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UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR
CURSO DE ENFERMAGEM – CAMPUS UMUARAMA
FERNANDA PIRES DOLIZNY
ASSÉDIO MORAL NA EQUIPE DE ENFERMAGEM
UMUARAMA – PR
2017
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FERNANDA PIRES DOLIZNY
ASSÉDIO MORAL NA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Trabalho de Conclusão do Curso apresentado à Banca
Examinadora do Curso de Graduação em Enfermagem –
Universidade Paranaense – UNIPAR, Unidade de Umuarama
- PR, como requisito parcial para a obtenção do título de
Enfermeiro.
Orientadora: Profª. Esp. Daiane Cortêz Raimondi
UMUARAMA
2017
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FOLHA DE APROVAÇÃO
FERNANDA PIRES DOLIZNY
ASSÉDIO MORAL NA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para a obtenção de grau de
Enfermeiro da Universidade Paranaense – UNIPAR, pela seguinte banca examinadora:
___________________________________________
Orientadora. Profª Daiane Cortêz Raimondi. Especialista em Auditoria em Saúde pela Universidade
Ingá- UNINGÁ – Maringá-PR. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá
– UEM. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade
Universitária de Umuarama
_________________________________________________
Banca:
________________________________________________
Banca:
Umuarama, ____/ Setembro / 2017
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APRESENTAÇÃO
O Trabalho de conclusão de curso está sendo apresentando ao colegiado do curso de Enfermagem
da Unidade de Umuarama da Universidade Paranaense – UNIPAR na forma de artigo científico,
conforme regulamento específico. Este artigo está adequado às instruções para autores da revista
ARQUIVOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIPAR (ISSN on line – 1982-114X). Anexo A.
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DEDICATÓRIA
Dedico a Deus por torna isso possível, a Nossa Senhora
da Aparecida, a Santa Rita de Cassia e aos meus pais
Maria e Humberto que sempre estiveram me apoiando em
tudo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por sempre me guiar e ajudar nos momentos difíceis, a Nossa Senhora
Aparecida e a Santa Rita de Cássia que sempre intercederam por mim durante esses anos.
Aos meus pais Maria e Humberto que sempre me ajudaram e apoiaram em tudo e não
mediram esforços para que eu chegasse até aqui, sem eles nada disso teria se tornando possível.
Aos meus familiares pelo apoio e pela paciência que sempre estiveram do meu lado me
apoiando.
Em especial a minha orientadora Daiane Cortêz pela paciência, compreensão e a
contribuição na conclusão desse trabalho.
A todos os Professores pelos ensinamentos durante esses anos.
E aos amigos que sempre estiveram ao meu lado compartilhando alegrias, tristezas,
sofrimentos е conhecimentos.
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ASSÉDIO MORAL NA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Fernanda Pires Dolizny1
Daiane Cortêz Raimondi2
1 Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Paranaense - UNIPAR,
Unidade Universitária de Umuarama- PR. Orientanda do Trabalho de Conclusão do Curso. Rua:
Marinho Tavares; no: 264 - CEP: 8736000 – Goioerê – Paraná. Telefone: (44) 99999-1871. E-mail:
2 Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Paranaense - UNIPAR,
Unidade Universitária de Umuarama- PR. Orientadora do Trabalho de Conclusão do Curso de
Enfermagem. E-mail: [email protected].
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ASSÉDIO MORAL NA EQUIPE DE ENFERMAGEM
RESUMO: O assédio moral é todo episódio de humilhação e constrangimento causado a outrem,
sendo esta prática uma realidade nas equipes de enfermagem. Diante disto, este trabalho objetivou
analisar a prática de assédio moral nos trabalhadores da equipe de enfermagem e as consequências
advindas desta prática. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, no qual a busca foi realizada
nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online, google acadêmico e periódicos Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, utilizando os seguintes descritores em ciências
da saúde: equipe de enfermagem; violência; assédio moral. Foram utilizados como critérios de
inclusão: textos na forma de artigo, teses ou dissertações publicados entre 2007 a 2017 e os critérios
de exclusão: estudos não disponibilizados gratuitamente na íntegra. Frente a isto, foram encontrados
33 publicações, no qual após a leitura dos textos na íntegra 19 artigos foram eliminados por não
responderem a questão do estudo e aos critérios de inclusão, assim 14 artigos atenderam aos
critérios de inclusão e a questão do estudo constituindo-se a amostra. Conclui-se que o assédio
moral é uma prática constante na equipe de enfermagem, sendo a agressão verbal a principal
ocorrência desta prática. Ressalta-se que o assédio moral acarreta consequências físicas e psíquicas
ao trabalhador, além de prejuízos em desenvolver seu trabalho, diante destas consequências
verifica-se a importância da implantação de medidas para prevenção da prática de assédio moral na
equipe de enfermagem.
Palavras-chave: Equipe de enfermagem. Violência. Assédio moral.
HARASSMENT MORAL IN THE NURSING TEAM
Abstract: Harassment moral is every episode of humiliation and embarrassment caused to others,
being this practice a reality in the nursing team. In view of this, this study aimed to analyze the
practice of moral harassment in the nursing team workers and the consequences of this practice.
This is a narrative review of the literature, in which the search was performed in the Scientific
Electronic Library Online database, google academic and periodical Coordination of Improvement
of Higher Education Personnel, using the following descriptors in health sciences: nursing team;
violence; Bullying. The following inclusion criteria were used: texts in the form of articles, theses
or dissertations published between 2007 and 2017 and the exclusion criteria: studies not available
free of charge in full. As a result, 33 publications were found in which 18 articles were eliminated
because they did not answer the study question and the inclusion criteria. Thus, 15 articles met the
inclusion criteria and the study question consisted of the following: If the sample. It is concluded
that bullying is a constant practice in the nursing team, with verbal aggression being the main
occurrence of this practice. It should be emphasized that physical harassment causes physical and
psychological consequences to the worker, in addition to damages in developing their work, due to
these consequences, it is important to implement measures to prevent the practice of moral
harassment in the nursing team.
Keywords: Nursing team. Violence. Harassment moral.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 07
2 METODOLOGIA..........................................................................................................................09
3 RESULTADOS.............................................................................................................................. 10
4 DISCUSSÃO .................................................................................................................................. 11
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 16
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 17
ANEXOS ........................................................................................................................................... 19
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1 INTRODUÇÃO
Define-se como assédio moral a submissão do trabalhador a episódios frequentes de
humilhações e constrangimentos, sendo evidenciado por atitudes violentas e antiéticas que
repercutem negativamente no trabalhador assediado, infringindo seus direitos fundamentais
(AMATO et al, 2002).
Carvalho (2010) ressalta que a prática do assédio moral ocorre com frequência no ambiente
de trabalho e caracteriza como o abuso, a violência psicológica de um indivíduo, ou uma equipe por
outrem, podendo ser decorrente de um ou diversos motivos.
Corroborando com a caracterização do assédio moral, destaca-se que este é uma ação de
agressividade no ambiente de trabalho, sendo registrada por comportamentos repetitivos e
duradouros (SOBOLL, 2008).
Reforça-se que o assédio moral no âmbito de trabalho relaciona-se a exposição da equipe a
episódios de vergonha e coação, ocorrendo com frequência no decorrer do expediente relacionado à
prática diária (BRASIL, 2013).
Cabe salientar que a prática do assédio moral não é uma situação nova no âmbito de
trabalho, que recentemente conquistou visibilidade com a propagação dos direitos humanos e
cidadania, que permitiu identificar a recorrência mundial desta prática no ambiente de trabalho,
especialmente nas profissões com predomínio de trabalhadores do sexo feminino, como a
enfermagem (BOBROFF; MARTINS, 2013).
Segundo Schmith (2013) o assédio moral acontece em grande proporção com profissionais
da saúde, mas até então isso foi questionado em silêncio, em razão da equipe não possuir
conhecimento sobre como lidar com a situação e por medo de sofrerem punição ou criarem algum
desentendimento com os colegas da equipe.
Observa-se que dentre as profissões que pertencem à área da saúde, a enfermagem aparece
com a maior probabilidade de sofrer o assédio moral, isto porque os enfermeiros trabalham em
turnos cansativos como o trabalho noturno, com ritmo de trabalho intenso, acúmulo de funções,
riscos de acidentes, domínio por parte dos chefes e longas jornadas de trabalho que são fatores que
podem desencadear o assédio moral (AZEVEDO; ARAUJO, 2012; LEITE, 2012).
Confirmando sobre a prática de assédio moral na equipe de enfermagem uma pesquisa
realizada nos diferentes locais e níveis de assistência à saúde de um município do Noroeste do
Paraná revelou que 29,65% dos enfermeiros admitiram ter sofrido assédio moral no trabalho.
Dentre as práticas de assédio moral vivenciadas pelos enfermeiros, as mais relatadas foram
questionamento das decisões dos enfermeiros (26,58%) e ataques verbais criticando o trabalho
realizado pelos mesmos (16,58%) (FONTES; CARVALHO, 2012).
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Um estudo realizado em diversos níveis de assistência a saúde no município do Rio Janeiro
constatou que 21,5% dos enfermeiros entrevistados foram vítimas de assédio moral no trabalho,
dentre as consequências à tensão é a mais constante, seguido por memórias perturbadoras (XAVIER
et al., 2008).
É válido reforçar que os enfermeiros compreendem o assédio moral como uma atitude
abusiva que pode prejudicar a integridade psíquica e física do assediado, levando a várias
consequências, podendo atingir a autoestima e a produtividade, ocasionando doenças
psicossomáticas, tornando-o frágil e oprimido. Destaca ainda a ansiedade, estresse, depressão e o
sofrimento psíquico como consequências do assédio moral (VENTURA et al., 2012).
Em relação às consequências da prática de assédio moral, um estudo realizado em hospitais
de um município do Estado de Pernambuco identificou que as principais consequências do assédio
moral na equipe de enfermagem foram estresse (58%), irritabilidade (50%), ansiedade (42%), crise
de choro e dificuldade de concentração (28%) (LEITE, 2012).
É importante salientar que muitos profissionais da área da saúde ainda desconhecem a
prática de assédio moral, por ser um episódio sombrio, os profissionais não possuem conhecimento
para diferenciar as características que define esse episódio de humilhação e relacionar todos os
sintomas apresentados sobre a violência psicológica e física sofrida no seu cotidiano (LEITE, 2012).
Diante da problemática que envolve o assédio moral e as sérias consequências advindas
desta prática, principalmente nos profissionais de enfermagem, verifica-se a importância de estudos
sobre esta temática, visto que ainda é pouco debatida entre as equipes de enfermagem. Assim, é de
extrema importância aprofundar o conhecimento sobre essas práticas e as consequências do assédio
para sensibilização de gestores e profissionais a fim de prevenir estes episódios no ambiente de
trabalho, visando melhorar saúde e o bem-estar dos profissionais.
Deste modo, este trabalho objetivou analisar a prática de assédio moral nos trabalhadores da
equipe de enfermagem e as consequências advindas desta prática.
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2 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, que de acordo com Atallah (2005) objetiva
expor e debater sobre um determinado assunto, através da análise de pesquisas já publicadas,
tornando-se um importante mecanismo de educação permanente, no qual proporciona ao leitor
conhecimento e atualização sobre o tema abordado.
A questão norteadora do estudo foi: “Quais as práticas de assédio moral nos trabalhadores
da equipe de enfermagem e as consequências causadas por essa prática?”.
A fim de atingir o objetivo proposto e responder a questão norteadora, foi realizada busca na
base de dados Scientific Eletronic Library Online (Scielo), google acadêmico e periódicos
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), utilizando os seguintes
descritores em ciências da saúde DeCS: equipe de enfermagem; violência; assédio moral.
Após o cruzamento dos DeCS para a busca dos estudos, realizou-se à leitura dos títulos e
dos resumos das publicações encontradas. Desse modo, foram avaliadas e selecionadas as
publicações de importância para o estudo, correspondendo aos seguintes critérios de inclusão:
textos na forma de artigo, teses ou dissertações disponíveis entre 2007 a 2017 e os critérios de
exclusão: estudos não disponibilizados gratuitamente na íntegra.
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3 RESULTADOS
Diante do cruzamento dos descritores nas bases de dados citadas, foram encontrados 33
publicações, sendo que após a leitura dos textos 19 artigos foram eliminados por não responderem a
questão do estudo e aos critérios de inclusão. Deste modo, foram selecionados 14 artigos, no qual
atenderam aos critérios de inclusão e a questão do estudo constituindo-se a amostra.
Verifica-se que os estudos selecionados concentram-se entre os anos de 2007 a 2017, no
qual o ano de 2012 apresentou a maior quantidade de publicações sobre o assunto totalizando seis
publicações, seguido dos anos de 2010 e 2013 com duas publicações por ano.
Em relação à área da revista onde os estudos foram publicados, destaca-se a área da saúde e
enfermagem.
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4 DISCUSSÃO
Após a realização da leitura na íntegra e análise crítica dos estudos selecionados, foi possível
realizar as categorias: “A Prática de Assédio Moral na Equipe de Enfermagem e suas
Consequências” e “Prevenção do assédio moral no ambiente de trabalho”.
4.1 A Prática de Assédio Moral na Equipe de Enfermagem e suas Consequências
Diante da análise dos artigos, verifica-se que a prática de assédio moral é recorrente na
equipe de enfermagem, no qual se constata que essas práticas são cometidas pelos próprios colegas
de enfermagem, pacientes ou chefias, tornando o agredido vulnerável e causando consequências
para a vida do mesmo.
Um estudo realizado no estado do Rio de Janeiro em diversos setores da saúde, com mais de
mil profissionais de várias categorias profissionais, constataram que a equipe de enfermagem foi a
categoria profissional mais acometida pelo assédio moral, no qual, dentro da categoria profissional
citada os auxiliares de enfermagem foram os profissionais que mais sofreram a prática de assédio
moral (XAVIER et al., 2008). Assim, foi possível verificar que dentre a equipe de enfermagem os
auxiliares de enfermagem são os mais agredidos, isto pode estar relacionado com o fato de ser os
profissionais que estão diretamente relacionado ao cuidado direto com o paciente, bem como devido
ao grau de escolaridade que acaba favorecendo a humilhação por outros profissionais de níveis
superiores de escolaridade.
Complementando os dados acima, ressalta-se que os enfermeiros solteiros, divorciados ou
viúvos estão mais suscetíveis a sofrerem assédio moral do que os enfermeiros casados
(CARVALHO, 2007), isto pode estar relacionado com o fato destes profissionais estarem sozinhos,
tornando-se uma “presa” fácil para o agressor.
Destaca-se a perseguição pela chefia, ameaça no âmbito de trabalho, humilhação e
constrangimento como as principais práticas de assédio moral na equipe de enfermagem (BARROS,
2010). Observa-se que os tipos de assédio moral modificam de acordo com a profissão, visto que
na enfermagem os profissionais trabalham em equipe e isso facilita a prática de assédio moral,
principalmente em relação à humilhação causada pelos próprios colegas, bem como pacientes e
familiares.
Ainda em relação às práticas do assédio moral mais frequente na equipe de enfermagem,
pode-se salientar as interrupções quando os trabalhadores estão falando (75,1%), as críticas
referentes ao seu trabalho (67,5%) e a não exposição de ideias devido a não aceitação dos
superiores (52,9%) (CARVALHO, 2010). Verifica-se assim que a prática de assédio que ocorre
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frequentemente são agressões verbais, no qual podem ser instituídas de vários modos, mas que
trazem consequências ao profissional agredido.
Leite (2012) também constatou em sua pesquisa que as práticas do assédio moral mais
frequente na equipe de enfermagem são as críticas ao trabalho exercido, sendo estas de forma
injusta, julgada em público, com maldades e mentiras sobre o profissional. Além disto, observou-se
a atribuição de forma proposital de tarefas superiores às suas competências, interrupções na fala do
profissional e a ameaça de transferi-lo para outro setor para isolá-lo. Salienta-se que os agressores
tem preferência de realizar suas críticas em público, fazendo com que o profissional assediado
possa se sentir mais humilhado e constrangido.
Reforçando os dados citados acima, um estudo realizado por Vasconcellos, Abreu e Maia
(2012) destaca as agressões verbais como o assédio moral com maior ocorrência na equipe de
enfermagem. Apesar desta prática não impressionar como a agressão física, isto em curto e longo
prazo pode resultar em graves consequências ao empregado como: prejudicar a produtividade e
qualidade da assistência de enfermagem prestada, acarretar o afastamento ao paciente e aos colegas
de trabalho, conduzir a dúvida sobre a importância da sua profissão, a depressão e o adoecimento.
Cumpre mencionar, que a equipe de enfermagem é composta na maioria das instituições por
profissionais do sexo feminino, o que pode contribuir para a prática do assédio moral, visto que
diversos estudos realizados no Brasil identificaram que na equipe de enfermagem as mulheres são
as vítimas mais frequentes das práticas do assédio moral (LOPES; DALOSSO; MARÇAL, 2012;
VASCONCELLOS et al, 2012; FONTES et al, 2013). Este fato pode estar relacionado com a visão
preconceituosa que ainda ocorre nos dias atuais, reduzindo a capacidade das mulheres, no qual
devem ser submissas aos homens, não podendo atuar em cargos de gerência, sendo consideradas
como sexo frágil, colocando-as em uma posição inferior devendo ser conduzidas por chefias
masculinas, podendo assim deixá-las vulneráveis a prática de assédio moral.
É importante ressaltar que a prática do assédio moral além de acarretar efeitos prejudiciais
ao profissional, também causa graves consequências psíquicas e físicas, prejudicando o serviço
prestado e diminuindo a produtividade (VENTURA et al., 2012).
Hapogian (2016) reforça que a exposição do profissional ao assédio moral resulta em
consequências graves à saúde física e psíquica como autoestima baixa, ansiedade, dores de
estômago e taquicardia.
Em relação as consequências psíquicas decorrentes do assédio moral, o estudo realizado em
um Estado do Sul do Brasil com profissionais e acadêmicos de enfermagem revelou que as
principais consequências psíquicas desta prática aos profissionais de enfermagem são o estresse,
insônia, irritação, tristeza e angustia (LOPES; DALOSSO; MARÇAL, 2012). Reforçando estes
dados, o estudo de Cahú (2012) destacou o estresse, ansiedade, baixa autoestima, irritabilidade,
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dificuldade de concentração, crise de choro e depressão como as principais consequência da prática
do assédio moral.
Colaborando com os estudos acima, um estudo realizado na região Noroeste do Brasil
evidenciou que as principais consequências do assédio moral são estresse, ansiedade, sofrimento
psíquico, depressão, palpitações, insônia e a perda de sentido (VENTURA et al., 2012). Assim,
ressalta-se que a categoria profissional de enfermagem é considerada estressante e com episódios de
assédio moral frequente, o que pode gerar ao profissional um alto nível de estresse prejudicando a
saúde, podendo ocasionar um futuro afastamento do profissional do trabalho.
Sobre as consequências físicas constataram dores nas costas, dores musculares, hipertensão
arterial e a sensação de sufocamento (LEITE, 2012; CAHÚ, 2012). Já, no estudo realizado por
Ventura et al (2012) identificaram consequências físicas como cefaleia, aumento do consumo de
bebidas alcoólicas e dores generalizadas.
As consequências do assédio moral podem ocorrer de modo diferente em cada profissional,
no qual podem afetar não só o profissional assediado, mas também seus familiares, equipe e a
sociedade (CARVALHO, 2007).
Barros (2010) evidenciou que após os episódios de assédio moral os profissionais relataram
sentimento de vingança, bem como procuraram ajuda, no qual tiveram que fazer uso de algum
medicamento para ansiedade ou outro transtorno psíquico. Diante disso, observa-se que os
profissionais tomaram a inciativa de procurar ajuda para tentar diminuir os sintomas e
consequências causadas pelo assédio. No entanto, o sentimento de vingança relatado é algo
negativo para esse profissional podendo levá-lo a tentar efetuar algo contra o agressor, podendo
prejudicar ele próprio.
Salienta-se que um profissional exposto a episódios constantes de assédio moral pode
desenvolver consequências psíquicas e físicas a longo prazo, no qual o corpo e a mente acabará
adoecendo, o que pode levar o profissional a medidas extremas para aliviar esse sofrimento, visto
que estudos demonstraram que muitos profissionais tiveram o pensando suicida após a exposição
frequente a prática de assédio moral (LEITE, 2012; CAHÚ, 2012).
Hagopian (2016) destaca que muitas vezes os profissionais de enfermagem só conseguiram
"superar" o assédio moral após a transferência de setor, mas relataram ainda sentir as consequências
por meio de pensamentos e episódios que lhes soam parecidos.
Em relação aos agressores, um estudo realizado por Cahú (2012) constatou que os principais
agressores nos espaços assistências da área da saúde são enfermeiros com cargo de gerência,
médicos, técnicos em enfermagem, sendo seguidos pelos pacientes. Corroborando com esses dados,
o estudo realizado por Xavier et al (2008) evidenciou que os principais agressores são colegas de
trabalho (colegas externos e chefias), os pacientes e seus familiares. Desse modo, constata-se que os
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principais agressores estão no próprio local de trabalho e possuem convívio constante com as
vítimas, já em relação aos pacientes e familiares, pode-se salientar que as agressões podem estar
associadas com a assistência prestada, com o mau atendimento e até com o próprio quadro de saúde
do paciente o que pode deixá-lo vulnerável tornando-se agressivo.
Schmidt (2013) expõe que os agressores, estes geralmente não sofrem nenhuma
consequência e os agredidos relataram que permaneceram em alerta, cuidadoso ou apreensivo
durante o serviço. Portanto nesse estudo observa-se que os agressores não obtiveram nenhuma
consequência após realizarem a prática de assédio.
4.2 Prevenção do assédio moral no ambiente de trabalho
A equipe de enfermagem deve estar em alerta sobre os tipos de agressão, principalmente o
assédio moral, por ser prejudicial ao profissional e trazer consequências ao assediado (SCHMIDT,
2013). Desse modo, a equipe de enfermagem deve conhecer as práticas de assédio moral para tentar
reduzir e prevenir esta prática dentro de instituições.
Para reduzir as práticas do assédio moral é importante proporcionar a discussão e a troca de
experiências entre os profissionais, objetivando o maior entendimento destes sobre esta prática,
como reconhecê-la e evitá-la, além de salientar medidas para proteção dos agredidos (SCHMIDT,
2013).
Fontes e Carvalho (2012) e Schmidt (2013) reforçam ainda que a discussão sobre o assédio
moral deve ser realizada nas instituições de ensino, para que os acadêmicos que em breve serão
profissionais possam diferenciar e prevenir essa prática. Assim, a discussão das práticas de assédio
é importante para prevenir a ocorrência desta prática e suas consequências.
É válido mencionar que nas instituições de saúde não há debate sobre o assédio moral, sendo
que quando um profissional é assediado ele é mantido afastado com seu sofrimento, deste modo,
não há uma resolutividade para os casos e a elaboração de mecanismos que possam apoiar e auxiliar
os profissionais assediados (XAVIER et al., 2008; VENTURA et al., 2012). Verifica-se assim a
necessidade da implementação de métodos que possam auxiliar os profissionais após a agressão,
dando o apoio necessário, além de instaurar as medidas necessárias com o agressor.
Destaca-se que providências precisam ser adotadas para alterar a situação atual da prática de
assédio moral aos profissionais da equipe de enfermagem, no qual deve-se instruir os profissionais a
não terem medo, a denunciar os agressores para que as medidas cabíveis possam ser tomadas e que
o episódio não volte a repetir, visto que a omissão da prática não gera resolutividade do caso que
pode voltar a acontecer com outros profissionais, gerando assim um ciclo de agressões (BARROS,
2010).
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Cahú et al (2014) reforça em seu estudo que profissionais de enfermagem devem saber da
existência dos episódios do assédio moral, e das consequências que os agredidos sofrem, para que
assim se certifiquem da importância de elaborar condutas preventivas, observando o quanto é
importante aos profissionais um ambiente de trabalho tranquilo e saudável, favorecendo assim a
saúde dos profissionais e consequentemente a melhor qualidade da assistência prestada.
Salienta-se que a prevenção do assédio moral precisa atender critérios específicos no âmbito
de trabalho, principalmente, fornecendo um ambiente de trabalho saudável, tranquilo, livre de
estresse, sendo necessário desenvolver maneiras de identificar sinais do assédio moral a fim de
preveni-los e garantir que profissional tenha o direito a denunciar anonimamente (CARVALHO,
2007).
É importante mencionar que diversas práticas realizadas pelos agressores poderiam ser
evitadas se os profissionais possuíssem conhecimento de como administrar esses episódios,
reduzindo o estresse gerado no setor, possibilitando um lugar melhor para se trabalhar e um cuidado
de qualidade aos pacientes. Deste modo, um ambiente tranquilo além de favorecer o trabalho em
equipe, a assistência prestada e a saúde mental dos trabalhadores, também visa prevenir a prática de
assédio moral, visto que esta ocorre principalmente em ambientes onde os profissionais atuam
pressionados e com nível elevado de estresse.
Diante do exposto, verifica-se a necessidade de esclarecer e sensibilizar os profissionais
sobre a prática de assédio moral, além da realização de pesquisas que possam identificar os fatores
envolvidos com esta prática, a fim de contribuir para a prevenção desta ocorrência e para que os
profissionais tenham um ambiente de trabalho tranquilo e saudável (HAGOPIAN, 2016).
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6 CONCLUSÃO
Diante do estudo foi possível evidenciar que a prática do assédio moral está presente no
cotidiano de trabalho da equipe de enfermagem, sendo esta uma das categorias profissionais mais
afetadas pela prática de assédio moral.
Pode-se verificar que as agressões verbais são as mais frequentes na equipe de enfermagem,
no qual os agressores têm preferência por humilhar e criticar o serviço do agredido, e que no curto e
longo prazo pode resultar em consequências graves ao trabalhador.
Constata-se que a prática de assédio moral resulta em consequências aos profissionais, sendo
estas físicas ou psíquicas, que pode resultar em sérias complicações, bem como a falhas no
desenvolvimento do profissional.
Dessa forma, é de extrema importância medidas preventivas para assédio moral, sendo
necessárias ações de gestores e profissionais para melhorar o ambiente de trabalho, proporcionando
um local tranquilo e saudável para promoção da saúde dos trabalhadores e garantia de um cuidado
seguro e de qualidade aos pacientes. Além disto, verifica-se a importância de normas e condutas
resolutivas diante de casos de assédio moral, a fim de minimizar e prevenir uma nova ocorrência
desta prática.
Cabe ainda mencionar, a importância de pesquisas sobre a prática de assédio moral na
enfermagem, ressaltando as causas desta prática a fim de contribuir para o planejamento e
implantação de medidas cabíveis para a prevenção.
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REFERÊNCIAS
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Editore; 2002.
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AZEVEDO, A. L.; ARAÚJO, S. T. C. A visibilidade do assédio moral no trabalho de enfermagem.
Rev Pesqui. Cuid. Fundam. 2012; 4(3):2578-84. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi-
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BARROS, Í. V. Assédio Moral entre os Profissionais de Enfermagem do Hospital Regional de
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BOBROFF, M. C. C.; MARTINS, J. T. Assédio moral, ética e sofrimento no trabalho. Rev.
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ANEXOS
20
Anexo A – Instruções para autores da Revista Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR
21
22
23
24
Anexo B