apostila de soldagem aldo

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1 Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR INTRODUÇÃO Esta apostila tem por objetivo proporcionar ao leitor uma visão abrangente dos processos de soldagem, especialmente aqueles mais utilizados numa refinaria de petróleo. Os diversos conteúdos foram divididos em capítulos, com fundamentos teóricos, ilustrações, visando facilitar a compreensão dos temas tratados. A tecnologia da soldagem a ser apresentada terá como foco a fabricação e a manutenção. Assim inicia-se com o registro dos conceitos básicos de soldagem, sua classificação e os principais aspectos relacionados à segurança, para que o aluno possa perceber a abrangência e as diversas possibilidades do processo de fabricação e manutenção por soldagem. No tocante ao processo de soldagem a gás, tem sua história iniciada com o desenvolvimento da chama oxihídrica em torno de 1850, seguida pelos estudos da oxi-acetilênica em 1895. Entretanto, o uso econômico da combustão como fonte de calor para solda de metais, somente foi a partir 1893, quando se iniciou na Alemanha a fabricação em larga escala do oxigênio obtido a partir do ar líquido. Apesar de esse processo ter tido enorme importância industrial no passado, hoje é pouco representativo entre as opções disponíveis para a soldagem com alta produtividade. Na tecnologia desse processo tem-se: fundamentos do processo, tipos e aplicações; equipamentos de soldagem, funcionamento e regulagem; execução e controle da qualidade na soldagem. A soldagem com eletrodos revestidos projetou a soldagem como um dos mais importantes processos de fabricação e na manutenção, como

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Apostila do Professor Aldo da UTFPR

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    INTRODUO

    Esta apostila tem por objetivo proporcionar ao leitor uma viso

    abrangente dos processos de soldagem, especialmente aqueles mais utilizados

    numa refinaria de petrleo. Os diversos contedos foram divididos em

    captulos, com fundamentos tericos, ilustraes, visando facilitar a

    compreenso dos temas tratados.

    A tecnologia da soldagem a ser apresentada ter como foco a

    fabricao e a manuteno. Assim inicia-se com o registro dos conceitos

    bsicos de soldagem, sua classificao e os principais aspectos relacionados

    segurana, para que o aluno possa perceber a abrangncia e as diversas

    possibilidades do processo de fabricao e manuteno por soldagem.

    No tocante ao processo de soldagem a gs, tem sua histria iniciada

    com o desenvolvimento da chama oxihdrica em torno de 1850, seguida pelos

    estudos da oxi-acetilnica em 1895. Entretanto, o uso econmico da

    combusto como fonte de calor para solda de metais, somente foi a partir 1893,

    quando se iniciou na Alemanha a fabricao em larga escala do oxignio obtido

    a partir do ar lquido. Apesar de esse processo ter tido enorme importncia

    industrial no passado, hoje pouco representativo entre as opes disponveis

    para a soldagem com alta produtividade. Na tecnologia desse processo tem-se:

    fundamentos do processo, tipos e aplicaes; equipamentos de soldagem,

    funcionamento e regulagem; execuo e controle da qualidade na soldagem.

    A soldagem com eletrodos revestidos projetou a soldagem como um dos

    mais importantes processos de fabricao e na manuteno, como

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    conseqncia direta da sua alta flexibilidade. Este processo de soldagem foi

    patenteado em 1910 pelo sueco Oscar Kjellberg.

    Outros processos de soldagem abordado nessa apostila so soldagem

    TIG, MIG/MAG e arame tubular, os primeiros trabalhos com este processo foi

    feito com gs ativo, em pea de ao, no inicio dos anos 30. O processo

    MIG/MAG foi inviabilizado e, somente aps a II. Guerra Mundial foi possvel

    viabiliza-lo, primeiro para soldagem de magnsio e suas ligas e em seguida

    para os outros metais, sempre com gs inerte. Algum tempo depois foi

    introduzido no lugar do argnio o gs CO2, parcial ou totalmente, na soldagem

    de ao carbono. Nas informaes desse processo so vistos: fundamentos do

    processo; equipamentos de soldagem; execuo da soldagem e aplicaes

    industriais.

    Nos processos de corte trmicos foram colocados visando

    principalmente aplicaes de preparao das peas para posterior soldagem.

    Nos ltimos captulos foi dada uma viso geral a respeito da metalurgia

    e documentao tcnica da soldagem. A metalurgia da soldagem est

    intimamente ligada qualidade da junta soldada, bem como o conceito de

    soldabilidade. Por soldabilidade entende-se a facilidade com que uma junta

    fabricada de tal maneira que preencha os requisitos de um projeto bem

    executado. J na documentao tcnica so apresentados todos os modelos

    de documentos requeridos pelo controle de qualidade da soldagem.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    NDICE

    1 - CONCEITO E SIMBOLOGIA DE SOLDA 05

    1.1 Conceito de soldagem 05

    1.2 Simbologia de soldagem 10

    2 SOLDAGEM A GS 17

    2.1 Fundamentos do processo, tipos e aplicaes da soldagem a gs 17

    2.2 Equipamentos de soldagem, funcionamento e regulagem 19

    2.3 Execuo da soldagem e controle da qualidade na soldagem a gs 20

    3 SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 27

    3.1 Fundamentos do processo 27

    3.2 Equipamentos de soldagem 28

    3.3 Tipos e funes de consumveis Eletrodos 30

    3.4 Caractersticas e aplicaes de soldagem 31

    3.5 Preparao e limpeza da junta 33

    4 SOLDAGEM TIG 34

    4.1 Fundamentos do processo 34

    4.2 Equipamentos de soldagem 35

    4.3 Tipos e funes de consumveis Metais de adio e Gazes 36

    4.4 Caractersticas e aplicaes de soldagem 37

    4.5 Preparao e limpeza da junta 39

    5 SOLDAGEM MIG/MAG 41

    5.1 Fundamentos do processo de soldagem MIG/MAG 41

    5.2 Equipamentos de soldagem MIG/MAG 45

    5.3 Execuo da soldagem 48

    5.4 Aplicaes industriais 50

    6 SOLDAGEM COM ARAMES TUBULARES 53

    6.1 Fundamentos do processo 53

    6.2 Equipamentos de soldagem 55

    6.3 Tcnica operatria 56

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    6.4 Aplicaes industriais 56

    7 PROCESSOS DE CORTE 58

    7.1 Oxicorte 58

    7.2 Corte com eletrodo de carvo 64

    7.3 Corte plasma 65

    8 METALURGIA DA SOLDAGEM 66

    8.1 Introduo 66

    8.2 Metalurgia fsica dos aos 66

    8.3 Fluxo de calor na soldagem 74

    8.4 Macroestrutura de soldas por fuso 78

    8.5 Caractersticas da zona fundida 79

    8.6 Caractersticas da zona termicamente afetada 84

    8.7 Pr-aquecimento 86

    8.8 Ps-aquecimento 88

    8.9 Fissurao pelo Hidrognio ou Fissurao a frio 88

    8.10 Fissurao a quente 94

    8.11 Soldabilidade dos aos carbono e de baixa e mdia liga e inoxidveis 98

    9 DOCUMENTOS TCNICOS 110

    9.1 Especificao de procedimento de soldagem 110

    9.2 Registro da qualificao de procedimento de soldagem 112

    9.3 Instrumento de execuo e inspeo de soldagem 115

    9.4 Registro da qualificao de soldadores e operadores de soldagem 117

    9.5 Relao de soldadores / operadores de soldagem qualificados 119

    9.6 Controle de desempenho de soldadores e operadores de soldagem 121

    10 GLOSSARIO 123

    11 BIBLIOGRAFIA 125

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    1- CONCEITO E SIMBOLOGIA DE SOLDA

    1.1 - Conceito de soldagem

    Os mtodos de unio de metais podem der divididos em duas categorias:

    Primeira - a unio obtida atravs de parafuso ou rebite, aumentando o peso e

    a unio no estanque (), porm mais simples de serem fabricadas.

    Figura 1.1 Tipo de unio por parafuso

    Segunda - a unio obtida atravs da soldagem, reduz o peso final e

    estanque, porm mais difcil de serem fabricadas.

    Figura 1.2 Tipo de unio por soldagem

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Denomina-se soldagem ao processo de unio entre duas partes

    metlicas, usando uma fonte de calor, com ou sem aplicao de presso. A

    solda o resultado desse processo.

    A definio de soldagem adotada pela Associao Americana de

    Soldagem (American Welding Society - AWS), cujos padres e referncias so

    muito utilizadas no Brasil, meramente operacional. "Processo de unio de

    materiais usado para obter a coalescncia (unio) localizada de metais e no-

    metais, produzida por aquecimento at uma temperatura adequada, com ou sem

    a utilizao de presso e/ou material de adio".

    Os processos de soldagem so utilizados na fabricao de: estruturas

    metlicas, avies, navios, locomotivas, veculos ferrovirios e rodovirios, pontes

    prdios, oleodutos, gasodutos, caldeiras e vasos de presso, plataformas

    martimas, reatores nucleares, utilidades domsticas, etc.

    Os processos de soldagem devem preencher os seguintes requisitos:

    - Gerar uma quantidade de calor capaz de unir dois materiais.

    - Evitar que o ar atmosfrico contamine a regio de soldagem durante a

    execuo da soldagem.

    - Proporcionar o controle metalrgico na soldagem, alcanando as

    propriedades fsicas, qumicas ou mecnicas desejadas.

    A figura 1.3 apresenta a classificao dos processos de soldagem de

    acordo com a natureza da unio, distinguindo entre soldagem no estado slido e

    por fuso.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 1.3 - Classificao dos processos de soldagem a partir da natureza da unio

    Principais aspectos a serem observados com relao segurana na

    soldagem:

    GASES - utilizados para proteo e chama na soldagem so geralmente

    estocados numa alta presso (200 bar), a qual reduzida para trabalho (em

    torno de 2 bar). A liberao sbita dos mesmos extremamente perigosa.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Algumas das caractersticas dos gases geralmente utilizados so os

    seguintes:

    Acetileno - mais leve que o ar, no toxico, mas apresenta efeito

    anestsico em alta concentrao pode matar por asfixia. Forma uma mistura

    explosiva com ar cerca de 2 a 82%.

    Oxignio - sobre alta presso e em contato com leo ou graxa torna-se

    explosivo. Portanto, os equipamentos que contm oxignio sob presso no

    podem estar em contato com leo e graxa.

    Gases Inertes e Oxidantes - Os gases inertes geralmente utilizados so

    argnio e hlio, os quais no so txicos, ou infamveis. O fato de causarem

    asfixia, a principal precauo que deve ser tomada com os mesmos. Os gases

    oxidantes, dixido de carbono (CO2), no quimicamente inerte e pode causar

    intoxicao.

    FUMOS E SUBSTNCIAS TXICAS - h uma sria preocupao em todo

    mundo, com relao aos efeitos sobre a sade e o meio ambiente provocados

    pelos fumos e gases produzidos pela soldagem. Os fumos resultantes das

    operaes de soldagem consistem de partculas ou gases. As partculas de

    fumos com dimetro mdio entre 0,2 10 m podem se depositar nos pulmes.

    Algumas partculas como de zinco e cobre, podem causar nuseas e irritao

    respiratria. Outros gases podem ser produzidos atravs da dissociao e/ou

    ionizao do ar pelo arco eltrico ou chama.

    CHOQUE ELTRICO - a circulao pelo corpo humano de correntes to baixas

    quanto 40 mA, pode causar contrao dos msculos do corao e pulmes,

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    seguido por falha do primeiro rgo e inabilidade para respirar. Todas as

    mquinas de solda precisam ser muito bem isolada e somente pessoal treinado

    deve realizar manuteno.

    RADIAO - o arco eltrico gera radiaes desde o ultravioleta, atravs da luz

    visvel, at o infravermelho. A radiao ultravioleta queima a pele e causa danos

    aos olhos. Alm da proteo do corpo o soldador somente deve olhar o arco

    atravs de uma mascara de solda com filtro. A seguir, so relacionados todos os

    equipamentos de proteo individual (EPI) utilizados na operao de soldagem:

    - usar roupa de algodo puro;

    - mscara de solda;

    - culos de proteo (brancos ou

    escuros);

    - avental de couro;

    - mangas de couro;

    - perneiras de couro;

    - luvas de couro;

    - mangotes de couro;

    - botas de segurana

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 1.4 - Mscara de solda Figura 1.5 - Tipos de luvas

    Figura 1.6 - Tipos de aventais

    Figura 1.7 - Proteo para os braos e/ou trax

    Figura 1.8 - Polaina e bota

    Para um pessoa seja um bom profissional na soldagem como soldador,

    devem possui as seguintes caractersticas:

    - Apresentar boas condies fsicas (viso perfeita, no possuir defeitos

    graves nos braos).

    - Apresentar boa habilidade manual.

    - Dispor de boa sade.

    - Ser caprichoso.

    - Saber trabalhar em grupo.

    - Ter conhecimento bsico de segurana e higiene no trabalho.

    - Saber ler e escrever e com conhecimentos bsicos de matemtica e fsica.

    - Deve possuir um treinamento bsico mnimo, o tempo deste treinamento

    depende dos processos de soldagem e da qualidade na solda a ser exigido.

    1.2 - Simbologias de soldagem

    Muitos so os termos com um significado particular quando aplicado

    soldagem. O posicionamento das peas para unio determina os vrios tipos de

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    juntas. A figura 1.9 abaixo mostra todos os tipos de juntas, como de Aresta, em

    ngulo, de Topo e Sobreposta.

    Figura 1.9 - Tipos de junta

    As aberturas ou sucos na superfcie da pea a serem unidas e que

    apresentam um espao para conter a solda recebem o nome de chanfro.

    Figura 1.10 - Tipos de chanfro

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    A posio da pea a ser soldada e do eixo da solda determinam a posio

    de soldagem, e esta pode ser: plana, horizontal, vertical ou sobre cabea.

    Figura 1.11 - Posies de Soldagem

    A simbologia de soldagem consiste de uma srie de smbolos, sinais e

    nmeros, fornecendo informaes sobre uma determinada solda. Esta

    simbologia baseia-se na norma () NBR () 5874 (Norma Brasileira Registrada).

    O elemento bsico de soldagem a linha de referncia, colocada sempre

    na posio horizontal e prximo da junta a que se refere. Nesta linha so

    colocados os smbolos bsicos da solda, suplementares e outros dados. A seta

    indica a junta na qual a solda ser feita. A figura 1.12 mostra a localizao dos

    elementos de um smbolo de soldagem.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    (a) Smbolo bsico da solda (b) Smbolos suplementares

    (c) Procedimento, processo ou

    referncia

    (d) Smbolo de acabamento

    A - ngulo do chanfro E - Garganta efetiva

    L - Comprimento da solda N - Nmero da soldas por pontos

    P - Distncia centro a centro de soldas R - Abertura de raiz

    S - Tamanho da solda

    Figura 1.12 - Localizao dos elementos de um smbolo de soldagem.

    O smbolo bsico indica o tipo de solda desejado, uma representao

    da seo transversal da solda a que se refere. Este colocado abaixo da linha

    de referncia, a solda deve ser feita do mesmo lado em que se encontra a seta.

    pea

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 1.13 - Smbolos bsicos de solda

    Os smbolos suplementares so aqueles que detalham ou explicam

    alguma caracterstica do cordo de solda, e so representados na linha de

    referncia.

    Figura 1.14 - Smbolos suplementares

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    A seguir so mostrados alguns exemplos de solda em ngulos (filete), e

    de topo com chanfro, e seus respectivos smbolos.

    Figura 1.15 - Exemplos de solda de ngulo (filete) e seus smbolos.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 1.16 - Exemplos de soldas de topo e seus smbolos.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    2 - SOLDAGEM A GS

    2.1 - Fundamentos do processo, tipos e aplicaes da soldagem a gs.

    A soldagem a gs um processo no qual a unio dos metais obtida

    pelo aquecimento destes com uma chama de um gs combustvel e o oxignio.

    O processo envolve a fuso do metal de base e do metal de adio.

    Durante a operao, a chama proveniente da mistura gs-oxignio na

    ponta do bico de solda usado para fundir o metal de base e formar a solda. O

    metal de adio adicionado separadamente. O soldador movimente o

    maarico de solda para obter uma fuso uniforme e progressiva. A figura 2.1

    mostra esquematicamente o processo de soldagem a gs.

    Figura 2.1 - Diagrama esquemtico de uma soldagem a gs

    O processo de soldagem a gs apresenta as seguintes vantagens: baixo

    custo; emprega equipamento porttil; no necessita de energia eltrica e permite

    fcil controle da operao. Por outro lado, apresenta as seguintes desvantagens:

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    exige maior habilidade do soldador; tem baixa taxa de deposio e apresenta

    risco de acidente com os cilindros de gases.

    O gs combustvel mais utilizado o acetileno por apresentar alta

    potncia de sua chama e pela alta velocidade de inflamao. Pode-se afirmar

    que a chama da mistura oxignio-acetileno supera as temperaturas atingidas na

    mistura de oxignio com outros gases.

    Nas chamas para soldagem a gs possuem duas partes conhecidas

    como dardo e penacho (figura 2.2).

    As caractersticas da chama dependem da relao entre o combustvel

    (acetileno) e o comburente (oxignio). Define-se a regulagem da chama, ou

    relao de consumo, a razo entre os volumes de comburente e do combustvel.

    acetileno Volume

    oxignio Volume chama da regulagem a

    Com o conceito de regulagem da chama pode-se definir 3 tipos de

    chama: neutra, redutora (ou carburante) e oxidante, a figura 2.2 mostra os tipos

    de chama.

    Figura 2.2 - Partes e formatos da chama: (a) neutra, (b) redutora, (c) oxidante.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    A tabela 2.1 apresenta os tipos de chamas: regulagens, formatos,

    caractersticas e aplicaes.

    Tabela 2.1 - Tipos e caractersticas das chamas

    Regulagem

    da chama

    Tipo de

    chama

    Formato

    da chama

    Caracterstica Aplicao

    1,0 a 1,1 Neutra Fig. 3.2 a Penacho longo. Dardo branco,

    brilhante e arredondado

    Soldagem dos aos. Cobre e suas ligas

    (exceto lato). Nquel e sua ligas.

    a 1,0 Redutora Fig. 3.2 b Penacho esverdeado Dardo branco,

    brilhante e arredondado

    Revestimento duro, ferro fundido, alumnio

    e chumbo.

    a 1,1 Oxidante Fig. 3.2 c Penacho azulado, mais curto.

    Dardo branco, brilhante pequeno e

    pontiagudo. Rudo forte.

    Aos galvanizados.

    Lato

    Bronze

    Este processo adequado soldagem de chapas finas, tubos de

    pequeno dimetro e tambm para a soldagem de reparo.

    2.2 - Equipamentos de soldagem, funcionamento e regulagem

    O equipamento bsico para a soldagem a gs, mostrado na figura 2.3,

    consiste basicamente de cilindros de gases, reguladores de presso,

    mangueiras e maarico de soldagem.

    Os gases utilizados na soldagem a gs podem ser distribudos pelas

    vrias sees de uma instalao industrial atravs de cilindros portteis, ou

    atravs de uma tubulao proveniente de uma instalao centralizada.

  • 20

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    O regulador de presso um dispositivo que permite diminuir a presso

    dos cilindros para a presso de trabalho, mantendo-a aproximadamente

    constante.

    As mangueiras servem para conduzir os gases dos cilindros at o

    maarico de soldagem. A mangueira de cor vermelha para o gs combustvel

    (acetileno), na cor verde ou preta para o oxignio.

    Os maaricos so dispositivos que recebem o oxignio e o acetileno

    puros e fazem a sua mistura na proporo, volume e velocidade adequados

    produo da chama desejada.

    Figura 2.3 - Equipamento bsico para a soldagem a gs.

    2.3 - Execuo da soldagem e controle da qualidade na soldagem a gs

    A soldagem a gs feita nas seguintes etapas: abertura dos cilindros de

    gases e regulagem das presses de trabalho, acendimento e regulagem da

    chama, formao da poa de fuso, deslocamento da chama e realizao do

    cordo de solda, com ou sem uso de metal de adio, interrupo da solda e

    extino da chama.

  • 21

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    O acendimento da chama feito com um gerador de fagulha, no utilizar

    isqueiro ou fsforo, aps a abertura do registro de acetileno do maarico. A

    chama assim obtida tem uma cor amarelo - brilhante e bastante fuliginosa.

    Para se evitar esta fuligem pode-se abrir ligeiramente o registro de oxignio do

    maarico antes do acendimento. Uma vez acesa, a chama deve ser regulada

    para se obter um tamanho e tipo adequado soldagem que vai ser executada,

    conforme figura 2.2 e tabela 2.1.

    Para a formao da poa de fuso, a ponta do dardo da chama

    colocado de 1,5 a 3 mm da superfcie da pea e mantida nesta posio at a

    fuso do metal de base. A chama posicionada formando um ngulo de 45 a

    60 com a pea.

    Existem basicamente duas tcnicas para execuo da soldagem a gs,

    direita ou esquerda, a figura 2.4 mostra estes mtodos de soldagem.

  • 22

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 2.4 - Mtodos de soldagem a gs, (A) esquerda, (B) direita, (C) direita

    com grande penetrao, (D) na vertical, (E) sobre cabea (esquerda e direita).

    Soldagem esquerda - a vareta desloca-se frente da chama, no sentido

    da soldagem, utilizado na espessura de chapas de at 3 mm. um processo

    lento que consome muito gs, porm produz solda de bom aspecto e de fcil

    execuo.

    Soldagem direita - a vareta desloca-se atrs da chama, muito mais

    conveniente para espessura superiores a 3 mm. um processo rpido e

    econmico.

  • 23

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Ao final da soldagem, recomenda-se fechar primeiro o acetileno e depois

    o oxignio, a fim de extinguir a chama, evitando o retrocesso da chama.

    Terminado o servio, todos os registros e vlvulas de gases devem ser

    fechadas.

    Os parmetros de soldagem a gs, em funo da espessura da chapa,

    para o ao carbono, podem ser consultados na tabela 3.2.

    Tabela 2.2 - Parmetros de soldagem a gs para o ao carbono.

  • 24

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Para uma execuo satisfatria de qualquer trabalho de grande

    utilidade saber quais so as possveis falhas, como elas se manifestam e quais

    so as causas.

    Os defeitos mais comuns na soldagem a gs so:

    Falta de fuso - geralmente ocorre na margem da solda, freqentemente ocorre

    quando utilizamos indevidamente a chama oxidante. Pode ocorrer tambm com

    a utilizao da chama apropriada, se manipulada de forma errada.

    Incluso de escria - ocorre normalmente com a chama oxidante, s vezes com

    a chama neutra. A manipulao inadequada do metal de adio tambm pode

    provocar incluses.

    Porosidade - se uniformemente espalhada, revela um tcnica de soldagem

    imperfeita.

    Trincas - o aquecimento e resfriamento lentos, permitindo a difuso do

    hidrognio.

    Furos no cordo - chama com excesso de oxignio ou velocidade de soldagem

    baixa.

    Cordo muito largo - movimento perpendicular ao cordo de solda com maarico

    muito grande.

    Perfurao - maarico muito grande ou velocidade de soldagem muito pequena.

    Medidas de segurana na soldagem a gs

    O processo de soldagem a gs perigoso, o que exige que todas as

    pessoas envolvidas prestem ateno durante a soldagem a gs e sigam as

    normas estabelecidas para trabalhos e manuseio com oxignio e acetileno.

  • 25

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    O acetileno um gs altamente explosivo, e as seguintes recomendaes

    devem ser observadas:

    - Evitar choque violentos com os cilindros, principalmente nos reguladores de

    presso.

    - No armazenar os cilindros em local prximo a uma fonte de calor.

    - Armazenar os cilindros na posio vertical e seguros por correntes.

    - O acetileno mais leve que o ar e no se acumula em locais baixos.

    - No esvaziar o cilindro completamente, evitando a entrada de ar ou a sada

    de vapor de acetona misturado com acetileno.

    - Ter cuidado com vazamentos, uma vez que a mistura do acetileno com o ar

    pode ser explosivo.

    - Verificar sempre o estado das vlvulas e reguladores de presso, para evitar

    vazamentos.

    - Evitar o contato do acetileno com tubulaes ou conexes de cobre e

    algumas de suas ligas, porque pode-se formar um composto explosivo do

    acetileno com o cobre.

    Nunca lubrifique qualquer pea que tenha contato com oxignio puro

    com alta presso, pode ocorrer uma exploso, e as seguintes recomendaes

    devem ser observadas:

    - No usar o oxignio no lugar do ar comprimido para retirar resduos de locais

    que estejam tambm sujos de leo ou graxa, pois pode haver combusto

    espontnea dos leos.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    - No usar o oxignio para limpar roupa que esteja suja de leo ou graxa, pois

    h risco de combusto espontnea da roupa.

    - No lubrificar nenhuma conexo ou parte do equipamento em contato com o

    cilindro de oxignio.

    - Evitar choques violentos nos reguladores de presso, uma vez que, devido

    elevada presso interna, o cilindro de oxignio pode ser lanado como um

    projtil.

    - Conservar o cilindro sempre com o capacete de proteo, quando no estiver

    em uso.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    3 - SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO (SMAW)

    3.1 - Fundamentos do processo

    Soldagem com eletrodo revestido (SMAW) a unio de metais pelo

    aquecimento oriundo de um arco eltrico entre um eletrodo revestido e o metal

    de base, na junta a ser soldada.

    O metal fundido do eletrodo transferido atravs do arco at a poa de

    fuso do metal de base, formando assim o metal de solda depositado.

    Uma escria, que formada do revestimento do eletrodo e das impurezas

    do metal de base, flutua para a superfcie e cobre o depsito, protegendo esse

    depsito da contaminao atmosfrica e tambm controlando a taxa de

    resfriamento. O metal de adio vem da alma de arame do eletrodo e do

    revestimento que feito de p de ferro e elementos de liga, ver figura abaixo:

  • 28

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    A soldagem com eletrodo revestido o processo de soldagem mais

    usado de todos, devido a simplicidade do equipamento, resistncia e

    qualidade das soldas, e de baixo custo. Ele tem grande flexibilidade e solda a

    maioria dos metais numa faixa grande de espessuras. A soldagem com este

    processo pode ser feita em quase todos os lugares e em condies extremas.

    O eletrodo que se funde transformado em gotas, devido a ao do arco

    eltrico, que so transferidas sob esta forma para a poa de fuso. Estas gotas

    sero finas e numerosas, no caso de soldar com correntes de alta intensidade.

    Por outro lado, formato de glbulos maiores, no caso de se soldar com corrente

    de baixa intensidade.

    O modo atravs do qual se processa a transferncia do metal em fuso

    influi decisivamente na qualidade da junta de solda. De maneira genrica, gotas

    menores promovem melhor transferncia e, portanto, melhor unio soldada. O

    modo de transferncia funo da corrente de soldagem, da composio do

    revestimento, do ponto de fuso do eletrodo, etc.

    3.2 - Equipamentos de soldagem

    O processo de soldagem com eletrodo revestido usualmente operado

    manualmente. Conforme figura abaixo, o equipamento consiste de uma fonte de

    energia, cabos de ligao, um porta eletrodo (alicate de eletrodo), uma

    braadeira (conector de terra), e o eletrodo.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    a) Fonte de energia O suprimento de energia pode ser tanto corrente alternada como corrente

    contnua com eletrodo negativo (polaridade direta), ou corrente contnuo com

    eletrodo positivo (polaridade inversa), dependendo das exigncias de servio.

    - Corrente contnua polaridade direta: a pea ligada ao polo positivo e o

    eletrodo ao negativo. O bombardeio de eltrons d-se na pea, a qual

    ser a parte mais quente.

    - Corrente contnua polaridade inversa: eletrodo positivo e a pea

    negativa. O bombardeio de eltrons d-se na alma do eletrodo, o qual

    ser a parte mais quente.

    b) Cabos de soldagem

    So usados para conectar o alicate do eletrodo e o grampo fonte de

    energia. Eles devem ser flexveis para permitir fcil manipulao, especialmente

    do alicate de eletrodo.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Eles fazem parte do circuito de soldagem e consistem de vrios fios de

    cobre enrolados juntos e protegidos por um revestimento isolante e flexvel

    (normalmente borracha sinttica).

    c) Porta eletrodo, alicate de eletrodo.

    simplesmente um alicate que permite ao soldador controlar e segurar o

    eletrodo.

    d) Grampo (conector de terra)

    um dispositivo para conectar o cabo terra pea a ser soldada.

    3.3 - Tipos e funes de consumveis Eletrodos

    O eletrodo, no processo de soldagem com eletrodo revestido, tem vrias

    funes importantes. Ele estabelece o arco fornece o metal de adio para a

    solda. O revestimento do eletrodo tambm tem funes importantes na

    soldagem. Didaticamente podemos classific-las em funes eltricas, fsicas e

    metalrgicas.

    a) Funes eltricas de isolamento e ionizao

    - Isolamento: o revestimento um mal condutor de eletricidade, assim isola

    a alma do eletrodo evitando aberturas de arco laterais. Orienta a abertura

    de arco para locais de interesse.

    - Ionizao: o revestimento contm silicatos de Na e K que ionizam a

    atmosfera do arco. A atmosfera ionizada facilita a passagem da corrente

    eltrica, dando origem a um arco estvel.

    b) Funes fsicas e mecnicas

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    - Fornece gases para formao da atmosfera protetora das gotculas do

    metal contra a ao do hidrognio e oxignio da atmosfera.

    - O revestimento funde e depois solidifica sobre o cordo de solda,

    formando uma escria de material no metlico que protege o cordo de

    solda da oxidao pela atmosfera normal, enquanto a solda est

    resfriando.

    - Proporciona o controle da taxa de resfriamento: contribui no acabamento

    do cordo.

    c) Funes metalrgicas

    - Pode-se contribuir com elementos de liga, de maneira a alterar as

    propriedades da solda.

    Os eletrodos revestidos so classificados de acordo com especificaes

    da AWS (American Welding Society). Especificaes comerciais para

    eletrodos revestidos podem ser encontradas nas especificaes AWS da

    srie AWS A5 (Ex.: AWS A5.1).

    3.4 - Caractersticas e aplicaes de soldagem

    importante para um inspetor de soldagem lembrar que o processo de

    soldagem com eletrodo revestido tem muitas variveis a considerar. Por

    exemplo, ele pode ser usado numa ampla variedade de configuraes de

    juntas encontradas na soldagem industrial, e numa ampla variedade de

    combinaes de metal de base e metal de adio. Ocasionalmente, vrios

    tipos de eletrodos so usados para uma solda especfica. Um inspetor de

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    soldagem deve ter conhecimento profundo sobre a especificao usada para

    o servio, para saber como e quais variveis afetam a qualidade da solda.

    O processo de soldagem com eletrodo revestido pode ser usado para

    soldar em todas as posies. Ele pode ser usado para soldagem da maioria dos

    aos e alguns dos metais no ferrosos, bem como para a deposio superficial

    de metal de adio para se obter determinadas propriedades ou dimenses.

    Apresenta possibilidade de soldar metal de base numa faixa de 2 mm at

    200mm, dependendo do aquecimento ou requisitos de controle de distoro e da

    tcnica utilizada.

    O controle da energia de soldagem (heat input) durante a operao um

    fator relevante em alguns materiais, tais como aos temperados e revenidos,

    aos inoxidveis e aos de baixa liga contendo molibdnio. Controle inadequado

    da energia de soldagem durante a operao de soldagem, quando requerido,

    pode facilmente causar trincas ou, perda de propriedades primrias do metal de

    base, como a perda de resistncia e corroso em aos inoxidveis. A taxa de

    deposio deste processo pequena comparada com os outros processos de

    alimentao contnua. A taxa de deposio varia de 1 a 5 kg/h e depende do

    eletrodo escolhido.

    O sucesso do processo de soldagem com eletrodo revestido depende

    muito da habilidade e da tcnica do soldador, pois toda a manipulao de

    soldagem executada pelo soldador.

    H quatro itens que o soldador deve estar habilitado a controlar.

    (1) Comprimento do arco

  • 33

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    (2) ngulo do eletrodo

    (3) Velocidade de deslocamento do eletrodo

    (4) Amperagem

    3.5 - Preparao e limpeza das juntas

    As peas a serem soldadas, devem estar isentas de leo, graxa, ferrugem, tinta,

    resduos de exame por lquido penetrante, areia e fuligem do pr-aquecimento a gs,

    numa faixa de no mnimo 20 mm de cada lado das bordas.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    4 - SOLDAGEM TIG (GTAW)

    4.1 - Fundamentos do processo.

    Soldagem TIG a unio de metais pelo aquecimento destes com um arco

    entre um eletrodo de tungstnio no consumvel e a pea.

    A proteo durante a soldagem conseguida com um gs inerte ou

    mistura de gases inertes, que tambm tem a funo de transmitir a corrente

    eltrica quando ionizados durante o processo. A soldagem pode ser feita com ou

    sem metal de adio. Quando feita com metal de adio, ele no transferido

    atravs do arco, mas fundido pelo arco. O eletrodo que conduz corrente um

    arame de tungstnio puro ou liga deste material.

    A figura abaixo mostra esquematicamente este processo.

    A rea do arco protegida da contaminao atmosfrica pelo gs

    protetor, que flui do bico da pistola. O gs remove o ar, eliminando nitrognio,

    oxignio e hidrognio de contato com o metal fundido e com eletrodo de

    tungstnio aquecido. H um pouco ou nenhum salpico e fumaa. A camada da

    solda suave e uniforme, requerendo pouco ou nenhum acabamento posterior.

    A soldagem TIG pode ser usada para executar soldas de alta qualidade

    na maioria dos metais e ligas. No h nenhuma escria e o processo pode ser

    usado em todas as posies. Este processo o mais lento dos processos

    manuais.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    4.2 - Equipamentos de Soldagem

    A soldagem TIG usualmente um processo manual mas pode ser

    mecanizado e at mesmo automatizado. O equipamento necessita ter:

    (1) Um porta eletrodo com passagem de gs e um bico para direcionar o gs

    protetor ao redor do arco e um mecanismo de garra para energizar e conter

    um eletrodo de tungstnio, denominado pistola;

    (2) Um suprimento de gs protetor;

    (3) Um fluxmetro e regulador-redutor de presso de gs;

    (4) Uma fonte de energia;

    (5) Um suprimento de gua de refrigerao, se a pistola refrigerada a gua.

    As variveis que mais afetam neste processo so as variveis eltricas

    (corrente tenso e caractersticas da fonte de energia). Elas afetam na

    quantidade, distribuio e no controle produzido pelo arco e tambm

    desempenham papel importante na estabilidade do arco e na remoo do xido

    refratrio da superfcie de alguns metais.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Os eletrodos de tungstnio usados na soldagem TIG so de vrias

    classificaes e os requisitos destes so dados na norma AWS A5.12. Temos:

    (1) Tungstnio puro (EWP)

    (2) Tungstnio com 1,0 ou 2,0% de trio (EWTh-2)

    (3) Tungstnio com 0,15 a 0,4% de Zircnio (EWZr)

    (4) Eletrodo de tungstnio com tira integral longitudinal, de tungstnio com 2%

    de trio, em todo o seu comprimento (EWTh-3)

    A adio de trio e zircnio ao tungstnio, permite a este, emitir eltrons mais

    facilmente quando aquecido. A figura abaixo ilustra o equipamento necessrio

    para o processo TIG.

    4.3 - Tipos e Funes de Consumveis: Metais de Adio e Gases

    Uma ampla variedade de metais e ligas est disponvel para utilizao como

    metais de adio no processo de soldagem TIG.

    Os metais de adio, se utilizados, normalmente so similares ao metal

    que est sendo soldado.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Os gases de proteo mais comumente usados para soldagem TIG so

    argnios, hlio ou uma mistura destes dois gases. O argnio mais vezes

    preferidas em relao ao hlio porque apresenta vrias vantagens:

    (1) Ao do arco mais suave e sem turbulncias.

    (2) Menor tenso no arco para dada corrente e comprimento do arco.

    (3) Maior ao de limpeza na soldagem de materiais como alumnio e magnsio,

    em corrente alternada.

    (4) Menor custo e maior disponibilidade.

    (5) Menor vazo de gs para uma boa proteo.

    (6) Melhor resistncia a corrente de ar transversal.

    (7) Mais fcil a iniciao do arco.

    Por outro lado, o hlio usado com gs protetor, resulta em tenso de arco

    mais alto para um dado comprimento de arco e corrente em relao a argnio,

    produzindo mais calor, e assim mais efetivo para soldagem de materiais

    espessos (especialmente metais de alta condutividade, tal como alumnio).

    Entretanto, visto que a densidade do hlio menor que a do argnio,

    usualmente necessrias maiores vazes de gs para se obter um bom arco e

    uma proteo adequada da poa de fuso.

    4.4 - Caractersticas e Aplicaes de Soldagem

    A soldagem TIG um processo bastante adequado para espessuras finas

    dado ao excelente controle da fonte de calor. A fonte de calor e o metal de

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    adio so controlados separadamente. O processo pode ser aplicado em locais

    que no necessitam de metal de adio.

    Este processo pode tambm unir paredes espessas de chapas e tubos de

    aos e de ligas metlicas. usado tanto para soldar tubos de metais ferrosos

    como de no ferrosos. Os passes de raiz de tubulaes de ao carbono e ao

    inoxidvel, especialmente aquelas de aplicaes crticas, so freqentemente

    soldadas pelo processo TIG.

    Embora a soldagem TIG tenha um alto custo inicial e baixa produtividade,

    estes so compensados pela possibilidade de se isolar muitos tipos de metais,

    de espessuras e em posies no possveis por outros processos, bem como

    pela obteno de soldas de alta qualidade e resistncia.

    A soldagem TIG prontamente possibilita soldar alumnio, magnsio, titnio,

    cobre e aos inoxidveis, como tambm metais de soldagem difcil e outros de

    soldagem relativamente fcil como os aos carbono.

    Alguns metais podem ser soldados em todas as posies, dependendo da

    corrente e da habilidade do soldador.

    A corrente usada com a soldagem TIG pode ser alternada ou contnua. Com

    a corrente contnua pode-se usar polaridade direta ou inversa. Entretanto, visto

    que a polaridade direta produz o mnimo de aquecimento no eletrodo e o

    mximo de aquecimento no metal de base, eletrodos menores podem ser

    usados, obtendo-se profundidade de penetrao ainda maior do que a obtida

    com polaridade inversa ou com corrente alternada.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Quando se deseja baixa penetrao como na soldagem de chapas finas de

    alumnio, deve-se optar pela situao que leve ao aquecimento mnimo do metal

    de base.

    A respeito das vantagens citadas, conveniente lembrar que a soldagem

    TIG, para ser bem sucedida, requer uma excepcional limpeza das juntas a

    serem soldadas e um treinamento extenso do soldador.

    Uma considerao que se deve ter em mente o ngulo do cone da ponta

    do eletrodo de tungstnio, pois a conicidade afeta a penetrao da solda.

    Se o ngulo do cone for diminudo (ponta mais aguda) a largura do cordo

    tende a reduzir-se e a penetrao aumenta. Contudo, se a ponta tornar-se

    aguda demais a densidade de corrente aumenta na ponta, e a extremidade

    desta pode atingir temperaturas superiores ao ponto de fuso do eletrodo

    quando ento ir se desprender do eletrodo e fizer parte da poa de fuso,

    constituindo aps sua solidificao numa incluso de tungstnio da solda.

    A faixa de espessura para soldagem TIG (dependendo do tipo de corrente,

    tamanho do eletrodo, dimetro do arame, metal de base, e gs escolhido) vai de

    0,1mm a 50 mm. Quando a espessura excede 5 mm, precaues devem ser

    tomadas para controlar o aumento de temperatura, na soldagem multipasse. A

    taxa de deposio, dependendo dos mesmos fatores listados para espessura,

    pode variar de 0,2 a 1,3kg/h.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    4.5 - Preparao e Limpeza das Juntas

    A preparao e limpeza das juntas para a soldagem TIG requerem todos os

    cuidados exigidos para a soldagem com eletrodo revestido e mais:

    - A limpeza do chanfro e bordas deve ser ao metal brilhante, numa faixa de

    10 mm, pelos lados interno e externo.

    - Quando da deposio da raiz da solda deve ser empregada a proteo,

    por meio de gs inerte, pelo outro lado da pea.

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    5 - SOLDAGEM MIG/MAG (GMAW)

    5.1 - Fundamentos do processo MIG/MAG

    A soldagem MIG/MAG usa o calor de um arco eltrico estabelecido entre

    um eletrodo nu alimentado de maneira continua e a pea a ser soldada. A

    proteo do arco e da regio da solda contra a contaminao atmosfera feita

    por um gs ou misturas de gases, que podem ser inerte ou ativo.

    O processo MIG (Metal Inert Gas) utiliza um gs inerte, este gs inerte

    pode ser: argnio, hlio, argnio + (1 5%) de O2.

    O processo MAG (Metal Active Gas) utiliza um gs ativo ou mistura de

    gases que perdem a caracterstica de inerte, quando parte do metal sendo

    soldado oxidado, os gases ativos utilizados so: CO2, CO2 + (5 a 10%) de O2,

    argnio + (15 a 30%) de CO2, argnio + (5 a 15%) de O2, argnio + (25 a 30%)

    de N2.

    A figura 5.1 ilustra esquematicamente o processo de soldagem MIG/MAG.

    A soldagem MIG/MAG um processo automtico ou semi-automtico

    podendo ser robotizada, em que a alimentao do arame feita

    mecanicamente, atravs de um alimentador motorizado, e o soldador o

    responsvel pelo inicio e trmino da soldagem, como tambm ao movimento da

    tocha ao longo da junta. A manuteno do arco garantida pela alimentao

    contnua do arame e o comprimento do arco mantido aproximadamente

    constante pelo prprio sistema.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 5.1 - Processo de soldagem MIG/MAG.

    A alimentao do arame, como descrito anteriormente, devida ao de

    rolos, como mostrado na figura 5.2, em que o rolo inferior tracionado e o

    superior somente sofre compresso fazendo o arame avanar.

    Alimentao convencional (1 par de rolo)

    Alimentao com dois pares de rolo

    Figura 5.2 - Sistemas de alimentao de arame

    As principais vantagens da soldagem MIG/MAG so: apresenta alta taxa

    de deposio e alto fator de trabalho do soldador (no h parada para troca de

    eletrodo); pode soldar ampla faixa de espessura e quase todos os materiais

    metlicos; possvel soldar em todas as posies; no h necessidade de

  • 43

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    remoo de escria e exige menor habilidade do soldador, quando comparada

    soldagem com eletrodos revestidos.

    As principais limitaes (desvantagens) na soldagem MIG/MAG so:

    maior velocidade de resfriamento da solda por no haver escria, o que

    aumenta a ocorrncia de trincas; a soldagem deve ser protegida da corrente de

    ar; como o bocal da tocha precisa ficar muito prximo a solda, a soldagem

    dificultada em locais de difcil acesso; grande emisso de raios ultravioleta;

    equipamento de soldagem mais caro e complexo quando comparo com eletrodo

    revestido.

    Na soldagem com eletrodos consumveis, tipo MIG/MAG, o metal fundido

    na ponta do arame tem que se transferir para a poa de fuso. O modo da

    transferncia de metal no processo de soldagem MIG/MAG, o fator mais

    importante no processo, pois afeta sua caracterstica. Podem existir quatro

    modos de transferncia: curto-circuito, globular, spray (pulverizao) e pulsado.

    O tipo de transferncia depende: do gs de proteo, dos parmetros de

    soldagem (corrente e tenso), da composio qumica e dimetro do arame.

    Transferncia por curto-circuito ocorre para baixos valores de corrente e

    tenso, utilizado para soldar em todas as posies e tambm na soldagem de

    chapas finas. Uma gota de metal se forma na ponta do arame e vai aumentando

    de dimetro, at tocar a poa de fuso. Apresentando uma grande instabilidade

    do arco, apresentando muito respingo, a figura 5.3 apresenta as formas de

    transferncias.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Transferncia globular ocorre para valores intermedirios de corrente e

    tenso de soldagem, resultando em um arco mais estvel em relao ao

    anterior. O dimetro da gota igual ou maior que o do arame, apresentando

    muito respingo utilizado somente na posio plana, no recomendada esta

    forma de transferncia para soldagem, ver figura 5.3.

    Transferncia por spray (pulverizao) ocorre para valores alto de

    corrente, as gotas de metais so extremamente pequenas e seus nmeros

    bastante elevados. Ocorre somente para determinados gases ou misturas,

    resultando em um arco muito estvel, recomendado para a soldagem na posio

    plana e para grandes espessuras, ver figura 5.3..

    Transferncia com arco pulsado do tipo spray, a mquina de solda gera

    dois nveis de corrente. No primeiro, a corrente de base (Ib) to baixa que no

    h transferncia, mas somente o incio da fuso do arame. No segundo, a

    corrente de pico (Ip) igual a corrente no modo spray, ocorrendo a transferncia

    de um nica gota. A corrente mdia obtida menor que spray, conseguindo

    soldar baixa espessura e em todas as posies com tima estabilidade de arco,

    ver figura 5.3.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Curto circuito

    Globular

    Spray (pluverizao)

    Arco pulsado

    Figura 5.3 - Formas de transferncia metlica na soldagem MIG/MAG

    5.2 - Equipamentos de soldagem MIG/MAG

    Os equipamentos de soldagem MIG/MAG consistem de: uma fonte de

    energia (maquina de solda); uma tocha de soldagem; um suprimento de gs de

    proteo e um sistema de alimentao do arame. A figura 5.4 mostra o

    equipamento bsico para o processo de soldagem MIG/MAG.

  • 46

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 5.4 - Equipamento para o processo de soldagem MIG/MAG.

    A tocha (pistola) contm um tubo de contato para transmitir a corrente de

    soldagem para o eletrodo, de um bocal que orienta o fluxo de gs protetor e de

    um gatilho de acionamento do sistema. O bico de contato um tubo base de

    cobre, cujo dimetro interno ligeiramente superior ao dimetro do arame, e

    serve de contato eltrico deslizante, a figura 5.5 mostra o detalhe de uma tocha

    para soldagem.

    Figura 5.5 - Tocha de soldagem MIG/MAG

  • 47

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    O escoamento do gs de proteo regulado pelo fluxmetro e pelo

    regulador-redutor de presso. Estes possibilitam fornecimento constante de gs

    para o bico da tocha.

    A maioria das aplicaes da soldagem MIG/MAG requer energia obtida

    atravs da corrente contnua e polaridade inversa (tocha ligada ao polo positivo).

    Nesta situao tem-se um arco mais estvel, transferncia estvel, baixo

    respingo e cordo de solda com boas caractersticas.

    Os principais consumveis utilizados na soldagem MIG/MAG so o arame

    eletrodo e o gs de proteo.

    Tabela 5.1 - Especificaes AWS de materiais de adio para soldagem

    MIG/MAG.

    Especificao Materiais

    AWS A 5.3 Arames de alumnio e suas ligas

    AWS A 5.6 Arames de cobre e suas ligas

    AWS A 5.9 Arames de ao inoxidvel

    AWS A 5.14 Arames de nquel e suas ligas

    AWS A 5.16 Arames de tit6anio e suas ligas

    AWS A 5.18 Arames de ao carbono

    AWS A 5.19 Arames de magnsio e suas ligas

    Os arames para soldagem so constitudos de metais e ligas metlicas

    que possuem composio qumica, dureza, condies superficiais e dimenses

    bem controladas. Arames de ao carbono recebem uma camada superficial de

    cobre com o objetivo de melhorar o acabamento superficial e seu contato

    eltrico com o bico da tocha. A seleo do arame a ser usado em uma dada

    soldagem escolhido em funo do metal da pea ser soldada. A tabela abaixo

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    relaciona as especificaes AWS de arames para a soldagem MIG/MAG de

    diferentes materiais.

    O tipo de gs influencia as caractersticas do arco e transferncia de

    metal, penetrao, largura e formato do cordo de solda. Os principais gases e

    misturas utilizados na soldagem MIG/MAG e sua aplicao so mostrados na

    tabela 5.2.

    Tabela 5.2 - Gases e misturas usados na soldagem MIG/MAG.

    Gs ou mistura Comp.Qumico Aplicaes

    Argnio (Ar) Inerte Quase todos os metais, exceto o ao

    Hlio (He) Inerte Al, Mg, Cu e suas ligas

    Ar + He (20-50%) Inerte Al, Mg, Cu e suas ligas (melhor)

    Ar + N2 (20-30%) Inerte Cobre

    Ar + O2 (1-2%) Lig. Oxidante Aos inoxidveis

    Ar + O2 (3-5%) Oxidante Aos carbono e alguns aos ligas

    CO2 Oxidante Aos carbono e alguns aos ligas

    Ar + CO2 (20-50%) Oxidante Vrios aos transferncia curto-circuito

    Ar + CO2 + O2 Oxidante Vrios aos

    A figura 5.6 mostra o perfil do cordo de solda obtido em funo do tipo

    de gs ou mistura. Porm, o perfil pode ser modificado pela alterao dos

    parmetros operacionais de soldagem.

    Figura 5.6 - Perfil de cordo de solda obtido em funo do tipo de gs ou mistura.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    5.3 - Execuo da soldagem

    A abertura do arco se d por toque do arame eletrodo na pea. O incio

    da soldagem feito aproximando-se a tocha da pea e acionado o gatilho, neste

    momento iniciado o fluxo de gs protetor, como tambm a alimentao do

    arame. Com a formao da solda, a tocha deslocada ao longo da junta, com

    uma velocidade uniforme, movimentos de tecimento (oscilao) do cordo

    podem ser executados.

    Ao final da soldagem, se solta o gatilho da tocha e so interrompidos a

    corrente, alimentao do arame e o fluxo de gs, extinguindo-se o arco.

    O ngulo de deslocamento da tocha altera o perfil do cordo,

    independente do gs de proteo, como j comentado (figura 5.6). Tendo-se

    como referncia o ngulo de 90, a alterao no ngulo no sentido negativo

    (empurrando a tocha) causando a reduo na penetrao, o cordo torna-se

    mais largo e plano, como mostra a figura 5.7. Passando para ngulo positivo

    (puxando a tocha), ocorre um aumento na penetrao.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 5.7 - Influncia do ngulo de deslocamento da tocha sobre a penetrao.

    As principais variveis do processo MIG/MAG so: tenso, corrente,

    velocidade de soldagem, vazo do gs e dimetro do arame.

    A tenso afeta o modo de transferncia e a geometria do cordo. Esta

    deve ser determinada de acordo com a corrente e o gs de proteo.

    A corrente influencia diretamente na penetrao, largura e reforo do

    cordo de solda e na forma de transferncia. A escolha da corrente feita em

    funo da espessura da pea a unir.

    A velocidade de soldagem influencia na energia imposta a soldagem.

    Velocidade elevada resulta em menores penetraes, reforo e largura do

    cordo.

    A vazo do gs de proteo deve ser tal que proporcione boas condies

    de proteo. Pouco ou muito gs prejudica a proteo.

    O dimetro do arame escolhido em funo da espessura da chapa, e da

    posio de soldagem.

    Na soldagem MIG/MAG podem ocorrer descontinuidades (defeitos)

    proveniente de erros na regulagem do equipamento ou por tcnica de soldagem

    no apropriada, a figura 5.8 mostra estas descontinuidades.

    5.4 - Aplicaes industriais

    O processo de soldagem MIG/MAG hoje empregado desde pequenas

    indstrias, at naquelas responsveis por grandes produes e/ou de alta

    qualidade. Esse processo solda uma ampla faixa de espessura e em todas as

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    posies. A solda MIG encontra uma ampla faixa de aplicao na soldagem dos

    no-ferrosos e aos inoxidveis e a solda MAG e utilizada na soldagem dos

    outros tipos de aos como: ao ao carbono, liga de nquel e aos ligados.

    A soldagem MIG/MAG tem sido amplamente utilizada: nas indstrias

    automobilsticas, manualmente ou com auxlio de robs; na indstria ferroviria;

    nas fbricas de caldeira e vaso de presso; na indstria metal mecnica; nas

    indstrias qumica e petroqumica de petrleo e alimento; nas indstrias de

    papel; etc.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Figura 5.8 - Descontinuidades (defeitos) mais comuns na soldagem MIG/MAG .

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    6 - SOLDAGEM COM ARAMES TUBULARES (FCAW)

    6.1 - Fundamentos do Processo

    A soldagem com arame tubular FCAW um processo que produz a

    coalescncia de metais pelo aquecimento destes com um arco eltrico,

    estabelecido entre um eletrodo metlico tubular, contnuo, consumvel e a pea

    de trabalho. A proteo do arco e do cordo de solda feita por um fluxo de

    soldagem contido dentro do eletrodo, que pode ser suplementada por um fluxo

    de gs fornecido por uma fonte externa. Alm da proteo, os fluxos podem Ter

    outras funes, semelhantes s dos revestimentos dos eletrodos, como

    desoxidar e refinar o metal de solda, adicionar elementos de liga solda,

    fornecer elementos que estabilizam o arco, etc.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Existem duas variaes bsicas do processo arame tubular, uma em que

    toda a proteo necessria dada pelo prprio fluxo contido no eletrodo,

    chamado de arame autoprotegido, e outra em que a proteo complementada

    por uma nuvem de gs, geralmente CO2.

    O processo FCAW normalmente um processo semi-automtico e muito

    semelhante ao processo GMAW, no que diz respeito a equipamentos e

    princpios de funcionamento. Por outro lado, o processo, tambm se assemelha

    soldagem com eletrodos revestidos, do ponto de vista metalrgico. Assim, a

    soldagem FCAW um processo que acumula as principais vantagens da

    soldagem GMAW, como alto fator de trabalho do soldador, alta taxa de

    deposio, alto rendimento, resultando em alta produtividade e qualidade da

    solda produzida e as vantagens da soldagem com eletrodos revestidos, como

    alta versatilidade, possibilitando de ajustes da composio qumica de cordo de

    solda e facilidade de operao em campo.

    O processo aplicvel aos aos-carbono e de baixa liga e aos aos

    inoxidveis. Recentemente tm sido desenvolvidos arames tubulares de

    pequeno dimetro, da ordem de 0,8mm, que tornaram possvel a soldagem em

    qualquer posio, com timos resultados. No que se refere s espessuras

    soldveis e tcnicas aplicveis, a situao semelhante soldagem GMAW.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    6.2 - Equipamentos de soldagem

    O equipamento bsico para soldagem FCAW semelhante ao usando na

    soldagem GMAW. Arames de menor dimetro, at 2,4 mm, normalmente so

    utilizados com uma fonte de tenso constante e um alimentador de velocidade

    constante, e arames com dimetro superior so utilizados com uma fonte do tipo

    corrente constante e alimentador com velocidade varivel, j que este sistema,

    apesar de mais complexo e de manuteno mais difcil, apresenta melhor

    resultado nestas condies. O controle do comprimento do arco semelhante

    ao da soldagem MIG/MAG.

    Uma tocha de soldagem mais simples pode ser usada na soldagem com

    arames do tipo auto protegido, j que no necessrio o uso de gs de

    proteo neste caso. A figura abaixo mostra a extremidade de tochas usadas

    com arames dos dois tipos.

    A fonte de gs de proteo, quando usada, tambm semelhante

    usada na soldagem GMAW, consistindo de um cilindro do gs ou mistura

    gasosa de proteo, reguladores de presso e/ou vazo e mangueiras.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    6.3 - Tcnica Operatria

    A soldagem FCAW utiliza as mesmas tcnicas da soldagem GMAW, com

    pequenas variaes. As variveis operacionais e seus efeitos so similares aos

    da soldagem MIG/MAG. A faixa corrente para cada dimetro de eletrodo

    semelhante faixa utilizvel com arames slidos.

    O processo FCAW pode ser otimizado para trs situaes principais: alta

    produo, alta velocidade de soldagem e soldagem fora de posio. No primeiro

    caso, normalmente se utiliza elevado stickout. A Segunda alternativa usada

    para deposio de cordes de pequena seo, particularmente solda de filete.

    No terceiro caso, possvel soldar em diferentes posies com o nico ajuste de

    parmetros.

    A soldagem com arame tubular e proteo gasosa permite superar

    algumas limitaes da soldagem MIG/MAG e do processo com arame

    autoprotegido, isto , possibilidade de escorificao de impurezas, melhor

    estabilizao do arco, adio de elementos de liga, obteno de uma proteo

    eficiente com menores vazes de gs, menor quantidade de respingos e cordo

    melhor aspecto.

    6.4 - Aplicaes Industriais

    A utilizao do processo FCAW tem aumentado muito nos ltimos anos

    nos EUA, no Japo e na Europa, devido s suas caractersticas e ao

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    desenvolvimento de novos tipos de consumveis. Tambm no Brasil, o interesse

    por este processo de soldagem tem aumentado.

    Assim, alm de ser uma alternativa mais produtiva aos eletrodos

    revestidos e soldagem MIG/MAG em muitas situaes, a soldagem com

    arames tubulares tem sido aplicada na indstria nuclear, indstria naval,

    construo de plataformas de explorao de petrleo e fabricao de

    componentes e estruturas de ao-carbono, aos baixa liga e aos inoxidveis.

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    7 - PROCESSO DE CORTE

    O corte uma operao que antecede a soldagem. Um processo de corte

    o que separa ou remove metais. Veremos a seguir trs processos de corte por

    meio de calor:

    - Oxi-corte (Oxygen cutting OC)

    - Corte com eletrodo de carvo (Air carbon arc cutting AAC)

    - Corte a plasma (Plasma arc cutting PAC)

    7.1 - OXI-CORTE

    um processo de corte onde a separao ou remoo do metal

    acompanhada pela reao qumica do oxignio com o metal a uma temperatura

    elevada. Os xidos resultantes dessa reao (Fe2 O3 FeO Fe3O4), tendo

    ponto de fuso menor que o do metal, fundem-se e escoam. Com o escoamento

    dos xidos, nova quantidade do metal oxidada e o processo continua.

    A temperatura de ignio atingida pelo pr-aquecimento com chamas

    de gs combustvel oxignio, usualmente posicionadas ao redor do fluxo de

    oxignio.

    O maarico do corte associa a ao de um jato de oxignio com uma

    chama oxi-combustvel de aquecimento. Esse jato de oxignio, de alta

    velocidade, provoca a reao de combusto, e a abertura de um rasgo na pea

    pela movimentao conveniente do maarico.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    Este processo no aplicado a aos que contm elementos de liga que

    produzam xidos refratrios.

    Da operao de corte resultam duas conseqncias:

    - Deformao o aquecimento localizado da pea sem que a mesma tenha

    liberdade total para expandir-se, d origem a tenses e deformaes.

    Como regra geral, para aumentar a liberdade de expanso, o corte deve

    iniciar-se e prosseguir o mximo possvel sempre pelo lado mais prximo

    s bordas das peas, que apresentam menor rigidez.

    - Modificaes qumicas e metalrgicas a regio de corte submetida a

    altas temperaturas em um meio qumico bastante oxidante. Constatamos

    a um enriquecimento de carbono como resultado da oxidao

    preferencial do ferro.

    A remoo da camada enriquecida de carbono no necessria; porm

    aconselhvel no caso de peas que sero submetidas a solicitaes dinmicas.

    7.1.1 - Funes da Chama de Pr-aquecimento e Seleo de Gases

    Combustveis

    As funes da chama de pr-aquecimento so:

    (1) Aumentar a temperatura do ao at o seu ponto de ignio

    (2) Acrescentar energia sob a forma de calor a pea, para manter a

    reao de corte.

    (3) Fornecer uma proteo entre o jato de oxignio de corte e a atmosfera

  • 60

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    (4) Expulsar da parte superior da superfcie ao ao qualquer xido,

    carepa, tinta, ou outras substncias estranhas que possam parar ou

    retardar a progresso normal da ao de corte.

    A seleo de gases combustveis que podem ser considerados para

    combustvel de pr-aquecimento baseada em inmeras consideraes. As

    maiores consideraes para a seleo do gs combustvel so a disponibilidade

    do gs, custo, e tranqilidade de manuseio com respeito a segurana.

    Os seguintes gases so normalmente utilizados para corte:

    (1) Acetileno

    (2) Metil acetileno-propadieno

    (3) Gs natural

    (4) Propano

    (5) Propileno

    (6) Gasolina

    Cada um desses gases tem caractersticas inerentes que devem ser

    considerados para a aplicao do processo.

    7.1.2 - Acetileno

    largamente usado como um gs combustvel para oxi-corte e tambm

    para soldagem. Suas principais vantagens: so disponveis, chama de

    temperatura alta, e familiaridade dos usurios com as caractersticas da chama.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    A chama de temperatura alta e as caractersticas de transferncia do

    calor da chama oxi-acetilnica so particularmente importantes para corte de

    chanfros.

    Uma outra vantagem de operao que o tempo de pr-aquecimento

    uma pequena frao do tempo total do corte, o que importante quando se faz

    pequenos cortes. O acetileno no estado livre no pode ser usado a presses

    manomtrico maiores que 103kPa (15psi), ou 207kPa (30psi) de presso

    absoluta. As altas presses ele pode decompor-se de forma explosiva, quando

    exposto ao calor ou choque.

    7.1.3 - Metil Acetileno Propadieno Estabilizado (MPS)

    Este um combustvel liquefeito, similar ao acetileno, porm estabilizado,

    que pode ser estocado e manuseado similarmente ao propano liquido. uma

    mistura de vrios hidrocarbonetos, incluindo propadieno, propano, butano,

    butadieno e metil acetileno. A mistura gera mais calor que propano ou gs

    natural.

    Este gs muito similar em suas caractersticas ao acetileno, porm

    requer cerca de dois volumes de oxignio para um volume de combustvel para

    uma chama neutra de pr-aquecimento, enquanto que o acetileno necessita de

    apenas um volume de oxignio. Assim, o custo com oxignio ser maior quando

    o gs metilacetileno-propadieno usado em lugar do acetileno. Para ser

    competitivo, o custo deste gs dever ser menos que o do acetileno.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    O gs MPS tem uma vantagem sobre o acetileno para corte debaixo da

    gua em grandes profundidades. Como a presso absoluta de sada do

    acetileno limitada a 207kPa (30psi), ele no pode ser usado abaixo de

    aproximadamente 9m de gua. Por outro lado, o MPS pode ser usado a grandes

    profundidades.

    Para uma aplicao subaqutica especfica o MPS, o acetileno, e o

    hidrognio devem ser apreciados na escolha do combustvel de pr-

    aquecimento adequado.

    7.1.4 - Gs Natural

    A composio do gs natural depende da sua fonte. Seu principal

    componente o metano. Quando o metano queima com oxignio, a reao

    qumica :

    CH4 + 202 CO2 + 2H2O

    Um volume de metano requer dois volumes de oxignio para uma

    combusto completa. A temperatura da chama com gs natural menor que a

    da chama com acetileno. Ela tambm mais difusa e menos intensa.

    Devido a temperatura de chama ser baixa, o que resulta em baixa

    eficincia de aquecimento, grandes quantidades de gs natural e oxignio

    requeridos para produzir a mesma taxa de aquecimento obtida com oxi-

  • 63

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    acetileno. Geralmente, so necessrios maiores tempos de pr-aquecimento

    com gs natural que com acetileno.

    Para competir com o acetileno, o custo e disponibilidade de gs natural e

    de oxignio, o alto consumo de gs, e o tempo longo de pr-aquecimento devem

    ser considerados.

    Os projetos do maarico e do bico para o gs natural so diferentes

    daqueles para acetileno. A condio de presso do gs natural geralmente

    menor e as relaes de combusto so diferentes.

    7.1.5 - Propano

    O propano usado regularmente para corte por causa de sua

    disponibilidade e de seu poder calorfico ser muito maior que o do gs natural.

    Para uma combusto apropriada durante o corte, o propano requer 4 a 4

    vezes seu volume em oxignio de pr-aquecimento. Este requisito

    parcialmente compensado pelo seu alto poder calorfico. Ele estocado em

    forma lquida e facilmente transportvel para o servio.

    7.1.6 - Propileno

    Este gs compete com o MPS para quase todos os servios em que se

    usa gs combustvel. similar ao propano em muitos aspectos, mas tem uma

    chama de temperatura maior. Um volume de propileno requer cerca de 2,6

    volumes de oxignio para se obter uma chama neutra. O bico de corte similar

    ao utilizado para o MPS.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    7.1.7 - Gasolina

    A gasolina usada como combustvel utilizando-se maarico de corte e

    bico de projeto especfico para este fim. A chama altamente oxidante e,

    portanto apropriada apenas para utilizao em cortes. A chama de alta

    temperatura permite cortar ao com espessura de at 360 mm. A gasolina

    armazenada num recipiente pressurizado no estado lquido, porm vaporiza no

    bico do maarico antes de entrar em combusto.

    7.2 - CORTE COM ELETRODO DE CARVO

    um processo de corte a arco em que os metais a serem cortados so

    fundidos pelo calor de um arco entre o eletrodo e a pea. Um jato de ar

    comprimido remove o metal fundido. Normalmente um processo manual usado

    em todas as posies, mas pode ser operado automaticamente.

    O processo pode ser usado em aos e alguns metais no ferrosos.

    comumente usado para goivagem de soldas, para reparo de defeitos de soldas e

    reparo de fundidos. O processo requer uma habilidade de corte relativamente

    alta.

    Na goivagem de soldas necessrio proceder a uma limpeza posterior,

    para remoo do carbono depositado. Normalmente, a limpeza por esmerilha

    mento satisfatria.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    7.3 - CORTE PLASMA

    O corte a plasma usa o calor de um arco de plasma (aprox. 15.000 graus

    centgrados) para cortar qualquer metal ferroso ou no ferroso.

    um processo de corte que separa metais pela fuso de uma rea

    localizada com um arco constrito e a remoo do material fundido com um jato

    (de alta velocidade) de gs ionizado quente saindo de um orifcio. Pode ser

    usado em corte manual com um maarico porttil ou em corte mecanizado

    utilizando-se mquinas extremamente precisas, com dispositivos de traagem

    especiais. usado para corte de aos e metais no ferrosos numa faixa de

    espessura de fina para mdia. O seu maior uso no corte de peas que contm

    elementos de ligas, que produzem xidos refratrios, por exemplo, aos

    inoxidveis e alumnios. O processo requer um menor grau de habilidade do

    operador, em relao ao requerido para o oxicorte, com exceo do

    equipamento para corte manual, que muito mais complexo.

    O processo de corte a plasma usa um arco constrito atirado entre um

    eletrodo resfriado a gua e a pea. O orifcio que restringe o arco tambm

    resfriado a gua. A corrente utilizada contnua, eletrodo negativo.

    A qualidade do corte a plasma superior aos outros tipos de corte por

    meio de calor devido ao jato de plasma a alta temperatura.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    8 - METALRGIA DA SOLDAGEM

    8.1 - Introduo

    A soldagem geralmente realizada com a aplicao localizada de calor

    e/ou deformao plstica. Como resultado, alteraes de propriedade do

    material, nem sempre desejveis ou aceitveis, podem ocorrer na regio da

    junta. A maioria destas alteraes depende das reaes ocorridas durante a

    solidificao e resfriamento do cordo de solda e de sua microestrutura final.

    Assim, a compreenso destes fenmenos metalrgicos importante em muitas

    aplicaes da soldagem.

    Neste captulo, sero discutidos muitos aspectos metalrgicos das

    operaes de soldagem e corte trmico. Para isso, uma breve reviso de

    metalurgia fsica ser feita. De modo geral, a discusso se basear nos aos,

    embora os princpios bsicos possam ser aplicados a outras ligas metlicas.

    8.2 - Metalurgia Fsica dos Aos

    8.2.1 - Relao estrutura-propriedade Uma caracterstica dos slidos, e em particular dos metais, a grande

    influncia de sua estrutura na determinao de vrias de suas propriedades. Por

    sua vez, a estrutura determinada pelos processamentos sofridos pelo material

    durante a sua fabricao, isto , pela sua histria. A figura mostra um exemplo

    deste princpio fundamental, para um ao SAE 1080, aps tratamento trmico a

    900 graus centgrados.

  • 67

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    A soldagem, sob certos aspectos, um tratamento trmico e mecnico

    muito violento, que pode causar alteraes localizadas na estrutura da junta

    soldada e, portanto, capaz de afetar localmente as propriedades do material.

    Muitas destas alteraes podem comprometer o desempenho em servio

    do material e, assim, devem ser minimizadas pela adequao do processo de

    soldagem ao material a ser soldado ou pela escolha de um material pouco

    sensvel a alteraes estruturais pelo processo de soldagem.

    8.2.2 - Nveis estruturais

    O termo estrutura pode compreender desde detalhes grosseiros

    (macroestrutura) at detalhes da organizao interna dos tomos (estrutura

    eletrnica). A metalurgia fsica interessa-se pelo arranjo dos tomos que

    compem as diversas fases de um metal (estrutura cristalina) e pelo arranjo

    destas fases (microestrutura). A maioria das propriedades mecnicas e algumas

  • 68

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    das propriedades fsicas dos metais podem ser estudadas a nvel destas

    estruturas.

    8.2.3 - Fases presentes nos aos Os aos so ligas de ferro e carbono (at um teor mximo de 2% de

    carbono, em peso) contendo ainda outros elementos, resultantes do processo de

    fabricao (impurezas) ou adicionados intencionalmente (elementos de liga)

    para lhes conferir propriedades especiais. No primeiro caso tm-se os aos

    carbono e no segundo, os aos ligados.

    De acordo com o teor de elementos de liga, os aos podem ser

    subdivididos em baixa-liga (teor de liga inferior a 5%), aos mdia-liga (entre 5 e

    10% de elementos de liga) e aos alta-liga (com mais de 10% de liga).

    Variaes na composio qumica e tratamentos trmicos e mecnicos

    aplicados durante a fabricao possibilitam a obteno de aos com propriedade

    numa ampla faixa. Esta extensa gama de propriedades, juntamente com baixo

    custo e facilidade de obteno, explicam a enorme utilizao atual de ferro,

    particularmente na forma de ao, como material de engenharia.

    Para estudo dos efeitos da soldagem no ao necessrio um

    conhecimento prvio de sua microestrutura e de como esta pode ser alterada

    pelos tratamentos trmicos e variaes de composio qumica. Para isto, se

    ver inicialmente o diagrama de equilbrio Fe-C.

  • 69

    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    8.2.3.1 - Fases presentes no ao resfriado lentamente

    A figura mostra um diagrama de equilbrio ferro-carbono. Este pode ser

    usado para uma primeira anlise dos constituintes de um ao, no equilbrio, em

    funo da temperatura e da composio qumica (teor de carbono).

    Em temperaturas nas qual o ao est no campo gama, este apresenta

    uma estrutura austentica, isto , uma soluo slida de carbono e outros

    elementos de liga no ferro, com estrutura cristalina cbica de face centrada.

    Durante o resfriamento, a austenita (para aos com menos de 0,8%C)

    comea a se transformar em ferrita (soluo slida de C no Fe, com estrutura

    cbica de corpo centrado) e finalmente, quando a temperatura atinge 727 graus

    centgrados, a austenita remanescente transforma-se me perlita, um constituinte

    tpico dos aos formado por uma mistura de ferrita e cementitia. (carboneto de

    ferro).

    A ferrita um constituinte macio, dctil e, em geral, tenaz. Contudo, sua

    tenacidade depende da temperatura, tornando-se completamente frgil e baixa

    temperatura. A faixa de temperaturas onde ocorre esta mudana de

    comportamento depende da composio qumica da ferrita e de sua morfologia,

    particularmente do seu tamanho de gro.

    A perlita um constituinte mais duro e de menor tenacidade. A sua

    quantidade aumenta com o teor de carbono no ao. Um ao com 0,8%C,

    resfriado lentamente, completamente perltico.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    DIAGRAMA FeC, MOSTRANDO OS CONSTITUINTES EM EQUILIBRIO NOS AOS.

    8.2.3.2 - Fases metaestveis e diagramas de transformao

    Quando a velocidade de resfriamento aumenta, a temperatura na qual a

    austenita comea a se transformar torna-se menor. Menores temperaturas de

    transformao implicam menor mobilidade atmica e, portanto, maior dificuldade

    para a separao em ferrita e carboneto de ferro, isto , para a transformao da

    perlita. Assim, em funo da velocidade de resfriamento e da composio

    qumica do ao, diferentes agregados de ferrita e carboneto (bainita) podem ser

    formados a partir da decomposio da austenita, conforme figura.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    MICROCONSTITUINTES DO AO EM FUNO DA VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO

    APS AUSTENITIZAO

    Para altas velocidades de resfriamento, uma nova fase, a martensita,

    passa a se formar. Esta fase possui uma estrutura cristalina diferente das

    anteriores e caracterizada por uma elevada dureza. De um modo geral, pode-

    se afirmar que quanto menor a temperatura de transformao e maior teor de

    carbono, mais dura e frgil a microestrutura. Na soldagem por fuso, a

    velocidade de resfriamento varia com a energia cedida durante a soldagem por

    unidade de comprimento da solda, com a temperatura inicial da pea e com a

    sua espessura e geometria. Este fato muito importante, pois pode limitar a

    faixa de energia utilizvel na soldagem de uma estrutura de ao em que se

    necessita alta tenacidade.

    As fases formadas em funo da velocidade de resfriamento (ou da

    temperatura de transformao) em um dado ao podem ser obtidas a partir de

    diagramas de transformao deste ao. Estes diagramas so obtidos

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    experimentalmente para transformaes a temperaturas constantes (diagramas

    TTT) ou para transformaes a velocidades de resfriamento constantes

    (digramas TRC). Embora tenham sido desenvolvidos originalmente para

    transformaes aps austenitizao a temperaturas relativamente baixas

    (tratamento trmico convencional), j existem diagramas de transformao

    aplicveis soldagem, conforme figura.

    DIAGRAMA TRC PARA SOLDAGEM

    8.2.3.3 - Elementos de liga

    A adio balanceada de elementos de liga permite a obteno de uma

    variedade de tipos de ao com diferentes propriedades mecnicas, qumicas,

    magnticas, eltricas e trmicas. Estruturalmente, pode-se considerar que os

    elementos de liga atuam em dois aspectos fundamentais: termodinmico e

    cintico.

    No primeiro aspecto, um elemento de liga pode alterar a estabilidade

    relativa das fases do ao ou mesmo tornar estvel uma outra fase. Por exemplo,

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    o nquel um elemento estabilizante de austenita e, quando presente em teores

    superiores a certo nvel, torna esta fase estvel at a temperatura ambiente.

    Nibio, vandio e titnio reagem fortemente com o carbono e, quando presentes

    em pequenas quantidades (menos de 0,1%) em um ao baixos carbono,

    promovem a formao de finas partculas de carbonetos de grande estabilidade.

    Estes carbonetos, juntamente com a aplicao de tratamentos termomecnicos

    adequados, so fundamentais para a obteno dos chamados aos

    microligados, de elevada resistncia mecnica.

    Como j foi dito, a maioria dos elementos de liga reduz a velocidade de

    transformao da austenita ou, em outras palavras, aumenta a sua

    temperabilidade. Este efeito pode ser diferente para os diversos constituintes e,

    portanto a adio de elementos de liga pode favorecer a formao de um

    constituinte, em prejuzo puro.

    Ao entrar em soluo slida em uma fase, um elemento de liga pode

    alterar as propriedades desta fase. Em particular, a resistncia mecnica , em

    geral, aumentada e sua ductilidade diminuda.

    8.2.3.4 - Mecanismos de aumento da resistncia mecnica

    A resistncia mecnica dos aos pode variar enormemente, de cerca de

    200 at 2000Mpa. Como em outros metais, existem para os aos diversos

    mecanismos de endurecimento, dos quais se podem citar: deformao a frio,

    formao de soluo slida, formao de constituintes mais resistentes,

    endurecimento por disperso e refino de gro. Destes, o refino de gro

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    particularmente importante por produzir, simultaneamente, uma melhoria de

    ductilidade e tenacidade.

    8.3 - Fluxo de calor na soldagem

    A maioria dos processos de soldagem por fuso caracterizada pela

    utilizao de uma fonte de calor intensa e localizada. por exemplo, na soldagem

    a arco, tem-se uma intensidade da ordem de 5 X 108 W/m. Esta energia

    concentrada pode gerar em pequenas regies, temperaturas elevadas, altos

    gradientes trmicos (10 a 10 C/mm), variaes bruscas de temperatura (de at

    10C/s), e conseqentemente, extensas variaes de microestrutura e

    propriedades, em pequeno volume de material.

    O fluxo de calor na soldagem pode ser dividido, de maneira simplificada,

    em duas etapas bsicas: fornecimento de calor junta e dissipao deste calor

    da pea.

    Na primeira etapa, para a soldagem a arco, pode-se considerar como a

    nica fonte de calor, definido por sua energia de soldagem, isto :

    E = n.V.I/v, onde

    E= energia de soldagem, em J/mm;

    n= eficincia trmica do processo;

    V= tenso no arco, em V;

    I= corrente de soldagem, em A, e

    v= velocidade de soldagem, em mm/s.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    A energia de soldagem uma medida de quantidade de calor cedida

    pea, por unidade de comprimento da solda, como segue na figura.

    Na segunda etapa, a dissipao do calor ocorre principalmente por

    conduo na pea, das regies aquecidas para o restante do material. A

    evoluo de temperatura em diferentes pontos, devido a soldagem, pode ser

    estimada terica ou experimentalmente.

    CONCEITO DE ENERGIA DE SOLDAGEM

    Um ponto localizado prximo junta experimentar uma variao de

    temperatura, devido a passagem da fonte de calor, conforme figura. Esta curva

    chamada de ciclo trmico de soldagem.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    CICLO TRMIC0 DE SOLDAGEM

    So caractersticas importantes do ciclo trmico de soldagem:

    a) Temperatura de pico (Tp), temperatura mxima atingida no ponto.

    Tp diminui com a distncia ao centro da solda, e indica a extenso das regies

    afetadas pelo calor de soldagem.

    b) Tempo de permanncia (tp) acima de uma temperatura crtica,

    tempo em que o ponto fica submetido a temperaturas superiores a uma

    temperatura mnima para ocorrer uma alterao de interesse, chamada

    temperatura crtica (Tc);

    c) Velocidade de resfriamento, definida pelo valor da velocidade de

    resfriamento a uma determinada temperatura T, ou pelo tempo necessrio t

    para o ponto resfriar de uma temperatura (T1) e outra (T2).

    A figura mostra a variao da temperatura de pico com a distncia ao

    centro do cordo de solda, na direo perpendicular a este. Esta curva

    conhecida como repartio trmica.

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    REPARTIO TRMICA EM UMA JUNTA SOLDADA

    A = ZF, B = ZTA, C = METAL BASE

    Os ciclos trmicos de soldagem e a repartio trmica dependem de

    diversas variveis, entre elas:

    a) Tipo de material de base: quanto maior a condutividade trmica do

    material, maior a velocidade de resfriamento;

    b) Geometria da junta: considerando todos os outros parmetros

    idnticos, uma junta em T possui trs direes para o fluxo de calor, enquanto

    uma junta de topo possui apenas duas, como mostra a figura; logo, juntas em T

    tendem a esfriar mais rapidamente.

    Figura abaixo apresenta as direes para escoamento do calor em juntas (a) de

    topo e (b) em T.

    DIREES PARA ESCOAMENTO DO CALOR EM JUNTAS (a) DE TOPO (b) EM T

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    Elaborado por: Prof. Aldo Santos Pereira, M. Eng - UTFPR

    c) Espessura da junta: at uma espessura limite, a velocidade de

    resfriamento de resfriamento aumenta a espessura da pea. Acima deste limite,

    a velocidade de resfriamento independe da espessura