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Douglisnilson de Morais Ferreira

INFLUÊNCIA DE ATIVIDADES ANTRÓPICAS SOBRE A SALINIZAÇÃO DA

ÁGUA EM ÁREA DE DUNAS NO MUNICÍPIO DE GUAMARÉ/RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Jailson Vieira de Melo

Natal – RN

2011

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Química

Ferreira, Douglisnilson de Morais.

Influência de atividades antrópicas sobre a salinização da água em área de dunas

no Município de Guamaré – RN / Douglisnilson de Morais Ferreira. Natal, RN, 2011

102 f.

Orientador: Jailson Vieira de Melo

.

Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em

Química.

1. Ameaças ao meio ambiente – Dissertação. 2.Meio Ambiente – Dissertação. 3.

Impactos ambientais – Dissertação. 4 Salinidade – Dissertação. 5. Carcinicultura I.

Melo, Jailson Vieira de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UFRN/BSE- Química CDU 504(043.3)

Ao Deus Todo Poderoso

e à Minha Querida Esposa, Clénia.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo privilégio que tem me concedido de viver e servi-lo. Como é

prazeroso saber que tudo isso foi obra de Tuas mãos, pois, “Sem Ti, nada poderei fazer” (Jo

15.5b).

À Minha amada esposa Clénia Morais. Como é bom tê-la ao meu lado. Você me

inspira, me anima, me alegra, me faz feliz.

Aos meus Pais Donato e Marly, pela educação e ensinamentos que muito contribuíram

para a minha formação intelectual, profissional e familiar.

Aos meus irmãos e demais familiares, pelos momentos de descontração e alegrias

vividos juntos.

Aos irmãos e amigos da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Cidade da

Esperança. Como é bom tê-los nessa família.

Ao Professor Jailson Vieira pela compreensão, amizade, apoio e incentivo. Que Deus

lhe abençoe.

Aos professores e servidores do PPGQ - UFRN pela cooperação em todas as ações no

mestrado.

Aos companheiros e amigos do IFRN pelas contribuições e incentivos visando o

crescimento profissional e acadêmico. À Família do NAAE, pelo apoio nas análises

laboratoriais e auxílios diversos na pesquisa. O Senhor Galardoe o vosso feito.

Enfim, à todos que direta ou indiretamente, contribuíram ao longo do processo. Que

Deus vos recompense.

“Porque dEle e por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória, pois, a Ele eternamente. Amém.”

Romanos 11.26

RESUMO

O município de Guamaré está localizado no litoral norte do RN, subzona salineira, com

uma área territorial de 259 km2 e população de aproximadamente 12.500 habitantes (IBGE,

2010). Apresenta acentuada instabilidade morfológica ocasionada principalmente pela

influência de atividades antrópicas na região. O presente estudo tem por finalidade avaliar os

índices de sais existentes nos mananciais da região, através da avaliação da condutividade

elétrica, pH, salinidade, cloretos, dureza, cálcio e magnésio na água. As metodologias de

coletas e análises adotadas na pesquisa estão baseadas no APHA (2005). A Condutividade

Elétrica, a Salinidade e o Cloreto apresentaram comportamento semelhante ao longo da

pesquisa. No estudo observou-se que alguns pontos sofrem influência direta dos viveiros e

outros das salinas. Tendo em vista a existência de uma vala de drenagem entre a salina e a

região monitorada, observou-se pouca alteração no meio, inclusive na vegetação nativa.

Situação inversa ocorreu na região dos viveiros onde a vegetação local está completamente

comprometida e os poços e cacimbas, utilizados no passado para uso doméstico estarem

praticamente desativados (alto teor salino). No Rio Miassaba há formação de um estuário

invertido, com os pontos mais distanciados do mar apresentando concentrações salinas

maiores, o que pode estar associado à descarga de matéria orgânica e taxa de evaporação

natural. Em períodos de ausência de chuvas alguns pontos apresentaram teores de sais

superiores aos encontrados na água do mar, podendo ser associado à alta taxa de evaporação

na região. Um fator positivo detectado é o alto poder de recuperação e redução salina, após

períodos de incidência pluviométrica.

Palavras chaves: Meio Ambiente. Impactos ambientais.Salinidade.Carcinicultura.

ABSTRACT

The municipality of Guamaré is located on the north coast of RN, Salineira zone, with

a land area of 259 km2 and a population of approximately 12,500 inhabitants (IBGE, 2010).

Presents strong morphological instability caused mainly by the influence of human activities

in the region. The present study aims to assess the existing levels of salts in the springs of the

region, by evaluating the electrical conductivity, pH, salinity, chlorides, hardness, calcium,

magnesium and heavy metals in the water. The collection and analysis methods adopted in the

survey are based on APHA (2005). The electrical conductivity, salinity and chloride behaved

similarly throughout the study. Some points suffered the direct effect of the salt ponds and

others. Given the existence of a drainage ditch between the saline and monitored region, there

was little change in the environment, including the native vegetation. The opposite situation

occurred in farms where the region is fully committed local vegetation and water holes and

wells used in the past for domestic use are practically disabled (high salt content). In Rio

Miassaba formation of an estuary is reversed, with the farther out from the sea showing higher

salt concentracions, which may be associated with the discharge of organic matter and natural

evaporation rate. In periods of no rainfall had a few points higher than the levels of salts

found in seawater and may be associated with high evaporation in the region. Detected a

positive factor is the high resilience and reducing salt, after periods of rainfall incidence.

Keywords: Environment. Impacts. Salinity. Shrimp.

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 Desempenho da Carcinicultura no Brasil de 1998 a 2010 21 Figura 3.2 Concentrações pluviométricas do município de Guamaré/RN – 2007. 30 Figura 3.3 Concentrações pluviométricas do município de Guamaré/RN – 2008. 31 Figura 3.4 Mapa de precipitação pluviométrica do Brasil, de março a maio de

2008. 31

Figura 3.5 Concentrações pluviométricas do município de Guamaré/RN – 2009. 32 Figura 3.6 Concentrações pluviométricas do município de Guamaré/RN – 2010. 32 Figura 3.7 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN nos anos 2008 a 2010 33 Figura 4.1 Vista aérea da cidade de Guamaré, com destaque para as áreas de

viveiros de camarão e salinas. 37

Figura 4.2 Mapa de localização dos pontos monitorados no município de Guamaré/RN.

39

Figura 4.3 Ponto de Monitoramento C01, localizado na Cacimba - Gado. 41 Figura 4.4 Ponto de Monitoramento C02, localizado na Cacimba - Bil. 41 Figura 4.5 Ponto de Monitoramento C03, localizado na Cacimba – Galego. 42 Figura 4.6 Ponto de Monitoramento C04, localizado na Cacimba – Dunas. 42 Figura 4.7 Ponto de Monitoramento L01, Localizado na Lagoa - José Antônio. 43 Figura 4.8 Ponto de Monitoramento L02, localizado na Lagoa – Cecílio. 43 Figura 4.9 Ponto de Monitoramento L03, localizado na Lagoa - José Pequeno. 44 Figura 4.10 Ponto de Monitoramento N01, Localizado no Chorador. 45 Figura 4.11 Ponto de Monitoramento P02, localizado no Poço – Pirrita. 45 Figura 4.12 Ponto de Monitoramento P03, localizado no Poço – Bil. 46 Figura 4.13 Ponto de Monitoramento P04, localizado no Poço – Justino. 46 Figura 4.14 Ponto de Monitoramento P05, localizado no poço - João Batista. 47 Figura 4.15 Ponto de Monitoramento P06, localizado no Poço - Chico Pedro. 47 Figura 4.16 Ponto de Monitoramento R01, localizado no Rio Miassaba – Centro. 48 Figura 4.17 Ponto de Monitoramento R02, localizado no Rio Miassaba – Captação

dos Viveiros. 48

Figura 4.18 Ponto de Monitoramento R03, localizado no Rio Miassaba - Canto. 49 Figura 4.19 Ponto de Monitoramento S01, localizado na Salina Pato Branco. 49 Figura 4.20 Ponto de Monitoramento V01, localizado na área da Salina Pato

Branco. 50

Figura 4.21 Fluxograma de coleta de água. 51 Figura 4.22 Fluxograma das análises de água. 52 Figura 4.23 Medidor de pH utilizado nas análises. 53 Figura 4.24 Medidor de Condutividade elétrica e salinidade utilizado nas análises. 54 Figura 5.1 Situação atual da vegetação em áreas próximas a viveiros. 57 Figura 5.2 Situação atual da vegetação nas áreas próximas às salinas. 58 Figura 5.3 Vala de drenagem da água da salina. 58 Figura 5.4 Mapa de localização dos pontos P04, P05 e P06 – Guamaré/RN. 64 Figura 5.5 Gráfico da redução salina dos pontos P04, P05, P06. 65 Figura 5.6 Gráfico da redução de condutividade elétrica dos pontos P04, P05,

P06. 65

Figura 5.7 Gráfico da redução salina dos pontos L01, C02, P03. 67 Figura 5.8 Gráfico da redução salina dos pontos L01, C02, P03 e P05. 67 Figura 5.9 Gráfico da relação salina do ponto P03 com C02, P04, P05 e P06. 68 Figura 5.10 Gráfico da redução salina dos pontos L02, P02, P04, P06. 69

Figura 5.11 Gráfico da CE representando a redução de sais de L02, P02, P04, P06. 69 Figura 5.12 Gráfico da redução salina dos pontos L02, P02, P06 e C02. 70 Figura 5.13 Gráfico da redução salina dos pontos C02, L03, P02, P03 e P05. 71 Figura 5.14 Imagem aérea dos pontos de coleta ao longo do Rio Miassaba. 72 Figura 5.15 Gráfico da comparação da salinidade (por coleta) nos pontos do Rio

Miassaba. 73

Figura 5.16 Gráfico das médias de pH – Guamaré/RN. 76 Figura 5.17 Gráfico da redução da dureza dos pontos P04 a P06. 81 Figura 5.18 Gráfico da redução de cálcio dos pontos P04 a P06. 81 Figura 5.19 Gráfico da redução de magnésio dos pontos P04 a P06. 82 Figura 5.20 Gráfico da resistência da dureza total dos pontos C02, P03 e P05. 83 Figura 5.21 Gráfico da resistência de cálcio dos pontos C02, P03 e P05. 84 Figura 5.22 Gráfico da resistência de magnésio dos pontos C02, P03 e P05. 84 Figura 5.23 Comparação da resistência de dureza do P03 com C02, P02, P05 e

L03. 85

Figura 5.24 Comparação da resistência de cálcio do P03 com C02, P02, P05 e L03. 85 Figura 5.25 Comparação da resistência de magnésio do P03 com C02, P02, P05 e

L03. 86

Figura 5.26 Gráfico da resistência - cloretos dos pontos P04 a P06. 89 Figura 5.27 Gráfico da Comparação da resistência de cloretos do P05 com P04 e

P06. 90

Figura 5.28 Gráfico da redução de cloretos dos pontos C02, P02 e P03. 91 Figura 5.29 Gráfico da redução de cloretos dos pontos C02, P02, P03 e P05. 91 Figura 5.30 Comparação da resistência de cloretos do P03 com C02, P02 e P05. 92

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Desenvolvimento da atividade de carcinicultura no mundo. 19 Tabela 3.2 Atividades humanas que exercem pressões sobre os ecossistemas de

água doce. 22

Tabela 3.3 Impactos ambientais gerados pela carcinicultura. 25 Tabela 4.1 Pontos de coleta, identificação e dados geográficos. 38 Tabela 4.2 Cronograma das atividades realizadas. 40 Tabela 4.3 Resumo das metodologias de análises utilizadas. 51 Tabela 5.1 Resultados de condutividade elétrica obtidos na pesquisa. 60 Tabela 5.2 Resultados de salinidade obtidos na pesquisa. 60 Tabela 5.3 Redução da salinidade ao longo do período de monitoramento. 62 Tabela 5.4 Redução da condutividade elétrica ao longo do período de

monitoramento. 63

Tabela 5.5 Resultados de pH obtidos na pesquisa 74 Tabela 5.6 Resultados de dureza total obtidos na pesquisa. 77 Tabela 5.7 Resultados de cálcio obtidos na pesquisa. 77 Tabela 5.8 Resultados de magnésio obtidos na pesquisa. 78 Tabela 5.9 Redução da Dureza Total ao longo do período de monitoramento. 79 Tabela 5.10 Redução de Cálcio ao longo do período de monitoramento. 79 Tabela 5.11 Redução de Magnésio ao longo do período de monitoramento. 80 Tabela 5.12 Resultados de cloretos obtidos na pesquisa. 87 Tabela 5.13 Redução de cloretos ao longo do período de monitoramento. 88

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABCC Associação Brasileira de Criadores de Camarão APHA American Public Health Association CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais EMPARN Empresa de Pesquisa agropecuária do RN EUA Estados Unidos da América GAA Global Aquaculture Alliance IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN IFRN Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN IHP International Hydrological Programme ILEC International Lake Environment Committee ONU Organização das Nações Unidas pH Potencial Hidrogeniônico PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos RN Rio Grande do Norte STD Sólidos Totais Dissolvidos UFRN Universidade Federal do Rio grande do Norte UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 OBJETIVOS 16

2.1 OBJETIVOS GERAIS 16

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17

3.1 A ÁGUA NA NATUREZA 17

3.2 AQUICULTURA 18

3.2.1 Histórico da Carcinicultura 19

3.2.2 Impactos Causados no Ambiente 21

3.2.3 Impactos da carcinicultura no ambiente 23

3.3 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA EM ESTUDO 29

3.3.1 Climatologia 29

3.3.2 Geologia e Geomorfologia 34

3.3.3 Hidrografia e água subterrânea 34

3.3.4 Vegetação 35

4 MATERIAIS E MÉTODOS 36

4.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA 36

4.2 A ÁREA ESTUDADA 36

4.3 LOCAL DE AMOSTRAGEM E PONTOS DE COLETA 37

4.3.1 Descrição dos pontos de coleta 40

4.4 METODOLOGIA DE COLETA E PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS 50

4.5 PARÂMETROS E METODOLOGIAS DE ANÁLISES 51

4.5.1 Potencial hidrogeniônico (pH) 52

4.5.2 Condutividade elétrica (CEL) e salinidade (SAL) 53

4.5.3 Dureza total, cálcio e magnésio 54

4.5.4 Cloretos 54

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 56

5.1 ANÁLISE PANORÂMICA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 56

5.2 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NA ÁGUA 58

5.2.1 Condutividade elétrica e salinidade 59

5.2.2 Potencial hidrogeniônico 73

5.2.3 Dureza total, cálcio, magnésio 76

5.2.4 Cloretos 87

6 CONCLUSÕES 93

6.1 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS 93

7 REFERÊNCIAS 95

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 14

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

1 INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural renovável indispensável à sobrevivência humana, ao

desenvolvimento tecnológico, social e econômico de uma nação. Sua história sobre o planeta

terra, sua qualidade e quantidade disponível para uso está relacionada diretamente ao

crescimento populacional, desenvolvimento urbanístico e às diversas áreas de atuação

(abastecimento público, agricultura, aqüicultura, indústrias, etc.).

Na natureza, ela é encontrada principalmente no estado líquido e cobre

aproximadamente 70% da superfície do planeta (BRAGA et al., 2005, p. 73). Do total de água

doce existente apenas 0,147% encontra-se disponível na forma liquida para exploração

econômica e tecnológica, sendo 70% destinada à agricultura, 22% à indústria e 8% ao

consumo humano (FOLHA DE SÃO PAULO, 1999; RAINHO, 1999 apud MACÊDO, 2007,

p. 53).

Existem inúmeros problemas de impactos ambientais causados pelas diversas

atividades humanas que alteram a qualidade da água e seu ciclo hidrológico, gerando sua

escassez e aumento no custo. A eutrofização, a contaminação das águas superficiais e

subterrâneas e a perda da diversidade biológica são conseqüências destas práticas humanas.

A carcinicultura, atividade que visa à criação de camarões em cativeiro, é uma

atividade geradora de grandes impactos ambientais. Seu desenvolvimento tem se

intensificado, principalmente no nordeste brasileiro, em função da alta rentabilidade

econômica, produtividade elevada e adaptação fácil. A região Nordeste é responsável por

94% da produção nacional, tendo o Rio Grande do Norte (RN) e o Ceará como os principais

estados produtores do país. (ABCC, 2011).

Essa atividade vem sendo associada à destruição de um dos ecossistemas mais

complexos do planeta, o manguezal, atingindo também a mata ciliar e carnaubais,

causandoinúmeros danos cumulativos às bacias hidrográficas onde se inserem. No contato

com o meio ambiente, a carcinicultura ameaça a fonte de sobrevivência e a cultura de

milhares de pessoas que habitam tradicionalmente as regiões de mangue, como pescadores e

pequenos agricultores (TELES, 2005).

Em 2004 o Rio Grande do Nortepossuía mais de 6.000 hectares de viveiros de

camarão, com uma produção anual de quase 5.000 kg/ha/ano, tendo a cidade de Guamaré

como uma das grandes produtoras de camarão (ABCC, 2004). A Litopenaeus vannamei é a

espécie cultivada nacionalmente, devido á sua fácil adaptação a águas doces a salinas.

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 15

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

O município de Guamaré Apresenta acentuada instabilidade morfológica ocasionada,

principalmente, pela influência de atividades antrópicas como a carcinicultura e a indústria

salineira. Essas atividades têm gerando hipersalinidade residual do solo e da água, fatores

pelos quais, atualmente, praticamente toda a água dos mananciais da cidade está imprópria

para o consumo humano, além de acarretar a degradação do ecossistema local, com a

formação de ambientes desérticos. Vale ressaltar que, esta água, durante muitas décadas, era

utilizada pelos moradores da região para a agricultura, pecuária, consumo humano e

atividades afins.

A necessidade de realização deste trabalho surgiu pela observação feita na área em que

se desenvolve a atividade salineira e a carcinicultura em Guamaré/RN, onde uma grande

extensão de terra apresenta-se desértica, com várias plantas nativas morrendo. Outra situação

perceptível nesta área é o aumento da salinidade residual da água, ocasionando a degradação

do meio ambiente.

Esta situação pode ser observada em regiões próximas às fazendas de criação de

camarão. Segundo moradores da região, o desmatamento da região e a hipersalinidade foram

observadas após a implantação da carcinicultura no local.

Nas proximidades da salina, em virtude da existência de valas de drenagem no entorno

da atividade, observou-se menor influência na região.

Este trabalho apresenta o diagnóstico da qualidade da água do município de

Guamaré/RN, através de pesquisa de campo e análises laboratoriais no período de marçode

2008 amarço de 2011, intitulada Influência deAtividadesAntrópicas Sobre a Salinização da

Água em Área de Dunas no Município de Guamaré/RN.

CAPÍTULO 2 – OBJETIVOS 16

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Diagnosticar a influência da salinização da água nos mananciais do município de

Guamaré – RN.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Mapear as principais fontes de água da região.

Avaliar a qualidade físico-química das águas dos pontos monitorados.

Avaliar os efeitos da sazonalidade, pois nesta região é observado um

aumento natural da salinidade das águas em longos períodos de seca devido

uma diminuição natural do nível do lençol freático.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, apresenta-se uma discussão dos assuntos relacionados à pesquisa, a

saber, água, carcinicultura, salina e seus impactos no ambiente, possibilitando ao leitor

conhecimentos básicos indispensáveis para melhor compreensão do texto dissertado,

destacando sua importância para as inúmeras atividades citadas e, considerando os eventuais

impactos causados.

3.1 A ÁGUA NA NATUREZA

Desde os primórdios da vida no planeta Terra e da história da espécie humana, o

Homo sapiens, a água sempre foi essencial. Qualquer forma de vida depende da

água para sua sobrevivência e para seu desenvolvimento biológico, cultural e

econômico.[...] A água é o que nutre as colheitas e florestas, mantém a

biodiversidade e os ciclos no planeta e produz paisagens de grande e variada beleza.

[...] A água doce é, portanto, essencial à sustentação da vida, e suporta também as

atividades econômicas e o desenvolvimento. (TUNDISI, 2005, p. 1).

A água pura é um líquido incolor, inodoro, insípido, transparente, inorgânico e é

encontrado na natureza nos estados sólido, líquido, gasoso. Por ser ótimo solvente, nunca é

encontrada em estado de pureza absoluta, apresentando impurezas que vão desde alguns

miligramas por litro na água da chuva a mais de 30 mil miligramas por litro na água do mar.

Dos 103 elementos químicos conhecidos, a maioria é encontrada de uma ou outra forma nas

águas naturais (RITCHER; JOSÉ NETTO, 2002).

Dados do International Hydrological Programme – IHP – IV/UNESCO sobre recursos

hídricos afirmam que o volume total de água no planeta é calculado em torno de 1,4 bilhões

de quilômetros cúbicos, porém, 97,5% dessa água é salgada, e está basicamente nos mares e

oceanos. Os 2,5% que sobram são água doce, sendo que menos de 30% estão disponíveis para

o uso humano nas suas diversas modalidades (SHIKLOMANOV, 1998 apud REBOUÇAS et

al., 2006).

O Brasil é atualmente o quinto país do mundo, tanto em extensão territorial como em

população, apresentando uma área de 8.514.876,60 km2 e cerca de 190 milhões de habitantes.

Destaca-se no cenário mundial pela grande descarga de água doce dos seus rios, cuja

produção hídrica, representa 53% da produção de água doce do continente sulamericano e

12% do total mundial (REBOUÇAS, 2006, p. 26; IBGE, 2010).

Das inúmeras atividades econômicas e industriais que utilizam a água no seu processo

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

produtivo, destaca-se a irrigação, o abastecimento público, pesca e aquicultura, podendo gerar

consequências variadas no corpo aquático, em decorrência da utilização de produtos

químicos, fertilizantes, agrotóxicos, ração, dentre outros. Cada atividade humana tem seus

próprios requisitos de qualidade para o consumo de água. Enquanto no abastecimento urbano

e na aquicultura é necessária a utilização de água de alto padrão de qualidade, atividades

como navegação e geração de energia podem ser utilizadas águas de baixa qualidade.

(BORSOI; TORRES, 1997).

Vale ressaltar que a contaminação de mananciais impede sua utilização para o

abastecimento humano, bem como pode causar limitações nas atividades de utilização direta

nos processo produtivos, principalmente os alimentos (BRAGA et al, 2005, p. 74). Segundo

Borsoi e Torres (1997), os impactos causados pelas atividades humanas nas águas são, na

maioria das vezes, de caráter poluidor. O abastecimento urbano e industrial provoca poluição

orgânica e bacteriológica; a irrigação carreia agrotóxicos e fertilizantes, a navegação lança

óleos e combustíveis, a geração de energia provoca alterações no regime e na qualidade das

águas.

3.2 AQUICULTURA

O termo aqüicultura pode ser definido como o processo de produção em cativeiro, de

organismos com habitat predominantemente aquático, tais como peixes, camarões, rãs, entre

outras espécies. É um dos ramos da produção animal que abrange desde práticas de

propagação de organismos aquáticos sob controle completo do homem até a manipulação de

pelo menos um estágio de suas vidas, com a finalidade do aumento de produção (LUND;

FIGUEIRA, 1989; SCHOBER; EVANGELISTA, 2003; FILHO, 2004 apud LIMA, 2007).

Esta atividade utiliza inúmeros recursos, como terra, água, energia, ração, mão de obra,

antibióticos, fertilizantes, equipamentos, etc, que devem ser utilizados de forma racional para

que a atividade seja perene e lucrativa (OLIVEIRA et al, 2007).

O surgimento dessa atividade deve-se, em parte, ao esgotamento dos recursos

pesqueiros, em algumas áreas, onde muitos estoques atingiram seus índices máximos de

exploração, sendo a aquicultura uma alternativa para suprimento de produtos pesqueiros

(TAHIM, 2008).

No final da década de 90 do século XX a espécie Litopenaeus vannamei (camarão

branco) passa a ser cultivada no Estado do Rio Grande do Norte, como alternativa econômica

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

para o estado. A vantagem dessa espécie é a possibilidade de adaptação em diversas

salinidades da água, desde doce até salobra.

O desenvolvimento nas pesquisas acerca da produção de camarão teve início na Ásia,

por volta de 1930, com a obtenção de desovas e pós-larvas da espécie Penaeus japonicus,

chegando ao Brasil nos anos 70, conforme apresentado a seguir.

3.2.1 Histórico da Carcinicultura

A carcinicultura foi praticada inicialmente no Sudoeste asiático, mantendo-se por

séculos como atividade artesanal. Na década de 30 do século XX o Japão passa a dominar a

reprodução de pós-larvas (PLs) em laboratório e, associado a avanços tecnológicos, foi

possível a viabilização de PLs em grande escala (TAHIM, 2008).

Nas últimas décadas, a produção de camarão em cativeiro é uma das atividades que

mais cresce no mundo e está presente em cerca de 50 países, com 99% da produção

proveniente de países menos desenvolvidos das costas tropicais da Ásia e da América Latina,

os quais, na sua vasta maioria, exportam para Estados Unidos, União Européia e Japão

(CARVALHO et al., 2005 apud TAHIM, 2008).

A Tabela3.1 apresenta um resumo do desenvolvimento da atividade carcinicultora no

mundo, de 1930 a 2005. Destaca-se as perdas econômicas em virtude do surgimento de

viroses no camarão (SAMPAIO, 2005).

TABELA 3.1 - Desenvolvimento da atividade de carcinicultura no Mundo.

Período Atividade

1930 – 1965 Instalação de fazendas de cultivo de camarão no Japão.

1965 – 1975 Desenvolvimento e expansão das pesquisas nos Estados Unidos, China, Taiwan

e França.

1975 – 1985 Período de alta rentabilidade da atividade gerando investimentos externos.

1985 – 1995 Queda de 75% na produção em virtude do surgimento da virose em Taiwan.

1995 – 2005 Surgimento de virose no Equador, Panamá e Peru, provocando perdas

econômicas.

Fonte: SAMPAIO (2005).

No Brasil, a atividade de cultivo de camarão teve início nos anos 70, no Rio Grande do

Norte, com o “Projeto Camarão”, alternativa do governo para substituir a extração do sal,

atividade tradicional do Estado, que se encontrava em crise. Nesse mesmo período, o estado

de Santa Catarina desenvolveu pesquisas de reprodução, larvicultura e engorda de camarão,

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

conseguindo produzir as primeiras pós-larvas em laboratório da América Latina (MINHA

HISTÓRIA, 2011).

Nos anos 80, com uma crescente demanda e valor econômico em ascensão, a produção

de camarões ganha destaque. O nordeste brasileiro é considerado ideal para o cultivo de

camarões, devido às extensas áreas costeiras com água de temperatura elevada ao longo do

ano (SOARES et al, 2007).

Nesse período, o governo do Rio Grande do Norte (RN) importou a espécie Penaeus

japonicus e reforçou o “Projeto Camarão”, com o apoio da Empresa de Pesquisas

Agropecuárias do Rio Grande do Norte (EMPARN), que passou a sistematizar e desenvolver

trabalhos de adaptação da espécie exótica às condições locais (WIKIPÉDIA, 2011).

Destaca-se também a decisão da Companhia Industrial do Rio Grande do Norte

(CIRNE) de transformar parte de suas salinas em viveiros de camarão, estimulando diversos

segmentos da iniciativa privada e fez gerar a efetivação das primeiras fazendas de camarão do

nordeste (GONÇALVES, 2007).

Na década de 90, a iniciativa privada nacional optou por importar a espécie

Litopenaeus vanammei, cultivada com sucesso no Equador e adaptável às mais variadas

condições ambientais. No Brasil, entre 1997 e 2003, a produção, a área e a produtividade do

camarão marinho cultivado aumentaram, respectivamente, 2.527,7%, 294,6% e 540,4%,

colocando o país como maior produtor do continente sul americano (SAMPAIO, 2005).Dados

da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) afirmam que em 2010 a produção

nacional de camarão em cativeiro foi de 80.000 toneladas, um aumento de aproximadamente

19% em relação ao ano anterior (ABCC, 2011). A Figura 3.1 apresenta a estimativa do

desempenho da carcinicultura brasileira, de 1998 a 2010 (ABCC, 2011).

De acordo com Rocha e Rocha (2009), o Brasil está entre os maiores produtores de

camarão no mundo, ocupando, em 2008, a nona posição no mercado, tendo a china como o

maior produtor mundial da espécie.

No RN a atividade da carcinicultura tem se desenvolvido muito nos últimos anos,

colocando o estado entre os maiores produtores de camarão do país. Dados da ABCC (2004)

afirmam que o nordeste é responsável por 92% da produção nacional, sendo o RN o principal

produtor, seguido de Ceará, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Piauí.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 3.1 Desempenho da Carcinicultura no Brasil de 1998 a 2010 (ABCC, 2011).

Fonte: SAMPAIO (2005).

3.2.2Impactos Causados no Ambiente

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), no Art. 1º, da Resolução Nº 01,

de 23 de janeiro de 1986 (BRASIL, 1986), caracteriza impacto ambiental como sendo:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das

atividades humanas que direta ou indiretamente, afetem a saúde, a segurança e o

bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota (conjunto dos

seres animais e vegetais de uma região); as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente. (BRASIL, 1986).

Logo, toda e qualquer atividade, por mais rentável que seja para uma região, deve-se

previamente avaliar os possíveis impactos gerados e a adoção de políticas de controle e

preservação ambiental, objetivando o desenvolvimento econômico sem interferir

negativamente no ambiente.

A diversidade do uso da água e as transformações provocadas pelo homem nos

ambientes terrestres causam alterações, muitas vezes irreversíveis, nos ecossistemas de água

doce. ATabela3.2 (IUCN, 2000 apud MACÊDO, 2007, p. 64) apresenta algumas dessas

atividades e seus impactos ambientais.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 22

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 3.2 Atividades humanas que exercem pressões sobre os ecossistemas de água doce.

Atividade Humana Efeito Potencial Perigo

Crescimento demográfico e o

consumo

Aumento da extração de água e de terras

cultivadas mediante a irrigação, aumento

da necessidade de todas as demais

atividades.

Praticamente, para todas as funções

do ecossistema, incluindo as

funções de habitat, produção e

regulação.

Desenvolvimento de infra-

estrutura (represas, diques,

desvios, etc.

A perda da integridade altera o ritmo e a

quantidade das correntes fluviais, da

temperatura da água, o transporte de

nutrientes e de sedimentos; cria u bloqueio

da migração de peixes.

Quantidade e qualidade de água;

fertilidade das espécies; alteração

da economia nas regiões atingidas.

Conversão de terras

Elimina componentes fundamentais do

entorno aquático; perda de funções;

integridade; habitat e biodiversidade; altera

as regras de escorrimento; inibe a recarga

natural.

Falta de controle natural das

inundações; hábitas pesqueiros e

de aves aquáticas, quantidade e

qualidade de água.

Excesso de colheita e

exploração

Reduz recursos vivos, as funções do

ecossistema e da biodiversidade.

Redução da produção de

alimentos; provisão de água; da

qualidade e quantidade.

Introdução de espécies

exóticas

Aumento das espécies introduzidas altera

produção e o ciclo dos nutrientes; perda da

biodiversidade entre as espécies nativas.

Alteração na produção de

alimentos, habitat da fauna e flora.

Descarga de contaminantes na

terra, água e ar

A contaminação dos corpos de água altera

a química e ecologia dos rios, Lagos e

terras úmidas; as emissões gasosas que

geram o efeito estufa produzem notáveis

troas nos padrões do ar, temperatura e

precipitação.

Provisão de água hábita, qualidade

da água; produção de alimentos;

trocas climáticas; capacidade de

diluição e transportes; inundações.

FONTE: IUCN (2000) apud MACÊDO (2007, p. 64).

O conjunto geral dos impactos ambientais causados nos ecossistemas aquáticos pode

ser detectado no estudo desenvolvido pelo International Lake Environment Committee –

ILEC (TUNDISI, 2005, p. 39), em 600 lagos e represas em todo o planeta. De acordo com o

estudo, os cinco impactos mais comuns são a eutrofização, acidificação, contaminação tóxica,

declínio do nível de água e aumento do material em suspensão.

Com base nesse estudo, os problemas de deterioração das bacias hidrográficas estão

relacionados com o crescimento e a diversificação das atividades agrícolas, o aumento da

urbanização e o aumento e a intensificação das atividades nas bacias hidrográficas.

Um dos principais fatores que contribuem à situação atual refere-se a rápida taxa de

urbanização, com inúmeros efeitos diretos e indiretos. Como consequência, tem-se a alteração

substancial da drenagem, produzindo problemas à saúde humana, além de impactos como

enchentes, deslizamentos e desastres provocados pelo desequilíbrio no escoamento das águas

(TUNDISI, 2005, p. 41).

A salinidade, por outro lado, afeta milhões de hectares de terra ao redor do mundo,

devido ao desmatamento, ao uso intensivo para a agricultura e à irrigação excessiva. As

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 23

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

plantas reagem à salinidade ou o estresse hídrico, reduzindo seu crescimento, devido à

redução do potencial hídrico e do potencial osmótico, sendo essas reduções provenientes da

dissolução dos sais (MUNNS; TERMAAT, 1986; ZISKA et al., 1989; LIN; STERNBERG,

1993; ALARCÓN et al., 1993 apud SILVA JÚNIOR et al., 2002).

Entretanto, devido à escassez de água e os crescentes impactos ambientais, novas

alternativas deverão ser criadas para suprir essa deficiência de água, principalmente na

agricultura. Na Ásia Central, no verão, quando há escassez de água doce, os agricultores

utilizam água salina na irrigação (reuso), de culturas como algodão (BEZBORODOV et al.,

2010).

3.2.3 Impactos da carcinicultura no ambiente

A Carcinicultura é uma atividade que utiliza intensamente os recursos naturais

(ecossistemas estuarinos e costeiros) e, por esta razão, a sua expansão pode gerar impactos,

comprometendo o meio ambiente. Problemas como desmatamento de áreas de mangues,

lançamento de efluentes, epidemias de viroses, são comumente relatados em pesquisas

realizadas no Brasil e no mundo (TAHIM, 2008).

A expansão dessa atividade se deu em parte pela substituição das salinas ou ocupação

de áreas salineiras desativadas, utilizando-as para a criação de camarão. Em parte destas

áreas, o manguezal estava em franca recuperação, mas, com a implantação dos tanques,

constatou-se a eliminação total em muitas áreas do RN.

Os impactos oriundos dessa atividade vão desde a destruição de manguezais e

vegetação nativa, conversão de terras agrícolas a tanques agrícolas, contaminação dos

recursos hídricos naturais, através do lançamento de matéria orgânica produzida ao longo de

todo o processo de despesca, salinização de terras e águas por efluentes, esgotos, e sedimentos

de águas salobras, provenientes do sistema de engorda (BOYD, 2003 apud OLIVEIRA et al.,

2007).

O Código de Conduta e de Boas Práticas de manejo para uma carcinicultura

ambientalmente sustentável e socialmente responsável afirma:

É possível compatibilizar a produção do camarão com a conservação do meio

ambiente. Para tal, é necessário adotar medidas e procedimentos que evitem a

eutrofização, salinização, redução da biodiversidade e outras perturbações

ambientais. Tais medidas iniciam na escolha do local para instalação da fazenda de

carcinicultura, englobando estudo prévio do solo, vegetação e água e prevendo ações

que minimizem os impactos na região (ABCC, 2005).

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 24

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Estudos realizados por Rosenberry (1998), Primavera (1998), Boyd e Trucker (1998)

apud Trott e Alongi (2000) destacam que a produção de camarão em zonas costeiras da Ásia-

Pacífico, representando 72% da produção mundial, está tornando-se limitado devido à

problemas de impactos ambientais, como a capacidade de suporte dos ecossistemas costeiros,

eutrofização da água, perdas de florestas de mangue, campos de arroz e outros habitats

costeiros através de desmatamento e salinização.

Tiago (2002) apud Macêdo (2007) afirma que o uso da água de superfície e

subterrânea na aquicultura pode provocar recalque do solo, intrusão de água salgada em

corpos aquáticos e em áreas agrícolas, e salinização de aquíferos de água doce. A

eutrofização, a contaminação das águas superficiais e subterrâneas e a perda da diversidade

biológica são consequências destas práticas humanas.

Segundo Teles (2005), o crescimento da produção de camarão no país gera sérios

danos ambientais e ameaças às condições de vida de comunidades tradicionais estabelecidas

em áreas visadas pelos carcinicultores.

Low e Sasekumar (1994); Valiela et al. (2001) apud Primavera (2006) afirmam que

mais de um terço das florestas de mangue no mundo desapareceram nas últimas duas décadas,

sendo a carcinicultura é responsável por 35% dessa devastação. Nas últimas três décadas as

Filipinas e o Vietnã perderam aproximadamente 70 – 80% da área de mangue, a Tailândia

perdeu em 50 anos mais da metade do seu manguezal. EJF (2003) apud Anh et al (2010)

afirma que no Vietnã, nos últimos 50 anos, pelo menos 220.000 hectares de mangue de

floresta foram removidos pela aquicultura, e na última década essa atividade foi a maior

ameaça para os manguezais locais.

Primavera (2006) destaca as consequências ambientais decorrentes do

desenvolvimento da aquicultura, como a introdução de espécies exóticas, perda e modificação

de habitat, propagação de doenças, uso indevido de produtos químicos e antibióticos,

lançamento de resíduos.

Figueiredo et al. (2004) destaca os principais impactos gerados em fazendas de

carcinicultura, desde a preparação do viveiro até a despesca. O uso contínuo de fertilizantes

em conjunto com as sobras de rações, associadas à elevada evaporação, são fatores que

contribuem para o aumento de sais no fundo de viveiros. O metabissulfito, usado como

conservante na despesca para prevenir a ação de enzimas que alteram a cor e a rigidez da

carapaça do camarão, inibindo o processo de melanose, quando lançado em corpos aquáticos

reage com o oxigênio dissolvido e causa o abaixamento do pH, podendo provocar na

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 25

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

mortandade da biota aquática. A Tabela 3.3 apresenta um resumo dos principais impactos

encontrados na atividade, bem como ações mitigadoras.

TABELA 3.3 Impactos ambientais gerados pela carcinicultura.

Etapa Ação Impactos ambientais gerados Medidas mitigadoras

Construção

de viveiros

Construção em áreas

com solo arenoso

Elevada perda de água por

infiltração Evitar construções nessas áreas.

Desmatamento. Erosão, desequilíbrio ambiental,

perda da biodiversidade

Direcionar a construção de

tanques em áreas já desmatadas,

salinizadas.

Aclimatação

Uso de água salina na

aclimatação.

Aumento da quantidade de sais

em corpos de água doce e no solo.

Recirculação da água de

aclimatação em sistema

fechado, aquisição de pós-larvas

aclimatadas a baixa salinidade.

Consumo elevado de

água. Depleção do recurso natural.

Recirculação da água,

realização de pesquisas sobre

técnicas de aclimatação de pós-

larvas a baixa salinidade.

Engorda

Consumo de água nos

viveiros de engorda.

Contribuição para redução da

disponibilidade hídrica.

Recirculação da água,

reutilização da água nos

viveiros de engorda, aeração,

redução na densidade de cultivo.

Lançamento de

efluentes diretamente

em corpos aquáticos.

Aumento da carga orgânica e de

nutrientes, contribuindo para a

eutrofização; aumento da

salinidade das águas.

Recirculação da água; uso de

bacias de sedimentação;

avaliação da carga poluidora e

capacidade de suporte do rio.

Despesca

Lançamento dos

efluentes diretamente

nos corpos d’água.

Aporte de sedimentos, ricos em

matéria orgânica e nutrientes,

diretamente em corpos aquáticos

contribuindo para a eutrofização.

Instalação de bacias de

sedimentação, sistemas de

recirculação e reuso de água;

estudo da carga poluidora e

avaliação da capacidade de

suporte do rio.

Lançamento de

metabissulfito em

corpos d’água e no

solo.

Consumo rápido de oxigênio da

água e diminuição do pH,

provocando morte da fauna e flora

aquática.

Aeração da solução e correção

do pH antes de ser lançado no

ambiente.

Preparo do

viveiro

Secagem completa do

viveiro.

Redução da comunidade

microbiana do solo; acúmulo de

sais no solo.

Redução do tempo de exposição

do solo ao sol.

FONTE: Figueiredo et al. (2004).

De acordo com Figueiredo et al. (2003) apud Tahim (2008), os impactos ambientais da

carcinicultura em vários países estão geralmente associados ao desmatamento de áreas de

mangues, à conversão do uso da terra e sua influência na biodiversidade, ao lançamento de

efluentes nos cursos d’água e ao uso de produtos químicos, ocasionando inundação de áreas

agrícolas com águas salinas, causando a salinização do solo e de corpos hídricos.

RAHMAN et al. (2011) ressalta que o cultivo de camarão tem aumentado a salinidade

do solo em Bangladesh, com índices em torno de 500% superior às áreas em que não há

exploração para a atividade.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 26

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

IDEMA (2002) afirma que os manguezais, criadouro natural de várias espécies de vida

aquática (camarões, caranguejos, mariscos, ostras e peixes), têm grande importância social e

econômica para as comunidades costeiras, além de integrarem a Reserva da Biosfera da Mata

Atlântica, como ecossistema associado. No entanto, algumas áreas de mangue do Estado vêm

sendo transformadas, ao longo do tempo, para darem lugar às salinas, viveiros de criação de

camarão.

Oliveira e Mattos (2007) destacam que no ecossistema manguezal, toda obra de

engenharia, como a construção de canais e tanques para a carcinicultura, causam impactos

ambientais ao ecossistema local, ocasionando mudanças na drenagem, fluxo das marés,

mudanças nas características físico-químicas da água, dentre outros.

Vale ressaltar que o ecossistema manguezal - principal atingido pela carcinicultura é

um dos mais produtivos do planeta. Exerce um papel fundamental na produção de vida

animal, principalmente marinha, e constitui fonte de sobrevivência para populações que ao

longo de séculos ocupam as regiões costeiras do Brasil (TELES, 2005).

Várias espécies de peixes marinhos e de água doce buscam o manguezal para

alimentar-se e se reproduzir. Cerca de 80% a 90% das espécies comerciais de pescado

dependem do mangue, que também é o habitat de diferentes tipos de crustáceos. Dezenas de

espécies de aves também utilizam o mangue em suas rotas migratórias para alimentação e

reprodução (SOARES et al, 2007).

COSTA et al., (2010) afirmam que as implicações ambientais da carcinicultura na

microrregião de Macau/RN são desmatamentos intensos, inserção de metais pesados nas áreas

de manguezal, introdução de espécies exóticas junto a biodiversidade estuarina, eutrofização

dos corpos aquáticos provocada pela presença de nutrientes, dentre outros. Além disso, a

degradação do ecossistema de manguezal vem causando um desequilíbrio ecológico sem

precedentes, com implicações maléficas incalculáveis.

As dunas, nas regiões costeiras, também apresentam grande importância para a

sobrevivência de muitas famílias por sua capacidade de filtrar e armazenar água doce

(TELES, 2005).

A Resolução CONAMA n.º 312/2002 (BRASIL, 2002), enumera alguns possíveis

impactos que podem ser causados pela implantação de fazendas de camarão, tais como, a

degradação do ecossistema e da paisagem, perda da cobertura vegetal, redução da capacidade

assimilativa de impactos futuros, redução de áreas propícias à presença de espécies em

extinção, alteração da função de filtro biológico, alterações físico-químicas e biológicas de

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

corpos receptores de efluentes, impactos sobre o aquífero e consequente aumento da cunha

salina (hipersalinidade).

Em pesquisas desenvolvidas no estuário do rio Acaraú – CE, Araújo e Freire (2007)

destacam que a implantação de empreendimentos de carcinicultura ao mesmo tempo em que

aumenta a economia interna e gera produção de empregos, causa, dentre outros fatores, o

desmatamento do manguezal, do apicum e salgado.

Oliveira et al. (2007) afirmam que os corpos d’água adjacentes às fazendas de

aqüicultura recebem, via efluentes, cargas elevadas de nutrientes acelerando o processo de

eutrofização, o que, segundo ele, é um dos maiores problemas ambientais relacionados à

atividade. Além disso, a carga poluidora que um sistema pode gerar ao ambiente, dependendo

da área explorada, pode ser assemelhada aos níveis produzidos por fontes domésticas ou

industriais.

Os efluentes gerados na carcinicultura são ricos em nutrientes (fósforo e nitrogênio),

clorofila, sólidos suspensos e demanda bioquímica de oxigênio (DBO). Visando a redução

dos possíveis impactos que podem ser ocasionados quando do lançamento nos corpos

aquáticos, diferentes alternativas têm sido positivamente apresentados, como o uso de

tecnologias de policultura, com a carcinicultura realizada em conjunto com moluscos, peixes,

macroalgas halófitas redução e eliminação na troca de água dos tanques e a construção de

viveiros tampão (SANDIFER, 1996; BROWN; BROWN, 1999 apud PÀEZ-OSUNA et al.,

1999; 2001).

No Vietnã, os surtos de doenças e a acidificação dos solos, repercutiram na diminuição

de 70 a 80% da produção em algumas áreas, ocasionando no abandono das áreas e a busca de

outras áreas para o cultivo (LEBELet al, 2002; EJF, 2003 apud ANH, 2010).

O Código de Conduta da Global Aquaculture Alliance – GAA, criado para

conscientização ambiental da indústria camaroneira visando assegurar a proteção de mangues

e bosques e controlar os impactos potencialmente adversos da aquicultura costeira, destaca

que a construção de fazendas de camarão não deve aumentar a salinidade do solo e de águas

subterrâneas do entorno (BOYD et al, 2001 apud FEITOSA, 2005). No Brasil, o Código de

Conduta da ABCC (2005), descreve que a infraestrutura da fazenda e os caminhos de acesso

não deverão contribuir para a salinização dos solos adjacentes.

A salinização afeta diretamente os constituintes naturais do solo e da água. Na água, o

aumento da salinidade pode causar restrições nas atividades agrícolas, podendo torná-la

imprópria nas condições de condutividade elétrica acima de 3000 S/cm (FRENKEL,1984;

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 28

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

PIZARRO, 1985 apud COSTA, 2001).No solo, além de prejudicar as atividades agrícolas,

pode causar a degradação do ecossistema e da paisagem e diminuição da cobertura vegetal,

gerando desertificação da área atingida, decorrente da mortalidade de vegetações rasteiras e

espécies arbóreas típicas da região nordeste (coqueiros, cajueiros, mangueiras, etc.).

Dienberg e Kiattisimkul (1996) apud Primavera (2006) destacam que o bombeamento

de grandes volumes de água subterrânea para obtenção de água salobra no período de 1980 a

1990 no Taiwan e sudeste da Ásia, ocasionou na redução dos níveis de águas subterrâneas, o

esvaziamento dos aqüíferos e a salinização dos solos e de vias navegáveis, prejudicando as

culturas agrícolas adjacentes às fazendas, tais como arroz.

Figueiredo et al. (2004) observou um aumento nos teores de cálcio, magnésio, fósforo,

condutividade elétrica, enxofre, manganês, ferro e zinco quando comparadas algumas

camadas de solo de viveiros, indicando lixiviação de nutrientes para as camadas mais

profundas, sendo um fator potencial de poluição de águas subterrâneas.

Em estudos realizados na região do baixo Jaguaribe, Ceará, Figueiredo et al (2006)

concluiu que os principais impactos ambientais da engorda de camarões estão relacionados à

instalação de fazendas em áreas de preservação permanente com alterações na paisagem dos

sertões, ao elevado consumo de água doce, concorrendo com outros usos, ao lançamento de

efluentes diretamente nos corpos d’água contribuindo para a eutrofização e contaminação da

água.

Joventino e Mayorga (2008), afirmam que a carcinicultura pode provocar danos pelo

lançamento de efluentes sem tratamento prévio em estuários, rios e lagoas, introdução de

espécies exóticas no ambiente e salinização do solo e lençol freático.

Santos et al. (2005) apud Oliveira; Matos (2007) afirmam que a contaminação da água

por substâncias químicas (metabissulfito de sódio, por exemplo) pode ocasionar na morte das

espécies da fauna e flora dos estuários, manguezais e ecossistemas adjacentes. Além disso, o

acúmulo de água no sedimento e o impedimento da entrada das marés, causados pela

construção de taludes, tanques ou barreiras geram aumento da salinidade da água e do solo.

Páez-Osuna (2001) destaca o declínio global da produção de camarão em alguns

países no mundo em decorrência da falta de planejamento, gerenciamento e regulamentação

adequada, ocasionando inúmeros impactos ambientais gerados desde a fundação e formação

das fazendas de carcinicultura.

Pereira (2008), em estudos realizados em fazendas de camarão no RN, conclui que a

maioria dos impactos gerados pela atividade são decorrentes do não-cumprimento da

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

legislação ambiental, o que pode ter influenciado na redução da produção de camarão no RN.

Segundo ele, é necessária a implantação de sistemas de gestão da qualidade nas fazendas,

visando a produção do alimento com qualidade e responsabilidade ambiental.

3.3 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA EM ESTUDO

O município de Guamaré está localizado no Estado do Rio Grande do Norte (RN), na

Subzona salineira (5º06’27”S e 36º19’13”W), tendo como limites, ao Norte, o Oceano

Atlântico, ao Sul, o município de Pedro Avelino, ao Leste, o município de Galinhos e ao

Oeste o município de Macau (IDEMA, 2004). Sua altitude média é de quatro metros acima do

nível do mar, situando-se numa posição geográfica determinada pelas coordenadas UTM

780.000 e 800.000 E, de latitude sul e 94.400 e 94.430N de longitude oeste. Seu território

compreende uma área de 258,962 km² e uma população de 12.404 habitantes, com densidade

demográfica de 47,90 hab/km2 (IBGE, 2010).

As principais atividades econômicas são: agropecuária, pesca, carcinicultura,

extrativismo, sal marinho, comércio, extração de petróleo e gás natural, além de atividades

correlacionadas (MASCARENHAS et al., 2005).

Seu estuário, localizado no canal de maré que compõe o Rio Miassaba, é bastante

produtivo, com a pesca, coleta de caranguejo (manguezal) e cultivo de camarão em cativeiro

nas margens ou próxima à zona estuarina do rio Aratuá (IDEMA, 2004).

3.3.1 Climatologia

O RN se apresenta em boa parte do ano com ausência de chuvas. Na região em estudo

observa-se duas estações pluviométricas bem definidas: um período de seca variando de julho

a janeiro, quando a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) se afasta da costa, provocando

a ausência de chuvas e surgimento de ventos mais fortes; e uma estação chuvosa ocorrendo de

fevereiro a junho, com maior incidência nos meses de março a maio, que está associada com o

deslocamento para o sul da ZCIT e formação de ventos mais brandos (TABOSA, 2006).

A região de Guamaré possui clima quente e semiárido, com estação chuvosa no verão,

pouco representativa. Apresenta grande luminosidade, com pequena variação no decorrer do

ano, em decorrência a baixa latitude local e forte influência do mar (SILVEIRA, 2002). A

precipitação pluviométrica anual é de 711,4 mm (IDEMA, 1999 apud MASCARENHAS et

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 30

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

al., 2005). O período de estiagem mais rigoroso ocorre entre agosto e dezembro, quando a

precipitação média não ultrapassa 10 mm em média (RAMOS; SILVA et al., 2004).

A umidade relativa média anual do município é de 70,8 %, sendo menor nos meses de

junho a novembro (mínima de 66% em novembro), coincidindo com a estação seca de baixa

pluviosidade, e maior nos meses de março a maio, marcado pela maior precipitação, o período

mais úmido do ano, com média de 75 %. (GUEDES, 2002 apud GRIGIO, 2003; SILVEIRA,

2002).

A insolação e nebulosidade na região de Guamaré são uma das mais elevadas do

Brasil, atingindo em média 2600 horas por ano, o que equivale a 7,1 horas/dia de luz solar,

incidindo sobre o solo (SILVEIRA, 2002).

De acordo com a EMPARN (2011), os índices pluviométricos registrados no

município, nos anos de 2007 a 2011 variaram entre 100 a 810 mm. O ano de 2007 apresentou

concentração global de aproximadamente 400 mm, com destaque para os meses de fevereiro a

maio que juntos, registraram 85% da precipitação anual. A Figura 3.2 apresenta as

concentrações mensais.

FIGURA 3.2 Concentrações Pluviométricas do município de Guamaré/RN no ano de 2007.

Fonte: EMPARN (2011).

Em 2008, ano de intensa precipitação, com somatório global de aproximadamente

810 mm (superior à média do município), os meses de outubro a dezembro foram os únicos

que registraram concentrações inferiores a 5 mm, enquanto que o 2° trimestre acumulou 65 %

do volume anual, conforme apresentado na Figura 3.3.

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

DADOS PLUVIOMÉTRICOS - 2007

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 31

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Figura 3.3 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN no ano de 2008.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2011) confirmam que os

meses de março a maio de 2008 foi caracterizado como muito chuvoso no RN, conforme

mostrado na Figura 3.4.

FIGURA 3.4 Concentrações Pluviométricas no ano de 2008 no estado do RN.

Fonte: INMET (2011)

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Pre

cip

itaç

ão (

mm

) DADOS PLUVIOMÉTRICOS - 2008

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 32

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

A precipitação pluviométrica no ano de 2009 foi de aproximadamente 700 mm,

sendo que, em relação ao ano anterior, apresentou redução de 15 % do volume total. Os meses

de março a junho registraram 87 % do somatório anual (Figura 3.5).

FIGURA 3.5 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN no ano de 2009.

Fonte: EMPARN (2011)

A precipitação registrada em 2010, a menor do período monitorado, foi, equivalente

a sete vezes a média da região. As maiores precipitações foram intercaladas nos meses de

fevereiro, maio e julho, com volumes de 18; 38,6 e 24 mm, conforme apresentado na Figura

3.6.

FIGURA 3.6 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN no ano de 2010.

Fonte: EMPARN (2011).

0,0

50,0

100,0

150,0

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mm

)

DADOS PLUVIOMÉTRICOS - 2009

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

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Pre

cip

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ão (

mm

)

DADOS PLUVIOMÉTRICOS - 2010

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 33

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

A Figura 3.7 apresenta a precipitação global registrada nos anos 2008 a 2010.

Observa-se maiores volumes nos meses de fevereiro a junho, com precipitação maior em

abril.

Figura 3.7 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN nos anos 2008 a 2010.

Fonte: EMPARN (2011).

O Rio Grande do Norte apresenta temperatura média anual em torno de 25,5 °C, com

máxima de 31,3 ° e mínima de 21,1 °C (IDEMA, 2002).

Em Guamaré, a temperatura média é de 26,8 °C, apresentando-se um pouco acima da

média do estado. A amplitude mensal média é de 32 °C, sendo menor no mês de julho (25 °C)

e maior em fevereiro (28,6 °C). A pequena amplitude anual das variações térmicas deve-se a

fatores como baixa de latitudes locais, amplitude e influência de massa d’água oceânica.

Os ventos na área estudada sopram predominantemente de Leste, nos meses de

setembro a abril e de Sudeste, de maio a agosto. Os ventos de Sudeste estão associados à

atuação mais intensa do Anticiclone do Atlântico Sul da Região, justamente a partir do final

do outono, e responde pelo término da estação chuvosa. (DNMET, 2000 apud SILVEIRA,

2002).

A Região apresenta dois núcleos de velocidade dos ventos. De abril a maio, período

de maior intensidade pluviométrica, caracteriza-se por ventos menos fortes, enquanto que nos

meses de setembro e outubro, ventos mais fortes. A velocidade média anual é de 20,5 km/h,

sendo o mês de abril o menor valor, com média de 15,82 km/h e outubro, o maior, com média

de 25,54 km/h (SILVEIRA, 2002).

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

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mm

)

DADOS PLUVIOMÉTRICOS - 2008 A 2010

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 34

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Costa Neto (2009), em estudos realizados no município de Galinhos/RN, observou

velocidades médias mínimas e máximas mensais variando entre 0,0 a 3,2 km/h (mínima) e

27,4 a 46,7 km/h (máxima), sendo o horário das 12 às 17h, o período de maior velocidade

diária.

3.3.2 Geologia e Geomorfologia

A geologia de Guamaré está inserida na Província Borborema, constituída pelos

sedimentos das formações Jandaíra (K2) e Tibau (Grupo Barreiras - ENb) e pelos depósitos

flúvio-lagunares (Qfl) e aluvionares (Q2a) (MASCARENHAS et al., 2005). Limita-se a Oeste

pelo alto de Fortaleza, a Sul pelo embasamento cristalino da faixa Seridó e Norte, Nordeste e

Leste pela cota baltimétrica de 2.000 metros (TABOSA, 2000 apud SILVEIRA, 2002).

O solo é predominado por areias Quartzosas distróficas, que são caracterizados pelo

baixo teor de argila (menor de 15 %, dentro de uma profundidade de aproximadamente 2

metros). São ácidos, com saturação de bases baixa; possuem fertilidade natural muito baixa.

São arenosos e, quando não irrigados, não é possível utilizar para a maioria das culturas

regionais. Por outro lado, culturas adaptadas a um longo período seco e a solos arenosos,

como a do cajueiro, podem ser desenvolvidas nestas áreas (SILVEIRA, 2002).

3.3.3Hidrografia e Água Subterrânea

Guamaré está inserido no domínio hidrogeológico intersticial, composto de rochas

sedimentares do Grupo Barreiras, Formação Tibau, Depósitos Litorâneos e Depósitos

Colúvio-eluviais, e no domínio geológico Kárstico-fissural, constituído pelos calcários da

Formação Jandaíra (CPRM, 2005).

A alimentação das dunas ocorre por infiltração direta das águas precipitadas sobre a

região. Do volume total precipitado, 20 % infiltra-se nas dunas, sendo equivalente a

aproximadamente 5,77 x 106m

3.As águas subterrâneas das dunas geralmente escoam para o

mar e em alguns casos, para córregos e lagoas adjacentes. Essa perda representa 1 % da água

infiltrada, sendo o restante evapotranspirado ou consumido pela população local (CAERN,

1993 apud SILVEIRA, 2002).

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 35

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

3.3.4 Vegetação

Quanto à formação vegetal, possui Caatinga Hiperxerófila, vegetação de caráter mais

seco com abundância de cactáceas e plantas de porte mais baixo e espalhadas, exemplos:

jurema preta, mufumbo, facheiro, faveleiro, xique-xique e marmeleiro. A restinga é a

vegetação característica em boa parte da planície arenosa da área litorânea. Manguezal –

sistema ecológico costeiro tropical dominado por espécies vegetais – mangues e animais

típicos, aos quais se associam outras plantas e animais adaptados a um solo periodicamente

inundado pelas marés, com grande variação de salinidade. (IDEMA, 1999 apud

MASCARENHAS et al., 2005).

MATERIAIS E MÉTODOS 36

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo descreve informações detalhadas da região monitorada, destacando

pontos de coletas, dados georeferenciados, equipamentos, parâmetros e metodologias

utilizadas em campo e no laboratório.

4.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA

O Município de Guamaré tem passado por muitas transformações nos últimos anos,

principalmente em relação a seus aspectos econômicos. O surgimento de novas atividades

econômicas tem induzido o crescimento populacional e, como consequências, alguns

impactos ambientais. Dentre os impactos podemos destacar o desmatamento de manguezais

para implantação de salinas e, nas últimas décadas, para criação de camarão em cativeiro,

atividade que requer uma área relativamente grande, de modo que a expansão dessa atividade

interferiu negativamente na qualidade da água em áreas onde, por cerca de um século, era

extraída para usos domésticos diversos, dessedentação de animais, dentre outros. Também

merece destaque a desertificação de áreas antes usadas para agricultura, envolvendo a

mortalidade de árvores frutíferas de grande porte como coqueiro, cajueiro, oliveira, plantas

nativas de menor porte, além de algumas típicas de ambientes salinos. O estudo desenvolvido

neste trabalho baseou-se na avaliação da qualidade da água de diversas naturezas, em regiões

onde eram visíveis os impactos ambientais.

4.2 A ÁREA ESTUDADA

A pesquisa foi realizada no município de Guamaré, no Estado do Rio Grande do

Norte (RN), no período compreendido entre os anos de 2007 a 2011, nas comunidades de

Miassaba e Ponta da Salina. O município está localizado na Subzona salineira (5º06’27”S e

36º19’13”W), tendo como limites, ao Norte, o Oceano Atlântico, ao Sul, o município de

Pedro Avelino, ao Leste, o município de Galinhos e ao Oeste o município de Macau (IDEMA,

2004). A Figura 4.1 mostra uma visão aérea do município, com destaque para a área urbana

central da cidade. Também pode-se observar espécies de clareiras formadas no meio do

manguezal, além de viveiros de camarão e salinas construídos em área de mangue.

MATERIAIS E MÉTODOS 37

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.1 - Vista área da cidade de Guamaré, com destaque para as áreas de viveiros e salinas.

Fonte: SILVEIRA, 2002.

4.3 LOCALDE AMOSTRAGEM E PONTOS DE COLETA

O estudo teve início com uma viagem de reconhecimento da área Inicialmente, foi

realizado o mapeamento da região, visando localizar os pontos próximos da área de influência

das atividades. Esses pontos foram divididos em alta, média e baixa influência salina, de

acordo com a proximidade dos viveiros e salinas, num total de 19 locais monitorados. A

distribuição dos locais de coleta foi demarcada da seguinte forma: 03 pontos no Rio

Miassaba, 06 em poços de alvenaria, 04 em cacimbas, 03 em pequenas lagoas geradas a partir

da extração de areia para construção, 01 em viveiro de camarão, 01 em salina e 01 em uma

nascente, conforme apresentado na Tabela 4.1 e no mapa de identificação dos pontos (Figura

4.2). Os pontos foram georeferenciados utilizando GPS GARMIN, modelo E-trex Legend,

referência SAD 69 C.A.

Alguns pontos foram inseridos ao longo da pesquisa, o que justifica a ausência nas

primeiras coletas. Por outro lado, em virtude de algumas cacimbas secarem na época de

ausência de chuvas, não foi possível realizar a coleta nesses pontos em algumas campanhas.

Os códigos das amostras são normatizados de acordo com suas descrições, a saber,

cacimba (C01 – C04), lagoa (L01 – L03), nascente (N01), poços (P01 – P06), rio (R01 –

R03), viveiro (V01) e salina (S01).

MATERIAIS E MÉTODOS 38

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

O nível estático refere-se à profundidade de início da lâmina da água, sendo que em

alguns pontos não havia profundidade, com a água presente no nível do lençol freático.

Tabela 4.1 - Pontos de coleta, identificação e dados geográficos

Tipo Amostra Referência Nível estático

de água

Coordenadas

UTM

Cacimba

C01 Cacimba – Gado ----- 793.387 E 9.432.994 N

C02 Cacimba - Sr. Bil 0,14 m 794.196 E 9.432.750 N

C03 Cacimba - Sr. Galego ----- 794.819 E 9.432.490 N

C04 Cacimba – Dunas 0,40 m 796.019 E 9.431.758 N

Lagoa

L01 Lagoa - José Antonio 0,40 m 793.292 E 9.433.096 N

L02 Lagoa - Sr. Cecílio 0,24 m 793.368 E 9.432.928 N

L03 Lagoa - Sr. José Pequeno 0,60 m 793.717 E 9.432.858 N

Nascente N01 Chorador ----- 796.376 E 9.431.716 N

Poço

P01 Poço – Padre 1,50 m 792.930 E 9.432.668 N

P02 Poço - Sr. Pirrita 0,29 m 793.999 E 9.432.848 N

P03 Poço - Sr. Bil 1,00 m 794.163 E 9.432.848 N

P04 Poço - Sr. Justino 0,50 m 793.669 E 9.433.276 N

P05 Poço - Sr. Chico Pedro 1,20 m 793.852 E 9.433.584 N

P06 Poço – Sr. João Batista 2,32 m 794.217 E 9.433.706 N

Rio

R01 Rio Miassaba – Centro ----- 796.958 E 9.434.630 N

R02 Rio Miassaba – Fazenda

Formosa ----- 795.394 E 9.432.882 N

R03 Rio Miassaba – Canto ----- 794.672 E 9.433.516 N

Salina S01 Salina Pato Branco ----- 793.364 E 9.433.030 N

Viveiro V01 Viveiro ----- 793.637 E 9.433.612 N

Fonte: Própria.

No período da pesquisa foram realizadas seis visitas técnicas para coleta de dados e

discussões in loco, compreendendo os anos de 2007 a 2011, conforme o cronograma

mostrado na Tabela 4.2.

MATERIAIS E MÉTODOS 39

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Fig

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4.2

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MATERIAIS E MÉTODOS 40

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 4.2 - Cronograma das Atividades Realizadas

Data Atividades Realizadas

Set./2007

- Reconhecimento da região a ser monitorada.

- Seleção dos pontos a serem monitorados.

- Coleta de amostras de água para investigação inicial da real situação da

área.

Jan./2008 - Amostragem para realização de análises físico-química.

- Seleção de novos pontos de amostragem.

Out./2008 - Amostragem para realização de análises físico-química.

- Coleta de material para análises de metais pesados.

Mar./2009 - Amostragem para realização de análises físico-química.

Fev./2010 - Amostragem para realização de análises físico-química.

Mar./2011 - Investigação final da área com registros fotográficos para comparação

com as informações iniciais.

Fonte: Própria

4.3.1 Descrição dos pontos de coleta

As figuras 4.3 a 4.20 apresentam detalhes dos pontos monitorados. Não foi possível

registrar o ponto de coleta P01, tendo em vista a desativação do mesmo ao longo do

monitoramento.

Os Pontos de Monitoramento intitulados “Brancos”, composto pela Nascente (N01),

Cacimba – Dunas (C04) e Poço – Padre (P01) referem-se àqueles em que sua água

apresentam baixos índices de salinidade (inclusive no período seco), em virtude da

localização distanciada das atividades que influenciam na salinidade da água.

A Cacimba - Gado, ponto de monitoramento C01 (Figura 4.3), durante mais de meio

século foi utilizada para dessedentação de animais. Em períodos de seca, devido ao teor salino

ali existente, sua água fica praticamente inutilizada.

MATERIAIS E MÉTODOS 41

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.3 - Ponto de Monitoramento C01, localizado na Cacimba - Gado.

Fonte: Própria

A Cacimba – Bil (Figura 4.4), ponto de monitoramento C02, assim como a Cacimba

do Gado, também tinham como finalidade principal a dessedentação de animais.

FIGURA 4.4 - Ponto de Monitoramento C02, localizado na Cacimba - Bil.

Fonte: Própria

A Cacimba - Galego, ponto de monitoramento C03(Figura 4.5), foi usada por cerca de

duas décadas em atividades domésticas, sendo desativada após a implantação dos viveiros de

camarão.

MATERIAIS E MÉTODOS 42

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.5 - Ponto de Monitoramento C03, localizado na Cacimba – Galego.

Fonte: Própria

O Ponto C04, Cacimba - Dunas (Figura 4.6), é denominado também de ponto de

monitoramento “branco”. Sua água é utilizada para dessedentação de animais até os dias

atuais.

FIGURA 4.6 - Ponto de Monitoramento C04, localizado na Cacimba – Dunas.

Fonte: Própria

As Lagoas - José Antônio, Cecílio e José pequeno, pontos de coleta L01, L02 e L03,

respectivamente (Figuras 4.7 a 4.9), tem em comum o fato de terem sido geradas a partir da

retirada de areia para construção. Na Figura 4.10(ponto de coleta L03), pode ser observada

uma bomba utilizada para o abastecimento de caminhões pipa. Devido à sua baixa salinidade

MATERIAIS E MÉTODOS 43

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

a água é utilizada, principalmente, na construção civil.

FIGURA 4.7 - Ponto de Monitoramento L01, Localizado na Lagoa - José Antônio.

Fonte: Própria

FIGURA 4.8 - Ponto de Monitoramento L02, localizado na Lagoa – Cecílio.

Fonte: Própria

MATERIAIS E MÉTODOS 44

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.9 - Ponto de Monitoramento L03, localizado na Lagoa - José Pequeno.

Fonte: Própria

O Chorador, ponto de coleta N01, é uma nascente que deságua no Rio Camurupim.

Sua água é oriunda das dunas móveis existentes na região (Figura 4.10), Segundo relatos de

moradores e ambientalistas do município, há alguns anos, antes de ser separado do mar pelas

dunas, em épocas de muita chuva, esse canal desaguava na maré - comunidade de Lagoa

Seca, se comportando como um pequeno estuário. Este ponto também foi enumerado como

ponto de monitoramento “branco”.

O Poço - Padre, ponto de monitoramento P01, é um poço revestido por manilhas de

concreto. Durante décadas foi uma cacimba cuja água era usada para consumo humano

devido seu baixo teor de sais, sem interferências sazonais. Até pouco tempo esta região era

abastecida por carros-pipa, de modo que a comunidade usava água deste poço. Diante do

exposto e, por se localizar em uma região isolada, foi tomado como um dos pontos de

monitoramento “branco” na pesquisa.

MATERIAIS E MÉTODOS 45

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA4.10 - Ponto de Monitoramento N01, Localizado no Chorador.

Fonte: Própria

O Poço - Pirrita, P02 (Figura 4.11), antes da região ser abastecida pela Companhia de

Águas e esgotos do RN - CAERN, sua água era usada para consumo humano e para

dessedentação de animais. À esquerda da figura vê-se um tubo em PVC branco, o qual se

encontra ligado à uma bomba, indicando que sua água ainda é usada para alguma finalidade.

FIGURA 4.11 - Ponto de Monitoramento P02, localizado no Poço – Pirrita.

Fonte: Própria

A água do Poço - Bil, ponto de monitoramento P03 (Figura 4.12), apresentava uso

semelhante ao P03. Observa-se uma tubulação instalada para conexão com bombas. Vale

MATERIAIS E MÉTODOS 46

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Ressaltar que as famílias que ali residem estão instaladas neste local há mais de três décadas,

em substituição à outras famílias que estavam ali há décadas também. Destaca-se ainda os

coqueiros entre o poço e o viveiro (ao fundo da foto), estando todos mortos.

FIGURA 4.12 - Ponto de Monitoramento P03, localizado no Poço – Bil.

Fonte: Própria

A água dos poços P04, P05 e P06, identificados como Poço – Justino, Poço – Chico

Pedro e Poço – João Batista (Figuras 4.13 a 4.15), também era, no passado, utilizada para

consumo humano. Atualmente é empregada na dessedentação de animais.

FIGURA 4.13 - Ponto de Monitoramento P04, localizado no Poço –Justino

Fonte: Própria

MATERIAIS E MÉTODOS 47

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.14 -Ponto de Monitoramento P05, localizado no poço - João Batista.

Fonte: Própria

FIGURA 4.15 - Ponto de Monitoramento P06, localizado no Poço - Chico Pedro.

Fonte: Própria

Três pontos de coleta foram estabelecidos ao longo do Rio Miassaba, R01, R02 e R03

(Figuras 4.16 a 4.18), respectivamente, sendo o ponto R01 na área urbana da cidade de

Guamaré, sob a ponte que liga o centro à comunidade de Lagoa Seca. O ponto R02 fica

localizado ao lado da bomba de captação de água da Fazenda Formosa (fazenda de criação de

camarão em cativeiro). O ponto de monitoramento R03, descrito como Canto, localiza-se

próximo à gamboa da Areia, área utilizada no passado para criação de gados e, atualmente,

para fins pesqueiros.

MATERIAIS E MÉTODOS 48

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.16 - Ponto de Monitoramento R01, localizado no Rio Miassaba– Centro.

Fonte: Própria

FIGURA 4.17 - Ponto de Monitoramento R02, localizado no Rio Miassaba – Captação dos Viveiros.

Fonte: Própria

MATERIAIS E MÉTODOS 49

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.18- Ponto de Monitoramento R03, localizado no Rio Miassaba - Canto.

Fonte: Própria

Os pontos de monitoramento S01 (Salina) e V01 (Viveiro) estão localizados na Salina

Pato Branco (Figuras 4.19 e 4.20).

FIGURA 4.19- Ponto de Monitoramento S01, localizado na Salina Pato Branco.

Fonte: Própria

MATERIAIS E MÉTODOS 50

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.20 - Ponto de Monitoramento V01, localizado na área da Salina Pato Branco.

Fonte: Própria

4.4 METODOLOGIA DE COLETA E PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS

Os procedimentos de coleta, preservação e armazenamento das amostras foram

realizados de acordo com as recomendações da American Public Health Association (APHA,

2005, p. 1.29 – 1.35). O período de amostragem ocorreu de setembro de 2007 a março de

2011, conforme cronograma apresentado na Tabela 4.2.

As coletas das amostras para determinação dos parâmetros físico-químicos foram

realizadas utilizando garrafas de polietileno, capacidade de 2 litros, previamente lavadas,

enxaguadas com água corrente e posteriormente com água destilada. No ato da coleta as

mesmas foram lavadas três vezes com a própria água a ser coletada.

As amostras coletadas foram acondicionadas em caixas térmicas, sendo em seguida,

encaminhadas para o Núcleo de Análises de Águas, Alimentos e Efluentes (NAAE) do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), local de

realização das análises.

A Figura 4.21 apresenta o fluxograma dos procedimentos adotados para a coleta das

amostras para análises.

MATERIAIS E MÉTODOS 51

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.21 - Fluxograma de coleta de água.

Fonte: Própria

4.5 PARÂMETROS E METODOLOGIAS DE ANÁLISES

Os parâmetros analisados foram de natureza física (pH, condutividade elétrica e

salinidade) química (Dureza Total, Cálcio, Magnésio, Cloretos,). A Tabela 4.3 apresenta um

resumo das metodologias utilizadas (APHA, 2005). O Fluxograma do procedimento

experimental das análises é mostrado na Figura 4.22.

TABELA 4.3 - Resumo das técnicas e metodologias analíticas utilizadas nas análises

Parâmetro Técnica utilizada Referência

Condutividade Elétrica Eletrometria APHA – 2510 B

Salinidade Eletrometria APHA – 2520 A

Potencial Hidrogeniônico Eletrometria APHA – 4500-H+ B

Dureza Total Titulometria APHA – 2340 C

Cálcio Titulometria APHA – 3500-Ca B

Magnésio Titulometria APHA – 3500-Mg A

Cloretos Titulometria APHA – 4500-Cl- B

Fonte: Própria

Seleção e

localização dos

pontos de coleta

(GPS GARMIN).

Seleção dos pontos

de coleta(19 Pt.).

Coletas das

amostras de água

(Fr. PET/PPP)

Acondicionamento

em caixa térmica

Encaminhamento

para o NAAE-IFRN

REALIZAÇÃO DAS

ANÁLISES

MATERIAIS E MÉTODOS 52

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Figura 4.22 Fluxograma das Análises de água.

Fonte: Própria

4.5.1 Potencial Hidrogeniônico (pH)

O potencial hidrogeniônico representa a concentração de íons hidrogênio H+ (escala

anti-logarítmica), indicando a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água

(SPERLING,1998). A faixa de abrangência do pH varia de 0 a 14 unidades de pH.

Alguns métodos são disponíveis para a determinação dos índices de pH em águas. O

método eletrométrico com eletrodo de pH é o mais utilizado, com maior precisão. Em

atividades de campo, opta-se pelos modelos portáteis, papéis indicadores ou kits

colorimétricos.

O peagâmetro consiste em um potenciômetro, um eletrodo de vidro (borossilicato de

sódio), um eletrodo de referência (semicélula geradora de potencial de eletrodo constante,

AgCl) e um termocompensador de temperatura. Quando se imerge o eletrodo na solução, a

superfície externa do bulbo se hidrata, promovendo-se assim a troca de íons sódio com íons

H+ da solução, de modo a formar uma camada superficial de íons hidrogênio (PIVELI e

KATO, 2005, p. 137-138).

As determinações de pH foram realizadas in loco e/ou no laboratório, utilizando-se um

medidor de portátil / bancada de fabricação Digimed, modelo DM 2, com precisão de ± 0,01,

previamente calibrado com soluções padronizadas de pH (Figura 4.23).

MATERIAIS E MÉTODOS 53

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

A metodologia utilizada foi baseada no método eletrométrico, segundo APHA (2005,

p.4.90 – 4.94) e procedimentos operacionais do fabricante do medidor.

FIGURA 4.23 - Medidor de pH utilizado nas análises.

Fonte: Própria

4.5.2 Condutividade Elétrica (CE) e Salinidade (Sal)

A Condutividade Elétrica é a medida da capacidade do meio em conduzir corrente

elétrica em uma amostra. Ela é dependente do número e do tipo de espécies iônicas dispersas.

É um indicativo da concentração total de substâncias ionizadas em solução na água ou, de

outra forma, de sua salinidade. As unidades mais comumente utilizadas para expressão dos

resultados são mhos ou Siemens por unidade de comprimento (MACÊDO, 2006, p. 500).

A Salinidade é a quantidade total de todos os íons dissolvidos, tendo a mesma

magnitude de sólidos totais dissolvidos, na maioria das águas, quando ambas as variáveis são

expressas em miligramas por litro. A salinidade é numericamente menor que o resíduo

filtrável e usualmente é expressa em gramas por quilograma (g/kg), gramas por litro (g/L) ou

partes por mil (0/00). A água do mar contém em média 35g de substâncias dissolvidas. Em

outras palavras, 96,5% da água do mar é “água” e 3,5% são substâncias dissolvidas

(MACÊDO, 2005, p. 237).

As determinações de condutividade e salinidade foram feitas em campo e/ou no

laboratório com o auxílio de um medidor portátil multiparâmetro, marca Orion modelo

105A+. Previamente o aparelho foi calibrado, utilizando padrões de concentração conhecida

(figura 4.24). As metodologias foram baseadas em APHA (2005, p. 2.44 – 2.50).

MATERIAIS E MÉTODOS 54

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.24: Medidor de Condutividade Elétrica e Salinidade utilizado nas análises.

Fonte: Própria

4.5.3 Dureza (Dur), Cálcio (Ca++

) e Magnésio (Mg++

)

A dureza da água deve-se principalmente à presença de sais de cálcio e magnésio em

solução e o seu grau varia de acordo com a região. De modo geral, as águas de superfície são

mais brandas (moles) que as subterrâneas. Além dos íons Cálcio e Magnésio, outros conferem

dureza à água como estrôncio, ferro ferroso, íon manganoso e alumínio.

As águas duras (dureza total > 150 mg/L CaCO3) precipitam o sabão, impedindo ou

diminuindo a sua capacidade de fazer espuma, provocando incrustações em tubulações de

água quente, caldeiras, evaporadores, intercambiadores de calor e outras unidades nas quais se

opera a altas temperaturas (SILVA, 2001).

Para a quantificação das concentrações de dureza, cálcio e magnésio, utilizou-se o

método titulométrico do EDTA, tendo o preto de eriocromo e a murexida como indicadores,

que reagem com o cálcio, mudando a coloração de vermelho para azul em pH = 10 (Dureza

Total) e de rosa para púrpura (Cálcio), no ponto final da titulação, quando todo o cálcio

presente for complexado pelo EDTA a um pH de 12-13. O magnésio foi determinado pela

diferença entre a dureza e o teor de cálcio. Todas as soluções e titulantes foram previamente

padronizadas, conforme rege as normas internacionais (APHA, 2005. p. 3.65, 3.66, 3.83,

3.84).

A expressão dos resultados obtidos dar-se à como mg/L de CaCO3 (Dureza total),

mg/L de Ca++

(Cálcio) e mg/L de Mg++

(Magnésio).

4.5.4 Cloreto (Cl-)

Os cloretos são encontrados praticamente em todas as águas naturais. A sua presença

pode ser de origem mineral ou derivada de contaminação marinha de suprimentos

subterrâneos, despejos humanos e animais, efluentes industriais e contaminação devido a sais

MATERIAIS E MÉTODOS 55

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

utilizados na agricultura, salinas e atividades afins.

Na água potável o sabor “salgado” produzido por concentrações de cloreto é variável e

depende da composição química da água. Águas contendo 250 mg/L de cloretos podem

apresentar um sabor salgado detectável se o cátion presente for sódio. Por outro lado, esta

mesma característica pode estar ausente em águas contendo 1000 mg/L do Cl- quando os

cátions predominantes forem cálcio e magnésio (SILVA, 2001).

Na determinação de cloretos utilizou-se o método titulométrico de Mohr com nitrato

de prata 0,0141 N, usando o cromato de potássio como indicador. O cloreto de prata formado

é precipitado quantitativamente com a formação do cromato de prata (vermelho). Esse método

é o mais conhecido para a determinação do nível de cloretos em águas.

O cromato de potássio, indicador utilizado no processo titulométrico, tem maior

afinidade pela prata que o nitrato. Logo, quando se esgota todo o cloreto da amostra, a prata

passa a reagir com o cromato. Assim, ocorre imediatamente a viragem de amarelo para uma

cor identificada como “tijolo”.

No momento da titulação o meio deve apresentar-se levemente alcalino para que não

ocorra a formação de hidróxido de prata (pH elevado) ou transformação do cromato em

dicromato (pH baixo) (PIVELI e KATO, 2005, p.165-167).

Todas as soluções e titulantes foram previamente padronizadas, conforme

procedimento padrão da APHA (2005, p. 4.70, 4.71).

RESULTADOS E DISCUSSÃO 56

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo serão apresentados os resultados e suas devidas interpretações

referentes aos parâmetros analisados, a saber: condutividade elétrica, salinidade, pH, dureza

total, cálcio, magnésio e cloretos.

5.1 ANÁLISE PANORÂMICA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA REGIÃO

Até meados de 1985 as principais atividades econômicas de Guamaré eram a pesca

artesanal, extração de sal marinho e a agropecuária. Mesmo com o funcionamento da

Petrobras na década de 70, a exploração de petróleo teve maior desenvolvimento nos anos 80,

com a descoberta de petróleo no seu território, proporcionando a implantação de uma unidade

de processamento de petróleo e gás.

O crescimento da produção petrolífera na região induziu o aumento da população do

município, de forma que, na última década, em termos percentuais, superou a maioria das

cidades brasileiras chegando a ser o segundo do estado do Rio Grande de Norte, com 52%.

Com o crescimento populacional surgiu a necessidade de diversificação das atividades

econômicas, além de um maior investimento em construção civil, que apresentou grande

crescimento na região e agiu diretamente, principalmente com a extração de materiais

primários como areia e barro.

Dentre essas atividades, destaca-se a carcinicultura, a qual substituiu, praticamente, todo

espaço ocupado anteriormente pela atividade salineira, além de outras áreas propícias para a

criação do crustáceo. Para o seu desenvolvimento foi necessário comprometer áreas de

manguezais, além de árvores frutíferas como coqueiros, cajueiros, etc.

Uma das principais consequências no meio ambiente foi a desertificação no entorno dos

viveiros das áreas de remoção de areia para construção (Figura 5.1), aumentando a salinização

da água de poços e cacimbas usados pelos habitantes para uso doméstico e dessedentação de

animais.

De acordo com informações dos moradores locais, no passado, antes da exploração da

área pelas atividades de carcinicultura e extração de areia, a vegetação se desenvolvia

normalmente, mesmo com a existência de salinas no município, uma vez que essas usavam

áreas mais restritas.

Os coqueiros mostrados na Figura 5.1tinham cerca de quatro décadas de vida e

RESULTADOS E DISCUSSÃO 57

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

morreram poucos anos após a implantação dos viveiros ao lado. Observa-se que toda a área

está em processo de desertificação, conforme destacado nos círculos vermelhos. Dados

obtidos in loco detectaram que os coqueiros ainda encontrados vivos nessa área estão a

aproximadamente 60 m de distância dos viveiros, em um nível topográfico mais elevado.

Estudos realizados no nordeste brasileiro com coqueiros da espécie Cocus nucifera L.

constataram que a salinização do solo tem provocado redução no rendimento das culturas,

aumento do período de germinação, redução no peso e volume da água do fruto ocasionado

pelo estresse salino. Destaca-se ainda que o coqueiro é uma planta tolerante ao uso de água

salina nas fases de germinação, formação de mudas e início de produção (MARINHO et al.,

2005).

FIGURA 5.1 - Situação atual da vegetação em áreas próximas a viveiros.

Fonte: Própria

Um fato interessante observado no início do estudo é que nas proximidades do local da

foto exposta acima (viveiro) existe uma salina, destacada em vermelho (Figura 5.2), que em

sua ação, teoricamente, é mais prejudicial em relação à salinidade que a carcinicultura. No

entanto à poucos metros do cristalizador encontrou-se a paisagem desenvolvendo-se

normalmente. Após o coqueiral, ao fundo da foto, vê-se uma formação de dunas,

característica de quase toda região do estudo. A existência de uma vala de drenagem entre

essas atividades “protege” o lençol de contaminantes salinos, impedindo a sua mortalidade

(Figura 5.3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO 58

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA5. 2 - Situação atual da vegetação nas áreas próximas às salinas.

Fonte: Própria

FIGURA 5.3 - Vala de drenagem da água da salina.

Fonte: Própria

5.2 – AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA ÁGUA

Considerando que na área de estudo foram monitorados lagoas, poços, cacimbas rio,

viveiro e salina, onde a água era utilizada para diversos fins, desde agricultura, consumo

humano, pesca e navegação, os parâmetros analisados serão enquadrados na resolução

RESULTADOS E DISCUSSÃO 59

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005).

5.2.1 Condutividade Elétrica (CE) e Salinidade (SAL)

A condutividade elétrica e a salinidade, parâmetros físicos de indicação da concentração

de sais na água apresentaram variações consideráveis ponto a ponto e em relação ao período

de monitoramento.

A Resolução CONAMA n° 357 (BRASIL, 2005), classifica as águas em doce

(salinidade ≤ 0,5 g/L), salobra (0,5 < salinidade < 30 g/L) e salina (salinidade > 30 g/L). De

acordo com essa definição, pode-se considerar que na área em estudo é possível encontrar

água nessas três classes, visto que as concentrações de sais da água existente na região são

classificadas como doce (exemplo, ponto de monitoramento C04), salobra (ponto de

monitoramento P05, por exemplo) e salina (V01, S01, por exemplo). No entanto, atualmente

há menor incidência de água doce, conforme apresentado abaixo.

As Tabelas 5.1 e 5.2 mostram os resultados das medidas de condutividade elétrica e

salinidade dos pontos monitorados ao longo da pesquisa. Para facilitar a interpretação os

dados foram classificados segundo o local de coleta, levando-se em consideração os pontos de

branco (C04, N01, P01); as coletas no Rio Miassaba (R01, R02, R03), o viveiro (V01) e a

salina (S01), pois em ambos a condutividade pode superar os valores encontrados no rio. Os

demais pontos serão classificados mediante sua localização ou tipo de influência na variação

das suas concentrações de sais.

Considerando que ao longo do período amostrado houve maior ou menor incidência

pluviométrica, dividiram-se as coletas em período seco (1ª e 2ª coletas) e período chuvoso (3ª

a 5ª coletas).

O comportamento dos dados obtidos para os dois parâmetros apresenta, praticamente,

a mesma tendência, ao longo das cinco campanhas de coleta. O valor médio da relação

condutividade / salinidade é de 1,85.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 60

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 5.1 - Resultados de Condutividade elétrica obtidos na pesquisa

Condutividade Elétrica (mS/cm)

Identificador

1ª Coleta

(Set/2007)

2ª Coleta

(Jan/2008)

3ª Coleta

(Out/2008)

4ª Coleta

(Mar/2009)

5ª Coleta

(Fev/2010)

(Período Seco) (período Chuvoso)

C01 35,90 49,07 21,22 6,23 -----

C02 18,85 22,92 17,04 3,37 0,69

C03 6,80 20,80 ----- 7,91 1,18

C04 ----- 0,36 0,12 0,35 0,08

L01 ----- 183,46 112,59 61,60 66,03

L02 14,40 30,13 8,86 8,25 4,31

L03 3,63 3,73 2,01 2,43 2,01

N01 ----- ----- ----- 0,47 2,00

P01 0,16 0,21 1,13 0,19 -----

P02 16,65 23,46 4,13 2,48 1,36

P03 73,00 90,06 92,79 52,10 1,21

P04 ----- 6,89 1,04 0,78 0,49

P05 9,30 11,68 7,87 2,92 1,30

P06 4,45 7,48 1,51 1,64 0,44

R01 54,10 61,22 61,16 46,90 77,12

R02 ----- 69,99 63,37 ----- 77,57

R03 61,20 75,40 67,47 45,80 82,65

S01 172,00 183,89 215,34 188,80 362,40

V01 82,10 90,75 ----- ----- 103,00

Fonte: Própria

TABELA 5.2 - Resultados de Salinidade obtidos na pesquisa

Salinidade (g/L)

Identificador

1ª Coleta

(Set/2007)

2ª Coleta

(Jan/2008)

3ª Coleta

(Out/2008)

4ª Coleta

(Mar/2009)

5ª Coleta

(Fev/2010)

(Período Seco) (período Chuvoso)

C01 22,5 29,3 11,4 3,4 -----

C02 10,9 12,7 9,0 1,8 0,4

C03 3,1 11 ----- 4,8 0,7

C04 ----- 0,2 0,1 0,2 0,0

L01 ----- 99,1 66,9 41,1 28,8

L02 8,3 17,5 4,4 4,5 2,5

L03 1,8 1,8 0,9 1,2 1,1

N01 ----- ----- ----- 0,2 1,1

P01 0,1 0,1 0,5 0,1 -----

P02 9,7 13,1 2,0 1,3 0,8

P03 48,2 59,0 59,2 34,1 0,7

P04 ----- 3,4 0,5 0,4 0,3

P05 5,1 5,9 3,9 1,5 0,7

P06 2,4 3,7 0,7 0,8 0,2

R01 34,9 37,6 36,7 30,3 33,0

R02 ----- 42,5 38,1 29,7 33,1

R03 40,8 46,7 41,1 29,7 35,2

S01 94,6 101,1 129,5 62,5 262,5

V01 56,4 58,1 ----- ----- 43,7

Fonte: Própria

Com exceção dos dados do rio, cuja concentração de íons solúveis tem pouca

influência do tempo e dos fatores sazonais; do viveiro e da salina onde a salinidade é

controlada por operadores, os demais pontos apresentaram acréscimo na concentração de sais

da primeira para a segunda coleta, sendo relacionado com a influência das atividades

RESULTADOS E DISCUSSÃO 61

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

antrópicas existentes na região e a alta taxa de evaporação, que reduz o volume de água e

concentra os sais ali existentes.

Por outro lado, nota-se que na terceira coleta aproximadamente 50 % dos pontos

monitorados iniciam o processo de dessalinização variando entre 30 a 85 %, com destaque

para a lagoa L02 e os poços P02, P04 e P06, com redução superior a 75 %.

Um fato a ser considerado é a alta taxa de evaporação no município em períodos de

ausência de chuvas. Em praticamente todos os locais de coleta, as concentrações de sais

tiveram acréscimo na segunda amostragem, realizada no início de 2008.

Esses resultados eram esperados em virtude do prolongamento da estação sem chuvas,

ocorrido no ano de 2007, com concentração pluviométrica anual de 400 mm, conforme

apresentado na Figura 3.1 (capítulo 3). O ano de 2008, mesmo apresentando um volume total

de 810 mm de chuvas, superior à média do município (700 mm), no primeiro bimestre do ano,

o volume precipitado foi menor que 10% (ver Figura 3.2, capítulo 3).

Em relação aos valores encontrados, pode-se destacar a lagoa L01 que apresentou

resultados de salinidade acima ou aproximados aos encontrados na salina (3ª coleta), viveiro

(4ª coleta) e Rio (5ª coleta).

Outro ponto a ser destacado é o P03 que na época de seca (duas primeiras coletas), sua

concentração salina superou à marinha, com valores similares aos encontrados no viveiro,

especialmente na segunda amostragem.

Na primeira coleta visualizou-se um perfil local bastante heterogêneo, marcado por

áreas de pouca ou nenhuma influência da atividade carcinicultora, como o ponto P01, por

exemplo, e, por outro lado, pontos de alta salinidade, com concentrações próximas às

encontradas em salinas e viveiros de camarão da região. O Ponto P03 apresentou maior

acréscimo de salinidade da região, quando comparado com os índices em períodos chuvosos,

em especial na quinta coleta (redução de 99%), o que teoricamente seriam as concentrações

naturais ali existentes no passado.

Os pontos L01, C01, C02, P03 e P05 apresentaram em comum o fato de suas

condutividades variarem pouco na terceira coleta, realizada no início do período chuvoso,

indicando uma resistência à redução salina. Por outro lado, observou-se redução acentuada

nos pontos L02, L03, P02, P04 e P06.

Nos pontos utilizados como “branco”, locais onde há pouca ou nenhuma influência

dos principais contaminantes salinos na região, devido à distância, observa-se maior valor

registrado no ponto N01. Vale ressaltar que não foi possível realizar o monitoramento

RESULTADOS E DISCUSSÃO 62

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

completo (05 coletas) nesse ponto, compreendendo os períodos chuvosos e de seca, o que

possibilitaria melhor caracterização das características da água nesse local.

O ponto C04 apresentou decréscimo da concentração salina ao longo do

monitoramento, com redução superior a quatro vezes (relação maior valor / menor valor).

De acordo com a Resolução CONAMA n° 357 (BRASIL, 2005), as águas provenientes

dos pontos de monitoramento C04 e P01 são classificadas como doce, enquanto que no N01 é

considerada salobra. No entanto, devido o ponto N01 estar localizado em nível topográfico

abaixo dos demais pontos de monitoramento “branco”, em especial o P01, os índices de sais

registrados na 5ª coleta (após períodos chuvosos) podem ser decorrentes da “lavagem” e

drenagem dos sais existentes na superfície das dunas.

As Tabelas 5.3 e 5.4 mostram os dados da redução da salinidade e condutividade

elétrica ao longo do monitoramento. Essa relação é obtida pelo quociente da concentração

unitária de cada coleta pela maior concentração registrada. Observa-se predominância de

maiores concentrações registradas na segunda coleta e redução a partir da terceira (início do

período chuvoso - 2008).

TABELA 5.3 - Redução da salinidade ao longo do período de monitoramento

Quociente da Redução – Salinidade

Identificador

C01 0,77 1,00 0,39 0,12 -----

C02 0,86 1,00 0,71 0,14 0,03

C03 0,28 1,00 ----- 0,44 0,06

C04 ----- 1,00 0,50 1,00 0,00

L01 ----- 1,00 0,68 0,41 0,29

L02 0,47 1,00 0,25 0,26 0,14

L03 1,00 1,00 0,50 0,67 0,61

N01 ----- ----- ----- 0,18 1,00

P01 0,20 0,20 1,00 0,20 -----

P02 0,74 1,00 0,15 0,10 0,06

P03 0,81 1,00 1,00 0,58 0,01

P04 ----- 1,00 0,15 0,12 0,09

P05 0,86 1,00 0,66 0,25 0,12

P06 0,65 1,00 0,19 0,22 0,05

R01 0,93 1,00 0,98 0,81 0,88

R02 ----- 1,00 0,90 0,70 0,78

R03 0,87 1,00 0,88 0,64 0,75

S01 0,73 0,78 1,00 0,48 2,03

V01 0,97 1,00 ----- ----- 0,75

Fonte: Própria

RESULTADOS E DISCUSSÃO 63

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 5.4 - Redução da condutividade elétrica ao longo do período de monitoramento

Quociente da Redução – Condutividade Elétrica

Identificador

C01 0,73 1,00 0,43 0,13 -----

C02 0,82 1,00 0,74 0,15 0,03

C03 0,33 1,00 ----- 0,38 0,06

C04 ----- 1,00 0,33 0,97 0,22

L01 ----- 1,00 0,61 0,34 0,36

L02 0,48 1,00 0,29 0,27 0,14

L03 0,97 1,00 0,54 0,65 0,54

N01 ----- ----- ----- 0,24 1,00

P01 0,14 0,19 1,00 0,17 -----

P02 0,71 1,00 0,18 0,11 0,06

P03 0,79 0,97 1,00 0,56 0,01

P04 ----- 1,00 0,15 0,11 0,07

P05 0,80 1,00 0,67 0,25 0,11

P06 0,59 1,00 0,20 0,22 0,06

R01 0,70 0,79 0,79 0,61 1,00

R02 ----- 0,90 0,82 ----- 1,00

R03 0,74 0,91 0,82 0,55 1,00

S01 0,80 0,85 1,00 0,88 1,68

V01 0,80 0,88 ----- ----- 1,00

Fonte: Própria

Os PoçosP04 a P06, localizados próximo ao viveiro de camarão monitorado na

pesquisa (Figura 5.4) apresentaram acréscimo considerável de sais após o início da atividade

carcinicultora na região, ficando dessa forma, praticamente inutilizados para os diversos fins

apresentados no capítulo 4, conforme informações de seus proprietários. Os maiores valores

de condutividade e salinidade foram encontrados no P05, o que pode ser influenciado pela

maior proximidade do V01, à aproximadamente 200 metros.

Os pontos P04 e P06 registraram concentrações menores que o P05. No caso do P04, a

sua localização próxima a viveiros desativados e a posição em área mais elevada no terreno

facilita a infiltração de água da chuva, reduzindo assim as concentrações de sais. No ponto

P06, além da posição geográfica, não sofre influência de viveiros, mas da maré, com

concentrações de sais inferiores às encontradas em viveiros de carcinicultura.

Nas proximidades do viveiro observa-se uma grande faixa “esbranquiçada”, o que

pode ser relacionada com a influência da atividade na salinização do solo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 64

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.4 Mapa de localização dos pontos P04, P05 e P06 – Guamaré/RN.

Fonte: Própria

As Figuras 5.5 e 5.6 mostram os dados da redução da salinidade e condutividade

elétrica, respectivamente. Essa relação é obtida pelo quociente da concentração unitária de

cada coleta pela maior concentração registrada. Observa-se que todos registraram maior

concentração na segunda coleta e redução a partir da terceira (início do período chuvoso -

2008).

No entanto, enquanto que os poços P04 e P06 reduziram em aproximadamente 80%,

atingindo índices de água doce, o P05 sofreu redução de apenas 34%, o que pode ser

relacionado com a proximidade do viveiro que, aumenta a resistência a essa redução.

Comportamento semelhante observa-se na condutividade elétrica (Figura 5.6, Tabela 5.4),

comprovando a relação direta existente entre esses parâmetros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 65

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.5 - Gráfico da redução salina dos pontos P04, P05, P06.

Fonte: Própria

FIGURA 5.6 - Gráfico da redução de condutividade elétrica dos pontos P04, P05, P06.

Fonte: Própria

No lado oposto aos poços apresentados anteriormente (P04 a P06), a cacimba C02, a

lagoa L01 e o poço P03 também apresentam particularidades a serem discutidas. A lagoa,

localizada próxima à salina, apresentou concentrações equiparadas com as encontradas na

salina (S01). Essa particularidade está associada ao baixo nível do lençol freático ocasionado

pela retirada de areia para construção – chegando ao nível do mar, à influência do mar e à

evaporação natural que concentra os níveis de sais. Como não há influência das dunas, o que

possibilitaria a infiltração de água doce no solo, a única forma de redução dos sais é através

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 1 2 3 4 5 6

Qu

oci

en

te d

e R

ed

uçã

o

Coletas

REDUÇÃO - SALINIDADE

P04

P05

P06

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 1 2 3 4 5 6

Qu

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o

Coletas

REDUÇÃO - CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

P04

P05

P06

RESULTADOS E DISCUSSÃO 66

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

da incidência de chuvas. Tal fenômeno ocasionou na redução de 66% do maior valor

encontrado (Figura 5.7). Entretanto, mesmo após a redução as concentrações registradas são

equiparadas com as encontradas na água do mar.

Vale ressaltar que, devido a profundidade da lagoa e a localização da mesma ser em

nível topográfico mais elevado que as salinas, a proteção da vala de drenagem é pouco

influenciada podendo, neste caso, haver constante comunicação entre a salina e a lagoa,

mantendo a concentrações elevadas de sais.

Outro fato a ser considerado é a grande área da lagoa que em períodos de secas,

devido a temperatura encontrada na região, facilita a evaporação da água e a concentração de

sais na superfície do solo, aumentando os índices salinos.

O ponto C02 está localizado sobre dunas, em uma área de maior influência dos

viveiros – devido à proximidade - sem nenhuma proteção salina (vala de proteção), causando

maior influência da salinidade dos viveiros, bem como resistência no processo de redução

salina com a chegada das chuvas. De acordo com os dados numéricos apresentados (Tabela

5.2), a salinidade média no período seco (1ª e 2ª coletas) foi igual a 7,87 g/L, e no período

chuvoso (3ª a 5ª coletas) 3,73 g/L. A média global foi de 6,96 g/L, pouco menor que o

registrado na ausência de chuvas.

O poço P03 está mais próximo dos viveiros que a cacimba (C02), apresenta

profundidade maior que os demais poços estudados, gerando contato com o lençol salino;

Está localizado em uma área “desprotegida” da influência salina, sem a vala de drenagem, o

que pode ocasionar no aumento dos teores de sais. Em períodos de ausência de chuvas, a

concentração de sais é praticamente igual a do viveiro (V01).

Traçando um paralelo entre esses pontos, observa-se que todos apresentam maiores

índices salinos na segunda coleta. Na terceira, a redução salina é baixa, sendo deslocada para

as duas últimas amostragens. Os percentuais de redução na terceira coleta foram 38 % (L01) e

25 % (C02), enquanto que o P03 apresentou acréscimo de 3 %. Essa resistência está associada

aos impactos gerados pela carcinicultura (Figura 5.7).

Conforme mostra a Figura 5.7, o P03 apresenta maior resistência ao processo de

dessalinização, seguido pela cacimba. A lagoa, devido aos fatores apresentados anteriormente,

em períodos de intensidade pluviométrica reduz aproximadamente 1/3 da concentração.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 67

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.7 - Gráfico da redução salina dos pontos L01, C02, P03.

Fonte: Própria

Relacionando-se os pontos L01, C02 e P03 com o P05 (Figura 5.8), observa-se que o

P03, pela localização mais próxima de viveiros que o P05, apresenta maiores concentrações

de sais. Entretanto, mesmo situados em locais opostos, com concentrações de salinidade e

condutividade diferentes, seus comportamentos são semelhantes, com resistência salina até a

quarta coleta e maior diminuição na última, em virtude do grande volume pluviométrico

registrado na região. Ressalva-se que ambos são impactados por viveiros desprotegidos de

proteção salina.

FIGURA 5.8 - Gráfico da redução salina dos pontos L01, C02, P03 e P05.

Fonte: Própria

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 1 2 3 4 5 6

Qu

oci

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e R

Edu

ção

Coletas

REDUÇÃO - SALINIDADE

L01

C02

P03

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 1 2 3 4 5 6

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oci

en

te d

e R

ed

uçã

o

Coletas

REDUÇÃO - SALINIDADE

L01

C02

P03

P05

RESULTADOS E DISCUSSÃO 68

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Para melhor visualizar a influência do impacto da resistência salina nos pontos C02,

P03 e P05, comparou-se com os poços P04 e P06, avaliados como locais de pouca

interferência da atividade carcinicultora. Para tal, relacionou-se, a cada coleta, a concentração

do P03 com os demais pontos, obtendo o gráfico que reflete essa influência (Figura 5.9).

Observa-se que, enquanto os pontos C02 e P05, diagnosticados anteriormente como

impactados pela influência salina dos viveiros, apresentam pouca variação na relação com o

ponto de maior impacto (P03), os poços P04 e P06, com a redução dos sais já na terceira

amostragem, apresenta comportamento oposto, o que comprova a pouca influência da

atividade antrópica sobre eles.

FIGURA 5.9 - Gráfico da relação salina do ponto P03 com C02, P04, P05 e P06.

Fonte: Própria

A influência da vala de drenagem da salina pode ser observada na comparação da

lagoa L02 e o poço P02 – protegidos pela vala, com os poços P04 e P06 que, conforme

analisados anteriormente, não sofrem influência dos viveiros, nem apresentam resistência

salina. A Figura 5.10 mostra essa relação.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 1 2 3 4 5 6

Qu

oci

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P0

3/P

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to)

Coletas

RELAÇÃO SALINA

P03/C02

P03/P05

P03/P06

P03/P04

RESULTADOS E DISCUSSÃO 69

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 1 2 3 4 5 6

Qu

oci

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o

Coletas

REDUÇÃO - SALINIDADE

L02

P02

P04

P06

FIGURA 5.10 - Gráfico da redução salina dos pontos L02, P02, P04, P06.

Fonte: Própria

A lagoa recebe, por um lado, água drenada da cacimba C01, também protegida pela

vala da salina. Por outro lado, recebe água doce das dunas, ocasionando diminuição nas

concentrações de sais. Além disso, o solo é argiloso com pouca infiltração de água. Na

pesquisa a redução na terceira coleta foi de aproximadamente 75 % dos sais.

Comportamento similar observa-se no gráfico da condutividade (Figura 5.11), onde

tem-se maiores valores na segunda coleta, com redução salina a partir da terceira, ao contrário

dos pontos impactados que, conforme observado anteriormente para a salinidade, registra um

deslocamento para a quarta coleta, em virtude do grande acúmulo de chuvas na região,

comprovando a possibilidade de recuperação da área impactada.

FIGURA 5.11 - Gráfico da CE representando a redução de sais de L02, P02, P04, P06.

Fonte: Própria

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

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1

1,2

0 1 2 3 4 5 6

Qu

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e R

ed

uçã

o

Coletas

REDUÇÃO - SALINIDADE

L02

P02

P04

P06

RESULTADOS E DISCUSSÃO 70

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Relacionando os pontos protegidos pela vala (L02, P02) com um poço distanciado da

área dos viveiros (P06) e um ponto próximo aos viveiros (C02) obtêm-se o gráfico

apresentado na Figura 5.12. O P02, mesmo próximo a viveiro de camarão, não sofre

influência direta da atividade, em virtude da proteção da vala.

Na cacimba, o comportamento é diferente, conforme discutido anteriormente. O

processo de dessalinização tem maior influência a partir da quarta coleta, em consequência do

impacto produzido pela atividade carcinicultora.

FIGURA 5.12 - Gráfico da redução salina dos pontos L02, P02, P06 e C02

Fonte: Própria

Outra relação a ser destacada é a comparação dos índices salinos do P03 e C02, ambos

em frente a viveiro de camarão, com maior proximidade para o poço, o P02 (protegido pela

vala da salina), P05 (lado oposto), que também sofre influência direta da atividade de

produção de camarões em cativeiro e a lagoa L03 (Figura 5.13).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 1 2 3 4 5 6

Qu

oci

en

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e R

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uçã

o

Coletas

REDUÇÃO - SALINIDADE

L02

P02

P06

C02

RESULTADOS E DISCUSSÃO 71

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.13 - Gráfico da redução salina dos pontos C02, L03, P02, P03 e P05.

Fonte: Própria

O ponto de maior resistência salina dentre os apresentados, novamente é o P03, o que

justifica o alto índice salino ora encontrado. A cacimba C02 e o poço P05, mesmo com

índices de sais menores, tem resistência salina principalmente na terceira coleta. O P02, por

outro lado, inicia o processo de dessalinização a partir da terceira amostragem, com redução

de 85 %.

A lagoa (L03) apresentou comportamento praticamente constante das concentrações

de sais, o que pode estar relacionado com a constituição do solo argiloso (impermeável) entre

a lagoa e o viveiro, formando uma espécie de represa de água das dunas, que evita a

diminuição do nível da água, e gerando taxa de evaporação pequena. Mesmo estando próxima

aos viveiros (40 metros), a lagoa não é influenciada pela atividade porque é protegida pela

vala de drenagem da salina.

A Cacimba (C03), localizada próxima a viveiros (desativados em consequência dos

altos custos com energia em virtude da localização em dunas), apresentou percentual de

dessalinização da segunda para a quarta coleta de apenas 55%, o que prevê resistência

também nesse local. A avaliação da redução salina não foi realizada em virtude da

impossibilidade de coletar amostra na terceira coleta.

Ao longo do Rio Miassaba foram selecionados três pontos para avaliação do

comportamento salino. O Centro (R01), a captação da água para os viveiros (R02), e o Canto

(R03), conforme mostra a Figura 5.14.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 1 2 3 4 5 6

Qu

oci

en

te d

e R

ed

uçã

o

Coletas

REDUÇÃO - SALINIDADE

C02

P03

L03

P02

P05

RESULTADOS E DISCUSSÃO 72

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.14 - Imagem aérea dos pontos de coleta ao longo do Rio Miassaba

Fonte: GOOGLE EARTH, 2011.

Neste local observa-se um comportamento de estuário invertido, onde a salinidade

aumenta com o distanciamento do mar, o que, em condições estuarinas normais seria o

inverso, podendo estar relacionado à fatores naturais e antrópicos, como a evaporação

associada à direção dos ventos, a falta de aporte de água doce no rio e a descarga no rio de

resíduos com concentrações maiores de sais.

A Figura 5.15 mostra o comportamento salino desses pontos, com pouca variação nas

concentrações de sais, devido ao grande volume ali existente e a pouca influência de água

doce, inclusive das chuvas. Ressalta-se ainda que tal situação é de maior intensidade em

períodos de seca. Observou-se na quarta coleta inversão no crescimento salino (R1>R3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO 73

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.15 - Gráfico da comparação da salinidade (por coleta) nos pontos do Rio Miassaba.

Fonte: Própria

Quando comparado com a salinidade e condutividade dos viveiros, o ponto R02

sempre apresentou resultados menores, sendo associado à atividade interna do V01

(carcinicultura) e o controle da salinidade ao longo da reprodução.

A concentração de sais no S01variou entre 172,0 – 362,40 g/L (condutividade elétrica) e

62,5 – 262,5 g/L (salinidade).No viveiro constatou-se pouca variação nos quantitativos de

sais, podendo ser associado à constante reposição de água advindo da Captação (R02) e

controle interno da salinidade. Entretanto, atividades e fatores como a renovação do cultivo,

povoamento e precipitações podem reduzir esses teores.

Em síntese, tem-se que os locais de maiores concentrações salinas na região são,

respectivamente, o poço P03, a cacimba C02 e o poço P05, todos localizados nas

proximidades de viveiros de carcinicultura.

5.2.2 Potencial Hidrogeniônico (pH)

A Tabela 5.5mostra os resultados do potencial hidrogeniônico obtidos no período de

amostragem. A faixa de pH variou entre 6,25 e 9,54, com média global de 7,84 pH. A

variação no período chuvoso não foi tão representativo, visto que o pH médio nas três últimas

coletas foi igual à média global.

0 5

10 15 20 25 30 35 40 45 50

1a COLETA (SECO)

2a COLETA (SECO)

3a COLETA (SECO)

4a COLETA (CHUVOSO)

5a COLETA (CHUVOSO)

Salin

idad

e

Coletas

COMPARAÇÃO - SALINIDADE

R01

R02

R03

RESULTADOS E DISCUSSÃO 74

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 5.5 - Resultados de pH obtidos na pesquisa

Potencial Hidrogeniônico (unidade de pH)

Identificador

1ª Coleta

(Set/2007)

2ª Coleta

(Jan/2008)

3ª Coleta

(Out/2008)

4ª Coleta

(Mar/2009)

5ª Coleta

(Fev/2010)

(Período Seco) (período Chuvoso)

C01 9,05 7,13 8,43 8,47 -----

C02 8,36 7,13 8,84 8,90 8,26

C03 8,96 7,61 ----- 8,70 7,30

C04 ----- 6,67 6,67 7,77 6,25

L01 ----- 7,67 7,64 7,61 8,17

L02 9,54 6,92 8,67 7,04 8,52

L03 8,33 7,80 7,80 8,75 7,99

N01 ----- ----- ----- 8,11 7,89

P01 7,06 6,94 7,39 6,42 -----

P02 8,40 7,19 7,56 7,20 7,57

P03 8,40 8,19 7,75 8,62 8,14

P04 ----- 7,73 7,64 8,04 8,03

P05 8,00 7,70 7,57 8,01 8,20

P06 8,27 7,55 7,71 8,07 7,71

R01 8,21 7,97 8,00 7,69 8,07

R02 ----- 7,64 7,80 8,51 7,68

R03 7,97 7,28 7,49 7,51 7,44

S01 7,21 7,54 7,30 8,25 7,00

V01 8,37 8,03 ----- ----- 8,07

Fonte: Própria

Os pontos CO4, P01 e N01 apresentaram variações inferiores a 1,2 unidades de pH. O

CO4 e o P01registraram valores médios de 6,84 e 6,95 pH, enquanto que o N01, média de

8,00.Observa-se ainda leve diminuição dos valores na 4ª e 5ª coleta, provavelmente

decorrente das chuvas ocorridas no período da amostragem.

Os poços P04, P05 e P06 apresentaram valores médios com variação inferior a 0,5

unidades de pH. O P06 apresentou o menor valor unitário igual a 7,55, registrado na segunda

coleta, enquanto que o P06 o maior, registrado na primeira amostragem, igual a 8,27. Ao

contrário dos pontos “brancos”, observou-se aumento nas duas últimas coletas, quando

comparada com a terceira, início do período chuvoso (Tabela 5.3).

Os valores registrados nas lagoas L01, L02 e L03variaram de7,61 (L01) a 9,54 (L02). A

variação média foi de 0,14 pH ao longo da pesquisa, sendo que a L02 apresentou acréscimo

pontual de 2,5 pH.

As lagoas L01 e L03 apresentaram pouca variação, podendo, no caso da Lagoa L01,

estar associado à pouca influência das dunas, influência dos canais no mar e a alta taxa de

evaporação, enquanto que na Lagoa L03, a influência das dunas e a pequena área, resultando

em baixa evaporação, são os fatores predominantes para tal comportamento.

A Cacimba C02 apresentou resultados homogêneos, variando entre 7,13 a 8,90 pH, com

RESULTADOS E DISCUSSÃO 75

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

média em torno de 8,30. Considerando a maior influência dos viveiros neste ponto, os dados

estão próximos dos valores ideais ali encontrados para o melhor crescimento do camarão, que

deve ser entre 6 e 9. (BOYD& TUCKER, 1998).

A Cacimba C03 também sofre ligeira influência da atividade carcinicultora, em

proporções menores, visto que os viveiros próximos encontram-se desativados. Os dados

registrados variaram entre 7,30 e 8,96 pH, com média de 8,14.

O Ponto P02apresenta valores característicos da região, variando entre 7,19 e 8,20.

Observa-se média de 7,60 ao longo da amostragem. Isso pode estar associado à não influência

direta das atividades antrópicas citadas na pesquisa (carcinicultura, salinas).

No Rio Miassaba, os pontos R01 a R03 tiveram comportamento uniforme ao longo das

coletas, tendo o canto (R03) com menor valor médio (7,54) e Rio – Centro (R01) com o maior

valor (7,99). A variação média foi de 0,08 – 0,45 unidades de pH. Em todas as coletas o R03

apresentou os menores valores pontuais.

A uniformidade encontrada neste conjunto de pontos é decorrente da característica

natural do rio com grande volume de água, diluição considerada infinita em virtude do

volume de água externa (chuvas, descarga de efluentes) ser bem menor do que o volume

constante nele encontrado. Ressalta-se, no entanto, que não foi investigado índices de

contaminação lançados direto no rio, visto que não era o objetivo da presente pesquisa.

Os pontos P03, S01 e V01, locais de grandes concentrações salinas, apresentaram pH

médio de 7,46. Os maiores índices foram encontrados no P03, com média de 8,22 pH.

Comparando os resultados encontrados nos pontos P03 e V01 observa-se

homogeneidade, o que pode estar associado à grande influência sofrida no poço pelo viveiro.

Verificou-se ainda aumento em torno de 5% no V01 em relação aos valores

registrados no R03, podendo relacionar-se com o “efeito tampão” (manter o pH constante ou

pouco variável no viveiro) que muitas vezes ocorre nos viveiros visando melhor qualidade no

crescimento da espécie cultivada e evitar efeitos adversos no cultivo.

A Figura 5.16 mostra os valores médios de pH registrados ao longo das cinco coletas

no município.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 76

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.16 - Gráfico das médias de pH – Guamaré/RN.

Fonte: Própria

Baseando os dados obtidos com a CONAMA 357 (BRASIL, 2005), que prevê faixa

permissível para água doce entre 6,0 a 9,0 e 6,5 a 8,5 para águas salinas e salobras, considera-

se os índices de pH na região dentro dos padrões pré-estabelecidos.

5.2.3 Dureza Total, Cálcio e Magnésio

As Tabelas 5.6 a 5.8 apresentam as concentrações de Dureza Total (Dur), Cálcio

(Ca++

) e Magnésio (Mg++

) registradas na pesquisa.

Conforme discutido anteriormente, a dureza total é predominantemente a somatória

dos níveis de cálcio e magnésio (CaCO3). Vale ressaltar que as concentrações unitárias

apresentadas para cálcio e magnésio estão expressos em g/L do cátion (g/L Ca++

ou g/L

Mg++

).

O cálcio, na maioria dos casos, especialmente em águas doces e salobras, tem maior

contribuição na dureza total. Boyd (1998) afirma que em águas doces a relação Ca++

/Mg++

é

de aproximadamente quatro vezes, enquanto que na água do mar essa relação é invertida, com

o magnésio sendo aproximadamente 3,5 vezes o valor do cálcio. Na pesquisa em apreço, foi

diagnosticado predominância de magnésio quando comparado ao cálcio, o que pode estar

associado às características naturais da região.

Os pontos “brancos” apresentaram os menores valores médios dentre o universo

pesquisado. O C04 foi o de menor concentração de dureza, cálcio e magnésio, com índices de

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

C0

1

C0

2

C0

3

C0

4

L01

L02

L03

N0

1

P0

1

P0

2

P0

3

P0

4

P0

5

P0

6

R0

1

R0

2

R0

3

S01

V0

1

Esca

la -

6,0

- 9

,0 p

H

VALOR MÉDIO - pH

RESULTADOS E DISCUSSÃO 77

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

0,02 g/L CaCO3, 0,01 g/L Ca++

e 0,00 g/L Mg++

, respectivamente. Sendo que os menores

resultados pontuais foram registrados na 3ª coleta (início do período chuvoso) e os maiores na

1ª coleta (período de seca).

TABELA 5.6 - Resultados de Dureza Total obtidos na pesquisa

Dureza Total (g/l CaCO3)

Identificador

2ª Coleta

(Jan/2008)

3ª Coleta

(Out/2008)

5ª Coleta

(Fev/2010)

Período Seco Período Chuvoso

C01 6,97 2,56 -----

C02 2,99 2,37 0,28

C03 2,99 ----- 0,60

C04 0,09 0,02 0,03

L01 49,18 59,76 10,08

L02 3,86 1,37 0,78

L03 0,90 0,46 0,56

N01 ----- ----- 0,49

P01 0,03 0,27 -----

P02 3,61 0,65 0,53

P03 13,70 21,54 0,25

P04 0,96 0,20 0,26

P05 1,74 0,92 0,38

P06 1,00 0,24 0,25

R01 8,59 9,96 9,45

R02 9,96 9,96 8,88

R03 10,46 8,22 9,55

S01 159,98 82,79 187,11

V01 13,94 ----- 15,56

Fonte: Própria

TABELA 5.7 - Resultados de Cálcio obtidos na pesquisa

Cálcio (g/l Ca++

)

Identificador

2ª Coleta

(Jan/2008)

3ª Coleta

(Out/2008)

5ª Coleta

(Fev/2010)

Período Seco Período Chuvoso

C01 0,81 0,29 -----

C02 0,41 0,15 0,03

C03 0,36 ----- 0,06

C04 0,02 0,01 0,01

L01 4,06 8,16 1,69

L02 0,36 0,20 0,11

L03 0,19 0,09 0,09

N01 ----- ----- 0,11

P01 0,01 0,03 -----

P02 0,61 0,09 0,10

P03 0,91 2,38 0,03

P04 0,23 0,07 0,08

P05 0,44 0,20 0,01

P06 0,22 0,07 0,01

R01 0,76 0,66 0,73

R02 0,66 0,66 0,85

R03 0,66 0,49 0,69

S01 1,02 0,51 2,06

V01 0,86 ----- 0,85

RESULTADOS E DISCUSSÃO 78

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Fonte: Própria

TABELA 5.8 - Resultados de Magnésio obtidos na pesquisa

Magnésio (g/l Mg++

)

Identificador

2ª Coleta

(Jan/2008)

3ª Coleta

(Out/2008)

5ª Coleta

(Fev/2010)

Período Seco Período Chuvoso

C01 1,20 0,45 -----

C02 0,48 0,48 0,05

C03 0,51 ----- 0,11

C04 0,01 0,00 0,00

L01 9,45 9,58 1,43

L02 0,72 0,21 0,13

L03 0,10 0,06 0,08

N01 ----- ----- 0,05

P01 0,01 0,05 -----

P02 0,51 0,06 0,07

P03 2,76 3,78 0,04

P04 0,10 0,01 0,02

P05 0,16 0,11 0,08

P06 0,11 0,02 0,05

R01 1,62 2,01 1,85

R02 2,01 2,01 1,64

R03 2,13 1,69 1,89

S01 37,96 19,65 43,88

V01 2,85 ----- 3,25

Fonte: Própria

As Tabelas 5.9 a 5.11 mostram os índices de redução de dureza total, cálcio,

magnésio, obtidos pela relação do valor unitário obtido em cada coleta (Tabelas 5.6 a 5.8)

dividido pelo maior valor registrado no universo de dados de cada ponto. A exemplo da

salinidade e condutividade elétrica, as maiores concentrações foram observadas na segunda

coleta, realizada em janeiro de 2008, caracterizada por longo período de ausência

pluviométrica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 79

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 5.9 - Redução da Dureza Total ao longo do período de monitoramento

Identificador

C01 1,00 0,37 -----

C02 1,00 0,79 0,09

C03 1,00 ----- 0,20

C04 1,00 0,22 0,33

L01 0,82 1,00 0,17

L02 1,00 0,35 0,20

L03 1,00 0,51 0,62

N01 ----- ----- 1,00

P01 0,11 1,00 -----

P02 1,00 0,18 0,15

P03 0,64 1,00 0,01

P04 1,00 0,21 0,27

P05 1,00 0,53 0,22

P06 1,00 0,24 0,25

R01 0,86 1,00 0,95

R02 1,00 1,00 0,89

R03 1,00 0,79 0,91

S01 1,00 0,52 1,17

V01 0,90 ----- 1,00

Fonte: Própria

TABELA 5.10 - Redução de Cálcio ao longo do período de monitoramento

Identificador

C01 1,00 0,36 ----- C02 1,00 0,37 0,07 C03 1,00 ----- 0,17 C04 1,00 0,50 0,50 L01 0,50 1,00 0,42 L02 1,00 0,56 0,31 L03 1,00 0,47 0,47 N01 ----- ----- 1,00 P01 0,33 1,00 ----- P02 1,00 0,15 0,16 P03 0,38 1,00 0,03 P04 1,00 0,30 0,35 P05 1,00 0,45 0,02 P06 1,00 0,32 0,05 R01 1,00 0,87 0,96 R02 1,00 1,00 1,29 R03 1,00 0,74 1,05 S01 0,50 0,25 1,00 V01 1,00 ----- 0,99

Fonte: Própria

RESULTADOS E DISCUSSÃO 80

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 5.11 - Redução de Magnésio ao longo do período de monitoramento

Identificador

C01 1,00 0,38 ----- C02 1,00 1,00 0,10 C03 1,00 ----- 0,22 C04 1,00 0,00 0,00 L01 0,99 1,00 0,15 L02 1,00 0,29 0,18 L03 1,00 0,60 0,80 N01 ----- ----- 1,00 P01 0,20 1,00 ----- P02 1,00 0,12 0,14 P03 0,73 1,00 0,01 P04 1,00 0,10 0,20 P05 1,00 0,69 0,50 P06 1,00 0,18 0,45 R01 0,81 1,00 0,92 R02 1,00 1,00 0,82 R03 1,00 0,79 0,89 S01 0,87 0,45 1,00 V01 0,88 ----- 1,14

Fonte: Própria

A segunda coleta registrou os maiores índices dos parâmetros ora discutidos para os

poços P04, P05 e P06, sendo que as duas últimas coletas (4ª e 5ª) foram seguidas de períodos

chuvosos, o que pode ter gerado concentração de água doce no solo e redução das

concentrações encontradas.

O poço P05 apresentou as maiores concentrações de dureza total, cálcio e magnésio,

com exceção da última coleta onde o valor obtido para magnésio apresentou-se em maior

concentração no P04. Tal informação pode ser relacionada com a proximidade deste ponto

com os viveiros de carcinicultura. Na terceira coleta, período de início do processo de

dessalinização em decorrência das chuvas, a redução foi de 47 % da dureza total, 54 % do

cálcio e 33 % do magnésio, o que reflete os impactos decorrentes da atividade antrópica.

No poço P04, devido à menor influência salina que o P05, por estar próximo a viveiros

desativados, as concentrações dos sais foram menores, com valores mínimos e máximos de

0,20 e0,96 g/L (Dureza), 0,07 e 0,23 g/L (Cálcio) e 0,01 e 0,10 g/L (magnésio). A redução

salina no início da precipitação pluviométrica foi de 79%, 69 % e 90 % para dureza, cálcio e

magnésio, respectivamente, comprovando não haver nesse ponto resistência salina.

O ponto P06, a exemplo do P04, não apresenta resistência salina, conforme

RESULTADOS E DISCUSSÃO 81

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

comprovam os resultados registrados na terceira coleta (Tabelas 5.6 a 5.8). Isso se dá pelo

fato desse poço estar distanciado da região dos viveiros, sofrendo influência apenas da água

do mar, que apresenta concentrações menores de dureza, cálcio, magnésio. Os percentuais de

redução foram 76 %, 68 % e 84 %.

As Figuras 5.17 a 5.19 mostram o comportamento desses pontos quanto à redução

salina para dureza, cálcio e magnésio, com características semelhantes às encontradas na

condutividade elétrica e salinidade.

FIGURA 5.17 - Gráfico da redução da dureza dos pontos P04 a P06.

Fonte: Própria

FIGURA 5.18 - Gráfico da redução de cálcio dos pontos P04 a P06

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Coletas

REDUÇÃO - DUREZA TOTAL

P04

P05

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0,4

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1

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Coletas

REDUÇÃO - CÁLCIO

P04

P05

P06

RESULTADOS E DISCUSSÃO 82

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Fonte: Própria

FIGURA 5.19 - Gráfico da redução de magnésio dos pontos P04 a P06.

Fonte: Própria

A lagoa L01 apresentou os maiores resultados dos parâmetros em discussão. Os

fatores que justificam tal assertiva são os mesmos apresentados no item 5.2.1 (condutividade

elétrica e salinidade). Os maiores dados de dureza e cálcio foram registrados na 3ª coleta,

enquanto que na 2ª coleta o magnésio apresentou valor superior ao cálcio. As menores

concentrações foram observadas na 5ª coleta, provavelmente ocasionado pela ocorrência de

chuvas na região em período próximo à coleta. A redução foi de 82% (Dur), 92% (Ca++

) e

85% (Mg++

).

O ponto L02, pelo fato de receber água drenada da C01, causa diminuição no nível de

água na cacimba. Devido à alta evaporação, em períodos de ausência de chuvas, os sais

concentram-se em maior intensidade. Além disso, a lagoa também sofre influência das dunas,

com a incidência de água doce e, consequentemente, redução nas concentrações de dureza,

cálcio e magnésio, com percentuais globais de 70 %, 80 % e 83 %.

A lagoa L03 apresentou ao longo do estudo as menores concentrações, maior

uniformidade nos valores unitários e menores reduções, variando entre 20 a 50%. A baixa

evaporação devido à pequena área, a constituição do solo e a influência de água doce das

dunas são fatores influenciadores nos resultados ora apresentados.

Ao longo da pesquisa as maiores e menores concentrações observadas nos pontos C02,

C03 e P02 foram registradas na 2ª e 5ª coletas, respectivamente. A cacimba C02 apresentou

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Coletas

REDUÇÃO - MAGNÉSIO

P04

P05

P06

RESULTADOS E DISCUSSÃO 83

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

maior resistência, com redução na terceira coleta de 21%, enquanto que o P02, em virtude da

proteção da vala salina tem recuperação de 81 %.

Os menores valores unitários no universo em apreço para dureza, cálcio e magnésio

foram encontrados no P02. A redução global foi de aproximadamente 90% para todos os

parâmetros em relação ao período de maior concentração, decorrentes das chuvas ocorridas na

região.

Na Cacimba C03 observou-se também redução dos índices variando entre 80 a 84%,

ocorridos na última amostragem. Destaca-se a influência da chuva como fator de maior

predominância, seguido da desativação dos viveiros próximos ao ponto. Em virtude da

impossibilidade de coleta na terceira amostragem, não é possível prever o percentual de

redução salina nesse ponto.

A comparação entre os pontos C02, P03 e P05, identificados anteriormente como

altamente impactados pela ação da atividade carcinicultora, são mostrados nas Figuras 5.20 a

5.22.

O P03 apresentou maiores concentrações de dureza, cálcio e magnésio, com

resistência salina na terceira coleta (identificado como 02 no eixo horizontal). A relação dos

íons foi em média duas vezes magnésio/cálcio nos pontos C02 e P03, enquanto que no P05 foi

o inverso, com o cálcio sendo três vezes o valor do magnésio.

FIGURA 5.20 - Gráfico da resistência da dureza total dos pontos C02, P03 e P05.

Fonte: Própria

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Coletas

REDUÇÃO - DUREZA TOTAL

C02

P03

P05

RESULTADOS E DISCUSSÃO 84

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.21 - Gráfico da resistência de cálcio dos pontos C02, P03 e P05.

Fonte: Própria

FIGURA 5.22 - Gráfico da resistência de magnésio dos pontos C02, P03 e P05.

Fonte: Própria

As Figuras 5.23 a 5.25 mostra a comparação de resistência dos pontos C02, P02, P05,

L03, com o P03, local de grande resistência salina. Constata-se que a lagoa apresenta menor

resistência salina, seguida do P02, P05 e C02.

Os fatores que justificam tal gradiente são os mesmos apresentados anteriormente para

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Coletas

REDUÇÃO - CÁLCIO

C02

P03

P05

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Coletas

REDUÇÃO - MAGNÉSIO

C02

P03

P05

RESULTADOS E DISCUSSÃO 85

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

condutividade elétrica e salinidade.

FIGURA 5.23 - Comparação da resistência de dureza do P03 com C02, P02, P05 e L03.

Fonte: Própria

FIGURA 5.24 - Comparação da resistência de cálcio do P03 com C02, P02, P05 e L03.

Fonte: Própria

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Coletas

RELAÇÃO - DUREZA TOTAL

P03/C02

P03/P02

P03/P05

P03/L03

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Coletas

RELAÇÃO - CÁLCIO

P03/C02

P03/P02

P03/P05

P03/L03

RESULTADOS E DISCUSSÃO 86

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.25 - Comparação da resistência de magnésio do P03 com C02, P02, P05 e L03.

Fonte: Própria

Os pontos amostrados no Rio Miassaba, a saber, R01 a R03apresentou grande

homogeneidade nos resultados encontrados, o que é justificável pela pouca interferência

externa sofrida no rio, considerando o alto volume de água ali encontrado e a pouca influência

de água doce, tornando a diluição “infinita”. Os percentuais de redução registrados no período

avaliativo foram menores que 40%, sendo 10 – 20% para dureza, 13 – 30% para cálcio e 18 –

20% para magnésio.

O R03 apresentou os maiores valores individuais para dureza e magnésio, registrados

na 2ª coleta, enquanto que a Captação (R02) registrou na 5ª coleta o maior valor para cálcio.

Os menores valores também foram observados no R03 (dureza, cálcio) e R02

(magnésio).Vale ressaltar a formação de estuário invertido no rio, com crescimento dos

parâmetros no sentido R01 a R03, onde o primeiro ponto encontra-se mais próximo do mar.

Na comparação dos pontos P03, S01 e V01, observa-se os maiores valores de dureza e

magnésio no ponto S01, enquanto que o P03 o maior valor para cálcio. Os menores resultados

foram registrados pelo poço (P03), na 5ª coleta. Os índices de magnésio foram superiores ao

cálcio nos três pontos.

O poço P02 apresentou na 2ª coleta concentrações similares aos encontrados no

viveiro, ocasionado pela evaporação ocorrida e maior concentração de sais. No entanto, após

períodos chuvosos esse índice reduziu acentuadamente, apresentando teores encontrados em

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Coletas

RELAÇÃO - MAGNÉSIO

P03/C02

P03/P02

P03/P05

P03/L03

RESULTADOS E DISCUSSÃO 87

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

águas doces. A redução registrada foi de 98% nos três parâmetros, o que comprova a

influência pluviométrica.

Constatou-se ainda crescimento nos valores encontrados noV01em relação ao ponto de

captação de água (R02) para a atividade de cultivo de camarão, com percentuais na ordem de

75% (Dur), 31% (Ca++

) e 98% (Mg++).

O viveiro apresentou baixa variação ao longo das amostragens, o que está associado ao

controle interno de sais e a renovação constante da água.

5.2.4 Cloretos (Cl-)

As Tabelas 5.12 e 5.13 mostram as concentrações de cloreto, parâmetro químico

indicador de concentração salino na água, encontradas na região, bem como os índices de

redução de sais ao longo do monitoramento.

A legislação nacional adotada como referência nessa pesquisa (CONAMA 357/2005)

prevê limites máximos de 250 mg/L do íon para água doce, em suas diversas classes. Valores

maiores podem ocasionar inúmeros problemas, desde gosto e sabor na água até salinização de

solo, corrosão de tubulações hidráulicas, dentre outros.

TABELA 5.12 - Resultados de Cloretos obtidos na pesquisa

Cloretos (g/L Cl-)

Identificador 1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 5ª Coleta

(Período Seco) (Período Chuvoso)

C01 16,12 16,76 11,45 -----

C02 6,50 7,04 6,40 0,13

C03 2,83 6,21 ----- 0,38

C04 ----- 0,04 0,02 0,03

L01 ----- 93,12 25,79 17,23

L02 5,61 9,83 3,07 1,35

L03 1,51 1,08 0,63 0,65

N01 ----- ----- ----- 0,64

P01 0,06 0,02 0,27 -----

P02 6,66 7,76 1,19 0,42

P03 28,08 38,28 47,46 0,37

P04 ----- 2,02 0,25 0,03

P05 3,35 3,60 2,48 0,35

P06 1,44 2,22 0,31 0,04

R01 21,05 24,57 30,43 24,78

R02 ----- 27,42 28,37 20,59

R03 27,76 29,49 26,82 22,73

S01 57,33 214,18 130,25 183,03

V01 28,31 38,28 ----- 37,73

Fonte: Própria

RESULTADOS E DISCUSSÃO 88

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 5.13 - Redução de cloretos ao longo do período de monitoramento

Quociente da Redução – Cloretos

Identificador

C01 0,96 1,00 0,68 -----

C02 0,92 1,00 0,91 0,02

C03 0,46 1,00 ----- 0,06

C04 ----- 1,00 0,50 0,75

L01 ----- 1,00 0,28 0,19

L02 0,57 1,00 0,31 0,14

L03 1,00 0,72 0,58 0,60

N01 ----- ----- ----- -----

P01 1,00 0,33 13,50 -----

P02 0,86 1,00 0,15 0,05

P03 0,59 0,81 1,24 0,01

P04 ----- 1,00 0,12 0,01

P05 0,93 1,00 0,69 0,10

P06 0,65 1,00 0,14 0,02

R01 0,69 0,81 1,00 0,81

R02 ----- 0,97 1,00 0,73

R03 0,94 1,00 0,91 0,77

S01 0,27 1,00 0,61 0,85

V01 0,74 1,00 ----- 0,99

Fonte: Própria

Comparando as concentrações encontradas nos pontos “brancos”, a Cacimba CO4

apresentou o menor valor, igual a 0,02 g/L Cl- registrado na 3ª coleta, enquanto que a nascente

N01 apresentou o maior. Os índices obtidos no ponto N01são decorrentes de interferência

externa não existente na água, visto que os dados de salinidade e condutividade registrados na

4ª coleta foram aproximadamente cinco vezes menores que os da quinta. Esse acréscimo

salino é ocasionado pela “lavagem” das dunas em períodos chuvosos, arrastando os sais

depositados na superfície para essa nascente.

No poço P01registrou-se aumento na 4ª coleta. Ressalta-se que esse ponto já estava

nessa ocasião em fase de desativação e sem manutenção, o que pode ter gerado acúmulo de

contaminantes externos, concentração de sais pela falta de renovação da água.

Os pontos P04, P05 e P06 apresentou índices de cloretos variando entre 0,03 g/L (P04)

e 3,60 g/L (P05). O poço P05, em virtude da maior proximidade dos viveiros, apresentou os

maiores valores ao longo da pesquisa, com média nas três primeiras coletas em torno de

3,14g/L. A 5ª coleta, após período chuvoso, registrou diminuição de aproximadamente 90%

do valor médio das primeiras amostragens.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 89

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

As concentrações registradas no P04 foram bem menores, o que está associado à

proximidade de viveiros fora de atividade e, ao nível do lençol que possibilita maior

infiltração da água da chuva, fator que provocou a redução de cloretos na ordem de 98% e

tornando a água desse poço com características similares às encontradas nos pontos

“brancos”.

O poço P06 sofre maior influência da água quando comparado com os viveiros e

salina, visto estar a uma menor distância (aproximadamente 40 metros (P06 – maré)). A

incidência de chuvas ocasionou na recuperação da fonte de água, com menor índice em torno

de 0,04g/L Cl- e redução global de 98%.

A Figura 5.26apresenta comparação da redução salina entre os pontos P04 a P06. Na

terceira coleta (início do período chuvoso), enquanto os poços P04 e P06 registram redução

de aproximadamente 87 %, o P05, apenas 33 %.

A confirmação dessa resistência é visualizada na relação (por coleta) do P05 com os

demais poços (Figura 5.27). Nas duas primeiras coletas, caracterizadas pela ausência de

chuvas, a relação (P05/P04, P05/P06) varia de 1,5 a 2,5 vezes. Na terceira, esse intervalo

aumenta para 8 – 10 vezes.

FIGURA 5.26 - Gráfico da resistência - cloretos dos pontos P04 a P06

Fonte: Própria

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REDUÇÃO - CLORETOS

P04

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RESULTADOS E DISCUSSÃO 90

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 5.27 - Gráfico da Comparação da resistência de cloretos do P05 com P04 e P06.

Fonte: Própria

A Cacimba CO1 ao longo da amostragem apresentou valores de cloretos maiores que

a Lagoa L02, variando entre 1,7 a 3,7 vezes a relação cacimba/lagoa. Em ambos os pontos os

maiores valores unitários registrados ocorreram na 2ª coleta, sendo 17,76 g/L e 9,83 g/L.

Como já discutido anteriormente, a lagoa recebe água da cacimba mas sofre influência

das dunas, o que reduz os índices de cloretos, enquanto que o CO1 reduz seu nível de água,

perde também água por evaporação e, consequentemente, aumenta os níveis de sais.

Os altos índices encontrados na lagoa L01 são associados ao baixo nível do lençol

ocasionado pelas escavações e retirada de areia para construção, evaporação natural que

concentra os níveis de sais e a influência da maré. A única forma de redução dos sais de

cloretos aqui é através de fatores climáticos (chuva), que, na 5ª coleta, reduziu o equivalente a

81% em relação ao maior valor global, registrado na 3ª coleta.

A lagoa L03 demonstra uniformidade numérica ao longo da pesquisa. Os fatores

associados à essa particularidade são a influência das dunas, localização (evita contato com os

viveiros e salina), baixa redução no nível da água, ocasionado pela constituição do solo

argiloso (impermeável) e a pequena taxa de evaporação em virtude da área da lagoa.

A comparação dos resultados de cloretos dos pontos C02, P02 e P03 é mostrada na

Figura 5.28. O P03, seguido pela Cacimba C02, pela influência dos viveiros de camarão,

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Coletas

RELAÇÃO - CLORETOS

P05/P04

P05/P06

RESULTADOS E DISCUSSÃO 91

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

apresentam processo de redução salina apenas na quarta coleta, confirmando a ação dos

impactos causados pela atividade. O poço registrou acréscimo de 23% na terceira coleta

enquanto na cacimba a redução foi inferior a 10%.

FIGURA 5.28 - Gráfico da redução de cloretos dos pontos C02, P02 e P03.

Fonte: Própria

O P02, em virtude da proteção da vala de drenagem da salina, não altera o processo de

dessalinização, com redução de 85% no início do período chuvoso ocorrido em março/2008.

A comparação dos pontos acima com o poço P05 é mostrada na Figura 5.29. A

sequência de resistência, tal como na salinidade, segue o fluxo P03 C02 P05 P02,

confirmando a influência dos impactos ocasionados pela atividade carcinicultora.

FIGURA 5.29 - Gráfico da redução de cloretos dos pontos C02, P02, P03 e P05.

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Coletas

REDUÇÃO - CLORETOS

C02

P02

P03

RESULTADOS E DISCUSSÃO 92

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Fonte: Própria

A Figura 5.30 mostra a relação do ponto de maior impacto com a cacimba C02 e os

poços P03, ambos também impactados, e o P02 (pouca resistência salina na terceira coleta).

Observa-se que a direção segue a mesma ordem apresentada na figura anterior, com o P03 >

C02 > P05.

FIGURA 5.30 - Comparação da resistência de cloretos do P03 com C02, P02 e P05.

Fonte: Própria

A avaliação realizada no Rio Miassaba, através dos pontos R01, R02 e R03 constatou

um comportamento de estuário invertido, com concentrações no R03 ao longo do período

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Coletas

REDUÇÃO - CLORETOS

C02

P02

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Coletas

RELAÇÃO - CLORETOS

P03/C02

P03/P02

P03/P05

RESULTADOS E DISCUSSÃO 93

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

amostrado. A comparação do R02 com o viveiro apresentou comportamento similar com as

considerações dissertadas para condutividade elétrica e salinidade.

No período chuvoso a redução entre os pontos variou de 17 a 27 %, o que está

associado à pouca influência pluviométrica no local – em virtude da relação água doce/água

salina ser muito pequena, considerada infinita. Destaca-se também a elevada taxa de

evaporação, falta de ligação com outras fontes de água doce na região (dunas, por exemplo), e

fatores naturais (vento, solo) que podem ocasionar no aumento dos níveis de sais na água.

Os pontos V01 e S01 apresentaram valores médios e redução global de 25,21g/L,

25,46 g/L, 31% e 27%, respectivamente. No viveiro esse fato está associado à necessidade de

controle de sais no cultivo, visando crescimento sem prejuízo do camarão.

Registrou-se ainda aumento de 26% nos dados globais de cloretos do viveiro

comparados com o ponto de captação da água para a carcinicultura, ocorrência associada aos

impactos gerados pela atividade.

CONCLUSÃO 93

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

6 CONCLUSÕES

Através das análises potenciométricas de condutividade elétrica e salinidade foi

possível concluir que o ambiente estudado encontra-se comprometido, com altos

teores de sais, ocasionado pela atividade carcinicultora, visto que mesmo com a

existência de salina na região em períodos anteriores, a vegetação e a água eram

utilizados normalmente para os diversos fins domésticos em geral. Vale ressaltar que a

região externa próxima à salina encontra-se protegida por meio de uma vala de

drenagem. Destaca-se ainda os poços P03, P05 e a cacimba C02 como os pontos de

maiores concentrações salinas e resistência à redução nos períodos chuvosos.

A análise titrimétrica de cloretos apresentou resultados semelhantes aos índices de

condutividade e salinidade, visto que esse íon tem maior predominância salina.

Em períodos de estiagem pluviométrica observou-se aumento dos índices salinos

ocasionado pela alta taxa de evaporação na região. Alguns pontos monitorados

apresentam maior resistência na redução dos sais. No entanto, em períodos de maior

constância de chuvas, praticamente todos os pontos apresentaram diminuição desses

índices, chegando a 98% de redução em alguns casos, o que comprova o alto poder de

recuperação da região.

No Rio Miassaba observou-se um comportamento de estuário invertido, com os

pontos de maior proximidade do mar apresentando índices salinos inferiores aos mais

distanciados, podendo ser ocasionado, em parte, pela descarga de resíduos gerados

pela atividade de carcinicultura no rio.

6.1 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS

Instalar estação para acompanhamento pluviométrico na região, visando traçar

paralelos dos índices salinos ao longo do ano.

Realizar estudo do solo, traçando um paralelo com os dados registrados na água.

CONCLUSÃO 94

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Projetar em caráter experimental uma vala de drenagem na região dos viveiros para

pesquisar a ocorrência de redução salina.

Estudar as interferências existentes no Rio Miassaba que contribuem para a formação

do estuário invertido.

REFERÊNCIAS 95

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

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