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Garanhuns - Pernambuco Janeiro, 2015 JOSÉ MARIO DE ARAÚJO JULIANA MARIA DE BARROS MARIA DO SOCORRO CARVALHO LOPES UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM TEORIA E PRÁTICA DOS CONSELHOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE SER CONSELHEIRO COMPREENDENDO A PRÁTICA DO ACOLHIMENTO: a experiência do Abraçar em Garanhuns - Pernambuco

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Garanhuns - Pernambuco

Janeiro, 2015

JOSÉ MARIO DE ARAÚJO

JULIANA MARIA DE BARROS

MARIA DO SOCORRO CARVALHO LOPES

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM TEORIA E PRÁTICA DOS CONSELHOS DA

CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – SER CONSELHEIRO

COMPREENDENDO A PRÁTICA DO ACOLHIMENTO: a experiência do Abraçar em

Garanhuns - Pernambuco

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Garanhuns, Pernambuco

Janeiro, 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

COMPREENDENDO A PRÁTICA DO ACOLHIMENTO: a experiência do Abraçar em

Garanhuns, Pernambuco

JOSÉ MARIO DE ARAÚJO

JULIANA MARIA DE BARROS

MARIA DO SOCORRO CARVALHO LOPES

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Garanhuns - PE

Janeiro - 2015

Projeto de intervenção apresentado como requisito

parcial de conclusão de curso de Aperfeiçoamento

em Teoria e Prática dos Conselhos da Infância – Ser

Conselheiro.

Prof. Orientador: José Fernando da Silva

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................05

2.RESUMO...................................................................................................................06

3.JUSTIFICATIVA......................................................................................................07

4.REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................10

5. METODOLOGIA....................................................................................................12

6. APRESENTAÇÃO DO DIAGNÓSTICO..............................................................13

7.OBJETIVO RESULTADO METAS E ATIVIDADES.........................................24

8. CRONOGRAMA.....................................................................................................25

9.AVALIAÇÃO............................................................................................................26

10.REFERÊNCIA........................................................................................................27

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1-INTRODUÇÃO

De acordo com estudo na instituição de acolhimento Abraçar, este trabalho

propõe a realização de uma pesquisa, onde focaremos uma das únicas entidades municipais

desse segmento em nossa região, localizado na cidade de Garanhuns, onde surgiu o

questionamento :o que estão fazendo com "nossos" institucionalizados? Tal concepção nos

leva a intervir, através deste projeto a importância da família como fator primordial para a

formação e desenvolvimento das crianças e adolescentes. É imprescindível salientar que

não existe ,(ainda) uma forma eficaz de articulação e ação ou reinserção à sociedade pelos

que fazem a rede de atendimento, levando dessa forma a maquiar os verdadeiros

problemas que temos nos serviços de acolhimento .Esperamos que o presente diagnóstico

venha a contribuir e dar significativo para a elaboração do Plano Municipal de

Convivência Comunitária Familiar no município de Garanhuns, como também na

fomentação de políticas públicas que venham fortalecer os vínculos familiares. Faz-se

necessário oportunizar as crianças e os adolescentes no processo de interação sócio

familiar com os acolhidos na referida instituição. Todos os esforços deverão ser

considerados, no sentido de manter o convívio da criança e do adolescente com sua

família e garantir que seu afastamento do meio familiar seja uma medida excepcional,

aplicada somente nos casos de situação de risco e vulnerabilidade social..

No âmbito do acolhimento é básico o atendimento às necessidades da criança e

dos adolescentes, porém deve-se ir além dos cuidados principais e favorecer a partilha das

experiências do cotidiano escolar, familiar e social no intuito de consolidar respeito mútuo

e valorização no ambiente de acolhimento. É de fundamental importância inserir nas

instituições a educação em artes, pois propicia o desenvolvimento do pensamento artístico

que caracteriza e amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão, a imaginação e a

contextualização do que se constrói, apreciando e conhecendo as formas produzidas de

cada acolhido, dando ênfase ao que as crianças e os adolescentes criam. Essas atividades

ajudam a desenvolver progressivamente as interações significativas, com a participação

dos que fazem a instituição, a família e a sociedade no contexto de informações,

reproduções com valores, garantindo uma situação de aprendizagem conectada ao

desenvolvimento da autonomia e potencialidades. Para isso se faz necessário interagir com

materiais e instrumentos com procedimentos variados em artes, como: música, dança,

teatro e outras modalidades.

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2-RESUMO

Este trabalho foi elaborado, visando com ênfase o cuidado e proteção observado no

contexto do Serviço de Acolhimento em Família, Centro Municipal de Acolhimento de

Criança e Adolescentes Abraçar, a partir das respectivas famílias de origem acolhedora e

de sua equipe profissional. O movimento que se institui no país da década de 1980, no

sentido da construção de um Estado Democrático de Direito, principalmente dos direitos

das crianças e adolescentes sob medida protetiva de suas famílias.Com a aprovação

Politica Nacional de Assistência Social,(PNAS/2004),à priori o Serviço de Acolhimento

em Família Acolhedora passa a ser concretizada como politica pública, o que é pertinente

com a mudança do Estatuto da Criança e do Adolescente pela Lei 12.010/2009.No âmbito

do acolhimento é básico o atendimento às necessidades das criança e dos adolescentes

priorizando a partilha das experiências do cotidiano escolar, familiar e social no intuito de

consolidar respeito mútuo e valorização no ambiente de acolhimento. A Constituição

Federal Brasileira cita em seu Art.226, que “a família, base da sociedade tem proteção

especial do Estado”, contudo percebemos que as politicas publicas não tem alcançado

assegurar os direitos de fato às crianças e adolescentes. Para o levantamento dos dados

obtidos foram realizadas visitas domiciliares dos acolhidos e instituições, como: Secretaria

de Educação, Secretaria de Saúde, Secretaria de Assistência Social e outros,no intuito de

adquirirmos informações a respeito dos serviços ofertados pelo município de Garanhuns-

PE, através de reuniões de representantes do Conselho de Direito, CRAS,CREAS,

Conselho Tutelar e Centro de Acolhimento Abraçar, onde foi possível obter conhecimento

a respeito do perfil dos acolhidos, traçando desta forma, meios para aprimorar

características que contribua para situação do acolhimento. A conclusão deste trabalho

ratifica a centralidade da importância do “Cuidado e Proteção para a efetivação do

desenvolvimento integral das crianças e adolescentes, enfatizando a responsabilidade

compartilhada pelo Estado, pela família e pela sociedade.

Palavras chaves: Acolhimento, família, crianças e adolescentes, medida protetiva.

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3.JUSTIFICATIVA

Vivemos em uma sociedade democrática, mas por causa da má distribuição

de renda, que acarreta desigualdade e vulnerabilidade social, crianças e adolescentes

tornam – se vítimas dessas situações, sendo necessário a criação de Leis e Estatutos que

garantam os direitos dos mesmos. O direito da família à proteção do Estado e reconhecido

pela Convenção sobre os Direitos da Criança, Constituição Brasileira de 1988, (Art.226),

pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Lei Orgânica de Assistência

Social (LOAS).

A atual política pública para criança e adolescente tem avançado muito

desde a substituição do código de menores e a criação do Estatuto da Criança e do

Adolescente, mas, ainda é presente na cultura do povo, defender que é licito o trabalho

infantil dizendo, “é melhor trabalhar que roubar” e a agressão física como forma de

disciplinar. Todavia a principal meta dos operadores de direitos é a efetivação de uma rede

de atendimento realmente eficaz. Um dos maiores problemas que a sociedade teme em

relação as crianças e adolescentes é quando eles são institucionalizados ou vão para

Acolhimento Institucional, e uma vez nessas entidades correm o risco de serem adotados,

onde acreditamos que a reinserção à família, mesmo que extensa é o ideal. A falta de uma

dessas ações ou outras similares de cunho “incentivador” deixa a população com atitudes

que terminam por levar algumas crianças e adolescentes a serem destituídos de suas

famílias, sendo acolhidos em acolhimento institucional, e uma vez nessas entidades

institucionais, passam por trâmites burocráticos para sua reinserção à sociedade.

E a confirmação desses questionamentos nos leva a intervir: Criança

adolescente, família e sociedade, onde focaremos o Acolhimento Institucional Abraçar

situado na Cidade de Garanhuns. Sabemos que não existe de forma articulada nenhuma

campanha de adoção ou reinserção à sociedade, pelos que fazem a rede de atendimento no

município, levando assim a maquiar perante a sociedade os verdadeiros problemas que

temos nos serviços de acolhimento.

A partir do século XV, mudanças importantes começaram a

ocorrer: o aprendizado doméstico foi aos poucos sendo

substituído pela educação escolar;os filhos passaram a ser

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mantidos mais próximos de casa; foram crescendo os deveres

atribuídos aos pais; e a família começou a se concentrar em torno

de suas crianças. Entretanto, esse foi um processo lento. Enquanto

as famílias pobres continuaram por muito tempo enviando seus

filhos para exercer a função de criados nas casas da nobreza, os

ricos permaneceram mandando suas crianças à s amas de leite até

quando os avanços da medicina e da higiene permitiram a

utilização do leite animal. É progressivamente e aos poucos que a

família vai se diferenciando e a vida privada de pais e filhos

adquire relevância social, chegando-se até a constituição da

chamada família nuclear moderna. (SILVA, MELLO, AQUINO,

2005,p.2013).

A Constituição Federal Brasileira cita em seu Art.226, que “a família , base da

sociedade, tem proteção especial do Estado,”contudo percebemos que as políticas públicas

não tem alcançado assegurar as crianças e adolescentes tais direitos.Sabemos que houve

uma evolução enorme desde o código de menores, que antecedeu o ECA, portando por

motivos principalmente políticos , os órgãos oficiais não conseguem suprir essa demanda

e a população não cobra como deveria, além do que, por motivos culturais essa população

não corresponde aos anseios dessa demanda, levando a negligenciar os direitos das

crianças e adolescentes. Assim como, esse trabalho acadêmico solicitado pela Escola de

Conselhos enfatiza mais uma vez as políticas para criança e adolescente. Advém de outras

vertentes tal preocupação, recentemente o Indiano Kailash Satyarthi, ganhou o prêmio

NOBEL DA PAZ 2014, por suas militâncias aos direitos das crianças e dos Adolescentes,

contribuindo também para importantes eventos sobre essa temática assim como, o tema da

redação do Enem do dia 09/11/2014 foi, “Publicidade Infantil em questão no Brasil” isso

mostra que o mundo globalizado detém de senso comum a essa pauta, mas sabemos que as

políticas públicas são feitas dentro de um conceito “adultocêntrico”, ou seja, trabalham

visando um futuro promissor para quando tais crianças forem adultas, mas sem políticas

públicas que os considerem enquanto estão em faixa etárias de condição especial de

desenvolvimento.

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No cotidiano das cidades é comum vermos crianças e adolescentes

perambulando pelas ruas, e em grande maioria a população ainda marginaliza os mesmos,

mas além desse público, o Estado alcança alguns que por motivos de negligências

familiares e violências domésticas são institucionalizados, e essa realidade está fora do

alcance da sociedade, pois alguns acreditam que quando abrigados é menos um na rua. Em

grande maioria são famílias pobres que fazem parte de uma estatística de exclusão social

e extrema pobreza. Baseado no diagnóstico realizado, temos como ponto de partida para a

efetivação da elaboração de um projeto de intervenção na instituição de acolhimento local

que tem como meta, a promoção defesa e mecanismos de controle institucional e social

dos direitos da criança e do adolescente à convivência familiar e comunitária, adequando

este a realidade do nosso município. Usamos também dados estatísticos fornecidos pelo

IBGE,e CIPIA WEB(Sistema de Informação para a infância e adolescente) fornecido pelo

o Conselho Tutelar local e dados do PIA(Plano Individual de Atendimento)dos acolhidos,

tais indicadores junto a mais algumas informações da rede de atendimento como a

Secretaria de Assistência Social, conselho da Criança e do Adolescente,percebemos a

inexistência de algum tipo de divulgação à sociedade principalmente focamos os

institucionalizados que anseiam seu retorno à sociedade, aos propensos candidatos a uma

adoção e a uma gestão da rede,Dentro da rede de atendimento podemos à nível de

Secretaria de Assistência Social, CRAS e CREAS , Secretaria de Saúde,Secretaria de

Educação o PSF, NASF, CAPS e CAPS AD,temos o Ministério Público,ONGs e

afins.Como meta esperamos que com essa intervenção possamos contribuir

significativamente para a convivência comunitária e familiar de Crianças e adolescentes

acolhidas nessa entidade a um fluxo maior de todos os envolvidos nessa realidade,

intencionamos também uma maior fomentação de políticas públicas com ênfase nessa

demanda.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

A história do Brasil está marcada pela desvalorização dos cidadãos, com

modelo de sociedade embasado na exploração e na violência, tais estruturas socais e

familiares embasam um contexto patriarcal que oprime mulheres e crianças que ficam em

situação de maior vulnerabilidade social, tanto nas ruas como, dentro dos lares, ficando

expostas a todos os tipos de violência que podem ser estrutural, interpessoal, urbana,

doméstica e institucional. Portanto, fica aparente que a violência contra crianças e

adolescentes é pratica habitual nas diversas sociedades e em seus espaços ocupacionais. A

pobreza é uma violência estrutural e que se torna aprofundadora das carências e conflitos

domésticos e devem ser levadas sempre em consideração quando pensamos nas diversas

violações que levam uma criança a ser retirada do convívio familiar e devemos dar

importância as diversas dimensões, tais como, a sociedade, a família e a criança com todos

os seus aspectos socioculturais, psicológicos e econômicos.

A quebra dos vínculos comunitários, o contato com os grupos de irmãos e a

convivência em casas com um número elevado de crianças, faz da prática dos acolhimento

uma ação oposta ao que determina o ECA, reproduzindo assim, as mesmas violações que

se propõem a combater. “Tal procedimento fere os direitos garantidos pelo Estatuto,

operando a inversão do que encontramos no artigo 101, parágrafo único: “O acolhimento

institucional é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a

colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade”.(Nascimento,

2010:21)

O Acolhimento se qualifica como um espaço protetor dos direitos de crianças e

adolescentes, mas é ao mesmo tempo violador, já que simultaneamente se propõe a

protegê-los de situações de risco, mas infringe a lei por outros percursos. [...] ao fato de

que as instituição de acolhimento terem se tornado um lugar de permanência até a

maioridade, enquanto o caráter temporário desses espaços é uma condição prevista na lei.

(Nascimento, 2010, p. 9) Tal situação leva a dificuldades para a reinserção destas crianças

à sociedade, pois sofrem preconceitos e também por acabarem perdendo os vínculos

familiares e comunitários, bem como as habilidades de viver em sociedade já que teve seu

amadurecimento construído em um ambiente restritivo e isolado. Oliveira et al, apud

“Parreira e Justo (2005) relatam em seu estudo o sentimento de um adolescente

reconhecido publicamente como abrigado, para ele ser abrigado é ser alguém sem família,

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significa lidar com as facetas do abandono e com a falta de referenciais, defrontando-se

com a ausência de uma filiação, de um lugar próprio onde o sujeito possa reconhecer-se

numa história, no tempo e no espaço, podendo visualizar seu passado, identificar sua

linhagem e posicionar-se na rede familiar que assegura seu posicionamento psicossocial

primário. Significa deparar-se com a ausência da filiação primária, constituída na vivência

afetiva, que designe à criança um lugar psicossocial sólido e seguro, um lugar que lhe

assegure a possibilidade do desejo dentro dos parâmetros da Lei, conectando-a assim, com

os outros e com a cultura de maneira geral.”A família deve ser o ambiente ideal para o bom

desenvolvimento de uma criança, para que esta seja um ambiente verdadeiramente

saudável é preciso apoiar tais famílias para que estas tenham condições de garantir o

desenvolvimento pleno de suas crianças e adolescentes.

A violência contra crianças e adolescentes é uma condição amplamente

constatada, assim, a principal atitude que deve orientar a ação dos que trabalham com

crianças em instituições de acolhimento deverá ser sempre a de garantir a estas as

condições indispensáveis para o seu desenvolvimento completo, que devem ser embasadas

no Estatuto da Criança e Adolescente).Apesar do ECA propor um rompimento com a

lógica de internação, ao estabelecer uma outra forma de atendimento, a cultura dos antigos

internatos muitas vezes permanece, o que aponta para divergências entre a lei e as práticas

cotidianas das entidades de acolhimento. Assim, o modelo de estabelecimentos onde

crianças e jovens moravam, estudavam, recebiam assistência médica, psicológica e

odontológica não foi completamente substituído pelos princípios presentes na nova

legislação. (Nascimento, 2010, p.17). Chegamos a pensar que produzir leis, nem sempre

garante as transformações que guiaram sua elaboração, tão pouco a própria lei garante os

direitos por ela mencionados.

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5.METODOLOGIA

O projeto realizar-se á na institucionalização de Acolhimento Abraçar, onde

pretendemos resgatar a esperança de vermos crianças e adolescentes, sendo trabalhados

para serem inseridos no meio familiar , através de relatório mensais, visitas domiciliares

pela equipe técnica e a acompanhamento pela rede, mediante a área de abrangência das

famílias.

Desenvolver atividades que proporcione as crianças e adolescentes meios

para o processo de interação na sociedade, através de trabalhos educativos, como: arte,

artesanato, esporte, passeios, atividades físicas, palestras direcionadas à convivência

familiar e comunitária, inserção em cursos profissionalizantes e a participação em

acolhidos em programas e projetos de estimulo ao desenvolvimento infantil em situação

de risco e vulnerabilidade social. Aplicação de questionário as famílias por equipe

multidisciplinar, pedagogo, psicóloga, assistente social, informações sobre escolaridade,

uso de substâncias psicoativas e recursos para complementar os dados colhidos juto ao

PIA(Plano Individual de Atendimento)

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6-APRESENTAÇÃO DO DIAGNÓSTICO-

O presente diagnóstico tem como lema “conhecer para transformar” sendo este

o ponto de partida para a efetivação e elaboração do Plano Municipal de Promoção,

Proteção e Defesa do Direito da criança e do adolescente à convivência Familiar e

Comunitária, adequando este a realidade do Município de Garanhuns. Garanhuns que

possui 129,408 mil habitantes, segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE 2010), com uma concentração urbana de 88,00% dos

habitantes, e uma área territorial de 458,552 km² e densidade de 282,21 ( hab./km)

localizado no Planalto da Borborema, distante 230 km da Capital do Estado, Recife.

Ditamos informações relevantes a respeito da distribuição dessa população, renda familiar,

e situação de pobreza. Foi realizado o seguinte questionário com os familiares dos

institucionalizados.

1-Nome do responsável familiar,endereço,ponto de referência

2-Composição familiar

3-Escolaridade do grupo familiar

4-Renda familiar

5-Uso/abuso de drogas lícitas ou ilícitas

6-Relação afetiva da família com a criança /adolescente abrigado

7-conhecimento e/ou utilização dos serviços ofertados pela rede atendimento do município

8-Realizam com que frequência visitas às crianças /adolescentes?

9-Há interesse da família em acolher a criança / adolescente no seio familiar?

10-Vivenciam algum tipo de violência no âmbito familiar.

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Fonte IBGE

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Tabela: Fonte –SIPIA WEB Conselho Tutelar de Garanhuns

Os dados acima extraído do SIPIA WEB/Garanhuns , sendo este Conselho

Tutelar referência no Estado de Pernambuco, pois 100% dos atendimentos são

devidamente registrados no SIPIA, facilitando a formatação dos dados em estatística. Os

dados abaixo demonstram em um gráfico de pizza que no período de 01/01/2014 à

30/11/2014 foram registradas 1.394 violações, sendo que a maior incidência ocorreu na

categoria de Direito a Convivência Familiar e Comunitária representando 64%.

Quando damos um zoom out neste dado, ou melhor, quando aprofundados a

categoria de dados relativos à Convivência Familiar verificamos que a negligência familiar

representa 47% destes dados.

Os presentes dados foram colhidos no Conselho Tutelar de Garanhuns.

Dentro destes dados verificamos que a omissão com os cuidados com a

segurança e proteção e segurança representam 33% das negligências registradas. Este dado

mostra que as famílias deixam muitas vezes os seus filhos sem um adulto responsável na

formação destes.

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Fonte: Tabela: –SIPIA WEB Conselho Tutelar de Garanhuns

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Tabela: Os autores 2015

Dados referentes às crianças e aos adolescentes acolhidos no ABRAÇAR.

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Tabela: Os autores 2015

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Tabela: Os autores 2015

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Tabela: Os autores 2015

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Tabela: Os autores 2015

Percebe-se no gráfico acima que uma vez destituídos, os familiares entregam a

responsabilidade total de seus filhos para o estado, se isentando de qualquer

responsabilidade, é quando percebemos a falta de afeição pelos mesmos diminuindo assim

as possibilidades de uma reinserção familiar, dados colhidos mostram que a frequência dos

mesmos é muito baixa, argumentam que é falta de tempo, ou condições financeiras,mas

uma cidade das dimensões geográficos de Garanhuns e aos olhos da equipe técnica da

entidade não existe tal dificuldade caso algum dos antes reposáveis quisesse ver o retorno

do acolhido ao lar e a comunidade.

Além dos dados colhidos no PIA e na administração do ABRAÇAR foi feita aplicação de

questionário às famílias dos acolhidos dando condições de levantamento de dados

importantes como:1) A frequência que a família visita os filhos no acolhimento e 2) qual o

percentual do uso de substâncias psicoativas. Como Podemos ver logo abaixo:

1. Rede de Atendimento

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Dentro da rede de atendimento podemos em nível de Secretaria de Assistência

Social, CRAS e CREAS e a nível de Secretaria de Saúde o PSF, NASF, CAPS E

CAPS AD. Abaixo demonstramos as áreas de abrangência dos CRAS:

DOS A CONSIDERAR NO DIAGNÓSTICO:

Tabela: Os autores 2015

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Tabela- Os autores 2015

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7. OBJETIVOS, RESULTADOS, METAS E ATIVIDADES:

Propor um novo paradigma de ação que rompa com o tradicionalismo estigmatizaste do

acolhimento, tendo como foco primordial a implementação do artigo 101 do ECA,

Obj.

Específicos

Resultados

Metas Atividades

Responsável/eis

Quantitativ

os

Qualitativos

Incentivar o

fortalecimento

dos vínculos

familiares

80% Melhoria da

qualidade dos

vínculos

afetivos

Estimular os

abrigados a

convivência

familiar

Atividades

lúdicas/

Dinâmicas em

grupos

familiares

Equipe Técnica

Conscientizar

os atores do

SGD

50% Capacitar os

profissionais

da rede

Fortalecer o

trabalho em

equipe para

melhor

atendimento

para criança e

adolescente

Seminários e

palestras

COMDICA

Inserir os

abrigados em

projetos

/Atividades

sociais,

60% Garantir a

convivência

social

Inserir os

abrigado no

meio social

Planejar o

cronograma de

atividades,

atendendo o

interesse

individual

Equipe técnica e

educadores sociais

Emitir

relatório

100% Cumprimento

do trabalho

mediante

estudo

Fornecer

diagnóstico

dos trabalhos

realizados

Apresentação no

COMDICA

Alunos+

COMDICA

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8. CRONOGRAMA FÍSICO

Atividades previstas H/a S1 S2 S3 S4

Elaboração do Plano de Plano de Aula 10h/a X

Palestra nos Conselhos 20h/a X X

Construção do Relatório 10h/a X X

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9. AVALIAÇÃO

A finalidade desse trabalho é mostrar dentro de um parâmetro não tendencioso

as ações de políticos que se esforçam para cumprir suas ações dentro de uma ética, tanto da

convicção, quanto da responsabilidade. Por outro lado Conforme o diagnóstico acima que

será entregue para os gestores das políticas públicas e especialmente as sociais de Crianças

e de Adolescentes, que regem como prioridade absoluta, mas não estão sendo eficazmente

conduzidas pelos gestores, pois tais dados devem servir de parâmetro para tais decisões,

com parceria do COMDICA Garanhuns, que abril espaço em suas reuniões ordinárias para

que seja discutida nossa avaliação da Rede, pois as informações hoje contida no

COMDICA e demais conselhos setoriais deixa a população ainda dependente do terceiro

setor para cobrir a abrangência e suprir as demandas dessa classe que mais parece ainda

está vivendo o código de menores. No referido trabalho evidenciou-se questões sérias em

relação à prática da Instituição de Acolhimento Abraçar. Vale salientar que as normas

técnicas fundamentais apresentadas no referido trabalho compreende as necessidades de

adequação de serviços, no intuito de atingir os parâmetros exigidos. Espera-se que através

deste trabalho haja melhoria em diversos contextos relacionados com o que rege o Estatuto

da Criança e do Adolescente, preservando para que seus direitos não sejam violados. O que

se deseja deste trabalho é que possa atender as necessidades da criança e do adolescente,

indo além dos cuidados principais favorecerem respeito mútuo e valorização no ambiente

de acolhimento. As atividades mencionadas na metodologia tendem a desenvolver

progressivamente as interações significativas com a participação dos que fazem a

instituição, a família e a sociedade no contexto de informações, reproduções de valores,

garantindo dessa forma um desenvolvimento potencializado no atendimento de garantia de

direito as criança e adolescentes.

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10. REFERENCIAS BIBLOGRAFICAS

A HISTÓRIA DA INFÂNCIA EM PERNAMBUCO. Org. Humberto Miranda, Maria

Emília Vasconcelos. Ed. Universitária da UFRPE. Recife, 2017;

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