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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA GILVERLANDIA LEITE DOS SANTOS OLIVEIRA SUCESSO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PERSPECTIVAS DAS FAMÍLIAS EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL CARAÚBAS/RN 2017.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

GILVERLANDIA LEITE DOS SANTOS OLIVEIRA

SUCESSO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PERSPECTIVAS DAS

FAMÍLIAS EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL

CARAÚBAS/RN

2017.2

GILVERLANDIA LEITE DOS SANTOS OLIVEIRA

SUCESSO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PERSPECTIVAS DAS

FAMÍLIAS EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL

Artigo apresentado ao curso de Pedagogia a

Distância do Centro de Educação da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como requisito

parcial para obtenção do Grau de Licenciatura em

Pedagogia.

Orientadora: Profª. Drª. Jacyene Melo de Oliveira

Araújo.

CARAÚBAS/RN

2017.2

SUCESSO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PERSPECTIVAS DAS FAMÍLIAS

EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL

Por

GILVERLANDIA LEITE DOS SANTOS OLIVEIRA

Artigo apresentado ao curso de Pedagogia a

Distância do Centro de Educação da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como requisito

parcial para obtenção do Grau de Licenciatura em

Pedagogia.

Orientadora: Profª. Drª. Jacyene Melo de Oliveira

Araújo.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Jacyene Melo de Oliveira Araújo (Orientadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prof.ª Dr.ª Giane Bezerra Vieira (Examinadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prof.ª Msc.ª Ivone Priscilla de Castro Ramalho(Examinadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

SUCESSO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PERSPECTIVAS DAS

FAMÍLIAS EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL

OLIVEIRA, Gilverlandia Leite dos Santos

RESUMO O objetivo desse artigo é relatar perspectivas de sucesso escolar na educação infantil das famílias em situações de vulnerabilidade social, como também analisar os fatores motivacionais dos pais com os filhos em relação à educação de seus filhos. Realizou-se através de uma pesquisa de cunho qualitativo e exploratório na qual combinou a revisão bibliográfica com a pesquisa de campo, na qual também entrevistou duas mães de crianças da Creche Sonho de criança com faixa etária de 4 e 5 anos de idade, que se encontram em situação de vulnerabilidade social. A pesquisa contou também com a análise da situação de vida da própria pesquisadora, tendo em vista que a mesma teve uma história de vida inserida em um contexto social de vulnerabilidade, e sua perspectiva em relação ao sucesso escolar dos seus filhos. Os dados coletados foram analisados/interpretados com base na abordagem qualitativa considerando os fatores motivacionais (família, professores e escola). Constatou-se que assim como a pesquisadora, nos dois casos as famílias se encontram em situação de vulnerabilidade social e as suas perspectivas em relação ao sucesso escolar dos filhos são as mesmas, ambas com o mesmo objetivo: em acompanhar a vida escolar dos mesmos para que assim eles alcancem o sucesso através da educação. PALAVRAS-CHAVE: Família; Vulnerabilidade Social; Educação Infantil; Sucesso Escolar.

RESUMEN El objetivo de este artículo es relatar perspectivas de éxito escolar en la educación infantil de las familias en situaciones de vulnerabilidad social, así como analizar los factores motivacionales de los padres con los hijos en relación a la educación de sus hijos. Se realizó a través de una investigación de cuñcualitativo y exploratorio en la que combinó la revisión bibliográfica con la investigación de campo, en la cutambién entrevistó a dos madres de niños de la Guardería de Sueño de niño con edades de 4 y 5 años de edad, que se encuentra en situación de vulnerabilidad social. La investigación contó también con el análisis de la situación de vida de la propia investigadora, teniendo en vista que la misma tuvo una historia de vida inserta en un contexto social de vulnerabilidad, y su perspectiva en relación al éxito escolar de sus hijos. Los datos recolectados fueron analizados / interpretados con base en el abordaje cualitativo considerando los factores motivacionales (familia, profesores y escuela). Se constató que así como la investigadora, en los dos casos las familias se encuentran en situación de vulnerabilidad social y sus perspectivas en relación al éxito escolar de los hijos son las mismas, ambas con el mismo objetivo: en acompañar la vida escolar de los mismos para que así ellos alcancen el éxito a través de la educación. PALABRAS CLAVE: Familia; Vulnerabilidad Social; Educación Infantil; Éxito Escolar.

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1. INTRODUÇÃO

Esse artigo tem como temática sucesso escolar na educação infantil:

perspectivas das famílias em situações de vulnerabilidade social, tendo como

objetivo, relatar perspectivas de sucesso escolar na educação infantil das

famílias em situações de vulnerabilidade social, como também analisar os

fatores motivacionais dos pais com os filhos em relação a sua educação.

Por meio dessa pesquisa de campo de caráter exploratório, podemos

perceber como as famílias de meios populares, conseguem ter uma

perspectiva de vida melhor para seus filhos. Diante disso, surge a questão

norteadora do nosso trabalho: Como as famílias que vivem em situação de

vulnerabilidade social têm perspectivas de sucesso escolar de seus filhos na

educação infantil? Levando em consideração que não existe fracasso escolar e

sim, existem pessoas em situação de vulnerabilidade, como: família de baixa

renda, o baixo nível de escolaridade da família e por morarem em bairro

periférico. A população da pesquisa foram 2 (duas) famílias (pai e mãe ou

responsáveis) de crianças da educação infantil na Creche Sonho de Criança

(CAIC) Apodi/RN, que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Foi

utilizada como metodologia a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo de

cunho exploratório com base na abordagem qualitativa, através de entrevistas

com pais/ responsáveis, dando vez às falas dos investigados nesse estudo.

A pesquisa justifica-se em função da minha própria experiência de

docente (pedagoga) por ter convivido com alunos em situações de

vulnerabilidade social e de extrema pobreza, que me fizeram refletir sobre o

tema pesquisado e procurar entender como as famílias de meios populares,

conseguem ter uma perspectiva de vida melhor para seus filhos. Parte também

da minha própria experiência, por ser mãe, estive inserida em um contexto

social de vulnerabilidade, filha de agricultores e ter passado minha educação

infantil marcada por extrema pobreza. Outro fator motivacional é a minha

própria perspectiva de vida em relação aos estudos dos meus filhos, assim

como fui incentivada pela minha família, docentes e amigos, também pude

fazer o mesmo pela educação dos meus filhos.

O artigo foi organizado enfatizando os seguintes aspectos:

Vulnerabilidade social: algumas considerações; família em situação de

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vulnerabilidade social; família e escola; a importância da família no

desempenho escolar; perspectivas de sucesso escolar; relatos de famílias em

situação de vulnerabilidade social na educação infantil; relatos de minha vida e

minhas perspectivas em relação à educação de meus filhos.

2. VULNERABILIDADE SOCIAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A situação de vulnerabilidade social no Brasil nas últimas décadas tem

sido um problema muito preocupante. A injustiça na má distribuição de renda

tem acarretado elevados níveis de pobreza, causando miséria e exclusão

social na maioria das famílias. Vale salientar, que existem vários fatores e

características que marcam o estado de vulnerabilidade social, como podemos

citar: as condições precárias de moradia e saneamento básico, o desemprego

fazendo com que essas pessoas se sintam inferiores dependendo de terceiros

para garantir a sua sobrevivência. Quando falamos sobre a classe menos

favorecida camadas populares “pobres”, percebemos que é uma realidade que

está dentro no nosso contexto social, uma situação que se faz presente no

nosso dia-a-dia, e que fingimos não perceber, que por vez é muito

descriminado e marginalizado pela sociedade capitalista.

Sendo assim, podemos nos aprofundar nas discussões de Bernard

Charlot (2000; 2001; 2013), quando fala das relações com o saber de sujeitos

de classes populares. Em sua afirmação sobre “camadas populares” podemos

entender que:

Categorias sociais populares, para designar e definir essas famílias ditas “populares” e “desfavorecidas”. Considera aqui, como “populares” aquelas famílias que ocupam uma “posição dominada” na sociedade, vivem em situação de pobreza ou precariedade, produzem uma configuração teórica e prática do mundo que traduz ao mesmo tempo sua posição dominada e os meios implementados para viver ou sobreviver nessa posição e, às vezes, transformar as relações de força. (CHARLOT, 2001, p. 11)

Neste sentido, vemos que a maioria dos alunos é de baixa renda, com

condições precárias de moradia, de família humilde e com pouca instrução.

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2.1. Família em situação de vulnerabilidade social

Para Kaloustian e Ferrari (1994), a família é a base para a formação do

indivíduo. Na instituição familiar que é transmitido valores morais e sociais na

vida da criança, com afeto, carinho, proteção que lhe servirão para a sua

formação e desenvolvimento independentemente do arranjo familiar ou da

forma como vêm se estruturando. Ainda afirma Sarti (1996, p. 358):

A família não é apenas o elo afetivo mais forte dos pobres, o núcleo da sua sobrevivência material e espiritual, o instrumento através do qual viabilizam seu modo de vida, mas é o próprio substrato de sua identidade social. Sua importância não é funcional, seu valor não é meramente instrumental, mas se refere à sua identidade de ser social e constitui o parâmetro simbólico que estrutura sua explicação do mundo.

Sendo a família o apoio para os filhos e demais membros é necessário

que ela também tenha um amparo das políticas públicas para garantir a sua

sobrevivência e de sua família. Conforme afirma Petrini (2003), na medida em

que a família passa por dificuldades em cumprir as tarefas básicas de amparo

e sustentação da família originam-se situações de vulnerabilidade.

As famílias que se encontram em situação vulnerável, se sentem na

maioria das vezes inferiores e sem perspectivas de uma vida digna, são

pessoas que tiveram seus direitos violados por parte dos governantes como:

acesso a moradia digna, exclusão social, o desemprego e tendo como única

fonte de renda o bolsa família, e que na maioria dos casos não dá para garantir

o sustento e cobrir as despesas da família. Sabemos que essa situação

econômica, na maioria das vezes, leva as crianças a se submeterem ao

trabalho infantil a fim de ajudar na renda familiar e acabano abandono a escola,

quando a criança percebe que no ambiente familiar algo não vai bem, na

escola também é afetada.

É importante ressaltarmos a necessidade de mudanças e mais programas

sociais que favoreçam essas pessoas a terem uma qualidade de vida melhor,

com moradia digna, tendo acesso à saúde e educação para seus filhos.

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3. FAMÍLIA E ESCOLA

É importante que a família e a escola caminhem juntas, ambas com os

mesmos objetivos, princípios e traçando metas para que as crianças se tornem

cidadãos críticos e preparados para viverem em sociedade. Dessa forma

espera-se, que tanto a escola como a família assumam o seu papel

contribuindo para o bem comum das crianças. Sabemos que as famílias em

situações de vulnerabilidade social muitas delas não tiveram acesso à escola e

com isso dificulta à participação na vida escolar dos filhos, e a escola precisa

conhecer a realidade e seu contexto histórico familiar para melhor adaptação e

acompanhamento. O papel da família é participar de uma maneira ativa e

contínua na educação dos filhos chegando junto à escola, pois sem essa

parceria a aprendizagem não acontece.

Segundo Marchesi (2004) a aprendizagem não depende somente da

escola, mas também da família.

A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida à escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos. (REIS, 2007, p.6).

A interação escola e família acontecem para o melhor desempenho da

criança, com participação dos pais ou responsáveis nas reuniões da escola,

frequência dos familiares na instituição, conhecer a proposta da escola e

acompanhar os filhos nas atividades de casa. De acordo com Szymanski

(2003, p. 90), “considerando-se o processo de socialização como um

continuum, a família deve estar preparada para dar as condições necessárias

aos seus filhos para que eles possam cumprir as expectativas da escola”. A

escola e a família devem estar em perfeita comunhão para que o trabalho

educativo tenha como principal objetivo o aluno. É função da escola dá suporte

aos pais, informando, orientando sobre vários assuntos para que juntos, escola

e família possam favorecer uma boa aprendizagem as crianças.

[...] se toda pessoa tem direito à educação, é evidente que os pais também possuem o direito de serem, senão educados, ao menos, informados no tocante à melhor educação a ser proporcionada a seus filhos. (PIAGET, 2007, p. 50).

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Diante disso, a família tem um papel fundamental na educação da

criança, e é indispensável que ela tenha um contato harmonioso com a escola

para que assim aconteça um bom rendimento educacional.

3.1 A importância da família no desempenho escolar

A educação depende tanto do ambiente escolar quanto familiar. Essa

interação é essencial no processo de aprendizagem da criança. É no seio

familiar que a criança aprende os princípios sobre educação, sua formação

psíquica, moral social e espiritual. Segundo Lenhard (1973, p. 79),

Família é um dos importantes meios pelos quais a sociedade transmite a sua cultura aos novos membros, que vêm ingressando nela. [...] Um dos motivos principais, pelos quais todas as sociedades dão tanta importância à família e fazem dela uma instituição fundamental, é, exatamente, o papel insubstituível, desempenhado pela família, neste processo.

Daí a importância da presença dos pais na vida educacional dos filhos,

sendo que, a maior parte do tempo da criança é com a família e nesse convívio

a participação dos pais é essencial no processo de aprendizagem. A

participação dos pais junto à escola é indispensável podendo acompanhar nas

tarefas de casa solicitadas pelo professor, conversando com o professor sobre

o comportamento e desenvolvimento do filho, ensinando que ele deve respeitar

os professores, colegas e demais membros da escola e participar das reuniões

de pais e mestres.

Um dos motivos pelos quais os pais alegam não participar com tanta

frequência na vida escolar dos filhos é o trabalho. O pai e a mãe sentem a

necessidade de trabalhar, e na maioria das vezes os filhos ficam aos cuidados

de familiares ou vizinhos causando uma ausência muito grande dos pais e

afetando na educação dos mesmos. Segundo Lenhard (1973, p. 92), essas

mudanças de convívio causam efeitos:

O trabalho extradomiciliar afasta todos ou parte dos membros adultos do lar, diminuindo a frequência dos contatos entre eles e as crianças, e isto não pode deixar de refletir-se na socialização destas. A ausência prolongada do pai pode aumentar a sua autoridade e o poder das sanções que lhe sejam privativamente atribuídas – quando o são -, mas pode também, dependendo do seu modo de proceder e do da mãe, diminuir a sua influência na socialização. O afastamento da mãe, por outro lado, tende a intensificar ou reduzir a afetividade

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nas suas relações com os filhos, conforme a duração da ausência, o modo pelo qual sua autoridade é substituída – ou não – e o uso que faz do tempo que lhe resta para o convívio com os filhos. De qualquer forma, a redução deste, tanto em relação a ela como ao pai, limita as oportunidades para a ação educativa.

As crianças adquirem muitos comportamentos dos pais, sendo eles

exemplos que influenciam na sua educação. Por outro lado, percebemos que a

educação também é função de mais membros da família como os tios, avós

podendo eles auxiliar os pais no momento preciso.

Conforme Lenhard (1973, p. 94),

Avós e tios ocupam ainda, para o jovem urbano de hoje, uma posição peculiar na trama das suas relações sociais. Aprende a pensar neles como protetores potenciais. [...], algo como salva-vidas a que se pode recorrer quando o mar se encrespa ou as forças do nadador são insuficientes.

Portanto, a família desempenha um papel decisivo na educação formal e

informal da criança. É no ambiente familiar onde são adquiridos valores éticos,

morais e, sobretudo onde encontra afeto amor, carinho, diálogo e conforto. A

família é a base e o fundamento da sociedade.

3.2. Perspectivas de sucesso escolar

O sucesso escolar em meios populares, parte do pressuposto de que

tanto os alunos quanto a sua família desempenham um importante papel para

que essa situação se configure. (CARVALHO, 2010).

Diante disso, entendemos que o sucesso escolar acontece mesmo com

as crianças estando em situações de vulnerabilidade social, como: as

condições de moradia precária, pobreza, baixa escolaridade dos pais,

desemprego, famílias muito numerosas. Como destacam Souza e Silva (2003)

“sucesso escolar é definido a partir das conquistas pelos estudantes

provenientes dos setores populares do diploma de nível superior, seja em

instituição pública ou particular” (SOUZA e SILVA, 2003, p. 18).

Em torno disso, procuramos as respostas de como obter sucesso escolar

diante da vulnerabilidade social. Sobre isto nos explica Charlot (2013), sobre a

valorização e a mobilização do sujeito como estratégias para o sucesso

escolar. Podemos citar alguns fatores que influenciam para que o sujeito

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obtenha o sucesso escolar; valorização da família e acompanhamento dos

estudos, apoio e incentivo por parte da escola. Todas essas estratégias para o

sucesso escolar só terão significados, se escola e família caminharem juntas

ambas com o mesmo objetivo.

Percebemos a importância da família na construção do sujeito por meio

do esforço, da participação, valorização e acompanhamento dos estudos. A

criança precisa desse apoio nos primeiros anos de escolaridade, para que

assim se tornem sujeitos realizados através da educação. Devemos enfatizar a

escola como um fator importante na valorização e incentivo as crianças dessa

classe menos favorecida. Uma escola voltada para a valorização do aluno, com

professores comprometidos pensando sempre no aprendizado do mesmo, com

aulas dinâmicas envolvendo o aluno a participar de maneira interativa. Sendo

assim, podemos concordar que uma escola de boa qualidade influencia no

sucesso escolar do aluno, uma vez que o professor é um mediador nesse

processo de aprendizagem. De acordo com Pérez Gomes (2000) o professor

tem a função de ser o facilitador, buscar a compreensão comum no processo

de construção do conhecimento compartilhado, que se dá somente pela

interação.

Sabemos que alunos das camadas populares passam por dificuldades,

mas que através da educação eles podem obter sucesso na vida escolar e

profissional. Conforme relatado por Marinho (2016, p.13), a educação pode

transformar vidas, e não importa a situação a qual o sujeito está inserido:

Não podemos deixar que os paradigmas de que ser pobre é não ter conhecimento de mundo continuar impregnados na sociedade. Quando revejo meus colegas do Ensino Médio principalmente os que desistiram no caminho, percebo o quanto a educação tem o poder de transformar vidas. Porém é preciso que apesar dos estímulos positivos que recebemos, é importante que tenhamos a ganância, prazer de luta e de sucesso.

Sobre isto, Bernard Charlot (2001, 2013) sugere uma discussão com o

aprender em sua relação com o saber, para aquisição do sucesso escolar.

Segundo o mesmo autor, os alunos de famílias pobres são considerados os

que mais fracassam na vida escolar, mas podemos perceber que aluno de

classes mais favorecidas também existe o fracasso.

A “sociologia do improvável” defende que situações improváveis não

podem ser desprezadas de investigações, histórias como a de “Luiz Inácio Lula

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da Silva” jamais poderia ocorrer, ou seja, um nordestino que se tornou

presidente da República. Segundo Bergier e Xypas (2013) os casos de

famílias pobres sobre êxito escolar são pouco estudados, e não podem ser

esquecidos por contribuírem para a “sociologia do improvável”. Assim,

complementa Charlot (2013, p. 165), quando apresenta um caso de um

imigrante nordestino quando ainda criança sai de sua terra natal e vai para são

Paulo com a sua família,

Essa criança se chama Lula e sua posição social é baixa em São Paulo, como era baixa no Nordeste. Essa criança, segundo sua posição social e do ponto de vista da estatística, jamais poderia ser Presidente da República. Só que resta saber o que Lula vai fazer, subjetivamente, da sua posição objetiva. Ele tem várias respostas possíveis: ele pode morrer de vergonha de ser nordestino; ele pode começar a fazer capoeira para valorizar a cultura nordestina; ele pode se tornar operário e lutar. (CHARLOT 2013, p. 165).

Sendo assim, podemos constatar que existem outros nordestinos como

“Luiz Inácio Lula da Silva” que venceram na vida por meio da educação.

Marinho (2016) cita um caso de um jovem nordestino que obteve êxito através

da educação e a sua história de vida contribuiu para a sociologia do

improvável,

[...] Eu me considero um cara além de ter êxito escolar, um cara de sorte por ter encontrado todo esse ambiente nas agulhas que houve nesse processo escolar e as felicidades que eu tive. Eu acho que tinha que ter. Se fosse pra viver todo o processo escolar eu queria viver tudo que vivi. Ia começar lá pela escolinha do sitio cipó do ano de 1992. Naquela escolinha precária que se tinha o giz, as vezes faltava o giz e a professora tinha que rodar a atividade no mimeógrafo, aquele cheirinho de álcool na infância eu me lembro muito bem. Então, eu queria ter passado lá no Antônio Dantas e ter encontrado aquela instituição do mesmo jeito. Teve uma crise no ensino médio muito grande que esqueci de falar, que foi um período de greve, onde o estado não dava condições mínimas para a escola funcionar. Precisava a gente se juntar pra comprar resmas de folhas, as salas esburacadas. Então, eu encontrei todo esse ambiente Mas eu acho que esse ambiente foi necessário para fazer agente entender e evoluir nesse processo de educação e formação do ser humano. Então a educação tem esse papel. (p. 26).

Diante dessas histórias podemos perceber que o sucesso escolar pode

acontecer em qualquer família independentemente da situação, seja pobre ou

rica, da zona rural ou urbana. Para isso, devemos considerar que os estímulos,

os esforços e a organização familiar, são fundamentais para a formação e o

sucesso da criança.

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4. RELATOS DE FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

SOCIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Para a construção do artigo foi apresentado um termo de consentimento

para que houvesse a permissão das mães e assim fosse realizada a pesquisa

através de entrevista. Foram entrevistadas 2 (duas) mães de crianças

matriculadas na Creche Sonho de Criança, na cidade de Apodi-RN, na

Educação Infantil, com idades entre 4 e 5 anos. Identificamos que as mães têm

entre 21-42 anos de idade, moram em bairros periféricos da cidade, e que

ambas se encontram em situação de vulnerabilidade social. Para participar da

pesquisa, as entrevistadas deveriam atender a critérios preestabelecidos: ser

família de baixa renda; emprego precário; baixa escolaridade; condições de

moradia e família numerosa. Os dados foram coletados e registrados por meio

de gravação de vídeo, tendo como propósito saber as perspectivas de sucesso

escolar para com os filhos na educação infantil das famílias que vivem em

situação de vulnerabilidade social. Para início da entrevista foi lido o termo de

consentimento e em seguida pedido à permissão do uso dos seus nomes no

artigo, e ambas permitiram. Vérsia sabe ler e escrever e assinou o termo de

consentimento, já Feliciana é analfabeta não assinando o termo, mas a mesma

concordou em fornecer a entrevista como também o uso do seu nome na

pesquisa.

Vérsia Raulino Santos, 21 anos de idade, solteira, desempregada,

moradora do bairro Cruz de almas Apodi-RN. Filha de pais separados ela

passou até os 13 (treze) anos de idade morando com o seu pai, passando

então a morar com a sua mãe, e nesse mesmo período ela engravidou do seu

primeiro filho, e ao quatorze anos engravidou novamente, sendo que, nunca

teve uma união estável. Morou com a sua mãe até os 18 (dezoito) anos e

atualmente reside com os seus dois filhos de quatro e cinco anos e uma irmã.

Estudou até o terceiro ano (Ensino Fundamental Menor) e quando engravidou

não teve como condições de estudar. “Porque quando eu vim lá do meu pai eu

fui pra casa de minha mãe e engravidei do meu primeiro filho aí parei de

estudar”.

Hoje desempregada, tem como único meio de sobrevivência o bolsa

família, e por morar de aluguel a mesma diz que depende também da ajuda da

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sua mãe e de vizinhos, “não tenho outra renda, só a minha mãe que me ajuda

às vezes com alguma coisa, o povo vem e me ajuda.”

O bairro Cruz de Almas é considerado um bairro periférico da cidade, e as

políticas públicas não atende as necessidades dos moradores, causando assim

um abandono, e fazendo com que as famílias se sintam inferiorizadas e sem

condições mínimas de sobrevivência. Tudo isso está ligado a falta de políticas

voltadas para a juventude, com esporte e lazer, mais apoio as famílias e falta

de assistência básica na saúde e educação. Vérsia, uma jovem que teve os

seus sonhos interrompidos por falta dessas políticas e por conviver em uma

família desestruturada, sem ter o apoio necessário para dá continuidade aos

estudos, almeja um dia voltar a estudar para que assim tenha um futuro

melhor.

Em relação à educação dos filhos, Vérsia diz ser presente nas atividades

escolares, sente um pouco de dificuldade por ela não ter domínio na leitura,

mas isso não a impede de dá o apoio e incentivo necessário. Os materiais

educativos como livros, jogos, ela percebe que é importante na educação dos

seus filhos, mas compreende que no momento as suas condições financeiras

não dar para comprar:

Os meus filhos pedem muito, mas o dinheiro é pouco aí não dar pra eu comprar, compro só o mais necessário o caderno e os lápis. Mas vejo que eles ficam tristes, e eu também fico, porque não posso dar o que os meus filhos precisam. Queria um dia voltar estudar e arrumar um emprego pra poder comprar as coisas pra eles.

O apoio da família é fundamental no processo de ensino aprendizagem

da criança, e a mesma diz participar desse processo, indo nas reuniões de pais

e mestres como também está sempre presente na escola. Mesmo não tenha

estudado ela pretende incentivar os filhos a não desistir dos estudos, e o

ingresso no ensino superior será um salto para o sucesso, pois segundo a

mesma é só através do estudo que a criança consegue ser alguém diante da

sociedade:

Quero que meus filhos estudem para que o futuro deles não seja como nem o meu, porque eu parei de estudar nova e me arrependi não me arrependi de ter tido eles, mas eu quero que o futuro deles seja eles que façam. Tá entendendo? Porque uma pessoa hoje em dia sem estudo não tem um futuro e pra ser alguém ter que ter um estudo.

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Apesar de não ter tido o apoio e acompanhamento da família em relação

a sua educação escolar, mesmo assim ela se preocupa e sente a necessidade

de que seus filhos estudem e deixa uma mensagem de incentivo para os seus

filhos que diz o seguinte:

Agora passou um branco na cabeça do que falar. Mas vou falar pra eles que não pare nunca de estudar, porque se eles parar de estudar eles vão se arrepender assim com nem eu, não ter um emprego, não ter um futuro, porque hoje em dia é difícil uma pessoa arrumar emprego sem ter um estudo.

Percebemos que mesmo ela estando e se considerando uma família em

situação de vulnerabilidade social, mesmo assim ela tem um objetivo de vida

que é o incentivo e apoio na vida escolar dos seus filhos, para que um dia eles

alcancem o sucesso através da educação.

Maria Feliciana de Oliveira Pinheiro, agricultora, analfabeta, 42 anos de

idade, nascida no sitio floresta zona rural de Severiano Melo-RN. Viúva, mãe

de sete filhos e uma neta. Aos 16(dezesseis) anos casou e foi morar na cidade

de Apodi-RN. Moram com ela os sete filhos e uma neta, sendo uma família

numerosa e que sobrevivem com o seu salário de aposentadoria e a sua filha

recebe a bolsa família. Viveu a sua infância na roça e na época ela ajudava na

plantação e também nos afazeres de casa. As dificuldades da época faziam

com que os pais, os filhos ainda bem pequenos se submetessem ao trabalho

para ajudar no sustento familiar, e o estudo ficava na maioria das vezes

esquecido. Sem o apoio e incentivo da família ela não teve como ir à escola e a

evasão veio ainda no primeiro ano das séries iniciais, não aprendendo assinar

o próprio nome.

Num tive como estudar, porque tinha que eu meus irmãos mais a minha mãe trabaiar pra ganhar algum tostão¹. Tinha que ajudar na roça limpando de enxada e depois fazer faxina nas casas, ia pra escola uma semana e na outra num estudava e aí perdemos a infância. A dificuldade era grande num tinha como ir à escola, eu meus irmãos ia a cavalo num jumento ou de bicicleta e hoje as coisas é tudo nas mãos e ainda os abençoado num querem estudar. Há se eu pudesse voltar no tempo que eu ia estudar.

Feliciana mora no bairro lagoa Seca, um bairro que durantes anos vêm

sendo esquecido por parte do poder público. Muitos consideram um bairro

perigoso, sendo um cenário de criminalidade, violência, e tráfico de drogas. No

período do inverno várias famílias sofrem com enxurradas e as casas ficam a

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maioria inundadas, causando assim um desconforto e a proliferação de

doenças. O desemprego faz com que muitas famílias não tenham condições

básicas de sobrevivência levando muitas ao tráfico de drogas. As crianças do

bairro convivem diariamente com essa realidade que muito tem afetado e

destruído famílias. Mesmo ela morando nessas condições de vulnerabilidade,

ela reconhece que a escola é o caminho para o futuro dos seus filhos, “Num

tenho dinheiro pra dá os meus filhos o que eu posso dá é o estudo. A coisa

mais linda que tem é estudar”. As condições financeiras não permitem que a

mesma compre os materiais educativos para os seus filhos podendo comprar

apenas o básico diz ela:

Compro livro, caderno e lápis tendo isso num precisa de mais nada. Aí a semana passada a menina num veio pra escola, passou uns quatro dias porque eu num tive dinheiro pra comprar o caderno e os lápis, o meu dinheiro num saiu aí uma tia dela deu. É difícil uma pessoa só com um salário dá de conta de tudo. Num tenho vergonha de dizer, que tem dias que não tem nem como eu comprar um pacote de bolacha pra os meninos, vou na budega e compro fiado e só pago quando a menina tira o bolsa família, e agradeço muito porque só o meu salário num dar pra essa ruma de gente.

Por não ter estudado Feliciana sente dificuldades de acompanhar a

escolaridade dos filhos como desejaria, a sua filha mais velha ajuda nas

atividades escolares dos seus irmãos. O que ela mais almeja é ver os seus

filhos graduados e empregados. E para isso ela afirma que não deixa que eles

desistam dos estudos:

Espero que eles entrem numa faculdade e que sejam uma pessoa de bem, que seja um médico, professor ou advogado, juiz quem sabe, tudo de bom eu desejo pra eles. Com o estudo eles tenham algum processo alguma coisa boa. Eu digo a eles todo dia: estude porque o estudo nunca é tarde a gente tem que estudar, porque hoje vocês têm eu mais amanhã só deus sabe, e o que podemos oferecer pra os filhos é o estudo. Num deve a pessoa botar filho no mundo e não ligar de botar na escola porque depois vai virar vagabundo, ser maconheiro e tudo isso né? Tem que estudar pra ser gente, eu digo a eles todo dia.

O sucesso escolar da criança vai depender muito do acompanhamento e

apoio da família, e nesse quesito Feliciana diz se preocupar na educação dos

filhos e acredita que nunca será tarde para estudar e ser alguém na vida

através da educação:

A minha mãe criou dez filho e nunca um filho dela deu desgosto. Num tive como estudar mais hoje vejo uma irmã minha que se formou pra

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juíza. Tem gente que diz: pra que estudo se tem gente que faz faculdade, faz tudo e num tem emprego nenhum? Eu digo: Um dia chega melhor fazer do que ficar sem fazer nada. Um dia quem sabe chega um curso na cidade e a pessoa num chamam porque num tem estudo nenhum, tem que fazer pelo menos uns dois cursos.

A vulnerabilidade social faz-se presente na vida de Feliciana: “somos

esquecidos, o governo não liga pra os pobres, a saúde está cada vez pior”. E

mesmo ela estando nessa situação, não desiste de acreditar e lutar por dias

melhores, um futuro melhor pra seus filhos, e acredita que para alcançar o

sucesso na vida o único caminho é a educação.

5. RELATOS DE MINHA VIDA E MINHAS PESRSPECTIVAS EM RELAÇÃO

À EDUCAÇÃO DE MEUS FILHOS.

Assim como as demais famílias analisadas minha vida não foi fácil, tive

uma infância limitada. Nasci na zona rural município de Apodi-RN, no Sítio

Cipó. Filha de agricultores uma família numerosa com 10 (Dez) filhos e ainda

morávamos com o meu tio e esposa, os seus três filhos e minha avó em uma

casa simples de quatro cômodos, metade alvenaria e a outra era barro, piso de

barro, sem banheiro e sem água encanada. Tínhamos como única fonte de

renda a agricultura, e que muitas vezes a seca castigava e nesse período os

meus pais não tinham como trabalhar e tudo se tornava difícil, a fome era

frequente em nosso humilde lar. Os meus pais trabalhavam na roça, e eu e

meu irmão mais velho íamos com eles para ajudar, e muitas vezes o cansaço e

a fome contribuíam com a nossa ausência na escola, ocasionando repetência e

causando certo atraso nos meus estudos.

A escola que estudei a terceira série era muito distante, localizada no sítio

Reforma Apodi-RN, cerca de uns quatro quilômetros. Todos os dias eu e meu

irmão acordávamos cedo e íamos trabalhar, e a tarde caminhávamos a pé até

a escola. Muitas vezes saíamos sem almoço porque não tinha o que comer e a

minha mãe nos oferecia café com farinha para não irmos com fome.

Mesmo diante das dificuldades os meus pais não nos deixaram sem

estudar, os meus irmãos mais novos já tiveram mais oportunidades, dois se

graduaram em língua espanhola, outros concluíram o ensino médio e os

demais desistiram no meio do caminho. Eu sou a terceira filha da família, e

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aqui estou eu, aos 41 anos de idade, orgulhosa em cursar a minha primeira

graduação. E que minha história sirva para os meus filhos como exemplo de

perseverança e determinação, que nada é impossível quando temos um

objetivo em nossa vida.

E assim como as mães entrevistadas também participei desse processo

de aprendizagem dos meus filhos na educação infantil, mesmo vivendo em

situação vulnerável nada foi empecilho para que eu buscasse alternativa e

melhorias para a educação dos mesmos. Os meus dois filhos, um com 20 anos

já está na universidade e o de 14 anos está cursando o oitavo ano do ensino

fundamental. E hoje vejo o quanto fui importante na trajetória da vida

educacional de cada um deles.

Morávamos no Sítio Queimadas Apodi Zona Rural do Rio Grande do

Norte, e lá a comunidade era esquecida pelo poder público, a minha casa era

localizada em um local de difícil acesso depois de um rio, e quando vinham às

enxurradas ficávamos sem acesso a cidade e a outras comunidades. Todos

esses fatores contribuíam para que os meus filhos não tivessem como ir à

escola e ficando assim prejudicados.

O mais velho estudou na escola da comunidade até concluir o ensino

fundamental menor. Aos três anos ele entrou na escola somente como

participante, a escola não atendia crianças menores de seis anos. A professora

não hesitou em recebê-lo e lá ele iniciou a sua vida escolar.

O mais novo aos três anos de idade, resolvi matricula-lo numa escola da

cidade, pois a escola da comunidade ainda se encontrava nas mesmas

condições de antes, consegui uma vaga em uma escola, e não medi esforços

para levá-lo. Todos os dias tinham que acordar às cinco horas da manhã para

nos deslocarmos em um ônibus escolar até a escola, e chegávamos ao meio

dia muito cansados, mas com uma sensação de dever cumprido. E assim

ficamos durante um ano nesse percurso. No ano seguinte nos mudamos para

cidade, meu esposo foi convocado para trabalhar e a nossa situação melhorou.

A educação escolar dos meus filhos sempre foi a minha prioridade e

assim como estou concluindo a minha graduação, almejo que os mesmos

também se sintam realizados através dos estudos.

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6. CONCLUSÃO

A aprendizagem faz parte da vida do sujeito, acredito que sempre temos

algo a mais para aprender. A vida de estudante é árdua, mas gratificante e o

apoio da família, professores e escola, é fundamental no sucesso escolar da

criança.

Descrevemos relatos de mães de alunos que se encontram em situação

de vulnerabilidade social e que mesmo assim tem perspectivas de sucesso

escolar dos seus filhos. Vérsia mora em um bairro pobre, filha de pais

separados, mãe solteira, desempregada, com dois filhos e morando de aluguel,

vivendo em meio à violência e vulnerabilidade social. E mesmo diante da

situação que a família se encontra, ela acredita que pode contribuir de alguma

maneira na educação escolar dos filhos. Já Feliciana nos mostra através de

sua determinação que o estudo é um caminho para um futuro promissor. Mãe

de sete filhos e uma neta, viúva, analfabeta, mas isso não é empecilho para a

motivação e apoio na educação dos filhos.

Assim como Vérsia e Feliciana, eu também vivi em situação de

vulnerabilidade social, e hoje estou vencendo mais uma etapa de minha vida

através dos estudos a minha primeira graduação. E os meus filhos tiveram o

apoio e estímulos para que um dia através da educação eles tenham êxito

profissional.

A partir das reflexões e considerações, podemos constatar que as

famílias dos meios populares mesmo em meio à pobreza, desigualdade,

abandono, ou seja, as menos favorecidas têm perspectivas de sucesso em

relação à educação escolar dos filhos.

E, por fim, a partir das entrevistas e da revisão bibliográfica foi possível

perceber que as mães das crianças da Creche Sonho de Criança - CAIC,

mesmo em meio as situações de vulnerabilidade, elas almejam um futuro para

os seus filhos.

20

7. REFERÊNCIAS

BRASIL. MEC. Cartilha Família- Acompanhem a vida escolar dos seus filhos. Ilustração: Ziraldo. MEC, Brasília/DF: 2008 Acesso: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/cartilhafamilia.pdf BERGIER, Bertrand; XYPAS, Constantin. Por uma sociologia do improvável: percursos atípicos e sucessos inesperados de jovens na escola francesa. Revista Educação em Questão, Natal, v. 46, n. 32, p. 36-58, maio/ago. 2013. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/view/5133. Acessado em 10 de outubro de 2017. CARVALHO, Arlena Maria Cruz de. Alcançando o sucesso escolar: fatores que auxiliam nesta conquista, 2010. Disponível em: http://www.ufsj.edu.br/portal2- repositorio/File/vertentes/Vertentes_35/resumo-abstract_arlena_carvalho.pdf.Acessado em: 05 de outubro de 2017. CHARLOT, Bernard. Os jovens e o saber: perspectivas mundiais. Porto Alegre: Artmed, 2001. _________. Da relação com o saber às práticas educativas. São Paulo: Cortez, 2013. GÓMEZ, A. I. P. A aprendizagem escolar: da didática operatória à reconstrução da cultura na sala de aula. In: SACRISTÁN, J. G.; PÉREZ GÓMEZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. KALOUSTIAN, S. M., FERRARI, M. Introdução. In.: KALOUSTIAN, S.M. (Org.). Família brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, p. 11-15, 1994. LENHARD, Rudolf. Sociologia Educacional. São Paulo: Pioneira, 1973. MARCHESI, ÁLVARO; Gil H. Carlos. Fracasso Escolar - uma perspectiva multicultural. Porto Alegre: ARTMED, 2004. MARINHO, Gildevania Leite dos Santos. Histórias de sucesso escolar Da superação das desigualdades aos novos horizontes.. Curso de Especialização em Educação, Pobreza e Desigualdade Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Martiz. 2016. PETRINI, J. C... Pós-modernidade e família. Ed. Edusc, Bauru, 2003. PIAGET, Jean. Para onde vai à educação? Rio de Janeiro: José Olímpio, 2007. REIS, Risolene Pereira. In. Mundo Jovem, nº. 373. Fev., p.6. 2007.

21

SZYMANZKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília: Plano editora, 2003. Sári C. A família como espelho: um estudo sobre a moral dos pobres. Ed. Autores Associados, Campinas, 1996. SOUZA E SILVA, Jailson de. Por que uns e não outros: caminhada de jovens pobres para a universidade. Rio de Janeiro: Sete Letras, 2003.

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APÊNDICE 01

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE ESCLARECIMENTO AOS PROFISSIONAIS PARTICIPANTES DA

PESQUISA

Orientanda: Gilverlandia Leite dos Santos Oliveira.

Email: [email protected] Telefone: (84) 99406-6860

Orientadora:Prof.ªDr.ªJacyene de Melo Oliveira.

E-mail: [email protected]: (84) 99168-9015

Você está sendo convidado a participar do estudo para o Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC) –SUCESSO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO

INFANTIL: PERSPECTIVAS DAS FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE SOCIAL. O objetivo dessa pesquisa é relatar perspectivas

de sucesso escolar na educação infantil das famílias em situações de

vulnerabilidade social, tendo como referência famílias de alunos da Creche

Sonho de Criança- CAIC, Apodi/RN. Este estudo contribuirá de forma

significativa na formação dos graduandos de pedagogia. De acordo com as

exigências do Comitê de Ética, serão submetidos à apreciação dos

profissionais: o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

A participação do entrevistado é voluntária, o que significa que ele

poderá desistir a qualquer momento, ficando livre para retirar seu

consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Caso

decida aceitar o presente convite, esclarecemos que o mesmo participará de

uma entrevista a respeito de como as famílias que vivem em situação de

vulnerabilidade social tem perspectivas de sucesso escolar de seus filhos na

educação infantil. A entrevista realizada com os pais ou responsáveis no

ambiente escolar serão gravadas e posteriormente transcritas e analisadas

pelos pesquisadores responsáveis para fins de produção de conhecimento.

Ao participar da entrevista, o participante corre os seguintes riscos:

cansar-se da sua participação; não querer compartilhar informações, não

sentir-se à vontade para participar. Na eventualidade de os participantes

23

apresentarem indícios de qualquer uma dessas manifestações, consideradas

como riscos da pesquisa, o pesquisador terá o cuidado de interromper a

dinâmica para evitar qualquer constrangimento, garantindo aos participantes

um ambiente acolhedor, afetivo e, quando necessário os objetivos do estudo

serão sempre apresentados e as decisões dos participantes, quanto a

continuar ou não realizando a entrevista, preservadas e respeitadas.

Quanto aos benefícios, estima-se que os participantes serão

estimulados a expressar suas perspectivas acerca de um serviço no qual eles

são coparticipantes, dentro de uma perspectiva de atuação familiar no

ambiente escolar. O trabalho conjunto com os pesquisadores se apresentará

como um momento de reflexão sobre como as famílias que vivem em situação

de vulnerabilidade social tem perspectivas de sucesso escolar de seus filhos na

educação infantil.

Todas as informações obtidas na entrevista serão utilizadas unicamente

em trabalhos acadêmicos. Os nomes dos participantes serão preservados.

Todas as informações obtidas serão mantidas no anonimato. Os dados serão

guardados em local seguro, ou seja, na unidade de pesquisa. Na UFRN, serão

armazenadas na sala da Coordenadora do Projeto (Sala 22, 3º andar),

localizada no Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte - Campus Universitário, s/n, Lagoa Nova, CEP – 59.078-970, Natal-RN,

tel. (84) 3342-2270, ramal 252.

A divulgação dos resultados será feita sob a forma de artigos. Em todos

esses trabalhos não serão identificados os voluntários. Você ficará com uma

cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Caso ocorra algum tipo de prejuízo em razão de divulgação indevida da

entrevista, os pesquisadores se comprometem a ressarcir e/ou indenizar

qualquer prejuízo desde que devidamente comprovado de que ele decorre da

pesquisa.

Dúvidas a respeito da ética desta pesquisa poderão ser questionadas

com a orientadora do TCC, JACYENE MELO DE OLIVEIRA (sala 22, 3º andar),

localizada no Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte - Campus Universitário, s/n, Lagoa Nova, CEP – 59.078-970, Natal-RN,

tel. (84) 3342-2270, ramal 252. Telefone: (84) 3342-2270 ramal 252.

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APÊNDICE 02

25

APÊNDICE 03

26

APÊNDICE 04

APÊNDICE A - ROTEIRO PARA A MEDIAÇÃO DAS ENTREVISTAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃOSECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

(SEDIS) CURSO DE PEDAGOGIA EAD

Eu, Gilverlandia Leite dos Santos Oliveira, discente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – NATAL/RN, estou realizando a pesquisa sobre sucesso escolar na educação infantil: perspectivas das famílias em situações de vulnerabilidade social na Creche Sonho de Criança – CAIC; Apodi/RN”, para a conclusão do Curso de Pedagogia em 2017.2.

ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Você autoriza a utilização do vídeo para a coleta de dados desta pesquisa intitulada “Como as famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social têm perspectivas de sucesso escolar de seus filhos na educação infantil?”.

2. Faça um relato de quem você é hoje.

Nome

Idade

Estado civil

Escolaridade

Trabalho/profissão

3. Fale um pouco da estrutura familiar

Localização da casa

Numerosidade da família

Condições de moradia

Baixa renda

4. Sua família se considera em situação de vulnerabilidade social?

5. Qual a expectativa escolar para os filhos?

Sucesso escolar

Ingresso no Ensino Superior

Pós-graduação (latu senso ou stricto senso)

Êxito profissional

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6. Como a família ajuda na educação do filho?

Acompanha as atividades escolares

Compra material educativo (livro, brinquedo e etc.)

Participa das Reuniões de pais e mestres

7. Qual sua mensagem de incentivo para que seu filho crie gosto pelo estudo?

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ANEXO 1