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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO E NEUTRALIZAÇÃO PELA CONSTRUÇÃO CIVIL Cintia Regina Amaral El Chaer Rio de Janeiro Agosto de 2015

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Page 1: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politeacutecnica

Departamento de Construccedilatildeo Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

ii

Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politeacutecnica

Departamento de Construccedilatildeo Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politeacutecnica

Universidade Federal do Rio de Janeiro como

parte dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Engenheiro

Orientador Elaine Garrido Vazquez

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

iii

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITEacuteCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSAacuteRIOS Agrave OBTENCcedilAtildeO

DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL

Aprovada por

Profa Elaine Garrido Vazquez DSc

Prof Assed Naked Haddad D Sc

Profa Sandra Oda DSc

Rio de janeiro

Agosto de 2015

iv

El Chaer Cintia Regina Amaral

Apresentaccedilatildeo Do Programa Carbono Neutro IDESAM e

Proposta De Caacutelculo de Emissatildeo e Neutralizaccedilatildeo pela Construccedilatildeo

Civil Cintia Regina Amaral El Chaer ndash Rio de Janeiro UFRJ

Escola Politeacutecnica 2015

XI 89 p il 297 cm

Orientador Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduaccedilatildeo ndash UFRJ Poli Engenharia Civil

2015

Referecircncias Bibliograacuteficas p 85-89

1 Introduccedilatildeo 2 Revisatildeo Bibliograacutefica 3 Construccedilatildeo Civil e

Poluiccedilatildeo 4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 5 Proposta

de Quantificaccedilatildeo para a Construccedilatildeo Civil 6 Consideraccedilotildees

Finais

I Vazquez Elaine Garrido II Universidade Federal do Rio

de Janeiro Escola Politeacutecnica Curso de Engenharia Civil III

Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM e

Proposta de caacutelculo de Emissatildeo e neutralizaccedilatildeo Pela

Construccedilatildeo Civil

v

Agradecimentos

Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio

incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos

nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e

compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel

Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente

pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve

Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em

todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho

Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na

minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria

Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela

engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por

cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro

Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos

quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista

nossos momentos seratildeo eternos

As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias

obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais

difiacuteceis e exaustivos

Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas

suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte

dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a

faculdade

vi

Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa

Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por

todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem

Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica

A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo

vii

Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte

dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Agosto 2015

Orientador Elaine Garrido Vazquez

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera

impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)

sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta

de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e

propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a

compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de

carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa

Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e

no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os

principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos

materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises

e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de

combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de

GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees

por meio do plantio florestal

Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo

de emissotildees

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION

CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION

INDUSTRY

Cintia Regina Amaral El Chaer

August 2015

Advisor Elaine Garrido Vazquez

The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest

generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases

(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental

impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of

emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering

models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology

adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on

construction The main processes have been identified such as the fabrication process

of the materials transportation of these materials material waste and using of the

building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs

were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis

and research it is expected that the construction industry comes to establishing

strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory

the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate

emissions through the forest planting

Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG

emissions

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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87

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Estufa na Produccedilatildeo de Oacuteleo e Gaacutes Projeto de graduaccedilatildeo (Engenharia Civil)

Universidade Federal do Rio de Janeiro 2013

MACHADO ANGELI SAETA SANTOS FARIA CASTRO Entendendo O Protocolo

De Kyoto e o Mecanismo De Desenvolvimento Limpo Texto apresentado como

exigecircncia parcial para aprovaccedilatildeo na disciplina de Economia do Meio Ambiente

Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006

MARENGO J OBREGON G A Caracterizaccedilatildeo do clima do Seacuteculo XX no Brasil

Tendecircncias de chuvas e temperaturas meacutedias e extremas Relatoacuterio 2 MINISTEacuteRIO

DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria De Biodiversidade E Florestas ndash Sbf

Diretoria De Conservaccedilatildeo Da Biodiversidade ndash DCBio Mudanccedilas Climaacuteticas Globais e

Efeitos sobre a Biodiversidade - Subprojeto Caracterizaccedilatildeo do clima atual e definiccedilatildeo

das alteraccedilotildees climaacuteticas para o territoacuterio brasileiro ao longo do Seacuteculo XXI Brasiacutelia

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ROSA MESSIAS AMBROZINI REZENDE Importacircncia da Compreensatildeo dos Ciclos

Biogeoquiacutemicos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de Satildeo Paulo ndash

Instituto de Quiacutemica de Satildeo Carlos 2003

SANQUETTA FLIZIKOWSKI CORTE MOGNON MAAS Estimativa das Emissotildees

de Gases de Efeito Estufa em uma Obra de Construccedilatildeo Civil com a metodologia GHG

Protocol Curitiba UFPR Laboratoacuterio de Inventaacuterio Florestal Instituto Ecoplan PELD

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Estufa na Construccedilatildeo Civil Satildeo Paulo 74p 2013 Disponiacutevel emlt

httpwwwsindusconspcombrdownloadsprodservpublicacoesguia_gee_i_pad_e_w

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Alternativa Sustentaacutevel para os Impactos Ambientais Causados pela Construccedilatildeo Civil

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89

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Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees

Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 2: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

ii

Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politeacutecnica

Departamento de Construccedilatildeo Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politeacutecnica

Universidade Federal do Rio de Janeiro como

parte dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Engenheiro

Orientador Elaine Garrido Vazquez

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

iii

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITEacuteCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSAacuteRIOS Agrave OBTENCcedilAtildeO

DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL

Aprovada por

Profa Elaine Garrido Vazquez DSc

Prof Assed Naked Haddad D Sc

Profa Sandra Oda DSc

Rio de janeiro

Agosto de 2015

iv

El Chaer Cintia Regina Amaral

Apresentaccedilatildeo Do Programa Carbono Neutro IDESAM e

Proposta De Caacutelculo de Emissatildeo e Neutralizaccedilatildeo pela Construccedilatildeo

Civil Cintia Regina Amaral El Chaer ndash Rio de Janeiro UFRJ

Escola Politeacutecnica 2015

XI 89 p il 297 cm

Orientador Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduaccedilatildeo ndash UFRJ Poli Engenharia Civil

2015

Referecircncias Bibliograacuteficas p 85-89

1 Introduccedilatildeo 2 Revisatildeo Bibliograacutefica 3 Construccedilatildeo Civil e

Poluiccedilatildeo 4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 5 Proposta

de Quantificaccedilatildeo para a Construccedilatildeo Civil 6 Consideraccedilotildees

Finais

I Vazquez Elaine Garrido II Universidade Federal do Rio

de Janeiro Escola Politeacutecnica Curso de Engenharia Civil III

Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM e

Proposta de caacutelculo de Emissatildeo e neutralizaccedilatildeo Pela

Construccedilatildeo Civil

v

Agradecimentos

Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio

incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos

nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e

compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel

Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente

pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve

Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em

todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho

Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na

minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria

Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela

engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por

cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro

Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos

quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista

nossos momentos seratildeo eternos

As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias

obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais

difiacuteceis e exaustivos

Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas

suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte

dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a

faculdade

vi

Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa

Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por

todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem

Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica

A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo

vii

Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte

dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Agosto 2015

Orientador Elaine Garrido Vazquez

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera

impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)

sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta

de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e

propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a

compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de

carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa

Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e

no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os

principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos

materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises

e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de

combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de

GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees

por meio do plantio florestal

Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo

de emissotildees

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION

CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION

INDUSTRY

Cintia Regina Amaral El Chaer

August 2015

Advisor Elaine Garrido Vazquez

The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest

generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases

(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental

impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of

emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering

models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology

adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on

construction The main processes have been identified such as the fabrication process

of the materials transportation of these materials material waste and using of the

building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs

were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis

and research it is expected that the construction industry comes to establishing

strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory

the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate

emissions through the forest planting

Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG

emissions

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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Tendecircncias de chuvas e temperaturas meacutedias e extremas Relatoacuterio 2 MINISTEacuteRIO

DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria De Biodiversidade E Florestas ndash Sbf

Diretoria De Conservaccedilatildeo Da Biodiversidade ndash DCBio Mudanccedilas Climaacuteticas Globais e

Efeitos sobre a Biodiversidade - Subprojeto Caracterizaccedilatildeo do clima atual e definiccedilatildeo

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de Gases de Efeito Estufa em uma Obra de Construccedilatildeo Civil com a metodologia GHG

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Estufa na Construccedilatildeo Civil Satildeo Paulo 74p 2013 Disponiacutevel emlt

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Alternativa Sustentaacutevel para os Impactos Ambientais Causados pela Construccedilatildeo Civil

E-xacta Belo Horizonte 2014

89

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Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees

Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 3: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

iii

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITEacuteCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSAacuteRIOS Agrave OBTENCcedilAtildeO

DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL

Aprovada por

Profa Elaine Garrido Vazquez DSc

Prof Assed Naked Haddad D Sc

Profa Sandra Oda DSc

Rio de janeiro

Agosto de 2015

iv

El Chaer Cintia Regina Amaral

Apresentaccedilatildeo Do Programa Carbono Neutro IDESAM e

Proposta De Caacutelculo de Emissatildeo e Neutralizaccedilatildeo pela Construccedilatildeo

Civil Cintia Regina Amaral El Chaer ndash Rio de Janeiro UFRJ

Escola Politeacutecnica 2015

XI 89 p il 297 cm

Orientador Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduaccedilatildeo ndash UFRJ Poli Engenharia Civil

2015

Referecircncias Bibliograacuteficas p 85-89

1 Introduccedilatildeo 2 Revisatildeo Bibliograacutefica 3 Construccedilatildeo Civil e

Poluiccedilatildeo 4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 5 Proposta

de Quantificaccedilatildeo para a Construccedilatildeo Civil 6 Consideraccedilotildees

Finais

I Vazquez Elaine Garrido II Universidade Federal do Rio

de Janeiro Escola Politeacutecnica Curso de Engenharia Civil III

Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM e

Proposta de caacutelculo de Emissatildeo e neutralizaccedilatildeo Pela

Construccedilatildeo Civil

v

Agradecimentos

Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio

incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos

nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e

compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel

Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente

pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve

Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em

todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho

Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na

minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria

Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela

engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por

cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro

Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos

quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista

nossos momentos seratildeo eternos

As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias

obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais

difiacuteceis e exaustivos

Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas

suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte

dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a

faculdade

vi

Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa

Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por

todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem

Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica

A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo

vii

Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte

dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Agosto 2015

Orientador Elaine Garrido Vazquez

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera

impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)

sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta

de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e

propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a

compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de

carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa

Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e

no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os

principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos

materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises

e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de

combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de

GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees

por meio do plantio florestal

Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo

de emissotildees

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION

CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION

INDUSTRY

Cintia Regina Amaral El Chaer

August 2015

Advisor Elaine Garrido Vazquez

The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest

generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases

(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental

impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of

emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering

models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology

adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on

construction The main processes have been identified such as the fabrication process

of the materials transportation of these materials material waste and using of the

building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs

were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis

and research it is expected that the construction industry comes to establishing

strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory

the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate

emissions through the forest planting

Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG

emissions

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

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altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010

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Estufa na Produccedilatildeo de Oacuteleo e Gaacutes Projeto de graduaccedilatildeo (Engenharia Civil)

Universidade Federal do Rio de Janeiro 2013

MACHADO ANGELI SAETA SANTOS FARIA CASTRO Entendendo O Protocolo

De Kyoto e o Mecanismo De Desenvolvimento Limpo Texto apresentado como

exigecircncia parcial para aprovaccedilatildeo na disciplina de Economia do Meio Ambiente

Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006

MARENGO J OBREGON G A Caracterizaccedilatildeo do clima do Seacuteculo XX no Brasil

Tendecircncias de chuvas e temperaturas meacutedias e extremas Relatoacuterio 2 MINISTEacuteRIO

DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria De Biodiversidade E Florestas ndash Sbf

Diretoria De Conservaccedilatildeo Da Biodiversidade ndash DCBio Mudanccedilas Climaacuteticas Globais e

Efeitos sobre a Biodiversidade - Subprojeto Caracterizaccedilatildeo do clima atual e definiccedilatildeo

das alteraccedilotildees climaacuteticas para o territoacuterio brasileiro ao longo do Seacuteculo XXI Brasiacutelia

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Centro de Ciecircncia do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE) do Brasil e o Met Office Hadley Centre (MOHC) do Reino Unido

2011

ROSA MESSIAS AMBROZINI REZENDE Importacircncia da Compreensatildeo dos Ciclos

Biogeoquiacutemicos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de Satildeo Paulo ndash

Instituto de Quiacutemica de Satildeo Carlos 2003

SANQUETTA FLIZIKOWSKI CORTE MOGNON MAAS Estimativa das Emissotildees

de Gases de Efeito Estufa em uma Obra de Construccedilatildeo Civil com a metodologia GHG

Protocol Curitiba UFPR Laboratoacuterio de Inventaacuterio Florestal Instituto Ecoplan PELD

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SINDUSCON ndash SINDICATO DA INDUacuteSTRIA DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL DO ESTADO

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SOUZA JUNIOR SANTOS MENDONCcedilA FARIA MARQUES Arquitetura de Terra

Alternativa Sustentaacutevel para os Impactos Ambientais Causados pela Construccedilatildeo Civil

E-xacta Belo Horizonte 2014

89

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Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees

Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 4: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

iv

El Chaer Cintia Regina Amaral

Apresentaccedilatildeo Do Programa Carbono Neutro IDESAM e

Proposta De Caacutelculo de Emissatildeo e Neutralizaccedilatildeo pela Construccedilatildeo

Civil Cintia Regina Amaral El Chaer ndash Rio de Janeiro UFRJ

Escola Politeacutecnica 2015

XI 89 p il 297 cm

Orientador Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduaccedilatildeo ndash UFRJ Poli Engenharia Civil

2015

Referecircncias Bibliograacuteficas p 85-89

1 Introduccedilatildeo 2 Revisatildeo Bibliograacutefica 3 Construccedilatildeo Civil e

Poluiccedilatildeo 4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 5 Proposta

de Quantificaccedilatildeo para a Construccedilatildeo Civil 6 Consideraccedilotildees

Finais

I Vazquez Elaine Garrido II Universidade Federal do Rio

de Janeiro Escola Politeacutecnica Curso de Engenharia Civil III

Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM e

Proposta de caacutelculo de Emissatildeo e neutralizaccedilatildeo Pela

Construccedilatildeo Civil

v

Agradecimentos

Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio

incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos

nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e

compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel

Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente

pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve

Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em

todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho

Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na

minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria

Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela

engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por

cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro

Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos

quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista

nossos momentos seratildeo eternos

As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias

obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais

difiacuteceis e exaustivos

Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas

suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte

dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a

faculdade

vi

Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa

Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por

todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem

Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica

A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo

vii

Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte

dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Agosto 2015

Orientador Elaine Garrido Vazquez

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera

impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)

sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta

de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e

propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a

compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de

carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa

Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e

no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os

principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos

materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises

e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de

combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de

GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees

por meio do plantio florestal

Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo

de emissotildees

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION

CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION

INDUSTRY

Cintia Regina Amaral El Chaer

August 2015

Advisor Elaine Garrido Vazquez

The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest

generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases

(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental

impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of

emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering

models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology

adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on

construction The main processes have been identified such as the fabrication process

of the materials transportation of these materials material waste and using of the

building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs

were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis

and research it is expected that the construction industry comes to establishing

strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory

the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate

emissions through the forest planting

Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG

emissions

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010

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Estufa na Produccedilatildeo de Oacuteleo e Gaacutes Projeto de graduaccedilatildeo (Engenharia Civil)

Universidade Federal do Rio de Janeiro 2013

MACHADO ANGELI SAETA SANTOS FARIA CASTRO Entendendo O Protocolo

De Kyoto e o Mecanismo De Desenvolvimento Limpo Texto apresentado como

exigecircncia parcial para aprovaccedilatildeo na disciplina de Economia do Meio Ambiente

Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006

MARENGO J OBREGON G A Caracterizaccedilatildeo do clima do Seacuteculo XX no Brasil

Tendecircncias de chuvas e temperaturas meacutedias e extremas Relatoacuterio 2 MINISTEacuteRIO

DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria De Biodiversidade E Florestas ndash Sbf

Diretoria De Conservaccedilatildeo Da Biodiversidade ndash DCBio Mudanccedilas Climaacuteticas Globais e

Efeitos sobre a Biodiversidade - Subprojeto Caracterizaccedilatildeo do clima atual e definiccedilatildeo

das alteraccedilotildees climaacuteticas para o territoacuterio brasileiro ao longo do Seacuteculo XXI Brasiacutelia

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contextualizado Disponiacutevel em lthttpwwwmudancasclimaticasandiorgbrgt

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2011

ROSA MESSIAS AMBROZINI REZENDE Importacircncia da Compreensatildeo dos Ciclos

Biogeoquiacutemicos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de Satildeo Paulo ndash

Instituto de Quiacutemica de Satildeo Carlos 2003

SANQUETTA FLIZIKOWSKI CORTE MOGNON MAAS Estimativa das Emissotildees

de Gases de Efeito Estufa em uma Obra de Construccedilatildeo Civil com a metodologia GHG

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Alternativa Sustentaacutevel para os Impactos Ambientais Causados pela Construccedilatildeo Civil

E-xacta Belo Horizonte 2014

89

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Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees

Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 5: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

v

Agradecimentos

Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio

incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos

nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e

compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel

Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente

pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve

Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em

todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho

Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na

minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria

Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela

engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por

cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro

Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos

quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista

nossos momentos seratildeo eternos

As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias

obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais

difiacuteceis e exaustivos

Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas

suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte

dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a

faculdade

vi

Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa

Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por

todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem

Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica

A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo

vii

Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte

dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Agosto 2015

Orientador Elaine Garrido Vazquez

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera

impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)

sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta

de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e

propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a

compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de

carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa

Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e

no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os

principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos

materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises

e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de

combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de

GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees

por meio do plantio florestal

Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo

de emissotildees

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION

CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION

INDUSTRY

Cintia Regina Amaral El Chaer

August 2015

Advisor Elaine Garrido Vazquez

The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest

generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases

(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental

impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of

emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering

models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology

adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on

construction The main processes have been identified such as the fabrication process

of the materials transportation of these materials material waste and using of the

building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs

were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis

and research it is expected that the construction industry comes to establishing

strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory

the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate

emissions through the forest planting

Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG

emissions

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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Tendecircncias de chuvas e temperaturas meacutedias e extremas Relatoacuterio 2 MINISTEacuteRIO

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Diretoria De Conservaccedilatildeo Da Biodiversidade ndash DCBio Mudanccedilas Climaacuteticas Globais e

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89

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Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees

Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 6: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

vi

Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa

Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por

todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem

Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica

A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo

vii

Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte

dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Agosto 2015

Orientador Elaine Garrido Vazquez

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera

impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)

sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta

de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e

propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a

compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de

carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa

Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e

no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os

principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos

materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises

e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de

combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de

GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees

por meio do plantio florestal

Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo

de emissotildees

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION

CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION

INDUSTRY

Cintia Regina Amaral El Chaer

August 2015

Advisor Elaine Garrido Vazquez

The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest

generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases

(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental

impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of

emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering

models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology

adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on

construction The main processes have been identified such as the fabrication process

of the materials transportation of these materials material waste and using of the

building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs

were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis

and research it is expected that the construction industry comes to establishing

strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory

the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate

emissions through the forest planting

Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG

emissions

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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Instituto de Quiacutemica de Satildeo Carlos 2003

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89

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Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 7: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

vii

Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte

dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil

APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE

CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL

Cintia Regina Amaral El Chaer

Agosto 2015

Orientador Elaine Garrido Vazquez

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera

impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)

sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos

impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta

de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e

propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a

compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de

carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa

Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e

no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os

principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos

materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises

e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de

combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de

GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees

por meio do plantio florestal

Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo

de emissotildees

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION

CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION

INDUSTRY

Cintia Regina Amaral El Chaer

August 2015

Advisor Elaine Garrido Vazquez

The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest

generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases

(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental

impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of

emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering

models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology

adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on

construction The main processes have been identified such as the fabrication process

of the materials transportation of these materials material waste and using of the

building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs

were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis

and research it is expected that the construction industry comes to establishing

strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory

the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate

emissions through the forest planting

Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG

emissions

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria De Biodiversidade E Florestas ndash Sbf

Diretoria De Conservaccedilatildeo Da Biodiversidade ndash DCBio Mudanccedilas Climaacuteticas Globais e

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SOUZA JUNIOR SANTOS MENDONCcedilA FARIA MARQUES Arquitetura de Terra

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E-xacta Belo Horizonte 2014

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UNEP ndash UNITED NATIONS ENVIRONMENTAL PROGRAMME Avaliaccedilatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees

Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 8: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer

PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION

CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION

INDUSTRY

Cintia Regina Amaral El Chaer

August 2015

Advisor Elaine Garrido Vazquez

The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest

generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases

(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental

impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of

emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering

models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology

adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on

construction The main processes have been identified such as the fabrication process

of the materials transportation of these materials material waste and using of the

building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs

were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis

and research it is expected that the construction industry comes to establishing

strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory

the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate

emissions through the forest planting

Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG

emissions

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria De Biodiversidade E Florestas ndash Sbf

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Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 9: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

ix

SUMAacuteRIO

1 Introduccedilatildeo 1

11 Consideraccedilotildees Inicias 1

12 Objetivo 2

13 Justificativa 2

14 Metodologia Empregada 3

15 Estrutura do trabalho 4

2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5

21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5

211 Visatildeo Global 5

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20

231 Ciclo do Carbono 20

232 Liberaccedilatildeo do CO2 22

24 O Protocolo de Kyoto 24

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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Page 10: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

x

313 Uso dos Edifiacutecios 36

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44

341 O Sequestro de Carbono 45

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47

42 Meacutetodo Empregado 50

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs

para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66

52 Fatores de Emissotildees 67

53 Caacutelculo de Emissotildees 71

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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Page 11: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

xi

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80

6 Consideraccedilotildees Finais 83

Referecircncias Bibliograacuteficas 85

1

1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

2

possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

3

Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

4

15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

5

2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

6

O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

7

naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

8

espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

9

atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

10

dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

11

212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

12

Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

13

altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

14

fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

15

Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

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Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees

Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis

Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007

Page 12: Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica ... · Departamento de Construção Civil APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE CÁLCULO DE EMISSÃO

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1 Introduccedilatildeo

11 Consideraccedilotildees Inicias

O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o

crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um

dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases

de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do

planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas

cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional

Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um

desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos

riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas

estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios

A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que

mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia

nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as

Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo

de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no

regime climaacutetico (IPCC 2013)

Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de

estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e

publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por

medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de

quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor

modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica

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possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal

meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs

Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a

conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea

florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais

O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom

potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso

existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos

potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios

econocircmicos e ambientais jaacute preconizados

12 Objetivo

O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de

emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos

de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da

Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas

inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de

reduccedilatildeo nos processos chaves

13 Justificativa

A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e

disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da

sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a

induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais

torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes

danos

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Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo

o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute

responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees

Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela

construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e

operaccedilatildeo (FREITAS 2007)

Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de

combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees

de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e

compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono

Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de

gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um

modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil

14 Metodologia Empregada

A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de

emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de

carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para

compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG

Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar

inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo

destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM

Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de

oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema

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15 Estrutura do trabalho

Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as

consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho

Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos

que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram

ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada

Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados

aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento

Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto

O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e

suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo

de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio

Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas

a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono

No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM

projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio

florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de

compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo

O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais

emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de

emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG

Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP

No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das

referecircncias bibliograacuteficas

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2 Revisatildeo Bibliograacutefica

21 Mudanccedilas Climaacuteticas

211 Visatildeo Global

Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees

humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes

crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que

protege os habitantes do planeta

Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas

mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a

atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as

concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)

Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010

(Fonte wwwapolo11com 2015)

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O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo

fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de

temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-

2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento

muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo

O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o

fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os

componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que

envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a

Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera

constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre

e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a

Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes

mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse

contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo

brilho do Sol

Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais

sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido

como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de

quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na

maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a

descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)

Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser

identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia

eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo

tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos

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naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na

composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)

O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em

decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do

planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios

energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas

como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)

A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo

terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que

chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre

As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos

quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees

(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e

tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam

o hemisfeacuterio sul e o Brasil

Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de

combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de

gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos

esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais

tambeacutem satildeo alterados

Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na

forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado

Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013

apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie

terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na

quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao

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espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem

chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente

graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior

comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa

(GEEs) na atmosfera

O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da

ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento

cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e

socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo

natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute

mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos

tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo

De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de

atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees

antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo

teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute

aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um

ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)

Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido

de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a

1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia

transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os

edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura

Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute

chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de

absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo

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atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)

em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo

Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)

Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em

razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais

quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de

07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para

o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de

preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que

apresente maior poluiccedilatildeo

Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo

IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-

2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas

regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos

paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado

o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade

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dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas

importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre

Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias

globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de

temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do

globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo

aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior

do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas

climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de

precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos

afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies

terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades

sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta

agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos

estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos

das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos

impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor

secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa

vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas

humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual

Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que

ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento

desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas

Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas

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212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia

Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do

clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto

territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo

particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais

vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado

no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)

Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos

climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees

dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A

ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as

suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de

uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas

(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)

Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o

furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final

do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do

efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta

No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final

do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na

Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave

normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com

exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et

al 2007)

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Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998

(Fonte MARENGO et al 2007)

No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da

temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime

de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em

grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees

Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)

lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)

O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees

continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees

De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes

poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute

diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo

aumento

Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo

tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a

regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das

anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de

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altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel

global

Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras

RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro

ALTAS EMISSOtildeES (A2)

Projeccedilatildeo do clima futuro

BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos

Norte

(inclusive Amazocircnia)

4 a 8degC mais quente com

reduccedilatildeo de 15 a 20 do

volume de chuvas atrasos na

estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis

aumentos na frequecircncia de

extremos de chuva no oeste da

Amazocircnia

3 a 5degC mais quente com

reduccedilatildeo de 5 a 15 nas

chuvas O impacto natildeo eacute muito

diferente daquele previsto pelo

cenaacuterio A2

Impactos na biodiversidade risco da floresta

ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo

(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios

amazocircnicos podendo afetar o transporte

Risco de incecircndios florestais devido ao ar

mais seco e quente Impactos no transporte

de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul

e Sudeste com consequecircncias para a

agricultura e geraccedilatildeo de energia

hidroeleacutetricas

Nordeste

2 a 4degC mais quente 15 a

20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos

niacuteveis dos accediludes

1 a 3degC mais quente com

reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume

da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel

dos accediludes

Aumento das secas especialmente no semi-

aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia

e na sauacutede Perda da biodiversidade da

caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo

para outras regiotildees pode aumentar

(refugiados do clima) Chuvas intensas

podem aumentar o risco de deslizamentos

podendo afetar as populaccedilotildees que moram

em morros desmatados enchentes urbanas

mais intensas

Sudeste

3 a 6degC mais quente Eventos

extremos de chuvas seca e

temperatura mais frequentes e

intensos

2 a 3degC mais quente

Consequecircncias semelhantes agraves

do cenaacuterio A2

Imapcto na agricultura na biodiversidade na

sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de

energia Eventos de extremos de chuvas

mais intensos aumentam o risco de

deslizamento podendo afetar populaccedilotildees

que moram em morros desmatados

enchentes urbanas mais intensas

Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

2 a 4degC mais quente Risco de

veranicos mais intensos

Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do

Cerrado Impacto na agricultura e na

geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica

Sul

2 a 4degC mais quente com

aumento das chuvas de 5 a

10 Aumento no volume das

chuvas e na forma dos eventos

intensos de chuva Alta

evaporaccedilatildeo devido ao calor

podendo afetar o balanccedilo

hiacutedrico Extremos de

temperatura mais intensos

causando um inverno mais

quente com poucos eventos

intensos de geadas

1 a 3degC mais quente aumento

das chuvas de ateacute 5 As

consequecircncias satildeo parecidas

com as do cenaacuterio A2 embora

a intensidade possa variar

Extremo de chuva mais frequente aumenta o

risco de deslizamentos podendo afetar as

populaccedilotildees que moram em morros

desmatados enchentes urbanas mais

intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo

na agricultura e na geraccedilatildeo de energia

Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais

eventos de ciclones extratropicais

(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas

eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se

acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a

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fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e

as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas

A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na

captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo

solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da

Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a

atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo

atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das

chuvas que caem nela (INPE 2011)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios

futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as

poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea

desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a

2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira

Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de

toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o

combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)

Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas

puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

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Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma

simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica

efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono

seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2

Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um

desmatamento expressivo da regiatildeo

Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do

IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na

Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da

ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria

da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a

continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da

Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5

a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica

Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de

dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais

otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte

httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)

Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais

suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam

sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua

16

maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar

ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema

amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um

processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da

maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade

de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global

Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas

simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo

bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar

os resultados destes cenaacuterios

22 Efeito Estufa X Aquecimento Global

Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e

Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos

satildeo denominados para designar a mesma coisa

Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no

qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida

possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas

que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a

estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por

uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra

O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo

radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de

carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais

GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que

absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do

17

espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela

atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses

haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras

substacircncias contendo cloro e bromo

Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual

permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas

impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo

como esquematizado na Figura 6

Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)

A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue

atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera

provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)

ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que

chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com

comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior

dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir

comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior

18

facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que

compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que

se aquecem e aumentam a temperatura do ar

A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve

se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de

volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo

solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e

convertida em calor

A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais

condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de

14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria

muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)

Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento

do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila

causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da

Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais

As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram

acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem

em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que

abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo

consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e

mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave

agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)

Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e

gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento

19

global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do

planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa

As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas

humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia

dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de

degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento

estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico

De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica

sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos

contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial

para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos

relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de

mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano

nesse processo

Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do

aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural

e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais

satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias

sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode

levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento

significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados

perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta

contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e

consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos

20

23 O Carbono e as Emissotildees de CO2

231 Ciclo do Carbono

O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos

pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma

grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos

estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes

carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios

e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito

oacutexidos dioacutexidos hidratos

Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos

seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e

bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses

compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres

vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas

substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente

formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de

produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)

O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos

pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os

animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais

volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de

fotossiacutentese

Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do

reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos

vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de

21

sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os

animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente

Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-

do-carbonohtml agosto 2015)

O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas

tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de

CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos

animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares

liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)

Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da

combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute

a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na

interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas

satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente

ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta

22

232 Liberaccedilatildeo do CO2

O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo

processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos

combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos

vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria

orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como

resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses

que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na

Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute

centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos

foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por

volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como

demonstrado na Figura 8

Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)

O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas

(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos

23

de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As

aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos

anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o

derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do

niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)

O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta

de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005

ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os

650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de

crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da

concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19

ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera

entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)

Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute

a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta

terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a

queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo

Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a

destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono

na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo

de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono

44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de

accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento

e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na

queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)

24

O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa

como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a

intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado

polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da

necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua

concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera

que eacute de ateacute 200 anos

Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees

de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual

intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves

consequecircncias para toda humanidade

24 O Protocolo de Kyoto

Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes

famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo

alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas

deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e

do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as

geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza

Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos

Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no

processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a

todos para o bem comum

Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as

emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o

aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das

25

mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave

preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida

na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos

tempos

Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial

sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel

Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu

Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria

uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de

Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem

sobre o clima

Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees

Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os

chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida

como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a

Convenccedilatildeo

Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a

Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo

a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido

um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas

condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento

nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses

alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema

Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes

Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a

26

Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas

socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-

Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de

reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de

carbono

Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar

poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo

antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina

como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees

em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado

Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi

honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2

Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi

definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em

1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de

reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)

O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com

representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo

que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no

combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais

importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo

de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)

hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash

com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)

Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do

Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)

27

utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam

entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -

metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO

2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e

principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito

Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de

emissotildees base 1990

(Fonte MACHADO et al 2006)

O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a

cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com

objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa

Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a

Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para

investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar

projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber

creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado

Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem

28

entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em

desenvolvimento

Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se

diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de

projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a

transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento

e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os

Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos

Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a

cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma

parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode

ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos

Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu

em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro

das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade

do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se

recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o

Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento

Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa

forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia

Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles

respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o

mundo

Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo

na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para

definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as

29

emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior

desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os

Estados Unidos

Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa

reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo

natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um

aumento da emissatildeo mundial destes gases

Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns

benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a

emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos

nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no

sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo

de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a

populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso

de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em

conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim

diminuiacuterem suas emissotildees

30

3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo

31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil

A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e

claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta

e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais

que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do

paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do

desenvolvimento sustentaacutevel

A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome

recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o

meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos

naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande

parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA

2012)

O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia

produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e

componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e

manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de

resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)

As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo

associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o

ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais

de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo

do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010

apud FLIZIKOWSKI 2012)

31

A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente

tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos

de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para

projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao

longo do seu ciclo de vida

Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como

responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas

as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o

material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)

Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo

correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees

(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)

Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a

construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e

desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo

Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da

massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)

Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD

demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita

(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores

iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o

IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais

materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)

32

311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo

No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores

de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no

processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de

materiais ateacute o destino final

A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de

calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para

transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)

Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais

mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo

Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados

do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees

tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o

combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera

A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte

importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de

CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o

cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o

cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por

aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN

2011)

Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo

produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um

grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute

responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo

lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)

33

Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua

extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema

local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes

carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do

cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas

de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)

Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo

setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila

onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo

de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a

degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono

apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante

devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute

altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima

que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor

ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais

de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e

JOHN 2011)

A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria

sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio

(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de

carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo

adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de

materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo

O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da

composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o

34

resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste

controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-

se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ

2003 apud SOUZA 2014)

O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite

uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)

monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)

material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno

Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono

na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud

SOUZA 2014)

O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2

mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em

meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato

atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata

utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave

produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto

armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco

eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees

significativamente menores

312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos

O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do

setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e

passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante

parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais

e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do

35

fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas

distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel

As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de

transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos

agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da

motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de

forte expansatildeo dessa frota

O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada

prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo

modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na

distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o

Brasil

Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil

(Fonte wwwmmagovbr 2015)

A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do

transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham

pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute

36

entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT

- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal

ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de

13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9

acima (httpwwwmmagovbr 2015)

O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua

manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes

da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)

oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos

(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve

considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente

devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases

que contribuem para o efeito estufa

313 Uso dos Edifiacutecios

Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um

edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o

meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes

agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo

Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e

financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da

construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do

empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre

necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e

patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o

edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte

37

Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das

atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio

ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou

beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de

uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre

aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto

ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do

aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)

Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico

Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)

Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos

edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e

38

identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto

no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO

2002) como listados no Quadro 2

Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser

observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas

fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis

ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios

domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases

de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade

vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a

criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades

relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira

dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)

Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25

das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis

para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave

eletricidade adquirida por terceiros

No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do

edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento

ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo

somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e

aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo

satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)

A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no

que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003

39

comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de

eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10

Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)

No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos

relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e

ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores

aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)

Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras

Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)

Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito

das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo

mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado

40

Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade

pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo

de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a

intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico

por um fator de 10

Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos

em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir

na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um

edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado

que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas

accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade

32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)

No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de

desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de

GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas

uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo

governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources

Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)

promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente

como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)

Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes

de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para

todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De

acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do

Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram

41

criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios

de emissotildees de GEEs

Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a

(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que

represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo

de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da

compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a

construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves

aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a

participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a

conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias

empresas e programas de GEEs

Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente

importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo

de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia

e exatidatildeo

De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser

seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar

os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2

Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das

emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos

para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de

fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados

O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem

seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as

emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser

42

composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs

dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes

envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a

abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites

Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais

A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que

envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as

como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo

2 e escopo 3

Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)

Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as

emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)

incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o

transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas

liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da

eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser

43

atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de

funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a

terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de

resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)

Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute

preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo

Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no

levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees

(GHG Protocol 2003)

33 O Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do

efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de

qualidade internacional

Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro

de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources

Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial

Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council

for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)

A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao

contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves

empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de

novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a

realidade brasileira

44

Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo

de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo

elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de

empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma

web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees

entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo

Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e

flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser

baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica

34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa

De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo

neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por

sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se

(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera

responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma

crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo

Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas

seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de

armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi

consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter

o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa

45

341 O Sequestro de Carbono

O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das

aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais

comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem

grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as

plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do

sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A

fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo

de do homem das plantas e animais

CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)

A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da

atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a

fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2

Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna

Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)

Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses

aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico

um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a

46

primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas

estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo

As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do

ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o

outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de

funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico

da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio

Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre

muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro

maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno

O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma

parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a

outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido

tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono

poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute

mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo

de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu

aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de

carbono na atmosfera

Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas

(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na

atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de

emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa

47

4 O Programa Carbono Neutro IDESAM

41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM

Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como

estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de

compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo

florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado

do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas

tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e

geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva

Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)

O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do

Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano

de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto

estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco

mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado

compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e

comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a

organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel

48

Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e

contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e

reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da

pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as

atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por

conselhos e auditorias independentes

O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel

de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas

para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas

climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de

pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de

profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave

conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica

Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)

Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo

(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas

estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe

diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na

busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da

Amazocircnia

O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas

Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do

Amazonas

49

A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma

modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia

baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais

desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e

especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da

diversidade bioloacutegica

A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km

de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma

estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua

implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste

na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de

Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa

Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)

O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a

produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a

pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo

secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas

50

racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais

implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e

nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais

Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e

o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar

a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e

acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o

Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM

fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei

do plantio de mudas em um dos SAFs

Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono

Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM

Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal

42 Meacutetodo Empregado

O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem

suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar

51

potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e

metas para uma economia de baixo carbono

Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute

necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas

atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado

com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO

140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro

Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado

wwwnaturacombr 2015)

Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de

emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo

de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a

neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de

Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no

combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro

Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro

IDESAM

52

Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O

passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para

apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios

de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a

compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas

de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute

recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre

o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e

produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner

certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior

monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual

atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados

no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do

solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em

parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em

meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o

53

monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de

certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)

Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de

emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem

carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a

floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais

- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da

sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de

comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo

sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os

agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos

restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser

feito pelo site do IDESAM

43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora

Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por

tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs

variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a

calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro

IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando

fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e

Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC

54

A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada

meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados

como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o

CO2

Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do

IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)

Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das

emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online

mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um

ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de

tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual

55

Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que

variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de

veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou

transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes

(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em

Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa

individualmente (carbononeutroorgbr 2015)

44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica

O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor

privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e

normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o

envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma

tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e

anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)

No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser

realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos

corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo

carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12

meses)

Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos

baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de

acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da

fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos

fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de

veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas

geradas satildeo algumas das atividades consideradas

56

45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees

A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN

IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento

online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e

evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores

as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo

do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3

Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014

(Fonte wwwidesamcombr 2015)

57

No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15

participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e

41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis

de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros

Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio

das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411

evidenciada em azul na Tabela 3

46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal

A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de

mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de

compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)

Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo

de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para

os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e

oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades

regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de

reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de

carbono na biomassa

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash

visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa

durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)

O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como

58

proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM

utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade

de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a

serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde

Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro

IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades

agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por

desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de

conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as

alteraccedilotildees climaacuteticas

Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em

seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte

wwwidesamorgbr 2015)

O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal

local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a

gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados

Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o

aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da

biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os

59

trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores

ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios

As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas

eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios

(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um

nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a

subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e

seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)

Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte

arquivo pessoal)

Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo

pessoal)

60

Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada

atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo

para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se

cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba

Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento

teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar

o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves

comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos

clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)

Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio

com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo

pessoal)

Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente

carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das

aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os

comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar

61

publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem

considerar estrateacutegico

O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de

comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das

empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas

ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da

inserccedilatildeo de um tema comum a todos

Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de

carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa

compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia

ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem

investido em accedilotildees a favor do meio ambiente

Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando

a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos

GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado

Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)

62

5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo

dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil

Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas

pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave

populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o

aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera

muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta

Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo

de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na

Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano

(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e

hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora

outros gases tambeacutem tenham essa propriedade

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave

extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de

fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave

operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do

transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)

Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses

signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito

estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e

compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima

Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo

desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na

realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou

63

remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud

LOBO 2010)

A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e

essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado

importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da

construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se

fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento

sustentaacutevel

O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil

na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o

inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da

emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender

quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram

utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a

Construccedilatildeo Civil

51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil

511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as

instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o

volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste

monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de

promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo

O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias

internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua

64

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e

requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e

comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios

As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem

integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e

industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A

elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente

reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa

na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo

obrigatoacuterias

O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a

empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos

benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como

empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade

de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de

gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e

reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas

pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e

consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e

incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro

incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado

Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na

Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria

com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o

objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida

do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o

65

inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas

e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes

sobre emissotildees de carbono no Brasil

O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a

calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento

Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e

transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas

proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de

uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio

ou sua demoliccedilatildeo

Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil

(wwwsindusconspcombr agosto 2015)

Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da

construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos

66

materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar

a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente

eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando

em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor

O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na

Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1

Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais

Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de

atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio

Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute

que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de

uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de

carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para

alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para

mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de

carbono

512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio

Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da

elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de

Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um

balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema

Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil

delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos

hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os

resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada

67

Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora

seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos

identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)

A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a

emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os

desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no

caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global

A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases

anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os

objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise

de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se

questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)

52 Fatores de Emissotildees

O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a

quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua

especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees

provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar

Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave

ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada

planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo

da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo

(SANQUETTA 2013)

Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo

que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando

68

a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI

2012)

Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de

emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como

complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores

de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol

Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo

depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o

principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em

cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a

seguir

Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos

Fonte (IPCC 2006b)

Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos

combustiacuteveis

69

Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis

Fonte (GHG Protocol 2011)

Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no

Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de

Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo

descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica

Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN

Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)

Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O

Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a

emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte

Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA

(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre

70

transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas

apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA

divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel

para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de

emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo

combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da

aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves

km para 2006 (SANQUETTA 2013)

No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as

variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo

derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia

com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em

consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)

Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR

para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos

periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA

2010 apud SANQUETTA 2013)

Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008

2009 e revisados para 2010

(Fonte SANQUETA 2013)

71

Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados

nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de

correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo

53 Caacutelculo de Emissotildees

De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada

de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende

da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as

diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees

necessaacuterias

No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a

concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e

organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da

estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas

Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes

fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas

emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela

geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos

materiais utilizados na construccedilatildeo civil

O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil

divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de

construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes

Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por

meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de

resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa

72

Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites

organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites

operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas

operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o

escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo

definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3

A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como

exemplo

Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)

531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis

A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com

os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os

combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)

73

Emissotildees = km FEa (Eq 2)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel

km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel

532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica

Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a

Equaccedilatildeo 3

Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)

Onde

Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)

FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)

EE = energia eleacutetrica (MWh)

533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos

Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave

incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de

efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita

pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para

este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)

74

O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o

caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)

contido em cada material

As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada

para os resiacuteduos

Lo = COD f 1612 (Eq 4)

Onde

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)

f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado

1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)

CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)

Onde

CH4 = emissotildees de metano (t)

Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)

m = massa de resiacuteduo (t)

ox = fator de oxidaccedilatildeo

Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o

IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se

ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual

a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo

75

ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente

aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC

que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05

534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis

As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em

aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita

pela equaccedilatildeo 6 sendo

E = (D x FE) 1000 (Eq 6)

Onde

E = emissotildees de CO2e (t)

D = distacircncia (km)

FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)

1000 = conversatildeo de kg para tonelada

Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem

sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos

desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual

natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de

emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)

535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil

Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO

(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou

seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os

requisitos gerais de energia mais significativos

76

O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba

cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas

fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de

vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra

A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO

(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado

atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado

com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os

respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais

Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas

dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de

CO2e

A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da

delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo

Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)

Onde

Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)

Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)

Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)

54 Validaccedilatildeo da Ferramenta

Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de

carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o

meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o

77

trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada

atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de

um estudo de caso

O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de

um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram

disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do

shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento

(SANQUETTA 2013)

O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que

melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira

o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no

periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o

inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites

operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela

metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de

cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)

Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

78

No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos

equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa

Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da

construccedilatildeo todos movidos a diesel

Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de

cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos

gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A

Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades

Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra

originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do

consumo de energia pelos equipamentos

Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs

(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)

79

O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para

que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute

apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra

O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que

possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as

emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra

a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar

de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos

conforme a divisatildeo da ferramenta

As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas

pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo

com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11

Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)

(Fonte LOBO 2010)

80

Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs

da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de

11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o

consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003

tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516

tCO2e para a obra em estudo

O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano

de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo

foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e

abril de 2011

De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de

11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua

inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios

da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e

gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)

Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das

emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos

materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a

importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no

setor de construccedilatildeo civil

55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal

As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo

importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma

soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima

81

No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam

um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados

principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente

preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na

manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave

reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)

A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de

vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que

contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)

A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo

com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de

compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade

humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito

estufa durante o seu crescimento

O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo

utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo

com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para

projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima

produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem

se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto

Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam

sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo

a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem

comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de

compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de

82

atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam

sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na

biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera

Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos

aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir

com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado

teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e

reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de

GEEs atmosfeacutericas

A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez

consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo

eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento

Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se

um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores

Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento

do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em

nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs

gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado

83

6 Consideraccedilotildees Finais

As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees

naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente

caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas

atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar

relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis

pelo aquecimento global

Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o

da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito

estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste

trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de

construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida

durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo

final dos resiacuteduos e do transporte de materiais

O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta

barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a

necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de

competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido

de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que

aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma

ambiental

Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees

de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees

de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura

corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em

conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as

84

emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem

uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees

Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi

realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e

ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia

do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil

variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos

A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema

relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de

efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A

partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o

objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da

organizaccedilatildeo

A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado

de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na

atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro

As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando

como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute

uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas

emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no

meio ambiente

De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo

proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e

compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono

85

Referecircncias Bibliograacuteficas

AGOPYAN amp JOHN V (2011) O Desafio da Sustentabilidade na Construccedilatildeo Civil

Satildeo Paulo Editora Edgard Blucher

ARTAXO 2008 Professor e chefe do Departamento de Fiacutesica Aplicada do Instituto de

Fiacutesica da USP Integra o Painel Intergovernamental de Mudanccedilas Climaacuteticas

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