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excessão
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
DEPARTAMENTO DE GEOQUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
DOUTORADO EM GEOQUÍMICA AMBIENTAL
KARINA SANTOS GARCIA
BIODISPONIBILIDADE E TOXICIDADE DE CONTAMINANTES EM
SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS
Niterói 2009
KARINA SANTOS GARCIA
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Geoquímica Ambiental.
ORIENTADOR: PROF. JOHN EDMUND LEWIS MADDOCK CO-ORIENTADORA: PROFª. OLÍVIA MARIA CORDEIRO DE OLIVEIRA
BIODISPONIBILIDADE E TOXICIDADE DE CONTAMINANTES EM
SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS
Niterói 2009
TERMO DE APROVAÇÃO
KARINA SANTOS GARCIA
Niterói, Fevereiro de 2009
BIODISPONIBILIDADE E TOXICIDADE DE CONTAMINANTES EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS
Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Geociências, Universidade Federal Fluminense, pela seguinte banca examinadora:
Prof. Dr. John Edmund Lewis Maddock - Orientador
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Profa. Dra. Olívia Maria Cordeiro de Oliveira Universidade Federal da Bahia - Co-orientadora (UFBA)
Prof. Dr. Ricardo Erthal Santelli Universidade Federal Fluminense (UFF)
Prof. Dr. Wilson Tadeu Valle Machado Universidade Federal Fluminense (UFF)
Prof. Dr. Olaf Malm Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Dra. Maria de Fátima Batista de Carvalho CENPES/Petrobras
DEDICATÓRIA
À todos que acreditaram em mim.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a DEUS. Hoje..... quando lembro o que minha mãe disse a 15 anos atrás ..... como mais um dos seus doces incentivos para os meus sonhos, vejo o quanto aquelas palavras contribuíram para me transformar em uma Licenciada em Ciências Biológicas e agora prestes a torna-me uma doutora em Geoquímica e Meio Ambiente. Agradeço a meus PAIS pelo amor, por acreditar e apoiar todos os meus projetos de vida, pela confiança eterna, pelo desejo de que me torne um exemplo de Mulher e Profissional sem nunca deixar de ser sua eterna filha. Aos meus irmãos Carlos e Sabrina pelo amor, carinho, compreensão de uma vida toda. Ao meu amigo e marido Roberto Camacho que durante esses 11 anos sempre esteve ao meu lado todos os dias em que necessitei do seu amor, paciência, apoio, dedicação e principalmente compreensão...... Mozinho, sobrevivemos!!!!.... Ao Prof. Dr. John Maddock, pela atenção, orientações e oportunidade de tê-lo como Orientador. Thank you very much! À minha querida amiga-co-orientadora, Profa. Dra. Olívia Oliveira, pelo carinho, confiança, incentivo, orientações, sugestões e críticas para realização deste trabalho que pretendo levar para o próximo......... Ao Prof. Dr. Antônio Fernando Queiroz, primeiramente, pela oportunidade de ingressar no grupo. Agradecendo também pela atenção, orientações e críticas para a realização deste trabalho. Obrigada Professor. Ao Prof. Joil Celino pelo apoio acadêmico e pessoal, além das críticas e sugestões para o desenvolvimento deste trabalho. À minha família/equipe LEPETRO (Sarah, Jorginho, Rui Garcia, Sales, Judiron, Alan, Bárbara, Danilo e Danilinho, Irenilda, Adila, Paula, Paulo, Carine, Danúsia, Robson, Gilma e mais recentemente, Marcos) por todo o apoio, integração nos trabalhos e perfeita convivência no laboratório. À minha amiga-anjinho da estatística “Betânia” pela grande colaboração no tratamento estatístico desse trabalho, além do apoio moral e amizade. À toda equipe do Núcleo de Estudos Ambientais - NEA: Célia, Izabel, Cícero, Alex, Gustavo e Profa. Gisele. Ao Departamento de Geoquímica do Instituto de Geociências da UFBA, profesores, alunos e funcionários, em especial a Jairo pela eterna paciência e boa vontade nos trabalhos de campo. À diretora do Instituto de Biologia, Profa. Dra. Marlene Peso Aguiar e ao Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da UFBA, que permitiu a utilização do Laboratório de Geoecologia de Sedimentos Marinhos (GeoEco) para a realização das análises bentônicas, em especial a Luís Emanuel e a Profa. Dra. Orane Falcão.
À Profa. Dra. Lilian Santos, pela grande colaboração, orientação na realização das análises de ecotoxicológicas, e claro, a sua maravilhosa equipe do LACE, em especial Kika e Gaby, pelos finais de semanas, feriados que passamos no laboratório contando fêmeas do Tisbe. Aos professores, colegas, funcionários e funcionários da biblioteca do Curso de Pós-Graduação em Geoquímica e Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense, em especial aos professores Renato Campelo e Ricardo Santelli por ter cedido o espaço dos seus laboratórios para a realização de análises e alguns testes fundamentais ao desenvolvimento desta TESE. Aos queridos Nivaldo (Ni) e Ilene pelo apoio, auxílio amizade e carinho mostrado nesses anos de convivência. As(os) amigas(os) e colegas (os): Magno, Betânia, Taíse, Ilene, Renata(s), Ricardo, Daniel, Pestinha(Eduardo), Daniela, Valtinho, Amanda, Meire e Salambo pelos momentos de incentivo. A REDE RECUPETRO e ao CNPq pelo apoio financeiro. Enfim, a todos(as) amigos(as), familiares que contribuíram direta ou indiretamente na minha vida profissional e conseqüentemente incentivaram a realização dessa TESE.
Muito obrigada!
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade do sedimento superficial da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos através da aplicação da tríade de qualidade de sedimento. Para isso foram coletadas amostras de sedimento superficial em oito estações (Coqueiro Grande (1-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA, 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) e Coqueiro Grande (8-CG)) na porção nordeste da Baía de Todos os Santos-BA, (BTS). Determinou-se a distribuição espacial de Sulfetos Volatilizáveis em Ácido (AVS) e Metais Extraídos Simultaneamente (SEM)-(Cd, Cu, Pb, Ni e Zn), nutrientes (C.O.T., Ntotal ), HTP e HPA por meio de GC-MS. Também foram avaliados a granulometria, o pH e Eh do sedimento. O AVS foi extraído do sedimento anaeróbio com ácido clorídrico 6 mol L-1, a frio, e os metais bivalentes liberados durante este tratamento são referidos como metais extraídos simultaneamente (SEM). Para os hidrocarbonetos foi seguido método da USEPA. Os ensaios ecotoxicológicos foram realizados nos sedimentos com copépode bentônico Tisbe biminiensis. As amostras de macrozoobentos foram coletadas, contadas e identificadas até o nível taxonômico família. Testes aplicados mostraram diferença estatística entre as estações. Os resultados obtidos pela razão AVS/SEM, foram correlacionados com as frações granulométricas, carbono orgânico total (0,14 – 11,6%), nitrogênio total (0,02 – 0,25%), metais [Cd (<0,10 a 0,26 μg g-1), Cu (0,04 a 35,42 μg g-1), Pb (0,02 a 9,85 μg g-1), Ni (<0,07 a 4,76 μg g-1), Zn (16,74 a 38,39 μg g-1)]. Comparando-se esses resultados com valores de referência internacionais (National Oceanic and Atmosferic Administration – NOAA e Summary of Existing Canadian Environmental Quality Guidelines) verificou-se estarem abaixo dos valores estabelecidos, mesmo quando comparados com àqueles encontrados em outras regiões do Brasil. Encontrou-se ainda, valores <1 para a relação [SEM]/[AVS], sugerindo a não biodisponibilidade desses metais, exceto nas estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU (1ª campanha) e 1-CG (2ª campanha). Os resultados ecotoxicológicos com o Tisbe biminiensis, apresentaram efeitos sub-letais nas estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU (1ª campanha). A triagem resultou num total de 1333 organismos pertencentes a apenas 6 filos. Os grupos de maior riqueza de espécies foram os Mollusca (12), os Annelida – Polychaeta (8), além dos Arthropoda - Crustacea (6), os quais corresponderam a 97,8% das unidades taxonômicas amostradas. Foi verificado que as estações localizadas no mesolitoral apesar de não apresentarem valores de densidade, riqueza e diversidade muito mais elevados que as estações localizadas no infralitoral mostram um padrão de distribuição distinto com dominância especifica de poliquetas indicadores de contaminação orgânica como Capitellidae. Os bivalves (Anomalocardia brasiliana, Tellina sp., Tagelus plebeius) e os poliquetas (Capitella sp., Laeonereis acuta, Glycinde multidens), foram os organismos mais representativos. A riqueza de espécies, relativamente baixa, observada na área de estudo, pode estar relacionada à ocorrência do elevado percentual de lama, onde já foi descrito por trabalhos anteriores que as associações faunísticas são mais pobres. A integração da Tríade utilizando a tabela de decisão permitiu classificar a área em 4 categorias: 1ª campanha: qualidade boa (8-CG), qualidade de intermediária a boa (3-MA), qualidade de intermediária a degradada (6-CA, 5-MA e 7-SU), qualidade degradada (1-CG, 2-MA e 4-MA). Na 2ª campanha: qualidade boa (5-MA, 6-CA e 7-SU), qualidade de intermediária a boa (2-MA, 3-MA e 8-CG), qualidade de intermediária a degradada (4-MA), qualidade degradada (1-CG). Os resultados obtidos no presente estudo sugerem que a qualidade do sedimento do infralitoral (1-CG, 2-MA e 4-MA) apresenta maiores evidências de degradação induzida por contaminação do que as estações do mesolitoral. Palavras-chave: Metais; Hidrocarbonetos; Toxicologia; Bentos; Tríade BTS.
ABSTRACT
The purpose of this study the quality of the sediment surface of the northeast portion of the Todos os Santos Bay through the application of the sediment quality triad. For samples that were collected from surface sediment samples in eight seasons (Coqueiro Grande (1-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA, 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) e Coqueiro Grande (8-CG)) in the northern portion of the Todos os Santos Bay-BA, (TSB). It was determined the spatial distribution of acid volaties sulfides (AVS) and simultaneously extracted metal (SEM)-(Cd, Cu, Pb, Ni and Zn), nutrients (C.O, Ntotal), TPH and PAH by GC/MS. They also evaluated the size, pH and Eh of the sediment. The AVS was extracted from the anaerobic sediment with hydrochloric acid 1 mol L-1, the cold, and the divalent metals released during this treatment are referred to as simultaneously extracted metals (SEM). The method of hydrocarbons followed USEPA. The tests were performed Ecotoxicological sediments with benthic copepods Tisbe biminiensis. Samples of macrozoobentos were collected, counted and identified to the level taxonomic family. Tests showed statistical difference between the stations. The results obtained by reason AVS/SEM, were correlated with the size fractions, total organic carbon (0.14 – 11.6%), total nitrogen (0.02 – 0.25%), metals [Cd (<0.10 – 0.26 μg g-1), Cu (0.04 – 35.42 μg g-1), Pb (0.02 – 9.85 μg g-1), Ni (<0.07 – 4.76 μg g-1), Zn (16.74 – 38.39 μg g-1)]. Compared to the results with international reference values (National Oceanic and Atmosferic Administration - NOAA and Summary of Existing Canadian Environmental Quality Guidelines) it was found to be below the set, when even compared with those found in other regions of Brazil. There was still, values <1 for the ratio [SEM] / [AVS], not suggesting the bioavailability of these metals, except in stations 1-CG, 2-MA, 5-MA- and 7SU (1st collection) and 1-CG (2nd collection). The results ecotoxicological test with the Tisbe biminiensis had sub-lethal effects in the CG-stations, 2-MA, 5-MA and 7 -SU (1st collection). The screening resulted in a total of 1333 bodies belonging to only 6 phylo. The groups of highest species richness were Mollusca (12), the Annelida - Polychaeta (8), beyond the Arthropoda - Crustacea (6), which accounted for 97.8% of taxonomic unit sampled. It was found that the stations located in spite of not showing mesolitoral values of density, richness and diversity much higher than the stations located in infralitoral show a distinct pattern of distribution with dominance of polychaetes specifies indicators of organic contamination as Capitellidae. The bivalve (Anomalocardia brasiliana, Tellina sp., Tagelus plebeius) and polychaetes (Capitella sp., Laeonereis acuta, Glycinde multidens) were the most representative species. The richness of species, relatively low, observed in the study area, may be related to the occurrence of the high percentage of mud, which has been described by previous work that the associations are faunistic poorest. The integration of the Triad using the table for a decision to classify the area into 4 categories: 1st collection: high quality (8-GC), intermediate/high quality (3-MA), intermediate/degraded quality (6-CA, 5-MA and 7-SU), degraded quality (1-CG, 2-MA and 4-MA). In the 2nd collection: high quality (5-MA, 6-CA and 7-SU), intermediate/high quality (2-MA, 3-MA and 8-GC), intermediate/degraded quality (4-MA), degraded quality (1-GC). The results of this study suggest that the quality of the sediment infralitoral (1-CG, 2-MA e 4-MA) have more evidence of degradation induced by contamination of the stations of mesolitoral. Keywords: Metal; Hidrocarbon; Toxicology, Bentos, Triad TSB.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Mapa de situação da Baía de Todos os Santos e de localização da área de estudo. ..27 Figura 2 - Diagrama esquemático sugerindo o modelo geral para circulação de água e direção do transporte líquido de sedimento por arrastamento dentro da Baía de Todos os Santos e região costal vizinha. Fonte: Lessa et al., (2001). ....................................................................29 Figura 3. Áreas de produção na Bahia e blocos ofertados pela ANP. Distribuição de campos maduros no entorno da Baia de Todos os Santos. ....................................................................33 Figura 4. Mapa de situação da Baía de Todos os Santos e de localização das estações de amostragem sendo os pontos 1-CG a 4-MA no infralitoral e 5-MA a 8-CG, no mediolitoral. Coqueiro Grande (1-CG e 8-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA e 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) ............................................................................................................................36 Figura 5 - Amostragem de sedimento no mesolitoral (a) utilizando quadrado para situar o local de coletas das amostras referente à análise química e toxicologia (b), o quadrado delimitando a área de coleta dos bentos (c). No infralitoral, mostrando amostras coletadas no Van Veen (d) para análise química e toxicologia (e) e bentos (f). ...........................................37 Figura 6. Fluxograma de análises químicas, física e biológicas...............................................38 Figura 7. Aparato experimental para a extração do AVS/SEM. ..............................................41 Figura 8. Sistema soxlet para extração de compostos orgânicos- hidrocarbonetos..................43 Figura 9. Copépode bentônico Tisbe biminiensis (aumento de 100x)......................................45 Figura 10. Seguência do preparo da amostra (a) e montagem do ensaio ecotoxicológico utilizando do copépode T. biminiensis (b e c) posterior desmontagem do ensaio (d). .............46 Figura 11. Sistema de peneiras usado na triagem em campo (a e b) e peneira usada na triagem de laboratório (c) para posterior triagem no microscópio (d) das amotras macrozoobentônicas...................................................................................................................................................47 Figura 12. Diagrama triangular de classificação granulométrica (Shepard, 1954) dos valores médios do sedimento (a) primeira campanha e (b) da segunda campanha. .............................52 Figura 13. Análise de Componentes Principais (ACP) das variáveis e estações da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.......................................................................................61 Figura 14. Médias (± desvio padrão) de sobrevivência de fêmeas de Tisbe biminiensis expostas aos sedimentos da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE), 1ª campanha. .................................................................................................67 Figura 15. Médias (± desvio padrão) da fecundidade total expressa em indivíduos produzidos (a) e número de náuplios e copepoditos (b) da espécie Tisbe biminiensis quando exposta aos sedimentos da área da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-
PE), 1ª campanha. As letras acima das barras referem-se às diferenças significativas (Teste de Tukey).......................................................................................................................................68 Figura 16. Médias (± desvio padrão) de sobrevivência de fêmeas de Tisbe biminiensis expostas aos sedimentos da porção Norte da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE) 2ª campanha.......................................................................................................................68 Figura 17. Médias (± desvio padrão) da fecundidade total expressas em indivíduos produzidos (a) e número de náuplios e copepoditos (b) da espécie Tisbe biminiensis exposta aos sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE ), 2ª campanha. As letras acima das barras de náuplios referem-se às diferenças significativas encontradas (Teste de Tukey)...................................................................................................69 Figura 18. Análise de Componentes Principais (ACP) dos efeitos observados da espécie Tisbe biminiensis quando exposta aos sedimentos da área da porção Norte da Baía de Todos os Santos. Abaixo, plotagem dos valores das componentes principais 1 e 2 das variáveis. F. = fator (valor da componente). ....................................................................................................70 Figura 19. Distribuição das espécies dominantes no sedimento superficial da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos nas duas campanhas.....................................................................74 Figura 20. Variação dos índices ecológicos de: diversidade de Shannon-Weiner (H’), o índice de riqueza de Margalef (d) e o índice de equitabilidade de Pielou (J'), n° de famílias (S) e abundância (N). ........................................................................................................................76 Figura 21. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos, 1ª campanha. As circunferências indicam o tamanho relativo do número de indivíduos nas estações........................................................................................................78 Figura 22. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos, 2ª campanha. As circunferências indicam o tamanho relativo do número de indivíduos nas estações........................................................................................................79 Figura 23. Análise de Componentes Principais (ACP) dos end Point da espécie Tisbe biminiensis em relação aos parâmetros químicos metais e orgânicos da 1ª campanha (1ªC) e da 2ª campanha (2ªC) na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Legenda: náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), n-Alcano (n-alc), Pristano (Pris). ........................................................................................................................................83 Figura 24. Distribuição espacial do número de espécies (morfotipos) registradas nas estações de infralitoral (1-CG a 4MA) e mesolitoral (5-MA a 8-CG) da área de estudo na BTS. (1C) 1ª campanha e (2C) 2ª campanha..................................................................................................91 Figura 25. Densidade dos indvíduos por m2 registradas nas estações de infralitoral (1-CG a 4MA) e mesolitoral (5-MA a 8-CG) da área de estudo na BTS. (1ª) 1ª campanha e (2ª) 2ª campanha ..................................................................................................................................91 Figura 26. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos; (a) 1ª campanha e (b) 2ª campanha..........................................................92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Coordenadas geográficas da área de estudo em UTM. ...........................................35 Tabela 2 - Classificação do tamanho das partículas de acordo com o intervalo em mm, Grau de Seleção dos grãos, Assimetria e Curtose, segundo Folk e Ward (1957 apud SUGUIO, 1973), adaptada.........................................................................................................................40 Tabela 3 – Parâmetros geoquímicos usados na avaliação da origem dos HC, envolvendo alcanos normais. .......................................................................................................................44 Tabela 4 - Resultados das análises granulométricas, Carbono Orgânico Total (COT), Nitrogênio Orgânico Total (N), da relação COT/N (C/N), metais, SEM, AVS e [AVS/SEM] nos sedimentos e pH, Eh, salinidade, temperatura em água superficial da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. LDM: Mn – 0,02 Fe -1,4; Zn – 0,34; Cu – 0,02; Ni – 0,07; Cd – 0,01; Pb – 0,09..........................................................................................................................50 Tabela 5 - Comparação dos teores mínimo, máximo e médios dos metais da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos com valores de órgãos internacionais e trabalhos da literatura. ..57 Tabela 6 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos – BA, 1ª campanha...........................................59 Tabela 7 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos – BA, 2ª campanha...........................................59 Tabela 8 - Fatores da Análise de Componenetes Principais (ACP). Em negrito, destacam-se os valores mais importantes para as mesmas. F. - fator ................................................................61 Tabela 9 - Concentração de hidrocarbonetos no sedimento da 1ª e 2ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.......................................................................................63 Tabela 10 - Razões diagnósticas com hidrocarbonetos saturados cíclicos para os sedimentos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos. N.I. – não identificado.................................66 Tabela 11 - Fatores da Análise de Componentes Principais (ACP), em negrito, destacam-se os valores mais importantes para as mesmas. F.= fator ................................................................70 Tabela 12 – Taxas e Freqüências de Macrozoobentos encontrados no sedimento superficial da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Ab.=Abundância; Oc.=Ocorrência; *=Ausência...................................................................................................................................................72 Tabela 13 - Matriz de correlação de Pearson mostrando as relações entre náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), metais, HPA, n-Alcano (n-alc), HRP, HTP, MCNR, Pristano (Pris) e AVS em sedimentos da 1ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos...........................................................................................................81 Tabela 14 - Matriz de correlação de Pearson mostrando as relações entre náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), metais, HPA, HTP, n-Alcano (n-alc),
HRP, MCNR, HTP, pristano (Pris) e AVS em sedimentos da 2ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. .....................................................................................................81 Tabela 15 - Valores das componentes principais CP1 e CP2 das variáveis da ACP. ..............82 Tabela 16- Resultados da distribuição dos parâmetros químicos e toxicológicos nos sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. ..................................................88 Tabela 17 - Variação dos índices ecológicos de: n° de famílias (S), abundância (N), o índice de riqueza de Margalef (d), índice de equitabilidade de Pielou (J') e o de diversidade de Shannon-Weiner (H’) do presente estudo em comparação com estudos no setor norte e nordeste da Baía de Todos os Santos e em Portugal. ...............................................................90 Tabela 18 - Tabela de decisão das componentes da Tríade na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos-BA. ................................................................................................................95
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................16
1.1 APRESENTAÇÃO..........................................................................................................16
1.2 ECOSSISTEMAS ESTUARINOS..................................................................................17
1.3 QUALIDADE DE SEDIMENTO ...................................................................................18
1.3.1 Avaliação Química......................................................................................................19
1.3.2 Ensaios Ecotoxicológicos..............................................................................................20
1.3.3 Bentos Marinho ..........................................................................................................23
1.4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...........................................................24
1.4.1 Característica Fisiográficas .........................................................................................28
1.4.2 Histórico de Contaminação .......................................................................................31
1.5 OBJETIVOS....................................................................................................................33
1.5.1 Objetivo Geral ..............................................................................................................33
1.5.2 Objetivos Específicos..................................................................................................33
1.6 HIPÓTESE ......................................................................................................................34
2 METODOLOGIA.............................................................................................................35
2.1 ÁREA DE ESTUDO .......................................................................................................35
2.1.1 Amostragem ................................................................................................................35
2.2 ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICA E BIOLÓGICAS......................................................38
2.2.1 Análise química...........................................................................................................39
2.2.2 Ensaio Ecotoxicológico...............................................................................................45
2.2.3 Análises Bentônicas .......................................................................................................46
2.2.4 Análises Estatísticas das componentes Abióticas e Bióticas ...................................47
2.2.4.1 Análises químicas ......................................................................................................47
2.2.4.2 Análises ecotoxicológicas ............................................................................................48
2.2.4.3 Análises Bentônicas...................................................................................................48
2.2.5 Integração dos Dados das Componentes da TRÍADE ............................................48
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................49
3.1 ANÁLISES DE SULFETOS VOLATILIZÁVEIS POR ACIDOS (AVS) E METAIS EXTRAÍDOS SIMULTANEAMENTE (SEM) PARA A ESTIMATIVA DA TOXICIDADE POTENCIAL EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA. .................................................................................................................49
3.1.1 Análise Estatística.......................................................................................................57
3.2 ANÁLISES DE HIDROCARBONETOS EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA......................................................................62
3.3 ECOTOXICIDADE DOS SEDIMENTOS DA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA – BRASIL, UTILIZANDO O COPÉPODE BENTÔNICO TISBE BIMINIENSIS..............................................................................................................67
3.3.1 Análise estatística...........................................................................................................69
3.4 ANÁLISE DA MACROFAUNA BENTÔNICA DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BA ..............................................................................................71
3.4.1 Levantamento de Macroinvertebrados bentônicos .................................................71
3.4.2 Padrões de ordenação das assembléias de macrozoobentos ......................................77
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA INTEGRADA DAS VARIÁVEIS BIÓTICAS E ABIÓTICAS.............................................................................................................................80
4 TRÍADE DE QUALIDADE DE SEDIMENTO DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS - BA ..................................................................................86
4.1 ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICAS E ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO.......86
4.2 ANÁLISES BENTÔNICAS DO SEDIMENTO.............................................................89
4.3 INTEGRAÇÃO DAS COMPONENTES DA TRÍADE .................................................93
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................96
6 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................................99
7 REFERÊNCIAS .............................................................................................................100
8 APÊNDICES ...................................................................................................................116
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1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
O presente estudo compõe 5 capítulos. No Capítulo 1, “Introdução”, são
apresentados: 1.2) Considerações iniciais sobre o ecossistema estuarino e os principais
impactos que vem afetando esse ecossistema; 1.3) Qualidade de sedimento; 1.4)
Caracterização e um breve histórico da área em estudo; 1.5) Objetivos gerais e específicos;
1.6) Hipótese.
Capítulo 2 - “Metodologia”, descreve os métodos utilizados na Tese, componentes da
Tríade, separadas em: amostragem, análises químicas e biológicas (ecotoxicologia e
assembléias bentônicas).
Capítulo 3 – “Resultados e Discussões”, são apresentados todos os resultados das três
componentes da Tríade, assim separados:
3.1 - “Análises de Sulfetos Volatilizáveis por Ácidos (AVS) e Metais Extraídos
Simultaneamente (SEM) para a Estimativa da Toxicidade Potencial em Sedimentos na
Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos - Bahia” onde é feita uma avaliação da
biodisponibilidade dos metais do sedimento.
3.2 - “Análise de Hidrocarbonetos em Sedimentos da Porção Nordeste da Baía de
Todos os Santos - Bahia – Brasil” é apresentada uma caracterização dos hidrocarbonetos
alifáticos e aromáticos dos sedimentos.
3.3 - “Avaliação da Toxicidade dos Sedimentos na Porção Nordeste da Baía de
Todos os Santos - Bahia - Brasil, Utilizando O Copépode Bentônico Tisbe Biminiensis -
BA” é apresentada uma discussão a respeito dos resultados encontrados sobre os efeitos
tóxicos dos sedimentos da área em estudo.
3.4 - “Análise da Macrofauna Bentônica da Porção Nordeste da Baía de Todos os
Santos - BA” apresenta uma discussão a respeito dos resultados encontrados na identificação
e avaliação da estrutura das assembléias bentônicas.
Capítulo 4 - “Tríade de Qualidade de Sedimento da Porção Nordeste da Baía de
Todos os Santos - BA” é realizado uma discussão a respeito da qualidade de sedimento
através da integração das três componentes de avaliação: análise química, ecotoxicologia e
bentônica. Serão apresentados também ao final do trabalho, um anexo no qual incluirá alguns
resultados referente à tese.
17
1.2 ECOSSISTEMAS ESTUARINOS
No Brasil a linha costeira apresenta aproximadamente 8.500 Km de extensão,
considerando as baías e reentrâncias voltadas para o Oceano Atlântico (MMA, 1996). Os
ecossistemas costeiros apresentam uma diversidade de ambientes alternando-se em
manguezal, praias, restingas, dunas móveis e fixas, estuários, recifes de corais, costões
rochosos, brejos, dentre outros ambientes. Esses ambientes litorâneos abrangem uma riqueza
representativa em termos de recursos naturais os quais tem servido de atrativo para uma
ocupação desordenada nestas áreas (MMA, 1996).
Os estuários estão entre os mais importantes ambientes de zonas costeiras, os quais
constituem uma transição entre ambientes costeiros marinhos (ecótonos), criando uma das
áreas mais produtivas do planeta. São sistemas costeiros semi-fechados que possuem uma
ligação livre com o mar aberto. Dentro deles, a água marinha se mistura com a água doce
advinda da drenagem terrestre, sendo deste modo, o setor do ambiente marinho que apresenta
a maior variação de efeitos e interações físicas, químicas e biológicas (MIRANDA et al.,
2002).
A contaminação dos ecossistemas costeiros é originada, predominantemente, das
atividades antropogênicas realizadas em terra. A geoquímica de regiões estuarinas está
intimamente relacionada aos processos que ocorrem entre seus diversos componentes, como a
ciclagem dos elementos químicos entre as partes bióticas e abióticas (GARCIA et al., 2008).
Segundo Windom (1992), os principais poluentes originados de fontes terrígenas são os
metais, resíduos sólidos, esgotos, petróleo, compostos orgânicos sintéticos e sedimentos
remobilizados. Os sedimentos costeiros marinhos serão depósitos para muitos desses
materiais que foram transportados das zonas terrestres. O material particulado em suspensão e
o sedimento podem apresentar mais de 90% da carga dos metais em ecossistemas aquáticos
(CACCIA et al., 2003; ACEVEDO-FIGUEROA et al., 2005).
Estes depósitos podem ser remobilizados, e este processo pode ocorrer tanto como
resultado de atividades naturais como bioturbação (HUGHES et al., 2000) quanto antrópicas
como dragagens (HARVEY et al., 1998) tornando estes elementos novamente disponíveis, e
possibilitando a ocorrência de efeitos potencialmente nocivos à biota (e.g. DASKALAKIS e
O’CONNOR, 1995; HOSSAIN et al., 2004; CHEN et al., 2005). Essa remobilização irá
ressuspender não somente os metais ora sedimentados, mas qualquer outro elemento como os
nutrientes e compostos orgânicos que serão, novamente, disponibilizados para a coluna
18
d’água, tendo um papel significativo na bioacumulação destes compostos na cadeia alimentar
(TOLOSA et al., 2004).
1.3 QUALIDADE DE SEDIMENTO
A qualidade do sedimento tem se mostrado cada vez mais relevante para manter a
saúde dos ecossistemas. Nos ecossistemas aquáticos, principalmente os costeiros, a maior
parte dos contaminantes acumulam-se no ambiente sedimentar, que pode então mostrar-se
tóxico para os organismos que vivem em contato direto com o sedimento, como a fauna
bentônica e epibentônica, ou os que apresentam relações indiretas com ele, como os
organismos pelágicos. Esses contaminantes acumulam-se nos organismos e poderão ser
biomagnificados ao longo da cadeia alimentar, acarretando em riscos potenciais, inclusive
para o homem. A contaminação de sedimentos, pela geração em cadeia de efeitos tóxicos, é
um tema de interesse mundial, particularmente em áreas com histórico de forte atividade
industrial (MENDOZA, 1998; SOUSA e NIPPER, 2002).
A aplicação da avaliação dos sedimentos em um ambiente impactado tem sido
reconhecida, particularmente, devido à sua capacidade de reter os contaminantes presentes na
coluna d’água (HARBISON, 1986; WARNKEN et al., 2001), pois o sedimento atua
transportando, acumulando e estocando poluentes (JESUS et al., 2004). Assim as
concentrações tornam-se várias ordens de grandeza maiores do que nas águas
correspondentes, possibilitando o uso do sedimento como indicador ambiental tanto atual
como remota (JESUS et al., 2004).
Long e Chapman (1985) apresentam pela primeira vez uma forma integrada de
avaliação da qualidade do sedimento, definida como The Sediment Quality Triad, Tríade de
Qualidade de Sedimento (TQS). Nesse trabalho eles evidenciam a contaminação ambiental no
estuário de Puget, em Washington (EUA). Atualmente, essa técnica é amplamente utilizada
para realizar avaliações integradas da qualidade do sedimento, baseado em três importantes
técnicas de análise de contaminação (análises químicas, ensaios ecotoxicológicos e análise
das assembléias bentônica), a fim de identificar os efeitos da contaminação sobre a biota local
(ZAMBONI e ABESSA, 2002). Orientação geral sobre a utilização da Tríade foi
originalmente fornecidas por Chapman (1986), posteriormente atualizado por Chapman
(1990), Chapman et al. (1991), Chapman et al. (1997), Chapman (2004) e mais recentemente
por Bay et al. (2007).
19
O levantamento da qualidade química, ecotoxicológica e biológica do sedimento,
tornam-se uma etapa fundamental para a derivação de valores de referência para qualidade de
sedimentos, dos ecossistemas regionais. Neste sentido, pesquisas voltadas à caracterização da
contaminação dos sedimentos tornam-se necessárias para melhor interpretação de futuros
trabalhos e resultados (ABREU et al., 2006).
1.3.1 Avaliação Química
A determinação de parâmetros químicos, a exemplo de metais, nutrientes e compostos
orgânicos, são ferramentas importantes na identificação de uma fonte contaminadora, bem
como auxiliar na identificação e caracterização de uma área contaminada. Assim, cada vez
mais essas ferrramentas são utilizadas na confecção de relatórios e trabalhos científicos
utilizando várias matrizes (água, sedimento, biota, óleo, alimentos etc). A quantificação
desses parâmetros químicos associados a parâmetros biológicos serve de suporte numa
avaliação toxicológica permitindo, em muitos casos, avaliar níveis de toxicidade de vários
elementos químicos. Parâmetros geoquímicos podem indicar também a origem litogênica
(minerais detríticos, que por sua vez são produtos do intemperismo de rochas) e
antropogênica (deposição de material particulado atmosférico; lixiviação do solo; despejos
industriais urbanos nos corpos d’água etc) desses elementos. A compreensão da origem e de
como esses elementos químicos se comportam no meio ambiente são pontos fundamentais
para entender o processo de contaminação.
Contaminantes, apresentam-se distribuídos nos ecossistemas aquáticos, dissolvidos
e/ou ligados ao material particulado em suspensão. Na fase dissolvida estarão na forma iônica
ou em complexos solúveis. Quando em suspensão, apresentam-se combinados ao material
inorgânico como argilo-minerais e oxi-hidróxidos metálicos, de ferro e manganês, ou ainda
complexados à matéria orgânica (LACERDA, 1998). Cátions metálicos ligam-se à matéria
orgânica de diversas maneiras, incluindo associações com ácidos orgânicos contendo
grupamentos -COOH, -OH, podem formar sais orgânicos, nos quais os cátions metálicos
ocupam o local do H+ ionizável, geralmente com ligações de força moderada. Variações no
pH e na concentração de O2 irão influenciar na mobilidade dos mesmos metais (WEN;
ALLEN, 1999), podendo levar a uma distúrbio e consequente oxidação do sistema (SMITH e
MELVILLE, 2004).
20
Cátions metálicos podem se ligar diretamente ao carbono, formando compostos
organo-metálicos (LICHT, 1998), ou então ao N, O, P ou S, com ligações fortes.
Em sedimentos de ecossistemas aquáticos costeiros são comuns as condições redutoras
devido a redução de sulfato, face a abundância deste composto na água do mar. Assim, grande
quantidade de sulfeto é produzida através de processo microbianos envolvendo,
principalmente, bactérias sulfato-redutoras da espécie Dessulfovibrio e Desulfatomaculum.
Essas reações de redução de sulfato no substrato podem ocasionar a precipitação de metais
como sulfetos insolúveis que se acumulam gradualmente nos sedimentos (HARBISON,
1986). Nesses ecossistemas parte do material particulado em suspensão irá sedimentar-se.
Esse material particulado pode apresentar-se em duas frações: detrítica (matriz mineralógica)
e não-detrítica (não associados à matriz). Sob o ponto de vista ambiental, essa distinção é
fundamental, pois a fração não-detrítica é potencialmente disponível para a incorporação
pelas cadeias alimentares, e sua partição geoquímica é essencial para a compreensão do
comportamento desses elementos no meio ambiente.
O tempo de residência dos contaminates, de um modo geral, está associado aos vários
processos atuantes no meio, os quais promovem sua fixação ou remobilização tais como:
processos químicos e físico-químicos de adsorção, coprecipitação e complexação,
modificações de pH, Eh, teor de matéria orgânica e salinidade, as quais promovem a
dessorção parcial ou liberação total (FORSTNER; WITTMANN, 1981).
1.3.2 Ensaios Ecotoxicológicos
De acordo com Adams (1995), na década de 40 do século XX, os biólogos advertiram
para o fato de que as análises químicas não poderiam avaliar a toxicidade, mas apenas
predizê-la. Contudo, estas análises, que até meados da década de 80 do mesmo século foram
absolutas como forma de caracterizar os poluentes lançados ao ambiente, serviam como base
dos padrões para a legislação ambiental (BERTOLETTI, 1990; VIEIRA, 2004).
Segundo Bertoletti (1990), Burton (1992) e Costa (1997), o monitoramento e o
estabelecimento de critérios para a avaliação da qualidade ambiental não podem se basear
unicamente em métodos químicos, pois, por exemplo:
a) Determinados agentes químicos são capazes de produzir efeitos biológicos quando
estão abaixo do limite de detecção dos métodos analíticos atuais;
b) As análises químicas revelam apenas a presença das substâncias nas quais estão os
possíveis poluentes;
21
c) Em ambientes aquáticos ou mesmo em solos, as substâncias químicas não ocorrem em
concentrações constantes. Portando, somente um monitoramento químico, mesmo que
regular não seria a maneira mais adequada de avaliação de picos ocasionais de
concentrações elevadas;
d) Misturas complexas de substâncias químicas, como as que ocorrem em águas residuais
ou sedimentos e solos, tornam a análise de toxicidade complexa, pois, não se pode
determinar se esta é causada por um ou vários componentes, desta amostra. Logo,
determinados efeitos antagônicos ou sinérgicos, podem tornar a toxicidade maior,
menor ou mesmo igualar a soma de toxicidade de seus constituintes.
A toxicologia aquática estuda os efeitos de substâncias químicas e de outros materiais,
antrópicos ou naturais, em organismos aquáticos. Os efeitos adversos dessas substâncias
incluem letalidade a curto e longo prazo, e efeitos subletais, como alterações
comportamentais, reprodutivas, de crescimento e alimentação (NASCIMENTO, 2002;
SOUSA; NIPPER, 2002). Mais complexa, a ecotoxicologia estuda de forma quali-quantitativa
os efeitos adversos das substâncias químicas, considerando suas inter-relações no ecossistema
além da atuação nos organismos (AZEVEDO; CHASIN, 2003).
Realizados em laboratório ou diretamente em campo, “os testes de ecotoxicidade (ou
bioensaios) podem encerrar desde o princípio mais básico das curvas “dose-resposta” e
observação de modificações comportamentais, fisiológicas e letalidade, até enfoques mais
sofisticados como alterações bioquímicas, genéticas ou teratogênicas” (ZAMBONI, 2000). Os
efeitos passíveis de serem observados são numerosos e dependem das características de cada
método empregado, da biologia da espécie-teste, do tipo de composto avaliado e do objetivo
de cada estudo (ZAMBONI, 1993). Os bioensaios podem ser realizados em vários meios
como água, sedimentos, efluentes, produtos químicos puros. Além da diversidade de meios de
cultivo para os ensaios, os memso podem ser aplicados utilizando uma espécie ou
comunidades animais e/ou vegetais como um todo (in situ), buscando sempre as respostas
mais rápidas, precisas, de fácil interpretação e que sejam correlacionáveis com outros
parâmetros de avaliação ambiental (ZAMBONI, 2000).
Vários organismos são utilizados em ensaios ecotoxicologicos, que vai da fauna à
flora. No Brasil, ainda são poucas as espécies que têm suas normas padronizadas para
bioensaios de toxicidade. Quando se restringe aos ecossistemas marinhos, esse número ainda
é menor. Alguns dos organismos mais utilizados são os microcrustáceos Artemia sp.
(CETESB, 1991), Mysidopsis juniae (CETESB, 1992) e os embriões do equinodermo
Lythechinus variegatus (CETESB, 1999 e ABNT, 2006). No entanto, algumas espécies vêm
22
sendo testadas, tais como o mexilhão Perna perna (ZARONI, 2002), juvenis da ostra
Crassostrea rhizophorae (NASCIMENTO, 1998) e do misidáceo Mysidium gracile
(BADARÓ-PEDROSO et al., 2002), os copépodes planctônicos Acartia lilljeborgi e Temora
stylifera (NIPPER, 2002) e o bentônico Tisbe biminiensis (ARAÚJO-CASTRO et al., 2006a;
2006b), o anfípodo Tiburonella viscana (MELO e ABESSA, 2002) e o tanaidáceo
Kalliapseudes shubartii (ZAMBONI e COSTA, 2002).
Recentemente, trabalhos vêm sendo desenvolvidos mostrando a eficiência de
organismos de meio fauna (COULL e CHANDLER, 1992; CHANDLER e GREEN, 1996),
dente eles os copépodes, com bons resultados em sedimento Schizopera knabeni (LOTUFO,
1998a; 1998b; LOTUFO e FLEEGER, 1997), Coullana sp. (LOTUFO, 1998a; 1998b),
Nitocra lacustris (STREET et al., 1998; LOTUFO e FLEEGER, 1997), Nitocra sp.
(LOTUFO e ABESSA, 2002); Nitocra spinipes (DAHL et al., 2006; WERNERSSON et al.,
2000), Amphiascus tenuiremis (HAGOPIAN-SCHLEKAT et al., 2001), Acartia lilljeborgi e
Temora stylifera (NIPPER, 2002); Tisbe battagliai (THOMAS et al., 2003; POUNDS et al.,
2002), Tisbe longicornis (LARRAIN et al., 1998); Tisbe holothuriae (MILIOU et al., 2000;
TAYLOR et al., 2007) e Tisbe biminiensis (ARAÚJO-CASTRO et al., 2008). Os copépodes
vêm se destacando devido aos hábitos bentônicos e/ou epibentônicos, abundância no
ambiente, facilidade de cultivo em laboratório e a redução de custos do cultivo devido ao seu
tamanho (LOTUFO e ABESSA, 2002). Outra característica importante do copépodes
bentônicos tropicais e subtropicais, descrita por Lotufo e Abessa (2002), é o curto ciclo de
vida (3-4 semanas) permanecendo no sedimento durante a fase de ontogênese, o que permite
uma investigação de efeitos sub-letais (reprodução e desenvolvimento) dos organismos-teste.
Copépodes marinhos harpacticóides bentônicos têm sido utilizados em testes letais e
sub-letais de toxicidade por apresentam os pré-requisitos necessários para estes testes, como o
ciclo de vida curto e tamanho reduzido. Além disso, o hábito epibentônico dos copépodes
possibilita testar poluentes tanto na fase aquosa quanto aqueles ligados ao sedimento, a
exemplo das espécies, Amphiascus tenuiremis, Nitocra spinipes e Tigriopus fulvus (COULL;
CHANDLER, 1992; BENGTSSON, 1978; HUTCHISON et al., 1999; FARAPONOVA et al,
2005).
O gênero Tisbe corresponde a um grupo de copépodes bentônicos ecologicamente
importante da meiofauna e vem sendo freqüentemente utilizado em testes de ecotoxicologia
marinha por apresentarem alta sensibilidade a toxicantes, a exemplo das espécies Tisbe
battagliai (ISO, 1999; POUNDS et al., 2002; THOMAS et al., 2003;), Tisbe holothuriae
(MILIOU et al., 2000; TAYLOR et al., 2007) e Tisbe longicornis (LARRAIN et al., 1998).
23
O copépode harpacticóide Tisbe biminiensis Volkmann-Rocco (1973) teve sua
dinâmica populacional em condições de laboratório e aspectos de sua alimentação descritos
por Pinto et al. (2001). Araújo-Castro et al. (2006a e 2006b) desenvolveram uma metodologia
para a realização de bioensaios de toxicidade de sedimento com Tisbe biminiensis e utilizou
como substância de referência o dicromato de potássio, sendo determinada a carta controle
para esta espécie. Segundo a ISO (1999), para protocolar a metodologia de bioensaios é
aconselhável checar a sensibilidade dos animais utilizados através de uma substância química
padrão. Para esta checagem, é necessário que haja dados históricos sobre a sensibilidade do
organismo cultivado em laboratório, empregado à substância de referência utilizada, que
resultam em uma carta controle padrão para a espécie e o contaminante utilizado.
1.3.3 Bentos Marinho
As asssembléias bentônica marinha é representada por uma variedade de organismos
invertebrados, pertencentes a diferentes grupos zoológicos a exemplo dos: briozoários,
esponjas, cnidários, anelídeos, moluscos, crustáceos, sipunculídeos. Associado a essas
comunidades zoobentônicas ainda encontram-se os unicelulares, como protozoários e
bactérias; bem como cordados Urochordata (ascídias), entre outros (ESTEVES, 1998;
SOARES-GOMES; PIRES-VANIN, 2003).
Os organismos bentônicos desempenham importante papel ecológico dentro dos
ecossistemas aquáticos, participando das atividades de decomposição de matéria orgânica; da
ciclagem de nutrientes no substrato através do processo de biorrevolvimento do sedimento,
que acelera os processos de remineralização de nutrientes; além de ocupar uma posição
importante dentro da cadeia alimentar, sendo uma das principais fontes de alimento para
peixes demersais (LANA et al., 1996; NYBAKKEN, 2001).
A avaliação da estrutura e dinâmica das associações de macroinvertebrados bentônicos
tem sido muito útil em programas de monitoramento do efeito de poluentes. Organismos que
vivem dentro ou sobre o substrato refletem, com maior precisão, as condições ambientais
anteriores ao momento da amostragem, quando comparados às formas que vivem na coluna
d’água (LANA et al., 1996; BENVENUTI et al., 2005). Segundo Longhurst e Pauly (1987),
poliquetas, crustáceos e moluscos compreendem cerca de 85% de todos os organismos das
comunidades bentônicas marinhas tropicais, sendo estes grupos formadores da base do fluxo
de energia do bentos para as comunidade de peixes demersais. Por outro lado, não se deve
24
subestimar o papel desempenhado por esses organismos na aeração e remobilização dos
sedimentos de fundo, acelerando os processos de transformação, remineralização de
nutrientes, deposição de matéria orgânica e, conseqüentemente, os próprios processos de
produção marinha primária e secundária (ROADS, 1974; THRUSH, 1986).
Dentre os indicadores oferecidos pelas comunidades bentônicas, podem ser utilizados
parâmetros relacionados com as mudanças na composição genética da população, acumulação
de substâncias tóxicas nos tecidos dos organismos, alterações na taxa de natalidade,
surgimento de malformações e/ou anomalias, presença ou ausência de algumas espécies ou
grupos e alterações na estrutura da comunidade de um modo geral (MARQUES e
BARBOSA, 2001; PESO-AGUIAR, 1995). Os índices de diversidade, entre eles o de
Shannon-Weiner, são bem utlilizados para dar respostas da perturbação ambiental em áreas
que estejam sofrendo impactos gerados por derivados do petróleo (PESO-AGUIAR et al.,
2000). O petróleo pode causar impactos sobre a fauna e flora, seja por ação física
(abafamento, redução da luminosidade) ambiental (a alteração do pH, diminui o oxigênio
dissolvido, diminuindo o alimento disponível) e tóxica (KENNISH, 2002). Os efeitos
causados na estrutura dessas comunidades podem persistir por períodos de dias a anos,
desencadeando efeitos agudos expressados principalmente pela mortalidade, proveniente de
uma intoxicação ou asfixia. Alterações nas atividades metabólicas (efeitos subletais), também
podem acontecer, porém são de mais difícil detecção (GANDRA, 2005). Em geral, os efeitos
agudos do óleo sobre o macrobento, evidenciados por mortalidade ou fuga da área impactada,
podem ser significativos, mas de curta duração (GESTEIRA e DAUVIN, 2000; GANDRA,
2005).
Peso-Aguiar et al. (2000), analizaram as comunidades bentônicas da Baía de Todos os
Santos (BTS/Salvador/Bahia) com o objetivo de identificar possíveis variações da estrutura e
diversidade dessas comunidades expostas aos derivados de petróleo em áreas sob influência
de atividades petroquímicas da refinaria instalada no setor nordeste da BTS. Obtiveram
respostas ecológicas onde foram constatados gradientes de densidade e de diversidade em
função de maior ou menor proximidade da refinaria.
1.4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A área objeto deste estudo está localizada no Recôncavo Baiano na porção nordeste da
Baía de todos os Santos (Figura 1).
25
A área está inserida no município de São Francisco do Conde e Madre de Deus, as
quais são representantes da Região Metropolitana de Salvador. São Francisco do Conde
localiza-se na foz dos rios Subaé, Dom João e Engenho D’Água. Possui uma área geográfica
de 267,6 km2 e a sede fica nas coordenadas geográficas de Latitude 12º37'39 S e Longitude
38º40'48 W Fica no rumo 27º58’ NO da Capital Baiana, da qual dista, por via rodoviária 63
km pelas estradas de rodagem BA-879, BA-522 e BR-324; por via marítima dista-se 27
milhas (PEDREIRA, 1984). Limita-se com os municípios de Santo Amaro, São Sebastião do
Passé, Candeias, Salvador e com a Baía de Todos os Santos. O município possui três distritos:
São Francisco do Conde (sede), Mataripe e Monte Recôncavo e povoados/destritos como
Caípe, Dom João, Cajazeiras, São Paulo e ilhas como a de Cajaíba, Fontes, Pati.
O município de Madre de Deus conta com uma área geográfica de 11,2 km2 e a sede
do município esta situado nas coordenadas geográficas de 12º44’ S e 38º37’ W. Limita-se
com São Francisco do Conde e é composta também pela ilha Maria Guarda, Vacas e Coroa do
Capeta. A ilha de Madre de Deus onde se encontra a sede do município é ligada ao continente
pela Ponte do Suape.
Toda a região do Recôcavo baiano desde o período colonial teve sua economia
fundamentada principalmente no cultivo da cana-de-açúcar. Os canaviais desenvolveram-se
em áreas de terrenos cretáceos, que vai do rio Açu ate Monte Recôncavo, conhecido como
“massapé”, terra de cor escura, dotada de grande plasticidade e rica em matéria orgânica.
Além da cana a região desenvolve outras atividades agrícolas como o cultivo do cacau,
banana, fumo, mandioca, cravo da índia e mamona. A região também funcionou como centro
pesqueiro, especialmente de camarões e xangó e entreposto comercial estabelecendo uma
relação com outros municípios (SANTOS, 2002). O declínio do cultivo da cana-de-açúcar e o
início das explorações de petróleo no Brasil ocorreram no mesmo período. A indústria e a
extração mineral do petróleo na região iniciaram-se em 1947 com a CNP - Conselho Nacional
do Petróleo no destrito de Dom João, em São Francisco do Conde.
Em 17 de setembro de 1950 nas proximidades da cidade de Candeias foi inaugurada a
primeira refinaria de petróleo, a Refinaria Landulpho Alves de Mataripe (RLAM), em terras
então pertencentes ao município de São Francisco do Conde.
A instalação da RLAM constituiu em ponto de partida para construção e consolidação
da infraestrutura que se mostrou capaz de sustentar, nos anos seguintes, o processo de
industrialização da região de todo Recôncavo Baiano (OLIVEIRA, 1997).
A antiga ilha de Cururupeba, hoje conhecida como Madre de Deus, apresenta
ambiente estuarino-lagunar com Mata Atlântica e ecossistemas associados de manguezais e
26
restinga que vêem sofrendo um grande impacto desde o início do processo de
desenvolvimento industrial na região. Isto causou uma alteração substancial na sua
configuração paisagística e urbana, passando de simples apoio a atividades primário-
exportadoras a centro de serviços e apoio a indústria do petróleo (CONDER, 1994).
Essas transformações ocorridas desde a década de 50 influenciaram os hábitos e
costumes de seus habitantes de toda a região do Recôncavo. As suas paisagens, tanto físicas
como culturais, se modificaram de modo considerável, desfazendo por completo seus
primitivos aspectos (OLIVEIRA, 1997).
A porção nordeste da BTS é considerada como uma das mais impactadas do estado da
Bahia nas últimas décadas (CRA, 2001). A expansão e o crescimento urbano,
concomitantemente à crescente atividade petroquímica e petrolífera, bem como as ações
antrópicas de várias naturezas têm contribuído nos últimos anos para alterações dos
ecossistemas locais, provocando mudanças muitas vezes irreversíveis e até mesmo a sua
completa destruição (GUEDES et al., 1996).
27
Figura 1 Mapa de situação da Baía de Todos os Santos e de localização da área de estudo.
28
1.4.1 Característica Fisiográficas
A Baía de Todos os Santos (BTS) é uma das maiores reentrâncias da costa brasileira,
com uma extensão territorial de aproximadamente 1223 km2, apresentando uma topografia de
fundo relativamente plano, com profundidade média de 9,8 m (CIRANO e LESSA, 2007),
sendo considerada uma das maiores e mais importante baía navegável da costa tropical do
Brasil (Figura 1). A região apresenta uma diversidade cultural e natural a exemplo de
ecossistemas ricos em belíssimas paisagens, biodiversidade como manguezais, remanescente
de Mata Atlântica, restingas, coqueirais, bananais e recifes de corais.
A distribuição da salinidade mostra que é uma baía dominada por condição
francamente marinha; águas salobras e condições estuarinas são identificadas nos canais do
rio Paraguaçu e Subaé, principais fontes de água doce dentro da BTS (LESSA et al., 2001).
Durante o inverno, com o aumento do aporte de água doce, variações de salinidade de 4
unidades podem ser observadas entre a parte mais interna da BTS e a região costeira
adjacente. Valores de salinidade dentro da baía podem chegar até 32,3 (CIRANO e LESSA,
2007).
Segundo Lessa et al. (2001), a batimetria média na área é de aproximadamente 6 m,
salvo alguns canais e depressões que podem atingir até 102 m. A circulação no interior da
baía, contornada pelas marés, não apresenta variação ao longo do ano, porém, as estações
chuvosa (inverno) e seca (verão) geram alterações significativas nas propriedades das águas
no interior da BTS (CIRANO e LESSA, 2007). Na maior parte da baía, prevalecem condições
dominantes de maré vazante, como se depreende das medidas das correntes mais fortes, da
morfologia das junções de canal e dos depósitos sedimentares, especialmente nos deltas de
maré vazante nas duas entradas da baía (canal Itaparica e o canal Itaparica-Salvador). Lessa et
al. (2001) também descrevem medidas de correntes costais próximos à baía, indicando uma
combinação entre correntes mareais com correntes na direção SO induzida por ventos, criando
grandes velocidades de fluxo orientados para oeste capazes de transportar sedimentos para
fora da baía (Figura 2). A coluna d’água é bem misturada verticalmente em termos de
temperatura e salinidade, sendo que condições estuarinas são limitadas ao canal do rio
Paraguaçú (WOLGEMUTH et al., 1981), situado na porção oeste da BTS.
Durante o verão, as águas dentro da baía têm características oceânicas, com a Água
Tropical (AT) penetrando ao longo de toda a região, com exceção da desembocadura do Rio
Paraguaçu (CIRANO; LESSA, 2007).
29
Figura 2 - Diagrama esquemático sugerindo o modelo geral para circulação de água e direção do transporte líquido de sedimento por arrastamento dentro da Baía de Todos os Santos e região costal vizinha. Fonte: Lessa et al., (2001).
Uma avaliação do tempo de descarga também é feita e mostra que durante o verão, o
tempo de descarga pode sofrer um aumento de 60% daquele observado durante o inverno (38
dias) (LESSA et al., 2001). Apesar da circulação não variar sazonalmente no interior da baía,
observa-se que a plataforma interna associada é caracterizada por dois cenários. Durante o
verão, os ventos de leste, que proporcionam ressurgência, atuam para gerar correntes para
sudoeste, enquanto que durante o inverno, a maior ocorrência de frentes frias (ventos de sul),
tende a reverter o padrão de circulação.
Segundo Bittencourt et al. (1976), a maior parte dos sedimentos finos introduzidos na
BTS é trazida como material em suspensão na água, pelo rio Paraguaçu, proveniente da
30
desagregação do embasamento cristalino. Esse material irá depositar-se preferencialmente na
metade norte da baía, área de estudo, região de baixa energia onde o sedimento argiloso
deriva principalmente da erosão marginal e da desagregação das rochas sedimentares (VILAS
BOAS e BITTENCOURT, 1979).
A área de estudo, situada na porção norte da Baía de Todos os Santos, está inserida na
porção central da Bacia Sedimentar do Recôncavo, que se encontra entre as falhas geológicas
de Salvador (a leste) e Maragojipe (a oeste), em solo Cretáceo de ordem vertissol (massapé),
numa proeminência que avança para a Baía de Todos os Santos, na foz do rio Sergipe do
Conde e frente à Ilha de Cajaíba (PEDREIRA,1984). Segundo Rosa et al. (2001), as unidades
litológica que compõem esta bacia são essencialmente compostas por seqüências de
conglomerados, arenitos e folhelhos. Na região de São Francisco do Conde e Madre de Deus
predomina o solo tipo massapé, evoluído a partir da alteração dos folhelhos e siltitos das
Formações Candeias, Itaparica, Aliança e do Grupo Ilhas, assumindo coloração escura e
castalho-avermelhado e granulometria argilosa. Secundariamente, ocorrem litotipos da
Formação São Sebastião. Na faixa costeira, os solos são mais arenosos, desenvolvidos sobre
aluviões, dunas, restinga e manguezais, ou resultantes de folhelhos arenosos existentes nas
mesmas formações anteriormente citadas (CONDER, 1994). Apresenta uma predominância
de solos podzólicos vermelhos, vertisolos e dos denominados solos indiscriminados de
manguezal (BAHIA, 1998).
As principais estruturas nestas unidades litológicas são representadas por falhas e
fraturas, de direção principal SW-NE e SE-NW, formando estruturas tipo grabens
(MAGNAVITA, 1992). Estruturas originadas da deformação plástica dos sedimentos,
representados por dobras e domos, constituíram-se em estruturas de aprisionamento e
retenção de hidrocarbonetos (MAGNAVITA, 1992), alvo de prospecção e exploração de
petróleo.
Na região de São Francisco do Conde ocorrem rochas dos domínios dos Grupos Santo
Amaro e Ilhas, os quais fazem parte do reservatório Rift de Petróleo da Bacia do Recôncavo
(SANTOS, 2002).
A geomorfologia da área em estudo está regionalmente inserida em regiões de terras
baixas brasileiras (inferior a 200m) que refletem a influência de diversos fatores como os lito-
estruturais e climáticos. Segundo Bahia (1999), pode ser caracterizada como baixada litorânea
e planície marinha e fluviomarinha.
O clima que recobre a área em estudo é classificado como quente e úmido do tipo Af,
segundo a classificação de Köeppen (1948). Caracteriza-se pela constante umidade e
31
precipitação anuais superiores a 1800 mm. Nos meses outubro, novembro e dezembro as
chuvas são menos intensas com precipitação total anual variando de 1750 a 1900 mm
(BAHIA, 1999). A umidade relativa do ar é elevada durante todo o ano, com índices médios
que variam de 77% a 85%, com uma pequena inconstância sazonal. Tem-se o mês de janeiro
como o mais seco, com umidade de 79% e um período mais úmido de abril a junho, quando a
umidade ultrapassa 85% (BAHIA, 1999).
A temperatura média anual é da ordem de 25,3ºC, com máximas que atingem 28,3ºC e
mínimas que chegam a 22,8ºC (CELINO et al., 2008a). A amplitude térmica é de 5,5ºC
(CONDER, 1994).
A vegetação pode ser destacada em duas regiões fitoecológicas: Floresta Ombrófila
Densa Aluvial e Formações Pioneiras. Em áreas de influência fluvio-marinha, situados na
desembocadura dos rios sob influência das marés, estão inseridos os manguezais com uma
vegetação adaptada a ambientes salobros (CONDER, 1994).
Quanto à vegetação, a região apresenta um manguezal em franja onde foi observada a
presença das espécies vegetais típicas de mangue (Rhizophora, Avicennia e Laguncularia),
com predominância de Avicennia. Podem ainda, estarem presentes como constituintes da flora
de manguezal, várias plantas herbáceas, epífitas, hemiparasitas, aquáticas típicas e algas.
1.4.2 Histórico de Contaminação
A BTS apresenta pequenas baías contíguas: ao sul a baía da Ribeira, à nordeste a baía
de Aratu e a leste da baía do Iguape. Em volta da BTS, a norte, nordeste e noroeste há quatro
complexos industriais: 1.Centro Industrial de Aratu, 2.Complexo Petrolífero [Refinaria
Landulfo Alves de Mataripe (RLAM), TRANSPETRO e Fábrica de Asfalto], 3.Pólo
Petroquímico de Camaçari e o 4.Centro Industrial de Subaé (Figura 1), compreendendo mais
que uma centena de indústrias dedicadas à metalurgia, petroquímica, cimento, solventes,
exploração e refino de petróleo, celulose e usinas de asfalto, de açúcar e de álcool
(ARGOLLO, 2001).
O grande crescimento industrial associado à exploração dos recursos minerais abriu
caminhos para uma nova política ambiental - o desenvolvimento sustentável. Associado a
sustentabilidade veio à evolução científica trazendo novas metodologias para integrar o
homem e o meio ambiente. Agregado a esses novos conceitos, vários estudos vêm sendo
realizados nas últimas décadas (SIMONEIT, 1978; TAVARES et al., 1988; ABOUL-
32
KASSIM e SIMONEIT, 1995; BERNANRD et al., 1996; LE DRÉAU et al., 1997;
COMMENDATORE et al., 2000; REZENDE et al., 2002; VENTURINI e TOMMASI, 2004;
CELINO e QUEIROZ, 2006, OREN et al., 2006; BARROS et al., 2008; CELINO et al.,
2008a e b; MARINS et al., 2008) com a finalidade de avaliar possíveis impactos gerados
pelas atividades petrolíferas.
Diante do crescimento industrial e urbano na BTS, principalmente nas porções norte e
nordeste, em 1993, no Estado da Bahia, foi criado um Programa de Monitoramento dos
Ecossistemas da Baía de Todos os Santos, através de um convênio entre a Petrobrás e a
Universidade Federal da Bahia – UFBA. Neste programa foram gerados relatórios
multidisciplinares de avaliação dos impactos decorrentes dos processos da cadeia do petróleo.
Para tanto, pesquisadores vinculados a essas pesquisas quantificaram as concentrações de
poluentes presentes nos sedimentos e na biota (TAVARES, 1996), além de avaliarem os seus
efeitos em organismos individuais (NASCIMENTO, 1996) e na comunidade bentônica
(PESO-AGUIAR e ALMEIDA, 1996).
Outros estudos realizados na BTS também mostraram o comprometimento ambiental
de zona de manguezal, influenciados pelas atividades industriais, dentre essas atividades
destacam-se aquelas associadas ao ramo petroquímico, a exemplo: Queiroz (1992), Paredes et
al. (1995), Santos (2002) e Celino et al. (2008) com trabalhos enfocando a qualidade dos
sedimentos; Os trabalhos de Martins (2001), Garcia et al. (2007), Amado-Filho et al. (2008) e
Leão (2008) integraram a avaliação da contaminação da biota (fauna ou flora) com a
contaminação dos sedimentos.
Tavares (1996) afirma que, sob o ponto de vista químico, a atividade de refino de
petróleo é fonte de hidrocarbonetos alifáticos, policíclicos aromáticos e poliaromáticos, além
de metais pesados como: cobre, vanádio, níquel, cromo, zinco, manganês. Essas substâncias
ao chegarem ao ecossistema manguezal, podem ser biodisponibilizadas e vir a influenciar
diversos elos da cadeia trófica. O óleo e seus subprodutos trazem efeitos tóxicos subletais aos
organismos que são quase imperceptíveis, porém mais freqüentes e de difícil identificação.
No entanto, alguns organismos podem ser seriamente afetados, ou até mesmo mortos. Essas
ações comprometem a produtividade do manguezal (RODRIGUES, 1997).
Ferreira (2009) apresenta um panorama geral do mercado de produção de petróleo e
gás natural a nível nacional. No estado da Bahia, esse autor relata o hitórico de produção de
petróleoe as áreas de distribuição dos blocos da ANP, que apesar de incluirem campos
maduros que produzem a mais de 40 anos, ainda oferecem capacidade exploratória. A Figura
3 mostras esses blocos no entorno da BTS.
33
Figura 3. Áreas de produção na Bahia e blocos ofertados pela ANP. Distribuição de campos maduros no entorno da Baia de Todos os Santos. Fonte: Ferreira, (2009), adaptada.
1.5 OBJETIVOS
1.5.1 Objetivo Geral
A presente Tese propõe avaliar a qualidade do sedimento da porção nordeste da Baía
de Todos os Santos através do estudo da biodisponibilidade e toxicidade de contaminantes
desses sedimentos marinho.
1.5.2 Objetivos Específicos
Avaliar a geoquímica do sedimento das regiões estudadas, através da
distribuição dos elementos químicos: chumbo, zinco, cobre, cádmio e níquel nessa zona
sedimentar, bem como a relação desses elementos com as atividades industriais desenvolvidas
localmente, dentre elas as petrolíferas;
Avaliar a geoquímica dos sulfetos e sua influência na disponibilidade dos
metais (AVS/SEM);
34
Caracterizar os teores dos suportes geoquímicos potenciais como: ferro, e os
nutrientes (Carbono Orgânico Total e Nitrogênio Total), a distribuição das frações
granulométricas que compõem o substrato e parâmetros físico-químicos (pH e Eh) do
sedimento em oito estações amostrais a fim de auxiliar na compreensão dos processos
geoquímicos analisados.
Avaliar a geoquímica orgânica do sedimento através dos Hidrocarbonetos
Totais do Petróleo-HTP e dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos-HPA.
Avaliar a toxicidade dos sedimentos coletados utilizando copépodes bentônicos
Tisbe biminiensis.
Caracterizar a estrutura das assembléias de macrozoobentos do sedimento
inconsolidado e relacionar estas variáveis aos parâmetros avaliados no sedimento, de modo a
fornecer uma visão sobre como cada conjunto de fatores contribui para a determinação dos
padrões de distribuição destes organismos na porção nordeste da BTS, avaliando se a
distribuição das estações amostrais é espacialmente independente entre si com relação ao
padrão de riqueza;
Utilizar a TRÍADE como uma metodologia de integração e interpretação dos
parâmetros avaliados para caracterizar a qualidade do sedimento.
Produzir e atualizar dados científicos dessa área de estudo para subsidiar
trabalhos de monitoramento ambiental adequados à realidade local.
1.6 HIPÓTESE A partir dos resultados obtidos neste estudo:
Os metais traços e compostos orgânicos refletem o grau de contaminação da
área em estudo;
As variáveis ambientais mensuradas influenciam no padrão de distribuição dos
organismos macrozoobentônicos da área em estudo;
35
2 METODOLOGIA
2.1 ÁREA DE ESTUDO
A área objeto de estudo desta tese, localizada na porção nordeste da Baía de Todos os
Santos, foi definida em função da necessidade de avaliar possíveis influências das atividades
desenvolvidas próximo ao local de amostragem: urbana, industrial e portuária.
2.1.1 Amostragem
Em junho de 2006 e em maio de 2007 foram realizadas campanhas de amostragem
onde se coletou sedimento de 8 estações (Tabela 1). As estações estão definidas da seguinte
forma, situados no infralitoral: Coqueiro Grande (1-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA); no
mesolitoral: Mataripe (5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) e Coqueiro Grande (8-CG)
(Figura 4). A campanha realizada em 2006 antecedeu um período de estiagem, enquanto que a
campanha realizada em 2007 antecedeu um período de chuvas.
Tabela 1 - Coordenadas geográficas da área de estudo em UTM.
INFRALITORAL MESOLITORAL Estação
1- CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG Coordenadas Geográficas
(UTM)
549401 8591484
546306 8594223
545767 8593746
545510 8592275
546099 8594586
544805 8594350
543812 8592133
548527 8593745
Fonte: Presente trabalho.
Também em 2007, foram coletadas amostras na Baía de Camamu, sul do estado da
Bahia, a fim de serem estabelecidas como estação referência, livre dos prováveis impactos da
área de estudo que serão usados na integração da Tríade.
O material coletado foi delimitado por um quadrado de 30 X 30 cm (área 0,09 m2) nas
estações localizadas no mesolitoral (Figura 5a) e através de um busca-fundo do tipo Van Veen
(área 0,091 m2) nas estações localizadas no infralitoral (Figura 5d) a uma profundidade média
de 15 cm de sedimento.
36
Figura 4. Mapa de situação da Baía de Todos os Santos e de localização das estações de amostragem sendo os pontos 1-CG a 4-MA no infralitoral e 5-MA a 8-CG, no mediolitoral. Coqueiro Grande (1-CG e 8-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA e 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU).
37
Figura 5 - Amostragem de sedimento no mesolitoral (a) utilizando quadrado para situar o local de coletas das amostras referente à análise química e toxicologia (b), o quadrado delimitando a área de coleta dos bentos (c). No infralitoral, mostrando amostras coletadas no Van Veen (d) para análise química e toxicologia (e) e bentos (f). Fonte: Presente trabalho.
Este estudo aplica como metodologia para a avaliação do sedimento a Tríade de
Qualidade de Sedimento (TQS), onde três componentes (assembléias bentônicas, ensaios
químicos e ecotoxicológicos) são analisados e depois integrados. Segundo Chapman (1986),
preferivelmente, as amostras para as três componentes da Tríade devem ser coletadas
simultaneamente.
Quadrado b
Quadrado c
Van Veen e
Van Veen f
Quadrado a
Van Veen d
38
Para as análises dos parâmetros químicos foram coletadas amostras compostas de
sedimento, a partir de três réplicas de cada um dos 6 lançamentos, quando no mesolitoral, três
réplicas ao lado de cada um dos seis quadrados amostrados (Figuras 5b e 5e). Após coleta as
amostras foram acondicionadas em sacos plásticos (para determinação dos parâmetros
inorgânicos e bentos) e em recipientes de alumínio (para determinação dos parâmetros
orgânicos). As amostras destinadas à avaliação ecotoxicológica foram coletadas em
triplicatas, nas mesmas réplicas das amostras destinadas as análises químicas e
acondicionadas em recipientes de vidro.
Na coleta de macrozoobentos foram realizadas seis repetições (6 réplicas) por estação
amostral. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos (Figuras 5c e 5f) para
posterior triagem na praia, no mesmo dia. As amostras retiradas dentro do quadrado são
destinadas exclusivamente às análises das assembléias bentônicas.
2.2 ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICA E BIOLÓGICAS Abaixo estão representadas em fluxograma as análises realizadas (Figura 6).
Figura 6. Fluxograma de análises químicas, física e biológicas. Fonte: Presente trabalho
COLETA DE SEDIMENTO
QUÍMICA e
FÍSICA
TOXICOLOGIA
BENTOS
VAN VEEN (Infralitoral)
QUADRADO (Mesolitoral)
Cultivo de Tisbe
biminiensis
Triagem em peneiras (campo)
Granulometria
AVS/SEM
Nitrogênio Carbono Orgânico
Hidrocarboneto
HTP e HPA
(Cromatografia)
Sulfeto
Espectrofotometria
Metais Cd, Cu, Ni, Pb e Zn
EAA-Chama
Sedimento + suspensão
algal
Adição de 10 fêmeas ovadas
Após 7 dias contagem
Triagem em microscópio (laboratório)
Identificação dos táxons
39
2.2.1 Análise química
A determinação de AVS - Acid Volatile Sulfides (Sulfetos Volatilizáveis por Ácido)
requer procedimentos específicos de coleta, transporte e acondicionamento, para que não haja
oxidação da amostra, alterando a concentração de sulfeto e interferindo na confiabilidade dos
resultados (GRIETHUYSEN et al., 2002; LASORSA e CASAS, 1996). Assim, a coleta
consistiu na obtenção de amostras composta de três pontos dos sedimentos superficiais (20
cm) do substrato lamoso, após a retirada mecânica de aproximadamente dois primeiros
centímetros do sedimento, que se constitui na superfície mais oxidada.
Depois de recolhidas, as amostras foram imediatamente colocadas em sacos plásticos,
previamente etiquetados, tomando-se o cuidado para diminuir ao máximo o espaço de ar
permanecesse dentro do saco, minimizando a oxidação dos sedimentos. Nessas amostras além
do AVS/SEM, foram analisados carbono orgânico, nitrogênio orgânico total e granulometria.
Para os hidrocarbonetos, as amostras foram acondicionadas em recipientes de alumínio. Após
a coleta as amostras foram mantidas sob refrigeração e transportadas para o LEPETRO
(Laboratório de Estudos do Petróleo) do Instituto de Geociências (IGEO) na Universidade
Federal da Bahia (UFBA) onde foi armazenado em freezer e mantido a 4ºC até a realização
das análises.
Foram efetuadas medidas pH, potencial redox (Eh) e salinidade na água superficial em
cada ponto de coleta, utilizando-se medidores portáteis de campo (pHmetro e salinômetro).
Em laboratório foram determinados nas amostras do substrato lamoso:
Granulometria (análise granulométrica) – Estas análises foram realizadas no
Laboratório de Sedimentologia do Departamento de Geoquímica, do Instituto de Química da
Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi utilizado um analizador de partículas com
difração a Laser Modelo Cilas 1064. O método consistiu em pré-tratamento da amostra com
peróxido de hidrogênio para degradar a matéria orgânica. Após essa etapa, adicionou-se
hexametafosfato de sódio e deixou-se durante 24 hs sob agitação, para evitar floculação. A
análise granulométrica realizada nos forneceu dados de porcentagem das frações
granulométricas nas amostras de sedimento. Estes dados convertidos em informações gráficas
e numéricas são chamados de dados estatísticos, no caso do presente trabalho, utilizando-se de
um programa livre de análises granulométricas GRADSTAT, desenvolvido por Simon Blott
(London University). A análise estatística da distribuição granulométrica foi realizada no
GRADSTAT, gerou gráficos e os dados estatísticos somente com a entrada dos dados de
peneiramento. As amostras foram classificadas por faixa granulométrica (areia, silte e argila),
segundo classificação Folk Ward, (1957), descritos na Tabela 2.
40
Graficamente, quando houver duas ou três faixas granulométricas dominantes na
amostra, esta será classificada como bimodal ou trimodal, respectivamente, e acima de três
faixas, como polimodal. Esta classificação está diretamente relacionada ao grau de seleção,
pois quanto mais selecionado o sedimento, maior a possibilidade de ele ser classificado como
Unimodal. Para uma melhor análise dos resultados, calculou-se para cada amostra, a média
(mm), o desvio padrão (grau de seleção (σI)), a assimetria (grau de assimetria (SKI)) e a curtose
(grau de agudez (K)). O desvio padrão é indicativo da maior ou menor dispersão dos valores
das dimensões das partículas do sedimento. A assimetria é dada pelo afastamento do diâmetro
médio à mediana (SUGUIO, 1973). Em relação aos sedimentos, a assimetria da curva, ou
cauda, para o lado positivo (ou direito) indicaria sedimentos mais finos, enquanto que para o
lado negativo indicaria sedimentos mais grossos. O último parâmetro estatístico determinado
foi a curtose, que avalia a esbeltez de uma curva, ou seja, é a razão de espalhamento médio
das caudas do gráfico em relação ao desvio-padrão, assim, uma curva muito esbelta indicaria
um sedimento bem selecionado na parte central do gráfico (FOLK e WARD, 1957).
Tabela 2 - Classificação do tamanho das partículas de acordo com o intervalo em mm, Grau de Seleção dos grãos, Assimetria e Curtose, segundo Folk e Ward (1957 apud SUGUIO, 1973), adaptada.
CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA Areia muito grossa
Areia grossa Areia média Areia fina Areia
muito fina Silte Argila Média (mm)
2-1 1-0,5 0,5-0,25 0,25-0,13 0,13-0,063 0,063-0,004 > 0,004
Muito bem selecionada
Bem selecionado
Moderadamente bem selecionado
Moderadamente selecionado
Mal selecionado
Muito mal selecionado
Extremamente mal
selecionado Seleção
(σI) < 0,35 0,35-0,50 0,50-0,71 0,71-1,0 1,0-2,0 2,0-4,0 > 4,0
Assimetria muito
negativa
Assimetria negativa
Aproximadamente simétrico
Assimetria positiva
Assimetria muito
positiva *** *** Assimetria
(SKI) -1,0 a -0,30 -0,30 a
-0,10 -0,10 a +1,0 +1,0 a +0,30 +0,30 a +1,0 *** ***
Muito platicúrtica Platicúrtica Mesocúrtica Leptocúrtica Muito
leptocúrtica Extremamente
leptocúrtica *** Curtose (K)
< 0,67 0,67-0,69 0,69-1,11 1,11-1,50 1,50-3,00 > 3,00 *** Folk e Ward (1957)
Carbono orgânico total (COT) – determinando pelo método do dicromato
(WALKEY-BLACK, 1947), onde cerca de 0,5 g de amostra foi tratada com solução de
K2Cr2O7. O excesso de dicromato foi titulado com sulfato ferroso amoniacal 0,25 mol/ L-1 e o
cloreto contido foi previamente oxidado pelo Ag2SO4 durante a digestão.
41
Nitrogênio total - realizada pelo Método de Kjeldahl por via úmida (EMBRAPA,
1987). A mineralização ácida foi feita utilizando 1,0 g da amostra e 0,7 g da mistura digestora
(K2S04 + selenito de sódio + CuSO4). Após a destilação e retenção do NH3 em ácido bórico,
as soluções foram tituladas com H2SO4 0,005 mol/ L-1.
Sulfetos Volatilizáveis por Ácido/Metais Simultaneamente Extraídos (AVS/SEM)
– do inglês “Acid Volatile Sulfides/Simultaneously Extracted Metals“ foi determinado
segundo método proposto por Allen et al. (1993), adaptado. Os sulfetos volatilizáveis por
acidificação (AVS) e metais extraídos simultaneamente (SEM), foram extraídos segundo a
metodologia de Allen (1993), adaptada. O aparato experimental consiste em um balão de
reação (Figura 7), seguido de tubos receptores conectados para eliminar as perdas do AVS.
Cerca de 3 g de sedimento úmido foram submetidos à extração com 20 mL de ácido clorídrico
6 mol.L-1, a frio, sob atmosfera de nitrogênio. O sulfeto volatilizado (H2S) foi arrastado pelo
fluxo de nitrogênio e retido em um tudo contendo NaOH 0,5 mol.L-1. O AVS foi determinado
por espectrofotometria de absorção molecular, pelo método azul de metileno, Standard
Methods (1985), conforme descrito por Silvério (2003). A solução presente no balão foi
filtrado para a determinação dos metais solubilizados [SEM] por espectrometria de absorção
atômica com chama (FAAS). A calibração foi realizada com soluções preparadas a partir de
padrões da Merck. Paralelamente foi determinado o conteúdo de água no sedimento. Assim,
as concentrações de AVS e SEM estão expressas em base de peso seco de sedimento. Os
limites de detecção (LD) foram calculados como três vezes o desvio padrão das medidas do
branco, obtidas a partir de dez replicatas desta leitura.
Figura 7. Aparato experimental para a extração do AVS/SEM. Fonte: Presente trabalho
42
Hidrocarbonetos – Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA) e os
Hidrocarbonetos Alifáticos foram determinados segundo métodos USEPA 8270D e USEPA
8015B, respectivamente. As amostras destinadas a essas análises foram liofilizadas,
previamente, de forma que os resultados também estão expressos em peso seco.
Foram quantificados os 16 HPA (naftaleno, acenaftileno, acenafteno, fluoreno,
fluoranteno, antraceno, fluoranteno, pireno, benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluoranteno,
benzo(k)fluoranteno, benzo(a)pireno, dibenzo(a,h)antraceno, indeno(1,2,3-cd)pireno e
benzo(g,h,i)perileno), e os HAs (os n-alcanos C10 a C40 e os isoprenóides pristano e fitano)
recomendados pelo USEPA (1990). A partir dos cromatogramas foi também obtido o teor dos
hidrocarbonetos resolvidos de petróleo (HRP) e da mistura complexa não resolvida (MCNR
ou UCM: unresolved complexed mixture). A soma HRP + MCNR permitiu calcular a
concentração de hidrocarbonetos totais de petróleo (HTP) nas amostras, informando a
quantidade total dos mesmos no ambiente no momento da coleta, sem discriminar as frações
individuais. Por MCNR entende-se o conjunto de compostos que não podem ser resolvidos
por cromatografia gasosa, sendo considerada a fração mais biodegradada ou intemperizada
dos hidrocarbonetos presentes no meio ambiente enquanto que HRP refere-se à fração
recente, não degradada.
Foi utilizada uma massa de 10 g da amostra liofilizada de sedimento, sem tratamento
prévio. A extração foi realizada em Sistema Soxhlet por 4 h com 150 mL em uma mistura
acetona/ hexano (1:1 v/v) (Figura 8). Ao solvente foi adicionado 500 μl de padrão surrogate.
O volume do extrato foi reduzido a 2 mL, utilizando-se rotaevaporador. Através de coluna
clean up, as frações dos alifáticos (F1), eluídas com hexano e as frações dos aromáticos (F2),
eluídas com diclometano, foram separadas e concentradas para 1 mL em um concentrador de
célula fechada do tipo Kuderna Danish.
Os hidrocarbonetos alifáticos (F1) foram determinados por cromatografia gasosa com
detector de ionização de chama (CG/FID), enquanto que os aromáticos (F2) foram
determinados por cromatografia gasosa com detector de massa (CG/MS). A justificativa para
a utilização destes dois tipos de detectores está nas propriedades dos compostos estudados, na
magnitude das concentrações esperadas de serem encontradas no ambiente e do custo para a
realização das análises. O CG/FID é um método destrutivo, detecta os íons gerados na
combustão por uma chama de hidrogênio, devido a sua seletividade é ideal para a ánalise de
compostos orgânicos a nível de traços. O CG/MS detecta os íons gerados através do impacto
de elétrons que fragmentam o composto. Tem grande seletividade, sensibilidade e fornece
43
informações estruturais dos compostos analisados estas características o tornam o detector
ideal para a análise de HPA (LANÇAS, 1993).
Adicionaram-se a fração (F2) os padrões internos d8-naftaleno, d10-acenafteno, d10-
fenantreno, d12-criseno e d12-perileno par a realização das análises. O concentrado final foi
diretamente injetado em uma coluna de fase estacionária 30m DB-5 instalada em um
cromatógrafo a gás VARIAN 3800 acoplado ao espectrômetro de Massa (GC/MS).
Figura 8. Sistema soxlet para extração de compostos orgânicos- hidrocarbonetos. Fonte: Presente trabalho
A concentração de HTP é um parâmetro usado quando se deseja realizar uma avaliação
expedita do estado de contaminação ambiental, uma vez que vincula o sedimento com as
concentrações das frações de hidrocarbonetos saturados e aromáticos do petróleo ou outros
resíduos das atividades petroleiras vertidos sobre o sedimento (VEIGA et al., 2008). As
análises dos hidrocarbonetos fornecem dados (concentração) dos HTP nas amostras de
sedimento, e estes podem ser convertidos em relações (índices) que permitem estimar a
severidade da contaminação devida ao petróleo (petrogênica). Alguns indicadores foram
propostos por Volkman et al. (1992): i) altas concentrações de hidrocarbonetos totais
(>100μg/g de sedimento seco); ii) não haver predominância dos n-alcanos com o número de
átomos de carbono ímpar sobre os de número átomos de carbono par (Hi/Hp); iii)
distribuições complexas; iv) uma mistura complexa não resolvida (MCNR). Veiga et al., 2008
resume em uma tabela, outros autores que também sugerem diversos índices geoquímicos,
dentre eles: (a) Le Dréau et al., 1997; (b) Colombo et al., 1989; (c) Readman et al., 2002; (d)
44
Commendatore et al., 2000; (e) Snedaker et al., 1995; (f) Tolosa et al., 1996; (g) Wu et al.,
2001; (h) Gogou et al., 2000, (i) Eglinton e Hamilton, 1967; (j) Volkman et al., 1992 (Tabela
3). Os picos de concentração em C15, C17, C19 e C21 indicam procedência algal (macro e
micro algas), enquanto os picos em C23, C25, C27, C29, C31 e C33 são indicativos de
procedência de plantas superiores (EGLINTON e HAMILTON, 1967, COLOMBO et al.,
1989).
Tabela 3 – Parâmetros geoquímicos usados na avaliação da origem dos HC, envolvendo alcanos normais.
PARÂMETROS GEOQUÍMICOS INTERPRETAÇÃO
S n-alcanos / nC16 < 15 sedimentos contaminados por petróleo (d, e) S n-alcanos / nC16> 15 matéria orgânica recente (d, e)
Hl /Hp > 1 Algas, plâncton; presença de óleo leve, recentemente derramado no ambiente (d)
Hl /Hp < 1 Bactérias, plantas superiores; reflete a presença de óleo pesado ou biodegradado (d)
P / F≤ 1 Contaminação por petróleo (a,c) P / F ≥1 Matéria orgânica recente (a,c,d,f)
Hi/Hp > 1 Indica uma fonte de hidrocarbonetos biogênicos de origem terrestre (i)
Hi/Hp < 1 Indica uma fonte de hidrocarbonetos de origem petrogênica (j)
nC17 / P e nC18 / F altos Indicativo da presença de óleo bruto recente (b) ou M.O. recente (a)
nC17 / P e nC18 / F baixos (0 – 1 ) Indicativo da presença de resíduos oleosos degradados (a,b) Altos valores de nC23 e nC25 Contribuição de matéria orgânica recente (d)
HC Mar / HC Ter > 1 Predomina HC produzido por plâncton, marinho (e,h) HC Mar / HC Ter < 1 Predomina HC de origem terrestre (e, g,h)
Fonte: VEIGA et al., 2008. Legenda:P = pristano; F = fitano; HC Mar = (HC produzido por plâncton, marinho) = nC15 + nC17 + nC19 + P; HCTer= (HC de origem terrestre) = nC25 + nC27 + nC29 + nC31. Os hidrocarbonetos isoprenóides, Pristano e Fitano, são normalmente encontrados nos
sedimentos marinhos e no petróleo, estavam presentes nas amostras sendo também utilizados
em índices (VOLKMAN et al., 1992). O pristano (P) é mais comum entre os hidrocarbonetos
biogênicos, mas também está presente no petróleo, enquanto que o Fitano (F) raramente é
biossintetizado sendo sua fonte principal o petróleo. Assim, a relação nC17 / P e nC18 / F são
utilizadas para determinar o grau de degradação de hidrocarbonetos de petróleo no ambiente
indicando se sua presença é recente ou antiga.
45
2.2.2 Ensaio Ecotoxicológico
2.2.3 Ensaio Ecotoxicológico
O organismo utilizado para os ensaios foi o copépodo bentônico Tisbe biminiensis
(Figura 9). Em cada ponto foram coletadas 3 amostras para verificar variabilidade espacial.
Em laboratório, as amostras destinadas aos ensaios ecotoxicológicos foram peneiradas (malha
de 64 μm), e o sedimento fino levado à geladeira a 4ºC (Figura 10a). Três sub-amostas de 2 g
de sedimento foram retiradas de cada amostra após o peneiramento. Estas sub-amostras foram
adicionadas em frascos de vidro (recipiente-teste) com 20 mL de suspensão de diatomácea
(Thallassiosira fluviatilis ou Phaeodactylum tricornutum) na concentração de 0,2 μg
chlorofila a.mL-1 e foram levados à incubadora a 25ºC e fotoperíodo de 12/12 horas
(claro/escuro) (Figura 10b e 10c). Após 24 horas, 10 fêmeas ovígeras do copépode T.
biminiensis foram adicionadas em cada recipiente. O experimento teve duração de 7 dias, com
adição de alimento, 1 ml de suspensão algal, a cada 2 dias. Também foram monitorados os
parâmetros O.D., pH e salinidade do sobrenadante.
O sedimento do ensaio-controle foi coletado no estuário do rio Maracaípe, PE, área
considerada livre de contaminação (ARAUJO-CASTRO et al., 2006a), o qual passou pelo
mesmo tratamento do sedimento da área em estudo. Para cada amostra-teste foram usados 3
grupos de copépodes e para o ensaio-controle 5 grupos. Ao fim do experimento, o conteúdo
total dos recipientes foi corado com rosa de bengala e fixado com formol a 4% para posterior
contagem (Figura 10d). Os efeitos observados na contagem foram a mortalidade das fêmeas
ovígeras (efeito letal) e o número de náuplios, copepoditos e fecundidade (náuplios +
copepoditos) (efeitos sub-letais). Testes de referência com dicromato de potássio foram
realizados paralelamente ao experimento para avaliar a susceptibilidade do lote de copépodes,
utilizando 5 réplicas para cada concentração (5, 15 e 25 mg/L de K2Cr2O7). A CL50-96h foi
calculada pelo método Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON et al., 1977).
Figura 9. Copépode bentônico Tisbe biminiensis (aumento de 100x).
46
Figura 10. Seguência do preparo da amostra (a) e montagem do ensaio ecotoxicológico utilizando do copépode T. biminiensis (b e c) posterior desmontagem do ensaio (d). Fonte: Presente trabalho
2.2.4 Análises Bentônicas
Após a coleta, as amostras de macrofauna foram submetidas, em campo, a uma
lavagem prévia, passando-as por um sistema de peneiras de 5,0, 2,0 e 1,0 mm de abertura de
malhas (Figura 11a e 11b). Todo conteúdo retido nas peneiras foi acondicionado em potes
plásticos contendo formol a 4% e posteriormente triado em laboratório (Laboratório
Geoecologia de Sedimentos Marinhos-GeoEco/IBIO/UFBA) sob microscópio estereoscópio,
identificado quanto aos táxons superiores (filos, classes, ordens, famílias e espécies quando
possível) e quantificados (Figura 11c e 11d).
a b
c d
47
Figura 11. Sistema de peneiras usado na triagem em campo (a e b) e peneira usada na triagem de laboratório (c) para posterior triagem no microscópio (d) das amotras macrozoobentônicas.
2.2.5 Análises Estatísticas das componentes Abióticas e Bióticas
Para os testes estatísticos aplicados utilizou-se o programa STATISTICA versão 7.0
da Statisoft Inc. As análises empregadas utilizando estatística foram MANOVA (Análise de
Variância Multivariada), coeficiente de correlação de Pearson em uma matriz de correlação e
Análise de Componente Principal (ACP). A ACP, basicamente, fornece índices (componentes
principais) não correlacionados, que são combinações lineares das variáveis originais, capazes
de quantificar, em poucos eixos, a diferença existente num conjunto de variáveis, permitindo
uma compreensível representação cartesiana, bi ou tridimensional dessa variação (MANLY,
2000). O procedimento inicial é a transformação logarítmica dos dados e normalização pela
subtração da média e divisão pelo desvio padrão. Em seguida é calculada a matriz de
correlação, sobre a qual é processada a ACP.
2.2.5.1 Análises químicas
Foi realizado o teste de premissas de ANOVA, o teste de Cochran, para testar a
homogeneidade das amostras, em que as mesmas foram consideradas homogêneas, p < 0,005
e o teste de Kolmogorov - Simirnov, para testar a normalidade dos dados, sendo os mesmos
considerados normais. A variância foi testada através dos testes de Newman-Keuls e Dunnett.
Em seguida foram processados a matriz de correlação e a ACP. O nível de significância
adotado foi p < 0,05.
a b
c d
48
2.2.5.2 Análises ecotoxicológicas
Para os ensaios ecotoxicológicos, foram testados se haviam diferenças significativas
entre os parâmetros analisados e as unidades amostrais. Foram aplicados o teste ANOVA e
quando confirmado, o teste de Tukey. Em seguida, foram processados a matriz de correlação
e a ACP.
2.2.5.3 Análises Bentônicas
Especificamente para análise dos dados bentônicas utilizou-se o software PRIMER
for Windows (CLARKE e WARWICK, 1993). Os macrozobentos foram identificados até o
nível taxonômico de espécie e calculados os índices ecológicos: abundância, dominância,
índice de diversidade de Shannon-Weiner, índice de riqueza de espécies de Margalef,
equitatividade de Pielou (PIELOU, 1966). Para descrever os padrões de distribuição espacial
das assembléias de macrozoobentos foram realizadas ordenações do tipo nMDS
(escalonamento multidimensional não métrico) com as matrizes de abundâncias, utilizando-se
para construção das matrizes de distância o índice de similaridade (CLARKE, 1993;
CLARKE e WARWICK, 2001). Segundo este autor, a confiabilidade na eficiência da
ordenação com o nMDS é mostrado pelo valor de “stress”, tendo como valor ótimo “stress” <
0,01 e faixa para confiabilidade < 0,01 a < 0,2. Para investigar as variáveis ambientais
analisadas que melhor explicam o padrão de ordenação das assembleias bentônicas foi
utilizada a análise BIOENV (Biological and Environmental Matching).
2.2.6 Integração dos Dados das Componentes da TRÍADE
Aplicou-se o método de tabelas de decisão para compilar os dados da Tríade de
Qualidade de Sedimento (TQS), conforme descrito por Chapmam (1990). O método consiste
na decisão de efeito/não efeito (hit/no hit). Embora seja um método simples, resumido em
uma tabela, ele permite uma interpretação visual dos resultados. A tabela é estruturada
colocando-se a descrição dos locais amostrados horizontalmente (em linhas) e as conclusões
obtidas sobre cada componente isoladamente organizada em colunas. Cada uma dessas
componentes é sinalizada com um sinal “+” no caso de haver degradação ou algum efeito
negativo. Quando houver ausência de efeito, sinaliza-se como o sinal ” - “, assim, diferentes
possibilidades de combinações podem ser obtidas e suas respectivas interpretações
(CHAPMAN, 1990).
49
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 ANÁLISES DE SULFETOS VOLATILIZÁVEIS POR ACIDOS (AVS) E METAIS EXTRAÍDOS SIMULTANEAMENTE (SEM) PARA A ESTIMATIVA DA TOXICIDADE POTENCIAL EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA.
Os parâmetros pH, Eh e salinidade são dependentes da temperatura, podendo aumentar
ou diminuir com a variação desta, de forma não linear. Todos esses fatores, juntos ou
isoladamente, contribuem ao grau de biodisponibilidade dos cátions que se encontram sorvido
às partículas que constituem os substratos dos sedimentos estuarinos. Os resultados dos
parâmetros físico-químicos da água superficial nas estações de coleta apresentados na Tabela
4, evidenciaram relativa flutuação nos seus valores para alguns dos parâmetros medidos.
Os valores encontrados para o pH, de modo geral, indicaram um caráter neutro a
levemente básico, sendo os maiores valores registrados na estação 1-CG, 4-MA e 8-CG,
provavelmente por essas estações estarem situadas na entrada do estuário, exceto as estações
6-CA e 7-SU, que apresentram pH ácido. Tais condições demonstram a influência das águas
marinhas, que chegam até as áreas próximas aos manguezais, cujo valor médio de pH
apresenta-se em torno de 8,0 (NORDSTROM et al., 1979). Os valores de Eh, nos pontos
amostrais, inferem peculiaridades típicas de ambiente redutor, a exemplo das regiões de
manguezal, onde os sedimentos são mal drenados e ricos em matéria orgânica. Nessas zonas,
durante o processo de decomposição microbiana da matéria orgânica, o oxigênio é
rapidamente consumido e é fracamente difundido no substrato (LACERDA, 1998). As
variações de Eh observadas são causadas por variações composicionais entre os sedimentos,
em particular, conteúdo de matéria orgânica, granulometria e drenagem de água.
De modo geral, a salinidade apresentou pouca variabilidade, sendo então referenciada
como dependente das condições climáticas dominantes no período de amostragem e da
amplitude de maré. Os maiores valores encontrados nas estações 1-CG e 2-MA podem estar
associados a maior proximidade dessas estações ao fluxo advindo pela maré, da boca da baía,
enquanto que as estações 5-MA e 7-SU estão mais próximas aos locais de desembocadura dos
cursos fluviais.
50
Tabela 4 - Resultados das análises granulométricas, Carbono Orgânico Total (COT), Nitrogênio Orgânico Total (N), da relação COT/N (C/N), metais, SEM, AVS e [AVS/SEM] nos sedimentos e pH, Eh, salinidade, temperatura em água superficial da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. LDM: Mn – 0,02 Fe -1,4; Zn – 0,34; Cu – 0,02; Ni – 0,07; Cd – 0,01; Pb – 0,09.
Estação 1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5MA 6-CA 7-SU 8-CG Campanha 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC 1ªC 2ªC
pH 7 9 8 8 8 8 8 9 7 8 4 8 6 8 8 8 Eh(mV) -24 -122 -27 -97 -29 -111 -35 -118 -47 -34 -28 -10 -41 -44 -53 -61
Salinidade 35 33 35 32 30 32 27 32 26 32 30 29 26 33 28 30 Água
su
perfi
cial
Tempertura(ºC) 26 34 26 29 26 34 26 34 26 28 30 29 27 26 29 27 MD SF SF SM SF SM SG SF SF SMF AMF S SMG SM AF SF SMF
Seleção MPS MPS MPS MPS MPS MPS MPS PS PS MPS PS PS MPS PS PS MPS Assimetria AP AP AMP AP AMP AMP AMP AP AMP AMP AMP AMP AMP AS AP AS
Curtose PL PL PL PL PL ME PL PL MPL MPL MPL LP PL ME PL PL Areia fina 0 0 0 0 0 20 0 0 63 64 25 39 0 91 0 0
Silte 77 77 81 77 81 70 75 73 33 31 66 55 82 8 78 64
Gra
nulo
met
ria (%
)
Argila 23 23 18 23 18 10 25 27 4 6 9 6 18 1 22 36 N (%) 0,20 0,19 0,21 0,10 0,20 0,13 0,25 0,25 0,10 0,11 0,09 0,12 0,05 0,02 0,10 0,15
C.O.T (%) 1,46 1,51 1,94 0,98 1,78 1,39 2,37 2,09 0,58 0,72 0,67 1,34 0,15 0,14 0,42 0,83 C/N 7,1 8,0 9,3 10,0 9,0 11,0 9,4 8,2 6,0 6,6 7,7 11,6 3,3 6,5 4,2 5,4
Fe 7924 3375 5683 2435 6576 2419 5917 3185 3358 1198 3823 1570 1603 379 10841 2520 Mn 600 554 321 158 285 159 226 228 98 35 187 80 54 33 635 179 Zn 32 28 36 24 33 21 30 34 22 14 22 16 17 3 38 14 Cu 35 9 15 6 15 10 24 30 13 4 7 4 < 0,02 3 11 1 Ni 4 10 2 3 0,97 21 6 17 <0,07 28 <0,07 8 5 23 5 6 Cd 0,10 0,08 0,25 0,12 0,26 0,15 0,16 0,11 0,19 0,10 0,26 0,10 0,14 0,09 0,11 0,08 M
etai
s (μg
g-1
)
Pb 10 7 5 6 6 5 6 9 <0,09 4 <0,09 5 <0,09 3 4 4 MES (μmol g-1) 1,15 0,80 0,86 0,55 0,78 0,41 0,97 0,74 0,49 0,27 0,42 0,33 0,30 0,87 0,87 0,23 AVS (μmol g-1) 0,64 0,79 0,27 61 20 71 8 41 0,09 27 3 48 0,05 23 29 1
Sedi
men
to
AVS/SEM 2 1,02 3 0,01 0,04 0,01 0,13 0,02 5 0,01 0,14 0,01 7 0,04 0,03 0,19 Legenda: pH = Potencial Hidrogeniônico, Eh = Potencial de Oxi-redução. 1aC = 1a campanha (julho 2006); 2aC = 2a campanha (maio 2007). SG - silte grosso; SMG - silte muito grosso; SM - silte médio; SF - silte fino; SMF - silte muito fino; AF - areia fina; AMF - areia muito fina; PS – pobremente selecionado; MPS - muito pobremente selecionado; MPL - muito platicurtica; PL - platicurtica; ME - mesocúrtica; LP - leptocúrtica; AS - aproximadamente simétrica; AP - assimetria positiva; AMP - assimetria muito positiva. Coqueiro Grande (1-CG e 8-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA e 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU). Fonte: Presente trabalho
51
As amostras de sedimento foram classificadas texturalmente, a partir de
determinação das frações granulométricas, areia, silte e argila. Observa-se que o material
das oito estações (Tabela 3) apresenta um predomínio da fração silte nas estações do infra-
litoral e areia muito fina nas estações do mesolitoral, indicando um ambiente com baixa
energia, capaz de acumular sedimentos mais finos. Com base nos dados apresentados na
Tabela 4 efetuando-se a classificação granulometria dos sedimentos com emprego do
diagrama textural de Sherpard (1954), conforme mostrado na Figura 12. Observa-se que a
granulometria das duas campanhas apresentam características semelhantes com uma
predominância da fácies silte argiloso, areia síltica e silte arenoso. De acordo com a
classificação de Folk e Ward (1957), observam-se diferenças quanto à forma de distribuição
ao longo da faixa granulométrica (dados de seleção, assimetria e curtose), mesmo que essas
diferenças estejam em classes próximas. A distribuição é bimodal, com sedimentos
pobremente a muito pobremente selecionados. Quanto ao grau de assimetria houve uma
predominância de distribuições simétricas positivas, indicando uma tendência a sedimentos
mais finos nas estações, confirmado uma classificação pela freqüência, tendo predomínio da
fração argila na 1ª campanha e da fração silte na 2ª campanha. A nível da curtose, as
estações apresentam-se, em sua maioria, em ambas as campanhas, uma distribuição
platircútica a muito platicúrtica, ou seja, a razão de espalhamento médio das caudas do
gráfico em relação ao desvio-padrão (seleção) apresentou uma curva não esbelta indicando,
e confirmando, um sedimento mal selecionado na parte central do gráfico (Apendice 1). A
predominância de silte, principalmente nas estações do infralitoral deve ser um fator a ser
levado em consideração para a avaliação da disponibilidade de compostos inorgânicos e
orgânicos, porque grande quantidade de matéria orgânica (carbono e nitrogênio) pode ser
incorporada nos sedimentos sofrendo remineralização ou não, e posteriormente, devido a
perturbações provocadas por mudança na velocidade da corrente, entrada de frente fria
alterando a altura das ondas ou até mesmo por organismos, estes compostos podem ser
ressuspendidos, voltado para coluna d’água (HEDGES et al. 1993 in BURONE et al.,
2003).
As concentrações de carbono orgânico presentes nas amostras de sedimentos
variaram de 0,15 a 2,37% (primeira campanha) a 0,14 a 2,09% (segunda campanha), com
média de 1,15±0,69% para toda área estudada (Tabela 4).
52
Figura 12. Diagrama triangular de classificação granulométrica (Shepard, 1954) dos valores médios do sedimento (a) primeira campanha e (b) da segunda campanha. Fonte: Presente trabalho
a
b
53
Os teores mais elevados de carbono orgânico predominaram nas estações 3-MA e 4-
MA, com médias de 2,07 e 1,74%, respectivamente. Já na estação 7-SU foi obtida a menor
média (0,15%). Em princípio, a distribuição de carbono orgânico quanto comparado com a
distribuição dos diversos tipos de sedimentos observados, deixa ver que as maiores
concentrações se dão justamente nas regiões mais lamosas (3-MA e 4-MA, além de 1-CG e
2-MA), e que os menores teores (abaixo de 1%) aparecem principalmente no setor mais
arenoso situados no médio litoral, o que pode ser também indicativo do transporte de
sedimentos na região. Através dos resultados obtidos, observou-se, teor mais elevado de
carbono orgânico no sedimento de fundo, que possivelmente estão associados a cargas
poluidoras orgânicas que afluiu para esses setores nos últimos anos. Comparando com o
trabalho realizado por Venturini e Tommasi (2004) na baía de Todos os Santos (0,67 a
3,52%), os valores de COT (0,14 a 2,37%) estão contidos na mesma faixa dos apresentados
em 2004 na área do infralitoral da mesma região de estudo desse trabalho.
As concentrações de nitrogênio orgânico total variaram de 0,05 a 0,25% (primeira
campanha) a 0,02 a 0,25% (segunda campanha), com média de 0,07 ± 0,14%, sendo que, os
maiores teores foram encontradas em sedimentos de fundo (4-MA), apresentando o mesmo
comportamento do C.O.T., tendo também as menores concentrações na estação 7-SU
(0,04%). As concentrações médias mais elevadas de nitrogênio total situaram-se sedimentos
do infralitoral, mostrando uma pequena carga orgânica poluidora para essas áreas, todavia,
esses valores ficaram abaixo do valor médio sugeridos para ambientes não impactados
(0,29% Ntotal), segundo Siqueira et al. (2006).
As razões C/N presentes variaram de 3,3 a 9,4 (primeira campanha) a 5,4 a 11,6
(segunda campanha), com média de 7,7 ± 2,3 para toda a área de estudo. As razões C/N
determinadas refletem certa estabilidade da matéria orgânica preservada nos sedimentos
coletados, com padrão C/N < 20, segundo Meyers (1997), razões molares C/N típicas de
fitoplâncton marinho apresenta valores de 4 a 10. Alguns autores sugerem valores diferentes
de razão C/N de acordo com a origem da matéria orgânica: Saito et al. (1989) sugeriram
uma razão maior que 20 para uma origem terrestre e entre 5 e 7 como uma fonte marinha;
Adicionalmente, Stein (1991) registrou que valores abaixo de 10 mostram uma origem
marinha e valores em torno de 10 representam componentes tanto de origem marinha
quanto terrestre no sedimento. Os dados gerados pela relação molar C/N, indica que os
54
sedimentos da área em estudo recebem contribuições, principalmente, de origem marinha.
Resultados encontrados por Costa et al., (2008) na BTS (6,8 a 16,8) apontam para uma
origem marinha-terrestre similarmente aos resultados obtidos por Burone et al. (2003) na
baía de Ubatuba (6,0 a 16,6). Venturini e Tommasi (2004) encontram razões que variam de
8,8 – 27,6, indicando uma matéria orgânica marinha e terrestre. De acordo com os
resultados desses autores, podemos inferir que a matéria orgânica na área do presente
trabalho, em geral, é de origem marinha, exceto as estações 2-MA, 4-MA e 6-CA, que
teriam a matéria orgânica tanto de origem marinha como terrestre.
Em relação aos resultados das concentrações de metais simultâneamente extraídos,
para as duas campanhas, observa-se que os mesmos apresentaram uma relação estação X
concentração semelhante aos descritos para COT e N (Tabela 4). A concentração do Fe
variou de 1603 a 10841 μg.g-1 (primeira campanha) a 5,4 a 11,6 μg.g-1 (segunda campanha),
com média e desvio padrão de 3925 ± 2787, consecutivamente, para toda a área de estudo,
em ambas as campanhas. O Fe apresentou menores concentrações, para todas as estações,
na segunda campanha, comportamento semelhante para a maioria dos metais analisados
(exceção ao Ni e ao Pb).
O Mn apresentou uma variação de 54 a 600 μg.g-1 (primeira campanha) a 33 a 554
μg.g-1 (segunda campanha), com média de 240 ± 196. O zinco mostrou uma variação de 17
a 39 μg.g-1 (primeira campanha) a 3 a 34 μg.g-1 (segunda campanha), com média de 24 ±
10. Verifica-se que a estação 7-SU apresentou as menores concentrações de zinco, enquanto
que a concentração deste elemento foi relativamente mais elevada na maioria dos pontos de
coleta.
Com relação ao cobre, o teor médio mais elevado foi encontrado na estação 1-CG
(35,42 μg.g-1), enquanto que a estação 7-SU apresentou valor <LDM. Assim, o Cu variou de
0,2 a 35 μg.g-1 (primeira campanha) a 1-30 μg.g-1 (segunda campanha), com média de 12 ±
10. Onofre et al. (2007), utilizando mesma metodologia AVS/SEM em manguezais na
mesma área da BTS, identificou valores que variaram de 0,5 a 10,3 μg.g-1, deste modo, o
presente estudo apresentou teores de Cu superiores nas duas campanhas.
Os sedimentos na área de estudo apresentaram teores de Ni de 1 a 6 μg.g-1 (primeira
campanha) a 3 a 23 μg.g-1 (segunda campanha), com média de 9 ± 3. Os maiores teores de
Ni foram identificados na segunda campanha (estações 3-MA, 5-MA e 7-SU). Esse valores
55
são próximo aos teores mínimo e máximo encontrados por Onofre et al. (2007) que
variaram 0,6 a 29 μg.g-1. É importante destacar que igualmente ao trabalho desses autores, a
área que apresentou os maiores teores de níquel foi a região de Suape, situada nas
proximidades de áreas industriais.
O Cd apresentou concentrações entre 0,1 a 0,3 μg.g-1 (primeira campanha) a 0,1 a
0,2 μg.g-1 (segunda campanha), com média e desvio padrão de 0,1 ± 0,1, consecutivamente.
Semelhante teores foram encontrados por Onofre et al. (2007) na porção norte e nordeste da
BTS.
Os valores para as concentrações de Pb encontradas neste estudo foram de 0,1 a 10
μg.g-1 (primeira campanha) a 4 a 9 μg.g-1 (segunda campanha), com média/desvio padrão de
5 ± 3. As maiores concentrações foram encontradas no sedimento de fundo da BTS,
estações de 1-CG a 4-MA, mesmos assim os valores determinados estão abaixo dos valores
mínimo e máximo (1,4 a 21 μg.g-1) encontrados por Onofre et al. (2007).
O AVS variou de 0,1 a 29 μmol.g-1 (primeira campanha) a 0,8 a 71 μmol.g-1
(segunda campanha), com média/desvio padrão de 21 ± 24 em ambas as campanhas. Os
teores mais elevados de AVS predominaram nas estações 3-MA e 8-CG (1ª campanha), com
médias de 20 e 30 μmol.g-1 e as estações 2-MA, 3-MA, 4-MA e 6-MA (2ª campanha) com
médias de 61 e 71 μmol.g-1, respectivamente. Já na estação 7-SU, foi obtida a menor média
na primeira campanha (0,1 μmol.g-1) e na segunda campanha, a estação 1-CG e 8-CG (0,8 e
1,2 μmol.g-1 respectivamente). Devido à natureza fortemente redutora de sedimentos de
fundo (infralitoral) e manguezal (mediolitoral) a expectativa seria altos valores para AVS
nestes sedimentos para todas as estações. Embora não exista valor de referência padrão
comparativo para manguezal, Leonard et al. (1993) indicam que concentrações de AVS em
sedimentos marinhos litorais estão na faixa de 20 a 90 μmol.g-1 peso seco. Desta forma, os
valores encontrados devem ser considerados como baixo na primeira campanha, exceto na
estação 8-CG. Porém, na segunda campanha somente as estações 1-CG e 8-CG
apresentaram valores abaixo de 20 μmol.g-1. A variação sazonal e a profundidade do
sedimento coletado são dois fatores que podem colaborar nessa variação (MACHADO et
al., 2004; LEONARD et. al., 1993). Segundo (HOWARD e EVANS, 1993) concentrações
de AVS tendem a ser mais altas entre 8 e 20 cm de profundidade. As amostras foram
56
coletadas entre 3 a 20 cm, dentro da faixa citada pelo autor supracitado, assim a variação da
área estaria associada a uma variação sazonal.
As razões [AVS/SEM], medidas da provável disponibilidade dos metais presente no
sedimento para o ambiente, variaram bastante entre as estações. Na primeira campanha
0,03 a 7 (estações 8-CG e 7-SU) a na segunda campanha 0,01 a 1 (6-CA e 1-CG), com
média/desvio padrão de 1,2 ± 2,1 em ambas as campanhas. As razões mais elevados de
[AVS/SEM] predominaram nas estações 2-MA, 5-MA e 7-SU (1ª campanha), com médias
de 3, 5 e 7, respectivamente, e a estação 1-CG (2ª campanha) com médias de 1,02. Assim,
para essas estações os metais podem estar disponibilizados. Porém, sedimentos com razões
>1 podem não apresentar toxicidade, por terem baixas concentrações de metais pesados ou
pelo controle da disponibilidade destes metais por outras fases, por exemplo, o COT, e não
o sulfeto (MOZETO, 2001).
A legislação ambiental brasileira ainda não dispõe de critérios de qualidade para
sedimento em geral e também não existem dados de valores basais (background) para os
parâmetros geoquímicos determinados para os sedimentos da região em estudo. Para efeito
de comparação e para se ter uma idéia sobre as conseqüências dos teores de metais nos
sedimentos na área, optou-se por utilizar os critérios estabelecidos na literatura,
representadas por agências ambientais internacionais, como a National Oceanic and
Atmosferic Administration (NOOA), Enviromnent Cananda (EC) e trabalhos realizados no
Brasil que utilizaram a mesma metodologia (AVS/SEM) do presente trabalho (Tabela 5).
Com relação aos valores encontrados, as maiores concentrações evidenciadas foram
na estação 8-CG para o Zn, 1-CG para Cu e Pb, estação 5-MA e 7-SU para Ni. No entanto
estes mesmo valores estão abaixo dos valores de background do NOAA e dos sugeridos
pelo EC, com exceção do Cu. Mesmo assim o valor do Cu (35 μg.g-1) não ultrapassa os
valores do PEL-NOAA (106 μg.g-1) e TEL-EC (36 μg.g-1). O cádmio apresentou
concentrações mais baixas que aqueles determinados como valores de referencia pelo
NOAA e de outros trabalhos da literatura (CARVALHO, 2001; SILVÉRIO, 2003;
SILVÉRIO et al., 2005), exceto com Onofre (2007).
Observa-se um enriquecimento dos teores dos metais em relação ao trabalho de
Onofre (2007), também realizado na porção nordeste da BTS, exceto para o Pb que
apresentou menores concentrações quando se avalia essa distribuição espacial/temporal.
57
Essa elevação nas concentrações dos metais pode estar associada a proximidades das
estações a uma área de produção, refino e transporte da indústria do petróleo situada na área
de estudo. Outro ponto importante a ser avaliado é a sedimentação (consequentemente a
granulometria) e o local de coleta dos sedimentos, principalmente das estações situadas no
infralitoral, onde foram identificadas as maiores concentrações dos metais e a
predominância da fração silte.
Tabela 5 - Comparação dos teores mínimo, máximo e médios dos metais da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos com valores de órgãos internacionais e trabalhos da literatura.
NOAA EC Presente estudo Metal Bgd TEL PEL TEL PEL 1ª C 2ª C
Onofre, 2007
SILVÉRIO et al., 2005
Carvalho, 2002
Zn 48 124 271 123 315 17-38 29
3-34 19 18 216 235
Cu 17 19 108 36 197 7-35 15
1-30 8 6 97 56
Ni 13 16 43 18 36 1-6 3
3-26 14 7 42 5
Cd ** 1 4 0.06 4 0,1-0,3 0,2
0,08-0,16 0,10 <0,10 2 0.9
Pb 16 30 112 35 91 0,1-10 4
3-9 5 7 64 44
FONTE: NOAA (National Oceanic and Atmosferic Administration); EC (Environment Canadá); Baía de Todos os Santos-BA, Onofre et al. (2007); Represa Billings-SP, SILVÉRIO et al., 2005; Baía de Guanabara-RJ, Carvalho (2001). Bgd = Background; TEL = concentração abaixo da qual não há risco potencial de efeitos tóxicos à biota; PEL = níveis prováveis de efeito adverso à comunidade biológica. Fonte: Presente trabalho
3.1.1 Análise Estatística
Objetivando revelar associações que dão informações sobre processos geoquímicos
que controlaram ou influenciaram a distribuição dos elementos nos sedimentos, foi
calculado o coeficiente de correlação entre os parâmetros geoquímicos analisados (Tabela 5
e 6).
A Tabela 5 mostra a matriz de correlação de Pearson (r) para os parâmetros
analisados da 1ª campanha e a Tabela 6 a matriz da 2ª campanha. Valores em negrito
representam coeficientes de correlação.
Estas matrizes revelam que os metais apresentam comportamentos diferenciados
entre as campanhas. Nota-se que a fração silte teria uma influência na distribuição dos
58
metais na 2ª campanha ao passo que na 1ª campanha, a fração argila desempenha esse papel
(Tabela 6). Esse comportamento entre as campanhas sugerem duas possibilidades: (1)
haveria variações de pequena escala horizontal nos sedimentos, de maneira que amostragens
em pontos adjacentes (ou próximos) teriam teores substancialmente diferentes ou (2) os
sedimentos eram algo moveis, se deslocando, possivelmente, por variações sazonais de
pluviosidade ou de ventos ou amplitude de maré, e consequentemente correntes das águas.
A correlação entre N e C.O.T. da a entender uma mesma origem a M.O., para as
duas campanhas. Observa-se correlação entre os metais (Zn, Cu e Pb) com o N e C.O.T.
Possivelmente esses metais podem, também, estar sendo controlados pela matéria orgânica,
em ambas campanhas. O Fe apresentou correlação com o Mn e AVS, além do Zn e Pb,
sugerindo que o AVS juntamente com o Fe, possa está controlando a distribuição desses
metais na 1ª campanha.
Na 2ª campanha (Tabela 7) o Fe correlaciona-se com o Mn, Zn e com a fração silte,
indicando efeitos de precipitação/co-precipitação do Zn com óxidos e hidróxidos de Fe e
Mn ou que foram adsorvidos aos argilo-minerais presentes na área, podendo vir a
influenciar a disponibilidade e transporte desses metais nas trocas que acontecem na
interface água-sedimento (LACERDA, 1998). Semelhante processo também pode estar
acontecendo na primeira campanha.
A distribuição geoquímica da maioria dos metais traço nos sedimentos estudados
parece ser ligada à interação com metais reativos aos sulfetos. Fraca correlação de metais
traço com AVS, Fe e os AVS: Fe na primeira campanha (Pb e Zn) e na segunda campanha
(para o Zn) sugerem uma maior contribuição de outros processos em determinar a
distribuição de metais traço (Tabela 6 e 7). A correlação de metais com Fe e AVS:Fe é um
indicativo de aporte de material diagenético (COOPER e MORSE, 1998), por estarem
associados à deposição de sedimentos finos que tendem a reter metais, sugerindo uma
variabilidade mineralógica de metais nos sedimentos (BENOIT, 1999). Machado et al.
(2004) avaliou a relação dos sulfetos (AVS:Fe) com os metais no sudeste do Brasil e
identificou comportamentos diferentes entre os metais e o AVS, que foi associado a um
comportamento diagenético da área. Semelhante processo pode estar acontecendo no setor
nordeste da BTS, uma vez que a área apresenta um ambiente redutor caracterizado por
interações muito complexas entre íons metálicos, compostos organometálicos e sulfetos.
59
Assim, a variação de comportamento dos parâmetros entre as campanhas (por
exemplo, o Zn tendo correlação significativa com o AVS, mas não com o conteúdo de silte,
numa campanha e o oposto acontecendo na outra campanha) estaria associada à deposição
diferenciada de constituintes sedimentares da coluna d’água que podem, ainda, passar por
mudanças da sua forma química, através de mecanismos diagenéticos e interações com
diferentes fases geoquímicas.
Tabela 6 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos – BA, 1ª campanha.
pH N C.O.T. Mn Fe Zn Cu Ni Cd Pb AVS Areia Silte ArgilapH 1,00 N 0,61 1,00
C.O.T. 0,57 0,97 1,00 Mn 0,40 0,37 0,19 1,00 Fe 0,57 0,45 0,29 0,94 1,00 Zn 0,70 0,66 0,55 0,81 0,90 1,00 Cu 0,42 0,81 0,68 0,59 0,54 0,54 1,00 Ni 0,31 -0,14 -0,10 0,05 0,01 -0,13 -0,06 1,00 Cd 0,05 -0,32 -0,18 -0,31 -0,33 -0,35 -0,35 0,65 1,00 Pb 0,56 0,83 0,71 0,73 0,69 0,71 0,90 0,04 -0,33 1,00
AVS 0,49 0,05 -0,01 0,53 0,73 0,60 -0,05 0,06 -0,11 0,21 1,00 Areia -0,36 -0,43 -0,40 -0,47 -0,44 -0,49 -0,24 -0,32 0,17 0,59 -0,34 1,00 Silte 0,26 0,31 0,32 0,37 0,33 0,40 0,08 0,33 -0,05 0,46 0,30 -0,98 1,00
Argila 0,51 0,61 0,51 0,62 0,62 0,67 0,54 0,25 -0,42 0,77 0,37 -0,89 0,77 1,00 Fonte: Presente trabalho
Tabela 7 - Matriz de correlação para os parâmetros analisados nas amostras de sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos – BA, 2ª campanha.
pH N CO Mn Fe Zn Cu Ni Cd Pb AVS Areia Silte ArgilapH 1,00 N 0,59 1,00
CO 0,43 0,87 1,00 Mn 0,43 0,59 0,43 1,00 Fe -0,01 0,58 0,53 0,70 1,00 Zn 0,21 0,78 0,86 0,65 0,81 1,00 Cu 0,15 -0,04 0,67 0,42 0,22 0,33 1,00 Ni 0,13 -0,49 -0,29 -0,24 -0,53 -0,53 0,38 1,00 Cd -0,76 -0,27 -0,16 -0,02 0,50 0,13 0,12 -0,09 1,00 Pb 0,69 0,83 0,84 0,49 0,28 0,74 0,26 -0,27 -0,55 1,00
AVS 0,07 -0,01 0,55 -0,37 -0,22 0,17 0,31 -0,04 -0,30 0,38 1,00 Areia -0,23 -0,69 -0,65 -0,65 -0,87 -0,79 -0,05 0,65 -0,11 0,47 0,00 1,00 Silte -0,11 0,46 0,62 0,55 0,89 0,80 0,30 -0,64 0,40 0,32 0,16 -0,87 1,00
Argila 0,57 0,69 0,34 0,34 0,08 0,80 0,55 -0,48 0,12 0,42 -0,82 -0,05 -0,33 0,58Fonte: Presente trabalho
60
Visando detectar as associações de elementos executou-se a Análise das
Componentes Principais (ACP). A ACP reduz o número de variáveis no conjunto de dados
originais em menos elementos (ou componentes principais), sem perda significativa na
variância total dos dados (JOLLIFFE, 2002; CELINO et al., 2008b). A extração dos fatores
baseou-se na regra de Kaiser (1960), ou seja, retêm-se apenas os fatores com autovalores >
1, para serem considerados estatisticamente significativos. Geralmente, o componente
principal 1 (CP1) está relacionado à diferença de tamanho entre as variáveis envolvidas na
análise, e os demais componentes representam a diferença na forma dessas variáveis
(MANLY, 2000).
A distribuição dos parâmetros analizados, para as duas campanhas, entre o eixo
principal e secundário é mostrada na Figura 13. Juntos, os dois primeiros fatores (CP1 e
CP2) explicam 76% da variância total na primeira campanha e 80% na segunda campanha.
Acrescentando-se, na 1ª campanha, os fatores 3 e 4 ficam explicados 18% da
variância, mas isoladamente nenhum dos dois fatores adicionais chega a explicar 10% da
variância. A primeira CP correlaciona-se negativamente com a maioria das variáveis
(Tabela 8), exceto a areia.
A fração areia correlaciona-se positivamente, influenciando no comportamento
geoquímico das estações do mesolitoral (5-MA, 6-CA e 7-SU) por ter predomínio das
frações finas de areia, exceto a estação 8-CG, que além de possuir sedimentos mais finos,
está sob a influência do AVS, mostrada na segunda CP.
Na 2ª campanha, os fatores 3 e 4 explicam 15% da variância. A primeira CP está
negativamente correlacionada com a maioria das variáveis, semelhante à 1ª campanha.
Observa-se um agrupamento diferente, controlado pelo AVS e pH, além da fração argila
aproximando as estações 2-MA, 3-MA e 8-CG. Mais uma vez, as demais estações do
mesolitoral, são controladas pela fração areia, da primeira CP. As estações 1-CG e 4-MA
teram o silte, Fe, Mn e o Zn como os principais elementos geoquímicos controlando o
comportamento dos demais parâmetros nessas estações.
O principal parâmetro que influencia nessa distribuição é a granulometria. Ainda na
Figura 11, a ACP separa as estações em 3 grupos na 1ª campanha, fazendo uma separação
entre as estações do meso e do infralitoral, exceto a 8-CG, exatamente por ter sedimentos
mais finos, semelhante as estações do infralitoral.
61
Tabela 8 - Fatores da Análise de Componenetes Principais (ACP). Em negrito, destacam-se os valores mais importantes para as mesmas. F. - fator
Fator da CP pH N CO Mn Fe Zn Cu Pb AVS Areia Silte Argila
F.1 -0,72 -0,82 -0,71 -0,79 -0,85 -0,90 -0,76 -0,92 -0,47 0,72 -0,53 -0,82 1a Campanha F.2 0,04 -0,53 -0,60 0,40 0,45 0,23 -0,45 -0,23 0,76 -0,48 0,17 0,05
F.1 -0,49 -0,89 -0,84 -0,76 -0,79 -0,93 ** -0,80 -0,08 0,91 -0,74 -0,73 2a Campanha F.2 -0,80 -0,26 -0,10 0,07 0,56 0,20 ** -0,49 -0,73 -0,27 0,61 -0,06
Figura 13. Análise de Componentes Principais (ACP) das variáveis e estações da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Fonte: Presente trabalho
Est. 1-CG
Est. 2-MA
Est. 3-MA
Est. 4-MA Est. 5-MA
Est. 6-CA
Est. 7-SU
Ref.
Est. 8-CG
2a Campanha
pH
N
C.O.
Mn Zn
Pb
Silte
Argila
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
Fator 1: 61.42%
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
Fato
r 2:
18.8
6%
Fe
Areia SVA
1a Campanha
N CO
Fe
Zn
Cu
Pb
Silte Argila
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
Fator 1: 58.69%
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
Fato
r 2 :
17.6
4%
pH.1
Mn
Areia
SVA
Est. 1-CG Est. 2-MA
Est. 3-MA
Est. 4-MA
Est. 7-SU
Est. 8-CG
Ref.
Est. 6-CA
Est. 5-MA
62
O silte explica o agrupamento da estação 1-CG e 4-MA e a argila do grupo das
estações 2-MA, 3-MA e 8-CG. O terceiro grupo está sendo controlado pelo Fe, AVS e pela
granulometria.
É de conhecimento da literatura (LACERDA, 1998; JESUS et al., 2004; ALVES et
al., 2007; GARCIA et al., 2007) que os óxidos e hidróxidos concentram a maior parte dos
metais no sedimentos marinhos. Isso é mostrado na correlação entre Fe, Mn e AVS, e desses
com os demais metais e componentes da matéria orgânica (C.O.T e N). Com relação a
toxicidade potencial e disponibilidade dos metais na área de estudo, a repetição dos ensaios
com sedimentos que antecederam um período de chuva, 2ª campanha, não demonstrou a
mesma toxicidade, ou seja, disponibilidade de metais. Este resultado, conforme mostra a
Tabela 4, indica que há uma diferença na disponibilidade dos metais nos diferentes períodos
de coleta, conforme mostrado na relação [AVS/SEM] e AVS:Fe.
3.2 ANÁLISES DE HIDROCARBONETOS EM SEDIMENTOS NA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA.
A Tabela 9 sumariza os resultados dos hidrocarbonetos analisados nas amostras da
área em estudo. Os teores dos HPA foram abaixo dos respectivos limites de detecção,
exceto o naftaleno, desta forma não serão levados em consideração.
Dentre os hidrocarbonetos, o grupo dos saturados é freqüentemente reportado na
literatura como indicador da origem da matéria orgânica acumulada nos sedimentos
marinhos, sendo usados como parâmetros geoquímicos para inferir a existência de poluição
por óleo no ambiente (VEIGA et al., 2008). Esses parâmetros quando associados aos
cálculos de índices específicos diminuem a subjetividade da avaliação da origem dos
hidrocarbonetos sedimentares (ABOUL-KASSIM e SIMONEIT, 1995; ABOUL-KASSIM e
SIMONEIT, 1996; STOUT et al., 2001; NISHIGIMA et al., 2001). De acordo com
Simoneit (1978), a presença de uma mistura complexa não resolvida (MCNR), indica a
existência efetiva de hidrocarbonetos degradados, estando associada a óleos degradados e
intemperizados com possíveis aportes crônicos de petróleo.
O teor de n-Alcanos determinado variaram de 0,3 a 10,4 mg.kg-1 (primeira
campanha) a 1,6 a 80,9 mg.kg-1 (segunda campanha), com média/desvio padrão de 10,9 ±
16 mg.kg-1 sendo que, os maiores teores foram encontradas na estação 8-CG (80,9 mgkg-1).
63
Tabela 9 - Concentração de hidrocarbonetos no sedimento da 1ª e 2ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.
NOAA Bgd TEL PEL
1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG
1ªC 1,7 2,4 1,9 2,8 1,5 0,7 1,3 <0,01HPA (Naftaleno) N.I. 34,57 390,64
2ªC 0,8 14,2 5,2 4,6 3,2 0,5 1,9 117,51ªC 4,4 10,4 9,7 9,0 0,3 7,5 1,2 0,9
n-Alcano N.I. N.I. N.I. 2ªC 25,5 4,9 2,1 1,3 12,3 1,8 1,6 80,9 1ªC 470 10299 5696 6665 156 11547 2031 153
MCNR N.I. N.I. N.I. 2ªC 1641 156 241 215 429 192 72 50611ªC 41,4 66,6 40,1 37,9 1,8 66,7 12,6 4,8
HRP N.I. N.I. N.I. 2ªC 76,1 6,0 5,6 5,1 15,1 3,9 2,5 247,11ªC 516 10376 5746 6712 158 11621 2045 158
HTP N,I. N.I. N.I. 2ªC 1743 167 249 221 457 198 76 53891ªC <0,1 0,2 <0,1 <0,1 <0,1 0,5 1625,5 <0,1
Pristano N.I. N.I. N.I. 2ªC 0,9 0,1 <0,1 0,2 0,4 0,0 <0,1 3,6
N.I. N.I. N.I. 1ªC <0,1 0,4 0,1 0,1 <0,1 0,8 3247,1 <0,1 Fitano
N.I. N.I. N.I. 2ªC <0,1 0,24 <0,1 <0,1 0,2 <0,1 <0,1 1,4 Legenda: BG = Background; TEL = concentração abaixo da qual não há risco potencial de efeitos tóxicos à biota; PEL = níveis prováveis de efeito adverso à comunidade biológica; (1) NOAA (National Oceanic and Atmosferic Administration); 1ªC - primeira campanha; 2ªC – segunda campanha. Unidades: HPA (Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos) (μg kg-1); HTP (Hidrocarbonetos Totais do Petróleo), n-Alcano e HRP (mg.kg-1). N.I.: Não Identificado. LDM: HPA – 0,01; n-Alcanos, HTP e HRP – 0,1; Estações de amostragem: Coqueiro Grande (1-CG e 8-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA e 5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU). Fonte: Presente trabalho
Venturini e Tommasi (2004), no infralitoral da porção nordeste da BTS, encontraram
n-alcanos variando de 0,9 a 15,2 mg.kg-1. Costa et al. (2008) encontrou concentrações totais
destes n-alcanos em amostras de manguezal da BTS que variaram de 0,8 a 6,6 mg kg-1.
Veiga et al. (2008), também em manguezal da BTS, encontrou valores que variaram e 0,02
a 8,8 mg.kg-1. Em regiões portuárias como Arábia Saudita (0,2 a 22 mg.kg-1) e para o rio
Danúbio (1,0 a 40 mg.kg-1) na Europa, que foram reportados por Readman et al. (2002)
como as áreas de maiores concentrações de n-alcanos. De acordo com esses trabalhos, a
área de estudo apresentou valores próximos aos citados na 1ª campanha, porém na 2ª
campanha as estações 1-CG e 8-CG sugerem uma contaminação por n-alcanos.
O MCNR variou de 153 a 11547 mg.kg-1 (primeira campanha) a 72 a 5061 mg.kg-1
(segunda campanha), com média de 2814 ± 3853 mg.kg-1 para as duas campanhas. Os
teores mais elevados de MCNR predominaram nas estações 2-MA e 6-CA (1ª campanha e a
64
estação 8-CG (2ª campanha). Volkman et al. (1992) sugere alguns indicadores para estimar
a severidade da contaminação de origem petrogênica (Tabela 3). Segundo esses autores, a 2ª
campanha se enquadra nos indicadores: ii) não haver predominância dos n-alcanos com o
número de átomos de carbono ímpar sobre os de número átomos de carbono par (Hi/Hp); e
iv) uma mistura complexa não resolvida (MCNR).
A Tabela 10 mostra que a MCNR representa 90,1 a 99,4% dos hidrocarbonetos
totais, sugerindo uma contribuição antrópica e a presença de resíduos degradados e
intemperizados de petróleo. A relação entre a mistura complexa não resolvida (MCNR) e os
alifáticos resolvidos (HRP) - MCNR/HRP é utilizada como critério de diagnóstico da
degradação do petróleo no meio ambiente. Uma razão MCNR / HRP > 4 indica a presença
de resíduos de petróleo no ambiente (ABOUL-KASSIM e SIMONEIT, 1995; READMAN
et al., 2002). Conforme a Tabela 10, em ambas as campanhas essa relação foi superior a 4.
Essa relação deve ser usada com cautela, uma vez que a degradação microbiana no
ambiente sobre o HRP pode elevar os valores dessa relação, assim, outros índices devem ser
usados. Assim sendo, os autores consideram que, sedimentos marinhos com relação
HTP/(COT X 10-4) < 70, ainda que apresente uma razão MCNR/HRP elevada, não devem
ser classificados como poluídos, portanto, seguindo esse índice, a área de estudo seria
classificada como não contaminada.
A relação P/F reflete características do ambiente deposicional de origem. Quando
essa razão é ≤ 1 indica contaminação por petróleo, quando ≥ 1, indica a contribuição por
matéria orgânica recente, biogênico (COLOMBO et al., 1989; COMMENDATORE et al.,
2000; STOUT et al., 2001; YUNKER et al., 1999). Razões entre nC17/P indica a presença
de óleo bruto recente ou matéria orgânica recente e a razão nC18/F são usadas como
indicadoras da presença de resíduos oleosos degradados (LE DRÉAU et al., 1997;
COLOMBO et al., 1989). A razão HC Mar/HC Ter > 1, indica predomínio de HC
produzido por plâncton, marinho, quando essa razão é < 1, predomina HC de origem
terrestre (SNEDAKER et al., 1995; WU et al., 2001; GOGOU et al., 2000).
O somatório de n-alcanos/nC16 < 15 são indicativos de sedimentos contaminados
por petróleo e quando a razão Σn-alcanos/nC16 > 15, sugere-se que os sedimentos
apresentam matéria orgânica recente (COMMENDATORE et al., 2000; SNEDAKER et
al., 1995). A relação nC29/nC17 fornecem informações sobre a contribuição da matéria
65
orgânica terrestre ou marinha na composição dos HC marinhos biogênicos sedimentares,
uma vez que nC17 predomina na distribuição de lipídios derivados de algas e bactérias
marinhas enquanto que nC29, vegetais terrestres (SNEDAKER et al., 1995; LE DRÉAU et
al., 1997). O índice Hl/Hp corresponde à razão entre os somatórios dos n-alcanos inferior a
nC20 (Hl = hidrocarbonetos leves) e superiores a nC21 (Hp = hidrocarbonetos pesados).
Segundo Commendatore et al. (2000) essa relação irá refletir a presença de óleo degradado
(<1) ou a presença de óleo leve recente no ambiente (>1).
A relação P/F variou, quando identificado, de 0,5 a 0,7 (primeira campanha) a 2,5 a
3,7 (segunda campanha), com média de 1,3 ± 1,6 para as duas campanhas. Os teores mais
elevados dessa relação foi detectado em 1-CG (1ª campanha). O índice Pristano/Fitano
comprova esta origem petrogênica nas estações 2-MA, 4-MA, 6-CA e 7-SU da primeira
campanha, pois suas concentrações se mantêm aproximadamente na mesma proporção com
valores abaixo de 1. As razões nC17/P e nC18/F, quando identificado, variou de 0,8-2,9
(1ªC) e de 1,5-1,6 (2ªC), com média de 1,6 ± 0,5 e de 0,13 a 1,89 (1ªC) e de 2,47 a 3,57
(2ªC), com média de 1,9 ± 1,1, respectivamente. Essas razões indicam a presença de óleo
degradado nas estações 2-MA e 6-CA. Valores próximos, com o mesmo diagnóstico, foram
identificados por Veiga et al. (2008) que variaram de 0,86 a 1,08 e para nC18/F 0,94 a 1,77.
A relação Hl/HP apresentou índices significativos que variaram de 0,03 a 0,94 (1ªC)
e de 1,17 a 42,79 (2ªC), com média de 10 ± 15, sugerindo a presença de óleo degradado na
primeira campanha e nas estações 1-CG, 2-MA e 4-MA, da segunda campanha.
A outra relação que apresentou valores significativos foi Hi/Hp. Esse índice variou
de 0,32 a 2,15 (1ªC) e de 0,22 a 31,18 (2ªC). Essa razão sugere a presença de óleo
degradado nas estações 1-CG, 2-MA e 4-MA nas duas campanhas. As estações 3-MA e 6-
CA apresentaram a presença de óleo degradado somente na 1ª campanha.
De um modo geral, a matéria orgânica é de origem recente. Entretanto algumas
estações apresentaram razões intermediárias entre uma fonte e outra. As razões MCNR/HRP
e HTP/COT, sugerem uma área não contaminada. Porém, as relações envolvendo pristano/
fitano e principalmente Hi/Hp, sugere uma contribuição de óleo degradado nas estações do
infralitoral.
Assim, os índices apresentados na Tabela 10 corroboram com as relações C/N
(Tabela 4), sugerindo contribuições de matéria orgânica tanto de origem marinha-terrestre e
66
uma provável origem petrogênica nas estações do infralitoral e na 3-MA e 6-CA da primeira
campanha. Isso poderia ser explicado pelas diferentes fontes e mecanismos de transporte,
uma vez que os n-alcanos (especialmente de origem terrígena) estão preferencialmente
associados à fração dos sedimentos rica em detritos grosseiros, enquanto que a de origem
antropogênica está mais associada às partículas finas (BOULOUBASSI e SALIOT, 1993).
Estas estações apresentaram uma granulometria predominantemente argilosa.
Tabela 10 - Razões diagnósticas com hidrocarbonetos saturados cíclicos para os sedimentos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos. N.I. – não identificado.
Estação/ Campanha
%MCNR no HTP
MCNR/ HRP
HTP/ COTx10-4 P/F nC17/
P nC18/
F HCmar/ HCter
C29/ C17
n-alcanos
/C16
Hl/ Hp
Hi/ Hp
1º C 91,11 11,34 0,04 N.I. N.I. N.I. 0,05 N.I. N.I. 0,09 0,54 EST. 1 MA 2º C 94,17 21,58 0,12 3,72 1,46 3,57 27,96 0,11 15,87 41,7 0,90
1º C 99,26 154,6 0,53 0,55 1,45 0,87 0,87 1,74 20,45 0,44 0,46 EST.2 MA 2º C 93,48 26,13 0,02 N.I. 1,62 N.I. 20,16 0,17 23,11 23,7 0,78
1º C 99,13 142,13 0,32 N.I. N.I. 1,89 0,29 5,63 36 0,33 0,32 EST. 3 MA 2º C 96,91 42,96 0,02 N.I. N.I. N.I. 0,2 3,75 N.I. 1,29 1,47
1º C 99,3 175,64 0,28 0,7 2,57 1,55 0,25 8,29 35,56 0,16 0,79 EST. 4 MA 2º C 97,11 42,32 0,01 N.I. N.I. N.I. 1,02 N.I. 10,17 0,94 0,22
1º C 98,68 85,93 0,03 N.I. N.I. N.I. 0,31 N.I. N.I. 0,21 31,18EST. 5 MA 2º C 93,99 28,37 0,06 2,27 1,69 2,47 11,75 0,13 14,52 15 1,00
1º C 99,36 173,15 1,74 0,7 0,82 0,13 2,27 0,97 N.I. 0,62 0,63 EST. 6 CA 2º C 97,13 48,98 0,01 N.I. N.I. N.I. 0,26 3,39 65,86 1,17 1,32
1º C 99,32 161,41 1,33 0,5 N.I. N.I. 4520 2,69 N.I. 0,75 1,96 EST. 7 SU 2º C 94,59 28,53 0,05 N.I. N.I. N.I. 11,48 0,13 24,97 22,8 1,41
1º C 96,41 31,63 0,04 N.I. N.I. N.I. 0,05 N.I. N.I. 0,03 2,15 EST. 8 CG 2º C 93,91 20,48 0,65 2,55 1,64 2,58 42,49 0,02 11,49 42,8 0,76
Obs.: em negrito valores que indicam contribuição petrogênica. Fonte: Presente trabalho
67
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Controle 1 2 3 4 5 6 7 8
Pontos de Coleta
Sobr
eviv
ênci
a
3.3 ECOTOXICIDADE DOS SEDIMENTOS DA PORÇÃO NORTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BAHIA – BRASIL, UTILIZANDO O COPÉPODE BENTÔNICO TISBE BIMINIENSIS
De acordo com ARAÚJO-CASTRO et al. (2006b), a faixa de sensibilidade para
fêmeas adultas de Tisbe bimininensis na presença de dicromato de potássio foi de 5,8 a 20,2
mg/L a uma temperatura de 25 ºC. No presente estudo, utilizando Tisbe biminiensis e
dicromato de potássio, a CL50-96h foi de 8,13 mg/L, estando dentro da faixa esperada para
esta espécie, para as campanhas realizadas.
A média de sobrevivência dos organismos observada na primeira campanha foi de
90%, com máximo de 98% para o ponto 8-CG e mínimo de 84% para o ponto 7-SU. A
sobrevivência não foi significativamente diferente entre os pontos amostrados e o ensaio-
controle (F=1,4; p=0,25) (Fig. 14). Quanto à fecundidade total, foram observadas diferenças
significativas (F=10,9; p<0,0001), entretanto, os pontos que se apresentaram
significativamente diferentes do controle (Teste de Tukey) mostraram valores superiores ao
mesmo (Figura 15a). Em relação ao número de copepoditos, observaram-se diferenças
significativas (F=3,0; p=0,02) entre os pontos de coleta apresentado valores superiores ao
controle e valores significativamente mais altos para as estações 3-MA, 5-MA, 6-CA, 7-SU
e 8-CG (Figura 15b).
Figura 14. Médias (± desvio padrão) de sobrevivência de fêmeas de Tisbe biminiensis expostas aos sedimentos da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE), 1ª campanha. Fonte: Presente trabalho
68
Figura 15. Médias (± desvio padrão) da fecundidade total expressa em indivíduos produzidos (a) e número de náuplios e copepoditos (b) da espécie Tisbe biminiensis quando exposta aos sedimentos da área da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE), 1ª campanha. As letras acima das barras referem-se às diferenças significativas (Teste de Tukey). Fonte: Presente trabalho
As médias de náuplios produzidos apresentaram diferenças significativas (F=10,2;
p<0,0001) com apenas as estações 5 e 7 apresentando médias significativamente inferiores
ao controle (Teste de Tukey) (Figura 15b). As médias das demais estações não apresentaram
diferenças significativas ou se mostraram superiores.
Na 2ª campanha as médias de sobrevivência (efeito letal), assim como na coleta
anterior, não foram significativamente diferentes entre os pontos amostrados e o controle
(F=2,38; p=0,57) (Figura 16). As médias de sobrevivência dos organismos variaram de 97%
para o ponto 4 e mínimo de 84% para o ponto 5-MA. Em relação à fecundidade total (efeito
sub-letal), não foram observadas diferenças significativas (F=2,14; p=0,08) (Figura 17a).
Figura 16. Médias (± desvio padrão) de sobrevivência de fêmeas de Tisbe biminiensis expostas aos sedimentos da porção Norte da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE) 2ª campanha. Fonte: Presente trabalho
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Cont 1 2 3 4 5 6 7 8Pontos de Coleta
Sob
revi
vênc
ia
0
100
200
300
400
500
600
Controle 1 2 3 4 5 6 7 8
Pontos de Coleta
Fecu
ndid
ade
a a ab
c
b
a
c
a
ca
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Controle 1 2 3 4 5 6 7 8
Pontos de Coleta
naupliocopepodito
A
abcd
d
BC ABC
AB
D
CD
D
A
D
aab abc
cdbcd bcd bcd
b
69
Figura 17. Médias (± desvio padrão) da fecundidade total expressas em indivíduos produzidos (A) e número de náuplios e copepoditos (B) da espécie Tisbe biminiensis exposta aos sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos e controle (Maracaípe-PE ), 2ª campanha. As letras acima das barras de náuplios referem-se às diferenças significativas encontradas (Teste de Tukey). Fonte: Presente trabalho
As médias de copepoditos (efeito sub-letal) obtidas não apresentaram diferenças
significativas (F=2,433; p=0,053) entre os pontos de coleta e o controle (Figura 15b), 1ª
campanha. Após a análise do número de náuplios produzidos (efeito sub-letal) observou-se
diferenças significativas (F=5,829; p=0,0008) entre os tratamentos, mas estes não diferiram
significativamente em relação ao controle (Teste de Tukey) (Figura 15b).
Em áreas contaminadas observa-se uma redução na produção de náuplios e
copepoditos, (BEJARANO et al., 2004; LOTUFO, 1998ab). Os valores de náuplios,
copepoditos e fecundidade na área de estudo, sugerem que as médias de náuplios mais
baixas nas estações 5-MA e 7-SU são provavelmente devido à passagem para o estágio de
copepodito, o qual resultou em médias significativamente superiores nestas estações. No
entanto, este fato não implica na ausência de substâncias tóxicas no meio, conforme os
valores apresentados nas Tabelas 5 e Tabela 9 em comparação a valores de referência
internacional, pois estas podem estar presentes sob formas não biodisponíveis ou em
concentrações insuficientes para ocasionar toxicidade ao copepodo bentônico testado. Tais
concentrações podem, contudo, acarretar toxicidade a organismos mais sensíveis, ou ainda
ser biomagnificadas ao longo da cadeia trófica
3.3.1 Análise estatística
A Figura 18 mostra a ordenação dos efeitos avaliados no Tisbe quando exposta aos
sedimentos da área da porção Norte da BTS. Os fatores 1 e 2 da ACP explicam 83,69% dos
comportamento dos dados da 1ª campanha. A ACP da 2ª campanha mostra que os fatores 1
0
100
200
300
400
500
600
700
Cont 1 2 3 4 5 6 7 8
Pontos de Coleta
Fecu
ndid
ade
A
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Cont 1 2 3 4 5 6 7 8
Pontos de Coleta
náuplios
copepoditos
B
a
abbc
abab
c bc
ab
c
70
e 2 explicam 90,51% do comportamento dos dados. A carga que cada variável contribui nos
dados originais para as principais componentes favorece a ordenação dos dados com
comportamentos semelhantes (Tabela 11). De acordo com os valores das componentes
mostrado abaixo (Figura 18), observa-se que o naúplio é responsável pelo controle dos
copepoditos e a fecundidade, indicado nos maiores valores dos fatores da ACP (Tabela 11).
Esse comportamento já era esperado, uma vez que os testes utilizam fêmeas ovadas que irão
eclodir seus ovos durante o experimento, passando pelos estágios de naúplios, copepoditos e
por último a fase adulta propriamente dita. Assim qualquer efeito no número de naúplios
produzidos irá indicar um efeito sub-letal, comprometendo o desenvolvimento do estágio de
copepodito e consequentemente na mortalidade e fecundidade. O fator negativo da
mortalidade indica essa relação indireta da mortalidade com a fecundidade (fator 1= -0,84).
Tabela 11 - Fatores da Análise de Componentes Principais (ACP), em negrito, destacam-se os valores mais importantes para as mesmas. F.= fator
Figura 18. Análise de Componentes Principais (ACP) dos efeitos observados da espécie Tisbe biminiensis quando exposta aos sedimentos da área da porção Norte da Baía de Todos os Santos. Abaixo, plotagem dos valores das componentes principais 1 e 2 das variáveis. F. = fator (valor da componente). Fonte: Presente trabalho
Variável Fator Nauplio Copepodito Mortalidade Fecundidade F.1 0,92 0,58 -0,64 0,97 1a
Campanha F.2 -0,17 0,76 0,46 0,01 F.1 0,97 -0,40 -0,84 0,81 2a
Campanha F.2 0,05 0,89 0,19 0,57
2a Cam panha
Naúplio
Copepodito
Mortalidade
Fecundidade
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
Fator 1 : 61.42%
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
Fato
r 2 :
29.0
9%
1a Cam panha
Naúplio
Copepodito
Mortalidade
Fecundida
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
Fator 1 : 63.29%
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
Fato
r 2 :
20.4
0%
71
3.4 ANÁLISE DA MACROFAUNA BENTÔNICA DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS – BA
3.4.1 Levantamento de Macroinvertebrados bentônicos
A triagem do sedimento resultou num total de 1333 organismos amostrados, sendo
534 indivíduos na primeira campanha e 799 indivíduos na segunda campanha, pertencentes
a 6 filos distribuídos em quatro grandes grupos (Polychaeta, Crustacea, Bivalvia,
Gastropoda), os quais corresponderam a 97,8% e 99,9% das unidades taxonômicas
amostradas, respectivamente. Os demais grupos zoobentônicos estiveram representados por
riqueza de espécies que variou de 2 (Chordata e Sipuncula) a apenas 1 (Porifera).
Destacaram-se como os grupos de maior riqueza os seguintes:
• Polychaeta, que representou 59,4% e 73,5% em abundância e 28,6% e 17,4% em
número de taxas em ambas as campanhas;
• Mollusca (Bivalvia e Gastropoda), representando 32% e 13% em abundância e 43% e
47.8% em número de taxas; e
• Arthropoda (Crustacea), representando 6% e 13,5% na abundância e 21,4% e 32,6%
em número de taxas na 1ª e 2ª campanhas, respectivamente.
A Tabela 12 sumariza a abundância e sua freqüência de ocorrência nas estações
durante as duas campanhas.
A Figura 19 apresenta o gráfico das 10 famílias mais abundantes nas estações
amostradas (Capitellidae, Nereididae, Goniadidae, Opheliidae, Veneridae, Tellinidae,
Solecurtidae Mytilidae, Ocypodidae, Balanidae) a família Periplomatidae apesar de ter
contribuído com 11 indivíduos, valor considerável quando comparado à maior parte das
famílias, não foi considerada na análise por ter sido coletada apenas na 2ª campanha.
É possível analisar a estrutura de assembléias bentônicas sob dois aspectos
importantes de sua organização: o número de espécies e as respectivas abundâncias relativas
(GILLER, 1984). Estas medidas podem ser incorporadas em índices biológicos tais como
riqueza, diversidade e uniformidade, na tentativa de resumir as informações e facilitar a
comparação intra e entre habitats (SOARES-GOMES e PIRES-VANIN, 2003).
72
Tabela 12 – Taxas e Freqüências de Macrozoobentos encontrados no sedimento superficial da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Ab.=Abundância; Oc.=Ocorrência; *=Ausência.
1a campanha 2a campanha GRUPOS TAXONÔMICOS FAMÍLIAS
Ab Oc % Ab Oc % Capitellidae 95 100 234 50 Goniadidae 56 50 22 50 Nereididae 82 50 314 50 Opheliidae 65 62,5 11 37,5 Onuphidae * * 1 25 Orbiniidae 9 50 * * Pilargidae 7 12,5 * * Sternaspidae 2 12,5 5 50 FI
LO A
NN
ELID
A
POLYCHAETA
Syllidae 1 12,5 * * Corbulidae 1 12,5 3 12,5 Crassatellidae 1 12,5 * * Lucinidae 69 75 5 12,5 Mytilidae 6 25 41 12,5 Ostreidae * * 7 37,5 Periplomatidae * * 11 25 Plicatulidae * * 2 12,5 Semelidae * * 2 12,5 Solecurtidae 1 12,5 5 12,5 Tellinidae 89 75 4 25 Ungulinidae 4 25 3 12,5
BIVALVIA
Veneridae 1 12,5 14 75 Neritidae 4 25 2 25 Strombidae * * 1 12,5 Turbinidae * * 2 12,5 Columbellidae * * 1 12,5
GASTROPODA
Epitoniidae * * 1 12,5
FILO
MO
LLU
SCA
SCAPHOPODA Dentaliidae * * 1 12,5 Alpheidae 1 12,5 8 37,5 Balanidae 4 37,5 61 50 Diogenidae * * 1 12,5 Goneplacidae * * 3 25 Ocypodidae 20 37,5 15 62,5 Penaeidae * * 4 37,5 Porcellanidae * * 7 25 Portunidae * * 7 50 Sphaeromatidae 1 12,5 * * Squilidae 6 37,5 * * FI
LO A
RTH
RO
POD
A
CRUSTACEA
Xanthidae * * 2 25 FILO PORIFERA Chalinidae 1 12,5 * *
FILO SIPUNCULA Sypunculus 1 9 25 * * Gobiidae 1 12,5 1 12,5
VERTEBRATA Blenniidae 1 12,5 * * Fonte: Presente trabalho
73
0
5
10
15
20
25
30 Ophellidae C1 Opheliidae C2
Estações
Abu
ndân
cia
de o
rgan
ism
os
1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG
74
Figura 19. Distribuição das espécies dominantes no sedimento superficial da Porção Nordeste da Baía de Todos os Santos nas duas campanhas.
Um único índice de diversidade não é completamente efetivo para descrever a
estrutura de uma assembléia ou comunidade e, em muitas situações, a maior dificuldade na
utilização desses tipos de índices compostos é a separação da contribuição de cada um dos
seus componentes para o valor do índice, visto que o mesmo valor pode ser obtido com
grande riqueza de espécies e pouca homogeneidade ou vice-versa, como no caso do índice de
Shannon-Weaver. Se dispusermos apenas do valor do índice, sem conhecer os seus
componentes, esta separação torna-se impossível (BEGON et al., 2006).
Os índices, quando utilizados com critério e em conjuntos coerentes, em numerosas
condições podem auxiliar a interpretação de conjuntos complexos de dados (NORRIS et al.
1995). Assim, neste estudo, além dos valores de abundância e número de grupos (famílias)
foram utilizados os índices de: diversidade de Shannon-Weiner (H’) (SHANNON e
WEAVER, 1949), riqueza de Margalef e o índice de equitabilidade de Pielou (J') (PIELOU,
1966; BUZAS e GIBSON, 1969). A Figura 20 apresenta os resultados obtidos para estes
índices.
É possível perceber que os valores apresentam uma tendência de homogeneidade
entre as estações durante as duas campanhas, à exceção da estação 4-MA, que durante a
segunda campanha apresentou um resultado anômalo, com número de indivíduos e famílias
muito baixo. Os índices ecológicos apresentados para as demais estações evidenciam um
ambiente relativamente contínuo entre o meso e infralitoral. A expectativa de organização
desses dois ambientes seria um maior número de indivíduos no ambiente de infralitoral,
devido à maior estabilidade das condições ambientais e a provável ocupação dos nichos neste
ambiente com muitas espécies raras e um ambiente com menos indivíduos, com menor
equitabilidade e maior abundância para o mesolitoral, devido à alta variabilidade de
condições abióticas nesse ambiente, o que facilitaria o estabelecimento de mais espécies
dominantes.
Entretanto, os índices calculados para este ambiente não evidenciaram esta relação,
pois os índices de equitabilidade não apresentaram modificações relevantes entre as estações
nas duas campanhas, indicando um ambiente bem estabelecido a nível de distribuição de
indivíduos. É de conhecimento que ambientes com níveis altos de distúrbios apresentam
maiores valores de equitabilidade que ambientes mais estabelecidos ecologicamente
(ambientes clímax) (BEGON et al., 2006; OLSGARD et al., 2003). Os ambientes descritos
75
pelos índices de equitabilidade neste estudo mostraram-se relativamente não perturbados,
com valores de equitabilidade acima de 0,5.
A dominância calculada para as duas campanhas, contudo, evidenciou as famílias de
Capitellidae, Nereididae e Goniadidae como dominantes entres as estações da 1ª campanha e
2ª Campanha com o acréscimo da Família Balanídae. A família Nereididae apresentou
dominância total para a estação 7-SU com 75 indivíduos. A família Capitellidae apresentou
dominância devido principalmente, à sua ocorrência em valores relativamente altos quando
comparado as demais famílias em todas as estações. Vale ressaltar que as famílias
consideradas dominantes (Capitellidae e Goniadidae) mostraram maior ocorrência nas
estações de mesolitoral. A dominância dessas famílias sugere que o ambiente de mesolitoral
seja mais instável que o infralitoral, informação não evidenciada na análise isolada dos
índices ecológicos.
A riqueza de espécies (índice de Margalef) neste estudo também apresentou valores
muito próximos entre as estações das duas campanhas. Os bivalves (Anomalocardia
brasiliana, Tellina sp., Tagelus plebeius) e os poliquetas (Capitella sp., Laeonereis acuta,
Glycinde multidens), foram os organismos mais representativos. A riqueza de espécies,
relativamente baixa, observada na área de estudo, quando comparada à riqueza de outros
ambientes semelhantes (SOARES-GOMES e PIRES-VANIN, 2003; MARINS et al., 2008)
pode estar relacionada à ocorrência do elevado percentual de lama. Nesse tipo de substrato já
foi encontrado associações faunísticas mais pobres devido às contribuições antrópicas
oriundas das aglomerações urbanas e dos complexos industriais do Recôncavo Baiano
(ALVES et al., 2006).
Os organismos poliquetas são reconhecidos como bons indicadores de mudanças
ambientais. A presença ou ausência de grupos ou a dominância de poliquetas específicos em
sedimentos marinhos pode prover um excelente indicador da qualidade ambiental para os
organismos bentônicos.
A dominância do grupo de Poliquetas Capitellidae nas estações de mesolitoral sugere
que estes ambientes possuam condições ambientais que promovam a sua sustentação nesse
sistema ou que esses organismos estejam agindo como oportunistas (WEIS et al., 2005) Uma
vez que os Capitellidae são tolerantes a ambientes onde ocorre contaminação por matéria
orgânica, uma vez que este é um parâmetro indicador de disponibilidade de recurso alimentar
(VENTURINI e TOMMASI, 2004) e existe uma tendência a alteração de proporção de
indivíduos nesse ambiente, poder-se-ia sugerir que sua dominância deva-se ao aumento do
teor de matéria orgânica nesses ambientes, No entanto, a análise dos valores de N e C.O.T.
76
obtidos nas duas campanhas (Tabela 4) evidenciam um padrão contrário, onde as áreas com
maior teor de nutrientes mostram menor abundância desses poliquetas.
De fato, são as estações de mesolitoral que mostram a dominância evidente desse
grupo, fazendo supor que: i) outros fatores que não os teores de nutrientes ou a granulometria
determinam a dominância desses organismos na zona de infralitoral ou ii) as condições
ambientais do infralitoral, mesmo com maiores teores de nutrientes, possui condições de
estresse que tornam não suportável a existência de dominância.
Figura 20. Variação dos índices ecológicos de: diversidade de Shannon-Weiner (H’), o índice de riqueza de Margalef (d) e o índice de equitabilidade de Pielou (J'), n° de famílias (S) e abundância (N). Fonte: Presente trabalho
Campanha 2
0
1
2
3
4
1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CGEstações
0
50
100
150
200
250
300
d J' H' S N
Campanha 1
0
1
2
3
4
1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CGEstações
0
50
100
150
200
250
300
d J' H' S N
S N
S N
d J’ H’
d J’ H’
77
3.4.2 Padrões de ordenação das assembléias de macrozoobentos
As Figuras 21 e 22 apresentam as ordenações realizadas por nMDS (escalonamento
multidimensional não métrico) obtidos por meio das matrizes de similaridade, baseadas na
composição dos grupos e abundâncias utilizando o índice de similaridade de Bray-Curtis
(CLARKE, 1993). A tendência de diferenciação das estações e meso e infralitoral não
observadas com os índices ecológicos, mas percebidas na dominância e na ordenação das
estações, indicam a tendência de formação de dois conjuntos de ordenação, com as estações
de mesolitoral ordenadas próximas entre si do mesmo modo que as estações de infralitoral,
seguindo uma tendência em formar duas assembléias, a primeira por organismos das estações
de 2-MA, 3-MA e 4-MA e a segunda pelos organismos das estações 5-MA a 8-CG.
Na segunda campanha (Figura 22) a tendência de ordenação das estações de
mesolitoral mostrou-se muito mais evidente na formação de um conjunto distinto do que as
demais estações de infralitoral. Nessas apenas as estações 2-MA e 3-MA ordenaram-se
próximas devido ao baixo número de espécies encontradas nessas estações. Uma provável
explicação para a baixa diversidade beta entre estas duas assembléias é a homogeneidade de
habitats entre as mesmas com relação ao tamanho de partícula e sua composição
(GRAY,1974)
78
Figura 21. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos, 1ª campanha. As circunferências indicam o tamanho relativo do número de indivíduos nas estações. Fonte: Presente trabalho
1a Campanha 1-CG
2-MA 3-MA
4-MA 5- MA
6-CA
7-SU
8-CG
Stress: 0,06
MEDIOLITORAL
INFRALITORAL
Familia Capitellidae
1-CG
2-MA 3-MA
4-MA
7-
Stress: 0,06
5-MA
6-CA
8-CG
Familia Goniadidae 1-CG
2- 3-MA
4-MA5-MA
6-CA
7-SU
8-CG
Stress: 0,06
79
Figura 22. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos, 2ª campanha. As circunferências indicam o tamanho relativo do número de indivíduos nas estações. Fonte: Presente trabalho
Família Nereididae
1-CG
2-MA3-MA
4-MA
6-CA 8-CG
Stress: 0.01
5-MA7-SU
Família Balanidae
1-CG
2-MA3-MA
4-MA
5-MA
6-CA
7-SU
8-CG
Stress: 0.01
1-CG
2-MA
3-MA
4-MA
Stress: 0.012a Campanha
5-MA
7-SU
6-CA 8-CG
MEDIOLITORAL
80
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA INTEGRADA DAS VARIÁVEIS BIÓTICAS E ABIÓTICAS
Foi realizada uma matriz de correlação de Pearson para cada campanha (Tabela 13 e
14) para avaliar a correlação dos parâmetros geoquímicos com os efeitos observados no
ensaio ecotoxicológico. A matriz da 1ª campanha mostra uma correlação positiva entre o
número de náuplios e o AVS e uma correlação negativa entre o número de copepoditos e o
Cu, sugerindo o antagonismo/sensibilidade do organismo-teste ao metal, uma vez que o
mesmo se encontra disponibilizado para o ambiente. A correlação positiva com o AVS está
associada com o controle dos sulfetos volatilizáveis sobre a disponibilidade dos metais. As
demais correlações foram identificadas entre os metais e os parâmetros orgânicos, sugerindo
uma provável origem comum.
A correlação positiva dos coeficientes com os sulfetos e os parâmetros biológicos
indica um controle na toxicidade do sedimento, pois o sulfeto está diretamente ligado a
disponibilidade de metais para o ambiente. A correlação entre os HPA e o n-Alcano, assim
como do Cd com os hidrocarbonetos sugere a mesma origem, possivelmente petrogênica. O
HPA também irá controlar a mortalidade do Tisbe biminiensis. Comportamento semelhante é
observado na 2ª campanha. A Tabela 14 mostra uma correlação do número de copepoditos
com coeficiente de Pearson (r=0,73) com o Cd e deste com o AVS (r=0,84). Observando-se
correlação do HPA com a Mortalidade na 1ª campanha, sugere-se que essa correlação
(r=0,74) não esteja associada ao efeito subletal ocorridos nas estações 3-MA, 5-MA e 7-SU a
nível de copepodito e naúplio. Porém, na segunda campanha não há correlação entre a
mortalidade, metais com o HPA, sugerindo que o mesmo não interferiu na sobrevivência do
copépodo, ou que os teores dos compostos orgânicos tenham sido insuficientes para ocasionar
toxicidade ao copepodo Tisbe biminiensis. Araújo-Castro et al. (2008), realizou ensaios com
Tisbe biminiensis no estuário próximo ao Porto de Suape-PE e o mesmo não apresentou
efeitos letais e/ou sub-letais para HPA, vale resaltar que as concentrações dos hidrocarbonetos
estavam abaixo dos níves sugeridos pelo NOAA (Total HPA-1684 ug.g-1). Ainda no mesmo
trabalho, os autores utilizaram o copépode para um ensaio numa área, onde os sedimentos
estavam contaminados com petróleo decorrente de um derrame. Para esses ensaios, o Tisbe
biminiensis apresentou efeito sub-letal e letal.
81
Tabela 13 - Matriz de correlação de Pearson mostrando as relações entre náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), metais, HPA, n-Alcano (n-alc), HRP, HTP, MCNR, Pristano (Pris) e AVS em sedimentos da 1ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.
Np Cp Mt Fd HPAn-
Alc HRP MCNR HTP Pris Zn Cu Cd Pb AVSNp 1,00 Cp 0,30 1,00
Mt -
0,46 -0,20 1,00
Fd 0,98 0,49 -0,46 1,00
HPA -
0,37 -0,60 0,74 -0,46 1,00
n-Alc 0,33 -0,39 0,45 0,23 0,63 1,00 HRP 0,24 -0,43 0,33 0,13 0,39 0,86 1,00
MCNR 0,31 -0,09 0,24 0,26 0,31 0,82 0,88 1,00 HTP 0,31 -0,10 0,24 0,26 0,31 0,82 0,88 1,00 1,00
Pris -
0,44 0,58 0,48 -0,28 -0,11 -0,40 -0,34 -0,23 -0,23 1,00
Zn 0,42 -0,40 -0,14 0,31 0,07 0,36 0,19 0,03 0,03 -0,64 1,00
Cu -
0,04 -0,86 0,11 -0,21 0,48 0,27 0,22 -0,16 -0,16 -0,56 0,49 1,00
Cd 0,23 0,03 0,16 0,21 0,25 0,67 0,61 0,79 0,79 -0,23 -0,07 -0,34 1,00 Pb 0,14 -0,68 0,25 -0,01 0,42 0,38 0,26 -0,13 -0,13 -0,43 0,69 0,89 -0,31 1,00
AVS 0,76 0,40 -0,46 0,78 -0,45 -0,05 -0,30 -0,21 -0,21 -0,28 0,61 -0,08 -0,13 0,19 1,00
Fonte: Presente trabalho
Tabela 14 - Matriz de correlação de Pearson mostrando as relações entre náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), metais, HPA, HTP, n-Alcano (n-alc), HRP, MCNR, HTP, pristano (Pris) e AVS em sedimentos da 2ª campanha na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.
Np Cp Mt Fd HPAn-
Alc HRP MCNR HTP Pris Fit Cu Ni Cd AVSNp 1,00 Cp -0,39 1,00 Mt -0,68 0,40 1,00 Fd 0,85 0,16 -0,50 1,00
HPA 0,52 -0,24 -0,14 0,42 1,00 n-Alc 0,38 -0,37 0,08 0,19 0,94 1,00 HRP 0,40 -0,42 0,02 0,19 0,94 1,00 1,00
MCNR 0,40 -0,42 0,03 0,19 0,94 1,00 1,00 1,00 HTP 0,40 -0,42 0,03 0,19 0,94 1,00 1,00 1,00 1,00 Pris 0,41 -0,38 0,02 0,22 0,95 1,00 0,99 0,99 0,99 1,00 Fit 0,38 -0,31 0,06 0,23 0,96 0,99 0,99 0,99 0,99 1,00 1,00 Cu -0,66 0,03 0,11 -0,70 -0,37 -0,37 -0,35 -0,37 -0,37 -0,38 -0,38 1,00 Ni -0,60 -0,06 -0,04 -0,67 -0,23 -0,25 -0,23 -0,24 -0,24 -0,24 -0,24 0,95 1,00 Cd -0,18 0,73 -0,07 0,24 -0,46 -0,64 -0,64 -0,63 -0,63 -0,62 -0,57 -0,09 -0,09 1,00
AVS 0,17 0,59 -0,33 0,52 -0,45 -0,68 -0,67 -0,67 -0,67 -0,66 -0,63 -0,15 -0,23 0,84 1,00
Fonte: Presente trabalho
Para integrar os dados ecotoxicológicos e químicos foi aplicada a análise de
componentes principais (ACP) nos resultados dos parâmetros avaliados (toxicológicos e
geoquímicos) para cada campanha, no intuito de explorar as relações entre as estações
82
investigadas (Figura 22). A ACP da primeira campanha explica 60,61% da variância total dos
dados originais, gerando a ordenação de 3 grupos. O grupo A ordena as estações 7-SU e 5-
MA. Nessas estações, conforme mostra a Figura 22, a redução no número dos copepodidos
sendo controlada pelo pristano, fitano e os metais (Pb, Cu, Ni). O grupo B, representado pelas
estações 1-CG, 2-MA, 3-MA e 4-MA, caracteriza-se por ordenar os compostos orgânicos (n-
alcano, HPA, HTP, HRP, MCNR, N e C.O.T) que irão influenciar na mortalidade do Tisbe
biminiensis. Como se trata de uma correlação positiva, o aumento na concentração desses
compostos induzirá um aumento da mortalidade do copépode, pinciplmente o HPA, mostrado
na mesma componente (Fator 2). O grupo C é ordenando pelo AVS e Fe, Zn e argila. A
correlação negativa do Fe e AVS irão influenciar na disponibilidade do Zn, que por
conseqüência, irá controlar o desenvolvimento dos naúplios (Np) devido a toxicidade do
metal, afetando a fecundidade (Fd). Estudo realizados por Cooper e Morse (1998), bem como
Machado et al. (2004), mostram essa relação AVS:Fe na disponibilidade de metais em
ambientes marinhos. A ACP da primeira campanha também mostra uma separação entre as
estações do infralitoral (grupo B) das estações do mesolitoral (grupo A e grupo C).
Tabela 15 - Valores das componentes principais CP1 e CP2 das variáveis da ACP.
1a Campanha 2a Campanha Fator 1 Fator 2 Fator 1 Fator 2 N 0,84 0,26 0,72 -0,43
CO 0,83 0,41 0,34 -0,90 Fe 0,64 -0,72 0,81 -0,47 Zn 0,83 -0,42 0,55 -0,78 Cu -0,67 0,26 -0,35 -0,58 Ni -0,36 0,07 -0,68 0,24 Cd 0,28 0,55 0,09 -0,82 Pb -0,84 0,23 0,40 -0,81
AVS 0,35 -0,78 -0,31 -0,72 HPA 0,40 0,72 0,67 0,63
n-alcano 0,78 0,56 0,70 0,70 HRP 0,60 0,60 0,72 0,67
MCNR 0,46 0,61 0,72 0,67 HTP 0,46 0,61 0,72 0,67
Pristano -0,76 0,23 0,71 0,68 Fitano -0,76 0,23 -0,69 0,40 Silte 0,38 0,07 0,67 -0,64
Argila 0,66 -0,51 0,95 -0,01 Naúplio 0,51 -0,45 0,81 -0,23
Copepodito -0,55 -0,29 -0,63 -0,02 Mortalidade 0,04 0,76 -0,43 0,50 Fecundidade 0,35 -0,48 0,50 -0,26
Fator (valor baseado em correlações entre a componente). Fonte: Presente trabalho
83
Figura 23. Análise de Componentes Principais (ACP) dos end Point da espécie Tisbe biminiensis em relação aos parâmetros químicos metais e orgânicos da 1ª campanha (1ªC) e da 2ª campanha (2ªC) na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos. Legenda: náuplios (Np), copepoditos (Cp), mortalidade (Mt) e fecundidade (Fd), n-Alcano (n-alc), Pristano (Pris). Fonte: Presente trabalho
A ACP da 2ª campanha explica 70 % da variabilidade dos dados. Observa-se a
formação do grupo A (7-SU) dominado pelo Ni (Figura 23). O teor de Ni na estação 7-SU na
segunda campanha (Tabela 3) sugere que esse metal poderá controlar o desenvolvimento dos
1a Campanha
N CO
Fe
Zn
Cu
Ni
Cd
Pb
SVA
HPA
n-alcano HRPHTP
Silte
Argila Np
Cp
Mt
Fd
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
Fator 1: 36.19%
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
Fato
r 2: 2
4.43
%
FitanoPristano
UCM
2a Campanha
N
CO
Fe
Zn
Cu
Ni
Cd PbSVA
UCM
Silte
Argila
Np
Cp
Mt
Fd
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
Fator 1: 37.64%
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
Fato
r 2: 3
2.26
%
FitanoPristanon-alcanoHRP
HTPHPA
1-CG
2-MA3-MA
4-MA
5-MA
6-CA
7-SU
8-CG
1-CG
2-MA
3-MA4-MA
5-MA
6-CA7-SU
8-CG
Grupo A
Grupo B
Grupo A
Grupo C
Grupo C
Grupo B
84
copepodidos, elevando a taxa de mortalidade e conseqüente redução no número de
copepodidos.
O grupo B (8-CG) ordena os compostos orgânicos em uma única estação (r = 0,67 a
0,72). Essas correlações sugerem que todos esses compostos tiveram a mesma origem. O
grupo C ordena as estações 1-CG, 2-MA, 3-MA, 4-MA, 5-MA e 6-CG. A CP1 a argila irá
controlar a distribuição do N, Fe e Silte e a CP2 (fator 2) o C.O.T. e o AVS assume essa
função, controlando o comportamento dos metais (Zn, Cd e Pb). As correlações inversas do
Fe:AVS, mais uma vez irá influenciar na disponibilidade dos metais para o ambiente, da
mesma forma como já foi descrito para a primeira campanha.
As análises das ACP permitiram a redução de 23 variáveis iniciais para duas
componentes. Cesar et al. (2007) usou a ACP par estabelecer comparações entre a degradação
ambiental em diferentes áreas do sul da Espanha (Golfo de Cádis) e Brasil (estuário de Santos
e São Vicente), obtendo resultados consistentes na identificação da contaminação e seus
efeitos associados. No presente estudo a ACP corroborou com as informações mostradas na
matriz de correlação (Tabela 13 e 14), a exemplo da relação AVS:Fe, a origem em comum
dos hidrocarbonetos e como esses parâmetros influenciam os parâmetros toxicológicos,
principalmente a mortalidade e fecundidade.
Visando verificar como os fatores abióticos contribuem na determinação dos padrões
observados por meio da ordenação nMDS (Figuras 21 e 22) realizou-se uma análise de
permutação entre as duas matrizes de dados bióticos (as famílias das assembléias de
macrozoobentos) e os dados abióticos por meio da análise Bioenv (Biological And
Environmental Matching), para esta análise, a estimativa de relação entre as duas matrizes foi
a correlação não paramétrica de Spearman.
Os resultados das permutações realizadas aceitaram a hipótese nula testada de não
correlação entre as duas matrizes. O índice de correlação (rho) calculado para as duas
matrizes evidenciou a inexistência de relação entre ambas (rho= - 0,14). Uma explicação para
este resultado é a alta colinearidade entre os parâmetros estabelecidos para a investigação dos
padrões das assembléias de macrozoobentos.
A razão da terminação dessas variáveis deveu-se ao encontro de padrões
historicamente corroborados de relação entre variáveis como matéria orgânica, nitrogênio
total ou mesmo classificação de sedimento como fatores determinantes da ocupação das áreas
de fundo por organismos macrozoobentônicos (e.g. GRAY, 1974; SNELGROVE e
BUTMAN, 1994; ELLINGSEN, 2002)
85
De fato, as variáveis mensuradas apresentaram alta probabilidade de trazer consigo
informações uma das outras, como por exemplo, a granulometria. É sabido que frações mais
finas tendem a possuir maiores teores de matéria orgânica devido à alta adsorção em sua
superfície de contato muito maior que frações mais grossas do sedimento, tal comportamento
repete-se para variáveis como carbono orgânico total, nitrogênio total ou mesmo a relação
C/N.
Adicionalmente, os valores dos parâmetros abióticos (parâmetros químicos)
mensurados através da análise do Bioenv, mostraram alta homogeneidade entre as estações do
presente trabalho. Tal fato dificultou o estabelecimento de padrões de distribuição associados
aos fatores abióticos chave considerada nesse estudo.
Certamente a existência de não correlação entre estas variáveis e o padrão de
distribuição desses organismos não significa que elas não sejam determinantes no
estabelecimento do habitat desse tipo de organismo. Isso apenas sugere que as tomadas de
multiplas variáveis, em conjunto, trazem informação semelhante, contribuindo para a partição
de correlações, tornando difícil o estabelecimento da correlação.
Outro ponto importante a ser destacado é que as dominâncias de grupos específicos
indicadores de condições de habitat e o padrão de ordenação das assembléias
macrozoobentônicas evidenciado na ordenação multivariada indicam a tendência de formação
de dois conjuntos de habitat, e conseqüentemente, do padrão de distribuição de espécies.
Ora, se não são os parâmetros chave descritores do ambiente os estabelecedores das
condições que sustentam o padrão de distribuição dos organismos, o próximo passo seria a
investigação dos fatores de estresse ambiental que podem colaborar com o estabelecimento do
padrão observado nesse estudo.
Uma vez que o ambiente em questão é zona de aporte e fonte (zona de deposição) de
diversos contaminantes orgânicos e inorgânicos, a seqüência lógica de um programa de
pesquisa que se proponha a estudar este ambiente e inferir sobre os processos que o regulam
(sulfetos, matéria orgânica, hidrocarbonetos, granulometria) seria investigar estes fatores e sua
relação com os padrões observados neste estudo (comunidade bentônica).
86
4 TRÍADE DE QUALIDADE DE SEDIMENTO DA PORÇÃO NORDESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS - BA
De acordo com Long et al., (2005) dentre os propósito da TRIADE pode-se citar as
seguintes:
1. Determinar a incidência e gravidade da toxicidade e contaminação química do
sedimento;
2. Identificar padrões espaciais e gradientes de toxicidade química e concentrações em
sedimentos, conforme definido com os métodos selecionados;
3. Estimar a extensão espacial de toxicidade e contaminação química, tal como
definido no método selecionado, em sedimentos superficiais;
4. Descrever a composição, abundância e diversidade das assembléias bentônicas
infaunal em cada local de amostragem;
4.1 ANÁLISES QUÍMICAS, FÍSICAS E ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO
As análises químicas identificam e quantificam as substâncias presentes no sedimento,
estas informações são utilizadas para determinar a natureza e o grau de concentração dos
contaminantes (ABESSA et al., 1998). A Tabela 16 mostra os resultados químicos e
toxicológicos obtidos na estação de referência e nas estações consideradas impactadas que
serão utilizadas na interpretação da TRÍADE. Antes da utilização dos dados da estação de
referência, foi avaliada se a mesma atendia as exigências sugeridas por Long e Wilson (1997),
dentre elas:
• Valores de contaminantes abaixo de ERM-NOAA;
• Ensaios ecotoxicológicos com total controle no cultivo dos organismos e
monitoramento dos parâmetros;
• Riqueza de espécie;
As duas campanhas apresentaram comportamento diferente quanto à distribuição das
concentrações dos elementos determinados. Conforme valores orientadores do NOAA, apenas
as estações 4-MA, 1ª campanha e 3-MA, 5-MA e 7-SU da 2ª campanha apresentam valores
possivelmente tóxicos para metais, se comprados com aos TEl e PEL do NOOA, mas abaixo
dos valores de ERM-NOAA. Os HPA foram identificados abaixo dos valores sugeridos pelo
NOAA. Os sulfetos (AVS) apresentaram menores concentrações na primeira campanha,
assim, a relação [AVS/SEM] evidenciou que o AVS presente no sedimento era insuficiente
87
para reter os metais nas estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU. Na segunda campanha, somente
a estação 1-CG apresentou-se no limite do teor do AVS:SEM (1,02), nas demais estações o
AVS foi suficiente para reter o metal. A granulometria mostrou com predominância da fração
silte, para as duas campanhas, exceto as estações 5-MA, 6-CA e a referência.
Quanto ao carbono orgânico e o nitrogênio, apresentaram através da relação C/N (3,3-
11,6), uma matéria orgânica predominantemente marinha, porém em algumas estações (2-
MA, 3-MA e 6-MA) apresentaram uma matéria orgânica de origem marinho-terrestre. Os
resultados relativos às concentrações de metais mostraram comportamento semelhante para a
maioria dos metais analisados, apresentando redução na concentração, para todas as estações,
na segunda campanha.
Através dos valores dos hidrocarbonetos (HC) é possível calcular índices, para inferir
a existência de poluição por óleo no ambiente. Os índices geoquímicos mostrados na Tabela
10 sugerem a presença de matéria orgânica de origem petrogênica, nas estações 1-CG, 2-MA,
4-MA nas duas camapanhas e 3-MA e 6-CA (1ª campanha). Na segunda campanha, os índices
indicaram a presença de matéria orgânica de origem biogênica, para as demais estações. Isso
sugere que houve uma degradação dos HC’s petrogênicos no intervalo entre as duas
campanhas, provavelmente associada a um período chuvoso que pode ter remobilizado e
lixiviado esses sedimentos para o infralitoral, de forma que foi evidenciada a predominância
de HC’s de origem biogênica na segunda campanha.
A toxicidade é uma propriedade relativa dos contaminantes que se refere ao seu
potencial de possuir um efeito nocivo sobre um organismo vivo. Segundo Abessa et. al.
(1998), os testes de toxicidade têm a possibilidade de avaliar os efeitos de um contaminante
sobre um organismo e estimar a biodisponibilidade dos poluentes. Os ensaios
ecotoxicológicos realizados na estação referência mostrou um baixo número de copepoditos
(Tabela 16). Valores elevados de náuplios, copepoditos e fecundidade no presente estudo,
podem indicar um ambiente ausente de contaminantes ou que os mesmos não estejam
biodisponíveis. A análise multivariada (ACP) é considerada como uma ferramenta muito útil
e confiável para identificar a contaminação e seus efeitos associados em áreas diferentes
(CESAR et al., 2007). As médias de copepoditos mais baixas na estação de referência pode
estar associada à passagem do estágio de naúplio para o estágio de copepodito do Tisbe
biminiensis, o qual obteve média significativamente alta de naúplios. As demais estações,
consideradas impactadas, apresentaram efeito sub-letal apenas nas estações 1-CG, 2-MA e 7-
SU da primeira campanha, conforme mostrado na Figura 23, principalmente associada às
concentrações do Ni e Cu.
88
Tabela 16- Resultados da distribuição dos parâmetros químicos e toxicológicos nos sedimentos da porção Nordeste da Baía de Todos os Santos.
NOAA Bgd TEL PEL
Referência Camamu 1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG
1aC 1,7 2,4 1,9 2,8 1,5 0,7 1,3 <0.01HPA N.I. 1684 16770 N.I. 2aC 0,8 14,2 5,2 4,6 3,2 0,5 1,9 117,51aC 4,4 10,4 9,7 9,0 0,3 7,5 1,2 0,9 n-Alcano N.I. N.I. N.I. 3.2 2aC 25,5 4,9 2,1 1,3 12,3 1,8 1,6 80,9 1aC 470 10299 5696 6665 156 11547 2031 153 MCNR N.I. N.I. N.I. 353 2aC 1641 156 241 215 429 192 72 5061 1aC 41,4 66,6 40,1 37,9 1,8 66,7 12,6 4,8 HRP N.I. N.I. N.I. 3.2 2aC 76,1 6,0 5,6 5,1 15,1 3,9 2,5 247,11aC 516 10376 5746 6712 158 11621 2045 158 HTP N.I. N.I. N.I. 359 2aC 1743 167 249 221 457 198 76 5389 1aC <0,1 0,2 <0,1 <0,1 <0,1 0,5 1625,5 <0,1 Pristano N.I. N.I. N.I. N.I. 2aC 0,9 0,1 <0,1 0,2 0,4 0,0 <0,1 3,6 1aC <0,1 0,4 0,1 0,1 0,0 0,8 3247,1 <0,1 Fitano N.I. N.I. N.I. N.I. 2aC 0,2 <0,1 <0,1 <0,1 0,2 <0,1 <0,1 1,4 1aC 31,6 35,9 33,0 29,8 22,1 22,2 16,7 38,4 Zn 48 124 271 20,9 2aC 28,40 24,33 20,52 33,76 13,68 16,50 2,92 13.821aC 35,4 15,4 14,6 24,4 12,7 6,5 <0,02 11,3 Cu 17 18,7 106,2 6,2 2aC 9,11 6,42 9,88 29,94 3,71 3,82 3,25 1,08 1aC 3,9 2,5 1,0 5,7 <0,07 <0,07 4,8 4,8 Ni 13 15,9 42,8 10,7 2aC 10,30 2,61 21,18 16,58 27,53 7,76 22,92 5,85 1aC 0,1 0,2 0,3 0,2 0,2 0,3 0,1 0,1 Cd N.I. 4.21 676 0,97 2aC 0,08 0,12 0,15 0,11 0,10 0,10 0,09 0,08 1aC 9,9 4,5 5,7 6,0 <0,09 <0,09 <0,09 4,0 Pb 16 30,2 112,18 0,97 2aC 7,05 5,63 5,49 8,77 4,34 4,70 2,67 3,63 1aC 1,15 0,86 1ºC 0,97 0,49 0,42 0,30 0,87 [SEM] 0,32 2aC 0,80 0,55 2ºC 0,74 0,27 0,33 0,87 0,23 1aC 0,64 0,27 1ºC 7,67 0,09 3,12 0,05 29,39[AVS] 5,04 2aC 0,79 61,25 2ºC 41,27 27,37 48,01 23,04 1,22 1aC 1,79 3,16 1ºC 0,13 5,44 0,14 6,64 0,03 [SEM/AVS] 0,06 2aC 1,02 0,01 2ºC 0,02 0,01 0,01 0,04 0,19 1aC 1,46 1,94 1ºC 2,37 0,58 0,67 0,15 0,42 Carbono Orgânico (C.O.T) 1,01 2aC 1,51 0,98 2ºC 2,09 0,72 1,34 0,14 0,83 1aC 0,20 0,21 1ºC 0,25 0,10 0,09 0,05 0,10 Nitrogênio 0,11 2aC 0,19 0,10 2ºC 0,25 0,11 0,12 0,02 0,15 1aC 0,0 0,0 0,0 0,0 63 25 0,0 0,0 Areia 19,6 2aC 0,0 0,0 20 0, 0 64 39 91 0,0 1aC 77 81 81 75 33 66 82 78 Silte 69,1 2aC 64 66 64 58 28 50 7 47 1aC 23 18 18 25 4 9 18 22 Argila 11,3 2aC 23 23 10 27 6 6 1 36 1aC 6,64 7,52 7,69 7,77 6,5 4,45 5,6 7,6
PARÂMETROS FÍSICOS
pH 7,58 2aC 8,64 7,97 8,44 8,58 8,02 7,61 8,17 8,45 1aC 200,4 171,6 393,4 297,3 122,7 393,8 130,9 399,3Naúplios 448 2aC 195,6 307,1 207,4 283,2 158,0 267,8 110,7 315,71aC 54,4 68,2 106,7 84,8 90,4 111,6 136,6 121,8Copepoditos 4 2aC 124,9 195,9 237,2 141,8 228,0 176,1 198,9 156,31aC 1,1 1,4 1,2 1,2 0,6 0,6 1,6 0,2 Mortalidade 0,3 2aC 1,2 0,7 1,0 0,3 1,6 1,0 1,1 0,9 1aC 254,9 239,8 500,1 382,1 213,1 505,3 267,4 521,1
PARÂMETROS TOXICOLÓGICOS
Fecundidade 452 2aC 320,4 503,0 444,7 425,0 386,0 443,9 309,6 472,0
Legenda: HTP, MCNR, HRP, n-Alcano (mg.kg-1); HPA e metais (μg kg-1); SEM, AVS e [SEM/AVS] (μmol-1), Carbono Orgânico Total (COT %); Nitrogênio Orgânico Total (N %); granulométrica (%). LDM: HPA (0.01); n-Alcanos, HTP e HRP (0,1); Zn (0,34); Cu (0,02); Ni (0,07); Cd (0,01); Pb (0,09). N.I.- não identificado. Fonte: Presente trabalho
89
4.2 ANÁLISES BENTÔNICAS DO SEDIMENTO
A análise da estrutura da assembléia bentônica, parte do pressuposto que a deposição
dos contaminantes no sedimento causa modificações no ecossistema e conseqüentemente na
fauna, comparando a composição de espécies, abundância relativa e função da assembléia
bentônica em estudo, com outra assembléia de uma área de referência, considerada não
contaminada, através de índices ecológicos e métodos estatísticos (ABESSA et. al., 1998).
A avaliação das assembléias bentônicas mostra maior diversidade nas estações do
meso-litoral onde se observa a presença de frações granulométricas mais arenosas (areia
fina), com grau de seleção mal selecionada. Em contrapartida, as estações no infralitoral, que
apresentaram sedimento mais lamoso (seleção – muito pobremente selecionado), mostram
uma diversidade menor (Figura 24). No total foram identificados 1333 organismos, sendo
534 indivíduos na primeira campanha e 797 indivíduos na segunda campanha (Figura 24),
pertencentes a 6 filos mostrados na tabela 12. A Tabela 17 apresenta os índices ecológicos
obtidos nas duas campanhas. Observa-se que os valores apresentam uma tendência de
homogeneidade entre as estações durante as duas campanhas, à exceção da estação 4, que
durante a segunda campanha apresentou um resultado anômalo, com número de indivíduos e
famílias muito baixo. Os índices ecológicos apresentados para as demais estações evidenciam
um ambiente relativamente contínuo entre o meso e infralitoral. A expectativa de organização
desses dois ambientes seria um maior número de indivíduos no ambiente de infalitoral,
devido à maior estabilidade das condições ambientais e a provável ocupação dos nichos neste
ambiente com muitas espécies raras e um ambiente com menos indivíduos, com menor
equitabilidade e maior abundância para o mesolitoral, devido à alta variabilidade de
condições abióticas nesse ambiente, o que facilitaria o estabelecimento de mais espécies
dominantes.
Os índices calculados para este ambiente não evidenciaram esta relação, pois os
índices de equitabilidade não apresentaram modificações relevantes entre as estações nas
duas campanhas, indicando um ambiente bem estabelecido, não perturbado, com valores de
equitabilidade acima de 0,5.
Os bivalves e os poliquetas foram os organismos mais representativos, com
dominância dos poliquetas. A riqueza de espécies, relativamente baixa, observada na área de
estudo, já teve associações faunísticas mais pobres devido às contribuições antrópicas
oriundas das aglomerações urbanas e dos complexos industriais do Recôncavo Baiano
(ALVES et al., 2006).
90
Esses mesmos autores ainda relatam uma menor riqueza nos sedimentos lamosos.
Peso-Aguiar et al. (2000) realizaram um monitoramento de dois anos na porção norte e
nordeste da BTS. Naquela época eles já descreviam que a área apresentava baixa diversidade
e com a dominância dos poliquetas. Venturini et al. (2004b) realizaram trabalho com bentos e
hidrocarbonetos na porção nordeste da BTS e também relata o predomínio dos poliquetas e o
grau de contaminação. Observa-se uma redução no número de espécies da área quando se
compara o trabalho de Peso-Aguiar et al., (2000) como o de Venturini et al., (2008) e o do
presente trabalho. Porém, analisando-se somente os resultados obtidos por Venturini et al.,
(2008), realizado no mesmo setor da BTS, observa-se que o presente trabalho, apresentou
uma diversidade maior de espécies. Mucha et al., (2004), avaliou a a distribuição da fauna
macrozoobentônica no estuário de Douro-Portugal. Comparando os índices encontrados por
esses autores, mostrados na Tabela 17, os valores dos índices ecológicos apresentados no
presente estudo, principalmente a abundância, número de famílias e riqueza de Margalef,
estão abaixo dos encontrados por Peso-Aguiar et al. (2000) na BTS, confirmando a baixa
diversidade da área. Porém, Mucha et al. (2004) encontrou o menor índice de família.
A densidade variou de 12,8 a 239.9 na 1ª campanha e 1,8 a 487,2 na 2ª campanha
(Figura 25). Observa-se um comportamente inverso entre as campanhas em relação a
densidade dos indivíduos/m2. Nas estações do meso-litoral, nota-se um aumento na densidade
dos indivíduos na segunda campanha e redução dessa densidade no infralitoral. Venturini et
al., (2008) encontrou uma densidade menor em relação ao presente trabalho, variando de 1 a
201 indivíduos/m2.
Tabela 17 - Variação dos índices ecológicos de: n° de famílias (S), abundância (N), o índice de riqueza de Margalef (d), índice de equitabilidade de Pielou (J') e o de diversidade de Shannon-Weiner (H’) do presente estudo em comparação com estudos no setor norte e nordeste da Baía de Todos os Santos e em Portugal.
S N d J' H' Estação 1a C 2a C 1a C 2a C 1a C 2a C 1a C 2a C 1a C 2a C
Presente Estudo (total) - BTS 76-72 534-797 2,3-2,2 0,8 1,7-1,3
Peso-Aguiar et al., (2000) 50-163 3112-7677 6,09-18,10 0,36-0,64 1,4-3,3
Venturini et al., (2008) 1-13 *** *** 0,31-1,00 0,21-2,39
Mucha et al., (2004) 5-9 355-3418 0,51-1,13 0,16-0,49 0,36-0,96
Legenda: Peso-Aguiar et al., (2000), norte e nordeste da BTS; Venturini et al., (2008), nordeste da BTS, Mucha et al., (2004), Portugal.
91
Figura 24. Distribuição espacial do número de espécies (morfotipos) registradas nas estações de infralitoral (1-CG a 4MA) e mesolitoral (5-MA a 8-CG) da área de estudo na BTS. (1C) 1ª campanha e (2C) 2ª campanha. Fonte: Presente trabalho
Figura 25. Densidade dos indvíduos por m2 registradas nas estações de infralitoral (1-CG a 4MA) e mesolitoral (5-MA a 8-CG) da área de estudo na BTS. (1ª) 1ª campanha e (2ª) 2ª campanha. Fonte: Presente trabalho
1-CG 2-MA 3-MA 4-MA 5-MA 6-CA 7-SU 8-CG REF.
1C
0
50
100
150
200
250
300
N. Indivíduos
Est
açõe
s
Abundância das espécies
1C 2C
a
Estações
73.333.0
54.911.0
22.09.212.81.8
183.2485.3
194.1294.9
239.9
487.2197.8
141.0
0 100 200 300 400 500
1-CG
2-MA
3-MA
4-MA
5-MA
6-CA
7-SU
8-CG
Esta
ções
Densidade ind/m2
2a Campanha
1a Campanha
92
Foi realizada um ordenação do tipo nMDS (escalonamento multidimensional não
métrico) com as matrizes de abundâncias destes organismos, utilizando-se para a construção
da Matriz de similaridade a distância de Bray-Curtis (CLARKE, 1993), para avaliar os
padrões de distribuição espacial dos grupos de macrozoobentos em cada campanha (Figura
26). Observa-se uma tendência de diferenciação das estações e meso e infralitoral não
observadas com os índices ecológicos, mas percebidas na dominância e na ordenação das
estações, indicam a tendência de formação de dois conjuntos de ordenação, com as estações
de mesolitoral ordenadas próximas entre si do mesmo modo que as estações de infralitoral,
seguindo uma tendência em formar duas assembléias, a primeira com por organismos das
estações de 2-MA, 3-MA e 4-MA e a segunda pelos organismos das estações 5-MA a 8-CG.
Figura 26. Ordenação tipo nMDS dos grupos macrozoobentonicos da porção nordeste da Baía de Todos os Santos; (a) 1ª campanha e (b) 2ª campanha. Fonte: Presente trabalho
Campanha 11-CG
2-MA3-MA
4-MA5-MA
6-CA
7-SU
8-CG
Stress: 0,06
1-CG
2-MA3-MA
4-MA
Stress: 0.01Campanha 2
5-MA7-SU
6-CA 8-CG
a
b
1ª
2ª
93
4.3 INTEGRAÇÃO DAS COMPONENTES DA TRÍADE
Como já tem sido demonstrado repetidamente por alguns autores (LONG e
CHAPMAN, 1985; CHAPMAN, 1986, 1990; CHAPMAN et al., 1991; CARR e CHAPMAN
1992; LONG et al., 1990), não é possível prognosticar que uma amostra de sedimentos
apresentem níveis tóxicos tomando como base somente os resultados analíticos químicos.
Assim, Chapman (1986) propôs a Triade de Qualidade de Sedimento (TQS), como uma forma
integrada entre componentes químicos e biológicos na avaliação da qualidade do sedimento.
A informação dada por cada componente da Tríade tem como base dar suporte à mensuração
do grau de degradação da área de estudo. Através da Tabela de Decisão sugerida por
Chapman (1990) os resultados do presente trabalho serão integrados utilizandos as três
componentes da tríade. Trabalho realizado por Carr et al. (1996), permitiu que esses autores
classificassem por setores as áreas com diferentes graus de contaminação e até ausência de
contaminação na Baía de Galveston, utilizando a tabela de decisão da TQS. Hollert et al.
(2002), utilizam esse mesmo método para avaliar a qualidade dos sedimento e água do Rio
Neckar.
De acordo com as interpretações propostas pelo método, na primeira campanha, as
estações 1-CG e 4-MA apresentam forte evidência de degradação induzida por contaminação,
conforme já mostrados na Figura 22. Essa contaminação está associada aos hidrocarbonetos e
aos metais (Cu e Zn). As estações 5-MA, 6-CA e 7-SU indicam que substâncias químicas
tóxicas estão impactando o ambiente, mas em um nível que ainda não se faz sentir nas
comunidades bentônicas (metais, AVS). A estação 3-MA sugere que alguma substância, que
não foi dosada nas análises químicas realizadas no presente estudo, pode estar e/ou existe uma
condição em potencial para provocar a degradação e/ou alteração na diversidade bentônica
dessa estação. Outra hipótese seria contaminações pretéritas que já afetou a diversidade
bentônica, porém essas substâncias já se degradaram quimicamente (ex. compostos orgânicos)
e/ou foram remobilizados, lixiviados e transportados para zonas costeiras (metais e compostos
orgânicos). Uma vez que os teores de orgânicos identificados por Venturini et al., (2008)
foram superiores ao do presente trabalho, bem como, esses autores mostram em seus
resultados uma baixa diversidade de espécies.
Na segunda campanha, a estação 1-CG continua apresentando evidências de
degradação, porém, diante dos resultados apresentados, essa evidência se deve aos baixos
teores de sulfetos identificados nessa estação, sugerindo que os metais não estão sendo retidos
pelos sulfetos. As estações 2-MA, 3-MA e 8-CG indicam uma alteração não relacionada à
94
presença de compostos tóxicos. Provavelmente essa alteração na diversidade bentônica esteja
associada ao predomínio de sedimento silte-argiloso (Figura 12), ou da mesma forma como na
primeira campanha, decorrente de contaminações pretéritas. Mas, a fração granulométrica é
um fator importante que pode estar influenciando na distribuição dos bentos nesses
sedimentos mais finos, como já é de conhecimento da literatura, inclusive de trabalhos já
realizados na BTS (PESO-AGUIAR et al., 2000; VENTURINE e TOMMASI, 2004; ALVES
et al., 2006). As estações 5-MA, 6-CA e 7-SU sugerem uma ausência de degradação
provocada por contaminação.
Em síntese, a tabela de decisão (Tabela 18) permitiu classificar a área de estudo em
quatro categorias de qualidade dos sedimentos:
• Qualidade boa → estação 8-CG (1ª campanha) e estações 5-MA, 6-CA e 7-SU
(2ª campanha) nenhum dos três critérios evidenciaram degradação;
• Qualidade de intermediária a boa → estação 3-MA e 6-CA (1ª campanha) e 3-
MA e 8-CG (2ª campanha) apenas um dos três critérios evidenciaram degradação;
• Qualidade de intermediária a degradada → estação 4-MA, 5-MA e 7-SU (1ª
campanha) e 1-CG, 2-MA e 4-MA (2ª campanha) apenas dois dos três critérios evidenciaram
degradação;
• Qualidade degradada → estação 1-CG e 2-MA (1ª campanha) apresentaram
evidência degradação nos três critérios;
De um modo geral, a primeira campanha mostrou um grau de comprometimento
ambiental maior que a segunda campanha, mostrando que a Qualidade de Sedimento da Baía
sofre aumento da disponibilidade de contaminates em períodos chuvosos, devido a
remobilização e oxidação dso sedimentos.
Tabela 18 - Tabela de decisão das componentes da Tríade na porção Nordeste da Baía de Todos os Santos-BA. Fonte: Presente trabalho Contaminação Toxicologia Bentos Situação /
Área 1a Campanha Possíveis Conclusões
Referência - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação 1-CG + + + Tóxicos que não foram dosados podem estar causando degradação ao meio 2-MA + + + Forte evidência de degradação induzida por contaminação
3-MA - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no meio, podendo ser feito de interações entre espécies e/ou outros fatores
4-MA + - + Forte evidência de degradação induzida por contaminação
5-MA + + - Certos contaminantes podem não ter sido dosados ou existe uma condição em potencial para provocar a degradação
6-CA + - - Contaminantes não disponíveis
7-SU + + - Produtos químicos tóxicos estão impactando o ambiente, mas em um nível que ainda não se faz sentir nas comunidades bentônicas
8-CG - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação 2a Campanha
1-CG + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou alterações no bentos não são devidas a presença de um contaminante no meio
2-MA + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou alterações no bentos não são devidas a presença de um contaminante no meio
3-MA - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no meio, podendo ser feito de interações entre espécies e/ou outros fatores
4-MA + - + Produtos tóxicos não estão biodisponíveis ou alterações no bentos não são devidas a presença de um contaminante no meio
5-MA - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação
6-CA - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação
7-SU - - - Forte evidência de que não existe degradação provocada por contaminação
8-CG - - + Alteração não é devida a presença de tóxicos no meio, podendo ser feito de interações entre espécies e/ou outros fatores
.
96
5 CONCLUSÃO
Os teores de metais (Cd, Cu, Pb, Ni e Zn) nos sedimentos da Porção Nordeste da Baía
de Todos os Santos apresentam concentrações inferiores às encontradas em sedimentos de
outras áreas estuarinas, do Brasil, referenciados para comparações. Para fins toxicológicos, a
os teores de metais nas estações estudadas, não alcançaram níveis comparativamente elevados,
quando comparados com os valores estabelecidos pelas agências internacionais (NOAA e
EC); De acordo com os valores determinados para os metais, pode-se inferir que não
apresentam efeito adverso à biota, sendo confirmado pela relação de [SEM/AVS] menor que
1. De acordo com os princípios da solubilidade de espécies químicas, os metais são
controlados pelos sulfetos nesses sedimentos, não estando portanto biodisponíveis, exceto nas
estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU (1ª campanha) e 1-CG (2ª campanha).
A matriz de correlação juntamente com a Análise de Componentes Principais (ACP)
permitiu inferir que os metais (Pb, Cu e Zn) estão sendo controlados, nas concentrações
superores à equivalente em sulfetos, por processo geoquímicos ligados a interações com ferro,
matéria orgânica e granulometria. Para alguns metais (Ni e Cd), as baixas correlações com
AVS, Fe e a razão AVS/Fe sugerem contribuição de outros processos na distribuição dos
mesmos.
Quanto aos reultados ecotoxicológicos, verificou-se baixas médias de náuplios nas
estações 1-CG, 2-MA, 5-MA e 7-SU nas duas campanhas, o que podem estar associadas à
passagem do estágio de náuplio para copepodito, uma vez que a fecundidade não foi afetada.
No entanto, este fato não implica na ausência de substâncias tóxicas no meio, pois estas
podem estar presentes sob formas não biodisponíveis ou em concentrações insuficientes para
ocasionar toxicidade aos organismos testados. Tais concentrações podem, contudo, acarretar
toxicidade a organismos mais sensíveis, ou ainda ser biomagnificadas ao longo da cadeia
trófica.
A utilização de técnicas estatísticas proporcionou agrupar os dados toxicológicos e
químicos de forma que eles explicassem de 60% a 70% da sua variância. Os mesmos
indicaram um provável efeito sub-letal identificado na 1ª campanha e a ausência de efeitos na
2ª campanha, mostrando que a toxicidade tem comportamento diferente, em períodos de
estiagem e chuva, tanto para os hidrocarbonetos como para os metais, provavelmente
associada à diluição e lixiviação que ocorrem em períodos chuvosos.
97
Apesar da presença da Refinaria próxima a área de estudo, os sedimentos das áreas
adjacentes não apresentaram toxicidade letal para o copépode bentônico Tisbe biminiensis,
podendo estar relacionado com uma baixa concentração dos contaminantes e/ou a sua
biodisponibilidade.
O estudo dos organismos da macrofauna bentônica, através dos índices ecológicos, as
ordenações multivariadas e o testes de permutação entre a matriz de organismos e os dados
abióticos investigados indicaram que existe uma tendência de formação de dois conjuntos de
organismos distintos nas zonas de meso e infralitoral não determinados pelos fatores chave
(parâmetros químicos) descritos no ambiente investigados. A dominância de uma família de
indicadores de contaminação orgânica (Capitellidae) sugere um comprometimento ambiental
na área.
Foi verificado que as estações localizadas no mesolitoral apesar de não apresentarem
valores de densidade, riqueza e diversidade muito mais elevados que as estações localizadas
no infralitoral mostram um padrão de distribuição distinto com dominância especifica de
poliquetas indicadores de contaminação orgânica como Capitellidae. Os bivalves
(Anomalocardia brasiliana, Tellina sp., Tagelus plebeius) e os poliquetas (Capitella sp.,
Laeonereis acuta, Glycinde multidens), foram os organismos mais representativos. A riqueza
de espécies, relativamente baixa, observada na área de estudo, pode estar relacionada à
ocorrência do elevado percentual de lama, onde já foi descrito por trabalhos anteriores a
ocorrência de associações faunísticas são mais pobres.
A Tríade de qualidade de sedimentos permitiu que, através dos dados obtidos na tabela
de decisão, demonstrasse o nível de alteração de cada estação, permitindo classificar a área de
estudo em categorias por grau de qualidade:
• Primeira campanha
Qualidade boa → estação 8-CG
Qualidade de intermediária a boa → ****
Qualidade de intermediária a degradada → estações 3-MA, 4-MA, 5-MA 6-CA e 7-SU
Qualidade degradada → estações 1-CG e 2-MA
• Segunda campanha
Qualidade boa → estações 5-MA, 6-CA e 7-SU
Qualidade de intermediária a boa → estação 8-CG
Qualidade de intermediária a degradada → estação 1-CG, 2-MA, 3-MA e 4-MA
98
Observa-se que as estações com maior comprometimento químico (metais,
hidrocarbonetos) foram 1-CG, 2-MA, 4-MA, 6-CA e 7-SU. Quanto a alterações no ciclo
biológico (número de naúplios, copepoditos, mortalidade) do copépode bentônico Tisbe
biminiensis, as estações da primeira campanha apresentaram as maiores alterações (1-CG, 2-
MA, 5MA e 7-SU). As estações que apresentaram comprometimento (diversidade/riqueza)
das assembléias bentônicas foram as estações do infralitoral (1-CG, 3-MA, 2-MA e 4-MA)
nas duas campanhas.
Analisando as duas campanhas, pode-se classificar a área de estudos em duas classes
gerais:
• Primeira – Qualidade de boa a intermediária
Estações situadas no meso-litoral → mataripe (5-MA), Caípe (6-CA), Suape (7-SU) e Coqueiro
Grande (8-CG);
• Segunda - Qualidade de degradada a intermediária
Estações situadas no infra-litoral → Coqueiro Grande (1-CG), Mataripe (2-MA, 3-MA, 4-MA).
A porção Nordeste da Baía de Todos os Santos possui um histórico de contaminação
por atividades industriais, petroquímicas, portuárias e domésticas que se iniciaram há
aproximadamente 6 décadas. Os resultados obtidos no presente estudo sugerem que o
sedimento do infralitoral (1-CG, 2-MA e 4-MA) apresenta maiores evidências de degradação
induzida por contaminação do que as estações do mesolitoral. É comum que em áreas que
apresentem sedimentos mais arenosos a diversidade bentônica seja maior, exemplo das
estações do mesolitoral (5-MA, 6-CA e 7-SU). Porém a baixa diversidade do infralitoral pode
estar relacionada a granulometria silte-argilosa dessas estações, uma vez que o ambiente em
questão é área propícia a remobilização, transporte e deposição de diversos contaminantes
orgânicos e inorgânicos vindo dos rios Mataripe, Caipe e Suape que deságuam neste setor da
Baía. Em épocas de maiores precipitações, ocorre a lixiviação de substâncias tóxicas,
possivelmente advindas das indústrias e esgoto doméstico da região influenciando na
qualidade da água e posteriormente, na qualidade do sedimento da porção nordeste da BTS.
Supõe-se que essas substâncias irão associar-se as partículas em suspensão e irão sedimentar-
se no fundo, na região do infralitoral.
99
6 RECOMENDAÇÕES
O tipo de abordagem de avaliação de impacto adotada neste trabalho envolveu o uso
da Tríade de Qualidade de Sedimentos, onde integrou-se três compartimentos (química,
toxicologia e bentos).
O uso da estrutura das assembléias de macrozoobentos para avaliação da qualidade
ambiental e sua caracterização para a área em questão, contribuiu para o conhecimento deste
ambiente, fornecendo dados para estudos futuros, tanto de distribuição espacial ou mesmo
estudos de evolução temporal.
Além da contribuição com a utilização de estruturas bióticas na caracterização do
ambiente, seria aconselhável a utilização de outros níveis de abordagem na área de estudo, a
exemplo:
• Estudos dos biomarcadores e isótopos estáveis, associados os parâmetros
químicos já avaliados no presente estudo (HTP, HPA, metais, nutrientes) em sedimento e água
intersticial;
• Análises ecotoxicológicas utilizando organismos de meiofauna oriundos na
própria BTS;
• Estudo das assembléias de meiofauna da BTS, com estudos que abordassem além
da identificação a ecologia desses organimos em relação aos padrões de biodiversidade da
área;
• Ampliar estudos na região do infralitoral;
• Em áreas contaminadas, desenvolver e aplicar técnicas de remediação
100
7 REFERÊNCIAS
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116
8 APÊNDICES APÊNDICE 1 – HISTOGRAMA GRANULOMÉTRICO
DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA
Estação 1-CG
0.0
1.0
2.0
3.0
4.00.05.010.015.0
Diâmetro da Particula (φ)
Clas
s Wei
ght (
%)
0.1 1 10 10 1000Diametro(μm)
Estação 2-MA
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
0.05.010.015.0
Clas
s Wei
ght (
%)
0.1 1 10 100 1000Diametro (μm)
Estação 3-MA
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.00.05.010.015.0
Diametro patítcula (φ)
Clas
s Wei
ght (
%)
0.1 1 10 100 1000 Dia me t e r (μ m)
Estação 4-MA
0.0
2.0
4.0
6.0
8.00.05.010.015.0
Diametro partícula (φ)
Clas
s Wei
ght (
%)
0 .1 1 10 10 0 10 0 0Dia me t ro (μ m)
117
Estação 5-MA
0.01.02.03.04.05.06.07.08.0
0.05.010.015.0
Diametro da partícula (φ)
0 .1 1 10 10 0 1000P a rt ic le Dia me t e r (μ m)
Estação 6-CA
0.0
2.0
4.0
6.0
8.00.05.010.015.0
Diametro da partícula (φ)
Clas
s Wei
ght (
%)
0 .1 1 10 10 0 10 0 0Diâme t ro (μ m)
Estação 7-SU
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.00.05.010.015.0
Diametro da partícula (φ)
0.1 1 10 100 1000 Dia me t ro (μ m)
Estação 8-CG
0.00.51.01.52.02.53.03.54.0
0.05.010.015.0Diametrobda partícula (φ)
Clas
s Wei
ght (
%)
0.1 1 10 100 1000Dia me t ro (mm)
118 APÊNDICE 2 – CLASSES TAXONÔMICAS
1a Campanha 2a Campanha FILO ANNELIDA
FAMÍLIAS ESPÉCIES Ab Oc % FAMÍLIAS ESPÉCIES Ab Oc % Capitellidae Capitella sp 95 100 Capitellidae Capitellidae gen.sp. 54 37.5 Goniadidae Glycinde multidens 56 50 Capitellasp. Blainville, 1828 180 50 Opheliidae Armandia sp. 65 62.5 Goniadidae Glycinde multidens (Muller, 1858) 22 50 Orbiniidae * 9 50 Onuphidae Diopatrasp. 1 25 Syllidae Syllis sp. 1 12.5 Opheliidae Armandia sp. 10 37.5
Pilargidae * 7 12.5 Scoloplos (Leodamas) sp. 1 12.5 Sternaspidae Sternaspis scutata 2 12.5 Syllidae Syllis sp. 5 50 PO
LYC
HA
ETA
Nereididae Laeonereis acuta 82 50 Nereididae Laeonereis acuta (Treadwell, 1923) 314 50 Sub-total 317 Sub-total 587
FILO MOLLUSCA FAMÍLIAS ESPÉCIES Ab Oc % FAMÍLIAS ESPÉCIES Ab Oc %
Lucinidae Lucina pectinata 9 62.5 Plicatulidae Plicatula gibbosa Lamarck, 1801 2 12.5 Veneridae Anomalocardia brasiliana 60 75 Lucinidae Lucina pectinata (Gmelin, 1791) 2 12.5 Tellinidae Tellina sp 1 1 12.5 Ctena orbiculata (Montagu, 1808) 3 12.5
Tellina sp 2 1 12.5 Veneridae Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) 12 75 Tellina sp 3 59 50 Protothaca pectorina Lamarck, 1818 2 12.5
Solecurtidae Tagelus plebeius 29 50 Tellinidae Macoma constricta (Bruguière, 1792) 2 25 Corbulidae Corbula caribaea 1 12.5 Tellina sp.1 (Linnaeus 1758) 2 25
Corbula Lyoni 1 12.5 Solecurtidae Tagelus plebeius (Lightfoot, 1786) 3 12.5 Crassatellidae Crassinella lunulata 1 12.5 Corbulidae Corbula caribaea d´Orbigny, 1853 1 12.5
Mytilidae Brachydontes exustus 1 12.5 Corbula lyoni Pilsbry, 1897 2 12.5 Ungulinidae Diplodonta punctata 6 25 Mytilidae Brachidontes exustus (Linnaeus, 1758) 41 12.5
Ungulinidae Diplodonta punctata Say, 1822 3 12.5 Semelidae Semele nuculoides (Conrad, 1841) 2 12.5 Ostreidae Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) 7 37.5
BIV
ALV
IA
Periplomatidae Periploma compressum d´Orbigny, 1846 11 25 Neritidae Neritina virginea 4 25 Neritidae Neritina virginea (Linnaeus, 1758) 2 25
Strombidae Strombus pugilis (Linnaeus, 1758) 1 12.5 Turbinidae Astraea latispina (Philippi, 1844) 1 12.5 Turbo cailletii Fischer & Bernardi, 1856 1 12.5 Columbellidae Anachis obesa (C.B.Adams, 1845) 1 12.5 Epitoniidae Epitonium candeanum (d´Orbigny, 1842) 1 12.5 G
AST
RO
POD
A
Dentaliidae Spengleria rostrata (spengler, 1783) 1 12.5 Sub-total 173 Sub-total 103 125
119 1a Campanha 2a Campanha
FILO ARTHROPODA FAMÍLIAS ESPÉCIES FAMÍLIAS ESPÉCIES
Squilidae 6 37.5 Diogenidae Clibanarius sclopetarius (Herbst, 1796) 1 12.5Ocypodidae Uca maracoani 18 37.5 Porcellanidae Petrolisthes armatus ( Gibbes,1850) 7 25
Uca sp. 1 - Leach, 1814 2 25 Alpheidae Alpheus armillatus H. Milne Edwards, 1837 5 25 Alpheidae Sinalpheus sp 1 12.5 Alpheus bouvieri A. Milne Edwards, 1878 2 25
Sphaeromatidae * 1 12.5 Alpheus sp. Fabricius, 1798 1 12.5Balanidae Balanus trigonus 4 37.5 Goneplacidae Chasmocarcinus peresi Rodrigues da Costa, 1968 1 12.5
Cyrtoplax spinidentata (Benedict,1892) 2 25 Portunidae Callinectes larvatus Ordway,1863 7 50 Penaeidae Panopeus americanus Saussure, 1857 4 37.5 Xanthidae Micropanope nuttingi (Rathbun,1898) 2 25 Ocypodidae Uca uruguayensis - Nobili,1901 1 12.5 Uca leptodactyla - Rathbun,1898 1 12.5 Uca sp. 1 - Leach, 1814 1 12.5 Uca maracoani - Latreille, 1803 12 12.5
CR
UST
AC
EA
Balanidae Balanus trigonus (Darwin, 1854) 61 50 Sub-total 32 Sub-total 108
FILO CHORDATA – CLASSE VERTEBRATA FAMÍLIAS ESPÉCIES
Gobiidae Gobionellis oceanicus 1 12.5 Gobiidae Gobionellus oceanicus (Pallas, 1770) 1 12.5
Blenniidae * 1 12.5 FILO PORIFERA
FAMÍLIA ESPÉCIE Chalinidae Haliclona sp 1 12.5
Sub-total 1 FILO SIPUNCULA
FAMÍLIAS ESPÉCIES Sypunculus 1 * 5 25 Sypunculus 2 * 4 25
Total 534 Total 797
120