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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS – DCC
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
FERNANDA TEIXEIRA LIMA DE ARAÚJO
PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE EM RELAÇÃO AO
CPC 47 – RECEITA DE CONTRATO COM CLIENTES
NATAL/RN
2018
FERNANDA TEIXEIRA LIMA DE ARAÚJO
PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE EM RELAÇÃO AO
CPC 47 – RECEITA DE CONTRATO COM CLIENTES
Monografia apresentada ao curso de Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Profº. Me. Rodolfo Maia R. C. Rodrigues.
NATAL/RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Araujo, Fernanda Teixeira Lima de.
Percepção dos profissionais da contabilidade em relação ao CPC
47 - Receita de Contrato com Clientes / Fernanda Teixeira Lima
de Araujo. - 2018.
47f.: il.
Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais
Aplicadas, Departamento de Ciências Contábeis. Natal, RN, 2018.
Orientador: Profº. Me. Rodolfo Maia Rosado Cascudo Rodrigues.
1. CPC 47 - Receita de Contrato com Clientes - Monografia. 2.
Receita - Monografia. 3. Padrões contábeis - Monografia. 4.
Normas contábeis - Monografia. I. Rodrigues, Rodolfo Maia Rosado
Cascudo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título.
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355
FOLHA DE APROVAÇÃO
FERNANDA TEIXEIRA LIMA DE ARAÚJO
PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE EM RELAÇÃO AO
CPC 47 – RECEITA DE CONTRATO COM CLIENTES
Monografia apresentada ao curso de Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovada em: 04/12/2018
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Profº. Me. Rodolfo Maia R. C. Rodrigues
Orientador
__________________________________
Profº. Drº. Clayton Levy Lima de Melo
Membro da banca
__________________________________
Profº. Me. Égon Jose Mateus Celestino
Membro da banca
NATAL/RN
2018
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por Sua bondade e misericórdia em minha vida, por me conceder
graça e bênçãos imerecidamente.
Aos meus pais, Francisco e Marta, e irmã, Milena, pela torcida e apoio mesmo antes
de ingressar na faculdade. Pelos esforços de sempre buscar me proporcionar o melhor na
educação.
Ao meu namorado e melhor amigo, Sílvio, por sua longanimidade, por sempre me
trazer palavras de apoio tentando me convencer que eu conseguiria. Você tem sido exemplo
de dedicação e determinação.
Ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) por ter contribuído com minha
formação acadêmica com tanta excelência, me mostrando um novo mundo até então
desconhecido e inalcançável.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e professores pela
transmissão do conhecimento e dedicação para a boa formação de um profissional.
Aos colegas de turma que fizeram com que a caminhada se tornasse mais leve.
Obrigada!
“Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e
fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo
SENHOR.”
(Salmos 27:14)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................ 14
1.1.1 Geral .............................................................................................................. 14
1.1.2 Específicos ...................................................................................................... 14
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 17
2.1 MENSURAÇÃO E RECONHECIMENTO DA RECEITA ...................................... 17
2.2 NORMAS CONTÁBEIS .......................................................................................... 18
2.2.1 Receita, sua mensuração e reconhecimento – CPC 30 (R1) ......................... 18
2.2.2 Receita de contrato com cliente, sua mensuração e reconhecimento – CPC
47 ........................................................................................................................ 19
2.2.3 Breve síntese dos CPCs 30 e 47 ..................................................................... 21
2.3 ESTUDOS RELACIONADOS ................................................................................. 22
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 25
3.1 COLETA DE DADOS ............................................................................................. 25
3.2 TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................ 25
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................ 27
4.1 CARACTERÍSTICAS DOS RESPONDENTES ....................................................... 27
4.2 PERCEPÇÃO SOBRE O ASSUNTO EM QUESTÃO ............................................. 29
4.2.1 Conhecimentos gerais .................................................................................... 29
4.2.2 CPC 30 ........................................................................................................... 32
4.2.3 CPC 47 ........................................................................................................... 35
4.2.4 Análise geral .................................................................................................. 39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 41
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................43
ANEXO ...................................................................................................................................47
LISTA DE QUADRO
Quadro 1 – Síntese comparativa do CPC 30 e 47 com base na receita .................................. 22
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Gênero .............................................................................................................. 27
Gráfico 2 – Faixa etária ........................................................................................................ 27
Gráfico 3 – Ano de conclusão de curso ................................................................................ 28
Gráfico 4 – Formação acadêmica ......................................................................................... 28
Gráfico 5 – Anos atuando na área ......................................................................................... 29
Gráfico 6 – Respostas sobre o CPC 30 ................................................................................. 39
Gráfico 7 – Respostas sobre o CPC 47 ................................................................................. 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Familiaridade com os CPCs ................................................................................ 30
Tabela 2 – Acompanhamento das convergências das normas ............................................... 30
Tabela 3 – Relevância da receita para os usuários ................................................................ 31
Tabela 4 – A receita não impacta o PL ................................................................................. 31
Tabela 5 – Conceito de receita ............................................................................................. 32
Tabela 6 – Reconhecimento da receita ................................................................................. 33
Tabela 7 – Reconhecimento da receita em venda pela internet.............................................. 33
Tabela 8 – Reconhecimento da receita de longo prazo .......................................................... 34
Tabela 9 – Conhecimento sobre o CPC 30 ........................................................................... 35
Tabela 10 – Definição de contrato ........................................................................................ 36
Tabela 11 – Aplicação do CPC 47 ........................................................................................ 36
Tabela 12 – Reconhecimento da receita após o fechamento do contrato ............................... 37
Tabela 13 – Reconhecimento da receita após o 5 passos do CPC 47 ..................................... 37
Tabela 14 – Definição sobre obrigação de desempenho ........................................................ 38
Tabela 15 – Conhecimento sobre o CPC 47 ......................................................................... 38
RESUMO
Este trabalho objetiva averiguar a percepção dos profissionais da contabilidade em relação aos
conceitos abordados no Pronunciamento Técnico CPC 47 – Receita de Contrato com Clientes.
Entrado em vigor desde 1 de janeiro de 2018, substituiu e revogou o ICPC 11 – Recebimento
em Transferência de Ativos dos Clientes, ICPC 02 – Contrato de Construção do Setor
Imobiliário, CPC 17 – Contratos de Construção e CPC 30 – Receitas. Com a introdução desse
pronunciamento, busca-se conhecer dos contabilistas se eles conhecem os conceitos trazidos
por essa nova norma. A pesquisa se limitou a uma amostra de 35 contabilistas atuantes na área
privada. Os dados foram obtidos por meio de um questionário, aplicado durante os dias 28 de
setembro a 22 de outubro de 2018. É possível verificar a necessidade de capacitação desses
profissionais, pois, do total de respondentes, apenas dois responderam o questionário
adequadamente. Além de questões relacionadas ao CPC 47, no questionário também está
presente perguntas sobre o CPC 30. Analisa-se o comportamento dos acertos das duas
normas, e faz-se uma comparação. Pode-se observar que mesmo os contabilistas afirmando
que conhecem o CPC 30, somente um acertou todas as questões referentes a norma anterior
de receita. Assim, a pesquisa faz-se em virtude das dificuldades em face de conhecimento dos
Pronunciamentos 47 e 30.
Palavras-chaves: CPC 47 – Receita de Contrato com Clientes. Receita. Padrões contábeis.
ABSTRACT
This study aims to investigate the perception of accounting professionals in relation to the
concepts covered in Technical Pronouncement CPC 47 - Revenue from contracts with
customers. Entered into force since 1 January 2018, replaced and repealed the ICPC 11 -
Receive in transfer of assets of clients, ICPC 02 - Construction Contract of Real Estate, CPC
17 - Construction Contracts and CPC 30 - Revenue. With the introduction of this
pronouncement, it seeks to know of the accountants if they know the concepts brought by this
new standard. The research was limited to a sample of 35 accountants acting in private area.
The data were obtained through a questionnaire applied during the day 28 September to 22
October 2018. It is possible to check the need to train these professionals, because, of the total
number of respondents, only two answered the questionnaire properly. In addition to issues
related to CPC 47, the questionnaire is also present questions about the CPC 30. It analyzes
the behavior of the scores of the two standards, and make a comparison. It can be observed
that even the accountants stating that they know the CPC 30, only one hit all the issues
relating to the previous rule of revenue. Thus, the research is due to the difficulties in the face
of knowledge of the Pronouncements 47 and 30.
Keywords: CPC 47 - Revenue from contracts with customers. Revenue. Accounting
Standards.
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1 INTRODUÇÃO
As negociações comerciais não mais se limitam ao território nacional, as fronteiras
foram ultrapassada e, atualmente, temos a internacionalização das informações econômicas.
Porém, cada país tem sua cultura, seus costumes e, assim, seus métodos contábeis. Essa
diferença nas práticas contábeis dificulta a informação útil para o investidor que tem diante
dele demonstrações elaboradas de modos diferentes (LEMES; CARVALHO, 2004).
Diante dessa realidade, viu-se a necessidade de harmonizar as normas de contabilidade
para que fossem seguidos os mesmos entendimentos na elaboração e mensuração dos dados
contábeis. Ainda segundo Lemes e Carvalho (2004), essa harmonização veio para maximizar
a utilização das informações contábeis, principalmente pelos interessados em negociar títulos
de valores mobiliários.
O International Accounting Standards Board (IASB) é o normatizador e debatedor
mundial das normas contábeis e tem como objetivo “desenvolver [...] um conjunto único de
pronunciamentos contábeis de alta qualidade, compreensíveis, exequíveis e aceitáveis
globalmente” (IFRS, 2011). Tais pronunciamentos são emitidos por meio do International
Financial Reporting Standards (IFRS) e International Accounting Standard (IAS). Outro
normatizador conhecido mundialmente, além do IASB, é o Financial Accounting Standards
Board (FASB), com sede nos Estados Unidos.
No final de 2008, o IASB e o FASB lançaram um documento chamado Visões
preliminares sobre o reconhecimento de receita em contratos com clientes para discussão
sobre um novo modelo de reconhecimento de receita, que fosse único, que conseguisse
abranger todos os contratos com clientes. Eles acreditavam que desta forma iria melhorar a
comparabilidade e compreensibilidade dos dados contábeis por parte de seus usuários.
(FASB, 2011).
Em maio de 2014, foi publicado pelo IASB a IFRS 15 – Revenue from Contracts with
Customers, norma que trata sobre o reconhecimento de receita, substituindo as demais
diretrizes existentes, como a IAS 11 (Contratos de Construção) e a IAS 18 (Receita).
O órgão brasileiro responsável por preparar e divulgar os procedimentos de
contabilidade é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que, além de outros
objetivos, visa a convergência das normais brasileiras com as internacionais (RESOLUÇÃO
CFC Nº 1.055/05). A lei 11.638/07, a qual entrou em vigor em 1º de janeiro de 2008,
14
reformulando a lei das Sociedades por Ações 6.404/76, reformulou as práticas contábeis e fez
com que o Brasil se adequasse às normas internacionais de contabilidade.
Tomando como partida o interesse pela padronização das normas e após a publicação
da IFRS 15, o CPC, em junho de 2016, tornou pública a minuta do Pronunciamento Técnico
47 – Receita de Contrato com Cliente, a qual ficou aberta para receber sugestões e
considerações durante 90 dias. Em 04 de novembro de 2016, foi dado mais um passo que
segue para a conformidade da elaboração das informações contábeis: o pronunciamento
técnico CPC 47 – Receita de Contrato com Cliente fora aprovado.
O CPC 47 entrou em vigor em primeiro de janeiro deste ano (2018) e substituiu e
revogou o ICPC 11 – Recebimento em Transferência de Ativos dos Clientes, ICPC 02 –
Contrato de Construção do Setor Imobiliário, CPC 17 – Contratos de Construção e CPC 30 –
Receitas.
Diante da importância do conhecimento do conteúdo do CPC 47 para o
reconhecimento das receitas, e consequentemente, para a apuração dos resultados das
empresas, o presente trabalho tem como problema de pesquisa: qual a percepção dos
profissionais da contabilidade sobre os conceitos relacionados ao Pronunciamento Técnico
CPC 47 - Receita de Contrato com Clientes?
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Geral
O objetivo geral deste trabalho é investigar a percepção dos profissionais da
contabilidade sobre os conceitos relacionados ao Pronunciamento Técnico CPC 47 – Receita
de Contrato com Clientes.
1.1.2 Específicos
Com o fim de alcançar o objetivo geral, foram traçados os seguintes objetivos
específicos:
Abordar os aspectos sobre mensuração e reconhecimento da receita com base no CPC
47;
Identificar o nível de percepção sobre o CPC 30 e relacionar com os resultados do
CPC 47.
15
1.2 JUSTIFICATIVA
Um dos pontos de interesse dos investidores é saber qual o retorno que poderão obter
ao aplicarem seus recursos em uma determinada empresa. Para isso, o cálculo que demonstra
este indicador relaciona o que foi investido com o lucro. O resultado do exercício é uma das
demonstrações que possibilita enxergar o lucro, sendo iniciado pela receita, e qualquer
alteração no modo de reconhecimento da receita modificará o resultado, alterando, assim, os
indicadores de rentabilidade (FAGUNDES, 2017).
Entende-se, portanto, que a receita é uma das informações úteis para a tomada de
decisão. Devido a isso, é necessário que essa informação, além de compreensível, tempestiva
e verificável, seja comparável. A comparabilidade, segundo o Pronunciamento Contábil 00 –
Estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro, consiste
em, frente a uma decisão, as opções de escolha, seja de venda, de investir ou até mesmo
manter um investimento, sejam similares, tendo a mesma base de formação. Esta
característica qualitativa de melhoria faz lembrar a importância da convergência das normas
de contabilidade.
A contabilidade deve ser estruturada de maneira que consiga atender as necessidades
dos usuários da informação contábil, e um dos pontos que chamam atenção não só dos
usuários externos, mas também dos internos, é a receita (GUERREIRO et al., 2011). Toledo
et al. (2016) corroboram sobre a relevância da receita ao fazerem uma análise sobre
reconhecimento e divulgação de receitas tomando como base o CPC 30, dizendo que o
usuário da informação contábil, diante de uma demonstração financeira, deter-se-á ao
reconhecimento da receita, por ser esse um ponto imprescindível para ele. Tal importância
também é dada por parte da empresa, por saber que a receita tem relação com o aumento da
lucratividade (NASCIMENTO; DALL’ASTA, 2013). Carmo (2014) destaca a grande atenção
que deve ser dada pela companhia ao novo reconhecimento de receita, pois, a partir dessa
nova prática, outras atividades podem ser atingidas, como o valor dos tributos e dos
dividendos a serem distribuídos e dentre outros.
Martendal et al. (2011), Maciel et al. (2009) e Goulart (2002) elaboraram pesquisas
relacionando o conhecimento do contador com a teoria da contabilidade. Os autores indicaram
em seus trabalhos a condição desses profissionais em determinada área de conhecimento desta
ciência, por acreditarem que são eles os disseminadores da informação contábil. Por esta
razão, os estudos não devem se limitar apenas aos pesquisadores e estudantes da
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contabilidade, mas também precisa ser de interesse dos profissionais desta área, pois são esses
quem a praticam diariamente.
Dadas as atualizações das normas da contabilidade, que cada vez mais se conciliam
com as internacionais, e a importância da receita nos relatórios contábeis, o presente estudo
tem como justificativa a relevância deste tema devido à preocupação com a qualidade da
informação contábil que está sendo gerada e apresentada nas demonstrações contábeis. Com
isso, frente ao novo pronunciamento CPC 47, faz-se necessário que os contadores estejam
atualizados sobre o reconhecimento de receita para que possam proporcionar informações
fidedignas para os usuários. Além disso, espera-se contribuir para o meio acadêmico e
profissional, fazendo despertar para esse novo pronunciamento.
17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A receita é considerada um importante medidor de desempenho e demonstrativo de
situação prevista da empresa que é utilizada pelos investidores no momento em que eles a
avaliam (FASB, 2014). O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON)
(2014) corrobora ao declarar que a receita é uma “métrica”, a qual faz parte de um conjunto
de ferramentas úteis para o tomador de decisões.
Levando em consideração a relevância da receita, é fundamental que ela seja
compreendida corretamente, bem como o momento apropriado para seu reconhecimento e
como fazer sua mensuração (HENDRIKSEN; BREDA, 2012).
Com relação à definição de receita, encontra-se no pronunciamento 00 do CPC (2011),
que é o aumento nos benefícios econômicos que foram gerados por meio de entrada de
recursos ou, que em sua contrapartida, gerou aumento de ativos ou com diminuição de
passivos, e que esse aumento não tenha sido através de investimentos dos sócios.
Ou seja, é o dinheiro recebido que gere movimentação econômica positiva no
patrimônio da empresa, sem que isso tenha partido da contribuição dos sócios. O FASB
(1985), ao elencar os elementos das demonstrações financeiras, no conceito número 6,
parágrafo 78,especifica que esse aumento origina-se das atividades principais da empresa.
Iudícibus (2000, p. 151) destaca que as definições de receita giram mais em torno dos
“aspectos de quando reconhecer a receita e em que momento do que na caracterização de sua
natureza”, associando que, para a compreensão do que é receita, faz-se necessário entender
como mensurá-la e o momento de reconhecê-la (LEMOS et al., 2015).
2.1 MENSURAÇÃO E RECONHECIMENTO DA RECEITA
Há autores que entendem a fase de reconhecimento e mensuração da receita como
interligadas. Pode-se ver isso quando Iudícibus (2000) menciona que a dificuldade na
mensuração da receita vem da incerteza de quando ela deve ser reconhecida.
Independentemente de como a receita é definida, ela deve ser medida, e será pelo valor de
troca do bem ou serviço negociado com o cliente (HENDRIKSEN; BREDA, 2012). Para
Iudícibus (2000, p. 154), a mensuração da receita é a determinação do “valor de troca do
produto ou serviço prestado pela empresa”, ou seja, é a decisão de quanto será cobrado pelo
bem ou serviço prestado naquele momento.
18
Sobre o reconhecimento da receita, Santos et al. (2007, p. 129), consideram que “as
receitas são geralmente reconhecidas no momento em que culmina o processo de ganho”.
Porém, em alguns casos, não é simples assim.Mesquita et al. (2017) destacam a complexidade
que há ao enfatizar que este é um dos impasses da contabilidade: o momento em que a receita
deve ser reconhecida, uma vez que a venda de um bem imobiliário pode acontecer após sua
produção, ou ainda mesmo durante a produção deste.
O conhecimento de quando reconhecer a receita, qual montante atribuir a ela e sua
natureza são pontos relevantes (LEMOS et al., 2015) e o responsável pela elaboração das
demonstrações contábeis, o contador, deve buscar a devida instrução sobre o tema, uma vez
que o adequado saber gera corretas contabilizações (SANTOS et al., 2007), evitando, assim,
distorções nas demonstrações contábeis e informações com valores diferentes do real para o
mercado (LIMA FILHO; BRUNI, 2012).
Uma das fontes de busca é o órgão que tem como objetivo “estudar, preparar e emitir
os pronunciamentos contábeis”, o CPC (RESOLUÇÃO CFC 1.055/2005), que apresenta
várias normas emitidas para orientar o contador na prática de sua profissão em diversas
situações da contabilidade, dentre as quais está a de receitas.
2.2 NORMAS CONTÁBEIS
2.2.1 Receita, sua mensuração e reconhecimento – CPC 30 (R1)
Essa norma, que foi aprovada em 2012 através da Resolução 1.412/2012 e revogada a
partir deste ano, tinha como objetivo indicar quais os tratamentos que deveriam ser tomados
sobre receitas. Receitas estas que fossem geradas a partir da “venda de bens, prestação de
serviços e da utilização, por parte de terceiros, de outros ativos da entidade que geram juros,
royalties e dividendos” (CPC 30, p. 2, 2012).
O CPC 30 traz a definição de receita e de valor justo. Sobre a primeira, o conceito faz
lembrar o trazido pelo CPC 00, ao dizer que receita é aquela gerada pelas as atividades usuais
da empresa, que vão gerar aumento de benefícios econômicos influenciando positivamente o
patrimônio líquido da entidade, mas que não tenha partido do ingresso econômico dos sócios
(CPC 30, 2012).
Após a definição de receita, o pronunciamento explica qual o valor será dado a ela. Ele
diz que a receita será mensurada pelo valor justo, ou seja, pelo valor acordado entre as partes
do negócio (CPC 30, 2012). Para conseguir mensurar o valor justo, o mercado deve ser
19
observado para, assim, atribuir o valor que seria pago ou recebido por um ativo numa
transação não forçada (CPC 46, 2012).
O valor relativo à receita não deve levar em consideração a quantia proveniente dos
tributos e descontos, devendo ser excluída na divulgação da receita, pois não resultam em
aumento do patrimônio líquido e não pertencem à entidade (CPC 30, 2012).
Do item 14 ao 34, esse pronunciamento detalha quando a empresa deve reconhecer a
receita. Conforme o CPC 30 (2012) os três modos de geração de receita – venda de bens,
prestação de serviços e juros, royalties e dividendos – apresentam dois pontos semelhantes, ao
dizer que a receita só poderá ser reconhecida quando o valor for mensurado com confiança e
for provável que benefícios econômicos fluirão para a entidade (itens 14, 20 e 29).
Além dessas duas condições, para que a receita originária da venda de bens seja
reconhecida, o controle dos riscos e benefícios precisa ser transferido para o comprador, a
entidade não pode mais ter controle significativo sobre o bem e as despesas para a transação
do bem possam ser mensuradas com confiança (CPC 30, 2012).
Essa última circunstância também se aplica às receitas provenientes de prestação de
serviços, que, para serem reconhecidas, as despesas incorridas e as que irão incorrer para a
conclusão da prestação do serviço precisam ser mensuradas com confiabilidade, bem como
seja possível também, mensurar com segurança o estágio de execução da transação do serviço
prestado ao final do período (CPC 30, 2012).
2.2.2 Receita de contrato com cliente, sua mensuração e reconhecimento – CPC 47
A fim de eliminar dúvidas sobre reconhecimento da receita e em busca de uma única
norma, melhorando a comparabilidade, fornecendo informações úteis e aceitas
internacionalmente, foi emitida pelo IASB, em maio de 2014, a IFRS 15, tratando sobre
receita de contrato com clientes (IAS, [201-?]). O CPC, cumprindo seu objetivo de
acompanhar as normas internacionais (RESOLUÇÃO CFC 1.055/2005), publicou, em
dezembro de 2016, o CPC 47, substituindo e revogando as demais normas relacionadas ao
tema de receitas, como: CPC 17, CPC 30 – como também suas interpretações A e B –, ICPC
02 (contrato de construção do setor imobiliário) e ICPC 11 (recebimento em transferência de
ativos dos clientes).
O CPC 47 foi elaborado tomando como base a IFRS 15, trazendo uma norma única
sobre o tratamento de receita. A minuta deste novo pronunciamento esteve aberta para
20
discussão durante alguns meses de 2016, tendo sua aprovação neste mesmo ano. Em 1º de
janeiro de 2018, essa norma passou a vigorar (CPC 47, 2016).
Esse pronunciamento tem o objetivo de apresentar princípios que possibilitem
informações úteis aos usuários, de maneira que ele conheça “a natureza, o valor, a época e a
incerteza de receitas e fluxo de caixa” (CPC 47, 2016, p. 2).
Sobre a definição de receita, o novo pronunciamento trouxe o mesmo entendimento
que já tínhamos no CPC 30, mesclando com termos do CPC 00, o qual diz que a receita será
aquela gerada no período contábil, nas atividades ordinárias da empresa, que resultem em
aumento dos benefícios econômicos, bem como do patrimônio líquido da empresa, exceto os
aportes dos investidores (CPC 47, 2016).
Quanto ao alcance, ele será aplicado a contratos cuja contraparte é um cliente que quer
em troca bens ou serviços, porém esse cliente não pode ter participação nas atividades ou
compartilhar os riscos e benefícios com a outra parte (CPC 47, 2016).
Diferentemente do CPC 30 (2012), em que há critérios de reconhecimentos diferentes
para os tipos de alcance, o CPC 47 (2016) apresenta cinco pontos que engloba seu alcance,
que são:
a. Identificação do contrato: O contrato estabelecido com um cliente deve ser
reconhecido quando as partes do contrato o aprovarem e se comprometerem a cumprir
o estabelecido em contrato, quando o direito de cada parte for identificável, quando for
possível identificar os termos de pagamento, o contrato tenha elemento comercial e
seja provável o recebimento do valor (CPC 47, 2016, p. 3).
b. Combinação de contrato: Existe a possibilidade de fazer combinações de contrato,
como já era citado no CPC 17. Agora, quando dois ou mais contratos forem
celebrados na mesma data ou em dias próximos a essa, com o mesmo cliente ou entre
partes relacionadas do cliente, devem-se contabilizar os contratos como um único
contrato. Mas, para isso, pelo menos um dos critérios a seguir deve ser cumprido: se
os contratos foram negociados como um pacote com um único objetivo comercial; se
o valor da contraprestação a ser paga pelo contrato depende do preço ou do
desempenho de outro contrato; ou se os bens ou serviços prometidos nos contratos
constituem uma única obrigação de performance (CPC 47, 2016, p. 5).
c. Modificação de contrato: a modificação pode ocorrer se houver alteração nos direitos
e/ou obrigações acordadas entre as partes, como, por exemplo, no valor estabelecido.
(CPC 47, 2016, p. 5).
21
d. Identificação de obrigação de performance: inicialmente a entidade deverá analisar os
bens ou serviços a serem prestados, os quais foram colocados em contrato, e terá que
encarar como uma obrigação de desempenho, ou seja, é a promessa de transferir ao
cliente um bem ou serviço que foi acordado em contrato (CPC 47, 2016, p. 6).
e. Satisfação de obrigação de performance: Para cada obrigação de performance haverá
uma satisfação de performance realizada ao longo do tempo. Assim sendo, a entidade
só poderá reconhecer a receita quando, ou à medida que, a entidade satisfizer a
obrigação de performance ou transferir o bem ou serviço estabelecido em contrato
com o cliente, ou seja, for cumprindo a promessa acordada. O ativo será considerado
transferido quando, ou à medida que, o cliente obtiver o controle do ativo. Se a
obrigação de performance não for satisfeita ao longo do tempo, a entidade satisfaz a
obrigação de performance em momento específico no tempo (CPC 47, 2016, p. 8).
Pode-se assim dizer que, para que haja o reconhecimento da receita, é necessário haver
um contrato. Nesse contrato podem existir combinações de contratos quando os objetos forem
de mesma natureza, ou podem ser negociados em conjunto, como também o contrato está
suscetível a modificações relacionadas ao alcance e preço. Logo após, é identificado qual a
obrigação de ambas as partes diante do contrato e, por fim, o cumprimento da promessa de
passar o controle do bem ou de prestar um serviço ao cliente e a contraprestação deste (CPC
47, 2016).
A nova norma (2016) inicia explicando o item de mensuração dizendo que à medida
que a obrigação de desempenho for sendo satisfeita, a receita pode ser reconhecida. Ela será
mensurada da seguinte maneira: para determinação do preço, a entidade deve levar em
consideração o que foi acordado em contrato e o preço que ela costuma praticar na venda do
bem ou prestação de serviço (excluindo valores que pertencem a terceiros); e, após a
determinação, ela irá alocar o preço a cada obrigação de desempenho, podendo esse valor
sofrer alterações dependendo das circunstâncias. Ainda que com palavras diferentes, Tavares
et al. (2016) compreendem que o CPC 47 continua por mensurar a receita pelo valor justo.
2.2.3 Breve síntese dos CPCs 30 e 47
Após a abordagem sobre o tratamento da receita a partir da norma anterior e da
vigente, é demonstrado a seguir um quadro comparativo desses dos dois pronunciamentos em
cima dos pontos tratados na revisão da literatura:
22
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
2.3 ESTUDOS RELACIONADOS
O CPC 47 foi divulgado em dezembro de 2016 e já se encontra estudos com datas do
ano seguinte abordando o assunto de receita sob o aspecto desse novo CPC. Buscaram expor e
analisar quais as mudanças que ele trouxe para o reconhecimento da receita e quais os
CPC 30 CPC 47
Alcance
Aplica-se a receitas que surgem a
partir da venda de bens, prestação
de serviço ou juros, royalties e
dividendos.
Aplica-se a contratos onde a
contraparte é um cliente que deseja
em troca bens ou prestação de
serviços.
Reconhecimento
Em relação à venda de bens,
prestação de serviços e juros,
royalties e dividendos, deve-se
reconhecer quando o valor for
mensurado com confiança e for
provável que benefícios
econômicos fluirão para a
entidade. Ainda sobre venda de
bens, o controle dos riscos e
benefícios precisa ser transferido
para o comprador, a entidade não
pode mais ter controle
significativo sobre o bem e as
despesas para a transação do
bem possam ser mensuradas
com confiança; esse último
também se aplica à prestação de
serviços, que, além desse, também
deve conseguir mensurar com
segurança o estágio de execução
da transação do serviço
prestado ao final do período.
Há três pontos principais
mencionados nessa fase, que são:
identificação do contrato, onde
pode haver combinação de contrato
e/ou modificação deste;
identificação da obrigação de
performance; e, satisfação de
obrigação de performance.
Mensuração Valor justo
Valor justo (preço determinado em
contrato e o que a empresa costuma
praticar no mercado, após isto ela
pode alocar o preço a cada
obrigação de desempenho).
Quadro 1– Síntese comparativa entre os CPCs 30 e 47 com base na receita
23
obstáculos que os contadores enfrentariam ao aderirem a essa nova norma em seu ambiente de
trabalho. Na pesquisa de Mesquita et al. (2017), eles analisaram dois contratos de uma
empresa do ramo da construção civil feitos à luz do CPC 17. Logo após, foram aplicados nos
mesmos contratos os cinco passos elencados no CPC 47 para reconhecimento da receita. Eles
verificaram que os dois contratos não sofreram alterações quando da aplicação do CPC 47,
pois foram bem redigidos e se enquadraram na nova norma. Já no trabalho de Severiano et al.
(2017), foi identificado que, por parte dos 6 entrevistados, haveria dificuldades para
implantação dos novos métodos da norma, como também as empresas precisariam se adaptar,
apresentando mudanças em seus controles internos, dos seus sistemas e de suas
demonstrações, uma vez que estas ficaram mais detalhadas.
Outros trabalhos verificaram as mudanças que ocorreram nas demonstrações contábeis
a partir da aplicação do pronunciamento técnico de Receita CPC 30 (R1), após alguns anos de
sua introdução ao CPC, novembro de 2012. Stumm (2015) analisou tal variação tomando
como base a aderência ao CPC 30 (R1) por parte de uma empresa, enquanto Rosa e
Wohlgemuth (2014) fizeram a mesma análise, mas comparando as mudanças decorrentes da
contabilização do CPC 30 (R1) com a norma anterior – CPC 30. Constataram que houve
mudanças na contabilização da receita na situação em que houve a venda, mas não houve a
entrega do produto, não podendo realizar o reconhecimento da receita de venda (STUMM,
2015; ROSA; WOHLGEMUTH, 2014).
Ruaro e Rodrigues (2014) realizaram sua pesquisa sobre o reconhecimento das
receitas em empresas prestadoras de serviços. Objetivaram analisar como as empresas
contabilizavam as receitas provenientes desse tipo de entrada de recursos. Elas analisaram
nove empresas classificadas em cada setor econômico listado na BM&FBovespa, no ano de
2013. Conseguiram atestar que todas as empresas estudadas declararam suas políticas para o
reconhecimento da receita, e, quando houve receitas diferidas, elas estavam contabilizadas no
passivo e mencionadas nas notas explicativas.
Outra corrente de pesquisa buscou verificar o nível de conhecimento dos contadores
ou futuros contadores sobre algum pronunciamento técnico. Uma vez que as normas têm o
papel de nortear os contadores na prática de sua profissão, é necessário que haja o adequado
conhecimento sobre elas (ROCHA et al., 2018).
Leite et al. (2018), em seu trabalho sobre o CPC 00, buscaram medir o nível de
compreensão dos docentes do curso de ciências contábeis em relação à estrutura conceitual
básica. Por meio de um questionário respondido por 32 professores, eles destacaram que os
24
professores têm um alto nível de conhecimento sobre o CPC 00 e o aplicam em sala de aula.
Porém, 69% dos entrevistados nunca elaboraram pesquisa sobre o assunto.
Terres et al. (2017) utilizaram em sua pesquisa o CPC 27 para averiguar o grau de
conhecimento dos profissionais da contabilidade sobre a depreciação de ativo imobilizado,
como também verificar quais os critérios utilizados para a depreciação. Ao aplicar um
questionário a 27 profissionais, os autores conseguiram identificar que os contadores possuem
grau de conhecimento de regular a bom.
Silva et al. (2016) analisaram o nível de conhecimento dos discentes das universidades
públicas da Paraíba do curso de ciências contábeis em relação à Redução ao Valor
Recuperável de Ativos – CPC 01. Para atingir o objetivo, foi elaborado um questionário e
aplicado aos alunos, em que puderam observar que mesmo a maioria afirmando que conhece
o CPC 01, as demais respostas não confirmaram isso. Apenas 3% dos respondentes acertaram
o questionário em sua totalidade.
Lomeu et al. (2016) realizaram a pesquisa buscando identificar a percepção dos
contadores da região do Alto Paranaíba/MG sobre o pronunciamento técnico Tributos sobre o
Lucro – CPC 32 – e sua influência nas práticas contábeis e tributárias em empresas do lucro
real. Eles atestaram que os contadores possuem nível intermediário de conhecimento em
relação à norma, o que faz os autores afirmar que, dessa maneira, o pronunciamento não é
utilizado da forma correta.
Outros autores buscaram verificar o conhecimento dos contadores sobre o CPC PME e
a sua aderência. Ao aplicarem um questionário aos entrevistados, foi observado que há pouco
conhecimento desses profissionais em relação a esse CPC. Os estudiosos concluem suas
pesquisas destacando a necessidade de os contadores buscarem a qualificação para auxiliar as
empresas na aplicação dessa norma (MAZZIONI et al., 2016; BARBOSA, 2015; AMORIM,
2013).
Já Kuhn et al. (2014) avaliaram qual o nível de entendimento dos docentes do curso de
ciências contábeis da Grande Goiânia em relação à maioria dos pronunciamentos contábeis de
contabilidade. Ao aplicarem um questionário e obterem respostas de 55 professores, eles
atestaram que o nível de conhecimento é baixo e que os docentes precisam atualizar-se quanto
à aderência das normas brasileiras de contabilidade às internacionais.
25
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 COLETA DE DADOS
A fim de conhecer a percepção dos contadores em relação ao novo tratamento sobre
receita, elaborou-se um questionário para que fosse possível coletar tais dados. O questionário
foi elaborado na ferramenta Google Docs, na opção de formulários, contendo 15
perguntas,com o objetivo de identificar o conhecimento dos contabilistas em relação aos
conceitos tratados no CPC 47, mas também se havia conhecimento tanto da norma anterior
(CPC 30) como noções do CPC e convergência. O questionário foi dividido em quatro seções:
a primeira buscou identificar o perfil dos entrevistados; a segunda abordou conhecimentos
diversos sobre CPC; a terceira tratou sobre o CPC 30 e, por fim, questões sobre o CPC 47.
A pesquisa também apresentou questões sobre o CPC 30, para que fosse possível fazer
comparação do conhecimento dos entrevistados em relação à norma anterior com a vigente.
A primeira seção era composta por questões que buscavam conhecer características
dos respondentes. As demais seções continham opções de respostas com base na escala likert,
que são alternativas que vão de 1 a 5, em que o 1 é discordo totalmente (DT), o 2 discordo
parcialmente (DP), 3 nem discordo nem concordo (NDNC), 4 concordo parcialmente (CP) e 5
concordo totalmente (CT). As respostas eram fechadas, só podia ser escolhida uma opção e
todas as questões foram marcadas como obrigatórias de serem respondidas.
Os entrevistados passaram a ter acesso ao questionário no dia 28 de setembro de 2018,
o qual foi possível responder somente até o dia 22 de outubro do mesmo ano. A aplicação
ocorreu por meio de envios do link de endereço do questionário em redes sociais e e-mails, e
o público-alvo limitou-se a contabilistas que estivessem atuando nos escritórios de
contabilidade.
Dos 111 contabilistas para os quais foi enviado o questionário, obteve-se retorno de 35
formulários, sendo essa a quantidade final da amostra. Os escritórios nos quais os
respondentes trabalham fazem a contabilidade tanto de empresas pequenas como de grandes.
3.2 TRATAMENTO DOS DADOS
A ferramenta de formulários do Google Docs já apresenta gráficos com percentuais à
medida que as respostas vão sendo enviadas, ainda assim, foi utilizado o Software Microsoft
26
Office Excel 2007 para auxiliar na tabulação dos dados individuais no momento em que se
buscou avaliar respostas isoladas dos respondentes.
Os dados foram tratados de modo descritivo, utilizando os percentuais obtidos na
pesquisa para chegar ao resultado que demonstrasse o conhecimento dos contabilistas e,
assim, constatar a percepção deles acerca do assunto.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 CARACTERÍSTICAS DOS RESPONDENTES
Inicialmente foram feitas seis perguntas para traçar o perfil dos
participaram da pesquisa. Obteve
masculino e 42,9% são do feminino.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Em relação à idade, a
correspondendo a 48,6% das respostas. A segunda maior parte, com 31
entre 31 e 40 anos, e 20% têm mais de 40 anos de idade.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Ainda sobre as características dos contabilistas, foi questionado sobre o ano
formaram em contabilidade:
outra maior porcentagem é de 28,6% para os que concluíram entre 2015 a 2010. Do to
42,9%
31,4%
ANÁLISE DOS RESULTADOS
CARACTERÍSTICAS DOS RESPONDENTES
Inicialmente foram feitas seis perguntas para traçar o perfil dos contabilistas que
participaram da pesquisa. Obteve-se que, do total de entrevistados, 57,1% são do gênero
masculino e 42,9% são do feminino.
Em relação à idade, a maioria dos respondentes apresenta ter entre 21 e
correspondendo a 48,6% das respostas. A segunda maior parte, com 31,4%, tem faixa etária
m mais de 40 anos de idade.
Ainda sobre as características dos contabilistas, foi questionado sobre o ano
45,7% concluíram seu curso entre os anos de 2016 a 2018, a
outra maior porcentagem é de 28,6% para os que concluíram entre 2015 a 2010. Do to
57,1%Masculino
Feminino
Gráfico 1– Gênero
Gráfico 2– Faixa etária
48,6%
31,4%
20%
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
Mais de 40 anos
27
contabilistas que
entrevistados, 57,1% são do gênero
ter entre 21 e 30 anos,
,4%, tem faixa etária
Ainda sobre as características dos contabilistas, foi questionado sobre o ano em que se
45,7% concluíram seu curso entre os anos de 2016 a 2018, a
outra maior porcentagem é de 28,6% para os que concluíram entre 2015 a 2010. Do total de
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
Mais de 40 anos
respondentes, 5,7% terminaram o curso entre 2009 a 2001, e 20% se formaram até o ano de
2000.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Levando em consideração o tempo normal de conclusão do
contábeis, que é de 4 a 5 anos, pode
algum contato durante sua graduação com as novas alterações que acontece
contabilidade, pois, apesar de
em outubro de 2005, a obrigatoriedade da utilização das orientações
IFRSs, deu-se a partir da Instrução CVM nº 457/07, a
exercício 2010, as entidades de capital aberto
os padrões internacionais.
Sobre a formação acadêmica, 5,7% dos q
técnico em contabilidade, 34,3%
especialização, e 60% são graduados em contabilidade.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
28,6%
5,7%
20%
34,3%
0%
Gráfico
respondentes, 5,7% terminaram o curso entre 2009 a 2001, e 20% se formaram até o ano de
Levando em consideração o tempo normal de conclusão do curso de ciências
contábeis, que é de 4 a 5 anos, pode-se observar que a maioria dos entrevistados, 45,7%, teve
algum contato durante sua graduação com as novas alterações que acontece
e o CPC, por intermédio da Resolução 1.055/05, ter sido criado
em outubro de 2005, a obrigatoriedade da utilização das orientações emitidas pelo IASB, as
r da Instrução CVM nº 457/07, a qual resolveu que, a partir do fim do
as entidades de capital aberto deveriam emitir suas demonstrações seguindo
Sobre a formação acadêmica, 5,7% dos que responderam o questionário tê
técnico em contabilidade, 34,3%, além de terem a graduação, também possuem
60% são graduados em contabilidade.
45,7%Entre 2018 e 2016
Entre 2015 e 2010
Entre 2009 e 2001
Até 2000
5,7%
60%
0%Téc. Em contabilidade
Graduação
Graduação com especialização
Mestrado
Doutorado
Gráfico 3– Ano de conclusão de curso
Gráfico 4– Formação acadêmica
28
respondentes, 5,7% terminaram o curso entre 2009 a 2001, e 20% se formaram até o ano de
curso de ciências
dos entrevistados, 45,7%, teve
algum contato durante sua graduação com as novas alterações que aconteceram na
1.055/05, ter sido criado
mitidas pelo IASB, as
a partir do fim do
emitir suas demonstrações seguindo
ue responderam o questionário têm apenas o
a graduação, também possuem
Entre 2018 e 2016
Entre 2015 e 2010
Entre 2009 e 2001
Téc. Em contabilidade
Graduação com especialização
Por último, nesta primeira etapa, foi perguntado há quantos anos trabalham na área da
contabilidade. A maioria, com 51,4% das respostas,
outra metade corresponde a 31,4%, indicando que trabalham entre 6
e 25 anos e 11,4% a mais de 25 anos. O que significa que a maioria está atuando na
contabilidade há pouco tempo.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Em geral, a quantidade de homens e mulheres participantes desta pesquisa é bem
equilibrada, apresentando maior número para os homens. Os respondentes são maioria jovem,
são formados recentemente, estão há pouco tempo atuando no mercado de trabalho e possuem
apenas graduação em ciências contábeis.
4.2 PERCEPÇÃO SOBRE O ASSUNTO EM QUESTÃO
A partir deste tópico, serão apresentados os resultados coletados sobre conhecimentos
sobre o CPC, tratamento e considerações sobre receita
sobre receita – CPC 47, como também sobre o CPC revogado, para analisar se os contabilistas
conheciam o CPC 30, comparando os resultados com a
4.2.1 Conhecimentos gerais
Após as perguntas de caracterização dos entrevistados, chega
em que foram abordadas questões sobre noções do CPC e de convergência para iniciar a
pesquisa propriamente dita.
31,4%
5,7%11,4%
Por último, nesta primeira etapa, foi perguntado há quantos anos trabalham na área da
om 51,4% das respostas, disse trabalhar há menos de 6 anos. A
outra metade corresponde a 31,4%, indicando que trabalham entre 6 e 15 anos, 5
ais de 25 anos. O que significa que a maioria está atuando na
contabilidade há pouco tempo.
Em geral, a quantidade de homens e mulheres participantes desta pesquisa é bem
equilibrada, apresentando maior número para os homens. Os respondentes são maioria jovem,
são formados recentemente, estão há pouco tempo atuando no mercado de trabalho e possuem
apenas graduação em ciências contábeis.
PERCEPÇÃO SOBRE O ASSUNTO EM QUESTÃO
serão apresentados os resultados coletados sobre conhecimentos
obre o CPC, tratamento e considerações sobre receita, com base no novo pronun
como também sobre o CPC revogado, para analisar se os contabilistas
, comparando os resultados com a nova norma.
s gerais
as perguntas de caracterização dos entrevistados, chega-se ao segundo momento
abordadas questões sobre noções do CPC e de convergência para iniciar a
51,4%
Menos de 6 anos
Entre 6 e 15 anos
Entre 16 e 25 anos
Mais de 25 anos
Gráfico 5– Anos atuando na área
29
Por último, nesta primeira etapa, foi perguntado há quantos anos trabalham na área da
menos de 6 anos. A
15 anos, 5,7% entre 16
ais de 25 anos. O que significa que a maioria está atuando na
Em geral, a quantidade de homens e mulheres participantes desta pesquisa é bem
equilibrada, apresentando maior número para os homens. Os respondentes são maioria jovem,
são formados recentemente, estão há pouco tempo atuando no mercado de trabalho e possuem
serão apresentados os resultados coletados sobre conhecimentos
com base no novo pronunciamento
como também sobre o CPC revogado, para analisar se os contabilistas
se ao segundo momento
abordadas questões sobre noções do CPC e de convergência para iniciar a
Menos de 6 anos
Entre 6 e 15 anos
Entre 16 e 25 anos
Mais de 25 anos
30
A primeira afirmação buscou conhecer a familiaridade com a qual os participantes têm
com os CPCs.
Tabela 1– Familiaridade com os CPCs
Questão (Q1) DT DP ND
NC CP CT T
Tenho familiaridade com os
pronunciamentos técnicos
contábeis (CPCs).
8,6% 17,1% 34,3% 22,9% 17,1% 100%
3 6 12 8 6 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Do total de participantes, 34,3% demonstraram estar indecisos, 40% disseram
concordar parcialmente ou totalmente e 25,7% discordaram parcialmente ou totalmente.
Ao falar sobre o acompanhamento do processo de convergência das normas brasileiras
de contabilidade com as internacionais, obteve-se os seguintes resultados:
Tabela 2– Acompanhamento das convergências das normas
Questão (Q2) DT DP ND
NC CP CT T
Acompanho o processo de
convergência das normas
brasileiras de contabilidade com as
internacionais.
8,5% 20% 34,3% 34,3% 2,9% 100%
3 7 12 12 1 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Vê-se que apenas 1 participante afirmou totalmente acompanhar esse processo, os que
responderam que “concordo parcialmente” aumentou para 34,3%, outros 34,3%
permaneceram sem ter uma opinião formada e o número dos que discordam parcialmente ou
totalmente aumentou para 28,5% em relação à questão interior.
Considerando que o comitê de pronunciamentos técnicos tem como um de seus
objetivos a “convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais”
(RESOLUÇÃO CFC Nº 1.055/05), uma nova norma inserida no CPC é reflexo das alterações
31
internacionais. Assim, pode-se notar que, dos 6 contabilistas que responderam ter
conhecimento sobre os CPCs, apenas 1 acompanha o processo de harmonização das normas.
Em seguida, foi falado sobre a receita e sua importância para os usuários da
informação contábil.
Tabela 3– Relevância da receita para os usuários
Questão (Q3) DT DP ND
NC CP CT T
O valor da receita é uma
informação importante para os
usuários da informação contábil.
0% 0% 0% 11,4% 88,6% 100%
0 0 0 4 31 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Os que disseram concordar totalmente com essa afirmativa foram 88,6%, o percentual
mais expressivo de toda a pesquisa, e os outros 11,4% concordaram parcialmente. Hsiao e
Carvalho (2014) confirmam essa questão ao falarem que o valor que for reconhecido, ou seja,
a receita, deve ser útil para o usuário tomador de decisão.
A última questão buscou conhecer se os contabilistas viam a relação entre receita e
patrimônio líquido e sua possível alteração. As respostas foram as seguintes:
Tabela 4– A receita não impacta o PL
Questão (Q4) DT DP ND
NC CP CT T
O acréscimo ou decréscimo de
receita não impacta o patrimônio
líquido.
57,1% 20% 8,6% 8,6% 5,7% 100%
20 7 3 3 2 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Mais da metade (57,1%) dos contabilistas discordaram totalmente ao ser dito que a
variação da receita não impactaria o patrimônio líquido, os outros 42,9%, 20% discordaram
parcialmente, 8,6% nem concordaram nem discordaram, 8,6% concordaram parcialmente e
5,7% concordaram totalmente. Tanto o CPC 30 como o CPC 00 mencionam em sua definição
sobre receita que há relação entre a receita e o patrimônio líquido. Hendriksen e Breda (2012)
32
corroboram com essa ideia, ao serem bem objetivos e falarem que receita é o aumento de
lucro, ou seja, a receita impacta o patrimônio líquido da empresa.
4.2.2 CPC 30
A terceira seção abordou aspectos e tratamento da receita à luz do CPC 30. A questão
consistiu em saber dos entrevistados se o conceito de receita não alcançaria os valores
referentes aos tributos sobre vendas. Os percentuais de respostas foram:
Tabela 5– Conceito de receita
Questão (Q1) DT DP ND
NC CP CT T
O conceito de receita não alcança
os valores referentes aos tributos
sobre vendas.
25,6% 22,9% 14,3% 22,9% 14,3% 100%
9 8 5 8 5 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
O resultado foi bem equilibrado em quase todas as opções de resposta. O que obteve
maior percentual foi “discordo totalmente” com 25,6%, logo depois houve empates nas
respostas “discordo parcialmente” e “concordo parcialmente” com 22,9%, e mais um
resultado igual em “nem discordo nem concordo” e “concordo totalmente” com 14,3%. O que
é considerado como receita para a empresa não atinge os valores referentes aos tributos, pois,
conforme o CPC 30 (2012), estes valores não pertencem à entidade e não geram aumento no
patrimônio líquido, e que, por esta razão, são valores excluídos da receita. Assim, pode-se
notar que 62,8%, entre os que discordaram total ou parcialmente e os que não souberam
responder, demonstram não ter conhecimento sobre o que deve ser considerado como receita
para a empresa.
Após esse primeiro ponto sobre receita, falou-se quando ela poderia ser reconhecida.
33
Tabela 6– Reconhecimento da receita
Questão (Q2) DT DP ND
NC CP CT T
A receita só deverá ser
reconhecida após a transferência
de riscos e benefícios.
11,4% 11,4% 28,7% 31,4% 17,1% 100%
4 4 10 11 6 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Sobre o momento para o reconhecimento da receita, foi dito no questionário que ela só
poderá ser reconhecida após a transferência dos riscos e benefícios. O resultado de 11,4%,
tanto foi para a resposta discordo totalmente como para discordo parcialmente, 17,1%
concordaram totalmente com a afirmação, 28,7% nem concordaram nem discordaram e
31,4% concordaram parcialmente. Apesar de o CPC 30 trazer mais critérios para que haja o
reconhecimento da receita, como ser provável que futuros benefícios econômicos fluirão para
a entidade, mensurar com confiança o valor e dentre outros, a transferência dos riscos e
benefícios é uma fase primordial, equiparando-se à satisfação da obrigação de desempenho do
CPC 47, no qual é a parte final de responsabilidade da empresa daquilo que ela se propôs a
fazer ou entregar. Ainda assim, pode-se considerar que as respostas “concordo parcialmente”
e “concordo totalmente” são adequadas para essa questão, ficando um percentual de 48,5%.
Para atestar melhor o conhecimento dos contabilistas sobre o reconhecimento da
receita, foi proposta uma situação prática que aplica a questão anterior.
Tabela 7– Reconhecimento da receita em venda pela internet
Questão (Q3) DT DP ND
NC CP CT T
Uma empresa que efetue uma
venda pela internet só poderá
reconhecer a receita de venda no
momento em que a mercadoria é
entregue ao cliente, independente
de o pagamento ser à vista ou a
prazo.
14,3% 20% 8,6% 34,3% 22,9% 100%
5 7 3 12 8 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
34
Ao ser inserida uma situação de uma empresa que realiza venda pela internet e ao
afirmar que a receita só poderia ser reconhecida quando a mercadoria fosse entregue ao
cliente, a maior porcentagem de respostas ficou em “concordo parcialmente” e “concordo
totalmente”, com 34,3% e 22,9%, respectivamente. Os demais (42,8%) discordaram
totalmente ou parcialmente ou não souberam responder.
Buscou-se ver quanto do total de entrevistados, ao responderem que a receita só pode
ser reconhecida após a transferência dos riscos e benefícios, responderam corretamente a
questão sobre venda pela internet. Do total de 6 respostas, 4 disseram de forma correta ao
afirmarem totalmente que a receita só pode ser reconhecida após a chegada da mercadoria ao
cliente. Em relação aos outros dois, um disse concordar parcialmente com a afirmativa, e o
outro discordou parcialmente, encontrando, assim, incoerência na resposta desses dois.
Também foi observado como se saíram na segunda questão os que responderam a primeira
com “concordo parcialmente”, uma vez que há outros critérios para o reconhecimento, por
mais que o citado na afirmativa seja um dos mais relevantes. Dos 11, apenas 1 concordou
totalmente que a receita só deveria ser reconhecida com a chegada da mercadoria ao cliente,
os demais respondentes ficaram distribuídos nas outras opções de resposta.
Outra questão, que buscou analisar o conhecimento dos entrevistados em relação ao
reconhecimento de receita, foi sobre contratos que duram mais de um exercício social. Na
questão, foi afirmado que até 2017 esse tipo de receita poderia ser reconhecida de duas
maneiras: ou pela porcentagem completada (POC) ou “na entrega das chaves”.
Tabela 8– Reconhecimento da receita de longo prazo
Questão (Q4) DT DP ND
NC CP CT T
No Brasil, até 2017, haviam dois
modelos aceitos para o
reconhecimento da receita em
contratos de longo prazo, que
poderia ser tanto pelo POC
(percentual de conclusão) como no
momento da “entrega das chaves”.
8,6% 8,6% 40% 28,6% 14,3% 100%
3 3 14 10 5 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
35
Nessa situação, 40% ficaram indecisos, seguido de 28,6% com os que concordaram
parcialmente, 14,3% concordaram totalmente e 8,6% discordaram parcialmente e o mesmo
percentual se repetiu para os que discordaram totalmente. No caso de contratos de compra e
venda de unidades imobiliárias, quando o imóvel é vendido antes ou durante a construção do
empreendimento, o reconhecimento da receita abrange a possibilidade de reconhecimento de
ambas as formas, dependendo da modalidade do contrato.
Por último, buscou-se identificar como os participantes se autoavaliam quanto ao
conhecimento do CPC 30 (Receitas).
Tabela 9– Conhecimento sobre o CPC 30
Questão (Q5) DT DP ND
NC CP CT T
Conheço o CPC 30 – Receita. 11,4% 17,1% 28,6% 14,3% 28,6% 100%
4 6 10 5 10 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Do total de respondentes, 28,6% escolheram a opção que concorda totalmente com a
afirmativa, 28,6% demonstraram estar indecisos, 17,1% discordaram parcialmente, 14,3%
disseram “concordo parcialmente” e 11,4% discordaram totalmente.
Vê-se que as opções com maiores percentuais de respostas foram o que afirmaram
com total certeza que conhecem o pronunciamento técnico e os que ficaram indecisos. Como
os que responderam que concordavam totalmente fazem parte do maior percentual de
respostas, dizendo que conhecem o CPC 30, analisou-se quanto desses responderam as
questões anteriores, relacionadas ao CPC revogado, adequadamente. Após averiguar
isoladamente todas as respostas dadas, pode-se notar que, dos 10 que afirmaram conhecer o
CPC 30, apenas 1 respondeu corretamente as questões anteriores.
4.2.3 CPC 47
Uma das perguntas presentes nesta seção foi sobre a definição de contrato com base no
CPC 47, uma vez que o novo pronunciamento trata da contabilização de contrato individual
com o cliente e o termo “contrato” é bastante encontrado durante a leitura dele.
36
Tabela 10– Definição de contrato
No questionário foi dito que contrato é um acordo entre duas ou mais partes que
somente existirá se e quando houver direitos e obrigações exigíveis. A maioria (48,6%)
escolheu a opção que diz com total certeza que a afirmativa estava correta, seguida de
“concordo parcialmente” (34,3%), os demais ou não souberam responder ou discordaram
parcialmente. Sendo essa a definição que consta no CPC 47.
Quanto à aplicação dessa norma, foi falado que o CPC 47 somente seria utilizado
quando a contraparte fosse um cliente.
Tabela 11– Aplicação do CPC 47
Questão (Q2) DT DP ND
NC CP CT T
A entidade deve aplicar o CPC 47
ao contrato somente se a
contraparte do contrato for um
cliente.
5,7% 14,3% 54,3% 17,1% 8,6% 100%
2 5 19 6 3 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Mais da metade dos contabilistas não souberam o que responder (54,3%) nessa
afirmação e apenas 3, representando 8,6%, afirmaram concordando totalmente. Essa questão
apresenta o que o CPC 47 diz, sendo esse o seu alcance.
Em seguida, foram feitas duas perguntas sobre o reconhecimento da receita com base
no CPC 47. A primeira diz que apenas pelo fato de a empresa fechar um contrato com um
cliente, a receita já pode ser reconhecida.
Questão (Q1) DT DP ND
NC CP CT T
Contrato é um acordo entre duas
ou mais partes que somente existirá
se e quando houver direitos e
obrigações exigíveis.
0% 2,9% 14,3% 34,3% 48,6% 100%
0 1 5 12 17 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
37
Tabela 12– Reconhecimento da receita após o fechamento do contrato
Questão (Q3) DT DP ND
NC CP CT T
No momento em que a empresa
fecha um contrato com o cliente, a
receita já pode ser reconhecida.
31,4% 14,3% 20% 20% 14,3% 100%
11 5 7 7 5 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Os que responderam corretamente negando absolutamente essa afirmativa foi um total
de 31,4%, sendo também a resposta mais escolhida. As outras respostas ficaram com 20%,
tanto para a opção “concordo parcialmente” como para os que não souberam responder, e
14,3% para as respostas “concordo totalmente” e “discordo parcialmente”. Esse não é o
momento para o reconhecimento da receita, sendo demonstrado o momento correto na
questão seguinte.
A afirmação falava a receita só poderia ser reconhecida depois de realizados os cinco
critérios, que são: identificação do contrato, identificação das obrigações de desempenho,
determinação do preço, alocação do preço e satisfação das obrigações de desempenho.
Tabela 13– Reconhecimento da receita após os 5 passos do CPC 47
Questão (Q4) DT DP ND
NC CP CT T
Somente após a identificação do
contrato, identificação das
obrigações de desempenho,
determinação do preço, alocação
do preço da transação às
obrigações de desempenho e
satisfação dessa obrigação é que a
receita poderá ser reconhecida.
5,7% 5,7% 28,6% 34,3% 25,7% 100%
2 2 10 12 9 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
38
Os que concordaram totalmente foram o percentual de 25,7%, o maior percentual
foram os que concordaram parcialmente com 34,4%, os indecisos corresponderam a 28,6% e
os demais (11,4%) discordaram parcialmente ou totalmente.
Observou-se se os que responderam discordando totalmente a primeira afirmação
sobre o reconhecimento da receita mantiveram seu entendimento sobre esse assunto na
segunda questão. Dos 11 que disseram “discordar totalmente” na primeira, 9 souberam
responder corretamente a questão posterior, indicando que pode haver um conhecimento
sobre o reconhecimento de receita com base no CPC 47 desses entrevistados.
No questionário, foi colocado mais uma definição que está presente nesse
pronunciamento, que é sobre obrigação de desempenho.
Tabela 14 – Definição sobre obrigação de desempenho
Questão (Q5) DT DP ND
NC CP CT T
Obrigação de desempenho é o
compromisso da entidade,
estabelecida em contrato, em
vender um bem ou de prestar um
serviço.
0% 5,7% 22,9% 48,6% 22,9% 100%
0 2 8 17 8 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
A questão abordava a ideia presente na nova norma, a qual diz que a obrigação de
desempenho é o compromisso da entidade, estabelecida em contrato, em vender um bem ou
de prestar um serviço. Diante das respostas apresentadas, pode-se notar que os participantes
não tiveram tanta certeza quanto a essa questão, indo a maioria (48,6%) para a opção
“concordo parcialmente”. Os que concordaram totalmente ou que ficaram indecisos se
igualaram, ficando com 22,9%, e os outros 5,7% discordaram parcialmente.
Tabela 15– Conhecimento sobre o CPC 47
Questão (Q6) DT DP ND
NC CP CT T
Conheço o CPC 47 – Receita de
contrato com clientes.
20% 25,7% 31,4% 22,9% 0% 100%
7 9 11 8 0 35
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Ao final, foi dada a afirmativa “conheço o CPC 47”, para que
pudessem responder se o conhecia
que não sabiam opinar, seguido de 25,7% com os que discordaram parcialmente, 22,9%
concordaram parcialmente e 20% discordaram totalmente. Nenhum dos respondentes disse
concordar totalmente com a afirmação feita.
4.2.4 Análise geral
Observando as respostas levantadas
questão ao ser afirmado que a variação da receita não impacta o PL da empresa a maioria
(31,4%) discordou dessa declaração, porém o que chama atenção é que 14,3% concordaram e
8,6% não souberam responder. Cabe lembrar que todos os respondentes
formação em contabilidade e estão atuando na área.
Considerando as respostas que foram dadas à seção do CPC 30, vê
quantidades de acertos na maioria das questões apresentaram baixos percentuais
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Apesar de o CPC 30 (R1)
predominantemente recém-formados
pronunciamento. Ainda pode
assustadores, levando-se em consideração esse perfil da maioria dos respondentes.
resultados mostram conhecimento inferior a 50%, ch
de acertos nas questões que foram abordadas. A afirmativa com maior número de exatidão foi
a Q2, na qual foram consideradas as respostas tanto “concordo parcialmente” como “concordo
totalmente”, quando falado sobre o m
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Q1
Gráfico
Ao final, foi dada a afirmativa “conheço o CPC 47”, para que
conheciam. O maior número de respostas foi 31,4%
que não sabiam opinar, seguido de 25,7% com os que discordaram parcialmente, 22,9%
concordaram parcialmente e 20% discordaram totalmente. Nenhum dos respondentes disse
concordar totalmente com a afirmação feita.
respostas levantadas na segunda seção do questionário, vê
questão ao ser afirmado que a variação da receita não impacta o PL da empresa a maioria
(31,4%) discordou dessa declaração, porém o que chama atenção é que 14,3% concordaram e
ouberam responder. Cabe lembrar que todos os respondentes têm algum grau de
formação em contabilidade e estão atuando na área.
Considerando as respostas que foram dadas à seção do CPC 30, vê
quantidades de acertos na maioria das questões apresentaram baixos percentuais
(R1) ter passado cinco anos em vigor e os entrevistados serem
formados e com graduação, apenas 28,6% disseram conhecer este
Ainda pode-se destacar que os resultados negativos são expressivos e
se em consideração esse perfil da maioria dos respondentes.
resultados mostram conhecimento inferior a 50%, chegando algumas a terem entre 10 e 20%
de acertos nas questões que foram abordadas. A afirmativa com maior número de exatidão foi
a Q2, na qual foram consideradas as respostas tanto “concordo parcialmente” como “concordo
totalmente”, quando falado sobre o momento para o reconhecimento da receita. A Q4, que
Q2 Q3 Q4
Erros e indecisos
Acertos
Gráfico 6– Respostas sobre o CPC 30
39
Ao final, foi dada a afirmativa “conheço o CPC 47”, para que os contabilistas
. O maior número de respostas foi 31,4%, informando
que não sabiam opinar, seguido de 25,7% com os que discordaram parcialmente, 22,9%
concordaram parcialmente e 20% discordaram totalmente. Nenhum dos respondentes disse
do questionário, vê-se que numa
questão ao ser afirmado que a variação da receita não impacta o PL da empresa a maioria
(31,4%) discordou dessa declaração, porém o que chama atenção é que 14,3% concordaram e
têm algum grau de
Considerando as respostas que foram dadas à seção do CPC 30, vê-se que as
quantidades de acertos na maioria das questões apresentaram baixos percentuais.
ter passado cinco anos em vigor e os entrevistados serem
apenas 28,6% disseram conhecer este
se destacar que os resultados negativos são expressivos e
se em consideração esse perfil da maioria dos respondentes. Os
egando algumas a terem entre 10 e 20%
de acertos nas questões que foram abordadas. A afirmativa com maior número de exatidão foi
a Q2, na qual foram consideradas as respostas tanto “concordo parcialmente” como “concordo
omento para o reconhecimento da receita. A Q4, que
Erros e indecisos
Acertos
fala sobre o reconhecimento de receita de longo prazo, apresentou um dos menores acertos,
como também se destacou por ter o maior percentual de indecisos (40%), para essa seção.
Analisando o conjunto de re
todas apresentaram acertos abaixo de 50% da quantidade de entrevistados.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
O melhor desempenho foi em
abordado sobre quando que deve ser aplicada a nova norma
que será quando a contraparte do contrato for um cliente
receita, pouco mais de 20% s
para o reconhecimento da receita com base no CPC 47 é a satisfação da obrigação de
desempenho, e os contabilistas demonstraram pouco conhecimento sobre do que se trata esse
ponto (Q5).
Diante das respostas em geral,
nenhuma das duas últimas seções, é
nas questões sobre o CPC 47 do que sobre o 30, mesmo nenhum afirmando que o conh
Cabe ainda destacar que essas duas seções de perguntas não obtiveram acertos com mais de
50% dos participantes, isso em todas as questões.
Os resultados obtidos se assemelham com os encontrados em trabalhos de outros
autores que realizaram suas pesqu
contadores sobre um determinado pronunciamento técnico, ou da maioria deles. Estudos
que utilizaram o CPC 01, 27, 32 ou
possuem de pouco a médio c
sobre as normas contábeis (TORRES
MAZZIORI et. al., 2016; BARBOSA, 2015; AMORIM, 2013)
Gráfico
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Q1 Q2
fala sobre o reconhecimento de receita de longo prazo, apresentou um dos menores acertos,
como também se destacou por ter o maior percentual de indecisos (40%), para essa seção.
Analisando o conjunto de respostas dadas as questões do CPC 47, pode
todas apresentaram acertos abaixo de 50% da quantidade de entrevistados.
O melhor desempenho foi em uma questão de definição (Q1), porém
deve ser aplicada a nova norma, poucos demonstraram conhecer
quando a contraparte do contrato for um cliente (Q2). Quanto ao reconhecimento da
, pouco mais de 20% soube responder adequadamente (Q4). Outro fator primordial
para o reconhecimento da receita com base no CPC 47 é a satisfação da obrigação de
desempenho, e os contabilistas demonstraram pouco conhecimento sobre do que se trata esse
Diante das respostas em geral, ainda que o resultado não tenha sido satisfatório para
nenhuma das duas últimas seções, é possível observar que os respondentes se saíram melhor
nas questões sobre o CPC 47 do que sobre o 30, mesmo nenhum afirmando que o conh
Cabe ainda destacar que essas duas seções de perguntas não obtiveram acertos com mais de
em todas as questões.
Os resultados obtidos se assemelham com os encontrados em trabalhos de outros
autores que realizaram suas pesquisas buscando identificar o grau de conhecimento dos
contadores sobre um determinado pronunciamento técnico, ou da maioria deles. Estudos
ram o CPC 01, 27, 32 ou PME, chegaram a, conclusão de que os entrevistados
possuem de pouco a médio conhecimento e que eles necessitam buscar mais info
sobre as normas contábeis (TORRES et. a., 2017; SILVA et. al., 2016; LOMEU
, 2016; BARBOSA, 2015; AMORIM, 2013).
Gráfico 7– Respostas sobre o CPC 47
Q3 Q4 Q5
Erros e indecisos
Acertos
40
fala sobre o reconhecimento de receita de longo prazo, apresentou um dos menores acertos,
como também se destacou por ter o maior percentual de indecisos (40%), para essa seção.
questões do CPC 47, pode-se notar que
), porém, quando foi
poucos demonstraram conhecer
reconhecimento da
). Outro fator primordial
para o reconhecimento da receita com base no CPC 47 é a satisfação da obrigação de
desempenho, e os contabilistas demonstraram pouco conhecimento sobre do que se trata esse
ainda que o resultado não tenha sido satisfatório para
possível observar que os respondentes se saíram melhor
nas questões sobre o CPC 47 do que sobre o 30, mesmo nenhum afirmando que o conhece.
Cabe ainda destacar que essas duas seções de perguntas não obtiveram acertos com mais de
Os resultados obtidos se assemelham com os encontrados em trabalhos de outros
isas buscando identificar o grau de conhecimento dos
contadores sobre um determinado pronunciamento técnico, ou da maioria deles. Estudos estes
que os entrevistados
mais informações
, 2016; LOMEU et. al., 2016;
Erros e indecisos
Acertos
41
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho buscou verificar qual a percepção dos contabilistas, atuantes no mercado,
em relação ao novo pronunciamento CPC 47 – Receita de contrato de clientes – que entrou
em vigor este ano, bem como seu entendimento sobre o tratamento das receitas.
Por meio da ferramenta Google Docs, na opção de formulários, elaboraram-se 15
perguntas que tinham o objetivo de levantar dados que tornassem possível a identificação do
nível de percepção dos entrevistados sobre o assunto desta pesquisa. Os questionamentos
foram voltados para identificação do perfil do entrevistado, conhecimentos abrangentes sobre
CPC e aspectos do tratamento da receita com base no CPC 30 e 47. Foi empregada a escala
likert como modelo de resposta. O link do questionário foi enviado por meio das redes sociais
e e-mails, obtendo o retorno de 35 contabilistas.
As características predominantes dos entrevistados são de jovens, formados apenas em
graduação, que concluíram o curso recentemente e que estão há pouco tempo no mercado de
trabalho.
Nas questões iniciais, pode-se ver que um pequeno número afirmou ter familiaridade
com os CPCs e esse número é ainda menor quando é falado sobre o acompanhamento das
convergências das normas brasileiras com as internacionais. Em relação à importância da
receita para os usuários e seu impacto no patrimônio líquido da empresa, mais de 50%
responderam de modo a concordar com tais afirmações.
Foi possível identificar que, mesmo o CPC 30 (R1) existindo desde 2012, os
participantes da pesquisa mostraram baixos percentuais de acertos, como também poucos
(28,6%) afirmaram conhecê-lo. Diante disso, acredita-se que esse conhecimento é superficial,
pois, ao analisar as respostas desses 28,6%, apenas 1 respondeu coerentemente as demais
questões sobre esse CPC.
Quanto ao CPC 47, os contabilistas também apresentaram rasa compreensão em
relação a alguns aspectos desse pronunciamento, como definição de contrato e obrigação de
desempenho e sobre seu alcance. Os resultados positivos também estiveram abaixo de 50%,
quando falado sobre o reconhecimento da receita com base nesse CPC. Nenhum dos
entrevistados afirmou conhecer essa nova norma.
Uma constatação relevante é que, mesmo eles considerando a receita um dado
importante para os usuários da informação contábil e que ela tem impacto no patrimônio
líquido da empresa, eles apontam pouco conhecimento em relação ao novo CPC de receita,
que está em vigor desde janeiro deste ano. Ou seja, ao acreditar em sua relevância, os
42
contabilistas deveriam estar mais bem preparados para que a informação fidedigna da receita
não seja prejudicada.
Diante das respostas levantadas na pesquisa sobre o novo pronunciamento, apenas 2
contabilistas acertaram todas as questões dessa seção, representando 5,7% do total da amostra.
Com isso, fica evidenciada a lacuna de conhecimento que há em relação ao CPC 47.
Os resultados deste trabalho podem contribuir com a literatura que trata sobre o
assunto, identificando a necessidade da qualificação desses profissionais quanto às
atualizações das normas contábeis, bem como sobre o novo pronunciamento técnico que
disserta sobre receita, possibilitando pesquisas futuras que possam analisar os escritórios
quanto à aplicação da nova norma e suas ações para capacitação de seus funcionários da área
contábil.
A pesquisa possui limitação quanto ao número da amostra, o que dificulta a
generalização dos resultados, porém, aponta uma possível inclinação quanto ao conhecimento
dos contabilistas em relação aos conceitos do novo pronunciamento sobre receita.
Recomenda-se novos estudos que contemplem um maior número de participantes, que
busque conhecer se os escritórios de contabilidade estão aplicando o novo pronunciamento, e
se houve algum método para capacitação dos contabilistas neste quesito.
43
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conhecimento e aplicação do CPC PME pelos contadores da cidade do Natal/RN. 2013.
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47
ANEXO
1Em novembro de 2018 o CPC 47 sofreu algumas alterações pela Revisão CPC 13 no qual houve a substituição da expressão “obrigação(ões) de desempenho” por “obrigação(ões) de performance”. Como o questionário foi elaborado antes dessa alteração, utilizou-se a antiga expressão nas questões e, consequentemente, na análise.
GERAIS
1 Tenho familiaridade com os pronunciamentos técnicos contábeis (CPCs).
2 Acompanho o processo de convergência das normas brasileiras de contabilidade
com as internacionais.
3 O valor da receita é uma informação importante para os usuários da informação
contábil.
4 O acréscimo ou decréscimo de receita não impacta o patrimônio líquido.
CPC 30
1 O conceito de receita não alcança os valores referentes aos tributos sobre
vendas.
2 A receita só deverá ser reconhecida após a transferência de riscos e benefícios.
3 Uma empresa que efetue uma venda pela internet só poderá reconhecer a receita
de venda no momento em que a mercadoria é entregue ao cliente, independente
de o pagamento ser à vista ou a prazo.
4 No Brasil, até 2017, haviam dois modelos aceitos para o reconhecimento da
receita em contratos de longo prazo, que poderia ser tanto pelo POC (percentual
de conclusão) como no momento da “entrega das chaves”.
5 Conheço o CPC 30 – Receita
CPC 47
1 Contrato é um acordo entre duas ou mais partes que somente existirá se e
quando houver direitos e obrigações exigíveis.
2 A entidade deve aplicar o CPC 47 ao contrato somente se a contraparte do
contrato for um cliente.
3 No momento em que a empresa fecha um contrato com o cliente a receita já
pode ser reconhecida.
4 Somente após a identificação do contrato, identificação das obrigações de
desempenho1, determinação do preço, alocação do preço da transação às
obrigações de desempenho e satisfação dessa obrigação é que a receita poderá
ser reconhecida.
5 Obrigação de desempenho é o compromisso da entidade, estabelecida em
contrato, em vender um bem ou de prestar um serviço.
6 Conheço o CPC 47 – Receita de contrato com clientes.