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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL GESTÃO DA QUALIDADE EM
SERVIÇOS DE SAÚDE
Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica –
uma oportunidade de melhoria
Hélida Maria Bezerra
Natal, Rio Grande do Norte.
2016
I
UNIVERSIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL GESTÃO DA QUALIDADE EM
SERVIÇOS DE SAÚDE
Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica –
uma oportunidade de melhoria
Hélida Maria Bezerra
Natal, Rio Grande do Norte.
2016
II
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Bezerra, Helida Maria.
Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica? uma
oportunidade de melhoria / Helida Maria Bezerra. - 2017.
94 f. : il.
Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-
Graduação em Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Natal, RN,
2017.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marise Reis de Freitas.
1. Pneumonia associada à ventilação mecânica - Dissertação. 2. Ciclo
de melhoria - Dissertação. 3. Prevenção em terapia intensiva -
Dissertação. 4. Infecção relacionada à assistência à saúde - Dissertação. 5.
Prevenção de PAV - Dissertação. 6. Segurança do paciente - Dissertação.
I. Freitas, Marise Reis de. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 616-083
III
Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica –
uma oportunidade de melhoria
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Mestrado Profissional Gestão da
Qualidade em Serviços de Saúde, do Centro de
Ciências da Saúde, da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Gestão da
Qualidade em Serviços de Saúde.
Autora: Hélida Maria Bezerra
Orientadora: Prof. Dra. Marise Reis de Freitas
Natal, Rio Grande do Norte. 2016
IV
Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica –
uma oportunidade de melhoria
BANCA EXAMINADORA
Presidente da banca: Professora Dra. Marise Reis de Freitas
– UFRN – Centro de Ciências da Saúde – Departamento de Infectologia
Professora Dra. Grasiela Piuvezam
– UFRN – Centro de Ciências da Saúde – Departamento de Saúde Coletiva
Professora Dra. Gilselena Kerbauy Lopes
– UEL – Centro de Ciências da Saúde – Departamento de Enfermagem
Natal, Rio Grande do Norte. 2016
V
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, que com
compreensão, carinho, respeito e amor souberam tolerar
minhas ausências, minhas angústias e, acima de tudo,
estiveram sempre comigo me incentivando e partilhando as
alegrias e vitórias conquistadas.
VI
AGRADECIMENTOS
A Deus pela dádiva da vida e pela oportunidade de vencer mais essa etapa
da minha trajetória;
Ao meu marido e companheiro Joca pelo silêncio na inquietude, pelo amor
e afeto nas dificuldades e pelo apoio incondicional;
Aos meus filhos Ana Luíza e Eduardo pelo carinho, paciência e gestos de
incentivo;
Aos meus pais Hélio Xavier e Maria de Lourdes (in memoriam) por me
mostrarem que somente a educação e o amor transformam as pessoas;
À minhas irmãs Valéria, Nanda e Ana e ao meu irmão Pedro Paulo que
estiveram sempre presentes nesta caminhada, com os quais dividi meus
momentos de ansiedade, medos, decepções e conquistas;
Ao professor Zenewton Gama idealizador e sonhador deste programa de
pós-graduação que sem ele esse sonho não seria possível;
À professora Grasiela Piuvezam pelo incentivo, apoio e valiosa contribuição
na banca de qualificação e novamente pela aceitação em fazer parte da banca
final de defesa da dissertação.
Ao professor Sérvulo Dias Jr. pela grande contribuição de suas críticas e
sugestões para enriquecimento do meu trabalho na banca examinadora de
qualificação e à professora Gilselena Kerbauy Lopes por também ter aceitado o
convite para compor a banca examinadora da defesa.
Aos colegas do mestrado, que se fizeram meus amigos, em especial a
Júnior, nosso “líder” de turma pelo incentivo e entusiasmo constantes;
Ao João Maria, funcionário da PPG-Qualisaúde/UFRN atento, gentil e
sempre prestativo;
VII
A Aline, Amanda, Cilane, Ester, Evani, Flávia, Luciana, Nara e Selena,
profissionais do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e do Núcleo de
Segurança do Paciente do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel – HMWG, pela
colaboração na execução deste trabalho e parceria na construção do meu
conhecimento técnico-científico;
Às minhas queridas diretoras Fátima Pereira e Marleide Alves pela
amizade, respeito, credibilidade, por me proporcionarem oportunidades concretas
para realização deste mestrado e compreensão das minhas muitas ausências;
Aos colegas de trabalho, técnicos de enfermagem, enfermeiros,
fisioterapeutas, nutricionistas, cirurgiões-dentistas e médicos das UTI do HMWG
pelo carinho, colaboração e contribuição prestados.
À UFRN, em especial a todos que fazem o Mestrado Profissional em
Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde pelo apoio e contribuição para
realização de meu sonho de ser mestre.
À equipe do Hospital Israelita Albert Einstein por ter contribuído com sua
experiência no aprimoramento das visitas multidisciplinares em nossas UTI, como
parte da consultoria realizada no HMWG através do programa SOS Emergências
do Ministério da Saúde.
Por fim, à professora Marise Reis que com seu jeito meigo, humilde e
sereno me cobrou disciplina, mas também com sua sabedoria e experiência
soube me orientar, me ensinar e não permitiu que eu saísse dos trilhos nessa
jornada, o meu muito obrigada.
VIII
“Na medicina, como em qualquer
profissão, temos de lidar com sistemas,
recursos, circunstâncias, pessoas e também
com nossas próprias falhas. Enfrentamos uma
variedade de obstáculos aparentemente
intermináveis. Ainda assim, de alguma forma
devemos prosseguir, devemos aperfeiçoar,
temos que melhorar...”
Atul Gawande
Extraído de sua obra, Better: A Surgeon’s Notes on Performance
IX
SUMÁRIO
Dedicatória ........................................................................................................................ V
Agradecimentos ............................................................................................................... VI
Epígrafe ............................................................................................................................. VIII
Lista de tabelas ................................................................................................................ XI
Lista de figuras ................................................................................................................. XI
Lista de quadros ............................................................................................................... XI
Lista de gráficos ............................................................................................................... XI
Lista de abreviaturas ....................................................................................................... XII
Resumo ............................................................................................................................. XIV
Resumen ........................................................................................................................... XV
Abstract ............................................................................................................................. XVI
Apresentação ................................................................................................................... XVII
1. Introdução .................................................................................................................... 1
1.1. Revisão da Literatura ...................................................................................... 4
1.1.1. PAV – Importante indicador de morbimortalidade em UTI .......................... 4
1.1.2. Medidas para prevenção de PAV ................................................................ 4
1.1.3. Estratégias de gestão da Qualidade aplicadas à prevenção de PAV ......... 5
1.1.4. Higiene de mãos ......................................................................................... 7
1.1.5. Elevação da cabeceira do leito ................................................................... 8
1.1.6. Higiene da cavidade oral ............................................................................. 9
1.1.7. Avaliação da pressão do balonete .............................................................. 9
1.1.8. Educação dos profissionais ......................................................................... 11
1.1.9. Prevenção de TEV e UP ............................................................................. 11
1.1.10. Interrupção diária da sedação e avaliação das condições de extubação.... 13
2. Objetivos ....................................................................................................................... 16
2.1. Objetivo Geral................................................................................................... 16
2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 16
3. Metodologia .................................................................................................................. 16
3.1. Tipo de estudo ................................................................................................. 16
3.2. Contexto ............................................................................................................ 16
3.3. Intervenção ....................................................................................................... 17
X
3.3.1. Identificação da oportunidade de melhoria ............................................... 17
3.3.2. Análise do problema ................................................................................. 17
3.3.3. Construção dos critérios e ferramentas de medição ................................ 18
3.3.4. Desenho e implementação das intervenções ........................................... 22
3.3.5. Avaliação do nível de qualidade ................................................................ 24
3.3.6. Métodos de análise ................................................................................... 24
3.4. Aspectos éticos ................................................................................................. 25
4. Resultados .................................................................................................................... 26
5. Discussão ...................................................................................................................... 33
6. Conclusões ................................................................................................................... 39
7. Apêndices ..................................................................................................................... 40
Apêndice 1 - Critérios estabelecidos para avaliar a qualidade com suas exceções e
esclarecimentos e índice de confiabilidade Kappa de cada critério ....... 40
Apêndice 2 - Dimensões da qualidade e tipos de dados avaliados para cada critério... 42
Apêndice 3 - Cronograma das atividades elaborado através de um Diagrama de
Gantt ......................................................................................................... 43
Apêndice 4 - Álbum Seriado .......................................................................................... 45
Apêndice 5 - Formulário de Evolução Multiprofissional ................................................. 56
Apêndice 6 - Roteiro de Visita Multidisciplinar ............................................................... 58
Apêndice 7 - Formulário de Admissão Médica .............................................................. 60
Apêndice 8 - Roteiro Multiprofissional (checklist) de Admissão .................................... 62
Apêndice 9 - Cartaz – Higiene de mãos......................................................................... 63
Apêndice 10 - Cartaz – Risco de extubação e outros riscos ......................................... 64
8. Anexos .......................................................................................................................... 65
Anexo 1 - Carta de Anuência Institucional ...................................................................... 65
Anexo 2 - Nível de Recomendação e Qualidade da Evidência ...................................... 66
Anexo 3 - Modelo - Planilha de coleta de dados utilizada nos inquéritos ....................... 67
9. Referências ................................................................................................................... 68
XI
LISTA DE TABELAS Página
Tabela 1 Total de cumprimentos dos critérios de qualidade em valores
absolutos e relativos de cada critério nas três avaliações. Natal(RN), 2016.
26
Tabela 2 Cumprimentos dos critérios de qualidade para prevenção de PAV antes e depois da intervenção de melhoria - 1ª e 2ª avaliações nos meses de abril e agosto de 2015 respectivamente. Natal(RN), 2016.
29
Tabela 3 Cumprimentos dos critérios de qualidade para prevenção de PAV antes e depois das intervenções de melhoria - 1ª e 3ª avaliações nos meses de abril e dezembro de 2015 respectivamente. Natal(RN), 2016.
30
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Diagrama de Causa e Efeito (Diagrama de Ishikawa). Natal(RN), 2016.
18
Figura 2 Diagrama de Afinidades desenvolvido para o planejamento das intervenções propostas. Natal(RN), 2016.
22
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Sumário das recomendações para prevenção de pneumonias associadas à ventilação mecânica em adultos.
6
Quadro 2 Critérios de avaliação da qualidade estabelecidos, índice de confiabilidade Kappa e tipos de dados representados por cada critério. Natal(RN), 2016.
19
Quadro 3 Unidades de estudo com seus respectivos receptores e provedores e descrição do período de avaliação para cada critério. Natal(RN), 2016.
20
Quadro 4 Descrição do critério e total de amostras utilizado por cada
critério nas unidades de estudo nas três avaliações. Natal(RN), 2016.
21
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Diagramas de Pareto (antes e depois) relativos às três avaliações dos ciclos de melhorias. Abril a dezembro 2015. Natal(RN), 2016.
27
Gráfico 2 Gráfico de Tendência - Densidade de Incidência de PAV período de janeiro de 2015 a junho 2016. Natal(RN), 2016.
31
XII
LISTA DE ABREVIATURAS
AR-H2 Antagonistas do Receptor 2 de Histamina
CDC Center for Disease Control and Prevention
CM Ciclo de Melhoria
DI Densidade de Incidência
EA Eventos Adversos
e.g. Do latim: exemplī grātiā (por exemplo)
EUA Estados Unidos da América
FiO2 Fração Inspirada de Oxigênio
HBPM Heparina de Baixo Peso Molecular
HIAE Hospital Israelita Albert Einstein
HM Higienização das Mãos
HNF Heparina Não-Fracionada
IHI Institute for Healthcare Improvement
IRAS Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
NEP Núcleo de Educação Permanente
NHSN National Healthcare Safety Network
NSP Núcleo de Segurança do Paciente
OMS Organização Mundial de Saúde
PAV Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica
PaO2 Pressão Parcial de Oxigênio no Sangue Arterial
PDCA Plan, Do, Check e Act
PDSA Plan, Do, Study e Act
PEEP Pressão Expiratória Final Positiva
pH Potencial Hidrogeniônico
RN Rio Grande do Norte
SAT Spontaneous Awakening Trials
SBT Spontaneous Breathing Trials
SCIH Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
SP São Paulo (cidade de São Paulo/Brasil)
SQUIRE Standards for Quality Improvement Reporting Excellence
XIII
SRMD Stress-Related Mucosal Damage
TEP Tromboembolismo Pulmonar
TEV Tromboembolismo Venoso
TRE Teste de Respiração Espontânea
TVP Trombose Venosa Profunda
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UP Úlcera Péptica
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VM Ventilação Mecânica
XIV
RESUMO
Título: Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica – uma
oportunidade de melhoria
Objetivo: Aumentar a adesão às práticas de prevenção de pneumonias
associadas à ventilação mecânica (PAV) em unidades de terapia intensiva (UTI),
através de um ciclo de melhoria interno.
Metodologia: Foi aplicado um ciclo de melhoria da qualidade com desenho
quase experimental do tipo antes e depois em duas UTI de um hospital público no
nordeste do Brasil, com um total de 19 leitos. Foram estabelecidos nove critérios
de qualidade relacionados com a prevenção de PAV e um indicador composto
com os quais se avaliou o nível basal de qualidade e posteriormente mais duas
avaliações subsequentes com intervalos de quatro meses buscando medir as
possíveis melhorias adquiridas nesses períodos. O Gráfico de Pareto foi utilizado
para representar a frequência de não cumprimentos de cada critério avaliado nos
três momentos. Utilizou-se o cálculo de estimação pontual e o intervalo de
confiança (95%) para a medição dos critérios. Para quantificar a efetividade da
intervenção, calculou-se a melhoria absoluta e relativa, além da significação
estatística da melhoria absoluta mediante o teste unilateral do valor de z.
Resultados: Ocorreu uma ligeira melhoria em todos os critérios quando
comparadas as duas primeiras avaliações, porém nesta comparação inicial,
apenas um critério apresentou melhora estatisticamente significante (p<0,05). Na
segunda comparação feita entre a 1ª e 3ª avaliações, os resultados revelaram
melhora no cumprimento de quase todos os critérios, onde dos nove critérios
estabelecidos, oito obtiveram melhora, sendo seis com melhora estatisticamente
significante (p < 0,05), dois com melhora sem significância e em um critério houve
piora no percentual de cumprimento. O indicador composto, que resume todos os
critérios avaliados, obteve uma melhora significativa de quase 40% (p<0,05) na
segunda comparação.
Conclusões: A implantação de ciclos internos de melhoria constitui-se em
importante ferramenta de gestão da qualidade para incorporação de boas práticas
para prevenção de PAV em UTI.
Palavras chaves: Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica; Ciclo de
Melhoria; Prevenção em Terapia Intensiva; Infecção Relacionada à Assistência à
Saúde; Prevenção de PAV; Segurança do Paciente.
XV
RESUMEN
Título: Prevención de la neumonía asociada a la ventilación mecánica - una
oportunidad de mejora.
Objetivo: Incrementar la adherencia en las prácticas de prevención de la
neumonía asociada a ventilación mecánica (NAV) en unidades de cuidados
intensivos (UCI), a través de un ciclo de mejora interna.
Metodología: Se aplicó un ciclo de mejora de la calidad con diseño
cuasiexperimental antes-después realizado en dos unidades de cuidados
intensivos de un hospital público en el noreste de Brasil, con un total de 19
camas. Se establecieron nueve criterios de calidad relacionados con la
prevención de la NAV y un indicador compuesto con los cuales se midió el nivel
básico de calidad y más tarde otros dos evaluaciones posteriores a intervalos de
cuatro meses que buscan medir las posibles mejoras adquiridas durante esos
períodos. El diagrama de Pareto fue utilizado para representar la frecuencia de
incumplimiento de cada criterio evaluado en los tres momentos. Se utilizó la
estimación puntual y el cálculo del intervalo de confianza (95%) para la medición
de los criterios. Para cuantificar la efectividad de la intervención, se calculó la
mejora absoluta y relativa, y la significación estadística de la mejoría absoluta a
través de la prueba unilateral del valor de z.
Resultados: Hubo una ligera mejora en todos los criterios cuándo se comparan
las primeras dos evaluaciones, pero en esta comparación inicial, solamente un
criterio reveló una mejoría estadísticamente significativa (p <0,05). En la segunda
comparación hecha entre la primera y tercera evaluaciones, los resultados
mostraron una mejora en el rendimiento de casi todos los criterios, donde los
nueve criterios establecidos, ocho mostraron una mejoría, seis tuvieron una
mejoría estadísticamente significativa (p <0,05), con dos mejoras sin importancia y
uno criterio empeoró en el porcentaje de cumplimiento. El indicador compuesto,
que resume todos los criterios evaluados, obtuvo una mejora significativa de casi
40% (p <0,05) en la segunda comparación.
Conclusiones: La aplicación de un ciclo de mejora interno se mostró como una importante herramienta de gestión de la calidad para la adopción de las mejores prácticas para la prevención de la NAV en UCI.
Palabras clave: Neumonía Asociada al Ventilador; Ciclo de Mejora; Prevención
en Cuidados Intensivos; Infección Relacionada con la Atención de Salud;
Prevención de la NAV; Seguridad del paciente.
XVI
ABSTRACT
Title: Prevention of ventilator-associated pneumonia – an opportunity for improvement. Objective: To increase adherence of the preventive practices concerning
Ventilator-associated pneumonia (VAP) in intensive care units (ICU), through an
internal improvement cycle.
Methodology: A quality improvement cycle, quasi-experimental design before-
after was applied in two ICUs of a public hospital in the northeast of Brazil, with a
total of 19 beds. Nine quality criteria related to the prevention of VAP were
established and a composite indicator with which to assess the baseline level of
quality and later two more subsequent assessments at intervals of four months
seeking measure possible improvements acquired during these periods. The
Pareto chart was used to represent the frequency of non-compliance of each
criterion assessed in three moments. It was used the point estimation and the
confidence interval (95%) for the measurement of the criteria. To quantify the
effectiveness of the intervention, it calculated the absolute and relative
improvement, beyond the statistical significance of the absolute improvement
through unilateral test value of z.
Results: There was a slight improvement on all criteria when comparing the first
two assessments, but this initial comparison, only one criteria showed a
statistically significant improvement (p <0.05). In the second comparison between
the 1st and 3rd evaluations, the results showed improvement in the performance
of all the criteria almost, where the nine established criteria, eight showed
improvement, and six with a statistically significant improvement (p <0.05), with
two improvement without significance and one criteria has worsened in the
percentage of compliance. The composite indicator, which summarizes all the
criteria evaluated, obtained a significant improvement of almost 40% (p<0.05) in
the second comparison.
Conclusions: The implementation of an internal improvement cycle was an
important tool in quality management for the adoption of best practices for the
prevention of VAP in ICU.
Key words: Ventilator-associated pneumonia; Improvement cycle; Prevention in
intensive care; Health care-associated infections (HAIs); VAP prevention; Patient
safety.
XVII
APRESENTAÇÃO
A estrutura da presente tese segue um modelo próprio de disposição,
recomendado e proposto pelo Programa de Pós-Graduação em Gestão da
Qualidade em Serviços de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (PPGQualisaúde/UFRN). As referências bibliográficas encontram-se
dispostas de acordo com as normas Vancouver Style e os orientadores SQUIRE
(Standards for QUality Improvement Reporting Excellence)(1) foram utilizados para
elaboração da redação do documento.
A primeira seção intitulada Introdução, apresenta brevemente um panorama
sobre o grave problema das pneumonias associadas à ventilação mecânica no
cenário mundial, bem como a importância de se buscar estratégias para instituir
medidas que possam reduzir a incidência desse tipo de pneumonia nas unidades
hospitalares.
A seção seguinte, Revisão da Literatura, traz uma sistematização das
citações na literatura científica consideradas relevantes para o projeto de
pesquisa.
Na sequência, são apresentados a Metodologia utilizada no presente estudo
e os Resultados encontrados antes e após as intervenções propostas através de
ciclos de melhorias.
As seções nomeadas Discussão e Conclusões encerram a tese e destinam-
se a discutir o processo de desenvolvimento do trabalho, além de mostrar
apontamentos para novas investigações sobre o tema.
1
1. INTRODUÇÃO
Infecções relacionadas aos cuidados em saúde, ou IRAS*,
frequentemente são resultados de uma assistência insegura, constituindo-se
num enorme problema de qualidade além de resultar em aumento do período
de internação, da morbimortalidade e dos custos adicionais para pacientes,
familiares e para todo o sistema de saúde(2).
A qualidade assistencial está diretamente relacionada com a segurança
do paciente, aliás, a segurança compreende uma das dimensões da
qualidade(3,4) sendo considerada um componente crítico da qualidade
assistencial(5,6). Entende-se, portanto que cuidados assistenciais de alto nível
são aqueles que apresentam características como efetividade, atenção
centrada no paciente, cuidados oportunos (no momento adequado), eficiência,
equidade e, principalmente segurança(7).
Dessa forma, para se prestar serviços com qualidade é necessário,
dentre outros fatores, aumentar a segurança e evitar eventos adversos† (EA)
como as IRAS.
Atualmente, a segurança do paciente tem se tornado uma preocupação
mundial e está voltada especialmente para redução dos danos e não
propriamente para trazer benefícios diretos ao paciente(8).
Investigações recentes, apoiadas pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) sugerem que os EA que ocorrem nos serviços de saúde§ são
responsáveis por danos a 43 milhões de indivíduos e representam uma das 20
principais causas de incapacidade e morte em todo mundo, especialmente
entre os indivíduos que vivem em países de baixa e média renda(7,9).
Dados americanos apontam que cinco a dez por cento dos pacientes
internados em hospitais de cuidados agudos adquirem uma ou mais infecções,
e que esses EA podem resultar em quase 100 mil mortes por ano sendo,
portanto, um componente crítico para a segurança do paciente‡(10).
* - IRAS: “Infecções adquiridas durante o processo assistencial em serviços de saúde e que não estavam
presentes ou em incubação na admissão do paciente, podendo se manifestar durante a internação ou após a alta hospitalar”
(11).
† - Evento adverso: “Incidente que resulta em dano à saúde do paciente” (12)
.
§ - Serviços de saúde: “Estabelecimento destinado ao desenvolvimento de ações relacionadas à promoção,
proteção, manutenção e recuperação da saúde, qualquer que seja o seu nível de complexidade, em regime de internação ou não, incluindo a atenção realizada em consultórios, domicílios e unidades móveis”
(13).
‡ - Segurança do paciente: “Minimização, em nível tolerável, do risco de dano desnecessário associado aos
cuidados de saúde” (14)
.
2
Existem poucos dados sobre infecções relacionadas à assistência à
saúde (IRAS) nos países em desenvolvimento. Allegranzi et al. (2011) em
revisão sistemática e meta-análise realizada com dados do período de 1995 a
2008 de países em desenvolvimento dos continentes americano, asiático,
europeu e africano, identificaram que nesses países havia uma prevalência de
15,5 por 100 pacientes (IC 95% 12,6-18,9), muito maior que em países
desenvolvidos como os da Europa ou dos EUA, nos quais a estimativa é de 7,6
infecções por 100 pacientes e ainda, que a densidade de incidência (DI) geral
de infecções em unidades de cuidados intensivos de adultos foi de 47,9 por
1.000 pacientes-dia (IC 95% 36,7-59,1), ou seja, pelo menos três vezes maior
do que densidades relatadas nos EUA(15).
A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é uma das mais
frequentes infecções adquiridas em hospitais(16,17), representa cerca de 20% de
todas as IRAS, aproximadamente 25% das infecções adquiridas em Unidades
de Tratamento Intensivo (UTI), responde por 85% das pneumonias
hospitalares(18) e tem sido relacionada como um indicador de qualidade da
assistência(17).
No Brasil, algumas experiências também mostram as PAV como uma das
mais frequentes infecções dentro das UTI(19).
No hospital objeto deste estudo, a densidade média de incidência de PAV
nos anos de 2014 e 2015 foi de 48,9 e 52,4 por 1.000 dias de uso de ventilador
respectivamente; bem acima dos valores encontrados em países
desenvolvidos, mas semelhantes aos valores de outros países em
desenvolvimento(15,20,21).
Nos últimos 30 anos, várias instituições sanitárias ao redor do mundo, têm
mostrado um forte interesse na melhoria da qualidade da assistência à saúde e
na segurança do paciente, especialmente na redução da incidência das
IRAS(6).
Embasados no conhecimento dos efeitos negativos que as pneumonias
trazem para pacientes (aumento considerável do risco de morte e do tempo de
permanência em UTI e hospitalar, além de grande sofrimento para pacientes e
familiares)(16,22) e para o sistema de saúde (aumento dos custos, redução da
oferta de leitos de terapia intensiva)(23), tornou-se mandatória a implementação
3
de medidas para se intensificar a adoção de boas práticas capazes de mitigar,
ou mesmo, prevenir a incidência das pneumonias associadas à ventilação
mecânica (VM) e, por conseguinte, melhorar a segurança do paciente(21,24).
Apesar da existência de orientações para a prevenção de tipos
específicos de IRAS, por exemplo PAV, muitas vezes existe uma grande
lacuna entre o que se preconiza e o que realmente se executa(25).
Sobre esse aspecto, observa-se no serviço hospitalar objeto do estudo,
um contexto clínico semelhante, onde existem profissionais de saúde que
possuem algum conhecimento sobre o conceito de pneumonias associadas à
ventilação mecânica e como preveni-las, contudo não se identifica uma boa
adesão às práticas de prevenção de PAV.
Neste sentido, a necessidade de oferecer melhores cuidados de saúde
aos pacientes passa pela implementação de ferramentas de gestão da
qualidade através de atividades estruturadas, coerentes e integradas,
relacionadas a problemas específicos e que objetivam a melhoria contínua(26).
Sendo assim, considerando o processo de melhoria assistencial e a
relevância em buscar meios para a redução da prevalência de PAV através da
adoção de medidas preventivas, foi instituído um ciclo interno de melhorias
como uma ferramenta de gestão da qualidade, que permitiu identificar o
problema, ou oportunidade de melhoria¶ (baixa adesão às medidas de
prevenção de PAV), com posterior análise e proposição de medidas de solução
na perspectiva de se elevar o nível de qualidade da atenção prestada.
O ciclo de melhoria (CM) da qualidade desenvolvido teve como metas:
melhorar a adesão às medidas de prevenção da PAV; estimar o nível de
cumprimento dos critérios que mediam a adesão às medidas; intervir sobre as
principais deficiências encontradas e avaliar o efeito da intervenção em dois
ciclos consecutivos.
¶ - Oportunidade de melhoria: “Qualquer situação com diferenças redutíveis entre o ótimo e a realidade”
(27).
4
1.1. Revisão da literatura
1.1.1. PAV - importante indicador de morbimortalidade em UTI
Considera-se PAV toda infecção pulmonar que incide em pacientes sob
ventilação mecânica, para os quais a infecção não é a razão do suporte
ventilatório e que ocorre com mais de 48-72 horas após a entubação
endotraqueal(16,17,28).
Atribui-se à PAV uma mortalidade variável de 7 a 30%(2) e custos que
podem chegar a quase US$200,000.00 por paciente.(29) Vincent et al. (2009)
analisaram a prevalência de infecções em 13.796 pacientes de UTI de 75
países ao redor do mundo, dos quais 7.087 (51%) foram considerados com
infecção e a infecção respiratória foi responsável por 64% de todos esses
casos. A taxa de mortalidade nos pacientes com infecção foi mais do que o
dobro, comparada aos pacientes sem infecção(30).
Diversos autores apontam que a PAV tem uma grande relevância para a
morbimortalidade e no aumento dos custos hospitalares(31-34). Estudo de coorte
retrospectivo de Arabi et al. (2008) utilizando informações de um banco de
dados americano, revelou que a PAV tem um impacto significativo no aumento
do tempo de ventilação mecânica em 9,6 dias, no período de internação em
UTI em 6,1 dias, bem como no período de internação hospitalar global em 11,5
dias(21).
Alguns estudos estimam que 8 a 67% dos pacientes sob ventilação
mecânica (VM) desenvolvem pneumonia, sendo este risco 3 a 10 vezes maior
quando comparado a pacientes não submetidos à VM(24,35) e que, quanto maior
for o tempo de exposição à VM, maior a incidência de pneumonias(36).
1.1.2. Medidas para prevenção de PAV
Considerando todos os aspectos negativos que a PAV traz, a adoção de
medidas preventivas é imprescindível, de modo a garantir o controle e a
diminuição da incidência da PAV.
A pneumonia relacionada à assistência à saúde é geralmente de origem
aspirativa, sendo a principal fonte, as secreções das vias áreas superiores,
5
seguida pela inoculação exógena de material contaminado ou pelo refluxo do
trato gastrintestinal e mais raramente por disseminação hematogênica(18).
As estratégias preventivas recaem principalmente sobre os fatores de
risco passíveis de modificação, aplicando-se medidas baseadas em evidência
científica e recomendadas por diretrizes, com o propósito de reduzir o risco
associado à intubação endotraqueal e prevenir a aspiração de microrganismos
patogênicos para as vias aéreas inferiores(34).
Dentre as medidas passíveis de modificação estão a redução do tempo
de intubação, a redução da colonização da cavidade oral e a prevenção da
bronco aspiração. As medidas que não são passiveis de modificação estão
relacionadas principalmente com o hospedeiro, como extremos de idade,
desnutrição, imunossupressão e doença pulmonar prévia. Para a prevenção de
PAV deve-se adotar medidas a todo paciente em VM de forma sistematizada,
com foco na melhoria da qualidade da assistência. Estudos apontam que
quanto maior a adesão às boas práticas relacionadas à prevenção de PAV,
maior é a redução em sua incidência(37,38).
1.1.3. Estratégias de gestão da qualidade aplicadas à prevenção de PAV
O Instituto Americano para a Melhoria do Cuidado em Saúde (Institute
for Heallthcare Improvement – IHI) lançou em 2004 e em 2006 campanhas
intituladas “Salvando 100.000 vidas” e “Salve 5 milhões de vidas” para
promover a segurança e eficácia dos cuidados em saúde(39). Ambas as
campanhas reuniram estratégias de prevenção das IRAS baseadas em
evidências científicas, formando um pacote (bundle) de medidas que
objetivavam a redução dos riscos de infecções, dentre elas as PAV. Desde
então, diversas organizações internacionais de saúde vêm atualizando as
medidas de prevenção a serem adotadas pelos serviços sanitários na
perspectiva de promover uma assistência mais segura e, consequentemente,
de maior qualidade(37,40).
As medidas de intervenção propostas pelo IHI em 2004 para prevenção
de PAV (ventilator bundle) com evidência científica comprovada foram:
prevenção de úlcera péptica, prevenção de tromboembolismo venoso,
6
elevação da cabeceira da cama (30-45º) e suspenção diária da sedação.
Posteriormente em 2010, acrescentou-se a higienização da cavidade oral com
solução aquosa a base de clorexedine(41).
Cada uma das intervenções afeta de modo independente a
morbimortalidade dos pacientes, entretanto quando aplicadas em conjunto, os
resultados na prevenção de PAV são substancialmente melhores(33).
Muitos hospitais que adotaram o bundle de medidas simples de
prevenção proposto pelo IHI registraram decréscimos importantes na incidência
de PAV, passando inclusive por longos períodos sem casos novos de
pneumonia(33,42).
Além das cinco medidas específicas do bundle de prevenção proposto
pelo IHI, o CDC (Centers for Disease Control) recomendou algumas práticas
básicas a serem incorporadas como parte da abordagem de prevenção de
IRAS,(37) em especial das PAV dentre elas destacam-se a higiene de mãos, a
educação dos profissionais de saúde e mais especificamente, a medida da
pressão do balonete (cuff) do tubo orotraqueal ou traqueostomia.
As recomendações aceitas atualmente como medidas de prevenção de
PAV de acordo com as revisões mais recentes estão descritas no quadro 1
abaixo.
Quadro 1 - Sumário das recomendações para prevenção de pneumonias associadas à ventilação mecânica em adultos.
Recomendações
Qualidade
da
evidência
Práticas
básicas
Uso de ventilação com pressão positiva não invasiva em
população selecionada
Alta
Manejar pacientes sem sedação, sempre que possível Moderada
Interromper sedação diariamente Alta
Avaliação condição para extubação Alta
Teste de respiração espontânea sem sedativos Alta
Facilitar a mobilização precoce Moderada
Utilizar tubos endotraqueais com drenagem subglótica para
pacientes que requeiram mais de 48-72h de VM Moderada
Mudar o circuito do ventilador apenas se visivelmente sujo ou
com mau funcionamento Alta
Elevar a cabeceira do leito a 30 - 45° Baixa
7
Abordagens
especiais
Descontaminação oral ou digestiva seletiva Alta
Higienização oral regular com clorexedine Moderada
Profilaxia com probióticos Moderada
Balonetes de tubo endotraqueal (cuff) de poliuretano ultrafino Baixa
Controle automático da pressão do cuff Baixa
Instilação de solução salina antes da aspiração traqueal Baixa
Escovação dentária mecânica Baixa
Geralmente não
recomendadas
Tubos endotraqueais revestidos com prata Moderada
Camas com movimento rotacional lateral contínuo ou oscilatório Moderada
Posição prona Moderada
Profilaxia de úlcera de estresse Moderada
Traqueostomia precoce Alta
Monitorização do volume gástrico residual Moderada
Nutrição parenteral precoce Moderada
Não
recomendado Sistema fechado de aspiração endotraqueal Moderada
Fonte: Strategies to prevent ventilator-associated pneumonia in acute care hospitals: 2014 update(40)
.
1.1.4. Higiene de mãos
A higienização das mãos (HM) é considerada a medida mais importante
para prevenir a propagação de patógenos em ambientes de cuidados de saúde
e contribui para a redução das IRAS, incluindo aquelas decorrentes da
transmissão cruzada de microrganismos multirresistentes(43). A HM é tida como
uma medida basilar, de extrema relevância e que atua como um dos principais
componentes dos programas de prevenção e controle de infecções nos
serviços de saúde(44,45).
Apesar de uma grande quantidade de evidências sobre os efeitos
benéficos da HM, estudos na literatura têm documentado repetidamente que a
importância desses procedimentos não é suficientemente reconhecida por
profissionais de saúde e o cumprimento das práticas de higiene das mãos e
outras medidas de controle de infecção é extremamente baixo, apontando
ainda que o percentual médio de cumprimento das práticas de HM pode variar
entre os hospitais de 4 a 100%(46). A mudança comportamental ainda é um
grande obstáculo, contudo deve ser estimulada para tornar esses profissionais
conscientes da importância de tal hábito(44,47).
A melhoria das práticas de HM é uma preocupação mundial há vários
anos. Na perspectiva de promover uma assistência mais segura, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) promoveu em 2004, o lançamento da
8
Aliança Mundial para a Segurança do Paciente (World Alliance for Patient
Safety)(48). Em 2005, como parte dessa Aliança Mundial, a OMS lançou
também o Primeiro Desafio Global: “Uma Assistência Limpa é uma Assistência
mais Segura” com objetivos claros de promover melhores práticas de HM e
consequentemente buscar reduzir a incidência de IRAS(49). No ano de 2009,
ainda como integrante do Primeiro Desafio Global para a segurança do
paciente a OMS lança uma nova campanha mundial “Salve vidas: Higienize as
Mãos” objetivando também promover a melhoria da adesão às práticas de HM.
Apesar das diversas campanhas mundiais para a melhoria das práticas de HM,
a literatura tem demonstrado que essa mudança comportamental deve ser
promovida não apenas com base na informação, mas especialmente em
treinamentos multimodais repetidos e com acompanhamento de resultados e
desempenho(45,50,51).
O CDC assume que a prática de HM apresenta diferentes graus de
evidência variando de IA, IB e II de acordo com a exposição realizada. Por
exemplo, para HM antes e após a manipulação de utensílios respiratórios,
cateter urinário ou vascular (palpação, reposicionamento, acesso) - nível de
evidência IA; após a remoção das luvas - nível de evidência IB; após o contato
com objetos inanimados no ambiente próximo ao paciente - nível de evidência
II(45) (Anexo 1).
1.1.5. Elevação da cabeceira do leito
Embora a bronco aspiração nem sempre leve à pneumonia, a literatura
aponta que essa seja responsável por um dos mecanismos do
desenvolvimento de PAV(52). A nutrição enteral tem sido considerada uma
medida protetora para hemorragia digestiva(53), contudo é também um fator de
risco para PAV dada a possibilidade de aspiração do conteúdo gástrico(24,52),
especialmente se o paciente estiver em posição supina. Trabalhos mostram
que a simples elevação da cabeceira está associada a um menor risco de
aspiração pulmonar(54) e que evitar manter pacientes em posição supina a 0º
(zero grau) reduz a incidência de PAV(55).
Em 2008, a Canadian Task Force on the Periodic Health Examination
classificou a prática de elevação da cabeceira para todos os pacientes (exceto
9
aqueles com contraindicações médicas) sob VM como IIB(37). Entretanto um
estudo de atualização de 2014 aponta o nível de qualidade da evidência como
nível III e que não existem dados suficientes, até o momento, para determinar o
impacto da elevação da cabeceira do leito. No entanto, dada a simplicidade,
baixo risco, nenhum custo e o potencial benefício desta intervenção, classifica
como medida básica a ser instituída até que mais estudos surjam para
corroborar a prática(40).
1.1.6. Higiene da cavidade oral
A redução do número de microrganismos da cavidade oral pode ter um
grande efeito na prevenção de PAV(35).
A prática de higiene oral com antisséptico passou a ser incorporada ao
bundle de prevenção de PAV em 2010 em decorrência dos bons resultados
que a adoção dessa prática trouxe(33).
Diversos estudos têm demonstrado que a adoção da prática de higiene
bucal com clorexedine em combinação com outras estratégias de prevenção de
PAV deve ser incluída na rotina de cuidados dos pacientes de UTI(56).
O nível de recomendação e qualidade da evidência apontado em 2008
para a prática de higienização da cavidade oral com antisséptico para todos os
pacientes sob ventilação mecânica como estratégia para prevenção de PAV
era IA(37). Estudos mais recentes revelam que a qualidade da evidência passou
para II, principalmente porque não existem dados ainda sobre o impacto dessa
medida no tempo de ventilação mecânica, tão pouco no tempo de internação
ou na mortalidade, apesar de existir evidência da redução da incidência de
PAV(57).
1.1.7. Avaliação da pressão do balonete (cuff)
A aspiração das bactérias primariamente da orofaringe e algumas vezes
de refluxo gástrico é o percurso mais provável na patogenia da PAV. Nesse
sentido, o escoamento de bactérias ao redor do cuff do tubo endotraqueal,
associado com trauma local e inflamação traqueal gera um aumento da
10
colonização microbiana e dificulta a eliminação das secreções do trato
respiratório inferior(18,58).
Uma função fundamental do balonete do tubo endotraqueal (cuff) é selar
a via aérea de tal maneira que não permita a fuga de ar para o exterior, que
não comprometa a perfusão da mucosa traqueal e que impeça a passagem de
secreções subglóticas para a via aérea inferior(24). A pressão do cuff é
transmitida à parede da traqueia, e, portanto deve ser evitada a hiperinsuflação
que leva a isquemia e outras injúrias ao tecido traqueal adjacente, tão pouco
pode ficar demasiadamente baixa (hipoinsuflação) a ponto de não vedar de
forma eficaz a via aérea e permitir que a secreção que fica acima do cuff,
proveniente da região orofaríngea, desça para as vias aéreas inferiores
podendo levar à pneumonia(59).
Trabalhos recentes relatam que os balonetes (cuff) ultrafinos
confeccionados em poliuretanos são mais efetivos porque promovem uma
vedação mais uniforme contra a parede da traqueia podendo, dessa forma
diminuir a possibilidade de escoamento da secreção peri cuff para as vias
aéreas mais inferiores(71), contudo não existem dados suficientes que
respaldam o uso desses balonetes de forma regular (qualidade da evidência:
III)(40).
Não há unanimidade sobre os valores pressóricos ideais para a
insuflação dos cuffs, mas alguns autores aceitam um valor ideal de pressão
variável em torno de 20 a 30 cmH2O (cufômetros)(60,61), de modo a contribuir
para prevenção de complicações como bronco aspiração, lesões isquêmicas e
estenose traqueal(62,63).
Apesar de haver estudos na literatura que apontam resultados
favoráveis para a utilização de dispositivos que monitoram e mantém de forma
contínua a pressão do cuff(64) a recomendação atual ainda aponta para um
controle de pressão intermitente de cerca de 4 vezes ao dia e antes de realizar
a higiene bucal(61), pois também não existem dados suficientes para respaldar o
controle automático da pressão do cuff de forma rotineira (qualidade da
evidência: III)(40).
11
1.1.8. Educação dos profissionais
O treinamento da equipe multiprofissional sobre conceitos, dados
epidemiológicos e medidas de prevenção de pneumonias associadas à VM a
todos os profissionais que prestam assistência a pacientes sob ventilação
assistida é fundamental e tem impacto direto na redução das taxas de
PAV(19,65).
As estratégias devem, preferencialmente, utilizar várias metodologias/
modalidades de ensino, desde treinamentos convencionais com aulas teóricas
presenciais, conferências, passando por aulas por meios digitais, aulas com
simulações além de discussões práticas em rodas de conversa ou à beira do
leito, e ainda garantir um feedback dos indicadores de resultados das ações
instituídas como parte do treinamento(18,40,66).
Sessões educativas ajudam a consolidar evidências, a explicar novos
processos, a definir as expectativas e a incentivar a equipe a adotar práticas
assimiladas nos treinamentos. Educação permanente ajuda a manter níveis
elevados de conformidade entre os dados de literatura recomendados e a
prática(67) (qualidade da evidência III)(57).
1.1.9. Prevenção de TEV e UP
A profilaxia da ulceração do tubo digestivo provocada por estresse e a
profilaxia da trombose venosa profunda (TVP), embora não estejam
diretamente associadas com a prevenção de PAV, são importantes medidas de
qualidade assistencial e têm impacto na diminuição da mortalidade hospitalar e
na diminuição do tempo de internação(18).
Pacientes gravemente enfermos que apresentam falência respiratória e
precisam de suporte de ventilação mecânica invasiva, além do risco de
desenvolver PAV, apresentam também aumento significativo do risco de
complicações como tromboembolismo venoso profundo (TVP) e sangramento
gastrointestinal provocado por úlcera péptica (UP) de estresse ou lesão da
mucosa relacionada ao estresse (Stress-Related Mucosal Damage -
SRMD)(53,68).
Em um estudo observacional, prospectivo de 2.200 pacientes graves, a
VM por mais de 48 horas e as coagulopatias foram identificadas como fatores
12
de risco isolados importantes para sangramentos clinicamente significativos(82).
Outros estudos menores realizados também relataram associações entre
sangramento clinicamente importantes com hipotensão, sepse, insuficiência
hepática, insuficiência renal, queimaduras e trauma grave(69).
A hipoperfusão esplâncnica durante a VM parece ser o principal
mecanismo de lesão da mucosa do trato digestivo e pode ser consequente à
diminuição da pressão arterial média (PAM) e/ou aumento da resistência no
leito vascular gastrointestinal. A VM, especialmente com níveis elevados de
PEEP (pressão expiratória final positiva), aumenta a pressão intratorácica
reduzindo o retorno sanguíneo e estimula o sistema nervoso simpático
elevando os níveis de catecolaminas que, por conseguinte, ativam o sistema
renina-angiotensina-aldosterona aumentando a resistência vascular
esplâncnica e diminuindo o débito cardíaco. Associado a isso também temos
os efeitos das medidas terapêuticas utilizadas em UTI como o uso de
vasopressores e sedativos(70,71).
O ácido gástrico desempenha um importante papel de defesa natural do
organismo pela sua ação bactericida proporcionada pelo pH intragástrico
menor do que quatro. Dessa forma, a redução da produção de ácido gástrico
com o aumento do pH acima deste limiar bactericida favorece a colonização do
estômago por organismos patogênicos podendo predispor a infecções
respiratórios por refluxo do fluido gástrico, com aspiração posterior das
bactérias da orofaringe para as vias aéreas inferiores(72).
A profilaxia das úlceras por estresse com antiácidos ou antagonistas do
receptor 2 de histamina (AR-H2) aumentam o pH gástrico, tanto pela
neutralização, como pela supressão da produção do suco gástrico. Acredita-se
que as duas terapias são efetivas na redução de sangramentos do trato
gastrointestinal clinicamente importantes sem, contudo aumentar de forma
significativa o risco do desenvolvimento de PAV(53,72,73).
O sucralfate tem sido postulado como um medicamento que também
tem uma ação na prevenção da úlcera por estresse em pacientes graves,
porém sem alterar o pH. Todavia, a literatura tem apontado que o efeito dos
AR-H2 na prevenção de sangramento gastrointestinal é muito mais efetivo que
o sucralfate(74).
13
Apesar de não haver consenso na literatura sobre relação entre o
aumento do pH produzido pelos medicamentos utilizados na prevenção de
SRMD e o aumento da incidência de eventos infecciosos relacionados à VM,
não se recomenda fazer de rotina a prevenção farmacológica de úlcera péptica
(Qualidade da evidência – Moderada), podendo ser indicada por outros motivos
que não sejam a prevenção de PAV(40). Contudo para os pacientes criticamente
doentes a profilaxia de úlcera de estresse pode ser indicada apenas para
aqueles com alto risco de sangramento como uso de ventilação mecânica
maior que 48h e coagulopatias, ficando claro que a adoção dessa medida não
está relacionada com a prevenção de PAV(68,69).
O tromboembolismo venoso (TEV) é uma complicação comum e
potencialmente letal em pacientes criticamente doentes. Em comparação com
outros pacientes hospitalizados, os pacientes em UTI têm um maior risco de
trombose venosa profunda (TVP), como resultado de muitos fatores
predisponentes como a imobilização, o cateterismo venoso central, sepse,
trauma, insuficiência cardíaca e/ou respiratória, câncer e aumento da
idade(75,76).
Além dos fatores predisponentes, os pacientes sob sedação e
submetidos à VM possuem um risco aumentado de desenvolver
tromboembolismo pulmonar (TEP) secundário a uma TVP. Por isso, a profilaxia
do TEP/TVP é um componente importante do tratamento padrão desses
doentes. Salienta-se que semelhante à profilaxia de SRMD a profilaxia do TEP
com a utilização de derivados de heparina de baixo pelo molecular (HBPM), ou
heparina não-fracionada (HNF) em baixas doses, não foi demonstrada para
reduzir o risco de PAV, todavia a profilaxia continua a fazer parte do ventilator
bundle, na perspectiva de evitar outras complicações sérias que poderiam
aumentar a morbidade e mortalidade desses pacientes(77).
1.1.10. Interrupção diária da sedação e avaliação das condições de extubação
Esteban et al. (2002) avaliaram admissões consecutivas de pacientes
adultos em um coorte prospectivo de 361 unidades de terapia intensivas em 20
países, e identificaram que um terço dos pacientes em cuidados intensivos são
14
ventilados mecanicamente(78). No Brasil, um estudo de prevalência realizado
em 2006 revelou que, aproximadamente 55% dos pacientes de UTI estavam
sob VM(79).
A insuficiência respiratória e a VM com frequência resultam em
ansiedade e dor(80). Essas situações exigem a utilização de sedativos e
analgésicos para aliviar o desconforto do paciente, diminuir o consumo de
oxigênio, facilitar a assistência de enfermagem e garantir a segurança do
paciente(81), no entanto estes medicamentos estão associados a efeitos
adversos, incluindo sedação excessiva, delírio e prolongamento do suporte
ventilatório invasivo(82,83).
Os esforços para reduzir a duração da ventilação mecânica em
pacientes de cuidados intensivos através de protocolos de desmame
ventilatório e protocolos de sedação podem melhorar os resultados clínicos(84).
É importante implantar um protocolo de avaliação diária da sedação e
avaliação da prontidão neurológica para extubação, incluindo-se precauções
para evitar a extubação acidental, como maior monitorização e vigilância, além
da avaliação diária multidisciplinar e implementação de uma escala a fim de
evitar aumento da sedação(18,33).
A interrupção diária da sedação e a avaliação da prontidão do paciente
para a extubação são partes integrantes do pacote (ventilator bundle) de
medidas proposto pelo IHI(57) e têm sido correlacionadas com a redução do
tempo de ventilação mecânica e com a redução da incidência de PAV(84).
Apesar dos benefícios gerados pela interrupção diária da sedação, esta
intervenção pode apresentar alguns riscos. O exemplo disso está na extubação
acidental, no aumento do nível de dor e ansiedade e na possibilidade de
assincronia com a ventilação, o que pode gerar períodos de dessaturação. Um
estudo randomizado que avaliou os benefícios de uma estratégia combinada
de interrupção diária da sedação e avaliação das condições de extubação
identificou como maior problema a extubação acidental, contudo esse evento
não teve impacto negativo nos resultados, apontando que, provavelmente, a
maioria desses pacientes já apresentasse status neurológico suficiente para
serem extubados. No passado, as estratégias de retirada do paciente da VM
estavam centradas principalmente na realização dos testes diários de
15
respiração espontânea (Spontaneous Breathing Trials–SBT). Trabalhos
recentes incluíram um teste de despertar espontâneo (Spontaneous Awakening
Trials–SAT) através da suspensão diária da sedação e demonstraram que a
interrupção diária dos sedativos juntamente com o SBT diminui de forma mais
efetiva o tempo de VM sem comprometer a segurança do paciente e ainda
favorecem a avaliação diária da condição neurológica daqueles pacientes que
estão sob infusão contínua de sedativos(84). Sendo assim, a adoção conjunta
das práticas SAT e SBT abrevia o tempo de VM e reduz o tempo de internação
em UTI e hospitalar global(77,84).
A estratégia de se interromper a sedação uma vez ao dia (teste de
despertar espontâneo - SAT) em pacientes sem contraindicações reduz o
tempo de VM, portanto contribui para prevenção de PAV (Qualidade das
evidências: I). A estratégia de avaliar a prontidão para extubação uma vez ao
dia (teste de respiração espontânea - SBT) em pacientes sem contraindicações
está associada a uma extubação mais precoce, portanto contribui para
prevenção de PAV (Qualidade das evidências: I). A estratégia combinada: teste
de respiração espontânea com teste de despertar diário contribui para
prevenção de PAV. Os pacientes são mais susceptíveis a passar por um teste
de respiração espontânea (TER) e serem extubados se eles estiverem
acordados, o máximo possível, no momento do teste (Qualidade das
evidências: I)(57).
16
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Realizar um ciclo interno de melhoria da qualidade da assistência para
prevenção de pneumonias associadas à ventilação mecânica em unidades de
terapia intensiva.
2.2. Objetivos específicos
Aumentar a adesão às práticas de prevenção de PVA em UTI.
Avaliar o impacto do CM para prevenção das PAV através do
monitoramento dos indicadores/critérios antes e depois da aplicação do ciclo.
3. METODOLOGIA
3.1. Tipo de estudo
O presente estudo trata-se de um ciclo interno de melhoria da qualidade
com desenho de natureza quantitativa, quase-experimental, do tipo antes e
depois(85) e sem grupo controle. Caracterizado pela identificação e priorização
de um problema da qualidade (baixa adesão às medidas de prevenção de
PAV), pela sua análise, avaliação do nível da qualidade baseada em critérios,
intervenção de melhoria e reavaliação de qualidade para comprovar a
efetividade da intervenção aplicada(86).
3.2. Contexto
O CM foi realizado em duas unidades de terapia intensiva de um hospital
público estadual na cidade de Natal/RN, de cuidados terciários agudos,
referência estadual para o atendimento a vítimas de agravos de causas
externas, em especial as vítimas de traumas.
As Unidades de Terapia Intensiva, objetos do estudo, possuíam em
conjunto 19 leitos com perfis de pacientes semelhantes, sendo consideradas
como UTI gerais. Admitiam pacientes cirúrgicos e clínicos com leve predomínio
dos pacientes neurocirúrgicos.
17
O corpo clínico de cada UTI (uma com dez leitos e a outra com nove
leitos) era composto diariamente por um médico, um enfermeiro, cinco técnicos
de enfermagem (um para cada dois leitos), um fisioterapeuta e um cirurgião-
dentista durante o dia e um diarista médico, além de nutricionistas, psicólogos,
assistentes sociais e fonoaudiólogos que mantinham o suporte necessário aos
pacientes internados.
3.3. Intervenção ou Ciclo de Melhoria
No período de 1º de abril de 2015 a 31 de janeiro de 2016 foram
realizados dois Ciclos de Melhoria da Qualidade para prevenção de PAV nas
UTI. O ciclo de melhoria constituiu-se por sete fases descritas a seguir, nas
quais foram utilizados conhecimentos da ciência de melhoria ou gestão de
mudanças e ferramentas de gestão da qualidade(86).
3.3.1. Identificação da oportunidade de melhoria
A oportunidade de melhoria foi identificada através da técnica de grupo
nominal(86) com profissionais do hospital representantes de setores estratégicos
como o núcleo de segurança do paciente (NSP), serviço de controle de
infecção hospitalar (SCIH) e com trabalhadores das UTI avaliadas no estudo.
3.3.2. Análise do problema
A análise qualitativa do problema ou identificação e classificação das
causas foi realizada através de um diagrama de causa e efeito ou diagrama de
Ishikawa, método de análise de problemas de qualidade que se propõe a dividir
um problema complexo em várias partes, permitindo que, ao se identificar as
subáreas conflituosas se encontre soluções mais simples e se desenvolva um
plano de ação mais oportuno(87). Nessa fase da análise, as causas do problema
foram reunidas em três grupos de causas diferentes, sendo o primeiro relativo
ao processo de trabalho, o segundo a materiais e equipamentos e o terceiro à
equipe de profissionais das unidades. Foram envolvidos nesse processo
gerentes de enfermagem das UTI, funcionários dos setores e membros da
diretoria do hospital (Figura 1).
18
Figura 1 - Diagrama de Causa e Efeito (Diagrama de Ishikawa). Natal(RN), 2016.
3.3.3. Construção dos critérios e ferramentas de medição
Nessa etapa, a equipe de trabalho definiu critérios válidos e confiáveis
para mensuração do nível de adesão às praticas de prevenção de PAV
(problema em análise no estudo). Foram elaborados nove critérios, sendo oito
critérios de processo e um de estrutura com seus devidos esclarecimentos e
exceções. A confiabilidade dos critérios foi calculada através do Índice Kappa
com dois avaliadores distintos, num universo de 30 amostras, e os resultados
obtidos para todos os critérios foram satisfatórios (Kappa > 0,4) (Quadro 2). As
dimensões da qualidade avaliadas foram a técnico-cientifica e acessibilidade
interna. Considerou-se que os critérios possuíam boa validade de face e de
conteúdo (Apêndices 1 e 2).
19
Além da elaboração dos nove critérios de medição do nível de qualidade
foi elaborado também um décimo critério intitulado indicador composto que
representou a média de todos os cumprimentos, proporcional ao número total
de oportunidades de cumprimentos possíveis, ou seja, a soma das amostras de
todos os critérios avaliados em cada momento.
Após a definição dos critérios e da validade, foram estabelecidas as
unidades de estudo com seus respectivos receptores e provedores, além do
período de avaliação para cada critério (Quadro 3) e da definição da amostra
(Quadro 4).
Quadro 2 - Critérios de avaliação da qualidade estabelecidos, índice de confiabilidade Kappa e tipos de dados representados por cada critério. Natal(RN), 2016.
Critério Enunciado Índice kappa
Tipos de Dados
1 Capacitação dos funcionários das UTI sobre PAV 0,56 Estrutura
2 Comunicação multiprofissional eficiente nas mudanças de
turnos 0,64 Processo
3 Higienização das mãos 0,58 Processo
4 Elevação da cabeceira da cama (30-45º) p/ todos os
pacientes em VM 0,94 Processo
5 Interrupção diária da sedação e avaliação diária de
condições para extubação 0,66 Processo
6 Prevenção de úlcera péptica 0,93 Processo
7 Prevenção de tromboembolismo venoso (TEV) 0,94 Processo
8 Higienização oral com clorexedine a 0,12% 0,62 Processo
9 Monitorização da pressão do cuff 0,64 Processo
20
Quadro 3 - Unidades de estudo com seus respectivos receptores e provedores e descrição do período de avaliação para cada critério. Natal (RN), 2016.
Critério Receptores Do Serviço Provedores Período do Processo
Avaliado
1
Profissionais que trabalham nas UTI nos três turnos (M,T,N): médicos, fisioterapeutas, cirurgião-dentista, enfermeiros, fonoaudiólogos, e téc. de enfermagem.
Coordenadores das UTI, NEP, SCIH, NSP, professores colaboradores.
A 1ª medição realizada em abril /15, a 2ª realizada em agosto/15 e a 3ª realizada em dezembro/15
2 Idem critério 1
Profissionais que trabalham nas UTI nos três turnos (M,T,N): médicos, fisioterapeutas, cirurgião-dentista, enfermeiros, fonoaudiólogos, e téc. de enfermagem.
Idem critério 1
3 Idem critério 1 Idem critério 2 Idem critério 1
4 Pacientes internados nas
UTI submetidos a VM Idem critério 2 Idem critério 1
5 Idem critério 4
Médico plantonista ou
diarista prescreve a
suspensão da sedação,
enfermeiros e/ou técnicos
interrompem a sedação e
monitoram a escala de
atividade motora e
fisioterapeutas monitoram
os parâmetros ventilatórios.
Idem critério 1
6 Idem critério 4 Idem critério 5 Idem critério 1
7 Idem critério 4 Idem critério 5 Idem critério 1
8 Idem critério 4
Prescrição médica e/ou de enfermagem e/ou cirurgião-dentista. O executante deve checar o procedimento no prontuário.
Idem critério 1
9 Idem critério 4
Enfermagem ou fisioterapeutas devem conferir a pressão do cuff, corrigir (se necessário) e registrar o procedimento no prontuário.
Idem critério 1
21
Quadro 4 – Descrição do critério e total de amostras utilizado por cada critério nas unidades de estudo nas três avaliações. Natal(RN), 2016.
Critério Enunciado Amostragem
1 Capacitação dos funcionários das UTI sobre PAV
Foram realizadas 30 entrevistas/enquetes na 1ª avaliação e 60 entrevistas/enquetes na 2ª e 3ª avaliações.
2 Comunicação multiprofissional eficiente nas mudanças de turnos
Foram observados (observação direta) 30 momentos interturnos na 1ª avaliação e 60 momentos nas duas avaliações posteriores
3 Higienização das mãos
Foram observados (observação direta) 30 momentos de oportunidades para HM entre os profissionais dos serviços analisados na 1ª avaliação e 60 momentos na 2ª e 3ª avaliações posteriores.
4 Elevação da cabeceira da cama p/ todos os pacientes em VM
Para os critérios 4, 5, 6, 7, 8 e 9 foram analisados na 1ª avaliação 30 prontuários de pacientes distintos que estavam internados nas UTI A e B sob VM. (Na 2ª e 3ª avaliações foram analisados 60 prontuários). Para o critério 4 foi acrescentado também a observação direta do leito do paciente sob análise de prontuário.
5 Interrupção da sedação e avaliação das condições de extubação
6 Prevenção de Úlcera Péptica
7 Prevenção de TEV
8 Higienização Oral com Clorexedine
9 Monitorização da pressão do cuff
Em seguida, foi realizada a medição do nível de qualidade, através da
coleta de dados (Anexo 2), por um profissional externo ao serviço das unidades
de estudo, sobre nível de cumprimento dos critérios identificados.
Não se utilizou método de amostragem, pois todos os casos do universo
foram avaliados durante o período até se atingir o número de amostras
estabelecido. As fontes de dados utilizadas para identificar os casos ou
unidades de estudo foram a planilha diária do censo dos pacientes sob VM
(fornecida pela secretária de cada unidade) internados nas UTI alvos do estudo
e a relação das escalas de serviço multiprofissional fornecida pelo
departamento de pessoal do hospital.
Para a obtenção dos dados sobre o cumprimento dos critérios utilizamos
a observação direta e entrevistas aos profissionais plantonistas das UTI e
análise dos prontuários dos pacientes internados submetidos a suporte
ventilatório invasivo# (Quadro 4).
# - Suporte Ventilatório Invasivo: “Suporte através de ventilador mecânico fornecido a um paciente que
se encontra com uma prótese introduzida na via aérea” (88)
.
22
3.3.4. Desenho e implementação das intervenções
Nessa etapa da execução do CM, após análise dos problemas de
qualidade identificados na etapa anterior, utilizou-se o método estruturado e
participativo do Diagrama de Afinidades descrito por Saturno(89) para
elaboração das intervenções de melhoria (Figura 2).
Figura 2 – Diagrama de Afinidades desenvolvido para o planejamento das intervenções propostas. Natal(RN), 2016.
Foram coletadas ideias e opiniões dos membros da equipe de trabalho
(mesma do tópico 2.4.1), agruparam-se as que apresentavam natureza
semelhante (grupos de afinidades) e desenvolveu-se um planejamento das
intervenções com base nas linhas estratégicas identificadas. Os grupos afins
que se formaram para intervenção foram:
a) Capacitação da equipe assistencial - promoção através do Núcleo de
Educação Permanente (NEP), juntamente com o SCIH de treinamentos
multimodais aos profissionais sobre PAV, utilizando várias estratégias
desde aulas tradicionais, com conceitos, epidemiologia, prevenção à
23
capacitação em serviço com atividades práticas supervisionadas e ainda,
por meio digital para compartilhamento de informações tipo folders e notas
técnicas através de e-mails.
b) Organização do trabalho - instituição de um sistema de passagem de
plantão e de visitas multiprofissionais com adoção de checklist que
contemple o repasse das informações relevantes a serem observadas,
incluindo de forma clara e objetiva todos os itens que devem ser
explorados (elevação da cabeceira, pressão do cuff, higienização oral,
medicação para prevenção de TVP e UP, interrupção da sedação dos
pacientes sob VM).
c) Adequação das Normas - elaboração de um documento texto sobre PAV
abordando desde conceitos básicos, dados epidemiológicos até a
prevenção e o tratamento (embora não fosse objeto do trabalho)
disponibilizado nas áreas assistenciais para consulta; elaboração de um
modelo de evolução /admissão clínica que inclua campos de perguntas
objetivas (sim ou não) para as medidas mandatórias a serem adotadas
(elevação da cabeceira 30-45°, higienização oral com clorexedine a 0,12%,
medidas de prevenção de UP e TVP, avaliação da pressão do cuff, e
prescrição de interrupção da sedação) e, em caso da não prescrição, incluir
um campo de justificativa.
d) Material e Infraestrutura - implantação de sinalização visual (cartazes) para
adoção das medidas corretas de higienização das mãos (visível em
diversos ambientes como junto às pias e dispensadores de álcool, cartazes
que demonstrem para os funcionários, pacientes e familiares todas as
situações necessárias para HM); implantação de sistema específico de
sinalização/ lembrete para os pacientes que estão com a sedação
desligada e/ou em desmame de ventilação mecânica; aquisição de
dispensadores de álcool para higiene das mãos para todos os leitos;
clorexedine a 0,12% para uso em cavidade oral e cufômetros; reparo nos
leitos das UTI para a movimentação adequada das cabeceiras.
e) Monitoramento - Atividades do grupo nessa área de intervenção: Monitorar
através do SCIH as taxas de incidência de IRAS, em especial PAV;
24
divulgar os resultados periodicamente como forma de incentivar a equipe a
buscar a melhoria contínua.
Na sequência, utilizou-se o Diagrama de Gantt (Apêncide 3) como uma
ferramenta de apoio de planificação das atividades de melhoria que permitiu a
visualização temporal das ações que seriam implantadas, o tempo gasto por
cada atividade e os responsáveis pelas mesmas.
3.3.5. Avaliação do nível de qualidade
A 1ª avaliação (medição do nível de qualidade) foi realizada no início do
estudo (abril de 2015). Ao final dos meses de agosto e dezembro foram
realizadas a 2ª e 3ª avaliações respectivamente, portanto após a realização de
dois ciclos de melhoria.
3.3.6. Métodos de análise
A análise dos dados e as representações gráficas foram realizadas com
o programa Microsoft Office Excel 2010. Índices de melhorias absoluta e
relativa e o cálculo do valor de z (valor estatístico na distribuição normal) foram
utilizados para comprovar a significância estatística do cumprimento dos
critérios entre as avaliações. Para medir os critérios em todas as três
avaliações, utilizou-se o cálculo de estimação pontual e o intervalo de
confiança (95%).
Diagramas de Pareto foram utilizados para representar as frequências
de não cumprimentos de cada um dos critérios avaliados, ordenados do maior
para o menor número de não cumprimentos e completado com uma curva de
porcentagem acumulada (curva de Lorenz). Com a curva de porcentagem
acumulada, aplicamos o Princípio de Pareto na tentativa de se identificar quais
foram os principais critérios responsáveis pela maioria dos problemas da
qualidade e assim priorizar as ações das atividades de melhoria em poucos
critérios, porém os mais impactantes. O Princípio de Pareto ou princípio dos
80/20, terminologia utilizada na indústria, define que um pequeno percentual de
causas (20%), responde pela maioria dos problemas de qualidade (80%)(90).
25
Os dados de cada avaliação foram analisados através da construção de
Diagramas de Pareto comparativos. Nessa análise, para que os dados da 1ª
avaliação pudessem ser comparáveis aos demais, realizamos o ajuste das
diferenças das amostras através de regra de três simples.
O monitoramento dos resultados da melhoria da adesão às praticas de
prevenção de PAV foi feito através do indicador Densidade de Incidência (DI)
de PAV, fornecido pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar calculado
pela fórmula abaixo descriminada(91).
DI Pneumonia/1000 VM dia = nº de PAV
x 1000 nº de dias de VM (VM/dia)
DI: Taxa de densidade de incidência de pneumonia VM: ventilador mecânico
A taxa de pneumonias por 1000 (mil) dias de uso de ventilador revela
não apenas o número de pacientes expostos ao risco, mas também a
intensidade, em dias, dessa exposição(92).
Os dados foram analisados através de gráficos de controle estatístico da
qualidade (gráficos de tendência), os quais apresentam várias medições do
indicador numa sequência temporal e servem como padrão para avaliar as
variações do indicador em estudo. Apresentam no eixo das ordenadas os
valores de medição do indicador e no eixo das abscissas a temporalidade,
além de uma linha central que representa a média do indicador.
3.4. Aspectos éticos
Este estudo foi desenvolvido a partir de um trabalho proposto pelo
mestrado profissional em Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), assumido como uma
atividade da gestão do hospital para melhoria da qualidade do serviço. Tendo
isso como preceito, assumiu-se a dispensa do parecer do comitê de ética.
Todavia o trabalho foi realizado com a anuência da Instituição (Anexo 1).
26
4. RESULTADOS
Os números absolutos (n) de cumprimento de todos os critérios, bem
como o percentual de cumprimento (%) nos três momentos avaliativos estão
apresentados na tabela 1. Observa-se que na 1ª avaliação, o critério 9
(monitorização da pressão do cuff) foi o critério com o menor percentual de
cumprimento (0%), seguido de higiene de mãos (20%). Nas avaliações
seguintes (2ª e 3ª) o critério 3 (higiene de mãos) manteve-se com o pior
percentual de cumprimento (20 e 16,7% respectivamente).
Tabela 1 – Total de cumprimentos dos critérios de qualidade em valores
absolutos e relativos de cada critério nas três avaliações. Natal(RN), 2016.
Critérios 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação
n (%) n (%) n (%)
1 Capacitação dos profissionais 8 (26,7) 20 (33,3) 35 (58,0)
2 Comunicação multiprofissional 8 (26,7) 18 (30,0) 22 (37,0)
3 Higiene de mãos 6 (20,0) 12 (20,0) 10 (16,7)
4 Elevação da cabeceira 20 (66,7) 40 (67,0) 52 (86,7)
5 Interrupção da sedação e avaliação para extubação
9 (30,0) 20 (33,0) 27 (45,0)
6 Prevenção de úlcera péptica 16 (53,3) 36 (60,0) 54 (90,0)
7 Prevenção de TEV 16 (53,3) 37 (61,7) 56 (93,3)
8 Higienização oral com clorexedine 17 (56,7) 40 (66,7) 56 (93,3)
9 Monitorização da pressão do cuff 0 (0,0) 14 (23,3) 25 (41,7)
Total da amostra 30 (100) 60 (100) 60 (100)
n = Número absoluto de cumprimentos, % = Percentual de cumprimentos.
O gráfico 1 mostra os resultados dos Diagramas de Pareto realizados
nas três avaliações. O gráfico apresenta em cada diagrama a frequência de
não cumprimento dos critérios avaliados nos três momentos, ordenados do
maior para o menor e completados com uma curva de frequência de
porcentagem acumulada (curva de Lorenz).
27
Apesar de ter sido aplicado o Princípio de Pareto nos Diagramas
encontrados (80/20), não foi priorizado nenhum critério para intervenção, todos
foram trabalhados de forma conjunta, não de forma isolada. A abordagem
proposta foi do tipo “tudo ou nada” onde “... o mais importante do que o valor
individual de cada uma das intervenções é o princípio subjacente a uma
abordagem integrada e multifactorial”(28,33).
Observa-se ainda no gráfico 1 que, após cada ciclo de melhoria, a
frequência de não cumprimentos de cada critério variou entre as 3 avaliações.
Na 1ª avaliação que mediu o nível basal de qualidade, antes da implantação
das intervenções, o critério que apresentou o maior percentual de não
cumprimento foi o critério 9 (monitorização da pressão do cuff) seguido do
critério 3 (higiene de mãos). Naquele momento, apesar de haver cufômetros no
hospital, não era rotina a aferição da pressão dos balonetes. Nessa primeira
análise também foi observado que as UTI não apresentavam infraestrutura
adequada para HM, pois o número de pias não era suficiente e não existiam
dispositivos para dispensar solução alcóolica próximo aos leitos.
Na 2ª avaliação que mediu o percentual de não cumprimentos após o 1º
ciclo de melhorias, observa-se que o critério 3 (higiene de mãos) passou a
Gráfico 1 – Diagramas de Pareto (antes e depois) relativos às três avaliações dos ciclos de melhorias. Abril a Dezembro 2015. Natal(RN), 2016.
28
apresentar a maior frequência de não cumprimentos da série, fato este que se
repetiu na avaliação seguinte.
Na 3ª avaliação, após o 2º ciclo de melhorias, o critério 3 (higiene de
mãos) permaneceu como sendo o critério com a maior frequência de não
cumprimentos observada. A infraestrutura para HM ainda permanecia
inadequada.
O gráfico 1 apresenta ainda uma comparação entre os três diagramas
de Pareto realizados nas avaliações (Paretos antes e depois). Visualiza-se a
melhoria global conseguida com a redução do número total de não
cumprimentos observada através das áreas sombreadas que aparecem nos
gráficos pareados (área de melhoria). Observa-se que a área de melhoria
obtida no Pareto da 3ª avaliação foi significativamente maior que a obtida na 2ª
avaliação, dado corroborado pelo indicador composto, cujo resultado final só foi
relevante na 3ª medição (p< 0,012) (tabela 3).
Os dados comparativos entre as avaliações são também apresentados
nas tabelas 2 e 3. Nessas tabelas encontram-se os valores referentes à
medição inicial e às duas avaliações subsequentes, bem como, os parâmetros
calculados para analisar as diferenças entre as avaliações como as melhorias
absoluta e relativa e a significação estatística pelo cálculo do valor Z.
Nas tabelas 2 e 3 encontram-se ainda o percentual de cumprimento dos
nove critérios, além do indicador composto representado pelo conjunto de
cumprimentos, proporcional à soma das amostras de todos os critérios nas três
avaliações.
Verifica-se também na 2ª avaliação (tabela 2) que apenas o critério 9
(monitorização da pressão do cuff) apresentou uma melhoria mais acentuada
(p<0,05). Nos demais critérios, inclusive no indicador composto (critério 10),
houve melhoria absoluta e percentual sem relevância estatística, exceto os
critérios 3 (higiene de mãos) e 4 (elevação da cabeceira da cama) que
permaneceram inalterados.
29
Tabela 2 – Cumprimentos dos critérios de qualidade para prevenção de PAV antes e depois da intervenção de melhoria - 1ª e 2ª avaliações nos meses de abril e agosto de 2015 respectivamente. Natal(RN), 2016.
CRITÉRIO 1ª Avaliação 2ª Avaliação Melhora Significação
estatística n = 30 n = 60 absoluta relativa
p1 (IC 95%) p2 (IC 95%) p2 - p1 p2-p1/1-p1 p
1 Capacitação dos funcionários das UTI sobre PAV
26,7 (± 16) 33,3 (± 12) 6,6 9,00% NS
2 Comunicação multiprofissional eficiente nas mudanças de turnos
26,7 (± 16) 30 (± 12) 3,3 4,50% NS
3 Higienização das Mãos 20 (± 14) 20 (± 10) 0 0,00% NS
4 Elevação da cabeceira da cama (30-45°)
66,7 (± 17) 66,7 (± 12) 0 0,00% NS
5 Interrupção da sedação e avaliação das condições de extubação
30 (± 16) 33,3 (± 12) 3,3 4,70% NS
6 Prevenção de úlcera péptica 53,3 (± 18) 60 (± 12) 6,7 14,30% NS
7 Prevenção de TVP 53,3 (± 18) 61,7 (± 12) 8,4 17,90% NS
8 Higienização oral c/ clorexedine a 0,12%
56,7 (± 18) 66,7 (± 12) 10 23,20% NS
9 Monitorização da pressão do cuff 0 (± 00) 23,3 (± 11) 23,3 23,30% <0,002
10 Indicador composto 37 (± 06) 43,9 (± 04) 6,9 11,00% NS
A amostra utilizada no indicador composto foi a soma dos casos avaliados nos critérios 1 a 9 (1ª aval. n = 270; 2ª aval. n = 540)
p1 = percentual de cumprimento na 1ª avaliação. p2 = percentual de cumprimento na 2ª avaliação. NS – Não Significativo
Na análise comparativa entre a 1ª e a 3ª avaliações (tabela 3) observa-
se que, dos dez critérios avaliados, sete critérios incluindo o de monitorização
global (índice composto/critério 10), apresentaram melhora estatisticamente
significante em seus cumprimentos, dois (comunicação multiprofissional e
interrupção da sedação) apresentaram melhora sem relevância estatística e,
em um critério (higiene de mãos) ocorreu um ligeiro decréscimo no número de
cumprimentos.
30
Tabela 3 - Cumprimentos dos critérios de qualidade para prevenção de PAV antes e depois das intervenções de melhoria - 1ª e 3ª avaliações nos meses de abril e dezembro de 2015 respectivamente. Natal(RN), 2016.
CRITÉRIO
1ª Avaliação n = 30
3ª Avaliação n = 60
Melhora Significação estatística absoluta relativa
p1 (IC 95%) p3 (IC 95%) p3 - p1 p3-p1/1-p1 p
1 Capacitação dos funcionários das UTI sobre PAV
26,7 (± 16) 58,3 (± 12) 31,6 43,16% <0,002
2 Comunicação multiprofissional eficiente nas mudanças de turnos
26,7 (± 16) 36,7 (± 12) 10,0 13,60% NS
3 Higienização das mãos 20 (± 14) 16,7 (± 09) -3,3 -4,17% --
4 Elevação da cabeceira da cama (30-45°)
66,7 (± 17) 86,7 (± 09) 20,0 59,96% <0,012
5 Interrupção diária da sedação e avaliação diária das condições de extubação
30 (± 16) 45 (± 13) 15,0 21,43% NS
6 Prevenção de úlcera péptica 53,3 (± 18) 90 (± 08) 36,7 78,57% <0,001
7 Prevenção de TVP 53,3 (± 18) 93,3 (± 06) 40,0 85,71% <0,001
8 Higienização oral c/ clorexedine a 0,12%
56,7 (± 18) 93,3 (± 06) 36,6 84,62% <0,001
9 Monitorização da pressão do cuff 0 (± 00) 41,7 (± 12) 41,7 41,67% <0,001
10 Indicador composto 37 (± 06) 62 (± 04) 25,0 39,68% <0,012
A amostra utilizada no indicador composto foi a soma dos casos avaliados nos critérios 1 a 9 (1ª aval. n = 270; 3ª aval. n = 540) p1 = percentual de cumprimento na 1ª avaliação. p3 = percentual de cumprimento na 3ª avaliação. NS – Não Significativo
O monitoramento realizado ao final do segundo ciclo de melhorias revela
que o indicador de resultado (densidade de incidência-DI) apresentado teve um
comportamento relativamente constante durante o ano de 2015 (DI média de
52‰ pacientes-dia) (gráfico 2) com pequenas oscilações durante o período.
Entretanto observa-se uma queda discreta da DI para 33‰ pacientes-dia nos
últimos meses de 2015. Essa tendência de redução da DI vem se mantendo
nos primeiros seis meses do ano de 2016, onde se nota que, nesse período, a
densidade média estimada foi de 32‰.
31
Gráfico 2 - Gráfico de Tendência - Densidade de Incidência de PAV período de
janeiro de 2015 a junho 2016. Natal (RN), 2016
Fonte: SCIH/HMWG. Natal/RN, janeiro de 2015 a junho de 2016.
Além dos resultados numéricos e estatísticos citados anteriormente que
foram aferidos como produto das atividades dos ciclos de melhorias, alguns
documentos foram produzidos e/ou adaptados para que todas as atividades
propostas no plano de intervenção pudessem acontecer conforme planejado,
se não na plenitude, em parte dela, resultando em instrumentos de trabalho
das equipes das UTI.
Para o treinamento da equipe assistencial foi elaborado em parceria com
a equipe do NSP e do SCIH, um álbum seriado (Apêndice 4) com vários temas
relativos à segurança e qualidade dos serviços de saúde, inclusive prevenção
de PAV para servir de instrumento pedagógico a ser utilizado nas próprias
Unidades de Terapia Intensiva dentro da proposta multimodal de capacitação.
No quesito organização do trabalho, foram desenvolvidos dois
instrumentos de trabalho: a) Evolução Multiprofissional (Apêndice 5),
documento elaborado em parceria com vários profissionais que trabalham
diretamente nas atividades assistenciais das UTI para sistematizar as
evoluções dos profissionais de forma conjunta, assim como para servir de
32
instrumento para a passagem de plantão; b) Roteiro de visita multidisciplinar
(Apêndice 6), documento adaptado com auxílio de profissionais consultores do
Hospital Israelita Albert Einstein/SP (HIAE/SP) e profissionais do hospital para
padronizar as visitas diárias multiprofissionais e reforçar a checagem das
medidas de prevenção a serem adotadas diariamente.
Para a adequação das normas foi produzido também em parceria com
profissionais do HIAE/SP e do próprio hospital, um modelo objetivo de
admissão médica (Apêndice 7) e também um roteiro multiprofissional
(checklist) de admissão (Apêndice 8) para padronizar as rotinas admissionais
nas UTI.
Quanto às propostas de ajuste para a área de material e infraestrutura
foram elaborados cartazes de alerta para diversas situações de risco aos quais
o paciente está sujeito, para serem fixados junto ao seu leito (higiene de mãos -
Apêndice 9, risco de extubação acidental e outros riscos - Apêndice 10).
Não foi utilizado nenhum instrumento novo para o monitoramento. Os
dados foram produzidos pelo SCIH do serviço através da rotina de trabalho do
próprio controle de infecção com instrumentos preconizados pelo Ministério da
Saúde. Dentro das estratégias de divulgação dos dados foi criado um sistema
de painéis itinerantes com informativos do SCIH, NSP e NEP para divulgar os
resultados periodicamente entre os setores.
33
5. DISCUSSÃO
O presente estudo permitiu uma melhor compreensão da utilização dos
ciclos internos de avaliação da qualidade (ou ciclos de melhoria) aplicados aos
serviços de saúde, em especial em unidades de terapia intensiva.
A utilização de CM como ferramentas de gestão da qualidade permitiu
iniciar as atividades de melhoria diante de um problema real, dando significado
às atividades desenvolvidas e promovendo discussões e mudanças de atitudes
desde o início das atividades.
Ferramentas de melhoria da qualidade como os ciclos de Deming PDCA
(Plan, Do, Check and Act) e o PDSA (Plan, Do, Study and Act) partem do
princípio do planejamento da intervenção (93), todavia a metodologia utilizada no
estudo iniciou com a identificação de um problema de qualidade (baixa adesão
às medidas de prevenção de PAV) objetivando principalmente solucionar o
problema encontrado através dessa oportunidade de melhoria(27).
O emprego de um método de gestão da qualidade pautado num
problema concreto foi eficaz para promover mudança de atitude nos
profissionais e melhorar a adesão às boas práticas de prevenção de PAV. A
participação dos profissionais das UTI em fases do processo de construção do
CM parece ter tido um efeito favorável nos resultados, pois os profissionais
estiveram implicados na construção dos critérios de qualidade, na eleição das
causas prováveis da não adesão aos critérios, bem como na elaboração do
plano de ações de melhoria da qualidade (plano de intervenções).
Apesar de haver controversas na literatura quanto à eficácia de algumas
medidas de prevenção de PAV (e.g. elevação da cabeceira, higienização da
cavidade oral ou medição da pressão do cuff) os critérios utilizados no estudo
possuem graus de evidência variáveis, entretanto, quando o conjunto de ações
preventivas foi integrado à prática, observou-se uma tendência de queda do
indicador de densidade de incidência de PAV.
Durante o desenvolvimento do CM, os critérios de qualidade utilizados
para avaliar a adesão às medidas de prevenção de PAV foram pautados em
práticas e situações factíveis de serem obtidas, elaborados pelos próprios
funcionários e que deveriam sempre estar presentes nas práticas e rotinas
34
diárias, apesar de possuírem níveis de evidência distintos, fato esse que não
foi ponderado no momento da elaboração dos critérios pelo grupo de trabalho.
O estudo não observou melhoria nos primeiros quatro meses do início
do processo (2ª avaliação), exceto para o critério 9. Acredita-se que esse
resultado foi decorrente, principalmente da deficiência estrutural das unidades.
Nesse momento, o plano de intervenção foi revisto e foi otimizada uma das
medidas de processo, inicialmente estabelecida no plano de ações (figura 2):
organização do trabalho com intensificação das visitas multiprofissionais que
deixaram de ser esporádicas e passaram a ser semanais com a presença do
médico diarista, médico plantonista, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista,
farmacêutico, cirurgião-dentista e um representante da diretoria do hospital
(direção técnica) o que motivou os profissionais a encontrar ou mesmo
improvisar soluções que pudessem corrigir parcialmente as deficiências e,
consequentemente melhorar a adesão às praticas.
Essa medida possibilitou um maior comprometimento da gestão com as
mudanças sugeridas, bem como propiciou um espaço de discussão coletiva
onde todos os atores se responsabilizaram pelas orientações das melhores
práticas para o paciente e, dessa forma favoreceu a adesão às medidas
propostas. Trabalhos mostram o papel da liderança na implicação e na
melhoria dos processos de trabalho das instituições corroborando com os
resultados obtidos(94), bem como apontam que o apoio das lideranças é uma
das principais estratégias empregadas para superar os desafios e barreiras
para se implantar protocolos(95).
Ainda no processo de revisão do plano de ações proposto pelo diagrama
de afinidades, outro fator positivo para a integração da equipe e o cumprimento
de parte dos critérios foi a adoção de um instrumento único multidisciplinar de
evolução e avaliação diária utilizado nas UTI. Este instrumento foi resultado de
um trabalho coletivo de compilação dos diversos modelos de evoluções que já
existiam dos distintos profissionais, mas que eram utilizados de forma isolada
e, pelo fato de ter sido elaborado de forma conjunta, transformando-se num
documento único e teve boa aceitação entre os membros da equipe
multiprofissional.
35
A construção conjunta do formulário possibilitou que todos trabalhassem
com um tema conhecido, com implicação direta, além de reconhecer a
relevância do problema, propiciando assim, o comprometimento com as
práticas de melhoria da qualidade. Estudos apontam que programas de
melhoria da qualidade que não consideram a participação dos profissionais
inclusos no processo de cuidado têm resultados piores(96).
O formulário desenvolvido favoreceu a evolução diária de todos os
profissionais que faziam parte das equipes das UTI e passou a servir de
checklist das principais rotinas e normas de boas práticas necessárias aos
cuidados em centros de atenção aos pacientes críticos. Neste formulário foi
incluída a checagem de critérios como a elevação da cabeceira do leito, o
registro diário da pressão do cuff, a prescrição de medicamentos de prevenção
de úlceras pépticas e trombose venosa profunda, dentre outras medidas que,
apesar de não serem objeto do estudo, passaram a integrar as rotinas de boas
práticas para segurança do paciente como, por exemplo, a prevenção de
úlceras por pressão, dentre outras.
Observa-se na última avaliação (3ª) que a maioria dos critérios sofreu
uma variação positiva e estatisticamente significativa no percentual de
cumprimento, exceto HM. A literatura referenda que esse fato possa ter
ocorrido devido a falhas nas análises das causas e, consequentemente, na
planificação das medidas corretivas(97).
Importante destacar que durante a coleta de dados no período de
observação, dentre os 5 momentos recomendados pela OMS como adequados
para HM(98), os momentos mais omissos relativos à HM foram aqueles que
precediam o contato com o paciente e a realização de procedimentos
assépticos. Trabalhos da literatura também apontam estes momentos com
piores resultados na adesão(99). Dessa forma, um dos cartazes utilizados como
estratégia educativa, foi elaborado com o objetivo de chamar a atenção dos
profissionais para HM nessas situações mais negligenciadas.
Várias falhas de estrutura e de processo foram atribuídas como
prováveis causas dessa queda do nível de cumprimento do critério de HM
(critério 3): a irregularidade de abastecimento, durante o período do estudo, de
insumos, tais como, sabão líquido, papel toalha, álcool gel, dispensadores de
36
álcool e/ou pias em quantidade insuficiente e processo de trabalho deficiente
(baixa adesão ao protocolo de HM). Tido como critério essencial e fundamental
pelo seu elevado nível de evidência (IA)(45) para as medidas de prevenção de
IRAS, o critério higiene de mãos passará a ser objeto de intervenção de uma
nova atividade de um ciclo de melhoria exclusivo, aperfeiçoando a análise das
causas de não cumprimento e adequando o planejamento da intervenção na
perspectiva de mudar essa realidade; ponderando, portanto a necessidade de
replanificação(99).
Não obstante a melhora dos resultados alcançados, a possibilidade de
melhoria ainda é grande. Dos oito critérios que melhoraram, três deles (critérios
2, 5 e 9), ainda aparecem com menos de 50% de cumprimento o que pode ser
justificado pelo curto período de intervenção e por inúmeros outros fatores.
A comunicação ineficiente entre os turnos (critério 2) parece ser um
problema cultural dentro da instituição avaliada. Existe ainda uma má prática
de se negligenciar essa atividade nas mudanças de turnos comprometendo
sobremaneira a continuidade do cuidado e favorecendo o aparecimento de
danos ao paciente(100).
Não foi possível identificar durante o estudo quais foram os principais
motivos que impediram ou dificultaram uma comunicação nos momentos de
trocas de turnos/passagens de plantão de forma mais eficiente. O instrumento
desenvolvido para as evoluções multidisciplinares foi utilizado para tentar
direcionar a troca de informações nas mudanças de turnos, atuou como uma
das inúmeras barreiras de segurança que as instituições de saúde devem
implantar para se reduzir o risco de erros e garantir a continuidade do
cuidado(101). Diante do resultado obtido, é pertinente instituir novas ações que
objetivem melhorar percepção dos profissionais de saúde na dimensão da
cultura de segurança do paciente que trata das transferências internas e
passagens de plantão como forma de favorecer a continuidade da
assistência(102).
Considerado como um dos critérios de maior evidência para a prevenção
de PAV(40), a interrupção diária da sedação e avaliação diária das condições de
extubação (critério 5) apresentou percentual de cumprimento de 45% ao final
da 3ª avaliação. Algumas razões podem ser atribuídas a esse resultado: não
37
existia uma estratégia sistematizada para identificação dos pacientes elegíveis
para o TRE e alguns profissionais médicos não seguiam os protocolos de
sedação e as metas de interrupção diária da infusão preconizadas no serviço.
Esses aspectos estão relacionados com a qualidade da assistência
ventilatória e são recomendados por consensos de especialidades e estão
previstas em protocolos e diretrizes internacionais e nacionais (grau de
evidência A)(40,103). Essa rotina assistencial de interromper a sedação e avaliar
as condições de extubação de cada paciente através do TRE deve fazer parte
da rotina dos cuidados prestados em UTI e os resultados obtidos mostram que
essa prática não é uma realidade nas unidades avaliadas. Portanto medidas
específicas devem ser adotadas para ajustar o processo assistencial. Estudos
mostram que uma das estratégias que poderia ser adotada com bons
resultados, seria a condução de protocolos por profissionais não médicos como
protocolos de manejo de sedação e analgesia implantados por enfermeiros(104).
A monitorização da pressão do cuff (critério 9) foi o único critério com
100% de descumprimento na avaliação inicial, pois a equipe que foi
entrevistada (enfermagem) desconhecia que existiam cufômetros nas UTI.
Dessa forma, atribui-se que parte da variação positiva encontrada na 2ª
avaliação foi devida ao fato de ter sido iniciada a intervenção, pois a equipe de
fisioterapeutas passou a manejar com mais frequência o equipamento e,
consequentemente, seu uso passou a ser mais comum. Apesar de
considerarmos que houve melhora importante (aumento de quase 42% com
p<0,001) após os ciclos de melhoria, o resultado final ainda abaixo de 50% do
percentual de cumprimentos não parece um resultado satisfatório
principalmente se for considerado que manter a pressão do cuff em níveis
adequados pode contribuir para a prevenção das PAV, além de prevenir lesões
da mucosa traqueal(105).
Durante o processo de avaliação, foi identificado um déficit de
profissionais fisioterapeutas na instituição e observou-se que, em alguns turnos
de plantão, não existiam profissionais de fisioterapia, sendo esse,
provavelmente, um dos motivos pelo qual esse critério não avançou mais, até
porque, na ausência do fisioterapeuta existia uma resistência muito grande por
parte da enfermagem em verificar a pressão do cuff, sob a alegação de
38
também estar sobrecarregada com as atividades do turno de trabalho.
Portanto ainda é necessário um investimento na adequação do déficit de
profissionais de fisioterapia, bem como avaliação mais detalhada das prováveis
causas da não medição da pressão do cuff por parte da equipe de
enfermagem, pois instituições que possuem uma boa cultura de segurança
apresentam um alto grau de colaboração entre as equipes na
readequação/redistribuição do trabalho(106).
Não podemos inferir se a perda da evidência de alguns critérios de
prevenção de PAV também teve relação com a sua baixa adesão.
A literatura ainda é escassa quanto ao uso de ciclos de melhoria da qualidade
em serviços de saúde. Os dados obtidos no presente estudo apontam que os
ciclos de melhoria realizados foram válidos para promover uma melhor adesão
às medidas de prevenção de PAV em UTI, através de práticas mais seguras e
sistematizadas(107) e, para se obter resultados progressivamente melhores, são
necessários novos ciclos de melhoria constantes para promover mudanças de
cultura, comportamento e infraestrura.
O monitoramento da densidade de incidência de PAV mostrou uma
tendência de queda após as intervenções, contudo será necessário um período
maior de intervenção e monitoramento para se acompanhar essa curva
decrescente da DI.
39
6. CONCLUSÕES
A participação dos profissionais envolvidos no processo e a colaboração
das lideranças na elaboração e execução do projeto de intervenção mostrou-se
um método efetivo para as mudanças das práticas assistenciais e,
consequentemente, para o comprometimento com as ações de melhoria da
qualidade, corroborando a conclusão de outros autores nessa avaliação.
A oportunidade de melhoria identificada apontou um problema de
qualidade, mas outros foram revelados como a cultura de segurança e, assim
como o problema trabalhado, poderão ser agora analisados e serem alvo
também de CM, uma vez que o método trouxe bons resultados e, em grande
parte, significativos.
De um modo geral, a intervenção planejada e implantada através de um
CM foi efetiva, porém não o suficiente para resolver todos os problemas
identificados como critérios de qualidade, contudo trouxe um novo olhar para a
política de segurança do paciente e, consequentemente para a gestão da
qualidade e consolidou uma nova prática dentro do âmbito hospitalar. Para que
se alcance novos resultados positivos, é necessário manter e solidificar a
cultura de qualidade e as práticas de melhoria contínua em busca da
sublimidade(107).
40
7. APÊNDICES
Apêndice 1 - Critérios estabelecidos para avaliar a qualidade com suas exceções e esclarecimentos e índice de confiabilidade Kappa de cada critério. Natal(RN), 2016
Critério Enunciado Exceção Esclarecimentos Índice kappa
1
Capacitação dos funcionários das UTI sobre PAV
Nenhuma
O funcionário deve ter conhecimento sobre conceito, epidemiologia, fatores de risco, prevenção e evolução das PAV. Informar se já recebeu treinamento formal nos últimos seis meses.
K=0,56
2
Comunicação multiprofissional eficiente nas mudanças de turnos
Nenhuma
A passagem de plantão interturnos deve ser feita no ambiente de trabalho, multidisciplinar (no mínimo médico e um membro da equipe de enfermagem da unidade) de forma eficiente e com repasse das informações mais relevantes sobre o processo de prevenção de PAV.
K=0,64
3 Higienização das mãos
Nenhuma
Todos os profissionais das UTI devem higienizar as mãos utilizando água e sabão (ou sabonete antisséptico) e/ou solução alcoólica nos 5 momentos preconizados pelas boas práticas: 1-antes de entrar em contato com o paciente, 2-imediatamente antes da realização de qualquer procedimento asséptico, 3-imediatamente após risco de exposição a fluidos corporais (e após a remoção de luvas), 4-após contato com o paciente, com as superfícies e objetos próximos a ele e ao sair do ambiente de assistência ao paciente e 5-após tocar qualquer objeto, mobília e outras superfícies nas proximidades do paciente – mesmo sem ter tido contato com o paciente. Só considerar o critério atendido se, diante da necessidade, todas as etapas tiverem sido contempladas.
K=0,58
4
Elevação da cabeceira da cama p/ todos os pacientes em VM
Pacientes c/ contra-indicação médica p/ elevação da cabeceira (p.ex TRM)
Prescrição médica e/ou de enfermagem para manter elevada a cabeceira da cama do paciente em ventilação mecânica entre 30-45° p/ reduzir o risco de aspiração de condensado do circuito de ventilação, de conteúdo gastrointestinal ou secreção oro/nasofaríngea. (prescrição e visualização ou visualização)
K=0,94
41
5
Interrupção Diária da Sedação e Avaliação Diária para extubação
Pacientes c/ contra-indicação médica p/ suspender sedação (p.ex Ventilação difícil ou c/ parâmetros desfavoráveis, PEEP elevado, pacientes neurocirúrgicos c/ indicação de sedação protetora)
Deve haver prescrição médica (prescrever a interrupção pela manhã), enfermeiros interrompem a sedação, checam na prescrição no prontuário do paciente e monitoram a escala de atividade motora e Fisioterapeutas monitoram os parâmetros ventilatórios. Devem-se realizar interrupções diárias da sedação até o paciente mostrar-se acordado e capaz de seguir instruções, ou apresentar agitação e desconforto requerendo reintrodução da sedação. Caso este item seja contraindicado o médico deverá justificar o motivo na folha de evolução clínica.
K=0,66
6 Prevenção de Úlcera Péptica
Nenhuma
Deve haver prescrição médica diária de antagonista H2, sucralfato e/ou inibidores de bomba de prótons para redução do risco de hemorragia digestiva alta por stress e de aumento da permanência sob VM. A prescrição deve estar checada pela enfermagem no prontuário do paciente. Caso este item seja contraindicado o médico deverá justificar o motivo na folha de evolução clínica.
K=0,93
7
Prevenção de Tromboembolismo Venoso (TEV)
Pacientes com plaquetopenia <100mil/mm
3 de
sangue
Prescrição médica diária de medicamentos para profilaxia de TVP (heparina fracionada ou não) para redução do risco de tromboembolismo pulmonar e do aumento do tempo em VM. A prescrição deve estar checada pela enfermagem no prontuário do paciente. Caso este item seja contraindicado o médico deverá justificar o motivo na folha de evolução clínica
K=0,94
8
Higienização Oral com Clorexedine a 0,12%
Pacientes com hipersensibilidade a clorexedine
Prescrição médica e/ou de enfermagem e/ou cirurgião-dentista diária de higienização da cavidade oral com clorexedine 0,12% em pacientes sob ventilação mecânica, 03 - 04 vezes por dia para redução da carga microbiana oral e redução de risco de broncoaspiração de grande inóculo bacteriano na secreção peri-cuff. A prescrição deve estar checada pelo executante (enfermagem, ou cirurgião-dentista ou fisioterapeuta) no prontuário do paciente.
K=0,62
9 Monitorização da pressão do cuff
Nenhuma
Enfermagem ou fisioterapeutas devem conferir a pressão do cuf, com a utilização de um cufômetro, corrigir (se necessário) e registrar no prontuário do paciente o procedimento. Deve haver o registro da medida da pressão do cuff na evolução da enfermagem ou da fisioterapia, no mínimo 3 vezes por dia, ou sempre que se identificar dificuldade para se manter uma pressão de PEEP adequada para o paciente. A pressão do cuff do tubo de estar entre 20-30 cmH2O).
K=0,64
42
Apêndice 2 - Dimensões da qualidade e tipos de dados avaliados para cada critério. Natal(RN), 2016
Critério Dimensão da Qualidade Avaliada
Tipos de Dados
1- Capacitação dos funcionários das UTI sobre PAV
Qualidade técnico-científica
Baseada nos conhecimentos existentes, buscando atender de forma científica as necessidades da assistência à saúde.
Estrutura
2- Comunicação multiprofissional eficiente nas mudanças de turnos
Acessibilidade (interna)
As barreiras organizacionais (dentro do sistema/ serviço de saúde) como a falta de coordenação entre os profissionais, podem impedir o fluxo normal processo assistencial visto na totalidade. Dessa forma o processo de comunicação pode influir na acessibilidade interna.
Processo
3- Higienização das mãos Qualidade técnico-científica. Processo
4- Elevação da cabeceira da cama p/ todos os pacientes em VM
Qualidade técnico-científica Processo
5- Interrupção Diária da Sedação e Avaliação Diária para extubação
Qualidade técnico-científica Processo
6- Prevenção de Úlcera Péptica Qualidade técnico-científica Processo
7- Prevenção de Trombose Venosa Profunda (TVP)
Qualidade técnico-científica Processo
8- Higienização Oral com Clorexidina a 0,12%
Qualidade técnico-científica Processo
9- Monitorização da pressão do cuff Qualidade técnico-científica Processo
43
Apêndice 3 - Cronograma das atividades elaborado através de um Diagrama de
Gantt. Natal (RN), 2016
Projeto: TAREFAS Responsáveis
01-1
0 S
ete
mb
ro/1
5
11-2
0 S
ete
mb
ro/1
5
21-3
1 S
ete
mb
ro/1
5
01-1
0 N
ovem
bro
/15
11-2
0 N
ovem
bro
/15
21-3
0 N
ovem
bro
/15
01-1
0 N
ovem
bro
/15
11-2
0 N
ovem
bro
/15
21-3
0 N
ovem
bro
/15
01-2
0 D
ezem
bro
/15
21-3
1 D
ezem
bro
/15
01-3
1 J
aneiro/1
6
Elaborar Procedimento Operacional Padrão (POPs) para prevenção de PAV.
Hélida, NSP, SCIH
Elaborar modelo de evolução/admissão clínica que inclua campos de perguntas objetivas (S ou N) p/ as medidas mandatórias a serem adotadas como: a)prescrição de elevação da cabeceira 30-45
o, b)higienização oral c/clorexedina a
0,12%, c)medicação p/ prevenção de UP, d) medicação p/ prevenção de TVP, e)verificação da pressão do cuff, f)prescrição de interrupção da sedação e, em caso da não prescrição, incluir um campo de justificativa.
Hélida,
Coordenação
médica e de
enferm. das UTI
Treinar todos os profissionais envolvidos c/ a assistência sobre conceito, epidemiologia, fatores de risco, prevenção e evolução das PAV através do NEP.
Hélida,
Coordenação
médica e de
enferm. das UTI e
NEP
Treinar ”in loco” repassando a aplicação do POP.
Hélida, NEP
Mudar o sistema de passagem de plantão com adoção de check list que contemple o repasse das informações relevantes a serem observadas, incluindo de forma clara e objetiva todos os itens que devem ser explorados como elevação da cabeceira, pressão do cuff, higienização oral, esquema de sedação, medicação para prevenção de TVP e UP.
Hélida,
Coordenação
médica e de
enferm. das UTI
Estabelecer um horário diário como rotina para interrupção da sedação dos pacientes sob VM.
Hélida,
Coordenação
médica e de
enferm. das UTI
Implantar sinalização visual (cartazes) para adoção das medidas corretas de higienização das mãos (deixar visível em diversos ambientes como junto às pias e dispensadores de álcool, cartazes que demonstrem p/ os funcionários, pacientes e familiares todas as situações necessárias p/ higienizar as mãos).
Hélida, SCIH, NSP
Implantar sistema específico de sinalização/lembrete para os pacientes que estão com a sedação desligada e/ou em desmame de VM.
Hélida,
Coordenação
médica e de
enferm. das UTI
44
Adquirir dispensadores de álcool para higiene das mãos em quantidade suficiente para todos os leitos.
Hélida,
Coordenador da
Divisão de
Higienização
Adquirir clorexedine a 0,12% para uso em cavidade oral.
Hélida,
Coordenador da
Divisão de
Farmácia (Carla)
Adquirir cufômetros. Hélida, Chefia do
setor de compras
Adquirir e/ou reparar os leitos das UTI que estão com limitação para elevar as cabeceiras.
Hélida, NSP,
Direção
Administrativa e
Chefe da DSG
Monitorar através do SCIH as taxas de incidência de Infecções Relacionadas à Assistência, em especial PAV.
Hélida, SCIH, NSP
Divulgar os resultados periodicamente como forma de incentivar a equipe a buscar a melhoria contínua.
Hélida, SCIH, NSP
45
Apêndice 4 - Álbum Seriado
1
2
3
4
5
6
46
7
8
9
10
11
12
47
13
14
15
16
17
18
48
19
20
21
22
23
24
49
25
26
27
28
29
30
50
31
32
33
34
35
36
51
37
38
39
40
41
42
52
43
44
45
46
47
48
53
49
50
51
52
53
54
54
55
56
57
58
59
60
55
61
62
63
56
Apêndice 5 - Formulário de Evolução Multiprofissional – Frente
57
Apêndice 5 - Formulário de Evolução Multiprofissional – Verso
58
Apêndice 6 - Roteiro de Visita Multidisciplinar – Frente
59
Apêndice 6 - Roteiro de Visita Multidisciplinar – Verso
60
Apêndice 7 - Formulário de Admissão Médica – Frente
61
Apêndice 7 - Formulário de Admissão Médica - Verso
62
Apêndice 8 - Roteiro Multiprofissional (“checklist”) de Admissão
63
Apêndice 9 - Cartaz – Higiene de mãos
64
Apêndice 10 - Cartazes – Risco de extubação e outros riscos
65
8. ANEXOS
Anexo 1 – Carta de Anuência Institucional
66
Anexo 2 - Nível de Recomendação e Qualidade da Evidência
Categoria / Grau Definição
Nível de Recomendação
A Boa evidência para embasar a aplicação de uma recomendação
B Evidência moderada para embasar a aplicação de uma recomendação
C Evidência pobre para embasar uma recomendação
Qualidade da Evidência
I Evidência de > 1 ensaio randomizado
II
Evidência de > 1 ensaio clínico não randomizado; estudos observacionais de coorte ou caso-controle (preferencialmente > 1 centro); de múltiplas séries de casos ou de resultados excepcionais em experimentos não controlados.
III
Evidência baseada em opiniões de autoridades respeitadas; baseadas em experiência clínica, estudos descritivos, ou relatórios de comitês de especialidades.
Nota: Adaptado do Canadian Task Force on the Periodic Health Examination – Fletcher, B., and D. L. Sackett. "Canadian task force on the periodic health examination: the Periodic Health Examination." CMAJ 121 (1979):1193-1254.
67
Fonte: Modelo adaptado da obra: Saturno PJ, Santiago MC, Anton JJ: Analisis de la fiabilidad de criterios. Manual del Master en Gestión de la Calidad en los Servicios de Salud.
(90)
Anexo 3 -
Modelo - Planilha de coleta de dados utilizada nos inquéritos (1 = Cumpre; 0 = Não Cumpre)
Amostra Critério
1 Critério
2 Critério
3 Critério
4 Critério
5 Critério
6 Critério
7 Critério
8 Critério
9
1 1 0 0 0 1 1 1 0 0
2 0 0 0 0 0 0 1 1 0
3 1 1 0 1 0 0 1 0 0
4 1 1 0 1 1 1 0 0 0
5 1 1 1 0 0 0 0 1 0
6 1 1 0 1 0 1 0 1 0
7 1 0 0 0 0 0 0 1 0
8 1 1 0 1 0 0 1 1 0
9 0 0 0 1 0 0 0 1 0
10 0 0 0 1 0 0 0 0 0
- - - - - - - - - -
- - - - - - - - - -
- - - - - - - - - -
- - - - - - - - - -
30
Cumprimentos
Descumprimentos
Nível de Cumprimento (%)
68
9. REFERENCIAS
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