universidade federal fluminense instituto de fÍsica … em... · 2019-12-19 · monografia...

59
1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM FÍSICA BACHARELADO RAPHAEL GARCIA MORAES DA FONSECA CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E MAGNÉTICA DE NANOPARTÍCULAS PRODUZIDAS POR ABLAÇÃO POR LASERNITERÓI, RJ 2014

Upload: others

Post on 03-May-2020

8 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

1

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE FÍSICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FÍSICA – BACHARELADO

RAPHAEL GARCIA MORAES DA FONSECA

“CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E MAGNÉTICA DE

NANOPARTÍCULAS PRODUZIDAS POR ABLAÇÃO POR LASER”

NITERÓI, RJ

2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

2

F676 Fonseca, Raphael Garcia Moraes da

Caracterização estrutural e magnética de nanopartículas

produzidas por ablação a laser / Raphael Garcia Moraes da

Fonseca ; orientador: Wallace de Castro Nunes. –- Niterói,

2013.

58 f. : il

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Física) –

Universidade Federal Fluminense. Instituto de Física, 2013.

Bibliografia: f. 56-58.

1.MATERIAL MAGNÉTICO. 2.PROPRIEDADE MAGNÉTICA.

3.NANOPARTÍCULA. 4.ABLAÇÃO POR LASER. I.Nunes, Wallace de

Castro, Orientador. II.Universidade Federal Fluminense.

Instituto de Física,Instituição responsável. III.Título.

CDD 538.3

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

3

RAPHAEL GARCIA MORAES DA FONSECA

“CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E MAGNÉTICA DE

NANOPARTÍCULAS PRODUZIDAS POR ABLAÇÃO POR LASER”

Monografia apresentada ao Curso de

Graduação em Física–Bacharelado da

Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção

do titulo de Bacharel em Física.

Orientador:

Profº. Drº. Wallace de Castro Nunes

NITERÓI, RJ

2014

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

4

RAPHAEL GARCIA MORAES DA FONSECA

“CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E MAGNÉTICA DE

NANOPARTÍCULAS PRODUZIDAS POR ABLAÇÃO POR LASER”

Monografia apresentada ao Curso de

Graduação em Física–Bacharelado da

Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção

do título de Bacharel em Física.

Aprovação em 14 de Fevereiro de 2014

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Profº. Drº. Wallace de Castro Nunes

________________________________________________________

Profº. Drº. Dante Ferreira Franceschini Filho

_____________________________________________________

Profº. Drº. Dalber Ruben Sanchez Candela

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

5

À minha mãe, avó, e tia

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

6

AGRADECIMENTO

Primeiramente agradeço a minha família por todo apoio, incentivo, amor e

conselhos que me foram dados ao longo da minha vida acadêmica. Vocês

foram essenciais para essa realização.

A todos os meus amigos do Instituto de Física da UFF pelo

companheirismo, com quem compartilhei, conversas, conselhos, enfim, por

mostrar e exercer o real significado da palavra amizade.

Agradeço especialmente ao Prof. Dr. Wallace de Castro Nunes pela

orientação neste projeto, pelo aprendizado adquirido através das discussões

e experimentos e pela amizade ao longo de todos estes anos.

E, por fim, a todos os professores do Instituto de Física da UFF, em

especialmente ao Prof. Dr. Dante Ferreira Franceschini Filho por toda a

colaboração por sempre atender as minhas duvidas e problemas.

As instituições CNPq e CAPES pelo apoio financeiro.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

7

RESUMO

Nos últimos anos, as propriedades magnéticas de nanoestruturas têm sido

estudadas intensamente visando o entendimento e o controle dos fenômenos presentes

nestes materiais. A existência de defeitos estruturais e interação entre os nanomagnetos

podem desempenhar um papel importante sobre as propriedades destes sistemas,

dificultando assim o entendimento e o controle dos fenômenos presentes nestes

materiais. O foco principal deste trabalho é produzir nanopartículas, pelo método de

ablação por laser e relacionar a estrutura cristalina das nanopartículas com os

fenômenos magnéticos. Para realizar o estudo proposto neste trabalho, foram preparadas

um conjunto de amostras de nanopartículas de Ni no substrato SiO2/Si(100).

Preparamos amostras em diferentes atmosferas (Argônio e Oxigênio). Além disso,

preparamos amostras de nanopartículas de Fe pelo método de Ablação por Laser em

álcool isopropílico. A caracterização estrutural e magnética das amostras foram

realizada pela técnica de difração convencional de raio-x e pelo magnetometro SQUID

respectivamente. E a caracterização morfológica das amostras produzidas foram

realizadas pela técnica de Microscopia Eletrônica de transmissão (MET).

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

8

ABSTRACT

In recent years, the magnetic properties of nanostructures have been intensively

studied in order to understand and control phenomena present in these materials. The

existence of structural defects and interaction between nanomagnetos can play an

important role on the properties of these systems, thus hindering the understanding and

control of phenomena present in these materials. The main focus of this work is to

produce nanoparticles by laser ablation method and relate the crystal structure of

nanoparticles with magnetic phenomena. For the study proposed in this work, were

prepared a set of samples of Ni nanoparticles on SiO2/Si substrate (100). Samples

prepared in different atmospheres (argon and oxygen) . In addition, we prepared

samples of Fe nanoparticles by laser ablation method in isopropyl alcohol. The

structural and magnetic characteristics of the samples were performed by means of

conventional x -ray diffraction and the SQUID magnetometer respectively. And the

morphological characterization of the samples produced were performed by the

technique of transmission electron microscopy ( TEM).

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

9

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................10

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................14

2.1 Magnetismo em Sólidos.................................................................................14

2.2 Modelos Magnéticos......................................................................................15

2.3 Superparamagnetismo....................................................................................22

3- Técnicas experimentais...............................................................................................27

3.1 Produção das nanopartículas..........................................................................27

3.2 Difratograma de Raios X (DRX) ................................................................. 34

3.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ..............................................36

3.4 Medidas Magnéticas......................................................................................39

4 -Resultados e discussões..............................................................................................41

4.1 Microscopia Eletronica de Varredura (MEV)..............................................41

4.1 Difratograma de Raios X (DRX).................................................................45

4.3 Medidas magnéticas.....................................................................................48

5- Conclusão...................................................................................................................55

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

10

LISTA DE FIGURAS

2.1 Dados experimentais do momento magnético atômico de diversos sais

paramagnéticos de metais. A linha é a função de Brillouin. Note o momento de

saturação. Fonte: -“ Introduction to magnetic materials” B.D.Cullity, Addison-

Wesley (1972)…………………………………………………………………..19

2.2 Ilustração de uma curva de susceptibilidade paramagnética (azul) e do

inverso da susceptibilidade magnética em função de

temperatura..........................................................................................................20

2.3 - a) Susceptibilidade de um ferromagneto típico, mostrando a saturação da

magnetização abaixo de Tc. b) Susceptibilidade de um antiferromagneto

(isotrópico) típico, onde vemos a queda da magnetização após Tc. Vemos, pela

curva em vermelho o inverso da susceptibilidade, que acima de Tc possui um

comportamento linear com a temperatura, da mesma forma que um

paramagneto........................................................................................................22

2.4 Variação da energia de barreira em função da magnetização na ausência de

campo magnético.................................................................................................25

2.5 Variação da energia de barreira em função da magnetização na Presença de

campo magnético.................................................................................................25

3.1 Esquema do sistema para Ablação por laser..................................................29

3.2 Sistema para deposição por ablação por laser. Fonte: Prof. Fonte: Profs.

D.F.Franceschini, J.L. Nachez. W.Nunes, S. Soriano e Y. Xing (IF-UFF-

Brasil)...................................................................................................................29

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

11

3.3 Pluma de plasma de ablação de alvo de Ni. Fonte: Prof. Fonte: Profs. D.F.

Franceschini, J.L. Nachez. W.Nunes, S. Soriano e Y. Xing (IF-UFF-

Brasil)...................................................................................................................30

3.4 – Ilustração do esquema do sistema de ablação por laser em........................32

3.5 , 3.6 e 3.7- Montagem experimental para ablação a laser..............................33

3.6 Arranjo auxiliar da interpretação de Bragg...................................................35

3.7 Diagrama de raios simplificados de um microscópio eletrônico de

transmissão. Fonte: WWW.substech.com...........................................................38

3.8 Gama de sinais emitidos durante a interacção de um feixe altamente

energético de electrões com um material fino. A maior parte destes sinais são

detectados em

TEM....................................................................................................................39

3.9 Magnetômetro SQUID utilizado na caracterização magnética das

amostras.............................................................................................................40

4.1 As imagens obtidas da amostra contendo nanopartículas de Ni no substrato

SiO2/Si(100) e atmosfera de Ar por Microscopia Eletrônica de Transmissão (

MET )................................................................................................................43

4.2 As imagens obtidas da amostra contendo nanopartículas de Ni no substrato

SiO2/Si(100) e atmosfera de por Microscopia Eletrônica de Transmissão (

MET )................................................................................................................44

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

12

4.3 As imagens obtidas da amostra contendo nanopartícula por Microscopia

Eletrônica de Transmissão ( MET ).Produzidas no meio liquido (álcool

isopropílico).........................................................................................................44

4.4 Difração de Raios-X obtido da amostra produzida em atmosfera de Ar...47

4.5 Difração de Raios-X obtido da amostra produzida em atmosfera ...........47

4.6 Curvas de magnetização sobre campo para a amostra produzida por ablação

de alvo de Ni em atmosfera de oxigênio separadas por Si. Profs. D.F.

Franceschini, J.L. Nachez. W. Nunes, S. Soriano e Y. Xing (IF-UFF-

Brasil)...................................................................................................................49

4.7 a Curvas de magnetização sobre campo de 100 Oe para a amostra produzida

por ablação de alvo de Ni em atmosfera de argônio separadas por Si . Profs. D.F.

Franceschini, J.L. Nachez. W. Nunes, S. Soriano e Y. Xing (IF-UFF-

Brasil)...................................................................................................................51

4.7 b Curvas de magnetização sobre diferentes campo para a amostra produzida

por ablação de alvo de Ni em atmosfera de oxigênio separadas por Si . Profs.

D.F. Franceschini, J.L. Nachez. W. Nunes, S. Soriano e Y. Xing (IF-UFF-

Brasil)...................................................................................................................51

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

13

1 - INTRODUÇÃO

Nos últimos anos temos observado um forte desenvolvimento e aprimoramento

das técnicas de produção de materiais, onde se pode destacar a produção de estruturas

bem controladas na escala nanométrica [1,2]. A aplicação mais promissora dos

nanossistemas magnéticos é no armazenamento de informação. No entanto, para

aumentar a capacidade de armazenamento de informação é necessário reduzir o

tamanho da unidade básica de informação (ou bit). Nesse caso, a superfície e interação

entre os nanomagnetos passam a ter uma grande influência sobre as propriedades do

sistema com um todo. Um exemplo é o caso do superparamagnetismo que surge quando

a redução do tamanho das nanopartículas (NPs) é suficiente para que o momento

magnético não fique fixo ao longo de um eixo preferencial. Para aplicações em meios

de gravação, essa questão se apresenta como um fator limitante na busca do menor bit

de informação possível. Outro fator limitante pode ser a existência de defeitos

estruturais nas nanopartículas magnéticas que acabam afetando o acoplamento

magnético dos seus momentos atômicos (ou clusters, contendo poucos átomos) [1,5].

A produção de nanopartículas pode ser apresentada em dois tipos: os que fazem

com que os átomos se agreguem para formar a nanoestrutura (bottom up) e, os em que

há remoção de material para se obter a estrutra desejada (top down) [6,7]. As técnicas

de agregação são mais usadas por serem de fácil reprodução e apresentarem pouca

dispersão quanto ao tamanho das partículas obtidas. Normalmente, usam substâncias

químicas para fazer com que o crescimento das partículas não ocorra

desordenadamente. Porém, esses métodos têm rendimento restrito e podem conter

vestígios das substâncias usadas na síntese, ademais, carregando o meio ambiente.

Alternativamente, a ablação a laser é uma maneira de se fabricar nanopartículas

diretamente, quase sempre sem a adição de substâncias que possam inviabilizar suas

aplicações científicas e tecnológicas. A ablação a laser é uma técnica bem estabelecida

em diversos campos, como na remoção de tecidos em cirurgias médicas, na ionização

de alvos para deposição de filmes em alto vácuo (PLD – pulsed laser deposition) e para

espectrometria de massa [6]. Atualmente, é uma técnica que vem se estabelecendo como

alternativa eficiente para a produção de nanopartículas.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

14

Neste trabalho foram produzidas nanopartículas pelo método de ablação a laser

em meio líquido e na câmara de deposição com atmosfera controlada e realizadas

caracterização estrutural, morfológica e magnética das nanopartículas. Os resultados são

discutidos considerando a influência da estrutura cristalina das NPs em suas

propriedades magnéticas.

No capítulo 2 discutiremos os principais aspectos teóricos que serão utilizados

como base na análise dos resultados obtidos. Começamos com um breve resumo

envolvendo aspectos básicos do magnetismo na matéria em seguida desenvolvemos os

principais fenômenos que regem sistemas superparamagneticos.

No capítulo 3 descrevemos os principais métodos utilizados para a preparação e

caracterização das amostras, explicando brevemente o funcionamento dos equipamentos

utilizados para obtenção das medidas de difração de raio-x, microscopia eletrônica de

transmissão e magnetização.

Os resultados e discussões são apresentados no capítulo 4, onde discutimos as

curvas de magnetização obtidas nos experimentos.

Por fim, no capítulo 5 concluímos o trabalho e apresentamos as perspectivas de

novos estudos que possam vir a ser feitos seguindo esta linha de pesquisa.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

15

2 - Fundamentação Teórica

Neste capítulo iremos introduzir alguns aspectos teóricos necessários para a

analise e interpretação de nossos resultados.

2.1 - Magnetismo em Sólidos

No magnetismo a grandeza fundamental é o momento magnético. Os momentos

magnéticos dos átomos podem ser calculados através da equação:

, (2.1)

onde é o momento angular total dos elétrons de um átomo, que é a

resultante de seus momentos angulares orbitais em relação ao núcleo atômico e de seu

momento angular intrínseco, o spin. Esses momentos magnéticos podem ou não

interagir entre si, e caso interajam, eles podem produzir diferentes estados ordenados,

dependendo da natureza da interação magnética entre os momentos.

Onde γ é chamado de fator giromagnético. E é conhecido como fator e dado

pela equação de Landé

(2.2)

Para elétrons isolados, J = ½ e S = ½ e será igual a 2.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

16

Neste trabalho, dentre os materiais sintetizados, dois comportamentos

magnéticos dos sólidos - o superparamagnetismo e o ferromagnetismo - foram

observados como contribuição magnética principal, e serão abordados mais

detalhadamente nesta seção. Esses comportamentos foram determinados

fundamentalmente através de medidas da susceptibilidade magnética em função da

temperatura para um campo magnético externo aplicado fixo.

De uma forma geral, quando estamos nos referindo a materiais não isotrópicos, a

magnetização não é proporcional ao campo aplicado, de modo que se deve tomar o

limite da excitação

(2.3)

E esta grandeza a Susceptibilidade magnética, que caracteriza um material

magnético. Em geral, e função de H e da temperatura.

2.2 - Modelos Magnéticos

2.2.1 - Diamagnetismo

Apesar de o diamagnetismo ser de origem quântica. Utilizando um modelo

simples com elétrons bem localizados, desprezando as interações entre elétrons e

levando em conta que na presença de um campo magnético, o movimento dos elétrons

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

17

em torno do núcleo é idêntico ao movimento na ausência de campo, a não ser pela

superposição de um movimento de precessão com uma frequência angular.

(SI) /2m. (2.4)

Podemos obter informações sobre a dependência com a temperatura e a magnitude do

efeito através de tratamento clássico do fenômeno.

Assumindo que apliquemos um campo lentamente, então de acordo com a Lei

de Lenz do eletromagnetismo, quando o fluxo magnético varia é induzida uma corrente

com sentido contrário ao do campo aplicado dada por [8]

(SI) I = (carga) x (revoluções por unidade de tempo) =

(2.5)

O momento magnético associado à corrente é um momento diamagnético dado por

(SI) = (corrente) x (área da espira) =

, (2.6)

onde e a média quadrática da distância perpendicular do elétron a partir do eixo

do campo magnético que cruza o núcleo do átomo. Para uma distribuição esférica, a

distância média quadrática dos elétrons a partir do núcleo é dada por,

.

e vem

(2.7)

e a susceptibilidade

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

18

(2.8)

Podemos ver que a susceptibilidade magnética devida ao diamagnetismo é

independente da temperatura e do campo aplicado, é negativa e tem uma ordem de

grandeza de 10-5 emu/cm³.

2.2.2 - Paramagnetismo

O Paramagnetismo só pode ser explicado se considerarmos a existência de

momentos magnéticos de origem atômico ou molecular ou nuclear, intrínsecos aos

elétrons ou ao Spin eletrônico como ao momento angular orbital . Em cada átomo

estes momentos se adicionam formando o momento angular total atômico = [8].

Quando um átomo contendo um momento magnético é submetido a um campo

, os 2J + 1 estados degenerados são separados pelo efeito Zeeman com suas energias

dadas por

(2.9)

onde é o número quântico azimutal, que pode assumir os valores J,J-1,...,-J.

Se estes átomos estão em contato com um banho térmico que define a

temperatura T, utilizando a estatística de Boltzman obtemos [8-10]

, (2.10) onde

,

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

19

onde a função de Brillouin é definida através da equação

.

Para

e a susceptibilidade é

(2.11)

onde é o número efetivo de magnétons de Bohr, definido através da equação

.

A constante C é conhecida como constante de Curie [9,10].

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

20

Figura 2.1 Dados experimentais do momento magnético atômico de diversos sais

paramagnéticos de metais. A linha é a função de Brillouin. Note o momento de saturação. Fonte:

-“ Introduction to magnetic materials” B.D.Cullity, Addison-Wesley (1972).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

21

Figura 2.2 - Ilustração de uma curva de susceptibilidade paramagnética (azul) e do inverso da

susceptibilidade magnética em função da temperatura.

2.2.3 Ferromagnetismo

No paramagnetismo os momentos magnéticos são tratados como independentes

e seguem a lei de Curie (equação 2.11). Porém, quando momentos magnéticos

interagem entre si, essa interação tem que ser levada em conta, pois ela modifica a

resposta magnética do sistema. Uma maneira simples de considerar essas interações é

através da aproximação de campo médio - desenvolvida por P. Weiss - que postula a

existência de um campo interno proporcional à magnetização.

(2.12)

onde, a interação de cada momento magnético atômico entre todos os outros vizinhos de

substituída por um campo médio de origem “molecular", dado por , adicionado ao

campo externo aplicado.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

22

Para altas temperaturas, podemos, então, substituir o campo externo por este

campo total, e usar os resultados do paramagnetismo já conhecidos. Assim,

)

Como,

(2.13)

Temos,

=

= χ

Logo, aparti da lei de Curie ( eqquação 2.11 ) obtemos a expressão onde

=

(2.14)

A expressão acima é conhecida como Lei de Curie-Weiss, e mostra o

comportamento de materiais que apresentam ordenamento magnético. Notemos que a

função possui uma singularidade em T = , que representa o que chamamos de

temperatura de transição. Para valores acima dessa temperatura o material se comporta

como um paramagneto comum, mas, para valores abaixo de o material

apresenta ordenamento magnético e a Lei de Curie-Weiss falha em descrever o

comportamento magnético do material nessa região.

Em materiais ferromagnéticos, o estado ordenado caracteriza-se por ter os spins

alinhados paralelamente entre si, causando um aumento repentino na magnetização.

Esse ordenamento ocorre em temperaturas abaixo da temperatura de transição, também

chamada de temperatura de Curie para esses materiais. A magnetização tende a uma

saturação, conforme a temperatura diminui e todos os spins acabam por se alinhar. Por

outro lado, materiais que possuem ordenamento antiferromagnético são aqueles em que,

a partir da temperatura de transição, ou temperatura de Néel neste caso, os spins

alinham-se antiparalelamente, causando uma redução repentina na magnetização. Em

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

23

materiais isotrópicos, a magnetização tende a zero, conforme diminuímos a temperatura,

pois todos os spins do material tendem a se orientar antiparalelamente. A grande

diferença nas expressões envolvendo matérias ferro ou antiferromagnéticos está no sinal

do parâmetro de troca, λ:

λ>0 – Ferromagnetismo;

λ<0 – Antiferromagnetismo.

Figura 2.3 - a) Susceptibilidade de um ferromagneto típico, mostrando a saturação da magnetização abaixo

de Tc. b) Susceptibilidade de um antiferromagneto (isotrópico) típico, onde vemos a queda da magnetização após Tc. Vemos, pela curva em vermelho o inverso da susceptibilidade, que acima de Tc possui um comportamento linear com a temperatura, da mesma forma que um paramagneto.

2.3 Superparamagnetismo

Na teoria do superparamagnetismo é considerado que os momentos magnéticos

dentro de cada partícula se movam coerentemente, ou seja, que o momento magnético

total de cada partícula possa ser representado por um único vetor de magnitude

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

24

onde é o momento magnético atômico e N é o número de átomos presentes na

partícula. A magnetização de um sistema formado de tais partículas pode ser obtida

considerando um momento magnético formando um ângulo comum campo H

aplicado. A energia desta partícula é dada por – . Para um conjunto destas

partículas a temperatura T, o grau de alinhamento com o campo pode ser calculado

fazendo uma média de sobre uma distribuição de Boltzmann. Isto resulta numa

função de H/T conhecida como função de Langevin[10].

, (2.15)

e a magnetização deste sistema será:

, (2.16)

onde é a magnetização de saturação. Entretanto os sistemas reais possuem uma

distribuição de volume de partículas. Quando todas as partículas que compõem a

distribuição estiverem no estado superparamagnético, a magnetização total do sistema

pode ser obtida de uma forma bastante intuitiva ao considerar uma distribuição de

momentos magnéticos, . Neste caso, o número de partículas por unidade de volume

da amostra com momento magnético entre e é e portanto a

magnetização total do sistema será dada pela equação

,

A magnetização de saturação é dada por:

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

25

,

Se for válido a relação linear μ = V, a magnetização do sistema expressa em termos

de V fica na forma:

,

Onde f(V ) é a função que descreve a distribuição de tamanhos. Normalmente a forma

da distribuição obtida por microscopia para sistemas de pequenas partículas possui a

forma log-normal, ou seja,

,

Onde corresponde ao volume médio de partícula e σ a largura da distribuição.

Agora, a direção do momento magnético de cada partícula está determinada pela

minimização da densidade de energia anisotrópica do sistema que no caso de ser

uniaxial, pode ser expressa da seguinte forma:

(2.17)

Onde é a densidade de energia de anisotropia (constante de anisotropia), V é o

volume da partícula e é o ângulo entre o momento magnético da partícula e o eixo

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

26

de fácil magnetização[10]. Sendo assim, na ausência de campo magnético, vemos que o

momento magnético da partícula possui dois estados de mínima energia, um para

e outro para . Vemos também que esses dois estados de mínima energia estão

separados por uma barreira de energia igual a . Ao aplicar um campo magnético, um

dos dois estados de equilíbrio será privilegiado, dependendo da direção desse campo, e

a barreira de energia será reduzida[11]. Figura 2.4 e 2.5

Figura 2.4 – Variação da energia de barreira em função da magnetização na

ausência de campo magnético [12]

Figura 2.5 – Variação da energia de barreira em função da magnetização na

Presença de campo magnético [12]

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

27

Se a temperatura do sistema aumenta, aumenta também a energia térmica .

Para uma determinada temperatura, o valor da energia térmica pode vir a ser

comparável ou mesmo maior que a barreira de energia . Quando isso acontece, a

magnetização da partícula (em equilíbrio térmico) não estará mais bloqueada em um

uma direção e sim apresentará flutuações entre os dois estados de mínima energia de

forma muito rápida (Figura 1.3). Neste caso dizemos que o sistema de nanopartículas

está em um estado superparamagnético, pois poderá ser descrito por um modelo

paramagnético efetivo onde os momentos magnéticos envolvidos são os de cada

partícula como um todo (um “super” momento).

Em um sistema no estado superparamagnético, as partículas possuem então um

tempo de relaxação que caracteriza as flutuações do momento magnético. Tal tempo de

relaxação, primeiramente introduzido por Néel [13] que pode ser bem descrito pela lei

de Arrenius:

O fator pré-exponencial depende de uma série de parâmetros como temperatura,

magnetização de saturação, mecanismos de dissipação de energia etc. Dependendo do

sistema tal fator apresenta ordem de grandeza entre 10-9 e 10-10s [10]. O inverso do

tempo de relaxação pode ser interpretado como a frequência com que a magnetização da

partícula salta de um estado a outro de mínima energia. Desta análise podemos concluir

que o estado superparamagnético não está definido somente pela comparação entre a

temperatura do sistema e o produto . Outro parâmetro muito importante é o tempo

de observação, muitas vezes chamado de “tempo de medida”. Se o tempo necessário

para realizar uma medida for inferior ao tempo de relaxação de uma partícula, se diz que

a partícula se encontra no estado bloqueado. Se a janela de tempo utilizada para a

realização da medida for superior a , a partícula se encontra no estado

superparamagnético. Sendo assim, dependendo do sistema de medidas utilizado, uma

partícula pode se encontrar no estado superparamagnético ou bloqueado.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

28

3 – TÉCNICAS EXPERIMENTAIS

Neste capítulo trataremos das técnicas experimentais utilizadas no presente

trabalho. Daremos ênfase aos principais aspectos do método escolhido para a obtenção

de NPs.

3.1 – Produção das NPs

3.1.1 – Deposição na câmara com

atmosfera controlada

Na deposição por vaporização laser na câmara com atmosfera controlada

(habitualmente denominada ablação por laser), é previamente necessário ter um alvo de

composição uniforme e representativa da composição do filme ou NPs que se pretende

depositar. Este alvo e o substrato são fixados nos respectivos porta-alvo e porta-

substrato que estão conectados a braços dispostos um de frente para o outro na câmara

de deposição. Veja na figura 3.1 o esquema experimental do sistema de Ablação por

Laser. Nesta experiência o alvo é posto a girar continuamente para evitar a perfuração

devido à ação repetitiva do laser. A luz laser é focalizada na superfície do material e a

energia absorvida vaporiza o alvo formando uma pluma de plasma. Para que essa pluma

chegue na forma de NPs no substrato nós primeiro fazemos vácuo com um conjunto de

bombas turbo moleculares e em seguida admitimos gases na câmara (como Argônio ou

Oxigênio) com uma vazão controlada, de modo a obter durante a deposição uma pressão

de 1,0 Torr. Quando a pluma em expansão colide com as moléculas do gás, a força

impulsiva que atua no plasma provoca uma desaceleração nos íons e elétrons permitindo

que se formem aglomerados (ou NPs) que são depositados no substrato. Por outro lado

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

29

para depositar filmes no substrato nós primeiro evacuamos a câmara com um conjunto

de bombas turbo moleculares. Pois agora temos somente a colisão de íons e elétrons que

tem massas idênticas, não alterando assim a velocidade destes que constituem o plasma

dificultando a formação de aglomerados (ou NPs) [14]. Veja na Figura 3.2 a ilustração

da câmara de deposição e esquema do sistema PLD utilizado neste trabalho.

Como fonte de energia para a evaporação, usamos o laser de Nd-YAG tendo as

seguintes propriedades: 1064nm de comprimento de onda, alta potência (pico de 160

mJ), pulsos curtos de 10 ns que influência diretamente na velocidade de crescimento.

De maneira geral o processo primário de interação laser-sólido é a excitação de

elétrons de seus estados de equilíbrio a alguns estados excitados por absorção de fótons.

O material extraído é comumente chamado pela expressão do inglês “plume” e que

traduziremos como “nuvem”. Veja na Figura 3.3 o sistema utilizado, sendo possível a

visualização de uma pluma de plasma de Ni se expandindo em atmosfera de Ar. A

excitação inicial é seguida por uma complexa inter-relação de processos secundários

que terminam com a transferência de energia para a rede e consequentemente a difusão

de calor para o sólido provocando as modificações na estrutura do alvo de Ni.

Um fator importante no arranjo óptico a ser utilizado na evaporação a laser é a

distância focal. Na Figura 3.1, podemos notar que a lente focalizou o feixe do laser de

Nd-YAG no alvo. O foco desta lente é da ordem de 30 cm e o diâmetro do feixe ao

atingir o alvo é da ordem de 1cm. Tal distância focal se deve a dois motivos: 1) a lente

não pode ser colocado dentro da câmara, por dificuldades de alinhamento e para que o

material evaporado não se deposite em sua superfície; e 2) estando fora da câmara,

deve-se evitar que o laser danifique a janela de entrada, ou seja que se evapore a janela

ao invés do alvo.

Usando esta técnica produzimos sistemas de multicamadas [NPs Ni / Si]10, sendo

um destes sistemas possuindo NPs depositadas em atmosfera de Ar ([NPs Ni(Ar) / Si]10)

e outro sistema produzido em atmosfera de Oxigênio ([NPs Ni( ) / Si]10 ). O filme

separador destes sistemas de multicamadas foi utilizado com intuito de diminuir a

interação entre as NPs.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

30

Figura 3.1 – Ilustração do esquema usado no sistema para Ablação por Laser.

Figura 3.2-Sistema para deposição por ablação por laser. Fonte: Profs.

D.F.Franceschini, J.L. Nachez. W.Nunes, S. Soriano e Y. Xing (IF-UFF-Brasil).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

31

Figura 3.3- Pluma de plasma de ablação de alvo de Ni. Fonte: Profs. D.F.

Franceschini, J.L. Nachez. W.Nunes, S. Soriano e Y. Xing (IF-UFF-Brasil).

3.1.2 – Ablação por laser em líquidos

O segundo processo utilizado para produzir NPs foi o LaSiS ( Laser Ablation

Shyntesis in Solution) [15,16]. Ela consiste em focalizar a luz de um laser pulsado de

alta intensidade sobre um material sólido (alvo) que é submerso em meio líquido. O

alvo é posto a girar continuamente para evitar a perfuração devido à ação repetitiva do

laser e também para que haja uma remoção do material da superfície do alvo mais

uniforme havendo assim um melhor aproveitamento do alvo. A luz laser é focalizada na

superfície do material e a energia absorvida vaporiza o alvo formando uma pluma de

plasma. Nesse processo ocorre simultaneamente a vaporização, explosão e

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

32

fotoionização do material e do solvente, o que resulta na formação das nanopartículas

[15]. Um esquema do experimento realizado é mostrado na figura (3.4).

No sistema utilizado o feixe de luz foi guiado até o alvo por meio de um prisma

e focalizado em sua superfície com uma lente da ordem de 13 cm de distância focal. O

alvo foi colocado em um recipiente preenchido com álcool isopropílico e acido oleico.

O acido oleico é um solvente que estabiliza os coloides metálicos que tendem a sofrer

oxidação, além de ser importante em diversas aplicações. O álcool isopropílico é

importante por sua compatibilidade com aplicações. O recipiente é apoiado sobre uma

plataforma móvel que é fixada sobre um motor de passos com velocidade de rotação

controlada automaticamente por um software produzido em Labview, (veja figura 3.5

c). Foi utilizado o harmônico fundamental (1064 nm) de um laser de Nd:YAG operando

em regime Q-switched com pulsos de 171 s e taxa de repetição de 1,5 KHz , com a

energia de pulso sendo da ordem de 1mJ. O prisma que utilizamos, não era um prisma

de reflexão total. Portanto ao incidir sobre uma das faces do prisma o feixe de luz

monocromático sofria desvios que irradiava por todo o laboratório, o que inviabilizava a

permanência dos pesquisadores no laboratório. Como uma medida preventiva,

construímos uma caixa de compensado que foi conectada por um tubo cilíndrico até a

saída do canhão laser como aparato de absorção da radiação. Um esquema do

experimento realizado é mostrado na figura (3.5 a, 3.5 b, 3.5 c).

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

33

Figura 3.4 – Ilustração do esquema do sistema de ablação por laser em líquido

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

34

Figuras (3.5 a, 3.5 b e 3.5 c) - Esquema do experimento realizado.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

35

3.3 – Difratograma de Raios X (DRX)

A difração é um fenômeno que ocorre quando uma onda passa por um obstáculo

que apresente tamanho da mesma ordem de grandeza do seu comprimento de onda (λ).

Esse fenômeno pode ocorrer com todos os tipos de onda, no entanto, encontrava-se

dificuldade para que houvesse uma difração de ondas na faixa de comprimento do raio

X, que vai de 1nm a 5pm e foi descoberto em 1895 pelo físico alemã Wilhelm C.

Roentgen e os nomeou desta maneira pois desconhecia, na ocasião, sua natureza [17]

[18]. Foi em 1912, que Max von Laue percebeu a possibilidade de realizar difrações de

raios X utilizando estruturas cristalinas como rede de difração, pois a distância

interatômica típica em um sólido e da ordem de angstrom. Logo depois, William Henry

Bragg e seu filho William Laurence Bragg demonstraram matematicamente a relação

que ficou conhecida como Lei de Bragg. O arranjo que auxilia a interpretação de Bragg

para explicar esse fenômeno encontra-se na Fig. 3.6.

Figura 3.6- Arranjo auxiliar da interpretação de Bragg [19].

O raio X incide sobre um conjunto de planos cristalinos, com distância

interplanar d, com um angulo de incidência θ. A difração ocorrera com os feixes

refletidos, assim, se a diferença de caminho óptico entre dois feixes refletidos for um

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

36

número inteiro de comprimento de onda, haverá superposição construtiva, caso

contrario, a superposição será destrutiva e o raio X não será observado no difratograma.

A lei que rege esse fenômeno e dada por:

(3.2)

onde n e um número inteiro.

Em uma estrutura cristalina, a distância entre os átomos da rede depende dos

elementos constituintes do cristal. Com isso, numa faixa de comprimentos de onda e

certos ângulos de incidência, produzem uma difração construtiva nos feixes refletidos

que são os chamados picos característicos desse material. A intensidade difratada

depende do número de elétrons no átomo. Como os átomos são distribuídos no espaço,

as várias famílias com diferentes disposições de planos de uma estrutura cristalina

possuem diferentes densidades de átomos ou elétrons, satisfazendo a Lei de Bragg para

outros ângulos, fazendo com que as intensidades e as posições dos picos no difrato-

grama sejam, por consequência, diferentes. Assim, a partir dos dados do difratograma

de raios X (DRX) conseguimos identificar a estrutura do cristal por meio de banco de

dados.

Ainda com os dados do difratograma de raios X (DRX) podemos estimar o

tamanho médio das partículas. Isso e feito utilizando os parâmetros U,V e W,

fornecidos pelos refinamentos Rietveld que ajusta o difratograma com funções do tipo

Pseudo-Voight, e utiliza o método dos mínimos quadrados como critério de

convergência. Esses valores são inseridos na equação de Scherrer, que descreve o

tamanho de grão a partir da largura dos picos pela relação:

, (3.3)

Onde k e uma constante (aproximadamente uma unidade), λ e o comprimento de onda

do feixe de raio X, θ corresponde ao ângulo de difração dos picos mais intensos e βL e

dado pelo valor de largura a meia altura com a seguinte equação [20]:

, (3.4)

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

37

No presente trabalho, foi utilizado o difratômetro de policristais no Instituto de

Física da UFF. A difração foi feita a temperatura ambiente usando um Bruker AXS D8

Advanced difratometro com radiação Cu-Kα (λ = 1,54056A) em 40 kV e 40mA. No

preparo foi colocado no porta amostra o filme de forma que fique bem homogêneo e

sem dimensão de altura. As análises e os espectros encontram-se na seção de resultados.

3.3 – Microscopia Eletrônica de Transmissão

(MET)

A microscopia eletrônica é densamente utilizada em várias áreas do

conhecimento como engenharia e ciência de materiais, química, biologia, entre outras,

para caracterizar nanoestruturas. O primeiro Microscópio Eletrônico de Varredura

surgiu em 1933, criado por Max Knoll e Ernest Renka Rusca, na Alemanha. Porém, o

primeiro protótipo só foi desenvolvido em 1942 por Zworykin. Este projeto só foi

possível devido a descoberta da dualidade onda partícula do elétron feita por Louis de

Broglie, em 1924. É uma técnica que permite altas resoluções, pois a interação dos

elétrons com a estrutura e de curto alcance e o comprimento de onda do mesmo é

pequeno, menor que o dos raios-X. O poder de resolução é definido como a capacidade

de distinguir dois pontos da imagem formada por um objeto, onde seus centros de

intensidade não se superponham mais do que a metade de seus diâmetros. A

indeterminação de Heisenberg, dada por:

, (3.3)

onde β e a abertura numérica – intervalo de ângulos de incidência dos feixes – e V e a

tensão de aceleração do feixe de elétron, nos ajuda a quantificar este poder de resolução.

Um microscópico ótico operando com uma luz com comprimento de onda de 550nm

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

38

possui um poder de resolução de 300nm, já um MET com um potencial de aceleração

de 200KV gerando um comprimento de onda associado aos elétrons de ~0,0025 tem

seu poder de resolução da ordem de 1 .

O microscópio eletrônico de transmissão consiste em bombardear a amostra com

um feixe de elétrons, obtido a partir de fontes que possuem forma de pontas muito finas,

de materiais que possuem baixa função trabalho como tungstênio ou hexaboreto de

lantânio. Esses elétrons são acelerados a altas energias ( 100 – 300 KV ) de modo a

obter comprimentos de onda de interesse antes de interagir com as amostras a serem

analisadas. Para o feixe varrer a amostra existe uma bobina de varredura que ira

direciona-lo em todas as direções (x, y e z). Com o intuito de diminuir o diâmetro do

feixe, ele passa por lentes magnéticas que o focaliza sobre a amostra, que se encontra

em uma coluna mantida a alto vácua ( ~10^-7 Torr ) por uma série de bombas de vácuo.

A ampliação da imagem no MET segue o mesmo princípio do

Microscópio ótico. A lente objetiva fornece uma imagem inicial ampliada do objeto no

plano da imagem intermediária 1; a lente intermediária fornece uma segunda imagem

ampliada, no plano da imagem intermediária 2; a lente projetora fornece a imagem final

ampliada na tela fluorescente, numa chapa fotográfica ou na placa CCD de uma câmara

digital. Fig 3.7 [21].

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

39

Figura3.7- Diagrama de raios simplificados de um microscópio eletrônico de

transmissão. Fonte: WWW.substech.com.

Quando os elétrons colidem com o material interagem de diversas maneiras [22],

dai a versatilidade dessa técnica. São essas diferentes interações, que serão identificadas

por vários detectores, que fornecerão as informações de topografia, cristalografia,

composição, entre outras. Mas, para o presente trabalho, a interação proveniente de uma

colisão inelástica que gera os elétrons secundários (ES) serão suficientes para

observarmos e confirmarmos a dimensão dos grãos caracterizados.

Os ES são refletidos com energias inferiores a 50 eV. Devido a baixa energia, os

elétrons secundários são difíceis de serem detectados, porém como apresentam baixas

velocidades são facilmente desviados por campos eletromagnéticos. O detector mais

comum e a gaiola de Faraday que atrai os elétrons para um cintilador, onde o sinal e

guiado para uma célula fotomultiplicadora onde e, então, convertido em diferença de

potencial e, assim, transformado em imagem.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

40

A microscopia eletrônica do material sintetizado no presente trabalho foi

utilizado o Microscópio Eletrônico de Varredura do CBPF em parceria com o Prof. do

IF-UFF, Yutao Xing.

Figura 3.8 - Gama de sinais emitidos durante a interacção de um feixe altamente

energético de electrões com um material fino. A maior parte destes sinais são detectados em

TEM.

3.4 - Medidas de Magnetização

O SQUID é o dispositivo mais sensível disponível para medir os campos

magnéticos, e embora o SQUID no magnetômetro SQUID seja a fonte do instrumento

de notável sensibilidade, não detecta diretamente o campo magnético, a partir da

amostra. Em vez disso, a amostra se move através de um sistema de bobinas

supercondutoras detectoras que estão ligadas ao sensor SQUID, por fios

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

41

supercondutores permitindo que a corrente das bobinas de detecção por indução acople

ao sensor SQUID. Quando configurado corretamente, a eletrônica SQUID produz uma

tensão de saída que é estritamente proporcional à corrente que flui na bobina de entrada

SQUID. Assim o dispositivo de SQUID funciona essencialmente como um sensível

conversor corrente tensão [23].

O funcionamento do SQUID inicia com a variação de fluxo magnético que é

produzido pela amostra de momento magnético , gerando uma corrente em três

espiras. Estas espiras são parte de um transformador de fluxo,o qual acopla o fluxo para

o dispositivo SQUID, obtendo na saída do SQUID um sinal proporcional a . O

transformador de fluxo constituí em um conjunto de bobinas supercondutoras chamadas

gradiômetro pelas quais a amostra passa. O arranjo do gradiômetro é tal que existe uma

diminuição máxima de campos gerados por fontes distantes.

Figura 3.9 - Magnetômetro SQUID utilizado caracterização magnética das amostras.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

42

4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste trabalho, foram feitas medidas de Difração de raios X (DRX),

Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET), referentes a caracterização estrutural e

morfológica. Também foram feitas medidas de magnetização em função do campo

magnético externo M(H) e nos modos ZFC (Zero Field Cooling) e FC (Field cooling),

que nos fornecem as propriedades magnéticas de nossas amostras. Neste capítulo serão

apresentados os dados obtidos dos dois sistemas de multicamadas [NPs Ni / Si]10, sendo

um destes sistemas possuindo NPs depositadas em atmosfera de Ar ([NPs Ni(Ar) / Si]10 )

e outro sistema produzido em atmosfera de Oxigênio ([NPs Ni( ) / Si]10 ). Além disso,

serão apresentados resultados preliminares obtidos das NPs de Fe produzidas em álcool

isopropílico.

4.1 – Microscopia Eletrônica de Transmissão

( MET )

Para obter informações sobre a morfologia das NPs dos sistemas de

multicamadas depositamos NPs de Ni em grades de cobre com carbono, para análise de

MET, utilizando as mesmas condições de preparo das NPs do sistema de multicamada

[NPs Ni / Si]10.

A figura 4.1 mostra uma imagem de MET das NPs de Ni obtida da amostra

produzida em atmosfera de Ar. Esta imagem mostra a estrutura cristalina projetada em

duas dimensões e tem um padrão de interferência de máximos e mínimos, franjas claras

e escuras, ou pontos brancos e pretos, que representam planos cristalinos [24]. Para isso,

a amostra deve está com seu eixo de zona particular orientado paralela ao feixe de

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

43

elétrons. O eixo de zona é uma direção cristalográfica que é paralela a um conjunto de

planos cristalinos. Esses planos podem ter índices e espaçamentos cristalográficos bem

diferentes, porém possuem um paralelismo a uma direção cristalográfica e possuem suas

direções normais particulares perpendiculares a esse eixo. Esta figura 4.1 mostra uma

imagem, a qual exibe que as nanopartículas produzidas em atmosfera de Ar possuem

uma forma de cubos com aresta de aproximadamente 6,0 nm.

A figura 4.2 mostra uma imagem de MET das NPs de Ni obtida da amostra

produzida em atmosfera de , podemos perceber que as nanopartículas produzidas em

atmosfera de possuem uma forma esférica com um diâmetro aproximado de 5,0 nm.

Comparando o resultado morfológico da amostra produzida em atmosfera de Ar

com o resultado da amostra produzida em atmosfera de , podemos perceber que na

imagem MET das NPs produzidas em atmosfera de Ar exibem mais planos cristalinos

de que as NPs produzidas em atmosfera de . Estes planos cristalinos contribuem de

forma decisiva para que afirmemos que as NPs em atmosfera de possuem uma

desordem estrutural maior que as NPs produzidas em atmosfera de Ar. Provavelmente

esta diferença da morfologia está relacionada à interação da pluma produzida com as

diferentes atmosferas controladas (Argônio, Oxigênio).

A figura 4.3 mostra uma imagem de MET das NPs de Fe obtida da amostra

produzida em meio líquido (álcool isopropílico) com o acido oleico como

funcionalizador e colidas por uma pipeta e pingadas numa grade de cobre com carbono

para análise de MET. Esta imagem indica a formação de morfologia núcleo-casca com

uma forma esférica com diâmetro aproximado de 17,2 nm de algumas NPs. Estas NPs

indicam que a composição do núcleo e distinta da composição da casca. Provavelmente

esta diferença esta ligada com a oxidação que algumas NPs de Fe vieram a sofrer,

devido ao contato de suas superfícies com o álcool isopropílico. Podemos ver também

NPs de Fe com uma forma esférica de diâmetro aproximado de 4,7 nm de morfologia

aglomerada. As NPs de Fe ao serem submetidas à sinterização sofreram um processo de

aglomeração e, consequentemente, ao aumento do tamanho do grão. Sabendo que este

fenômeno poderia afetar as propriedades de escala nanométrica do material, então

utilizamos o acido oleico como funcionalizador, mas resultados de MET nos revelam

que o acido oleico não solucionou este fenômeno da aglomeração. Estas imagens foram

realizadas no CBPF em parceria com o Prof. do IF-UFF, Yutao Xing.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

44

Figura 4.1- as imagens obtidas da amostra contendo nanopartículas de Ni no substrato SiO2/Si(100) e

atmosfera de Ar por Microscopia Eletrônica de Transmissão ( MET ).

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

45

Figura 4.2- as imagens obtidas da amostra contendo nanopartículas de Ni no substrato SiO2/Si(100) e

atmosfera de por Microscopia Eletrônica de Transmissão ( MET ).

Figura 4.3- as imagens obtidas da amostra contendo nanopartícula por Microscopia Eletrônica de

Transmissão ( MET ). Produzidas no meio liquido (álcool isopropílico).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

46

4.2 – Difratograma de Raios X (DRX)

A figura 4.4 e a figura 4.5 mostram o difratograma da amostra multicamadas

[NPs Ni / Si]10 produzida em atmosfera de Ar e da amostra multicamadas [NPs Ni /

Si]10 produzida em atmosfera de , respectivamente. O pico em aproximadamente 45

graus, de maior intensidade corresponde aos picos característicos do Ni massivo.

Contudo, os picos muito pequenos correspondem ao ruído (ou background) do aparelho.

Analisando ambos os difratogramas, observamos que ambas as amostras de

multicamadas [NPs Ni / Si]10 possuem um pico em aproximadamente 45 graus, porém o

difratograma da amostra produzida em atmosfera de Ar esse pico é mais intenso e

estreito do que o da amostra produzida em atmosfera de .

Uma forma muito utilizada para calcular o tamanho das NPs é utilizando a

fórmula de Scherrer [18]. Neste caso, o diâmetro médio das NPs é inversamente

proporcional a largura a meia altura (FWHM) do pico de difração. Quando a NP possui

um domínio menor que 1 . Este influencia em seu padrão com um alargamento em

seus picos de difração, ou seja, uma FWHM maior. Scherrer em sua dedução considera

apenas a influência do tamanho, deduzindo sua conhecida fórmula como,

(4.1)

onde t é o diâmetro médio do domínio da NP, é o comprimento de onda da radiação,

é o ângulo de Bragg, é a largura a meia altura do pico de difração e K é uma constante

que depende de alguns fatores cristalográficos [26] e seu valor pode variar entre 0,89 –

1,39. Na maioria dos casos, considerando o valor K= 1,0 o erro no valor do tamanho da

NP é da ordem de 10% [27].

Analisando o difratograma da amostra multicamadas [NPs Ni( / Si]10, o pico

em aproximadamente 45 graus possui uma largura a meia altura (FWHM) maior, que a

(FWHM) da amostra multicamadas [NPs Ni(Ar) / Si]10. Interpretando os resultados pela

fórmula de Scherrer, veja equação 4.1, podemos deduzir que o tamanho médio do

domínio das [NPs Ni( )/ Si]10 é aproximadamente menor que o tamanho médio do

domínio das [NPs Ni(Ar) / Si]10, pois a relação entre o tamanho médio do domínio das

NPs é inversamente proporcional a largura a meia altura do pico de difração.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

47

Considerando a lei de Bragg para uma rede cristalina formada por planos

paralelos compostos pelos átomos que formam a nanopartícula. E imaginando um feixe

de elétrons incidindo sobre um cristal suficiente fino no interior do DRX. A onda que

reflete no segundo plano de átomos viaja um caminho maior do que a onda que reflete

no primeiro plano. Esta diferença de caminho corresponde a:

onde d: distância entre os planos; : ângulo de incidência.

As duas ondas refletidas estarão em fase quando

onde n é um número inteiro.

Por esta equação temos:

No espectro de raios-X haverá um feixe difratado intenso na face de saída do

cristal, se houver um conjunto de planos orientados segundo um ângulo crítico

relativamente ao feixe incidente. Contudo o nosso espectro de raios-X da amostra

multicamadas [NPs Ni( )/ Si]10 é constituído por um pico em aproximadamente 45

graus mais largo. Podemos concluir então que este alargamento do espectro pode ser

devido a distribuição de distâncias entre os planos que levam a uma distribuição de

ângulos críticos e consequentemente a um alargamento do pico de difração. Esse

resultado corrobora com as imagens de MET, indicando que as nanopartículas

produzidas em atmosfera de são menos cristalinas do que as nanopartículas

produzidas em atmosfera de Ar.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

48

Figura 4.4-Difração de Raios-X obtido da amostra produzida em atmosfera de Ar.

Figura 4.5- Difração de Raios-X obtido da amostra produzida em atmosfera de .

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

49

4.3 – Medidas magnéticas

O estudo das propriedades magnéticas de materiais normalmente envolve

alguma curva de magnetização em função da temperatura. No caso das NPs magnéticas,

as curvas ZFC (Zero Field Cooled) e FC (Field Cooled) são muito utilizadas, pois são

sensíveis a distribuição de tamanho das NPs e a interações. Para obter esta curva de

magnetização em função da temperatura no modo ZFC inicialmente levamos o sistema

a uma temperatura mais alta permitida pelo sistema de medida utilizado, onde a maioria

dos momentos das NPs esta desbloqueado. Em seguida, resfria-se o sistema até uma

temperatura mais baixa permitida pelo sistema de medida utilizado onde a maioria dos

momentos encontra-se bloqueado, aplicamos um campo de medição e medimos a

magnetização durante o aquecimento. A curva FC é similar a ZFC diferenciando-se

apenas no modo de resfriamento, que nesta é feito com um campo aplicado (o mesmo

utilizado para medir a ZFC).

Conforme observamos nas imagens de MET, os nossos sistemas são compostos

por NPs de diferentes tamanhos. No processo de medição da magnetização durante o

aquecimento teremos que a energia térmica inicial poderá vencer a barreira de

anisotropia magnética das partículas pequenas alinhando os momentos magnéticos

destas NPs na direção do campo magnético aplicado. À medida que aumentamos à

temperatura a energia térmica irá desbloquear as NPs de tamanhos maiores,

contribuindo para o aumento da magnetização. Quando a maioria das NPs estiver

desbloqueada teremos um máximo na região de baixa temperatura na curva de ZFC,

pois a agitação térmica contribui para o desalinhando dos momentos magnéticos

resultando num decréscimo da magnetização do sistema seguindo um comportamento

que cai com o inverso da temperatura (1/T) na região de mais alta temperatura,

característica típica de sistemas compostas por momentos magnéticos independentes

(ex. sistemas paramagnéticos e superparamagnéticos). Mostramos na figura 2.2 esse

comportamento no caso de materiais paramagnéticos. Na curva FC, o processo de

medição da magnetização durante o resfriamento é feito com um campo magnético

aplicado de forma que os momentos são bloqueados com uma direção privilegiada

definida pelo campo magnético. Sendo assim a FC apresenta um aumento da

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

50

magnetização com o decréscimo da temperatura enquanto existir partículas sendo

bloqueadas.

A Figura 4.6 exibe as curvas de magnetização em função da temperatura no

modo Zero Field Cooled (ZFC) e Field Cooled (FC) obtida para a amostra

multicamadas [NPsNi(Ar) / Si]10 para o valor de campo aplicado de 100 Oe. No regime

de temperaturas abaixo da temperatura de bloqueio média o comportamento das curvas

de magnetização no modo ZFC-FC da amostra é semelhante do comportamento

tipicamente observado para os sistemas de pequenas partículas magnéticas não

interagente descrito na introdução do capítulo 4.3 (Medidas magnéticas). Agora em

temperaturas acima da temperatura de bloqueio média o comportamento das curvas de

magnetização no modo ZFC-FC da amostra não são coincidente, o que difere do

esperado para os sistemas de pequenas partículas magnéticas não interagente. Esse

comportamento é típico de um sistema com uma grande largura na distribuição de

tamanho médio de partículas.

Figura 4.6 - Curvas de magnetização sobre campo para a amostra produzida por ablação de alvo de Ni

em atmosfera de Ar separads por Si. Profs. D.F. Franceschini, J.L. Nachez. W. Nunes, S. Soriano e Y.

Xing (IF-UFF-Brasil).

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

51

O mesmo estudo acima foi realizado na amostra multicamadas [NPs Ni( )/)/

Si]10. Nesse caso, o comportamento magnético foi completamente diferente do sistema

multicamadas [NPs Ni(Ar)/)/ Si]10. Compare as Figuras 4.6 e 4.7 a. No caso dos

resultados magnéticos obtidos para amostra multicamadas [NPs Ni( )/ Si]10

observamos irreversibilidade entre as curvas ZFC e FC abaixo do máximo da ZFC e que

estas duas curvas se superpõem para temperaturas acima do máximo. Caso o máximo da

ZFC seja associado à temperatura de bloqueio média este comportamento observado

seria o de um sistema de NPs ideais. No entanto, observe que acima do máximo as

curvas ZFC e FC não variam com a temperatura segundo a função 1/T esperada para

NPs não interagentes. As curvas ZFC e FC apresentam um decréscimo abrupto em

torno de 20K. Este comportamento pode ser visualizado melhor na figura 4.7 b, na qual

apresentamos as curvas, ZFC e FC medidas com diferentes campos magnéticos

aplicados. Nesta figura fica evidente que o nosso sistema possuem dois processos

magnéticos: um associado ao máximo da ZFC temperatura que é bem sensível ao

campo magnético e também um outro efeito que ocorre próximo de 20K (indicado no

inset da Figura 4.7 b pela seta) causando uma mudança abrupta nas curvas ZFC e FC.

O comportamento magnético observado para a amostra [NPs Ni( )/ Si]10 e

principalmente a transição em 20K é similar ao observado na Ref. [27] , que estudou o

comportamento magnético de NPs de Ni produzidas por método químico. Estes autores

associaram a transição em 20K a desordem estrutural dos átomos que compõem as NPs.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

52

Figura 4.7 a- Curvas de magnetização sobre campo de 100 0e para a amostra produzida por ablação de

alvo de Ni em atmosfera de oxigênio. Profs. D.F. Franceschini, J.L. Nachez. W. Nunes, S. Soriano e Y.

Xing (IF-UFF-Brasil).

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300

0,0

6,0x10-8

1,2x10-7

1,8x10-7

0 20 40 60 80 1000,0

6,0x10-8

1,2x10-7

1,8x10-7

x (

em

u/O

e)

Temperatura (K)

x (

em

u/O

e)

Temperatura (K)

100 Oe

1kOe

2kOe

Figura 4.7 b- Curvas de magnetização sobre diferentes campos para a amostra produzida por ablação

de alvo de Ni em atmosfera de oxigênio. Profs. D.F. Franceschini, J.L. Nachez. W. Nunes, S. Soriano e

Y. Xing (IF-UFF-Brasil).

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

53

O ciclo de histerese do nosso sistema magnético foi obtido em uma faixa de

temperatura onde os momentos magnéticos das NPs do sistema se encontravam em um

regime bloqueado e logo acima da temperatura de bloqueio média. O campo

inicialmente é nulo e é aumentado gradativamente, até o sistema não mudar mais sua

magnetização com a aplicação de campo (magnetização de saturação). Uma explicação

plausível para que observemos este comportamento e que ao aplicarmos o campo

magnético gradativamente, um dos dois estados de equilíbrio das NPs (considerando

que possuam anisotropia magnética uniaxial) que formam o sistema é privilegiado, e a

barreira de energia será reduzida, dependendo da direção do campo, resultando então

em um aumento da magnetização do sistema e posteriormente numa magnetização de

saturação. Depois, o campo magnético externo é reduzido até atingir o valor nulo

novamente. Entretanto, após a aplicação do campo, geralmente o valor da magnetização

não é o mesmo da magnetização inicial, sendo chamada magnetização remanente (Mr)

ou simplesmente remanência. Esta magnetização remanente pode-se dizer que é devido

à barreira de energia anisotrópica que bloqueia o momento magnético, na direção do

campo magnético externo inicial. O sentido do campo é, então, invertido e vai sendo

aumentado mais uma vez, seguindo a mesma explicação do primeiro quadrante da nossa

MxH. O campo reverso necessário para fazer com que a magnetização retorne ao valor

nulo é conhecido como campo coercivo ou coercividade (Hc). O campo continua sendo

aumentado até, novamente, o material alcançar o valor de saturação no sentido inverso.

O campo é posteriormente reduzido e invertido novamente, até fechar o ciclo.

Medidas de magnetização em função do campo magnético aplicado, em

temperaturas: 1.8K e 20K, para a amostra multicamadas [NPs Ni( )/ Si]10 são

mostradas na Figura 4.8 e medidas de magnetização em função do campo magnético

aplicado, em temperaturas: 1.8K, 10K e 20K, para a amostra multicamadas [NPs

Ni( )/ Si]10 são mostradas na Figura 4.9. Os resultados com temperaturas de 1.8K, para

ambas as amostras e de 10K para a amostra [NPs Ni( )/ Si]10 apresentam campo

coercitivo Hc (campo necessário para desmagnetizar um material) e magnetização

remanente Mr (magnetização residual após a retirada completa do campo magnético

externo) não nulos, indicando que o sistema se encontra no estado bloqueado. Em 20K

para ambas amostras, notamos que as curvas não exibem magnetização de saturação,

apresentando um comportamento desbloqueado.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

54

Podemos perceber também uma diminuição da coercividade com o aumento da

temperatura, para ambas amostras de multicamadas. Este comportamento é típico de

sistemas de NPs magnéticas monodomínios.

Figura 4.8 - Medidas de magnetização versus campo magnético aplicado, em temperaturas de:

1.8K, e 20K. Para a amostra multicamadas [NPs Ni(Ar)/ Si]10.

Figura 4.9- Medidas de magnetização versus campo magnético aplicado, em temperaturas de:

1.8K, 10K e 20K. Para a amostra multicamadas [NPs Ni( )/ Si]10.

-4 -2 0 2 4

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1.8 K

20 K

M/M

s

Campo Magnético (T)

-6 -4 -2 0 2 4 6

-6,0x10-4

-3,0x10-4

0,0

3,0x10-4

6,0x10-4

M (

em

u)

field[T]

1.8 K

10 K

20 K

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

55

O fato das duas amostras multicamadas [NPs Ni(Ar)/ Si]10 e [NPs

Ni( )/ Si]10 que possuem o mesmo tamanho médio apresentarem resultados

magnéticos tão diferentes provavelmente está relacionado à estrutura cristalina

das nanopartículas formadas [27]. Isto foi comprovado pelos resultados de

Raios-X preliminares que possuímos. A comparação entre os resultados

apresentados por essas duas amostras podem contribuir para o entendimento da

causa da transição observada em 20K para a amostra multicamadas [NPs Ni( )

/ Si]10 e para o comportamento magnéticos de nanopartículas com desordem

estrutural em geral. Pretende-se dar continuidade a essa investigação e para isso

serão produzidas amostras em atmosferas diferentes e variando a espessura do

filme separador.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

56

5 – CONCLUSÃO

Dadas as considerações nos capítulos anteriores, podemos concluir foram

produzidas amostras de nanopartículas em substrato SiO2/Si(100) por ablação por laser

numa câmara com atmosfera controlada e amostra de NPs pelo método por ablação por

laser em meio Líquido ( álcool isopropílico). Utilizando dois equipamento montados no

IF-UFF. Observamos diversos efeitos magnéticos interessantes nas amostras produzidas

As imagens de microscopia eletrônica de transmissão (MET) nos proporcionou a

observação da real redução do tamanho de partícula.

Das medidas magnéticas concluímos que há uma suavização das curvas de ZFC

e FC para as NPs da amostra [NPs Ni(Ar) / Si]10 em relação a amostra [NPs Ni( ) /

Si]10. Isso ocorre devido a um aumento dos defeitos estruturais nas nanopartículas

magnéticas que acabam afetando o acoplamento magnético dos seus momentos

atômicos (ou clusters, contendo poucos átomos), o que gera uma dificuldade na

orientação do momento magnético da partícula na direção do campo, ou seja, um

aumento de anisotropia, provavelmente vindo da estrutura interna das NPs.

Para compreendermos melhor este fenômeno é preciso ser feito um estudo de

modelagem mais aprofundado sobre os efeitos magnéticos aboservados aqui. Além de

produção e caracterização de novos sistemas magnéticos. Começamos a produzir NPs

em outras atmosfera e já temos alguns resultados para atmosfera de He. Isto fica como

uma proposta para trabalhos futuros.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

57

Referências Bibliograficas

[1] Magnetic Properties of Fine Particles, editado por J.L. Dormann and D. Fiorani,

(North-Holland, Amsterdam, 1992); “Os superpoderes dos nanomagnetos”, M. Knobel,

Ciência Hoje, 27, pg. 32 (2000); “Science and Technology of Nanostructured Magnetic

Materials”, editado por G.C. Hadjipanayis e G.A. Prinz, 259 of NATO Advanced Study

Institute, Series B: Physics (Plenum Press, New York, 1991).

[2] “Superparamagnetism and Other Magnetic Features in Granular Materials: A

Review on Ideal and Real Systems” M. Knobel, W. C. Nunes, L. M. Socolovsky, E. De

Biasi, J. M. Vargas, J. C. Denardin, Journal of Nanoscience and Nanotechnology 8,

p.2836 – 2857 (2008).

[3] .N. Baibich et al., Phys. Rev. Lett. 61, 2742 (1988).

[4] J. C. Denardin, A. L. Brandl, M. knobel, P. Panissod, A. B. Pakhomov, H. Liu, and

X. X. Zhang, Phys. Rev. B, 65, 064422(2002).

[5] M. Respaud, J. M. Broto, H. Rakoto, A. R. Fert, L. Thomas, B. Barbara, M. Verelst,

E. Snoeck, P. Lecante, A. Mosset, J. Osuna, T. Ould Ely, C. Amiens, and B. Chaudret,

Phys. Rev. B, 57, 2925(1998).

[6] AMENDOLA, V. and MENEGHETTI, M., 00 , “Laser ablation synthesis in

solution and size maniputalion of noble metal particles”, Phys. Chem. Chem. Phys., 11,

3805-3821.

[7] EUTIS, S. and EL-SAYED, M. A., 00 , “Why gold nanoparticles are more precious

than pretty gold: Noble metal surface plasmon resonance and its enhancement ot the

radiative and nonradiative properties of nanocrystals of different shapes”, Chem. Soc.

Rev., 35, 209-207.

[8] NUSSENZVEIG, H.Moyses, Física Básica v. 3, Ed. Edgar Blucher Ltda, 1997.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

58

[9] “ Solid state Physics”- N.W.Ashcroft and N.D.Mermin, Holt Rinehart abd Wiston

(1976).

[10] “ Introduction to magnetic materials” B.D.Cullity, Addison-Wesley (1972).

[11] M. Knobel, W. C. Nunes, L. M. Socolovsky, E. De Biasi, J. M. Vargas, J. C.

Denardin, Superparamagnetism and Other Magnetic Features in Granular Materials: A

Review on Ideal and Real Systems.J. Nanosci. Nanotechnol. 8, 2836-2857, 2008.

[12] W. C. Nunes, Tese de Doutorado, IF-UFRJ(2003).

[13] L. Neel, Ann. Geophys. 5 (1949) 99.

[14] “ Caracterização de filmes de cds preparados pela técnica de Deposição por

Laser Pulsado ( PLD )”, Alexei C. Gonzales, Tese, p. 28-37, (2002);Chrisey D. B. and

Graham K. Hubler, Pulsed Laser Deposition of Thin Films. Naval;Research Laboratory,

Washington, D.C. 1994.

[15] V. Amendola, M. Meneghetti, Phys. Chem. Chem. Phys.,

2009, 11, 3805.

[16] G.W. Yang, Prog. Mater. Sci., 2007, 52, 648.

[17] SASAKI, J. M. Notas de Aula – Difração de Raios-x em Materiais. UFC.

[S.1].2008.

[18] ] CULLITY,B. D. Elements X-RAY DIFFRACTION. 2ª Ed. Ed [S.1.]: Addison-

Wesley Publishing Company, Inc., 1978.

[19] MENEZES, C T. Estudo da cristalização de nanopartículas de NiO por difraçãoe

absorção de raios-X. UFC. Fortaleza.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA … em... · 2019-12-19 · Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Física–Bacharelado da Universidade Federal Fluminense,

59

[20] CAGLIOTI, G.; PAOLETTI, A.; RICCI, F. P. Choice of collimators for a crystal

spectrometer for neutron diffraction. Nuclear Inst. Methods, 3, 1958. 223-228.

[21] FREITAS, V. F. O Composto BiFeO3-PbTiO3 Dopado com La:Relações

propriedade/estrutura. Universidade Estadual de Maringá. Maringá. 2011.

[22] FARINA, M. Uma Introdução à Microscopia Eletrônica de Transmissão. [S.1.]:

Livraria da Física, 2010.

[23] M. McElfresh, Fundamentals of Magnetism and Magnetic Measurements:

Featuring Quantum Design`s Magnetic Property Measurement System, Quantum

Design, 1994.

[24] RAMIREZ, C. A. O. Estudo por Microscopia Eletrônica de Transmissão de Alta

Resolução de Nanopartículas de Hidroxiapatita e Hidroxiapatita Carbonatadas em

Diferentes Estágios de Cristalização. Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Rio de

Janeiro. 2010.

[25] CUMULATIVE alphabetical and grouped numerical index of X-ray diffraction

data. Amer. Soc. For Testing Materials, 1955. 17.

[26] KLUG, H. P. A. L. E. X-ray diffraction procedures: for polycrystalline and

amorphous materials. [S.1.]: Wiley-VCH, 1974.

[27] -“Magnetic behavior of Ni nanoparticles with high disordered atomic Structure”

W. C. Nunes et al. Appl. Phys. Lett. 92, 183113 (2008).