universidade federal do rio grande do norte … · curriculares nacionais, pcn de arte e suas...

32
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS CARLOS AURICELLI C. CIRINO O ENSINO DA ARTE: A EXPERIÊNCIA COMO PROFESSOR INICIANTE E SEUS DESAFIOS ORIENTADOR: PROF. ME. JOSÉ VERÍSSIMO DE SOUSA NATAL 2015

Upload: nguyenliem

Post on 02-Dec-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTES

CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

CARLOS AURICELLI C. CIRINO

O ENSINO DA ARTE: A EXPERIÊNCIA COMO PROFESSOR INICIANTE E SEUS

DESAFIOS

ORIENTADOR: PROF. ME. JOSÉ VERÍSSIMO DE SOUSA

NATAL

2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

CARLOS AURICELLI C. CIRINO

O ENSINO DA ARTE: A EXPERIÊNCIA COMO PROFESSOR INICIANTE E SEUS

DESAFIOS

Trabalho de Conclusão de Curso II, sob a orientação do

Prof. Me. José Veríssimo de Sousa, apresentado à

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura

Plena em Artes Visuais.

NATAL

2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

Carlos Auricelli C. Cirino

O ENSINO DA ARTE: A EXPERIÊNCIA COMO PROFESSOR INICIANTE E SEUS

DESAFIOS

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Me. José Veríssimo de Sousa - orientador

______________________________________

Prof. Dr. Vicente Vitoriano Marques Carvalho

Departamento de Artes – UFRN

______________________________________

Prof.ª. Dr.ª. Evanir de Oliveira Pereira

Departamento de Artes – UFRN

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

AGRADECIMENTOS

A minha família, meu pai José Carlos Cirino e minha mãe, Maria Avaní

Celestino Cirino, por confiar no meu trabalho e ter me educado nos caminhos

corretos da vida.

Agradeço ao meu orientador José Veríssimo de Sousa por me ajudar e

aceitar o desafio de escrever comigo este TCC. Por esclarecer e tirar dúvidas que

até então, permeavam a minha cabeça para o desenvolvimento deste trabalho e por

toda a paciência para comigo.

Agradeço também a Maria das Graças, minha prima, pela ajuda logo no

início de minha vida na universidade, sem seu apoio não teria conseguido chegar

aonde cheguei.

Aos meus amigos, Gelmária Rodrigues e Josemar Carvalho por toda

preocupação e atenção para comigo na ajuda extra no desenvolvimento deste

trabalho.

A Nilson Morais, pela oportunidade de trabalhar com o ensino de desenho

durantes todos estes anos.

Aos meus professores, Vicente Vitoriano, Maria do Mar, Everardo Ramos,

Verônica Lima, José Veríssimo, Evanir Pereira e aos meus colegas de turma, me

ajudaram a compreender o que realmente sou enquanto artista.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

DEDICATÓRIA

A Maria das Graças, Gelmária Rodrigues e Josemar Carvalho, por

ajudarem no momento que mais precisei.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem por finalidade relatar a experiência vivida

por mim, Carlos Auricelli Celestino Cirino como professor iniciante do ensino regular

de artes durante o ano de 2015, na instituição de ensino Colégio Encanto Unidade I.

Neste trabalho relato a experiência como professor de desenho e na análise das

vivências em sala de aula enquanto professor regular do ensino de artes, as

dificuldades encontradas durante esse percurso e os acertos obtidos na tentativa de

ensinar arte. Cito também a abordagem pedagógica voltada ao ensino da arte, com

base na Proposta Triangular desenvolvida por Ana Mae Barbosa, os Parâmetros

Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste

trabalho não é o de criticar a maneira como o ensino da arte é tratado no Brasil, mas

sim relatar a minha experiência e estratégias que desenvolvi para atuar em sala de

aula e ministrar a disciplina de artes sem os recursos necessários para tal.

Palavras-chave: arte, ensino, metodologia triangular, desafios.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

ABSTRACT

This course conclusion work aims to report the experience for me, Carlos Celestino

Auricelli Cirino as a beginner teacher's regular arts education during the year 2015,

the College educational institution Encanto Unidade I. This paper reports the

experience as a teacher design and analysis of experiences in the classroom while

regular arts education teacher, the difficulties encountered during this journey and

the successes obtained in an attempt to teach art. Also cite the pedagogical

approach focused on art education, based on the Triangular Proposal developed by

Ana Mae Barbosa, the National Curriculum Parameters, Art NCP and its Public

Policy. The objective of this study is not to criticize the way the art education is

treated in Brazil, but rather to report my experience and strategies developed to work

in the classroom and teach the discipline of arts without the necessary resources to

do so.

Keywords: art, education, triangular methodology, challenges.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - aula de desenho na instituição Nil Ateliê e Galeria de Arte ....................... 30

Figura 2 - desenho do aluno Daniel. Nil Ateliê e Galeria de Arte .............................. 30

Figura 3 - trabalho em aquarela da aluna Ana Cláudia ............................................. 31

Figura 4 - trabalho em aquarela da aluna Sandra ..................................................... 31

Figura 5 - capa de uma das edições da coleção Pinacoteca Caras .......................... 32

Figura 6 - imagens de obras de vários artistas de coleção Pinacoteca Caras .......... 32

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

LISTA DE ABREVIATURAS

DBAE - Disciplined-based Art Education

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

GUAP – Grupo Universitário de Aquarela e Pastel

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

MAC – Museu de Arte Contemporânea

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PPP – Projeto Político Pedagógico

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

Sumário

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

1.1 Entendendo A Proposta Triangular .................................................................. 12

1.2 As Políticas Públicas e o PCN para o ensino de Artes .................................... 14

2 - O DESAFIO DA SALA DE AULA; PARTINDO PARA O ENSINO DE ARTE ....... 16

2.1 O ensino regular de arte, aplicando as teorias metodológicas ......................... 18

2.2 A vivência pedagógica ..................................................................................... 22

2.2.1 Vivência pedagógica trabalhando a Proposta Triangular ........................... 23

2.3 Saindo da rotina, a proposta da oficina de desenho ........................................ 24

3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 26

4 – REFERÊNCIAS ................................................................................................... 29

ANEXOS ................................................................................................................... 30

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

11

1 – INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como meta trazer

algumas discussões do ensino da arte, a partir da experiência do Estágio de

Docência do Curso de Licenciatura em Artes Visuais. O estudo visa discutir a

maneira como os professores, muitas vezes, têm que lidar com desafios ao ensinar

a disciplina de Artes Visuais em diversas instituições. Entre as dificuldades mais

comuns, a falta de material e/ou instituições de ensino sem infraestrutura adequada

para trabalhar. Tal trabalho de conclusão é de metodologia qualitativa com base em

uma vivência pessoal e autocrítica. Como principal autora para realização desta

pesquisa será utilizada Ana Mae Barbosa, a partir de a proposta triangular.

No ano de 2015, eu Carlos Auricelli Celestino Cirino trabalhei na

instituição de ensino Colégio Encanto Unidade I, situado na Rua Praça Caucaia,

4434, Conjunto Potengi, Natal/RN, como professor regular do ensino de artes nas

turmas do fundamental II. A pesquisa deste trabalho é baseada na vivência por mim

adquirida na atividade de professor e nos desafios que tive nas turmas do

fundamental II, pelas quais fiquei responsável.

Durante este ano letivo, como professor iniciante utilizei metodologias

pedagógicas vistas durante o curso de Licenciatura Plena em Artes Visuais na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, e suas aplicações em sala

de aula. Busquei aplicá-las e adaptá-las de maneira coerente com a didática

pedagógica e o Projeto Político Pedagógico – PPP da escola, na expectativa de

obter bons resultados no ensino da arte.

Na primeira parte deste trabalho, faço uma descrição do método

pedagógico sistematizado por Ana Mae Barbosa chamado de Proposta Triangular,

como e o porquê dessa proposta ter sido criada, em que a mesma foi inspirada e

busco entender como que a Proposta Triangular pode ajudar no ensino da arte. Num

segundo momento, abordo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, voltado ao

ensino de arte e suas Políticas Públicas. Discuto as exigências e normas

estabelecidas por lei nos anos de 1973 para o ensino de arte e faço uma análise da

realidade vivida neste ano letivo na instituição Colégio Encanto.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

12

Na segunda parte do trabalho, trago as vivências por mim

experimentadas durante o primeiro e segundo semestres deste ano, as abordagens

pedagógicas utilizadas, baseadas nos autores Paulo Freire, Célestin Freinet e por

fim Ana Mae Barbosa, os desafios de lecionar pela primeira vez como professor

regular e as estratégias que adquiri como tentativa de ministrar uma aula de artes

bem sucedida, na qual o aluno entenda o significado da arte e suas possibilidades

na vida e cultura de tal aluno, a quebra da rotina com a oficina de desenho criada

pelos alunos do oitavo ano e coordenada por mim e o que obtivemos até agora com

tal oficina.

Por fim, finalizo o trabalho com uma reflexão de todo o caminho

percorrido neste ano letivo, o que pude fazer de bom como professor de arte, se as

metodologias que utilizei surtiram efeito no aprendizado dos alunos, o que a oficina

de desenho representou, as expectativas futuras para continuar na profissão e o que

posso retirar de aprendizado dos erros cometidos nestes dois semestres de 2015.

1.1 Entendendo A Proposta Triangular

Sistematizada por Ana Mae Barbosa entre os anos de 1987 – 1993, a

Proposta Triangular foi testada no Museu de Arte Contemporânea (MAC) no estado

de São Paulo por uma equipe de professores com crianças, adolescentes e adultos

sem conhecimento em arte e visava estimulá-los a fazerem uma leitura das obras

contidas no acervo do museu. Tal proposta de análise buscava a leitura das

imagens pelos interlocutores e o entendimento dos mesmos sobre as obras lhes

apresentadas procurando viabilizar uma metodologia de ensino da arte.

Em nossa vida diária, estamos rodeados por imagens impostas pela mídia, vendendo produtos, ideias, conceitos, comportamentos, slogans políticos etc. Como resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nós aprendemos por meio delas inconscientemente. A educação deveria prestar atenção ao discurso visual. Ensinar a gramática visual e sua sintaxe através da arte e tornar as crianças conscientes da produção humana de alta qualidade é uma forma de prepará-las para compreender e avaliar todo tipo de imagem, conscientizando-as de que estão aprendendo com estas imagens. (BARBOSA, 1998, p. 17).

Essa incapacidade de ler as imagens e o aprendizado inconsciente citado

por Barbosa, a levaram a desenvolver uma prática metodológica para uma leitura

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

13

mais adequada das imagens. Influenciada nos movimentos das Escuelas al Aire

Libre do México, os Critical Studies da Inglaterra e a proposta da Disciplined-based

Art Education (DBAE), dos EUA, a Proposta Triangular surgiu como tal em 1991 e

trazia uma sistematização para o ensino aprendizagem: a leitura da imagem, sua

contextualização e o fazer artístico.

A leitura da imagem consiste na observação por parte do interlocutor para

que o mesmo registre mentalmente essa imagem em todas as suas nuances

perceptíveis como cores, formas e a disposição dos elementos na composição. A

partir daí, inicia-se a sua contextualização, o período histórico da qual a imagem faz

parte e a importância desta para a arte. Passamos então ao fazer artístico, no qual

os interlocutores podem realizar a sua própria obra ou mesmo uma releitura a partir

das práticas artísticas, seja na pintura, na música ou mesmo no teatro.

Em sua dissertação de mestrado, Eliza Muniz Barretto de Carvalho,

descreve um resumo de cada um dos movimentos mencionados acima, que

inspiraram a Proposta Triangular de Barbosa. Ela resume um dos movimentos da

seguinte forma:

“[...] o programa de ensino de arte denominado DBAE (arte-educação entendida como disciplina), elaborado pelos pesquisadores Elliot Eisner, Brent Wilson, Ralph Smith e Marjorie Wilson, dentre outros, e patrocinada pelo Getty Center for Education in the Arts, no fim da década de 1970. Esse programa resultou de uma pesquisa encomendada pelo Getty Center, que apontou uma grande queda na qualidade do ensino de arte nas escolas dos EUA,[...]” (CARVALHO, 2007, p. 35).

Essa queda se deu pela “perda do status do ensino de arte perante as outras áreas

do conhecimento no currículo escolar” (CARVALHO apud RIZZI, 1999, p. 40) e

complementa:

“O DBAE pressupõe que, para o ensino de arte ser eficiente e de qualidade, é necessária a interação de quatro campos de conhecimento distintos: produção artística — uso de meios materiais pela criança para transmitir ideias, imagens e sentimentos; história da arte — compreensão das relações entre arte e conceitos estéticos das diferentes épocas; estética — reflexão sobre a qualidade das obras de arte e do mundo visual, bem como a filosofia da arte; e crítica — julgamentos sobre a expressão artística através do ato de ver e descrever o mundo visual.” (CARVALHO, 2007, p. 35-36).

Esses quatros fundamentos reforçam a ideia da Proposta Triangular, que

é uma adaptação da DBAE de ver, contextualizar e apreciar a obra de arte e servem

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

14

como base para um programa de arte em qualquer instituição de ensino que “deve

partir da convicção de que a arte não é apenas ornamento, e sim uma parte do

patrimônio cultural, por isso merece a mesma atenção que outras disciplinas no

currículo escolar”. (CARVALHO, 2007, p. 36).

O desafio para nós enquanto professores consiste em desmistificar a

ideia equivocada de que o ensino de arte não é tão importante ou não se faz tão

necessária quanto às demais disciplinas dentro do currículo escolar das instituições

de ensino. A Proposta Triangular segundo CARVALHO, 2007, se sustenta nos três

eixos já mencionados; o fazer, a leitura e sua contextualização, como métodos de

aprendizagem da arte, que proporciona ao aluno conhecer, criticar e realizar seu

próprio trabalho artístico, podendo trazer essa releitura a sua realidade.

1.2 As Políticas Públicas e o PCN para o ensino de Artes

Desde a transformação do ensino de arte no século XX, CARVALHO,

2007, p. 23 e da criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, o ensino de

arte passou a ser obrigatório nas instituições de ensino do fundamental ao médio.

Segundo o PCN de 1998:

Após muitos debates e manifestações de educadores, a atual legislação educacional brasileira reconhece a importância da arte na formação e desenvolvimento de crianças e jovens, incluindo-a como componente curricular obrigatório da educação básica. No ensino fundamental a Arte passa a vigorar como área de conhecimento e trabalho com as várias linguagens e visa à formação artística e estética dos alunos. A área de Arte, assim constituída, refere-se às linguagens artísticas, como as Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança.

Fica claro que a Arte como conhecimento humano se divide nas

modalidades de ensino já citadas acima; artes visuais, música, teatro, dança e

requer qualificação apropriada a cada uma das competências. Francisco Potiguara

Cavalcante Junior, Coordenador-Geral de Política do Ensino Médio – Ministério da

Educação; Secretaria de Educação Básica; Departamento de Política do Ensino

Médio em documento referente a Políticas Públicas e o Ensino da Arte, publicado na

XV Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil – Confaeb:

Trajetória Políticas de Ensino da Arte no Brasil, 2006, aponta questionamentos e

discute a triste realidade do ensino de arte no Brasil. Em seus apontamentos ele diz:

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

15

Alguns consensos possíveis já existem e estão explicitados nas leis que regem a Educação Nacional e em publicações que, oficiais ou não, definem os eixos norteadores de uma prática docente competente e emancipadora, como bem demonstram os princípios norteadores da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – valorização do profissional da educação escolar; VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extra-escolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (JUNIOR, 2006, p. 108).

Esses norteadores descritos por Junior seriam o apoio necessário aos

professores na tentativa de auxiliá-los em seus ensinamentos. Ele ainda nos fala:

“Na ausência de professor de artes, entra o professor de História, com o desafio de

desenvolver competências e habilidades numa área, a princípio, distante da sua

formação inicial.” (JUNIOR, 2006, p. 108). Problema não tão comum hoje em dia,

mas que permeou o ensino da arte por alguns anos, pela falta de profissionais

capacitados. Lembro que quando eu estudava ainda pequeno, as professoras de

pedagogia eram responsáveis por ensinar arte e as aulas resumiam-se em

brincadeiras e joguinhos. Essa falta de profissionais na área de artes prejudicou o

ensino nas escolas durante muito tempo.

Voltando um pouco na história, nos anos de 1971, a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação/ LDB reformulou e modificou a estrutura de ensino e passou a

incluir o ensino de arte no currículo escolar como atividade educativa sob a

denominação de Educação Artística, a ser desenvolvida por um professor

polivalente, (CARVALHO, 2007, p. 30). A falta de profissionais qualificados na área

fez com que em 1973, fossem criados cursos com duração de dois anos na tentativa

de capacitar professores de arte. O resultado foi “o despreparo teórico-metodológico

dos educadores formados nessa licenciatura promoveu um aligeiramento do saber

artístico...” (CARVALHO, 2007, p. 31).

Esse aligeiramento ineficiente do ensino de arte gerou, “[...] uma

educação estética descartável, um fazer artístico pouco sólido e um apreciador de

arte despreparado” (CARVALHO apud BARBOSA, 1984, p. 88).

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

16

Com a criação do PCN, o ensino de arte pretende proporcionar a

exteriorização dos aspectos essenciais da criação e percepção estética dos alunos,

contribuindo para uma formação de estudantes, capazes de:

expressar, representar ideias, emoções, sensações por meio da articulação de poéticas pessoais, desenvolvendo trabalhos individuais e grupais;

reconhecer, diferenciar e saber utilizar com propriedade diversas técnicas de arte, com procedimentos de pesquisa, experimentação e comunicação próprios;

conhecer, relacionar, apreciar objetos, imagens, concepções artísticas e estéticas — na sua dimensão material e de significação —, criados por produtores de distintos grupos étnicos em diferentes tempos e espaços físicos e virtuais, observando a conexão entre essas produções e a experiência artística pessoal e cultural do aluno;

conhecer e situar profissões e os profissionais de Artes Visuais, observando o momento presente, as transformações históricas já ocorridas, e pensar sobre o cenário profissional do futuro. (PCN, 1998, p. 65-66)

Esses são apenas alguns dos muitos termos e exigências que o PCN de

Artes tem como diretrizes na formação de cidadãos capazes de entender como é e a

relevância que a arte tem em suas vidas e culturas. Mas para tanto se faz

necessário que as escolas estejam preparadas tanto em estrutura quanto em

capacidade profissional. O desenvolvimento cultural do aluno em ações que

integram o perceber, o pensar, o aprender, o recordar, o imaginar, o sentir, o

expressar, o comunicar, através de produções artísticas, a apreciação dos seus

trabalhos bem como de seus colegas mediante a elaboração de ideias, sensações,

hipóteses e esquemas pessoais só poderão ser obtidos, com tempo e estruturas

dignas de um ensino de artes de qualidade.

2 - O DESAFIO DA SALA DE AULA; PARTINDO PARA O ENSINO DE ARTE

No ano de 2015, eu Carlos Auricelli Celestino Cirino, fiquei responsável

pelo ensino de Artes nas turmas do fundamental II no Colégio Encanto Unidade I,

localizado na Rua Praça Caucaia, 4434, Conjunto Potengi, Natal/RN. Essa foi a

minha primeira experiência como professor regular, já que nos estágios obrigatórios

exigidos pela faculdade, trabalhei por meio de oficinas de desenho. Essas oficinas

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

17

foram prestadas na instituição Nil Ateliê e Galeria de Artes, localizada na Rua

Professor Antônio Campos, 1873, Lagoa Nova, Natal/RN. Nessa instituição privada

voltada para alunos de várias idades trabalhei em dois dos três estágios exigidos

pela universidade. No terceiro estágio, trabalhei em conjunto com mais dois colegas

de turma, na Escola Estadual Isabel Gondim, Rua Cel. Avelino Freire, S/N – Rocas,

Natal/RN, também através de oficinas de desenho. Nesta última, estimulávamos os

alunos a praticarem sua criatividade através do desenho, pedindo para que os

mesmos fizessem esses trabalhos de maneira livre e com uma visão da sua

realidade e de seu mundo.

Os resultados foram trabalhos que mostravam as preferências de cada

aluno, como por exemplo, a música com ilustrações de pessoas dançando em um

baile funk, com detalhes como caixas de som, bancada com DJ, colorização de

luzes artificiais como as vistas em shows do gênero, além de letreiros que lembram

o grafite, expressão artística muito comum na contemporaneidade. Trabalhos que

com certeza expressão o dia-a-dia dos alunos e sua convivência com tais

movimentos culturais. A escola Izabel Gondim, não dispunha de um ateliê para

prática e estudo da arte durante o estágio supervisionado. Todo material utilizado

pelos alunos foram doação da professora Evanir Pinheiro, nossa orientadora

responsável pelo estágio.

No Nil Ateliê e Galeria de Artes a proposta era de fazer com que a criança

trabalhasse o desenho e a colorização por meio de lápis de cor, de maneira

acadêmica, seguindo as regras de proporções, de não ultrapassar as linhas do

desenho na hora de colorir, mas ao mesmo tempo estimulando-as a irem aos

poucos criando seus próprios trabalhos.

Em todos os estágios a prática do desenho serviu como metodologia de

ensino. Não nos baseamos em técnicas pedagógicas definidas. A tentativa, com

exceção do trabalho realizado no Nil Ateliê, era de estimular a criatividade e o

interesse dos alunos pela prática do desenho, sem nenhuma menção a períodos

históricos da arte ou da arte em si.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

18

2.1 O ensino regular de arte, aplicando as teorias metodológicas

Partindo do principio pedagógico de FREIRE (2003), em meu primeiro

momento com as turmas regulares as quais fiquei responsável no ano de 2015,

busquei entender seus conhecimentos básicos em relação às artes. Procurei

conhecer os alunos sobre o que os mesmos tinham a dizer a respeito da arte por

meio de conversas informais, suas preferências e gostos pessoais, o que lhes

chamava a atenção na disciplina e a importância da arte nas suas vidas. Pedi

também para que escrevessem um texto relatando seus conhecimentos em artes, as

experiências com outros professores da disciplina, se já haviam tido a oportunidade

de visitar museus ou galerias, se tinham alguma prática com desenho, pintura,

colagens, etc. A unanimidade nas respostas foi de que “arte é legal” e que é algo

importante.

Com base nessas respostas comecei o ensino de Arte pela sua parte

histórica, buscando atualizá-los e situá-los contextualmente dos acontecimentos que

levaram a arte ao status de importância para a humanidade. Junior cita um

fragmento do autor Gombrich que diz:

Nada existe realmente a que se possa dar o nome de arte. Existem somente artistas. Outrora, eram homens que apanhavam um punhado de terra colorida e com ela modelavam toscamente as formas de um bisão na parede de uma caverna; hoje, alguns compram suas tintas e desenham cartazes para os tapumes; eles faziam e fazem muitas outras coisas. Não prejudica ninguém dar o nome de arte a todas essas atividades, desde que se conserve em mente que tal palavra pode significar coisas muito diversas, em tempos e lugares diferentes, e que arte com A maiúsculo não existe. (JUNIOR apud GOMBRICH, 2006, p. 109).

Esse status que a arte assumiu com o passar dos anos, valorizou a

história da humanidade, pois as pirâmides egípcias por si só, já são admiráveis, mas

foi através das pinturas e da escrita hieroglífica dos seus antepassados, e os

estudos sobre essa escrita que podemos entender como a sociedade da época

viveu a milhares de anos atrás. Eu costumo dizer aos meus alunos que arte é uma

forma pictórica de retratar o passado mesmo antes da invenção da fotografia. Assim

as aulas de arte sempre faziam alguma associação com a disciplina de História.

Porém, segundo Freire; “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da

relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blablablá e a prática,

ativismo”. (FREIRE, 2003, p. 11). A abordagem por mim seguida acima tornou as

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

19

aulas de Arte parecida com as demais, transmissão de conhecimento associado a

algo que os alunos já haviam visto em algum momento. Os alunos me indagaram se

as aulas de arte seguiriam a mesma metodologia das outras disciplinas,

perguntaram se não iriamos desenhar ou mesmo pintar alguma coisa.

Devido ao regime interno da escola, cujo objetivo é de preparar o aluno

para o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM fui instruído a passar conteúdo de

maneira que os alunos fizessem uma prova regular como a qualquer outra disciplina

no intuito de prepará-los para prestarem concurso algum dia. Dessa forma cometi o

equivoco de cair no blábláblá e no ativismo tornando a sala de aula dispersa e os

alunos desmotivados para as aulas de Arte.

Freire nos mostra que ensinar não é transmitir conhecimento, pois no

momento em que se ensina se aprende e vice-versa. Meu método pedagógico de

transmitir o ensino de Arte relacionando-o com a História, estava se tornando um

transmissor de conhecimento. Era necessário fazê-los entender que a arte não é

somente uma ramificação da história. “[...] quanto mais criticamente se exerça a

capacidade de aprender tanto mais se constrói e se desenvolve o que venho

chamando ‘curiosidade epistemológica’, sem a qual não alcançamos o

conhecimento cabal do objeto”. (FREIRE, 2003, p. 13). Passei então à autocrítica, e

me perguntar onde estava errando no exercício da função como professor de arte.

Surgia então a tentativa de ensinar arte através de exposições de obras

dos grandes mestres seguindo a ideia da Proposta Triangular de Barbosa. Meu

primeiro contato com a Proposta Triangular foi dentro da universidade durante o

curso de licenciatura em Artes Visuais. Como já fora mencionado a proposta de

Barbosa se baseia no princípio de ver, ler e fazer. Essa mudança da prática

pedagógica fez-se necessária na tentativa de prender a atenção dos alunos, que

estavam dispersos e sem motivação para as aulas de arte. Se o que eu fazia era

transmitir o conhecimento que tinha sobre a história da arte descrevendo artistas e

suas obras, cabia ao aluno transformar todas as minhas palavras em imagens de

tais obras. A classe ficava vagando em seus próprios pensamentos. Daí a ideia

adotada com apoio na proposta de Barbosa.

O problema estava na falta de estrutura para realizar uma aula que fosse

ao mesmo tempo expositiva e atrativa. Infelizmente a escola possui apenas um

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

20

projetor de slides, o que dificulta o ensino da arte nos moldes da Proposta

Triangular. Nesses casos o educador tem que se virar na medida do possível e usar

os recursos que ele tiver a disposição. Com a ajuda de alguns livros de arte e de

uma série de imagens que retratavam obras dos grandes mestres da pintura de

vários períodos artísticos intitulada Pinacoteca Caras, pude deixar as aulas mais

interessantes nesse ponto. Assim, tinha a oportunidade de mostrar e contextualizar

de forma mais clara o conteúdo das aulas. Mas, essas aulas expositivas tomavam

muito tempo, tempo este limitado a quarenta e cinco minutos de aula, uma vez por

semana. O que ocorria era que não tínhamos a chance de aproveitar o estimulo dos

alunos naquela aula que por sua vez acabava se perdendo para a semana seguinte

e se esvaindo durante o fim de semana.

Em seus apontamentos Junior afirma nas últimas linhas de seu

documento a Confaeb o seguinte:

Precisamos, com a máxima urgência, estruturar alguns cenários nos quais a direção da escola, por meio de processos de gestão participativa, promova a abertura de espaços alternativos que viabilizem as condições físicas para o trabalho artístico: uma escola com sala de teatro, de música, de artes plásticas – um espaço de múltiplos usos para o desenvolvimento de todo o potencial de habilidades artísticas. Finalmente, uma formação inicial e continuada que permita a todos os educadores o acesso ao patrimônio cultural e artístico produzido pela humanidade. (JUNIOR, 2006, p. 112)

Nós professores nos deparamos muito com este percalço. Não ocorre em

todas as instituições é verdade, mas a grande maioria, segundo colegas de curso

que estão trabalhando na área e por experiências por mim vivenciadas, possui esse

déficit de salas preparadas para um bom ensino de arte. Tive a oportunidade de

estagiar no primeiro semestre de 2015 na Escola Freinet, uma Cooperativa de

Professores situada na Av. Hermes da Fonseca, 1500 - Tirol, Natal/RN. A escola

trabalha com a metodologia pedagógica de Célestin Freinet, que segundo Maria

Lucia dos Santos é; “uma pedagogia ativa, aberta para a vida, que mobiliza a

experiência e os interesses da criança, favorecendo a auto-sócio-construção de

saberes múltiplos, e também o saber pensar, saber agir, saber dividir, saber fazer,

saber viver junto.” (SANTOS, 2012). Na instituição as aulas de arte decorriam por

meio de oficinas de arte, música, teatro e design todas com seu próprio professor

capacitado na sua competência, com materiais adequados para cada uma das

oficinas e interagia com as demais disciplinas. Tais oficinas proporcionavam a cada

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

21

aluno do ensino fundamental I e II, a participação em cada um dos trimestres, assim

ao final do ano todos sem exceção passavam por cada uma das oficinas.

Esse foi meu primeiro contato com Freinet e sua metodologia pedagógica.

Não chegamos a estudá-lo na universidade, mas sua pedagogia apoia-se na livre

expressão do aluno e no trabalho coletivo por meio de Textos Livres, Tipografia,

Correspondência Interescolar e Ficheiros Escolares. (PEREIRA, 2012). O período

que passei na Escola Freinet me mostrou outra forma de pedagogia na qual o aluno

é que tem o máximo de autonomia. Os discentes são incentivados a redigir seu

próprio texto com o objetivo de torná-lo um livro ao fim de cada trimestre. A interação

com as demais turmas mesmo de níveis mais avançados foi outro fator de destaque,

tudo ligado à interdisciplinaridade. O professor serve apenas como intermediador do

conhecimento, os alunos é que buscam esse conhecimento.

Voltando as aulas expositivas por meio de livros e imagens, o que

conseguíamos fazer durante esse tempo em classe era situar os alunos com relação

ao período histórico e o contexto da obra e do artista. Seriam dois passos nos que

diz respeito à Proposta Triangular, faltava então o fazer. É no fazer que está a maior

importância do ensino da arte. Da mesma forma que as aulas de ciências são mais

bem aproveitadas quando se pode observar uma célula ao microscópio, a arte sem

o fazer artístico não se complementa.

A Proposta Triangular se sustenta em três eixos: “[...] o fazer, a leitura e a contextualização” (BARBOSA, 1998, p. 37). Essa autora define cada eixo e diz como foram interpretados, referindo-se a eles como ações integradoras dos componentes curriculares. Segundo ela, na Proposta Triangular, o eixo fazer artístico é prática artística expressa no trabalho de ateliê, prática que enfatiza a percepção, a fantasia e a imaginação criadora do aluno para possibilitar o desenvolvimento de um processo próprio de criação. Em geral, o fazer artístico não deve se basear na simples imitação de modelos propostos, mas no desenvolvimento da criatividade do educando, a ser expressa nas mais diversas linguagens artísticas. (CARVALHO, 2007, p. 40).

Como não havia tempo de realizar o eixo artístico do fazer da proposta,

este era passado como exercício de casa. Ao final de cada aula eu os orientava no

que deveriam fazer e que procedimentos tomar para realizarem a atividade de casa.

Não surtia o efeito desejado pela falta de orientação presencial, de minha parte, no

fazer. Com a liberdade de criarem em suas casas, o resultado era bem aquém do

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

22

que se esperava, não pelo fato de não ficar artisticamente belo, mas pelo descaso

no produto final. Em uma aula sobre mosaico, pedi aos alunos que criassem uma

composição artística que representasse o fundo do mar, pois na aula de biologia os

mesmos estavam estudando a vida marinha. Dividi a sala em grupos de cinco

pessoas, orientei-os a recobrir uma cartolina com recortes de revista com base no

que aprendemos sobre mosaico e no tema escolhido; designei para que fizessem

em casa e trouxessem na próxima aula. Essa falta de acompanhamento por parte do

professor resultou em trabalhos distantes da ideia do que era mosaico. Não chagava

a ser o maior dos problemas, mas a proximidade com a forma artística original

poderia ser mais bem aproveitada. Talvez fosse necessário existir um horário maior

para as aulas de arte. Sem esse horário mais estendido, é quase impossível se fazer

um trabalho interessante na proposta triangular de Barbosa.

2.2 A vivência pedagógica

A experiência pedagógica relacionada a este trabalho de conclusão foi um

minicurso de aquarela realizado no período de 07 de julho a 24 de novembro de

2015, para estudantes em idade adulta, toda terça-feira das 14:00 as 17:00 horas na

instituição Nil Ateliê e Galeria de Arte.

A princípio a proposta seria de um curso da mesma maneira que é o

curso de desenho no próprio ateliê, mas a ideia fora descartada e assumimos, tanto

eu quanto Nilson Morais, dono do ateliê, a ideologia de um minicurso com duração

de três meses. A divulgação se deu por meio de informações através das mídias

sociais e de uma página do ateliê no facebook. Abertas as inscrições, no dia 07 de

julho iniciamos a turma única com quatro alunas adultas.

No primeiro encontro com as alunas, falei um pouco do meu trabalho com

a aquarela, compartilhei da minha participação no Grupo Universitário de Aquarela e

Pastel – GUAP, da UFRN e apresentei alguns de meus trabalhos com a aquarela, o

tipo de estilo de minha produção artística no qual eu me sinto a vontade de executar,

que é a ilustração. Discutimos também quais os melhores matérias que poderiam ser

utilizados pelas alunas, tipo de papel, tintas e pincéis e tiramos todas as dúvidas

possíveis acerca do assunto sobre a pintura em aquarela. Aproveitei também para

contar que já havia praticado uma oficina de aquarela pela própria UFRN, no Projeto

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

23

Arte na Escola. As alunas também compartilharam de suas vivências, algumas até

mesmo já participaram de aulas de pintura dentro da própria UFRN, no ateliê da

Galeria Convivart.

Ainda nesse primeiro encontro, trabalhamos um pouco com as técnicas

utilizadas na aquarela. Reuni as alunas ao meu redor e fiz uma demonstração da

utilização da aquarela, em seguida pedi para que as mesmas repetissem o

processo. Como a maioria das alunas não tinha material eu ofereci o meu próprio,

papel, tintas e alguns pincéis. Assim pudemos dar início em algumas das técnicas

de aquarela, como a diluição da tinta, a maneira ideal de como proceder na

execução da pintura e aproveitei para ver o nível de compreensão de cada aluna,

visto que algumas já haviam participado de outros cursos de pintura em algum

momento. Ao final da aula daquele dia, as alunas tinham praticado algumas das

técnicas, realizado um trabalho livre e um exercício de compreensão das cores da

aquarela, mistura de pigmentos e etc.

Mesmo não possuindo tanto domínio da aquarela, eu pude tirar dúvidas e

ajudar no melhor possível as minhas alunas. Fiquei surpreso com algumas, que

mesmo fora do âmbito do ateliê, trouxeram trabalhos feitos em casa utilizando as

técnicas e dicas concedidas por mim durante as aluas. Foi uma experiência muito

gratificante, pois, pude enquanto ensinava aprender coisas que até então não

conhecia. O ato de ensinar nos traz um aprendizado em dobro, pois ao mesmo

tempo em que ensinamos aprendemos. Essa troca mútua de conhecimentos, nos

ajuda a sermos profissionais melhores e mais capacitados. Para o ano de 2016,

pretendo abrir, com a autorização de Nilson Morais, uma nova turma, desta vez para

o ensino de desenho no estilo mangá, muito popular entre os jovens. Será um

minicurso tal qual foi o de aquarela, mas desta vez voltado ao público infanto-juvenil.

2.2.1 Vivência pedagógica trabalhando a Proposta Triangular

No Colégio Encanto, a experiência em sala como professor era totalmente

diferente. Sendo nossas aulas ministradas ao ensino fundamental II e que tem como

proposta escolar um visão de ensino voltada à preparação para o ENEM, fica difícil,

senão impossível, trabalhar somente com desenhos pinturas e outras coisas que os

alunos gostariam de experimentar em cada aula. Como já mencionado, busquei

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

24

trabalhar nas aulas de arte no Colégio Encanto utilizando de alguns métodos

pedagógicos de grandes autores do ensino como Paulo Freire e até Célestin Freinet.

Dentre todos o que mais resolveu as dificuldades de sala de aula, no que

diz respeito ao entendimento da arte, foi a proposta criada por Ana Mae Barbosa.

Com a proposta triangular pude não só apresentar a arte e sua história, como

também aproximar os alunos das práticas nas quais um determinado movimento

artístico foi inspirado. Mas nem tudo dava certo. De início as coisas caminhavam

bem, mas aos poucos, a tendência de ensino prático ficou mais difícil de realizar. O

tempo de quarenta e cinco minutos por aula, não ajuda a nós, arte educadores,

desenvolver um trabalho artístico que possa despertar no aluno o aprender, o ver e

o apreciar a arte. Mas mesmo com esse percalço do tempo, consegui, segundo os

alunos, ministrar as aulas de arte de maneira agradável. Seus antigos professores,

nas palavras dos alunos, se preocupavam mais em realizar brincadeirinhas e jogos,

do que ensinar o valor que a arte pode ter.

A Proposta Triangular é sim, o melhor caminho para qualquer arte

educador transmitir o valor que a arte tinha, teve e terá na vida de qualquer

sociedade no mundo, a análise de obras, sua contextualização e o fazer relacionado

ao que fora visto nas primeiras observações no estudo da arte, possibilita ao aluno

uma compreensão muito maior sobre a importância da arte, pois a arte, assim como

a música, alcança limites inimagináveis.

2.3 Saindo da rotina, a proposta da oficina de desenho

Com o passar do tempo às aulas estavam, de certa maneira, indo bem.

Mas ainda havia uma ponderação por parte dos alunos e uma vontade de se ter

aulas práticas, de maneira assistida em artes. O tempo de aula era sem dúvida o

maior dos desafios. Associar conteúdo, contextualização e ainda praticar algo é

muito complicado se levarmos o tempo em consideração.

Durante o primeiro semestre de 2015, no Colégio Encanto, ao chegar à

sala de aula fui surpreendido com um grupo de alunos do oitavo ano, que tiveram a

ideia de fazer um “abaixo assinado” para termos aulas desenho e pediram a minha

ajuda. Fiquei surpreso com a proposta, ainda mais por que foi iniciativa deles, os

alunos. Reunimo-nos no intervalo e conversamos sobre a possibilidade de haver tais

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

25

aulas de desenho. Teríamos que levar a proposta à coordenação e posteriormente à

direção da escola e ver o que mesma tinha a dizer sobre o assunto/ideia. Assim o

fizemos.

A coordenadora me pediu para redigir um projeto e apresentá-lo a direção

da escola. A instituição já possui algumas atividades extraclasse, como o CSI Natal,

coordenado pelo professor de biologia. Seria uma espécie de encenação teatral

baseada no seriado de investigação criminal norte-americano de mesmo nome, mas

baseado em fatos histórico-criminais acontecidos no estado do RN. Os alunos do

ensino médio são incentivados a procurar jornais com esses acontecimentos e logo

então criam um roteiro fictício baseado nesses acontecimentos criminológicos. Então

passam para a parte da encenação e no estudo criminal associado às aulas de

biologia. Há também o clube da astronomia coordenado pelo professor de física. Os

alunos se reúnem uma vez por mês para observar e estudar os astros. Não custava

nada tentar uma oficina de desenho.

Redigi a proposta e apresentei a direção como foi pedido e a direção

achou a ideia maravilhosa. Só havia um problema. Onde encaixaríamos esses

alunos e em que horário poderia ser realizado as oficinas. Tivemos o pensamento de

criar um horário extra pela manhã justamente para as oficinas. Um novo documento

foi redigido pedindo a autorização dos pais para criação desse horário extra, afim de

que os alunos interessados pudessem participar das aulas de desenho. Aproveitaria

meu horário ocioso entre as aulas da manhã e da tarde para coordenar as oficinas.

Tais aulas são estendidas a todas as turmas que eu leciono, tanto da

manhã quanto da tarde. Ambas fariam essas aulas no horário extra e os alunos da

tarde ficariam na escola até o começo do seu turno de aula, como fazem os

estudantes da tarde que praticam esporte nas aulas de educação física. Depois de

uma espera de aproximadamente dois meses entre o período de recesso escolar e a

autorização dos pais dos alunos, começamos as oficinas em agosto de 2015, logo

após a volta das férias. Como esperado a maior procura foi de alunos da manhã. A

oficina de desenho não tem relação alguma com as aulas de arte. Não conta pontos

ou presença para a disciplina, funciona somente como forma de aproximar aqueles

que gostam de desenho e é totalmente gratuito, disponível apenas para alunos da

instituição.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

26

Tentei aplicar a mesma metodologia pedagógica utilizada no Nil Ateliê.

Todavia, faltava material como a própria mesa de luz, lápis de cor dentre outros. A

opção foi começar por fazê-los entender o que é o desenho e como aplicá-lo para

criar formas. Comecei estimulando os alunos a construírem formas geométricas de

vários tipos e tamanhos. Depois pedi para organizarem essas figuras em imagens

que eles mesmos poderiam criar mais ou menos como no jogo tangram, mas tudo

desenhado no papel. As dificuldades que eles tiveram no momento de criar algo a

partir das figuras geométricas foram bem interessantes. Na cabeça de alguns, não

dava pra formar nada de especial. Mas se, por exemplo, você desenhar um

quadrado e logo em cima desse quadrado desenhar um triângulo terá uma casa. Foi

esse princípio de desenho que passei para eles nas primeiras aulas.

De início a oficina estava caminhado muito bem, mas com o passar do

tempo e das atividades por mim exercidas em função de vários casos, trabalhos da

faculdade e até da própria escola, as aulas ficaram cada vez mais ociosas. Os

próprios alunos estavam preocupados em prepararem seus assuntos para a feira de

ciências da escola, logo após vieram a provas bimestrais e em seguida o simulado

preparatório do ENEM. Minha intenção era de realizar uma exposição ao fim do

período letivo com os trabalhos dos alunos, mas infelizmente não temos obras e/ou

materiais suficientes para realizarmos essa exposição. Em continuando a lecionar no

ano de 2016, tentarei por a oficina para o sábado, pois assim teríamos um tempo

maior para produzirmos e tratarmos de assuntos associados à arte. Por hora a

oficina segue caminhando a passos curtos, mas com empolgação de minha parte e

dos alunos.

3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ser docente implica em vários desafios. Aprender a aprender, ser um

pesquisador, aprender a conviver, saber lidar com situações inusitadas, lidar com as

dificuldades que não são poucas, ter paciência e acima de tudo gostar de ensinar.

Em nosso país infelizmente não há uma vontade por parte dos governantes em que

o povo aprenda. No papel está tudo escrito de forma clara e bonita, de encher os

olhos nos PCNs e na própria LDB, mas a realidade é totalmente outra. Escolas

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

27

defasadas e sem estrutura, ensino pouco valorizados e profissionais desmotivados,

falta de investimento na educação de base.

O que vemos são alunos sendo aprovados sem conhecer, sem saber,

conceitos básicos de aprendizagem, como ler e principalmente escrever, valores que

deveriam estar em primeiro lugar no ensino de base até sua formação no ensino

médio. Para a União o que conta são números. Quanto mais nossas crianças

avançam nos anos letivos, maior a ideia ilusória de uma nação educada

pedagogicamente. Pouco importa se os discentes estão aprendendo alguma coisa

ou não, o que vale no final das contas é a quantidade de alunos que avançam essas

séries sem o preparo adequado. Falo isso, pois neste ano de ensino como professor

de artes vi a dura realidade do ensino brasileiro. Alunos despreparados, sem

entendimentos básicos de ensino.

As instituições privadas que até pouco tempo eram vistas como ensino de

qualidade hoje estão mais preocupadas na quantidade de alunos que passam no

ENEM, do que a qualidade desses alunos. Há uma competição indireta entre as

instituições de ensino privado para ver qual cursinho/escola aprova mais. Um ensino

voltado ao mecanicismo e rigidez das provas dos concursos.

Mas e o ensino da arte? Onde ele se encaixa nessa competição? Se para

profissionais de outras disciplinas já é complicado tentar motivar os alunos, que dirá

o ensino da arte, tido por alguns como algo superficial. O profissional das artes, ao

lecionar talvez tenha que ser o mais criativo de todos. Saber como trazer os alunos

para dentro da sua disciplina, motivando-os e atiçando a sua curiosidade sobre as

artes, é o maior desafio para o profissional docente da área, pois ainda não caiu na

realidade dos alunos que a arte deixou, a muito, de ser uma disciplina complementar

do ensino.

Trabalhar com a Proposta Triangular ajudou bastante na compreensão de

alguns alunos no que se refere à arte. Muitos ainda estão distantes em seus

pensamentos e vagueiam sem demonstrar interesse nas artes, mas deve-se tentar

aprofundar mais como profissional docente e buscar formas de trazer esses alunos

para, pelo menos, ver as artes como algo de fundamental importância em sua vida e

cultura. Espero melhorar cada vez mais e um dia quem sabe poder ser tão bom

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

28

quanto aqueles os quais tive a oportunidade de conhecer durante minha estadia na

academia e que hoje são profissionais em suas áreas.

Neste trabalho pude explorar conceitos e métodos de ensino em três

instituições diferentes, muito embora isso não fosse parte desta pesquisa. Nessas

instituições pude não só explorar esses métodos de ensino, como puder ver a

diferença, embora sútil, de cada um deles. Com exceção do estágio na Escola Isabel

Gondim, toda a pesquisa se passou em instituições privadas, cada qual com uma

forma de trabalho e propostas diferentes.

Coube então a mim, uma adequação entre ambas. Nesse período de

adequação cometi erros que não chegaram a comprometer o ensino, mas me

ajudaram a aprender como lidar com situações e principalmente a falta de material.

Aprendi que uma aula exploratória e com auxilio de imagens, sejam quais forem,

despertam no aluno a curiosidade e ajuda a fixar melhor o conteúdo apresentado.

A proposta Triangular de Barbosa é, sem dúvida, a melhor maneira para o

ensino da arte em qualquer instituição. Mesmo que a proposta da escola seja outra,

a autonomia e liberdade concedida a mim, para trabalhar, em especial com a oficina

de desenho, no Colégio Encanto trouxe certa proximidade do alunado para com a

disciplina de artes. Espero que um dia, as instituições de ensino estejam melhores

preparadas para um bom e verdadeiro ensino de arte. Enquanto esse dia não chega,

ensinar arte continuará sendo um desafio.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

29

4 – REFERÊNCIAS

BARBOSA, A. M. Arte Educação no Brasil: do modernismo ao pós-modernismo.

[Editorial]. Revista Digital Art& - Número 0 - Outubro de 2003. Disponível em:

<http://www.revista.art.br/>. Acesso em: ago. 2015.

BARBOSA, A. M. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Editora C/Arte, 1998. 198 p.

BARBOSA, A. M.; CUNHA, F. P. Abordagem triangular no ensino das artes e

culturas visuais. São Paulo: Cortez, 2010. 463 p.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:

arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC / SEF, 1998. 116 p.

CARVALHO, E. M. B. A proposta triangular para o ensino de arte: concepções e

praticas de estudantes-professores/as. 2007. 150 f. Dissertação (Mestrado em

Educação) – Universidade de Uberaba. Minas Gerais. 2007. PDF.

FREINET, C. Pedagogia do bom senso. 7° Ed. São Paulo: Martins Fontes. 2004.

95 p. PDF.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. 27°

Ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2003. 148 p.

GUERSON, M. Ana Mae Barbosa e Luigi Pareyson – Um Diálogo Em Prol De “Re-

Significações” Sobre Ensino/Aprendizagem De Artes Visuais. Revista Eletrônica do

Grupo PET – Ciências Humanas, Estética e Artes da Universidade Federal de São

João Del-Rei – Ano V – Número V – Janeiro a Dezembro de 2010. PDF.

PEREIRA, M. F. R. S. Técnicas de educação: Freinet na escola moderna.

Necessidade e urgência de uma pedagogia moderna, In: III Foro Ibérico de

Museísmo Pedagógico - V Jornadas Científicas de la SEPHE. PDF.

TRAJETÓRIA E POLITICAS PARA O ENSINO DE ARTES NO BRASIL: anais do XV

Confaeb. 15. 2006. Brasília. Anais...Brasília: XV Congresso Nacional da Federação

de Arte-Educadores do Brasil, 2007. 339p.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

30

ANEXOS

Figura 1 - aula de desenho na instituição Nil Ateliê e Galeria de Arte

Fonte: Nil Ateliê

Figura 2 - desenho do aluno Daniel. Nil Ateliê e Galeria de Arte

Fonte: Nil Ateliê

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

31

Figura 3 - trabalho em aquarela da aluna Ana Cláudia

Fonte: Nil Ateliê

Figura 4 - trabalho em aquarela da aluna Sandra

Fonte: Nil Ateliê

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Curriculares Nacionais, PCN de Arte e suas Políticas Públicas. O objetivo deste trabalho não é o de criticar a maneira como

32

Figura 5 - capa de uma das edições da coleção Pinacoteca Caras

Fonte: acervo pessoal

Figura 6 - imagens de obras de vários artistas de coleção Pinacoteca Caras

Fonte: acervo pessoal