excessão universidade federal fluminense …

120
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DEPARTAMENTO DE GEOQUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS DOUTORADO EM GEOQUÍMICA AMBIENTAL KARINA SANTOS GARCIA BIODISPONIBILIDADE E TOXICIDADE DE CONTAMINANTES EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS Niterói 2009

Upload: others

Post on 19-Oct-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

excessão

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

DEPARTAMENTO DE GEOQUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

DOUTORADO EM GEOQUÍMICA AMBIENTAL

KARINA SANTOS GARCIA

BIODISPONIBILIDADE E TOXICIDADE DE CONTAMINANTES EM

SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS

Niterói 2009

Page 2: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

KARINA SANTOS GARCIA

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Geoquímica Ambiental.

ORIENTADOR: PROF. JOHN EDMUND LEWIS MADDOCK CO-ORIENTADORA: PROFª. OLÍVIA MARIA CORDEIRO DE OLIVEIRA

BIODISPONIBILIDADE E TOXICIDADE DE CONTAMINANTES EM

SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS

Niterói 2009

Page 3: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

TERMO DE APROVAÇÃO

KARINA SANTOS GARCIA

Niterói, Fevereiro de 2009

BIODISPONIBILIDADE E TOXICIDADE DE CONTAMINANTES EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS

Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Geociências, Universidade Federal Fluminense, pela seguinte banca examinadora:

Prof. Dr. John Edmund Lewis Maddock - Orientador

Universidade Federal Fluminense (UFF)

Profa. Dra. Olívia Maria Cordeiro de Oliveira Universidade Federal da Bahia - Co-orientadora (UFBA)

Prof. Dr. Ricardo Erthal Santelli Universidade Federal Fluminense (UFF)

Prof. Dr. Wilson Tadeu Valle Machado Universidade Federal Fluminense (UFF)

Prof. Dr. Olaf Malm Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Dra. Maria de Fátima Batista de Carvalho CENPES/Petrobras

Page 4: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

DEDICATÓRIA

À todos que acreditaram em mim.

Page 5: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a DEUS. Hoje..... quando lembro o que minha mãe disse a 15 anos atrás ..... como mais um dos seus doces incentivos para os meus sonhos, vejo o quanto aquelas palavras contribuíram para me transformar em uma Licenciada em Ciências Biológicas e agora prestes a torna-me uma doutora em Geoquímica e Meio Ambiente. Agradeço a meus PAIS pelo amor, por acreditar e apoiar todos os meus projetos de vida, pela confiança eterna, pelo desejo de que me torne um exemplo de Mulher e Profissional sem nunca deixar de ser sua eterna filha. Aos meus irmãos Carlos e Sabrina pelo amor, carinho, compreensão de uma vida toda. Ao meu amigo e marido Roberto Camacho que durante esses 11 anos sempre esteve ao meu lado todos os dias em que necessitei do seu amor, paciência, apoio, dedicação e principalmente compreensão...... Mozinho, sobrevivemos!!!!.... Ao Prof. Dr. John Maddock, pela atenção, orientações e oportunidade de tê-lo como Orientador. Thank you very much! À minha querida amiga-co-orientadora, Profa. Dra. Olívia Oliveira, pelo carinho, confiança, incentivo, orientações, sugestões e críticas para realização deste trabalho que pretendo levar para o próximo......... Ao Prof. Dr. Antônio Fernando Queiroz, primeiramente, pela oportunidade de ingressar no grupo. Agradecendo também pela atenção, orientações e críticas para a realização deste trabalho. Obrigada Professor. Ao Prof. Joil Celino pelo apoio acadêmico e pessoal, além das críticas e sugestões para o desenvolvimento deste trabalho. À minha família/equipe LEPETRO (Sarah, Jorginho, Rui Garcia, Sales, Judiron, Alan, Bárbara, Danilo e Danilinho, Irenilda, Adila, Paula, Paulo, Carine, Danúsia, Robson, Gilma e mais recentemente, Marcos) por todo o apoio, integração nos trabalhos e perfeita convivência no laboratório. À minha amiga-anjinho da estatística “Betânia” pela grande colaboração no tratamento estatístico desse trabalho, além do apoio moral e amizade. À toda equipe do Núcleo de Estudos Ambientais - NEA: Célia, Izabel, Cícero, Alex, Gustavo e Profa. Gisele. Ao Departamento de Geoquímica do Instituto de Geociências da UFBA, profesores, alunos e funcionários, em especial a Jairo pela eterna paciência e boa vontade nos trabalhos de campo. À diretora do Instituto de Biologia, Profa. Dra. Marlene Peso Aguiar e ao Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da UFBA, que permitiu a utilização do Laboratório de Geoecologia de Sedimentos Marinhos (GeoEco) para a realização das análises bentônicas, em especial a Luís Emanuel e a Profa. Dra. Orane Falcão.

Page 6: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

À Profa. Dra. Lilian Santos, pela grande colaboração, orientação na realização das análises de ecotoxicológicas, e claro, a sua maravilhosa equipe do LACE, em especial Kika e Gaby, pelos finais de semanas, feriados que passamos no laboratório contando fêmeas do Tisbe. Aos professores, colegas, funcionários e funcionários da biblioteca do Curso de Pós-Graduação em Geoquímica e Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense, em especial aos professores Renato Campelo e Ricardo Santelli por ter cedido o espaço dos seus laboratórios para a realização de análises e alguns testes fundamentais ao desenvolvimento desta TESE. Aos queridos Nivaldo (Ni) e Ilene pelo apoio, auxílio amizade e carinho mostrado nesses anos de convivência. As(os) amigas(os) e colegas (os): Magno, Betânia, Taíse, Ilene, Renata(s), Ricardo, Daniel, Pestinha(Eduardo), Daniela, Valtinho, Amanda, Meire e Salambo pelos momentos de incentivo. A REDE RECUPETRO e ao CNPq pelo apoio financeiro. Enfim, a todos(as) amigos(as), familiares que contribuíram direta ou indiretamente na minha vida profissional e conseqüentemente incentivaram a realização dessa TESE.

Muito obrigada!

Page 7: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade do sedimento superficial da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos através da aplicação da tríade de qualidade de sedimento. Para isso foram coletadas amostras de sedimento superficial em oito estações (Coqueiro Grande (1-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA, 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) e Coqueiro Grande (8-CG)) na porção nordeste da Baía de Todos os Santos-BA, (BTS). Determinou-se a distribuição espacial de Sulfetos Volatilizáveis em Ácido (AVS) e Metais Extraídos Simultaneamente (SEM)-(Cd, Cu, Pb, Ni e Zn), nutrientes (C.O.T., Ntotal ), HTP e HPA por meio de GC-MS. Também foram avaliados a granulometria, o pH e Eh do sedimento. O AVS foi extraído do sedimento anaeróbio com ácido clorídrico 6 mol L-1, a frio, e os metais bivalentes liberados durante este tratamento são referidos como metais extraídos simultaneamente (SEM). Para os hidrocarbonetos foi seguido método da USEPA. Os ensaios ecotoxicológicos foram realizados nos sedimentos com copépode bentônico Tisbe biminiensis. As amostras de macrozoobentos foram coletadas, contadas e identificadas até o nível taxonômico família. Testes aplicados mostraram diferença estatística entre as estações. Os resultados obtidos pela razão AVS/SEM, foram correlacionados com as frações granulométricas, carbono orgânico total (0,14 – 11,6%), nitrogênio total (0,02 – 0,25%), metais [Cd (<0,10 a 0,26 μg g-1), Cu (0,04 a 35,42 μg g-1), Pb (0,02 a 9,85 μg g-1), Ni (<0,07 a 4,76 μg g-1), Zn (16,74 a 38,39 μg g-1)]. Comparando-se esses resultados com valores de referência internacionais (National Oceanic and Atmosferic Administration – NOAA e Summary of Existing Canadian Environmental Quality Guidelines) verificou-se estarem abaixo dos valores estabelecidos, mesmo quando comparados com àqueles encontrados em outras regiões do Brasil. Encontrou-se ainda, valores <1 para a relação [SEM]/[AVS], sugerindo a não biodisponibilidade desses metais, exceto nas estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU (1ª campanha) e 1-CG (2ª campanha). Os resultados ecotoxicológicos com o Tisbe biminiensis, apresentaram efeitos sub-letais nas estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU (1ª campanha). A triagem resultou num total de 1333 organismos pertencentes a apenas 6 filos. Os grupos de maior riqueza de espécies foram os Mollusca (12), os Annelida – Polychaeta (8), além dos Arthropoda - Crustacea (6), os quais corresponderam a 97,8% das unidades taxonômicas amostradas. Foi verificado que as estações localizadas no mesolitoral apesar de não apresentarem valores de densidade, riqueza e diversidade muito mais elevados que as estações localizadas no infralitoral mostram um padrão de distribuição distinto com dominância especifica de poliquetas indicadores de contaminação orgânica como Capitellidae. Os bivalves (Anomalocardia brasiliana, Tellina sp., Tagelus plebeius) e os poliquetas (Capitella sp., Laeonereis acuta, Glycinde multidens), foram os organismos mais representativos. A riqueza de espécies, relativamente baixa, observada na área de estudo, pode estar relacionada à ocorrência do elevado percentual de lama, onde já foi descrito por trabalhos anteriores que as associações faunísticas são mais pobres. A integração da Tríade utilizando a tabela de decisão permitiu classificar a área em 4 categorias: 1ª campanha: qualidade boa (8-CG), qualidade de intermediária a boa (3-MA), qualidade de intermediária a degradada (6-CA, 5-MA e 7-SU), qualidade degradada (1-CG, 2-MA e 4-MA). Na 2ª campanha: qualidade boa (5-MA, 6-CA e 7-SU), qualidade de intermediária a boa (2-MA, 3-MA e 8-CG), qualidade de intermediária a degradada (4-MA), qualidade degradada (1-CG). Os resultados obtidos no presente estudo sugerem que a qualidade do sedimento do infralitoral (1-CG, 2-MA e 4-MA) apresenta maiores evidências de degradação induzida por contaminação do que as estações do mesolitoral. Palavras-chave: Metais; Hidrocarbonetos; Toxicologia; Bentos; Tríade BTS.

Page 8: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

ABSTRACT

The purpose of this study the quality of the sediment surface of the northeast portion of the Todos os Santos Bay through the application of the sediment quality triad. For samples that were collected from surface sediment samples in eight seasons (Coqueiro Grande (1-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA, 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) e Coqueiro Grande (8-CG)) in the northern portion of the Todos os Santos Bay-BA, (TSB). It was determined the spatial distribution of acid volaties sulfides (AVS) and simultaneously extracted metal (SEM)-(Cd, Cu, Pb, Ni and Zn), nutrients (C.O, Ntotal), TPH and PAH by GC/MS. They also evaluated the size, pH and Eh of the sediment. The AVS was extracted from the anaerobic sediment with hydrochloric acid 1 mol L-1, the cold, and the divalent metals released during this treatment are referred to as simultaneously extracted metals (SEM). The method of hydrocarbons followed USEPA. The tests were performed Ecotoxicological sediments with benthic copepods Tisbe biminiensis. Samples of macrozoobentos were collected, counted and identified to the level taxonomic family. Tests showed statistical difference between the stations. The results obtained by reason AVS/SEM, were correlated with the size fractions, total organic carbon (0.14 – 11.6%), total nitrogen (0.02 – 0.25%), metals [Cd (<0.10 – 0.26 μg g-1), Cu (0.04 – 35.42 μg g-1), Pb (0.02 – 9.85 μg g-1), Ni (<0.07 – 4.76 μg g-1), Zn (16.74 – 38.39 μg g-1)]. Compared to the results with international reference values (National Oceanic and Atmosferic Administration - NOAA and Summary of Existing Canadian Environmental Quality Guidelines) it was found to be below the set, when even compared with those found in other regions of Brazil. There was still, values <1 for the ratio [SEM] / [AVS], not suggesting the bioavailability of these metals, except in stations 1-CG, 2-MA, 5-MA- and 7SU (1st collection) and 1-CG (2nd collection). The results ecotoxicological test with the Tisbe biminiensis had sub-lethal effects in the CG-stations, 2-MA, 5-MA and 7 -SU (1st collection). The screening resulted in a total of 1333 bodies belonging to only 6 phylo. The groups of highest species richness were Mollusca (12), the Annelida - Polychaeta (8), beyond the Arthropoda - Crustacea (6), which accounted for 97.8% of taxonomic unit sampled. It was found that the stations located in spite of not showing mesolitoral values of density, richness and diversity much higher than the stations located in infralitoral show a distinct pattern of distribution with dominance of polychaetes specifies indicators of organic contamination as Capitellidae. The bivalve (Anomalocardia brasiliana, Tellina sp., Tagelus plebeius) and polychaetes (Capitella sp., Laeonereis acuta, Glycinde multidens) were the most representative species. The richness of species, relatively low, observed in the study area, may be related to the occurrence of the high percentage of mud, which has been described by previous work that the associations are faunistic poorest. The integration of the Triad using the table for a decision to classify the area into 4 categories: 1st collection: high quality (8-GC), intermediate/high quality (3-MA), intermediate/degraded quality (6-CA, 5-MA and 7-SU), degraded quality (1-CG, 2-MA and 4-MA). In the 2nd collection: high quality (5-MA, 6-CA and 7-SU), intermediate/high quality (2-MA, 3-MA and 8-GC), intermediate/degraded quality (4-MA), degraded quality (1-GC). The results of this study suggest that the quality of the sediment infralitoral (1-CG, 2-MA e 4-MA) have more evidence of degradation induced by contamination of the stations of mesolitoral. Keywords: Metal; Hidrocarbon; Toxicology, Bentos, Triad TSB.

Page 9: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa de situação da Baía de Todos os Santos e de localização da área de estudo. ..27 Figura 2 - Diagrama esquemático sugerindo o modelo geral para circulação de água e direção do transporte líquido de sedimento por arrastamento dentro da Baía de Todos os Santos e região costal vizinha. Fonte: Lessa et al., (2001). ....................................................................29 Figura 3. Áreas de produção na Bahia e blocos ofertados pela ANP. Distribuição de campos maduros no entorno da Baia de Todos os Santos. ....................................................................33 Figura 4. Mapa de situação da Baía de Todos os Santos e de localização das estações de amostragem sendo os pontos 1-CG a 4-MA no infralitoral e 5-MA a 8-CG, no mediolitoral. Coqueiro Grande (1-CG e 8-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA e 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) ............................................................................................................................36 Figura 5 - Amostragem de sedimento no mesolitoral (a) utilizando quadrado para situar o local de coletas das amostras referente à análise química e toxicologia (b), o quadrado delimitando a área de coleta dos bentos (c). No infralitoral, mostrando amostras coletadas no Van Veen (d) para análise química e toxicologia (e) e bentos (f). ...........................................37 Figura 6. Fluxograma de análises químicas, física e biológicas...............................................38 Figura 7. Aparato experimental para a extração do AVS/SEM. ..............................................41 Figura 8. Sistema soxlet para extração de compostos orgânicos- hidrocarbonetos..................43 Figura 9. Copépode bentônico Tisbe biminiensis (aumento de 100x)......................................45 Figura 10. Seguência do preparo da amostra (a) e montagem do ensaio ecotoxicológico utilizando do copépode T. biminiensis (b e c) posterior desmontagem do ensaio (d). .............46 Figura 11. Sistema de peneiras usado na triagem em campo (a e b) e peneira usada na triagem de laboratório (c) para posterior triagem no microscópio (d) das amotras macrozoobentônicas...................................................................................................................................................47 Figura 12. Diagrama triangular de classificação granulométrica (Shepard, 1954) dos valores médios do sedimento (a) primeira campanha e (b) da segunda campanha. .............................52 Figura 13. Análise de Componentes Principais (ACP) das variáveis e estações da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.......................................................................................61 Figura 14. Médias (± desvio padrão) de sobrevivência de fêmeas de Tisbe biminiensis expostas aos sedimentos da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE), 1ª campanha. .................................................................................................67 Figura 15. Médias (± desvio padrão) da fecundidade total expressa em indivíduos produzidos (a) e número de náuplios e copepoditos (b) da espécie Tisbe biminiensis quando exposta aos sedimentos da área da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-

Page 10: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

PE), 1ª campanha. As letras acima das barras referem-se às diferenças significativas (Teste de Tukey).......................................................................................................................................68 Figura 16. Médias (± desvio padrão) de sobrevivência de fêmeas de Tisbe biminiensis expostas aos sedimentos da porção Norte da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE) 2ª campanha.......................................................................................................................68 Figura 17. Médias (± desvio padrão) da fecundidade total expressas em indivíduos produzidos (a) e número de náuplios e copepoditos (b) da espécie Tisbe biminiensis exposta aos sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE ), 2ª campanha. As letras acima das barras de náuplios referem-se às diferenças significativas encontradas (Teste de Tukey)...................................................................................................69 Figura 18. Análise de Componentes Principais (ACP) dos efeitos observados da espécie Tisbe biminiensis quando exposta aos sedimentos da área da porção Norte da Baía de Todos os Santos. Abaixo, plotagem dos valores das componentes principais 1 e 2 das variáveis. F. = fator (valor da componente). ....................................................................................................70 Figura 19. Distribuição das espécies dominantes no sedimento superficial da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos nas duas campanhas.....................................................................74 Figura 20. Variação dos índices ecológicos de: diversidade de Shannon-Weiner (H’), o índice de riqueza de Margalef (d) e o índice de equitabilidade de Pielou (J'), n° de famílias (S) e abundância (N). ........................................................................................................................76 Figura 21. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos, 1ª campanha. As circunferências indicam o tamanho relativo do número de indivíduos nas estações........................................................................................................78 Figura 22. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos, 2ª campanha. As circunferências indicam o tamanho relativo do número de indivíduos nas estações........................................................................................................79 Figura 23. Análise de Componentes Principais (ACP) dos end Point da espécie Tisbe biminiensis em relação aos parâmetros químicos metais e orgânicos da 1ª campanha (1ªC) e da 2ª campanha (2ªC) na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Legenda: náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), n-Alcano (n-alc), Pristano (Pris). ........................................................................................................................................83 Figura 24. Distribuição espacial do número de espécies (morfotipos) registradas nas estações de infralitoral (1-CG a 4MA) e mesolitoral (5-MA a 8-CG) da área de estudo na BTS. (1C) 1ª campanha e (2C) 2ª campanha..................................................................................................91 Figura 25. Densidade dos indvíduos por m2 registradas nas estações de infralitoral (1-CG a 4MA) e mesolitoral (5-MA a 8-CG) da área de estudo na BTS. (1ª) 1ª campanha e (2ª) 2ª campanha ..................................................................................................................................91 Figura 26. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos; (a) 1ª campanha e (b) 2ª campanha..........................................................92

Page 11: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Coordenadas geográficas da área de estudo em UTM. ...........................................35 Tabela 2 - Classificação do tamanho das partículas de acordo com o intervalo em mm, Grau de Seleção dos grãos, Assimetria e Curtose, segundo Folk e Ward (1957 apud SUGUIO, 1973), adaptada.........................................................................................................................40 Tabela 3 – Parâmetros geoquímicos usados na avaliação da origem dos HC, envolvendo alcanos normais. .......................................................................................................................44 Tabela 4 - Resultados das análises granulométricas, Carbono Orgânico Total (COT), Nitrogênio Orgânico Total (N), da relação COT/N (C/N), metais, SEM, AVS e [AVS/SEM] nos sedimentos e pH, Eh, salinidade, temperatura em água superficial da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. LDM: Mn – 0,02 Fe -1,4; Zn – 0,34; Cu – 0,02; Ni – 0,07; Cd – 0,01; Pb – 0,09..........................................................................................................................50 Tabela 5 - Comparação dos teores mínimo, máximo e médios dos metais da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos com valores de órgãos internacionais e trabalhos da literatura. ..57 Tabela 6 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos – BA, 1ª campanha...........................................59 Tabela 7 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos – BA, 2ª campanha...........................................59 Tabela 8 - Fatores da Análise de Componenetes Principais (ACP). Em negrito, destacam-se os valores mais importantes para as mesmas. F. - fator ................................................................61 Tabela 9 - Concentração de hidrocarbonetos no sedimento da 1ª e 2ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.......................................................................................63 Tabela 10 - Razões diagnósticas com hidrocarbonetos saturados cíclicos para os sedimentos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos. N.I. – não identificado.................................66 Tabela 11 - Fatores da Análise de Componentes Principais (ACP), em negrito, destacam-se os valores mais importantes para as mesmas. F.= fator ................................................................70 Tabela 12 – Taxas e Freqüências de Macrozoobentos encontrados no sedimento superficial da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Ab.=Abundância; Oc.=Ocorrência; *=Ausência...................................................................................................................................................72 Tabela 13 - Matriz de correlação de Pearson mostrando as relações entre náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), metais, HPA, n-Alcano (n-alc), HRP, HTP, MCNR, Pristano (Pris) e AVS em sedimentos da 1ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos...........................................................................................................81 Tabela 14 - Matriz de correlação de Pearson mostrando as relações entre náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), metais, HPA, HTP, n-Alcano (n-alc),

Page 12: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

HRP, MCNR, HTP, pristano (Pris) e AVS em sedimentos da 2ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. .....................................................................................................81 Tabela 15 - Valores das componentes principais CP1 e CP2 das variáveis da ACP. ..............82 Tabela 16- Resultados da distribuição dos parâmetros químicos e toxicológicos nos sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. ..................................................88 Tabela 17 - Variação dos índices ecológicos de: n° de famílias (S), abundância (N), o índice de riqueza de Margalef (d), índice de equitabilidade de Pielou (J') e o de diversidade de Shannon-Weiner (H’) do presente estudo em comparação com estudos no setor norte e nordeste da Baía de Todos os Santos e em Portugal. ...............................................................90 Tabela 18 - Tabela de decisão das componentes da Tríade na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos-BA. ................................................................................................................95

Page 13: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................16

1.1 APRESENTAÇÃO..........................................................................................................16

1.2 ECOSSISTEMAS ESTUARINOS..................................................................................17

1.3 QUALIDADE DE SEDIMENTO ...................................................................................18

1.3.1 Avaliação Química......................................................................................................19

1.3.2 Ensaios Ecotoxicológicos..............................................................................................20

1.3.3 Bentos Marinho ..........................................................................................................23

1.4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...........................................................24

1.4.1 Característica Fisiográficas .........................................................................................28

1.4.2 Histórico de Contaminação .......................................................................................31

1.5 OBJETIVOS....................................................................................................................33

1.5.1 Objetivo Geral ..............................................................................................................33

1.5.2 Objetivos Específicos..................................................................................................33

1.6 HIPÓTESE ......................................................................................................................34

2 METODOLOGIA.............................................................................................................35

2.1 ÁREA DE ESTUDO .......................................................................................................35

2.1.1 Amostragem ................................................................................................................35

2.2 ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICA E BIOLÓGICAS......................................................38

2.2.1 Análise química...........................................................................................................39

2.2.2 Ensaio Ecotoxicológico...............................................................................................45

2.2.3 Análises Bentônicas .......................................................................................................46

2.2.4 Análises Estatísticas das componentes Abióticas e Bióticas ...................................47

Page 14: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

2.2.4.1 Análises químicas ......................................................................................................47

2.2.4.2 Análises ecotoxicológicas ............................................................................................48

2.2.4.3 Análises Bentônicas...................................................................................................48

2.2.5 Integração dos Dados das Componentes da TRÍADE ............................................48

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................49

3.1 ANÁLISES DE SULFETOS VOLATILIZÁVEIS POR ACIDOS (AVS) E METAIS EXTRAÍDOS SIMULTANEAMENTE (SEM) PARA A ESTIMATIVA DA TOXICIDADE POTENCIAL EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA. .................................................................................................................49

3.1.1 Análise Estatística.......................................................................................................57

3.2 ANÁLISES DE HIDROCARBONETOS EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA......................................................................62

3.3 ECOTOXICIDADE DOS SEDIMENTOS DA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA – BRASIL, UTILIZANDO O COPÉPODE BENTÔNICO TISBE BIMINIENSIS..............................................................................................................67

3.3.1 Análise estatística...........................................................................................................69

3.4 ANÁLISE DA MACROFAUNA BENTÔNICA DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BA ..............................................................................................71

3.4.1 Levantamento de Macroinvertebrados bentônicos .................................................71

3.4.2 Padrões de ordenação das assembléias de macrozoobentos ......................................77

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA INTEGRADA DAS VARIÁVEIS BIÓTICAS E ABIÓTICAS.............................................................................................................................80

4 TRÍADE DE QUALIDADE DE SEDIMENTO DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS - BA ..................................................................................86

4.1 ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICAS E ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO.......86

4.2 ANÁLISES BENTÔNICAS DO SEDIMENTO.............................................................89

4.3 INTEGRAÇÃO DAS COMPONENTES DA TRÍADE .................................................93

5 CONCLUSÃO...................................................................................................................96

6 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................................99

Page 15: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

7 REFERÊNCIAS .............................................................................................................100

8 APÊNDICES ...................................................................................................................116

Page 16: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

16

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

O presente estudo compõe 5 capítulos. No Capítulo 1, “Introdução”, são

apresentados: 1.2) Considerações iniciais sobre o ecossistema estuarino e os principais

impactos que vem afetando esse ecossistema; 1.3) Qualidade de sedimento; 1.4)

Caracterização e um breve histórico da área em estudo; 1.5) Objetivos gerais e específicos;

1.6) Hipótese.

Capítulo 2 - “Metodologia”, descreve os métodos utilizados na Tese, componentes da

Tríade, separadas em: amostragem, análises químicas e biológicas (ecotoxicologia e

assembléias bentônicas).

Capítulo 3 – “Resultados e Discussões”, são apresentados todos os resultados das três

componentes da Tríade, assim separados:

3.1 - “Análises de Sulfetos Volatilizáveis por Ácidos (AVS) e Metais Extraídos

Simultaneamente (SEM) para a Estimativa da Toxicidade Potencial em Sedimentos na

Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos - Bahia” onde é feita uma avaliação da

biodisponibilidade dos metais do sedimento.

3.2 - “Análise de Hidrocarbonetos em Sedimentos da Porção Nordeste da Baía de

Todos os Santos - Bahia – Brasil” é apresentada uma caracterização dos hidrocarbonetos

alifáticos e aromáticos dos sedimentos.

3.3 - “Avaliação da Toxicidade dos Sedimentos na Porção Nordeste da Baía de

Todos os Santos - Bahia - Brasil, Utilizando O Copépode Bentônico Tisbe Biminiensis -

BA” é apresentada uma discussão a respeito dos resultados encontrados sobre os efeitos

tóxicos dos sedimentos da área em estudo.

3.4 - “Análise da Macrofauna Bentônica da Porção Nordeste da Baía de Todos os

Santos - BA” apresenta uma discussão a respeito dos resultados encontrados na identificação

e avaliação da estrutura das assembléias bentônicas.

Capítulo 4 - “Tríade de Qualidade de Sedimento da Porção Nordeste da Baía de

Todos os Santos - BA” é realizado uma discussão a respeito da qualidade de sedimento

através da integração das três componentes de avaliação: análise química, ecotoxicologia e

bentônica. Serão apresentados também ao final do trabalho, um anexo no qual incluirá alguns

resultados referente à tese.

Page 17: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

17

1.2 ECOSSISTEMAS ESTUARINOS

No Brasil a linha costeira apresenta aproximadamente 8.500 Km de extensão,

considerando as baías e reentrâncias voltadas para o Oceano Atlântico (MMA, 1996). Os

ecossistemas costeiros apresentam uma diversidade de ambientes alternando-se em

manguezal, praias, restingas, dunas móveis e fixas, estuários, recifes de corais, costões

rochosos, brejos, dentre outros ambientes. Esses ambientes litorâneos abrangem uma riqueza

representativa em termos de recursos naturais os quais tem servido de atrativo para uma

ocupação desordenada nestas áreas (MMA, 1996).

Os estuários estão entre os mais importantes ambientes de zonas costeiras, os quais

constituem uma transição entre ambientes costeiros marinhos (ecótonos), criando uma das

áreas mais produtivas do planeta. São sistemas costeiros semi-fechados que possuem uma

ligação livre com o mar aberto. Dentro deles, a água marinha se mistura com a água doce

advinda da drenagem terrestre, sendo deste modo, o setor do ambiente marinho que apresenta

a maior variação de efeitos e interações físicas, químicas e biológicas (MIRANDA et al.,

2002).

A contaminação dos ecossistemas costeiros é originada, predominantemente, das

atividades antropogênicas realizadas em terra. A geoquímica de regiões estuarinas está

intimamente relacionada aos processos que ocorrem entre seus diversos componentes, como a

ciclagem dos elementos químicos entre as partes bióticas e abióticas (GARCIA et al., 2008).

Segundo Windom (1992), os principais poluentes originados de fontes terrígenas são os

metais, resíduos sólidos, esgotos, petróleo, compostos orgânicos sintéticos e sedimentos

remobilizados. Os sedimentos costeiros marinhos serão depósitos para muitos desses

materiais que foram transportados das zonas terrestres. O material particulado em suspensão e

o sedimento podem apresentar mais de 90% da carga dos metais em ecossistemas aquáticos

(CACCIA et al., 2003; ACEVEDO-FIGUEROA et al., 2005).

Estes depósitos podem ser remobilizados, e este processo pode ocorrer tanto como

resultado de atividades naturais como bioturbação (HUGHES et al., 2000) quanto antrópicas

como dragagens (HARVEY et al., 1998) tornando estes elementos novamente disponíveis, e

possibilitando a ocorrência de efeitos potencialmente nocivos à biota (e.g. DASKALAKIS e

O’CONNOR, 1995; HOSSAIN et al., 2004; CHEN et al., 2005). Essa remobilização irá

ressuspender não somente os metais ora sedimentados, mas qualquer outro elemento como os

nutrientes e compostos orgânicos que serão, novamente, disponibilizados para a coluna

Page 18: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

18

d’água, tendo um papel significativo na bioacumulação destes compostos na cadeia alimentar

(TOLOSA et al., 2004).

1.3 QUALIDADE DE SEDIMENTO

A qualidade do sedimento tem se mostrado cada vez mais relevante para manter a

saúde dos ecossistemas. Nos ecossistemas aquáticos, principalmente os costeiros, a maior

parte dos contaminantes acumulam-se no ambiente sedimentar, que pode então mostrar-se

tóxico para os organismos que vivem em contato direto com o sedimento, como a fauna

bentônica e epibentônica, ou os que apresentam relações indiretas com ele, como os

organismos pelágicos. Esses contaminantes acumulam-se nos organismos e poderão ser

biomagnificados ao longo da cadeia alimentar, acarretando em riscos potenciais, inclusive

para o homem. A contaminação de sedimentos, pela geração em cadeia de efeitos tóxicos, é

um tema de interesse mundial, particularmente em áreas com histórico de forte atividade

industrial (MENDOZA, 1998; SOUSA e NIPPER, 2002).

A aplicação da avaliação dos sedimentos em um ambiente impactado tem sido

reconhecida, particularmente, devido à sua capacidade de reter os contaminantes presentes na

coluna d’água (HARBISON, 1986; WARNKEN et al., 2001), pois o sedimento atua

transportando, acumulando e estocando poluentes (JESUS et al., 2004). Assim as

concentrações tornam-se várias ordens de grandeza maiores do que nas águas

correspondentes, possibilitando o uso do sedimento como indicador ambiental tanto atual

como remota (JESUS et al., 2004).

Long e Chapman (1985) apresentam pela primeira vez uma forma integrada de

avaliação da qualidade do sedimento, definida como The Sediment Quality Triad, Tríade de

Qualidade de Sedimento (TQS). Nesse trabalho eles evidenciam a contaminação ambiental no

estuário de Puget, em Washington (EUA). Atualmente, essa técnica é amplamente utilizada

para realizar avaliações integradas da qualidade do sedimento, baseado em três importantes

técnicas de análise de contaminação (análises químicas, ensaios ecotoxicológicos e análise

das assembléias bentônica), a fim de identificar os efeitos da contaminação sobre a biota local

(ZAMBONI e ABESSA, 2002). Orientação geral sobre a utilização da Tríade foi

originalmente fornecidas por Chapman (1986), posteriormente atualizado por Chapman

(1990), Chapman et al. (1991), Chapman et al. (1997), Chapman (2004) e mais recentemente

por Bay et al. (2007).

Page 19: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

19

O levantamento da qualidade química, ecotoxicológica e biológica do sedimento,

tornam-se uma etapa fundamental para a derivação de valores de referência para qualidade de

sedimentos, dos ecossistemas regionais. Neste sentido, pesquisas voltadas à caracterização da

contaminação dos sedimentos tornam-se necessárias para melhor interpretação de futuros

trabalhos e resultados (ABREU et al., 2006).

1.3.1 Avaliação Química

A determinação de parâmetros químicos, a exemplo de metais, nutrientes e compostos

orgânicos, são ferramentas importantes na identificação de uma fonte contaminadora, bem

como auxiliar na identificação e caracterização de uma área contaminada. Assim, cada vez

mais essas ferrramentas são utilizadas na confecção de relatórios e trabalhos científicos

utilizando várias matrizes (água, sedimento, biota, óleo, alimentos etc). A quantificação

desses parâmetros químicos associados a parâmetros biológicos serve de suporte numa

avaliação toxicológica permitindo, em muitos casos, avaliar níveis de toxicidade de vários

elementos químicos. Parâmetros geoquímicos podem indicar também a origem litogênica

(minerais detríticos, que por sua vez são produtos do intemperismo de rochas) e

antropogênica (deposição de material particulado atmosférico; lixiviação do solo; despejos

industriais urbanos nos corpos d’água etc) desses elementos. A compreensão da origem e de

como esses elementos químicos se comportam no meio ambiente são pontos fundamentais

para entender o processo de contaminação.

Contaminantes, apresentam-se distribuídos nos ecossistemas aquáticos, dissolvidos

e/ou ligados ao material particulado em suspensão. Na fase dissolvida estarão na forma iônica

ou em complexos solúveis. Quando em suspensão, apresentam-se combinados ao material

inorgânico como argilo-minerais e oxi-hidróxidos metálicos, de ferro e manganês, ou ainda

complexados à matéria orgânica (LACERDA, 1998). Cátions metálicos ligam-se à matéria

orgânica de diversas maneiras, incluindo associações com ácidos orgânicos contendo

grupamentos -COOH, -OH, podem formar sais orgânicos, nos quais os cátions metálicos

ocupam o local do H+ ionizável, geralmente com ligações de força moderada. Variações no

pH e na concentração de O2 irão influenciar na mobilidade dos mesmos metais (WEN;

ALLEN, 1999), podendo levar a uma distúrbio e consequente oxidação do sistema (SMITH e

MELVILLE, 2004).

Page 20: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

20

Cátions metálicos podem se ligar diretamente ao carbono, formando compostos

organo-metálicos (LICHT, 1998), ou então ao N, O, P ou S, com ligações fortes.

Em sedimentos de ecossistemas aquáticos costeiros são comuns as condições redutoras

devido a redução de sulfato, face a abundância deste composto na água do mar. Assim, grande

quantidade de sulfeto é produzida através de processo microbianos envolvendo,

principalmente, bactérias sulfato-redutoras da espécie Dessulfovibrio e Desulfatomaculum.

Essas reações de redução de sulfato no substrato podem ocasionar a precipitação de metais

como sulfetos insolúveis que se acumulam gradualmente nos sedimentos (HARBISON,

1986). Nesses ecossistemas parte do material particulado em suspensão irá sedimentar-se.

Esse material particulado pode apresentar-se em duas frações: detrítica (matriz mineralógica)

e não-detrítica (não associados à matriz). Sob o ponto de vista ambiental, essa distinção é

fundamental, pois a fração não-detrítica é potencialmente disponível para a incorporação

pelas cadeias alimentares, e sua partição geoquímica é essencial para a compreensão do

comportamento desses elementos no meio ambiente.

O tempo de residência dos contaminates, de um modo geral, está associado aos vários

processos atuantes no meio, os quais promovem sua fixação ou remobilização tais como:

processos químicos e físico-químicos de adsorção, coprecipitação e complexação,

modificações de pH, Eh, teor de matéria orgânica e salinidade, as quais promovem a

dessorção parcial ou liberação total (FORSTNER; WITTMANN, 1981).

1.3.2 Ensaios Ecotoxicológicos

De acordo com Adams (1995), na década de 40 do século XX, os biólogos advertiram

para o fato de que as análises químicas não poderiam avaliar a toxicidade, mas apenas

predizê-la. Contudo, estas análises, que até meados da década de 80 do mesmo século foram

absolutas como forma de caracterizar os poluentes lançados ao ambiente, serviam como base

dos padrões para a legislação ambiental (BERTOLETTI, 1990; VIEIRA, 2004).

Segundo Bertoletti (1990), Burton (1992) e Costa (1997), o monitoramento e o

estabelecimento de critérios para a avaliação da qualidade ambiental não podem se basear

unicamente em métodos químicos, pois, por exemplo:

a) Determinados agentes químicos são capazes de produzir efeitos biológicos quando

estão abaixo do limite de detecção dos métodos analíticos atuais;

b) As análises químicas revelam apenas a presença das substâncias nas quais estão os

possíveis poluentes;

Page 21: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

21

c) Em ambientes aquáticos ou mesmo em solos, as substâncias químicas não ocorrem em

concentrações constantes. Portando, somente um monitoramento químico, mesmo que

regular não seria a maneira mais adequada de avaliação de picos ocasionais de

concentrações elevadas;

d) Misturas complexas de substâncias químicas, como as que ocorrem em águas residuais

ou sedimentos e solos, tornam a análise de toxicidade complexa, pois, não se pode

determinar se esta é causada por um ou vários componentes, desta amostra. Logo,

determinados efeitos antagônicos ou sinérgicos, podem tornar a toxicidade maior,

menor ou mesmo igualar a soma de toxicidade de seus constituintes.

A toxicologia aquática estuda os efeitos de substâncias químicas e de outros materiais,

antrópicos ou naturais, em organismos aquáticos. Os efeitos adversos dessas substâncias

incluem letalidade a curto e longo prazo, e efeitos subletais, como alterações

comportamentais, reprodutivas, de crescimento e alimentação (NASCIMENTO, 2002;

SOUSA; NIPPER, 2002). Mais complexa, a ecotoxicologia estuda de forma quali-quantitativa

os efeitos adversos das substâncias químicas, considerando suas inter-relações no ecossistema

além da atuação nos organismos (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

Realizados em laboratório ou diretamente em campo, “os testes de ecotoxicidade (ou

bioensaios) podem encerrar desde o princípio mais básico das curvas “dose-resposta” e

observação de modificações comportamentais, fisiológicas e letalidade, até enfoques mais

sofisticados como alterações bioquímicas, genéticas ou teratogênicas” (ZAMBONI, 2000). Os

efeitos passíveis de serem observados são numerosos e dependem das características de cada

método empregado, da biologia da espécie-teste, do tipo de composto avaliado e do objetivo

de cada estudo (ZAMBONI, 1993). Os bioensaios podem ser realizados em vários meios

como água, sedimentos, efluentes, produtos químicos puros. Além da diversidade de meios de

cultivo para os ensaios, os memso podem ser aplicados utilizando uma espécie ou

comunidades animais e/ou vegetais como um todo (in situ), buscando sempre as respostas

mais rápidas, precisas, de fácil interpretação e que sejam correlacionáveis com outros

parâmetros de avaliação ambiental (ZAMBONI, 2000).

Vários organismos são utilizados em ensaios ecotoxicologicos, que vai da fauna à

flora. No Brasil, ainda são poucas as espécies que têm suas normas padronizadas para

bioensaios de toxicidade. Quando se restringe aos ecossistemas marinhos, esse número ainda

é menor. Alguns dos organismos mais utilizados são os microcrustáceos Artemia sp.

(CETESB, 1991), Mysidopsis juniae (CETESB, 1992) e os embriões do equinodermo

Lythechinus variegatus (CETESB, 1999 e ABNT, 2006). No entanto, algumas espécies vêm

Page 22: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

22

sendo testadas, tais como o mexilhão Perna perna (ZARONI, 2002), juvenis da ostra

Crassostrea rhizophorae (NASCIMENTO, 1998) e do misidáceo Mysidium gracile

(BADARÓ-PEDROSO et al., 2002), os copépodes planctônicos Acartia lilljeborgi e Temora

stylifera (NIPPER, 2002) e o bentônico Tisbe biminiensis (ARAÚJO-CASTRO et al., 2006a;

2006b), o anfípodo Tiburonella viscana (MELO e ABESSA, 2002) e o tanaidáceo

Kalliapseudes shubartii (ZAMBONI e COSTA, 2002).

Recentemente, trabalhos vêm sendo desenvolvidos mostrando a eficiência de

organismos de meio fauna (COULL e CHANDLER, 1992; CHANDLER e GREEN, 1996),

dente eles os copépodes, com bons resultados em sedimento Schizopera knabeni (LOTUFO,

1998a; 1998b; LOTUFO e FLEEGER, 1997), Coullana sp. (LOTUFO, 1998a; 1998b),

Nitocra lacustris (STREET et al., 1998; LOTUFO e FLEEGER, 1997), Nitocra sp.

(LOTUFO e ABESSA, 2002); Nitocra spinipes (DAHL et al., 2006; WERNERSSON et al.,

2000), Amphiascus tenuiremis (HAGOPIAN-SCHLEKAT et al., 2001), Acartia lilljeborgi e

Temora stylifera (NIPPER, 2002); Tisbe battagliai (THOMAS et al., 2003; POUNDS et al.,

2002), Tisbe longicornis (LARRAIN et al., 1998); Tisbe holothuriae (MILIOU et al., 2000;

TAYLOR et al., 2007) e Tisbe biminiensis (ARAÚJO-CASTRO et al., 2008). Os copépodes

vêm se destacando devido aos hábitos bentônicos e/ou epibentônicos, abundância no

ambiente, facilidade de cultivo em laboratório e a redução de custos do cultivo devido ao seu

tamanho (LOTUFO e ABESSA, 2002). Outra característica importante do copépodes

bentônicos tropicais e subtropicais, descrita por Lotufo e Abessa (2002), é o curto ciclo de

vida (3-4 semanas) permanecendo no sedimento durante a fase de ontogênese, o que permite

uma investigação de efeitos sub-letais (reprodução e desenvolvimento) dos organismos-teste.

Copépodes marinhos harpacticóides bentônicos têm sido utilizados em testes letais e

sub-letais de toxicidade por apresentam os pré-requisitos necessários para estes testes, como o

ciclo de vida curto e tamanho reduzido. Além disso, o hábito epibentônico dos copépodes

possibilita testar poluentes tanto na fase aquosa quanto aqueles ligados ao sedimento, a

exemplo das espécies, Amphiascus tenuiremis, Nitocra spinipes e Tigriopus fulvus (COULL;

CHANDLER, 1992; BENGTSSON, 1978; HUTCHISON et al., 1999; FARAPONOVA et al,

2005).

O gênero Tisbe corresponde a um grupo de copépodes bentônicos ecologicamente

importante da meiofauna e vem sendo freqüentemente utilizado em testes de ecotoxicologia

marinha por apresentarem alta sensibilidade a toxicantes, a exemplo das espécies Tisbe

battagliai (ISO, 1999; POUNDS et al., 2002; THOMAS et al., 2003;), Tisbe holothuriae

(MILIOU et al., 2000; TAYLOR et al., 2007) e Tisbe longicornis (LARRAIN et al., 1998).

Page 23: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

23

O copépode harpacticóide Tisbe biminiensis Volkmann-Rocco (1973) teve sua

dinâmica populacional em condições de laboratório e aspectos de sua alimentação descritos

por Pinto et al. (2001). Araújo-Castro et al. (2006a e 2006b) desenvolveram uma metodologia

para a realização de bioensaios de toxicidade de sedimento com Tisbe biminiensis e utilizou

como substância de referência o dicromato de potássio, sendo determinada a carta controle

para esta espécie. Segundo a ISO (1999), para protocolar a metodologia de bioensaios é

aconselhável checar a sensibilidade dos animais utilizados através de uma substância química

padrão. Para esta checagem, é necessário que haja dados históricos sobre a sensibilidade do

organismo cultivado em laboratório, empregado à substância de referência utilizada, que

resultam em uma carta controle padrão para a espécie e o contaminante utilizado.

1.3.3 Bentos Marinho

As asssembléias bentônica marinha é representada por uma variedade de organismos

invertebrados, pertencentes a diferentes grupos zoológicos a exemplo dos: briozoários,

esponjas, cnidários, anelídeos, moluscos, crustáceos, sipunculídeos. Associado a essas

comunidades zoobentônicas ainda encontram-se os unicelulares, como protozoários e

bactérias; bem como cordados Urochordata (ascídias), entre outros (ESTEVES, 1998;

SOARES-GOMES; PIRES-VANIN, 2003).

Os organismos bentônicos desempenham importante papel ecológico dentro dos

ecossistemas aquáticos, participando das atividades de decomposição de matéria orgânica; da

ciclagem de nutrientes no substrato através do processo de biorrevolvimento do sedimento,

que acelera os processos de remineralização de nutrientes; além de ocupar uma posição

importante dentro da cadeia alimentar, sendo uma das principais fontes de alimento para

peixes demersais (LANA et al., 1996; NYBAKKEN, 2001).

A avaliação da estrutura e dinâmica das associações de macroinvertebrados bentônicos

tem sido muito útil em programas de monitoramento do efeito de poluentes. Organismos que

vivem dentro ou sobre o substrato refletem, com maior precisão, as condições ambientais

anteriores ao momento da amostragem, quando comparados às formas que vivem na coluna

d’água (LANA et al., 1996; BENVENUTI et al., 2005). Segundo Longhurst e Pauly (1987),

poliquetas, crustáceos e moluscos compreendem cerca de 85% de todos os organismos das

comunidades bentônicas marinhas tropicais, sendo estes grupos formadores da base do fluxo

de energia do bentos para as comunidade de peixes demersais. Por outro lado, não se deve

Page 24: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

24

subestimar o papel desempenhado por esses organismos na aeração e remobilização dos

sedimentos de fundo, acelerando os processos de transformação, remineralização de

nutrientes, deposição de matéria orgânica e, conseqüentemente, os próprios processos de

produção marinha primária e secundária (ROADS, 1974; THRUSH, 1986).

Dentre os indicadores oferecidos pelas comunidades bentônicas, podem ser utilizados

parâmetros relacionados com as mudanças na composição genética da população, acumulação

de substâncias tóxicas nos tecidos dos organismos, alterações na taxa de natalidade,

surgimento de malformações e/ou anomalias, presença ou ausência de algumas espécies ou

grupos e alterações na estrutura da comunidade de um modo geral (MARQUES e

BARBOSA, 2001; PESO-AGUIAR, 1995). Os índices de diversidade, entre eles o de

Shannon-Weiner, são bem utlilizados para dar respostas da perturbação ambiental em áreas

que estejam sofrendo impactos gerados por derivados do petróleo (PESO-AGUIAR et al.,

2000). O petróleo pode causar impactos sobre a fauna e flora, seja por ação física

(abafamento, redução da luminosidade) ambiental (a alteração do pH, diminui o oxigênio

dissolvido, diminuindo o alimento disponível) e tóxica (KENNISH, 2002). Os efeitos

causados na estrutura dessas comunidades podem persistir por períodos de dias a anos,

desencadeando efeitos agudos expressados principalmente pela mortalidade, proveniente de

uma intoxicação ou asfixia. Alterações nas atividades metabólicas (efeitos subletais), também

podem acontecer, porém são de mais difícil detecção (GANDRA, 2005). Em geral, os efeitos

agudos do óleo sobre o macrobento, evidenciados por mortalidade ou fuga da área impactada,

podem ser significativos, mas de curta duração (GESTEIRA e DAUVIN, 2000; GANDRA,

2005).

Peso-Aguiar et al. (2000), analizaram as comunidades bentônicas da Baía de Todos os

Santos (BTS/Salvador/Bahia) com o objetivo de identificar possíveis variações da estrutura e

diversidade dessas comunidades expostas aos derivados de petróleo em áreas sob influência

de atividades petroquímicas da refinaria instalada no setor nordeste da BTS. Obtiveram

respostas ecológicas onde foram constatados gradientes de densidade e de diversidade em

função de maior ou menor proximidade da refinaria.

1.4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área objeto deste estudo está localizada no Recôncavo Baiano na porção nordeste da

Baía de todos os Santos (Figura 1).

Page 25: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

25

A área está inserida no município de São Francisco do Conde e Madre de Deus, as

quais são representantes da Região Metropolitana de Salvador. São Francisco do Conde

localiza-se na foz dos rios Subaé, Dom João e Engenho D’Água. Possui uma área geográfica

de 267,6 km2 e a sede fica nas coordenadas geográficas de Latitude 12º37'39 S e Longitude

38º40'48 W Fica no rumo 27º58’ NO da Capital Baiana, da qual dista, por via rodoviária 63

km pelas estradas de rodagem BA-879, BA-522 e BR-324; por via marítima dista-se 27

milhas (PEDREIRA, 1984). Limita-se com os municípios de Santo Amaro, São Sebastião do

Passé, Candeias, Salvador e com a Baía de Todos os Santos. O município possui três distritos:

São Francisco do Conde (sede), Mataripe e Monte Recôncavo e povoados/destritos como

Caípe, Dom João, Cajazeiras, São Paulo e ilhas como a de Cajaíba, Fontes, Pati.

O município de Madre de Deus conta com uma área geográfica de 11,2 km2 e a sede

do município esta situado nas coordenadas geográficas de 12º44’ S e 38º37’ W. Limita-se

com São Francisco do Conde e é composta também pela ilha Maria Guarda, Vacas e Coroa do

Capeta. A ilha de Madre de Deus onde se encontra a sede do município é ligada ao continente

pela Ponte do Suape.

Toda a região do Recôcavo baiano desde o período colonial teve sua economia

fundamentada principalmente no cultivo da cana-de-açúcar. Os canaviais desenvolveram-se

em áreas de terrenos cretáceos, que vai do rio Açu ate Monte Recôncavo, conhecido como

“massapé”, terra de cor escura, dotada de grande plasticidade e rica em matéria orgânica.

Além da cana a região desenvolve outras atividades agrícolas como o cultivo do cacau,

banana, fumo, mandioca, cravo da índia e mamona. A região também funcionou como centro

pesqueiro, especialmente de camarões e xangó e entreposto comercial estabelecendo uma

relação com outros municípios (SANTOS, 2002). O declínio do cultivo da cana-de-açúcar e o

início das explorações de petróleo no Brasil ocorreram no mesmo período. A indústria e a

extração mineral do petróleo na região iniciaram-se em 1947 com a CNP - Conselho Nacional

do Petróleo no destrito de Dom João, em São Francisco do Conde.

Em 17 de setembro de 1950 nas proximidades da cidade de Candeias foi inaugurada a

primeira refinaria de petróleo, a Refinaria Landulpho Alves de Mataripe (RLAM), em terras

então pertencentes ao município de São Francisco do Conde.

A instalação da RLAM constituiu em ponto de partida para construção e consolidação

da infraestrutura que se mostrou capaz de sustentar, nos anos seguintes, o processo de

industrialização da região de todo Recôncavo Baiano (OLIVEIRA, 1997).

A antiga ilha de Cururupeba, hoje conhecida como Madre de Deus, apresenta

ambiente estuarino-lagunar com Mata Atlântica e ecossistemas associados de manguezais e

Page 26: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

26

restinga que vêem sofrendo um grande impacto desde o início do processo de

desenvolvimento industrial na região. Isto causou uma alteração substancial na sua

configuração paisagística e urbana, passando de simples apoio a atividades primário-

exportadoras a centro de serviços e apoio a indústria do petróleo (CONDER, 1994).

Essas transformações ocorridas desde a década de 50 influenciaram os hábitos e

costumes de seus habitantes de toda a região do Recôncavo. As suas paisagens, tanto físicas

como culturais, se modificaram de modo considerável, desfazendo por completo seus

primitivos aspectos (OLIVEIRA, 1997).

A porção nordeste da BTS é considerada como uma das mais impactadas do estado da

Bahia nas últimas décadas (CRA, 2001). A expansão e o crescimento urbano,

concomitantemente à crescente atividade petroquímica e petrolífera, bem como as ações

antrópicas de várias naturezas têm contribuído nos últimos anos para alterações dos

ecossistemas locais, provocando mudanças muitas vezes irreversíveis e até mesmo a sua

completa destruição (GUEDES et al., 1996).

Page 27: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

27

Figura 1 Mapa de situação da Baía de Todos os Santos e de localização da área de estudo.

Page 28: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

28

1.4.1 Característica Fisiográficas

A Baía de Todos os Santos (BTS) é uma das maiores reentrâncias da costa brasileira,

com uma extensão territorial de aproximadamente 1223 km2, apresentando uma topografia de

fundo relativamente plano, com profundidade média de 9,8 m (CIRANO e LESSA, 2007),

sendo considerada uma das maiores e mais importante baía navegável da costa tropical do

Brasil (Figura 1). A região apresenta uma diversidade cultural e natural a exemplo de

ecossistemas ricos em belíssimas paisagens, biodiversidade como manguezais, remanescente

de Mata Atlântica, restingas, coqueirais, bananais e recifes de corais.

A distribuição da salinidade mostra que é uma baía dominada por condição

francamente marinha; águas salobras e condições estuarinas são identificadas nos canais do

rio Paraguaçu e Subaé, principais fontes de água doce dentro da BTS (LESSA et al., 2001).

Durante o inverno, com o aumento do aporte de água doce, variações de salinidade de 4

unidades podem ser observadas entre a parte mais interna da BTS e a região costeira

adjacente. Valores de salinidade dentro da baía podem chegar até 32,3 (CIRANO e LESSA,

2007).

Segundo Lessa et al. (2001), a batimetria média na área é de aproximadamente 6 m,

salvo alguns canais e depressões que podem atingir até 102 m. A circulação no interior da

baía, contornada pelas marés, não apresenta variação ao longo do ano, porém, as estações

chuvosa (inverno) e seca (verão) geram alterações significativas nas propriedades das águas

no interior da BTS (CIRANO e LESSA, 2007). Na maior parte da baía, prevalecem condições

dominantes de maré vazante, como se depreende das medidas das correntes mais fortes, da

morfologia das junções de canal e dos depósitos sedimentares, especialmente nos deltas de

maré vazante nas duas entradas da baía (canal Itaparica e o canal Itaparica-Salvador). Lessa et

al. (2001) também descrevem medidas de correntes costais próximos à baía, indicando uma

combinação entre correntes mareais com correntes na direção SO induzida por ventos, criando

grandes velocidades de fluxo orientados para oeste capazes de transportar sedimentos para

fora da baía (Figura 2). A coluna d’água é bem misturada verticalmente em termos de

temperatura e salinidade, sendo que condições estuarinas são limitadas ao canal do rio

Paraguaçú (WOLGEMUTH et al., 1981), situado na porção oeste da BTS.

Durante o verão, as águas dentro da baía têm características oceânicas, com a Água

Tropical (AT) penetrando ao longo de toda a região, com exceção da desembocadura do Rio

Paraguaçu (CIRANO; LESSA, 2007).

Page 29: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

29

Figura 2 - Diagrama esquemático sugerindo o modelo geral para circulação de água e direção do transporte líquido de sedimento por arrastamento dentro da Baía de Todos os Santos e região costal vizinha. Fonte: Lessa et al., (2001).

Uma avaliação do tempo de descarga também é feita e mostra que durante o verão, o

tempo de descarga pode sofrer um aumento de 60% daquele observado durante o inverno (38

dias) (LESSA et al., 2001). Apesar da circulação não variar sazonalmente no interior da baía,

observa-se que a plataforma interna associada é caracterizada por dois cenários. Durante o

verão, os ventos de leste, que proporcionam ressurgência, atuam para gerar correntes para

sudoeste, enquanto que durante o inverno, a maior ocorrência de frentes frias (ventos de sul),

tende a reverter o padrão de circulação.

Segundo Bittencourt et al. (1976), a maior parte dos sedimentos finos introduzidos na

BTS é trazida como material em suspensão na água, pelo rio Paraguaçu, proveniente da

Page 30: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

30

desagregação do embasamento cristalino. Esse material irá depositar-se preferencialmente na

metade norte da baía, área de estudo, região de baixa energia onde o sedimento argiloso

deriva principalmente da erosão marginal e da desagregação das rochas sedimentares (VILAS

BOAS e BITTENCOURT, 1979).

A área de estudo, situada na porção norte da Baía de Todos os Santos, está inserida na

porção central da Bacia Sedimentar do Recôncavo, que se encontra entre as falhas geológicas

de Salvador (a leste) e Maragojipe (a oeste), em solo Cretáceo de ordem vertissol (massapé),

numa proeminência que avança para a Baía de Todos os Santos, na foz do rio Sergipe do

Conde e frente à Ilha de Cajaíba (PEDREIRA,1984). Segundo Rosa et al. (2001), as unidades

litológica que compõem esta bacia são essencialmente compostas por seqüências de

conglomerados, arenitos e folhelhos. Na região de São Francisco do Conde e Madre de Deus

predomina o solo tipo massapé, evoluído a partir da alteração dos folhelhos e siltitos das

Formações Candeias, Itaparica, Aliança e do Grupo Ilhas, assumindo coloração escura e

castalho-avermelhado e granulometria argilosa. Secundariamente, ocorrem litotipos da

Formação São Sebastião. Na faixa costeira, os solos são mais arenosos, desenvolvidos sobre

aluviões, dunas, restinga e manguezais, ou resultantes de folhelhos arenosos existentes nas

mesmas formações anteriormente citadas (CONDER, 1994). Apresenta uma predominância

de solos podzólicos vermelhos, vertisolos e dos denominados solos indiscriminados de

manguezal (BAHIA, 1998).

As principais estruturas nestas unidades litológicas são representadas por falhas e

fraturas, de direção principal SW-NE e SE-NW, formando estruturas tipo grabens

(MAGNAVITA, 1992). Estruturas originadas da deformação plástica dos sedimentos,

representados por dobras e domos, constituíram-se em estruturas de aprisionamento e

retenção de hidrocarbonetos (MAGNAVITA, 1992), alvo de prospecção e exploração de

petróleo.

Na região de São Francisco do Conde ocorrem rochas dos domínios dos Grupos Santo

Amaro e Ilhas, os quais fazem parte do reservatório Rift de Petróleo da Bacia do Recôncavo

(SANTOS, 2002).

A geomorfologia da área em estudo está regionalmente inserida em regiões de terras

baixas brasileiras (inferior a 200m) que refletem a influência de diversos fatores como os lito-

estruturais e climáticos. Segundo Bahia (1999), pode ser caracterizada como baixada litorânea

e planície marinha e fluviomarinha.

O clima que recobre a área em estudo é classificado como quente e úmido do tipo Af,

segundo a classificação de Köeppen (1948). Caracteriza-se pela constante umidade e

Page 31: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

31

precipitação anuais superiores a 1800 mm. Nos meses outubro, novembro e dezembro as

chuvas são menos intensas com precipitação total anual variando de 1750 a 1900 mm

(BAHIA, 1999). A umidade relativa do ar é elevada durante todo o ano, com índices médios

que variam de 77% a 85%, com uma pequena inconstância sazonal. Tem-se o mês de janeiro

como o mais seco, com umidade de 79% e um período mais úmido de abril a junho, quando a

umidade ultrapassa 85% (BAHIA, 1999).

A temperatura média anual é da ordem de 25,3ºC, com máximas que atingem 28,3ºC e

mínimas que chegam a 22,8ºC (CELINO et al., 2008a). A amplitude térmica é de 5,5ºC

(CONDER, 1994).

A vegetação pode ser destacada em duas regiões fitoecológicas: Floresta Ombrófila

Densa Aluvial e Formações Pioneiras. Em áreas de influência fluvio-marinha, situados na

desembocadura dos rios sob influência das marés, estão inseridos os manguezais com uma

vegetação adaptada a ambientes salobros (CONDER, 1994).

Quanto à vegetação, a região apresenta um manguezal em franja onde foi observada a

presença das espécies vegetais típicas de mangue (Rhizophora, Avicennia e Laguncularia),

com predominância de Avicennia. Podem ainda, estarem presentes como constituintes da flora

de manguezal, várias plantas herbáceas, epífitas, hemiparasitas, aquáticas típicas e algas.

1.4.2 Histórico de Contaminação

A BTS apresenta pequenas baías contíguas: ao sul a baía da Ribeira, à nordeste a baía

de Aratu e a leste da baía do Iguape. Em volta da BTS, a norte, nordeste e noroeste há quatro

complexos industriais: 1.Centro Industrial de Aratu, 2.Complexo Petrolífero [Refinaria

Landulfo Alves de Mataripe (RLAM), TRANSPETRO e Fábrica de Asfalto], 3.Pólo

Petroquímico de Camaçari e o 4.Centro Industrial de Subaé (Figura 1), compreendendo mais

que uma centena de indústrias dedicadas à metalurgia, petroquímica, cimento, solventes,

exploração e refino de petróleo, celulose e usinas de asfalto, de açúcar e de álcool

(ARGOLLO, 2001).

O grande crescimento industrial associado à exploração dos recursos minerais abriu

caminhos para uma nova política ambiental - o desenvolvimento sustentável. Associado a

sustentabilidade veio à evolução científica trazendo novas metodologias para integrar o

homem e o meio ambiente. Agregado a esses novos conceitos, vários estudos vêm sendo

realizados nas últimas décadas (SIMONEIT, 1978; TAVARES et al., 1988; ABOUL-

Page 32: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

32

KASSIM e SIMONEIT, 1995; BERNANRD et al., 1996; LE DRÉAU et al., 1997;

COMMENDATORE et al., 2000; REZENDE et al., 2002; VENTURINI e TOMMASI, 2004;

CELINO e QUEIROZ, 2006, OREN et al., 2006; BARROS et al., 2008; CELINO et al.,

2008a e b; MARINS et al., 2008) com a finalidade de avaliar possíveis impactos gerados

pelas atividades petrolíferas.

Diante do crescimento industrial e urbano na BTS, principalmente nas porções norte e

nordeste, em 1993, no Estado da Bahia, foi criado um Programa de Monitoramento dos

Ecossistemas da Baía de Todos os Santos, através de um convênio entre a Petrobrás e a

Universidade Federal da Bahia – UFBA. Neste programa foram gerados relatórios

multidisciplinares de avaliação dos impactos decorrentes dos processos da cadeia do petróleo.

Para tanto, pesquisadores vinculados a essas pesquisas quantificaram as concentrações de

poluentes presentes nos sedimentos e na biota (TAVARES, 1996), além de avaliarem os seus

efeitos em organismos individuais (NASCIMENTO, 1996) e na comunidade bentônica

(PESO-AGUIAR e ALMEIDA, 1996).

Outros estudos realizados na BTS também mostraram o comprometimento ambiental

de zona de manguezal, influenciados pelas atividades industriais, dentre essas atividades

destacam-se aquelas associadas ao ramo petroquímico, a exemplo: Queiroz (1992), Paredes et

al. (1995), Santos (2002) e Celino et al. (2008) com trabalhos enfocando a qualidade dos

sedimentos; Os trabalhos de Martins (2001), Garcia et al. (2007), Amado-Filho et al. (2008) e

Leão (2008) integraram a avaliação da contaminação da biota (fauna ou flora) com a

contaminação dos sedimentos.

Tavares (1996) afirma que, sob o ponto de vista químico, a atividade de refino de

petróleo é fonte de hidrocarbonetos alifáticos, policíclicos aromáticos e poliaromáticos, além

de metais pesados como: cobre, vanádio, níquel, cromo, zinco, manganês. Essas substâncias

ao chegarem ao ecossistema manguezal, podem ser biodisponibilizadas e vir a influenciar

diversos elos da cadeia trófica. O óleo e seus subprodutos trazem efeitos tóxicos subletais aos

organismos que são quase imperceptíveis, porém mais freqüentes e de difícil identificação.

No entanto, alguns organismos podem ser seriamente afetados, ou até mesmo mortos. Essas

ações comprometem a produtividade do manguezal (RODRIGUES, 1997).

Ferreira (2009) apresenta um panorama geral do mercado de produção de petróleo e

gás natural a nível nacional. No estado da Bahia, esse autor relata o hitórico de produção de

petróleoe as áreas de distribuição dos blocos da ANP, que apesar de incluirem campos

maduros que produzem a mais de 40 anos, ainda oferecem capacidade exploratória. A Figura

3 mostras esses blocos no entorno da BTS.

Page 33: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

33

Figura 3. Áreas de produção na Bahia e blocos ofertados pela ANP. Distribuição de campos maduros no entorno da Baia de Todos os Santos. Fonte: Ferreira, (2009), adaptada.

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Objetivo Geral

A presente Tese propõe avaliar a qualidade do sedimento da porção nordeste da Baía

de Todos os Santos através do estudo da biodisponibilidade e toxicidade de contaminantes

desses sedimentos marinho.

1.5.2 Objetivos Específicos

Avaliar a geoquímica do sedimento das regiões estudadas, através da

distribuição dos elementos químicos: chumbo, zinco, cobre, cádmio e níquel nessa zona

sedimentar, bem como a relação desses elementos com as atividades industriais desenvolvidas

localmente, dentre elas as petrolíferas;

Avaliar a geoquímica dos sulfetos e sua influência na disponibilidade dos

metais (AVS/SEM);

Page 34: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

34

Caracterizar os teores dos suportes geoquímicos potenciais como: ferro, e os

nutrientes (Carbono Orgânico Total e Nitrogênio Total), a distribuição das frações

granulométricas que compõem o substrato e parâmetros físico-químicos (pH e Eh) do

sedimento em oito estações amostrais a fim de auxiliar na compreensão dos processos

geoquímicos analisados.

Avaliar a geoquímica orgânica do sedimento através dos Hidrocarbonetos

Totais do Petróleo-HTP e dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos-HPA.

Avaliar a toxicidade dos sedimentos coletados utilizando copépodes bentônicos

Tisbe biminiensis.

Caracterizar a estrutura das assembléias de macrozoobentos do sedimento

inconsolidado e relacionar estas variáveis aos parâmetros avaliados no sedimento, de modo a

fornecer uma visão sobre como cada conjunto de fatores contribui para a determinação dos

padrões de distribuição destes organismos na porção nordeste da BTS, avaliando se a

distribuição das estações amostrais é espacialmente independente entre si com relação ao

padrão de riqueza;

Utilizar a TRÍADE como uma metodologia de integração e interpretação dos

parâmetros avaliados para caracterizar a qualidade do sedimento.

Produzir e atualizar dados científicos dessa área de estudo para subsidiar

trabalhos de monitoramento ambiental adequados à realidade local.

1.6 HIPÓTESE A partir dos resultados obtidos neste estudo:

Os metais traços e compostos orgânicos refletem o grau de contaminação da

área em estudo;

As variáveis ambientais mensuradas influenciam no padrão de distribuição dos

organismos macrozoobentônicos da área em estudo;

Page 35: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

35

2 METODOLOGIA

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A área objeto de estudo desta tese, localizada na porção nordeste da Baía de Todos os

Santos, foi definida em função da necessidade de avaliar possíveis influências das atividades

desenvolvidas próximo ao local de amostragem: urbana, industrial e portuária.

2.1.1 Amostragem

Em junho de 2006 e em maio de 2007 foram realizadas campanhas de amostragem

onde se coletou sedimento de 8 estações (Tabela 1). As estações estão definidas da seguinte

forma, situados no infralitoral: Coqueiro Grande (1-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA); no

mesolitoral: Mataripe (5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) e Coqueiro Grande (8-CG)

(Figura 4). A campanha realizada em 2006 antecedeu um período de estiagem, enquanto que a

campanha realizada em 2007 antecedeu um período de chuvas.

Tabela 1 - Coordenadas geográficas da área de estudo em UTM.

INFRALITORAL MESOLITORAL Estação

1- CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG Coordenadas Geográficas

(UTM)

549401 8591484

546306 8594223

545767 8593746

545510 8592275

546099 8594586

544805 8594350

543812 8592133

548527 8593745

Fonte: Presente trabalho.

Também em 2007, foram coletadas amostras na Baía de Camamu, sul do estado da

Bahia, a fim de serem estabelecidas como estação referência, livre dos prováveis impactos da

área de estudo que serão usados na integração da Tríade.

O material coletado foi delimitado por um quadrado de 30 X 30 cm (área 0,09 m2) nas

estações localizadas no mesolitoral (Figura 5a) e através de um busca-fundo do tipo Van Veen

(área 0,091 m2) nas estações localizadas no infralitoral (Figura 5d) a uma profundidade média

de 15 cm de sedimento.

Page 36: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

36

Figura 4. Mapa de situação da Baía de Todos os Santos e de localização das estações de amostragem sendo os pontos 1-CG a 4-MA no infralitoral e 5-MA a 8-CG, no mediolitoral. Coqueiro Grande (1-CG e 8-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA e 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU).

Page 37: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

37

Figura 5 - Amostragem de sedimento no mesolitoral (a) utilizando quadrado para situar o local de coletas das amostras referente à análise química e toxicologia (b), o quadrado delimitando a área de coleta dos bentos (c). No infralitoral, mostrando amostras coletadas no Van Veen (d) para análise química e toxicologia (e) e bentos (f). Fonte: Presente trabalho.

Este estudo aplica como metodologia para a avaliação do sedimento a Tríade de

Qualidade de Sedimento (TQS), onde três componentes (assembléias bentônicas, ensaios

químicos e ecotoxicológicos) são analisados e depois integrados. Segundo Chapman (1986),

preferivelmente, as amostras para as três componentes da Tríade devem ser coletadas

simultaneamente.

Quadrado b

Quadrado c

Van Veen e

Van Veen f

Quadrado a

Van Veen d

Page 38: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

38

Para as análises dos parâmetros químicos foram coletadas amostras compostas de

sedimento, a partir de três réplicas de cada um dos 6 lançamentos, quando no mesolitoral, três

réplicas ao lado de cada um dos seis quadrados amostrados (Figuras 5b e 5e). Após coleta as

amostras foram acondicionadas em sacos plásticos (para determinação dos parâmetros

inorgânicos e bentos) e em recipientes de alumínio (para determinação dos parâmetros

orgânicos). As amostras destinadas à avaliação ecotoxicológica foram coletadas em

triplicatas, nas mesmas réplicas das amostras destinadas as análises químicas e

acondicionadas em recipientes de vidro.

Na coleta de macrozoobentos foram realizadas seis repetições (6 réplicas) por estação

amostral. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos (Figuras 5c e 5f) para

posterior triagem na praia, no mesmo dia. As amostras retiradas dentro do quadrado são

destinadas exclusivamente às análises das assembléias bentônicas.

2.2 ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICA E BIOLÓGICAS Abaixo estão representadas em fluxograma as análises realizadas (Figura 6).

Figura 6. Fluxograma de análises químicas, física e biológicas. Fonte: Presente trabalho

COLETA DE SEDIMENTO

QUÍMICA e

FÍSICA

TOXICOLOGIA

BENTOS

VAN VEEN (Infralitoral)

QUADRADO (Mesolitoral)

Cultivo de Tisbe

biminiensis

Triagem em peneiras (campo)

Granulometria

AVS/SEM

Nitrogênio Carbono Orgânico

Hidrocarboneto

HTP e HPA

(Cromatografia)

Sulfeto

Espectrofotometria

Metais Cd, Cu, Ni, Pb e Zn

EAA-Chama

Sedimento + suspensão

algal

Adição de 10 fêmeas ovadas

Após 7 dias contagem

Triagem em microscópio (laboratório)

Identificação dos táxons

Page 39: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

39

2.2.1 Análise química

A determinação de AVS - Acid Volatile Sulfides (Sulfetos Volatilizáveis por Ácido)

requer procedimentos específicos de coleta, transporte e acondicionamento, para que não haja

oxidação da amostra, alterando a concentração de sulfeto e interferindo na confiabilidade dos

resultados (GRIETHUYSEN et al., 2002; LASORSA e CASAS, 1996). Assim, a coleta

consistiu na obtenção de amostras composta de três pontos dos sedimentos superficiais (20

cm) do substrato lamoso, após a retirada mecânica de aproximadamente dois primeiros

centímetros do sedimento, que se constitui na superfície mais oxidada.

Depois de recolhidas, as amostras foram imediatamente colocadas em sacos plásticos,

previamente etiquetados, tomando-se o cuidado para diminuir ao máximo o espaço de ar

permanecesse dentro do saco, minimizando a oxidação dos sedimentos. Nessas amostras além

do AVS/SEM, foram analisados carbono orgânico, nitrogênio orgânico total e granulometria.

Para os hidrocarbonetos, as amostras foram acondicionadas em recipientes de alumínio. Após

a coleta as amostras foram mantidas sob refrigeração e transportadas para o LEPETRO

(Laboratório de Estudos do Petróleo) do Instituto de Geociências (IGEO) na Universidade

Federal da Bahia (UFBA) onde foi armazenado em freezer e mantido a 4ºC até a realização

das análises.

Foram efetuadas medidas pH, potencial redox (Eh) e salinidade na água superficial em

cada ponto de coleta, utilizando-se medidores portáteis de campo (pHmetro e salinômetro).

Em laboratório foram determinados nas amostras do substrato lamoso:

Granulometria (análise granulométrica) – Estas análises foram realizadas no

Laboratório de Sedimentologia do Departamento de Geoquímica, do Instituto de Química da

Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi utilizado um analizador de partículas com

difração a Laser Modelo Cilas 1064. O método consistiu em pré-tratamento da amostra com

peróxido de hidrogênio para degradar a matéria orgânica. Após essa etapa, adicionou-se

hexametafosfato de sódio e deixou-se durante 24 hs sob agitação, para evitar floculação. A

análise granulométrica realizada nos forneceu dados de porcentagem das frações

granulométricas nas amostras de sedimento. Estes dados convertidos em informações gráficas

e numéricas são chamados de dados estatísticos, no caso do presente trabalho, utilizando-se de

um programa livre de análises granulométricas GRADSTAT, desenvolvido por Simon Blott

(London University). A análise estatística da distribuição granulométrica foi realizada no

GRADSTAT, gerou gráficos e os dados estatísticos somente com a entrada dos dados de

peneiramento. As amostras foram classificadas por faixa granulométrica (areia, silte e argila),

segundo classificação Folk Ward, (1957), descritos na Tabela 2.

Page 40: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

40

Graficamente, quando houver duas ou três faixas granulométricas dominantes na

amostra, esta será classificada como bimodal ou trimodal, respectivamente, e acima de três

faixas, como polimodal. Esta classificação está diretamente relacionada ao grau de seleção,

pois quanto mais selecionado o sedimento, maior a possibilidade de ele ser classificado como

Unimodal. Para uma melhor análise dos resultados, calculou-se para cada amostra, a média

(mm), o desvio padrão (grau de seleção (σI)), a assimetria (grau de assimetria (SKI)) e a curtose

(grau de agudez (K)). O desvio padrão é indicativo da maior ou menor dispersão dos valores

das dimensões das partículas do sedimento. A assimetria é dada pelo afastamento do diâmetro

médio à mediana (SUGUIO, 1973). Em relação aos sedimentos, a assimetria da curva, ou

cauda, para o lado positivo (ou direito) indicaria sedimentos mais finos, enquanto que para o

lado negativo indicaria sedimentos mais grossos. O último parâmetro estatístico determinado

foi a curtose, que avalia a esbeltez de uma curva, ou seja, é a razão de espalhamento médio

das caudas do gráfico em relação ao desvio-padrão, assim, uma curva muito esbelta indicaria

um sedimento bem selecionado na parte central do gráfico (FOLK e WARD, 1957).

Tabela 2 - Classificação do tamanho das partículas de acordo com o intervalo em mm, Grau de Seleção dos grãos, Assimetria e Curtose, segundo Folk e Ward (1957 apud SUGUIO, 1973), adaptada.

CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA Areia muito grossa

Areia grossa Areia média Areia fina Areia

muito fina Silte Argila Média (mm)

2-1 1-0,5 0,5-0,25 0,25-0,13 0,13-0,063 0,063-0,004 > 0,004

Muito bem selecionada

Bem selecionado

Moderadamente bem selecionado

Moderadamente selecionado

Mal selecionado

Muito mal selecionado

Extremamente mal

selecionado Seleção

(σI) < 0,35 0,35-0,50 0,50-0,71 0,71-1,0 1,0-2,0 2,0-4,0 > 4,0

Assimetria muito

negativa

Assimetria negativa

Aproximadamente simétrico

Assimetria positiva

Assimetria muito

positiva *** *** Assimetria

(SKI) -1,0 a -0,30 -0,30 a

-0,10 -0,10 a +1,0 +1,0 a +0,30 +0,30 a +1,0 *** ***

Muito platicúrtica Platicúrtica Mesocúrtica Leptocúrtica Muito

leptocúrtica Extremamente

leptocúrtica *** Curtose (K)

< 0,67 0,67-0,69 0,69-1,11 1,11-1,50 1,50-3,00 > 3,00 *** Folk e Ward (1957)

Carbono orgânico total (COT) – determinando pelo método do dicromato

(WALKEY-BLACK, 1947), onde cerca de 0,5 g de amostra foi tratada com solução de

K2Cr2O7. O excesso de dicromato foi titulado com sulfato ferroso amoniacal 0,25 mol/ L-1 e o

cloreto contido foi previamente oxidado pelo Ag2SO4 durante a digestão.

Page 41: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

41

Nitrogênio total - realizada pelo Método de Kjeldahl por via úmida (EMBRAPA,

1987). A mineralização ácida foi feita utilizando 1,0 g da amostra e 0,7 g da mistura digestora

(K2S04 + selenito de sódio + CuSO4). Após a destilação e retenção do NH3 em ácido bórico,

as soluções foram tituladas com H2SO4 0,005 mol/ L-1.

Sulfetos Volatilizáveis por Ácido/Metais Simultaneamente Extraídos (AVS/SEM)

– do inglês “Acid Volatile Sulfides/Simultaneously Extracted Metals“ foi determinado

segundo método proposto por Allen et al. (1993), adaptado. Os sulfetos volatilizáveis por

acidificação (AVS) e metais extraídos simultaneamente (SEM), foram extraídos segundo a

metodologia de Allen (1993), adaptada. O aparato experimental consiste em um balão de

reação (Figura 7), seguido de tubos receptores conectados para eliminar as perdas do AVS.

Cerca de 3 g de sedimento úmido foram submetidos à extração com 20 mL de ácido clorídrico

6 mol.L-1, a frio, sob atmosfera de nitrogênio. O sulfeto volatilizado (H2S) foi arrastado pelo

fluxo de nitrogênio e retido em um tudo contendo NaOH 0,5 mol.L-1. O AVS foi determinado

por espectrofotometria de absorção molecular, pelo método azul de metileno, Standard

Methods (1985), conforme descrito por Silvério (2003). A solução presente no balão foi

filtrado para a determinação dos metais solubilizados [SEM] por espectrometria de absorção

atômica com chama (FAAS). A calibração foi realizada com soluções preparadas a partir de

padrões da Merck. Paralelamente foi determinado o conteúdo de água no sedimento. Assim,

as concentrações de AVS e SEM estão expressas em base de peso seco de sedimento. Os

limites de detecção (LD) foram calculados como três vezes o desvio padrão das medidas do

branco, obtidas a partir de dez replicatas desta leitura.

Figura 7. Aparato experimental para a extração do AVS/SEM. Fonte: Presente trabalho

Page 42: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

42

Hidrocarbonetos – Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA) e os

Hidrocarbonetos Alifáticos foram determinados segundo métodos USEPA 8270D e USEPA

8015B, respectivamente. As amostras destinadas a essas análises foram liofilizadas,

previamente, de forma que os resultados também estão expressos em peso seco.

Foram quantificados os 16 HPA (naftaleno, acenaftileno, acenafteno, fluoreno,

fluoranteno, antraceno, fluoranteno, pireno, benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluoranteno,

benzo(k)fluoranteno, benzo(a)pireno, dibenzo(a,h)antraceno, indeno(1,2,3-cd)pireno e

benzo(g,h,i)perileno), e os HAs (os n-alcanos C10 a C40 e os isoprenóides pristano e fitano)

recomendados pelo USEPA (1990). A partir dos cromatogramas foi também obtido o teor dos

hidrocarbonetos resolvidos de petróleo (HRP) e da mistura complexa não resolvida (MCNR

ou UCM: unresolved complexed mixture). A soma HRP + MCNR permitiu calcular a

concentração de hidrocarbonetos totais de petróleo (HTP) nas amostras, informando a

quantidade total dos mesmos no ambiente no momento da coleta, sem discriminar as frações

individuais. Por MCNR entende-se o conjunto de compostos que não podem ser resolvidos

por cromatografia gasosa, sendo considerada a fração mais biodegradada ou intemperizada

dos hidrocarbonetos presentes no meio ambiente enquanto que HRP refere-se à fração

recente, não degradada.

Foi utilizada uma massa de 10 g da amostra liofilizada de sedimento, sem tratamento

prévio. A extração foi realizada em Sistema Soxhlet por 4 h com 150 mL em uma mistura

acetona/ hexano (1:1 v/v) (Figura 8). Ao solvente foi adicionado 500 μl de padrão surrogate.

O volume do extrato foi reduzido a 2 mL, utilizando-se rotaevaporador. Através de coluna

clean up, as frações dos alifáticos (F1), eluídas com hexano e as frações dos aromáticos (F2),

eluídas com diclometano, foram separadas e concentradas para 1 mL em um concentrador de

célula fechada do tipo Kuderna Danish.

Os hidrocarbonetos alifáticos (F1) foram determinados por cromatografia gasosa com

detector de ionização de chama (CG/FID), enquanto que os aromáticos (F2) foram

determinados por cromatografia gasosa com detector de massa (CG/MS). A justificativa para

a utilização destes dois tipos de detectores está nas propriedades dos compostos estudados, na

magnitude das concentrações esperadas de serem encontradas no ambiente e do custo para a

realização das análises. O CG/FID é um método destrutivo, detecta os íons gerados na

combustão por uma chama de hidrogênio, devido a sua seletividade é ideal para a ánalise de

compostos orgânicos a nível de traços. O CG/MS detecta os íons gerados através do impacto

de elétrons que fragmentam o composto. Tem grande seletividade, sensibilidade e fornece

Page 43: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

43

informações estruturais dos compostos analisados estas características o tornam o detector

ideal para a análise de HPA (LANÇAS, 1993).

Adicionaram-se a fração (F2) os padrões internos d8-naftaleno, d10-acenafteno, d10-

fenantreno, d12-criseno e d12-perileno par a realização das análises. O concentrado final foi

diretamente injetado em uma coluna de fase estacionária 30m DB-5 instalada em um

cromatógrafo a gás VARIAN 3800 acoplado ao espectrômetro de Massa (GC/MS).

Figura 8. Sistema soxlet para extração de compostos orgânicos- hidrocarbonetos. Fonte: Presente trabalho

A concentração de HTP é um parâmetro usado quando se deseja realizar uma avaliação

expedita do estado de contaminação ambiental, uma vez que vincula o sedimento com as

concentrações das frações de hidrocarbonetos saturados e aromáticos do petróleo ou outros

resíduos das atividades petroleiras vertidos sobre o sedimento (VEIGA et al., 2008). As

análises dos hidrocarbonetos fornecem dados (concentração) dos HTP nas amostras de

sedimento, e estes podem ser convertidos em relações (índices) que permitem estimar a

severidade da contaminação devida ao petróleo (petrogênica). Alguns indicadores foram

propostos por Volkman et al. (1992): i) altas concentrações de hidrocarbonetos totais

(>100μg/g de sedimento seco); ii) não haver predominância dos n-alcanos com o número de

átomos de carbono ímpar sobre os de número átomos de carbono par (Hi/Hp); iii)

distribuições complexas; iv) uma mistura complexa não resolvida (MCNR). Veiga et al., 2008

resume em uma tabela, outros autores que também sugerem diversos índices geoquímicos,

dentre eles: (a) Le Dréau et al., 1997; (b) Colombo et al., 1989; (c) Readman et al., 2002; (d)

Page 44: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

44

Commendatore et al., 2000; (e) Snedaker et al., 1995; (f) Tolosa et al., 1996; (g) Wu et al.,

2001; (h) Gogou et al., 2000, (i) Eglinton e Hamilton, 1967; (j) Volkman et al., 1992 (Tabela

3). Os picos de concentração em C15, C17, C19 e C21 indicam procedência algal (macro e

micro algas), enquanto os picos em C23, C25, C27, C29, C31 e C33 são indicativos de

procedência de plantas superiores (EGLINTON e HAMILTON, 1967, COLOMBO et al.,

1989).

Tabela 3 – Parâmetros geoquímicos usados na avaliação da origem dos HC, envolvendo alcanos normais.

PARÂMETROS GEOQUÍMICOS INTERPRETAÇÃO

S n-alcanos / nC16 < 15 sedimentos contaminados por petróleo (d, e) S n-alcanos / nC16> 15 matéria orgânica recente (d, e)

Hl /Hp > 1 Algas, plâncton; presença de óleo leve, recentemente derramado no ambiente (d)

Hl /Hp < 1 Bactérias, plantas superiores; reflete a presença de óleo pesado ou biodegradado (d)

P / F≤ 1 Contaminação por petróleo (a,c) P / F ≥1 Matéria orgânica recente (a,c,d,f)

Hi/Hp > 1 Indica uma fonte de hidrocarbonetos biogênicos de origem terrestre (i)

Hi/Hp < 1 Indica uma fonte de hidrocarbonetos de origem petrogênica (j)

nC17 / P e nC18 / F altos Indicativo da presença de óleo bruto recente (b) ou M.O. recente (a)

nC17 / P e nC18 / F baixos (0 – 1 ) Indicativo da presença de resíduos oleosos degradados (a,b) Altos valores de nC23 e nC25 Contribuição de matéria orgânica recente (d)

HC Mar / HC Ter > 1 Predomina HC produzido por plâncton, marinho (e,h) HC Mar / HC Ter < 1 Predomina HC de origem terrestre (e, g,h)

Fonte: VEIGA et al., 2008. Legenda:P = pristano; F = fitano; HC Mar = (HC produzido por plâncton, marinho) = nC15 + nC17 + nC19 + P; HCTer= (HC de origem terrestre) = nC25 + nC27 + nC29 + nC31. Os hidrocarbonetos isoprenóides, Pristano e Fitano, são normalmente encontrados nos

sedimentos marinhos e no petróleo, estavam presentes nas amostras sendo também utilizados

em índices (VOLKMAN et al., 1992). O pristano (P) é mais comum entre os hidrocarbonetos

biogênicos, mas também está presente no petróleo, enquanto que o Fitano (F) raramente é

biossintetizado sendo sua fonte principal o petróleo. Assim, a relação nC17 / P e nC18 / F são

utilizadas para determinar o grau de degradação de hidrocarbonetos de petróleo no ambiente

indicando se sua presença é recente ou antiga.

Page 45: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

45

2.2.2 Ensaio Ecotoxicológico

2.2.3 Ensaio Ecotoxicológico

O organismo utilizado para os ensaios foi o copépodo bentônico Tisbe biminiensis

(Figura 9). Em cada ponto foram coletadas 3 amostras para verificar variabilidade espacial.

Em laboratório, as amostras destinadas aos ensaios ecotoxicológicos foram peneiradas (malha

de 64 μm), e o sedimento fino levado à geladeira a 4ºC (Figura 10a). Três sub-amostas de 2 g

de sedimento foram retiradas de cada amostra após o peneiramento. Estas sub-amostras foram

adicionadas em frascos de vidro (recipiente-teste) com 20 mL de suspensão de diatomácea

(Thallassiosira fluviatilis ou Phaeodactylum tricornutum) na concentração de 0,2 μg

chlorofila a.mL-1 e foram levados à incubadora a 25ºC e fotoperíodo de 12/12 horas

(claro/escuro) (Figura 10b e 10c). Após 24 horas, 10 fêmeas ovígeras do copépode T.

biminiensis foram adicionadas em cada recipiente. O experimento teve duração de 7 dias, com

adição de alimento, 1 ml de suspensão algal, a cada 2 dias. Também foram monitorados os

parâmetros O.D., pH e salinidade do sobrenadante.

O sedimento do ensaio-controle foi coletado no estuário do rio Maracaípe, PE, área

considerada livre de contaminação (ARAUJO-CASTRO et al., 2006a), o qual passou pelo

mesmo tratamento do sedimento da área em estudo. Para cada amostra-teste foram usados 3

grupos de copépodes e para o ensaio-controle 5 grupos. Ao fim do experimento, o conteúdo

total dos recipientes foi corado com rosa de bengala e fixado com formol a 4% para posterior

contagem (Figura 10d). Os efeitos observados na contagem foram a mortalidade das fêmeas

ovígeras (efeito letal) e o número de náuplios, copepoditos e fecundidade (náuplios +

copepoditos) (efeitos sub-letais). Testes de referência com dicromato de potássio foram

realizados paralelamente ao experimento para avaliar a susceptibilidade do lote de copépodes,

utilizando 5 réplicas para cada concentração (5, 15 e 25 mg/L de K2Cr2O7). A CL50-96h foi

calculada pelo método Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON et al., 1977).

Figura 9. Copépode bentônico Tisbe biminiensis (aumento de 100x).

Page 46: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

46

Figura 10. Seguência do preparo da amostra (a) e montagem do ensaio ecotoxicológico utilizando do copépode T. biminiensis (b e c) posterior desmontagem do ensaio (d). Fonte: Presente trabalho

2.2.4 Análises Bentônicas

Após a coleta, as amostras de macrofauna foram submetidas, em campo, a uma

lavagem prévia, passando-as por um sistema de peneiras de 5,0, 2,0 e 1,0 mm de abertura de

malhas (Figura 11a e 11b). Todo conteúdo retido nas peneiras foi acondicionado em potes

plásticos contendo formol a 4% e posteriormente triado em laboratório (Laboratório

Geoecologia de Sedimentos Marinhos-GeoEco/IBIO/UFBA) sob microscópio estereoscópio,

identificado quanto aos táxons superiores (filos, classes, ordens, famílias e espécies quando

possível) e quantificados (Figura 11c e 11d).

a b

c d

Page 47: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

47

Figura 11. Sistema de peneiras usado na triagem em campo (a e b) e peneira usada na triagem de laboratório (c) para posterior triagem no microscópio (d) das amotras macrozoobentônicas.

2.2.5 Análises Estatísticas das componentes Abióticas e Bióticas

Para os testes estatísticos aplicados utilizou-se o programa STATISTICA versão 7.0

da Statisoft Inc. As análises empregadas utilizando estatística foram MANOVA (Análise de

Variância Multivariada), coeficiente de correlação de Pearson em uma matriz de correlação e

Análise de Componente Principal (ACP). A ACP, basicamente, fornece índices (componentes

principais) não correlacionados, que são combinações lineares das variáveis originais, capazes

de quantificar, em poucos eixos, a diferença existente num conjunto de variáveis, permitindo

uma compreensível representação cartesiana, bi ou tridimensional dessa variação (MANLY,

2000). O procedimento inicial é a transformação logarítmica dos dados e normalização pela

subtração da média e divisão pelo desvio padrão. Em seguida é calculada a matriz de

correlação, sobre a qual é processada a ACP.

2.2.5.1 Análises químicas

Foi realizado o teste de premissas de ANOVA, o teste de Cochran, para testar a

homogeneidade das amostras, em que as mesmas foram consideradas homogêneas, p < 0,005

e o teste de Kolmogorov - Simirnov, para testar a normalidade dos dados, sendo os mesmos

considerados normais. A variância foi testada através dos testes de Newman-Keuls e Dunnett.

Em seguida foram processados a matriz de correlação e a ACP. O nível de significância

adotado foi p < 0,05.

a b

c d

Page 48: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

48

2.2.5.2 Análises ecotoxicológicas

Para os ensaios ecotoxicológicos, foram testados se haviam diferenças significativas

entre os parâmetros analisados e as unidades amostrais. Foram aplicados o teste ANOVA e

quando confirmado, o teste de Tukey. Em seguida, foram processados a matriz de correlação

e a ACP.

2.2.5.3 Análises Bentônicas

Especificamente para análise dos dados bentônicas utilizou-se o software PRIMER

for Windows (CLARKE e WARWICK, 1993). Os macrozobentos foram identificados até o

nível taxonômico de espécie e calculados os índices ecológicos: abundância, dominância,

índice de diversidade de Shannon-Weiner, índice de riqueza de espécies de Margalef,

equitatividade de Pielou (PIELOU, 1966). Para descrever os padrões de distribuição espacial

das assembléias de macrozoobentos foram realizadas ordenações do tipo nMDS

(escalonamento multidimensional não métrico) com as matrizes de abundâncias, utilizando-se

para construção das matrizes de distância o índice de similaridade (CLARKE, 1993;

CLARKE e WARWICK, 2001). Segundo este autor, a confiabilidade na eficiência da

ordenação com o nMDS é mostrado pelo valor de “stress”, tendo como valor ótimo “stress” <

0,01 e faixa para confiabilidade < 0,01 a < 0,2. Para investigar as variáveis ambientais

analisadas que melhor explicam o padrão de ordenação das assembleias bentônicas foi

utilizada a análise BIOENV (Biological and Environmental Matching).

2.2.6 Integração dos Dados das Componentes da TRÍADE

Aplicou-se o método de tabelas de decisão para compilar os dados da Tríade de

Qualidade de Sedimento (TQS), conforme descrito por Chapmam (1990). O método consiste

na decisão de efeito/não efeito (hit/no hit). Embora seja um método simples, resumido em

uma tabela, ele permite uma interpretação visual dos resultados. A tabela é estruturada

colocando-se a descrição dos locais amostrados horizontalmente (em linhas) e as conclusões

obtidas sobre cada componente isoladamente organizada em colunas. Cada uma dessas

componentes é sinalizada com um sinal “+” no caso de haver degradação ou algum efeito

negativo. Quando houver ausência de efeito, sinaliza-se como o sinal ” - “, assim, diferentes

possibilidades de combinações podem ser obtidas e suas respectivas interpretações

(CHAPMAN, 1990).

Page 49: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

49

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 ANÁLISES DE SULFETOS VOLATILIZÁVEIS POR ACIDOS (AVS) E METAIS EXTRAÍDOS SIMULTANEAMENTE (SEM) PARA A ESTIMATIVA DA TOXICIDADE POTENCIAL EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA.

Os parâmetros pH, Eh e salinidade são dependentes da temperatura, podendo aumentar

ou diminuir com a variação desta, de forma não linear. Todos esses fatores, juntos ou

isoladamente, contribuem ao grau de biodisponibilidade dos cátions que se encontram sorvido

às partículas que constituem os substratos dos sedimentos estuarinos. Os resultados dos

parâmetros físico-químicos da água superficial nas estações de coleta apresentados na Tabela

4, evidenciaram relativa flutuação nos seus valores para alguns dos parâmetros medidos.

Os valores encontrados para o pH, de modo geral, indicaram um caráter neutro a

levemente básico, sendo os maiores valores registrados na estação 1-CG, 4-MA e 8-CG,

provavelmente por essas estações estarem situadas na entrada do estuário, exceto as estações

6-CA e 7-SU, que apresentram pH ácido. Tais condições demonstram a influência das águas

marinhas, que chegam até as áreas próximas aos manguezais, cujo valor médio de pH

apresenta-se em torno de 8,0 (NORDSTROM et al., 1979). Os valores de Eh, nos pontos

amostrais, inferem peculiaridades típicas de ambiente redutor, a exemplo das regiões de

manguezal, onde os sedimentos são mal drenados e ricos em matéria orgânica. Nessas zonas,

durante o processo de decomposição microbiana da matéria orgânica, o oxigênio é

rapidamente consumido e é fracamente difundido no substrato (LACERDA, 1998). As

variações de Eh observadas são causadas por variações composicionais entre os sedimentos,

em particular, conteúdo de matéria orgânica, granulometria e drenagem de água.

De modo geral, a salinidade apresentou pouca variabilidade, sendo então referenciada

como dependente das condições climáticas dominantes no período de amostragem e da

amplitude de maré. Os maiores valores encontrados nas estações 1-CG e 2-MA podem estar

associados a maior proximidade dessas estações ao fluxo advindo pela maré, da boca da baía,

enquanto que as estações 5-MA e 7-SU estão mais próximas aos locais de desembocadura dos

cursos fluviais.

Page 50: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

50

Tabela 4 - Resultados das análises granulométricas, Carbono Orgânico Total (COT), Nitrogênio Orgânico Total (N), da relação COT/N (C/N), metais, SEM, AVS e [AVS/SEM] nos sedimentos e pH, Eh, salinidade, temperatura em água superficial da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. LDM: Mn – 0,02 Fe -1,4; Zn – 0,34; Cu – 0,02; Ni – 0,07; Cd – 0,01; Pb – 0,09.

Estação 1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5MA 6-CA 7-SU 8-CG Campanha 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC

pH 7 9 8 8 8 8 8 9 7 8 4 8 6 8 8 8 Eh(mV) -24 -122 -27 -97 -29 -111 -35 -118 -47 -34 -28 -10 -41 -44 -53 -61

Salinidade 35 33 35 32 30 32 27 32 26 32 30 29 26 33 28 30 Água

su

perfi

cial

Tempertura(ºC) 26 34 26 29 26 34 26 34 26 28 30 29 27 26 29 27 MD SF SF SM SF SM SG SF SF SMF AMF S SMG SM AF SF SMF

Seleção MPS MPS MPS MPS MPS MPS MPS PS PS MPS PS PS MPS PS PS MPS Assimetria AP AP AMP AP AMP AMP AMP AP AMP AMP AMP AMP AMP AS AP AS

Curtose PL PL PL PL PL ME PL PL MPL MPL MPL LP PL ME PL PL Areia fina 0 0 0 0 0 20 0 0 63 64 25 39 0 91 0 0

Silte 77 77 81 77 81 70 75 73 33 31 66 55 82 8 78 64

Gra

nulo

met

ria (%

)

Argila 23 23 18 23 18 10 25 27 4 6 9 6 18 1 22 36 N (%) 0,20 0,19 0,21 0,10 0,20 0,13 0,25 0,25 0,10 0,11 0,09 0,12 0,05 0,02 0,10 0,15

C.O.T (%) 1,46 1,51 1,94 0,98 1,78 1,39 2,37 2,09 0,58 0,72 0,67 1,34 0,15 0,14 0,42 0,83 C/N 7,1 8,0 9,3 10,0 9,0 11,0 9,4 8,2 6,0 6,6 7,7 11,6 3,3 6,5 4,2 5,4

Fe 7924 3375 5683 2435 6576 2419 5917 3185 3358 1198 3823 1570 1603 379 10841 2520 Mn 600 554 321 158 285 159 226 228 98 35 187 80 54 33 635 179 Zn 32 28 36 24 33 21 30 34 22 14 22 16 17 3 38 14 Cu 35 9 15 6 15 10 24 30 13 4 7 4 < 0,02 3 11 1 Ni 4 10 2 3 0,97 21 6 17 <0,07 28 <0,07 8 5 23 5 6 Cd 0,10 0,08 0,25 0,12 0,26 0,15 0,16 0,11 0,19 0,10 0,26 0,10 0,14 0,09 0,11 0,08 M

etai

s (μg

g-1

)

Pb 10 7 5 6 6 5 6 9 <0,09 4 <0,09 5 <0,09 3 4 4 MES (μmol g-1) 1,15 0,80 0,86 0,55 0,78 0,41 0,97 0,74 0,49 0,27 0,42 0,33 0,30 0,87 0,87 0,23 AVS (μmol g-1) 0,64 0,79 0,27 61 20 71 8 41 0,09 27 3 48 0,05 23 29 1

Sedi

men

to

AVS/SEM 2 1,02 3 0,01 0,04 0,01 0,13 0,02 5 0,01 0,14 0,01 7 0,04 0,03 0,19 Legenda: pH = Potencial Hidrogeniônico, Eh = Potencial de Oxi-redução. 1aC = 1a campanha (julho 2006); 2aC = 2a campanha (maio 2007). SG - silte grosso; SMG - silte muito grosso; SM - silte médio; SF - silte fino; SMF - silte muito fino; AF - areia fina; AMF - areia muito fina; PS – pobremente selecionado; MPS - muito pobremente selecionado; MPL - muito platicurtica; PL - platicurtica; ME - mesocúrtica; LP - leptocúrtica; AS - aproximadamente simétrica; AP - assimetria positiva; AMP - assimetria muito positiva. Coqueiro Grande (1-CG e 8-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA e 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU). Fonte: Presente trabalho

Page 51: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

51

As amostras de sedimento foram classificadas texturalmente, a partir de

determinação das frações granulométricas, areia, silte e argila. Observa-se que o material

das oito estações (Tabela 3) apresenta um predomínio da fração silte nas estações do infra-

litoral e areia muito fina nas estações do mesolitoral, indicando um ambiente com baixa

energia, capaz de acumular sedimentos mais finos. Com base nos dados apresentados na

Tabela 4 efetuando-se a classificação granulometria dos sedimentos com emprego do

diagrama textural de Sherpard (1954), conforme mostrado na Figura 12. Observa-se que a

granulometria das duas campanhas apresentam características semelhantes com uma

predominância da fácies silte argiloso, areia síltica e silte arenoso. De acordo com a

classificação de Folk e Ward (1957), observam-se diferenças quanto à forma de distribuição

ao longo da faixa granulométrica (dados de seleção, assimetria e curtose), mesmo que essas

diferenças estejam em classes próximas. A distribuição é bimodal, com sedimentos

pobremente a muito pobremente selecionados. Quanto ao grau de assimetria houve uma

predominância de distribuições simétricas positivas, indicando uma tendência a sedimentos

mais finos nas estações, confirmado uma classificação pela freqüência, tendo predomínio da

fração argila na 1ª campanha e da fração silte na 2ª campanha. A nível da curtose, as

estações apresentam-se, em sua maioria, em ambas as campanhas, uma distribuição

platircútica a muito platicúrtica, ou seja, a razão de espalhamento médio das caudas do

gráfico em relação ao desvio-padrão (seleção) apresentou uma curva não esbelta indicando,

e confirmando, um sedimento mal selecionado na parte central do gráfico (Apendice 1). A

predominância de silte, principalmente nas estações do infralitoral deve ser um fator a ser

levado em consideração para a avaliação da disponibilidade de compostos inorgânicos e

orgânicos, porque grande quantidade de matéria orgânica (carbono e nitrogênio) pode ser

incorporada nos sedimentos sofrendo remineralização ou não, e posteriormente, devido a

perturbações provocadas por mudança na velocidade da corrente, entrada de frente fria

alterando a altura das ondas ou até mesmo por organismos, estes compostos podem ser

ressuspendidos, voltado para coluna d’água (HEDGES et al. 1993 in BURONE et al.,

2003).

As concentrações de carbono orgânico presentes nas amostras de sedimentos

variaram de 0,15 a 2,37% (primeira campanha) a 0,14 a 2,09% (segunda campanha), com

média de 1,15±0,69% para toda área estudada (Tabela 4).

Page 52: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

52

Figura 12. Diagrama triangular de classificação granulométrica (Shepard, 1954) dos valores médios do sedimento (a) primeira campanha e (b) da segunda campanha. Fonte: Presente trabalho

a

b

Page 53: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

53

Os teores mais elevados de carbono orgânico predominaram nas estações 3-MA e 4-

MA, com médias de 2,07 e 1,74%, respectivamente. Já na estação 7-SU foi obtida a menor

média (0,15%). Em princípio, a distribuição de carbono orgânico quanto comparado com a

distribuição dos diversos tipos de sedimentos observados, deixa ver que as maiores

concentrações se dão justamente nas regiões mais lamosas (3-MA e 4-MA, além de 1-CG e

2-MA), e que os menores teores (abaixo de 1%) aparecem principalmente no setor mais

arenoso situados no médio litoral, o que pode ser também indicativo do transporte de

sedimentos na região. Através dos resultados obtidos, observou-se, teor mais elevado de

carbono orgânico no sedimento de fundo, que possivelmente estão associados a cargas

poluidoras orgânicas que afluiu para esses setores nos últimos anos. Comparando com o

trabalho realizado por Venturini e Tommasi (2004) na baía de Todos os Santos (0,67 a

3,52%), os valores de COT (0,14 a 2,37%) estão contidos na mesma faixa dos apresentados

em 2004 na área do infralitoral da mesma região de estudo desse trabalho.

As concentrações de nitrogênio orgânico total variaram de 0,05 a 0,25% (primeira

campanha) a 0,02 a 0,25% (segunda campanha), com média de 0,07 ± 0,14%, sendo que, os

maiores teores foram encontradas em sedimentos de fundo (4-MA), apresentando o mesmo

comportamento do C.O.T., tendo também as menores concentrações na estação 7-SU

(0,04%). As concentrações médias mais elevadas de nitrogênio total situaram-se sedimentos

do infralitoral, mostrando uma pequena carga orgânica poluidora para essas áreas, todavia,

esses valores ficaram abaixo do valor médio sugeridos para ambientes não impactados

(0,29% Ntotal), segundo Siqueira et al. (2006).

As razões C/N presentes variaram de 3,3 a 9,4 (primeira campanha) a 5,4 a 11,6

(segunda campanha), com média de 7,7 ± 2,3 para toda a área de estudo. As razões C/N

determinadas refletem certa estabilidade da matéria orgânica preservada nos sedimentos

coletados, com padrão C/N < 20, segundo Meyers (1997), razões molares C/N típicas de

fitoplâncton marinho apresenta valores de 4 a 10. Alguns autores sugerem valores diferentes

de razão C/N de acordo com a origem da matéria orgânica: Saito et al. (1989) sugeriram

uma razão maior que 20 para uma origem terrestre e entre 5 e 7 como uma fonte marinha;

Adicionalmente, Stein (1991) registrou que valores abaixo de 10 mostram uma origem

marinha e valores em torno de 10 representam componentes tanto de origem marinha

quanto terrestre no sedimento. Os dados gerados pela relação molar C/N, indica que os

Page 54: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

54

sedimentos da área em estudo recebem contribuições, principalmente, de origem marinha.

Resultados encontrados por Costa et al., (2008) na BTS (6,8 a 16,8) apontam para uma

origem marinha-terrestre similarmente aos resultados obtidos por Burone et al. (2003) na

baía de Ubatuba (6,0 a 16,6). Venturini e Tommasi (2004) encontram razões que variam de

8,8 – 27,6, indicando uma matéria orgânica marinha e terrestre. De acordo com os

resultados desses autores, podemos inferir que a matéria orgânica na área do presente

trabalho, em geral, é de origem marinha, exceto as estações 2-MA, 4-MA e 6-CA, que

teriam a matéria orgânica tanto de origem marinha como terrestre.

Em relação aos resultados das concentrações de metais simultâneamente extraídos,

para as duas campanhas, observa-se que os mesmos apresentaram uma relação estação X

concentração semelhante aos descritos para COT e N (Tabela 4). A concentração do Fe

variou de 1603 a 10841 μg.g-1 (primeira campanha) a 5,4 a 11,6 μg.g-1 (segunda campanha),

com média e desvio padrão de 3925 ± 2787, consecutivamente, para toda a área de estudo,

em ambas as campanhas. O Fe apresentou menores concentrações, para todas as estações,

na segunda campanha, comportamento semelhante para a maioria dos metais analisados

(exceção ao Ni e ao Pb).

O Mn apresentou uma variação de 54 a 600 μg.g-1 (primeira campanha) a 33 a 554

μg.g-1 (segunda campanha), com média de 240 ± 196. O zinco mostrou uma variação de 17

a 39 μg.g-1 (primeira campanha) a 3 a 34 μg.g-1 (segunda campanha), com média de 24 ±

10. Verifica-se que a estação 7-SU apresentou as menores concentrações de zinco, enquanto

que a concentração deste elemento foi relativamente mais elevada na maioria dos pontos de

coleta.

Com relação ao cobre, o teor médio mais elevado foi encontrado na estação 1-CG

(35,42 μg.g-1), enquanto que a estação 7-SU apresentou valor <LDM. Assim, o Cu variou de

0,2 a 35 μg.g-1 (primeira campanha) a 1-30 μg.g-1 (segunda campanha), com média de 12 ±

10. Onofre et al. (2007), utilizando mesma metodologia AVS/SEM em manguezais na

mesma área da BTS, identificou valores que variaram de 0,5 a 10,3 μg.g-1, deste modo, o

presente estudo apresentou teores de Cu superiores nas duas campanhas.

Os sedimentos na área de estudo apresentaram teores de Ni de 1 a 6 μg.g-1 (primeira

campanha) a 3 a 23 μg.g-1 (segunda campanha), com média de 9 ± 3. Os maiores teores de

Ni foram identificados na segunda campanha (estações 3-MA, 5-MA e 7-SU). Esse valores

Page 55: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

55

são próximo aos teores mínimo e máximo encontrados por Onofre et al. (2007) que

variaram 0,6 a 29 μg.g-1. É importante destacar que igualmente ao trabalho desses autores, a

área que apresentou os maiores teores de níquel foi a região de Suape, situada nas

proximidades de áreas industriais.

O Cd apresentou concentrações entre 0,1 a 0,3 μg.g-1 (primeira campanha) a 0,1 a

0,2 μg.g-1 (segunda campanha), com média e desvio padrão de 0,1 ± 0,1, consecutivamente.

Semelhante teores foram encontrados por Onofre et al. (2007) na porção norte e nordeste da

BTS.

Os valores para as concentrações de Pb encontradas neste estudo foram de 0,1 a 10

μg.g-1 (primeira campanha) a 4 a 9 μg.g-1 (segunda campanha), com média/desvio padrão de

5 ± 3. As maiores concentrações foram encontradas no sedimento de fundo da BTS,

estações de 1-CG a 4-MA, mesmos assim os valores determinados estão abaixo dos valores

mínimo e máximo (1,4 a 21 μg.g-1) encontrados por Onofre et al. (2007).

O AVS variou de 0,1 a 29 μmol.g-1 (primeira campanha) a 0,8 a 71 μmol.g-1

(segunda campanha), com média/desvio padrão de 21 ± 24 em ambas as campanhas. Os

teores mais elevados de AVS predominaram nas estações 3-MA e 8-CG (1ª campanha), com

médias de 20 e 30 μmol.g-1 e as estações 2-MA, 3-MA, 4-MA e 6-MA (2ª campanha) com

médias de 61 e 71 μmol.g-1, respectivamente. Já na estação 7-SU, foi obtida a menor média

na primeira campanha (0,1 μmol.g-1) e na segunda campanha, a estação 1-CG e 8-CG (0,8 e

1,2 μmol.g-1 respectivamente). Devido à natureza fortemente redutora de sedimentos de

fundo (infralitoral) e manguezal (mediolitoral) a expectativa seria altos valores para AVS

nestes sedimentos para todas as estações. Embora não exista valor de referência padrão

comparativo para manguezal, Leonard et al. (1993) indicam que concentrações de AVS em

sedimentos marinhos litorais estão na faixa de 20 a 90 μmol.g-1 peso seco. Desta forma, os

valores encontrados devem ser considerados como baixo na primeira campanha, exceto na

estação 8-CG. Porém, na segunda campanha somente as estações 1-CG e 8-CG

apresentaram valores abaixo de 20 μmol.g-1. A variação sazonal e a profundidade do

sedimento coletado são dois fatores que podem colaborar nessa variação (MACHADO et

al., 2004; LEONARD et. al., 1993). Segundo (HOWARD e EVANS, 1993) concentrações

de AVS tendem a ser mais altas entre 8 e 20 cm de profundidade. As amostras foram

Page 56: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

56

coletadas entre 3 a 20 cm, dentro da faixa citada pelo autor supracitado, assim a variação da

área estaria associada a uma variação sazonal.

As razões [AVS/SEM], medidas da provável disponibilidade dos metais presente no

sedimento para o ambiente, variaram bastante entre as estações. Na primeira campanha

0,03 a 7 (estações 8-CG e 7-SU) a na segunda campanha 0,01 a 1 (6-CA e 1-CG), com

média/desvio padrão de 1,2 ± 2,1 em ambas as campanhas. As razões mais elevados de

[AVS/SEM] predominaram nas estações 2-MA, 5-MA e 7-SU (1ª campanha), com médias

de 3, 5 e 7, respectivamente, e a estação 1-CG (2ª campanha) com médias de 1,02. Assim,

para essas estações os metais podem estar disponibilizados. Porém, sedimentos com razões

>1 podem não apresentar toxicidade, por terem baixas concentrações de metais pesados ou

pelo controle da disponibilidade destes metais por outras fases, por exemplo, o COT, e não

o sulfeto (MOZETO, 2001).

A legislação ambiental brasileira ainda não dispõe de critérios de qualidade para

sedimento em geral e também não existem dados de valores basais (background) para os

parâmetros geoquímicos determinados para os sedimentos da região em estudo. Para efeito

de comparação e para se ter uma idéia sobre as conseqüências dos teores de metais nos

sedimentos na área, optou-se por utilizar os critérios estabelecidos na literatura,

representadas por agências ambientais internacionais, como a National Oceanic and

Atmosferic Administration (NOOA), Enviromnent Cananda (EC) e trabalhos realizados no

Brasil que utilizaram a mesma metodologia (AVS/SEM) do presente trabalho (Tabela 5).

Com relação aos valores encontrados, as maiores concentrações evidenciadas foram

na estação 8-CG para o Zn, 1-CG para Cu e Pb, estação 5-MA e 7-SU para Ni. No entanto

estes mesmo valores estão abaixo dos valores de background do NOAA e dos sugeridos

pelo EC, com exceção do Cu. Mesmo assim o valor do Cu (35 μg.g-1) não ultrapassa os

valores do PEL-NOAA (106 μg.g-1) e TEL-EC (36 μg.g-1). O cádmio apresentou

concentrações mais baixas que aqueles determinados como valores de referencia pelo

NOAA e de outros trabalhos da literatura (CARVALHO, 2001; SILVÉRIO, 2003;

SILVÉRIO et al., 2005), exceto com Onofre (2007).

Observa-se um enriquecimento dos teores dos metais em relação ao trabalho de

Onofre (2007), também realizado na porção nordeste da BTS, exceto para o Pb que

apresentou menores concentrações quando se avalia essa distribuição espacial/temporal.

Page 57: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

57

Essa elevação nas concentrações dos metais pode estar associada a proximidades das

estações a uma área de produção, refino e transporte da indústria do petróleo situada na área

de estudo. Outro ponto importante a ser avaliado é a sedimentação (consequentemente a

granulometria) e o local de coleta dos sedimentos, principalmente das estações situadas no

infralitoral, onde foram identificadas as maiores concentrações dos metais e a

predominância da fração silte.

Tabela 5 - Comparação dos teores mínimo, máximo e médios dos metais da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos com valores de órgãos internacionais e trabalhos da literatura.

NOAA EC Presente estudo Metal Bgd TEL PEL TEL PEL 1ª C 2ª C

Onofre, 2007

SILVÉRIO et al., 2005

Carvalho, 2002

Zn 48 124 271 123 315 17-38 29

3-34 19 18 216 235

Cu 17 19 108 36 197 7-35 15

1-30 8 6 97 56

Ni 13 16 43 18 36 1-6 3

3-26 14 7 42 5

Cd ** 1 4 0.06 4 0,1-0,3 0,2

0,08-0,16 0,10 <0,10 2 0.9

Pb 16 30 112 35 91 0,1-10 4

3-9 5 7 64 44

FONTE: NOAA (National Oceanic and Atmosferic Administration); EC (Environment Canadá); Baía de Todos os Santos-BA, Onofre et al. (2007); Represa Billings-SP, SILVÉRIO et al., 2005; Baía de Guanabara-RJ, Carvalho (2001). Bgd = Background; TEL = concentração abaixo da qual não há risco potencial de efeitos tóxicos à biota; PEL = níveis prováveis de efeito adverso à comunidade biológica. Fonte: Presente trabalho

3.1.1 Análise Estatística

Objetivando revelar associações que dão informações sobre processos geoquímicos

que controlaram ou influenciaram a distribuição dos elementos nos sedimentos, foi

calculado o coeficiente de correlação entre os parâmetros geoquímicos analisados (Tabela 5

e 6).

A Tabela 5 mostra a matriz de correlação de Pearson (r) para os parâmetros

analisados da 1ª campanha e a Tabela 6 a matriz da 2ª campanha. Valores em negrito

representam coeficientes de correlação.

Estas matrizes revelam que os metais apresentam comportamentos diferenciados

entre as campanhas. Nota-se que a fração silte teria uma influência na distribuição dos

Page 58: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

58

metais na 2ª campanha ao passo que na 1ª campanha, a fração argila desempenha esse papel

(Tabela 6). Esse comportamento entre as campanhas sugerem duas possibilidades: (1)

haveria variações de pequena escala horizontal nos sedimentos, de maneira que amostragens

em pontos adjacentes (ou próximos) teriam teores substancialmente diferentes ou (2) os

sedimentos eram algo moveis, se deslocando, possivelmente, por variações sazonais de

pluviosidade ou de ventos ou amplitude de maré, e consequentemente correntes das águas.

A correlação entre N e C.O.T. da a entender uma mesma origem a M.O., para as

duas campanhas. Observa-se correlação entre os metais (Zn, Cu e Pb) com o N e C.O.T.

Possivelmente esses metais podem, também, estar sendo controlados pela matéria orgânica,

em ambas campanhas. O Fe apresentou correlação com o Mn e AVS, além do Zn e Pb,

sugerindo que o AVS juntamente com o Fe, possa está controlando a distribuição desses

metais na 1ª campanha.

Na 2ª campanha (Tabela 7) o Fe correlaciona-se com o Mn, Zn e com a fração silte,

indicando efeitos de precipitação/co-precipitação do Zn com óxidos e hidróxidos de Fe e

Mn ou que foram adsorvidos aos argilo-minerais presentes na área, podendo vir a

influenciar a disponibilidade e transporte desses metais nas trocas que acontecem na

interface água-sedimento (LACERDA, 1998). Semelhante processo também pode estar

acontecendo na primeira campanha.

A distribuição geoquímica da maioria dos metais traço nos sedimentos estudados

parece ser ligada à interação com metais reativos aos sulfetos. Fraca correlação de metais

traço com AVS, Fe e os AVS: Fe na primeira campanha (Pb e Zn) e na segunda campanha

(para o Zn) sugerem uma maior contribuição de outros processos em determinar a

distribuição de metais traço (Tabela 6 e 7). A correlação de metais com Fe e AVS:Fe é um

indicativo de aporte de material diagenético (COOPER e MORSE, 1998), por estarem

associados à deposição de sedimentos finos que tendem a reter metais, sugerindo uma

variabilidade mineralógica de metais nos sedimentos (BENOIT, 1999). Machado et al.

(2004) avaliou a relação dos sulfetos (AVS:Fe) com os metais no sudeste do Brasil e

identificou comportamentos diferentes entre os metais e o AVS, que foi associado a um

comportamento diagenético da área. Semelhante processo pode estar acontecendo no setor

nordeste da BTS, uma vez que a área apresenta um ambiente redutor caracterizado por

interações muito complexas entre íons metálicos, compostos organometálicos e sulfetos.

Page 59: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

59

Assim, a variação de comportamento dos parâmetros entre as campanhas (por

exemplo, o Zn tendo correlação significativa com o AVS, mas não com o conteúdo de silte,

numa campanha e o oposto acontecendo na outra campanha) estaria associada à deposição

diferenciada de constituintes sedimentares da coluna d’água que podem, ainda, passar por

mudanças da sua forma química, através de mecanismos diagenéticos e interações com

diferentes fases geoquímicas.

Tabela 6 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos – BA, 1ª campanha.

pH N C.O.T. Mn Fe Zn Cu Ni Cd Pb AVS Areia Silte ArgilapH 1,00 N 0,61 1,00

C.O.T. 0,57 0,97 1,00 Mn 0,40 0,37 0,19 1,00 Fe 0,57 0,45 0,29 0,94 1,00 Zn 0,70 0,66 0,55 0,81 0,90 1,00 Cu 0,42 0,81 0,68 0,59 0,54 0,54 1,00 Ni 0,31 -0,14 -0,10 0,05 0,01 -0,13 -0,06 1,00 Cd 0,05 -0,32 -0,18 -0,31 -0,33 -0,35 -0,35 0,65 1,00 Pb 0,56 0,83 0,71 0,73 0,69 0,71 0,90 0,04 -0,33 1,00

AVS 0,49 0,05 -0,01 0,53 0,73 0,60 -0,05 0,06 -0,11 0,21 1,00 Areia -0,36 -0,43 -0,40 -0,47 -0,44 -0,49 -0,24 -0,32 0,17 0,59 -0,34 1,00 Silte 0,26 0,31 0,32 0,37 0,33 0,40 0,08 0,33 -0,05 0,46 0,30 -0,98 1,00

Argila 0,51 0,61 0,51 0,62 0,62 0,67 0,54 0,25 -0,42 0,77 0,37 -0,89 0,77 1,00 Fonte: Presente trabalho

Tabela 7 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos – BA, 2ª campanha.

pH N CO Mn Fe Zn Cu Ni Cd Pb AVS Areia Silte ArgilapH 1,00 N 0,59 1,00

CO 0,43 0,87 1,00 Mn 0,43 0,59 0,43 1,00 Fe -0,01 0,58 0,53 0,70 1,00 Zn 0,21 0,78 0,86 0,65 0,81 1,00 Cu 0,15 -0,04 0,67 0,42 0,22 0,33 1,00 Ni 0,13 -0,49 -0,29 -0,24 -0,53 -0,53 0,38 1,00 Cd -0,76 -0,27 -0,16 -0,02 0,50 0,13 0,12 -0,09 1,00 Pb 0,69 0,83 0,84 0,49 0,28 0,74 0,26 -0,27 -0,55 1,00

AVS 0,07 -0,01 0,55 -0,37 -0,22 0,17 0,31 -0,04 -0,30 0,38 1,00 Areia -0,23 -0,69 -0,65 -0,65 -0,87 -0,79 -0,05 0,65 -0,11 0,47 0,00 1,00 Silte -0,11 0,46 0,62 0,55 0,89 0,80 0,30 -0,64 0,40 0,32 0,16 -0,87 1,00

Argila 0,57 0,69 0,34 0,34 0,08 0,80 0,55 -0,48 0,12 0,42 -0,82 -0,05 -0,33 0,58Fonte: Presente trabalho

Page 60: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

60

Visando detectar as associações de elementos executou-se a Análise das

Componentes Principais (ACP). A ACP reduz o número de variáveis no conjunto de dados

originais em menos elementos (ou componentes principais), sem perda significativa na

variância total dos dados (JOLLIFFE, 2002; CELINO et al., 2008b). A extração dos fatores

baseou-se na regra de Kaiser (1960), ou seja, retêm-se apenas os fatores com autovalores >

1, para serem considerados estatisticamente significativos. Geralmente, o componente

principal 1 (CP1) está relacionado à diferença de tamanho entre as variáveis envolvidas na

análise, e os demais componentes representam a diferença na forma dessas variáveis

(MANLY, 2000).

A distribuição dos parâmetros analizados, para as duas campanhas, entre o eixo

principal e secundário é mostrada na Figura 13. Juntos, os dois primeiros fatores (CP1 e

CP2) explicam 76% da variância total na primeira campanha e 80% na segunda campanha.

Acrescentando-se, na 1ª campanha, os fatores 3 e 4 ficam explicados 18% da

variância, mas isoladamente nenhum dos dois fatores adicionais chega a explicar 10% da

variância. A primeira CP correlaciona-se negativamente com a maioria das variáveis

(Tabela 8), exceto a areia.

A fração areia correlaciona-se positivamente, influenciando no comportamento

geoquímico das estações do mesolitoral (5-MA, 6-CA e 7-SU) por ter predomínio das

frações finas de areia, exceto a estação 8-CG, que além de possuir sedimentos mais finos,

está sob a influência do AVS, mostrada na segunda CP.

Na 2ª campanha, os fatores 3 e 4 explicam 15% da variância. A primeira CP está

negativamente correlacionada com a maioria das variáveis, semelhante à 1ª campanha.

Observa-se um agrupamento diferente, controlado pelo AVS e pH, além da fração argila

aproximando as estações 2-MA, 3-MA e 8-CG. Mais uma vez, as demais estações do

mesolitoral, são controladas pela fração areia, da primeira CP. As estações 1-CG e 4-MA

teram o silte, Fe, Mn e o Zn como os principais elementos geoquímicos controlando o

comportamento dos demais parâmetros nessas estações.

O principal parâmetro que influencia nessa distribuição é a granulometria. Ainda na

Figura 11, a ACP separa as estações em 3 grupos na 1ª campanha, fazendo uma separação

entre as estações do meso e do infralitoral, exceto a 8-CG, exatamente por ter sedimentos

mais finos, semelhante as estações do infralitoral.

Page 61: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

61

Tabela 8 - Fatores da Análise de Componenetes Principais (ACP). Em negrito, destacam-se os valores mais importantes para as mesmas. F. - fator

Fator da CP pH N CO Mn Fe Zn Cu Pb AVS Areia Silte Argila

F.1 -0,72 -0,82 -0,71 -0,79 -0,85 -0,90 -0,76 -0,92 -0,47 0,72 -0,53 -0,82 1a Campanha F.2 0,04 -0,53 -0,60 0,40 0,45 0,23 -0,45 -0,23 0,76 -0,48 0,17 0,05

F.1 -0,49 -0,89 -0,84 -0,76 -0,79 -0,93 ** -0,80 -0,08 0,91 -0,74 -0,73 2a Campanha F.2 -0,80 -0,26 -0,10 0,07 0,56 0,20 ** -0,49 -0,73 -0,27 0,61 -0,06

Figura 13. Análise de Componentes Principais (ACP) das variáveis e estações da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Fonte: Presente trabalho

Est. 1-CG

Est. 2-MA

Est. 3-MA

Est. 4-MA Est. 5-MA

Est. 6-CA

Est. 7-SU

Ref.

Est. 8-CG

2a Campanha

pH

N

C.O.

Mn Zn

Pb

Silte

Argila

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0

Fator 1: 61.42%

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

Fato

r 2:

18.8

6%

Fe

Areia SVA

1a Campanha

N CO

Fe

Zn

Cu

Pb

Silte Argila

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0

Fator 1: 58.69%

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

Fato

r 2 :

17.6

4%

pH.1

Mn

Areia

SVA

Est. 1-CG Est. 2-MA

Est. 3-MA

Est. 4-MA

Est. 7-SU

Est. 8-CG

Ref.

Est. 6-CA

Est. 5-MA

Page 62: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

62

O silte explica o agrupamento da estação 1-CG e 4-MA e a argila do grupo das

estações 2-MA, 3-MA e 8-CG. O terceiro grupo está sendo controlado pelo Fe, AVS e pela

granulometria.

É de conhecimento da literatura (LACERDA, 1998; JESUS et al., 2004; ALVES et

al., 2007; GARCIA et al., 2007) que os óxidos e hidróxidos concentram a maior parte dos

metais no sedimentos marinhos. Isso é mostrado na correlação entre Fe, Mn e AVS, e desses

com os demais metais e componentes da matéria orgânica (C.O.T e N). Com relação a

toxicidade potencial e disponibilidade dos metais na área de estudo, a repetição dos ensaios

com sedimentos que antecederam um período de chuva, 2ª campanha, não demonstrou a

mesma toxicidade, ou seja, disponibilidade de metais. Este resultado, conforme mostra a

Tabela 4, indica que há uma diferença na disponibilidade dos metais nos diferentes períodos

de coleta, conforme mostrado na relação [AVS/SEM] e AVS:Fe.

3.2 ANÁLISES DE HIDROCARBONETOS EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA.

A Tabela 9 sumariza os resultados dos hidrocarbonetos analisados nas amostras da

área em estudo. Os teores dos HPA foram abaixo dos respectivos limites de detecção,

exceto o naftaleno, desta forma não serão levados em consideração.

Dentre os hidrocarbonetos, o grupo dos saturados é freqüentemente reportado na

literatura como indicador da origem da matéria orgânica acumulada nos sedimentos

marinhos, sendo usados como parâmetros geoquímicos para inferir a existência de poluição

por óleo no ambiente (VEIGA et al., 2008). Esses parâmetros quando associados aos

cálculos de índices específicos diminuem a subjetividade da avaliação da origem dos

hidrocarbonetos sedimentares (ABOUL-KASSIM e SIMONEIT, 1995; ABOUL-KASSIM e

SIMONEIT, 1996; STOUT et al., 2001; NISHIGIMA et al., 2001). De acordo com

Simoneit (1978), a presença de uma mistura complexa não resolvida (MCNR), indica a

existência efetiva de hidrocarbonetos degradados, estando associada a óleos degradados e

intemperizados com possíveis aportes crônicos de petróleo.

O teor de n-Alcanos determinado variaram de 0,3 a 10,4 mg.kg-1 (primeira

campanha) a 1,6 a 80,9 mg.kg-1 (segunda campanha), com média/desvio padrão de 10,9 ±

16 mg.kg-1 sendo que, os maiores teores foram encontradas na estação 8-CG (80,9 mgkg-1).

Page 63: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

63

Tabela 9 - Concentração de hidrocarbonetos no sedimento da 1ª e 2ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.

NOAA Bgd TEL PEL

1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG

1ªC 1,7 2,4 1,9 2,8 1,5 0,7 1,3 <0,01HPA (Naftaleno) N.I. 34,57 390,64

2ªC 0,8 14,2 5,2 4,6 3,2 0,5 1,9 117,51ªC 4,4 10,4 9,7 9,0 0,3 7,5 1,2 0,9

n-Alcano N.I. N.I. N.I. 2ªC 25,5 4,9 2,1 1,3 12,3 1,8 1,6 80,9 1ªC 470 10299 5696 6665 156 11547 2031 153

MCNR N.I. N.I. N.I. 2ªC 1641 156 241 215 429 192 72 50611ªC 41,4 66,6 40,1 37,9 1,8 66,7 12,6 4,8

HRP N.I. N.I. N.I. 2ªC 76,1 6,0 5,6 5,1 15,1 3,9 2,5 247,11ªC 516 10376 5746 6712 158 11621 2045 158

HTP N,I. N.I. N.I. 2ªC 1743 167 249 221 457 198 76 53891ªC <0,1 0,2 <0,1 <0,1 <0,1 0,5 1625,5 <0,1

Pristano N.I. N.I. N.I. 2ªC 0,9 0,1 <0,1 0,2 0,4 0,0 <0,1 3,6

N.I. N.I. N.I. 1ªC <0,1 0,4 0,1 0,1 <0,1 0,8 3247,1 <0,1 Fitano

N.I. N.I. N.I. 2ªC <0,1 0,24 <0,1 <0,1 0,2 <0,1 <0,1 1,4 Legenda: BG = Background; TEL = concentração abaixo da qual não há risco potencial de efeitos tóxicos à biota; PEL = níveis prováveis de efeito adverso à comunidade biológica; (1) NOAA (National Oceanic and Atmosferic Administration); 1ªC - primeira campanha; 2ªC – segunda campanha. Unidades: HPA (Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos) (μg kg-1); HTP (Hidrocarbonetos Totais do Petróleo), n-Alcano e HRP (mg.kg-1). N.I.: Não Identificado. LDM: HPA – 0,01; n-Alcanos, HTP e HRP – 0,1; Estações de amostragem: Coqueiro Grande (1-CG e 8-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA e 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU). Fonte: Presente trabalho

Venturini e Tommasi (2004), no infralitoral da porção nordeste da BTS, encontraram

n-alcanos variando de 0,9 a 15,2 mg.kg-1. Costa et al. (2008) encontrou concentrações totais

destes n-alcanos em amostras de manguezal da BTS que variaram de 0,8 a 6,6 mg kg-1.

Veiga et al. (2008), também em manguezal da BTS, encontrou valores que variaram e 0,02

a 8,8 mg.kg-1. Em regiões portuárias como Arábia Saudita (0,2 a 22 mg.kg-1) e para o rio

Danúbio (1,0 a 40 mg.kg-1) na Europa, que foram reportados por Readman et al. (2002)

como as áreas de maiores concentrações de n-alcanos. De acordo com esses trabalhos, a

área de estudo apresentou valores próximos aos citados na 1ª campanha, porém na 2ª

campanha as estações 1-CG e 8-CG sugerem uma contaminação por n-alcanos.

O MCNR variou de 153 a 11547 mg.kg-1 (primeira campanha) a 72 a 5061 mg.kg-1

(segunda campanha), com média de 2814 ± 3853 mg.kg-1 para as duas campanhas. Os

teores mais elevados de MCNR predominaram nas estações 2-MA e 6-CA (1ª campanha e a

Page 64: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

64

estação 8-CG (2ª campanha). Volkman et al. (1992) sugere alguns indicadores para estimar

a severidade da contaminação de origem petrogênica (Tabela 3). Segundo esses autores, a 2ª

campanha se enquadra nos indicadores: ii) não haver predominância dos n-alcanos com o

número de átomos de carbono ímpar sobre os de número átomos de carbono par (Hi/Hp); e

iv) uma mistura complexa não resolvida (MCNR).

A Tabela 10 mostra que a MCNR representa 90,1 a 99,4% dos hidrocarbonetos

totais, sugerindo uma contribuição antrópica e a presença de resíduos degradados e

intemperizados de petróleo. A relação entre a mistura complexa não resolvida (MCNR) e os

alifáticos resolvidos (HRP) - MCNR/HRP é utilizada como critério de diagnóstico da

degradação do petróleo no meio ambiente. Uma razão MCNR / HRP > 4 indica a presença

de resíduos de petróleo no ambiente (ABOUL-KASSIM e SIMONEIT, 1995; READMAN

et al., 2002). Conforme a Tabela 10, em ambas as campanhas essa relação foi superior a 4.

Essa relação deve ser usada com cautela, uma vez que a degradação microbiana no

ambiente sobre o HRP pode elevar os valores dessa relação, assim, outros índices devem ser

usados. Assim sendo, os autores consideram que, sedimentos marinhos com relação

HTP/(COT X 10-4) < 70, ainda que apresente uma razão MCNR/HRP elevada, não devem

ser classificados como poluídos, portanto, seguindo esse índice, a área de estudo seria

classificada como não contaminada.

A relação P/F reflete características do ambiente deposicional de origem. Quando

essa razão é ≤ 1 indica contaminação por petróleo, quando ≥ 1, indica a contribuição por

matéria orgânica recente, biogênico (COLOMBO et al., 1989; COMMENDATORE et al.,

2000; STOUT et al., 2001; YUNKER et al., 1999). Razões entre nC17/P indica a presença

de óleo bruto recente ou matéria orgânica recente e a razão nC18/F são usadas como

indicadoras da presença de resíduos oleosos degradados (LE DRÉAU et al., 1997;

COLOMBO et al., 1989). A razão HC Mar/HC Ter > 1, indica predomínio de HC

produzido por plâncton, marinho, quando essa razão é < 1, predomina HC de origem

terrestre (SNEDAKER et al., 1995; WU et al., 2001; GOGOU et al., 2000).

O somatório de n-alcanos/nC16 < 15 são indicativos de sedimentos contaminados

por petróleo e quando a razão Σn-alcanos/nC16 > 15, sugere-se que os sedimentos

apresentam matéria orgânica recente (COMMENDATORE et al., 2000; SNEDAKER et

al., 1995). A relação nC29/nC17 fornecem informações sobre a contribuição da matéria

Page 65: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

65

orgânica terrestre ou marinha na composição dos HC marinhos biogênicos sedimentares,

uma vez que nC17 predomina na distribuição de lipídios derivados de algas e bactérias

marinhas enquanto que nC29, vegetais terrestres (SNEDAKER et al., 1995; LE DRÉAU et

al., 1997). O índice Hl/Hp corresponde à razão entre os somatórios dos n-alcanos inferior a

nC20 (Hl = hidrocarbonetos leves) e superiores a nC21 (Hp = hidrocarbonetos pesados).

Segundo Commendatore et al. (2000) essa relação irá refletir a presença de óleo degradado

(<1) ou a presença de óleo leve recente no ambiente (>1).

A relação P/F variou, quando identificado, de 0,5 a 0,7 (primeira campanha) a 2,5 a

3,7 (segunda campanha), com média de 1,3 ± 1,6 para as duas campanhas. Os teores mais

elevados dessa relação foi detectado em 1-CG (1ª campanha). O índice Pristano/Fitano

comprova esta origem petrogênica nas estações 2-MA, 4-MA, 6-CA e 7-SU da primeira

campanha, pois suas concentrações se mantêm aproximadamente na mesma proporção com

valores abaixo de 1. As razões nC17/P e nC18/F, quando identificado, variou de 0,8-2,9

(1ªC) e de 1,5-1,6 (2ªC), com média de 1,6 ± 0,5 e de 0,13 a 1,89 (1ªC) e de 2,47 a 3,57

(2ªC), com média de 1,9 ± 1,1, respectivamente. Essas razões indicam a presença de óleo

degradado nas estações 2-MA e 6-CA. Valores próximos, com o mesmo diagnóstico, foram

identificados por Veiga et al. (2008) que variaram de 0,86 a 1,08 e para nC18/F 0,94 a 1,77.

A relação Hl/HP apresentou índices significativos que variaram de 0,03 a 0,94 (1ªC)

e de 1,17 a 42,79 (2ªC), com média de 10 ± 15, sugerindo a presença de óleo degradado na

primeira campanha e nas estações 1-CG, 2-MA e 4-MA, da segunda campanha.

A outra relação que apresentou valores significativos foi Hi/Hp. Esse índice variou

de 0,32 a 2,15 (1ªC) e de 0,22 a 31,18 (2ªC). Essa razão sugere a presença de óleo

degradado nas estações 1-CG, 2-MA e 4-MA nas duas campanhas. As estações 3-MA e 6-

CA apresentaram a presença de óleo degradado somente na 1ª campanha.

De um modo geral, a matéria orgânica é de origem recente. Entretanto algumas

estações apresentaram razões intermediárias entre uma fonte e outra. As razões MCNR/HRP

e HTP/COT, sugerem uma área não contaminada. Porém, as relações envolvendo pristano/

fitano e principalmente Hi/Hp, sugere uma contribuição de óleo degradado nas estações do

infralitoral.

Assim, os índices apresentados na Tabela 10 corroboram com as relações C/N

(Tabela 4), sugerindo contribuições de matéria orgânica tanto de origem marinha-terrestre e

Page 66: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

66

uma provável origem petrogênica nas estações do infralitoral e na 3-MA e 6-CA da primeira

campanha. Isso poderia ser explicado pelas diferentes fontes e mecanismos de transporte,

uma vez que os n-alcanos (especialmente de origem terrígena) estão preferencialmente

associados à fração dos sedimentos rica em detritos grosseiros, enquanto que a de origem

antropogênica está mais associada às partículas finas (BOULOUBASSI e SALIOT, 1993).

Estas estações apresentaram uma granulometria predominantemente argilosa.

Tabela 10 - Razões diagnósticas com hidrocarbonetos saturados cíclicos para os sedimentos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos. N.I. – não identificado.

Estação/ Campanha

%MCNR no HTP

MCNR/ HRP

HTP/ COTx10-4 P/F nC17/

P nC18/

F HCmar/ HCter

C29/ C17

n-alcanos

/C16

Hl/ Hp

Hi/ Hp

1º C 91,11 11,34 0,04 N.I. N.I. N.I. 0,05 N.I. N.I. 0,09 0,54 EST. 1 MA 2º C 94,17 21,58 0,12 3,72 1,46 3,57 27,96 0,11 15,87 41,7 0,90

1º C 99,26 154,6 0,53 0,55 1,45 0,87 0,87 1,74 20,45 0,44 0,46 EST.2 MA 2º C 93,48 26,13 0,02 N.I. 1,62 N.I. 20,16 0,17 23,11 23,7 0,78

1º C 99,13 142,13 0,32 N.I. N.I. 1,89 0,29 5,63 36 0,33 0,32 EST. 3 MA 2º C 96,91 42,96 0,02 N.I. N.I. N.I. 0,2 3,75 N.I. 1,29 1,47

1º C 99,3 175,64 0,28 0,7 2,57 1,55 0,25 8,29 35,56 0,16 0,79 EST. 4 MA 2º C 97,11 42,32 0,01 N.I. N.I. N.I. 1,02 N.I. 10,17 0,94 0,22

1º C 98,68 85,93 0,03 N.I. N.I. N.I. 0,31 N.I. N.I. 0,21 31,18EST. 5 MA 2º C 93,99 28,37 0,06 2,27 1,69 2,47 11,75 0,13 14,52 15 1,00

1º C 99,36 173,15 1,74 0,7 0,82 0,13 2,27 0,97 N.I. 0,62 0,63 EST. 6 CA 2º C 97,13 48,98 0,01 N.I. N.I. N.I. 0,26 3,39 65,86 1,17 1,32

1º C 99,32 161,41 1,33 0,5 N.I. N.I. 4520 2,69 N.I. 0,75 1,96 EST. 7 SU 2º C 94,59 28,53 0,05 N.I. N.I. N.I. 11,48 0,13 24,97 22,8 1,41

1º C 96,41 31,63 0,04 N.I. N.I. N.I. 0,05 N.I. N.I. 0,03 2,15 EST. 8 CG 2º C 93,91 20,48 0,65 2,55 1,64 2,58 42,49 0,02 11,49 42,8 0,76

Obs.: em negrito valores que indicam contribuição petrogênica. Fonte: Presente trabalho

Page 67: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

67

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Controle 1 2 3 4 5 6 7 8

Pontos de Coleta

Sobr

eviv

ênci

a

3.3 ECOTOXICIDADE DOS SEDIMENTOS DA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA – BRASIL, UTILIZANDO O COPÉPODE BENTÔNICO TISBE BIMINIENSIS

De acordo com ARAÚJO-CASTRO et al. (2006b), a faixa de sensibilidade para

fêmeas adultas de Tisbe bimininensis na presença de dicromato de potássio foi de 5,8 a 20,2

mg/L a uma temperatura de 25 ºC. No presente estudo, utilizando Tisbe biminiensis e

dicromato de potássio, a CL50-96h foi de 8,13 mg/L, estando dentro da faixa esperada para

esta espécie, para as campanhas realizadas.

A média de sobrevivência dos organismos observada na primeira campanha foi de

90%, com máximo de 98% para o ponto 8-CG e mínimo de 84% para o ponto 7-SU. A

sobrevivência não foi significativamente diferente entre os pontos amostrados e o ensaio-

controle (F=1,4; p=0,25) (Fig. 14). Quanto à fecundidade total, foram observadas diferenças

significativas (F=10,9; p<0,0001), entretanto, os pontos que se apresentaram

significativamente diferentes do controle (Teste de Tukey) mostraram valores superiores ao

mesmo (Figura 15a). Em relação ao número de copepoditos, observaram-se diferenças

significativas (F=3,0; p=0,02) entre os pontos de coleta apresentado valores superiores ao

controle e valores significativamente mais altos para as estações 3-MA, 5-MA, 6-CA, 7-SU

e 8-CG (Figura 15b).

Figura 14. Médias (± desvio padrão) de sobrevivência de fêmeas de Tisbe biminiensis expostas aos sedimentos da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE), 1ª campanha. Fonte: Presente trabalho

Page 68: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

68

Figura 15. Médias (± desvio padrão) da fecundidade total expressa em indivíduos produzidos (a) e número de náuplios e copepoditos (b) da espécie Tisbe biminiensis quando exposta aos sedimentos da área da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE), 1ª campanha. As letras acima das barras referem-se às diferenças significativas (Teste de Tukey). Fonte: Presente trabalho

As médias de náuplios produzidos apresentaram diferenças significativas (F=10,2;

p<0,0001) com apenas as estações 5 e 7 apresentando médias significativamente inferiores

ao controle (Teste de Tukey) (Figura 15b). As médias das demais estações não apresentaram

diferenças significativas ou se mostraram superiores.

Na 2ª campanha as médias de sobrevivência (efeito letal), assim como na coleta

anterior, não foram significativamente diferentes entre os pontos amostrados e o controle

(F=2,38; p=0,57) (Figura 16). As médias de sobrevivência dos organismos variaram de 97%

para o ponto 4 e mínimo de 84% para o ponto 5-MA. Em relação à fecundidade total (efeito

sub-letal), não foram observadas diferenças significativas (F=2,14; p=0,08) (Figura 17a).

Figura 16. Médias (± desvio padrão) de sobrevivência de fêmeas de Tisbe biminiensis expostas aos sedimentos da porção Norte da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE) 2ª campanha. Fonte: Presente trabalho

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Cont 1 2 3 4 5 6 7 8Pontos de Coleta

Sob

revi

vênc

ia

0

100

200

300

400

500

600

Controle 1 2 3 4 5 6 7 8

Pontos de Coleta

Fecu

ndid

ade

a a ab

c

b

a

c

a

ca

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Controle 1 2 3 4 5 6 7 8

Pontos de Coleta

naupliocopepodito

A

abcd

d

BC ABC

AB

D

CD

D

A

D

aab abc

cdbcd bcd bcd

b

Page 69: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

69

Figura 17. Médias (± desvio padrão) da fecundidade total expressas em indivíduos produzidos (A) e número de náuplios e copepoditos (B) da espécie Tisbe biminiensis exposta aos sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE ), 2ª campanha. As letras acima das barras de náuplios referem-se às diferenças significativas encontradas (Teste de Tukey). Fonte: Presente trabalho

As médias de copepoditos (efeito sub-letal) obtidas não apresentaram diferenças

significativas (F=2,433; p=0,053) entre os pontos de coleta e o controle (Figura 15b), 1ª

campanha. Após a análise do número de náuplios produzidos (efeito sub-letal) observou-se

diferenças significativas (F=5,829; p=0,0008) entre os tratamentos, mas estes não diferiram

significativamente em relação ao controle (Teste de Tukey) (Figura 15b).

Em áreas contaminadas observa-se uma redução na produção de náuplios e

copepoditos, (BEJARANO et al., 2004; LOTUFO, 1998ab). Os valores de náuplios,

copepoditos e fecundidade na área de estudo, sugerem que as médias de náuplios mais

baixas nas estações 5-MA e 7-SU são provavelmente devido à passagem para o estágio de

copepodito, o qual resultou em médias significativamente superiores nestas estações. No

entanto, este fato não implica na ausência de substâncias tóxicas no meio, conforme os

valores apresentados nas Tabelas 5 e Tabela 9 em comparação a valores de referência

internacional, pois estas podem estar presentes sob formas não biodisponíveis ou em

concentrações insuficientes para ocasionar toxicidade ao copepodo bentônico testado. Tais

concentrações podem, contudo, acarretar toxicidade a organismos mais sensíveis, ou ainda

ser biomagnificadas ao longo da cadeia trófica

3.3.1 Análise estatística

A Figura 18 mostra a ordenação dos efeitos avaliados no Tisbe quando exposta aos

sedimentos da área da porção Norte da BTS. Os fatores 1 e 2 da ACP explicam 83,69% dos

comportamento dos dados da 1ª campanha. A ACP da 2ª campanha mostra que os fatores 1

0

100

200

300

400

500

600

700

Cont 1 2 3 4 5 6 7 8

Pontos de Coleta

Fecu

ndid

ade

A

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Cont 1 2 3 4 5 6 7 8

Pontos de Coleta

náuplios

copepoditos

B

a

abbc

abab

c bc

ab

c

Page 70: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

70

e 2 explicam 90,51% do comportamento dos dados. A carga que cada variável contribui nos

dados originais para as principais componentes favorece a ordenação dos dados com

comportamentos semelhantes (Tabela 11). De acordo com os valores das componentes

mostrado abaixo (Figura 18), observa-se que o naúplio é responsável pelo controle dos

copepoditos e a fecundidade, indicado nos maiores valores dos fatores da ACP (Tabela 11).

Esse comportamento já era esperado, uma vez que os testes utilizam fêmeas ovadas que irão

eclodir seus ovos durante o experimento, passando pelos estágios de naúplios, copepoditos e

por último a fase adulta propriamente dita. Assim qualquer efeito no número de naúplios

produzidos irá indicar um efeito sub-letal, comprometendo o desenvolvimento do estágio de

copepodito e consequentemente na mortalidade e fecundidade. O fator negativo da

mortalidade indica essa relação indireta da mortalidade com a fecundidade (fator 1= -0,84).

Tabela 11 - Fatores da Análise de Componentes Principais (ACP), em negrito, destacam-se os valores mais importantes para as mesmas. F.= fator

Figura 18. Análise de Componentes Principais (ACP) dos efeitos observados da espécie Tisbe biminiensis quando exposta aos sedimentos da área da porção Norte da Baía de Todos os Santos. Abaixo, plotagem dos valores das componentes principais 1 e 2 das variáveis. F. = fator (valor da componente). Fonte: Presente trabalho

Variável Fator Nauplio Copepodito Mortalidade Fecundidade F.1 0,92 0,58 -0,64 0,97 1a

Campanha F.2 -0,17 0,76 0,46 0,01 F.1 0,97 -0,40 -0,84 0,81 2a

Campanha F.2 0,05 0,89 0,19 0,57

2a Cam panha

Naúplio

Copepodito

Mortalidade

Fecundidade

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0

Fator 1 : 61.42%

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

Fato

r 2 :

29.0

9%

1a Cam panha

Naúplio

Copepodito

Mortalidade

Fecundida

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0

Fator 1 : 63.29%

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

Fato

r 2 :

20.4

0%

Page 71: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

71

3.4 ANÁLISE DA MACROFAUNA BENTÔNICA DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BA

3.4.1 Levantamento de Macroinvertebrados bentônicos

A triagem do sedimento resultou num total de 1333 organismos amostrados, sendo

534 indivíduos na primeira campanha e 799 indivíduos na segunda campanha, pertencentes

a 6 filos distribuídos em quatro grandes grupos (Polychaeta, Crustacea, Bivalvia,

Gastropoda), os quais corresponderam a 97,8% e 99,9% das unidades taxonômicas

amostradas, respectivamente. Os demais grupos zoobentônicos estiveram representados por

riqueza de espécies que variou de 2 (Chordata e Sipuncula) a apenas 1 (Porifera).

Destacaram-se como os grupos de maior riqueza os seguintes:

• Polychaeta, que representou 59,4% e 73,5% em abundância e 28,6% e 17,4% em

número de taxas em ambas as campanhas;

• Mollusca (Bivalvia e Gastropoda), representando 32% e 13% em abundância e 43% e

47.8% em número de taxas; e

• Arthropoda (Crustacea), representando 6% e 13,5% na abundância e 21,4% e 32,6%

em número de taxas na 1ª e 2ª campanhas, respectivamente.

A Tabela 12 sumariza a abundância e sua freqüência de ocorrência nas estações

durante as duas campanhas.

A Figura 19 apresenta o gráfico das 10 famílias mais abundantes nas estações

amostradas (Capitellidae, Nereididae, Goniadidae, Opheliidae, Veneridae, Tellinidae,

Solecurtidae Mytilidae, Ocypodidae, Balanidae) a família Periplomatidae apesar de ter

contribuído com 11 indivíduos, valor considerável quando comparado à maior parte das

famílias, não foi considerada na análise por ter sido coletada apenas na 2ª campanha.

É possível analisar a estrutura de assembléias bentônicas sob dois aspectos

importantes de sua organização: o número de espécies e as respectivas abundâncias relativas

(GILLER, 1984). Estas medidas podem ser incorporadas em índices biológicos tais como

riqueza, diversidade e uniformidade, na tentativa de resumir as informações e facilitar a

comparação intra e entre habitats (SOARES-GOMES e PIRES-VANIN, 2003).

Page 72: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

72

Tabela 12 – Taxas e Freqüências de Macrozoobentos encontrados no sedimento superficial da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Ab.=Abundância; Oc.=Ocorrência; *=Ausência.

1a campanha 2a campanha GRUPOS TAXONÔMICOS FAMÍLIAS

Ab Oc % Ab Oc % Capitellidae 95 100 234 50 Goniadidae 56 50 22 50 Nereididae 82 50 314 50 Opheliidae 65 62,5 11 37,5 Onuphidae * * 1 25 Orbiniidae 9 50 * * Pilargidae 7 12,5 * * Sternaspidae 2 12,5 5 50 FI

LO A

NN

ELID

A

POLYCHAETA

Syllidae 1 12,5 * * Corbulidae 1 12,5 3 12,5 Crassatellidae 1 12,5 * * Lucinidae 69 75 5 12,5 Mytilidae 6 25 41 12,5 Ostreidae * * 7 37,5 Periplomatidae * * 11 25 Plicatulidae * * 2 12,5 Semelidae * * 2 12,5 Solecurtidae 1 12,5 5 12,5 Tellinidae 89 75 4 25 Ungulinidae 4 25 3 12,5

BIVALVIA

Veneridae 1 12,5 14 75 Neritidae 4 25 2 25 Strombidae * * 1 12,5 Turbinidae * * 2 12,5 Columbellidae * * 1 12,5

GASTROPODA

Epitoniidae * * 1 12,5

FILO

MO

LLU

SCA

SCAPHOPODA Dentaliidae * * 1 12,5 Alpheidae 1 12,5 8 37,5 Balanidae 4 37,5 61 50 Diogenidae * * 1 12,5 Goneplacidae * * 3 25 Ocypodidae 20 37,5 15 62,5 Penaeidae * * 4 37,5 Porcellanidae * * 7 25 Portunidae * * 7 50 Sphaeromatidae 1 12,5 * * Squilidae 6 37,5 * * FI

LO A

RTH

RO

POD

A

CRUSTACEA

Xanthidae * * 2 25 FILO PORIFERA Chalinidae 1 12,5 * *

FILO SIPUNCULA Sypunculus 1 9 25 * * Gobiidae 1 12,5 1 12,5

VERTEBRATA Blenniidae 1 12,5 * * Fonte: Presente trabalho

Page 73: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

73

0

5

10

15

20

25

30 Ophellidae C1 Opheliidae C2

Estações

Abu

ndân

cia

de o

rgan

ism

os

1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG

Page 74: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

74

Figura 19. Distribuição das espécies dominantes no sedimento superficial da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos nas duas campanhas.

Um único índice de diversidade não é completamente efetivo para descrever a

estrutura de uma assembléia ou comunidade e, em muitas situações, a maior dificuldade na

utilização desses tipos de índices compostos é a separação da contribuição de cada um dos

seus componentes para o valor do índice, visto que o mesmo valor pode ser obtido com

grande riqueza de espécies e pouca homogeneidade ou vice-versa, como no caso do índice de

Shannon-Weaver. Se dispusermos apenas do valor do índice, sem conhecer os seus

componentes, esta separação torna-se impossível (BEGON et al., 2006).

Os índices, quando utilizados com critério e em conjuntos coerentes, em numerosas

condições podem auxiliar a interpretação de conjuntos complexos de dados (NORRIS et al.

1995). Assim, neste estudo, além dos valores de abundância e número de grupos (famílias)

foram utilizados os índices de: diversidade de Shannon-Weiner (H’) (SHANNON e

WEAVER, 1949), riqueza de Margalef e o índice de equitabilidade de Pielou (J') (PIELOU,

1966; BUZAS e GIBSON, 1969). A Figura 20 apresenta os resultados obtidos para estes

índices.

É possível perceber que os valores apresentam uma tendência de homogeneidade

entre as estações durante as duas campanhas, à exceção da estação 4-MA, que durante a

segunda campanha apresentou um resultado anômalo, com número de indivíduos e famílias

muito baixo. Os índices ecológicos apresentados para as demais estações evidenciam um

ambiente relativamente contínuo entre o meso e infralitoral. A expectativa de organização

desses dois ambientes seria um maior número de indivíduos no ambiente de infralitoral,

devido à maior estabilidade das condições ambientais e a provável ocupação dos nichos neste

ambiente com muitas espécies raras e um ambiente com menos indivíduos, com menor

equitabilidade e maior abundância para o mesolitoral, devido à alta variabilidade de

condições abióticas nesse ambiente, o que facilitaria o estabelecimento de mais espécies

dominantes.

Entretanto, os índices calculados para este ambiente não evidenciaram esta relação,

pois os índices de equitabilidade não apresentaram modificações relevantes entre as estações

nas duas campanhas, indicando um ambiente bem estabelecido a nível de distribuição de

indivíduos. É de conhecimento que ambientes com níveis altos de distúrbios apresentam

maiores valores de equitabilidade que ambientes mais estabelecidos ecologicamente

(ambientes clímax) (BEGON et al., 2006; OLSGARD et al., 2003). Os ambientes descritos

Page 75: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

75

pelos índices de equitabilidade neste estudo mostraram-se relativamente não perturbados,

com valores de equitabilidade acima de 0,5.

A dominância calculada para as duas campanhas, contudo, evidenciou as famílias de

Capitellidae, Nereididae e Goniadidae como dominantes entres as estações da 1ª campanha e

2ª Campanha com o acréscimo da Família Balanídae. A família Nereididae apresentou

dominância total para a estação 7-SU com 75 indivíduos. A família Capitellidae apresentou

dominância devido principalmente, à sua ocorrência em valores relativamente altos quando

comparado as demais famílias em todas as estações. Vale ressaltar que as famílias

consideradas dominantes (Capitellidae e Goniadidae) mostraram maior ocorrência nas

estações de mesolitoral. A dominância dessas famílias sugere que o ambiente de mesolitoral

seja mais instável que o infralitoral, informação não evidenciada na análise isolada dos

índices ecológicos.

A riqueza de espécies (índice de Margalef) neste estudo também apresentou valores

muito próximos entre as estações das duas campanhas. Os bivalves (Anomalocardia

brasiliana, Tellina sp., Tagelus plebeius) e os poliquetas (Capitella sp., Laeonereis acuta,

Glycinde multidens), foram os organismos mais representativos. A riqueza de espécies,

relativamente baixa, observada na área de estudo, quando comparada à riqueza de outros

ambientes semelhantes (SOARES-GOMES e PIRES-VANIN, 2003; MARINS et al., 2008)

pode estar relacionada à ocorrência do elevado percentual de lama. Nesse tipo de substrato já

foi encontrado associações faunísticas mais pobres devido às contribuições antrópicas

oriundas das aglomerações urbanas e dos complexos industriais do Recôncavo Baiano

(ALVES et al., 2006).

Os organismos poliquetas são reconhecidos como bons indicadores de mudanças

ambientais. A presença ou ausência de grupos ou a dominância de poliquetas específicos em

sedimentos marinhos pode prover um excelente indicador da qualidade ambiental para os

organismos bentônicos.

A dominância do grupo de Poliquetas Capitellidae nas estações de mesolitoral sugere

que estes ambientes possuam condições ambientais que promovam a sua sustentação nesse

sistema ou que esses organismos estejam agindo como oportunistas (WEIS et al., 2005) Uma

vez que os Capitellidae são tolerantes a ambientes onde ocorre contaminação por matéria

orgânica, uma vez que este é um parâmetro indicador de disponibilidade de recurso alimentar

(VENTURINI e TOMMASI, 2004) e existe uma tendência a alteração de proporção de

indivíduos nesse ambiente, poder-se-ia sugerir que sua dominância deva-se ao aumento do

teor de matéria orgânica nesses ambientes, No entanto, a análise dos valores de N e C.O.T.

Page 76: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

76

obtidos nas duas campanhas (Tabela 4) evidenciam um padrão contrário, onde as áreas com

maior teor de nutrientes mostram menor abundância desses poliquetas.

De fato, são as estações de mesolitoral que mostram a dominância evidente desse

grupo, fazendo supor que: i) outros fatores que não os teores de nutrientes ou a granulometria

determinam a dominância desses organismos na zona de infralitoral ou ii) as condições

ambientais do infralitoral, mesmo com maiores teores de nutrientes, possui condições de

estresse que tornam não suportável a existência de dominância.

Figura 20. Variação dos índices ecológicos de: diversidade de Shannon-Weiner (H’), o índice de riqueza de Margalef (d) e o índice de equitabilidade de Pielou (J'), n° de famílias (S) e abundância (N). Fonte: Presente trabalho

Campanha 2

0

1

2

3

4

1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CGEstações

0

50

100

150

200

250

300

d J' H' S N

Campanha 1

0

1

2

3

4

1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CGEstações

0

50

100

150

200

250

300

d J' H' S N

S N

S N

d J’ H’

d J’ H’

Page 77: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

77

3.4.2 Padrões de ordenação das assembléias de macrozoobentos

As Figuras 21 e 22 apresentam as ordenações realizadas por nMDS (escalonamento

multidimensional não métrico) obtidos por meio das matrizes de similaridade, baseadas na

composição dos grupos e abundâncias utilizando o índice de similaridade de Bray-Curtis

(CLARKE, 1993). A tendência de diferenciação das estações e meso e infralitoral não

observadas com os índices ecológicos, mas percebidas na dominância e na ordenação das

estações, indicam a tendência de formação de dois conjuntos de ordenação, com as estações

de mesolitoral ordenadas próximas entre si do mesmo modo que as estações de infralitoral,

seguindo uma tendência em formar duas assembléias, a primeira por organismos das estações

de 2-MA, 3-MA e 4-MA e a segunda pelos organismos das estações 5-MA a 8-CG.

Na segunda campanha (Figura 22) a tendência de ordenação das estações de

mesolitoral mostrou-se muito mais evidente na formação de um conjunto distinto do que as

demais estações de infralitoral. Nessas apenas as estações 2-MA e 3-MA ordenaram-se

próximas devido ao baixo número de espécies encontradas nessas estações. Uma provável

explicação para a baixa diversidade beta entre estas duas assembléias é a homogeneidade de

habitats entre as mesmas com relação ao tamanho de partícula e sua composição

(GRAY,1974)

Page 78: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

78

Figura 21. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos, 1ª campanha. As circunferências indicam o tamanho relativo do número de indivíduos nas estações. Fonte: Presente trabalho

1a Campanha 1-CG

2-MA 3-MA

4-MA 5- MA

6-CA

7-SU

8-CG

Stress: 0,06

MEDIOLITORAL

INFRALITORAL

Familia Capitellidae

1-CG

2-MA 3-MA

4-MA

7-

Stress: 0,06

5-MA

6-CA

8-CG

Familia Goniadidae 1-CG

2- 3-MA

4-MA5-MA

6-CA

7-SU

8-CG

Stress: 0,06

Page 79: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

79

Figura 22. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos, 2ª campanha. As circunferências indicam o tamanho relativo do número de indivíduos nas estações. Fonte: Presente trabalho

Família Nereididae

1-CG

2-MA3-MA

4-MA

6-CA 8-CG

Stress: 0.01

5-MA7-SU

Família Balanidae

1-CG

2-MA3-MA

4-MA

5-MA

6-CA

7-SU

8-CG

Stress: 0.01

1-CG

2-MA

3-MA

4-MA

Stress: 0.012a Campanha

5-MA

7-SU

6-CA 8-CG

MEDIOLITORAL

Page 80: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

80

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA INTEGRADA DAS VARIÁVEIS BIÓTICAS E ABIÓTICAS

Foi realizada uma matriz de correlação de Pearson para cada campanha (Tabela 13 e

14) para avaliar a correlação dos parâmetros geoquímicos com os efeitos observados no

ensaio ecotoxicológico. A matriz da 1ª campanha mostra uma correlação positiva entre o

número de náuplios e o AVS e uma correlação negativa entre o número de copepoditos e o

Cu, sugerindo o antagonismo/sensibilidade do organismo-teste ao metal, uma vez que o

mesmo se encontra disponibilizado para o ambiente. A correlação positiva com o AVS está

associada com o controle dos sulfetos volatilizáveis sobre a disponibilidade dos metais. As

demais correlações foram identificadas entre os metais e os parâmetros orgânicos, sugerindo

uma provável origem comum.

A correlação positiva dos coeficientes com os sulfetos e os parâmetros biológicos

indica um controle na toxicidade do sedimento, pois o sulfeto está diretamente ligado a

disponibilidade de metais para o ambiente. A correlação entre os HPA e o n-Alcano, assim

como do Cd com os hidrocarbonetos sugere a mesma origem, possivelmente petrogênica. O

HPA também irá controlar a mortalidade do Tisbe biminiensis. Comportamento semelhante é

observado na 2ª campanha. A Tabela 14 mostra uma correlação do número de copepoditos

com coeficiente de Pearson (r=0,73) com o Cd e deste com o AVS (r=0,84). Observando-se

correlação do HPA com a Mortalidade na 1ª campanha, sugere-se que essa correlação

(r=0,74) não esteja associada ao efeito subletal ocorridos nas estações 3-MA, 5-MA e 7-SU a

nível de copepodito e naúplio. Porém, na segunda campanha não há correlação entre a

mortalidade, metais com o HPA, sugerindo que o mesmo não interferiu na sobrevivência do

copépodo, ou que os teores dos compostos orgânicos tenham sido insuficientes para ocasionar

toxicidade ao copepodo Tisbe biminiensis. Araújo-Castro et al. (2008), realizou ensaios com

Tisbe biminiensis no estuário próximo ao Porto de Suape-PE e o mesmo não apresentou

efeitos letais e/ou sub-letais para HPA, vale resaltar que as concentrações dos hidrocarbonetos

estavam abaixo dos níves sugeridos pelo NOAA (Total HPA-1684 ug.g-1). Ainda no mesmo

trabalho, os autores utilizaram o copépode para um ensaio numa área, onde os sedimentos

estavam contaminados com petróleo decorrente de um derrame. Para esses ensaios, o Tisbe

biminiensis apresentou efeito sub-letal e letal.

Page 81: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

81

Tabela 13 - Matriz de correlação de Pearson mostrando as relações entre náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), metais, HPA, n-Alcano (n-alc), HRP, HTP, MCNR, Pristano (Pris) e AVS em sedimentos da 1ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.

Np Cp Mt Fd HPAn-

Alc HRP MCNR HTP Pris Zn Cu Cd Pb AVSNp 1,00 Cp 0,30 1,00

Mt -

0,46 -0,20 1,00

Fd 0,98 0,49 -0,46 1,00

HPA -

0,37 -0,60 0,74 -0,46 1,00

n-Alc 0,33 -0,39 0,45 0,23 0,63 1,00 HRP 0,24 -0,43 0,33 0,13 0,39 0,86 1,00

MCNR 0,31 -0,09 0,24 0,26 0,31 0,82 0,88 1,00 HTP 0,31 -0,10 0,24 0,26 0,31 0,82 0,88 1,00 1,00

Pris -

0,44 0,58 0,48 -0,28 -0,11 -0,40 -0,34 -0,23 -0,23 1,00

Zn 0,42 -0,40 -0,14 0,31 0,07 0,36 0,19 0,03 0,03 -0,64 1,00

Cu -

0,04 -0,86 0,11 -0,21 0,48 0,27 0,22 -0,16 -0,16 -0,56 0,49 1,00

Cd 0,23 0,03 0,16 0,21 0,25 0,67 0,61 0,79 0,79 -0,23 -0,07 -0,34 1,00 Pb 0,14 -0,68 0,25 -0,01 0,42 0,38 0,26 -0,13 -0,13 -0,43 0,69 0,89 -0,31 1,00

AVS 0,76 0,40 -0,46 0,78 -0,45 -0,05 -0,30 -0,21 -0,21 -0,28 0,61 -0,08 -0,13 0,19 1,00

Fonte: Presente trabalho

Tabela 14 - Matriz de correlação de Pearson mostrando as relações entre náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), metais, HPA, HTP, n-Alcano (n-alc), HRP, MCNR, HTP, pristano (Pris) e AVS em sedimentos da 2ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.

Np Cp Mt Fd HPAn-

Alc HRP MCNR HTP Pris Fit Cu Ni Cd AVSNp 1,00 Cp -0,39 1,00 Mt -0,68 0,40 1,00 Fd 0,85 0,16 -0,50 1,00

HPA 0,52 -0,24 -0,14 0,42 1,00 n-Alc 0,38 -0,37 0,08 0,19 0,94 1,00 HRP 0,40 -0,42 0,02 0,19 0,94 1,00 1,00

MCNR 0,40 -0,42 0,03 0,19 0,94 1,00 1,00 1,00 HTP 0,40 -0,42 0,03 0,19 0,94 1,00 1,00 1,00 1,00 Pris 0,41 -0,38 0,02 0,22 0,95 1,00 0,99 0,99 0,99 1,00 Fit 0,38 -0,31 0,06 0,23 0,96 0,99 0,99 0,99 0,99 1,00 1,00 Cu -0,66 0,03 0,11 -0,70 -0,37 -0,37 -0,35 -0,37 -0,37 -0,38 -0,38 1,00 Ni -0,60 -0,06 -0,04 -0,67 -0,23 -0,25 -0,23 -0,24 -0,24 -0,24 -0,24 0,95 1,00 Cd -0,18 0,73 -0,07 0,24 -0,46 -0,64 -0,64 -0,63 -0,63 -0,62 -0,57 -0,09 -0,09 1,00

AVS 0,17 0,59 -0,33 0,52 -0,45 -0,68 -0,67 -0,67 -0,67 -0,66 -0,63 -0,15 -0,23 0,84 1,00

Fonte: Presente trabalho

Para integrar os dados ecotoxicológicos e químicos foi aplicada a análise de

componentes principais (ACP) nos resultados dos parâmetros avaliados (toxicológicos e

geoquímicos) para cada campanha, no intuito de explorar as relações entre as estações

Page 82: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

82

investigadas (Figura 22). A ACP da primeira campanha explica 60,61% da variância total dos

dados originais, gerando a ordenação de 3 grupos. O grupo A ordena as estações 7-SU e 5-

MA. Nessas estações, conforme mostra a Figura 22, a redução no número dos copepodidos

sendo controlada pelo pristano, fitano e os metais (Pb, Cu, Ni). O grupo B, representado pelas

estações 1-CG, 2-MA, 3-MA e 4-MA, caracteriza-se por ordenar os compostos orgânicos (n-

alcano, HPA, HTP, HRP, MCNR, N e C.O.T) que irão influenciar na mortalidade do Tisbe

biminiensis. Como se trata de uma correlação positiva, o aumento na concentração desses

compostos induzirá um aumento da mortalidade do copépode, pinciplmente o HPA, mostrado

na mesma componente (Fator 2). O grupo C é ordenando pelo AVS e Fe, Zn e argila. A

correlação negativa do Fe e AVS irão influenciar na disponibilidade do Zn, que por

conseqüência, irá controlar o desenvolvimento dos naúplios (Np) devido a toxicidade do

metal, afetando a fecundidade (Fd). Estudo realizados por Cooper e Morse (1998), bem como

Machado et al. (2004), mostram essa relação AVS:Fe na disponibilidade de metais em

ambientes marinhos. A ACP da primeira campanha também mostra uma separação entre as

estações do infralitoral (grupo B) das estações do mesolitoral (grupo A e grupo C).

Tabela 15 - Valores das componentes principais CP1 e CP2 das variáveis da ACP.

1a Campanha 2a Campanha Fator 1 Fator 2 Fator 1 Fator 2 N 0,84 0,26 0,72 -0,43

CO 0,83 0,41 0,34 -0,90 Fe 0,64 -0,72 0,81 -0,47 Zn 0,83 -0,42 0,55 -0,78 Cu -0,67 0,26 -0,35 -0,58 Ni -0,36 0,07 -0,68 0,24 Cd 0,28 0,55 0,09 -0,82 Pb -0,84 0,23 0,40 -0,81

AVS 0,35 -0,78 -0,31 -0,72 HPA 0,40 0,72 0,67 0,63

n-alcano 0,78 0,56 0,70 0,70 HRP 0,60 0,60 0,72 0,67

MCNR 0,46 0,61 0,72 0,67 HTP 0,46 0,61 0,72 0,67

Pristano -0,76 0,23 0,71 0,68 Fitano -0,76 0,23 -0,69 0,40 Silte 0,38 0,07 0,67 -0,64

Argila 0,66 -0,51 0,95 -0,01 Naúplio 0,51 -0,45 0,81 -0,23

Copepodito -0,55 -0,29 -0,63 -0,02 Mortalidade 0,04 0,76 -0,43 0,50 Fecundidade 0,35 -0,48 0,50 -0,26

Fator (valor baseado em correlações entre a componente). Fonte: Presente trabalho

Page 83: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

83

Figura 23. Análise de Componentes Principais (ACP) dos end Point da espécie Tisbe biminiensis em relação aos parâmetros químicos metais e orgânicos da 1ª campanha (1ªC) e da 2ª campanha (2ªC) na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Legenda: náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), n-Alcano (n-alc), Pristano (Pris). Fonte: Presente trabalho

A ACP da 2ª campanha explica 70 % da variabilidade dos dados. Observa-se a

formação do grupo A (7-SU) dominado pelo Ni (Figura 23). O teor de Ni na estação 7-SU na

segunda campanha (Tabela 3) sugere que esse metal poderá controlar o desenvolvimento dos

1a Campanha

N CO

Fe

Zn

Cu

Ni

Cd

Pb

SVA

HPA

n-alcano HRPHTP

Silte

Argila Np

Cp

Mt

Fd

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0

Fator 1: 36.19%

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

Fato

r 2: 2

4.43

%

FitanoPristano

UCM

2a Campanha

N

CO

Fe

Zn

Cu

Ni

Cd PbSVA

UCM

Silte

Argila

Np

Cp

Mt

Fd

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0

Fator 1: 37.64%

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

Fato

r 2: 3

2.26

%

FitanoPristanon-alcanoHRP

HTPHPA

1-CG

2-MA3-MA

4-MA

5-MA

6-CA

7-SU

8-CG

1-CG

2-MA

3-MA4-MA

5-MA

6-CA7-SU

8-CG

Grupo A

Grupo B

Grupo A

Grupo C

Grupo C

Grupo B

Page 84: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

84

copepodidos, elevando a taxa de mortalidade e conseqüente redução no número de

copepodidos.

O grupo B (8-CG) ordena os compostos orgânicos em uma única estação (r = 0,67 a

0,72). Essas correlações sugerem que todos esses compostos tiveram a mesma origem. O

grupo C ordena as estações 1-CG, 2-MA, 3-MA, 4-MA, 5-MA e 6-CG. A CP1 a argila irá

controlar a distribuição do N, Fe e Silte e a CP2 (fator 2) o C.O.T. e o AVS assume essa

função, controlando o comportamento dos metais (Zn, Cd e Pb). As correlações inversas do

Fe:AVS, mais uma vez irá influenciar na disponibilidade dos metais para o ambiente, da

mesma forma como já foi descrito para a primeira campanha.

As análises das ACP permitiram a redução de 23 variáveis iniciais para duas

componentes. Cesar et al. (2007) usou a ACP par estabelecer comparações entre a degradação

ambiental em diferentes áreas do sul da Espanha (Golfo de Cádis) e Brasil (estuário de Santos

e São Vicente), obtendo resultados consistentes na identificação da contaminação e seus

efeitos associados. No presente estudo a ACP corroborou com as informações mostradas na

matriz de correlação (Tabela 13 e 14), a exemplo da relação AVS:Fe, a origem em comum

dos hidrocarbonetos e como esses parâmetros influenciam os parâmetros toxicológicos,

principalmente a mortalidade e fecundidade.

Visando verificar como os fatores abióticos contribuem na determinação dos padrões

observados por meio da ordenação nMDS (Figuras 21 e 22) realizou-se uma análise de

permutação entre as duas matrizes de dados bióticos (as famílias das assembléias de

macrozoobentos) e os dados abióticos por meio da análise Bioenv (Biological And

Environmental Matching), para esta análise, a estimativa de relação entre as duas matrizes foi

a correlação não paramétrica de Spearman.

Os resultados das permutações realizadas aceitaram a hipótese nula testada de não

correlação entre as duas matrizes. O índice de correlação (rho) calculado para as duas

matrizes evidenciou a inexistência de relação entre ambas (rho= - 0,14). Uma explicação para

este resultado é a alta colinearidade entre os parâmetros estabelecidos para a investigação dos

padrões das assembléias de macrozoobentos.

A razão da terminação dessas variáveis deveu-se ao encontro de padrões

historicamente corroborados de relação entre variáveis como matéria orgânica, nitrogênio

total ou mesmo classificação de sedimento como fatores determinantes da ocupação das áreas

de fundo por organismos macrozoobentônicos (e.g. GRAY, 1974; SNELGROVE e

BUTMAN, 1994; ELLINGSEN, 2002)

Page 85: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

85

De fato, as variáveis mensuradas apresentaram alta probabilidade de trazer consigo

informações uma das outras, como por exemplo, a granulometria. É sabido que frações mais

finas tendem a possuir maiores teores de matéria orgânica devido à alta adsorção em sua

superfície de contato muito maior que frações mais grossas do sedimento, tal comportamento

repete-se para variáveis como carbono orgânico total, nitrogênio total ou mesmo a relação

C/N.

Adicionalmente, os valores dos parâmetros abióticos (parâmetros químicos)

mensurados através da análise do Bioenv, mostraram alta homogeneidade entre as estações do

presente trabalho. Tal fato dificultou o estabelecimento de padrões de distribuição associados

aos fatores abióticos chave considerada nesse estudo.

Certamente a existência de não correlação entre estas variáveis e o padrão de

distribuição desses organismos não significa que elas não sejam determinantes no

estabelecimento do habitat desse tipo de organismo. Isso apenas sugere que as tomadas de

multiplas variáveis, em conjunto, trazem informação semelhante, contribuindo para a partição

de correlações, tornando difícil o estabelecimento da correlação.

Outro ponto importante a ser destacado é que as dominâncias de grupos específicos

indicadores de condições de habitat e o padrão de ordenação das assembléias

macrozoobentônicas evidenciado na ordenação multivariada indicam a tendência de formação

de dois conjuntos de habitat, e conseqüentemente, do padrão de distribuição de espécies.

Ora, se não são os parâmetros chave descritores do ambiente os estabelecedores das

condições que sustentam o padrão de distribuição dos organismos, o próximo passo seria a

investigação dos fatores de estresse ambiental que podem colaborar com o estabelecimento do

padrão observado nesse estudo.

Uma vez que o ambiente em questão é zona de aporte e fonte (zona de deposição) de

diversos contaminantes orgânicos e inorgânicos, a seqüência lógica de um programa de

pesquisa que se proponha a estudar este ambiente e inferir sobre os processos que o regulam

(sulfetos, matéria orgânica, hidrocarbonetos, granulometria) seria investigar estes fatores e sua

relação com os padrões observados neste estudo (comunidade bentônica).

Page 86: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

86

4 TRÍADE DE QUALIDADE DE SEDIMENTO DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS - BA

De acordo com Long et al., (2005) dentre os propósito da TRIADE pode-se citar as

seguintes:

1. Determinar a incidência e gravidade da toxicidade e contaminação química do

sedimento;

2. Identificar padrões espaciais e gradientes de toxicidade química e concentrações em

sedimentos, conforme definido com os métodos selecionados;

3. Estimar a extensão espacial de toxicidade e contaminação química, tal como

definido no método selecionado, em sedimentos superficiais;

4. Descrever a composição, abundância e diversidade das assembléias bentônicas

infaunal em cada local de amostragem;

4.1 ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICAS E ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO

As análises químicas identificam e quantificam as substâncias presentes no sedimento,

estas informações são utilizadas para determinar a natureza e o grau de concentração dos

contaminantes (ABESSA et al., 1998). A Tabela 16 mostra os resultados químicos e

toxicológicos obtidos na estação de referência e nas estações consideradas impactadas que

serão utilizadas na interpretação da TRÍADE. Antes da utilização dos dados da estação de

referência, foi avaliada se a mesma atendia as exigências sugeridas por Long e Wilson (1997),

dentre elas:

• Valores de contaminantes abaixo de ERM-NOAA;

• Ensaios ecotoxicológicos com total controle no cultivo dos organismos e

monitoramento dos parâmetros;

• Riqueza de espécie;

As duas campanhas apresentaram comportamento diferente quanto à distribuição das

concentrações dos elementos determinados. Conforme valores orientadores do NOAA, apenas

as estações 4-MA, 1ª campanha e 3-MA, 5-MA e 7-SU da 2ª campanha apresentam valores

possivelmente tóxicos para metais, se comprados com aos TEl e PEL do NOOA, mas abaixo

dos valores de ERM-NOAA. Os HPA foram identificados abaixo dos valores sugeridos pelo

NOAA. Os sulfetos (AVS) apresentaram menores concentrações na primeira campanha,

assim, a relação [AVS/SEM] evidenciou que o AVS presente no sedimento era insuficiente

Page 87: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

87

para reter os metais nas estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU. Na segunda campanha, somente

a estação 1-CG apresentou-se no limite do teor do AVS:SEM (1,02), nas demais estações o

AVS foi suficiente para reter o metal. A granulometria mostrou com predominância da fração

silte, para as duas campanhas, exceto as estações 5-MA, 6-CA e a referência.

Quanto ao carbono orgânico e o nitrogênio, apresentaram através da relação C/N (3,3-

11,6), uma matéria orgânica predominantemente marinha, porém em algumas estações (2-

MA, 3-MA e 6-MA) apresentaram uma matéria orgânica de origem marinho-terrestre. Os

resultados relativos às concentrações de metais mostraram comportamento semelhante para a

maioria dos metais analisados, apresentando redução na concentração, para todas as estações,

na segunda campanha.

Através dos valores dos hidrocarbonetos (HC) é possível calcular índices, para inferir

a existência de poluição por óleo no ambiente. Os índices geoquímicos mostrados na Tabela

10 sugerem a presença de matéria orgânica de origem petrogênica, nas estações 1-CG, 2-MA,

4-MA nas duas camapanhas e 3-MA e 6-CA (1ª campanha). Na segunda campanha, os índices

indicaram a presença de matéria orgânica de origem biogênica, para as demais estações. Isso

sugere que houve uma degradação dos HC’s petrogênicos no intervalo entre as duas

campanhas, provavelmente associada a um período chuvoso que pode ter remobilizado e

lixiviado esses sedimentos para o infralitoral, de forma que foi evidenciada a predominância

de HC’s de origem biogênica na segunda campanha.

A toxicidade é uma propriedade relativa dos contaminantes que se refere ao seu

potencial de possuir um efeito nocivo sobre um organismo vivo. Segundo Abessa et. al.

(1998), os testes de toxicidade têm a possibilidade de avaliar os efeitos de um contaminante

sobre um organismo e estimar a biodisponibilidade dos poluentes. Os ensaios

ecotoxicológicos realizados na estação referência mostrou um baixo número de copepoditos

(Tabela 16). Valores elevados de náuplios, copepoditos e fecundidade no presente estudo,

podem indicar um ambiente ausente de contaminantes ou que os mesmos não estejam

biodisponíveis. A análise multivariada (ACP) é considerada como uma ferramenta muito útil

e confiável para identificar a contaminação e seus efeitos associados em áreas diferentes

(CESAR et al., 2007). As médias de copepoditos mais baixas na estação de referência pode

estar associada à passagem do estágio de naúplio para o estágio de copepodito do Tisbe

biminiensis, o qual obteve média significativamente alta de naúplios. As demais estações,

consideradas impactadas, apresentaram efeito sub-letal apenas nas estações 1-CG, 2-MA e 7-

SU da primeira campanha, conforme mostrado na Figura 23, principalmente associada às

concentrações do Ni e Cu.

Page 88: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

88

Tabela 16- Resultados da distribuição dos parâmetros químicos e toxicológicos nos sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.

NOAA Bgd TEL PEL

Referência Camamu 1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG

1aC 1,7 2,4 1,9 2,8 1,5 0,7 1,3 <0.01HPA N.I. 1684 16770 N.I. 2aC 0,8 14,2 5,2 4,6 3,2 0,5 1,9 117,51aC 4,4 10,4 9,7 9,0 0,3 7,5 1,2 0,9 n-Alcano N.I. N.I. N.I. 3.2 2aC 25,5 4,9 2,1 1,3 12,3 1,8 1,6 80,9 1aC 470 10299 5696 6665 156 11547 2031 153 MCNR N.I. N.I. N.I. 353 2aC 1641 156 241 215 429 192 72 5061 1aC 41,4 66,6 40,1 37,9 1,8 66,7 12,6 4,8 HRP N.I. N.I. N.I. 3.2 2aC 76,1 6,0 5,6 5,1 15,1 3,9 2,5 247,11aC 516 10376 5746 6712 158 11621 2045 158 HTP N.I. N.I. N.I. 359 2aC 1743 167 249 221 457 198 76 5389 1aC <0,1 0,2 <0,1 <0,1 <0,1 0,5 1625,5 <0,1 Pristano N.I. N.I. N.I. N.I. 2aC 0,9 0,1 <0,1 0,2 0,4 0,0 <0,1 3,6 1aC <0,1 0,4 0,1 0,1 0,0 0,8 3247,1 <0,1 Fitano N.I. N.I. N.I. N.I. 2aC 0,2 <0,1 <0,1 <0,1 0,2 <0,1 <0,1 1,4 1aC 31,6 35,9 33,0 29,8 22,1 22,2 16,7 38,4 Zn 48 124 271 20,9 2aC 28,40 24,33 20,52 33,76 13,68 16,50 2,92 13.821aC 35,4 15,4 14,6 24,4 12,7 6,5 <0,02 11,3 Cu 17 18,7 106,2 6,2 2aC 9,11 6,42 9,88 29,94 3,71 3,82 3,25 1,08 1aC 3,9 2,5 1,0 5,7 <0,07 <0,07 4,8 4,8 Ni 13 15,9 42,8 10,7 2aC 10,30 2,61 21,18 16,58 27,53 7,76 22,92 5,85 1aC 0,1 0,2 0,3 0,2 0,2 0,3 0,1 0,1 Cd N.I. 4.21 676 0,97 2aC 0,08 0,12 0,15 0,11 0,10 0,10 0,09 0,08 1aC 9,9 4,5 5,7 6,0 <0,09 <0,09 <0,09 4,0 Pb 16 30,2 112,18 0,97 2aC 7,05 5,63 5,49 8,77 4,34 4,70 2,67 3,63 1aC 1,15 0,86 1ºC 0,97 0,49 0,42 0,30 0,87 [SEM] 0,32 2aC 0,80 0,55 2ºC 0,74 0,27 0,33 0,87 0,23 1aC 0,64 0,27 1ºC 7,67 0,09 3,12 0,05 29,39[AVS] 5,04 2aC 0,79 61,25 2ºC 41,27 27,37 48,01 23,04 1,22 1aC 1,79 3,16 1ºC 0,13 5,44 0,14 6,64 0,03 [SEM/AVS] 0,06 2aC 1,02 0,01 2ºC 0,02 0,01 0,01 0,04 0,19 1aC 1,46 1,94 1ºC 2,37 0,58 0,67 0,15 0,42 Carbono Orgânico (C.O.T) 1,01 2aC 1,51 0,98 2ºC 2,09 0,72 1,34 0,14 0,83 1aC 0,20 0,21 1ºC 0,25 0,10 0,09 0,05 0,10 Nitrogênio 0,11 2aC 0,19 0,10 2ºC 0,25 0,11 0,12 0,02 0,15 1aC 0,0 0,0 0,0 0,0 63 25 0,0 0,0 Areia 19,6 2aC 0,0 0,0 20 0, 0 64 39 91 0,0 1aC 77 81 81 75 33 66 82 78 Silte 69,1 2aC 64 66 64 58 28 50 7 47 1aC 23 18 18 25 4 9 18 22 Argila 11,3 2aC 23 23 10 27 6 6 1 36 1aC 6,64 7,52 7,69 7,77 6,5 4,45 5,6 7,6

PARÂMETROS FÍSICOS

pH 7,58 2aC 8,64 7,97 8,44 8,58 8,02 7,61 8,17 8,45 1aC 200,4 171,6 393,4 297,3 122,7 393,8 130,9 399,3Naúplios 448 2aC 195,6 307,1 207,4 283,2 158,0 267,8 110,7 315,71aC 54,4 68,2 106,7 84,8 90,4 111,6 136,6 121,8Copepoditos 4 2aC 124,9 195,9 237,2 141,8 228,0 176,1 198,9 156,31aC 1,1 1,4 1,2 1,2 0,6 0,6 1,6 0,2 Mortalidade 0,3 2aC 1,2 0,7 1,0 0,3 1,6 1,0 1,1 0,9 1aC 254,9 239,8 500,1 382,1 213,1 505,3 267,4 521,1

PARÂMETROS TOXICOLÓGICOS

Fecundidade 452 2aC 320,4 503,0 444,7 425,0 386,0 443,9 309,6 472,0

Legenda: HTP, MCNR, HRP, n-Alcano (mg.kg-1); HPA e metais (μg kg-1); SEM, AVS e [SEM/AVS] (μmol-1), Carbono Orgânico Total (COT %); Nitrogênio Orgânico Total (N %); granulométrica (%). LDM: HPA (0.01); n-Alcanos, HTP e HRP (0,1); Zn (0,34); Cu (0,02); Ni (0,07); Cd (0,01); Pb (0,09). N.I.- não identificado. Fonte: Presente trabalho

Page 89: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

89

4.2 ANÁLISES BENTÔNICAS DO SEDIMENTO

A análise da estrutura da assembléia bentônica, parte do pressuposto que a deposição

dos contaminantes no sedimento causa modificações no ecossistema e conseqüentemente na

fauna, comparando a composição de espécies, abundância relativa e função da assembléia

bentônica em estudo, com outra assembléia de uma área de referência, considerada não

contaminada, através de índices ecológicos e métodos estatísticos (ABESSA et. al., 1998).

A avaliação das assembléias bentônicas mostra maior diversidade nas estações do

meso-litoral onde se observa a presença de frações granulométricas mais arenosas (areia

fina), com grau de seleção mal selecionada. Em contrapartida, as estações no infralitoral, que

apresentaram sedimento mais lamoso (seleção – muito pobremente selecionado), mostram

uma diversidade menor (Figura 24). No total foram identificados 1333 organismos, sendo

534 indivíduos na primeira campanha e 797 indivíduos na segunda campanha (Figura 24),

pertencentes a 6 filos mostrados na tabela 12. A Tabela 17 apresenta os índices ecológicos

obtidos nas duas campanhas. Observa-se que os valores apresentam uma tendência de

homogeneidade entre as estações durante as duas campanhas, à exceção da estação 4, que

durante a segunda campanha apresentou um resultado anômalo, com número de indivíduos e

famílias muito baixo. Os índices ecológicos apresentados para as demais estações evidenciam

um ambiente relativamente contínuo entre o meso e infralitoral. A expectativa de organização

desses dois ambientes seria um maior número de indivíduos no ambiente de infalitoral,

devido à maior estabilidade das condições ambientais e a provável ocupação dos nichos neste

ambiente com muitas espécies raras e um ambiente com menos indivíduos, com menor

equitabilidade e maior abundância para o mesolitoral, devido à alta variabilidade de

condições abióticas nesse ambiente, o que facilitaria o estabelecimento de mais espécies

dominantes.

Os índices calculados para este ambiente não evidenciaram esta relação, pois os

índices de equitabilidade não apresentaram modificações relevantes entre as estações nas

duas campanhas, indicando um ambiente bem estabelecido, não perturbado, com valores de

equitabilidade acima de 0,5.

Os bivalves e os poliquetas foram os organismos mais representativos, com

dominância dos poliquetas. A riqueza de espécies, relativamente baixa, observada na área de

estudo, já teve associações faunísticas mais pobres devido às contribuições antrópicas

oriundas das aglomerações urbanas e dos complexos industriais do Recôncavo Baiano

(ALVES et al., 2006).

Page 90: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

90

Esses mesmos autores ainda relatam uma menor riqueza nos sedimentos lamosos.

Peso-Aguiar et al. (2000) realizaram um monitoramento de dois anos na porção norte e

nordeste da BTS. Naquela época eles já descreviam que a área apresentava baixa diversidade

e com a dominância dos poliquetas. Venturini et al. (2004b) realizaram trabalho com bentos e

hidrocarbonetos na porção nordeste da BTS e também relata o predomínio dos poliquetas e o

grau de contaminação. Observa-se uma redução no número de espécies da área quando se

compara o trabalho de Peso-Aguiar et al., (2000) como o de Venturini et al., (2008) e o do

presente trabalho. Porém, analisando-se somente os resultados obtidos por Venturini et al.,

(2008), realizado no mesmo setor da BTS, observa-se que o presente trabalho, apresentou

uma diversidade maior de espécies. Mucha et al., (2004), avaliou a a distribuição da fauna

macrozoobentônica no estuário de Douro-Portugal. Comparando os índices encontrados por

esses autores, mostrados na Tabela 17, os valores dos índices ecológicos apresentados no

presente estudo, principalmente a abundância, número de famílias e riqueza de Margalef,

estão abaixo dos encontrados por Peso-Aguiar et al. (2000) na BTS, confirmando a baixa

diversidade da área. Porém, Mucha et al. (2004) encontrou o menor índice de família.

A densidade variou de 12,8 a 239.9 na 1ª campanha e 1,8 a 487,2 na 2ª campanha

(Figura 25). Observa-se um comportamente inverso entre as campanhas em relação a

densidade dos indivíduos/m2. Nas estações do meso-litoral, nota-se um aumento na densidade

dos indivíduos na segunda campanha e redução dessa densidade no infralitoral. Venturini et

al., (2008) encontrou uma densidade menor em relação ao presente trabalho, variando de 1 a

201 indivíduos/m2.

Tabela 17 - Variação dos índices ecológicos de: n° de famílias (S), abundância (N), o índice de riqueza de Margalef (d), índice de equitabilidade de Pielou (J') e o de diversidade de Shannon-Weiner (H’) do presente estudo em comparação com estudos no setor norte e nordeste da Baía de Todos os Santos e em Portugal.

S N d J' H' Estação 1a C 2a C 1a C 2a C 1a C 2a C 1a C 2a C 1a C 2a C

Presente Estudo (total) - BTS 76-72 534-797 2,3-2,2 0,8 1,7-1,3

Peso-Aguiar et al., (2000) 50-163 3112-7677 6,09-18,10 0,36-0,64 1,4-3,3

Venturini et al., (2008) 1-13 *** *** 0,31-1,00 0,21-2,39

Mucha et al., (2004) 5-9 355-3418 0,51-1,13 0,16-0,49 0,36-0,96

Legenda: Peso-Aguiar et al., (2000), norte e nordeste da BTS; Venturini et al., (2008), nordeste da BTS, Mucha et al., (2004), Portugal.

Page 91: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

91

Figura 24. Distribuição espacial do número de espécies (morfotipos) registradas nas estações de infralitoral (1-CG a 4MA) e mesolitoral (5-MA a 8-CG) da área de estudo na BTS. (1C) 1ª campanha e (2C) 2ª campanha. Fonte: Presente trabalho

Figura 25. Densidade dos indvíduos por m2 registradas nas estações de infralitoral (1-CG a 4MA) e mesolitoral (5-MA a 8-CG) da área de estudo na BTS. (1ª) 1ª campanha e (2ª) 2ª campanha. Fonte: Presente trabalho

1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG REF.

1C

0

50

100

150

200

250

300

N. Indivíduos

Est

açõe

s

Abundância das espécies

1C 2C

a

Estações

73.333.0

54.911.0

22.09.212.81.8

183.2485.3

194.1294.9

239.9

487.2197.8

141.0

0 100 200 300 400 500

1-CG

2-MA

3-MA

4-MA

5-MA

6-CA

7-SU

8-CG

Esta

ções

Densidade ind/m2

2a Campanha

1a Campanha

Page 92: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

92

Foi realizada um ordenação do tipo nMDS (escalonamento multidimensional não

métrico) com as matrizes de abundâncias destes organismos, utilizando-se para a construção

da Matriz de similaridade a distância de Bray-Curtis (CLARKE, 1993), para avaliar os

padrões de distribuição espacial dos grupos de macrozoobentos em cada campanha (Figura

26). Observa-se uma tendência de diferenciação das estações e meso e infralitoral não

observadas com os índices ecológicos, mas percebidas na dominância e na ordenação das

estações, indicam a tendência de formação de dois conjuntos de ordenação, com as estações

de mesolitoral ordenadas próximas entre si do mesmo modo que as estações de infralitoral,

seguindo uma tendência em formar duas assembléias, a primeira com por organismos das

estações de 2-MA, 3-MA e 4-MA e a segunda pelos organismos das estações 5-MA a 8-CG.

Figura 26. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos; (a) 1ª campanha e (b) 2ª campanha. Fonte: Presente trabalho

Campanha 11-CG

2-MA3-MA

4-MA5-MA

6-CA

7-SU

8-CG

Stress: 0,06

1-CG

2-MA3-MA

4-MA

Stress: 0.01Campanha 2

5-MA7-SU

6-CA 8-CG

a

b

Page 93: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

93

4.3 INTEGRAÇÃO DAS COMPONENTES DA TRÍADE

Como já tem sido demonstrado repetidamente por alguns autores (LONG e

CHAPMAN, 1985; CHAPMAN, 1986, 1990; CHAPMAN et al., 1991; CARR e CHAPMAN

1992; LONG et al., 1990), não é possível prognosticar que uma amostra de sedimentos

apresentem níveis tóxicos tomando como base somente os resultados analíticos químicos.

Assim, Chapman (1986) propôs a Triade de Qualidade de Sedimento (TQS), como uma forma

integrada entre componentes químicos e biológicos na avaliação da qualidade do sedimento.

A informação dada por cada componente da Tríade tem como base dar suporte à mensuração

do grau de degradação da área de estudo. Através da Tabela de Decisão sugerida por

Chapman (1990) os resultados do presente trabalho serão integrados utilizandos as três

componentes da tríade. Trabalho realizado por Carr et al. (1996), permitiu que esses autores

classificassem por setores as áreas com diferentes graus de contaminação e até ausência de

contaminação na Baía de Galveston, utilizando a tabela de decisão da TQS. Hollert et al.

(2002), utilizam esse mesmo método para avaliar a qualidade dos sedimento e água do Rio

Neckar.

De acordo com as interpretações propostas pelo método, na primeira campanha, as

estações 1-CG e 4-MA apresentam forte evidência de degradação induzida por contaminação,

conforme já mostrados na Figura 22. Essa contaminação está associada aos hidrocarbonetos e

aos metais (Cu e Zn). As estações 5-MA, 6-CA e 7-SU indicam que substâncias químicas

tóxicas estão impactando o ambiente, mas em um nível que ainda não se faz sentir nas

comunidades bentônicas (metais, AVS). A estação 3-MA sugere que alguma substância, que

não foi dosada nas análises químicas realizadas no presente estudo, pode estar e/ou existe uma

condição em potencial para provocar a degradação e/ou alteração na diversidade bentônica

dessa estação. Outra hipótese seria contaminações pretéritas que já afetou a diversidade

bentônica, porém essas substâncias já se degradaram quimicamente (ex. compostos orgânicos)

e/ou foram remobilizados, lixiviados e transportados para zonas costeiras (metais e compostos

orgânicos). Uma vez que os teores de orgânicos identificados por Venturini et al., (2008)

foram superiores ao do presente trabalho, bem como, esses autores mostram em seus

resultados uma baixa diversidade de espécies.

Na segunda campanha, a estação 1-CG continua apresentando evidências de

degradação, porém, diante dos resultados apresentados, essa evidência se deve aos baixos

teores de sulfetos identificados nessa estação, sugerindo que os metais não estão sendo retidos

pelos sulfetos. As estações 2-MA, 3-MA e 8-CG indicam uma alteração não relacionada à

Page 94: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

94

presença de compostos tóxicos. Provavelmente essa alteração na diversidade bentônica esteja

associada ao predomínio de sedimento silte-argiloso (Figura 12), ou da mesma forma como na

primeira campanha, decorrente de contaminações pretéritas. Mas, a fração granulométrica é

um fator importante que pode estar influenciando na distribuição dos bentos nesses

sedimentos mais finos, como já é de conhecimento da literatura, inclusive de trabalhos já

realizados na BTS (PESO-AGUIAR et al., 2000; VENTURINE e TOMMASI, 2004; ALVES

et al., 2006). As estações 5-MA, 6-CA e 7-SU sugerem uma ausência de degradação

provocada por contaminação.

Em síntese, a tabela de decisão (Tabela 18) permitiu classificar a área de estudo em

quatro categorias de qualidade dos sedimentos:

• Qualidade boa → estação 8-CG (1ª campanha) e estações 5-MA, 6-CA e 7-SU

(2ª campanha) nenhum dos três critérios evidenciaram degradação;

• Qualidade de intermediária a boa → estação 3-MA e 6-CA (1ª campanha) e 3-

MA e 8-CG (2ª campanha) apenas um dos três critérios evidenciaram degradação;

• Qualidade de intermediária a degradada → estação 4-MA, 5-MA e 7-SU (1ª

campanha) e 1-CG, 2-MA e 4-MA (2ª campanha) apenas dois dos três critérios evidenciaram

degradação;

• Qualidade degradada → estação 1-CG e 2-MA (1ª campanha) apresentaram

evidência degradação nos três critérios;

De um modo geral, a primeira campanha mostrou um grau de comprometimento

ambiental maior que a segunda campanha, mostrando que a Qualidade de Sedimento da Baía

sofre aumento da disponibilidade de contaminates em períodos chuvosos, devido a

remobilização e oxidação dso sedimentos.

Page 95: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

Tabela 18 - Tabela de decisão das componentes da Tríade na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos-BA. Fonte: Presente trabalho Contaminação Toxicologia Bentos Situação /

Área 1a Campanha Possíveis Conclusões

Referência - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação 1-CG + + + Tóxicos que não foram dosados podem estar causando degradação ao meio 2-MA + + + Forte evidência de degradação induzida por contaminação

3-MA - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no meio, podendo ser feito de interações entre espécies e/ou outros fatores

4-MA + - + Forte evidência de degradação induzida por contaminação

5-MA + + - Certos contaminantes podem não ter sido dosados ou existe uma condição em potencial para provocar a degradação

6-CA + - - Contaminantes não disponíveis

7-SU + + - Produtos químicos tóxicos estão impactando o ambiente, mas em um nível que ainda não se faz sentir nas comunidades bentônicas

8-CG - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação 2a Campanha

1-CG + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou alterações no bentos não são devidas a presença de um contaminante no meio

2-MA + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou alterações no bentos não são devidas a presença de um contaminante no meio

3-MA - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no meio, podendo ser feito de interações entre espécies e/ou outros fatores

4-MA + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou alterações no bentos não são devidas a presença de um contaminante no meio

5-MA - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação

6-CA - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação

7-SU - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação

8-CG - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no meio, podendo ser feito de interações entre espécies e/ou outros fatores

.

Page 96: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

96

5 CONCLUSÃO

Os teores de metais (Cd, Cu, Pb, Ni e Zn) nos sedimentos da Porção Nordeste da Baía

de Todos os Santos apresentam concentrações inferiores às encontradas em sedimentos de

outras áreas estuarinas, do Brasil, referenciados para comparações. Para fins toxicológicos, a

os teores de metais nas estações estudadas, não alcançaram níveis comparativamente elevados,

quando comparados com os valores estabelecidos pelas agências internacionais (NOAA e

EC); De acordo com os valores determinados para os metais, pode-se inferir que não

apresentam efeito adverso à biota, sendo confirmado pela relação de [SEM/AVS] menor que

1. De acordo com os princípios da solubilidade de espécies químicas, os metais são

controlados pelos sulfetos nesses sedimentos, não estando portanto biodisponíveis, exceto nas

estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU (1ª campanha) e 1-CG (2ª campanha).

A matriz de correlação juntamente com a Análise de Componentes Principais (ACP)

permitiu inferir que os metais (Pb, Cu e Zn) estão sendo controlados, nas concentrações

superores à equivalente em sulfetos, por processo geoquímicos ligados a interações com ferro,

matéria orgânica e granulometria. Para alguns metais (Ni e Cd), as baixas correlações com

AVS, Fe e a razão AVS/Fe sugerem contribuição de outros processos na distribuição dos

mesmos.

Quanto aos reultados ecotoxicológicos, verificou-se baixas médias de náuplios nas

estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU nas duas campanhas, o que podem estar associadas à

passagem do estágio de náuplio para copepodito, uma vez que a fecundidade não foi afetada.

No entanto, este fato não implica na ausência de substâncias tóxicas no meio, pois estas

podem estar presentes sob formas não biodisponíveis ou em concentrações insuficientes para

ocasionar toxicidade aos organismos testados. Tais concentrações podem, contudo, acarretar

toxicidade a organismos mais sensíveis, ou ainda ser biomagnificadas ao longo da cadeia

trófica.

A utilização de técnicas estatísticas proporcionou agrupar os dados toxicológicos e

químicos de forma que eles explicassem de 60% a 70% da sua variância. Os mesmos

indicaram um provável efeito sub-letal identificado na 1ª campanha e a ausência de efeitos na

2ª campanha, mostrando que a toxicidade tem comportamento diferente, em períodos de

estiagem e chuva, tanto para os hidrocarbonetos como para os metais, provavelmente

associada à diluição e lixiviação que ocorrem em períodos chuvosos.

Page 97: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

97

Apesar da presença da Refinaria próxima a área de estudo, os sedimentos das áreas

adjacentes não apresentaram toxicidade letal para o copépode bentônico Tisbe biminiensis,

podendo estar relacionado com uma baixa concentração dos contaminantes e/ou a sua

biodisponibilidade.

O estudo dos organismos da macrofauna bentônica, através dos índices ecológicos, as

ordenações multivariadas e o testes de permutação entre a matriz de organismos e os dados

abióticos investigados indicaram que existe uma tendência de formação de dois conjuntos de

organismos distintos nas zonas de meso e infralitoral não determinados pelos fatores chave

(parâmetros químicos) descritos no ambiente investigados. A dominância de uma família de

indicadores de contaminação orgânica (Capitellidae) sugere um comprometimento ambiental

na área.

Foi verificado que as estações localizadas no mesolitoral apesar de não apresentarem

valores de densidade, riqueza e diversidade muito mais elevados que as estações localizadas

no infralitoral mostram um padrão de distribuição distinto com dominância especifica de

poliquetas indicadores de contaminação orgânica como Capitellidae. Os bivalves

(Anomalocardia brasiliana, Tellina sp., Tagelus plebeius) e os poliquetas (Capitella sp.,

Laeonereis acuta, Glycinde multidens), foram os organismos mais representativos. A riqueza

de espécies, relativamente baixa, observada na área de estudo, pode estar relacionada à

ocorrência do elevado percentual de lama, onde já foi descrito por trabalhos anteriores a

ocorrência de associações faunísticas são mais pobres.

A Tríade de qualidade de sedimentos permitiu que, através dos dados obtidos na tabela

de decisão, demonstrasse o nível de alteração de cada estação, permitindo classificar a área de

estudo em categorias por grau de qualidade:

• Primeira campanha

Qualidade boa → estação 8-CG

Qualidade de intermediária a boa → ****

Qualidade de intermediária a degradada → estações 3-MA, 4-MA, 5-MA 6-CA e 7-SU

Qualidade degradada → estações 1-CG e 2-MA

• Segunda campanha

Qualidade boa → estações 5-MA, 6-CA e 7-SU

Qualidade de intermediária a boa → estação 8-CG

Qualidade de intermediária a degradada → estação 1-CG, 2-MA, 3-MA e 4-MA

Page 98: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

98

Observa-se que as estações com maior comprometimento químico (metais,

hidrocarbonetos) foram 1-CG, 2-MA, 4-MA, 6-CA e 7-SU. Quanto a alterações no ciclo

biológico (número de naúplios, copepoditos, mortalidade) do copépode bentônico Tisbe

biminiensis, as estações da primeira campanha apresentaram as maiores alterações (1-CG, 2-

MA, 5MA e 7-SU). As estações que apresentaram comprometimento (diversidade/riqueza)

das assembléias bentônicas foram as estações do infralitoral (1-CG, 3-MA, 2-MA e 4-MA)

nas duas campanhas.

Analisando as duas campanhas, pode-se classificar a área de estudos em duas classes

gerais:

• Primeira – Qualidade de boa a intermediária

Estações situadas no meso-litoral → mataripe (5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) e Coqueiro

Grande (8-CG);

• Segunda - Qualidade de degradada a intermediária

Estações situadas no infra-litoral → Coqueiro Grande (1-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA).

A porção Nordeste da Baía de Todos os Santos possui um histórico de contaminação

por atividades industriais, petroquímicas, portuárias e domésticas que se iniciaram há

aproximadamente 6 décadas. Os resultados obtidos no presente estudo sugerem que o

sedimento do infralitoral (1-CG, 2-MA e 4-MA) apresenta maiores evidências de degradação

induzida por contaminação do que as estações do mesolitoral. É comum que em áreas que

apresentem sedimentos mais arenosos a diversidade bentônica seja maior, exemplo das

estações do mesolitoral (5-MA, 6-CA e 7-SU). Porém a baixa diversidade do infralitoral pode

estar relacionada a granulometria silte-argilosa dessas estações, uma vez que o ambiente em

questão é área propícia a remobilização, transporte e deposição de diversos contaminantes

orgânicos e inorgânicos vindo dos rios Mataripe, Caipe e Suape que deságuam neste setor da

Baía. Em épocas de maiores precipitações, ocorre a lixiviação de substâncias tóxicas,

possivelmente advindas das indústrias e esgoto doméstico da região influenciando na

qualidade da água e posteriormente, na qualidade do sedimento da porção nordeste da BTS.

Supõe-se que essas substâncias irão associar-se as partículas em suspensão e irão sedimentar-

se no fundo, na região do infralitoral.

Page 99: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

99

6 RECOMENDAÇÕES

O tipo de abordagem de avaliação de impacto adotada neste trabalho envolveu o uso

da Tríade de Qualidade de Sedimentos, onde integrou-se três compartimentos (química,

toxicologia e bentos).

O uso da estrutura das assembléias de macrozoobentos para avaliação da qualidade

ambiental e sua caracterização para a área em questão, contribuiu para o conhecimento deste

ambiente, fornecendo dados para estudos futuros, tanto de distribuição espacial ou mesmo

estudos de evolução temporal.

Além da contribuição com a utilização de estruturas bióticas na caracterização do

ambiente, seria aconselhável a utilização de outros níveis de abordagem na área de estudo, a

exemplo:

• Estudos dos biomarcadores e isótopos estáveis, associados os parâmetros

químicos já avaliados no presente estudo (HTP, HPA, metais, nutrientes) em sedimento e água

intersticial;

• Análises ecotoxicológicas utilizando organismos de meiofauna oriundos na

própria BTS;

• Estudo das assembléias de meiofauna da BTS, com estudos que abordassem além

da identificação a ecologia desses organimos em relação aos padrões de biodiversidade da

área;

• Ampliar estudos na região do infralitoral;

• Em áreas contaminadas, desenvolver e aplicar técnicas de remediação

Page 100: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

100

7 REFERÊNCIAS

ABESSA, D.M.S., SOUSA, E.C.P.M., TOMMASI, L.R., Considerações sobre o emprego da Tríade de Qualidade de Sedimento no estudo da contaminação marinha. Relat. téc. Inst. Oceanográfico. n. 44, p. 1-12. 1998. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS-ABNT. NBR 15.350. Ecotoxicologia aquática: toxicidade crônica de curta duração. Método de ensaio com ouriço-do-mar (Echinodermata: Echinoidea). Rio de Janeiro, 2006. 17p. ABOUL – KASSIM, T.A.T.; SIMONEIT, B.R.T. Lipid geochemistry of surficial sediments from the environment of Egypt I. Aliphatic hydrocarbons caracterization and sources. Marine Chemistry, n. 54, p. 135-158, 1996. ABOUL – KASSIM, T.A.T.; SIMONEIT, B.R.T. Petroleum hydrocarbon fingerprinting and sediment transport assessed by molecular biomarker and multivariate statistical analyses in the eastern Harbour of Alexandria, Egypt. Marine Pollution Bulletin, n. 30, p. 63-73, 1995. ABREU, I.M. et al. Tríade da qualidade de sedimento. in: XIV Simpósio sobre meio ambiental e IX Simpósio de direito ambiental, 2006, São Gonçalo. Anais.... XIV Simpósio sobre meio ambiental e IX Simpósio de direito ambiental.

ACEVEDO-FIGUEROA, D.; JIMÉNEZ, B.D.; RODRÍGUEZ-SIERRA, C.J. Trace Metals in Sediments of Two Estuarine Lagoons from Puerto Rico. Environmental Pollution, V. 141, pp. 336-342, 2006.

ADAMS, S.M. Aquatic toxicology testing methods. In: HOFFMAN, D.J.; RATTNER, B.A.; BURTON JR, G.A.; CAIRNS JR, J. Handbook of toxicology. Boca Raton : Lewis, 1995. 775p. ALLEN, H.E.; EU, G.; DENG, B. Analysis Acid-volatile Sulfide (AVS) and Simultaneously Extracted Metals (SEM) for the Stimation of Potential Toxicity in Aquatic Sediments. Environmental Toxicology and Chemistry. n. 12, p.1441-453, 1993. ALVES, J.P.H.; PASSOS, E.A.; GARCIA, C.A.B. Metals and acid volatile sulfide in sediment cores from the Sergipe River Estuary, Northeast, Brazil. J. Braz. Chem. Soc. v. 18, n. 4, p. 748-758, 2007. ALVES, O.F.S. et al. Geoecology of Sublittoral Benthic Communities in Todos os Santos Bay (Bahia, Brazil): Biotic and Sedimentological Diversity. Journal of Coastal Research, n. 39, p.1152-1155, 2006. AMADO-FILHO, G.M et al. Metals in organisms from Todos os Santos Bay. Braz. J. Biol., n. 68, p. 95-100, 2008.

Page 101: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

101

ARAÚJO-CASTRO, C.M.V. et al. The sensitivity of the marine benthic copepod Tisbe biminiensis (copepoda, harpacticoida) to potassium dichromate and to sediment particle size. Brazilian Journal of Oceanography, v. 56, n. 4, p. , 2008. ARAÚJO-CASTRO, C.M.V; SOUZA-SANTOS, L.P; COSTA, M.F. Avaliação da Toxicidade dos sedimentos do Porto de Suape utilizando o copépode bentônico Tisbe biminiensis nos períodos seco e chuvoso de 2003. In: KATO, M.T.(Org.). Gestão e tratamento dos resíduos líquidos gerados na cadeia produtiva do petróleo. 1ª Coletânea de Trabalhos Técnicos, Recife : Ed. Universitária, 2006a, 255p., v. 1, cap. 4, p. 47-60. ARAÚJO-CASTRO, C.M.V; SOUZA-SANTOS, L.P; COSTA, M.F. Efeitos Letais e Sub-letais do dicromato de potássio (K2Cr2O7) no Copépode Bentônico Tisbe biminiensis. In: KATO, M.T.(Org.). Gestão de Tratamento de Resíduos Líquidos Gerados na Cadeia de Produtiva de Petróleo: 1ª Coletânia de Trabalhos Técnicos, Recife : Ed. Universitária, 2006b, 255p., v. 1, cap. 5, p. 61-70. ARGOLLO, R.M. Cronologias de sedimentação recente e de deposição de metais pesados na baía de Todos os Santos usando Pb210 e Cs137. Salvador, BA, 2001, 104 f. Tese (Doutorado em Geofísica) - Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2001. AZEVEDO, F.A.; CHASIN, A.A.M. As bases toxicológicas da ecotoxicologia. São Paulo, SP: RiMa Editora, 2003. 340p. BADARÓ-PEDROSO, C.; REYNIER, M.V.; PRÓSPERI, V.A. Testes de toxicidade aguda com misidáceos – ênfase nas espécies Mysidopsis juniae e Mysidium gracile (Crustácea: Mysidacea). In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. (Ed.) Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. São Paulo : Ed. Artes Gráficas e Indústria. 2002. 262p., cap 11, p. 123-140. BAHIA. Mapa Geológico do Estado da Bahia – Texto Explicativo. CD-ROM. 1998. BAHIA. Superintendência de Recursos Hídricos / Secretaria de Infra Estrutura: Projeto de Qualidade das Águas, Alto Subaé e Pedra do Cavalo: Diagnostico Regional Caracterização Física Biótica e qualidades das águas, Salvador-BA, 1999. (V.1, T. A - CD-ROM). BARROS, F. et al., The structure of the benthic macrofaunal assemblages and sediments characteristics of the Paraguaçu estuarine system, NE, Brazil. Estuarine, Coastal and Shelf Science, n. 78, p. 753–762, 2008. BAY, S. et al. Evaluating Consistency of Best Professional Judgment in the Application of a Multiple Lines of Evidence Sediment Quality Triad. Integrated Environmental Assessment and Management, n. 3, p. 491-497, 2007. BEGON, M; TOWNSEND, C.R.; HARPER, C.R. Ecology: from individuals to ecosystems. 4.ed., Hong Kong: CPI Bath Press 2006. 577 p. BEJARANO, A.C.; MARUYA, K.A.; CHANDLER, G.T. Toxicity assessment of sediments associated with various land-uses in coastal South Carolina, USA, using a meiobenthic copepod bioassay. Marine Pollution Bulletin, n.49, p. 23-32, 2004.

Page 102: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

102

BEMVENUTI, C.E.; ANGONESI, L.G. and GANDRA, M.S. Effects of dredging operations on soft bottom macrofauna in a harbor in the Patos Lagoon estuarine region of southern Brazil. Braz. J. Biol., n. 65, p. 573-581, 2005. BENGTSSON, B.E.. Use of a Harpacticoid Copepod in Toxicity tests. Marne. Pollution Buletin., n. 9, p. 238-241, 1978. BENOIT, G. et al. Trace metals and radionuclides reveal sediment sources and accumulation rates in Jordan Cove, Connecticut. Estuaries, n. 22, p. 65-80, 1999. BERNANRD, D.; PASCALINE, H.; JEREMIE, J.J Distribuition and origin of hydrocarbon in sediments from lagoons with fringing mangrove communities. Marine Pollution Bulletin, n. 32, p. 734-739, 1996. BERTOLETTI, E. Toxicidade e concentração de agentes tóxicos em efluentes industriais. Ciên. Cult., n. 42, p. 271-277, 1990. BITTENCOURT, A.S.P.; FERREIRA, Y.A.; NAPOLI, E. Alguns aspectos na Baía de Todos os Santos, Bahia. Rev. Bras. de Geof., n. 6, p. 246-263, 1976. BOULOUBASSI, I.; SALIOT, A. Investigation of anthropogenic and natural organic inputs in estuarine sediments using hydrocarbon markers (NAH, LAB, PAH). Oceanologica Acta, 16, p. 145-161, 1993. BURONE, L. et al. Spatial distribution of organic matter in the surface sediments of Ubatuba Bay (Southeastern – Brazil). Anais da Academia Brasileira de Cências, n. 75, p. 77-90, 2003. BURTON JR., G. A. Sediment collection and processing: factors affecting realism. In: Sediments Toxity Assesment. Boca Raton, Lewis, FL: [s. n.] 1992. p.37-64

BUZAS, M.A., GIBSON, T.G. Species diversity: benthonic foraminifera in western North Atlantic. Science, n. 163, p.72–75, 1969.

CACCIA, V.G.; MILLERO, F.J.; PALANQUES, A. The Distribution of Trace Metals in Florida Bay Sediments, Marine Pollution Bulletin, n. 46, p. 1420-1433, 2003. CARR, R. S.; et al. Sediment quality triad assessment survey of the Galveston Bay, Texas system. Ecotoxicology, n. 5, p. 341-364, 1996. CARR, R. S.; CHAPMAN, D. C. Comparision of solid-phase and pore-water approachers for assessing the quality of marine and estuarine sediments. Chemical Ecology. n.7, p. 19-30. 1992. CARVALHO, M.F.B.O. Modelo AVS contribuindo na Avaliação do Grau de Remobilização e da Biodisponibilidade de Metais em Ecossistemas Aquáticos. Niterói, 2001. 220 f. Tese (Doutorado em Geoquímica Ambiental) – Departamento de geoquímica, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2001. CELINO, J.J. et al. Fonte e Distribuição de Hidrocarbonetos do Petróleo nos Sedimentos da Baía de Todos os Santos, Bahia. Braz. J. Aquat. Sci. Technol., n. 12, p. 31-38, 2008a.

Page 103: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

103

CELINO, J.J. et al.. Fonte e Distribuição de Hidrocarbonetos do Petróleo nos Sedimentos da Baía de Todos os Santos, Bahia. Braz. J. Aquat. Sci. Technol., n. 12, p. 31-38, 2008a. CELINO, J.J. et al. Valores Orientadores para Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos em Água e Sedimentos de manguezais na Baía de Todos os Santos, Bahia.In: QUEIROZ, A.F.S; CELINO, J.J. (Org.). Avaliação de ambientes na Baía de Todos os Santos: Aspectos geoquímicos, geofísicos e biológicos. 1.ed. Salvador : EDUFBa, 2008b. 298 p, n. 1, cap. 6, p. 115-133. CELINO, J.J.; QUEIROZ, A.F.S. Fonte e grau da contaminação por hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) de baixa massa molecular em sedimentos da Baía de Todos os Santos, Bahia. REM: R. Esc. Minas. v. 59, n. 3, p. 265-270, 2006. CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS-CRA. Avaliação da Qualidade das Águas Costeiras superficiais. Salvador : CRA, 2001. (Relatório Técnico – Avaliação Ambiental – período 2001) CANADIAN ENVIRONMENTAL QUALITY GUIDELINES-CEQG. Winnipeg: Canadian Council of Ministers of the Environmental, 1999, cap. 6. CESAR, et al. Comparative sediment quality assessment in different littoral ecosystems from Spain (Gulf of Cadiz) and Brazil (Santos and São Vicente estuarine system). Environment International, n. 33 , p. 429–435, 2007. CHANDLER, G.T.; GREEN, A.S. A14-day harpacticoid copepod reproduction biossay for laboratory and field contaminated muddy sediments. In: OSTRANDER, G.K. (Ed.) Techniques in Aquatic Toxiclogy, Bocca Raton. CRC, p. 23-39, 1996. CHAPMAN, P.M. Sediment quality criteria from the sediment quality triad: an example. Environmental Toxicology and Chemistry, n. 5, p. 957-964, 1986. CHAPMAN, PM. The Sediment Quality Triad approach to determining pollution-induced degradation. Science of the Total Environment, n. 97, p. 815-825, l990. CHAPMAN, P.M. et al. Evaluation of effects associated with an oil platform, using the sediment quality triad. Environmental Toxicology and Chemistry, n. 10, p. 407-424, 1991. CHAPMAN, P.M. et al. General Guidelines for using the Sediment Quality Triad. Marine Pollution Bulletin, n. 34, n. 6, p. 368-372, 1997. CHAPMAN, P.M. Indirected Effects of Contaminants. Marine Pollution Bulletin, n. 48, p. 411-412, 2004. CHEN, M. S. et al. Suspended Matter in the Scheldt Estuary. Hydrobiologia, n. 540, p. 79-104, 2005. CIRANO, M.; LESSA, G.C. Oceanographic Characteristics of Baía de Todos os Santos, Brazil. Revista Brasileira de Geofísica, n. 25, p. 363-387, 2007.

Page 104: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

104

CLARKE, K.R. Non-Parametric Multivariate Analyses of Change in Commuity Structure. Australian Journal of Ecology, N.18, p117-143, 1993. CLARKE, K.R.; WARWICK, R.M. Change in Marine Communities: An Approach to Statistical Analysis and Interpretation. Natural Environment Research Council UK, 1993. 144 p CLARKE, K.R.; WARWICK, R.M. Change in Marine Communities: An Approach to Statistical Analysis and Interpretation. 2.ed. Plymouth, UK : PRIMER-E, 2001,172p. COLOMBO, J.C. et. al. Determination of hydrocarbon source using n-alcanos and polyaromatic hydrocarbon distribution indexes. Case study: Rio de la Plata Estuary, Argentina. Environmental Science and technology, n. 23, p. 888-894,1989. COMMENDATORE, M.G.; ESTEVES, J.L.; COLOMBO, J.C. Hydrocarbons in coastal sediments of Patagonia, Argentina : levels and probable sources. Marine Pollution Bulletin, n. 40, p. 989-998, 2000. COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR-BA-CONDER. Plano diretor de Limpeza Urbana PDLU Candeias, Madre de Deus e São Francisco do Conde. Salvador : [s. n.], 1994. N.1, t.III Il. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL-CETESB. NBR L5.021. Água do mar: teste de toxicidade aguda com Artemia. Método de ensaio. São Paulo, 1991. 15p. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL-CETESB. NBR L5.251. Água do mar – Teste de toxicidade aguda de curta duração com Mysidopsis juniae, Lamarck, 1979 (Crustacea: Mysidacea). São Paulo, 1992. 19p. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL-CETESB. NBR L5.250. Água do mar – Teste de toxicidade crônica de curta duração com Lytechinus variegatus, Silva, 1816 (Echinodermata: Echinoidea). São Paulo, 1999. 22p. COOPER, D.C.; MORSE, J.W. Biogeochemical controls on trace metal cycling in anoxic marine sediments. Environmental Science and Technology, n. 32, p. 327–330, 1998. COSTA, A.B. et al. Caracterização da matéria orgânica de sedimentos da Baía de Todos os Santos. In: QUEIROZ, A.F.S; CELINO, J.J. (Org.). Avaliação de ambientes na Baía de Todos os Santos: Aspectos geoquímicos, geofísicos e biológicos. 1.ed. Salvador : EDUFBa, 2008. 298 p., n. 1,. cap. 9, p. 173-187. COSTA, J.B. Avaliação da adequabilidade de Kalliapseudes schubartii MANÉ-GARZÓN, 1922 (Crustacea: Tanaidacea) como organismo-teste para utilização em ensaios de toxicidade de sedimentos estuarinos. Rio Grande, RS, 1997. Monografia (Graduação em Oceanografia). Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande. 1997. COULL, B. C.; CHANDLER, G. T. “Pollution and Meiofauna: Field, Laboratory, and Mesocosm Studies,” Oceanogr. Mar. Biol. Ann. Rev., n. 30, p. 191-271, 1992.

Page 105: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

105

DAHL, U.; GOROKHOVA, E.; BREITHOLTZ, M. Application of growth-related sublethal endpoints in ecotoxicological assessments using a harpacticoid copepod. Aquat. Toxicol., n. 77, p. 433-438, 2006. DASKALAKIS, K.D.; O’CONNOR, T.P. Normalization and Elemental Sediment Contamination in the Coastal United States. Environmental Science and Technology, n. 29, p. 470-477, 1995. EGLINTON, G.; HAMILTON, R.J. Leaf epicuticular waxes. Science n.156, p. 1322-1335, 1967.

ELLINGSEN, K.E., Soft-sediment Benthic Biodiversity on the Continental Shelf in Relation to Environmental Variability. Marine Ecology Progress Series n. 232, p. 15-27, 2002.

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Manual de Métodos de Análise de Solo. 2.ed. Rio de Janeiro : Centro Nacional de Pesquisa de Solos (CNPS), 211p. 1997. ENVIROMENT CANADA. Canadian Sediment Quality Guidelines for the Protection of Aquatic Life Summary Tables, 1999. Disponível em: <http://www.ec.gc.ca> Acesso em: 15/jun/2008. ESTEVES, F.A. Fundamentos de limnologia. Rio de Janeiro : Ed. Interciência. 1998. FARAPONOVA, O. et al. Tigriopus fulvus (Copepoda, Harpacticoida) as a target species in biological assays. Meiofauna Marina, n. 14, p. 91-95, 2005. FERREIRA, D.F. (Org.). Produção de petróleo e gás em campos marginais: Um nascente mercado no Brasil. 1.ed. Campinas, SP, KOMEDI, 2009. 512 p. FOLK, R.L., WARD, W.C. Brazos Bar, a study in the significance of grain size parameters. J. Sedim. Petrol., n. 27, p. 3-27, 1957. FORSTNER, U.; WITTMANN, G.T.W. Metal polluition in the aquatic enviroment. New York : Springer Verlag, 1981. GANDRA, M.S. Efeitos do petróleo sobre a associação de macroinvertebrados bentônicos de parias arenosas do extremo sul do Brasil. Rio Grande, RS, 2005, 86 f. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica) - Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2005. GARCIA, K.S. et al. Geoquímica de Sedimentos de Manguezal em São Francisco do Conde e Madre de Deus – BA. Geochimica Brasiliensis, n. 21, p. 164-176, 2007. GARCIA, K.S.; OLIVEIRA, O.M.C.; ARAÚJO, B.R.N. Biogeoquímica de Folhas de Avicennia schaueriana Stapf e Leechman na área norte da Baía de Todos os Santos. In: QUEIROZ, A.F.S; CELINO, J.J. (Org.). Avaliação de ambientes na Baía de Todos os Santos: Aspectos geoquímicos, geofísicos e biológicos. 1ª ed. Salvador: EDUFBa, 2008. P. 213-232. GESTARIA, J.L; DAUVIN, J.C. Amphipods are Good Bioindicators of the Impact of Oil

Page 106: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

106

Spills on Soft-Bottom Macrobenthic Communities. Marine Pollution Bulletin, n. 40, p. 1017-1027, 2000. GILLER, P.S. Community Structure and Niche. London, Chapman e Hall, 1984, 176p.

GRAY, J.S. Animal–Sediment Relationships. Oceanography Marine Biology Annual Review. n. 12, p. 223–261, 1974.

GRIETHUYSEN, C.V.; GILLISSEN, F.; KOELMANS, A.A. Measuring acid volatile sulphide in in floodplain lake sediments: effect of reaction time, sample size and aeration. Chemosphere, n. 47, p. 395-400, 2002. GUEDES, M.L.S. et al. Alguns Aspectos Fitossociológicos e Nutricionais do Manguezal da Ilha de Pati-Bahia-Brasil, Sitientibus, n. 15, p.151-165. 1996 GOGOU, A.; BOULOUBASSI, I.; STEPHANOU, E.G. Marine organic geochemistry of the Eastern Mediterranean : 1. Aliphatic and polyaromatic hydrocarbons in Cretan Sea surficial sediments. Marine Chemistry, n. 68, p. 265-282, 2000. HAGOPIAN-SCHLEKAT, T.; CHANDLER, G.T.; SHAW, T.J. Acute toxicity of five sediment-associated metals, individually and in a mixture, to the estuarine meiobenthic harpacticoid copepod Amphiascus tenuiremis. Mar. Environ. Res., n. 51, p. 247-264, 2001. HAMILTON, M. A.;RUSO, R. C.; THURSTIN, R. V. Trimmed Spearman-Karber Method for estimating median lethal concentrations in toxicity bioassays. Environmental Science Technology Chemistry, n. 7, p. 714-719, 1977. HARBISON, P. Mangrove muds-A sink and a source for trace metals Marine Pollution Bulletin, n.17, p. 246-250, 1986. HARVEY, M.; GAUTHIER, D.; MUNRO, J., Temporal changes in the composition and abundance of the macro-bentic invertebrate communities at dredged material disposal sites in the Anse à Beaufils, Baie des Charleurs, eastern Canada. Mar. Poll. Bull., v.36, n.1, p. 41-55, 1998. HOLLERT H. et al. Application of a sediment quality triad and different statistical approaches (hasse diagrams and fuzzy logic) for the comparative evaluation of small streams. Ecotoxicology, n. 11, p. 311-321. 2002. HOSSAIN, S., EYRE, B.D.E; MCKEE, L.J. Impacts of Dredging on Dry Season Suspended Sediment Concentration in the Brisbane River Estuary, Queensland, Australia. Estuarine, Coastal and Shelf Science, n. 61, p. 539-545, 2004. HOWARD, D.E.; EVANS, R.D. Acid–volatile sulfide (AVS) in a seasonally anoxic mesotrophiclake: Seasonal and sapcial changes in sediment AVS. Environment Toxicology and Chemistry, n.12, p.1051–1057, 1993. HUGHES, D.J.; ATKINSON, R.J.A.; ANSELL, A.D. A Field Test of The Effects of Megafaunal Burrows on Benthic Chamber Measurements of Sediment-water Solute Fluxes. Marine Ecology Progress Series, n. 195, p.189-199, 2000.

Page 107: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

107

HUTCHINSON, T.H. et al. Life-cycle studies with marine copepods (Tisbe battagliai) exposed to 20-hydroxyecdysone and diethylstilbestrol. Environmental Toxicology and Chemistry, n. 18, p. 2914-2920, 1999. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 14669. Water quality – Determination of acute lethal toxicity to marine copepods (Copepoda, Crustacea). Geneva, Switzerland. First edition. 1999-04-01. 1999. JESUS, H.C. et al. Distribuição de metais pesados em sedimentos do sistema estuarino da Ilha de Vitória-ES. Química Nova, n. 27, p.378-386, 2004. JOLLIFFE, I.T. Principal component analysis. 2.ed. New York : Springer-Verlag 2002. KAISER, H.F. The application of electronic computers to factor analysis. Educ. Psychol. Meas. n. 20, p. 141-151, 1960. KENNISH, M.J. Environmental Threats and Environmental Future of Estuaries. Environmental Conservation. Cambridge University Press. v. 29, pp. 78-107, 2002. KOPPEN, W. Climatologia, com eu estudio de los climas da la tierra. México: Fondo de Cultura Econômica Editora LTDA, 1948. 235 p. LACERDA, L. D. Trace Metals Biogeochemistry and Difuse Pollution in Mangrove Ecosystems Okinawa ISRM Mangrove Ecosystems Occasional Papers, n. 2, p.65, 1998 LANA, P.C. et al. O Bento da Costa Brasileira: Avaliação Crítica e Levantamento Bibliográfico (1856-1996). 1a ed. Rio de Janeiro, FEMAR, 1996. 432p. LANÇAS, F.M. Cromatografia em Fase Gasosa. São Carlos, SP : Suprema Gráfica e Editora, 1993, 254 p. LARRAIN, A. et al. Sensitivity of the meiofaunal copepod Tisbe longicornis to K2Cr2O7 under varying temperature regimes. Bulletin Environmental Toxicology, n. 61, p. 391-396, 1998. LASORSA, B.; CASAS, A.A. comparison of sample handling and analytical methods for determination of acid volatile sulfides in sediment. Marine Chemistry, n. 52, p.211-220, 1996. LE DRÉAU, Y. et al. Hydrocarbon balance of a site which had been highly and chronically contaminated by petroleum wastes of a refinery (from 1956 to 1992). Marine Pollution Bulletin, n. 34, p. 456-468, 1997. LEAO, C.S. et al. Metais Traço no Ecossistema Manguezal da Baía de Aratu. In: Antônio Fernando de Souza Queiroz, Joil José Celino. (Org.). Avaliação de ambientes na Baía de Todos os Santos: aspectos geoquímicos, geofísicos e biológicos. 1.ed. Salvador: EDUFBA, 2008, n. 1, p. 233-245. LEONARD, E.N. et al. Seasonal variation of acid volatile sulfide concentration in sediment cores from three northeastern Minnesota lakes. Hydrobiologia, n. 271, p. 87-95, 1993.

Page 108: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

108

LESSA, G.C. et al. The Tides and Tidal Circulation of Todos os Santos Bay, Northeast Brazil: a general characterization. An. Acad. Bras. Cienc., n.73, p. 245-261, 2001. LICHT, O.A.B. Prospecção Geoquímica, Rio de Janeiro : CPRM, 1998. 216 p. LONG, E.R. et al. Spatial extent of degraded sediment quality in Puget sound (Washington state, u.s.a.) based upon measures of the sediment quality triad. Environmental Monitoring and Assessment, n. 111, p.173–222, 2005. LONG, E.R.; WILSON, C.J. On the Identification of Toxic Hot Spots using Measures of the Sediment Quality Triad. Marine Pollution Bulletin, n. 34, p. 373-374, 1997. LONG, E.R. et al. A comparative valuation of five toxicity test with sedimnts from San Francisco Bay and Tmales Bay, California. Environmental Toxicology Chemistry, n. 9, p. 1193-214, 1990. LONG, E.R.; CHAPMAN, P.M.A sediment quality triad:measures of sediment contamination, toxicity and infaunal community composition in Puget Sound. Marine Pollution Bulletin, n. 16, p. 405-415, 1985. LONGHURSTI, A.R.; PAULY, D. Ecology of Tropical Oceans. São Diego : Academic Press. 1987. 301p. LOTUFO, G.R.; ABESSA, D.M.S. Teste de toxicidade com sedimento total e água intersticial estuarino utilizando copépodes bentônicos. In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. (Ed.). Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. São Paulo: Ed. Artes Gráficas e Indústria. 2002. 262 p., cap.12, p. 141-150. LOTUFO, G.R. Lethal and sublethal toxicity of sediment-associated fluoranthene to benthic copepods: aplication of the critical-body-residue approach. Aquatic Toxicology, n. 44, p. 17-30. 1998a. LOTUFO, G.R. Biaccumulation of sediment-associated fluoranthene in benthic copepods: uptake, elimination and biotransformation. Aquatic Toxicology, n. 44, p. 1-15, 1998b. LOTUFO, G.R.; FLEEGER, J.W. Effects of sediment-associated phenanthrene on survival, development and reproduction of two species of meiobenthic copepods. Mar. Ecol.-Prog. Ser., n. 151, p. 91-102, 1997. MACHADO, W. et al. Reactive sulfides relationship with metals in sediments from an eutrophicated estuary in Southeast Brazil. Marine Pollution Bulletin, n. 49, p.:89–92, 2004. MADDOCK, J.E.L.; CARVALHO, M.F.; MACHADO, W. Contaminant metal behaviour during re-suspension of sulphidic estuarine sediments. Water, Air and Soil Pollution, n. 181; p.193-200, 2007. MAGNAVITA, L.P. Geometry and Kinematics of the Recôncavo: Tucano - Jatobá Rift, NE Brazil. Grã-Bretanha, UK, 1992, 493 f. Tese (PhD Petroleum of Geology ) – Oxford University, 1992.

Page 109: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

109

MANLY, B.F.J. Multivariate Statystical Methodods: a primer. 2.ed. New York : Chapman and Hall, 2000. 215p. MARINS, B.V. et al. Subtidal Benthic Marine Algae of the Todos os Santos Bay, Bahia state, Brazil. Oecol. Bras., n. 12, p. 229-242, 2008. MARQUES, M.M.; F.A.R. BARBOSA. Biological quality of waters from an impacted tropical watershed (middle Rio Doce basin, Southeast Brazil) using benthic macroinvertebrate communities as an indicator. Hydrobiologia, n. 457, p. 69-76, 2001. MARTINS, L.K.P. Evidência de toxidade em sedimentos associados à indústria petrolífera: uso de bioindicadores. Salvador, BA, 2001, 149 f. Dissertação (Mestrado em Geoquímica ambiental) - Departamento de Geoquímica - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2001. MELO, S.L.R.; ABESSA, D.M.S. Testes de toxicidade com sedimentos marinhos utilizando anfípodos. In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. (Ed.) Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. São Paulo : Ed. Artes Gráficas e Indústria, 2002. 262p., cap.14, p. 163-179. MENDOZA, R.E. Hydrocarbon leaching, microbial population, and plant growth in soil amended with petroleum. Biorem. J., n. 3, p. 223-231, 1998. MEYERS, P.A. Organic geochemical proxies of paleoceanography, paleolminologic and paleoclimatic processes. Organ. Geochem., n.27, p.213-250, 1997. MILIOU, H. et al. Influence of life-history adaptations on the fidelity of laboratory bioassays for the impact of heavy metals (Co2+ and Cr6+) on tolerance and population dynamics of Tisbe holoturiae. Mar. Pollut. Bull., n. 40, p. 352-359, 2000. MIRANDA, L. B.; CASTRO, B. M. E KJERFVE, B. Princípios de Oceanografia Física de Estuários. 1.ed. São Paulo: EdUSP, 2002. 424 p. MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HIDRÍCOS E DA AMAZÔNIA LEGAL). Macrodiagnóstico da Zona Costeira do Brasil: na escala da União. Rio de Janeiro, 1996. 277p. MOZETO, A.A. Critérios de Qualidade de Sedimentos (CQS) para metais pesados: Fundamentos teóricos e técnicos para implementação (manual). Laboratório de Bioquímica Ambiental, 2001. 86p. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos – SP, 2001. MUCHA, A.P.; et al. Vertical distribution of the macrobenthic community and its relationships to trace metals and natural sediment characteristics in the lower Douro estuary, Portugal. Estuarine, Coastal and Shelf Science, n. 59, p. 663-673, 2004 NASCIMENTO, I.A. “Testes toxicológicos” do Programa de Monitoramento dos Ecossistemas ao norte da Baía de Todos os Santos. Convênio PETROBRÁS/UFBA. Salvador, 1996. 80p. (Relatório Técnico setorial final)

Page 110: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

110

NASCIMENTO, I.A. et al. Stress protein accumulation as an indicator of impact by the petroleum industry in Todos os Santos Bay, Brazil. J. Aquat. Ecosyst. Health Manage, n. 1, n. 1, p. 101-108, 1998. NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. Métodos em Ecotoxicologia Marinha – Aplicações no Brasil. São Paulo, SP : Artes Gráficas e Indústria Ltda., 2002. 262 p. NIPPER, M. Avaliação de toxicidade com copépodes calanóides Acartia lilljeborgi (Giesbrecht, 1892) e Temora stylifera (Dana, 1852). In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. (Ed.) Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. São Paulo: Ed. Artes Gráficas e Indústria. 2002. 262p., cap.12, p.141-150. NISHIGIMA, F.N.; WEBER, R.R.; BÍCEGO, M.C. Aliphatic and aromatic hydrocarbons in sediments of Santos and Cananéia, SP, Brazil. Marine Pollution Bulletin, n. 42, p. 1064-1072, 2001. NOAA - National Oceanic and Atmosferic Administration, Screening Quick Reference Tables. Seattle : [s.n.], 1999. 12p NORDSTROM, D.K. et al. A comparison of computerized chemical models for equilibrium calculations in aqueous systems. In:Chemical Modeling in Aqueous Systems, p.859-893 (ACSSYMP. Series 93). 1979. NORRIS, R.H.; HART, B.T.; FINLAYSON, M. Use of biota to assess water quality: an international conference. Australian Journal of Ecology, 20, 227 pp. 1995. NYBAKKEN, J.W. Marine Biology. An Ecological approach. [s.l.]: Harper Collins Colleg Publishers. 2001. 462p. OLIVEIRA, W.F. Evolução Sócio-Econômico do Recôncavo Baiano – Baía de Todos os Santos; Diagnóstico Sócio-Ambiental e Subsídios para a gestão. Salvador : GERMAN/UFBA-NIMA, 1997. cap.3, p. 43-56. OLSGARD, F.: BRATTEGARD, T.; HOLTHE; T. Polychaetes as surrogates for marine biodiversity: lower taxonomic resolution and indicator groups. Biodiversity and Conservation, n.12, p. 1033–1049, 2003. ONOFRE, C.R.E. et al. Biodisponibilidade de metais traços nos sedimentos de manguezais da porção norte da Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil. Revista de Biologia e Ciências da Terra, n. 7, p. 65-82, 2007. O’CONNOR, T.P. et al. Comparisons of sediment toxicity with predictions based on chemical guidelines. Environmental Toxicology and Chemistry, n. 17, 468-471, 1998. OREN, A.; AIZENSHTAT, Z.; CHEFETZ B. Persistent Organic Pollutants and Sedimentary Organic Matter Properties: A Case Study in the Kishon River, Israel. Environmental Pollution, n. 141, p. 265-274, 2006. PAREDES, J.F.; QUEIROZ, A.F.S.; CARVALHO, I.G Heavy Metals in sediments: Mangrove swamps of the Subaé end Paraguaçu tributary rivers os Todos os Santos Bay,

Page 111: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

111

Bahia, Brazil. Rio de Janeiro : Centro de Tecnologia Mineral, 1995. 15p. Série Tecnologia Ambiental, 9. PEDREIRA, P.T. Memória Histórico-Geográfica de São Francisco do Conde. Salvador, Ba : Press Color, 1984. 147 p. PESO-AGUIAR, M.C. et al. Effects of petroleum and its derivatives in benthic communities at Baía de Todos os Santos/Todos os Santos Bay, Bahia, Brasil. Aquatic Ecossistem Health and Management Society, n. 3, p. 459-470, 2000. PESO-AGUIAR, M.C. e ALMEIDA, V.G. “Testes toxicológicos” do Programa de Monitoramento dos Ecossistemas ao norte da Baía de Todos os Santos. Convênio PETROBRÁS/UFBA. (Relatório Gerencial final). Salvador. 1996. 30p. (Relatório Técnico) PESO-AGUIAR, M.C. Macoma constricta (Bruguire, 1792) (Bivalvia-Tellinidae) como Biomonitor da presença crônica do petróleo na Baía de Todos os Santos (BA). São Carlos, SP, 1995. 161 f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) – Universidade Federal de São Carlos. PIELOU, E.C.. The measurement of diversity in different types of biological collections. J. Theor. Biol., n. 13, p.131–144, 1966. PINTO, C.S.C.; SOUZA-SANTOS, L.P.; SANTOS, P.J.P. Development and population dynamics of Tisbe biminiensis (Copepoda: Harpacticoida) reared on different diets. Aquaculture, n. 198, p. 253-267, 2001. POUNDS, N.A. et al. Assessment of putative endocrine disrupters in an in vivo crustacean assay and an in vitro insect assay. Mar. Environ. Res., n. 54, p. 709-713, 2002. QUEIROZ, A.F.S. Mangroves de la baía de Todos os Santos – Salvador – Bahia – Brésil: ses caractéristiques et l’influence anthropique sur as géochimie. Strasbourg, 1992, 148 f. Tese (Doutorado em Geoquímica Ambiental ) – Université Louis Pasteur, Strasbourg, 1992. QUEIROZ, A.F.S.; CELINO, J.J. Impacto Ambiental da Indústria Petrolífera em Manguezais da Região Norte da Baía de Todos os Santos (Bahia, Brasil). Boletim Paranaense de Geociências, n. 62, p. 2008. READMAN, J.W. et al. Petroleum and PAH contamination of the Black Sea. Marine Pollution Bulletin, n. 44, p. 48-62, 2002. REZENDE, C.E.; et al. The effect of an oil drilling operation on the trace metal concentrations in offshore bottom sediments of the Campos Basin oil field, SE Brazil. Marine Pollution Bulletin, n. 4, p. 680-684, 2002. ROADS, D.C. Organisms-sediment relations on the muddy sea floor. Oceanogr. Mar. biol. A. rev., n. 12, p. 263-300, 1974. RODRIGUES, F.O. Derramamentos de óleo no ecossistema manguezal – limpeza do ambiente, efeito e metodologia de estudo. 1997. Dissertação (Mestrado em Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública) - Universidade do Estado de São Paulo, São Paulo, 1997.

Page 112: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

112

ROSA, R.; SOUTO, J.; MAGALHÃES, J. Excursão de Campo à Bacia de Recôncavo com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) – Roteiro de Campo. PETROBRAS – UN-BA/ATEX/G. Salvador-Bahia, 2001. SAITO, Y.; NISHIMURA, A. E MATSUMOTO, E. Transgressive sand sheet covering the shelf and upper slope off Sendai, Northeast Japan. Marine Geology, n. 89, p. 249-258, 1989. SANTOS, J.B. Estudos geoquímicos em substrato lamoso em zonas de manguezal da região de São Francisco do Conde – Recôncavo Baiano: subsídios a um programa de diagnóstico e monitoramento ambiental para regiões de manguezal influenciadas por atividades petrolíferas. 2002, 142 f. Dissertação (Mestrado em Geoquímica Ambiental) - Instituto de Geociências - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002.

SHANNON, C.E., WEAVER, W. The Mathematical Theory of Communication. Urbana : University of Illinois Press, 1949. 125p.

SHERPARD, P.F. Nomenclature based on sand, silt, clay ratios. J. of Sedimentary Petrology, n. 24, p. 151-158, 1954

SILVÉRIO, P.F. Bases Técnico-Científicas para a derivação de valores guias de qualidade de sedimento para metais: experimento de campoe e laboratório. São Carlos, 1999. 132 f. Tese (Doutorado em Química) – Instituto de Química, Universidade Federal de São Carlos, 2003. SILVÉRIO, P.F. et al. Release, bioavailability and toxicity of metals in lacustrine sediments: A case study of reservoirs and lakes in Southeast Brazil. Aquatic Ecosystem Health e Management, n. 8, n. 3, p. 313- 322, 2005. SIMONEIT, B.R.T., Organic chemistry of marine sediments. In: R. Chester and J.P. Riley (eds.), Chemical Oceanography. New York : Academic Press, p 233-311, 1978. SIQUEIRA, G.W.; BRAGA, E.S; MAHIQUES, M.M; APRILE, F.M. Determinação da Matéria Orgânica e Razões C/N e C/S em Sedimentos de Fundo do Estuário de Santos - SP/Brasil. Arq. Ciên. Mar, n. 39, p.18-27, 2006. SMITH, J.; MELVILLE, M.D. Iron monosulfide formation and oxidation in drain-bottom sediments of an acid sulfate soil environment. Applied Geochemistry, V. 19, n.11, p. 1837-1853, 2004. SNELGROVE, P.V.R. The biodiversity of macrofaunal organisms in marine sediments - Biodiversity and Conservation, n. 7, 1123-1132. 1998.

SNELGROVE, P.V.R.; BUTMAN, C.A.. Animal-Sediment Relationships Revisited: Cause Versus Effect Oceanography. Marine Biology Annual. Review, n. 32, p. 111-177, 1994.

SNEDAKER, S.C. et al. distribution of n-alkanes in marine samples from southeast florida. Marine Pollution Bulletin, n. 30, P. 83–89, 1995.

SOARES-GOMES, A.; PIRES-VANIN, A.M.S. Padrões de abundância, riqueza e diversidade de moluscos bivalves na plataforma continental ao largo de Ubatuba, São Paulo, Brasil: uma comparação metodológica. Revista Brasileira de Zoologia., n. 20, p. 717-725, 2003.

Page 113: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

113

SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. Toxicologia Marinha: Histórico. In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. São Paulo: Editora Artes Gráficas e Indústria Ltda., 2002. 262p., cap.1, p. 9-14. STEIN, R. Accumulation of organic carbon in marine sediments. Results from the deep sea drilling project/ocean drilling program. Lecture Notes in Earth Sciences, n.34, 217p, 1991. STOUT et al. Characterization of naturally – occurring and anthropogenic PAHS in urbansediments – Wycof / Eagle Harbor Superfund site. Environmental Forensics, n. 2, p. 287-300, 2001. STREET, G.T. et al. Reduced genetic diversity in a meiobenthic copepod exposed to a xenobiotic. J. Exp. Mar. Biol. Ecol., n. 222, p. 93-111, 1998. SUGUIO, K. Introdução a sedimentologia. São Paulo: Edgard Blucher, 1973. 307p. TAVARES, T.M. Distribuição espacial de metais pesados e hidrocarbonetos em programa de monitoramnto dos ecossistemas ao norte da Baía de Todos os Santos. UFBA, 1996. 85p. (Relatório técnico). TAVARES, T.M. et al. Application of the Mussel Watch Concept in Studies of Hydrocarbons, PCBs and DDT in the Brazilian Bay of Todos os Santos (Bahia). Marine Pollution Bulletin, n.19, p. 575–578, 1988. TAYLOR, R.L. et al. Shortterm impacts of polyunsaturated aldehyde-producing diatoms on the harpacticoid copepod, Tisbe holothuriae. J. Exp. Mar. Biol. and Ecol., n. 341, p. 60-69, 2007. THOMAS, K.V. et al. Toxicity characterization of sediment porewaters collected from UK estuaries using a Tisbe battagliai bioassay. Chemosphere. n. 53, p. 1105-1111, 2003. THRUSH, S.F. Spatial heterogeneity in sublitoral gravel genereted by the pitdigging activities of Cancer pagurus. Mar. Ecology Progress Series, n. 30, p.221-227, 1986. TOLOSA, S.M; HEIKHOLESLAMI, M.R.; VILLENEUVE, S.J.P. et al. Aliphatic and aromatic hydrocarbons in coastal Caspian Sea sediments, Marine Pollution Bulletin, n. 48, p.44-60, 2004. UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (USEPA). Method 8270c. Semivolatile organic compounds by gas chromatography/mass spectrometry (GC/MS). 1990. VEIGA, I. G. et al. Hidrocarbonetos Saturados em Sedimentos de Manguezais na Área Norte da Baía de Todos os Santos. In: Antônio Fernando de Souza Queiroz, Joil José Celino. (Org.). Avaliação de ambientes na Baía de Todos os Santos: aspectos geoquímicos, geofísicos e biológicos. 1 ed. Salvador: EDUFBA, n. 1, p. 149-172, 2008 VENTURINI, N.; TOMMASI, L.R. Polyciclic aromatic hydrocarbons and changes in the trophic structure of Polychaete assemblages in sediments of Todos os Santos Bay, Northeastern, Brazil. Marine Pollution Bulletin, n. 48, p.97-107, 2004.

Page 114: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

114

VENTURINI, N., MUNIZ, P., RODRIGUEZ, M., Macrobenthic subtidal communities in relation to sediment pollution: the phylum-level meta-analysis approach in a south-eastern coastal region of South America. Marine Biology, n. 144, p. 119–126, 2004a. VENTURINI, N. et al. Characterization of the benthic environment of a coastal area adjacent to an oil refinery, Todos os Santos bay (NE Brazil). Brazilian Journal of Oceanography, n. 52, p. 123-134, 2004b. VENTURINI, N. et al. Petroleum contamination impact on macrobenthic communities under the influence of an oil refinery: Integrating chemical and biological multivariate data. Estuarine, Coastal and Shelf Science., v. 78, n. 3, p. 457-467, 2008. VIEIRA, F.C.S. Toxicidade de Hidrocarbonetos Monoaromáticos do Petróleo sobre Metamysidopsis elongata atlantica (Crustacea: Mysidacea). Florianópolis, SC, 2004, 83 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolois, 2004. VILAS BOAS, G.S.; BITTENCOURT, A.C.P. Mineralogia e composição química da fração argilosa dos sedimentos do fundo da Baía de Todos os Santos. Ver. Bras. Geoc., n. 9, p. 179-197, 1979. VOLKMAN, J.K.; et al. Identification of natural, anthropogenic and petroleum hydrocarbons in aquatic sediments. Science of the Total Environment, n. 112, p. 203–219, 1992. VOLKMANN-ROCCO, B. Tisbe biminiensis (Copepoda, Harpacticoida) a new species of the Gracilis group. Arch. Oceanogr. Limnol., n. 18, p. 71-90, 1973. WALKEY-BLACK, A. A critical examination of a rapid method for determining organic carbon m soils: Effect of variations in digestion conditions and of inorganic soil constituents. Soil Sci., n. 63, p. 251-263, 1947. WARNKEN, K.W. et al. Sediment-water exchange of Mn, Fe, Ni and Zn in galveston bay, texas. Marine Chemistry, n. 73, p. 215-231, 2001.

WEIS, J.S.; SKURNICK, J.E.; WEIS, P. - Studies of a contaminated brackish marsh in the Hackensack Meadowlands of Northeastern New Jersey:benthic. Marine Pollution Bulletin, n. 50, p. 1405-1415, 2005.

WEN, X., ALLEN, H.E., Mobilization of heavy metals from Le An River sediment. Sci. Total Environmental, n. 227, p. 101-108, 1999. WERNERSSON, A.S.; DAVE, G.; NILSSON, E. Assessing pollution and UV-enhanced toxicity in Torsviken, Sweden, a shallow bay exposed to contaminated dredged harbor sediment and hazardous waste leachate. Aquat. Ecos. Health Manage., n. 3, p. 301-316, 2000. WINDOM, H.L Contamination of the marine environment from land-based sources. Marine Pollution Bulletin, n. 25, p. 32-36, 1992.

Page 115: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

115

WOLGEMUTH, K.M.; BURMETT, W.C.; MOURA, P.L. Oceanografhy and suspended material in Todos os Santos Bay. Revista Brasileira de Geociências, n.11, p.172-178, 1981. WU.Y.; ZHANG, J.; MI, T-Z; LI, B. Ocorrence of a-alkanes and PAH in the core sedimentsof the YellowSea. Marine Chemistry, n.76, p. 1-15, 2001. YUNKER, M.B. et al. Polycyclic aromatic hydrocarbons composition and potencial sources for sediment samples from the Beaufort and Barents Seas. Environmental Science and Technology, v.30, p.1310-1320, 1999. ZAMBONI, A.J.; ABESSA, D.M.S. Tríade da qualidade de sedimentos. In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M. (Ed.) Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. São Paulo : Ed. Artes Gráficas e Indústria. 2002. 262p., cap.20, p 233-243. ZAMBONI, A.J.; COSTA, J.B. Testes de toxicidade com sedimentos marinhos utilizando tanaidáceos. In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M (Ed.) Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. São Paulo: Ed. Artes Gráficas e Indústria, 2002. 262p., cap. 15, p.179-188 ZAMBONI, A.J. Caracterização ecotoxicológica do estuário da Lagoa dos Patos no entorno de Rio Grande, RS: fundamentos e técnicas. São Carlos, SP, 2000, 185 f. Tese (Doutorado Ciências da Engenharia Ambiental) - Universidade de São Paulo, São Carlos, 2000. ZAMBONI, A.J. Avaliação da qualidade de água e de sedimentos do canal de São Sebastião através de testes de toxicidade com Lytechinus variegatus (Equinodermata: Echinoidea). São Carlos, SP, 1993, 153 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, São Carlos,1993. ZARONI, L. P. Teste de toxicidade com embriões do mexilhão Perna perna (Linnaeus 1758). In: NASCIMENTO, I.A.; SOUSA, E.C.P.M.; NIPPER, M (Ed.) Métodos em Ecotoxicologia Marinha: Aplicações no Brasil. São Paulo : Ed. Artes Gráficas e Indústria, 2002. 262p., cap. 7, p. 83-90.

Page 116: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

116

8 APÊNDICES APÊNDICE 1 – HISTOGRAMA GRANULOMÉTRICO

DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA

Estação 1-CG

0.0

1.0

2.0

3.0

4.00.05.010.015.0

Diâmetro da Particula (φ)

Clas

s Wei

ght (

%)

0.1 1 10 10 1000Diametro(μm)

Estação 2-MA

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

0.05.010.015.0

Clas

s Wei

ght (

%)

0.1 1 10 100 1000Diametro (μm)

Estação 3-MA

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.00.05.010.015.0

Diametro patítcula (φ)

Clas

s Wei

ght (

%)

0.1 1 10 100 1000 Dia me t e r (μ m)

Estação 4-MA

0.0

2.0

4.0

6.0

8.00.05.010.015.0

Diametro partícula (φ)

Clas

s Wei

ght (

%)

0 .1 1 10 10 0 10 0 0Dia me t ro (μ m)

Page 117: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

117

Estação 5-MA

0.01.02.03.04.05.06.07.08.0

0.05.010.015.0

Diametro da partícula (φ)

0 .1 1 10 10 0 1000P a rt ic le Dia me t e r (μ m)

Estação 6-CA

0.0

2.0

4.0

6.0

8.00.05.010.015.0

Diametro da partícula (φ)

Clas

s Wei

ght (

%)

0 .1 1 10 10 0 10 0 0Diâme t ro (μ m)

Estação 7-SU

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.00.05.010.015.0

Diametro da partícula (φ)

0.1 1 10 100 1000 Dia me t ro (μ m)

Estação 8-CG

0.00.51.01.52.02.53.03.54.0

0.05.010.015.0Diametrobda partícula (φ)

Clas

s Wei

ght (

%)

0.1 1 10 100 1000Dia me t ro (mm)

Page 118: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

118 APÊNDICE 2 – CLASSES TAXONÔMICAS

1a Campanha 2a Campanha FILO ANNELIDA

FAMÍLIAS ESPÉCIES Ab Oc % FAMÍLIAS ESPÉCIES Ab Oc % Capitellidae Capitella sp 95 100 Capitellidae Capitellidae gen.sp. 54 37.5 Goniadidae Glycinde multidens 56 50 Capitellasp. Blainville, 1828 180 50 Opheliidae Armandia sp. 65 62.5 Goniadidae Glycinde multidens (Muller, 1858) 22 50 Orbiniidae * 9 50 Onuphidae Diopatrasp. 1 25 Syllidae Syllis sp. 1 12.5 Opheliidae Armandia sp. 10 37.5

Pilargidae * 7 12.5 Scoloplos (Leodamas) sp. 1 12.5 Sternaspidae Sternaspis scutata 2 12.5 Syllidae Syllis sp. 5 50 PO

LYC

HA

ETA

Nereididae Laeonereis acuta 82 50 Nereididae Laeonereis acuta (Treadwell, 1923) 314 50 Sub-total 317 Sub-total 587

FILO MOLLUSCA FAMÍLIAS ESPÉCIES Ab Oc % FAMÍLIAS ESPÉCIES Ab Oc %

Lucinidae Lucina pectinata 9 62.5 Plicatulidae Plicatula gibbosa Lamarck, 1801 2 12.5 Veneridae Anomalocardia brasiliana 60 75 Lucinidae Lucina pectinata (Gmelin, 1791) 2 12.5 Tellinidae Tellina sp 1 1 12.5 Ctena orbiculata (Montagu, 1808) 3 12.5

Tellina sp 2 1 12.5 Veneridae Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) 12 75 Tellina sp 3 59 50 Protothaca pectorina Lamarck, 1818 2 12.5

Solecurtidae Tagelus plebeius 29 50 Tellinidae Macoma constricta (Bruguière, 1792) 2 25 Corbulidae Corbula caribaea 1 12.5 Tellina sp.1 (Linnaeus 1758) 2 25

Corbula Lyoni 1 12.5 Solecurtidae Tagelus plebeius (Lightfoot, 1786) 3 12.5 Crassatellidae Crassinella lunulata 1 12.5 Corbulidae Corbula caribaea d´Orbigny, 1853 1 12.5

Mytilidae Brachydontes exustus 1 12.5 Corbula lyoni Pilsbry, 1897 2 12.5 Ungulinidae Diplodonta punctata 6 25 Mytilidae Brachidontes exustus (Linnaeus, 1758) 41 12.5

Ungulinidae Diplodonta punctata Say, 1822 3 12.5 Semelidae Semele nuculoides (Conrad, 1841) 2 12.5 Ostreidae Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) 7 37.5

BIV

ALV

IA

Periplomatidae Periploma compressum d´Orbigny, 1846 11 25 Neritidae Neritina virginea 4 25 Neritidae Neritina virginea (Linnaeus, 1758) 2 25

Strombidae Strombus pugilis (Linnaeus, 1758) 1 12.5 Turbinidae Astraea latispina (Philippi, 1844) 1 12.5 Turbo cailletii Fischer & Bernardi, 1856 1 12.5 Columbellidae Anachis obesa (C.B.Adams, 1845) 1 12.5 Epitoniidae Epitonium candeanum (d´Orbigny, 1842) 1 12.5 G

AST

RO

POD

A

Dentaliidae Spengleria rostrata (spengler, 1783) 1 12.5 Sub-total 173 Sub-total 103 125

Page 119: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

119 1a Campanha 2a Campanha

FILO ARTHROPODA FAMÍLIAS ESPÉCIES FAMÍLIAS ESPÉCIES

Squilidae 6 37.5 Diogenidae Clibanarius sclopetarius (Herbst, 1796) 1 12.5Ocypodidae Uca maracoani 18 37.5 Porcellanidae Petrolisthes armatus ( Gibbes,1850) 7 25

Uca sp. 1 - Leach, 1814 2 25 Alpheidae Alpheus armillatus H. Milne Edwards, 1837 5 25 Alpheidae Sinalpheus sp 1 12.5 Alpheus bouvieri A. Milne Edwards, 1878 2 25

Sphaeromatidae * 1 12.5 Alpheus sp. Fabricius, 1798 1 12.5Balanidae Balanus trigonus 4 37.5 Goneplacidae Chasmocarcinus peresi Rodrigues da Costa, 1968 1 12.5

Cyrtoplax spinidentata (Benedict,1892) 2 25 Portunidae Callinectes larvatus Ordway,1863 7 50 Penaeidae Panopeus americanus Saussure, 1857 4 37.5 Xanthidae Micropanope nuttingi (Rathbun,1898) 2 25 Ocypodidae Uca uruguayensis - Nobili,1901 1 12.5 Uca leptodactyla - Rathbun,1898 1 12.5 Uca sp. 1 - Leach, 1814 1 12.5 Uca maracoani - Latreille, 1803 12 12.5

CR

UST

AC

EA

Balanidae Balanus trigonus (Darwin, 1854) 61 50 Sub-total 32 Sub-total 108

FILO CHORDATA – CLASSE VERTEBRATA FAMÍLIAS ESPÉCIES

Gobiidae Gobionellis oceanicus 1 12.5 Gobiidae Gobionellus oceanicus (Pallas, 1770) 1 12.5

Blenniidae * 1 12.5 FILO PORIFERA

FAMÍLIA ESPÉCIE Chalinidae Haliclona sp 1 12.5

Sub-total 1 FILO SIPUNCULA

FAMÍLIAS ESPÉCIES Sypunculus 1 * 5 25 Sypunculus 2 * 4 25

Total 534 Total 797

Page 120: excessão UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE …

120