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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Instituto de Matemática Departamento de Métodos Matemáticos

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Instituto de ... · Ficha Catalográfica Lourêdo, Aldo Trajano. Existência e Decaimento de Soluções para Sistemas Acoplados Aldo Trajano

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO

Instituto de Matemática

Departamento de Métodos Matemáticos

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Existência e Decaimento de Soluções para Sistemas Acoplados.

Aldo Trajano Lourêdo

Tese de Doutorado apresentadaao Instituto de Matemática daUniversidade Federal do Rio deJaneiro, como parte dos requisi-tos necessários à obtenção do tí-tulo de Doutor em Matemática

Orientador: Manuel Antolino Milla Miranda

Rio de JaneiroDezembro de 2008

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Existência e Decaimento de Soluções para Sistemas Acoplados

Aldo Trajano LourêdoTese submetida ao Programa de Pós-gradução em Matemática da Universidade Federaldo Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de

Doutor em Matemática.

Aprovada por:

Manuel Antolino Milla Miranda (Orientador). ————————————————-D.Sc. - IM/UFRJ.

Wladimir Augusto das Neves. ————————————————-D.Sc. - IM/UFRJ

Osmundo Alves de Lima. —————————————————D.Sc. - DME/UEPB.

Haroldo Rodrigues Clark. —————————————————D.Sc. - IM/UFF.

Ricardo Fuentes Apolaya. —————————————————D.Sc. - IM/UFF.

Helvécio Rubens Crippa. —————————————————–D.Sc. - IM/UFRJ.

Rio de Janeiro

Dezembro de 2008

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Ficha Catalográfica

Lourêdo, Aldo Trajano.

Existência e Decaimento de Soluções

para Sistemas Acoplados

Aldo Trajano Lourêdo.

Rio de Janeiro:

UFRJ/ IM,2008

v,127

Orientador: Manuel Antolino Milla Miranda

Tese - UFRJ/ IM/ Programa de Pós-graduação em

Matemática, 2008

Referências Bibliográficas: f. 124-127.

1. Introdução.

2. Notações e Resuldados Básicos.

3. Dissipação atuando na Fronteira para um Sistema

Acoplado de Klein-Gordon.

4. Dissipação atuando na Fronteira para um Sistema

Acoplado de Equações de Kirchhoff.

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Dedicatória

Aos meus pais, à minha esposaMarinalva e minhas filhas

Adrielly e Viviane, com amor.

iv

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Não faças do amanhã o sinônimo de nunca,nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais.Teus passos ficaram.Olhes para trás... mas vá em frentepois há muitos que precisamque chegues para poderem seguir-te.

Charles Chaplin

v

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Agradecimentos

Ao Professor Manuel Milla Miranda, pelo estímulo constante e principalmente pelasua valiosa orientação acadêmica, pela paciência e amizade que sempre me prestou, noperíodo que estive no IM-UFRJ.

Agradeço ao Professor Luis Adauto da Justa Medeiros pela participação na minhaformação e pelas muitas lições de vida profissional.

Ao Professor Osmundo Alves de Lima, pela grande participação na minha formação.

Aos professores da UFCG, Claudianor Alves e Daniel Cordeiro que fizeram parte daminha formação acadêmica.

A Professora Walcy Santos Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Matemá-tica.

Ao Professor Ademir Fernando Pazoto por contribuir na minha formação.

Aos professores e funcionários do Instituto de Matemática da UFRJ, pelo convívioagradável durante a realização deste curso.

A minha esposa e filhas, assim como a minha mãe e irmãs pelo encentivo contante.

Ao meu pai ”in memorian” Antônio Batista Lourêdo e ao meu irmão ”in memorian ”Aroldo Trajano Lourêdo.

As famílias Rocha Lourêdo e Alves Lourêdo pelo encentivo.Aos amigos de curso: Alexandro Marinho, Ricardo Carvalho, Paulo Pamplona, Clever-

son e Nilza pelo estímulo constante através da amizade.

Aos colegas do DME-UEPB, principalmente Osmundo Alves de Lima, Victor Hugo,Anilton Falção, Orlando Almeida e Otacílio Batista.

Ao DME-UEPB por sua compreensão na minha liberação total do regime de trabalho.

A CAPES pelo suporte financeiro.

Sobretudo agradeço a Deus pela minha existência.

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Resumo

Neste trabalho estuda-se a existência e decaimento exponencial de soluções de umproblema misto para os seguintes sistemas acoplados:

∣∣∣∣∣∣∣u′′ −4u+ αv2u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −4v + αu2v = 0 em Ω× (0,∞)

e ∣∣∣∣∣∣∣u′′ −M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)4u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −M2(t, ‖v(t)‖2, ‖u(t)‖2)4v = 0 em Ω× (0,∞),

onde Ω é um aberto do Rn com fronteira Γ. Em ambos os problemas atua uma dissipaçãonão linear na fronteira.

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Abstract

This work is concerned with the study of the existence and exponential decay of so-lutions of a mixed problem for the following two coupled systems:

∣∣∣∣∣∣∣u′′ −4u+ αv2u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −4v + αu2v = 0 em Ω× (0,∞)

and ∣∣∣∣∣∣∣u′′ −M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)4u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −M2(t, ‖v(t)‖2, ‖u(t)‖2)4v = 0 em Ω× (0,∞),

where Ω is a bounded open of Rn with boundary Γ. In both problems is introduced anonlinear damping on Γ.

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Conteúdo

1 Introdução 1

2 Notações e Resultados Básicos. 3

2.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32.2 Resultados Auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

3 Dissipação atuando na Fronteira para um Sistema Acoplado de Klein-

Gordon. 9

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93.2 Teoremas de Traços. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123.3 Lema da Aproximação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193.4 Existência de Solução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263.5 Comportamento Assintótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4 Dissipação atuando na Fronteira para um Sistema Acoplado de Equações

de Kirchhoff. 54

4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 544.2 Resultados Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 584.3 Problema Associado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 624.4 Existência de Solução Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 684.5 Existência de Solução Global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 804.6 Decaimento de Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

Bibliografia 124

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Capítulo 1

Introdução

Nesta tese estudaremos os seguintes sistemas:

(∗)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −4u+ αv2u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −4v + αu2v = 0 em Ω× (0,∞)

u = 0 em Γ0 × (0,∞)

v = 0 em Γ0 × (0,∞)

∂u

∂ν+ h1(., u

′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

∂v

∂ν+ h2(., v

′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω

v(0) = v0 v′(0) = v1 em Ω.

e

(∗∗)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)4u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −M2(t, ‖v(t)‖2, ‖u(t)‖2)4v = 0 em Ω× (0,∞)

u = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

v = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

∂u

∂ν+ h1(., u

′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

∂v

∂ν+ h2(., v

′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω

v(0) = v0, v′(0) = v1 em Ω.

1

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A existência de solução do sistema (∗) é obtida aplicando o método de Galerkin comuma base especial, aproximações de Strauss para funções reais e resultados de traçosobre Γ para funções reais gerais. O decaimento de soluções segue por uma pertubaçãoda energia (funcional de Lyapunov) e método dos multiplicadores.

A existência de solução do sistema (∗∗) é obtida utilizando argumentos de ponto fixoe resultados de traço de funções não regulares. O decaimento de soluções segue por umapertubação da energia (funcional de Lyapunov) e método dos multiplicadores.

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Capítulo 2

Notações e Resultados Básicos.

Neste capítulo serão fixadas as notações e terminologia utilizada no trabalho. Asdemonstrações dos resultados se encontram disponíveis na literatura indicada.

2.1 Preliminares

Seja Ω um domínio limitado do Rn com fronteira Γ = ∂Ω de classe C2 a qual consistede duas partes Γ0 e Γ1 de medidas não nulas tais que Γ0 ∩ Γ1 = ∅.

Representa-se por D(Ω) o espaço das funções testes em Ω e D′(Ω) o espaço dasdistribuições sobre Ω.

Por Wm,p(Ω), 1 ≤ p < ∞ representamos o espaço de Sobolev de ordem m, isto é,o espaço das funções reais u ∈ Lp(Ω) tais que Dαu ∈ Lp(Ω), ∀|α| ≤ m, onde α =

(α1, α2, . . . , αn), αi inteiro não negativo e |α| = α1 + . . .+ αm.

Munido da norma

‖u‖W m,p(Ω) =

∑|α|≤m

∫Ω

|Dαu(x)|pdx

1p

(Wm,p(Ω), ‖u‖W m,p(Ω)) é um espaço de Banach.Quando p = ∞ temos que Wm,∞(Ω) representa o espaço de todas as funções reais

u ∈ L∞(Ω) tais que Dαu ∈ L∞(Ω), ∀|α| ≤ m. Em Wm,∞(Ω) definimos a norma por

‖u‖W m,∞(Ω) =∑|α|≤m

sup essx∈Ω

|Dαu(x)|,

que o torna um espaço de Banach.

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Quando p = 2 o espaço Wm,2(Ω) será denotado por Hm(Ω) que munido do produtointerno

(u, v) =∑|α|≤m

∫Ω

Dαu(x)Dαv(x)dx

e da norma induzida

‖u‖Hm(Ω) =

∑|α|≤m

∫Ω

|Dαu(x)|2dx

12

é um espaço de Hilbert.Por Wm,p

0 (Ω) representamos o fecho de D(Ω) em Wm,p(Ω), 1 ≤ p <∞, e por Hm0 (Ω)

representamos o fecho de D(Ω) em Hm(Ω). O dual topológico de Hm0 (Ω) é representado

por H−m(Ω).

Sejam X um espaço de Banach, X separável, e T > 0 um número real. Denota-sepor Lp (0, T ;X), 1 ≤ p < ∞, o espaço vetorial das (classes de) funções u : (0, T ) −→ X

que são fracamente mensuráveis e tais que a função t 7→ ‖u (t)‖pX é integrável à Lesbegue

em (0, T ) . Com a norma

‖u‖Lp(0,T ;X) =

(∫ T

0

‖u (t)‖pX dt

)1/p

,

resulta que Lp(0, T ;X) é um espaço de Banach.Quando p = 2 e X = H é um espaço de Hilbert, o espaço L2 (0, T ;H) é também um

espaço de Hilbert cujo produto interno é dado por

(u, v)L2(0,T ;H) =

∫ T

0

(u (s) , v (s))H ds.

Por L∞ (0, T ;X) representa-se o espaço de Banach das (classes de) funçõesu : (0, T ) ⊂ R −→ X que são fracamente mensuráveis e tais que t 7→ ‖u (t)‖X ∈L∞ (0, T ). A norma em L∞ (0, T ;X) é definida por

‖u‖L∞(0,T ;X) = sup esst∈(0,T )

‖u (t)‖X .

QuandoX é reflexivo e separável e 1 < p <∞, então Lp (0, T ;X) é um espaço reflexivoe separável, cujo dual topológico se identifica ao espaço de Banach Lp′ (0, T ;X ′), onde pe p′ são índices conjugados, isto é, 1

p+ 1

p′= 1. Mais precisamente, mostra-se que para

cada u ∈ [Lp (0, T ;X)]′, existe u ∈ Lp′ (0, T ;X ′) tal que

〈u, ϕ〉(Lp(0,T ;X))′×Lp(0,T ;X) =

∫ T

0

〈u (t) , ϕ (t)〉X′×X dt.

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O dual topológico do espaço L1 (0, T ;X) se identifica ao espaço L∞ (0, T ;X ′).

O espaço das aplicações lineares e contínuas de D (0, T ) em X é denominado espaçodas distribuições vetoriais sobre (0, T ) com valores em X, o qual será denotado porD′ (0, T ;X).

Seja T ∈ D′ (0, T ;X). A derivada de ordem n é definida como sendo a distribuiçãovetorial sobre (0, T ) com valores em X dada por⟨

dnT

dtn, ϕ

⟩= (−1)n

⟨T,dnϕ

dtn

⟩, ∀ϕ ∈ D′ (0, T ) .

Seja u ∈ Lp(0, T ;X), 1 ≤ p < ∞. Definimos a transformação Tu de D(0, T ) em X

dada por:

〈Tu, ϕ〉 =

∫ T

0

u(t)ϕ(t)dt, ∀ϕ ∈ D(0, T ),

onde a integral é entendida no sentido de Bochner. A aplicação Tu assim definida é lineare contínua e portanto Tu ∈ D′(0, T ;X). Além disso, como Tu é univocamente definidapor u, podemos identificar Tu com u dizendo simplesmente a distribuição u ao invés deTu. Portanto, u′ designará a derivada de u no sentido de D′(0, T ;X), ou seja,

〈u′, ϕ〉 = −〈u, ϕ′〉 = −∫ T

0

u(t)ϕ′(t)dt, ∀ϕ ∈ D(0, T ).

Definimos por

W k,p(0, T ;X) = u ∈ Lp(0, T ;X);u(j) ∈ Lp(0, T ;X), 0 ≤ j ≤ k,

onde u(j) representa a j-ésima derivada de u no sentido das distribuições vetoriais. Oespaço W k,p(0, T ;X) é munido da norma

‖u‖W k,p(0,T ;X) =

(k∑

j=0

‖u(j)‖pLp(0,T ;X)

) 1p

,

ou da norma equivalentek∑

j=0

‖u(j)‖pLp(0,T ;X).

Quando p = 2 e X é um espaço de Hilbert, X separável, o espaço W k,2(0, T ;X) édenotado por Hk(0, T ;X), que é um espaço de Hilbert munido do produto interno

(u, v)Hk(0,T ;X) =k∑

j=0

(u(j), v(j))L2(0,T ;X)

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e norma induzida

‖u‖Hk(0,T ;X) =

(k∑

j=0

‖u(j)‖2L2(0,T ;X)

) 12

.

Quando k = 0, Hk(0, T ;X) é o L2(0, T ;X).

Definimos

Hk0 (0, T ;X) = u ∈ Hk(0, T ;X);u(j)(0) = u(j)(T ) = 0, 0 ≤ j ≤ k − 1.

O dual topológico de Hk0 (0, T ;X) é representado por H−k(0, T ;X). Conforme M.Milla

Miranda [37] temos ainda que

Se u ∈ L2(0, T ;X) então u′ ∈ H−1(0, T ;X) (2.1)

Se u ∈ L2(0, T ;Hm(Ω)) com u′ ∈ L2(0, T ;Hm(Ω)), então γu′ = (γu)′. (2.2)

Por C0 ([0, T ] ;X), 0 < T < ∞ representa-se o espaço de Banach das funções con-tínuas u : [0, T ] −→ X munido da norma da convergência uniforme

‖u‖C0([0,T ];X) = maxt∈[0,T ]

‖u (t)‖X .

Por C0w ([0, T ] ;X) denota-se o espaço das funções u : [0, T ] −→ X fracamente con-

tínuas , isto é, a aplicação t 7→ 〈v, u (t)〉X′,X é contínua em [0, T ] ,∀v ∈ X ′.Quando X = H é um espaço de Hilbert, a continuidade fraca de u é equivalente a

continuidade da aplicação t 7−→ (u (t) , v)H , ∀v ∈ H.

2.2 Resultados Auxiliares

Teorema 2.1 (Aubin-Lions) Sejam B0, B, B1 espaços de Banach, B0 e B1 reflexivos,a imersão de B0 em B é compacta, B imerso continuamente em B1, 1 < p0, p1 <∞, e,W o espaço

W = u ∈ Lp0 (0, T ;B0) ; u′ ∈ Lp1 (0, T ;B1)

equipado da norma ‖u‖W = ‖u‖Lp0 (0,T ;B0) + ‖u′‖Lp1 (0,T ;B1). Então W é um espaço deBanach, e a imersão de W em Lp0 (0, T ;B) é compacta.

Demonstração: Ver J.L.Lions [24].

Observação 2.1 (Uma consequência do Teorema de Aubin-Lions 2.1): Se (uk)k∈N éuma sequência limitada em L2 (0, T ;B0) e (u′k)k∈N é uma sequência limitada em L2 (0, T ;B1)

então (uk)k∈N é limitada em W . Daí, segue que existe uma subsequência (uk)k∈N de

(uk)k∈N ainda denotada por (uk) tal que uk→ u forte em L2 (0, T ;B) .

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Proposição 2.1 Sejam V e H espaços de Hilbert, com V continuamente imerso em H.

Se u ∈ Lp (0, T ;V ) e u′ ∈ Lp (0, T ;H), com 1 ≤ p <∞, então

u ∈ C0 ([0, T ] ;H) .

Demonstração: Ver L.A.Medeiros [27] e J.L.Lions [24]

Teorema 2.2 Sejam X e Y espaços de Banach, com X reflexivo. Suponha que a imersãode X em Y seja contínua e densa. Então,

L∞(0, T ;X) ∩ Cw([0, T ];Y ) = Cw([0, T ];X).

Demonstração: Ver L.A.Medeiros [27] e J.L.Lions [24]Vamos usar as notações →, e ∗

para representar as convergências forte, fracae fraca ∗ respectivamente. Também, usaremos a notação V → W para indicar que aimersão do espaço V no espaço W é contínua.

Proposição 2.2 (Lema de Lions) Seja Q um aberto limitado do Rn. Seja (gk) umasequência de funções tais que(i) gk → g quase sempre em Q;

(ii) ‖gk‖Lq(Q) ≤ C; ∀k; 1 < q <∞Então gk g em Lq(Q).

Demonstração: Ver J.L.Lions [24].

Proposição 2.3 Sejam g : R → R uma função Lipzchitziana tal que g(0) = 0 ep ∈ [1,∞]. Se u ∈ W 1,p(Ω), então g(u) ∈ W 1,p(Ω) e ∇g(u) = g′(u)∇u q.s sobre Ω.

Demonstração: Ver H.Brezis e T. Cazenave [5]

Teorema 2.3 (Strauss) Seja Ω um aberto limitado do Rn de medida finita e X e Yespaços de Banach. Seja (ul) uma sequência de funções fortemente mensuráveis de Ω emX. Seja (Fl) uma sequência de funções de Ω×X em Y tal que

(a) (Fl) é uniformemente limitada em Y sobre Ω×B, para qualquer subconjunto limitadoB de X;

(b) Fl(x, ul(x)) é fortemente mensurável e∫Ω

‖ul(x)‖X‖Fl(x, ul(x))‖Y dx ≤ C <∞

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(c) ‖Fl(x, ul(x))− v(x)‖Y → 0 q.t.p. x ∈ Ω.

Então, v ∈ L1(Ω) e ∫Ω

‖Fl(x, ul(x))− v(x)‖Y dx→ 0.

Demonstração: Ver Strauss, A. W [44].

Seja Ω um aberto limitado do Rn. Em todo o trabalho a fronteira Γ de Ω estará con-stituída de duas partes disjuntas e fechadas Γ0 e Γ1 com medidas de Lebesgue positivas.O vetor ν(x) estará representando o vetor normal unitário em x ∈ Γ1. Também o produtoescalar e norma em L2(Ω) serão denotados por (u, v) e |u|, respectivamente, e V estarárepresentando o espaço de Hilbert

V = v ∈ H1(Ω), v = 0 sobre Γ0

com produto escalar((u, v)) =

∫Ω

∇u(x)∇v(x)dx,

e norma ‖u‖.

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Capítulo 3

Dissipação atuando na Fronteira para

um Sistema Acoplado de Klein-Gordon.

3.1 Introdução

Um modelo matemático para descrever a interação de dois campos eletromagnéticosu e v com massas a e b, respectivamente, e com constante de interação α > 0 é dado peloseguinte sistema de Klein-Gordon:

(∗)1

∣∣∣∣∣∣utt(x, t)−4u(x, t) + a2u(x, t) + αv2(x, t)u(x, t) = 0, x ∈ Ω, t > 0

vtt(x, t)−4v(x, t) + b2v(x, t) + αu2(x, t)v(x, t) = 0, x ∈ Ω, t > 0,

onde Ω é um aberto limitado do R3 com fronteira Γ. Este modelo foi proposto do I.Segal[42].

Observe que não existe perda de generalidade em supor a = b = 0.

Seja Ω um aberto limitado do Rn com fronteira Γ. A existência e unicidade de soluçõesdo problema misto com condições de Dirichlet nulas em Γ para (∗)1 com termos deacoplamento α|v|σ+2|u|σu e α|u|σ+2|v|σv foram estudadas por L.A.Medeiros e M.MillaMiranda, nos casos α > 0 e α < 0, em [29] e [33], respectivamente. Aqui σ ≥ 0 estárelacionado com a dimensão n do Rn e a imersão dos espaços de Sobolev.

Seja u, v uma solução de (∗)1 anulando-se na fronteira Γ e

(1) E(t) = ‖u′(t)‖2L2(Ω)+‖v′(t)‖2

L2(Ω)+‖∇u(t)‖2(L2(Ω))n +‖∇v(t)‖2

(L2(Ω))n +α‖u(t)v(t)‖2L2(Ω)

a energia associada a problema. Então

E(t) = E(0), ∀t ≥ 0.

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Assim, para obter um decaimento da energia E(t), precisa-se introduzir uma dissipaçãono problema, na fronteira, por exemplo. A seguir descreve-se este problema.

Seja Ω um aberto limitado do R3 com fronteira Γ. Supõe-se que Γ está constituidade duas partes disjuntas e fechadas Γ0 e Γ1, ambas com medidas de Lebesgue positivas.Denota-se por ν(x) ao vetor unitário normal exterior em x ∈ Γ1. Considera-se funçõesreais hi(x, s), i = 1, 2 definida em x ∈ Γ1 e s ∈ R. Nestas condições tem-se o seguinteproblema:

(∗)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −4u+ αv2u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −4v + αu2v = 0 em Ω× (0,∞)

u = 0 em Γ0 × (0,∞)

v = 0 em Γ0 × (0,∞)

∂u

∂ν+ h1(., u

′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

∂v

∂ν+ h2(., v

′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω

v(0) = v0 v′(0) = v1 em Ω.

No caso de uma equação (isto é, quando α = 0), Ω um aberto limitado do Rn eh(x, s) = δ(x)s, V.Komornik e E.Zuazua [18], usando a teoria de semigrupos, mostrarama existência de soluções. Nas mesmas hipóteses, aplicando o método de Galerkin comuma base especial, M.Milla Miranda e L.A. Medeiros [36], obtiveram resultado seme-lhante. O segundo método, além de construtivo, tem a vantagem de mostrar o espaço deSobolev onde habita ∂u

∂ν. Aplicando este segundo método porém para uma equação não

linear, F. Araruna e A.Maciel [3] obtiveram resultado análogo.A existência de soluções para a equação da onda com dissipação não linear na fronteira

Γ1 tem sido obtida, entre outros, usando a teoria de operadores máximos monótonos, porE.Zuazua [48], I.Lasiecka e D. Tataru [21], V.Komornik [16], e aplicando o método deGalerkin, por E. Vitillaro [46] e M.M.Cavalcanti, V.N.D. Cavalcanti, P.Martinez [8].

Em F.Alabau-Boussouira [4] e em todos os trabalhos mencionados anteriormente,aplicando desigualdades apropriadas, obtém-se o decaimento exponencial da energia as-sociada à equação da onda respectiva.

É bom ressaltar que os os resultados conhecidos sobre o decaimento exponencial daenergia associada à equação da onda linear com dissipação não linear h(u′) na fronteiraΓ1 foram obtidas supondo que h(s) tem um comportamento linear no infinito, isto é,

10

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(2) d0|s| ≤ |h(s)| ≤ d1|s|, ∀|s| ≥ R,

R suficientemente grande (d0 e d1 constantes positivas).Com relação ao sistema (∗) podemos mencionar o trabalho de A.T.Cousin, C.L. Frota

e N.A.Larkin [9] onde as condições na fronteira são lineares. Mencionaremos também otrabalho de V.Komornik and B.Rao [17] onde os termos de acoplamento são da formaα(u− v) e α(v − u) e as condições de fronteira são semelhantes às de (∗). Supondo

α ∈ L∞(Ω), α ≥ 0;

h contínua, não decrescente, h(s) = 0 se e somente se s = 0,

|h(s)| ≤ 1 + c|s|, ∀s ∈ R (c constante positiva),

e usando a teoria de operadores máximos monótonos, eles mostraram a existência desoluções. Com h satisfazendo (2) para todo s ∈ R e aplicando a técnica dos multipli-cadores, eles obtiveram o decaimento exponencial da energia associada ao problema.

Neste trabalho estamos interassado em obter a existência de soluções do Problema(∗) com condições bem gerais para hi, i = 1, 2. Com efeito, supondo que

hi ∈ C0(R;L∞(Γ1)), hi(x, 0) = 0, q.t.p x ∈ Γ1

e hi é fortemente monótona, isto é,

[hi(x, s)− hi(x, r)](s− r) ≥ di(s− r)2, ∀s, r ∈ R, i = 1, 2 (di constante positiva).

obtém-se a existência de soluções globais para (∗). Para tal, precisa-se obter resultadosde traço sobre Γ1 para funções bem gerais. Estes resultados junto com aproximaçõesespeciais de Strauss [44] para hi e o método de Galerkin com uma base especial permitemobter o resultado. Analisa-se também o decaimento exponencial da energia E(t) definidoem (1) quando hi(x, s) é da forma m(x).ν(x)gi(s), gi(s) ∈ C0(R) e satisfazendo (2) paratodo s ∈ R, i = 1, 2. Aqui m(x) = x− x0, x ∈ Ω, x0 ∈ Rn fixo. Nesta parte usamos umfuncional de Lyapunov (ver V.Komornik e E. Zuazua [18]) e o método dos multiplicadores.

Considere a equação

u′′ −4u+ f(u) = 0, x ∈ Ω, t > 0

com

f ∈ W 1,∞loc (R), f(s)s ≥ 0, ∀s ∈ R,

(f(s)− f(r)) ≤ a1(1 + |s|p−1 + |r|p−1)(s− r), ∀s, r ∈ R, (a1 > 0 constante),

11

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onde1 < p ≤ n

n− 2para n ≥ 3, p > 1 para n = 1, 2;

e a dissipação não linear de (∗). Então nossos resultados podem ser aplicados para obtera existência e decaimento exponencial de soluções deste problema. Este resultado é umaversão com dissipação não linear do estudo feito por F.Araruna e A.Maciel [3].

3.2 Teoremas de Traços.

O objetivo desta seção é obter resultados de traço para funções gerais que dependemde x e t.

Definimos o espaço de Hilbert V por

V = v ∈ H1(Ω); v = 0 sobre Γ0

equipado com o produto interno e norma dadas por

((u, v)) =n∑

i=1

(∂u

∂xi

,∂v

∂xi

), ‖u‖2 =

n∑i=1

∣∣∣ ∂u∂xi

∣∣∣2.Vamos considerar o operador −4 definido pela terna V, L2(Ω), ((., .)) cujo domínio

éD(−4) =

u ∈ V ∩H2(Ω);

∂u

∂ν= 0 sobre Γ1

.

Teoremas de Traços

Consideremos p ≥ n+ 1. Então W 2,p(Ω) → C0(Ω).

Temos que a aplicação

W 2,p(Ω) → W 2− 1p,p(Γ)×W 1− 1

p,p(Γ)

u 7→ γ0u, γ1u

é liner e contínua.Introduzimos as notações:∣∣∣∣∣∣∣∣∣

W 1,pΓ0

(Ω) = u ∈ W 1,p(Ω); γ0u = 0 sobre Γ0

‖u‖W 1,p(Ω) =

(n∑

i=1

∫Ω

(∂u

∂xi

)p

dx

) 1p

,

12

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eX = W 2,p(Ω) ∩W 1,p

Γ0(Ω), Z = W 2− 1

p,p(Γ1).

Notemos que para p = 2 temos V = H1Γ0

(Ω).

Identificando, por meio do isomorfismo de Riesz, o espaço L2(Ω) com o seu dual,resulta

X → L2(Ω) → X ′. (3.1)

Também identificando L2(Γ1) com seu dual, obtém-se

Z → H12 (Γ1) → L2(Γ1) → H− 1

2 (Γ1) → Z ′. (3.2)

Do Teorema do Traço segue que a aplicação

X → Z

u 7→ γ0u(3.3)

é contínua.Seja E o espaço

E = u ∈ V ; ∆u ∈ L2(Ω),

equipado com a norma‖u‖E = ‖u‖+ ‖4u‖X′ . (3.4)

Por meio de (3.1) esta norma está bem definida.Sabe-se que, se u ∈ E então ∂u

∂ν∈ H− 1

2 (Γ1).

Considere E como um subespaço de V ×X ′. Denote por E o fecho de E em V ×X ′.

Seja u ∈ E. Então existe uma sequência (uη) de vetores de E tal que∣∣∣∣∣∣uη → u em V

4uη → g em X ′.(3.5)

Note que este g é único, pois se existir outro g1 teria-se u, g e u, g1 pertenceriamao fecho de E em V ×X ′, e portanto g = g1.

Assim,‖u‖E = ‖u‖+ ‖g‖X′

Pela fórmula de Green temos

(−4uη, ϕ) =n∑

i=1

∫Ω

∂uη

∂xi

∂ϕ

∂xi

dx−⟨∂uη

∂ν, ϕ

⟩, ∀ϕ ∈ X,

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onde 〈 , 〉 denota a dualidade entre H− 12 (Γ1)×H

12 (Γ1).

Por (3.2) e (3.4) encontramos

〈−4uη, ϕ〉X′×X =n∑

i=1

∫Ω

∂uη

∂xi

∂ϕ

∂xi

dx−⟨∂uη

∂ν, ϕ

⟩Z′×Z

, ∀ϕ ∈ X. (3.6)

Pelo Teorema do Traço, segue-se que a aplicação

W 2− 1p,p(Γ)×W 1− 1

p,p(Γ) → W 2,p(Ω)

ξ, σ 7→ u

é contínua.Seja ξ ∈ Z. Considere

ξ =

∣∣∣∣∣ 0 sobre Γ0

ξ sobre Γ1.

Então ξ ∈ W 2− 1p,p(Γ). Seja ϕ ∈ X o correspondente vetor a ξ, 0, dado pelo Teorema

do Traço acima. Por (3.6) obtemos⟨∂uη

∂ν, ξ

⟩Z′×Z

= 〈4uη, ϕ〉X′×X +n∑

i=1

∫Ω

∂uη

∂xi

∂ϕ

∂xi

dx, ∀ξ ∈ Z.

Portanto, ∣∣∣ ⟨∂uη

∂ν, ξ

⟩Z′×Z

∣∣∣ ≤ ‖4uη‖X′‖ϕ‖X + ‖uη‖‖ϕ‖ ≤

≤ C‖4uη‖X′‖ξ‖Z + ‖uη‖‖ξ‖Z .

(3.7)

Pela convergência (3.5) deduzimos que∣∣∣ ⟨∂uη

∂ν, ξ

⟩Z′×Z

∣∣∣ ≤ C‖ξ‖Z , ∀ξ ∈ Z.

Assim, ∥∥∥∂uη

∂ν

∥∥∥Z′≤ C, ∀η.

Portanto, existe uma subsequência de(

∂uη

∂ν

), ainda denotada por

(∂uη

∂ν

), e h ∈ Z ′

tal que∂uη

∂ν h em Z ′. (3.8)

Tomando o limite em (3.6) e usando as convergênciais (3.5) e (3.8) encontramos

〈−g, ϕ〉X′×X =n∑

i=1

∫Ω

∂u

∂xi

∂ϕ

∂xi

dx− 〈h, ϕ〉Z′×Z , ∀ϕ ∈ X. (3.9)

14

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Os vetores g ∈ X ′ e h ∈ Z ′ verificando (3.9) são únicos. Assim, provamos que paracada u ∈ E existem únicos g ∈ X ′ e h ∈ Z ′ satisfazendo (3.9). Usaremos a notaçãog = 4u e h = ∂u

∂ν.

Assim, provamos que para cada u ∈ E existe h ∈ Z ′ tal que (3.9) é verificado.Tomando o limite em (3.7) e usando as convergências (3.5) e (3.8) encontramos∣∣∣ ⟨∂u

∂ν, ξ⟩

Z′×Z

∣∣∣ ≤ C‖4u‖X′‖ξ‖Z + ‖u‖‖ξ‖Z , ∀ξ ∈ Z,

isto é, ∥∥∥∂u∂ν

∥∥∥Z′≤ C‖u‖E.

Logo, com as considerações acima estabelecemos o seguinte teorema de traço:

Teorema 3.1 Existe uma aplicação linear e contínua

γ1 : E → Z ′

tal queγ1u =

∂u

∂ν, ∀u ∈ E .

Além disso,

〈−4u, ϕ〉X′×X = ((u, ϕ))− 〈γ1u, ϕ〉Z′×Z , ∀u ∈ E e ∀ϕ ∈ X.

Com a finalidade de obter resultados de traço para funções que dependem de x e t,introduzimos alguns resultados prévios.

Lema 3.2.1 Tem-se que as imersões

X = W 2,p(Ω) ∩W 1,pΓ0

(Ω) → V ∩H2(Ω) → V → L2(Ω),

são densas.

Demonstração: Seja u ∈ V ∩H2(Ω). Dado ε > 0 então existem

f1 ∈ Lp(Ω) tal que |f − f1| < ε

eg1 ∈ W 1− 1

p,p(Γ1) tal que ‖g − g1‖H

12 (Γ1)

< ε.

Consideremos o seguinte problema:

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(P )

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣−∆u1 = f1 sobre Ω

u1 = 0 sobre Γ0

∂u1

∂ν= g1 sobre Γ1

Então a solução do problema (P ), u1 ∈ W 2,p(Ω)∩W 1,pΓ0

(Ω). Então (cf em M.Milla Mirandae L.A. Medeiros [36]) tem-se

‖u− u1‖2V ∩H2(Ω) = |f − f1|2 + ‖g − g1‖2

H12 (Γ1)

< 2ε2,

o que prova que X é denso em V ∩H2(Ω).

Para mostrar que V ∩H2(Ω) é denso em V, basta notar que D(−4) ⊂ V ∩H2(Ω) e queD(−4) é denso em V. Como V é denso em L2(Ω), segue-se o lema.

Fixamos um número real arbitrário T > 0. Introduzimos os seguintes espaços :

X = W 2,p0 (0, T ;X), X ′ = W−2,p′(0, T ;X ′)

Y = L2(0, T ;V )

Z = W 2,p0 (0, T ;Z), Z ′ = W−2,p′(0, T ;Z ′).

Pelo Lema 3.2.1 e por (3.3) obtém-se que as aplicações

X → Y e X → Z (3.10)

são contínuas. Também do Lema 3.2.1 e identificando L2(0, T ;L2(Ω)) com seu dualresulta

X → L2(0, T ;L2(Ω)) → X ′ (3.11)

Considere o espaço

E = u ∈ Y ;4u ∈ L2(0, T ;L2(Ω)),

equipado com a norma‖u‖

bE = ‖u‖Y + ‖4u‖X ′ .

Por (3.11) esta norma está bem definida. Considere E como um subespaço de Y × X ′.

Denote por E o fecho de E em Y × X ′.

Seja u ∈ E. Então, existe uma sequência de vetores (uη) de E tal que∣∣∣∣∣ uη → u em Y4uη → g em X ′.

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Pelos mesmos argumentos do Teorema 3.1 tem-se que g é único e

‖u‖bE = ‖u‖Y + ‖g‖X ′ . (3.12)

Com estas considerações obtemos o seguinte teorema:

Teorema 3.2 Existe uma aplicação linear e contínua

γ1 : E → Z ′

tal queγ1u =

∂u

∂ν, ∀u ∈ E .

Além disso,

〈−4u,w〉X ′×X = (u,w)Y − 〈γ1u,w〉Z′×Z , ∀u ∈ E e ∀w ∈ X .

Demonstração: Note que o conjunto

θ(t)v; θ ∈ D(0, T ), v ∈ X é total em E.

Com efeito, identificando, por meio do Teorema de Riesz, L2(Ω) com seu dual (L2(Ω))′,

resultaX → V → L2(Ω) → V ′ → X ′ (3.13)

e, identificando L2(0, T ;L2(Ω)) com seu dual (L2(0, T ;L2(Ω)))′,

X → Y → L2(0, T ;L2(Ω)) → Y ′ → X ′ (3.14)

Em cada cadeia de imersões um espaço é denso no seguinte.Note que se R ∈ E ′ então R = S + U onde

S ∈ Y ′ = (L2(0, T ;V ))′ = L2(0, T ;V ′)

eU ∈ (W−2,p′(0, T ;X ′))′ = W 2,p

0 (0, T ;X) = X .

Seja R ∈ E ′ tal que〈R, θv〉

bE′× bE = 0, ∀θ ∈ D(0, T ) e v ∈ X.

Então,

〈R, θv〉bE′× bE = 〈S, θv〉Y ′×Y + 〈U, θv〉X ′×X = 0, ∀θ ∈ D(0, T ) e v ∈ X.

17

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Tem-se:〈S, θv〉Y ′×Y =

∫ T

0

((S(t), θ(t)v))dt

e pela cadeia (3.14),

〈U, θv〉X ′×X = 〈U, θv〉Y ′×Y =

∫ T

0

((U(t), θ(t)v))dt

Logo

〈R, θv〉bE′× bE =

∫ T

0

((S(t), θ(t)v))dt+

∫ T

0

((U(t), θ(t)v))dt =

=

∫ T

0

((S(t) + U(t), v))θ(t)dt = 0, ∀θ ∈ D(0, T ) e v ∈ X

A última integral implica

((S(t) + U(t), v)) = 0, ∀v ∈ X, q.t. t ∈ (0, T ).

Fixando t ∈ (0, T ), segue-se por densidade ( ver cadeia (3.13))

((S(t) + U(t), v)) = 0,∀v ∈ V,

o que implicaS(t) + U(t) = 0, q.t.t ∈ (0, T ).

Assim, R = S + U = 0, o que mostra nossa afirmação.Observe também que D(0, T ;X) é denso em W 2,p

0 (0, T ;X) = X . Pelo Teorema 3.1,

para θ ∈ D(0, T ), v ∈ X e ψ ∈ D(0, T ;X) resulta∫ T

0

〈−4(θ(t)v), ψ(t)〉X′×X dt =

∫ T

0

((θ(t)v, ψ(t)))dt−∫ T

0

〈γ1(θ(t)v), ψ(t)〉Z′×Z dt,

isto é,〈−4(θv), ψ〉X ′×X = (θv, ψ)Y − 〈γ1(θv), ψ〉Z′×Z .

Por densidade, usando as aplicações contínuas (3.10) e argumentos análogos aos doTeorema 3.1, obtém-se que existe um único h ∈ Z ′ tal que

〈−g, w〉X ′×X = (u,w)Y − 〈h, w〉Z′×Z , ∀ w ∈ X .

Aqui g é dado por (3.12). Usando as notações

g = 4u e∂u

∂ν= h,

concluímos o teorema.

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Observação 3.1 Note que:

(i) L1(0, T ;L1(Ω)) → W−2,p′(0, T ;X ′) = X ′;

(ii) L1(0, T ;L1(Γ1)) → W−2,p′(0, T ;Z ′) = Z ′.

Agora, pelo fato de W 2,p0 (0, T ;X) → W 2,p

0 (0, T ;L2(Ω)) e W 2,p0 (0, T ;X) ser denso em

W 2,p0 (0, T ;L2(Ω)) obtemos:

(iii) W−2,p′(0, T ;L2(Ω)) → W−2,p′(0, T ;X ′).

Mostraremos o item (i).

De fato, como 2p ≥ 2(n+ 1), obtemos

W 2,p(0, T ;W 2,p(Ω)) = W 2,p(Ω× [0, T ]) → C0(Ω× [0, T ]).

Portanto,W 2,p

0 (0, T ;X) → C0(Ω× [0, T ]).

Sejam v ∈ L1(0, T ;L1(Ω)) e ϕ ∈ W 2,p0 (0, T ;X). Então,

〈v, ϕ〉 =

∫ T

0

∫Ω

v(x, t)ϕ(x, t)dxdt.

Assim,

|〈v, ϕ〉| ≤ C‖v‖L1(0,T ;L1(Ω))‖ϕ‖C0(Ω×[0,T ]) ≤ C‖v‖L1(0,T ;L1(Ω))‖ϕ‖W 2,p0 (0,T ;X),

o que implica v ∈ W−2,p′(0, T ;X ′) e

‖v‖W−2,p′ (0,T ;X′) ≤ c‖v‖L1(0,T ;L1(Ω)).

Analogamente obtemos L1(0, T ;L1(Γ1)) → W−2,p′(0, T ;Z ′).

Ainda do fato de(2− 1

p

)p = 2p− 1 > n resulta que

Z = W 2,p0 (0, T ;W 2− 1

p,p(Γ1)) → W

2− 1p,p

0 (0, T ;W 2− 1p,p(Γ1)) → C0(Γ1 × [0, T ]). (3.15)

Utilizando (3.15) e seguindo o mesmo raciocínio adotado logo acima, obtemos:

‖v‖W−2,p′ (0,T ;Z′) ≤ C‖v‖L1(0,T ;L1(Γ1)).

3.3 Lema da Aproximação.

Aproximações para a função h.

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Seja h ∈ C0(R;L∞(Γ1)) tal que:

(i) h(x, s) é não decrescente em s para quase todo x em Γ1;

(ii) h(x, 0) = 0 para quase todo x em Γ1;

(iii) [h(x, s)− h(x, r)](s− r) ≥ d0(s− r)2, ∀ s, r ∈ R e para quase todo x ∈ Γ1,

onde d0 > 0 é uma constante.Considere h ∈ C0(R;L∞(Γ1)). Por conveniência na escrita, usaremos a notação

h(x, r), (x ∈ Γ1, r ∈ R) ao invés de h(r, x).

Exemplos : (1.) A função h(x, s) = β(x)h1(s) onde

h1(s) = C1s+ C2|s|σ, σ > −1, C1 > 0 e C2 ≥ 0,

e β ∈ L∞(Γ1) tem as propriedades (i)-(iii) acima.

(2.) A função h(x, s) = β(x)h1(s), onde h1(s) = sens + 2s e β ∈ L∞(Γ1) com β(x) ≥β0 > 0 tem as propriedades (i)-(iii) acima.

Nesta seção adaptamos a aproximação de Strass [44] para obter aproximações parafunção h satisfazendo as propriedades (i)-(iii) acima.

Para nossos propósitos necessitaremos do seguinte lema.

Lema 3.3.1 Seja h ∈ C0(R;L∞(Γ1)) verificando as condições (i)-(ii) e h(x, s) satisfaza condição

[h(x, s)− h(x, r)](s− r) ≥ d0(s− r)2,

para todo s, r ∈ R e para quase todo x ∈ Γ1, onde d0 > 0 é uma constante. Então, existeuma sequência (hl) de vetores de C0(R;L∞(Γ1)) tal que para cada l verifica-se :(i) hl(x, s) é globalmente lipschitiziana em s para quase todo x ∈ Γ1.

(ii) hl(x, s) é não decrescente em s, para q.t.p x em Γ1;

(iii) hl(x, 0) = 0 para q.t.p x em Γ1;

(iv) h′l(x, s) ≥ d0 q.t.p. x ∈ Γ1 e q.t.p. s ∈ R;

(v) [hl(x, s)− hl(x, r)](s− r) ≥ d0(s− r)2, ∀s, r ∈ R, para q.t.p x em Γ1.

(vi) Existe uma função Cl em L∞(Γ1) satisfazendo

|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤ Cl|s− r|, ∀s, r ∈ R, para q.t.p x ∈ Γ1.

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Além disso, (hl) converge para h uniformemente sobre conjuntos limitados da reta,para quase todo x ∈ Γ1.

Demonstração: Para cada l ∈ N definimos:

hl(x, s) =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

C1l(x)s, se 0 ≤ s ≤ 1l

l

∫ s+ 1l

s

h(x, τ)dτ, se1

l≤ s ≤ l

C2l(x)s, se s > l

C3l(x)s, se − 1l≤ s ≤ 0

−l∫ s

s− 1l

h(x, τ)dτ, se − l ≤ s ≤ −1

l

C4l(x)s, se s < −l,

onde ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

C1l(x) = l2∫ 2

l

1l

h(x, τ)dτ

C2l =

∫ l+ 1l

l

h(x, τ)dτ

C3l(x) = −l2∫ − 1

l

− 2l

h(x, τ)dτ

C4l(x) = −∫ −l

−l− 1l

h(x, τ)dτ.

A sequência (hl) tem as propriedades desejadas. Provaremos os itens (v) e (vi). Osoutros itens são obtidos diretamente. Mostraremos (v). Isto é feito em vários casos:

Note que

[h(x, s)− h(x, r)](s− r) ≥ d0(s− r)2,∀s, r ∈ R, q.t.p x ∈ Γ1,

é equivalente a

[h(x, s)− h(x, r)] ≥ d0(s− r),∀s ≥ r, q.t.p x ∈ Γ1.

Analizaremos hl(x, s) com s ∈ Ij, sendo I1 = (−∞,−l], I2 = [−l,−1l], I3 = [−1

l, 0], I4 =

[0, 1l], I5 = [1

l, l] e I6 = [l,∞).

Note inicialmente que se τ < 0, então −h(x, τ) ≥ −d0τ.

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10 Caso: s1 < s2 ≤ −l

hl(x, s2)− hl(x, s1) = Cl4(x)(s2 − s1) =

[−∫ −l

−l− 1l

h(x, τ)dτ

](s2 − s1) =[∫ l

−l− 1l

−h(x, τ)dτ

](s2 − s1) ≥

[−d0

τ 2

2

∣∣∣−l

−l− 1l

](s2 − s1) =

−d0

2

[(−l)2 −

(−l − 1

l

)2]

= −d0

2(−2− 1

l2)(s2 − s1) ≥ d0(s2 − s1).

Portanto,[hl(x, s2)− hl(x, s1)] ≥ d0(s2 − s1). (3.16)

20 Caso: −l ≤ s1 < s2 ≤ −1l

hl(x, s2)− hl(x, s1) =∂hl

∂s(x, s∗)(s2 − s1) = l

[h(x, s∗)− h(x, s∗ − 1

l)

](s2 − s1) ≥

ld0[s∗ − (s∗ − 1

l)](s2 − s1)) = d0(s2 − s1)

Logo,[hl(x, s2)− hl(x, s1)] ≥ d0(s2 − s1). (3.17)

30 Caso: −1l≤ s1 < s2 ≤ 0

hl(x, s2)− hl(x, s1) =

[−l2

∫ − 1l

− 2l

h(x, τ)dτ

](s2 − s1) ≥ −

[l2d0

τ 2

2

∣∣∣− 1l

− 2l

](s2 − s1) =

−l2d0

2

(− 3

l2

)(s2 − s1) =

3

2d0(s2 − s1)

Consequentemente,[hl(x, s2)− hl(x, s1)] ≥ d0(s2 − s1). (3.18)

40 Caso: 0 ≤ s1 < s2 ≤ 1l

hl(x, s2)− hl(x, s1) =

[l2∫ 2

l

1l

h(x, τ)dτ

](s2 − s1) ≥

l2d0

2τ 2∣∣∣ 2l

1l

(s2 − s1) =3

2d0(s2 − s1)

Sendo assim,[hl(x, s2)− hl(x, s1)] ≥ d0(s2 − s1). (3.19)

22

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50 Caso: 1l≤ s1 < s2 ≤ l

hl(x, s2)− hl(x, s1) =∂hl

∂s(x, s∗)(s2 − s1) = l

[h(x, s∗ +

1

l)− h(x, s∗)

](s2 − s1) ≥

ld0

(s∗ +

1

l− s∗

)(s2 − s1) = d0(s2 − s1)

Portanto,[hl(x, s2)− hl(x, s1)] ≥ d0(s2 − s1). (3.20)

60 Caso: l ≤ s1 < s2

hl(x, s2)− hl(x, s1) =

∫ l+ 1l

l

h(x, τ)dτ(s2 − s1)) ≥

d0τ 2

2

∣∣∣l+ 1l

l(s2 − s1) = d0(2 +

1

l2)(s2 − s1) ≥ 2d0(s2 − s1)

Logo,[hl(x, s2)− hl(x, s1)] ≥ d0(s2 − s1). (3.21)

Vamos agora supor que r ∈ Ii e s ∈ Ij com i < j. Então, usando (3.16)-(3.21)

obtemos:

hl(x, s)− hl(x, r) = [hl(x, s)− hl(x, aj−1)] + [hl(x, aj−1)− kl(x, aj−2)]+

+ . . .+ [hl(x, ai)− hl(x, r)] ≥ d0(s− aj−1) + d0(aj−1 − aj−2) + . . .+ d0(ai − r) =

= d0(s− r)

Portanto,[hl(x, s)− hl(x, r)] ≥ d0(s− r), ∀s ≥ r, para q.t.p x ∈ Γ1, (3.22)

ou equivalentemente,

[hl(x, s)− hl(x, r)](s− r) ≥ d0(s− r)2, ∀s, r ∈ R, para q.t.p x ∈ Γ1.

Mostraremos agora o item (vi).

Note inicialmente que as funções hl são contínuas nos intervalos Ij, onde I1 = (−∞,−l], I2 =

[−l,−1l], I3 = [−1

l, 0], I4 = [0, 1

l], I5 = [1

l, l] e I6 = [l,∞).

Agora vamos provar que para cada l, que (hl) é uma função lipschitziana em Ij paraquase todo x ∈ Γ1. Isto será feito em seis casos:

Temos h ∈ L∞([−l − 1, l + 1];L∞(Γ1)) = L∞(Γ1 × [−l − 1, l + 1]).

23

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Denotamos porCl = sup

x∈Γ1−l−1≤s≤l+1

|h(x, s)| <∞.

10 Caso : Se r < s com s, r ∈ I1 = (−∞,−l], temos:

|hl(x, s)− hl(x, r)| =∣∣∣Cl4(x)

∣∣∣|s− r| ≤

≤∫ −l

−l− 1l

|h(x, τ)|dτ |s− r| ≤ Cl

[−l −

(−l − 1

l

)]|s− r| = 1

lCl|s− r|.

Portanto,|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤

1

lCl|s− r| ≤ 2lCl|s− r|.

20 Caso : Se r < s com s, r ∈ I2 = [−l,−1l], temos:

|hl(x, s)− hl(x, r)| =∣∣∣∂hl

∂s(x, s∗)

∣∣∣|s− r| = l∣∣∣h(x, s∗)− h(x, s∗ − 1

l)∣∣∣|s− r| ≤

≤ 2lCl|s− r|.

Logo,|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤ 2lCl|s− r|.

30 Caso : Se r < s com s, r ∈ I3 = [−1l, 0], temos:

|hl(x, s)− hl(x, r)| =∣∣∣C3l(x)

∣∣∣(s− r) ≤

≤ l2∫ − 1

l

− 2l

|h(x, τ)|dτ |s− r| ≤ l2Cl

[−1

l−(−2

l

)]|s− r| = 2lCl|s− r|.

Consequentemente,|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤ 2lCl|s− r|.

40 Caso : Se r < s com s, r ∈ I4 = [0, 1l], temos:

|hl(x, s)− hl(x, r)| =∣∣∣C1l(x)

∣∣∣s− r| ≤

≤ l2∫ 2

l

1l

|h(x, τ)|dτ |s− r| ≤ l21

lCl|s− r| = lCl|s− r|.

Sendo assim,|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤ 2lCl|s− r|.

50 Caso : Se r < s com s, r ∈ I5 = [1l, l], temos

|hl(x, s)− hl(x, r)| =∣∣∣∂hl

∂s(x, s∗)

∣∣∣|s− r| = l∣∣∣h(x, s∗ +

1

l)− h(x, s∗)

∣∣∣|s− r| ≤

≤ 2lCl|s− r|.

24

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Portanto,|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤ 2lCl|s− r|.

60 Caso : Se r < s com s, r ∈ I6 = [l,∞), temos:

|hl(x, s)− hl(x, r)| =∣∣∣C2l(x)

∣∣∣|s− r| ≤∫ l+ 1l

l

|h(x, τ)|dτ |s− r| ≤ Cl

[l +

1

l− l

]|s− r| = 1

lCl|s− r|.

Logo,|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤ 2lCl|s− r|.

Considere r ∈ Ii, s ∈ Ij com i < j. Então, segue-se dos casos 10 a 60 acima que:

|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤ |hl(x, s)− hl(aj−1)|+ |hl(x, aj−1)− hl(x, aj−2)|+

+ . . .+ |hl(x, r)− hl(ai−1)| ≤

≤ 2lCl|s− aj−1|+ 2lCl|aj−1 − aj−2|+ . . .+ 2lCl|r − ai−1| ≤ 2lCl|s− r|.

Portanto,|hl(x, s)− hl(x, r)| ≤ 2lCl|r − s|,

o que mostra o item (vi) do lema.Mostraremos que hl → h converge uniformemente sobre conjuntos limitados da reta,

para quase todo x ∈ Γ1.

Seja S um conjunto limitado da reta. Então, existe l0 tal que |s| ≤ l0 para todo s ∈ S.Dado ε > 0, existe δ > 0 tal que, se |s− r| < δ, e s, r ∈ [−l0 − 1, l0 + 1], então

‖h(., s)− h(., r)‖L∞(Γ1) < ε,

isto é,supx∈Γ1

|h(x, s)− h(x, r)| < ε. (3.23)

Considere l12> 1

δ. Seja l ≥ maxl0, l1. Calcula-se

|hl(x, s)− h(x, s)|, |s| ≤ l0.

(i) Seja 1l≤ s ≤ l0. Então, 1

l≤ s ≤ l. Tem-se pelo Teorema do Valor Médio para Integral

que

hl(x, s)− h(x, s) = l

∫ s+ 1l

s

h(x, τ)dτ − h(x, s) =

= lh(x, τ ∗)1l− h(x, s) = h(x, τ ∗)− h(x, s),

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onde s ≤ τ ∗ ≤ s+ 1l< s+ l. Decorre de (3.23) que

supx∈Γ1

|hl(x, s)− h(x, r)| < ε.

(ii) Seja 0 ≤ s < 1l. Tem-se

hl(x, s)− h(x, s) =

(l2∫ 2

l

1l

h(x, τ)dτ

)s− h(x, s) = lh(x, τ ∗)s− h(x, s),

onde 1l≤ τ ∗ ≤ 2

l, o que implica

|hl(x, s)− h(x, s)| ≤ |hl(x, s)|+ |h(x, s)| ≤ |h(x, τ ∗)|+ |h(x, s)|.

Sendo 0 ≤ τ ∗ ≤ 2l< 2

l1< δ e 0 ≤ s ≤ 1

l< 2

l1< δ resulta de (3.23) que

supx∈Γ1

|h(x, τ ∗)| < ε e supx∈Γ1

|h(x, s)| < ε.

Como, 0 ≤ s ≤ l0 concluímos que

supx∈Γ1

|hl(x, s)− h(x, s)| < 2ε, ∀l ≥ maxl0, l1.

Para −l0 ≤ s ≤ 0, e utilizando os mesmos argumentos, obtém-se resultado seme-lhante.

Portanto, hl → h uniformemente sobre conjuntos limitados de R, para quase todox ∈ Γ1.

3.4 Existência de Solução.

Vamos assumir as seguintes hipóteses:

(H1) Ω é um aberto limitado do R3 com fronteira Γ de classe C2.

(H2) Sejam hi ∈ C0(R;L∞(Γ1)), i = 1, 2 com hi(x, s) não decrescente em s para q.t.px em Γ1, hi(x, 0) = 0 para q.t.p. x em Γ1 e hi fortemente monótona em s, para q.t.px em Γ1, isto é,

[hi(x, s)− hi(x, r)](s− r) ≥ di(s− r)2, ∀ s, r ∈ R, para q.t.p x ∈ Γ1 (di > 0).

(H3) u0, v0 ∈ (D(−∆))2, u1, v1 ∈ (H10 (Ω))2.

Com estas hipóteses garantimos o seguinte teorema:

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Teorema 3.3 Assuma as hipóteses (H1)-(H3). Então, existe um par de funções u, vna classe

u, v em (L∞loc(0,∞;V ))2 (3.24)

u′, v′ em (L∞loc(0,∞;V ))2 (3.25)

u′′, v′′ em (L∞loc(0,∞;L2(Ω)))2 (3.26)

satisfazendo as equações

u′′ −∆u+ αuv2 = 0 em L∞loc(0,∞;L2(Ω)) (3.27)

v′′ −∆v + αvu2 = 0 em L∞loc(0,∞;L2(Ω)) (3.28)

e satisfazendo∂u

∂ν+ h1(., u

′) = 0 em L1loc(0,∞;L1(Γ1)) (3.29)

∂v

∂ν+ h2(., v

′) = 0 em L1loc(0,∞;L1(Γ1)) (3.30)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω (3.31)

v(0) = v0, v′(0) = v1 em Ω. (3.32)

Demonstração: Para a prova, empregaremos o método de Galerkin com uma base es-pecial em V ∩ H2(Ω). Considere a aproximação de Strauss (h1l) e (h2l) de (h1) e (h2),

respectivamente. Então, pelo Lema 3.3.1, temos:

(i) (h1l), (h2l) são funções globalmente lipschitianas;

(ii) [hil(x, s)− hil(x, r)](s− r) ≥ di(s− r)2,∀s, r ∈ R e para q.t.p.x ∈ Γ1, com i = 1, 2;

(iii) hil converge para hi uniformemente sobre conjuntos limitados da reta para quasetodo x ∈ Γ1, i = 1, 2.

Considere (u1l ) e (v1

l ) sequências em D(Ω) tais que∣∣∣∣∣∣u1

l → u1 em H10 (Ω)

v1l → v1 em H1

0 (Ω)(3.33)

Note que ∣∣∣∣∣∣∣∣∂u0

∂ν+ h1l(x, u

1l ) = 0 sobre Γ1, ∀l

∂v0

∂ν+ h2l(x, v

1l ) = 0 sobre Γ1, ∀l

(3.34)

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Fixemos l. Seja wl1, w

l2, w

l3 e wl

4 uma base do subespaço de V ∩ H2(Ω) gerado poru0, v0, u1

l e v1l . Pelo processo de Gram-Schmidt construímos uma base

wl1, w

l2, w

l3, w

l4, . . . , ,

de V ∩H2(Ω). Seja V lm = [w1,

l , . . . , wlm] o subespaço de V ∩H2(Ω) gerado por wl

1, . . . , wlm.

Determinamos as soluções aproximadas ulm(t), vlm(t) ∈ V lm do Problema (3.35), isto

é,

ulm(t) =m∑

j=1

gjlm(t)wlj e vlm(t) =

m∑j=1

hjlm(t)wlj,

onde gjlm(t) e hjlm(t) são definidas pelo o sistema:∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

(u′′lm(t), ϕ) + ((ulm(t), ϕ)) + α(ulm(t)v2lm(t), ϕ) +

∫Γ1

h1l(x, u′lm(t))ϕdΓ = 0,

∀ϕ ∈ V lm

(v′′lm(t), ψ) + ((vlm(t), ψ)) + α(vlm(t)u2lm(t), ψ) +

∫Γ1

h2(x, v′lm(t))ψdΓ = 0,

∀ψ ∈ V lm

ulm(0) = u0, u′lm(0) = u1l em Ω

vlm(0) = v0, v′lm(0) = v1l em Ω.

(3.35)

O sistema (3.35) possui uma solução ulm(t), vlm(t) definida sobre [0, tlm), a qualpode ser extendida pela primeira estimativa a seguir sobre o intervalo [0,∞).

Estimativa 3.4.1 Considerando ϕ = u′lm(t) e ψ = v′lm(t) em (3.35)1 e (3.35)2, respecti-vamente, e adicionando ambas as equações resulta:∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1

2

d

dt|u′lm(t)|2 +

1

2

d

dt‖ulm(t)‖2 +

1

2

d

dt|v′lm(t)|2 +

1

2

d

dt‖vlm(t)‖2+

2

∫Ω

|vlm(t)|2 ddt|ulm(t)|2dx+

α

2

∫Ω

|ulm(t)|2 ddt|vlm(t)|2dx+

+

∫Γ1

h1l(x, u′lm(t))u′lm(t)dΓ +

∫Γ1

h2l(x, v′lm(t))v′lm(t)dΓ = 0.

(3.36)

Notemos que

1

2

∫Ω

|vlm(t)|2 ddt|ulm(t)|2dx+

1

2

∫Ω

|ulm(t)|2 ddt|vlm(t)|2dx =

∫Ω

1

2

d

dt|ulm(t)vlm(t)|2dx.

Substituindo a última igualdade em (3.36) e integrando sobre [0, t), 0 ≤ t ≤ tlm,

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obtemos:∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1

2|u′lm(t)|2 +

1

2‖ulm(t)‖2 +

1

2|v′lm(t)|2 +

1

2‖vlm(t)‖2 +

α

2|ulm(t)vlm(t)|2+

+

∫ t

0

∫Γ1

h1l(x, u′lm(s))u′lm(s)dΓds+

∫ t

0

∫Γ1

h2l(x, v′lm(s))v′lm(s)dΓds =

=1

2|u′lm(0)|2 +

1

2‖ulm(0)‖2 +

1

2|v′lm(0)|2 +

1

2‖vlm(0)‖2 +

α

2|u0v0|2.

(3.37)

Inicialmente notemos que da desigualdade de Holder e da imersão V → L4(Ω), poisn ≤ 3 obtemos:∫

Ω

|ulm(0)vlm(0)|2dx ≤(∫

Ω

|ulm(0)|4dx) 1

2(∫

Ω

|vlm(0)|4dx) 1

2

=

= ‖ulm(0)‖2L4(Ω)‖vlm(0)‖2

L4(Ω) ≤ ‖ulm(0)‖2‖vlm(0)‖2 ≤ C.

(3.38)

Desta última desigualdade, do fato que as funções hil satifazem as propriedades,hil(x, s)s ≥ dis

2, q.t.p. x ∈ Γ1, ∀s ∈ R e das convergências (3.33)1 e (3.33)2, obtemos:

1

2|u′lm(t)|2 +

1

2‖ulm(t)‖2 +

1

2|v′lm(t)|2 +

1

2‖vlm(t)‖2 +

α

2|ulm(t)vlm(t)|2+

+d1

∫ t

0

∫Γ1

|u′lm(s)|2dΓds+ d2

∫ t

0

∫Γ1

|v′lm(s)|2dΓds ≤

≤ 1

2|u′lm(0)|2 +

1

2‖ulm(0)‖2 +

1

2|v′lm(0)|2 +

1

2‖vlm(0)‖2 +

α

2|ulm(0)vlm(0)|2 <

<

[1

2|u1|2 +

1

2‖u0‖2 +

1

2|v1|2 +

1

2‖v0‖2 +

α

2‖u0‖2‖v0‖2 + 1

]= N1, ∀l ≥ l0,

(3.39)

onde N1 é uma constante independente de l,m e t, ∀l ≥ l0.

Portanto,(ulm) é limitada em L∞(0,∞;V ), ∀l ≥ l0, ∀m (3.40)

(vlm) é limitada em L∞(0,∞;V ), ∀l ≥ l0, ∀m (3.41)

(u′lm) é limitada em L∞(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0, ∀m (3.42)

(v′lm) é limitada em L∞(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0, ∀m (3.43)

(ulmvlm) é limitada em L∞(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0, ∀m (3.44)

(u′lm) é limitada em L2(0,∞;L2(Γ1)), ∀l ≥ l0, ∀m (3.45)

(v′lm) é limitada em L2(0,∞;L2(Γ1)), ∀l ≥ l0, ∀m. (3.46)

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Com as estimativas (3.40) e (3.41) podemos prolongar a solução aproximada ulm(t), vlm(t)ao intervalo [0,∞).

Observação 3.2 Primeiro mostraremos que (u′′lm(0)) e (v′′lm(0)) são limitadas em L2(Ω).

De fato, tomando t = 0 na equação aproximada (3.35)1 e usando a fórmula de Green e a

condição de fronteira∂u0

∂ν+ h1l(u

1l ) = 0 sobre Γ1, obtemos:

(u′′lm(0), ϕ) + (∆ulm(0), ϕ) + α(ulm(0)v2lm(0), ϕ) = 0. (3.47)

Tomando ϕ = u′′lm(0) em (3.47), temos:

|u′′lm(0)| ≤ |∆ulm(0)|+ α|ulm(0)v2lm(0)|. (3.48)

Utilizando a desigualdade de Holder com 13

+ 13

+ 13

= 1 e o Teorema de Sobolev paragarantir a imersão de V → L6(Ω), obtemos:

|ulm(0)v2lm(0)|2 =

∫Ω

|ulm(x, 0)v2lm(x, 0)|2dx ≤

≤ ‖ulm(0)‖2L6(Ω)‖vlm(0)‖2

L6(Ω)‖ulm(0)‖2L6(Ω) ≤

≤ C1‖ulm(0)‖2‖vlm(0)‖4 = C1‖u0‖2‖v0‖4 ≤ C,

(3.49)

onde C é uma constante independente de l e m.Desta desigualdade e de (3.48) resulta que

(u′′lm(0)) é limitada em L2(Ω), ∀l,m.

Analogamente obtemos

(v′′lm(0)) é limitada em L2(Ω), ∀l,m.

Usando o mesmo argumento para obter (3.49) e fazendo uso da primeira estimativamostra-se que:

(ulmv2lm) é limitada em L∞(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0 (3.50)

(vlmu2lm) é limitada em L2(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0. (3.51)

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Considerando a derivada com respeito a t da equação aproximada (3.35)1, (3.35)2 eem seguida, considerando ϕ = u′′lm(t) e ψ = v′′lm(t), obtemos:∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1

2

d

dt|u′′lm(t)|2 +

1

2

d

dt‖u′lm(t)‖2 + (u′lm(t)v2

lm(t), u′′lm(t)) + 2α(ulm(t)vlm(t)v′lm(t), u′′lm(t))+

+

∫Γ1

(u′′lm(t))2h′1l(x, u′lm(t))dΓ = 0,

1

2

d

dt|v′′lm(t)|2 +

1

2

d

dt‖v′lm(t)‖2 + (v′lm(t)u2

lm(t), v′′lm(t)) + 2α(vlm(t)ulm(t)u′lm(t), v′′lm(t))+

+

∫Γ1

(v′′lm(t))2h′2l(x, v′lm(t))dΓ = 0.

(3.52)Nosso objetivo é obter limitações a partir de (3.52)1 e (3.52)2.

A seguir analizaremos o termo: (u′lm(t)v2lm(t), u′′lm(t)).

Usando a desigualdade de Holder com 16

+ 16

+ 16

+ 12

= 1, o Teorema de Imersão deSobolev para a imersão V → L6(Ω), e a primeira estimativa, obtemos:

(u′lm(t)v2lm(t), u′′lm(t)) =

∫Ω

u′lm(t)v2lm(t)u′′lm(t)dx ≤

≤∫

Ω

|u′lm(t)||vlm(t)|2|u′′lm(t)|dx ≤

≤ ‖u′lm(t)‖L6(Ω)‖vlm(t)‖2L6(Ω)|u′lm(t)| ≤

≤ C‖u′lm(t)‖|u′′lm(t)| ≤ C(‖u′lm(t)‖2 + |u′′lm(t)|2),

(3.53)

onde C representa as várias constantes independentes de l e m.Analogamente obtemos:

|(v′lm(t)u2lm(t), v′′lm(t))| ≤ C(‖v′lm(t)‖2 + |v′′lm(t)|2). (3.54)

Agora analizaremos: (ulm(t)vlm(t)v′lm(t), u′′lm(t)).

Aplicando os mesmos argumentos usados na obtenção de (3.53), obtemos:

|(ulm(t)vlm(t)v′lm(t), u′′lm(t))| ≤

≤ ‖ulm(t)‖L6(Ω)‖vlm(t)‖L6(Ω)‖v′lm(t)‖L6(Ω)|u′′lm(t)| ≤

≤ C(‖v′lm(t)‖|u′lm(t)|) ≤ C(‖v′lm(t)‖2 + |u′lm(t)|2).

(3.55)

De forma análoga, obtém-se:

|(vlm(t)ulm(t)u′lm(t), v′′lm(t))| ≤ C(‖u′lm(t)‖2 + |v′′lm(t)|2). (3.56)

31

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Integrando (3.52)1 e (3.52)2 de 0 a t, adicionado ambas as equações, usando as de-sigualdades (3.53) -(3.56) e o fato que h′1l(x, s) ≥ d1, h

′2l(x, s) ≥ d2 para q.t.p. x ∈ Γ1 e

para q.t.p. s ∈ R, obtemos:

1

2[|u′′lm(t)|2 + |v′′lm(t)|2 + ‖u′lm(t)‖2 + ‖v′lm(t)‖2]+

+d1

∫ t

0

∫Γ1

(u′′lm(s))2dΓds+ d2

∫ t

0

∫Γ1

(v′′lm(s))2dΓds ≤

≤ 1

2[|u′′lm(0)|2 + |v′′lm(0)|2 + ‖u′lm(0)‖2 + ‖v′lm(0)‖2]+

+

∫ t

0

C[|u′′lm(s)|2 + |v′′lm(s)|2 + ‖u′lm(s)‖2 + ‖v′lm(s)‖2]ds.

(3.57)

Notando que (u′′lm(0)) e (v′′lm(0)) são limitadas em L2(Ω), segue-se das convergências(3.33)1 e (3.33)2, que (u′lm(0)) e (v′lm(0)) são limitadas em V. Portanto, destes fatos, dadesigualdade acima e da desigualdade de Gronwall obtemos:

1

2[|u′′lm(t)|2 + |u′′lm(t)|2 + ‖u′lm(t)‖2 + ‖v′lm(t)‖2]+

+d1

∫ t

0

∫Γ1

(u′lm(s))2dΓds+ d2

∫ t

0

∫Γ1

(v′lm(s))2dΓds ≤ C,(3.58)

onde C é uma constante independente de l,m, l ≥ l0, ∀t ∈ [0, T ].

Portanto a partir de (3.58), obtemos:

(u′lm) é limitada em L∞loc(0,∞;V ), ∀l ≥ l0,∀m (3.59)

(v′lm) é limitada em L∞loc(0,∞;V ), ∀l ≥ l0,∀m (3.60)

(u′′lm) é limitada em L∞loc(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0,∀m (3.61)

(v′′lm) é limitada em L∞loc(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0,∀m (3.62)

(u′′lm) é limitada em L2loc(0,∞;L2(Γ1)), ∀l ≥ l0,∀m (3.63)

(v′′lm) é limitada em L2loc(0,∞;L2(Γ1)), ∀l ≥ l0,∀m. (3.64)

O índice l está fixado. As estimativas (3.40) - (3.46) e as estimativas (3.59) - (3.64),

permitem pelo processo diagonal obter subsequências de (ulm) e (vlm), as quais ainda

32

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serão denotadas por (ulm), (vlm), e funções ul, vl : Ω× (0,∞) → R satisfazendo:∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

ulm∗ ul em L∞(0,∞;V )

vlm∗ vl em L∞(0,∞;V )

u′lm∗ u′l em L∞loc(0,∞;V )

v′lm∗ v′l em L∞loc(0,∞;V )

u′′lm∗ u′′l em L∞loc(0,∞;L2(Ω))

v′′lm∗ v′′l em L∞loc(0,∞;L2(Ω))

u′lm u′l em L2(0,∞;L2(Γ1))

v′lm v′l em L2(0,∞;L2(Γ1))

u′′lm u′′l em L2loc(0,∞;L2(Γ1))

v′′lm v′′l em L2loc(0,∞;L2(Γ1)).

(3.65)

A partir de (3.65)3, (3.65)4 e do Teorema do Traço de ordem zero, obtemos:

u′lm∗ u′l em L∞loc(0,∞;H

12 (Γ1)) (3.66)

v′lm∗ v′l em L∞loc(0,∞;H

12 (Γ1)). (3.67)

Por (3.63), (3.66) e do Teorema de Aubin-Lions concluímos que existe uma subse-quência de (u′lm), a qual ainda será denota por (u′lm), tal que

u′lm → u′l em L2loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.68)

Seguindo um raciocínio semelhante a partir de (3.64) e (3.67), obtemos:

v′lm → v′l em L2loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.69)

Seja T > 0 um número real arbitrário. Pelo Lema 3.3.1 tem-se que (h1l) e (h2l) sãofunções lipschitizianas, e portanto, usando (3.68), obtemos:∫ T

0

∫Ω

[h1l(u′lm(x, t))− h1l(u

′l(x, t))|2dxdt ≤

≤ c21l

∫ T

0

∫Ω

|(u′lm(x, t))− (u′l(x, t))|2dxdt =

= c21l‖u′lm − u′l‖L2(0,T ;L2(Ω)) → 0 quando m→∞.

33

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Logo,h1l(., u

′lm) → h1l(., u

′l) em L2

loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.70)

De maneira análoga obtemos:

h2l(., u′lm) → h2l(., u

′l) em L2

loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.71)

Novamente usando o fato que a imersão V → L2(Ω) é compacta, segue-se, a partirde (3.40), (3.41), (3.42), (3.43) e do Teorema de Aubin-Lions, que existem subsequênciasde (ulm) e (vlm), respectivamente, as quais ainda serão denotadas por (ulm) e (vlm), taisque

ulm → ul em L∞loc(0,∞;L2(Ω)) (3.72)

evlm → vl em L∞loc(0,∞;L2(Ω)). (3.73)

Seja T > 0 um número real arbitrário. Em particular, das convergências (3.72) e(3.73), obtemos:

ulm → ul q.s em Q = Ω× (0, T ) (3.74)

vlm → vl q.s em Q = Ω× (0, T ) (3.75)

e, portanto,ulmv

2lm → ulv

2l q.s em Q (3.76)

vlmu2lm → vlu

2l q.s em Q. (3.77)

Agora de (3.50), (3.51), (3.76), (3.77), e do Lema de Lions [24] resulta que:

ulmv2lm ulv

2l em L2

loc(0,∞;L2(Ω)) (3.78)

vlmu2lm vlu

2l em L2

loc(0,∞;L2(Ω)). (3.79)

Multiplicando as equações (3.35)1 e (3.35)2 por θ ∈ D(0,∞), integrando de 0 a ∞,

usando as convergências obtidas e a densidade de V lm em V ∩H2(Ω), obtemos:∫ ∞

0

(u′′l (s), ϕ)θ(s)ds+

∫ ∞

0

((ul(s), ϕ))θ(s)ds+ α

∫ ∞

0

(ul(s)v2l (s), ϕ)θ(s)ds+

+

∫ ∞

0

∫Γ1

h1l(x, u′l(s))ϕθ(s)dΓds = 0, ∀ϕ ∈ V, ∀θ ∈ D(0,∞),

(3.80)

e ∫ ∞

0

(v′′l (s), ψ)θ(s)ds+

∫ ∞

0

((vl(s), ψ))θ(s)ds+ α

∫ ∞

0

(vl(s)u2l (s), ψ)θ(s)ds+

+

∫ ∞

0

∫Γ1

h2l(x, v′l(s))ψθ(s)dΓds = 0, ∀ψ ∈ V, ∀θ ∈ D(0,∞).

(3.81)

34

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Agora considerando ϕ, ψ ∈ D(Ω) e θ ∈ D(0, T ), resulta de (3.80) e (3.81) que:

u′′l −∆ul + αulv2l = 0 em D′(Q) (3.82)

v′′l −∆vl + αvlu2l = 0 em D′(Q). (3.83)

Já vimos que: u′′l , v′′l , ulv2l , vlu

2l pertence a L2(0, T ;L2(Ω)). Assim, segue-se de (3.82)

e (3.83) queu′′l −∆ul + αulv

2l = 0 em L2

loc(0,∞;L2(Ω)) (3.84)

v′′l −∆vl + αvlu2l = 0 em L2

loc(0,∞;L2(Ω)). (3.85)

Destas duas igualdades segue-se que ∆ul, ∆vl ∈ L2(0, T ;L2(Ω)). Como ul, vl ∈L2(0, T ;V ), obtemos (cf em M.Milla Miranda [37]) que ∂ul

∂ν, ∂vl

∂ν∈ L2(0, T ;H− 1

2 (Γ1)).

Multiplicando as equações (3.84) e (3.85) por ϕθ e ψθ com ϕ, ψ ∈ V e θ ∈ D(0,∞),

respectivamente, integrando de 0 a ∞ e usando a fórmula de Green, obtemos:∫ ∞

0

(u′′l (s), ϕ)θ(s)ds+

∫ ∞

0

((ul(s), ϕ))θ(s)ds+ α

∫ ∞

0

(ul(s)v2l (s), ϕ)θ(s)ds+

+

∫ ∞

0

⟨∂ul(s)

∂ν, ϕ

⟩θ(s)ds = 0,

(3.86)

onde 〈 ; 〉 representa a dualidade H− 12 (Γ1)×H

12 (Γ1).

Analogamente obtemos:∫ ∞

0

(v′′l (s), ψ)θ(s)ds+

∫ ∞

0

((vl(s), ψ))θ(s)ds+ α

∫ ∞

0

(vl(s)u2l (s), ψ)θ(s)ds+

+

∫ ∞

0

⟨∂vl(s)

∂ν, ψ

⟩θ(s)ds = 0.

(3.87)

Comparando (3.80) com (3.86) e (3.81) com (3.87), obtemos:

∂ul

∂ν+ h1l(., u

′l) = 0 em L2(0, T ;H− 1

2 (Γ1)) (3.88)

∂vl

∂ν+ h2l(., v

′l) = 0 em L2(0, T ;H− 1

2 (Γ1)). (3.89)

Como h1l(., u′l), h2l(., v

′l) ∈ L2(0, T ;L2(Γ1)), segue-se, de (3.88) e (3.89), que:

∂ul

∂ν+ h1l(., u

′l) = 0 em L2

loc(0,∞;L2(Γ1)) (3.90)

∂vl

∂ν+ h2l(., v

′l) = 0 em L2

loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.91)

Observamos que as estimativas (3.40) - (3.46), (3.50) - (3.51) e (3.59)- (3.64) tambémestão asseguradas para todo l. Então, pelo mesmo processo usado na primeira parte da

35

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demonstração de (3.65), obtemos pelo processo diagonal subsequências de (ul) e (vl), asquais ainda serão denotadas por (ul), (vl), e funções u, v : Ω× (0,∞) → R tais que∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

ul∗ u em L∞loc(0,∞;V )

vl∗ v em L∞loc(0,∞;V )

u′l∗ u′ em L∞loc(0,∞;V )

v′l∗ v′ em L∞loc(0,∞;V )

u′′l∗ u′′ em L∞loc(0,∞;L2(Ω))

v′′l∗ v′′ em L∞loc(0,∞;L2(Ω))

u′l u′ em L2loc(0,∞;L2(Γ1))

v′l v′ em L2loc(0,∞;L2(Γ1))

u′′l u′′ em L2loc(0,∞;L2(Γ1))

v′′l v′′ em L2loc(0,∞;L2(Γ1)).

(3.92)

Usando o mesmo argumento para encontrar (3.49) e as estimativas (3.92)1 e (3.92)2,

obtemos(ulv

2l ) é limitada em L∞loc(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0 (3.93)

(vlu2l ) é limitada em L2

loc(0,∞;L2(Ω)), ∀l ≥ l0. (3.94)

Repetindo o mesmo raciocínio feito para obter (3.78) e (3.79), resulta que:

ulv2l uv2 em L2

loc(0,∞;L2(Ω)) (3.95)

vlu2l vu2 em L2

loc(0,∞;L2(Ω)). (3.96)

Usando as limitações (3.92)3, (3.92)4, e o Teorema do Traço de ordem zero, obtemos:

u′l∗ u em L∞loc(0,∞;H

12 (Γ1)) (3.97)

v′l∗ v em L∞loc(0,∞;H

12 (Γ1)) (3.98)

A partir de (3.92)9 e (3.97) segue-se pelo Teorema de Aubin-Lions que

u′l → u′ em L2loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.99)

Analogamente de (3.92)10 e (3.98), obtemos:

v′l → v′ em L2loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.100)

36

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Seja T > 0 um número real arbitrário fixado. A partir de (3.99) e (3.100), obtemosem particular que

u′l(x, t) → u′(x, t) q.s em Σ1 = Γ1 × (0, T )

ev′l(x, t) → v′(x, t) q.s em Σ1 = Γ1 × (0, T ).

Fixe (x, t) ∈ Σ1. Então, (u′l(x, t)) e (v′l(x, t)) são conjuntos limitados na reta. Assim, pelaaproximação de Strauss obtemos:

h1l(x, u′l(x, t)) → h1(x, u

′l(x, t)) q.s em Σ1 = Γ1 × (0, T ), (3.101)

pois, h1l converge uniformemente para h1 sobre conjuntos limitado da reta para quasetodo ponto x ∈ Γ1.

Agora h1 sendo contínua, obtemos:

h1(x, u′l(x, t)) → h1(x, u

′(x, t)) q.s em Σ1. (3.102)

Assim de (3.101) e (3.102), obtemos:

h1l(x, u′l(x, t)) → h1(x, u

′(x, t)) q.s em Σ1. (3.103)

De forma análoga obtemos:

h2l(x, v′l(x, t)) → h2(x, v

′(x, t)) q.s em Σ1. (3.104)

A partir de (3.84) temos:

(u′′l (t), 2u′l(t)) + ((ul(t), 2u

′l(t))) + 2α(ul(t)v

2l (t)), u

′l(t))+

+2

∫Γ1

h1l(x, u′l(t))u

′l(t)dΓ = 0,

ou ainda,∫Γ1

h1l(x, u′l(t))u

′l(t)dΓ = −1

2

d

dt|u′l(t)|2 −

1

2

d

dt‖ul(t)‖2 − α(ul(t)v

2l (t), u

′l(t)).

Notemos inicialmente que, como feito em (3.53) tem-se

|α(ul(t)v2l (t)), u

′l(t))| ≤ αC1(‖ul(t)‖2 + |u′l(t)|2).

37

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Assim,∫ T

0

∫Γ1

h1l(x, u′l(t))u

′l(t)dΓdt ≤ −1

2|u′l(T )|2 +

1

2|u1

l |2 −1

2‖ul(T )‖2 +

1

2‖u0‖2+

+αC1

∫ T

0

[‖ul(t)‖2 + |u′l(t)|2]dt ≤1

2|u′l(T )|2 +

1

2|u1

l |2 +1

2‖ul(T )‖2 +

1

2‖u0‖2+

+αC1

∫ T

0

[‖ul(t)‖2 + |u′l(t)|2]dt.

Usando as convergências (3.92) na desigualdade acima, obtemos:∫ T

0

∫Γ1

h1l(x, u′l(t))u

′l(t)dΓdt ≤ C, ∀t ∈ [0, T ], ∀l ≥ l0.

Note que h1l(x, s)s = |h1l(x, s)||s|.

Portanto, ∫ T

0

∫Γ1

|h1l(x, u′l(t))||u′l(t)|dΓdt ≤ C, ∀t ∈ [0, T ], ∀l ≥ l0, (3.105)

onde C representa várias constantes independente de l e t ∈ [0, T ].

Analogamente obtemos∫ T

0

∫Γ1

|h2l(x, v′l(t))||v′l(t)|dΓdt ≤ C, ∀t ∈ [0, T ], ∀l ≥ l0. (3.106)

Resulta de (3.103)-(3.106) e do Teorema de Strauss [44] que

h1l(., u′l) → h1(., u

′) em L1(Γ1 × (0, T )) (3.107)

eh2l(., v

′l) → h2(., u

′) em L1(Γ1 × (0, T )). (3.108)

Portanto, pela Observação 3.1, resulta que:

h1l(., u′l) → h1(., u

′) em W−2,p′(0, T ;Z ′) = Z ′ (3.109)

eh2l(., v

′l) → h2(., v

′) em W−2,p′(0, T ;Z ′) = Z ′. (3.110)

Vimos queu′l u′ em L2

loc(0,∞;V ). (3.111)

38

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Como u′′l u′′ em L2loc(0,∞;L2(Ω)) e 1 < p′ < 2 tem-se que

u′′l u′′ em Lp′

loc(0,∞;L2(Ω))

e, portanto,u′′l u′′ em W−2,p′(0, T ;X ′) = X ′.

Também por (3.92) e análogo raciocínio, obtém-se:

ulv2l uv2 em W−2,p′(0, T ;X ′) = X ′.

Logo,

4ul = u′′l + ulv2l 4u = u′′ + uv2 em W−2,p′(0, T ;X ′) = X ′. (3.112)

Agora por (3.111), (3.112), resulta que

ul u em E. (3.113)

Então, pelo Teorema 3.2, obtemos:

γ1ul γ1u em W−2,p′(0, T ;Z ′) = Z ′. (3.114)

Assim de (3.109) e (3.114), obtemos:

∂ul

∂ν+ h1l(., u

′l)

∂u

∂ν+ h1(., u

′) em W−2,p′(0, T ;Z ′) = Z ′. (3.115)

Logo,∂u

∂ν+ h1(., u

′) = 0 em W−2,p′(0, T ;Z ′) = Z ′. (3.116)

Agora usando o fato que L1(0, T ;L1(Γ1)) → W−2,p′(0, T ;Z ′) = Z ′, obtemos:

∂u

∂ν+ h1(., u

′) = 0 em L1loc(0,∞;L1(Γ1)). (3.117)

De maneira análoga, obtemos:

∂v

∂ν+ h2(., v

′) = 0 em L1loc(0,∞;L1(Γ1)). (3.118)

Usando as convergências (3.92)5 e (3.95), segue-se a partir de (3.112) e do item (iii)

da Observação 3.1 que

u′′ −4u+ αuv2 = 0 em L2loc(0,∞;L2(Ω)). (3.119)

39

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Analogamente, obtemos:

v′′ −4v + αvu2 = 0 em L2loc(0,∞;L2(Ω)). (3.120)

Por argumentos habituais mostra-se que: u(0) = u0, u′(0) = u1, v(0) = v0 e v′(0) =

v1.

Consideramos as seguintes hipóteses adicionais:

(H4) |h1(x, s)| ≤ d3|s|, q.t.p. x ∈ Γ1 e ∀ s ∈ R;

(H5) |h2(x, s)| ≤ d4|s|, q.t.p. x ∈ Γ1 e ∀ s ∈ R.

Com isso temos:

Corolário 1 Suponhamos as hipóteses do Teorema 3.3 mais (H4) e (H5). Então asolução u, v do sistema (∗) é única e satisfaz∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u ∈ L∞(0,∞;V ) ∩ L2loc(0,∞;H

32 (Ω))

v ∈ L∞(0,∞;V ) ∩ L2loc(0,∞;H

32 (Ω))

u′′ −∆u+ αuv2 = 0 em L2loc(0,∞;L2(Ω))

v′′ −∆v + αvu2 = 0 em L2loc(0,∞;L2(Ω))

∂u

∂ν+ h1(., u

′) = 0 em L2loc(0,∞;L2(Γ1))

∂v

∂ν+ h2(., v

′) = 0 em L2loc(0,∞;L2(Γ1)).

(3.121)

Demonstração: Usando a hipótese |h1(x, s)| ≤ d3|s|, obtemos pelo Lema 3.3.1 que|h1l(x, s)| ≤ 3

2d3|s| para todo s ∈ R e para q.t.p x ∈ Γ1. Logo desse fato e usando (3.92)3,

obtemos: ∫ T

0

∫Γ1

|h1l(x, u′l(x, s))|2dΓds ≤

9

4(d3)

2

∫ T

0

∫Γ1

|u′l(x, s)|2dΓds ≤ C.

Logo,(h1l(., u

′l)) é limitada em L2

loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.122)

A partir de (3.103) e (3.122), resulta pelo Lema de Lions [24] que

h1l(., u′l)) h(., u′) em L2

loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.123)

40

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Portanto de (3.117) e (3.123), obtemos:

∂u

∂ν+ h(., u′) = 0 em L2

loc(0,∞;L2(Γ1)). (3.124)

Para completar a prova do Corolário 1 mostraremos que u ∈ L2loc(0,∞;H

32 (Ω)). Temos

que u é solução do seguinte problema:∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣−∆u = −u′′ − αuv2 em Q = Ω× (0, T )

u = 0 sobre Γ0 × [0, T ]

∂u

∂ν= −h1(., u

′) sobre Γ1 × [0, T ]

(3.125)

para todo número real T > 0. Sendo −∆u = −u′′ − αuv2 ∈ L2loc(0,∞;L2(Ω)) e ∂u

∂ν=

−h1(., u′) ∈ L2

loc(0,∞;L2(Γ1)), obtemos como feito em M.Milla Miranda e L.A. Medeiros[31] que u ∈ L2

loc(0,∞;H32 (Ω)). De forma análoga, mostra-se que v ∈ L2

loc(0,∞;H32 (Ω)).

Para provar a unicidade procede-se como feito na primeira estimativa.

3.5 Comportamento Assintótico

O principal objetivo desta seção é provar o decaimento exponencial da energia E(t)

associada a solução do sistema (∗). Esta energia é dada por

E(t) =1

2

[‖u(t)‖2 + ‖v(t)‖2 + |u′(t)|2 + |v′(t)|2 + α|u(t)v(t)|2

]. (3.126)

Seja ν a normal unitária exterior em x ∈ Γ1. Suponhamos que existe x0 ∈ Rn tais que

(H6) Γ0 = x ∈ Γ : m(x)ν(x) ≤ 0 e Γ1 = x ∈ Γ : m(x)ν(x) > 0.

Nesta parte consideraremos

h1(x, s) = m(x).ν(x)g1(s), ∀x ∈ Γ1, s ∈ R

h2(x, s) = m(x).ν(x)g2(s), ∀x ∈ Γ1, s ∈ R,

onde g1, g2 são funções contínuas tais que gi(0) = 0 e satisfazendo as propriedades

(H7) [gi(s)− gi(r)](s− r) ≥ di(s− r)2, i = 1, 2, ∀s, r ∈ R,

(H8) |gi(s)| ≤ di|s|, i = 3, 4, ∀s ∈ R.

41

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Introduzimos as notações:

R = maxx∈Ω

‖m(x)‖, ‖w‖L6(Ω) ≤ c∗1‖w‖ ,∫

Γ1

w2 ≤ K‖w‖2, ∀w ∈ V.

eN1 =

[1

2|u1|2 +

1

2‖u0‖2 +

1

2|v1|2 +

1

2‖v0‖2 +

α

2‖u0‖2‖v0‖2 + 1

].

Por λ1 denotamos o primeiro autovalor do problema espectral ((w, v)) = λ(w, v), ∀v ∈V.

Antes de enunciarmos o teorema que estabeleçe o comportamento assintótico da en-ergia E(t), associada a solução do sistema (∗) mostraremos que ul(t) ∈ V ∩H2(Ω). Sendoassim, podemos aplicar o Lema 2.1 como feito em M.Milla Miranda e L.A.Medeiros [35]e a identidade de Rellich cf em V.Komornik e E.Zuazua [18] ou M.Milla Miranda e L.P.S.Gil Jutuca [38].

Vamos justificar que: ul ∈ L∞(0, T ;V ∩H2(Ω)).

Fixe l. Para o comportamento assintótico consideramos as sequências

h1l(x, s) = m(x).ν(x)g1l(s) e h2l(x, s) = m(x).ν(x)g2l(s),

sendo (gll) e (g2l) funções lipschitizianas com gll(0) = g2l(0) = 0, g1l → g1 e g2l → g2

convergindo uniformemente nos limitados da reta, onde

h1(x, s) = m(x).ν(x)g1(s) e h2(x, s) = m(x).ν(x)g2(s),

com g1 e g2 sendo funções contínuas satisfazendo as condições

[g1(s)− g1(r)](s− r) ≥ d1(s− r)2, ∀s, r ∈ R e |g1(s)| ≤ d3|s|, ∀s ∈ R,

e[g2(s)− g2(r)](s− r) ≥ d2(s− r)2, ∀s, r ∈ R e |g2(s)| ≤ d4|s|, ∀s ∈ R,

onde di, i = 1, 2, 3, 4, são constantes positivas.Notemos inicialmente que seguindo a mesma idéia da prova do Lema 3.3.1, tem-se

que|g1l(s)| ≤

3

2d3|s|, ∀s ∈ R. (3.127)

Analogamente obtém-se

|g2l(s)| ≤3

2d4|s|, ∀s ∈ R. (3.128)

42

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Na segunda estimativa do Teorema 3.3 vimos que :

(u′lm) é limitada em L∞loc(0,∞;V ), ∀l ≥ l0, ∀m (3.129)

(v′lm) é limitada em L∞loc(0,∞;V ), ∀l ≥ l0, ∀m. (3.130)

Observação 3.3 A sequência (g1l) é a sequência de Strauss que aproxima g1. Sabemosque as funções (g1l) são lipschitizianas e g1l(0) = 0. Sendo u′lm(t) ∈ V tem-se pelaProposição 2.3, que g1l(u

′ml(t)) ∈ V. Então, pelo Teorema do Traço de ordem zero, obte-

mos g1l(u′ml(t)) ∈ H

12 (Γ1). Logo,

‖g1l(u′ml(t))‖H

12 (Γ1)

≤ Cl‖ulm(t)‖, ∀t ∈ [0, T ].

Como l está fixado, então pela limitação (3.129) obtemos que

(g1l(u′ml)) é limitada em L∞(0, T ;H

12 (Γ1)).

Portanto,

g1l(u′ml)

∗ χ em L∞(0, T ;H

12 (Γ1)) quando m→∞. (3.131)

Seguindo o mesmo raciocínio como feito na prova do Teorema 3.3,( usando (g1l) nolugar de (h1l) ) mostra-se que

g1l(u′ml) g1l(u

′l) em L2(0, T ;L2(Γ1) quando m→∞. (3.132)

Assim a partir de (3.131), (3.132) e pela unicidade do limite fraco, obtemos:

gl(u′ml)

∗ gl(u

′l) em L∞(0, T ;H

12 (Γ1)) quando m→∞. (3.133)

Na demonstração do Teorema 3.3, mostramos que

∂ul

∂ν+ (m.ν)g1l(u

′l) = 0 em L2(0, T ;L2(Γ1)). (3.134)

Portanto, de (3.133) e (3.134) obtemos:

∂ul

∂ν+ (m.ν)g1l(u

′l) = 0 em L∞(0, T ;H

12 (Γ1)). (3.135)

Também na prova do Teorema 3.3 mostramos que

−4ul = −u′′l − αulv2l ∈ L∞(0, T ;L2(Ω)).

43

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Consideremos o seguinte problema:

(P )

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣−4ul = −u′′l − αulv

2l em Ω× [0, T ]

ul = 0 sobre Γ0 × [0, T ]

∂ul

∂ν= −(m.ν)g1l(u

′l) sobre Γ1 × [0, T ],

para todo número real T > 0.

Como∂ul

∂ν+ (m.ν)g1l(ul) = 0, sobre Γ1

e m.ν é classe C1 sobre Γ1 resulta

∂ul

∂ν∈ L∞loc(0,∞;H

12 (Γ1)).

Disto e notando que4ul ∈ L∞loc(0,∞;L2(Ω)),

tem-se que a solução do problema (P ) é tal que

ul ∈ L∞loc(0,∞;H2(Ω)).

Como ul ∈ L∞loc(0,∞;V ) obtemos que

ul ∈ L∞loc(0,∞;V ∩H2(Ω)), ∀l ≥ l0.

Analogamente encontramos

vl ∈ L∞loc(0,∞;V ∩H2(Ω)), ∀l ≥ l0.

O principal resultado desta seção é:

Teorema 3.4 Sejam u0, v0 ∈ (D(−4))2 e u1, v1 ∈ (H10 (Ω))2. Seja u, v a solução

obtida no Corolário 1 com as hipóteses (H6)-(H8), 0 ≤ α ≤ α0 e

α0 = min

1,

1

8R(c∗1)3N1

.

Então, existe uma constante ω > 0 tal que a energia (3.126) satisfaz

E(t) ≤ 4E(0)e−ω2

t, ∀t ≥ 0. (3.136)

44

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Demonstração: Notemos inicialmente que podemos aplicar a identidade de Rellichcf em V.Komornik e E.Zuazua [18] ou M.Milla Miranda e L.P.S. Gil Jutuca [38], poiscomo mostramos acima ul(t) ∈ V ∩ H2(Ω), onde ul é a solução aproximada obtidana demostração do Teorema 3.3. Para a demonstração do comportamento assintóticousaremos o método de Lyapounov (ver V.Komornik e E.Zuazua [18]). Mostraremos oteorema primeiro para energia aproximada

El(t) =1

2[‖ul(t)‖2 + ‖vl(t)‖2 + |u′l(t)|2 + |v′l(t)|2 + α|ul(t)vl(t)|2]. (3.137)

Depois tomando o limite inferior obter-se-á o teorema.Temos:

1

2

d

dt

[‖ul(t)‖2 + ‖vl(t)‖2 + |u′l(t)|2 + |v′l(t)|2 + α|ul(t)vl(t)|2

]=

−∫

Γ1

(mν)g1l(u′l(t))u

′l(t)dΓ−

∫Γ1

(mν)g2l(v′l(t))v

′l(t)dΓ.

Sendo g1l(s)s ≥ 0, g2l(s)s ≥ 0 e m(x)ν(x) > 0 sobre Γ1, obtemos ddtEl(t) ≤ 0, ∀t ≥ 0.

Logo El(t) é uma função decrescente para todo t ≥ 0.

Seja ε > 0. Introduz-se o funcional

Elε(t) = El(t) + εψl(t), (3.138)

onde

ψl(t) = 2(u′l(t),m.∇ul(t)) + 2(v′l(t),m.∇vl(t)) + (n− 1)(u′l(t), ul(t)) + (n− 1)(v′l(t), vl(t)).

A partir da igualdade acima e usando a desigualdade 2ab ≤ a2 + b2, obtemos:

|ψl(t)| ≤ 2R|u′l(t)||∇ul(t)|+ 2R|v′l(t)||∇vl(t)|+

+(n− 1)|u′l(t)||ul(t)|+ (n− 1)|v′l(t)||vl(t)| ≤

≤ R [|u′l(t)|2 + ‖ul(t)‖2 + |v′l(t)|2 + ‖vl(t)‖2] +

+n− 1

2λ1

[|u′l(t)|2 + |v′l(t)|2|+ ‖ul(t)|2 + ‖vl(t)|2

]≤

≤ C1El(t),

onde C1 = 2(R + n−1

2λ1

).

Portanto,|ψl(t)| ≤ C1El(t). (3.139)

45

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Utilizando (3.138) e (3.139), obtemos:

|Elε(t)− El(t)| ≤ ε|ψl(t)| < εC1El(t),

ou(1− εC1)El(t) ≤ Elε(t) ≤ (1 + εC1)El(t).

Tomando 0 < ε < 12C1

, obtemos:

El(t)

2≤ Elε(t) ≤ 2El(t). (3.140)

Notemos que pela Observação 3.3 tem-se que ul(t), vl(t) ∈ V ∩H2(Ω). Como ul(t), vl(t)

tem a regularidade acima, pode-se aplicar a identidade de Rellich (Ver Komornik-Zuazua[18] e M.Milla Miranda e L.P.S. Gil Jutuca [38]). Assim,

2(4ul(t),m.∇ul(t)) = (n− 2)‖ul(t)‖2−

−∫

Γ

(m.ν)|∇ul(t)|2dΓ + 2

∫Γ

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ.

(3.141)

Analogamente, obtemos:

2(4vl(t),m.∇vl(t)) = (n− 2)‖vl(t)‖2−

−∫

Γ

(m.ν)|∇vl(t)|2dΓ + 2

∫Γ

∂vl(t)

∂νm.∇vl(t)dΓ.

(3.142)

Também notando que

∂ul

∂ν+ (m.ν)g1l(u

′l) = 0 sobre Γ1,

obtém-se(u′′l (t), ul(t)) = (4ul(t)− αul(t)v

2l (t), ul(t)) =

−‖ul(t)‖2 − α|ul(t)vl(t)|2 +

∫Γ

∂ul(t)

∂νul(t)dΓ =

−‖ul(t)‖2 −∫

Γ1

(m.ν)g1l(u′l(t))ul(t)dΓ− α|ul(t)vl(t)|2,

(3.143)

pois, ul(t) = 0 sobre Γ0.

De modo semelhante para vl, obtemos:

(v′′l (t), vl(t)) = (4vl(t)− αvl(t)u2l (t), vl(t)) =

−‖vl(t)‖2 − α|vl(t)ul(t)|2 +

∫Γ

∂vl(t)

∂νvl(t)dΓ =

−‖vl(t)‖2 −∫

Γ1

(m.ν)g2l(v′l(t))vl(t)dΓ− α|ul(t)vl(t)|2.

(3.144)

46

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Derivando ψl(t) e aplicando a Identidade de Rellich junto com as últimas identidadesde ul e vl obtemos, respectivamente:

ψ′l(t) = (n− 2)‖ul(t)‖2 −∫

Γ

(m.ν)|∇ul(t)|2dΓ+

+2

∫Γ

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ− 2α(ul(t)v

2l (t),m.∇ul(t))+

+2(u′l(t),m.∇u′l(t)) + (n− 1)|u′l(t)|2−

−(n− 1)‖ul(t)‖2 − (n− 1)

∫Γ1

(m.ν)g1l(u′l(t))ul(t)dΓ−

−2α(n− 1)|ul(t)vl(t)|2 + (n− 2)‖vl(t)‖2−

−∫

Γ

(m.ν)|∇vl(t)|2dΓ + 2

∫Γ

∂vl(t)

∂νm.∇vl(t)dΓ−

−2α(vl(t)u2l (t),m.∇vl(t)) + 2(v′l(t),m.∇v′l(t))+

+(n− 1)|v′l(t)|2 − (n− 1)‖vl(t)‖2−

−(n− 1)

∫Γ1

(m.ν)g2l(v′l(t))vl(t)dΓ.

(3.145)

A seguir limitaremos o lado esquerdo da expressão acima de forma a obter

ψ′l(t) ≤ −ηE1l(t)− ηE2l(t)− η|ul(t)vl(t)|2 + c

∫Γ1

(m.ν)(u′l(t))2dΓ + c

∫Γ1

(m.ν)(v′l(t))2dΓ,

onde η > 0, c > 0 comE1l(t) =

1

2

[|u′l(t)|2 + ‖ul(t)‖2

]e

E2l(t) =1

2

[|v′l(t)|2 + ‖vl(t)‖2

].

Como ul(t), vl(t) ∈ V ∩ H2(Ω) resulta pelo Lema 2.1 em M.Milla Miranda e L.A.Medeiros [35] as seguintes igualdades sobre Γ0 :

∂ul(t)

∂xi

= νi∂ul(t)

∂νe |∇ul(t)|2 =

(∂ul(t)

∂ν

)2

,

onde ν = (νi, . . . , νn). Logo

−∫

Γ

(m.ν)|∇ul(t)|2dΓ = −∫

Γ0

(mν)

(∂ul(t)

∂ν

)2

dΓ−

−∫

Γ1

(mν)n∑

i=1

(∂ul(t)

∂xi

)2

dΓ.

(3.146)

47

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De forma análoga obtemos

−∫

Γ

(m.ν)|∇vl(t)|2dΓ = −∫

Γ0

(mν)

(∂vl(t)

∂ν

)2

dΓ−

−∫

Γ1

(mν)n∑

i=1

(∂vl(t)

∂xi

)2

dΓ.

(3.147)

• Análise de 2

∫Γ

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ.

Note que sobre Γ0, tem-se∂ul(t)

∂xj

= νj∂ul(t)

∂ν

e sobre Γ1, tem-se∂ul(t)

∂ν= −(m.ν)g1l(u

′l(t)).

Assim,

2

∫Γ

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ = 2

∫Γ0

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ + 2

∫Γ1

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ =

= 2

∫Γ0

∂ul(t)

∂ν

n∑j=1

mj∂ul(t)

∂xj

dΓ− 2

∫Γ1

(m.ν)g1l(u′l(t))m.∇ul(t)dΓ =

= 2

∫Γ0

(m.ν)

(∂ul(t)

∂ν

)2

dΓ− 2

∫Γ1

(m.ν)g1l(u′l(t))m.∇ul(t)dΓ.

Por outro lado

−2

∫Γ1

(m.ν)g1l(u′l(t))m.∇ul(t)dΓ ≤ 2R

∫Γ1

(mν)|g1l(u′l(t))||∇ul(t)|dΓ ≤

≤ R2

∫Γ1

(mν)|g1l(u′l(t))|2dΓ +

∫Γ1

(mν)|∇ul(t)|2dΓ ≤

≤ R2

(3

2d3

)2 ∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ +

∫Γ1

(mν)|∇ul(t)|2dΓ.

(Note que |g1l(s)| ≤ 32d3|s|). Destas duas últimas expressões resulta

2

∫Γ

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ ≤ 2

∫Γ0

(m.ν)

(∂ul(t)

∂ν

)2

dΓ+

+R2

(3

2d3

)2 ∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ +

∫Γ1

(mν)|∇ul(t)|2dΓ.(3.148)

48

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De (3.146) e (3.148), obtém-se:

−∫

Γ

(m.ν)|∇ul(t)|2dΓ + 2

∫Γ

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ ≤

≤∫

Γ0

|∇ul(t)|2m.νdΓ +R2

(3

2d3

)2 ∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ.

Como m.ν ≤ 0 sobre Γ0, resulta desta última desigualdade que

−∫

Γ

(m.ν)|∇ul(t)|2dΓ + 2

∫Γ

∂ul(t)

∂νm.∇ul(t)dΓ ≤

≤ R2

(3

2d3

)2 ∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ.(3.149)

Analogamente, obtemos

−∫

Γ

(m.ν)|∇vl(t)|2dΓ + 2

∫Γ

∂vl(t)

∂νm.∇vl(t)dΓ ≤

≤ R2

(3

2d4

)2 ∫Γ1

(mν)|v′l(t)|2dΓ.(3.150)

• Análise do termo −2α(ul(t)vl(t),m∇ul(t)).

Note que pela estimativa (3.37) do Teorema 3.3, obtemos:

‖ul(t)‖2 + ‖vl(t)‖2 < |u1|2 + |v1|2 + ‖u0‖2 + ‖v0‖2 + α|u0v0|2 + 1 = N1, ∀t ≥ 0, ∀l ≥ l0.

Vamos introduzir a notação

‖w‖L6(Ω) ≤ c∗1‖w‖, ∀w ∈ V.

Agora pela desigualdade de Holder e a imersão de V → L6(Ω), tem-se:

−2α(ul(t)v2l (t),m.∇ul(t)) = −2α

∫Ω

ul(t)v2l (t)(m.∇ul(t))dx ≤

≤ 2αR

∫Ω

|ul(t)||vl(t)|2|∇ul(t)|dx ≤ 2αR

(∫Ω

u2l (t)v

4l (t)dx

) 12(∫

Ω

|∇ul(t)|2dx) 1

2

≤ 2αR‖ul(t)‖L6(Ω)‖vl(t)‖2L6(Ω)‖ul(t)‖ ≤ 2αR(c∗1)

3N1‖ul(t)‖2.

Logo,−2α(ul(t)v

2l (t),m.∇ul(t)) ≤ 2αR(c∗1)

3N1‖ul(t)‖2. (3.151)

De forma análoga

−2α(vl(t)u2l (t),m.∇vl(t)) ≤ 2αR(c∗1)

3N1‖vl(t)‖2. (3.152)

49

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• Análise do termo (u′l(t),m.∇u′l(t)).Adota-se a convenção de índices repetidos para indicar a soma de 1 a n destes índices.

Note que u′l(t) = 0 sobre Γ0. Tem-se:

(u′l(t),m.∇u′l(t)) =

∫Ω

u′l(t)mj∂u′l(t)

∂xj

dx =1

2

∫Ω

mj∂

∂xj

(u′l(t))2dx =

−1

2

∫Ω

∂mj

∂xj

(u′l(t))2dx+

1

2

∫Γ1

mjνj(u′l(t))

2dΓ =

−n2|u′l(t)|2 +

1

2

∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ,

isto é,

2(u′l(t),m.∇u′l(t)) = −n|ul(t)|2 +

∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ. (3.153)

Semelhantemente encontramos

2(v′l(t),m.∇v′l(t)) = −n|vl(t)|2 +

∫Γ1

(mν)|v′l(t)|2dΓ. (3.154)

• Análise do termo −(n− 1)

∫Γ1

(m.ν)g1l(u′l(s))ul(s)dΓ.

Note que |g1l(s)| ≤ 32d3|s|, para todo s ∈ R.

Introduz-se a notação ∫Γ1

w2dΓ ≤ K‖w‖, ∀w ∈ V.

Tem-se:

−(n− 1)

∫Γ1

(m.ν)g1l(u′l(s))ul(s)dΓ ≤ (n− 1)

∫Γ1

(mν)|g1l(u′l(s))||ul(s)|dΓ ≤

≤ 3

2(n− 1)d3R

12

∫Γ1

√2K(mν)

12 |u′l(t)|

1√2K

|ul(t)|dΓ ≤

≤ 1

2(n− 1)2

(3

2

)2

d23RK

2

∫Γ1

(m.ν)(u′l(t))2dΓ +

1

4K2

∫Γ1

(ul(t))2dΓ ≤

≤ 1

2(n− 1)2

(3

2

)2

d23RK

2

∫Γ1

(m.ν)(u′l(t))2dΓ +

1

4‖ul(t)‖2,

isto é,

−(n− 1)

∫Γ1

(m.ν)g1l(u′l(s))ul(s)dΓ ≤ L1

∫Γ1

(m.ν)(u′l(t))2dΓ +

1

4‖ul(t)‖2, (3.155)

onde L1 =1

2(n− 1)2

(3

2

)2

d23RK

2.

50

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De forma análoga, obtém-se:

−(n− 1)

∫Γ1

(m.ν)g2l(v′l(s))vl(s)dΓ ≤ L2

∫Γ1

(m.ν)(v′l(t))2dΓ +

1

4‖vl(t)‖2, (3.156)

onde L2 =1

2(n− 1)2

(3

2

)2

d24RK

2. Substituindo (3.149)-(3.156) em (3.145) resulta

ψ′l(t) ≤ (n− 2)‖ul(t)‖2 +R2

(3

2d3

)2 ∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ + 2αR(c∗1)3N1‖ul(t)‖2−

−n|u′l(t)|2 +

∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ + (n− 1)|u′l(t)|2 − (n− 1)‖ul(t)‖2+

+L1

∫Γ1

(mν)|u′l(t)|2dΓ +1

4‖ul(t)‖2 + (n− 2)‖vl(t)‖2 +R2

(3

2d4

)2 ∫Γ1

(mν)|v′l(t)|2dΓ+

+2αR(c∗1)3N1‖vl(t)‖2 − n|v′l(t)|2 +

∫Γ1

(mν)|v′l(t)|2dΓ + (n− 1)|v′l(t)|2−

−(n− 1)‖vl(t)‖2 + L2

∫Γ1

(mν)|v′l(t)|2dΓ +1

4‖vl(t)‖2 − 2α(n− 1)|ul(t)vl(t)|2.

Cortando os termos semelhantes, na última expressão obtemos:

ψ′l(t) ≤ −|u′l(t)|2 − ‖ul(t)‖2 + 2αR(c∗1)3N1‖ul(t)‖2+

+1

4‖ul(t)‖2 +

[R2

(3

2d2

3 + 1 + L1

)]∫Γ1

(m.ν)|u′l(t)|2dΓ−

−|v′l(t)|2 − ‖vl(t)‖2 + 2αR(c∗1)3N1‖vl(t)‖2 +

1

4‖vl(t)‖2+

+

[R2

(3

2d2

4 + 1 + L2

)]∫Γ1

(m.ν)|v′l(t)|2dΓ− 2α(n− 1)|ul(t)vl(t)|2.

(3.157)

Introduz-se a notação

L = max

R2

(3

2d2

3 + 1 + L1

), R2

(3

2d2

4 + 1 + L2

).

Escolhe-se 0 ≤ α0 ≤ 1 tal que

α0 ≤1

8R(c∗1)3N1

.

Decorre destas expressões e de (3.157) que

ψ′l(t) ≤ −|u′l(t)|2 −1

2‖ul(t)‖2 + L

∫Γ1

(m.ν)|u′l(t)|2dΓ−

−|v′l(t)|2 −1

2‖vl(t)‖2 + L

∫Γ1

(m.ν)|v′l(t)|2dΓ−α

2|ul(t)vl(t)|2,

(3.158)

51

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onde 0 ≤ α ≤ α0. Assim,

ψ′l(t) ≤ −1

2

[|u′l(t)|2 + |v′l(t)|2

]− 1

2

[‖ul(t)‖2 + ‖vl(t)‖2

]−

−α2|ul(t)vl(t)|2 + L

∫Γ1

(m.ν)[|u′l(t)|2 + |v′l(t)|2]dΓ,

onde 0 ≤ α ≤ α0 e α0 = min

1, 18R(c∗1)3N1

.

Sendo gil(s)s ≥ dis2, i = 1, 2 para todo s ∈ R, obtemos da desigualdade acima que

ψ′l(t) ≤ −1

2

[|u′l(t)|2 + |v′l(t)|2

]− 1

2

[‖ul(t)‖2 + ‖vl(t)‖2

]− α

2|ul(t)vl(t)|2+

+L∗∫

Γ1

(m.ν)[g1l(u′l(t))u

′l(t) + g2l(v

′l(t))v

′l(t)]dΓ,

(3.159)

onde L∗ = max 1d1L, 1

d2L.

Considerando a derivada da expressão (3.138), obtemos:

E ′lε(t) = E ′

l(t) + εψ′(t). (3.160)

Notemos inicialmente que

E ′l(t) = −

∫Γ1

(mν)g1l(u′l(t))u

′l(t)dΓ−

∫Γ1

(mν)g2l(v′l(t))v

′l(t)dΓ. (3.161)

Multiplicando (3.159) por ε > 0 e substituindo em (3.160), e posteriormente usando(3.161), obtemos:

E ′lε(t) ≤ −ωEl(t)− (1− εL∗)

∫Γ1

(mν)g1l(u′l(s))u

′l(s)dΓ−

−(1− εL∗)

∫Γ1

(mν)g2l(v′l(s))v

′l(s)dΓ,

(3.162)

ondeω

2= ε e 0 < ε < min

2(R + n−1

2λ1

), (L∗)−1

.

Agora notando que mν ≥ 0 sobre Γ1, segue-se de (3.162) que:

E ′lε(t) ≤ −ω

2El(t).

Da desigualdade acima e de (3.140), obtemos:

E ′lε(t) ≤ −ω

2Elε(t). (3.163)

Portanto,Elε(t) ≤ Elε(0)e

ω2

t, ∀t ≥ 0.

52

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Sendo Elε(0) ≤ 2El(0) e El(t)2≤ Elε(t), obtemos:

El(t) ≤ 4El(0)e−ω

2t, ∀t ≥ 0, (3.164)

o que mostra o teorema para a energia aproximada.Notemos agora que El(0) → E(0) e que usando a estimativas (3.92) mostra-se que

E(t) ≤ lim inf El(t), ∀t ≥ 0. Tomando o limite inferior em (3.164) quando l → ∞ eusando estes dois últimos limites, obtemos:

E(t) ≤ 4E(0)e−ω2

t, ∀t ≥ 0. (3.165)

53

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Capítulo 4

Dissipação atuando na Fronteira para

um Sistema Acoplado de Equações de

Kirchhoff.

4.1 Introdução

As pequenas vibrações transversais de uma corda elástica de comprimento L pressano seus extremos, quando é levado em consideração a variação da tensão, é descrita pelaseguinte equação:

utt(x, t)−(m0 +m1

∫ L

0

u2x(x, t)dx

)uxx(x, t) = 0, 0 < x < L, t > 0, (4.1)

onde m0 é a tensão inicial e m1 esta relacionado com o material da corda.O modelo (4.1) foi introduzida por G.Kirchhoff [15].As vibrações acima, quando considerem-se as três componentes u, v, w do desloca-

mento, é descrito pelo seguinte sistema:∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

ux(x, t) +1

2

(v2

x(x, t) + w2x(x, t)

)=

1

2L

∫ L

0

[v2

x(x, t) + w2x(x, t)

]dx, 0 < x < L, t > 0

vtt(x, t)−(m0 +m1

∫ L

0

[v2x(x, t) + w2

x(x, t)]dx

)vxx(x, t) = 0, 0 < x < L, t > 0

wtt(x, t)−(m0 +m1

∫ L

0

[v2x(x, t) + w2

x(x, t)]dx

)wxx(x, t) = 0, 0 < x < L, t > 0.

(4.2)Este sistema foi introduzido por A.H. Nayfeh e D.T. Mook [39].

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Observe que uma vez conhecidos v e w satisfazendo as equações (4.2)2 e (4.2)3, re-spectivamente, é possível determinar a solução u de (4.2)1.

Seja Ω um aberto limitado do Rn com fronteira regular Γ e M(λ) uma função re-gular satisfazendo M(λ) ≥ m0 > 0. Uma significativa generalização da equação (4.1) é aseguinte:

(K) u′′(x, t) +M

(∫Ω

|∇u(x, t)|2dx)

(−4u(x, t)) = 0, x ∈ Ω, t > 0;

e das duas últimas equações de (4.2) :

(N)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣v′′(x, t) +M

(∫Ω

[|∇v(x, t)|2 + |∇w(x, t)|2]dx)

(−4v(x, t)) = 0, x ∈ Ω, t > 0,

w′′(x, t) +M

(∫Ω

[|∇v(x, t)|2 + |∇w(x, t)|2]dx)

(−4w(x, t)) = 0, x ∈ Ω, t > 0.

A equação (K) tem sido extensivamente estudada. Primeiro, comenta-se brevemente,o estudo da existência de soluções do problema misto para (K) com condições de Dirichletnulas em Γ. Com efeito, soluções globais com dados iniciais C∞ e satisfazendo certaspropriedades, tem sido obtidas, entre outros por S.Bernstein [6], S.I. Pohozaev [41],J.L.Lions [25], A.Arosio e S. Spagnolo [2] e H.Clark[7]. Observa-se que soluções globaiscom dados iniciais em H1

0 (Ω) ∩H2(Ω), H10 (Ω) e M(λ) geral é um problema em aberto.

Soluções locais tem sido obtido, entre outros, por Y. Ebihara, L.A. Medeiros e M.MillaMiranda [11], A.Arosio e S.Garavaldi [1] e Y. Yamada [47].

Quando consideramos a formulação abstrata de (K) com u0 ∈ D(A), u1 ∈ D(A12 ),

θ = 12

e A−1 for um operador não compacto de H, a existência de solução local foianalizado por M.P. Matos [26], H. Crippa [10] e S.S. Sousa e M.Milla Miranda [43].

Para a existência de solução local, global e o comportamento assintótico da equaçãode Kirchhoff-Carrier em espaços de Banach podemos citar os recentes trabalhos deR.Izaguirre, R.Fuentes e M.Milla Miranda [13] e [14].

Uma lista extensiva de referências sobre a equação de Kirchhoff pode ser encontradaem L.A. Medeiros, J.Limaco e S.B, Menezes [28].

Para obter soluções globais de (K) com dados em H10 (Ω)∩H2(Ω), H1

0 (Ω), introduz-seuma dissipação na equação ou uma dissipação na fronteira. No primeiro caso tem-se osresultados, entre outros, de L.A.Medeiros e M.Milla Miranda [32], M. Hosoya e Y.Yamada[12], S.Kouémou-Patcheu [19] e J. Limaco, H.R. Clark e L.A. Medeiros [23]. No segundocaso, enumera-se os resultados de K. Ono [40], M.Tucsnak [45] (ambas para n=1), M.Milla

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Miranda e L.P.San Gil Jutuca [38] e J.Ong e I.Lasiecka [20]. Neste último trabalho adissipação na fronteira é de classe C1 e globalmente lipschitziana porém M(λ) tem aforma particular M(λ) = m0 +m1λ.

Nossos resultados obtidos melhora o resultado obtido por M.Milla Miranda e L.P.SanGil Jutuca [38] em relação a não linearidade em parte da fronteira e em relação aotrabalho de J.Ong e I.Lasiecka [20] a forma da M.

Observa-se que em todos estes últimos quatro trabalhos a norma dos dados iniciais épequena.

Nosso objetivo é estudar o sistema (N) com uma dissipação globalmente lipschitzianana fronteira.

A seguir descreve-se o problema a estudar. Supõe-se que a fronteira Γ de Ω estáconstituída de duas partes disjuntas e fechadas Γ0 e Γ1. Denota-se por ν(x) à normalunitária exterior em x ∈ Γ1. Introduz-se duas funções regulares M1(t, λ, ξ) e M2(t, λ, ξ)

verificandoMi(t, λ, ξ) ≥ mi > 0 (mi constantes), i = 1, 2,

e funções hi(x, s), i = 1, 2 definida em x ∈ Γ1 e s ∈ R. Nessas condições tem-se o seguinteproblema:

(S)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)4u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −M2(t, ‖v(t)‖2, ‖u(t)‖2)4v = 0 em Ω× (0,∞)

u = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

v = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

∂u

∂ν+ h1(., u

′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

∂v

∂ν+ h2(., v

′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω

v(0) = v0, v′(0) = v1 em Ω.

As condições iniciais devem verificar as condições de compatibilidade∣∣∣∣∣∣∣∣∣∂u0

∂ν+ h1(., u

1) = 0 sobre Γ1

∂v0

∂ν+ h2(., v

1) = 0 sobre Γ1.

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Quando hi(x, s) verifica hi ∈ C1(R;L∞(Γ1)) e

hi(x, v(x)) ∈ L2(Γ1), h′i(x, s) ≥ di > 0 q.t.p x ∈ Γ1, i = 1, 2

obtém-se uma solução local de (S).

Por questão de comodidade, vamos escrever simplismente h1 = h2 = h.

O decaimento exponencial de (S) é obtido para o caso particular

(S1)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −M(t, ‖u(t)‖2 + ‖v(t)‖2)4u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −M(t, ‖u(t)‖2 + ‖v(t)‖2)4v = 0 em Ω× (0,∞)

u = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

v = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

∂u

∂ν+ (m.ν)h(u′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

∂v

∂ν+ (m.ν)h(v′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω

v(0) = v0, v′(0) = v1 em Ω,

onde m(x) = x− x0, x ∈ Rn, x0 fixo e h ∈ C0(R) verificando

0 < d0s2 ≤ h(s)s ≤ d1s

2 <∞, ∀s ∈ R.

Na obtenção de soluções locais utiliza-se argumentos de ponto fixo e resultados detraço de funções não regulares. Pela forma particular de (S1) este pode ser escrito numaforma vetorial com duas componentes (

u

v

),

e seu estudo fica reduzido ao de uma equação escalar. A obtenção de soluções globaisdesta equação escalar foi inspirado pelo trabalho de I. Lasiecka e J.Ong [20]. Neste artigoeles obtem solução global para a equação com a função particular M(λ) = m0 + m1λ.

O decaimento exponencial da energia da equação escalar é obtida usando o método depertubação da energia ( funcional de Lyapunov), a técnica dos multiplicadores e umaidentidade de Rellich (ver Komornik, V e E, Zuazua [18] e M.Milla Miranda e L.P.S. GilJutuca [38]).

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4.2 Resultados Fundamentais

O objetivo desta seção é obter resultados que permitam construir uma base especialem V ∩H2(Ω). No entanto, a demonstração que daremos permite construir tal base paraqualquer função h contínua, crescente e com a propriedade que h(., ϕ) ∈ L2(Γ1) paratoda ϕ ∈ L2(Γ1).

Seja V o espaço de Hilbert definido por

V = v ∈ H1(Ω); v = 0 sobre Γ0

munido do produto escalar

((u, v)) =

∫Ω

∇v(x)∇u(x)dx

e norma

‖u‖ =

(∫Ω

|∇u(x)|2dx) 1

2

.

Seja W o espaço de Hilbert

W = u ∈ V : 4u ∈ L2(Ω),

munido do produto escalar

(u, v)W = ((u, v)) + (4u,4v).

Proposição 4.1 Sejam f ∈ L2(Ω) e g ∈ H− 12 (Γ1). Então a solução u do problema de

valor de fronteira: ∣∣∣∣∣∣∣∣−∆u = f em Ω

u = 0 sobre Γ0

∂u

∂ν= g sobre Γ1

(4.1)

pertence a W e‖u‖W ≤ C

[|f |+ ‖g‖

H− 12 (Γ1)

].

Demonstração: Consideremos o problema:

(∗)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣−4w = 0 em Ω

w = 0 sobre Γ0

∂w

∂ν= g sobre Γ,

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Por L.A.Medeiros e M.Milla Miranda [31], tem-se que a aplicação

0, g ∈ L2(Ω)×H− 12 (Γ1) → w ∈ W = w ∈ V ;4u ∈ L2(Ω),

onde w é a solução do problema (∗) acima, é bijetora e contínua. Assim,

‖w‖W ≤ C‖g‖H− 1

2 (Γ1).

Agora consideremos o seguinte problema:∣∣∣∣∣∣∣∣∣−∆v = f em Ω

v = 0 sobre Γ0

∂v

∂ν= 0 sobre Γ1.

(4.2)

A solução fraca v do Problema 4.2 pertence a H2(Ω) e por resultados de regularizaçãoelíptica tem-se:

‖v‖H2(Ω) ≤ C|f |

Então, u = v + w ∈ W e u é uma solução do Problema 4.1. Portanto,

‖u‖W ≤ C[|f |+ ‖g‖H− 1

2 (Γ1)]

Observação 4.1 Em W as normas de ‖u‖W e

‖u‖W =

(|4u|2 +

∥∥∥∂u∂ν

∥∥∥H− 1

2 (Γ1)

) 12

,

são equivalentes.( cf. Teorema 3.11, pg. 189 de L.A. Medeiros e M.Milla Miranda [34].)

Introduzimos a hipótese:(H1) h ∈ C0(R, L∞(Γ1)), h(x, s) não decrescente em s para q.t.p x ∈ Γ1 e h(., ϕ) ∈ L2(Γ1)

para toda ϕ ∈ L2(Γ1).

Exemplo 4.2.1 A função h(x, s) = (sens+ 2s)β(x), com β ∈ L∞(Γ1) e β(x) ≥ β0 > 0

satisfaz a hipótese (H1).

Proposição 4.2 Assuma (H1). Então,

h : V → L2(Γ1), z 7→ h(., z)

é contínua.

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Demonstração: Seja zl → z em V. Então pela imersão de V → L2(Γ1), tem-se quezl → z em L2(Γ1). Assim existe uma subsequência de (zl), a qual ainda será denotadapor (zl), e uma função f ∈ L2(Γ1) tais que:(a) zl(x) → z(x) q.t.p x ∈ Γ1;

(b) |zl(x)| ≤ f(x) q.t.p x ∈ Γ1.

Por h ser contínua em s, decorre de (a) que

h(x, zl(x)) → h(x, z(x)) q.t.p x ∈ Γ1. (4.3)

Tem-se

(i) |h(x, zl(x))− h(x, z(x))|2 ≤ g(x), g ∈ L1(Γ1).

Com efeito,

(ii) |h(x, zl(x))− h(x, z(x))|2 ≤ 2[h(x, zl(x))]2 + 2[h(x, z(x))]2.

Como h é crescente na segunda variável, obtém-se:

h(x,−f(x)) ≤ h(x, zl(x)) ≤ h(x, f(x)),

onde f(x) foi introduzido em (b). Logo,(iii) [h(x, zl(x))]

2 ≤ [h(x, f(x))]2 + [h(x,−f(x))]2 = g1(x), g1 ∈ L1(Γ1).

Também por hipótese vem que(iv) [h(x, z(x))]2 ∈ L1(Γ1). Combinando (ii)-(iv), obtém-se a afirmação 1.

De (4.3), (i) e do Teorema da Convergência Dominada de Lebesque, resulta que

h(., zl) → h(., z) em L2(Γ1).

Como o raciocínio anterior pode ser feito com qualquer subsucessão de (zl) e sendo olimite sempre h(., z) vem que toda a sucessão (zl) converge para h(., z) em L2(Γ1).

Corolário 2 Sob as mesmas hipóteses da Proposição 4.2 tem-se que

h : L2(Γ1) → L2(Γ1), z 7→ h(., z)

é contínua.

Corolário 3 h ∈ C0(R, L∞(Γ1)), h(x, s) não decrescente em s para q.t.p x ∈ Γ1 tal queh(., ϕ) ∈ L2(Γ1×]0, T [), para toda ϕ ∈ L2(Γ1×]0, T [). Então

h : L2(Γ1×]0, T [) → L2(Γ1×]0, T [)

é contínua.

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Proposição 4.3 Assuma a hipótese (H1). Suponhamos u0 ∈ W, u1 ∈ V e

∂u0

∂ν+ h(., u1) = 0 sobre Γ1.

Então, para cada ε > 0 existem w e z em W tal que

‖w − u0‖W < ε, ‖z − u1‖ < ε,

e∂u

∂ν+ h(., z) = 0 sobre Γ1.

Demonstração: Fixa-se ε > 0 arbitrário. Como h : V → L2(Γ1) é contínua e W édenso em V, tem-se que existem z ∈ W e δ > 0 com δ < ε tais que

‖z − u1‖ < δ e ‖h(., z)− h(., u1)‖L2(Γ1) < ε.

Consideremos o seguinte problema:∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣−4w = −4u0 em Ω

w = 0 sobre Γ0

∂w

∂ν= −h(., z) sobre Γ1.

(4.4)

Como 4u0 ∈ L2(Ω) e h(., u1), h(., z) ∈ L2(Γ1) → H− 12 (Γ1), segue-se pela Observação

4.1 que:‖w − u0‖2

W = |∆(w − u0)|2 +∥∥∥∂w

∂ν− ∂u0

∂ν

∥∥∥H− 1

2 (Γ1)≤

≤ C∥∥∥∂w

∂ν− ∂u0

∂ν

∥∥∥L2(Γ1)

= C‖h(., z)− h(., u1)‖2L2(Γ1) ≤ Cε2.

Portanto, encontramos z e w nas condições da Proposição 4.3.

Observação 4.2 Como h(., s) é uma função crescente tem-se que o operador

h : L2(Γ1) → L2(Γ1), s 7→ h(., s)

é monótono.

Dizemos que u ∈ Lploc(0, Tmax;X), X sendo um espaço de Hilbert, quando u ∈

Lp(0, T ;X) para cada 0 < T < Tmax.

Introduzimos a seguinte hipótese sobre a função h.

(H2) h ∈ C1(R, L∞(Γ1)), h(x, 0) = 0 q.t.p x ∈ Γ1 e

h′(x, s) ≥ d0 > 0, q.t.p x ∈ Γ1.

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Observação 4.3 Note que, para x ∈ Γ1 fixo, resulta que h(x, s) = ∂h∂s

(x, s∗)s. Portanto,

h(x, s)s = h′(x, s∗)s2 ≥ d0s2, ∀s ∈ R, q.t.p x ∈ Γ1.

4.3 Problema Associado.

Associado ao sistema (∗∗) vamos considerar o seguinte problema:

(∗ ∗ ∗)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

θ′′ − µ(t)4θ = 0 em Ω× (0,∞)

θ = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

∂θ

∂ν+ h(., θ′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

θ(0) = θ0, θ′(0) = θ1, em Ω,

onde µ ∈ W 1,1loc (0,∞) e µ(t) ≥ µ0 > 0, para todo t ∈ [0,∞), µ0 constante.

Resolveremos o problema (∗ ∗ ∗) pelo método de Galekin com uma base especial. Asestimativas a priori obtidas na demonstração do problema (∗ ∗ ∗) serão essenciais paraobter uma solução local do sistema (∗∗) pelo método do ponto fixo de Banach.

Para a existência de solução do sistema linearizado associado ao sistema (∗∗) as-sumiremos as hipóteses (H1) e (H2) sobre a função h.

Teorema 4.1 Sejam µ ∈ W 1,1loc (0,∞) com µ(t) ≥ µ0 > 0, µ0 constante, e h satisfazendo

as hipóteses (H1) e (H2). Sejam θ0 ∈ W e θ1 ∈ V, verificando

∂θ0

∂ν+ h(., θ1) = 0 sobre Γ1.

Então, existe uma única função θ na classe

θ ∈ L∞loc(0,∞;W ), θ′ ∈ L∞loc(0,∞;V )∩ ∈ L2loc(0,∞;L2(Γ1)), θ

′′ ∈ L∞loc(0,∞;L2(Ω))

(4.5)tal que θ é solução da equação

θ′′ − µ4θ = 0 em L∞loc(0,∞;L2(Ω)) (4.6)

verificando as condições de fronteira

∂θ

∂ν+ h(., θ′) = 0 em L2

loc(0,∞;L2(Γ1)) (4.7)

e as condições iniciais

θ(0) = θ0, θ′(0) = θ1. (4.8)

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Introduzimos a hipótese.

(H3) h ∈ C1(0,∞;L2(Γ1)), h′(x, s) ≤ d1, ∀s ∈ R, q.t.p x ∈ Γ1 (d1 > 0 constante).

Tem-se o seguinte resultado.

Corolário 4 Se além das hipóteses do Teorema 4.1 verifica-se (H3), então

∂θ

∂ν+ h(., θ′) = 0 em C0([0,∞);L2(Γ1))

∂θ′

∂ν+ (h(., θ′))′ = 0 em L2

loc([0,∞);L2(Γ1))

Demonstração: A prova do Teorema 4.1 é feita pelo método de Galerkin com uma baseespecial para W. De fato, pela Proposição 4.3, obtemos sequências (θ0

l ), (θ1l ) de vetores

de W satisfazendo: ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

liml→∞

θ0l = θ0 emW

liml→∞

θ1l = θ1 emV

∂θ0l

∂ν+ h(., θ1

l ) = 0 sobre Γ1.

(4.9)

Utilizando as sequências acima, para cada l ∈ N, construiremos uma base especialde W da seguinte forma: primeiro, determinamos uma base ortonormal wl

1, wl2 do

subespaço de W gerado pelos vetores θ0l , θ

1l . Pelo processo de ortogonalização de Gram-

Schmidt, completaremos (wlj) até obtermos uma base para W. Esta base especial de W

é representada por

wl1, w

l2, . . . . . . , w

lj, . . . para cada l ∈ N. (4.10)

Fixemos l ∈ N. Para m ∈ N consideremos o subespaço V lm de V ∩H2(Ω) gerado por

[wl1, w

l2, . . . , w

lm]. Com esta base de dimensão finita determinamos soluções aproximadas

ulm(t) do Problema (4.11), isto é,

θlm(t) =m∑

j=1

gjlm(t)wlj,

onde gjkm(t) é definida pelo sistema∣∣∣∣∣∣∣∣∣(θ′′lm(t), v) + µ(t)((θlm(t), v)) + µ(t)

∫Γ1

h(., θ′lm(t))vdΓ = 0,

∀v ∈ V lm

θlm(0) = θ0l e θ′lm(0) = θ1

l .

(4.11)

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Mostra-se que o sistema (4.11) encontra-se nas condições do Teorema de Caratheodorypara equações diferenciais ordinárias. Deste teorema resulta que existe (gjlm(t))1≤j≤m

definidas num intervalo [0, tlm). As estimativas a seguir permitirão extender a solução aointervalo [0, T ], para qualquer número real T > 0.

Primeira Estimativa: Fazendo v = θ′lm(t) ∈ V lm na equação aproximada (4.11)1,

obtemos

1

2

d

dt|θ′lm(t)|2 +

1

2

d

dt

[µ(t)‖θlm(t)‖2

]+ µ(t)

∫Γ1

h(x, θ′lm(t))θ′lm(t)dΓ ≤ 1

2|µ′(t)|‖θlm(t)‖2.

Integrando a desigualdade acima de 0 a t onde 0 ≤ t ≤ tlm e usando a hipótese queh(x, s)s ≥ d0s

2, ∀s ∈ R e q.t.p x ∈ Γ1, obtemos:

|θ′lm(t)|2 + µ(t)‖θlm(t)‖2 + 2d0µ0

∫ t

0

∫Γ1

(θ′lm(s))2dΓds ≤

≤ |θ1l |2 + µ(0)‖θ0

l ‖2 +

∫ t

0

|µ′(s)|‖θlm(s)‖2ds.

Notando que µ(t) ≥ µ0 > 0, obtemos da desigualdade de Gronwall que:

|θ′lm(t)|2 + µ‖θlm(t)‖2 + 2d0

∫ t

0

∫Γ1

(θ′lm(s))2dΓds ≤

≤ (|θ1l |2 + µ(0)‖θ0

l ‖2)exp

[2

∫ t

0

|µ′(s)|µ(s)

ds

].

Sendo (θ0l ) e (θ1

l ) convergentes obtemos da desigualdade acima que:

|θ′lm(t)|2 + µ(0)‖θlm(t)‖2 + 2d0

∫ t

0

∫Γ1

[(θ′lm(s))2]dΓds ≤ C(T ),

onde C uma constante independente de l,m ∈ N, para todo 0 ≤ t ≤ T.

Donde podemos estender a solução ao intervalo [0, T ] e obtermos

(θlm) é limitada em L∞(0, T ;V ) (4.12)

(θ′lm) é limitada em L∞(0, T ;L2(Ω)) (4.13)

(θ′lm) é limitada em L2(0, T ;L2(Γ1)). (4.14)

Segunda Estimativa: Primeiro mostraremos que (θlm(0)) é limitada em L2(Ω).

De fato, considerando t = 0 na equação aproximada temos:

(θ′′lm(0), v) + µ(0)((θlm(0), v)) + µ(0)

∫Γ1

h(x, θ′lm(0))vdΓ = 0,∀v ∈ V lm,

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ou seja,

(θ′′lm(0), v) + µ(0)((θ0l , v)) + µ(0)

∫Γ1

h(x, θ1l )vdΓ = 0. (4.15)

Usando a fórmula de Green na segunda parcela em (4.15) e o fato que ∂θ0l

∂ν= −h(x, θ1

l ),

sobre Γ1, obtemos:(θ′′lm(0), v)− (µ(0)∆u0

l , v) = 0. (4.16)

Considerando v = θ′′lm(0) em (4.16) e usando a desigualdade de Cauchy-Schwarz, o fatoque θ0

l converge para θ0 em W, obtemos que

(θ′′lm(0)) é limitada em L2(Ω).

Observação 4.4 Na limitação de (θ′′lm(0)) vemos a importância da condição de fron-teira da base especial.

Derivando a equação aproximada (4.11)1 com respeito a t e considerando v = θ′′lm(t) ∈V l

m, obtemos:

1

2

d

dt

[|θ′′lm(t)|2 + µ(t)‖θ′lm(t)‖2

]+ µ(t)

∫Γ1

(θ′′lm(t))2h′(x, θ′lm(t))dΓ =

=1

2µ′(t)‖θlm(t)‖2 − µ′(t)((θlm(t), θ′′lm(t)))− µ′(t)

∫Γ1

h(x, θ′lm(t))θ′′lm(t)dΓ.

(4.17)

Considerando v =µ′1(t)

µ1(t)θ′′lm(t) na equação aproximada (4.11)1, obtemos:

µ′(t)

µ(t)|θ′′lm(t)|2 = −µ′(t)((θlm(t), θ′′lm(t)))− µ′(t)

∫Γ1

h(x, θ′lm(t))θ′′lm(t)dΓ.

Substituindo essa igualdade em (4.17) e usando o fato que h′(x, s) ≥ d0 para todos ∈ R, e q.t.p x ∈ Γ1, obtemos:

1

2

d

dt

[|θ′′lm(t)|2 + µ(t)‖θ′lm(t)‖2

]+ d0µ0

∫Γ1

(θ′′lm(t))2dΓ ≤

≤ 1

2

|µ′(t)|µ(t)

[|θ′′lm(t)|2 + µ(t)‖θ′lm(t)‖2

].

(4.18)

Integrando de 0 a t com 0 ≤ t ≤ tlm e usando a desigualdade de Gronwall, obtemos

|θ′′lm(t)|2 + µ0‖θ′lm(t)‖2 + d0µ0

∫ t

0

∫Γ1

(θ′′lm(s))2dΓds ≤

≤ (|θ′′lm(0)|2 + µ(0)‖θ1l ‖2)exp

[2

∫ t

0

|µ′(s)|µ(s)

ds

].

(4.19)

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Usando o fato que (θ′′lm(0)) é limitada em L2(Ω) e ainda que (θ1l ) converge para θ1 em

V, obtemos da desigualdade acima que

|θ′′lm(t)|2 + µ0‖θ′lm(t)‖2 + 2d0µ0

∫ t

0

∫Γ1

(θ′′lm(s))2dΓds ≤ C(T ), (4.20)

onde C(T ) é uma constante independente de l,m ∈ N, para todo 0 ≤ t ≤ T.

Donde obtemos:(θ′lm) é limitada em L∞(0, T ;V ) (4.21)

(θ′′lm) é limitada em L∞(0, T ;L2(Ω)) (4.22)

(θ′′lm) é limitada em L2(0, T ;L2(Γ1)). (4.23)

De (4.21) e do teorema do traço de ordem zero, tem-se:

(θ′lm) é limitada em L∞(0, T ;H12 (Γ1)). (4.24)

As estimativas (4.12), (4.21), (4.22), (4.23) e (4.24), permitem obter uma subsequênciade (θlm), a qual ainda vamos denotar por (θlm) e uma função θl : Ω× (0, T ) → R tais que

θlm∗ θl em L∞(0, T ;V ) (4.25)

θ′lm∗ θ′l em L∞(0, T ;V ) (4.26)

θ′′lm∗ θ′′l em L∞(0, T ;L2(Ω)) (4.27)

θ′lm∗ θ′l em L∞(0, T ;H

12 (Γ1)) (4.28)

θ′′lm θ′′l em L2(0, T ;L2(Γ1)). (4.29)

Sendo a imersão de H12 (Γ1) em L2(Γ1) compacta, tem-se a partir de (4.28), (4.29) e

do Teorema de Aubin-Lions que existe uma subsequência de (θ′lm), ainda denotada por(θ′lm), tal que

θ′lm → θ′l em L2(0, T ;L2(Γ1)). (4.30)

Logo pelo Corolário 3, obtemos:

h(., θ′lm) → h(., θ′l) em L2(0, T ;L2(Γ1)). (4.31)

Multiplicando a equação aproximada (4.11)1 por ϕ ∈ D(0, T ), integrando de 0 a T,usando as convergências (4.25), (4.27) e (4.31) e fazendo m→∞, obtemos:

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∫ T

0

(θ′′l (t), v)ϕ(t)dt+

∫ T

0

µ(t)((θl(t), v))ϕ(t)dt+

∫ T

0

µ(t)

∫Γ1

h(θ′l(t))vϕ(t)dΓdt = 0,

(4.32)para todo ϕ ∈ D(0, T ) e v ∈ W.

Observe que as estimativas obtidas são válidas para todo l ∈ N. Então pelo mesmoprocesso usado para obter as convergências acima, obtemos uma subsequência de (θl), aqual ainda vamos denotar por (θl), e uma função θ : Ω× (0, T ) → R tais que:

θl∗ θ em L∞(0, T ;V ); (4.33)

θ′l∗ θ′ em L∞(0, T ;V ) (4.34)

θ′′l∗ θ′′ em L∞(0, T ;L2(Ω)) (4.35)

θ′l∗ θ′ em L∞(0, T ;H

12 (Γ1)) (4.36)

θ′′l θ′′ em L2(0, T ;L2(Γ1)). (4.37)

Seguindo o mesmo raciocínio para encontrar (4.31), obtemos:

h(., θ′l) h(., θ′) em L2(0, T ;L2(Γ1)). (4.38)

Fazendo l→∞ em (4.32) e usando as convergências (4.33), (4.35) e (4.38) obtemos:∫ T

0

(θ′′(t), v)ϕ(t)dt+

∫ T

0

µ(t)((θ(t), v))ϕ(t)dt+

∫ T

0

µ(t)

∫Γ1

h(., θ′(t))vϕ(t)dΓdt = 0,

(4.39)para todo ϕ ∈ D(0, T ) e v ∈ W. Considerando θ ∈ D(0, T ) e v ∈ D(Ω) tem-se por (4.39)que:

u′′ − µ∆u = 0 em D′(Q), Q = Ω× (0, T ).

Como θ′′ ∈ L∞(0, T ;L2(Ω)), obtemos:

θ′′ − µ∆θ = 0 em L∞(0, T ;L2(Ω)). (4.40)

Sendo θ ∈ L∞(0, T ;V ) e por (4.40), ∆θ ∈ L∞(0, T ;L2(Ω)), tem-se cf em M.MillaMiranda [37] que ∂θ

∂ν∈ L∞(0, T ;H− 1

2 (Γ1)). Multiplicando ambos os membros de (4.40)por vϕ com v ∈ W e ϕ ∈ D(0, T ) e usando a fórmula de Green, obtemos:∫ T

0

(θ′′(t), v)ϕ(t)dt+

∫ T

0

µ(t)((θ(t), v))ϕ(t)dt−∫ T

0

µ(t)

⟨∂θ(t)

∂ν, v

⟩ϕ(t)dt = 0, (4.41)

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onde 〈 , 〉 denotada a dualidade 〈 , 〉H

12 (Γ1)×H− 1

2 (Γ1).

Comparando (4.39) e (4.41), obtemos:∫ T

0

µ(t)

⟨∂θ(t)

∂ν+ h(., θ′), v

⟩ϕ(t)dt = 0 (4.42)

o que implica∂θ(t)

∂ν+ h(., θ′) = 0 sobre Γ1 × (0, T ). (4.43)

Daí e de h(., θ′) ∈ L2(0, T ;L2(Γ1)) tem-se que:

∂θ

∂ν+ h(., θ′) = 0 em L2(0, T ;L2(Γ1)). (4.44)

A unicidade de soluções é obtida pelo método da energia. Pelo processo de diagonali-zação, obtém-se a regularidade expressada no teorema para θ em [0,∞).

Observação 4.5 Da regularidade (4.5) e da (4.6) segue

θ ∈ C0s ([0, T ];V ) ∩ C1

s ([0, T ];V ),∀ T > 0.

Demonstração: Prova do Corolário 4. Com efeito, do fato que

θ′′ ∈ L2loc(0,∞;L2(Γ1))

e (h(., θ′))′ = h′(., θ′)θ′′ segue-se |(h(., θ′))′| ≤ d1|θ′′| o que implica o resultado.

4.4 Existência de Solução Local

Nosso objetivo nesta seção é provar a existência de solução local do sistema (∗∗)quando u0, v0 e u1, v1 são regulares. Mostraremos a existência de uma solução localpara o sistema (∗∗), usando o Teorema do Ponto Fixo de Banach.

A seguir vamos considerar as seguintes hipóteses sobre as funções Mi, i = 1, 2.

(H4) Mi ∈ W 1,∞loc (]0,∞[×]0,∞[×]0,∞[) com Mi(t, λ, ξ) ≥ mi > 0, com

(mi constantes, i = 1, 2), ∀t, λ, ξ ∈ ([0,∞[)3.

Teorema 4.2 Sejam u0, u1, v0, v1 ∈ W × V tal que as condições de compatibilidade

∂u0

∂ν+ h(., u1) = 0,

∂v0

∂ν+ h(., v1) = 0 sobre Γ1,

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são satisfeitas. Suponhamos que as funções Mi satisfazem a hipótese (H4) e a função hverificando as hipóteses (H1) e (H2). Então, existe T0 > 0 e um único par de funçõesu, v : Ω× (0, T0) → R na classe∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u, v ∈ (L∞(0, T0;W ))2

u′, v′ ∈ (L∞(0, T0;V )2

u′′, v′′ ∈ (L∞(0, T0;L2(Ω)))2,

(4.45)

tal que u, v é uma solução do sistema acoplado∣∣∣∣∣ u′′ −M1(t, ‖u‖2, ‖v‖2)4u = 0 em L∞(0, T0;L2(Ω))

v′′ −M2(t, ‖v‖2, ‖u‖2)4v = 0 em L∞(0, T0;L2(Ω)),

(4.46)

verifica as condições de fronteira∣∣∣∣∣∣∣∂u

∂ν+ h(., u′) = 0 em L2(0, T0;L

2(Γ1))

∂v

∂ν+ h(., v′) = 0 em L2(0, T0;L

2(Γ1)),

(4.47)

e satisfaz as condições iniciais ∣∣∣∣∣ u(0) = u0, u′(0) = u1

v(0) = v0, v′(0) = v1.(4.48)

Demonstração: Mostraremos que o sistema (4.46) possui uma solução local usando oTeorema do Ponto Fixo de Banach.

Vamos considerar um número real R > 0 tal que

R >2

m120

(R1 +R2), (4.49)

onde 1

m120

= máx 1

m112, 1

m212 e

∣∣∣∣∣∣∣∣∣R2

1 = |u1|2 +M1(0, ‖u0‖2, ‖v0‖2)‖u0‖2 + |v1|2 +M2(0, ‖v0‖2, ‖u0‖2)‖v0‖2 + 1

R22 = M1(0, ‖u0‖2, ‖v0‖2)|4u0|2 +M1(0, ‖u0‖2, ‖v0‖2)‖u1‖2+

+M2(0, ‖v0‖2, ‖u0‖2)|4v0|2 +M2(0, ‖v0‖2, ‖u0‖2)‖v1‖2 + 1,

(4.50)e T0 um número real tal que 0 < T0 < 1 a ser determinado posteriormente.

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Definamos BR,T0 como

BR,T0 =

u, v : u, v ∈ (L∞(0, T0;V ))2, u′, v′ ∈ (L∞(0, T0;V ) ∩ C0([0, T0];L

2(Ω)))2 ,

‖u‖L∞(0,T0;V ) + ‖u′‖L∞(0,T0;V ) + ‖v‖L∞(0,T0;V ) + ‖v′‖L∞(0,T0;V ) ≤ R,

u(0) = u0, u′(0) = u1, v(0) = v0, v′(0) = v1

Vamos munir BR,T0 da métrica

d(w1, w2) = ‖u1−u2‖L∞(0,T0;V )+‖v1−v2‖L∞(0,T0;V )+‖u′1−u′2‖C0([0,T0];L2(Ω))+‖v′1−v′2‖C0([0,T0];L2(Ω)),

onde w1 = u1, v1, w2 = u2, v2 ∈ BR,T0 . Mostra-se cf em M.Milla Miranda e L.P.SanGil Jutuca [38] que (BR,T0 , d(u, v)) é um espaço métrico completo.

Consideremos a aplicação S : BR,T0 → H, (z, w) 7→ S(z, w) = (ϕ, ψ) onde H denotao conjunto das soluções (ϕ, ψ) do sistema:

(S1)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

ϕ′′ −M1(t, ‖z(t)‖2, ‖w(t)‖2)4ϕ = 0 em Ω× (0, T0)

ψ′′ −M2(t, ‖w(t)‖2, ‖z(t)‖2)4ψ = 0 em Ω× (0, T0)

ϕ = 0 sobre Γ0 × (0, T0)

ψ = 0 sobre Γ0 × (0, T0)

∂ϕ

∂ν+ h(., ϕ′) = 0 sobre Γ1 × (0, T0)

∂ψ

∂ν+ h(., ψ′) = 0 sobre Γ1 × (0, T0)

ϕ(0) = u0, ϕ′(0) = u1 em Ω

ψ(0) = v0, ψ′(0) = v1 em Ω.

Seja

K = máx

∣∣∣∣∣∂Mi

∂t(t, λ, ξ)

∣∣∣∣∣,∣∣∣∣∣∂Mi

∂λ(t, λ, ξ)

∣∣∣∣∣,∣∣∣∣∣∂Mi

∂ξ(t, λ, ξ)

∣∣∣∣∣ : 0 ≤ t ≤ T0, λ, ξ ∈ [0, R2]

,

(4.51)com, i = 1, 2. Considerando µ1(t) = M1(t, ‖z(t)‖2, ‖w(t)‖2), tem-se que µ1 ∈ W 1,1(0, T0).

De fato,

µ′1(t) =∂M1

∂t(t, ‖z(t)‖2, ‖w(t)‖2) +

∂M1

∂λ(t, ‖z(t)‖2, ‖w(t)‖2)

d

dt‖z(t)‖2+

+∂M1

∂ξ(t, ‖z(t)‖2, ‖w(t)‖2)

d

dt‖w(t)‖2.

Como z, w ∈ BR,T0 tem-se que ‖z(t)‖, ‖z′(t)‖, ‖w(t)‖, ‖w′(t)‖ ≤ R e, portanto,‖z(t)‖2, ‖z′(t)‖2, ‖w(t)‖2, ‖w′(t)‖2 ≤ R2.

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Logo,|µ′1(t)| ≤ K(1 + 4R3). (4.52)

Assim µ1 ∈ W 1,1(0, T0). Analogamente, obtemos que µ2 ∈ W 1,1(0, T0), onde µ2(t) =

M2(t, ‖w(t)‖2, ‖z(t)‖2).

Logo pelo Teorema 4.1, existe um único par de soluções u, v do sistema (S1) eesta solução tem a regularidade dos vetores de BR,T0 . Portanto a aplicação S está bemdefinida.

Nosso objetivo é mostrar que S(BR,T0) ⊂ BR,T0 e que S é uma contração estrita.Sejam ϕ, ψ a solução do sistema (S1) dada pelo Teorema 4.1 com µ1, µ2 ∈ W 1,1(0, T0),

onde µ1(t) = M2(t, ‖z(t)‖2, ‖w(t)‖2) e µ2(t) = M2(t, ‖w(t)‖2, ‖z(t)‖2). Então pela primeiraestimativa do Teorema 4.1 e (4.50)1, obtemos:

m1‖ϕlm(t)‖2 ≤ R21exp

[2

∫ t

0

|µ′1(s)|m1

ds

]m2‖ψlm(t)‖2 ≤ R2

1exp

[2

∫ t

0

|µ′2(s)|m2

ds

],

(4.53)

o que implicam

121 ‖ϕlm(t)‖ ≤ R1exp (KT0)

m122 ‖ψlm(t)‖ ≤ R1exp (KT0) ,

(4.54)

para 0 ≤ t ≤ T0, l ≥ l1 e m ≥ 1 com K = m0(1 + 4R3) e 1m0

= máx 1m1, 1

m2.

A segunda estimativa do Teorema 4.1, juntamente com (4.50)2 proporciona

m121 ‖ϕ′lm(t)‖ ≤ R2exp (KT0)

m122 ‖ψ′lm(t)‖ ≤ R2exp (KT0) ,

(4.55)

para 0 ≤ t ≤ T0, l ≥ l1 e m ≥ 1.

Tomando o máximo sobre [0, T0] em ambos os membros de (4.54) e (4.55) e depois olimite inferior, primeiro com respeito a m e depois com respeito a l, obtemos:

‖ϕ‖L∞(0,T0;V ) + ‖ϕ′‖L∞(0,T0;V ) + ‖ψ‖L∞(0,T0;V ) + ‖ψ′‖L∞(0,T0;V ) ≤2

m120

(R1 +R2)exp(KT0).

(4.56)Neste momento calcularemos o valor de T0 para que a expressão acima seja menor ou

igual a R.Seja

f(t) =2

m120

(R1 +R2)eKt.

71

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Então, f é contínua crescente com f(t) →∞ quando t→∞ e

f(0) =2

m120

(R1 +R2) < R.

Do Teorema do Valor Intermediário existe T0 > 0 tal que f(T0) = R, isto é,

T0 =1

Kln

R2

m120

(R1 +R2)

. (4.57)

Utilizando (4.56) e (4.57), obtemos T0 > 0 tal que

‖ϕ‖L∞(0,T0;V ) + ‖ϕ′‖L∞(0,T0;V ) + ‖ψ‖L∞(0,T0;V ) + ‖ψ′‖L∞(0,T0;V ) ≤ R, (4.58)

isto é, ϕ, ψ ∈ BR,T0 , o que prova que S(BR,T0) ⊂ BR,T0 .

Vamos agora mostrar que S é uma contração estrita.Sejam r1, p1, y1, q1 ∈ BR,T0 tais que Sr1, p1 = r, p, Sy1, q1 = y, q e

ϕ, ψ = r − y, p− q. Então,∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

ϕ′′ −M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)∆r +M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)∆y = 0

ψ′′ −M2(t, ‖p1(t)‖2, ‖r1(t)‖2)∆p+M2(t, ‖q1(t)‖2, ‖y1(t)‖2)∆q = 0

ϕ(0) = 0 sobre Γ0

ψ(0) = 0 sobre Γ0

∂ϕ

∂ν+ [h(., r′)− h(., y′)] = 0 sobre Γ1

∂ψ

∂ν+ [h(., p′)− h(., q′)] = 0 sobre Γ1

ϕ(0) = ψ(0) = 0, ϕ′(0) = ψ′(0) = 0 em Ω.

(4.59)

Tomando o produto interno em L2(Ω) com ϕ′(t) em (4.59)1 e com ψ′(t) em (4.59)2,

obtemos: ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1

2

d

d|ϕ′(t)|2 −M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)(∆r(t), ϕ′(t))+

+M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)(∆y(t), ϕ′(t)) = 0

1

2

d

d|ψ′(t)|2 −M2(t, ‖p1(t)‖2, ‖r1(t)‖2)(∆p(t), ψ′(t))+

+M2(t, ‖q1(t)‖2, ‖y1(t)‖2)(∆q(t), ψ′(t)) = 0.

(4.60)

72

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De (4.60)1, obtemos

1

2

d

d|ϕ′(t)|2 −M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)(∆ϕ(t), ϕ′(t)) =

= [M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)−M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)] (∆y(t), ϕ′(t)).

(4.61)

• Análise de M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)(∆ϕ(t), ϕ′(t))

Utilizando o Teorema da Green e a condição de fronteira (4.59)5, obtemos:

−M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)(∆ϕ(t), ϕ′(t)) = M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)1

2

d

dt‖ϕ(t)‖2+

+M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)

∫Γ1

[h(., r′(t))− h(., y′(t))]ϕ′(t)dΓ.

Sendo h um operador h : L2(Γ1) → L2(Γ1), z 7→ h(z) monótono tem-se:∫Γ1

[h(., r′(t))− h(., y′(t))]ϕ′(t)dΓ =

∫Γ1

[h(., r′(t))− h(., y′(t))][r′(t)− y′(t)]dΓ ≥ 0.

Destes fatos podemos escrever (4.61) como

1

2

d

d|ϕ′(t)|2 +M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2) ≤ 1

2

d

dt‖ϕ(t)‖2 ≤

[M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)−M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)] (∆y(t), ϕ′(t)).

(4.62)

• Notemos que

[M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)−M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)] (∆y(t), ϕ′(t)) =

= [M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)− (M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)] (∆y(t), ϕ′(t))+

+ [M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)−M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)] (∆y(t), ϕ′(t)).

(4.63)

Recordemos que

d(r1, p1, y1, q1) = ‖r1 − p1‖L∞(0,T0;V ) + ‖p1 − q1‖L∞(0,T0;V )+

‖r′1 − p′1‖C0(0,T0;L2(Ω)) + ‖p′1 − y′1‖C0(0,T0;L2(Ω)).

Temos que M1 ∈ W 1,∞loc ([0,∞[)3. Faço uma extensão M1 de M1 a ([−η,∞[)3 de forma

que M1 ∈ W 1,∞loc (]− η,∞[3). Tem-se que

M1 ∈ W 1,∞(]− η, T0[×]− η, 2R2[×]− η, 2R2[).

Assim M1 é uma função lipschitiziana em (]− η, T0[×]− η, 2R2[×]− η, 2R2[), isto é,

|M1(t1, λ1, ξ1)− M1(t1, λ1, ξ2)| ≤ C(T0, R2)‖t1, λ1, ξ1 − t1, λ1, ξ2‖,

73

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onde C(R, T0) é uma constante que depende de R e de T0. Logo

|M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)−M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)| ≤ C(T0;R2)∣∣∣‖r1(t)− ‖q1(t)‖∣∣∣.

Portanto,

|M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)−M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)(4y(t), ϕ′(t))| ≤≤ C(T0;R

2)|4y(t)||ϕ′(t)|d(r1, p1, y1, q1).

Analogamente obtemos

|M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)−M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)(4y(t), ϕ′(t))| ≤≤ C(T0;R

2)|4y(t)||ϕ′(t)|d(r1, p1, y1, q1).

Substituindo as duas últimas desigualdades em (4.63) proporciona:∣∣∣ [M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)−M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)] (∆y(t), ϕ′(t))∣∣∣ ≤

≤ C|4y(t)||ϕ′(t)|d((r1, p1), (y1, q1)).(4.64)

Como y′′(t)−M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)4y(t) = 0, da segunda estimativa do Teorema 4.1

e seguindo o mesmo raciocínio utilizado na obtenção de (4.55) e (4.56), obtemos:

|y′′(t)| ≤ R2exp(KT0) para todo 0 ≤ t ≤ T0,

e sendo M1(t, λ, ξ) ≥ m1 > 0, obtemos:

|4y(t)| ≤ m−11 R2exp(KT0) para todo 0 ≤ t ≤ T0.

Daí e da desigualdade elementar 2ab ≤ a2 + b2, tem-se a partir de (4.64) que∣∣∣ [M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)−M1(t, ‖y1(t)‖2, ‖q1(t)‖2)] (∆y(t), ϕ′(t))∣∣∣ ≤

≤ Cd2((r1, p1), (y1, q1))(m−1

1 R2exp(KT0))2

+ |ϕ′(t)|2.(4.65)

Como

M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)1

2

d

dt‖ϕ(t)‖2 =

1

2

d

dt

[M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)‖ϕ(t)‖2

][−∂M1

∂t(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)− ∂M1

∂λ(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)

d

dt‖r1(t)‖2

]‖ϕ(t)‖2−

−[∂M1

∂ξ(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)

d

dt‖p1(t)‖2

]‖ϕ(t)‖2.

(4.66)

74

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Substituindo (4.65), (4.66) em (4.62) e usando (4.52), obtemos:

1

2

d

d

[|ϕ′(t)|2 +M1(t, ‖r1(t)‖2, ‖p1(t)‖2)‖ϕ(t)‖2

]≤

≤ Cd2((r1, p1), (y1, q1))(m−1

1 R2exp(KT0))2

+ |ϕ′(t)|2+

+K(1 + 4R3)‖ϕ(t)‖2.

(4.67)

Integrando (4.67) de 0 a t com t ≤ T0 e usando o fato que ϕ(0) = ϕ′(0) = 0 e queM1(t, λ, ξ) ≥ m1 > 0, obtemos:

|ϕ′(t)|2 +m1‖ϕ(t)‖2 ≤ Cd2((r1, p1), (y1, q1))(m−1

1 R2exp(KT0))2T0+

+

∫ t

0

|ϕ′(s)|2ds+K(1 + 4R3)

∫ t

0

‖ϕ(s)‖2ds.(4.68)

Trabalhando com (4.60)2 e seguindo o mesmo raciocínio, obtemos como feito acimaque:

|ψ′(t)|2 +m2‖ψ(t)‖2 ≤ Cd2((r1, p1), (y1, q1))(m−1

2 R2exp(KT0))2T0+

+

∫ t

0

|ψ′(s)|2ds+K(1 + 4R3)

∫ t

0

‖ψ(s)‖2ds.(4.69)

Adicionando (4.68) e (4.69) e considerando

b21 =1

min1,m1,m2máxC(m−1

1 (R2exp(K)T0))2, C(m−1

2 (R2exp(K)T0))2

eb2 =

1

min1,m1,m2máx1, K(1 + 4R3),

obtemos:

‖ϕ(t)‖2 + ‖ψ(t)‖2 + |ϕ′(t)|2 + |ψ′(t)|2 ≤ b21d2((r1, p1), (y1, q1))T0+

+b2

∫ t

0

[‖ϕ(s)‖2 + ‖ψ(s)‖2 + |ϕ′(s)|2 + |ψ′(s)|2

]ds.

(4.70)

De (4.70) e da desigualdade de Gronwall, obtemos:

‖ϕ(t)‖2 + ‖ψ(t)‖2 + |ϕ′(t)|2 + |ψ′(t)|2 ≤ b21d2((r1, p1), (y1, q1))T0exp(2b2T0),

para todo 0 ≤ t ≤ T0.

Portanto,

‖ϕ(t)‖+ ‖ψ(t)‖+ |ϕ′(t)|+ |ψ′(t)| ≤ 4b1d((r1, p1), (y1, q1))T12

0 exp(b2T0), (4.71)

75

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para todo 0 ≤ t ≤ T0.

Logo,d(S(r1, p1), S(y1, q1))) ≤ 4b1d((r1, p1), (y1, q1))T

12

0 exp(b2T0). (4.72)

Já tinhamos as condições T0 > 0 e T0 = 1K ln

[R

m120 (R1+R2)

], queremos agora encontrar

T0 > 0 tal que4b1T

12

0 exp(b2T0) ≤ α com 0 < α < 1.

Tem-se que a função g(t) = 4b1t12 exp(b2t) → 0 quando t → 0, logo existe T1 > 0 tal

que4b1T

12

1 exp(b2T1) < 1. (4.73)

Considerando T0 < min

1K ln

[R

m120 (R1+R2)

], T1

, obtemos que S é uma contração.

Portanto, S é uma contração estrita e consequentemente pelo Teorema do Ponto Fixo deBanach, S tem um único ponto fixo u, v e u, v é a solução procurada. Assim,∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u, v ∈ (L∞(0, T0;W )2

u′, v′ ∈ (L∞(0, T0;V )2

u′′, v′′ ∈ (L∞(0, T0;L2(Ω)))2

u′′ −M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)4u = 0 em L∞(0, T0;L2(Ω))

v′′ −M2(t, ‖v(t)‖2, ‖u(t)‖2)4v = 0 em L∞(0, T0;L2(Ω))

∂u

∂ν+ h(., u′) = 0 em L2(0, T0;L

2(Γ1))

∂v

∂ν+ h(., v′) = 0 em L2(0, T0;L

2(Γ1))

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω

v(0) = v0, v′(0) = v1 em Ω.

(4.74)

A seguir mostra-se a unicidade de soluções. Sejam então u, v e w, z soluções doProblema (∗∗), u, v, w, z na classe (4.45). Sejam ϕ = u− w e ψ = v − z. Tem-se

1

2

d

dt|ϕ′(t)|2 −M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)(∆ϕ(t), ϕ′(t)) =

= [M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)−M1(t, ‖u(t)‖2, ‖z(t)‖2)] (∆w(t), ϕ′(t)).

(4.75)

Seguindo o mesmo raciocínio para encontrar (4.64), obtemos:∣∣∣ [M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)−M1(t, ‖u(t)‖2, ‖z(t)‖2)](∆w(t), ϕ′(t))

∣∣∣ ≤≤ C|∆w(t)||ϕ′(t)|‖ψ(t)‖.

(4.76)

76

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Temos:

M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)1

2

d

dt‖ϕ(t)‖2 =

1

2

d

dt

[M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ϕ(t)‖2

][−∂M1

∂t(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)− ∂M1

∂λ(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)

d

dt‖u(t)‖2

]‖ϕ(t)‖2−

−[∂M1

∂ξ(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)

d

dt‖v(t)‖2

]‖ϕ(t)‖2.

(4.77)

Usando a fórmula de Green no primeiro membro de (4.75) e substituindo (4.76) e(4.77) em (4.75) e usando a condição de fronteira

∂ϕ(t)

∂ν+ [h(., u′(t))− h(., w′(t))] = 0 sobre Γ1

e o fato que ∫Γ1

[h(., u′(t))− h(., w′(t))](u′(t)− w′(t))dΓ ≥ 0,

obtemos:

1

2

d

dt

[|ϕ′(t)|2 +M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ϕ(t)‖2

]≤

≤[∂M1

∂t(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2) +

∂M1

∂λ(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)

d

dt‖u(t)‖2

]‖ϕ(t)‖2+

+

[∂M1

∂ξ(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)

d

dt‖v(t)‖2

]‖ϕ(t)‖2 + C|4w(t)||ϕ′(t)|‖ψ(t)‖.

(4.78)

Usando a hipótese (H4) no primeiro e segundo termo do segundo membro de (4.78), aregularidade da solução u, v e a desigualdade elementar 2ab ≤ a2 + b2 no último termodo segundo membro, obtemos:

1

2

d

dt

[|ϕ′(t)|2 +M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ϕ(t)‖2

]≤

≤ C1‖ϕ(t)‖2 + C(|4w(t)||ϕ′(t)|)2 + ‖ψ(t)‖2 ≤

≤ [C1 + 1 + C|4w(t)|2] [‖ϕ(t)‖2 + |ϕ′(t)|2 + ‖ψ(t)‖2] .

Logo,1

2

d

dt

[|ϕ′(t)|2 +M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ϕ(t)‖2

]≤

≤ [C1 + 1 + C|4w(t)|2] [‖ϕ(t)‖2 + |ϕ′(t)|2 + ‖ψ(t)‖2] .

(4.79)

Analogamente, obtemos:

1

2

d

dt

[|ψ′(t)|2 +M2(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ψ(t)‖2

]≤

≤ [C1 + 1 + C|4z(t)|2] [‖ψ(t)‖2 + |ψ′(t)|2 + ‖ϕ(t)‖2] .

(4.80)

77

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Adicionando (4.79) e (4.80), obtemos:

1

2

d

dt

[|ϕ′(t)|2 + |ψ′(t)|2 +M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ϕ(t)‖2 +M2(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ψ(t)‖2

]≤

≤ [2C1 + 2 + C|4w(t)|2 + C|4z(t)|2] [|ϕ′(t)|2 + |ψ′(t)|2 + ‖ψ(t)‖2 + ‖ϕ(t)‖2] .

(4.81)Integrando (4.81) de 0 a t e usando o fato que ϕ(0) = ϕ′(0) = 0 e ψ(0) = ψ′(0) = 0,

obtemos:

|ϕ′(t)|2 + |ψ′(t)|2 +M1(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ϕ(t)‖2 +M2(t, ‖u(t)‖2, ‖v(t)‖2)‖ψ(t)‖2 ≤

≤∫ t

0

g(s)(|ϕ′(s)|2 + |ψ′(s)|2 + ‖ψ(s)‖2 + ‖ϕ(s)‖2)ds,

(4.82)onde

g(s) =1

min1,m1,m2[2 + 2C1 + C|4w(t)|2 + C|4z(t)|2

].

Notando que g(s) ∈ L1(0, T0), pois |4w(s)|2, |4z(s)|2 ∈ L1(0, T0) segue-se de (4.82)

e do Lema de Gronwall que: z(t) = w(t) = 0 para todo 0 ≤ t ≤ T0.

Portanto, u = w e v = z, mostrando a unicidade de solução do sistema (∗∗).Suponhamos agora que a hipótese (H3) sobre h é satisfeita.Notemos inicialmente que L∞(0, T0;W ) ∩ Cs([0, T0];V ) = Cs([0, T0];W ), portanto de

(4.74)1 e (4.74)2 conclui-se que faz sentido calcular u(T0), v(T0) e pela observação acimaque u(T0), v(T0) ∈ W e também temos u′(T0), v

′(T0) ∈ V. Também do Corolário 4 resultaque

∂u

∂ν+ h(., u) = 0 em C0([0, T0];L

2(Γ1))

portanto∂u(T0)

∂ν+ h(., u(T0)) = 0 em L2(Γ1).

De forma análoga∂v(T0)

∂ν+ h(., v(T0)) = 0 em L2(Γ1).

Com u(T0), v(T0) ∈ W 2, u′(T0), v′(T0) ∈ V 2 verificando as duas últimas igual-

dades, aplicando o Teorema 4.1, determinamos a solução local ϕ, ψ em [0, T1] do Pro-blema.

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∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

ϕ′′ − M1(t, ‖ϕ‖2, ‖ψ‖2)4ϕ = 0 em Ω× (0, T1)

ψ′′ − M2(t, ‖ϕ‖2, ‖ψ‖2)4ψ = 0 em Ω× (0, T1)

ϕ = 0 sobre Γ0 × (0, T1)

ψ = 0 sobre Γ0 × (0, T1)

∂ϕ

∂ν+ h(., ϕ′) = 0 sobre Γ1 × (0, T1)

∂ψ

∂ν+ h(., ψ′)) = 0 sobre Γ1 × (0, T1)

ϕ(0) = u(T0), ϕ′(0) = u′(T0) em Ω

ψ(0) = v(T0), ψ′(0) = v′(T0) em Ω,

(4.83)

onde M1(t, λ, ξ) = M1(t+ T0, λ, ξ) e M2(t, λ, ξ) = M2(t+ T0, λ, ξ).

Então, podemos obter uma solução ϕ, ψ sobre [0, T1] com T1 > 0 do sistema (S1).

Tem-se que:

ϕ(t) =

∣∣∣∣∣ u(t), se 0 ≤ t ≤ T0

ϕ(t− T0), se T0 ≤ t ≤ T0 + T1

, ψ(t) =

∣∣∣∣∣ v(t), se 0 ≤ t ≤ T0

ψ(t− T0), se T0 ≤ t ≤ T0 + T1

representa uma solução ϕ, ψ do sistema (∗∗) com dados iniciais u0, v0, u1, v1 sobre ointervalo [0, T0 + T1].

Aplicando o mesmo raciocínio feito na demonstração da unicidade de solução dasolução local do Teorema 4.2, obtemos a unicidade de solução no intervalo [0, T0 + T1].

Consideremos então a família ui(t), vi(t)i∈I de soluções sobre o intervalo [0, Ti] dosistema (∗∗) com dados iniciais u0, v0 ∈ W 2, u1, v1 ∈ V 2 satisfazendo:

∂u0

∂ν+ h(u1) = 0,

∂v0

∂ν+ h(v1) = 0 sobre Γ1.

A unicidade de soluções implica que se Ti < Tj então ui(t), vi(t), uj(t), vj(t) coin-cidem sobre o intervalo [0, Ti]. Assim encontramos um intervalo de existência maximal[0, Tmax) dado por [0, Tmax) = ∪i∈I [0, Ti) e este é o intervalo maximal da solução u, vdo sistema (∗∗), quando h satisfaz as hipóteses (H1)-(H3). Aonde u(t) = ∪i∈Iui(t) ev(t) = ∪i∈Ivi(t).

Observação 4.6 Usando a Proposição 2.3 e seguindo as idéias introduzidas em M.MillaMiranda e L.A. Medeiros [36], constroi-se uma base especial em V ∩ H2(Ω) com u0 ∈

V ∩H2(Ω), u1 ∈ V e∂u0

∂ν+ h(u1) = 0 sobre Γ1, sendo h uma função lipschitiziana.

79

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4.5 Existência de Solução Global

Nesta seção obtém-se uma solução u(x, t) para o problema

(?)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ +M(., ‖u‖2)4u = 0 em Ω× (0,∞)

u = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

∂u

∂ν+ h(u′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω

com ‖u0‖ e |u1| pequenos.Os resultados obtidos foram inspirados pelo Trabalho de I.Lasiecka e J.Ong [20] onde

eles obtém uma solução u do problema (?) acima para o caso particular

M(t, λ) = m0 +m1λ, m0 > 0, m1 ≥ 0

Fixam-se as seguintes hipóteses:

(H1)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

M ∈ C1([0,∞)2), M(t, λ) ≥ m0 > 0, ∀t, λ ∈ [0,∞)2

∂M

∂t(t, λ) ≤ 0,

∂M

∂λ(t, λ) ≥ 0, ∀t, λ ∈ [0,∞)2

Existem funções contínuas Q(λ) e R(λ) satisfazendo

Q(0) = 0 e∣∣∣∂M∂t

(t, λ)∣∣∣ ≤ Q(λ),∣∣∣∂M

∂λ(t, λ)

∣∣∣ ≤ R(λ), ∀t, λ ∈ [0,∞)2

(H2) h ∈ C1(R), h(0) = 0, 0 < d0 ≤ h′(s) ≤ d1 <∞, ∀s ∈ R (d0 e d1 constantes)

e

(H3)

∣∣∣∣∣∣∣u0 ∈ V ∩H2(Ω), u1 ∈ V

∂u0

∂ν+ h(u1) = 0 sobre Γ1

Observação 4.7 A função M(t, λ) = m0 + m1

1+tλσ, σ ∈ R, σ ≥ 1, m0 > 0, m1 ≥ 0

constantes satisfaz as condições da hipóteses (H1).

Com relação ao Problema (?) sabe-se da seção anterior que existe uma única u naclasse ∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u ∈ L∞loc(0, Tmax;V ∩H2(Ω))

u′ ∈ L∞loc(0, Tmax;V )

u′′ ∈ L∞loc(0, Tmax;L2(Ω))

(4.84)

80

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que verifica

(P1)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −M(., ‖u‖2)4u = 0 em L∞loc(0, Tmax;L2(Ω))

∂u

∂ν+ h(u′) = 0 em L2

loc(0, Tmax;H12 (Γ1))

∂u′

∂ν+ h′(u′)u′′ = 0 em L2

loc(0, Tmax;L2(Γ1))

u(0) = u0, u′(0) = u1,

ondeTmax = sup T > 0, T e u vefiricam (4.84) e (P1) em [0, T ]

Sejaµ(t) = M(t, ‖u(t)‖2), t ∈ [0, Tmax). (4.85)

Da classe (4.84) resulta que

u ∈ C0([0, Tmax);V ), u′ ∈ C0s ([0, Tmax);V )

Logo((u(t), u′(t))) é contínua em [0, Tmax).

Das duas últimas expressões, da hipótese (H1) e do fato

µ′(t) =∂M

∂t(t, ‖u(t)‖2) + 2

∂M

∂λ(t, ‖u(t)‖2)((u(t), u′(t)))

tem-se que ∣∣∣∣∣∣ µ ∈ C1([0, Tmax))

µ(t) ≥ m0 > 0, ∀t ∈ [0, Tmax)(4.86)

Formalmente da equação (P1) tem-se

u′′′ − µ4u′ − µ′

µ(µ4u) = 0.

Notando que u′′ = µ4u resulta que

u′′′ − µ4u′ − µ′

µu′′ = 0.

Usando a notação u′ = w, obtém-se:

w′′ − µ4w − µ′

µw′ = 0.

Com relação a esta equação tem-se o seguinte resultado:

81

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Proposição 4.4 Existe w na classe

w ∈ C0([0, Tmax);V )

w′ ∈ C0([0, Tmax);L2(Ω))

(4.87)

tal que

(P2)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

w′′ − µ4w − µ′

µw′ = 0 em C0([0, Tmax);V

′)

∂w

∂ν+ h′(u′)w′ = 0 em L2

loc(0, Tmax;L2(Γ1))

w(0) = u1, w′(0) = µ(0)4u0,

onde u0 e u1 foram determinados em (H3) e u′ em (4.84).

Observação 4.8 Note que o Problema (P2) com a primeira equação válida em L∞loc(0, Tmax;V′)

tem unicidade de soluções na classe∣∣∣∣∣∣w ∈ L∞loc(0, Tmax;V )

w′ ∈ L∞loc(0, Tmax;L2(Ω))

Este fato é mostrado pelo método de Ladyahenskaya, ver M.Milla Miranda e L.A.Medeiros[36].

Demonstração: Faz-se a demonstração em três etapas.Primeira Etapa (Regularização de Funções)

Fixa-se T com 0 < T < Tmax. Sejam

f(t) =µ′(t)

µ(t), 0 ≤ t ≤ T

e f(t) a função contínua em R :

f(t) =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

f(t), t ∈ [0, T ]

linear, t ∈ [−1, 0)

linear, t ∈ (T, T + 1]

0, t /∈ [−1, T + 1]

Considere uma sucessão regularizante (ρl) de R e a sucessão (ρl ∗ f). Então pelaspropriedades de convolução de funções, obtém-se:

Fl = ρl ∗ f → f em C0([0, T ]) (4.88)

82

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Por outro lado, seja g(x, t) = h′(u′(x, t)), x ∈ Γ1, t ∈ [0, T ]. Considere um sistema decartas locais

U1, ϕ1, . . . , UN , ϕN

de Γ1 e θ1, . . . , θN uma partição C∞ subordinada a U1, . . . , UN. Sejam

gj(x, t) = θj(x)g(x, t), x ∈ Γ1, t ∈ (0, T ), j = 1, . . . , N,

vj(y′, t) = gj(ϕ

−1j (y′, t)), y′ ∈ [−1, 1]n−1, t ∈ [0, T ]

e

vj(y′, t) =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

vj(y′, t), y′, t ∈ [−1, 1]n−1 × [0, T ]

d0, y′, t ∈ [−1, 1]n−1 × [−1, 0)

d1 , y′, t ∈ [−1, 1]n−1 × (T, T + 1]

0, y′, t /∈ [−1, 1]n−1 × [−1, T + 1]

Considere uma sucessão regularizante (σl) em Rn. Sejam

Glj(x, t) = (σl ∗ vj)(ϕj(x, t)), x ∈ Γ1, t ∈ R

e

Gl(x, t) =N∑

j=1

Glj(x, t)

Então

Gl → g em L∞(Γ1 × (0, T )) (4.89)

e1

2d0 ≤ Gl(x, t) ≤

3

2d1, ∀x ∈ Γ1, t ∈ [0, T ], e l ≥ l0. (4.90)

Segunda Etapa (Problema Aproximado)

Considere (w0k) e (w1

k) sequências de D(−4) e D(Ω), respectivamente, tais que

w0k → u1 em V e w1

k → µ(0)4u0 em L2(Ω) (4.91)

Observe∂w0

k

∂ν+Glw

1k = 0 sobre Γ1. (4.92)

Fixe k e considere a base de V ∩H2(Ω)

wk1 , w

k2 , . . . , ,

83

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onde w0k e w1

k pertencem ao subespaço gerado por wk1 e wk

2 . Denote por V km o subespaço

gerado por wk1 , w

k2 , . . . , w

km.

Seja

wlkm(t) =n∑

j=1

glkmj(t)wj

definido por

(PA)

∣∣∣∣∣∣∣(w′′lkm(t), v) + µ((wlkm(t), v)) + µ

∫Γ1

Glw′lkm(t)vdΓ− (Flw

′lkm(t), v) = 0, ∀v ∈ V k

m

wlkm(0) = w0k, w′lkm(0) = w1

k

Terceira Etapa (Estimativas a Priori)

Primeira Estimativa: Para facilitar a notação deixaremos de escrever os índices l, k,mde wlkm. Substituindo v por 2w′′ em (PA) resulta

d

dt|w′|2 + µ

d

dt‖w‖2 + 2µ

∫Γ1

Glw′2dΓ− 2(Flw

′, w′) = 0

donde, por (4.88) e (4.90) tem-se

d

dt|w′|2 +

d

dt

[µ|w′|2

]+ µ(0)d0

∫Γ1

w′2dΓ ≤ C|w′|2 +|µ′|µ

[µ‖w‖2

]onde C > 0 é uma constante independente de l, k e m. Aplicando a desigualdade deGronwall resulta então

|w′lkm(t)|2 + µ‖wlkm(t)‖2 + µ(0)d0

∫ t

0

∫Γ1

w′2lkm(s)dΓds ≤

≤[|w1

k|2 + µ(0)‖w0k‖2]exp

∫ T

0

[|µ′|µ

+ C

]ds, ∀t ∈ [0, T ], l ≥ l0

(4.93)

o que implica ∣∣∣∣∣∣∣∣∣‖wlkm‖L∞(0,T ;V ) ≤ Ck, ∀m e l ≥ l0

‖w′lkm‖L∞(0,T ;L2(Ω)) ≤ Ck, ∀m e l ≥ l0

‖w′lkm‖L∞(0,T ;L2(Γ1)) ≤ Ck, ∀m e l ≥ l0

(4.94)

Segunda Estimativa: Derivando com relação a t a equação aproximada (PA) e substi-tuindo v por 2w′′, obtém-se:

∣∣∣∣∣∣∣∣2(w′′′, w′′) + µ((w′, 2w′′)) + 2µ′((w,w′′)) + 2µ

∫Γ1

G′lw

′w′′dΓ+

+2µ

∫Γ1

Glw′′2dΓ + 2µ′

∫Γ1

Glw′w′′dΓ− 2(F ′

lw′, w′′)− 2(Flw

′′, w′′) = 0

(4.95)

84

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Substituindo v por 2µ′

µw′′ na equação aproximada (PA) resulta

2µ′((w,w′′)) + 2µ′∫

Γ1

Glw′w′′dΓ = −2

µ′

µ|w′′|2 + 2

µ′

µ(Flw

′, w′′).

Levando em consideração esta igualdade em (4.95) tem-se

d

dt|w′′|2 + µ

d

dt‖w′‖2 − 2

µ′

µ|w′′|2 + 2

µ′

µ(Flw

′, w′′) + 2µ

∫Γ1

G′lw

′w′′dΓ+

+2µ

∫Γ1

Glw′′2dΓ− 2(F ′

lw′, w′′)− 2(Flw

′′, w′′) = 0,

o que implica

d

dt|w′′|2 +

d

dt

[µ‖w′‖2

]+ µ(0)d0

∫Γ1

w′′2dΓ ≤

≤ |µ′|µ

[µ‖w′‖2

]+ 2

|µ′|µ|w′′|2 + 2

|µ′|µ|(Flw

′, w′′)|+

+2µ

∫Γ1

|G′l||w′||w′′|dΓ + 2|(F ′

lw′, w′′)|+ 2|(Flw

′, w′′)|

Observe que

∫Γ1

|G′l||w′||w′′|dΓ ≤ Cl

∫Γ1

|w′||w′′|dΓ ≤

≤ C2l

ε

∫Γ1

|w′|2dΓ + ε

∫Γ1

|w′′|2dΓ

Escolhendo ε = µ(0)d0

2e substituindo esta desigualdade na penúltima expressão resulta

d

dt|w′′|2 +

d

dt

[µ‖w′‖2

]+µ(0)d0

2

∫Γ1

w′′2dΓ ≤

≤ |µ′|µ

[µ‖w′‖2

]+ 2

|µ′|µ|w′′|2 + C|w′|2+

+2C2

l

µ(0)d0

∫Γ1

|w′|2dΓ + C|w′′|2

Integrando com relação a t e considerando as estimativas (4.94) tem-se

|w′′(t)|2 + µ(t)‖w′(t)‖2 +µ(0)d0

2

∫ t

0

∫Γ1

w′′2dΓds ≤

≤[‖w′′(0)‖2 + µ(0)‖w0

k‖2 + C

∫ T

0

|w′|2dt+ C

∫ T

0

∫Γ1

w′2dΓdt

]exp

∫ T

0

[3|µ′|µ

+ C

]dt

(4.96)

85

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Por outro lado, da equação aproximada (PA) calculada em t = 0, fazendo v = w′′(0)

e usando a relação (4.92), obtém-se:

|w′′(0)|2 − µ(0)(4w0k, w

′′(0))− (Fl(0)w1k, w

′′(0)) = 0

o que implica|w′′lkm(0)| ≤ Ck, ∀l,m.

Considerando esta desigualdade em (4.96) resulta

‖w′lkm‖L∞(0,T ;V ) ≤ Cl,k, ∀m e l ≥ l0

‖w′′lkm‖L∞(0,T ;L2(Ω)) ≤ Cl,k, ∀m e l ≥ l0

‖w′′lkm‖L2(0,T ;L2(Γ1)) ≤ Cl,k, ∀m e l ≥ l0

(4.97)

Das estimativas (4.94) e (4.97) tem-se que existe uma subsequência de (wlkm), aindadenotada por (wlkm), e uma função wlk tal que∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

wlkm∗ wlk em L∞(0, T ;V )

w′lkm∗ w′lk em L∞(0, T ;V )

w′′lkm∗ w′′lk em L∞(0, T ;L2(Ω))

w′lkm w′lk em L2(0, T ;L2(Γ1))

w′′lkm w′′lk em L2(0, T ;L2(Γ1))

(4.98)

As convergências acima implicam

wlk ∈ C0([0, T ];V ), w′lk ∈ C0([0, T ];L2(Ω)) e w′lk ∈ C0([0, T ];L2(Γ1)) (4.99)

Levando em consideração as convergências acima e seguindo o raciocínio desenvolvidoem M.Milla Miranda e L.A. Medeiros [36], obtém-se

(Plk)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣w′′lk − µ∆wlk − Flw

′lk = 0 em L∞(0, T ;L2(Ω))

∂wlk

∂ν+Glwlk = 0 em L2(0, T ;H

12 (Γ1))

wlk(0) = w0k, w′lk(0) = w1

k

Observação 4.9 Das equações acima e das convergências (4.98) segue-se que∣∣∣∣∣∣∣∣∣wlk ∈ L∞(0, T ;V ∩H2(Ω))

w′lk ∈ L∞(0, T ;V ) ∩ L2(0, T ;H12 (Γ1))

w′′lk ∈ L∞(0, T ;L2(Ω))

86

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Considere duas soluções wlk e wlp do Problema (Plk) e por wlkp = wlk−wlp. Obtém-sede (Plk)

(Plkp)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣w′′lkp − µ∆wlkp − Flw

′lkp = 0 em L∞(0, T ;L2(Ω))

∂wlkp

∂ν+Glwlkp = 0 em L2(0, T ;L2(Γ1))

wlkp(0) = w0k − w0

p, w′lkp(0) = w1k − w1

p

Para facilitar a escrita deixaremos de escrever os índices l, k, p e wlkp. De (Plkp) resulta

(w′′, 2w′) + µ((w, 2w′)) + 2µ

∫Γ1

Glw′w′dΓ− 2(Flw

′, w′) = 0

o que implica

d

dt|w′|2 +

d

dt

[µ‖w‖2

]+ µ(0)d0

∫Γ1

w′2dΓ ≤ |µ′|µ

[µ‖w‖2

]+ C|w′|2

onde C > 0 é uma constante independente de l. Integrando com relação a t resulta

|w′(t)|2 + µ(t)‖w(t)‖2 + µ(0)d0

∫ t

0

∫Γ1

w′2dΓds ≤

≤[|w1

k − w1p|2 + µ(0)‖w0

k − w0p‖2]exp

∫ T

0

[|µ′|µ

+ C

]dt, ∀l ≥ l0

Das convergências (4.91) obtém-se então∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣(wlk) é de Cauchy em C0([0, T ];V )

(w′lk) é de Cauchy em C0([0, T ];L2(Ω))

(w′lk) é de Cauchy em L2(0, T ;L2(Γ1))

Notando que o segundo membro da última desigualdade não depende de l, tem-seentão que existe uma função w tal que∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

wlk → w em C0([0, T ];V )

w′lk → w′ em C0([0, T ];L2(Ω))

w′lk → w′ em L2(0, T ;L2(Γ1))

(4.100)

Considere v ∈ L∞(0, T ;V ) com v′ ∈ L2(0, T ;L2(Ω)) e v(0) = v(T ) = 0. Tomando oproduto escalar em L2(Ω) da equação em (Plk) com v resulta:

−∫ T

0

(w′lk, v′)dt+

∫ T

0

µ((wlk, v))dt+

∫ T

0

∫Γ1

Glw′lkvdΓdt−

∫ T

0

(Flw′lk, v)dt = 0 (4.101)

87

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Das propriedades (4.89) e (4.90) de Gl, implicam

Glv → gv em L2(0, T ;L2(Γ1))

e de (4.88), resultaFlw

′lk → fw′ em L2(0, T ;L2(Ω))

Tomando o limite em (4.101) e usando as duas últimas convergências e as convergên-cias (4.100), obtém-se:

−∫ T

0

(w′, v′)dt+

∫ T

0

µ((w, v))dt+

∫ T

0

∫Γ1

gw′vdtdt−∫ T

0

(fw′, v)dt = 0

Considerando v ∈ D(Ω× (0, T )) nesta última equação obtém-se a primeira equaçãode (P2) em [0, T ]. Procedendo como em M.Milla Miranda e L.A. Medeiros [36], obtém-setambém a segunda equação de (P2) em [0, T ] e as condições iniciais de (P2).

Notando que T com 0 < T < Tmax foi arbitrário, segue a proposição.Note que u′ é solução do Problema (P2) na classe dada na Observação 4.8. Como

nessa classe as soluções de (P2) são únicas tem-se que u′ = w. Assim

u′ ∈ C0([0, Tmax);V )

u′′ ∈ C0([0, Tmax);L2(Ω))

Da equação u′′ − µ4u = 0 tem-se então

4u ∈ C0([0, T ];L2(Ω)).

Também por h ser lipschitiziana resulta

h(u′) ∈ C0([0, T ];H12 (Γ1))

logo∂u

∂ν∈ C0([0, T ];H

12 (Γ1))

As três últimas expressões e a segunda equação de (P1) implicam

u ∈ C0([0, Tmax);V ∩H2(Ω))

Observação 4.10 Seja z ∈ V então γ0h(z) = h(γ0z). De fato, seja (ϕη) uma sucessãode funções, ϕη ∈ C1(Ω), tal que

ϕη → z em V

Tem-se γ0h(ϕη) = h(γ0ϕη). Tomando o limite em ambos os membros desta igualdadesegue-se o resultado.

88

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Do exposto e de (4.84) e (P1), obtém-se:

Teorema 4.3 Sob as hipóteses (H1)-(H3), existe uma única u na classe∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣u ∈ C0([0, Tmax);V ∩H2(Ω))

u′ ∈ C0([0, Tmax);V )

u′′ ∈ C0([0, Tmax);L2(Ω)),

(4.102)

que verifica

(P1)′

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −M(., ‖u‖2)4u = 0 em C0([0, Tmax);L2(Ω))

∂u

∂ν+ h(u′) = 0 em C0([0, Tmax);H

12 (Γ1))

∂u′

∂ν+ h′(u′)u′′ = 0 em L2

loc(0, Tmax;L2(Γ1))

u(0) = u0, u′(0) = u1,

onde 0 < Tmax ≤ ∞.

Seja M(t, λ) =∫ λ

0M(t, σ)dσ então

M(t, λ) ≥ m0λ, ∀t, λ ∈ [0,∞)2 (4.103)

Seja u a solução obtida no Teorema 4.3. Então

d

dtM(t, ‖u(t)‖2) =

∫ ‖u(t)‖2

0

∂tM(t, σ)dσ +M(t, ‖u(t)‖2)

d

dt‖u(t)‖2.

Multiplicando ambos os membros da equação (P1)′ e integrando em Ω resulta

d

dt|u′|2 +M(., ‖u‖2)

d

dt‖u‖2 − 2M(., ‖u‖2)

∫Γ1

∂u

∂νu′dΓ = 0

Levando em consideração a segunda equação de (P1)′ e a última igualdade, obtém-se:

d

dt|u′|2 +

d

dtM(., ‖u‖2)−

∫ ‖u(t)‖2

0

∂tM(., σ)dσ + 2M(., ‖u(t)‖2)

∫Γ1

h(u′)u′dΓ = 0.

Integrando de 0 < s < t < Tmax, segue-se então

|u′(t)|2 + M(t, ‖u‖2)−∫ t

s

[∫ ‖u(t)‖2

0

∂tM(t, σ)dσ

]dξ+

+2

∫ t

s

[∫Γ1

M(ξ, ‖u(ξ)‖2)h(u′(ξ))u′(ξ)dΓ

]dξ =

= |u′(s)|2 + M(s, ‖u(s)‖2), ∀0 ≤ s < t < Tmax

89

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Introduz-se a notação

Eu(t) = |u′(t)|2 + M(t, ‖u(t)‖2) (4.104)

Então a última igualdade adota a forma

(I1)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣Eu(t)−

∫ t

s

[∫ ‖u(t)‖2

0

∂tM(t, σ)dσ

]dξ+

+2

∫ t

s

[∫Γ1

M(ξ, ‖u(ξ)‖2)h(u′(ξ))u′(ξ)dΓ

]dξ = Eu(s), ∀0 ≤ s < t < Tmax.

Os fatos ∂M∂t≤ 0, M ≥ m0 > 0 e a identidade (I1) implicam

m0‖u(t)‖2 ≤ Eu(t) ≤ Eu(0)

SejaL = max

0≤λ≤ 1m0

Eu(0)M(0, λ)

Então das duas últimas expressões decorre

m0 ≤ µ(t) = M(t, ‖u(t)‖2) ≤M(0, ‖u(t)‖2) ≤ L

isto é,m0 ≤ µ(t) ≤ L, ∀0 ≤ t < Tmax. (4.105)

Seja w a solução obtida na Proposição 4.4. Então multiplicando ambos os membrosda equação (Plk) e integrando em Ω tem-se

d

dt|w′lk|2 +

d

dt[µ‖wlk‖2] + 2µ

∫Γ1

Glw′lkdΓ− 2(Flw

′lk, w

′lk) =

µ′

µ[µ‖wlk‖2]

Integrando de 0 ≤ s < t < Tmax e tomando o limite resulta

|w′(t)|2 + µ(t)‖w(t)‖2 + 2

∫ t

0

µ(ξ)

[∫Γ1

h′(u′(ξ))w′2(ξ)dΓ

]dξ =

=

∫ t

s

µ′(ξ)

µ(ξ)

[µ(ξ)‖w(ξ)‖2 + 2|w′(ξ)|2

]dξ + |w′(s)|2 + µ(s)‖w(s)‖2

Introduz-se a notação

Ew(t) = |w′(t)|2 + µ(t)‖w(t)‖2 (4.106)

Então a última igualdade adota a forma

90

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(I2) Ew(t) + 2

∫ t

0

µ(ξ)

[∫Γ1

h′(u′(ξ))w′2(ξ)dΓ

]dξ =

=

∫ t

s

µ′(ξ)

µ(ξ)

[µ(ξ)‖w(ξ)‖2 + 2|w′(ξ)|2

]dξ + Ew(s), ∀0 ≤ s < t < Tmax.

A seguir enuncia-se o principal resultado desta seção.

Teorema 4.4 Suponha satisfeitas as hipóteses (H1)-(H3). Seja

Eu(0) ≤ ρ2

onde ρ > 0 é um número real pequeno e satisfazendo a condição (4.144), a qual dependedas funções M,h,Ω, d0 e d1. Então Tmax = ∞. Além disso verifica-se

|µ(t)∆u(t)|2 + µ(t)‖u′(t)‖2 ≤ C[|µ(0)4u0|2 + µ(0)‖u1‖2

], ∀0 ≤ t < Tmax (4.107)

onde µ(t) = M(t, ‖u(t)‖2) e C > 0 é uma constante que depende de M,h,Ω, e ρ.

A demonstração do Teorema 4.4 será feita em duas etapas. Na primeira mostra-se oseguinte resultado.

Proposição 4.5 Seja w a solução obtida na Proposição 4.4. Então

Ew(t) ≤ CEw(0), ∀0 ≤ t < Tmax (4.108)

onde C > 0 é a mesma constante de (4.107).

Na segunda etapa, utilizando a Proposição 4.5 mostra-se o Teorema 4.4.A Proposição 4.5 seguira depois da demonstração de três lemas. Para enunciar o

primeiro lema, introduz alguns conceitos prévios.Localmente para cada x ∈ Γ1 determina-se uma base ortonormal

ν(x), τ 1(x), τ 2(x), . . . , τn−1(x)

do Rn onde ν(x) é o vetor normal unitário exterior em x ∈ Γ1 e τ 1(x), τ 2(x), . . . , τn−1(x)

são vetores tangentes em x ∈ Γ1.

Seja w a solução do Problema (Plk) e 0 ≤ t < Tmax. Então

∇w(x, t) = ν(x)[∇w(x, t).ν(x)] +n−1∑k=1

τ k(x)[∇w(x, t).τ k(x)]

91

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que implica

|∇w(x, t)|2 = [∇w(x, t).ν(x)]2 +n−1∑k=1

[∇w(x, t).τ k(x)]2

isto é,

|∇w(x, t)|2 =

[∂

∂νw(x, t)

]2

+n−1∑k=1

[∂w

∂τ k(x, t)

]2

Usando a notação [∂w

∂τ(x, t)

]2

=n−1∑k=1

[∂w

∂τ k(x, t)

]2

tem-se então

|∇w(x, t)|2 =

[∂

∂νw(x, t)

]2

+

[∂w

∂τ(x, t)

]2

, q.t x ∈ Γ1, ∀ 0 ≤ t < Tmax (4.109)

Seja wlk a solução do Problema (Plk). Introduz-se a notação

Ewlk(t) = |w′lk(t)|2 + µ(t)‖wlk(t)‖2, 0 ≤ t < Tmax.

Tem-se o seguinte resultado.

Lema 4.5.1 Seja wlk a solução do Problema (Plk). Então∫ t

0

Ewlk(ξ)dξ ≤ CEwlk

(0) + C

∫ t

0

∫Γ1

[∂wlk

∂ν

]2

+ w′2lk +

(∂wlk

∂τ

)2dΓdξ+

+C

∫ t

0

[|Fl(ξ)|+ ε]Ewlk(ξ)dξ,∀ 0 ≤ t < Tmax, l ≥ l0(ε),

onde ε > 0 e C > 0 é uma constante que é independente de t, l, k e ε.

Demonstração: Para facilitar a notação deixaremos de escrever os índices l, k de wlk el de Fl.

Seja m(x) = x− x0, x ∈ Rn. Usaremos o multiplicador m(x).∇w(x), x ∈ Ω.

Seja 0 ≤ t < Tmax. De (Plk) tem-se∫ t

0

(w′′,m.∇w)dξ +

∫ t

0

µ(−4w,m.∇w)dξ −∫ t

0

F (w′,m.∇w)dξ = 0 (4.110)

Tem-se: ∫ t

0

(w′′,m.∇w)dξ = (w′,m.∇w)∣∣∣t0−∫ t

0

(w′,m.∇w′)dξ (4.111)

Também da Observação 4.9, resulta

(−4w,m.∇w) = (∇w,∇[m.∇w])−∫

Γ

∂w

∂ν(m.∇w)dΓ.

92

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(∇w,∇[m.∇w]) =∑

i

∫Ω

∂w

∂xi

∂xi

[∑j

mj∂w

∂xj

]dx =

=∑i,j

∫Ω

∂w

∂xi

∂mj

∂xi

∂w

∂xj

dx+∑i,j

∫Ω

∂w

∂xi

mj∂2w

∂xi∂xj

dx =

=∑i,j

∫Ω

∂w

∂xi

δij∂w

∂xj

dx+∑i,j

∫Ω

mj1

2

∂xj

(∂w

∂xi

)2

dx =

=∑

i

∫Ω

(∂w

∂xi

)2

dx− 1

2

∑i,j

∫Ω

∂mj

∂xj

(∂w

∂xi

)2

dx+1

2

∑i,j

∫Γ

mj

(∂w

∂xi

)2

vjdΓ =

= ‖w‖2 − n

2‖w‖2 +

1

2

∫Γ

(m.ν)|∇w|2dΓ,

isto é,

(−4w,m.∇w) = ‖w‖2 − n

2‖w‖2 +

1

2

∫Γ

(m.ν)|∇w|2dΓ−∫

Γ

∂w

∂ν(m.∇w)dΓ (4.112)

Por outro lado,∫ t

0

(w′,m.∇w′)dξ =∑

j

∫ t

0

∫Ω

w′mj∂w′

∂xj

dxdξ =

=∑

j

∫ t

0

∫Ω

mj1

2

∂xj

w′2dxdξ =

= −1

2

∑j

∫ t

0

∫Ω

∂mj

∂xj

w′2dxdξ +1

2

∑j

∫ t

0

∫Γ

mjνjw′2dΓdξ =

= −n2

∫ t

0

∫Ω

w′2dxdξ +1

2

∫ t

0

∫Γ

(m.ν)w′2dΓdξ

isto é, ∫ t

0

(w′,m.∇w′)dξ = −n2

∫ t

0

∫Ω

w′2dxdξ +1

2

∫ t

0

∫Γ

(m.ν)w′2dΓdξ (4.113)

Então (4.111) toma a forma∫ t

0

(w′′,m.∇w)dξ = (w′,m.∇w)∣∣∣t0+n

2

∫ t

0

|w′|2dξ − 1

2

∫ t

0

∫Γ

(m.ν)w′2dΓdξ (4.114)

Substituindo (4.112) e (4.114) em (4.110) resulta∫ t

0

n

2

[|w′|2 − µ‖w‖2

]dξ = −

∫ t

0

µ‖w‖2dξ − (w′,m.∇w)∣∣∣t0+

+1

2

∫ t

0

∫Γ

(m.ν)[w′2 − µ|∇w|2

]dΓdξ +

∫ t

0

∫Γ

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓdξ+

+

∫ t

0

F (w′,m.∇w)dξ

(4.115)

93

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De (Plk) resulta ∫ t

0

(w′′ − µ4w − Fw′, w)dξ = 0 (4.116)

Tem-se ∫ t

0

(w′′, w)dξ = (w′, w)∣∣∣t0−∫ t

0

|w′|2dξ (4.117)

Também ∫Ω

(−4ww)dξ = ‖w‖2 −∫

Γ

∂w

∂νwdΓ

o que implica ∫ t

0

µ(−4w,w)dξ =

∫ t

0

µ‖w‖2dξ −∫ t

0

∫Γ

µw∂w

∂νdΓdξ (4.118)

Substituindo (4.117) e (4.118) em (4.116), obtém-se:∫ t

0

[|w′|2 − µ‖w‖2]dξ = (w′, w)∣∣∣t0−∫ t

0

∫Γ

µw∂w

∂νdΓdξ−

−∫ t

0

F (w′, w)dξ

o que implica∫ t

0

n

2[|w′|2 − µ‖w‖2]dξ =

n

2(w′, w)

∣∣∣t0− n

2

∫ t

0

∫Γ

µw∂w

∂νdΓdξ−

−n2

∫ t

0

F (w′, w)dξ

(4.119)

Igualando os primeiros membros de (4.115) e (4.119) resulta:

−∫ t

0

µ‖w‖2dξ − (w′,m.∇w)∣∣∣t0+

1

2

∫ t

0

∫Γ

(m.ν)[w′2 − µ|∇u|2

]dΓdξ+

+

∫ t

0

∫Γ

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓdξ +

∫ t

0

F (w′,m.∇w)dξ =

=n

2(w′, w)

∣∣∣t0− n

2

∫ t

0

∫Γ

µw∂w

∂νdΓdξ − n

2

∫ t

0

F (w′, w)dξ

Notando que w e w′ são iguais a zero sobre Γ0 resulta então∫ t

0

µ‖w‖2dξ +1

2

∫ t

0

∫Γ

µ(m.ν)|∇w|2dΓdξ = −(w′,m.∇w)∣∣∣t0+

+1

2

∫ t

0

∫Γ1

(m.ν)w′2dΓdξ +

∫ t

0

∫Γ

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓdξ +

∫ t

0

F (w′,m.∇w)dξ−

−n2(w′, w)

∣∣∣t0+n

2

∫ t

0

∫Γ1

µw∂w

∂νdΓdξ +

n

2

∫ t

0

F (w′, w)dξ

(4.120)

94

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Usando as notações:

• I =1

2

∫ t

0

∫Γ

µ(m.ν)|∇w|2dΓdξ,

• J1 =1

2

∫ t

0

∫Γ1

(m.ν)w′2dΓdξ,

• J2 =1

2

∫ t

0

∫Γ

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓdξ,

• J3 =n

2

∫ t

0

∫Γ1

µw∂w

∂νdΓdξ,

• J4 = −(w′,m.∇w)∣∣∣t0− n

2(w′, w)

∣∣∣t0,

• J5 =

∫ t

0

F (w′,m.∇w)dξ +n

2

∫ t

0

F (w′, w)dξ.

a expressão (4.120) toma a forma∫ t

0

µ‖w‖2dξ + I =5∑

l=1

Jl (4.121)

A seguir modifica-se I e os Jl,s.

• Modificação de I.Por ter-se m.ν > 0 sobre Γ1 obtemos:

1

2

∫ t

0

∫Γ0

µ(m.ν)|∇w|2dΓdξ ≤ I

• Modificação de J1.

J1 ≤R

2

∫ t

0

∫Γ1

w′2dΓdξ ≤ R

2m0

∫ t

0

∫Γ1

µw′2dΓdξ

• Modificação de J2.

Tem-seJ2 =

∫ t

0

∫Γ0

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓdξ +

∫ t

0

∫Γ1

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓdξ (4.122)

Note que m.∇w = (m.ν)∂w∂ν

e(

∂w∂ν

)2= |∇w|2 sobre Γ0. (Ver M.Milla Miranda e L.A.

Medeiros [35]). Logo,∫Γ0

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓ =

∫Γ0

µ(m.ν)

(∂w

∂ν

)2

dΓ =

∫Γ0

µ(m.ν)|∇w|2dΓ,

isto é, ∫ t

0

∫Γ0

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓdξ =

∫ t

0

∫Γ0

µ(m.ν)|∇w|2dΓdξ (4.123)

95

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Também, usando (4.109), obtém-se:∣∣∣ ∫Γ1

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓ

∣∣∣ ≤ R

∫Γ1

µ∣∣∣∂w∂ν

∣∣∣|∇w|dΓ ≤≤ R

∫Γ1

(∂w

∂ν

)2

dΓ +R

∫Γ1

|∇w|2dΓ ≤

≤ R

∫Γ1

(∂w

∂ν

)2

dΓ +R

∫Γ1

[(∂w

∂ν

)2

+

(∂w

∂τ

)2]dΓ =

≤ Rµ

∫Γ1

(∂w

∂ν

)2

dΓ +R

∫Γ1

(∂w

∂τ

)2

isto é,∫ t

0

∫Γ1

µ∂w

∂ν(m.∇w)dΓdξ ≤ R

∫ t

0

∫Γ1

µ

(∂w

∂ν

)2

dΓdξ+R

2

∫ t

0

∫Γ1

µ

(∂w

∂τ

)2

dΓdξ (4.124)

Combinando (4.123) e (4.124) com (4.122) resulta

J2 ≤∫ t

0

∫Γ0

µ(m.ν)|∇w|2dξ +R

∫ t

0

∫Γ1

µ

(∂w

∂ν

)2

dΓdξ +R

2

∫ t

0

∫Γ1

µ

(∂w

∂τ

)2

dΓdξ

• Modificação de J3.

Para ε > 0 resulta

J3 ≤ ε

∫ t

0

∫Γ1

µw2dΓdξ + C(ε)

∫ t

0

∫Γ1

µ

(∂w

∂ν

)2

dΓdξ,

onde C(ε) > 0 é uma constante independente de 0 ≤ t < Tmax.

• Modificação de J4.

Por cálculos simples segue-se que existe uma constante C > 0, independente de 0 ≤t < Tmax, tal que

J4 ≤ C[Ew(0) + Ew(t)]

• Modificação de J5.

Também por cálculos simples obtém-se que existe uma constante C > 0, independentede 0 ≤ t < Tmax, tal que

J5 ≤ C

∫ t

0

|F (ξ)|Ew(ξ)dξ.

96

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Levando em consideração as modificações sobre I e sobre as Jl, 1 ≤ l ≤ 5, obtém-se:∫ t

0

µ‖w‖2dξ − 1

2

∫ t

0

∫Γ0

µ(m.ν)|∇w|2dΓdξ ≤ C[Ew(0) + Ew(t)]+

∫ t

0

∫Γ1

µw2dΓdξ + C(ε)

∫ t

0

∫Γ1

µ

[(∂w

∂ν

)2

+ w′2 +

(∂w

∂τ

)2]dΓdξ+

+C

∫ t

0

|F (ξ)|Ew(ξ)dξ.

(4.125)

Do fato ‖w‖2L2(Γ1) ≤ K‖w‖2 segue-se

ε

∫ t

0

∫Γ1

µw2dΓdξ ≤ Kε

∫ t

0

µ‖w‖2dξ

Somando∫ t

0|w′|2dξ a ambos os membros da desigualdade (4.125), notando que m.ν ≤

0 sobre Γ0 e levando em consideração a última desigualdade, obtém-se:∫ t

0

Ew(ξ)dξ ≤ C[Ew(0) + Ew(t)] + (K + 1)ε

∫ t

0

Ew(ξ)dξ+

+C(ε)

∫ t

0

∫Γ1

µ

[(∂w

∂ν

)2

+ w′2 +

(∂w

∂τ

)2]

+

+C

∫ t

0

|F (ξ)|Ew(ξ)dξ.

Escolhendo ε > 0 apropriado e notando que

m0 ≤ µ(t) ≤ L, ∀0 ≤ t < Tmax

(ver (4.105) para a definição de L) resulta da última desigualdade.∫ t

0

Ew(ξ)dξ ≤ C[Ew(0) + Ew(t)]+

+C(ε)L

∫ t

0

∫Γ1

[(∂w

∂ν

)2

+ w′2 +

(∂w

∂τ

)2]

+

+C

∫ t

0

|F (ξ)|Ew(ξ)dξ.

(4.126)

A seguir modifica-se Ew(t). A identidade (I2) para a solução wlk adota a forma:

Ew(t) +

∫ t

0

µ(ξ)

[∫Γ1

Gl(ξ)w′2(ξ)dΓ

]dξ =

=

∫ t

0

µ′(ξ)

µ(ξ)

[µ(ξ)‖w(ξ)‖2

]+ 2(F (ξ)w′(ξ), w′(ξ))

dξ + Ew(0)

97

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Esta expressão junto com a desigualdade

µ′

µ[µ‖w‖2] + 2(Fw′, w′) ≤ 2(F + ε)

[µ‖w‖2 + |w′|2

]implica

Ew(t) ≤ C

∫ t

0

[|F (ξ)|+ ε]Ew(ξ)dξ + Ew(0), 0 ≤ t < Tmax (4.127)

A desigualdade acima e (4.126) proporcionam o lema. A desigualdade acima e (4.126)

proporcionam o lema.

Note que não se tem informações sobre ∂w∂τ, logo para poder utilizar o Lema 4.5.1

é preciso escrever esta derivada em função dos outros termos do membro esquerdo dadesigualdade do Lema 4.5.1. Isto é feito utilizando o seguinte resultado devido a I.Lasieckae R. Triggiane [22]:

Lema 4.5.2 Dado 0 < t < Tmax, seja δ um número real positivo tal que δ < t2. Sejam wlk

a solução do Problema (Plk) e ε, ε0 constantes positivas pequenas e arbitrárias. Então aseguinte estimativa é válida∫ t−δ

δ

∥∥∥∂wlk

∂τ

∥∥∥L2(Γ1)

dξ ≤ C(δ, ε)

∫ t

0

[∥∥∥∂wlk

∂ν

∥∥∥2

L2(Γ1)+ ‖w′lk‖2

L2(Γ1) + ‖Flw′‖2

H− 12+ε(Ω)

]dξ+

+C(δ, ε0)‖wlk‖2

H12+ε0 (Ω×(0,T ))

O Lema 4.5.2 vai proporcionar o seguinte resultado

Lema 4.5.3 Seja w a solução obtida na Proposição 4.4. Então∫ t

0

Ew(ξ)dξ ≤ CEw(0) + CL

∫ t

0

[|µ′(ξ)|+ |µ′(ξ)|2]Ew(ξ)dξ+

+CL

∫ t

0

∫Γ1

[(∂w

∂ν

)2

+ w′2

]dΓdξ + C

∫ t

0

Eu(ξ)dξ, ∀0 ≤ t < Tmax

onde C > 0 é uma constante independente de 0 ≤ t < Tmax. A constanta L foi definidaem (4.105).

Demonstração: De início mostra-se uma versão do lema para as soluções wlk de (Plk).

Passando ao limite neste resultado e usando as convergências (4.100) e (4.88), obtém-se-áo lema.

98

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Seja então wlk a solução de (Plk). Para facilitar a notação deixaremos de escrever osíndices l e k de wlk e o índice l de Fl. Observe que o Lema 4.5.1 é válido para a integral∫ t

sEw(ξ)dξ, mais precisamente,∫ t

s

Ew(ξ)dξ ≤ CEw(s) + C

∫ t

s

∫Γ1

[(∂w

∂ν

)2

+ w′2 +

(∂w

∂τ

)2]dΓdξ+

+C

∫ t

s

[|F (ξ)|+ ε2]Ew(ξ)dξ, 0 ≤ s < t < Tmax.

Combinando esta desigualdade com o Lema 4.5.2 e fazendo as majorações respectivasnas integrais, resulta∫ t−δ

δ

Ew(ξ)dξ ≤ CEw(δ) + C

∫ t

0

[|F (ξ)|+ ε2]Ew(ξ)dξ+

+C1(δ, ε)

∫ t

0

[∥∥∥∂w∂ν

∥∥∥2

L2(Γ1)+ ‖w′‖2

L2(Γ1) + ‖Fw′‖2

H− 12+ε(Γ1)

]dξ+

+C1(δ, ε0)‖w‖2

H12+ε0 (Ω×(0,T ))

(4.128)

Note que para ε > 0 pequeno resulta

H12−ε(Ω) → L2(Ω) → H− 1

2+ε(Ω)

portanto‖Fw′‖2

H− 12+ε(Ω)

≤ K1|Fw′|2 ≤ K1|F |2|w′|2

o que implica∫ t

0

‖Fw′‖2

H− 12+ε(Ω)

dξ ≤ K1

∫ t

0

[|F (ξ)|2 + ε2]|w′(ξ)|2dξ ≤ K1

∫ t

0

[|F (ξ)|2 + ε2]Ew(ξ)dξ

Substituindo esta desigualdade em (4.128) resulta∫ t−δ

δ

Ew(ξ)dξ ≤ CEw(δ) + CLC1(δ, ε)

∫ t

0

[|F (ξ)|+ |F (ξ)|2 + 2ε2]Ew(ξ)dξ+

+CLC1(δ, ε)

∫ t

0

∫Γ1

[(∂w

∂ν

)2

+ w′2

]dΓdξ + CLC1(δ, ε0)‖w‖2

H12+ε0 (Ω×(0,T ))

(4.129)

A seguir estuda-se o comportamento de Ew(ξ) em [0, δ] e em [t − δ, t]. De fato, de(4.127), segue-se ∫ δ

0

Ew(ξ)dξ ≤ δEw(0) + 2Cδ

∫ t

0

[|F (ξ)|+ ε2]Ew(ξ)dξ

99

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e ∫ t

t−δ

Ew(ξ)dξ ≤ δEw(t− δ) + 2Cδ

∫ t

0

[|F (ξ)|+ ε2]Ew(ξ)dξ

Se 0 < t ≤ 1, escolho δ < t, o que implica δ < 1 e se t ≥ 1, escolho δ < 1. Com estasconsiderações e combinando as duas últimas desigualdades com (4.129), obtém-se:

∫ t

0

Ew(ξ)dξ ≤ (C + 2)[Ew(δ) + Ew(0) + Ew(t− δ)]+

+CLC1(δ, ε)

∫ t

0

[|F (ξ)|+ |F (ξ)|2 + 2ε2]Ew(ξ)dξ+

+CLC1(δ, ε)

∫ t

0

∫Γ1

[(∂w

∂ν

)2

+ w′2

]dΓdξ + CLC1(δ, ε0)‖w‖2

H12+ε0 (Ω×(0,T ))

(4.130)

De (4.127) resulta

Ew(δ) + Ew(t− δ) ≤ 2Ew(0) + C

∫ t

0

[|F (ξ)|+ ε2]Ew(ξ)dξ (4.131)

Fixo 0 < ε0 <12. Então

H1(Ω× (0, T )) → H12+ε0(Ω× (0, T )) → L2(Ω× (0, T ))

Logo, usando a desigualdade de interpolação com ε3 > 0, obtém-se:

‖w‖2

H12+ε0 (Ω×(0,T ))

≤ ε3‖w‖2H1(Ω×(0,T )) + C(ε3)‖w‖2

L2(Ω×(0,T )) (4.132)

Limita-se cada um dos termos do segundo membro desta desigualdade por Ew e Eu,

respectivamente. Tem-se:

‖w‖2H1(Ω×(0,T )) =

∫ t

0

|w|2dξ +

∫ t

0

|w′|2dξ +

∫ t

0

‖w‖2dξ ≤

≤ K2

∫ t

0

‖w‖2dξ +

∫ t

0

|w′|2dξ ≤ K3

∫ t

0

Ew(ξ)dξ

portanto,

ε3‖w‖2H1(Ω×(0,T )) ≤ K3ε3

∫ t

0

Ew(ξ)dξ

Também, notando que w = u′, resulta

‖w‖2L2(Ω×(0,T )) =

∫ t

0

|u′|2dξ ≤∫ t

0

Eu(ξ)dξ

Substituindo as duas últimas desigualdades em (4.132) segue-se

100

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‖w‖2

H12+ε0 (Ω×(0,T ))

≤ K3ε3

∫ t

0

Ew(ξ)dξ + C(ε3)

∫ t

0

Eu(ξ)dξ. (4.133)

Levando em consideração (4.131) e (4.133) em (4.130), resulta∫ t

0

Ew(ξ)dξ ≤ CEw(0) + CL

∫ t

0

[|F (ξ)|+ |F (ξ)|2 + 2ε2]Ew(ξ)dξ+

+CL

∫ t

0

∫Γ1

[(∂w

∂ν

)2

+ w′2

]dΓdξ +K3ε3

∫ t

0

Ew(ξ)dξ + C(ε3)

∫ t

0

Eu(ξ)dξ.

Escolhendo ε3 > 0 apropriadamente, obtém-se a versão do lema para as soluções wlk

de (Plk). Faxendo l, k →∞, ε2 → 0 e usando as convergências (4.100) e (4.88), obtém-seo lema.

Demonstração: (da Proposição 4.5 ) Tem-se:

∫Γ1

(∂w

∂ν

)2

dξ =

∫Γ1

(h′(u′)w′)2dξ ≤ d21

∫Γ1

w′2dξ

Substituindo esta desigualdade na expressão do Lema 4.5.3 resulta∫ t

0

Ew(ξ)dξ ≤ CEw(0) + CL

∫ t

0

[|µ′(ξ)|+ |µ′(ξ)|2]Ew(ξ)dξ+

+CL

∫ t

0

∫Γ1

w′2dΓdξ + C

∫ t

0

Eu(ξ)dξ(4.134)

Da identidade (I2) obtém-se:

Ew(t) + 2m0d0

∫ t

0

∫Γ1

w′2dΓdξ ≤ Ew(0) +2

m0

∫ t

0

|µ′(ξ)|Ew(ξ)dξ

o que implica para N > 0 constante,

NEw(t) + 2m0d0N

∫ t

0

∫Γ1

w′2dΓdξ ≤

≤ NEw(0) +2N

m0

∫ t

0

|µ′(ξ)|Ew(ξ)dξ

(4.135)

Substituindo (4.134) em (4.135) resulta

NEw(t) +

∫ t

0

Ew(ξ)dξ + (2m0d0N − CL)

∫ t

0

∫Γ1

w′2dΓdξ ≤

≤ C(1 +N)Ew(0) +

(CL+

2N

m0

)∫ t

0

[|µ′(ξ)|+ |µ′(ξ)|2

]Ew(ξ)dξ + C

∫ t

0

Eu(ξ)dξ

101

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Escolhe-se N > 0 tal que2m0d0N − CL > 0

Depois multiplica-se a ambos os membros da desigualdade obtida por 1N. Após arrumação

das contantes resulta então

Ew(t) +

∫ t

0

Ew(ξ)dξ ≤ C2Ew(0)+

+C1

∫ t

0

[|µ′(ξ)|+ |µ′(ξ)|2

]Ew(ξ)dξ + C0

∫ t

0

Eu(ξ)dξ

Disto e notando que Eu(t) ≤ Eu(0) resulta

Ew(t) +

∫ t

0

Ew(ξ)

[1

2− C1

(|µ′(ξ)|+ |µ′(ξ)|2

)]+

1

2Ew(ξ)− C0Eu(0)

dξ ≤ C2Ew(0)

(4.136)onde C0, C1, C2 são constantes positivas independentes de 0 ≤ t < Tmax.

A seguir estabelece-se uma relação entre Eu(0) e Ew(0).

Tem-se:

u′′(0) = µ(0)4u0, w′(0) = u′′(0) (4.137)

Também,

M(t, λ) =

∫ λ

0

M(t, σ)dσ ≤M(t, λ)λ

Logo,

M(0, ‖u0‖2) ≤M(0, ‖u0‖2)‖u0‖2 (4.138)

Também‖u0‖2 ≤ C‖u0‖V ∩H2(Ω) ≤ C

[|4u0|2 +

∥∥∥∂u0

∂ν

∥∥∥2

L2(Γ1)

]≤

≤ C[|4u0|2 + ‖h(u1)‖2L2(Γ1)] ≤ C[|4u0|2 + d2

1‖u1‖2L2(Γ1)] ≤

≤ C(Ω, d1) [|4u0|2 + ‖u1‖2]

isto é,

‖u0‖2 ≤ C(Ω, d1)[|4u0|2 + ‖u1‖2

](4.139)

De (4.138) e (4.139) segue-se

M(0, ‖u0‖2) ≤ C(Ω, d1)M(0, ‖u0‖2)[|4u0|2 + ‖u1‖2

](4.140)

Lembre-se queEu(0) = |u1|2 + M(0, ‖u0‖2)

102

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Logo de (4.140) e (4.137) resulta

Eu(0) ≤ C‖u1‖2 + C(Ω, d1)M(0, ‖u0‖2)[|4u0|2 + ‖u1‖2] =

= [C + C(Ω, d1)M(0, ‖u0‖2)]‖u1‖2+

+C(Ω, d1)

m0

[M(0, ‖u0‖2)]2|∆u0|2 ≤

≤ C(Ω, d1)‖u1‖2 + C(Ω, d1)µ2(0)|4u0|2 = C(Ω, d1)Ew(0),

isto é,

Eu(0) ≤ C(Ω, d1)Ew(0) (4.141)

Sejam

C3 = maxC2, 4C0C2C(Ω, d1), C2 > 1 (4.142)

e ρ > 0 um número real.Introduz-se as notações:

N0(ρ) = max0≤λ≤ ρ2

m0

Q(λ), P0(ρ) = max0≤λ≤ ρ2

m0

R(λ) (4.143)

Considere ρ verificando

C1

[N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0) + 2N2

0 (ρ) + 8P 20 (ρ)

ρ2

m20

C3Ew(0)

]≤ 1

4. (4.144)

A seguir, com as condições acima e u0, u1 verificando

Eu(0) = |u1|2 + M(0, ‖u0‖2) ≤ ρ2,

mostra-se queEw(t) ≤ C3Ew(0), ∀0 ≤ t < Tmax (4.145)

Note que ‖u(t)‖2 ≤ ρ2

m0.

A demonstração de (4.145) será feita considerando os dois casos:

4C0Eu(0) ≤ Ew(0) e 4C0Eu(0) > Ew(0)

PRIMEIRO CASO

Primeira Etapa. De início mostra-se que o integrando de (4.136) calculado em ξ = 0 épositivo. De fato µ(t) = M(t, ‖u(t)‖2) e

µ′(t) =∂M

∂t(t, ‖u(t)‖2) + 2

∂M

∂λ(t, ‖u(t)‖2)((u(t), u′(t)))

103

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Logo,

|µ′(0)| ≤∣∣∣∂M∂t

(0, ‖u(0)‖2)∣∣∣+ 2

∣∣∣∂M∂λ

(0, ‖u(0)‖2)∣∣∣‖u(0)‖‖u′(t)‖ ≤

≤ Q(‖u0‖2) + 2R(‖u0‖2)‖u0‖‖u1‖ ≤

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m120

[Ew(0)

m0

] 12

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m0

C123 E

12w(0)

isto é,|µ′(0)| ≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0)

Também, temos:

|µ′(0)|2 ≤ 2N20 (ρ) + 8P 2

0 (ρ)ρ2

m0

C3Ew(0)

Logo, disto e da condição (4.144) resulta

C1(|µ′(0)|+ |µ′(0)|2) ≤

≤ C1

[N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0) + 2N2

0 (ρ) + 8P 20 (ρ)

ρ2

m20

C3Ew(0)

]≤ 1

4

Portanto,1

2− C1(|µ′(0)|+ |µ′(0)|2) ≥ 1

2− 1

4> 0 (4.146)

o que implica

Ew(0)

[1

2− C1(|µ′(0)|+ |µ′(0)|2)

]≥ 0

Por outro lado, notando que 4C0Eu(0) ≤ Ew(0), segue-se

1

2Ew(0)− C0Eu(0) ≥ 2C0Eu(0)− C0Eu(0) = C0Eu(0) > 0 (4.147)

Observação 4.11 Supoe-se que Eu(0) > 0. O caso Eu(0) = 0 proporciona a soluçãoglobal u ≡ 0 do Problema (?).

Das duas últimas desigualdades resulta que

Ew(0)

[1

2− C1(|µ′(0)|+ |µ′(0)|2)

]+

1

2Ew(0)− C0Eu(0) > 0 (4.148)

Por continuidade segue-se que

Ew(t)

[1

2− C1(|µ′(t)|+ |µ′(t)|2)

]+

1

2Ew(t)− C0Eu(0) > 0, ∀0 ≤ t < Tmax

ou existe T1 com 0 < T1 < Tmax tal que

Ew(t)

[1

2− C1

(|µ′(t)|+ |µ′(t)|2

)]+

1

2Ew(t)− C0Eu(0) > 0, 0 ≤ t < T1

104

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eEw(T1)

[1

2− C1(|µ′(T1)|+ |µ′(T1)|2)

]+

1

2Ew(T1)− C0Eu(0) = 0 (4.149)

Na segunda situação, da expressão (4.136), resulta

Ew(t) ≤ C2Ew(0) ≤ C3Ew(0), ∀0 ≤ t < Tmax (4.150)

A primeira situação mostra a proposição. Suponha que acontece a segunda situação.Segunda Etapa. Note que

m0‖u(T1)‖2 ≤ Eu(T1) ≤ Eu(0) ≤ ρ2.

Desta desigualdade e de (4.150) resulta

|µ′(T1)| ≤∣∣∣∂M∂t

(T1, ‖u(T1)‖2)∣∣∣+ 2

∣∣∣∂M∂λ

(T1, ‖u(T1)‖2)((u(T1), u′(T1)))

∣∣∣ ≤≤ Q(‖u(T1)‖2) + 2R(‖u(T1)‖2)‖u(T1)‖‖u′(T1)‖ ≤

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m120

E12w(Γ1)

m120

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m0

C123 E

12w(0),

isto é,|µ′(T1)| ≤ N0(ρ) + 2P0(ρ) +

ρ

m0

C123 E

12w(0)

Também|µ′(t)|2 ≤ 2N2

0 (ρ) + 8P 20 (ρ)

ρ2

m20

C3Ew(0)

Das duas últimas desigualdades e da restrição (4.144) resulta

C1(|µ′(T1)|+ |µ′(T1)|2) ≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m0C

123 E

12w(0)+

+2N20 (ρ) + 8P 2

0 (ρ)ρ2

m20

C3Ew(0) ≤ 1

4

Logo1

2− C1(|µ′(T1)|+ |µ′(T1)|2) ≥

1

2− 1

4> 0

Portanto,

Ew(T1)

[1

2− C1(|µ′(T1)|+ |µ′(T1)|2)

]≥ 0

Esta expressão e a igualdade (4.149) acarreta

1

2Ew(T1)− C0Eu(0) ≤ 0

105

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o que implicaEw(T1) ≤ 2C0Eu(0) < 4C0Eu(0)

Por continuidade esta última desigualdade nos diz que

Ew(t) < 4C0Eu(0) ≤ C3Ew(0), T1 ≤ t < Tmax

ou existe T2 com T1 < T2 < Tmax tal que

Ew(t) < 4C0Eu(0) ≤ C3Ew(0), T1 ≤ t < T2 (4.151)

eEw(T2) = 4C0Eu(0) (4.152)

Se acontece a primeira situação então a Proposição 4.5 está provada. Suponha queacontece a segunda situação. De (4.136) com T2 no lugar de zero tem-se:

Ew(t) +

∫ t

T2

Ew(ξ)

[1

2−(|µ′(ξ)|+ |µ′(ξ)|2

)]+

1

2Ew(ξ)− C0Ew(T2)

dξ ≤

≤ C2Ew(T2), t > T2

(4.153)

Por continuidade, de (4.151), resulta

Ew(T2) ≤ C3Ew(0). (4.154)

Terceira Etapa. Com (4.152)- (4.154), aplica-se a Primeira Etapa. De fato

|µ′(T2)| ≤∣∣∣∂M∂t

(T2, ‖u(T2)‖2)∣∣∣+ 2

∣∣∣∂M∂λ

(T2, ‖u(T2)‖2)((u(T2), u′(T2)))

∣∣∣ ≤≤ Q(‖u(T2)‖2) + 2R(‖u(T2)‖2)‖u(T2)‖‖u′(T2)‖ ≤

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m120

E12w(T2)

m120

,

portanto,|µ′(T2)| ≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0)

Também,

|µ′(T2)|2 ≤ 2N20 (ρ) + 8P 2

0 (ρ)ρ2

m20

C3Ew(0)

As duas últimas desigualdades e a restrição (4.144) implicam

C1(|µ′(T2)|+ |µ′(T2)|2) ≤

≤ C1

[N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0) + 2N2

0 (ρ) + 8P 20 (ρ)

ρ2

m20

C3Ew(0)

]≤ 1

4

106

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assim1

2− C1(|µ′(T2)|+ |µ′(T2)|2) ≥

1

2− 1

4> 0.

Logo,

Ew(T2)

[1

2− C1(|µ′(T2)|+ |µ′(T2)|2)

]≥ 0

Por outro lado, de (4.152) segue-se

1

2Ew(T2)− C0Eu(T2) ≥ 2C0Eu(0)− C0Eu(0) = C0Eu(0) > 0

Assim,

Ew(T2)

[1

2− C1(|µ′(T2)|+ |µ′(T2)|2)

]+

1

2Ew(T2)− C0Eu(T2) > 0

que é semehante a (4.148). Portanto, pode-se aplicar a Primeira Etapa em t = T2.

Continua-se o processo se necessário, mostrando em cada etapa que

Ew(t) ≤ C3Ew(0).

SEGUNDO CASO.

Por hipótese4C0Eu(0) > Ew(0)

Quarta Etapa. Por (4.141) segue então

Ew(0) < 4C0C(Ω, d1)Ew(0)

Por continuidade resulta

Ew(t) < 4C0C(Ω, d1)Ew(0), ∀0 ≤ t < Tmax

ou existe 0 < T1 < Tmax tal que

Ew(t) < 4C0Eu(0) ≤ 4C0C(Ω, d1)Ew(0) < C3Ew(0), 0 ≤ t < T1 (4.155)

eEw(T1) = 4C0Eu(0). (4.156)

Portanto,Ew(T1) ≤ 4C0C(Ω, d1)Ew(0) ≤ C3Ew(0) (4.157)

Na primeira situação, obtém-se a desigualdade (4.145).

107

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Suponha que aconteça a segunda situação. Escreve-se (4.136) com T1 no lugar de zeroe usa-se (4.156), então

Ew(t) +

∫ t

T1

Ew(ξ)

[1

2−(|µ′(ξ)|+ |µ′(ξ)|2

)]+

1

2Ew(ξ)− C0Eu(T1)

dξ ≤

≤ C2Ew(T1), t > T1

(4.158)

eC2Ew(T1) = 4C2C0Eu(0) ≤ 4C2C0C(Ω, d1)Ew(0) ≤ C3Ew(0) (4.159)

Note que o integrando da penúltima desigualdade calculada em ξ = T1 é positivo. Defato, de (4.157) tem-se

|µ′(T1)| ≤∣∣∣∂M∂t

(T1, ‖u(T1)‖2)∣∣∣+ 2

∣∣∣∂M∂λ

(T1, ‖u(T1)‖2)((u(T1), u′(T1)))

∣∣∣ ≤≤ Q(‖u(T1)‖2) + 2R(‖u(T1)‖2)‖u(T1)‖‖u′(T1)‖ ≤

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m120

E12w(T1)

m120

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m0

C123 Ew(0),

isto é,|µ′(T1)| ≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0)

isto implica

|µ′(T1)|2 ≤ 2N20 (ρ) + 8P 2

0 (ρ)ρ2

m20

C3Ew(0)

As duas últimas desigualdades e a restrição (4.144) acarretam

C1(|µ′(T1)|+ |µ′(T1)|2) ≤

≤ C1

[N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0) + 2N2

0 (ρ) + 8P 20 (ρ)

ρ2

m20

C3Ew(0)

]≤ 1

4

Logo1

2− C1(|µ′(T1)|+ |µ′(T1)|2) ≥

1

2− 1

4> 0.

PortantoEw(T1)

[1

2− C1(|µ′(T1)|+ |µ′(T1)|2)

]≥ 0

Por outro lado, de (4.156) e observando que Eu(t) ≤ Eu(0), resulta

1

2Ew(T1)− C0Eu(T1) ≥ 2C0Eu(0)− C0Eu(0) = C0Eu(0) > 0

108

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As duas últimas expressões implicam

Ew(T1)

[1

2− C1(|µ′(T1)|+ |µ′(T1)|2)

]+

1

2Ew(T1)− C0Eu(T1) > 0

Quinta Etapa. Por continuidade a última desigualdade implica que

Ew(t)

[1

2− C1(|µ′(t)|+ |µ′(t)|2)

]+

1

2Ew(t)− C0Eu(T1) > 0, ∀T1 ≤ t < Tmax

ou existe T2 com T1 < T2 < Tmax tal que

Ew(t)

[1

2− C1(|µ′(t)|+ |µ′(t)|2)

]+

1

2Ew(t)− Eu(T1) > 0, ∀T1 ≤ t < T2 (4.160)

eEw(T2)

[1

2− C1(|µ′(T2)|+ |µ′(T2)|2)

]+

1

2Ew(T2)− Eu(T1) = 0 (4.161)

Se acontece a primeira situação, então a desigualdade (4.145) está provada. Suponha queaconteça a segunda situação. Combinando (4.158), (4.159), (4.160) e (4.157) tem-se

Ew(T2) ≤ C2Ew(T1) ≤ C3Ew(0)

Tem-se, desta última desigualdade

|µ′(T2)| ≤∣∣∣∂M∂t

(T2, ‖u(T2)‖2)∣∣∣+ 2

∣∣∣∂M∂λ

(T2, ‖u(T2)‖2)((u(T2), u′(T2)))

∣∣∣ ≤≤ Q(‖u(T2)‖2) + 2R(‖u(T2)‖2)‖u(T2)‖‖u′(T2)‖ ≤

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m120

E12w(T2)

m120

≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)ρ

m0

C123 Ew(0),

isto é,|µ′(T2)| ≤ N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0)

Isto implica

|µ′(T2)|2 ≤ 2N20 (ρ) + 8P 2

0 (ρ)ρ2

m20

C3Ew(0)

As duas últimas desigualdades acarretam

C1(|µ′(T2)|+ |µ′(T2)|2) ≤

≤ C1

[N0(ρ) + 2P0(ρ)

ρ

m0

C123 E

12w(0) + 2N2

0 (ρ) + 8P 20 (ρ)

ρ2

m20

C3Ew(0)

]≤ 1

4

109

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Portanto1

2− C1(|µ′(T2)|+ |µ′(T2)|2) ≥

1

2− 1

4> 0.

Logo

Ew(T2)

[1

2− C1(|µ′(T2)|+ |µ′(T2)|2)

]≥ 0

Esta desigualdade e (4.145) implicam

1

2Ew(T2)− C0Eu(T1) ≤ 0

Portanto,

Ew(T2) ≤ 2C0Eu(T1) ≤ 2C0Eu(0) < 4C0Eu(0) ≤ 4C0C(Ω, d1)Ew(0) (4.162)

Sexta Etapa. Com a desigualdade (4.162) volta-se a implicar a Quinta Etapa. Defato, por continuidade resulta que

Ew(t) < 4C0Eu(0) ≤ 4C0C(Ω, d1)Ew(0) < C3Ew(0), ∀T2 ≤ t < Tmax

ou existe T3 com T2 < T3 < Tmax verificando

Ew(t) < 4C0Eu(0) < C3Ew(0), T2 ≤ t < T3

eEw(T3) = 4C0Eu(0)

Esta igualdade implica

Ew(T3) ≤ 4C0C(Ω, d)Ew(0) ≤ C3Ew(0)

A seguir procede-se como na Quinta Etapa. O procedimento prosegue se necessário.Observe que em todas as etapas sempre se tem

Ew(t) ≤ C3Ew(0)

A seguir mostra-se que com o procedimento introduzido no Primeiro Caso ou com odo Segundo Caso pode-se chegar a qualquer t com 0 < t < Tmax, valendo

Ew(t) ≤ C3Ew(0)

De fato, suponha que exista t com 0 < t < Tmax tal que

Ew(t) > C3Ew(0).

110

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Então existe T ∗ com 0 < T ∗ < Tmax tal que

Ew(T ∗) = C3Ew(0) (4.163)

eEw(t) > C3Ew(0), T ∗ < t ≤ T ∗1 , T

∗1 < Tmax (4.164)

Tem-se por (4.136) (trocando 0 por T ∗)

Ew(t) +

∫ t

T ∗

Ew(ξ)

[1

2−(|µ′(ξ)|+ |µ′(ξ)|2

)]+

1

2Ew(ξ)− C0Eu(T

∗)

dξ ≤

≤ C2Ew(T ∗), t ≥ T ∗(4.165)

Acontece que4C0Eu(0) ≤ Ew(T ∗) (4.166)

ou4C0Eu(0) > Ew(T ∗) (4.167)

Suponha que aconteça (4.166). Então de (4.163) e aplicando raciocínio análogo aofeito na Segunda Etapa do Primeiro Caso, obtém-se

1

2− C1(|µ′(T ∗)|+ |µ′(T ∗)|2) > 0.

portanto

Ew(T ∗)

[1

2− C1(|µ′(T ∗)|+ |µ′(T ∗)|2)

]≥ 0

Também de (4.166) resulta

1

2Ew(T ∗)− C0Eu(T

∗) ≥ 2C0Eu(0)− C0Eu(0) = C0Eu(0) > 0

Usando as duas últimas desigualdades em (4.165), obtém-se

Ew(t) ≤ C3Ew(0), T ∗ ≤ t ≤ T ∗2 , T ∗ < T ∗2 < Tmax

o qual está em contradição com (4.164).

Suponha que acontece (4.167). Então por continuidade existe T ∗3 com T ∗ < T ∗3 <

Tmax, T∗3 ≤ T ∗1 , tal que

Ew(t) < 4C0Eu(0), T∗ ≤ t ≤ T ∗3

Tem-se

Ew(T ∗3 ) < 4C0Eu(0) ≤ 4C0C(Ω, d1)Ew(0) ≤ 4C2C0C(Ω, d1)Ew(0) ≤ C3Ew(0)

111

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isto é,Ew(T ∗3 ) < C3Ew(0)

o que contraria (4.164). Assim a afirmação está mostrada. Isto conclui a demonstraçãoda Proposição 4.5.

Demonstração: (do Teorema 4.4.)Suponha que Tmax seja finito. Considere uma sucessão de números reais (tη) com

0 < tη < Tmax tal quetη → Tmax

Da identidade (I1) tem-se

|u′(tη)|2 + M(tη, ‖u(tη‖2)) ≤ |u1|2 + M(0, ‖u0‖2), ∀η (4.168)

e da Proposição 4.5 e do Teorema 4.3, tem-se

|µ(tη)4u(tη)|2 + µ(tη)‖u′(tη)‖2 ≤ C[|µ(0)4u0|2 + µ(0)‖u1‖2

], ∀η (4.169)

De (4.168) obtém-seu(tη) ϕ em V (4.170)

e de (4.169),

∆u(tη) χ em L2(Ω) (4.171)

u′(tη) ψ em V (4.172)

Por ser (u′(tη)) limitado em V resulta que (h(u′(tη))) é limitado em V, o que implica, pelasegunda equação de (P1)′ do Teorema 4.3, que

(∂u(tη)

∂ν

)é limitado em H

12 (Γ1). Destas

duas limitações resultah(u′(tη)) α em H

12 (Γ1) (4.173)

∂u(tη)

∂ν β em H

12 (Γ1) (4.174)

As convergências (4.170), (4.171) e notando que ∆ é um operador fechado em L2(Ω),

implicam∆u(tη) ∆ϕ em L2(Ω) (4.175)

Esta convergência e (4.170) proporcionam

∂u(tη)

∂ν

∂ϕ

∂νem H− 1

2 (Γ1)

112

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Comparando esta convergência com (4.174), obtém-se

∂u(tη)

∂ν

∂ϕ

∂νem H

12 (Γ1) (4.176)

As convergências (4.170), (4.175) e (4.176) implicam que ϕ ∈ V ∩H2(Ω) e

u(tη) ϕ em V ∩H2(Ω)

Por ser (u′(tη)) limitado em H12 (Γ1) e a imersão de H

12 (Γ1) em L2(Γ1) ser compacta,

resulta que existe uma subsucessão de (u′(tη)), ainda denotada por u′(tη) tal que

u′(tη) → ψ em L2(Γ1)

Da desigualdade∫Γ1

[h(u′(tη))− h(ψ)]2dΓ ≤ d21

∫Γ1

[u′(tη)− ψ]2dΓ

tem-se entãoh(u′(tη)) → h(ψ) em L2(Γ1)

Esta convergência e (4.173) implicam

h(u′(tη)) h(ψ) em H12 (Γ1) (4.177)

Tomando o limite na equação

∂u(tη)

∂ν+ h(u′(tη)) = 0

tem-se das convergências (4.176) e (4.177) que

∂ϕ

∂ν+ h(ψ) = 0 em H

12 (Γ1)

com ϕ ∈ V ∩H2(Ω) e ψ ∈ V.A seguir determina-se uma solução v do problema∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

v′′(t)−M(t, ‖v(t)‖2)∆v(t) = 0, 0 < t ≤ T0

v = 0 sobre Γ0 × (0, T0)

∂v

∂ν+ h(v′) = 0 sobre Γ1 × (0, T0)

v(0) = ϕ, v′(0) = ψ

113

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Esta solução local v existe (ver Teorema 4.2).A função

z(t) =

∣∣∣∣∣∣ u(t), 0 ≤ t < Tmax

v(t− Tmax), Tmax ≤ t ≤ T0 + Tmax

é solução do Problema (?) em [0, Tmax + T0] o que contraria a definição de Tmax. Assim,Tmax = ∞, o que conclui a demonstração do teorema.

4.6 Decaimento de Soluções

Nesta seção vamos supor que

M1(t, λ, ξ) = M2(t, λ, ξ) = M(t, λ+ ξ).

Pela forma particular de M1 e M2, o caso do sistema (S1) ficará reduzido a umaequação vetorial com duas componentes. Neste caso, será suficiente o estudo do problemaescalar. Para analisar o comportamento assintótico da solução u, v do sistema (S1).

Introduzimos algumas hipóteses para enunciar este problema escalar.Suponha que exista x0 ∈ Rn tal que as partes fechadas, disjuntas e regulares, Γ0 e Γ1,

da fronteira Γ de Ω tenham a forma:

(H1) Γ0 = x ∈ Γ;m(x).ν(x) ≤ 0, Γ1 = x ∈ Γ;m(x).ν(x) > 0,onde m(x) = x− x0, x ∈ Rn.

Sejam dadas as funções

(H2) M ∈ C1([0,∞[2), M(t, σ) ≥ m0 > 0, ∀t ≥ 0, σ ≥ 0 (m0 constante).

O problema escalar em questão é o seguinte:

(PG)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −M(t, ‖u‖2)4u = 0 em Ω× (0,∞)

u = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

∂u

∂ν+ (m.ν)h(u′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω.

A seguir define-se o conceito de solução global de (PG).

Sejam u0 ∈ V ∩H2(Ω) e u1 ∈ V verificando

114

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(H3)∂u0

∂ν+ (m.ν)h(u1) = 0 sobre Γ1.

Diz-se que u é uma solução global de (PG), se satisfeitas as hipóteses (H1)-(H3), afunção u pertence à classe

u ∈ L∞loc(0,∞;V ∩H2(Ω))

u′ ∈ L∞loc(0,∞;V )

u′′ ∈ L∞loc(0,∞;L2(Ω))

e verifica

u′′ −M(t, ‖u‖2)4u = 0 em L∞loc(0,∞;L2(Ω)) (4.178)∂u

∂ν+ (m.ν)h(u′) = 0 em L∞loc(0,∞;H

12 (Γ1)) (4.179)

u(0) = u0, u′(0) = u1.

Com as hipóteses suplementares:

• ∂M∂t

(t, σ) ≤ 0, ∀t ∈ [0,∞),

• Existem constantes a > 0 e b > 0 tais que∣∣∣∂M∂λ

(t, λ)∣∣∣ ≤ b, ∀λ ∈ [0, a] e t ≥ 0,

• ‖u0‖V ∩H2(Ω), ‖u1‖ pequeno e h(s) = s,

M.Milla Miranda e L.P. San Gil Jutuca [38] mostraram a existência de uma solução globalde (PG). Também nas condições:

• M(t, σ) = 1 +m1σ, m1 > 0;

• 0 < d0 ≤ h′(s) ≤ d1 <∞

• ‖u0‖V ∩H2(Ω), ‖u1‖ pequenos,

I. Lasiecka e J.Ong [20] mostraram a existência de uma solução global u de (PG).

Introduzimos algumas hipóteses e notações para enunciar o teorema de decaimentode soluções. Suponha que

(H4)∂M

∂σ(t, σ) ≥ 0, ∀t ∈ [0,∞);σ ≥ 0,

(H5) ∣∣∣∣∣∣h ∈ C0(R)

0 < d0s2 ≤ h(s)s ≤ d1s

2, ∀s ∈ R (d0, d1 constantes)

115

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Seja

M(t, σ) =

∫ σ

0

M(t, σ)dσ.

Considere a energiaE(t) = |u′(t)|2 + M(t, ‖u(t)‖2, t ≥ 0.

Sendo Γ1 compacto e regular existe τ0 > 0 tal que m(x).ν(x) ≥ τ0, ∀x ∈ Γ1.

Usa-se as notações:

• m(x).ν(x) ≤ τ1, ∀x ∈ Γ1,

• R = maxx∈Ω

‖m(x)‖,

• |v|2 ≤ k0‖v‖2, ∀v ∈ V,

• ‖v‖2L2(Γ1) ≤ k1‖v‖2, ∀v ∈ V

e

• µ(t) = M(t, ‖u(t)‖2), t ≥ 0.

Tem-se o seguinte resultado:

Teorema 4.5 Suponha que são satisfeitas as hipóteses (H1)-(H5). Seja u uma soluçãoglobal de (PG). Então, existe η > 0 tal que

E(t) ≤ 3E(0)e−η3t,∀ t ≥ 0,

onde η = min 12k, 2

k∗, sendo

k =R2

m0

+ 1 +(n− 1)2

2m0

+1

2k0 e k∗ =

R2τ1τ0

+1

m0d0

+ (n− 1)2k1τ1d1.

Demonstração: Introduzimos o funcional

ρ(t) = 2(u′(t),m.∇u(t)) + (n− 1)(u′(t), u(t)), t ≥ 0

e consideramos a energia pertubada

Eε(t) = E(t) + ερ(t), (ε > 0). (4.180)

Note que

M(t, ‖u(t)‖2) =

∫ ‖u(t)‖2

0

M(t, σ)dσ ≥ m0‖u(t)‖2.

116

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Tem-se:

|ρ(t)| ≤ 2R|u′(t)|‖u(t)‖+ (n− 1)|u′(t)||u(t)| ≤

≤ R2

m0

|u′(t)|2 +m0‖u(t)‖2 +(n− 1)2

2m0

|u′(t)|2 +1

2k0m0‖u(t)‖2 ≤

≤ R2

m0

|u′(t)|2 + M(t, ‖u(t)‖2) +(n− 1)2

2m0

|u′(t)|2 +1

2k0M(t, ‖u(t)‖2),

isto é,|ρ(t)| ≤ kE(t), ∀t ≥ 0,

ondek =

R2

m0

+ 1 +(n− 1)2

2m0

+1

2k0. (4.181)

Logo,|Eε(t)− E(t)| ≤ εkE(t).

Seja ε0 > 0 tal queε0k =

1

2. (4.182)

Então,1

2E(t) ≤ Eε(t) ≤

3

2E(t), ∀t ≥ 0, 0 < ε ≤ ε0. (4.183)

Tomando o produto escalar em L2(Ω) a ambos os membros da equação (4.178) com2u′(t) resulta

(u′′(t), 2u′(t)) +M(t, ‖u(t)‖2)((u(t), 2u′(t)))+

+2M(t, ‖u(t)‖2)

∫Γ1

(m.ν)h(u′(t))u′(t)dΓ = 0

ou

d

dt|u′(t)|2 +

d

dtM(t, ‖u(t)‖2) + 2M(t, ‖u(t)‖2)

∫Γ1

(m.ν)h(u′(t))u′(t)dΓ = 0,

isto é,d

dtE(t) + 2M(t, ‖u(t)‖2)

∫Γ1

(m.ν)h(u′(t))u′(t)dΓ = 0 (4.184)

Vamos calcular a derivada de ρ′(t). Para facilar a escrita deixamos de escrever avariável t. Tem-se:

ρ′ = 2(u′′,m.∇u) + 2(u′,m.∇u′) + (n− 1)(u′′, u) + (n− 1)|u′|2. (4.185)

(i) Cálculo de 2(u′′,m.∇u)

117

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Pelo Teorema de Rellich, ver V. Komornik e E. Zuazua [18] e M.Milla Miranda e L.P.San Gil Jutuca [38], resulta que

2(u′′,m.∇u) = 2(µ4u,m.∇u) = 2µ(4u,m.∇u) =

= (n− 2)µ‖u‖2 − µ

∫Γ

(m.ν)|∇u|2dΓ + 2µ

∫Γ

∂u

∂νm.∇udΓ,

isto é,2(u′′,m.∇u) = (n− 2)µ‖u‖2 + µI1 + µI2, (4.186)

ondeI1 = −

∫Γ

(m.ν)|∇u|2dΓ e I2 = 2

∫Γ

∂u

∂νm.∇udΓ.

Note que sobre Γ0, verifica-se |∇u|2 =(

∂u∂ν

)2 e m.∇u = m.ν ∂u∂ν, ver M.Milla Miranda

e L.A, Medeiros [35]. Tem-se:

I1 = −∫

Γ0

(m.ν)|∇u|2dΓ−∫

Γ1

(m.v)|∇u|2dΓ =

= −∫

Γ0

(m.ν)

(∂u

∂ν

)2

dΓ−∫

Γ1

(m.v)|∇u|2dΓ.

Também temos

I2 = 2

∫Γ0

∂u

∂νm.∇udΓ + 2

∫Γ1

∂u

∂νm.∇udΓ ≤

≤ 2

∫Γ0

(m.ν)

(∂u

∂ν

)2

dΓ + 2R

∫Γ1

∣∣∣∂u∂ν

∣∣∣|∇u|dΓ ≤≤ 2

∫Γ0

(m.ν)

(∂u

∂ν

)2

dΓ +R2

τ0

∫Γ1

(∂u

∂ν

)2

dΓ +

∫Γ1

(m.ν)|∇u|2dΓ,

isto é,

I2 ≤ 2

∫Γ0

(m.ν)

(∂u

∂ν

)2

dΓ +R2

τ0

∫Γ1

(∂u

∂ν

)2

dΓ +

∫Γ1

(m.ν)|∇u|2dΓ.

Somando I1 com I2 e notando que m.ν ≤ 0 sobre Γ0, resulta

I1 + I2 ≤R2

τ0

∫Γ1

(∂u

∂ν

)2

dΓ. (4.187)

Combinando (4.186) e (4.187) obtemos:

2(u′′,m.∇u) ≤ (n− 2)µ‖u‖2 +R2

τ0µ

∫Γ1

(∂u

∂ν

)2

dΓ. (4.188)

118

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(ii) Cálculo de 2(u′,m.∇u)Temos

2(u′,m.∇u′) = 2n∑

j=1

∫Ω

u′mj∂u′

∂xj

dx = 2n∑

j=1

mj1

2

∂u′2

∂xj

dx =

= −n|u′|2 +

∫Γ1

(m.ν)u′2dΓ,

isto é,

2(u′,m.∇u′) = −n|u′|2 +

∫Γ1

(m.ν)u′2dΓ. (4.189)

(iii) Cálculo de (n− 1)(u′′, u).

Tem-se:(u′′, u) = µ(4u, u) = −µ‖u‖2 − µ

∫Γ1

(m.ν)h(u′)udΓ,

isto é,

(n− 1)(u′′, u) = −(n− 1)µ‖u‖2 − (n− 1)µ

∫Γ1

(m.ν)h(u′)udΓ. (4.190)

Levando em consideração (4.188)-(4.190) em (4.185) e fazendo os respectivos cance-lamentos, resulta que

ρ′ ≤ −|u′|2 − µ‖u‖2 +R2

τ0µ

∫Γ1

(∂u

∂ν

)2

dΓ+

+

∫Γ1

(m.ν)u′2dΓ− (n− 1)µ

∫Γ1

(m.ν)h(u′)udΓ.

(4.191)

(iv) Cálculo deR2

τ0

∫Γ1

(∂u

∂ν

)2

dΓ.

Observe que h2(s) ≤ d1h(s)s, para todo s ∈ R. Logo,∫Γ1

(∂u

∂ν

)2

=

∫Γ1

(m.ν)2h2(u′)dΓ ≤ τ1d1

∫Γ1

(m.ν)h(u′)u′dΓ,

isto é,R2

τ0µ

∫Γ1

(∂u

∂ν

)2

dΓ ≤[R2

τ0τ1d1

∫Γ1

(m.ν)h(u′)u′dΓ. (4.192)

(v) Cálculo de∫

Γ1

(m.ν)u′2dΓ.

Note que d0s2 ≤ h(s)s, para todo s ∈ R. Portanto∫

Γ1

(m.ν)u′2dΓ ≤ 1

m0d0

µ

∫Γ1

(m.ν)h(u′)u′dΓ. (4.193)

119

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(vi) Cálculo de −(n− 1)µ

∫Γ1

(m.ν)h(u′)udΓ.

Tem-se: ∣∣∣ ∫Γ1

(m.ν)h(u′)udΓ∣∣∣ ≤ ∫

Γ1

(m.ν)|h(u′)||u|dΓ ≤

≤ 1

2α0

∫Γ1

(m.ν)2h2(u′)dΓ +α0

2

∫Γ1

u2dΓ ≤

≤ 1

2α0

τ1d1

∫Γ1

(m.ν)h(u′)u′dΓ +α0

2k1‖u‖2,

onde α0 > 0. Assim,

−(n− 1)µ

∫Γ1

(m.ν)h(u′)udΓ ≤ (n− 1)

2α0

τ1d1µ

∫Γ1

(m.ν)h(u′)u′dΓ+

+

[(n− 1)

2α0k1

]µ‖u‖2.

(4.194)

Obtém-se de (4.191)-(4.194):

ρ′ ≤ −|u′|2 −[1− (n− 1)α0k1

2

]µ‖u‖2+

+

[R2τ1d1

τ0+

1

m0d0

+(n− 1)τ1d1

2α0

∫Γ1

(m.ν)h(u′)u′dΓ.

Escolhendo α0 > 0 tal que

1− (n− 1)α0k1

2=

1

2,

isto é,α0 =

1

(n− 1)k1

=1

2, n > 1.

Entãoρ′ ≤ −1

2|u′|2 − 1

2µ‖u‖2 + k∗µ

∫Γ1

(m.ν)h(u′)u′dΓ, (4.195)

onde

k∗ =R2τ1d1

τ0+

1

m0d0

+(n− 1)2k1τ1d1

2. (4.196)

Note que

M(t, ‖u(t)‖2) =

∫ ‖u(t)‖2

0

M(t, τ)dτ = M(t, τ ∗)‖u(t)‖2,

onde τ ∗ ∈ [0, ‖u(t)‖2]. Como M(t, σ) é crescente na variável σ resulta

M(t, ‖u(t)‖2) ≤M(t, ‖u(t)‖2)‖u(t)‖2 = µ‖u(t)‖2.

120

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Assim,

ρ′(t) ≤ −1

2E(t) + k∗µ(t)

∫Γ1

(m.ν)h(u′)u′dΓ. (4.197)

Escolha ε1 > 0 tal que

ε1k∗ = 2 (4.198)

Combinando (4.184) com (4.197) resulta

E ′ε(t) ≤ −ε

2E(t), ∀ 0 < ε ≤ ε1. (4.199)

Seja η = minε0, ε1, ε0 definido em (4.182) e ε1 em (4.199). Então de (4.183) e(4.199), obtemos

1

2E(t) ≤ Eη(t) ≤

3

2E(t), ∀t ≥ 0

E ′η(t) ≤ −η

2E(t), ∀t ≥ 0.

Portanto,E ′

η(t) ≤ −η3Eη(t), ∀t ≥ 0,

o que implicaE ′

η(t) ≤ Eη(0)e− η

3t, ∀t ≥ 0.

Assim,E(t) ≤ 3E(0)e−

η3t, ∀t ≥ 0.

A seguir descreveremos o sistema que desejamos analizar. O problema a estudar é oseguinte:

(S)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

u′′ −M(t, ‖u(t)‖2 + ‖v(t)‖2)4u = 0 em Ω× (0,∞)

v′′ −M(t, ‖u(t)‖2 + ‖v(t)‖2)4v = 0 em Ω× (0,∞)

u = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

v = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

∂u

∂ν+ h(., u′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

∂v

∂ν+ h(., v′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

u(0) = u0, u′(0) = u1 em Ω

v(0) = v0, v′(0) = v1 em Ω.

121

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A energia associada a (S) é o funcional

E(t) = |u′(t)|2 + |v′(t)|2 + M(t, ‖u(t)‖2 + ‖v(t)‖2), t ≥ 0,

ondeM(t, σ) =

∫ σ

0

M(t, σ)dσ.

Introduzimos as seguintes notações:

• H

(s

r

)=

(h(s)

h(r)

),

(H

(s

r

),

(s

r

))= h(r)r + h(s)s, ∀r, s ∈ R;

• w =

(u

v

), w′ =

(u′

v′

), ‖w‖2 = ‖u‖2 + ‖v‖2, |w′|2 = |u′|2 + |v′|2;

• H(w′) = H

(u′

v′

)=

(h(u′)

h(v′)

);

• u0 =

(u0

v0

), u1 =

(u1

v1

), 0 =

(0

0

).

Com estas notações o sistema (S) adota a seguinte forma:

(SV )

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

w′′ −M(t, ‖w‖2)4w = 0 em Ω× (0,∞)

w = 0 sobre Γ0 × (0,∞)

∂w

∂ν+ (m.ν)H(w′) = 0 sobre Γ1 × (0,∞)

w(0) = w0, w′(0) = w1 em Ω.

A energia associada a (SV ) é o funcional

E(t) = |w′(t)|2 + M(t, ‖w(t)‖2), t ≥ 0.

Sejam u0 ∈ (V ∩H2(Ω))2 e u1 ∈ V 2 verificando

(H6)∂u0

∂ν+ (m.ν)H(u1) = 0 sobre Γ1.

Diz-se que uma função vetorial w =

(u

v

)é uma solução global de (SV ) se w

pertence à classew ∈ (L∞loc(0,∞;V ∩H2(Ω)))2

w′ ∈ (L∞loc(0,∞;V ))2

w′′ ∈ (L∞loc(0,∞;L2(Ω)))2

122

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e verifica

w′′ −M(t, ‖w‖2)4w = 0 em (L∞loc(0,∞;L2(Ω)))2

∂w

∂ν+ (m.ν)H(w′) = 0 em (L2

loc(0,∞;H12 (Γ1)))

2

w(0) = w0, w′(0) = w1.

A hipótese (H5) na sua versão vetorial tem a forma

(H7)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣H ∈ (C0(R))2,

0 < d0

∥∥∥∥∥(r

s

)∥∥∥∥∥2

(H

(r

s

),

(r

s

))≤ d1

∥∥∥∥∥(r

s

)∥∥∥∥∥2

, ∀

(r

s

)∈ R2.

Teorema 4.6 Suponha satisfeitas as hipóteses (H1), (H2), (H4), (H6) e (H7). Seja w

uma solução global de (SV ). Então existe η > 0 tal que

E(t) ≤ 3E(0)e−η3t, ∀t ≥ 0,

onde η está definido no Teorema 4.5.Demonstração: Tomando o produto escalar a ambosos membros de (SV ) com 2w′

resulta

(w′′(t), 2w′(t)) +M(t, ‖w(t)‖2)(4w(t), 2w′(t)) = 0

oud

dt|w′(t)|2 +M(t, ‖w(t)‖2)

d

dt‖w(t)‖2+

+2M(t, ‖w(t)‖2)

∫Γ1

(m.ν)(H(w′(t)),w′(t))dΓ, ∀t ≥ 0,

isto é,d

dtE(t) + 2M(t, ‖w(t)‖2)

∫Γ1

(m.ν)(H(w′(t)),w′(t))dΓ, ∀t ≥ 0,

Considera-se o funcional vetorial

ρ(t) = 2(u′(t),m.∇u(t)) + (n− 1)(u′(t), u(t)) + 2(v′(t),m.∇v(t)) + (n− 1)(v′(t), v(t)),

e a energia pertubadaEε(t) = E(t) + ερ(t), ε > 0.

A seguir prosegue-se como Teorema 4.5 e obtém-se o resultado.

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