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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA – PGMEC MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA THIAGO DE OLIVEIRA MACEDO METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO EXERGÉTICA EXPERIMENTAL DE UMA BOMBA ACIONADA POR UM MOTOR DIESEL, OPERANDO COM DIESEL PADRÃO E BIODIESEL NITERÓI – RJ 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA – PGMEC

MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

THIAGO DE OLIVEIRA MACEDO

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO EXERGÉTICA EXPERIMENTAL

DE UMA BOMBA ACIONADA POR UM MOTOR DIESEL, OPERANDO

COM DIESEL PADRÃO E BIODIESEL

NITERÓI – RJ

2013

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THIAGO DE OLIVEIRA MACEDO

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO EXERGÉTICA EXPERIMENTAL

DE UMA BOMBA ACIONADA POR UM MOTOR DIESEL, OPERANDO

COM DIESEL PADRÃO E BIODIESEL

Dissertação apresentada à coordenação do Programa Francisco Eduardo Mourão Saboya de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica – PGMEC/UFF, como exigência para a conclusão do curso de Mestrado Acadêmico em Engenharia Mecânica. Orientador:

ROBERTO GUIMARÃES PEREIRA

Co-orientador:

JUAN MANUEL PARDAL

NITERÓI – RJ

2013

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Folha de aprovação

THIAGO DE OLIVEIRA MACEDO

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO EXERGÉTICA EXPERIMENTAL

DE UMA BOMBA ACIONADA POR UM MOTOR DIESEL, OPERANDO

COM DIESEL PADRÃO E BIODIESEL Dissertação apresentada à coordenação do Programa Francisco Eduardo Mourão Saboya de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica – PGMEC/UFF, como exigência para a conclusão do curso de Mestrado Acadêmico em Engenharia Mecânica.

Banca examinadora

_________________________ ROBERTO GUIMARÃES PEREIRA, D.Sc. (ORIENTADOR) − PGMEC/UFF

___________________________________________

JUAN MANUEL PARDAL, D.Sc. (CO-ORIENTADOR) − PGMEC/UFF

___________________________________________

RONEY LEON THOMPSON, D.Sc. − PGMEC/UFF

___________________________________________

ANTONIO VILELA PEREIRA, Ph.D. − UERJ

______________________________________

GILBERTO ALVES ROMEIRO, D.Sc. – Instituto de Química/UFF

Niterói, 31 de julho de 2013.

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Dedicatória

Dedico este trabalho à minha noiva Ana Clara, esta mulher extraordinária e iluminada com a qual

tenho tido o privilégio de conviver ao longo desses quase quatro anos. Obrigado por ter estado ao meu

lado em todos os momentos do mestrado e pela infinita paciência em todas as situações durante o

curso.

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Agradecimentos

A Deus, o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, aquele que é, que era e que vem, o Todo-poderoso.

Aos meus pais, Flavio Lucio de Macêdo e Maria Isaura de Oliveira Macêdo, por toda a luta e por todo

o sacrifício, que me permitiram superar todas as dificuldades e alcançar todas as vitórias até o

momento.

Aos meus irmãos Alex Sandro de Oliveira Macedo e Priscila de Oliveira Macedo, por terem me

amparado com o conforto de seus lares em alguns momentos importantes ao longo do mestrado.

Ao mais novo membro da família, meu sobrinho e afilhado Ézio Oliveira Macedo Souza Soares, pela

alegria nos dada com a sua chegada.

Aos meus sogros Luiz Fernando Ferreira Leite Filho e Eliane da Cunha Ferreira Leite, por todo o

apoio ao longo do mestrado, e ao restante da família − os que permanecem e os que já se foram − por

todo o carinho.

À coordenação do Programa Francisco Eduardo Mourão Saboya de Pós-graduação em Engenharia

Mecânica – PGMEC, pela oportunidade, e a todos os professores, pelos conhecimentos e experiências

repassados.

Ao meu orientador, professor Roberto Guimarães Pereira, pela oportunidade, pelo respeito, pela

paciência e por ter acreditado no meu trabalho.

Ao meu co-orientador, professor Juan Manuel Pardal, por todo o incentivo desde o início do curso,

pela perseverança no projeto e por ser exemplo de profissional competente e espelho para os alunos.

Ao professor Ivenio Moreira da Silva, pelo apoio e pela ajuda ao longo do projeto.

Aos colegas Ângelo José Lessa Braz e Luciana Pinto Teixeira, por toda a ajuda e por terem apontado

um caminho a seguir no curso.

Ao engenheiro Rogério Mello Rangel, pela grande ajuda durante os testes preliminares do sistema.

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A todos os servidores e alunos da Universidade Federal Fluminense, e demais colaboradores, que

direta ou indiretamente contribuíram para a realização do projeto.

Ao amigo Alexandre de Souza Soares, pela ajuda com o artigo e por todo o apoio ao longo do

mestrado.

Aos amigos Thiago Silva de Mello e Pablo Henrique de Carvalho Ramos, pela companhia nas

inúmeras horas de estudo.

Ao amigo Fábio Fernandes de Barros, pelo apoio e pela ajuda na preparação do anexo 1.

Ao amigo Thiago da Silva Ferreira, pelo reconhecimento e por sempre ter me incentivado em relação

ao mestrado.

Ao amigo Marcelo Barros, pela ajuda com o rearranjo do sistema hidráulico, para otimização das

medições realizadas.

À Chemtech, pela oportunidade de trabalho e aos colegas da disciplina de Equipamentos Rotativos,

pela companhia, pelo incentivo e pelas experiências trocadas ao longo da minha passagem pela

empresa.

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“Suba o primeiro degrau com fé. Não é

necessário que você veja toda a escada.

Apenas dê o primeiro passo”.

Martin Luther King, Jr.

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Resumo

Este trabalho apresenta uma metodologia para o cálculo da eficiência de Segunda Lei e da quantidade

de energia desperdiçada por uma bomba pertencente a um conjunto motobomba, com motor a diesel

utilizando diesel padrão e biodiesel, para diversos regimes de operação. Paralelamente ao

desenvolvimento deste estudo, um laboratório de testes foi construído nas dependências da

Universidade Federal Fluminense, para a realização futura dos testes – segundo a metodologia

apresentada – e para acomodação de outros projetos relacionados. O laboratório consiste basicamente

em um circuito hidráulico instrumentado fechado, no qual a bomba faz a transferência de água, e em

uma bancada com computador para aquisição e tratamento dos dados gerados. Para cada combustível

testado fixam-se cinco valores de rotação, com a utilização de um sensor de rotações. Para cada

rotação fixam-se cinco valores de vazão, com a utilização de um medidor de vazão. Para cada valor de

vazão obtém-se a altura manométrica, a eficiência de Segunda Lei e a quantidade de energia

desperdiçada. A altura manométrica é levantada pela razão entre a pressão diferencial e o peso

específico da água. Para tal a água deve ser caracterizada e a pressão diferencial medida com a

utilização de dois medidores de pressão, um instalado na sucção e outro na descarga. O consumo real

de energia é obtido pela diferença de entalpia entre os estados inicial (sucção) e final (descarga),

medindo-se além das pressões de sucção e descarga, a temperatura da água na sucção e na descarga (a

água deve ser modelada como líquido comprimido) com a utilização de um conjunto de medição de

temperatura. O consumo mínimo (ideal) de energia é obtido com base na função exergia de

escoamento. Para tal, além das entalpias, é necessário o levantamento das entropias específicas e da

temperatura ambiente (utilizando-se os mesmos instrumentos descritos anteriormente). A eficiência de

Segunda Lei é calculada pela razão entre o consumo mínimo e o consumo real e a energia

desperdiçada pela diferença entre o consumo real e o consumo mínimo. Adicionalmente ao

desenvolvimento da metodologia determinou-se o comportamento da viscosidade com a taxa de

cisalhamento e com a temperatura de óleos comestíveis: óleo de milho; óleo de canola; óleo de soja;

óleo de girassol e do óleo não comestível: óleo de pinhão manso (jatropha curcas). Além destes, foi

testada uma mistura de óleos (canola, milho e girassol) assim como dois tipos de biodiesel: biodiesel

de soja e biodiesel de girassol. Com base nos experimentos, foram obtidas a tensão de cisalhamento e

a viscosidade a diferentes taxas de cisalhamento (para cada amostra) à temperatura de 40ºC, assim

como a viscosidade a várias temperaturas na faixa de 24ºC a 85ºC. Além disso, foram comparadas as

curvas obtidas para a viscosidade em função da temperatura com as curvas obtidas modelando-se essa

relação com a equação de Vogel.

Palavras-chave: energia; exergia; metodologia para avaliação exergética; eficiência de Segunda Lei;

motobomba; viscosidade; óleos vegetais; biodiesel; modelo matemático.

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Abstract

This work presents a methodology for calculating the Second Law efficiency and the energy loss by a

pump, with a diesel engine running on diesel and biodiesel, for several operating conditions. Parallel

to the development of this study, a test laboratory was constructed within the Fluminense Federal

University, for the conduction of tests in the future – according to the presented methodology – and for

accommodation of other related projects. The laboratory consists basically of a closed hydraulic circuit

with instrumentation, where the pump transfers the water, and also of bench with computer for

acquisition and treatment of the generated data. For each tested fuel there shall be set five values of

rotation by using a rotation sensor. For each rotation parameter there shall be set five values of flow

rate by using a flowmeter. For each value of flow rate there will be obtained the total head, the Second

Law efficiency and the quantity of lost energy. The total head is calculated as the ratio between the

differential pressure and the specific weight of the water. To this end, the water shall be characterized

and the differential pressure measured by using two pressure gauges, one installed at the pump suction

and the other installed at the pump discharge. The actual consumption of energy is obtained by the

difference of enthalpy between the initial (suction) and final (discharge) states, by measuring the

temperature of the water (suction temperature and discharge temperature) in addition to the

measurement of the suction pressure and discharge pressure (the water shall be modeled as a

compressed liquid) by using a set of temperature measurements. The minimum consumption

(reversible) of energy was obtained based on the flow exergy function. To this end, in addition to the

enthalpies, it is necessary to find the specific entropies and also the environment temperature (by using

the same instruments described before). The Second Law efficiency is calculated as the ratio between

the minimum consumption of energy and the actual consumption of energy and the quantity of lost

energy by the difference between the actual consumption of energy and the minimum consumption of

energy. In addition to the development of the methodology, the viscosity behavior with shear rate and

temperature of edible oils were determined: corn oil; canola oil; soybean oil; sunflower oil and of the

no edible oil Jatropha curcas. A blend of oils (canola, corn and sunflower) as well as two kinds of

biodiesel were tested: soybean biodiesel and sunflower biodiesel. Based on the experiments, shear

stress and viscosity at different shear rates (of each sample) were determined at the temperature of

40ºC, as well as the viscosity at various temperatures in the range of 24ºC to 85ºC. Furthermore, the

curves obtained for the viscosity as a function of the temperature were compared with the curves

obtained by modeling this relation by the Vogel equation.

Key-words: energy; exergy; Second Law efficiency; methodology for exergetic evaluation; motor

pump; viscosity; vegetable oils; biodiesel; mathematical model.

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Lista de tabelas

Tabela 1: rotina de testes para análise de Segunda Lei do conjunto motobomba ........... 41

Tabela 2: especificações do tanque ................................................................................. 44

Tabela 3: especificações do conjunto motobomba .......................................................... 46

Tabela 4: especificações do motor................................................................................... 47

Tabela 5: especificações dos manômetros ....................................................................... 49

Tabela 6: especificações do medidor de vazão ................................................................ 50

Tabela 7: especificações do sensor de rotações ............................................................... 51

Tabela 8: especificações do termômetro modelo HK-T220 ............................................ 53

Tabela 9: especificações do termômetro modelo THR-080 ............................................ 54

Tabela 10: especificações do sistema de aquisição de dados .......................................... 57

Tabela 11: vazões, caracterização da água, head e pressões ........................................... 68

Tabela 12: pressões e temperaturas ................................................................................. 69

Tabela 13: valores de eficiência de Segunda Lei e energia desperdiçada ....................... 69

Tabela 14: valores de h2s e de eficiência isoentrópica para as vazões estudadas ............ 72

Tabela 15: valores de variação das parcelas energéticas ................................................. 73

Tabela 16: valores de potência cedida e consumo mínimo ............................................. 74

Tabela 17: entalpias para água como líquido comprimido e líquido saturado ................ 76

Tabela 18: aumento de temperatura do fluido ................................................................. 77

Tabela 19: valores de coeficiente Joule-Thomson .......................................................... 79

Tabela 20: análise exergética para as temperaturas corrigidas ........................................ 80

Tabela 21: valores das constantes de Vogel a, b e c, obtidos para cada amostra ............ 85

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Lista de figuras

Figura 1: análise energética da bomba como volume de controle ................................... 18

Figura 2: análise exergética para um sistema de massa fixa ........................................... 20

Figura 3: exergia associada ao trabalho de fronteira ....................................................... 22

Figura 4: análise exergética da bomba como volume de controle ................................... 24

Figura 5: princípio de funcionamento de um motor diesel .............................................. 27

Figura 6: princípio de funcionamento de uma bomba centrífuga .................................... 28

Figura 7: fluxo energético de uma motobomba ............................................................... 30

Figura 8: laboratório de testes ......................................................................................... 32

Figura 9: porta de entrada do laboratório de testes .......................................................... 32

Figura 10: janela do laboratório de testes ........................................................................ 32

Figura 11: passagem para as tubulações de sucção e descarga ....................................... 33

Figura 12: vista interior do laboratório de testes ............................................................. 33

Figura 13: instalação do tanque ....................................................................................... 34

Figura 14: furo na alvenaria do local de instalação do tanque ........................................ 34

Figura 15: instalação da linha de sucção ......................................................................... 35

Figura 16: instalação da linha de descarga ...................................................................... 36

Figura 17: controle de vazão utilizado no projeto ........................................................... 36

Figura 18: tanque utilizado no projeto ............................................................................. 43

Figura 19: dimensões do tanque ...................................................................................... 44

Figura 20: conjunto motobomba Lintec modelo D50 ..................................................... 45

Figura 21: motor diesel D5 .............................................................................................. 45

Figura 22: bomba centrífuga............................................................................................ 45

Figura 23: curva característica da bomba “vazão x altura manométrica” ....................... 46

Figura 24: curvas de performance do motor .................................................................... 46

Figura 25: tubulações e conexões utilizadas no projeto .................................................. 48

Figura 26: manômetros e amortecedor de pulsação para manômetro ............................. 49

Figura 27: medidor de vazão ........................................................................................... 50

Figura 28: sensor de rotações Sinometer DT-2234C....................................................... 51

Figura 29: fita reflexiva posicionada no volante de inércia do motor ............................. 52

Figura 30: conjunto de medição de temperatura ............................................................. 53

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Figura 31: filtro Y ............................................................................................................ 55

Figura 32: válvula globo .................................................................................................. 55

Figura 33: balança digital ................................................................................................ 56

Figura 34: sistema de aquisição de dados e fonte de alimentação................................... 57

Figura 35: reação de transesterificação .......................................................................... 60

Figura 36: reômetro Haake RS50 .................................................................................... 63

Figura 37: software RheoWin Job Manager .................................................................... 63

Figura 38: sensor DG 41 .................................................................................................. 64

Figura 39: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de milho ........................................ 81

Figura 40: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de canola ....................................... 81

Figura 41: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de pinhão manso ........................... 81

Figura 42: curva de escoamento a 40ºC para a mistura de óleos..................................... 82

Figura 43: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de soja ........................................... 82

Figura 44: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de girassol ..................................... 82

Figura 45: curva de escoamento a 40ºC para o biodiesel de soja .................................... 83

Figura 46: curva de escoamento a 40ºC para o biodiesel de girassol .............................. 83

Figura 47: valores de viscosidade como função da temperatura ..................................... 84

Figura 48: curvas obtidas pela equação de Vogel ........................................................... 86

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Sumário

Capítulo 1 - Introdução .................................................................................................... 13

Capítulo 2 - Fundamentação teórica ................................................................................ 16

Capítulo 3 - Materiais e Métodos .................................................................................... 31

3.1 Procedimentos experimentais ................................................................................ 31

3.1.1 Descrição da bancada de testes ....................................................................... 31

3.1.2 Descrição dos testes ........................................................................................ 38

3.1.3 Descrição e especificações dos equipamentos ................................................ 43

3.2 Caracterização dos fluidos utilizados nos testes .................................................... 57

3.2.1 Caracterização do fluido de processo .............................................................. 57

3.2.2 Caracterização dos combustíveis utilizados .................................................... 58

3.3 Teste preliminar do sistema ................................................................................... 60

3.4 Análise da viscosidade de óleos vegetais e biodiesel ............................................ 60

3.4.1 Influência da viscosidade na operação dos motores diesel ............................. 61

3.4.2 Materiais .......................................................................................................... 62

3.4.3 Procedimentos ................................................................................................. 62

Capítulo 4 - Resultados e Discussão ............................................................................... 65

4.1 Conjunto motobomba ......................................................................................... 65

4.2 Viscosidade de óleos vegetais e biodiesel .......................................................... 80

Capítulo 5 - Conclusões ................................................................................................... 87

Referências ...................................................................................................................... 93

Anexos ............................................................................................................................. 99

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Capítulo 1

Introdução

A energia é um elemento fundamental para a complexa dinâmica dos dias atuais. A

importância de seus efeitos, que permeiam todos os setores da sociedade, ficou evidenciada

por importantes eventos políticos (como o embargo do petróleo em 1973, a Revolução

Iraniana de 1979, a guerra do Golfo Pérsico de 1991 e a invasão do Iraque em 2003), que

mudaram definitivamente a percepção humana a respeito da importância da energia [1].

Paralelamente à importância da energia para o mundo que se configura existe a

preocupação com a preservação ambiental, que estrutura-se tanto nos esforços de otimização

de eficiência energética como nos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e aplicação de

recursos renováveis e tecnologias mais limpas. Neste contexto, merecem destaque os

biocombustíveis, em particular o biodiesel, que trata-se de um éster de ácido graxo obtido por

meio de alguns processos específicos, entre os quais o mais tradicional é a transesterificação

(reações químicas complexas, utilizando óleo vegetal ou sebo animal, adicionado com álcool

– etanol ou metanol, em presença de catalisador, gerando biodiesel e glicerina). Pesquisas ([2]

– [5]) têm apontado a importância dos biocombustíveis para a geração de energia.

Desde a criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel no Brasil, em

dezembro de 2004 (como parte dos esforços do governo no fortalecimento da agricultura

familiar, em especial nas regiões Norte e Nordeste), o biodiesel tem sido adicionado ao diesel,

em caráter obrigatório, na proporção de 2% (no início do programa), 3% (em julho de 2008) e

5% (a partir de janeiro de 2010 e vigorando até os dias atuais). Portanto, a importância deste

biocombustível é notória, uma vez que 42% da demanda de todos os derivados do petróleo é

representada pelo óleo diesel, e com ele o biodiesel é misturado, reduzindo-se assim a

dependência do diesel. Além disso, tal importância é complementada pelas vantagens

oriundas dos aspectos social e ambiental.

O governo tem envidado esforços para estimular a diversificação produtiva de

oleaginosas, que têm vital importância como matéria-prima para o biodiesel. Ao contrário do

que acontece com o álcool americano, por exemplo, o biodiesel é um combustível que

contribui para o aumento da oferta de alimentos, o que derruba uma das principais críticas ao

programa brasileiro: segurança alimentar (uma vez que, neste caso, as oleaginosas são

redirecionadas à agricultura energética). Isso porque a proteína restante do processo de

produção (farelo ou torta) é destinada ao mercado de ração animal, contribuindo assim para a

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produção de carne e leite. Entretanto, o programa pode se mostrar insatisfatório (como no

caso do Nordeste) sem a participação dos movimentos sociais, sindicais e governamentais [6].

Com base na importância da energia, de sua conservação e da utilização de fontes

renováveis e tecnologias mais limpas, o presente trabalho tem por objetivo apresentar uma

metodologia para a avaliação do desempenho de um conjunto motobomba, com motor a

combustão interna utilizando diesel padrão e biodiesel. Entretanto, ao contrário da maioria das

avaliações de desempenho (fundamentadas na Primeira Lei da Termodinâmica, e portanto na

quantidade de energia e capacidade de conversão energética), a metodologia em questão tem

como pilar uma valiosa propriedade para a determinação da qualidade da energia e

comparação dos potenciais de trabalho (produzido ou consumido) das diferentes fontes

energéticas ou sistemas: a exergia, fundamentada na Segunda Lei da Termodinâmica.

A eficiência de Primeira Lei ηI (como exemplos a eficiência térmica e o coeficiente de

performance) não é uma medida de desempenho realista para os dispositivos de engenharia. A

real necessidade é o conhecimento do potencial de trabalho da fonte, ou seja, a quantidade de

energia que pode ser extraída como trabalho útil1 (produzido). O restante da energia será

inevitavelmente rejeitado como energia indisponível, não sendo aproveitada. Para superar

essa deficiência, define-se a eficiência de Segunda Lei ηII, como a razão entre o consumo

mínimo de trabalho e o consumo real de trabalho (por se tratar a bomba de um dispositivo que

consome trabalho).

Assim sendo, objetiva-se no presente trabalho o desenvolvimento de uma metodologia

para a avaliação exergética experimental de um conjunto motobomba, tomando a bomba

como volume de controle, para uma faixa específica de regimes de operação (rotações, vazões

e alturas manométricas) utilizando diesel padrão e biodiesel. Portanto, com a utilização desta

metodologia, é possível uma avaliação do melhor desempenho, uma vez que serão levadas em

consideração a exergia fornecida (por analogia o consumo mínimo de trabalho considerando

um processo reversível e estado final como estado morto – equilíbrio termodinâmico com o

ambiente), a exergia recuperada (por analogia o consumo de trabalho útil, considerando o

consumo real relativo à operação, maior que o consumo ideal) e a exergia destruída (devido às

irreversibilidades, por analogia o consumo extra de energia).

A análise exergética é uma ferramenta com extensa aplicação. Ela pode ser utilizada

em equipamentos, sistemas e até mesmo na economia e na sociedade. Um estudo recente

(2011, [7]) realizou uma análise exergética da coleta do óleo de cocção utilizado para a

1 O mesmo raciocínio pode ser utilizado para os dispositivos que consomem trabalho. Neste caso, tem-se o consumo mínimo de trabalho da fonte.

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produção do biodiesel em uma planta piloto. Neste trabalho, determinou-se a exergia total da

etapa de coleta e sua eficiência exergética, avaliando-se as distâncias percorridas, o consumo

de diesel, perdas sofridas e emissões. Os resultados mostraram um percentual de exergia

destruída equivalente a 54,31% e eficiência do processo de 45,68%.

No campo da cogeração, muitos trabalhos foram desenvolvidos utilizando-se a

análise exergética ([8] − [11]). Um estudo realizado em 2007 [12] avaliou, por meio de uma

análise exergética, o projeto básico de uma instalação de cogeração, que utiliza conjuntos

motogeradores os quais possuem como fonte de energia a queima de gás natural e misturas de

diesel e biodiesel associados a chillers de absorção (produzindo energia elétrica e água gelada

para o sistema central de condicionamento de ar). Chegou-se à conclusão que a instalação

possui baixa qualidade energética em seus processos. Além disso, por meio da análise

exergética, foi possível detectar que a maior fonte de destruição de exergia no sistema é

decorrente do processo de água gelada no chiller, que utiliza como fonte de energia gases de

exaustão dos conjuntos motogeradores.

A análise exergética também encontra aplicação no campo da refrigeração solar [13].

Processos químicos foram analisados utilizando-se o conceito de exergia [14]. O desempenho

de motores, utilizando diversos combustíveis, foi avaliado por análise exergética ([15] −

[18]). Em um desses estudos [18], chegou-se à conclusão que 90,09% da destruição de

exergia ocorreu dentro do motor e que 4,39% da destruição de exergia estava relacionada aos

processos de vaporização do combustível e troca térmica com o ambiente.

Biocombustíveis foram investigados utilizando-se os conceitos de exergia [19], [20].

Um estudo demonstrou um grande número de aplicações de exergia, desde setores da

economia (industrial, transporte, residencial, comercial e geração de energia), até indústrias e

processos específicos (indústria do petróleo), plantas individuais (plantas elétricas, de

aquecimento, etc.) e os diversos componentes dessas plantas (caldeiras, motores, turbinas,

etc.) [21]. Até mesmo a economia e a sociedade (países e regiões) podem ser modeladas por

análise exergética [22], [23].

O presente trabalho também tem como objetivo analisar a viscosidade de diversos

óleos vegetais e alguns tipos de biodiesel, para diversas temperaturas e taxas de cisalhamento,

realizando-se uma modelagem matemática para comparação das curvas obtidas

experimentalmente com as curvas obtidas pelo modelo matemático utilizado. Muitos estudos

foram realizados com esse objetivo ([24] − [27]).

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Capítulo 2

Fundamentação teórica

O desenvolvimento deste capítulo tem por base as referências [28], pp. 351-374, [29]

− [32]. A eficiência de Segunda Lei ηII para dispositivos que consomem trabalho é a razão

entre o consumo mínimo de trabalho Wrev (reversível) e o consumo de trabalho útil Wu (real)

conforme a equação (1):

ηII = Wrev/Wu (1)

O consumo mínimo de trabalho e o consumo de trabalho útil fundamentam-se,

respectivamente, nas análises exergética e energética para um volume de controle. Para as

análises energética e exergética, a bomba é considerada um dispositivo adiabático (com

isolamento de tal forma que as trocas térmicas entre sistema e ambiente são desprezadas, ou

seja, Q = 0), com escoamento em regime permanente (não havendo variação de propriedades

com o tempo), propriedades uniformes (iguais em qualquer ponto da seção analisada do

volume de controle) e corrente única (uma entrada e uma saída, ou seja, sucção e descarga).

Para a análise energética, considera-se um volume de controle que engloba a bomba

do conjunto motobomba, havendo portanto entrada e saída de massa (fluido de processo). O

balanço de energia aplicado a um processo para volume de controle é expresso pela seguinte

relação:

Ėe – Ės = dEsistema/dt = 0 (regime permanente) (2)

Sendo Ėe – Ės a taxa líquida de transferência de energia por calor, trabalho e fluxo de

massa e dEsistema/dt a taxa de variação das energias interna, cinética, potencial e outras formas

possíveis de energia.

Portanto, como muitos dispositivos de engenharia (como é o caso da bomba em

questão) operam essencialmente sob as mesmas condições por longos períodos, eles podem

ser convenientemente analisados como dispositivos com escoamento em regime permanente,

não havendo variação da energia do sistema com o tempo. Em outras palavras, a variação na

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energia total do volume de controle é zero (∆EVC = 0, pois EVC é constante para um processo

em regime permanente).

Considerando a hipótese acima, pode-se reescrever o balanço de energia:

Ėe = Ės (3)

Sendo Ėe a taxa líquida de entrada de energia por calor, trabalho e fluxo de massa, e Ės

a taxa líquida de saída de energia por calor, trabalho e fluxo de massa. Observando que a

energia pode ser transferida apenas por calor, trabalho e fluxo de massa, o balanço de energia

da equação (3) aplicado a um volume de controle com escoamento em regime permanente

pode ser escrito mais explicitamente como:

Qe + Ẇe + Σe ṁ (h + (V2/2) + gz) = Qs + Ẇs + Σs ṁ (h + (V2/2) + gz) (4)

Sendo Q a taxa de transferência de calor entre o volume de controle e sua vizinhança

(no caso do projeto o volume de controle − bomba − é considerado bem isolado, portanto Q =

0). Ẇ representa as formas restantes de trabalho, uma vez que o trabalho relacionado ao

deslocamento de fluido para dentro e para fora do volume de controle é computado pela

propriedade entalpia. Os subscritos e e s representam, respectivamente, entrada no volume de

controle e saída do volume de controle. O termo (h + (V2/2) + gz) é relativo a cada entrada e

saída, onde h é a entalpia (u + pv), u é a energia interna, pv é o trabalho de escoamento −

função da pressão e do volume, V2/2 é a energia cinética e gz é a energia potencial.

Na equação (4) é importante notar que outras formas de energia são desprezadas,

como por exemplo campos eletromagnéticos. Isso é válido no projeto, uma vez que o local de

instalação do conjunto motobomba está isento de outras formas de energia como a energia

eletromagnética. Além disso, é válido também desprezar os termos relativos às energias

cinética e potencial. No caso da parcela de energia potencial, a diferença de altura entre os

bocais de sucção e descarga (considerando a linha de centro dos bocais) é pequena e, portanto,

esse termo é desprezado (variação de energia potencial ∆ep = 0). No caso da parcela de

energia cinética, as velocidades encontradas são em geral muito baixas para causar variações

significativas entre o bocal de sucção e o bocal de descarga (em comparação à variação de

entalpia, − variação de energia cinética ∆ec = 0).

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Assim sendo, considerando regime permanente, propriedades uniformes, corrente

única, Q = 0, ∆ec = 0 e ∆ep = 0, o consumo de trabalho útil Wu (real) é função somente da

diferença de entalpia entre os estados 1 (inicial, na entrada da bomba) e 2 (final, na saída da

bomba) – variação energética entre os estados especificados – como se segue:

Ẇu = ṁ (h2 – h1) (5)

A figura 1 representa a análise energética da bomba como volume de controle descrita

anteriormente. A equação (5) representa o trabalho que de fato é consumido pela bomba

(considerando que não há trabalho relacionado a movimento de fronteira, pelo fato de não

haver variação de volume no volume de controle − fronteira fixa. Esse trabalho é maior do

que o trabalho que a bomba consumiria se o processo entre os estados inicial 1 e final 2 fosse

reversível (uma vez que existem irreversibilidades no processo que fazem com que a energia

total consumida seja maior, no sentido de superá-las).

Figura 1: análise energética da bomba como volume de controle

O consumo mínimo de trabalho Wrev (reversível) pode ser expressado com base em

uma propriedade denominada exergia de escoamento ѱ. Essa propriedade pode ser melhor

entendida pela análise exergética de um volume de controle. Entretanto, para uma boa

compreensão da análise exergética e, portanto, da função exergia de escoamento, é necessária

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a compreensão da análise exergética para um sistema de massa fixa. A exergia pode ser

entendida como a energia disponível (disponibilidade) para a realização de trabalho (para os

dispositivos que produzem trabalho) ou energia mínima demandada (para os dispositivos que

consomem trabalho). Considerando o conjunto motobomba, parte do total de energia que

entra2 (calor trocado entre a fonte a alta temperatura e o conjunto) é rejeitada para uma fonte à

baixa temperatura (meio frio ou sumidouro). Essa energia está relacionada ao Enunciado de

Kelvin-Planck3 e não é considerada, já que sua perda é inevitável.

A parcela restante de energia representa então a disponibilidade ou exergia fornecida.

Parte dessa energia será destruída (exergia destruída) devido às irreversibilidades. Finalmente,

a parte restante (exergia recuperada) está relacionada à realização (ou consumo) de trabalho.

É importante notar que no caso da bomba (dispositivo que consome trabalho), o trabalho real

consumido é maior que o consumo mínimo de trabalho (reversível) uma vez que as

irreversibilidades inerentes ao processo precisam ser superadas.

Considera-se inicialmente um sistema estacionário fechado em um estado

especificado, que sofre um processo reversível até o estado morto (ou seja, a temperatura e

pressão finais do sistema devem ser T0 e P0, respectivamente). O subscrito 0 representa as

condições do sistema em equilíbrio termodinâmico com o ambiente. O trabalho útil produzido

durante esse processo é a exergia do sistema em seu estado inicial, ou seja, Wu = Wrev. É

importante notar que o raciocínio inverso pode ser utilizado para dispositivos que consomem

trabalho. O sistema considerado é representado pela figura 2.

O arranjo pistão-cilindro contém um fluido de massa m à temperatura T e pressão P. O

sistema (a massa dentro do cilindro) tem um volume V, energia interna U e entropia S. Ao

passar por uma variação diferencial de estado, o volume se altera em uma quantidade

diferencial dV e o calor é transferido na quantidade diferencial δQ. As diferenciais d e δ

representam variações. Entretanto, calor Q (assim como trabalho W) é uma função de

trajetória e o volume V (assim como as demais propriedades) é uma função de ponto, ou seja,

depende somente do estado e não do modo como o sistema alcança aquele estado.

2 O calor gerado no motor de combustão interna (diesel), acoplado à bomba, será convertido em trabalho transferido ao fluido de processo.

3 É impossível para qualquer dispositivo que opera em um ciclo receber calor de um único reservatório e produzir uma quantidade líquida de trabalho.

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Figura 2: análise exergética para um sistema de massa fixa

Fonte: [28], p. 354

O balanço de energia do sistema durante esse processo diferencial pode ser expresso

como (assumindo a direção das transferências de calor e trabalho como sendo do sistema, ou

seja, saídas de calor e trabalho):

δEe – δEs = dEsistema (6)

Sendo δEe – δEs a transferência líquida de energia por calor, trabalho e fluxo de massa

e o termo dEsistema a variação das energias interna, cinética, potencial e outras formas de

energia.

A única forma de energia que o sistema contém neste caso é a energia interna, e as

únicas formas de transferência de energia que uma massa estacionária pode envolver são o

calor e o trabalho. A única forma de trabalho que um sistema compressível simples pode

envolver durante um processo reversível é o trabalho de fronteira, que é dado por δW = P dV

quando a direção do trabalho é considerada como sendo do sistema. A pressão P da expressão

anterior é a pressão absoluta, que é medida a partir do zero absoluto. Todo o trabalho útil

fornecido por um arranjo pistão-cilindro deve-se à pressão acima do nível atmosférico. Assim:

δW = P dV = (P – P0)dV + P0 dV = δWsistema, útil + P0 dV (7)

Um processo reversível não pode envolver qualquer transferência de calor com

diferença de temperatura finita e, portanto, toda transferência de calor entre o sistema à

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temperatura T e sua vizinhança à T0 deve ocorrer através de uma máquina térmica reversível.

Observando que a variação de entropia dS é igual a razão δQ/T (quantidade diferencial de

calor trocado δQ em um ponto da fronteira à temperatura T) e que a eficiência térmica de uma

máquina térmica reversível que opera entre as temperaturas T e T0 é ηt = 1 – (T0/T) (eficiência

de Carnot, ou seja, a mais alta eficiência que pode possuir uma máquina térmica operando

entre os dois reservatórios de energia térmica), o trabalho diferencial produzido por uma

máquina como resultado dessa transferência de calor é:

δWMT = 1 – (T0/T) δQ (8)

Portanto, a expressão para δQ será:

δQ = δWMT – T0 dS (9)

O subscrito MT é relativo à máquina térmica. Substituindo as expressões para δW e δQ

– equações (7) e (9) – na equação do balanço de energia – equação (6) – e rearranjando tem-

se:

δWtotal útil = δWMT + δWsistema, útil = – dU – P0 dV + T0 dS (10)

Integrando do estado especificado (sem subscrito) até o estado morto (subscrito 0):

δWtotal útil = ∫ – dU + ∫ – P0 dV + ∫ T0 dS (11)

Obtém-se:

Wtotal útil = (U – U0) + P0 (V – V0) – T0 (S – S0) (12)

Sendo Wtotal útil o trabalho total útil produzido enquanto o sistema passa por um

processo reversível do estado especificado até o estado morto, que por definição é a exergia.

Em geral, um sistema fechado pode possuir energias cinética e potencial, e sua energia total é

igual à soma de suas energias interna, cinética e potencial. Observando que as energias

cinética e potencial por si próprias são formas de exergia (uma vez que são formas de energia

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mecânica e, portanto, podem ser totalmente convertidas em trabalho útil), a exergia X de um

sistema fechado de massa m é:

X = (U – U0) + P0 (V – V0) – T0 (S – S0) + m (V2/2) + mgz (13)

Para uma massa unitária, a exergia de um sistema fechado Φ é expressa como:

Φ = (u – u0) + P0 (v – v0) – T0 (s – s0) + (V2/2) + gz (14)

Para um volume de controle, existe uma forma adicional de energia, que é a energia de

escoamento (ou trabalho de escoamento). Essa parcela de energia é necessária para manter o

escoamento em um tubo ou duto, e é expressa como wescoamento = Pv, onde v é o volume

específico do fluido, que é equivalente à mudança de volume de uma massa unitária do fluido

à medida que ela é deslocada durante o escoamento.

O trabalho de escoamento é essencialmente o trabalho de fronteira realizado por um

fluido no fluido à jusante e, portanto, a exergia associada ao trabalho de escoamento é

equivalente à exergia associada ao trabalho de fronteira, que é o trabalho de fronteira

descontado o trabalho realizado contra o ar atmosférico à pressão P0 para deslocá-lo por um

volume v (figura 3). Observando que o trabalho de escoamento é Pv e que o trabalho realizado

contra o ar atmosférico é P0v, a exergia associada à energia de escoamento pode ser expressa

por:

xescoamento = Pv – P0v = (P – P0)v (15)

Figura 3: exergia associada ao trabalho de fronteira

Fonte: [28], p. 356

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Portanto, a exergia associada à energia de escoamento é obtida pela substituição da

pressão P na expressão do trabalho de escoamento pela pressão que excede a pressão

atmosférica P – P0. Então, a exergia de um fluido escoando ѱ é determinada pela simples

adição da expressão acima (15) com a expressão da exergia de um sistema fechado – equação

(14):

ѱ = (h – h0) – T0 (s – s0) + (V2/2) + gz (16)

A expressão acima é chamada de exergia de escoamento. A variação da exergia de um

sistema fechado ou de um volume de controle, que passa por um processo do estado inicial 1

para o estado final 2 representa a máxima quantidade de trabalho útil que pode ser realizado

(ou a mínima quantidade de trabalho útil que precisa ser fornecida se ela for negativa). Em

outras palavras, a variação de exergia representa o trabalho reversível Wrev.

Por analogia ao balanço de energia realizado anteriormente para a obtenção de Wu,

para um processo entre os estados inicial 1 e final 2, é possível obter-se uma expressão para o

trabalho reversível Wrev a partir do balanço de exergia para um volume de controle.

Observando que a exergia é transferida com calor, trabalho e massa, e que parte da exergia é

destruída, a variação de exergia entre os estados 1 e 2 pode ser expressa como:

Xcalor – Xtrabalho + Xmassa, e – Xmassa, s – Xdestruída = (X2 – X1)VC (17)

Sendo: Xcalor a exergia transferida com o calor; Xtrabalho a exergia transferida com o

trabalho; Xmassa a exergia transferida com a massa (os subscritos e e s representam,

respectivamente, entrada no volume de controle e saída do volume de controle); Xdestruída a

exergia destruída devido às irreversibilidades e o termo (X2 – X1) a variação de exergia do

volume de controle (VC é relativo a volume de controle).

Como a bomba é um dispositivo adiabático, o termo Xcalor pode ser desprezado, ou

seja, Σ (ηt) Q (exergia transferida com o calor) é zero. Para obtenção de uma expressão para

Wrev, faz-se a exergia destruída igual a zero, ou seja, Xdestruída = 0. Como Xtrabalho = (W – P0 (V2

– V1)), Xmassa = ṁѱ (corrente única), sendo o regime permanente e as propriedades uniformes,

a equação (17) pode ser expressa em forma de taxa. Neste caso o trabalho representa o

mínimo trabalho consumido pela bomba e é expresso por:

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Ẇrev = ṁ (ѱ2 – ѱ1) (18)

A figura 4 representa a análise exergética da bomba como volume de controle. O

consumo mínimo de trabalho da bomba (processo reversível) é função somente da diferença

de exergia de escoamento entre os estados inicial e final. Concluindo, a eficiência de Segunda

Lei pode ser expressa dividindo-se a equação (18) pela equação (5). Assim, tem-se:

ηII = Ẇrev/Ẇu = (ѱ2 – ѱ1) / (h2 – h1) (19)

Figura 4: análise exergética da bomba como volume de controle

Portanto, fixando-se condições operacionais iguais para o conjunto motobomba, é

possível uma avaliação qualitativa dos combustíveis testados, além da avaliação da

proximidade do desempenho real da bomba em relação ao desempenho ideal. A eficiência de

Segunda Lei avalia o quanto de energia disponível (exergia) está sendo convertida em energia

útil (ou o quanto a mais está se consumindo de energia em relação ao consumo mínimo

reversível), e não somente uma avaliação global de conversão de calor em trabalho, como é o

caso da limitada eficiência de Primeira Lei. A eficiência de Segunda Lei avalia o quanto de

energia de fato é desperdiçada e avalia o desempenho real do dispositivo em comparação ao

melhor desempenho possível.

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Ao medir-se os parâmetros pressão e temperatura na entrada e saída da bomba, assim

como a temperatura ambiente, é possível determinar-se ѱ1, ѱ2, h1 e h2. O fluido de processo

(água) deve ser modelado, a princípio, como líquido comprimido (também denominado sub-

resfriado, uma vez que a própria pressão atmosférica – ~101,4 kPa – é consideravelmente

maior que a pressão de saturação da água à temperatura ambiente – 3,17 kPa @ 25ºC), para

evitar-se erros indesejáveis nos valores de entalpia (e consequentemente nos valores de

potência), principalmente no estado final do processo.

Para o levantamento das propriedades termodinâmicas da água, a partir dos estados

definidos, recomenda-se a utilização da formulação para as Propriedades Termodinâmicas da

Substância Água Comum para Uso Geral e Científico, emitida pela Associação Internacional

para as Propriedades da Água e do Vapor (The International Association for the Properties of

Water and Steam – IAPWS). Esta formulação é denominada IAPWS Formulation 1995. Existe

também uma formulação para água e vapor para uso industrial, denominada IAPWS-IF97.

A formulação de 1995 foi revisada no ano de 2009, e algumas alterações específicas

ocorreram nos anos de 2010 e 2012. A formulação tem por base uma equação fundamental

para a energia livre específica de Helmholtz, sendo adotada por diversos países4, incluindo o

Brasil, membro associado. A página oficial da Associação Internacional para as Propriedades

da Água e do Vapor disponibiliza a formulação e também um endereço para o cálculo online

das propriedades termodinâmicas da água, baseado na IAPWS Formulation 1995 [33].

Existem empresas, como por exemplo a ChemicaLogic Corporation, que

disponibilizam gratuitamente softwares5 para o cálculo das propriedades termodinâmicas,

baseados na IAPWS Formulation 1995. Recomenda-se o software SteamTab Companion (ou

similar), versão 2.0, disponível na referência [34].

Princípio de funcionamento de um motor diesel

O princípio de funcionamento de um motor diesel tem por base as referências [28], pp.

405-407, [35]. Os motores a combustão interna do ciclo diesel funcionam baseados no

aproveitamento da energia da queima do combustível, que geralmente é o óleo diesel 4 Os membros da Associação Internacional para as Propriedades da Água e do Vapor são: Grã-Bretanha, Irlanda, Canadá, República Checa, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Japão, Rússia, Estados Unidos; e membros associados: Argentina, Brasil, Itália e Suíça.

5 Esses softwares fundamentam-se em algoritmos que utilizam rotinas de alta exatidão, como é o caso da rotina Steam_IAPWS, que incorpora a IAPWS Formulation 1995.

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(podendo ser outro tipo de óleo, como o óleo pesado da destilação do petróleo, chamado óleo

combustível ou mazout na França), ou um óleo vegetal (ou mesmo uma mistura de diesel e

óleo vegetal, desde que o motor esteja devidamente projetado para tal ou que o óleo

alternativo em questão passe por um tratamento químico específico).

Fundamentalmente, o motor diesel transforma a energia térmica da combustão do óleo

em energia mecânica, ou de movimento. A combustão do óleo produz gases de combustão

que se expandem, aumentando de volume dentro do cilindro do motor, empurrando o pistão

para baixo, que como está fixo à biela e esta ao virabrequim, faz este girar. A combustão do

óleo é feita por meio da combinação do oxigênio contido no ar com o carbono e o hidrogênio

contidos no óleo, e esta reação química é exotérmica (produz calor). O motor pode estar

acoplado a uma bomba (como é o caso do projeto), a um gerador ou a outros equipamentos,

dependendo do tipo de energia a ser convertida. A seguir é apresentado o funcionamento de

um motor a 4 tempos, por se tratar o motor do conjunto motobomba de um motor a 4 tempos

(ou 4 cursos, figura 5).

Primeiro tempo (admissão): cada cilindro tem as válvulas “A” de admissão e “B” de

escape colocadas na cabeça do cilindro, e comandadas por balancins. O pistão encontra-se no

Ponto Morto Superior (PMS), pronto para iniciar seu curso descendente. A válvula de

admissão se abre e o ar entra a medida em que o pistão desce, por diferença de pressão,

enchendo o espaço que este último desocupa dentro do cilindro. Portanto, o cilindro se enche

de ar quando o pistão se desloca até o Ponto Morto Inferior (PMI).

Segundo tempo (compressão): chegando ao Ponto Morto Inferior, o pistão inicia o

curso de retorno. A válvula de admissão se fecha e a válvula de escape continua fechada. O ar

é então comprimido, até ficar reduzido a um volume que é cerca de 15 a 20 vezes menor. Por

conta desta forte compressão, a temperatura do ar sobe, podendo chegar a 700ºC, e as

pressões podendo chegar a valores da ordem de 30 kgf/cm2 a 40 kgf/cm2. No final da

compressão, o pistão chega ao Ponto Morto Superior. Pouco antes, é iniciada a injeção de

óleo diesel. O óleo diesel é aspirado do tanque de combustível por meio de uma tubulação

(por uma bomba de óleo diesel), que o leva (passando por filtros) até o injetor de óleo.

Terceiro tempo (combustão): o óleo diesel entra na câmara de combustão do cilindro

na forma de um fino jato de partículas pulverizadas, que é lançado pelo injetor. Para que o

óleo diesel se pulverize ao ser injetado, é necessário alcançar-se elevadas pressões, que podem

chegar a 300 kgf/cm2 em alguns motores. Durante a combustão, a pressão máxima no cilindro

pode chegar ao dobro da pressão máxima nos cilindros dos motores a ciclo Otto. A entrada do

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óleo é progressiva, e portanto a queima é progressiva (ao contrário dos motores a gasolina,

onde a queima é rápida). Assim sendo, a medida em que o óleo diesel queima, formam-se

gases de combustão em alta pressão, que se dilatam (aumentam de volume), empurrando o

pistão para baixo, fazendo girar o virabrequim e movimentando o motor.

Quarto tempo (escape): para os gases de combustão serem eliminados, a válvula de

escape abre, e o pistão começa a subir logo após ultrapassar o Ponto Morto Inferior, voltando

a ocupar o espaço do cilindro, que está cheio de gases de combustão. Portanto, ele empurra os

gases, que saem pela válvula de escape aberta, e passam pela tubulação de escape, ainda com

temperatura elevada e parcialmente comprimidos. Finalmente, os gases passam pelo

silencioso e tubulação de escapamento até serem lançados na atmosfera. O pistão encontra-se

no Ponto Morto Superior, pronto para reiniciar o ciclo.

Figura 5: princípio de funcionamento de um motor diesel

Fonte: [35]

Princípio de funcionamento de uma bomba centrífuga

O princípio de funcionamento de uma bomba centrífuga tem por base as referências

[36] e [37]. As partes fundamentais de uma turbobomba são o impelidor e a carcaça. O

impelidor consta essencialmente de palhetas ou pás, que impulsionam o líquido. A carcaça

envolve o impelidor, contém o líquido e serve de envólucro global. Para o funcionamento de

uma turbobomba, é necessário que a carcaça esteja completamente cheia de líquido, e

portanto, que o impelidor esteja mergulhado no líquido (bomba escorvada). O funcionamento

de uma bomba centrífuga baseia-se praticamente na criação de uma zona de baixa pressão e

de uma zona de alta pressão.

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A criação da zona de baixa pressão decorre do fato de que o líquido, recebendo por

meio das pás o movimento de rotação do impelidor, fica sujeito à força centrífuga que faz

com que as partículas do líquido se desloquem em direção à periferia do impelidor. Este

deslocamento resulta na criação de um vazio (baixa pressão) na região central, vazio este que

será preenchido por igual quantidade de líquido proveniente da fonte, estabelecendo-se assim

a primeira condição para o funcionamento que é um fluxo contínuo (regime permanente).

A criação da zona de alta pressão na periferia, alta pressão esta que é a responsável

pela possibilidade de transporte do fluido e atendimento das condições finais do processo,

deve-se ao fato de que o líquido que parte para a periferia, sob a ação da força centrífuga, vai

encontrar um aumento progressivo na área de escoamento, que causará queda de velocidade e

aumento de pressão (teorema de Bernouilli). Está, desta maneira, criada a alta pressão na

periferia, necessária para que a bomba cumpra a sua função.

Assim sendo, em outras palavras, o impelidor fornece energia ao fluido, sendo em

seguida parte da energia cinética transformada em energia de pressão, devido ao aumento

progressivo da área da carcaça na região de difusão (após o líquido atravessar a voluta). Na

realidade, um certo aumento de pressão ocorre durante a passagem do fluido desde a entrada

até a saída do canal formado pelas pás do impelidor, visto que este canal é divergente.

Entretanto, boa parte do ganho de pressão é obtida após a saída do impelidor, quando o fluido

é orientado através de uma região de área crescente.

Figura 6: princípio de funcionamento de uma bomba centrífuga

Fonte: [36]

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Fluxo energético da motobomba

O fluxo energético do conjunto motobomba é representado pela figura 7. A “energia

da rede” no caso do projeto em questão é equivalente à energia térmica oriunda da energia

química do combustível. As perdas iniciam-se no próprio processo de combustão. A

eficiência de combustão é a razão entre a quantidade de calor liberada durante a combustão e

o poder calorífico (superior – água completamente condensada; e inferior – água liberada sob

a forma de vapor.

Uma eficiência de combustão de 100% indica que o combustível é completamente

queimado e que os gases de combustão saem da câmara de combustão à temperatura ambiente

e, portanto, a quantidade de calor liberada durante o processo de combustão é igual ao poder

calorífico do combustível. Neste caso tem-se um processo teórico, e a quantidade mínima de

ar necessária para a completa combustão de um combustível é chamada de ar estequiométrico

ou ar teórico.

Em um processo de combustão real é prática comum utilizar mais ar do que a

quantidade estequiométrica para aumentar as chances de combustão completa ou para

controlar a temperatura da câmara de combustão (excesso de ar). Ainda assim, haverá uma

geração de entropia durante o processo de combustão (função da entropia dos reagentes, da

entropia dos produtos e também da entropia por transferência de calor – quando a câmara de

combustão for analisada de modo que suas paredes sejam diatérmicas, ou seja, quando a

câmara não for modelada como adiabática). Existem ainda perdas por vaporização do

combustível armazenado no tanque.

Observa-se que a otimização térmica do projeto do conjunto motobomba é um

processo complexo, que deve considerar uma análise completa (entre a energia disponível no

combustível – entrada – e a energia disponibilizada ao fluido – saída) e envolver diversas

áreas do conhecimento (química, termodinâmica, fluidos, materiais, etc.).

A degradação e os atritos no motor são considerados pelo rendimento do motor. Existe

uma pequena degradação energética no acoplamento entre o motor e a bomba, mas na prática

essa degradação é desprezada (a potência efetiva – energia no eixo – pode ser considerada

igual à potência absorvida pela bomba. Os atritos internos relativos à máquina são

considerados por seu rendimento (e representam as irreversibilidades, que fazem com que o

consumo real da bomba seja maior do que o consumo ideal). A energia transferida ao fluido

representa a potência mecânica útil entregue. Por fim, existe ainda uma degradação no próprio

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fluido (portanto uma parcela menor do que a potência mecânica útil está disponível, de fato,

para o fluido) [38].

Figura 7: fluxo energético de uma motobomba

Fonte: [38]

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31

Capítulo 3

Materiais e Métodos

3.1 Procedimentos experimentais

3.1.1 Descrição da bancada de testes

Para a futura execução dos testes foi implementado um processo simples no qual a

bomba (conjunto motobomba) faz a transferência de água em um circuito fechado com um

reservatório que está instalado a uma elevação de 3,2 metros em relação ao nível do solo. O

fluxograma do processo está representado no anexo 1. A instalação do circuito hidráulico

(conjunto motobomba, tanque de água, tubulações de sucção e descarga, instrumentação e

bancada com sistema de aquisição de dados) foi realizada nas dependências da Universidade

Federal Fluminense, na Escola de Engenharia, Bloco E.

Um laboratório foi construído para acomodação do conjunto motobomba (figura 8). O

laboratório possui uma porta de entrada (figura 9), janela para renovação do ar por ventilação

natural (figura 10) e passagem para as tubulações de sucção e descarga oriundas do ambiente

externo (figura 11). O projeto de exaustão (arranjo e instalação da linha de exaustão dos gases

gerados e passagem desta linha), o projeto de iluminação interna e o projeto da bancada

encontram-se em avanço. Uma derivação com válvula esfera na linha de sucção permitirá a

instalação futura de uma linha de dreno do sistema. A figura 12 apresenta a vista interior do

laboratório.

O tanque foi instalado sobre uma das lajes do prédio da Escola de Engenharia, Bloco

E, conforme figura 13. O tanque está apoiado sobre uma base devidamente projetada,

composta por 7 vigas de madeira maçaranduba de seção transversal 6 x 6 cm. As vigas de

maçaranduba foram assentadas sobre uma camada de argamassa de 5 mm de espessura. Foi

realizado um furo na lateral da alvenaria do prédio, para permitir a passagem das tubulações

de sucção e descarga (figura 14).

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Figura 8: laboratório de testes

Figura 9: porta de entrada do laboratório de testes

Figura 10: janela do laboratório de testes

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33

Figura 11: passagem para as tubulações de sucção e descarga

Figura 12: vista interior do laboratório de testes

Em relação à figura 12 tem-se:

1) Tubulação de sucção;

2) Tubulação de descarga

3) Manômetro de sucção tipo Bourdon (0-400 mbar);

4) Manômetro de descarga tipo Bourdon – antes da válvula de controle de vazão (0-4

kgf/cm2);

5) Manômetro de descarga tipo Bourdon – após a válvula de controle de vazão (0-4

kgf/cm2);

6) Válvula de controle de vazão (válvula globo);

7) Medidor de vazão eletromagnético;

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34

8) Termômetro digital para temperatura ambiente;

9) Previsão na linha de sucção para instalação da linha de dreno do sistema;

10) Válvula esfera (registro) da linha de sucção;

11) Tubulação de exaustão (provisória);

12) Conjunto motobomba.

Figura 13: instalação do tanque

Figura 14: furo na alvenaria do local de instalação do tanque

A elevação do tanque foi projetada de modo que a mesma seja favorável à operação da

bomba, em relação ao sistema de sucção (bomba afogada). Entretanto, a rigor, uma análise de

cavitação torna-se necessária como será explicado mais adiante. No tanque foram instalados

adaptadores para a conexão da linha de sucção e da válvula de dreno (válvula esfera). Foi

realizado um furo para a conexão da linha de descarga.

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35

As linhas de sucção e descarga foram instaladas utilizando-se um arranjo otimizado

(respectivamente, figuras 15 e 16). Um filtro tipo Y foi instalado na linha de sucção para a

proteção da bomba, como será descrito mais adiante. Para a medição da pressão nos estados

inicial e final do processo (entrada e saída da bomba), foram instalados medidores de pressão

(manômetros tipo Bourdon), um medidor na linha de sucção e um medidor na linha de

descarga. Portanto, é possível medir a pressão na entrada e na saída da bomba, além do

levantamento da altura manométrica.

Um medidor de vazão foi instalado na linha de descarga da bomba. Este medidor é do

tipo eletromagnético e tem duas opções de medição: leitura local do valor de vazão

instantânea; transmissão de dados para um sistema de aquisição. Ele é necessário para a

fixação das condições operacionais, ou seja, a possibilidade de se realizar o estudo para

diferentes vazões de processo. Existe uma previsão na linha de sucção para a instalação da

linha de dreno do sistema (tê e registro instalados). Todas as linhas foram suportadas de modo

que o conjunto (circuito hidráulico) não apresente vibrações excessivas em seus diversos

componentes. Houve uma alteração posterior no arranjo da linha de descarga, como pode ser

observado ao comparar-se as figuras 12 e 16, por questões de otimização nas medições.

Figura 15: instalação da linha de sucção

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36

Figura 16: instalação da linha de descarga

Uma válvula globo foi instalada na linha de descarga da bomba. Ela possibilita a

variação de vazão e, simultaneamente, a variação de pressão do sistema. A alteração da vazão

é devido à redução do diâmetro e consequente aumento da resistência na curva do sistema (à

medida em que se restringe o escoamento a curva do sistema tende a verticalizar-se). Com

isso, é possível a análise para diversos valores de vazão, à medida em que se restringe o

escoamento pelo fechamento parcial da válvula de controle de vazão. A figura 17 representa o

processo de controle de vazão descrito anteriormente.

Figura 17: controle de vazão utilizado no projeto

Fonte: [38]

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37

O processo de controle de vazão adotado representa uma alteração no head dinâmico6,

sendo o mais utilizado na prática. Entretanto, é importante destacar que não é o mais eficiente

do ponto de vista energético. Isso porque esse processo implica na introdução de perda de

carga, o que reduz a eficiência energética da instalação. Contudo, o controle de vazão pela

alteração da curva da bomba7 ou pela alteração da curva do sistema8 (relativa ao head

estático) são inviáveis no caso do projeto em questão, e foram descartados.

Para a medição das rotações do conjunto motobomba tem-se um tacômetro digital a

laser. O tacômetro, também conhecido como taquímetro, conta-rotações, conta voltas ou

conta-giros, é um instrumento de medição do número de rotações (geralmente por minuto,

RPM) de um motor. O tacômetro pode ser utilizado como um tacômetro óptico ou como um

tacômetro de contato, permitindo a medição de RPM nas mais diversas aplicações.

Para a medição de temperaturas (ambiente, sucção e descarga) tem-se um conjunto de

medição de temperatura, composto por dois termômetros digitais. O conjunto será descrito no

item 3.1.3.

6 O head dinâmico representa a parcela de energia associada às perdas de carga no sistema. O controle de vazão adotado (válvula globo na descarga) representa uma alteração na curva do sistema.

7 A alteração da curva da bomba é descartada pois implicaria na alteração do diâmetro externo do impelidor, ou seja, seriam necessárias a desmontagem da bomba e a usinagem do rotor para um diâmetro menor, alterando a curva da bomba, de tal modo que o ponto de operação ficasse associado a um valor de vazão menor (o que é absolutamente inviável, ainda mais considerando a necessidade de avaliação em várias vazões distintas). Outra maneira de alterar a curva da bomba é por meio da variação da rotação. Isso acontecerá nos testes, mas a alteração da curva da bomba será um fator secundário, ou seja, a variação de rotação do motor diesel (e consequentemente a variação de rotação da bomba) tem por objetivo primário a avaliação de desempenho do conjunto para diversas rotações (diversos regimes de operação).

8 Neste caso, a alteração do ponto de trabalho (e portanto da vazão) será consequência da alteração na curva do sistema. A alteração da curva do sistema pode ser feita alterando-se o head estático ou alterando-se o head dinâmico (ou ambos em simultaneidade). A variação do head estático não é prática pois implicaria na variação do arranjo proposto ou na pressurização do reservatório. Em outras palavras, para cada novo ponto de trabalho seria necessário um novo arranjo das linhas (sucção e descarga) o que é inviável. A variação do head dinâmico é a opção adotada no projeto.

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38

3.1.2 Descrição dos testes

Preparação inicial

Inicialmente fecha-se totalmente os registros (válvulas esfera) do dreno do tanque e da

linha de dreno do sistema. A válvula globo na linha de descarga é então mantida totalmente

aberta. O registro da linha de sucção (válvula esfera) é totalmente fechado e o tanque é

preenchido com água de modo que 2/3 do seu volume estejam preenchidos, ou seja,

aproximadamente 200 litros. Posteriormente, o registro da linha de sucção é aberto de maneira

gradual (estando ao final totalmente aberto), até que o sistema de sucção (tubulação de sucção

e bomba) esteja totalmente preenchido com água.

O procedimento de alimentação do sistema de sucção deve ser executado conforme

descrito anteriormente porque para turbobombas (como é o caso da bomba do conjunto

motobomba) o início de funcionamento deve ser feito sem a presença de ar na sucção e no

dispositivo, ou seja, a bomba deve estar escorvada (preenchida com líquido). Em seguida,

seleciona-se o combustível a ser utilizado e preenche-se o tanque de alimentação de

combustível do motor diesel.

É importante que a alimentação seja realizada através do filtro acoplado ao bocal de

alimentação do tanque, para que eventuais partículas e/ou impurezas contidas no combustível

não entrem no motor, aumentando-se a vida útil deste último, e evitando-se obstrução do

sistema de injeção de combustível. Finalmente, liga-se o computador (sistema de aquisição de

dados), verificando-se a interface dos instrumentos com o mesmo (placa de aquisição, no caso

da automatização das medições, como será mencionado mais adiante).

A tubulação de exaustão dos gases do motor deve ser verificada de tal modo que não

esteja obstruída. A janela deve ser mantida totalmente aberta e a porta fechada (mas não

trancada, pois objetiva-se somente isolamento acústico durante a operação), servindo como

rota de fuga em caso de sinistro. O extintor de incêndio deve estar em um local adequado e

acessível, devidamente calibrado (pressão adequada e teste hidrostático ambos dentro da

validade), também por motivos de segurança.

Após a partida do motor, verifica-se em todo o circuito hidráulico e também no

circuito de exaustão a possibilidade de vazamentos, durante um intervalo de tempo de 5

minutos. Verifica-se ainda (neste mesmo intervalo de tempo) se existem vibrações excessivas

nas tubulações de sucção e descarga. Havendo vazamento ou vibrações excessivas, a operação

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39

deverá ser cancelada imediatamente e o motor desligado (procedendo-se com as verificações

e manutenções necessárias).

Descrição da rotina de testes

Para cada combustível, 5 valores de rotação do conjunto são selecionadas para a

análise, com a utilização do sensor de rotações. Para cada uma das rotações, 5 valores de

vazão são fixados como parâmetros operacionais de referência para os testes. Recomenda-se

não realizar o teste com a válvula globo totalmente fechada (situação de shutoff, ou seja,

vazão igual a zero). Para o estudo em vazões reduzidas (maiores que zero, porém bastante

inferiores à vazão com válvula globo totalmente aberta, para qualquer valor de rotação)

recomenda-se a leitura das orientações e recomendações sobre a operação com fluxo

reduzido, no capítulo seguinte (4). Estas recomendações são importantes para evitar-se o

problema de superaquecimento.

Para cada um dos parâmetros, realiza-se o teste (medindo-se simultaneamente as

variáveis envolvidas (temperatura ambiente, temperatura de sucção, temperatura de descarga,

pressão de sucção e pressão de descarga). Com a automatização do sistema, o teste poderia ser

realizado durante um intervalo de tempo. Assim sendo a avaliação exergética seria realizada

considerando-se a média temporal das medidas experimentais. A princípio, considera-se que a

média temporal seja uma hipótese suficiente para o problema (a média temporal representaria

de maneira satisfatória o regime permanente). Entretanto, somente com a realização dos testes

em formato temporal, seria possível observar se esse tipo de estudo é suficiente. Caso não seja

suficiente, um estudo mais detalhado das características não permanentes seria necessário.

Portanto, para cada teste são medidos os valores de pressão na sucção e na descarga da

bomba (com a utilização dos medidores de pressão), assim como a temperatura da água no

tanque9 e temperatura ambiente (com a utilização do conjunto de medição de temperatura).

Assim sendo, obtém-se o valor de cada parâmetro necessário para a avaliação exergética

9 A temperatura na sucção é aproximada pela temperatura da água no tanque, em um ponto próximo à entrada da água na tubulação de sucção. Portanto, o termômetro deve ser posicionado de modo que seja possível o levantamento da temperatura da água no tanque. A temperatura na descarga é aproximada pela temperatura da água na saída da tubulação de descarga (retorno). Novamente, o termômetro deve ser posicionado de tal forma que seja possível o levantamento da temperatura da água de retorno. Esta medição poderia ser otimizada com a instalação de transmissores de temperatura nas linhas de sucção e descarga, em pontos localizados próximos à bomba, como será explicado mais adiante.

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40

(pressão na sucção, pressão na descarga, temperatura na sucção, temperatura na descarga e

temperatura ambiente).

O levantamento da altura manométrica ou head útil Hútil (energia que necessita ser

cedida ao líquido pela bomba para promover seu escoamento no circuito hidráulico em

questão, em uma condição operacional fixada) pode ser realizado pela razão entre a pressão

diferencial Pd – Ps (diferença entre os valores da pressão de descarga e pressão de sucção) e o

peso específico da água γágua – equação (20). Então, para cada vazão, existirá um valor de

altura manométrica associado.

Hútil = (Pd – Ps) / γágua (20)

Com os valores de pressão (sucção e descarga) e temperatura (sucção e descarga), é

possível o levantamento dos valores de entalpia específica (sucção e descarga) e entropia

específica (sucção e descarga), conforme descrito no capítulo 2, uma vez que os estados

inicial e final (entrada e saída da bomba) estarão totalmente definidos pelas propriedades

pressão e temperatura (o estado de um sistema compressível simples é totalmente definido por

duas propriedades termodinâmicas intensivas e independentes).

A água, a princípio, deve ser modelada como líquido comprimido na entrada e saída

da bomba. A temperatura ambiente também é medida durante o teste, em um ponto localizado

a 1 metro da bomba, ou seja, afastado da vizinhança imediata do volume de controle (não

afetado pelo processo).

Portanto, é possível o levantamento de Wu e Wrev, respectivamente, por meio das

equações (5) e (18). Levanta-se então, para cada condição operacional (combustível, rotação,

vazão, altura manométrica) o valor da eficiência de Segunda Lei, ou seja, o quanto a bomba se

aproxima do consumo mínimo de trabalho (reversível). É possível ainda levantar o valor da

energia desperdiçada durante o teste pela diferença Wu – Wrev. Concluindo, é possível a análise

do melhor desempenho possível para a bomba do conjunto motobomba, além da comparação

qualitativa entre os combustíveis testados no motor. A tabela 1 representa a rotina de testes

descrita anteriormente, servindo somente como sugestão para o registro dos dados

experimentais:

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41

Tabela 1: rotina de testes para análise de Segunda Lei do conjunto motobomba

Avaliação exergética experimental de um conjunto motobomba, com motor a combustão interna utilizando diesel padrão e

biodiesel

Combustível RPM Vazão

[m3/h]

Altura

manométrica [m]

Eficiência de

Segunda Lei

[%]

Energia

desperdiçada –

Ẇu–Ẇrev [kW]

Consumo

específico

[g/kWh]

Diesel padrão

Biodiesel

RPM1

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

Diesel padrão

Biodiesel

RPM2

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

Diesel padrão

Biodiesel

RPM3

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

Diesel padrão

Biodiesel

RPM4

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

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42

Diesel padrão

Biodiesel

RPM5

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

[...] [...] [...] [...] [...]

É importante notar as diversas possibilidades de análise existentes, para cada

combustível utilizado. Como primeira análise tem-se a avaliação da variação da eficiência de

Segunda Lei e da energia desperdiçada com a variação da rotação. A variação da rotação

representa uma situação comumente encontrada em muitos processos industriais. Quando as

condições de processo demandam ajuste de vazão da bomba, utiliza-se como uma das

soluções a variação de rotação (como exemplo, bombas acionadas por motores elétricos

utilizam dispositivos de variação de velocidade – Variable Speed Drives, VSD).

Como os princípios de uma bomba são os mesmos independentemente do setor no

qual ela é empregada, justifica-se então esta análise. Fixando-se uma posição de abertura para

a válvula de controle de vazão, é possível realizar-se duas análises: ηII x RPM (Eficiência de

Segunda Lei x Rotações por minuto) e Ed x RPM (energia desperdiçada x Rotações por

minuto). Por exemplo, com o aumento da rotação tem-se o aumento da vazão, sendo possível

a análise exergética para cada valor de RPM.

Muitas bombas, entretanto, operam em regime de rotação fixa. Neste caso,

considerando a possibilidade de variação da vazão (demanda do processo) é possível o estudo

da variação da eficiência de Segunda Lei e da energia desperdiçada com a variação da vazão,

para uma rotação constante. Assim sendo, é possível a realização das seguintes análises: ηII x

Q (Eficiência de Segunda Lei x Vazão) e Ed x Q (energia desperdiçada x Vazão). Por

exemplo, mantendo-se a alavanca de aceleração do motor em uma posição fixa (RPM

constante) e realizando-se 5 manobras na válvula de controle (5 vazões distintas) é possível a

análise exergética para cada valor de vazão.

A altura manométrica é um importante parâmetro no contexto das bombas. Ela

representa, em outras palavras, a resistência imposta pelo sistema ao escoamento, para uma

dada condição operacional. Fixando-se um valor de rotação, é possível a análise da variação

da eficiência de Segunda Lei e da energia desperdiçada com a variação da altura

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manométrica. Outras duas análises possíveis são: ηII x H (Eficiência de Segunda Lei x Head)

e Ed x H (energia desperdiçada x Head).

3.1.3 Descrição e especificações dos equipamentos

Todas as informações contidas neste item, relativas às características técnicas dos

equipamentos, foram informadas pelos respectivos fabricantes/fornecedores, sendo portanto

de responsabilidade destes últimos. Informações técnicas sem fonte indicada (referência)

foram reproduzidas dos manuais enviados pelos fabricantes com os equipamentos.

Tanque

O tanque utilizado no projeto é uma caixa d’água do fabricante Fibromar (figura 18),

feita em polietileno, com capacidade nominal de 310 litros. A caixa possui projeto moderno, é

leve, flexível, resistente e fácil de limpar. Ela possui sistema de fechamento da tampa que

dispensa acessórios, impedindo a entrada de animais, objetos e/ou quaisquer outros

particulados em suspensão. O material da caixa não desprende pigmentos e bloqueia a entrada

de luminosidade dentro do reservatório, impedindo a proliferação de algas e fungos. A tabela

2 apresenta as especificações da caixa, com base na figura 19.

Figura 18: tanque utilizado no projeto

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Figura 19: dimensões do tanque

Fonte: [39]

Tabela 2: especificações do tanque

Fonte: [39]

Capacidade

nominal

[litros]

Dimensões Peso (vazia)

[kg]

310 D d h H

8 1040 829 480 640

Motobomba

O conjunto motobomba utilizado é do fabricante Lintec, modelo D50 – Diesel (figura

20), com motor diesel D5 (figura 21) e bomba acoplada (figura 22). Fundamentalmente, o

motor diesel trata-se de um motor a combustão interna e a bomba é do tipo centrífuga. As

tabelas 3 e 4 apresentam, respectivamente, as especificações do conjunto motobomba e do

motor. As figuras 23 e 24 apresentam, respectivamente, curva característica da bomba “vazão

x altura manométrica” (a figura apresenta vários modelos de motobomba, a curva relativa ao

modelo D50 é a curva azul) e curvas de performance do motor (RPM x Potência, RPM x

Torque, RPM x Consumo).

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Figura 20: conjunto motobomba Lintec modelo D50

Figura 21: motor diesel D5

Figura 22: bomba centrífuga

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46

Figura 23: curva característica da bomba “vazão x altura manométrica”

Fonte: [40]

Figura 24: curvas de performance do motor

Fonte: [40]

Tabela 3: especificações do conjunto motobomba

Fonte: [40]

Diâmetros (Sucção x Descarga) [polegadas] 2 x 2

Vazão máxima [m3/h] 36

Altura máxima de recalque [m] 26

Altura máxima de sucção [m] 8

Modelo do motor D5

Cilindrada [cm3] 211

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RPM do motor 3000

Capacidade do tanque combustível [L] 2,5

Peso [kg] 38

Dimensões (Comprimento x Largura x Altura) [mm] 475 x 400 x 500

Tabela 4: especificações do motor

Fonte: [40]

Modo de refrigeração Ar

Potência NB (NBR 6396/ISO 3046) [Cv/kW/RPM]

[Potência efetiva contínua limitada]

4,2/3,1/3600

Potência NA (NBR 6396/ISO 3046) [Cv/kW/RPM]

[Potência efetiva contínua não limitada]

3,8/2,8/3600

Torque máximo (NBR ISO 1585) [daNm/RPM] 1,25/2500

Número de cilindros 1

Diâmetro do cilindro [mm] 70

Número de tempos 4

Curso do pistão [mm] 55

Cilindrada [cm3] 211

Capacidade do cárter [L] 0,75

Capacidade do tanque de combustível [L] 2,5

Consumo de combustível [g/kWh] 288,3

Sistema de partida Manual, por corda

retrátil

Sistema de injeção Direta

Peso vazio – linha standard [kg] 27

Dimensões (Comprimento x Largura x Altura) [mm] 324 x 410 x 416

Tubulações e conexões

Foram utilizadas tubulações e conexões roscadas (figura 25), em PVC e ferro,

conforme a disponibilidade de material na universidade. A linha de sucção possui diâmetro

nominal de 2 polegadas e a linha de descarga de 1 ½ polegadas (possuindo o trecho utilizado

para a ampliação do sistema 2 polegadas). Foram utilizados dois trechos de mangote

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48

conectados nos bocais da bomba (um na sucção e outro na descarga), em polímero, para

atenuação de eventuais vibrações.

Figura 25: tubulações e conexões utilizadas no projeto

Medidores de pressão

Para a medição da pressão na sucção e na descarga tem-se dois manômetros do tipo

Bourdon. O manômetro utilizado na sucção é do fabricante Haenni, faixa de medição de 0-

400 mbar e classe de precisão igual a 1,6 (1,6% da faixa, ± 6,4 mbar). O manômetro utilizado

na descarga é do fabricante Genebre, faixa de medição de 0-4 kgf/cm2 e classe de precisão

igual a 2,5 (2,5% da faixa, ± 0,1 kgf/cm2).

Este tipo de manômetro consiste em um tubo de metal oco torcido como um gancho,

cuja extremidade é fechada e conectada a uma agulha indicadora. Quando o tubo está aberto

para a atmosfera, ele não se deforma e a agulha do mostrador, neste estado, está calibrada para

a leitura zero (pressão manométrica). Quando o fluido de processo pressuriza o tubo, o

mesmo se estica e move a agulha proporcionalmente à pressão aplicada. A figura 26 apresenta

o manômetro instalado na sucção (à esquerda) e o manômetro instalado na descarga (no

centro).

Para uma melhor estabilidade do ponteiro dos manômetros, tem-se amortecedores de

pulsação para manômetros, do fabricante Zürich. Esses dispositivos devem ser instalados

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entre o processo e o medidor de pressão, para a absorção das oscilações ocorridas, permitindo

uma leitura estável. A figura 26 apresenta, à direita, o amortecedor de pulsação para

manômetro (observa-se os amortecedores instalados entre a tubulação de processo e os

manômetros). A tabela 5 apresenta as especificações dos manômetros.

Figura 26: manômetros e amortecedor de pulsação para manômetro

Tabela 5: especificações dos manômetros

Manômetro da sucção

Fabricante Haenni

Faixa de medição 0-400 mbar

Classe de precisão 1,6

Conexão com o processo Rosca, ½”, NPT

Diâmetro do visor 100 mm

Manômetro da descarga

Fabricante Genebre

Faixa de medição 0-4 kgf/cm2

Classe de precisão 2,5

Conexão com o processo Rosca, ¼”, NPT

Diâmetro do visor 63 mm

Medidor de vazão

Para a medição de vazão tem-se o medidor de vazão do fabricante Incontrol, tipo

eletromagnético, modelo VMS Pro, em PVC. O princípio de funcionamento é baseado na lei

de indução de Faraday, ou seja, quando um condutor elétrico se move num campo magnético

forma-se uma força eletromotriz (f.e.m.) no condutor, proporcional à velocidade do mesmo.

A força eletromotriz induzida no líquido, segundo a lei de Faraday, é igual ao produto

dos seguintes parâmetros: constante do instrumento; intensidade do campo magnético;

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velocidade média do fluxo; distância entre os eletrodos. Como a intensidade do campo

magnético e a distância entre os eletrodos são constantes, logo a força eletromotriz é função

da vazão volumétrica (consequentemente da velocidade do fluido, uma vez que a área da

seção transversal também é constante). O equipamento, além de informar o valor da vazão

instantânea no display, gera sinais de saída de 4-20 mA proporcionais à vazão, pronto para

operar diretamente com CLPs (Controlador Lógico Programável) ou outros dispositivos

apropriados (ou seja, o medidor também pode ser utilizado como transmissor). A tabela 6

apresenta as especificações do medidor de vazão.

Figura 27: medidor de vazão

Tabela 6: especificações do medidor de vazão

Fonte: [41]

Fabricante Incontrol

Modelo VMS Pro

Diâmetro nominal 1 ½”

Faixa de velocidade 0,1 a 10 m/s

Sentido do fluxo Unidirecional

Pressão nominal 5 bar

Temperatura de operação Até 50ºC

Conexão ao processo 1 ½” BSP, com união

Precisão 0,1 a 0,3 m/s – 2% de leitura

Grau de proteção IP 65

Alimentação 24 Vcc ± 10% (integral)

Sinal de saída 4-20 mA (4 fios) – Frequência de 1 kHz, padrão

(integral)

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51

Material do corpo e tubo PVC

Material do eletrodo AISI 316L

Material do cabeçote Policarbonato

Sensor de rotações

Para a medição das rotações do conjunto motobomba tem-se o Tacômetro Laser do

fabricante Sinometer, modelo DT-2234C, representado na figura 28. A tabela 7 apresenta as

especificações do instrumento. Quando operado como tacômetro de contato, permite o uso

como medidor de velocidade linear (m/s). No modo foto-tacômetro possui uma mira laser que

pode ser usada com precisão de até 2 metros de distância do ponto de medição de rotação.

Figura 28: sensor de rotações Sinometer DT-2234C

Tabela 7: especificações do sensor de rotações

Fonte: [42]

Fabricante Sinometer

Modelo DT-2234C

Faixa de Leitura 5 – 99999 RPM

Distância Máxima de Leitura 2 m

Resolução 1.0 RPM

Precisão ±0,05% + 1 dgt

Laser ≤1 mW, Classe II

Tempo de Amostragem 1 s

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Dimensões (A x L x P) 190 x 72 x 37 mm

Peso 200 g

Para a medição das rotações, realiza-se uma leitura direta da rotação do volante de

inércia, a uma distância até dois metros do ponto de medição de rotação (por exemplo, a 0,20

m deste ponto). Assim sendo, o sistema de partida do motor deve ser removido, dando acesso

a um suporte preso diretamente ao volante de inércia. Esse suporte, por ser feito de aço

bicromatizado, possui uma superfície reflexiva. Essa característica poderia gerar um erro

inaceitável na medição. Portanto, as superfícies devem ser cobertas com fita opaca preta, e em

somente um ponto deve ser posicionada uma fita reflexiva própria para a medição, conforme a

figura 29.

Figura 29: fita reflexiva posicionada no volante de inércia do motor

Fonte: [42]

Conjunto de medição de temperatura

Para a medição das temperaturas ambiente, de sucção e de descarga, tem-se um

conjunto de medição de temperatura composto por dois termômetros digitais. O primeiro,

utilizado para a medição da temperatura ambiente, é do fabricante Hikari, modelo HK-T220

(figura 30, à esquerda), apropriado para medição de temperatura em ambientes como salas e

estufas. O modelo HK-T220 possui precisão adequada à medição da variável T0, assim como

resolução suficiente (0,1º). O segundo, utilizado para a medição das temperaturas de sucção e

descarga, é do fabricante Instrutherm, e trata-se de um termômetro digital portátil de precisão

RTD, modelo THR-080 (figura 30, à direita). As tabelas 8 e 9 apresentam, respectivamente,

as especificações técnicas dos modelos HK-T220 e THR-080.

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Nenhuma bomba é perfeita, apresentando eficiência igual a 100%. O reflexo das

perdas internas inerentes aos efeitos dissipativos, como será explicado mais adiante, é o

aumento da temperatura do fluido ao escoar pela bomba. Contudo, é esperado um aumento

muito pequeno da temperatura do fluido. Por essa razão, a medição de temperatura deve ser

realizada com a utilização de instrumentos de maior precisão e resolução.

O termômetro digital THR-080 trata-se de um termômetro profissional com alta

precisão e resolução de 0,01º. Este termômetro possui sensor de platina TP-100 com

coeficiente de temperatura da resistência dimensionado conforme a norma DIN IEC 751,

apropriado para a medição das variações de temperatura na resistência.

Uma observação importante está relacionada à medição de temperatura: considera-se

no projeto que a variação de temperatura entre os pontos analisados (ou seja, entrada e saída

da bomba – bocais de sucção e descarga, respectivamente) e os pontos onde a medição de

temperatura é de fato realizada (ou seja, no tanque, na entrada da tubulação de sucção e na

saída da tubulação de descarga) é desprezível. Essa hipótese é bastante razoável, uma vez que

o tempo de escoamento entre os pontos mencionados (considerando a velocidade do fluido e o

comprimento entre os pontos) não permite trocas térmicas efetivas entre o fluido e o ambiente

(condução e convecção na parede do tubo ou mesmo radiação solar). Trocas térmicas através

da carcaça da bomba também são desprezíveis e essa hipótese também é bastante razoável

(por isso a bomba é considerada adiabática).

Figura 30: conjunto de medição de temperatura

Tabela 8: especificações do termômetro modelo HK-T220

Fabricante Hikari

Modelo HK-T220

Faixa de Temperatura Interna 0 – 60ºC (32 – 140ºF)

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Faixa de Temperatura Externa -50 – 70ºC (-58 – 158ºF)

Precisão Básica de Temperatura ± 2ºC

Ambiente de Operação 0 – 60ºC

Comprimento do cabo do sensor externo 3 m

Alimentação 1 bateria AAA

Dimensões (A x L x P) 85 x 65 x 20 mm

Peso 75 g

Tabela 9: especificações do termômetro modelo THR-080

Fabricante Instrutherm

Modelo THR-080

Especificações gerais

Display Display 62 x 34 mm, com dígitos de

13 mm

Tipo de Sensor Sensor de platina TP 100Ω

Funções ºC, ºF, 0,01º/0,1º, DATA HOLD

Resolução 0,01ºC/0,1ºC, 0,01ºF/0,1ºF

Precisão ± 0,1% + 0,2ºC

Conector Soquete DIN 4 pinos

Taxa de amostragem Aproximadamente 0,4 segundos

Função Hold Congela os valores no Display

Memória Memoriza os valores máximos e

mínimos com reprise

Saída de Dados Interface Serial RS-232

Alimentação 1 bateria de 9 V

Temperatura de Operação 0 a 50ºC (32 a 122ºF)

Umidade de Operação Menor que 80% RH

Dimensões 180 x 72 x 32 mm

Peso 285 g

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Filtro Y

O filtro Y (filtro de linha) utilizado é do fabricante Mipel, classe de pressão 150#, em

bronze, com diâmetro nominal de 2 polegadas, para a proteção da bomba contra a entrada de

partículas no sistema de sucção (que poderiam causar danos por erosão). O peso do filtro é de

2,45 kg e as dimensões A e B (figura 31) são iguais a, respectivamente, 150 mm e 108 mm.

Figura 31: filtro Y

Válvula Globo

A válvula globo utilizada é do fabricante Mipel, classe de pressão 150#, em bronze,

com diâmetro nominal de 1 ½ polegadas, para a realização do controle de vazão descrito

anteriormente. O peso da válvula é de 2,25 kg e as dimensões A, B e C (figura 32) são iguais

a, respectivamente, 118 mm, 182 mm e 100mm.

Figura 32: válvula globo

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Balança digital

Para a avaliação do consumo de combustível, proposta mais adiante, tem-se a balança

digital do fabricante GEHAKA, modelo BG 1000 (figura 33), com carga máxima de 1010 g,

faixa de tara até a carga máxima, drift de ± 4.10-6, repetibilidade de ± 0,01 g, linearidade de ±

0,02, estabilização de 2 segundos, tempo de medida entre 0,5 e 4 segundos, frequência de

50/60 Hz, consumo de 16 VA, diâmetro do prato de 110 mm, dimensões totais de 240 x 260 x

55 mm e peso de 5,2 kg.

Figura 33: balança digital

Sistema de aquisição de dados

O sistema de aquisição de dados disponível trata-se de um aquisitor de dados do tipo

data logger, do fabricante Graphtec, modelo GL220 modelo eletrônico, capaz de gravar

informações adquiridas por sensores externos (transmissores) em relação ao tempo. Esses

dispositivos são compactos, alimentados por baterias, microprocessados e capazes de se

comunicar com computadores. O modelo GL220 possui 10 canais analógicos e software

compatível com o sistema windows. Há a possibilidade de exportação dos dados para

planilhas eletrônicas, como por exemplo o software excel. O sistema é capaz de receber sinais

de corrente, tensão ou pulsos. A tabela 10 apresenta as especificações do sistema de aquisição

de dados.

O teste preliminar (descrito mais adiante) foi realizado sem a utilização do sistema de

aquisição de dados, pois a implementação deste último encontra-se em avanço. Contudo, um

cenário ideal seria a completa automatização das medições, com a utilização de transmissores,

sistema de aquisição e computador, para uma melhor precisão e aumento da produtividade

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dos dados medidos. Além do sistema de aquisição de dados, tem-se também disponível uma

fonte para a alimentação do medidor de vazão e de outros instrumentos (desde que a demanda

total não ultrapasse a capacidade da fonte). A figura 34 apresenta o sistema de aquisição de

dados (à esquerda) e a fonte de alimentação (à direita).

Tabela 10: especificações do sistema de aquisição de dados

Fabricante Graphtec Corp.

Modelo GL220

Canais analógicos 10

Intervalo de Amostragem 10 ms a 1 h

Dimensões (L x P x A) 194 x 117 x 42 mm

Figura 34: sistema de aquisição de dados e fonte de alimentação

3.2 Caracterização dos fluidos utilizados nos testes

3.2.1 Caracterização do fluido de processo

O fluido de processo utilizado é água à temperatura ambiente. Como caracterização da

água é suficiente o levantamento da massa específica ρágua (por meio de um densímetro ou por

picnometria, por exemplo). Admitindo-se o valor da gravidade local g (em unidades métricas)

constante e igual a 9,81 m/s2 (9,807 m/s2 para o nível do mar e 45º de latitude), é possível o

levantamento do peso por unidade de volume ou peso específico da água γágua por meio do

produto entre ρágua e g.

Portanto, é possível o cálculo da altura manométrica por meio da equação (20), de

modo que para cada condição operacional (combustível selecionado – RPM – vazão) existirá

um valor de altura manométrica em metros. Esse valor representa o total de energia que deve

ser cedido ao fluido de processo pela bomba, para promover o escoamento em uma condição

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operacional específica. Com isso, é possível a análise de eficiência de Segunda Lei e energia

desperdiçada, com o aumento ou diminuição da resistência imposta pelo sistema10 (head

estático + head dinâmico), convenientemente calculada com base nas condições de entrada e

saída da bomba (variações de energia cinética e potencial desprezíveis, portanto a altura

manométrica é função somente da diferença das pressões manométricas entre descarga e

sucção, o que equivale ao head total do sistema – head estático + head dinâmico)11.

Em geral, a massa específica de uma substância é função da pressão e da temperatura.

Entretanto, adotando-se a hipótese de fluido incompressível, utiliza-se o valor levantado de

ρágua para o cálculo da altura manométrica em todas as condições operacionais. Para a

definição dos estados inicial e final (entrada e saída da bomba), a água é modelada, a

princípio, como líquido comprimido. A água modelada como líquido saturado poderia gerar

erros inaceitáveis no valor da entalpia do estado final do processo, consequentemente

resultando em erros no cálculo da potência consumida. Entretanto, uma comparação entre os

dois modelos será realizada em relação aos resultados do teste preliminar, e será apresentada

mais adiante.

3.2.2 Caracterização dos combustíveis utilizados

Este item tem por objetivo apresentar as especificações dos padrões do diesel de

referência e do biodiesel a serem utilizados nos testes, conforme as normas de especificação

da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A caracterização é

um processo paralelo aos testes, para registro, servindo como base de dados na comparação

10 Como a bomba faz a transferência de água em circuito fechado e reservatório aberto para a atmosfera, a parcela relativa ao head estático é muito baixa quando comparada à parcela relativa ao head dinâmico (o head estático é função somente da pequena diferença entre as alturas estáticas de sucção e descarga, uma vez que trata-se somente de um reservatório e o mesmo não está pressurizado) e portanto a altura manométrica é praticamente função das perdas de carga nas tubulações, ou seja, função do head dinâmico. Ainda, as variações de velocidade do fluido são consideradas desprezíveis.

11 É importante notar que não precisamos levantar a curva do sistema para a análise da altura manométrica; ou seja, não precisamos calcular o head estático (diferença entre as alturas de sucção e descarga) e o head dinâmico (soma das perdas de carga nas tubulações de sucção e descarga). A altura manométrica no projeto foi levantada diretamente medindo-se os valores de pressão na sucção e descarga da bomba, considerando desprezíveis as variações de energia cinética, potencial e interna (esta última por estar relacionada à degradação de energia no interior da bomba, portanto, não contribuindo para a transferência de líquido). A altura manométrica assim levantada equivale à altura manométrica total do sistema, relacionada ao head total do sistema (estático + dinâmico). Este método encontra aplicação quando já existe a instalação, como é o caso do projeto.

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qualitativa entre os combustíveis testados. Uma breve descrição dos combustíveis também é

realizada.

Legislação

A caracterização objetiva a verificação do enquadramento das diversas propriedades

do combustível conforme os limites estabelecidos por norma, segundo os métodos de teste

aplicáveis. Os anexos 2 e 3 apresentam, respectivamente, a especificação para o óleo diesel de

referência (conforme o regulamento técnico ANP Nº 9/2011 – Resolução ANP Nº 71, de

20/12/2011) e a especificação para o biodiesel (conforme o regulamento técnico ANP Nº

4/2012 – Resolução ANP Nº 14, de 11/05/2012). Os regulamentos em questão tratam-se das

últimas revisões disponibilizadas pela ANP na referência [43].

Descrição dos combustíveis

O diesel é um combustível derivado do petróleo, constituído basicamente por

hidrocarbonetos. Ele é um composto formado principalmente por átomos de carbono e

hidrogênio, e em baixas concentrações por enxofre, nitrogênio e oxigênio. É um produto

inflamável, medianamente tóxico, volátil, límpido, isento de material em suspensão e com

odor forte e característico. A partir do refino do petróleo obtém-se, pelo processo inicial de

destilação atmosférica, entre outras, as frações denominadas de óleo diesel leve e pesado,

básicas para a produção de óleo diesel. A estas últimas podem ser agregadas outras frações

como a nafta, o querosene e o gasóleo leve de vácuo resultando o produto conhecido como

óleo diesel [44].

O biodiesel é um éster de ácidos graxos, produzido por meio de reações químicas

complexas. Ele pode ser obtido por meio de algumas transformações, entre as quais a

transesterificação é a mais tradicional. Nesta reação, os óleos vegetais (triacilgliceróis, que

são os maiores componentes dos óleos vegetais) reagem na presença de um catalisador

(usualmente uma base) com um álcool (etanol ou metanol), para produzir os alquil ésteres

correspondentes (biodiesel) e glicerol [45], [46]. A figura 35 representa a reação de

transesterificação.

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Figura 35: reação de transesterificação

Fonte: [45]

3.3 Teste preliminar do sistema

Um teste preliminar foi realizado com o objetivo de avaliar-se a operação do sistema

hidráulico e as medições relacionadas à metodologia. O combustível utilizado foi diesel puro

S50 obtido diretamente de uma refinaria (não caracterizado). A operação do conjunto

motobomba ocorreu em máxima rotação (estabelecida pelo posicionamento da alavanca de

aceleração do motor em posição máxima, valor não determinado), e três valores de vazão

foram selecionados para o teste (Q1 = 13,08 m3/h – válvula globo totalmente aberta; Q2 =

10,97 m3/h – posição intermediária da válvula globo; Q3 = 7,77 m3/h – posição da válvula

próxima ao fechamento da mesma). Para cada uma das vazões foi levantado o head, bem

como foram realizadas as medições das variáveis envolvidas na análise exergética. Os

resultados do teste e da análise exergética encontram-se no capítulo 4 do presente trabalho.

3.4 Análise da viscosidade de óleos vegetais e biodiesel

O estudo do comportamento reológico de óleos vegetais e de biodiesel também é

objetivo do presente trabalho. Esta análise foi realizada para o biodiesel de soja e para o

biodiesel de girassol, assim como para os seguintes óleos vegetais: óleo de milho, óleo de

canola, óleo de pinhão manso, óleo de soja, óleo de girassol e uma mistura de óleos (canola,

milho e girassol). Com base nos experimentos obteve-se a tensão de cisalhamento e a

viscosidade dinâmica a diferentes taxas de cisalhamento, à temperatura de 40ºC, para cada

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amostra. Obteve-se ainda a viscosidade dinâmica de cada uma das amostras no intervalo de

temperatura de 24ºC a 85ºC. Por fim, foram comparadas as curvas levantadas

experimentalmente com as curvas resultantes da modelagem matemática da dependência da

viscosidade em relação à temperatura, utilizando-se a equação de Vogel.

3.4.1 Influência da viscosidade na operação dos motores diesel

A viscosidade representa uma importante propriedade do combustível. Ela é causada,

no caso dos combustíveis líquidos, por forças coesivas intermoleculares, conferindo

resistência ao escoamento do fluido [47]. Entender o comportamento reológico dos óleos

vegetais é o primeiro passo para o posterior estudo desses mesmos aspectos no biodiesel e

suas misturas (Bxx) com o diesel. Dois tipos de biodiesel (biodiesel de girassol e biodiesel de

soja) foram estudados para uma comparação com os óleos vegetais que os originaram.

Considerando o aumento recente do consumo de óleo diesel B no Brasil (5,2% em

2011 [48]) e ainda que o setor de transporte seja o principal demandante de óleo diesel no país

(respondendo o segmento rodoviário por significativos 64% da demanda [48]), é válido e

relevante mencionar a influência da viscosidade na operação do motor diesel automotivo,

mais precisamente nos sistemas de injeção de combustível. É importante também observar

que existe uma faixa ótima na qual o valor da viscosidade deve figurar. Valores acima

resultam no desgaste do trem de engrenagens, eixo de cames e tuchos do conjunto de bombas

injetoras, devido à maior pressão de injeção; por outro lado, valores abaixo podem não suprir

lubrificação adequada aos êmbolos, cilindro e injetores (no caso de regime hidrodinâmico de

lubrificação).

No início dos anos de 1980, com a redução do teor de enxofre no diesel, notou-se um

expressivo aumento no número de falhas de bombas injetoras rotativas (que constituem o

principal tipo de sistema de injeção diesel automotivo, no qual o próprio combustível

desempenha papel de lubrificante). Acreditava-se, equivocadamente, que o ajuste da

viscosidade (assim como a utilização de aditivos) solucionaria a baixa lubricidade recorrente

da remoção de enxofre. No entanto, de acordo com os trabalhos de Barbour, Rickeard e Elliot

(2000) e Wei e Spikes (1986), há a comprovação de que a viscosidade não exerce influência

na lubricidade12.

12 Isso porque o regime de lubrificação predominante nas partes afetadas da bomba injetora é por camada limite, e não hidrodinâmico ou mesmo elasto-hidrodinâmico.

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Na realidade, a viscosidade exerce influência na atomização do combustível e, em

última análise, na formação de depósitos no motor [45]. Um modelo de atomização muito

utilizado é aquele no qual o jato tem formato cônico a partir da saída do bico injetor, e o

ajuste de viscosidade impacta na otimização dos parâmetros inerentes ao modelo, como

alcance do spray, distribuição de diâmetros do spray e tempo de ruptura das gotas de

combustível [49].

Quanto maior a viscosidade, maior a tendência do combustível em atomizar-se de

forma deficiente, não contribuindo para a formação de uma boa mistura ar-óleo diesel, e

consequentemente, resultando em uma má combustão. Por outro lado, uma viscosidade muito

baixa provoca um diâmetro médio de gotícula demasiadamente pequeno, o que diminui o

alcance das partículas dentro da câmara, e parte do óleo não é queimada [45].

3.4.2 Materiais

Os óleos vegetais utilizados nos testes de viscosidade, assim como a mistura de óleos,

foram comprados no mercado local e utilizados sem tratamento adicional. O óleo de pinhão

manso, o biodiesel de girassol e o biodiesel de soja foram produzidos na Universidade Federal

Fluminense, no Laboratório de Mecânica dos Fluidos e Tecnologia Ambiental (LAMETA).

3.4.3 Procedimentos

Para os testes de viscosidade foi utilizado o reômetro Haake RS50 (figura 36) com

banho termostático K20 e cabeça controladora DC5. O reômetro possui um software

acoplado, denominado RheoWin Job Manager (figura 37), para gerenciamento dos

parâmetros dos testes, aquisição e tratamento dos dados medidos. No software, deve ser

selecionado o sensor mais apropriado (para cada tipo de fluido), a temperatura de trabalho e o

tipo de análise requerida. Os seguintes modos de teste estão disponíveis: tensão controlada

(CS); deformação controlada (CR); oscilação (OSC).

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Figura 36: reômetro Haake RS50

Figura 37: software RheoWin Job Manager

Para o estudo em questão, foi selecionado o sensor DG 41 (figura 38), e as análises

realizadas foram curva de escoamento à temperatura de 40ºC e rampa de temperatura de 24ºC

a 85ºC. Foram utilizadas amostras de 6,3 mL de volume, como indicado pelo fabricante do

sensor.

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Figura 38: sensor DG 41

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Capítulo 4

Resultados e Discussão

4.1 Conjunto motobomba

A partida do conjunto motobomba foi realizada conforme a descrição da rotina de

testes apresentada no item 3.1.2 – Descrição dos testes – Preparação inicial. A operação

apresentou comportamento adequado, conforme previsto na fase de projeto básico. O sistema

(circuito hidráulico) apresentou alguns pontos de vazamento (nas conexões roscadas), que

foram posteriormente eliminados. Os suportes de tubulação instalados mostraram-se eficazes,

uma vez que a vibração existente (com base em observação) foi mínima, plenamente aceitável

para a realização dos testes. A transferência de água foi realizada de maneira satisfatória, ou

seja, o conjunto motobomba disponibilizou energia suficiente para elevar a água até o

reservatório.

O controle de vazão realizado pela introdução da válvula globo no sistema operou

conforme previsto. A abertura e o fechamento da válvula globo instalada na linha de descarga

resultaram, respectivamente, em aumento e redução de vazão. Com o fechamento da válvula

globo observou-se um aumento no head, conforme previsto. O fechamento da válvula globo

introduz uma perda de carga localizada, o que aumenta o head do sistema, particularmente o

head dinâmico. Em resposta a esse aumento, a pressão de descarga da bomba eleva-se

(medida antes da válvula globo), de modo a vencer a resistência adicional imposta, mantendo-

se a transferência de água. A pressão de sucção também eleva-se, porém com menor variação.

Uma observação importante é que a máxima vazão que o conjunto motobomba é

capaz de processar está relacionada à máxima rotação e à condição de válvula de controle

(válvula globo) totalmente aberta (considerando-se ainda a abertura total da válvula esfera –

registro – da linha de sucção, bem como a ausência de fenômenos como recirculação e

cavitação).

Na condição de abertura total das válvulas mencionadas anteriormente (e máxima

rotação), o valor de vazão medido foi igual a aproximadamente 13 m3/h. Conforme pode ser

observado na curva de desempenho da bomba (figura 23) a máxima vazão do conjunto

(bomba) é aproximadamente igual a 35 m3/h. Entretanto, o sistema oferece certa resistência,

de modo que no cruzamento da curva da bomba com a curva do sistema o ponto de trabalho

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estará sempre relacionado à uma vazão menor do que a máxima vazão informada na curva da

bomba (ponto deslocado para a esquerda). Assim sendo, para uma determinada rotação,

haverá possibilidade de variação da vazão desde um valor máximo (válvulas totalmente

abertas e desempenho otimizado) até um valor mínimo (próximo ao fechamento total da

válvula, evitando-se o fechamento total da válvula, como será explicado a seguir).

As bombas centrífugas são, geralmente, selecionadas para uma dada capacidade

(vazão) e altura manométrica total (head), quando operando na velocidade nominal. Estas

características são referidas às condições nominais de serviço e, com poucas exceções,

representam as condições em que a bomba irá operar a maior parte do tempo. A eficiência da

bomba deverá ser máxima nestas condições e as bombas são assim selecionadas, sempre que

possível. Frequentemente, entretanto, necessita-se que bombas operem com capacidades e

alturas manométricas que diferem consideravelmente das condições nominais. Este problema

pode ser grave no caso de bombas trabalhando com fluxo reduzido, devido ao aquecimento do

fluido bombeado [36].

A diferença entre a potência consumida (real) e a potência desenvolvida (consumo

mínimo) representa a perda de potência dentro da bomba. Esta perda de potência é convertida

em calor e transferida para o líquido que passa através da bomba [36]. Caso a bomba opere

contra uma válvula completamente fechada, a perda da potência será igual à potência

desenvolvida na vazão nula (shutoff) e, como não passa nenhum fluxo através da bomba, toda

esta potência vai aquecer a pequena quantidade de líquido contido dentro da carcaça da

bomba. Enquanto este processo ocorre, duas hipóteses são possíveis: na primeira, o tempo é

insuficiente para que o calor seja transferido para a carcaça da bomba, que por sua vez

aquece-se e dissipa este calor para a atmosfera; na segunda, o tempo seria insuficiente para a

transferência de calor do líquido para a carcaça.

Para o estudo na vazão de shutoff, é necessária a determinação do tempo máximo

permissível de operação com vazão nula. O tempo máximo permissível é função de diversos

parâmetros, segundo equações como a disponível na referência [36]. A equação apresentada

nesta referência relaciona os seguintes parâmetros: taxa de aumento de temperatura, potência

consumida na vazão nula, massa do líquido contido na bomba e calor específico do líquido.

Assim sendo, conhecendo-se o valor da temperatura máxima permissível tem-se, subtraindo-

se a temperatura normal, o incremento máximo permissível. Ao associar-se este incremento

ao valor do aumento de temperatura na unidade de tempo, é possível determinar-se o tempo

máximo permissível de operação com vazão nula, que deve ser a rigor respeitado para que o

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problema de superaquecimento seja evitado. Ainda assim, a operação em shutoff não deve ser

realizada pelos motivos descritos mais adiante.

Na realidade, algum aquecimento é esperado, pois estará relacionado à geração de

entropia na bomba. Entretanto, o estudo realizado com valores de vazão reduzidos poderia

novamente gerar o problema de superaquecimento. Geralmente, o valor de vazão mínima é

um dado informado pelo fabricante da bomba. Contudo, assim como o valor de NPSH (Net

Positive Suction Head) requerido, o valor de vazão mínimo não foi informado.

Existem algumas equações para a estimativa do incremento de temperatura. Algumas

delas, quando adequadas, tornam-se bastante práticas quando tem-se as curvas características

da bomba. Uma dessas equações, disponibilizada na referência [36] permite o levantamento

do incremento de temperatura com base nos valores de rendimento e head (associados a uma

determinada vazão) obtidos das curvas. Assim sendo, com o valor de temperatura máxima

permissível (e consequentemente o incremento de temperatura máximo permissível) é

possível determinar-se a vazão mínima para evitar-se o problema de superaquecimento.

Como já foi descrito, não tem-se as curvas de eficiência (rendimento) da bomba.

Assim sendo, não é possível a determinação do incremento de temperatura com relações que

dependam de dados extraídos de curvas. Entretanto, existem outras equações que permitem o

levantamento do incremento de temperatura, com base nas potências (consumo mínimo e

consumo real), na vazão e no calor específico do líquido (referência [36]).

Recomenda-se então, tanto nos testes por curto período de tempo como nos testes por

longo período de tempo (formato temporal), o monitoramento da temperatura da carcaça da

bomba, assim como da própria água na descarga, no caso de testes com vazão reduzida. Caso

seja observado algum aumento anormal de temperatura (aquecimento na carcaça ou

incremento de vários graus na temperatura da água na descarga, o teste deverá ser

imediatamente interrompido, pois tais situações podem ser reflexo de um início de

superaquecimento. Neste caso, desliga-se o motor por um tempo suficiente para o conjunto

resfriar-se. Durante este intervalo de tempo, não deve-se abrir/manobrar a válvula globo (ou

qualquer outra válvula), para que evite-se a saída (explosão) do vapor gerado, altamente

energizado.

O superaquecimento é, portanto, um fenômeno associado à condição de shutoff, assim

como à condição de valor de vazão abaixo do valor de vazão mínimo. Ambas as situações

podem resultar em um aumento de temperatura (devido ao atrito) de modo que o líquido

poderá vaporizar-se. Dependendo do tempo de operação, esse fenômeno poderá gerar danos

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irreversíveis à bomba. Em alguns casos ocorridos na prática [50] é possível que ocorra um

rápido aumento de temperatura, uma vez que há vaporização. Em períodos relativamente

curtos de tempo uma bomba poderá alcançar um nível energético suficiente para causar a

explosão da mesma [50].

A tabela 11 apresenta os valores de vazão medidos13 (o medidor de vazão informa a

vazão volumétrica instantânea em m3/h), os valores de pressão manométrica (Pa) na sucção e

na descarga, o valor da massa específica da água em kg/m3 (caracterização por picnometria14),

o valor da aceleração da gravidade (m/s2), o valor do peso específico da água (N/m3) e os

valores de head (m). O head foi calculado pela razão entre a pressão diferencial (pressões

manométricas) e o peso específico da água. Para que o head tenha unidade de metros, é

necessário que a pressão esteja em Pa (N/m2). O peso específico da água é calculado pelo

produto entre a massa específica da mesma e a aceleração da gravidade.

Tabela 11: vazões, caracterização da água, head e pressões

Vazão

volumétrica

[m3/h]

Vazão

mássica

[kg/s]

Vazão

volumétrica

[m3/s]

Massa

específica da

água ρágua

[kg/m3]

Aceleração

da

gravidade

[m/s2]

Peso

específico da

água γágua

[N/m3]

Head [m] Pressão de

sucção [Pag]

Pressão de

descarga

[Pag]

13,08 3,64 0,0036 1002,8 9,81 9837,468 12,20 7000 127000

10,97 3,05 0,0030 1002,8 9,81 9837,468 13,11 13000 142000

7,77 2,16 0,0022 1002,8 9,81 9837,468 15,65 27000 181000

A tabela 12 apresenta os valores de pressão e temperatura medidos na sucção e na

descarga da bomba, bem como os valores de temperatura ambiente, para cada um dos valores

de vazão. Observou-se um aumento da pressão de descarga (medida antes da válvula) com a

redução da vazão (fechamento parcial da válvula) como já mencionado anteriormente.

Observou-se ainda uma ligeira variação da temperatura ambiente entre os testes (vazões

estudadas). Para a definição do estado termodinâmico considera-se a pressão absoluta, que no

caso da inexistência de condição de vácuo, é igual a soma das pressões atmosférica e

13 Os demais valores de vazão (vazão mássica em kg/s e vazão volumétrica em m3/s) foram calculados a partir do

valor medido (para a vazão mássica considerou-se o valor da massa específica da água caracterizada por

picnometria, igual a 1002,8 kg/m3).

14 Um picnômetro de volume igual a 50 mL (@ 20ºC) foi utilizado para o levantamento da massa específica da

água. Uma amostra de água foi coletada do tanque e levada para o laboratório, onde o levantamento da massa

específica foi realizado com a utilização de uma balança digital, mantendo-se a temperatura do ambiente

controlada (condicionada), igual a 20ºC.

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manométrica. Para a avaliação exergética, a temperatura ambiente (T0) deve ser expressa na

escala Kelvin. A variação de temperatura medida entre a sucção e a descarga é da ordem de

0,1ºC.

Tabela 12: pressões e temperaturas

Vazão

volumétrica

[m3/h]

Pressão

atmosférica

[bar]

Pressão de

sucção

manométrica

[barg]

Pressão de

sucção

absoluta

[bara]

Pressão de

descarga

manométrica

[barg]

Pressão de

descarga

absoluta

[bara]

Temperatura

ambiente

[ºC]

Temperatura

ambiente [K]

Temperatura

de sucção

[ºC]

Temperatura

de descarga

[ºC]

13,08 1,01 0,07 1,08 1,27 2,28 27,0 300,2 25,90 26,06

10,97 1,01 0,13 1,14 1,42 2,43 26,0 299,2 26,44 26,60

7,77 1,01 0,27 1,28 1,81 2,82 25,5 298,7 26,82 26,98

A tabela 13 apresenta os valores de entalpia e entropia específicas, respectivamente,

expressas em kJ/kg e kJ/kg.ºC. A relação kJ/kg.ºC / kJ/kg.K é igual a 1. Uma observação

importante é que o consumo reversível da bomba é levantado utilizando-se os mesmos estados

inicial e final do processo real. A tabela 13 apresenta ainda os valores de eficiência de

Segunda Lei e energia desperdiçada para cada uma das vazões estudadas.

Tabela 13: valores de eficiência de Segunda Lei e energia desperdiçada

Vazão

volumétrica

[m3/h]

h1 [kJ/kg] h2 [kJ/kg] s1

[kJ/kg.ºC]

s2

[kJ/kg.ºC] Ẇu [kW] Ẇrev [kW] ηII [%]

Energia

desperdiçada

[kW]

13,08 108,689 109,469 0,379800 0,382004 2,836 0,431 15,19 2,405

10,97 110,952 111,740 0,387341 0,389538 2,403 0,399 16,59 2,004

7,77 112,554 113,365 0,392637 0,394823 1,752 0,342 19,50 1,410

Como primeira análise é possível observar que o consumo real da bomba (Wu) é maior

que o consumo ideal (Wrev), como previsto. A bomba consome mais energia de fato do que

consumiria se o processo fosse isento de irreversibilidades. A energia desperdiçada é a

diferença entre o consumo real e o consumo ideal, e representa a parcela energética adicional

necessária para a superação das irreversibilidades. Entende-se que este aumento (minúsculo)

de temperatura esteja associado à degradação de energia dentro da bomba. Para o caso

específico em questão (três vazões estudadas), observa-se um aumento da eficiência com a

redução da vazão. Entretanto, como não está disponível a curva de eficiência da bomba, a

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afirmação de que a eficiência de Segunda Lei aumenta com a redução da vazão não seria

prudente15.

Com os resultados do teste, é possível também uma avaliação da eficiência

isoentrópica da bomba. A eficiência isoentrópica da bomba é definida como a razão entre o

trabalho necessário para elevar a pressão do líquido até um valor especificado de forma

isoentrópica e o trabalho de compressão real (equação 21):

ηiso,bomba = (h2s – h1) / (h2r – h1) (21)

Na equação acima, h2s e h2r são os valores de entalpia no estado de saída para os

processos isoentrópico e real, respectivamente. Quanto mais próximo o processo real seguir o

processo isoentrópico (idealizado), melhor será o desempenho do dispositivo. Assim sendo, a

eficiência isoentrópica expressa quantitativamente o quão eficientemente um dispositivo real

se aproxima de um dispositivo idealizado. Na equação 21 o termo h2s – h1 representa o

consumo isoentrópico da bomba, e o termo h2r – h1 representa o consumo real da bomba.

O processo isoentrópico tem como pilar as relações Tds (duas relações Tds existentes).

Essas relações são obtidas a partir da forma diferencial da equação de conservação de energia

(Primeira Lei) para um sistema estacionário (massa fixa), contendo uma substância

compressível simples. As relações Tds são extremamente valiosas, uma vez que relacionam as

variações da entropia de um sistema às variações das outras propriedades. Essas equações

relacionam propriedades, portanto são independentes dos tipos de processo. Elas são válidas

para os processos reversíveis e irreversíveis e para os sistemas abertos e fechados [28].

Para a avaliação do processo isoentrópico da bomba, utiliza-se a primeira equação Tds

ou equação de Gibbs (22).

Tds = du + Pdv (22)

15 Existe um valor de vazão associado à máxima eficiência. Tal ponto é denominado ponto de melhor eficiência. Valores de vazão abaixo ou acima do ponto de melhor eficiência estão associados, portanto, a valores menores de eficiência. Para o caso de uma bomba, a exergia ou energia disponível é a própria energia mecânica transmitida pelo acoplamento eixo motor-eixo bomba. Isso significa que toda a energia (mecânica) está disponível para a realização (ou consumo) de trabalho (o que não significa que será totalmente convertida ou consumida de maneira ideal – menor consumo possível, ou seja, consumo necessário. Entretanto, para afirmações mais consistentes inerentes à relação entre vazão e eficiência, seriam necessários mais pontos estudados, bem como seria importante o acesso à curva de eficiência da bomba.

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71

A equação de Gibbs pode ser reescrita, para que seja possível obter-se uma relação

para a variação de entropia para um processo entre dois estados:

ds = (du/T) + (Pdv/T) (23)

Para as substâncias incompressíveis (variação de volume específico desprezível,

portanto variação de densidade ou massa específica – que é o inverso do volume específico –

desprezível) o segundo termo do lado direito da equação (23) pode ser desprezado, uma vez

que a quantidade dv é aproximadamente igual a zero. Assim sendo, a equação (23) pode ser

reescrita (24):

ds = (du/T) = (cdT)/T (24)

Isso é possível uma vez que cp = cv = c e du = cdT para as substâncias

incompressíveis. A igualdade cp = cv para as substâncias incompressíveis (onde cp é o calor

específico a pressão constante e cv é o calor específico a volume constante) pode ser

matematicamente demonstrada. Esta demonstração na realidade é uma conclusão da equação

de Mayer, [28], pp. 540-541, que relaciona os dois calores específicos, o volume específico, a

temperatura (termodinâmica), a expansividade volumétrica e a compressibilidade isotérmica.

A variação de entropia expressa na equação (24) pode ser obtida por integração (os

limites de integração são os estados inicial e final do processo):

s2 – s1 = ∫c(T) (dT/T) = cmédln(T2/T1) (25)

Na equação (25) cméd é o calor específico médio da substância no intervalo de

temperatura considerado. Uma observação importante a respeito da equação (25) é que a

variação da entropia de uma substância verdadeiramente incompressível depende apenas da

temperatura e independe da pressão. Para um processo isoentrópico tem-se s1 = s2. Neste caso,

a variação de entropia é igual a zero (s2 – s1 = 0). Assim sendo, o termo cmédln(T2/T1) é igual a

zero, o que resulta em T2 = T1 (ln[1] = 0), uma vez que cméd não pode ser zero, pela primeira

Lei da Termodinâmica.

No caso de um compressor as condições de entrada e a pressão de saída do gás são as

mesmas para o compressor real e para o compressor isoentrópico. Neste caso, obtém-se h1 e

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h2r pela medição dos estados de entrada e saída (processo real), sendo a entalpia no estado de

saída (para o processo isoentrópico) levantada pelo uso de uma das relações isoentrópicas dos

gases ideais. No caso de uma bomba, o valor de h2s pode ser obtido de duas maneiras. Na

primeira, considera-se o estado de saída definido por s2 = s1 (processo isoentrópico) e P2s =

P2r (pressão absoluta de saída do processo isoentrópico igual à pressão absoluta do processo

real. Na segunda, considera-se P2s = P2r e T2s = T1r (temperatura de saída do processo

isoentrópico igual à temperatura de entrada do processo real, uma vez que o processo

isoentrópico de substâncias incompressíveis é também um processo isotérmico, como

demonstrado a partir da equação (25) – T2 = T1). Os valores de h1 e h2r são obtidos do

processo real.

A tabela 14 apresenta os valores de h2s e de eficiência isoentrópica (calculada

utilizando-se os valores de h2s levantados por s2 = s1 e P2s = P2r) para cada uma das vazões

estudadas.

Tabela 14: valores de h2s e de eficiência isoentrópica para as vazões estudadas

Vazão

volumétrica

[m3/h]

h1 [kJ/kg] h2 [kJ/kg]

h2s

(reversível)

s2 = s1

P2s = P2r

[kJ/kg]

h2s

(reversível)

T2s = T1r

P2s = P2r

[kJ/kg]

ηiso,bomba [%]

13,08 108,689 109,469 108,810 108,800 15,51

10,97 110,952 111,740 111,082 111,071 16,50

7,77 112,554 113,365 112,709 112,696 19,11

É possível observar na tabela 14 que os valores de h2s (entalpia no estado final para um

processo reversível – ideal) são ligeiramente inferiores aos valores de h2r (entalpia no estado

final para um processo irreversível – real). Esse resultado está coerente, pois quanto maior a

variação de entalpia, maior será o trabalho consumido pela bomba. Portanto, a diferença de

entalpia considerando-se h2s é menor do que a diferença de entalpia considerando-se h2r, o que

já era esperado pois o consumo ideal é menor do que o consumo real. Os valores de eficiência

isoentrópica estão próximos dos valores de eficiência de Segunda Lei, o que também era

esperado. Uma observação importante é que o valor da eficiência isoentrópica depende

substancialmente do projeto dos componentes individuais que formam a bomba.

O consumo isoentrópico da bomba também poderia ser levantado pela diferença de

trabalho de escoamento (Pv) entre os estados (entrada e saída). As hipóteses adotadas são as

seguintes: dispositivo adiabático (Q = 0); variação de energia cinética desprezível (∆EC = 0);

variação de energia potencial desprezível (∆EP = 0); variação de energia interna igual a zero

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73

(∆EU = 0), uma vez que o processo é isotérmico como já mencionado (u1 = u2 = u). Neste

caso tem-se Wiso = P2v2 – P1v1 (consumo isoentrópico igual à diferença de trabalho de

escoamento entre os estados).

Como a água é incompressível, a variação do volume específico é desprezível, logo

tem-se v1 = v2 = v. Portanto, o consumo isoentrópico é igual a v(P2 – P1). Como tem-se a

massa específica da água (ρágua = 1002,8 kg/m3), é possível o cálculo de v uma vez que o

mesmo é o inverso de ρ. Logo v é igual a aproximadamente 0,001 m3/kg. Considerando-se as

três vazões estudadas, 13,08 m3/h, 10,97 m3/h e 7,77 m3/h, o consumo isoentrópico é,

respectivamente, igual a 0,12 kJ/kg, 0,13 kJ/kg e 0,15 kJ/kg. Uma análise cuidadosa dos

resultados acima permite a conclusão de que os mesmos aproximam-se de maneira muito

satisfatória da diferença h2s – h1 relativa a sua respectiva vazão. Essa avaliação é muito

importante pois demonstra o bom grau de certeza inerente às entalpias levantadas no projeto.

No modelo proposto pela metodologia, as variações de energia cinética e potencial

podem ser desprezadas, uma vez que seus valores são consideravelmente menores do que os

valores de variação de entalpia (no caso de uma bomba). Uma avaliação das variações de

energia cinética e potencial foi realizada para comparação com as variações de entalpia nos

testes. Para a avaliação da energia cinética, utiliza-se a equação da continuidade, onde a vazão

é igual ao produto entre a velocidade do fluido e a área da seção por onde o mesmo escoa.

Como tem-se a área das tubulações e a vazão (medida), é possível obter-se a velocidade (e

portanto a energia cinética). Para a avaliação da energia potencial, considera-se uma diferença

entre bocais (sucção e descarga) da ordem de 0,1 m. A tabela 15 apresenta os valores de

variação das parcelas energéticas:

Tabela 15: valores de variação das parcelas energéticas

Vazão

volumétrica

[m3/h]

Variação

de

Entalpia

[kW]

Variação

de Energia

Potencial

[kW]

Variação

de Energia

Cinética

[kW]

13,08 2,84 0,004 0,013

10,97 2,40 0,003 0,007

7,77 1,75 0,002 0,003

Portanto, como pode ser observado na tabela 15, as variações de energia cinética e

potencial podem ser desprezadas sem grandes danos para o levantamento da potência

consumida.

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74

Uma equação comumente utilizada para a avaliação da potência útil cedida ao fluido

relaciona as variáveis vazão, peso específico do fluido e o head (equação 26). Não havendo

irreversibilidades no processo, a energia transmitida pelo motor à bomba (trabalho mecânico

de eixo) seria suficiente para promover a elevação da pressão do fluido (mínimo consumo de

energia). Entretanto, a energia consumida apresenta sempre um valor maior por conta das

irreversibilidades inerentes ao processo. Assim sendo, é fácil notar que a equação 26,

comumente utilizada na prática industrial, é de fato igual ao consumo mínimo de trabalho

(onde a eficiência da bomba é igual a 1 ou 100%).

Potcedida = (γ x Q x H) / 75 (26)

Na equação (26), Potcedida é a potência entregue ao fluido pela bomba (CV), γ é o peso

específico do fluido (kgf/m3), Q é a vazão volumétrica (m3/s), H é o head (m) e 75 é uma

constante. Por meio das medições realizadas e da caracterização da água, é possível o cálculo

da potência cedida (consumo mínimo) utilizando-se a equação (26). A tabela 16 apresenta os

resultados para cada uma das vazões, além do consumo mínimo calculado pelo método

termodinâmico (Wrev):

Tabela 16: valores de potência cedida e consumo mínimo

Vazão

volumétrica

[m3/h]

Vazão

mássica

[kg/s]

Vazão

volumétrica

[m3/s]

Massa

específica

ρágua

[kg/m3]

Aceleração

da

gravidade

[m/s2]

Peso

específico γ água

[N/m3]

Head [m] Potcedida

[kW] Ẇrev [kW]

13,08 3,64 0,0036 1002,8 9,81 9837,468 12,20 0,430 0,431

10,97 3,05 0,0030 1002,8 9,81 9837,468 13,11 0,387 0,399

7,77 2,16 0,0022 1002,8 9,81 9837,468 15,65 0,368 0,342

Como pode ser observado na tabela 16, os valores de potência cedida calculados (para

cada vazão) estão muito próximos dos valores de consumo mínimo calculados. Esse resultado

era esperado, uma vez que a potência cedida ao fluido considera a bomba como uma máquina

ideal, ou seja, uma máquina com rendimento igual a 1. Na realidade, o rendimento de uma

bomba considera três tipos de rendimentos: rendimento hidráulico (ηh), rendimento mecânico

(ηm) e rendimento volumétrico (ηv). Assim sendo, o rendimento de uma bomba é conhecido

como rendimento total (ou global), e é igual ao produto dos três rendimentos mencionados (ηh

x ηm x ηv).

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75

O rendimento hidráulico está relacionado às perdas por atrito do líquido e turbulência

(consideradas em conjunto). O rendimento mecânico está relacionado ao atrito no disco e às

perdas nos mancais e sistemas de vedação. O atrito no disco é a perda devido ao atrito gerado

pela circulação do fluido entre os discos rotativos que envolvem lateralmente as pás do

impelidor e a carcaça. As perdas nos mancais e sistemas de vedação são as perdas por atrito

existentes nestes elementos da bomba. Por fim, o rendimento volumétrico está relacionado à

pequena parte da vazão bombeada pelo rotor que não atinge a linha de descarga, recirculando

para a sucção da bomba.

Uma observação importante é que no caso da bomba a máxima eficiência (consumo

mínimo) é igual a unidade (100%). Isso porque para uma bomba, a energia está sendo

transmitida por trabalho de eixo, que é uma forma mecânica de trabalho (não havendo

transferência de energia por calor). Para uma máquina térmica, a máxima eficiência não será

100%. Na realidade, ela dependerá dos limites de temperatura dos reservatórios (alta

temperatura e baixa temperatura) entre os quais a máquina térmica opera. Assim sendo, tem-

se o verdadeiro limite teórico superior da eficiência, e não 100%.

No caso do projeto, considerando a água como líquido saturado, observa-se que o

valor da entalpia apresenta-se muito próximo do valor da entalpia para a água como líquido

comprimido. Portanto, o consumo de energia pela bomba pode ser levantado modelando-se a

água como líquido saturado sem maiores prejuízos no cálculo, não gerando erros na

estimativa da potência consumida. A tabela 17 compara as entalpias de saída da água

modelada como líquido comprimido e como líquido saturado.

Em relação à aproximação geral do líquido comprimido como líquido saturado,

algumas observações são importantes. As propriedades do líquido comprimido dependem

muito mais da temperatura do que da pressão. É necessário um aumento de 100 vezes na

pressão para que a variação das propriedades atinjam valores da ordem de 1%. Assim sendo, o

valor da entalpia de um líquido comprimido pode ser aproximado pelo valor da entalpia de

um líquido saturado à mesma temperatura (hcomp. = hl[sat.]@T).

A aproximação acima descrita pode ser realizada para outras duas propriedades:

energia interna (u) e volume específico (v). Portanto, generalizando, tem-se y ≈ yl@T para

líquidos comprimidos, onde y é u, v ou h. Deve-se ter o cuidado de não realizar-se a

aproximação por y ≈ yl@P (propriedade do líquido comprimido igual a propriedade do líquido

saturado à mesma pressão).

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76

Considerando-se os dados do teste preliminar, e utilizando-se a aproximação y ≈ yl@P

para os estados inicial e final, chega-se a valores de variação de entalpia da ordem de 100

kJ/kg (para as três vazões estudadas). Essa variação resulta, por exemplo, em uma potência

real consumida de aproximadamente 350 kW para a vazão de 13,08 m3/h, ou seja, 113 vezes

maior do que a máxima potência efetiva contínua limitada (NB) do motor (igual a 3,1 kW @

3600 RPM), garantida pelo fabricante, que a levantou segundo os critérios da norma brasileira

NBR 6396 (motores alternativos de combustão interna não veiculares), que tem por base a

norma americana ISO 3046. Certamente o motor D5 não seria capaz de disponibilizar energia

suficiente para esta potência absorvida pela bomba (350 kW). Esse erro é reflexo do resultado

inconsistente pela aproximação y ≈ yl@P.

Tabela 17: entalpias para água como líquido comprimido e líquido saturado

Vazão

volumétrica

[m3/h]

h2 líquido

comprimido

[kJ/kg]

h2 líquido

saturado

[kJ/kg]

h1 líquido

comprimido

[kJ/kg]

h1 líquido

saturado

[kJ/kg]

Erro [%]

Estado 1

((hc – hs)/hs)x100

Erro [%]

Estado 2

((hc – hs)/hs)x100

13,08 109,469 109,262 108,689 108,593 0,1 0,2

10,97 111,740 111,520 110,952 110,851 0,1 0,2

7,77 113,365 113,108 112,554 112,439 0,1 0,2

Uma importante questão que merece atenção está relacionada à medição de

temperatura. Considerando-se os acréscimos de pressão no fluido, exercidos pela bomba, o

aumento de temperatura devido ao efeito de compressibilidade é praticamente impossível de

ser detectado. Por isso mesmo, o líquido é uma substância essencialmente incompressível. Na

realidade, algum aumento de temperatura da água ao passar pela bomba está associado aos

efeitos dissipativos presentes no escoamento que se processa no interior da bomba. Portanto, à

medida que a energia proveniente do acionador é transferida preferencialmente ao fluido na

forma de energia mecânica, parte é degradada em energia interna, resultando no aumento da

demanda energética para efetuar o serviço. Essa degradação reflete-se no aumento da

temperatura do fluido ao passar pela máquina.

Com o objetivo de avaliar-se a medição de temperatura, é possível a estimativa da

variação de temperatura do fluido ao passar pela bomba, com a utilização de formulações

práticas. Na referência [36] é possível encontrar algumas dessas formulações, e uma delas está

representada pela equação (27). Esta equação relaciona o aumento de temperatura à diferença

entre as potências absorvida e cedida ao fluido, à vazão do processo e ao calor específico do

fluido.

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77

∆T = (2545 x (BHP – WHP)) / (Q x C) (27)

Na equação (27) ∆T representa o aumento de temperatura do fluido bombeado [ºF],

BHP é a potência absorvida [HP], WHP é a potência cedida ao fluido [HP], Q é a vazão [lb/h]

e C é o calor específico do fluido [BTU/ºFlb]. Utilizando-se a equação (27) para as três

vazões testadas, e realizando-se as devidas conversões de unidades, chega-se ao aumento de

temperatura estimado do fluido ao passar pela bomba. A tabela 18 apresenta as variações de

temperatura medidas e as variações calculadas (estimadas) pela equação (27).

Tabela 18: aumento de temperatura do fluido

Vazão

volumétrica

[m3/h]

∆T

medida

[ºC]

∆T calculada

[ºC]

13,08 0,16 0,157

10,97 0,16 0,156

7,77 0,16 0,155

Pela análise da tabela 18 é possível observar a congruência entre os valores medidos e

calculados. Isso é um bom sinal, pois revela que o erro natural associado às medições é

satisfatório. É importante lembrar-se que as medições de temperatura foram realizadas em

pontos distantes da bomba (aproximação nos pontos localizados no tanque, nas tubulações de

sucção e descarga). Algumas hipóteses foram utilizadas, como ausência de troca térmica

através da carcaça da bomba e das tubulações. O calor gerado pelo atrito do fluido também é

desprezado no projeto. Entretanto, existe um fenômeno que merece atenção e análise, e não

pode ser desprezado no caso dos pontos onde foram realizadas as medições: efeito Joule-

Thomson.

Alguns dispositivos restringem o escoamento, causando uma queda significativa na

pressão do fluido. Um tubo capilar, um meio poroso ou uma válvula regulável (como a

válvula globo utilizada no projeto) são exemplos de dispositivos desta natureza. A

temperatura do fluido, ao passar por um desses dispositivos, pode aumentar, diminuir ou

permanecer constante. Essa tendência é governada pelo coeficiente Joule-Thomson, definido

como:

µJT = (∂T/∂P)h (28)

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Um dispositivo de estrangulamento pode ser modelado como um dispositivo

isoentálpico, ou seja, as entalpias na entrada e na saída são iguais, logo h1 ≈ h2. Esse modelo é

satisfatório para uma válvula, que pode ser considerada adiabática, ou seja, Q = 0 (essa

hipótese pode não ser satisfatória para tubos capilares, pois os mesmos têm uma área de troca

térmica considerável). Além disso, a variação das energias cinética e potencial é desprezada, e

não observa-se manifestação de trabalho no escoamento através de uma válvula.

Considerando-se o modelo isoentálpico para a válvula globo utilizada no projeto, o

coeficiente Joule-Thomson (µJT) descreve o comportamento da temperatura do fluido. Caso

µJT < 0, a temperatura aumenta; caso µJT = 0, a temperatura permanece constante; caso µJT >

0, a temperatura diminui. Assim sendo, para cada uma das três vazões, é possível determinar-

se a tendência (e a magnitude) da variação da temperatura do fluido ao passar pela válvula

globo, utilizando-se a expressão da variação da entalpia (29):

dh = cpdT + (v – T(∂v/∂T)P)dP (29)

Como a válvula é um dispositivo isoentálpico, o valor de dh é igual a zero (pois h1 ≈

h2). Portanto, a equação (29) pode ser reorganizada:

(-1/cp)(v – T(∂v/∂T)P) = (∂T/∂P)h = µJT (30)

Para o cálculo de µJT utiliza-se os estados de entrada da válvula, relativos a cada uma

das vazões. É importante notar-se que o estado de entrada da válvula é construído utilizando-

se a pressão de descarga da bomba (medida antes da válvula) e a temperatura de sucção da

bomba. Esta análise é importante pois permite avaliar o impacto do efeito Joule-Thomson na

temperatura de descarga, medida depois da válvula no teste preliminar. Um valor alto de

variação de temperatura poderia distorcer os resultados da análise exergética, uma vez que a

contribuição da válvula para a variação de temperatura não é reflexo das perdas existentes

dentro da bomba, mas sim do efeito de estrangulamento. A tabela 19 apresenta os resultados

de µJT.

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Tabela 19: valores de coeficiente Joule-Thomson

Vazão

volumétrica

[m3/h]

P2

[barg] T1 [ºC] µJT [ºC/bar]

13,08 2,28 25,90 -0,0220862

10,97 2,43 26,44 -0,0220504

7,77 2,82 26,82 -0,0220252

Pela análise da tabela 19, é possível observar-se que para as três vazões o valor de µJT

é negativo. Portanto, haverá aumento de temperatura da água ao passar pela válvula. Esse é

um resultado típico para líquidos a temperaturas muito abaixo de suas temperaturas críticas

(temperatura de saturação) (Harvey, 2000). A temperatura da água na entrada da válvula

(~26ºC) está muito abaixo de sua temperatura de saturação à pressão correspondente. Por

exemplo, para a vazão 13,08 m3/h, tem-se Tsat = 124,4ºC @ Pabs = 2,28 bar, e como T =

25,90ºC, logo T << Tsat @ Pabs/E.V. (E.V. = entrada da válvula). Como Tsat para a água

aumenta com a pressão, esta análise é descartada para as demais vazões, pois as respectivas

pressões são ainda maiores.

Uma análise dimensional de µJT leva à conclusão de que a temperatura aumentará

(coeficiente negativo) 0,02ºC a cada 1 bar de redução na pressão. A pressão a jusante da

válvula não foi registrada durante os testes. Assim sendo, o valor da redução na pressão

(perda de carga) para cada posicionamento da válvula não pode ser calculado. Entretanto, para

fins de análise e estimativa, considera-se que a redução na pressão tenha um valor igual a 2

bar (para todas as vazões). É importante observar-se que essa hipótese é conservativa, pois o

valor de 2 bar é um valor superestimado. Assim sendo, o aumento de temperatura para as

vazões seria igual a 0,04ºC.

Considerando-se o aumento acima estimado, as temperaturas de descarga para cada

uma das vazões seriam corrigidas:

T2’[13,08 m3/h] = 26,06ºC – 0,04ºC = 26,02ºC;

T2’[10,97 m3/h] = 26,60ºC – 0,04ºC = 26,56ºC;

T2’[7,77 m3/h] = 26,98ºC – 0,04ºC = 26,94ºC.

A tabela 20 apresenta a análise exergética considerando-se a correção nas

temperaturas, devido ao efeito Joule-Thomson.

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Tabela 20: análise exergética para as temperaturas corrigidas

Vazão

volumétrica

[m3/h]

Ẇu [kW] Ẇrev [kW] ηII [%]

Energia

desperdiçada

[kW]

13,08 2,23 0,43 19,45 1,80

10,97 1,89 0,40 21,05 1,50

7,77 1,39 0,34 24,34 1,05

Pela análise da tabela 20, houve um aumento nas eficiências de segunda Lei e também

uma redução nos valores de energia desperdiçada (para as três vazões). Isso é esperado pois a

variação de temperatura diminuiu (com a correção na temperatura de descarga), o que

significa que menos calor foi gerado no interior da bomba, o que corresponde a uma geração

de entropia menor. É válido ressaltar que apesar do aumento, o valor da perda de carga está

superestimado. Por exemplo, o valor estimado da perda de carga (2 bar) para a válvula

totalmente aberta (13,08 m3/h) é extremamente conservador.

Contudo, o efeito Joule-Thomson pode ser contornado realizando-se a medição de

temperatura em pontos da tubulação próximos às seções de entrada e saída da bomba (como

foi feito no caso das pressões), o que resultaria em dados mais confiáveis (embora a medição

de temperatura não seja inválida). O anexo 4 apresenta um exemplo de curvas isoentálpicas

em um diagrama T-p (os pontos de inversão – “inversion points” são os pontos onde tem-se

µJT = 0). O coeficiente Joule-Thomson pode ser levantado experimentalmente para uma

substância, conforme procedimento descrito nas referências [28] e [29]. O anexo 4 apresenta

também a modelagem isoentálpica da válvula globo.

4.2 Viscosidade de óleos vegetais e biodiesel

Nos experimentos de viscosidade dos óleos vegetais, biodiesel de girassol e biodiesel

de soja, três tipos de curva característica foram obtidos para cada teste realizado. Em relação à

análise da curva de escoamento à temperatura de 40ºC, é possível notar que todos os fluidos

testados apresentaram comportamento Newtoniano, no qual a taxa de deformação (ou

gradiente de velocidade) é proporcional à tensão de cisalhamento. Portanto, a representação

gráfica de um fluido Newtoniano (tensão de cisalhamento x taxa de deformação) é uma reta

onde a inclinação é igual à constante de proporcionalidade (em outras palavras, à viscosidade

do fluido).

As curvas correspondentes a cada óleo vegetal, assim como para a mistura de óleos,

biodiesel de girassol e biodiesel de soja estão representadas nas figuras 39 a 46. Resultados

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similares foram reportados na literatura para alguns óleos vegetais. Portanto, como esperado

para um comportamento Newtoniano, a viscosidade não varia com o aumento da taxa de

deformação, e então ela é chamada de viscosidade absoluta ou dinâmica.

Figura 39: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de milho

Figura 40: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de canola

Figura 41: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de pinhão manso

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Figura 42: curva de escoamento a 40ºC para a mistura de óleos

Figura 43: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de soja

Figura 44: curva de escoamento a 40ºC para o óleo de girassol

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Figura 45: curva de escoamento a 40ºC para o biodiesel de soja

Figura 46: curva de escoamento a 40ºC para o biodiesel de girassol

Em relação à análise do comportamento da viscosidade em função da variação de

temperatura, foi estudado o intervalo de temperatura de 24ºC a 85ºC. A importância desta

análise é verificar os valores de viscosidade como função dos diferentes valores de

temperatura, uma vez que em situações reais pode ocorrer um aumento na temperatura entre à

bomba de transferência (que transfere o combustível do tanque para a bomba ou unidade de

injeção) e o injetor de combustível (com base na importância dos sistemas de injeção de

combustível automotivos destacados no presente trabalho). Assim sendo, o projeto do sistema

de injeção é impactado pela variação de temperatura, uma vez que a viscosidade de líquidos

mostra forte dependência da temperatura.

Como esperado, a viscosidade dos fluidos testados decresce com o aumento da

temperatura. Isso porque as moléculas de líquidos têm mais energia a temperaturas elevadas e,

neste caso, podem se opor mais intensamente às forças de coesão intermoleculares. O

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84

resultado é que as moléculas energizadas podem mover-se mais livremente [47]. Este

comportamento também foi observado em outros estudos similares [51]. A figura 47 mostra

os valores de viscosidade como função da temperatura, assim como as curvas que conectam

os pontos medidos, traçadas com a utilização do software Microsoft Office Excel 2007.

Figura 47: valores de viscosidade como função da temperatura

Comparando o óleo de girassol e o biodiesel de óleo de girassol, assim como o óleo de

soja e o biodiesel de óleo de soja, foi observado que a viscosidade do biodiesel é menor do

que a viscosidade do óleo in natura que o originou (com a transesterificação e a

transformação dos ésteres de ácidos graxos, uma significante redução da viscosidade ocorre)

como já observado em outros estudos. Este fato representa uma das razões pelas quais óleos

in natura são inadequados para o uso como combustíveis, ainda que alguns autores defendam

o uso de óleos vegetais em substituição ao diesel, destacando as vantagens relacionadas à

atomização. Isso só é possível por meio do desenvolvimento de sistemas de aquecimento,

controle de temperatura e sistemas de controle de injeção de combustível (compostos

basicamente por bomba e bicos injetores).

O estudo da dependência da viscosidade com relação à temperatura pode ser refinado

obtendo-se equações que resultem valores de viscosidade como função da temperatura, para

cada tipo de óleo. Entre as equações mais utilizadas para essa análise, a mais precisa é a

equação de Vogel [52], abaixo representada:

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η = aeb/(T – c) (31)

Onde η representa a viscosidade, T é a temperatura absoluta (medida em Kelvin), e a,

b e c são constantes que devemos escolher para que as curvas se ajustem da melhor maneira

possível aos dados experimentais. Geralmente, no mínimo três valores de viscosidade

medidos a diferentes temperaturas são necessários para se determinar as três constantes.

Existem dois métodos principais para a escolha de a, b e c. O primeiro consiste em computar-

se os valores pela solução de um sistema de 3 equações, obtido pela substituição dos valores

de 3 viscosidades medidas na equação de Vogel. No caso de ter-se acesso a mais dados, é

possível o uso da regressão dos mínimos quadrados para achar a curva que melhor se ajusta a

todo o conjunto de dados. O primeiro método é preferível quando deseja-se minimizar o erro

no limite da faixa de temperatura, mesmo que um grande conjunto de dados esteja disponível.

Portanto, o primeiro método foi adotado no presente trabalho.

Para cada conjunto de valores temperatura-viscosidade (Ti, ηi), é necessário encontrar

valores para as constantes de Vogel a, b e c que minimizem a soma (ηi – η(Ti))2, onde η(Ti) é

computado utilizando-se a equação de Vogel. Os valores foram calculados utilizando-se o

pacote Microsoft Excel Solver. A tabela 21 apresenta os valores de a, b e c obtidos para cada

amostra testada. A figura 48 mostra como as curvas obtidas pela equação de Vogel se ajustam

com os dados (pontos) obtidos experimentalmente (os símbolos E e V indicam,

respectivamente, os pontos experimentais e as curvas obtidas pelo modelo de Vogel).

Tabela 21: valores das constantes de Vogel a, b e c, obtidos para cada amostra

Óleo

Constantes de Vogel

a b c

Óleo de Canola 0.000117781 1024.21043 138.2571147

Óleo de Milho 0.000173021 866.1068617 153.3320406

Óleo de Soja 0.000213098 763.6312654 163.6917445

Óleo de Pinhão Manso 7.59865E-05 1137.107536 129.3428974

Óleo de Girassol 5.11282E-05 1381.206756 104.4928648

Biodiesel de Girassol 3.98741E-05 1191.128796 68.7321597

Biodiesel de Soja 5.905E-05 942.287211 94.146183

Mistura (Canola, Milho, Girassol) 1.57442E-06 3235.628026 4.30956185

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Figura 48: curvas obtidas pela equação de Vogel

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Capítulo 5

Conclusões

Atualmente a questão energética é tema frequente nas discussões ao redor do mundo.

A possibilidade de escassez dos recursos não renováveis, os preços altamente voláteis do

petróleo, a possibilidade de futuras crises energéticas, a preocupação ambiental, são pontos

que geram preocupação no atual cenário mundial. A conservação de energia é um tópico

muito abordado pela sociedade contemporânea. Entretanto, a maioria das discussões e

análises consideram somente a quantidade de energia (primeira Lei) e não a qualidade da

energia (segunda Lei). A conservação relacionada ao consumo ou produção de energia deve

levar em conta o consumo ideal ou a maximização do aproveitamento da disponibilidade, que

são assuntos relacionados a uma importante propriedade termodinâmica: a exergia.

O presente trabalho não se limita à análise energética (exergética) de um dispositivo.

Ele também tem como objetivo despertar o leitor em relação à importância da análise de

processos do ponto de vista da Segunda Lei. Uma grande quantidade de energia que não está

disponível para a realização de algum trabalho útil continuará a ser uma grande quantidade

(inútil) de energia, isenta de qualidade.

O trabalho trata-se de um método termodinâmico para a análise do desempenho de um

dispositivo, e tem grande valor por considerar o ponto de vista da Segunda Lei. A

metodologia é na verdade uma avaliação das mudanças de estado (inicial e final) e das

transferências de energia envolvidas, considerando-se as irreversibilidades inerentes ao

processo (o que trata-se da diferença fundamental entre as análises de Primeira e Segunda

Lei). A metodologia pode ser aplicada tanto para dispositivos que consomem trabalho quanto

para dispositivos que produzem trabalho, desde que as relações termodinâmicas e hipóteses

adotadas estejam compatíveis com o dispositivo em questão. Além disso, é necessário que as

medições das variáveis envolvidas sejam realizadas de maneira apropriada e que a

instrumentação utilizada tenha um alto grau de precisão, para que o método encontre

aplicação (no meio acadêmico ou no meio industrial).

Atualmente existem empresas que utilizam o método termodinâmico para a avaliação

de desempenho de equipamentos. Bombas que operam fora do ponto de melhor eficiência, por

exemplo, utilizam mais energia, o que eleva o custo. Pequenos desvios no ponto de melhor

eficiência podem significar muitos milhares em termos financeiros no consumo total anual.

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Além disso, o próprio projeto do equipamento pode ser otimizado (fase de projeto), com o

objetivo de reduzir-se as irreversibilidades inerentes ao processo (fase de operação, quando o

método termodinâmico configura-se em um diagnóstico termodinâmico). Por fim, o método

termodinâmico também pode ser utilizado em campo, pois muitas instalações já possuem a

instrumentação básica necessária (termômetros e manômetros, desde que instalados em

pontos apropriados), o que permite a análise e a economia de recursos financeiros (custo de

aquisição dos instrumentos). Partindo-se do princípio que a energia tem um custo associado,

então é possível chegar-se ao custo total inerente à parcela de energia desperdiçada.

Algumas observações são necessárias em relação às limitações do projeto. No teste

preliminar algumas medições foram realizadas dentro do laboratório (pressões de sucção e

descarga e temperatura ambiente) e outras foram realizadas no local de instalação do tanque

(temperaturas de sucção e descarga). Neste caso, é necessário que a medição seja realizada

por mais de uma pessoa. O estado termodinâmico é um conjunto de propriedades

instantâneas. Assim sendo, os erros relativos à medição realizada desta maneira devem ser

considerados, uma vez que muitas variáveis estão envolvidas. Portanto, o tempo entre as

medições não caracteriza uma medição instantânea (mas não invalida a metodologia) e pode

ser suficiente para variações em alguns parâmetros, como por exemplo a temperatura

ambiente.

O cenário ideal seria a automatização de todas as medições, de maneira a garantir que

as mesmas sejam realizadas instantaneamente. Desta maneira, minimiza-se o erro relacionado,

o que permite inclusive a análise de desempenho em um intervalo de tempo estabelecido. Por

outro lado, é importante notar que somente a automatização não é garantia de um aumento da

confiabilidade dos resultados. Neste sentido, instrumentos com boa precisão são necessários

para a minimização do erro envolvido (principalmente em relação às medições de temperatura

na sucção e na descarga).

Em relação às medições de pressão realizadas no teste preliminar, algumas

observações são importantes. Recomenda-se a substituição dos manômetros do tipo Bourdon

por transmissores de pressão. Transmissores de pressão (como por exemplo do tipo

piezoelétrico) são instrumentos mais precisos em comparação aos manômetros utilizados no

teste preliminar. A instalação dos medidores de pressão deve ser realizada o mais próximo

possível dos bocais de sucção e descarga da bomba, desde que a distância até os bocais não

comprometa o desempenho dos instrumentos. Existem perdas de carga entre os instrumentos

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de medição de pressão e os bocais, entretanto os valores podem ser desprezados. Assim

sendo, as pressões medidas são satisfatórias.

Em relação às medições de temperatura nos estados inicial e final (sucção e descarga

da bomba) algumas observações também são importantes. Recomenda-se a instalação de

transmissores de temperatura nas seções de tubulação próximas aos bocais de sucção e

descarga da bomba. As medições no teste preliminar foram realizadas no tanque. Elas são

válidas, pois a velocidade do fluido não permite uma troca térmica significativa com o

ambiente através das tubulações (hipótese). Além disso o PVC tem baixo coeficiente de

transmissão de calor. Entretanto, para a minimização do erro envolvido, recomenda-se a

instalação de medidores nos trechos de tubulação próximos aos bocais, o que inclusive

elimina a influência do efeito Joule-Thomson na válvula globo utilizada.

A medição de temperatura na entrada e na saída da bomba apresenta um grau de

dificuldade considerável. Isso porque a variação de temperatura (aumento) esperada é muito

pequena. Essa variação é o reflexo das irreversibilidades inerentes ao processo que o fluido

experimenta dentro da bomba. As irreversibilidades traduzem-se em um aumento da energia

interna do fluido ao passar pela bomba, o que em outras palavras gera um aumento da

temperatura desse fluido. A variação da energia interna está, portanto, relacionada à

degradação de energia dentro da bomba, e não contribui para o escoamento do fluido

(somente gera calor).

A bomba testada no projeto não está documentada de maneira satisfatória. As curvas

de NPSH requerido e eficiência não estão disponíveis. Recomenda-se o envio da bomba para

empresas especializadas, para o levantamento de tais curvas em bancada experimental. O

sistema não apresentou sinais de cavitação. Entretanto, a rigor, é necessária a análise de

cavitação pela comparação entre o NPSH disponível (que pode ser calculado no projeto) e o

NPSH requerido (que é uma informação disponibilizada pelo fornecedor do equipamento). O

NPSH disponível deverá ser maior do que o NPSH requerido para que problemas de cavitação

não ocorram.

A curva de eficiência da bomba é levantada em relação às vazões. Para cada vazão

existe um valor de eficiência. Existe ainda um valor denominado valor de máxima eficiência.

Como já mencionado no trabalho, valores de vazão inferiores e superiores estarão associados

a eficiências menores. Recomenda-se portanto o levantamento em bancada da curva de

eficiência. Este levantamento segue alguns critérios de projeto e recomendações de

fabricantes. Assim sendo, com a curva de rendimento da bomba, seria possível a comparação

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com as eficiências de Segunda Lei levantadas experimentalmente. As eficiência na curva de

rendimento da bomba são de fato eficiências de Segunda Lei, entretanto o levantamento da

curva em bancada por empresa especializada é recomendável pelas razões já descritas

anteriormente. Além disso os resultados pelo método termodinâmico poderiam ser

comparados às informações da curva do fornecedor, o que permite inclusive detectar a

necessidade de ajustes no ponto de operação e/ou manutenção do equipamento (diagnóstico

termodinâmico) em outras aplicações distintas do teste.

No caso do presente trabalho, a metodologia para a análise exergética foi estruturada

escolhendo-se a bomba do conjunto motobomba como volume de controle. Entretanto, é

possível a avaliação exergética escolhendo-se o motor como volume de controle. Neste caso,

a avaliação exergética tem por base a relação entre o trabalho de saída do motor e a exergia de

cada um dos combustíveis. Essa alternativa requer toda uma infraestrutura própria e segue

como sugestão para um trabalho futuro. Essa sugestão tem por base um trabalho realizado e

encontra-se na referência [53].

Como sugestão, é possível ainda a avaliação do consumo de combustível. Para a

realização deste estudo, uma possibilidade seria a remoção do tanque original do motor diesel

e a instalação de um tanque remoto sobre uma balança digital. O combustível poderia ser

transferido do tanque remoto para o motor por meio de uma linha flexível (linha de

alimentação). O retorno do combustível poderia ser realizado por uma segunda linha flexível

(linha de retorno). Portanto, considerando um intervalo de tempo ∆t, seria possível o

levantamento do consumo pela diferença entre as quantidades inicial e final medidas (para

cada condição operacional, ou seja, rotação – vazão – tempo de teste).

Trabalhos futuros poderiam envolver ainda diversas atividades acadêmicas

relacionadas não somente à metodologia como ao laboratório como um todo. Em relação à

infraestrutura, alguns pontos estão pendentes (em andamento). A implementação da bancada

poderá ser tema de projeto final de curso. A implementação envolveria a aquisição dos

instrumentos mencionados anteriormente (transmissores) e toda a interface com o

computador.

O levantamento da curva do sistema (como sugestão pelo método de Hazen-Williams)

e do ponto de operação poderá ser uma atividade da disciplina de hidráulica (mecânica dos

fluidos). Um trecho de tubulação transparente poderá ser instalado na linha de sucção ou

descarga da bomba, para visualização do escoamento. A prática experimental é de grande

valor para os alunos, que poderão testar todo o aprendizado obtido em sala de aula. Desenhos

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do laboratório (layout, fluxograma, etc.) podem ser sugeridos como trabalhos nas disciplinas

de desenho técnico.

O circuito hidráulico poderia ser utilizado para o abastecimento de projetos de

irrigação. Assim sendo, uma derivação na linha de descarga precisaria ser instalada,

interligando o suprimento de água (tanque) ao ponto de irrigação. Neste caso duas limitações

devem ser observadas: a primeira é relativa à máxima vazão possível (máxima rotação do

motor e válvulas totalmente abertas); a segunda é relativa a capacidade (volume) máxima do

tanque. Caso a capacidade seja insuficiente, o tanque deverá ser abastecido por uma fonte

primária (pela instalação de uma tubulação interligando esta fonte e o tanque, com sistema

limitante – como por exemplo boia) e portanto um projeto a parte seria necessário. É válido,

por fim, ressaltar a importância de uma manutenção periódica do laboratório. Espera-se que o

laboratório seja um espaço multidisciplinar, aberto a todos os discentes e docentes.

Neste trabalho, também foi avaliado o comportamento da viscosidade de óleos

vegetais, uma mistura de óleos vegetais e dois tipos de biodiesel. O estudo do comportamento

reológico de óleos vegetais − matérias-primas para a produção de biodiesel − é fundamental

para o completo entendimento do biodiesel e suas misturas com o diesel. Todos os fluidos

testados apresentaram comportamento Newtoniano, onde a taxa de deformação é diretamente

proporcional à tensão de cisalhamento. Neste caso, a viscosidade é constante com a taxa de

deformação, o que também foi observado em estudos similares. Espera-se que o laboratório

seja um espaço multidisciplinar, aberto a todos os discentes e docentes.

A temperatura exerce influência na viscosidade. O aumento da temperatura resulta na

redução da viscosidade, como já era esperado. Foi observado que a viscosidade do biodiesel é

consideravelmente menor do que a viscosidade do óleo vegetal que o originou (para os dois

tipos de biodiesel testados, biodiesel de soja e biodiesel de girassol).

Considerando a faixa de temperatura de 24ºC a 60ºC (aproximadamente) pode ser

observada uma pronunciada variação da viscosidade para todos os óleos vegetais e também

para a mistura de óleos vegetais; ainda, para a faixa de temperatura de 60ºC a 85ºC, para os

mesmos fluidos em questão, a variação da viscosidade é menos pronunciada. Entretanto, para

o caso dos dois tipos de biodiesel testados, a viscosidade apresenta uma variação modesta

com a temperatura em comparação com os óleos vegetais e a mistura de óleos vegetais

(considerando toda a faixa de temperatura, ou seja, 24ºC a 85ºC).

Com relação ao modelo matemático utilizado foi possível observar que as curvas

obtidas com a equação de Vogel adequaram-se com excelente precisão aos pontos medidos

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experimentalmente, para toda a faixa de temperatura estudada (24ºC a 85ºC). Entretanto, é

importante notar que este modelo trata-se de um modelo externo. Portanto, sua aplicação é

restrita a dados gerados em um sistema, e a extrapolação da faixa de temperatura estudada (ou

seja, a extrapolação da faixa de medição) geraria resultados com nível de certeza reduzido (ao

contrário da interpolação de dados). Para a previsão do comportamento da viscosidade (não

somente a extrapolação como toda a faixa estudada em questão), seria necessário o

desenvolvimento de um modelo matemático interno.

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Referências

[1] Hinrichs, Roger A., Kleinbach, Merlin, Reis, Lineu Belico dos, Energia e Meio Ambiente,

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[8] Queiroz, Wesley Fernandes, Análise energética e exergética do ciclo Rankine de

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[12] Santos, Alex Álisson B., Torres, Ednildo A., Análise exergética de uma unidade

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[13] Ferrari, Fabrício, Otimização termodinâmica de sistemas de refrigeração solar,

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[27] Tat, Mustafa E., Gerpen, Jon H. Van, The kinematic viscosity of biodiesel and its blends

with diesel fuel, Vol. 76 (12), 1999, pp.1511-1513.

[28] Çengel, Yunus A., Boles, Michael A., Termodinâmica, Editora McGraw-Hill, São Paulo

(2006), pp. 345-375.

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[30] Oliveira, Paulo Pimentel de, Fundamentos de Termodinâmica Aplicada, Lidel edições

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[31] Bejan, Adrian, Advanced Engineering Thermodynamics, John Wiley & Sons, Inc., USA

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[32] Bejan, Adrian, Tsatsaronis, George, Moran, Michael, Thermal Design and Optimization,

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[33] Informação disponível em:

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[34] Informação disponível em:

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Acesso em: 30/09/2013.

[35] Rache, Marco, Mecânica Diesel, Editora Hemus, São Paulo (2004), p. 47, pp. 50-51.

[36] Falco, Reinaldo de, Mattos, Edson Ezequiel de, Bombas Industriais, Editora Interciência,

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[37] Sulzer Pumps Ltd – Winterthur, Switzerland, Centrifugal Pump Handbook, UK (2010),

pp. 1-3.

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[38] Flutt, Antônio Felipe, Bombas e Sistemas de Bombeamento, Apostila do curso de pós-

graduação em Engenharia de Máquinas Navais e Offshore – COPPE/UFRJ – Rio de Janeiro

(2009).

[39] Informação do fabricante Fibromar, disponível em:

http://www.fibromar.com.br/page/caixas2.asp

Acesso em: 03/07/2013.

[40] Informação do fabricante Lintec, disponível em:

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Acesso em: 03/07/2013.

[41] Informação do fabricante Incontrol, disponível em:

http://www.incontrol.ind.br/produtos.php?id=26&id_categoria=8

Acesso em: 03/07/2013.

[42] Figuerôa, Bruno Meyas, Rangel, Rogério Mello, Implementação de um sensor de rotação

indutivo em uma motobomba diesel, Niterói (2013), Monografia de conclusão de curso de

graduação em Engenharia Mecânica, Departamento de Engenharia Mecânica – TEM –

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[43] Informação disponível em:

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Acesso em: 03/10/2013.

[44] Informação disponível em:

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esel/!ut/p/c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hLf0N_P293QwP3YE9nAyNTD5egIE

cnQwsLQ_2CbEdFAHrtAYU!/

Acesso em: 03/10/2013.

[45] Knothe, Gerhard, Gerpen, Jon Van, Krahl, Jürgen, Ramos, Luiz Pereira, Manual de

Biodiesel, Editora Blucher, São Paulo (2006), pp. 1-2.

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[46] Gentil, Luiz Vicente, 202 Perguntas e Respostas sobre Biocombustíveis, Editora Senac,

Brasília (2011), p. 118.

[47] Çengel, Yunus A., Cimbala, John M., Mecânica dos Fluidos – Fundamentos e

Aplicações, Editora McGraw-Hill, São Paulo (2007), pp. 41-45.

[48] Streit, Rosalvo (2012), Consumo de óleo diesel B no Brasil cresce 5,2% em 2011,

Agência de Notícias CNT.

Informação disponível em:

http://www.cnt.org.br/Paginas/Agencia_Noticia.aspx?n=8076

Acesso em: 01/10/2012.

[49] Faria, Marcia Dardari Castanheira, Pinto, Ricardo Rodrigues da Cunha, Valle, Maria

Letícia Murta, Effect of Biodiesel in Fuel Atomization in Direct Injection Diesel Engines,

Revista de Química Industrial, Ano 78, nº 727, 2º trimestre de 2010, pp. 20-25.

[50] Informação disponível em:

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Acesso em: 26/11/2013.

[51] Brock et al, Experimental determination of viscosity and thermal conductivity of

vegetable oils, Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28(3), (2008), pp. 564-570.

[52] Stachowiak, Gwidon, Batchelor, Andrew W., Engineering Tribology, Butterworth-

Heinemann, Oxford (2005), pp. 13-15.

[53] Ferreira, Vitor Pinheiro, Torres, Ednildo Andrade, Silva, Leonard Fernandes, Pepe, Iuri

Muniz, “Análises energética e exergética de uma bomba centrífuga acionada por um motor

diesel alimentado com diesel, biodiesel e misturas binárias e ternárias de diesel, biodiesel e

álcool anidro”, 10º Congresso Iberoamericano de Engenharia Mecânica (2011), Porto,

Portugal, pp. 1247-1258.

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS

RESOLUÇÃO ANP Nº 71, DE 20.12.2011 - DOU 22.12.2011

O DIRETOR-GERAL SUBSTITUTO da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL EBIOCOMBUSTÍVEIS - ANP, no uso das atribuições que lhe foram conferidas pela Portaria ANP nº 283, de 9 dedezembro de 2011, tendo em vista o disposto no art. 8º e nos seus incisos I e XVIII da Lei nº 9.478, de 6 deagosto de 1997, alterada pela Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, e pela Lei nº 12.490, de 16 de setembrode 2011, bem como com base na Resolução de Diretoria nº 1.191, de 20 de dezembro de 2011,

Considerando que compete à ANP implementar a política nacional do petróleo, gás natural ebiocombustíveis, com ênfase na garantia do suprimento de derivados de petróleo, gás natural e seus derivados ebiocombustíveis, em todo o território nacional;

Considerando que cabe à ANP proteger os interesses dos consumidores quanto a preço, qualidade eoferta de produtos, bem como especificar a qualidade dos derivados de petróleo, gás natural e seus derivados edos biocombustíveis;

Considerando a Resolução CONAMA nº 433, de 13 de julho de 2011, que estabelece os limites deemissões referentes à fase MAR-I do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores -PROCONVE, a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2015, que devem ser atendidos nos testes de homologação,certificação e desenvolvimento das máquinas agrícolas e rodoviárias, nacionais ou importadas, destinadasexclusivamente ao mercado interno brasileiro;

Considerando que cabe à ANP estabelecer as especificações dos produtos derivados de petróleo, gásnatural e biocombustíveis;

Considerando a necessidade do estabelecimento de especificações de combustíveis que viabilizem ocumprimento das metas do PROCONVE de melhoria de qualidade do ar; e

Considerando que para as homologações dos supracitados veículos devem ser utilizados combustíveis dereferência,

Resolve:

Art. 1º Fica estabelecida, por meio da presente Resolução, a especificação do óleo diesel de referênciapara homologação de máquinas agrícolas e rodoviárias novas conforme fase MAR-I do PROCONVE, a qualconsta no Regulamento Técnico ANP nº 9/2011, parte integrante desta Resolução.

Art. 2º A adição de qualquer aditivo ao óleo diesel de referência deverá ser previamente autorizada pelaANP.

Art. 3º O não atendimento ao disposto nesta Resolução sujeita o infrator às sanções administrativasprevistas na Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, alterada pela Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, e pelaMedida Provisória nº 352, de 28 de abril de 2011, bem como no Decreto nº 2.953, de 28 de janeiro de 1999, semprejuízo das penalidades de natureza civil e penal.

Art. 4º Os casos não contemplados nesta Resolução serão objetos de análise e deliberação pela Diretoriada ANP.

Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial.

ALLAN KARDEC DUAILIBE BARROS FILHO

ANEXO

REGULAMENTO TÉCNICO ANP Nº 9/2011

1. Objetivo

Este Regulamento Técnico aplica-se ao óleo diesel de referência para homologação de máquinas agrícolas

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e rodoviárias novas conforme fase MAR-I do PROCONVE, nacional ou importado, e estabelece as suasespecificações.

2. Normas Aplicáveis

A determinação das características do óleo diesel de referência para homologação de máquinas agrícolase rodoviárias novas deverá ser feita mediante o emprego de Normas Brasileiras (NBR) da Associação Brasileirade Normas Técnicas (ABNT) e/ou normas da ASTM International.

Os dados de incerteza, repetitividade e reprodutibilidade, fornecidos nos métodos relacionados nesteRegulamento, devem ser utilizados somente como guia para aceitação das determinações em duplicata doensaio e não devem ser considerados como tolerância aplicada aos limites especificados.

A análise deverá ser realizada em amostra representativa do produto, coletada segundo as normas ABNTNBR 14883 - Petróleo e produtos de petróleo - Amostragem manual ou ASTM D4057 - Practice for ManualSampling of Petroleum and Petroleum Products.

Nas Tabelas I e II estão dispostos, respectivamente, os métodos ABNT e ASTM a serem consideradosneste regulamento.

Tabela I - Métodos ABNT

MÉTODO TÍTULO

NBR 7148 Petróleo e produtos de petróleo - Determinação da massa específica, densidade relativae ºAPI - Método do densímetro.

NBR 7974 Produtos de petróleo - Determinação do ponto de fulgor pelo vaso fechado Tag.

NBR 9619 Produtos de petróleo - Destilação à pressão atmosférica.

NBR 9842 Produtos de petróleo - Determinação do teor de cinzas.

NBR 10441 Produtos de petróleo -Líquidos transparentes e opacos -Determinação da viscosidadecinemática e cálculo da viscosidade dinâmica.

NBR 14065 Destilados de petróleo e óleos viscosos - Determinação da massa específica e dadensidade relativa pelo densímetro digital.

NBR 14318 Produtos de petróleo - Determinação do resíduo de carbono Ramsbottom.

NBR 14359 Produtos de petróleo - Determinação da corrosividade - Método da lâmina de cobre.

NBR 14483 Produtos de petróleo - Determinação da cor - Método do colorímetro ASTM.

NBR 14533 Produtos de petróleo -Determinação de enxofre por espectrometria de fluorescência deraios X (energia dispersiva).

NBR 14598 Produtos de petróleo - Determinação do ponto de fulgor pelo aparelho de vaso fechadoPensky-Martens.

NBR 14747 Óleo diesel - Determinação do ponto de entupimento de filtro a frio.

NBR 14954 Combustível destilado - Determinação da aparência.

Tabela II - Métodos ASTM

MÉTODO TÍTULO

D56 Standard Test Method for Flash Point by Tag Closed Cup Tester. '

D86 Standard Test Method for Distillation of Petroleum Products at Atmospheric Pressure.

D93 Standard Test Methods for Flash Point by Pensky Martens Closed Cup Tester.

D130 Standard Test Method for Corrosiveness to Copper from Petroleum Products by Copper

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Strip Test.

D445 Standard Test Method for Kinematic Viscosity of Transparent and Opaque Liquids (andCalculation of Dynamic Viscosity).

D482 Standard Test Method for Ash from Petroleum Products.

D524 Standard Test Method for Ramsbottom Carbon Residue of Petroleum Products.

D613 Standard Test Method for Cetane Number of Diesel Fuel Oil.

D1298 Standard Test Method for Density, Relative Density (Specific Gravity), or API Gravity ofCrude Petroleum and Liquid Petroleum Products by Hydrometer Method.

D1500 Standard Test Method for ASTM Color of Petroleum Products (ASTM Color Scale).

D2622 Standard Test Method for Sulfur in Petroleum Products by Wavelength Dispersive X rayFluorescence Spectrometry.

D2709 Standard Test Method for Water and Sediment in Middle Distillate Fuels by Centrifuge.

D3238 Standard Test Method for Calculation of Carbon Distribution and Structural GroupAnalysis of Petroleum Oils by the n d M Method.

D3828 Standard Test Methods for Flash Point by Small Scale Closed Cup Tester.

D4052 Standard Test Method for Density, Relative Density, and API Gravity of Liquids by DigitalDensity Meter.

D4176 Standard Test Method for Free Water and Particulate Contamination in Distillate Fuels(Visual Inspection Procedures).

D4294 Standard Test Method for Sulfur in Petroleum and Petroleum Products by EnergyDispersive X ray Fluorescence Spectrometry.

D5186 Standard Test Method for Determination of Aromatic Content and Polynuclear AromaticContent of Diesel Fuels and Aviation Turbine Fuels by Supercritical FluidChromatography.

D5453 Standard Test Method for Determination of Total Sulfur in Light Hydrocarbons, SparkIgnition Engine Fuel, Diesel Engine Fuel, and Engine Oil by Ultraviolet Fluorescence.

D6045 Standard Test Method for Color of Petroleum Products by the Automatic TristimulusMethod.

D6371 Standard Test Method for Cold Filter Plugging Point of Diesel and Heating Fuels.

D6591 Standard Test Method for Determination of Aromatic Hydrocarbon Types in MiddleDistillates-High Performance Liquid Chromatography Method with Refractive IndexDetection.

3. Especificações

Na Tabela III estão dispostas as especificações do óleo diesel de referência para homologação demáquinas agrícolas e rodoviárias novas.

As características presentes nas especificações contidas na Tabela III deste Regulamento Técnicodeverão ser determinadas conforme a publicação mais recente de cada método de ensaio.

Tabela III - Especificações do óleo diesel de referência para homologação de máquinas agrícolas erodoviárias novas (1)

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

ABNT ASTM

Aspecto - (2) 14954 (3) D4176

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(3)

Cor ASTM - 3,0 14483 D1500

D6045

Massa específica a 20 ºC kg/m³ 835,0a845,0 7148

14065

D1298

D4052

Viscosidade a 40 ºC mm²/s 2,5a3,5 10441 D445

Teor de enxofre, máx. mg/kg 300 14533 D2622

D4294

D5453

Ponto de Fulgor, mín. ºC 38,0 7974

14598

D56

D93

D3828

Corrosividade ao cobre, 3h a 50ºC,máx.

- 1 14359 D130

Água e sedimentos, máx. %v/v 0,05 - D2709

Ponto de Entupimento de Filtro aFrio, mín.

ºC 3,0 14747 D6371

Número de Cetano, mín - 46 - D613

Destilação: ºC 9619 D86

50% volume recuperado, mín. 245,0

90% volume recuperado 320,0 a 360,0

Ponto Final de Ebulição (PFE),máx.

370,0

Resíduo de Carbono Ramsbottom,máx. (4)

%m/m 0,20 14318 D524

Teor de cinzas, máx. %m/m 0,010 9842 D482

Carbono aromático, máx. %v/v 25,0 - D3238

Hidrocarbonetos policíclicosaromáticos

%m/m Anotar - D5186

D6591

(1) A adição de biodiesel ao óleo diesel de referência será estabelecida após a definição da especificaçãodo biodiesel de referência.

(2) Límpido e isento de impurezas - LII;

(3) Deve ser utilizado o Procedimento I da norma;

(4) No resíduo dos 10% finais da destilação;

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"Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial da União"

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ANEXO 3

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AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS

RESOLUÇÃO ANP Nº 14, DE 11.5.2012 - DOU 18.5.2012

A Diretora-Geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP, no uso de suasatribuições,

Considerando o disposto no inciso I, art. 8º da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, alterada pela Lei nº11.097, de 13 de janeiro de 2005 e com base na Resolução de Diretoria nº 390, de 10 de maio de 2012;

Considerando o interesse para o País em apresentar sucedâneos para o óleo diesel;,

Considerando a Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, que define o biodiesel como um combustível derivadode biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão, que possa substituirparcial ou totalmente o óleo diesel de origem fóssil;

Considerando as diretrizes emanadas do Conselho Nacional de Política Energética - CNPE, quanto àprodução e ao percentual de biodiesel no óleo diesel a ser comercializado;

Considerando o disposto no inciso XVIII, art. 8º da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, alterada pela Lei nº11.097, de 13 de janeiro de 2005, que estabelece que cabe à ANP especificar a qualidade do biodiesel, e

Considerando a Lei 12.490, de 16 de setembro de 2011 que, acrescenta e dá nova redação a dispositivosprevistos na Lei nº 9.478/1997, além de ampliar a competência da ANP para toda a Indústria de Biocombustíveis,definida como o conjunto de atividades econômicas relacionadas com produção, importação, exportação,transferência, transporte, armazenagem, comercialização, distribuição, avaliação de conformidade e certificação daqualidade de biocombustíveis,

Resolve:

Art. 1º Ficam estabelecidas, por meio da presente Resolução, a especificação do biodiesel contida noRegulamento Técnico ANP nº 4/2012 e as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelosdiversos agentes econômicos que comercializam o produto em todo o território nacional.

Parágrafo único. A partir de 1º de janeiro de 2010 o teor de biodiesel a ser adicionado ao óleo diesel é de 5%,em volume.

Das Definições

Art. 2º Para efeitos desta Resolução, define-se:

I - Biodiesel: combustível composto de alquil ésteres de ácidos carboxílicos de cadeia longa, produzido apartir da transesterificação e ou/esterificação de matérias graxas, de gorduras de origem vegetal ou animal, e queatenda a especificação contida no Regulamento Técnico nº 4/2012, parte integrante desta Resolução;

II - Óleo diesel A: combustível de uso rodoviário, destinado a veículos dotados de motores do ciclo Diesel eproduzido por processos de refino de petróleo e processamento de gás natural. Não deve conter biodiesel;

III - Óleo diesel B: combustível de uso rodoviário, destinado a veículos dotados de motores do ciclo Diesel eproduzido por processos de refino de petróleo e processamento de gás natural. Deve conter biodiesel no teorestabelecido pela legislação vigente;

IV - Óleo diesel BX: combustível de uso rodoviário, destinado a veículos dotados de motores do ciclo Diesel eproduzido por processos de refino de petróleo e processamento de gás natural. Deve conter biodiesel em proporçãodefinida (X%) quando autorizado o uso específico ou experimental conforme legislação vigente;

V - Produtor: pessoa jurídica ou consórcios autorizados pela ANP a exercerem a atividade de produção ecomercialização de biodiesel;

VI - Distribuidor: pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício da atividade de distribuição decombustíveis líquidos derivados de petróleo, etanol combustível, biodiesel, óleo diesel B, óleo diesel BX e outroscombustíveis automotivos;

VII - Revendedor: pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício da atividade de revenda varejista queconsiste na comercialização de combustível automotivo em estabelecimento denominado posto revendedor;

VIII - Transportador-Revendedor-Retalhista (TRR): pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício dasatividades de transporte e revenda retalhista de combustíveis, de óleos lubrificantes e graxas envasados, óleo dieselB e óleo diesel BX.

IX - Importador: empresa autorizada pela ANP para o exercício da atividade de importação;

X - Exportador: empresa autorizada pela ANP para o exercício da atividade de exportação;

XI - Refinaria: pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício da atividade de refino de petróleo;

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XII - Adquirente: pessoa jurídica autorizada pela ANP, responsável pela aquisição e armazenamento debiodiesel, para garantir o estoque regulatório necessário a fim de assegurar o abastecimento nacional de biodiesel;

XIII - Boletim de Análise: documento da qualidade emitido por laboratório cadastrado na ANP de acordo com aResolução ANP nº 46, de 09 de setembro de 2011, ou outra que venha substituí-la, que contenha informação(ões) eresultado(s) do(s) ensaio(s) realizado(s), conforme Regulamento Técnico, parte integrante desta Resolução;

XIV - Certificado da Qualidade: documento emitido por Produtor, Adquirente e Importador que comprove oatendimento do produto comercializado à especificação da ANP. Deve conter todos os requisitos constantes doArtigo 5º, § 8º, da presente Resolução.

XV - Volume Certificado: quantidade segregada de produto em um único tanque, caracterizada por Certificadoda Qualidade;

XVI - Firma inspetora: pessoa jurídica credenciada pela ANP, conforme legislação vigente, para a realizaçãodas atividades de adição de marcador aos PMC, de adição de corante ao etanol anidro combustível, com base emregulamentos da ANP, e de controle da qualidade dos produtos indicados pelas Portarias ANP nº 311, de 27 dedezembro de 2001, 312, de 27 de dezembro de 2001 e 315, de 27 de dezembro de 2001;

XVII - Aditivo: produto constituído de um ou mais componentes ativos, com ou sem diluente, que agregacaracterísticas benéficas ao combustível automotivo.

XVIII - Componente ativo: constituinte do aditivo que melhora as propriedades do biodiesel.

XIX - Diluente: constituinte que, adicionado ao componente ativo, facilita a sua solubilidade no biodiesel;

XX - Terminal de carregamento: local de carregamento do produto, no país de origem;

XXI - Controle da Qualidade: conjunto de atividades necessárias para comprovar o atendimento à especificaçãoda ANP de um produto, dentre as quais consta a emissão de Certificado da Qualidade;

XXII - Laboratório cadastrado: laboratório que, para realizar ensaios físico-químicos em biodiesel para emissãode Certificado da Qualidade ou de Boletim de Análise, foi cadastrado na ANP conforme Resolução ANP nº 46, de 09de setembro de 2011, ou outra que venha a substituí-la.

Da Comercialização

Art. 3º O biodiesel só poderá ser comercializado pelos Produtores, Distribuidores, Refinarias, Importadores eExportadores de biodiesel autorizados pela ANP.

§ 1º Somente os Distribuidores e as Refinarias autorizados pela ANP poderão realizar a mistura óleo dieselA/biodiesel para efetivar sua comercialização.

§ 2º É vedado ao Revendedor e ao Transportador-Revendedor-

Retalhista adquirir e comercializar biodiesel diretamente de Refinaria, Produtor, Importador ou Exportador.

Art. 4º O Distribuidor e o Adquirente ficam obrigados a recusar o recebimento do produto caso constatemqualquer não-conformidade presente no Certificado da Qualidade ou após realização de análise de amostrarepresentativa. Tal não-conformidade deverá ser comunicada ao Centro de Relações com o Consumidor da ANP, cujotelefone encontra-se disponível no sítio www.anp.gov.br, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas,considerando-se somente os dias úteis, e informando:

I - Data da ocorrência;

II - Número e data de emissão da Nota Fiscal e;

III - CNPJ do emitente da Nota Fiscal.

Da Certificação do Biodiesel

Art. 5º O Produtor, o Adquirente e o Importador ficam obrigados a garantir a qualidade do biodiesel a sercomercializado em todo o território nacional e a emitir o Certificado da Qualidade de amostra representativa, cujosresultados deverão atender aos limites estabelecidos da especificação constante no Regulamento Técnico ANP nº4/2012, parte integrante desta Resolução.

§ 1º O produto somente poderá ser liberado para a comercialização após a sua certificação, com a emissãodo respectivo Certificado da Qualidade, que deverá acompanhar o produto.

§ 2º As análises constantes do Certificado da Qualidade só poderão ser realizadas em laboratório próprio doProdutor, do Adquirente ou outro(s) contratado(s) por estes, o(s) qual(is) deverá(ão) ser cadastrado(s) pela ANPconforme Resolução ANP nº 46, de 09 de setembro de 2011, ou outra que venha a substituí-la.

§ 3º No caso de certificação do biodiesel utilizando laboratório próprio e contratado, o Produtor e o Adquirentedeverão emitir Certificado da Qualidade único, agrupando todos os resultados constantes do(s) Boletim(ns) deAnálise que tenham recebido do(s) laboratório(s) cadastrado(s) pela ANP. Esse Certificado deverá indicar o(s)laboratório(s) responsável(is) por cada ensaio.

§ 4º Caso o produto não seja comercializado no prazo máximo de 1 (um) mês, a partir da data de certificação

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constante do Certificado da Qualidade, a característica massa específica a 20 ºC deverá ser novamente analisada.Caso a diferença encontrada com relação à massa específica a 20 ºC do Certificado da Qualidade seja inferior a 3,0kg/m³, deverão ser novamente avaliados o teor de água, o índice de acidez e a estabilidade à oxidação a 110 ºC.Caso a diferença seja superior a 3,0 kg/m³, deverá ser realizada a recertificação completa segundo esta Resolução.

§ 5º No caso da importação de biodiesel, a análise de amostra representativa e a emissão do Certificado daQualidade deverão ser realizadas por Firma Inspetora, contratada pelo Importador, atestando que o produto atende aoRegulamento Técnico ANP nº 4/2012, parte integrante desta Resolução.

I - A Firma Inspetora deverá ser cadastrada na ANP ou poderá contratar laboratório cadastrado junto à ANPpara emissão do Boletim de Análise.

II - A Firma Inspetora ficará obrigada a apresentar os Boletins de Análise emitidos pelo(s) laboratório(s)contratado(s), caso seja solicitado pela ANP.

§ 6º O Certificado da Qualidade referente ao produto comercializado deverá conter:

I - os resultados das análises dos parâmetros especificados, com indicação dos métodos empregados e osrespectivos limites constantes da especificação, conforme Regulamento Técnico ANP nº 4/2012, parte integrantedesta Resolução;

II - o tanque de origem e a identificação do lacre da amostratestemunha, previsto no art. 6º deste regulamento;

III - a data de produção do biodiesel;

IV - o material graxo e o álcool utilizado para obtenção do biodiesel;

a) Caso seja usado mais de um tipo de material graxo, devem ser informadas suas respectivas proporções;

V - a identificação do aditivo utilizado na fase de produção, quando for o caso, cabendo classificar o tipo;

a) Após a aditivação, o biodiesel deverá permanecer de acordo com a sua especificação técnica.

VI - identificação própria por meio de numeração sequencial anual, inclusive no caso de cópia emitidaeletronicamente;

VII - assinatura do químico responsável pela qualidade do produto na empresa, com indicação legível de seunome e número de inscrição no Conselho Regional de Química;

VIII - indicação do laboratório cadastrado na ANP responsável por cada ensaio efetuado e da identificação decada Boletim de Análise utilizado para compor o respectivo Certificado da Qualidade, atentando ao disposto no § 11deste artigo.

§ 7º Em qualquer situação, o Boletim de Análise deverá ser emitido por laboratório cadastrado conforme asregras estabelecidas na Resolução ANP nº 46 de 9 de setembro de 2011, ou regulamentação superveniente quevenha a substituí-la.

§ 8º O Boletim de Análise deverá ser firmado pelo químico responsável pelos ensaios laboratoriais efetuados,com indicação legível de seu nome e número da inscrição no órgão de classe.

§ 9º Para documentos emitidos eletronicamente, é obrigatória a assinatura digital, efetivada medianteutilização de certificado digital válido, de propriedade do responsável pela assinatura do Certificado da Qualidade oudo Boletim de Análise.

§ 10º O Produtor, o Adquirente e a Firma Inspetora somente poderão utilizar o Boletim da Análise comoCertificado da Qualidade quando o mesmo for emitido por laboratório próprio, cadastrado na ANP, e contemplar todasas características necessárias à certificação do produto.

§ 11º O Produtor, o Adquirente e o Importador deverão comunicar previamente à ANP, por meio de endereçoeletrônico disponibilizado no sítio www.anp.gov.br, as seguintes informações referentes ao(s) laboratório(s)cadastrado(s), responsável(is) pelas análises utilizadas para compor o Certificado da Qualidade:

I - razão social;

II - número de cadastro do laboratório;

III - endereço completo;

IV - métodos utilizados para realização das análises.

§ 12º As informações previstas no § 11 deverão ser enviadas em formato eletrônico, segundo orientações depreenchimento disponibilizadas no sítio: www.anp.gov.br.

Art. 6º Deverão ser mantidas pelo Produtor, Adquirente e Importador, em local protegido de luminosidade e deaquecimento, duas amostras-testemunha de 1 (um) litro cada, representativas do Volume Certificado, devidamenteidentificadas com o número do Certificado da Qualidade e de seu respectivo lacre.

§ 1º Cada amostra-testemunha deverá ser armazenada em recipiente de 1 (um) litro de capacidade, combatoque e tampa plástica.

§ 2º O recipiente indicado no § 1º deste artigo deverá ser lacrado, com lacre de numeração controlada, que

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deixe evidências no caso de violação.

§ 3º Deverão ficar à disposição da ANP para qualquer verificação julgada necessária:

I - as amostras-testemunha, pelo prazo mínimo de 1 mês, a contar da data de saída do produto dasinstalações do Produtor, Adquirente e Importador;

II - o Certificado da Qualidade, acompanhado dos originais dos Boletins de Análise utilizados na suacomposição, quando for o caso, pelo prazo mínimo de 12 meses, a contar da data de saída do produto dasinstalações do Produtor, Importador e Adquirente.

§ 4º O Certificado da Qualidade deverá ser obrigatoriamente rastreável às suas respectivas amostras-testemunha e Boletins de Análise.

Art. 7º O Produtor, o Importador e o Adquirente deverão enviar mensalmente à ANP, até o 15º (décimo quinto)dia do mês subseqüente à comercialização do produto, todas as informações constantes dos Certificados daQualidade emitidos no mês de referência e respectivos Volumes Certificados, por meio de endereço eletrônicodisponibilizado no sítio www.anp.gov.br.

§ 1º Os agentes citados no caput deste artigo deverão enviar os dados, em formato eletrônico, segundoorientações de preenchimento disponibilizadas no sítio da ANP www.anp.gov.br.

§ 2º Quando não houver comercialização de biodiesel em um determinado mês, o Produtor e o Adquirentedeverão enviar obrigatoriamente o formulário eletrônico informando esta situação.

§ 3º No caso da importação do biodiesel, quando houver comercialização do produto, o Importador ficaráobrigado a enviar o formulário eletrônico citado no § 1º deste artigo.

Dos Documentos Fiscais

Art. 8º A documentação fiscal e o Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE) emitidos porProdutor, Adquirente e Importador, para fins de entrega e referentes às operações de comercialização do produto,deverão indicar o número do Certificado da Qualidade e do lacre da amostra-testemunha correspondentes ao produto.

Parágrafo único. O produto, ao ser transportado, deverá ser acompanhado de cópia legível do respectivoCertificado da Qualidade, atestando que o produto comercializado atende a especificação estabelecida noRegulamento Técnico nº 4/2012, parte constante desta Resolução.

Das Disposições Finais

Art. 9º O não atendimento às regras estabelecidas na presente Resolução sujeita os infratores às sançõesadministrativas previstas na Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, alterada pela Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de2005, e no Decreto nº 2.953, de 28 de janeiro de 1999, sem prejuízo das penalidades de natureza civil e penal.

Art. 10. Os casos não contemplados nesta Resolução serão analisados pela Diretoria da ANP.

Art. 11. Fica concedido, aos Produtores, Importadores e Adquirentes de biodiesel, o prazo de até 60 dias apartir da publicação desta Resolução para atendimento ao limite da característica Teor de Água estabelecido noRegulamento Técnico anexo a esta Resolução, período no qual poderão ainda atender ao limite constante daResolução ANP nº 7, de 19 de março 2008.

Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União.

Art. 13. Fica revogada a Resolução ANP nº 7, de 19 de março de 2008, observados os termos do art. 11 destaResolução.

MAGDA MARIA DE REGINA CHAMBRIARD

ANEXO

REGULAMENTO TÉCNICO ANP Nº 4/2012

1. Objetivo

Este Regulamento Técnico aplica-se ao biodiesel nacional ou importado e estabelece a sua especificação.

2. Normas Aplicáveis

A determinação das características do biodiesel deverá ser feita mediante o emprego das normas daAssociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), das normas internacionais da "American Society for Testing andMaterials" (ASTM), da "International Organization for Standardization" (ISO) e do "Comité Européen de Normalisation"(CEN).

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Os dados de repetitividade e de reprodutibilidade fornecidos nos métodos relacionados neste Regulamentodevem ser usados somente como guia para aceitação das determinações em duplicata do ensaio e não devem serconsiderados como tolerância aplicada aos limites especificados neste Regulamento.

A análise do produto deverá ser realizada em amostra representativa obtida segundo os métodos ABNT NBR14883 - Petróleo e produtos de petróleo - Amostragem manual, ASTM D 4057 - Practice for Manual Sampling ofPetroleum and Petroleum Products ou ISO 5555 - Animal and vegetable fats and oils - Sampling.

As características constantes da Tabela I de Especificação do Biodiesel deverão ser determinadas de acordocom a publicação mais recente dos seguintes métodos de ensaio:

2.1. Métodos ABNT

MÉTODO TÍTULO

NBR 6294 Óleos lubrificantes e aditivos - Determinação de cinza sulfatada

NBR 7148 Petróleo e produtos de petróleo - Determinação da massa específica, densidade relativa eºAPI - Método do densímetro

NBR 10441 Produtos de petróleo - Líquidos transparentes e opacos - Determinação da viscosidadecinemática e cálculo da viscosidade dinâmica

NBR 14065 Destilados de petróleo e óleos viscosos - Determinação da massa específica e dadensidade relativa pelo densímetro digital.

NBR 14359 Produtos de petróleo - Determinação da corrosividade - Método da lâmina de cobre

NBR 14448 Produtos de petróleo - Determinação do índice de acidez pelo método de titulaçãopotenciométrica

NBR 14598 Produtos de petróleo - Determinação do ponto de fulgor pelo aparelho de vaso fechadoPensky-Martens

NBR 14747 Óleo Diesel - Determinação do ponto de entupimento de filtro a frio

NBR 15341 Biodiesel - Determinação de glicerina livre em biodiesel de mamona por cromatografia emfase gasosa

NBR 15342 Biodiesel - Determinação de monoglicerídeos e diglicerídeos em biodiesel de mamona porcromatografia gasosa

NBR 15343 Biodiesel - Determinação da concentração de metanol e/ou etanol por cromatografiagasosa

NBR 15344 Biodiesel - Determinação de glicerina total e do teor de triglicerídeos em biodiesel

NBR 15553 Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos -Determinação dos teores de cálcio, magnésio, sódio, fósforo e potássio por espectrometriade emissão ótica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES)

NBR 15554 Produtos derivados de óleos e gorduras -Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos -Determinação do teor de sódio por espectrometria de absorção atômica

NBR 15555 Produtos derivados de óleos e gorduras -Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos -Determinação do teor de potássio por espectrometria de absorção atômica

NBR 15556 Produtos derivados de óleos e gorduras -Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos -Determinação do teor de sódio, potássio, magnésio e cálcio por espectrometria deabsorção atômica

NBR 15586 Produtos de petróleo - Determinação de microrresíduo de carbono

NBR 15764 Biodiesel - Determinação do teor total de ésteres por cromatografia gasosa

NBR 15771 Biodiesel - Determinação de glicerina livre - Método Volumétrico

NBR 15867 Biodiesel - Determinação do teor de enxofre por espectrometria de emissão ótica complasma indutivamente acoplado (ICP-OES)

NBR 15908 Biodiesel - Determinação da glicerina livre, monoglicerídeos, diglicerídeos, triglicerídeos eglicerina total por cromatografia gasosa

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NBR 15995 Biodiesel - Determinação da contaminação total

2.2. Métodos ASTM

MÉTODO TÍTULO

ASTM D93 Flash point by Pensky-Martens closed cup tester

ASTM D130 Corrosiveness to copper from petroleum products by copper strip test

ASTM D445 Kinematic viscosity of transparent and opaque liquids (and calculation of dynamic viscosity

ASTM D613 Cetane number of Diesel fuel oil

ASTM D664 Acid number of petroleum products by potentiometric titration

ASTM D874 Sulfated ash from lubricating oils and additives

ASTM D1298 Density, relative density (specific gravity) or API gravity of crude petroleum and liquidpetroleum products by hydrometer

ASTM D4052 Density and relative density of liquids by digital density meter

ASTM D4530 Determination of carbon residue (micro method)

ASTM D4951 Determination of additive elements in lubricating oils by inductively coupled plasma atomicemission spectrometry

ASTM D5453 Determination of total sulfur in light hydrocarbons, spark ignition engine fuel, diesel enginefuel, and engine oil by ultraviolet fluorescence

ASTM D6304 Determination of water in petroleum products, lubricating oils, and additives by coulometricKarl Fisher titration

ASTM D6371 Cold filter plugging point of Diesel and heating fuels

ASTM D6584 Determination of total monoglyceride, total diglyceride, total triglyceride, and free and totalglycerin in b-100 biodiesel methyl esters by gas chromatography

ASTM D6890 Determination of ignition delay and derived cetane number (DCN) of Diesel fuel oils bycombustion in a constant volume chamber

2.3. Métodos EN/ISO

MÉTODO TÍTULO

EN 116 Determination of cold filter plugging point

EN ISO 2160 Petroleum products - Corrosiveness to copper - Copper strip test

EN ISO 3104 Petroleum products - Transparent and opaque liquids - Determination of kinematic viscosityand calculation of dynamic viscosity

EN ISO 3675 Crude petroleum and liquid petroleum products - Laboratory determination of density -Hydrometer method

EN ISO 3679 Determination of flash point - Rapid equilibrium closed cup method

EN ISO 3987 Petroleum products - Lubricating oils and additives - Determination of sulfated ash

EN ISO 5165 Diesel fuels - Determination of the ignition quality of diesel fuels - Cetane engine method

EN 10370 Petroleum Products - Determination of carbon residue - Micro Method

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EN ISO 12185 Crude petroleum and liquid petroleum products. Oscillating U-tube method

EN ISO 12662 Liquid Petroleum Products - Determination of contamination in middle distillates

EN ISO 12937 Petroleum Products - Determination of water - Coulometric Karl Fischer titration method

EN 14103 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of ester andlinolenic acid methyl ester contents

EN 14104 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of acid value

EN 14105 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of free and totalglycerol and mono-, di- and triglyceride content - (Reference Method)

EN 14106 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of free glycerolcontent

EN 14107 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of phosphorouscontent by inductively coupled plasma (ICP) emission spectrometry

EN 14108 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of sodium contentby atomic absorption spectrometry

EN 14109 Fat and oil derivatives -Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of potassiumcontent by atomic absorption spectrometry

EN 14110 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of methanolcontent

EN 14111 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of iodine value

EN 14112 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of oxidationstability (accelerated oxidation test)

EN 14538 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of Ca, K, Mg andNa content by optical emission spectral analysis with inductively coupled plasma (ICP-OES)

EN 15751 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) and blends with diesel fuel.Determination of oxidation stability by accelerated oxidation method

EN ISO 20846 Petroleum Products - Determination of sulfur content of automotive fuels - Ultravioletfluorescence method

EN ISO 20884 Petroleum Products -Determination of sulfur content of automotive fuels - Wavelength-dispersive X -ray fluorescence spectrometry

Tabela I: Especificação do Biodiesel

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

ABNT NBR ASTM D EN/ISO

Aspecto - LII (1) - - -

Massa específica a 20º C kg/m³ 850 a 900 7148

14065

1298

4052

EN ISO3675

-

EN ISO12185

Viscosidade Cinemática a40ºC

mm²/s 3,0 a 6,0 10441 445 EN ISO3104

Teor de água, máx. mg/kg (2) - 6304 EN ISO12937

Contaminação Total, máx. mg/kg 24 - - EN ISO

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12662

NBR15995

Ponto de fulgor, mín. (3) ºC 100,0 14598 93 EN ISO3679

Teor de éster, mín % massa 96,5 15764 - EN14103

Resíduo de carbono, máx.(4)

% massa 0,050 15586 4530 -

Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,020 6294 874 EN ISO3987

Enxofre total, máx. mg/kg 10 15867 5453 EN ISO20846

EN ISO20884

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5 15554

15555

15553

15556

- EN14108

EN14109

EN14538

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553

15556

- EN14538

Fósforo, máx. mg/kg 10 15553 4951 EN14107

Corrosividade ao cobre, 3ha 50 ºC, máx.

- 1 14359 130 EN ISO2160

Número Cetano (5) - Anotar - 613

6890 (6)

EN ISO5165

Ponto de entupimento defiltro a frio, máx.

ºC (7) 14747 6371 EN 116

Índice de acidez, máx. mg KOH/g 0,50 14448

-

664

-

EN14104(8)

Glicerol livre, máx. % massa 0,02 15341 (8)

15771

-

-

6584 (8)

-

EN14105(8)

EN14106(8)

Glicerol total, máx. (9) % massa 0,25 15344

15908

6584 (8)

-

EN14105(8)

Monoacilglicerol, máx. % massa 0,80 15342 (8)

15344

15908

6584 (8) EN14105(8)

Diacilglicerol, max. % massa 0,20 15342 (8)

15344

15908

6584 (8) EN141058)

Triacilglicerol, máx. % massa 0,20 15342 (8) 6584 (8) EN

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15344

15908

14105(8)

Metanol e/ou Etanol, máx. % massa 0,20 15343 - EN14110(8)

Índice de Iodo g/100g Anotar - - EN14111(8)

Estabilidade à oxidação a110ºC, mín. (10)

h 6 - - EN14112EN

15751(8)

Nota:

(1) Límpido e isento de impurezas, com anotação da temperatura de ensaio.

(2) Será admitido o limite de 380 mg/kg 60 dias após a publicação da Resolução. A partir de 1º de janeiro de2013 até 31 de dezembro de 2013 será admitido o limite máximo de 350 mg/kg e a partir de 1º de janeiro de 2014, olimite máximo será de 200 mg/kg.

(3) Quando a análise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130º C, fica dispensada a análise de teorde metanol ou etanol.

(4) O resíduo deve ser avaliado em 100% da amostra.

(5) Estas características devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da tabela deespecificação a cada trimestre civil. Os resultados devem ser enviados à ANP pelo Produtor de biodiesel, tomandouma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e, em caso de neste período haver mudança de tipo dematerial graxo, o Produtor deverá analisar número de amostras correspondente ao número de tipos de materiaisgraxos utilizados.

(6) O método ASTM D6890 poderá ser utilizado como método alternativo para determinação do número decetano.

(7) Limites conforme Tabela II. Para os estados não contemplados na tabela o ponto de entupimento a friopermanecerá 19ºC.

(8) Os métodos referenciados demandam validação para os materiais graxos não previstos no método e rotade produção etílica.

(9) Poderá ser determinado pelos métodos ABNT NBR 15908, ABNT NBR 15344, ASTM D6584 ou EN14105,sendo aplicável o limite de 0,25% em massa. Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente láurico,deve ser utilizado método ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344, sendo aplicável o limite de 0,30% em massa.

(10) O limite estabelecido deverá ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do combustível.

Tabela II - Ponto de Entupimento de Filtro a Frio

UNIDADESDA

FEDERAÇÃO

LIMITE MÁXIMO, ºC

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

SP - MG -MS

14 14 14 12 8 8 8 8 8 12 14 14

GO/DF - MT -ES - RJ

14 14 14 14 10 10 10 10 10 14 14 14

PR - SC - RS 14 14 14 10 5 5 5 5 5 10 14 14

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"Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial da União"

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ANEXO 4

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