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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA LORENA SABBADINI DA SILVA OS SABERES DAS GESTANTES ACERCA DAS DIFERENTES POSIÇÕES DE PARIR NITERÓI 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

LORENA SABBADINI DA SILVA

OS SABERES DAS GESTANTES ACERCA DAS DIFERENTES POSIÇÕES DE

PARIR

NITERÓI

2014

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LORENA SABBADINI DA SILVA

OS SABERES DAS GESTANTES ACERCA DAS DIFERENTES POSIÇÕES DE PARIR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Coordenação do Curso de Graduação em

Enfermagem e Licenciatura da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção de Título de Enfermeira e Licenciada.

Orientador:

Profª Msª Diva Cristina Morett Romano Leão

Niterói, RJ

2014

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S 586 Silva, Lorena Sabbadini da.

Os saberes das gestantes acerca das diferentes posições

de parir. / Lorena Sabbadini da Silva. – Niterói: [s.n.],

2014.

61 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2014.

Orientador: Profª. Diva Cristina Morett Romano Leão.

1. Enfermagem. 2. Parto humanizado. 3. Cuidado pré-

natal. 4. Modalidades de posição. I.Título.

CDD 610.73

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LORENA SABBADINI DA SILVA

OS SABERES DAS GESTANTES ACERCA DAS DIFERENTES POSIÇÕES DE PARIR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Coordenação do Curso de Graduação em

Enfermagem e Licenciatura da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção de Título de Enfermeira e Licenciada.

Aprovado em dezembro de 2014.

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________________________________________

Profª Msª Diva Cristina Morett Romano Leão

Presidente (EEAAC/UFF)

___________________________________________________________________________

Profª Msc Carina Bulcão Pinto

1º Examinador (HUAP/UFF)

___________________________________________________________________________

Enfª Msª Márcia Rocha da Silva Alves

2º Examinador (EEAAC/UFF)

___________________________________________________________________________

Enfª Msc Amanda Fernandes do Nascimento da Cruz

Suplente

Niterói, RJ

2014

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AGRADECIMENTOS

Começo meus agradecimentos por DEUS, pela família em que me permitiu nascer e

por ter colocado pessoas tão especiais a meu lado, que me deram força para superar as

dificuldades e me ajudaram a trilhar os caminhos nas horas incertas.

Aos meus pais, Lucia e Luiz Antônio, que me deram base e estrutura para nunca

desistir de mim mesma.

Ao meu pai (in memoriam), que onde quer que esteja nunca deixou de me amar, nem

de confiar em mim. Sigo te amando e na certeza de que um dia nos encontraremos

novamente.

À minha mãe, que mesmo sozinha nunca nos deixou faltar o que há de mais

importante na vida, o amor pelo outro.

À minha querida irmã, que viveu este sonho e partilhou cada momento ao longo de

todos os anos da minha vida, obrigada por cuidar de mim e por me dar todo esse amor.

Ao meu irmão, pelo amor, pela proteção e apoio recebidos por você ao longo da minha

vida.

Agradeço, especialmente, ao meu companheiro André Fernando que além de um

grande companheiro, és amigo, leal e cúmplice. Meu grande amor, obrigada por me

compreender nos momentos de ausência ou na falta de tempo que pude dedicar a você.

À minha pequena filha Lara Fernanda, que trouxe tanta luz para a minha vida, que fez

de mim uma pessoa mais serena e paciente, a ti eu oferto tudo o que eu tenho de melhor.

Aos meus amigos que de alguma forma me auxiliaram ao longo desses seis anos.

Querida Luzia Mendonça (in memorian), obrigada por me dar um lar no momento que

mais precisei, formamos uma segunda família, infelizmente você teve pouco tempo conosco.

Ciane, que com aquele jeitinho do Amapá me convenceu a lutar pelo movimento

estudantil e com isso tive a oportunidade de me tornar sua amiga e ter você em momentos

felizes e tristes em minha vida.

Ueides, cabrunco danado. A primeira vista um rapaz calado que não demostra

sentimentos, apenas uma fachada para esse coração enorme, bondoso e sempre disponível

para ajudar.

Ramiro, amigo, cunhado e verdadeiro socialista. O mundo precisa de mais pessoas

como você.

Aline Moebus, pela amizade de anos, pela prestatividade e pelos conselhos, de

Petrópolis para Niterói e de Niterói para a vida.

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Amanda Zanata, mais que prima, uma amiga carinhosa, prestativa e uma tia dedicada à

Lara. Obrigada por tudo.

Ana Regina, Ana Lima, Maria Lúcia, Mara Barbato, obrigada por aturarem meus

humores, minha falta de paciência e por estarem sempre ao meu lado.

À querida Aline Marques que muitas vezes foi uma coorientadora, obrigada pela

ajuda.

À coordenação da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa. Professora

Cristina Escudeiro que sempre esteve disposta a me ajudar, sempre me incentivou a continuar

e sempre se preocupou em me orientar e dar conselhos, sou grata e nunca me esquecerei de

você.

À professora Helen Ferreira, sempre te admirei, desde o primeiro curso que fiz dentro

da faculdade sobre sexualidade. Saio da graduação com ânsia de continuar aprendendo com

você.

Aos professores, em especial a professora Geilsa Soraia que me permitiu sonhar e

acreditar que não importa de onde você vem e sim, até onde você pretende chegar.

Professora Diva Cristina, você me acolheu, acreditou no meu trabalho e acreditou na

minha capacidade. Obrigada por tornar essa fase de transição da minha vida muito mais fácil.

Aos funcionários da EEAAC que estiveram sempre presentes no meu dia a dia,

Evandro Pantoja, Juliana, Maurício e “Seu” Tião.

Por fim, agradeço aos pacientes que confiaram a mim a sua saúde e permitiram que eu

pudesse contribuir para a melhora de qualidade de suas vidas.

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RESUMO

O presente estudo originou-se da vivência acadêmica no atendimento às mulheres durante o ciclo

gravídico-puerperal, nas disciplinas de Saúde da Mulher I e II ao longo da graduação em enfermagem.

Desta forma, desde o início, intrigava-me como as mulheres vêm sendo preparadas para um momento

tão significativo e único que é o parto. O parto normal é um processo singular no universo da mulher, do

parceiro e da família. Trata-se do método mais natural para o binômio mãe-filho, além de ser também o

mais seguro. No intuito de otimizar a assistência à gestante durante o pré-natal, o Ministério da Saúde

recomenda que as unidades básicas de saúde devem desenvolver ações educativas que complementem as

informações recebidas no pré-natal e principalmente, que incentive à integração entre profissionais e

gestantes. Assim, apresenta-se como objeto dessa pesquisa “Os saberes adquiridos pelas gestantes

durante as consultas de pré-natal sobre as diferentes posições de parir adotadas pelas parturientes no

período expulsivo.”. São objetivos da pesquisa: Identificar os saberes adquiridos pelas gestantes durante

o pré-natal acerca do posicionamento materno no período expulsivo do trabalho de parto e; Analisar o

significado que as gestantes atribuem às possibilidades de se optar por uma posição alternativa de parto.

Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo exploratória e descritiva, realizada a partir

de pesquisa de campo. O cenário de estudo foi a Policlínica Carlos Antônio da Silva, situada na cidade

de Niterói, Região Metropolitana II, Rio de Janeiro. As participantes do estudo foram dez gestantes

inscritas no pré-natal da unidade. A coleta de dados foi realizada através de um roteiro de entrevista e a

análise foi realizada através da técnica da análise de conteúdo proposta por Bardin. Este estudo segue o

preconizado pela resolução n.466 do Conselho Nacional de Saúde, de 12 de dezembro de 2012 que trata

das pesquisas com seres humanos. Esta pesquisa faz parte do projeto já existente, que tem por título

“Pré-natal: Uma Questão de Valor ou um Valor em Questão”, que foi encaminhada para análise dos seus

preceitos éticos e legais ao Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Antonio Pedro

(HUAP), vinculado a Universidade Federal Fluminense (UFF), sendo aprovada sob o CAEE:

06604012.0.0000.5243. As categorias criadas foram: O saber das gestantes acerca do posicionamento

materno no período expulsivo do trabalho de parto e Liberdade de escolha: O significado que as

gestantes atribuem às possibilidades de se optar por uma posição alternativa de parto. Considerando

todas as nuances apontadas nos discursos das gestantes, pode-se inferir que havia desinformação destas

mulheres com relação ao parto, em especial as diferentes posições que podem ser adotadas durante o

período expulsivo, pois foi possível perceber que poucas conheciam outras posições além da posição

litotômica. Evidencia-se a necessidade de reformulação na assistência pré-natal de forma que o

programa possa capacitar as gestantes para a escolha informada das posições que podem ser adotadas no

período expulsivo do parto.

Palavras chaves: humanização do parto; assistência pré-natal. Modalidades de posição

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ABSTRACT

This study has its origins in the academic experience in caring for women during pregnancy-puerperium

cycle at the women health disciplines taken during the graduation in nursing. From the beginning I was

intrigued by how women are being prepared for a moment as significant and unique that is giving birth.

Vaginal birth is a unique event and a rather important process not only in the woman's universe, but also

for the partner and the family. This is the most natural method mother and child, and also the safest.

Thus, the normal delivery is the most suitable for any pregnancy that does not present complications. In

order to optimize care for pregnant women during the prenatal period, the Brazilian Ministry of Health

recommends that primary care units should develop educational activities that complement the

information received during prenatal, especially those which encourage the integration between

professionals and pregnant women. Therefore the main object of this research is "Knowledge acquired

by pregnant women during prenatal consultations on the different positions adopted by mothers to give

birth in the pushing stage." This study aims to: Identify the knowledge acquired by the pregnant women

during prenatal regarding positioning in the second stage of labor and; Analyze the meaning that

pregnant women attach to the possibilities of opting for an alternative delivery position. This is a

qualitative research, exploratory and descriptive, carried based on field work. The study setting was the

Polyclinic Carlos Antonio da Silva, in the city of Niterói, Metropolitan Region II, Rio de Janeiro. Study

participants were ten women enrolled in the prenatal unit. Data collection was conducted through an

interview script and the analysis was performed using the technique of content analysis proposed by

Bardin. This study follows the criteria of the resolution n.466 of the National Health Council of

December, 12, 2012 dealing with human research. The research was approved by the Research Ethics

Committee of the University Hospital Antônio Pedro under the CAEE: 06604012.0.0000.5243. The

categories created were: Knowledge of pregnant women regarding positioning in the second stage of

labor; and Freedom of choice: the meaning pregnant women attach to the possibility of opting for an

alternative delivery position. Considering all the nuances appointed in the speeches of pregnant women,

it can be inferred that there was misinformation of these women regarding childbirth, especially the

different positions that can be adopted during the second period, as it was revealed that few knew other

positions other than the lithotomic position. That highlights the need for a broader approach covering

issues relating to the position in childbirth in graduate curricula of medical and nursing courses, as well

as a reformulation of prenatal care so that the program can empower pregnant women to informed

choice of positions that can be adopted in the second stage of labor.

Key words: humanization of birth; prenatal care. Arrangements position

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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS, p. 8

OBJETO, p.12

QUESTÃO NORTEADORA, p. 12

OBJETIVOS, p. 12

JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DE ESTUDO, p. 12

REVISÃO DE LITERATURA, p. 14

PROGRAMA DE ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL E POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO, p. 14

BREVE HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA AO PARTO NO BRASIL: DO DOMICÍLIO AO

HOSPITAL, p. 17

O PARTO NORMAL E AS DIFERENTES POSIÇÕES ADOTADAS PELA

PARTURIENTE DURANTE O PERÍODO EXPULSIVO, p. 22

POSIÇÃO SENTADA E SEMI-SENTADA (45˚), p. 25

POSIÇÃO DE CÓCORAS E CÓCORAS MODIFICADA, p. 26

POSIÇÃO DE QUATRO APOIOS, p.27

POSIÇÃO DE JOELHOS, p. 27

METODOLOGIA, p. 29

TIPO DE PESQUISA, p. 29

CENÁRIO DO ESTUDO, p. 30

PARTICIPANTES DA PESQUISA, p.30

TECNICA DE COLETA DE DADOS, p.30

ANÁLISE DE DADOS, p. 31

QUESTÕES ÉTICAS, p. 32

.

RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 34

CONHECENDO OS PARTICIPANTES DA PESQUISA, p. 34

CATEGORIA: O SABER DAS GESTANTES ACERCA DO POSICIONAMENTO

MATERNO NO PERÍODO EXPULSIVO DO TRABALHO DE PARTO, p. 34

CATEGORIA: LIBERDADE DE ESCOLHA: O significado que as gestantes atribuem às

possibilidades de se optar por uma posição alternativa de parto, p. 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS, p. 42

OBRAS CITADAS, p. 43

APÊNDICES, p. 52

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA, p.53

APÊNDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, p.55

ANEXOS, p. 57

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP, p. 58

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA NA UNIDADE, p.60

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente estudo originou-se da vivência acadêmica no atendimento às mulheres

durante o ciclo gravídico-puerperal, nas disciplinas de Saúde da Mulher I e II ao longo da

graduação em enfermagem.

Ainda no decorrer da graduação, tive a oportunidade de estar envolvida em trabalhos

vinculados ao projeto de extensão à comunidade, na assistência da rede básica e hospitalar à

gestante. Desde o início, intrigava-me como as mulheres vêm sendo preparadas para um

momento tão significativo e único que é o parto.

O parto normal é um evento único, um processo singular no universo da mulher, do

parceiro e da família. Constitui uma das experiências humanas mais emblemáticas, com forte

potencial positivo e estimulante para todos que participam deste processo. Wolff e Waldow

(2008) relatam que a arte de partejar é uma atividade que acompanha a história da própria

humanidade e particularmente, a história da mulher.

Trata-se do método mais natural para o binômio mãe-filho, além de ser também o mais

seguro. Desta forma, o parto normal é o mais indicado para qualquer gravidez que não

apresente complicações.

Entende-se como parto normal àquele que ocorre conforme a fisiologia, sem

intervenções desnecessárias ou sequelas destas intervenções.

Segundo a Organização Mundial de Saúde-OMS o parto normal tem

início espontâneo, baixo risco no começo do trabalho de parto,

permanecendo assim durante todo o processo até o nascimento. Normalmente,

acontece entre 37 e 42 semanas completas de gestação e o feto encontra-se, em

geral, em apresentação cefálica (OMS, 1996, p.4).

Não há consenso em relação à taxa ideal de cesárea de um país. No entanto, a OMS,

baseando-se nas taxas de países com baixo índice de mortalidade perinatal, definiu como 15%

o índice máximo adequado de cirurgias cesarianas (FREITAS et al, 2011). Porém, o Brasil

ainda está aquém de alcançar esse patamar, visto que, segundo o DATASUS, no ano de 2010,

o número de nascidos vivos por parto normal no Brasil foi de 1.362.287, enquanto o número

de nascidos vivos por cesariana foi de 1.496.034. Estes números fazem com que o Brasil

ocupe uma das posições no topo do ranking mundial de operações cesarianas.

Estudo recente demonstra que o excesso de cirurgia cesariana continua em evidência,

demonstrando uma proporção de 45,5% de cesárea em mulheres de risco obstétrico habitual

(LEAL et al, 2014). Desta forma, tem-se questionado o modelo assistencial do parto adotado

no país.

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A gestação é um processo biológico, que deveria transcorrer naturalmente e sem

maiores intervenções e, ao contrário, passou a ser tratado como processo patológico carregado

de risco potencial, necessitando de intervenções obstétricas (BRASIL, 2001).

Para Santos et al (2008) a importância dos avanços na ciência em prol da saúde

materna e fetal é inquestionável, no entanto não se pode esquecer que procedimentos não

farmacológicos e não invasivos também constituem benefícios para uma melhor evolução do

trabalho de parto e parto, culminando em menores riscos à saúde do binômio mãe e bebê.

Outro fator negativo nesse excesso de medicalização do parto é que cada vez mais as

mulheres vêm perdendo o seu protagonismo no trabalho de parto, tornando-se seres passivas

de ordens e técnicas, muitas vezes sem orientação se podem ou não, recusar algum tipo de

conduta adotada pelos profissionais (AMORIM, PORTO e SOUZA, 2010).

Neste contexto, pauta-se a o cuidado com competência técnica, humana e ética.

Respeitando às necessidades, os desejos, as expectativas e as escolhas das mulheres no

processo da gestação e parto (PEREIRA, BENTO, 2011).

Para tanto, é de extrema importância que ocorra uma preparação desta gestante para

que esse protagonismo aconteça, e esta preparação deve ocorrer durante a gestação, nas

consultas de pré-natal.

Na atualidade, o Brasil vem trabalhando com a visão de um novo paradigma, que é o

da atenção humanizada à mulher, à criança e à família, respeitando-as em suas características

e individualidades (BRASIL, 2002).

Segundo Wolff e Moura (2008), a assistência ao parto deve ser segura e deve

proporcionar a cada mulher os benefícios dos avanços científicos. Sobretudo, a assistência ao

parto deve permitir e estimular o exercício da cidadania feminina, resgatando a autonomia da

mulher no parto.

A temática autonomia tem sido incluída em fóruns sociais e científicos acerca da

humanização do parto e nascimento e das políticas para mulheres no país (PEREIRA e

BENTO, 2011).

Neste prisma, devolver o protagonismo do parto à mulher é uma das várias maneiras

de humanizar o atendimento na assistência ao parto. Já que humanizar e qualificar a atenção

em saúde é aprender a compartilhar saberes e reconhecer direitos.

No que tange à humanização da assistência no parto, o Ministério da Saúde cria sob a

portaria/GM n.o 569 de 1/6/2000, O Programa de Humanização no Pré-natal e

Nascimento/PHPN, tal programa tem subsidio nas análises das necessidades de atenção

específica à gestante, ao recém-nascido e à mãe no período pós-parto. A criação do PHPN

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deu-se através do entendimento que a não percepção da mulher como sujeito e o

desconhecimento e desrespeito aos direitos reprodutivos constitui o pano de fundo da má

assistência (BONFIM, 2008).

Sendo assim, o Ministério da Saúde/MS (2001 p.9) conceitua a atenção humanizada

como:

um conjunto que envolve conhecimentos, práticas e atitudes que visam a

promoção do parto e do nascimento saudáveis e a prevenção da morbi-mortalidade

materna e perinatal. Inicia-se no pré-natal e procura garantir que a equipe de saúde

realize procedimentos comprovadamente benéficos para a mulher e o bebê, que evite

as intervenções desnecessárias e que preserve sua privacidade e autonomia

(BRASIL, 2009).

No intuito de resgatar os eventos fisiológicos do parto, em 1985 ocorreu a Conferência

sobre Tecnologia Apropriada, tal evento foi um grande marco na revisão das tecnologias

adotadas no nascimento e no parto.

Discutiu-se sobre o resgate dos eventos fisiológicos no processo de parturização, nos

quais não se recomenda colocar as parturientes em posição de litotomia dorsal durante o

trabalho de parto e parto, devendo-se encorajar a mulher a andar nesse momento. Cada

mulher deve ter liberdade para escolher a posição a ser adotada quando está parindo

(MAMEDE, ALMEIDA e CLAPIS, 2004).

Deste modo, durante o trabalho de parto a mulher deve conduzir o seu próprio

processo de parturização, apoiada por orientações baseadas em evidências acerca dos

benefícios relativos ao bem-estar do binômio mãe e bebê, além das diferentes posições

maternas adotadas durante a fase expulsiva do trabalho de parto vaginal (MAMEDE,

ALMEIDA e CLAPIS, 2004).

Porém, apesar das evidências científicas relacionadas aos benefícios da escolha da

posição adotada pela parturiente, na prática ainda é predominante a adoção da posição dorsal

durante a segunda fase do trabalho de parto. Evidencia-se uma distância significativa entre o

que é preconizado como prática e a realidade nos serviços de saúde (AMORIM, PORTO e

SOUZA, 2010).

Desde que foi iniciada a medicalização do parto, a posição de litotomia (ou mesmo a

posição ginecológica), no período expulsivo, passou a ser considerada mais adequada para a

realização dos procedimentos hospitalares e adotada como clássica para o nascimento. A

adoção desta prática se deu de forma empírica sem comprovações científicas dos seus

benefícios e da efetividade da segurança da parturiente (GAYESKI e BRUGGEMANN,

2009).

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Não obstante, várias são as limitações que restringem à adoção de outras posições da

parturiente durante o segundo estágio de trabalho de parto que não a horizontal, desde o

desenho da mesa de parto a protocolos de parto ou o uso rotineiro de cateterização venosa ou

equipamento de monitoramento (BRASIL, 1996).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996), a rotina da utilização da

posição horizontal no segundo período do trabalho de parto foi classificada como prática

claramente prejudicial ou ineficaz e que deveria ser eliminada.

Ao colocar a mulher em posição horizontal, o profissional contribui para a limitação

da atuação desta mulher durante o seu trabalho de parto, transformando-a em elemento

passivo durante o processo de parturização, visto que esta posição geralmente é fator que

limita a liberdade de movimentos, podendo gerar desconforto significativo à parturiente.

Outro fator importante é que no momento do trabalho de parto e do parto, as mulheres

submetem-se, de forma silenciosa e submissa às rotinas hospitalares rígidas, vivendo esse

momento sem harmonia (AMORIM, PORTO e SOUZA, 2010).

Segundo Mamede, Almeida e Clapis (2004) os profissionais de saúde que assistem às

gestantes durante o curso do ciclo gravídico-puerperal, devem ser treinados a realizar partos

em posições diferentes da supina, pois sua inabilidade não deve ser um fator que iniba o

direito da escolha da posição de parto pela mulher.

Ainda em relação às variadas posições maternas durante o parto, Mamede, Almeida e

Clapis (2004), salientam a importância da mulher conhecer sobre as variadas posições para o

parto e os benefícios de cada uma, cabendo aos profissionais ensinar sobre as posições mais

eficazes e confortáveis na evolução do trabalho de parto e parto, semanas antes da data

provável, como abordagem nas consultas de pré-natal.

Neste prisma, a mulher deve ser sempre informada das vantagens e desvantagens das

posições que poderá adotar durante o trabalho de parto e parto, para que com liberdade e

consciência possa escolher o que for melhor para si.

O preparo da gestante durante o pré-natal é o primeiro passo para o parto e o

nascimento humanizado, sendo essencial para garantir uma gestação saudável e um parto

seguro, além de esclarecer as dúvidas das gestantes (BRASIL, 2011).

No intuito de aprimorar a assistência à gestante durante o pré-natal, o Ministério da

Saúde (2006) recomenda que as unidades básicas de saúde devam desenvolver ações

educativas que complementem as informações recebidas no pré-natal e principalmente, que

incentive à integração entre profissionais e gestantes, configurando a possibilidade de

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entendimento da saúde como produção social, isto é, como um processo construtivo que uma

coletividade pode conquistar em seu dia-a-dia (ANDRADE, INOJOSA, 2004).

A partir destas perspectivas, a proposta desta pesquisa está voltada para a Saúde da

Mulher, mais especificamente para a população gestante que frequenta a Unidade Básica de

Saúde da Família (UBSF), da Região Metropolitana II, do município de Niterói. Buscando o

entendimento acerca da autonomia destas gestantes na escolha referente às diferentes posições

adotadas na fase expulsiva do parto.

Assim, apresenta-se como objeto dessa pesquisa “Os saberes adquiridos pelas

gestantes durante as consultas de pré-natal sobre as diferentes posições de parir adotadas pelas

parturientes no período expulsivo.”.

1.2 QUESTÃO NORTEADORA

Diante do exposto, questiona-se:

Quais os saberes das gestantes durante o pré-natal em relação às diferentes posições

que podem ser adotadas durante o período expulsivo do parto?

1.3 OBJETIVOS

Identificar os saberes das gestantes acerca da possibilidade de escolha do

posicionamento durante o período expulsivo do parto.

Analisar o significado que as gestantes atribuem às possibilidades de se optar por uma

posição alternativa de parto.

1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A justificativa desse estudo está centrada no aprofundamento das questões que

norteiam o tema e na interação existente entre as mudanças sociais e o resgate da autonomia

da mulher durante o processo de parturização.

Outro fator relevante deste estudo, decorre das questões importantes e atuais deste

escopo, à medida que traz a tona o fato de ser imprescindível o incentivo a implementação das

políticas de assistência humanizada. Reconhecer a importância das escolhas da parturiente faz

parte da humanização da assistência.

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A assistência à mulher no momento do parto continua sendo objeto de medicalização

do corpo feminino justificado como estratégia de modernidade, excluindo desta forma,

modelos de assistência menos medicalizados e fisiológicos.

O país atualmente trabalha para a transformação dos paradigmas atuais, com a

conscientização de uma atenção humanizada à mulher, à criança e a família, com respeito as

suas características e individualidades (M.S, 2001).

A posição da mulher no momento do parto é tema prioritário de pesquisa de acordo

com a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde - ANPPS. Tal assunto faz parte

da Subagenda de Pesquisa em Saúde na área de Saúde da Mulher, determinado como:

Pesquisas de determinação cultural na escolha do tipo de parto (posição, alimentação,

medicação). Não obstante, tal temática também se enquadra na categoria de avaliação da

qualidade do pré-natal (BRASIL,2011).

Com isso, espera-se que este estudo possa contribuir para aquisição, aprofundamento e

divulgação de conhecimentos sobre a assistência que empodera as parturientes e suas

escolhas, em especial no que se refere ao posicionamento destas durante o período expulsivo

do parto, além de contribuir para a literatura relativa à temática, dando embasamento teórico

para a assistência, pesquisa e educação na área da saúde.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 PROGRAMA DE ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL E POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO

Embora nas últimas décadas a cobertura de atenção ao pré-natal tenha

aumentado, garantir sua qualidade permanece como um grande desafio.

Segundo o Ministério da Saúde (2000), o conceito de atenção humanizada é amplo e

envolve conhecimentos, práticas e atitudes que visam à promoção do parto e do nascimento

saudáveis e a prevenção da morbi-mortalidade materna e perinatal. Ou seja, a valorização do

sujeito inserido no processo de parturização.

Neste esteio, o movimento pela humanização do parto e nascimento no Brasil vem

sendo observado desde o final dos anos 80 do século XX, através de movimentos sociais e

apoiado pela crítica do modelo hegemônico hospitalocêntrico de atenção ao parto e ao

nascimento (PRISZKULNIK, MAIA 2009).

Na tentativa de modificar o paradigma intervencionista do processo parturitivo

fisiológico e de incorporar a integralidade na assistência à mulher, foi lançado em 1983 pelo

Ministério da Saúde o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Para

estabelecer sua proposta, o ministério partia da constatação de que o cuidado da saúde da

mulher pelo sistema de saúde, até então, limitava-se ao ciclo gravídico-puerperal. E, mesmo

aí, era deficiente (OSIS, 1998).

Apesar de não utilizar o termo humanizado nas suas diretrizes e práticas, pode-se dizer

que o PAISM foi percursor no que se refere ao atendimento humanizado à gestante. Visto,

que este conceito de integralidade proposta pelo PAISM

implica no rompimento com a visão tradicional acerca da temática da saúde

da mulher, sobretudo no âmbito da medicina, que centralizava o atendimento às

mulheres nas questões relativas à reprodução (OSIS, 1998 p.26).

Porém, a implantação do PAISM não foi homogênea no território nacional, uma

hipótese para a existência dessas dificuldades na implantação dessas ações seria as

dificuldades políticas, técnicas e administrativas vigentes à época.

Em 1993, foi fundada a Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento (Rehuna).

A Carta de Campinas, documento fundador da Rehuna, denuncia as circunstâncias de

violência e constrangimento em que se dá a assistência, especialmente, as condições pouco

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humanas a que são submetidas mulheres e crianças no momento do nascimento

(PRISZKULNIK, MAIA 2009).

A Rehuna (1993) Considera que,

No parto vaginal a violência da imposição de rotinas, da posição de parto e

das interferências obstétricas desnecessárias perturbam e inibem o desencadeamento

natural dos mecanismos fisiológicos do parto, que passa a ser sinônimo de patologia

e de intervenção médica, transformando-se em uma experiência de terror,

impotência, alienação e dor. Desta forma, não surpreende que as mulheres

introjetem a cesárea como melhor forma de dar à luz, sem medo, sem risco e sem

dor.

Neste esteio, a carta de Campinas possui um teor de denunciar as práticas prejudiciais

ao parto e nascimento, além de ser uma forma de solicitar por mudanças e demandas na

justiça.

Ainda no que tange às políticas de humanização, em 1994 surge no Rio uma primeira

maternidade pública “autodefinida” como humanizada, que recebeu o justo nome de Leila

Diniz.

Outros marcos em termos de políticas públicas foram a criação do Prêmio Galba

Araújo para Maternidades Humanizadas, em 1998, e a proposição das Casas de Parto (DINIZ,

2005). Em relação às casas de parto, que possui perspectiva promissora, seus projetos têm

encontrado limites e barreiras, oriundos principalmente pelas classes médicas.

O processo de humanização do parto e nascimento continuou a ser discutido e

planejado, culminando nos anos 2000 na instituição do programa de humanização do pré-natal

e nascimento (PHPN). Tal programa apresenta-se como possível solução para a problemática

existente na tríade gestação, parto e nascimento, delineando mudanças na assistência ao

binômio mãe-filho.

O objetivo principal do PHPN era de promoção ao acesso, à cobertura e a qualidade na

assistência ao pré-natal, parto, nascimento e ao recém-nascido, com garantia dos direitos de

cidadania e da humanização na assistência (BRASIL, 2002).

São dois aspectos fundamentais que norteiam a humanização proposta pelo PHPN,

sendo elas a dignidade na assistência, englobando mulher, família e recém-nascido; e a

adoção de procedimentos comprovadamente benéficos para o binômio mãe-filho, reforçando

as recomendações da OMS e desmistificando as práticas intervencionistas quando

dispensáveis (BRASIL, 2002).

Assim, para atender os objetivos propostos seguindo os aspectos fundamentais que

norteiam o PHPN, foi publicado em 2001 o manual técnico Parto, Aborto e Puerpério-

assistência humanizada à mulher. Este manual reflete as novas diretrizes assistenciais de

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acordo com as necessidades de se modificar as práticas vigentes (BRASIL, 2002). Tem como

propósito, disseminar entre os serviços de saúde conceitos e práticas da assistência

humanizada ao parto.

O PHPN apresenta-se como uma estratégia singular, planejada e discutida como

política de atenção aos direitos das mulheres. Sem a sensibilização dos profissionais, a

humanização da assistência ao parto e nascimento se dará de forma limitada, tornando-se

evidente a necessidade de se desenvolver um trabalho multidisciplinar, voltado para os

profissionais que atuam diretamente na assistência à mulher, de forma a trazer à tona

elementos que envolvam a questão de humanização no seu sentido mais amplo, para uma

discussão e reflexão do que tem sido nos proposto pelo Ministério da Saúde (SERRUYA,

2003; NAGAHAMA, SANTIAGO, 2005). Em resumo, o PHPN propõe uma atenção menos

intervencionista, baseada em uma participação ativa da mulher sob cuidado.

Para Barbosa e Gualda (2009), a hospitalização tem sido apontada como verdadeiro

obstáculo à humanização da assistência ao nascimento. Onde o relacionamento entre o

profissional e a parturiente não obstante, é caracterizado pelo domínio e a submissão

respectivamente. O Modelo humanizado, como o próprio nome sugere, busca valorizar as

relações entre pessoas.

Desta forma, o Ministério da Saúde sugere que na assistência à mulher no trabalho de

parto, existe necessidade de modificações profundas na qualidade e humanização. Assim, a

qualidade da assistência ao pré-natal e ao parto depende tanto da instituição de saúde como do

profissional que presta o atendimento.

A fim de ampliar as ações do PHPN, o Ministério da Saúde lança a Rede Cegonha,

normatizada pela Portaria Nº 1.594, de 24 de junho de 2011, se caracteriza como uma

estratégia inovadora que visa implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o

direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao

puerpério; e, às crianças, o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento

saudáveis (BRASIL, 2012).

Esse modelo estratégico visa garantir às mulheres e às crianças de até dois anos de

idade, uma assistência humanizada e de qualidade, que permite a vivência da gravidez, parto e

nascimento de forma segura e com dignidade, por meio de ampliação do acesso das mulheres

ao serviço de pré-natal; do vínculo da gestante à maternidade de referência e transporte

seguro; da garantia das boas práticas assistenciais, incluindo o direito de um acompanhante de

livre escolha da mulher no parto; da atenção à saúde das crianças até os 24 meses de vida e do

acesso às ações de planejamento reprodutivo (BRASIL, 2012).

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Por humanização da assistência ao parto entende-se um processo que inclui desde a

adequação da estrutura física e equipamentos dos hospitais, até uma mudança de

postura/atitude dos profissionais de saúde e das gestantes.

Neste prisma, é de fundamental importância que não exista um descompasso entre a

prática e o discurso, a distância entre o que se recomenda e o que se faz deve ser reduzida

através da adoção de um conjunto de medidas, para que se possa oferecer um parto

verdadeiramente humanizado (BRASIL, 2001).

Para modificar a postura submissa adotada pelas gestantes, essas devem ser preparadas

para o momento do parto. Esse preparo abrange a incorporação de um conjunto de cuidados,

medidas e atividades que visam oferecer à mulher a possibilidade de vivenciar a experiência

do trabalho de parto e parto como processo fisiológico, sentindo-se protagonista do processo

(BRASIL, 2001).

Nesta perspectiva, a mulher pode escolher tudo o que ela quer, o que ela não quer e o

que está gostaria que fosse evitado durante o trabalho de parto e parto. Para tanto, faz-se

necessário que a mulher conheça as opções de parto, e se familiarize com os procedimentos

mais comuns, para poder decidir o que ela quer e deseja para si. Respeitar e ouvir a mulher

parturiente é um grande passo para a humanização da assistência ao parto e nascimento.

A preparação para um nascimento humanizado começa no pré-natal, onde ocorre a

orientação e informação permanente à mulher sobre o trabalho de parto e parto, para que esta

reconheça que o papel principal nesse processo é exclusivamente seu (BRASIL, 2001).

Assim, o suporte educativo e emocional ofertado durante o pré-natal tem grande impacto na

condução mais natural do processo parturitivo e da escolha do tipo de parto, tornando a

mulher protagonista do processo.

2.2 BREVE HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA AO PARTO NO BRASIL: DO DOMICÍLIO

AO HOSPITAL

O parto historicamente é um evento feminino, com forte influência cultural e social.

Porém, no decorrer dos tempos, a assistência prestada à mulher no ciclo gravídico-puerperal

passou por profundas modificações advindas da medicalização e institucionalização do parto,

dos avanços tecnológicos e do desenvolvimento da medicina. Assim, o “parto deixou de ser

uma experiência da esfera familiar e íntima, compartilhada entre mulheres, para se tornar uma

prática dominada pela medicina, institucionalizada nos hospitais e regulada por políticas

publicas” (MAIA, 2010 p.14).

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Até o final do século XIX as mulheres passavam pelo processo de parto em seus

próprios domicílios, geralmente sendo amparadas por parteiras leigas e em raros casos por

parteiras diplomadas. Segundo Leister e Riesgo (2013), dar a luz fora de casa era anormal,

apavorante e acontecia apenas em situações extremas. A intervenção médica somente

acontecia quando o caso se complicava e a parteira não dava conta do problema.

Esse quadro começou a sofrer modificações, visto que o século XIX foi marcado pela

consolidação de um novo tipo de existência da prática médica: a medicina como saber

científico, que surge no contexto historicamente determinado da formação da sociedade

capitalista, no interior da qual se constitui o projeto de medicalização dos corpos (VIEIRA,

2002).

Com o advento do capitalismo, já nas primeiras décadas do século XX, ocorreu o

início a transição do parto doméstico para o parto hospitalar, fato que foi acompanhado de

mudanças graduais nos hábitos das mulheres. Foi adotado o costume de frequentar os

consultórios de obstetras e pediatras, o uso de medicamentos e o consumo de produtos da

indústria de higiene e alimentação infantil (LEISTER e RIESGO, 2013).

No sentido de medicalizar o parto e consolidar a presença médica no processo do

parto, foram criados instrumentais próprios para a prática médica, como o fórceps,

pelvímetro, sondas, agulhas, tesouras e grampos (MAIA, 2008). Assim, caracteriza-se a

obstetrícia como uma prática altamente intervencionista, o que auxiliou para a construção da

imagem de competência e superioridade médica, diferenciando da prática realizada pelas

parteiras, que usavam apenas as mãos nas suas manobras e diagnósticos (BONAN, 2005).

Essa prática médica ordenada e sistematizada é então denominada como obstetrícia.

O objetivo principal da obstetrícia era o controle sobre o corpo feminino, “relacionada

ao aprimoramento de uma tecnologia que permitiu a resolução de problemas cruciais para a

sobrevivência das mulheres e crianças, emergindo num momento em que a manutenção da

vitalidade e da saúde era fundamental para a reprodução humana” (VIEIRA, 2002).

A obstetrícia, como área de conhecimento, constitui-se uma especialidade médica; no

entanto como prática social e profissional, inclui outros agentes além dos médicos (RIESGO,

2008).

Enquanto na segunda metade do século XIX foram criados os hospitais para mulheres

e maternidades na Inglaterra, nos Estados Unidos, na França e na Alemanha, no Brasil o ato

de parir ainda era realizado de forma precária, com atraso no que se referia à educação e a

prática. Martins (2004) identifica que esse atraso do ensino oficial da medicina no Brasil

resultou em uma imposição da autoridade médica apenas às mulheres brancas e com dinheiro,

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ficando a maioria da população a utilizar as práticas não regulamentadas até o início do século

XX. Os primeiros discursos relacionados a criação de maternidades estavam diretamente

ligados aos cursos de formação e preparo de parteiras e o ensino médico.

Segundo Barreto (2011 p.296)

No Rio de Janeiro, durante a década de 1870 o poder público ensaiou criar

um órgão municipal - a Maternidade Santa Isabel - que deveria prestar assistência às

mulheres pobres e 'necessitadas', assim como dotar a Faculdade de Medicina do Rio

de Janeiro de ambiente adequado às aulas da clínica de partos. Contudo,

divergências de interesses entre o Poder Executivo central e o Distrito Federal

encerraram o projeto de construção de edifício próprio para a Maternidade Santa

Isabel, e a cidade do Rio de Janeiro teve que esperar até 1904 para ter a sua

maternidade.

Muitas tentativas de criar um local próprio para o parto e nascimento foram realizadas

em todo o país durante muitos anos, o desacordo entre poder público e sociedade, além dos

desencontros de ideais dentro da própria comunidade médica contribuíram para essa

morosidade. Desta forma, somente em 1937 inicia-se a internação sistemática de gestantes nas

maternidades brasileiras (MOTT, 2002).

Dessa forma, a parturição no ambiente hospitalar transformou-o em um evento médico

e medicalizado, solitário e despersonalizado. As mulheres acreditam que precisam ter seus

filhos no hospital, pois este é o local culturalmente trabalhado como o de “maior segurança”,

logo o lugar certo (TEIXEIRA, PEREIRA 2006).

A história da enfermagem obstétrica no Brasil e no mundo percorreu um caminho

árduo e lento, repleto de conquistas e dificuldades para o profissional enfermeiro (SENA et al.

2012) , que, desta forma, foi fundamental na luta pela humanização e desmedicalização da

assistência à saúde da mulher. Existem nomenclaturas diferentes, oriundas de metodologias de

formação igualmente difenciadas entre si que são as parteiras, obstetrizes e enfermeiras

obstetras.

As parteiras foram as pioneiras no ato de partejar, já que o atendimento ao nascimento

e ao puerpério não eram atividades valorizadas pelos médicos da época. Os conhecimentos

das parteiras eram oriundos das suas experiências próprias (NAGAHAMA, SANTIAGO,

2005).

Após o advento do fórceps o parto passa a se tornar uma atividade mais técnica e

reconhecida pela medicina assim, para as parteiras continuarem na realização dos partos, estas

deveriam ser licenciadas pelas escolas médicas através de uma carta de examinação concedida

após terem frequentado o curso de parto. Iniciando assim a educação formal de parteiras,

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junto às escolas médicas do Rio de Janeiro e Bahia, sendo esta profissão controlada pela

medicina até meados do século XX (RIESGO e TSUNECHIRO 2002).

Neste esteio, Riesgo (2008) indica que o contexto histórico em que a educação formal

e a diplomação das parteiras está inserido, também tem relação com o crescimento urbano, os

ideais de desenvolvimento e a modernização que acompanhava o movimento higienista da

época.

Com a criação da primeira Escola Profissional de Enfermeiras do Rio de Janeiro,

começasse a cogitar que o trabalho das parteiras deveria estar associado ao trabalho da

enfermagem, sendo assim, as parteiras deveriam ser enfermeiras. Esta proposta visava

subordinar a profissão de parteiras à enfermagem (RIESGO e TSUNECHIRO 2002).

Neste prisma Riesgo (1998) aponta que em relação ao ensino formal da enfermagem

no país, este surge em 1890 e toma impulso a partir de 1920 com a criação da escola de

enfermagem Anna Nery, no Rio de Janeiro, dando início ao desenvolvimento da enfermagem

profissional materializando os princípios nightingaleanos e o modelo norte-americano de

Enfermagem.

Através da reforma universitária de 1968, e depois de muitos anos de aproximações e

distanciamentos acadêmicos e legais, as duas profissões foram fundidas, com a absorção da

obstetrícia pela enfermagem, emergente enquanto profissão universitária (RIESGO, 1998).

Em 1931 após modificações na grade curricular, a Escola de Parteiras de São Paulo

passa a se chamar Escola de Obstetrícia e Enfermagem Especializada. O curso passou a ter

três anos de duração e ao final do curso as alunas recebiam o titulo de Parteira e Enfermeira

Especializada, sendo estas então consideradas Enfermeiras Obstétricas. Tal título era motivo

de muita discussão entre as escolas de Enfermagem que questionavam o fato do título ser

expedido por escola médica e não de enfermagem (OSAWA, RIESGO e TSUNECHIRO,

2011). Defendia-se que o pré-requisito para receber o título de Parteira e Enfermeira

Especializada deveria ser a conclusão no curso de enfermagem.

“Em 1970 as escolas de enfermagem receberam a incumbência legal e social de

formar enfermeiras obstétricas, em substituição à graduação de obstetrizes sem titulação

prévia de enfermeira” (RIESGO, 2008 p. 13).

Assim, com a implantação do currículo em 1972 e a vigoração deste até 1994, a

graduação de obstetriz foi extinta, e a formação da enfermagem em obstetrícia teve duas

modalidades, sendo a habilitação e a especialização em enfermagem obstétrica, para ingressar

em ambas as modalidades o profissional já deveria ter cursado e graduado a faculdade de

enfermagem. Posteriormente, somente a especialização se manteve como modalidade de

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formação em enfermagem obstétrica, e se mantém como a única via para qualificação na área

até a atualidade (RIESGO, 1998).

A atuação da enfermeira na assistência à mulher no processo de parturição,

atualmente, é considerada como uma possibilidade para a redução da morbimortalidade

materna e perinatal (BARROS, SILVA, 2004).

Desta forma, A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que pelas

características menos intervencionistas dos cuidados, as enfermeiras obstétricas e obstetrizes

são as profissionais mais apropriadas para o acompanhamento das gestações e partos normais

(OMS, 1996).

Esta abordagem vislumbra o ingresso por meio de múltiplas entradas para a

formação de profissionais para assistência ao parto normal. Inclui a atual

especialização para as enfermeiras obstétricas, após a conclusão do curso de

enfermagem, e a formação em nível de graduação para as obstetrizes (BARBOSA,

GUALDA, 2009 p.6).

Porém, segundo Barros e Silva (2004), o número de enfermeiras obstetras atuando no

país ainda é muito baixo e, consequentemente, o número de partos realizados por esse

profissional representa 0,9% do total de partos realizado pelo SUS, embora se estime que o

número real de partos seja bem maior.

Ainda no intuito de modificar o paradigma atual do parto e nascimento no país, o

modelo de atenção à mulher e família no processo reprodutivo tem sido reconhecido por

agentes governamentais como necessário. Desta forma, o Ministério da Saúde cria a estratégia

Rede Cegonha que,

Consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao

planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao

puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao

desenvolvimento saudáveis, denominada Rede Cegonha (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2011).

Em relação ao parto e nascimento, uma das propostas da Rede cegonha é o de

qualificar as equipes de saúde para prestar atendimento humanizado e especializado às

gestantes. Desta forma, o programa visa à capacitação de enfermeiros obstetras para serem

inseridos no Sistema Único de Saúde. Essa capacitação é uma ação do Programa Nacional de

Residência em Enfermagem Obstétrica - Pronaenf que contribui com a rede cegonha

aumentando a oferta de vagas nos cursos de residência em enfermagem obstétrica no país

(M.S, 2012).

Espera-se como resultados da qualificação da atenção ao parto e nascimento o

acolhimento com classificação de risco, equipes horizontais do cuidado, boas práticas de

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atenção ao parto e nascimento e o empoderamento das gestantes sobre o ciclo gravídico-

puerperal. Assim, contribuindo para que a lacuna na atuação da enfermagem no campo da

obstetrícia seja preenchida, e contribuindo igualmente para uma assistência mais qualificada e

humanizada.

Na prática atual, ainda observamos o trabalho de parteiras tradicionais, embora a

maioria dos partos ocorra em ambiente hospitalar, a atuação das parteiras tradicionais ocorre

principalmente nas regiões Norte e Nordeste, sobretudo nas áreas rurais, ribeirinhas, de

floresta, de difícil acesso e em populações tradicionais quilombolas e indígenas (BRASIL,

2010).

.

2.3 O PARTO NORMAL E AS DIFERENTES POSIÇÕES ADOTADAS PELA

PARTURIENTE DURANTE O PERÍODO EXPULSIVO

O parto é considerado o período resolutivo do ciclo gravídico-puerperal, em sua

grande parte sendo um evento esperado, desejado e temido pelas mulheres, pois é a passagem

de um estado para outro, uma situação que precisa ser vivenciada.

O parto normal ou vaginal, em relação à cesárea, reúne uma série de vantagens, que o

torna a melhor via de parto. Além disso, é natural, tem menor custo e propicia à mulher uma

recuperação bem mais rápida (BRASIL, 2012).

Desta forma, o parto normal abarca um conjunto de cuidados e significados, que

atribui valorização à mulher, às suas preferências e às suas escolhas, entre elas a escolha da

posição para o ato de parir.

Para Baracho et al (2009) a assistência ao parto deve ser humanizada, a mulher deve

conduzir o seu processo de parto, sendo respaldada por orientações fundamentadas em

informações válidas e confiáveis acerca dos possíveis benefícios, relativos ao bem estar

materno e fetal, das diferentes posições maternas adotadas durante a fase expulsiva do

trabalho de parto vaginal. Assim, a liberdade da escolha na posição do parto também é um

ganho para as mulheres dentro da proposta de humanização do parto.

A posição correta a ser adotada pela mulher durante o período expulsivo é subjetiva e

varia de mulher para mulher. A posição vai influenciar direta e indiretamente no processo de

parto e nascimento, sendo, portanto, um fator importante para resultados positivos no

desfecho do processo de parto. Desta forma, Odent (2002) cita que o importante é que a

mulher se sinta livre para assumir, de forma espontânea, a posição que mais lhe oferece

conforto e que a faça se sentir melhor.

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Ricci (2013) cita que a posição ideal a ser adotada no segundo estágio de trabalho de

parto seria aquela que favorece a abertura do orifício pélvico inferior o máximo possível,

proporcionando um trajeto regular para o feto ao longo do canal do parto, aproveitando a

gravidade para ajudar o feto a descer e que confere a mãe a sensação de segurança e controle

do trabalho do parto.

Porém, de acordo com a pesquisa bibliográfica, percebem-se diferenças marcantes na

posição materna considerada mais adequada para o período expulsivo (BRUGGEMANN et

al, 2009) conforme o momento histórico e o tipo de assistência obstétrica prestada.

Através de estudos antropológicos e da história evolutiva do parto, pode-se perceber

que a posição materna preferencial na antiguidade e nas culturas primitivas era a posição

vertical (BRUGGEMANN et al, 2009; GUPTA, HOFMEYR, 2012). Com tudo, através da

hospitalização do processo de parir, estudos demonstram que Mauriceau foi considerado o

primeiro médico a estimular mulheres a adotar uma postura em decúbito dorsal. A princípio,

a postura deitada ou reclinada era recomendada somente para o momento do parto, no entanto

seu uso foi firmemente estendido para abarcar o trabalho de parto também. Esta mudança foi

acelerada pelo crescimento dos hospitais e maternidades (DUNN, 2000).

Toda via, apesar do crescente interesse em estudar-se o parto e a posição da mulher

durante o mesmo, apenas recentemente o assunto tornou-se objeto de pesquisa.

A transferência do parto do ambiente doméstico para o contexto hospitalar foi

acompanhada por uma série de transformações no processo de parturição (MAMEDE;

MAMEDE; DOTTO, 2007). Com a medicalização do parto, a posição de litotomia (posição

ginecológica), no período expulsivo, passou a ser considerada mais adequada para a

realização dos procedimentos hospitalares e adotada como clássica para o nascimento

(GAYESKI & BRUGGEMANN, 2009). Neste contexto, essa mudança de paradigma está

relacionada com a evolução natural da mudança do conceito sobre a gravidez — fisiológica

versus patológica.

A parturiente e o feto perdem deste modo o papel de protagonistas neste processo,

assumindo uma posição passiva, enquanto os profissionais passam a tomar o controle sobre o

nascimento, realizando uma série de intervenções e modificando as práticas obstétricas

(MAMEDE; MAMEDE; DOTTO, 2007).

Assim, a posição litotômica passou a ser adotada de maneira indiscriminada, sem base

em conhecimentos científicos, priorizando a prática do profissional e a comodidade médica,

deixando de lado a fisiologia da mulher e a naturalidade do processo de parturição.

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No entanto, desde 1996, através das evidências científicas, a OMS recomenda que a

parturiente não seja colocada em posição de litotomia durante o trabalho de parto e parto, pois

considera prejudicial ou ineficaz (OMS, 1996).

Porém, ainda evidencia-se uma distância entre a prática e as evidências científicas que

é demonstrada nas instituições para parto seja por falta de incentivo por parte dos

profissionais, por falta de conhecimento da parturiente ou ainda, por falta de mobiliário que

permita a utilização das diferentes posições que podem ser adotadas durante o período

expulsivo.

Leal et al (2014) Conclui em seu estudo que durante o parto, a posição de litotomia foi

uma regra, alcançando alarmantes 92% das parturientes de risco habitual, apesar dos

benefícios das posições verticalizadas para a mulher e para o feto serem amplamente

divulgados nas pesquisas.

A escolha da posição para o parto, em especial durante o período expulsivo, confere

inúmeros benefícios para o trabalho de parto e parto.

Segundo Nilsen, Sabatino e Lopes (2011) os partos realizados nas diversas formas de

posições verticais estão relacionados ao tempo reduzido do período expulsivo quando

comparados aos partos em posição horizontal.

Além disso, a posição vertical auxilia no aumento da frequência e da intensidade das

contrações uterinas, permitindo maior efetividade ao trabalho de parto com redução nos níveis

de cansaço da parturiente (NILSEN, SABATINO, LOPES, 2011). A mulher se sente mais

protagonista do processo de parir já que esta percebe que a posição vertical contribui para a

realização da força, descida e expulsão do feto, decorrente da gravidade (GAYESKI,

BRUGGEMANN, 2009).

As posturas verticais também são referidas como aquelas que permitem melhor

manejo da dor, evidenciam menor desconforto e dificuldade dos puxos, diminuição das

lacerações vaginais ou perineais (MOUTA et al, 2008; OMS, 2006; BRASIL, 2001).

Segundo Baracho et al (2009) as posições verticais podem ser um fator de proteção

para que não se realize episiotomia de forma indiscriminada, visto que em relação as

posições verticais, o decúbito dorsal restringe a participação da mulher durante o parto,

diminuindo a eficiência da força materna exercida no período expulsivo.

Desse modo, Segundo Mouta et al (2008 p. 473)

a permanência da mulher na posição horizontal, imposto pelo modelo assistencial

implantado nos hospitais, constitui uma limitação importante da liberdade corporal,

considerada essencial para o bom desenvolvimento do parto.

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Além da limitação da liberdade corporal, as posturas horizontalizadas (litotômica e o

decúbito lateral), favorecem a compressão dos grandes vasos sanguíneos pelo útero,

dificultando a troca gasosa entre gestante e feto, além de diminuírem a efetividade das

contrações uterinas, consequentemente, o trabalho de parto será mais prolongado, as

intervenções obstétricas ocorrem com mais frequência e o controle da dor é menos eficaz

(MAMEDE, 2005; GAYESKI, BRUGGEMANN, 2009; BRASIL, 2001).

Em relação à posição materna no período expulsivos nos partos considerados de alto

risco, o Ministério da Saúde orienta:

Que a assistência ao período expulsivo deve levar em conta a posição da

parturiente, a condição patológica que caracteriza o alto risco e as indicações de

antecipação do parto com o uso profilático de fórcipe (BRASIL, 2001 p115).

As posturas verticais são aquelas em que a parturiente se posiciona com o tronco a

favor da linha da gravidade, sendo as mais populares as posição sentada ou semi-sentada (45˚)

em bancos ou cadeiras de parto; a posição de cócoras; quatro apoios; a vertical assimétrica; de

pé e outras variações, como a de cócoras sustentada e de joelhos.

2.3.1 POSIÇÃO SENTADA E SEMI-SENTADA (45˚)

A posição sentada e semi-sentada são posições favoráveis para a abertura da pelve,

aumentando a força da gravidade e auxilia no esforço para baixo (RICCI, 2013). Em

contraponto, Bio (2007) cita que a posição sentada tem a desvantagem de diminuir o diâmetro

pélvico dependendo da inclinação do tronco, podendo ocasionar aumento no edema no

períneo.

A posição sentada e a semi-sentada pode ser adotada no próprio leito, com o auxílio de

travesseiros ou utilizando camas próprias para PPP (pré-parto, parto e pós-parto); outra forma

de se obter a posição sentada é através do uso de banquetas próprias para o parto.

Figura 1- Posição sentada

Fonte: http://www.gvinculo.com.br/2012/01/posicoes-de-parto.html

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2.3.2 POSIÇÃO DE CÓCORAS E CÓCORAS MODIFICADA

Parir na posição de cócoras é uma prática indígena milenar. A posição de cócoras para

parir, passa a ser adotada na atualidade a partir dos trabalhos publicados pelo Dr. Paciornik

(ALMEIDA et al, 2012). O parto de cócoras é identificado como um parto mais natural por

ser vertical e, portanto, fisiológico. Com isso, a posição de cócoras dá à mulher a sensação de

controle do processo de parto (RICCI, 2013).

De cócoras, a mulher se posiciona agachada, apoiada sobre os pés, podendo ser

sustentada pelo acompanhante ou alguém da equipe, estar sentada em banquinho meia lua,

escada de dois degraus ou banco de até 45 cm de altura (GOMES, 2010).

Uma das vantagens do parto de cócoras é o menor esforço no período expulsivo, além

de facilitar a rotação e a descida fetal, ampliar os diâmetros da pelve em 25% e melhorar a

oxigenação fetal (SABATINO 2010; BALASKAS, 1993).

Sabatino (2010) evidencia em seu estudo que os índices positivos de apgar são

significativamente maiores no parto de cócoras quando comparados a posição horizontal.

Esta posição pode apresentar como desvantagem o desconforto pelo aumento da

pressão perineal (BIO, 2007).

Figura 2- Posição de cócoras sustentada

Fonte: http://www.gvinculo.com.br/2012/01/posicoes-de-parto.html

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2.3.3 POSIÇÃO DE QUATRO APOIOS

A assistência ao parto na postura de quatro apoios é uma prática popular entre as

enfermeiras obstétricas inglesas (SILVA et al, 2007). Na posição de quatro apoios a mulher

encontra-se com os quatro membros apoiados em uma superfície firme e segura, com joelhos

e cotovelos ou mãos (posição para engatinhar). Essa posição pode ser assumida sobre a cama

de pré-parto, parto e pós-parto ( cama PPP) e pode contar com a utilização de almofadas,

travesseiros ou suave encosto para apoiar a parte superior do corpo e deixar a pelve livre sem

apoio (GOMES, 2010).

Segundo Balaskas (1991), a posição de quatro apoios oferece benefícios quando o

feto estiver numa posição posterior e também na presença de edema de colo.

Também é possível reduzir a pressão que a cabeça fetal faz no colo do útero e na face

interna das estruturas da bacia, pois esta posição amplia os diâmetros da pelve, o que facilita a

rotação interna do feto e diminui a pressão nas vísceras maternas (GOMES, 2010).

A desvantagem oferecida pela posição de quatro apoios é a difícil aceitação por

médicos e parturientes por questões culturais (BIO, 2007).

Figura 3 – Posição em quatro apoios

Fonte: http://www.gvinculo.com.br/2012/01/posicoes-de-parto.html

2.3.4 POSIÇÃO DE JOELHOS

Uma variante da posição de cócoras é a posição ajoelhada. Ela oferece os mesmos

benefícios que as posições de cócoras e de cócoras sustentada. Tem como vantagens o fato de

auxiliar na movimentação da pelve de maneira espontânea e favorecer a rotação tanto interna

quanto externa do feto no mecanismo do parto (BALASKAS, 1993).

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Nessa posição, é necessário tomar a precaução de colocar algo acolchoado embaixo

dos joelhos da parturiente para que não fiquem muito doloridos, pois o período expulsivo

pode se prolongar. Tem como desvantagem a ocorrência de dormências nos membros

inferiores da parturiente, ocasionando na dificuldade de locomoção momentânea após o parto.

Figura 4- Posição de Joelhos

Fonte: http://www.gvinculo.com.br/2012/01/posicoes-de-parto.html

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3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Este estudo faz parte de recorte de uma pesquisa já existente intitulada “Pré-natal:

Uma Questão de Valor ou um Valor em Questão”.

Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo exploratória e descritiva,

realizada a partir de pesquisa de campo.

A pesquisa qualitativa oferece a possibilidade de o pesquisador captar a maneira pela

qual os indivíduos pensam e reagem em face das questões focalizadas, bem como permite

conhecer a dinâmica e a estrutura da situação em estudo, do ponto de vista de quem a vivência

(MERIGUI, PRAÇA, 2003).

Segundo Minayo (2010a, p.10) a pesquisa qualitativa aproxima questões da vida

prática pelo caminho metodológico conforme afirmação a seguir:

A pesquisa é a atividade básica da ciência na sua indagação e construção da

realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à

realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula

pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema, se não

tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. As questões da

investigação estão, portanto, relacionadas a interesses e circunstâncias socialmente

condicionadas. São frutos de determinada inserção no real, nele encontrado suas

razões e seus objetivos.

Para Minayo (2010), a pesquisa qualitativa não se preocupa em quantificar e sim, em

compreender e explicar a dinâmica das relações sociais. A metodologia qualitativa trabalha

com a convivência, com a experiência, com a cotidianidade e também com a compreensão das

estruturas e das instituições, como resultado da ação humana objetivada, tornando inseparável

a linguagem e as práticas.

Em relação à pesquisa exploratória, esta é colocada por (FIGUEIREDO,

SOUZA,2011) como uma pesquisa utilizada para familiarização com o tema, aprofundando a

ideia em questão e explicitando o tema. Portanto, a pesquisa exploratória por criar maior

familiaridade com o tema pesquisado, proporciona a oportunidade de modificar ideias e

conceitos postulados anteriormente, com vistas na atualização e aprofundamento de

conhecimentos.

Sobre a abordagem descritiva, Gil (2008) a classifica como a descrição das

características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de

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relações variáveis, sendo uma das suas características mais significativas à utilização de

técnicas padronizadas de coleta de dados.

A partir desta definição, subentende-se que o trabalho desenvolvido se trata de uma

pesquisa qualitativa descritiva, visto que engloba uma pesquisa de campo realizada no próprio

local onde se originam os dados, ou seja, a Policlínica Comunitária Carlos Antônio Da Silva.

3.2 O CENÁRIO DO ESTUDO

O presente estudo teve como cenário a Policlínica Carlos Antônio da Silva, situada na

cidade de Niterói, Região Metropolitana II, Rio de Janeiro. Esta unidade de saúde foi eleita

como cenário da pesquisa por atender a região central da cidade de Niterói.

Na Policlínica Carlos Antônio da Silva (PCAS), as consultas de pré-natal são

realizadas as terças e sextas-feiras durante o período da manhã por dois obstetras. As

gestantes já chegam com a consulta marcada, seus sinais vitais são aferidos por uma técnica

de enfermagem e posteriormente elas aguardam pela consulta na sala de espera.

Por tanto, decidimos abordar as participantes da pesquisa na sala de espera. Ao serem

abordadas, estas mulheres foram informadas sobre a temática da pesquisa e orientadas acerca

do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA

Os participantes da pesquisa foram dez gestantes inscritas no pré-natal da Policlínica

Carlos Antônio da Silva. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: ter realizado no

mínimo quatro consultas de pré-natal e ter idade mínima de 18 anos e como critério de

exclusão, ser classificada em algum momento durante o pré-natal como gestante de alto risco.

Neste estudo as participantes foram identificadas por nomes de personalidades

históricas.

3.4 TECNICA DE COLETA DE DADOS

A entrevista foi realizada com auxilio de um instrumento semiestruturado, com

perguntas abertas e fechadas que serviu de fio condutor das entrevistas.

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Para um registro integral e preciso das falas das participantes, as entrevistas foram

gravadas com auxílio de um aparelho mp4, com autorização prévia das participantes da

pesquisa. Destacamos que o anonimato das participantes foi mantido durante toda a pesquisa.

Segundo Bonni e Quaresma (2005) este instrumento de pesquisa é composto de três

partes: a primeira parte dotada de identificação das gestantes pelas iniciais do seu nome, data

da abordagem e duração da entrevista; na segunda parte, foram abordados os dados pessoais

das participantes; a terceira e última parte consta de um roteiro de questões norteadoras com

abordagem na temática proposta.

A aplicação da entrevista como instrumento de coleta de dados para a pesquisa

permite maior imparcialidade do pesquisador, possibilita agrupar um maior número de

pessoas entrevistadas e favorece que estes se expressem com menos constrangimento ou

timidez (Gil, 2008).

3.5 ANÁLISE DE DADOS

Foi escolhida a técnica da análise de conteúdo proposta por Bardin (2010) para análise

das entrevistas semiestruturadas. Esta técnica de análise é definida como um conjunto de

técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição do conteúdo das mensagens em três fases: Pré-análise; Exploração do material;

Tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

Oliveira (2008) cita a análise de conteúdo como um recurso metodológico que pode

servir a muitas disciplinas e objetivos, uma vez que tudo o que pode ser transformado em

texto é passível de ser analisado com a aplicação desta técnica ou método.

A técnica de Análise de Conteúdo é composta por de três etapas: a fase de pré-análise

constitui a organização propriamente dita, na qual se realizará a leitura e a elaboração das

categorias de análise que fundamentarão a interpretação.

Na segunda fase, a de Exploração do material os dados brutos são transformados

sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exata das

características pertinentes ao conteúdo expresso no texto.

A terceira etapa é descrita por Oliveira (2008 p.569) como “etapa em que se busca

colocar em relevo as informações fornecidas pela análise, através de quantificação simples

(frequência) ou mais complexa como a análise fatorial, permitindo apresentar os dados em

diagramas, figuras, modelos etc”.

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Durante a interpretação dos dados, é preciso voltar atentamente aos marcos teóricos

pertinentes à investigação, pois eles dão o embasamento e as perspectivas significativas para o

estudo (CAMARA, 2013). A relação entre os dados obtidos e a fundamentação teórica é que

dará sentido à interpretação.

A análise dos dados foi realizada a partir do conteúdo exposto pelas gestantes

entrevistadas e fundamentada na literatura atualizada sobre a posição da parturiente no

segundo estágio de trabalho de parto.

Para dinamizar a análise de dados, os áudios de gravações das entrevistas foram

transcritos e armazenados num banco de dados.

3.6 QUESTÕES ÉTICAS

Este estudo segue o preconizado pela resolução n.466 do Conselho Nacional de Saúde,

de 12 de dezembro de 2012 que trata das pesquisas com seres humanos. Esta pesquisa faz

parte do projeto já existente, que tem por “Pré-natal: Uma Questão de Valor ou um Valor em

Questão”, que foi encaminhada para análise dos seus preceitos éticos e legais ao Comitê de

Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), vinculado a Universidade

Federal Fluminense (UFF), sendo aprovada sob o CAEE: 06604012.0.0000.5243.

Cada participante recebeu uma cópia do termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE). O termo de consentimento livre e esclarecido foi elaborado conforme as normas da

resolução 466/12 que trata dos aspectos éticos em pesquisas envolvendo seres humanos e uma

segunda cópia foi arquivada juntamente com demais documentos oriundos da pesquisa.

Conforme os preceitos éticos de pesquisas envolvendo seres humanos, todos os participantes

do estudo tiveram suas identidades preservadas, sua participação ocorreu de forma voluntária,

com esclarecimentos sobre o objetivo da pesquisa, nenhuma gestante desistiu de participar da

pesquisa.

Sobre os riscos existentes nesta pesquisa, pretende-se não causar nenhum dano às

participantes, porém, entendemos que em algum momento da pesquisa as gestantes poderão

se sentir incomodadas com as perguntas e neste caso, será respeitado o direito de desistência,

como também serão respeitadas às opiniões expostas pelas mesmas. Reconhecemos que a

pesquisa pode gerar insegurança e instabilidade emocional da gestante bem como o

desconforto na relação médico paciente, para tanto, explicaremos o objetivo da pesquisa ao

profissional médico do pré-natal e nos colocaremos a disposição para sanar qualquer dúvida

ou inquietação que possam surgir após a entrevista.

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Quanto aos benefícios, esta pesquisa visa contribuir para o aprofundamento da

temática proposta e para a prática da assistência ao parto humanizado, colaborando para o

ativo protagonismo da parturiente e respeito aos seus direitos durante o trabalho de parto.

Propõe uma abordagem mais específica da temática na grade teórica no ensino dos cursos de

graduação e pós-graduação e por fim, espera-se que com esta pesquisa torne-se possível

imprimir avanços e modificar condutas na assistência pré-natal, oferecendo a gestante à

liberdade de escolha da posição de parir que mais lhe convém.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CONHECENDO OS PARTICIPANTES DA PESQUISA

A faixa etária das dez gestantes entrevistadas ficou entre 19 e 40 anos. Quanto ao

estado civil quatro se declaram casadas, uma relatou ser solteira e cinco vivem em união

estável o companheiro. Quanto à cor declarada, quatro se autodeclararam negras, cinco pardas

e uma se autodeclara branca. Em relação à escolaridade uma possui nível superior completo,

três relatam ter o ensino médio completo, seis possui o nível fundamental completo. No que

se refere à ocupação, duas eram do lar, seis são assalariadas, duas estudantes. Em relação à

religião, seis se declararam evangélicas, duas católicas, uma não segue nenhuma religião.

Todas são residentes do município de Niterói, sendo que apenas duas são naturais de

outro estado, uma é natural do Mato Grosso do Sul e vive em Niterói há dez anos e outra é

natural do Espirito Santo, sendo residente de Niterói há seis anos.

4.2 O SABER DAS GESTANTES ACERCA DO POSICIONAMENTO MATERNO

NO PERÍODO EXPULSIVO DO TRABALHO DE PARTO

Essa categoria leva em consideração o saber das gestantes sobre as posições que

podem ser adotadas durante o período expulsivo do parto normal e de que maneira elas

tomaram conhecimento das posições.

A escolha pela posição no parto é tema de pesquisas nacionais e internacionais e vêm

se tornando uma realidade nas instituições que prezam por uma assistência humanizada.

Embora não existam dados estatísticos relacionados à posição adotada pela parturiente

durante o período expulsivo, o conhecimento reduzido das gestantes acerca dos seus direitos

no processo de gestar/parir, o desconhecimento sobre a possibilidade de se adotar os planos de

parto, a aceitação reduzida pelos profissionais em relação aos planos de partos e a

configuração de muitas salas de parto não permitirem a adoção das variadas posições no

período expulsivo no país, são indicativos claros que subentende a prevalência da posição

horizontal durante o período expulsivo do parto (NILSEN, SABATINO, LOPES 2011).

No que se refere à percepção de mulheres e profissionais a respeito da autonomia da

mulher na escolha da posição no período expulsivo, os estudos ainda são incipientes, porém

as evidências demonstram que: as mulheres tem pouco acesso às informações relacionadas ao

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parto durante o pré-natal e os profissionais ainda mantém uma prática intervencionista que,

diminui as chances da mulher experimentar um parto fisiológico e fortalecedor de sua

autonomia (GUPTA, HOFMEYR, 2012).

Mouta et al (2008, p.474) salientam que

Em relação ao ambiente do parto, entende-se que o hospital, de um modo

geral, é um local onde a mulher é privada de sua vontade, até mesmo de escolher

qual a posição mais confortável para seu parto. É onde o modelo tecnocrata de

assistência é hegemônico, e que a autoridade máxima dos saberes é reconhecida pela

mulher como sendo da equipe de saúde ou do médico (MOUTA et al, 2008).

As falas das entrevistadas pouco diferenciam dos resultados obtidos em pesquisas

anteriores, sugerindo uma lacuna entre as pesquisas e a prática.

De perna aberta? Só essa que eu sei...meio que sentada de perna aberta (Maria

Bonita)

Só deitada numa maca, com a perna tipo aberta, uma pro lado e outra pro outro

(Eva Peron)

Já vi minha cunhada tendo neném de perna aberta...deitada de perna aberta, só

conheço essa aí mesmo (Anita Garibaldi)

Tem de cócoras que vc pode agachar (Anna Nery)

Cócoras, ahh eu conheço muitas pois eu fico pesquisando. Eu sei essa de cócoras,

outra que a mulher fica de joelho no chão e a tradicional mesmo que a mulher fica

deitada (Clementina de Jesus)

Eu conheço a de cócoras né?! que geralmente a mulher faz... e só deitada mesmo,

fazendo a força. Que eu conheço são só essas mesmo (Catarina, A grande)

Silveira e Carvalho (2003) constatam que as posições que podem ser adotadas pela

mulher para o parto são geralmente, pouco conhecidas pelas parturientes. As posições

relatadas pelas 86 mulheres que participaram da pesquisa dos autores supracitados foram as

posições sentada, deitada e de cócoras, corroborando com as falas acima. Logo, quanto menor

o conhecimento destas mulheres sobre as variadas posições para o período expulsivo, menores

são as chances de estas mulheres escolherem outras posições além daquelas conhecidas por

elas.

Quando perguntado sobre como elas tomaram conhecimento destas posições as

respostas foram as seguintes:

Através da internet, nesse grupo de doulas que eu participo na internet que eu te

falei...eu vejo sempre partos, ontem mesmo eu vi um na banheira de quatro, o

neném nascendo na água, super bonito...teve outro também com a mulher de

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cócoras e o marido segurando ela, um outro com a mulher encostada naquelas

bolas assim...mas tudo pela interne (Catarina, A grande).

Na internet, na televisão, algumas pesquisas... No pré-natal nunca me falaram sobre

isso (Anita Garibaldi)

Então, eu fiquei sabendo aqui na palestra de parto normal que os enfermeiros da uff

falaram e em casa na internet, fiquei curiosa e fui pesquisar (Clementina de Jesus)

Mamede, Almeida e Clapis (2004) em sua pesquisa de revisão observaram que as

parturientes adotam, de certa forma, a posição de decúbito horizontal devido à influência

cultural exercida sobre elas. Sendo este aspecto justificado pela falta de orientação e de

estímulos durante o acompanhamento pré-natal a adotarem a posição verticalizada e não

serem informadas quanto aos benefícios que as posições verticalizadas podem oferecer.

Desta forma, podemos inferir que as mulheres aceitam a posição convencional, pré-

determinada e imposta pelos profissionais no momento do parto pelo desconhecimento, visto

que o acesso à internet ainda é algo que não atinge todas as camadas sociais e quando as

informações não são oferecidas durante o pré-natal torna-se fator inibidor para a mulher

quanto à escolha da posição.

Lopes et al (2009) cita que a satisfação das mulheres em relação ao parto e nascimento

de seu filho está intimamente ligada a diversos fatores. Entre eles estão: cultura, expectativas,

experiências, conhecimentos sobre esse processo e, principalmente, a atenção e os cuidados

recebidos no período do parto. As mulheres que ainda não passaram pela experiência de parir

ou aquelas que tiveram experiências negativas, contam com relatos de experiências de

terceiros ou carregam na memória fatos do imaginário popular que são refletidos pela mídia

no geral geralmente como algo assustador.

Ainda dentro desta categoria, questionou-se sobre os possíveis benefícios para a

mulher e para o bebê que as posições alternativas para o parto podem oferecer, nesta

perspectiva foram apresentadas as seguintes respostas:

Pelo que li a contração depende da mulher, qual posição que ela se sentir melhor

(Clementina de Jesus).

Não, além do conforto não... Geralmente umas falam que na banheira é mais

confortável, a mulher se sente mais relaxada (Maria Quitéria).

Eu acredito que sim sabe por quê? Devido o fato de antigamente as pessoas não ter

cesárea... a minha mãe nasceu de cócoras...minha vó estava tentando de cócoras, aí

a parteira falou pro meu vô...ou a mãe ou o bebê e aí ela levantou e na força que ela

foi levantar minha mãe nasceu...então não prejudicou nada (Catarina, A grande).

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“Ao considerar o cuidado e o conforto durante o trabalho de parto, não se deve

simplificar e considerar apenas o alívio da dor” (CARRARO et al, p.98, 2006). Este conforto

é transmitido através do olhar, da escuta sensível, da compreensão da singularidade do

momento do parto e da empatia do profissional com a parturiente, o profissional deve

demonstrar interesse e atenção, estimulando uma parceria com a parturiente, promovendo

assim o vínculo com a mulher.

Para Silva et al (2007) e Sabatino (2010),a gravidade exercida pelas posições verticais

no parto auxiliam tanto no processo de expulsão fetal através de pressão intrauterina extra

exercida naturalmente pela gravidade quanto com o aumento dos diâmetros pélvicos

maternos.

As contrações uterinas também são beneficiadas pelas posições verticais, são

contrações mais eficientes, visto que nesta posição a circulação sanguínea é respeitada

permitindo contrações menos frequentes porem, com maior intensidade (SABATINO,2010).

Miquelutti et al (2009) concluem em sua pesquisa de abordagem analítica que a

posição vertical auxiliou no alívio da dor , melhorou o conforto e satisfação das parturientes.

No que tange a morbimortalidade materna e neonatal, Sabatino (2010 p.147) demostra

que

A incidência de Apgar baixo ou recém-nascido deprimidos, nos casos de

partos normais com a mulher em posição horizontal, foi significativamente maior

quando comparada aos casos com a mulher em posição de cócoras (SABATINO,

2010).

Em relação à saúde materna, a perda sanguínea da mulher pode se tornar significante

quando esta permanece após o parto em posição de cócoras, quando imediatamente após o

parto ela é convidada a se deitar, a perda sanguínea se torna menor que na posição

ginecológica (SABATINO,2010).

Assim, “Estes resultados de menor perda sanguínea materna e de melhor vitalidade do

recém-nascido são resultado da influência positiva das variáveis independentes quando a

mulher adota a posição de cócoras” (SABATINO, 2010, p 147).

Desta forma, a adoção de posições verticais durante o período expulsivo permite o nascimento

com menor índice de complicações maternas e fetais, resultando em recém-nascidos mais

saudáveis.

4.3 LIBERDADE DE ESCOLHA: O significado que as gestantes atribuem às possibilidades

de se optar por uma posição alternativa de parto

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Visando a melhoria da assistência ao parto e nascimento, o movimento pela

humanização começa a surgir em vários serviços, buscando uma atenção menos

intervencionista, baseada em uma participação ativa da mulher sob cuidado, e prestando

maior atenção aos aspectos sociais e emocionais do processo do parto.

A partir da década de 90, talvez pela necessidade de humanizar o nascimento,

começaram a surgir trabalhos com enfoque na percepção da mulher quanto às diferentes

posições (MOUTA ET AL, 2008).

Porém, para entender o processo de parir compreendido por cada mulher, é preciso

considerar os contextos sociais, culturais e a individualidade física e psicológica de cada

gestante, os quais possui influência na maneira como ela interpreta as diferentes sensações

físicas do trabalho de parto (MAMEDE,MAMEDE,DOTTO,2008). Neste esteio, entender

como esta mulher (re)conhece seu próprio corpo e o que ela traz em sua memória sobre o

parto, são necessários para compreender suas representações de parto e de corpo feminino.

Estas representações estão arraigadas num contexto em que estão incluídos os valores, as

crenças, as práticas, os cuidados e o seu próprio significado de ser mulher/mãe.

A sexualidade feminina foi regulada conforme as normas e procedimentos do modelo

hegemônico, e desta forma, sendo excluída das discussões pelos profissionais de saúde que

focam sua assistência ainda pautada no modelo biomédico (SOUZA, ROECKER, MARCON,

2011).

Assim, a adoção da parturiente por variadas posições durante o trabalho de parto e

parto é um cuidado que possui o corpo da mulher como principal instrumento do cuidar, não é

um cuidado prescrito ou imposto, e desta forma respeitando o direito de escolha da mulher,

aprofundando a relação dela com os outros envolvidos no momento do parto e os

conhecimentos da mulher sobre si mesma (SEIBERT,2010).

Nesta categoria será abordado o significado que as gestantes atribuem às

possibilidades de se optar por uma posição alternativa de parto, para tanto foi questionado se

elas acreditavam que poderiam escolher a posição de parir, onde as respostas são apresentadas

a seguir:

Eu posso até pedir, o problema é eles realizarem esse pedido (Maria Bonita).

Acredito que sim, mas dependendo do hospital não, não é conforme nós queremos,

porque hoje em dia se tu chega lá dentro e o doutor falar, olha vamos te cortar

agora, tem doutor que te dá esse livre arbítrio de você questionar mas outros não

(Catarina, A grande).

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Eu acho que na saúde publica não...tudo no modo tradicional e acabou (Clementina

de Jesus).

Acho que não, só tem que ficar assim mesmo...deitada (Eva Perón).

De acordo com os relatos, podemos inferir que os profissionais que atendem ao parto

necessitam de treinamento para assistir à parturiente, em diversas posições.

Todos os profissionais habilitados para assistir ao parto devem estar capacitados para

realizar esta assistência, de acordo com as diferentes posições escolhidas pela mulher durante

o período expulsivo.

Bruggemannet et al (2009) relata que existe uma dificuldade de sensibilizar

profissionais e gestores a adotar medidas que permitam à pratica da adoção de diversas

posições de parir na assistência hospitalar.

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 1996) considera que, pelas características

menos intervencionistas de seus cuidados, que os enfermeiros obstetras/obstetrizes são os

profissionais mais apropriados para o acompanhamento das gestações e partos normais.

Desta forma, a OMS têm proposto mudanças na assistência obstétrica atual, incluindo

o resgate do parto natural, com estímulo da atuação da enfermeira obstetra na assistência à

gestação e parto.

No estudo descritivo de Bruggemannet et al (2009) realizado na maternidade do

HU/UFCS, os autores descrevem a rotina de enfermagem implantada desde 1996 que consiste

na visita da parturiente e do acompanhante para conhecer as salas de parto e receber

orientações sobre as posições verticais e horizontal com inclinação, após as orientações suas

opções de escolha são registradas no prontuário, sendo respeitada a escolha da parturiente no

momento do período expulsivo. Tal prática auxilia no resgate do protagonismo da mulher no

parto e deveria ocorrer de forma interdisciplinar.

Mesmo com a influência do ambiente hospitalar medicalizado, Mouta et al (2008)

relatam em seu estudo que a enfermeira opta por uma atitude menos intervencionista que

protege a integridade da mulher.

A adoção das variadas posições no período expulsivo vem sendo estimulada nas

instituições públicas que atendem ao parto e oferecem assistência humanizada à parturiente.

Esse estímulo está relacionado à adesão dos municípios à estratégia Rede Cegonha do

Ministério da Saúde.

O modelo humanista privilegia o bem-estar da parturiente e de seu bebê, buscando ser

o menos invasivo possível, considerando tanto os processos fisiológicos, quanto os

psicológicos e o contexto sociocultural da gestação e parto.

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Em estudo realizado na Casa de Parto Davi Capistrano Filho/ RJ, a posição materna no

parto foi variada, com maior frequência da posição lateral (180; 39,3%), vertical (158; 34,5%)

e em cócoras (48; 10,5%). A posição horizontal foi adotada por apenas 4,1% (19) parturientes

(PEREIRA et al, 2013).

De acordo com estudos recentes que apontam a alta taxa de cirurgias cesarianas nos

serviços privados (LEAL et al, 2014), supõe-se que este número elevado de cirurgias

contrapõe ao desejo materno de escolher a posição de parir.

Desta forma, pode-se conjecturar que ao contrário das falas das entrevistadas, o direito

da mulher escolher as posições a serem adotadas durante o trabalho de parto e do período

expulsivo tem mais chances de ser respeitado do que nas instituições privadas.

Porém, cabe destacar que o preparo da gestante para assumir a posição de cócoras nem

sempre é desenvolvido nas atividades educativas do pré-natal (GAYESKI, BRUGGEMANN,

2009). Desta forma, falta uma abordagem mais efetiva sobre a fisiologia do parto ainda

durante as consultas de pré-natal.

Quando indagado as gestantes o significado atribuído por elas sobre a possibilidade de

escolha da posição de parir, as respostas foram:

Eu acho que seria um jeito de eu me sentir bem, sem prejudicar a criança..seria um

benefícios aos dois(Maria Quitéria).

Ter segurança na hora do parto (Anna Nery).

É muito importante, vai de acordo com o que eu to sentindo....então vai ser a

posição que mais vai ser favorável a mim e não ao profissional que vai ta fazendo o

meu parto (Clementina de Jesus).

Poder escolher é ter autonomia de escolher o que você quer, se for melhor e mais

confortável pra mim e para a criança (Leila Diniz).

....então eu me sentiria poderosa se eu pudesse escolher esses tipos de posição

(Catarina, A grande)

Ao respeitar a fisiologia do parto, estamos respeitando o protagonismo da mulher, sua

cidadania, seus direitos e sua autonomia de escolha.

A autonomia é percebida como processo que envolve a definição e expressão de

preferências e escolhas em contextos livres de constrangimentos, coerções ou pressões, e que

para a operacionalização desse conceito, exige-se o estabelecimento de condições que estão

ligadas a fatores socioculturais (BIROLI, 2012).

Respeitar a autonomia da mulher significa respeitar suas competências humanas em

“dar-se suas próprias leis”, pois, autonomia quer dizer “agir de maneira soberana em relação a

si mesmo” (PEREIRA, BENTO,2011).

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Desta forma, a autonomia citada pelas depoentes, está relacionada com os seus

desejos, preferências e poder de escolha. Prepara-las durante o pré-natal para assumirem o seu

protagonismo, favorecer o acesso às informações, promover a sua participação ativa durante o

processo parturitivo é dever daqueles que as assistem durante todo o processo de gestar-parir.

Os profissionais devem estimulá-la a experimentar várias posições até que as mesmas

encontrem uma posição que as deixem mais confortáveis (OMS, 1996).

Empoderar é um processo educativo que tem como objetivo ajudar as mulheres a

desenvolver os conhecimentos, atitudes, habilidades e autoconhecimento necessário para que

possam assumir efetivamente a responsabilidade com as decisões a serem tomadas no tocante

à sua saúde (TADDEO et al, 2012).

Assim, corroborando com as falas das entrevistadas podemos inferir que a gestante de

risco habitual que recebe uma assistência pré-natal com foco na fisiologia da gestação e do

parto, tem grandes chances de vivenciar um parto seguro, confortável e repleto de memórias

positivas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando todas as nuances apontadas nos discursos das gestantes, pode-se inferir

que havia desinformação destas mulheres com relação ao parto, em especial as diferentes

posições que podem ser adotadas durante o período expulsivo, pois foi possível perceber que

poucas conheciam outras posições além da posição litotômica.

A falta de informações sobre o parto normal gera medo e insegurança e leva a

sociedade definir a cesárea como um procedimento de baixo risco.

O momento em que a mulher vive o seu processo de parto não é o ideal para o preparo

e para o excesso de informações; porém, o enfermeiro, com seu saber e sensibilidade, pode

identificar a melhor maneira em preparar a mulher para o parto, seja durante as consultas de

pré-natal ou em atividades educativas vinculadas ao programa de pré-natal , considerando

assim, a importância deste profissional na assistência à mulher no ciclo gravídico-puerperal.

Assim, um dos maiores desafios da obstetrícia atual é assegurar a qualidade da

assistência humanizada à mulher no ciclo gravídico-puerperal, através da construção de

vínculos, estimulando a autonomia da mulher sobre seu próprio corpo e reconhecendo esta

mulher como ser ativo no seu processo de gestar e parir.

Evidencia-se a necessidade de uma abordagem mais ampla, que contempla questões

relativas à posição no parto nos currículos de graduação dos cursos de medicina e

enfermagem, bem como, uma reformulação na assistência pré-natal de forma que o programa

possa capacitar as gestantes para a escolha informada das posições que podem ser adotadas no

período expulsivo do parto.

Acreditamos que os resultados deste trabalho poderão nortear as práticas de assistência

pré-natal e na assistência ao parto, contribuindo para o resgate da autonomia da mulher.

Cabe salientar que o número reduzido de participantes é um fator limitador deste

estudo, porém, os resultados encontrados podem servir como subsídios na fomentação de

práticas assistenciais humanizadas no pré-natal.

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FIOCRUZ, p. 84, 2002.

WOLFF, Leila Regina; WALDOW, Vera Regina. Violência consentida: mulheres em

trabalho de parto e parto. Saude soc., São Paulo , v. 17, n. 3, Sept. 2008.

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902008000300014.

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APÊNDICES

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7 APÊNDICE

7.1 APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Roteiro de Entrevista |___|___|___|

I. Identificação do Roteiro de Entrevista

1. Local da entrevista (XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX)

|___|___|___|___|

2. Data da entrevista |___|___|/|___|___|/|___|___| 3. Entrevistador_____________________ |___|___|

4. Revisado por___________________________ |___|___| 5. Data |___|___|/|___|___|/|___|___|

6. Data da digitação|___|___|/|___|___|/|___|___| 7. Digitador _________________________|___|___|

II. Identificação do participante

Iniciais do nome: ________________________________

Idade:__________

Naturalidade:_______________________

8. Estado civil:

9. Escolaridade: 10. Profissão:

11. Cor: 12. Religião:

13. Renda Familiar:

III. Dados obstétricos anteriores

14. Número de filhos vivos:

15. Número de abortos: 16. Já teve parto normal? Sim ( ) Não ( )

17. Já passou por alguma cesárea? Sim ( )

Não ( )

18. Realizou pré-natal na(s) outra(s) gestação(ões)? Sim ( )

Não ( )

19. Se você respondeu que já teve algum parto normal, pode citar em qual posição você estava no na hora em

que o bebê nasceu?

_______________________________________________________________________________

20. Essa(s) posição(ões) foram escolhidas por quem?

_____________________________________________________________________________________

______

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IV. Dados obstétricos atuais

21. Quantas consultas já realizou de pré-natal?

22. Você está com quantas semanas de gravidez?

23 Com qual profissional você realiza o pré-natal?

24.Você conhece alguma posição de parto normal? Sim ( ) Não ( ) se sim, fale-me um pouco

sobre ela (s).

25. Como você tomou conhecimento desta (s) posição (ões)?

26. Você acredita que esta(s) posição (ões) possuem algum benefício para você e o seu filho

durante o parto? Como você imagina que isto possa acontecer?

27. Você acredita que a escolha por alguma desta (s) posição (ões) pode (m) ser feita por você?

28. Você escolheria adotar alguma posição alternativa no parto? Conte-me por que.

29. O que significa poder escolher a posição de parir para você?

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7.3 APÊNDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidada para participar da Pesquisa “Os saberes das gestantes

acerca das diferentes posições de parir”, sob a responsabilidade da pesquisadora Diva Cristina

Morett Romano Leão. Tal pesquisa pretende conhecer a sua percepção enquanto gestante,

sobre a experiência do parto normal, buscando-se também, saber qual o tipo de informação

que você dispõe sobre as diferentes posições maternas durante o parto.

Sua participação é voluntária e se dará por meio de uma entrevista. A Senhora poderá

se recusar a participar, não responder uma pergunta qualquer ou interromper a entrevista a

qualquer momento, com liberdade para isso e sem qualquer prejuízo para o cuidado prestado.

Não será revelado e divulgado seu nome e demais dados pessoais e não ficarão

identificadas as informações e declarações prestadas verbalmente e/ou por escrito antes,

durante e depois da realização da pesquisa.

Não haverá despesas pessoais nem compensações financeiras relacionadas à

sua participação.

Gostaríamos de pedir o seu consentimento para realizar essa entrevista, quando serão

feitas perguntas sobre você e sobre parto normal. Suas respostas serão anotadas e gravadas em

aparelho MP3 pelo pesquisador, sendo apagadas logo após a transcrição.

Se depois de consentir em sua participação a Sra desistir de continuar participando,

tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja

antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua

pessoa.

Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, estando disponível para

qualquer pessoa acessar na biblioteca da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso

Costa/UFF. Para qualquer outra informação, a Sra poderá entrar em contato com o

pesquisador no endereço Rua Dr Celestino n.74. Centro, Niterói-RJ, ou poderá entrar em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/UFF, na Rua Marquês do Paraná 303, 4°

andar, prédio anexo ao HUAP.

Em caso de dúvidas ou esclarecimentos entre em contato com os responsáveis pela

pesquisa no seguinte endereço: Universidade Federal Fluminense, Centro de Ciências

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Médicas, Escola de Enfermagem. RUA DOUTOR CELESTINO 74 CENTRO 24020-091 -

Niteroi, RJ – Brasil ou pelo telefone: (21) 26299456.

Consentimento Pós–Informação

Eu,___________________________________________________________, fui

informado sobre o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e

entendi a explicação. Por isso, eu concordo em participar do projeto, sabendo que não vou

ganhar nada e que posso sair quando quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão

ambas assinadas por mim e pelo pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.

________________________________ Data:___/___/___

Nome do entrevistado

________________________________ Data:___/___/___

Assinatura do entrevistado

________________________________ Data:___/___/___

Assinatura do pesquisador

Nome:

Local: __________________________

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ANEXOS

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