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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE
ALAINE SINARA RIBEIRO BEZERRA
O PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR: RECONTEXTUALIZANDO A PRÁTICA
PEDAGÓGICA INOVADORA
NATAL-RN
2017
ALAINE SINARA RIBEIRO BEZERRA
O PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR: RECONTEXTUALIZANDO A PRÁTICA
PEDAGÓGICA INOVADORA
Dissertação apresentada como parte dos requisitos
para a obtenção do grau de Mestre em Educação pelo
Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro
de Educação da Universidade Federal do Rio grande
do Norte.
Orientadora: Profa. Dra. Betania Leite Ramalho
NATAL/RN
2017
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Bezerra, Alaine Sinara Ribeiro.
O Programa Ensino Médio Inovador: recontextualizando a prática
pedagógica inovadora / Alaine Sinara Ribeiro Bezerra. - Natal, 2017.
161f. : il.
Orientadora: Profa. Dra. Betania Leite Ramalho.
Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Centro de Educação. Programa de Pós-graduação em Educação.
1. Ensino Médio – Dissertação. 2. Programa Ensino Médio Inovador -
Dissertação. 3. Inovação Pedagógica – Dissertação. I. Ramalho, Betania Leite.
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título
RN/BS/CCSA CDU 373.5
ALAINE SINARA RIBEIRO BEZERRA
O PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR: RECONTEXTUALIZANDO A PRÁTICA
PEDAGÓGICA INOVADORA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação
em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, para a obtenção do título de Mestre em Educação.
__________________________________________________________________
Profa. Dra. Betania Leite Ramalho - Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Isauro Beltran Nunez – Examinador Interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Aliete Cavalcante Bormann - Examinador Externo
Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy (IFESP)
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Adir Luiz Ferreira – Suplente Interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Adriana Valéria Santos Diniz – Suplente Externo
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus pelas oportunidades e caminhos que me abre dia após
dia, pela realização de mais um sonho e por sempre me guardar como a menina dos teus olhos.
Aos meus pais, não apenas pelo incentivo que me dão para continuação dos meus
estudos, mas por serem fontes de insipiração e exemplos que procuro como muito orgulho
seguir. Agradeço aos meus irmãos, amigos e todos os familiares por todo companherismo, com
vocês sei que não caminho sozinha.
Um especial obrigado à orientadora desta pesquisa, Professora Doutora Betania Leite
Ramalho, não só pela oportunidade de desenvolver este trabalho, mas por acreditar na
relevância do mesmo, e principalmente, pelas valiosas contribuições. Obrigada pelos
ensinamentos dentro e fora da sala de aula, és uma referência profissional e um belo exemplo
de ser humano que busca incansavelmente o conhecimento.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, através do Programa de Pós-
Graduação em Educação, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram essa
enriquecedora experiência que me fez e faz vislumbrar um horizonte superior. Voltarei!
Aos amigos do Grupo de Pesquisa, por dividirem comigo as alegrias e angústias da Pós-
Graduação.
A equipe do Instituto Metrópole Digital- IMD, que mesmo em tão pouco tempo
tornaram-se exemplos de profissionais que desempenham com afinco suas atribuições em prol
da melhoria contínua da educação pública.
À equipe da Escola Estadual Vale do Pitimbu, por toda ajuda e por entender minha
ausência quando necessário.
À Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte pelas
informações e disponibilizações dos dados. Por fim, a todos os professores sujeitos desta
pesquisa, por colaborarem e terem aceitado participar da pesquisa contribuindo muito na
realização do estudo.
RESUMO
O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, apresenta sérias incoerências decorrentes da
sua identidade vacilante. Políticas veem sendo implementadas a fim de responder às exigências
postas pela sociedade do Século XXI, possibilitando aos alunos ter acesso a um conjunto de
conhecimentos para conecta-los ao mundo globalizado e tecnológico. Nesse contexto surge o
Programa do Ensino Médio Inovador (ProEMI), criado pelo Ministério da Educação (MEC) em
2009 com o objetivo de ofertar outro tipo de formação aos estudantes, mais focada na resolução
de problemas, distanciando-se do currículo vigente que valoriza demasiadamente o conteúdo e
a memorização. O ProEMI é pautado por um currículo organizado a partir de quatro dimensões
integradoras: trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Esse programa tem exigido uma nova
postura do professor na sua atuação da escola tornando a inovação como elemento principal do
Programa. O ato de inovar exige que o professor e demais profissionais da educação reflitam e
adquiram uma ressignificação de concepções e de práticas pedagógicas. A inserção da inovação
no contexto escolar tem como objetivo promover mudanças no processo de ensino e
aprendizagem: é uma ação constituída de desafios e dificuldades. O presente estudo tem como
objetivo caracterizar e analisar as práticas pedagógicas inovadoras dos docentes no âmbito do
ProEMI. A fundamentação teórica e epistemológica foi respaldada na compreensão de que o
professor como profissional do processo de ensino aprendizagem deve ser capaz de refletir
sobre a sua prática e direcioná-la segundo a realidade em que atua, como afirmam Candau
(1997), Hernandez (2000), Carbonell (2002), Pozo (2002), Fullan (2007) Perrenoud (2002),
Ramalho, Nunez e Galthier (2004) entre outros. Trata-se de uma pesquisa exploratória e
descritiva baseadas nas abordagens qualitativa e quantitativa, tendo como foco identificar a
representação que tem os professores sobre a inovação pedagógica e prática inovadora. Para
isso, 33 professores participaram da pesquisa, respondendo a um questionário composto por
questões abertas e fechadas. Conjugamos a Técnica da Análise de conteúdo (Bardin 2011) para
conhecer as representações em pauta e a Análise descritiva para dados quantitativos. Constata-
se que os professores afirmam poder inovar a prática pedagógica por meio de novos
conhecimentos, interesse e atividades de formação. O estudo revela existir um saber inovador,
a ser incorporado na base dos conhecimentos profissionais, um desafio a ser reconhecido pelos
processos formativos inicial e continuado. O estudo destaca também a responsabilidade que
deve ter as equipes pedagógicas em relação a condução nas concepções teóricas, metodológicas
e técnicas não apenas dos professores, mas de todos os responsáveis pela implementação do
Programa. Algumas recomendações são postas para o conjunto das escolas ProEMI.
Palavras-chave: Ensino Médio. Programa Ensino Médio Inovador. Inovação Pedagógica
ABSTRACT
The Secondary School, the final stage of Basic Education, presents serious inconsistencies due
to its hesitant identity. Policies are being implemented in order to respond to the demands of
society in the 21st Century, enabling students to have access to a set of knowledge to connect
them to the globalized and technological world. In this context, the Inovador High School
Program (ProEMI) was created by the Ministry of Education (MEC) in 2009 with the objective
of offering another type of training to students, more focused on solving problems, distancing
itself from the current curriculum that values Content and memorization. The ProEMI is based
on a curriculum organized from four integrating dimensions: work, science, technology and
culture. This program has required a new posture of the teacher in his / her school performance
making innovation as the main element of the Program. The act of innovating requires that the
teacher and other education professionals reflect and acquire a re-signification of pedagogical
conceptions and practices. The insertion of innovation in the school context aims to promote
changes in the teaching and learning process: it is an action constituted of challenges and
difficulties. The present study aims to characterize and analyze the innovative pedagogical
practices of teachers within ProEMI. The theoretical and epistemological foundation was
supported by the understanding that the teacher as a professional in the learning process should
be able to reflect on their practice and direct it according to the reality in which it operates, as
stated by Candau (1997), Hernandez (2000) ), Carbonell (2002), Pozo (2002), Fullan (2007)
Perrenoud (2002), Ramalho, Nunez and Galthier (2004) among others. It is an exploratory and
descriptive research based on qualitative and quantitative approaches, with the aim of
identifying the representation that teachers have about pedagogical innovation and innovative
practice. For this, 33 teachers participated in the research, responding to a questionnaire
composed of open and closed questions. We conjugate the Content Analysis Technique (Bardin
2011) to know the representations on the agenda and the Descriptive Analysis for quantitative
data. It is observed that the teachers affirm to be able to innovate the pedagogical practice
through new knowledge, interest and training activities. The study reveals an innovative
knowledge to be incorporated in the base of professional knowledge, a challenge to be
recognized by the initial and ongoing training processes. The study reveals an innovative
knowledge to be incorporated in the base of professional knowledge, a challenge to be
recognized by the initial and ongoing training processes. The study also emphasizes the
responsibility that the pedagogical teams should have in relation to the theoretical,
methodological and technical conceptions not only of the teachers, but also of all those
responsible for the implementation of the Program. Some recommendations are made for all
ProEMI schools.
Keywords: High School. Innovative High School Program. Pedagogical Innovation
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Mapa do Rio Grande do Norte com os municípios onde estão as escolas que
aderiram ao ProEMI 61
Figura 2 Palavras mais citadas pelos professores para representar a inovação pedagógica 120
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Onde estavam os jovens de 15 a 17 anos no Brasil em 2013 38
Gráfico 2 Número de matrícula no Ensino Médio no Brasil entre 2010 e 2015 48
Gráfico 3 Escolas do Ensino Médio por dependência administrativa no Brasil em 2015 49
Gráfico 4 Representação dos professores segundo gênero e faixa etária 108
Gráfico 5 Formação acadêmica dos 33 professores ProEMI 110
Gráfico 6 Instituição de forma e modalidade do curso dos 33 professores ProEMI 112
Gráfico 7 Classificação das escolas em que os 33 professores ProEMI trabalham 123
Gráfico 8 Mudanças nas escolas após a implemetação do ProEMI 126
Gráfico 9 Opiniões dos professores sobre as exigências que a prática pedagógica inovadora
faz aos professores ProEMI 128
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 IDEB dos estados brasileiros em 2016 36
Tabela 2 Escolas da rede pública que ofereceu recursos pedagógicos no Brasil em 2014 45
Tabela 3 Matriculas no Ensino Médio e população residente de 15 a 17 anos no Brasil de
2012 a 2015 47
Tabela 4 Número de matrículas nas escolas do Ensino Médio no RN de 2013 a 2015 50
Tabela 5 Divisão por dependência administrativa de matrículas do Ensino Médio no RN em
2015 51
Tabela 6 Número de escolas que receberam recursos, alunos beneficiados pelo ProEMI e
valores repassados as escolas no Brasil de 2009 a 2014 60
Tabela 7 Taxas de desenvolvimento das escolas de Natal locus da pesquisa em 2015 99
Tabela 8 Distribuição dos professores ProEMI segundo a escola que leciona 107
Tabela 9 Estado civil dos 33 professores ProEMI 109
Tabela 10 Formação em nível de pós graduação dos 33 professores ProEMI 113
Tabela 11 Quantidade de professores segundo anos de experiência nas escolas em 2016 114
Tabela 12 Participação dos 33 professores em formação sobre o ProEMI 115
Tabela 13 Conhecimento das orientações sobre o ProEMI 117
Tabela 14 Motivação dos professores para inovar sua prática pedagógica 121
Tabela 15 Sugestões dadas pelos professores ProEMI para que a inovação se instale 135
LISTAS DE QUADROS
Quadro 1 Escolas que aderiram ao ProEMI no RN de 2009 a 2016. 62
Quadro 2 Definição das atividades nos macrocampos do ProEMI. 68
Quadro 3 Plano de questionário 101
LISTA DE SIGLAS
ANFOPE Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação
ANPED Associação Nacional de pós Graduação e pesquisa em Educação
BNCC Base Nacional Comum Curricular
CE Centro de Educação
CIC Campo de Integração Curricular
CNE Conselho Nacional de Educação
CONSED Conselho Nacional de Secretários de Educação
DCN Diretrizes Curriculares Nacionais
DCNEM Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
ENEM Exame Nacional do Ensino Médio
IDEB Indice de Desenvolvimento da Educação Básica
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDB Lei de Direstrizes e Bases
MEC Ministério da Educação e Cultura
PNE Plano Nacional de Educação
PRC Projeto de Redesenho Curricular
PROEMI Programa Ensino Médio Inovador
SEEC Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte
TCU Tribunal de Contas da União
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UNESCO Organização das Nações Unida para Educação Ciência e Cultura
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 14
1.1 A Problemática e o problema 15
1.2 Pressupostos Teóricos 19
1.3 Objetivos 22
1.4 Situando alguns estudos de referência 22
1.5 Estrutura do trabalho 25
2.ENSINO MÉDIO NO BRASIL E NO RN 27
2.1 O Ensino Médio em seu contexto histórico e na contemporaneidade 27
2.2 Estagnação na Aprendizagem: o que revela o IDEB 34
2.3 Conhecimentos curriculares no Ensino Médio: enciclopedismo e inflexibilidade 40
2.4 Cenário de deficiências: baixo atendimento e elevado desperdício 46
2.5 O novo Ensino Médio: estrutura e funcionamento 53
3.O PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR (PROEMI) 56
3.1 Apresentação e competências do ProEMI 56
3.2 O PROEMI no âmbito da SEEC/RN 61
3.3 Dos macrocampos a Campos de Integração Curricular: Campos de Ações e estrutura
do Programa 64
3.4 Inovação Pedagógica: instrumento para uma educação de qualidade 69
3.4.1 Desafios para a Inovação Pedagógica 74
3.4.2 Tipologia e natureza da Inovação Pedagogica 78
3.4.3 A inovação pedagógica ante as exigências de qualidade 82
3.5 O Professor Inovador: desafios para a formação inicial e ao longo da carreira 88
4. METODOLOGIA 97
4.1 Lócus da pesquisa 98
4.2 O instrumento de coleta de dados 100
4.3 Organização, tratamento e análise dos dados 104
5 RESULTADOS E ANÁLISES 107
5.1 Caracterização do perfil socio demográfico e profissional dos professores 108
5.2 Participação e conhecimento dos professores na implementação do ProEMI 115
5.3 A visão dos professores ProEMI sobre a Inovação Pedagogica 118
5.4 Mudanças e exigências advindas do ProEMI 125
5.5 Compreensão dos professores sobre a Prática Pedagógica Inovadora 131
5.6 Sugestoes e opiniões dos professores ProEMI 134
6 CONCLUSÕES 140
7 REFERÊNCIAS 148
8 APENDICE 156
14
1- INTRODUÇÃO
O interesse pelo tema surgiu durante percurso como graduanda no curso de Pedagogia
na Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN, a partir dos estudos desenvolvidos
como bolsista de Iniciação Científica, junto à linha de Pesquisa “Formação e Profissionalização
Docente”. Atualmente a mesma é chamada “Educação, Formação e Profissionalização
Docente” e está situada no Centro de Educação (CE). No referido grupo, vinculei-me ao projeto:
“ENSINO MÉDIO INOVADOR E NECESSIDADES FORMATIVAS DO
PROFESSORADO: a experiência da SEEC/RN”. Este projeto foi desenvolvido pelos
professores Drª. Betania Leite Ramalho e Dr. Isauro Beltrán Núñez, onde o principal objetivo
era identificar, caracterizar e avaliar o que o Programa Ensino Médio Inovador exige para à
atividade profissional docente do professor e, consequentemente, para a formação continuada
A inserção no projeto e as experiências compartilhadas nos fez considerar a inovação
como uma oportunidade para ressignificar o papel da escola. O processo de inovação procura
induzir mudanças importantes nas escolas do Ensino Médio, fato que exige a reconfiguração de
uma nova identidade profissional dos professores.
A aproximação com as investigações que eram desenvolvidas como bolsista de iniciação
científica, permitiu além de um contato maior com professores, despertar-me para participações
em congressos e importantes eventos, e principalmente, um interesse e entusiasmo pela
pesquisa.
Há 4 anos como professora efetiva da Rede Estadual de Educação percebo que a
inovação precisa pular os muros da escola e adentra-la, para tornar-se presença constante no
âmbito escolar. A ruptura com o que se considera tradicional na educação escolar, causa não só
estranhamentos como desafios para superar as antigas formas de agir e pensar no ambiente do
trabalho docente. Nesse cenário de múltiplas exigências estão as escolas e os professores
desafiados a promover mudanças significativas na qualidade da educação que é entregue aos
jovens do século XXI. É aqui que me insiro, mesmo não fazendo parte do quadro de professores
do Ensino Médio, mas como professora do Ensino Fundamental I. Tenho interesse em estudar
a última etapa da educação básica por reconhecer sua complexidade, e mais ainda, por acreditar
que mudanças e melhores resultados implicam em todas as etapas da educação básica, de
maneira sistêmica.
Em fevereiro de 2016, conclui no Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia
do Rio Grande do Norte- IFRN um curso de especialização em "Língua Portuguesa e
Matemática numa abordagem transdisciplinar. Esse curso teve como principal
15
objetivo capacitar docentes de Língua Portuguesa e Matemática ou graduados em Pedagogia,
para que possam compreender os princípios teóricos que fundamentam a elaboração do material
didático numa perspectiva transdisciplinar. Essa especialização me aproximou ainda mais do
tema desta pesquisa pois a transdisciplinaridade configura-se como uma opção importante, seja
para superar a tão criticada fragmentação do conhecimento, seja para imprimir ao ensino um
caráter de orientação geral, articulado e contextualizado. (FRANCO e NOVAES, 2001, p. 3).
O presente estudo analisa o Programa Ensino Médio Inovador- ProEMI, sua proposta,
objetivos e a repercussão no coletivo de professores que nele estão inseridos, visto que toda
mudança na educação passa pelo professor.
Trabalhos dessa natureza justifica-se pela importância para orientar planos de ação para
a formação continuada de professores do Ensino Médio. Na medida em que se conhece e
reconhece quais são os desafios dos professores estabelece-se prioridades com a perspectiva de
propagar práticas inovadoras e sinalizar para melhorias do Programa Ensino Médio Inovador
no estado do Rio Grande do Norte e em todo país.
1.1 A Problemática e o problema
O ambiente escolar está inserido em um mundo caracterizado por constantes, densas e
profundas mudanças tecnológicas e científicas, identificado como sociedade do conhecimento.
O acesso à informação e ao conhecimento assumem-se como indispensáveis para o
desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade neste século XXI. A educação, portanto, tem
sido desafiada a conviver com novos paradigmas e vem tendo dificuldades para acompanhar a
velocidade dessas transformações e avanços.
Os educadores se veem também desafiados diante de um processo educacional em que
o modelo que assumiam como “verdade” já não os coloca como os detentores do monopólio do
saber. Ganha força um modelo em que se prioriza e incentiva uma ação mais proativa por parte
dos alunos face os conhecimentos curriculares e para além da sala de aula. Essas mudanças
exigem que o professor e todos os profissionais da educação reflitam e adquiram uma
ressignificação a respeito de concepções e das práticas em sala de aula com o intuito de faze-
las reconhecer as demandas de um contexto social emergente que estabelece novas culturas,
diferentes conceitos, novas ideias e ideais.
A inserção da inovação no contexto escolar que tem como objetivo promover mudanças
no processo de ensino e aprendizagem é uma ação constituída de desafios e dificuldades. A
cultura escolar e a cultura docente são partes fundamentais para se compreender o procedimento
de instauração, implantação e desenvolvimento de projetos ou propostas educacionais de
16
natureza inovadora. As transformações que o mundo sofre traz consigo grandes alterações nos
modos e padrões de identidade e, consequentemente, na forma de viver e conviver. É primordial
que a linguagem e a vivência produzidas pelas mudanças não sejam excluídas pela escola.
Dessa maneira, busca-se um novo profissional e um novo cidadão capaz de absorver as
linguagens e formas de como construir conhecimento e produzir bens e serviços para atender
às exigências da sociedade do século XXI.
O Ensino Médio, última etapa da educação básica vem buscando um significado em sua
identidade para que possa estar de acordo com as exigências da sociedade e que seja coerente
com as respectivas. O Ministério da Educação e Cultura - MEC com a finalidade de garantir a
desafiadora meta que se volta para o acesso e a permanência à educação de qualidade aos jovens
do Ensino Médio, tem procurado alternativas, por meio de programas que atendam, de maneira
efetiva, esse público.
Muito questionado, o Ensino Médio acumula problemas de várias ordens: alto índice de
evasão e abandono, distorção idade série, estrutura curricular enciclopédica, baixo índice de
aprendizagem e uma identidade marcada por indefinições e contradições. O Ensino Médio, em
sua história, voltou-se para preparar uma elite com um nível de escolaridade seleto cuja
finalidade era atender esse contingente privilegiado para o ensino superior.
Há anos o Ensino Médio vem sendo discutido por especialistas da área da educação1
além de importantes organismos internacionais, como UNESCO, Fundo das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco Mundial. No âmbito do Ministério da Educação,
com certa representatividade de educadores de todo o País, discute-se um novo currículo para
superar o que encontra-se em curso, considerado descontextualizado e baseado no acúmulo de
muitas disciplinas, o que lhe confere um caráter enciclopédico. Além de apresentar dados que
revelam sua baixa atratividade e elevada taxa de improdutividade (evasão, repetência,
reprovação) o número excessivo de disciplinas (grade curricular) são pouco motivadoras para
a diversidade de perfis de alunos do Ensino Médio na atualidade.
No decurso de sua história o Ensino Médio, tem sido recorrentemente identificado como
um espaço formativo indefinido, não tendo sido possível ampliar sua estrutura curricular para
oportunizar diferente itinerários educacionais para seus alunos.
1 (ONGs, OCIPs, Empresas de consultorias, Universidades, Conselhos de Secretários de
Educação dos Estados -CONSED, Associações Profissionais como a ANPED- Associação
Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação, ANFOPE- Associação Nacional pela
Formação dos Profissionais da Educação, etc),
17
Os estudos realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP, 2014) revelaram que os estudantes entre 15 a 17 anos, ainda buscam o
Ensino Médio como forma de estarem mais preparados para o mundo do trabalho, porém essa
etapa escolar não vem sendo atrativa para eles. Os indicadores do INEP (2014) apontaram que
na primeira série do Ensino Médio, 17% de jovens matriculados são reprovados, enquanto 9,5%
abandonam os estudos antes de concluí-los. Há ainda um grande número de estudantes que
permanecem fora da escola ou estão em distorção idade/série. O quadro do precário
atendimento revela-se como um dos grandes desafios da educação brasileira numa etapa final
da educação básica.
As novas tecnologias e as mudanças promovidas pela tecnologia da informação, passam
a compor um novo cenário na sociedade em geral e na escola em particular, exigindo que ela
possibilite aos alunos integrarem-se as novas dimensões do conhecimento que circula
amplamente, trazendo desdobramentos para a formação do jovem e da sua cidadania. Esse
cenário de mudança exigirá tanto dos professores como da escola uma nova postura.
Dentre os Programas que o MEC lançou, em razão dos desafios que perduram no Ensino
Médio, um deles foi o Programa Ensino Médio Inovador (PROEMI, 2009), criado com a
finalidade de implementar importantes modificações na estrutura curricular. A proposta é
oferecer um outro tipo de formação, com foco na resolução de problemas, na interação de
saberes e no desenvolvimento de conhecimentos e habilidades básicos da educação. Nessa
perspectiva é evidenciado os saberes necessários ao mundo do trabalho, ao exercício da
cidadania, afastando-se do modulo vigente que valoriza, demasiadamente, o conteúdo amplo e
a falta de sentido desses conhecimentos para os estudantes.
O trabalho intitulado, “Os macrocampos do programa ensino médio inovador no Rio
Grande do Norte: um olhar na visão dos professores”, apresentado como meu Trabalho de
Conclusão de Curso em Pedagogia - Licenciatura Plena, na UFRN, me possibilitou uma
aproximação com o ProEMI no RN. O estudo buscou revelar a opinião dos professores sobre o
impacto do Programa na escola como espaço de inovação e criatividade. Neste trabalho
identificamos os macrocampos2 preferidos dos professores. Identificamos, na opinião dos
professores, quais eram os macrocampos preferidos pelos estudantes para participar das
2Campo de ação pedagógico-curricular no qual se desenvolvem atividades interativas,
integradas e integradoras dos conhecimentos e saberes, dos tempos, dos espaços e dos
sujeitos envolvidos com a ação educacional. Atualmente é chamado de Campos de
Integração Curricular.
18
atividades curriculares. Caracterizamos os fatores que facilitavam e que dificultavam as práticas
pedagógicas dos professores.
No trabalho monográfico, quando questionou-se aos professores sobre os aspectos que
facilitam suas práticas pedagógicas, o fator mais mencionado recai sobre a formação que eles
recebiam antes de darem início às atividades em sua respectiva escola. Quando solicitado qual
aspecto dificulta sua prática, fica revelado que a ausência da formação era um fator muito
destacado.
As análises das informações prestadas pelos docentes objeto do estudo, revelam que a
formação dos professores foi apontada como condição para o sucesso do Programa Ensino
Médio Inovador e que fatores institucionais e políticos não são suficientes para as ações
recomendadas se transformarem em um resultado positivo.
As políticas públicas educacionais além de se concentrarem na qualidade dos serviços
oferecidos, devem ter suas prioridades também voltadas para os aspectos relacionados à
permanência e/ou sucesso do aluno na escola, bem como na prática dos professores. Durante o
estudo monográfico, muitas reflexões e observações aconteceram, explicaram fatos e deram
retorno face aos problemas postulados. Porém, foram respostas acompanhadas de um repertório
de novas perguntas que apontavam para outras jornadas investigativas, tal como: que
conhecimentos precisam adquirir os professores para mudarem sua prática a fim de torna-la
uma prática inovadora que busque melhorar o desenvolvimento dos alunos?
A problemática da nossa pesquisa situa-se nas implicações que as práticas pedagógicas
inovadoras exercem no exercício da docência dos professores participantes do Programa Ensino
Médio Inovador. A presente dissertação dá continuidade ao trabalho monográfico e volta-se
para conhecer como a inovação se insere na prática do professor da escola que aderiu ao
ProEMI. Quais as concepções de inovação que tem os professores e sua manifestação no ensino
e aprendizagem?
Para atender ao que se propõe a pesquisa, definiu-se abaixo, as questões de estudo que
nortearam esse trabalho:
Que perfil sócio, demográfico e profissional tem os professores participantes da
pesquisa?
Qual o nível de participação e conhecimento dos professores nas discussões sobre o
ProEMI na escola em que trabalham?
Qual a opinião dos professores sobre inovação pedagógica?
O que opinam os professores sobre as mudanças e exigências que ocorreram nas escolas
e na prática do professor após a implementação do ProEMI?
19
Quais as principais atividades inovadoras que os professores realizam nas escolas?
Qual a opinião dos professores participantes desta pesquisa sobre o ProEMI em seu
contexto geral?
1.2 Pressupostos Teóricos
As mudanças e transformações que a sociedade do século XXI vem passando exige uma
reflexão crítica sobre as práticas pedagógicas educacionais dos professores e sobre os padrões
que as norteia. Nesse sentido a formação docente continuada é um requisito indispensável para
criar alternativas de aperfeiçoamento de novos conhecimentos, saberes e maneiras de agir nas
diferentes possibilidades e situações do ensino e da aprendizagem.
Pesquisadores como CANDAU, 1997, PERRENOUD 2002 e RAMALHO, NUNEZ,
GALTHIER, 2004, entre outros apontam a necessidade do professor ser capaz de refletir sobre
a sua prática e direcioná-la segundo a realidade em que atua. Freire, (1996, p.43) afirma que “é
pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.
A finalidade da formação do professor em serviço, é sensibilizar, provocar e desperta-los para
repensar sua prática, atribuindo a ela algumas mudanças necessárias ao momento atual.
A formação apresenta-se como uma categoria que possibilita a construção de novos
conhecimentos e práticas pedagógicas. No entanto, essa formação não significa o acúmulo de
títulos e certificados ganhos em cursos, mas sim contribuições que colaborem para a autonomia
profissional do professor.
Atualmente, a formação continuada dos professores é vista como uma possibilidade para
que aconteça uma mudança na postura e na atuação do professor, visto que, por meio do estudo,
da pesquisa e da reflexão crítica constante é possível a mudança. O contato com novas
experiências, novas formas de pensar a escola é um pré-requisito para se lograr um ensino de
melhor qualidade.
A nova identidade do Ensino Médio necessita de mudança na cultura e nas práticas
escolares. A situação exige empenho e cautela para que não se reproduza erros atuais em que
se criou um modelo de Ensino Médio destinado à educação de uma minoria social. O momento
requer que se pense em inovação, que se recoloque o conceito de qualidade e que se promova
aprendizagens significativas. Para tanto, é preciso estabelecer a retirada de todo tipo de
obstáculo para que os professores possam contribuir na formação de valores e princípios
afetivos e cognitivos e, estabelecer circunstâncias educativas que possam cooperar com a
formação da sensibilidade, da colaboração e da motivação junto aos seus alunos.
20
Criar cursos, seminários, palestras e outros espaços para a reflexão da prática
pedagógica de professores são primordiais, porém, deve-se dedicar atenção a estas atividades,
como afirma Candau, 1997, p.64:
A formação continuada não pode ser concebida como um meio de acumulação
de cursos, palestras, seminários, etc., de conhecimentos e técnicas, mas sim
através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de
(re)construção permanente de uma identidade pessoal e profissional, em
interação mútua. E é nessa perspectiva que a renovação da formação
continuada vem procurando caminhos novos de desenvolvimento.
O processo de formação continuada deve oferecer espaços nos quais os professores
possam refletir e juntos buscar melhoras, romper com metodologias tradicionais, visto que as
mudanças e as inovações devem chegar na escola e nas salas de aula. Nesse sentido, é preciso
fazer com que a escola acompanhe as reformas e propostas educacionais e que o professor tenha
papel fundamental no processo de ensino aprendizagem. (RAMALHO, NUNEZ,
GALTHIER,2004)
É preciso, portanto, proporcionar novos processos e estratégias de aprendizagem
conforme as verdadeiras necessidades da aprendizagem. A nova cultura da aprendizagem exige
dos estudantes a reconstrução dos conteúdos, a pesquisa, a curiosidade em vez da mera
aquisição. Nesse contexto, Pozo (2002) lembra que o trabalho do professor não deve-se limitar
à transmissão de conhecimentos. Para tanto, é também importante metodologias de ensino
inovadoras, diferentes das que se encontram nas salas de aula mais tradicionais. São
imprescindíveis metodologias que ofereçam ao estudante a oportunidade de uma atuação ativa,
interessada e empenhada no processo de aprender, que incluam não só conhecimentos, mas que
envolva sua contextualização, experimentação, vivências e convivência em tempos e espaços
escolares e extraescolares.
As ações utilizadas pelo governo para avaliar a educação básica brasileira apresentam
resultados desanimadores que apontam para a necessidade de políticas que atendam aos anseios
dos alunos. Uma das formas reconhecidas como eficazes para modificar esta situação se volta
para organizar os professores para tais mudanças e prepara-los para a inserção de práticas
inovadoras em seu repertório. Isto é, buscar estratégias pedagógicas que sejam efetivas na
produção do conhecimento e que estejam em consonância com as diretrizes educacionais da
educação básica.
Com a implantação de um processo inovador na sala de aula surge novas necessidades
formativas de professores. Portanto, a formação continuada é vista como um dos mecanismos
na busca pelo desenvolvimento profissional para promover a melhoria da prática pedagógica.
21
Desenvolver práticas pedagógicas inovadoras e de maneira organizadas nas escolas é um
desafio, e um dos acessos para supera-lo é o conhecimento atualizado dos formadores, para
assim formar estudantes com autonomia, criatividade com conhecimento teórico e prático, de
forma dinâmica e inovadora.
Um outro pressuposto corresponde à inovação pedagógica e práticas inovadoras. “A
inovação não se decreta. A inovação não se impõe. A inovação não é um produto. É um
processo. Uma atitude. É uma maneira de ser e estar na educação. ” (NÓVOA apud CARDOSO,
2003. p. 14). Para que a inovação aconteça sugere-se implantar um plano educacional
construído coletivamente com ações e medidas que tenha como objetivo a melhoria da escola.
A inovação deve também considerar os interesses e as necessidades dos principais sujeitos
envolvidos.
É essencial ressaltarmos que inovação não se resume à inserção de instrumentos e
ferramentas tecnológicas na escola. Damos créditos às tecnologias, mas percebemos que estas
por si só não garantem o sucesso que se espera da escola. Os professores devem estar preparados
e instigados a fazerem uso pedagógico das tecnologias considerando seu potencial para
favorecer as situações de aprendizagem. Porém, a consolidação de um modelo de escola
pautado na inovação depende da realização de práticas de ensino e situações de aprendizagem
bem elaboradas.
Quando nos referimos a práticas pedagógicas inovadoras, esta relaciona-se à uma
postura pedagógica dos professores que tenha uma (re)significação nos métodos e conteúdos
trabalhados, e que eles sejam atrativos, promovendo a interatividade dos estudantes (com
professores e com o conteúdo) e auxiliando-os no desenvolvimento e construção do pensamento
crítico.
Nesse contexto, impõem-se demandas que procuram adequar a educação às exigências
de um mercado cada vez mais especializado, sugerindo o desenho de um circuito integralizado
que envolva os avanços tecnológicos, o novo modelo de desenvolvimento do país e a produção
do conhecimento. Os professores se veem desafiados em relação a como trabalhar no processo
de ensino-aprendizagem de forma a ajudar os educandos a desenvolverem a capacidade
cognitiva e habilidades imprescindíveis para a ação e interação sociocultural no contexto
complexo da sociedade da informação e do conhecimento. Estas e outras exigências
desencadeiam variadas e desafiadoras necessidades formativas aos professores do Ensino
Médio.
22
1.3 Objetivos
O presente estudo objetiva conhecer como a inovação se insere na prática pedagógica
do professor locado na escola em que aderiu ao ProEMI a fim de analisar as opiniões que dela
emergem e sua manifestação no ensino.
Usaremos o termo “Professor ProEMI” para nos referirmos aos professores que estão
locados nas escolas que aderiram ao Programa Ensino Médio Inovador da Secretaria de Estado
do Rio Grande do Norte- SEEC/RN.
Objetivo geral: Caracterizar e analisar a prática pedagógica docente inovadora no
âmbito do Programa Ensino Médio Inovador.
Objetivos específicos:
Descrever o perfil sócio, demográfico e profissional dos professores objeto de estudo;
Identificar o nível de participação e conhecimento dos professores na implementação do
ProEMI;
Compreender o que é inovação pedagógica na visão do professor;
Conhecer e analisar as principais mudanças e exigências que o processo de inovação
promove na escola e na prática pedagógica do professor ProEMI;
Identificar atividades inovadoras no âmbito da prática do professor ProEMI;
Conhecer o que sugerem e opinam os professores sobre o ProEMI
1.4 Situando alguns estudos de referência
No levantamento dos estudos, identificamos que o Ensino Médio tem sido foco
permanente de discussões, reflexões e problematizações no âmbito da mídia, dos círculos
acadêmicos, das organizações econômicas e em diversos espaços da sociedade. Isso se deve,
em grande medida, ao histórico quadro de fracasso escolar que essa etapa da educação formal
tem conservado ao longo das últimas décadas. Entre as várias pesquisas sobre Ensino Médio
destacamos os trabalhos de: Abramovay, Castro (2003), Mitrulis (2002), Ramos (2001), Pozo
(2002), Frigotto (2011). Esses pesquisadores revelam a falta de políticas de ensino específicas
para esta etapa da educação, além de questionarem se a última etapa da educação básica vem
cumprindo as funções para as quais foi institucionalizado na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação 9.394/96.
Dados do Inep (2014) alertaram sobre as altas taxas de abandono, de reprovação, que
também é uma tônica no estado do Rio Grande do Norte. Esses fatos nos motivaram a
23
acompanhar a proposta de adesão do Ministério da Educação na criação do Programa Ensino
Médio Inovador.
Implementar a universalização do Ensino Médio é um grande desafio para a educação
brasileira. Percebe-se na reestruturação do currículo do Ensino Médio uma saída para buscar
uma melhoria no ensino e para isso foi criado o ProEMI. O Programa Ensino Médio Inovador
- ProEMI, foi criado pela Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009, integra as ações do Plano
de Desenvolvimento da Educação – PDE, como estratégia do Governo Federal para induzir a
reestruturação dos currículos do Ensino Médio.
O ProEMI é uma estratégia e também um instrumento para indução ao redesenho dos
currículos do Ensino Médio, compreendendo que as ações propostas pelo programa serão
incorporadas, gradativamente, ao currículo, ampliando o tempo do aluno na escola, na
perspectiva da educação integral e a diversidade de práticas pedagógicas que qualifiquem os
currículos das escolas de Ensino Médio. Os Documentos Orientadores do ProEMI (Brasil,
MEC/SEB, 2009; 2011; 2013 e 2016) fornecem subsídios teóricos-metodológicos e várias
orientações que incentivam e induzem as escolas participantes a (re)organizarem o seu trabalho
pedagógico.
Os temas: universalização e modernização exigiu atualização nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (1998) em virtude das novas demandas para essa
etapa. Assim originaram-se as novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio DCNEM
(2012), conforme texto abaixo:
A elaboração de novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
se faz necessária, também, em virtude das novas exigências educacionais
decorrentes da aceleração da produção de conhecimentos, da ampliação do
acesso às informações, da criação de novos meios de comunicação, das
alterações do mundo do trabalho, e das mudanças de interesse dos
adolescentes e jovens, sujeitos dessa etapa educacional. (DCNEM, 2011, p. 2)
Homologado pela Resolução nº 2, de 3 de janeiro de 2012, as alterações propostas
estabelecem que o Ensino Médio prepare o educando para o trabalho e o exercício da cidadania,
a ética e o respeito à diversidade. O currículo escolar continua a se organizar em grandes áreas
de conhecimento - Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza.
Categorias teóricas e metodológicas como: a flexibilidade, a contextualização, a
interdisciplinaridade e a transversalidade são novos conceitos que devem estar presentes na
tentativa de redefinir o processo de ensino e aprendizagem. A separação por áreas do
conhecimento, por si só, já permite um avanço no sentido da interdisciplinaridade (diálogo)
entre conhecimentos de uma mesma área, facilitando a integração com outras áreas. As
24
DCNEM (2012) apresentam uma abordagem para um currículo mais integrado ao organizar as
várias disciplinas em quatro áreas do conhecimento e ao escolher quatro eixos norteadores,
como: trabalho, ciência, tecnologia e cultura traduz uma tentativa de tornar o Ensino Médio
uma formação humana e integral.
Entendemos que a formação inicial não significa, por si, um processo de terminalidade.
No entanto, desafia o professor a aprender o conjunto de conhecimentos e saberes inerentes à
atividade profissional. Nesse sentido, o processo de formação que supõe abertura à mudança e
à inovação, exige dos professores e das instituições educacionais um forte compromisso
envolvendo decisão político, social e profissional. Trata-se de um processo que não se dá apenas
por obediência à legislação, mas, principalmente, pela adesão dos profissionais à proposta como
condição essencial para a viabilização de um projeto que postula a transformação da prática
pedagógica.
Parafraseando Behrens (1996, p. 13) “Ousa-se dizer que o docente precisa ser seduzido
e seduzir-se para buscar a renovação de sua prática pedagógica” logo tornar-se um professor
inovador e comprometido com as mudanças inerentes ao seu campo de atuação.
Nos complexos processos de mudança e inovação, que são consequências das reformas
educacionais, a formação do professor se institui como uma via de essencial importância no
sentido de contribuir para o encaminhamento de respostas aos desafios que as reformas os
colocam. Essa situação requer uma revisão substantiva no que se refere à formação e seu papel
nos processos de renovação e inovação pedagógica, bem como do conceito e implicação da
inovação.
Há algumas décadas, essas duas categorias: mudança e inovação têm sido alvo de
estudos de pesquisadores como Fullan (2007), Huberman (1973), Hernandez et al (2000),
Cardoso (2003) entre outros. Estes autores destacam que inovação não é solução mágica que
possa ser aplicada para resolver todos os problemas da educação. Muitas das propagadas
inovações podem provocar até mesmo retrocesso e prejuízos à qualidade dos sistemas
educacionais se não forem pensadas e dialogadas com os envolvidos. Assim, destaca-se que
inovação em educação deve ser acompanhada de questionamentos como: a quem interessa? Por
quem foi proposta ou implementada? A quem poderá beneficiar? Isto é, deve conter objetivos
e metodologias adequadas para que o resultado seja positivo.
Sob a perspectiva da profissionalização da docência, tem sido propostas e discutidas
diferentes maneiras dos docentes agirem. Ramalho e Nunez (2005) ao situar o processo de
formação (inicial ou continuada) dos docentes destacam que a formação que contribui para a
profissionalização é aquela que tem impacto no desenvolvimento profissional dos professores
25
e em suas identidades pessoais e profissionais. Ressaltam que uma formação não se constitui
num processo de transmissão de conhecimentos ou de treinamento, e sim num processo de
reconfiguração de novas maneiras de pensar e agir, o que representa uma certa ruptura entre o
que está consolidado como um hábito na atividade profissional, para dar lugar ao processo de
adesão às mudanças que devem incidir no pensamento e na ação docente.
O professor que possui uma prática pedagógica inovadora, carrega em seu repertorio
uma autonomia e independência, além de uma rica crítica e reflexão sobre sua postura. As
práticas pedagógicas inovadoras não estão prescritas. Carbonell (2002) afirma que é preciso
muito tempo para modificar as práticas e atitudes, mas que a motivação em mudar deve ser
permanente e não pode impor-se como um golpe, do dia para a noite, como um “decreto”,
normatizadas pelos textos “inovadores” propostos pelas reformas (Documentos Oficiais) mas
sim pela ação determinada e voluntária de professores.
Os estudos consultados, de maneira geral, alertam para o fato de que, nos contextos das
reformas e de novos Programas como elementos das políticas educacionais aparecem novas
necessidades formativas que são a expressão das lacunas e ou desfaçamentos entre o que o
professor experiencia e o que deseja ver melhorado na sua prática. Há, na atualidade grande
apelo em prol da reconfiguração da própria escola e da sala de aula: esses lócus da escolarização
obrigatória vivem hoje em conflito.
1.5 Estrutura do trabalho
Na sequência da introdução o capítulo 2, descreve os caminhos e o cenário atual do
Ensino Médio numa tentativa de contextualizar os espaços onde estão inseridos os estudantes e
onde atuam os docentes. Demonstramos, com isso, nossa atenção em contextualizar o Ensino
Médio articulando-o com aspectos socioeconômico e político, visando, assim, melhor entender
e revelar as implicações e os desafios dos três anos finais da educação básica obrigatória. Neste
capítulo destacamos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.694/96, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2012) e outros dispositivos legais; Autores como
FREIRE(1996), MITRULIS (2002), RAMOS (2001), entre outros nos dão embasamentos
teóricos para reconhecer a busca de uma educação diferenciada, centrada na formação
intelectual e na valorização do aluno, na aprendizagem e na construção significativa do
conhecimento. O novo Ensino Médio que teve origem na Medida Provisória 746/2016 e que já
é lei também foi apresentado neste capítulo, bem como as principais mudanças que se
efetivaram.
26
O capítulo 3, trata do Programa Ensino Médio Inovador- ProEMI, esclarecendo os seus
objetivos e seu funcionamento. Explicamos como ele está situado em nosso Estado como uma
política que procura promover as mudanças no quadro atual do Ensino Médio. Discutimos sobre
o tema da inovação no âmbito educacional, destacamos que o espaço-tempo atual em que nós
vivemos é marcado pela evolução de teorias e metodologias, razão que irá exigir do professor
ou do profissional da educação em geral a reconstrução do seu trabalho. Além de tratarmos
sobre as dificuldades de adesão a esse processo inovador, também pontuamos as exigências que
a ele compete. Destacamos que para que a escola torne-se renovada, alcançando a inovação,
acreditamos ser indispensável a assunção de uma postura do professor como um profissional.
Estendemos esta responsabilidade de aprendizado também às instituições, aos gestores, e a toda
comunidade escolar em que se recomenda empenho, entusiasmo, criatividade e participação
ativa no processo educativo transformador e emancipador.
No capítulo 4 é apresentado a metodologia e os caminhos percorridos pelo pesquisador
para realizar o estudo, desvelar e a interpretar os resultados. O instrumento de coleta das
informações utilizado, a organização dos dados, o tratamento e a análise das informações
também são relatados neste capítulo. O lócus são escolas da Rede Estadual de Ensino e
professores inseridos nas escolas que aderiram o ProEMI e que obtiveram destaques no
funcionamento e execução do Programa. As escolas selecionadas possuem um índice de
aprovação de seus alunos maior do que 70% e fizeram adesão ao programa entre 2010 e 2012.
O capítulo 5 apresenta a intepretação e reflexões dos resultados obtidos na pesquisa de
campo. Nas análises, nos apoiamos no referencial teórico, sistematizando e buscando responder
aos objetivos do estudo.
Por último, faz-se as considerações finais, manifestando-se reflexões que possam
contribuir para o tema de estudo.
27
2 ENSINO MÉDIO NO BRASIL E NO RN
Este capítulo evidencia reflexões sobre as adversidades e dificuldades enfrentadas pelo
Ensino Médio, os resultados de suas políticas e as repercussões na construção da identidade
dessa etapa da educação básica destinada a jovens de 15 a 17 anos. A partir de diagnóstico de
pesquisas acadêmicas e dados sobre o assunto reunimos uma sucessão de desafios que define a
necessidade de políticas educacionais destinadas a escola secundária. Trataremos ainda da
utilidade de superação da falta de identidade do tipo de formação do Ensino Médio: a formação
profissional ou a preparação para a entrada na universidade, com objetivo de determinar
finalidades claras e precisas para o Ensino Médio e progredir em seu processo de
universalização.
2.1 O Ensino Médio em seu contexto histórico e na contemporaneidade.
Para um satisfatório entendimento das reformas realizadas no Ensino Médio convém
uma breve análise e reflexos do desenvolvimento histórico desta última etapa da Educação
Básica. Atualmente, muito se indaga sobre a importância dada à educação ao longo da história
de nosso país. À época da escravidão e, ainda durante o império, quase não havia lugar para a
educação.
A reestruturação da sociedade brasileira no âmbito educacional foi provocada
inicialmente devido ao processo de industrialização e urbanização do país, que resultou no
aumento da procura por formação escolar para todas as classes sociais. Com a ampliação e o
aumento das industrias aconteceu a busca por mão de obra qualificada. Essa carência urgente
estimulou as elites intelectuais da época e autoridades políticas a requerer por reforma e
ampliação do sistema educacional brasileiro. Durante muito tempo em nosso país a educação
se apresentou como um elemento utilizado pelas classes dominantes para manter seus
privilégios e conservar sua condição perante a sociedade.
A educação brasileira durante os períodos colonial (1500 a 1822) e imperial (1822 a
1889) tinha como propósito a formação da elite da sociedade para o exercício das atividades
político burocráticas e das profissões liberais. Para uma pequena parcela da sociedade brasileira
predominava o ensino humanístico e elitista. Para a grande maioria restava o ensino
profissionalizante e o trabalho manual - considerado uma atividade desprezível, desprovida de
qualquer valoração social.
Segundo Gonçalves (2005, p.13) “A educação nunca é neutra nem apolítica, pois
envolve interesses que extrapolam o âmbito escolar”. Já nessa época observa-se que os
28
interesses que desejam satisfazer não são de quem compõe a escola, ou de realmente quem faz
parte dela. O que desejava era satisfazer as intenções de autoridades. Uma breve análise da
história da educação no nosso país relata que na época da escravidão e, ainda durante o império,
quase não havia lugar para a educação escolar3. A função essencial do ensino secundário era
apenas preparar o sujeito afim de domestica-los conforme o poder das autoridades.
Na primeira LDB (Lei nº 4.024/61) - prevista pela constituição de 1934, publicada em
20 de dezembro de 1961- legislação a qual previa os fundamentos, estruturas e normatização
do sistema educacional brasileiro tinha o intuito de oferecer uma educação igualitária como
direito de todos. Esta LDB voltava-se para a base curricular dos três graus de ensino por ela
consignados: o primário, o médio e o superior.
O primário e o ginásio correspondem ao que hoje chamamos de Ensino Fundamental,
isto é, do 1º ao 9º ano. E o colegial eram o 1°, 2° e 3° ano, do atual Ensino Médio.
O ensino de grau médio, era destinado à formação dos adolescentes e compreendia dois
ciclos: o ginasial e o colegial. Além de receberem o nome de ciclos, a citada lei também se
refere ao ginasial e ao colegial como cursos secundários por meio de tal redação: “O Ensino
Médio será ministrado em dois ciclos, o ginasial e o colegial, e abrangerá, entre outros, os cursos
secundários, técnicos e de formação de professores para o ensino primário e pré-primário” (Art.
34). Segundo o Art. 37 desta lei para matrícula na 1ª série do ciclo colegial, será exigida
conclusão do ciclo ginasial ou equivalente.
O sistema educacional brasileiro foi formulado pela primeira LDB de 1961 de acordo
com a seguinte terminologia: primeiro grau correspondia as escolas maternais, jardins de
infância e ensino primário de quatro anos. Já o grau médio, correspondia a dois ciclos: o ginasial
de quatro anos e os cursos técnico-industrial, agrícola e comercial. Após o ginasial vinha depois
o ciclo colegial de três anos, com as modalidades de clássico e científico.
3 Pensando em aspectos importantes dos períodos mencionados na pesquisa o aporte
teórico utilizado sobre o tema aparece no livro Dermeval Saviani, José Claudinei
Lombardi e José Luís Sanfelice (orgs.). chamado História e história da educação: o
debate teórico-metodológico atual. O livro em referência é uma coletânea de textos
apresentados durante o IV Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas "História,
Sociedade e Educação no Brasil", realizado em Campinas, em dezembro de 1997.
29
Nessa época existiam formações que finalizavam o primeiro ciclo de natureza técnica e
o curso normal voltado para a formação de professores. Dessa forma meio confusa e precisando
de esforços interpretativos para esclarecimento de lacunas é que a LDB de 1961 ordena os
princípios curriculares da educação brasileira.
Foram 13 anos de reflexão até que o texto definitivo da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação de 1961 fosse finalmente sancionado pelo então presidente João Goulart - quase 30
anos após ser prevista pela Constituição de 1934. Organizada em 120 artigos, essa foi a primeira
legislação criada para regularizar e organizar o sistema de ensino do país tratando entre outros
aspectos da regulamentação de conselhos estaduais de educação, da formação mínima exigida
para professores e ensino religioso facultativo.
Em 1968, na tentativa de organizar o ensino ao quadro político da época (golpe militar
de 1964), como instrumento para dinamizar a própria ordem socioeconômica, ajusta-se a LDB
4.024/61, entretanto não foi considerado pelo governo militar a necessidade de editar por
completo a lei em questão. Atendendo à ideologia desenvolvimentista adotada pelo governo,
ajustou-se a LDB de 1961, sancionando a lei de 5.540 de 1968, que reformou a estrutura do
ensino superior, sendo por isso, chamada de lei da reforma universitária. A reforma universitária
planejou controlar a expansão da ocupação dos cargos de docência por professores de esquerda
e a onda de protestos que balançava o meio estudantil.
A mudança em relação a Diretrizes e Bases Curricular comum na abordagem teórica e
na elaboração política da educação brasileira foi na Lei nº 5.692, promulgada em 11 de agosto
de 1971, que alterou a LDB/61 e estabeleceu a obrigatoriedade da matrícula na modalidade de
ensino designado como de 1º grau para toda a população brasileira na faixa dos 7 aos 14 anos,
compreendendo 8 séries anuais, hoje chamada de ensino fundamental. Havia a opção da
matrícula posterior no 2º grau, para uma formação que poderia ser feita por meio de três ou de
quatro séries anuais, etapa do Ensino Médio.
O Artigo 4º dessa Lei (BRASIL, 1971) estabeleceu que “os currículos do ensino de 1º e
2º graus terão um núcleo comum obrigatório em âmbito nacional, e uma parte diversificada
para atender, conforme as necessidades e possibilidades concretas, às peculiaridades locais aos
planos dos estabelecimentos e às diferenças individuais dos alunos”. Isso implica em concordar
que parte dos conteúdos terão suas partes especificas para que se oferte um conteúdo
significativo de acordo com a realidade e especificidade de cada região.
Com a Lei n.º 5.692/71, a escola primária e o ginásio foram unificados e denominados
de ensino de 1º grau. O antigo colegial passou a se chamar ensino de 2º grau. O ensino
obrigatório estendeu-se para oito anos. As quatro primeiras séries continuaram a ser atendidas
30
por um único professor, do qual não era exigido nível superior, mas apenas formação para
magistério em nível médio. As quatro séries finais do 1º grau e o 2º grau permaneceram
divididas em disciplinas ministradas por diferentes professores, dos quais se exigia, ao menos
teoricamente, a educação superior. Assinada pelo então presidente Emílio Garrastazu Médici
modificou aspectos do documento que representou um avanço, por exemplo: falar pela primeira
vez na ideia de recuperação e dependência.
Mas foi somente no dia 20 de dezembro de 1996 que o então presidente Fernando
Henrique Cardoso sancionou o que veio a se tornar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação da
atualidade. A modificação na lei de 1971, feita também pelo relator e antropólogo Darcy
Ribeiro, foi resultado de um trabalho de seis anos.
Com a atual LDB (Lei 9394/1996) o Ensino Médio tem novas atribuições: nem a
formação para o Ensino Médio propedêutico aos estudos superiores, com currículo
enciclopédico, recheado de conhecimentos pouco significativos, nem o Ensino Médio
profissionalizante, voltado para o exercício de ocupações específicas no mercado de trabalho.
O Ensino Médio, ao longo dos anos, configurou-se como uma etapa de ensino que por um lado
é profissionalizante com caráter de terminalidade de estudos, por outro assume o caráter
propedêutico com continuidade para os estudos no nível superior. Tais contradições intrínsecas
na identidade do Ensino Médio dificultam a definição de políticas para este segmento da
educação básica.
Na perspectiva da nova LDB, o Ensino Médio “deverá vincular-se ao mundo do trabalho
e à prática social” (Art.1º § 2º da Lei nº 9.394/96). Com isso, se pretende buscar uma nova
identidade para o Ensino Médio, que é chamado a contribuir para uma formação mais geral e
equilibrada dos indivíduos, atentando para o desenvolvimento de competências sociais,
cognitivas e afetivas, estabelecido por valores de inclusão que os qualifiquem a participar de
um projeto de modernização e democratização da sociedade. É necessário dar visibilidade ao
Ensino Médio no sentido da superação da representação histórica persistente do Ensino Médio
profissionalizante e do Ensino Médio propedêutico. A última etapa da Educação Básica precisa
assumir o compromisso de atender a todos com qualidade e de considerar os anseios e múltiplas
indispensabilidade das diversas juventudes.
31
Para FRIGOTTO e CIAVATTA (2011) em mais de meio século (tendo como marco a
Lei n. 4.024/61), não se alterou substancialmente a oferta de Ensino Médio público, gratuito,
de qualidade. Frigotto et al considera que:
Não apenas no Brasil, mas na América Latina, estamos longe de oferecer à
maioria das crianças e jovens condições educativas para o aprendizado
intelectual, o qual pressupõe denso tempo de leitura, laboratórios, espaços de
lazer, arte e cultura. Continuamos presos a uma sociedade de classes, onde,
não obstante o discurso em contrário e os avanços ocorridos, o aprendizado
intelectual de excelência é uma reserva das elites, algo bem próximo à
formação dos jovens nobres dos latifúndios da Colônia e do Império, enviados
a Lisboa e Coimbra. (Frigotto e Ciavatta, 2011, p.620)
O Ensino Médio vem buscando deixar de ser um espaço “da elite” para também atender
alunos de situações desfavorecidas, que não veem a escola como um lugar de possibilidades
para a ascensão social, mas como um lugar pouco atraente. Muitos dos alunos das camadas
populares frequentam a escola para garantirem um diploma a fim de se inserir no mercado de
trabalho. Nessa situação, o Ensino Médio fica sem sentido para esses alunos, conforme
Abramovay; Castro, (2003, p.27):
O ensino médio no Brasil, por diversas razões, sempre se configurou como
um espaço de difícil equacionamento. O ensino fundamental é entendido
socialmente como um espaço unitário no qual o aluno deve se apropriar de
conhecimentos básicos e necessários, de caráter universal. Ao contrário do
ensino fundamental e do ensino superior, que, apesar de todos seus problemas,
contam com um consenso sobre a sua identidade, o ensino médio carece de tal
marca.
O Ensino Médio procura (re)definir seu papel para responder às demandas da sociedade
do Século XXI e permitir aos alunos obter acesso a uma formação fundamentada que prepare-
os para participarem das mudanças da vida social e cultural, bem como para inserirem-se na
vida profissional, motivando-os a continuarem os estudos no nível universitário.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei 9.394-96) define o Ensino
Médio, etapa final da educação básica, como parte de uma etapa da escolarização que tem por
finalidade o desenvolvimento do indivíduo, assegurando-lhe a formação comum indispensável
para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe os meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores (Art. 22). As disposições legais sobre o Ensino Médio reconhecem a importância
dessa etapa da educação e o Ministério da Educação e Cultura em parceria com a Secretaria de
Educação Básica, promove iniciativas e programas voltados para essa etapa do ensino a fim de
atender aos anseios da juventude e da população adulta garantindo a permanência e sucesso na
escola.
32
Essa última etapa da educação merece atenção especial, um sentido muito maior do que
o acadêmico propedêutico ou estudos em nível profissional. Segundo MITRULIS (2002):
O Ensino Médio que tende à universalização vem registrando uma mudança
significativa na composição social, econômica e cultural de seus alunos. A ele
passam a ter acesso jovens procedentes dos extratos populares menos
favorecidos economicamente, com pouco apoio cultural do meio familiar de
origem, que realizaram um percurso escolar acidentado, mais longo,
entremeado por reprovações, afastamentos, motivados ou não por
necessidades de trabalho. São jovens que estão em busca de, ou já alcançaram,
autonomia na vida pessoal e profissional, portadores de visões de mundo,
trajetórias de vida, experiências profissionais, convicções políticas e religiosas
e compromissos familiares diversos. O tempo que esses alunos permanecem
na escola requer uma administração diferente (MITRULIS, 2002, p. 221).
O desafio para nossa escola é deixar de pensar em construir cabeças cheias e ser
responsável por construir uma identidade formada por cabeças bem informadas, feitas e
pensantes. É necessário que o Ensino Médio deixe de ser o nó na educação nacional e que
professores e a sociedade possam sensibilizar-se sobre a importância e a urgência de
repensarmos as finalidades e as práticas institucionais e pedagógicas do Ensino Médio do nosso
país.
Um dos papeis da escola é desenvolver um pensamento crítico, reflexivo e científico do
aluno. A função social da escola busca contribuir para suprir as necessidades dos estudantes em
relação as exigências da sociedade, como afirma Nuñez (2009):
A tarefa social da escola, na atualidade, exige a seleção de conhecimentos,
habilidade, competências, valores, ética, etc., que não satisfaçam somente sua
condição empírico utilitária (do conhecimento pelo conhecimento, ou o
conhecimento vinculado a empiria), mas que também projetem um tipo de
pensamento que permita ao aluno desenvolver uma atitude criadora diante da
realidade. Isso implica a compreensão do caráter contraditório do
conhecimento e sua orientação em direção a essência, explicitando a
multiplicidade dos fenômenos, o que qualifica como pensamento do tipo
teórico. (Nunez, 2009, p.134)
Existe uma aflição constante envolvendo quais supostamente seriam os objetivos e as
finalidades do Ensino Médio. Formar para que? De um lado, se coloca a formação profissional,
aquela voltada para preparar o estudante para o mercado de trabalho, atendendo a uma
expectativa atual do setor produtivo no Brasil e de outro, a educação propedêutica que prepara
o estudante para a entrada na universidade. E, mais recentemente, se insere as preocupações
com as novas demandas de conhecimento e competência solicitadas pelo mercado. Tais
questões inerentes na identidade do Ensino Médio dificultam a definição de políticas para esta
última etapa da educação básica.
33
A relevância de se desenvolverem competências para tomada de decisão para o trabalho
e para as constantes mudanças que se processam no mundo é destacada por Berger (1998) Apud
Ramos (2001, p.161) que a finalidade da educação básica é “formar competências cognitivas,
afetiva e sociais que promovam o desenvolvimento da pessoa e qualifiquem o jovem para o
trabalho e para a vida em sociedade”. Deste modo, busca-se uma educação diferenciada,
centrada na valorização do aluno, na aprendizagem e na construção significativa do
conhecimento. Para o mundo em constante mudança não basta de fato que cada um absorva
uma certa quantidade de saberes e que esse conhecimento seja válido e eterno. É verdade, que
uma vez aprendido, o conhecimento é algo que ninguém nos tira, entretanto as transformações
que o mundo passa é necessário explorar e construir, atualizar-se e enriquecer-se dos
conhecimentos de forma que possamos nos aprofundarmos cada vez mais nos saberes, se
adaptar e não se acomodar a um mundo em mudança. O Ensino Médio não poderá ser
meramente uma etapa da educação, ele deverá transmitir valores e atitudes, transformar-se num
lugar de análises críticas e produção de informação.
Em maio de 2012, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou o parecer que
estabelece novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio no Brasil (DCNEM).
A medida é apresentada como uma atualização das diretrizes de 1998, entendida como
necessária diante das diversas mudanças ocorridas na legislação relativa ao Ensino Médio nos
últimos anos, bem como das transformações em curso na própria sociedade no mundo do
trabalho e no próprio Ensino Médio. As DCN para o Ensino Médio deixa exposto que:
É necessário que a identidade do ensino médio se fortaleça como última etapa
da Educação Básica, como um projeto unitário, garantindo o direito ao acesso
aos conhecimentos social e historicamente construídos, no qual o humanismo
e a tecnologia unifiquem a formação de todos como sujeitos de direito no
momento em que cursar o ensino médio. (BRASIL,2013, p.62)
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio organizam um respeitável
instrumento regulador de políticas públicas educacionais na preparação, elaboração,
idealização, implementação e avaliação das propostas curriculares das escolas.
A revisão e atualização destas diretrizes representam um fundamental marco legal para
a mudança do Ensino Médio. Muitos desafios ainda deverão ser superados para reconfigurar a
identidade do Ensino Médio. E a revisão curricular é apenas o ponto de partida.
34
2.2 Estagnação da Aprendizagem: O que revela o IDEB
Refletir sobre a qualidade na educação envolve diversos aspectos, entre eles o que se
refere ao próprio conceito de qualidade. Muito se fala em ensino de qualidade sem antes
esclarecer os parâmetros e as metas que se pretende atingir. E quando se fala nos resultados
alarmantes de algumas avaliações realizadas no sistema educacional do nosso país é que esse
tema fica ainda mais ameaçador.
Segundo Vasconcellos (2000) a educação é considerada de qualidade quando esta
consegue exercer sua função social. Conquistar a função social democrática da educação
implica a escola passar por três tarefas básicas: Aprendizagem Efetiva, Desenvolvimento
Humano Pleno e Alegria Crítica de cada um e de todos os educandos. Quando o autor se refere
a aprendizagem efetiva significar dizer que o educando tem de apropriar-se dos saberes para
poder se inserir de forma crítica e criativa na realidade em que vive. A segunda tarefa
corresponde ao desenvolvimento pleno, que estar relacionado a todas as suas dimensões. A
terceira tarefa aborda sobre a alegria que deve se fazer presente nos estudantes quando este
consegue desenvolver alguma competência em sala de aula. Conforme Vasconcellos (2000):
Conquistar a qualidade na educação é concretizar uma escola que ajude
efetivamente a construir a Nova Humanidade, uma Nova Sociedade. Uma
escola comprometida com o desenvolvimento humano integral, que tenha,
portanto, como referência o ser humano em todas as suas dimensões
existenciais (corporal, cognitiva, afetiva, sexual, lúdica, estética, ética,
política, econômica, social, cultural, ecológica, espiritual). Uma escola onde
os indivíduos se tornem pessoas, gente marcada pela alegria do encontro, da
busca comum, do diálogo, da partilha de um projeto. Uma escola onde os
sujeitos tenham respeitadas suas culturas e, ao mesmo tempo, tenham acesso
aos bens culturais mais relevantes da humanidade, de acordo com o Projeto
Político-Pedagógico.
Diante disso, o autor sugere uma escola onde o professor também possa aprender com o
aluno, uma escola em que o resultado positivo não seja quando não existem dúvidas, mas sim
quando os alunos sintam-se a vontade para questionar, dialogar e pesquisar. Uma educação que
vá além dos livros didáticos, que tenha pesquisa, experimentação, estudo, expressão. Que as
artes se façam presentes. Uma escola que não segregue, que inclua cada um de acordo com suas
características, uma escola onde os estudantes encontrem seu lugar de realização e crescimento.
35
Para a Unesco (2001):
A qualidade se transformou em um conceito dinâmico que deve se adaptar
permanentemente a um mundo que experimenta profundas transformações
sociais e econômicas. É cada vez mais importante estimular a capacidade de
previsão e de antecipação. Os antigos critérios de qualidade já não são
suficientes. Apesar das diferenças de contexto, existem muitos elementos
comuns na busca de uma educação de qualidade que deveria capacitar a todos,
mulheres e homens, para participarem plenamente da vida comunitária e para
serem também cidadãos do mundo (UNESCO, 2001:1).
Um conjunto de fatores é necessário para melhorar a educação. Um aspecto diante do
todo não é suficiente. O conceito de qualidade também sofre mudanças de acordo com o que a
sociedade muda, isto é, o que era considerado de qualidade antes pode não ser mais, o que acaba
necessitando de aspectos inovadores para tornar novamente qualificado. Ou seja, é um conceito
que sofre mudanças de acordo com o contexto histórico, temporal e social.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica -IDEB é o principal indicador da
qualidade da Educação Básica no Brasil. Para fazer essa medição, utiliza-se uma escala que vai
de 0 (zero) a 10 (dez). A meta para o Brasil é alcançar a média 6.0 até 2021, patamar educacional
correspondente ao de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Suécia.
Criado pelo Inep em 2007, o IDEB sintetiza em um único indicador dois conceitos
importantes para aferir a qualidade do ensino no país: O primeiro denominado como fluxo
escolar, isto é, representa a taxa de aprovação dos alunos; e o aprendizado que corresponde ao
resultado em provas de português e matemática.
Segundo o Inep, com o IDEB, ampliam-se as possibilidades de mobilização da
sociedade em favor da educação, uma vez que o índice é comparável nacionalmente e expressa
em valores os resultados mais importantes da educação: aprendizagem e fluxo. A combinação
de ambos tem também o mérito de equilibrar as duas dimensões: se um sistema de ensino retiver
seus alunos para obter resultados de melhor qualidade no Saeb ou Prova Brasil, o fator fluxo
será alterado, indicando a necessidade de melhoria do sistema. Se, ao contrário, o sistema
apressar a aprovação do aluno sem qualidade, o resultado das avaliações indicará igualmente a
necessidade de melhoria do sistema.
O Ideb também é importante por ser condutor de política pública em prol da qualidade
da educação. A tabela nº 1 mostra o IDEB de 2015 das escolas que foram divulgadas em 2016.
A primeira e a quarta coluna refere-se a todos os estados, a segunda e a quinta coluna ao IDEB
que alcançaram e terceira e sexta coluna refere-se a meta que foi projetada para o ano de 2015.
36
Tabela 1- IDEB dos estados brasileiros em 2015
Estados IDEB Metas
projetadas
Estados IDEB Metas
Projetadas
São Paulo 4.2 4.5 Rio Grande do
Sul
3.6 4.6
Rio de Janeiro 4.0 4.2 Acre 3.6 4.1
Pernambuco 4.0 3.9 Tocantins 3.4 4.0
Espírito Santo 4.0 4.7 Piauí 3.4 3.8
Distrito
Federal
4.0 4.5 Paraíba 3.4 3.9
Paraná
3.9 4.5 Maranhão 3.3 3.6
Goiás 3.9 4.2 Amapá 3.3 3.8
Santa
Catarina
3.8 4.7 Sergipe 3.2 4.2
Minas Gerais 3.7 4.7 Rio Grande do
Norte
3.2 3.8
Mato Grosso
do Sul
3.7 4.2 Mato Grosso 3.2 4.0
Ceará 3.7 4.2 Pará 3.1 3.7
Amazonas 3.7 3.3 Bahia 3.1 3.8
Roraima 3.6 4.4 Alagoas 3.1 3.9
Rondônia 3.6 4.1 - - -
Fonte: Inep/MEC, 2016
Como apresenta a tabela número 1, o estado que teve a maior nota foi o de São Paulo
seguido do Rio de Janeiro, este com nota 4.0 e aquele com nota 4.2, ambos localizados na região
Sudeste do país. Em terceiro lugar está o estado de Pernambuco com nota 4.0, estado localizado
na região Nordeste. Os únicos estados brasileiros que conseguiram alcançar a nota projetada foi
o de Pernambuco e o de Amazonas (localizado na região Norte). Pernambuco planejou para
2015 tirar a nota 3.9 e conseguiu superar alcançando um 4.0. Já o Amazonas projetou 3.3 e
conseguiu atingir a nota 3.7.
O Rio Grande do Norte tinha como meta para 2015 a nota 3.8 mas só conseguiu 3.2
ficando com a segunda pior nota de todo o país acompanhado pelo estado de Mato Grosso e
Sergipe. Com a pior nota estão: Pará, Bahia e Alagoas.
São inúmeros os autores e pesquisadores que fazem crítica a esse sistema de avaliação
que é baseado em testes padronizados. Porém, há aqueles que enxergam uma possibilidade de
usar como instrumento significativo para a melhoria dos padrões de qualidade e implementação
de novas políticas públicas.
37
Mello (1993) afirma que:
O desenho e implementação de sistemas de avaliação externa devem, portanto,
ser acompanhados de discussão e esclarecimentos quanto a seus objetivos, a
fim de deixar claro que, ao contrário do que fazem professores e escolas, essa
avaliação externa não se destina a reprovar ninguém, mas a fornecer
informações aos gestores educacionais e ao público, sobre o desempenho do
sistema como um todo, as escolas, regiões, municípios ou Estados que
precisam melhorar seus resultados e o que é necessário fazer para promover
essa melhoria (MELLO, 1993, p.101)
Deve-se usar os dados do IDEB para a mobilização da sociedade em prol da qualidade
da educação. Identificar é sem dúvidas umas das funções das avaliações educacionais e não há
a possibilidade de se buscar construir melhorias, se não se desenvolverem mecanismos
confiáveis de verificação do rendimento escolar. Não é eficaz avaliar por avaliar.
Segundo a Constituição Federal do Brasil de 1988, a educação é um direito humano que
deve ser garantido pelo Estado a todo e qualquer cidadão, sem nenhum tipo de descriminação.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu 2° Art., bem como o Art. 205 da
Constituição Federal do Brasil nos dar subsídio para reafirmarmos o dever do Estado de garantir
Educação para a sociedade, declarando também em ambos os artigos a finalidade da educação.
Assim, consta no art. 205 da Constituição Brasileira que:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2007, p. 93).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96) traz, em seu art. 2º que:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996).
Considerando a seriedade das organizações internacionais destaco também o Art. 26 da
Declaração Universal dos Direitos Humanos que afirma que: “toda pessoa tem direito à
educação”. Não se pode deixar de destacar a importância da educação para o desenvolvimento
da sociedade, não apenas como cidadão que luta por uma sociedade mais justa e democrática,
e que está constantemente em busca de melhores condições de vida. Mas como um cidadão que
também busca desenvolvimento no âmbito do mercado de trabalho, dos avanços tecnológicos,
que compreenda os avanços da ciência e do mundo contemporâneo.
38
Atualmente em nossa sociedade, um ensino de qualidade é garantia para que um cidadão
possa desenvolver-se criticamente para entender e a partir daí poder transformar o espaço em
que vive promovendo melhorias para a sociedade. Conforme Guiomar Namo de Mello (1987,
p. 22):
A escolarização básica constitui instrumento indispensável à construção da
sociedade democrática, porque tem como função a socialização daquela
parcela do saber sistematizado que constitui o indispensável à formação e ao
exercício da cidadania. (Mello 1987, p. 22):
Autores como Mello, manifesta atenção à sintonia existente entre a prática educativa e
a prática social, isto quer dizer a influência da sociedade na prática educativa e principalmente
o poder da prática educativa em transformar a sociedade. A educação vai bem além da estrutura
curricular e do cumprimento do livro didático. A educação deve sim propiciar ao aluno o estudo
das matérias escolares por meio de métodos que desenvolvam suas capacidades cognoscitivas
e habilidades, porém sem menosprezar aquisição de um olhar crítico da realidade.
As políticas públicas educacionais além de se concentraram na qualidade dos serviços
oferecidos devem ter suas prioridades também em aspectos relacionados à permanência do
aluno na escola. O gráfico número 1 apresenta onde estão os jovens de 15 a 17 anos no Brasil
no ano de 2013. Observe a seguir:
Gráfico 1- Onde estavam os jovens de 15 a 17 anos no Brasil em 2013.
Fonte: IBGE/Pnad, 2013.
5796273
2090204
1674056
626964
274086 17763530529
54,3%
19,6%15,7%
5,9% 2,6%1,7% 0,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
0
1000000
2000000
3000000
4000000
5000000
6000000
7000000
Ensino Médio EnsinoFundamental
Não estudam enão concluíramo Ensino Médio
Não estudam,mas
concluiram oEnsino Médio
EnsinoSuperior
EJA Pré vestibular
(%)
Quantita
tivo d
e jovens -
15 a
17 a
nos (
Bra
sil)
Quantidade de jovens (%)
39
O gráfico número 1 revela que, considerando que o número da população entre 15 a 17
anos no Brasil no ano citado era de 10.669.747, destes, 54,3% dessa população estava no Ensino
Médio no ano de 2013, ou seja, 5.796.273 jovens. Cursando o Ensino Fundamental, apresenta
19,6% (2.090.204) dessa população, os jovens que fazem parte desta estimativa representam a
distorção idade-série. Dentre os jovens com idade de 15 a 17 anos que não estudam e não
concluíram o Ensino Médio temos 15,7%, isto é 1.674.056. Que não estudam, mas conseguiram
concluir o Ensino Médio temos apenas 5,9% (626.964) desta população. Na modalidade de
Educação de Jovens e Adultos temos 1,7% (177.635). No ensino superior apresenta o percentual
de 2,6% (274.086). E no pré-vestibular, encontra-se apenas 0,3% (30.529) dos jovens na faixa
etária referida. Quando se dividiu em Pré vestibular, pensou-se em alunos que estão se
dedicando a processos seletivos de Universidade que ainda possuem vestibulares próprios. Por
exemplo: A Fundação Universitária para o Vestibular (FUVEST) é uma instituição autônoma
responsável pela realização dos exames vestibulares da Universidade de São Paulo(USP).
Não se podem negar os avanços e melhorias significativas na educação do Brasil, houve
queda na taxa de analfabetismo, aumento da taxa de frequência e da taxa de conclusão da
escolaridade. No entanto, as ações utilizadas pelo governo para avaliar a educação brasileira
apresentam resultados desanimadores que apontam para a inserção de políticas que atendam
aos anseios desses alunos para garantir o acesso e a permanência deles nas escolas. Garantir
uma educação de qualidade pode ser um ótimo começo para o desenvolvimento de uma
sociedade com pensamento livre e ação autônoma. Precisamos de uma educação que articula
os conhecimentos sistematizados com a realidade dos alunos, considerando sua vida, seus
trabalhos, seus interesses e precisões. As pessoas não devem acomodar-se e reproduzir os
valores comuns inventados no passado.
As políticas públicas educacionais além de se concentraram na qualidade dos serviços
oferecidos devem ter suas prioridades também em aspectos relacionados à permanência do
aluno na escola. Muitos são os desafios encontrados nessa etapa do ensino, um deles é o
problema de universalização, indivíduos que ainda não estão incluídos no processo de
escolarização. Comparado a outros países da América do Sul, o Brasil encontra-se em
desvantagem, devido ao atraso de incluir as camadas populares no Ensino Médio, nos anos 60
ainda contávamos com 40% da população analfabeta enquanto Argentina, o Chile e o Uruguai
exibiam altas taxas de escolarização. Estratégias como flexibilização e diversificação
curricular- considerando as aptidões e expectativas de formação profissional e educacional -
podem tornar o Ensino Médio mais atrativo, permitindo que o aluno vislumbre nessa etapa não
40
apenas o caminho para a educação superior, mas também uma possibilidade concreta de
qualificação para o trabalho bem como uma formação cidadã.
A nova identidade do Ensino Médio necessita de mudança na cultura e nas práticas
escolares. A situação exige empenho e cautela para não se reproduzirem erros atuais em que se
criou um modelo de Ensino Médio destinado à educação de uma minoria social. O momento
requer que se pense em inovação, que se recoloque o conceito de qualidade, que se pense em
uma aprendizagem significativa. Um dos aspectos fundamentais é estabelecer a retirada de todo
tipo de obstáculo para a permanência dos jovens no sistema escolar e para o aumento da taxa
de conclusão do Ensino Médio no Brasil.
2.3 Conhecimentos currículares no Ensino Médio: enciclopedismo e inflexibilidade
Os jovens enfrentam a realidade de instituições públicas que apresentam conteúdos
curriculares pouco flexíveis, formais e pouco interessantes. O que se precisa é de currículo
dinâmico, flexível e compatível com as exigências da sociedade contemporânea.
São antigos os estudos realizados sobre a importância do currículo no âmbito
educacional, a grande pergunta que move essas pesquisas é: o que deve ser ensinado e como
deve ser ensinado?
O estudo sobre currículo tem seu início nos Estados Unidos, no século XX onde se
desenvolveram duas tendências iniciais. Uma mais conservadora e tradicional, com Bobbitt,
um estudioso sobre o tema, inspirado no modelo de Frederick Taylor que buscava a formação
do indivíduo com habilidades para atender ao mercado de trabalho. Essa tendência se contrapõe
ao modelo de currículo de Dewey, que valoriza os aspectos qualitativos e da formação do
cidadão. John Dewey foi filósofo e psicólogo norte americano.
A partir da década de 1970 surgem as críticas a essas concepções de currículo. Silva
(2003 p.29) afirma assim que: “As teorias críticas do currículo efetuam uma completa inversão
nos fundamentos das teorias tradicionais”.
As críticas a essas concepções de currículo não ocorreram apenas nos Estados Unidos,
outros países não só criticaram como apresentaram novos modelos de currículos. Na Inglaterra
a nova sociologia da educação, na França estudos por Pierre Bourdieu e outros autores, aqui no
Brasil o educador Paulo Freire.
Nos Estados Unidos, em 1970, houve a I Conferência sobre Currículo, onde surgiram
tendências críticas sobre o currículo, que são contrárias as teorias de Bobbitt e Taylor que
enfatiza “o papel das estruturas econômicas e políticas na reprodução social” (SILVA, 2003 p.
41
38). Ou seja, o currículo não deveria ser compreendido apenas de forma mecânica, sem relação
com as teorias sociais da época e, sim baseado nas estruturas políticas, econômicas, culturais e
sociais.
Entre as críticas ao currículo surgiu à elaborada por Michael Apple, que teve grande
influência na educação. Para Apple, conforme Silva (2003), a seleção que constitui o currículo
é o resultado de um processo que reflete os interesses particulares das classes e dos grupos
dominantes. Apple faz crítica, sobretudo, a forma de que as classes dominantes se aproveitam
para simplesmente transmitir os conhecimentos que é de interesse, valorizando o capitalismo.
Já Henry Giroux (um estudioso e crítico norte – americano, um dos primeiros teóricos
da pedagogia crítica nos Estados Unidos), propõe um currículo que supere as teorias de
reprodução. Silva (2003) compreende o currículo a partir dos conceitos de emancipação e
liberdade, já que vê a pedagogia e o currículo como um campo cultural de lutas.
Outro autor de destaque é Paulo Freire, embora não tenha elaborado uma teoria sobre
currículo, seus pensamentos e pesquisas contribuíram bastante para o tema. A crítica de Freire
ao currículo está resumida no conceito de educação bancária, que é o ato do professor
simplesmente transferir informações e fatos para o aluno, instituindo, assim, um ato de depósito
bancário. Freire propõe a educação como um fato dialógico, onde educadores e educandos
participam da escolha dos conteúdos e da construção do currículo.
Desde Paulo Freire (2007 p. 53), aprendemos que, temos que partir dos saberes dos
educandos e de suas vivências:
Procurar conhecer a realidade em que vive nossos alunos é um dever que a
prática educativa nos impõe: sem isso não teremos acesso à maneira como
pensam, dificilmente podemos perceber o que sabem e como sabem.
Conhecer o aluno, saber a quem está ensinando é passo primordial no processo ensino-
aprendizagem. O professor deverá valorizar seu aluno, conhecer suas experiências, trajetórias
e descobrir as portas de acesso para uma melhor aprendizagem que permita avanço e
desenvolvimento. Para superar os desafios é preciso olhar de perto a escola, os alunos, suas
rotinas conhecendo sua história levando em conta que o processo educativo é marcado também
pelo âmbito social.
É possível destacar que nas primeiras teorizações sobre o currículo, este teve um papel
burocrático, focado na formação do indivíduo para inseri-lo no mercado de trabalho,
preocupando-se apenas em transmitir o conhecimento de forma inquestionável. As teorias
críticas apresentam questionamento sobre o porquê de se trabalhar determinados
conhecimentos e não outros, porque esse método e não outro, a fim de conscientizar
42
proporcionando um olhar mais crítico nos nossos currículos, o que eles trazem e fazem e em
que precisam mudar para melhorar a aprendizagem e a permanência do aluno na escola.
O Artigo 26 da vigente Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB/96. Diz:
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento
escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e
locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. (BRASIL, 1996)
Esse artigo da Lei nos leva a refletir que na elaboração do currículo devemos levar em
conta as matérias obrigatórias, consideradas necessárias e indispensáveis para uma formação
sólida. A LDB recomenda o ensino da língua portuguesa, incluindo a literatura; matemática;
ciências; história e Geografia. Já na parte diversificada deve-se incluir assuntos do ambiente
social em que está inserida a escola, matérias de interesse regional e local.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que está sendo implementada no ano
vigente, vai deixar claro os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros
têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica, ano a ano,
desde o ingresso na Creche até o final do Ensino Médio. Com ela os sistemas educacionais, as
escolas e os professores terão um importante instrumento de gestão pedagógica e as famílias
poderão participar e acompanhar mais de perto a vida escolar de seus filhos.
A BNCC será mais uma ferramenta que vai ajudar a orientar a construção do currículo
das mais de 190 mil escolas de Educação Básica do país, espalhadas de Norte a Sul, públicas
ou particulares. Com a BNCC, ficará claro quais são os elementos fundamentais que precisam
ser ensinados nas Áreas de Conhecimento: na Matemática, nas Linguagens e nas Ciências da
Natureza e Humanas.
A Base é parte do Currículo e orienta a formulação do projeto Político-Pedagógico das
escolas, permitindo maior articulação deste. A partir da Base, os mais de 2 milhões de
professores continuarão podendo escolher os melhores caminhos de como ensinar e, também,
quais outros elementos (a parte diversificada) precisam ser somados nesse processo de
aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos. Tudo isso respeitando a diversidade, as
particularidades e os contextos de onde estão.
A mudança que ocorrerá no currículo após a discussão da BNCC é um progresso para
sociedade educacional. Sua implementação é essencial para encontrarmos uma compreensão
em relação ao que é significativo no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes
brasileiros da Educação Básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados
pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN) de 2012, a BNCC soma-se
43
aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a
construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
O currículo deve levar em conta as condições reais nas quais a atividade será realizada,
as condições do professor, às condições dos alunos, as condições do ambiente escolar, da
comunidade e os materiais didáticos disponíveis. Não se deve pensar o currículo como uma
verdade inquestionável, como “o” conhecimento, como “a” forma de ensinar, nem que o
currículo deve ser paralisado, eterno, imutável e sim como algo provisório que muda ao longo
da história, que produz diferentes identidades, levando em conta a complexidade histórica e
social. Deve ser algo, sobretudo, pensando e não imposto. Pensar em currículos flexíveis é
pensar em um maior número de alunos dentro da escola, buscando saberes de forma que possa
ampliar seus horizontes culturais.
Nesse sentido, a teoria sobre currículo tem que ser vista como transitória, (currículo não
pose ser paralisado), cujo avanço ou retrocesso, dependerá do nível de organização das forças
que a administra. O currículo deve estar diretamente relacionado com a leitura de mundo e as
concepções voltadas para o objeto de estudo veiculado e vivenciado, sendo um exercício do
processo reflexivo e inovador no âmbito das proposições curriculares. A reflexão exige do
professor uma busca de elementos que o auxiliem na compreensão e interpretação de
problemáticas identificadas nas suas práticas dentro da escola e da sala de aula. O exercício da
reflexão estimula o surgimento de propostas pedagógicas inovadoras, superando assim atitudes
desatualizadas e enfadonhas impregnada na ação docente.
Em resposta a esses desafios que permanecem, algumas políticas, diretrizes e ações do
governo federal apresentam possibilidades que evidencia uma efetiva política pública nacional
para a educação básica comprometida com as diversas emergências sociais e culturais da
população brasileira.
As transformações, mudanças e avanços que vem ocorrendo exige uma nova postura da
escola. Não adianta focar nas antigas referências, se os tempos, pessoas e pensamentos
mudaram. A escola precisa crescer em sintonia com esses processos de mudança e com as novas
tecnologias para que não se torne desinteressante e pouco atraente e os jovens estudantes devem
ser preparados na escola para saber lhe dar com essas situações participando das mudanças na
vida social e cultural atuando como cidadãos no mundo globalizado.
Pozo et al (2002) chamam a atenção para uma nova cultura na escola, uma nova cultura
de aprendizagem, que supere a educação tradicional, bancária, autoritária, as transmissões e
memorizações, o currículo supersaturado, os ensinamentos mecânicos e que deem vez ao
desenvolvimento do pensamento estratégico, as habilidades, as produções e a criatividade. Uma
44
sociedade em processo de mudanças requer novas aprendizagens e uma integração de
conhecimentos, resposta e atitudes, que não seja apenas reprodução dos mesmos. Pozo (2002,
p.26) afirma que:
Se o que temos de aprender evolui, e ninguém duvida de que evolui e cada vez
mais rapidamente, a forma como tem de se aprender e ensinar também deveria
evoluir – e isso talvez não seja de costume se aceitar com a mesma facilidade.
Pozo (2002, p.26)
É preciso proporcionar novos processos e estratégias de aprendizagem conforme as
verdadeiras carências de aprendizagem. A nova cultura da aprendizagem exige dos estudantes
a reconstrução dos conteúdos, a pesquisa, a curiosidade em vez da mera aquisição. Nesse
contexto, Pozo (2002) lembra que o trabalho do professor não se deve limitar à transmissão de
conhecimentos. Nessa perspectiva é também importante metodologias de ensino inovadoras,
diferentes das que se encontram nas salas de aula mais tradicionais, são necessárias
metodologias que ofereçam ao estudante a oportunidade de uma atuação ativa e não passiva,
interessada e empenhada no processo de aprender, que incluam não só conhecimentos, mas que
envolva sua contextualização, experimentação, vivências e convivência em tempos e espaços
escolares e extraescolares.
Segundo Nunez e Uehara (2012) o objetivo da contextualização não é apenas motivar o
aluno ou ilustrar aplicações do conhecimento em uma disciplina específica, mas também
desenvolver atitudes e valores que proporcionem a discussão das questões ambientais,
econômicas, sociais e éticas.
Esses jovens estão reféns a um modelo de escola que não foi originalmente pensado para
eles, para responder suas necessidades e anseios. O diferente e o novo são elementos que
possivelmente chame atenção dos alunos e os motive. Trabalhar com recursos didáticos
pedagógicos é uma ótima estratégia. Observe na tabela número 2 a quantidade de escolas da
rede pública separadas por região que ofereceu recursos disponíveis para serem trabalhados
extraclasses em 2014.
No Brasil, há um total de 19.576 escolas do Ensino Médio que apresentam recursos
disponíveis para se trabalhar extraclasse, como: biblioteca ou sala de leitura, acesso à internet,
laboratório de informática, dependências e vias adequadas para alunos com deficiência ou
mobilidade reduzida e quadra de esportes. Ambientes como esses além de contribuir para uma
melhor aprendizagem torna os alunos mais motivados para irem as escolas. A tabela apresenta
dados de todo Brasil e separados por região.
45
Tabela 2- Número de escolas da rede pública no Brasil que ofereceu recursos pedagógicos em
2014
Região
Geográfica
Biblioteca
ou sala de
leitura
Acesso à
internet
Laboratório
de
informática
Dependências e
vias adequadas
a alunos com
deficiência
Quadra de
esporte
Norte 77,7 % 79,3 % 75,8 % 30,9 % 63,6 %
Nordeste 77,8 % 88,6 % 85,7 % 37,7 % 53,4 %
Sudeste 91,9 % 95,7 % 92,5 % 36,6 % 87,1 %
Sul 95,4 % 98,7 % 96,7 % 50,8 % 88,9 %
Centro Oeste 82,5 % 96,4 % 91,5 % 50,7 % 73,3 %
Brasil 86,9 % 93,0 % 89,9 % 40,0 % 75,6 %
Fonte: MEC/Inep/Deed, 2104
No Brasil 86,9% das escolas de rede pública tem biblioteca ou uma sala de leitura
disponível para os alunos. Das escolas do Brasil com acesso à internet a tabela apresenta um
índice de 93,0% das escolas. Em relação aos laboratórios de informática 89,9% das escolas
apresenta esse recurso. Se tratando de dependências e vias adequadas a alunos com deficiência
ou mobilidade reduzida apenas 40,0% das escolas da rede pública que oferece o Ensino Médio
apresenta esse recurso. Em relação a quadra de esportes disponíveis, tem como índice 75,6%
das escolas do Brasil.
No país, a região com maior índice de recursos disponíveis aos alunos é a região
Sudeste, representando 7.850 escolas da rede pública que oferece recursos pedagógicos no
Ensino Médio. Em seguida, vem a região Nordeste, com o índice de 5.011. Na terceira
colocação vem a região Sul com o total de 3.438 escolas com esses recursos. Na região Norte
do país apenas 1.761 escolas da rede pública que oferecem o ensino médio apresentam esses
tipos de recursos. E na última colocação está a região Centro Oeste com 1.516 escolas.
Visando superar as dificuldades deixadas pelo ensino tradicional, sugere-se que os
professores venham cada vez mais explorando novas metodologias para facilitar e auxiliar os
alunos no processo de ensino-aprendizagem. Por isso a importância da utilização e valorização
46
dos recursos didáticos e de infraestrutura. Entretanto, esses não são os únicos responsáveis para
se obter um resultado positivo.
Considera-se a educação um dos âmbitos mais relevantes para o desenvolvimento de
um país. É por meio da produção de conhecimentos que um país desenvolve, somando sua
renda e a qualidade de vida das pessoas. Para enfraquecer e combater as desigualdades sociais
nenhum outro fator influência tanto como a questão da escolaridade. Não é possível pensar em
combater a desigualdade social, sem investir mais em educação. Investimentos no âmbito
educacional é a melhor maneira de estabelecer um país mais justo e igualitário. Por meio da
educação podemos arquitetar bases sólidas para a formação de uma população pensante.
A juventude do Brasil não tem conseguido terminar a Educação Básica. Fatores externos
e internos contribuem para essa causa. Nos últimos anos a preocupação com o Ensino Médio
começou a entrar na agenda pública. Como exemplos temos a implementação de programas e
políticas públicas e a recente Resolução nº 2 do Conselho Nacional de Educação de 30/01/2012,
que estabelece as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM). São
alternativas de flexibilização, mediante a oferta de diferentes formas de organização curricular
no âmbito da escola que favorecem a permanência do aluno na escola.
Estamos ainda diante de muitos desafios no sentido de sua plena democratização e até
mesmo da construção de uma identidade para a etapa como um todo e para supera-los é
necessário conhecer a realidade, reconhecer quais esses desafios e que medidas são cabíveis
para solução. É preciso adequar o atendimento, planejar e estruturar estratégias de contenção
do abandono, avaliar e promover melhorias significativas e eficazes.
2.4 Cenário de deficiências: baixo atendimento e elevado disperdício
Atualmente, as discussões sobre o Ensino Médio cresceram e se tornaram mais intensas.
O debate sobre essa etapa da educação envolve políticos, legisladores, empresários e
educadores. Não se trata de problemas recem descobertos, porém, ultimamente, tomou novas e
grandes proporções. Inclusive, o tema vem repercurtindo nos meios de comunicação de massa,
nas redes sociais, espalhando na sociedade uma ideia de que, entre todas as etapas de educação
no Brasil, o Ensino Médio é o mais deficitário.
Frigotto(2005) afirma que:
Um balanço da escola pública brasileira, em todos os níveis, no início do
século XXI, nos revela o retrato constrangedor de uma dívida quantitativa e
qualitativa. Todavia, é no ensino médio em que esta dívida se explicita de
forma mais perversa (Frigotto et al, 2005, p.7).
47
A tabela 3 revela o número de matrículas no ensino médio e população residente com
idade de 15 a 17 anos no Brasil entre os anos de 2012 a 2015. Observe a seguir:
Tabela 3- Matrícula no Ensino Médio e População de 15 a 17 anos no Brasil de 2012 a 2015.
ANO MATRICULAS NO ENSINO
MÉDIO
POPULAÇÃO DE 15 A 17
ANOS
2012 8.376.852 10.444.705
2013 8.312.815 10.642.343
2014 8.300.189 10.547.337
2015 8.074.881 ...
Fonte: MEC/Inep/Deed; IBGE/Pnads 2012 a 2015
Essa tabela nos mostra que entre os anos de 2012 a 2015 o número de matriculas no
Ensino Médio vem diminuindo, inversamente proporcional ao número de jovens entre 15 a 17
que vem aumentando a cada ano. Em 2012, dos 10.444.705 com idade entre de 15 a 17 anos,
8.376.852 estavam matriculados na escola. Isto quer dizer que aproximadamente 2.067,853 dos
jovens estão fora das escolas. Em 2013 aumenta-se o número de jovens na faixa etária propicia
ao Ensino Médio, porém o número de matriculas nas escolas também cai. Em média de
2.329.528 jovens estão fora das escolas. Em 2014, a tabela revela que 8.300.189 alunos estão
matriculados no Ensino Médio, entretanto o número de população que deveria estar na escola
é de 10.547.337 jovens. Ou seja, cerca de 2.247.148 não estão matriculados nas escolas. Em
2015 o número da população entre 15 a 17 anos ainda não foi divulgado pelo Censo do IBGE-
Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, porém o número de matriculas representa apenas
8.074.881. É possível observar um declínio no número de matricula.
O gráfico 2 completa essa informação enquanto ao número de matriculas no Ensino
Médio. Esse gráfico foi extraído da versão 2015 do Censo Escolar.
Gráfico 2- Número de matrículas no Ensino Médio no Brasil entre 2010 a 2015
48
Fonte: Inep, 2015
O Gráfico 2 revela que entre os anos de 2012 e 2015 teve, embora pequeno, um aumento
no número de matrícula no Ensino Médio. No ano de 2012 para 2013 o número passa de
8.376.852 para 8.312.815, isto é, a queda foi de 64.037 matriculas. De 2013 para 2014 os
números também apresentam um declínio no número de matriculas, a diminuição passou a ser
de 12.626 matriculas. No ano de 2014 para 2015, os avanços ainda não vieram. De 8.300.189
que estávamos em 2014 passamos para 8.074.881 matriculas, resultando a maior queda
registrada até agora de 225.308 matriculas.
Para que se torne eficaz e obtenha um resultado positivo a educação demanda políticas
regulares, de qualidade, que possua flexibilidade e democratização, e, sobretudo que responda
às necessidades dos alunos, vejamos:
A ausência de políticas regulares que possibilitem diminuir as defasagens
entre as condições oferecidas pela grande diversidade de redes públicas
precisa ser superada. A obrigação constitucional dos Estados para com a oferta
educativa no ensino médio deveria vir acompanhada de políticas estáveis que
permitam tal oferta de forma digna a todos os cidadãos em condições de cursá-
lo. (OLIVEIRA, 2010, p.276)
Os números registrados apontam que o Ensino Médio deve ser repensado com urgência,
distanciando-se de medidas que não demonstrem significância e principalmente, estabelecer
80%
78%
79%
8.376.852 8.312.815 8.300.189 8.074.881
10.444.705 10.642.343 10.547.337
77%
78%
78%
79%
79%
80%
80%
81%
0
2.000.000
4.000.000
6.000.000
8.000.000
10.000.000
12.000.000
2012 2013 2014 2015
(%) MATRICULAS NO ENSINO MÉDIO POPULAÇÃO DE 15 A 17 ANOS
49
políticas públicas que atraiam os jovens para a escola que garantam não só o acesso, como
também a permanência.
O gráfico 3 nos revela o número de escola no Ensino Médio por dependência
administrativa no Brasil. A responsabilidade pela educação brasileira é compartilhada pelos três
niveis de governo. Cabe aos municipios proporcionar creches, pré escolas e ensino
fundamental. O estado deve priorizar o Ensino Médio. Já o papel da União é organizar o sistema
como um todo e regular o ensino superior. Oberseve o gráfico a seguir.
Gráfico 3 - Escolas de Ensino Médio por dependência administrativa no Brasil em 2015
Fonte: MEC/Inep 2015
O Ensino Médio é oferecido em 28,0 mil escolas no Brasil. Da rede pública são 19.849,
sendo que 19.105 são estaduais, 273 são da esfera municipal, 471 são da esfera federal. Com
6,8 milhões de alunos, a rede estadual tem uma participação de 84,4% no total de matrículas e
concentra 97,1% dos alunos da rede pública. Das escolas de Ensino Médio 68,2% (8.144) são
estaduais e 29,1% são privadas. A união e os municípios participam com 1,7% e 1,0%,
respectivamente.
O Ensino Médio pode ser oferecido em estabelecimentos públicos ou privados. No Rio
Grande do Norte- RN, a rede pública é responsável pelo maior número de matrículas. Observe
a tabela 4 a seguir que representa o número de matriculas nas escolas do RN.
50
Tabela 4 - Número de matrículas nas escolas do Ensino Médio no Rio Grande do Norte de
2013 a 2015.
Escolas 2013 2014 2015
Rede Pública
121.965 116.403 111.660
Rede Privada
18.600 18.096 17.792
Total
140.565 134.499 129.452
Fonte: Inep/MEC 2015
Assim como foi apresentado anteriormente o declínio do número de matriculas no
Brasil, no estado do RN os resultados não foram animadores. De 2013 a 2015 percebe-se uma
diminuição do número de matriculas tanto na rede pública quanto na rede privada. Na rede
pública em três anos esse número caiu de 121.965 (2013) para 111.660 (2015), totalizando uma
queda de 10.305 matrículas. Na rede privada, embora um declínio menor, ainda exige alerta,
pois o número passou de 18.600 para 17.792, totalizando uma perca de 808 matriculas. No total,
o número passa de 140.565 matriculas em 2013 para 129.452, totalizando uma queda de 11.113
matrículas.
Na tabela 5 apresentamos a divisão do número de matrículas por dependência
administrativa no Rio Grande do Norte em 2015. Como outrora citado, em relação aos
estabelecimentos públicos, a legislação educacional determina como responsabilidade
prioritária dos sistemas de ensino Estaduais a oferta gratuita do Ensino Médio. Ao analisar o
gráfico nº 3 e a tabela nº5 fica claro que a expansão do Ensino Médio está a cargo dos estados.
Ao sistema estadual cabe assegurar o Ensino Fundamental e oferecer com prioridade o Ensino
Médio, por isso o Estado é o maior responsável pelo Ensino Médio e o indicador de escolas é
tão elevado neste âmbito. O Ensino Fundamental é de responsabilidade dos municípios, apesar
de o estado oferecer.
51
Tabela 5 - Divisão por dependência administrativa de matrículas do Ensino Médio no
RN em 2015
Dependência
Administrativa
Frequência (%)
Federal 9.873 7,6 %
Estadual 101.787 78,6%
Privada 17.792 13,7%
Municipal 0 0%
TOTAL 129.452 100%
Fonte: MEC/Inep/Deed , 2015
A tabela 5 nos mostra que o âmbito federal é responsável por apenas 7,6% das matriculas
do Ensino Médio no RN, representando 9.873 matriculas. A rede privada representa 13,7% das
matriculas. Na rede municipal, no estado do RN, não há nenhuma escola que ofereça essa etapa
da educação básica. E com 78,6%, isto é 101.787 matriculas está sobre responsabilidade a rede
estadual.
A conquista pela igualdade e pela qualidade da educação no Brasil (um país com classes
sociais tão diferentes e heterogenea) é uma ação que acarreta políticas públicas que incluam
todos os estados brasileiros. O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes,
estratégias e metas para a política educacional nos próximos dez anos. O PNE esta em vigor
desde 2014 e vai ate 2024. Ele é decenal por força constitucional, o que significa que ultrapassa
governos.
O primeiro grupo do PNE são metas estruturantes para a garantia do direito a Educação
Básica com qualidade, e que assim promovam a garantia do acesso, a universalização do ensino
obrigatório, e a ampliação das oportunidades educacionais. O segundo grupo de metas diz
respeito a redução das desigualdade e a valorização da diversidade, caminhos imprescíndiveis
para a equidade. O terceiro grupo contem metas relativas a ampliação do acesso ao ensino
superior e a pós graduação. O quarto bloco de metas trata da valorização dos profissionais da
educação, considera estratégica para que as metas anteriores sejam atingidas. O quinto grupo
de metas refere-se a efetivação da gestão democrática. E o ultimo, porém não menos importante
tras metas relacionadas a ampliação dos investimentos na area.
Destacaremos neste trabalho a Meta 3 que tem como objetivo universalizar, ate 2016 o
atendimento escolar para a toda população de 15 (quinze) a 17 (dezessete anos) e elevar, ate o
final do periodo vigente deste PNE, a taxa liquida de matrícula no Ensino Médio para 85%.
Para execução dessa meta BRASIL (2014) sugere-se a colaboração entre redes estaduais e
municipais e acompanhamento da trajetória educacional de cada estudante. O estado precisa
52
fortalecer seu papel de coordenação no território, fazendo busca ativa e viabilizando o
planejamento de matrículas de forma integrada aos municípios, bem como incorporando
instrumentos de monitoramento e avaliação contínua em colaboração com os municípios e com
a União. Há ainda a necessidade de que os estados e municípios projetem a ampliação e a
reestruturação de suas escolas na perspectiva da educação integral, e, nesse contexto, é
estratégico considerar a articulação da escola com os diferentes equipamentos públicos, espaços
educativos, culturais e esportivos, revitalizando os projetos pedagógicos das escolas nessa
direção.
O Brasil vive, nos últimos anos, um processo de desenvolvimento que tem sido
acompanhado de programas e medidas que têm permitido ao país aumentar o volume de
recursos destinados à Educação. Essas iniciativas têm como objetivo criar condições para que
se possa avançar nas políticas educacionais brasileiras, melhorando da qualidade do ensino, à
formação e valorização dos profissionais da educação e à inclusão social. O Ensino Médio tem
ocupado um papel de destaque nas discussões sobre educação brasileira, pois sua estrutura, seus
conteúdos, e demais condições, estão longe de atender às necessidades dos estudantes.
Baseados em pesquisas e estudos, a organização e funcionamento do Ensino Médio têm sido
objeto de mudanças na busca da melhoria da qualidade.
O Ensino Médio no Brasil precisa mudar para acompanhar as atuais demandas, as novas
tecnologias e as mudanças exigem que a escola possibilite aos alunos integrarem-se ao mundo
contemporâneo nas dimensões da cidadania e do trabalho. O Ministério da Educação, num
trabalho conjunto com educadores de todo o País, chegou a um novo perfil para o currículo,
considerando a existência de que o ensino era descontextualizado e baseado no acúmulo de
informações. Contudo, as novas diretrizes buscam dar significado ao conhecimento escolar,
mediante a contextualização, a interdisciplinaridade; incentivo ao raciocínio e a capacidade de
aprender.
A permanência do estudante no Ensino Médio envolve um conjunto de fatores, como:
idade com que ingressam na escola; inclusão ou não no mercado de trabalho; trajetória escolar
anterior; taxas de repetência e evasão; aproveitamento dos estudos; infraestrutura oferecida;
qualidade do corpo docente, entre outros. Não se pode pensar em mudança sem antes conhecer
as dificuldades e necessidades dos envolvidos no processo. Nesse sentido, qualquer política
precisa ser (re)pensada de modo que considere esses múltiplos aspectos.
A identidade do Ensino Médio deve ser constituída pedagogicamente com base em um
currículo diversificado e flexibilizado. A definição da identidade do Ensino Médio precisa ser
iniciada mediante um projeto que, desenvolva possibilidades formativas com roteiros
53
diversificados, que contemplem as múltiplas necessidades socioculturais e econômicas dos
estudantes, reconhecendo-os como sujeitos de direitos, sendo assim capaz de aumentar a taxa
de escolarização em nosso país.
Se a educação é compreendida como direito social cabendo ao Estado sua oferta, esse
mesmo Estado deve organizar-se, para garantir a toda população direito à educação gratuita e
de qualidade, sobretudo significativa para o aluno sendo capaz de mantê-lo na escola. Essa
educação não se limita a sala de aula (o que não deixa de ser importante), mas também faz parte
de um processo de socialização capaz de tornar um cidadão a adaptar-se ou transformar
situações e a desempenhar novos papéis na sociedade. Uma vez entendido o sentido e a
importância da educação é eficaz por em execução planos educacionais, políticas públicas,
visando à melhoria dos indicadores, que corrijam seus problemas mais graves e que apresente
soluções que melhorem substantivamente a experiência de aprendizagem de nossas crianças,
adolescentes e jovens.
2.5 O Novo Ensino Médio: estrutura e funcionamento
Após um intenso período de estudos e discussões, o Ministério da Educação, por
intermédio do Conselho Nacional de Educação e da Secretaria de Educação Média e
Tecnológica, construiu recentemente um novo perfil para o currículo do Ensino Médio.
A educação vive hoje um momento de transição. É essencial que as escolas caminhem
buscando um ensino cada vez mais multidisciplinar e transversal, onde as aulas expositivas
deem espaços aos estudos por projetos, a exemplo do que já acontece em outros países.
Em fevereiro de 2017, o presidente Michel Temer sancionou a Lei Nº 13.415 de 16 de
fevereiro de 2017, conhecida como a “Reforma do Ensino Médio”, que promove diversas
alterações na carga horária e estrutura curricular dessa etapa do ensino. O projeto, apresentado
como uma Medida Provisória ao Congresso Nacional, foi alvo de críticas de partidos de
oposição e levou a protestos pelo país que culminaram na ocupação de escolas públicas pelos
estudantes em diferentes Estados. O fato das mudanças serem levadas à frente por meio de uma
Medida Provisória n°746/2016, revela o sentido de urgência, relevância e a prioridade que se
deve dar à Educação.
A Reforma do Ensino Médio é uma mudança na estrutura do sistema atual. Ao propor
a flexibilização da grade curricular, o novo modelo permitirá que o estudante escolha a área de
conhecimento para aprofundar seus estudos. Segundo o MEC a nova estrutura terá uma parte
que será comum e obrigatória a todas as escolas (Base Nacional Comum Curricular) e outra
54
parte flexível. Com isso, o Ensino Médio, permitirá que cada um siga o caminho de suas
vocações, seja para seguir os estudos no nível superior, seja para entrar no mundo do trabalho.
O novo modelo depende ainda da BNCC que está em elaboração e será homologada
ainda este ano. A BNCC será obrigatória e irá nortear os currículos das escolas. Após essa etapa,
no primeiro ano letivo subsequente à data de publicação, os sistemas de ensino deverão
estabelecer um cronograma de implantação das principais alterações da lei e iniciar o processo
de implementação, a partir do segundo ano letivo.
O atual ministro da Educação, Mendonça Filho, argumenta a implementação da reforma
afirmando que atualmente não há sintonia entre a realidade, os anseios dos jovens e o conteúdo
ensinado para eles no Ensino Médio. De acordo com o ministro, a discussão e aprovação da Lei
13.415, é essencial para atualizar e melhorar o aprendizado neste período escolar.
Segundo o MEC (2017), entre as principais mudanças da nova Lei º13.415, estão:
a) Ampliação gradual da carga horária
A carga horária mínima anual, de 800 horas, será gradualmente ampliada para 1,4 mil horas. O
Plano Nacional de Educação (PNE) prevê para 2024 até 50% das escolas atendidas pelo ensino
integral e 25% das matrículas no Ensino Fundamental dentro do mesmo modelo.
b) Flexibilização dos currículos
Com as mudanças, o currículo do Ensino Médio será dividido em dois, uma parte com
disciplinas fixas obrigatórias e outra com optativas, nas quais o aluno poderá construir uma
grade adequada ao seu perfil e seu próprio projeto de futuro. Além dos componentes
curriculares previstos na BNCC, o novo Ensino Médio prevê a obrigatoriedade das disciplinas
de língua portuguesa e de matemática ao longo dos três anos. Além disso, a língua inglesa, que
não era obrigatória segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passará a ser a
partir do sexto ano do Ensino Fundamental. Porém, no Ensino Médio, as redes poderão oferecer
outras línguas estrangeiras, com prioridade para o espanhol.
c) Autonomia para os Estados
Esse modelo dará mais autonomia para os Estados, que poderão criar seus próprios currículos
e políticas para o Ensino Médio de acordo com o contexto histórico, econômico, social,
ambiental e cultural de cada região
d) Formação técnica
O Novo Ensino Médio vai ofertar formação técnica profissional, com aulas teóricas e práticas.
Essa qualificação técnica vai ocorrer dentro do período normal, sem a necessidade de que o
aluno esteja no ensino integral. Atualmente, o estudante que almeja uma formação técnica de
nível médio precisa cursar 2,4 mil horas do Ensino Médio regular e mais 1,2 mil horas do
55
técnico. Com a mudança, o jovem poderá optar por uma formação técnica profissional dentro
da carga horária do Ensino Médio regular e, ao final dos três anos, ser certificado tanto no
Ensino Médio como no curso técnico. Cada estado e o Distrito Federal organizarão seus
currículos.
A permissão para que os professores sem diploma especifico ministrem aulas foi alvo
de críticas. A reforma afirma que profissionais com “notório saber”, reconhecidos pelo sistema
de ensino podem dar aulas exclusivamente para cursos de formação técnica e profissional, desde
que os cursos estejam ligados as áreas de atuação deles. Também ficou definido que
profissionais graduados sem licenciatura poderão fazer uma complementação pedagógica para
que estejam qualificados a ministrar aulas. Outra grande crítica feita a Reforma é que
especialistas dizem que as mudanças deveriam ter sido discutidas abertamente com a sociedade,
e não implementadas via Medida Provisória. Entretanto, defensores relembram que há anos, o
País discute a reforma do Ensino Médio sem avançar para torna-la realidade; que era preciso
sair do papel.
Em setembro de 2016 a ANPED lançou uma nota sobre a reforma fazendo críticas
severas a alguns artigos da lei. A Associação julga a reforma como autoritária pois não procurou
dialogar com a sociedade. Faz critica a possibilidade que qualquer profissional não licenciado
possa exercer o magistério. Em contrapartida, afirma como ponto positivo o fato de aumentar a
carga horária, elogiando a implementação do período integral.
No Brasil, essa temática vem sendo objeto de debates e estudos há anos. O Projeto de
Lei para reforma do ensino médio, tramitava lentamente no Congresso Nacional desde 2013.
Outros países como Correia do Sul e Chile já universalizaram o Ensino Médio. No Brasil, além
da distância dessa meta de garantir a universalização há ainda os baixos e alarmantes resultados
das avaliações.
Aprender não se limita a decorar conceitos, fatos e datas, mas sim incorporar um
conhecimento em um repertório que seja útil para a vida (significativo). Como aprender com
um currículo demasiado e com esse excesso de disciplinas? Essas disciplinas são uteis e
importantes, no entanto, somadas elas não estão sendo bem digeridas. Dar consentimento ao
aluno escolher os assuntos que mais lhes interessam e se aproximam dos seus planos amenizam
alguns desses males.
Currículos enxutos, mais flexíveis e realistas será o primeiro passo para se chegar a uma
verdadeira reforma do ensino médio. Inovar o Ensino Médio é urgente e não precisa de mais
evidências.
56
3-O PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR (PROEMI)
Neste capítulo se realiza uma análise processual que permita descrever os objetivos, a
criação e implementação do Programa Ensino Médio Inovador. Destacaremos ainda pontos
referenciais sobre sua execução no Rio Grande do Norte, bem como sua forma de
funcionamento e definição dos Campos de Integração Curricular (antes chamados de
Macrocampos), parte fundamental para entender bem o programa. Para tal, é imperativo para
análise entender o papel da inovação, analisando-a em entrelaçamento com outros contextos
envolvidos. Compreender esse referencial teórico, é fato basilar para compreender o ProEMI e
seus pressupostos. Nesse sentido, levantaremos informações sobre os desafios de promover a
inovação, os tipos de inovação e quais as principais exigencias que o “ser inovador” levanta.
3.1 Apresentação e Competências do ProEMI
Muitos são os fatores que podem ser associados à problemática do Ensino Médio na
atualidade, um dos fatores que pode explicar o alto índice de abandono é a sua falta de
identidade. Esta etapa da educação básica não consegue atender as diversas insuficiências dos
jovens. É preciso uma nova escola que supere o ensino tradicional, que construa uma educação
que responda as novas exigências da sociedade que está em constante transformação.
O Ensino Médio no Brasil além de apresentar dados atuais bastante alarmantes possui
uma matriz curricular pouco motivadora para os alunos. Para reverter essa situação o MEC
lançou em 2009, o Programa Ensino Médio Inovador, com o objetivo de provocar modificações
curriculares no Ensino Médio. A sugestão é buscar outro tipo de formação, mais focada para a
solução de problemas, ausentando-se do módulo vigente que valoriza demasiadamente o
conteúdo e a memorização.
O Programa Ensino Médio Inovador pressupõe uma nova perspectiva de articulação
interdisciplinar, voltada para o desenvolvimento de saberes, conhecimentos, competências,
valores e práticas. Apresenta-se como um experimento de inovação educacional para promover
mudanças significativas no currículo das escolas públicas de Ensino Médio não
profissionalizante no Brasil.
Nesse sentido, o programa representa uma chance para alterações nas práticas
pedagógicas, estimulando a inovação, procurando uma forma compatível de lidar com as
realidades do conhecimento e dos alunos envolvidos e contribuir para a superação das
desigualdades de oportunidades educacionais.
57
O Programa Ensino Médio Inovador como política nacional pretende consolidar a
identidade dessa etapa educacional, considerando a diversidade do alunado, promover a
aprendizagem adequada a essa etapa e reconhecer e priorizar a interlocução com as culturas
juvenis.
O Programa Ensino Médio Inovador, instituído pela Portaria nº. 971, de 09/10/2009,
foi criado para provocar o debate sobre o Ensino Médio junto aos Sistemas de Ensino Estaduais
e do Distrito Federal, fomentando propostas curriculares inovadoras nas escolas do Ensino
Médio, disponibilizando apoio técnico e financeiro, conforme à disseminação da cultura de um
currículo dinâmico, flexível e compatível com as exigências da sociedade contemporânea.
O Programa Ensino Médio Inovador estabelece em seu Documento Base4 condições
básicas para a elaboração dos Projetos de Reestruturação Curricular (PRC), as quais estão
sujeitas à adequação das respectivas escolas, que são:
a) Carga horária mínima de 3.000 (três mil horas), entendendo-se 2.400 horas
obrigatórias, acrescidas de 600 horas a serem implantadas de forma gradativa;
b) Foco em ações elaboradas a partir das áreas de conhecimento, conforme proposto
nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e que são orientadoras das
avaliações do ENEM- Exame Nacional do Ensino Médio;
c) Ações que articulem os conhecimentos à vida dos estudantes, seus contextos e
realidades, a fim de atender suas necessidades e expectativas, considerando as especificidades
daqueles que são trabalhadores, tanto urbanos como do campo, de comunidades quilombolas,
indígenas, dentre outras;
d) Foco na leitura e letramento como elementos de interpretação e de ampliação da
visão de mundo, basilar para todas as áreas do conhecimento;
e) Atividades teórico-práticas que fundamentem os processos de iniciação científica e
de pesquisa, utilizando laboratórios das ciências da natureza, das ciências humanas, das
linguagens, de matemática e outros espaços que potencializem aprendizagens nas diferentes
áreas do conhecimento;
f) Atividades em Línguas Estrangeiras/Adicionais, desenvolvidas em ambientes que
utilizem recursos e tecnologias que contribuam para a aprendizagem dos estudantes;
g) Fomento às atividades de produção artística que promovam a ampliação do universo
cultural dos estudantes;
4 Disponível no site do MEC.
58
h) Fomento as atividades esportivas e corporais que promovam o desenvolvimento
integral dos estudantes;
i) Fomento às atividades que envolvam comunicação, cultura digital e uso de mídias e
tecnologias, em todas as áreas do conhecimento;
j) Oferta de ações que poderão estar estruturadas em práticas pedagógicas multi ou
interdisciplinares, articulando conteúdos de diferentes componentes curriculares de uma ou
mais áreas do conhecimento;
k) Estímulo à atividade docente em dedicação integral à escola, com tempo efetivo para
atividades de planejamento pedagógico, individuais e coletivas;
l) Consonância com as ações do Projeto Político-Pedagógico implementado com
participação efetiva da Comunidade Escolar;
m) Participação dos estudantes no ENEM;
n) Todas as mudanças curriculares deverão atender às normas e aos prazos definidos
pelos Conselhos Estaduais para que as alterações sejam realizadas.
O Ensino Médio Inovador tem como um de seus principais objetivos da mais qualidade
ao ensino, mesclando com novos conteúdos, novas perspectivas e novas metodologias tentando
atender as necessidades e expectativas dos estudantes buscando inovações no currículo do
Ensino médio.
O Programa deve estar em sintonia com uma escola que funcione de forma organizada
capaz de pôr em prática as orientações deste, com uma gestão democrática. A escola precisa
contar com ambientes virtuais para a dinamização das aulas, materiais tecnológicos e
equipamentos que possibilitem a execução das atividades e dos projetos, recursos para
realização de viagens, aulas práticas e uma parte da verba é destinada para a melhoria de
infraestrutura das escolas que aderiram ao Programa.
Segundo o Documento Orientador (2016), a adesão ao Programa Ensino Médio
Inovador é realizada pelas Secretarias de Educação Estaduais, as escolas receberão apoio
técnico e financeiro, para a elaboração de seus projetos de reestruturação curricular. Os projetos
devem atender as reais primordialidades das escolas, reconhecendo as especificidades
regionais, devem desenvolver atividades que articulem as dimensões de trabalho, ciência,
cultura e tecnologia.
O Documento Orientador (2016) recomenda que as secretarias estaduais e distrital de
educação priorizem a seleção das escolas que receberam recursos do Programa Ensino Médio
Inovador em 2014 ou que possuam Indicador de Nível Socioeconômico baixo ou muito baixo,
conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –
59
INEP. Para atendimento de outras escolas, não contempladas pelos critérios de prioridade
definidos anteriormente, poderão ser observados critérios de distribuição territorial acordados
entre as Secretarias de Educação e a Secretaria de Educação Básica do Ministério de Educação
(SEB/MEC).
A seleção das escolas pelas respectivas secretarias de educação deverá obedecer aos
seguintes aspectos:
• necessidade de estabelecimento de ações conjuntas para melhoria da qualidade do
processo de ensino-aprendizagem;
• existência de estrutura curricular e ambientes escolares que possibilitem a ampliação
gradativa do tempo do estudante na escola, visando à implementação da educação em tempo
integral;
• capacidade de articulação com outras instituições, políticas públicas e programas,
como forma de ampliação dos espaços educativos e de aperfeiçoamento dos docentes;
• capacidade para aprimorar o atendimento escolar voltado às especificidades dos
estudantes do período noturno.
O Ensino Médio Inovador é uma estratégia e, também, um instrumento para induzir o
redesenho dos currículos do Ensino Médio, compreendendo que as ações propostas inicialmente
serão incorporadas gradativamente ao currículo, ampliando o tempo na escola, na perspectiva
da educação integral e a diversidade de práticas pedagógicas de modo que estas, de fato,
qualifiquem os currículos das escolas de Ensino Médio.
A tabela 6 identifica informações relevantes sobre o programa, enumerando dados sobre
o número de escola que receberam recursos, a quantidade de alunos beneficiados pelo programa
e o valor dos recursos que foram repassados as escolas em todo o país.
60
Tabela 6 -Número de escolas que receberam recursos, alunos beneficiados pelo ProEMI e valor
de recursos repassados as escolas no Brasil de 2010 a 2014.
PROEMI 2010 2012 2013 2014
Número de
escolas que
receberam
recursos
353 1.040 3.660 7.303
Alunos
beneficiados
295.698 1.173.908 2.776.792 4.628.762
Valor de
recursos
repassados
R$22.480.000 R$109.592.000 R$169.400.000 R$167.129.725
Fonte: INEP/MEC (2014)
No ano de 2009, 353 escolas receberam aos recursos destinados a atividades do
PROEMI, em 2012 esse número aumentou para 1.040, em 2013 para 3.660 e em 2014 este
número quase dobrou com a marca de 7.303 escolas em todo o Brasil. Fizeram adesão ao
ProEMI em 2012, 24 estados e o Distrito Federal, beneficiando aproximadamente 1,1 milhão
de estudantes do Ensino Médio. Em 2014 houve a adesão de todos os estados, incluindo Minas
Gerais e Alagoas que foram os dois últimos estados brasileiros a fazer adesão ao programa.
Deste modo até 2014 o número de alunos envolvidos no programa, logo, beneficiados passou
de 295.698 para 4.628.762 alunos. Diretamente proporcional foi o crescimento dos recursos
repassados a escola para o funcionamento do programa e execução de suas atividades. Em 2010
o valor era de R$ 10.700.000, houve um aumento de R$ 22.480.000, em 2012 subiu para R$
109.592.000, no ano seguinte (2013) este valor era de R$ 169.400.000, totalizando o valor de
R$167.129.725 em 2014 de recursos repassados. Observou-se que a proposta deste Programa é
importante para o desenvolvimento da educação, pois objetiva promover uma formação integral
aos alunos, reduzindo, consequentemente, as taxas de evasão, reprovação e distorções
idade/série escolar além de outros inúmeros benefícios.
O ProEMI configura-se como a ampliação do espaço educativo a partir da execução de
oficinas e produção de conhecimento. Segundo Salvino e Rocha (2014, p.14) esse programa é
causador de inúmeras vantagens no processo de ensino aprendizagem dos estudantes
envolvidos, quando afirma que:
61
(...) ampliação dos espaços educativos, propondo a intersetorialidade, a ideia
de cidade educadora e de educador comunitário, dentre outras, e dos tempos
escolares, através da oferta de educação em tempo integral. Esses programas
defendem a necessidade de redesenho dos currículos, enfatizando a
interdisciplinaridade e a criação de macrocampos como estratégia para tornar
o ensino mais dinâmico, produtivo, atrativo, integrado e inovador, e
consequentemente, de melhor qualidade.
O Programa Ensino Médio Inovador surgiu para incentivar as redes estaduais de
Educação a criar iniciativas inovadoras para o Ensino Médio. A intenção é incentivá-las a
pensar novas soluções que diversifiquem os currículos.
3.2 O programa Ensino Médio Inovador no âmbito da SEEC-RN
O Programa Ensino Médio Inovador se firma como uma política nacional, apesar de não
beneficiar todas as escolas de Ensino Médio, mas mesmo assim direciona políticas públicas
específicas com o objetivo de inovar o currículo dessa etapa de ensino. Em 2010, atendeu a 357
escolas estaduais brasileiras, sendo que no Rio Grande do Norte atendeu 11 escolas de Ensino
Médio. No início de 2012 ocorreu uma expansão no estado e atendeu 33 escolas, atingindo um
total de 44 escolas envolvidas. Atualmente, o ProEMI está inserido em 63 escolas no estado até
então.
O Rio Grande do Norte possui 167 municípios, destes 34 aderiram ao Programa Ensino
Médio Inovador até o ano de 2016. O mapa abaixo sinaliza os municípios que fazem parte do
ProEMI.
Figura 1 - Mapa do Rio Grande do Norte com os municípios que aderiram ao ProEMI.
Fonte: http://www.baixarmapas.com.br/mapa-do-rio-grande-do-norte/ , 2013.
62
Os municípios que aderiram ao Programa Ensino Médio Inovador são: Natal (com um
total de 18 escolas); Mossoró (6 escolas que fazem parte do programa); Caicó (3 escolas);
Parnamirim (2 escolas); Ceará Mirim (2 escolas); Currais Novos (2 escolas) e os municípios de
São Gonçalo do Amarante, Goianinha, São José de Mipibu, Nova Cruz, São Paulo do Potengi,
Santa Cruz, Angicos, Santana dos Matos, Lajes, Florânia, Assú, Areia Branca, Apodi,
Umarizal, São Miguel, Pau dos Ferros, João Câmara, Dr. Severiano, Martins, Caraúbas, Itajá,
Afonso Bezerra, Lajes Pintada, Lagoa Nova, Campo Redondo, São Pedro, Serrinha, Santo
Antônio, cada um com 1 escola.
A seguir, o quadro 1 representa as 63 escolas que aderiram ao Programa Ensino Médio
Inovador, e suas respectivas cidades.
Quadro 1 – Escolas que aderiram ao ProEMI no Rio Grande do Norte de 2010 a 2016.
MUNICÍPIO ESCOLA MUNICÍPIO ESCOLA
NATAL E. E. PROF. ANÍSIO TEIXEIRA S.J. DO MIPIBU E. E. FRANCISCO BARBOSA
NATAL E.E. ANTONIO P DE MEDEIROS NOVA CRUZ E.E. ROSA PIGNATARIO
NATAL E.E. ANA JÚLIA DE C. MOUSINHO S.P. DO POTENGÍ E.E. MAURICIO FREIRE
NATAL E.E. UNIÃO DO POVO CEARÁ MIRIM E.E. UBALDO BEZERRA DE MELO
NATAL E.E. PROF. FCO IVO CAVALCANTI CEARÁ MIRIM E.E. EDGAR BARBOSA
NATAL E.E. CÔNEGO LUIZ WANDERLEY SANTA CRUZ E.E. FCO. DE ASSIS DIAS RIBEIRO
NATAL E.E. VARELA BARCA ANGICOS E.E. FRANCISCO VERAS
NATAL E.E. BERILO WANDERLEY FLORÂNIA E.E. TEÔNIA AMARAL
NATAL E.E. DES. FLORIANO CAVALCANTI S. DO MATOS E. E. ARISTÓFANES FERNANDES
NATAL E. E. PROF EDGAR BARBOSA CAICÓ E.E. CALPURNIA C. AMORIM
NATAL E.E. ATHENEU NORTE RIOGRAND CAICO CENTRO EDUCAC.JOSÉ AUGUSTO
NATAL E.E. PADRE MIGUELINHO CAICÓ E.E. PROF ANTONIO ALADIM
NATAL E.E. WINSTON CHURCHILL ASSU E.E. JUSCELINO KUBITSCHEK
NATAL E.E. JOSÉ FERNANDES MACHADO APODI E.E. PROF. ANTÔNIO DANTAS
NATAL E.E. RAIMUNDO SOARES UMARIZAL E.E. 11 DE AGOSTO
NATAL E.E. MIRIAM COELI SÃO MIGUEL E.E. GILNEY DE SOUZA
NATAL E.E. JOSINO MACEDO PAU DOS FERROS E.E. JOSÉ FERNANDES DE MELO
NATAL E.E. JOSEFA SAMPAIO JOÃO CÃMARA E.E. FCO DE ASSIS BITTENCOURT
LAJES E.E. PEDRO II SANTO ANTÔNIO E.E.FILOMENA DE AZEVEDO
CURRAIS NOVOS E.E. TRISTÃO DE BARROS SERRINHA E.E. DOMITILA NORONHA
CURRAIS NOVOS E.E. CAP. MOR. GALVÃO S. P. DO POTENGI E.E. PEDRO ALEXANDRINO
AREIA BRANCA E.E. DES.SILVERIO SOARES LAJES PINTADAS E.E. VIRGÍLIO FURTADO
MOSSORÓ E. E MOREIRA DIAS CAMPO REDONDO E.E. MARIA ARIOENE DE OUZA
MOSSORO E.E MANOEL JOÃO AFONSO BEZERRA E.E. GILDECINA BEZERRA
MOSSORO E.E. AIDA RAMALHO LAGOA NOVA E.E. ANGELITA FELIX BEZERRA
MOSSORÓ E.E MARIA STELLA P COSTA JARDIN DOSERIDÓ CENTRO EDUC. FELINTO ELISIO
MOSSORÓ E.E HERMÓGENES NOGUEIRA ITAJÁ E.E. JOÃO MANOEL PESSOA
MOSSORÓ E.E GOV. DIX SEPT ROSADO CARAÚBAS E.E. SEBASTIÃO GURGEL
S.G. AMARANTE E.E. JOSÉ MOACIR DE OLIVEIRA MARTINS E.E. JOAQUIM INÁCIO
PARNAMIRIM E.E. DOM NIVALDO MONTE Dr.SEVERIANO E.E. CRISTOVÃO COLOMBO
PARNAMIRIM E.E. PRESIDENTE ROOSEVELT GOIANINHA E.E. JOÃO TIBÚRCIO
Fonte: Seec/RN, 2016.
63
As escolas inseridas no Programa Ensino Médio Inovador deverão desenvolver seu
Projeto de Redesenho Curricular (PRC) conforme orientação constante no novo Documento
Orientador (2016) e as disposições constantes na Resolução CD/FNDE nº 31 de 22 de julho de
2013 as seguintes recomendações:
• Inserir o Projeto de Redesenho Curricular (PRC) na aba Ensino Médio Inovador do
PDE Interativo, atendendo as orientações das instituições a qual estão vinculadas;
• Disponibilizar informações (Censo Escolar) e dados escolares que contribuam para o
registro institucional do ProEMI, bem como para a disseminação de experiências exitosas
juntos às demais escolas e sistemas educacionais;
• Participar de reuniões técnicas e eventos de formação, promovidos pelas Secretarias
de Educação Estaduais e Distrital e pela SEB/MEC, que contribuam para a sustentabilidade,
ampliação e aperfeiçoamento do ProEMI;
• Indicar um professor para a função de coordenador e articulador do ProEMI na escola;
• Proceder à execução e à prestação de contas dos recursos de acordo com as normas
vigentes do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e do Programa Ensino Médio
Inovador (ProEMI) e de acordo com o Projeto de Redesenho Curricular (PRC) aprovado;
• Zelar para que a prestação de contas referida no item anterior contenha os lançamentos
e seja acompanhada dos comprovantes referentes à destinação dada aos recursos repassados de
acordo com as normas vigentes do Programa Ensino Médio Inovador e a outras que,
eventualmente, tenham sido repassados, nos moldes operacionais e regulamentares do PDDE,
na mesma conta bancária específica, fazendo constar no campo "Programa/Ação" dos
correspondentes formulários, a expressão "PDDE Qualidade";
• Fazer constar dos documentos probatórios das despesas realizadas com os recursos de
acordo com as normativas vigentes no Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e no
Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI) (notas fiscais, faturas, recibos) a expressão “Pagos
com recursos do FNDE/PDDE Qualidade/ProEMI”; e
• Garantir livre acesso às suas dependências a representantes da SEB/MEC, do FNDE,
do Tribunal de Contas da União (TCU), do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo
Federal e do Ministério Público, prestando-lhes esclarecimentos e fornecendo-lhes documentos
requeridos, quando em missão de acompanhamento, fiscalização e auditoria.
Espera-se das escolas um currículo organizado não apenas em torno de disciplinas, mas
também de ações, situações e tempos diversos, que promovam a capacidade de pensar, refletir,
compreender e agir sobre as determinações da vida social e produtiva; que articulem trabalho,
64
ciência, tecnologia e cultura na perspectiva da emancipação humana, de forma igualitária a
todos os cidadãos, bem como a realização de atividades que favoreçam a iniciativa, a autonomia
e o protagonismo social dos jovens.
3.3 Dos Macrocampos a Campos de Integração Curricular: Campos de Ações e
estrutura do Programa.
Até o ano de 2016, o programa trabalhava com Macrocampos. Defendia que o currículo
fosse organizado em macrocampos, onde cada um desenvolvia um conjunto de atividades
didático-pedagógicas dentro de uma forma diferente de sistematizar o saber, de dar sentido ao
mesmo, de forma que seja relevante para o desenvolvimento integral dos estudantes.
Os macrocampos como atividades sistematizadoras se fundamentavam na
interdisciplinaridade e no ensino por projetos. Em 2016, com a divulgação de um novo
Documento Orientador, percebe-se uma mudança na nomenclatura, e os macrocampos passam
a ser chamados de Campos de Integração Curricular- CIC.
Compreende-se por CIC um campo de ação curricular no qual se desenvolvem
atividades interativas, integradas e integradoras dos conhecimentos e saberes, dos tempos, dos
espaços e dos sujeitos envolvidos com a ação educacional. Os CIC se constituem, assim, como
um eixo a partir do qual se possibilita a integração superação da fragmentação e hierarquização
dos saberes. Permite, portanto, a articulação entre formas disciplinares e não disciplinares de
organização do conhecimento e favorece a diversificação de arranjos curriculares.
Segundo o Documento Orientador (2016) a escola deverá indicar os princípios e ações
que estará adotando com vistas a produzir um maior diálogo e interação entre as áreas do
conhecimento e componentes curriculares/disciplinas. Os princípios e ações deverão ser
articulados em torno da proposição do Trabalho, da Ciência, da Cultura e da Tecnologia como
dimensões indissociáveis da formação humana e eixo articulador conforme estabelecem as
DCNEM.
A interdisciplinaridade se contrapõe a uma intensa segregação do conhecimento, ou
seja, a interdisciplinaridade busca uma maior interação entre disciplinas distintas. A urgência
do tratamento interdisciplinar no ensino tem destaque no cenário educacional brasileiro, pois
passou a configurar-se como um dos princípios norteadores da organização da estrutura
curricular e das recomendações em torno de práticas de ensino para o Ensino Médio.
65
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio- DCNEM em seu Art 8º e
inciso 1º diz que:
O currículo deve contemplar as quatro áreas do conhecimento, com tratamento
metodológico que evidencie a contextualização e a interdisciplinaridade ou
outras formas de interação e articulação entre diferentes campos de saberes
específicos.
Para Marcelino Jr. (2011) as questões interdisciplinares abrangem conteúdos referentes
a duas ou três disciplinas que se articulam e se integram como ciências mais próximas, apesar
de suas especificidades. Elas proporcionam uma articulação convergente entre conhecimentos
disciplinares e proporcionam a criação de objetos comuns.
Na sociedade contemporânea é cada vez mais importante articular os conteúdos
curriculares da escola a contextos em que o aluno está inserido. Não se trata apenas de trabalhar
a interdisciplinaridade, ou seja, integrar conhecimentos de duas ou mais disciplinas, mas
também trabalhar esses conteúdos de forma contextualizada. Trabalhar a contextualização é
relacionar os conteúdos curriculares a realidade dos alunos atribuindo sentido e significado aos
ensinamentos.
Os conteúdos apreendidos pelos estudantes na sala de aula são úteis para resolver
situações no contexto escolar, porém de pouca utilidade para pensar e resolver situações em
outros contextos. Esses autores fazem uma crítica a forma como se está ensinando aos alunos,
isso significa afirmar que o que foi aprendido pelos alunos na escola permanece na escola, ou
seja, são conhecimentos limitados aos muros escolares. Por isso a importância da inserção de
conteúdos relevantes que utilizem contextos mais próximos do cotidiano dos alunos.
A abordagem contextualizada é enfatizada nos documentos oficiais. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – PCNEM- afirmam que com o conhecimento
contextualizado a escola tem condições de retirar o aluno da condição de espectador passivo
permitindo que aprenda. A contextualização é definida nos PCNEM como um dos princípios
para a organização do currículo por temas mais próximos do convívio dos alunos.
Ao se elaborar atividades que não consideram a realidade dos alunos desenvolvem
sujeitos capacitados apenas para reproduzir os conceitos, aplicar formulas repetir e memorizar,
sem reconhecer possibilidades de associar os conhecimentos a seu cotidiano.
Nesse sentido o ProEMI através de sua organização curricular preocupa-se com a
capacidade do aluno de compreender, intervir na realidade e utilizar conhecimentos também
fora dos muros da escola. É imprescindível criar situações para que o aluno experimente a
66
curiosidade, o encantamento da descoberta e o contentamento de estabelecer o conhecimento
com independência.
Tem-se notado ao longo do tempo uma diversidade de propostas pedagógicas com a
intenção de dar sentido a prática educativa escolar e melhorar o ensino. A discussão sobre
projetos de trabalho como tática de ensino e aprendizagem se coloca não exclusivamente como
um formato de ensino mais atrativo para os alunos, mas como uma determinada concepção e
postura pedagógica que tem como desígnio aproximar a escola o máximo possível da realidade
do aluno.
Segundo Filho, Nunez e Ramalho (2004, pag. 76) projetos de ensino são definidos
como:
Propostas pedagógicas disciplinares ou interdisciplinares compostas de
atividades a serem executadas pelos alunos sob a orientação do professor,
destinadas a criar situações de aprendizagens mais dinâmicas e efetivas,
atreladas às preocupações da vida dos alunos pelo questionamento e pela
reflexão, na perspectiva da construção do conhecimento e da formação para
cidadania e para o mundo do trabalho.
É indispensável que o trabalho desenvolvido no âmbito escolar colabore para a
construção de competências, habilidades e atitudes nos envolvidos na atividade, efetivando
assim sua participação na sociedade e no mundo do trabalho de forma mais construtiva, crítica
e socialmente responsável. No espaço escolar o ensino por projetos constitui-se em um dos
caminhos apropriados para o alcance desse objetivo, essa estratégia é uma das possibilidades,
dentro do sistema de métodos e recursos utilizados para facilitar a aprendizagem dos alunos.
Segundo Filho, Nunez e Ramalho (2004) “o trabalho com projetos pode fazer a escola
ir além de seus muros e criar pontes entre os conteúdos estudados e o meio físico e social”.
Dessa forma, o projeto ultrapassa os conhecimentos que poderiam ser adquiridos somente por
meio de aulas expositivas e tradicionais. A implantação de projetos além de tornar aulas mais
dinâmicas torna o aprendiz ativo e criativo.
De acordo com o Documento Orientador, a escola deverá contemplar quatro CIC
obrigatórios e pelo menos mais um de sua escolha, totalizando assim ações em no mínimo 05
(cinco). Seguem abaixo os Campos de Integração Curricular (CIC):
I - Acompanhamento Pedagógico (Língua Portuguesa e Matemática);
II - Iniciação Científica e Pesquisa;
III - Mundo do Trabalho;
IV - Línguas Adicionais/Estrangeiras;
V - Cultura Corporal;
67
VI - Produção e Fruição das Artes;
VII - Comunicação, Uso de Mídias e Cultura Digital;
VIII - Protagonismo Juvenil.
Nesse sentido, o currículo das escolas que aderiram ao programa, em todas suas
dimensões e ações deverá ser elaborado de forma a garantir o direito à aprendizagem e ao
desenvolvimento dos estudantes por meio de ações e atividades que contemplem, nessa
perspectiva de integração curricular, a abordagem de conhecimentos, o desenvolvimento de
experiências e a promoção de atitudes que se materializam na formação humana integral. Isso
gera a reflexão crítica e a autonomia dos estudantes de acordo com os CIC citados
anteriormente.
Para que o Programa alcance os objetivos pretendidos, é fundamental que exista as
práticas inovadoras que tem por objetivos a melhoria da qualidade do ensino, visando obter
resultados positivos para o aluno. Essas práticas inovadoras consistem em formular atividades
educativas, integradas ao Currículo Escolar, com a ampliação de tempos, espaços e
oportunidades de aprendizagem que visam ampliar a formação do aluno.
A essência das propostas sugeridas pelo Programa Ensino Médio Inovador é a da
requalificação da educação, a partir da implementação de novas práticas, sugestões de inovação
nos currículos, da requalificação das práticas e dos tempos e espaços educativos. Esses tempos
e espaços educativos não devem se limitar apenas aos tempos e espaços escolares, mas devem
incluir, também, os demais tempos e espaços urbanos, não escolares. Afinal, o direito à
educação de qualidade, não cabe mais apenas na sala de aula e não se limita aos arredores da
escola, mas devem ultrapassar essas barreiras.
Cada CIC tem suas especificidades com o objetivo de atender determinada área de
conhecimento de forma integrada e interdisciplinar. Para tanto, no quadro 2 tem-se uma
explicação de cada CIC, de acordo com o documento supracitado.
68
Quadro 2- Definição das atividades nos Campos de Integração Curricular do ProEMI
Acompanhamento Pedagógico- As ações deste CIC deverão fortalecer os componentes curriculares,
tendo como referência a aprendizagem de Língua Portuguesa e Matemática e os objetivos constantes
no Projeto Político Pedagógico, elaborado a partir do diagnóstico realizado pela escola. As atividades
propostas, portanto, deverão aprofundar conhecimentos da língua portuguesa e da matemática, por
meio de um planejamento flexível, estabelecendo conteúdos e metodologias diferenciados e contando
com maior tempo disponível para professores e estudantes realizarem suas práticas pedagógicas.
Iniciação Científica e Pesquisa Neste CIC as atividades integram teoria e prática, compreendendo a
organização e o desenvolvimento de conhecimentos científicos. As atividades relacionadas à Iniciação
Científica deverão ser desenvolvidas utilizando laboratórios e outros espaços, por meio de projetos de
estudo e de pesquisas de campo envolvendo conteúdos de uma ou mais áreas de conhecimento, com
investigação sobre fatos, fenômenos e procedimentos.
Mundo do Trabalho- As ações propostas a partir deste CIC deverão propiciar o desenvolvimento de
competências essenciais para o exercício de qualquer profissão. O desenvolvimento de práticas
pedagógicas a partir de vivências com o mundo do trabalho dará início a formação, a discussão de
cenários e de oportunidades para a inserção profissional do jovem. As ações propostas no CIC Mundo
do Trabalho poderão contemplar uma ou mais áreas de conhecimento com foco na diversidade de
temáticas de interesse geral e de conteúdo que articulem com a dimensão do trabalho.
Línguas Estrangeiras Neste CIC deverão, por meio do estudo de língua adicional/estrangeira
(preferencialmente, o inglês), propor atividades que possibilitem experiências de uso da língua com
foco no desenvolvimento linguístico-comunicativo-discursivo. As atividades deverão compreender a
construção da linguagem na língua adicional/estrangeira em suas multimodalidades, contemplando o
estudo e a prática da língua em situações formais e informais.
Cultura Corporal Este CIC deverá desenvolver atividades que promovam o desenvolvimento da
consciência corporal e do movimento, a compreensão da relação entre o corpo e as emoções,
abordando também a importância de atitudes saudáveis. Poderá contemplar esportes de campo e de
mesa, artes marciais ou outras atividades corporais (malabarismo, yoga, capoeira, dentre outras).
Produção e Fruição das Artes As ações propostas a partir deste CIC deverão desenvolver
conhecimentos que incorporem práticas de elaboração nas diversas formas de expressão artística,
apreciação, análise, fruição, crítica e produção artística nas diversas linguagens (pintura, dança,
música, escultura, cinema, teatro, ecotécnicas, contação de história, literatura e outras.
Comunicação, Cultura Digital e uso de Mídias As atividades desse CIC deverão desenvolver
processos relacionados à educomunicação, para a criação de sistemas comunicativos abertos,
dialógicos e criativos nos espaços educativos, que possibilitarão condições de acesso às diferentes
mídias e tecnologias, ferramentas, instrumentos e informações que desenvolvam a ampliação da
cultura digital e suas múltiplas modalidades de comunicação.
Protagonismo Juvenil- Este CIC deverá desenvolver ações de incentivo à atuação e organização da
juventude nos seus processos de desenvolvimento pessoal, social e de vivência política. As atividades
deverão possibilitar o desenvolvimento de metodologias que ampliem as condições de participação e
assegurem a pluralidade de manifestação da juventude, representação e participação. A prática de
experiências democráticas desenvolve nos alunos uma maior consciência crítica.
Fonte: Brasil, 2016.
69
O Ensino Médio tem como eixo integrador entre os conhecimentos as dimensões de:
Trabalho, Cultura, Ciência e Tecnologia. Nesse sentido, o trabalho é percebido como prática
social, manutenção e transformação de bens e serviços necessários à existência humana, por
meio deste que se pode compreender o processo histórico de produção científica e tecnológica.
Não se trata de uma formação estritamente profissionalizante e sim, uma participação que deve
ser ativa, consciente e crítica. A Cultura deve ser entendida como as diferentes formas de
criação cultural da sociedade, seus valores, suas normas de conduta, suas obras. Cultura é
expressão de valores e de hábitos. Uma formação que não dissocie a cultura da ciência e do
trabalho possibilita aos estudantes compreenderem que os conhecimentos e os valores
característicos de um tempo histórico e de um grupo social trazem a marca das razões, dos
problemas, das necessidades atuais, que nos possibilita entender melhor o momento presente.
A Ciência será considerada como o conjunto sistematizado do conhecimento humano e a
tecnologia será vista como uma mediação entre a ciência (ou conhecimento) e a produção.
Nesse sentido, é adequarmos pensarmos sobres esses espaços, não como simples
estrutura física ou arquitetura, que até necessite de reformas e/ou ampliações, mas que sejam
pensados como lugar de vida, de relações, de troca de conhecimentos, de experiências e,
principalmente, de aprendizagem, e que interfere na vida de quem os ocupam. Para realização
do ProEMI é preciso dar condições para que ele aconteça, ele não vai exigir apenas a construção
de mais salas, quadras esportivas ou compras de materiais. Os princípios e os fundamentos nos
pedem qualidade e não só quantidade.
Para se tornar eficaz e com resultados positivos é adequado que a escola esteja em
sintonia com essas transformações que vem acontecendo na sociedade que interfere vários
âmbitos sociais. A educação reclama por mudanças nas práticas educativas, ampliando seu
horizonte pedagógico de forma a atender as inquietudes dos educandos diante da sociedade
vigente.
3.4 Inovação Pedagógica: Instrumento para educação de qualidade
O atual cenário da educação brasileira motiva professores e especialistas em educação
a dedicarem-se as pesquisas e estudos no âmbito das práticas educativas. A inovação
pedagógica, e as formas de atuação e relacionamento entre educador e educando devem passar
a ser algo concreto, que possa destituir o fracasso escolar e que estimulem e promovam a
aprendizagem significativa.
70
Quando tratamos do tema inovação faz-se associação a ruptura e quebra de
procedimentos pedagógicos clássicos e rotinas educativas tradicionais sendo substituídas por
atividades que atenda as exigências do mundo moderno, contemporâneo. Primeiramente,
ressalta-se que a inserção de novas tecnologias ou alguns equipamentos modernos nas escolas
não significa inovação no processo educativo. Ainda que saibamos que o uso dessas ferramentas
é bastante relevante, reconhecemos que esses aparelhos e máquinas por si só não garantem o
êxito que se espera de uma instituição de ensino. Com a ajuda e auxilio do professor a
tecnologia pode sim favorecer situações de aprendizagem, porém é preciso consciência e
reconhecer a importância também da realização de práticas de ensino e situações de
aprendizagem.
A nomenclatura inovação, foi bastante utilizada nos séculos XV e XVI, permaneceu
pouco usada até o século XX, e passou a ser utilizada de forma exaustiva até os dias atuais.
Embora durante os séculos XIX e XX, inovação tenha se relacionado muito à inovação
tecnológica, o conceito é bem mais amplo do que mencionar restritamente a máquinas e
equipamentos modernos.
Inovar significa novidade ou renovação, métodos, práticas ou objetos que são criados e
que pouco se parece com padrões anteriores, justamente nessa perspectiva de substituir algo
que está sendo utilizado. A inovação surgi no sentido de suprir algo que se apresenta com pouca
eficácia. Segundo MITRULIS (2002) a inovação tem como objetivo “melhorar aquilo que
existe, de introduzir em dado contexto um aperfeiçoamento, um melhor saber, um melhor fazer
e um melhor ser”.
Para Carbonell (2002, pág 22), inovação é:
Um conjunto de intervenções, decisões e processos, com certo grau de
intencionalidade e sistematização, que tratam de modificar atitudes, ideias,
culturas, conteúdos, modelos e práticas pedagógicas. E, por sua vez, introduzir
em uma linha renovadora, novos projetos e programas, materiais curriculares,
estratégias de ensino- aprendizagem, modelos didáticos e outra forma de
organizar e gerir o currículo, a escola e a dinâmica da classe.
A inovação, significa inserir algo novo buscando melhorias, ou seja, incorporar algo que
até então não fazia parte. Cunha (2008) considera como características pedagógicas inovadoras:
• A ruptura com a forma tradicional de ensinar e aprender;
• A gestão participativa com a atuação dos estudantes na definição e critérios no
ensino;
• A reconfiguração de saberes incluindo também competências, arte, vivencias
pessoais;
71
• A reorganização da relação entre teoria e a prática;
• A modificação da percepção da concepção, desenvolvimento e avaliação da
experiência no ensino/aprendizagem;
• A mediação do docente assumindo relações sócio afetivas com os alunos como
condição de aprendizagem significativa (subjetividade, conhecimento);
• O protagonismo como condição para aprendizagem significativa, reconhecendo
que tanto estudantes quanto professores são sujeitos da prática pedagógica
estimulando a produção de conhecimento pelos estudantes.
Nesse sentido a inovação que deve ser introduzida na escola, principalmente no Ensino
Médio, traz consigo o conceito de tática de ação e supõe uma intenção de inserir algo novo. As
inovações, portanto, fazem parte da proposta educacional da escola buscando nova maneira de
ver aquilo que já existe e o que já é realizado procurando uma melhora em suas ações.
Originalidade, novidade e racionalidade são algumas das características da inovação. Ela nem
sempre vai ter o mesmo sentido para diferentes pessoas, isto é, inovação é um termo
polissêmico. Além de não ter o mesmo sentido poderá também não ter o mesmo efeito. Desta
forma, o efeito ou resultado esperado será diferente entre os que colocam em prática a inovação.
Em alguns lugares ela é aceita com facilidade e entusiasmo e em outros já causa uma certa
resistência.
Para esse estudo, a inovação é o ato de modificar, transformar as coisas por meio da
inserção de algo novo, uma substituição. A inovação tem como característica a implantação de
uma prática nova para substituir por outro modelo considerado inadequado ou que já não é
eficaz.
Dessa forma “a inovação é concebida à medida que se busca dar respostas à preocupação
proveniente de uma prática que não satisfaz as expectativas dos professores, dos alunos e de
toda equipe envolvida no processo. (Hernández, 2000). A inovação pedagógica deve se
contrapor ao modelo tradicional de educação, buscar métodos que facilitem a aprendizagem
dos alunos e consequentemente uma organização do ensino. Segundo Hernandez (2000):
Introduzir uma inovação em uma instancia educativa implica uma mudança
planejada com o propósito de dotar de capacidade a organização (ou o
professor) para satisfazer alguns objetivos... falar de inovação significa
modificar as formas de atuação como resposta a mudança nos alunos e implica
uma organização diferente no trabalho, para o qual devem ser utilizados
métodos mais eficazes.
72
O sistema educativo nos dá oportunidade para que diante de uma reflexão e analises
reconheçamos as principais falhas do processo de ensino aprendizagem e que busquemos por
melhorias e por um processo eficaz. Dessa forma que devemos recorrer quando nos depararmos
com os percalços e desafios do Ensino Médio: buscando inovar. Segundo Freire (1986), os seres
humanos têm essa possibilidade de ser co-criadores, a qual nos libera de ser meros executores
das programações sociais e de ficar subordinados às metodologias "bancárias". A inovação
pedagógica nos possibilita a criação de espaços que promovem a possibilidade do pensar,
ampliando as situações para além das tradicionais.
Conforme Cunha (2008, p. 103):
O conceito de inovação pedagógica requer uma ruptura necessária que permita
reconfigurar o conhecimento para além das regularidades propostas pela
modernidade. Ainda neste sentido, não apenas considera a inclusão de
novidades e tecnologias, mas também uma mudança na forma de entender o
conhecimento.
Para Cabral Neto (1990) há ainda um conflito pelo fato de pensar que somente
introduzir computadores é o suficiente para mudar os modelos tradicionais. Isto significa dizer
que aderir a tecnologia não é suficiente para melhorar a qualidade do ensino. Computadores
sozinhos não representam novas dinâmicas, mas podem ser usados como novos recursos,
dependendo da forma como forem utilizados. É preciso saber fazer uso das maquinas e usa-las
a nosso favor. Cabe ressaltar, a nitidez do entusiasmo de jovens que cursam o Ensino Médio ao
trabalharem com recursos tecnológicos e seu fascínio por internet.
Para Borges (2011, p.30):
A tecnologia na educação deve ser encarada como um instrumento para
auxiliar o professor em suas aulas, para torná-las mais atrativas e mais
interessantes. Nada pode substituir o professor e o livro didático. No entanto,
com o tanto de recursos que a tecnologia oferece as aulas não podem ser mais
as mesmas.
A inserção do espirito inovador na escola deve conter o primordial que é a verdadeira
aprendizagem. Não se trata de substituir um currículo por outro que não esteja de acordo com
normas e regras. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.294/96, Parâmetros Curriculares
Nacionais e outros dispositivos legais estão para que nos de subsídios. Porque não usar a
internet para aprender?
73
Conforme sugere Gonçalves (2005, p.134), determinadas práticas didáticas precisam
tornar-se importantes no exercício educativo:
Não se trata simplesmente de fazer ‘passeios’, de artificialmente intercalar
aulas repetitivas, monótonas, com supostas ‘saídas’ ou excursões divertidas.
Trata-se de considerar excursões, atividades extra-escolares e aulas em sala,
como um todo, como um projeto pedagógico de desenvolvimento de uma
determinada disciplina, em que não precise haver repetição e que a diversão
não é inimiga da aprendizagem, ao contrário, quando aprendemos de modo
prazeroso, esses aprendizados se tornam muito mais significativos.
(Gonçalves, 2005, p.134)
É importante que o conjunto de conhecimentos sistematizados e organizados no
currículo escolar também inclua os conhecimentos prévios dos alunos, a realidade, o contexto
que está inserido, habilidades, práticas, crenças, costumes e valores que estão na base da vida
cotidiana e que, articulados ao saber acadêmico, constituem o currículo necessário à vida em
sociedade. Essa atitude não significa que devemos deixar o aluno fazer tudo o que quer ou
estudar apenas o que deseja, mas oferecer um currículo que torne o ensino mais atrativo e não
descontextualizado, por exemplo: procurar na realidade assuntos referentes ao cotidiano
cultural dos alunos, que muitas vezes não é validado como conhecimento na escola, e começar
a trabalha-los. Ou seja, tentar buscar temas próximos da realidade desses estudantes, isso os
deixará mais motivados a quererem apreciar em profundidade fenômenos que já vivenciam. As
inovações exigem dos professores reconfiguração de saberes, tarefa complexa, mas socialmente
necessária.
A partir da inserção da inovação em uma instituição de ensino espera-se uma real
mudança no processo de ensino aprendizagem que resulte em uma melhoria. Não se pode nem
deve esperar da inovação que ela aconteça como uma solução mágica que possa ser colocada
para resolver todos os problemas do sistema educacional. Para não resultar em prejuízos e
retrocessos a inovação deve vir acompanhada de um planejamento com coesão e clareza em
seus objetivos e finalidades, como toda e qualquer outra atividade pedagógica que busca
respostas aos desafios presentes.
A mudança e outros tipos de transformações são vistas como necessárias e como fator
que nos impulsiona para buscarmos por melhorias e também há o entendimento de que a escola
necessita inovar para acompanhar as modificações vividas pela sociedade bem como dinamizar
e melhorar o processo de ensino aprendizagem.
74
3.4.1 Desafios para a Inovação Pedagógica
Reconhece-se que inserir a inovação e superar situações em que a reprodução e
memorização é rotina nas salas de aula não é fácil. O que era para ser interativo e dialogado é
expositivo e autoritário. A inovação nos alerta para a substituição de aulas que são depósito de
conhecimento para que se tornem um processo de construção de conhecimentos.
Diante da rapidez das transformações científicas e tecnológicas no Século XXI os alunos
são atraídos pelo número de estímulos e pela velocidade das mudanças que vem ocorrendo na
sociedade e a escola não lhes parece ser um lugar atrativo devido a essa falta de sintonia, ou
seja, no meio de tantas mudanças, transformações e avanços, a escola não deveria permanecer
a mesma. Para Nuñez e Ramalho (2004 p. 125) “A rapidez das transformações científicas e
tecnológicas vem exigindo novas aprendizagens, gerando desafios a serem enfrentados pelas
escolas, que têm de considerar o ritmo das novas mudanças educativas”.
Para aderir a inovação, a escola ainda enfrenta algumas dificuldades, uma delas é o
modo tradicional de alguns professores, que acreditam que são transmissores do conhecimento
e não aderiram a prática de construção de conhecimento de forma dialogada com seus alunos.
É necessário que os professores sejam convidados a um momento reflexivo para avaliar e
reavaliar sua prática. É preciso levar em consideração o processo formativo que passam os
professores, pois muitas vezes as suas práticas pedagógicas, tendem a priorizar o conteúdo
baseado em memorização e repetição.
Os jovens criam cada vez mais resistências ao modelo tradicional de educação, verifica-
se esse fato ao analisar as taxas de abandono e evasão no Ensino Médio. Eles hoje se sentem
mais confortáveis e motivados a construir seu conhecimento do que a serem instruídos e do que
ser agente passivo no processo ensino aprendizagem. A perspectiva que têm diante do processo
educacional, após a adesão a inovação é que os jovens tornem-se interativos e não apenas
espectadores ou ouvintes. A inserção da inovação pedagógica nas escolas é o momento para
superarmos o nosso herdado atraso.
O educador precisa adotar uma postura de um agente facilitador e mediador do
conhecimento, que não deixe de ser um participante ativo da aprendizagem dos alunos, mas que
não seja o único, proporcionando uma aprendizagem em que o aluno também seja sujeito do
processo, construindo o conhecimento de uma forma que não seja plateia ou mero coadjuvante.
Reconhece-se que não é uma atitude fácil e simples para os professores, pois envolve todo um
processo histórico e cultural, considerando as experiências de cada um, princípios, valores e
saberes já incorporados em sua “bagagem”. Considerando que informações estão em todo lugar,
75
um dos desafios dos professores, segundo Brunner (2004), “não é onde encontrar a informação,
mas como oferecer acesso a ela sem exclusões e, ao mesmo tempo, aprender e ensinar a
selecioná-la, avaliá-la, interpretá-la, classificá-la e usá-la” (p. 24-25).
A formação do professor e sua prática pedagógica não corresponde só a acúmulos de
certificados e diplomas em cursos, mas também a uma reflexão crítica sobre sua prática. Por
isso, é importante esse tipo de investimento e propiciar espaços para que o professor possa
contar sua experiência de modo que sinta-se valorizado. Estar em formação é um processo com
vista à construção de uma identidade pessoal e profissional que será discutida em outro tópico.
Diante disso Masetto (2001, p.144) sugere que:
Seja explicitado como pode ser entendida a mediação pedagógica em um
ambiente de aprendizagem. Por mediação pedagógica entendemos a atitude, o
comportamento, do professor que se coloca como facilitador, incentivador ou
motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma
ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem não uma ponte estática, mas uma
ponte 'rolante', que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus
objetivos.
Sugere-se que professor deve afastar-se da postura bancária e adotar uma atitude que
contribua para construir novos conhecimentos para si e para o educando para que juntos
desenvolvam a criticidade, construam a autonomia e possam lutar pelos seus interesses em meio
a sociedade.
O processo de inovação sugere uma mudança que deve iniciar primeiramente no quadro
de professores, instruindo-os a abortar qualquer tipo de rejeição a novas ideias por puro
comodismo ou medo de arriscar-se e lançar mão de novas ideias e pensamentos considerados
inovadores.
Segundo Esteves (1991) o professor esbanja quatro tipos de reações em relação a
mudança. Primeiramente, está o grupo de professores que recebem a mudança de forma
positiva, que consegue enxergar nela aspectos que beneficiem o processo de ensino
aprendizagem e doa-se de forma satisfatória para atender as exigências trazidas com a inovação.
No segundo grupo estão os professores que não conseguem lidar com a mudança, que não
realiza esforço para aderir e que mantem a mesma prática pedagógica. Há também um grupo
que apresentam uma atitude contraditória e que demonstram postura ora descrente na proposta
ora esperançosa e que acredita na inovação. Há também o quarto e último grupo composto por
professores que tem medo das mudanças e que se consideram inseguros, estes afirmam não ter
condições para atuar no ensino.
76
Segundo Farias (2006) o termo inovação além de apresentar a polissemia mencionada
anterior, possui também um caráter “sedutor” e “enganador”. A metáfora da sedução é
empregada para referir ao deslumbramento que esse termo oferece no sentido que apresenta
relação com mudança, desenvolvimento, transgressão, e outros aspectos que remota uma ideia
positiva do termo, além de um efeito mobilizador que o termo causa nos envolvidos. O termo
inovação possui um caráter enganador quando se nota a ausência de encorajamento a produção
de uma análise e reflexão situada das suas implicações pedagógicas e ideológicas, isso explica
a precisão dos envolvidos no processo conhecerem bem os objetivos e finalidade de cada passo
no longo caminho.
Desse modo, percebe-se que em alguns casos o professor não enxerga a proposta da
inovação com bons olhos e não há esforços para vivenciarem as situações que a inovação exige,
principalmente que quase sempre haverá que se possuir uma nova postura do professor. É
importante ressaltar que o professor possui diversos motivos para agir dessa forma e que seus
argumentos não são considerados fúteis. Exigir uma nova prática talvez causasse uma ruptura
com crenças e posturas já admitida pelos anos de experiência, em favor de modificações em
que eles não foram os autores, e sim apenas executores, causando sentimento de desconfiança
e imposição. O fato do processo de inovação não ser pensado pelos próprios professores,
somado ao acesso reduzido as tecnologias e falta de material pedagógico dificulta a aceitação
do professor nesse processo.
Conforme Fernandes (2000) “o sucesso da mudança depende também de aspectos
relacionados ao poder e de autoridade, valores e finalidades éticas e políticas que transcendem
o individual” essa afirmação tira a responsabilidade integra do professor, ocasionando a
importância do trabalho coletivo.
Para tornar mais eficiente o processo de inclusão da inovação na escola, o apoio da
gestão, bem como dos governantes e investidores nesse âmbito é essencial. Sobre o trabalho
coletivo Fontes (2004 apud ALMEIDA, 2009, s/p), afirma:
O trabalho coletivo na escola é uma necessidade. O papel do gestor em
transformar o ambiente escolar em um ambiente democrático é um desafio
(...) nossa primeira conquista deverá ser dos parceiros internos, como
conseguir? Convidando-os a assumirem o papel de co-responsáveis pelo
sucesso/fracasso das ações escolares. O segundo ponto é a conquista da
comunidade externa ao ambiente escolar.
Os gestores escolares e outros integrantes da equipe pedagógica além de atividades
administrativas devem também dedicar parte de seu tempo a atividades pedagógicas. O
77
diretor/gestor não pode ficar sem participar de decisões de âmbito pedagógico, deixando esses
assuntos nas mãos dos professores. Isto é, o diretor quando assume o seu papel e decide
colaborar no processo de ensino aprendizagem e quando, principalmente, motiva o professor,
bem como compartilha experiência e faz sugestões de trabalho contribui para o processo.
Lembrando que, o diretor é um cargo assumido pelo professor, por tanto os mesmos não podem
esquecer que estão no cargo e não são cargos. Ele não “é” diretor(a), ele “estar” diretor (a)
O processo de inovação determina que estejamos mergulhados em processo de pura
novidade e algumas atividades além de exigir muita habilidade vai estabelecer uma motivação
do professor, que vai deixar de lado uma possível insegurança e embarcar na novidade.
Conforme Alencar (1996, p. 16):
Atos criativos são atos de coragem. Primeiro, porque o criador de uma
inovação técnica ou social está entrando em aguas desconhecidas e
provavelmente receberá comentários conflitantes sobre o valor da nova ideia;
segundo, pode o criador encontrar oposição ou hostilidade quando a ideia for
apresentada e introduzida no sistema; terceiro, porque ao longo do caminho,
para uma possível aceitação da ideia, o criador terá de investir uma grande
energia pessoal no processo para a inovação aceita; quarto, porque atos
criativos podem falhar e algumas vezes ameaçam as carreiras de seus
responsáveis.
Muitas vezes iremos nos deparar com a resistência, entretanto com o incentivo e a
determinação de fazer o novo a inovação sairá dos papeis e virá a se tornar prática constante
em salas de aula e em todo ambiente escolar. Para superar a insegurança o professor deverá ser
inserido no processo de planejamento e na construção da proposta, mostrando o valor de uma
nova postura. O processo de inovação, é portanto, um processo interativo, realizado com a
contribuição de vários agentes econômicos e sociais que possuem diferentes tipos de
informações e conhecimentos. Como enfatizam Hernández e Sancho et tal (2000, p. 21), “uma
inovação não é algo apenas novo, mas algo que se melhora e que permite mostrar os resultados
de tal melhora. ” Assim, os autores discutem que, a inovação no contexto escolar, necessita
atingir todos os membros da escola – gestores educacionais, professores, pais e alunos – e
introduzir mudanças na organização interna da escola, na estrutura, na cultura e no currículo.
Investir em educação é condição essencial para o desenvolvimento de um país. Investir
não significa apenas uma questão de volume de dinheiro, mas principalmente de foco na
qualidade do ensino, sua fiscalização e divulgação como valor. O grande problema que clama
por solução é resolver o divórcio entre povo e nação, que o Estado passe a investir mais na
educação e assim, passamos a vê a imensa maioria antes “prometida” marginalizada com o
potencial humano de possibilidades de futuro. Benjamin (1998) afirma que “sua elevação à
78
condição cidadã é, de longe, o nosso principal desafio”. Isto é, o investimento em educação em
busca de melhorias é afirmada como uma dificuldade para fazer a adesão a inovação. Neste
caso, seria solucionada caso houvesse uma conveniência de criação de uma poderosa vontade
nacional para a mudança.
3.4.2 Tipologia e natureza da Inovação
Muitas discussões e reflexões que versam sobre a inovação, tema emergente que se faz
presentes em aspectos sociopolíticos e tecnológicos, fez aparecer diversas abordagens sobre o
assunto. A inovação é algo aberto, capaz de adotar diversos significados, formas e conceitos
associados com o contexto no qual se insere. Há várias possibilidades de inovar e por isso
criaram diferentes classificações possíveis para a inovação.
Descobrimos em Cardoso (2003), a partir dos estudos de Huberman (1973), a
categorização das inovações de acordo com as táticas de implantação. São elas: as político-
administrativas, as empírico-racionais e as estratégias normativo-reeducativas.
As político administrativas são práticas que se sustentam, geralmente, nas leis, decretos
e outros dispositivos legais. Esse tipo de inovação se caracteriza pela introdução e adoção na
escola de programas, conteúdos e/ou projetos oriundos de órgãos educacionais (Secretarias de
educação, MEC e etc). Segundo Carbonell (2002) esse tipo de inovação também é considerado
como externo e vertical pois se originou fora da escola e que veio de cima para baixo, isto
significa dizer que a estratégia de inovação foi pensada e originada por especialistas em
educação, mas que não estão inseridos no ambiente escolar. Há também as consideradas
internas e horizontais essas são pensadas e produzidas dentro da escola pelos professores a
partir de interesses e necessidades dos alunos. Carbonell (2002) ressalta que as inovações
horizontais e internas têm mais chances de sucesso e de continuidade, pois a participação dos
professores é fundamental.
Ainda conforme Cardoso (2003) na segunda categoria denominada de empírico-
racionais, fazem parte as inovações motivadas na racionalidade humana, como justificativa para
sua adoção no ambiente escolar. No entanto a racionalidade que prevalece é a dos que as
concebem e difundem, desconsiderando a racionalidade dos adotantes da inovação, isto é,
professores e alunos, ou seja, mais uma ideia que originou-se fora da escola para dentro; isto
quer dizer que, também é uma prática vertical onde não será considerado os anseios dos
professores.
Por fim, a terceira categoria chamada de inovação normativo-reeducativas, que
consideram o adotante da inovação como sujeito ativo, seus valores e atitudes, procurando sua
79
participação na solução dos problemas num processo de análise dos problemas pessoais do
adotante e reflexão de suas práticas. Neste tipo de inovação professores, alunos e a equipe
pedagógica discutem sobre as utilidades e implementação do processo inovador, demonstrando
interação, interesse em entender o processo, além da plena participação. Este tipo de inovação
é pensado na escola para a escola.
A autora Farias (2006) trata as inovações como as internamente geradas e as inovações
externamente induzidas. As inovações internamente geradas são arquitetadas e executadas
pelos próprios agentes educativos na busca por melhorias e soluções para os problemas
identificados. São iniciativas que atendam às necessidades internas. Por exemplo: redefinição
de horários, redistribuição de tarefas, diagnostico de problema e propostas de intervenção
(situações de trabalho infantil, drogas, bulling, etc). As inovações consideradas externamente
induzidas são aquelas pensadas fora da escola e depois introduzida e adotada pela escola. Por
exemplo: programas e/ou projetos pensados pelo Ministério da Educação ou Secretarias.
Esses tipos de inovação devem ser empregadas para superar os obstáculos estabelecidos
pelas paredes das escolas, tornando possível ao professor e ao aluno conhecer e lidar com um
mundo diferente a partir de culturas e realidades ainda desconhecidas, a partir de trocas de
experiências e de trabalhos colaborativos.
Segundo Hernandez et al (2000), um sistema educacional inovador é aquele no qual
existem canais de comunicação entre o planejador e os que realizarão a inovação, considerando
o diálogo e planejamento como aspectos primordiais. Conforme Hernandez et al. (2000) a
inovação apresenta dois tipos básicos: uma classificada como: cooptation, que em português
significa cooptação, isto é, fazem as suas escolhas e mudanças sem dependências de critérios
externos, está tipologia denota à inovação executada fora do planejado pelos especialistas. Este
tipo de inovação é elaborada e produzida conforme a interpretação ou os interesses dos usuários,
no caso, escolas. Aqui a inovação seria executada não como planejou os especialistas mas
conforme a interpretação ou interesse da escola. O outro tipo de inovação é chamado de: mutual
adaptation, traduzido para o português como adaptação mutua, neste caso percebe-se uma
negociação entre os especialistas e os professores que estão inseridos na escola sobre o processo
de inserção da inovação. Assim como todo processo de adaptação mútua irá exigir integração
e reciprocidade. Nota-se que neste caso há uma valorização de ambos os papeis no processo de
envolvimento da elaboração e inserção de uma inovação no âmbito escolar.
Diante das ideias apresentadas acima parece obvio de que quando o processo de
inovação não tem conexão com as construções, parecer favorável, ou até mesmo um feedback
positivo dos sujeitos envolvidos suas finalidades acaba por se dissolver e perder o verdadeiro
80
sentido. Em contrapartida se torna eficaz e ideal quando a ideia de levar em conta o papel do
professor no processo, bem como as reais carências dos alunos começasse a ser considerada.
De acordo com Fullan (2002) A inovação orienta-se nas escolas, nas salas de aula e nas
práticas dos professores e reúne três elementos:
• o uso de novos materiais ou tecnologias;
• a utilização de novas estratégias;
• e a mudança de crenças por parte dos intervenientes.
No primeiro elemento, refere-se ao uso de novos materiais e o sobre o uso de
tecnologias. Esse elemento nos deixa a ideia de que a cultura da atualidade está intimamente
ligada ao desenvolvimento tecnológico. São claras e visíveis que o nosso dia a dia é marcado
pela forte presença dos computadores, da internet e outros dispositivos eletrônicos. As
tecnologias podem ajudar a mudar a forma de organização das atividades o que parece
representar uma ideia de inovação. Inovar implica uma organização diferente do trabalho para
qual devem ser utilizados métodos mais eficazes. Desse modo, é pertinente afirmar que a
inserção da tecnologia no âmbito escolar é um tipo de inovação, porém não o único nem o mais
eficiente. (Hernandez 2000)
A utilização de novas estratégias como tipo de inovação dá esperança e aumento de
expectativa por uma educação de qualidade. Este tipo de inovação, muito exigirá de professores
e toda equipe pedagógica, porém bons frutos colheremos quando nos distanciarmos de um
modelo de educação memorizador e repetitivo. Sugere-se dar lugar a novos métodos e
estratégias capazes de fazer com que os alunos aprendam as competências necessárias para que
possam enfrentar os desafios futuros com um pensamento crítico e capacidade de resolução de
problemas, levando em conta aspectos, como: adaptabilidade, iniciativa e empreendedorismo,
boa comunicação oral e escrita, capacidade de aceder à informação e analisá-la e, por fim,
curiosidade e imaginação. Este tipo de inovação baseado em novas estratégias implica uma
mudança planejada com propósito de satisfazer aos objetivos que motivam a própria inovação.
A terceira tipologia segundo Fullan (2007) é denominada como a mudança de crenças
por parte dos intervenientes, isto é, do interventor. Nesse processo de inovação é necessário que
o professor acredite nos benefícios causados e que ele invista até que os objetivos sejam
alcançados. Esse terceiro tipo de inovação conduz a uma à reorganização e um novo sentido às
práticas educativas de cada professor. Perrenoud (2002) defende que não pode haver inovação
sem inovadores. Nesse caso, sugere-se um processo de formação com os professores na inserção
do ProEMI para que se explique os objetivos e que conheçam as ideias dos professores e juntos
possam compartilhar conhecimentos e não apenas indicações.
81
Assim, além de ser indispensável a disponibilidade, a inserção e utilização de novos
materiais ou tecnologias, é igualmente importante que sejam usadas novas práticas, estratégias
e métodos pedagógicos capazes de uma cara nova ao processo de ensino aprendizagem o
tornando mais eficaz. Contudo, estes dois primeiros elementos só são admissíveis se o professor
acreditar crer, aceitar e confiar nos benefícios de uma dada inovação.
Huberman (1973) aponta três tipos de acontecimentos que devem ser levados em
consideração para compreensão da inovação (no âmbito escolar): O primeiro ressalta que as
inovações só podem ser avaliadas em função dos objetivos de um sistema de ensino, isto quer
dizer que os julgamentos que se faz não ocasiona um resultado elementar, é preciso ponderar
quais os objetivos propostos e quais foram atingidos. O segundo tipo afirma que a inovação
geralmente é ligada ao reforço ou a individualização do aprendizado, a profissionalização do
ensino e a elaboração superior dos programas de ensino. Esses são aspectos que tem
aproximação com uma mudança para o melhor desenvolvimento do processo de ensino
aprendizagem dos estudantes. O terceiro aspecto afirma que as inovações implicam uma
modificação correspondente de atividades e de atitudes do pessoal escolar.
Segundo Farias (2006), a natureza da inovação possui duas tipologias. A primeira é
conhecida como inovação que incide sobre a escola como um sistema, nesse primeiro caso as
ações são relacionadas para a gestão da instituição escolar, seus aspectos organizacionais,
administrativos e financeiros, de uma forma popular, são ações mais burocráticas. Exemplo:
eleições diretas de diretores, criação de conselhos e colegiados escolares, entre outros. Já o
segundo tipo é conhecido como inovação que incide sobre o ensino, essa é mais especifica em
mudar a prática educacional de professores de modo que ocorra mudanças (positivas) no
processo de desenvolvimento dos envolvidos.
A partir da exposição acima, é possível identificar a importância de transformações
efetivas para um aprimoramento/melhoramento no processo de ensino e aprendizagem. Sendo
primordial que o professor compreenda os fatores que dão alicerce a sua prática pedagógica e
postura em sala de aula no contexto educacional. Inovar, nesse sentido, mostra-se como
atividade exigente e complexa que pressupõe o progresso de habilidade para fazer frente as
circunstâncias novas que aparecem.
Assim como a inovação não possuem o mesmo conceito nem o mesmo sentido, os tipos
de inovação educacional também possuem uma polissemia em relação a seus significados. De
todo maneira, implica da ênfase e destaque para o fato de que seja qual o tipo de inovação
educacional se faz presente uma finalidade que incentiva e autentica: o intuito de mudar o
processo de ensino – aprendizagem. Todo processo de inovação, independentemente de
82
natureza e da fonte conceitual é regida por objetivos baseados em princípios e valores. Logo, a
inovação ela não terá o mesmo efeito para quem a produziu, nem o mesmo significado para
quem a coordena, para quem pratica ou para quem recebe seus efeitos.
3.4.3 A inovação pedagógica ante as exigências de qualidade
O ato de inovar faz exigência do sistema educativo e de todo os profissionais envolvidos
na escola. Na prática educativa, as modificações e transformações consideradas como inovação
tendem a ser fruto dos próprios profissionais (em relação as suas práticas e posturas) e não tanto
de leis e resoluções (regulamentação).
As práticas pedagógicas não se transformam com base em uma lei. Deste modo, torna-
se ineficaz a transferência ou reprodução de um processo de inovação para outro local. Um ato
de inovar pode ter efeito positivo em um dado local e ter deixado a desejar em outro, devido a
vários fatores, entre eles: a mudança de comportamento dos envolvidos. É preciso planejar um
caminho que a apropriação do ato de inovar se faça de forma consistente. Perrenoud (2002)
afirma que as reformas nunca resolvem inteira e definitivamente os problemas do sistema
educativo. É preciso mergulhar no processo, superar a visão superficial e adentrar nas escolas,
de modo que se perceba nos envolvidos no processo educativos, as reais insuficiências de
formação e diversidades do contexto, para assim inserir a inovação. A maneira e o percurso
percorrido para administrar e negociar com os professores poderão ou não prepara-los para se
tornarem grandes mestres do sistema educativo e adquirirem competências que poderão ser
executadas diariamente em seu trabalho ou como em outras oportunidades, mais tarde. O debate
está centralizado na ideia da importância e responsabilidade que tem o professor frente as
mudanças propostas no contexto escolar.
A mudança nas escolas constrói-se em escolas com participação efetiva da gestão,
professores e toda equipe pedagógica bem como com o imprescindível apoio familiar e
participação da comunidade local. A fim de que aconteça a solidificação e inserção de novas
ideias é indispensável que os professores que participam do processo estejam além de
interessados, envolvidos e abastecidos de estratégias e métodos para que os alunos construam
e consolidem seus conhecimentos. As práticas pedagógicas, ainda que não seja o único fator,
promovem a diferença nos resultados.
A proposta do Ensino Médio Inovador, pressupõe uma mudança de postura, de
redirecionamento da cultura escolar de todos que fazem a escola, principalmente, dos
professores e de sua prática pedagógica.
83
Qualquer aparelho eletrônico por mais moderno e avançado que seja só produzirá um
saldo positivo caso aconteça a intervenção do professor para que transformem tecnologia em
oportunidade de aprendizagem. Para que esse trabalho possa acontecer além da instituição
escolar oferecer os meios dando verdadeira condições o professor deve sentir motivado, aberto
a novos estudos e a atualizar-se. O ato de inovação ira exigir que o professor deixe de lado a
exposição de conteúdos e de lugar a um modelo de orientação.
Para Fullan (2002, p.46)
a mudança educacional depende do que os professores fazem e pensam, é
simples e complexo assim. Tudo seria tão fácil se pudéssemos legislar
mudanças no pensamento. As salas de aula e as escolas se tornam efetivas
quando: (1) pessoas de qualidade são recrutadas para lecionar e (2) o local de
trabalho é organizado de modo a energizar os professores e recompensar as
conquistas. Os dois estão intimamente relacionados. As condições
profissionalizantes gratificantes no local de trabalho atraem e mantem os bons
elementos.
Isso significa que para bons resultados e melhorias significativas nas instituições
escolares a troca de experiência, o diálogo entre os envolvidos, realização de debates além de
reflexão sobre a prática e uma verdadeira avaliação são ações que tem alto grau de contribuição
para o processo. O trabalho coletivo é uma forma de projeto que deve fazer parte da proposta
educacional da escola. O processo inovador acontece por meio da negociação de todos os
profissionais envolvidos na educação.
Por um lado, os professores têm sido acusados de manterem certa resistência a mudanças
e se negarem a exercer um papel de professor inovador, por outro lado os professores culpam
especialistas e legisladores de implantarem e exigirem novas atividades e uma nova prática sem
que conheçam as verdadeiras dificuldades daquela sala. Essas são reações e manifestações que
nos provoca e leva a refletirmos sobre a quem compete a verdadeira responsabilidade. Porém,
há de se fazer uma importante ressalva: sem o entendimento do significado e compreensão de
objetivos sobre a mudança, não há de se mudar.
Ao inserir qualquer processo diferente em uma instituição, principalmente quando for
um processo amplo e complexo como o caso da inovação, exige uma compreensão comum
entre os participantes. A implementação de um programa ou projeto envolve hipóteses,
pressupostos, valores e diversos fatores que devem ser de conhecimento de todos para que
juntos de forma continua se possa alcançar os objetivos propostos. Inclusive, é primordial
durante o planejamento a participação e conhecimentos de todos, assim evita o processo de
rejeição, pois os mesmos participaram da formulação de ideias ainda em papel. Assim, as
84
soluções precisam chegar pelo desenvolvimento de conceitos, significados e experiências
compartilhadas. Infelizmente, o que estamos acostumados é a uma concordância (mais tarde
percebemos que foi uma falsa aceitação) do que a participação na promoção dos projetos e
afins.
As motivações e reações dos envolvidos no procedimento é diretamente proporcional
as condições as quais são submetidas. Hernandez (2000) sinaliza para investigações que servem
para organizar e compreender os processos de adoção das inovações por parte dos professores
mesmo quando eles forem os responsáveis pela elaboração ou quando forem propostas pela
administração. Desse modo, não basta destacar a pressão ou qualquer cobrança semelhante aos
professores mas uma motivação que os façam a exercerem com êxito suas verdadeiras
responsabilidades.
Diante das transformações do mundo moderno, exige-se cada vez mais que as
instituições escolares inovem para que fique coerente com as alterações que sofre a sociedade
contemporânea. Inovar não é uma tarefa fácil pois exige criatividade e mudanças na prática
para responder as situações novas que surgem. Porém não se pode fechar os olhos para as más
condições verdadeiras do sistema educacional no Brasil. Os contextos de trabalho são precários
que também clama por mudanças. Isto implica dizer que a mudança educativa não depende
exclusivamente do professor, há outros aspectos igualmente relevantes.
A inovação irá estabelecer a reflexão, a crítica e a pesquisa como estilos que irão
permitir ao professor envolver-se na edificação e desenvolvimento do processo de construção
de conhecimento, para contribuir na transformação da realidade educacional. Essas atitudes
trazem consigo novos estilos de educar e uma boa oportunidade para ajudar a elevar o nível do
sistema educacional. Segundo Ramalho, Nunez e Gauthier (2004) as ideias de se pensar o
processo de formação inicial dos professores e lutar pela reconstrução de sua identidade, pela
inovação de suas práticas e uma nova maneira de se pensar, de conceber e trabalhar o campo
da docência resultará em uma educação melhor e mais justa.
A exigência que a inovação faz do professor, começa na preparação e formação inicial
que o indivíduo se submete para atuar nas diferentes series e diferentes níveis do ensino. A
inovação exigirá o rompimento com os sistemas formativos considerados ultrapassados e
práticas desacreditadas. Segundo Ramalho, Nunez e Gauthier (2004) um bom modelo de
formação para os professores exigirá considerar essas três atitudes básicas: a reflexão, a
pesquisa e a crítica.
A reflexão da prática deve ser um processo que contribua com seu desenvolvimento. É
insuficiente quando não se dispõe de recursos metodológicos e teóricos que permitam uma nova
85
práxis profissional. Ou seja, a intenção não é refletir por refletir, mas sim para identificar o que
pode ser mudado e melhorado buscando uma reconstrução da prática. A prática reflexiva não
deve ser solitária do professor, essa prática deve ter como participação outros sujeitos presentes
na escola, tais como os demais professores, funcionários, a coordenação pedagógica, a gestora
e outros (Imbernón, 2002).
Essa prática dará oportunidade ao professor para que ele reflita sobre sua ação docente,
Porém, segundo RAMALHO; NUÑEZ; GAUTHIER, (2004, p. 26):
a reflexão da prática é insuficiente quando não se dispõe de recursos
metodológicos e teóricos que permitam uma nova práxis profissional. Nesse
sentido a teoria desempenha um papel essencial em sua relação dialética com
a prática, sendo mais produtiva na medida em que se orienta em novas
referências teóricas do saber científico, na medida em que se realiza com
métodos sistematizados (atitude de pesquisa) que levam a uma posição crítica
da prática em questão
Ao falarmos de pensamento reflexivo é preciso ter clareza da função da reflexão. A
função da reflexão é identificar a problemática e criar uma nova situação em que o problema se
ache resolvido, isto é, a reflexão objetiva ressignificar e consequentemente alterar sua postura
permanentemente de modo que o processo ensino-aprendizagem, torne mais significativo para
o professor e para seus alunos.
Um professor que possui uma prática reflexiva é aquele que observa e interroga
frequentemente os resultados de suas ações, quer do ponto de vista pessoal, acadêmico ou sócio-
político, e que está disposto a acrescentar ou retirar algo visando o melhoramento de sua
desenvoltura. Em termos educacionais, o pensamento reflexivo pode fazer com que a prática
não seja mecânica, rotineira, cega e arbitrária. Neste caso, ser reflexivo envolve um olhar para
a própria prática profissional.
Conforme Gomez (1995, p. 108)
A reflexão implica a imersão consciente do homem no mundo e sua
experiência, um mundo carregado de conotações, valores, intercâmbios
simbólicos, correspondências afetivas, interesses sociais e cenários políticos.
Essa postura reflexiva exige do professor abertura da mente, uma compreensão de que
se constrói conhecimento a partir do erro e a percepção de que é um sujeito que possui várias
falhas, mas que a partir de sua reflexão é que se constrói e aperfeiçoa a base que dá suporte à
sua prática. Isto é, refletir sobre algo só tem sentido se for para aprendermos, compreendermos
e podermos agregar valor a ação que ocorreu.
86
Para repensar o professor e a verdade, recriá-lo de simples instrutor a um verdadeiro
mestre é fundamental criar a atitude de pesquisa, assumindo-a como conduta estrutural, a
começar pelo reconhecimento de que sem ela não há como ser professor em sentido pleno.
Segundo Freire (1996, p.29) a pesquisa é um dos saberes necessários para a prática docente.
Assim, Freire afirma:
ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso
para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.
Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade.
O professor deve pesquisar para que o aluno também seja um pesquisador. Como
afirma Freire (1996). reivindicar a pesquisa na escola formal significa possibilitar o aluno sair
da “curiosidade ingênua” para adentrar na “curiosidade epistemológica”. O material do aluno
precisa evoluir de simples cópia das aulas para ensaio de elaboração, abandonar a prática de um
aluno copista e ser produtor e criador pelo menos de síntese própria.
Ramalho et al (2004) identifica o professor pesquisador sendo aquele que participa na
produção de saberes com métodos e estratégias sistematizadas, utilizando a pesquisa como
mecanismo de aprendizagem. A pesquisa é uma atitude do professor profissional a ser adquirida
desde a formação inicial e aperfeiçoada na formação continuada e, no desenvolvimento
profissional. A pesquisa possibilita mudar a imagem profissional que o professor tem de si
mesmo e das condições de seu trabalho. O professor que insere em sua prática a pesquisa toma
a prática como seu próprio objeto de estudo, dessa forma analisa para transforma-la e
consequentemente reconstruir sua prática.
A inquietação para que professor seja pesquisador estar fundamentada no intuito de
extrair a educação da transmissão de conhecimento. Para tanto a pesquisa permitiria aos
professores desempenharem um trabalho com os estudantes que vise a formulação de novos
conhecimentos ou o questionamento e a curiosidade tanto sobre a legitimidade quanto sobre a
pertinência dos já existentes, aguçando assim através da pesquisa a criatividade e curiosidade.
A precisão de formação de um professor pesquisador se apresenta pela necessidade da
educação para o pensamento como requer a inovação e não simplesmente para a recepção de
informações.
87
Para André (2006, p. 223), o professor ser também pesquisador apresenta inúmeras
vantagens no processo educacional
A pesquisa pode tornar o sujeito-professor capaz de refletir sobre sua prática
profissional e de buscar formas (conhecimentos, habilidades, atitudes,
relações) que o ajudem a aperfeiçoar cada vez mais seu trabalho docente, de
modo que possa participar efetivamente do processo de emancipação das
pessoas. Ao utilizar as ferramentas que lhe possibilitem uma leitura crítica da
prática docente e a identificação de caminhos para a superação de suas
dificuldades, o professor se sentirá menos dependente do poder sociopolítico
e econômico e mais livre para tomar suas próprias decisões
Para Lüdke (2006), a prática da pesquisa dá mais recurso ao professor para questionar
sua prática, levando-o a uma profissionalidade autônoma e responsável. O incentivo à pesquisa
colabora para execução de mudanças na visão de mundo dos estudantes, o que pode levá-los a
participarem de projetos ou ações sociais de uma sociedade mais justa e menos desigual.
A última exigência do professor, porém não menos importante é a atitude crítica. Para
Ramalho et al (2004) a crítica é considerada uma atitude que norteia a releitura educativa sob
referências que possibilitam compreender e transformar essa realidade educativa. É uma forma
de aproximar, recriar, reformular a realidade usando como elemento básico o conhecimento que
se tem sobre a realidade, a superação das práticas iniciais, a reconstrução das ideias tendo como
base um grande referencial, os resultados das pesquisas, os conhecimentos das disciplinas
cientificas e as próprias experiências e as de outros colegas. Isto é, a crítica nos leva a refletir
(a crítica apresenta grande relação com a reflexão) dando início a um processo de ruptura e que
nos leva a buscar propostas novas.
Um professor crítico possui como uma de suas grandes características a preocupação
com as consequências éticas e morais de suas ações na prática social. Segundo Nóvoa (1995),
a formação do professor não se constrói por acumulação de conhecimentos e cursos, mas
através do trabalho de reflexão crítica sobre suas práticas. Como qualquer outro processo
mental, a crítica não se potencializa de forma espontânea, e sim de forma racional, consciente
e sistematizada. A criticidade demonstra uma afinidade em meio ao pensamento e a ação nas
circunstâncias em que o professor se encontra. Logo, criar espaços e estabelecer momentos
onde o professor possa fazer esse processo propicia o aprimoramento dessa capacidade.
A crítica também é vantajosa quando nos oferece um momento de superar práticas
exclusivas e reprodutoras no contexto escolar exatamente como nos propõe a inovação
educacional, alertando-nos para o verdadeiro papel da escola (que vai além da simples privação
de repassar conteúdos acumulados no decorrer da História e preparar os que estão sob sua
88
responsabilidade somente para o mercado de trabalho). Quando se fala da crítica como atitude
profissional se faz um chamado a conscientização, para que o professor perceba o lugar que
ocupa como agente potencial de transformação na sociedade e com a sociedade. RAMALHO
et al (2004)
Com a convergência das três referencias de modelo de atitude (reflexão, pesquisa e
crítica) o professor experimenta, de certa maneira, romper com a união entre tecnicidade e
prática educativa. Ao refletir criticamente sobre sua caminhada como educador e procurando
autocorrigir-se é que o professor poderá gradativamente aprimorar-se. Para Ramalho et al
(2004, p. 37):
A atitude de professor pesquisador, reflexivo, crítico, para a inovação
educativa e social supõe mecanismos institucionais que facilitem a mudança
da estrutura escolar. O professor não é mais um técnico que executa os
procedimentos vindos de uma “racionalidade técnica” e sim sujeito construtor
da sua profissão. As relações de poder dentro da escola inserem de forma
diferente o professor nas redes de poderes e políticas da escola, uma vez que
ele é sujeito ativo no desenvolvimento do projeto pedagógico da escola, que
procura romper com práticas retrógradas assumidas passivamente.
Observamos que existe a imprescindibilidade de conhecer a estratégias e medidas
praticada na formação de professores. Universidades, centros formadores e instituições
responsáveis pela formação desses profissionais tem a obrigação de admitir juntamente com
outras instancias educativas, o planejamento e o desenvolvimento desse processo.
Nessa lógica do pensamento, a formação inicial e continuada aqui proposta baseada em
um processo inovador passa a ser entendida como processo de reconstrução e reconstituição da
pratica pedagógica e experiência do professor. Os novos contextos e novos problemas
demandam por novas e diferentes teorias, nesse sentido destaca-se a grande relevância do papel
do professor, pois pertence a ele a atitude de escolher qual sentido possui a sua prática de modo
que provoque transformação de acordo com o compromisso social e político que assume. Nesse
caso, novas referências irão estimular a mudar postura e o agir do professor.
3.5 O professor inovador: desafios da formação inicial e ao longo da carreira
O Programa do Ensino Médio Inovador, como expressão de uma política que procura
mudanças importantes nas escolas do Ensino Médio, exige uma nova identidade profissional
dos professores desse nível da educação básica. Propõe-se, pois, uma nova cultura profissional
atrelada a processos de formação inicial e continuada, que possam contribuir com uma nova
89
identidade docente desejada para esses projetos políticos, mediada pela cultura da criatividade
e da inovação didático pedagógica, essenciais nos processos de construção do conhecimento.
A formação docente é um componente primordial se desejarmos propor alguma
mudança na escola, mas não é apenas isso, pois, não podemos centrar nos docentes toda a
responsabilidade a respeitos dos resultados educacionais, embora pareça justo admitir que
mudança alguma possa ocorrer sem que eles assumam a responsabilidade pelo que fazem.
(RAMALHO, NUNEZ, GALTHIER, 2004).
A formação dos professores vem sendo compreendida como fundamental e como um
campo de sérios desafios ao enfrentar as inovações advindas das reformas educacionais. A
formação do profissional não se constrói de forma involuntária, mas se traduz na construção de
saberes de estudos que implica na troca de experiências, interações e outros modos de
aprendizagem. É nesse contexto que os professores vão constituindo seus saberes que
constantemente reflete na e sobre a prática. Porém há de ressaltarmos a ligação da ideia de
formação profissional somente como acumulação de títulos, de cursos, e coleção de diplomas.
Há que investir não somente com ações pontuais e individuais, e reconhecer a eficácia de
estudos e teorias mas precisa existir a articulação dessas ações no desenvolvimento em projetos
coletivos originando a aplicação da teoria na prática.
Os centros formadores e/ou processos formativos devem oferecer oportunidades para
que os professores se atualizem e desenvolvam seus conhecimentos, permitem-lhes articular
teoria e prática, isto é, agregar conhecimentos científicos conquistados na Universidade
articulados à prática diária em sala de aula. Sobre esse aspecto, Hoffmann (1991, p. 16) ressalta
que “[...] é a partir da análise de situações vividas pelos professores no seu cotidiano, através
da expressão e manifestação de suas dúvidas e anseios que podemos auxiliá-los a reconduzir
suas ações e compreendê-las numa outra perspectiva”.
A formação é um exercício em que o professor insere em sua prática profissional,
elementos chaves do seu agir profissional (pedagogicamente instrumentalizados para cooperar)
de forma a reinventar e melhorar seu desenvolvimento profissional. Segundo Gatti (1996, p.
88), os professores constroem suas identidades profissionais além de estudos, no embate do
cotidiano nas escolas, com base em suas vivências que são marcadas por sua condição de classe
social, de gênero, de raça.
Compreendemos com Ramalho, Nuñez e Gauthier (2004), que a profissionalidade é o
conjunto de características de uma profissão, por exemplo: saberes, competências, atitudes, etc.
Já a profissionalização implica a obtenção de um espaço na sociedade com valor claramente
reconhecido. Nesta discussão insere-se a ideia de que não é qualquer um que pode exercer a
90
profissão, mas apenas aqueles que foram preparados e formados para isso. Os autores acima
citam modelos de professores que se relacionam com a construção da docência.
a) O professor improvisado: este modelo defende a ideia de que qualquer um pode ser
professor e que não precisa passar por nenhum processo formativo. Por exemplo:
quem sabe ler pode ensinar a ler, basta dominar “a técnica”
b) O professor artesão: aqui os professores trabalham e ditam suas próprias regras e
estratégias. Neste modelo há um controle absoluto dos alunos. Chega aqui o ensino
tradicional que derruba o modelo do professor improvisado, aqui há um processo de
formação, entretanto não um método cientifico de ensino, apenas troca de
experiências entre professores. Modelo caracterizado por regras repetidas,
ritualizadas e não questionadas.
c) O professor técnico: Faz uma severa crítica ao modelo tradicional, a rotinas e as
metodologias mecânicas e propõe uma pedagogia baseada na ciência objetiva e
experimental
d) O professor como profissional: Neste modelo o exercício da atividade como
professor exige competências e um conjuntos de conhecimentos que devem ser
característicos deste profissional. Defende-se a bandeira da construção de um novo
modelo baseado numa nova visão do professor como profissional. Afastando a ideia
de qualquer pessoa possa lecionar sem a devida formação adequada.
Um novo modelo de professor é foco das pesquisas na linha de formação docente devido
ao papel relevante que assume no contexto educacional atual. Esse novo modelo de professor
recomenda-o a pensar e construir suas próprias respostas ao invés de respostas já formadas e
repetidas. Para Ramalho et al (2004, pag. 67) os professores têm um importante papel:
Os professores devem ter a convicção de que aprender é uma responsabilidade
para toda a vida, é um compromisso profissional, no contexto dos projetos
individuais e coletivos segundo suas necessidades e possibilidades. Como
profissional, o professor é um agente estimulador de mudanças, um cidadão
culto, com motivação sob uma série de valores a compartilhar de forma
democrática, negociadora, com seus alunos e colegas, voltando para
transformar, e por sua vez, transformar-se.
No Brasil, o Ministério da Educação (MEC), tem criado vários mecanismos de avaliação
externos à escola com o objetivo de identificar alguns dados sobre a educação e garantir
91
melhoria à qualidade do ensino. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB)5
foi desenvolvido em 1990 e desde lá outros índices foram criados. Nesse sentido, a educação
brasileira vem passando por provas avaliativas, normalmente aplicadas somente aos alunos para
medição da qualidade do ensino. Estas pesquisas não têm intenção de guardar resultados, a
intenção declarada pelo MEC é confirmar se a escola está cumprindo o seu papel de ensinar.
Para o INEP, o objetivo é fazer com que os resultados sirvam de norte às políticas de melhoria
da qualidade das escolas públicas. Além do SAEB, existem o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem)6, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA)7, a Prova Brasil8 e a
Provinha Brasil9. Estes instrumentos de avaliação não nos servem apenas para nos
apresentarmos dados quantitativos e sim através dos resultados buscarmos métodos e
estratégias para corrigir o que está errado. Com efeito, é fundamental presumir quais as
premissas indispensáveis para a formação de um professor para atuar na educação formando
cidadãos de forma eficaz diante das transformações e dos dilemas do contexto do mundo atual.
O desafio é enorme para os professores, não se pode desprezá-lo e nem menosprezar as suas
capacidades de desenvolvimento. É por meio de um projeto de autonomia profissional exigente
e responsável que se pode recriar a profissão professor e preparar um novo ciclo na história das
escolas e dos seus atores (NÓVOA, 1995)
Para que aconteça construção ou aquisição de ideias novas é necessário que quem
participa esteja munido de “ferramentas profissionais de formalização e de comunicação, que
lançam pontes entre o saber de cada um e o dos outros, entre a pesquisa e a experiência, entre
a tradição e a exploração” (PERRENOUD 2002,p. 98). Na mesma linha de pensamento,
Perrenoud (2002) defende que não pode haver inovação sem inovadores. A profissão de
professor, atualmente, exige certa ousadia aliada a diferentes saberes. A profissão docente é um
renovar-se a cada amanhecer.
Qualquer que seja a ação destinada a mudanças na prática dos professores não deve ser
baseada na ideia de que esses são profissionais apenas intelectuais. É preciso ouvi-los, vê-los,
e entende-los na sua complexidade – que inclui sua identidade social, pessoal e profissional –
5 SAEB - criado em 1988, mas só foi aplicado pela primeira vez em 1990; é uma ação do governo federal
desenvolvida pelo Inep. 6 ENEM criado em 1998 pelo MEC para avaliar as competências e habilidades desenvolvidas dos alunos que estão
concluindo ou já concluíram o Ensino Médio. 7 PISA avaliação que abrange os domínios de Leitura, Matemática e Ciências, e também os conhecimentos
relevantes e as habilidades necessárias à vida adulta; 8 PROVA BRASIL criada pelo MEC, em 2005, com o objetivo, segundo o Inep, de tornar a avaliação mais
detalhada em complemento à avaliação já feita pelo Saeb 9 PROVINHA BRASIL a avaliação diagnóstica do nível de alfabetização das crianças matriculadas no segundo
ano do Ensino Fundamental das escolas públicas do Brasil
92
de seres que partilham a vida em grupos sociais, que se relacionam com o outro e com o mundo.
Como lembra Gatti (2003, p. 196):
Há também que se considerar o papel de eventos mais amplos, sejam sociais,
políticos, econômicos ou culturais, com seus determinantes que perpassam a
vida grupal ou comunitária. Sabemos que a interação desses fatores molda as
concepções sobre educação, ensino, papel profissional e as práticas a elas
ligadas, concepções e práticas estas que, por sua vez, são estruturalmente
delimitadas pela maneira como as pessoas se veem, como estruturam suas
representações, como se descrevem, como veem os outros e a sociedade à qual
pertencem.
Tardif (2002) inclui, no saber docente, características como o estar sempre ligado a uma
situação de trabalho com os outros (alunos, colegas, pais etc.), e, além disso, estar ancorado
numa tarefa complexa que é o ensino, situado num espaço próprio de trabalho, enraizado numa
instituição e numa sociedade.
Encontramos, em Zabala (1998), a afirmação de que, na formação docente, é preciso
introduzir ações adaptadas às novas necessidades formativas, que surgem a cada momento.
Segundo Zabala (1998 p.51):
O objetivo não pode ser a busca da ‘fórmula magistral’, mas a melhora da
prática. Mas isso não será possível sem o conhecimento e uso de alguns
marcos teóricos que nos permitam levar a cabo uma verdadeira reflexão sobre
essa prática, que faça com que a intervenção seja a menos rotineira possível,
que atuemos segundo um pensamento estratégico que faça com que nossa
intervenção pedagógica seja coerente com nossas intenções e nosso saber
profissional.
Deste modo, nos distanciamos da ideia de formulas ou códigos, principalmente, quando
se trata de diferentes contextos. Porém destaca-se a relevância que os professores construam
um conjunto de conhecimentos e saberes necessários a ação docente. Quando se pensa um
modelo de um professor profissional que atenda aos propósitos atuais da escola deve ser
cauteloso para não causar a ideia de falsa perfeição. As universidades que irão formar os futuros
professores devem apresentar uma referência que deve servir como sustentação para todas as
outras que serão originadas através das necessidades profissionais, com um sistema que
contenha os ofícios, competências e habilidades. Isso não quer dizer que o professor será um
solucionador de todos os problemas educacionais, o modelo proposto incentiva o professor a
trabalhar de forma criativa, reflexivo, autônoma, responsável e ética. Segundo Ramalho et
al(2004) o “modelo profissional” deve derivar de um processo formativo voltado para alunos
de acordo com a realidade em que estão inseridos, considerando a sua inserção em determinado
grupo social. Ou seja, embora se propague a ideia da generalização do processo de formação
93
este modelo deve ser adequado a realidade em função da diversidade e particularidade que se
apresenta na escola e extraescolar.
O processo inovador irá exigir a superação de uma metodologia tradicional e a aplicação
de uma metodologia problematizadora que possibilita ao estudante a aprendizagem a partir da
inserção na realidade e do meio social que está inserido. Compreender a realidade e entender
fatores históricos e sociais que envolve o contexto precisa ser percebido e analisado com base
em referenciais que possibilitem a construção sólida de conhecimentos. Dessa forma, tende-se
a construir espaços democráticos na própria escola nos quais o estudante assume o papel de um
sujeito que pode construir conhecimentos e que a educação tem potencial transformador.
O professor, portanto, é um profissional que lida com a produção e reprodução do
conhecimento no contexto social. Para que a escola possa ser renovada e alcance a inovação
acreditamos em uma postura profissional do professor que englobe a reflexão, seja ela
individual e/ou coletiva. E embora reconheçamos o professor como a figura central no processo
educativo, mas como outrora já mencionado estendemos esta responsabilidade de aprendizado
também às instituições, gestores, e toda comunidade escolar o qual se recomenda empenho,
entusiasmo, criatividade e participação ativa no processo educativo. Uma mudança dessa
natureza não acontece por acúmulos de títulos, nem tão pouco por imposição administrativa ou
motivada simplesmente por uma vontade pessoal determinada (HARGREVES Apud Farias
2006). Isto quer dizer, que não existe uma fórmula pronta para se adquirir, mas que é preciso
envolver em um processo em que o professor aspire por mudança e que enxergue possibilidade
de um crescimento (seja profissional ou pessoal), também é preciso da condição de trabalho de
modo que o professor sinta-se estimulado a adquirir um repertório novo. Tempo e espaço
também são condições essenciais para que as propostas sejam assimiladas e incorporadas
aliados a um trabalho qualificado e crítico sobre suas próprias práticas.
Em suma, não são poucos os tipos de inovação bem como os desafios para aquisição do
processo, mas se torna possível quando encontra-se profissionais interessados. O ambiente
escolar é o local cuja as leis e diretrizes recebem vida e configuração. A mudança não se faz
sozinha ela acontece através de pessoas envolvidas no processo. Para que a inovação cumpra
sua tarefa de induzir mudança educacional, na perspectiva da ressignificação da prática
educativa é preciso um trabalho exigente e intenso, que irá fluir tanto no âmbito técnico,
pedagógico quanto nas implicações políticas-ideológicas a favor dos educandos e de sua
aprendizagem.
A modernidade no ambiente escolar aponta para o encorajamento de ações relacionadas
a construção de saberes universalistas que não recusem nenhuma configuração de variedade na
94
formação de educandos aptos a confrontar os desafios e problemas do mundo e inventar novas
formas e modelos de entendimento do mundo a serem articuladas e esquematizadas para a
incerteza dos tempos futuros.
No processo de inovação, a educação tem retirado o foco no individual para o social,
político e ideológico, dessa forma os centros formativos e as demais instituições escolares,
passam a ter como principal papel desenvolver a capacidade de ensinar a pensar criticamente.
Mudanças e transformações vividas pela comunidade têm revelado e reinventado uma nova
cultura, transformando as formas de produção e construção do conhecimento, na contramão da
escola tradicional.
O processo de formação docente sugere que os saberes profissionais e as práticas
formativas veiculadas sejam inspirações contínuas para o professor em sua prática pedagógico-
didática no enfrentamento da realidade profissional desafiadora. Nos dias atuais, crê-se que é
eficaz compreender o que é a prática e reconhecer o conhecimento pessoal e social do professor
no desenvolvimento da sua ação docente, para a partir daí construirmos novos saberes.
Reafirmamos acreditarmos no papel das instituições formadora para promover mudanças aptas
a construir novas possibilidades para uma educação dinâmica, criativa, transformadora e que
forneça aos professores na graduação ou na pós-graduação, recriar e espalhar novos saberes.
Para essas transformações, enxergamos a necessidade da articulação entre as instituições
educacionais e a produção de novos conhecimentos por meio de pesquisa, pois o processo
inovador não pode ser escasso de cultura. Inovar significa mudar, ampliar e aperfeiçoar a
cultura. E não é obrigatório partir do zero, e sim do que já temos para avançarmos.
O professor, no contexto das exigências das reformas curriculares, pode sentir o desejo
de aperfeiçoar sua prática profissional. Tal desejo tem um motivo relacionado à formação:
aprender e se apropriar de novas ferramentas da cultura profissional, para um melhor
desempenho em sua atividade profissional. Esse processo confere um fim consciente para a
formação, que passa a ter significação na medida em que o professor relaciona aquilo que o
incita a agir (motivos) com aquilo para o qual a sua ação se orienta, ou seja, a finalidade da
ação. (Ramalho; Nunez 2011)
Partindo desse contexto, podemos considerar a prática pedagógica como uma atividade,
pois ao se realizar de forma planejada e organizada orienta-se por determinados objetivos com
intuito especifico que se realiza no processo de ensino aprendizagem dos estudantes.
A essência das propostas sugeridas pelo Programa Ensino Médio Inovador é a da
requalificação da educação, a partir da implementação de novas práticas, sugestões de inovação
nos currículos, da requalificação das práticas e dos tempos e espaços educativos. Esses tempos
95
e espaços educativos não devem se limitar apenas aos tempos e espaços escolares, mas devem
incluir, também, os demais tempos e espaços urbanos, não escolares. Afinal, o direito à
educação de qualidade, não cabe mais apenas na sala de aula e não se limita aos arredores da
escola, mas devem ultrapassar essas barreiras. O processo de formação é sempre uma atividade
transformadora pois tem como objetivo atingir mudanças reais.
Nesse sentido, cabe a deixa de pensarmos sobres esses espaços, não como simples
estrutura física ou arquitetura, que até necessite de reformas e/ou ampliações, mas que sejam
pensados como lugar de vida, de relações, de troca de conhecimentos, de experiências e,
principalmente, de aprendizagem, e que interfere na vida de quem os ocupam. Para realização
do ProEMI é preciso dar condições para que ele aconteça, ele não vai exigir apenas a construção
de mais salas, quadras esportivas ou compras de materiais. Os princípios e os fundamentos nos
pedem qualidade e não só quantidade.
O Programa Ensino Médio Inovador foi implantado na tentativa de promover
modificações significativas nas escolas públicas de Ensino Médio no País, revertendo os dados
negativos referentes a esta etapa da educação básica. E um dos pontos cruciais para tornar os
dados positivos e arrancar progresso para educação, além do compromisso político e da
competência técnica dos professores está na proposta consistente de organização curricular
articulada com o PPP da escola.
Segundo o Documento Orientador (MEC 2009, p. 7):
Propõe-se, dentro de um processo dinâmico, participativo e contínuo,
estimular novas formas de organização das disciplinas articuladas com
atividades integradoras, a partir das inter-relações existentes entre os eixos
constituintes do ensino médio, ou seja, o trabalho, a ciência, a tecnologia e a
cultura. (BRASIL, 2009).
Desse modo, espera-se das escolas um currículo organizado não apenas em torno de
disciplinas, mas também de ações, situações e tempos diversos, que promovam a capacidade de
pensar, refletir, compreender e agir sobre as determinações da vida social e produtiva; que
articulem trabalho, ciência/tecnologia e cultura na perspectiva da emancipação humana, de
forma igualitária a todos os cidadãos, bem como a realização de atividades que favoreçam a
iniciativa, a autonomia e o protagonismo social dos jovens.
De acordo com o Documento Orientador do programa e das sugestões para se trabalhar
nos CIC é necessário dá atenção para o modo em que é trabalhado o ensino nas escolas, e
distanciar-se de modelos baseado em memorização, reprodução com a ausência de práticas e
observações. Os conteúdos abordados na escola devem ser atualizados, de modo com que
aproxime o conteúdo visto na escola daquilo em que a sociedade está habituada. É preciso
96
aproximar a sala de aula do contexto da realidade social tornado o ensino atrativo e essencial.
Como afirma Vicente (2010, p. 29)
Trabalhemos para que as escolas possam se transformar em pontos infinitos
de interrogação, que crianças e jovens apresentem sempre olhares curiosos,
repletos de sede de conhecer e atuar sobre o mundo em que vivem. E que a
escola não somente respeite esse direito, mas também o incite, o fomente e o
alegre.
O uso de atividades divididas em macrocampos/campos de integração curricular resulta
no desenvolvimento da criticidade, criatividade, autonomia, sendo uma das alternativas para a
melhoria do ensino porque possibilita uma aproximação entre teoria e prática. A realização de
oficinas baseadas são formas de conhecer o mundo. Os nossos estudantes não podem estar
habituados a memorizar e repetir perguntas e respostas que já foram dadas.
O modelo de uma escola inovadora tem como pressuposto essencial uma prática
pedagógica que possibilite a produção do conhecimento. O mundo mudou e com ele as
expectativas e necessidades dos homens passaram a ter outras perspectivas. A proposta de se
trabalhar com campos de integração curricular procura afastar-se dos modelos mais tradicionais
e proporcionar uma escola motivadora, inovadora e acolhedora para os jovens. Busca-se no
trabalho com CIC novas práticas e metodologias de ensino que sejam relevantes para o
desenvolvimento integral dos estudantes.
97
4- METODOLOGIA
Essa pesquisa tem como finalidade colaborar com a produção de conhecimentos que
possam subsidiar o debate acerca das práticas pedagógicas inovadoras de professores do Ensino
Médio, e principalmente, aqueles que trabalham com o ProEMI. Para atingir os objetivos
indicados deste estudo, tomou-se como eixo de análise as inovações que fazem parte da prática
pedagógica dos professores, que possivelmente, emergiram a partir da implantação do ProEMI
em escolas públicas de Ensino Médio. Este Programa traz como premissa atividades que se
pautam na aprendizagem significativa dos estudantes.
Como metodologia de estudo adotamos a abordagem qualitativa e quantitativa, que se
adequa com o propósito do estudo que é identificar, caracterizar e analisar o que opinam os
professores sobre o ProEMI e suas práticas pedagógicas inovadoras. Essa metodologia permite,
segundo Richardson (1999), descrever a complexidade de determinados problemas e possibilita
dentre outros aspectos, compreender processos dinâmicos vividos por grupos sociais, além de
favorecer o entendimento das peculiaridades do comportamento dos indivíduos objeto dos
estudos. Por outro lado, há momentos em que a pesquisa também se caracteriza como
quantitativa. Entendemos que uma abordagem não substitui ou exclui a outra, muito pelo
contrário, elas se complementem ampliando o teor das análises.
Ao relatar sobre a abordagem qualitativa Minayo (1994) defende que são dados que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis e que: "trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos” (p.21). Por sua vez, MOTTA
(1999), afirma que a pesquisa quantitativa “permite inferências mais estandardizadas
(padronizadas) do que a pesquisa qualitativa” (p. 9). Essas duas dimensões, complementam-se,
pois, a realidade abrangida por elas interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia
(MINAYO, 1994).
Tal perspectiva comunga com o pensamento de Minayo (1994, p. 24) sobre a pesquisa
qualitativa ao afirmar que:
Os autores que seguem tal corrente não se preocupam em quantificar, mas sim,
compreender e explicar a dinâmica das relações sociais que, por sua vez, são
depositárias de crenças, valores, atitudes e hábitos. Trabalham com a vivência,
com a experiência, com a continuidade e também com a compreensão das
estruturas e instituições como resultado da ação humana objetiva. Ou seja,
desse ponto de vista, a linguagem, as práticas e as coisas são inseparáveis.
98
Na educação, a pesquisa qualitativa começou a se popularizar entre os pesquisadores
brasileiros da área na década de 1980. A partir deste período surgiram diversas publicações e
autores como: LUDKE e ANDRÉ, 1986; RICHARDSON, 1999; que apresentam e discutem
procedimentos metodológicos para uso na pesquisa em educação sob abordagem qualitativa.
Esta abordagem busca procedimentos de investigação que atribua o caráter de rigor e
confiabilidade as investigações que tem como objeto os fenômenos sociais caracterizados,
especialmente, pela complexidade e pelo caráter multável das situações vividas em um
determinado tempo e espaço. A pesquisa qualitativa não utiliza modelos matemáticos e/ou de
aplicações estatísticas, mas da interpretação de textos, sons, imagens e até de linguagem não
verbal. Compreendemos, através dos argumentos citados anteriormente, que a pesquisa
qualitativa seria a mais apropriada para o nosso estudo, uma vez que nos dá a oportunidade de
analisar o discurso escrito dos professores, considerando as subjetividades e objetividades bem
como, o contexto em que esses estão inseridos e os processos sociais mais amplos que os
envolvem.
A presente pesquisa se caracteriza também como exploratória e descritiva, uma vez que
expõe as características de determinada população ou fenômeno. Da mesma forma, Cervo;
Bervian e Da Silva (2007, p. 57) afirmam que:
A pesquisa descritiva procura descobrir, com a precisão possível, a frequência
com um fenômeno ocorre, sua relação e conexão, com os outros, sua natureza
e características, correlacionando fatos ou fenômenos sem manipula-los.
A pesquisa descritiva, em suas diversas formas, trabalha sobre dados ou fatos colhidos
da própria realidade. Neste caso, realiza-se o estudo, a análise, o registro e a interpretação dos
fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador.
4.1 Lócus da pesquisa
Eis que diante dos objetivos elegemos como universo da pesquisa 33 professores que
lecionam em escolas onde o programa Ensino Médio Inovador teve mais destaque e
significância. Para isso recorremos a Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Rio Grande
do Norte SEEC, com o objetivo de identificar essas escolas e receber informações sobre as
mesmas da responsável pelo ProEMI.
A SEEC tem sob sua jurisdição dezesseis (16) Diretorias Regionais de Educação e
Cultura (DIREC). Optamos por uma representação de professores inseridos nas escolas que
99
fazem parte da primeira 1ª DIREC, isto inclui os municípios de Natal, Extremoz, Macaíba e
São Gonçalo do Amarante.
A tabela nº7 apresenta os principais índices de aprovação, reprovação e abandonos das
escolas selecionadas.
Tabela 7 Taxas de desenvolvimento das escolas de Natal locus da pesquisa em 2015.
ESCOLA ANO DE
ADESÃO
ALUNOS
APROVADOS
ALUNOS
REPROVADOS
ABANDONO
E.E. PROF
ANISIO
TEIXEIRA
2010 82,49% 14,07% 2,81%
E. E. PROF
ANTONIO
PINTO DE
MEDEIROS
2010 80,26% 17,55% 2,19%
E. E. ANA
JÚLIA C.
MOUSINHO
2012 75,60% 23,73% 4,55%
E. E. BERILO
WANDERLEY
2012 77,83% 14,97% 7,20%
Fonte: SEEC/SUEM, 2015.
As escolas que obtiveram maior destaque no processo e funcionamento do ProEmi
foram: Escola Estadual Anísio Teixeira, localizada no bairro de Petrópolis, no centro da capital.
Fez adesão ao programa em 2010. De acordo com a tabela número 7 esta escola teve 82.49%
de alunos aprovados, 14.07% de alunos reprovados e 2.% de abandono no ano de 2015.
A Escola Estadual Antônio Pinto de Medeiros, localizada no bairro Pitimbu zona sul
da capital. Fez adesão ao programa em 2010, apresenta um índice de 80.26% de aprovação,
17.55% de alunos reprovados e um índice de 2.19% de abandono.
A Escola Estadual Ana Júlia de C. Mousinho, fez adesão ao programa em 2012. Está
localizada na zona norte da capital. Teve 75.60% dos alunos aprovados, 23.73% dos alunos
reprovados e um percentual de 4.54% de taxa de abandono.
A Escola Estadual Berilo Wanderley está localizada no bairro de Pirangi, zona sul da
capital, fez adesão ao programa no ano de 2012. Teve 77.83% de taxa de aprovação, 14.97%
de reprovados e 7,20% de abandono.
100
A amostra do estudo foi formada por 33 professores das referidas escolas.
4.2 O instrumento de coleta de dados
Tendo em vista que o objetivo deste trabalho é caracterizar e analisar as práticas
pedagógicas inovadoras dos professores ProEMI, foi utilizado como o instrumento para coleta
de dados um questionário. Para conhecer a opinião dos professores objeto de estudo, é
necessário, evidentemente, questioná-los. Segundo Gil (1999) o questionário é uma a técnica
de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por
escrito às pessoas. A utilização do questionário “permite ao pesquisador obter conhecimento de
opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciada”. (GIL, 1999
p.129) Para Laville e Dionne (1999 p. 336) o questionário é uma técnica de coleta de
informação.
Um questionário é extremamente útil quando um pesquisador pretende reunir dados
sobre um determinado tema. Deste modo, através da aplicação de um questionário a um
público-alvo constituído, é possível colher informações que permitam conhecer melhor suas
opiniões, seus entendimentos, dificuldades, enfim, o que se deseja pesquisar, neste caso irá
depender das finalidades da pesquisa.
Diante dos objetivos propostos e do número de professores atuantes, o questionário
mostrou-se ser o instrumento mais adequado para a coleta de dados. Uma das vantagens
segundo Laville e Dionne (1999) “é que esse instrumento permite alcançar rápida e
simultaneamente um grande número de pessoas”. Os autores acrescentam também que a
uniformização das perguntas, ou seja, que cada pessoa veja as questões formuladas da mesma
maneira, na mesma ordem e acompanhadas da mesma opção de respostas facilita a compilação
e a comparação das respostas escolhidas e permite recorrer ao aparelho estatístico quando chega
o momento da análise.
O questionário utilizado no estudo apresentou perguntas de caráter fechado, em que o
tipo de respostas a serem dadas constitui-se em questões de múltipla escolha e também foram
elaboradas questões de caráter aberto, que possibilitaram aos respondentes respostas discursivas
permitindo o informante expressar sua opinião da maneira que mais achar conveniente. As
questões abertas podem possibilitar respostas textuais de ampla riqueza de pensamento, pois
possibilitou ao sujeito se expressar e manifestar sua opinião.
No questionário não foi solicitado à identificação do professor, o que pode contribuir
para que as respostas sejam respondidas com sinceridade. Esse procedimento conforme Gil
101
(1999) garante o anonimato das pessoas, não expõe os indivíduos nem influencia opiniões e
aspectos pessoais do entrevistado.
Nessa etapa de elaboração do questionário fomos muito cautelosos em relação a
linguagem usada, que deve ser clara e coerente, para que não cause duvidas nem confusões ao
ser respondido. Também foi dada atenção as questões e sua correspondência com os objetivos.
O conjunto de questões foram organizados buscando uma forma lógica para que não se torne
desinteressante e com uma estrutura duvidosa e complexa.
O questionário, em sua versão final foi dividido em duas partes. A primeira buscou
dados de identificação do (a) professor (a), incluindo sua formação, que disciplina ministra e
tempo de atuação na educação. A segunda parte destinou-se a captar questões sobre
participação sistemática das propostas em relação a vivência junto ao ProEMI.
O quadro 3 apresenta o plano do questionário relacionando os objetivos com as
respectivas questões.
Quadro 3- Plano de Questionário
Objetivos Perguntas Propostas no questionário
Descrever o perfil
sócio,
demográfico e
profissional dos
professores
objeto de estudo;
1.Faixa etária:
Abaixo de 25 ( ); 25 a 35 anos ( ); 36 a 40 anos ( ); 41 a 49 anos;
Acima de 50 anos ( )
2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3. Estado civil: ____________________
4. Bairro onde mora: _______________
5. Curso de formação na graduação: __________
6. Modalidade do Curso:
( )Presencial ( )A distância ( )Semipresencial
7. Instituição:( ) UFRN ( ) UNP ( ) UERN ( ) UVA
OUTRAS: __________
8. Ano de conclusão: _________
9. Anos experiência em sala de aula:_____anos
10. Formação em nível de Pós-Graduação:
( ) Especialização: Informe em que?________
102
( ) Mestrado: área de conhecimento_________
( ) Doutorado: área de conhecimento ________
11. Qual escola leciona (Rede Estadual) ______
12. Disciplina/s principal/is (com maior carga horária) que ministra no
Ensino Médio e anos de experiência
Disciplina/s____ Ano/s de experiência _____
Identificar o grau de
participação e
conhecimento dos
professores nas
discussões sobre o
ProEMI;
13. Têm participado, sistematicamente, das discussões sobre o
Programa do Ensino Médio Inovador? ( ) Sim ( ) Não
14. Têm conhecimento das orientações que são ou foram dadas
sobre o (ProEMI)? ( ) Sim ( ) Não
Compreender o que é
inovação pedagógica na
visão do professor
15. O que é para você inovação pedagógica?
16. Cite três palavras que se relacionam com o conceito de
inovação pedagógica: a)_____b) _____ c) ______
17. Se você fosse classificar sua escola, ela seria:
( ) Tradicional
( ) Buscando uma nova identidade
( ) Uma escola que procura inovar mas é ainda tradicional
( ) Uma escola com algumas práticas inovadoras :
( ) Uma escola inovadora;
( ) Não sei opinar
Esclareça sua resposta acima___________________
18. Você se sente estimulado a inovar na sua prática?
( )Sim ( )Não
19.Em caso negativo, quais são as principais dificuldades que você
enfrenta?
103
Conhecer as
principais mudanças e
exigências que o
processo de inovação
promove na escola e
na prática pedagógica
do professor ProEMI;
20. Você observou alguma mudança, na sua escola, após a
implementação do ProEMI?
Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar ( )
21. Cite algumas exigências (até três) que a inovação pedagógica
faz ao professor?
Identificar
atividades
inovadoras no
âmbito da prática do
professor ProEMI;
22. Cite, no mínimo duas atividades inovadoras que você realizou
ou realiza na sua escola, decorrente do ProEMI.
23. O que torna inovadora/s essa/s atividade/s?
Conhecer a opinião dos dos
professores sobre o
ProEMI.
24. O que você sugere para que a inovação se perpetue na prática
pedagógica de sua escola (cite até três sugestões)
25.De uma forma geral, qual a avaliação que você faz do ProEMI
na sua escola?
Fonte: Elaboração própria/2016
Junto a orientadora da pesquisa pensamos sobre a validação do questionário para uma
melhor confiabilidade. Tomamos decisões sobre quais informações deveriam ser privilegiadas
e priorizadas. Houve revisão e reconstrução das perguntas com base nas questões de estudo.
Houve também aplicação prévia do questionário em um pequeno grupo de professores.
Antes da aplicação do questionário com os professores, o mesmo foi apresentado ao
coordenador pedagógico de cada escola visitada junto com o objetivo do trabalho, a afim de
buscar uma autorização para aplicação junto aos professores.
No momento da aplicação do questionário, foi apresentada as devidas explicações e
orientações a cada professor e ao mesmo tempo esclarecida as dúvidas e questionamentos que
surgiram.
Obs: O questionário, na sua integra se mostra no Apêndice.
104
4.3 Organização, Tratamento e Análise dos dados
Considerando o tipo de pesquisa exploratória e descritiva de natureza quanli e
quantitativa, apresento os dados coletados em gráficos e tabelas analisadas a luz da abordagem
técnica-metodológica que apoia o estudo.
Para a organização e tratamento dos dados foi utilizado o software: Modalisa 6.0. Esse
software é um programa computacional desenvolvido na França por docentes da Universidade
de Paris VIII. Ele possibilita estruturar dados quantitativos e qualitativos, tendo especial
utilidade no processamento de dados textuais. Esse software é uma oportuna ferramenta para o
pesquisador associar recursos da estatística descritiva com análise de dados textuais tornando
mais técnicas e compreensível as informações coletadas.
Como já destacado, certos objetivos da pesquisa induziram para o uso de técnicas
quantitativo- descritivo, notadamente para análise de questões fechadas.
Segundo Alves et al (1998 p. 147):
A análise quantitativa - descritiva caracteriza-se por trabalhar com as repostas
obtidas dos sujeitos. Ela se constitui na verificação de frequência simples de
ocorrência a cada alternativa nas questões, seguida de cálculo de porcentagem.
No caso de questões abertas foi usada a técnica de Analise de Conteúdos (A.C.) para
tratar de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema.
(Vergara, 2005, p.15). Bardin (2011, p.42) foi tomado como referência para a análise de
conteúdo, que segundo a autora:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.
Diante dessas afirmações percebe-se que a Análise de Conteúdo é um conjunto de
técnicas de análises de comunicação que tem como finalidade compreender os sentidos das
respostas coletadas, identificar o que está sendo dito e enriquecer a leitura dos dados coletados.
A Análise de Conteúdo é uma técnica que deve ser utilizada quando for observar a comunicação
ou mensagem que expressa um significado. Essa técnica é fundamental para que todos os dados
obtidos no questionário sejam revertidos em categorias para que se tornem úteis. Para Bardin
(2011), a função primordial dessa técnica é o desvendar crítico, configurando-se como um
105
conjunto de instrumentos de cunho metodológico em constante aperfeiçoamento, que se
aplicam a discursos (conteúdos e continentes) extremamente diversificados.
Segundo Vergara (2005) a Análise de Conteúdos conta como características principais:
• Presta-se tanto aos fins exploratórios, ou seja, de descoberta, quanto aos de verificação,
confirmando ou não hipóteses ou suposições preestabelecidas.
• Exige categorias exaustivas, exclusivas, objetivas e pertinentes.
• Grandes quantidades de dados podem ser tratadas, bem como armazenadas com o auxílio
de programas de computador. A interpretação, contudo, cabe ao pesquisador.
• Corre-se o risco, quando se detém nas frequências, de perder-se o que está ausente ou é raro,
porém relevante para a análise do objeto em estudo.
A Análise de Conteúdo realizada com base nas questões abertas compreendem três
etapas básicas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos dados e interpretação.
Na pré-análise organizamos o material a ser analisado, sistematizando as ideias iniciais. Após
a definição do tema e do problema da pesquisa procuramos apoio na revisão da literatura
pertinente ao problema de investigação. Nesta etapa, escolhemos as orientações teóricas que
deram suporte ao estudo. A pré análise refere-se à seleção de material e a definição de
procedimentos a serem seguidos. Quanto a escolha das informações veiculadas pelos (as)
professores (os), demarcamos que seria analisado junto com a formulação dos objetivos. A
segunda fase, de exploração do material diz respeito à execução e implementação dos
procedimentos escolhidos na fase anterior. Nesta fase está inserida a coleta de dados por meio
do questionário. A terceira fase refere-se ao tratamento dos resultados, dedução e interpretação
das informações coletadas e é destinada ao tratamento dos resultados.
A coleta de dados foi realizada tanto na pesquisa bibliográfica como na aplicação do
questionário aos professores. Concomitante, estudou-se documento orientadores sobre o
ProEMI e outros dispositivos legais que sustentam teoricamente esta pesquisa.
Após a coleta dos dados, os mesmos foram analisados, categorizados e organizados
seguindo aos fundamentos teóricos que guiou a pesquisa e a partir das recomendações da
orientadora.
Esta pesquisa também dá atenção as orientações do que versa sobre a observação da
realidade social em que os sujeitos estão inseridos, dando a devida atenção à contradição e ao
conflito que predomina sobre a harmonia e o consenso; observa-se, ainda, o fenômeno da
transição, da mudança, do vir-a-ser sobre a estabilidade; o movimento histórico; a totalidade e
106
a unidade dos contrários (MINAYO, 1998, p.86). Esse foi o percurso que buscamos com vistas
a obter um adequado nível de confiabilidade e validação para o presente estudo.
107
5- RESULTADOS E ANÁLISES
Este capítulo trata a respeito da descrição e a análise dos dados sobre a percepção dos
Professores ProEMI a respeito da inserção da inovação pedagógica no processo educativo.
Pretende-se discutir os dados segundo os conceitos teóricos abordados nos dois primeiros
capítulos.
A análise dos dados organiza-se segundo os objetivos, a fim de responder à questão
central da pesquisa: Como a inovação se insere na prática pedagógica dos professores?
Para uma melhor organização dos resultados, dividimos esse capitulo em 6 (seis) partes.
A primeira denominada: Caracterização do perfil socio demográfico e profissional dos
professores participantes do estudo, onde retrata a realidade social e informações pessoais
destes. Na segunda etapa relatamos a respeito do conhecimento dos professores sobre o
Programa Ensino Médio Inovador, buscando compreender a sua participação nas atividades de
formações sobre o programa e identificar se os professores tem conhecimento sobre as
orientações que norteiam o mesmo. Na terceira parte, o foco é a representação dos professores
sobre inovação, procurando conhecer o que os professores entendem por inovação. A quarta
parte procura investigar quais mudanças ocorrem na escola, segundo a visão dos professores,
após a implementação do ProEMI. Ainda nessa parte há o relato dos professores sobre as
principais exigências que a prática pedagógica inovadora faz aos professores. A quinta parte
analisa quais atividades os professores consideram inovadora e justificam o porquê. A última
parte são sugestões dos professores para que a inovação realmente se instale na prática docente,
além de procurarmos conhecer como os professores avaliam ou mesmo opinam sobre o
ProEMI.
O estudo foi realizado em 4 (quatro) escolas de Natal. Estas foram selecionadas por
serem referências no que diz respeito as dimensões: organização e desenvolvimento das oficinas
do ProEMI. A tabela nº 8 indica a quantidade de professores que participaram da pesquisa de
cada escola objeto desde estudo.
Tabela 8 Distribuição dos professores segundo a escola que leciona
Escolas Frequência (%)
E. E. Prof Ana Júlia C. Mousinho 7 21.2%
E. E. Prof Antônio Pinto de Medeiros 7 21.2%
E. E. Prof Anísio Teixeira 10 30.3%
E. E. Berilo Wanderley 9 27.3%
Total 33 100%
Fonte: Pesquisa de campo realizada em outubro de 2016.
108
5.1 Caracterização dos professores participantes do estudo
Na pesquisa qualitativa, a descrição do contexto e dos sujeitos participantes é de
importância significativa, uma vez que trabalhamos com os sentidos que eles atribuem às
situações indagadas no questionário. O gráfico 4 mostra a proporção de professores segundo o
gênero e faixa etária.
Gráfico 4- Representação de professores segundo gênero e a faixa etária
Fonte: Pesquisa de campo realizada em outubro de 2016.
O gráfico 4, revelou, no que se refere ao gênero e a faixa etária que a maioria dos
participantes da pesquisa é do gênero feminino com 19 participantes isto é 57,5%. Do gênero
masculino há 14 participantes representando 42,5% dos pesquisados.
Quanto ao gênero, como já notório, há uma maior participação das mulheres na
docência, e este não é fenômeno recente. Desde a criação das primeiras Escolas Normais, no
final do século XIX, as mulheres iniciaram a ser recrutadas para o magistério. A própria
escolarização de nível médio da mulher se deu pela expansão dos cursos de formação para o
magistério, baseados na representação do ofício docente como continuação das atividades
maternas e pela naturalização da escolha feminina pela educação (Gatti & Barreto, 2009).
Segundo o Anuário da Educação Básica de 2015, na etapa do Ensino Médio há um total de
509.403 professores no Brasil, sendo 196.177 do gênero masculino e 313.226 do gênero
feminino.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Abaixo de 25anos
De 25 a 35 anos De 36 a 40 anos De 41 a 49 anos Acima de 50anos
Não respondeu
Masculino Feminino
109
Com relação ao gênero masculino a faixa etária com maior incidência foi a de 36 a 40
anos, com 8 professores (24%), seguido de 4 professores entre 25 a 35 anos (12%) e apenas um
professor abaixo de 25 anos, e outro com 50 anos ou mais (representando 3% cada um). Sobre
o gênero feminino, a maior frequência também está na faixa etária de 36 a 40 anos, com 7
registros, representando 21%. Na faixa etária acima de 50 anos tem uma representação de 6
professoras, 18%. Há 4 (quatro) professoras na faixa dos 25 a 35 anos, ou seja 12%.
Quanto ao Estado Civil, 17 (52%) professores são casados, 14(42,4%) são solteiros e
2(6%) são divorciados. Como mostra a tabela número 9.
Tabela 9 – Estado Civil dos 33 professores ProEMI
Estado Civil Frequência (%)
Solteiro 14 42.4%
Casado 17 51.5%
Divorciado 2 6.1 %
Total 33 100 %
Fonte: Pesquisa de campo realizada em outubro de 2016.
Observa-se um certo equilíbrio em relação ao status ser solteiro ou casado. O fato de
42% ser solteiro pode sugerir que se trate de professores com maior disponibilidade para
dedicar-se as demandas do ProEMI, visto que uma vez inserido no programa aumenta a carga
horária na escola onde lecionam e desenvolvem outras atividades.
Em relação ao bairro onde estão localizadas as quatro escolas estudadas e respectivos
professores ProEMI, a distribuição destas seguindo bairro onde residem é a seguinte: a Escola
Estadual Antônio Pinto de Medeiros é localizada no Pitimbu (Zona Sul) conta com 4
professores que moram no mesmo bairro onde é localizada a escola. Os outros 3 professores
moram em bairros vizinhos, como: Candelária, Emaús e Lagoa Nova.
A Escola Estadual Ana Júlia C. Mousinho, tem 3 professores que moram no mesmo
bairro onde a escola está localizada, Nossa Senhora da Apresentação (Zona Norte de Natal),
enquanto os outros 4 moram em bairros circunvizinhos, como: Panatins, Igapó, Jardins. Isto
significa que nenhum professor desta escola precisava se deslocar até a Zona Sul para ir ao
trabalho.
110
A Escola Estadual Berilo Wanderley fica no bairro de Neópolis (Zona Sul), lá 4
professores residem no mesmo bairro que fica a escola. Os outros 5 professores, moram em
bairros bem próximos a escola.
Já na Escola Estadual Anísio Teixeira, por ser localizada no centro da cidade, conhecido
como bairro comercial, todos os professores que participaram da pesquisa moram em outros
bairros que não o da escola.
Nesse sentido, vimos que a maioria dos professores moram próximos ao seu local de
trabalho. Acredita-se que não enfrentar grande trânsito e conseguir ganhar tempo para chegar
em casa torna-os mais motivados. Leva-se em consideração que os professores ProEMI passam
mais tempo na escola do que aqueles professores que cumprem a carga horária normal.
Observou-se, ainda, a Formação Acadêmica inicial dos professores a partir de seus
cursos de formação na graduação. Observe o gráfico nº 5
Gráfico 5- Formação acadêmica dos 33 professores ProEMI
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016.
Nota-se que entre os participantes da pesquisa, há uma incidência maior de professores
formados em Letras (7), representando 21,2% do total. Em seguida vem os cursos de Biologia,
Geografia e Matemática, cada um com 5 professores graduados nestes cursos, representando
15,2% dos professores pesquisados para cada curso. Os cursos de Física, História, Química e
21,2%; 7
15,2%; 5 15,2%; 5 15,2%; 5
6,1%; 2 6,1%; 2 6,1%; 2 6,1%; 2
3,0%; 1 3,0%; 1 3,0%; 1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
111
Sociologia teve 2 incidências em cada, representando 6,1% para cada curso. Os cursos de menor
incidência foram: Artes, Educação Física e Espanhol, com apenas um professor para cada curso,
com representação de 3%.
A consequência de tantos problemas educacionais afeta no déficit de “professores” em
sala de aula para formar as novas gerações de estudantes. O problema torna-se ainda mais grave
na rede pública de ensino. Com condições de trabalho não tão boas, salário pouco atrativo e
uma carreira que não é valorizada, o país enfrenta grave crise na formação de um dos
profissionais essenciais para a construção da sociedade, peça chave da formação de crianças e
adolescentes: professor.
Diante da problemática, o Tribunal de Contas da União (TCU) fez uma auditoria para
mostrar o déficit de professores no país. Resultado: faltava 32,7 mil docentes com formação
específica no conjunto das treze disciplinas obrigatórias para o currículo, apenas no Ensino
Médio em 2015. A situação mais grave no país é entre os professores de Física. São quase 10
mil profissionais a menos que a demanda das escolas. Química e Sociologia completam as três
áreas mais críticas, com carência de 4,8 mil e 4,6 mil professores, respectivamente. Juntas, as
três disciplinas respondem por 59% do déficit. Segundo o TCU (Brasil, 2014) os maiores
déficits de professores com formação específica estão nas disciplinas de física, química e
sociologia.
Atualmente, o Ensino Médio é composto por 13 disciplinas obrigatórias, são elas: língua
portuguesa, matemática, biologia, física, química, filosofia, inglês, geografia, história,
sociologia, educação física, educação artística e espanhol. Hoje, aprovada a Lei 13.415, de
2017, sancionada em fevereiro as escolas se organizarão para o aluno escolher entre itinerários
formativos – o nome dado pelo Ministério da Educação (MEC) ao conjunto de matérias que
cada aluno escolherá para estudar. São eles: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas
tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas e
formação técnica e profissional.
Em relação a instituição de ensino que os professores foram formados há o registro no
gráfico 6. Observe a seguir:
112
Gráfico 6- Instituição de formação inicial do curso dos 33 professores ProEMI
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016.
Ao analisar os questionários nota-se que 100% dos professores pesquisados fizeram seus
cursos na modalidade presencial. Destes, 26 professores, ou seja 78,8% concluiram o curso na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Outros 3 alunos concluiram os seus respectivos
cursos na Unp -Universidade Potiguar, uma instituição de ensino particular, representando 9,1%
dos professores. Já outros 4 alunos concluiram em outras instituições, sendo elas: UFPB-
Universidade Federal da Paraiba (1 professor), IFRN – Instituto Federal de Educação Ciencia
e Tecnologia (2 professores) e outro não detalhou qual a instituição que o formou.
Essa informação destaca o protagonismo da UFRN, que continua contribuindo
fortemente na formação do quadro de professores da rede pública de ensino. Ou seja, A UFRN
é a que mais aprova nos concursos públicos para carreira docente, o que deve influenciar
significativamente no perfil dos profissionais. Este dado certamente explica o fato de grande
parte dos professores ter continuado os estudos após a formação inicial, que é o fato que
veremos a seguir sobre formação continuada. Observe a tabela nº10.
78,8%; 26
9,1%; 3
12,1%; 4
UFRN
UNP
OUTRAS
113
Tabela 10- Formação em nível de pós graduação dos 33 professores ProEMI
Nível de Formação Frequência (%)
Apenas Graduação 8 24%
Especialização 12 36%
Mestrado 12 36%
Doutorado 1 3%
Total 33 100%
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016.
Em relação a formação em nivel de pós graduação percebe-se que 36% dos professores
possuem especialização (12) , 36% tem mestrado (12), apenas 3% (1) professor tem doutorado
e 24% (8) professores possuem apenas a formação inicial, ou seja, o curso de graduação.
Neste âmbito, as discussões em questão acenam para a necessidade de construir uma
formação contínua baseada na reflexão e na ação docente. Zabalza (2004, p. 9) vincula a
formação ao crescimento e aperfeiçoamento das pessoas, entendido num sentido global de
“crescer como pessoas” visto que ela influência direta ou indiretamente os indivíduos no
processo de construção de si mesmos.
Em busca de uma educação diferenciada, crítica e transformadora dos sujeitos que estão
envolvidos no processo educativo, Nóvoa (1992) afirma que a formação de professores deve
fornecer um pensamento autônomo, em sentido crítico-reflexivo. Essa formação deve
possibilitar o desenvolvimento pessoal e também profissional visando um resultado de um
professor que tenha autoconfiança e melhorias em sua prática. Ou seja, ter um processo de
formação continuada é considerada um investimento pessoal. Essa formação oferece um título
importante, porém nos dá ainda mais mecanismo para a valorização da carreira.
A experiência profissional é um fator importante para se conhecer o perfil dos
professores que participaram da pesquisa. Observe a tabela 11 que revela esse aspecto a seguir:
114
Tabela 11 Quantidade de professores segundo anos de experiência nas escolas em 2016
Anos em experiência Frequência (%)
Até 5 anos 1 3%
De 6 a 10 anos 6 18%
De 11 a 15 anos 12 36%
De 16 a 20 anos 7 21%
De 21 a 25 anos 2 6%
Mais de 25 anos 5 15%
Total: 33 100%
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016
A partir de dados registrados é possível afirmar que 19 dos 33 professores possuem até
15 anos de experiência. Apenas 1 professor tem menos de 5 anos de trabalho na sala de aula.
Com experiência de 6 a 10 anos percebe-se a existência de 6 professores. A faixa de 11 a 15
anos de experiência foi onde se teve uma maior incidência, com 12 professores. Na faixa de 16
a 20 anos há 7 professores. Entre 21 a 25 anos de experiência houve a incidência de apenas 2
professores. E na faixa etária de mais de 25 anos de experiência há 5 professores. De modo
geral, trata-se um grupo com bastante vivência na sala de aula.
Algumas mudanças nas práticas pedagógica dos professores podem ocorrer devido ao
tempo de experiência na devida profissão. Essas podem ser definidas como mudanças que
ocorrem ao longo do tempo. As mudanças podem decorrer em diferentes aspectos, como:
comportamento, o conhecimento, as imagens, as crenças ou até mesmo suas percepções.
Usando o tempo como variável definidora do desenvolvimento profissional, Huberman (2000)
propõe a existência de cinco fases que marcam o processo de evolução da profissão docente,
são elas: a entrada na carreira (de 1 a 3 anos de profissão), a estabilização (de 4 a 6 anos), a
experimentação ou diversificação (de 7 a 25 anos), serenidade e distanciamento afetivo (26 a
34 anos) e a preparação para a aposentadoria (35 a 40 anos de profissão).
a) Entrada na Carreira: nesta fase, é comum o professor encontrar-se entusiasmado com a
profissão e as situações que se depara, questionando se o seu desempenho está ou não
satisfatório e se conseguirá superar os problemas. Em contrapartida, é nesta fase que há
uma das maiores taxas de abandonos. Também é a fase em que há questionamentos
sobre a escolha da profissão e sobre a continuidade na carreira.
b) A estabilização: nesta etapa acontece realmente o vínculo de pertencimento ao grupo
profissional de professores. É um momento onde a pessoa “passa a ser” professor.
115
c) Diversificação: os professores, nesta fase, são mais motivados, responsáveis e
conhecedores do sistema escolar. Sentem-se tão empenhados que se arriscam a ocupar
postos administrativos e pleiteiam outros cargos que os afastem um pouco da “rotina”
da sala de aula e busquem outros desafios, por exemplo: direção escolar.
d) Serenidade e distanciamento afetivo: esta fase, tem uma certa fase na produtividade
devido a rotina nas atividades.
e) Preparação para a aposentadoria: Segundo o autor esta é a fase em que se manifesta a
liberdade de final de carreira. Aqui os professores vão se desapegando da carreira e
passa a priorizar outros interesses.
Diante dessas fases de evolução da experiencia docente constata-se que a maioria dos
professores pesquisados encontram-se na fase de Diversidade. Uma expressiva parcela,
Segundo Huberman (2000) estão na fase que mantém o compromisso, responsabilidade e
motivação para desenvolver atividades na sala de aula ou em outros ambientes escolares.
5.2 Participação e conhecimento dos professores na implementação do ProEMI
Considerando a importância que a formação em serviço representa para o
desenvolvimento profissional dos professores em geral, buscamos identificar a participação dos
professores em atividade de formação (atualização, treinamento, capacitação) cujo teor
tivessem como foco os conhecimentos inerentes ao ProEMI. Observe a tabela nº12.
Tabela 12 Participação dos professores em formação sobre o ProEMI
Participação em formação Frequência (%)
Sim 19 57,6%
Não 13 39,4%
Não responderam 1 3%
Total 33 100%
Fonte: pesquisa realizada em outubro de 2016
Ao responder a essa questão os professores mencionavam informações sobre as
formações que tiveram. Os 19 professores (57,6%) que participaram da formação relataram que
as atividades foram feitas de diferentes maneiras: um grupo foi chamado até a SEEC-RN para
116
discutir e conhecer um pouco mais sobre o Programa; outros afirmaram que uma equipe da
SEEC foi até a escola para promover as devidas explicações; um grupo mencionou ter realizado
viagens para conhecer melhor como se dava a aplicação do Programa em escolas em que o
ProEMI já estava consolidado; houve menção de professor que afirmou a participação não foi
suficiente, e que há necessidade de outras. Dos 13 (39,4%) professores que informaram “não”
haver participado da formação narram que não tiveram oportunidade de participar. Para eles, a
SEEC não promoveu essa atividade. Já dois professores relataram que não participaram em
razão de não estarem ainda portados na escola no período em que havia acontecido as
formações. Esperava-se que a totalidade dos professores tivessem participado de alguma
formação.
Um requisito decisivo para a promoção dos conhecimentos teóricos é o conhecimento
sobre o Programa que tem a categoria Inovação como referência. Seja qual for o processo de
mudança ou implementação de atividade, a ser posto em ação, faz-se necessário que nortei as
mudanças pretendidas. Daí ser essencial a promoção de atividades formadoras para que os
professores envolvidos possam aderir de maneira consciente e comprometida as orientações
necessárias. As atividades de teor de formação profissional implicam em desenvolvimento, isto
é, aquilo que o professor compreende acerca das teorias está ligado à capacidade que tem de
vincular e aplicar os saberes na sua vivência.
Na literatura sobre formação continuada de professores, são variados os estudos que
ressaltam a importância da formação de equipes de trabalho e em tarefas de pesquisa/ação
(Stenhouse, 1975; Gil-Pérez, 1982 apud: Carvalho e Gil-Pérez, 1993). Os professores que
atuam norteados pelo conhecimento sistemático, inerente a uma atitude proativa, utilizam seu
próprio ambiente de trabalho como fonte de dados para a análise e reflexão, a respeito do
processo de ensino e a aprendizagem. Esse é um diferencial na atitude do professor que visa a
melhoria na qualidade do ensino.
Ao invés do ditado de regras e normas, sugere-se que os professores trabalhem juntos,
para assim conquistar o conforto e a segurança para enfrentar dificuldades e lograr ampliar sua
base de conhecimentos profissionais. Através da atividade de formação, acontece a troca de
experiências, os professores aprendem uns com os outros e sentem-se encorajados a
implementar novas ideias, sustentando os processos de mudança em seu ensino.
Uma prática pedagógica inovadora evidencia-se, também, pela possibilidade de
envolver os docentes no planejamento das atividades. Com efeito, Masetto (2003) mostra que
planejar consiste numa organização de ações daquilo que vai ser realizado, com base nos
objetivos traçados: “e não unicamente em razão apenas dos conteúdos a serem transmitidos”
117
(MASETTO, 2003, p. 176). Nesse sentido, o fato de envolver os professores nesse processo de
formação e orientação sobre as atividades possibilita que esses atuem de forma responsável,
durante todo o processo de ensino-aprendizagem, mediante diálogos e avaliações constantes.
Buscamos conhecer também se os professores tinham conhecimento a respeito das
orientações que foram dadas sobre o ProEMI. Tabela nº 13
Tabela 13- Conhecimento das orientações sobre o ProEMI
Conhecimento das orientações do ProEMI Frequência
Sim 31
Não 1
Não respondeu 1
Total 33
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016
Os dados revelam que dos 33 professores que participaram da pesquisa 31 (94%)
afirmaram conhecer as orientações para se trabalhar no programa. Embora nem todos
afirmaram haver participado de atividades de capacitação, quando questionado se conheciam
as orientações dadas sobre o ProEMI quase todos se manifestaram positivamente. Mesmo que
na questão anterior tenham respondido que não obtiveram nenhum tipo de formação ou
capacitação sobre o programa. Apenas um professor revelou não ter conhecimento e um outro
professor não respondeu a questão.
Ao se pensar na implementação de um programa educacional em um ambiente escolar
é primordial e necessário que os professores- um dos protagonistas do processo- tenham
conhecimento e domínio das orientações e diretrizes que norteia o Programa mostrando os
caminhos a serem traçados e certamente os desafios a enfrentar.
Diante das análises, percebemos que os professores, mesmo ainda não tendo um bom
índice de participação nas capacitações e orientações sobre o ProEMI (13 professores
responderam não ter participado dessa capacitação), aponta-se como importante o empenho e
estímulo dos professores manifestados ao terem executado variadas atividades e oficinas com
os alunos.
118
5.3 A visão dos professores ProEMI sobre a inovação pedagógica.
Um dos objetivos específicos da pesquisa é compreender o sentido que os Professores
ProEMI atribuem a inovação pedagógica. Neste capítulo por meio da metodologia da Análise
de Conteúdo de Bardin (2011) iremos, portanto, identificar a representação dos professores
sobre essa questão.
Ainda antes de discutimos os dados, relatamos a categorização e triangulação dos dados
feita na pesquisa. Para a categorização e triangulação dos dados baseamos na Análise de
Conteúdo de Bardin (2011). Buscamos essa técnica afim de facilitar a interpretação dos dados
em relação a representação dos professores sobre inovação e prática pedagógica inovadora. Os
temas que se repetem com muita frequência são recortados “do texto em unidades comparáveis
de categorização para análise temática e de modalidades de codificação para o registro dos
dados” (Bardin, 2011, p.100). A categorização permite reunir maior número de informações à
custa de uma esquematização e assim correlacionar classes de acontecimentos para ordená-los.
Para Bardin (2011):
As categorias devem ter certas qualidades como: exclusão mútua – cada
elemento só pode existir em uma categoria; homogeneidade – para definir uma
categoria, é preciso haver só uma dimensão na análise. Se existem diferentes
níveis de análise, eles devem ser separados em diferentes categorias;
pertinência – as categorias devem dizer respeito às intenções do investigador,
aos objetivos da pesquisa às questões norteadoras, às características da
mensagem, etc.
Optou-se pela categorização por campo semântico, que representa grupos de categorias
com respostas com os mesmos sentidos. A representação dos professores sobre inovação
pedagógica e prática pedagógica inovadora foi apreendida por meio de um questionário.
No primeiro momento pediu-se para que os professores relatassem o que entendiam
sobre inovação pedagógica e em seguida, foi pedido que os professores escrevessem três
palavras que eles relacionam ao termo inovação pedagógica.
Os dados foram organizados em três categorias de análises verbalizadas pelos
professores, quais sejam: Mudança, Requalificação e Empatia.
A categoria Mudança refere-se as transformações e modificações na prática pedagógica
que resulta em uma nova forma de ensinar. Isto é, mudar, renovar, modificar a atitude em sua
prática pedagógica. Neste momento, entendemos que 16 professores (48%) ao responderem o
questionário identificam como inovação a adoção de novos modelos ou técnicas de ensino.
Percebemos isto quando o professor afirma que “Inovação pedagógica é buscar novas técnicas
119
de ensinar; incorporar novas ideias na prática; modificar técnicas de ensino; buscar novos
métodos. ” Estas concepções atribuídas de inovação estão centradas na perspectiva da inovação
como aplicação de novas técnicas, coincidindo com a abordagem de Cunha e Lucarelli (2005)
que afirmam que a inovação pedagógica implica ruptura com a forma tradicional de ensinar e
aprender.
A categoria Requalificação é referente aos cursos de formações e atualizações, bem
como outras capacitações para levar os professores a uma ação reflexiva sobre a sua prática,
considerando que os professores destacam ser a formação uma atividade inerente ao
desenvolvimento profissional dos professores. Essa categoria contou com 11 professores
(33%). Como afirmam os professores em suas falas: “Inovar é ter informações atualizadas, é
renovar e atualizar a formação pedagógica. ” Em concordância com essa perspectiva de
inovação Veiga e Castanho (2000, p. 163) sugerem a inovação como o compromisso com a
construção de um projeto coletivo, no qual se analise o contexto de sua realização, de modo que
tanto as concepções como as estratégias de ensino priorizem a aprendizagem e o
desenvolvimento dos estudantes.
Essa concepção de inovação é importante e deve ser um modelo a ser seguido em todos
os espaços educacionais, pois este dá oportunidade para que o professor reveja suas práticas,
além de aprender e ouvir outras experiências. Este modelo é baseado em uma tarefa coletiva
que passa pela revisão das práticas educativas e objetiva a valorização da formação integral dos
estudantes. Na categoria Requalificação, inovar é rever as práticas pedagógicas, consertar erro
e buscar acertos afim de contribuir para o desenvolvimento de competências e habilidades
destes sujeitos com vistas às exigências da sociedade atual.
A terceira categoria sobre inovação pedagógica é a Empatia, que significa a capacidade
de enxergar-se no lugar de outra pessoa, com vontade de compreendê-la, sem fazer pré-
julgamentos. Sobre essa categoria destacamos a seguinte fala do professor: Para mim, inovar é
motivar os alunos...Inovar é mudar para despertar o interesse do auno, melhorar a
metodologia do ensino para chamar atenção dos alunos, inovar é envolver os alunos. Ou seja,
os professores, buscam melhorar para alcançar uma motivação dos alunos, tudo isso por
enxergar na educação uma possibilidade para o desenvolvimento social e profissional. Dos 33
professores participantes, 18 associaram inovação a empatia.
A partir dos discursos dos professores apresentados, percebemos que os professores
enxergam a importância de sua efetiva função enquanto educadores, alcançando a necessidade
de diminuir a distância entre ele e o aluno, com o objetivo de estimular o diálogo e valorizar as
suas capacidades individuais com vistas ao desenvolvimento da aprendizagem.
120
Perrenoud (2002, p. 29) em uma de suas obras destaca que o docente precisa trabalhar
a partir das representações dos alunos e do que eles já conhecem, tentando colocar-se no lugar
deles, o que remete a definição de empatia. Se os alunos não compreendem, não é por falta de
vontade, mas porque o que é evidente para o especialista parece opaco e aleatório para os
estudantes.
A partir das respostas proporcionadas pelos professores, tornou-se possível organizar a
imagem a seguir que representa as palavras que maior representatividade tem os professores a
respeito do sentido que para ele ganha a inovação pedagógica.
Figura 2- Palavras mais citadas pelos professores para representar a inovação pedagógica
Fonte: Elaboração própria, 2017.
A figura 2 revela o conjunto das palavras do universo das falas dos professores ProEMI
sobre o termo inovação pedagógica. Fica evidente as palavras que eles relacionam com mais
“força” a respeito do conceito de inovação pedagógica. A imagem nos revela que apesar de
poucos professores terem relacionado inovação com tecnologia na questão anterior, quando
solicitado novamente a abordar a inovação, a palavra: “Tecnologia” foi a mais citada pelos
professores.
O segundo nome que ganha destaque é “Aprendizagem”, logo em seguida as palavras
“Compromisso e Conhecimento”. As palavras “Formação”, “Transformação” e “Atualização”
121
também entram na lista dos vocábulos citados. Numa dimensão com menor amplitude,
destacou-se as palavras: Mídias, Multidisciplinaridade, Despertar, Novidade, Internet,
Metodologia, Debate, Informação, Atitude, Sensibilidade, Criatividade, Ideia,
Contextualização e Prática.
No ambiente escolar, para que aconteça a aprendizagem dos alunos é preciso que o
professor ensine, e que, nesse processo o professor também aprenda com o aluno. Não somente
o professor deve estar motivado para tal, mas o interesse do aluno em querer aprender e
esforçar-se é primordial. Um aluno sem interesse em aprender, não motiva seu professor a
ensinar; um professor desmotivado não motiva o aluno a querer aprender, ou seja, se não há
conexão de saberes e interesses de ambas as partes para o ensino, não há motivação mútua.
Após conhecer a visão dos professores sobre inovação pedagógica foi perguntado se
eles se sentem motivados a inovar sua prática. A tabela nº 14 revela dados absolutos sobre a
opinião dos professores ProEMI a respeito do fator motivação para inovar.
Tabela 14- Motivação dos professores para inovar sua prática pedagógica.
Motivação Frequência (%)
Sim 29 87,8%
Não 2 3%
Sim/Não 1
Não respondeu 1 3%
TOTAL 33 100%
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016.
Como se pode observar na tabela acima, a grande maioria dos professores (29) ou 87,8%
que responderam afirmativamente que se sentem estimulado a inovar sua prática. As falas que
seguem ilustram bem essa afirmativa: Eu busco inovar para ter uma maior participação
estudantil. Outro professor confessa que: busco inovar porque adoro ensinar e com isso me
sentir bem comigo mesmo. Já outro afirma que: busco inovar porque a equipe pedagógica da
escola nos apoia no planejamento. Houve também quem afirmasse sentir-se estimulado e, a
mesmo tempo destaca que a carga de trabalho talvez seja uma das causas que dificultam a
implementação de novas práticas.
Apenas 2 professores ressaltaram não sentir-se estimulado a inovar na sua prática
justificando que: dou aula em 20 turmas, logo, tenho vinte diários para preencher; as condições
122
físicas/estruturais da escola dificultam o processo. As salas são muito quentes. Já o outro
professor justificou que: não me sinto estimulado a inovar por falta de incentivos
metodológicos e financeiros.
Um professor não respondeu essa questão, porém outro professor marcou a opção sim
e também a opção não e justificou ambas, afirmando que: Sim, do ponto de vista profissional
sim, pois todo profissional necessita atualizar-se, informar-se para melhor desenvolver sua
prática. Por outro lado posicionou-se negativamente, ressaltando que: do ponto de vista da
remuneração financeira, não, pois infelizmente o profissional da rede estadual ainda é pouco
valorizado.
Moran (2004) nos leva a refletir sobre a relevância de motivar um professor para que o
mesmo se sinta sempre instigado a oferecer o melhor, quando destaca:
O que deve ter uma sala de aula para uma educação de qualidade? Precisa
fundamentalmente de professores bem preparados, motivados e bem
remunerados e com formação pedagógica atualizada. Isto é incontestável.
(2004,p.15)
A alta ou baixa motivação do professor interfere no comportamento dos alunos. A
projeção que o professor passa de si para os alunos motiva-os a adquirir por si mesmos, uma
situação de autoestima, e portanto, de autodisciplina, auto responsabilidade e auto realização
(Moran, 2004).
Conforme as respostas acima é importante frisarmos que para que a inovação aconteça
é primordial e essencial o papel do professor. A ação colaborativa e reflexiva dos professores é
fundamental para o desenvolvimento do processo de ensino inovador comprometido com a
formação integral do estudante.
Tardif (2014, p. 208) afirma que um professor como qualquer outro profissional, age
em função de ideias, motivos, projetos e objetivos. Isto é, em missão de desempenhar planos
ou desejos das quais ele está convencido. Isto relaciona-se à Teoria da Atividade de Leontiev,
que de acordo com Nunez e Ramalho (2011) o objeto se converte num motivo para a atividade,
ou seja, naquilo que a estimula. Se não houver motivo definido a atividade não se concretizará
por completo, pois é o motivo que impulsiona.
Ainda nessa etapa, procuramos conhecer como o professor classificaria a escola em que
trabalha, à luz das seguintes opções: Escola tradicional, Escola que procura inovar mas é ainda
tradicional, Escola com algumas práticas inovadoras ou Escola inovadora. O gráfico nº 7 revela
a seguinte situação.
123
Gráfico 7 – Classificação das escolas em que os 33 professores ProEMI trabalham
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016.
Segundo a opinião dos professores, predomina o “modelo” de escola com algumas
práticas inovadoras (46%), seguida dos que consideram um “modelo” composto entre Escolas
que procura inovar, mas ainda é tradicional (33%).
Nenhum classificou sua escola como tradicional, ou seja, aquela que utiliza métodos
intelectualista e enciclopédico, segundo Saviane (2007). O modelo Tradicional trabalha os
conteúdos separado da experiência do aluno e distante da realidade social. Produto de uma
formação docente ainda carente e de poucos investimentos. Este modelo está, ainda, fortemente
arraigado em nossas escolas, entretanto, os professores ProEMI não concordaram com essa
afirmação. Negar esse modelo didático parece representar um reconhecimento de seus limites
e até a caducidade do mesmo, no atual contexto da nossa sociedade.
Dos 33 professores, 15 (46%) afirmaram que a escola onde estão inseridos é uma escola
com algumas práticas inovadoras. Estes professores justificam que: apesar da precariedade
estrutural da escola, a equipe pedagógica faz um esforço para inovar. Outro professor ressalta
que sob alguns aspectos se inova, mas no contexto geral falta verba e compreensão das reais
necessidades. Destes, um professor afirma que: embora ainda não tenha se libertado do
tradicional, grande parte dos professores procuram inovar.
A opção: “Uma escola que procura inovar mas é ainda tradicional” foi alvo de 33% dos
professores, isto é, 11 professores, marcaram essa opção justificando que: alguns
Escola Tradicional0%
Escola que procura inovar mas ainda é
tradicional33%
Escola com algumas práticas inovadoras
46%
Escola Inovadora15%
Não sei opinar6% Tradicional
Uma escola que procurainovar mas é ainda tradicional
Uma escola com algumaspráticas inovadoras
Uma escola inovadora
Não sei opinar
124
procedimentos são inovadores, no entanto, ainda se usa métodos tradicionais; já outro
professor afirma que: apesar das práticas inovadoras, algumas vezes esbarramos com a
burocracia e falta de bom senso apontado como tradicional.
Na sequência, apenas 5 professores, ou seja 15% afirmam ser sua escola inovadora. Para
isso utilizou-se das seguintes justificativas: Inovadora pois põe em prática as teorias do
ProEMI; É inovadora pois a gestão e a equipe pedagógica e docente trabalham juntas para
promover um ensino público de qualidade e contribuir para uma formação cidadã significativa.
Já outro professor afirma que a escola é inovadora pois: respeita a participação estudantil, abre
espaço para debate, descobre valores artístico, preza pela aprendizagem, discute suas metas.
Neste modelo de escola, os alunos são levados a aprender observando, pesquisando,
perguntando, trabalhando, construindo, pensando e resolvendo situações problemáticas
apresentadas, quer em relação a um ambiente de coisas, de objetos e ações práticas, quer em
situações de sentindo moral, social real ou simbólico. Dos 33 professores, ou seja, 6% dos
professores pesquisados não sabem classificar sua escola.
Hernandez et al (2000) classifica a escola inovadora como aquela que inclui-se não só
mudanças curriculares, mas também a introdução de novos processos de ensino aprendizagem,
de produtos, de materiais, de ideias e de pessoas. Hernandez et al (2000 p.22) destaca ainda que
a escola inovadora, efetiva-se quando:
• existem canais de comunicação entre o planejador e aqueles que
executarão a inovação;
• todos os grupos estejam vinculados a ela;
• facilita-se todo tipo de informação que esclareça o sentido da inovação
para todos os grupos envolvidos;
• os conflitos sejam interpretados como sinônimos de que a inovação é
necessária devendo ser recebidos de forma positiva e não sendo eliminados
por decretos;
• a revisão de uma inovação deve ser realizada de forma continua,
principalmente quando refere-se a uma adoção curricular;
• é necessário não destacar papeis específicos e criar burocracia
excessiva. É preciso ter cuidado na hora de estabelecer obrigações, relações e
privilégios;
• uma inovação pode levar ao questionamento de todo o sistema, o que
implica a ideia de revisão contínua. (Hernandez et al, 2000,)
Considera-se um projeto inovador em uma escola quando ele parte dos professores, das
necessidades dos alunos, quando há um grupo que impulsiona, quando há vontade de mudança
nas atitudes e não só na estrutura curricular.
125
Essas falam nos levam a crer que as mudanças culturais, políticas, sociais e econômicas
que sucederam na sociedade estão se reproduzindo na escola. Sinalizam que tais mudanças,
exige do professor disposição e folego para buscar formas diversificadas e diferentes das
tradicionais, no sentido de renovar para possibilitar aos alunos terem maior inserção na escola
facilitadora por uma metodologia inovadora.
5.4 Mudanças na escola do ProEMI e as exigências para a prática pedagógica
Neste item, primeiramente, trataremos sobre as principais mudanças sentidas pelos
professores após a implementação do ProEMI.
Como já apontamos, o processo de estruturação e execução do ProEMI é feito na própria
escola, organizado pela equipe pedagógica, isto é, coordenadores e professores de modo que
possa implementar o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas do
Ensino Médio. A proposta promove o aumento do tempo dos estudantes na escola para garantir
uma formação integral com a inserção de atividades que tornem o currículo mais dinâmico.
Procura relacionar os conhecimentos curriculares com o cotidiano dos jovens, atendendo suas
expectativas e aproximando o currículo das demandas da sociedade contemporânea. Essa é uma
das finalidades do ProEMI. Embora reconheçamos que alguns resultados só serão visualizados
a longo prazo, espera-se identificar mudança na escola após a implementação do programa.
Enxerga-se no programa uma possibilidade para a mudança na formação dos estudantes,
por articular teoria e prática e por proporcionar um tipo de formação que muitas vezes
contempla as várias áreas de conhecimento de forma transdisciplinar. Segundo D’ AMBROSIO
(2000) a transdisciplinaridade entende que o conhecimento fragmentado dificilmente poderá
dar a seus detentores a capacidade de reconhecer e enfrentar situações novas, que emergem de
um mundo cuja complexidade natural acrescenta-se a complexidade resultante desse próprio
conhecimento. Essa abordagem faz crítica ao conhecimento fragmentado, pouco
contextualizado e muito comum nas escolas.
Destaca-se nesse sentido, o fato de relacionar o aprendizado à iniciação científica e a
pesquisa, possibilitando um ensino mais voltado a realidade dos alunos, fugindo da noção de
um ensino conteudista e memorizador.
Para responder um dos objetivos específicos, foi perguntado ao professor se este
observou alguma mudança em sua escola com a inserção do ProEMI. Observe o gráfico nº 8
126
Gráfico 8 – Mudança nas escolas após a implementação do ProEMI
Fonte: pesquisa realizada em outubro de 2016
A análise do gráfico 8 nos permite perceber que 27 (82%) professores responderam que
houve mudança na escola após a efetivação do programa. Nenhum professor informou que não
houve mudança na escola após a inserção do ProEMI. Dos professores pesquisados, um
professor não respondeu e cinco responderam que não sabem opinar sobre tal fato justificando
que quando chegaram na escola o programa já havia sido implantando e eles não acompanharam
a inserção, logo não tem conhecimento de como era a escola antes do programa. Os professores
que relataram mudanças nas escolas apontaram as mais variadas, dentre elas que os alunos estão
mais motivados, estimulados e interessados. Devido a novas propostas de atividades inseridas
nos currículos foram descobrindo habilidades de alguns alunos para pintar, cantar, encenar,
declamar poesias. Outros afirmam que as mudanças foram nas aulas, pois ficaram mais
dinâmicas e interessantes. Há quem afirme que a mudança afetou a escola como um todo,
tornando-a mais acolhedora, com mais projetos e enriqueceu o acervo de livros e o material da
escola, além de ter aumentado o número de aulas de campo. A mudança ocorreu também no
âmbito da leitura, pois aumentou a procura por livros literários. Há quem fale também sobre
relações interpessoais, afirmando que houve melhora no relacionamento entre professor -aluno
e aluno-aluno. Outra mudança bastante significativa foi o aumento de aprovação dos alunos em
universidades, no sistema Enem/Sisu.
Quando se busca alternativas para promover mudanças futuras, julga-se interessante
refletir sobre o passado a fim de perceber o que realmente deve mudar. Não se pode julgar e ser
27
0
5
1
SIM
NÃO
NÃO SEI OPINAR
NÃO RESPONDEU
127
taxativo ao afirmar a que o ensino tradicional é maléfico. O tradicional serviu e foi eficaz em
outra época. No entanto, em razão das atuais mudanças hoje ele não é visto como tão adequado
e eficiente. Existe uma materialidade e responsabilidade no que já passou, no que foi vivido e
ensinado. No dizer de Imbernón (2000, p. 17), o futuro vai sendo construído com peças do
passado e do presente. A análise do passado permite-nos conhecer melhor nossa própria
idiossincrasia (peculiaridade) e a do presente, prever uma situação do futuro provável (desejável
ou não). Isso revela que as mudanças que acontecem após a implementação do programa nos
levam uma reflexão antes para perceber o que deve mudar e uma avaliação posterior para
apontar os pontos positivos dessas mudanças.
A segunda parte deste subtópico, refere-se às exigências que o processo de inovação faz
a prática pedagógica do professor. Cardoso (1992), argumenta que inovar ordena esforço e
ainda afirma que:
A inovação pedagógica traz algo de “novo”, ou seja, algo ainda não estreado;
é uma mudança, mas intencional e bem evidente; exige um esforço deliberado
e conscientemente assumido; requer uma ação persistente; tenciona melhorar
a prática educativa; o seu processo deve poder ser avaliado; e para se poder
constituir e desenvolver, requer componentes integrados de pensamento e de
ação (CARDOSO, 1992, p. 87).
Nesse sentido, foi pedido ao professor que mencionasse até três destas exigências que o
fazer inovador impõe, isto é, quais as exigências que a prática pedagógica inovadora demanda
ao professor. Observe o gráfico 9 para conferir o resultado.
128
Gráfico 9 – Opiniões dos professores sobre as exigências que a prática pedagógica
inovadora faz aos professores ProEMI.
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016
Conforme apresentado no gráfico nº9, percebemos ser variadas as revelações que os
professores fazem ao mencionar as exigências para serem inovadores. O fator mais mencionado
se refere ao Conhecimento/Estudo. Isto quer dizer que numa certa ordem de importância esse
fator foi mencionado 9 vezes, o que significa dizer que o professor precisou estudar mais e
conhecer mais sobre os assuntos os quais aborda com seus alunos. O ininterrupto estudo do
professor é um dos fatores essenciais para ser um professor inovador. Os professores devem ter
a convicção e a responsabilidade de que o ato de aprender deve acontecer em toda a vida. Isso
deve ser um compromisso profissional assumido por eles, tanto em projetos individuais como
nos coletivos que varia de acordo com as necessidades e a realidade (RAMALHO, NUNEZ E
GALTHIER, 2004).
A segunda bastante mencionada pelos professores diz respeito a sua atualização. Isto
quer dizer que, para o professor ProEMI manter-se atualizado, é um requisito para ele melhor
atuar em sala de aula. O vocábulo atualização foi citado 8 vezes pelos professores. A esse
respeito Ramalho, Nunez e Galthier (2004, p. 45) afirmam que:
O professor é confrontado com problemas complexos e variados, para os quais
não conhece previamente a solução, mas está capacitado para construir uma
solução entre um repertório variado a partir de diversos recursos cognitivos e
afetivos. Isto exige um trabalho em grupo, mas também implica autonomia de
ação, uma liberdade de análise e uma formação continuada.
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Também foi mencionada oito vezes a categoria “Relacionar teoria e prática”, o que deixa
mais claro o peso que ganha essas exigências para tornar-se um professor inovador. Isto é,
relacionar os conteúdos vistos em sala de aula com a prática ou contextualizar cada conteúdo
era uma atividade que se fazia constante durante as aulas afim de manter a aula mais
interessante. Na sociedade contemporânea é cada vez mais importante articular os conteúdos
curriculares da escola a contextos em que o aluno está inserido. Não se trata apenas de trabalhar
a interdisciplinaridade, ou seja, integrar conhecimentos de duas ou mais disciplinas, mas
também trabalhar esses conteúdos de forma contextualizada e articular a teoria e prática.
Trabalhar a contextualização é relacionar os conteúdos curriculares a realidade dos alunos
atribuindo sentido e significado aos ensinamentos.
Segundo Nunez e Silva (2008) os conteúdos apreendidos pelos estudantes na sala de
aula são úteis para resolver situações no contexto escolar, porém de pouca utilidade para pensar
e resolver situações em outros contextos. Esses autores fazem uma crítica a forma como se está
ensinando aos alunos, isso significa afirmar que o que foi aprendido pelos alunos na escola
permanece na escola, ou seja, são conhecimentos limitados aos muros escolares. Uma maneira
de mudar isso seria iniciar aulas práticas no currículo dos estudantes. Nesse sentido, destaca-se
a necessidade de conteúdos relevantes que utilizem contextos mais próximos do cotidiano dos
alunos.
A abordagem de relacionar teria e prática é enfatizada nos documentos oficiais. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – PCNEM- afirmam que com o
conhecimento contextualizado tem condições de retirar o aluno da condição de espectador
passivo permitindo que aprenda, isto é, que saia da teoria e vá a prática. A contextualização é
definida nos PCNEM como um dos princípios para a organização do currículo por temas mais
próximos do convívio dos alunos.
Outra exigência bastante mencionada pelos professores ProEMI foi o compromisso e a
dedicação. Segundo os pesquisados ser inovador ordena um compromisso constante e muita
dedicação. Esta exigência foi mencionada sete vezes pelos professores. As exigências
inovadoras vão além da simples transmissão de conteúdos curriculares. Além disso, a prática
inovadora é uma atividade interativa realizada com determinados estudantes, cujas
características e cuja disposição são muito variadas, isso leva os professores a ocupar uma
média do seu tempo a mais para se dedicar ao compromisso assumido. Portanto, além do
componente cognitivo, os professores ProEMI devem, a seu ver, o comprometimento e
dedicação ao trabalho. Comprometer-se com o desenvolvimento contínuo tanto do aspecto
profissional quanto do pessoal do aluno. (PIMENTA; ANASTASIOU; p. 188-189, 2002).
130
O uso de tecnologia, também foi exigência mencionada pelos professores, em 5 vezes.
Alguns dos professores participantes da pesquisa relataram que para adentrar ao processo de
inovação tiveram que usar com mais frequência as ferramentas tecnológicas, houve professores
que relatam a dificuldade que tinham em fazer uso, mas que foi preciso familiarizar-se com
alguns equipamentos para inovar sua prática.
As diferenças socioeconômicas, diferenças de cultura e outras desigualdades sociais nos
levam a perceber o pouco ou nenhum contato que alguns estudantes têm com as chamadas
tecnologias da informação e comunicação. Para uns, alguns aparelhos eletrônicos e outros
instrumentos são mais do que utensílios de trabalho e/ou estudo. Em contrapartida para outros
estão fora da sua realidade e a escola se coloca como um ambiente em que o aluno possa
conhecer essas tecnologias. O desenvolvimento da internet e outras novas mídias aumentaram
a quantidade de informações disponíveis. Nesse sentido, a escola tem uma oportunidade de
aproximar a realidade de seus educandos ao uso dessas mídias que podem contribuir, de
maneira positiva, para seu desenvolvimento.
A escola deve propiciar aos alunos o contato com as mídias, como afirma Belloni
(2005):
A escola deve integrar as tecnologias de informação e comunicação porque
elas já estão presentes e influentes em todas as esferas da vida social, cabendo
à escola, especialmente a escola pública, atuar no sentido de compensar as
terríveis desigualdades sociais e regionais que o acesso desigual a essas
máquinas estão gerando.
Reconhecemos, na atualidade, que as escolas precisam integrar as tecnologias de
informação e comunicação ao cotidiano da escola, na sala de aula, de modo criativo, crítico e
competente. O uso de mídia nas escolas demanda práticas pedagógicas que estimulem novas
possibilidades de aprendizagem e a experiência de procedimentos criativos, com diálogos e
interações múltiplas.
Democratizar o acesso à informação e ao conhecimento no contexto escolar apresenta-
se como o novo desafio para a educação e ao mesmo tempo uma maneira inovadora de articular
o aluno, o professor, a informação e o conhecimento. A realização dessa prática dará
possibilidade de pensar a escola múltiplas formas de ser e habitar a contemporaneidade,
considerando a expansão e ampliação do acesso que a cultura digital e tecnológica adquiriu em
nossa sociedade.
Ter tempo para planejar, também foi uma exigência relatada pelos professores, sendo
mencionada quatro vezes. Tendo relação direta com compromisso, dedicação, estudo e outras
131
exigências já citadas, isto revela a importância que os professores dão ao ato de planejar suas
aulas. O plano de aula é realmente importante na prática pedagógica do professor como
organizador e norteador do seu trabalho, embora mude em decorrência de imprevistos, é
essencial que o professor planeje uma aula afim de desenvolver objetivos e cumpri-los.
Moretto (2007, p. 101) aponta aspectos fundamentais para o planejamento, tais como:
conhecer a sua personalidade enquanto professor, conhecer os alunos, conhecer os conteúdos,
objetivos, metodologia mais adequada e conhecer o contexto social de seus alunos. Nesse
sentido, escolhe as estratégias para se obter sucesso nas aulas. E no desenvolver e na avaliação
da aula, o professor elaborará o seu próximo plano.
Finalizamos esse subtópico destacando outras exigências citadas pelos professores para
ter uma prática pedagógica inovadora. A Criatividade foi citada duas vezes pelos professores,
e foram citadas também exigências, como: Mais Leitura (que para ter uma prática inovadora o
professor precisava ler mais), Ser pesquisador, Ser Pontual e Ser eu mesmo. “Ser eu mesmo”
foi uma exigência citada por um professor que relatou que para ser inovador não poderia fingir
ser algo que ele não era e que o exemplo das práticas dele convenciam mais do que suas próprias
palavras.
5.5 A compreensão dos professores sobre a prática pedagógica inovadora
Na prática pedagógica inovadora, a aprendizagem ganha novo significado. O aprendiz
abandona a aquisição e acumulação de conteúdos e passa a construir o conhecimento. Embora
utilize as informações, na prática pedagógica inovadora acontece de forma diferente, pois supõe
que o próprio educando vá buscá-las e as construa. Esses modos inovadores de conceber o
ensino e a aprendizagem supõem uma nova atitude por parte dos professores, dos alunos e de
toda a equipe escolar.
Aqui destacaremos o importante papel do professor, que tem uma prática pedagógica
inovadora que estimula o desenvolvimento reflexivo do aluno, levando-o a pensar e observá-lo
como um ser histórico, social e político. Para isso, foi questionado aos professores que tipo de
atividade eles realizavam com os alunos nas oficinas do ProEMI e o que tornava essas
atividades inovadoras.
Para uma melhor organização, dividimos as respostas dos professores de acordo com as
disciplinas que eles lecionam.
A partir das análises, percebe-se que os professores da disciplina de português realizam
atividades como: debates sobre temas de relevância social, oficinas de leitura, produções
textuais, jogos, palavras cruzadas, atividades que envolve o uso de vídeos e músicas e atividades
132
que envolvessem o uso da internet (postagem de textos em blogs e outras redes sociais). Os
professores argumentam que essas atividades são inovadoras pois são aulas mais dinâmicas e
que fogem das práticas tradicionais. Os professores relatam que essas aulas são mais prazerosas
para os alunos, logo, tem uma maior participação deles na aula, como relatou o professor: “o
uso de ferramentas tecnológicas contribui para uma aula mais dinâmica”. Ainda na disciplina
de português uma professora relatou que realiza com os alunos aulas de libras (Língua brasileira
de Sinais), e que já criou um coral de libras com os alunos. Afirma que essa atividade é
inovadora porque é inclusiva e necessária devido a demanda de alunos com necessidades
especiais que temos hoje nas escolas.
Uma professora relatou que a prática inovadora que ela realiza na escola são oficinas
dos temas: Cultura afro-brasileira, sobre a Cultura indígena e Cultura nordestina. Onde os
alunos puderam conhecer, analisar e criar encenações a partir do que foi estudado. Além de
perceber que essas culturas muitas vezes foram menosprezadas, a professora afirmou que essa
atividade é inovadora pois desmistificou e venceu preconceitos.
Os professores da disciplina de Biologia revelaram que nas oficinas do programa faziam
atividades, como: Mesa redonda envolvendo temas da atualidade, jogos, aulas práticas em
laboratório e debates.
Um dos professores destacou que uma de suas experiências foi que seus alunos após
uma aula utilizaram a rádio da escola para dar dicas sobre alimentação saudável e a importância
de exercícios físicos. Considerou inovador pois, além de utilizar um recurso interativo, como a
rádio, ainda desenvolveu nos alunos a oralidade, expressão oral e principalmente, a criatividade.
Houve relatos de quem desenvolveu paródias musicais com temas relacionados a saúde do
corpo.
Um professor relatou que a atividade inovadora que realizou foi a criação de uma horta
na escola. Onde os próprios alunos realizavam a plantação, cultivo e colheita. Argumentou que
era inovadora pois notava o maior envolvimento e interesse dos alunos.
Os professores de Geografia lançam como principais atividades inovadoras as:
pesquisas, atividades com dados estatísticos, projetos sobre meio ambiente, aulas de campo,
teatro e debates. Afirmam essas atividades como inovadoras pois enxergam parceria entre
professor e aluno. E que são atividades diferentes das usualmente realizadas. Consideram as
aulas campo como inovadoras pois são atividades que dão oportunidade de observar problemas
ambientais, além de articular teoria e a prática.
Para Hernández (1998), na prática do trabalho com projetos, os alunos adquirem a
habilidade de resolver problemas, articular saberes adquiridos, agir com autonomia diante de
133
diferentes situações que são propostas, desenvolver a criatividade e aprender o valor da
colaboração.
Na disciplina de matemática, os professores afirmaram usar atividades, como: Jogos,
aulas de reforço e aulas práticas. Consideram como inovadora, pois, além dos alunos
vivenciarem na prática certas situações problemas da matemática, essas atividades têm relação
com o cotidiano. Tem maior participação e envolvimento dos alunos. Os professores afirmaram
que sempre havia exposições dos trabalhos criados para que toda a escola pudesse visitar e
conhecer, e isso motivava e valorizava o trabalho dos alunos que a cada aula demonstravam-se
mais dedicados.
Para Abreu (1993), os jogos são importantes na escola porque são objetos sociais que
trazem em seu contexto uma infinidade de conteúdos que integram as disciplinas escolares. No
aspecto social o jogo impõe o controle dos impulsos a aceitação as regras mais sem que ocorra
alienação, visto que elas são estabelecidas pelos jogadores e não imposta por qualquer estrutura
que aliene. Os alunos aprendem jogando.
Os professores da disciplina de física relataram a criação de um clube de ciências.
Consideram essas atividades inovadoras pois é completamente diferente da aula regular. Ocorre
plenárias sobre posicionamentos e debates científicos e principalmente, a construção de
dispositivos experimentais. Já os professores de química, relataram a realização de atividades
experimentais, e a produção de sabão a partir de óleo industrializado. Segundo os professores,
essas são inovadoras pois são atividades interdisciplinares que ajudam em uma aprendizagem
significativa. Outros professores, argumentaram que essa forma de abordar o conteúdo
contribui para uma nova forma de olhar o mundo. Outros argumentam que são atividades
totalmente diferente das que acontecem em sala de aula.
Os professores de história consideram inovadora as atividades, como: aula a campo,
produção de pintura em tela, produção textual, contação de história e teatro. Consideram essas
atividades inovadoras pois são interdisciplinares e trabalham habilidades diversas. Já os
professores de sociologia afirmaram que realizavam atividades de produção de fotografias, que
resultou em uma exposição fotográfica das obras dos alunos. Afirma essa atividade como
inovadora pois ajuda os alunos a interpretar, ler e entender as imagens e seus sentidos. Outro
tipo de atividade feito por professores da sociologia é aprendizagem da LIBRAS e visita a
associação de surdos. O professor considera a atividade inovadora pois sai do caderno e do lápis
e vai para a prática. Além de ser inclusiva e trabalhar temas transversais e que são significantes
para o aluno, pois muitas vezes está dentro da realidade deles.
134
Já na disciplina de Artes, a professora relatou as produções de desenhos animados em
3D. Conta do entusiasmo dos alunos e afirma esta atividade como inovadora pois estar em
sintonia com a realidade tecnológica, além de preparar para o mercado de trabalho. Na
disciplina de inglês, a professora relatou atividades e trabalhos com expressão corporal e/ou
verbal: música, dança, teatro e produção de vídeo na língua inglesa. Considera a atividade
inovadora pois sabe da dificuldade da maioria dos alunos de se expressarem e não se omite a
isso, mas sim busca meio para que eles possam superar essa barreira, isto é, é inovadora pois
faz parte da realidade do meio estudantil. Na disciplina de espanhol, a professora encontrou nas
músicas, séries e filmes o melhor meio para prender a atenção dos alunos e motiva-los para
aprender a disciplina. Considera inovador pois é diferente dos tradicionais textos.
Contrapondo ao modelo tradicional de educação, esses professores evidenciaram uma
maior proximidade com os alunos. Na educação integral que prepara para a vida, o professor é
o sujeito que dinamiza o processo educativo e o aluno participante na construção do
conhecimento. A partir dessa análise percebe-se que os professores buscam por atividade que
envolva a interdisciplinaridade e a contextualização. Ramalho e Nunez (2011) destacam que
essas atividades são privilegiadas por suas potencialidades educativas, pois levam em conta a
prática e a valorização do ambiente de aprendizagem.
As práticas pedagógicas inovadoras, por meio da interdisciplinaridade e da
contextualização são elementos constante nos documentos orientadores do programa (Brasil,
2011, 2013,2014, 2016) bem como nas Diretrizes Curriculares Nacionais que valoriza o
trabalho interdisciplinar nas escolas. Nesse sentido, os professores precisam continuar cada vez
mais criativos e produtores de novas situações de aprendizagem adequada com as atuais
exigências da sociedade.
5.6 Sugestões e opiniões dos professores sobre o ProEMI.
Um dos elementos que deve guiar o trabalho pedagógico é o currículo, levando em conta
e ponderando as demandas e necessidades da comunidade escolar. Entender os indivíduos e a
juventude atual no Ensino Médio brasileiro e seus direitos à aprendizagem, são aspectos
fundamentais para que as escolas redesenhem seus currículos (BRASIL, 2013). Nesse contexto,
os docentes são desafiados a procurar alternativas objetivando mudanças em suas práticas
pedagógicas. A fim de obter sucesso na efetivação de práticas pedagógicas inovadoras é
sugestivo que as necessidades dos professores também sejam alcançadas, isto é, além de dar
boas condições de trabalho aos professores é necessário atender suas carências profissionais
135
para que a partir daí visem atender as necessidades e interesses dos alunos. Relacionando com
o que afirma Ramalho e Nunez (2011, p.77):
Deve-se levar em consideração a relação das necessidades, dos interesses, com
as condições do exercício da atividade profissional e suas mudanças. Por isso
a significação das necessidades e dos interesses pode ser diferente nas
diferentes condições. Essa situação liga as necessidades à escola como lócus
da atividade profissional dos docentes.
Portanto, identificar novas necessidades para poder realizar um trabalho de qualidade
em projetos pedagógicos inovadores como o do ProEMI requer uma pesquisa junto aos
professores que busque identificar também as sugestões que podem facilitar a efetivação de
práticas pedagógicas inovadoras nas escolas que atuam com o ProEMI. A partir de então
solicitamos aos professores ProEMI que mencionassem sugestões que eles consideram
importantes para que realmente a prática pedagógica inovadora se instale nas escolas. Observe
a tabela n°15 para compreender as respostas dadas.
Tabela 15- Sugestões dadas pelos professores ProEMI para que a inovação se instale
Sugestões Frequência (%)
Formação e Capacitação para professores 11 33.3%
Investimentos financeiros 9 27.3%
Melhorar a estrutura da escola 7 21,2%
Aumentar a quantidade de aulas práticas e
experimentais 5 15.2%
Aumentar a quantidade materiais
pedagógicos
4 12.1%
Reduzir o número de alunos por sala 2 6.1%
Aproximação entre professores e a SEEC 2 6.1%
Apoio Pedagógico 2 6.1%
Maior Comprometimento dos professores 2 6.1%
Não interromper o projeto 1 3%
Organização e planejamento 1 3%
Recurso Tecnológico 1 3%
Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2016.
136
A sugestão mais citada pelos professores ProEMI refere-se a formação e capacitação
que ainda que tenham conceitos diferentes, aqui foram tomados com significados próximos.
Professores atribuem a importância aos estudos para manterem-se constantemente atualizados.
A busca por formações é praticamente uma constante nos estudos que tratam do tema. Aqui os
resultados não foram diferentes.
Marcelo (1999) afirma que cursos de capacitação e formação profissional constitui num
conjunto de medidas e estratégias que contribuem para desenvolver a reflexão dos professores
sobre a sua própria prática, de forma a colaborar para a geração de conhecimento prático,
teórico, estratégico proporcionando melhoria das suas condições de trabalho.
Pelos dados analisados, identificamos que a maioria dos professores passa a
conscientizar-se da necessidade de estar sempre se qualificando para melhor desenvolver suas
atividades. Percebemos isso ao analisar suas falas, quando eles afirmam: Eu sugiro maior
incentivo aos professores através de cursos, treinamentos e formações. Já outro professor
afirma que A minha sugestão é que se tenha capacitação para os professores.
É importante conhecermos as críticas e sugestões dos professores em relação as
temáticas dos cursos de formações para que realmente surta efeito em sua prática. Vários
pesquisadores, dentre eles Ramalho e Nunez tem se voltado a investigar as necessidades
formativas dos professores a fim de não apenas teorizar, mas revelar o verdadeiro alicerce que
as formações devem ter no processo de profissionalização do professor.
Segundo Marcelo (1999), a formação de professores, possibilita que os mesmos
adquiram novos conhecimentos e capacidades, oportunizando também uma reflexão sobre a
prática profissional. Ramalho e Nunez confirmam esse conceito ao tratar a formação como
dimensão que tributa para o desenvolvimento profissional.
A segunda sugestão mais citada pelos professores foi sobre os Investimentos
Financeiros. No âmbito educacional, quanto mais se investe mais se tem retorno. Especialistas
e pesquisadores em educação alertam que a relação entre a evolução na qualidade de ensino e
a melhoria nos índices sociais e econômicos não é tão direta e previsível, mas certamente é
consenso entre economistas e educadores que educação de qualidade para todos é condição
essencial para o desenvolvimento do país. E portanto, faz-se necessário investimentos também
financeiros.
Segundo o Documento Orientador de 2016, os recursos financeiros previstos serão
destinados ao desenvolvimento de propostas curriculares no Ensino Médio regular, na forma
especificada nas Propostas de Redesenho Curricular (PRC), devidamente aprovados pelos
Comitês do Programa Estaduais e Distrital e poderão ser empregados em: I – na aquisição de
137
material de consumo e na contratação de serviços necessários à implementação da Proposta de
Redesenho Curricular; II – na aquisição de equipamentos e mobiliários necessários à
implementação da Proposta de Redesenho Curricular; e III – no ressarcimento de despesas com
transporte e alimentação dos alunos e monitores, selecionados a partir de critérios definidos
pelas secretarias de educação.
Sugere-se um acréscimo persuasivo na parcela de fundos destinados à educação. Cabe
ao Estado definir a área como prioridade e formular medidas para aumentar o investimento
assegurando dispositivos legais capazes de ampliar o percentual repassado as redes públicas,
sem prejudicar a população, em especial as mais carentes. O dinheiro por si só não é capaz de
resolver de forma mágica nem um dos problemas do nosso ensino. Para que isso aconteça, é
preciso garantir a boa gestão do investimento. É importante lembrar que pais, alunos,
professores e o poder público tem a obrigação de acompanhar à aplicação dos recursos e
fiscalizar as contas para garantir que o dinheiro vá para as áreas de maior prioridade.
A terceira sugestão mais citada pelos professores foi melhorar a estrutura da escola para
que o programa realmente se concretize. Um estudo realizado pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), mostra que o desempenho dos alunos que estudam em ambientes com
boa infraestrutura é superior ao dos que estão em escolas que não dispõem de ambientes
adequados. Segundo dados da pesquisa “Infraestrutura Escolar e Aprendizagens da Educação
Básica Latino-americana”, os alunos poderiam subir as médias de 506 pontos em provas de
linguagens e 497 pontos em matemática para 525 pontos e 524 pontos, respectivamente, caso
tivessem melhores condições estruturais. Na relação entre a infraestrutura escolar e os
resultados cognitivos, os fatores que mais contribuem para bons desempenhos é a presença de
espaços de apoio ao ensino, tais como bibliotecas, computadores, laboratórios de ciências,
auditórios e quadras de esportes.
A quarta sugestão mais citada pelos professores foi o Aumento de Aulas Práticas e
Experimentais. As aulas práticas e experimentais podem ser uma possibilidade interessante,
pois permitem que o professor proporcione ao aluno a chance de dar um significado próprio
para o conteúdo que está sendo estudado, relacionando com o cotidiano, fazendo com que os
alunos se sintam mais motivados.
As aulas práticas são atividades que permitem que os estudantes tenham um contato
com fenômenos abordados, uma excelente oportunidade para aliar teoria e prática. KrasilChik
(2012) revela o uso dessa prática na disciplina de ciências e afirma que quando utilizada de
forma adequada, permite despertar e manter a atenção dos alunos, envolver os estudantes em
138
investigações científicas, garantir a compreensão de conceitos básicos, oportunizar aos alunos
a resoluções de problemas e desenvolver habilidades (KRASILCHIK, 2012).
As atividades experimentais propiciam aos alunos um aprendizado mais eficaz,
estimulando a imaginação, a curiosidade e o raciocínio, fazendo com que aprendizagem ocorra
de forma significativa.
Há ainda outras sugestões citadas pelos professores para que a inovação realmente se
instale nas escolas, foram elas: Aumentar a Quantidade de Materiais pedagógicos, Reduzir o
número de alunos por sala, Promover uma maior aproximação entre professores e a SEEC,
Apoio pedagógico nas escolas, Maior comprometimento dos professores, Não interromper o
projeto, Organização e planejamento e Aumento de recursos tecnológicos.
O programa Ensino Médio Inovador sugere às escolas uma diferente organização
curricular, com o empenho de gerar a apropriação de conhecimentos e procurando desenvolver
saberes, competências e valores. Dentro dessa perspectiva, o currículo das escolas ProEMI
passa a ser pensado de forma integral, considerando as interrelações existentes entre os eixos
que constituem o ProEMI, a saber: o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura. Isto implica
transpor os limites das disciplinas e a realização de práticas inovadoras. Considerando que o
ProEMI enfatiza de forma contextualizada o conhecimento e a interdisciplinaridade, espera-se
que as reflexões dos educadores contribuam para a elaboração e aprimoramento do programa.
Mesmo diante de algumas frustrações relacionadas à falta de recursos para suporte e
melhores condições de trabalho, é visível perceber o esforço na luta por um espaço ideal e para
uma aprendizagem com qualidade dos professores pesquisados. E para concluir a pesquisa, a
última questão solicitava aos professores que fizessem uma breve avaliação sobre o ProEMI.
Na análise dos questionários podemos perceber através dos discursos que os professores
avaliam o programa de forma bastante positiva, alguns julgam o ProEMI como excelente,
justificando que percebia a alegria dos alunos participando das oficinas quando fazem parte de
seu cotidiano. Já outros fazem relatos de que quando posta fotos de algumas atividades em redes
sociais, ex alunos da mesma escola comentam o quanto a escola está diferente e por vezes
reclama que quando estudavam lá não existia esse tipo de atividade. Isso faz com que a
professora perceba o quanto o programa é bom.
Outros professores avaliam o programa como bom e ressalta em sua justificativa que os
próprios professores também foram beneficiados pois ajudou a melhorar a prática e afirma que:
O programa ajudou a transformar a mente de alguns docentes envolvidos. Já outro professor
afirma que sua aula passou de normal a uma aula inovadora, pois o programa o ensinou a isso.
139
Não houve nenhum discurso que avaliasse negativamente o programa, entretanto houve
professores que falaram da importância do programa positivamente mas que aproveitaram
também o espaço até então de avaliação e sugeriram ainda mais algum tipo de melhora. Como
observa-se na seguinte resposta: O programa é bom mas carece de alguns ajustes financeiros
e de infra estrutura. Já outro afirma que: trabalhos muito bons realizados com empenho, mas
que poderiam dar frutos maiores e melhores com maiores incentivos de tempo dinheiro e apoio
organizacional. Finalizamos a exposição dos discursos dos professores com a fala deste
professor que da sua opinião e faz avaliação sobre o programa: o ProEMI não é tudo mas é cem
por cento. Tudo que vier para melhorar o ensino e aprendizagem é valido desde que seja efetivo
e sem interrupções.
No decorrer dos processos de análises desta pesquisa, os resultados revelaram que os
professores pesquisados destinam atenção a continuidade do programa e que as interrupções
que acontecem (por falta de verbas e investimentos) prejudicam o andamento das atividades e
causam um desânimo nos alunos e também nos professores. Esses programas não podem ter
crise. Os programas educacionais devem ser projetados e postos em prática com flexibilidade
suficiente para conectar-se, de algum modo, com a realidade dos envolvidos.
Ao analisar os discursos construídos por esse grupo de professores, é possível destacar
que o ProEMI é importante como política, entretanto os professores querem transparência na
sua gestão. Em suma, a fonte principal dessa pesquisa – o questionário – revela os diversos
olhares e discursos produzidos pelos docentes na implantação e efetivação do ProEMI em suas
respectivas escolas.
140
6 CONCLUSÕES
O Ensino Médio se configura como uma das principais preocupações do sistema
educacional brasileiro, na atualidade. O sucesso e a permanência do aluno nesta etapa da
educação merecem atenção pois são visíveis as dificuldades traduzidas pelas estatísticas
nacionais, regionais e estaduais. Os elevados índices de evasão, reprovações, abandono,
distorção idade-série são problemas antigos, bastante conhecidos e que se formam, geralmente,
desde as séries iniciais do ensino fundamental e se propaga ao longo da escolarização
obrigatória dos 4 aos 17 anos.
Observando o Índice de Desenvolvimento da educação Básica-IDEB- o Ensino
Médio foi a etapa da educação básica que ficou mais distante da meta estabelecida pelo
Ministério da Educação: 4.3 pontos em uma escala de zero a dez. O resultado de 2015 ficou
seis décimos abaixo do que era esperado, com 3.7 pontos. As escolas da rede pública pontuaram
3.5, enquanto a meta estipulada foi 4.0. A rede privada ficou com 5.3 e a meta estabelecida era
de 6.3, revelando que há graves problemas com a aprendizagem dos conteúdos
curriculares. Ambos resultados são ainda mais preocupantes quando sabemos que essa
pontuação representa o desempenho daqueles que conseguiram “sobreviver” na sala de aula do
Ensino Médio. Os únicos estados que tiveram um bom desempenho nessa fase
foram Pernambuco e Amazonas, que conseguiram atingir a meta. No âmbito do Rio Grande do
Norte, o Ensino Médio tem acumulado prejuízos ao longo dos anos. O IDEB, em sua última
avaliação registrou a nota de 3.2 ficando o RN mais uma vez abaixo da meta proposta. Como
na maior parte do país, no RN o IDEB avança pouco no Ensino Médio, revelando que o poder
excludente dá escola pública que garante apenas matrícula, no entanto não promove o direito
dos alunos aprenderem.
Dentre várias iniciativas da parte do governo federal (todas com poucos avanços e
descontinuadas), na busca de alternativas para um currículo que represente uma efetiva
contribuição para o Ensino Médio, o Ministério da Educação criou em 2009 um novo Programa:
Ensino Médio Inovador-ProEMI, com o objetivo de apoiar e fortalecer o desenvolvimento de
propostas curriculares inovadoras nas escolas de Ensino Médio, ampliando o tempo dos
estudantes na escola e buscando garantir a formação integral com a inserção de atividades que
tornem o currículo mais dinâmico, focado, pautado em quatro dimensões integradoras: trabalho,
ciência, tecnologia e cultura.
Esse programa propõe mudanças para as práticas pedagógicas dos professores, baseada
em argumentos para estimular e inovar as atividades curriculares, uma exigência nada simples,
141
por colocar nas mãos dos professores uma grande responsabilidade. A inovação tem como
diferencial implantar atividades formativas inovadoras para substituir por outro modelo
reconhecidamente limitado face às demandas da sociedade do século XXI. Estão equivocados,
aqueles que concebem a inovação como sendo apenas o processo de utilização das TIC. Inovar
é um processo complexo que requer tempo e ineterruptidade para tornar-se realidade, isto é para
que se consolide, e portanto, seja internalizado, reconhecido como necessidade do docente, o
personagem responsável pela mudança.
Dentre os 33 professores pesquisados, 19 são do gênero feminino, 8 (24%) estão na
faixa etária entre 25 e 35 anos e 15 (45%) entre 36 e 40 anos. Trata-se de docentes que oscilam
entre o grupo dos 8 mais novos e os 15 mais experientes. Podemos admitir que estariam mais
propensos a abraçar a causa da inovação em suas atividades de sala de aula? Acreditamos que
sim. Sabemos que no sistema público de ensino há professores que optam pela docência porque
precisam sobreviver de alguma forma e utilizam todos os pretextos para não mudar. Entretanto,
mesmo tratando-se de um campo propício para acomodações, ainda existem docentes que se
especializam e buscam alternativas para progredir na carreira. São professores que não se
conformam com a mesmice: são criativos, apostam nos projetos inovadores, tentam modificar
processos estabelecidos por uma tradição, buscam novos métodos, e estão dispostos sempre a
aprender e a melhor ensinar.
A formação acadêmica dos professores em onze disciplinas: de letras (7), Biologia (5),
Geografia (5), Matemática (5), Física (2), História (2), Química (2), Sociologia (2), Artes (1),
Educação Física (1), Espanhol (1) revela tratar-se de um grupo multidisciplinar, que reflete a
ampla disciplinarização do currículo do Ensino Médio, o que mostra o seu caráter
excessivamente conteudista. Sob esta perspectiva, o ProEMI propõe um redesenho curricular
estruturado por meio de: disciplinas optativas, oficinas, clubes de interesse, seminários
integrados, grupos de pesquisas, trabalhos de campos e ações interdisciplinares que, para sua
concretização, poderão definir aquisição de materiais e tecnologias educativas. O ProEMI se
estrutura por áreas de conhecimento, chamados de: Campos de Integração Curricular- CIC (os
antigos Macrocampos). Cada CIC está pensado para articular-se com as áreas de conhecimento
(linguagens, ciências humanas, matemática e ciências da natureza), contemplado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – DCNEM. Desse modo, conclui-se que o modelo
atual formado por treze disciplinas obrigatórias não vem sendo eficaz e que uma mudança que
gire em torno de um currículo flexível e que atenda aos estudantes é um caminho a ser seguido.
142
O domínio que deve ter os docentes sobre o ProEMI tem ampla repercussão nas suas
atitudes e maneiras de compreender e atuar no Programa, razão pela qual a busca por formações
em serviço tem sido expressiva: mais da metade (57,6%) dos professores afirmam ter
participado de cursos e capacitações sobre a implementação e execução do Programa, um
indicador do interesse em qualificar suas práticas e a respectiva profissionalidade. Conhecer e
dominar as diretrizes que norteiam o Programa dá condições para efetivar as ações e atividades
a serem realizadas. A respeito dos conhecimentos que o grupo detém sobre as orientações para
se trabalhar no ProEMI, 31 professores, (94%) afirmaram conhecer as indicações que se
recomenda no Programa. Fato que revelou uma contradição, pois embora nem todos tenham
afirmado haver participado de atividades de formação, no entanto, mais da metade dos
professores afirmaram conhecer as orientações sobre o ProEMI. Isto sinaliza que os professores
podem ter aderido as particularidades do Programa que exige ampliar os conhecimentos
necessários sobre os documentos orientadores do mesmo, assim como novos saberes no âmbito
da prática pedagógica que podem torna-las inovadoras. Conhecer o que diz o documento
Orientador sobre o programa é uma alternativa para a materialização e a organizações das
atividades de forma coerente.
Em razão da inovação pedagógica ser uma categoria chave do ProEMI buscou-se
conhecer a representação que tem os professores sobre esse tema. É perceptível a relevância
que os professores dão a esse tema, que foi agrupado em três categoria Mudança,
Requalificação e Empatia.
As representações apresentadas no âmbito da Mudança revelam que 16 professores
(48%) compreendem a inovação como um processo de transformação e modificação em suas
práticas, principalmente quando afirma que: “Inovação é inserir novos métodos de ensino na
sala de aula, diferente do que o aluno está acostumado”. Para eles, inovar é adotar um novo
modelo de aula, uma nova ideia e novos métodos. Isto é, a inovação pedagógica busca uma
ruptura com a forma tradicional de ensinar. Fullan (2007) afirma que a inovação orienta-se da
utilização de novas estratégias e mudanças de crenças.
Dos 33 professores, 11 (33%) associaram inovação a categoria Requalificação.
Afirmaram que inovar é ter o domínio de informações atualizadas. O que fica mais perceptível
tratar-se do compromisso dos professores em manter-se informados quando relatam: Inovar é
ser atualizado para oferecer uma nova proposta de ensino, aperfeiçoando e melhorando a
metodologia. Ou seja, associam a inovação ao ato de renovar e atualizar a prática pedagógica.
Neste caso, o processo de formação docente da oportunidade para que o professor reveja sua
prática e aproxime-se das recomendações que sugere o Documento Orientador do ProEMI.
143
Um grupo, composto por 6 professores (18%), associou inovação à categoria Empatia,
isto é, afirmaram que inovar é motivar os alunos e que eles inovam para despertar nos alunos o
interesse, para atrai-los e envolve-los no estudo e aprendizado dos conteúdos curriculares. Um
professor afirmou que: Inovação pedagógica é despertar o interesse do aluno, chamar sua
atenção e envolve-los realmente nas aulas. Neste caso, percebe-se o esforço e dedicação dos
professores que acreditam que a inovação motiva os alunos e se dedicam a isso.
Conclui-se que inovar a prática, não é apenas utilizar-se das novas tecnologias da
comunicação e informação na sala de aula, mas pautar-se em uma nova prática, voltada para a
aprendizagem numa dimensão emancipatória dos sujeitos e que responda aos desafios postos
por essas constantes modificações na sociedade em que estamos vivendo.
As representações dos professores reveladas em seus depoimentos, denotam sentidos de
inovação que se aproximam das mesmas concepções dos autores visitados neste trabalho - visão
de inovação como processo de ruptura. Na percepção dos professores, uma prática pedagógica
inovadora acontece por meio de novas aprendizagens no processo formativo agregando novos
saberes ao próprio repertório, possibilitando assim inovações na prática. É importante ser
oportunizado aos professores momentos de reflexão crítica para construir saberes e
conhecimentos e, consequentemente, as práticas pedagógicas.
No decorrer do estudo, os professores puderam expressar em uma palavra aquilo que
representava o conceito de inovação. Ganharam peso as palavras: tecnologia, aprendizagem,
compromisso e conhecimento. Eles opinam que uma prática pedagógica inovadora resulta em
novas aprendizagens, em conhecimentos e exige um compromisso intenso do professor. Esse
compromisso não é só em relação ao tempo de carga horária maior que passam a ter na escola,
mas a uma verdadeira dedicação as atividades inerentes ao Programa, a escola e aos alunos.
O estudo situou a motivação como um desejo de adquirir ou alcançar objetivos. Pozo
(2002) afirma que a motivação deve ser considerada como um requisito para o processo de
ensino aprendizagem, devido a importância de poder despertar no aluno o desejo de aprender e
assim ser motivado e motivar. Outros teóricos tomam a motivação e a consciência como
dimensões estratégicas para potencializar o processo de aprendizagem. Ao serem perguntados
se eles sentiam-se motivados a inovar sua prática pedagógica, a grande maioria (87,9 %) dos
professores deram importância a esse sentimento tão estratégico e essencial para a mudança
como é a motivação. Esses professores destacam que a motivação existe porque gostam e
acreditam na profissão que escolheram, enquanto, outros argumentaram que são motivados a
inovar por saber que terá uma maior participação estudantil nas aulas, uma maneira de atrair os
alunos para o processo de aprendizagem. Por mais que os professores tenham desejo por
144
mudanças para inovar suas práticas, estas não se concretizam sem o apoio da gestão e
coordenação pedagógica, da comunidade escolar e de uma boa infraestrutura que possibilite a
inovação.
As escolas objeto do presente estudo destacam-se nas práticas e atividades do ProEMI,
além de possuírem baixos índices de reprovação e abandono, o que as diferencia de muitas
outras escolas estaduais. Foi perguntado ao professor como ele vê, classifica ou considera o
modelo pedagógico de sua escola. Nenhum deles considera como tradicional. A negação do
modelo didático pode ser um primeiro passo para a mudança e a inovação. No entanto, essa
afirmativa e tomada de posição não pode ser apenas uma afirmação, ou uma mera verbalização,
uma retórica. É preciso levar os professores a refletir sobre o que eles verbalizam nessa negação
da educação tradicional e a assunção de outro modelo. Para 15 % dos professores sua escola é
inovadora enquanto 46% considera estar sua escola realizando algumas práticas/atividades
inovadoras. Um terço (33%) afirmou que sua escola procura inovar, mas ainda é tradicional e
6% não soube opinar. Segundo Castanho (2002) a escola inovadora consiste em introduzir
novos modos de atuar em face de práticas pedagógicas que aparecem como inadequadas ou
ineficazes. O estudo considera que a escola inovadora é composta por um conjunto de
intervenções, decisões e processos, com certo grau de intencionalidade e sistematização, que
tratam de modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos, modelos e práticas pedagógicas.
As estruturas tradicionais rígidas que têm se mantido na lógica de organização curricular
tradicional precisam ser modificadas para dar espaço às demandas da atualidade, inclusive as
presentes no ProEMI e para tal, mais do que o apelo à criatividade dos professores, é preciso
garantir condições reais (estruturais, humanas e organizativas) ao mesmo tempo em que se
induz a escola e seus professores a promoverem um currículo inovador.
É essencial que o ProEMI provoque mudanças positivas na escola, sejam em suas
práticas pedagógicas, seja na estrutura física da mesma para romper com os modelos de ensino
que acumulam prejuízos no âmbito da aprendizagem dos alunos e um esgotamento das práticas
docentes repetitivas e pouco atrativas. A esse respeito, há um elevado otimismo quando 82%
dos professores afirmaram que a escola mudou após a adesão ao ProEMI, e as principais
mudanças, incidiram no estímulo, na motivação e no interesse dos alunos.
As falas dos professores mostram que é possível identificar na rede pública do estado
ensaios de um fazer pedagógico de caráter mais autônomo, atento às relações com a
comunidade, sensível aos desafios de construção de um ensino centrado no currículo, e com um
forte incentivo à participação dos alunos nas atividades.
145
As análises dos resultados também possibilitaram inferir que ser um professor inovador
exige assumir uma certa postura, sendo necessário estudar mais, estar comprometido,
participativo e criativo. Alguns professores afirmaram que para ser inovador é preciso planejar
bem as aulas de modo que os alunos possam articular bem a teoria com a prática, isto é,
estruturar a abordagem dos conteúdos de maneira que esses façam sentido para os alunos e
represente uma oportunidade de leva-los a aprender. A inovação exigirá a ruptura com os
sistemas formativos considerados ultrapassados e práticas desacreditadas.
O ato de inovação irá exigir que o professor deixe de lado a exposição de conteúdos
para dar lugar a um modelo de orientação, integrando disciplinas, contextualizando os
conhecimentos. Na chamada Sociedade da Informação, processos de aquisição dos
conhecimentos assumem um papel de destaque e passam a exigir segundo MASETTO, (1996)
um profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar
em grupo e de se conhecer como indivíduo. Portanto, promover a inovação pedagógica no
âmbito das práticas curriculares adotada requer dos professores estarem preparados para
grandes desafios.
Em relação às atividades inovadoras realizadas pelos professores, as informações por
elas reveladas destacam uma vasta diversidade, como: jogos, debates, mesa redonda, peças
teatrais, aulas em laboratórios, músicas, vídeos, cultivo de hortaliças, coral, aula de campo,
fotografias, projetos, produção textual etc. Desse modo, conclui-se que a metodologia da
problematização juntamente com a contextualização deve integrar as atividades pedagógicas
acima postas como inovadoras. Os professores afirmam ser favoráveis à mudança, incorporam
nas suas verbalizações as categorias: pesquisa, à curiosidade pelo desconhecido e buscam a
superação do ensino tradicional, focado na transmissão de informação e na memorização dos
conhecimentos. Muita ênfase é dada a valorização da leitura em todos os campos do saber, para
potencializar a capacidade de letramento dos alunos; superando a ideia de que leitura se trabalha
apenas na disciplina português. Articular teoria e prática e utilizar novas mídias e tecnologias
educacionais como forma de dinamizar as aulas são também exemplos de práticas que podem
favorecer a aprendizagem de determinados conteúdos.
Dessa forma, entende-se que a introdução de práticas pedagógicas inovadoras no
sistema educacional não transformará de uma hora para outra o formato do ensino que ainda
prevalece, majoritariamente hoje, mas conclui-se que a inserção de práticas inovadoras pode
ser uma saída, uma “injeção de ânimo” ou até mesmo um caminho em direção a mudança de
perspectivas. Todavia, para que realmente aconteça, deve conquistar a aceitação dos
professores.
146
Os relatos dos professores permitem-nos observar uma sensibilidade para promover o
que se tem chamado de "protagonismo juvenil". As escolas têm procurado cativar os alunos
mediante um conjunto de atividades que falem mais de perto os seus interesses, realidade e
necessidades: esporte, teatro, música, debate sobre drogas, meio ambiente, violência. As ações
da juventude revelam que suas expectativas envolvem tanto questões relativas ao ensino e
aprendizagem quanto questões referentes ao ambiente social que a escola pode propiciar.
Os professores sugerem que a efetivação de práticas pedagógicas inovadoras nas
escolas, passe pela formação e capacitação dos professores à luz de estratégias para que a
inovação se instale objetivamente nas escolas, preparando os professores para o novo, de modo
que possa conscientiza-los. Os professores demonstram interesse em atividades formativas
sobre o próprio programa. Compreende-se que por meio da formação e construção de novos
saberes os professores têm a possibilidade de vencer suas necessidades formativas, aumentar
seu conhecimento e ainda inovar sua prática pedagógica.
Portanto conclui-se que deve-se formar professores com a visão inovadora, interessados
nas dimensões sociais, políticas, históricas e contextuais que integram a escola e a sociedade
como um todo. Assim, poderão desencadear estratégias de ensino flexíveis, que favoreçam o
pensar inovador e o espirito emancipatório do estudante tornando-o um cidadão mais crítico,
reflexivo e apto para convivência no âmbito da sua totalidade e aberto para os desafios que
certamente enfrentará.
Os professores avaliaram positivamente o programa. Revelaram o desejo de
continuidade do mesmo e aproveitaram para destacar o quanto as interrupções são maléficas
para o desenvolvimento do Programa.
Os relatos e os resultados evidenciados neste trabalho não representam, obviamente, um
retrato de todas as escolas da rede pública estadual, mas sinalizam o campo de possibilidades
de melhoria existente. Mesmo assim sua divulgação não deixa de ser interessante, pois suscita
a reflexão dos professores e amplia o horizonte de alternativas de melhoria do ensino nos termos
de cada estabelecimento de ensino.
É importante saber a opinião do professor enquanto profissional que lida com uma
prática complexa, permeada de concepções, crenças e valores. Nesse sentido, foi fundamental
investigarmos que ideias estão subjacentes às práticas pedagógicas dos professores para termos
a consciência da dimensão política do trabalho docente. Pelo exposto, o estudo considera que
existe um saber inovador necessário a ser incorporado na base de conhecimento profissional
dos professores, cujos fundamentos são adequados para contribuir na construção de uma nova
maneira do professor atuar, de maneira mais inovadora.
147
Segundo Fullan (2007), existe uma diferença entre a proposta de mudanças presentes
nas reformas e as formas diferentes de como os professores as interpretam, dão-lhes significado
e trabalham nessas mudanças. As mudanças na educação dependem também do que pensam e
do que fazem os professores, algo tão simples, e por sua vez tão complexo.
Os professores não são técnicos que se limitam a aplicar as reformas e as orientações
elaboradas por especialistas, mas sujeitos ativos, que têm concepções, representações, atitudes
e valores sobre sua atividade profissional, além de uma trajetória de vida profissional. Nesse
contexto se faz necessário, entre outras coisas, apostar na construção de uma cultura escolar
inovadora.
Conclui-se ainda que os professores objeto de estudo têm compromisso com os
estudantes das escolas que aderiram ao ProEMI buscando sempre melhoria nas aulas
demonstrando preocupação em inovar em suas práticas pedagógicas.
Vale ressaltar neste texto conclusivo que, as demandas destas investigações irão
contribuir para o pensar e o repensar dos elementos que deverão estar presentes na base do
Programa Ensino Médio Inovador. Poderão contribuir também para os temas de formação
continuada destes profissionais, sinalizando, também, sobre as demandas e necessidades
emergentes dos diferentes contextos das salas de aulas.
Chega-se ao fim do trabalho, mas aqui já originam-se novas inquietações e outras
problemáticas que podem dar continuidade a este estudo, desta vez, ouvindo e analisando a
visão dos estudantes a respeito do programa e outras temáticas que certamente trarão novos
elementos significativos para a educação. Propomos um seminário para discutir com as escolas
estudadas os resultados desta pesquisa.
148
Proposta de Seminários Bimestrais de Estudos sobre o PROEMI: Compartilhando
desafios, experiências e saberes
Essa proposta, parte do presente estudo, é uma contribuição para as discussões, estudos
e mesmo tomadas de decisão, no âmbito das escolas e seus professores que integram o Programa
Ensino Médio Inovador.
A proposta consiste na realização de Seminários Bimestrais voltados para dar
visibilidade aos Projetos de Inovação decorrentes do Programa, ao longo dos duzentos dias
letivos do calendário escolar. Tem como objetivo potencializar a compreensão dos
fundamentos, princípios, orientações conceituais e práticas, planejamento e a efetivação das
atividades pedagógicas com base inovadora, entre outras.
Sugere-se, portanto, algumas atividades bimestrais, tais como: Encontro com técnicos
da Secretaria Estadual de Educação engajados no PROEMI. O objetivo será desenvolver
hábitos e atitudes formativas entre as equipes de técnicos, docentes e pedagogos, promovendo
um espaço para reflexões, motivação para o trabalho, comunicação e relacionamento entre
professor-professor, professor-aluno, além de compartilhar as dificuldades, desafios e
aprendizagens dos alunos engajados em seus projetos.
Do ponto de vista teórico e operacional, os seminários devem abrir espaço para que os
docentes, de maneira conjunta, possam refletir e avaliar sua atuação, limites, dificuldades,
ganhos etc. Nessa perspectiva, o fator motivacional ganha importância considerando que o
desafio para se desenvolver atividades formativas inovadoras requer mudanças na maneira dos
professores pensar e agir, ademais de predisposição para se aventurar e arriscar-se em prol do
novo. Os professores e alunos precisam estar entusiasmados para um melhor resultado do
processo de ensino-aprendizagem uma vez que estarão desafiados a assumir suas
responsabilidades, seus papeis, suas reais funções de maneira que logrem alcançar os resultados
esperados. As dinâmicas que aqui possam ser realizadas potencializarão, certamente, os
avanços previstos no PROEMI.
Nesse sentido, uma programação bimestral com professores é bastante indicada com
vistas a auxiliá-los a lidar as atividades de inovação pedagógica, que procura induzir mudanças
importantes no processo formativo dos alunos e consequentemente um caminho para o sucesso
escolar. Optou-se pelos encontros bimestrais por acreditarmos que esses seminários realizados
de forma constante oferecerão subsídio ao professor para uma melhor reflexão da sua prática e
possibilitará a retomada de aspectos que devem ser revistos periodicamente.
149
Busca-se, a partir destes seminários estabelecer discussões, estudos coletivos, reunindo
os professores em um espaço que permitirá a reflexão crítica, coletiva e constante sobre a prática
de sala de aula, a pesquisa, o desenvolvimento da atitude de cooperação e co-responsabilidades,
itens decisivos para a avaliação do trabalho e o replanejamento.
As atividades sugeridas no âmbito dos Seminários Bimestrais serão sucintamente
descritas a seguir:
Atividade 1 – (foco nas atividades dos professores) - Essa atividade constitui na realização de
oficinas pedagógicas para se trabalhar os tipos e natureza da inovação pedagógica segundo
diretrizes do ProEMI. O objetivo da atividade é avançar no entendimento sobre inovação e
situa-la no contexto das aprendizagens e formação dos alunos. Nessa atividade recomenda-se
especial atenção aos estudos que tem sido realizado sobre o papel do Ensino Médio e os
argumentos que sustenta a necessidade de se tornar a inovação como um recurso formativo para
os alunos dessa etapa da educação básica. Essa atividade poderá ser pautada, principalmente,
pelo Documento Orientador do PROEMI, documento esse que indica os aspectos
organizacionais do Programa, discute sobre a visão operacional e estratégica das propostas
inovadoras, instrumentalizando as instituições na sistematização e na elaboração dos Planos de
Ação Pedagógicas. Sugere-se que essa atividade seja um momento de estudo que se distanciará
de memorizações e leituras enfadonhas, descoladas da realidade do contexto em que está situada
a escola e seus alunos. Recomenda-se a opção por atividades dinâmicas, participativas e leve,
porém que agregue conhecimentos previamente definidos. Antes de finalizar, os professores
devem relatar suas percepções e análises sobre o Documento Orientador do Programa, sendo
levados a refletir a respeito do cumprimento das propostas que lhes fora delimitadas no
bimestre. Ao final de cada atividade o professor irá avaliar o encontro e destacará pontos
positivos e sugestões para melhorar os próximos encontros.
Atividade 2 (foco nos projetos inovadores dos alunos). Essa atividade terá como objetivo
discutir entre professores e alunos conceitos referentes a produção de atividades e propostas
inovadoras, relacionadas com as tecnologias e os amplos e variados recursos que podem ser
acionados no processo formativo inovador, como: jogos, pinturas, música, desenvolvimento da
rádio escolar, teatro, cultivo de hortaliças, esportes, atividades envolvendo TICs entre outras.
Recomenda-se a divisão dos alunos e professores em grupos, onde cada grupo elege um tema
de grande relevância para ser abordado. Ao final, os professores e alunos discutirão a
importância dos estudos, o alcance de seus objetivos e suas ideias sobre o tema discutido.
150
Recomenda-se o uso da pesquisa tomada como recurso formativo e propulsou da inovação,
apoiando-se no formato do programa de iniciação científica em curso em várias escolas.
Atividade 3 Esse momento consiste na realização de atividades de Resolução de Problemas
envolvendo temas sobre os projetos em curso. A ideia será discutir a relação entre os
conhecimentos disciplinares (habilidades) e a aplicação destes nos projetos inovadores. Trata-
se de um espaço para se analisar as diferenças que podem existir quando se trabalha com
situações problema de forma investigativa, dinâmica e contextualizada e quando se faz a opção
pela resolução de um exercício de forma tradicional. Essa terceira atividade deve ser assumida
como etapa agregadora das demais atividades de maneira que, a partir desta, possa ser
rediscutido o Planejamento, e as tomadas de decisão inerentes à estrutura curricular do
PROEMI.
Acreditamos muito numa proposta dessa natureza por colocar nas mãos dos integrantes
do PROEMI, a responsabilidade pela sua execução, de maneira autônoma, participativa e
acionando os conhecimentos curriculares do Programa. Segundo Ramalho, Nunez e Galthier
(2004) o professor é e continuará sendo o elemento primordial no processo de ensino e
aprendizagem, ele é o dinamizador, o mediador da aprendizagem. Porém não atribuem aos
professores toda responsabilidade a respeito dos resultados educacionais, mas admitem que
mudança alguma ocorrerá sem que estes assumam a responsabilidade pelo que fazem. A
formação continuada de professores tem sido entendida como um processo permanente de
aperfeiçoamento dos saberes necessários à atividade profissional.
As abordagens que serão utilizadas durante a realização da proposta poderão trazer
resultados positivos e significativos para essa nova maneira de atuar na formação cidadã dos
alunos nessa complexa etapa dos três anos finais da Educação Básica obrigatória (Ensino
Médio).
151
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160
APÊNDICE
QUESTIONÁRIO
Prezado professor,
Sou também professora da rede estadual de ensino e estou cursando mestrado em
educação na UFRN. Minha dissertação estuda o Programa Ensino Médio Inovador e
tendo você participado desse Programa, solicito a sua contribuição para responder as
questões que seguem. Solicito, portanto, muita sinceridade nas respostas a fim de que os
dados sejam confiáveis. Esses só serão usados para esse fim acadêmico(inclusive, não
será necessária identificação). Coloco-me à disposição para maiores esclarecimentos. Sua
participação e colaboração são fundamentais para o êxito desse estudo. Agradeço!
1.Faixa etária:
Abaixo de 25 ( ); 25 a 35 anos ( ); 36 a 40 anos ( ); 41 a 49 anos; Acima de 50 anos ( )
2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3. Estado civil: ____________________
4. Bairro onde mora: _____________________
5. Curso de formação na graduação: _________________________________
6. Modalidade do Curso: ( )Presencial ( ) A distância ( ) Semipresencial
7. Instituição:( ) UFRN ( ) UNP ( ) UERN ( ) UVA ( ) OUTRAS: __________
8. Ano de conclusão: _________
9. Anos experiência em docência:_____anos
10. Formação em nível de Pós-Graduação:
( ) Especialização: Informe em que? __________________________________
( ) Mestrado: área de conhecimento ___________________________________
( ) Doutorado: área de conhecimento __________________________________
11. Qual escola leciona (Rede Estadual)
_________________________________________________________________
12. Disciplina/s principal/is (com maior carga horária) que ministra no Ensino Médio e anos
de experiência.
Disciplina/s Ano/s de experiência/s
_____________________________ _________________
161
13.Você participou de alguma atividade de formação continuada (atualização, treinamento,
capacitação, etc) para desenvolver atividades no Programa Ensino Médio Inovador?
( ) Sim: Especifique ____________________________
( ) Não: Razão de não ter participado _______________________________________
14. Têm conhecimento das orientações que são ou foram dadas sobre o (ProEMI)?
( ) Sim: ___________________________
( ) Não: motivo/ razão do desconhecimento __________________________________
15.Para você, o que é inovação pedagógica?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
16. Cite três palavras que se relacionam com o conceito de inovação pedagógica.
a)_______________________ b)_________________________c)______________________
17. Você se sente estimulado a inovar sua prática?
Sim ( ) Por que?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Não ( ) Por que?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
18. Se você fosse classificar sua escola, ela seria:
( ) Tradicional
( ) Uma escola que procura inovar mas é ainda tradicional
( ) Uma escola com algumas práticas inovadoras
( ) Uma escola inovadora;
( ) Não sei opinar
19. Esclareça sua resposta acima.
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
162
20.Você observou alguma mudança, na sua escola, após a implementação do ProEMI?
( )Sim ( )Não ( )Não sei opinar Comente
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
21.Cite algumas exigências (até três) que a inovação pedagógica faz à prática do professor?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
22. Cite, no mínimo duas atividades inovadoras que você realizou ou realiza na sua
escola, decorrente do ProEMI.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
23. O que torna inovadora essas atividades (da questão 22) mencionadas?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
24. O que você sugere para que a inovação se instale, realmente, na prática pedagógica? (cite
até três sugestões)
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
25. De uma forma geral (sem se prender a detalhes) qual a avaliação que você faz do
ProEMI na sua escola?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________