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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA INFLUÊNCIA DA UMIDADE NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS COMPÓSITOS POLIMÉRICOS HÍBRIDOS (SISAL/ VIDRO) Dissertação submetida à UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE como parte dos requisitos para a obtenção do grau de MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA CAMILA CRUZ DA SILVA Orientador: PROF. DR. RAIMUNDO CARLOS SILVÉRIO FREIRE JÚNIOR. Natal, Agosto de 2012 CAMILA CRUZ DA SILVA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

INFLUÊNCIA DA UMIDADE NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS

COMPÓSITOS POLIMÉRICOS HÍBRIDOS (SISAL/ VIDRO)

Dissertação submetida à

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

como parte dos requisitos para a obtenção do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

CAMILA CRUZ DA SILVA

Orientador:

PROF. DR. RAIMUNDO CARLOS SILVÉRIO FREIRE JÚNIOR.

Natal, Agosto de 2012

CAMILA CRUZ DA SILVA

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INFLUÊNCIA DA UMIDADE NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS

COMPÓSITOS POLIMÉRICOS HÍBRIDOS (SISAL/ VIDRO)

Dissertação submetida ao Programa de Pós

Graduação em Engenharia Mecânica – PPGEM –

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como parte dos requisitos para a obtenção do grau

de Mestre em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Carlos S Freire

Júnior

Natal, Agosto de 2012.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

INFLUÊNCIA DA UMIDADE NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS

COMPÓSITOS POLIMÉRICOS HÍBRIDOS (SISAL/ VIDRO)

CAMILA CRUZ DA SILVA

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÃNICA

sendo aprovada em sua forma final.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________ Prof. Dr. Raimundo Carlos S Freire Júnior

Orientador - UFRN

__________________________________

Prof . Dr . Luiz Claudio Ferreira da Silva Membro da banca examinadora – UFRN

__________________________________

Prof . Dr .Rasiah Ladchumananandasivam Membro da banca examinadora – UFRN

_____________________________

Prof Wanderley Ferreira de Amorim Junior Membro externo - UFCG

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Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, aos

meus pais, Arnaud Atanásio da Silva e Ivaneide

Araújo Cruz da Silva, aos meus irmãos Rafael

Cruz da Silva, Tázia Cruz da Silva e Taíze Cruz

da Silva, a minha avó Cleonice Araújo Cruz, aos

meus avôs Floriano Soares da Cruz e Francisco

Atanásio da Silva (in memorian) que sempre

estiveram presente em todos os momentos de

minha vida. Sem seus incentivos seria impossível

seguir adiante. Esta pequena vitória é apenas a

primeira de muitas que iremos conquistar juntos.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, que sempre estiveram comigo, me dando carinho, aconselhando e

incentivando.

Aos meus irmãos que junto aos meus pais sempre estiveram do meu lado.

A minha avó Cleonice de Araújo Cruz por todo carinho dedicado a mim.

Ao Prof. Dr. Raimundo Carlos S Freire Júnior, pelo grande apoio, incentivo e disponibilidade incondicional para a orientação, fundamental na realização deste trabalho.

A instituição UFRN-PPGEM pela oportunidade para realizar este trabalho.

Aos professores do IFRN Renata Carla Tavares dos Santos Felipe e Raimundo Nonato Barbosa Felipe pelos ensinamentos e incentivos durante o meu tempo como pesquisadora.

Aos Meus Amigos por Todo Apoio Nesta Jornada.

A Camilla de Medeiros Dantas por Toda ajuda durante o Trabalho.

Ao Técnico de Laboratório da UFRN Hudson por toda ajuda durante a pesquisa.

Ao laboratório de Metrologia da UFRN por todo apoio na realização dos ensaios de

umidade.

Ao laboratório de Ensaios mecânicos e metais da UFRN pelo apoio na realização dos

ensaios.

Ao CNPQ pelo incentivo financeiro.

Ao CTGas-Er pelo apoio na realização dos ensaios.

A Hemfibra Tecnologia em Saneamento Ltda pela ajuda na confecção dos laminados.

A Petróbras RN/CE, pelo fornecimento do petróleo para a realização desta pesquisa.

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“Não desista enquanto você ainda for capaz de

fazer um esforço a mais. É nesse algo a mais que

está a sua vitória.”

Roberto

Shinyashiki

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I

1 Introdução ............................................................................................................................................ 2

1.1 Objetivo Geral .................................................................................................................................. 4

1.1.1 Objetivos Específicos .......................................................................................................................... 4

CAPÍTULO II

2 Revisão Bibliográfica ......................................................................................................................... 6

2.1 Introdução ........................................................................................................................................ 6

2.2 Matrizes Polimericas Utilizadas na Fabricação de Compósitos................................................... 7

2.2.1 Matrizes Termoplásticas ............................................................................................................... 8

2.2.2 Matrizes Termofixas ........................................................................................................................... 8

2.2.2.1 Resina Poliéster Insaturada .............................................................................................................. 8

2.3 Tipos de Fibras ..................................................................................................................................... 11

2.3.1 Fibras de Vidro ............................................................................................................................ 11

2.3.2 Fibras Naturais .................................................................................................................................. 12

2.3.2.1 Fibras de sisal ................................................................................................................................. 13

2.4. Formas de Uso das Fibras ................................................................................................................... 15

2.4.1 Tecidos Bidirecionais ........................................................................................................................ 17

2.4.1.1 Tecidos Planos ............................................................................................................................... 17

2.4.1.2 Tecidos Cetim ................................................................................................................................ 19

2.4.1.3 Tecido Laço Diagonal .................................................................................................................... 20

2.5 Processos de Fabricação de Materiais Compósitos Fibrosos ............................................................... 20

2.6 Mecânismo de Dano ....................................................................................................................... 23

2.7 Compósitos a Base de Fibras Naturais ......................................................................................... 25

2.8 Compósitos Híbridos............................................................................................................................ 28

2.9 Materiais Compósitos sobre a Influência de Agentes Externos ........................................................... 29

CAPÍTULO III

3 Materiais e Métodos .......................................................................................................................... 32

3.1 Processos de Fabricação dos Tecidos Bidirecionais .................................................................... 32

3.2 Processos de Fabricação dos Laminados Compósitos ................................................................. 34

3.3 Densidade volumétrica e calcinação .................................................................................................... 35

3.4 Ensaio de Tração Uniaxial ................................................................................................................... 36

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3.5 Ensaio de Flexão em Três Pontos ........................................................................................................ 38

3.6 Ensaio de absorção de Umidade .......................................................................................................... 39

3.7 Análise das Propriedades Mecânicas dos Laminados Imersos em Água Destilada e

Petróleo.................................................................................................................................................. 41

3.8 Análise de Danos ............................................................................................................................ 41

CAPÍTULO IV

4 Resultado e Discussões ...................................................................................................................... 43

4.1 Densidades volumétricas dos Compósitos e Calcinação ............................................................. 43

4.2 Análise das propriedades mecânicas dos compósitos no estado seco. ........................................ 44

4.2.1 Ensaios de Tração Uniaxial nos laminados compósitos no estado seco ............................................ 44

4.2.2 Ensaios de Flexão em três pontos nos materiais compósitos no estado seco .................................... 48

4.4.3 Análise da Fratura dos Compósitos no estado Seco .......................................................................... 50

4.3 Ensaio de absorção de umidade. ................................................................................................... 53

4.4 Análise das propriedades mecânicas dos compósitos no estado úmido saturado .................... 55

4.4.1 Ensaios de Tração Uniaxial nos materiais compósitos no estado úmido saturados .......................... 55

4.4.2 Ensaios de Flexão em três pontos nos materiais compósitos no estado úmido. ................................ 58

4.4.3 Análise da Fratura dos Compósitos no estado úmido. ...................................................................... 60

4.5 Análise das propriedades mecânicas dos compósitos imersos em petróleo. .............................. 63

4.5.1 Ensaios de Tração Uniaxial nos materiais compósitos imersos em petróleo..................................... 63

4.5.2 Ensaios de Flexão em três pontos nos materiais imersos em petróleo .............................................. 65

4.5.3 Análise da Fratura dos Compósitos imerso em petróleo ................................................................... 67

4.6 Estudo Comparativo do comportamento mecânico dos Dois Laminados no Estado Seco

em Água Destilada e Petróleo. ............................................................................................................. 71

CAPÍTULO V

5 Conclusões .......................................................................................................................................... 74

6 Sugestões para Trabalhos Futuros .................................................................................................. 77

7 Referências ......................................................................................................................................... 78

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ÍNDICE DE FIGURAS

Capítulo II

Figura 2.1. Cadeia Molecular da Resina Poliéster Ortoftálica .................................................... 9

Figura 2.2. Cadeia Molecular da Resina Poliéster Isófitalica ..................................................... 9

Figura 2.3. Cadeia Molecular da Resina Poliéster Bisfenolica ................................................... 10

Figura 2.4. Cadeia Molecular da Resina Poliéster Teraftalico.................................................... 10

Figura 2.5. Agave Sisalana Perene ............................................................................................. 14

Figura 2.6. Fibras de Sisal Processadas ..................................................................................... 15

Figura 2.7. Mantas de Fios Picados de Fibras de Vidro ............................................................. 16

Figura 2.8. Fibras de Vidro na Forma de Filamentos (Roving) .................................................. 16

Figura 2.9. Tecido Unidirecional de Fibras de Vidro ................................................................... 17

Figura 2.10. Tecido Plano ............................................................................................................ 17

Figura 2.11.Tecido Plano Tipo Basket 2x2 ................................................................................. 18

Figura 2.12. Tecido Plano Tipo Basket - Oxford ......................................................................... 18

Figura 2.13. Tecido Plano Tipo Leno ........................................................................................... 19

Figura 2.14. Tecido Plano Tipo Mock -Leno ............................................................................... 19

Figura 2.15. Tecido Tipo Cetim ................................................................................................... 20

Figura 2.16.Tecido Laço Diagonal Mão Direita .......................................................................... 21

Figura 2.17. Tecido Laço Diagonal Mão Esquerda ...................................................................... 21

Figura 2.18. Fissuração em Matriz Polimérica ............................................................................. 23

Figura 2.19. Ruptura das Fibras de Vidro .................................................................................... 23

Figura 2.20.Desaderencia Fibra Matriz ........................................................................................ 24

Figura 2.21 Delaminação em Compósito ..................................................................................... 25

Capítulo III

Figura 3.1. Metodologia Utilizada no trabalho ........................................................................... 32

Figura 3.2. Mechas Dispostas na Direção do Urdume ................................................................ 33

Figura 3.3. Tecido de Sisal Bidirecional Desenvolvido para a Utilização na Fabricação

dos Compósitos ............................................................................................................................ 33

Figura 3.4. Configuração utilizada na construção dos laminados compósitos MVe HVS ......... 35

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Figura 3.5. Desenho Esquemático dos Corpos de Prova Utilizados no Ensaio de Tração ......... 37

Figura 3.6. Máquina Universal de Ensaios .................................................................................. 37

Figura 3.7. Mudança de absorção de umidade com a raiz quadrada do tempo de imersão.......... 40

Capítulo IV

Figura 4.1. Curvas Tensão x Deformação – Tração uniaxial laminado MV no estado

seco .......................................................................................................................... 44

Figura 4.2. Curvas Tensão x Deformação – Tração uniaxial laminado HVS no estado

seco .......................................................................................................................... 45

Figura 4.3. Tensão Última à Tração dos Laminados no Estado Seco ......................................... 46

Figura 4.4. Módulo de Elasticidade à Tração dos Laminados no Estado Seco ........................... 46

Figura 4.5. Tensão Última Especifica à Tração dos Laminados no Estado Seco......................... 47

Figura 4.6. Módulo de Elasticidade Especifico à Tração dos Laminados no Estado Seco .......... 48

Figura 4.7. Curvas Tensão x Deflexão – Flexão em três pontos MV no estado seco. ................. 49

Figura 4.8. Curvas Tensão x Deflexão – Flexão em três pontos HVS no estado seco ................ 49

Figura 4.9. Fratura do Laminado MV após Ensaio de Tração Uniaxial no Estado Seco ............. 50

Figura 4.10. Fratura do Laminado HVS após Ensaio de Tração Uniaxial no Estado Seco ......... 51

Figura 4.11. Fratura do Laminado MV após Ensaio de Flexão no Estado Seco .......................... 52

Figura 4.12. Fratura do Laminado HVS após Ensaio de Flexão no Estado Seco ........................ 52

Figura 4.13: Aderência Fibra Matriz HVS no estado seco ........................................................... 52

Figura 4.14: Microscopia do laminado HVS no estado seco ....................................................... 53

Figura 4.15. Percentual de Absorção x Tempo de Imersão MV .................................................. 54

Figura 4.16. Percentual de Absorção x Tempo de Imersão HVS................................................. 54

Figura 4.17. Curvas Tensão x Deformação – Tração uniaxial laminado MV no estado

Imerso Água Destilada................... .............................................................................................. 56

Figura 4.18. Curvas Tensão x Deformação – Tração uniaxial laminado HVS no estado

Imerso Água Destilada ................................................................................................................. 57

Figura 4.19. Curvas Tensão x Deflexão – Flexão em três pontos MV no estado Imerso

em Água Destilada........................................................................................................................ 58

Figura 4.20. Curvas Tensão x Deflexão – Flexão em três pontos HVS imerso no estado

em Água Destilada........................................................................................................................ 59

Figura 4.21. Fratura do Laminado MV após Ensaio de Tração Uniaxial no Estado

Imerso em Água Destilada ........................................................................................................... 60

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Figura 4.22. Fratura do Laminado HVS após Ensaio de Tração Uniaxial no Estado

Imerso em Água Destilada.................... ....................................................................................... 61

Figura 4.23. Fratura final - Flexão em três pontos MV no estado Imerso Em Água

Destilada............... ........................................................................................................................ 61

Figura 4.24. Fratura Final – Flexão em três pontos HVS no estado Imerso Em Água

Destilada............... ........................................................................................................................ 62

Figura 4.25. Microscopia do Laminado HVS úmido............... ................................................... 62

Figura 4.26. MEV do Laminado HVS – Região da Fratura Final............... ................................. 63

Figura 4.27. Desaderência fibra matriz no laminado HVS........................................................... 63

Figura 4.28. Curvas Tensão x Deformação – Tração uniaxial laminado MV no estado

Imerso em Petróleo............... ........................................................................................................ 64

Figura 4.29. Curvas Tensão x Deformação – Tração uniaxial laminado HVS no estado

Imerso em Petróleo............... ........................................................................................................ 64

Figura 4.30. Curvas Tensão x Deflexão – Flexão em três pontos MV no estado Imerso

em Petróleo............... .................................................................................................................... 66

Figura 4.31. Curvas Tensão x Deflexão – Flexão em três pontos HVS no estado Imerso

em Petróleo............... .................................................................................................................... 66

Figura 4.32. Fratura do Laminado MV após Ensaio de Tração Uniaxial no Estado

Imerso Petróleo............... .............................................................................................................. 68

Figura 4.33. Fratura do Laminado HVS após Ensaio de Tração Uniaxial no Estado

Imerso Petróleo............... .............................................................................................................. 68

Figura 4.34. Arranque das Fibras de sisal no laminado HVS Imerso em

Petróleo............... .......................................................................................................................... 69

Figura 4.35 Região da fratura final Laminado HVS Imerso em Petróleo............... ..................... 69

Figura 4.36 Impregnação do Petróleo nas fibras de vidro............... ............................................. 69

Figura 4.37 Fratura final - Flexão em três pontos MV no estado Imerso em

Petróleo............... .......................................................................................................................... 70

Figura 4.38. Fratura Final – Flexão em três pontos HVS no estado Imerso em

Petróleo............... .......................................................................................................................... 71

Figura 4.39. Resistencia Última à Tração dos Laminados nos Estados Seco e

Úmido............... ............................................................................................................................ 71

Figura 4.40. Módulo de Elasticidade à Tração dos Laminados nos Estados Seco e

Úmido............... ............................................................................................................................ 72

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Figura 4.41. Resistencia Última à Flexão dos Laminados nos Estados Seco e

Úmido............... ............................................................................................................................ 73

Figura 4.42. Módulo de Elasticidade à Flexão dos Laminados nos Estados Seco e

Úmido............... ............................................................................................................................ 74

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LISTA DE TABELAS

Capítulo I

Tabela 1.1. Propriedades das Fibras Naturais............................................................................... 3

Capitulo II

Tabela 2.1. Propriedades Físicas e Mecânicas das Resinas Poliéster Ortoftálicas ....................... 11

Tabela 4.3. Tabela 2.2. Valores Percentuais dos Componentes Químicos Obtidos na

Fibra de Vidro- E. ...................................................................................................... 12

Tabela 2.3. Composição Química de Algumas Fibras Naturais ................................................... 13

Tabela 2.4. Comparativo de Área e produção de Sisal – Brasil ................................................... 13

Capitulo III

Tabela 3.1.Especificação dos Tecidos de Sisal ............................................................................ 34

Tabela 3.2. Dimensões dos corpos de prova de flexão em três pontos ........................................ 38

Capitulo IV

Tabela 4.1. Densidade Volumétrica dos dois compósitos analisados .......................................... 43

Tabela 4.2. Percentuais volumétricos do laminado de Manta de Fibra de Vidro (MV) .............. 43

Tabela 4.3. Propriedades Mecânicas de Tração Uniaxial dos Laminados Compósitos

MV e HVS estado seco. ............................................................................................ 45

Tabela 4.4. Propriedades Mecânicas de Flexão em três Pontos dos Laminados

Compósitos MV e HVS estado seco ......................................................................... 50

Tabela 4.5. Resultados obtidos no Ensaio de Absorção de Umidade .......................................... 55

Tabela 4.6. Propriedades Mecânicas de Tração Uniaxial dos Laminados Compósitos

MV e HVS estado úmido Saturado. .......................................................................... 57

Tabela 4.7. Propriedades Mecânicas de Flexão em três Pontos dos Laminados

Compósitos MV e HVS estado úmido Saturado ....................................................... 59

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Tabela 4.8. Propriedades Mecânicas de Tração Uniaxial dos Laminados Compósitos

MV e HVS estado imerso em Petróleo. ..................................................................... 65

Tabela 4.9. Propriedades Mecânicas de Flexão em três Pontos dos Laminados

Compósitos MV e HVS estado Imerso em Petróleo. ................................................ 66

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A – Àrea

B – Largura do corpo de prova

ASTM – American Society of Testing and Materials

MV – Manta de Vidro

HVS - Híbrido Vidro Sisal

CP – Corpo de Prova

E – Módulo de Elasticidade Longitudinal

P – Carga

���� – Tensão de Resistência a Tração

� – Deformação de Ruptura

∆� – Variação de Comprimento

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo avaliar as propriedades mecânicas de compósitos

de matriz polimérica reforçados com tecidos bidirecionais de sisal (Agave Sisalana,) e

fibras de vidro E, contendo estes materiais a seguinte configuração: um compósito

híbrido de matriz polimérica (Resina Poliéster Ortoftálica) reforçado com 3 (três)

camadas de fibras de vidro e intercalando–as 2 (duas) camadas de tecido bidirecional

de sisal, e por fim um compósito de matriz polimérica reforçado com 5 (cinco) camadas

de manta de fibras de vidro do tipo E. Para tanto teve–se como primeira etapa a

confecção dos tecidos de sisal, já que estes não se encontram no mercado. Os

compósitos foram confeccionados de acordo com o processo de laminação manual

(Hand lay-up) e avaliadas as propriedades de tração uniaxial e flexão em três pontos do

material tanto em estado seco, como para o material imerso em água destilada e imerso

em petróleo e as características macroscópicas e microscópicas dos materiais após a

realização dos ensaios mecânicos, t5ambém já realizados. Após a realização dos estudos

foi observado que a fibra de sisal diminui a rigidez do material à tração acima de 50 %

para ambas as situações estudadas, a resistência à tração do material diminui em

aproximadamente 40% para os casos citados, sendo que quando comparado à resistência

e rigidez especificas esses valores caem para 14,6% e 29,02 % respectivamente só para

o estado seco. Quando observados as constantes para flexão esses valores passam a

serem de aproximadamente 50 % para a resistência e 25% para a rigidez do material

para os casos secos, úmido e imerso em petróleo.

Palavras – chaves: Materiais Compósitos, Fibras de Sisal, Hibridização e Propriedades

Mecânica.

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ABSTRACT

This study aims to evaluate the mechanical properties of polymer matrix

composites reinforced with sisal fabric bidirectional tissue (Agave sisalana,) and E-glass

fibers, containing the following configuration: a polymer matrix hybrid composite

(Polyester Resin orthophalic) reinforced with three (3) layers of glass fibers and

alternating-2 (two) layers of bidirectional sisal fabric, and finally a composite of

polymer matrix reinforced with five (5) layers of glass fiber mat-type E. For this

purpose as first step, the preparation of by sisal, since they are not on the market. The

composites were made by manual lamination (Hand lay-up) and evaluated for tensile

properties and three point bending both in the dry, and wet conditions aswele as

immersed in oil. Macroscopic and microscopic characteristics of the materialsweve

awalysed, after the completion of the mechanical tests. After the studies, it was proven

that the sisal fiber decreases the tensile stiffness of the material above 50% for both

situations studied the tensile strength of the material decreases by approximately 40%

for the cases mentioned, and when compared to the specific strength stiffness values

drop to 14.6% and 29.02% respectively for the dry state only. Constants for bending the

values were are to approximately 50% to 25% for strength and stiffness of the material

for the cases dry, wet and immersed in oil. Under the influence of tension fluids do not

interfere in the stiffness of the material for the bending tests, the same does not occur

with the resistance, and these values are modified only in the cases stiffness and flexural

strength.

Keywords: Composite Materials, Sisal fabric, Hybridization and Mechanical Properties.

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Capítulo I

Introdução, Objetivos Gerais e Específicos.

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2

1. Introdução

O Brasil é um dos países com uma grande produção e variedade de fibras naturais, tanto as

de origem vegetal, animal ou mineral. Dentre essa grande variedade, as fibras vegetais vem

ganhando destaque, em pesquisas sobre a sua utilização em materiais compósitos de matrizes

poliméricas.

Os compósitos podem ser definidos como uma classe de materiais heterogêneos,

multifásicos, podendo ser ou não polimérico, em que um dos componentes descontínuos, dá a

principal resistência ao esforço (componente estrutural) e o outro, continuo é o meio de

transferência desse esforço (componente matricial) (Mano, 2003).

A utilização das fibras vegetais como reforço em compósitos de matriz polimérica é algo

que vem sendo estudado com ênfase nas ultimas décadas, visando tanto o fator econômico já que

as fibras naturais quando comparadas as fibras sintéticas possuem um baixo custo de obtenção,

além de serem materiais provenientes de fontes renováveis, são atóxicas, possuem baixa massa

específica, utilizam baixo custo de energia durante a sua produção, além de estimular empregos

nas áreas rurais. Em contrapartida essas fibras também possuem as suas desvantagens quando

relacionadas às fibras sintéticas, elas se degradam em altas temperaturas, apresentam uma menor

resistência mecânica, e possuem características hidrófilas (Levy, 2006).

Para melhorar as propriedades de alguns compósitos, pesquisadores estão investindo na

hibridização desses compósitos, já que com esse processo pode–se melhorar as propriedades de

um material compósito sem alterar tanto o preço final do mesmo. A hibridização ocorre quando

um material compósito apresenta dois ou mais tipos de reforços diferentes. Podendo acontecer à

hibridização tanto com matérias sintéticos, naturais e, ou os dois materiais juntos, tanto sintético,

como o natural (Idicula et al 2005, Carvalho 2006).

Dentre as fibras naturais a fibra de sisal mostra-se bastante promissora na sua utilização

como reforço nos materiais compósitos, quando relacionada às outras fibras naturais, as

propriedades de algumas dessas fibras pode ser observada na tabela 1.1, onde apresenta algumas

das fibras naturais utilizadas como reforço em matrizes poliméricas.

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3

Tabela 1.1- Propriedades das Fibras Naturais

Tipo de Fibra Limite de Resistência

à Tração (MPa)

Módulo de Elasticidade

(GPa)

Densidade (g/ cm³)

Sisal 126-800 3,8-62,0 1,27-1,50 Coco 95-149 3,3-5,1 1,18-1,45 Juta 320-500 1,3-2,8 1,50

Rami 392-900 7,3-25,0 1,51 Piaçava 143 5,6 1,05

Fonte: Levy 2006

1.1 Objetivos Gerais

Este trabalho tem como objetivo o estudo das propriedades mecânicas de tração e flexão

em três pontos de compósitos laminados de matriz polimérica reforçados com tecidos de sisal,

híbridos (vidro/ sisal), caracterização final da fratura, ambos com e sem a influência da umidade

em água destilada e petróleo.

1.1.1.Objetivos Específicos

� Confecção de tecidos de sisal;

� Estudo da resistência, rigidez e característica final da fratura em compósito híbrido – Estudos

comparativos dos tipos de carregamento aplicados e dos tipos de fibras utilizadas em presença da

umidade em água destilada e petróleo;

� Estudo do comportamento da adesão entre as camadas através de estudos micrográficos,

principalmente entre as camadas de fibras sintéticas e vegetais.

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Capítulo II

Revisão Bibliográfica

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2. Revisão Bibliográfica

2.1 Introdução

Devido a uma demanda cada vez maior de materiais com características especificas,

onde se deseja que o material possua melhores propriedades mecânicas, térmicas, baixo custo

e um apelo a conservação do meio ambiente, com isso ocorreu um aumento significativo no

uso de materiais compósitos, já que estes materiais conseguem aliar características em um

único material que dificilmente se conseguiria usando materiais classificados como

tradicionais (aço e cobre por exemplo).

Os materiais compósitos possuem atualmente os mais variados tipos de aplicação em

praticamente todas as áreas da indústria como por exemplo a indústria militar (blindagem

balistica), indústria recreativa (raquete de tênis), indústria de petróleo (tubulações e estruturas

utilizadas em plataformas marítimas), entre outros.

Atualmente no mundo há uma busca por novos materiais que não degradam o meio

ambiente e que ao mesmo tempo possam desenvolver regiões de solo pobre, sem que haja a

destruição do ecosistema dessas localidades. Dessa forma o agave sisalana, de onde é

extraída a fibra de sisal, torna–se promissor para a solução desse problema. A planta é

originaria do México, e foi introduzida no Brasil entre o final do século XIX e inicio do

século XX, primeiramente nos estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte. A planta

adaptou-se a seca e ao solo pobre destas regiões. A fibra é considerada como sendo uma fibra

vegetal dura, devido ao fato desta ser extraída da folha e possuir um alto teor de liginina

tornando-a pouco flexível, por esta razão possui como maior utilização a indústria de

cordoaria (cordas, cordéis, tapetes) (Silva 2009).

A fibra de sisal também está sendo utilizado na indústria automobilística substituindo

as fibras derivadas do petróleo. De acordo com o Sindifibras (Sindicato das Indústrias de

Fibras Vegetais do Estado da Bahia), a fibra está ganhando espaço em países como Estados

Unidos e China, e empresas automobilísticas como a Mercedes Benz e a General Motors,

dessa maneira há em todo o mundo estudos sobre essa fibra, e onde ela poderá ser utilizada.

Segundo a EMBRAPA, a fibra de sisal gera cerca de 800 mil empregos, gerando

aproximadamente 800 milhões de dólares em divisas para o Brasil, principalmente para os

estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte.

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Mendonça (2005) define um material compósito como sendo um conjunto de dois ou

mais materiais diferentes combinados em uma escala macroscópica, para funcionarem como

uma única unidade, visando obter um conjunto de propriedades que nenhum dos componentes

individualmente apresenta. Estes materiais são caracterizados por apresentarem duas fases,

sendo uma a fase matriz, ou elemento matricial, responsável pela proteção do material ao

meio e transferência dos esforços mecânicos que o material venha a sofrer. A outra fase é o

reforço, que tem como finalidade suportar as solicitações mecânicas ao qual o material venha

a sofrer (Levy, 2006).

Em compósitos pode-se encontrar basicamente quatro tipos de matrizes as carbonosas,

cerâmicas, metálicas e poliméricas. O material de reforço pode apresentar-se de duas formas,

tanto na forma de partículas ou material fibroso.

O material fibroso pode ser apresentado na forma aleatória ou continua (Levy 2006).

Podendo também estes materiais apresentar–se na forma de materiais compósitos híbridos, ou

seja, matérias que apresentam diferentes tipos de reforços, podendo a hibridização ocorrer

tanto com reforços sintéticos como naturais.

Um dos grandes problemas de se trabalhar com fibras vegetais, é o fato das fibras

serem hidrofílicas, e quando absorvem umidade aumentam de volume danificando a matriz

(Chow, 2006). Por esta razão pesquisas vem sendo realizadas utilizando em vez de só um

material vegetal, hibridiza-lo com um material sintético, já que estes absorvem pouca

umidade, protegendo assim o material natural (Barros 2006, Davies et al 2001, Aquino 2007,

Santos 2006, Ornaghi Jr 2009).

2.2 Matrizes Poliméricas Utilizadas na Fabricação de Compósitos

As matrizes em compósitos, tem como principal função transferir as solicitações

mecânicas para o reforço e proteger o mesmo do meio em que se encontra.

Os compósitos de matrizes poliméricas são as mais utilizadas atualmente pela

indústria em todas as áreas de aplicação, em vista de suas propriedades à temperatura

ambiente, sua facilidade de fabricação e seu custo (CALLISTER, 2005). As matrizes

poliméricas se dividem em duas classes, as termoplásticas e as termofixas.

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2.2.1 Matrizes Termoplásticas

As resinas termoplásticas recebem essa denominação devido a sua facilidade de

deforma–se plasticamente com o aumento da temperatura, chegando a se tornarem liquidas a

temperaturas elevadas. Tanto a deformação quanto a liquefação ocorre principalmente por

causa da inexistência de ligações fortes entre suas moléculas possuindo somente as forças de

Waals, para manter estas moléculas unidas. Essas resinas têm como principal vantagem à

capacidade de poderem ser recicladas. O processo de reciclagem diminui as suas propriedades

mecânicas. Entre as desvantagens, estas matrizes possuem uma baixa resistência mecânica e

baixo módulo de elasticidade, pela sua forma de processamento, ser na maioria das vezes por

extrusão, uma limitação desta matriz é sua utilização com reforço particulado, diminuindo

assim o seu desempenho estrutural.

As resinas termoplásticas mais utilizadas no setor industrial são as poliamidas,

polietilieno terraftalico, polipropileno, polietileno (alta e baixa densidade), policloretro de

vinila, acrílicos, policarbonatos, poliestirenos (Albuquerque, 2000).

2.2.2 Matrizes Termofixas

Os plásticos termofixos apresentam suas moléculas interligadas através de ligações

fortes, permanentes e físicas, e por conta disso não podem ser fundidas (Alburquerque,

1999). Nestas resinas a polimerização se desenvolve em uma estrutura tridimensional, pois

ocorre uma ligação covalente onde não é possível ocorrer escorregamento entre as

moléculas, fazendo com que esse tipo de material não alcançe a plasticidade com o aumento

da temperatura. São exemplos de resina termofixas: as resinas poliésteres insaturadas resinas

epóxi, resinas fenólicas, resinas poliimidas e bismaleimidas e silicones.

2.2.2.1 Resina Poliéster Insaturado

São resinas de maior utilização na produção de compósitos poliméricos termofixos por

apresentarem melhores características de desempenho e baixo custo. Apresentam boas

propriedades mecânicas e são disponíveis numa ampla variedade de formulações atendendo

uma gama de requisitos específicos para a fabricação dos materiais compósitos (Marinucci,

2011).

A resina poliéster pertence à família de polímeros formados da reação de ácidos

orgânicos dicarboxílicos e glicóis, que quando reagidos, dão origem a moléculas de cadeias

longas lineares. Essas resinas são fornecidas no estado líquido, e depois de catalizadas começa

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uma reação exotérmica (cura), ao término da reação à resina estará em um estado sólido

rígido infusível (Levy, 2006).

Resina Poliéster Ortoftálica

São aquelas que na sua composição, são utilizadas como ácidos modificadores, o

ftálico ou seu anidrido. Suas propriedades mecânicas e químicas são inferiores às demais,

devido à dificuldade de se obter polímeros de alto peso molecular. O anidrido oftálico tem

forte tendência de se regenerar à partir dos meios ésteres do ácido ftálico (reação reversível),

fato que incrementa a presença de espécies de baixo peso molecular, altamente sensíveis ao

ataque químico. Essas resinas são mais rígidas em relação com as isoftálicas, possui menor

resistência química, são menos viscosas, e apresenta menor resistência à tração e impacto

(Silaex). A figura 2.1 demostra a cadeia molecular da resina poliéster ortóftalica.

Figura 2.1: Cadeia molecular da Resina Poliéster Ortoftalica Fonte: Silaex 2011.

Resina poliéster Isoftálica

São resinas de alto peso molecular, apresenta cadeia molecular longa, essas

cadeias conferem ao material melhores propriedades mecânicas, principalmente em relação ao

impacto e são polímeros que possuem ótimas resistências térmicas e químicas. A cadeia

polimérica pode–ser observa na figura 2.2.

Figura 2.2: Cadeia Molecular da resina poliéster Isoftálica Fonte: Silaex 2011.

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Resina Poliéster Bisfenólica

São produtos da reação simplificada do óxido de propileno e o bisfenol A.

Resultando no bisfenol A propoxilado que depois reagirá com o ácido insaturado. Por isso

este tipo de resina possui poucos pontos sujeitos a hidrólise. Sua estrutura (Figura 2.3) com

anéis aromáticos deixa o polímero com uma estrutura mais fechada, tornando-a mais

resistente térmica e quimicamente com uma alta dureza. Recomendada principalmente para

peças que vão sofrer ataques químicos. Dentre os poliésteres é a resina que possui maio

resistência química.

Figura 2.3: Cadeia Molecular da resina poliéster Bisfenólica. Fonte: Silaex 2011.

Resina Poliéster Tereftálica:

São resinas onde parte dos ácidos é substituída por ácido tereftálico, apresentado

desempenho similar às resinas isoftálicas, quanto à resistência química, hidrólise e

térmica. Porém possuem baixa resistência a UV amarelando com facilidade. Sua cadeia

molecular é mostrada na figura 2.4.

Figura 2.4: Cadeia Molecular da resina poliéster tereftálica. Fonte: Silaex 2011

A seguir, algumas propriedades físicas e mecânicas da resina poliéster.

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Tabela 2.1 - Propriedades Físicas e Mecânicas das Resinas Poliéster Ortoftálicas.

Propriedade Poliéster Densidade (g/cm3) 1,3

Módulo de Elasticidade (GPa) 3,2 Resistência á Tração (MPa) 65

Alongamento (%) 2 Resistência à Flexão (MPa) 73,5 Módulo á Flexão (GPa) 4

Fonte: Gay(1991) e Hull (1988)

2.3 Tipos de Fibras

Existe uma grande variedades de fibras, que podem ser utilizadas em compósitos,

podendo estás serem sintéticas e naturais. Entre as fibras manufaturadas temos a fibra de

vidro, que é uma das fibras mais utilizadas para reforços em compósitos poliméricos, carbono

(bastante utilizada no setor automobilístico para a fabricação de capacetes para motos e carros

de corrida), e a fibra de aramida (fibra que possui bom desempenho mecânico, quando

submetida a esforços de impacto, devido essa sua característica, a fibra é bastante utilizada na

fabricação de coletes à prova de bala). Já como reforços naturais têm as fibras de abacaxi,

bananeira, coco, caraurá, juta, piaçava, rami e sisal, que são consideradas fibras duras por

serem retiradas das folhas e dos caules.

2.3.1 Fibras de Vidro

Segundo Mendonça (2005), as fibras de vidro apareceram pouco antes de 1930, sendo

que o seu uso intensivo se deu a partir da Segunda Guerra Mundial, quando começou a

utilizar a mesma com a resina poliéster.

As principais vantagens da fibra de vidro são: baixo custo de obtenção, excelência

aderência fibra/matriz, alta resistência à tração, grande inercia química, resistência ao calor e

ao fogo, resistência à umidade, resistência térmica. Possuindo como desvantagens: as fibras

de vidro apresentam baixo módulo de elasticidade, são abrasivas – podendo danificar os

moldes, baixa resistência a fadiga (Levy, 2006 e Aquino, 1992).

Existem vários tipos de fibras de vidro disponíveis no mercado como as fibras de

vidro-E, S, M, A, por exemplo. Porém aproximadamente 90 % da fibra de vidro utilizada na

indústria se caracteriza em ser a do tipo E, esse tipo de fibra, é o que possui menor custo, além

de possuir resistências a eletricidade, rigidez e de desgaste. A sua composição encontra-se na

tabela 2.2:

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Tabela 2.2: Valores Percentuais dos Componentes Químicos Obtidos Na Fibra de Vidro- E

Fibra SiO2 Al2O3 B2O3 MgO CaO Na2O

Vidro-E 52-56 12-16 8-13 0-6 16-25 0-3

Fonte: Mendonça (2005) e Levy (2006)

2.3.2 Fibras Naturais

As fibras naturais de uma maneira geral podem ser de origem vegetal, animal ou

mineral, e possuem propriedades mecânicas inferiores às fibras sintéticas como vidro, aramida

entre outras. As fibras naturais, especificamente as vegetais possuem uma baixa massa

específica, são recicláveis, não tóxicas, possuem baixo custo entre outras características e

possuem como desvantagens suas propriedades serem influenciadas pelas características dos

solos, época de colheita, forma de processamento e não uniformidade da seção transversal da

fibra (Levy, 2006).

Os principais componentes das fibras vegetais são a celulose, a hemicelulose e a

lignina, com menores percentuais de outros componentes como, cera e substâncias solúveis

pectina em água; lembrando-se que esta composição poder variar ligeiramente de acordo com

a região de cultivo, tipo de solo e condições climáticas (Silva, 2003).

No entanto, essas fibras possuem altos teores de lignina e hemicelulose na sua

composição além da presença de gorduras cerosas; devido esse fato, estas possuem baixa

adesão fibra/matriz, fazendo com que o compósito apresente uma baixa resistência mecânica

ao ser confeccionado por esse tipo de reforço.

Uma maneira de aumentar essa interação fibra/matriz é a utilização de um tratamento

químico nessas fibras, para que haja a remoção dessas gorduras, neste tipo de tratamento

normalmente se utilizam soluções alcalinas de hidróxido de sódio (NaOH) ou N-

isoproprilacrilamida. Pesquisas atuais têm comprovado que a modificação na estrutura das

fibras melhora significativamente as propriedades mecânicas dos compósitos formados (Lima

2007, Sydenstricker 2003, Kapulskis 2005, Santiago 2007, Carvalho 2009).

Dentre as fibras naturais, existem às fibras naturais classificadas como duras (fibras

retiradas de folhas e caules) estás fibras possuem uma estrutura multicelular, com pequenas

células individuais ligadas.

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Na tabela 2.3 apresentam-se as composições de algumas fibras vegetais. Estes valores são

considerados típicos, apesar das variações existentes, em função da origem das fibras e/ou

tratamentos a que as mesmas são submetidas.

Tabela 2.3 - Composição química de algumas fibras vegetais (Young, 1994). Fibras Celulose

(%)

Hemi-

celulose

(%)

Pectina

(%)

Lignina

(%)

Extrativos

(%)

Graxas e

(%)

Outros

(%)

Algodão 91,80 6,30 - - 1,10 0,70 0,10

Juta 71,50 13,30 0,20 13,10 1,20 0,60 0,10

Linho 71,20 18,50 2,00 2,20 4,30 1,60 0,20

Sisal 73,10 13,30 0,90 11,00 1,30 0,30 0,10

Rami 68,6 13.1 1,9 0,6 - 0,3 5,5

Coco 36 – 43 0,15 – 0,25 3 - 4 41 - 45 - - -

Kenaf 31 – 39 21,5 - 15 - 19 - - -

2.3.2.1.1 Fibras de Sisal

A fibra de sisal é extraída da folha do agave sisalana perrene, planta esta originaria do

México e que foi introduzida no Brasil no início do século XX, primeiramente no estado da

Bahia, e em seguida na Paraíba e Rio Grande do Norte, hoje o Brasil é o terceiro maior

produtor da fibra, (SINDFIBRAS). Na tabela 2.4 observa-se a produção da fibra no Brasil.

Tabela 2.4 - Comparativo de Área e Produção de Sisal – BRASIL Estado Área (Kg/ha) Produção (t) Variação

(%)* 2007 2008 2007 2008

Bahia 262.474 274.254 232.966 242.852 4.2

Paraíba 12.465 11.696 10.167 9.408 (7,5)

Rio Grande do Norte 2.448 2.450 1.393 1.394 0,1

Ceará 450 450 755 765 1,3

Pernambuco 10 10 8 8 -----

Total Nordeste 278.027 288.860 245.289 254.427 3,7

Total Brasil 278.027 288.860 245.289 254.427 3,7

(*) Variação refere-se à produção (2007/2008) Fonte: IBGE - Elaboração: Conab-RN

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A fibra de sisal também está sendo utilizada na indústria automobilística substituindo

as fibras derivadas do petróleo. A fibra está ganhando espaço em países como Estados Unidos

e China, e empresas automobilísticas como a Mercedes Benz e a General Motors (SindFibras

2008), dessa maneira há em todo o mundo estudos sobre essa fibra, e onde esta poderá ser

utilizada. Mostra-se na figura 2.5, a planta agave sisalana de onde se retira a fibra de sisal

(figura 2.6).

O ciclo de transformação do sisal em fios naturais tem início aos três anos de vida da

planta, ou quando suas folhas atingem até cerca de 140 cm de comprimento que podem

resultar em fibras de 90 a 120 cm.

As fibras representam apenas 4 a 5 % da massa bruta da folha do sisal. As folhas são

cortadas a cada 6 meses durante toda vida útil da planta que é de 6/7 anos. Esta fibra possui

muitas vantagens, tais como, baixo custo, baixa densidade, alta resistência e módulos

específicos, sem risco a saúde e fácil renovabilidade em alguns países. Porém, possuem

algumas desvantagens tais como degradação térmica e mecânica durante processamentos que

exijam alto grau de cisalhamento, como extrusão e injeção. (Seo et al, 2006 e Thomas et al,

1999)

Figura 2.5: Agave sisalana perene

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Figura 2.7: Fibras de Sisal Processada

A fibra de sisal possui um resistência mecânica à tração entre 126 – 800 MPa, módulo

de elasticidade entre 3,80 – 62,0 GPa e uma densidade de 1,27 – 1,50 g/cm³ (Levy, 2006),

por apresentar essas propriedades a fibra vem ganhado espaço em pesquisas como reforço

em materiais compósitos de matriz polimérica (Joseph et al.,1999; Angrizani C.A et al.,

2006; Pigatto et al., 2008).

A fibra de sisal está presente em várias pesquisas sobre a utilização da mesma como

reforço para compósitos até a sua utilização como reforço para estrutura de madeiras

(Carvalho, 2005).

O sisal também vem sendo usada como reforço em matrizes termoplásticas, como por

exemplo, no trabalho de Martins et al 2008, que utiliza a fibra como reforço em matriz de

policloreto de vinila (PVC), e em trabalhos que utilizam a mesma em matrizes de

polipropileno (Pimenta 2008, Fung 2003, Pigatto 2008), sendo que quando utilizada como

reforço em matrizes termoplásticas, não ocorreu um grande aumento nas resistências do

material final, já que como o processo de fabricação na maioria das vezes ocorre por extrusão,

a fibra fica muito curta.

2.4 Formas de Uso das Fibras

Como um dos motivos desta dissertação é a construção de tecidos bidirecionais de

fibras de sisal, optou-se por fazer um estudo demonstrativo de vários tipos de têxtis

encontrados na indústria para o uso de fibras na fabricação de materiais compósitos.

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Normalmente encontram-se no mercado as fibras na forma contínua (figura 2.8),

mantas de fibras curtas (figura 2.7) e tecidos (figuras 2.9).

Dentre as formas comentadas anteriormente os tecidos possuem uma grande variedade

de tipos .

Figura2.7:Manta de Fios Picados de Vidro

Figura 2.8: Fibras de Vidro na Forma de Filamentos (roving)

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Figura 2.9: Tecido Unidirecional de Fibras de Vidro

2.4.1 Tecidos Bidirecionais

Os tecidos bidirecionais utilizados em materiais compósitos podem ser classificados

em três tipos, tecidos planos, tecidos cetim e tecidos laço diagonal.

2.4.1.1 Tecidos Planos

Este tipo de tecido é definido como sendo os fios da trama (mecanismo do tecido

responsável pela configuração do mesmo) entrelaçados nos fios do urdume (mecanismo

responsável pelo comprimento do tecido), um acima e um abaixo, e assim sucessivamente, até

obter a configuração de acordo com a figura 2.10 (a) e (b).

Figura 2.10 (a) e (b): Tecido Plano. Fonte: Levy (2006, p.113)

O tecido plano apresenta vários tipos de padronagem, sendo que as mais utilizadas em

compósito: tecido plano tipo basket, basket Oxford, o tipo leno e o tipo mock-leno.

Urdume (a)

(b)

Trama

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Os Tecidos Planos Tipo Basket são caracterizados por possuírem dois ou mais fios do

urdume por fileira e/ ou dois fios ou mais na trama por fileira, como pode ser observado na

Figura 2.11, onde temos um tecido plano tipo basket 2 x 2, caracterizado pelo entrelaçamento

de dois cabos da trama por dois do urdume.

Figura 2.11:Tecido Plano tipo Basket 2 x 2. Fonte: Levy (2006, p. 113)

O Tecido Basket oxford, é caracterizado por um cabo da trama entrelaçado em dois

cabos do urdume como pode ser observado na figura 2.12.

Figura 2.12: Tecido Plano Tipo Basket Oxford. Fonte: Levy (2006, p. 113)

O Tecido leno,é caracterizado pelos cabos do urdume, entrelaçados a cabos da trama

torcidos, formando uma espiral fazendo com que o urdume e a trama fiquem bloqueados a

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qualquer movimento de acordo com a figura 2.13. Este tecido diminui a flexibilidade do

material.

Figura 2.13: Tecido Plano Tipo Leno. Fonte: Levy (2006, p. 114)

O Tecido mock leno, é formado por um entrelaçamento de dois ou mais cabos, e ele

possui uma porosidade maior do que as outras variações dos tecidos planos como é mostrado

na figura 2.14:

Figura 2.14: Tecido Plano Tipo Mock- Leno. Fonte: Levy (2006, p. 115) 2.4.1.2 Tecido Cetim (harness satin- HS)

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Os tecidos do tipo cetim são caracterizados por apresentarem um comprimento maior

entre as sobrepassagens, seus entrelaçamentos acontecem com no mínimo, três cabos acima e

um abaixo (4 harness satin- 4HS) e no máximo de onze cabos acima e um abaixo (12 harness

satin- 12HS), sendo que cada coluna começa um cabo a frente da outra formando uma

diagonal no tecido, conforme mostra a figura 2.15.

Figura 2.15: Tecido tipo Cetim. Fonte: Levy (2006, p. 115)

2.4.1.3 Tecido Laço Diagonal

O Tecido tipo Laço Diagonal, se caracteriza por apresentar linhas diagonais que forma

na parte superior do tecido, os cabos nesse tecido são colocados dois fios da trama sobre um

fio o urdume, um abaixo e dois acima, e assim sucessivamente, dessa forma formando as

diagonais. Esse tipo de tecido possui duas variações o tecido diagonal mão direita que possui

as diagonais começando da parte inferior esquerda e chegando a parte superior direita, e o

tecido diagonal mão esquerda que começa na parte inferior direita (figura 2.16) e termina a

sua ondulação na parte superior esquerda (figura 2.17).

Urdume

Trama

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Figura 2.16: Tecido Laço diagonal Mão Direita. Fonte: Levy (2006, p. 117)

Figura 2.17: Tecido Laço diagonal Mão Esquerda. Fonte: Levy (2006, p. 117)

Outra forma de classificação de um tecido bidirecional é de acordo com a face que o

mesmo venha a apresentar, podendo este ser face–urdume, ou face–trama. Um tecido é

denominado face–urdume quando este for constituído com uma quantidade de fios

significantemente maior na direção do urdume, mas se o mesmo possuir poucos fios na

direção do urdume e muitos na direção da trama, os fios da trama podem obscurecer os fios

do urdume e produzir um tecido denominado face–trama. Esses tipos de tecido face–urdume e

face–trama são mais observados quando os tecidos são do tipo diagonal, ou cetim.

Além dos tecidos bidirecionais existem outras configurações possíveis de serem

utilizadas na construção de tecidos, como os tecidos unidirecionais, multidirecionais,

tridimensionais entre outros, porém os mesmo não serão comentados nesta dissertação.

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2.5 Processos de Fabricação de Materiais Compósitos Fibrosos

Mendonça (2005), refere-se aos processos de fabricação, como uma série de métodos

utilizados para fabricação de materias compósitos, e que estes métodos são determinados de

acordo com os seguintes fatores:

• Custo do Processo: envolve custo de equipamentos, mão – de – obra

qualificada, da matéria prima;

• Escala de produção: alta ou baixa produção, se as peças são únicas, ou

podem ser fabricadas em série;

• Dimensão física do componente: podem variar de tamanhos, podendo ser

utilizado na confecção de barcos, carrocerias de ônibus e caminhão;

• Volume relativo de fibras: se serão utilizadas no processo mantas, ou fios,

por exemplo;

• Repetibilidade de características de cada item.

De acordo com as condições acimas o fabricante escolhe qual o processo se adequa

ao tipo de peça a produzir.

Os processos de fabricação mais usados em materiais compósitos são: laminação

manual (handlay-up), moldagem por aspersão (spray-up), moldagem por filamentos(filament

winding), pultrusão, moldagem por compressão, moldagem a vácuo (vacum bag), moldagem

por transferência de resina (RTM), moldagem por injeção de resina (RIM).

Um dos métodos de menor custo para a indústria é o processo de laminação manual

(Hand–lay-up), nele pode ser utilizado qualquer tipo de reforço (tecidos, mantas de fios

picados, fios contínuos), onde o reforço é impregnado com resina, devidamente preparada

(adição de catalisadores e aceleradores), dependendo do tipo de resina e da quantidade de

reagentes colocados na mesma, pode-se prolongar ou diminuir o tempo de cura da mesma,

além de poder confeccionar peças de todos os tamanhos. Uma desvantagem desse tipo de

processo, é que para se obter um bom material compósito depende-se muito da experiência e

qualificação do operador, por se tratar de um processo totalmente manual, o material

compósito pode vir a apresentar uma grande quantidade de bolhas de ar e vazios, para

diminuí–los entre cada camada é passado um “rolo” metálico, que serve também para

compactar o reforço a matriz. Outra desvantagem seria sua baixa de produção e a não

repetibilidade dos produtos (Carvalho 1992).

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22

2.6 Mecanismos de Dano

A análise microscopia é uma ferramenta valiosa para o estudo deste mecanismo.

Podendo identificar no material compósito a interação fibra matriz, o comportamento

mecânico do compósito, a determinação das razões de falhas assim como a propagação das

trincas e fissuras nestes materiais (Marinucci, 2011).

O tipo e a forma de dano podem ser influenciados por diversos fatores, como o tipo e

o sentido da carga aplicada, as propriedades físicas, químicas e mecânicas da fibra e da

matriz, o processo de fabricação, a configuração do material compósito, os percentuais de

fibra, matriz e vazios, a umidade absorvida e a temperatura de trabalho (Margaria et. al.,

1997; Yang et. al., 2000; Felipe et. al., 1999).

Os mecanismos principais de falhas que podem ocorrer em materiais compósitos são:

Fissuração na matriz: Ocorrência de uma ou mais fissuras na matriz do material

compósito (fratura coesiva na matriz), figura 2.18.

Figura 2.18: Fissuração em matriz polimérica. Fonte: Rodrigues 2007

Ruptura da Fibra: Ocorrência da ruptura transversal ou longitudinal da fibra (fratura

coesiva na fibra), figura 2.19.

.

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23

Figura 2.19: Ruptura das fibras de vidro. Fonte: Rodrigues 2007

Desaderência fibra matriz: Descolamento na interface entre a fibra e a matriz

(fratura adesiva), figura 2.20.

.

Figura 2.20: Desaderência fibra matriz. Fonte: Rodrigues 2007

Delaminação: Desaderência entre as camadas de um compósito laminado (figura

2.21).

.

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24

Figura 2.21: Delaminação em Compósito. Fonte: Aquino et al, (2005).

Microflambagem: Deformação ocasionada nas fibras do laminado quando submetido

a esforços de compressão formando pequenas desaderências na interface fibra/matriz.

A fissuração na matriz, a ruptura de fibra e a desaderência fibra matriz são tipos de

danos que podem ocorrer em qualquer material compósito fibroso, porém a delaminação só

pode ocorrer em materiais compósitos laminados.

2.7 Compósitos á Base de Fibras Naturais

Atualmente existe uma necessidade cada vez maior no uso de fibras naturais na

fabricação de materiais compósitos, com o intuito de diminuir custos e permitir seu descarte

ou reciclabilidade com menor prejuízo e mais facilidade.

Diversos autores (Aquino 2009 e 2006, Dantas 2009, Santos 2006, Amico 2009,

Pavithran 1991) têm cada vez mais estudados materiais compósitos na qual se utiliza os mais

diversos tipos de fibras e matriz.

As fibras de abacaxi, por exemplo, foram utilizadas por Mishra et al (2001), que

avaliou a interferência de vários ataques químicos nas propriedades mecânicas das fibras de

abacaxi e a quantidade de teor de fibras nos compósitos e encontrou que o material que obteve

melhor resposta aos ensaios de tração uniaxial e flexão em três pontos foi o compósito com

um teor de 30% em peso de fibras, no material com 10% de reforço foram realizados

tratamentos químicos (alcalino) para melhorar as propriedades mecânicas, chegando este

material a obter uma resistência à tração de 43 MPa, e o material que teve o tratamento

químico com cianoetil teve um melhor desempenho mecânico nos ensaios de flexão em três

pontos.

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25

Uma das fibras bastante utilizadas também em compósitos poliméricos é a fibra de

coco, esta fibra possui baixa interação matriz/reforço, já que a fibra possui baixa tensão

superficial, isso de acordo com Monteriro et al(2008), em um de seus trabalhos. Os autores

estudaram o “Efeito da incorporação de fibras de coco no comportamento dinâmico de

compósitos com matriz poliéster”. Neste trabalho os mesmos constataram que o

amortecimento traduzido pelo valor da tangente δ diminui com a adição da fibra de coco (10,

20, 30 e 40 %) à matriz poliéster, possivelmente pelo fato de que somente parte da tensão

aplicada possa deformar a interface fibra/matriz.

A fibra de curauá, pois possui boa resistência mecânica em relação a outras fibras

naturais (Monteiro 2006) esta fibra é originária da região amazônica. No trabalho

desenvolvido por este autor, se estuda as propriedades mecânicas de compósitos de matriz

poliéster reforçada com até 30% em peso de fibras contínuas e alinhadas de curauá, onde os

compósitos foram reforçados com 5, 10, 15, 20, 25 e 30% em peso de fibras foram

confeccionados sob pressão de 0,53 MPa à temperatura ambiente. Estes compósitos foram

ensaiados em flexão e a superfície de fratura observada por microscopia eletrônica de

varredura. No final da realização dos ensaios, o autor concluiu que com o aumento da

porcentagem de fibras nos compósitos este tem um aumento na sua resistência, sendo que a

partir de 15 % de reforço começa a haver um nivelamento, quando observado o desvio

padrão.

Uma das fibras naturais que possuem a característica de serem muito dura é a fibra de

piaçava, por este motivo, ela só é utilizada na indústria para a confecção de vassouras,

começou-se a se verificar seu uso em compósitos como reforço. O trabalho de

Monteiro(2006) utiliza fibras de piaçava, para isso foram as fibras secadas no sol e fabricados

os compósitos com 0, 10, 20, 30, 40% em peso de fibra, e realizados ensaios de impacto

Charpy, após a realização dos ensaios, os autores concluem que a incorporação de fibra de

piaçava na matriz de poliéster aumenta consideravelmente a tenacidade ao entalhe do

compósito.

Uma fibra natural que também está sendo estudada, como reforço em compósitos

poliméricos, é a fibra de sisal, esta fibra é extraída de regiões de clima quente seco, e solo

pobre, como no nordeste brasileiro, a fibra de sisal possui excelentes propriedades mecânicas

e está sendo bastante estudada com o intuito para a utilização em compósitos poliméricos na

indústria automobilística. Trabalhos realizados com essa fibra utilizam a mesma, como

reforço tanto na forma de fios picados, como na forma de reforço alinhado. Martins (2008),

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em seu trabalho utiliza a fibra como reforço em PVC, poli (cloreto de vinila), neste trabalho

foram observados os efeitos da modificação química das fibras, da matriz e dos parâmetros de

processamentos nas propriedades mecânicas e na absorção de água. Nos seus resultados, o

autor observou que há um declínio na tensão de ruptura de acordo com o aumento do teor de

fibra no compósito.

Silva (2009) utilizou a fibra de sisal como reforço em matriz cerâmica de gesso, para

isso o autor cortou as fibras em dimensões pré–definidas (25 á 100 cm de comprimento),

variando também a proporção das mesmas entre 10 e 30g de fibras por placa. Após a

realização dos ensaios de flexão em três pontos os autores observaram um aumento no

módulo de elasticidade dos compósitos com adição de 10 g de reforço, além disso pode–se

observar também que o módulo de elasticidade também aumentou de acordo com o

comprimento das fibras, isso para o caso de 10 g de reforço, para os outros casos houve uma

queda no módulo de elasticidade e no limite de resistência dos mesmos.

A fibra de sisal também está sendo estudada como reforço em matrizes termoplásticas

como o polipropileno, como por exemplo, no trabalho de Chow et al (2006), onde os autores

fabricaram três compósitos (polipropileno/fibras de sisal) mediante o processo de moldagem

por injeção, variando o percentual de reforço utilizado entre 10 e 30 %, onde as amostras de

materiais compósitos foram imersas em água á 90 °C por diferentes variações de tempo de

imersão, após realizado o período de imersão, foram realizados ensaios de tração uniaxial e de

impacto (IZOD), onde pode se conclui, que com os módulos de resistência e elasticidade à

tração diminuiram continuamente de acordo com o tempo de imersão, e que em relação os

ensaios de impacto houve um aumento na resistência do mesmo logo após a imersão, mas

com o tempo esse módulo vai decrescendo, sendo que essa diferença entre tração e impacto

acontece devido ao inchaço as fibras de sisal.

Joseph et al 1999, realizam um trabalho utilizando fibras curtas de sisal em um matriz

de poliéster, onde os autores observam a influência do comprimento e do teor de fibras de

sisal em uma matriz de poliéster. Para tanto os autores utilizaram as fibras de sisal variando o

comprimento das mesmas entre 5 e 75 mm, e o teor de fibras utilizadas de 0 a 60 %. Após a

realização dos ensaios de tração e flexão em três pontos os autores chegaram a conclusão de

que a resistência à tração aumentou com o aumento do comprimento das fibras (5 – 45 mm),

porém acima de 55mm ocorreu uma diminuição na resistência enquanto, outras propriedades

o módulo de elasticidade e a deformação de ruptura não dependiam do comprimento das

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fibras. A resistência à tração dos compósitos aumentou com o teor de fibras até 50% em peso

e, a partir daí, tendeu a decrescer.

2.8 Compósitos Híbridos

Materiais compósitos híbridos são materiais que apresentam dois ou mais tipos de

reforços diferentes no compósito em geral. A hibridização pode ocorrer tanto no mesmo

tecido, possuindo este o urdume de uma fibra e a trama de outra, ou variando uma mecha do

urdume de uma fibra e o outra mecha de outra, pode ocorrer em mantas de fibras curtas, da

mesma maneira que pode ocorrer em relação às camadas do laminado, intercalando entre as

camadas de um reforço outro reforço diferente, ou variando o tipo de material particulado no

mesmo.

A hibridização pode ocorrer levando–se em conta vários fatores como por exemplo:

diminuição de custo final do compósito, proteção de um reforço em especial, melhoramento

das propriedades mecânicas em determinada direção de aplicação de esforço, diminuição da

taxa de absorção de umidade dentre outros (Barros 2006, Carvalho 2006, Idicula 2004, Dantas

2010).

Atualmente nos materias compósitos um processo que vem sendo bastante estudado é

a hibridização com fibras naturais, nele pode–se agrupar propriedades de diferentes fibras

com o intuito de melhorar as propriedades dos mesmos. Alvo dessas pesquisas são os

ecomateriais, materias estes que tem em seu reforço pelo menos um tipo de fibra dita natural.

Dentre as fibras naturais, as fibras vegetais são as mais utilizadas em compósitos híbridos

(Penha 2006, Silva 2008, Carvalho 2006).

Penha et al (2006) estudou a hibridização em um compósto de matriz de poliester

reforçado com fibras de vidro e juta, onde os autores constataram melhores propriedades

mecânicas de tração e flexão em três pontos, nos compósitos hibridos, quando comparados

com compósitos de fibra de juta.

A fibra de curauá também é estudada quando refere-se à hibridização Silva et al

(2008). Os autores confeccionaram três configurações para corpos de prova, sendo elas uma

com sete camadas de fibra de vidro, outro compósito híbrido com quatro camadas de fibras de

vidros e três camadas de fibras de curauá e um terceiro material com sete camadas de fibras

de carauá, utilizando com processo de fabricação o hand lay up (Laminação Manual), após a

fabricação dos compósitos foram retirados os corpos de provas para ensaios, onde nessas

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amostras foram realizados ensaios de flexão em três pontos e absorção de água, os resultados

obtidos foram que os compósitos híbridos obtiveram bons resultados, tanto para o módulo de

flexão quanto para a absorção de água. Observando também que as propriedades mecânicas

do laminado híbrido foram próximas à do laminado de fibra de vidro, sendo que o laminado

de curauá obteve propriedades inferiores, esses resultados mostram a importância da

hibridização nos materiais compósitos.

Não são só as fibras de juta e curauá que são estudas com a hibridização, a fibra de

sisal também participa desses estudos, como relata o trabalho de Carvalho 2006, onde o autor

investigou o comportamento mecânicos de compósitos híbridos (Sisal/vidro), em uma matriz

de poliéster. Foi investigado a influencia do teor de fibra e a direção da aplicação da carga nos

ensaios. Após a realização dos ensaios de tração, o autor concluiu que houve um aumento nas

propriedades mecânicas de tração de todos os compósitos com o aumento do teor de fibras.

Para os compósitos reforçados por tecidos com baixo teor de fibra de vidro, as propriedades

tenderam a ser mais elevadas quando os testes foram conduzidos na direção do sisal, enquanto

que para os tecidos com elevado teor de vidro, o oposto foi observado. O autor relacionou

estes resultados com o teor de fibra de vidro na direção do teste e ao diâmetro das fibras de

sisal. Em baixos teores de fibra o sisal agiria como inclusão ou defeito, prejudicando as

propriedades mecânicas; em elevados teores as propriedades do vidro suplantariam os defeitos

provocados pelo sisal.

2.9 Materiais Compósitos Sobre a Influência de Agentes Externos

Em materiais compósitos vários fatores externos (umidade, temperatura, radiação

dentre outros) modificam as propriedades mecânicas dos mesmos (Cunha 2006, Barjasteh

2009 e Shakerin, 2010).

Sendo que os mais estudados são a influencia da temperatura e da absorção de

umidade nestes materiais. Dantas, 2008 estudou a influência da umidade nas propriedades

mecânicas de flexão em três pontos em compósitos poliméricos de fibras de vidro em

diferentes fluidos (água destilada, petróleo e água do mar), o autor observou após a realização

dos ensaios que para um período de 90 dias não houve variação nas propriedades mecânicas

dos materiais compósitos estudados.

Cunha, 2010 estudou as propriedades mecânicas de compósitos poliméricos de fibras

vidro, possuindo estes como agentes externos a influência do petróleo e da temperatura. O

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autor verificou que com a ação dos agentes externos ocorreu um aumento na rigidez do

material em 38 %.

Esses estudos também foram realizados em compósitos poliméricos reforçados com

fibras naturais (Silva 2008, Barros 2007 e Chow 2006), tanto para a absorção de umidade

como para influência da temperatura para estes materiais utilizando tanto compósitos híbridos

como compósitos reforçados com fibras naturais.

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Capítulo III

Materiais e Métodos

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3 Materiais e Métodos

Neste capitulo serão descritos os materiais e métodos utilizados no processo de

fabricação dos compósitos bem como os ensaios realizados nos mesmo (densidade, tração,

flexão e umidade) durante o período de realização deste mestrado. Um fluxograma

demonstrando todos os passos realizados é apresentado na figura 3.1.

Figura 3.1: Metodologia utilizada no trabalho

3.1 Processo de Fabricação dos Tecidos Bidirecionais de Sisal

Como o objetivo deste trabalho é a obtenção de compósitos híbridos de fibra de sisal

com fibra de vidro e conhecendo-se que a resistência das fibras naturais são inferiores á

resistência da fibra de vidro, optou-se por fazer um compósito híbrido com manta de fibra de

vidro (obtida comercialmente) e tecido de fibra de sisal (confeccionado no desenvolvimento

deste trabalho), esta configuração possui o intuito de substituir a manta de fibra de vidro pelo

tecido de sisal encontrando-se o mínimo de perda na resistência mecânica.

As fibras de sisal utilizadas foram obtidas na empresa COPISIJU, localizada na cidade

de João Câmara, no estado do Rio Grande do Norte e possuem tamanhos variados com

comprimentos de 60 mm até 90 mm.

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A partir destas fibras a confecção dos tecidos de fibra de sisal foi realizada através do

uso de mechas de tecido com aproximadamente 45 fios e massa de 1,7 g. Essas mechas foram

dispostas em um tear com dimensão de 400 x 400 mm, conforme se verifica na figura 3.2.

Figura 3.2: Mechas disposta na direção urdume

Após o processo de confecção das mechas, estas foram dispostas no urdume e

entrelaçadas pela trama de maneira a obter os tecidos formados por completo como podem ser

observado na figura 3.3, possuindo uma gramatura de aproximadamente 800 g/m².

Figura 3.3 : Tecido de sisal bidirecional desenvolvido para utilização na fabricação dos

compósitos

Os tecidos confeccionados neste trabalho estão especificados de acordo com a tabela

3.1.

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Tabela 3.1 – Especificação dos Tecidos de Sisal

Especificação do Tecido de Sisal

Tipo de fibra Sisal

Gramatura g/m² 800

Titulo do tecido (Denier) 465,93

Nº de fibras/cabo 45

Nº de cabos/cm 2/2

Diâmetro médio das fibras* 0,181

Tipo de Padronagem Tela

Tipo de Tecido Plano

*Dimensões em mm

3.2 Processos de Fabricação dos laminados Compósitos

Utilizou–se como reforços uma manta de fibras de vidro E, com gramatura de

450g/m2, tendo este um comprimento de fibra de 5 cm, fornecida pela Tecniplas Indústria e

Comercio Ltda. Também se utilzou fibra de sisal na forma de tecido bidirecional, possuindo

estes uma gramatura de 800g/m2.

A matriz utilizada na fabricação dos compósitos foi a resina poliéster insaturada

ortóftalica, pré-acelarada e catalizada com 1 % de MEEC (Metil-etil-etil-cetona). O processo

de cura ocorreu em temperatura ambiente.

O processo de fabricação utilizado na confecção dos laminados deste trabalho foi o

processo de laminação manual (Hand-lay-up).

Utilizou-se duas configurações de laminado, um laminado híbrido (HVS) com tecido

de fibra de sisal e manta de fibra de vidro e um laminado de manta de fibra de vidro (MV),

todos com cinco camadas, na qual o laminado hibrido possui as camadas de vidro e sisal

intercaladas. Mostra-se na figura 3.4, um desenho esquemático representando os dois

compósitos.

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MV HVS

Figura 3.4: Configurações dos laminados (a) MV e (b) HVS

Conforme se verifica na figura 3.4 o laminado hibrido (HVS) possui três camadas de

manta de fibras de vidro e duas camadas de tecido bidirecional de sisal (TS), intercaladas e o

laminado de manta de fibras de vidro (MV) possui cinco camadas deste material e serve como

configuração de referencia dos resultados.

3.3 Ensaio de Densidade e Fração Volumétrica dos Componentes

Para a realização do teste de densidade os corpos de provas foram cortados mediante a

norma ASTM D 792(2008), com dimensão de 25 x 25 mm para ambos os laminados

confeccionados. Sendo a densidade do compósito determinada de acordo com a equação

abaixo:

� � ������� 0,9975 (3.1)

Onde D é a densidade do compósito (g/cm3), a é massa da amostra seca (g),w é a

massa do fio parcialmente imerso em água (g), e b massa do fio com as amostras imersas em

água (g).

(a) (b)

MV

TS

MV

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Para a pesagem das amostras e cálculo da densidade volumétrica e os percentuais

volumétricos utilizou-se uma balança de marca Sartorios com capacidade máxima de 210g e

precisão 0,0001g.

Em relação à fração volumétrica dos componentes (ASTM D792-08), só pode ser

avaliado as do laminado de fibras de vidro (MV), devido à baixa resistência das fibras

naturais a temperaturas elevadas. Esses valores foram encontrados a partir do ensaio de

calcinação. Neste ensaio as amostras são pesadas e em seguida é realizada uma pirólise nas

amostras, para a eliminação de gases tóxicos, e em seguida as amostras são colocadas em

forno a uma temperatura de 650 °C por aproximadamente 40 minutos até evaporar toda a

resina, restando só às fibras de vidro, após esta etapa essas fibras são pesadas e juntamente

com os valores de densidade, determina-se a fração volumétrica de fibras, de matriz e a

quantidade de vázios existente no material de acordo com as equações abaixo:

�� �����

(3.2)

�� � 1 −�� (3.3)

�� � ����� 100 (3.4)

�� ������ 100 (3.5)

�� � 1 −��� + �� (3.6)

Onde, Mf é o percentual mássico de fibra, mf é a massa de fibra (g), mt é a massa total do

laminado (g), Mm é o percentual mássico de resina (matriz), Vf é o percentual volumétrico de fibra,

Df é a densidade volumétrica da fibra (g/cm3), Dm é a densidade volumétrica da matriz (g/cm3) e

Vm e Vv são os percentuais volumétricos de resina (matriz) e de vazios, respectivamente.

3.4 Ensaio de Tração Uniaxial dos Compósitos fabricados

A realização deste ensaio foi mediante a norma ASTM D3039 (2009), utilizando sete

corpos de prova (CPs), possuindo estes as seguintes dimensões: 25 mm de largura, 127 mm os

galgos (parte útil do corpo de prova) e 250 mm no comprimento total do mesmo (Figura 3.5).

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Os ensaios foram realizados no laboratório de Metais e Ensaios Mecânicos da UFRN. Para

cada tipo de laminado fora utilizados 7 amostras, e ensaiadas com velocidade de 1mm/min,

após a realização dos ensaios obteve-se as constantes de engenharia destes materiais tal como

o módulo de elasticidade e a tensão ultima.

Figura 3.5: Desenho Esquematico dos Corpos de Prova Utilizados no Ensaio de

Tração

O equipamento de ensaio (máquina de ensaio universal) utilizado é de marca

Shimadzu AG-X com capacidade máxima de 300KN, mostrado na figura 3.6.

Figura 3.6: Máquina de ensaios universal

Para o calculo dos valores de módulo de elasticidade, tensão e deformação do material

utilizou-se as equações 3.7 a 3.9.

� � ��� (3.7)

� !" (3.8)

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# � ∆%%& (3.9)

Nas equações 3.7 a 3.9 σσσσé a tensão aplicada (MPa), P éa carga aplicada durante o

ensaio (N), b é a largura do corpo de prova (cp) (mm) no comprimento útil, d é a espessura do

CP (mm) na parte útil, E é o Módulo de elasticidade (GPa),ε é a deformação de ruptura, ∆l é a

variação de comprimento (mm) do CP e lo é o comprimento inicial do CP.

3.5 Ensaio de Flexão dos Compósitos Fabricados

A realização deste ensaio foi mediante a norma ASTM D790 (2008), utilizando 7

corpos de prova, possuindo estes as dimensões de acordo com a tabela 3.2:

Tabela 3.2 – Dimensões dos corpos de provas de flexão (ASTM D790 (2008))

Compósito Comprimento* Largura* Espessura* Distancia entre os apoios*

MV 80 16 4 64

HVS 141 16 7 128

* dimensões em mm

As Equações 3.7, 3.8 e 3.9 foram utilizadas, segundo a norma, para determinação do

limite de resistência à flexão, do módulo de elasticidade e da deformação de flexão

respectivamente.

� � '�()��* (3.10)

� �(+,��+ (3.11)

# � -��(* (3.12)

Onde σé a tensão à flexão (MPa), Pmáx corresponde a carga máxima de ensaio (N), L é

a distância entre os apoios (mm), b é a largura do CP (mm), d é a espessura do CP(mm), E é o

Módulo de elasticidade (GPa), m é a inclinação formada pela curva carga (N) e deflexão (%).

Por último têm-se ε que é a deformação de flexão e D corresponde à deflexão máxima no

centro do corpo de prova (mm).

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3.6 Ensaio de Absorção de Umidade

Para os ensaios de absorção de umidade foram realizados de acordo com a norma

ASTM D570-06, para a água destilada, utilizando cinco corpos de provas com dimensões de

25 x 76 mm².

Os corpos de provas foram cortados, medidos e pesados antes de serem imersos nos

fluídos citados acima (em temperatura ambiente). Após 12 horas foi realizada a primeira

medição da absorção de umidade nos mesmo e recolocados em imersão, depois nas primeiras

24 horas, sendo estes medidos a cada 168 horas (7 dias) em uma balança de resolução de

0,0001g até os mesmos obterem a saturação, ou seja quando a absorção de umidade for menor

que 1 %, ou 0,005g entre as pesagens. Ao final do ensaio, desenha-se a curva Percentual de

absorção (M) versus Tempo de imersão (Dias1/2). O percentual de absorção é calculado

segundo a equação 3.13 a seguir. A curva representa a média de três corpos de prova na

condição de imersão em água destilada.

� � ./0.&.&

× 100 (3.13)

Onde Wié o peso da amostra para cada pesagem (g) e Woé o peso da amostra seca (g).

É importante comentar aqui que este ensaio foi realizado com o intuito de determinar o

tempo necessário para os corpos de prova de tração e flexão em três pontos se manterem

imersos até a saturação, este ensaio também serviu de referência para o tempo que os corpos

de prova deveriam ficar imersos em petróleo. A análise da absorção deste fluido não foi

avaliada em um ensaio devido ao mesmo ser de difícil manuseio entre uma pesagem e outra

influenciando nos resultados obtidos.

Além do tempo de saturação outro parâmetro importante a ser analisado em um ensaio

de absorção de umidade é o valor do coeficiente de difusão (D) ou coeficiente de Fick, este

parâmetro representa a taxa de absorção, ou seja, para este caso a velocidade que a água é

absorvida pelo material, de modo que um material com alto coeficiente de difusibilidade irá

absorver grande quantidade de água rapidamente, algo indesejável na maioria das aplicações,

enquanto que um material com baixo valor de coeficiente de difusão demora muito a absorver

água mesmo que absorva grandes quantidades no final do ensaio. A Equação 3.14 a seguir

refere-se ao cálculo do coeficiente de Fick (mm2/s).

� � 2 3 4,��

5) 3 �*6�7√9*6√975

) (3.14)

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39

Onde D é o coeficiente de Fick (mm2/s), h é a espessura média da amostra (mm), Mm é

a máxima umidade absorvida t2, t1, M2 e M1, são pontos de tempo (s) e umidade,

respectivamente obtidos na região linear (inicial) do ensaio de umidade.

A Figura 3.7 mostra o percentual de absorção de umidade em relação à raiz quadrada

do tempo, a parte inicial da curva é consistente com a solução de Boltzman para difusão

(1989).

Figura 3.7: Mudança de absorção de umidade com a raiz quadrada do tempo de imersão.

Fonte:Chittaranjan Deo and S.K. Acharya, (2010).

A partir da obtenção do coeficiente de Fick pode-se construir a curva teórica de

absorção de água (G), representada na equação 3.15 (Norma ASTM D5229M -92). Onde t é o

tempo em segundos e D(T) demonstra o coeficiente de difusão em função da temperatura.

:�;, < � 1 − => ?−7,3 3��A∙94* 5C,DEF (3.15)

Como para o presente trabalho, a temperatura é constante (ambiente), considera-se D

(coeficiente de difusão) constante no tempo.

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40

3.7 Análise das Propriedades Mecânicas dos Laminados Imersos em água destilada e

em petróleo.

Um dos grandes objetivos do trabalho é verificar o quanto a absorção de água e

petróleo influência nas propriedades mecânicas dos laminados, para tanto colocou-se os

corpos de prova de tração e flexão em três pontos imersos nestes dois fluidos por um tempo

igual ao utilizado para saturação no ensaio de umidade verificando a resistência destes

materiais através dos ensaios mecânicos utilizando as normas ASTM D3039 e ASTM D790.

Vale ainda comentar que o petróleo utilizado nesta analise foi gentilmente cedido pela

PETROBRÁS e foi retirado de um dos poços terrestres localizados entre o Rio Grande do

Norte e o Ceará.

3.8Análise de Danos

Após a realização dos ensaios, os corpos-de-prova foram submetidos a um estudo das

características finais da fratura (dano) ocorridas em cada um. Consistiu de uma análise

macroscópica do dano, com o objetivo de conhecer a formação e a distribuição do mesmo ao

longo do comprimento do corpo-de-prova. Em seguida é realizada uma análise microscópica

da falha de modo a determinar que tipo de fratura ocorrida (adesiva/ou coesiva), além de

caracterização final do mecanismo de dano.

Para a realização da análise foi utilizado um microscópio eletrônico de varredura de

modelo TM 3000 da empresa Tabletop Microscope, utilizando os eletroretroespalhados, com

uma tensão de 5 KV.

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41

Capítulo IV

Resultados e Discussões

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42

4 Resultados e Discussões

Nesse capitulo são apresentados os resultados obtidos nos ensaios de densidade

volumétrica e calcinação (verificado apenas no laminado compósito de fibra de vidro), as

curvas de absorção de umidade de água destilada para cada tipo de material compósito

estudado neste trabalho. Assim como os resultados dos ensaios mecânicos de tração uniaxial e

flexão em três pontos para os corpos de provas secos e saturados de cada material compósito

estudado.

Além disso, será realizado um estudo da caracterização final da fratura dos ensaios

realizados com auxilio de microscópio óptico e microscópio eletrônico de varredura.

4.1 Ensaio de Densidade Volumétrica e Calcinação

Na tabela 4.1 apresenta–se a densidade volumétrica média dos laminados compósitos

MV e HVS.

Tabela 4.1 – Resultado do ensaio de densidade Volumétrica

Laminado Compósito Densidade g/cm³

MV 1,51

HVS 1,17

Como pode ser observado, o compósito com mantas de fibras de vidro (MV) obteve

a maior densidade volumétrica, e com a substituição das camadas de fibras de vidro pelas de

tecido de sisal há uma diminuição da densidade dos compósitos, fazendo que o laminado

híbrido (HVS) apresente a menor densidade volumétrica.

Na tabela 4.2 apresentam–se os resultados dos valores em percentuais de volume de

fibra, resina e vazios, do laminado compósito com cinco camadas de fibras de vidro,

ressaltando que estes percentuais não se aplicam aos outros compósitos devido à presença da

fibra de sisal.

Tabela 4.2 – Percentuais volumétricos do laminado de Fibra de Vidro

Valor Médio

Teor de Resina 74%

Teor de Fibra 24%

Teor de vazios 2%

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43

Com os resultados obtidos no ensaio de calcinação, podemos observar que apesar do

processo de laminação ter sido o de laminação manual (hand – lay- up) o material apresenta

um baixo valor do número de vazios (Freire Jr. 2005).

4.2 Análise das Propriedades Mecânicas dos Compósitos no Estado Seco.

4.2.1 Ensaio de Tração Uniaxial dos Laminados Compósitos no Estado Seco

Apresentam–se nas figuras 4.1 e 4.2 os diagramas Tensão x Deformação dos

laminados MV, HVS, ensaiados a tração, respectivamente, na qual se percebe que os dois

laminados possuíram comportamento aproximadamente linear até a fratura final.

Esse comportamento já era esperado no laminado compósito MV que é feito apenas

com fibras de vidro e este resultado pode ser largamente verificado na literatura (Freire, Jr,

2005; Tinô, 2010; Dantas 2011 e Cunha 2010) .

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

20

40

60

80

100

120

Ten

são(MPa)

Deformação (%)

Figura 4.1: Curvas Tensão x Deformação - Tração uniaxial laminado MV no estado seco

Observando a figura 4.2 percebe-se que o laminado híbrido possui maior dispersão nos

resultados, isto ocorre devido a dois fatores; o primeiro é o uso da fibra de sisal que possui

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44

maior dispersão na sua resistência e rigidez e, o segundo, está ligado ao próprio processo de

hibridização que aumenta as tensões interlaminares do laminado.

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

20

40

60

80

100

120

Ten

são(MPa)

Deformação (%)

Figura 4.2: Curvas Tensão x Deformação - Tração uniaxial laminado HVS no estado seco

Tendo na Tabela 4.3 os valores médios referentes à tensão última, módulo de

elasticidade à tração uniaxial e deformação de ruptura, bem como as respectivas dispersões

absolutas dos resultados.

Tabela 4.3: Propriedades Mecânicas de Tração Uniaxial dos Laminados Compósitos MV,

HVS no estado seco.

Propriedades Mecânicas

MV Dispersão Absoluta

HVS Dispersão Absoluta

Tensão Última (MPa)

97,33 7,08% 61,15 24%

Módulo de Elasticidade (GPa)

2,74 9,12% 1,3 10,17%

Deformação de Ruptura (%)

3,14 17,10% 6,59 41,4%

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45

Analisando a Tabela 4.3, verificou-se que houve uma diminuição da resistência de

36,18 MPa (diferença percentual de 37,2 %) e da rigidez de 1,44 GPa (diferença percentual de

52,6%) do laminado MV para o laminado híbrido HVS. Esses resultados eram esperados para

os laminados MV e HVS sendo que a adição de uma fibra natural (fibra de sisal para o nosso

caso) diminui as propriedades mecânicas do compósito. Este resultado pode ser melhor

visualizado nas figuras 4.3 e 4.4 que demostram a resistência e a rigidez destes materiais.

Figura 4.3: Tensão Última à Tração dos Laminados no Estado Seco

Figura 4.4: Módulo de Elasticidade dos Laminados no Estado Seco

97,33

61,13

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

MV HVS

Tensão Últim

a à Tração

(MPa)

2,74

1,30

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

MV HVS

Mód

ulo de Elasticidad

e à Tração

(GPa)

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46

Outro fator interessante de ser comentado na tabela 4.3 é o aumento da dispersão dos

resultados, principalmente no que se diz respeito à tensão última, novamente aqui a influência

ocorre devido à presença da fibra de sisal que possui maior dispersão nos valores de sua

resistência. Esses comportamentos foram verificados por outros autores que também

trabalharam com fibras naturais tais como Dantas et al (2011) que trabalho com fibra de juta

e Batista et al (2012), que utilizou fibras de curauá.

Apesar desses resultados, se considerar a densidade desses materiais na ánalise das

propriedades mecânicas através da resistência e rigidez especificas, mostradas nas figuras 4.5

e 4.6, respectivamente, percebe-se que ocorre diminuição das propriedades mecânicas do MV

para HVS, obtendo-se uma diferença percentual de 14,6% para a resistência e de 29,2% para

a rigidez. Este resultado demostra que apesar da perda de resistência devido ao uso de uma

fibra natural, a viabilidade do uso deste compósito híbrido se justifica desde que se deseje

menor custo e maior leveza na estrutura.

Figura 4.5: Tensão Última Especifica à Tração nos Laminados no Estado Seco

64,50

55,10

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

MV HVS

Tensão Últim

a Especifica à

Tração (M

Pa/g/cm

³)

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47

Figura 4.6: Módulo de Elasticidade Especifico á Tação para os Laminados no Estado Seco

4.2.2 Ensaio de Flexão em Três Pontos dos Laminados Compósitos no Estado Seco

Apresentam-se nas Figuras 4.7 e 4.8 os gráficos, tensão versus deflexão, obtidos para

os laminados HV e HVS, respectivamente. Percebe-se que existe um comportamento

aproximadamente linear durante todo o carregamento, comportamento esse verificado

também no ensaio de tração desses materiais.

Percebe-se, também por essas figuras, que, como ocorreu nos ensaios de tração, houve

uma maior dispersão nos resultados obtidos para o laminado híbrido HVS, demostrando a

influência do uso da fibra de sisal nesse tipo de carregamento.

1,81

1,28

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

MV HVS

Mód

ulo de Elasticidad

e Especifico à Tração(GPa/g/cm

³)

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48

Figura 4.7: Curvas Tensão x Deflexão. Flexão em três pontos MV no estado seco.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

0

50

100

150

200

250

Tensão (M

Pa)

Deflexão (%)

Figura 4.8.: Curvas Tensão x Deflexão Flexão em três pontos HVS no estado seco.

Apresenta-se na Tabela 4.4, os valores médios referentes às propriedades mecânicas

de flexão em três pontos para os dois compósitos estudados. Como ocorreu nos ensaios de

tração, houve uma diminuição dessas propriedades quando houve a substituição da manta de

fibra de vidro por tecidos bidirecionais de sisal.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

0

50

100

150

200

250

Tensão (MPa)

Deflexão (%)

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49

Tabela 4.4: Propriedades Mecânicas de Flexão em três Pontos dos Laminados Compósitos MV, e HVS no estado seco.

Propriedades Mecânicas

MV dispersão Absoluta

HVS dispersão Absoluta

Tensão Última (MPa)

198,76 19,87% 96,32 36,33%

Módulo de Elasticidade (GPa)

6,98 6,78% 5,51 19,12%

Deflexão Máxima (%)

2,85 15,80% 9.77 23,16%

Em relação às propriedades mecânicas dos laminados compósitos estudados, pode-se

observar que o laminado que obteve melhor resistência foi o MV, como já se era esperado,

devido esse ser composto apenas de fibras de vidro, uma diferença de 102,44 MPa (diferença

percentual 51,53 % entre os compósitos MV e HVS). Houve uma diminuição na rigidez do

material (diferença percentual de 21,67 %) devido à substituição da manta de fibra de vidro

pelo tecido bidirecional de sisal.

4.2.3Análise da Fratura dos Compósitos no Estado Seco.

Uma análise macroscópica do ensaio de tração, mostram-se nas figuras 4.9 e 4.10, os

corpos de prova depois da ruptura final para os laminados MV e HVS, respectivamente. Para

o material MV (figura 4.9) observa-se que as fraturas foram bastante localizadas, com

característica frágil (ASTM D3039), na qual os corpos de prova não apresentam danos nas

regiões distantes da fratura final.

Figura 4.9: Fratura do compósito MV após ensaio de tração uniaxial no estado seco.

Fratura

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50

Figura 4.10: Fratura do compósito HVS após ensaio de tração uniaxial no estado seco.

No que se refere ao material compósito HVS (figura 4.10), ocorre fissuras em todo o

corpo de prova do laminado até ocorrer à saturação destas fissuras gerando a fratura final dos

corpos de prova. Neste caso o tecido de sisal influenciou significativamente o comportamento

à tração do compósito híbrido, estas fissuras servem como aviso da ruptura total do material,

já que conforme pode ser verificado na figura 4.2 (pag, 44), elas provocam no final do ensaio

de cada corpo de prova pequenas quedas na resistência.

Para a análise dos ensaios de flexão em três pontos macroscopicamente pode-se

observar que para o laminado MV, a fratura é localizada na parte trativa do corpo de ensaio,

em relação à aplicação da carga concentrada (figura 4.11). O mesmo não ocorreu com o

material HVS, no estado seco, ao final do ensaio de flexão em três pontos foi observado que a

fratura final encontra-se tanto na parte trativa, como na compressiva (figura 4.12).

Figura 4.11: Fratura do compósito MV. Flexão em três pontos estado seco

Fratura Final

Fissuras

Região Tracionada

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51

Figura 4.12:Fratura do compósito HVS. Flexão em três pontos no estado seco

Fazendo agora uma análise microscópica dos materiais foi observado na figura 4,13,

através do MEV que o material HVS possui uma boa aderência entre a fibra e a matriz já que

a resina permanece.

Esta aderência fibra matriz também é encontrada na fibra de sisal (figura 4.14), após a

realização do ensaio de tração. Além de ser observada que na fibra de vidro a fratura é uma

fratura frágil, diferente do que ocorreu com a fibra de sisal, que não possui esta característica

de fragilidade.

Figura 4.13.: Aderência Fibra Matriz HVS no estado seco

Matriz

Fibras de Vidro

Região compressiva

Região tracionada

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52

4.14.: Microscopias do Laminado HVS no estado seco

4. 3 Ensaio de absorção de umidade.

Apresenta-se na Figura 4.15 a curva de absorção do laminado de fibra de vidro (MV).

Pode-se observar, que esta curva de absorção apresenta comportamento inicialmente linear,

seguido por um decréscimo contínuo da taxa de absorção. A partir desta figura percebe-se que

o laminado MV possui um comportamento de Fick. Este resultado condiz com o obtido por

outros autores (Albuquerque, 2005; Harper e Naeem, 1989; Apicella, Migliaresi, Nicodemo,

1982; Barros 2007) que também analisaram a absorção de água em compósitos de fibra de

vidro em diferentes configurações. De acordo com a literatura o tempo médio de saturação

para esse tipo de fibra fica entre dois e três meses de imersão até a saturação dos corpos de

prova (Aquino, 1996, Margaria e Aquino, 1997).

Fratura coesiva

Desaderência fibra

matriz

Matriz aderida na fibra de sisal

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53

0 3 6 9 12 15

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Absorção (%

)

Tempo(Dias1/2)

Curva de absorção segundo a Lei de Fick Dados Experimentais MV

Figura 4.15: Percentual de absorção x tempo de imersão–MV.

A curva de absorção de umidade para os compósitos HVS está apresentada na figura

4.16 Esta apresenta característica de um comportamento inicial linear, seguido de um

decréscimo continuo da taxa de absorção.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

1

2

3

4

5

Curva de absorção segundo a Lei de Fick Dados Experimentais HVS

Tempo(Dias1/2)

Absorção (%

)

Figura 4.16: Percentual de absorção x tempo de imersão–HVS.

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54

A partir dos valores experimentais apresentados nas figuras 4.15 e 4.16, extraíram-se

as características de umidade dos dois compósitos aqui estudados, que são o valor de absorção

máxima, o tempo de saturação e o coeficiente de difusão de Fick apresentados na Tabela 4.5.

Tabela 4.5:Resultados obtidos no Ensaio de Absorção de Umidade

Material Absorção Máxima (%)

Tempo de Saturação (Dias)

Coeficiente de Difusividade

(mm2/s) MV 0,41 49 1,51x10-6

HVS 4,99 147 6,64x10-6

De acordo com a literatura sabe-se que os materiais compósitos reforçados com

fibras de vidro costumam absorver um percentual de umidade de 1.5% (Margarida e Aquino,

1997). Em fibras naturais este valor varia de acordo com a fibra tendo, por exemplo,

compósitos híbridos de juta e curauá que absorvem aproximadamente um pouco mais de 2%

de umidade máxima (Dantas, 2011 e Barros, 2007).

Outro ponto interessante a ser observado é em relação ao tempo de absorção máxima

do laminado híbrido (HVS) foi muito superior ao do laminado de fibra de vidro (MV),

novamente aqui a fibra natural possui influencia devido a sua estrutura. Segundo Mochnacz et

al, 2002, uma única fibra e sisal pode absorver em peso até 11% de água, assim uma absorção

de 5% no compósito hibrido é algo esperado e correspondente com outros valores obtidos por

Dantas, 2011 e Barros 2007.

Com relação ao coeficiente de Fick, percebe-se que o uso de fibras naturais não só

aumentam a absorção de umidade como aumentam a taxa de absorção no tempo (velocidade

de absorção). Isto é também característico de compósitos á base de fibras naturais e foi

verificado no trabalho de Dantas (2011) para o uso de fibras de juta.

4.4 Análise das Propriedades Mecânicas dos Compósitos no Estado Úmido Saturado em

Água Destilada

4.4.1 Ensaios de Tração Uniaxial nos Materiais Compósitos no Estado Úmido Saturados em Água Destilada.

Apresentam-se nas Figuras 4.17 e 4.18, os gráficos Tensão x Deformação dos

laminados MV e HVS, respectivamente, no estado úmido saturado. Percebe-se que os dois

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55

materiais, assim como no estado seco, também possuíram comportamento aproximadamente

linear até a fratura final.

0 1 2 3 4 5 6 7

0

20

40

60

80

100

120Ten

são (M

Pa)

Deformação (%)

Figura 4.17: Curvas Tensão x Deformação - Tração uniaxial laminado MV saturados em água destilada.

0 1 2 3 4 5 6 7

0

20

40

60

80

100

120

Tensão(MPa)

Deformação (%)

Figura 4.18: Curvas Tensão x Deformação - Tração uniaxial laminado HVSsaturados em água destilada.

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56

Encontram-se na Tabela 4.6 os valores médios referentes à tensão última, módulo de

elasticidade medido na direção de aplicação da carga, bem como, as respectivas dispersões

dos resultados. Os valores de tensão última correspondem aos valores médios no momento da

fratura.

Tabela 4.6: Propriedades Mecânicas de Tração Uniaxial dos Laminados Compósitos MVe HVS no estado úmido saturado.

Propriedades Mecânicas

MV Dispersão Absoluta

HVS Dispersão Absoluta

Tensão Última (MPa)

95,05 10,1% 44,02 18,21%

Módulo de Elasticidade (GPa)

2,31 16,88% 1,11 16,96%

Deformação de Ruptura (%)

3,86 22,5% 5,48 12,32%

Como esperado o comportamento mecânico desses materiais demonstrou-se maior

no laminado de manta de fibra de vidro (MV) do que no laminado híbrido vídeo/sisal (HVS),

com uma diferença percentual de 53,7% para a resistência e 51,9% para a rigidez.

De acordo com os resultados de resistência última apresentados na Tabela 4.6,

verifica-se que houve uma diminuição de 17,12 MPa (diferença percentual de 53,69 %) do

laminado MV para o laminado híbrido HVS.

Analisando a dispersão dos valores e os comparando com as dispersões verificado no

estado seco (tabela 4.3, pag 44) percebe-se que para a resistência, as dispersões não tiveram

grandes mudanças entre o estado seco e úmido para o material MV que obteve uma dispersão

de aproximadamente 10%. Já o material HVS possui uma diminuição de 24% para 18%, isso

deve ter ocorrido à diminuição na resistência da fibra de sisal com a absorção de umidade.

Com relação à rigidez para os dois casos ocorreu um aumento na dispersão de

aproximadamente 10% para 16% com a presença de umidade. Uma explicação para esse

fenômeno se da devido à formação de microfissuras internas na interface fibra-matriz devido

a presença de água diminuindo consequentemente, o módulo de elasticidade do material.

Segundo Chow (2006), principalmente nos compósitos fabricados com fibras

naturais a presença de água aumenta o volume da fibra, este fenômeno além de diminuir a

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57

resistência da mesma, danifica a matriz e diminui a aderência entre a fibra e a matriz,

possibilitando os efeitos acima mencionados.

4.4.2 Ensaios de Flexão em Três Pontos nos Materiais Compósitos no Estado Úmido Saturado em Água Destilada.

Apresentam-se nas Figuras 4.19, e 4.20 os resultados do ensaio de flexão em três

pontos realizados nos laminados MV e HVS no estado úmido saturado, respectivamente.

Analisando esses resultados, percebe-se que esses materiais possuem um comportamento

aproximadamente linear ao longo de todo carregamento, comportamento esse verificado

também no ensaio flexão no estado seco.

Figura 4.19: Curva Tensão x Deflexão MV saturado em água destilada.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

0

50

100

150

200

Tensão (MPa)

Deflexão (%)

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58

Figura 4.20: Curva tensão X deflexão HVS saturado em água destilada.

A partir das curvas tensão x deflexão, obteve-se valores médios para a tensão última à

flexão, módulo de elasticidade e para a deflexão máxima, que são mostrados na Tabela 4.7,

bem como os seus percentuais de dispersão.

Tabela 4.7: Propriedades Mecânicas de Flexão em Três Pontos dos Laminados Compósitos MV e HVS no estado úmido saturado.

Propriedades Mecânicas

MV Dispersão Absoluta

HVS Dispersão Absoluta

Tensão Última (MPa)

151,98 13,98% 66,82 12,5%

Módulo de Elasticidade (GPa)

5,73 12,22% 4,1 13,5%

Deflexão Máxima (%)

2,65 18,31% 7,07 28,41%

Observando a tabela 4.7 nota-se que entre os laminados de fibras de vidro (MV) e o

laminado híbrido (HVS), ocorreu uma diferença de 85,16 MPa (diferença percentual de 56,04

%) na resistência e como ocorreu no estado seco, a diminuição foi considerada pelo uso da

fibra de sisal e agravada pela absorção de água.

Analisando agora a rigidez à flexão, percebe-se uma diminuição no módulo de

ambos os laminados MV e o HVS (diferença percentual de 28,44 %). Essa diminuição na

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59

rigidez do material também é verificada no comportamento dos materiais em estado seco,

com a diminuição das camadas de mantas de fibras de vidro diminui a rigidez do material

compósito final.

4.4.3 Análise da Fratura dos Compósitos no Estado Úmido Saturados em Água Destilada.

Para uma análise macroscópica do ensaio de tração, mostram-se nas figuras 4.21 e

4.22, os corpos de prova depois da ruptura final para os laminados MV e HVS,

respectivamente. Para a figura 4.21 pode-se observar que, da mesma forma do que no estado

seco, as fraturas foram bastante localizadas, na qual os corpos de prova não apresentam danos

nas regiões distantes da fratura final.

Para o laminado HVS, a fratura ocorreu de modo similar ao que ocorreu com o

laminado no estado seco, com propagação de fissuras na parte útil do corpo de prova, sendo

que é observado uma fragilização na matriz (referente ao esbranquiçamento).

Figura 4.21: Fratura do Laminado MV após o ensaio de Traçaõ na Condição Saturado em Água

Destilada

Fratura

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60

Figura 4.22:Fratura do Laminado HVS após o ensaio de Tração na Condição Saturado em Água

Destilada

Referente as análises dos corpos de prova imersos em água destilada e submetidos ao

ensaio de flexão, foram encontradas as mesmas caracteristicas macroscópicas observadas nos

mesmo materias no estado seco, a onde para o laminado MV, a fratura encontra-se na face trativa

(figura 4.23) diferentemente do laminado HVS (figura 4.24), onde a fratura final é encontrada

tanto na face trativa como na face compressiva do corpo de prova, lembrando que para este

material ocorreu também a fragilização da resina.

Figura 4.23:Fratura do compósito MV. Flexão em três pontos no estado úmido

Fissuras

Fratura Final

Região Tracionada

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61

Figura 4.24: Fratura do compósito HVS. Flexão em três pontos no estado úmido

Essa fragilização da matriz pode ser observada na figura 4.25, onde é encontrada na

camada de fibras de vidro a propagação de várias fissuras em todo o material, ocasionando

também fraturas coesivas na fibra de vidro.

Figura 4.25: Microscopia do Laminado HVS umido (500x)

Quando passa-se a observar as imagens de MEV para o laminado HVS, no estado umido

(figuras 4.26 e 4.27), verificamos a região de fratura, onde encontramos uma fratura coesiva na

fibra de sisal. Em relação a aderência fibra matriz verificamos uma desadereêcia fibra matriz,

tanto na fibra de vidro como na fibra natural, diferentemente do que ocorreu no compósito em

estado seco.

Fratura Coesiva na Matriz

Fratura Coesiva na Fibra

Região compressiva

Região tracionada

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62

Figura 4.26: MEV do laminado HVS região da fratura final

Figura 4.27: Desaderência fibra matriz no laminado HVS

4.5 Análise das Propriedades Mecânicas dos Compósitos Imersos em Petróleo

4.5.1 Ensaios de Tração Uniaxial nos Materiais Compósitos Imersos em Petróleo.

Apresentam-se nas Figuras 4.28 e 4.29 os diagramas Tensão x Deformação dos

laminados MV e HVS respectivamente, imersos em petróleo. Percebe-se que os dois

materiais, assim como no estado seco, também possuíram comportamento aproximadamente

linear até a fratura final. Sendo esse estudo realizado com a imersão dos corpos de prova em

petróleo por um período igual para os corpos de prova imersos em água destilada.

Fibras de vidro

Fibras de Sisal

Fratura coesiva

Matriz

Fibra de vidro sem

aderência da matriz

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63

0 1 2 3 4 5

0

20

40

60

80

100

Ten

são(

MP

a)

Deformação (%)

Figura 4.28: Curvas Tensão x Deformação do Laminado MV Imerso em Petróleo.

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

10

20

30

40

50

60

Ten

são(

MP

a)

Deformação (%)

Figura 4.29: Curvas Tensão x Deformação do Laminado HVS Imerso em Petróleo.

Encontram-se na Tabela 4.8 os valores médios referentes à tensão última, módulo de

elasticidade medido na direção de aplicação da carga, bem como as respectivas dispersões dos

resultados obtidos nos corpos de prova imersos em petróleo. Os valores de tensão última

correspondem aos valores médios no momento da fratura.

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64

Tabela 4.8 - Propriedades Mecânicas de Tração Uniaxial dos Laminados Compósitos MVe HVS no estado Imerso em Petróleo. Propriedades Mecânicas

MV Dispersão Absoluta

HVS Dispersão Absoluta

Tensão Última (MPa)

91,37 7,72% 54,05 18,21%

Módulo de Elasticidade (GPa)

2,52 9,7% 1,034 20,76%

Deformação de Ruptura (%)

3,37 17 % 4,88 11,02%

Analisando a tabela 4.8, observa-se que a influência do petróleo diminui a resistência

mecânica do laminado de fibras de vidro MV em 5,96MPa (diferença percentual 6,12%) em

relação ao laminado em estado seco (tabela 4.3). Essa pequena redução na resistência já era

esperada. De acordo com Dantas, 2009, onde o autor verificou que até 120 dias de imersão em

petróleo um laminado de fibras de vidro perde aproximadamente 4,53% de resistência à

tração, como o laminado ficou imerso por 147 dias esse valor variou pouco e ficando de

acordo com outras pesquisas.

Em relação ao laminado híbrido (HVS) o decréscimo na resistência é de 11,08 MPa

(diferença percentual de 17,01%) em relação do estado seco para imerso em petróleo. Essa

redução na resistência é considerada pequena quando comparado a do material HVS imerso

em água destilada.

Quando observamos o módulo de elasticidade dos materiais, verificamos que para o

laminado MV, a diferença percentual do material imerso para o seco é de 8,03% e de 20,46%

para o laminado HVS.

4.5.2 Ensaios de Flexão em Três Pontos nos Materiais Compósitos no Estado Imerso em Petróleo.

Apresentam-se nas figuras 4.30 e 4.31 os diagramas tensão x deflexão dos laminados MV

e HVS respectivamente. Percebe-se nos diagramas que ambos os laminados da mesma forma que

ocorreu no estado seco e úmido tende a uma linearização, observando uma maior dispersão do

laminado hibrido (HVS).

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65

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

0

50

100

150

200

Tensão(MPa)

Deflexão(%)

Figura 4.30: Curvas tensão X deflexão do laminado MV imerso em petróleo

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Tensão(MPa)

Deflexão (%)

Figura 4.31: Curvas tensão X deflexão do laminado HVS imerso em petróleo.

A partir das curvas tensão x deflexão, obteve-se valores médios para a tensão última à

flexão, módulo de elasticidade e para a deflexão máxima, que são mostrados na Tabela 4.9,

bem como os seus percentuais de dispersão.

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66

Tabela 4.9: Propriedades Mecânicas de Flexão em Três Pontos dos Laminados

Compósitos MV e HVS imersos em petróleo.

Propriedades Mecânicas

MV Dispersão Absoluta

HVS Dispersão Absoluta

Tensão Última (MPa)

192,74 7,92% 93,36 5,46%

Módulo de Elasticidade (GPa)

7,95 14,58% 5,12 26,34%

Deflexão Máxima (%)

1,4 8,56% 3,78 25,41%

Observando a tabela 4.9, verifica-se que não houve influência significativa do petróleo

na resistência do material MV do estado seco para imerso em petróleo, o mesmo ocorre para o

laminado HVS.

Em relação à rigidez dos materiais estudados o laminado MV imerso em petróleo

apresenta um módulo de elasticidade aproximadamente 0,97 GPa maior em relação ao estado

seco (diferença percentual de 12,20%) e de 2,44 GPa a mais quando comparado no estado

úmido. Para o laminado HVS a rigidez do material aumenta aproximadamente 1,02 GPa do

estado úmido saturado, para imerso em petróleo (diferença percentual 19,92%), sendo que o

laminado HVS no estado seco possui uma resistência 2,96 MPa, maior do que o material

imerso em petróleo (diferença percentual 3,07%) maior em relação ao material imerso em

petróleo.

4.5.3. Análise da Fratura dos Compósitos no Estado Imerso em Petróleo.

Mostram-se nas Figuras 4.32 e 4.33, os corpos de prova depois da ruptura final para os

laminados MV e HVS em estado imerso em petróleo, respectivamente. Para a figura 4.32

podemos observar que da mesma forma do que no estado seco as fraturas foram bastante

localizadas, na qual os corpos de prova não apresentam danos nas regiões distantes da fratura

final.

Ao contrario do laminado de fibras de vidro esta não consegue romper por inteiro o corpo

de prova, ocorrendo à fratura nas fibras de vidro permitindo que algumas fibras de sisal

permaneçam segurando o corpo de prova. Esse fato é de grande importância quando passamos

para o quesito segurança nos corpos de prova com fibras de sisal, podendo identificar quando o

corpo de prova está se deteriorando antes do rompimento final do mesmo.

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67

Figura 4.32:Fratura do Laminado MV após o ensaio de Traçaõ na Condição Imerso em Petróleo

Figura 4.33:Fratura do Laminado HVS após o ensaio de Tração na Condição Imerso em Petróleo

Uma análise microscópica dos corpos de prova HVS, no estado imerso em petróleo

foi realizado (figuras 4.34, 4.35 e 4.36). A partir dessas figuras podemos observar a

impregnação do petróleo tanto na fibra de vidro como na fibra sisal, e ao mesmo tempo ocorre

um desaderência fibra matriz.

Fratura

Fissuras Fratura Final

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Figura 4.34: Arranque das fibras de sisal no laminado HVS imerso em petróleo.

Figura 4.35: Região da fratura final HVS imerso em petróleo

Fissura

Fibra de sisal

Arranque da fibra de sisal

Fratura coesiva na fibra de sisal

Fratura Adesiva

Petróleo

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Figura 4.36: Impregnação de petróleo nas fibras de vidro

Da mesma forma que ocorreu nos casos anteriores quando observamos a fratura final

de flexão dos laminados aqui estudados o laminado HVS imerso em petróleo apresenta tanto

fratura na face trativa como na face compressiva. Para o laminado MV para todos os casos a

fratura se localiza na parte trativa do corpo de prova, perpendicular a aplicação da carga

(figura 4.37), e quando nos referimos ao laminado HVS (figura 4.38) este apresenta para

todos os casos estudados a fratura final localizada tanto na parte compressiva como na parte

trativa.

Figura 4.37.: Fratura final do laminado MV. Flexão em três pontos imersos em petróleo

Fratura Coesiva na fibra de vidro

Petróleo na fibra de vidro

Região tracionada

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70

Figura 4.38.: Fratura final do laminado HVS. Flexão em três pontos imersos em petróleo

4.6 Estudo comparativo do comportamento mecânico dos dois laminados no estado seco

em água destilada e Petróleo. As propriedades mecânicas de resistência última à tração e módulo de elasticidade na

direção de carga aplicada, para as situações de imersão em água destilada e no estado seco e

petróleo, são apresentadas na Figura. 4.39 e 4.40.

Figura 4.39: Resistência Última à Tração dos laminados no estado seco, úmido e petróleo.

Observa-se que ambos os laminados tiveram sua resistência diminuída após a situação

de saturação em água destilada e em petróleo, porém o laminado HVS foi o que teve um

97,33

61,13

95,05

44,02

91,37

54,04

0

20

40

60

80

100

120

MV HVS

Tensão Últim

a à Tração ( M

Pa) Seco Água Petróleo

Região compressiva

Região tracionada

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71

maior decréscimo em água destilada, isso se deve principalmente ao fato das fibras naturais

absorvem maiores quantidades de água e consequentemente perdem a sua resistência

mecânica. Entre os laminados HVS no estado seco e úmido a diferença percentual foi de

32,42 % devido ao inchaço das fibras danificando a matriz (Chow, 2006).

Em relação aos materiais imersos em petróleo percebe-se a influência deste elemento

foi maior no laminado MV do que no laminado HVS, uma explicação para este fato se deve

aos hidrocarbonetos presentes no petróleo se aderirem à fibra natural dificultando a passagem

da água para o seu interior (já que o petróleo bruto utilizado possui alto teor de água na sua

composição) e minimizando os seus efeitos.

Com relação à rigidez dos compósitos, aqui estudados, percebe-se que a absorção de

agua não influenciou de modo significativo os seus valores, onde se encontra perdas de 18%

para o MV e de 8% para o HVS. Para os corpos de prova imersos em petróleo esse valor é de

8,03% para o MV e de 20,46% para o HVS, como ocorrido em água a fibra natural perde sua

característica à rigidez, tanto em contato com a água destilada como em petróleo, porém de

modo pouco significativo.

Figura 4.40: Módulo de Elasticidade à Tração dos laminados no estado seco e úmido.

Comparando agora as propriedades obtidas no ensaio de flexão. Apresentam-se nas

Figuras 4.41 e 4.42 os seus valores de resistência à flexão e módulo de elasticidade,

respectivamente. Tal como verificado no ensaio de tração o desempenho do laminado híbrido

2,74

1,13

2,31

1,1

2,52

1,03

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

MV HVS

Mód

ulo de Elasticidad

e à Tração

( G

Pa)

Seco Água Petróleo

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72

foi menor do que no laminado de fibras de vidro, tanto para o estado seco, úmido e imerso em

petróleo.

Do mesmo modo que ocorreu com tração a influência do petróleo foi menor nos

resultados de flexão do que no estado úmido.

Figura 4.41: Resistência Última à Flexão dos laminados no estado seco e úmido.

Um fato importante a ser observado é que o laminado compósito de fibras de vidro

(MV) em flexão teve um decrecimo de 46,78 MPa (diferença percentual de 23,54%). Sendo

que no laminado compósito híbrido (HVS) a perda na resistência à flexão foi bastate

considerada cerca de 59,02 MPa.

O mesmo fenômeno ocorreu com o módulo de elasticidade para o laminado compósito

hibrido (HVS), que com a ação da umidade o mesmo diminui a sua rigidez em 1,0 GPa

(diferença percentual de 19,60%).

No caso do módulo de flexão acredita-se que a diferença entre os valores para os

ambos os laminados MV e HVS, se dá devido ao fato das camadas externas serem de fibras

de vidros e que o carregamento ocorre sobre estas, por isso a diferença percentual entre os

laminados é considerado baixo.

Em relação a influencia da umidade sobre a rigidez do material essa influência é

relativamente pequena, pois as camadas que suportam o carregamento são as camadas de

fibras de vidro e estas são pouco influenciadas pela ação da umidade.

198,76

96,32

151,95

66,82

192,74

93,36

0

50

100

150

200

250

MV HVS

Tensão Últim

a à Flexão ( MPa)

Seco Água Petróleo

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73

Figura 4.42Módulo de Elasticidade à Flexão dos laminados no estado seco, úmido e petróleo.

5,985,735,51

4,1

7,95

5,12

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

MV HVS

Mód

ulo de Elasticidad

e à

Flexão (G

Pa)

Seco Água Petróleo

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5 Conclusões

A partir dos resultados apresentados anteriormente pode-se concluir que:

� A partir dos ensaios de densidade e calcinação, pode-se concluir que o teor de vazios para o laminado MV foi baixo.

� No estado seco, o comportamento mecânico de tração e flexão dos materiais se demonstrou decrescente do laminado de manta de vidro (MV) e do laminado híbrido (HVS).

� O material compósito híbrido (HVS) possui uma boa resistência especifica à tração, ficando próximo do laminado compósito de fibras de vidro (MV).

� A fibra de sisal diminui a rigidez à tração do material em aproximadamente 50 %, mesmo havendo influência de agentes externos.

� Nos ensaios de Flexão o material híbrido HVS, possuí uma resistência em torno de 50% menor do que o laminado MV, mesmo com a influência dos fluídos.

� Todos os laminados tiveram sua resistência diminuída após a situação de saturação em água destilada e em petróleo.

� O laminado híbrido apresentou resultados menos suscetíveis a umidade tanto em água destilada como em petróleo.

� A umidade interfere na aderência fibra matriz e fragiliza matriz.

� O laminado HVS possuí boa aderência fibra matriz.

� As fraturas nas fibras de sisal tem como principal características serem coesivas.

� O petróleo influência nos valores de resistência á tração dos materiais até determinado tempo, depois ele forma uma película protetora.

� O petróleo não influencia nas propriedades de ambos os laminados quando os corpos de provas são submetidos a carregamentos de flexão em três pontos.

� No laminado HVS para flexão, a introdução da fibra de sisal diminui também a resistência à compressão do material, fato este observado pela fratura final.

� Nos ensaios de tração, para o laminado MV, a fratura ocorreu de forma frágil, perpendicular a aplicação da carga e dentro da área útil do corpo de prova.

� Para os ensaios de tração no laminado HVS, a fratura ocorreu de forma frágil, perpendicular a aplicação da carga e dentro da área útil do corpo de prova

� Com relação às fraturas do laminado HVS após submetidos a ensaios de flexão em três pontos, observa-se que foi localizada e ocorreu tanto na parte compressiva como trativa, para ambos os estados estudados.

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� A fratura de flexão do laminado MV ocorreu de forma localizada e na face trativa para todos os casos estudados.

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6 Sugestões para Trabalhos Futuros

⇒ Realizar o mesmo estudo com o laminado só com tecidos de sisal;

⇒ Avaliar as propriedades dos laminados, com laminados com fibras naturais diferentes;

⇒ Realizar a hibridização no próprio tecido.

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