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UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL - USCS Curso de bacharelado em Direito Carolinne Ponsoni Fiuza A EVOLUÇÃO DA APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Monografia São Caetano do Sul 2016

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UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL - USCS

Curso de bacharelado em Direito

Carolinne Ponsoni Fiuza

A EVOLUÇÃO DA APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL

Monografia

São Caetano do Sul

2016

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CAROLINNE PONSONI FIUZA

A EVOLUÇÃO DA APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL

Trabalho interdisciplinar apresentado ao

Programa de Graduação para

bacharelado em Direito da Universidade

Municipal de São Caetano do Sul.

Orientadora

Prof ª Ana Carolina Barreto Serra

São Caetano do Sul

2016

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CAROLINNE PONSONI FIUZA

A EVOLUÇÃO DA APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DE

PREVIDÊNCIA SOCIAL

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do titulo de Bacharel

em Direito da Universidade Municipal de São Caetano do Sul.

São Caetano do Sul, ___ de _________ de 2016.

Profº Robinson Henriques Alves

Gestor

BANCA EXAMINADORA

___________________________ Profº ___________________________ Profº

___________________________ Profº ___________________________ Profº

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REITOR DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS

Prof. Dr. Marcos Sidnei Bassi

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Ms. Marcos Antonio Biffi

GESTOR DO CURSO DE DIREITO

Prof. Dr. Robinson Henriques Alves

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À Deus, meu Pai querido, que me concedeu a vida, saúde e

me deu a disposição e a oportunidade de ingressar no

curso de Direito, aos meus pais, que foram meus maiores

incentivadores e me auxiliaram em tudo durante o curso;

aos meus irmãos, pelo apoio e força, ao meu noivo, que

compreendeu minha ausência durante este período e muito

me estimulou.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Regina e Quirino, que desde a infância me incentivaram a cursar a

faculdade de Direito e durante todo este percurso, me auxiliaram em todos os

aspectos, chorando comigo diante das dificuldades e se alegrando com as minhas

conquistas. À minha mãe, pela tensão compartilhada nas semanas de provas, ao

meu pai, por todas as vezes que me levou e me buscou na faculdade.

Aos meus irmãos Filipe e Fabio pelos momentos compartilhados e por todo

incentivo.

Ao meu noivo Rafael, que foi de grande ajuda na formatação do presente trabalho e

também por todo incentivo e compreensão nos momentos de ausência.

À minha querida orientadora, Profª Ana Carolina Barreto Rossi, que me auxiliou não

apenas na elaboração do trabalho, mas também me inspirou confiança e muito me

incentivou em permanecer com este tema.

Ao meu pastor Richard Godoy e à Igreja Batista Atos 29, pelas orações, ânimo e

apoio.

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RESUMO

O presente trabalho pretende relatar a evolução histórica mundial e brasileira

no que tange à legislação previdenciária acerca da prestação da

Aposentadoria Especial, dada pelo Instituto Nacional de Seguro Social- INSS,

desde a instituição do Sistema de Seguridade Social, demonstrando a

construção legislativa dessa espécie previdenciária com os pontos positivos e

negativos, observando a motivação em sua criação, bem como a garantia

constitucional da proteção da saúde e integridade física do trabalhador

exposto a agentes nocivos no âmbito previdenciário até os dias atuais.

Palavras chave: 1. Evolução, 2. Aposentadoria, 3. Garantia, 4. Constituição

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ABSTRACT

This paper aims to report the global and Brazilian historical evolution in

relation to the social security legislation on the provision of the Special

Retirement, given by the National Institute of Social-INSS insurance, since the

introduction of the Social Security System, demonstrating the legislative

construction of this pension species with the positive and negative points,

noting the motivation for its creation and the constitutional guarantee of

protection of health and physical integrity of the worker exposed to harmful

agents in pension to the present day.

Key-words: 1. Evolution 2. Retirement, 3. Warranty 4. Constitution

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RGGPS – Regime Geral da Previdência Social

LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social

OIT – Organização Internacional do Trabalho

CF – Constituição Federal

INPS – Instituto Nacional da Previdência Social

INSS – Instituto Nacional de Seguro Social

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Sumário

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

1 DO SISTEMA DA SEGURIDADE SOCIAL ............................................................ 14

1.1 Evolução histórica do sistema de seguridade social no mundo .......................... 14

1.2 Evolução histórica no Brasil ................................................................................ 18

1.3 Conceito .............................................................................................................. 25

1.4 Princípios ............................................................................................................. 27

1.4.1 Universalidade da cobertura e do atendimento ................................................ 27

1.4.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas

e rurais ...................................................................................................................... 28

1.4.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços ........... 28

1.4.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios ............................................................ 29

1.4.5 Equidade na forma de participação do custeio ................................................. 30

1.4.6 Diversidade da base de financiamento ............................................................ 30

1.4.7 Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa .................... 31

2 DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA APOSENTADORIA ESPECIAL ....................... 32

2.1 O conceito de Aposentadoria Especial ................................................................ 32

2.2 Evolução histórica legislativa ............................................................................... 33

2.2.1 A Lei nº. 9.032/95 ............................................................................................. 36

2.2.2 O Decreto 2.172/97 .......................................................................................... 39

2.2.3 A Lei 9.528/97 .................................................................................................. 39

2.2.4 A Lei 9.732/98 .................................................................................................. 39

2.2.5 A Emenda Constitucional 20/98 ....................................................................... 41

2.1.5 O Decreto 3.048/99 .......................................................................................... 42

2.3 Dos agentes nocivos ........................................................................................... 45

2.3.1 Agentes físicos ................................................................................................. 46

a) Ruído .................................................................................................................... 54

b) Frio ........................................................................................................................ 55

c) Radiação não ionizante ......................................................................................... 56

d) Eletricidade ........................................................................................................... 56

2.3.2 Agentes químicos ............................................................................................. 57

2.3.3 Agentes biológicos ........................................................................................... 63

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2.3.4 Do enquadramento por atividade profissional .................................................. 66

2.3.5 Associação de agentes .................................................................................... 70

3 A APOSENTADORIA ESPECIAL NOS DIAS DE HOJE....................................... 72

3.1 Requisitos necessários à concessão da Aposentadoria Especial ....................... 72

3.2 Da exposição aos agentes nocivos ..................................................................... 74

3.3 Da prova documental .......................................................................................... 77

3.3.1 Do SB 40 e DSS8030 ....................................................................................... 77

3.3.2 Do DIRBEN 8030 ............................................................................................. 78

3.3.3 Do PPP ............................................................................................................. 78

3.3.4 Do Laudo Técnico de condições ambientais – LTCAT ..................................... 79

3.3.5 Outros documentos – PPRA, PCMSO, PCMAT, PGR, PCA ............................ 80

3.5 O uso dos equipamentos de proteção individual – EPI ....................................... 83

4 DO PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL ................................................ 85

4.2 Do Processo Judicial ........................................................................................... 87

4.2.1 Rito Ordinário ................................................................................................... 87

4.2.2 Juizado Especial Federal ................................................................................. 88

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 90

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 92

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INTRODUÇÃO

Este estudo originou-se da busca e do interesse em conhecer o sistema

previdenciário vigente, no que se refere ao benefício da Aposentadoria Especial,

entendendo a construção histórica dessa prestação desde seus primórdios até os

dias de hoje.

Como se sabe, na prática, tal prestação é dificilmente concedida

administrativamente pelo INSS, que questiona fatos irrelevantes, mesmo quando é

comprovada a exposição a agentes nocivos com níveis acima dos limites

estipulados em lei. Existe certa resistência na concessão deste benefício, que

costuma ser obtido, na maioria das vezes, pela via judicial ou em sede de recurso

administrativo.

Diante deste cenário crítico, em que muitas vezes, a legislação é ignorada,

buscamos compreender a trajetória de tal prestação dentro da história e como esta

foi oferecida mesmo diante de tantas crises sociais que existiram no decorrer dos

anos.

Trata-se não apenas de uma questão legal ou social, mas também de uma

questão econômica, visto que envolve de forma direta o custeio do sistema da

previdência, resultando em um benefício que é restrito o máximo possível pelo

Instituto, mesmo diante de tantas fontes de custeio, como a própria contribuição do

segurado.

No dia-a-dia jurídico, vemos tantos trabalhadores que desempenham suas

funções em ambientes e condições precárias de trabalho, expostos a níveis

elevadíssimos de ruído, agentes químicos, muitas vezes até cancerígenos, agentes

infectocontagiosos, entre outros, que normalmente não utilizam corretamente e

habitualmente os equipamentos de segurança coletivo e individual, sem nenhuma

fiscalização da empresa, e quando vão requerer sua aposentadoria encontram uma

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gama de obstáculos e exigências, muitas vezes irrelevantes e que contrariam a

própria lei.

O presente trabalho demonstrará que essa prestação afeta a sociedade de

forma direta, pois sendo um benefício preventivo, a ideia principal é tirar o

trabalhador do meio nocivo o qual está sujeito em decorrência do seu trabalho,

evitando que fique doente, e consequentemente, fique impossibilitado para o

trabalho.

Se analisarmos de forma ampla, podemos verificar que se essa prestação é

muito interessante e importante, pois o trabalhador doente ficará desempregado,

muitas vezes ainda novo de idade, e assim, teremos dois infortúnios sociais: a

doença e o desemprego, que deverá ser resolvido pelo Estado, refletindo em toda a

sociedade.

Partindo dessa ideia, iniciamos nossa pesquisa, observando a construção

histórica legislativa da Aposentadoria Especial, utilizando a lei como meio eficaz de

proteger o cidadão e a sociedade, nos moldes do Princípio da Igualdade.

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1 DO SISTEMA DA SEGURIDADE SOCIAL

1.1 Evolução histórica do sistema de seguridade social no mundo

A Seguridade Social nasceu com a chamada “questão social”, por meio dos

infortúnios sofridos pela sociedade e tem por finalidade suprir as necessidades

básicas da população a fim de diminuir o abalo social decorrente das necessidades

de cada indivíduo.

O homem sempre se preocupou em garantir seu sustento e o de sua família

em situações de carência econômica, enfermidades, diminuição de capacidade de

trabalho, redução ou perda de renda.1

Desde a antiguidade há relatos de amparo social aos mais pobres.

Primeiramente, o homem buscava amparo no seio da família quando se encontrava

em dificuldade, e a família tinha o cuidado de ampará-lo e protegê-lo dos riscos

sociais que pudesse sofrer. Naquele contexto, a família tinha um sentido mais amplo

do que tem nos dias atuais, sendo normalmente comandada pelo homem mais velho

e com mais vigor, o “pater familiae”, e reunia todos os entes como avós, tios,

sobrinhos, filhos, netos. Porém, existiam aqueles que não eram abarcados pela

proteção familiar e, portanto, ficavam a mercê da sorte.

Assim, a proteção social passou a ser conduzida pela Igreja, que acolhia os

desamparados, órfãos, viúvas, doentes, peregrinos, os quais estavam sozinhos por

não terem a família para resguardá-los. Nessa fase, não havia direito subjetivo ao

necessitado, mas mera expectativa de direito, visto que este auxílio dependia da

existência de recursos destinados à caridade. Porém, a Igreja sozinha não

conseguiria socorrer toda essa população. O próprio avanço da sociedade trouxe a

ideia do individualismo, em detrimento da família, incentivando as pessoas a

assumirem suas vidas e problemas com independência.

Deste modo, posteriormente, em 1601, o cuidado social passou a ser

prestado pelo Estado, com a promulgação da Lei dos Pobres, na Inglaterra. A lei

1 SANTOS, Marisa Ferreira. Direito Previdenciário Esquematizado. 5 ed., p.29.

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reconheceu que cabia ao Estado amparar os necessitados. Surgiu aí a assistência

pública ou social.2

Em contrapartida, sistemas protetivos de outra ordem foram adotados pela

sociedade, como o voluntariado de terceiros, o qual assumiu um papel essencial na

defesa da existência da dignidade da pessoa humana. Estes auxílios voluntários

vieram para complementar as ações sociais do Estado.

Além disso, surgiram também grupos de mútuo, de origem livre, sem

intervenção estatal, que consistiam num conjunto de pessoas com interesses em

comum, que se reuniam visando à cotização de valores para o resguardo de

eventuais infortúnios sociais de todo o grupo. Essas sociedades foram difundidas,

sendo um prenúncio de sistemas privados complementares de previdência,

existentes até hoje.3

Ocorre que apenas as caridades não supriam e nem englobavam mais a

todos os necessitados. Era necessário criar outros métodos de proteção, que não

fossem baseados na generosidade e que não submetessem o indivíduo a

comprovações vexatórias de suas necessidades.

Surgiram então, empresas seguradoras, com fins lucrativos, que instituíram

seguros para diversas categorias profissionais, que visavam oferecer o amparo para

as situações de infortúnio social, tendo em contrapartida o pagamento do prêmio.

O primeiro seguro surgiu no século XII, com o seguro marítimo. Este instituto

de seguro desenvolveu-se acarretando no surgimento de novas formas de seguros

como o de vida, contra invalidez, danos, doenças, acidentes e outros. Em regra, o

seguro decorria de um contrato, e era de natureza facultativa, sendo aderido apenas

por aqueles que manifestassem sua vontade em obtê-lo.

Entretanto, não eram todos que detinham o privilégio de gozar dessa proteção

securitária. A grande massa assalariada não tinha como arcar com o ônus do

pagamento do prêmio, contraprestação do seguro, e, portanto ficavam

desprotegidos. Com isso, fez-se necessário repensar sobre este sistema protetivo, e

criar um seguro de natureza obrigatória, que abrangesse a todos, principalmente a

classe economicamente mais frágil, que deveriam estar resguardadas pelo Estado.

Assim, em 1883, na Prússia, nasce o seguro social, com a aprovação da Lei

do Seguro Doença, proposta pelo Chanceler Otto Von Bismarck, que inicialmente

2 SANTOS, Marisa Ferreira. Direito Previdenciário Esquematizado. 5 ed., p. 30.

3 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 14 ed., p. 2.

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garantiu este seguro, que, depois, progrediu para a prestação do seguro contra

acidentes do trabalho (1884) e seguro contra a velhice (1889). Com a Lei do Seguro

Doença nasce o primeiro plano de Previdência Social.

Existindo agora um seguro obrigatório, o custeio era tripartite, ou seja,

mediante prestações dos empregadores, empregados e do Estado.4

Com o advento da Segunda Guerra Mundial, os sistemas de seguro social

foram abalados, em razão da cobertura para a grande população de viúvas, órfãos e

feridos que resultaram do combate, bem como da inflação crescente da época, que

atingiu de forma incisiva a Alemanha e a Áustria. Neste momento, ocorreram

grandes transformações no conceito de proteção social no âmbito mundial.

A questão social teve, então, que ser repensada novamente. Em 1919, surgiu

o primeiro compromisso de implantação de um regime universal de justiça social, por

meio do Tratado de Versalhes. Este compromisso trouxe a ideia da instauração do

seguro-desemprego, seguro social aos trabalhadores da agricultura, seguro doença

aos trabalhadores da indústria, comércio e agricultura, seguro por velhice, invalidez

e morte.

Neste contexto pós-guerra, diante de territórios devastados, trabalhadores

mutilados, pessoas feridas, desempregadas, viúvas e órfãos, os países perceberam

a necessidade de criar um sistema de proteção social que alcançasse todas as

pessoas e as amparasse em todas as situações, e não apenas o trabalhador,

protegendo-o contra os riscos do trabalho.

Assim, em junho de 1941, o governo inglês, empenhado na reconstrução do

país, forma uma Comissão Interministerial para estudos dos planos de seguro social,

já existentes, porém de forma mais ampla, e que foi presidida por Sir William

Beveridge. O resultado desta Comissão foi à apresentação do Plano Beveridge, que

constatou que o seguro social existente não supria às necessidades sociais de

forma abrangente, pois era limitado aos trabalhadores vinculados por contrato de

trabalho, deixando de fora os trabalhados não registrados, sem vínculo formal de

emprego, que compunham a parte mais pobre e carente da população, que mais

precisava de amparo social. Além disso, Beveridge entendeu que havia distinção na

concessão dos benefícios em situações que iriam gerar os mesmos gastos para os

doentes e desempregados, sem uma lógica que justificasse isso.

4 SANTOS, Marisa Ferreira. Direito Previdenciário Esquematizado. 5 ed., p. 32.

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Contudo, concluiu que a extinção da miséria precisava de uma dupla redistribuição

das rendas, pelo seguro social e pelas necessidades da família. Assim, afirma:

O seguro social, completamente desenvolvido, pode proporcionar a

segurança dos rendimentos; é um combate à Miséria. Mas a Miséria é apenas um

dos cinco gigantes, que se nos deparam na tora de reconstrução, e, sob vários

aspectos, o mais fácil de combater. Os outros são a Doença, a Ignorância, a

Imundície e a Preguiça.5

O Estado, por meio de políticas públicas, teria que garantir a proteção social

em situações de necessidade. Esta ideia influenciou a legislação social que se

seguiu na Europa e na América, que atualmente se faz presente nos sistemas de

seguridade social.

Em 1944, houve a Conferência da OIT, em Filadélfia, o qual resultou na

Declaração de Filadélfia, que adotou sistemas de unificação para o seguro social,

expandindo a proteção à todos os trabalhadores e suas famílias, rurais e

autônomos. Esta declaração firmou o conceito de que o êxito do sistema dependeria

da cooperação internacional.

Posteriormente, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

trouxe o direito à segurança, consagrando a necessidade da existência de um

sistema de seguridade social.

Em 1952, a 35ª Conferência Internacional do Trabalho, na OIT, aprovou a

Convenção nº 102, o qual foi denominada “Norma Mínima em Matéria de

Seguridade Social”. Essa Convenção consistia em resultados de estudos de

especialistas da OIT, que elaboraram um convênio com duas secções: uma com

uma norma mínima da seguridade social; e outra, com uma norma superior, que

protegesse a todas as contingências sofridas. A finalidade em estabelecer esses

dois tipos de normas era viabilizar a participação dos Estados, que se

comprometeriam em implantar padrões mínimos de seguridade social. Entretanto,

apenas a norma mínima logrou êxito, sendo aprovada pela Convenção nº 102.

Mas nem todas as Nações detinham condições financeiras de promover a

proteção mínima estabelecida pela Convenção nº 102. Assim, o padrão mínimo ficou

garantido ao menos à parte da população dos países signatários.

5 BEVERIDGE, Willian. O Plano Beveridge. Trad. Almir de Andrade. Rio de Janeiro, 1943, p. 12.

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Com o tempo, através da tecnologia e da globalização os mínimos sociais

sofreram modificações.

Outros tratados internacionais foram celebrados, de modo que o seguro social

transmudou-se para a seguridade social, decorrente da intenção de libertar o

indivíduo de todas as suas necessidades visando garantir a dignidade da pessoa

humana.

1.2 Evolução histórica no Brasil

O sistema da Seguridade Social no Brasil evoluiu de forma parecida ao plano

internacional. Inicialmente, era privada e voluntária, depois passou pelos planos

mutualistas, e por fim para a intervenção cada vez maior do Estado.

No século XVI, através da caridade emanada pela fé cristã e a atuação da

Igreja Católica, surgiu a Santa Casa de Misericórdia, fundada pelo padre jesuíta

José de Anchieta, que através da seletividade e distributividade prestava serviços de

prevenção a indigência àquele que necessitasse, oferecendo atendimento médico e

hospitalar. 6

Em 1795, foi criado o Plano de Benefícios dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais da

Marinha e em 1808, estabeleceu-se o montepio para a guarda pessoal de Dom João

VI.

Gradativamente, sistemas protetivos foram criados e modificados, a medida

em que se verificava a necessidade da população.

A primeira manifestação legislativa brasileira referente à assistência social

surgiu em 1824, com a Constituição Imperial, especificamente no artigo 179, inciso

XXXI, que dizia:

ART. 179. A inviolabilidade dos direitos civis, e Políticos dos Cidadãos

Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a

propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira

seguinte. (grafia original)

[...]

XXXI. A Constituição também garante os socorros públicos.7

6 BALERA, Wagner. Previdência Social Comentada. São Paulo: 2008. Ed Quartier Latin

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Depois da proliferação dos Socorros Públicos, instituiu-se o Montepio Geral

dos Servidores do Estado, no ano de 1835. Esse Montepio assegurava um sistema

mutualista de cobertura de riscos, sendo a primeira entidade privada a funcionar no

país.

Em 1890, o Decreto nº 221 instituiu a aposentadoria para os empregados das

Estradas de Ferro Central do Brasil. Este benefício foi estendido aos demais

ferroviários do Estado, através do Decreto nº 565 de 12 de julho de 1890. Ainda no

mesmo ano, o Decreto nº 942-A de 31 de outubro criou o Montepio obrigatório dos

Empregados do Ministério da Fazenda.

A Constituição Federal de 1891, conhecida como Constituição Republicana,

resultado do movimento político-militar que derrubou a monarquia em 1889,

inspirada na organização política norte-americana, pela primeira vez fez abordou a

proteção social e a temática previdenciária, referindo-se expressamente ao termo

“aposentadoria”, e concedendo o direito à inativação somente aos funcionários

públicos, no caso de invalidez. Foi na vigência desta Constituição que se propagou

toda a legislação previdenciária que veio a preparar a evolução dos regimes de

previdência social existentes no Brasil.

Vê-se que a Constituição Republicana, em seu art. 75, dispõe sobre a

proteção social vinculada a apenas uma categoria de trabalhadores, assegurando

uma das prestações mais concedidas pela previdência até hoje: a aposentadoria.

A aposentadoria era prestada apenas aos funcionários públicos, sem

necessidade de contribuição, sendo a fonte de custeio deste benefício feita

integralmente pelo Estado.

Após inúmeros instrumentos legislativos instituindo seguros sociais a diversas

categorias de funcionários públicos, iniciou-se a industrialização das grandes

cidades, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, e por conseguinte, por conta

das precárias condições de trabalho, haviam inúmeros acidentes do trabalho, alguns

bem graves. A preocupação do Estado era assistir apenas quem se acidentava, e

tendo em vista a frequência desses acidentes essa assistência foi transmudada.

Diante de forte influência dos cafeicultores e militares, foi instituída a Lei 218

de 29 de novembro de 1892, na vigência do Regime Republicano, trazendo o direito

a aposentadoria por invalidez e pensão por morte aos operários do Arsenal da

Marinha.

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Com o advento da Lei 80 de 17 de março de 1898 surgiu um seguro privado

contra acidentes de trabalho, atribuindo a responsabilidade civil ao empregador.

O grande marco na história aconteceu com a edição da Lei nº 4.682 de 24 de

janeiro de 1923, conhecida como Lei Eloy Chaves, sendo considerada a fase de

implantação da proteção social no Brasil, responsável pela evolução da previdência

social brasileira, o qual instituiu as Caixas de Aposentadoria e Pensões.8

Porém, esta lei não englobou muitas categorias profissionais, o que resultou

no surgimento de diversas caixas de pensões e aposentadoria específicas e

diferentes. A vinculação ao regime previdenciário das Caixas era determinada por

empresa, ou seja, apenas algumas empresas tinham acesso ao regime

previdenciário da época.

A referida lei estabeleceu que cada empresa de estrada de ferro deveria ter

uma caixa de aposentadoria e pensão para seus empregados. Assim, a década de

20 foi marcada pela criação das citadas caixas, vinculadas às empresas de natureza

privada. Eram assegurados os benefícios de aposentadoria e pensão por morte e

assistência médica. O custeio era a cargo das empresas e dos trabalhadores. Os

benefícios da Eloy Chaves eram estendidos aos portuários e marítimos, através do

Decreto Legislativo nº 5.190 de 20/12/1926.

A propagação do Regime de Caixa por empresas criou pequenos Regimes de

Previdência que tinham por inconveniente o número mínimo de segurados

indispensáveis ao funcionamento em bases securitárias, sem contar com o grande

número de trabalhadores que permaneciam à margem da proteção previdenciária,

por não ocuparem postos de trabalhos em empresas protegidas.

Com o passar do tempo, abandonou-se a criação das Caixas de

Aposentadoria e Pensões, com a criação dos Institutos de Aposentadoria e

Pensões, tendo como principal diferencial a criação de institutos especializados, em

função da atividade profissional de seus segurados e não mais por determinadas

empresas. Entretanto, o crescimento desses mecanismos de proteção social era

comprimido pela emergente e estável industrialização, exigindo uma nova análise da

legislação social, em razão da atuação, em especial, da classe trabalhadora.

8 BALERA, Wagner. Previdência Social Comentada. São Paulo, 2008, p. 27.

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21

O desenrolar da Seguridade Social no Brasil passa pela Revolução de 1930,

com o governo de Getúlio Vargas.9

Neste contexto foram criados o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,

que tinha a tarefa de administrar a Previdência Social. A Era Vargas foi conhecida

pela reformulação dos regimes trabalhistas e previdenciários. Houve então a

unificação das Caixas de Aposentadoria e Pensões em Institutos Públicos de

Aposentadoria e Pensão (IAP).

O sistema previdenciário passou a ser estruturado por categorias profissionais

de âmbito nacional, deixando de se respaldar nas empresas. Os Institutos de

Aposentadoria e Pensão seguiram o modelo italiano, sendo cada categoria

responsável por um fundo. A contribuição para o fundo era custeada pelo

empregado, empregador e governo, sendo sua administração era exercida por um

representante dos empregados, empregadores e do governo.

Além dos benefícios de aposentadoria e pensões, o Instituto também prestava

serviços de saúde. Assim, foram criados os Institutos de Aposentadoria e Pensão

dos Marítimos (IAPM), em 1933, dos Comerciários (IAPC), em 1934, dos Bancários

(IAPB), em 1934, dos Industriários (IAPI), em 1936, dos empregados de Transporte

e Carga (IAPETEC), em 1938. No serviço público, foi criado em 1938 um fundo

previdenciário para os servidores públicos federais, chamado de IPASE – Instituto

de Pensão e Assistência dos Servidores do Estado.

A Constituição de 1934 foi marcada pelo modelo tripartite de financiamento do

sistema de previdência social, em que os recursos derivavam da União, empregados

e empregadores.

A Carta Magna disciplinou a forma de custeio dos institutos, no caso tríplice,

conforme preconizava o art. 121, § 1º, “h”. Mencionava a competência do Poder

Legislativo para constituir normas de aposentadoria (art. 39, VII, item d) e proteção

social ao trabalhador e à gestante (art.121). Tratava também da aposentadoria

compulsória dos funcionários públicos (art. 170, § 3º), bem como da aposentadoria

por invalidez dos mesmos (art. 170, § 6º).

No entanto, marcadamente autoritária, a Constituição de 1937, outorgada no

Estado Novo, não se harmonizou com a avançada ordem instituída pela Constituição

9 Ibidem, p. 28.

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22

de 1934 e não disciplinou a forma de custeio do sistema, tampouco cogitou a

possibilidade de subsídio oriundos dos cofres do Estado.

Em contrapartida, com o advindo da Constituição de 1946, a expressão

“seguro social” foi extinta, dando ênfase à expressão “Previdência Social”. Em seu

art. 157, inciso XVI, havia menção que a previdência social seria custeada através

da contribuição da União, do empregador e empregado, devendo garantir a

maternidade, bem como os riscos sociais contra doença, velhice, invalidez e morte.

Foi no inciso XVII do mesmo artigo que se consagrou a obrigatoriedade da

instituição do seguro de acidente de trabalho ser a cargo do empregador.

Conforme preceitua Lauro Cesar Mazetto Ferreira10, foi essa Constituição que

restabeleceu o regime democrático no país e reafirmou a proteção dos direitos

sociais. Celso Barreto Leite e Luiz Assumpção Paranhos Velloso comentam que:

Já então, a previdência social atingia a quase-totalidade da população

urbana assalariada, praticamente só permanecendo à margem do seu

âmbito os trabalhadores domésticos e os autônomos: entretanto nada

existia ainda com relação aos trabalhadores rurais.11

No início dos anos 50, parte da população urbana assalariada estava

respaldada por um sistema de previdência, com exceção dos trabalhadores

domésticos e autônomos. A uniformização da legislação sobre a previdência ocorreu

com o advento do Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadoria e Pensão,

aprovado pelo Decreto nº 35.448/54.

Posteriormente em 1960, foi criado o Ministério do Trabalho e da Previdência

Social. Neste mesmo período, ocorreu o marco na legislação previdenciária da

época com a edição da Lei Orgânica da Previdência Social – famosa LOPS, através

da Lei nº 3.807 de 26 de agosto de 1960, que foi a responsável pela uniformização

da previdência social. Esta lei unificou critérios de concessão dos benefícios de

diversos institutos que existiam na época, expandindo o número de benefícios

oferecidos, tais como: auxílio natalidade, auxílio funeral, auxílio reclusão e

assistência social.

10

FERREIRA, Lauro Cesar Mazetto. Seguridade Social e Direitos Humanos, cit., p. 125. 11

LEITE, Celso Barroso; VELLOSO, Luiz Assumpção Paranhos. Previdência Social, cit., p. 122.

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23

Pouco tempo depois, o Decreto-Lei nº 72, de 21/11/1966, unificou os institutos

de aposentadoria e pensão, criando o Instituto Nacional de Previdência Social

(INPS) – atual INSS.12

A partir daí, a previdência continuou sofrendo várias mudanças legais: foram

criados adicionais obrigatórios de 0,4% a 0,8% aplicados sobre a folha de salários,

com o intuito de custear os benefícios de acidente do trabalho e a previdência foi

estendida ao trabalhador rural, por meio dos Decretos-Leis nº 564/69 e 704/69.

Porém, apenas em 1971, quando se instituiu o Programa de Assistência ao

Trabalhador Rural (Pró-Rural) que os trabalhadores rurais passaram a ser

segurados da previdência social, mas sem efetuarem nenhuma contribuição.

Em 01/07/1977, através da Lei nº 6.439, foi criado o SINPAS – Sistema

Nacional de Previdência e Assistência Social, que tinha a finalidade de integrar as

atividades de previdência e assistência social, assistência medica e de gestão

administrativa, financeira e patrimonial das entidades vinculadas ao Ministério da

Previdência e Assistência Social. O SINPAS era composto pelos seguintes órgãos:

- Instituto Nacional de Previdência Social (INPS): responsável pela concessão

e manutenção das prestações pecuniárias;

- Instituto Nacional de Assistência Médica de Previdência Social (INAMPS):

responsável pela prestação de assistência médica;

- Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA): prestava assistência social

à população carente;

- Fundação do Bem-Estar do Menor (FUNABEM): promovia a execução da

política do bem-estar social do menor;

- Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV):

encarregada pelo processamento de dados da Previdência Social;

- Instituto da Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS):

cuidava da arrecadação, fiscalização, cobrança das contribuições, ou seja, toda a

administração financeira;

- Central de Medicamentos (CEME): distribuía medicamentos;

Em 1984 ocorreu a consolidação da legislação previdenciária (CLPS), que compilou

toda a norma jurídica de custeio e benefício em uma única norma, no Decreto nº

89.312.

12

BALERA, Wagner. Previdência Social Comentada. São Paulo, 2008, p. 29.

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24

Alguns anos depois, houve uma estruturação completa na previdência social,

saúde e assistência social, unificando cada um desses conceitos sob a moderna

definição de “Seguridade Social” (art. 194 a 204).

A Constituição Federal de 1988 trouxe um autêntico Sistema Nacional de

Seguridade Social, o qual foi caracterizado por um conjunto normativo integrado de

um sem-número preceitos de diferentes hierarquias e configuração.13

Vários direitos sociais foram compilados na Constituição de 1988, que se

destinam à redução das desigualdades sociais e regionais. Dentre eles, trouxe para

a Seguridade Social um conjunto de ações nas áreas da Saúde, Previdência e

Assistência.

Conforme preceitua o art. 194:

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de

iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os

direitos relativos à saúde, à previdência e a assistência social. 14

O Sistema criado trazido pela Carta Magna, visa garantir o bem-social e a

justiça social, oferecendo para a população condições mínimas necessárias, quando

submetidos a situações geradoras de contingência social. A universalidade na

prestação destes serviços foi consagrada como princípio constitucional do sistema

de seguridade social.

A ideia na integração das áreas pertencentes ao sistema de seguridade

deveria atuar de maneira articulada e integrada, porém, percebe-se uma visível

separação no respectivo campo de atuação extraído do texto constitucional.

Essa separação tem como marco diferenciador principal a abrangência das

camadas de proteção, pois enquanto a saúde e a assistência social estão focadas

para o atendimento do que se convencionou chamar de mínimos sociais, a

previdência social busca assegurar níveis economicamente mais elevados de

subsistência, limitados, porém, a certo valor.15 A esse sistema aplica-se o princípio

da solidariedade.

13

ROCHA, Daniel Machado. O Direito Fundamental à Previdência Social na Perspectiva dos Princípios Constitucionais Diretivos do Sistema Previdenciário Brasileiro. Porto Alegre, 2004, p. 11. 14

Constituição Federal de 1988, art. 194. 15

PULINO, Daniel. A Aposentadoria por invalidez no direito positivo brasileiro. São Paulo: LTR, 2001. P.33.

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25

Comparando as especificidades de cada área do Sistema de Seguridade

Social, a Previdência atua de forma contrária às demais áreas, visto que a cobertura

previdenciária possui caráter contributivo.

Portanto, referente à Previdência Social tem como pressuposto para a

concessão de suas prestações a necessidade de prévia contribuição por parte dos

trabalhadores expostos a idade avançada, doenças incapacitantes, agentes nocivos

prejudiciais a saúde, reclusão, para aqueles que tenham completado o tempo de

contribuição necessário para adquirir a aposentadoria e até mesmo para seus

dependentes.

A Lei 8.029 de 12 de abril de 1990, criou o Instituto Nacional de Seguro Social

– INSS, fusão do INPS e IAPAS, o qual é vinculado ao Ministério da Previdência e

Assistência Social, sendo regulamentado pelo Decreto 99.350/90. Este mesmo

decreto vinculou o INAMPS ao Ministério da Saúde, que foi extinto depois pela lei

8.689/1993.

Em 24 de julho de 1992, entrou em vigor a Lei 8.212 – Plano de Custeio e

Organização da Seguridade Social, e a Lei 8.213 – Plano de Benefícios da

Previdência Social, revogando a LOPS, que foi aplicada a promulgação da CF/88

até a publicação das leis supramencionadas.

Com o passar do tempo surgiram diversas alterações na legislação

previdenciária.

Atualmente, aplica-se o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo

Decreto nº 3.048/99, que determinam questões relativas ao custeio da seguridade e

aos benefícios previdenciários.

1.3 Conceito

A Seguridade Social pode ser apresentada como uma garantia constitucional

de proteção social em face dos infortúnios sofridos pela sociedade, trazendo uma

cobertura universal a todos, de forma igualitária, proporcionado para a sociedade

mediante a adoção de medidas públicas contra privações econômicas e sociais. Ou

seja, entende-se por seguridade social o conjunto de ações do Estado, que visam

atender às necessidades básicas de seu povo nas áreas da previdência, assistência

social e saúde.

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26

Segundo o entendimento do Prof. Fabio Zambitte Ibrahim, a seguridade social

pode ainda ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e por

particulares, com contribuição de todos, incluindo parte dos beneficiários dos

direitos, no sentido de estabelecer ações para o sustento de pessoas carentes,

trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um

padrão mínimo de vida digna16.

O termo Seguridade Social foi trazido pela Constituição Federal de 1988, que

se caracterizou pela ampla gama de ações oferecidas. A intenção do constituinte

originário foi criar um sistema protetivo, até então desconhecido no país. Neste

modelo, o Estado seria o responsável pela criação e manutenção de uma série de

proteções, capaz de atender aos anseios e necessidades de todos no âmbito social.

Além disso, a intervenção estatal na composição da seguridade social é obrigatória,

seja por ação direta ou controle, devendo atender toda e qualquer demanda

referente ao bem-estar da pessoa humana.

Conforme já citado, é com essa proteção que é possível garantir o mínimo

necessário para a sobrevivência com dignidade.

Na visão de Wagner Balera, para compreender este instituto, é preciso

vislumbrar-se a importância e o alcance dos valores de bem-estar e justiça sociais,

os quais são, de fato, as bases do Estado brasileiro, assim como diretrizes de sua

atuação. Trata-se de um meio para atingir-se a justiça, que é o fim da ordem

social.17

A Constituição Federal propõe que todos estejam protegidos de alguma

forma, dentro da Seguridade Social. Assim, se o necessitado for segurado da

previdência social, essa proteção será garantida por meio da concessão do

benefício previdenciário correspondente.

Em contrapartida, caso a pessoa necessitada não seja segurado da

previdência, cumprido todos os requisitos legais, será atendido pela assistência

social. E ainda, seja rico ou pobre, terá o direito de ser assistido pelo sistema de

saúde.

Deste modo, todos aqueles que vivem no território nacional, estão abrigados

pelo sistema da seguridade social, preceituado como direito social, cujo atributo

16

IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 14 ed., Rio de Janeiro: Impetus, 2009, p. 5. 17

BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário, São Paulo: Quartier Latin, 2004, p. 15 a 39.

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primordial é a universalidade, oferendo uma proteção social igualitária, independente

da condição socioeconômica.

1.4 Princípios

O Sistema de Seguridade Social é o conjunto de princípios, regras e

instituições integrado por ações de iniciativa do poder público e da sociedade que

asseguram os direitos relacionados à Saúde, Assistência e Previdência. Este

sistema será organizado na forma da lei, veiculando os valores que devem ser

protegidos, conforme preceituado no art. 194 da Constituição Federal:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações

de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar

os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a

seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações

urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio;

VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a

participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e

aposentados.

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante

gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos

empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

1.4.1 Universalidade da cobertura e do atendimento

O Princípio da universalidade visa promover o acesso ao maior número de

benefícios possíveis, na intenção de resguardar a população do máximo de

situações de riscos sociais previsíveis e possíveis. As ações devem contemplar

necessidades individuais e coletivas, e também ações reparadoras e preventivas.

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28

Essa universalidade abarca não apenas os trabalhadores, que contribuem

diretamente ao Sistema, como no caso da previdência social, mas sim a toda a

sociedade brasileira, atingindo também os que não trabalhadores.

Quanto à universalidade na cobertura, esta liga o objeto da relação jurídica às

contingências e necessidades sociais, buscando uma prestação cada vez melhor,

seja na prevenção, proteção, como na recuperação. Traz a ideia de “cobrir” e

amparar todas as situações que precisarem deste auxílio, seja através do sistema

de saúde, de assistência ou de previdência.

A universalidade do atendimento refere-se ao indivíduo, sujeitos de direito,

que possuem o direito subjetivo a alguma das formas de proteção do tripé da

seguridade social. Ou seja, há uma relação jurídica entre o atendimento com os

sujeitos, concluindo que todos os que vivem no território nacional possuem o mesmo

direito: serem assistidos pelo sistema de seguridade social.

1.4.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações

urbanas e rurais

Como se sabe, os trabalhadores rurais sempre foram discriminados no Brasil

quanto aos direitos sociais reconhecidos aos trabalhadores urbanos.

A CF/88 reafirmou o princípio da isonomia, consagrado no art. 5º, inciso II, do

parágrafo único, ao artigo 194, supramencionado, com o princípio da uniformidade,

garantindo o mesmo tratamento aos trabalhadores urbanos e rurais, em termos de

seguridade social.

A equivalência aplica-se ao valor das prestações pagas a urbanos e rurais, o

qual deve ser proporcionalmente igual, bem como os benefícios devem ser os

mesmos, conforme preceitua o princípio da uniformidade, porém o valor da renda

mensal será equivalente. Isso se explica porque as contribuições para o custeio dos

urbanos e rurais são diferentes, e, portanto, o cálculo do valor dos benefícios será

relacionado diretamente ao custeio de seguridade.

1.4.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços

Este princípio tem a finalidade de orientar a gama de benefícios a todos os

necessitados. Porém, nem todos terão direito a todos os benefícios, assim, cabe ao

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legislador identificar as carências sociais e selecionar e estabelecer os critérios

objetivos para cada prestação.

Tal princípio se aplica quando da elaboração da lei e se divide em duas fases:

seleção de contingências e distribuição de proteção social.

Portanto, o legislador deve buscar na realidade social e selecionar as

contingências geradoras das necessidades que a seguridade deve cobrir. Deste

modo, deve considerar a proteção que garanta maior proteção social.18

Essa consideração deve ocorrer com as prestações que, por sua natureza,

tenham maior possibilidade de reduzir a desigualdade, fazendo valer a justiça social,

e distribuindo as prestações àqueles que mais precisem desta.

1.4.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios

A inflação tem marcado a economia nacional, refletindo em vários setores do

país. Na década de 80, teve forte influência sobre os salários e benefícios

previdenciários.

Por isso, a CF/88 previu em seu art. 58 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias, uma revisão geral para todos os benefícios de

prestação continuada em manutenção, já concedidos em 05/10/1988, com a

intenção de resgatar seu valor originário e determinou que todos esses benefícios

fossem recalculados, de forma que passassem a equivaler ao salário mínimo que

tinham na data da concessão, até a implantação do novo plano de custeio e

benefícios, o que ocorreu com a vigência da Lei n. 8.213/91.19

Deste modo, este princípio garante que os benefícios de prestações

pecuniárias não sofram diminuição no valor inicial, visto que seu objetivo é suprir as

necessidades básicas para uma sobrevivência digna.

A corroborar com isso, o art. 201, § 4º, da CF, reafirma o princípio da

irredutibilidade, ao garantir a não diminuição na renda mensal dos benefícios,

preservando-lhes o valor real.

18

SANTOS, Marisa Ferreira. Direito Previdenciário Esquematizado. 5 ed.: Saraiva, 2015, p. 42. 19

Ibidem, p. 42.

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1.4.5 Equidade na forma de participação do custeio

Para a desembargadora Marisa Ferreira dos Santos, em sua obra Direito

Previdenciário Esquematizado, o principio da equidade, não corresponde

exatamente à capacidade contributiva, mas a ideia de justiça em relação à

capacidade de gerar contingências que terão cobertura pela seguridade social. 20

Deste modo, a equidade na participação do custeio, verifica a função que o

indivíduo exerce, assim como sua capacidade econômico-financeira. Quanto maior

risco a atividade exercida oferecer, mais deve ser a contribuição, criando uma

proporcionalidade entre ambas, a fim de trazer segurança ao sistema.

1.4.6 Diversidade da base de financiamento

Como disposto no art. 195 da CF, o financiamento da seguridade social é de

responsabilidade de toda a sociedade.

Este princípio está intimamente atrelado ao princípio da solidariedade, que

impõe ao Estado, empresa e trabalhadores o encargo da contribuição, na medida

das suas possibilidades.

Feijó Coimbra expõe acerca do assunto:

Realmente, à medida que se consolida, na consciência social, a convicção

de que o infortúnio de um cidadão causa dano à sociedade inteira, mais

rápido e perto se chega da conclusão de que cumpre à mesma sociedade

contribuir para tornar tais infortúnios impossíveis, ou amenizar-lhes os

efeitos, para que o cidadão por eles atingido venha a recuperar sua

condição econômica anterior ao dano, deixando de ser um peso para a

comunidade, um fato negativo para seu progresso. 21

A contribuição previdenciária tem caráter tributário, e assim, alguns tributos

cobrados em segmentos diversos são repassados para o custeio do sistema,

caracterizados como fonte indireta.

20

SANTOS, Marisa Ferreira. Direito Previdenciário Esquematizado. 5 ed.: Saraiva, 2015, p.43 21

COIMBRA, Feijó. Direito Previdenciário. 10 ed., p. 231.

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Portanto, o orçamento da seguridade social é elaborado com base nos

recursos provenientes da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios, além

das contribuições pagas pelo empregador, empresa, pelo trabalhador, pelas

contribuições incidentes sobre as receitas dos concursos de prognósticos e pelas

contribuições oriundas do importador de bens ou serviços do exterior, conforme

preceitua o art. 195.

Porém, podem ser instituídas outras fontes de custeio, a fim de aumentar o

alcance do sistema de seguridade social, observando o § 4º do art. 195. Essas

novas fontes só podem ser criadas apenas através de lei complementar, e desde

que não sejam cumulativas e que o fato gerador ou base de cálculo sejam novos,

não previstos na CF.

1.4.7 Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa

A descentralização afirma a ideia que a seguridade social está separada da

estrutura institucional do Estado. Temos como por exemplo o INSS, que é uma

autarquia federal encarregada da execução da legislação previdenciária.

A seguridade está organizada por uma gestão quadripartite, no qual

trabalhadores, empregadores, aposentadoria e o Poder Público fazem parte.

A atuação desses representantes ocorre em órgãos colegiados de

deliberação, como o Conselho Nacional de Saúde, Conselho Nacional de

Assistência e Conselho Nacional de Previdência Social, que possuem suas

atribuições restritas ao campo da formulação de politicas públicas de seguridade e

controle das ações de execução.

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32

2 DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA APOSENTADORIA ESPECIAL

2.1 O conceito de Aposentadoria Especial

A aposentadoria especial consiste em uma prestação previdenciária de

natureza jurídica preventiva, que visa proteger o trabalhador, segurado do Regime

Geral da Previdência Social, trazendo uma compensação em decorrência do

desgaste causado pelo serviço prestado em condições prejudiciais à sua saúde e

integridade física.22

Essa proteção é garantida através do tempo de serviço reduzido, de modo

que os riscos o qual está sujeito não sejam fatais à vida.

Assim como a maior parte dos benefícios previdenciários, a garantia da

aposentadoria especial busca proteger o trabalhador de um risco social futuro e

incerto. Futuro porque ainda não ocorreu e incerto porque ainda não aconteceu. Por

isso que a lei exige um tempo de trabalho reduzido, para evitar que a trabalhador

adquira a incapacidade laborativa.

Segundo Vendrame, a filosofia da aposentadoria especial é recolher o

segurado mais cedo para os seus aposentos, de forma que este não chegue a

manifestar qualquer doença.23

Segundo Wladimir Novaes Martinez a doutrina tem como assente tratar-se de

uma indenização social pela exposição aos agentes nocivos ou possibilidade de

prejuízos à saúde do trabalhador, distinguindo-a da aposentadoria por tempo de

contribuição e da aposentadoria por invalidez24.

Weintraub e Berbel entende que há uma nocividade presumida que enseja

em um desgaste físico mais acelerado da capacidade laborativa do trabalhador,

antecipando sua necessidade de aposentadoria”.25

Há alguns entendimentos de que essa prestação seria uma espécie de

aposentadoria por tempo de contribuição, porém, segundo a Profª Adriane

22

RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial: Regime Geral da Previdência Social. 6ª ed. Curitiba, 2013. 23

VENDRAME, Antônio Carlos. Implicações Legais na Emissão do PPP e do LTCAT, p.143. 24

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aspectos básicos da Aposentadoria Especial. Previdência em Revista 01 – outubro de 2000. 25

WEINTRAUB, Arthur Bragança de Vasconcelos e BERBEL, Fabio Lopes. Manual de Aposentadoria Especial, p. 39.

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33

Bramante, este é um benefício autônomo e seu conceito não se encontra atrelado a

nenhum outro benefício previdenciário.26

Mantendo este entendimento, em um requerimento administrativo para a

concessão de aposentadoria especial junto ao INSS, quando o período especial

suscitado não é enquadrado, a contagem do INSS computa 00 anos, 00 mês e 00

dias de tempo de contribuição, ou seja, não é contado como tempo comum.

Em contrapartida, se o requerimento for para a obtenção da aposentadoria

por tempo de contribuição, caso o período especial não seja convertido (nos moldes

do art. 70 do Decreto 3.048/99), será computado pela Autarquia como tempo de

contribuição comum.

Além disso, as aposentadorias por tempo de contribuição e especial

encontram-se em lugares diferentes no texto legal, respectivamente nos arts. 52 a

56 e 57 e 58 da Lei 8.213/91. Assim, percebe-se que o próprio legislador ao dispor

sobre os referidos benefícios fez questão de trata-los de forma autônoma e

independente.

2.2 Evolução histórica legislativa

A aposentadoria especial consiste em um benefício complexo, que sofreu

grandes mudanças legislativas com o passar do tempo.

Este benefício surgiu em 1960, com a edição da LOPS – Lei 3.807/60, que

visava proteger o segurado exposto a agentes nocivos à saúde e integridade física

em decorrência do seu trabalho.

Apesar das garantias previstas na legislação trabalhista, que oferecia aos

trabalhadores o adicional de periculosidade ou de insalubridade, era preciso oferecer

a este trabalhador outras garantias que pudessem preveni-lo ou compensá-los dos

danos causados pela condição de exposição em ambiente prejudicial à saúde,

decorrente do seu trabalho.

A Lei Orgânica da Previdência Social trouxe, no seu art. 31, a seguinte

redação:

A aposentadoria especial será concedida ao segurado que, contando no

mínimo com 50 (cinquenta) anos de idade e 15 (quinze) anos de

contribuição, tenha trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e

26

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e prática. Curitiba, 2013. P. 29.

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34

cinco) anos, pelo menos, conforme a atividade profissional, em serviços

que, para esse efeito, forem considerados penosos, insalubres ou

perigosos, por Decreto do Poder Executivo.27

De acordo com a redação do artigo supracitado, percebe-se que a lei

estabelecia alguns requisitos para a concessão deste benefício, quais sejam, idade

mínima de 50 anos, carência mínima de 15 anos de contribuição, tempo de trabalho

durante 15, 20 ou 25 anos em serviços insalubres, penosos ou perigosos ou

enquadramento pela atividade profissional estabelecidos por Decreto.

Conforme previsto pela legislação vigente à época, foi editado o Decreto nº

53.831/64, regulamentando a LOPS e relatando a primeira lista de agentes

agressivos, no Quadro Anexo III. Constam nesta lista os agentes físicos, químicos e

biológicos, bem como às ocupações profissionais passíveis de enquadramento.

O requisito da idade mínima trazido no texto originário da LOPS foi extinto do

ordenamento jurídico com a Lei 5.440-A/6828:

“Art. 1º. No art. 31 da Lei 3.807, de 26.08.1960 (Lei Orgânica da Previdência Social)

suprima-se a expansão “50 (cinquenta) anos de idade””.

Posteriormente em 1973, houve nova alteração na lei, que determinou a

redução da carência de 180 contribuições para 60 contribuições mensais.

No mesmo ano, foi publicado o Decreto 72.771, que trouxe em seus Anexos

novos quadros de agentes agressivos. O Quadro I trazia a classificação das

atividades profissionais com os agentes nocivos físicos, químicos e biológicos e o

Quadro II preceituava unicamente acerca do enquadramento pela atividade

profissional. O Decreto 72.771/73 foi revogado, porém seus Anexos foram

ratificados com a aprovação do Decreto 83.080/79.

Após inúmeras modificações legais, introduzidas na LOPS, em 1975,

através da Lei nº. 6.243, que o Poder Executivo autorizou a expedir, por Decreto,

“a consolidação da Lei Orgânica da Previdência Social, em texto único, atualizado

e remunerado, com a respectiva legislação complementar, sem alteração da

27

Lei nº 3.807 de 26 de agosto de 1960 – Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS). 28

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. Curitiba, 2013. Juruá, p. 108.

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35

matéria legal substantiva, repetindo anualmente essa providência”.29 Foi com o

Decreto nº. 77.077/76 que surgiu a primeira Consolidação das Leis da Previdência

Social.

A CLPS de 1976 resgatou o direito de todas as categorias profissionais à

aposentadoria especial, que foram excluídas pelo Decreto nº 63.230/76, de acordo

com a norma vigente.

Dois anos depois, foi expedido o Novo Regulamento da Previdência Social,

por meio do Decreto nº. 83.080/79, que manteve os Quadros Anexos das

atividades cujo exercício ensejava o direito à aposentadoria especial.

A Lei nº. 6.8887/80 alterou o art. 9º da Lei nº 5.890/73 e incluiu a sistemática

da conversão de tempo especial em comum:

Art. 9º, § 4º O tempo de serviço exercido alternadamente em atividades

comuns e em atividades que, na vigência desta Lei, sejam ou venham a

ser consideradas penosas, insalubres ou perigosas, será somado, após a

respectiva conversão, segundo critérios de equivalência a serem fixados

pelo Ministério da Previdência Social, para efeito de aposentadoria de

qualquer espécie.

Esta alteração diz respeito aos trabalhadores que possuem períodos mistos,

alternando entre períodos comuns, ou seja, sem exposição a nenhum agente

insalubre ou nocivo a saúde, e também períodos especiais, com exposição a

agentes nocivos a saúde e integridade física ou com enquadramento pela atividade

profissional. Neste caso, os períodos considerados especiais seriam computados

com peso maior, com a aplicação de um fator de conversão, um multiplicador,

somando este período com o tempo comum, obtendo a consequente majoração

deste tempo de serviço por ser especial. Essa conversão permitiria a concessão da

Aposentadoria por tempo de contribuição.

A CLPS de 1984 instituiu no ordenamento jurídico previdenciário a

aposentadoria especial do professor.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, os benefícios

previdenciários de Aposentadoria por Tempo de Serviço - atualmente conhecida

como Aposentadoria por tempo de contribuição, por Idade e a Aposentadoria

29

SANTOS, Marisa Ferreira. Direito Previdenciário Esquematizado. 5º ed, 2015. p. 284.

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36

Especial, tornaram-se prestações e garantias constitucionais, expressas no art. 202

da CF, conforme redação original:

É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o benefício sobre

a media dos trinta e seis últimos salários de contribuição, corrigidos

monetariamente mês a mês, e comprovada a regularidade dos reajustes dos

salários de contribuição de modo a preservar seus valores reais e obedecidas as

seguintes condições:

I – aos sessenta e cinco anos de idade, para o homem, e aos sessenta, para a

mulher, reduzido em cinco anos o limite de idade para os trabalhadores rurais e

ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia

familiar, neste incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal;

II – após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e, após trinta, à mulher, ou

em tempo inferior, se sujeitos a trabalho sob condições especiais, que

prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidas em lei. (grifo nosso).30

Atendendo ao disposto no texto constitucional, a Lei nº. 8.213, com o Plano

de Benefício da Previdência Social, dispôs sobre a aposentadoria especial nos arts.

57 e 58, posteriormente modificados pelas Leis nº 9.032/95 e 9.732/98, que

passaram a valer a partir de 24.07.1991.

Esta Lei foi regulamentada pelos Decretos nº 357/91, 611/92, 2.172/97,

2.782/98 e 3.048/99, este último ainda em vigor.

A alteração mais notável foi à exigência de condições especiais que

provocassem prejuízo à saúde ou à integridade física do trabalhador para

tornar possível a concessão do benefício. Até então, bastava que o agente

agressivo fosse classificado como insalubre, penoso ou perigoso para

ensejar o direito ao benefício, fazendo com que o foco do benefício seja a

nocividade.31

2.2.1 A Lei nº. 9.032/95

A Lei nº 9.032/95 trouxe uma importante modificação com relação à natureza

dos períodos de atividade especial. Primeiro com a exclusão do enquadramento pela

30

Constituição Federal de 1988, art. 202. 31

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. 2 ed., 2013. p. 111.

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37

atividade profissional, descrito nos Quadros do Anexo II do Decreto 83.080/79, e

parte do Anexo III do Decreto 53.831/64.

Agora o termo “conforme atividade profissional” foi substituído por “conforme

dispuser a lei”.

Tais mudanças dificultaram de forma expressiva à concessão dos benefícios

previdenciários, principalmente no que se refere à conversão do tempo comum em

tempo especial e a exigência de permanência a exposição do agente nocivo.

A Profª Adriane Bramante de Castro Ladenthin pontua e anota as mudanças

no texto legal. Vejamos:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência

exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições

especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15

(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.

(exclui a expressão “atividade profissional” e inclui “conforme

dispuser a lei”).

§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei,

consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do

salario-de-benefício. (altera o coeficiente de cálculo do salario de

benefício para 100%).

§ 2ºA data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da

aposentadoria por idade, conforme disposto no art. 49.

§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação

pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, do

tempo de trabalho permanente, não ocasional, nem intermitente, em

condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,

durante o período mínimo fixado. (esse parágrafo que falava de

conversão de tempo, agora estabelece a necessidade de comprovação

da atividade especial para o segurado).

§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição

aos agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos ou associação de

agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período

equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (o § 4º da redação

anterior estabelecia que o trabalhador integrante de categoria

profissional enquadrada neste artigo que permanecer licenciado do

emprego, para exercer cargo de administração ou de representação

sindical, será contado para aposentadoria especial. Como a categoria

deixou de existir, não faria mais sentido mantê-la. Na mudança, passa

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38

a incluir os agentes agressivos físicos, químicos, biológicos ou

associação de agentes pela primeira vez na lei).

§ 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou

venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será

somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em

atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da

Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer

benefício. (acrescentado pela Lei 9.032/95, cuja conversão era tratada

no § 3ºe exclui a conversão do tempo comum em especial).

§ 6º É vedado ao segurado aposentado, nos termos deste artigo, continuar

no exercício de atividade ou operações que sujeitem aos agentes nocivos

constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. (acrescentado pela Lei

9.032/95, vedando expressamente o retorno do segurado que se

aposenta pela Especial ao trabalho na mesma função ou setor).32

Para o enquadramento por ocupação não é necessário comprovar a

exposição aos agentes agressivos, apenas pela categoria profissional é possível o

enquadramento do período laborado.

Segundo o entendimento de Ribeiro, até a edição da Lei 9.032/95 existe a

presunção juris et de jure de exposição a agentes nocivos, relativamente às

categorias profissionais relacionadas na legislação previdenciária, presumindo a sua

exposição aos agentes nocivos.33

No Decreto 53.831/64 vemos a lista de enquadramento por agentes nocivos,

físicos, químicos e biológicos, bem como o enquadramento por ocupações

profissional. O Decreto 83.080/79 também traz uma lista de enquadramento por

ocupação, no Quadro do Anexo II. A diferença entre os Decretos mencionados, é

que o Decreto 53.831/64 traz a lista de ocupações profissionais no mesmo anexo,

enquanto que o Decreto 83.080/79 apresenta a sua lista de atividade profissional

apenas no Anexo II.

Com a edição da 9.031/95, essas listas de enquadramento pela atividade

profissional deixaram de ter reconhecimento apenas pela atividade profissional,

sendo necessário a partir de então, comprovar a exposição aos agentes nocivos.

Na verdade, o que se perdeu foi a presunção absoluta dos agentes nocivos

implícitos, existentes no exercício da atividade profissional.

32

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e prática. Curitiba, 2013. p. 116. 33

Ibidem.

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39

Outra mudança importante trazida pela referida lei, foi a comprovação do

tempo trabalhado em atividade profissional especial de modo habitual e permanente,

não ocasional, nem intermitente, bem como a exposição aos agentes químicos,

físicos ou biológicos prejudiciais à saúde ou à integridade física.

2.2.2 O Decreto 2.172/97

Neste contexto, foi expedido o novo Regulamento dos Benefícios

Previdenciários pelo Decreto nº. 2.172/97, em que seu Anexo IV classificou os

agentes nocivos em físicos, químicos e biológicos.

Os quadros anexos dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79 se mantiveram em

vigor até 05.03.1997, podendo obter enquadramento justificado por eles apenas até

essa data. O novo Decreto 2.172/97 revogou estes decretos anteriores.

2.2.3 A Lei 9.528/97

A lei 9.528/97 teve inicio com a Medida Provisória 1523 de 11.10.1996, e

trouxe alterações no art. 58 da Lei 8.213/91.

A referida lei trouxe diversas modificações no que diz respeito à relação dos

agentes nocivos, que será definida pelo Poder Executivo e não mais conforme

dispuser a lei, conforme constava no caput do art. 57. Além disso, exigiu a

elaboração de laudo de condições ambientais pela empresa para todos os agentes

nocivos, bem como a necessidade da informação sobre os equipamentos de

proteção coletiva, sem falar do EPI.

Por fim, foi estabelecida a pena de multa à empresa que não mantiver o laudo

de condições ambientais atualizado ou emitir documento em desacordo com o

laudo.

2.2.4 A Lei 9.732/98

Tempo depois, foi aprovada a Medida Provisória nº. 1729, de 02.12.1998,

convertida na Lei nº. 9.732/98, última lei que apresentou alterações na

aposentadoria especial, trazendo informações sobre os equipamentos de proteção

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40

individual e estabelecendo uma contribuição específica para o custeio deste

benefício. Vejamos:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou

associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física

considerados para fins de concessão da aposentadoria física que trata o

artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.

§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos

será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional

do Seguro Social – INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base

em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico

do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar

informações sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva que

diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e

recomendações sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo.

§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência

aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus

trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva

]exposição em desacordo com a respectivo laudo estará sujeita à

penalidade prevista no art. 133 desta Lei.

§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico

abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este,

quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autenticada desse

documento.

A Lei nº. 9.732/98 criou um financiamento específico para a Aposentadoria

Especial, com alíquotas diferenciadas conforme a atividade exercida pelo

segurado em decorrência do seu trabalho: 6% para aposentadorias aos 25

anos; 9% para aposentadoria aos 20; e 12% para aposentadoria aos 15

anos, incidente exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito

às condições especiais. 34

Além disso, passou a exigir informações quanto a utilização dos

equipamentos de proteção individual - EPI.

A exigência pela utilização do EPI atende aos ditames da legislação

trabalhista, incluída nas Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde do

Trabalho, sendo observância obrigatória pelas empresas que possuam empregados

34

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. 2 ed, 2013. p. 128.

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41

regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas, além de serem previsões

constitucionais.

Entretanto, como se sabe, a Aposentadoria especial tem a intenção de

proteger o trabalhador pela exposição aos agentes nocivos, e mesmo que seja

comprovado o uso eficaz dos EPIs, isso não lhe furta o direito ao reconhecimento da

atividade especial. A lei é clara quando estipula apenas a utilização do EPI, não

mencionando que seu uso exclui o direito a essa prestação.

2.2.5 A Emenda Constitucional 20/98

A Emenda Constitucional 20, de 15.12.1998 implementou a reforma do sistema

de previdência social e estabeleceu normas de transição, dispondo ser vedada a

adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria

aos segurados do Regime Geral de Previdência Social, ressalvados os casos de

atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a

integridade física, definidas em lei complementar.35

Até a publicação da EC 20/1998, as regras da aposentadoria especial

continuaram sendo válidas até a nova regulamentação legal.

Para efeitos da aposentadoria especial, a EC 20/98 alterou a Constituição

Federal, no art. 201, § 1º, dispondo:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,

de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que

preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a

concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de

previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob

condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,

definidos em lei complementar. GN

Art. 15 Até que a lei complementar a que se refere o art. 201, § 1º, da

Constituição Federal seja publicada, permanece em vigor o disposto nos

arts. 57 e 58 da Lei 8.213, de 24.07.1991, na redação vigente à data da

publicação desta Emenda.36

35

RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial: Regime Geral da Previdência Social. 4ª ed. Curitiba, 2010, p. 130. 36

Constituição Federal de 1988, art. 201.

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42

O art. 201, § 1º veda a aplicação de critérios diferenciados para a obtenção da

aposentadoria, com exceção aos casos de atividades exercidas sob condições

especiais que prejudiquem a saúde e integridade física do segurado disciplinada em

lei complementar, em que consta permissão expressa do § 1º.

Porém, como até o momento, a lei complementar não foi publicada,

permanecem inalterados os arts 57 e 58 da Lei 8.213/91.

2.1.5 O Decreto 3.048/99

O atual Regulamento da Previdência Social foi aprovado pelo Decreto nº.

3.048/99, em 06.05.1999, trazendo nova regulamentação às Leis 8.212/91 e

8.213/91.

Este novo Regulamento revoga o Decreto 2.172/97, porém mantém a lista de

agentes agressivos nele listados, constante no Anexo IV, que permite o

reconhecimento do período como especial. Com isso encontra-se em vigor a relação

de agentes nocivos do Anexo IV.

O art. 70 do Decreto 3.048/99 foi ratificado pelo Decreto 4.827/03, mantendo

o direito à conversão do tempo especial em comum até os dias de hoje,

prevalecendo a regra da época da prestação do serviço.

Concomitantemente à lista do Anexo IV, podem ser aplicadas as normas

regulamentadores (NR), da legislação trabalhista para reconhecimento do período

especial o qual colaboraram para a elaboração do referido anexo usando os critérios

quantitativos e qualitativos.

Seguem os artigos do Decreto 3.048/99, com as redações e alterações que

lhe foram dadas pelos decretos que se seguiram à sua publicação e que estão

atualmente em vigor:

Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida,

será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte

individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho

ou de produção, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco

anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a

saúde ou a integridade física. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de

2003)

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§ 1o A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação

pelo segurado, perando o Instituto Nacional de Seguro Social, do tempo de

trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, exercido em

condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,

durante o período mínimo fixado no caput.

§ 2o O segurado deverá comprovar a efetiva exposição aos agentes nocivos

químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou

à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do

benefício. (Redação dada pelo Decreto 4.079, de 2002)

Art. 65. Considera-se tempo de trabalho permanente, para efeito desta

Subseção, aquele que é exercido de forma não ocasional nem intermitente,

no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado

ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do

serviço. (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de 2003)

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos períodos de descanso

determinados pela legislação trabalhista, inclusive férias, aos de

afastamento decorrentes de gozo de benefícios de auxílio-doença ou

aposentadoria por invalidez acidentária, bem como aos de percepção de

salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado

estivesse exercendo atividade considerada especial. (Redação dada pelo

Decreto 4.882, de 2003)

Art. 66. Para o segurado que houver exercido sucessivamente duas ou

mais atividades sujeitas a condições especiais prejudiciais à saúde ou à

integridade física, sem completar em qualquer delas o prazo mínimo exigido

para a aposentadoria especial, os respectivos períodos serão somados

após conversão, conforme tabela abaixo, considerada a atividade

preponderante:

Tabela 1 – Tabela de conversão

Tempo a Converter Multiplicadores

Para 15 Para 20 Para 25

De 15 anos - 1,33 1,67

De 20 anos 0,75 - 1,25

De 25 anos 0,60 0,80

Art. 67. A renda mensal inicial da aposentadoria especial será equivalente

a cem por cento do salário de benefício, observado, quanto à data de início

do benefício, o disposto na legislação previdenciária. (Redação dada pelo

Decreto nº 8.123, de 2013)

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Art. 68, § 9º A cooperativa de trabalho atenderá ao disposto nos §§ 2º e 6º

com base nos laudos técnicos de condições ambientais de trabalho emitido

pela empresa contratante, por seu intermédio, de cooperados para a

prestação de serviços que os sujeitem a condições ambientais de trabalho

que prejudiquem a saúde ou a integridade física, quando o serviço for

prestado em estabelecimento da contratante. (Incluído pelo Decreto nº

4.729, de 9.6.2003)

§ 10. Aplica-se o disposto no § 9º à empresa contratada para prestar

serviços mediante cessão ou empreitada de mão-de-obra. (Incluído pelo

Decreto nº 4.729, de 9.6.2003)

§ 11. As avaliações ambientais deverão considerar a classificação dos

agentes nocivos e os limites de tolerância estabelecidos pela legislação

trabalhista, bem como a metodologia e os procedimentos de avaliação

estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e

Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO. (Incluído pelo Decreto nº 4.882,

de 2003)

Art. 69. A data de início da aposentadoria especial será fixada conforme o

disposto nos incisos I e II do art. 52.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no art. 48 ao segurado que retornar

ao exercício de atividade ou operações que o sujeitem aos agentes nocivos

constantes do Anexo IV, ou nele permanecer, na mesma ou em outra

empresa, qualquer que seja a forma de prestação do serviço, ou categoria

de segurado, a partir da data do retorno à atividade. (Redação dada pelo

Decreto nº 4.729, de 2003)

Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em

tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela:

(Redação dada pelo Decreto 4.827, de 2003)

Tabela 2 – Tabela de conversão

TEMPO A

CONVERTER

MULTIPLICADORES

MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35)

DE 15 ANOS 2,00 2,33

DE 20 ANOS 1,50 1,75

DE 25 ANOS 1,20 1,40

§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições

especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do

serviço.

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45

§ 2º As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em

tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho

prestado em qualquer período.

De acordo com o parágrafo único do art. 69, o segurado que obteve a

aposentadoria especial e quiser atuar em funções que o exponham a agentes

nocivos à sua saúde ou integridade física, terá sua aposentadoria cassada, a partir

da data do retorno.

Ao regulamentar a legislação de benefícios previdenciários, o Decreto

estabeleceu um fator multiplicador aplicado para converter o período especial em

comum de acordo com o tempo de exposição a agentes nocivos.

Insta ressaltar que a tabela de conversão do art. 70 se aplica apenas aos

casos de conversão de tempo especial em comum para a Aposentadoria por Tempo

de Contribuição. No pleito da Aposentadoria Especial, é considerada a exposição

durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos seguidos ou não, mas sem aplicação

deste fator.

No Anexo IV constam a relação das atividades insalubres e o tempo de

exposição permitido para fins de aposentadoria especial, bem como a relação dos

agentes agressivos físico, químico e biológico passíveis de enquadramento.

2.3 Dos agentes nocivos

Agente nocivo consiste em uma situação combinada, ou não, com

substâncias e outros fatores de riscos que ocasionam danos à saúde ou integridade

física.

Segundo determina a lei, a exposição a agentes nocivos prejudiciais à saúde

ou a integridade física que é o principal fator para o reconhecimento do período

especial laborado nessas condições.

Podemos considerar como principais agentes nocivos, os agentes físicos,

químicos e biológicos.

Importante ressaltar que apenas a exposição a esses agentes não possibilita

o reconhecimento do período como especial, faz-se necessário observar os limites

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46

de tolerância estabelecidos pela legislação vigente à época do trabalho, para cada

um desses agentes nocivos.

2.3.1 Agentes físicos

Segundo Tuffi Messias Saliba, os agentes físicos são definidos como sendo

as diversas formas de energia o qual estão expostos os trabalhadores. São eles:

ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes,

radiações não ionizantes, infrassom e ultrassom. Com o passar do tempo, a

legislação previdenciária foi sendo modificada, alterando esses agentes, bem como

os limites de tolerância estabelecidos para cada agente. 37

O Decreto 53.831/64, que foi a primeira norma jurídica a trazer uma lista de

agentes agressivos, publicada após a LOPS, trazia os seguintes agentes:

37

SALIBA, Tuffi Messias. Curso Básico de Segurança e Higiene Ocupacional. 4 ed., p. 189.

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47

Quadro 1 – Decreto 53.831, de 25 de março de 1964

CÓDIGO

CAMPO DE

APLICAÇÃO

SERVIÇOS E

ATIVIDADES

PROFISSIONAIS

CLASSIFICAÇÃO

TEMPO DE

TRABALHO

MÍNIMO

OBSERVAÇÕES

1.0.0 AGENTES

1.1.0 FÍSICOS

1.1.1 CALOR Insalubre 25 anos Jornada normal

em locais com

TE acima de 28º.

Artigos 165, 187

e 234, da CLT.

Portaria Ministe

rial 30 de 7-2-58

e 262, de 6-8-62.

Operações em

locais com

temperatura

excessivamente

alta, capaz de

ser nociva à

saúde e

proveniente de

fontes artificiais.

1.1.2 FRIO Trabalhos

na indústria

do frio -

operadores

de câmaras

frigoríficas e

outros.

Insalubre 25 anos Jornada normal

em locais com

temperatura

inferior a 12º

centígrados. Art.

165 e 187, da

CLT e

Portaria Minister

ial 262, de 6-8-

62.

Operações em

locais com

temperatura

excessivamente

baixa, capaz de

ser nociva à

saúde e

proveniente de

fontes artificiais.

1.1.3 UMIDADE Trabalhos

em contato

direto e

permanente

com água -

lavadores,

tintureiros,

operários

nas salinas

e outros.

Insalubre 25 anos Jornada normal

em locais com

umidade

excessiva. Art.

187 da CLT e

Portaria

Ministerial 262,

de 6-8-62.

Operações em

locais com

umidade

excessiva,

capaz de ser

nociva à saúde

e proveniente

de fontes

artificiais.

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48

1.1.4 RADIAÇÃO Trabalhos

expostos a

radiações

para fins

industriais,

diagnósticos

e

terapéuticos

-

Operadores

de raio X, de

rádium e

substâncias

radiativas,

soldadores

com arco

elétrico e

com

oxiacetilênio

, aeroviários

de

manutenção

de

aeronaves e

motores,

turbo-

hélices e

outros.

Insalubre 25 anos Jornada normal

ou especial

fixada em lei -

Lei 1.234 (*) de

14 de novembro

de 1950; Lei

3.999 (*) de 15-

12-61; Art. 187,

da CLT; Decreto

nº 1.232, de 22

de junho de

1962 e

Portaria Minister

ial 262, de 6 de

agosto de 1962.

Operações em

locais com

radiações

capazes de

serem nocivas

à saúde - infra-

vermelho, ultra-

violeta, raios X,

rádium e

substâncias

radiativas.

1.1.5 TREPIDAÇÃO Trepidações

e vibrações

industriais -

Operadores

de

perfuratrizes

e

marteletes

pneumáticos

, e outros.

Insalubre 25 anos Jornada normal

com máquinas

acionadas por ar

comprimido e

velocidade

acima de 120

golpes por

minutos. Art.

187 CLT.

Portaria

Ministerial 262,

de 6-8-62.

Operações em

trepidações

capazes de

serem nocivas

a saúde.

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49

1.1.6 RUÍDO Trepidações

sujeitos aos

efeitos de

ruídos

industriais

excessivos -

caldereiros,

operadores

de

máquinas

pneumáticas

, de motores

- turbinas e

outros.

Insalubre 25 anos Jornada normal

ou especial

fixada em lei em

locais com

ruídos acima de

80 decibéis.

Decreto número

1.232, de 22 de

junho de 1962.

Portaria

Ministerial 262,

de 6-8-62 e Art.

187 da CLT.

Operações em

locais com

ruído excessivo

capas de ser

nocivo à saúde.

1.1.7 PRESSÃO Trabalhos

em

ambientes

com alta ou

baixa

pressão -

escafandrist

as,

mergulhador

es,

operadores

em caixões

ou

tubulações

pneumáticos

e outros.

Insalubre 25 anos Jornada normal

ou especial

fixada em lei -

Artigos 187 e

219 CLT.

Portaria

Ministerial 73, de

2 de janeiro de

1960 e 262, de

6-8-62.

Operações em

locais com

pressão

atmosférica

anormal capaz

de ser nociva à

saúde.

1.1.8 ELETRICIDADE Trabalhos

permanente

s em

instalações

ou

equipament

os elétricos

com riscos

de acidentes

-

Perigoso 25 anos Jornada normal

ou especial

fixada em lei em

serviços

expostos a

tensão superior

a 250

volts. Arts. 187,

195 e 196 da

CLT. Portaria

Operações em

locais com

eletricidade em

condições de

perigo de vida.

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50

Eletricistas,

cabistas,

montadores

e outros.

Ministerial 34, de

8-4-54.

Nesse contexto, para alguns agentes específicos, não havia parâmetros

mínimos a serem comprovados para que o período suscitado fosse considerado

especial. Esses parâmetros foram criados pela própria legislação trabalhista (NRs) e

pelas portarias ministeriais, que definiram critérios- limitadores para o

enquadramento da atividade especial.

Com a publicação do Decreto 83.080/79, a lista de agentes trazida por ele

completou a lista do Decreto 53.831/64, completando-o e ambos permaneceram

conjuntamente em vigor até 05.03.1997, quando foram revogados pelo Decreto

2.172/97.

Segue a lista de agentes do Decreto 83.080/79, com poucas mudanças com

relação ao decreto anterior.

QUADRO 2 - DECRETO Nº. 83.080 DE 24 DE JANEIRO DE 1979

CÓDIGO

CAMPO DE

APLICAÇÃO

ATIVIDADE PROFISSIONAL

(TRABALHADORES OCUPADOS

EM CARÁTER PERMANENTE)

TEMPO

MÍNIMO DE

TRABALHO

1.0.0 AGENTES NOCIVOS

1.1.0 FÍSICOS

1.1.1 CALOR Industria metalúrgica e mecânica

(atividades discriminadas nos

códigos 2.5.1 e 2.5.2 do Anexo II).

Fabricação de vidros e cristais

(atividades discriminadas no código

2.5.5 do Anexo II).

25 anos

Alimentação de caldeiras a vapor a

carvão ou a lenha.

1.1.2 FRIO Câmaras frigoríficas e fabricação de 25 anos

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51

gelo.

1.1.3 RADIAÇÕES

IONIZANTES

Extração de minerais radioativos

(tratamento, purificação, isolamento e

preparo para distribuição).

Operações com reatores nucleares

com fontes de nêutrons ou de outras

radiações corpusculares.

25 anos

Trabalhos executados com

exposições aos raios X, rádio e

substâncias radioativas para fins

industriais, terapêuticos e

diagnósticos.

Fabricação de ampolas de raios x e

radioterapia (inspeção de qualidade).

Fabricação e manipulação de

produtos químicos e farmacêuticos

radioativos (urânio, rádon, mesotório,

tório x, césio 137 e outros).

Fabricação e aplicação de produtos

luminescentes radíferos.

Pesquisas e estudos dos raios x e

substâncias radioativas em

laboratórios.

1.1.4 TREPIDAÇÃO Trabalhos com perfuratrizes e

marteletes pneumáticos.

25 anos

1.1.5 RUÍDO Calderaria (atividades discriminadas

no código 2.5.2 do Anexo II).

25 anos

Trabalhos em usinas geradoras de

eletricidade (sala de turbinas e

geradores).

Trabalhos com exposição

permanente a ruído acima de 90 db.

Operação com máquinas

pneumáticas (atividades

discriminadas entre as do código

2.5.3 do Anexo II).

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52

Trabalhos em cabinas de prova de

motores de avião.

1.1.6 PRESSÃO

ATMOSFÉRICA

Trabalhos em caixões ou câmaras

pneumáticas subaquáticas e em

tubulações pneumáticos.

20 anos

Operação com uso de escafandro.

Operação de mergulho

Trabalho sob ar comprimido em

túneis pressurizados.

Como se nota, houve poucas alterações: o nível de ruído passou para 90 dB,

para o calor e o frio não era exigido informar a intensidade, a umidade e eletricidade

foram excluídas dessa lista.

O Decreto 2.172/97 trouxe nova lista de agentes agressivos, conhecida como

Anexo IV, que foi substituída pelo atual Decreto 3.048/99, que manteve a mesma

lista.

QUADRO 3 - DECRETO Nº 3.048 - DE 6 DE MAIO DE 1999 - DOU DE 7/5/99 -

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - ANEXO IV

CÓDIGO

AGENTE NOCIVO

2.0.0 AGENTES FÍSICOS

Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às

atividades descritas.

2.0.1 RUÍDO

a) exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN)

superiores a 85 dB(A). (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de

2003)

2.0.2 VIBRAÇÕES

a) trabalhos com perfuratrizes e marteletes pneumáticos.

2.0.3 RADIAÇÕES IONIZANTES

a) extração e beneficiamento de minerais radioativos;

b) atividades em minerações com exposição ao radônio;

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53

c) realização de manutenção e supervisão em unidades de

extração, tratamento e beneficiamento de minerais radioativos

com exposição às radiações ionizantes;

d) operações com reatores nucleares ou com fontes radioativas;

e) trabalhos realizados com exposição aos raios Alfa, Beta,

Gama e X, aos nêutrons e às substâncias radioativas para fins

industriais, terapêuticos e diagnósticos;

f) fabricação e manipulação de produtos radioativos;

g) pesquisas e estudos com radiações ionizantes em

laboratórios.

2.0.4 TEMPERATURAS ANORMAIS

a) trabalhos com exposição ao calor acima dos limites de

tolerância estabelecidos na NR-15, da Portaria no 3.214/78.

2.0.5 PRESSÃO ATMOSFÉRICA ANORMAL

a) trabalhos em caixões ou câmaras hiperbáricas;

b) trabalhos em tubulões ou túneis sob ar comprimido;

c) operações de mergulho com o uso de escafandros ou outros

equipamentos .

Essa nova lista foi mais restrita, pois desconsiderou o frio, a umidade,

radiações não ionizantes e a eletricidade, e o termo “trepidações” foi trocado por

“vibrações”.

Segundo Bramante, quanto aos agentes nocivos excluídos dessa nova lista,

isso não significa que não podem ser considerados como especiais, diante do

caráter exemplificativo do decreto e não taxativo. A solução é usar as Normas

Regulamentadoras da legislação trabalhista, as quais podem e devem servir de

embasamento para o enquadramento da atividade especial.38

Trataremos no presente trabalho, apenas sobre os principais agentes físicos.

38

LADENTHIN, Adriane Bramante de Casto. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. 2 ed., p 41.

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54

a) Ruído

O ruído é o principal agente físico, sendo o mais comum na prática

previdenciária no que se refere à aposentadoria especial.39

O barulho e o ruído são considerados sons desagradáveis, que incomodam e

podem causar danos à audição, segundo a higiene ocupacional.

Saliba destaca que, do ponto de vista da Higiene do Trabalho, ruído é o

fenômeno vibratório com características indefinidas de variações de pressão (no

caso do ar) em função da frequência, isto é, para uma dada frequência, podem

existir em forma aleatória através do tempo, variações de diferentes pressões40.

A nocividade referente ao ruído se dá em razão da pressão sonora exercida

em diversas frequências sobre o tímpano, ao adentrar o canal auditivo, pois causa

perda progressiva de sensibilidade.41

A exposição frequente a ruído pode causar uma doença conhecida como

Perda Auditiva de Ruído – PAIR, que é irreversível. Em decorrência disso, o

individuo que se encontra nessas condições vai ter como consequência a perda da

capacidade auditiva, além de sofrer influências como estresse, ansiedade, dentre

outros, que irão refletir no relacionamento interpessoal dele no trabalho, família e

outros.

Para efeito da legislação previdenciária interessam os seguintes conceitos:

- Ruído permanente: ruído que se repete no decorrer da jornada de

trabalho, não sendo eventual ou fortuito, mas constante.

- Ruído não ocasional: ruído frequente e usual.

- Ruído intermitente: ruído que apresenta interrupções ou suspensões;

sendo não contínuo.

- Ruído habitual: ruído que se sucede frequentemente, usual.

- Ruído eventual: ruído casual, incerto, fortuito.

- Ruído contínuo: ruído que se repete de forma contínua no decorrer da

jornada de trabalho.42

39

CHAMON, Omar. Direito Previdenciário. Niterói, 2012, p. 100. 40

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. 2ª ed. P. 243. 41

Manual da atividade especial. Procuradoria Federal Especializada. Abril de 2012, p. 37. 42

RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial. 4 ed., p. 225-226.

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55

Desde o Decreto 53.831/64 há previsão para o reconhecimento de período

especial com exposição a ruído, e conforme surgiram novas leis e decretos acerca

desse assunto, houve alterações nos níveis de ruído.

De acordo com a tabela das datas limite para aplicação de cada decreto,

conforme entra em vigor outra norma, deve-se observar o nível de ruído informado

em cada decreto. Para que o período seja considerado como especial, não basta

apenas a exposição ao agente insalubre ruído, mas principalmente que sua

dosimetria esteja dentro dos ditames previstos na legislação vigente à época do

trabalho.

A medição para se apurar os níveis de ruído, devem ser feitas em decibéis,

com instrumento de medição de nível de pressão sonora. Porém, os especialistas

afirmam que não é possível, na prática, afirmar que houve exposição a um

determinado nível de ruído durante toda a jornada de trabalho, visto que esses

níveis variam, e o resultado da medição consiste em uma média de todos os níveis

em que o trabalhador esteve exposto durante o dia de trabalho.

b) Frio

A exposição ao frio atinge aqueles trabalhadores que exercem sua atividade

profissional em câmaras frigoríficas e fabricação de gelo, e nos trabalhos que

realizam transporte de materiais do exterior para o interior dessas câmaras/setores e

vice-versa, com baixas temperaturas (inferiores a 12ºC), excluídos os trabalhos

executados sob ação do frio proveniente de fonte natural ou climática43.

Esse agente está previsto também na legislação trabalhista, no anexo 9 da

NR 15 e no art. 253 da CLT, nos seguintes termos:

Para os segurados que trabalham no interior de câmaras frigoríficas, e para

os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio

e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho

contínuo, será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso,

computado esse intervalo como de trabalho efetivo.

43

Manual de atividade especial. Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS. Abril de 2012, p. 30.

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56

c) Radiação não ionizante

ANEXO 7

RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES

1. Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes as micro-ondas,

ultravioletas e laser.

2. As operações ou atividades que exponham os trabalhadores à radiações não

ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em

decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.

3. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às radiações da luz

negra (ultravioleta na faixa – 400-320 nanômetros) não serão consideradas

insalubres.

As radiações não ionizantes são ondas de baixa frequência e podem ser

encontradas nos aparelhos de telefones celulares, computadores, fornos de micro-

ondas, lâmpadas solares, rádios etc. Em poucas quantidades não causam prejuízo à

saúde. No entanto, trabalhadores que se expõem a essas radiações

recorrentemente podem ter prejuízo à saúde ou à integridade física, permitindo a

concessão da aposentadoria especial, não só pela NR 15, como também pela

Súmula 198 do extinto TFR44.

d) Eletricidade

O Decreto 53.831/64 é quem trouxe o enquadramento pela exposição a

energia elétrica, com tensão acima de 250 volts, sendo validado por outros decretos

que sobrevieram posteriormente.

O Quadro Anexo do Decreto 53.831/64 apresenta no código 1.1.8 o trabalho

exercido em “operações em locais com eletricidade em condições de perigo de vida

– trabalhos permanentes em instalações ou equipamentos elétricos – eletricistas,

cabistas, montadores e outros”.

Além disso, o art. 193, da CLT preceitua:

44

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. 2ed., p. 47.

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57

São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da

regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego,

aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem

riscos acentuado em virtude de exposição permanente do

trabalhador a: inflamáveis, explosivos ou energia elétrica. (Redação

trazida pela Lei 12.740/12)

2.3.2 Agentes químicos

São aqueles que podem causar danos à saúde ou integridade física em

decorrência da sua concentração, manifestados por névoas, poeira, fumos, gases,

vapores de substâncias absorvidos por via respiratória ou outra.

Vendrame, engenheiro do trabalho, esclarece que a contaminação pode

ocorrer por inalação, absorção cutânea e ingestão, sendo a inalação a principal

delas45.

Os agentes químicos sofreram mudanças na lista dos primeiros decretos

comparando com a que se aplica hoje.

No Decreto 53.831/64, os agentes eram mais amplos, pois apenas o mero

manuseio do agente ou sua presença no ambiente de trabalho, já ensejava o

reconhecimento do período como especial.

Quadro 4 – DECRETO 53.831/64

1.2.0 QUÍMICOS

1.2.1 ARSÊNICO I - Extração. Insalubre 20

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações com

arsênico e seus

compostos.

II - Fabricação de

seus compostos e

derivados - Tintas,

parasiticidas e

inseticidas etc.

Insalubre 20

anos

III - Emprego de

derivados

arsenicais -

Pintura,

Insalubre 25

anos

45

VENDRAME, Antonio Carlos. Agentes químicos: reconhecimento, avaliação e controle na higiene ocupacional. P. 2.

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58

galvanotécnica,

depilação,

empalhamento,

etc.

1.2.2 BERÍLIO Trabalhos

permanentes

expostos a poeiras

e fumos -

Fundição de ligas

metálicas.

Insalubre 25

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações com

berílio e seus

compostos.

1.2.3 CÁDMIO Trabalhos

permanentes

expostos a poeiras

e fumos -

Fundição de ligas

metálicas.

Insalubre 25

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações com

cádmio e seus

compostos.

1.2.4 CHUMBO I - Fundição,

refino, moldagens,

trefiliação e

laminação.

Insalubre 20

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações com

chumbo, seus sais

e ligas.

II - Fabricação de

artefatos e de

produtos de

chumbo - baterias,

acumuladores,

tintas e etc.

25

anos

III - Limpeza,

raspagens e

demais trabalhos

em tanques de

gasolina contendo

chumbo, tetra etil,

polimento e

acabamento de

ligas de chumbo

etc.

25

anos

IV - Soldagem e

dessoldagem com

ligas à base de

chumbo,

25

anos

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59

vulcanização da

borracha,

tinturaria,

estamparia,

pintura e outros.

1.2.5 CROMO Trabalhos

permanentes

expostos ao tóxico

- Fabricação,

tanagem de

couros, cromagem

eletrolítica de

metais e outras.

Insalubre 25

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações com

cromo e seus sais.

1.2.6 FÓSFORO I - Extração e

depuração do

fósforo branco e

seus compostos.

Insalubre 20

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações com

fósforo e seus

compostos.

II - Fabricação de

produtos

fosforados

asfixiantes,

tóxicos,

incendiários ou

explosivos.

Insalubre

Perigoso

III - Emprego de

líquidos, pastas,

pós e gases à

base de fósforo

branco para

destruição de ratos

e parasitas.

Insalubre 25

anos

1.2.7 MANGANÊS Trabalhos

permanentes

expostos à poeiras

ou fumos do

manganês e

seus compostos

(bióxido) -

Metalurgia,

cerâmica, indústria

Insalubre 25

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62. Operações com o

manganês.

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60

de vidros e outras.

1.2.8 MERCÚRIO I - Extração e

tratamento de

amálgamas e

compostos -

Cloreto e fulminato

de Hg.

Insalubre 20

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações com

mercúrio, seus

sais e amálgamas.

Perigoso

II - Emprego de

amálgama e

derivados,

galvanoplastia,

estanhagem e

outros.

Insalubre 25

anos

1.2.9 OUTROS

TÓXICOS

INOGÂNICOS

Trabalhos

permanentes

expostos às

poeiras, gazes,

vapores, neblina e

fumos de outros

metais, metalóide

halogenos e seus

eletrólitos tóxicos -

ácidos, base e sais

- Relação das

substâncias

nocivas publicadas

no

Regulamento Tipo

de Segurança da

O.I.T.

Insalubre 25

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações com

outros tóxicos

inogârnicos

capazes de

fazerem mal à

saúde.

1.2.10 POEIRAS

MINERAIS

NOCIVAS

I - Trabalhos

permanentes no

subsolo em

operações de

corte, furação,

desmonte e

carregamento nas

frentes de

trabalho.

Insalubre 15

anos

Jornada normal

especial fixada em

Lei. Arts. 187 e 293

da

Portaria Ministerial

262, de 5-1-60: 49 e

31, de 25-3-60: e 6-8-

62.

Operações

industriais com

despreendimento

de poeiras

capazes de

Perigoso

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61

fazerem mal à

saúde - Silica,

carvão, cimento,

asbesto e talco.

II - Trabalhos

permanentes em

locais de subsolo

afastados das

frentes de

trabalho, galerias,

rampas, poços,

depósitos, etc ...

Insalubre 20

anos

Penoso

III - Trabalhos

permanentes a

céu aberto. Corte,

furação,

desmonte,

carregamento,

britagem,

classificação,

carga e descarga

de silos,

transportadores de

correias e

teleférreos,

moagem,

calcinação,

ensacamento e

outras.

Insalubre 25

anos

1.2.11 TÓXICOS

ORGÂNICOS

Trabalhos

permanentes

expostos às

poereiras: gases,

vapores, neblinas

e fumos de

derivados do

carbono

constantes da

Relação

Internancional das

Insalubre 25

anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-

8-62.

Operações

executadas com

derivados tóxicos

do carbono -

Nomenclatura

Internacional.

I -

Hidrocarbonetos

(ano, eno, ino)

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62

II - Ácidos

carboxílicos (oico)

Substâncias

Nocivas publicada

no Regulamento

Tipo de Segurança

da O.I.T - Tais

como: cloreto de

metila, tetracloreto

de carbono,

tricoloroetileno,

clorofórmio,

bromureto de

netila,

nitrobenzeno,

gasolina, alcoois,

acetona, acetatos,

pentano, metano,

hexano, sulfureto

de carbono, etc.

III - Alcoois (ol)

IV - Aldehydos (al)

V - Cetona (ona)

VI - Esteres (com

sais em ato - ilia)

VII - Éteres

(óxidos - oxi)

VIII - Amidas –

amidos

IX - Aminas –

aminas

X - Nitrilas e

isonitrilas (nitrilas

e carbilaminas)

XI - Compostos

organo - metálicos

halogenados,

metalódicos

halogenados,

metalóidicos e

nitrados.

O Decreto seguinte, 83.080/79, também apresentou uma gama de agentes

químicos, ampliando a lista do decreto anterior, e tornando a nova lista mais restrita,

não bastando apenas o manuseio com o produto químico, mas também a exposição

ao agente químico durante o processo de fabricação da matéria-prima.

Posteriormente, o decreto 3.048/99, no Anexo IV, reaproveitou o Anexo I do

decreto 83.080/79 como parâmetro para a confecção da sua nova lista.

Em que pese o Decreto 3.048/99 determinar a nocividade do agente químico

apenas quando ultrapassa o limite de tolerância, não há esse limite especificado no

anexo, permitindo uma análise mais subjetiva da insalubridade.

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63

2.3.3 Agentes biológicos

Weintraub e Berbel definem os agentes biológicos como um organismo, que

pode provocar modificações no regular funcionamento de um outro organismo.

Entendem que para configurar a nocividade, o agente tem que ser infeccioso46.

De acordo com a legislação previdenciária, são considerados agentes

biológicos: bactérias, fungos, parasitas, helmintos, protozoários, vírus, bacilos,

vermes etc. 47

O Decreto 53.831/64 trazia o enquadramento para os profissionais da saúde

que estavam expostos aos agentes biológicos, independente de qual fosse a função

ou estabelecimento. Vejamos o que diz o decreto:

Quadro 5 – DECRETO 53.831/64

1.3.0 BIOLÓGICOS – DATA LIMITE 05.03.1997

1.3.1

CARBÚNCULO,

BRUCELA MORNO E

TÉTANO

Trabalhos

permanentes

expostos ao

contato direto com

germes infecciosos

- Assistência

Veterinária,

serviços em

matadouros,

cavalariças e

outros.

Insalubre 25 anos

Jornada normal. Art.

187 CLT. Portaria

Ministerial 262, de 6-8-

62.

Operações industriais

com animais ou

produtos oriundos de

animais infectados.

1.3.2

GERMES

INFECCIOSOS OU

PARASITÁRIOS

HUMANOS –

ANIMAIS

Trabalhos

permanentes

expostos ao

contato com

doentes ou

materiais infecto-

Insalubre 25 anos

Jornada normal ou

especial fixada em Lei.

Lei nº 3.999, de 15-12-

61. Art. 187 CLT.

Portaria Ministerial 262,

de 6-8-62.

Serviços de

Assistência Médica,

Odontológica e

Hospitalar em que

contagiantes -

assistência

médico,

odontológica,

46

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. 2 ed., p. 65. 47

Manual da atividade especial. Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS. Abril de 2012, p. 48.

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64

haja contato

obrigatório com

organismos doentes

ou com materiais

infecto-contagiantes.

hospitalar e outras

atividades afins.

O Decreto 83.080/79 também permitiu o enquadramento pela exposição aos

agentes biológicos, porém de uma forma mais restrita.

Quadro 6 – DECRETO 83.080/79

1.3.0 BIOLÓGICOS

1.3.1

CARBÚNCULO

BRUCELA, MORMO,

TUBERCULOSE E

TÉTANO

Trabalhos permanentes em que haja

contato com produtos de animais

infectados.

25 anos

Trabalhos permanentes em que haja

contados com carnes, vísceras,

glândulas, sangue, ossos, pelos

dejeções de animais infectados

(atividades discriminadas entre as do

código 2.1.3 do Anexo II: médicos,

veterinários, enfermeiros e técnicos de

laboratório).

ANIMAIS DOENTES E

MATERIAIS INFECTO

CONTAGIANTES

Trabalhos permanentes expostos ao

contato com animais doentes ou

materiais infecto-contagiantes

(atividades discriminadas entre as do

código 2.1.3 do Anexo II: médicos,

veterinários, enfermeiros e técnicos de

laboratório).

1.3.3

PREPARAÇÃO DE

SOROS, VACINAS, E

OUTROS PRODUTOS

Trabalhos permanentes em

laboratórios com animais destinados ao

preparo de soro, vacinas e outros

produtos (atividades discriminadas

entre as do código 2.1.3 do Anexo II:

médicos-laboratoristas, técnicos de

laboratórios, biologistas).

25 anos

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65

1.3.4

DOENTES OU

MATERIAIS INFECTO-

CONTAGIANTES

Trabalhos em que haja contato

permanente com doentes ou materiais

infecto-contagiantes (atividades

discriminadas entre as do código 2.1.3

do Anexo II: médicos-laboratoristas

(patologistas), técnicos de laboratório,

dentistas, enfermeiros).

25 anos

1.3.5 GERMES

Trabalhos nos gabinetes de autópsia,

de anatomia e anátomo-histopatologia

(atividades discriminadas entre as do

código 2.1.3 do Anexo II: médicos-

toxicologistas, técnicos de laboratório

de anatomopatologia ou histopatologia,

técnicos de laboratório de gabinetes de

necropsia, técnicos de anatomia).

25 anos

Assim como aplicado para os demais agentes nocivos, os agentes biológicos

previstos nos Decretos supramencionados tem como data limite 05.03.1997, em

decorrência da revogação do Decreto 2.172/97.

A grande alteração no que se refere aos agentes biológicos ocorreu com a

publicação do Decreto 3.048/99 – Anexo IV, onde a Previdência Social definiu

taxativamente, as atividades por exposição a esses agentes, delimitando que a

exposição se daria unicamente nas atividades relacionadas na relação do anexo,

descumprindo o previsto na NR 15, Anexo 14.

Assim, os agentes biológicos aceitos pelo INSS, são apenas aqueles

exercidos em estabelecimento de saúde e em contato com pacientes com doenças

ou materiais infectocontagiosos.

A Instrução Normativa INSS/PRES 45/10 foi ainda mais rígida ao permitir o

enquadramento apenas àqueles profissionais da saúde que trabalhavam em

estabelecimento de saúde, segregados das demais áreas ou ambulatórios

específicos ou aos que manuseavam materiais contaminados provenientes dessas

áreas.

Entretanto, a NR 15 determinou a insalubridade em grau médio em outras

circunstâncias de exposição a agentes biológicos, como:

- hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de

vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde

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66

humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os

pacientes, bem como aos que manuseavam objetos de uso desses

pacientes, não previamente esterilizados;

- hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos

destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao

pessoal que tenha contato com tais animais);

- contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro,

vacinas e outros produtos;

- laboratórios de análise clinica e histopatologia (aplica-se tão só ao pessoal

técnico);

- gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se

somente ao pessoal técnico);

- cemitérios (exumação de corpos);

- estábulos e cavalariças;

- resíduos e animais deteriorados48

.

Diante disso, percebe-se que o conflito entre o anexo IV e a NR 15 é clara,

porém, deve prevalecer a NR 15, autorizada pela Lei 9.732/98, que deu nova

redação ao art. 58, § 1º da Lei 8.213/91.

Portanto, para ter reconhecido o período como especial por exposição a

agentes biológicos, apenas a existência do agente biológico não é suficiente, uma

vez que é necessário provar que a exposição pode causar prejuízo à saúde, não

sendo exigível que a exposição ocorra em toda a jornada de trabalho, mas que a

permanência possa causar contaminação e prejuízo à saúde do segurado.

2.3.4 Do enquadramento por atividade profissional

O enquadramento por função foi trazido pelo caput do art. 57 da Lei 8.213/91.

Para obter o enquadramento pela função, não precisava comprovar exposição

aos agentes nocivos, mas apenas a categoria profissional elencada na lei, que teria

a presunção de nocividade.

Assim, a comprovação da atividade profissional deveria esta indicada

corretamente na carteira de trabalho do segurado, para instruir futuro pedido de

aposentadoria, bastando essa prova para a caracterização do tempo especial,

segundo preceituado no Decreto 63.230/62.

48

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. 2 ed., p. 69.

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67

O Decreto 53.831/64 traz a lista das ocupações passíveis de enquadramento,

que seguem abaixo.

Quadro 7 – DECRET0 53.831/64

2.0.0 OCUPAÇÕES – DATA LIMITE PARA ENQUADRAMENTO: 28.04.1995

2.1.0 LIBERAIS, TÉCNICOS, ASSEMELHADAS

2.1.1 ENGENHARIA

Engenheiros de

Construção Civil, de

minas, de metalurgia,

Eletricistas.

Insalubre 25

anos

Jornada normal ou

especial fixada em

Lei. Decreto nº

46.131 (*), de 3-6-59.

2.1.2 QUÍMICA

Químicos,

Toxicologistas,

Podologistas.

Insalubre 25

anos

Jornada normal ou

especial fixada em

Lei. Decreto nº

48.285 (*), de 1960.

2.1.3

MEDICINA,

ODONTOLOGIA,

ENFERMAGEM

Médicos, Dentistas,

Enfermeiros. Insalubre

25

anos

Jornada normal ou

especial fixada em

Lei. Decreto nº

43.185 (*), de 6-2-58.

2.1.4 MAGISTÉRIO Professores. Penoso 25

anos

Jornada normal ou

especial fixada em

Lei Estadual, GB,

286; RJ, 1.870, de

25-4. Art. 318, da

Consolidação das

Leis do Trabalho.

2.2.0 AGRÍCOLAS, FLORESTAIS, AQUÁTICAS

2.2.1 AGRICULTURA Trabalhadores na

agropecuária. Insalubre

25

anos Jornada normal.

2.2.2 CAÇA Trabalhadores

florestais, caçadores. Perigoso

25

anos Jornada normal.

2.2.3

PESCA Pescadores Perigoso 25

anos Jornada normal.

2.3.0 PERFURAÇÃO, CONSTRUÇÃO CIVIL. ASSEMELHADOS

2.3.1 ESCAVAÇÕES DE

SUPERFÍCIE - POÇOS

Trabalhadores em

túneis e galerias.

Insalubre 20

anos

Jornada normal ou

especial, fixada em

Lei. Artigo 295. CLT

Perigoso

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68

2.3.2 ESCAVAÇÕES DE

SUBSOLO – TÚNEIS

Trabalhadores em

escavações à céu

aberto.

Insalubre 25

anos Jornada normal.

2.3.3 EDIFÍCIOS, BARRAGENS,

PONTES

Trabalhadores em

edifícios, barragens,

pontes, torres.

Perigoso 25

anos Jornada normal.

2.4.0 TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

2.4.1 TRANSPORTES AÉREO

Aeronautas,

Aeroviários de

serviços de pista e de

oficinas, de

manutenção, de

conservação, de

carga e descarga, de

recepção e de

despacho de

aeronaves.

Perigoso 25

anos

Jornada normal ou

especial, fixada em

Lei. Lei nº 3.501, (*)

de 21-12-58; Lei nº

2.573, (*) de 15-8-55;

Decretos nºs

50.660 (*), de 26-6-

61 e 1.232, de 22-6-

62.

2.4.2 TRANSPORTES MARÍTIMO,

FLUVIAL E LACUSTRE

Marítimos de convés

de máquinas, de

câmara e de saúde -

Operários de

construção e reparos

navais.

Insalubre 25

anos

Jornada normal ou

especial fixada em

Lei. Art. 243 CLT.

Decretos nº 52.475

(*). de 13-9-63;

52.700 (*) de 18-10-

63 e 53.514 (*), de

30-1-64.

2.4.3 TRANSPORTES

FERROVIÁRIO

Maquinistas, Guarda-

freios, trabalhadores

da via permanente.

Insalubre 25

anos

Jornada normal ou

especial fixada em

Lei. Artigo 238, CLT.

2.4.4 TRANSPORTES

RODOVIÁRIO

Motorneiros e

condutores de

bondes.

Penoso 25

anos Jornada normal.

Motoristas e

cobradores de ônibus.

Motoristas e

ajudantes de

caminhão.

2.4.5 TELEGRAFIA, TELEFONIA,

RÁDIO COMUNICAÇÃO.

Telegrafista,

telefonista, rádio

operadores de

Insalubre 25

anos

Jornada normal ou

especial, fixada em

Lei. Artigo 227 da

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69

telecomunicações. CLT.

Portaria Ministerial

20, de 6-8-62.

2.5.0 ARTESANATO E OUTRAS OCUPAÇÕES QUALIFICADAS

2.5.1 LAVANDERIA E

TINTURARIA

Lavadores,

passadores,

calandristas,

tintureiros.

Insalubre 25

anos Jornada normal.

2.5.2

FUNDIÇÃO, COZIMENTO,

LAMINAÇÃO,

TREFILAÇÃO, MOLDAGEM

Trabalhadores nas

indústrias

metalúrgicas, de

vidro, de cerâmica e

de plásticos-

fundidores,

laminadores,

moldadores,

trefiladores,

forjadores.

Insalubre 25

anos Jornada normal.

2.5.3

SOLDAGEM,

GALVANIZAÇÃO,

CALDERARIA

Trabalhadores nas

indústrias

metalúrgicas, de

vidro, de cerâmica e

de plásticos -

soldadores,

galvanizadores,

chapeadores,

caldeireiros.

Insalubre 25

anos Jornada normal.

2.5.4 PINTURA Pintores de Pistola. Insalubre 25

anos Jornada normal.

2.5.5

COMPOSIÇÃO

TIPOGRÁFICA E

MACÂNICA, LINOTIPIA,

ESTEREOTIPIA,

ELETROTIPIA, LITOGRAFIA

E OFF-SETT,

FOTOGRAVURA,

ROTOGRAVURA E

GRAVURA,

ENCADERNAÇÃO E

IMPRESSÃO EM GERAL.

Trabalhadores

permanentes nas

indústrias poligráficas:

Linotipistas,

monotipistas,

tipográficas,

impressores,

margeadores,

montadores,

compositores,

pautadores,

Insalubre 25

anos Jornada normal.

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70

gravadores,

granitadores,

galvanotipistas,

frezadores, titulistas.

2.5.6 ESTIVA E

ARMAZENAMENTO.

Estivadores,

Arrumadores,

Trabalhadores de

capatazia,

Consertadores,

Conferentes.

Perigoso 25

anos

Jornada normal ou

especial, fixada em

Lei. Art. 278, CLT;

item VII quadro II, do

Art. 65 do Decreto

48.959-A (*), de 29-9-

60.

2.5.7 EXTINÇÃO DE FOGO,

GUARDA.

Bombeiros,

Investigadores,

Guardas

Perigoso 25

anos Jornada normal.

Além das ocupações supracitadas, o Decreto 83.080/79 também apresentou

uma lista com as ocupações profissionais, completando o decreto anterior

mencionado.

Porém, com a publicação da Lei 9.032/95, o enquadramento por categoria

profissional foi extinto, sendo necessário, a partir de então, comprovar a exposição

aos agentes nocivos físicos, químicos e biológicos, associação de agentes.

Cabe frisar, que as atividades profissionais não deixaram de ser reconhecidas

como especiais, apenas perderam a presunção absoluta de haver agentes

agressivos implícitos no exercício da atividade.

2.3.5 Associação de agentes

A expressão “associação de agentes” tem origem na Lei 8.213/91, com

alteração trazida pela Lei 9.032/95, para caracterizar uma atividade especial quando

houver exposição a mais de um agente nocivo, seja físico, químico ou biológico

concomitantemente.

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71

O Decreto 3.048/99 inicialmente estabeleceu que a associação de agentes se

daria pela exposição aos agentes combinados exclusivamente nas atividades

especificadas abaixo, sendo consideradas especiais por presunção.49

Quadro 8 – DECRETO 3.048/99

4.0.1

FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

20 ANOS a) mineração subterrânea cujas atividades sejam exercidas

afastadas das frentes de produção.

4.0.2

FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

15 ANOS a) trabalhos em atividades permanentes no subsolo de minerações

subterrâneas em frente de produção.

O enquadramento por exposição à associação de agentes foi redefinido pelo

Decreto 4.882/03, que alterou o decreto acima mencionado, e determinou que só

seria possível o enquadramento nessas situações quando os agentes nocivos

estivessem acima dos limites de tolerância e ao que exigir menor tempo de

exposição.

49

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial: Teoria e Prática. 2 ed., p. 98.

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72

3 A APOSENTADORIA ESPECIAL NOS DIAS DE HOJE

3.1 Requisitos necessários à concessão da Aposentadoria Especial

A aposentadoria especial está atualmente regulamentada no art. 57 da Lei

8.213/91 combinado com o art. 201 da Constituição Federal.

Dispõe o art. 57:

A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida

nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais

que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20

(vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.50

Conforme se depreende do texto legal supracitado, existem três modalidades

de aposentadoria especial.

A aposentadoria de 15 anos é exclusiva aos mineiros que trabalham

permanentemente no subsolo de empresas de mineração, em que os agentes

nocivos correspondem a uma associação de agentes físicos, químicos e biológicos.

Por haver exposição a variados tipos de agentes agressivos, a ideia em exigir

menos tempo de contribuição é devido ao prejuízo que esse conjunto de agentes

causa a saúde e integridade física do trabalhador.

Esse tipo de prestação está prevista no Anexo IV do Decreto 3.048/99.

Quadro 9 – DECRETO 3.048/99

4.0.2

FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

15 ANOS a) trabalhos em atividades permanentes no subsolo de minerações

subterrâneas em frente de produção.

A aposentadoria concedida aos 20 anos de contribuição é para os

trabalhadores expostos a asbestos e os mineiros que trabalham nas rampas de

superfície, distantes das frentes de trabalho, segundo disposto no Anexo IV, do

mesmo decreto.

50

Lei 8.213/91, art. 57.

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73

Quadro 10 – DECRETO 3.048/99

1.0.2

ASBESTOS

20 ANOS

a) extração, processamento e manipulação de rochas amiantíferas;

b) fabricação de guarnições para freios, embreagens e materiais

isolantes contendo asbestos;

c) fabricação de produtos de fibrocimento;

d) mistura, cardagem, fiação e tecelagem de fibras de asbestos.

4.0.1

FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

a) mineração subterrânea cujas atividades sejam exercidas

afastadas das frentes de produção.

20 ANOS

Todos os demais agentes agressivos fazem jus a aposentadoria especial aos

25 anos, ou seja, essa é a modalidade de aposentadoria especial mais comum.

Acerca da carência, que é o numero mínimo de contribuições

mensais indispensáveis para a concessão do beneficio, define o art. 24 da Lei

8.213/91, que são necessárias 180 contribuições.

Aplica-se a regra de transição do art. 142 da lei supracitada, aos segurados

inscritos na Previdência Social antes da publicação desta lei, ocorrida em

24.07.1991. A tabela de transição foi extinta em 2011, pois foi alcançada as180

contribuições mensais exigidas pela lei em comento. Porém, não nos

aprofundaremos neste assunto no presente trabalho.

Além disso, é imprescindível comprovar a exposição aos agentes nocivos

para fazer jus à aposentadoria especial.

Conforme já mencionado em capitulo anterior, os agentes agressivos estão

previstos nos anexos dos decretos principais, são eles: Anexo do Decreto 54.831/64,

Anexo I e II do Decreto 83.080/79, Anexo IV do Decreto 2.172/97 e Anexo IV do

Decreto 3.048/99. Lembrando que para a aplicação dos decretos é necessário

respeitar as datas limites de vigência de cada decreto, também já comentada no

presente trabalho.

A lista dos agentes nocivos previstas nos referidos decretos é meramente

exemplificativa, conforme Súmula 198 do extinto Tribunal Federal de Recursos e

jurisprudência dominante que diz o seguinte:

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“Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoria especial se pericia judicial

constata que a atividade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo

não inscrita em Regulamento”.51

Portanto, caso o segurado tenha trabalho exposto a condições ambientais

insalubres, perigosas ou penosas, este período deve ser reconhecido também como

especial.

Resumindo, atualmente, para fazer jus à aposentadoria especial é necessário

ter ficado exposto durante 15, 20 ou 25 anos a agentes agressivos, contando com

180 contribuições mensais, em caráter de carência, e comprovar a exposição aos

agentes nocivos, prejudiciais à saúde ou a integridade física.

3.2 Da exposição aos agentes nocivos

A exposição aos agentes nocivos é imprescindível para a obtenção do

benefício de aposentadoria especial. Podemos dizer que este é o requisito primordial

e o que o diferencia das demais prestações previdenciárias.

Nos dias atuais, o enquadramento dos períodos laborados em condições

prejudiciais à saúde ou a integridade física é feito com base nos anexos dos

Decretos 53.831/64, 83.080/70, 2.172/97 e 3.048/99. Porém, importante ressaltar

que para aplicação desses artigos devem respeitadas as datas limites de vigência

de cada decreto. Vejamos:

Tabela 3 – DATA LIMITE DE VIGÊNCIA DOS DECRETOS

ATÉ 28.04.1995 DE 28.04.1995 A

05.03.1997

DE 06.03.1997 A

06.05.1999

DE 07.05.1000

ATÉ HOJE

- Físicos

- Químicos

- Biológicos

- Categoria

profissional

- Físicos

- Químicos

- Biológicos

Decretos 53.831/64

e 83.080/79

- Físicos

- Químicos

- Biológicos

Decreto

2.172/87

- Físicos

- Químicos

- Biológicos

Decreto 3.048/99

51

Súmula 198 do extinto Tribunal Federal de Recursos.

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A corroborar com o exposto, a Portaria INSS/PRES nº 20, de 10 de outubro

de 2007 reza sobre as datas limites permitidas para o enquadramento dos períodos

com ruído acima de 80 dB:

“Art. 180. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo à aposentadoria

especial quando os níveis de pressão sonora estiverem acima de oitenta

dB (A), noventa dB (A) ou oitenta e cinco dB (A), conforme o caso,

observado o seguinte (grifo nosso):

I - até 5 de março de 1997, será efetuado o enquadramento quando a

exposição for superior a oitenta dB(A), devendo ser informados os valores

medidos; (Alterado pela INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 27, DE

30 DE ABRIL DE 2008 - DOU DE 02/05/2008) – grifo nosso.

II - a partir de 6 de março de 1997 e até 10 de outubro de 2001, será

efetuado o enquadramento quando a exposição for superior a noventa

dB(A), devendo ser informados os valores medidos; (Alterado pela

INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 27, DE 30 DE ABRIL DE 2008 -

DOU DE 02/05/2008)

III - a partir de 11 de outubro de 2001 e até 18 de novembro de 2003, será

efetuado o enquadramento quando a exposição for superior a noventa

dB(A), devendo ser anexado o histograma ou memória de cálculos;

(Alterado pela INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 27, DE 30 DE

ABRIL DE 2008 - DOU DE 02/05/2008)

Além disso, há decisão pacificada do STJ acerca do assunto:

EMENTA:

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL.

APOSENTADORIA. RUÍDOS SUPERIORES A 80 DECIBÉIS ATÉ A

EDIÇÃO DO DECRETO 2.171/97. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO

RETROATIVA DA NORMA.

1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou orientação

de que é tida por especial a atividade exercida com exposição a ruídos

superiores a 80 decibéis até a edição do Decreto 2.171/1997. Após essa

data, o nível de ruído considerado prejudicial é o superior a 90

decibéis. Com a entrada em vigor do Decreto 4.882, em 18.11.2003, o

limite de tolerância ao agente físico ruído foi reduzido para 85 decibéis.

2. No entanto, concluiu o Tribunal de origem ser possível a conversão de

tempo de serviço especial em comum, após o Decreto 2.172/1997, mesmo

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diante do nível de ruído inferior a 90 decibéis. Igualmente, levou em conta a

aplicação retroativa do Decreto 4.882/2003, por ser mais benéfico, de modo

a atentar para a atividade sujeita a ruídos superiores a 85 decibéis desde

6.3.1997, data do Decreto 2.172/1997.

3. Assim decidindo, contrariou o entendimento jurisprudencial do STJ de

não ser possível atribuir retroatividade à norma sem expressa previsão

legal, sob pena de ofensa ao disposto no art. 6º da LICC, notadamente

porque o tempo de serviço é regido pela legislação vigente à época em que

efetivamente prestado o labor. Precedentes do STJ.

4. Recurso Especial provido.

(Processo: REsp 1397783 / RS - Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN

(1132) - Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA - Data do Julgamento:

03/09/2013 - Data da Publicação: DJe 17/09/2013)

A data limite é utilizada para o enquadramento do período exposto a

nocividade, devendo ser aplicada a lista de agentes agressivos do respectivo anexo

do decreto em vigência à época.

Acerca do enquadramento pela categoria profissional, conforme consta na

tabela supra, este é possível até 28.04.1995, sendo necessário comprovar apenas a

função exercida, havendo a presunção absoluta de nocividade para estes casos

específicos.

Além dos agentes nocivos já mencionados, existem dois agentes previstos na

legislação previdenciária, porém pouco utilizados na prática, são os agentes

psicológicos e os ergonômicos.

Os agentes psicológicos estão previstos no Anexo II do Decreto 3.048/99, que

especifica os agentes ou fatores de risco de natureza ocupacional com a etiologia de

doenças profissionais e correlacionadas ao trabalho. O quadro desse anexo traz as

doenças possíveis que podem ser originadas por agentes nocivos, como o benzeno,

que afeta psicologicamente o trabalhador com transtornos mentais decorrentes de

lesão e disfunção cerebrais e de doença física, transtorno de personalidade e ainda

episódios depressivos e outros. A comprovação de exposição a agentes

psicológicos é muito difícil de ser aplicada na prática, pois quando o segurado passa

a ter problemas de saúde, normalmente é requerido um benefício por incapacidade,

e o fato gerador da doença costuma ser ignorado no âmbito previdenciário.

Sobre os agentes ergonômicos, o seu risco pode ser causado por trabalho

pesado, posturas incorretas, tensão no trabalho e o próprio estresse propriamente

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dito. A legislação trabalhista define parâmetros para os trabalhos prestados em

condições não ergonômicas – art. 198 e 199 da CLT.

Além disso, a própria Instrução Normativa do INSS – IN 77/15 determina a

informação no formulário previdenciário – PPP, sobre o agente ergonômico.

Deste modo, se comprovada a exposição aos agentes psicológicos e

ergonômicos, em regra, de acordo com a Súmula 198 do extinto TFR, é possível

obter o enquadramento por esses agentes. Importante frisar que na prática, não se

vê a aceitação desses agentes pela Autarquia Previdenciária.

3.3 Da prova documental

A prova documental será o meio utilizado para comprovar a exposição aos

agentes nocivos e seus limites, bem como ao ambiente e condições de trabalho a

qual o trabalhador estava sujeito no desempenho de suas funções.

Essas provas se dão através de documentos normalmente fornecidos pela

empresa, como os formulários de insalubridade, laudo técnico de condições

ambientais, entre outros. Além disso, existe a prova feita por perícia técnica, mais

utilizada na esfera judicial.

3.3.1 Do SB 40 e DSS8030

O primeiro formulário para comprovação da atividade especial foi o SB/40.

Esse formulário era bem simplificado, trazendo apenas três informações que

deveriam ser preenchidas pela empresa: descrever o local onde foi exercida a

atividade, indicar os agentes agressivos do local de trabalho e informar se a

exposição a esses agentes era de modo habitual e permanente.

Para esse formulário não era exigido que ele fosse feito com base no laudo

técnico, exceto para o ruído. Sua emissão teve vigência até a Medida Provisória

1.523/1996, convertida posteriormente na Lei 9.528/97, quando surgiu o DSS 8030.

Na prática, o SB-40 e o DSS 8030 tem as mesmas características e finalidade

que é comprovar o exercício de atividade especial.

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78

3.3.2 Do DIRBEN 8030

Em 2001, o DSS 8030 foi substituído pelo DIRBEN 8030, através da IN 42

com efeitos a partir de 29.04.1995.

O DIRBEN continha, obrigatoriamente, a descrição do local onde a atividade

era exercida, as atividades executadas pelo trabalhador, os agentes nocivos

presentes na jornada de trabalho, se a exposição aos agentes nocivos era habitual e

permanente e a conclusão do laudo técnico que o fundamentou, além de ter a

assinatura do responsável pela empresa, com sua identificação pessoal e indicação

de CGC (CNPJ) ou matricula da empresa no INSS.

O referido formulário era individualizado em relação ao segurado e à atividade

por ele exercida, o que obrigava os responsáveis pela sua emissão a preencher

tantos formulários quantas fossem as atividades exercidas pelo empregado, mesmo

que todas tivessem sido executadas no mesmo local e sob a incidência dos mesmos

agentes nocivos.52

Este formulário foi extinto a partir de 01.01.2004, quando criado o Perfil

Profissional Previdenciário – PPP, o qual vigora até hoje.

3.3.3 Do PPP

Este novo formulário consiste em um documento histórico-laboral do

trabalhador onde constam informações administrativas, registros ambientais e

resultados de monitoração biológica durante todo o período de trabalho exercido na

empresa.

O PPP deve estar amparado em laudo técnico de condições ambientais do

trabalho, sendo expedido por medico do trabalho ou engenheiro de segurança do

trabalho. O laudo técnico deve ser feito observando as Normas Reguladoras

editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e demais orientações emitidas pelo

Ministério da Previdência Social. É dispensada a apresentação do LTCAT quando

da apresentação do PPP, uma vez que as informações constantes no PPP estão

respaldadas no laudo técnico.

52

AMARO, Katia Helena Fernandes Simões. A análise da aposentadoria especial, com ênfase na prova do exercício de atividades sob condições especiais. PUC-São Paulo, 2012, p. 154. Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_arquivos/9/TDE-2012-07-11T05:55:43Z-12525/Publico/Katia%20Helena%20Fernandes%20Simoes%20Amaro.pdf

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Além disso, deve ser entregue ao trabalhador quando da rescisão do contrato

de trabalho ou quando solicitados para a concessão da aposentadoria especial, e

deve ser mantido na empresa por 20 anos.

Quadro 11 – DATA DE VIGÊNCIA DOS FORMULÁRIOS53

SB – 40 13.08.1979 a 15.09.1991

DSS 8030 13.10.1995 a 25.10.2000

DIRBEN 8030 26.10.2000 a 31.12.2003

PPP A partir de 01.01.2004

3.3.4 Do Laudo Técnico de condições ambientais – LTCAT

O laudo técnico é feito por médico ou engenheiro do trabalho, que relatam os

agentes nocivos existentes na empresa, se os mesmos estão acima dos limites de

tolerância, se a exposição do segurado é habitual e contínua e, ainda, informa sobre

a existência de tecnologia de proteção coletiva, de medidas de caráter administrativo

ou de organização do trabalho, ou de tecnologia de proteção individual, que elimine,

minimize ou controle a exposição a agentes nocivos aos limites de tolerância,

respeitando o estabelecido na legislação trabalhista. Se a exposição é eventual,

abaixo dos limites de tolerância ou excluída pelos equipamentos de proteção, não

haverá direito ao benefício.54

Cabe ressaltar que o laudo técnico apenas é exigido para períodos

posteriores a 29.04.1995, data da publicação da Lei nº 9.032/95, que trouxe a

obrigatoriedade do referido laudo. Antes da publicação desta lei, o laudo somente

poderá ser demandado para o agente nocivo ruído, visto que havia previsão legal

específica a respeito.

Segundo o ilustre Profº Fabio Zambitte, o marco exato para a exigência do

LTCAT é ainda controvertido, pois existem entendimento de que essa necessidade

somente foi exigida expressamente com a publicação da MP nº 1.523/96, que

alterou o § 1º do art. 58 da Lei 8.213/91. Assim, seguindo este entendimento, o

marco correto seria o da Lei nº 9.032/95, pois a comprovação de efetiva exposição

ao agente nocivo não poderia ser feito de outro modo. É situação análoga ao caso 53

Manual de atividade especial. Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS. Abril de 2012, p.13. 54

IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 14 ed., p. 635.

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do ruído: LTCAT é exigido desde sempre, mesmo sem qualquer previsão legal

expressa, pois não haveria como medir a intensidade do agente físico sem análise

técnica. Porém, o INSS tem pacificado a matéria de exigência do LTCAT somente

após a MP, conforme a Súmula 20 do Conselho de Recursos da Previdência

Social.55

3.3.5 Outros documentos – PPRA, PCMSO, PCMAT, PGR, PCA

A norma previdenciária transcrita na Instrução Normativa do INSS prevê a

prova do exercício de atividades especiais, no período entre 29.04.1995 a

13.10.1996 na esfera administrativa e a qualquer momento no processo judicial,

através de “demais demonstrações ambientais”, regulamentadas pela Portaria nº

3.214/79, do Ministério do Trabalho.

Deste modo, entende-se por “demais demonstrações ambientais”, outros

documentos que demonstrem as condições laborativas do trabalhador.

Entre esses documentos temos o PPRA – Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais, PCMAT – Programa das Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção, PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos, PCMSO –

Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, PCA – Programa de

Conversação Auditiva e Mapa dos Riscos Ambientais.

O PPRA foi criado a fim de preservar a saúde e integridade física dos

empregados, por meio de levantamento dos riscos existentes no ambiente laboral.

Este programa visa a criação de medidas preventivas, que controlam e neutralizam

a atuação dos agentes nocivos.

O PCMAT tem como objetivo a implantação de medidas de antecipação dos

riscos e seu controle na esfera nos estabelecimentos destinados à realização de

trabalhos especializados em engenharia e atividades de demolição, reparo, pintura,

limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou

tipo de construção, bem como manutenção de obras de urbanização e paisagismo,

superior a 20 funcionários. Este documento complementa o PPRA, porém, mais

focado para atividades da construção civil.

55

IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 14 ed., p. 635.

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O PGR é destinado especificamente à todos os trabalhos da indústria de

mineração, no qual visa:

Disciplinar os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de

trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da

atividade mineira com a busca permanente da segurança e saúde dos

trabalhadores.56

Assim como o programa supramencionado, este programa visa prevenir os

empregadores à exposição dos trabalhadores à riscos ocupacionais, mantendo-os

dentro dos limites estabelecidos pela lei.

O PCMSO também tem a intenção de proteger a saúde e integridade física

dos trabalhadores, tendo como diferencial o fato desse programa ser acompanhado

por um médico do trabalho, empregado ou contratado pela empresa empregadora,

destinado à avaliação de seus trabalhadores, desde a admissão até a demissão.

Deste modo, garante a realização de exames admissionais e demissionais, de

retorno ao trabalho, em casos de afastamento em decorrência de segurança do

trabalho, de alteração de função.

O PCA está inteiramente ligado à monitoração anual da exposição a pressão

sonora elevada. Este programa tem o dever de criar métodos de controle ou

diminuição da exposição dos trabalhadores, por meio de meios de engenharia. Além

disso, visa estabelecer os equipamentos de proteção individual mais adequados à

cada empregado, de modo a prevenir dos danos sofridos pelo nível elevado de

ruído.

3.4 Início do benefício, renda mensal inicial e cessação do benefício

A data do requerimento da aposentadoria especial (DER) será a data do

pedido feito junto ao INSS, enquanto que a data de inicio do beneficio (DIB) será

aquela seguinte à do desligamento, se requerida dentro de 90 dias, conforme

regulamentado para as demais espécies de aposentadoria.

Art. 49. A aposentadoria por idade será devida:

I – ao segurado empregado, inclusive o domestico, a partir:

56

NR 22, item 22.1.1.

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a) da data do desligamento do emprego, quando requerida até essa

data ou até 90 dias (noventa) dias depois dela; ou

b) da data do requerimento, quando não houver desligamento do

emprego ou quando for requerida após o prazo previsto na alínea “a”;

II – para os demais segurados, da data da entrada do

requerimento.57

A renda mensal do benefício é calculada atualmente, pela média aritmética

simples dos maiores salários de contribuição correspondente a 80% de todo o

período contributivo, de acordo com o instituído pela Lei 9.876/99.58

Para os filiados à Previdência Social antes de 26.11.1999, o período básico

de cálculo será feito a partir de 07/1994, o que significa dizer, que será computado

no cálculo apenas as contribuições vertidas a partir desta data.

Cabe ressaltar que se o período especial sofrer a conversão do art. 70 do

Decreto 3.048/99, a espécie requerida será a de aposentadoria por tempo de

contribuição, contando com períodos comuns e especiais, sendo aplicado o fator

correspondente à homem ou mulher, e assim terá a incidência do fator

previdenciário.

Em contrapartida para a concessão da espécie previdenciária de

aposentadoria especial, não há conversão de tempo, sendo aplicado fator 1,0, e sem

a incidência do fator previdenciário, o que consequentemente irá majorar a renda

mensal inicial.

Ademais, a aposentadoria especial quando concedida, tem o coeficiente de

100%, ou seja, a renda mensal inicial é calculada sobre 100% do salário de

benefício, resultando na integralidade da média dos salários de contribuição, sem

qualquer redutor.

O benefício em comento poderá ser cessado se o segurado continuar

trabalhando exposto a agentes nocivos prejudiciais à saúde ou a integridade física,

ou retornar ao trabalho nessas condições depois de aposentado. Neste caso, a

prestação será imediatamente cessada, e o segurado, poderá ter que devolver aos

cofres públicos o que recebeu a titulo de renda mensal decorrente da aposentadoria.

5757

Lei 8.213/91, art. 49. 58

CHAMON, Omar. Direito Previdenciário. Niterói, 2012, p. 100.

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3.5 O uso dos equipamentos de proteção individual – EPI

O equipamento de proteção individual é um instrumento colocado à

disposição do trabalhador visando evitar ou atenuar o risco de lesões provocadas

por agentes físicos, químicos, mecânicos ou biológicos, presentes no ambiente de

trabalho59.

Segundo disposto nas Normas Regulamentadoras, entende-se por

Equipamento de proteção individual todo equipamento destinado a proteger a

integralidade física do trabalhador.

O uso dos EPIs está previsto na Constituição Federal, assegurando aos

trabalhadores o direito ao trabalho em ambiente saudável, preservando-lhes a saúde

e integridade física e oferecendo condições dignas de trabalho.

Juntamente com as NRs e portarias e outras normas jurídicas, o objetivo

maior é resguardar a saúde do trabalhador.

A Lei 9.732/98 foi quem instituiu a informação sobre o fornecimento de

equipamentos de proteção individual.

Por diversas vezes, os benefícios de aposentadoria especial são indeferidos

pela Autarquia previdenciária sob alegação de que o uso dos EPIs elimina o dano

causado pelo agente nocivo.

Ora, a lei previdenciária quando estabeleceu a exigência de constar

informações sobre o uso desses equipamentos, não determinou que seu uso

neutralizaria a nocividade do agente.

Já existe jurisprudência pacificada pelo STF acerca dessa matéria. Mesmo

que seja o EPI eficaz, o que é difícil comprovar, isso não elimina os danos causados

ao trabalhador.

Não basta apenas entregar o EPI ou informar no PPP que seu fornecimento

era eficaz, mas é preciso, cumprir todas essas regras que estão também na Norma

Regulamentadora n.º 06, para que o EPI seja de fato eficaz.

Vemos ainda que há divergência dentro do próprio Ministério da Previdência

Social, onde a IN 77/2015 diz que o uso dos EPI´s deixará de considerar o tempo

especial a partir de 03/12/98; enquanto que o Enunciado n.º 21 do Conselho de

Recursos da Previdência Social destaca que:

59

RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria Especial: Regime Geral da Previdência Especial. 6 ed., p. 265.

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84

O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho

pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos

agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de

trabalho.

Seguindo esse posicionamento, em 23.07.2015 foi publicado pelo INSS, o

Memorando circular conjunto nº. 2, que dispõe o seguinte:

(...)

3 Observada a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no Recurso

Extraordinário com Agravo (ARE) nº. 664.335, a qual apresentou novo

entendimento para a análise do tempo especial de segurados expostos ao

agente nocivo ruído e a Nota nº 00006/2015/CGPL/PFE/AGU (Anexo II),

solicitamos que sejam observadas as orientações a seguir:

a) os casos de exposição do segurado ao agente nocivo ruído, acima do

limites de tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil

Profissional Previdenciário (PPP), sobre a eficácia do Equipamento de

Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o enquadramento como

atividade especial para fins de aposentadoria;

b) a decisão passa a ter obrigatoriedade para o INSS a contar de

12/02/2015, data da publicação na Ata de Julgamento no Diário de Justiça;

c) aplica-se o novo entendimento aos processos pendentes de decisão

em 12/02/2015 e requerimentos posteriores, inclusive para o período de

atividade laboral anterior a essa data;

(...)

Este Memorando Circular Conjunto tem força na esfera administrativa, visto

que ratifica o entendimento do Supremo.

Contudo, mesmo que o EPI tenha sido fornecido e fiscalizado pela empresa e

usado pelo empregado, este não descaracteriza o direito à aposentadoria especial.

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4 DO PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL

Para que o segurado tenha garantido essa prestação previdenciária, é

necessário fazer um requerimento administrativo, dando início ao processo de

aposentadoria.

Este pedido, atualmente, se dá com o agendamento junto ao INSS do

benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, visto que não há a opção de

agendar direto a aposentadoria especial.

Assim, no momento do protocolo deste requerimento, o segurado informa a

pretensão exclusiva à Aposentadoria Especial, o qual será analisada pelo Instituto. A

partir deste protocolo e da referida análise nasce o processo administrativo.

Com isso, caso o benefício seja indeferido pela autarquia previdenciária, será

possível pleitear o direito à obtenção da aposentadoria judicialmente.

4.1 Do Processo Administrativo

O processo administrativo é o instrumento pelo qual se inicia o requerimento

da aposentadoria, visando a concessão do benefício previdenciário. Trata-se de um

conjunto de atos praticados pelo INSS na intenção de verificar se o segurado possui

direito ao benefício pretendido ou não. Pode-se dizer que é o ponto de partida para

arguição da tutela previdenciária e sem ele, o processo judicial é inadmitido.

Segundo o entendimento do Dr. José Antonio Savaris, o requerimento

administrativo assegura ao beneficiário o direito de colaborar com o agente

concessor na verificação de seu direito, visto que inúmeros casos não serão

solucionados adequadamente a partir dos dados constantes no cadastro de

informações da Previdência Social ou com as diligências que podem unilateralmente

ser adotadas pelo agente administrativo.60

Inicialmente o segurado ou seu dependente formalizará seu pedido de

aposentadoria, através dos canais disponibilizados pelo INSS, com o agendamento

do serviço pretendido. Deste modo, a fim de não ser prejudicado, a data do

agendamento valerá como a data oficial do requerimento do benefício (DER), em

que caso seja concedido, a renda mensal será paga desde essa data.

60

SAVARIS, José Antonio. Direito Processual Previdenciário, 5ª ed., p. 181.

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A fase postulatória ou inicial só se finda após formalizado o requerimento na

agência do INSS, com a apresentação dos documentos exigidos para a obtenção

do benefício, e a consequente comprovação da carência, exercício da atividade

especial por 15, 20 ou 25 anos, conforme dispuser a lei, e o agente nocivo a qual o

segurado esteve exposto.

Se nessa fase inicial faltar algum documento necessário para a análise do

benefício requerido, o servidor não poderá indeferir o pedido de ofício, mas deverá

emitir uma carta de exigência, que informará o(s) documento(s) faltante com o prazo

de 30 dias, bem como diligenciar caso algum desses documentos esteja em poder

de autoridades públicas, e até mesmo realizar pesquisas externas, caso julgue

necessário.

Tal procedimento decorre do interesse público que reveste a concessão do

beneficio previdenciário, juntamente com o princípio da oficialidade do processo

administrativo previdenciário, segundo o qual o Poder Público é obrigado a

impulsionar o processo até o seu termo final, independentemente da vontade do

segurado.61

Além dos decretos para reconhecimento dos períodos especiais, o Instituto

Nacional de Seguro Social – INSS, se utiliza da sua norma interna, conhecida como

Instrução Normativa – IN 77/2015 (atual), que regula todos os atos administrativos

da Autarquia Previdenciária, para obtenção da prestação previdenciária, assim como

a estrutura do Sistema, juntamente com a Lei 8.213/91 e o Regulamento da

Previdência Social – Decreto 3.048/99, dentro dos parâmetros de hierarquia

estabelecido.

Passada a fase inicial do processo, em que os documentos são apresentados

pelo segurado, inicia-se a fase instrutória do processo administrativo, em que com

base nos documentos apresentados e nos dados constantes no sistema do INSS,

como por exemplo o Cadastro Nacional de Informação Social – CNIS, é possível

comprovar a carência, os vínculos empregatícios e as contribuições vertidas para o

sistema. Para a concessão do benefício estudado no presente trabalho, faz-se

61

AMARO, Katia Helena Fernandes Simões. A análise da aposentadoria especial, com ênfase na prova do exercício de atividades sob condições especiais. PUC-São Paulo, 2012, p. 112. Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_arquivos/9/TDE-2012-07-11T05:55:43Z-12525/Publico/Katia%20Helena%20Fernandes%20Simoes%20Amaro.pdf

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necessário a apresentação de documentos específicos a fim de comprovar a

atividade especial, já tratados anteriormente.

Colhidas todas as provas, o processo será encaminhado ao médico perito

previdenciário, que emitirá um relatório com sua análise, informando sobre a

exposição ou não do segurado aos agentes nocivos e o consequente direito à

concessão do benefício. Essa é a fase decisória.

Contudo, no processo administrativo previdenciário, as provas documentais,

como os formulários de insalubridade e laudos técnicos, são indispensáveis para a

análise e conclusão do processo, juntamente com as demais, exigidas pela lei.

4.2 Do Processo Judicial

O processo judicial tem início, em regra, em face de uma decisão negativa

proferida pelo INSS, acerca do requerimento de aposentadoria, com relação ao

assunto aqui discutido.

Poderá ser conduzido sob dois ritos, à depender do valor da causa: rito

ordinário – preceituado no Código de Processo Civil, ou rito especial, disposto pela

Lei 10.259/2001, que regula os Juizados Especiais Federais.

4.2.1 Rito Ordinário

Na prática, o rito ordinário caberá sempre que o valor da pretensão

ultrapassar o equivalente a 60 salários mínimos, em vigência na data de distribuição

da ação.

Este procedimento divide-se em quatro fases: postulatória, saneamento,

instrutória e decisória.

Segundo entendimento de Luiz Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini62:

Por ser um procedimento mais completo, estruturado em fases lógicas,

tende a permitir o melhor desenvolvimento do processo de conhecimento,

62

AMARO, Katia Helena Fernandes Simões. A análise da aposentadoria especial, com ênfase na prova do exercício de atividades sob condições especiais. PUC-São Paulo, 2012, p. 115. Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_arquivos/9/TDE-2012-07-11T05:55:43Z-12525/Publico/Katia%20Helena%20Fernandes%20Simoes%20Amaro.pdf

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uma vez que fornece, às partes e ao juiz, mais ferramentas para buscar a

verdade real e, dessa forma, uma composição da lide mais justa.

Por esse motivo, o processo judicial do rito ordinário é mais seguro quando à

produção de provas, especialmente quando se faz necessário a apresentação de

laudos periciais complexos para a apuração da nocividade no ambiente laboral.

4.2.2 Juizado Especial Federal

A competência dos Juizados é absoluta em relação ao valor da causa, ou

seja, não há possibilidade de a parte autora optar entre o JEF e o Juízo Federal

comum.63

Isso leva a dizer que as ações de competência dos Juizado Especial Federal

são fixadas pelo valor da causa, quando não excedente ao equivalente a 60 salários

mínimos.

Esse rito especial segue os princípios da oralidade, simplicidade e

informalidade dos atos processuais, bem como da economia processual e da

celeridade, previstos na lei 9.099/1995, que instituiu os Juizados Especiais Federais.

Como consequência dos princípios que norteiam o rito especial dos Juizados

Especiais Federais, o próprio segurado pode requerer oralmente sua pretensão

previdenciária perante este douto juízo, inclusive sem auxílio de advogado.

Apesar de não estar previsto na Lei 10.259/2001, que regula os Juizados

Especiais Federais, a petição inicial deve conter os documentos indispensáveis à

propositura da ação, com a comprovação do prévio pedido administrativo. A maioria

dos juízes, entendem necessário a comprovação do requerimento administrativo,

respaldado no princípio da celeridade e economia processual, para somente depois,

caso julgue necessário, intime o INSS para que apresente cópia do processo

administrativo. Portanto, na prática, quando não há um pedido administrativo, a ação

é julgada extinta, sem julgamento do mérito.

Os documentos comprobatórios podem ser apresentados a qualquer tempo,

desde que antes do julgamento, sendo conferindo a outra parte o direito de examiná-

los. Após a citação, será determinada a perícia judicial, e após, a audiência de

conciliação.

63

CHAMON, Omar. Direito Previdenciário. 2012, p. 248.

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Conforme mencionado, a competência para interpor a ação no Juizado é

fixada pelo valor da causa. Ocorre que este não pode ser o único critério aplicado. A

estrutura dos Juizados Especiais Federais foi edificada sobre uma lógica

constitucional de julgamento de causas de menor complexidade (CF88, art. 98).

Ainda que o critério eleito pelo legislador tenha sido o valor da causa, é dado ao juiz

reconhecer a incompetência da vara do juizado especial quando, no caso concreto,

verificar que a lide é complexa e que seu processamento perante os Juizados

Especiais Federais poderá comprometer a mais adequada cognição ou a celeridade

processual64.

Acerca ainda da competência, há jurisprudência consolidada pelo STF

dizendo que é possível reconhecer a competência da Justiça Federal comum o

processamento de feitos com valor da causa inferior a 60 salários mínimos, mas que

tratem de questões complexas.

Porém, segundo entendimento do juiz federal Dr. José Antonio Savaris,

diferentemente do que ordinariamente se cogita as ações que tramitam nos Juizados

Especiais Federais não são mais simples do que aquelas de competência da vara

federal comum. Se tudo se resolve pelo critério do valor da causa, teremos a

inconveniência de submeter ao rito extremamente célere dos Juizados Especiais

Federais, que prestigia a conciliação e a oralidade, causas previdenciárias

complexas65.

64

SAVARIS, José Antônio. Direito Processual Previdenciário. 3ed., p. 385. 65

Ibidem, p. 386.

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CONCLUSÃO

A Aposentadoria Especial foi criada no intuito de ser uma tutela

previdenciária, prevenindo o segurado a doenças causadas pelas condições

insalubres de trabalho. Esta prestação é oferecida pelo Instituto Nacional de

Previdência Social, o qual faz parte do Sistema de Seguridade Social.

Conforme apresentado em todo o trabalho, essa prestação previdenciária

sofreu diversas alterações legais com o decorrer dos anos.

Este benefício nasceu com a edição da Lei Orgânica da Previdência Social -

LOPS, em 1960, e tinha a intenção de proteger o trabalhador contra os agentes

nocivos existentes no ambiente do trabalho.

Inicialmente exigia alguns requisitos como idade mínima de 50 anos, carência

mínima de 15 anos de contribuição, tempo de trabalho durante 15, 20 ou 25 anos

em serviços insalubres, penosos ou perigosos ou enquadramento pela atividade

profissional estabelecida por Decreto.

Anos depois essas exigências foram alteradas, sendo a idade mínima

excluída dos requisitos para a concessão deste benefício.

Foram criados decretos que informavam o rol das atividades insalubres e dos

agentes nocivos, bem como seus limites de tolerância permitidos para o

enquadramento dos períodos como especiais.

Com o passar dos anos, essa proteção precisou sofrer alterações a fim de

garantir sua eficácia. Em contrapartida, o sistema de custeio da Autarquia precisou

se adequar a essa prestação oferecida com tempo menor de contribuição, e até hoje

existem contribuições próprias que financiam esta prestação.

Verifica-se ainda que a legislação trabalhista também possui forte influência

na atividade especial, principalmente no que diz respeito à comprovação da

nocividade dos agentes, sendo exigido pelo INSS a informação sobre os

equipamentos de proteção coletiva e individual que atualmente fazem parte do

formulário de insalubridade.

Ocorre que mesmo tendo sido muito polemizada, a utilização dos

equipamentos de proteção, mesmo quando eficazes não são capazes de neutralizar

integralmente a nocividade, e muito menos impossibilita a obtenção da

Aposentadoria Especial.

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Contudo, percebe-se que as alterações legais foram ocorrendo conforme

novos problemas foram aparecendo, tanto para o segurado, quanto para o sistema

da Previdência Social, que de certa forma, restringe e dificulta a concessão dessa

espécie previdenciária burocratizando cada dia mais e exigindo informações

desnecessárias e irrelevantes para a comprovação da nocividade.

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