 64% na União Européia (HOOF; LYON, 2013; KLEWITZ; HANSEN, 2014).

No Brasil, as micros e pequenas empresas sao responsaveis por 98% dos

estabelecimentos em funcionamento, sendo que 88,42% são microempresas, 72,05% têm no

máximo 4 funcionários, correspondendo a 51,6% dos empregos privados nao agricolas

formais no pais e a quase 40% da massa de salarios. Empresas deste porte são fundamentais

para a econômia local, tendo como uma de suas características o uso intensivo de mão de obra

não qualificada, o que representa a maior parte das pessoas ativas no país (SEBRAE, 2012;

ALBINO et al., 2010; IBGE, 2017).

Por outro lado, como resultado da crise financeira mundial, das fraudes contábeis e da

suspeita de envolvimento de grandes empresas em problemas ambientais e sociais, a

sociedade mundial e governos estão demandando mais transparência das empresas,

principalmente as multinacionais (ÖZCÜRE et al., 2011; FACCIO et al., 2014).

O problema exige uma mudança de paradigma de um sistema de gestão tradicional,

visando o retorno financeiro independente do esgotamento dos recursos, para uma gestão

voltada para o desenvolvimento sustentável, na qual o lucro pode ser uma consequência

decorrente do uso racional dos recursos (LUEG; RADLACH, 2016). Assim, nas últimas

décadas, intensificou-se a discussão sobre o Desenvolvimento Sustentável como uma

alternativa ao modelo econômico preponderante conhecido como neoliberal (SILVA et al.,

2012; ÖZCÜRE et al., 2011).

Neste contexto, governos, empresas e organizações estão pautando suas ações no uso

racional dos recursos e das relações com a sociedade, considerando o impacto das suas

atividades nas futuras gerações, ou seja, adotando um modelo ideal de desenvolvimento

sustentável.

Entretanto, a maioria dos estudos sobre desenvolvimento sustentável são direcionados

para analise das grandes empresas, e as poucas pesquisas realizadas sobre DS nas PME’s

estão concentradas nos países desenvolvidos da Europa, China e Austrália. Assim sendo,

15

existe uma lacuna de conhecimento sobre o tema direcionada para empresas de pequeno e

médio portes localizadas em países em desenvolvimento, excetuando-se a China.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo principal deste trabalho é identificar a viabilidade das práticas empresariais

sustentáveis nas pequenas e médias empresas brasileiras.

1.3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos estão associados a questões inerentes ao objetivo principal e

são arrolados nessa investigação como:

1. Descrever as pequenas e médias empresas em relação à Sustentabilidade;

2. Identificar os fatores internos e externos que influenciam o desempenho das

empresas de pequeno e médio portes no Brasil;

3. Discutir a ótica do consumidor de produtos/serviços das PME’s;

4. Mapear as características das pesquisas sobre desenvolvimento sustentável nas

pequenas e médias empresas.

1.4 Metodologia

Neste capítulo é apresentada a metodologia do trabalho, que se justifica a partir das

definições do propósito, da abordagem e do procedimento utilizados para análise do problema

e objetivo da pesquisa.

A tese está organizada em formato de artigos. Nesta modalidade, são realizadas

pesquisas sobre o tema definido e os resultados são submetidos ou aprovados, em forma de

artigos, para revistas e congressos acadêmicos conceituados. Os resultados irão responder aos

objetivos específicos e se somarão para uma conclusão final que atenda ao objetivo principal

proposto.

A decisão de utilizar o modelo de publicações de artigo para esta tese ocorre em

função de esta permitir uma discussão sobre o tema em âmbito acadêmico em diferentes

16

fóruns, externos e internos da Universidade, o que permite uma visão ampla realizada por

diferentes pares, agregando no resultado final do trabalho.

Cada um dos artigos apresentados utilizou uma metodologia de pesquisa de pesquisa,

tal como esclarecido no capítulo 3. Aqui, será discutida a metodologia do trabalho como um

todo.

Por ter como objetivo principal apresentar uma teoria que explique fatores que

influenciam determinado fenômeno ou que mostre como acontece um determinado fato ou

fenômeno, esta tese fez uso dos métodos específicos da pesquisa explicativa. Para coleta de

dados do trabalho, foram utilizados procedimentos bibliográficos nos quais foram

confrontados artigos sobre o tema publicados em revistas acadêmicas e congressos

internacionais, com a intenção de identificar opiniões de uma determinada população, usando,

para este fim, uma metodologia qualitativa (GIL, 2002; MARTINS, 2009; YIN, 2010;

CRESWELL, 2007).

1.4.1 Desenvolvimento do Trabalho

Para o desenvolvimento deste trabalho foram definidos os seguintes critérios:

a) Classificação das Empresas Pesquisadas

A partir dos objetivos propostos para o estudo, as empresas de micro, pequeno e

médio portes foram selecionadas como fonte de pesquisa. Diante desta escolha, fez-se

necessário escolher um critério para enquadrar as empresas tidas como aptas à participação no

trabalho. A classificação do tamanho da empresa adotada pelo Banco Mundial foi o critério

escolhido para o trabalho, já que permite ter um índice aceito internacionalmente.

Considerando o índice que a maioria dos países do mundo adota e como decorrência

da dificuldade e da limitação para conseguir informação dos ativos totais e total de vendas

anuais das empresas, decidiu-se usar apenas o critério referente ao número de funcionários, tal

como adotado pelo Banco Mundial, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Banco Mundial

MICROEMPRESA PEQUENA EMPRESA MÉDIA EMPRESA

No. de Funcionários < 10 10 – 50 50 – 3000

Ativos Totais < USD 100.000 USD 100.000 – 3.000,000 USD 3.000,000 – 15.000,000

Total de Vendas Anuais < USD 100.000 USD 100.000 – 3.000,000 USD 3.000,000 – 15.000,000

Fonte: Adaptado IFC (2012).

17

b) Amostragem

Para os dois artigos publicados no Congresso APMS 2014 (itens 3.2 e 3.3), foram

selecionadas 50 empresas brasileiras de pequeno e médio portes associadas à Câmara de

Dirigentes Lojistas e Associações Comerciais.

As empresas selecionadas para pesquisa sao classificadas como PME’s, representam

diferentes segmentos como o comércio, serviço e indústria, e estão localizadas no Estado do

Ceará, na região Nordeste, e no Estado de Minas Gerais, na região Sudeste do Brasil. As

entrevistas foram realizadas com os sócios-diretores. Por solicitação dos entrevistados, os

nomes das empresas foram preservados.

No terceiro artigo, enviado para o Congresso da APMS 2015 (item 3.4), participaram

da pesquisa 29 empresários que tomaram parte de Missões Internacionais com uma agência

de viagem especializada em turismo de negócio. Este grupo participou de duas Missões

distintas: a primeira Missão, composta por 19 empresários, foi para os Estados Unidos da

América e Panamá, com representantes dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e

Santa Catarina; o segundo grupo, composto por 10 empresários, foi para China e Emirados

Árabes Unidos, com representantes do Distrito Federal.

Para o quarto artigo, foi realizado um trabalho teórico que utilizou algumas bases de

dados para o levantamento bibliográfico. Com o proposito de cobrir o maior número de

trabalhos científicos, foram definidas algumas bases de dados eletrônicas conhecidas como

Base de Pesquisa: Elsevier (<http://www.sciencedirect.com>); Wiley Online Library

(<http://onlinelibrary.wiley.com>), e Base Referencial: EBSCO

(<https://www.ebscohost.com>), Web of Science (<http://apps-webofknowledge.com>), e

Scopus (<https://www.scopus.com>). No presente estudo, duas palavras-chave foram

utilizadas: a “Pequena e Média Empresa”, como dependente, e o “Desenvolvimento

Sustentavel”, como independente.

c) Coleta de Dados

Para os artigos 1, 2, e 3 foram adotados questionários estruturados, com perguntas

fechadas, a partir de bibliografias sobre os temas definidos para os estudos. Conforme Martins

(2009), o questionário é um tipo de ferramenta eficaz para coleta de informações não

estruturadas.

O questionário usado para levantar os dados que foram analisados nos artigos

publicados no APMS 2014 (itens 3.2 e 3.3) consta no Apêndice 1, e o questionário

18

desenvolvido para a pesquisa do terceiro artigo enviado para a APMS 2015 (item 3.4) está

apresentado no Apêndice 2.

1.5 Estrutura do Trabalho

Este trabalho foi dividido em quatro capítulos. Neste primeiro são apresentados a

introdução, a justificativa, os objetivos e a metodologia do trabalho. No segundo capítulo é

discutida a fundamentação teórica, contendo os conceitos que servem de base para o

desenvolvimento da tese, tais como desenvolvimento sustentável, práticas gerenciais de

sustentabilidade e características das pequenas e médias empresas. O terceiro capítulo, com o

titulo Resultado de Pesquisa, é subdividido em cinco itens: o primeiro refere-se à

caracterização do mercado brasileiro; no segundo ao quinto item são apresentados os quatro

artigos cientificos elaborados durante o periodo letivo do Programa de Pos-Graduaçao em

Engenharia de Produçao, Universidade Paulista (Tabela 2).

Tabela 2 – Lista de Artigos Publicados

Item Título Periódico Situação

3.2 Conceito de Sustentabilidade pelas Micro, Pequenas e

Médias Empresas Brasileiras APMS / IFIP Publicado

3.3 A Pequena e Média Empresa no Brasil: um Estudo

Compreensivo da Visão do Gestor sobre o Negócio APMS / IFIP Publicado

3.4 Gestão da Qualidade no Atendimento em Empresas de

Pequeno e Médio Portes APMS / IFIP Publicado

3.5

Os Caminhos das Pesquisas sobre Desenvolvimento

Sustentável nas Pequenas e Médias Empresas: uma

Revisão Sistemática Journal of Cleaner Producion

Em

Submissão

Fonte: Autor.

O último capítulo apresenta as considerações finais, a conclusão e as sugestões para

futuras pesquisas sobre o tema.

19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Pequenas e Médias Empresas

A importância de estudar as pequenas e médias empresas reside no fato de serem

consideradas o principal agente de desenvolvimento econômico, representando cerca de 98%

das empresas privadas no mundo. Entretanto, a dificuldade de implantar métodos inovadores

e por não usarem novas tecnologias que reduzem o impacto ao meio ambiente, destacam-se

também como fonte de poluição da natureza, sendo responsáveis por aproximadamente 30%

do total mundial e 64% na União Europeia (HOOF; LYON, 2013; KLEWITZ; HANSEN,

2014).

As PME’s são os motores de inovação em economias europeias desenvolvidas e na

China na atual conjuntura, em decorrência de um corpo técnico qualificado e por terem seus

serviços terceirizados por grandes empresas para projetos de inovação, possibilitando um

crescimento sustentável no local que estão inseridas (HILMOLA et al., 2015; KLEWITZ;

HANSEN, 2014).

Na União Europeia, as PME’s sao as principais fontes de emprego,

empreendedorismo, riqueza, crescimento econômico e inovação tecnológica. São

representados por mais de 20 milhões de empresas, o que significa 99% das empresas ativas e

66,7% dos empregos (STEWART; GAPP, 2014; HOOF; LYON, 2013; SADABA et al.,

2014; HILMOLA et al., 2015).

Também na Austrália, país com características de mercado e cultura similares à

Europa, 99% das empresas privadas são classificadas como PME, havendo menos de 1% das

organizações com mais de 200 funcionários (STEWART; GAPP, 2014).

Em países de economias emergentes, como Tanzânia, África do Sul, China e Brasil, as

PME’s formam o maior grupo de empresas do setor privado, correspondendo a mais de 90%

das atividades empresariais. Na América Latina e Caribe, as PMEs seguem a mesma média

em empresas formais, empregando mais de 75% da população ativa local. Na Colômbia,

pequenas e médias empresas são consideradas os atores chaves para o crescimento da

economia nacional, representando 40% do Produto Interno Bruto - PIB (MORALES, 2010;

ROUX; BENGESI, 2014).

Não existe um consenso mundial para definir pequenas empresas. Diferentes países,

governos, bancos e instituições públicas e privadas têm diferentes critérios, mas alguns

índices são tradicionalmente usados, tais como número de empregados, capital investido,

quantidade total de ativos, volume de vendas e capacidade de produção (LIU et al., 2013).

20

A maioria dos países define uma PME a partir do número de funcionários, que fica

entre 100 a 500 empregados (KLEWITZ; HANSEN, 2014). A União Europeia segue esta

definição, considerando PME o estabelecimento que tem menos de 250 trabalhadores

(HILMERSSON, 2014). Na Austrália, empresas são consideradas de pequeno e médio portes

caso tenham entre 5 a 200 funcionários (STEWART; GAPP, 2014). Alguns bancos adotam

mais de uma definição, como é o caso do Banco Mundial, que inclui três índices em sua

definição, conforme apresentado na Tabela 3:

Tabela 3 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Banco Mundial

MICROEMPRESA PEQUENA EMPRESA MÉDIA EMPRESA

No. de funcionários < 10 10 - 50 50 - 3000

Ativos Totais < USD 100.000 USD 100.000 – 3.000,000 USD 3.000,000 – 15.000,000

Total de Vendas Anuais < USD 100.000 USD 100.000 – 3.000,000 USD 3.000,000 – 15.000,000

Fonte: Adaptado IFC (2012).

De forma geral, as PME’s apresentam vantagens e desvantagens. Como vantagem,

destacam-se o estilo empreendedor, com estrutura enxuta, e a administração feita diretamente

pelos seus proprietários e/ou gerentes. Estas características provocam um ambiente mais

propício a inovações em comparação às grandes empresas. Como desvantagens, pode-se

pontuar a falta de planejamento formal, a limitação de recurso e a dificuldade de atrair

financiamento (KLEWITZ; HANSEN, 2014).

A administraçao das PME’s tem suas particularidades, sendo que a maior diferença

entre empresas deste porte e as grandes empresas é que seus projetos tendem a ser vinculados

a atividades operacionais do dia a dia, enquanto as grandes empresas têm planejamentos

estratégicos no longo prazo (EZCURDIA; SÁBADA, 2012).

Em países desenvolvidos, as PME’s estao mudando suas características produtivas,

deixando de serem os maiores produtores de matérias-primas, componentes ou itens semi-

acabados, para desenvolver novas ideias, novos produtos e participar do mercado

internacional (exportação e importação). O desafio nesta nova realidade é conseguir preço,

qualidade e aumento de flexibilidade na entrega mas, para isso, e principalmente com o apoio

dos governos locais, as empresas estão adquirindo um avançado sistema de TI, recursos e

capacidade de financiamento (HILMOLA et al., 2015).

Os instrumentos de política pública que os governos podem desenvolver para

viabilizar o desenvolvimento das empresas de pequeno e médio portes no contexto

macroeconômico são: fornecer infra-estrutura, adotar legislação favorável (baixa burocracia),

prover educação adequada, apoiar mercados de trabalho flexíveis, pesquisa e

21

desenvolvimento, etc.; no contexto microeconômico, os governos locais podem contribuir por

meio do apoio direto aos empresários ou às empresas individuais, com o fornecimento de

informações e conselhos ou o acesso ao financiamento (LUNDSTRÖM et al., 2014).

Em países considerados emergentes, as PME’s têm pouco apoio dos governos, mesmo

influenciando positivamente o nível de renda geral do país, estimulando o crescimento do

Produto Interno Bruto (PIB) e configurando-se como uma importante fonte de emprego,

especialmente para mão de obra não qualificada que representa a maioria dos trabalhadores

desempregados (MORALES, 2010).

Devido à dificuldade estrutural e à falta de apoio governamental, os países em

desenvolvimento são caracterizados por um fenômeno conhecido na literatura como "meio

perdido", isto é, eles têm muitas micros e pequenas empresas, mas poucas médias, e

dificilmente estas empresas de pequeno porte conseguem crescer e/ou criar um

relacionamento comercial com as grandes empresas. Este é o hiato entre as empresas deste

porte em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento (MILAGROSA et al., 2015).

Os mesmos autores destacam que este fenômeno constitui um problema para os países

emergentes, já que as empresas de médio porte criam produtos de maior qualidade e

empregos com salários mais elevados. Empresas deste porte, normalmente caracterizadas por

empresas de manufatura, tendem a ser os principais motores da inovação e diversificação

econômica e são as empresas que podem se tornar capazes, ao longo do tempo, de exportar

seus produtos.

Para agravar a situaçao, as empresas PME’s em paises emergentes, e que têm seu

mercado aberto, sofrem a concorrência direta de empresas de países desenvolvidos e/ou

outros países pares que usufruem de algum tipo de vantagem competitiva. Para superar estas

dificuldades, e aproveitando a principal característica da PME, o empreendedorismo, os

empresários podem ter como referência nas suas decisões a Entrepreneurial Orientation

(EO).

Entrepreneurial Orientation, ou Orientação Empreendedora (OE), é definida como o

conjunto de métodos, práticas e decisões de mercado utilizadas por gerentes ou donos de

empresas na tomada de decisão em ações empreendedoras. Esta OE pode variar de acordo

com o tipo de empresa (comércio, serviço e/ou indústria) e o contexto do ambiente

socioeconômico, político e cultural em que está inserida. Três dimensões da OE são

identificadas: inovação, disposição para assumir risco e proatividade. O modelo de OE mais

popular incluiu mais duas dimensões: autonomia e competitividade agressiva (ROUX;

BENGESI, 2014).

22

Os mesmos autores argumentam que os fatores proatividade, disposição para assumir

risco e competitividade agressiva criam vantagens competitiva para PME’s de paises

emergentes, e justificam o argumento explicando que uma postura “proativa” faz com que o

empresário aproveite as oportunidades frente aos concorrentes. Destacam também que esta

postura “proativa” leva o empresário à habilidade de “assumir riscos”, e o “comportamente

agressivo” faz-se necessário para aproveitar oportunidades num mercado aberto no qual

qualquer empresa do país, ou de fora, tem livre acesso e consegue se mover rapidamente.

Os três fatores são definidos pelos autores como:

a) Proatividade: ser o primeiro a oferecer um produto ou serviço ao cliente;

b) Disposição para assumir riscos: pode estar associado à instabilidade política, à

falta de políticas de suporte às empresas, ao ambiente regulatório e às informações

assimétricas;

c) Comportamento agressivo: desenvolvimento de produtos inovadores, sistemas de

apoio ao cliente e um processo de produção altamente adaptável a fim de ganhar o

mercado.

Esses três fatores estão estreitamente ligados ao termo inovação no seu significado

mais amplo, isto é, qualquer mudança estratégica de uma empresa que é nova para o mercado

é relevante.

As empresas podem crescer por muitas razões; por exemplo, elas podem se beneficiar

da crescente demanda por seus produtos (expansão de mercado) ou dificuldade dos

concorrentes, mas raramente elas exercem alguma influência sobre esses fatores. Por outro

lado, a estratégia que os empresários podem controlar está ligada à inovação, como lançar um

produto novo (inovação de produtos), melhorar o processo de produção (inovação de

processo) ou mudar para um novo setor (inovação sectorial) (MILAGROSA et al., 2015).

O conceito Orientação Empreendedora define as ações de um empresário

empreendedor para conseguir vantagem competitiva no mercado em que atua, mas não

responde quais seriam as características empreendedoras para a modernização das empresas.

O Onion Model, ou Modelo Cebola, mostrou-se eficiente para explicar estas características

em PME’s de países emergentes, tal como estudado no trabalho de Milagrosa et al. (2015),

que testou o modelo em empresas do Egito, Índia e Filipinas.

Estas características enquadram-se em quatro grandes categorias: características do

empreendedor, características das empresas, redes (pessoais e profissionais) e o seu ambiente

de negócio.

23

a) Entrepreneus characteristics, ou Características do Empreendedor: capital

humano (incluindo a experiência profissional e formação), idade do empresário,

gênero, capacidade de motivação e habilidade de assumir riscos;

b) Enterprise characteristics, ou Características da empresa: idade da empresa, o

tamanho, o setor, a localização, a informalidade, e a capacidade de absorção na

modernização da empresa.

c) Professional and Personal network, ou Redes profissional e pessoal: refere-se ao

trabalho em rede entre empresas e pessoas que desempenham um papel

importante no processo de criação e crescimento da empresa.

d) Business environment, ou Ambiente de negócio: um ambiente de negócios sem

burocracia e com políticas públicas que facilitam o empreendedorismo, é o

principal determinante para o crescimento de uma PME’s em um país.

Entender estas características facilita o empresário na avaliação dos pontos fortes e

fracos a serem melhorados na empresa, aumentando sua capacidade competitiva no mercado e

viabilizando um desenvolvimento sustentável do seu negócio. Estas características podem ter

impactos diferentes no resultado da empresa em função do tipo de setor e mercado que esteja

inserido.

Mesmo com todas as dificuldades, as PME’s contribuem diretamente para a

estabilidade social, geração de receita fiscal e, muitas vezes, têm interesse no

desenvolvimento da comunidade local, que retribui contribuindo para a melhora do

desempenho da empresa. Diferente das grandes corporações, essas empresas tendem a gerar

um maior grau de parentesco, dependência e familiaridade com suas comunidades, uma

situação que leva a pequena e média empresa a ter muitas vezes práticas concretas de apoio da

comunidade, o que, por sua vez, resulta em uma responsabilidade social visível (MORALES,

2010; GOMES et al., 2014).

2.1.1 Pequenas e Médias Empresas Brasileiras

No Brasil, as micros e pequenas empresas sao responsaveis por 98% dos

estabelecimentos em funcionamento, 51,6% dos empregos privados nao agricolas formais no

pais e quase 40% da massa de salarios. Empresas deste porte sao fundamentais para a

economia local, tendo como uma de suas características o uso intensivo de mão de obra não

qualificada, o que representa a maior parte das pessoas ativas no país, o emprego de baixa

24

tecnologia na sua linha de produção, a falta de design próprio e dificuldades para abertura de

novos mercados (SEBRAE, 2012; ALBINO et al., 2010).

As empresas são agrupadas em cinco categorias: microempreendedores individuais -

MEI, microempresas - ME, pequenas empresas - EPP, médias empresas e grandes empresas.

A MEI não segue as mesmas regras que as outras categorias, de acordo com a política do

governo brasileiro definida pela Lei Complementar no. 128, promulgada em 2008. Esta lei

estabeleceu diretrizes para formalizar profissionais individuais, diminuiu a burocracia,

permitindo que o profissional abrisse seu cadastro pela internet, determinou que a empresa

tivesse, no máximo, um funcionário ganhando um salario mínimo ou o teto salarial de uma

categoria, concedeu diversas isenções tributárias, e estabeleceu um faturamento máximo de

R$ 60 mil ano (SEBRAE DF, 2016).

Existem duas classificações para a PME no Brasil. A primeira considera a receita

bruta anual como índice de análise e a segunda assume a quantidade de funcionários na

empresa como critério (SEBRAE, 2016).

A classificação por receita bruta anual é utilizada pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento – BNDES, outros bancos públicos e privados, e pelo Governo Federal. Para

definir este tipo de classificação, estas instituições são amparadas, respectivamente, pelas

circulares no. 11 de 2010 e no. 34 de 2011, e pela lei complementar no. 139, de 10 de

novembro de 2011. A segunda é adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Empresas - SEBRAE, (BRASIL, 2011; SEBRAE,

2016; BNDES, 2012).

A Receita Operacional Bruta anual é a receita auferida no ano-calendário composto

pelos seguintes elementos: o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta

própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não

incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos (BNDES, 2012).

A Tabela 4 apresenta a classificaçao das PME’s adotada pelo BNDS:

Tabela 4 – Classificação Porte de Empresa no Brasil – BNDES

TIPO DE EMPRESA DEFINIÇÃO

Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões

Pequena Empresa Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões

Média Empresa Maior que R$ 16 milhões e menos ou igual a R$ 90 milhões

Média / Grande Empresa Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões

Grande Empresa Maior que R$ 300 milhões

Fonte: Adaptado BNDES (2012).

25

Na Tabela 5 é apresentada a classificaçao das PME’s adotada pelo governo brasileiro,

enquadrada na Lei Complementar no. 139 e que tem como índice a Renda Bruta:

Tabela 5 – Classificação Micro e Pequena Empresa – Lei Complementar

TIPO VALOR MÁXIMO

Microempreendedor individual – EI – Lei 123/06 Até R$ 65.000,00

Microempresa – ME – Lei 123/06 Até R$ 360.000,00

Empresa de Pequeno Porte – EPP – Lei 123/06 De R$ 360.000,00 até R$ 3.6000.000,00

Fonte: Lei complementar n. 139 (BRASIL, 2011).

O Sebrae e o IBGE utilizam o critério de número de empregados como critério de

classificação do porte das empresas. Esta classificação é o parâmetro para as ações e

atividades realizadas por estas instituições. Este critério é apresentado na Tabela 6 abaixo:

Tabela 6 – Classificação Micro, Pequena e Média Empresa – Sebrae / IBGE

INDÚSTRIA

Microempresa Com até 19 empregados

Pequena Empresa De 20 a 99 empregados

Média Empresa De 100 a 499 empregados

Grande Empresa Mais de 500 empregados

COMÉRCIO E SERVIÇO

Microempresa Até 9 empregados

Pequena Empresa De 10 a 49 empregados

Média Empresa De 50 a 99 empregados

Grande Empresa Mais de 100 empregados

Fonte: Adaptado SEBRAE (2016).

O IBGE (2017) agrupa as empresas brasileiras em sete setores: 1. Agricultura,

Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Agricultura; 2. Indústria; 3. Eletricidade e Gás; 4. Água,

Esgoto, Atividade de Gestão de Resíduo e Descontaminação; 5. Construção, 6. Comércio, e 7.

Serviço. Os setores da Indústria, Comércio, e Serviço têm subdivisões conforme Tabelas 7, 8

e 8 abaixo:

26

Tabela 7 – Composição do Setor: Indústria

1. INDÚSTRIA EXTRATIVISTA 2. INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

Extração de Carvão Mineral Fabricação de Produtos Alimentícios

Extração de Petróleo e Gás Natural Fabricação de Bebidas

Extração de Minerais Metálicos Fabricação de Produtos de Fumo

Extração de Minerais Não-Metálicos Fabricação de Produtos Texteis

Atividades de Apoio a Extração de

Minerais Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios

Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de

Couro, Artigos para viagem e Calçados

Fabricação de Produtos de Madeira

Fabricação de Celulose, Papel, e Produtos de Papel

Impressão e Reprodução de Gravações

Fabricação de Coque, de Produtos Derivados do

Petróleo e de Biocombustível

Fabricação de Produtos Químicos

Fabricação de Produtos Farmoquímicos e

Farmacêuticos

Fabricação de Produtos de Borracha e de Material

Plástico

Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos

Metalurgia

Fabricação de Produtos de Metal, Exceto Máquinas

e Equipamentos

Fabricação de Equipamentos de informática,

Produtos Eletrônicos e Óticos

Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais

Elétricos

Fabricação de Máquinas e Equipamentos

Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e

Carrocerias

Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte.

Exceto Veículos Automotores

Fabricação de Móveis

Fabricação de Produtos Diversos

Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas

e Equipamentos

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

27

Tabela 8 – Composição do Setor: Comércio

1. COMÉRCIO VAREJISTAS

1.1 Comércio não Especializado 1.1.1 Hipermercados

1.1.2 Outros Tipos de Comércio não Especializados

com Predominância de Produtos Alimentícios

1.1.3 Comércio não Especializado sem Predominância

de Produtos Alimentícios

1.2 Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo

1.3 Tecidos, Artigos de Armarinho, Vestuário e

Calçados 1.3.1 Tecidos e Artigos de Armarinho

1.3.2 Artigos do Vestuário e Complementos

1.3.3 Calçados, Artigos e Couro e Viagem

1.4 Combustíveis e Lubrificantes

1.5 Comércio de Outros Produtos em Lojas

Especializadas

1.5.1 Produtos farmacéuticos, Perfumaria e

Cosmédicos e Artigos Médicos, Óticos e Ortopédicos

1.5.2 Eletrodomesticos, Equipamentos de Áudio e

Video, Instrumentos Musicais e acessórios

1.5.3 Móveis, Artigos de iluminação, Peças e

Acessórios e Outros Artigos de Uso Doméstico

1.5.4 Material de Construção

1.5.5 Equipamentos de Informática e Comunicação

1.5.6 Artigos Culturais, Recreativos e Esportivos

1.5.7 Gás Liquefeito de Petróleo

1.5.8 Outros Produtos Novos

1.6 Comércio de Artigos Usados

2. COMÉRCIO POR ATACADO

2.1 Representantes e Agentes do Comércio (Exceto de

Veículos e Motocicletas)

2.2 Comércio de Materias-Primas Agrícolas e Animais

Vivos

2.3 Comércio Especializado em Produtos

Alimentícios, Bebidas e Fumo

2.4 Comércio de Equipamentos e Artigos de Uso

Pessoal e Doméstico

2.4.1 Tecidos, Artefatos de Tecidos e de Armarinho,

Vestuário, Calçados e Artigos de Viagem

2.4.2 Produtos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos,

Odontológicos e Veterinário

2.4.3 Artigos de Escritório e de Papelaria, Papel,

Papelão e seus Artefatos: Livros, Jornais e outras

publicações

2.4.4 Outros Equipamentos e Artigos de Uso Pessoal e

Doméstico

2.5 Comércio de Produtos Intermediários, Resíduos e

Sucatas 2.5.1 Combustíveis e Lubrificantes

2.5.2 Madeira, Ferragens, Ferramentas, Material

Elétrico e Material de Construção

2.5.3 Produtos Químicos, Adubos e Fertilizantes

2.5.4 Produtos Siderúrgicos e Metalúrgicos

2.5.5 Papel e Papelão em Bruto e de Embalagens

2.5.6 Resíduos, Sucatas e Outros Produtos

2.6 Comércio de Equipamentos e Produtos de

Tecnologia de Informação e Comunicação

2.7 Comércio de Máquinas, Aparelhos e Equipamentos

(Exceto de Tecnologia de Informação e Comunicação)

2.8 Comércio não Especializado

3. COMÉRCIO DE VEÍCULOS, PEÇAS E MOTOCICLETAS

3.1 Veículos Automotores

3.2 Peças para Veículos

3.3 Motocicletas, Peças e Acessórios

Fonte: Adaptado IBGE.

28

Tabela 9 – Composição do Setor: Serviço

1. SERVIÇOS PRESTADOS AS FAMÍLIAS

1.1 Serviços de Alojamento

1.2 Serviços de Alimentação

1.3 Atividades Culturais, Recreativas e Esportivas

1.4 Serviços Pessoais

1.5 Atividades de Ensino Continuado

2. SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

2.1 Telecomunicações

2.2 Tecnologia da informação

2.3 Serviços Audiovisuais

2.4 Edição e Edição Integrada à Impressão

2.5 Agências de Notícias e Outras Atividades de Serviços de Informação

3. SERVIÇOS PROFISSIONAIS, ADMINISTRATIVOS E COMPLEMENTARES

3.1 Serviços Técnico-Profissionais

3.2 Alugueis não imobiliários e Gestão de Ativos Intangíveis não Financeiros

3.3 Seleção, Agenciamento e Locação de Mão de obra

3.4 Agências de Viagem, Operadores Turísticos e Outros Serviços de Turismo

3.5 Serviços de Investigação, Vigilância, Segurança e Transporte de Valores

3.6 Serviços para Edifícios e Atividades Paisagísticas

3.7 Serviços de Escritório e Apoio Administrativos

3.8 Outros Serviços Prestados Principalmente a Empresas

4. TRANSPORTES, SERVIÇOS AUXILIARES AOS TRANSPORTE E CORREIO

4.1 Transporte Ferroviário, Metroviário, Rodoviário de Passageiro, Rodoviário de Carga, Dutoviário,

Aquaviário e Aéreo

4.2 Armazenagem e Atividades Auxiliares aos Transporte

4.3 Correio e Outras Atividades de Entrega

5. ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS

5.1 Compra, Venda e Aluguel de Imóveis Próprios

5.2 Intermediação na Compra, Venda e Aluguel de Imovéis

6. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO

6.1 Manutenção e Reparação de Veículos

6.2 Manutenção e Reparação de Equipamentos de Informática e Comunicação

6.3 Manutenção e Reparação de Objetos Pessoais e Domésticos

7. OUTRAS ATIVIDADES DE SERVIÇO

7.1 Serviços Auxiliares da Agricultura, Pecuária e Produção Florestal

7.2 Serviços Auxiliares Financeiros, dos Seguros e da Previdência Complementar

7.3 Esgoto, Coleta, Tratamento e Disposição de Resíduos e Recuperação de Materiais

Fonte: Adaptado IBGE.

Entre todos os setores da economia brasileira, destacam-se com o maior número de

empresas o Comércio Varejista, representando 29,05% (1.486.026) das empresas ativas,

seguido pela Indústria de Transformação, com 8,25% (422.055), e Atividades Administrativas

e Serviços Complementares do setor de serviço, correspondendo a 8,01% (460.850) do

mercado. Quando se verifica o número de mão de obra empregada, o Comércio Varejista e a

29

Indústria de Transformação têm números bem similares, 15,90% (8.511.754) e 15,44%

(8.266.217) respectivamente, sendo seguidos pelo Setor Administração Pública, Defesa e

Seguridade Social, com 14,53% (7.779.399).

Este resultado destaca o peso do Estado na economia brasileira, tendo em vista que o

Setor Público representa apenas 0,36% das empresas ativas. Os números individuais de cada

setor estão apresentados na Tabela 10 abaixo:

Tabela 10 – Empresas e Outras Organizações, Pessoal Ocupado Total e Assalariado, 2015

SETORES

No. de

Unidades

(unidades)

No. de

Unidades

(%)

Pessoal

Ocupado

(Pessoas)

Pessoal

Ocupado

(%)

Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e

Aquicultura 102.448 2,00 581.557 1,09

Indústria Extrativista 10.484 0,20 229.042 0,43

Indústria de Transformação 422.055 8,25 8.266.217 15,44

Eletricidade e Gás 2.555 0,05 125.107 0,23

Água, Esgoto, Atividade de Gestão de Resíduo e

Descontaminação 11.085 0,22 393.884 0,74

Construção 247.426 4,84 2.865.167 5,35

Comércio e Reparação de Veículos Automotores e

Motociclista 254.885 4,98 1.306.141 2,44

Comércio por Atacado, Exceto Veículos

Automotores e Motocicletas 264.458 5,17 1.990.509 3,72

Comércio Varejista 1.486.026 29,05 8.511.754 15,90

Transporte, Armazenagem e Correio 235.751 4,61 2.756.851 5.15

Alojamento e Alimentação 317.122 6,20 2.325.916 4,34

Informação e Comunicação 138.985 2,72 1.124.390 2,10

Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços

Relacionados 81.589 1,60 1.114.739 2,08

Atividades Imobiliárias 79.237 1,55 285.772 0,53

Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas 274.809 5,37 1.393.474 2,60

Atividades Administrativas e Serviços

Complementares 460.850 8,01 4.889.967 9,13

Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 18.290 0,36 7.779.399 14,53

Educação 168.039 3,29 3.180.215 5,94

Saúde Humana e Serviços Sociais 174.453 3,41 2.705.846 5,05

Artes, Cultura, Esporte e Recreação 67.625 1,32 345.306 0,64

Outras Atividades de Serviço 296.537 5,80 1.367.903 2,55

Serviço Doméstico - - - -

Organismos internacionais e Outras Instituições

extraterritoriais 274 0,01 2.539 0

TOTAL 5.114.983 100 53.541.695 100

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

De forma geral, entre os sete setores da economia brasileira, os setores da Indústria,

Comércio e Serviço destacam-se e, juntos, representam 92,89% das empreas ativas e 92,57%

das pessoas ativas empregadas no Brasil, como pode ser visto na Tabela 11.

30

Tabela 11 – Resultado Consolidado do Número de Empresas Ativas e Empregados, 2015

No. total de empresas (%) No. total de empregados (%)

INDÚSTRIA 8.46 15.87

COMÉRCIO 39.21 22.06

SERVIÇO 45.22 54.64

Fonte: Autor.

Detalhando estes resultados e explorando o número de pessoas empregadas, ou seja, o

tamanho da empresa conforme critérios do IBGE e Sebrae, 98,39% das empresas ativas são

consideradas pequenas empresas. Ainda, 88,42% são microempresas, e 72,05% têm, no

máximo, 4 funcionários. Estas constatações podem ser observadas em detalhes nas tabelas 12,

13 e 14.

Tabela 12 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas - Entidades

Empresariais (0 – 29), 2015

SETORES 0-4 5-9 10-19 20-29

Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e

Aquicultura 89.548 6.045 3.642 1.080

Indústria Extrativista 6.262 1.680 1.171 482

Indústria de Transformação 232.384 81.422 54.938 19.846

Eletricidade e Gás 1.661 287 234 90

Água, Esgoto, Atividade de Gestão de Resíduo e

Descontaminação 6.844 1.758 1.128 357

Construção 170.174 35.643 20.596 7.372

Comércio e Reparação de Veículos Automotores e

Motociclista 189.051 43.569 15.469 2.860

Comércio por Atacado, Exceto Veículos Automotores e

Motocicletas 202.031 31.319 17.279 5.003

Comércio Varejista 1.071.781 261.054 111.891 21.484

Transporte, Armazenagem e Correio 175.530 30.622 15.269 4.596

Alojamento e Alimentação 193.905 65.868 38.122 9.797

Informação e Comunicação 113.764 12.483 7.143 2.037

Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços

Relacionados 68.175 7.507 2.904 735

Atividades Imobiliárias 66.315 8.835 2.745 571

Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas 220.299 32.224 14.175 3.460

Atividades Administrativas e Serviços Complementares 329.013 78.300 32.764 6.617

Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 5.393 2.012 1.282 586

Educação 116.778 19.718 15.303 5.719

Saúde Humana e Serviços Sociais 127.561 25.758 11.337 3.202

Artes, Cultura, Esporte e Recreação 53.267 7.928 4.038 999

Outras Atividades de Serviço 245.277 27.073 14.881 3.581

Serviço Doméstico - - - -

Organismos internacionais e Outras Instituições

extraterritoriais 116 81 48 15

TOTAL 3.685.129 781.186 386.359 100.489

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

Nota: Considerando todos os Setores com 0 - 29 funcionários.

31

Tabela 13 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas - Entidades

Empresariais (30 ou +), 2015

SETORES 30-49 50-99 100-249 250-499 500 ou mais

Agricultura, Pecuária, Produçnao

Florestal, Pesca e Aquicultura 851 602 383 160 137

Indústria Extrativista 363 288 145 42 51

Indústria de Transformação 13.948 10.329 5.559 1.865 1.764

Eletricidade e Gás 86 80 48 19 50

Água, Esgoto, Atividade de Gestão de

Resíduo e Descontaminação 319 290 178 87 124

Construção 5.689 4.209 2.483 878 473

Comércio e Reparação de Veículos

Automotores e Motociclista 1.707 1.228 755 182 64

Comércio por Atacado, Exceto

Veículos Automotores e Motocicletas 3.924 2.775 1.497 385 245

Comércio Varejista 11.434 5.113 2.128 564 577

Transporte, Armazenagem e Correio 3.839 2.812 1.664 695 724

Alojamento e Alimentação 6.186 2.282 618 146 125

Informação e Comunicação 1.572 981 610 215 179

Atividades Financeiras, de Seguros e

Serviços Relacionados 735 650 521 171 191

Atividades Imobiliárias 364 275 98 25 9

Atividades Profissionais, Científicas e

Técnicas 2.403 1.322 586 185 155

Atividades Administrativas e Serviços

Complementares 5.410 4.311 2.508 902 1025

Administração Pública, Defesa e

Seguridade Social 721 871 2.328 2.178 2.919

Educação 5.286 3.182 1.089 412 552

Saúde Humana e Serviços Sociais 2.454 1.894 1.111 509 627

Artes, Cultura, Esporte e Recreação 714 395 196 52 36

Outras Atividades de Serviço 2.722 1.742 854 240 167

Serviço Doméstico - - - - -

Organismos internacionais e Outras

Instituições extraterritoriais 9 4 1 - -

TOTAL 70.736 45.635 25.360 9.912 10,194

Fonte: Adaptado IBGE.

Nota: Considerando todos os setores de 30 ou mais funcionários.

32

Tabela 14 – Números de Empresas e Outras Organizações por Faixa de Pessoas Ocupadas - Entidades

Empresariais - por setor (consolidado), 2015

FAIXA DE PESSOAL

OCUPADO

TODOS OS SETORES

(%) SERVIÇO (%)

COMÉRCIO

(%)

INDÚSTRIA

(%)

0 – 4 72.05 46.55 39.70 6.46

5 – 9 15.27 40.75 43 10.64

10 – 19 7.55 41.40 37.44 14.52

20 – 29 1.96 41.70 29.20 20.23

30 – 49 1.35 45.81 24.12 20.23

50 – 99 0.89 45.40 19.98 23.27

100 – 249 0.50 48.04 17.27 22.49

250 – 499 0,19 57.81 11.41 19.24

500 ou mais 0,20 65.81 8.69 17.80

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

Nota: A porcentagem apresentada do setor de serviço, comércio e indústria está considerando 100% de todos os

setores.

Fazendo uma comparação com os países da União Europeia e Austrália, tendo em

conta a faixa de 0 a 9 funcionários empregados, ou seja, microempresas, o Brasil só não

supera a Itália (Gráfico 1). Ao comparar o Brasil com a União Europeia, o país tem uma

porcentagem maior em todas as faixas de números de empregados, com exceção de 0 a 4

funcionários (Tabela 15). Ter um número maior de empresas nas faixas que possuem mais

funcionários demonstra que as empresas brasileiras têm características do uso de mão de obra

intensiva e emprega pouca tecnologia nos seus processos.

Gráfico 1 – Empresas por Tamanho de Negócios - 0-9 Empregados, 2014 (Unidades)

Fonte: OECD (2017).

33

Tabela 15 – Número de Empresas por Número de Empregado - União Europeia e Brasil

No funcionários UNIÃO EUROPEIA % BRASIL %

0 – 9 21.736.481 92,98 4.466.315 87,31

10 – 19 901.844 3,86 386.359 7,55

20 – 49 471.972 2,02 171.225 3,34

50 – 249 222.453 0,95 70.995 1,39

250 ou mais 44.245 0,19 20.106 0,40

TOTAL 23.377.006 5.115.000

Fonte: Adaptado IBGE (2017) e EUROSTAT (2017).

Na Europa, mesmo que em menor número absoluto em todas as faixas de números de

funcionários empregados, as empresas conseguem ter um produto/serviço com maior valor

agregado, sendo consideradas os motores de inovação da economia local (HILMOLA et al.,

2015; KLEWITZ; HANSEN, 2014).

Duas variáveis influenciam esta diferença entre empresas de pequeno porte da Europa

e do Brasil. Primeiro, o custo do dinheiro para investir, isto é, a existência de linhas de

creditos para as empresas com um custo baixo; em segundo, a qualificação da mão de obra.

Em pesquisa realizada pela OECD (2017) sobre acesso a linhas de creditos por

homens e mulheres, considerando no resultado da pesquisa apenas os 23 países da União

Europeia, Brasil e Austrália, o Brasil ficou em 18º. e 19º. colocação, respectivamente. No

caso das linhas de crédito acessados pelos homens, que são a maioria dos empreendedores, o

Brasil apresenta menos de 10 pontos percentuais em relação à metade dos países pesquisados

(Gráfico 2).

Gráfico 2 – Iniciando um Negócio - Acesso a Financiamento por Homens e Mulheres, 2013 (Porcentagem)

Fonte: OECD (2017).

Nota: O acesso ao dinheiro para iniciar um negócio é a porcentagem de mulheres e de homens que declaram ter

acesso a dinheiro para começar ou desenvolver uma empresa.

34

O que faz o mercado brasileiro ser um cenário dificil para o empreendedorismo não é

ter acesso, mas sim o custo destas linhas de creditos. O Brasil é o segundo país do mundo

com a maior taxa de juros utilizadas pelos bancos para empréstimos bancários (CIA, 2017).

Tabela 16 – Ranking da Taxa de Juros dos Bancos Comerciais no Mundo, 2016

Ranking País Rate (%)

1 Madagascar 62.00

2 Brasil 47.40

3 Malawi 42.88

4 Argentina 32.30

5 Síria 32.00

6 Gana 31.80

7 Gâmbia 30.60

8 Angola 30.00

9 Yemen 27.00

10 Tajikistam 26.00

Fonte: Adaptado CIA (2017).

Nota: A taxa de crédito preferencial do banco comercial compara uma média simples de taxas de juros

anualizadas que os bancos comerciais cobram em novos empréstimos, denominados em moeda nacional, para

seus clientes mais credíveis.

Esta realidade impede qualquer planejamento financeiro, e faz com que 88% dos

empreendedores brasileiros só possam contar com recursos próprios ou da família para iniciar

um empreendimento, 58% utilizem 10 mil reais como investimento fixo, e 65% usem 5 mil

reias como capital de giro, criando, assim, uma situação de fragilidade e dificuldade para

investir (SEBRAE SP, 2014).

Esta dificuldade de investimento e a falta de apoio do governo ficam evidentes quando

são verificados os números de empresas que implantaram inovações em produto ou processo

com ou sem apoio do governo. Num país onde existem mais de 5 milhões de empresas ativas,

apenas 18.774 tiveram algum tipo de apoio do governo para inovação de produtos ou

processos (0,3% do total); deste número, 90% foram destinados ao setor da Indústria de

Transformação, que representa apenas 8.46% das empresas ativas (Tabelas 17 e 18).

35

Tabela 17 – Número de Empresas que Implementaram Inovações de Produtos e/ou Processos, 2014 (Unidades)

Indústria

Extrativista

Indústria de

Transformação

Manutenção,

Reparação e

Instalação de

Máquinas e

Equipamentos

Atividades

de Edição

e Edição

Integrada

a

impressão

e de

Gravações

de Som e

Edição de

Musica

Atividades

dos

Serviços

de

Tecnologia

da

informação

Serviços

de

Arqutetura

e

Engenharia

testes e

Análises

Técnicas

Redução

dos

Custos de

Produção

A 246 11.171 152 137 371 354

M 280 13.239 123 151 389 269

B 175 6.070 310 20 645 272

Redução

do

Consumo

de

Matéria-

Prima

A 30 5.408 18 - - -

M 299 8.934 207 - - -

B 89 6.711 133 - - -

Redução

do

Consumo

de

Energia

A 145 3.805 19 23 75 150

M 70 8.174 141 20 233 212

B 287 7.133 84 57 433 79

Redução

do

Consumo

de Água

A 86 3.170 3 - - -

M 193 4.922 10 - - -

B 75 4.858 17 - - -

Redução

do

Impacto

Ambiental

e/ou em

Aspectos

Ligados à

Saúde e à

Segurança

A 631 17.174 278 119 144 352

M 340 13.459 336 141 270 361

B 84 5.210 96 56 234 260

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

Nota: Obs. Grau de Importância: A = Alta; M = Média e B = Baixa.

36

Tabela 18 – Número de Empresas que Implementaram Inovações de Produtos e/ou Processos que Receberam

Apoio do Governo, 2014 (Unidades)

Indústria Extrativista 644

Indústria de Transformação 16.705

Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos 31

Atividades de Edição e Edição Integrada à impressão, e de Gravações de Som e

Edição de Música 107

Atividades dos Serviços de Tecnologia da informação 772

Serviços de Arqutetura e Engenharia, testes e Análises Técnicas 515

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

Considerando que apenas 0,8% das empresas ativas de todos os setores implantaram

alguma inovação para redução do impacto ambiental e/ou em aspectos ligados à saúde e à

segurança, e deste número 90% foram do setor da Indústria de Transformação, fica evidente

que empresas do setor de Serviço e Comércio, que representa a maioria das empresas no

Brasil, não estão investindo em inovação para estes fins (IBGE, 2017).

A falta de cultura no mercado brasileiro, seja por parte dos empresários que não têm

recurso para investir em inovações voltadas à preservação da natureza, ou pela falta de

interesse dos consumidores locais em adquirir produtos ou serviços de empresas que aplicam

praticas de sustentabilidade, fica evidente quando se constata o número e a redução de

certificação ISO 14001 nos últimos anos. A normatização ISO 14000 e família é direcionada

a questões ambientais relevantes para a operação da organização como, por exemplo, o uso

eficiente dos recursos e gerenciamento de resíduo (ISO 14000, 2017). Nos últimos 6 anos

foram certificadas 2.184 empresas, a maioria do setor da Indústria, o que representa 0,043 %

das empresas ativas no país (INMETRO, 2017).

Gráfico 3 – Histórico dos Certificados ISO14001 - Empresas Nacionais e Estrangeiras, Dentro e Fora do SBAC -

Emitidos Ano Referência

Fonte: Adaptado Inmetro (2017).

37

Todas estas dificuldades enfrentadas pelas PMEs refletem diretamente na porcentagem

de mortalidade das empresas brasileiras deste porte. Os microempreendedores individuais e as

microempresas representam na média mais de 90% do total das empresas abertas entre 2008 a

2012, e apresentam uma taxa de mortalidade de 9% e 50%, respectivamente, nos primeiros

dois anos de existência, conforme pode ser observado na Tabela 19 e no Gráfico 4.

Tabela 19 – Participação Relativa das Empresas por Porte no Total das Constituições, Ano (2008 – 2012)

2008 2009 2010 2011 2012

MEI 0,0% 7,3% 53,4% 58,1% 63,9%

ME 89,3% 82,1% 42,0% 37,5% 33,0%

EPP 9,7% 9,6% 4,3% 4,0% 3,9%

MDE 1,0% 0,9% 0,3% 0,3% 0,2%

GDE 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0%

Fonte: Adaptado Sebrae DF (2016).

Gráfico 4 – Taxa de Mortalidade de Empresas nos Primeiros 2 Anos de Atividades, por Porte, Ano (2008 –

2012)

Fonte: Adaptado Sebrae DF (2016).

Se desconsiderarmos a MEI criada em 2008 e direcionada para profissionais

individuais, a taxa de mortalidade das empresas brasileiras em dois anos de funcionamento,

38

na média, é de 45%, considerando o período da abertura da empresa entre 2008 a 2012

(Tabela 20).

Tabela 20 – Taxa de Mortalidade das Empresas nos Primeiros 2 Anos de Atividades

2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de Mortalidade com MEI 45,8% 44,6% 23,8% 24,2% 23,4%

Taxa de Mortalidade sem MEI 46% 47,7% 44,4% 44,7% 44,6%

Fonte: Adaptado Sebrae DF (2016).

A falta de capital para investimento e esta porcentagem de mortalidade em apenas dois

anos de funcionamento justificam a necessidade de as empresas de pequeno porte terem

estratégias e implementar ações que tragam resultados financeiros no curtíssimo prazo.

2.2 Desenvolvimento Sustentavél

O tema Desenvolvimento Sustentável (DS) foi pela primeira vez exposto na United

Nations Conference on the Human Environment, em 1972 (KLEWITZ; HANSEN, 2014).

Desde então, o tema está sendo muito discutido nos atuais fóruns Governamentais e

Institucionais. Na Academia, diferentes áreas do conhecimento estão pesquisando o assunto e

apresentando diferentes conceitos que se adequam ao escopo estudado, como, por exemplo

(CIEGIS et al., 2009):

a) Economia: é um desenvolvimento que garante uma maior renda per capita para

futuras geracões em relação a atual geração.

b) Sociologia: é o desenvolvimento que preserva a comunidade, mantendo uma

estreita relação social na comunidade.

c) Ecologia: é o desenvolvimento que preserva a diversidade das espécies biológicas,

ecossistemas sociais e processos ecológicos.

Na literatura atual, o tema Desenvolvimento Sustentável está organizado em quatro

áreas temáticas: conceitual, contextual, acadêmica e geopolítica. Isso faz com que a análise do

conceito possa ser estendida para um nível global, regional e de comunidades, o que aumenta

a dificuldade na obtenção de uma definição padrão (CIEGIS et al., 2009). As áreas temáticas

podem ser definidas como:

a) Conceitual: foca a origem etnológica. Faz uma análise da cultura, sistema de valor

e percepção da realidade.

39

b) Contextual: ponto de vista institucional e acadêmico, sendo que a visão

Institucional corresponde ao que está sendo aceito pelo consenso internacional,

quais ações são possíveis e quais ações são limitadas, e a visão acadêmica

corresponde aos debates sobre a origem do conceito, relatado num ambiente

científico, e que está sendo usado como base nas discussões políticas e

institucionais.

c) Acadêmica: inclui propostas teóricas, conceituais e metodológicas, com o objetivo

de expandir a evolução da área do conhecimento. Cria novos conhecimentos e

novas disciplinas de estudo.

d) Geopolítica: considera que são dois os caminhos para alcançar o

desenvolvimento: 1) a construção de uma sociedade industrial que permita o

alcance do bem estar, reduzindo suas desigualdades extremas e proporcionando

aos indivíduos toda a felicidade que a sociedade pode oferecer; 2) um crescimento

econômico é necessário e suficiente como motor para o desenvolvimento social,

ambiental e organizacional.

O termo Desenvolvimento Sustentável, se analisado de forma individual, mostra a

complexidade do tema, porque apresenta diferentes significados que podem confrontar ou se

adequar a diferentes situações.

Em relação à definiçao de “Desenvolvimento”, pode-se fazer um paralelo com a

definiçao de “Inovaçao”, que, em geral, representa a implementação de um novo processo,

métodos de mercado ou métodos organizacionais na prática do negócio e organização da

empresa ou relacionamento externo que tenha como resultado um crescimento significativo

da produção (KLEWITZ; HANSEN, 2014).

O problema reside na definiçao de “Sustentabilidade” e “Sustentavel”. Estas palavras

demonstram o antagonismo conceitual que confronta uma gestão direcionada ao ecossistema

e uma gestão direcionada ao crescimento econômico/financeiro.

Os autores Starik e Kanashiro (2013) enfatizam, na definição de Sustentabilidade, a

capacidade de suportar e se adaptar as dificuldades do mercado, dando ênfase para questões

necessárias para sua sobrevivência.

A partir da década de 1980, a discussão de Desenvolvimento Sustentável inseriu o

tema “meio ambiente” e, desde então, diversas empresas, em especial as organizações de

grande porte, têm inserido o tema em seu planejamento de negócio (GOMES et al., 2014).

Neste ambiente, surge, na década de 1990, o termo Triple Bottom Line (TBL),

cunhado por Elkington (1997). O TBL é formado pelas dimensões econômica, social e

40

ecológica, que passam a ser os principais pilares da sustentabilidade, sendo utilizado para

medir e relatar o desempenho corporativo. Essas três dimensões são inter-relacionadas e se

reforçam mutuamente (FAIRLEY et al., 2011; WISE, 2016).

O problema está na mudança de paradigma de um sistema de gestão tradicional,

visando o retorno financeiro independentemente do esgotamento dos recursos, para uma

gestão voltada para o desenvolvimento sustentável, na qual o lucro pode ser uma

consequência decorrente do uso racional dos recursos. Para a quebra deste paradigma,

fizeram-se necessárias novas ideias e ferramentas de gestão alternativas (LUEG; RADLACH,

2016).

Como resultado da crise financeira mundial, das fraudes contábeis e da suspeita de

envolvimento de grandes empresas em problemas ambientais e sociais, a sociedade mundial e

os governos estão demandando mais transparência das empresas, principalmente as

multinacionais (ÖZCÜRE et al., 2011; FACCIO et al., 2014).

Por um lado, as novas legislações estão dando ênfase na responsabilidade social, na

imagem corporativa e na conscientização do cliente; por outro, os consumidores estão se

interessando por produtos e serviços decorrentes de práticas economicamente viáveis,

socialmente justas e ambientalmente corretas. Esses fenômenos estão fazendo com que os

fabricantes preocupem-se em fabricar produtos que não agridam o meio ambiente e reciclem

os produtos em fim da vida útil (FACCIO et al., 2014; MUSSON, 2012; SEBRAE, 2012).

Neste ambiente, o Desenvolvimento Sustentável transformou-se num caminho a ser

percorrido pelas empresas no intuito de reverter o cenário adverso de mercado, com

complexas questões multidimencionais, e que combinam eficiência, capital próprio e capital

das próximas gerações com base em fatores econômico, social e ambiental, que são

interligados e complementares (CIEGIS et al., 2009).

No entanto, na prática, a discussão sobre questões de sustentabilidade enfrenta

algumas dificuldades, principalmente porque essa nova realidade exige uma visão em nível de

produto, estratégico, cultural, entre outras variáveis (EGELS-ZANDEN; ROSEN, 2014).

Assim, Ciegis et al. (2009) explicam que a definição apresentada pela World

Commision on Environment and Development - WCED (1987), também conhecida como

Conceito de Brundtland, revela a melhor idéia de desenvolvimento sustentável e a mais

utilizada nas literaturas sobre o tema, especialmente porque abrange os três fatores:

econômico, social e ambiental.

O Desenvolvimento Sustentável é uma prática de mercado que tem como fim o

crescimento financeiro da empresa satisfazendo as necessidades atuais, sem prejudicar as

41

gerações futuras, para satisfazer eles próprios. Esta definição de sustentabilidade apresentada

no Relatório Brundtland é subjetiva, dado que não define como conseguir o desenvolvimento

sustentável e quais são as necessidades para chegar neste fim.

O conceito apresentado no Relatório indica alguns fatores que dificultam o

desenvolvimento sustentável, tais como tecnologia obsoleta e uma relação injusta entre

empregado e empregador, e outros fatores como necessários para alcançar este fim, tais como

a necessidade de mudança na exploração dos recursos, na gestao, ou na relação entre todos os

stakeholders (ANGHELUTA et al., 2012).

Esta subjetividade permite analisar os diferentes fatores de forma isolada, isto é, como

um sistema econômico, processo natural ou um fenômeno social. Isso resulta em diversas

possibilidades nas estratégias que terão indicadores diferentes e que podem ser de longo ou

curto prazo (CIEGIS et al., 2009).

Para Henrique e Catarino (2015), qualquer ação definida para alcançar o

desenvolvimento sustentável tem como base um ou mais indicadores dos fatores econômico,

ambiental, ou social, conforme definição abaixo:

a) Indicadores Econômico: melhoria dos processos de fabricação; identificação,

controle e redução de custos; redução de insumos no nível do processo (materiais,

energia e água), levando à melhoria da sustentabilidade econômica das empresas e

aumentando sua rentabilidade através do uso eficiente dos recursos.

b) Indicadores Ambiental: implementação de melhores práticas ambientais; redução

de energia de materiais e consumo de água; abordagem preventiva de resíduos e

redução da dispersão tóxica, o que resulta na melhoria da sustentabilidade

ambiental das empresas, evitando efeitos desejáveis no meio ambiente.

c) Indicadores Social: melhor comunicação interna e externa, mudança de

comportamentos e atitudes, melhora nas condições de higiene e segurança no

trabalho; desenvolvimento de novas competências e adoção de um

comportamento social responsável nas empresas que leva à sustentabilidade

social, respondendo adequadamente às necessidades das partes interessadas.

Entretanto, para ter um cenário favorável ao Desenvolvimento Sustentável, faz-se

necessário a interação de múltiplos atores, como governos, universidades, consultorias e

centros de pesquisa, fornecedores, distribuidores, vendedores e produtores (HERNANDEZ-

PARDO et al., 2013).

A União Europeia apresentou diretrizes conhecidas como “Europa 2020” e "A Green

Knowledge Society" e adotadas por diferentes governos da Europa como, por exemplo, os

42

governos nórdicos, e que estão associadas à necessidade do uso eficiente dos recursos, a

questões ecológicas nas inovações, e a outras ações direcionadas a solucionar problemas

sociais e ambientais como fundamentais para alcançar vantagem competitiva e garantir o

crescimento e emprego na Região (HALME; KORPELA, 2014; BUCHALCEVOVA; GALA,

2012).

Estas diretrizes da Europa serviram de base para o desenvolvimento de diferentes

ferramentas de inovação de produtos e/ou processos, para as quais as ações tendem a criar

vantagem competitiva como resultado da economia de custos ou na diferenciação da empresa

dentro do mercado de atuação (BUCHALCEVOVA; GALA, 2012).

Neste contexto, governos, acadêmicos e empresários visualizam a Corporate Social

Responsibility (CSR) como uma ferramenta para as empresas alcançarem o Desenvolvimento

Sustentável nas três esferas: econômica, social e ambiental (STEWART; GAPP, 2014).

O Green Paper publicado em 2001 pela Comissão Europeia, intitulado "Promover um

quadro europeu para a responsabilidade social das empresas" é a base da CSR e faz referência

a duas definições (ÖZCÜRE et al., 2011):

a) A CSR é, essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas decidem

voluntariamente contribuir para uma sociedade melhor e um meio ambiente mais

limpo.

b) As empresas integram preocupações sociais e ambientais nas suas operações e na

sua interação com outras partes interessadas numa base voluntária.

A Tabela 21 apresenta definições dos fatores que fazem parte de uma estratégia que

utiliza a CSR.

Tabela 21 – 5 Dimensões Chaves do CSR ou Práticas de Gerência Sustentável

FATORES DEFINIÇÃO EXEMPLO

Social Relação entre a comunidade e

Organização

Apoiar instituições de caridade locais ou

novas atividades

Ambiental Impacto e interação com a natureza Reciclar e reutilizar materiais de

embalagem

Econômico Ambiente financeiro e viabilidade Empréstimo de longo prazo viável para

todos os stakeholders

Stakeholder Todas as pessoas que interagem

com a Organização

Considerar e desenvolver relacionamento

com funcionários, fornecedores e clientes

Voluntariado Ação além da conformidade Incorporar os aspectos social, ambiental e

econômico

Fonte: Adaptado Van Marrewijk (2003) apud Stewart e Gapp (2014).

43

Mas a ideia de Corporate Social Responsibility (CSR) não envolve uma única

definição aceita pelos estudiosos, podendo ser vista, também, como uma filosofia ou política

empresarial. Alguns autores caracterizam uma empresa que utiliza o CSR como a que tem

práticas de responsabilidade voluntária de caridade, responsabilidade ética, responsabilidade

legal, responsabilidade econômica, responsabilidade ambiental, direitos humanos e segurança

(LIU et al., 2013).

Estudos sobre CSR estão concentrados, basicamente, na América do Norte e na

Europa Ocidental, regiões em que estão localizados países considerados desenvolvidos. É

consenso que as grandes corporações já estão adotando este conceito e são os principais

incentivadores para a adoção destas praticas nas pequenas empresas (STEWART; GAPP,

2014; NAGYPÁL, 2014).

Porém, discutir o Desenvolvimento Sustentável a partir de uma gestão que integra o

desenvolvimento social, proteção ambiental e crescimento econômico, estratégia de longo

prazo, e que incorpora todos os níveis hierárquicos, leva ao estudo de uma estratégia

adequada para empresas de grande porte que possuem em suas características estes pré-

requisitos (GOMES et al., 2014; ZHANG et al., 2013; KLEWITZ; HANSEN, 2014;

NAGYPÁL, 2014). Apesar disso, em decorrência da importância das PME’s na economia da

Europa, a Comissão Europeia indicou a necessidade de adaptar e direcionar o conceito de

responsabilidade social corporativa para empresas deste porte (SZCZANOWICZ; SANIUK,

2016).

Sabendo que o desenvolvimento de negócios sustentáveis requer inovação e adoção de

uma comunicação ampla e eficaz com consumidores e outros stakeholders, por meio de

investimentos, competência técnica, engajamento do proprietário e mudança tecnológica, as

PME’s por si so, têm dificuldades de se inserir nesta realidade em decorrência de elementos

tais como recursos financeiros limitados, baixo conhecimento técnico e falta de consciência

sobre o tema (HERNANDEZ-PARDO et al., 2013)

Alguns trabalhos que analisam a implantação do CSR em empresas de pequeno e

médio portes reiteram esta dificuldade das PME’s na implantação destas políticas em função

de suas caracterísiticas estruturais. Neste contexto, os governos locais têm fundamental

importância na promoção de capacitação, financiamento, apoio técnico, entre outros (LIU et

al., 2013; STEWART; GAPP, 2014; GELBMANN, 2010; MUSSON, 2012).

Implantar uma política de Desenvolvimento Sustentável numa PME significa ter que

lidar com uma dualidade. Por um lado, a produção em pequena escala poderia ter um controle

local mais fácil, o que possibilitaria uma melhor adaptação da empresa para sustentabilidade

44

do negócio. Por outro lado, uma produção de pequena escala é vulnerável a qualquer mudança

na economia, dificultando assim um planejamento de longo prazo que inviabiliza o

desenvolvimento sustentável (WELLS, 2013).

Esta realidade agrava-se quando da análise das pequena e média empresas localizadas

em países em desenvolvimento. Nestes países, normalmente, há falta de mentoria e

transferência de habilidades, dificuldade de comunicação, infraestrutura limitada, falta de

redes de apoio técnico e linhas de crédito onerosas e de difícil acesso. Estes obstáculos são

acrescidos pela falta de compreensão dos gestores das PME’s em relação ao impacto social e

ambiental que o conjunto das empresas causa, e à crença em relação à redução de resultados

financeiros possíveis em função de iniciativas ambientais (HERNANDEZ-PARDO et al.,

2013; SULONG et al., 2015).

Desse modo, para que se possa entender o desenvolvimento sustentável em empresas

de pequeno e médio portes, deve-se levar em consideração suas características, estruturas, a

cultura local na qual estão inseridas e, principalmente, políticas voltadas para uma estratégia

de mercado de curto prazo.

Neste contexto das PME’s, no qual são necessários resultados positivos no curto prazo

para viabilizar um Desenvolvimento Sustentável, uma variável estratégica básica é a

“qualidade”, no âmbito do binômio Qualidade e Gestao da Qualidade. A introdução deste

binônio na esfera organizacional permite criar um ambiente favorável para se obter eficiência

comercial, organização e/ou racionalização de métodos e processos inerente ao negócio,

redução dos custos, ou algum outro fator, conforme caracteristicas das PME’s, que possa criar

vantagem competitiva (RODRIGUES; COSTA, 2013)

Assim sendo, o binômio Qualidade/Gestão da Qualidade apresenta-se não somente

como a variável estratégica da empresa na busca pela sustentabilidade, mas também como

instrumento de legitimação da organização junto à comunidade em que se encontra inserida,

apresentando-se como unidade geradora de emprego e capacitadora de mão de obra, o que

permite enquadrá-la dentro dos conceitos de Desenvolvimento Sustentável (RODRIGUES;

COSTA, 2013)

45

3 RESULTADO DE PESQUISA

Neste capítulo, são apresentadas as características da economia brasileira, usando

como base os dados secundários de entidades governamentais, organizações não-

governamentais, e/ou institutos nacionais e internacionais oficiais, tais como Central

Intelligence Agency (CIA), Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO),

Word Bank, Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD), Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e International Organization for Standardization

(ISO), e quatro artigos que foram selecionados pelo tema abordado para compor esta tese. No

final da apresentação de cada artigo, é acrescentado um subitem com um resumo das

principais contribuições do artigo para a conclusão deste trabalho.

3.1 Características da Economia Brasileira

O Brasil é um país que tem números expressivos tanto no âmbito econômico como no

geopolítico. Isso faz com que os resultados dos estudos realizados sobre os atores que

compõem sua econômia sejam referência para outras economias, em especial nos países em

desenvolvimento e da América do Sul.

O país está ranqueado em sexto lugar entre os países com a maior população e quinto

lugar entre os países com maior área territorial no mundo (Tabela 22 e Tabela 23). Este

resultado, em conjunto, permite que o Brasil tenha área produtiva suficiente para crescer sua

produção, em especial no agronegócio, garantindo alimento para o mercado interno e externo,

e para ter um mercado consumidor no País que permita escoar sua produção

independentemente da demanda do mercado internacional.

Tabela 22 – Ranking Populacão Mundial em 2016

Ranking País População em Milhões

1 China – BRICS – em desenvolvimento 1,373,541,278

2 Índia – BRICS – em desenvolvimento 1,266,883,598

3 União Europeia 513,949,445

4 Estados Unidos 323,995,528

5 Indonésia – em desenvolvimento 258,316,051

6 Brasil – BRICS – em desenvolvimento 205,823,665

7 Paquistão – em desenvolvimento 201,995,540

8 Nigéria – em desenvolvimento 186,053,386

9 Bangladesh – em desenvolvimento 156,186,882

10 Rússia – BRICS 142,355,415

Fonte: Adaptado CIA (2017).

46

Tabela 23 – Ranking Área Territorial no Mundo em 2016

Ranking País Área em SQ KM

1 Rússia - BRICS 1,373,541,278

2 Canadá 1,266,883,598

3 Estados Unidos 513,949,445

4 China – BRICS – em desenvolvimento 323,995,528

5 Brasil – BRICS – em desenvolvimento 258,316,051

6 Austrália 205,823,665

7 Índia – BRICS – em desenvolvimento 201,995,540

8 Argentina – América do Sul - em desenvolvimento 186,053,386

9 Cazaquistão – em desenvolvimento 156,186,882

10 Argélia – em desenvolvimento 142,355,415

Fonte: Adaptado CIA (2017).

Apenas Brasil, China, Índia, Rússia e Estados Unidos fazem parte da lista de TOP 10

dos ranks de maior área e maior população; entre os cinco países, o Brasil tem um clima anual

mais estável, com poucas variáções climáticas, e está usando uma proporção menor da sua

área agricultável. Em 2014, a Rússia usava 13,29% da área agricultável, o Brasil 33.81%, os

Estados Unidos 44,63%, a China 54,68%, e, a Índia, 61,41% (FAO, 2017). Considerando que

a Rússia tem um inverno rigoroso, impossibilitando o uso de suas áreas agricultáveis na

plenitude, o Brasil coloca-se como o principal celereiro do mundo, podendo suprir a demanda

crescente da população mundial por alimento, sendo esta uma vantagem competitiva

considerável. A Figura 1 apresenta uma visão ampla do uso da área agrícola no mundo.

Figura 1 – Uso da Área Agrícola no Mundo, em Porcentagem (%)

Fonte: FAO (2017).

47

Considerando toda a produção realizada dentro de um país, índice conhecido como

Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil também se destaca, sendo o nono colocado no ranking

mundial, ficando atrás apenas de quatro países que fazem parte da União Europeia, Estados

Unidos e Japão, todos estes considerados países desenvolvidos, e de dois representantes do

BRICS, a Índia e China, que são considerados países em desenvolvimento. Vale salientar que

o PIB do Brasil (USD 1,796,187) é maior que o somatório do PIB de todos os países da

América do Sul que fazem parte da pesquisa (USD 1.478,920), deixando evidente o destaque

do país no continente do qual faz parte (Tabela 24).

Tabela 24 – Ranking do Produto Interno Bruto no Mundo em 2016

Ranking Países Milhões de Dolares (USD)

1 Estados Unidos 18,559,100

2 China - BRICS - em desenvolvimento 11,199,145

3 Japão 4,939,384

4 Alemanha – UE 3,466,757

5 Reino Unido – UE 2,618,886

6 França – UE 2,465,454

7 Índia – BRICS - em desenvolvimento 2,263,523

8 Itália – UE 1,849,970

9 Brasil 1,796,187

10 Canadá 1,529,760

11 Coreia do Sul 1,411,246

12 Rússia - BRICS 1,283,162

13 Espanha – UE 1,232,088

14 Austrália 1,202,616

15 México - América Latina – em desenvolvimento 1,045,998

21 Argentina – América do Sul – em desenvolvimento 545,866

38 África do Sul – BRICS – em desenvolvimento 294,841

41 Colômbia - América do Sul – em desenvolvimento 282,463

42 Chile - América do Sul – em desenvolvimento 247,028

49 Peru - América do Sul – em desenvolvimento 192,094

59 Equador - América do Sul – em desenvolvimento 97,802

76 Uruguai – América do Sul – em desenvolvimento 52,420

93 Bolívia - América do Sul – em desenvolvimento 33,806

96 Paraguai - América do Sul – em desenvolvimento 27,441

160 Suriname - América do Sul – em desenvolvimento 3,621

162 Guiana – América do Sul – em desenvolvimento 3,446

Fonte: Adaptado Word Bank (2016).

48

Como é comum ocorrer em países em desenvolvimento, algumas variáveis sociais

correspondem a valores negativos. Comparando o resultado do Brasil com os países que

fazem parte da União Europeia e Austrália, fica evidente esta disparidade entre países

considerados desenvolvidos, ou que fazem parte de um bloco econômico comandado por

países considerados desenvolvidos, e o Brasil, um país em desenvolvimento.

Três índices, o da Taxa de Pobreza, o Coeficiente de Gini, que calcula a desigualdade

de renda, e o nível de Educação na população adulta, evidenciam esta diferença, deixando

claro que um PIB grande não garante qualidade de vida para a população de um país, pois esta

riqueza adquirida, em muitos casos, não é revertida para a sociedade e está concentrada nas

mãos de poucos.

A Taxa de Pobreza, apresentada no Gráfico 5, e o Coeficiente de Gini representado no

Gráfico 6, dão o tom da disparidade entre o Brasil e países que fazem parte da União Europeia

e Austrália. Nos dois casos apontados, o Brasil está na última colocação, distante do

penúltimo colocado de forma considerável. No que se refere à Taxa de Pobreza, enquanto

mais da metade dos países que fazem parte da pesquisa tem um resultado abaixo de 0.10

pontos percentuais, o Brasil tem o dobro deste índice, com 0,20. No Coeficiente de Gini,

enquanto o maior índice é de um pouco mais de 0,35, o índice do Brasil é de 0,47. É

importante salientar que, quanto mais o índice estiver próximo de 1, maior a desigualdade de

renda do país.

Gráfico 5 – Taxa de Pobreza - Brasil, União Europeia e Austrália - Ratio, 2013

Fonte: OECD (2017).

Nota: A taxa de pobreza é a proporção do número de pessoas (em um determinado grupo etário) cuja renda fica

abaixo da linha de pobreza, levando em consideração o rendimento familiar médio da população total.

49

Gráfico 6 – Desigualdade de Renda – Coeficiente Gini (2013)

Fonte: OECD (2017).

Nota: Coeficiente de Gini, 0 = igualdade completa; 1 = desigualdade completa

O terceiro índice, Nível Educacional, indica a capacidade de o país crescer.

Representa a qualificação da mão de obra que é fundamental para aumentar a

produtividade/hora de trabalho e a possibilidade do desenvolvimento de inovações (BARRO

et al., 2013). Analisar o nível educacional de pessoas com idade entre 25 e 64 anos permite ter

uma foto da realidade da mão de obra ativa nos países selecionados.

Quando o Brasil é comparado com países da União Europeia e Austrália, fica evidente

a inversão do nível educacional entre estes países. No menor nível educacional, o Brasil tem o

segundo maior índice de pessoas entre 25 e 64 anos; quando analisamos o nível intermediário,

o Brasil tem o terceiro menor nível e, no nível superior, o Brasil tem o menor nível entre os

25 países analisados, sendo que, no nível mais educacional mais elevado, 60% destes países

têm o dobro da porcentagem de pessoas com este nível educacional em relação ao Brasil

(Gráficos 7, 8 e 9).

50

Gráfico 7 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Fundamental - Brasil, União Europeia e Austrália (2014)

Fonte: Adaptado OECD.

Nota: Este indicador analisa o nível de educação de adultos, conforme definido pelo mais alto nível de educação

completado pela população de 25 a 64 anos. Existem três níveis: ensino fundamental, médio e superior. O

indicador é medido como uma porcentagem da mesma população etária.

Gráfico 8 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Médio - Brasil, União Europeia e Austrália (2014)

Fonte: Adaptado OECD (2017).

Nota: Este indicador analisa o nível de educação de adultos, conforme definido pelo mais alto nível de educação

completado pela população de 25 a 64 anos. Existem três níveis: ensino fundamental, médio e superior. O ensino

médio, geralmente, segue a conclusão do ensino fundamental. O indicador é medido como uma porcentagem da

mesma população etária.

51

Gráfico 9 – Nível de Educação de Adultos - Ensino Superior - Brasil, União Europeia e Austrália (2014).

Fonte: Adaptado OECD (2017).

Nota: Este indicador analisa o nível de educação de adultos, conforme definido pelo mais alto nível de educação

completado pela população de 25 a 64 anos. Existem três níveis: ensino fundamental, médio e superior. O ensino

superior, geralmente, segue a conclusão do ensino médio. O indicador é medido como uma porcentagem da

mesma população etária.

O nível educacional da população de um país está diretamente relacionado a índices

de preservação da natureza (GUERRERO et al., 2013) e ao nível salarial das famílias

(REARDON, 2013), sendo este um fator fundamental para um crescimento sustentável de

uma nação.

Diferentemente da Europa, onde mais de 90% dos municípios têm coleta seletiva do

lixo, no Brasil, o índice de coleta do lixo per capita é irrisório quando comparado aos países

da União Europeia e à Austrália. Os países com os melhores índices educacionais são aqueles

que concentram os melhores indices de coletas seletivas do lixo. O Brasil, numa análise de

coleta per capita em comparação aos países desenvolvidos, tem um resultado irrelevante,

sequer aparecendo na pesquisa, como fica evidenciado na Figura 2.

52

Figura 2 – Resíduos Municipais: Total, Kilogramas/per capita (2015)

Fonte: OECD (2017).

Nota: Os resíduos municipais são definidos como resíduos coletados e tratados por ou para municípios.

Abrangem os resíduos das famílias e das empresas públicas e privadas, e resíduos de ambientes públicos. A

definição exclui os resíduos das redes e tratamentos de esgoto municipais, bem como os resíduos das atividades

de construção e demolição. Este indicador é medido em mil toneladas e em quilogramas per capita.

Outros dados corraboram esta constatação. No Brasil, tendo o ano de 2013 como

referência, 65% dos munícios possuíam legistação ambiental, 42,8% possuíam fundos

municipais para o meio ambiente e, até 2008, apenas 36,3% dos municipios tinham coleta

seletiva (IBGE, 2017). Em 2015, apenas 41,19% da energia utilizada no país eram de fonte

renovável e, desta totalidade, apenas 4,74% eram decorrentes de fontes limpas, com baixo

impacto ambiental como, por exemplo, energia solar e eólica (Tabela 25).

Tabela 25 – Oferta Interna de Energia no Brasil, Ano 2015 em Terajaules

TOTAL OFERTADO 12.527.965 100%

1. TOTAL EM ENERGIA RENOVÁVEL 5.160.687 41.19%

1.1 Cana-de-açúcar 2.120.632 16.93%

1.2 Hidráulica e Elétrica 1.419.267 11.33%

1.3 Lenha e Carvão Vegetal 1.026.611 8.19%

1.4 Outras Fontes Primárias Renováveis 594.177 4.74%

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

A falta da cultura ambiental no governo, na população brasileira e na maioria dos

países em desenvolvimento também influencia o meio empresarial. São poucos e seletos os

setores empresariais que investem em ferramentas de gestão ambiental como estratégia de

53

mercado. Esta constatação é evidenciada quando comparados os números de Certificados ISO

14001 ativos nos diferentes continentes.

A Europa representa, na média, entre 2010 e 2015, 41% de todas as empresas

certificadas com ISO 14001. Se for desconsiderado o resultado do Leste da Ásia e Pacífico,

que sofre um viés decorrente do número expressivo de certificações da China, como

observado na lista dos 10 países com maior número de certificados ativos, esta porcentagem

da Europa seria mais expressiva. Somando todos os continentes que concentram a maioria dos

países em desenvolvimento (excluindo Estados Unidos e Canadá na América do Norte), na

sua maioria pobres, com alta concentração de renda, e com baixo nível educacional, esses

representam apenas 10% do todo. Este resultado demostra o interesse pelo tema ambiental nos

países considerados desenvolvidos e com um nível educacional maior, criando assim uma

cultura entre os atores que se relacionam: governo, empresas, e população local (Tabela 26 e

27).

Tabela 26 – Participação Regional de Certificação ISO 14001 - em Porcentagem

Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015

África 0,7% 0,7% 0,8% 0,9% 0,9% 0,9%

América Central/ Sul 2,9% 2,9% 3,1% 3,6% 3,4% 3,2%

América do Norte 3,1% 3,1% 3,3% 3,3% 2,8% 2,7%

Europa 43% 41,6% 42,9% 42,3% 40,1% 37,5%

Leste da Ásia e Pacifico 47,9% 48,8% 46,9% 46,3% 49,2% 51,8%

Ásia Central / Sul 1,8% 1,9% 1,9% 2,4% 2,4% 2,4%

Oriente Médio 1,0% 1,0% 1,1% 1,3% 1,3% 1,4%

Fonte: Adaptado ISO (2017).

Tabela 27 – Top 10 dos Países com Certificado ISO 14001 – Ano 2015

Ranking País Por Unidade

1 China 114.303

2 Japão 26.069

3 Italia (União Europeia) 22.350

4 Reino Unido (União Europeia) 17.824

5 Espanha (União Europeia) 13.310

6 Romenia (União Europeia) 10.581

7 Alemanha (União Europeia) 8.224

8 França (União Europeia) 6.847

9 Índia 6.782

10 Estados Unidos 6.067

Fonte: Adaptado ISO (2017).

54

Aprofundando a análise nos dados internos do Brasil, fica mais evidente o

antagonismo de realidade com os países desenvolvidos. Considerando apenas as pessoas

ocupadas no ano de 2015, 48,41% desta população tinham, no máximo, o ensino fundamental

e 85,44% cursado, no máximo, o ensino médio (IBGE, 2017).

Esta proporção de pessoas com baixo nível educacional reflete diretamente nos

salários pagos. Assim, 69,35% da população ocupada em 2015 recebem, no máximo, 2

salários mínimos. Por outro lado, quem tem curso superior consegue as maiores rendas,

representando 35% das pessoas ocupadas com rendimentos entre 3 a 5 salários mínimos, 56%

dos rendimentos de 5 a 10 salários mínimos, 75% dos rendimentos de 10 a 20 salários

mínimos, e 82% dos rendimentos maiores que 20 salários mínimos (IBGE, 2015). Estes dados

são apresentados na Tabela 28 abaixo:

Tabela 28 – Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Ocupadas na Semana de Referência, por Ano de Estudos e

Classe de Rendimento em Porcentagem do Total Geral, Ano (2015)

CLASSE DE

RENDIMENTO

TOTAL

(%)

ANOS DE ESTUDO

sem e

menos de 1

1 a 3 4 a 7 8 a 10 11 a

14

15 ou

mais

Sem Rendimento 6,50 1,20 1,19 2,04 0,99 0,92 0,15

Até ½ Salários

Mínimo 7,24 1,21 1,15 2,24 1,35 1,17 0,08

Mais de ½ a 1

Salário Mínimo 18,40 1,52 1,81 4,64 3,71 6,11 0,58

Mais de 1 a 2

Salários Mínimos 36,70 1,45 1,87 7,17 7,13 16,43 2,59

Mais de 2 a 3

Salários Mínimos 12,52 0,29 0,38 1,80 1,86 5,81 2,38

Mais de 3 a 5

Salários Mínimos 8,73 0,11 0,13 0,82 0,88 3,70 3,08

Mais de 5 a 10

Salários Mínimos 5,76 0,05 0,04 0,29 0,32 1,85 3,22

Mais de 10 a 20 Salários Mínimos

2,01 0,01 0,01 0,05 0,07 0,37 1,51

Mais de 20

Salários Mínimos 0,56 0,00 0,00 0,01 0,01 0,06 0,46

TOTAL 100 5,96 6,67 19,29 16,49 37,03 14,47

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

Nota: a categoria Sem Rendimento inclui as pessoas que recebem somente benefícios.

Considerando as pessoas economicamente ativas em 2015, e não como foi definido

anteriormente, quando foram consideradas as pessoas ocupadas no período das entrevistas, a

55

Tabela 29 apresenta de forma consolidada o rendimento mensal e o percentual da população

ativa em cada classe de renda.

Tabela 29 – Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Economicamente Ativas na Semana de Referência, por

Classe de Rendimento, Ano (2015)

CLASSE DE RENDIMENTO MENSAL PERCENTUAL DO TOTAL GERAL (%)

Sem Rendimento 10,77

Até ½ Salário Mínimo 7,09

Mais de ½ a 1 Salário Mínimo 16,87

Mais de 1 a 2 Salários Mínimos 34,63

Mais de 2 a 3 Salários Mínimos 12,28

Mais de 3 a 5 Salários Mínimos 8,63

Mais de 5 a 10 Salários Mínimos 5,62

Mais de 10 a 20 Salários Mínimos 1,96

Mais de 20 Salários Mínimos 0,56

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

Nota: a categoria Sem Rendimento inclui as pessoas que recebem somente benefícios.

Assim, uma fotografia da realidade do mercado de trabalho brasileiro em 2015, e que

apresenta as características do mercado consumidor das famílias no país, mostra que: 50% da

força de trabalho têm apenas o ensino fundamental, o rendimento médio mensal é de R$

1.746 e, considerando o domicílio per capita, 75,8% dos domicílios apresentam rendimento

mensal de, no máximo, 2 salários mínimos, conforme tabela 30.

Tabela 30 – Rendimento Mensal (2015)

Rendimento Médio Mensal Real das Pessoas de 15 Anos ou Mais de Idade, com

Rendimento, em Reais. 1.746

Classes de Rendimento Mensal Domiciliar per capita em Porcentagem (%):

Até ½ Salário Mínimo 17,8

Mais de ½ a 1 Salário Mínimo 29,2

Mais de 1 a 2 Salários Mínimos 28,8

Fonte: Adaptado IBGE (2017).

O baixo nível educacional no Brasil cria um ciclo negativo na economia. População

sem um bom nível educacional assume posições de trabalho que exigem baixa qualificação,

56

ganha uma renda mensal pequena para sustentar a família e, por isso, tem o preço do

produto/serviço como o principal fator de decisão de compra.

Em função deste contexto, os empresários direcionam seus produtos/serviços para o

público consumidor que representa 69,35% da população ativa e ganha até 2 salários

mínimos; por isso, trabalham com produtos de baixa qualidade e preço competitivo e têm uma

margem pequena de lucro para investimento. Já que existe apenas um pequeno e seleto grupo

da população com condição financeira para adqurir produtos/serviços com maior valor

agregado, há pouco espaço para trabalhar o conceito de produto sustentável, normalmente

mais caro que a média de preço de produtos/serviços similares do mercado.

Por último, e em função deste mesmo contexto, o governo precisa direcionar suas

políticas para as demandas mais imediatas da população pobre, não desenvolve políticas de

incentivos à preservação do meio ambiente, não criando na população e no meio empresarial

uma cultura para este fim.

57

3.2 Conceito de Sustentabilidade pelas Micros, Pequenas e Médias Empresas Brasileiras

Publicado por IFIP International Federation for Information Processing, Springer, v.

439, n. 2, p. 90-97, 2014, texto original em ingles e intitulado “The Concept of

Sustainability in View of Micro, Small and Medium Brazilian Companies”1, DOI:

10.1007/978-3-662-44736-9_11

Este artigo busca atender ao objetivo especifico de identificar a visão das Pequenas e

Médias Empresas com referência à Sustentabilidade. Para tanto, foi realizada uma pesquisa

com empresários gestores de pequenas e médias empresas, de diferentes setores,

questionando-os sobre qual fator que eles acreditavam estar mais relacionado ao

desenvolvimento sustentável da empresa.

O trabalho apresenta uma visão da relação da empresa com o mercado, isto é, quais os

fatores que influenciam ou nao nas tomadas de decisões do empresario das PME’s.

1 Para esta tese, o artigo foi traduzido para a língua portuguesa.

58

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE PELAS MICRO, PEQUENAS E

MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Meirelles L. Claudio1*

, Sacomano B. Jose1,

Papalardo Fabio1

1 Universidade Paulista - UNIP, Pós-Graduação no Programa de Engenharia de Produção, São

Paulo, Brasil

{Claudio Lira Meirelles, [email protected]}

RESUMO

O atual cenário empresarial apresenta uma tripla crise decorrente de aspectos financeiro,

ecológico e social, obrigando as empresas à revisão de suas estratégias para se posicionar de

forma sustentável no mercado. As micros, pequenas e médias empresas (MPMEs)

representam 99% das empresas do mundo, são a principal fonte de emprego e estão tendo

dificuldades de adaptação a esta realidade por falta de políticas publicas, conhecimento e/ou

capacidade de inovação. Com o objetivo de identificar como as empresas brasileiras MPMEs

entendem o conceito de sustentabilidade, foi realizada uma abordagem descritiva,

procedimentos misto, usando métodos survey num corte transversal. A pesquisa identificou

que, para as MPMEs, o fator que impacta diretamente na rentabilidade da empresa, como

custo, é considerado como principal fator para garantir a sustentabilidade da empresa no

mercado. Já os fatores, social e ambiental ainda não são considerados como preponderantes

para atingir esta sustentabilidade, levando a concluir que estes empresários enxergam seu

negócio no curto prazo.

Palavras-chave: Sustentabilidade 1, Micro, Pequena e Média Empresa 2.

1. INTRODUÇÃO

O mundo empresarial atualmente está passando por uma tripla crise decorrente de

aspectos financeiro, ecológico e social, obrigando as empresas a apresentarem uma nova

abordagem de governança que permita desenvolver um conjunto de indicadores de

desempenho para medir a sustentabilidade destes três aspectos ao nível da empresa [9].

Cada vez mais a sustentabilidade entra na pauta das empresas, obrigando-as a incluir

este tema nas suas estratégias, isto é, a criar estrategias sustentáveis. No entanto, na prática,

pela falta de informações segmentadas, discutir questões de sustentabilidade significa

enfrentar algumas dificuldades, principalmente porque esta nova realidade exige uma visão

em nível de produto, estratégico e tático [2].

Por um lado, as novas legislações estão dando ênfase em responsabilidade social,

imagem corporativa e concientização do cliente; por outro, os consumidores estão se

59

interessando por produtos e serviços decorrentes de práticas economicamente viáveis,

socialmente justas e ambientalmente corretas. Isso está fazendo com que os fabricantes se

preocupem em produzir produtos que não agridam o meio ambiente e reciclem os produtos

em fim da vida útil. Neste contexto, políticas de desenvolvimento sustentável que beneficie as

empresas serão importantes para o dinamismo da economia local. Entretanto, não se pode

perder de vista que estas políticas atuais não devem comprometer o desenvolvimento futuro

[3;8;13].

Diante desta realidade, está havendo uma transição dos modelos de negócios e das

relações econômicas embasadas no desenvolvimento sustentável como fator de

competitividade. Neste contexto, é inadiável a adaptação das micros e pequenas empresas

pela importância na geração de emprego, distribuição de riqueza e capacidade de inovar [13].

As micros e pequenas empresas, pela proximidade com o consumidor, podem

antecipar a concorrência na observação e adaptação das demandas nas praticas sustentáveis

pelos seus stakehouders, tendo deste modo um diferencial competitivo. É importante entender

as micros e pequenas empresas por serem consideradas o principal motor de

desenvolvimento, já que representam cerca de 99% das empresas no mundo e a principal

fonte de emprego na maioria dos países, também se destacando como fonte de poluição da

natureza, aproximadamente 30% do total, decorrente da dificuldade de implantar outros

métodos inovadores ou por não usar tecnologia mais limpa [6].

Na economia europeia, as PMEs são consideradas as principais fontes de emprego,

empreendedorismo e inovação, representando 66,7% dos empregos da União Europeia. No

Brasil, as micros e pequenas empresas foram responsaveis por 99% dos estabelecimentos,

51,6% dos empregos privados nao agricolas formais no pais e quase 40% da massa de salarios

[6;10;13].

Em relaçao aos setores de atividade, o comércio é a atividade com maior numero de

MPEs, correspondendo a mais da metade do total das MPEs brasileiras. O serviço é o

segundo setor com o maior número de MPEs, representando 33,3%, seguido da indústria com

10,7% e 4,5% do setor da construção. A participaçao das MPE no total de empresas

exportadoras em 2011 alcançou 61,5%, 27,0% do total de micros e 34,5% do total das

pequenas. As firmas industriais representam cerca de 60% do total de MPE exportadoras,

contra um percentual de 80% das grandes empresas. As empresas do setor do Comércio, ao

contrário, tem uma participaçao bem mais importante entre as MPE do que entre as firmas de

maior porte [12;14].

60

As pequenas e médias empresas são limitadas em recursos, seja em capital humano ou

tecnológico, dificultando o gerenciamento de novos projetos. Uma solução para estas

empresas são as redes empresariais, como foi o caso do setor de autopeças do México. As

empresas que conseguem majorar sua capacidade de competição são aquelas que reinventam

a forma de fazer negócio, criando um cenário sustentável [1;10].

Os principais elementos da empresa sustentável são: um conceito multidimensional da

sustentabilidade como princípio central orientador da empresa, um sistema de comunicação

externamente verificável, a formulação de metas de sustentabilidade de concreto e estratégia

concreta para atingir esses objetivos, o alinhamento dos incentivos de gestão dentro da

empresa e o envolvimento das partes interessadas e, em particular, os trabalhadores [9].

Assim, diante da importância do tema para a competitividade das empresas, questiona-

se como as micros e pequenas empresas entendem o conceito de sustentabilidade. Para

responder esta problemática, este trabalho tem como objetivo principal apresentar qual o

conceito mais relevante de sustentabilidade pelas MPMEs.

2. METODOLOGIA

A partir do objetivo do trabalho e do problema de pesquisa que se pretende estudar,

optou-se por uma abordagem descritiva com procedimentos quantitativos e qualitativos,

usando métodos survey num corte transversal. Em relação à abordagem, a decisão pelo estudo

descritivo decorre da pretensão de identificar numa população, ou subgrupos de uma

população, situações, eventos, atitudes ou opiniões decorrentes de determinado fenômeno

[4;5;17]. Os procedimentos foram definidos a partir do objetivo da pesquisa, que pretende

averiguar a visão sobre sustentabilidade por uma população, num determinado momento de

tempo, usando técnicas estruturadas para coleta de dados.

2.1 Planejamento da Pesquisa

Para operacionalizar a pesquisa, diante do problema e objetivo propostos, definem-se

fontes de dados para o trabalho de campo, método de coleta, estrutura e tratamento dos dados.

a) Fonte de Dados para o Trabalho de Campo

A escolha dos dados a serem analisados leva em consideração o objetivo da pesquisa,

não perdendo de vista as restrições e dificuldades para coleta. Neste trabalho em especial, o

qual definiu como fonte de pesquisa as empresas de pequeno e médio portes, a primeira

61

decisão foi escolher qual o método de classificação do tamanho das empresas que seria

adotado.

Existem duas formas de classificar o porte das empresas. Uma adotada pelo BNDES,

além de outros bancos e governos, que considera a receita bruta como a forma de análise, e

outra, adotada pelo IBGE e Sebrae, na qual se assume a quantidade de funcionários. Este

critério do Sebrae foi o adotado para o trabalho.

Tabela 1 - Critérios de Classificação de Empresas.

INDÚSTRIA

Microempresa Com até 19 empregados

Pequena Empresa De 20 a 99 empregados

Média Empresa De 100 a 499 empregados

Grande Empresa Mais de 500 empregados

COMÉRCIO E SERVIÇO

Microempresa Até 9 empregados

Pequena Empresa De 10 a 49 empregados

Média Empresa De 50 a 99 empregados

Grande Empresa Mais de 100 empregados

Fonte Sebrae [11].

b) População e Amostra

Para a pesquisa, foram selecionadas 50 empresas associadas à Câmara de Dirigentes

Lojistas e Associações Comerciais, de segmentos, localizações e portes distintos. Por

solicitação das empresas, os nomes foram preservados.

As entrevistas foram realizadas com os representantes das empresas que participaram

de palestras ministradas pelo autor do artigo, sendo, em sua maioria, os sócios-diretores das

organizações.

As empresas que participaram do trabalho estão localizadas no Estado do Ceará,

representante da região Nordeste, e Minas Gerais, representante da região Sudeste,

abrangendo os setores de serviço, comércio e indústria.

62

c) Coleta de Dados

A coleta de dados nas empresas selecionadas para a pesquisa foi realizada por meio de

um questionário estruturado, constituído basicamente por perguntas fechadas sobre o tema da

pesquisa. De acordo com Martins [7], o questionário “é um importante instrumento de coleta

de dados para uma pesquisa social, e é formado por um conjunto de perguntas a respeito de

variáveis e situações que se deseja medir ou descrever”. O mesmo autor explica que a

entrevista é necessária por ser uma técnica de pesquisa para coleta de informações, dados e

evidências no intuito de conseguir informações dos entrevistados que não foram estruturadas

anteriormente.

Para este artigo, foi utilizado uma parte do instrumento de coleta que está sendo

utilizado para o desenvolvimento da tese de doutorado do autor e apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 - Instrumento de Coleta dos Dados

Na sua opinião, qual conceito (ou quais conceitos) é (são) mais relevante(s) para sustentabilidade da sua

empresa?

Meio Ambiente Desenvolvimento Social Custo Bem estar dos Empregados

Produção Lucro Produtividade Estabilidade no Mercado

Fonte: Autor

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

Diante dos resultados obtidos na pesquisa, são feitas as seguintes observações.

Na cidade de Montes Claros, no estado de Minas Gerais, foram entrevistadas 11

empresas que se enquadravam na classificação de empresas assumida como fonte de pesquisa,

micro, pequena e média empresa, e com atividades distintas, serviço, comércio e indústria.

Foram entrevistados os gestores das empresas e, após tabular os dados dos

questionários, chegaram-se aos seguintes resultados:

1) Custo e lucro são os fatores mais relevantes para a sustentabilidade da

organização, ambas com 25,81% das indicações;

2) Desenvolvimento Social é o fator menos relevante para a sustentabilidade da

empresa, com 3,23%;

3) Meio ambiente, com 6,45% das indicações, é o sétimo fator com menor peso para

sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.

63

Na cidade de Araxá, no estado de Minas Gerais, foram entrevistadas 18 empresas que

se enquadravam na classificação de empresas assumida como fonte de pesquisa, micro,

pequena e média empresa, e com atividades distintas, serviço, comércio e indústria.

Foram entrevistados os gestores das empresas e, após tabular os dados dos

questionários, chegaram-se aos seguintes resultados:

1) Desenvolvimento Social é o fator mais relevantes para a sustentabilidade da

organização, com 21,95% das indicações;

2) Estabilidade no Mercado é o fator menos relevante para a sustentabilidade da

empresa, com nenhuma indicação;

3) Meio ambiente, com 14,63% das indicações, é o quarto fator com menor peso

para sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.

Na cidade de Fortaleza, no estado do Ceara, foram entrevistadas 16 empresas que se

enquadravam na classificação de empresas assumida como fonte de pesquisa, micro, pequena

e média empresa, e com atividades distintas, serviço, comércio e indústria.

Foram entrevistados os gestores das empresas e, após tabular os dados dos

questionários, chegaram-se aos seguintes resultados:

1) Bem estar é o fator mais relevantes para a sustentabilidade da organização, com

21,74% das indicações;

2) Produção é o fator menos relevante para a sustentabilidade da empresa, com

1,45% das indicações;

3) Meio ambiente, com 10,14% das indicações, é o sexto fator com menor peso para

sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.

Na cidade de Juazeiro do Norte, no estado do Ceara, foram entrevistadas cinco

empresas que se enquadravam na classificação de empresas assumida como fonte de pesquisa,

micro, pequena e média empresa, e com atividades distintas, serviço, comércio e indústria.

Foram entrevistados os gestores das empresas e, após tabular os dados dos

questionários, chegaram-se aos seguintes resultados:

1) Meio ambiente e Desenvolvimento Social são os fatores mais relevantes para a

sustentabilidade da organização, ambas com 21,43% das indicações;

2) Produção e produtividade são os fatores menos relevante para a sustentabilidade

da empresa, com nenhuma indicação;

64

Analisando de forma consolidada os resultados das cidades de Fortaleza e Juazeiro do

Norte, representando o estado do Ceará, na região Nordeste, destacam-se os seguintes

resultados, apresentados na Figura 1:

1) Bem estar é o fator mais relevante para a sustentabilidade da organização, com

20,48% das indicações;

2) Produção é o fator menos relevante para a sustentabilidade da empresa. com

1,20% das indicações;

3) Meio ambiente, com 12,05% das indicações, é o quinto fator com menor peso

para sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.

Figura 1 - Resultado Pesquisa no Estado do Ceará

Fonte: Autor.

Analisando de forma consolidada os resultados das cidades de Montes Claros e Araxá,

representando o estado de Minas Gerais na região Sudeste, surgem os seguintes resultados,

apresentados na Figura 2:

1) Custo é o fator mais relevante para a sustentabilidade da organização, com

22,22% das indicações;

2) Estabilidade de Mercado é o fator menos relevante para a sustentabilidade da

empresa, com 2,78% das indicações;

3) Meio ambiente, com 11,11% das indicações, é o quinto fator com menor peso

para sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.

65

Figura 2 - Resultado Pesquisa no Estado de Minas Gerais

Fonte: Autor.

Analisando de forma consolidada os resultados de todas as empresas pesquisadas,

representando as organizações classificadas como micro, pequeno e médio portes das regiões

do Nordeste e Sudeste, foram obtidos os resultados apresentados na Figura 3:

1) Custo é o fator mais relevante para a sustentabilidade da organização, com

18,06% das indicações;

2) Produção é o fator menos relevante para a sustentabilidade da empresa, com

5,16% das indicações;

3) Meio ambiente, com 11,61% das indicações, é o sexto fator com menor peso para

sustentabilidade da empresa, entre oito opções possíveis.

Figura 3 - Resultado Geral da Pesquisa

Fonte: Autor.

66

4. CONCLUSÃO

A sustentabilidade é um tema latente na academia e na mídia nos dias atuais. Mesmo

sendo amplo o debate sobre o que seria uma empresa sustentável, podendo esta condição

advir de melhores praticas gerenciais, ajustes em procedimentos operacionais ou uso de uma

tecnologia mais eficiente, o fator ambiental se destaca, estando este relacionado às exigências

do mercado e sociedade para uma empresa ser sustentável no longo prazo [2, 6, 9, 13,18,].

As micros, pequenas e médias empresas, pelo considerável impacto nas economias

mundial, principalmente por empregar um numero expressivo da mão de obra com menor

qualificação, torna necessário o entendimento sobre como este segmento está se posicionando

diante desta nova realidade [12].

Considerando que apenas 10,7% das empresas MPEs são do setor industrial e 89% das

empresas têm como setor de atividade comércio, serviço e construção, é evidente a

característica de não manufatura no setor, o que refletiu no resultado da pesquisa, que

constatou como fator com maior relevância para sustentabilidade da empresa o “custo” e, de

menor relevância, a “produçao” [12].

Diferentemente do divulgado na midia e trabalhos academicos, destacando o “meio

ambiente” como principal fator para sustentabilidade das empresas, a pesquisa constatou que

este fator não é visto como relevante para atingir a sustentabilidade nas organizações [2, 6, 8,

9, 13,18].

Diante dos resultados apresentados, foi identificado que, nas MPMEs, o fator que

impacta diretamente na rentabilidade da empresa, como custo, é considerado como principal

fator para garantir a sustentabilidade da empresa no mercado, sendo fiel às características de

setores como serviço e comércio, que representam a maioria das empresas destes portes. Já os

fatores, social e ambiental ainda não são considerados como preponderantes para atingir a

sustentabilidade no mercado, mesmo diante de novas legislações e exigências do consumidor,

levando à conclusão que estes empresários enxergam seu negócio no curto prazo.

Estas conclusões abrem espaço para novas pesquisas que permitam um melhor

entendimento das características destes fatores, possibilitando o desenvolvimento de políticas

publicas direcionadas para novas estratégias de negócio em empresas destes portes.

67

REFERÊNCIA

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entornos econômicos poço favorables: El sector auto partes maxicano. Estudios

Gerenciales, 29, 2013, p. 167-176.

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Cleaner Production, xxx, 2014, p. 1-9.

3. Faccio, M.; Persona; A.; Sgarbossa, F. Zanin, G..Susteinable SC through the complete

reprocessig of end-of-life products by manufacturers: A traditional versus social

responsibility company perspective. European Journal of Operational Reserch, 233,

2014, p. 359-373.

4. Freitas, Henrique; Oliveira, Mirian; Saccol, Amarolinda Z.; Mascarola, Jean. O Método

de Pesquisa Survey. Revista de Administração - RAE, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 105-

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5. Gil, Antonio Carlos. Como elaborar um projeto de pesquisa. 4.ed.,Sao Paulo: Atlas,

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6. Hoof, Bart Van; Lyon, Thomar P. Cleaner production in small firms taking part in

Mexico`s sustainable supplier program. Journal of Cleaner Production, v. 41, 2013, p.

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7. Martins, Gilberto de Andrade. Metodologia da investigação científica para ciências

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company leader in France. Ecological Economics, 82, 2012, p. 75-87.

9. Ozcure, Gurol; Demirkaya, Harun; Eryigit, Nimet. The sustainable company and

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and Turkey: Exemple of OMV Samsun Elektrik. Procedia Social and behavioral

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10. Sadaba, Sara Marcelino; Ezcurdia, Amaya Perez; Lazcano, Angel M. Echeverria;

Villanueva, Pedro. Project risk management methodology for small firms. International

Journal of Project Management, v. 32, 2014, p. 327-340

11. SEBRAE. Critérios de classificação de empresas: EI-ME-EPP. Disponível em: <http:

//www.sebrae-sc.com.br_leis_default.asp_vcdtexto=4154>. Acesso em: 10 mar. 2012.

12. SEBRAE/DIESSE. Anuario do trabalho na micro e pequena empresa. Sebrae/Dieese,

Brasilia-DF, 5ª edição, 2012.

13. SEBRAE. O que pensam as micro e pequenas empresas sobre sustentabilidade.

Estudos-e-pesquisas, Sebrae, Maio, 2012.

68

14. SEBRAE. As micro e pequenas empresas na exportação brasileira 1998 – 2011. Sebrae,

Brasília, 2012.

15. SEBRAE. Cenario econômico e social. Sebrae/UGE/NA-NEP, Jun, 2013.

16. SEBRAE. Boletim estudos e pesquisas. Sebrae/UGE, No 6, Jan. / Fev., 2014.

17. Yin, Robert K. Estudo de caso: Planejamento e Métodos. 4 ed., Porto Alegre:

Brookman, 2010.

18. ESTADAO. Sustentabilidade. Disponível em:

<http://topicos.estadao.com.br/sustentabilidade>. Acesso em: April, 2014.

69

3.2.1 Contribuição do artigo

Este artigo pesquisou empresas brasileiras de pequeno e médio portes. O mercado

nacional de empresas deste porte é composto, na sua maioria, pelo setor de comércio e

serviço, e as empresas pesquisadas seguiram esta tendência. Esta configuração do mercado se

faz importante para explicar os resultados encontrados decorrentes das características que

cada setor possui.

Por terem sido entrevistados os proprietários das empresas, pode-se constatar visão

dos empresários para as peculiaridades do seu négocio, isto é, fatores que consideram

importantes para garantir a sobrevivência da empresa, considerando as características do seu

público consumidor.

Como resultado da pesquisa, o fator com maior relevância para sustentabilidade das

empresas pesquisadas é o “custo”, e a menos relevante é a “produçao”. O custo para os

proprietários tem um impacto direto no lucro da empresa; por outro lado, a produção não está

relacionada ao setor de comércio e serviço do qual a maioria das empresas pesquisadas fazem

parte, sendo que nestes setores não existe produção

O resultado deste artigo contradiz as premissas apresentadas nas atuais literaturas que

indicam para uma estratégia de Desenvolvimento Sustentável a necessidade de focar,

primeiramente, nos fatores social e ambiental para alcançar os fatores econômicos. Neste

artigo, o fator “meio ambiente” e “social” nao sao vistos pelos empresarios entrevistados

como relevantes para a sustentabilidade da empresa.

Estes resultados estao em consonância com as caracteristicas das PME’s, isto é, da

necessidade de retorno no curto prazo. Esta caracteristica explica o “custo” como principal

fator para sustentabilidade da empresa (custo dos produtos comercializados, custo

operacional, custo dos impostos e da carga tributária, custo dos salários dos funcionários, etc).

70

3.3 A Pequena e Média Empresa no Brasil: um Estudo Compreensivo da Visão do

Gestor Sobre o Negócio.

Publicado por IFIP International Federation for Information Processing, Springer, v.

439, n. 2, p. 82-89, 2014, texto original em ingles e intitulado “Small and Medium

Enterprises in Brazil: a Comprehensive Study of the Manager’s View of the Business”2,

DOI: 10.1007/978-3-662-44736-9_10

Este artigo busca responder ao objetivo especifico de identificar os fatores internos e

externos que influenciam o desempenho das empresas de pequeno e médio portes no Brasil.

Para alcançar este objetivo, foi realizada uma pesquisa com empresários gestores de

pequenas e médias empresas, de diferentes setores, questionando-os sobre quais os fatores

internos e externos que têm mais influência no alcance do desenvolvimento sustentável da

empresa.

O trabalho apresenta uma visão da relação da empresa com o mercado, isto é, quais os

fatores que influenciam ou não as tomadas de decisões do empresario das PME’s.

2 Para esta tese, o artigo foi traduzido para a língua portuguesa.

71

A PEQUENA E MÉDIA EMPRESA NO BRASIL: UM ESTUDO

COMPREENSIVO DA VISÃO DO GESTOR SOBRE O NEGÓCIO

Fabio Papalardo1*

, José Benedito Sacomano1, Cláudio Meirelles

1, Jayme de Aranha

Machado1

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista UNIP –

Brasil

{Fabio Papalardo [email protected]}

RESUMO

As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) no Brasil são um fator de grande importância

econômica, pois representam mais de cinquenta e seis milhões de empregos formais. Se

considerarmos uma população total do país de duzentos milhões de habitantes, teremos a

magnitude da importância desse segmento econômico, o que indica que o setor é responsável

pela sustentabilidade do emprego estrutural. Como qualquer atividade econômica, ela

depende de eficiência, o que significa administração especializada, baixos custos, baixos

desperdícios, alta competitividade e fatores que asseguram a sustentabilidade destas empresas

no mercado. Além destes fatores internos à administração, há fatores externos que impactam

o desempenho destas empresas, tais como políticas de incentivo ao desenvolvimento, custo

financeiro, mão de obra qualificada, carga de impostos, valor da moeda local em relação à

moeda estrangeira e outros. Uma administração adequada a esse quadro matricial de fatores

depende da visão dos gestores. Esta compreensão dos gestores de diversos fatores internos e

externos às empresas irá determinar o tipo de cultura organizacional que será praticada neste

tipo de empresa. Neste trabalho, pesquisamos a visão dos gestores das PMEs com relação aos

fatores internos e externos que influenciam a administração das empresas.

Palavras-chave: Pequenas e Médias Empresas, Fatores de Sustentabilidade, Fatores

Culturais.

1. INTRODUÇÃO

As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) representam 99% das empresas brasileiras,

segundo dados do IBGE, Dieese e Sebrae Nacional, de outubro de 2013. Também

correspondem a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, no valor de 700 bilhões de

reais, e geram 60% de todos os empregos formais no Brasil, ou seja, 56,4 milhões de

empregos. Estes dados são, por si só, relevantes para o desenvolvimento econômico e social

da nação.

72

A visão dos gestores das PMEs, como eles veem o mercado, como veem a

administração e a importância destas empresas, e sobretudo os fatores de sua sustentabilidade,

indicam uma possibilidade de análise deste setor no sentido de sua consolidação no mercado,

visto que o índice de mortalidade das PMEs é da ordem de 25% em dois anos de existência

(Sebrae, 2103). Mundialmente, é uma boa colocação, já que os melhores números, segundo

Sebrae, são de 22% para a Eslovênia, 24% para a Áustria, seguidos de 31% para a Espanha,

32% para a Itália, 49% para Portugal e 50% para a Holanda. Naturalmente, estes países

mencionados têm um mercado diferente do mercado brasileiro, e têm suas idiossincrasias e

particularidades.

Consideram-se aqui os fatores que influenciam o desempenho das PMEs como sendo

de dois tipos: há fatores internos, que correspondem ao funcionamento orgânico das empresas

e que levam em conta seus setores e funções internas; e, também, há os fatores externos,

como políticas públicas e mercado financeiro, entre outros.

A visão dos gestores são um indicativo de como estes compreendem a realidade das

PMEs, mas não necessariamente de como deveriam ser a gestão e as políticas para o

desenvolvimento e sustentabilidade desse setor tão importante na economia que são as PMEs.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Estudos de Pequenas e Médias Empresas são frequentes devido à sua importância no

desenvolvimento de países e regiões.

Segundo estudos, há diferenças de gestão entre as grandes empresas que contrastam

com as PMEs. A administração das PMEs tem suas particularidades; a maior diferença entre

as grandes empresas e as PMEs é que os projetos das PMEs tendem a ser vinculados às

atividades operacionais do dia a dia, enquanto as grandes empresas têm planejamentos

estratégicos [1].

Os gerentes não percebem o potencial econômico de serem responsáveis pelas

questões sociais, pelo meio ambiente e, como particularmente estudado na pesquisa, para a

saúde dos funcionários. Embora a primeira responsabilidade de um gerente seja gerar lucros,

as empresas podem, ao mesmo tempo, contribuir para os objetivos sociais e ambientais,

através da integração da responsabilidade social corporativa como investimento estratégico

em sua estratégia de negócios principais, seus instrumentos de gestão e suas operações [2].

Outra particularidade das PME é a dificuldade cultural da cooperação e o

estabelecimento de arranjos produtivos locais, nos quais uma relação de cooperação entre

73

PMEs não só facilita o acesso a recursos que uma empresa não possui, como também

complementa os próprios recursos, reforçando ou incrementando o potencial dos seus pontos

fortes. Além disso, a cooperação empresarial pode representar um meio de desenvolvimento

de vantagem competitiva nas PMEs que conseguem transformar esta parceria num vínculo

para competitividade [3].

Os arranjos produtivos são importantes ferramentas para obtenção de apoio financeiro

necessário para as pequenas e médias empresas capacitarem e treinarem a equipe, que é a base

para promover inovação. O atual ambiente de negócios é referido como hipercompetitivo e

global, e uma mudança no cenário pode afetar permanentemente uma PME, em vez do caráter

de crise, dificultando um desenvolvimento futuro [4].

No que se refere ao meio ambiente, a falta de informação é o principal gargalo que

inibe a melhoria na eficiência energética nas PMEs, mas outros fatores também podem ser

citados, tais como barreira financeira e organizacional. Como fatores externos, três barreiras

adicionais às atividades de economia energética podem ser indicadas: o papel das estruturas

de propriedade familiar, a pouca fiscalização das regulamentações públicas, a ausência de

apoio governamental, e a falta de mão de obra qualificada [5].

Todos esses fatores formam características que devem ser estudadas em todas as suas

particularidades, de modo que políticas e sistemas de gerenciamento possam ser

implementados.

3. METODOLOGIA

A metodologia apresentada fez uso do método compreensivo. A análise compreensiva

incentiva a integração de um maior número possível de elementos e conexões em seu

exercício. Este método identifica as opiniões de gestores de pequenas e médias empresas

sobre sua sustentabilidade no mercado brasileiro [6]. A pesquisa, de caráter exploratório,

utilizou um estudo de caso com instrumentos de coleta de dados por intermédio da entrevista

não estruturada e questionário com perguntas.

Entrevistas não estruturadas levantaram os fatores percebidos pelos gestores como

relevantes para a administração das pequenas e médias empresas brasileiras.

O tema que está sendo proposto representa uma contribuição no tratamento de como o

gestor de pequena e média empresa brasileira avalia o negócio.

A pesquisa foi realizada utilizando-se a escala de medição de Likert para fatores

considerados relevantes para a sustentabilidade da empresa no mercado e também uma

74

avaliação com atributos de 0 a 10 sobre os setores da empresa e sua importância na

administração e desempenho das empresas.

Para a escala Likert, a quantidade de respostas possíveis é em número de cinco,

considerando-se o fato de que as possibilidades de resposta podem ser par ou ímpar; salienta-

se que a quantidade ímpar favorece ao respondente manter-se, por qualquer motivo, no centro

das respostas, ou seja, de forma neutra, e a quantidade par de respostas evita esse

comportamento, pois o pesquisado tem que se posicionar. As nomenclaturas foram: 1-

Irrelevante; 2 – Pouco Relevante; 3- Relevante; 4 – Muito Relevante e 5 – Imprescindível.

As pesquisas foram realizadas em quatro áreas: região de Fortaleza e Juazeiro do

Norte, no estado do Ceará; a região de Montes Claros e a região de Araxá, no estado de Minas

Gerais. As regiões de Araxá e Montes Claros, embora no estado de Minas Gerais, possuem

diferentes características de cultura empresarial, pois Araxá encontra-se no chamado

Triângulo Mineiro, com aspectos culturais ligados à Região Sudeste; já a região de Montes

Claros fica no norte de estado de Minas Gerais e tem características culturais ligadas à região

do Sertão Mineiro e Sul da Bahia. As regiões de Fortaleza e Juazeiro do Norte têm aspectos

culturais nitidamente da Região Nordeste.

Essa diversidade tem como objetivo não atribuir um aspecto regional à pesquisa.

4. RESULTADOS

Foram pesquisadas cinquenta e sete empresas, nas quatro regiões, sendo as empresas

classificados como de comércio atacadista e varejista, indústria e serviços.

Figura 1 - Perfil das Empresas Pesquisadas Fonte: Autor.

75

As entrevistas não estruturadas indicaram que as áreas consideradas como essenciais

para os gestores da pequena e média empresa são:

a) Vendas: evidenciando o volume de vendas de produtos ou serviços como um

atributo.

b) Compras: as empresas pesquisadas compram produtos, matérias-primas e/ou mão

de obra de serviços.

c) Produção: a transformação de produtos primários em produtos finais, e a prestação

de serviço como produto de entrega ao mercado.

d) Planejamento: o planejamento operacional e o estratégico do negócio.

e) Produto: o produto comercializado ou serviço executado

f) Custos: os custos provenientes de compras e encargos de mão de obra direta e

indireta, e impostos.

g) Administração: a gestão geral dos negócios, como ferramenta de sustentabilidade

da empresa no mercado.

Estes setores correspondem à visão dos gestores dos fatores internos da empresa.

Nesta parte da pesquisa, evidencia-se a escala de valores percebida pelos gestores nos

diversos setores e funções das empresas, como vemos na figura 2.

Verifica-se que, segundo a visão dos gestores, ter um produto de desempenho

competitivo é o fator de maior importância, com 7,89 atribuídos em uma escala de 0 a 10.

O segundo fator são: vendas, com valor 7,75; administração do negócio, com 7,52;

compras, com 7,51; custos, com 7,32; planejamento, com 7,25; e produção, com 6,76.

Uma visão estratificada por região está na tabela 1

Na segunda parte da pesquisa, temos os fatores externos à empresa que, segundo a

visão dos gestores, influem no desempenho e sustentabilidade das empresas.

São eles:

a) as políticas públicas para o desenvolvimento e aumento das pequenas e médias

Empresas;

b) os sistemas financeiros, bancos e instituições de crédito voltados às pequena e

média empresas;

c) a formação acadêmica e o treinamento técnico para a capacitação da mão de obra

utilizada nas pequena e média Empresas;

76

d) as inovações, os congressos, as feiras e os treinamentos, de maneira a estar

preparado para responder face às constantes exigências do mercado;

e) as contribuições e apoio de entidades de classe e não governamentais para o apoio

e desenvolvimento das pequenas e médias empresas;

f) os empregos gerados pelas pequenas e médias empresas no cenário nacional;

g) a importância das pequenas e médias empresas no desenvolvimento econômico

nacional.

Figura 2 - Importância dos Fatores Internos na Sustentabilidade das PMEs Fonte: Autor.

Tabela 1 - Valores Atribuídos aos Fatores Internos Distribuídos por Região

Montes Claros Fortaleza Juazeiro do Norte Araxá Geral

Set

ore

s d

a E

mp

resa

Produtos 8,43 9,00 7,75 6,38 7,89

Vendas 8,13 8,31 7,00 7,54 7,75

Administração 8,00 7,04 7,00 7,15 7,52

Compras 6,50 8,25 7,67 7,62 7,51

Custos 7,50 7,75 7,50 6,54 7,32

Planejamento do Negócio 8,14 7,71 6,00 7,15 7,25

Produção 5,50 6,63 7,67 7,23 6,76

Fonte: Autor.

Utilizou-se aqui o método de Likert, com a seguinte tabulação:

77

Tabela 2 - Questões de Múltipla Escolha Referentes a Fatores Externos às PMEs.

Irrelevante

Pouco

Importante Importante

Muito

Importante Imprescindível

A importância da PME no

crescimento e desenvolvimento

econômico é:

As políticas públicas no

crescimento e desenvolvimento

das PMEs são:

Os empregos gerados pelas PMEs

no cenário nacional são:

A contribuição de empresas não

governamentais para o

crescimento das PMEs são:

O sistema financeiro (Bancos)

participa na PME de forma:

A formação acadêmica e

treinamento técnico nas PMEs

são considerados:

Estar preparado para a

competitividade de mercado:

Fonte: Autor.

Figura 3 - Classificação por Importância dos Fatores Externos às PMEs

Fonte: Autor.

Verifica-se que o fator externo preponderante é estar preparado para permanecer no

mercado, seguido pelo auxílio e suporte de entidades de classe, da importância das PMEs no

cenário nacional, dos empregos gerados pelas PMEs, da preparação da mão de obra utilizada

pelas PMEs, das políticas públicas e do suporte do sistema financeiro.

78

Tabela 3 - Valores Atribuídos aos Fatores Externos Distribuídos por Região.

Montes Claros Fortaleza Juazeiro do Norte Araxá Média %

Preparar para o mercado 4,58 4,57 4,50 4,33 4,50 15,51

Contribuição de entidades 4,42 4,43 4,33 4,33 4,38 15,11

PME no desenvolvimento 3,73 4,43 4,83 4,33 4,33 14,94

Empregos gerados 4,31 4,30 4,17 3,94 4,18 14,42

Treinamento técnico 3,92 4,22 3,67 4,33 4,04 13,92

Políticas públicas 4,08 3,96 4,00 3,50 3,89 13,41

Sistema Financeiro 3,25 3,52 3,50 4,44 3,68 12,69

Fonte: Autor.

5. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

Quanto aos fatores internos que influenciam a sustentabilidade das PMEs, os produtos

a serem oferecidos ao mercado são vistos como o principal fator, o que denota um mercado

competitivo no aspecto do desempenho do produto; porém, fatores como custos e prazos não

foram mencionados nas opiniões dos pesquisados. Isso evidencia um aspecto de natureza

comercial nas PMEs. Naturalmente, o objetivo de ter um produto competitivo é assegurar as

vendas, que está como segundo lugar em importância nas pesquisas. Mesmo empresas de

serviços ou industriais mostram este tipo de enfoque. Podemos também verificar pelos

números que os atributos administração e compras possuem praticamente o mesmo valor, e de

fato os entrevistados consideram que comprar bem é sinônimo de administrar bem. Os custos

são vistos como uma consequência das compras, que incluem aqui compras de materiais e

mão de obra. O fator planejamento é visto mais como algo operacional de que como algo

estratégico, e a produção tem o menor atributo.

As atividades comerciais como um fim em si mesmas são importantes para o

desempenho e a manutenção das PMEs no mercado, porém tais atividades não agregam valor.

Considerando-se que o setor das PMEs é responsável pelo emprego estrutural no Brasil,

atividades que não agregam valor tendem, no médio prazo, a tornar o mercado importador,

baseando a sustentabilidade da economia somente no consumo interno do país.

Nos aspectos externos, o fator de menor importância está em apoiar-se no setor

financeiro; devidos aos altos encargos, as empresas tentam manter o nível de capitalização o

mais alto possível. Também como fator de pouca importância está a expectativa das políticas

79

públicas voltadas às PMEs; de fato, nas entrevistas, há um ceticismo em relação a esta

questão. Já entidades como associação de classes e instituições como SENAI e SESC são

reconhecidamente como de grande utilidade no apoio das PMEs e fator de desenvolvimento,

muito embora o item treinamento técnico, que muitas vezes decorre destas mesmas

instituições, não seja considerado pelos gestores como um fator de relevante importância. Isto

se deve ao fato de que os gestores não veem os colaboradores como agentes de

desenvolvimento das PMES, mas somente a capacitação e preparação dos mesmos gestores

como fator decisivo no desenvolvimento das PMEs.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. SEBRAE. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-

pesquisas/temasestratégicos/sobrevivência>. Acesso em: 2014.

2. Bakos, L.: Decision-making and Managerial Behaviour Regarding Corporate Social

Responsability in the Case of Small and Middle-sized companies. In: Procedia- Social

Beha- vioral Sciences (2014).

3. Gonzáles, G. P. AsociaciónSignificativaentrelosModosdeConversióndeConocimientoy

los Modelos de Decisión en las PYMEs de Cali- Colombia - Estudios Gerenciales

Universi- dad ICESI Colombia (2011).

4. Pellešovaa, P.: Position of Small and Medium Companies in Poland and Results of

Research in Selected Areas. Science Direct Contemporary Issues in Business,

Management and Education (2013).

5. Kostkaa, G.: Barriers to Increasing Energi Efficiency: Evidence from Small and Medium-

sized Enterprizes in China. Journal of Cleaner Production (2013).

6. Alvarado, T.E.G., Granados, M.A.M.: La innovación en Entornos Económicos Poco

Favorables: El Sector Auto Partes Mexicano - Estudios Gerenciales Elsevier.es (2013).

7. Mendes Junior, J.N., Ferreira, M.C.: Análise Compreensiva: Conceito e Método, Rio

Claro (2010).

80

3.3.1 Contribuição do artigo

O objetivo principal deste trabalho foi identificar os principais fatores internos e

externos que influenciam o resultado das empresas de pequeno e médio portes. Por terem

participado da pesquisa os proprietários das empresas, pode-se ter uma visão dos empresários

para o mercado que atuam, isto é, dos fatores que influenciam a relação empresa/cliente.

De acordo com o resultado da pesquisa, o produto oferecido ao mercado é o principal

fator interno que influencia as empresas positivamente para sua sustentabilidade, por garantir

vantagem competitiva.

Os resultados também mostraram que foi atribuída a mesma importância para os

fatores administração e compra. Isso significa que os empresários acreditam que comprar de

forma eficiente é sinônimo de administrar de forma eficiente. Neste entendimento, os custos

são considerados uma consequência da compra (compra de materiais, produtos, e mão de

obra). Este resultado está em sintonia com o resultado apresentado no artigo 1.

O fator de planejamento é visto como algo operacional, em vez de estratégico, o que

explica a tendência de as empresas apresentarem estratégias de curto prazo.

As atividades comerciais, como um fim em si mesmas, são importantes para o

desempenho e sustentabilidade das PME’s no mercado, mas estas atividades nao acrescentam

valor ao produto. Considerando que as empresas de pequeno e médio portes são responsáveis

pelo emprego estrutural no Brasil, as atividades que não acrescentam valor ao produto final

têm a tendência de direcionar o mercado para as importações, o que afastaria a tendência

destas empresas inovarem.

Entre os fatores externos, o apoio dos estabelecimentos financeiro e a expectativa dos

empresários na criação de politicas publicas direcionadas para PME’s sao vistos pelos

empresarios como de pouca importância para o desenvolvimento sustentavel das PME’s.

Estes dois fatores externos estão diretamente ligados à ação do governo, que é

identificado na literatura como o principal ator na criação de um cenário propício ao

Desenvolvimento Sustentável e que, no Brasil, não é visto pelos empresários como um agente

que teria este interesse.

Em contrapartida, entidades não governamentais, como Sebrae’s, entre outras, são

bem vistas no meio empresarial como suporte para capacitação e apoio institucional no

crescimento sustentável da empresa.

81

3.4 Gestão da Qualidade no Atendimento em Empresas de Pequeno e Médio Portes

Publicado por IFIP International Federation for Information Processing, Springer, v.

460, n. 2, p. 628-635, 2015, texto original em ingles e intitulado “Quality of Service in Small

and Medium Enterprises”3, DOI: 10.1007/978-3-319-22759-7_72

Este artigo busca responder ao objetivo especifico de discutir a ótica do consumidor

de produtos/serviços das PME’s.

Como o perfil majoritário do mercado consumidor brasileiro é composto por uma

população com renda média de R$ 1.760 (IBGE, 2017), este artigo traz para discussão uma

visão de um nicho específico de mercado, o cliente de alta renda. Este público tem algumas

características similares às de países desenvolvidos; desse modo, é possível fazer uma

comparação do perfil dos diferentes grupos de consumidores em relação aos quais as PME

podem atuar com uma abordagem sustentável no Brasil.

O trabalho desenvolve e testa uma ferramenta que permite demonstrar detalhes da

percepção do cliente no que se refere à qualidade de atendimento numa empresa do setor de

Serviço. É uma visão da relação do cliente com a empresa, isto é, quais os fatores que

influenciam ou não na tomada de decisão do cliente para adquirir um serviço de uma empresa,

sendo este consumidor de alta renda.

3 Para esta tese, o artigo foi traduzido para a língua portuguesa.

82

GESTÃO DA QUALIDADE NO ATENDIMENTO EM EMPRESAS DE

PEQUENO E MEDIO PORTES.

Meirelles L. Claudio1*

, Silva Marcia Terra1, Sacomano B. Jose

1

1 Universidade Paulista - UNIP, Pós-Graduação do Programa de Engenharia de Produção, São Paulo, Brasil

{Claudio Lira Meirelles, [email protected]}

RESUMO

Independentemente do segmento, indústria, comércio ou varejo, as empresas estão agregando

valor ao seu produto final por meio de serviços prestados aos clientes. Em especial para

pequenas e médias empresas, que representam a principal fonte de emprego do mundo,

entregar um serviço de qualidade pode fazer a diferença no mercado em que atuam. Entre as

diversas ferramentas para avaliar qualidade do serviço, a SERVQUAL se destaca. Este

trabalho tem como objetivo verificar se as dimensões da ferramenta SERVQUAL são

adequadas ou suficientes para avaliar a qualidade do serviço de uma empresa de pequeno

porte do segmento de turismo, cujos clientes sao PME’s. A metodologia usada foi uma

abordagem descritiva com procedimento quantitativo. A pesquisa concluiu que o questionário

SERVQUAL descreve características da PME e a qualidade pontual no serviço prestado e que

a inclusão das três perguntas do SERVPERF permite identificar se a qualidade do serviço

prestado é convertida ou não em satisfação do cliente. A pesquisa identificou uma lacuna na

ferramenta, que não aponta o principal motivo de o serviço ser tido como de qualidade.

Investigação complementar mostrou que se faz necessário incluir uma variável, a

aprendizagem do cliente.

Palavras-chave: Pequena e Média Empresa 1., Serviço 2., Qualidade 3.

1. INTRODUÇÃO

As pequenas e médias empresas (PME’s) representam cerca de 99% das empresas

ativas no mundo e a principal fonte de emprego, podendo-se destacar a União Europeia, com

66,7% dos empregos formais, e o Brasil, com 51,6% dos empregos gerados no setor privado.

Entre as PME’s brasileiras, o setor de serviço é o segundo com maior número de empresas,

representando 33% do mercado, perdendo somente para o comércio. Por outro lado, o setor de

turismo se destaca, representando, em contribuição total e considerando atividades diretas e

indiretas, 9,3% do PIB brasileiro [1, 2, 3, 4, 5, 6, 7]. O setor de turismo inclui uma

diversidade de empresas, como serviços de hospedagem e de alimentação, empresas de

transporte e agências de turismo, entre outras. Este artigo trata da qualidade de serviço em

agências de turismo de pequeno porte.

Serviço é uma atividade em que o resultado final não é um produto físico e está

direcionada a satisfazer as necessidades do consumidor. Algumas características de serviços

83

são: intangibilidade, simultaneidade, heterogeneidade e perecibilidade [8]. Diante destas

características, faz-se necessário uma ferramenta de medição de qualidade diferente da usada

para a avaliação da qualidade de produto.

A qualidade do serviço prestado está diretamente relacionada à expectativa do cliente.

É uma combinação entre o que o cliente esperava, o que ele constatou durante a prestação do

serviço e o quanto ele ficou satisfeito após a realização da atividade. Se a expectativa inicial

foi superada, o serviço é considerado de qualidade [9].

Mas, para uma empresa compreender se o serviço que está sendo prestado é visto

pelos clientes como de boa qualidade, faz-se necessário o uso de técnicas específicas para

avaliação. Várias ferramentas foram apresentadas e aperfeiçoadas, tais como: Modelo de

Gronroos, o instrumento SERVQUAL, Modelo Percepção-Expectativa, Modelo de Avaliação

de Serviço e Valor, Modelo SERVPERF, Modelo de Desempenho Ideal, entre outros [10].

Entre os modelos informados, o SERVQUAL parte de um questionário, desenvolvido

a partir de um modelo estatístico, com intuito de medir as expectativas e percepções dos

clientes, devendo ser adaptado de acordo com o tipo e os principais atributos do negócio da

empresa pesquisada para melhor representar sua atividade. É muito difundido nos trabalhos

acadêmicos pela facilidade de aplicação e capacidade de diagnostico [11].

Diante da importância que as PME’s tem na economia em geral, e no setor de turismo

no mercado brasileiro, este artigo justifica-se pela necessidade de as empresas de pequeno

porte desenvolverem ferramentas que permitam analisar a qualidade dos serviços prestados,

tendo, assim, uma visão do seu negócio para criar vantagem competitiva. Frente às

dificuldades de empresas desta área e deste porte, chama a atenção a baixa quantidade de

artigos sobre o tema, abrindo assim um espaço para pesquisas.

O objetivo principal deste trabalho é verificar se as dimensões da ferramenta

SERVQUAL são adequadas ou suficientes para avaliar a qualidade do serviço de uma

empresa de pequeno porte do segmento de turismo, cujos principais clientes são outras

empresas de pequeno e médio portes.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Qualidade em Serviço

Entender a formação da qualidade de serviço é fundamental para uma empresa

conseguir vantagem competitiva. Assim, um serviço prestado com qualidade faz com que

84

seus clientes fiquem satisfeitos, resultando em fidelidade com a empresa, divulgação positiva

para outros clientes, novos pedidos e consolidação no mercado [12, 13, 14].

A melhoria da qualidade no serviço está ligada à capacidade de a empresa avaliar a

qualidade intangível de seus resultados e, para isso, a qualidade percebida pode ser definida

como o julgamento subjetivo do cliente sobre um produto. Neste caso, subjetivo quer dizer

que a avaliação é influenciada por experiências anteriores, necessidades de consumo e outras

necessidades pessoais. Especificamente no setor de turismo, a qualidade de desempenho

refere-se aos atributos do serviço prestado por um agente de turismo [15].

Indicadores, como o de nível de qualidade dos clientes, são fundamentais para o

planejamento e controle dos processos internos das empresas. Uma leitura clara dos

indicadores permite que as organizações criem estratégias e identifiquem problemas que vão

impactar diretamente nos seus resultados [16].

2.2 Modelos para Avaliar Serviço

O setor de serviço vem se tornando protagonista no resultado da economia nacional e

internacional nos últimos anos. Esta crescente importância fez com que diversos estudiosos

focassem seus esforços em desenvolver ferramentas que permitissem mensurar a qualidade

nos serviços prestados [10].

De forma resumida, são apresentados na Tabela 1 os principais modelos para avaliar

qualidade. Vale salientar que o modelo SERVQUAL, mesmo diante de algumas críticas sobre

sua eficiência, é usado como base para o desenvolvimento dos outros modelos.

Tabela 1 - Resumo dos Modelos de Qualidade

AUTOR MODELO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

Grônroos (1984) Não apresenta modelo com

apresentação algébrica

Qualidade = f (expectativa, desempenho e

imagem)

Parasuraman (1985, 1988) SERQUAL (Q = D - E) 22 ítens distribuidos em cinco dimensões de

qualidade

Brown and Swartz (1989) Q = E - D Utiliza as 10 dimensões desenvolvidas por

Parasuraman et al. (1985)

Bolton and Drew (1991) Modelo de avaliação do

serviço e valor

Utiliza as 5 dimensões desenvolvidas por

Parasuraman et al. (1985) e introduz o conceito

de valor na avaliação da qualidade do cliente

Cronin and Tylor (1992) SERVPERF Utiliza as 5 dimensões desenvolvidas por

Parasuraman et al. (1985)

Teas (1993) Modelo do desempenho ideal Utiliza as 5 dimensões desenvolvidas por

Parasuraman et al. (1985)

Fonte: Adaptado Miguel e Salomi (2004).

85

O nível de qualidade pode ser identificado pela diferença entre a percepção e

expectativa do serviço contratado. A partir deste conceito, foi desenvolvido o modelo

SERVQUAL que, ao analisar a diferença entre a concepção de qualidade do serviço na visão

gerencial e do cliente, desenvolveu um questionário com 10 dimensões de qualidade. Este

questionário foi sendo aperfeiçoado, resultando na análise de cinco dimensões

(confiabilidade, presteza, segurança, empatia e aspectos tangíveis) e 22 perguntas [14], [18,

19].

Um dos trabalhos que se destaca na crítica ao modelo SERVQUAL, apresentando-se

como um modelo alternativo e mais preciso, foi o realizado por Cronin e Taylor, conhecido

como SERVPERF, que considera a satisfação do cliente uma métrica melhor do que a

qualidade do serviço para prever o desejo de recompra, ajustando o questionário SERVQUAL

para medir a satisfação do cliente [20].

Para este ajuste, os autores utilizaram o questionário do SERVQUAL e um

questionário adicional, contendo três perguntas, com intuito de avaliar os sentimentos a

respeito da empresa fornecedora de serviços: a satisfação do cliente, a qualidade total dos

serviços e a intenção de recompra.

O SERVQUAL transformou-se em um dos modelos mais utilizados para mensurar

qualidade em serviço, tendo sido adequado aos diversos setores de aplicação como, por

exemplo, os de empresas de varejo, companhias aéreas, restaurantes, hotel, educação on line,

hospital, serviços de internet, banco, supply chain, serviço público, entre outros [14] [21].

Apesar de ter sido amplamente utilizado, inclusive no setor turístico, no levantamento

bibliográfico para esta pesquisa não foram encontrados artigos de aplicação do SERVQUAL

em agências de turismo, o que deixa em aberto uma lacuna que este trabalho pretende

investigar.

3. METODOLOGIA

3.1 Síntese do Procedimento de Pesquisa

A investigação, classificada como quantitativa e descritiva, justifica-se pela inter-

relação com o problema de pesquisa, na qual se pretende identificar a existência de

correlações entre variáveis dentro de uma população, analisando um determinado fenômeno e

tentando relacioná-lo a outro por meio de métodos estatísticos. Fernandes e Gomes definem

que a modalidade de pesquisa descritiva tem como objetivo “descrever, analisar ou verificar

86

as relações entre fatos e fenômenos (variáveis), ou seja, tomar conhecimento do que, com

quem, como e qual a intensidade do fenômeno em estudo” [22].

Para alcançar o objetivo do estudo, definiu-se, como estratégia de análise, a

verificação da existência de correlação entre duas variáveis: uma variável representada pela

expectativa dos clientes e uma variável representada pela percepção dos clientes dos serviços

adquiridos.

A coleta dos dados foi realizada num determinado momento; sendo assim, a pesquisa

é considerada um corte transversal no tempo e usa questionários estruturados com questões

fechadas, com o propósito de identificar a qualidade do serviço adquirido por um determinado

grupo de clientes empresários.

3.2 População e Amostra

A pesquisa foi realizada com clientes empresários que participaram de missões

internacionais realizadas por uma agência de viagem, de pequeno porte, localizada na cidade

de São Paulo e especializada em Turismo de Negócio Internacional para empresas de pequeno

e médio portes. Participaram da entrevista 10 empresas de pequeno e médio portes do

segmento gráfico, localizadas no Distrito Federal, Brasil, que participaram de uma Missão

Internacional SHANGAI/DUBAI, e 19 empresas de pequeno e médio portes de diversos

segmentos, localizadas nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Norte,

Brasil, que participaram de uma Missão Internacional EUA/Panamá.

3.3 Construção da Ferramenta

O instrumento aplicado nesta pesquisa foi adaptado a partir do questionário

SERVQUAL. Foi realizada uma entrevista com um dos donos da agência de turismo para

adequar algumas perguntas e refletir sobre a realidade do setor turístico. No intuito de ampliar

as possibilidades de análise, foram incluídas no questionário as três perguntas adicionais do

SERVPERF. O questinário final está apresentado na Tabela 2 abaixo.

87

Tabela 2 - Questionário para Pesquisa

* Marque um X na pontuação que você considera mais adequada tendo como extremos: (1) Discorda Fortemente e (7) Concorda Fortemente

Expectativa antes da viagem Desempenho após a viagem

Os funcionários têm que estar bem vestidos Os empresários da empresa são bem vestidos

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa tem que ser de confiança A empresa é de confiança

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa tem que gerar oportunidades de negócio A empresa consegue gerar oportunidades de negócio

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa tem que cumprir as atividades e horários do

programa de viagem prometido

A empresa cumpre as atividades e horários do

programa de viagem prometido

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa tem que informar aos clientes detalhes das

atividades que serão executadas no programa de

viagem

A empresa informa os detalhes das atividades que

serão executadas no programa de viagem

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

O funcionário da emprea tem que estar sempre

disponível em ajudar os clientes

Os funcionários da empresa estão sempre dispostos a

ajudar os clientes

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

O cliente tem que ser capaz de se sentir seguro em

viajar com os funcionários da empresa

Você se sente seguro em viajar com os funcionários da

empresa

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

O funcionário da empresa tem que ser educado Os funcionários da empresa são educados

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa dará atenção individual aos clientes A empresa deu atenção individual a você

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

Os funcionários darão atenção personalizada aos

clientes

Os funcionários da empresa dão atenção individual aos

clientes

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

Esperava que os funcionários soubessem quais são as

necessidades dos clientes

Os funcionários da empresa sabem das necessidades

dos clientes

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

Nos próximos anos meu uso da empresa será:

Absolutamente

nenhum 1 2 3 4 5 6 7 Muito frequente

A qualidade de serviço da empresa é:

Muito ruim 1 2 3 4 5 6 7 Excelente

Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como:

Muito insatisfeito 1 2 3 4 5 6 7 Bastante satisfeito

Fonte: Autor.

88

4. ANALISE DOS DADOS

Neste tópico serão apresentados e analisados os resultados da pesquisa. Foram

calculadas as médias das notas de expectativa e as médias de desempenho por dimensão

avaliada. As diferenças entre expectativa e desempenho geraram a coluna dos gaps

apresentada em três tabelas, uma para cada grupo de viagem e uma consolidando o resultado

dos dois grupos. O perfil do evento que as empresas participaram foi usado para analisar os

resultados.

O primeiro resultado, apresentado na tabela 3, é referente aos empresários que

participaram da Missão Internacional EUA/Panamá. Este grupo, composto por empresas de

pequeno e médio portes, participou da maior feira do varejo do mundo, a National Retail

Federation – NRF, que apresenta palestras discutindo as tendências do mercado varejistas e

visitas técnicas no mercado local. No Panamá, os participantes visitaram a Zona de Colon,

local direcionado para fazer importações em pequenas quantidades. O objetivo do grupo era

conhecer as tendências do mercado varejista.

Tabela 3 - Resultado da Pesquisa Grupo EUA/Panamá

Expectativa antes da viagem Média Desempenho após a viagem Média Gap

Os funcionários têm que estar bem

vestidos 6,31

Os empresários da empresa são bem

vestidos 6,63 0,32

A empresa tem que ser de confiança 6,89 A empresa é de confiança 7,00 0,11

A empresa tem que gerar oportunidades

de negócio 6,47

A empresa consegue gerar

oportunidades de negócio 6,63 0,16

A empresa tem que cumprir as

atividades e horários do programa de

viagem prometido

6,53

A empresa cumpre as atividades e

horários do programa de viagem

prometido

6,95 0,42

A empresa tem que informar aos clientes

detalhes das atividades que serão

executadas no programa de viagem

6,74

A empresa informa os detalhes das

atividades que serão executadas no

programa de viagem

6,89 0,15

O funcionário da emprea tem que estar

sempre disponível em ajudar os clientes 6,63

Os funcionários da empresa estão

sempre dispostos a ajudar os clientes 6,74 0,11

O cliente tem que ser capaz de se sentir

seguro em viajar com os funcionários da

empresa

6,68 Você se sente seguro em viajar com os

funcionários da empresa 6,95 0,27

O funcionário da empresa tem que ser

educado 6,68

Os funcionários da empresa são

educados 6,84 0,16

A empresa dará atenção individual aos

clientes 6,15

A empresa deu atenção individual a

você 6,73 0,58

Os funcionários darão atenção

personalizada aos clientes 6,16

Os funcionários da empresa dão

atenção individual aos clientes 6,68 0,52

Esperava que os funcionários soubessem

quais são as necessidades dos clientes 6,00

Os funcionários da empresa sabem das

necessidades dos clientes 5,95 -0,05

Nos próximos anos meu uso da empresa será: 6,21

A qualidade de serviço da empresa é: 6,58

Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como: 6,58

Fonte: Autor.

89

Destacam-se entre os resultados deste grupo: a maior média da coluna de expectativa

(6,89) no topico “A empresa tem que ser de confiança”, a menor média da coluna de

expectativa (6,0) no topico “Esperava que os funcionarios soubessem quais sao as

necessidades dos clientes”, o maior gap (0,58) entre os topicos “A empresa dará atenção

individual aos clientes” X “A empresa deu atençao individual a voce” e o menor gap (-0,05)

entre os topicos “Esperava que os funcionarios soubessem quais sao as necessidades dos

clientes” X “Os funcionarios da empresa sabem das necessidades dos clientes”. As tres

últimas perguntas do questionário avaliam a empresa de modo geral e mostram uma avaliação

muito positiva (6,21, 6,58 e 6,58), mesmo tendo uma dimensão com gap negativo.

O segundo resultado, apresentado na tabela 4, é referente aos empresários que

participaram da Missão Internacional Shangai/Dubai. Este grupo, composto por empresas do

setor gráfico de pequeno e médio portes, participou de uma feira do específico do Setor

Gráfico em Shangai e visitas técnicas em fabricas especializadas em equipamentos gráficos.

Em Dubai, foram realizadas visitas técnicas ao mercado local e embaixada para entender as

oportunidades no país para o setor.

Tabela 4 - Resultado da Pesquisa Grupo Shangai/Dubai

Expectativa antes da viagem Média Desempenho após a viagem Média Gap

Os funcionários têm que estar bem

vestidos 4,80

Os empresários da empresa são bem

vestidos 6,30 1,50

A empresa tem que ser de confiança 6,20 A empresa é de confiança 6,50 0,30

A empresa tem que gerar oportunidades

de negócio 5,20

A empresa consegue gerar

oportunidades de negócio 5,50 0,30

A empresa tem que cumprir as

atividades e horários do programa de

viagem prometido

5,90

A empresa cumpre as atividades e

horários do programa de viagem

prometido

6,50 0,60

A empresa tem que informar aos clientes

detalhes das atividades que serão

executadas no programa de viagem

6,10

A empresa informa os detalhes das

atividades que serão executadas no

programa de viagem

6,50 0,40

O funcionário da empresa tem que estar

sempre disponível em ajudar os clientes 5,60

Os funcionários da empresa estão

sempre dispostos a ajudar os clientes 6,10 0,50

O cliente tem que ser capaz de se sentir

seguro em viajar com os funcionários da

empresa

6,10 Você se sente seguro em viajar com os

funcionários da empresa 6,40 0,30

O funcionário da empresa tem que ser

educado 6,50

Os funcionários da empresa são

educados 6,70 0,20

A empresa dará atenção individual aos

clientes 5,10

A empresa deu atenção individual a

você 6,00 0,90

Os funcionários darão atenção

personalizada aos clientes 5,40

Os funcionários da empresa dão

atenção individual aos clientes 6,20 0,80

Esperava que os funcionários soubessem

quais são as necessidades dos clientes 3,90

Os funcionários da empresa sabem das

necessidades dos clientes 4,80 0,90

Nos próximos anos meu uso da empresa será: 6,10

A qualidade de serviço da empresa é: 6,40

Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como: 6,30

Fonte: Autor.

90

Os principais resultados deste grupo foram: a maior média da coluna de expectativa

(6,5) no topico “O funcionario da empresa tem que ser educado”, a menor média da coluna de

expectativa (3,9) no topico “Esperava que os funcionarios soubessem quais sao as

necessidades dos clientes”, o maior gap com média 1,5 dos tópicos “Os funcionarios tem que

estar bem vestido” X “Os funcionarios das empresas sao bem vestidos” e o menor gap com

média de 0,02 dos topicos “O funcionario da empresa tem que ser educado” X “Os

funcionarios da empresa sao educados”. As tres ultimas perguntas do questionário avaliam a

empresa de modo geral e mostram uma avaliação muito positiva (6,1, 6,4 e 6,3).

A tabela 5 apresenta o resultado consolidado dos dois grupos entrevistados.

Tabela 5 - Resultado da Pesquisa Consolidada

Expectativa antes da viagem Média Desempenho após a viagem Média Gap

Os funcionários têm que estar bem

vestidos 5,79

Os empresários da empresa são bem

vestidos 6,52 0,73

A empresa tem que ser de confiança 6,65 A empresa é de confiança 6,83 0,18

A empresa tem que gerar oportunidades

de negócio 6,03

A empresa consegue gerar

oportunidades de negócio 6,24 0,21

A empresa tem que cumprir as

atividades e horários do programa de

viagem prometido

6,31

A empresa cumpre as atividades e

horários do programa de viagem

prometido

6,79 0,48

A empresa tem que informar aos clientes

detalhes das atividades que serão

executadas no programa de viagem

6,52

A empresa informa os detalhes das

atividades que serão executadas no

programa de viagem

6,76 0,24

O funcionário da empresa tem que estar

sempre disponível em ajudar os clientes 6,27

Os funcionários da empresa estão

sempre dispostos a ajudar os clientes 6,52 0,25

O cliente tem que ser capaz de se sentir

seguro em viajar com os funcionários da

empresa

6,52 Você se sente seguro em viajar com os

funcionários da empresa 6,76 0,24

O funcionário da empresa tem que ser

educado 6,62

Os funcionários da empresa são

educados 6,79 0,17

A empresa dará atenção individual aos

clientes 5,79

A empresa deu atenção individual a

você 6,48 0,69

Os funcionários darão atenção

personalizada aos clientes 5,90

Os funcionários da empresa dão

atenção individual aos clientes 6,52 0,62

Esperava que os funcionários soubessem

quais são as necessidades dos clientes 5,27

Os funcionários da empresa sabem das

necessidades dos clientes 5,55 0,28

Nos próximos anos meu uso da empresa será: 6,17

A qualidade de serviço da empresa é: 6,52

Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como: 6,48

Fonte: Autor.

Os principais resultados da planilha consolidada foram: a maior média da coluna de

expectativa (6,65) no topico “A empresa tem que ser de confiança”, a menor média da coluna

de expectativa (5,27) no topico “Esperava que os funcionários soubessem quais são as

91

necessidades dos clientes”, o maior gap com média 0,73 dos topicos “Os funcionarios tem

que estar bem vestidos” X “Os funcionarios da empresa sao bem vestidos” e o menor gap

com média de 0,17 dos topicos “O funcionario da empresa tem que ser educado” X “Os

funcionários da empresa são educados”. As tres ultimas perguntas do questionario avaliam a

empresa de modo geral e mostram uma avaliação muito positiva (6,17, 6,52 e 6,48).

O tópico com maior gap foi a discussão sobre a forma de se vestir dos funcionários. É

um resultado interessante por demostrar o impacto da diferença da formalização no

atendimento, já que na agência todos os seus funcionários trabalham com terno e gravata, o

que nao é habitual nas PME’s.

Em PME por característica, os proprietários são empreendedores, muitas vezes

centralizam as decisões e têm dificuldade para entregar um novo projeto na mão de outra

empresa, o que justifica o tópico confiança ser avaliado com maior média de expectativa.

Entrevistas abertas com os sócios da agência e com os empresários clientes mostraram

que os sócios pensavam serem os tópicos mais importantes os “Esperava que os funcionarios

soubessem quais são as necessidades dos clientes X os funcionários da empresa sabem das

necessidades dos clientes” e “A empresa tem que gerar oportunidade de negócio X A empresa

consegue gerar oportunidade de negócio”. Dos dois topicos, o primeiro se destaca na pesquisa

como o tópico com menor média da expectativa dos empresários, o que é um resultado

antagônico ao esperado, e o segundo não teve uma média ou gap relevante. As características

de PME dos clientes justificam a baixa expectativa deles na capacidade de um fornecedor em

entender seus problemas.

A análise individual por grupo apresenta algumas características especificas que são

ocultadas na análise consolidada. Esta observação é bem explícita no gap negativo do tópico

“Esperava que os funcionarios soubessem quais sao as necessidades dos clientes X os

funcionarios da empresa sabem das necessidades dos clientes” da Missao Internacional

EUA/Panamá. É interessante notar que o foco dessa missão era apresentar tendências do

varejo, e não gerar negócio. Portanto, alguns procedimentos, tais como analisar

individualmente as necessidades de importação dos clientes, não foram realizados, o que

provavelmente afetou a avaliação deste tópico, pois as empresas que contratam a agência têm

ela como a empresa que vai realizar o processo de internacionalização.

Outro tópico que chamou a atenção foi a avaliação altamente positiva no contexto

geral quanto à qualidade do serviço prestado pela agência – 6,52 em 7,0 pontos –, o que

demonstra que, mesmo os resultados não tendo apontado a geração de novos negócios, os

empresários ficaram satisfeitos com os serviços prestados, considerando-os de boa qualidade.

92

5. CONCLUSÃO

Diante das analises dos dados, algumas conclusões podem ser apresentadas:

a) A análise individual dos resultados traz características especificas dos grupos, o

que se perde quando se faz uma analise consolidada de todos os empresários.

b) Caracteristicas de PME’s sao observadas nos resultados do questionário como a

necessidade de confiança.

c) Considerando que a agencia de turismo contratada é especializada em desenvolver

missões para internacionalizar empresas de pequeno e médio portes, os tópicos

específicos de negócio ou tiveram uma expectativa baixa ou não apresentavam

uma média relevante, e a avaliação geral da qualidade de serviço teve excelente

resultado conforme a média apresentada nas três últimas perguntas, o que

demonstra a existência de alguma variável não representada no questionário.

Assim, pode-se concluir que o questionário SERVQUAL demonstra eficiência para

identificar características de uma PME e a qualidade pontual no serviço prestado. A inclusão

das três perguntas do SERVPERF permitiu identificar, de forma geral, se a qualidade pontual

do serviço prestado foi convertida ou não em satisfação do cliente.

A análise dos resultados permite identificar uma lacuna na ferramenta que demonstre

qual o principal motivo que permitiu o serviço ser avaliado como sendo de qualidade como,

por exemplo, “aprendizagem”. A variavel aprendizagem supre um item nao incluso no

questionário de avaliação da qualidade nos modelos discutidos, e que se faz necessário incluir

quando direcionamos o estudo especificamente para PME e suas características,

Esta ideia de acrescentar a variável aprendizagem para o estudo de qualidade surgiu da

necessidade de confrontar características da PME com três informações extraídas dos dados

analisados: a) o objetivo principal das viagens era desenvolver a internacionalização da

empresa; b) os empresários não assinalaram como relevante a expectativa nos tópicos

relacionados a negócio; e, c) as empresas participantes das missões não tinham experiência

com o processo de internacionalização. Estas informações deixam claro que uma empresa de

pequeno e médio porte necessita mais que o resultado final, a importação; de fato, o que ela

necessita é de acesso à informação e qualificação profissional, o que indica um tema

específico para estudos científicos.

93

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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e-pesquisas, Sebrae, Maio, 2012.

2. Hoof, Bart Van; Lyon, Thomar P. Cleaner production in small firms taking part in

Mexico`s sustainable supplier program. Journal of Cleaner Production, v. 41, 2013, p.

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Villanueva, Pedro. Project risk management methodology for small firms. International

Journal of Project Management, v. 32, 2014, p. 327-340.

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Brasília-DF, 5ª edição, 2012.

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Brasília, 2012.

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7. MINISTERIO DO TURISMO. Acesso em 26/12/2014 as 02h28:

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literatura sobre “servitizaçao”: bases para a proposiçao de um modelo conceitual de

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do terceiro setor. Produção, v. 18, n. 2, 2008, p. 319-330.

10. Miguel, Paulo Augusto Cauchick; Salomi, Gilberto Eid. Uma revisão dos modelos para

medição da qualidade em serviços. Revista Produção, v. 14, n. 1, 2004.

11. Berry, Leonardo L.; Parasuraman, A.; Zeithaml, Valarie A. Um modelo conceitual de

qualidade de serviços e suas implicações para a pesquisa no future. RAE – Revista de

Administração de Empresas, v. 46, n. 4, out./dez., 2006, p. 96-107.

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desempenho não-financeiro no setor de serviço sob a perspectiva do cliente: o caso de

uma agencia bancaria. Qualit@s Revista Eletrônica, v. 1, n. 1, 2011.

13. Souza, C.H.M. Uma ferramenta para avaliaçao da qualidade em serviços – a janela do

cliente. Perspectivas, v. 5, n. 1, p. 65-79, 2008.

14. Kirchner; Joana Benetti; Boaro, Vinicius; Souza, Adriano Mendonça. Avaliação da

qualidade de serviços de uma empresa agrícola. G&DR – Revista Brasileira de Gestão e

Desenvolvimento Regional, v. 8, n. 1, jan./abr., 2012, p. 109-124.

94

15. Lee, Jin-Soo; Lee, Choong-Ki; Park, Chang-Kyu. Developing and validating a

multidimensional quality scale for mega-events. International Journal of Hospitality

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16. Hora, Henrique Rego Monteiro; Monteiro, Gina Torres Rego; Arica, Jose. Confiabilidade

em questionários para qualidade: Um estudo com o coeficiente alfa de Cronbach. Produto

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17. Miguel, Paulo Augusto Cauchick; Salomi, Gilberto Eid. Uma revisão dos modelos para

medição da qualidade em serviços. Revista Produção, v. 14, n. 1, 2004.

18. Emmendoerfer, M.L.; Silva, L.C.A. Terceirizaçao e Parceirizaçao de Serviços em

Saneamento em Minas Gerais: Um Estudo Teorico - Empirico. Revista Brasileira de

Gestao e Desenvolvimento Regional, v. 5, n. 2, 2009, p. 139-162.

19. Parasuraman, A.; Zeithaml V. A.; Berry, L. L. Servqual: A multiple- item scale for

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20. Cronin, J.; Taylor, S. Measuring service quality: A reexamination and extension. Journal

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21. Liu, Ru; Cui, Lixin; Zeng, Guangfeng; WU, Hongyan; Wang, Chengjie; Yan, Shan; Yan,

Bingyan. Applying the fuzzy SERVQUAL method to measure the service quality in

certification & inspection industry. Applied Soft Computing, 2014.

22. Fernandes, Luciane Alves; Gomes, Jose Mario Matsumura Gomes. Relatórios de

pesquisa nas ciências sociais: características e modalidades de investigação. ConTexto,

Porto Alegre, v. 3, n. 4, 1º semestre, 2003.

95

3.4.1 Contribuição do artigo

Neste artigo, foram entrevistados empresários que avaliaram a qualidade do serviço

prestado por uma agência de turismo. Considerando que os participantes estavam numa

missão internacional, são proprietários de empresas, e o valor pago pelo serviço foi elevado,

os participantes da pesquisa podem ser enquadrados num seleto grupo consumidor brasileiro

com alta renda. Isso contribui para este trabalho por permitir analisar uma visão de um grupo

consumidor com características diferentes da maioria do país e comparar com o padrão.

Fatores como atendimento diferenciado, educação e vestuário dos funcionários, e

planejamento e qualificação técnica da equipe prestadora do serviço, são apreciados pelos

clientes e relevantes na escolha do serviço. Para este público, o valor agregado decorrente de

um serviço diferenciado é aceitável no valor final a ser pago.

Uma ferramenta capaz de avaliar a qualidade no atendimento de empresas do setor de

serviço, demonstrando características peculiares do cliente alvo, facilita a compreensão da

viabilidade, e se for viável, a formulação de estratégias comerciais voltadas ao

Desenvolvimento Sustentável.

96

3.5 Os Caminhos das Pesquisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas Pequenas e

Médias Empresas: uma Revisão Sistemática

Em Submissão ao periodico Journal of Cleaner Producion, texto original em ingles e

intitulado “The Ways of Researches about Sustainable Development with Small and

Medium Enterprise: a Systematic Review4”.

Este artigo busca responder ao objetivo especifico destinado a mapear as

características das pesquisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas pequenas e médias

empresas. Este trabalho realizou uma revisão sistemática nas principais bases de dados sobre

o tema de desenvolvimento sustentável nas pequena e média empresas. Por conseguinte, são

apresentados uma riqueza de detalhes das principais pesquisas sobre o tema no mundo. O

resultado final é uma fotografia dos estudos sobre o assunto dos últimos seis anos.

O trabalho apresenta uma visão acadêmica do tema.

4 Para esta tese, o artigo foi traduzido para a língua portuguesa.

97

Os Caminhos das Pesquisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas

Pequenas e Médias Empresas: uma Revisão Sistemática

Claudio Lira Meirelles 1., Enio Ferigatto, Silvia Helena Bonilla, Jose Benedito Sacomano.

1 Universidade Paulista - UNIP, Pós-Graduação do Programa de Engenharia de Produção, São Paulo, Brasil

{Claudio Lira Meirelles, [email protected]}

RESUMO

O atual avanço tecnológico, a facilidade de comunicação decorrente do maior acesso a

internet e o crescimento demográfico criaram um cenário novo e com mudanças rápidas no

mercado consumidor. As organizações estão se adequando a uma agenda que relacione os

fatores econômico, social e ambiental para alcançar um desenvolvimento sustentável. As

grandes empresas aproveitam-se das suas características para adotarem estratégias comerciais

alinhadas a esta nova demanda mundial, mas as pequenas empresas têm dificuldades de

adequação. Diante da pouca pesquisa sobre o desenvolvimento sustentável direcionada às

pequenas e médias empresas, este trabalho realizou uma revisão sistêmica dos trabalhos

realizados nas principais bases de dados. Os resultados apontaram uma concentração de

estudo em centros acadêmicos da Europa, focado em empresas do setor da indústria, e

seguindo dois diferentes caminhos de pesquisa; um, adotando a visão da PME como grupo de

empresas, e que foi classificada como exógena, voltada a políticas públicas ou características

das pequenas e médias empresas, e uma segunda visão, voltada à empresa individualmente,

classificada como endógena, voltada a uma análise de gestão ou inovação.

Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, pequena e média empresa, PME, revisão

sistemática.

1. INTRODUÇÃO

O mundo vem passando por mudanças nas quais, por um lado, o avanço tecnológico

está aproximando mercados antes geograficamente separados, criando, desta forma, diversas

oportunidades de negócio e, por outro lado, com o crescimento demográfico no mundo e a

facilidade de comunicação por meio da internet, o público consumidor está demandando cada

vez mais produtos e exigindo melhores condições de vida (Lozano, 2008; Aragón-Correa et

al., 2008; Linnenluecke and Griffiths, 2013). Diante deste cenário, uma nova ordem mundial

vem se consolidando, na qual se tenta conciliar três fatores normalmente com necessidades e

objetivos antagônicos: o econômico, o social e o ambiental.

Este conceito surgiu primeiramente em 1972, durante a United Nations Conference on

the Human Enviromental (Klewitz and Hansen, 2014). Mais tarde, na World Commission on

Environment and Development, em 1987, é apresentado no relatório final do evento,

98

conhecido como Relatório Brundtland, uma definição para este novo termo que foi aceita por

todos os participantes e citada nas publicações acadêmicas como a mais completa sobre o

tema, e e que entende este termo como: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades

econômica, social e ambiental da atual geração sem prejudicar o desenvolvimento das futuras

gerações” (WCED, 1987).

Neste ambiente surge, na década de 1990, o termo Triple Bottom Line (TBL), cunhado

por John Elkington (1997). O TBL é formado pelas dimensões econômica, social e ecológica,

que passam a ser os principais pilares da sustentabilidade, sendo utilizado para medir e relatar

o desempenho corporativo. Essas três dimensões são inter-relacionadas e se reforçam

mutuamente (Fairley et al., 2011; Wise, 2016).

As novas diretrizes foram rapidamente difundidas nas grandes empresas que, por suas

características e impacto direto nos mercados que atuam, adequaram a nova estratégia para

alcançar retorno financeiro (Alves and Medeiros, 2015). A relação destas organizações e o

tema Desenvolvimento Sustentável foi exaustivamente estudado pela academia, criando um

conhecimento empírico que permitiu uma análise científica por diferentes angulos.

Diferentemente das grandes, as pequenas e médias empresas têm pouca pesquisa

relacionando-as com o tema Desenvolvimento Sustentável. Mas, considerando a importância

que as PMEs possuem no mercado mundial, representando aproximadamente 98% das

empresas privadas no mundo, impacto direto no mercado de trabalho local, participação

expressiva no PIB, fonte de inovação, e com crescente impacto no meio ambiente, este

cenário começa a mudar (Alves e Medeiros, 2015).

Por esta razão, o objetivo deste trabalho é realizar uma revisão sistemática para

identificar as abordagens empregadas nos estudos sobre Desenvolvimento Sustentável com

pequenas e médias Empresas. Entender as diferentes tendências de pesquisa permite ao

pesquisador identificar com mais clareza as lacunas e com isso agregar no conhecimento

sobre o tema.

Na próxima sessão, será descrita a metodologia do trabalho e, em seguida, a revisão da

literatura. Subsequentemente, serão exibidos os resultados da pesquisa, os dados serão

analisados e, por fim, apresentada a conclusão.

2. METODOLOGIA DA PESQUISA

Por ser um trabalho de natureza conceitual, é fundamental definir um procedimento

robusto para selecionar os artigos mais relevantes e extrair as informações que sejam o fio

condutor para um desenvolvimento teórico do tema escolhido.

99

Considerando o objetivo do trabalho, o System Review e a Bibliometria foram as

metodologias mais apropriadas para encontrar as referências com maior relevancia no tema

(Genaidy et al., 2010; Klewitz and Hansen, 2014; Garza-Reyes, 2015; Ferenhof et al., 2014;

Linnenluecke and Griffiths, 2013; Lueg and Radlach, 2016).

Por um lado, a revisão sistemática é uma metodologia que exige procedimentos

sistemáticos de pesquisa, de forma transparente, permitindo que seus métodos sejam

reproduzidos por qualquer pesquisador (Klewitz e Hansen, 2014; Garza e Reyes, 2015). E por

outro, o método bibliométrico é uma ferramenta capaz de apresentar dados específicos dos

artigos selecionados como ano, titulo, objetivos, entre outros, possibilitando o uso de

procedimentos matemáticos e estatísticos para interpreter e mapear o comportamento destas

informações (Ferenhof et al., 2014; Linnenluecke and Griffiths, 2013).

O uso dos dois métodos permite combinar uma metodologia qualitativa, a partir de

uma análise sistemática dos artigos selecionados, e uma metodologia quantitativa com

interpretações matemática e estatística dos dados considerados relevantes para o estudo.

Assim, o cruzamento das conclusões dos procedimentos qualitativos e quantitativos

propicia a identificação de gaps e tendências, viabilizando o direcionamento para futuras

pesquisas.

2.1. Etapas da Pesquisa

Para realizar o levantamento bibliográfico, algumas etapas foram necessárias para

atingir rigor exigido numa revisão sistemática. Estas etapas são: a) seleção das bases de

dados; b) definição das palavras-chave, c) critérios e estratégia da pesquisa, e d) avaliação

refinada.

1o Step – Seleção das Base de Dados:

Nesta etapa, foram relacionadas as bases de dados utilizadas para realizar o

levantamento bibliográfico. Com este propósito, pretendeu-se criar uma rede de busca que

alcançasse um maior escopo de publicações.

Para cobrir o maior número de trabalhos científicos, foram utilizadas algumas bases de

dados eletrônicas conhecidas como Base de Pesquisa: Elsevier

(<http://www.sciencedirect.com>); Wiley Online Library (<http://onlinelibrary.wiley.com>),

e Base Referencial: EBSCO (<https://www.ebscohost.com>), Web of Science (http://apps-

webofknowledge.com>) e Scopus (<https://www.scopus.com>).

100

A Base de Pesquisa refere-se ao website da própria editora, permitindo a pesquisa em

diferentes revistas acadêmicas que são editadas e representadas por ela.

A Base Referencial permite uma busca de periódicos atrelados a diferentes fontes de

edição. Normalmente, estes sites de busca possuem critérios que garante uma qualidade de

conteúdo, disponibilizam algumas informações dos artigos originais, e incluem links que

direciona o leitor para o local onde o material originalmente está hospedado.

Nos casos em que as Bases Referenciais escolhidas apresentavam resultados sem

acesso ao texto completo, foi utilizado o Google Scholar (<https://scholar.google.ca>) para

tentar identificá-los.

2o Step – Definição das Palavras-chave:

A definição da palavra-chave é vital para direcionar ao resultado esperado na pesquisa.

No presente estudo, duas variaveis sao analisadas: a “Pequena e Média Empresa”, como

dependente, e o “Desenvolvimento Sustentavel” como independente, conforme demonstrado

na Figura 1.

Figura 1 – Variáveis Dependente e Independente Empregadas na Pesquisa Exploratória

para Determinar as Palavras-chave. Fonte: Autor.

Inicialmente foram realizados alguns testes na base de dados SCOPUS para verificar o

número de retorno na busca ao usar, no campo de busca, as palavras-chave de forma

individual e possíveis variações.

101

O termo “Sustainable Development” foi utilizado de forma inseparavel para evitar que

cada palavra, de forma isolada, estivesse relacionada com outras, gerando grande número de

trabalhos acadêmicos. Desta forma, permitiu captar o seu conceito mais amplo, isto é, visões

econômica, ambiental e social como fatores para alcançar o desenvolvimento sustentável,

conforme a definição mais usada para o termo (WCED, 1987).

Ao inserir o termo “Small and Medium Enteprise”, constatou-se que esta era a forma

mais presente na literatura. Mas o teste também apresentou outras formas adequadas ao

escopo do estudo como, por exemplo: SME, Small and Medium Size Enterprise, Small

Enterprise, Medium Enterprise, Small and Medium Firm, Small and Medium Organization, e

o plural de todos estes termos.

Para alcançar as formas acima citadas, nao considerando o termo “SME”, o uso da

palavra “Small Enterprise” de forma independente, sem as aspas e com asterisco no final da

palavra “Enterprise”, fez com que cada palavra conectasse com outras, formando as possíveis

combinações.

Diante desta constatação, foi definido que seria utilizado uma lógica Boolean no

campo de busca com as palavras “Small Enterprise* OR SME*”, sem aspas e com asterisco, o

que garantiu rastrear trabalhos acadêmicos com as variações apontadas e o plural de todas.

Definido “Sustainable Development”, “Small Enterprise”, e “SME” como as palavras-

chave, e adotando os parametros para o uso destas na pesquisa, foi possível criar uma coesão

entre os artigos selecionados e o principal objetivo do trabalho.

3o Step – Critérios e Estratégia da Pesquisa:

Numa revisão bibliográfica, é necessário criar alguns critérios prévios para alcançar o

melhor refinamento da pesquisa (Saunders et al., 2012). Para este estudo, foram elaborados os

seguintes critérios, listados abaixo:

1. Serão inclusas apenas publicações reavaliadas por pares e publicadas em jornais

acadêmicos como Articles e/ou Reviews;

2. Apenas artigos acadêmicos escritos em inglês foram considerados;

3. Trabalhos científicos com acesso Online e full texts;

4. Artigos publicados entre 2010 e 2016;

5. A consulta realizada em todas as ciências.

Para captar a melhor resposta na pesquisa, foi utilizada a ferramenta de busca

avançada existente em todas as cinco bases de dados definidas para consulta. Esta

102

possibilidade permite que a seleção dos artigos da revisão bibliográfica seja o resultado da

intersecção das duas palavras-chave definidas no Step 2.

As palavras-chave Small Enterprise* OR SME* ficaram limitadas ao título do

documento, e “Sustainable Development*” limitado ao Título, Resumo, e/ou Palavra-chave,

com exceção da base de dados EBSCO e Web of Science que, por limitações de opção de

pesquisa, foi definido ao Título e Resumo e Título e Tópico, respectivamente.

4o Step – Avaliação Refinada:

Após gerar os primeiros resultados da consulta nas bases de dados, fez-se necessário

realizar um doble check para identificar possíveis erros. Para este fim, foram definidas uma

sequência de cinco fases:

1. Identificação dos trabalhos em cada base de dados de acordo com os critérios;

2. Exclusão dos artigos sem acesso ao texto completo por base de dados;

3. Eliminação dos trabalhos repetidos em cada base de dados;

4. Eliminação dos trabalhos repetidos, cruzando o resultado de todas as bases de

dados;

5. Análise do conteúdo dos artigos selecionados por revisores externos, com o

objetivo de identificar possível incoerência com o escopo do presente estudo.

A primeira busca nas bases de dados resultou em 234 artigos, distribuidos de acordo

com a Tabela 1.

Tabela 1 – Resultado da Pesquisa das Bases de Dados

Base de Dados Qtd. Artigos por Base de Dados

Web of Science 98

EBSCO 64

Scorpus 50

Science Direct 15

Wiley 7

TOTAL 234

Fonte: Autor.

Dos 234 artigos revelados na investigação, foram eliminados aqueles documentos que

estavam repetidos na mesma base de dados.

103

Por consequência, 147 trabalhos foram excluídos, conforme segue: 74 artigos na base

da Web of Science, 41 na EBSCO, 3 na Wiley, 11 na ScienceDirect e 18 na Scopus foram

estudos eliminados. Após esta primeira verificação, remanesceram 87 artigos.

A partir deste momento, todos os artigos selecionados foram arquivados numa mesma

pasta e realizado um doble check para verificar a existência de duplicidade dos trabalhos

cruzando o resultado das diferentes bases de dados. Com este procedimento, foram

identificadas e deletadas 32 publicações repetidas, restando, por fim, 55 artigos.

As referências remanescentes foram checadas por três revisores independentes que

verificaram se o conteúdo nestes documentos era relevante ao tema proposto neste trabalho

e/ou não se enquadrava em um dos critérios previamente estabelecidos.

Dos trabalhos analisados pelos revisores, chegou-se no consenso que 14 deveriam ser

removidos por discutirem questões relevantes para pequenas e médias empresas, mas não

relacionadas ao Desenvolvimento Sustentável, e 13 artigos que não citavam a palavra

Desenvolvimento Sustentável no título, resumo e/ou palavra-chave foram aceitos para a

pesquisa porque os textos apresentavam e discutiam a palavra Sustentability tendo como

definição os mesmos preceitos de DS. Após esta última fase, restaram 41 artigos para o

estudo listados na Tabela 2.

Tabela 2 – Resultado da Pequisa

No TÍTULO DO ARTIGO

1 A Conceptual Framework for Assessing Sustainable Development in Regional SMEs

2 A Sustainable Financing Credit Rating Model for China’s Small- and Medium-Sized Enterprises

3 Achieving Effective Sustainable Management: A Small-Medium Enterprise Case Study

4 Barriers and Motivators to the Adoption of Energy Savings Measures for Small- and Medium-

Sized Enterprises (SMEs): The Case of the Climate Smart Business Cluster Program.

5 Beyond Corporate Environmental Management to a Consideration of Nature in Visionary Small

Enterprise

6 Competitiveness and Environmental Performance in Spanish Small and medium Enterprises: Is

there a Direct Link?

7 Concept of Sustainable Development of Small and Medium Enterprises in Moldova

8 Corporate Social Responsibility of Hungarian SMEs with Good Environmental Practices

9 Corporate Sustainability and Economic Performance in Small and medium Sized Enterprises

10 Corporate Sustainability and Innovation in SMEs: Evidence of Themes and Activities in Practice

11 Designing Dynamic Performance Management Systems to Foster SME Competitiveness

According to a Sustainable Development Perspective: Empirical Evidences from a Case-Study

12 Eco-Efficiency in Micro-Enterprises and Small Firms: A Case Study in the Automotive Services

Sector

104

13 Ecological Modernization and Environmental Policy Reform in Thailand: The Case of Food

Processing SMEs

14 Environmental Accounting and Sustainable Development: A Study Insome Small and Medium

Enterprises Industrial Estates of Assam, India.

15 Environmental Management Systems in Small and Medium-Sized Enterprises: An Analysis and

Systematic Review

16 Environmental Value Chain in Green SME Networks: The Threat of the Abilene Paradox

17 Evaluation and Reporting of CSR in SME Sector

18 Exploring SME Perceptions of Sustainable Product Service Systems

19 Framework for Sustainability Assessment of Small and Medium-Sized Enterprises

20 Green Growth as the Best Choice for Chinese Small and Medium Enterprises in Sustainable

Development

21 Green ICT Adoption Survey Focused on ICT Life- Cycle from the Consumer’s Perspective

(SMEs)

22 Industrial Symbiosis Opportunities for Small and Medium sized Enterprises: Preliminary Study in

the Besaya Region (Cantabria, Northern Spain)

23 Material Flow Cost Accounting (MFCA) Enablers and Barriers: The Case of a Malaysian Small

and Medium-Sized Enterprise (SME)

24 Provision of Sustainable Development of Small and Medium Size Enterprises in the Regions of

Latvia

25 Quality System Implementation Process for Sustainable Success Development in Romanian SMEs

26 Responsible Innovation Toward Sustainable Development in Small and Medium-Sized

Enterprises: A Resource Perspective

27 Roles of ‘Small- and Medium-Sized Enterprises’ in Service Industry Innovation: A Case Study on

Leisure Agriculture Service in Tourism Regional Innovation

28 Small and Medium Enterprises and Corporate Social Responsibility Practice: A Swedish

Perspective

29 SME’s Appropriability Regime for Sustainable Development-the Role of Absorptive Capacity and

Inventive Capacity

30 Sustainability Motivations and Practices in Small Tourism Enterprises in European Protected

Areas

31 Sustainability-Oriented Innovation of SMEs: A Systematic Review 1987 - 2010

32 Sustainable Business Development Through Leadership in SMEs

33 Sustainable Food Production: Insights of Malaysian Halal Small and Medium Sized Enterprises

34 Sustainable Life Cycle Engineering of an Integrated Desktop PC: A Small to Medium Enterprise

Perspective

35 Sustainable Product Service Systems in Small and Medium Enterprises (SMEs): Opportunities in

the Leather Manufacturing Industry

36 Sustainable Value and Cleaner Production e Research and Application in 19 Portuguese SME

37 SWOT-AHP Approach for Sustainable Manufacturing Strategy Selection: A Case of Indian SME

38 The Influences of Environmental Uncertainty on Corporate Green Behavior: An Empirical Study

with Small and Medium-Size Enterprises

39 The Model of Sustainable Performance of Small and Medium-Sized Enterprise

40 The Quantitative Eco-Efficiency Measurement for Small and Medium Enterprise: A Case Study of

Wooden Toy Industry

41 The Role of Intrapreneurship for Sustainable Innovation through Process Innovation in Small and

Medium-sized Enterprises: A Conceptual Framework

Fonte: Autor.

105

Com proposito de permitir uma fácil comparação entre os artigos selecionados,

facilitar a analise qualitativa e, principalmente, viabilizar o estudo quantitativo, alguns dados

comuns dos trabalhos foram extraídos e organizados em duas planilhas do programa

Microsoft Excel.

Na primeira planilha, foram definidos como colunas as variáveis Título, Revista

Publicada, Palavra-chave, Ano de Publicação, País onde estão localizados os Institutos de

Pesquisa nos quais os pesquisadores são filiados, País onde as amostras estudadas estão

localizadas (quando cabível), Metodologia de Pesquisa e Setor das Empresas usadas como

amostra.

A segunda inclui todas as referências bibliográficas dos artigos selecionados,

apresentando assim o estado da arte do tema estudado.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O mundo vem passando por mudanças nas quais, por um lado, o avanço tecnológico

está aproximando mercados antes geograficamente separados, criando, desta forma, diversas

oportunidades de negócio e, por outro lado, com o crescimento demográfico no mundo e a

facilidade de comunicação por meio da internet, o público consumidor está demandando cada

vez mais produtos e exigindo melhores condições de vida (Lozano, 2008; Aragón-Correa et

al., 2008; Linnenluecke e Griffiths, 2013).

Nas últimas décadas, intensificou-se a discussão sobre o Desenvolvimento Sustentável

como uma alternativa ao modelo econômico preponderante, conhecido como neoliberal. Esta

ideologia neoliberal está associada a recentes escândalos que abalaram a reputação de

empresas globais, relacionando-as a aumento da poluição, uso de mão de obra infantil,

degradação da natureza, entre outros (Silva et al., 2012; Özcüre et al., 2011; Lee et al., 2016).

Neste ambiente, o Desenvolvimento Sustentável transformou-se num caminho a ser

percorrido pelas empresas no intuito de reverter o cenário adverso de mercado, com

complexas questões multidimensionais, combinando eficiência, capital próprio e capital das

próximas gerações com base em fatores econômico, social e ambiental, que são interligados e

complementares (Ciegis et al., 2009).

No entanto, na prática, discutir questões de sustentabilidade enfrenta algumas

dificuldades, principalmente porque essa nova realidade exige uma visão em nível de produto,

estratégico, cultural, entre outras (Egels-Zanden e Rosen, 2014).

106

3.1. Desenvolvimento Sustentável

O tema Desenvolvimento Sustentável (DS) foi pela primeira vez exposto na United

Nations Conference on the Human Environment em 1972 (KLEWITZ et al., 2014). Desde

então, o tema esta sendo amplamente discutido nos atuais fóruns governamentais e

institucionais.

A partir da década de 1980, a discussão de Desenvolvimento Sustentável inseriu o

tema “meio ambiente” e, desde então, diversas empresas, em especial as organizações de

grande porte, têm inserido o tema em seu planejamento de negócio (Gomes et al., 2014).

Assim, Ciegis et al., (2009) explicam que a definição apresentada pela World

Commision on Environment and Development - WCED (1987), também conhecida como

Relatório Brundtland, revela a melhor definição de desenvolvimento sustentável e a mais

utilizada nas literaturas sobre o tema, especialmente porque abrange os três fatores:

econômico, social e ambiental, tendo sido definido como: “o desenvolvimento que satisfaz as

necessidades econômica, social e ambiental da atual geração sem prejudicar o

desenvolvimento das futuras gerações”.

Neste ambiente surge, na década de 1990, o termo Triple Bottom Line (TBL), cunhado

por John Elkington (1997). O TBL é formado pelas dimensões econômica, social e ecológica,

que passam a ser os principais pilares da sustentabilidade, sendo utilizado para medir e relatar

o desempenho corporativo. Essas três dimensões são inter-relacionadas e se reforçam

mutuamente (Fairley et al., 2011; Wise, 2016).

No ambiente acadêmico, diferentes áreas do conhecimento estão pesquisando o

assunto e apresentando diferentes conceitos que se adequam ao escopo estudado, como por

exemplo (Ciegis et al., 2009):

Economia: entende o desenvolvimento sustentável como aquele que garante uma

maior renda per capita para futuras gerações em relação à atual geração.

Sociologia: entende o desenvolvimento sustentável como aquele que preserva a

comunidade, mantendo uma estreita relação social na comunidade.

Ecologia: entende o desenvolvimento sustentável como aquele que preserva a

diversidade das espécies biológicas, ecossistemas sociais e processos ecológicos.

No âmbito de políticas públicas, novas legislações são direcionadas a garantir a

preservação da natureza e direitos sociais. As empresas estão dando ênfase a aspectos tais

como responsabilidade social, imagem corporativa e conscientização do cliente, e os

consumidores estão se interessando por produtos e serviços decorrentes de práticas

107

economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas (Faccio et al., 2014;

Musson, 2012; Sebrae, 2012).

Com base nesta nova tendência de mercado, as organizações começam a adotar o

conceito de Corporate Sustainability, isto é, empresas que adotam novas formas de gestão e

produzem produtos/serviços objetivando uma melhora na relação entre empresa, meio

ambiente e sociedade local (Dyllick e Hockerts, 2002).

Discutir Desenvolvimento Sustentável a partir de uma gestão que integra o

desenvolvimento social, proteção ambiental e crescimento econômico, é coerente numa

estratégia de longo prazo, incorporando todos os níveis hierárquicos, sendo desta forma

adequada para empresas de grande porte que possuem em suas características estes pré-

requisitos (Gomes et al., 2014; Zhang et al., 2013; Klewitz and Hansen, 2014).

Diferentes das grandes empresas, as PMEs devem levar em consideração suas

características, estruturas, a cultura em que estão inseridas e, principalmente, políticas

voltadas para uma estratégia empresarial de curto prazo.

Implantar uma política de Desenvolvimento Sustentável numa PME apresenta uma

dualidade. Por um lado, a produção em pequena escala poderia ter um controle local mais

fácil, o que possibilitaria uma melhor adaptação da empresa para sustentabilidade do negócio.

Por outro lado, esta decisão poderia ter um impacto negativo por fragilizar a organizar no caso

de uma mudança do mercado, podendo prejudicar a empresa que trabalha com produção em

pequena escala (Wells, 2013).

3.2. Pequena e Média Empresa

É crescente o interesse da academia em desenvolver pesquisas em empresas de

pequeno e médio portes. Este fato se justifica pela importância que empresas deste porte no

âmbito econômico, social e ambiental global.

Atualmente, as PME’s representam aproximadamente 98% das empresas privadas no

mundo, são os motores de inovação em economias de países da União Europeia e China, e são

as principais fontes de emprego do setor privado. Contudo, pela dificuldade financeira e de

implantar métodos inovadores, e por não usarem tecnologias que minimizem impacto ao meio

ambiente, destacam-se como fonte de poluição da natureza, sendo responsáveis por

aproximadamente 30% do total da poluição produzida em termos mundiais e 64% da poluição

produzida na União Europeia (Hoof e Lyon, 2013; Klewitz e Hansen, 2014; Hilmola et al.,

2015).

108

Vale salientar que em países em desenvolvimento, como o Brasil, que por

característica possui em sua maioria uma mão de obra não qualificada, empresas deste porte

mostram-se como os maiores empregadores, sendo assim vitais para a economia local (Albino

et al., 2010).

Os critérios para definir uma empresa como de pequeno ou médio porte vão variar

conforme as regras estabelecidas por diferentes países, instituições financeiras e instituições

públicas ou privadas. Via de regra, alguns índices se destacam: número de empregados,

capital investido, quantidade total de ativos, volume de vendas, e capacidade de produção

(Liu et al., 2013).

A estrutura de uma PME, por um lado, contém vantagens tais como uma estrutura

enxuta, gestão normalmente realizada pelos próprios proprietários, e um ambiente

empreendedor propício a inovações no seu significado mais amplo, isto é, qualquer mudança

estratégica de uma empresa que cria produto novo (inovação de produtos), melhora no

processo de produção (inovação de processo) ou uma mudança para um novo setor (inovação

setorial) (Klewitz e Hansen, 2014; Pérez-Ezcurdia e Marcelino-Sábada, 2012; Milagrosa et

al., 2015).

Por outro lado, em função da falta de um plano de negócio formal, as estratégias

tendem a ser vinculadas às atividades operacionais diárias, há limitação de recurso e

dificuldades para atrair financiamento, destacando-se esses fatores como desvantajosos

(Klewitz and Hansen, 2014; Pérez-Ezcurdia and Marcelino-Sábada, 2012).

Diante das fragilidades que empresas deste porte possuem, o setor público aparece

como um agente importante no seu processo de desenvolvimento, criando condições propícias

para superação das dificuldades (Lundström et al., 2014).

A relação positiva entre o setor público e PME pode ser constatada em países

desenvolvidos, nos quais, por meio de políticas públicas, as características produtivas destas

empresas passam por transformações, o que leva tradicionais produtores de matérias-primas,

componentes ou itens semi-acabados a desenvolver produtos/serviços inovadores e se

internacionalizar (Hilmola et al., 2015).

Esta é uma realidade diferente daquela dos países considerados em desenvolvimento,

na qual os governos locais pouco apoiam empresas deste porte (Morales, 2010). Por tal

motivo, acontece nestas regiões um fenômeno conhecido na literatura como "meio perdido",

isto é, eles têm muitas micros e pequenas empresas, mas poucas empresas de médio porte.

Isso acaba criando um problema local, porque empresas de médio porte, por característica,

agregam um maior valor ao produto/serviço final, contratam funcionários qualificados e

pagam salários mais altos (Milagrosa et al., 2015).

109

Mesmo com todas as dificuldades, as PME’s, pela proximidade, representatividade, e

similaridade com a cultura do local em que estão estabelecidas, são um agente importante na

estabilidade social da região (Morales, 2010; Gomes et al., 2014).

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

Para exibir os resultados, o capítulo foi dividido em duas partes. Na primeira, são

apresentados os dados quantitativos e, na segunda, uma análise qualitativa direcionada ao

conteúdo dos artigos selecionados.

No tocante quantitativo, apesar de as pequenas e médias empresas representarem 98%

das empresas do setor privado no mundo (Hoof e Lyon, 2013; Klewitz e Hansen, 2014),

observa-se que o estudo sobre organizações deste porte ainda é pequeno, embora venha

aumentando nos últimos anos, conforme é visto na Figura 2.

Figura 2 – Número de Publicações entre 2010 e 2016. Fonte: Autor.

A presente revisão bibliográfica identificou que o tema escolhido foi abordado por 27

diferentes revistas acadêmicas, e em algumas havendo mais de um artigo ou revisão

publicados, o que demonstra o interesse da academia pelo assunto e a possibilidade de novas

pesquisas serem divulgadas, conforme Figura 3.

110

Figura 3 - Método de Pesquisa Fonte: Autor.

Entre os 41 trabalhos selecionados, os do The Journal of Cleaner Production

destacam-se, com 29.27% das publicações, ficando os 14.64% restantes distribuídos entre

outras três revistas: Sustainability, Corporate Social Responsibility and Environmental

Management e Business Strategy and the Environment.

Considerando que as quatro revistas representam, praticamente, 50% de todas as

publicações e, como a maioria tem alto fator de impacto, elas são relevantes para a divulgação

do tema.

No tocante dos locais nos quais estao sendo realizadas as pesquisas, a Tabela 3 “a”

mostra a distribuição por continente das afiliações em que os autores atuam. Neste caso,

quando o autor e coautores do mesmo trabalho representam o mesmo centro de pesquisa, é

contabilizado apenas um registro.

Geograficamente, as pesquisas concentram-se mais em centros acadêmicos da Europa,

aproximadamente 60% do total e, em seguida, pela Ásia, com 26,53%, Oceania, com 10,20%,

e América do Sul, com 4% (Tabela 3a). Um fato digno de menção é que, na América do

Norte, mesmo com dois grandes centros de pesquisas, os EUA e o Canadá, não há nenhum

trabalho sobre o tema. Este resultado pode ter sido ocasionado pela limitação das bases de

dados utilizadas na pesquisa.

Quando considerados os continentes onde as amostragens objeto de estudo foram

selecionadas, excluindo-se os trabalhos teóricos, constata-se que a distribuição não tem

grandes variações, apesar de um leve aumento na porcentagem para países da América do Sul

111

(+5,22%), conforme Tabela 3b.

Levando em conta a Europa nos dois casos, centro de pesquisa e amostra objeto dos

estudos, nota-se que as instituições de ensino dos países que fazem parte da União Europeia

possuem a maior porcentagem (82.76%). Mas, quando são analisadas as amostras estudadas,

observa-se que as pesquisas nos países que fazem parte da União Europeia apresentam uma

redução de 7.8% em relação ao número de publicações dos centros de pesquisas (Tabela 3ab).

Este resultado indica que os centros de pesquisa dos países que não fazem parte da

União Europeia estão testando políticas para o Desenvolvimento Sustentável, aplicadas nas

PME’s dos paises da Uniao Europeia, para poder adaptar suas empresas às características e

exigências do Bloco Econômico.

Tabela 3 - Centro de Pesquisa e Amostra por Continente

(a) Continente – Centro das Pesquisas (b) Continente - Amostras

Europa 29 59.2% Europa 24 55.8%

Ásia 13 26.5% Ásia 11 25.6%

Oceania 5 10.2% Oceania 4 9.3%

América do Sul 2 4.1% América do Sul 4 9.3%

América do Norte 0 0% América do Norte 0 0%

América Central 0 0% América Central 0 0%

África 0 0% África 0 0%

TOTAL 49 100% TOTAL 43 100%

Europa - UE 24 82.8% Europa – UE 18 75%

Europa – não UE 5 17.2% Europa – não UE 6 25%

TOTAL 29 100% TOTAL 24 100%

Fonte: Autor.

Nota: Tanto na Tabela “a” como na Tabela “b”, o numero apontado em cada continente refere-se à quantidade de

publicações selecionadas por países que dele fazem parte. A porcentagem refere-se à proporção do número de

trabalhos em relação a quantidade total.

Numa análise minuciosa, as pesquisas selecionadas foram realizadas por centros

acadêmicos de 27 países diferentes, destacando a Reino Unido e Austrália com 4 artigos

publicados cada (Figuras 4 e 5); as amostras estudadas foram representadas por empresas

localizadas em 28 países diferentes (Figuras 6 e 7), o que demostra a disseminação do tema.

112

Vale salientar que, no caso da amostra, trabalhos de cunho teórico não foram contabilizados.

Figura 4 – Países – Centro de Pesquisa. Fonte: Autor.

Nota: O número apontado em cada país refere-se à quantidade de centros acadêmicos que os autores dos artigos

representam. No caso de um artigo com mais de um autor representando o mesmo ou diferentes centros

acadêmicos do mesmo país, foi considerado apenas um apontamento. Se os autores representam centros

acadêmicos de países diferentes, cada país foi numerado uma vez.

Figura 5 – Mapas de Países – Centro de Pesquisa Fonte: Autor.

113

Figura 6 - Países – Amostra das Pesqusias. Fonte: Autor.

Nota: O número apontado em cada país refere-se à quantidade de países que as amostras (empresas analisadas)

estão localizadas. No caso de um artigo que estudou diferentes empresas em mais de um país, foi considerado

um apontamento para cada país.

Figura 7 – Mapa dos países – Amostras das Pesquisas Fonte: Autor.

114

Normalmente, estes trabalhos adotaram como metodologia uma pesquisa survey

(42%) ou estudo de caso (37%) (Figura 8), e consideraram o setor da industrial como

principal case, representando praticamente 60% das amostras analisadas (Figura 9).

Figura 8 – Metodos de Pesquisa. Fonte: Autor.

Nota: A figura mostra a quantidade de artigos ou revisões de trabalhos por método de pesquisa.

Figura 9 – Setor das Amostras. Fonte: Autor.

115

Um termômetro do direcionamento que as pesquisas estão dando no campo do

Desenvolvimento Sustentável nas Pequena e Média Empresas, é verificar quais as palavras-

chave (200 no total) e referências (2.696 no total) que são mais utilizadas pelos autores

selecionados na pesquisa.

As duas palavras-chave mais utilizadas pelos autores foram “Small and Medium

Enterprise” e suas variações, com 34 artigos, e “Sustainable Development” e suas variações,

com 12 apontamentos, o que confirma a conexão entre os artigos selecionados e as palavras-

chave usadas para realizar a pesquisa nas bases de dados no atual trabalho.

Outros resultados deixam claro os principais tópicos nas discussões sobre

Desenvolvimento Sustentável nas pequenas e médias empresas. As palavras que se

destacaram foram “Corporate Social Responsibility” ou “CSR” + variações (8), “Eco” +

variações (6), “Sustainability” + variações (9), “Environment” + variações (8), “Business” +

variações (5), “ICT” + variações (5), e “Innovation” + variações (5) (Figura 10).

Figura 10 – Palavras-chave. Fonte: Autor.

Nota: A figura apresenta as palavras-chave mais usadas em toda a literatura citada por autores dos artigos

selecionados para compor a presente pesquisa. Estão são consideradas as palavras-chave mais frequentes usadas

e suas variações repetidas, no mínimo, 9 vezes.

Os trabalhos selecionados para esta pesquisa utilizaram 2.130 referências

bibliográficas e definem o estado da arte sobre os temas estudado. As mais citadas estão

apresentadas na Tabela 4, permitindo uma visão prelimiar das linhas de pesquisa e base

teorica que estão sendo usadas nas pesquisas acadêmicas.

116

Tabela 4 - Número de Citações, Temas e Autores

REFERÊNCIA No REFERÊRENCIA TEMA

European Commission 31 Sustainable Development in SME

Spence, L. J. 16 CSR

Porter, M. 15 Competitive Advantage

Schaltegger, S. 14 Environmental Management

OECD - Organisation for Economic Co-

Operation and Development (OECD) 14 SME

Sharma, S. 13 Environmental strategy and

performance in small firms

Mol, A. P. J. 12 Greening Industrialization

Jenkins, H. 11 CSR

Wagner, M 10 Sustainable entrepreneurship and

sustainability innovation

Sarkis, J 10 Sustainability

Hillary, R 10

Environmental management

systems and the smaller

enterprise

Aragon-Correa, J 10 Environmental strategy and

performance in small firms

World Commission on Environment and

Development 9

Sustainable Development

Perrini, F. 9 CSR

Hockerts, K. 9 Corporate Sustainability

Bianchi, C. 9 Sustainable strategies for small

companies

Fonte: Autor.

Nota: A tabela apresenta o número de citações, temas e autores que tiveram, no mínimo, 9 indicações nos

trabalhos selecionados. Para chegar neste número, quando um artigo citado tinha mais de um autor, os autores

foram considerados isoladamente para poder contemplar possíveis autores que não aparecem como primeiro

autor do artigo.

Duas organizações governamentais destacam-se nas referências bibliográficas: a

European Commission, com 31 referências. e a OECD, com 14 indicações. Ambas são

relacionadas diretamente com países Europeus, o que se justifica pelo número de artigos

publicados por autores que representam instituições de ensino da Europa.

117

A concentração de pesquisa nos centros europeus define o perfil do estudo sobre

desenvolvimento sustentável com pequenas e médias empresas, servindo como fio condutor

para todas as discussões que são apresentadas nas principais revistas internacionais e

detalhadas na analise qualitativa deste estudo.

Os conteúdos dos artigos selecionados na revisão bibliográfica confirmam a influência

da visão dos pesquisadores dos países da União Europeia. Esta influência é representada por

fatores como o meio ambiente no centro da discussão, ferramentas de gestão ou políticas

econômicas usualmente direcionadas para grandes empresas, e pesquisas realizadas no setor

de manufatura.

As pesquisas, por suas características, foram reunidas em dois grupos, Exógenos e

Endógenos, e quatro subgrupos, Politicas Publicas e Caracteristicas das SME’s na linha

Macro, Gestão e Inovação pelo lado Micro, conforme Figura 11 abaixo.

Figura 11 - Fluxograma da Pesquisa. Fonte: Autor.

O primeiro grupo, chamado de Exógenos, é composto por artigos que estudaram o

impacto de fatores externos nas pequenas e médias empresas, sendo estas consideradas um

conjunto de empresas. Este grupo foi dividido em dois subgrupos:

Políticas Públicas: relacionam trabalhos que partem do entendimento de que o

conjunto das empresas de pequeno e médio portes impactam considerávelmente no

meio ambiente, por tal motivo havendo a necessidade de políticas públicas para

estimular as empresas deste porte na adoção de atividades que beneficiem a

preservação ambiental. As políticas citadas nestes trabalhos são exibidas na Tabela 5.

118

Tabela 5 - Subgrupo Políticas Públicas

POLÍTICAS PÚBLICAS DEFINIÇÕES

Rating de crédito Foi desenvolvido um rating de credito embasado nos preceitos de

desenvolvimento sustentável (CAO, YU; E SHOUYAO XIONG, 2014)

Green Growth

Esta é uma estratégia regional para aplicar o desenvolvimento

sustentável. Permite o crescimento do PIB mantendo ou restaurando a

qualidade ambiental. Atende às necessidades de todas as pessoas com

menores impactos ambientais possíveis (WANG, HUILI E CHUNYOU

WU, 2011).

Leisure Agriculture

É uma forma de gestão agrícola que aplica uma melhora no uso de

ecossistema e recursos ambientais, integrando agricultura, silvicultura,

pesca e pecuária, usando a cultura local para recreação e ajudando os

consumidores a experimentar a realidade do campo (HSU, SHIH-MING

et al., 2013)

Industry Symbiosis (IS)

Rede de empresas na qual o produto descartado num processo produtivo

de uma empresa transforma-se na matéria-prima de outra (PUENTE, MC

RUIZ et al., 2015).

Green Public Procurement (GPP) –

regulation

Ferramenta capaz de moldar tendências de produção e consumo, criando

ou ampliando mercados para produtos e serviços ambientalmente

amigáveis (RIZZI, FRANCESCO et al., 2014)

Voluntary Government Energy

Efficiency

O governo cria políticas públicas para insentivar as PMEs economizarem

energia voluntariamente (MEATH, CRISTYN et al., 2016).

Fonte: Autor.

Nota: A tabela apresenta os diferentes temas de pesquisa dos artigos agrupados no subgrupo Políticas Públicas,

seguido por sua definição e referência bibliográfica. Cada citação é um artigo que pesquisou o tema, podendo ter

mais de um trabalho.

No subgrupo Políticas Públicas, observam-se temas diversificados, mas todos com um

objetivo comum, a preservação do meio ambiente, deixando claro a visão governamental do

pensamento de sociedade.

Características das SME’s: neste subgrupo, os autores estudaram características das

SME’s ou fatores que influenciam as empresas deste porte na aplicação de políticas

internas para alcançar o desenvolvimento sustentável. Os temas pesquisados são

apresentados na Tabela 6.

119

Tabela 6 - Subgrupo Caraterísticas das SME’s

CARACTERISTICA DAS SME's DEFINIÇÕES

Corporate Sustainable X Economics

Performance

Analisa a relação entre duas variáveis: Corporate Sustainable e

Economics Performance (TOMŠIČ et al., 2015; LARRÁN et al., 2015).

Empreendedorismo X Inovação Analisa a relação entre duas variáveis: Empreendedorismo e Inovação

(WIDYA-HASTUTI et al., 2016).

Liderança X Desenvolvimento

Sustentavel

Analisa a relação entre duas variáveis: Liderança e Desenvolvimento

Sustentável (SZCZEPAŃSKA-WOSZCZYNA; KUROWSKA-PYSZ,

2016).

Incerteza de Mercado X

Investimento em Políticas Verdes

Analisa a relação entre duas variáveis: Incerteza de Mercado e

Investimento em políticas verdes (LIN; HO, 2010).

Praticas de Produção de Produtos

Normais X Princípios de Produção

Sustentável

Analisa a relação entre duas variáveis: Praticas de Produção em produtos

Normais e Princípios de Produção Sustentável (ALI; NORHIDAYAH,

2016).

Impacto das empresas na

Sustentabilidade Ambiental

Analisa quais os fatores que afetam o meio ambiente decorrente das

atividades das PMEs (BARMAN; SAIKIA, 2016).

Ferramenta para avaliar performance

e fatores para o Desenvolvimento

Sustentável

Pretende desenvolver uma ferramenta para avaliar performance de SME

dentro do conceito de desenvolvimento sustentavel (CIEMLEJA; LACE,

2011).

3EMT tool - Foi desenvolvido em uma forma de questionário de

autoavaliação baseado na web. Uma divisão em questões relacionadas a

cinco categorias de sustentabilidade. Cada categoria recebe uma sub-

pontuação usando indicadores de desempenho (ID), como uma

metodologia básica da ferramenta 3EMT para desempenho e pontuação,

resultando na definição de pontuação geral (PUSNIK et al., 2014)..

Eco-Efficiency – é uma ferramenta que analisa a sustentabilidade das

indústrias, relacionando indicadores econômicos com o impacto

ambiental (CHARMONDUSIT et al., 2014).

Quartet-Network Model - Foi desenvolvido para analisar questões

ambientais não apenas como desenvolvimento endógeno de PME do

setor de alimento, mas como resultados desencadeados por atores e

instituições no ambiente social de empresas individuais

(WATTANAPINYO; MOL, 2013).

Fatores internos e externos que

influenciam o DS

Determinam os fatores internos e externos que influenciam as PMEs

conseguirem desenvolvimento sustentável (KANTANE et al., 2010;

SALIMZADEH; COURVISANOS, 2015; TARANENCO, 2013).

Facilidades e Dificuldades para

Inovar

Determina os fatores que facilitam e dificultam a inovação das PMEs

(BOS-BROUWERS, JACKE, 2010).

Appropriability Regime for

Inovation

Analisa dois modelos de regime de propriedade. Um regime de

propriedade formal (patent, copyright and trademark; “FAR”) e o

regime de propriedade informal (secrecy, lead time and complexity of

design; “IAR”) (SEO et al., 2016).

Good and Service 100% nature

Tem o entendimento que, para o Desenvolvimento Sustentável, o meio

ambiente tem que ser prioridade na estratégia de negócio (KEARINS et

al., 2010).

Fonte: Autor.

Nota: A tabela apresenta os diferentes temas de pesquisa dos artigos agrupados no subgrupo Caraterísticas das

SME’s, seguido por sua definiçao e referencia biblografica. Cada citaçao é um artigo que pesquisou o tema,

podendo haver mais de um trabalho.

120

Duas linhas de pesquisas destacaram-se. A primeira, representada por seis

publicações, nas quais os pesquisadores definiram dois fatores e analisaram o quanto eles

influenciam no desenvolvimento sustentável da pequena e média empresa, e a segunda,

representada por quatro publicações, na qual foram desenvolvidas ferramentas para avaliar

caracteristicas das PME’s voltadas ao desenvolvimento sustentavel.

No grupo definido como Endógenos, os trabalhos tiveram um foco na PME como

unidade, analisando ações internas nas empresas que beneficiam o meio ambiente e/ou o

social com objetivo de alcançar um retorno econômico.

Os estudos testaram ferramentas e estratégias que foram adotadas por grandes

empresas e adaptadas para empresas de pequeno e médio portes. Por focar nas empresas, o

termo Desenvolvimento Sustentável em diferentes trabalhos foi substituído por Corporate

Sustainability, Sustainable Businesses, e/ou Corporate Responsability.

Os estudos apontaram a inovação como principal ferramenta para alcançar o

desenvolvimento sustentável, sendo este o caminho para as PME’s conseguirem um menor

impacto na natureza ou um maior retorno para a sociedade, a partir de um gerenciamento de

projetos e procedimentos. A inovação cria vantagem competitiva e retorno econômico a partir

de diferentes ganhos, como imagem/reputação, redução de custo, e/ou um produto ou serviço

diferenciado.

Considerando que as ferramentas utilizadas para uma gestão sustentável são as

mesmas amplamente utilizadas pelas grandes empresas, neste trabalho apenas os artigos que

apresentaram um produto e/ou serviço novo foram descritos como inovação.

Assim, o Grupo Endógenos foi dividido em dois subgrupos:

a) Gestão: artigos que analisaram ou desenvolveram ferramentas de gestão

sustentável que têm como fim a redução de custo por meio de ações que reduzam

o impacto ambiental, e/ou ações sociais com intenção final de criar uma imagem

positiva junto aos stakeholders. As metodologias analisadas são retratadas na

Tabela 7.

121

Tabela 7 – Subgrupo Gestão

GESTÃO DEFINIÇÕES

GREEN ICT

Uma gestão preocupada na prevenção da poluição no final do uso de um produto, a administração de

produtos para minimizar a questão ambiental durante o uso, e o uso de tecnologias limpas para

reduzir uso de materiais poluentes e desenvolver competências ecológicas. O modelo é uma

adaptação do Information and Communication Technologies (ICT’s) ao implementar a idéia de

sustentabilidade em todas as fases do processo (BUCHALCEVOVA, ALENA, e LIBOR GALA,

2012).

Cleaner

Production

Methodology

Trata-se de produzir mais com menos impacto ambiental. Isto significa fazer mais com menos,

criando mais valor econômico com menor impacto ambiental a partir de novas oportunidades de

negócios desenvolvidos na empresa (ALVES, JORDANIA LOUSE SILVA e DENISE DUMKE DE

MEDEIROS, 2015).

Quality

management

systems (QMS)

Sistema que ajuda as empresas no desenvolvimento e na manutenção de um nível adequado e estável

de qualidade de seus produtos, controlando o processo de produção e outros processos de negócios

que o apoiam. Atualmente, o processo de implementação de um sistema de gerenciamento de

qualidade baseia-se nos padrões da série ISO 9000 (ANGHELUTA, TITA et al., 2012).

Material Flow

Cost Accounting

(MFCA)

É uma ferramenta que rastreia os fluxos de materiais no processo até o produto final. A MFCA

envolve a quantificação detalhada da quantidade de material e energia utilizada, e os custos que lhes

são inerentes. O MFCA pode ser aplicado de forma flexível de acordo com a própria capacidade da

empresa. O limite do MFCA pode ser um processo único, processos múltiplos, um único produto,

produtos múltiplos, toda a planta, toda a empresa e até mesmo a extensão da cadeia de suprimentos

(SULONG, FARIZAH et al., 2015).

Environmental

Management

Systems (EMS)

É uma ferramenta utilizada para abordar questões ambientais nas instalações das empresas. EMS

também é uma ferramenta que apoia uma empresa com processos sistemáticos para a implementação

de metas, políticas e responsabilidades ambientais, bem como a auditoria regular de seus elementos.

Além disso, o uso de EMSs nas PME pode ajudar com a implantação de políticas ambientais e, na

maioria dos casos, seguem os princípios delineados pela ISO 14001 (FERENHOF, HELIO

AISENBERG et al., 2014).

Sustainability-

Oriented

Innovations

(SOIs)

Integra aspectos social e ambiental no produto, processo, e na estrutura da organização (KLEWITZ,

JOHANNA e ERIK G. HANSEN, 2014).

Corporate Social

Responsibility

(CSR)

É um conceito pelo qual as empresas integram as preocupações sociais e ambientais nas operações

comerciais e na interação com as partes interessadas de forma voluntária (STEWART, HEATHER e

ROD GAPP, 2014; NAGYPÁL, NOÉMI CSIGÉNÉ, 2014; SZCZANOWICZ, JUSTYNA e

SEBASTIAN SANIUK, 2016; LEE, KI-HOON et al., 2016).

Pro-Sustainability

Behaviour

Refere-se à aplicação voluntária de práticas para conciliar a preservação ambiental, a equidade social

e as demandas econômicas. Estes variam de acordo com o tipo de empresa, que vão desde o uso

racional da água, economia de energia, compra proposital de produtos produzidos local e eticamente,

proporcionar condições de trabalho acima dos requisitos legais ou promover a preservação cultural e

patrimonial (FONT, XAVIER, 2016).

Dynamic

Performance

Management

(DPM)

Mistura duas ferramentas: Performance Management (PM) Systems and System Dynamics (SD)

Methodology. Uma gestão principalmente preocupada com a identificação de resultados finais e seus

respectivos drivers. Para afetar esses drivers, cada gestor deve construir, preservar e implantar uma

quantidade adequada de recursos estratégicos que estão ligados entre si. Isso também implica que as

decisões tomadas por diferentes gerentes de unidades sobre recursos estratégicos interdependentes

devem ser coordenadas, de acordo com uma visão sistêmica (BIANCHI, CARMINE et al., 2015).

SWOT-AHP

Hybrid Method

Mistura duas ferramentas: Strength, weakness, opportunities and threats (SWOT) Analysis and

Analytic Hierarchy Process (AHP) Methodology. Gera valores quantitativos para os fatores SWOT.

Oferece vantagens de ser simples de aplicar e eficiente através da combinação de critérios

qualitativos e quantitativos. Quando usado em combinação com AHP, a abordagem SWOT fornece

uma medida quantitativa de utilidade de cada fator na tomada de decisão (KHATRI, J. K. e B.

METRI, 2016).

Sustainable Value

Methodology

(SVM)

Mistura duas ferramentas: Cleaner Production (Eco-Eficiencia) e Value Management (VM). Foi

desenvolvido para responder à necessidade de uma abordagem que poderia apoiar as empresas na

implementação da Produção mais Limpa, aumentando o valor e, portanto, contribuindo para

melhorar sua competitividade (HENRIQUES, JOÃO e JUSTINA CATARINO, 2015).

Fonte: Autor.

Nota: A tabela apresenta os diferentes temas de pesquisa dos artigos agrupados no subgrupo Gestão, seguido por

sua definição e referência biblográfica. Cada citação é um artigo que pesquisou o tema, podendo ter mais de um

trabalho.

122

No subgrupo Gestão, o estudo sobre Corporate Social Responsability (CSR) destaca-

se com quatro artigos publicados sobre o tema, sendo este o único que teve mais de um

trabalho. Outro fato relevante é uma tendência de criação de técnicas para alcançar o

desenvolvimento sustentável juntando duas ferramentas ja conhecidas como pode ser

observado nos trabalhos sobre SVM, DPM, e SWOT-AHP Hybrid Method.

b) Inovação: Artigos que analisaram o processo de desenvolvimento de produtos e

serviços adaptados ao conceito ecológico. Os temas pesquisados são apresentados na

Tabela 8.

Tabela 8 – Subgrupo Inovação

INOVAÇÃO DEFINIÇÕES

Life Cycle Engineering

Desenvolve todas as fases de construção de um PC

seguindo uma visão de preservação ambiental

(FITZPATRICK, COLIN et al., 2014).

Product Service System

(PSS) Development

É considerado como conjunto de soluções integradas, nas

quais os produtos e serviços são misturados para

satisfazer as necessidades do cliente, muitas vezes de

formas muito inovadoras que exigem uma transformação

profunda na organização, incluindo a propriedade da

oferta e com um claro potencial para sistemas

sustentáveis (HERNÁNDEZ PARDO et al., 2012;

HERNÁNDEZ PARDO et al., 2013).

Responsible Innovations

Refere-se a um produto, serviço ou modelo comercial

novo ou significativamente melhorado, cuja

implementação no mercado resolve ou alivia um

problema ambiental ou social (HALME, MINNA e

MARIA KORPELA, 2014).

Fonte: Autor.

Nota: A tabela apresenta os diferentes temas de pesquisa dos artigos agrupados no subgrupo Inovação, seguido

por sua definição e referência biblográfica. Cada citação é um artigo que pesquisou o tema, podendo ter mais de

um trabalho.

O único trabalho no subgrupo Inovação que teve duas citações sobre o mesmo tema

foi sobre Product Service System. Como os dois artigos são dos mesmos autores, usando a

mesma amostra e a mesma ferramenta de analise, não se pode afirmar que existe um interesse

por diferentes pesquisadores sobre o tema.

Resumidamente, os trabalhos foram divididos por temas estudados da seguinte forma

conforme Table 9

123

Table 9 – Números de Artigos por Subgrupos.

GRUPO SUBGRUPO No DE TRABALHOS

Exógenos Políticas Públicas 6

Exógenos Características das SMEs 17

Endógenos Inovação 4

Endógenos Gestão 14

Fonte: Autor.

5. CONCLUSÕES E LIMITAÇÕES

Diante do consenso mundial da necessidade de preservação ambiental para garantir

uma qualidade de vida para futuras gerações, o desenvolvimento sustentável, em sua

definição ampla, estabeleceu-se como guia para governos, empresas e a sociedade ao

relacionar três fatores: ambiental, social e econômico.

Neste cenário, as pequena e média empresas, por sua importância na economia

mundia, apresentam-se como relevantes agentes no processo de desenvolvimento sustentável

regional. Conhecer as peculiaridades das PME’s permite a elaboraçao de politicas publicas ou

estratégias de mercado para alcançar objetivos comuns do tema.

Entender o que está sendo estudando sobre o desenvolvimento sustentavel nas

pequena e média empresas significa colocar no mesmo escopo dois temas relevantes na

atualidade. Portanto, este trabalho teve como objetivo mapear as pesquisas que estão sendo

realizadas no meio acadêmico, permitindo uma visão ampla das linhas de pensamento

empregadas para este conhecimento.

Algumas caracterísiticas ficaram evidentes na pesquisa. Os centros de pesquisa e as

amostras analisadas concentram-se na Europa, são usadas técnicas de pesquisa survey e

estudo de caso e, normalmente, as empresas estudadas são do setor industrial.

Ainda existem poucas pesquisas sobre desenvolvimento sustentável com pequenas e

médias empresas, mas foi constatado um crescimento nos últimos seis anos, com uma

pluralidade de revistas acadêmicas.

Os trabalhos selecionados apresentaram características que permitiu reuni-los em

Grupos e subgrupos. Os grupos foram nomeados como Exógenos e Endógenos, e os

Subgrupos como Politicas Publicas e Caracteristicas das SME’s, e Inovaçao e Gestão,

respectivamente.

124

O grupo Exógenos tem como princípio básico a visão da PME como um grupo de

empresas que afeta positivamente ou negativamente a região que está localizado, seja esta um

País, um Estado, ou algum local específico.

Dentro deste grupo, o subgrupo definido como “Politicas Publicas” reuniu análises das

diferentes políticas adotadas por governos, e o impacto que estas ações têm nas atividades das

PME’s e no meio ambiental. Por outro lado, os trabalhos definidos no subgrupo

“Caracteristicas das SME’s” estudaram fatores internos e externos que afetavam diretamente

as atividades das empresas para alcançar o desenvolvimento sustentável.

O grupo intitulado Endógenos tem uma visão da PME como unidade, realizando

pesquisas sobre a empresa individualmente. Dois subgrupos fazem parte desta linha de

pesquisa: um, definido como “Inovaçao”, analisou processos de desenvolvimento de produtos

e serviços com foco no desenvolvimento sustentável; o outro, denominado “Gestao”,

pesquisou diferentes formas e ferramentas de gestão dentro das pequenas e médias empresas

com o intuido de redução de custo ou ganho de imagem, usando preceitos do

desenvolvimento sustentável, com o objetivo de conseguir um retorno econômico.

Assim, atendendo ao objetivo do artigo e com propósito de criar um guia prático para

novas pesquisas sobre DS com PME, as diferentes linhas de pensamento foram consolidadas

no fluxo rama apresentado na Figura 12 abaixo:

Figura 12 – Mapa das Pequisas sobre Desenvolvimento Sustentável nas PMEs Fonte: Autor.

125

O trabalho apresenta algumas limitações decorrente da técnica de pesquisa utilizada.

Por ser uma revisão sistêmica, varios critérios são definidos para criar um ambiente de fácil

reprodução do estudo, acarretando exclusão de alguns trabalhos que poderiam ser importantes

para a discussão do tema.

Entre estes critérios, destacam-se: Procedia, Annais, Capítulo de Livros que foram

excluídos, alguns artigos que não estavam disponíveis, e outros trabalhos que não se

relacionavam com as palavras-chave definidas para a pesquisa nas diferentes bases de dados.

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131

3.5.1 Contribuição do artigo

Este artigo contribui com uma visão acadêmica de onde e o que está sendo estudado

sobre desenvolvimento sustentável na pequena empresa em nível mundial.

Algumas caracterísiticas ficaram evidentes na pesquisa. Os centros de pesquisa e as

amostras analisadas concentram-se na Europa, Austrália e China; praticamente 60% das

pesquisas foram direcionadas para o setor da indústria, e a principal referência utilizada pelos

autores foi a European Commission.

Os trabalhos selecionados foram classificados em grupos e subgrupos conforme as

características identificadas. Os grupos foram nomeados como Exógenos e Endógenos, e os

subgrupos como Políticas Públicas/Características das PME’s, e Inovaçao/Gestão,

respectivamente.

O grupo intitulado Exógenos percebe as PMEs como um conjunto de empresas,

diferente do grupo classificado como Endógenos, que tem uma visão da empresa como uma

unidade e por isso é o foco principal desta tese.

Os artigos pertencentes aos dois subgrupos que fazem parte do grupo Endógenos são

definidos como “Inovaçao”, analisaram processos de desenvolvimento de produtos e/ou

serviços com foco no desenvolvimento sustentável, e o outro, denominado “Gestao”,

pesquisou diferentes formas e ferramentas de gestão dentro das pequenas e médias empresas

com o intuido de redução de custo ou de refletir no mercado uma imagem positiva da

empresa, usando preceitos do desenvolvimento sustentável, com o objetivo de conseguir um

retorno econômico.

Dos 18 artigos identificados no trabalho com foco nas ferramentas aplicadas

diretamente nas PMEs para alcançar o Desenvolvimento Sustentável, 62,5% realizaram as

pesquisas em empresas do setor da Indústria de Transformação, 37,5% no setor de Serviço e,

destas empresas, 30% foram no segmento de TI.

Os autores aplicaram as ferramentas com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e

social em 81% dos artigos, 62,5% das empresas pesquisadas participavam ou tinham o apoio

do governo, de empresas de grande porte ou de outro tipo de organização e, em 100% dos

casos, foram apresentados resultados que demonstraram a eficácia da ferramenta de gestão

utilizada para alcançar um desenvolvimento sustentável.

Apenas o trabalho de Khatri e Metri (2016) fez uma análise das caracterísiticas da

empresa antes de definir qual seria a melhor ferramenta a utilizar com objetivo de alcançar o

desenvolvimento sustentável, e somente os artigos de Hernández-Pardo et al. (2012 e 2013)

focaram no fator econômico como principal objetivo da ferramenta adotada.

132

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fio condutor para qualquer estudo sobre Desenvolvimento Sustentável na Pequena e

Média Empresa é o entendimento da definição apresentada no Relatório Brundtland, e

adotada pela maioria dos trabalhos, que tem como fundamento responder às necessidades

presentes sem afetar negativamente as futuras gerações, ou seja, conseguir um crescimento

econômico sem prejudicar os recursos ambientais e relações sociais em nível mundial

(HENRIQUES; CATARINO, 2015).

Este novo consenso foi rapidamente adotado, em especial, por governos e

organizações de países considerados desenvolvidos, que introduziram políticas sociais e

ambientais como necessárias para criar vantagem competitiva e geração de emprego, isto é,

um desenvolvimento sustentável.

Diante desta preocupação com fatores sociais e ambientais, as empresas são inseridas

no debate como atores de mudança, em especial as de grande porte que, de forma individual,

afetam diretamente um grande número de stakeholders com suas atividades.

O problema está na mudança de paradigma de um sistema de gestão tradicional,

visando o retorno financeiro independentemente do esgotamento dos recursos, para uma

gestão voltada para o desenvolvimento sustentável, na qual o lucro pode ser uma

consequência decorrente do uso racional dos recursos. Para quebra deste paradigma, são

necessárias novas idéias e ferramentas de gestão alternativas (LUEG; RADLACH, 2016).

As grandes empresas conseguiram identificar no problema uma oportunidade de

negócio. Aproveitando suas características, começaram a introduzir em sua gestão e estratégia

de mercado políticas que se enquadravam na definição de desenvolvimento sustentável. Desta

forma, elas conseguiram adequar-se a uma demada da sociedade e seus representantes e, ao

mesmo tempo, conseguiram um retorno financeiro.

Para este fim, foram criadas e introduzidas com sucesso nestas organizações diversas

ferramentas de gestão com objetivo de redução de custo pelo uso eficiente dos recursos, a

venda de produtos verdes e mudanças da relação entre empresa e sociedade. Governos que

fazem parte da União Europeia apoiaram estas ações por meio de políticas públicas ou/e

linhas específicas de crédito, mas indicaram a inevitabilidade de adequação destas

ferramentas, em especial a CSR muito praticada na Europa, para pequenas empresas por

terem um impacto expressivo na economia local.

A dificuldade de introduzir práticas empresariais sustentáveis nas PME’s,

diferentemente do que ocorre com as grandes empresas, reside nos valores e crenças dos seus

133

gestores, falta de conhecimento sobre os benefícios de uma política ambiental e social, falta

de uma comunicação social eficaz, limitação dos recursos financeiro, e objetivos e

planejamentos direcionados ao lucro no curto prazo (HERNANDEZ-PARDO et al., 2012;

HERNANDEZ-PARDO et al., 2013; LEE et al., 2016).

Mas não apenas estas características padrões são desfavoráveis: as diferenças do

mercado que as empresas atuam, o perfil do público consumidor e o setor da indústria que a

empresa está associada também são relevantes para definição da ferramenta mais apropriada a

ser aplicada nas empresas de pequeno porte para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Os estudos sobre o desenvolvimento sustentável das pequenas e médias empresas

estão crescendo nos últimos anos, mas ainda não estão disseminados. Aproximadamente 96%

são realizados por centros de pesquisa da Europa, Ásia, e Oceania, sendo 59% apenas na

Europa. As amostras seguem a mesma tendência com 55,8% das empresas pesquisadas

localizadas na Europa, e 60% no setor da Indústria. Considerando apenas os estudos que

tinham o objetivo de estudar a empresa como uma unidade, 62,5% das empresas foram

classificadas como Indústria de Transformação, 37% do setor de serviço, 81% tinham como

objetivo avaliar o impacto ambiental, e 62% faziam parte ou tinham apoio de governos,

organizações, ou grandes empresas (Artigo capítulo 3.5 desta tese).

A concentração dos estudos sobre o tema na Europa faz com que as novas pesquisas

usem estes trabalhos como referência, e isso pode ocasionar erros de interpretações ao tentar

generalizar o resultado. Isto porque países desenvolvidos e em desenvolvimento, com exceção

da China, têm realidades sociais, culturais, e econômicas antagônicas, portanto, em cada

estudo direcionado a um país tem que ser levado em conta as características locais.

Estas diferenças ficam visíveis quando se comparam alguns índices do Brasil, de

países da União Europeia, e da Austrália. O Brasil é o segundo país com maior número de

pessoas entre 25 e 64 anos com apenas ensino primário, antipenúltimo em relação a pessoas

com, no máximo, ensino médio, último em termos de pessoas com nível superior, e último

colocado em desigualdade de renda e taxa de pobreza (OECD, 2017).

Considerando fatores ligados ao meio ambiente, enquanto a Europa concentra mais de

40% dos certificados ISO 14001 ativos, a América Central/Sul representa apenas 3% (ISO,

2017). No Brasil, os números de cetificados ISO 14001 ativos não passam de 0,043% das

empresas do país e estão numa curva decrescente nos últimos anos (INMETRO, 2017). No

que se refere à coleta de lixo seletiva per capita, o Brasil não aparece na análise

comparativamente a países da União Europeia e Austrália (OECD, 2017).

134

A falta de interesse e de apoio governamental por questões ambientais ficam evidentes

quando se observa a porcentagem de empresas brasileiras que investiram em inovação com o

objetivo em reduzir o impacto ambiental e/ou em aspectos ligados à saúde e à segurança, com

ou sem o apoio do governo. Das empresas ativas, 0,3% investiram, sendo que 90% destas

empresas são enquadradas na Indústria de Transformação, o que representa 8,46% do total

das empresas no país (IBGE, 2017).

A falta de apoio do governo para o desenvolvimento sustentável das PME’s também

pode ser medido pelo custo do crédito para os empreendedores brasileiros. O Brasil tem a

segunda maior taxa de juros adotadas por bancos privados para linhas de crédito (CIA, 2017),

e, comparando o acesso a empréstimos entre homens e mulheres em 23 países da União

Europeia e Austrália, o Brasil fica em 18o e 19

o lugar, respectivamente (OECD, 2017).

Numa visão socioeconômica, o mercado consumidor brasileiro é composto por 69%

da população ativa e 75,8% da média dos domicílios recebem, no máximo, 2 salários

mínimos, sendo que a média da renda mensal da população brasileira é de R$ 1.746 (IBGE,

2017). Do total das empresas, 72,05% são compostas por, no máximo, 4 funcionários, 84,43%

das empresas ativas e 76,71% da mão de obra contratada são do setor de comércio e serviço

(setores que não produzem riqueza), e não considerando os empreendedores individuais

(MEI), a mortalidade média das empresas abertas em 2008 ate 2012 é de 45% nos dois

primeiros anos de atividade (Sebrae DF, 2017).

Estes números dão o tom da dificuldade de implementar políticas de desenvolvimento

sustentável nas PMEs no Brasil. Não se discute a eficácia das ferramentas de gestão utilizadas

em diferentes pesquisas, mas sim a aplicabilidade delas em diferentes realidades empresariais.

Desse modo, antes de aplicar uma nova forma de gestão, tem que ser questionado qual

o custo desta implementação, qual o impacto real no faturamento da empresa na redução de

custo alcançada com uma gestão direcionada ao uso eficiente dos recursos, qual a capacidade

da empresa, individualmente, de divulgar suas ações para conseguir ganhar novos clientes e,

principalmente, qual é o principal fator de decisão de compra do consumidor local, preço ou

qualidade.

4.1 Conclusão

Alcançar o desenvolvimento sustentável é um ideal, sendo necessário quebrar

paradigmas e introduzir mudanças profundas na gestão, ressaltando o bem estar por aplicar

ações politicamente corretas, não tendo o lucro com o principal objetivo. Desta forma, essa é

135

uma mudança que depende essencialmente dos valores e crenças dos principais gestores, mas

também da capacidade de inovar e do apoio de todos os stakeholders.

Práticas empresariais sustentáveis têm como objetivo a redução de custo, a partir do

uso eficiente dos recursos, o ganho de vantagem competitiva pela repercussão positiva das

ações sociais e ambientais praticadas pela empresa junto a sociedade, e/ou o desenvolvimento

de produtos “verdes”, isto é, de produtos que não agridem a natureza.

Conforme os resultados encontrados no artigo do item 3.2 da tese, fatores como meio

ambiente e social são pouco relacionados à questão da sustentabilidade da empresa, isto é,

fatores relacionados ao ideal do desenvolvimento sustentável não são os principais valores e

crenças da amostra pesquisada. A sustentabilidade da empresa para esses gestores

entrevistados é vista como uma questão financeira, seguindo a lógica da gestão tradicional.

Contribuindo para demostrar a dificuldade de implementar uma visão sustentável nas

PME’s no Brasil, o artigo do item 3.3 da tese deixa evidente que os empresários não têm o

governo e as instituições financeiras como parceiros. Outros dois fatores são fundamentais

para a adoção de uma gestão sustentável: apoio do governo e linhas de crédito baratas para

investimento em atividades sustentáveis.

O artigo do item 3.4 da tese traz a pauta um caso de exceção, um nicho de mercado

que corresponde a menos de 1% da população brasileira, de alta renda. Este público tem

algumas características parecidas com a população de países desenvolvidos, destacando-se a

alta renda, o interesse e a capacidade de compra de produtos com valor agregado, e o bom

nível educacional. Diferentemente da realidade da maioria do mercado consumidor do Brasil,

para este público, empresas que praticam ações sustentaveis ou vendem produtos “verdes”

têm apelo comercial.

Sendo assim, relacionando as características do mercado brasileiro apresentadas no

item 3.1 da tese (baixa renda da população, falta de recurso para investir, e necessidade de

retorno no curto prazo), o principal fator que os empresários relacionam com a

sustentabilidade do negócio relatado no artigo do item 3.2 da tese (custo), e o fator capaz de

trazer vantagem competitiva revelado no artigo do item 3.3 da tese (produto), evidencia que

qualquer ação que precise de recurso para ser implementado, ou que aumente o valor final do

produto/serviço, não é viável em empresas com características das entevistadas, isto é, PME’s

do setor de serviço ou comércio.

Considerando que o mercado brasileiro é composto, basicamente, por microempresas

do setor de comércio e serviço, pode-se analisar o quanto as três ações para alcançar o

desenvolvimento sustentável numa organização, apresentado no artigo do item 3.5, impactam

em empresas com estas características:

136

a) Uso eficiente dos recursos (Gestão): redução de custo criando retorno financeiro

em despesas como água, luz, e outras operacionais, tem um impacto financeiro

pequeno nas empresas; custo de capacitação da equipe e de consultoria externa

para se preparar para uma estratégia de uso eficiente dos recursos são ações

inviáveis financeiramente para as empresas;

b) Desenvolvimento e venda de produtos “verdes” (Inovação): as empresas não têm

recurso financeiro para investir em inovação, as linhas de crédito são caras no

Brasil, e o público que pode consumir é pequeno, tendo em vista que a população

brasileira tem o preço como principal fator de compra e, normalmente, produtos

“verdes” sao mais caro que os similares.

c) Imagem positiva (Gestão): ações sociais e ambientais necessitam de uma ampla

divulgação para angariar novos clientes, as empresas não têm recurso para fazer

uma divulgação eficiente, a porcentagem do público consumidor que uma

empresa deste porte alcança é pequena, e fatores sociais e ambientais não fazem

parte da cultura da sociedade, empresas e governo brasileiro.

Portanto, não considerando exceções como as empresas que atuam em mercados

específicos de clientes com alta renda e algumas empresas, principalmente, do setor

industrial, pode-se concluir que, para uma empresa de pequeno porte no Brasil,

individualmente, não é viável adotar políticas de desenvolvimento sustentável.

Pela importância das PME’s na economia brasileira, e pela capacidade de resultado

dos objetivos propostos pelas ferramentas para alcançar a sustentabilidade, ações para o

desenvolvimento sustentável têm que se originar de políticas públicas decorrentes de uma

visão de benefício da sociedade local como um todo.

Uma ação partindo do governo, com benefícios e regras a serem seguidas, tem a

capacidade de forçar uma mudança de paradigma e institucionalizar o Desenvolvimento

Sustentavel nas PME’s. O impacto no meio ambiente e no social ocasionado por uma única

PME é pequeno, mas o pouco, numa escala do número de empresas deste porte, representa

um relevante resultado final.

4.2 Recomendações de Pesquisa

Como este estudo é direcionado para as características do mercado brasileiro, e o

Brasil é uma referência entre os países em desenvolvimento, estes resultados podem servir

137

como base para empresas localizadas em mercados com atributos similares; no entanto, este

trabalho tem limitações por trabalhar com uma amostra não representativa dos setores da

economia e focar apenas em artigos da lingua inglesa, espanhola, e portuguesa, com

limitações de busca, em especial nas palavras-chave utilizadas para a revisão bibliográfica.

Portanto, podem ter sido deixados de fora da pesquisa alguns trabalhos que poderiam trazer

contribuições importantes.

Como sugestão para futuras pesquisas, indica-se desenvolver estudos similares em

diferentes segmentos de empresas do setor de serviço e comércio, criando, assim, um

conhecimento empírico da relação das empresas deste porte e destes setores com o

desenvolvimento sustentável.

138

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143

APÊNDICE 1

144

APÊNDICE 2

* Marque um X na pontuação que você considera mais adequada tendo como extremos: (1) Discorda Fortemente e (7) Concorda Fortemente

Expectativa antes da viagem Desempenho após a viagem

Os funcionários têm que estar bem vestidos Os empresários da empresa são bem vestidos

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa tem que ser de confiança A empresa é de confiança

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa tem que gerar oportunidades de negócio A empresa consegue gerar oportunidades de negócio

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa tem que cumprir as atividades e horários do

programa de viagem prometido

A empresa cumpre as atividades e horários do

programa de viagem prometido

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa tem que informar aos clientes detalhes das

atividades que serão executadas no programa de

viagem

A empresa informa os detalhes das atividades que

serão executadas no programa de viagem

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

O funcionário da emprea tem que estar sempre

disponível em ajudar os clientes

Os funcionários da empresa estão sempre dispostos a

ajudar os clientes

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

O cliente tem que ser capaz de se sentir seguro em

viajar com os funcionários da empresa

Você se sente seguro em viajar com os funcionários da

empresa

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

O funcionário da empresa tem que ser educado Os funcionários da empresa são educados

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

A empresa dará atenção individual aos clientes A empresa deu atenção individual a você

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

Os funcionários darão atenção personalizada aos

clientes

Os funcionários da empresa dão atenção individual aos

clientes

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

Esperava que os funcionários soubessem quais são as

necessidades dos clientes

Os funcionários da empresa sabem das necessidades

dos clientes

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

Nos próximos anos meu uso da empresa será:

Absolutamente

nenhum 1 2 3 4 5 6 7 Muito frequente

A qualidade de serviço da empresa é:

Muito ruim 1 2 3 4 5 6 7 Excelente

Meus sentimentos em relação aos serviços da empresa podem ser mais bem descritos como:

Muito insatisfeito 1 2 3 4 5 6 7 Bastante satisfeito