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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
NITERÓI
JULHO / 2018
SELEÇÃO DO CANAL DE VENDA PARA
PRIORIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS UTILIZANDO
ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP) – ESTUDO DE CASO EM
EMPRESA DE CUIDADOS PESSOAIS
FELIPE BOMFIM LAMAS
GILSON BRITO ALVES LIMA
1
FELIPE BOMFIM LAMAS
SELEÇÃO DO CANAL DE VENDA PARA PRIORIZAÇÃO DOS
INVESTIMENTOS UTILIZANDO ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP) – ESTUDO
DE CASO EM EMPRESA DE CUIDADOS PESSOAIS
Projeto Final apresentado ao
curso de graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para
aquisição do Grau de Engenheiro de
Produção.
ORIENTADOR: GILSON BRITO ALVES DE LIMA
NITERÓI
2018
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L213s Lamas, Felipe Bomfim
Seleção do canal de venda para priorização dos investimentos utilizando análise hierárquica (AHP) : estudo de caso em empresa de cuidados pessoais / Felipe Bomfim Lamas
; Gilson Lima, orientador. Niterói, 2018.
46 f. : il.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção)-Universidade Federal Fluminense, Escola de Engenharia, Niterói, 2018.
1. Análise Hierárquica de Processo. 2. Canais de Distribuição. 3. Multicritério. 4. Varejo. 5. Produção intelectual. I. Título II. Lima,Gilson, orientador. III. Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia. Departamento de Engenharia de Produção.
CDD -
Ficha catalográfica automática - SDC/BEE
Bibliotecária responsável: Fabiana Menezes Santos
da Silva - CRB7/5274
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FELIPE BOMFIM LAMAS
SELEÇÃO DO CANAL DE VENDA PARA PRIORIZAÇÃO DOS
INVESTIMENTOS UTILIZANDO ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP) – ESTUDO
DE CASO EM EMPRESA DE CUIDADOS PESSOAIS
Projeto Final apresentado ao curso de
graduação em Engenharia de Produção
da Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para aquisição do
Grau de Engenheiro de Produção.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. GILSON BRITO ALVES LIMA (ORIENTADOR)
Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. JOSE GERALDO LAMAS LEITE
Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. RICARDO BORDEAUX-RÊGO
Universidade Federal Fluminense
Niterói, RJ
2018
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a minha família, Conceição Lamas, Jesus
Lamas e Flávio Lamas, por serem as pessoas mais importantes na minha vida
e formação. Obrigado também André Dibe, Cássia Sanches, Felipe Sondahl,
Felippo Accetta, Fillipe Pinho, Hugo Dacach, João Pedro Brígido, Leonardo
Thurler, Matheus Brasil, Pedro Areas e Rodrigo D’Amico por passarem por toda
essa fase da minha vida ao meu lado.
À Universidade Federal Fluminense, onde pude conhecer pessoas
incríveis como Adriano e Marcelo, seguranças da universidade e amigos que fiz
nos últimos anos. Por último, um agradecimento especial ao meu orientador
Gilson Lima, professor que faz questão de trazer temas sempre atuais e
aceitou de imediato construir esse trabalho comigo, e também aos professores
José Geraldo Leite, Marcelo Figueiredo, Níssia Bergiante, Ricardo Bordeaux e
Suzana Hecksher, que também tiveram papel importante nesses 5 anos.
5
RESUMO
O presente trabalho analisa, através de um estudo de caso, qual a
melhor opção de investimento para um indústria de cuidados pessoas,
considerando os canais em que ela efetua vendas. Tal análise é feita através
de uma análise com auxílio multicritério à decisão, em que o método escolhido
foi o AHP, Análise Hierárquica de Processos. O objetivo era trazer uma nova
maneira dos principais executivos da empresa passarem a escolher seus
investimentos ou tomar outras decisões, mitigando a parcialidade entre as
áreas. O resultado foi alcançado e apontou para os canais que, efetivamente,
estão recebendo maior percentual de investimentos, o que aproxima o
resultado da análise com o que é observado como diretriz na empresa
atualmente. Tal comparativo permite criar hipóteses a respeito do papel dos
principais decisores das empresa e como chegam as suas convicções, e,
consequentemente, a tomada de decisão, visto que métodos como nesse
estudo podem se tornar meios de confirmar os direcionamentos da alta
gerência e diretoria das empresas.
Palavras-Chave: Análise Hierárquica de Processo, AHP, Canais de
Distribuição, Multicritério, Universidade Federal Fluminense, Varejo.
6
ABSTRACT
The present paper analyzes, through a case study, the best investment
option for a people care industry, considering the channels in which it makes
sales. This analysis is done through an analysis with multicriteria aid to the
decision, in which the chosen method was the AHP, Hierarchical Analysis of
Processes. The goal was to bring a new way for top executives to choose their
investments or make other decisions, mitigating the bias between the areas.
The result was reached and pointed to the channels that, effectively, are
receiving a higher percentage of investments, which brings the result of the
analysis closer to what is observed as a guideline in the company today. Such a
comparative allows to create hypotheses about the role of the main decision
makers of the company and how their convictions come, and, consequently, the
decision making, since methods like in this study can become means to confirm
the directives of the top management and management of the companies.
companies.
Keywords: Hierarchical Process Analysis, AHP, Distribution Channels,
Multicriteria, Fluminense Federal University, Retail.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................11
1.1 História do Varejo............................................................................11
1.2 Atualidade do Varejo Global..........................................................12
1.3 Atualidade do Varejo no Brasil......................................................13
1.4 Formulação do Problema...............................................................14
1.5 Objetivo Geral..................................................................................14
1.6 Importância do Estudo...................................................................15
1.7 Organização do Estudo..................................................................15
2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................17
2.1 A atividade varejista........................................................................17
2.2 O varejo no Brasil............................................................................18
2.3 Canais de Distribuição....................................................................21
2.4 Auxílio Multicritério a Decisão.......................................................23
2.5 Métodos para Análise à Decisão Multicritério..............................24
2.6 Método da Análise Hierárquica de Processo...............................25
3 METODOLOGIA.....................................................................................28
4 ESTUDO DE CASO................................................................................30
4.1 História da Empresa........................................................................30
4.2 Gestão da Empresa.........................................................................30
4.3 Estruturação do Estudo..................................................................33
8
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS..............................................................34
5.1 Análise do 1º critério: NET SALES................................................36
5.2 Análise do 2º critério: GROSS PROFIT %.....................................37
5.3 Análise do 3º critério: BIG BETS...................................................38
5.4 Análise do 4º critério: EXECUTION IN STORE.............................39
5.5 Análise do 5º critério: MARKET SHARE.......................................40
5.6 Análise das Alternativas.................................................................41
5.7 Análise dos Critérios......................................................................41
5.8 Análise Final....................................................................................44
6 CONCLUSÃO.........................................................................................45
LISTA DE ILUSTRAÇÕES..................................................................................8
LISTA DE TABELAS...........................................................................................9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................46
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Crescimento % em todos os segmentos.......................................15
Figura 2: Comparação Year to Date 2017 vs 2016 .......................................15
Figura 3: Resultado das vendas do varejo....................................................16
Figura 4: Crescimento por U.F. Agosto de 2017...........................................16
Figura 5: Tipos de canais de distribuição.....................................................18
Figura 6: Estrutura hierárquica de processos..............................................23
Figura 7: Lógica da estrutura comercial da empresa...................................28
Figura 8: Estrutura hierárquica de processos..............................................33
Figura 9: Índice Randômico Médio do AHP..................................................33
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Matriz com os votos do critério 1..................................................31
Tabela 2: Matriz com os resultados do critério 1..........................................32
Tabela 3: Matriz com os votos do critério 2..................................................32
Tabela 4: Matriz com os resultados do critério 2..........................................32
Tabela 5: Matriz com os votos do critério 3..................................................33
Tabela 6: Matriz com os resultados do critério 3..........................................33
Tabela 7: Matriz com os votos do critério 4..................................................33
Tabela 8: Matriz com os resultados do critério 4..........................................34
11
Tabela 9: Matriz com os votos do critério 5..................................................34
Tabela 10: Matriz com os resultados do critério 5........................................34
Tabela 11: Matriz com os resultados do critério 5........................................35
Tabela 12: Matriz com os resultados do critério 5........................................35
Tabela 13: Matriz com os resultados do critério 5........................................36
Tabela 14: Matriz com os resultados do critério 5........................................35
Tabela 15: Matriz com os resultados do critério 5........................................35
Tabela 16: Matriz com os resultados do critério 5........................................36
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1. INTRODUÇÃO
1.1. História do Varejo
O setor varejista sempre teve um papel de extrema relevância na
economias mundiais ao longo da história, sendo seu grande objetivo ser
maximizar a satisfação e bem-estar da sociedade. Seus primórdios veem no
surgimento do comércio, que em sua forma mais primitiva era através do
escambo.
Segundo Freitas (2006), a especialização do varejo, pioneiramente nos
Estados Unidos e na Inglaterra, surgiu por meio da criação das chamadas
general stores, lojas que comercializavam de tudo, desde tecidos até armas e
munições. No século XX originou-se as drugstores, uma espécie de farmácia
que adicionava às suas vendas produtos de pequeno valor unitário. Os
comércios varejistas na época localizavam-se no centro da cidade, com o
objetivo de ficar em regiões com maior fluxo de pessoas. Isso, por exemplo, é
um fator de que apesar do desenvolvimento histórico do varejo, algumas de
suas ideias permanecem similares.
O crescimento populacional acelerado e, graças a revolução industrial, o
uso crescente de geladeiras no ambiente doméstico propiciou o surgimento dos
supermercados. Alinhados com o conceito de autosserviço – onde o cliente faz
a compra sozinho – a modernização passou pela comercialização de outros
tipos de mercadorias, como utensílios domésticos, roupas e sapatos.
Com o mercado cada vez mais competitivo e acelerado, surgiram as
lojas de descontos – os chamados outlets – e outros canais para comercializar
o produto, como o e commerce - uma modalidade de comércio que realiza
suas transações financeiras por meio de dispositivos e plataformas eletrônicas
– através, por exemplo, do famoso market place, que consiste em um espaço
online, onde empresas podem colocar suas ofertas e seus produtos para a
visibilidade do consumidor final, uma espécide de “ponte” entre clientes e
fornecedores. Todo esse desenvolvimento, consequentemente, alterou a
concepção de como os produtos chegam até o consumidor final.
13
1.2. Atualidade do Varejo Global
Com o avanço da ciência e tecnologia, a experiência do comércio passa
por um momento de transição inerente. O consumidor passa a se preocupar,
não apenas com o status produzido pela posse do produto, mas também pela
origem e impacto causado pela compra. Ou seja, o status de posse começa a
ganhar novas ramificações e significados que interferem diretamente no
comportamento do consumidor. Questões como saúde, causas sociais e
sustentabilidade, passam a permear a decisão do consumidor e definir locais
de compra, tipo de consumidor, e status atrelado ao produto, que tornam o ato
de venda cada vez mais complexo e repleto de riscos e possibilidades. A
experiência de comprar se torna ainda mais complexa a partir do momento que
se torna mais individual e personalizada, mais humana.
Quanto mais individual a experiência, mais riscos e possibilidades
surgem no momento de tomar decisão dentro de um negócio. O varejo
principalmente, por se tratar de venda de utilitários e manter contato direto com
o consumidor final, lidará constantemente com questões bastante variáveis
dentro de pequenas áreas abrangidas que influenciam indiretamente, tornando
o trabalho de análise mais trabalhoso, complexo.
Apesar das principais redes varejistas ainda terem a maior
representatividade do volume de vendas no mundo, as mudanças são cada vez
mais perceptíveis e deixam mais claro qual caminho o varejo deve tomar a
partir dos próximos anos. O engajamento digital, se ainda não é uma
necessidade, em pouco tempo se tornará primordial para as redes continuarem
fortes no mercado.
Redes que possuem filiais em países desenvolvidos já começaram a se
movimentar em prol do desenvolvimento da experiência de compra. Aplicativos
com promoções e que identificam os produtos que aquele consumidor
específico costuma comprar para avisar sobre a promoção já fazem parte da
rotina de muitos clientes. Além disso, tais aplicativos já são avaliados por
empresas financeiras que, entre 5 e 10 anos, se tornarão mais valiosos que as
próprias filiais onde são efetuadas as compras.
14
Esse engajamento digital não se trata somente de e-commerce, mas
uma boa experiência de compra já é imprescindível para as camadas de maior
poder aquisitivo. A experiência Amazon Go, por exemplo, é uma loja sem
caixas (checkout) e sem filas, onde o cliente faz as compras pegando os
produtos das prateleiras e simplesmente saindo, e tudo é contabilizado na
conta do cliente no aplicativo móvel da marca.
E, por último, a exigência por cada vez mais informações dos produtos é
notória. Com o avanço da ciência dos alimentos, as pessoas estão se
preocupando significativamente com os ingredientes e a maneira como os
mesmos são feitos. Uma “etiqueta inteligente” – com a tecnologia RFID – que
permite que o cliente tenha informações detalhadas do produto que está
comprando é cada vez mais presente no mercado.
1.3. Atualidade do Varejo no Brasil
Enquanto ao redor do mundo o varejo está voltado para as
modernidades e ao “alinhamento” com as inovações cada vez mais presentes
nos outros setores da economia, o Brasil ainda está quase dominado pelo
modelo tradicional do varejo. Inovações como o e-commerce ainda não
possuem valor significativo de vendas, mas a maioria das grandes redes já
deram os primeiros passos e criaram seus espaços digitais.
A crise econômica que o país vem sofrendo resultou em um aumento na
concentração do varejo, com as grandes redes ampliando suas participações
nas vendas totais. Suas altas escalas e o fato de serem maiores geradores de
caixa foram fatores primordiais para esse ganho de share que antes
pertenciam ao pequeno varejo.
Tais fatores contribuem para que empresas de bens de consumo
estejam cada vez mais preocupadas com o relacionamento com as grandes
redes e foquem seus investimentos nos mesmos. A consequência disso pode
ser um caminho insustentável: grande parte dos investimentos são alocados
para as grandes redes, que possuem fluxos de caixas maiores, propiciando
uma distância estratégica cada vez maior para àquelas redes menores, muitas
vezes com problemas de gestão, mas fundamentais para geração de emprego.
15
1.4. Formulação do problema
Uma empresa de produtos de cuidado pessoal e de saúde, que tem
como principais intermediários Farmas, Varejistas, Atacadistas e Distribuidores,
precisa decidir o planejamento para cada um dos canais, e, ao mesmo tempo,
o planejamento integrado para que não se prejudiquem entre si. Dentro desse
planejamento, por exemplo, estão os valores de investimento, as formulações
de preço, e o gerenciamento das marcas (e produtos) para chegar no objetivo
final: retorno aos acionistas no fechamento dos balanços.
Entretanto, existem outros fatores que contribuem para o resultado, e,
como consequência, todos são cobrados de inúmeras maneiras para que o
objetivo final seja alcançado. Quais vendas deverão ser concretizadas? Quais
parcerias serão firmadas ao longo do ano? Qual o tamanho do investimento
nessas parcerias? E, pertencente a todas essas questões, a questão chave é:
como, atualmente, estão chegando à essas decisões?
1.5. Objetivo Geral
O presente estudo tem como objetivo analisar as decisões de
investimentos por parte de uma empresa nos diferentes canais que ela
participa com a venda de seus produtos, através da implantação de um modelo
de Auxílio Multicritério a Decisão. Essas decisões muitas vezes envolvem
gerentes de diferentes setores, com objetivos, às vezes, conflitantes. Um
exemplo simplificado e comum em grandes empresas, é a Gerência de
Marketing sugerir uma elevação de preço em determinado produto ciente de
que as vendas serão prejudicas para consolidar a marca, o que muitas vezes é
contrariada pela Gerência de Vendas, que é cobrada através de metas
mensais e anuais de volume de vendas.
Por fim, o estudo também será pioneiro nesse tipo de análise proposta
no ambiente interno da empresa estudada, atendendo as expectativas da alta
gerência e garantindo a imparcialidade no que se refere ao resultado final, e,
podendo se consolidar como um novo método de tomada de decisão interno.
16
1.6. Importância do Estudo
O principal desdobramento do trabalho não é a decisão final da
companhia de realizar ou não o investimento, e sim mostrar a capacitação do
engenheiro de produção em realizar análises que não se refere somente a
produção ou estudos relacionados a fábricas, e sim a alta gerência de uma
empresa multinacional presente no país.
Além disso, permite que os próprios alunos do curso de Engenharia de
Produção descubram sua capacitação para atuar em outros setores da
indústria e da economia, fator primordial atualmente no momento de
contratação de um profissional: sua habilidade de se adaptar ao meio em que
está inserido.
1.7. Organização do Estudo
A divisão dos capítulos no presente estudo, e uma descrição breve
sobre o conteúdo de cada um pode ser encontrado a seguir.
• O capítulo 1 contém a introdução, que traz o contexto em que o estudo
está inserido, a situação-problema para a realização do mesmo, os objetivos
que o estudo quer alcançar, a importância do estudo para a sociedade;
• O capítulo 2 trata dos diversos conceitos referentes ao tema deste
estudo, promovendo um embasamento teórico para que o leitor possa
compreender os principais tópicos abordados. Nesse capítulo serão abordados
temas baseados em diversos estudos de áreas, como, por exemplo, canais de
distribuição, métodos de auxílio multicritério à decisão, e varejo;
• O capítulo 3 aborda a metodologia em que o estudo de baseou,
discorrendo sobre o tipo de análise escolhida, as principais características da
mesma, as principais fontes de informação e dados e as diretrizes para a
realização deste projeto;
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• O capítulo 4 trata da estruturação do estudo de caso realizado neste
projeto, apresentando os dados obtidos, como eles foram organizados, e como
foram utilizados para o objetivo do estudo fosse alcançado;
• O capítulo 5 contém os resultados da análise hierárquica de processo,
e a discussão sobre quais são as melhores decisões tomadas a partir da
consolidação dos resultados;
• O capítulo 6 contém a conclusão do estudo realizado, respondendo as
questões levantadas, assim como os entendimentos obtidos ao se desenvolver
este texto. Também traz as respostas alcançadas que serviram para solucionar
a situação-problema definida.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. A atividade varejista
A atividade varejista integra funções como procurar, selecionar, adquirir,
distribuir, comercializar e entregar os produtos. Determinadas lojas
acrescentam em suas atividades à assistência técnica, chamada mais
recentemente como “serviço pós-venda”. A mudança nas funções do setor
varejista tem relação com a estratégia das empresas de ampliação de suas
participações no mercado, afirmaram Costa e Garcia (2006, p. 63). Ou seja, a
atividade varejista integra, direta e indiretamente, centenas de milhares de
pessoas todos os dias, o que mostra sua importância para a sociedade, e,
consequentemente, economia.
Manãs e Pacanhan (2004, p. 22) ressaltam a importância do varejo
como uma atividade setorial do ponto de vista econômico, estratégico e social,
afirmando que sob o aspecto econômico, o varejo fomenta a arrecadação
fiscal, movimenta as economias regionais e gera investimentos. No plano
social, contribui para a geração de empregos e manutenção de diversas fontes
de sustentação familiar. No plano estratégico a contribuição do escopo varejista
está intimamente relacionada ao seu papel de conexão entre o fabricante e o
consumidor, através da oferta variada de produtos e de suas distintas
formatações e tipologias específicas para cada mercado.
No Brasil, o processo que se iniciou nos anos de 1990 de abertura de
mercado e o controle da inflação, impactaram o segmento varejista. Grandes
redes deste setor que operam em escala mundial, têm realocado seus
investimentos para os países de economia emergente, exemplo do Brasil,
consequentemente, aumentando a intensidade da concorrência. Aliado a isso,
a diversificação da oferta de novos produtos, com uma legislação que respalda
os consumidores, acabou por desenvolver clientes conscientes sobre os seus
direitos, tornando-os cada vez mais exigentes. Isso fez com que o varejo
passasse por uma espécie de revolução, na qual a gestão amadora vem cada
vez mais perdendo espaço para o profissional com novos métodos de captação
de recursos e solidificação da parceria com os clientes.
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Em um ambiente competitivo, os gestores precisam gerenciar os
recursos eficientemente para alcançarem os objetivos de suas organizações.
Nesse contexto, a partir dos princípios de administração do negócio definidos
no modelo de gestão, faz-se necessário um processo estruturado de gestão,
materializando o processo de tomada de decisão da empresa, que conduza a
empresa à situação por ela objetivada (CATELLI; PEREIRA; VASCONCELOS;
1999).
2.2. O varejo no Brasil
Já comentado anteriormente, o varejo engloba todas as atividades do
processo de venda de produtos e serviços, com o objetivo de atender às
necessidades dos consumidores. Kotler (2000, p. 540) afirma que “o varejo
inclui todas as atividades relativas à venda de produtos ou serviços diretamente
aos consumidores finais, para uso pessoal e não comercial”.
Nos últimos anos, é cada vez mais notório a invasão de indústrias de
outros países até mesmo em produtos que possuem uma margem
relativamente baixa, como produtos em que a principal matéria-prima é a
celulose. A participação dos chineses vem crescendo exponencialmente no
Brasil, em que o seu principal atrativo para os clientes é uma única variável:
preço. Sobre isso, (GIULIANI, 2004) afirma que o Brasil representa uma
oportunidade de mercado, oferecendo perspectivas de crescimento para um
grande número de operações de empresas do varejo, que para cá se
deslocam, trazendo capital, tecnologia e novas modalidades de
comercialização. Enquanto isso, estudos revelam que a dimensão cultural tanto
pode impulsionar quanto inibir a disposição para inovação (VAN EVERDINGEN
e WAARTS, 2003; SHANE, 1993; LYNN e GELB, 1996; ROGERS, 1995).
Segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, vendas do varejo
tem o melhor resultado para agosto desde 2013. No acumulado do ano, ou
seja, de janeiro a agosto de 2017, o varejo restrito apontou crescimento real de
0,7%. Na comparação com o “mês corrente versus mês anterior”, o indicador
do IBGE encerrou com retração de -0,5% em agosto de 2017.
20
As vendas do “varejo ampliado”, (classificação que adiciona ao varejo
restrito o atacado e varejo de materiais de construção, veículos, motos, partes
e peças), apontam em agosto na comparação anual, crescimento real de 7,6%.
As tabelas a seguir do IDV mostram os resultados dos segmentos e o
resultado acumulado:
Figura 1: Crescimento % em todos os segmentos
Fonte: IDV, 2017
Figura 2: Comparação Year to Date 2017 vs 2016
Fonte: IDV, 2017
21
Figura 3: Resultado das vendas do varejo
Fonte: IDV, 2017
Figura 4: Crescimento por U.F. Agosto de 2017
Fonte: IDV, 2017
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2.3. Canais de Distribuição
A revisão de Silva et al. (2012a) diz que uma das mais importantes
decisões com que se depara o segmento processador refere-se à como
organizar seus canais de distribuição. Esse termo é um dos mais antigos na
literatura sobre marketing, sendo até considerado uma de suas vertentes
originais (Kotler, 1972).
Os canais de marketing também chamados de canais de distribuição,
são definidos como “rotas de mercado utilizadas para vender produtos e
serviços que consumidores e compradores de empresas adquirem em todo o
mundo” (Coughlan, Anderson, Stern, & El-ansary, 2012). Já, para
(Rosenbloom, 2008) os canais de marketing são definidos como “a organização
contatual externa que a administração opera para alcançar seus objetivos de
distribuição”.
No marketing a função do canal é ser o conduto para que o produto
chegue até o usuário final. As decisões que as empresas precisam tomar sobre
os canais de marketing englobam as formas como os produtos serão
disponibilizados aos consumidores (Rosenbloom, 2008).
Segundo o SEBRAE, devido aos seus inúmeros contatos, experiências e
escala de operação, os intermediários disponibilizam produtos e os tornam
acessíveis ao mercado-alvo, preenchendo a lacuna de tempo e espaço entre
quem fabrica e quem quer comprar. Eles representam, distribuem e podem até
mesmo vender o que é produzido. Assim, podem oferecer a uma empresa mais
eficiência e eficácia na distribuição.
Exemplo dos intermediários atuantes em um canal de distribuição:
• Varejista: responsável pela venda de bens e/ou serviços para o cliente
final, de maneira direta. Por exemplo: farmácias, papelarias,
supermercados;
23
• Atacadista: faz a compra (normalmente diretamente da indústria) e faz a
revenda das mercadorias para outros comerciantes, varejistas,
estabelecimentos industriais, institucionais e comerciais. Essa venda
não é em pequena quantidade, como no varejista. Por exemplo:
atacadistas farmacêuticos, ou seja, que vendem apenas para outras
farmácias.
• Distribuidor: responsável por vender, armazenar e dar a assistência
técnica em determinada região/área geográfica de atuação e,
comumente, busca atender demandas mais regionalizadas. Por
exemplo: distribuidora de cervejas.
• Agentes (relações de longo prazo) e Corretores (relações de curto
prazo): pessoas jurídicas, contratadas através de comissões para
vender produtos de uma empresa. Por exemplo: representantes de
venda, corretores imobiliários, corretores de seguros etc.
Figura 5: Tipos de canais de distribuição
Fonte: SEBRAE
24
2.4. Auxílio Multicritério a Decisão
As Metodologias Multicritério de Apoio à Decisão (Multicriteria Decision
Aid – MCDA) objetivam auxiliar analistas e decisores em momentos que há a
indispensabilidade de identificar as prioridades sob a visão de diversos
critérios, o que comumente acontece quando coexistem interesses conflitantes
(Gomes, 1999).
No problema multicritério é primordial que comece estabelecendo qual o
propósito analisado, de maneira clara. Há quatro problemáticas multicritérios:
correta descrição do problema, sua ordenação, seleção e divisão em níveis.
Também é necessário definir as alternativas, os critérios, qual método será
utilizado e quem será o decisor (quem julga as alternativas sob os critérios).
No problema multicritério vários agentes atuam. Os elementos
fundamentais do problema de decisão multicritério são:
• Decisores: Àqueles que escolhem e assumem preferências, chamado
de decisor ou agente;
• Analista: Responsável por interpretar e quantificar as opiniões dos
decisores, arquitetar o problema, desenvolver o modelo matemático e
demonstrar os resultados para a decisão. Deve atuar constantemente
em diálogo e interagindo com os decisores, num procedimento de
aprendizagem constante. Não é recomendável que ele seja um decisor
também;
• Modelo: É o acervo de regras, métodos e operações matemáticas que
permitem transformar as preferências e opiniões dos decisores em um
denominador comum, um resultado quantitativo;
• Alternativas: São ações que podem ser avaliadas isoladamente.
Podem representar diferentes hipóteses sobre a natureza de uma
atributo, diversos grupos de características etc.
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• Critérios: São as ferramentas que permitem a comparação das ações
em relação a pontos de vista particulares (Roy, 1985). Bouyssou (1990)
definiu um critério mais precisamente como uma função de valor real no
grupo Z de opções, de maneira que há relevância comparar duas
alternativas “x” e “y” sob determinado ponto de vista, ou seja, é a
expressão qualitativa ou quantitativa de um ponto de vista utilizado na
avaliação das opções. Cada opção/alternativa tem valor sob a ótica de
cada critério. A cada critério estão relacionados um sentido de inclinação
(níveis, exemplificando, como excelente = 3; indiferente = 2; péssimo =
1); um arranjo de preferências. Bouyssou (1993) apresenta algumas
normas para construir um critério. Os pontos de vista que compoem a
base das explicações dos vários critérios devem ser compreendidos e
aceitos por todos pertencentes ao processo decisório. Um critério que
possua uma unidade física definida pode ser relacionado a uma
determinada ótica, considerando-se grande facilitador nesta situação.
Definindo e aceitando determinado ponto de vista, o método que permite
a avaliação dos critérios para cada alternativa, também devem ser
compreendidos e aceitos por todos pertencentes do processo decisório.
Um exemplo de julgamento simples e transparente pode ser a
precaução do analista. Escolher uma maneira particular de construção
de um critério deve considerar a confiabilidade dos dados utilizados para
sua elaboração. As comparações deduzidas dos critérios devem
considerar elementos de determinação de incerteza, imprecisão e/ou
inacurácia afetando os dados utilizados na construção.
2.5. Métodos para Análise à Decisão Multicritério
Segundo Roy (1985) os métodos de Análise à Decisão Multicritério são
subdivididos em 3 famílias:
26
(a) Métodos de Subordinação e Síntese
Este que é reconhecido como originário da escola francesa, busca como
principal objetivo a construção de uma relação de subordinação, em que
representa quais as preferências do decisor, auxiliando-o na resolução do
problema. Pode-se citar os métodos: MACBETH (Bana e Costa e Vansnick,
1994), PROMETHEE (Brans e Vincke, 1985), e os pertencentes a família
ELECTRE. Toda lógica desses métodos de subordinação é baseada nas
preferências do previamente determinado decisor, fazendo com que o mesmo
contribua com tais informações: qual o nível/grau de importância de cada
critério de avaliação, a fronteira entre preferência e indiferença (de determinada
alternativa em relação à outra, de acordo com cada um dos critérios). De
acordo com Roy (1985), em métodos de subordinação, tal relação com o
subordinado é simplesmente uma relação binária A, estabelecida em um
conjunto X de opções, de forma que XSY (X subordina Y) se, de acordo com o
que o decisor prefere, o valor das notas/avaliações das opções e a clareza do
problema, existem argumentos contundentes para considerar que X é, no
mínimo, tão bom quanto Y, sem a obrigação de haver um importante motivo
para contrariar essa afirmação.
(b) Métodos Interativos
Nestes métodos as etapas de interações e as de cálculos alternam com
o decisor, e fornece informações complementares e suplementares sobre a
preferência do decisor. De acordo com Vincke (1989), em métodos de
interação, a etapa inicial de análise traz uma solução embrionária, que é
passada ao decisor, onde o mesmo complementa com informações no modelo
aplicado, construindo uma situação diferente. O modelo PREFCALC (Jacquet ,
1984), e o método STEM (Benayon et al, 1971) são os que mais se destacam
entre esses é métodos.
27
(c) Teoria da Utilidade Multiatributo
Tais métodos tem como propósito agregar diferentes critérios em apenas
uma única solução, que será otimizada. De acordo com Freitas (1997) trata-se
das situações matemáticas de agregação aos trabalhos relativos à essa
família, das formas únicas da função agregadora e dos métodos de como se
estruturar.
2.6. Método da Análise Hierárquica de Processo
O método Análise Hierárquica de Processo, criado por Saaty (1991),
consiste em selecionar apenas uma entre um número de opções que tenham
sido avaliadas por múltiplos critérios durante o processo da decisão. Tal
método é baseado em fundamentos do pensamento analítico, explicados
abaixo.
(a) Construir as Hierarquias
Quando o cenário é de problemas com uma maior grau de
complexidade, tradicionalmente o homem raciocina dividindo ou hierarquizando
tal problema maior em problemas menores, com objetivo de compreender e
resolver estes subproblemas auxiliando no entendimento e na resolução do
problema maior. Analogamente, nesse método (AHP) o problema maior que
necessita de uma decisão (chamado de foco ou objetivo) deve ser dividido em
determinado número de elementos, ou critérios, que a posteriori passará por
julgamento/avaliação, e poderá, se houver necessidade, serem divididos
novamente, na quantidade de vezes que for necessário para solucionar com
mais clareza possível o foco principal. Tais critérios e/ou subcritérios precisam
estar em conformidade com os requisitos de não serem incompletos, mínimos,
redundantes e pouco operacionais. Conclui-se com isso que uma hierarquia
como objetivo, critério e subcritérios, e na base dela estarão as opções viáveis,
que já foram antecipadamente escolhidas, para o problema analisado.
28
Resumidamente, quando se utiliza o método AHP, o passo inicial é a
definição do foco principal da situação, os critérios e subcritérios que vão ser
julgados e as alternativas viáveis para sua solução.
Figura 6: estrutura hierárquica de um processo
Fonte: Costa, 2012
(b) Estimar as Prioridades
De acordo Saaty (1991), quando há uma comparação entre dois objetos
que são equivalentes, se considerar um conjunto determinado de critérios,
percebe-se as relações que existem entre os mesmos e compara-se tais
objetos optando por um, onde é identificado o grau da sua preferência sobre
esse onjeto em relação ao outro. Em um processo de decisão, julgamentos são
feitos em pares das variadas opções, considerando cada critério ou subcritério,
e compondo, assim, múltiplas matrizes de avaliação.
29
3. METODOLOGIA
A partir das análises realizadas por Gray (2012) acerca dos diferentes
tipos de metodologia de pesquisa e coleta de dados, e pelas características
que o projeto possui, e de acordo com os objetivo proposto pelo mesmo, optou-
se pela realização de um estudo caso em uma empresa multinacional situada
no Brasil, em que o protagonistas neste projeto fazem parte.
Pesquisa bibliográfica tem como objetivo a explicação de um problema
se baseando em referências teóricas publicadas em artigos, livros,
dissertações e teses em qualquer tipo de pesquisa relata Cervo et al (2007). De
acordo com MARCONI, (2006, p.85) um estudo exploratório-descritivo
combinado, tem como objetivo descrever completamente determinado
fenômeno. Bogdan e Biklen (1992) e McCracken (1991) descrevem que a
observação e a entrevista são métodos comuns utilizados na pesquisa
qualitativa. A entrevista, por sua vez, apresenta-se durante a análise, é um
meio de identificar e avaliar o comportamento das pessoas envolvidas,
auxiliando na sistemática de interpretação dos dados fornecidos (SEIDMAN,
1991).
Pesquisa qualitativa pode ter vários métodos quanto ao seu objetivo,
uma vez que possui uma abordagem de intepretação natural para o assunto
pesquisado, os pesquisadores estudam o problema em um ambiente real, para
interpretar e correlacionar os fenômenos existentes dentro do ambiente natural
e com as pessoas envolvidas nos eventos (DENZIN; LINCOLN, 1994, p. 2
apud GRUBTS, 2004). O estudo de caso utiliza-se do conhecimento empírico
fundamentado em experiências vivenciadas. (FACHIN, 2006p. 14)
O Método do Estudo de Caso pode ser enquadrado como uma
abordagem qualitativa, e freqüentemente é utilizado para coleta de dados na
área de estudos organizacionais. As limitações existentes em relação ao
Método do Estudo de Caso são externalizados em afirmativas como: os dados
podem ser facilmente distorcidos pelo pesquisador para ilustrar questões de
maneira mais efetiva; não fornecem base para generalizações científicas.
30
Segundo Yin (2001) e Fachin (2001), tais questões costumam estar
presentes em outros métodos de investigação científica também, caso o
pesquisador não tenha as habilidades necessárias para realizar estudos de
natureza científica. Com isso, não são inerentes ao Método do Estudo de Caso.
Para considerar o Método do Estudo de Caso três aspectos devem ser
considerados: a natureza da experiência, enquanto fenômeno a ser
investigado, o conhecimento que se pretende alcançar e a possibilidade de
generalização de estudos a partir do método.
No caso que será analisado neste trabalho, foram realizadas conversas
com Gerentes de Trade Marketing, Gerente de Marketing, Gerente Financeiro e
Gerente de Vendas. Além disso, pode-se utilizar todos os dados e informações
de Sell In, Sell Out e Nielsen no estudo apresentado.
Para esse estudo, foi escolhido a gerência regional por estar diretamente
e em constante comunicação, o que facilitou a organização e realização do
presente estudo. Na matriz e na regional pesquisada foram entrevistados os
executivos responsáveis por ambas as áreas. As entrevistas foram conduzidas
via contatos telefônicos, vídeo-conferência, e e-mail com a matriz, e
pessoalmente com a regional. O período das entrevistas foi primeiro semestre
de 2018. As entrevistas seguiram um padrão pré-estabelecido, sendo um
modelo para a matriz e outro para as subsidiárias.
O principal objetivo da entrevista era definir os principais critérios para o
modelo. O gerente de vendas responsável pela regional e os gerentes de trade
marketing de cada canal foram considerados os decisores.
31
4. ESTUDO DE CASO
4.1. História da Empresa
A empresa estudada foi fundada em 1872, nos Estados Unidos, e
atualmente conta com fábricas instaladas em 35 países, sendo 3 unidades no
Brasil. Conta mundialmente com aproximadamente 42.000 funcionários e
faturamento de aproximadamente 18.2 bilhões de dólares. A empresa é
número 1 ou número 2 em Brand Share em cerca de 80 países. No Brasil, a
empresa possui 6 marcas, inseridas em segmentos como cuidados infantis,
cuidados femininos, e cuidados da casa.
4.2. Gestão da Empresa
Em multinacionais, a gestão e os resultados anuais são comumente
avaliadas dentro de indicadores que são determinados no ano antecedente, e,
acompanhados detalhadamente mês a mês, para que, em eventuais
distanciamentos do que se tinha como objetivo, planos de ação possam ser
construídos em um prazo pequeno, possibilitando uma rápida reação. Na
empresa estudada, são 5 grandes metas anuais que consolidam o resultado
final de toda a empresa, e, consequentemente, na participação de resultados
de todos os colaboradores. Elas serão considerados os critérios na Análise
Hierárquica de Processos:
(1) Net Sales: Tudo que foi faturado pela empresa, em dólares.
(2) Gross Profit (%): O lucro bruto em percentual que a empresa obteve.
(3) Big Bets: O quanto a empresa faturou nas categorias “apostas” do ano.
(4) Execution in Store: como as lojas estão executadas com os produtos.
(5) Market Share: percentual do mercado que é das marcas da empresa.
32
A estrutura comercial da empresa pode ser dividida em quatro grandes
divisões: Marketing, Trade Marketing (Categorias), Trade Marketing (Canal),
Vendas. Pode-se explica-las, de maneira simplificada, da seguinte maneira:
Figura 7: Lógica da estrutura comercial da empresa
• Marketing: é responsável pelo desenvolvimento de novos produtos.
Suas análises são focadas no Shopper e no Consumidor, sempre com
objetivo de atender às diferentes demandas – ou resolver problemas –
encontrados no mercado;
• Trade Marketing (Categorias): é responsável por estudar e identificar em
quais canais produto – desenvolvido por marketing - tem identificação,
ou seja, em quais canais há clientes que podem comprar esse produto;
• Trade Marketing (Canal): é responsável por, a partir do momento que o
produto é aprovado para esse canal, analisar se o produto faz sentido
para todas as regiões, e qual deve ser a recomendação de preço para
cada uma delas;
MarketingTrade
Marketing (Categoria)
Trade Marketing
(Canal)Vendas
33
• Vendas: é responsável por executar tudo aquilo que foi planejado por
Marketing, Trade Marketing (Categoria), Trade Marketing (Canal). Seu
objetivo, acima de tudo, é aumentar o volume de venda dos seus
produtos.
No Brasil, a empresa possui sua estrutura de vendas subdivididas em 7
canais de venda e serão considerados as alternativas na Análise
Hierárquica de Processos. Eles podem ser caracterizados da seguinte
maneira:
• Varejo Regional: são os varejos que não possuem lojas fora da regional
de sua matriz. Para ser categorizado como varejo regional, a rede deve
possuir faturamento mínimo considerável para um atendimento direto,
ou seja, um executivo de venda da empresa atender diretamente a rede;
(Alternativa A)
• Varejo Global: são os varejos que possuem filiais ao redor do país. Além
de um executivo de venda da empresa atender diretamente a rede,
existem analistas que tem como função analisar somente essas redes
ou grupos;
(Alternativa B)
• Farma Regional: são redes de farmácias que, assim como os varejos
regionais, possuem filiais apenas em suas regiões. Também deve
possuir faturamento mínimo considerável para um atendimento direto;
(Alternativa C)
• Farma Global: assim como os varejos globais, possuem filiais ao longo
do país inteiro. Possuem executivos que atendem diretamente toda a
rede;
(Alternativa D)
34
• Atacado Generalista: são aqueles que compram em grande quantidade
e revendem aos pequenos comerciantes do varejo. Possuem uma
distribuição bem desenvolvida e trabalham com diferentes indústrias,
mesmo que essas sejam concorrentes;
(Alternativa E)
• Distribuidor Especializado: assim como os atacadistas, compram em
grande quantidade e revendem aos comerciantes do varejo. Sua maior
diferença para o atacadista generalista é que não trabalha com
indústrias concorrentes, escolhem apenas uma por segmento e
trabalham de maneira exclusiva;
(Alternativa F)
• Cash & Carry: são conhecidos como “atacarejo”. Atendem tanto
comerciantes do varejo como os consumidores finais. São redes onde,
normalmente, as lojas não possuem estoque, e tudo fica exposto na
área de venda.
(Alternativa G)
4.3. Estruturação do Estudo
Como já explicado anteriormente, o estudo tem como objetivo avaliar
qual a melhor opção para a empresa investir com mais solidez. Para isso,
foram selecionados diferentes critérios, que são as metas anuais da empresa,
e, obviamente, diferentes alternativas, que são os canais para a qual a
empresa vende.
Para apoiar a decisão, será utilizado um método multicritério, e
avaliando os diferentes métodos, o que mais se enquadra para o caso é o
método AHP (Análise Hierárquica de Processo), pois o objetivo é escolher
apenas um resultado, e esse resultado será reflexo do desmembramento nos
critérios.
35
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Depois de decidido que o método utilizado será o AHP, deve-se dividir
em etapas todo estudo. A 1ª etapa é definir quem será o decisor, e o escolhido
foi o Diretor Comercial. O fato dele ser o “investidor final”, utilizar-lo como o
decisor único contribui para que o resultado seja levado em consideração pelo
mesmo. A 2ª etapa é definir qual será a estruturada analisada, para que fique
mais claro para o decisor se o objetivo será alcançado depois dos resultados
encontrados. A estrutura será essa:
Figura 7: estrutura AHP analisada
Melhor Decisão
Net Sales
Varejo Regional
Varejo Global
Farma Regional
Farma Global
Atacado Generalista
Distribuidor Especializado
Cash & Carry
Gross Profit %
Varejo Regional
Varejo Global
Farma Regional
Farma Global
Atacado Generalista
Distribuidor Especializado
Cash & Carry
Big Bets
Varejo Regional
Varejo Global
Farma Regional
Farma Global
Atacado Generalista
Distribuidor Especializado
Cash & Carry
Execution in Store
Varejo Regional
Varejo Global
Farma Regional
Farma Global
Atacado Generalista
Distribuidor Especializado
Cash & Carry
Market Share
Varejo Regional
Varejo Global
Farma Regional
Farma Global
Atacado Generalista
Distribuidor Especializado
Cash & Carry
36
Pode-se verificar que o objetivo final é chegar à conclusão de qual o
canal mais estratégico para que sejam alocados os investimentos, e os critérios
são exatamente os mesmo que toda equipe comercial é avaliada anualmente.
A 3ª etapa foi definir qual será o modelo de votação do decisor na comparação
entre os canais, e o escolhido foi o demonstrado abaixo:
Figura 8: índices de votos para comparação
Exemplo: Alternativa F é 2 vezes melhor a Alternativa D perante ao Critério X.
Existem as 5 opções de votos acima quando forem comparadas duas
alternativas mediante a um critério. A partir daí, foi realizada a entrevista com o
decisor e os primeiros resultados começam a aparecer. Toda a análise foi
construída no Microsoft Excel.
Igual
1Ligeiramente Melhor
3Melhor
5Consideravelmente melhor
7Extremamente Melhor
9
37
5.1. Avaliação do 1º critério: NET SALES
Tabela 1: matriz com os pesos do critério 1
Depois de computados os votos, nota-se que a alternativa G, que é o
canal Cash & Carry, foi o que mais se destacou no critério Net Sales. A
avaliação está alinhada com os resultados de 2017 e com a característica
desse canal, que possui como grande vantagem para o cliente final levar
grandes volumes, e, por isso, tem sua maior concentração de clientes em
pequenos comerciantes e famílias grandes, com o hábito de realizar a “compra
do mês”.
Tabela 2: matriz com os resultados do critério 1
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 1 3 7 1/9 1/3 3 1/3
Alternativa B 1/3 1 1/3 5 1/7 5 1/7
Alternativa C 1/7 3 1 1/3 1 1/3 1/3
Alternativa D 9 1/5 3 1 1/3 9 1/3
Alternativa E 3 7 1 3 1 1/3 1/7
Alternativa F 1/3 1/5 3 1/9 3 1 1/7
Alternativa G 3 7 3 3 7 7 1
16,81 21,40 18,33 12,56 12,81 25,67 2,43
NET SALES (CRITÉRIO 1) - AVALIAÇÃO
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 0,06 0,14 0,38 0,01 0,03 0,12 0,14 12,4%
Alternativa B 0,02 0,05 0,02 0,40 0,01 0,19 0,06 10,7%
Alternativa C 0,01 0,14 0,05 0,03 0,08 0,01 0,14 6,5%
Alternativa D 0,54 0,01 0,16 0,08 0,03 0,35 0,14 18,6%
Alternativa E 0,18 0,33 0,05 0,24 0,08 0,01 0,06 13,6%
Alternativa F 0,02 0,01 0,16 0,01 0,23 0,04 0,06 7,6%
Alternativa G 0,18 0,33 0,16 0,24 0,55 0,27 0,41 30,6%
1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
NET SALES (CRITÉRIO 1) - RESULTADOS
38
5.2. Avaliação do 2º critério: GROSS PROFIT %
Tabela 3: matriz com os pesos do critério 2
No 2º critério, há uma distribuição maior das preferências, com ligeira
vantagem para os canais Atacado Generalista (alternativa E) e Distribuidor
Especializado (alternativa F). Por serem canais onde há maior pontos de
vendas impactados por suas vendas, o mix de produtos costuma-se ser melhor
trabalhado, e, consequentemente, gera uma margem melhor.
Tabela 4: matriz com os resultados do critério 2
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 1 7 1/3 7 1/3 1/5 1/3
Alternativa B 1/7 1 1/3 1/5 1/7 5 1
Alternativa C 3 3 1 1/9 3 1/3 3
Alternativa D 1/7 5 9 1 1 1/9 1/3
Alternativa E 3 7 1/3 1 1 1/3 5
Alternativa F 5 1/5 3 9 3 1 1/3
Alternativa G 3 1 1/3 3 1/5 3 1
15,29 24,20 14,33 21,31 8,68 9,98 11,00
GROSS PROFIT % (CRITÉRIO 2) - AVALIAÇÃO
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 0,07 0,29 0,02 0,33 0,04 0,02 0,03 11,4%
Alternativa B 0,01 0,04 0,02 0,01 0,02 0,50 0,09 9,9%
Alternativa C 0,20 0,12 0,07 0,01 0,35 0,03 0,27 15,0%
Alternativa D 0,01 0,21 0,63 0,05 0,12 0,01 0,03 15,0%
Alternativa E 0,20 0,29 0,02 0,05 0,12 0,03 0,45 16,6%
Alternativa F 0,33 0,01 0,21 0,42 0,35 0,10 0,03 20,6%
Alternativa G 0,20 0,04 0,02 0,14 0,02 0,30 0,09 11,7%
1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
GROSS PROFIT % (CRITÉRIO 2) - RESULTADOS
39
5.3. Avaliação do 3º critério: BIG BETS
Tabela 5: matriz com os pesos do critério 3
No 3º critério, há, novamente, uma vantagem considerável para o canal
Cash & Carry (alternativa G). Esse indicador não se pode confrontar com
resultados já alcançados, visto que esse critério se refere às principais
“apostas” da empresa, produtos novos e inovadores, podendo fazer apenas
estimativas sobre as vendas a partir do comportamento de similares, que nem
sempre retratam o que acontecerá com os novos. A partir daí, pode-se
considerar que esse é o critério onde há maior espaço para a “opinião” do
decisor.
Tabela 6: matriz com os resultados do critério 3
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 1 1/9 5 1/3 5 1/3 9
Alternativa B 9 1 1/3 3 7 1/9 1/3
Alternativa C 1/5 3 1 1/3 1/3 7 1/9
Alternativa D 3 1/3 3 1 1/3 1/9 1/3
Alternativa E 1/5 1/7 3 3 1 9 1/3
Alternativa F 3 9 1/7 9 1/9 1 1/5
Alternativa G 1/9 3 9 3 3 5 1
16,51 16,59 21,48 19,67 16,78 22,56 11,31
BIG BETS (CRITÉRIO 3) - AVALIAÇÃO
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 0,06 0,01 0,23 0,02 0,30 0,01 0,80 20,4%
Alternativa B 0,55 0,06 0,02 0,15 0,42 0,00 0,03 17,5%
Alternativa C 0,01 0,18 0,05 0,02 0,02 0,31 0,01 8,5%
Alternativa D 0,18 0,02 0,14 0,05 0,02 0,00 0,03 6,4%
Alternativa E 0,01 0,01 0,14 0,15 0,06 0,40 0,03 11,4%
Alternativa F 0,18 0,54 0,01 0,46 0,01 0,04 0,02 18,0%
Alternativa G 0,01 0,18 0,42 0,15 0,18 0,22 0,09 17,8%
1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
BIG BETS (CRITÉRIO 3) - RESULTADOS
40
5.4. Avaliação do 4º critério: EXECUTION IN STORE
Tabela 7: matriz com os pesos do critério 4
No 4º critério, há uma vantagem considerável para o canal Farma Global
(alternativa D), seguido do Distribuidor Especializado (alternativa F). Mais um
critério que tem avaliação alinhada com os resultados, visto que o Farma
Global é caracterizado por farmácias maiores, com possibilidade de executar
muito bem os planogramas de merchandising e expor os produtos da empresa
da maneira correta.
Tabela 8: matriz com os resultados do critério 4
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 1 1/3 7 1/5 3 1/3 3
Alternativa B 3 1 1/3 1/7 1 1/3 5
Alternativa C 1/7 3 1 1/3 9 1 1/5
Alternativa D 5 7 3 1 1/3 1 3
Alternativa E 1/3 1 1/9 3 1 1 1
Alternativa F 3 3 1 1 1 1 1
Alternativa G 1/3 1/5 5 1/3 1 1 1
12,81 15,53 17,44 6,01 16,33 5,67 14,20
EXECUTION IN STORE (CRITÉRIO 4) - AVALIAÇÃO
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 0,08 0,02 0,40 0,03 0,18 0,06 0,21 14,1%
Alternativa B 0,23 0,06 0,02 0,02 0,06 0,06 0,35 11,6%
Alternativa C 0,01 0,19 0,06 0,06 0,55 0,18 0,01 15,1%
Alternativa D 0,39 0,45 0,17 0,17 0,02 0,18 0,21 22,7%
Alternativa E 0,03 0,06 0,01 0,50 0,06 0,18 0,07 12,9%
Alternativa F 0,23 0,19 0,06 0,17 0,06 0,18 0,07 13,7%
Alternativa G 0,03 0,01 0,29 0,06 0,06 0,18 0,07 9,8%
1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
EXECUTION IN STORE (CRITÉRIO 4) - RESULTADOS
41
5.5. Avaliação do 5º critério: MARKET SHARE
Tabela 9: matriz com os pesos do critério 5
No 5º critério, há uma ligeira vantagem para o canal Atacado
Generalista, mas nota-se uma distribuição considerável das preferências.
Market Share é extremamente importante para todos os canais, então há uma
dificuldade maior para escolher entre duas alternativas.
Tabela 10: matriz com os resultados do critério 5
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 1 1/3 5 1/7 1/5 3 9
Alternativa B 3 1 1/3 3 3 1/9 1/3
Alternativa C 1/5 3 1 1/3 1/3 5 3
Alternativa D 7 1/3 3 1 1/3 9 1/3
Alternativa E 5 1/3 3 3 1 1/5 9
Alternativa F 1/3 9 1/5 1/9 5 1 1/3
Alternativa G 1/9 3 1/3 3 1/9 3 1
16,64 17,00 12,87 10,59 9,98 21,31 23,00
MARKET SHARE (CRITÉRIO 5) - AVALIAÇÃO
Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Alternativa E Alternativa F Alternativa G
Alternativa A 0,06 0,02 0,39 0,01 0,02 0,14 0,39 14,8%
Alternativa B 0,18 0,06 0,03 0,28 0,30 0,01 0,01 12,4%
Alternativa C 0,01 0,18 0,08 0,03 0,03 0,23 0,13 9,9%
Alternativa D 0,42 0,02 0,23 0,09 0,03 0,42 0,01 17,7%
Alternativa E 0,30 0,02 0,23 0,28 0,10 0,01 0,39 19,1%
Alternativa F 0,02 0,53 0,02 0,01 0,50 0,05 0,01 16,3%
Alternativa G 0,01 0,18 0,03 0,28 0,01 0,14 0,04 9,8%
1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
MARKET SHARE (CRITÉRIO 5) - AVALIAÇÃO
42
5.6. Análise das Alternativas
Depois de concluída a avaliação dos 5 critérios, os resultados e pesos
de cada alternativa perante cada critério ficou com a seguinte distribuição:
Tabela 11: matriz das alternativas
Para chegar ao resultado final, foi feita uma multiplicação de matrizes
entre a matriz de alternativas e a matriz dos critérios, que pondera os critérios
em caso de necessidade de dar um peso maior a um critério do que a outro,
que será explicado a seguir.
5.7. Análise dos Critérios
O próximo passo foi analisar o peso de cada um dos critérios. De acordo
com a metodologia AHP, os dados foram inseridos em uma matriz 5x5, onde foi
preenchida pelo decisor todas as relações e as relações contrárias
correspondentes, ou seja, quando foi respondido que o critério 2 tem é mais
importante que o critério 4 e atribuído peso de 3, a relação contrária
correspondente é 1/3, que se refere ao critério 4 em relação ao critério 2.
Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4 Critério 5
Alternativa A 12,4% 11,4% 20,4% 14,1% 14,8%
Alternativa B 10,7% 9,9% 17,5% 11,6% 12,4%
Alternativa C 6,5% 15,0% 8,5% 15,1% 9,9%
Alternativa D 18,6% 15,0% 6,4% 22,7% 17,7%
Alternativa E 13,6% 16,6% 11,4% 12,9% 19,1%
Alternativa F 7,6% 20,6% 18,0% 13,7% 16,3%
Alternativa G 30,6% 11,7% 17,8% 9,8% 9,8%
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
MATRIZ DAS ALTERNATIVAS
43
Tabela 12: matriz com os pesos entre os critérios
A partir do preenchimento da planilha dos pesos, percebe-se um
distanciamento entre os critérios 3 e 4 para os demais, evidenciando que serão
critérios com menor importância no resultado final.
Tabela 13: matriz com os resultados entre os critérios
Para verificar a coerência dos pesos e julgamentos, foi realizado uma
análise de consistência considerando índice randômico (IR), que é proposto por
Saaty (1991) em uma tabela de ordem 1 a 15 calculados em laboratório,
conforme exibido da figura 9.
Figura 9: Índice Randômico Médio do AHP
Fonte: Saaty (1991)
Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4 Critério 5
Critério 1 1 1 1/3 1 3
Critério 2 1 1 1 3 1
Critério 3 3 1 1 1 5
Critério 4 1 1/3 1 1 1
Critério 5 1/3 1 1/5 1 1
6,33 4,33 3,53 7,00 11,00
MATRIZ DOS CRITÉRIOS
Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4 Critério 5
Critério 1 0,16 0,23 0,09 0,14 0,27 18,0%
Critério 2 0,16 0,23 0,28 0,43 0,09 23,8%
Critério 3 0,47 0,23 0,28 0,14 0,45 31,7%
Critério 4 0,16 0,08 0,28 0,14 0,09 15,0%
Critério 5 0,05 0,23 0,06 0,14 0,09 11,5%
1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
MATRIZ DOS CRITÉRIOS
44
Como no caso estudado são 5 variáveis, o valor utilizado foi 1,12, e o
resultado obtido ficou dentro do limite aceitável, visto que a razão de
consistência obtida foi de 0,079, menor que 0,100, considerado o limite para a
consistência. Com isso, pode-se afirmar que o julgamento foi coerente em seu
conjunto.
Tabela 14: Análise de Consistência
Índice de consistência (IC) = (λmax – 6) / (6 -1)
= 0,088
Índice randômico (IR) para 5 critérios/variáveis
1,12
Razão de consistência (RC) = IC / IR = 0,079
A partir dos resultados encontrados e da afirmação que os valores são
confiáveis, chega-se aos seguintes pesos para cada um dos critérios:
Tabela 15: matriz com o peso final de cada critério
Como pode-se observar, a importância de cada critério é distinta, com
alguns critérios possuindo até o triplo da representatividade de outro. O critério
mais relevante representa quase um terço dos pesos representados no quadro
acima. Ao somar a representatividade dos dois critérios mais relevantes,
obtém-se uma representavidade de 55,5% do total.
Critério 1 18,0%
Critério 2 23,8%
Critério 3 31,7%
Critério 4 15,0%
Critério 5 11,5%
100,0%
MATRIZ DOS CRITÉRIOS
45
5.8. Análise Final
Por último, uma multiplicação da matriz de alternativas (7x5) pela matriz
de critérios (5x1) gera a matriz de preferência (7x1), onde há o peso de cada
alternativa, e, consequentemente, a preferência do decisor mediante os
critérios e os pesos considerados.
Tabela 16: matriz de preferência
Através da tabela, chegamos à conclusão que, a partir dos pesos dados
pelo decisor para cada comparação de pares, e a ponderação de cada um dos
critérios, a ordem de escolha é: Cash & Carry, Distribuidor Especializado,
Varejo Regional, Farma Global, Atacado Generalista, Varejo Global e Farma
Regional.
O resultado traz dois cenários, o primeiro é o do Cash & Carry, canal
com mais investimentos na empresa hoje, e é a melhor alternativa de acordo
com a análise feita, o que evidencia o alinhamento do decisor com o da
empresa como um todo. O segundo cenário é o do Distribuidor Especializado,
que atualmente é um dos canais menos desenvolvidos da empresa, e,
consequentemente, muitas vezes deixado de lado quando se refere à
investimentos. Tal estudo pode contribuir para que esse canal receba um
pouco mais de atenção, traçando planos a curto e médio prazo para
potencializar o mesmo.
Alternativa A 0,15 3
Alternativa B 0,13 6
Alternativa C 0,11 7
Alternativa D 0,14 4
Alternativa E 0,14 5
Alternativa F 0,16 2
Alternativa G 0,17 1
100,0%
PREFERÊNCIA
46
6. CONCLUSÃO
Assim como em outras indústrias, principalmente no território brasileiro,
muitas decisões são tomadas pela alta gerência sem ter um julgamento mais
robusto de como chegaram à elas, entretanto, essa mesma gama de pessoas é
extremamente cobrada pelos resultados. O objetivo do trabalho, de tornar esse
processo de tomada de decisão padronizado e com premissas bem definidas
foi alcançado com sucesso com a decisão de se utilizar uma metodologia
multicritério a decisão, mais especificamente, o método AHP.
O presente trabalho também pode mostrar que, mesmo não tendo uma
padronização e um alinhamento mais claro das diretrizes de, por exemplo,
escolhas de investimentos, há um resultado positivo na empresa estudada visto
que os resultados encontrados a partir da análise coincidem com o canal que
hoje tem a maior alocação de investimentos, o Cash & Carry. Isso significa que
o decisor, que representa toda alta gestão para o estudo, sabe onde
efetivamente o Return on Investment (ROI) será maior.
Ao mesmo tempo, o trabalho também enaltece uma clara falta de
investimento no canal Distribuidor Especializado, que hoje representa pouco
para a empresa, e, consequentemente, não há investimentos alocados para
ele, apesar da análise feita nesse trabalho demonstrar que é a segunda melhor
opção. Com isso, é enaltecida a contribuição que esse estudo teve para a
empresa, podendo ser aplicado o mesmo método para outros problemas com
diferentes critérios e diferentes alternativas.
Como o propósito desse estudo não era testar os resultados que foram
encontrados, sugere-se uma análise dos próximos meses para mostrar se as
respostas encontradas aqui estão alinhadas com o que efetivamente
acontecerá. Além disso, uma pré avaliação e definição dos critérios a partir de
uma perspectiva mais aprofundada, utilizando metodologias como o Diagrama
de Ishikawa.
47
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