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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS QUELPS MIQUELINO MENDONÇA DOS SANTOS Aplicação do Balanced Scorecard em uma organização militar da Força Aérea Brasileira: um estudo de caso NATAL 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

QUELPS MIQUELINO MENDONÇA DOS SANTOS

Aplicação do Balanced Scorecard em uma organização militar da

Força Aérea Brasileira: um estudo de caso

NATAL

2012

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QUELPS MIQUELINO MENDONÇA DOS SANTOS

Aplicação do Balanced Scorecard em uma organização militar da

Força Aérea Brasileira: um estudo de caso

Monografia apresentada ao Departamento

de Ciências Contábeis da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para

obtenção do título de Bacharel em Ciências

Contábeis.

Orientador: Prof. Me. Maxwell dos Santos

Celestino

NATAL

2012

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Santos, Quelps Miquelino Mendonça dos. Aplicação do balanced scorecard em uma organização militar da Força Aérea Brasileira: um estudo de caso/ Quelps Miquelino Mendonça dos Santos. - Natal, RN, 2012. 48f. Orientadora: Prof. M. Sc. Maxwell dos Santos Celestino. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Contábeis. 1. Contabilidade - Monografia. 2. Balanced scorecard – Monografia. 3. Organizações públicas – Monografia. 4. Gestão da estratégia – Monografia. I. Celestino, Maxwell dos Santos. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 657

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QUELPS MIQUELINO MENDONÇA DOS SANTOS

Aplicação do Balanced Scorecard em uma organização militar da

Força Aérea Brasileira: um estudo de caso

Monografia apresentada ao Departamento

de Ciências Contábeis da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para

obtenção do título de Bacharel em Ciências

Contábeis.

APROVADA EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________________Nota__________

Prof. Me. Maxwell dos Santos Celestino - Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________________Nota__________

Prof. Guilherme Henrique Costa da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________________Nota__________

Prof. Fabiana Lucena Bezerra de Azevedo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela realização desse projeto.

A Minha esposa, pelos incentivos, paciência e carinho nas horas mais difíceis.

Aos meus pais, pelo apoio sempre presente.

Ao professore Me. Maxwell dos Santos Celestino pela orientação do trabalho.

Ao Major Elésio Martins Ferreira, agente de controle interno da Base Aérea de Natal

pelas horas dispensadas em entrevistas e pela paciência em apresentar e esclarecer os processos

de implantação do Balanced Scorecard nesta organização.

A todos que direta ou indiretamente colaboraram com esse trabalho.

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Aplicação do Balanced Scorecard em uma organização militar da Força

Aérea Brasileira: um estudo de caso

SANTOS, Quelps Miquelino Mendonça dos. Aplicação do Balanced Scorecard em uma

organização militar da Força Aérea Brasileira: um estudo de caso. 2012. 48f. Monografia

(Graduação em Ciências Contábeis) – Centro de Ciências Sociais e Aplicadas - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2012.

RESUMO:

O Balanced Scorecard desde seu surgimento tem se mostrado um excelente sistema de

gestão da estratégia nas organizações em que vem sendo implantado, porém sua aplicação em

organizações sem fins lucrativos ainda é pouco empregada e difundida. Essa ferramenta visa

traduzir a estratégia da organização em objetivos e medidas dentro de quatro perspectivas:

financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento, as quais são monitoradas

por indicadores de desempenho tanto financeiros quanto não-financeiros, o que permite medir o

desempenho da organização de forma mais abrangente e com foco no futuro. Este estudo

apresenta uma contribuição à aplicação do Balanced Scorecard no âmbito de uma organização

da Força Aérea Brasileira (FAB) e tem como objetivo apresentar um caso de implantação desse

sistema, verificar o processo de construção das principais ferramentas que o constituem como

mapa estratégico e indicadores de desempenho, além de confrontar o modelo implantado com o

que existe no arcabouço da literatura.

Palavras-chave: Balanced Scorecard; organizações públicas; gestão da estratégia.

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Implementing the Balanced Scorecard in a military organization of the

Brazilian Air Force: a case study

SANTOS, Quelps Miquelino Mendonça dos. Implementing the Balanced Scorecard in a

military organization of the Brazilian Air Force: A case study. 2012. 48f. Monografia

(Graduação em Ciências Contábeis) – Centro de Ciências Sociais e Aplicadas - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2012.

ABSTRACT:

Balanced Scorecard since its inception has been an excellent system management

strategy in organizations that have been implementing, but its application in nonprofits is still

little used and disseminated. This tool aims to translate the organization's strategy into

objectives and measures in four perspectives: financial, customer, internal processes and

learning and growth, which are monitored by performance indicators both financial and non-

financial, which allows measuring the performance of organization more broadly and focus on

the future. This study presents a contribution to the implementation of the Balanced Scorecard

in an organization of the Brazilian Air Force (FAB) and aims to present a case of implementing

of this system, check the process of construction of the main tools that constitute it as the

strategic map and performance indicators, beyond confront the model implemented with the

framework of the literature.

Keywords: Balanced Scorecard; public organizations; management strategy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Metodologia da implantação do BSC................................................................ 14

Figura 2 – O BSC, tradução da estratégia em termos operacionais............................... 18

Figura 3 – O BSC, tradução da estratégia em termos operacionais............................... 19

Figura 4 – O BSC como estrutura para ação estratégica................................................. 22

Figura 5 – Relação de causa e efeito entre as perspectivas do BSC................................ 25

Figura 6 – Exemplo de mapa estratégico........................................................................... 26

Figura 7 - Organograma da BANT.................................................................................... 31

Figura 8 – Perspectivas do BSC da BANT........................................................................ 37

Figura 9 - Mapa estratégico da BANT............................................................................... 40

Figura 10 - Detalhamento do índice de satisfação............................................................ 43

Figura 11 – Desempenho das perspectivas do BSC da BANT......................................... 45

Figura 12 – Desempenho dos processos-chave da BANT ................................................ 45

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 9

2. OBJETIVOS...................................................................................................... 10

2.1 OBJETIVO GERAL....................................................................................... 10

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................... 10

3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 11

4. METODOLOGIA................................................................................................ 11

5. REVISÃO LITERÁRIA.......................................................................................... 12

5.1 BALANCED SCORECARD: ESTRATÉGIA E GESTÃO.............................. 12

5.2 ORIGEM, CONCEITO E PERSPECTIVAS DO BSC.................................... 15

5.3 OBJETIVOS DO BSC................................................................................. 22

5.4 MAPA ESTRATÉGICO.............................................................................. 25

5.5 ESTUDOS DE IMPLANTAÇÃO DE BSC EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS.. 27

6. ESTUDO DE CASO......................................................................................... 29

6.1 APRESENTAÇÃO DA BANT (BASE AÉREA DE NATAL) ......................... 29

6.1.1 Fatos históricos.................................................................................. 29

6.1.2 Estrutura organizacional................................................................... 30

6.2 DESENVOLVIMENTO DO BSC NA BANT................................................. 32

6.2.1 Definição da visão e missão da .......................................................... 33

6.2.2 Estabelecimento dos valores e fatores críticos de sucesso.................... 35

6.2.3 Definição das perspectivas................................................................. 36

6.2.4 Processos-chave................................................................................. 38

6.2.5 Construção do mapa estratégico......................................................... 39

6.2.6 Elaboração dos indicadores de desempenho........................................ 42

6.2.7 Apresentação do sistema de gerenciamento........................................ 44

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 46

7.1 SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS............................................. 46

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 47

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, tem se observado que os métodos de avaliação de desempenho

empresarial, apoiados apenas nos indicadores contábeis e financeiros estão se tornando

obsoletos, visto que mostram os resultados dos investimentos e das atividades, não

contemplando os impulsionadores de rentabilidade em longo prazo. A necessidade de um

sistema dinâmico de informação que atenda às exigências do mercado atual faz com que as

empresas busquem, cada vez mais, ferramentas que as auxiliem em suas tomadas de decisão.

Nesse intuito, diversos modelos foram apresentados, dentre estes, BSC - Balanced Scorecard.

Percebendo a dificuldade que as organizações tinham em implantar e controlar suas

estratégias, Robert Kaplan e David Norton formularam a teoria do BSC com a finalidade de

criar um novo método de medição do desempenho empresarial. A seu ver, os métodos

existentes, que utilizavam apenas indicadores contábeis e financeiros, prejudicavam o controle

estratégico. Na gestão estratégica competitiva, o BSC pode ser utilizado como um sistema de

controle estratégico que permite às organizações utilizarem o desdobramento da estratégia para

elaborar o seu planejamento tático e operacional. Trata-se de um sistema baseado em

indicadores que impulsionam o desempenho, proporcionando à organização uma visão atual e

futura do negócio, com foco abrangente e controle proativo dos objetivos planejados.

Kallás (2003) afirma que o BSC, a partir de uma visão integrada e balanceada da

empresa, permite descrever a estratégia de forma clara, através de objetivos estratégicos, que

são agrupados em quatro perspectivas: financeira, cliente, processos internos, aprendizado e

crescimento. Estas perspectivas são relacionadas entre si através de uma relação de causa e

efeito, permitindo que os gestores/gerentes percebam as correlações entre diversas áreas e

atividades.

De acordo com vários executivos, a implantação do BSC “não é tão simples quanto

parece” (KAPLAN; NORTON, 1997:297). Com base nessa afirmação, A relevância desta

pesquisa estar no fato de ter sido realizada em uma organização pública militar de importância

estratégica para o país e por mostrar quais as principais etapas do processo de implantação

deste instrumento de gestão estratégica em crescente utilização, principalmente por instituições

governamentais.

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2. OBJETIVOS

Assim apresentamos os objetivos norteadores para realização deste trabalho:

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo define de modo claro e direto que aspecto da problemática constitui o

interesse central da pesquisa (DENCKER, 2001). O objetivo geral de um trabalho é a síntese do

que se pretende alcançar devendo estar coerentes com a justificativa e o problema proposto, e

os objetivos específicos explicitarão os detalhes e serão desdobramentos do objetivo geral. Os

objetivos informarão para o que você está propondo a pesquisa, isto é, quais os resultados que

pretende alcançar ou qual a contribuição que sua pesquisa irá efetivamente proporcionar

(SILVA; MENEZES, 2005). Ao formular objetivos, o pesquisador estabelece padrões de

sucesso pelos quais seu trabalho será avaliado, além de que conduz o pesquisador a perceber as

etapas contidas em seu trabalho (CELESTINO, 2003).

Dessa forma este trabalho tem por objetivo geral apresentar e discutir um caso de

implantação do modelo de medição e gestão do desempenho BSC no contexto da Base Aérea

de Natal (BANT).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar a conformidade entre o modelo de BSC implantado com o proposto por

Kaplan e Norton (1996).

Apresentar o mapa estratégico implantado;

Clarificar os indicadores de desempenho de acordo com os objetivos estratégicos

definidos pela BANT;

Apresentar o processo de gerenciamento do BSC no contexto da BANT.

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3. JUSTIFICATIVA

Vergara (1997) menciona que o autor do trabalho deve justificar seu estudo, apontando-

lhe contribuições de ordem e ao estado da arte na área em que está buscando formação

acadêmica, pontuando como os resultados da pesquisa podem contribuir para a evolução do

conhecimento teórico e da prática, no que diz respeito especificamente ao objeto de estudo.

O BSC é um sistema de gestão da estratégia adotado por organizações públicas e

privadas com ou sem fins lucrativos, no mundo inteiro, sendo objeto de estudo acadêmico em

áreas da contabilidade, administração e engenharia da produção, proporcionando assim um

grande número de trabalhos acadêmicos que abordam o assunto tanto em forma de pesquisa

empírica quanto de publicação de textos com caráter normativo. No entanto, a aplicação do

BSC em organizações públicas no Brasil ainda é pequena e os resultados pouco divulgados,

quando comparadas com as experiências e informações disponíveis sobre seu uso no setor

privado.

Diante do exposto, considera-se relevante desenvolver um estudo de investigação que

aborde de forma prática sobre a implantação do BSC em uma organização militar a fim de que

sejam fornecidas informações que facilitem o estudo e conhecimento, que sirvam de orientação

para o processo de implantação dessa ferramenta em outras organizações semelhantes

contribuindo para a melhoria da eficácia e efetividade das organizações públicas, bem como

para ampliação do debate sobre o BSC e suas reais possibilidades para a gestão pública.

4. METODOLOGIA

O desenvolvimento do trabalho em questão trata-se de um estudo de caso único na

BANT, uma organização militar da Força Aérea Brasileira - FAB.

O estudo de caso, segundo Yin (1989) é um modo de pesquisa empírica que investiga

fenômenos contemporâneos em seu contexto real, quando os limites entre fenômeno e o

contexto não estão claramente definidos. Três razões principais justificam o estudo de caso

como a estratégia mais apropriada, em dado contexto de pesquisa: a possibilidade de estudar

determinado assunto em seu ambiente natural, de aprender sobre o estado da arte e de gerar

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teorias a partir da prática; a possibilidade de responder a perguntas do tipo “como?” e “por

quê?”, ou seja, compreender a natureza e a complexidade do processo em jogo; a possibilidade

de pesquisar uma área na qual poucos estudos prévios tenham sido realizados. Um caso

corresponde a uma unidade de análise, que pode ser um evento, uma entidade, um indivíduo,

uma decisão, um programa, um processo de implantação de alguma coisa em uma organização

ou uma mudança organizacional.

O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa exploratória e descritiva:

exploratória porque visa levantar questões e hipóteses para futuros estudos e descritiva porque

pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade. A unidade de análise

correspondeu ao processo de implementação de um sistema de gestão da estratégia por meio de

indicadores de desempenho, Balanced Scorecard, da Base Aérea de Natal.

A obtenção dos elementos necessários para esta pesquisa foi feita através de:

Entrevista semi-estruturada: realizada com o gestor responsável pela implementação,

por meio da aplicação de um questionário que serviu para identificar as razões da

implantação do BSC na unidade, as dificuldades encontradas, bem como os resultados

esperados;

Observação sistemática: observação de todo o sistema implementado, através da

consulta dos documentos compostos de mapas estratégicos, planilhas de indicadores

de desempenho e de gerenciamento do BSC da base aérea, contrastando os dados

colhidos na entrevista, a teoria e a prática;

Pesquisa documental: envolvendo levantamento bibliográfico que possibilitou o

enquadramento teórico da pesquisa ancorado no conceito do sistema Balanced

Scorecard, tendo como bibliografia central os Best-Sellers a respeito do assunto de

autoria de Kaplan e Norton. Após a fundamentação dos conceitos iniciais, o trabalho

buscou fontes de autores que desenvolveram trabalhos de implantação do BSC em

organizações públicas.

5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 BALANCED SCORECARD: ESTRATÉGIA E GESTÃO

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A globalização aliada à forte evolução tecnológica e ao maior nível de exigência dos

clientes tem sido os principais fatores que provocaram um alto nível de concorrência entre as

empresas. Para sobreviver nesse cenário e alcançar êxito em suas operações, as empresas têm

feito uso cada vez mais de estratégias.

Para Oliveira (2009),

“A finalidade das estratégias empresariais é estabelecer quais serão os caminhos, os

cursos, os programas de ação que devem ser seguidos para se alcançarem os objetivos

e resultados estabelecidos pela empresa.”

Ainda segundo esse autor, justifica-se o uso da estratégia, pois esta se constitui na

melhor arma de que pode dispor uma empresa para otimizar o uso de seus recursos, tornar-se

altamente competitiva, superar a concorrência, reduzir seus problemas e otimizar a exploração

das possíveis oportunidades que o ambiente possa proporcionar à empresa e esta tenha

condições para usufruir.

Wright, Kroll e Parnell (2000) conceituam estratégia como “planos da alta

administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da

organização”.

Segundo Almeida (2001), a estratégia é o caminho que a entidade deverá seguir, sendo

que se pode considerar uma decisão mais estratégica à medida que seja mais difícil voltar atrás

e se tenha uma interferência maior em toda a entidade.

Para Andrews (1971) estratégia consiste em um conjunto de objetivos, finalidades

metas, diretrizes fundamentais e de planos para atingir esses objetivos, postulados de forma que

defina em que atividade se encontra a empresa, que tipo de empresa ela é ou deseja ser.

De forma prática, Wrapp (1967) conceitua estratégia como a maneira de conduzir as

ações estabelecidas pelas empresas, tal como um maestro rege sua orquestra.

Como se observa, qualquer que seja a definição, algumas palavras-chave sempre a

permeiam, como: metas, objetivos, diretrizes, resultados, finalidade, missão, desempenho,

posicionamento, integração, o que possibilita ao gestor o estabelecimento de sua definição de

estratégia empresarial, desde que não fuja muito das palavras chave apresentadas,

contextualizando-as perante seu ambiente.

Henry Mintzberg (2001) cita que os elementos básicos da estratégia empresarial são:

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“(1) os objetivos mais importantes a serem alcançados; (2) as políticas que orientam

ou limitam as estratégias a serem desenvolvidas; e (3) as principais providências

sequenciais (ou programas) que devem atingir as metas definidas dentro dos limites

estabelecidos”.

Ainda segundo este autor, a essência da estratégia, seja ela militar, esportiva, política ou

empresarial, é construir um plano de ação que seja tão forte e ao mesmo tempo flexível de

modo que a organização possa alcançar suas metas, apesar das maneiras imprevisíveis que as

forças externas possam interagir quando a ocasião chegar.

A estratégia deve partir de um sentido mais amplo, como a missão da organização que

sendo traduzida permite que as ações individuais se alinhem e lhe proporcione apoio

(KAPLAN E NORTON 2000). A figura 1 propõe uma visão de estratégia.

Figura 1. Metodologia da implantação do BSC (Disponível em: gestiopolis.com.br

Acesso em 03 de Nov. de 2012)

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A missão representa o ponto de partida que esclarece a razão de ser da organização. A

visão representa o futuro que a organização deseja alcançar. A estratégia se desenvolve e evolui

no tempo, para enfrentar as condições e mutações impostas pelo mundo real.

Estratégia, segundo Mintzberg, trata-se da forma de pensar no futuro, integrada no

processo decisório, com base em um procedimento formalizado e articulador de resultados.

A palavra vem do grego antigo stratègós (de stratos, "exército", e ago, "liderança" ou

"comando" tendo significado inicialmente "a arte do general") e designava o comandante

militar, à época de democracia ateniense. O idioma grego apresenta diversas variações, como

strategicós, ou próprio do general chefe; stratégema, ou estratagema, ardil de guerra; stratiá,

ou expedição militar; stráutema, ou exército em campanha; stratégion, ou tenda do general,

dentre outras.

A estratégia é uma poderosa ferramenta de apoio à gestão das empresas que pretendem

alcançar seus objetivos, porém existe uma grande dificuldade em conseguir que todo time opere

de forma alinhada aos objetivos a serem alcançados e ao pensamento estratégico da alta

direção, existindo uma considerável procura por modelos adequados de gestão que

proporcionem essa sinergia de ações e interesses dos colaboradores. Nesse contexto, o BSC é

uma ferramenta que capacita as organizações a desenvolverem um sistema gerencial focado na

estratégia, alinhando todos os recursos e atividades e mobilizando todos os funcionários para

uma nova forma de atuação. Sua capacidade de comunicar a estratégia e medir tanto dados

financeiros como não-financeiros de forma balanceada, proporciona uma avaliação do

desempenho nos diversos setores de uma organização, além de permitir verificar se a

organização está no rumo do futuro desejado.

5.2 ORIGEM E CONCEITOS DO BSC

O BSC é um sistema de gestão da estratégia elaborado por Kaplan e Norton que deu

início a este estudo em 1990, motivado pela crença de que os métodos existentes para a

avaliação de desempenho empresarial, apoiados nos indicadores contábeis e financeiros,

estavam se tornando obsoletos.

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Esses autores realizaram um projeto de pesquisa com várias empresas para buscar

novas maneiras de medir o desempenho organizacional. Estas empresas já tinham bem claro

àquela época o conceito de que só pode ser gerenciado adequadamente aquilo que pode ser

medido. Entretanto, consideravam falhos ou insuficientes os modelos de mensuração existentes

até então, posto que se focavam quase que exclusivamente em medidas de resultado financeiro,

sem levar em consideração os chamados “ativos intangíveis”, aqueles baseados no

conhecimento, sobretudo os colaboradores e tecnologia da informação.

O resultado da experiência obtida com esse trabalho deu origem a um artigo publicado

em 1992 intitulado “The Balanced Scorecard: Measures That Drive Performance” . Neste

estudo, os autores sugeriram que, além dos indicadores financeiros, fossem também adotados

indicadores de outra natureza, agrupados em três perspectivas: clientes, processos internos e

aprendizado e crescimento. Essas três, somadas à perspectiva financeira, passaram a constituir

um conjunto de quatro perspectivas que se tornaram a base do BSC.

A partir de 1996 este conceito se tornou amplamente aceito e adotado pelas

organizações dos setores governamentais e sem fins lucrativos no mundo inteiro, porém essas

organizações enfrentavam dificuldades na definição de suas estratégias mas utilizavam o BSC

na busca de executar suas funções com maior eficiência. Diante dessa crescente demanda das

organizações governamentais e sem fins lucrativos pela utilização do BSC, mas, tendo que

adequar o modelo inicial para atender às necessidades desse setor, Kaplan e Norton publicou

em 2001 a obra intitulada “The Strategy-Focused Organization” Organização orientada para a

estratégia, contendo capítulos que tratavam de construção de mapas estratégicos em empresas

do setor privado e Scorecards estratégicos em organizações sem fins lucrativos,

governamentais e de assistência médica.

Para Prado (2002) Balanced Scorecard visa atender uma das grandes preocupações dos

gerentes em acompanhar e assegurar que os objetivos da estratégia da empresa serão

executados e alcançados. Consiste de uma ferramenta de apoio para acompanhar e monitorar as

evoluções das decisões da empresa, centradas em indicadores chaves. Cada pessoa na

organização deve entender cada aspecto ligado à estratégia, para que o sucesso seja pleno.

Para Kaplan e Norton (1997), “O Balanced Scorecard, traduz a missão e a estratégia das

empresas num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um

sistema de medição e gestão estratégica”. O BSC além de enfatizar a busca de objetivos

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financeiros, inclui também os vetores de desempenho desses objetivos medindo o desempenho

organizacional sob quatro perspectivas equilibradas: Financeira, do cliente, processos internos

da empresa, e do aprendizado e conhecimento. Essas quatro perspectivas atuam de forma

interligadas em uma relação de causa e efeito promovendo assim um vínculo dos objetivos

traçados com indicadores de desempenho, metas e planos de ação. Dessa forma o BSC permite

que as empresas acompanhem o desempenho financeiro, gerenciando de forma integrada e

monitorando ao mesmo tempo, o progresso na construção dos ativos intangíveis necessários

para o crescimento futuro.

O BSC é uma sigla que, traduzida, significa algo como “Indicadores Balanceados de

Desempenho”. Este é o nome de um conceito voltado à administração das empresas. Esse

conceito pressupõe que a escolha dos indicadores para a gestão de uma empresa não deve se

restringir a informações econômicas ou financeiras, porque elas refletem muito mais o passado

que o futuro. Se a empresa gerou lucro no ano passado, isso não garante que o ano seguinte será

igualmente bom. Assim como não é possível realizar uma viagem segura baseando-se apenas

no retrovisor do carro, indicadores financeiros não são suficientes para garantir que a empresa

está caminhando na direção correta. É necessário monitorar, juntamente com resultados

econômico-financeiros, desempenhos de mercado junto aos clientes, desempenhos dos

processos internos e pessoas, inovações e tecnologia. Isto porque, a somatória das pessoas,

tecnologias, inovações, se bem aplicada aos processos internos das empresas, melhorarão o

desempenho esperado no mercado junto aos clientes e trarão à empresa os resultados

financeiros esperados.

PERSPECTIVAS DO BSC

O BSC é uma forma para se organizar um determinado conjunto de objetivos em uma

cadeia de geração de valor. Esse conjunto organizado de objetivos é chamado por Kaplan e

Norton (1997) de “mapa estratégico”.

Assim, os objetivos dos mapas estratégicos devem ser agrupados em quatro categorias,

ou perspectivas:

• Perspectiva financeira

• Perspectiva clientes

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• Perspectiva interna

• Perspectiva de aprendizado e crescimento

O BSC proposto por Kaplan e Norton (1996) é composto por estas quatro perspectivas

mas, nada impede que possa ser implantado mais de acordo com a especificidade de cada

organização, contudo, em todas as dimensões devem ter seus objetivos, indicadores, metas e

iniciativas muito bem definidas e explicitas. Ver Figura 2

Figura 2 – O BSC, tradução da estratégia em termos operacionais (Kaplan e Norton 1996)

A construção dos objetivos de cada perspectiva do BSC é orientada através das

perguntas chave conforme está ilustrado na Figura 3.

As perguntas são elaboradas em cada uma das perspectivas de forma a obter respostas

para que cada perspectiva contribua para alcançar a visão adotada pela organização. As

respostas que serão dadas para cada uma dessas perguntas irão servir de tema para os objetivos

estratégicos a ser implantado no mapa estratégico.

As quatro perspectivas colocam a visão (para onde iremos) e a estratégia (como iremos)

no centro do processo gerencial. O BSC estabelece objetivos e assume que as pessoas deverão

adotar quaisquer procedimentos e ações que forem necessárias para atingi-los.

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Figura 3 – O BSC, tradução da estratégia em termos operacionais. (Kaplan e Norton 1996)

PERPECTIVA FINANCEIRA

A perspectiva financeira descreve os resultados finais da estratégia em termos

financeiros tradicionais. Aqui são empregados indicadores clássicos como faturamento, retorno

sobre o investimento, lucratividade, aumento das receitas , redução de custos etc. Além de

tornar os objetivos financeiros explícitos, esses indicadores apontam concretamente se a

estratégia implementada está ou não produzindo os resultados desejados pelos mantenedores

e/ou acionistas.

PERSPECTIVA CLIENTES

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A perspectiva do cliente tem inicio com a identificação dos clientes e mercados que se

deseja atingir. Para Kaplan e Norton (1996), é preciso identificar que valor será oferecido a

esses. Com a competição acirrada e a constante busca por novos consumidores faz com que

diversas organizações direcionem seus esforços na Perspectiva do Cliente, uma vez que

elas procuram alcançar a posição liderança na preferência dos consumidores precisam

direcionar todos seus esforços em prol dos clientes. Essa perspectiva faz com que as

organizações alinhem suas medidas essenciais de resultados aos clientes com segmentos

específicos de mercado e consumidores.

Exemplo de indicadores

Participação no mercado

Retenção de clientes

Aquisição de novos clientes

Satisfação dos clientes

Rentabilidade dos clientes

Para alcançar altos níveis de satisfação, a empresa deve oferecer aos clientes:

Qualidade dos produtos

Relacionamento com os clientes

Imagem e reputação

Concluída a formulação da Perspectiva dos Clientes os executivos terão uma idéia clara do

segmento-alvo e estarão prontos para direcionar a escolha dos objetivos estratégicos na

perspectiva dos processos internos.

PERSPECTIVA PROCESSOS INTERNOS

Para atingir as expectativas dos clientes e gerar uma rentabilidade aceitável aos

acionistas, a empresa precisa desenvolver internamente meios de se atingir seus objetivos.

Portanto, uma empresa bem desenvolvida em seus processos internos é capaz de gerar um

diferencial frente aos outros competidores.

Essa perspectiva precisa ser cuidadosamente planejada, pois é nela que se concentram

os indicadores críticos relacionados com a estratégia. Por exemplo ,empresas focadas nos

clientes das classes C/D, o valor do produto ou serviço é crítico para a estratégia. Assim, os

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processos de redução de custo são fundamentais e precisam ser cautelosamente medidos e

acompanhados, sem haver comprometimento de um padrão mínimo de qualidade. Já em

empresas focadas nos clientes das classes A/B, os processos de diferenciação de marca passam

a ser os mais críticos.

Após formular os objetivos e medidas para as perspectivas financeiras e de clientes, as

empresas costumam desenvolver objetivos e medidas para essa perspectiva focalizando as

métricas dos processos internos aos processos de cadeia de valor que deve ser desenvolvida

seguindo três pontos importantes:

1. Processo de inovação: Identificação das necessidades atuais e futuras dos clientes e

desenvolvimento de novas soluções para essas necessidades.

2. Processo de operações: Entrega dos produtos e prestação dos serviços aos clientes existentes.

3. Serviço pós-venda: Oferta de serviços pós-venda que complementem o valor proporcionado

aos clientes pelos produtos ou serviços.

Esta perspectiva é uma das principais diferenças entre o BSC e os sistemas tradicionais.

Segundo Kaplan e Norton (1997), os novos sistemas mais abrangentes são um grande avanço

diante da dependência dos relatórios financeiros, o que mostra a nova tendência de ênfase nos

processos de negócios.

PERSPECTIVA APRENDIZADO E CRESCIMENTO

Finalmente estabelecidos os objetivos nas Perspectivas Financeiras, de Cliente e de

Processos Internos revela-se em que a organização deve se destacar para obter um desempenho

superior. Esta perspectiva tem a função de desenvolver os objetivos e medidas para orientar o

aprendizado e crescimento organizacional, oferecendo a infra-estrutura que possibilita a

consecução de objetivos ambiciosos nas outras três perspectivas, enquanto que estas revelam

onde a empresa deve se destacar para obter um desempenho excepcional.

Dessa forma, essa perspectiva procura abordar a mobilização dos ativos intangíveis em

torno da estratégia, investindo em áreas não tradicionais, como novos equipamentos e P&D,

pois a competitividade atual faz com que as organizações invistam também em infra-estrutura,

pessoal e processos se quiserem alcançar objetivos de crescimento financeiro de longo prazo, e

para estas três áreas de infra-estrutura, se foi criado categorias específicas, as quais são:

Capacidades dos funcionários;

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Capacidades dos Sistemas de informação;

Motivação, e alinhamento.

5.3 OBJETIVOS

O BSC deixa claro que as medidas financeiras e não-financeiras devem fazer parte do

sistema de informações para funcionários de todos os níveis da organização. Os objetivos e as

medidas utilizados nesta metodologia não se limitam a um conjunto aleatório de medidas de

desempenho financeiro e não-financeiro, pois derivam de um processo hierárquico norteado

pela missão e pela estratégia de uma unidade de negócios em objetivos e medidas tangíveis.

Segundo Kaplan e Norton (1997) empresas inovadoras estão adotando o Scorecard

como um sistema de gestão estratégica para administrar a estratégia a longo prazo. Elas

adotaram a filosofia do BSC para viabilizar processos gerenciais críticos. Ver Figura 4

Figura 4 – O BSC como estrutura para ação estratégica (Kaplan e Norton 1996)

1. Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia

2. Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas

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3. Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas.

4. Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico.

1. Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia

Este deve ser o primeiro processo a ser realizado pela equipe da alta administração para

traduzir a estratégia de sua unidade de negócio a fim de construir um consenso em torno da

visão da empresa e da estratégia necessária para tanto. Esse consenso é fundamental para

expressá-las em um conjunto integrado de objetivos e medidas, que descrevam os

direcionadores de sucesso de longo prazo e reflitam a forma como a empresa pretende

transformar ativos intangíveis em ativos tangíveis. Assim os objetivos do Scorecard tornam-se

uma responsabilidade funcional conjunta do grupo executivo e passa a funcionar como ponto

de referência para uma série de importantes processos gerenciais baseados em equipes. Produz

consenso e trabalho em equipe entre todos os altos executivos.

2. Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas

O segundo processo, da comunicação da estratégia pela organização e da ligação

propriamente dita aos objetivos individuais e departamentais, tem como objetivo criar uma

sinergia capaz de fazer com que o desempenho geral seja maior que a soma dos desempenhos

individuais. Como esta tarefa envolve um grande número de pessoas, as organizações que usam

o Scorecard recorrem, em geral, a três mecanismos integrados para traduzir a estratégia em

objetivos locais:

1) comunicação e educação;

2) estabelecimento de objetivos; e

3) ligação de recompensas às medidas de desempenho.

Quando a estratégia e os planos são compartilhados por toda a organização e a partir do

momento em que todos os funcionários compreendem os objetivos e medidas de alto nível eles

se tornam capazes de estabelecer metas locais que apoiem a estratégia global da organização e

facilita à administração estabelecer os objetivos individuais e das equipes.

3. Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas.

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O processo de planejamento e gerenciamento de metas permite que a empresa:

- Quantifique os resultados pretendidos a longo prazo.

- Identifique mecanismos e forneça recursos para que os resultados sejam alcançados.

- Estabeleça referenciais de curto prazo para as medidas financeiras e não-financeiras do

Scorecard.

Este processo tem como objetivo integrar os planos financeiros com os corporativos. O

desafio está em aprender a estabelecer ligações entre a operação e as finanças. Essa ligação é

explicitada na integração dos processos de planejamento e orçamento, de forma que mesmo os

orçamentos de curto prazo contemplam medidas coerentes com as perspectivas de clientes, de

processos internos e de aprendizado e crescimento, além das tradicionais (financeiras), todas

alinhadas à estratégia.

Quando se usa o Scorecard, como base para se alocar os recursos e estabelecer as

prioridades, o tempo e a atenção dos gestores têm que ser canalizados para aquelas iniciativas

que são fundamentais para direcionar a empresa aos objetivos estratégicos de longo prazo.

Ao identificar o que é crítico para o sucesso, O BSC, exige que todos os gestores, tanto

no nível operacional quanto no nível superior, centralizem suas atenções para esse reduzido

conjunto de fatores críticos de sucesso. Uma vez definida a estratégia e identificado os

direcionadores, esta ferramenta faz com que os gestores se concentrem em melhorar ou

redesenhar aqueles processos críticos para o sucesso estratégico da organização. Essa é a forma

mais clara de como o BSC liga e alinha às ações à estratégia.

4. Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico.

Os três processos gerenciais já mencionados, são vitais para a implantação da estratégia.

Porém sozinhos, são insuficientes. Portanto, o quarto processo gerencial desenvolve

procedimentos que permite aos executivos receber feedback sobre sua estratégia e testar as

hipóteses em que ela se baseia, monitorando e ajustando a implementação da estratégia e, se

necessário, efetuando mudanças fundamentais destinadas a recolocar a empresa no curso

pretendido.

Esse processo de feedback e aprendizado estratégico completa o ciclo da Figura 4. O

processo de aprendizado estratégico alimenta o processo seguinte – visão e estratégia – onde os

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objetivos extraídos das diversas perspectivas são analisados, atualizados e substituídos de

acordo com a visão mais atualizada dos resultados estratégicos e dos vetores de desempenho

necessários para os períodos futuros.

5.4 MAPA ESTRATÉGICO

O mapa estratégico do BSC expõe a hipótese da estratégia. Cada indicador deste sistema

se converte em parte integrante de uma cadeia lógica de causa e efeito que conecta os

resultados almejados da estratégia com os vetores que conduzirão a essas consequências

(KAPLAN; NORTON, 2000). Conforme ilustrado na Figura 5.

Figura 5 – Relação de causa e efeito entre as perspectivas do BSC (Disponível em:

BalancedScorecard.blogspot.com.br. Acesso em 03 Nov. 2012.)

Os mapas estratégicos foram criados para facilitar o entendimento e a comunicação da

estrutura do BSC com seus objetivos, indicadores e as ligações de cada perspectiva para a

estratégia da organização. Segundo Herrero Filho (2005) é através desta cadeia de relações de

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causa e efeito que os melhoramentos específicos de uma ação criam os resultados desejados,

proporcionando uma linguagem simples e de fácil entendimento para todos, procurando

descrever a visão de futuro da organização, permitindo que os colaboradores dessa organização

lidem com a incerteza. Pateman (2004) afirma que sem um mapa estratégico bem desenhado,

tem-se apenas parte de um scorecard. Ver Figura 6

Figura 6 – Exemplo de mapa estratégico (Disponível em: gilbert.lopes.non.br. Acesso

em 03 Nov 2012)

Numa perspectiva mais global, estes mapas mostram como uma organização converte as

suas ações e recursos – incluindo os ativos intangíveis, como a cultura organizacional e os

conhecimentos dos colaboradores – em resultados tangíveis. Como exemplo, “ Se moda e

design são parte da proposição de valor para os clientes, algum ativo intangível como

habilidades em merchandising, será necessário para o êxito da estratégia”(KAPLAN E

NORTON 2001).

As organizações precisam de ferramentas para comunicar tanto a estratégia quanto os

processos e sistemas que as ajudarão a implementar a estratégia. Os mapas estratégicos

fornecem essa ferramenta, proporcionando aos empregados uma percepção clara de como as

suas funções estão ligadas aos objetivos gerais da organização, possibilitando que trabalhem de

maneira coordenada e cooperativa a favor dos objetivos propostos pela organização. Os mapas

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estratégicos nada mais não são do que uma representação visual dos objetivos críticos da

empresa e das relações entre eles, impulsionando o desempenho da organização. (Figura 6)

5.5 ESTUDOS DE IMPLANTAÇÃO DE BSC EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS

O BSC resultou da necessidade de captar toda a complexidade da performance da

organização e tem sido ampla e crescentemente utilizado em empresas e organizações

(FILGUEIRAS; BARROS; GOMES, 2010).

O modelo básico do BSC tem por pressuposto uma organização com fins lucrativos,

visto que a perspectiva financeira está no topo da hierarquia. Por causa disso, nos primeiros

anos, a utilização do BSC deu-se quase que totalidade em organizações do setor privado. Em

1996, a implementação do BSC em organizações públicas encontrava-se em estágio

embrionário, nas quais a perspectiva financeira é a última. A maioria dessas organizações não

consideram o sucesso financeiro como o principal objetivo, os clientes ou mantenedores das

instituições são o foco e estão no alto da hierarquia.

Kaplan e Norton (2000) constataram que em geral, os órgãos governamentais e as

instituições sem fins lucrativos enfrentam dificuldades na definição clara de suas estratégias,

sugerindo que essas organizações coloquem em igual importância as perspectivas financeira e

do cliente, subordinadas estas à missão da organização.

No âmbito da área pública, os grandes propósitos estratégicos referem-se à visão e à

missão de uma determinada gestão, frequentemente explicitadas num plano de trabalho (PPA –

Plano Plurianual de Ação). A perspectiva cliente emerge da missão e não da captação de

recursos financeiros, a partir dos stakeholders da empresa. Os processos internos escolhidos

derivam normalmente dos objetivos e indicadores escolhidos na perspectiva clientes e

condicionam o funcionamento da entidade. Perspectiva da aprendizagem e crescimento –

oferece as fundações para que as demais perspectivas do BSC tenham êxito. Funcionários,

motivados com competências e ferramentas adequadas operando num clima organizacional

delineado para sustentar as inovações adotadas nos processos, são os elementos principais para

a melhoria contínua, dentro das limitações financeiras, em direção ao sucesso dos clientes

(cidadãos) e a realização da missão.

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Bergue (2005) propõe a aplicação do BSC em organizações públicas considerando o

seguinte:

O foco do esforço deve estar nos conceitos de planejamento, de controle e de estratégia;

Deve-se observar as diretrizes institucionais já existentes (crítica e adaptação) e as

interações entre as ações;

As dimensões gerenciais propostas no BSC tradicional devem ser tomadas como uma

orientação básica para composição de um modelo (também geral) para a administração

pública, incorporando os devidos desdobramentos e transformações das dimensões

estratégicas originais;

Cada organização deve transformar o modelo e traduzi-lo em sistemas corporativos

aderentes à sua realidade e necessidades gerenciais;

O usuário e o contribuinte assumem posição preponderante na construção das

estratégias de governo. Esses, para fins de estratégia, são os destinatários finais da ação

governamental;

As pessoas são o elo entre o aparelho estatal e os destinatários do seu produto (bens e

serviços públicos);

A geração de serviços públicos, no âmbito das organizações públicas com destaque para

setores como a Educação, a Segurança, a Saúde e a Justiça, é intensiva no fator trabalho

(processos).

A estrutura tem papel essencial na Administração Pública, notadamente nos segmentos

antes assinalados.

Em concordância com esse autor, Pedro (2004) sugere um modelo de BSC para

aplicação no setor público no qual inclui a Missão da Organização, considerando as seguintes

perspectivas:

Perspectiva dos clientes – relativo à definição do público alvo (clientes) e ao processo

de criação de valor para este;

Perspectiva financeira – refere-se à forma de adicionar / agregar valor aos clientes sem

aumento dos custos;

Perspectiva dos processos internos – como satisfazer os clientes dentro das restrições

orçamentárias, que processos de negócios devem se tornar excelentes.

Perspectiva da aprendizagem e do crescimento – como agir para crescer e mudar, indo

ao encontro das exigências dinâmicas dos clientes.

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Martins (2005) propõe um modelo de BSC para gestão estratégica de uma organização

pública, com foco nos Usuários, processos Internos, inovação, pessoas, responsabilidade

Financeira, fazendo as seguintes considerações sobre sua proposta:

Usuários – para cumprir a missão da organização pública foram levantados

questionamentos para definir o atendimento às demandas dos usuários;

Processos Internos – para atender plenamente aos usuários da organização como devem

ser aperfeiçoados e melhorados os processos internos;

Inovação – para atender completamente as demandas dos usuários o que pode e deve ser

inovado e aprimorado;

Pessoas – para atender plenamente os usuários, como a organização pode aumentar a

qualidade de sua atuação;

Responsabilidade Financeira – como podem ser otimizados os recursos públicos

aplicados na organização.

6 ESTUDO DE CASO

6.1 APRESENTAÇÃO DA BANT

6.1.1 Histórico da BANT

A Base Aérea de Natal (BANT) ganhou um espaço na história durante a Segunda

Guerra Mundial. A partir de 1942 com a construção de uma base americana vizinha a BANT os

dois comandos passaram a compartilhar o mesmo aeródromo.

A BANT foi criada no dia 2 de março de 1942, e ativada em 7 de agosto do mesmo ano,

pelo Decreto Lei nº 4.142, assinado pelo então ministro da Aeronáutica do governo do

presidente Getúlio Vargas, Salgado Filho. Em novembro do mesmo ano, passaram a conviver

no mesmo aeródromo, em "Parnamirim Field", duas bases aéreas. A brasileira, localizada no

Setor Oeste do aeródromo, e a americana no Setor Leste, conhecida como "Trampolim da

Vitória", assim chamado por ser ponto obrigatório de passagem das aeronaves aliadas que se

destinavam ao Teatro de Operações da África e da Europa.

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No período da 2ª Guerra, a Força Aérea Brasileira e a Marinha atuavam nas missões de

patrulhamento e de cobertura a navios ou comboios, em cooperação com as forças navais e

aéreas norte-americanas. Em 1946, com o término do conflito, a BANT passou a ocupar as

instalações da base americana e, no decurso do tempo, a Organização teve diferentes

finalidades: Centro de Instrução Militar e Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM),

Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE), e Comando Aéreo

de Treinamento que, em 2001, foi desativado e em seu lugar foi reativada a Base Aérea de

Natal, com a missão de promover o apoio necessário às unidades aéreas sediadas e apoiar todas

as unidades de Aeronáutica que nela operem.

Subordinada ao Segundo Comando Aéreo Regional (COMAR II), em Recife, órgão

coordenador de todas as unidades da FAB na região Nordeste, a BANT tem sido escolhida com

freqüência para sediar grandes operações internacionais pela sua boa infra-estrutura e

reconhecida capacidade operacional. Atualmente a estrutura organizacional da BANT apresenta

sete unidades aéreas e de aeronáutica nela sediadas.

6.1.2 Estrutura organizacional

Organograma é o gráfico que representa a estrutura formal de uma organização, ou seja,

a disposição e a hierarquia dos órgãos. A estrutura organizacional da BANT está representada

na Figura 7.

Na posição hierárquica mais elevada está o gestor da unidade, denominado de

comandante, sendo assessorado pelos seguintes órgãos: SCOAM (Seção de Controle de

Operações de Aeronaves Militares) responsável pelo controle de tráfego de aeronaves militares;

ACI (Agente de Controle Interno); AJU (Assessoria de Justiça) e SINT (Serviço de

Inteligência). Como órgãos de subordinação direta estão: BINFA (Batalhão de infantaria)

responsável pela segurança da unidade e formação dos soldados; GSM (Grupo de Suprimento

de Material) responsável pelo suprimento de material destinado à manutenção das aeronaves; e

o EC (Esquadrão de Comando) responsável pelos serviços administrativos da BANT.

No nível hierárquico logo abaixo do comandante está o subcomandante denominado de

chefe do GSB (Grupo de Serviços de Base) que tem os seguintes órgãos a ele subordinados: EP

(Esquadrão de Pessoal) responsável pelo gerenciamento de pessoal; EI (Esquadrão de

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Intendência), pela aquisição e gerenciamento de recursos; EIE (Esquadrão de Infra Estrutura)

pela manutenção das instalações e viaturas; e ES (Esquadrão de Saúde) pelo serviço Hospitalar.

Figura 7 - Organograma da BANT (BANT/ adaptado pelo autor)

Este organograma apresenta também as unidades aéreas que estão sediadas na BANT as

quais são seus clientes externos e possuem as seguintes funções:

2º/5º GAV (2º do 5º Grupo de Aviação):

“Esquadrão Joker”, equipado com a mais moderna aeronave da FAB, o A-29 Super

Tucano, é responsável pela formação dos pilotos de caça da FAB.

1°/11° GAV (1º do 11º Grupo de Aviação):

“Esquadrão Gavião” é responsável pela formação dos pilotos de helicóptero. É

equipado com o helicóptero H-50 (Esquilo). Ao sair da Academia da Força Aérea

(AFA), os aspirantes a oficiais aviadores, selecionados para a Aviação de Caça ou

Aviação de Asas Rotativas (helicóptero) vem para Natal.

3°/1°GCC ( Terceiro do primeiro Grupo de Comunicações e Controle):

“Esquadrão Morcego” opera um sistema de radares transportáveis, que realiza o

controle de aproximação de pouso de precisão, garantindo às aeronaves o controle na

área de atuação, alarme antecipado contra ameaças aéreas e pouso seguro, mesmo em

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situações adversas. Quando necessário esse sistema pode ser montado em qualquer

parte do país.

DTCEA-NT (Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Natal):

Esse órgão executa as atividades de proteção ao vôo, ao manter a regularidade, fluência

e principalmente a segurança do tráfego aéreo na região. O DTCEA fornece aos pilotos

informações para que realizem um vôo seguro, rápido e ordenado. As aviações civil e

militar utilizam os mesmos equipamentos e órgãos de controle.

I FAE (Primeira Força Aérea):

Comandada por um oficial general no posto de brigadeiro do ar. A I FAE concentra as

unidades que formam os pilotos da FAB das diversas aviações em um único comando,

com os objetivos de padronizar e supervisionar os programas de instrução dos pilotos.

GITE (Grupo de Instrução Tática e Especializada):

Unidade de ensino que ministra cursos para a formação e especialização de militares

que atuam no vôo. O GITE também recebe militares estrangeiros para intercâmbio.

PANT (Prefeitura de Aeronáutica de Natal):

Unidade de apoio que administra e mantém as residências pertencentes à União,

utilizadas pelos militares da Guarnição da Aeronáutica de Natal.

6.2 DESENVOLVIMENTO DO BSC PARA A BANT

Este sistema foi idealizado para proporcionar à organização uma ferramenta de

planejamento que permitisse alinhar seus objetivos estratégicos atrelados à missão com a

execução orçamentária. Através dele, cada despesa incluída estará vinculada a um projeto ou

atividade, que, por sua vez, estará ligado a um objetivo estratégico listado no mapa estratégico

da organização. A grande vantagem do sistema está no estabelecimento de uma relação

coerente e harmoniosa entre a missão organizacional e a forma com que os recursos são

empregados.

A principal característica do sistema consiste na orientação a projeto. A maior parte das

grandes corporações emprega esta sistemática na administração de seus conglomerados

corporativos. Isto permite um encadeamento lógico e coerente das diversas necessidades

incluídas, sendo impossível o cadastramento de uma necessidade que não esteja contribuindo

para o atingimento de um ou mais objetivos estratégicos.

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O processo de implantação do BSC na BANT teve início em março de 2012 tendo como

coordenador deste processo a Seção de Controle Interno (SCI) e o apoio do comandante e

envolvimento dos principais gestores dos processos-chave desta organização.

As etapas que compreenderam o processo de implantação do BSC na BANT foram:

Definição da visão e missão;

Estabelecimento dos valores e fatores críticos de sucesso;

Definição das perspectivas;

Processos-chave;

Construção do mapa estratégico;

Elaboração dos indicadores de desempenho;

Implantação do sistema de gerenciamento do BSC.

O processo que envolveu cada etapa de construção do BSC será descrito nos tópicos a

seguir.

6.2.1 Definição da visão e missão

A visão expressa o sonho, o desejo da organização estando relacionada com o que a

organização almeja se tornar; dá forma e direção ao futuro da organização, uma vez que aponta

aonde ela quer chegar.

Segundo Scott, Jaffe e Tobe (1998):

“As visões se baseiam na realidade, mas visualizam o futuro. Elas nos permitem

explorar as possibilidades, as realidades desejadas. Por causa disto, elas se tornam a

estrutura para o que queremos criar, o que nos orienta quando fazemos escolhas e

compromissos de ação.”

Ainda segundo Scott, Jaffe e Tobe (1998), deve-se estabelecer uma visão, pois ela:

“Reúne as pessoas em torno de um sonho comum; coordena o trabalho de diferentes

pessoas; ajuda todos na empresa a tomarem decisões; constrói a base para o

planejamento da empresa; questiona o estado atual confortável ou inadequado; torna o

comportamento incongruente mais perceptível”

Nesse contexto, a visão da BANT é: “Ser reconhecida como parâmetro de excelência

nas funções típicas de Base Aérea”, visão representada em um texto curto e compreensível para

que todos envolvidos se lembrem com facilidade. Expressa um desejo de ser reconhecida no

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ambiente da FAB e impulsiona os colaboradores a sentirem orgulho de servir em uma Unidade

Aérea reconhecida com referência.

Enquanto a visão sinaliza o que a organização pretende ser, a missão aponta para o que

ela é; revelando o compromisso da organização. É uma descrição precisa do que a organização

faz e o negócio na qual está inserida. A missão cria um clima de comprometimento com o

trabalho que a organização realiza. A definição de missão serve de critério para orientar a

tomada de decisão, para definir objetivos e auxiliar na escolha das decisões estratégicas.

Segundo Thompson Jr. e Strickland III (2000), Vasconcellos Filho (1985) e Certo e

Peter (1983), uma organização deve estabelecer sua missão, pois:

• ajuda a concentrar esforços em uma direção comum assegurando que a organização não

persiga propósitos conflitantes;

• serve de base para a alocação de recursos organizacionais;

• estabelece áreas amplas de responsabilidades por tarefas na organização;

• atua como base para o desenvolvimento de objetivos organizacionais;

• reduz o risco de tomar decisões sem orientação;

• transmite finalidade e identidade organizacionais que motivam os funcionários para darem o

melhor de si;

• ajuda a organização a se preparar para o futuro;

• orienta a “partida”;

• atrai, motiva e retém os talentos;

• ajuda a aumentar a produtividade.

Transpondo tal perspectiva para o ambiente da BANT, é a missão organizacional que

trará a direção para o planejamento estratégico da entidade, envolvendo os colaboradores, o que

potencializará seu sucesso, pois ela consegue trazer um significado para a organização.

Nesse contexto, a missão da Base Aérea de Natal é: “Prover o apoio necessário às

Unidades Aéreas (UAe) e Unidades de Aeronáutica (UAer) que nela operem, permanente ou

temporariamente, ou que nela estejam sediadas”. A missão da BANT é uma descrição precisa e

clara das funções que ela se destina a realizar no papel de serviços de Base Aérea, sendo

adotada pelos militares e civis que nela trabalham como um lema que é proclamado e

divulgado em todos os setores. Esta comunicação da missão torna-se importante para transmitir

a identidade da organização e motivar os servidores a prestarem um serviço de excelência.

Assim, o binômio visão e missão constituem a base referencial sobre a qual devem ser

assentadas todas as diretrizes de condução estratégica da organização.

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6.2.2 Estabelecimento dos valores e fatores críticos de sucesso

Os valores podem ser vistos como um conjunto de crenças, ou princípios, que definem e

facilitam a participação das pessoas no desenvolvimento da missão, visão e dos próprios

valores; facilitam no comprometimento entre os colaboradores, dos colaboradores com o

mercado e dos empregados com a comunidade e a sociedade. Baseado nesses pressupostos os

valores da BANT são:

Prontidão para a Mudança

Ética e Transparência

Empreendedorismo e Inovação

Respeito ao Contribuinte

Valorização das Pessoas

Foco em Resultados

Os fatores críticos de sucesso são as variáveis que mais valor proporcionam aos

clientes e que melhor diferenciam os concorrentes num determinado setor de atividade sendo

os elementos que determinam o maior ou menor sucesso das empresas no mercado. A

identificação dos fatores críticos de sucesso torna-se desta forma fundamental num processo

de planejamento estratégico, pois serão estes que determinarão o maior ou menor grau de

cumprimentos dos objetivos estabelecidos.

Segundo Rampersad (2004)

“Os fatores críticos de sucesso são definidos com base na visão organizacional. Trata-

se das áreas em que a empresa deve ser excelente para sobreviver, ou aquelas que são

de extrema importância para o seu sucesso. [...] São fatores que, relacionados com as

competências essenciais, possibilitam que a organização se destaque no mercado.”

Ancorado nesses conceitos foi identificado os seguintes fatores críticos de sucesso para

a BANT:

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Conhecimento

Disciplina e Hierarquia

Motivação

Inovação

Pronta-resposta

Segurança

Melhoria Contínua

Cooperação

Esses fatores são os postos-chaves para o sucesso da BANT, ou seja, é o julgamento do

que é necessário para que a missão desta organização seja bem sucedida, representando as áreas

em que a BANT possui maior prevalência no atingimento dos resultados desejados.

6.2.3 Definição das perspectivas

As perspectivas do BSC implantadas pela BANT fugiram do modelo clássico proposto

por Kaplan e Norton para instituições públicas, visto que o gestor adotou o modelo empregado

em instituições privadas, no qual a perspectiva cliente dá lugar à financeira no topo da relação

de causa e efeito.

As perspectivas adotadas foram: perspectiva financeira; perspectiva cliente; perspectiva

processos internos e perspectiva aprendizado e conhecimento dispostas nesta ordem numa

relação de causa e efeito. Ver Figura 8

Definidas as perspectivas do BSC, o próximo passo foi elaborar perguntas-chave para

cada perspectiva de forma que as respostas desses questionamentos fossem temas estratégicos,

como visto a seguir:

Perspectiva Financeira:

Quais são os desafios financeiros e como gerenciar bem os recursos humanos, orçamentários e

de infraestrutura disponíveis?

Perspectiva de Clientes:

Quem são os clientes e o que eles esperam da BANT?

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Figura 8 - Perspectivas do Balanced Scorecard da BANT (BANT/ adaptado pelo autor)

Perspectiva de Processos Internos:

Para atender as necessidades de nossos clientes, que precisa ser “bem feito”?

Em quais áreas deve-se ser excelente?

Perspectiva de Aprendizado e Crescimento:

Que nível de habilidade e conhecimento deve-se ter para desempenhar com excelência os

processos-chave?

Os temas estratégicos elaborados a partir dessas perguntas encontram-se na Figura 8.

Esses temas estratégicos serviram de orientação para a definição dos objetivos estratégicos que

é parte integrante do mapa estratégico.

6.2.4 Processos-chave

PERSPECTIVAS

PERSPECTIVA FINANCEIRA

Melhoria da eficiência das aquisições.

Melhoria da eficiência em serviços públicos.

Incremento da eficiência dos estoques.

Incremento da eficiência de processos

PERSPECTIVA DO CLIENTE

Manter/ incrementar projetos de apoio social.

Melhorar a transparência dos processos.

Implantar sistema de feedback de serviços.

Buscar iniciativas sustentáveis.

PERSPECTIVA INTERNA

Promover ações de endomarketing.

Adotar a gestão por projetos.

PERSPECTIVA DE CONHECIMENTO E APRENDIZADO

Implantar a sistemática de formação de multiplicadores.

Implantar a sistemática de EAD.

Implantar sistema de gestão do conhecimento

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Para desempenhar as funções típicas de serviços de Base Aérea, a BANT classifica suas

principais atribuições em categorias de atividades denominadas de processos-chave, os quais se

constituem funções em que a BANT deve executar com excelência para alcançar sua missão

com êxito e caminhar rumo à conquista do desejo maior que é a visão.

A classificação dos processos-chave serviu de orientação para construção do mapa

estratégico, de forma que cada objetivo estratégico do BSC deveria ser alcançado por um

desses processos-chave, listados a seguir:

Hospedagem

Alimentação

Transporte

Suprimento e Manutenção

Segurança de Vôo

Manutenção predial

Pagamento de pessoal

Aquisição

Diárias

Saúde

Como toda organização a BANT possui seus clientes externos e internos. Os clientes

externos constituem as unidades que nela operam ou que nela estejam temporariamente

operando e os clientes internos são os próprios militares e funcionários civis do efetivo da

BANT, tendo em vista que estes também são usuários dos serviços prestados pelos setores

que desempenham os processos-chave.

6.2.5 Construção do mapa estratégico

A construção do mapa estratégico do BSC da BANT seguiu o modelo proposto por

Kaplan e Norton tendo apenas a inserção dos processos-chave a fim de evidenciar direta ou

indiretamente os responsáveis pelos cumprimentos dos objetivos estratégicos propostos. Ver

Figura 9.

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39

Uma vez estabelecidos os objetivos estratégicos relacionados a cada perspectiva, a

próxima etapa foi a definição das metas e dos seus respectivos indicadores, fase que mais

demandou esforço e tempo devido à complexidade de definição das propostas de metas a serem

alcançadas. Nessa etapa foi preciso negociar o cumprimento desses objetivos com cada setor

envolvido a fim de se chegar a uma meta que fosse desafiadora e ao mesmo tempo possível de

ser alcançada. No caso de inclusão de novos indicadores foram analisadas as condições de

recursos humanos, orçamentários e de infraestrutura existentes e para os que já existiam foi

feito um levantamento histórico do desempenho alcançado.

Observando o mapa estratégico pode-se perceber que é dada uma atenção maior para a

perspectiva cliente tendo em vista o número maior de objetivos e metas a serem alcançadas.

Essa atenção se dá devido ao foco na satisfação dos clientes buscando executar com excelência

os processos-chave que apoia a missão da organização.

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PERSPECTIVA PROCESSO OBJETIVO META INDICADOR/

PRODUTO

FINANCEIRA

Transporte

Melhorar a eficiência do

serviço de transporte de

superfície.

Implementar sistema

informatizado de ordem de serviço

e otimização de rotas.

Sistema

implementado

Pagamento de

Pessoal

Melhorar a conformidade de

pagamento de pessoal.

Obter ou ultrapassar a marca de

96% de conformidade.

Índice de

conformidade

Aquisição Melhorar a eficiência do

processo de aquisição.

Implantar e manter um sistema de

gestão da qualidade para o

processo de aquisição.

Sistema

implantado

Serviços

Públicos

Reduzir o desperdício de

serviços públicos.

Reduzir em 6% ou mais o

consumo de serviços públicos.

Índice de

redução

Processos

Internos

Mapear e acompanhar os

principais riscos frente à

missão precípua da Unidade.

Produzir um mapa de riscos. Mapa

elaborado

Alimentação

de Pessoal

Incrementar o índice de

satisfação do usuário final.

Atingir ou ultrapassar a marca de

95% de aceitação.

Índice de

satisfação

Estabelecer um canal de

comunicação com público-

alvo.

Realizar no mínimo uma ampla

pesquisa de opinião no exercício

de 2012.

Pesquisa

realizada

Hospedagem

Incrementar a percepção do

cliente no tocante à qualidade

oferecida.

Estar entre as cinco primeiras

Unidades lembradas pelos clientes

no tocante à qualidade de

hospedagem.

Índice de

percepção

CLIENTE Processos

Internos

Melhorar a transparência dos

processos-chave.

Informatizar pelo menos três

processos relevantes para o

efetivo.

Índice de

atendimento

Manutenção

Aérea

Melhorar a disponibilidade das

aeronaves destinadas à

instrução.

Obter índice de disponibilidade no

mínimo igual ao exigido pelo

COMGAR.

Índice de

disponibilidade

de aeronave

Segurança de

Voo Melhorar a segurança de voo.

Adotar, no mínimo, três iniciativas

voltadas para a segurança de voo.

Medida

adotada

Manutenção

Predial

Promover manutenções

preventivas e corretivas nos

imóveis jurisdicionados de

forma a preservar-lhes a

funcionalidade e apresentação.

Realizar manutenções em 20% da

área jurisdicionada.

Índice de

manutenção de

imóveis

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Figura 9 - Mapa estratégico da BANT (BANT / adaptado pelo autor)

PERSPECTIVA PROCESSO OBJETIVO META INDICADOR/

PRODUTO

Pagamento de

Pessoal

Valorizar o inativo e

pensionista.

Implementar nova sistemática de

atendimento, para melhoria do

conforto e eficiência do processo.

Sistemática

implantada

Pagamento de

Diárias

Reduzir o prazo de

pagamento de diárias.

Reduzir em pelo menos 30% o

prazo para pagamento de diárias

planejadas antecipadamente.

Tempo de

pagamento

Saúde

Melhorar a satisfação do

usuário do sistema de

saúde.

Aumentar em pelo menos 20% a

satisfação do usuário do ES.

Índice de

satisfação

Processos Internos

Introduzir um sistema

simples de feedback para o

usuário nos processos com

interação do público

externo.

Implementar a sistemática de

retorno para 50% dos processos

com envolvimento de pessoas

externas.

Índice de

execução

Segurança

Melhorar a disciplina e o

profissionalismo da Equipe

de segurança.

Obter índice de incidentes de

serviço igual ou inferior a 5%.

Índice de

incidentes CLIENTE

Pronta-resposta

Melhorar a capacidade de

pronta-resposta do efetivo

da BANT.

Obter um índice de

comparecimento igual ou

superior a 85% em exercícios de

prontidão.

Índice de

compareciment

o

Projetos Sociais

Valorizar os projetos

sociais desenvolvidos com

a participação da BANT,

proporcionando melhoria da

qualidade de vida da

sociedade potiguar.

Obter índice de execução dos

respectivos planos de trabalho

superior a 95%.

Índice de

execução do

plano de

trabalho

Sustentabilidade

Ambiental

Buscar iniciativas

sustentáveis para o

atingimento dos objetivos

institucionais.

Implementar pelo menos três

iniciativas sustentáveis no

exercício.

Iniciativa

adotada

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Figura 9 - Mapa estratégico da BANT ( BANT/ adaptado pelo autor)

6.2.6 Implantação dos indicadores de desempenho

Na construção do mapa estratégico faz-se necessário a construção dos indicadores de

desempenho para que se possam gerar informações que possibilitem o acompanhamento das

metas propostas e proporcionar aos gestores uma visão clara e completa da performance da

organização.

PERSPECTIVA PROCESSO OBJETIVO META INDICADOR/

PRODUTO

PROCESSOS

INTERNOS

Hospedagem Melhorar a comunicação

com o cliente.

Implementar sistemática de

feedback por formulário.

Sistemática

implementada

Processos

Internos

Adotar a gestão por

projetos.

Adotar até o ano de 2013 a

gestão por projetos.

Sistema

implantado

Mapear e reestruturar os

processos vigentes na UG.

Mapear e otimizar 10% dos

processos em funcionamento

na UG.

Índice de

execução

AP

RE

ND

IZA

GE

M E

CO

NH

EC

IME

NT

O

Hospedagem

Incrementar a qualidade

do serviço de cassineiro-

de-dia.

Promover o treinamento de

100% dos soldados destinados

ao atendimento dos hóspedes.

Índice de

capacitação

Conhecimento

Otimizar o processo de

aprendizado na OM.

Implementar o sistema de

formação de multiplicadores.

Sistema

implantado

Implantar o sistema de

EAD na UG.

Introduzir o sistema de EAD

para o efetivo da BANT.

Sistema

implantado

Introduzir uma sistemática

de treinamentos

estratégicos para a UG.

Programar e realizar pelo

menos seis

palestras/workshops/simpósios

para atendimento dos

interesses estratégicos da OM.

Evento

realizado

Fomentar a doutrina de

segurança na OM.

Realizar pelo menos duas

reuniões gerais com enfoque

em ações de segurança.

Reunião

realizada

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Nesta concepção, foi selecionado um conjunto de indicadores para cada uma das

perspectivas evidenciando também os objetivos estratégicos e as metas a esses associados. Para

tal foi necessário selecionar os indicadores já existentes ; elaborar novos indicadores para cada

objetivo estratégico e detalhar esses indicadores.

No processo de seleção dos indicadores já existentes foram estabelecidos aqueles que

melhor monitorassem os objetivos estratégicos e no processo de elaboração de novos

indicadores foi realizado um estudo que definisse o objetivo da mensuração, identificação das

variáveis, fórmula do cálculo, periodicidade e responsável pela medição, meta, data e valor da

última medição. Ver Figura 10.

Figura 10 - Detalhamento do índice de satisfação (BANT)

Após identificar todos os indicadores foi construída uma tabela de todos os indicadores

do BSC contendo todos estes detalhamentos para servir de consulta pelos setores envolvidos.

Os indicadores de desempenho que compõem o BSC da BANT são:

Índice de satisfação: Verificar a efetividade do trabalho realizado em setores que

realizam atendimento ao público

Índice de capacitação: Verificar o grau de capacitação das equipes de trabalho

Índice de percepção: Verificar a percepção do usuário final quanto à qualidade dos

serviços prestados.

INDICE DE SATISFAÇÃO

Objetivo da Mensuração Verificar a efetividade do trabalho realizado em

setores que realizam atendimento ao público

Identificação das Variáveis Satisfação do usuário

Origem dos dados empregados

na fórmula

Público atendido

Fórmula do Indicador de

Desempenho (∑ fichas com grau igual ou superior a 3)/ (∑ fichas

preenchidas no período)*100

Periodicidade e Responsável

pela Medição

MENSAL (EISS, ES)

Meta para o ano EISS – 95%

ES – (incremento de 20%) OBS.: O ES deverá

promover pesquisa de satisfação para verificar o grau

atual de satisfação.

Data e Valor da Última Medição

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Índice de disponibilidade de aeronaves: Verificar a disponibilidade de meios aéreos

Índice de manutenção predial: Verificar o percentual da área dos imóveis

jurisdicionados objeto de manutenção preventiva o corretiva

Índice de conformidade: Verificar o nível de conformidade no processo de pagamento

de pessoal, com vistas à redução do retrabalho.

Índice de redução de consumo de serviços públicos: Verificar a efetividade do combate

ao desperdício de serviços públicos.

Índice de execução: Verificar o grau de execução de processos de interesse estratégico

Índice de incidentes: Medir o nível de incidentes de serviço da equipe de segurança da

BANT.

6.2.7 Apresentação do sistema de gerenciamento do BSC

O sistema de monitoramento e gerenciamento do BSC da BANT é realizado por meio

de planilhas do Excel que trabalha as variáveis dos índices de desempenho atrelado a cada

perspectiva e processos-chave capaz de gerar informações em gráficos. Ver Figuras 11 e 12

Este gráfico permite a visualização clara e fácil do desempenho das quatro perspectivas

de forma a mostrar em qual perspectiva a organização está tendo êxito e em qual precisa

melhorar. A periodicidade de medição dos indicadores de desempenho é mensal e apresentada

pelos setores envolvidos na ocasião da reunião de prestação de contas que acontece sempre na

primeira segunda-feira de cada mês presidida pelo comandante da BANT.

Esta forma de gerenciamento do desempenho adotada torna-se bastante eficaz pois

proporciona o comprometimento e envolvimento dos principais líderes da organização além de

ser uma boa forma de comunicar a estratégia e a evolução das metas a serem alcançadas.

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Figura 11 – Desempenho das perspectivas do BSC da BANT (BANT)

Figura 12 – Desempenho dos processos-chave da BANT (BANT)

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%CLIENTE

CONHECIMENTO

FINANCEIRA

INTERNA

BALANCED SCORECARD

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%SERVIÇOS PÚBLICOS

CONHECIMENTO

TRANSPORTE

SUSTENTABILIDADE

ALIMENTAÇÃO

PROJETOS SOCIAIS

PAGAMENTO DE…

SEGURANÇA ORGÂNICA

PROCESSOS INTERNOSMANUTENÇÃO PREDIAL

SEGURANÇA DE VOO

SAÚDE

MANUTENÇÃO AÉREA

AQUISIÇÃO

HOSPEDAGEM

PAGAMENTO DE…

PRONTA RESPOSTA

Scorecard da BANT

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modelo de BSC implantado na BANT, apesar de não ter seguido em alguns aspectos

o modelo proposto por seus idealizadores para instituições públicas e embora não tenha

contado com a colaboração de uma consultoria especializada no assunto, pode se considerar

que no geral está em conformidade com o modelo proposto por Kaplan e Norton.

O mapa estratégico construído com a orientação do BSC teve como diferencial a inclusão

dos processos-chave da organização detalhando os objetivos estratégicos, as metas propostas e

os indicadores de desempenho, constituindo-se numa ferramenta fundamental para a

comunicação da estratégia e monitoramento do sistema.

Além do mapa estratégico, os indicadores de desempenho foram elucidados de acordo

com os objetivos estratégicos definidos pela BANT, possibilitando a geração de informações

para acompanhamento das metas propostas assim como uma visualização clara do desempenho

da organização nas quatro perspectivas do BSC.

O sistema de gerenciamento apresentou-se ainda de forma embrionária tendo em vista

que não é um sistema que permite a geração e divulgação de informações de forma sistemática,

porém, que permite um acompanhamento mensal e que tem como ponto forte a comunicação

dos resultados obtidos e análise destes pelos principais gestores da organização.

Como a aplicação dessa ferramenta é recente não se podem tirar conclusões dos

resultados quantitativos obtidos, contudo, pode-se observar que a metodologia proporcionou

uma sinergia organizacional com o envolvimento de todos os colaboradores na intenção de

realizar com êxito a missão da organização.

7.1 SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS

Mais estudos se fazem necessários com o intuito de abordar:

Resultados da implantação do BSC em instituições públicas com o intuito de expandir o

uso dessa ferramenta de gestão estratégica.

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A influência da adoção do BSC nos processos de tomada de decisão no contexto das

instituições públicas.

A sistemática de funcionamento de implantação e resultados obtidos na implantação de

sistemas de gerenciamento para BSC como por exemplo o GP-WEB, sistema integrado

de gestão composto por módulos de gerenciamento de projetos e módulo de gestão da

excelência, com controle de indicadores, práticas de gestão e relatório de gestão.

A amplitude da adoção do BSC nas instituições públicas no Brasil tendo em vista que

essa ferramenta está sendo adotada como um dos pilares do GesPública – (programa

nacional de gestão pública que tem como consolidação o Prêmio Nacional de Gestão

Pública – PQGF)

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