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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CT CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CCET PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DEPETRÓLEO - PPGCEP DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ESTUDO DA FORMULAÇÃO DE PRÉ-MISTURAS SECAS PARA A CIMENTAÇÃO DE POÇOS EM TERRA Natália Meira de Moura Amorim Orientador: Prof. PhD. Antonio Eduardo Martinelli Natal - RN, setembro de 2013

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – CCET

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DEPETRÓLEO -

PPGCEP

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ESTUDO DA FORMULAÇÃO DE PRÉ-MISTURAS SECAS PARA A CIMENTAÇÃO

DE POÇOS EM TERRA

Natália Meira de Moura Amorim

Orientador: Prof. PhD. Antonio Eduardo Martinelli

Natal - RN, setembro de 2013

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

i

ESTUDO DA FORMULAÇÃO DE PRÉ-MISTURAS SECAS PARA A CIMENTAÇÃO

DE POÇOS EM TERRA

Natália Meira de Moura Amorim

Natal - RN, setembro de 2013

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

ii

Natália Meira de Moura Amorim

Estudo da formulação de pré-misturas secas para a cimentação de poços em terra

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciência e

Engenharia de Petróleo PPGCEP, da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ciência e

Engenharia de Petróleo.

Aprovada em ______de________________de 2013

____________________________________

Profo. PhD Antonio Eduardo Martinelli

Orientador - UFRN

____________________________________

Profa. Dra. Dulce Maria Araújo Melo

Membro Interno - UFRN

____________________________________

Profo. Dro. Júlio Cesar de Oliveira Freitas

Membro Interno - UFRN

____________________________________

Profo. Dro Ulisses Targino Bezerra

Membro Externo - IFPB

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

iii

AMORIM, Natália Meira de Moura – Estudo da formulação de pré-misturas secas para a

cimentação de poços em terra. Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação

em Ciência e Engenharia de Petróleo. Área de Concentração: Pesquisa e Desenvolvimento em

Ciência e Engenharia de Petróleo. Linha de Pesquisa: Engenharia e Geologia de Reservatórios

e de Explotação de Gás Natural, Natal–RN, Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli

RESUMO

Uma solução econômica para a cimentação de poços de petróleo é o emprego de pré- misturas

secas contendo cimento e aditivos sólidos. As misturas podem ser formuladas, preparadas e

transportadas para o poço onde será adicionada água para bombeio. Com essa metodologia,

torna-se dispensável a preparação das misturas de cimento com aditivos no ato da operação de

cimentação, reduzindo a possibilidade de erro. Desta forma, o objetivo desse trabalho é estudar

formulações de pastas de cimento contendo aditivos sólidos para a cimentação primária de

poços de petróleo onshore para profundidades típicas de 400m, 800m e 1.200 metros. As

formulações são constituídas de cimento Portland Classe Especial, adições minerais e aditivos

químicos sólidos. As misturas formuladas possuem massa específica de 1,67 g/cm³ (14,0

lb/gal). Sua otimização foi feita a partir da análise de resultados de reologia, comportamento de

perda de fluido para a formação, formação de água livre ambiente, tempo de espessamento,

estabilidade da mistura e comportamento mecânico. Os resultados mostraram que as misturas

se adequam às especificações para a cimentação de poços de petróleo onshore nas

profundidades estudadas.

Palavras Chave: cimentação onshore, pré-mistura seca, adição mineral.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

iv

ABSTRACT

An economical solution for cementing oil wells is the use of pre-prepared dry mixtures

containing cement and additives. The mixtures may be formulated, prepared and transported to

the well where is added water to be pumped.Using this method, becomes dispensable to prepare

the cement mixes containing additives in the cementing operation, reducing the possibility of

error. In this way, the aim of this work is to study formulations of cement slurries containing

solid additives for primary cementing of oil wells onshore for typical depths of 400, 800 and

1,200 meters. The formulations are comprised of Special Class Portland cement, mineral

additions and solids chemical additives.The formulated mixtures have density of 1.67 g / cm ³

(14.0 lb / gal). Their optimization were made through the analysis of the rheological parameters,

fluid loss results, free water, thickening time, stability test and mechanical properties.The

results showed that mixtures are in conformity the specifications for cementing oil wells

onshore studied depths.

Keywords: onshore cementing, pre-prepared dry mixture; mineral addition.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

v

“A dúvida

é o princípio da sabedoria”

Aristóteles

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

vi

Dedicatória.

A minha mãe, Evanilda, símbolo de amor ilimitado,

ao meu noivo, José Arimatéia e ao

meu irmão, Breno Moura.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

vii

AGRADECIMENTOS

Agradecer primeiramente a Deus, por permitir realizar mais uma etapa em minha vida,

A minha mãe, por ser a responsável que me proporcionou realizar esta etapa. Ao meu noivo,

José Arimatéia, pela sua compreensão e apoio em todos os momentos. Ao meu irmão Breno

Moura.

A família LabCim que sempre me ajudou, em especial aos irmãos Lornna, Luanna, Herculana,

Fabrício, Marcus, Moisés, Adriano, Ph, Jéssica, Filipe, Tancredo, Larissa, Juliana, Charlon,

Renato e Viviane.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

viii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................ x

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................................... xi

LISTA DE SÍMBOLOS ....................................................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 2

2. ASPECTOS TEÓRICOS ............................................................................................................. 5

2.1 - CIMENTAÇÃO ................................................................................................................... 5

2.1.1 Fatores que afetam uma cimentação ........................................................................... 8

2.2 CIMENTO PORTLAND ........................................................................................................ 9

2.2.1 Classificação do cimento portland ............................................................................... 9

2.3 ADITIVOS PARA PASTAS DE CIMENTO ....................................................................... 10

2.3.1 Acelerador de pega ....................................................................................................... 10

2.3.2 Dispersante ................................................................................................................... 11

2.3.3 Antiespumante .............................................................................................................. 11

2.3.4 Controlador de filtrado ................................................................................................. 12

2.3.5 Retardador .................................................................................................................... 12

2.3.6 Extendedor ................................................................................................................... 13

2.4 REOLOIA ............................................................................................................................ 14

2.5 GROUTES ........................................................................................................................... 18

2.6 VERMICULITA .................................................................................................................. 19

2.7 DIATOMITA ....................................................................................................................... 21

2.8 MICROSSÍLICA .................................................................................................................. 22

3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ..................................................................................... 25

3.1 FLUXOGRAMA DAS ATIVIDADES ................................................................................ 25

3.2 MATERIAIS DE PARTIDA ................................................................................................ 26

3.2.1 Cimento Portland ....................................................................................................... 26

3.2.2 Vermiculita expandida ............................................................................................... 26

3.2.3 Diatomita ..................................................................................................................... 26

3.2.4 Microssílica ................................................................................................................. 27

3.2.5 Dispersante .................................................................................................................. 27

3.2.6 Anti-espumante ........................................................................................................... 28

3.2.7 Controlador de filtrado. ............................................................................................. 28

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

ix

3.2.8 Retardador .................................................................................................................. 29

3.2.9 Acelerador ................................................................................................................... 29

3.2.10 Caracterização dos materiais de partida .................................................................. 30

3.2.11 Otimização da mistura seca ....................................................................................... 31

3.2.12 Caracterização das formulações no estado fresco .................................................... 35

3.2.13 Caracterização das formulações no estado endurecido ........................................... 38

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................................. 43

4.1 MATERIAIS DE PARTIDA ................................................................................................ 43

4.1.1 Análise granulométrica .............................................................................................. 43

4.1.1.1 Cimento Portland Especial ........................................................................................... 43

4.1.1.2 Diatomita ...................................................................................................................... 44

4.1.1.3 Microssílica .................................................................................................................. 44

4.1.2 Densidade .................................................................................................................... 45

4.2 OTIMIZAÇÃO DAS FORMULAÇÕES ..................................................................................... 46

4.2.1 Peso específico ............................................................................................................. 46

4.2.2 Volume de água livre .................................................................................................. 47

4.2.3 Reologia ....................................................................................................................... 47

4.2.4 Filtrado ........................................................................................................................ 49

4.2.5 Espessamento .............................................................................................................. 50

4.2.6 Estabilidade ................................................................................................................. 51

4.2.7 Resistência à compressão ........................................................................................... 52

4.2.8 Resistência a compressão método Ultra-Sônico – UCA ........................................... 53

5. CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 58

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Tanque pré-misturador. ................................................................................................ 5

Figura 2 Esquema de uma cimentação do revestimento de produção. ....................................... 6

Figura 3 a- tampão de abandono – 3b - tampão de cimento (troca de zona produtora). ........... 7

Figura 4 Esquerda – poço produzindo água/ Direita – tampão de cimento para evitar produção

de água. ....................................................................................................................................... 8

Figura 5 Defloculação das partículas do cimento pela ação do dispersante adsorvido na

superfície .................................................................................................................................. 11

Figura 6 Curva de escoamento (A) e de viscosidade (B) de um fluido newtoniano. ............... 16

Figura 7 curva de fluxo do modelo de Bingham ...................................................................... 18

Figura 8 Vermiculita natural (esquerda) e após a expansão (direita). ...................................... 20

Figura 9 Micrografia da diatomita após o processo de calcinação. .......................................... 22

Figura 10 Fluxograma das atividades. ...................................................................................... 25

Figura 11 Distribuição granulométrica do cimento especial Portland. .................................... 43

Figura 12 Distribuição granulométrica da diatomita. ............................................................... 44

Figura 13 Distribuição granulométrica da microssílica. ........................................................... 45

Figura 14 Peso específico das formulações desenvolvidas. ..................................................... 46

Figura 15 Limite de escoamento a temperatura ambiente e aquecida. ..................................... 48

Figura 16 Viscosidade plástica a temperatura aquecida e ambiente. ....................................... 49

Figura 17 Volume de filtrado das pastas desenvolvidas em função da temperatura ................ 50

Figura 18 Tempo de espessamento e bombeabilidade. ............................................................ 50

Figura 19 Consistência das pastas desenvolvidas ..................................................................... 51

Figura 20 Resistência à compressão das formulações desenvolvidas. ..................................... 53

Figura 21 Resistência à compressão, método ultra-sônico, ao atingir 8h e 24h. ...................... 54

Figura 22 Resistência à compressão, método ultra-sônico, ao atingir 50 psi e 500 psi. .......... 54

Figura 23 Resistência à tração por compressão diametral ........................................................ 55

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Propriedades físicas e químicas da vermiculita expandida ........................................ 26

Tabela 2 Especificação técnica da diatomita. ........................................................................... 27

Tabela 3 Propriedades químicas e físicas. ................................................................................ 27

Tabela 4 Propriedades físicas e químicas do dispersante. ........................................................ 28

Tabela 5 Propriedades físicas e químicas do anti-espumante................................................... 28

Tabela 6 Propriedades físicas e químicas do controlador de filtrado. ...................................... 29

Tabela 7 Propriedades físicas e químicas do retardador........................................................... 29

Tabela 8 Propriedades físicas e químicas do acelerador. ......................................................... 30

Tabela 9 Densidade e volume específico dos materiais usados nas formulações desenvolvidas.

.................................................................................................................................................. 31

Tabela 10 Formulação da pasta padrão e otimizada para profundidade de 400 m. .................. 32

Tabela 11 Formulação da pasta padrão e otimizada para profundidade de 800 m ................... 32

Tabela 12 Formulação da pasta padrão e otimizada para profundidade de 1.200 m ................ 33

Tabela 13 Temperaturas utilizadas na realização dos testes. .................................................... 34

Tabela 14 Descrição dos testes realizados e suas respectivas temperaturas. ............................ 34

Tabela 15 Resultados do teor de água livre das formulações desenvolvidas. .......................... 47

Tabela 16 Estabilidade das pastas desenvolvidas ..................................................................... 52

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

xii

LISTA DE SÍMBOLOS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AL água livre

API American Petroleum Institute

C3A aluminato tricálcio (celita)

C2S silicato dicálcio (belita)

C3S Silicato tricálcio (alita)

C4AF ferroaluminato tetracálcio (ferrita)

Ca(OH)2 hidróxido de cálcio (portlandita)

CH hidróxido de cálcio (portlandita)

CP cimento Portland

cP centpoises

CPE Cimento Portland Especial

C-S-H silicato de cálcio hidratado

D diâmetro

FAC fator água/cimento

LE limite de escoamento

NBR Norma Brasileira Registrada

RGO razão gás/óleo

S segundo

T temperatura

VP viscosidade plástica

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CAPÍTULO 1

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1. INTRODUÇÃO

A cimentação é uma das operações mais importantes realizadas em um poço de petróleo.

Ocorre após o término da perfuração com o objetivo de compor a vedação entre as zonas

permeáveis ou até mesmo em um único intervalo permeável, impedindo a intercomunicação de

fluidos da formação que ficam por trás do revestimento, bem como propiciar suporte à coluna

de revestimento (THOMAS, 2001).

Atualmente, a busca por materiais alternativos a serem utilizados em cimentação de poços

de petróleo é uma atividade em pleno desenvolvimento. Mesmo assim, o cimento Portland

ainda é o material mais utilizado pelas companhias de cimentação. Os desafios dizem respeito

à melhoria das propriedades mecânicas, que são características inerentes às pastas cimentantes.

Materiais alternativos devem ser empregados na forma de aditivos de modo a não alterar a

metodologia de preparação de pastas e cimentação atualmente adotadas pelas companhias de

serviço (LIMA, 2004).

Para melhorar as propriedades reológicas e mecânicas das pastas de cimento usadas em

cimentação de poços de petróleo, tem-se lançado mão de soluções para problemas similares na

construção civil, uma vez que esse seguimento tem muito mais experiência com o uso de

cimento que o de petróleo (LIMA, 2008).

Para fazer a pasta de cimento em campo, é necessário preparar a água de mistura, que é um

fluido composto por água e aditivos sólidos e/ou líquidos nela dissolvidos. Contudo, os aditivos

são adicionados seguindo uma ordem de mistura e cada um requer um tempo de hidratação, o

que leva um determinado tempo para sua preparação. Uma solução eficaz para o preparo das

pastas de cimento para poços de petróleo em campo pode ser o emprego de uma técnica

amplamente utilizada na construção civil, realizando a mistura de todos os aditivos ao cimento,

formando uma mistura seca. A formulação poderá ir para campo com as dosagens certas de

cimento e aditivos, sendo necessária apenas a adição da água, evitando erros de dosagem na

preparação da água de mistura, otimizando o tempo de preparação da pasta e reduzindo custos

de operação.

A utilização da mistura seca, que é um método simples, econômico e de baixo investimento,

pode ser utilizada nesse tipo de operação. No entanto, para isso, devem ser realizados testes

laboratoriais, segundo normas API RP 10B, para a formulação de mistura seca que se adéquem

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

3

às variadas situações encontradas nos poços, utilizando-se da grande variedade de cargas e

aditivos que a indústria química fornece comercialmente para o mercado da construção civil. A

formulação da mistura seca envolve o estudo do comportamento de suspensões no estado fresco

e endurecido (CABRAL, 2011).

O objetivo desse trabalho foi estudar formulações de pastas de cimento contendo adições

minerais (vermiculita expandida, diatomita e sílica ativa) e aditivos sólidos, formando uma pré-

mistura seca com o objetivo de aplicar na cimentação primária de poços de petróleo onshore

para profundidades típicas de 400 m, 800 m e 1.200 metros. Os objetivos específicos desse

estudo foram:

- Determinar a influência da temperatura na realização dos testes no estado fresco e endurecido;

- Avaliar a possibilidade de aplicação da mistura seca otimizada para cimentação primária de

poços de petróleo em terra.

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CAPÍTULO 2

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

5

2. ASPECTOS TEÓRICOS

2.1 - CIMENTAÇÃO

A operação de cimentação é realizada após o término da perfuração. A mesma possui o

objetivo de preencher o espaço entre o revestimento e as paredes do poço (espaço anular),

isolando as zonas permeáveis atravessadas, impedindo a intercomunicação de fluidos da

formação que ficam por trás do revestimento, propiciando também suporte a coluna de

revestimento (THOMAS, 2001).

Para que seja realizada uma cimentação são necessários diversos equipamentos, os quais

têm a função de armazenagem do cimento, transporte, preparação dos aditivos, mistura da pasta

e seu deslocamento ao poço. Uma unidade de cimentação pode ser montada em caminhões,

para operação em terra e em sondas marítimas (FREITAS, 2008).

A água de mistura é preparada em um tanque pré-misturador (Figura 1) e logo após o

cimento é adicionado. A mistura final é então homogeneizada e em seguida bombeada para o

poço.

Figura 1 Tanque pré-misturador.

FONTE: FREITAS, 2008.

Tanque pré

misturador

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6

A pasta de cimento é injetada por dentro do próprio revestimento do poço para realização

do preenchimento do espaço anular. Ao término desta operação o cimento deve aderir

totalmente ao revestimento e à formação rochosa. O mesmo irá suportar o peso do revestimento,

protegê-lo contra corrosão e evitar o colapso do poço (THOMAS, 2001). A Figura 2

exemplifica a cimentação primária.

Figura 2 Esquema de uma cimentação do revestimento de produção.

FONTE: THOMAS (2001).

Embora com toda tecnologia e cuidados na elaboração e aplicação das pastas em todas as

etapas da cimentação, essa operação nem sempre é realizada com sucesso em toda a extensão

do poço, e pode ser necessária uma nova operação de cimentação para evitar acidentes

(NELSON, 1990). Esta operação de correção é conhecida como cimentação secundária.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

7

A cimentação secundária visa corrigir falhas na cimentação primária. Sendo assim, uma

cimentação secundária pode ser realizada para eliminar a entrada de água de uma zona

indesejável, reduzir a razão gás⁄óleo (RGO), através do isolamento da zona de gás adjacente a

zona de óleo, abandonar zonas depletadas ou reparar vazamentos na coluna de revestimento

(FREITAS, 2008). A Figura 3a ilustra dois esquemas de tampão de cimento e a Figura 3b

esquematiza um isolamento de uma zona de água.

FONTE: FREITAS, 2008.

Os tampões de cimento são utilizados em casos onde ocorre perda da circulação, abandono

total ou parcial do poço. A finalidade do tampão é impedir a migração de fluidos entre as

formações ou entre a formação e a superfície (ARAÚJO FILHO, 2012).

A compressão de cimento (squeeze) é a injeção forçada de cimento sob pressão, visando

corrigir localmente a cimentação primária, sanar vazamentos no reservatório ou selar um

determinado intervalo (ARAÚJO FILHO, 2012). A Figura 4 exemplifica uma situação onde o

intervalo isolado encontra-se acima de outro intervalo produtor, cujo emprego de um tampão

não seria viável, utilizando a operação de squeeze para sanar o problema de produção de água.

Figura 3 a- tampão de abandono – 3b - tampão de cimento (troca de zona produtora).

(3a) (3b)

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

8

Figura 4 Esquerda – poço produzindo água/ Direita – tampão de cimento para evitar produção de água.

FONTE: FREITAS, 2008.

2.1.1 Fatores que afetam uma cimentação

Segundo FREITAS (2008), a cimentação primária consiste no posicionamento de uma pasta

cimentante no anular formado pelo revestimento e as paredes do poço, espera-se que a mesma,

após a pega, ofereça:

i. Aderência mecânica ao revestimento;

ii. Isolamento das formações; e

iii. Proteção do revestimento contra corrosão e cargas dinâmicas decorrentes de

operações no seu interior.

Para que a pasta de cimento atenda aos requisitos mencionados acima, é necessário que

alguns cuidados no projeto e na execução da cimentação primária sejam tomados. Os fatores

listados abaixo são reconhecidamente responsáveis pelas deficiências na capacidade de um

selante, embora essas deficiências não se limitem apenas a estes fatores:

i. Densidade incorreta da pasta, podendo resultar no desbalanceamento hidrostático e

entrada de fluidos na pasta;

ii. Fluido de perfuração e reboco com propriedades inadequadas, permitindo o fluxo

de gás ascendente no anular;

iii. Gelificação prematura, resultando na perda do controle da pressão hidrostática;

iv. Perda de filtrado excessiva, permitindo a entrada do gás na coluna da pasta;

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9

v. Pastas altamente permeáveis, contribuindo para deficiências no isolamento

hidráulico e resistência ao fluxo de gás;

vi. Contração volumétrica apreciável, devido ao processo de hidratação e fissuração da

bainha de cimento sob tensão, gerando fraturas e microanulares que permitem a

migração de fluidos;

2.2 CIMENTO PORTLAND

Os elementos básicos para a fabricação de um cimento Portland, são o carbonato de cálcio

(calcário) e a argila. Ferro e alumínio podem ser adicionados à composição, caso não estejam

presentes em quantidades aceitáveis na argila. Esses materiais são misturados e fundidos a uma

temperatura de 1500 ºC aproximadamente, transformando-a em um material chamado de

clínquer. Após o resfriamento do clínquer, o mesmo é pulverizado com sulfato de cálcio (gesso)

com o intuito de retardar a hidratação do cimento (COOK, 2006).

As reações envolvidas na mistura do cimento são bastante complexas, sendo que cada fase

reage com um mecanismo de reação e velocidades diferentes (COOK, 2004). Contudo, essas

reações estão intimamente ligadas entre si, o cimento Portland é constituído por quatro grupos

cristalinos principais.O C2S (Silicato de Dicálcio), C3S (Silicato de Tricálcio), C3A (Aluminato

Tricálcio) e C4AF (Ferroaluminato Tetracálcio).

2.2.1 Classificação do cimento portland

A norma API (American Petroleum Institute) 10B determina as diferentes classes de

cimento API empregados em poços de petróleo para variadas pressões e temperaturas. São elas;

i. Classe A: usado em situações onde não são exigidas nenhuma propriedade especial do

cimento, seu uso é muito restrito.

ii. Classe B: usado em situações que exijam alta resistência a sulfatos;

iii. Classe C: usado quando se requer que a resistência mecânica do cimento cresça

rapidamente;

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

10

iv. Classe D - Para uso em poços de até 3.050 m, sob condições de temperatura

moderadamente elevadas e altas pressões;

v. Classe E – para profundidades entre 1.830 m e 4.270 m, sob condições de pressão e

temperatura elevadas;

vi. Classe F – para profundidades entre 3.050 m e 4.880 m, sob condições extremamente

altas de pressão e temperatura; e

vii. Classe G/H – tipo de cimento mais utilizado na indústria de petróleo, é designado para

cimentações básicas.

2.3 ADITIVOS PARA PASTAS DE CIMENTO

Na grande maioria dos casos, para uma boa cimentação é necessário à adição de produtos

químicos (aditivos) às pastas de cimento com o objetivo de modificar suas propriedades,

conforme as condições de poço ou operação (BENSTED, 1993).

A pasta ideal não deve ter água livre, deve promover controle de filtrado para evitar

danificar as formações, ser retardada o suficiente para não endurecer durante o tempo de

injeção, e manter sua densidade, para promover controle hidrostático suficiente. Em geral,

quando se projeta uma pasta, deve se ter em mente vários critérios (que, logicamente, afetarão

as propriedades da pasta), como a profundidade do poço, qualidade da água de mistura,

temperatura no local da cimentação, água livre, tipo de fluido de perfuração, qualidade do

cimento, regime de fluxo no bombeamento, densidade da pasta, aditivos, perdas de circulação,

crescimento da resistência da pasta, possibilidade de migração de gás e tempo de bombeio

(ARAÚJO FILHO, 2012).

2.3.1 Acelerador de pega

Os aceleradores de pega diminuem o tempo de espessamento da pasta, reduzindo o tempo

necessário para que as reações ocorram. Os aceleradores de pega são bastante desejados

principalmente nas situações onde se utilizam cimentos com baixa densidade (ou seja, pouco

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

11

teor de cimento. O acelerador de pega mais utilizado é o cloreto de cálcio (CaCl2). O principal

motivo para isso é seu baixo custo e farta disponibilidade(ARAÚJO FILHO,2012).

2.3.2 Dispersante

Esses aditivos reduzem a viscosidade aparente, o limite de escoamento e a força gel das

pastas, melhorando suas propriedades de fluxo. Facilitam a mistura da pasta, reduzem a fricção

e permitem a confecção de pastas de elevada densidade. A adição de dispersantes pode produzir

efeitos secundários indesejáveis tais como: aumento da água livre e da decantação dos sólidos,

tornando a pasta menos estável, bem como influenciando no tempo de pega da mesma. O

mecanismo de atuação destes aditivos consiste na adsorção do dispersante nas partículas de

cimento impedindo sua floculação e dispersando o sistema (Figura 5). Esta dispersão é devida

a forças de repulsão geradas entre as moléculas do aditivo adsorvidas nas partículas de cimento

(RONCERO, 2000).

Figura 5 Defloculação das partículas do cimento pela ação do dispersante adsorvido na superfície

FONTE: FREITAS, 2008.

2.3.3 Antiespumante

Durante a mistura da pasta no campo, a densidade é o parâmetro utilizado para verificar se

os materiais estão na proporção definida no teste de laboratório. Se durante a mistura da pasta

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

12

for incorporado ar, estará se medindo a densidade do sistema cimento, água e ar. Como o ar é

compressível, ao atingir o fundo do poço, a densidade real será maior do que a medida na

superfície, o que pode levar a resultados indesejáveis. O aditivo antiespumante produz uma

alteração na tensão superficial e modifica a dispersibilidade dos aditivos que poderiam

estabilizar a espuma. O mecanismo mais importante de ação destes aditivos é por espalhamento

sobre a superfície da espuma, ou pela penetração na mesma. Ao baixar a tensão superficial, a

película de líquido não consegue manter o ar aprisionado, dessa forma a espuma se destrói. Os

antiespumantes mais utilizados são à base de poliglicóis e os quebradores de espuma são

derivados de silicone (FREITAS, 2008).

2.3.4 Controlador de filtrado

Controladores de filtrado são usados para manter um volume constante da pasta cimentante,

de forma a garantir que as propriedades da pasta se mantenham dentro de um limite. Em geral,

a variação de cada uma dessas propriedades depende da quantidade de água no cimento. Caso

haja água em excesso, em geral o tempo de espessamento, perda de fluido, água livre,

segregação, permeabilidade e porosidade do cimento serão maiores. Por outro lado, a

densidade, viscosidade e resistência da pasta serão menores. E, tendo em vista que a

previsibilidade das propriedades da pasta são uma das características mais desejadas nas

mesmas, é essencial que se consiga controlar essas propriedades dentro de um range aceitável

(ARAÚJO FILHO, 2012).

Os inibidores de filtrado são, dessa forma, usados para controlar a segregação das fases,

líquida e sólida, dentro da pasta de cimento, assim como controlar a taxa de infiltração da parte

líquida da pasta na formação (ARAÚJO FILHO, 2012).

2.3.5 Retardador

Ao contrário dos aditivos aceleradores de pega os aditivos retardadores são utilizados para

retardar o tempo de pega das pastas de cimento de modo que permita uma maior segurança

durante as operações de bombeio.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

13

Os retardadores mais utilizados, os ligosulfonatos, são polímeros não refinados, obtidos de

polpa de madeira, contendo compostos sacarídeos. As quatro principais teorias que descrevem

o mecanismo de funcionamento dos retardadores estão descritas a seguir.

I. Adsorção do retardador sobre a superfície dos produtos e hidratação inibindo o

contato com a água;

II. O retardador reage com o cálcio na fase aquosa formando uma camada insolúvel e

impermeável ao redor do grão;

III. O retardador adsorve nos núcleos dos produtos de hidratação, impedindo o futuro

crescimento dos mesmos; e

IV. Íons cálcio são quelados pelo retardador prevenido a formação dos núcleos de

hidratação.

2.3.6 Extendedor

De acordo com ARAÚJO FILHO (2012) existem diversos tipos de extendedores, entre eles

os extendedores físicos (argilas e compostos orgânicos), extendedores pozolânicos,

extendedores químicos e gases. Na prática, qualquer material que tenha densidade inferior à do

cimento pode ser usado como extendedor. Esses materiais diminuem a densidade da pasta por

um dentre esses três métodos:

I. Os extendedores físicos ocupam o lugar do cimento, diminuindo a densidade total

da mistura;

II. Os extendedores químicos (e os físicos, em menor proporção), absorvem água,

permitindo que mais água seja adicionada à mistura, diminuindo a densidade do

cimento sem que se produza água livre; e

III. Os gases, por fim, agem de maneira diferente, já que são usados para se produzir

cimentos com densidades extremamente baixas, ao mesmo tempo em que retém

resistências compressivas aceitáveis.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

14

2.3.6.1 Bentonita

A bentonita é um mineral argiloso composto basicamente por montmontrilonita sódica

(NaAl2(AlSi3O10)2OH). A bentonita é comumente utilizada como extendedor, a mesma é tão

que foi especificada pela API. Além de diminuir a densidade, a mesma serve para evitar a

segregação dos sólidos, reduzir água livre, reduzir o filtrado e aumentar o rendimento da pasta.

A maior desvantagem do uso da bentonita é a diminuição da resistência a compressão com o

aumento da sua concentração. Além disso a permeabilidade do cimento aumenta, o que diminui

a resistência do cimento à fluidos corrosivos (RIBEIRO, 2012).

A bentonita necessita de uma pré-hidratação para que possua uma boa eficiência, estudos

comprovam que a bentonita quando pré-hidratada possui uma maior eficiência em relação a

hidratada (NELSON, 1990).

2.4 REOLOIA

De acordo com Machado (2002), a reologia é a ciência que estuda como a matéria se

deforma ou escoa, quando submetida a esforços originados por forças externas. O escoamento

de um fluido, líquido ou gás, é caracterizado por leis que descrevem a variação contínua da taxa

ou grau de deformação em função das forças ou tensões aplicadas.

O conhecimento das propriedades reológicas da pasta de cimento no estado fresco é de

extrema importância para o sucesso da operação de cimentação. A fluidez da pasta influência

decisivamente o seu bombeio durante a operação de cimentação. Com os resultados do teste

reológico podem-se avaliar algumas propriedades como a injetabilidade, a fluidez e a

estabilidade da pasta de cimento (MONTEIRO, 2010).

Os principais parâmetros para estudo de reologia são: tensão, cisalhamento, taxa de

cisalhamento e tempo. Quanto às grandezas básicas que determinam o comportamento

reológico, estão a viscosidade e a tensão de escoamento. Dentre os fatores que podem

influenciar a viscosidade e a tensão de escoamento estão, segundo Pileggi (2001) apud

Fernandes (2007):

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

15

I. Concentração volumétrica: quanto mais elevada é a concentração de sólidos em

suspensão, mais difícil se torna o escoamento;

II. Características físicas das partículas: formato, densidade, tamanho, distribuição,

densidade, área superficial, etc.;

III. Características do meio líquido: viscosidade, densidade, etc.;

IV. Tipo de interação entre as partículas: as forças atrativas que causam a aglomeração das

partículas podem influenciar essas propriedades; e

V. Temperatura.

De acordo com Castro (2007), a viscosidade é a constante de proporcionalidade que

relaciona a tensão de cisalhamento com a taxa de cisalhamento aplicada ao material. A

viscosidade é uma expressão da resistência de um fluido ao escoamento, sendo assim, quanto

maior a viscosidade mais difícil é o seu escoamento. Já a tensão e escoamento é a tensão mínima

que precisa ser aplicada a um sistema para que o mesmo comece a fluir.

Os fluidos são classificados em newtoniano e não-newtoniano. Para distingui-los, usa-se a

elação entre tensão de cisalhamento aplicada e taxa de cisalhamento.

Machado (2002) afirma que os fluidos newtonianos apresentam uma proporcionalidade

entre a tensão cisalhante e a taxa de cisalhamento em regime laminar. Desta forma, sua

representação gráfica é uma reta com o início na origem dos eixos, sendo assim a sua

viscosidade é única. Através da representação gráfica (Figura 6) da relação entre viscosidade e

taxa de cisalhamento, esta relação é uma reta paralela ao eixo das taxas de cisalhamento, pois

sua viscosidade é constante. A Equação (1) para os fluidos newtonianos é:

τ = µγ (1)

Em que;

τ = tensão cisalhante;

µ = viscosidade; e

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16

γ = taxa de cisalhamento.

FONTE: MACHADO,2002.

A caracterização como fluidos não-newtonianos é dada para aqueles em que a relação

entre a tensão de cisalhamento e a taxa de cisalhamento não é linear, ou seja, a viscosidade de

um fluido não-newtoniano não é constante sob uma dada temperatura e pressão, mas

dependente da taxa de cisalhamento ou, de maneira geral, da sua prévia história de cisalhamento

(TATTERSALL e BANFIL, 1983). O comportamento reológico dos materiais pode ser

expresso em curvas que relacionam a tensão de cisalhamento com a taxa de cisalhamento, que

é a forma mais comum de representação, ou em curvas de variação da viscosidade em função

da taxa de cisalhamento ou do tempo (FERNANDES, 2007). A Equação 2 define o fluido não-

newtoniano:

τ = µa γ (2)

Em que;

τ = tensão cisalhante;

µa = viscosidade aparente;

γ = taxa de cisalhamento.

Figura 6 Curva de escoamento (A) e de viscosidade (B) de um fluido newtoniano.

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17

As dispersões de sólido em líquido são exemplos de fluidos não-newtonianos,

principalmente quando os sólidos interagem com a fase líquida, no caso das pastas de cimento.

De acordo com a norma da ABNT 9831 (2006) o modelo reológico que determina os

parâmetros reológicos das pastas de cimento é modelo de Bingham ou plástico ideal.

O modelo de Bingham ou plástico ideal requer uma aplicação mínima de uma tensão,

denominada limite de escoamento para que haja alguma deformação. Quando são submetidos

a uma tensão menor que o limite de escoamento, o mesmo comporta-se como um sólido

(MACHADO, 2002). As Equações 3 e 4 definem o modelo de Bingham.

τ = µp γ + τL para τ > τL (3)

γ = 0 para τ ≤ τL (4)

Em que;

τ = tensão cisalhante;

µp = viscosidade plástica;

γ = taxa de cisalhamento; e

τL = limite de escoamento.

A Figura 7 mostra a curva de fluxo do modelo de Bingham.

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18

Figura 7 curva de fluxo do modelo de Bingham

FONTE: MACHADO, 2002.

O limite de escoamento é representado na curva de fluxo pelo coeficiente linear da reta e a

viscosidade plástica pelo coeficiente angular da reta.

A viscosidade plástica é resultado do atrito entre as partículas dispersas e entre as próprias

moléculas do líquido dispersante. Já o limite de escoamento é o resultado das forças de interação

entre as partículas dispersas.

2.5 GROUTES

Os groutes são produtos constituídos de cimento Portland, adições minerais ativas e inertes

e outros aditivos. As adições minerais são empregadas ao cimento com o objetivo de melhorar

algumas de suas propriedades. Após a mistura com água, os groutes devem apresentar fluidez,

consistência tipo bombeável, baixa ou nenhuma retração e não devem apresentar segregação e

exsudação pronunciadas. Esses materiais, normalmente, são comercializados na forma pré-

dosada, ou seja, o fornecedor entrega o material pronto para o uso, sendo necessária a adição

da quantidade necessária e especificada de água, bem como um procedimento adequado de

mistura (CABRAL, 2011).

O groute consiste em um concreto fino (microconcreto), formado de cimento, água,

agregado miúdo e agregados graúdos de pequenas dimensões (até 9,5 mm) com alta fluidez.

Essa fluidez é fundamental para que o groute possa preencher os furos dos blocos de concreto

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

19

sem sofrer segregação. Além de sua alta fluidez, o groute deve apresentar boa trabalhabilidade

e boa capacidade de reter água, evitando perdas excessivas da água de mistura para o bloco

(CUNHA, 2001).

Pode-se dizer que a grande propriedade no estado fresco é a sua elevada fluidez,

obviamente cercada de outras propriedades também importantes, como a segregação muito

baixa, a coesão e a compacidade da mistura, as quais permitem um preenchimento satisfatório

das peças (CABRAL, 2011).

2.6 VERMICULITA

A vermiculita é um argilomineral composto principalmente de ferro, alumínio e cálcio.

Pertencente à família das micas, ela existe em abundância no Brasil, com reservas no Piauí,

Goiás, Paraíba e na Bahia. A vermiculita tem densidade baixa e apresenta forma de lâmina

(lamelar). Sua principal vantagem é ser um material inorgânico e resistente à temperaturas

elevadas (CURBELO, 2002).

Quando aquecida a uma temperatura superior a 150ºC (Moraes, 1944; Rosemburg, 1969)

a vermiculita aumenta de volume, expande-se perpendicularmente (como uma sanfona) libera

água, aumentando seu volume até 20 vezes. Este processo é chamado de expansão. Esse

processo faz com que a vermiculita expandida tenha baixa densidade (entre 0,15 g/cm³ e 0,25

g/cm³), área de superfície específica entre 6,0m²/g e 8,0 m²/g (granulação superfina) e

capacidade de troca catiônica elevada (100 meq/100g a 130 meq/100g), tendo o potássio e o

magnésio como principais cátions trocadores (UGARTE e MONTE, 2005). A Figura 8 mostra

a vermiculita na forma bruta e após o processo de expansão.

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20

Figura 8 Vermiculita natural (esquerda) e após a expansão (direita).

FONTE:

ARAÚJO FILHO, 2012.

Cada floco aprisiona ar em seu interior que promove a propriedade isolante à vermiculita

expandida. O produto, assim, obtido da expansão é então resistente ao fogo, inodoro, possui

baixa densidade, não é condutor de eletricidade, é isolante térmico e absorvente acústico,

resistente à decomposição e pode absorver água até 5 vezes o seu peso (DEER et al., 1996 apud

LIMA, 2008).

As propriedades de superfície, como porosidade e adsorção, como também os valores

elevados de área superficial específica e carga superficial, fazem deste mineral um material

adequado para uso como adsorvente ou carreador. Por possuir alta capacidade de troca iônica,

é muito utilizada em várias aplicações industriais: condicionador de solos, fertilizantes,

pesticidas, isolantes térmicos, concreto leve, absorvedores de óleo, graxa e metais pesados

(MONTE et al., 2004).

Na construção civil a vermiculita é amplamente utilizada como isolante térmico-acústico,

redutor de peso de estruturas de concreto, produção de tijolos refratários, blocos e placas de

cimento resistentes a altas temperaturas, proteção de estruturas de aço contra altas temperaturas

e como enchimento para isolamento térmico em construções (ANDRADE, et al., 2001).

A vermiculita se destaca para aplicação em formulação de pastas leves para cimentação de

poços de petróleo por consistir em um material de baixa densidade. (GOUVEIA, 2011). Diante

das propriedades físicas da vermiculita, tem se iniciado estudos de seus efeitos nas propriedades

de pasta de cimento para cimentação de poços de petróleo (LIMA, 2008).

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21

2.7 DIATOMITA

A diatomita é uma matéria prima mineral de origem sedimentar e biogênica, constituída a

partir do acúmulo de carapaças de algas diatomáceas que foram se fossilizando desde o período

pré-cambriano, pelo depósito de sílica sobre a sua estrutura. A fixação desta sílica pelas algas

diatomáceas está relacionada com o ciclo geoquímico de decomposição das argilas, servindo

como parte do material de estrutura para estas algas (BREESE, 1994 apud FRANÇA, LUZ e

IFORÇATI, 2005).

A produção de diatomita consiste em três etapas distintas: lavra, beneficiamento e

calcinação. O processo de beneficiamento consta de remoção de matéria orgânica por

peneiramento, da argila por sedimentação e secagem ao sol; todas essas etapas são realizadas

na própria mina (FRANÇA e LUZ, 2002).

Além da sílica amorfa, principal constituinte mineral da diatomita, outros componentes

podem estar presentes, tais como alumina, ferro, cálcio, magnésio, sódio, potássio, titânio e

outros, em menor proporção. Minerais co-depositados, denominados de secundários, são

encontrados, com frequência, associados à diatomita: argilas, quartzo, gipsita, mica, calcita e

feldspato. Com menor frequência, pode também ocorrer com a diatomita: pirita, enxofre e

nódulos de manganês (BREESE, 1994 apud FRANÇA e LUZ, 2002).

A diatomita apresenta propriedades físicas como baixa densidade aparente, alta porosidade

e área superficial, contribuindo para sua alta capacidade de absorção, apresentando também

inércia química e resistência a altas temperaturas.

A sílica amorfa da diatomita reage com o hidróxido de cálcio Ca(OH)2 e produz silicato de

cálcio hidratado (CSH) que é o maior responsável pelo aumento da resistência à compressão do

cimento. Contudo, a aplicação de diatomita em pastas de cimento aumenta a demanda de água

do sistema, que acarreta na diminuição da resistência, por isso é necessário o uso de um

superplastificante com o intuito de diminuir a viscosidade sem o acréscimo de água ao sistema.

Os principais fatores que contribui para que a diatomita aumente a resistência à compressão é

o efeito filler e a reação pozolânica da diatomita com o CH (ERGUN, 2011). A Figura 9 mostra

uma micrografia (MEV) da diatomita após o processo de calcinação, onde revela a estrutura

porosa da diatomita.

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22

Figura 9 Micrografia da diatomita após o processo de calcinação.

FONTE: FONTES, 2010.

No Brasil, os depósitos de diatomita ocorrem em terrenos de formação lacustre e são

encontrados em profundidades médias de 2 m. Esses depósitos datam da era cenozóica, a partir

do período terciário (SOUZA, 1973 apud FRANÇA e LUZ, 2002), e encontram-se nos estados

do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina

(FRANÇA e LUZ, 2002).

2.8 MICROSSÍLICA

A microssílica é um subproduto da indústria de ligas ferrosas que consiste de partículas

extremamente pequenas de sílica amorfa, de forma esférica e diâmetro menor que a partícula

do cimento, ao ser adicionada ao concreto atua de duas formas em função das suas propriedades

químicas e físicas. Devido ao alto teor de sílica com estrutura amorfa e a elevada superfície

específica das partículas (~ 20.000 m2/kg), a microssílica possui efeito químico como material

pozolânico de alta reatividade, reagindo com o hidróxido de cálcio formado na hidratação do

cimento. O composto resistente de silicato de cálcio hidratado, gerado na reação pozolânica, é

semelhante ao formado pela reação do cimento, que é o maior responsável pela resistência da

pasta (ALVES, et al., 1994)

Cimento + H2O → C-S-H + Ca (OH)2

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23

Ca(OH)2 + SiO2 → C-S-H

O efeito físico (efeito microfíler) acontece pelo reduzido tamanho das partículas (~ 0,1 μm),

que se introduzem entre os grãos de cimento e se alojam nos interstícios da pasta, reduzindo o

espaço disponível para a água e atuando como ponto de nucleação dos produtos de hidratação,

o que proporciona um refinamento da estrutura de poros (ALVES, et. al., 1994)

No aspecto químico, como a microssílica constitui­se de partículas muito pequenas de sílica

amorfa, ela apresenta excepcionais propriedades pozolânicas, reagindo com os íons da solução

alcalina da pasta e formando compostos semelhantes aos produtos de hidratação do cimento

(ALVES et al, 1994).

A presença da microssílica na composição de misturas de cimento causa maior coesão entre

os componentes na mistura fresca, bem como uma menor tendência à segregação. No entanto

devido à sua elevada superfície específica, o emprego da microssílica nestes compósitos está

normalmente condicionado à utilização de aditivos plastificantes (ALVES et al, 1994). Além

das melhorias citadas anteriormente, a utilização da microssílica pode trazer aumento da

resistência mecânica e química e a redução da permeabilidade para pasta de cimento.

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CAPÍTULO 3

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25

3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

3.1 FLUXOGRAMA DAS ATIVIDADES

A Figura 10 mostra o fluxograma do procedimento experimental desenvolvido neste trabalho.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

SELEÇÃO DOS MATERIAIS

OTIMIZAÇÃO DA MISTURA SECA

CARACTERIZAÇÃO DA MISTURA SECA

ESTADO FRESCO

DENSIDADE

REOLOGIA

ÁGUA LIVRE

FILTRADO

ESPESSAMENTO

ESTADO ENDURECIDO

ESTABILIDADE

RESISTENCIA À COMPRESSÃO

TRAÇÃO POR COMPRESSÃO

MÓDULO DE ELASTICIDADE

UCA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DAS ADIÇOES

MINERAIS

GRANULOMETRIA

DENSIDADE

Figura 10 Fluxograma das atividades.

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26

3.2 MATERIAIS DE PARTIDA

3.2.1 Cimento Portland

O Cimento Portland Especial, fornecido pela indústria de cimentos CIMESA, situada em

Laranjeiras, Sergipe, é um cimento modificado industrialmente, que possui propriedades

equivalentes ao cimento Portland classe G para cimentação de poços de petróleo. O uso do

cimento especial deveu-se ao fato de este ser o mais utilizado nas cimentações de poços

localizados no estado do Rio Grande do Norte.

3.2.2 Vermiculita expandida

A vermiculita expandida utilizada foi fornecida em forma de grãos, acondicionada em saco

de papel de 12 kg. As propriedades físico-químicas estão descritas na Tabela 1.

.

Tabela 1 Propriedades físicas e químicas da vermiculita expandida

Estado físico sólido

Forma granulado

Ponto de fusão ±1.350°C

Solubilidade Na água: insolúvel

FONTE: Informações do fabricante.

3.2.3 Diatomita

A Diatomita utilizada foi fornecida em forma de pó, acondicionada em saco de 25 kg. As

especificações técnicas estão descritas na Tabela 2.

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Tabela 2 Especificação técnica da diatomita.

Descrição Especificação

SiO2 89,0 – 94,0

Umidade Máx. 1,0

Aspecto pó

Resíduo 45 µm (325 mesh) 4,0 – 14,0

Solubilidade Pouco solúvel em água

FONTE: Informações do fabricante.

3.2.4 Microssílica

A Microssílica utilizada foi fornecida em forma de pó seco, acondicionado em saco de papel

de 15 kg. As especificações estão descritas na Tabela 3.

Tabela 3 Propriedades químicas e físicas.

Elemento Valores

Mínimo Máximo

SiO2 85 -

H2O - 3

Perda ao fogo (975°C) - 6

Equivalente alcalino em Na2O - 1,5

Partícula > 45 µm (325 mesh) - 10

FONTE: Informações do fabricante.

3.2.5 Dispersante

O dispersante (superplastificante) utilizado foi fornecido em forma de pó seco,

acondicionado em saco de papel de 25 kg. As especificações estão descritas na Tabela 4.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

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Tabela 4 Propriedades físicas e químicas do dispersante.

Propriedades do dispersante

Aspecto Pó

Cor amarelo esbranquiçado

pH (Solução 5%) 6,0 ± 1

Conteúdo ativo 98 ± 2

Densidade (Kg/m³) 350 a 550

Solubilidade em água 500 g/L [20°C]

FONTE: Informações do fabricante.

3.2.6 Anti-espumante

O anti-espumante utilizado foi fornecido em forma de pó seco, acondicionado em saco de

papel de 25 kg. As especificações estão descritas na Tabela 5.

Tabela 5 Propriedades físicas e químicas do anti-espumante.

Propriedades do Anti-espumante

Aspecto Pó

Cor amarelo esbranquiçado

Granulometria 99% <600 µm

Densidade (Kg/m³) 450 a 670

Solubilidade em água Insolúvel

FONTE: Informações do fabricante

3.2.7 Controlador de filtrado.

O controlador de filtrado utilizado foi fornecido em forma de pó seco, acondicionado em

saco de papel de 25 kg. As especificações estão descritas na Tabela 6.

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Tabela 6 Propriedades físicas e químicas do controlador de filtrado.

Propriedades do controlador de filtrado

Aspecto Pó

Cor Esbranquiçado

pH Neutro ou levemente ácido

Componente químico Metil etil hidroxietil celulose

Solubilidade em água Miscível

FONTE: Informações do fabricante

3.2.8 Retardador

O retardador utilizado foi fornecido em forma de cristais, acondicionado em saco de papel

de 25 kg. As especificações estão descritas na Tabela 7.

Tabela 7 Propriedades físicas e químicas do retardador.

Propriedades do retardador

Aspecto Cristais

Cor Transparente

pH Ácido

Componente químico Ácido cítrico

Solubilidade em água solúvel

FONTE: Informações do fabricante

3.2.9 Acelerador

O acelerador utilizado foi fornecido em forma de grânulos, acondicionado em saco de papel

de 25 kg. As especificações estão descritas na Tabela 8.

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Tabela 8 Propriedades físicas e químicas do acelerador.

Propriedades do retardador

Aspecto Grânulos

Cor Branco

pH 9 a 11, solução 10%

Componente químico Cloreto de cálcio

Solubilidade em água solúvel

FONTE: Informações do fabricante

3.2.10 Caracterização dos materiais de partida

3.2.10.1 Análise granulométrica

A análise granulométrica é um método que consiste na determinação das dimensões das

partículas de uma amostra sólida pelos respectivos tamanhos. As amostras das adições minerais

(microssílica, diatomita e cimento Portland especial) foram caracterizadas a partir da análise

granulométrica por difração a laser. O equipamento utilizado para determinar a granulometria

das partículas foi o CILAS 1090 (modo seco).

3.2.10.2 Densidade

A densidade dos materiais usados nas formulações em estudo foi determinada utilizando a

técnica de picnometria a gás hélio, utilizando um picnômetro de hélio (Micromeritcs, modelo

AccuPyc 1340) para determinação da densidade real. Para a realização do teste as amostras

passaram 2 h na estufa a 60°C para retirar toda a umidade existente, em seguida a mesma foi

transferida para um dessecador, onde permaneceu até atingir temperatura ambiente, para então

iniciar o teste.

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31

3.2.11 Otimização da mistura seca

Para efetivar a otimização das formulações em estudo foi necessário realizar o cálculo do

rendimento, do fator água - cimento (FAC) e a quantidade certa de cada produto utilizado na

formulação da mesma. Para obtenção das diversas propriedades da pasta, fixou-se o peso

específico da mesma e as concentrações dos aditivos e as adições minerais. Todos esses cálculos

são efetuados de acordo com a norma API RP 10B.

Foi realizado um estudo de pastas com peso específico fixado em 1,67 g/cm3 (14,0 lb/gal),

tomando como base um trabalho realizado por GOUVEIA (2012), onde a mesma fixou as

concentrações das adições minerais, vermiculita expandida, diatomita e microssílica em 3,5%,

4,0% e 4,0% respectivamente. A partir desses parâmetros pré-estabelecidos foram

desenvolvidas pastas para profundidades típicas de 400m, 800m e 1.200 metros de

profundidade.

As pastas foram formuladas para uma quantidade de componentes de modo a ser obtido

600 cm³ de pasta de cimento. Esta é a quantidade necessária para a realização dos ensaios de

laboratório, segundo a API.

Para efetuação dos cálculos é necessário conhecer as densidades absolutas dos materiais

a serem utilizados nas formulações. Na Tabela 9, encontram-se os valores de densidade e

volume específico dos materiais usados nas formulações.

Tabela 9 Densidade e volume específico dos materiais usados nas formulações desenvolvidas.

Material Denominação

comercial

Densidade

[g/cm3]

Densidade

[lb/Gal]

Volume

Específico

[gal/lb]

Cimento Poty Especial 3,1953 26,66 0,0375

Água Água 0,9969 8,32 0,1202

Vermiculita expandida Vermiculita

expandida 2,14 17,86 0,0560

Microssílica Microssílica 2,2965 19,1652 0,0521

Diatomita Diatomita 2,3903 19,9480 0,0501

Anti-espumante Prodcon 1,2646 10,5681 0,0946

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32

Dispersante Prodcon 1,2970 10,8239 0,0924

Controlador de filtrado Prodcon 1,3902 11,6017 0,0862

Acelerador Cloreto de cálcio 1,7492 14,5985 0,0685

Retardador Prodcon 1,6562 13,8216 0.0723

Bentonita Bentonita 2,6628 22,22 0,0450

FONTE: Autor

Os valores das respectivas massas dos materiais utilizados nas formulações das

profundidades típicas de 400m, 800m e 1.200 metros estão descritos nas Tabelas 10, 11 e 12

respectivamente.

Tabela 10 Formulação da pasta padrão e otimizada para profundidade de 400 m.

Componente Padrão Otimizada

Concentração [%] Massa [g] Concentração [%] Massa [g]

Cimento 57,6 579,30 56,20 565,65

Água 7,88 405,52 7,38 370,72

Vermiculita - - 3,50 19,80

Diatomita - - 4,00 22,63

Microssílica - - 4,00 22,63

Anti - Espumante 0,5 2,90 0,18 1,02

Controlador de

Filtrado 0,95 5,50 0,36 2,04

Dispersante 0,1 0,58 0,35 1,98

Retardador - - 0,02 0,08

Bentonita 0,7 4,06 - -

Acelerador 1,5 8,69 - -

FAC 0,70 0,65

FONTE: Autor

Tabela 11 Formulação da pasta padrão e otimizada para profundidade de 800 m

Componente Padrão Otimizada

Concentração [%] Massa [g] Concentração [%] Massa [g]

Cimento 57,7 580,95 56,20 565,65

Água 7,87 406,42 7,38 370,72

Vermiculita - - 3,50 19,80

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

33

Diatomita - - 4,00 22,63

Microssílica - - 4,00 22,63

Anti - Espumante 0,5 2,90 0,18 1,02

Controlador de

Filtado 1,0 5,81 0,45 2,04

Dispersante 0,1 0,58 0,32 1,81

Retardador - - 0,05 0,08

Bentonita 0,7 4,07 - -

Acelerador 1,0 5,81 - -

FAC 0,69 0,65

FONTE: Autor

Tabela 12 Formulação da pasta padrão e otimizada para profundidade de 1.200 m

Componente Padrão Otimizada

Concentração [%] Massa [g] Concentração [%] Massa [g]

Cimento 57,7 580,95 56,30 566,85

Água 7,87 406,42 7,38 368,38

Vermiculita - - 3,50 19,84

Diatomita - - 4,00 22,67

Microssílica - - 4,00 22,67

Anti - Espumante 0,5 2,90 0,18 1,02

Controlador de

Filtado 1,0 5,81 0,5 2,83

Dispersante 0,1 0,58 0,3 1,70

Retardador - - 0,1 0,57

Bentonita 0,7 4,07 - -

Acelerador 1,0 5,81 - -

FAC 0,69 0,65

FONTE: Autor

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

34

A Tabela 13 descreve as temperaturas para cada formulação utilizada na realização dos

testes, onde a BHCT é a temperatura de circulação do fundo do poço e a BHST é a temperatura

estática de fundo de poço.

Tabela 13 Temperaturas utilizadas na realização dos testes.

Formulação BHCT [F] BHST [F]

400 m 84 102

800 m 95 125

1.200 m 103 147 FONTE: Autor

A Tabela 14 descreve as temperaturas usadas para a realização dos testes das

formulações em estudo.

Tabela 14 Descrição dos testes realizados e suas respectivas temperaturas.

BHCT BHST

Homogeneização Resistência à compressão

Reologia Módulo de elasticidade dinâmico

Filtrado Tração por compressão diametral

Espessamento Resistência à compressão

Método ultra-sônico - UCA

FONTE: Autor

3.2.11.1 Pesagem, preparação das misturas secas e homogeneização

Todos os materiais utilizados na preparação das misturas secas foram pesados em uma

balança digital Tecnal Mark 3100 com resolução de 0,01 g.

Mistura seca é uma mistura de todos os componentes sólidos necessários para a

preparação da pasta ao cimento formando uma mistura homogênea. Após pesar a água,

adicionou-se a mistura seca, através de funil de colo curto pela abertura central da tampa da

jarra. A adição foi realizada sob uma taxa uniforme, a uma velocidade de 4.000 ± 200 rpm,

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

35

durante 15 segundos. Ininterruptamente, instalou-se a tampa central e agitou-se a pasta por 35

segundos a uma velocidade de 12.000 ± 500 rpm. O tempo de adição foi controlado pelo

temporizador do misturador, de acordo com a norma (ABNT 2006).

Para a realização da homogeneização das formulações otimizadas, utilizou-se o

Consistômetro Atmosférico Chandler Modelo 1200, o mesmo possui acoplado um sistema

aquecedor, que possibilita aumentar e controlar a temperatura de teste.

Após a preparação da pasta, realizou-se a homogeneização na célula do consistômetro.

O recipiente (célula) contendo a formulação até o nível apropriado (indicado por meio de um

sulco ao redor da parte interna da célula), juntamente com a palheta estacionária e o dial, foram

colocados no banho para a homogeneização à temperatura de circulação (BHCT), por 20

minutos a 150 ± 15 rpm. Esta palheta transmite o torque imposto pela pasta a uma mola

acoplada ao dial que indica a consistência da pasta durante o processo de homogeneização.

3.2.12 Caracterização das formulações no estado fresco

3.2.12.1 Reologia

Para a realização do ensaio de reologia, utilizou-se o um viscosímetro Chandler, modelo

3500, usando um copo com aquecimento, utilizando a temperatura de circulação.

A determinação das propriedades reológicas foi efetuada de acordo com o procedimento

padronizado pela norma (ABNT 9831, 2006). As leituras obtidas no viscosímetro rotacional

são aplicadas ao modelo de fluido que o represente melhor, geralmente, modelo de potência ou

modelo de Bingham.

Após a homogeneização por 20 minutos no consistômetro atmosférico, as pastas foram

vertidas em copo térmico e cisalhadas em viscosímetro aplicando-se várias taxas, de acordo

com a norma de ensaios reológicos definidas pela API. As leituras foram realizadas aplicando-

se taxas de cisalhamento ascendentes e descendentes a intervalos de 10 segundos, mantendo-se

a temperatura constante. As taxas de cisalhamento correspondente as rotações empregadas

foram de 3, 6, 10, 20, 60, 100, 200 e 300 rpm.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

36

Após a leitura de 3 rpm, aumentou-se a velocidade do rotor para 300 rpm, mantendo-a

por 1 min. Em seguida, o motor é desligado e após 10 s, o mesmo foi novamente ligado acionado

a 3 rpm, registrando-se a deflexão máxima observada (Gi). Desligou-se mais uma vez o motor

por 10 min, no fim dos qual o motor foi ligado, registrando-se a deflexão máxima observada

(Gf) (NBR 9830, 1993).

Para caracterizar o comportamento de fluxo da pasta de cimento em qualquer geometria

(tubo, anular), deve ser selecionado um modelo que melhor represente os dados. Para fazer isto,

os dados obtidos (velocidades angulares e leituras de torque) foram convertidos a taxas de

cisalhamento e tensões de cisalhamento. Um modelo reológico para o fluido foi selecionado

através do gráfico de tensão de cisalhamento versus taxa de deformação, seguido da análise de

regressão. Nas equações de comportamento de fluxo se considera que o fluido seja homogêneo,

o deslizamento na parede seja negligenciável, o fluido exiba comportamento independente do

tempo e que o regime de fluxo seja lamelar.

3.2.12.2 Peso específico

Para a determinação do peso específico das formulações em estudo, utilizou-se uma

Balança de Lama com precisão de 0,1 lb/gal.

As formulações otimizadas foram preparadas e em seguida vertida no copo da balança

até o nível ligeiramente abaixo da sua borda. A balança então é tampada, a mesma possui um

pequeno orifício que permite a saída do excesso de fluido do copo da balança. Lavou-se a

balança, enxugando-a com um papel absorvente. Colocou-se, então, a balança sobre sua base e

deslocou-se o cursor até obter-se o equilíbrio, verificando por meio da centralização da bolha

do indicador de nível. Efetuou-se a leitura na escala desejada, observando a indicação da seta

no cursor.

3.2.12.3 Água livre

Na realização deste ensaio, utilizou-se a pasta de cimento, preparada e homogeneizada

à temperatura ambiente (80 F). A pasta foi então transferida para uma proveta até o nível de

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

37

250 ml e vedada com papel filme para evitar a evaporação. A proveta foi assentada em local

isento de vibrações.

Depois de 2h, o volume de água sobrenadante, desenvolvida na proveta, foi retirado com

auxílio de uma seringa e pesado em uma balança, analítica de resolução de 0,1g.

O resultado foi utilizado para calcular o teor de água livre, em percentual, de acordo com a

seguinte Equação 5, onde VAL é o volume da água sobrenadante.

AL% 100)(250

xpastaml

VAL (5)

3.2.12.4 Filtrado

Para a realização deste teste, as pastas formuladas foram preparadas e homogeneizadas. Em

seguida, a pasta foi colocada em uma célula do filtro-prensa Fann HPHT série 387, utilizando

a temperatura de circulação. Antes do fechamento da célula, foi colocada uma peneira utilizada

como filtro com abertura de 325 mesh, para filtrar a pasta que foi pressurizada a 1000 psi com

N2 durante 30 min. (ABNT 9831, 2006)

3.2.12.5 Espessamento

Após do processo de preparação, a pasta foi vertida em uma célula cilíndrica, onde também

foi colocado um conjunto eixo-palheta do consistômetro. Depois de fechada, a célula foi levada

ao consistômetro pressurizado, e colocada sobre a mesa rotativa dentro da câmara de pressão.

Depois da colocação do termopar e do completo preenchimento da câmara com óleo, iniciou-

se a pressurização e o aquecimento da pasta de acordo com o Schedule para cada pasta

otimizada e conforme as condições de teste pré-determinadas. Os testes foram realizados de

acordo com a norma ABNT:9831, 2006.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

38

3.2.13 Caracterização das formulações no estado endurecido

3.2.13.1 Estabilidade

Neste ensaio de estabilidade, a pasta foi preparada e homogeneizada à temperatura de

circulação, em seguida, condicionada dentro de um tubo decantador previamente engraxado.

Com um bastão de vidro, bateu-se levemente no interior do cilindro, de modo a eliminar as

bolhas de ar aprisionadas. Completou-se o volume até o topo do recipiente, enroscou-se a tampa

superior vazada e levou-se o cilindro para um banho termostático à temperatura estática. Esse

cilindro foi posicionado verticalmente mantendo-se a cura por 24 horas. O aquecimento foi

desligado 1:45 h antes de completar 24 h, em seguida, resfriado em água corrente.

Logo após o resfriamento, desenroscou-se a tampa superior do cilindro, eliminando-se

os fluidos existentes no topo do cilindro por meio de papel absorvente; com auxílio de uma

seringa, injetou-se um determinado volume de água até completar o volume total do cilindro,

converteu-se esse volume em comprimento, expresso em milímetro, denominando-se

“Rebaixamento do Topo”, pela multiplicação do volume medido em centímetro cúbico por

2,037. Com auxílio de um martelo de borracha, foi realizada a retirada do cilindro endurecido

de pasta curada. A amostra foi lavada em água corrente, deixada imersa em água na temperatura

ambiente por 30 min. Procedeu-se, então, o corte do cilindro em 4 partes iguais, identificando

as seções da seguinte maneira: topo (I), intermediárias (II e III) e fundo (IV).

Cada seção foi presa a um suporte com garra, garantindo maior estabilidade e precisão

na leitura. Depois, cada seção foi imersa em água em um béquer. Registrou-se o peso da seção

como “Peso da Seção na Água”. Em seguida, cada seção foi rebaixada e apoiada no fundo do

béquer, de modo que o fio não ficasse tensionado, registrando-se o peso indicado como “Peso

da Seção no Ar”. Os cálculos dos pesos específicos em lb/gal de cada seção foram determinados

por meio da Equação 6:

𝜌 = (𝜌𝐴𝑅|𝜌Á𝐺𝑈𝐴) 𝑋 8,3454 (6)

Em que:

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

39

ρ = peso específico da seção (lb/gal);

AR ρ = peso da seção no ar; e

ÁGUA ρ = peso da seção na água.

3.2.13.2 Resistência à compressão

Este ensaio é realizado preparando-se as pastas conforme a preparação da mistura citado no

item 3.2.6.1, vertendo-as em moldes plásticos de forma cúbica de 50 mm de aresta. As amostras

foram curadas à pressão atmosférica e temperatura estática em um Banho Termostático Modelo

Nova Ética 500/3DE, que possui dimensões adequadas à imersão completa dos moldes e

também um sistema de circulação realizado por um agitador. As curas foram realizadas nos

tempos de 1, 7 e 14 dias de imersão, ao fim das quais os moldes são removidos do banho e

desmoldados. Depois de enxutos com papel absorvente, os corpos de prova têm suas dimensões

medidas com um paquímetro para avaliar possíveis rebaixamentos e encaminhados,

imediatamente, para o ensaio de resistência à compressão axial. A ruptura dos mesmos é

realizada em uma Máquina Universal de Ensaios Shimadzu Autograph Modelo AG-I,

controlada pelo programa TRAPEZIUM 2.

3.2.13.3 Módulo de elasticidade dinâmico

Para realizar este teste a pasta foi preparada e homogeneizada e em seguida vertendo em

um corpo cilíndrico de aço com diâmetro de 50 mm e altura de 100 mm. As amostras foram

curadas à pressão atmosférica e temperatura estática em um Banho Termostático Modelo Nova

Ética 500/3DE, que possui dimensões adequadas à imersão completa dos moldes e também um

sistema de circulação realizado por um agitador. As curas foram realizadas nos tempos de 1, 7

e 14 dias de imersão, ao fim das quais os moldes são removidos do banho e desmoldados.

Depois de enxutos com papel absorvente, os corpos de prova têm suas dimensões medidas com

um paquímetro. O equipamento de ultra-som determina o módulo de elasticidade dinâmico

através da propagação de ondas longitudinais, obtidas por pulsos ultra-sônico utilizando gel

(meio condutor) entre as faces dos transdutores e as superfícies do corpo-de-prova, a fim de

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

40

permitir o contato continuo. O cálculo do módulo de elasticidade é realizado a partir da Equação

7 seguindo a norma da ABNT 15630,2008.

𝐸𝑑 = 𝑉² ∗ 𝜌(1+𝜇)(1−2𝜇)

1−𝜇 (7)

Em que:

Ed – é o módulo de elasticidade;

V – é a velocidade de propagação da onda (mm/µs);

ρ – é a densidade da massa aparente do corpo de prova (Kg/m³); e

µ - é o coeficiente de Poisson 0,2.

3.2.13.4 Tração por compressão diametral

Para realizar este teste a pasta foi preparada e homogeneizada e em seguida vertendo em

um corpo cilíndrico de aço com diâmetro de 50 mm e altura de 100 mm. As amostras foram

curadas à pressão atmosférica e temperatura estática em um Banho Termostático Modelo Nova

Ética 500/3DE, que possui dimensões adequadas à imersão completa dos moldes e também um

sistema de circulação realizado por um agitador. As curas foram realizadas nos tempos de 1, 7

e 14 dias de imersão, ao fim das quais os moldes são removidos do banho e desmoldados.

Depois de enxutos com papel absorvente, os corpos de prova têm suas dimensões medidas com

um paquímetro.

A ruptura dos corpos-de-prova foi realizada em uma Máquina Universal de Ensaios

Shimadzu Autograph Modelo AG-I, controla dapelo programa TRAPEZIUM 2. Os corpos-de-

prova foram colocados sobre o prato da máquina de ensaio. Foram colocadas inserções com

120 mm de comprimento e 10 mm de largura acima e abaixo dos corpos de prova, afim de

melhor distribuir as tensões nos corpos. Os pratos da máquina foram ajustados até que fosse

obtida uma ligeira compressão capaz de manter em posição o corpo de prova. Os ensaios

mecânicos de tração por compressão diametral foram realizados a temperatura ambiente.A

carga foi aplicada continuamente, com aumento constante a 2,795 kN/min até a ruptura do

corpo-de-prova. A distribuição das tensões principais no plano diametral mostra que para quase

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

41

toda a seção existe uma tensão constante de tração, normal ao plano da seção (ASTM D3967,

2008), ou seja:

σt =2F

πDL(1) (8)

Em que:

σt= resistência à tração por compressão diametral (MPa);

F = carga máxima obtida no ensaio;

D = diâmetro do corpo de prova; e

L = altura do corpo de prova.

3.2.13.5 Resistência à compressão método Ultra-Sônico – UCA

O método ultra-sônico UCA acompanhou o desenvolvimento da resistência à compressão

da pasta de cimento por 24 h. A medida da resistência é correlacionada, através de um algoritmo

interno, com o período de tempo que a onda ultra-sônica leva para atravessar a amostra sob cura

(tempo de trânsito). O método, além de ser não destrutivo, permite um acompanhamento

contínuo do desenvolvimento da resistência à compressão. O teste é realizado a temperatura

estática.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

CAPÍTULO 4

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

43

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 MATERIAIS DE PARTIDA

4.1.1 Análise granulométrica

4.1.1.1 Cimento Portland Especial

O gráfico apresentado na Figura 11 mostra o resultado da granulometria realizada no

cimento Portland Especial. Ele apresentou 10% das partículas com diâmetros inferiores a 2,13

µm, 50% das partículas com diâmetros inferiores a 21,06 µm e 90% das partículas com

diâmetros inferiores a 58,95 µm. Por meio do equipamento utilizado, foi determinado que o

diâmetro médio das partículas do cimento é de 27,02 µm.

Figura 11 Distribuição granulométrica do cimento especial Portland.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

44

4.1.1.2 Diatomita

O gráfico apresentado na Figura 12 mostra o resultado da granulometria realizada na

diatomita. Ela apresentou 10% das partículas com diâmetros inferiores a 3,45 µm, 50% das

partículas com diâmetros inferiores a 16,99 µm e 90% das partículas com diâmetros inferiores

a 52,56 µm. Por meio do equipamento utilizado, foi determinado que o diâmetro médio das

partículas da diatomita é de 23.04 µm.

Figura 12 Distribuição granulométrica da diatomita.

4.1.1.3 Microssílica

O gráfico apresentado na Figura 13 mostra o resultado da granulometria realizada na

microssílica. Ela apresentou 10% das partículas com diâmetros inferiores a 21,48 µm, 50% das

partículas com diâmetros inferiores a 65,25 µm e 90% das partículas com diâmetros inferiores

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

45

a 163,69 µm. Por meio do equipamento utilizado, foi determinado que o diâmetro médio das

partículas da microssílica é de 84,85 µm.

Figura 13 Distribuição granulométrica da microssílica.

4.1.2 Densidade

A densidade dos materiais foi determinada através de um picnômetro à gás devido a sua

precisão durante as leituras. Os resultados das análises dos materiais estão descritos na Tabela

5.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

46

4.2 OTIMIZAÇÃO DAS FORMULAÇÕES

4.2.1 Peso específico

O peso específico foi fixado em 1,67 g/cm³ (14 lb/gl). A Figura 14 apresenta os valores da

densidade das formulações em escala laboratorial.

Figura 14 Peso específico das formulações desenvolvidas.

A pequena variação de densidade pode estar relacionada à quebra das lamelas da

vermiculita durante o preparo das pastas, onde a mesma é misturada a uma velocidade que varia

de 4 mil RPM a 12 mil RPM, diminuindo a área do grão da vermiculita e aumentando a

densidade. Mesmo assim a diferença da densidade especificada para a densidade real é

irrelevante.

14

14

1414,2

14,2

14,1

4 00 m 800 m 1200 m

Pes

o e

spec

ífic

o [

lb/g

al]

Identificação das formulações

Refêrencia Otimizada

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

47

4.2.2 Volume de água livre

O resultado do teor de água livre realizado a temperatura ambiente é importante para prever

o volume de mistura seca a ser preparada para posterior operação de bombeio no poço. O

resultado do teor de água livre realizado está representado na Tabela 15.

Tabela 15 Resultados do teor de água livre das formulações desenvolvidas.

Volume de água livre [ml]

Formulação Otimizada Padrão

400 m 0,0 0,0

800 m 0,0 0,0

1.200 m 0,0 0,0

FONTE: Autor

Conforme a norma API, o valor limite estipulado é de 3,5 ml (1,4%) de água livre. De

acordo com os resultados obtidos na Tabela 13, observa-se que o teor de água livre é zero.

A inexistência de água livre está relacionada ao poder de absorção das adições minerais

utilizadas na mistura seca. A vermiculita expandida, segundo DEER et. al (1996), pode absorver

água até 5 vezes o valor do seu peso. Já a diatomita possui alta porosidade e área superficial o

que promove a alta capacidade de absorção do material (FRANÇA e LUZ, 2002). A

microssílica apresenta elevada superfície específica absorvendo o excesso de água

proporcionando maior coesão da pasta no estado fresco. Na pasta padrão foi utilizada bentonita

como extendedor, uma argila que também possui a função de absorver água do sistema em

excesso.

4.2.3 Reologia

Devido as adições de cargas minerais, que absorvem o excesso de água presente no

sistema, contribuindo para diminuição da fluidez e consequentemente aumentando a

viscosidade plástica e o limite de escoamento. Outros fatores que contribuíram para o aumento

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

48

da viscosidade foi o aumento da concentração do controlador de filtrado, que viscosifica a pasta

e o aumento da temperatura, que acelera o processo de hidratação do cimento.

As pastas de cimento foram formuladas em diferentes temperaturas com o intuito de analisar

a influência da mesma. A Figura 15 apresenta os resultados do limite de escoamento à

temperatura ambiente e aquecida das pastas padrão e otimizadas.

Figura 15 Limite de escoamento a temperatura ambiente e aquecida.

O limite de escoamento, segundo MACHADO (2002), aumenta com o aumento das forças

de interação entre as partículas dispersas, consequentemente a tensão mínima necessária para

que a pasta entre em movimento aumenta. Sendo assim o aumento da temperatura, nas

formulações otimizadas aquecidas, faz com que acelere o processo de absorção da água do

sistema pelas adições minerais.

A Figura 16 apresenta os resultados de viscosidade plástica à temperatura ambiente e

aquecida. Segundo MACHADO (2002) viscosidade plástica é o atrito existente entre as

partículas do sistema que provoca a resistência ao escoamento.

11,5

5

15,7

7 18,2

2

10,2

2

16,0

2

16,9

1

13

,52

12,7

7

11,4

7

13,2

2

14

,05

14

,05

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

400 m 800 m 1 . 200 m

Lim

ite

de

esco

amen

to [

lbf/

100pé²

]

Identificação das formulações

Otimizada aquecida Otimizada ambiente Padrão aquecida Padrão ambiente

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

49

Figura 16 Viscosidade plástica a temperatura aquecida e ambiente.

A viscosidade plástica da pasta otimizada à temperatura ambiente aumentou

significativamente com o aumento do controlador de filtrado, do retardador e a redução do

dispersante. Percebe-se que com o acréscimo de temperatura a VP diminui consideravelmente

na pasta desenvolvida para profundidade de 1.200 metros, em relação ao teste realizado à

temperatura ambiente, pois a temperatura permite que a pasta se torne mais fluida inicialmente,

diminuindo o atrito entre as partículas dispersas no sistema.

4.2.4 - Filtrado

A Figura 17 apresenta o volume da perda de filtrado em função do aumento da temperatura.

De acordo com FREITAS (2008) as formulações desenvolvidas estão classificadas como pastas

com baixa perda de filtrado, estando às mesmas entre 30 e 40 mL/30min. Notando que, com o

aumento da temperatura foi necessário aumentar a concentração de controlador de filtrado e

diminuir a concentração de dispersante. Este fato ocorreu devido à pasta ter se tornado mais

fluida com o aumento da temperatura e relaxando o filtrado, sendo necessário realizar a

correção das dosagens no intuito de controlar a perda de fluido.

153,3

4

163,6

8

169,2

7

161,3

6

186,3

5

239,5

8

155,6

7

154,3

7

137,7

2

16

6,4

9

183,4

1

183,4

1

0

50

100

150

200

250

300

400 m 800 m 1 . 200 m

Vis

cosi

dad

e plá

stic

a [c

P]

Identificação das formulações

Otimizada aquecida Otimizada ambiente Padrão aquecida Padrão ambiente

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

50

Figura 17 Volume de filtrado das pastas desenvolvidas em função da temperatura

4.2.5 Espessamento

Observa-se na Figura 18 o aumento de aproximadamente 1 h do tempo de espessamento da

formulação otimizada com o aumento da temperatura (realizando um comparativo entre as três

pastas). O aumento do tempo de espessamento está relacionado ao aumento da concentração do

retardador e do controlador de filtrado. Apesar do controlador de filtrado viscosificar a pasta o

mesmo pode retardar a pega do cimento (FREITAS, 2008).

Figura 18 Tempo de espessamento e bombeabilidade.

31

39 40

37

36 37

84 95 103

Vo

lum

e de

filt

rado

[m

l/30m

in]

Temperatura [F]

Referência Otimizada

3:0

9 4:0

8

6:3

3

7:4

9

3:3

8 4:2

25:2

4 6:0

5

4:3

5 5:1

4

5:0

5 5:5

2

5 0 100

Tem

po

[h:m

in]

Unidade de Consistência [UC]

84 F 84 F(Padrão) 95 F 95 F (Padrão) 103 F 103 F (Padrão)

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

51

A diferença entre o tempo de 50 UC e 100 UC foi de aproximadamente 1h para todas

as formulações otimizadas, sendo esse valor, o tempo recomendado para a cimentação de poços

rasos. O tempo de espessamento obteve excelente resultado em relação à pasta padrão, notando-

se que a adição de cargas minerais diminuiu o tempo de espessamento, permitindo ficar entre 4

h e 5 h de teste, o que é recomendado pela indústria.

A Figura 19 apresenta o registro da consistência das pastas formuladas, em

porcentagem, em função do tempo total.

Figura 19 Consistência das pastas desenvolvidas

Percebe-se na Figura 19 que apenas a pasta com 84F atinge 50 UC em 75% do tempo total

do teste, as demais pastas otimizadas apresentam excelente bombeabilidade, atingindo 50 UC

após 75% do tempo total do teste de espessamento. O que colabora, em caso de uma operação

de cimentação, para o bombeio da pasta uma boa margem de segurança.

4.2.6 Estabilidade

O teste de estabilidade foi realizado para avaliar a segregação dos sólidos e determinar se o

graute formulado é aplicável como uma pasta cimentante. A Tabela 16 mostra os resultados das

pastas padrão e otimizada das formulações em estudo.

15 18 22

50

100

14 1

9 24 3

2

100

13 16

15

33

100

17

15 2

2 25

100

18

17

17 2

2

100

16

15

30 31

100

0% 25% 50% 75% 100%

Co

nsi

stên

cia

[UC

]

Porcentagem em relação ao tempo total

84 F 84 F (Padrão) 95 F 95 F Padrão 103 F 103 F Padrão

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52

Tabela 16 Estabilidade das pastas desenvolvidas

Peso específico [lb/gal]

Padrão Otimizada

Temperatura Rebaixamento Topo Fundo Δρ Rebaixamento Topo Fundo Δρ

102 F 0 14,63 14,7 0,07 0 14,57 14,74 0,17

125 F 0 14,57 14,68 0,11 0 14,52 14,54 0,02

147 F 0 14,5 14,55 0,05 0 14,46 14,62 0,16

Os resultados da Tabela 16 mostram que a pasta se manteve coesa, não havendo separação

da fração líquida da fração sólida. Evidenciando também o Δρ, onde todos os valores são

menores que 0,5, o que torna a formulação aplicável como pasta cimentante. Apesar do FAC

ser alto, a adição das cargas minerais absorvem o excesso de água, aumentando a viscosidade

da pasta e consequentemente aumentando a resistência de sedimentação do cimento (LIMA,

2008).

4.2.7 Resistência à compressão

De acordo com MELO (2009), parâmetros como temperatura, pressão, fator água cimento

(FAC), tempo de cura e aditivos exercem forte influência nas propriedades mecânicas de uma

pasta de cimento. Sendo o comportamento ideal é que a resistência à compressão e a tração por

compressão aumente com o tempo de cura e com o aumento da temperatura.

Observa-se no teste de resistência à compressão (RC) que, com o aumento da temperatura

a resistência das pastas otimizadas aumenta. Os resultados mostrando a evolução da resistência

estão descritos na Figura 20.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

53

Figura 20 Resistência à compressão das formulações desenvolvidas.

Com a adição das cargas minerais é notório o aumento da RC no tempo de cura 1 dia para

7 dias, este aumento está relacionado à produção de CSH adicional, proveniente da reação do

hidróxido de cálcio e da sílica amorfa presente na diatomita e na microssílica e o preenchimento

dos espaços vazios entre os grãos de cimento e da vermiculita (efeito fíler), contudo ouve um

pequeno acréscimo de resistência do tempo de cura de 7 dias para 14 dias.

O efeito físico acontece pelo reduzido tamanho das partículas, que se introduzem entre os

grãos de cimento e se alojam nos interstícios da pasta, reduzindo o espaço disponível para a

água, o que proporciona um refinamento da estrutura dos poros (VIEIRA, et al.)

4.2.8 Resistência a compressão método Ultra-Sônico – UCA

A Figura 21 apresenta o desenvolvimento contínuo da RC das formulações desenvolvidas

em um período de 24h, dando ênfase aos períodos de 8h e 24h e ao atingir 50 e 500 psi. Percebe-

se um grande ganho de RC com o aumento da temperatura nas formulações otimizadas.

762,9

0

2.2

61,1

4

2.4

61,2

9

725,5

8

1.8

14,6

4

1.9

82,5

6

1.0

76,1

8

2.0

85,6

4

2.1

39,3

1

868,1

7

1.7

30,2

9

2.1

98,0

2

1.3

69,1

6

2.1

34,9

6

1.9

43,5

1

838,6

7

1.6

28,7

6

1.8

68,3

2

1 7 14

Ten

são

(psi

)

Tempo de cura (dias)

102 F 102 F (Padrão) 125 F 125 F (Padrão) 147 F 147 F (Padrão)

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

54

Figura 21 Resistência à compressão, método ultra-sônico, ao atingir 8h e 24h.

Percebe-se que a temperatura possui grande influência nas propriedades mecânicas das

pastas otimizadas, evidenciando o aumento de RC em relação a pasta padrão no período de 24

h e na diminuição do tempo para a pasta adquirir 500 psi.

Figura 22 Resistência à compressão, método ultra-sônico, ao atingir 50 psi e 500 psi.

A diferença existente entre as formulações otimizadas e a formulação padrão para todas as

temperaturas ao atingir 500 Psi, apresentada na Figura 22, está relacionado à alta concentração

235

834

350

1.2

69

316

82

7

377

1.6

02

364

854

8 h 24h

Pre

são

(psi

)

102 F 125 F 125 F (Padrão) 147 F 147 F (Padrão)

05:3

6

13:0

0

04:4

7

10:0

0

04:2

3

12:1

2

05:1

8

09:1

0

03:4

3

11:0

0

5 0 ( ps i) 500 ( ps i)

Tem

po

[h:m

in]

102 F 125 F 125 F (Padrão) 147 F 147 F (Padrão)

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

55

de acelerador nas formulações padrão, onde o mesmo aumenta a resistência inicial da pasta,

contudo não interfere na resistência final.

4.2.9 Tração por compressão diametral

O teste de tração por compressão diametral é um ensaio destrutivo que, possui a finalidade

de determinar a resistência à tração do material utilizando a aplicação de uma tensão externa de

compressão. A Figura 23 apresenta os resultados obtidos durante o teste de resistência à tração.

Figura 23 Resistência à tração por compressão diametral

É notório o aumento da resistência à tração no primeiro dia de cura com o aumento da

temperatura, das pastas otimizadas, apesar da diminuição de resistência no tempo de cura com

14 dias referente às temperaturas 102 F e 125 F para as pastas otimizadas, essa diminuição está

dentro da margem de erro. Sabendo-se que o comportamento ideal, citado anteriormente, é o

aumento da resistência com o aumento do tempo de cura e da temperatura.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

1 7 14

Ten

são

[psi

]

Tempo de cura [dias]

102 F 102 F (Padrão) 125 F 125 F (Padrão) 147 F 147 F (Padrão)

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56

CAPÍTULO 5

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

57

5. CONCLUSÕES

A partir dos resultados dos testes laboratoriais ficou comprovada a possibilidade de

empregar a técnica de pré-mistura seca, em campo, pois, a mesma apresentou comportamento

satisfatório em relação à pasta de referência. Essa técnica poderá reduzir tempo de preparo das

pastas, colaborando para a redução de custos e do consumo de cimento, devido a adição de

cargas minerais.

Desta forma, pode-se concluir que a presença de cargas minerais por absorver o excesso

de água presente na pasta, aumenta o limite de escoamento, e diminui a viscosidade plástica,

sendo necessário rever os valores de cargas minerais adicionadas, visando diminuir a

viscosidade. Observando-se que os parâmetros reológicos foram fortemente influenciados pelo

aumento da temperatura

Devido ao rápido processo absorção do excesso de água pelas cargas minerais, aumentou-

se o atrito entre as partículas influenciando nitidamente a viscosidade e consequentemente

impedindo a separação da fração líquida da fração sólida e dificultando a sedimentação das

partículas.

Quanto às propriedades mecânicas ouve um ótimo acréscimo de resistência, com o

aumento da temperatura, comparando a formulação otimizada com a de referência. Reforçando

o embasamento teórico onde é citada que a adição de diatomita e a microssílica ao cimento

aumenta a resistência à compressão do cimento devido a seus efeitos físicos e químicos.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PPGCEP

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