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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
ALYSON MARLOS DE OLIVEIRA MIRANDA
EFEITO DA LASERTERAPIA SOBRE A PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS
PULPARES CULTIVADAS SOBRE FILMES POLIMÉRICOS
NATAL/RN
2017
2
ALYSON MARLOS DE OLIVEIRA MIRANDA
EFEITO DA LASERTERAPIA SOBRE A PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS
PULPARES CULTIVADAS SOBRE FILMES POLIMÉRICOS
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Cirurgião-Dentista. Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão Barboza.
Natal/RN
2017
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Catalogação na Fonte. UFRN / Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
Catalogação na Fonte. UFRN / Departamento de Odontologia
Miranda, Alyson Marlos de Oliveira. Efeito da laserterapia sobre a proliferação de células pulpares cultivadas sobre filmes poliméricos / Alyson Marlos de Oliveira Miranda. – Natal, RN, 2017.
24 f. Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão Barboza. Monografia (Graduação em Odontologia) – Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde, Natal, 2017.
1. Materiais Biocompatíveis - Monografia. 2. Regeneração - Monografia. 3. Lasers - Monografia. I. Barboza, Carlos Augusto Galvão. II. Título. RN/UF/BSO BLACK D151
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EFEITO DA LASERTERAPIA SOBRE A PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS
PULPARES CULTIVADAS SOBRE FILMES POLIMÉRICOS
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Cirurgião-Dentista.
Aprovado em: 19 / 06 / 2017
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão Barboza.
Departamento de Morfologia/UFRN
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa.
Departamento de Odontologia/UFRN
___________________________________________________________________ Prof. Dr. Euler Maciel Dantas.
Departamento de Odontologia/UFRN
5
DEDICATÓRIA
A Deus, por seu infinito amor.
A meus pais, meu porto seguro.
À minha vó Alice, meu colo de Deus.
À Rayane, que não é só um ombro amigo, mas todo um coração.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Por guiar minha vida, minha família, minhas atitudes diárias. Tudo o que eu fizer terá
orações que me levará até Ele.
A meus pais,
Pela presença e total dedicação. Em vocês encontro todos os porquês e motivos.
A Rayane,
Pelo companheirismo de sempre. Por tornar o amor um segundo nome, que a vida
me deu de presente.
A meu orientador Carlos Augusto,
Pelo acolhimento e confiança, desde o primeiro momento.
Aos professores Costinha, Edna, Ângela e Lélia,
Pelo apoio ao projeto e por me ajudarem a descobrir verdades, com ética e paixão.
Aos integrantes do grupo de pesquisa Biologia Crânio Facial,
Pela disponibilidade e desejo de ajudar sempre.
Aos amigos que a Odontologia me deu,
Por compartilharmos momentos, muito além das expectativas sobre cada um de nós
e da capacidade de nossas mãos.
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RESUMO
A engenharia de tecidos é uma ferramenta promissora utilizada para obter reparo
funcional de diversos órgãos, com a utilização de arcabouços biocompatíveis
associados a fatores celulares e teciduais. O objetivo do presente estudo foi avaliar o
estímulo da laser de baixa intensidade (1 J/cm2) sobre a adesão e proliferação de
células pulpares em filme de ácido poliláctico (PLA). Foram avaliados três grupos:
Grupo 1 (controle) – células cultivadas sobre a superfície plástica de placas de cultivo
celular; Grupo 2 – células cultivadas sobre filmes de PLA; Grupo 3 – células cultivadas
sobre filmes de PLA e irradiadas com laser de diodo (InGaAIP) com comprimento de
onda de 660nm e potência de 30mw, dose de 1,0 J/cm² e irradiação emitida de forma
contínua. O experimento foi conduzido em triplicata com os intervalos de tempo 24 e
72h. A viabilidade e proliferação celular foram avaliadas pelo método de exclusão azul
de tripan (24 e 72 h) e fotomicrografia na interface biomaterial-plástico. Os resultados
mostraram proliferação celular em todos os grupos, sendo significativamente maior no
grupo 3 em relação aos grupos 1 (p<0.001) e 2 (p<0.05) no intervalo de 72 horas.
Esses dados sugerem que o estímulo do laser, nos parâmetros utilizados, aumenta a
proliferação celular, tendo assim uso potencial para aplicações futuras na Odontologia
regenerativa.
Palavras-chave: Lasers. Materiais Biocompatíveis. Proliferação Celular.
8
ABSTRAT
Tissue engineering is a promising tool used to obtain functional repair of several
organs, with the use of biocompatible scaffolds associated with cellular and tissue
factors. The aim of the present study was to evaluate the effect of low laser laser
irradiation (1 J/cm2) on adhesion and proliferation of pulp cells cultured on poly lactic
acid (PLA) films. Three groups were evaluated: Group 1 (control) - cells cultured on
the plastic surface of cell culture plates; Group 2 - cells cultured on PLA films; Group
3 - cells cultured on PLA films and irradiated with diode laser (InGaAIP) with
wavelength of 660nm and power of 30mW, dose of 1 J/cm² and irradiation emitted
continuously. The experiment was conducted in triplicate at intervals of 24 and 72 h.
Cell viability and proliferation were evaluated by the tripan blue exclusion method (24
and 72 h) and photomicrography at the biomaterial-plastic interface. The results
showed cellular proliferation in all groups, being significantly higher in Group 3 in
relation to groups 1 (p <0.001) and 2 (p <0.05) at 72 h. These data suggest that the
stimulation of the laser, in the parameters used, increases the cellular proliferation,
thus having potential use for future applications in regenerative dentistry.
Keywords: Lasers. Biocompatible materials. Cell proliferation.
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10
2 METODOLOGIA ................................................................................................. 12
2.1 OBTENÇÃO CELULAR ....................................................................................... 12
2.2 FABRICAÇÃO DO FILME PLA ........................................................................... 12
2.3 CULTIVO CELULAR ........................................................................................... 13
2.4 CULTIVO CELULAR EM FILME DE PLA ............................................................ 13
2.5 IRRADIAÇÃO LASER DE BAIXA INTENSIDADE ............................................... 14
2.6 ANÁLISE DA PROLIFERAÇÃO CELULAR ......................................................... 14
2.7 TESTE DE CONTATO DIRETO .......................................................................... 15
2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................... 15
3 RESULTADOS .................................................................................................... 16
4 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 18
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 211
ANEXO................................................................................................................ 23
10
1 INTRODUÇÃO
A regeneração dos tecidos craniofaciais continua a ser um desafio clínico na
Odontologia, constituindo um amplo campo de pesquisa na Engenharia de tecidos. A
perda dos tecidos craniofaciais é ocasionada por uma série de fatores, dentre eles:
traumas, neoplasias e doença periodontal.1 A terapia celular vem sendo amplamente
estudada com o objetivo de melhorar o tempo e a qualidade da cicatrização de
diversos tecidos orais. A associação dessas células com arcabouços biocompatíveis
proporciona um ambiente estrutural favorável ao crescimento celular, que pode ser
potencializado com associação a componentes biomoduladores, dentre eles o laser
de baixa intensidade (LBI).²
O LBI tem sido utilizado em diversas situações clínicas, principalmente em
processos cicatriciais. Em virtude de baixas densidades de energia e comprimento de
onda utilizados, o LBI é capaz de penetrar facilmente nos tecidos resultando em
síntese de fatores de crescimento, aumento da atividade e proliferação celular,
produção de colágeno e angiogênese. A capacidade que o LBI apresenta de estimular
a proliferação dos mais diferentes tipos celulares tem sido relatada como seu mais
importante efeito fisiológico.²
Dependendo das propriedades físicas e químicas dos biomateriais utilizados
para confecção de arcabouços celulares, esses podem gerar respostas positivas ou
negativas no processo de adesão, proliferação, migração, diferenciação e viabilidade
celular.³ O ácido poliláctico (PLA) é um biomaterial que pertence aos hidroxiácidos e
tem o ácido láctico (α-ácido 2-hidroxipropianóico) como matéria prima. Este
biomaterial é amplamente aceito para aplicações biomédicas devido a suas
propriedades positivas no que se refere à biodegradabilidade, biocompatibilidade e
sua fácil disponibilidade, em virtude do baixo custo.4 Nesse contexto, o ácido
poliláctico vem sendo utilizado como arcabouço para diversos tipos celulares .5,6
O efeito bioestimulatório do LBI tem sido investigado sobre diversas linhagens
celulares como: células-tronco mesenquimais (MSC), células-tronco de ligamento
periodontal humano, células-tronco da polpa de dentes humanos e também sobre
linhagens de pré-osteoblastos MC3T3-E1, oferecendo bons resultados.7,8,9,10 Porém,
até o presente momento, nenhum estudo avaliou o efeito estimulatório do LBI sobre
células pulpares cultivadas em arcabouços de ácido poliláctico (PLA). O objetivo do
11
presente estudo foi avaliar o bioestímulo do laser de baixa intensidade na dose de 1
J/cm2 com comprimento de onda de 660nm e potência de 30mw, sobre a adesão e
proliferação de células pulpares cultivadas sobre filme de PLA.
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2 METODOLOGIA
2.1 OBTENÇÃO CELULAR
As células foram obtidas após autorização do comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Parecer CAAE:
34913314.4.0000.5537). Foram utilizados três dentes decíduos em estágio final de
esfoliação e extração indicada, obtidos de crianças entre 06 a 12 anos, com bom
estado de saúde sistêmica e bucal, apresentando diagnóstico radiográfico de rizólise
dos terços apical e médio da raiz.
O processo de obtenção das células pulpares ocorreu após a exodontia, no
qual cada dente foi imediatamente mantido em tubo tipo Falcon contendo 5 mL de
meio alfa-MEM em condição hipotérmica (4ºC). Posteriormente, em câmara de fluxo
laminar, os dentes foram submetidos a três lavagens de 10 minutos cada, com uma
solução contendo meio alfa-MEM enriquecido com 10.000 U.I./mL de Penicilina,
10.000 µg/mL de Estreptomicina, 100 mg/mL de Gentamicina e 250 µg/mL de
Anfotericina B, objetivando eliminar possível contaminação.
O tecido pulpar foi cuidadosamente retirado por curetagem e, em seguida, o
extrato foi submetido à digestão enzimática com 3 mg/mL de colagenase I
(Gibco,USA) e 4mg/mL de dispase (Gibco, USA), por 1 hora a 37°C. As culturas foram
mantidas em meio alfa-MEM suplementado com 15% de Soro Fetal Bovino (SFB) a
37ºC em 5% de CO2 até atingirem 70 – 90% de confluência, com troca de meio a cada
três dias.
2.2 FABRICAÇÃO DO FILME DE PLA
Os filmes foram fabricados no Laboratório de Técnicas Histológicas do
Departamento de Morfologia da UFRN, através de uma adaptação da técnica descrita
por Lian et al.11, no qual 5 gramas de PLA foram dissolvidos em 100 mL de clorofórmio
em um agitador magnético durante 30 minutos. Em seguida, o material foi deixado
numa câmara de ventilação, durante duas horas, para evaporação do clorofórmio
residual e, posteriormente, deixado em overnight na estufa. Os filmes obtidos foram
recortados em fragmentos circulares com 1 cm de diâmetro.
13
2.3 CULTIVO CELULAR
As células pulpares foram cultivadas em meio de cultura α-MEM (Cultilab)
suplementadas com 10% de Soro Fetal Bovino (SFB; Gibco, USA) com 1% de
antibiótico, em garrafas de cultivo celular de 75 cm2. Foram mantidas a 37ºC em 5%
de CO2 até atingirem 80 a 90% de confluência, com troca de meio a cada três dias.
O experimento foi conduzido em triplicata com três grupos experimentais
(Figura 1), em dois intervalos de tempo após irradiação.
• Grupo 1 - Células pulpares cultivadas sobre a superfície da placa.
• Grupo 2 - Células pulpares cultivadas sobre biofilme de ácido poliláctico.
• Grupo 3 - Células pulpares cultivadas sobre biofilme de ácido poliláctico e
submetidas à laserterapia de baixa intensidade.
Figura 1: Desenho experimental da distribuição dos grupos na placa de cultura de 24 poços. Preto: Grupo 1; Verde: Grupo 2; Vermelho: Grupo 3. Os espécimes do Grupo
3 foram cultivados deixando-se o intervalo de um poço em vazio para evitar dispersão não intencional da irradiação.
2.4 CULTIVO CELULAR EM FILME DE PLA
As fibras de PLA foram esterilizadas de acordo com o protocolo adaptado de
Mansourizadeh et al.12 sobre raio ultravioleta (UV) por 3 horas, em seguida imersas
em etanol 70% durante 30 minutos e lavadas três vezes com solução salina
tamponada com fosfato (PBS) por 15 minutos cada e finalmente cultivadas overnight
em meio completo (αMEM, 10% SFB, 1% Antibióticos) com objetivo de aumentar a
hidrofilicidade do biomaterial. As células foram então cultivadas sobre cada arcabouço
de PLA em uma densidade padronizada de 2x104 células/cm2.
14
2.5 IRRADIAÇÃO COM LASER DE BAIXA INTENSIDADE
A irradiação com laser de baixa intensidade foi realizada logo após o
plaqueamento das células nos seus respectivos poços. O aparelho utilizado para as
irradiações foi um Laser diodo de InGaAIP (Kondortech – Bio Wave LLLT Dual, Brasil),
com os parâmetros listados na Tabela 1.
Tabela 1 – Parâmetros utilizados do Laser de Baixa Intensidade.
Potência
Comprimento de onda
30mW
660nm
Dose 1,0J/cm²
0,01cm2 Diâmetro da ponta
Modo de ação
Tempo
Contínuo
40s
FONTE: Grupo de Pesquisa Biologia Crânio Facial da UFRN.
2.6 ANÁLISE DA PROLIFERAÇÃO CELULAR
Foi utilizado o método de exclusão por azul de tripan, após os intervalos de
tempo 24 e 72h, seguindo o seguinte protocolo: lavagem com PBS, adição de 500 µl
de tripsina (5 minutos), adição de 500µl meio α-MEM para inativar a tripsina,
passagem da amostra para cada tubo cônico de 15ml correspondente. Em seguida,
foi coletado, separadamente, 10µl da amostra e misturados com 10µl de azul de tripan.
Logo após, levado a câmera de Neubauer. Em seguida, para obtenção da estimativa
do número de células foi realizado o seguinte cálculo:
Número total de células contadas X fator de diluição
4X 104
15
2.7 TESTE DE CONTATO DIRETO
Foram obtidas fotomicrografias da interface filme de PLA/placa de cultura
(Figura 2) em cada grupo experimental, nos dois intervalos de tempo estudados (24 e
72 horas), utilizando-se Microscópio Invertido (Eclipse Ti-U – Nikon) do Laboratório de
Biotecnologia de Polímeros Naturais (BIOPOL/ DBQ/ UFRN).
Figura 2 – Modelo da fotomicrografia da interface filme de PLA/placa de cultura.
Em seguida, as fotos obtidas foram comparadas entre os diferentes períodos
de observação para avaliação qualitativa da proliferação celular na placa de cultura
e/ou sobre o filme de PLA.
2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A diferença entre os grupos para cada um dos tempos estudados (24 e 72
horas) foi analisada pelo teste estatístico de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney,
considerando um intervalo de confiança de 95%.
16
3 RESULTADOS
A proliferação das células pulpares analisada pelo método de coloração azul
de tripan é ilustrada na Figura 3. Todos os grupos apresentaram um incremento no
número de células com o decorrer do experimento, sendo que o Grupo 3 (células
cultivas sobre arcabouço de PLA e submetidas à laserterapia) exibiu um número de
células significativamente maior do que o Grupo 1 (p<0.001) e o Grupo 2 (p<0.05) no
intervalo de 72 h.
Figura 3 – Número médio (± desvio-padrão) de células pulpares dos três grupos nos
intervalos de 24 e 72 horas pelo teste do azul de tripan. Asteriscos representam
diferença estatisticamente significativa: *p<0.05; ***p<0.001; teste de Mann-Whitney.
Ao longo das 72 horas de experimento, podemos ver uma crescente
proliferação celular na interface do biomaterial com a placa de cultura, onde as células
apresentaram uma morfologia adequada ao seu tipo celular. O Grupo 3 mostrou
visivelmente um maior crescimento celular em comparação com os Grupos 1 e 2
(Figura 4).
*
***
G1 G2 G3 G1 G2 G3
17
Figura 4 - Fotomicrografias da interface filme de PLA (P) / placa de cultura (C) em
diferentes intervalos de tempo. A crescente proliferação celular na placa de cultura e
na interface com o filme de PLA durante o período da análise indica que,
provavelmente, também há um significativo número de células em sua superfície,
além de mostrar que o PLA não está impedindo a proliferação celular. Aumento: 10x.
0h
24h
72h
18
4 DISCUSSÃO
A utilização de células pulpares traz uma perspectiva de aliar qualidade aos
materiais de substituição tecidual, concedendo acréscimo de componente celular ao
material, conferindo-lhe maior capacidade regenerativa. Todavia, a obtenção de uma
quantidade considerável de um tipo celular específico é um fator importante na
regeneração tecidual. Por conseguinte, terapias que proporcionem um aumento na
taxa proliferativa das células em cultura é de grande interesse para a engenharia de
tecidos.13
No contexto da odontologia regenerativa, selecionar um arcabouço apropriado
à adesão celular torna-se um componente essencial. O arcabouço de ácido poliláctico
pode ser confeccionado para mimetizar a matriz extracelular, possibilitando suporte
mecânico para a implantação celular 14. Wang X et. 15 investigaram a proliferação
celular de células da polpa de dentes decíduos cultivadas sobre arcabouços de ácido
poliláctico, no qual obtiveram resultados significativos de aumento do número de
células quando comparados ao grupo controle. Esse fato foi confirmado no presente
estudo, ao verificar uma taxa considerável de proliferação celular após 72h, sugerindo
que o filme estrutural de PLA possui boa biocompatibilidade com as células pulpares,
servindo como possível arcabouço para usos in vivo.
No presente estudo o LBI mostrou-se uma ferramenta potencial para estimular
o crescimento de células pulpares. A literatura mostra que a fotobiomodulação é uma
alternativa útil para o estímulo da proliferação de diferentes tipos celulares 16.
Tuby, Maltz e Dian 17, usando doses de 1,0 e 3,0 J/cm² em células-tronco
mesenquimais e cardíacas, mostraram que o LBI promoveu um aumento significativo
dos dois tipos celulares após a aplicação do laser, quando comparados ao grupo
controle. Hou et al. 18 utilizando doses de 0,5, 1,0, 2,0 e 5,0 J/cm² em células-tronco
mesenquimais da medula óssea a LBI, mostrou aumento na população celular
significativamente maior no grupo submetido à irradiação, quando comparado ao
grupo controle, sendo a dose de 1,0 J/cm² a mais efetiva. Os resultados do presente
estudo reforçam a eficácia do LBI, com utilização da dose de 1,0 J/cm², em aumentar
a proliferação celular in vitro, sugerindo que a terapia com Laser apresenta um efeito
bioestimulatório dependente da dose a ser utilizada. Outrossim, essa taxa proliferativa
respalda-se na possível conversão de energia fotônica em energia química, na forma
19
de adenosina trifosfato (ATP), o que melhora as funções celulares, contribuindo para
o aumento da população de células e mantendo suas características de integridade 2.
Em relação à laserterapia em células de origem dentária, Moura-Netto et al. 19
submeteram células-tronco de dentes decíduos à irradiação com LBI em doses de 3,0
e 5,0 J/cm², sendo as células submetidas a diferentes estágios nutricionais.
Constataram uma taxa de crescimento celular significativamente maior nos grupos
submetidos ao laser, quando comparados ao controle. Soares et al. 13 observaram o
efeito bioestimulador do LBI em células-tronco do ligamento periodontal. A dose é um
componente importante na influência dos resultados de proliferação celular 20. No
presente estudo foi utilizada a dose de 1,0 J/cm², a qual promoveu uma significativa
bioestimulação, comparando-se ao grupo controle, sugerindo que essa dose não
danificou os fotorreceptores, o que ocasionou um aumento do efeito biomodulador.
Além disso, a análise quantitativa das células em diferentes intervalos de tempo (24 e
72h) apontam, através de testes estatísticos, um comportamento crescente de adesão
e proliferação celular nos grupos estudados (PLA e laser /PLA). Esses resultados são
concordantes com os achados de Moura-Netto, Zaccara e Soares 19,20.13.
20
5 CONCLUSÃO
Os resultados do presente estudo apresentam relevância clínica posto que a
utilização do LBI representa uma bioestimulação eficaz na terapia associada a células-
tronco, conferindo uma base para avanços da utilização dessas células em processos
regenerativos. Aliando-se a isso, o arcabouço de ácido poliláctico confere uma
microestrutura biocompatível ao desenvolvimento celular. Em suma, o presente
estudo revelou que o bioestímulo do laser com dose de 1,0 J/cm², associado à base
de biofilme polimérico, promoveu aumento da proliferação celular.
21
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23
ANEXO
As normas adotadas nessa monografia seguiram as instruções aos autores para
submissão de artigo no Journal of Applied Oral Science.
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
O manuscrito deve ser digitado da seguinte forma:1,5 de espaçamento em fonte arial
de 11 pts, com margens de 3 cm de cada lado, em uma página a4, somando até 15
páginas, incluindo as ilustrações (gráficos, fotografias, tabelas, etc). Os autores devem
manter uma cópia do manuscrito para possíveis pedidos.
CITAÇÃO DOS AUTORES
A citação dos autores no texto pode ser realizada de duas maneiras:
1) Apenas numérico: "e interfere com o sistema bacteriano e sistema de tecido 3,4,7-
10 ". As referências devem ser citadas em uma ordem numérica ascendente dentro do
parágrafo.
2) ou alfanumérico
Um autor - Silva 23 (1986)
Dois autores - Silva e Carvalho 25 (1987)
Três autores - Ferreira, Silva e Martins 27 (1987)
Mais de três autores - Silva, et al. 28 (1988)
Caracteres de pontuação, como períodos e vírgulas, devem ser colocados após a
citação numérica dos autores. Ex: Ferreira 38 .
REFERÊNCIAS
As referências devem seguir os "Requisitos uniformes para manuscritos submetidos
a Revistas Biomédicas - Vancouver".
Todas as referências devem ser citadas no texto. Eles devem ser ordenados
alfabeticamente pelo sobrenome do autor e numerados em ordem crescente de
acordo. A ordem de citação no texto deve seguir esses números. As abreviaturas dos
títulos das revistas internacionais citadas devem seguir o Index Medicus / MEDLINE.
Comunicações pessoais e dados não publicados sem data de publicação não devem
ser incluídos na lista de referência.
24
Resumos, monografias, dissertações e teses não serão aceitos como referências.
Os nomes de todos os autores devem ser citados até 6 autores;No caso de haver
mais autores, os 6 primeiros autores devem ser citados, seguidos pela expressão ",
et al.", Que deve ser seguida por "período" e não deve ser escrita em itálico. Ex: Uhl,
et al.
No máximo, 30 referências podem ser citadas, exceto para comentários convidados
pelo Editor-em-chefe.
Artigos publicados em revistas
Wenzel A, Fejerskov O. Validade do diagnóstico de lesões de cáries questionáveis
em superfícies oclusais de terceiros molares extraídos. Caries Res. 1992; 26: 188-93.
Trabalhos com mais de 6 autores
Os primeiros 6 autores são citados, seguidos pela expressão ", et al."
Parkin DM, Clayton D, Black RJ, Masuyer E, Friedl HP, Ivanov E, et al. Infância -
leucemia na Europa após Chernobyl: 5 anos de seguimento. Br J Cancer. 1996; 73:
1006-12.