organizaÇÃo de mercados prof: eduardo p.s. fiuza

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ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA INTRODUÇÃO – AULA 1 ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL (Cabral, cap. 1) Por que “Industrial”? Em inglês, industry setor OI => Estudo de mercados imperfeitos Micro Tradicional: Conc. Perfeita X Monopólio OI Tudo que está entre esses dois extremos Dois exemplos para motivar: 1. Indústria farmacêutica Definição de mercado (econômico? Antitruste?): o Não é único o Seria por Princípio Ativo? o Por classe terapêutica? (ex: analgésicos, antienxaquecosos, antidepressivos, anti-hipertensivos)

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Page 1: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS

PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

INTRODUÇÃO – AULA 1

ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL (Cabral, cap. 1)

• Por que “Industrial”?

• Em inglês, industry ≅ setor

OI => Estudo de mercados imperfeitos

Micro Tradicional: Conc. Perfeita X Monopólio

OI Tudo que está entre esses dois extremos

Dois exemplos para motivar:

1. Indústria farmacêutica

• Definição de mercado (econômico? Antitruste?):

o Não é único

o Seria por Princípio Ativo?

o Por classe terapêutica? (ex: analgésicos,

antienxaquecosos, antidepressivos, anti-hipertensivos)

Page 2: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

o Por classe química?

o Por patologia? (ex: herpes)

o Por mecanismo de ação? (ex: inibidores de ECA,

inibidores de Cox-2)

o Por patologia + 1ª/2ª/3ª indicação?

P C

P

elevado

• Posição dominante estática, mas dinamismo de inovações

pode minar lideranças em pouco tempo.

• Para fomentar entrada, direito de patente garante

monopólio da molécula (mais efetiva que a patente do

processo), embora haja imitações (me-toos)

• Após patente expirar, entram genéricos

• Além de P&D, gastos em publicidade, promoção e

propaganda:

2. Setor aéreo

• Acordos bilaterais: reciprocidade, reserva de mercado para

empresas dos dois países, com quotas de mercado

QUAL CUSTO? CMgLP? CMgCP? Como as empresas alocam custos de P&D?

Informativa Persuasiva Subliminar

Page 3: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

• EUA 1979: política de céus abertos

• Grande entrada; guerra de preços

• Falências e aquisições = > consolidação em número de

empresas inferior a 1979 (soa familiar?)

• Brasil:

o Idas e vindas da regulamentação.

o Regulação incompleta: slots?

PLANO DE ESTUDO (Shy, cap. 1)

Quatro fatos estilizados:

• CONCENTRAÇÃO: Muitos setores são compostos de

poucas firmas

• CARACTERÍSTICAS DE PRODUTOS: produtos

homogêneos ou diferenciados;

• ATIVIDADES CUSTOSAS: além dos custos de produção,

firma incorre em custos de publicidade, controle de

qualidade, diferenciação de produtos, marketing e

distribuição; alguns desses custos podem ser irrecuperáveis;

• PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (P&D): inovação de

processos, de produtos, engenharia reversa e imitação.

Page 4: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

ABORDAGEM:

Abordagem estratégica (Teoria dos Jogos)

• Como consumidores escolhem produtos/marcas, quanto

comprar, comportamento de busca, etc.

• Firmas maximizam lucro

• Consumidores maximizam utilidade

Papel do regulador:

• Intervenção aumenta bem-estar?

• Como funcionam os sistemas legais/regulatórios?

Busca das teorias que melhor explicam o fenômeno observado,

sem nos prendermos a escolas de pensamento A ou B

Problema da multiplicidade de resultados...

REGRA DA RAZÃO versus PER SE (jurisprudência antitruste)

a. Per se: comportamentos ilegais per se;

b. Regra da razão: comportamento a ser julgado sob o critério

da intenção ou efeito (grau de arbitrariedade; aplicação da

regra supostamente carrega uma análise de custo-benefício).

Não condena de antemão.

Page 5: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

Escola

empírica

Jevo

ns

Marshall

Edg

eworth

Cou

rnot

1760

Smith

1840

1880

Bertrand

1900

Clark

Knight

1920

Sraffa

1970

Chamberlin

J. Robinson

Hotelling

Von

Neumann

& M

orgenstern

Nash

Lancaster

Bain

Estud

os de caso

Allen

Sargent Florence

Berle &

Means

Mason

Marris

Mercado

s contestáveis

1940

Teóricos de jo

gos

Bresnahan

1990

Coase

William

son

Teoria dedu

tiva

Observação em

pírica

Nov

a OI Empírica

Fonte: Hay e Morris (1991), p.5, Bresnahan (1989), Fiuza (2001), etc.

Teoria da Firma

Page 6: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

BREVE RETROSPECTO

I. ECONOMIA CLÁSSICA: ADAM SMITH

� Trabalho criando valor => <= mercantilismo

� Contra restrições sociais ou ao comércio; liberdade => <=

mercantilismo

� Rivais agem independentemente; não conluio;

� Preço de mercado, graças à mão invisível, tenderia para o

preço natural ≅ custo dos fatores (esp. trabalho) , pois quem

não atendesse aos anseios dos consumidores seria expulso do

mercado – número de rivais potencial e presente seria

suficiente para eliminar lucros econômicos positivos.

� Tempo suficiente para recursos fluírem nas direções e

quantidades desejadas pelos seus donos.

� Agentes com informação perfeita.

� Laissez faire: consciência da necessidade que instituições:

• Garantissem livre entrada;

• Prevenissem conluio;

• Prevenissem abuso de posição dominante.

� Concorrência é uma força determinadora de preços, e não

uma estrutura de mercado.

Page 7: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

II. ‘ECONOMISTAS MATEMÁTICOS’: COURNOT,

JEVONS, EDGEWORTH.

� Análise de demanda baseada em utilidade.

� Valor independente do preço de mercado.

� Quadro unificado do preço como determinado tanto por

oferta como por demanda.

� Concorrência asseguraria equalização do preço com o custo

médio de produção.

� Firma monopolista seria um fenômeno temporário: crises de

firmas e saídas; entradas; mudanças de gerência.

� Como Smith, Marshall era preocupado em identificar

princípios gerais subjacentes ao comportamento econômico

observado. Combinava teoria com aspectos práticos da vida

negocial, preferindo dar mais importância ao último em caso

de conflito.

� Marshall não analisou formalmente seu conceito de

concorrência. Suas características (grande número de

compradores e vendedores, informação perfeita, etc.) foram

comentadas superficialmente, e sua referência a “competição

perfeita” era num contexto pejorativo.

� Usando cálculo diferencial, procuraram estabelecer (e

identificaram) a lista das condições necessárias para que

Page 8: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

preço igualasse custo médio no ponto de custo médio

mínimo.

� Também aplicando análise marginal, estudaram o outro caso

discutido por Marshall: o monopólio.

� Teoria de preços:

• Competição como uma noção estática e estrutural

• Foco nas propriedades do equilíbrio, não no processo

dinâmico que leva a ele.

PROBLEMAS:

1. Abordagem dedutiva só conseguia explicar tamanho da firma

se curva de CMeLP fosse positivamente inclinada;

2. Divisão entre as escolas:

a. Escola empírica, pouco preocupada com, ou mesmo

com rejeição ao uso de princípios gerais e abstratos de

comportamento econômico;

b. Escola teórica e dedutiva de grande elegância e rigor,

pouco preocupada com dados empíricos; “ciência não

deve ser maculada ou fazer compromissos com o desejo

de olhar problemas puramente práticos”.

3. A divisão levou ao conflito, não só sobre a metodologia

apropriada a ser adotada ao estudar o comportamento

econômico das firmas, mas também até sobre os conceitos

Page 9: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

básicos a serem usados em tal estudo. Competição perfeita

rejeitada até pelo observador mais superficial das firmas

reais.

III. ESTUDOS DE CASOS

� Nível descritivo ao extremo, incluindo:

1. História e desenvolvimento de firmas individuais e

indústrias/setores

2. Estudos de estrutura e comportamento corrente de uma ou

mais indústrias/setores.

� Qualquer aspecto da organização industrial poderia ser

coberto, incluindo:

• A história do desenvolvimento do produto;

• As atividades de fusões e aquisições

• Investimento

• Emprego

• Política de P&D e de publicidade

• Financiamento, etc.

� O impacto sobre lucros e eficiência era freqüentemente

coberto, mas impactos mais amplos sobre alocação de

recursos e bem-estar, não.

Page 10: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

� Excessiva ênfase na unicidade das firmas, produtos e

situações concorrenciais descritas e nos fatores a influenciá-

las.

� Pouco rigor e relativamente poucas conclusões

generalizáveis.

� Ainda muito utilizado no Brasil (escola de Campinas; parte

da UFRJ, etc.)

IV. SRAFFA, ARROW E A TRANSIÇÃO PARA A

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA:

� Dedutivistas ignoravam aspectos históricos e institucionais

� Firma como uma unidade coesa

� Sraffa e Arrow reconheceram que firmas, mesmo não

monopolistas stritu sensu, se deparariam com demandas

negativamente inclinadas, ainda que em momentos

temporários de desequilíbrio de mercado.

� Se firmas se deparavam com demandas negativamente

inclinadas, então elas tinham algum poder discricionário

sobre os preços e a capacidade de seguir uma política pelo

menos um pouco diferente das de seus concorrentes.

� A atenção começou a se desviar da indústria/setor para a

firma como unidade de observação e estudo. Antes, firma só

Page 11: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

era incluída na análise de equilíbrio de uma indústria se

fosse, ela mesma, a indústria monopólio.

� Conceito da indústria enfraquecido e, por vezes, rejeitado.

V. CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA (a ser aprofundado

mais tarde) – CHAMBERLIN, JOAN ROBINSON

� Motivação: nem Monopólio nem Concorrência Perfeita

parecem estar relacionados com o mundo real, em que as

firmas competem, mas produzem produtos diferentes.

� Firmas maximizam lucro

� Entrada livre => no longo prazo, p = CMe

� Produção abaixo da escala ótima (ver gráfico)

CMe

q*

p*

P(q)

Page 12: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

� Teoria produziu um meio-termo entre os dedutivistas e os

empiricistas.

� Principais legados para próximas escolas:

1. Relações teóricas a serem testadas empiricamente;

2. Introduziu a importância, não só das curvas de demanda

negativamente inclinadas das firmas, como o conceito de

diferenciação de produto, que pôde ser tratado por

Hotelling (diferenciação linear) e Lancaster (diferenciação

multidimensional).

3. Introduziu o papel crucial da entrada na indústria, e das

barreiras à entrada, que foi mais tarde estudado por Bain.

� Foi rapidamente (em 5 anos apenas) absorvido pelos livros-

textos de microeconomia.

RAMO EMPIRICISTA

VI. A ESCOLA DE HARVARD E O PARADIGMA DA

ESTRUTURA-CONDUTA-DESEMPENHO

(STRUCTURE-CONDUCT-PERFORMANCE: SCP)

� Rejeição da teoria de preços

� Alguns autores (ex: Hay & Morris) consideram que suas

bases foram lançadas pelos teóricos de Concorrência

Page 13: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

“Monopolística” (Chamberlin) ou Imperfeita (J. Robinson).

Esses trabalhos trariam relações teóricas entre estrutura, de

um lado, e preços e lucros, do outro.

� Essas relações, por sua vez, gerariam hipóteses testáveis que

Edward S. Mason (Harvard) e seus colegas e alunos de

Harvard, em particular o aluno Joe Bain começariam então a

testar empiricamente em setores industriais nos anos 1950s.

� Tentativa de encontrar relações causais para prever possíveis

resultados em mercados da vida real (caracterizados por um

número limitado de grandes firmas, vizinhas de uma franja

de pequenos competidores).

� S => C => P

Page 14: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

ESTRUTURA • Número de compradores e vendedores

• Barreiras à entrada de novas firmas

• Grau de diferenciação de produtos

• Integração Vertical • Diversificação das empresas.

CONDUTA (de compradores e vendedores)

• Propaganda • P&D • Comportamento de apreçamento

• Investimento em plantas

• Táticas legais • Escolha de produtos • Conluio • Fusões, acordos, contratos.

DESEMPENHO • Preços • Eficiência produtiva

• Eficiência alocativa

• Eqüidade • Qualidade do produto

• Progresso técnico

• Lucros.

CONDIÇÕES BÁSICAS DE OFERTA • Matérias-primas; • Tecnologia, economias de escala e

escopo; • Sindicalização; • Durabilidade do produto; • Localização.

CONDIÇÕES BÁSICAS DE DEMANDA • Elasticidades de preço e renda; • Substitutos; • Sazonalidade; • Localização; • Taxa de crescimento; • Tamanhos e freqüência das

encomendas; • Método de compra.

POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS • Leis antitruste • Incentivos ao investimento

e/ou inovação • Regulação • Incentivos ao emprego

• Impostos e subsídios • Políticas macroeconômicas

• Barreiras à entrada

Page 15: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

� Primeira leva de economistas atribuíram um papel influente

ou determinante à Estrutura, daí o nome de conceito

“estruturalista” de OI. Segundo Bain, conduta não acrescenta

muita informação; estrutura é suficiente para previsão de

desempenho.

� O ideal a ser alcançado não é a Concorrência Perfeita, mas

sim a Concorrência Operacionalizável (Workable

Competition).

� Crítica de Chicago reduz poder preditivo do paradigma:

existência de feedbacks

� S => C => P

� Ex: P&D afeta escala e diferenciação; colusão pode atrair

entrada; diferença de eficiência leva umas empresas a crescer

mais que outras, expulsando parte delas e elevando

concentração.

� (OI moderna: ênfase em Conduta)

� Tipos de estudos: veremos mais tarde, ao falarmos de

concentração.

� CLARK:

1. Não existe, nunca existiu nem nunca existirá Concorrência

Perfeita;

Page 16: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

2. Importante é a dinâmica da concorrência;

3. Nem todas as imperfeições devem ser eliminadas pela

política de concorrência, porque elas podem neutralizar

uma à outra;

4. Deve-se, ao invés, buscar critérios para julgar em que

medida o setor é operacionalmente competitivo.

� Mason e Clark começaram a aplicar os critérios do SCP a

diversos setores da economia dos EUA:

CRITÉRIOS ESTRUTURAIS

• Número de firmas maior que as economias de escala permitirem

• Nenhuma restrição artificial à entrada ou mobilidade

• Produtos em oferta devem ter diferenças de qualidade moderadas

e sensíveis a preços

CRITÉRIOS DE CONDUTA

• Concorrentes devem ter incerteza sobre em que medida suas

iniciativas de preços serão seguidas

• Firmas devem buscar seus objetivos independentemente e sem

acordos recíprocos

• Nenhuma prática comercial injusta ou medida exclusionária deve

ser usada

• Fornecedores e clientes ineficientes não devem ser

constantemente protegidos

Page 17: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

• Propaganda deve ser informativa e não enganosa

• Não deve haver discriminação de preço danosa e persistente

CRITÉRIOS DE DESEMPENHO

• Processos de produção e distribuição devem ser eficientes e não

desperdiçar recursos.

• Níveis de produção e qualidade (diferenciação, vida útil,

segurança, confiabilidade) devem ser de acordo com desejos dos

consumidores.

• Lucros apenas suficientes para assegurar investimento, eficiência

e inovação.

• Níveis de preços devem encorajar escolha racional, dirigir

mercado para equilíbrio, e impedir o reforço de instabilidades

cíclicas.

• Devem ser exploradas oportunidades de introduzir produtos e

processos tecnicamente superiores.

• Gastos publicitários não devem ser excessivos.

• Sucesso deve ir para os vendedores que atenderem melhor aos

desejos dos consumidores.

� Dificuldade de medir alguns desses critérios.

� E se só alguns deles se verificarem?

� AXIOMAS DE HARVARD:

Page 18: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

1. Modelos de CP e Monop. devem ser suplementados com

os de Concorrência imperfeita;

2. Investigação deve ser em ramos inteiros de indústria ou

em grupo de firmas dentro da indústria;

3. Objetivo não é CP e sim Conc.Oper.

4. Avaliação da competividade não baseada em raciocínio

dedutivo lógico-teórico, mas sim um julgamento factual.

� BARREIRAS À ENTRADA:

• Economias de escala

• Vantagens absolutas de custo

• Diferenciação de produtos/publicidade

� OBJETIVOS DA POLÍTICA DE CONCORRÊNCIA

1. Atingir resultados econômicos favoráveis

2. Criar/manter processo competitivo

3. Prescrever normas de conduta justa

4. Restringir o crescimento de grandes firmas

� Política antitruste deveria mirar na estrutura de mercado

� Controle de fusões

� Merger Guidelines dos EUA de 1968 recomendava

intervenção quando C4 > 75%

Page 19: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

� Revisões dos MG trouxeram as defesas de Atos de

Concentração por eficiência e o desaparecimento da menção

ao paradigma SCP.

DE VOLTA AOS TEÓRICOS

VII. SCHUMPETER

� Destruição criadora

� Monopólios investiriam mais em P&D, pois podem absorver

mais riscos e têm mais escala e capacidade financeira.

� Crítica de Arrow: monopolista tem menos incentivo a

investir em inovação

� Evidência empírica inconclusiva.

VIII. A ESCOLA AUSTRÍACA

� Ênfase no fator de tempo, que está ausente dos modelos de

teoria de preços

� Concorrência é um processo de interação contínua entre o

empresário e o ambiente negocial

� Sistema de preços provê sinais

� Ênfase na concorrência potencial: elaborou o conceito.

Page 20: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

IX. A ESCOLA DE CHICAGO (TEORIA DE PREÇOS

MODERNA)

� Premissa de firmas maximizadoras de lucro: devem ser

consideradas como competitivas

� Questão é se a conduta é eficiente economicamente

� Busca de microfundamentos.

Page 21: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

CRÍTICAS A HARVARD PROPOSTA DE CHICAGO

� Falta de teoria � Buscar explicações para

práticas observadas no

mundo real que se

conformem aos fundamentos

da teoria econômica

� Rejeição ao SCP � Corr(S,P)>0 por causa de

maior eficiência

� Metas múltiplas � Eficiência:

o Alocativa

o Produtiva

Exemplos:

i) Restrições verticais:

HARVARD CHICAGO

� Tabelas de preços dos

fornecedores para o varejo

(RPM) é uma maneira de

manter preços altos

� Problema da carona

desempenha papel central em

explicar o aparecimento de

o RPM

o Distribuição exclusiva

o Distribuição seletiva/

franchising

Page 22: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

ii) Controle de fusões:

HARVARD CHICAGO

� Concentração leva a alta

lucratividade porque favorece

conluio

� Eficiência leva a maior

concentração (Seleção

Natural)

Teste proposto:

� Se a taxa de retorno fosse mais alta para firmas maiores,

concentração e lucros seriam devidos a eficiência;

� Se TR fosse desigual entre firmas grandes e pequenas, então

seria conluio, propiciado pela concentração;

� Foco deveria ser no conluio, não na concentração;

� Essa é a tendência atual nas agências de concorrência

(proposta, inclusive, da OCDE no peer review do Sistema

Brasileiro de Defesa da Concorrência).

iii) Barreiras à entrada:

� Stigler: barreiras à entrada são um custo de produzir (em

todos ou alguns níveis de produção) que devem ser incorridos

por uma firma que quer entrar no setor, mas não pelas firmas

já instaladas (incumbents)

� Conclusões de política:

Page 23: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

• “Big is beautiful”: se grande firma desfruta de lucros

supranormais, firmas menores crescerão à sombra de seus

preços e/ou outras firmas (talvez de outras áreas

grográficas) entrarão;

• Concentração persistirá apenas se economias de escala

impedirem uma multiplicidade de firmas ou se os lucros

de monopólio forem uma justa recompensa por:

o Ser mais eficiente ao baixar preços

o Melhorias em produtos

que as firmas concorrentes ou entrantes não conseguem obter.

� Deve-se explicar o comportamento, não simplesmente

descrevê-lo.

X. A TEORIA DOS MERCADOS CONTESTÁVEIS

� A estrutura não diz nada sobre o desempenho, é a

concorrência potencial (contestabilidade) que o faz.

� Num mercado perfeitamente contestável (MPC), não é

necessária nenhuma intervenção, mesmo se a concentração

for alta.

� Definição de MPC: livre entrada (ausência de desvantagem

de custos) e inexistência de custos de saída

� permite o comportamento ‘hit and run’

Page 24: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

� (este último é impossível se existem sunk costs, ou custos

irrecuperáveis).

� Conclusões de política: Advocacia da concorrência:

• Impedir restrições à entrada;

• Prevenir o erguimento de barreiras à entrada por meio de

restrições verticais, por exemplo;

• Concorrência pelo mercado, não só no mercado.

XI. CUSTOS DE TRANSAÇÃO

� Podem explicar a opção por mercado versus transações intra-

firmas os seguintes custos de transação:

• Busca e informação

• Negociação

• Execução (enforcement) de contratos e acordos.

Page 25: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

XII. ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL MODERNA

� Síntese de Harvard e Chicago:

ESTRUTURA

CONDUTA => DESEMPENHO

PODER DE MERCADO

EFICIÊNCIA => CONCENTRAÇÃO

� USO DE TEORIA DOS JOGOS

� NOVA OI EMPÍRICA TESTA EMPIRICAMENTE OS

MODELOS DE TEORIA DOS JOGOS (VEREMOS MAIS

DETALHES NO FINAL DO CURSO)

� IMPLICAÇÕES PARA POLÍTICA DE CONCORRÊNCIA:

� ÊNFASE DIVIDIDA ENTRE CONTROLE DE

ESTRUTURA (FUSÕES E AQUISIÇÕES), SEGUNDO

SCP, MAS COM EFFICIENCY DEFENCES INSPIRADAS

EM CHICAGO; MENOS F&A CONTESTADAS E

REPROVADAS

� ÊNFASE EM MONITORAMENTO DE CONDUTA

(CONLUIO PER SE, PREDAÇÃO, RESTRIÇÕES

VERTICAIS, ETC. POR REGRA DA RAZÃO),

SEGUINDO CHICAGO

Page 26: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

BRASIL

POLÍTICAS DE REGULAÇÃO DA

INDÚSTRIA NO BRASIL: COMPARATIVO

ENTRE PERÍODOS

Fonte: Fiuza, Eduardo P.S. (2001) Três Ensaios sobre

Diferenciação de Produto. Rio de Janeiro: EPGE/FGV. Tese de

Doutorado.

� Proteção comercial: � Escalas mínimas eficientes

levam a monopólios e oligopólios

� Ineficiência-X � Estratégias rent-seeking

� Controle de preços � Coordenação de preços

(cartel oficial) � Acordos setoriais � Aglutinação de empresas em

associações de classe � Liderança criada ou

confirmada � Difícil penetração de firmas

excluídas dos acordos � Inflexibilidade e rigidez

� Política industrial ativa � Substituição de importações � Verticalização � Picking winners (“escolha de

campeões”); dirigismo estatal

� Incentivos creditícios e fiscais

� Incentivos a fusões e aquisições

� Socorro a empresas

De 1994 ao presente

� Abertura comercial � Substituição de barreiras

não-tarifárias por tarifas � Investimentos em

capacitação tecnológica, design e qualidade.

� Maior concorrência de importados

� Defesa da concorrência � Combate a acordos ou

comportamentos colusivos e excludentes

� Controle sobre fusões e aquisições com potencias danos à concorrência

� Controle sobre restrições verticais

� Combate ao intercâmbio de informações entre concorrentes.

Da Segunda Guerra a 1988 De 1994 ao presente

Page 27: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

� Período pós-guerra: Brasil seguiu mais exemplos

estatizantes europeus, proteção comercial inspirada no

ideal de substituição de importações da CEPAL; controle

de preços inspirado na França.

� EUA: maior uso de política antitruste que no resto do

mundo, enquanto controle de preços quase inexistente.

Conseguiu um maior nível de concorrência, mas vale

também lembrar que o mercado maior permite escala para

mais entrada.

� Controles de preços no Brasil desde 1ª Era Vargas;

� Defesa da concorrência: tentativa de Lei Antimonopólios

em 1942, logo revogada. Aprovado dispositivo na

Constituição de 1946, mas só criado o CADE em 1962

(João Goulart) pela Lei 4.137, de 1962

� Lei 4.137 era inspirada no Sherman Act dos EUA, é

considerada a primeira lei antitruste brasileira, e introduziu

as definições de vários tipos de abuso de poder econômico

(como concorrência desleal, especulação abusiva, conluio,

aumentos abusivos de preços, etc.) e as multas para os

transgressores, além de por em funcionamento o CADE

� Atuação do CADE apagada até 1994, quando ganhou

autonomia pela Lei 8.884.

Page 28: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

� Controle de preços com maior força a partir de 1967 (1º

Delfinato)

� Maneira como o controle era feito facilitava a coordenação

das empresas

Page 29: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

DUAS VERTENTES NA LEGISLAÇÃO REGULADORA DO M

ERCADO

VERTENTES

PEÇA LEGAL

DATA

MARCO

CONSTITUCIONAL

ÓRGÃO APLICADOR

PROTEÇÃO DA ECONOMIA POPULAR

TRANSIÇÃO

DEFESA DA CONCORRÊNCIA

DL 869

18/11/1938 CF 1937, Art. 141

X

DL 766

(“Lei Malaia”)

22/06/1945

Comissão Administrativa de

Defesa Econômica (CADE)

X

Lei 1.521

26/12/1951

X

Lei 1.522

26/12/1951

Comissão Federal de

Abastecimento e Preços

(COFAP)

X

Lei 4.137

10/09/1962 CF 1946, Art. 148

Conselho Adminis-trativo de

Defesa Econômica (CADE)

X

Lei Delegada Nº 4

26/09/1962 CF 1946, Art. 146

Superintendência Nacional do

Abastecimento (SUNAB)

X

DL 52.025

20/05/1963 Regulamenta Lei

4.137

X

DECRETO 63.196

29/08/1968 CF 1967, Art. 83, II

(Revogado em

25/04/91

Conselho Interministerial de

Preços (CIP)

X

DL 92.323

23/01/1986 Revoga DL 52.025

Page 30: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

Regulamenta Lei

4137

X

DL 99.244

10/05/1990 CF 1988, Arts. 170 e

173

Secretaria Nacional de Direito

Econômico (SNDE)

X

LEI 8.137

27/12/1990 CF 1988, Arts. 170 e

173 (Retorno à

configuração de atos

contrários à ordem

econômica como

crimes)

X

LEI 8.158

(MP 204/90)

9/01/1991 CF 1988, Arts. 170 e

173

Secret. de Direito Econômico

(SDE)

X

LEI 8.884

11/06/1994 CF 1988, Arts. 170 e

173

Transforma o CADE em

autarquia

X

LEI 9.021

30/03/1995 Implementação da

Autarquia criada pela

Lei 8.884/94

X

LEI 9.069

29/06/1995 Altera a Lei 8.884/94

X

LEI 9.470

10/07/1997 Acrescenta parágrafo

ao Art. 4º da Lei

8.884/94

X

MP 2.055

11/08/2000 CF 1988, Arts. 170 e

173

SEAE/SDE/CADE

MP 2.056

11/08/2000 CF 1988, Arts. 170 e

173

SEAE/SDE/CADE/ANP

Fonte: Oliveira (2001).

Page 31: ORGANIZAÇÃO DE MERCADOS PROF: EDUARDO P.S. FIUZA

EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO DE DEFESA DA

CONCORRÊNCIA NO BRASIL

Lei

4.137 (1962)

8.158 (1991)

8.884 (1994)

Órgãos

CADE

SNDE

CADE

CADE

SDE

SEAE

Escopo

Conduta

Conduta

Conduta

Estrutura

Autonomi

a

-

-

CADE é transformado

em autarquia; mandato

de dois anos para os

membros. Fonte: Oliveira (2001).

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA (primária e secundária):

HAY, Donald A. & MORRIS, Derek (1991). Industrial

Economics and Organization: Theory and Evidence.

Oxford U.P. (2a. ed.)

OLIVEIRA, Gesner (2001). Concorrência – Panorama no

Brasil e no Mundo. São Paulo, Saraiva.

VAN DEN BERGH, Roger & CAMESASCA, Peter D. (2001).

European Competition Law and Economics: a

Comparative Perspective. Antuérpia, Intersentia.