universidade federal do rio grande do norte … · codornas (coturnix coturnix ... grande do norte...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA
HERYKA MYRNA MAIA RAMALHO
EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM RETINOL PALMITATO EM CODORNAS (Coturnix coturnix japonica) NOS NÍVEIS DE
RETINOL NA GEMA DOS OVOS.
NATAL
2007
HERYKA MYRNA MAIA RAMALHO
EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM RETINOL PALMITATO EM CODORNAS (Coturnix coturnix japonica) NOS NÍVEIS DE
RETINOL NA GEMA DOS OVOS.
Dissertação apresentada ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Bioquímica. Orientador: Roberto Dimenstein.
NATAL 2007
Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Ramalho, Heryka Myrna Maia. Efeito da suplementação com retinol palmitato em codornas (Coturnix coturnx japonica) nos níveis de retinol na gema dos ovos / Heryka Myrna Maia Ramalho. – Natal [RN], 2007. 90 f. Orientador: Roberto Dimenstein. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Departamento de Bioquímica. Programa de Pós-Graduação em Bioquímica. 1. Vitaminas – gema de ovo - Dissertação. 2. Cordonas – retinol - Dissertação. 3. Colesterol - Dissertação. I. Dimenstein, Roberto. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 577.16(043.3)
HERYKA MYRNA MAIA RAMALHO
EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM RETINOL PALMITATO EM CODORNAS (Coturnix coturnix japonica) NOS NÍVEIS DE RETINOL NA GEMA DOS OVOS
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof. Dr. Roberto Dimenstein
Departamento de Bioquímica – UFRN Orientador
_________________________________________ Profa. Dra. Tânia Lúcia Montenegro Stamford
Departamento de Nutrição - UFPE 1º Examinador
___________________________________________ Prof. Dr. Luiz Roberto Diz de Abreu
Departamento 2º Examinador
Dissertação apresentada ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial da obtenção do título de Mestre em Bioquímica. Orientador:Roberto Dimenstein.
Dedico esta obra
Aos meus pais, Francimar e Fátima, que se doaram para fazer de mim quem sou,
tornando-me capaz de percorrer este caminho. Pelo amor incondicional, apoio,
incentivo, confiança e sacrifício dedicados em função da minha educação e durante
toda a minha vida. Por sempre me incentivarem na busca do saber e não esmorecer
diante das dificuldades.
AGRADECIMENTOS
À Deus, “Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo que pedimos e pensamos,..., a Deus seja a glória, ..., para todo o sempre. Amém” Bíblia
Sagrada. Efésios 3:20.
Ao meu orientador Professor Doutor Roberto Dimenstein, ao grande e inestimável ensinamento, orientação, confiança em mim depositada, incentivo, amizade e convívio,
que tivemos ao longo desta jornada, tornando possível a realização deste trabalho.
Ao Professor Doutor Jorge Cavalcanti pelas importantes sugestões, colaboração, grande disponibilidade e pelos conhecimentos sobre o assunto estudado.
Ao Professor Carlos Lima pela atenção e incentivo permanente.
Aos professores da pós-graduação do Departamento de Bioquímica, pela contribuição à minha formação acadêmica e pelos ensinamentos compartilhados.
Aos professores Fátima Ximenes e Hugo Alexandre pelas sugestões propostas e colaboração dada durante a qualificação.
Ao professor Marcos Antônio pelo auxílio nas análises estatísticas e pela atenção.
À minha irmã, Larissa Naya, que sempre acreditou nas minhas idéias e decisões.
Aos meus familiares, por estarem sempre ao meu lado, mesmo à distância.
A minha querida amiga Karla Danielly (“Co-orientadora”), uma pessoa imprescindível nesta “batalha”, por todos os ensinamentos indispensáveis para o meu conhecimento
científico e pessoal, pelo companheirismo em todos os bons e maus momentos nesses anos de luta, pelas palavras amigas ditas em momentos difíceis, pela disponibilidade em me ajudar sempre que necessitava, pelo apoio, carinho e convivência agradável.
À minha grande e querida amiga Videanny Santos, presente e companheira em todas as horas no decorrer da graduação e desta pós-graduação, pela amizade,
companheirismo, ajuda em todos os momentos em que necessitava, apoio, incentivo e agradável convivência.
Às minhas amigas especiais Cybelle Teixeira e Leila Cardoso, pelo companheirismo imprescindível nesta caminhada, pela amizade verdadeira, pelo apoio e pelas
inestimáveis trocas de experiência.
Aos meus amigos e companheiros de pós-graduação, Carlos Eduardo, Danielle Medeiros, Gioconda Moura, Illana Louise, Josane Regina, José Edílson, Kátya Anaya, Leonardo Pepino, Robério Nascimento e Ticiana Amorim, pela convivência agradável e
pela ajuda nesta caminhada.
As minhas amigas de pós-graduação do Laboratório Danielle Soares (Dany Querubim) e Lígia Siqueira, pelo companheirismo, apoio e incentivo nos momentos finais desta
jornada.
À aluna de nutrição, iniciante científica: Keith Hellen, hoje uma grande e verdadeira amiga, pela ajuda imprescindível e incondicional, apoio, amizade e carinho, em todos
os momentos no decorrer deste trabalho.
Às alunas de iniciação cientifica Julane, Juliana Garcia, Marília e Samantha, pela contribuição valiosa na parte experimental, pela amizade, apoio e incentivo.
Às minhas amigas do Laboratório Ana Paula, Bruna, Fernanda, Heluísa, Katherine, Michelle, Nathália e Vanessa, pela convivência, amizade e contribuições diversas que tornaram mais suave esta caminhada, e cada uma com sua maneira peculiar, fizeram
do laboratório a minha segunda casa.
A todos os meus amigos do Departamento de Bioquímica que de alguma forma contribuíram para a minha formação.
À técnica Creusa Bernardo pela amizade, incentivo e pelos conhecimentos passados no início do meu aprendizado neste Departamento.
À secretária da pós-graduação Margarita Mavromatis, pela paciência e apoio.
Aos funcionários do Departamento de Bioquímica pelo auxílio dispensados, em especial ao Sr. Itamar Sousa, pela colaboração e disponibilidade na fase experimental, amizade
e estímulo.
Ao Sr. Marcos Lopes proprietário da granja AVIPEC pelo fundamental fornecimento das aves utilizadas na realização deste experimento.
À Empresa LABORLAB LTDA. pelo fornecimento do material para a análise do colesterol das amostras.
À direção da Escola Agrícola de Jundiaí pelas condições e pelo apoio para a realização desta pesquisa.
Aos estudantes Moacir e Jane, alunos da escola Agrícola de Jundiaí, pela valiosa colaboração durante a fase experimental deste trabalho.
Ao programa de pós-graduação em bioquímica e agencia financiadora CAPES.
Às aves que se tornaram a preciosidade para a realização deste experimento.
A todos que contribuíram de maneira direta ou indireta para a realização deste trabalho, e que não estão aqui citados, o meu sincero agradecimento.
Muito Obrigada!!!!!!!!!!!
“Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre, pois sendo mais
do que um espectador de mim mesmo, eu tenho que ter o melhor espetáculo que
posso. E assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, invento palco, cenário
para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis”.
Fernando Pessoa.
RESUMO
A deficiência de vitamina A é um sério problema de saúde pública, e causa a
morte e cegueira em crianças nos países em desenvolvimento. A fortificação de
alimentos como ovos, pode ser uma importante fonte de vitaminas para o controle da
deficiência. Foram utilizadas 60 codornas Coturnix coturnix japonica em delineamento
experimental inteiramente ao acaso, com duração de sete semanas. As aves foram
distribuídas em cinco tratamentos com quatro repetições cada. O objetivo foi avaliar a
influência de diferentes níveis de retinol palmitato (2000UI, 4000UI, 8000UI e 16000UI)
em codornas sobre os níveis de retinol na gema dos ovos. O método utilizado para
dosar retinol na gema dos ovos de codornas foi a Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência (CLAE) e o método enzimático para quantificar a concentração de colesterol.
O peso e a produção de ovos foram significativamente alterados pela suplementação
oral com retinol nas aves. Os resultados mostraram um aumento progressivo na
incorporação de retinol na gema do ovo em resposta à suplementação, atingindo
valores 384% superiores aos valores de controle. Ao término das suplementações foi
observada uma diminuição significativa nas concentrações de retinol na gema dos
ovos, sendo as suplementações com 8000UI e 16000UI as mais duradouras e mesmo
após três semanas continuaram com os níveis de retinol elevados. O conteúdo de
colesterol nos ovos não foi significativamente alterado. O consumo de um ovo
enriquecido com 16000 UI de retinol palmitato no presente estudo, por dia,
provavelmente atenderia em torno de 10 e 7,3% das recomendações diárias deste
micronutriente para crianças na faixa etária de 1 a 3 anos, e 4 a 8 anos,
respectivamente. O valor nutricional dos ovos, relacionado à vitamina A, pode ser
aumentado pela suplementação das codornas.
Palavras-chave: Gema de ovo. Codornas. Suplementação. Retinol. Colesterol.
ABSTRACT
Vitamin A deficiency is a serious public health problem in developing countries,
and it causes death and blindness among children in the developing countries. The
fortification of food could be an important source of vitamins to control deficiency. 60
Coturnix coturnix japonica quails were used in a randomized design with duration of
seven weeks. The birds were assigned into five treatments with four repetitions. The
objective was to evaluate the influence of the supplementation with different levels of
retinyl palmitate (2,000 IU, 4,000 IU, 8,000IU and 16,000 IU) in quails under the levels of
retinyl in egg yolks. The method used to dose retinyl in yolks of quail eggs was High
Performance Liquid Chromatography and the enzymatic method to quantify the
cholesterol concentration. The weight and production of eggs was significantly modified
by the supplementation with retinyl in the birds. The results showed a gradual increase
in the incorporation of retinyl in the egg yolk as a response to the supplementation,
reaching values 384% higher than the control values. By the end of the
supplementations a significant reduction in the concentrations of retinyl in the eggs yolk
was observed. The most lasting supplementations were with 8,000 IU and 16,000 IU
which lasted for three weeks. The cholesterol content in eggs was not significantly
modified. The consumption of one egg enriched with 16000UI of retinol palmitate in the
present study, by day, would probably reach 10 and 7,3% of the daily recommendations
of this micronutrient for children of 1 to 3 years of age, and for 4 to 8 years, respectively.
The nutritional value of eggs, related to the vitamin A, can be improved by
supplementation of quails.
Key words: Egg yolk. Quails. Supplementation. Retinol. Cholesterol.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1_ Diagrama de um ovo. Fonte: Rocha, 2001......................................................................................................
20
Figura 2_ Estrutura química das principais formas de vitamina A Fonte: BOWEN, R. A.; AUSTGEN, L.; ROUGE, M., 2000...........................................
26
Figura 3_ Representação esquemática das baterias (vista lateral), mostrando a disposição das gaiolas de acordo com os tratamentos...............................................
42
Figura 4_ Desenho do experimento.............................................................................
43
Figura 5_ Seringa dosadora para aves e suínos Fonte: HÖPPNER, 2000 .............................................................................................
44
Figura 6_ Extração de retinol em gema de ovo...........................................................
48
Figura 7_ Diluições do padrão de retinol para leitura no espectrofotômetro...............
51
Figura 8_ Diluição do padrão de retinol para sua aplicação no HPLC........................
52
Figura 9_ Cromatograma do padrão de retinol (23,5ng/20µl)......................................
53
Figura 10_ Curva de calibração da solução padrão de retinol.....................................
55
Figura 11_ Extração e dosagem de colesterol em gema de ovo.................................
58
Figura 12_ Níveis de retinol nos ovos de codornas referentes ao Grupo Controle.....
62
Figura 13_ Efeito da suplementação nos níveis de retinol na gema dos ovos de codornas referentes ao Tratamento 2000....................................................................
63
Figura 14_ Efeito da suplementação nos níveis de retinol na gema dos ovos de codornas referentes aos Tratamentos 4000(A), 8000(B) e 16000(C)..........................
65
Figura 15_ Relação entre Retinol Palmitato (UI) suplementado e os níveis de retinol (µg/100g) na gema do ovo...........................................................................................
66
Figura 16_ Comparação dos diferentes tipos de tratamentos sobre os níveis de retinol na gema dos ovos.............................................................................................
67
LISTA DE TABELAS
Tabela 1_ Conteúdo de vitaminas em ovo, albúmen e gema in natura.............................
23
Tabela 2_ Composição da ração comercial utilizada no experimento...............................
40
Tabela 3_ Grupos experimentais e respectivos níveis de retinol suplementado...............
41
Tabela 4_ Concentração de retinol em amostras de gema de ovos de codorna aplicadas em dias consecutivos......................................................................................
50
Tabela 5_ Efeito de diferentes níveis de retinol palmitato suplementados no peso e na produção dos ovos de codorna........................................................................................
61
Tabela 6_ Concentração de colesterol (mg/100g e mg/ovo) nos ovos de codorna suplementadas com diferentes níveis de retinol..............................................................
68
Tabela 7_ Contribuição do retinol nos ovos de codorna antes e após suplementação com retinol palmitato de acordo com a recomendação diária de retinol (RDA) deste micronutriente para o homem............................................................................................
75
LISTA DE ABREVIATURAS
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
DRI’s Dietary Reference Intakes
DVA Deficiência de vitamina A
HPLC High Peformance Liquid Chromatography
IVACG International Vitamin A Consultative Group
NRC National Research Council
OMS Organização Mundial de Saúde
RDA Recommended Dietary Allowance
UNICEF United Nations Children’s Fund
WHO World Health Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 16
1.1 CODORNAS........................................................................................................ 16
1.1.1 Histórico........................................................................................................... 16
1.1.2 Características................................................................................................ 17
1.1.3 Coturnicultura................................................................................................. 18
1.2 OVOS................................................................................................................... 19
1.2.1 Valor nutritivo.................................................................................................. 21
1.3 VITAMINA A......................................................................................................... 24
1.3.1 Estrutura química, funções e fontes............................................................. 24
1.3.2 Recomendações e requerimentos................................................................. 27
1.3.3 Deficiência de vitamina A............................................................................... 28
1.3.4 Estratégias no combate à deficiência de vitamina A................................... 32
1.4 FORTIFICAÇÃO DE ALIMENTOS ...................................................................... 33
1.5 OVOS ENRIQUECIDOS...................................................................................... 35
1.6 OBJETIVOS......................................................................................................... 38
1.6.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 38
1.6.2 Objetivos Específicos..................................................................................... 38
2 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 39
2.1 LOCAL E PERÍODO............................................................................................ 39
2.2 ANIMAIS E INSTALAÇÕES................................................................................. 39
2.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL...................................................................... 41
2.4 PREPARO DAS SOLUÇÕES SUPLEMENTADAS............................................. 43
2.5 SUPLEMENTAÇÕES........................................................................................... 44
2.6 COLETA DOS OVOS........................................................................................... 45
2.7 PESO DOS OVOS............................................................................................... 45
2.8 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS....................................................................... 45
2.8.1 Hidrólise alcalina e extração de retinol das amostras................................ 46
2.9 VALIDAÇÃO DO MÉTODO................................................................................. 49
2.10 PREPARAÇÃO DO PADRÃO DE RETINOL..................................................... 51
2.11 CONDIÇÕES CROMATOGRÁICAS.................................................................. 53
2.12 CONFIRMAÇÃO DO RETINOL E TEMPO DE RETENÇÃO DO RETINOL DAS AMOSTRAS DE OVOS DE CODORNA....................................................................... 54 2.13 QUANTIFICAÇÃO DO RETINOL POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA............................................................................................................... 54 2.14 EXTRAÇÃO DO COLESTEROL NA GEMA DOS OVOS.................................. 56 2.15 DOSAGEM DO COLESTEROL......................................................................... 57 2.16 REQUERIMENTOS ÉTICOS E LEGAIS............................................................ 59 2.17 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................... 59 3 RESULTADOS....................................................................................................... 60 4 DISCUSSÃO........................................................................................................... 69 5 CONCLUSÕES....................................................................................................... 78 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 79 APÊNDICES................................................................................................................. 89
Introdução 16
1 INTRODUÇÃO 1.1 CODORNAS
1.1.1 Histórico
As codornas são originárias do norte da África, da Europa e da Ásia,
pertencendo à ordem dos Galináceos, família dos Fasianídeos (Phasianidae),
subfamília dos Perdicinidae e gênero Coturnix, sendo, portanto, da mesma família
das galinhas e perdizes (PINTO et al, 2002; MINIVIELLE, 2004; SOUZA-SOARES;
SIEWERDT, 2005).
A Coturnix coturnix coturnix, ou codorna européia, foi introduzida no Japão, no
século XI, a partir da China, via Coréia. Os primeiros escritos a respeito dessa ave
datam do século XII, e registram que elas eram criadas em função do seu canto. Os
japoneses, a partir de 1910, iniciaram estudos e cruzamentos entre as codornas,
provindas da Europa, e espécies selvagens, obtendo-se, assim, um tipo
domesticado, que passou a se chamar Coturnix coturnix japonica, ou codorna
doméstica. A partir de então, iniciou-se a sua exploração, visando à produção de
carne e ovos (REIS, 1980).
Os excelentes resultados obtidos foram logo difundidos. As codornas
japonesas foram introduzidas entre os anos de 1930 e 1950 com sucesso do Japão
à América, Norte e Leste Europeu (MINVIELLE, 2004).
No Brasil, a codorna doméstica chegou em 1959, pelas mãos de Oscar
Molena que já criava codornas na Itália, mas, somente em 1961 passou a criar
Introdução 17
codornas com fins comerciais, ou seja, para postura e mais tarde para abate
(MURAKAMI; ARIKI, 1998).
Em 1963, o consumo de ovo de codorna ganhou grande impulso, quando foi
lançada uma marcha carnavalesca que dizia: “Eu quero ovo de codorna pra comer /
o meu problema ele tem que resolver...”. Deste modo foi criada e difundida a fama
do ovo de codorna como alimento de propriedades afrodisíacas (SOUZA-SOARES;
SIEWERDT, 2005).
1.1.2 Características
As codornas japonesas são aves de pequeno porte, as adultas possuem
peso médio entre 120 e 180g. Uma das principais características das codornas é o
seu rápido desenvolvimento, pois para atingir o dobro do seu peso inicial levam
apenas 4 dias (PASQUALETTO, 2005).
A maturidade sexual é precoce, a fêmea atinge-a aos 42 dias de idade, e os
machos aos 48 dias. O período de postura dura cerca de 10 meses. O seu ciclo
reprodutivo é curto, apresentando postura regular e grande rusticidade adaptando-se
facilmente a regiões de climas frios e quentes. No entanto, a faixa ideal de
temperatura para proporcionar conforto ambiental às aves varia entre 21 e 25ºC
(ALBINO; NEME, 1998).
O peso dos ovos varia de 6 a 16g, com um peso médio de 10g. Podem ser
considerados grandes em relação ao tamanho do corpo, correspondendo a
aproximadamente 8,1% do peso corporal, em contraste com os ovos de galinha e de
peru, os quais representam aproximadamente 3,5% e 1% dos pesos corporais,
respectivamente (PANDA; SINGH, 1990).
Introdução 18
As fêmeas adultas são em média 10% mais pesadas que os machos,
possuem abdômen mais amplo e o peito mais largo e claro, com manchas pretas,
emitem pequenos pios, mas não cantam, enquanto os machos apresentam as penas
do peito com uma pigmentação mais avermelhada, bico e cabeça mais escuros e
não possuem pintas no peito, cantam bastante quando atingem a maturidade sexual.
O dimorfismo sexual já é claro aos 15 dias de idade, permitindo a sexagem com
facilidade (MURAKAMI; ARIKI, 1998; INRA. 1999).
1.1.3 Coturnicultura
A coturnicultura é responsável por uma considerável faixa do mercado avícola
mundial, havendo grande aceitabilidade dos seus produtos (carne, ovos e derivados)
(PANDA; SINGH, 1990; BAUMGARTNER, 1994). Nos últimos anos, esta atividade
vem se desenvolvendo em ritmo acelerado e se consolidando como importante
segmento da avicultura nacional. O grande interesse pela criação de codornas se
deve, principalmente, à qualidade excepcional de sua carne e ao alto valor nutritivo e
agradável sabor de seu ovo, que tem resultado em grande aceitação no mercado
consumidor. Além disso, as codornas apresentam características que favorecem o
desenvolvimento da atividade (LOPES et al, 2006; PIZZOLANTE, 2006;
SAKAMOTO et al, 2006; PINTO et al, 2003; MURAKAMI; ARIKI, 1998).
Aliada às qualidades produtivas das codornas, notou-se, na última década,
mudança nos hábitos alimentares da população que favoreceram o aumento no
consumo de ovos de codornas, presentes em restaurantes e churrascarias. Um dos
fatos que levaram a esse aumento foi a maior acessibilidade ao produto, visto que
Introdução 19
nos supermercados os ovos de codorna podem ser facilmente encontrados (MÓRI et
al, 2005). Segundo dados do IBGE de 2003, nos anos de 1999 e 2000, houve um
aumento significativo no plantel de codornas, de aproximadamente 17%, com
aumento de 27% na produção de ovos. Em 2001, o plantel de codornas foi estimado
em seis milhões de aves, com produção de ovos de 93.334 milhões de dúzias.
No Brasil já existem linhagens de codornas provenientes da Europa, para a
produção de carne. Entretanto, em nosso país e no Japão o objetivo principal da
criação de codornas é a produção de ovos (MURAKAMI; ARIKI, 1998).
1.2 OVOS
Entre os diferentes produtos que fornecem nutrientes essenciais ao
organismo, o ovo apresenta um lugar especial, sendo uma fonte rica e equilibrada
de aminoácidos e ácidos graxos essenciais, bem como de minerais e vitaminas
(SURAI; SPARKS, 2001; SPARKS, 2006). Nenhum outro alimento de origem animal
é consumido por tantas pessoas no mundo inteiro, e nenhum é servido com tanta
variedade de maneiras. Sua popularidade é justificada não somente pela facilidade
de produção e pelas diversas utilidades na culinária, mas também pela sua
qualidade nutritiva (SURAI; SPARKS, 2001).
O ovo é um corpo unicelular, formado no ovário ou no oviduto. Esta estrutura
complexa possui três partes principais: a gema, o albúmen e a casca, além de
possuir outras partes em menor proporção, dentre elas, o blastodisco, a chalaza, a
câmara de ar, a cutícula e as membranas da casca (ROSE, 1997). Os ovos
consistem de 8 a 11% de casca, 56 a 61% de albúmen e 27 a 32% de gema
(ORDÓÑEZ et al., 2005). A Figura 1 mostra o diagrama esquemático de um ovo.
Introdução 20
FIGURA 1. Diagrama de um ovo. Fonte: Rocha, 2001.
A gema encontra-se totalmente envolta por uma membrana transparente,
denominada membrana vitelina. Na superfície desta pode-se observar um pequeno
disco claro, denominado blastocisto (SAUVER, 1993).
A gema consiste de uma dispersão de partículas distribuídas uniformemente
em uma solução protéica. O extrato seco encontra-se em torno de 50%, e está
constituído por um terço de proteínas e dois terços de lipídeos. A fração lipídica é
constituída de 66% de triglicerídeos, 28% de fosfolipídeos e 5% de colesterol. O
conteúdo em carboidratos é similar ao do albúmen. Os elementos minerais podem
chegar a 1%, sendo o cálcio, o potássio e o fósforo os mais abundantes. A gema é
rica em vitaminas, e são mais evidentes as vitaminas lipossolúveis, dentre as mais
abundantes estão à vitamina A e o ácido pantotênico. A cor amarelo-alaranjado se
blastocisto
Introdução 21
deve a presença de pigmentos carotenóides, principalmente zeaxantina e luteína
(xantofilas) (ORDÓÑEZ et al., 2005; SOUZA-SOARES; SIEWERDT, 2005).
1.2.1 Valor Nutritivo
Os alimentos ricos em nutrientes são essenciais em toda dieta balanceada. O
ovo é um dos alimentos de maior valor nutritivo acessíveis aos seres humanos:
contêm proteínas de alta qualidade, quantidades elevadas de minerais e vitaminas,
e baixo conteúdo calórico. O alto valor biológico dos ovos é determinado pela
quantidade de diferentes micronutrientes, além dos nutrientes principais, tais como
proteínas, carboidratos e lipídeos (TURATTI; GOMES; ATHIÉ, 2002; BÁRDOS;
SÓTER; KARCHESZ, 1996; MAZALLI et al., 2004).
Um ovo típico contribui com 3 a 4% do requerimento energético de um adulto
e com aproximadamente 6,5g de proteína. O complexo protéico do ovo é altamente
digerível e contém os mais importantes aminoácidos essenciais. O que lhe atribui
um alto valor biológico, baseado na complementaridade existente entre as proteínas
da gema e as do albúmen, além do equilíbrio entre os seus distintos aminoácidos.
Devido à alta qualidade de suas proteínas os ovos são utilizados como padrão
referencial na mensuração da qualidade das proteínas de outros alimentos
(SPARKS, 2006; SURAI; SPARKS, 2001; SAUVER, 1993).
O conteúdo total de lipídios do ovo é de apenas 11% do seu peso, o que não
é muito alto, e a maioria dos quais (>99%) encontra-se localizado na gema. Os
lipídios da gema do ovo têm digestibilidade elevada no homem (94 a 96%), por se
Introdução 22
encontrarem em estado emulsionado (SPARKS, 2006; SOUZA-SOARES;
SIEWERDT, 2005; SAUVER, 1993).
O ovo fornece também vários minerais, uns em quantidades significativas,
como o cálcio, o potássio, o iodo, o ferro e o fósforo. Estes micronutrientes podem
ter sua composição afetada pela dieta fornecida (SPARKS, 2006; SOUZA-SOARES;
SIEWERDT, 2005; MORENG, 1990; SAUVER, 1993).
A composição vitamínica da clara e da gema diferem em quantidade e
qualidade (Tabela 1). A clara, composta essencialmente por albúmen, é pobre em
vitaminas, contendo apenas aquelas do complexo B. Em contraste, a gema é rica no
conteúdo de vitaminas, tanto as lipossolúveis quanto as hidrossolúveis, destacando-
se as vitaminas A e D, com a notória ausência do ácido ascórbico (vitamina C).
Modificações na dieta causam alterações no conteúdo de certas vitaminas do ovo.
Pode-se, via de regra, obter um suplemento adequado de vitaminas acrescentando-
se à ração das reprodutoras uma mistura preparada com vitaminas e minerais
(SOUZA-SOARES; SIEWERDT, 2005).
Introdução 23
TABELA 1. Conteúdo de vitaminas em ovo, albúmen e gema in natura
Vitaminas Teores (mg/100 g)
Ovo Albúmen Gema
A 0,22 0 1,12
Tiamina 0,11 - 0,29
Riboflavina 0,3 0,27 0,44
Niacina 0,1 0,1 0,1
Piridoxina 0,12 - 0,3
Ácido pantotênico 1,59 0,14 3,72
Biotina 0,025 0,007 0,04
Ácido fólico 0,051 0,016 0,15
Tocoferóis 1,0 0 3,0
- traços. Fonte: ORDÓNEZ et al (2005).
Introdução 24
De todos os alimentos que habitualmente consumimos, o ovo é, juntamente
com o fígado e a manteiga, a maior fonte de vitamina A, sempre e quando a dieta
consumida pelas aves for enriquecida com as vitaminas correspondentes (SAUVER,
1993).
1.3 VITAMINA A
Vitaminas são compostos orgânicos essenciais para reações metabólicas
específicas, que não podem ser realizadas pelas células dos tecidos humanos a
partir de metabólitos ou outras substâncias orgânicas. O termo “vitamina” foi
denominado pela primeira vez por Casemir Funk em 1912, ao isolar do farelo de
arroz, uma substância com função amina, capaz de prevenir e curar doenças,
designadas indispensáveis à vida (GUILLAND; LEQUEU, 1995; FRANCO, 1998;
PENTEADO, 2003).
A vitamina A, também conhecida como retinol, vitamina antiinfecciosa ou
antixeroftálmica, foi a primeira vitamina a ser identificada (PENTEADO, 2003),
inicialmente, foi chamada de “fator dietético não identificado lipossolúvel A”
(RONCADA, 1998). Em 1913, dois grupos de pesquisadores, Mc Collum & Davis, na
Universidade de Wisconsin e Osborne & Mendel na Universidade de Yale, fizeram a
descoberta quase que simultaneamente (GUILLAND; LEQUEU, 1995; MANAN,
1994; RONCADA, 1998).
1.3.1 Estrutura química, funções e fontes
Introdução 25
O termo genérico “vitamina A” inclui todos os compostos que possuem
atividade biológica de all-trans-retinol. A vitamina A, um álcool isoprenóide
lipossolúvel e insaturado amarelo-claro cristalino, é composta em sua estrutura de
um anel β-ionona hidrofóbico e uma cadeia lateral isoprenóide conjugada (Figura 2),
foi chamada de retinol em referência à sua função específica na retina do olho
(DEBIER; LARONDELLE, 2005; CHAGAS et al., 2003; EL BETUINE et al., 2003a;
PANFILI; MANZI; PIZZOFERRATO, 1998).
A vitamina A é solúvel em diferentes graus na maioria dos solventes
orgânicos, e insolúvel em soluções aquosas. Sendo susceptível à oxidação e
isomerização quando exposta a luz, oxigênio, metais reativos e temperaturas
elevadas. Apresenta-se instável em meio ácido e estável em meio alcalino
(SOLOMONS, 2001; PENTEADO, 2003).
As diferentes formas de vitamina A encontradas nos tecidos animais são
retinol, retinaldeído, acido retinóico e ésteres de retinil. O retinol é o principal
retinóide circulante e a partir de seu metabolismo são sintetizados os demais
retinóides funcionais de ocorrência natural. O retinol pode ser oxidado
reversivelmente a retinal, que continua exibindo todas as atividades biológicas do
retinol, ou ainda ser oxidado a ácido retinóico, este ultimo é ativo no crescimento
animal. A forma da vitamina A envolvida no ciclo visual é 11-cis-retinal, enquanto
que a forma de estocagem são os ésteres de retinil, o mais predominante destes é o
retinol palmitato (DEBIER; LARONDELLE, 2005; SOLOMONS, 2001).
Introdução 26
FIGURA 2. Estrutura química das principais formas de vitamina A.
Fonte: BOWEN, R. A.; AUSTGEN, L.; ROUGE, M., 2000.
A vitamina A é um micronutriente essencial para a saúde, sendo requerida em
pequenas quantidades em importantes processos biológicos. Sua importância no
ciclo visual foi estabelecida há milhares de anos, e parece ser a única totalmente
elucidada. Entretanto, atualmente sabe-se o papel desta vitamina em outros
processos fisiológicos básicos, tais como: reprodução, desenvolvimento fetal,
crescimento, regulação da proliferação e diferenciação celular, remodelação óssea,
manutenção dos tecidos epiteliais e resposta imune (DOLINSKY; RAMALHO, 2003;
AZAÏS-BRAESCO; PASCAL, 2000; SENOO, 2004; CORTES et al., 2006).
O organismo animal não tem a capacidade de sintetizar a vitamina A, sendo
este micronutriente fornecido através da dieta. As fontes dietéticas desta vitamina
são: a vitamina A pré-formada, encontrada na natureza exclusivamente em
alimentos de origem animal; e a pró-vitamina A, representada pelos pigmentos
Retinol
Retinal
Ácido Retinóico
β - caroteno
Introdução 27
carotenóides, através dos alimentos de origem vegetal, que são convertidos
organicamente em vitamina A (THURNHAM; NORTHROP-CLEWES, 1999).
Os principais alimentos ricos em vitamina A pré-formada são o óleo de fígado
de diferentes pescados, fígado de diversos animais, gema de ovos, leite integral e
seus derivados, como manteiga, creme de leite e queijos (HARRISON, 2005;
SOLOMONS, 2001; FRANCO, 1998; SOUSA; VILAS BOAS, 2002). Entre os
alimentos ricos em carotenóides (pró-vitamina A) estão os vegetais de folhas verde-
escuras, certas frutas e vegetais de coloração amarelo e laranja escuro (cenoura,
abóbora, milho verde, batata doce...). No entanto, as mais ricas fontes de pró-
vitamina A são dois óleos amplamente encontrados no Nordeste brasileiro, óleo de
dendê e de buriti. Destaca-se que apenas, aproximadamente 8% dos 600
carotenóides isolados de fontes naturais possuem função vitamínica com diferentes
graus de eficiência, sendo o β-caroteno o mais importante e eficiente carotenóide
pró-vitamina A (Figura 2) (SOUSA; VILAS BOAS, 2002; DUTRA-DE-OLIVEIRA;
MARCHINI, 1998; SOLOMONS, 2001).
1.3.2 Recomendações e requerimentos
A adequação da ingestão de nutrientes necessária para garantir que as
diversas funções fisiológicas sejam desempenhadas é feita a partir de valores de
referências, que se constituem em estimativas das necessidades fisiológicas desses
nutrientes e de metas de ingestão dos mesmos. Para estimar a prevalência de
inadequação da ingestão de determinado nutriente, é necessário calcular seu
Introdução 28
consumo pelo grupo populacional de interesse, comparando-o com o padrão de
referência (MARCHIONI et al., 2004).
O nível de requerimento da vitamina A é baseada na quantidade absorvida
necessária para manter o estado nutricional adequado. O consumo recomendado de
vitamina A é a quantidade a ser consumida diariamente para garantir que indivíduos
absorvam seus níveis de requerimento, mas não experimentem os efeitos
prejudiciais da toxicidade (SOLOMONS, 2001).
As Dietary Reference Intakes (DRI’s) representam o conjunto de referência de
ingestão de nutrientes, estabelecidos e usados para o planejamento e avaliação das
dietas do indivíduo ou grupos de indivíduos saudáveis, segundo estágio de vida e
gênero (MARCHIONI, 2004).
De acordo com as DRI’s (2001), a ingestão dietética recomendada (RDA) de
retinol para crianças na faixa de 1 a 3 anos é de 300 µg/dia e de 4 a 8 anos é de 400
µg/dia. Para homens a partir de 14 anos recomenda-se uma ingestão igual a 900
µg/dia e para mulheres a partir de 14 anos, 700 µg/dia; grávidas entre 19-50 anos,
770 µg/dia e para lactantes (19-50 anos), 1300 µg.
1.3.3 Deficiência de vitamina A
Provavelmente a primeira doença por deficiência nutricional, claramente
reconhecida, foi a cegueira noturna. Escritos encontrados no papyrus Elbers, texto
médico mais antigo conhecido no ocidente, retratam que eram prescritos o uso de
extrato de fígado cozido, aplicado em forma tópica sobre os olhos, para curar a
enfermidade. Os gregos, que dependiam fortemente da medicina egípicia,
recomendavam tanto o uso tópico como a ingestão de fígado cozido, prática
Introdução 29
tradicional que persiste em muitas sociedades até os nossos dias. Esses escritos
datam de 1500 A.C, mas, as observações, provavelmente, são muito mais antigas.
Apesar dessas referências históricas sobre as doenças por deficiência de vitamina A
e sua cura, foi somente a partir do século passado que esta questão passou a ser
tratada de forma cientifica (WOLF, 1978; EL BETUINE et al., 2003a; MANAN, 1994).
A deficiência de vitamina A (DVA) ou hipovitaminose A juntamente com as
deficiências de ferro e de iodo, formam a chamada “fome oculta” (SAUNDERS et al.,
2000; RAMALHO et al., 2006b). De acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), a DVA é definida como “a existência de reservas tissulares reduzidas e de
níveis baixos de vitamina A no soro, que podem ser conseqüência de uma dieta
deficiente prolongada e dar origem a graves lesões oculares”.
A Organização Mundial de Saúde estima que a DVA afeta entre 100 e 250
milhões de crianças no mundo, destas 5 a 10 milhões apresentam manifestações
clínicas, e 100 milhões são deficientes em vitamina A de maneira subclínica. Estima-
se que anualmente 14 milhões de crianças são afetadas pela xeroftalmia, destas
aproximadamente 500.000 evoluem para a cegueira definitiva (VALENTINE;
TANUMIHARDJO, 2005; GOMES et al., 2005; DONNEN et al, 1998; DAWE;
ROBERTSONB; UNNEVEHRB, 2002).
A DVA é uma das deficiências nutricionais mais prevalentes no mundo
subdesenvolvido, aparecendo como um fator importante na determinação da
morbidade e mortalidade da população infantil destes países (WHO, 1995; SOUZA;
VILAS BOAS, 2002; MARTINS; SANTOS; ASSIS, 2004). A DVA constitui um
problema grave em mais de 60 países. Sua prevalência é particularmente alta em
regiões como a Ásia, África e, de forma menos documentada, na América Latina
(RAMALHO, FLORES, SAUNDERS, 2002; DOLINSKI; RAMALHO, 2003). Baseada
Introdução 30
na ocorrência clínica de sinais ou sintomas oculares e na prevalência dos níveis
deficientes de retinol sérico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que a
deficiência de vitamina A era endêmica em 39 países, incluindo o Brasil (WHO,
1995).
De acordo com Geraldo et al (2003), baseado em diversos autores, afirmam
que a DVA foi registrada em grupos populacionais de vários estados brasileiros
(Amazonas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São
Paulo e Santa Catarina). Esse resultado encontra-se em desacordo com estudos
que afirmavam que a DVA estava limitada às regiões Norte e Nordeste, e mostra
que os dados da região Sudeste nada diferem dos dados dessas regiões.
Segundo Dolinski e Ramalho (2003), a DVA pode ser causada por dois fatores
principais. O primeiro por uma persistente ingestão inadequada de vitamina A para
satisfazer às necessidades orgânicas, tanto em crianças como em indivíduos
adultos, prejudicando as funções fisiológicas, ainda que os sinais clínicos da
carência não sejam evidentes. O segundo fator causador é a freqüência de
episódios infecciosos. Para Scrimshaw et al (1968), nenhuma outra deficiência
nutricional apresenta maior sinergismo com doença infecciosa que a carência de
vitamina A, pois tal condição nutricional confere uma susceptibilidade maior às
infecções, principalmente àquelas que dizem respeito ao epitélio muco secretor. De
acordo World Health Organization (WHO) (1996), diversos aspectos geográficos e
epidemiológicos estão associados à DVA, sendo eles, a pobreza, o desemprego e a
precariedade do saneamento básico. Os níveis de retinol também podem ser
depletados por causas secundárias, como um insuficiente consumo de gordura na
dieta, levando a uma ineficiente absorção deste micronutriente, doenças hepáticas,
abuso de álcool e tabagismo (SOLOMONS, 2001; BLOMHOFF, 1991).
Introdução 31
Na DVA, a integridade das barreiras epiteliais e o sistema imune são
comprometidos antes das alterações da função do sistema visual, o que caracteriza
a deficiência subclínica ou marginal da vitamina A. Os principais sintomas clínicos da
DVA estão associados ao processo visual, constituindo a síndrome xeroftálmica.
Quando a depleção de vitamina A é suficiente para afetar a função visual, o primeiro
sintoma é a cegueira noturna representada pela diminuição da adaptação ao escuro.
Este estágio é acompanhado por alterações do epitélio ocular e resulta em
xeroftalmia, que significa secura nos olhos, podendo afetar a conjuntiva, causando a
xerose da conjuntiva, caracterizada pela perda do brilho da superfície conjuntival, a
transparência, sofrendo por sua vez um processo de espessamento e
endurecimento. Pode-se destacar que nas áreas da conjuntiva onde a xerose é mais
intensa formam-se as manchas de Bitot, depósitos de material espumoso de cor
esbranquiçada, localizada no lado temporal da superfície da conjuntiva.
Posteriormente, pode afetar a córnea, resultando na xerose corneal, podendo
conduzir à ulcera da córnea, nos casos de progressões desta ulceração, podem
levar à ceratomalácia, e finalmente, evoluem invariavelmente para cegueira parcial
ou total (SOMMER, 1995; DINIZ; SANTOS, 2000; SOLOMONS, 2001).
Entre outras manifestações observáveis tem-se a queratinização das
mucosas do trato respiratório, do tubo digestivo, do trato urinário, da pele e do
epitélio ocular, resultando em redução funcional destas membranas contra infecções
(EL BETUINE et al., 2003b).
Dentre os grupos populacionais mais atingidos pela carência de vitamina A
destacam-se recém-nascidos, crianças, pré-escolares, gestantes, puérperas e
lactantes (WHO, 1996; CHAGAS et al., 2003). As implicações da DVA variam de
acordo com o grupo de risco. Em crianças em idade pré-escolar, este distúrbio
Introdução 32
nutricional pode causar aumento do risco de mortalidade, morbidade e cegueira. Em
mulheres grávidas e lactantes, a deficiência pode levar à cegueira noturna e parece
ter implicações, também, na elevação da taxa de morbi-mortalidade materna
(GERALDO et al., 2003).
O Ministério da Saúde (2000) reconhece que a carência de vitamina A está
associada a 23% das mortes por diarréia em crianças brasileiras, e medidas de
intervenção têm sido propostas, tais como o enriquecimento/fortificação de alimentos
de consumo massivo com vitamina A em áreas consideradas de risco para a
carência.
1.3.4 Estratégias no combate à deficiência de vitamina A
Segundo Chagas et al (2003), a WHO através do International Vitamin A
Consultive Group (IVACG) distingue estratégias para a prevenção e controle da
carência de vitamina A.
Sendo a aversão aos principais alimentos fonte de vitamina A praticamente
universal, os especialistas propõem três tipos de estratégias: a) suplementação com
doses maciças como medida emergencial de curto prazo; b) enriquecimento de
alimentos a médio prazo; c) diversificação dietética como solução definitiva, porém
de longo ou muito longo prazo (CHAGAS et al., 2003). De acordo com Souza e
Vilas-Boas (2002), essas estratégias ainda são adequadas para a situação atual do
Brasil.
Os programas de distribuição maciça costumam obter bons resultados, mas
com o tempo, tornam-se ineficazes já que dependem essencialmente da vontade
política e da participação ativa da comunidade (CHAGAS et al., 2003).
Introdução 33
A diversificação dietética, como solução ideal é difícil e muito demorada, pois
consiste na mudança de hábitos alimentares e consumo de alimentos de origem
vegetal em que a bioconversibilidade do β-caroteno pode mudar totalmente o
enfoque como solução do problema (CHAGAS et al., 2003).
Restando a fortificação ou enriquecimento de alimentos, que consiste no
aumento do teor de nutrientes num determinado alimento (CHAGAS et al., 2003).
1.4 FORTIFICAÇÃO DE ALIMENTOS
A decisão de acrescentar certas vitaminas e minerais a alimentos de consumo
maciço, visando o combate de deficiências nutricionais no âmbito da Saúde Pública,
é uma das estratégias utilizadas há muitas décadas, resultando em excelentes
resultados. No entanto, essa adição não deve implicar em modificações nos hábitos
alimentares, assim como sua ingestão independa da adesão da população à
proposta, diferentemente da profilaxia medicamentosa (QUEIROZ, 2001).
A fortificação ou enriquecimento, definidos como a adição de um ou mais
nutrientes aos alimentos, é uma boa maneira de se corrigir sua deficiência, assim
como balancear o perfil nutricional de um alimento ou restaurar os nutrientes
perdidos no processamento e, assim, suprimir deficiências nutricionais de uma
população ou de grupos específicos da mesma (CRUZ et al., 2000).
No mundo industrializado, a fortificação de alimentos processados, tem se
mostrado uma maneira muito eficiente de reduzir os riscos de deficiências de
micronutrientes da população. Nos países em desenvolvimento, esta prática foi
reconhecida à apenas 30 anos (DARY; MORA, 2002). Algumas vantagens da
Introdução 34
fortificação dos alimentos são: alta cobertura populacional, a não modificação dos
hábitos alimentares e o fato de apresentar baixo risco de toxidade, mas neste
processo também se encontram dificuldades, tais como a distribuição do alimento e
o preço (LIBERATO; PINHEIRO-SANT’ANA, 2006; ZANCUL, 2004).
Uma estratégia de intervenção no combate a hipovitaminose A nos grupos
considerados de risco é a fortificação de alimentos de consumo massivo com
vitamina A. Dados da literatura apontam que esta medida de intervenção pode
produzir resultados equivalentes às cápsulas de vitamina A em crianças com
hipovitaminose A subclínica, com menor relação custo/benefício por indivíduo
(FLORES, 1996; ROSENTHAL, 2000). A vantagem da ingestão dietética de
alimentos fortificados em relação à suplementação é que a população continuará
consumindo alimentos para atingir as suas necessidades, enquanto, ao mesmo
tempo estará consumindo outros fitoquímicos naturalmente encontrados nesses
alimentos, que ajudam a manter e proteger a saúde dos indivíduos (CRUZ et al.,
2000).
Atualmente, apenas cerca de 25 países possuem uma política nacional
direcionada à hipovitaminose A que inclua a legislação para a fortificação de
alimentos de consumo massivo (UNICEF, 1995). Na América Latina e Caribe, esta é
a medida de intervenção mais adotada para o controle da hipovitaminose A, não
sendo muito comum a suplementação (WORLD BANK, 1994). No Brasil, a
regulamentação dos alimentos enriquecidos/fortificados encontra-se na Portaria nº
31 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de 13 de Janeiro de 1998 (ANVISA,
2004). Muitos alimentos têm sido fortificados com vitamina A, entre estes temos:
leite, margarina e cereais matinais (PENNISTON; TANUMIHARDJO, 2003).
Introdução 35
No entanto, para que os alimentos fortificados possam ser considerados
parte da solução do problema da deficiência de vitamina A é relevante que o
consumo atinja parte dos indivíduos do segmento necessitado da população. A
questão do custo da fortificação ser razoável torna-se muito importante,
considerando que esta não venha a redundar em custo adicional significativo ao
produto, para a população alvo (TUMA, 2005).
Cabe ressaltar que os níveis de vitamina A propostos para a fortificação de
alimentos encontram-se muito aquém daqueles passíveis de hipervitaminose A,
mesmo considerando a ingestão de todos os alimentos enriquecidos com esta
vitamina (ROSENTHAL, 2000), tais como açúcar e leite em pó. A fortificação de
alimentos de consumo massivo com vitamina A cobriria 143% da DRI (INSTITUTE
OF MEDICINE, 2001) de adultos para este micronutriente, contra 29% para os
alimentos fortificados com ferro e 133% para aqueles enriquecidos com iodo
(ROSENTHAL, 2000).
Todavia, esta decisão não deve ser isolada, e sim acompanhada de
medidas públicas de saúde, como incentivo ao aleitamento materno, combate a
patologias infecciosas e parasitárias, programas de imunização e, principalmente,
programas que promovam a modificação de hábitos alimentares (NUTTI, 2000).
1.5 OVOS ENRIQUECIDOS
Praticamente em todas as culturas, os ovos têm sido apreciados tanto por
suas propriedades nutritivas quanto funcionais. Nas sociedades ocidentais o maior
consumo é de ovos de galinha, porém isto está se modificando, e os ovos de
codornas estão ganhando mercado (SEIBEL et al., 2005).
Introdução 36
A possibilidade de enriquecimento de ovos de consumo já é conhecida desde
1934, porém, nos dias atuais, esta produção já é uma realidade. Várias pesquisas
dão suporte científico para se alterar beneficamente as gemas dos ovos
(BERTECHINI, 2004; LEESON; CASTON, 2003).
Uma das linhas refere-se à modificação do perfil dos ácidos graxos da gema,
aumentando o teor de poliinsaturados da série ω-3 pela inclusão de fontes ricas
desses ácidos na dieta. Atribui-se aos ácidos graxos desta série a redução do risco
de arteriosclerose e, em dieta materna, estimulam o desenvolvimento cerebral e da
retina do neonato. A diminuição dos níveis de triacilgliceróis plasmáticos, a redução
dos níveis de colesterol sangüíneo, redução da pressão arterial e redução da
agregação de plaquetas (SOUZA-SOARES; SIEWERDT, 2005).
Segundo Squires e Naber (1993), existe também a possibilidade de
enriquecimento de ovos com vitaminas. As pesquisas indicam possibilidade de
enriquecer ovos com vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e com vitaminas do
complexo B (riboflavina, ácido pantotênico, folacina, biotina e cianocobalamina).
Estudo realizado por Jiang et al (1994), avaliaram a incorporação de α-
tocopherol, β-caroteno e retinol na gema dos ovos de galinha em resposta a
suplementação dietética das mesmas, observaram que as gemas dos ovos podem
ser enriquecidas com os micronutrientes através da manipulação dietética. Da
mesma forma, Surai et al (1998) e Mendonça Jr. (2002), relatam uma ótima
possibilidade de aumentar o valor nutricional em vitaminas dos ovos através da
manipulação dietética de galinhas.
Bárdos, Sótér e Karchesz (1996) e Karadas et al (2005), analisaram a
influência da suplementação dietética de retinol acetato e de diferentes fontes de
carotenóides, respectivamente, sobre os níveis de retinol na gema dos ovos de
Introdução 37
codornas, e observaram uma incorporação significativa de vitamina A na gemas dos
ovos.
Os ovos contêm proteínas de alta qualidade e mais todas as vitaminas e
minerais necessários na dieta humana. Entretanto, eles têm sido responsabilizados
por um aumento crescente no risco das doenças cardiovasculares pelo conteúdo de
colesterol (NOBLE; COCCHI; TURCHETTO, 1990; CHANMUGAM et al., 1992;
MELUZZI et al., 2000). Este fato tem tornado maior o interesse pela relação
existente entre a dieta e a saúde, em geral, e o perfil dietético de lipídeos, em
particular. Esse motivo tem estimulado pesquisadores a desenvolverem estudos
relacionados principalmente à mudanças no perfil lipídico e de vitaminas nos ovos,
com o objetivo de produzir alimentos enriquecidos com nutrientes capazes de
produzir efeitos benéficos a saúde. Vale ressaltar, que na literatura existem muitos
estudos relacionados à possibilidade de enriquecer os ovos de galinha com
vitaminas, em contrapartida apenas dois estudos avaliam essa possibilidade em
ovos de codorna.
Diante do exposto, evidencia-se a necessidade do conhecimento sobre a
influência da suplementação com retinol em codornas sobre a incorporação deste na
gema dos ovos a fim de torná-los alimentos enriquecidos com este micronutriente,
visando minimizar problemas de saúde pública como a hipovitaminose A.
Introdução 38
1.6 OBJETIVOS
1.6.1 Objetivo Geral
Analisar os efeitos da suplementação de vitamina A em codornas (Coturnix
coturnix japonica ), sobre os níveis de vitamina A na gema do ovo.
1.6.2 Objetivos Específicos
• Avaliar a influência da vitamina A sobre o peso e a produção dos ovos das
codornas;
• Verificar a viabilidade de se produzir um ovo enriquecido em vitamina A;
• Investigar a correlação entre a vitamina A dietética e os níveis de
colesterol na gema;
• Avaliar parâmetros de requerimentos dietéticos em vitamina A para
adultos e crianças em função dos níveis destas vitaminas encontrados na
gema.
Materiais e Métodos 39
2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 LOCAL E PERÍODO
O experimento foi realizado em um galpão adaptado à coturnicultura, no Setor
de Avicultura da Escola Agrícola de Jundiaí, pertencente à Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, sediado no município de Macaíba estado do Rio Grande do
Norte, no período de Junho a Agosto de 2006.
2.2 ANIMAIS E INSTALAÇÕES
Foram utilizadas 60 codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) de
linhagem comercial, adquiridas com 6 semanas de idade. As codornas foram
observadas por uma semana, em um período de adaptação e verificação do início
da postura, tendo sido alimentadas com uma ração convencional farelada e
formulada à base de milho e farelo de soja (Tabela 2), de acordo com a tabela de
composição de ingredientes e exigências nutricionais preconizadas pelo NATIONAL
RESEARCH COUNCIL (1994) durante esse período e no decorrer do experimento.
As aves foram alojadas em um galpão de alvenaria fechado, com telhas de
barro e piso de cimento, e distribuídas em uma bateria metálica comercial (com
dimensão 1 m de comprimento x 0,34 m de largura x 0,24 m de altura) constituída de
4 andares, contendo duas gaiolas em cada andar (perfazendo um total de 8 gaiolas
por bateria), sendo cada uma delas subdivididas em 4 compartimentos, possuindo
comedouros e bebedouros do tipo calha, em chapa galvanizada, ambos percorrendo
a extensão das gaiolas, sendo o comedouro na parte frontal e o bebedouro na parte
posterior da gaiola.
Materiais e Métodos 40
TABELA 2. Composição da ração comercial* utilizada no experimento.
Ingredientes (%) Milho 58,0 Farelo de soja 30,0 Farinha de carne 3,0 Fosfato bicálcico 1,0 Calcário 5,0 Óleo vegetal 2,0 Sal 0,3 Suplemento vitamínico e mineral1 0,6 DL-Metionina 0,1
Composição Calculada Proteína 20,00 Energia Metabolizável (kcal/kg) 2850 Cálcio 2,50 Fósforo Disponível 0,60 Lisina 1,06 Met + Cistina 0,77 Metionina 0,45 * MA nº: PE-0303500124. 1Suplemento vitamínico e mineral para poedeiras (composição/kg do produto): Vit. A- 10.000UI, Vit. D3 – 2350UI, Vit. E – 6,00 mg, Vit. K3 – 1,50mg, Tiamina (B-1) – 1,40mg, Riboflavina (B-2) – 4,50mg, Piridoxina (B-6) – 1,90mg, Cianocobalamina (B – 12) – 10,50mcg, Ácido Pantotênico – 9,25mg, Niacina – 25,00mg, Ácido Fólico – 0,40mg, Selênio (Se) – 0,30mg, Manganês – 75,00mg, Zinco – 50,00mg, Ferro (Fe0 – 55,00mg, Cobre (Cu) – 8,00mg, Iodo (I) – 0,75mg.
Materiais e Métodos 41
2.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, com 4
repetições por tratamento, num total de 5 tratamentos, de acordo com a tabela 3. A
unidade experimental foi representada por uma gaiola, servida de comedouro e
bebedouro individual, e alojou 12 aves (3 codornas em cada subdivisão da gaiola).
Portanto, foram designadas 12 aves para cada tratamento, totalizando 60 codornas.
No decorrer do experimento as aves receberam ração duas vezes ao dia e água ad
libitum.
TABELA 3. Grupos experimentais e respectivos níveis de retinol suplementado.
Grupo Experimental *
Níveis de retinol suplementado (UI)
T1 (controle)
Ausente
T2
2000
T3
4000
T4
8000
T5
16000
* Cada grupo experimental foi constituído por 4 repetições (gaiolas) contendo, cada uma, 3 aves.
Os tratamentos aplicados a cada gaiola foram definidos através de sorteio
entre as gaiolas de um mesmo andar, considerando as 3 baterias (6 gaiolas), de
maneira que cada um apresentasse um tipo de tratamento, resultando no esquema
representado na figura 3. O procedimento utilizado visou evitar o efeito do
posicionamento das gaiolas nos andares e nas baterias sobre os tratamentos.
Materiais e Métodos 42
O período de iluminação diária fornecido às aves durante o experimento foi de
17 horas, providas através de luz natural, bem como lâmpadas incandescentes (100
W).
O período experimental teve duração de 49 dias, divididos em sete períodos
de uma semana cada. Sendo que, uma semana antes da primeira suplementação
foram coletados ovos das codornas de todos os tratamentos e este período foi
denominado Tempo Zero. Os quatro períodos sucessivos ao tempo zero
corresponderam ao período de suplementação e os três últimos às semanas sem
suplementação, como mostra a Figura 4.
FIGURA 3. Representação esquemática das baterias (vista lateral), mostrando a disposição
das gaiolas de acordo com os tratamentos.
T5R4 T4R3
T1R4 T5R1
T3R1 T2R3
T2R2 T1R1
T5R3 T3R4
T3R3 T1R3
T2R4 T4R2
T5R2 T3R2
T2R1 T4R4
T4R1 T1R2
Bateria 1 Bateria 2 Bateria 3
Materiais e Métodos 43
2.4 PREPARO DAS SOLUÇÕES SUPLEMENTADAS
Para a realização das suplementações foi adquirido retinol palmitato
hidrossolúvel (Merck), cuja concentração era 200.000UI/mL, substância apropriada
para administração oral. As soluções foram preparadas no Laboratório de
Bioquímica da Nutrição do Departamento de Bioquímica da UFRN. Inicialmente, o
retinol hidrossolúvel foi levado a banho-maria 45ºC, por aproximadamente duas
horas, sendo agitado a cada 20 minutos, a fim de torná-lo uma solução líquida
homogênea. Em seguida foi preparada uma solução estoque com 2g de retinol
palmitato diluído em 18 mL de água destilada. Posteriormente essa solução foi
homogeneizada em agitador magnético Fanem 257. A solução estoque foi diluída
mais uma vez em água destilada, para obter soluções com concentrações de
2000UI/mL, 4000UI/mL, 8000UI/mL e 16000UI/mL, de acordo com o nível de
suplementação. As diferentes soluções foram transferidas a um recipiente fechado
protegido da luz, para evitar a degradação do retinol. Esses recipientes foram
Tratamentos 0 UI 2000UI 4000UI 8000UI 16000UI
Dias 0 7 14 21 28 35 42 49
▼ ▼ ▼ ▼ ■ ■ ■
▼ ▼ ▼ ▼ ■ ■ ■ ▼ ▼ ▼ ▼ ■ ■ ■ ▼ ▼ ▼ ▼ ■ ■ ■
▼ ▼ ▼ ▼ ■ ■ ■
FIGURA 4. Desenho do experimento.
▼Período de Suplementações ■Período sem Suplementação
Materiais e Métodos 44
devidamente acondicionados e transportados até o local em que foram realizadas as
suplementações.
2.5 SUPLEMENTAÇÕES
As suplementações foram realizadas semanalmente, todas as segundas-
feiras pela manhã no decorrer dos quatro primeiros períodos do experimento. Estas
foram realizadas oralmente em cada ave, utilizando, para tal, uma seringa dosadora
para aves e suínos Höppner, com graduação de 0,1 a 2 mL (Figura 5). Sendo esta
acoplada ao recipiente em que continham as soluções citadas acima. Foi
administrado 1mL da respectiva solução em cada ave, para atingir o nível de
suplementação desejado.
FIGURA 5. Seringa dosadora para aves e suínos. Fonte: HÖPPNER, 2000.
Materiais e Métodos 45
2.6 COLETA DOS OVOS
Procedeu-se à coleta dos ovos de cada parcela experimental diariamente às
16 horas, bem como a sua contagem para a avaliação de produção, o
armazenamento era feito em embalagens (bandejas) plásticas fechadas
identificadas com cada repetição. Ao final de cada semana, 4 ovos de cada
repetição foram utilizados para as análises de vitamina A e de colesterol,
perfazendo um total de 16 ovos por tratamento, para cada análise.
2.7 PESO DOS OVOS
Os ovos coletados eram pesados em uma balança digital BS 3000A com
graduação de 0,1g, o peso médio de cada ovo era então registrado, sendo seu
resultado expresso em gramas. Ao final de cada semana foi calculada a média de
cada repetição.
2.8 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS
As análises bioquímicas foram realizadas no Laboratório de Bioquímica da
Nutrição no Departamento de Bioquímica - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Os ovos foram inicialmente pesados, em seguida cozidos por cinco minutos
após ebulição e posteriormente as gemas dos 16 ovos foram separadas e pesadas.
A elas foi adicionada quantidade equivalente ao seu peso de solução salina a 0,9%,
e em seguida foram homogeneizadas com um mix triturador (Mallory), formando
Materiais e Métodos 46
assim um homogenado de gema a 50%, do qual tomaram-se 12 alíquotas de 2g
para análise nas etapas seguintes.
2.8.1 Hidrólise alcalina e extração de retinol das amostras
O método bioquímico utilizado para a extração e dosagem da vitamina A foi
baseado na técnica descrita por Karadas et al (2005), a qual foi modificada e
adaptada às nossas condições laboratoriais (Figura 6). Foram pesadas 2g de
homogenado em tubos de polipropileno com tampa rosqueável de 15 ml, envoltos
com papel alumínio para impedir a degradação da vitamina A pela ação da luz.
Antes da extração lipídica foi adicionado 2mL de etanol a 95% (Merck), para
desnaturação das proteínas. Em seguida, foi realizada uma hidrólise alcalina com
2mL de hidróxido de potássio (Merck) a 50%, para hidrolisar os ésteres de retinil
presentes na amostra. A solução foi mantida em banho-maria a 45ºC com agitação,
protegida da luz, por 120 minutos.
A extração dos lipídeos da amostra foi obtida em 3 extrações sucessivas
utilizando 4mL de hexano (Merck). Após a adição do solvente, as amostras foram
agitadas, centrifugadas por 10 minutos (500 x g). Posteriormente, as amostras foram
deixadas em repouso por 1 minuto e os sobrenadantes foram removidos e
adicionados em um novo tubo. Nas três extrações padronizou-se a retirada de 3mL
do sobrenadante. Os sobrenadantes referentes às três extrações foram
armazenados em um novo tubo, deste foi separada uma alíquota de 3mL da fase
hexânica, em um tudo de polipropileno de 5mL com tampa rosqueável, a qual foi
evaporada sob atmosfera de nitrogênio, em banho-maria a 37ºC e os extratos secos
foram armazenados a -18ºC.
Materiais e Métodos 47
O nível de retinol das amostras foi determinado por Cromatografia Líquida de
Alta Eficiência (CLAE). No momento da análise, os extratos foram ressuspendindos
em 1 mL de etanol (Merck – GRAU HPLC) agitados por 1 minuto (500xg) e 20 µL foi
injetado no aparelho. Para favorecer a precisão dos resultados os padrões e
amostras foram aplicados em duplicatas.
Materiais e Métodos 48
FIGURA 6. Esquema da extração de retinol em gema de ovo.
+
Homogenado (Gema + Solução salina 0,9%)
KOH 50%
Etanol 95%
Banho-maria a 45ºC por 120 min.
Adição de hexano
Centrifugação por 10 min.
+
Agitação por 1 min.
Agitação por 1 min.
Adição de hexano
Adição de hexano
Centrifugação por 10 min.
Centrifugação por 10 min.
1º Recuperação (3 mL sobrenadante)
Somatório do sobrenadante (9ml).
3º Recuperação (3 mL sobrenadante)
Evaporação da fase hexânica em N2
Ressuspensão da amostra em 1mL de etanol
Agitação por 1 min.
Agitação por 1 min.
Precipitado.
Precipitado.
Precipitado (Descartado)
2º Recuperação (3 mL sobrenadante)
Análise em CLAE
Materiais e Métodos 49
2.9 VALIDAÇÃO DO MÉTODO
A exatidão e a precisão do método foram avaliadas através dos testes de
recuperação da extração e de repetitividade, respectivamente.
O teste de recuperação da extração foi realizado com amostras de gema de
ovo de codorna, na qual foram retiradas 4 alíquotas. Nas amostras de gema de ovo,
três dessas alíquotas foram acrescidas de uma concentração conhecida de retinol
padrão (Sigma). Todas as alíquotas foram submetidas à saponificação alcalina e a
precipitação de proteínas, posteriormente se fez o acréscimo dos padrões de retinol.
As alíquotas foram submetidas às demais etapas propostas pelo método citado: 3
extrações com hexano, secagem a 37ºC sob atmosfera de nitrogênio, ressuspensão
em etanol absoluto º HPLC e dosagem da vitamina A por Cromatografia Liquida de
Alta Eficiência (CLAE) com metanol em sua fase móvel.
Foram obtidas recuperações para o retinol adicionado nas amostras de gema
de ovo de codornas na faixa de 104,0 - 108,0%. Estes resultados indicam que a
metodologia utilizada tem exatidão confiável, uma vez que a região de recuperação
entre 80,0 e 110,0% é considerada aceitável em estudos de validação de um
método (AQUINO; AMORIM; PRATA, 2004).
Nos testes de repetitividade e precisão intermediária foram utilizadas 3
alíquotas de uma amostra de gema de ovo. Estas amostras passaram pelas etapas
anteriormente descritas e foram armazenadas secas e congeladas para posterior
dosagem do retinol. A aplicação das amostras ocorreu em três dias consecutivos.
Os valores dos coeficientes de variação obtidos das alíquotas encontrados
após a cromatografia foram entre 1,23 e 1,93% (Tabela 4). Estes valores indicam
uma precisão aceitável para a validação de um método analítico, uma vez que,
Materiais e Métodos 50
valores em torno de ± 15% são considerados admissíveis de acordo com a literatura
(AQUINO; AMORIM; PRATA, 2004).
TABELA 4. Concentração de retinol em amostras de gema de ovos de codornas aplicadas em dias consecutivos.
Tempo (Horas)
Amostra de gema de ovo (µg
retinol/100g)
D.P.
CV (%)
0
726,23
13,99
1,93
24
732,11
9,04
1,23
48
726,56
13,69
1,88
Materiais e Métodos 51
2.10 PREPARAÇÃO DO PADRÃO DE RETINOL
Inicialmente foi preparado um padrão de retinol o qual foi denominado de
padrão estoque com 1,0 mg de retinol (Sigma) diluído em 1,0 mL de etanol absoluto
(Merck) e agitado por 30 segundos. Foram realizadas duas diluições, até que o
padrão atingisse uma concentração aproximada de 10 µg/mL e realizada a leitura
em espectrofotômetro (Femto 700 Plus), utilizando-se cubeta de quartzo, para a
confirmação do padrão.
O comprimento de onda utilizado para a leitura foi de λ=325 nm e o coeficiente
de absorção ou coeficiente específico de extinção (ε 1%, 1 cm em etanol) foi ε
%=1780, como descrito por Olson (1996) e Milne & Botnen (1986), respectivamente.
Na Figura 7 apresenta-se o esquema de diluição do padrão. Em seguida, tem-se a
fórmula utilizada no cálculo da concentração real do padrão.
1,0 mg retinol + 1,0 mL Etanol Absoluto (Agitar 30 segundos)
0,1 mL Padrão Estoque + 0,9 mL Etanol Absoluto
(Agitar 30 segundos)
Padrão Estoque (1000 µg/mL) (1º Diluição)
Padrão de Trabalho (100 µg/mL) (2º Diluição)
0,1 mL Padrão de Trabalho + 0,9 mL Etanol Absoluto
(Agitar 30 segundos)
Padrão de Leitura (10 µg/mL)
(3º Diluição)
1 mL do Padrão de Leitura 1mL de Etanol Absoluto (Branco)
Leitura no Espectrofotômetro
FIGURA 7. Diluições do padrão de retinol para leitura no espectrofotômetro.
Materiais e Métodos 52
Fórmula usada para a determinação da concentração real do padrão:
[Padrão] = Aº ε %
Onde: [Padrão] = concentração do padrão em gramas de retinol por 100mL da
solução de leitura (g %); Aº = leitura da absorbância realizada no espectrofotômetro;
ε % = coeficiente específico de extinção de retinol em etanol (1780).
Após a confirmação da concentração real do padrão, o padrão trabalho foi
diluído uma vez em metanol grau HPLC (Merck), levando sua concentração a
aproximadamente 1µg/1mL (20 ng/20µL) para aplicação no aparelho de HPLC
(Figura 8).
0,1 mL Padrão Estoque + 0,9 mL Etanol Absoluto (Agitar 30 segundos)
0,01 mL Padrão de Trabalho + 0,99 mL Etanol Absoluto
(Agitar 30 segundos)
Padrão de Trabalho (100 µg/mL)
Padrão de Aplicação (1 µg/mL)
FIGURA 8. Diluição do padrão de retinol para sua aplicação no HPLC.
Materiais e Métodos 53
2.11 CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS
A determinação das concentrações de retinol na gema dos ovos foi obtida por
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE/ HPLC), para tal foi utilizado o
cromatógrafo da marca SHIMATZU, constituído de duas bombas de cromatografia
líquida LC-10AD SHIMADZU (fluxo de 1,0mL), desgaseificador modelo DGU-2A,
detector UV - VIS modelo SPD-10AV SHIMADZU, a coluna e a pré-coluna CG
nucleosil C18 (fase reversa), sistema de integração C – R6A SHIMADZU, eluição com
fase móvel 100% composta por metanol grau HPLC (Merck) e auto injetor com
“looping” de 20 µL. O comprimento de onda utilizado para a detecção de foi de
λ=325nm. O tempo de retenção do retinol foi observado com 4,0 minutos de eluição,
com fluxo de 1,0mL/min. O cromatograma do padrão de retinol está demonstrado na
figura 9.
FIGURA 9. Cromatograma do padrão de retinol (23,5ng/20µL).
Tem
po (m
inut
os)
Materiais e Métodos 54
2.12 CONFIRMAÇÃO DO RETINOL E TEMPO DE RETENÇÃO DO RETINOL DAS
AMOSTRAS DE OVOS DE CODORNA
A confirmação da identidade do retinol nos extratos das amostras de gema de
ovo foi determinada através da adição de padrões de retinol com concentrações
conhecidas e então observada a sobreposição dos picos (amostra + [padrão
conhecido]) e conseqüente aumento a área do pico no cromatograma (“spiking”). O
tempo de retenção do retinol da amostra é confirmado ao comparar-se com o do
padrão.
2.13 QUANTIFICAÇÃO DO RETINOL POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA
EFICIÊNCIA
Foram feitas curvas de calibração periodicamente no decorrer do período
experimental. Inicialmente foi preparado um padrão estoque de retinol (Sigma), em
seguida foram feitas duas diluições, até que se chegasse à concentração do padrão
de leitura, conforme figura 7. Foram retirados do padrão de leitura 20 µL, 35 µL, 70
µL, 140 µL e 280 µL para se obter padrões de aplicação nas concentrações de 2
ng/20 µL, 4 ng/20 µL, 8 ng/20 µL, 16 ng/20 µL e 32 ng/20 µL, respectivamente. Os
padrões de aplicação foram diluídos em metanol (Merck), em seguida aplicados na
CLAE.
Para a obtenção da curva as concentrações de retinol foram dispostas no eixo
das abscissas, o que corresponde 2, 4, 8, 16 e 32 ng/20 µL do padrão de retinol,
respectivamente, e no eixo das ordenadas as áreas dos picos obtidos (Figura 10). A
Materiais e Métodos 55
curva analítica foi obtida por regressão linear e apresentou boa linearidade (r =
0,9998), possibilitando desta forma a quantificação do retinol pelo método do padrão
externo.
Curva de Calibração
y = 3941,9x - 236,25R2 = 0,9997
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
0 10 20 30 40
Concentração de Retinol (ng/µL)
Áre
a da
s am
ostra
s
A quantificação de retinol presente nas amostras foi realizada por comparação
de áreas relacionadas a concentrações conhecidas do padrão de retinol todo trans
(Sigma), obtidas através das curvas de calibração descrita acima.
FIGURA 10. Curva de calibração da solução padrão de retinol.
Materiais e Métodos 56
2.14 EXTRAÇÃO DO COLESTEROL NA GEMA DOS OVOS
Para as análises de colesterol nas gemas dos ovos, foi realizada inicialmente
a pesagem de 16 ovos por tratamento, em seguida estes foram cozidos por cinco
minutos após ebulição, as gemas foram separadas, misturadas e homogeneizadas,
tomando-se doze alíquotas de 0,25 g para análises.
O método utilizado para a extração e a dosagem de colesterol na gema dos
ovos foi baseado na técnica descrita por Bragagnolo; Rodriguez-Amaya (2003),
como mostrado na Figura 11. Foram pesadas 0,25 g de gema em tubo de
polipropileno com tampa rosqueável de 50 mL. Foi realizada uma saponificação
alcalina com 10 mL de hidróxido de potássio (KOH 2% - Vetec) em etanol absoluto
(Merck). Posteriormente, os tubos foram colocados em banho-maria à 50°C em
agitação por 2 horas. Em seguida, foi adicionado 5 mL de água destilada e deixou
resfriar. A extração dos lipídeos presentes na amostra ocorreu em três extrações
sucessivas, para tal foi adicionado 10 mL de hexano, agitando em vortex por um
minuto. Posteriormente, as amostras foram deixadas em repouso por 10 minutos e
após a separação, toda a fase hexânica foi transferida para um novo tubo com
tampa rosqueável de 50 mL. Na primeira extração foram retirados 9 mL de
sobrenadante, nas extrações subseqüentes foram retirados 10 mL de sobrenadante.
Materiais e Métodos 57
2.15 DOSAGEM DO COLESTEROL
Para esta dosagem foi utilizado kit específico para análise de colesterol
(LABORLAB S.A). Uma alíquota de 0,5 mL do extrato hexânico foi colocada em um
tubo de vidro de 5mL, a qual foi evaporada sob atmosfera de nitrogênio, em banho-
maria a 37ºC. Em seguida, 0,5 mL de isopropanol grau cromatográfico foi adicionado
e agitado em vortex até completa solubilização. Foram adicionados 3 mL do reativo
enzimático preparado da seguinte forma: 0,5 mL do reativo de cor nº 1 (4
aminofenazona 0,025 mol/L), 0,5 mL do reativo de cor nº 2 (fenol 0,055 mol/L), 19 ml
de água destilada e 0,2 mL do reativo enzimático (lipase e” 300 U/mL, COD e” 3
U/mL, POD e” 20 U/mL) à amostra. Os tubos foram mantidos em banho-maria 37ºC
± 2ºC, para tratamento térmico, por 10 minutos. Após repouso de 1,5 horas, a
absorbância foi lida em espectrofotômetro, contra o branco, igualmente preparado, a
499 nm (Figura 11).
Materiais e Métodos 58
+
Gema
KOH 2%
Etanol 95%
Banho-maria a 45ºC por 120 min.
Adição de 10ml hexano
Centrifugação por 10
+
Agitação por 1 min.
Agitação por 1 min/Repouso 10 min
FIGURA 11. Esquema extração e dosagem de colesterol em gema de ovo.
Adição 5mL Água
Adição de Isopropanol
Adição de Reativo Enzimático
Banho-maria 37ºC 10 min.
Repouso 1,5 Hs.
Leitura em espectrofotômetro a 499nm.
Adição de 10 mL Hexano
Centrifugação por 10 min.
Centrifugação por 10 min.
1º Recuperação (9 mL sobrenadante)
Somatório do sobrenadante (9ml).
3º Recuperação (10 mL sobrenadante)
Evaporação 0,5mL da fase hexânica em N2
Precipitado.
Precipitado.
Precipitado (Descartado)
2º Recuperação (10 mL sobrenadante)
Agitação por 1 min/Repouso 10 min
Agitação por 1 min/Repouso 10 min
Adição de 10 mL Hexano
Materiais e Métodos 59
2.16 REQUERIMENTOS ÉTICOS E LEGAIS
A primeira etapa deste estudo foi sua aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, conforme Parecer nº
160/2005 (APÊNDICE 1).
2.17 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram expressos em média ± desvio padrão. As diferenças entre as
médias, dos diferentes grupos em um mesmo período de tempo, foram testadas
através do teste t de Student, sendo significativas para (p<0,05).
As médias dos tratamentos que foram estatisticamente diferentes na análise
de variância foram analisadas pelo teste de Tukey. As diferenças foram
consideradas estatisticamente significativas para p< 0,05.
Os dados resultantes das suplementações foram submetidos à análise de
regressão linear em relação a doses suplementadas, tendo sido calculados o
coeficiente de correlação, o coeficiente de correlação de Pearson e as equações da
reta.
A análise estatística foi possível mediante a utilização do “software Statistica”
versão 6.0 (Statsoft).
Resultados 60
3 RESULTADOS
Ao analisar o peso dos ovos do Tratamento 2 (T2000), pode-se constatar que
houve diferença significativa (p>0,05) a partir da 3º semana de suplementação
quando comparados com o grupo controle. Os grupos T4000, T8000 e T16000
demonstraram uma diferença altamente significativa a partir da segunda semana de
suplementação quando comparados ao grupo controle. O peso dos ovos variou de
9,9 a 12 g, de acordo com o nível de suplementação. Os ovos com pesos mais
elevados foram obtidos no grupo experimental que recebeu 16000UI de retinol,
distintos estatisticamente do grupo que não foi suplementado. A tabela 5, que
expressa os valores médios de ambas as varáveis estudadas, permite verificar os
dados mencionados.
Os valores médios de cada tratamento calculados para a porcentagem de
postura não apresentaram diferença estatística (p> 0,05) de acordo com o nível de
retinol suplementado, alcançando valores médios percentuais de 84%, 84,2%,
84,7% e 85,5%, respectivamente, em T2000, T4000, T8000 e T16000, comparando
com o grupo controle (82,75%).
Resultados 61
TABELA 5. Efeito de diferentes níveis de retinol palmitato suplementados no peso
dos ovos de codorna.
a-e Médias dentro da mesma coluna com letras diferentes, diferem significativamente (p<0,05). A-E Médias na mesma linha com letras diferentes, diferem significativamente (p<0,05).
X CONTROLE (sem suplementação); T2000 = 2000UI, T4000 = 4000UI, T8000 = 8000UI e T16000 = 16000UI de retinol palmitato.
TRATAMENTOSX
Tempo Zero 1º Semana 2 º Semana 3 º Semana 4 º Semana
CONTROLE 9,9 ±0,7aA 10,0 ± 1,7aA 10,1 ± 1,8aA 10,1 ± 1,8aA 10,2 ± 0,9aA
T2000 10,0 ± 0,7aA 10,2 ± 1,7aA 10,4 ± 1,8bA 10,6 ± 1,9 bB 10,9 ± 2,0 bC
T4000 10,1 ± 0,8aA 10,4 ± 1,7cB 10,8 ± 1,9cC 10,9 ± 2,0cD 11,0 ± 2,0cE
T16000 10,2 ±0,8aA 10,8 ± 1,8eB 11,2 ± 2,0eC 11,5 ± 2,1eD 12,0 ± 2,1 eE
T8000 10,2 ± 0,4aA 10,5 ± 1,8dB 11,0 ± 1,9dC 11,2 ± 2,0dD 11,6 ± 2,1dE
Peso dos ovos (g) Peso dos ovos (g) Peso dos ovos (g) Peso dos ovos (g) Peso dos ovos (g)
Resultados 62
Os valores médios de retinol encontrados no grupo controle variaram entre
604,23 µg/100g de gema no tempo zero e 636,72 µg/100g de gema na quarta
semana. Ao analisar o retinol neste grupo pode-se constatar que não houve
diferença significativa entre as médias (p>0,05), esse resultado era esperado, uma
vez que este grupo não foi suplementado (Figura 12).
FIGURA 12. Níveis de retinol nos ovos de codornas referentes ao Grupo Controle.
Grupo Controle
626,84 636,72 634,50 624,94 615,22
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Tempo Zero 1º Semana 2º Semana 3º Semana 4º Semana
Ret
inol
(µg/
100g
)
Resultados 63
As aves que representam o Tratamento 2 (T2000) foram suplementadas com
2000 UI de retinol palmitato. Examinando-se a figura 13 observa-se que não houve
diferença significativa (p > 0,05) entre as médias de retinol da primeira
suplementação e do tempo zero, no entanto a partir da segunda semana de
suplementação a incorporação de retinol na gema do ovo ocorreu de maneira
altamente significativa. Foi observado um aumento percentual de retinol na gema do
ovo deste grupo de 11,1% a 56,6%, em relação à primeira e quarta semana quando
comparados com o tempo zero.
FIGURA 13. Efeito da suplementação nos níveis de retinol na gema dos ovos de codornas referentes ao Tratamento 2000.
* Diferença altamente significativa comparada ao tempo zero e as demais semanas (p< 0,001).
T2000
1032,07972,18
799,67712,52674,68
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
Tempo Zero 1º Semana 2º Semana 3º Semana 4º Semana
Ret
inol
(µg/
100g
) *
**
Resultados 64
A mesma análise foi realizada com os grupos suplementados T4000, T8000 e
T16000, que demonstrou uma média de retinol superior na gema do ovo a partir da
primeira semana quando comparados com o tempo zero, em todos os tratamentos
(p < 0,05). A diferença quando comparada com o controle se torna altamente
significativa a partir da segunda semana e essa situação é observada em todos os
grupos (Figura 14). Quando o aumento nos grupos suplementados (T4000, T8000 e
T16000) foi analisado em valores percentuais, encontraram-se variações nos níveis
de retinol na gema do ovo entre 23,1% a 97,8%; 42,5% a 196,9%; 81,7% a 384,3%
em relação ao tempo zero, respectivamente.
Resultados 65
A
B
C
FIGURA 14. Efeito da suplementação nos níveis de retinol na gema dos ovos de codornas referentes aos Tratamentos 4000(A), 8000(B) e 16000(C).
* Diferença altamente significativa em relação ao tempo zero e as demais semanas (p < 0,001).
1255,97
1032,07
866,00781,72
660,08
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Tempo Zero 1º Semana 2º Semana 3º Semana 4º Semana
Retin
ol (µ
g/10
0g) *
*
*
*
607,04
890,83
1853,35
1446,34
1130,62
0
500
1000
1500
2000
2500
Tempo Zero 1º Semana 2º Semana 3º Semana 4º Semana
Retin
ol (µ
g/10
0g)
**
*
*
660,711100,70
1456,141751,13
2934,35
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Tempo Zero 1º Semana 2º Semana 3º Semana 4º Semana
Retin
ol (µ
g/10
0g)
**
*
*
Resultados 66
A relação entre Retinol Palmitato (UI) suplementado e os níveis de retinol
(µg/100g) na gema do ovo é apresentada na figura 15. Ao analisar a figura,
podemos observar que a regressão mostra claramente uma relação positiva
significativa (r = 0,9967) entre o nível de retinol suplementado e a concentração
de retinol na gema dos ovos, em todos os tratamentos, indicando que o retinol no
ovo aumentou linearmente com o aumento nos níveis de retinol suplementado.
y = 0,0699x + 579,76R2 = 0,9783
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000
Retinol Palmitato (UI)
Ret
inol
(µg/
100g
)
FIGURA 15. Relação entre Retinol Palmitato (UI) suplementado e os níveis de retinol
(µg/100g) na gema do ovo.
Resultados 67
No que se refere ao período que sucede as suplementações, a partir da
quinta semana, foi verificado que ocorre um decréscimo nos níveis de retinol na
gema do ovo. Ao examinar a figura, observa-se que o declínio foi significativo em
todos os tratamentos, sendo esta redução mais significativa na primeira semana
após a última suplementação. Nenhuma diferença significativa foi encontrada
entre os grupos T8000 e T16000 na sexta semana, de maneira similar tanto os
tratamentos T4000 e T8000, quanto T8000 e T16000, na sétima semana, não
demonstraram qualquer diferença significativa (p>0,05) (Figura 16).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4º Semana 5º Semana 6º Semana 7º Semana
Ret
inol
(µg/
100g
)
ControleT2000T4000T8000T16000
a
b
c
e
d
a
bc
e
d
a
bc
D,eD,d
aB,bB,c
D, dD,e
Letras minúsculas diferentes significativamente diferente (p < 0,05) Letras maiúsculas iguais não apresentam diferença significativa (p >0,05).
FIGURA 16. Comparação dos diferentes tipos de tratamentos sobre os níveis de retinol na gema dos ovos.
Resultados 68
Quando os valores médios de colesterol referentes aos grupos experimentais
foram comparados com as médias do grupo controle, não foi observado diferença
estatisticamente significativa, tanto expresso em mg/100g quanto por mg/ovo. As
médias aferidas variaram entre 1115 mg/100g (CON) e 1142,5 mg/100g (T16000),
ou 37 mg/ovo (CON) e 37,7 mg/ovo (T16000), conforme Tabela 6. Indicando que
não houve interação entre o colesterol na gema do ovo e os níveis de retinol (p <
0,05).
TABELA 6. Concentração de colesterol (mg/100g e mg/ovo) nos ovos de codorna
suplementadas com diferentes níveis de retinol.
Letras minúsculas diferentes significativamente diferente (p < 0,05).
X CONTROLE (sem suplementação); T2000 = 2000UI, T4000 = 4000UI, T8000 = 8000UI e T16000 = 16000UI de retinol palmitato.
Tratamentos X Colesterol
mg/100g mg/ovo
Controle
T2000
T4000
T8000
T16000
37 ± 0,13a
37,2 ± 0,76a
37,3 ± 0,74a
37,2 ± 0,79a
37,7 ± 0,82a
1115 ± 4,0a
1129,1 ± 23,4a
1132,6 ± 22,5a
1129,1 ± 24,4a
1142,5 ± 25,0a
Discussão 69
4 DISCUSSÃO
A suplementação com diferentes níveis de retinol palmitato em codornas
resultou em efeito significativo sobre o peso dos ovos estudados. Nossos resultados
estão em conformidade com Sachdev e Panda (1989) e Fuzz et al (2000), que
avaliaram diferentes níveis de suplementação dietética com retinol em codornas e
detectaram ocorrer aumento no peso dos ovos. Contudo em outro estudo realizado
com codornas, Bárdos, Sótér e Karchesz (1996), não verificaram alteração no peso
dos ovos ao suplementar as aves com 50.000UI de retinol/kg. De forma semelhante,
Lin et al (2002), utilizando doses semelhantes às do presente estudo em galinhas,
também observaram influência significativa no peso dos ovos. Por outro lado, Squire
e Naber (1993), Mendonça Jr. et al (2002) e Mori et al (2003) conduziram
experimentos com galinhas e constataram não existir influência da suplementação
no peso dos ovos. No entanto, March et al (1972), reportaram diminuição no peso
dos ovos, quando excesso de vitamina A (410.000 UI/kg) foram suplementadas nas
galinhas.
Essa melhora no aumento do peso encontrados em nosso estudo
provavelmente é resultante da forma de suplementação, visto que neste trabalho as
aves foram suplementadas diretamente por via oral. Nos demais trabalhos
supracitados a suplementação ocorreu através da dieta, o que confirma um melhor
aproveitamento deste micronutriente nas aves, quando a suplementação ocorre
diretamente por via oral.
Quanto à produção dos ovos, não foi observado no presente estudo aumento
significativo com os níveis de retinol suplementado (Tabela 5). Esses resultados
corroboram com o estudo de Bárdos, Sótér e Karchesz (1996), que não observaram
efeito significativo na produção de ovos de codornas pela suplementação com o
Discussão 70
nível de 50.000 UI de retinol acetato. Em experimentos semelhantes com galinhas,
esse efeito também foi observado, Squire e Naber (1993), Coskun et al (1998) e
Mendonça Jr. et al (2002), ao investigar o efeito de diferentes níveis dietéticos de
retinol (2000, 4000, 5000, 8000, 9000, 10000, 15000, 16000, 20000, 24000, 25000
UI/kg) sob a performance reprodutiva das aves, reportam não haver influência da
adição de retinol na dieta das aves sob a produção dos ovos. Entretanto, Mori et al
(2003) relataram aumento significativo na produção de ovos quando as aves foram
suplementadas com 15.000 UI/kg. Contudo, March et al (1972) verificaram declínio
na taxa de produção dos ovos, mas somente quando níveis elevados de retinol
formam suplementados, na razão de 210.000 a 410.000 UI/kg de ração. Esses
autores ressaltam que quantidades muito elevadas de vitamina A podem causar
alguns efeitos negativos na produção dos ovos devido a ação indireta na tireóide.
A concentração média de retinol encontrada na gema dos ovos de codornas
do grupo controle é superior aos valores encontrados por Bárdos, Sótér e Karchesz
(1996) (502 µg/100g) e Karadas et al (2005) (438 µg/100g) e similar ao encontrado
por Ramalho et al (2006) (636µg/100g). Ao comparar os resultados aqui relatados
(627,64 µg/100g) com os encontrados em algumas tabelas de alimentos, observa-se
que foram superiores ao da tabela americana USDA (2005) 155 µg/100g, e um
pouco menor que as médias das tabela de Franco (1998) 666 µg/100g e Philippi
(2002) 750 µg/100g. Este resultado pode ser justificado pelo fato de as codornas
criadas em nosso país serem alimentadas com rações balanceadas de ótima
qualidade, que contém todos os nutrientes necessários para suprirem as
necessidades alimentares dessas aves, inclusive as de vitamina A.
A manipulação da composição de vitaminas lipossolúveis na gema de ovos
pela suplementação dietética com vitaminas não é uma prática nova. No presente
Discussão 71
estudo, verificou-se que uma incorporação significativa e progressiva de retinol na
gema do ovo foi alcançada pela suplementação com retinol palmitato em codornas.
Resultados semelhantes foram encontrados por Bárdos, Sótér e Karchesz (1996),
que mostraram que o retinol acetato dietético aumentou marcadamente o conteúdo
de vitamina A na gema dos ovos de codornas. Similarmente, Karadas et al (2005)
verificou que diferentes fontes de carotenóides na dieta de codornas aumentaram
significativamente o acúmulo de vitamina A na gema dos ovos. Neste estudo, o
aumento percentual de retinol na gema variou entre 11,1% (T2000) e 384,3%
(T16000), em comparação ao tempo zero. Pode-se observar que ocorreu uma
melhor incorporação no grupo suplementado com 16000UI, sendo, portanto, a dose
ótima de suplementação com vitamina A para os ovos de codornas japonesas. Esse
resultado sugere que níveis de retinol quatro vezes acima do recomendado pelo
NRC (1994) para aves em postura, é suficiente para elevar os níveis de retinol na
gema dos ovos.
Em outro estudo, Jiang et al (1994), ao analisarem a incorporação de α-
tocoferol, β-caroteno e retinol na gema dos ovos de galinha em resposta a
suplementação dietética contendo 50, 100, 200 e 400mg/kg de α-tocoferol acetato,
β-caroteno, ou sua combinação, verificaram um aumento linear nos índices de
retinol. Da mesma forma, Hill et al (1961), Mendonça Jr. et al (2002) e Mori et al
(2003), mostraram ocorrer um significativo aumento nos níveis de retinol na gema
dos ovos, quando retinol acetato foi suplementado na dieta.
Em relação à incorporação de retinol na gema dos ovos, que leva em
consideração o percentual desta vitamina ingerida que foi transferida para os ovos, o
maior valor encontrado nesta pesquisa foi 2934,35 µg de retinol/100g. Em estudos
realizados com galinhas verificou-se que as concentrações médias mais elevadas de
Discussão 72
retinol variaram de 720 a 1353 µg de retinol/100g quando suplementadas com as
doses máximas analisadas em cada estudo. De acordo com Squire e Naber (1993),
ao suplementarem as aves com 16.000 UI/kg de ração, obtiveram um máximo de
retinol na gema dos ovos de 720 µg de retinol/100g de gema. Surai et al (1998)
observaram que a suplementação com 40.000 UI/kg em galinhas foi capaz de elevar
os valores médios de retinol a 851,1 µg de retinol/100g de gema. Enquanto que os
valores obtidos por Mendonça Jr. et al (2002) e Mori et al (2003), foram 1079 µg de
retinol/100g e 1132 µg de retinol/100g, respectivamente, suplementado com níveis
de retinol 25.000UI/kg e 30000UI/kg. Esses dados confirmam a hipótese de que a
suplementação oral é mais efetiva à suplementação dietética.
Ao término das suplementações, foi observada uma diminuição significativa
nas concentrações de retinol na gema dos ovos, de 11,7 e 12,6 µg de retinol/g
(86,6% e 252,5% diminuição) para os grupos T8000 e T16000, quando comparados
com o tempo zero, 6,14 µg de retinol/g. No entanto, as suplementações com 8000UI
e 16000UI foram as mais duradouras quando comparadas com os demais grupos
testados, podendo ser observado que mesmo após três semanas a partir da última
suplementação os grupos supracitados continuaram com os níveis de retinol
elevados, conforme exposto na figura 16. Os valores de retinol encontrados na gema
dos ovos de todos os grupos após o período das suplementações foram maiores do
que aqueles encontrados no tempo zero, demonstrando assim o papel do fígado no
armazenamento e transferência de retinol para a gema do ovo. Esses resultados
concordam com Surai et al (1998) e Squire e Naber (1993), que reportam que a
ingestão de vitamina A dietética determina o seu estoque prévio no fígado e a
possível acumulação na gema: esta concentração na gema do ovo foi positivamente
correlacionada com o seu conteúdo no alimento. Por conseguinte, sugere-se que as
Discussão 73
doses de suplementação utilizadas neste experimento foram eficazes, e
provavelmente esta eficácia seja conservada nas próximas semanas após a última
análise. Essa hipótese é suportada pelos estudos de Surai et al (1998), cujo trabalho
reportou que o acúmulo de retinol no fígado de galinhas é suficiente para
suplementar 100 ovos.
Segundo dados da NRC (1987), a dose máxima tolerável de vitamina A para
as aves é 40.000UI e existem evidências na literatura que mostram efeito tóxico
quando quantidades superiores são utilizadas. No estudo realizado por Majchrazak
et al (2006) com fígado de galinha, foi observado que o conteúdo dietético em
vitamina A influencia positivamente as reservas deste micronutriente no fígado das
aves, no entanto suplementações com valores superiores a 40.000UI de vitamina A
foram fornecidas e mesmo assim não foi relatado toxidade nas aves.
Vale ressaltar que este foi o primeiro estudo a verificar a influência da
suplementação com retinol nas concentrações de colesterol no ovo. Na presente
pesquisa nenhuma alteração significativa foi observada nos valores de colesterol.
Em relação às concentrações médias de colesterol, o valor de 11,2 mg/g gema
encontrado no presente trabalho, é semelhante aos encontrados por Bragagnolo e
Rodriguez-Amaya (2003) de 12,0 mg/g gema, entretanto são mais baixos que os
reportados por Maurice et al (1994), que também analisaram o nível de colesterol
nas gemas de ovos de codornas, encontrando uma concentração de 23,8 mg/g
gema.
Realizando essa mesma comparação com os resultados obtidos com ovos de
galinha comercializados no Brasil, o colesterol observado foi aproximado ao
encontrado por Bragagnolo e Rodriguez-Amaya (2003) (12mg/g de gema), e menor
Discussão 74
que os valores relatados por Mazalli et al (2004) (13,1mg/g de gema), Mazalli et al
(2003) (13,6mg/g de gema) e Mourthé; Martins (2002) (16,5mg/g de gema).
Segundo Turatti, Gomes e Athié (2002) e Brandão et al (2005), não existe
uma relação entre o consumo de ovos e o aumento do nível de frações de
colesterol, considerados maléficos à saúde ou nas enfermidades cardiovasculares.
Pesquisas recentes revelam que o colesterol consumido através da dieta tem
influência de 5%, no máximo, sobre a elevação do colesterol total do organismo de
pessoas saudáveis. Estudo realizado em 22 países industrializados e apresentado
em relatórios publicados no Lipid Research Clinics mostrou que a incidência de
doenças cardiovasculares é mais baixa no Japão, onde o consumo de ovo é maior
(TURATTI; GOMES; ATHIÉ, 2002).
Considerando as atuais recomendações para a vitamina A, sugeridas pelas
DRI’s (2001), com relação à ingestão dietética recomendada (RDA) de retinol para
crianças na faixa de 1 a 3 anos de 300µg/dia e de 4 a 8 anos de 400µg/dia. Para
homens a partir de 14 anos recomenda-se uma ingestão igual a 900 µg/dia e para
mulheres a partir de 14 anos, 700 µg/dia. De acordo com os níveis de retinol
demonstrados na análise deste estudo e levando-se em conta a RDA para crianças
e adultos, verificou-se que o consumo de um ovo de codorna não suplementada e
suplementada com 16.000UI, pode cobrir em torno de 2 e 10% das recomendações
diárias de retinol para crianças na faixa etária de 1 a 3 anos e 1,6 e 7,3%, para
crianças na faixa etária de 4 a 8 anos, respectivamente. Com relação a homens e
mulheres, esses ovos podem oferecer 0,7 e 3,2%, e 0,9 e 4,2%, respectivamente,
das suas necessidades nutricionais (Tabela 7). Levando-se em consideração que
um indivíduo não consome apenas um ovo de codorna, o consumo de cinco ovos
enriquecidos com vitamina A, por exemplo, podem cobrir em torno de 50 e 36,5%
Discussão 75
das recomendações diárias de retinol para crianças na faixa etária de 1 a 3 anos e
para crianças na faixa etária de 4 a 8 anos, respectivamente. Em relação a homens
e mulheres adultos esses ovos podem oferecer 16 e 21%, respectivamente, das
suas necessidades nutricionais. Os dados aqui relatados podem contribuir para o
incentivo ao consumo dos ovos de codornas pela população, principalmente pelas
crianças, visto que estes têm sido relatados como o principal grupo atingido pela
hipovitaminose A. Além disso, a adequação no consumo de vitamina A em crianças
pode garantir crescimento e desenvolvimento saudável e auxiliar na proteção contra
as infecções de maior impacto sobre a saúde e sobrevivência infantis.
TABELA 7 – Contribuição do retinol nos ovos de codorna antes e após a
suplementação com retinol palmitato de acordo com a recomendação diária de
retinol (RDA) deste micronutriente para o homem.
Estágios de Vida Recomendação Diária de Retinol (µg / dia)
% de adequação Ovos de Codorna Antes Suplementação ApósSuplementação
Crianças 2000UI 4000UI 8000UI 16000UI
1 a 3 anos 300 2 3,7 4,9 5,8 9,8
4 a 8 anos 400 1,6 2,8 3,6 4,4 7,3
Adultos
Homens ≥ 14 anos 900 0,7 1,2 1,6 2 3,2
Mulheres ≥ 14 anos
700 0,9 1,6 2,1 2,5 4,2
Discussão 76
Este é o primeiro trabalho que verificou a possibilidade de se produzir ovos de
codornas enriquecidos com vitamina A em países em desenvolvimento. Nossos
resultados adicionam dados importantes sobre ovos enriquecidos com vitamina A
através da suplementação em aves, podendo ser utilizados como um item alimentar
fonte de vitamina A para os grupos populacionais deficientes de ocorrência mundial.
Além disso, esta fortificação torna-se comercialmente viável ao produtor, visto que o
custo de tal atividade é baixo, não afetando o valor do produto final oferecido ao
consumidor. Observou-se que a suplementação semanal de 60 codornas com
16.000 UI de retinol palmitato, custou em torno de R$ 1,20, supondo que cada
codorna colocaria 7 ovos no decorrer de uma semana de produção, então o valor
desses ovos enriquecidos seria em torno de 0,05 centavos de real. Liberato e
Sant’ana (2006), em sua revisão sobre fortificação de alimentos, reportam que para
alcançar a RDA de vitamina A, em pessoas com alto risco de DVA na Guatemala, o
custo per capita era 0.98 para a fortificação, entre 1.68 a 1.86 para a distribuição de
cápsulas e entre 3.10 a 4.16 dólares para os programas de educação nutricional que
incentivam a construção de hortas vegetais. O fato de não existir uma relação entre
o retinol suplementado e os níveis de colesterol no ovo, torna possível produzir um
alimento enriquecido capaz de promover efeitos benéficos à saúde.
A ingestão adequada de alimentos de origem animal e vegetal, considerados
fontes de vitamina A, é importante para evitar o desenvolvimento de quadros de
deficiência de vitamina A (DOLINSKY; RAMALHO, 2003). Sendo a ingestão diária
de alimentos ricos em vitamina A preferível às doses suplementares, como
estratégia de intervenção no combate a hipovitaminose A, ressaltando que a
fortificação de alimentos aliada à educação nutricional são estratégias importantes
no combate à deficiência de vitamina A.
Discussão 77
O desejável seria que toda a população mundial tivesse acesso à informações
suficientes para que a alimentação fosse capaz de suprir todas as suas
necessidades nutricionais. Enquanto não se consegue isto, os programas de
fortificação, nas condições atuais de certos países, como o Brasil, são
indispensáveis para garantir a ingestão de micronutrientes pela população.
Conclusões 78
5 – CONCLUSÔES
• A suplementação com retinol palmitato em codornas resultou em
benefícios para o peso dos ovos;
• A suplementação não influenciou o percentual produtivo das aves;
• O valor nutricional dos ovos, relacionados à vitamina A, pode ser
aumentado pela suplementação das codornas;
• A dose ótima de suplementação para os ovos de codornas japonesas
foi a com 16000UI;
• A suplementação com altas doses de retinol não alterou a
concentração do colesterol nos diferentes tratamentos testados;
• O ovo de codorna suplementado com retinol palmitato é uma boa fonte
de vitamina A;
Referências 79
REFERÊNCIAS
ALBINO, L. F. T.; NEME, R. Codornas: manual prático de criação. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 1998.
AQUINO, F. W. B.; AMORIM, A. G. N.; PRATA, L. F. Determinação de aditivos, aldeídos furânicos, açúcares e cafeína em bebidas por cromatografia líquida de alta eficiência: validação de metodologias. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 24, n. 1, p. 32-38, jan./mar. 2004.
AZAÏS-BRAESCO, V.; PASCAL, G. Vitamin A in pregnancy: requeriments and safety limits. American Journal of Clinical Nutrition, v. 71, p. 1325S-1333S, 2000.
BÁRDOS, L.; SÓTER, G. Y.; KARCHESZ, K. Effect of retinyl acetate, ascorbic acid and tocopherol supplementation of the feed on egg vitamina A content in japonese quail. Acta Veterinaria Hungarica, v. 44, n.2, p. 213-219, 1996.
BAUMGARTNER, J. Japonese quail production, breeding and genetics. World Poultry Science Journal, v. 50, n. 3, p. 227-235, 1994.
BERTECHINI, A. G. Mitos e verdades sobre o ovo e consumo. Disponível em: <http://www.ovoonline.com.br>. Acesso em: 20 nov 2006.
BLOMHOFF, R. Vitamin A and carotenoid toxicity. Food and Nutrition Bulletin, v. 22, n. 3, p. 320-334, 2001. BOWEN, R. A.; AUSTGEN, L.; ROUGE, M. Retinol, 2000. Disponível em: < http://www.vivo.colostate.edu/hbooks/pathphys/misc_topics/vitamina.gif>. Acesso em: 19 jan. 2007 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 31, de 13 de janeiro de 1998. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/31_98.htm. Acesso em 05 jan 2006.
BRAGAGNOLO, N.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Comparison of the cholesterol content of brazilian chicken and quail eggs. Journal of Food Composition and Analysis, v. 16, n. 2, p. 147-153, 2003.
BRANDÃO, P. A. et al. J. Ácidos graxos e colesterol na alimentação humana. Agropecuária Técnica, v. 26, n. 1, p. 5-14, 2005.
Referências 80
CHAGAS, M. H. C. et al. Teratogenia da vitamina A. Revista Brasileira de Saúde Materna Infantil, Recife, v. 3, n. 3, jul./ set./ 2003.
CHANMUGAM, P. et al. Incorporation of different types of �-3 fatty acids into tissue lipids of poultry. Poultry Science, v.71, p.516-521, 1992.
CORTES, P. L. et al. Vitamin A deficiency in turkey poults. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, v. 18, p. 489-494, 2006.
COSKUN, B. et al. Effects of dietary levels of vitamin A on the egg yield and immune responses of laying hens. Poultry Science, v. 77, p. 542-546, 1998.
CRUZ, A. T. R. et al . Fortificação de alimentos. Revista Higiene Alimentar, v. 14, n. 74, p. 17-20, 2000.
DARY, O.; MORA, J. O. Food fortification to reduce vitamin A deficiency: international vitamin A consultive group recommendations. The Journal of Nutrition, n. 132, p. 2927S-2933S, 2002.
DAWE, D.; ROBERTSONB, R.; UNNEVEHRB, L. Golden rice: what role could it play in alleviation of vitamin A deficiency?. Food Policy, v. 27, p. 541-560, 2002.
DEBIER, C.; LARONDELLE, Y. Vitamins A and E: metabolism, roles and transfer to offspring. British Journal of Nutrition, v. 93, p. 153-174, 2005.
DINIZ, A. S.; SANTOS, L. M. P. Hipovitaminose A e xeroftalmia. Jornal de Pediatria, v. 76, p. 311-322, 2000.
DOLINSKY, M.; RAMALHO, A. Deficiência de Vitamina A: uma Revisão Atualizada. Compacta – temas em nutrição e alimentação, v. 4, n. 2, p. 3-18, set./ 2003. Disponível em: <www.pnut.epm.br>. Acesso em: 05 dez. 2005.
DONNEN, P. et al. Vitamin A supplementation but not deworming improves growth of malnourished preschool children in eastern Zaire. The Journal of Nutrition, v. 128, p. 1320-1327, 1998.
DUTRA-DE-OLIVEIRA, J. E.; MACHINI, J. S. Ciências Nutricionais. São Paulo (SP): Sarvier, 1998.
Referências 81
EL BEITUNE, P. et al . Hipovitaminose A: cofator clínico deletério para o homem. Medicina de Ribeirão Preto, v. 36, p. 5-15, jan./mar. 2003. (a) EL BEITUNE, P.; DUARTE, G.; MORAIS, E. N.; QUINTANA, S. M.; VANNUCCHI, H. Deficiência da vitamina A e associações clínicas. Archivos Latinoamericanos Nutricion, v. 53, n. 4, p. 355-363, 2003. (b)
FLORES, H. Food enrichement a medium-term approach for hidden hunger? Nutriview, v. 1, p. 4-5, 1996.
FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9a ed. São Paulo: Atheneu, 1998.
FU, Z.; KATO, H.; SUGAHARA, K.; KUBO, T. Retinoic acid accelerates the development of reproductive organs and egg production in japonese quail (Coturnix coturnix japonica). Biology of Reproduction, v. 63, n. 6, p. 1795-1800, 2000.
GERALDO, R. R. C. et al. Distribuição da hipovitaminose A no Brasil nas últimas quatro décadas: ingestão alimentar, sinais clínicos e dados bioquímicos. Revista de Nutrição, v. 16, n. 4, p. 443-460, out./dez. 2003.
GOMES, M. M.; SAUNDERS, C.; ACCIOLY, E. Papel da vitamina A na prevenção do estresse oxidativo em recém-nascidos. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 5, n. 3, p. 275-282, jul./set. 2005.
GUILLAND, J. C.; LEQUEU, B. As vitaminas : do nutriente ao medicamento. São Paulo: Livraria Santos, 1995.
HARISSON, E. H. Mechanisms of digestion and absorption of dietary vitamin A. Annual Review of Nutrition, v. 25, p. 87-103, 2005.
HILL, F. W. et al. Reinvestigation of the vitamin A requeriments of laying and breeding hens and their progeny. Poultry Science, v. 40, p. 1245-1254.
HÖPPNER APARELHOS VETERINÁRIOS LTDA. Seringa dosadora para aves, 2000. Disponível em: < http://www.hoppner.com.br/produtos.htm?3>. Acesso em: 20 fev. 2007.
Referências 82
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA – IBGE. Sistema IBGE de recuperação Automática. Disponível em: <http://www.ibge.br/sidra> Acesso em: 30 mai. 2003.
I’ INSTITUT NATIONAL DE LA RECHERCHE AGRONOMIQUE - INRA. Alimentacão dos animais monogástricos: suínos, coelhos e aves. 2. ed. São Paulo: Roca, 1999.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicon, vanadium, and zinc. 1st ed. Washington, DC: National Academy Press, 2001.
JIANG, Y. H., MCGEACHIN, R. B.; BAILY, C. A. α-Tocopherol, β-caroteno and retinol enrichment of chicken eggs. Poultry Science, v. 73, p. 1137-1143, 1994.
KARADAS, F. et al. Effects of maternal dietary supplementation with three sources of carotenoids on the retinyl esters of egg yolk and developing quail liver. Comparative Biochemistry and Physiology, v. 140, p. 430-435, 2005.
LESSON, S.; CASTON, L. J. Vitamin enrichment of eggs. Journal Application Poultry Research, v. 12, p. 24-26, 2003.
LIBERATO, S. C. ; PINHEIRO-SANT’ANA, H. M.. Fortification of industrialized foods with vitamins. Revista de Nutrição, v. 19, n. 2, p. 215-231, mar./abr. 2006.
LIN, H. et al . Effect of dietary supplemental levels of vitamin A on the egg production and immune responses of heat-stressed laying hens. Poultry Science, v. 81, p. 458-465, 2002.
LOPES, I. R. V. et al . Efeito da densidade de alojamento e do nível de energia metabolizável da ração sobre o desempenho zootécnico e características dos ovos de codornas japonesas. Revista Ciência Agronômica, v. 37, n. 3, p. 369-375, 2006.
MANAN, F. A comprehensive review: the role of vitamins in human diet I. vitamin a-nutrition. Journal Islamic Academy of Sciences, v. 7, n. 4, p. 231-236, 1994.
MAJCHRZAK, D.; FABIAN, E.; ELMADFA, I.. Vitamin A content (retinol and retinyl esters) in livers of different animals. Food Chemistry, n. 98, p. 704-710, 2006.
Referências 83
MARCH, B. E.; COATES, V.; GOUDIE,C. Delayed hatching time of chicks from dams fed excess vitamin A and from eggs injected with vitamin A. Poultry Science, v. 51, p. 891-896, 1972.
MARCHIONI, D. M. L.; SLATER, B.; FISBERG, R. M. Aplicação das Dietary Reference Intakes na avaliação da ingestão de nutrientes para indivíduos. Revista de Nutrição, v. 17, n. 2, p. 207-216, 2004.
MARTINS, M. C.; SANTOS, L. M. P.; ASSIS, A. M. O. Prevalência da hipovitaminose A em pré-escolares no estado de Sergipe, 1998. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 4, p. 537-542, 2004.
MAURICE, D. V. et al. Cholesterol in eggs from different species of poultry determined by capillary GLC. Food Chemistry, v. 50, n. 4, p. 367-372, 1994.
MAZALLI, R. M.; SALDANHA, T.; BRAGAGNOLO, N. Determinação de colesterol em ovos: comparação entre um método enzimático e um método por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista do Instituto Adolfo Lutz. v. 62, n. 1, p. 49-54, 2003.
MAZALLI, M. R. et al. A comparison of the feeding value of different sources of fat for laying hens: 2. lipid, cholesterol, and vitamina E profiles of egg yolk. The Journal of Applied Poultry Research, v. 13, p. 280-290, 2004.
MELUZZI, A. et al. Effects of dietary vitamin E on the quality of table eggs enriched with n-3 long-chain fatty acids. Poultry Science, v. 79, p. 539-545, 2000.
MENDONÇA, J. R. et al. Effect of dietary vitamina A on egg yolk retinol and tocopherol levels. The Journal of Applied Poultry Research, v. 11, p. 373-378, 2002.
MINISTÉRIO DE SAÚDE. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde, 2000.
MILNE, D. B; BOTNEN, J. Retinol, α-tocoferol, lycopene and α- and β-carotene simultaneously determined in plasma by isocratic liquid chromatography. Clinical Chemistry, v. 32, n. 5, p. 874-876, 1986.
MINVIELLE, F. The future of japonese quail for research and production. World’s Poultry Science Journal, v. 60, p. 500-507, 2004.
Referências 84
MORENG, R. E.; AVENS, J. S. Ciência e produção de aves. São Paulo: Roca, 1990.
MORI, A. V. et al. Supplementing hen diets with vitamins A and E affects egg yolk retinol and α-tocopherol levels. The Journal of Applied Poultry Research, v. 12, p. 106-114, 2003.
MÓRI, C et al. Desempenho e qualidade dos ovos de codornas de quatro grupos genéticos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 3, p. 864-869, 2005.
MOURTHE, K.; MARTINS, R.T. Profile of cholesterol in regular commercial eggs and omega-3 polyunsaturated fatty acids enriched eggs. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 54, n. 4, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352002000400015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 mai. 2005.
MURAKAMI, A. E.; ARIKI, J. Produção de codornas japonesas. Jaboticabal: Funep, 1998. 79p.
NOBLE, R. C.; COCCHI, M.; TURCHETTO, E. Egg fat—a case for concern? World’s Poultry Science Journal, v. 46, p. 109-118, 1990.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Vitamin Tolerance of Animals. Washington D.C.: National Academy of Sciences, 1987.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrients requeriments of poultry. 9 ed. Washington D.C.: National Academy of Sciences, 1994.
NUTTI, M. R. Recomendações para o enriquecimento com vitamina A, ferro e iodo. In: Enriquecimento e restauração de alimentos com micronutrientes uma proposta para o Brasil. São paulo: ILSI Brasil, 2000, p. 125-129.
OLSON, J. A. In: ZIEGELER, E. E.; FILER JÚNIOR, L. J. (ed). Present knowledge in nutrition. 7. ed. Washington: ILSI. 1996. cap.11, p.109-119.
ORDÓNEZ, J.A. Ovos e produtos derivados. In: Tecnologia de alimentos. Alimentos de origem animal. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 269-279.
Referências 85
PANDA, B.; SINGH, R. P. Developments in processing quail meat and eggs. World’s Poultry Science Journal, v. 46, p. 219-234, 1990.
PANFILI, G.; MANZI, P.; PIZZOFERRATO, L. Influence of thermal and other manufacturing stresses on retinol isomerization in milk and dairy products. Journal of Dairy Research, v. 65, p. 253-260, 1998.
PASQUALETO, A. et al . Avaliação de rações no ganho de peso de codornas japonesas. Disponível em: <http://www.ucg.br/nupenge/> . Acessado em: 06 jan. 2005.
PENNISTON, K. L.; TANUMIHARDJO, S. A. Vitamin A in dietary supplements and fortified foods: too much of a good thing? Journal of the American Dietetic Association, v. 103, p. 1185-1187, 2003.
PENTEADO, M. D. V. C. Vitaminas: aspectos nutricionais, bioquímicos, clínicos e analíticos. Barueri (SP): Manole, 2003.
PHILIPPI, S. T. Tabela de composição de alimentos: suporte para decisão nutricional. 2º ed. – São Paulo: Coronário, 2002.
PINTO, R., FERREIRA, A. S., ALBINO, L. F. T. et al. Níveis de Proteína e Energia para Codornas Japonesas em Postura. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.4, p.1761-1770, Jul 2002, ISSN 1516-3598.
PINTO et al. Exigência de metionina mais cistina para codornas japonesas em postura. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 5, p. 1166-1173, 2003.
PIZZOLANTE, C. C. et al . Níveis de sal comum em rações de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) em final de produção. Ciência Animal Brasileira, v. 7, n. 2, p. 123-130, abr./jun. 2006.
QUEIROZ, S. S. Proposta de atuação no combate à hipovitaminose A na comunidade. Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Pediatria, p. 18-21, 2001. Ed. Especial.
RAMALHO, R. A.; FLORES, H.; SAUNDERS, C. Hipovitaminose A no Brasil: um problema de saúde pública. Revista Panamericana de Salud Publica, Washington, v. 12, n. 2, p. 117-122, ago./ 2002.
Referências 86
RAMALHO, H. M. M. et al . Effect of thermal processing on retinol levels of free-range and caged hen eggs. International Journal of Food Sciences and Nutrition, v. 57, p. 244-248, 2006. (a)
RAMALHO, R. A. et al. Associação entre deficiência de vitamina A e situação sociodemográfica de mães e recém-nascidos. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 52, n. 3, p. 170-175, 2006.
REIS, L.F.S.D. Codornizes, criação e exploração. Lisboa: Agros, 1980.
ROCHA, S. C. Ovo, 2001. Disponível em: <http://curlygirl.naturlink.pt/ovoave.jpg>. Acesso em: 3 abr. 2007
RONCADA, M. J. Vitaminas Lipossolúveis. In: DUTRA DE OLIVEIRA, J. E.; MARCHINI, J. S. Ciências Nutricionais. São Paulo: Savier, 1998. cap. 10.
ROSE, S.P. Principles of Poultry Science. New York: CAB international, 1997.
ROSHENTAL, A. Enriquecimento de açúcar com vitamina A e ferro. In: Enriquecimento e restauração de alimentos com micronutrientes, uma proposta para o Brasil. São Paulo: ILSI Brasil. p. 63-74, 2000.
SACHDEV, A. K.; PANDA, B. Evaluation of added levels of vitamin A on egg production and quality traits in Coturnix coturnix japonica. Indian Journal Poultry Science, v. 24, p. 1-7, 1989.
SAKAMOTO et al. Valor energético de alguns alimentos alternativos para codornas japonesas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 3, p. 818-821, 2006.
SAKURAI, H. Influence of dietary levels of protein and energy on nitrogen and energy balance for egg production of Japanese quails. Japanese Poultry Science, v.18, n.3, p.185-190, May 1981.
SAUNDERS, C. et al . Utilização de tabelas de composição de alimentos na avaliação do risco de hipovitaminose A. Archivos Latinoamericanos Nutrición, v.50, n.3, p. 237-242, 2000.
SAUVER, B. El huevo por consumo. Madrid: Ediciones Mundiprensa, 1993. 401p
Referências 87
SCRIMSHAW, T. C. E.; GORDON, J. E. Interactions of nutritional and infection. 57th ed. Geneve: World Health Organization, 1968.
SEIBEL, N. F. et al. Qualidade física e química de ovos de codornas alimentadas com dietas modificadas. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 64, n. 1, p. 58-64, 2005.
SENOO, H. Struture and function of hepatic stellate cells. Medical Electron Microscopy, v. 37, p. 3-15, 2004.
SOLOMONS, N. W. A. Vitamin A and caroteniods. In: BOWMAN, B. A.; RUSSEL, R. M. Present knowledge in nutrition. 8. ed. Washington: ILSI press, 2001. Cap. 12.
SOMMER, A. La carencia de vitamina A y sus consecuencias: guia práctica para la detección y el tratamiento. 3. ed. Ginebra: Organización mundial de la Salud, 1995.
SOUZA-SOARES, L.A.; SIEWERDT, F. Aves e ovos. Pelotas: Editora da Universidade UFPEL, 2005.
SOUZA, W. A.; VILAS BOAS, O. M. G. A deficiência de vitamina A no Brasil: um panorama. Revista Panamericana de Salud Publica, v. 12, n. 3, p. 173-179, 2002.
SPARKS, N. H. C. The hen’s egg – its role in human nutrition changing? World’s Poultry Science Journal, v. 62, p. 308-315, june/ 2006.
SQUIRES, M. W.; NABER, E. C. Vitamin profiles of eggs as indicators of nutritional status in the laying hen: Vitamin A study. Poultry Science, v. 72, p. 154-164, 1993.
SURAI, P. F. et al . Effect of supplementing the hen's diet with vitamin A on the accumulation of vitamins A and E, ascorbic acid and carotenoids in the egg yolk and in the embryonic liver. British Poultry Science, v. 39, n. 2, p. 257-263, 1998.
SURAI, P. F.; SPARKS, N. H. C. Designer eggs: from improvement of egg composition to functional fodd. Trends in Food Science and Technology, v. 12, p. 7-16, 2001.
THURNHAM, D. I.; NORTHROP-CLEWES, C. A. Optimal nutrition: vitamin A and the carotenoids. Proceedings of the Nutrition Society, v. 58, p. 449-457, 1999.
Referências 88
TUMA, M. A. F. Avaliação do consumo de vitamina A por gestantes assistidas em Centro de Saúde de Catanduva, SP. 2003. 125 f. Dissertação (Mestrado em Alimentos e Nutrição) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista, 2005.
TURATTI, J. M.; GOMES, R. A. R.; ATHIE, I. (2002). Lipídeos: aspectos funcionais e novas tendências. Campinas, 69p.
Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para as Crianças-UNICEF. Sugar fortification in Guatemala. SI; 1995. p.30.
USDA. Nutrient Database for Standard Reference. Disponível em: < www.nal.usda.gov >. Acesso em: 10 jan. 2005.
VALENTINE, A. R.; TANUMIHARDJO, S. A. One-time vitamin A supplementation of lactating sows enhances hepatic retinol in their offspring independent of dose size. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 81, p. 427-433, 2005.
ZANCUL, M. S. Fortificação de alimentos com ferro e vitamina A. Medicina Ribeirão Preto, v. 37, p. 45-50, jan./jun. 2004.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global prevalence of vitamin A deficiency. Geneva: WHO, 1995.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Indicators for assessing vitamina A deficiency and their application in monitoring and evaluating intervention programmes. Geneva: WHO; 1996. Disponível em: <http://whqlibdoc.who.int/hq/1996/WHO_NUT_96.10.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2007.
WOLF, G. A historic note on the mode of administration of vitamin A for the cure of night blindness. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 31, p. 290-292, 1978.
WORLD BANK. Enriching lives: overcoming vitamin and mineral malnutrition in developing countries. Washington DC: World Bank; 1994.
Apêndices 89
APÊNDICES
Apêndices 90
Apêndice 1- Parecer do Comitê de Ética