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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politeacutecnica
Departamento de Construccedilatildeo Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Rio de Janeiro
Agosto de 2015
ii
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politeacutecnica
Departamento de Construccedilatildeo Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado ao Curso de
Engenharia Civil da Escola Politeacutecnica
Universidade Federal do Rio de Janeiro como
parte dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do
tiacutetulo de Engenheiro
Orientador Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Agosto de 2015
iii
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITEacuteCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSAacuteRIOS Agrave OBTENCcedilAtildeO
DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL
Aprovada por
Profa Elaine Garrido Vazquez DSc
Prof Assed Naked Haddad D Sc
Profa Sandra Oda DSc
Rio de janeiro
Agosto de 2015
iv
El Chaer Cintia Regina Amaral
Apresentaccedilatildeo Do Programa Carbono Neutro IDESAM e
Proposta De Caacutelculo de Emissatildeo e Neutralizaccedilatildeo pela Construccedilatildeo
Civil Cintia Regina Amaral El Chaer ndash Rio de Janeiro UFRJ
Escola Politeacutecnica 2015
XI 89 p il 297 cm
Orientador Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduaccedilatildeo ndash UFRJ Poli Engenharia Civil
2015
Referecircncias Bibliograacuteficas p 85-89
1 Introduccedilatildeo 2 Revisatildeo Bibliograacutefica 3 Construccedilatildeo Civil e
Poluiccedilatildeo 4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 5 Proposta
de Quantificaccedilatildeo para a Construccedilatildeo Civil 6 Consideraccedilotildees
Finais
I Vazquez Elaine Garrido II Universidade Federal do Rio
de Janeiro Escola Politeacutecnica Curso de Engenharia Civil III
Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM e
Proposta de caacutelculo de Emissatildeo e neutralizaccedilatildeo Pela
Construccedilatildeo Civil
v
Agradecimentos
Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio
incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos
nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e
compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel
Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente
pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve
Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em
todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho
Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na
minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria
Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela
engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por
cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro
Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos
quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista
nossos momentos seratildeo eternos
As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias
obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais
difiacuteceis e exaustivos
Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas
suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte
dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a
faculdade
vi
Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa
Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por
todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem
Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica
A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo
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Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte
dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Agosto 2015
Orientador Elaine Garrido Vazquez
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera
impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)
sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos
impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta
de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e
propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a
compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de
carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa
Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e
no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os
principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos
materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises
e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de
combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de
GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees
por meio do plantio florestal
Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo
de emissotildees
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION
CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION
INDUSTRY
Cintia Regina Amaral El Chaer
August 2015
Advisor Elaine Garrido Vazquez
The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest
generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases
(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental
impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of
emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering
models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology
adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on
construction The main processes have been identified such as the fabrication process
of the materials transportation of these materials material waste and using of the
building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs
were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis
and research it is expected that the construction industry comes to establishing
strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory
the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate
emissions through the forest planting
Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG
emissions
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
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naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
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espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
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atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
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Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
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altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
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fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
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Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
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maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
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espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
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facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
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global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
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23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
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sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
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de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
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O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
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mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007
ii
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politeacutecnica
Departamento de Construccedilatildeo Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado ao Curso de
Engenharia Civil da Escola Politeacutecnica
Universidade Federal do Rio de Janeiro como
parte dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do
tiacutetulo de Engenheiro
Orientador Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Agosto de 2015
iii
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITEacuteCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSAacuteRIOS Agrave OBTENCcedilAtildeO
DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL
Aprovada por
Profa Elaine Garrido Vazquez DSc
Prof Assed Naked Haddad D Sc
Profa Sandra Oda DSc
Rio de janeiro
Agosto de 2015
iv
El Chaer Cintia Regina Amaral
Apresentaccedilatildeo Do Programa Carbono Neutro IDESAM e
Proposta De Caacutelculo de Emissatildeo e Neutralizaccedilatildeo pela Construccedilatildeo
Civil Cintia Regina Amaral El Chaer ndash Rio de Janeiro UFRJ
Escola Politeacutecnica 2015
XI 89 p il 297 cm
Orientador Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduaccedilatildeo ndash UFRJ Poli Engenharia Civil
2015
Referecircncias Bibliograacuteficas p 85-89
1 Introduccedilatildeo 2 Revisatildeo Bibliograacutefica 3 Construccedilatildeo Civil e
Poluiccedilatildeo 4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 5 Proposta
de Quantificaccedilatildeo para a Construccedilatildeo Civil 6 Consideraccedilotildees
Finais
I Vazquez Elaine Garrido II Universidade Federal do Rio
de Janeiro Escola Politeacutecnica Curso de Engenharia Civil III
Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM e
Proposta de caacutelculo de Emissatildeo e neutralizaccedilatildeo Pela
Construccedilatildeo Civil
v
Agradecimentos
Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio
incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos
nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e
compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel
Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente
pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve
Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em
todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho
Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na
minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria
Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela
engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por
cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro
Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos
quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista
nossos momentos seratildeo eternos
As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias
obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais
difiacuteceis e exaustivos
Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas
suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte
dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a
faculdade
vi
Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa
Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por
todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem
Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica
A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo
vii
Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte
dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Agosto 2015
Orientador Elaine Garrido Vazquez
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera
impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)
sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos
impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta
de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e
propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a
compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de
carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa
Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e
no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os
principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos
materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises
e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de
combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de
GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees
por meio do plantio florestal
Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo
de emissotildees
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION
CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION
INDUSTRY
Cintia Regina Amaral El Chaer
August 2015
Advisor Elaine Garrido Vazquez
The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest
generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases
(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental
impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of
emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering
models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology
adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on
construction The main processes have been identified such as the fabrication process
of the materials transportation of these materials material waste and using of the
building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs
were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis
and research it is expected that the construction industry comes to establishing
strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory
the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate
emissions through the forest planting
Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG
emissions
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
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O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
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naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
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espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
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proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
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materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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Impacts Adaptation and Vulnerability - Working Group II Contribution to the Fifth
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University Press
JUNIOR O Sequestro do Carbono para o Combate ao Efeito Estufa Trabalho final do
curso de poacutes-graduaccedilatildeo em Gestatildeo Ambiental Faculdade da Regiatildeo dos Lagos ndash
FERLAGOS 2004
LAERA MEIRELLES TANIZAKI Controle de Emissotildees De CO2 na Construccedilatildeo Civil
Uma Anaacutelise da Eficiecircncia dos Instrumentos Legais Disponiacuteveis no Municiacutepio Do Rio
De Janeiro Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis 2012
87
LOBO F H R Inventaacuterio de emissatildeo equivalente de dioacutexido de carbono e energia
embutida na composiccedilatildeo de serviccedilos em obras puacuteblicas Estudo de caso no Estado do
Paranaacute 132 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) ndash Setor de Tecnologia
Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2010
MACHADO L C M Metodologias para Estimativas de Emissotildees de Gases de Efeito
Estufa na Produccedilatildeo de Oacuteleo e Gaacutes Projeto de graduaccedilatildeo (Engenharia Civil)
Universidade Federal do Rio de Janeiro 2013
MACHADO ANGELI SAETA SANTOS FARIA CASTRO Entendendo O Protocolo
De Kyoto e o Mecanismo De Desenvolvimento Limpo Texto apresentado como
exigecircncia parcial para aprovaccedilatildeo na disciplina de Economia do Meio Ambiente
Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006
MARENGO J OBREGON G A Caracterizaccedilatildeo do clima do Seacuteculo XX no Brasil
Tendecircncias de chuvas e temperaturas meacutedias e extremas Relatoacuterio 2 MINISTEacuteRIO
DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria De Biodiversidade E Florestas ndash Sbf
Diretoria De Conservaccedilatildeo Da Biodiversidade ndash DCBio Mudanccedilas Climaacuteticas Globais e
Efeitos sobre a Biodiversidade - Subprojeto Caracterizaccedilatildeo do clima atual e definiccedilatildeo
das alteraccedilotildees climaacuteticas para o territoacuterio brasileiro ao longo do Seacuteculo XXI Brasiacutelia
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ROSA MESSIAS AMBROZINI REZENDE Importacircncia da Compreensatildeo dos Ciclos
Biogeoquiacutemicos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de Satildeo Paulo ndash
Instituto de Quiacutemica de Satildeo Carlos 2003
SANQUETTA FLIZIKOWSKI CORTE MOGNON MAAS Estimativa das Emissotildees
de Gases de Efeito Estufa em uma Obra de Construccedilatildeo Civil com a metodologia GHG
Protocol Curitiba UFPR Laboratoacuterio de Inventaacuterio Florestal Instituto Ecoplan PELD
2013
SINDUSCON ndash SINDICATO DA INDUacuteSTRIA DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL DO ESTADO
DE SAtildeO PAULO Guia Metodoloacutegico para Inventaacuterios de Emissotildees e Gases de Efeito
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SOUZA JUNIOR SANTOS MENDONCcedilA FARIA MARQUES Arquitetura de Terra
Alternativa Sustentaacutevel para os Impactos Ambientais Causados pela Construccedilatildeo Civil
E-xacta Belo Horizonte 2014
89
UNEP ndash UNITED NATIONS ENVIRONMENTAL PROGRAMME Avaliaccedilatildeo de Poliacuteticas
Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees
Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis
Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007
iii
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITEacuteCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSAacuteRIOS Agrave OBTENCcedilAtildeO
DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL
Aprovada por
Profa Elaine Garrido Vazquez DSc
Prof Assed Naked Haddad D Sc
Profa Sandra Oda DSc
Rio de janeiro
Agosto de 2015
iv
El Chaer Cintia Regina Amaral
Apresentaccedilatildeo Do Programa Carbono Neutro IDESAM e
Proposta De Caacutelculo de Emissatildeo e Neutralizaccedilatildeo pela Construccedilatildeo
Civil Cintia Regina Amaral El Chaer ndash Rio de Janeiro UFRJ
Escola Politeacutecnica 2015
XI 89 p il 297 cm
Orientador Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduaccedilatildeo ndash UFRJ Poli Engenharia Civil
2015
Referecircncias Bibliograacuteficas p 85-89
1 Introduccedilatildeo 2 Revisatildeo Bibliograacutefica 3 Construccedilatildeo Civil e
Poluiccedilatildeo 4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 5 Proposta
de Quantificaccedilatildeo para a Construccedilatildeo Civil 6 Consideraccedilotildees
Finais
I Vazquez Elaine Garrido II Universidade Federal do Rio
de Janeiro Escola Politeacutecnica Curso de Engenharia Civil III
Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM e
Proposta de caacutelculo de Emissatildeo e neutralizaccedilatildeo Pela
Construccedilatildeo Civil
v
Agradecimentos
Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio
incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos
nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e
compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel
Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente
pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve
Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em
todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho
Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na
minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria
Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela
engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por
cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro
Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos
quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista
nossos momentos seratildeo eternos
As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias
obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais
difiacuteceis e exaustivos
Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas
suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte
dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a
faculdade
vi
Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa
Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por
todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem
Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica
A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo
vii
Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte
dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Agosto 2015
Orientador Elaine Garrido Vazquez
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera
impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)
sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos
impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta
de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e
propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a
compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de
carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa
Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e
no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os
principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos
materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises
e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de
combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de
GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees
por meio do plantio florestal
Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo
de emissotildees
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION
CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION
INDUSTRY
Cintia Regina Amaral El Chaer
August 2015
Advisor Elaine Garrido Vazquez
The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest
generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases
(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental
impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of
emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering
models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology
adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on
construction The main processes have been identified such as the fabrication process
of the materials transportation of these materials material waste and using of the
building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs
were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis
and research it is expected that the construction industry comes to establishing
strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory
the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate
emissions through the forest planting
Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG
emissions
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
7
naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
8
espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007
iv
El Chaer Cintia Regina Amaral
Apresentaccedilatildeo Do Programa Carbono Neutro IDESAM e
Proposta De Caacutelculo de Emissatildeo e Neutralizaccedilatildeo pela Construccedilatildeo
Civil Cintia Regina Amaral El Chaer ndash Rio de Janeiro UFRJ
Escola Politeacutecnica 2015
XI 89 p il 297 cm
Orientador Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduaccedilatildeo ndash UFRJ Poli Engenharia Civil
2015
Referecircncias Bibliograacuteficas p 85-89
1 Introduccedilatildeo 2 Revisatildeo Bibliograacutefica 3 Construccedilatildeo Civil e
Poluiccedilatildeo 4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 5 Proposta
de Quantificaccedilatildeo para a Construccedilatildeo Civil 6 Consideraccedilotildees
Finais
I Vazquez Elaine Garrido II Universidade Federal do Rio
de Janeiro Escola Politeacutecnica Curso de Engenharia Civil III
Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM e
Proposta de caacutelculo de Emissatildeo e neutralizaccedilatildeo Pela
Construccedilatildeo Civil
v
Agradecimentos
Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio
incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos
nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e
compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel
Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente
pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve
Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em
todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho
Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na
minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria
Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela
engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por
cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro
Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos
quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista
nossos momentos seratildeo eternos
As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias
obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais
difiacuteceis e exaustivos
Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas
suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte
dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a
faculdade
vi
Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa
Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por
todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem
Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica
A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo
vii
Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte
dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Agosto 2015
Orientador Elaine Garrido Vazquez
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera
impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)
sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos
impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta
de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e
propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a
compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de
carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa
Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e
no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os
principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos
materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises
e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de
combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de
GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees
por meio do plantio florestal
Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo
de emissotildees
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION
CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION
INDUSTRY
Cintia Regina Amaral El Chaer
August 2015
Advisor Elaine Garrido Vazquez
The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest
generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases
(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental
impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of
emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering
models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology
adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on
construction The main processes have been identified such as the fabrication process
of the materials transportation of these materials material waste and using of the
building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs
were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis
and research it is expected that the construction industry comes to establishing
strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory
the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate
emissions through the forest planting
Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG
emissions
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
7
naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
8
espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
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Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
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A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
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racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
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potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
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Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
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monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
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A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
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Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
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45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
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No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
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proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
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trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
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Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
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publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
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remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
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elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
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inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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Tendecircncias de chuvas e temperaturas meacutedias e extremas Relatoacuterio 2 MINISTEacuteRIO
DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria De Biodiversidade E Florestas ndash Sbf
Diretoria De Conservaccedilatildeo Da Biodiversidade ndash DCBio Mudanccedilas Climaacuteticas Globais e
Efeitos sobre a Biodiversidade - Subprojeto Caracterizaccedilatildeo do clima atual e definiccedilatildeo
das alteraccedilotildees climaacuteticas para o territoacuterio brasileiro ao longo do Seacuteculo XXI Brasiacutelia
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SANQUETTA FLIZIKOWSKI CORTE MOGNON MAAS Estimativa das Emissotildees
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Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis
Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007
v
Agradecimentos
Aos meus pais e maiores exemplos Ana e Carlos por todo amor e apoio
incondicional Independentes das dificuldades enfrentadas ao longo desses anos
nunca deixaram de incentivar e acreditar em mim Obrigada por todo esforccedilo e
compreensatildeo sem vocecircs nada disso seria possiacutevel
Obrigada a minha irmatilde Silvia pelo amor e companheirismo e principalmente
pelo seu incriacutevel senso de humor no qual ajudou a tornar essa trajetoacuteria mais leve
Aacutes minhas avoacutes e riquezas Alda Lais e Evany que estiveram comigo em
todas as etapas da minha vida contribuindo sempre com muito amor e carinho
Aacute minha famiacutelia que sempre torceu por mim e representa a base de tudo na
minha vida Celebraremos e compartilharemos de mais uma vitoacuteria com muita alegria
Ao meu namorado Maacuterio Victor por me ajudar a despertar o gosto pela
engenharia Juntos com certeza esta caminhada tornou-se mais faacutecil Obrigada por
cada ensinamento por toda paciecircncia e pelo exemplo de profissional e engenheiro
Aos amigos que fiz nesta universidade cuacutemplices de toda esta trajetoacuteria nos
quais compartilhei vitoacuterias e derrotas Estes foram essenciais para essa conquista
nossos momentos seratildeo eternos
As minhas amadas amigas que souberam entender minhas ausecircncias
obrigada por estarem sempre comigo me apoiando e ajudando nos momentos mais
difiacuteceis e exaustivos
Aacute minha orientadora Elaine pela ajuda no pouco tempo que lhe coube pelas
suas correccedilotildees orientaccedilotildees е incentivos Um obrigado especialmente por todo suporte
dado aos alunos da engenharia natildeo medindo esforccedilos em prol de melhorias para a
faculdade
vi
Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa
Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por
todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem
Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica
A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo
vii
Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte
dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Agosto 2015
Orientador Elaine Garrido Vazquez
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera
impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)
sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos
impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta
de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e
propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a
compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de
carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa
Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e
no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os
principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos
materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises
e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de
combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de
GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees
por meio do plantio florestal
Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo
de emissotildees
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION
CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION
INDUSTRY
Cintia Regina Amaral El Chaer
August 2015
Advisor Elaine Garrido Vazquez
The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest
generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases
(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental
impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of
emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering
models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology
adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on
construction The main processes have been identified such as the fabrication process
of the materials transportation of these materials material waste and using of the
building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs
were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis
and research it is expected that the construction industry comes to establishing
strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory
the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate
emissions through the forest planting
Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG
emissions
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
7
naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
8
espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007
vi
Ao engenheiro Flaacutevio Cremonesi pela oportunidade de conhecer o Programa
Carbono Neutro IDESAM e pela experiecircncia de desbravar a Amazocircnia Obrigado por
todo aprendizado pelo material cedido e todo cuidado durante a viagem
Aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
de Janeiro que desempenharam papel fundamental na minha formaccedilatildeo acadecircmica
A todos vocecircs minha eterna e sincera gratidatildeo
vii
Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte
dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Agosto 2015
Orientador Elaine Garrido Vazquez
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera
impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)
sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos
impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta
de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e
propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a
compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de
carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa
Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e
no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os
principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos
materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises
e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de
combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de
GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees
por meio do plantio florestal
Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo
de emissotildees
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION
CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION
INDUSTRY
Cintia Regina Amaral El Chaer
August 2015
Advisor Elaine Garrido Vazquez
The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest
generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases
(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental
impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of
emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering
models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology
adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on
construction The main processes have been identified such as the fabrication process
of the materials transportation of these materials material waste and using of the
building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs
were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis
and research it is expected that the construction industry comes to establishing
strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory
the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate
emissions through the forest planting
Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG
emissions
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
7
naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
8
espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
Referecircncias Bibliograacuteficas
AGOPYAN amp JOHN V (2011) O Desafio da Sustentabilidade na Construccedilatildeo Civil
Satildeo Paulo Editora Edgard Blucher
ARTAXO 2008 Professor e chefe do Departamento de Fiacutesica Aplicada do Instituto de
Fiacutesica da USP Integra o Painel Intergovernamental de Mudanccedilas Climaacuteticas
(httpwwwmudancasclimaticasandiorgbrcontentmudancas-climaticas-globais-
cenarios-para-o-planeta-e-amazonia) Acesso em 12072015
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transport emission factors 2010 Disponiacutevel em
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Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis
Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007
vii
Resumo do Projeto de Graduaccedilatildeo apresentado agrave Escola Politeacutecnica UFRJ como parte
dos requisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Civil
APRESENTACcedilAtildeO DO PROGRAMA CARBONO NEUTRO IDESAM E PROPOSTA DE
CAacuteLCULO DE EMISSAtildeO E NEUTRALIZACcedilAtildeO PELA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL
Cintia Regina Amaral El Chaer
Agosto 2015
Orientador Elaine Garrido Vazquez
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que mais gera
impactos no meio ambiente atraveacutes das emissotildees de gases do efeito estufa (GEEs)
sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia nos processos de mitigaccedilatildeo dos
impactos ambientais O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta
de caacutelculo de emissotildees GEEs para empreendimentos do setor de Construccedilatildeo Civil e
propor modelos de neutralizaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Para a
compensaccedilatildeo dessas emissotildees de GEEs foi sugerido programas de neutralizaccedilatildeo de
carbono por meio do sequestro florestal como o do estudo de caso O Programa
Carbono Neutro IDESAM A metodologia empregada foi baseada no GHG Protocol e
no SINDUSCON-SP direcionada para a construccedilatildeo civil Foram identificados os
principais processos de emissatildeo tais como o processo industrial de fabricaccedilatildeo dos
materiais o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio A partir das anaacutelises
e pesquisas apresentadas espera-se que a Construccedilatildeo Civil estabeleccedila estrateacutegias de
combate agrave mudanccedila do clima partindo do princiacutepio de inventariar as emissotildees de
GEEs aplicar estrateacutegias de reduccedilatildeo nos processos chaves e compensar as emissotildees
por meio do plantio florestal
Palavras-chave Gases de efeito estufa GHG Protocol neutralizaccedilatildeo compensaccedilatildeo
de emissotildees
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION
CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION
INDUSTRY
Cintia Regina Amaral El Chaer
August 2015
Advisor Elaine Garrido Vazquez
The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest
generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases
(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental
impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of
emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering
models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology
adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on
construction The main processes have been identified such as the fabrication process
of the materials transportation of these materials material waste and using of the
building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs
were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis
and research it is expected that the construction industry comes to establishing
strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory
the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate
emissions through the forest planting
Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG
emissions
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
7
naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
8
espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLIUFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
PRESENTATION OF CARBONO NEUTRO IDESAM PROGRAM AND EMISSION
CALCULATION AND NEUTRALIZATION PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION
INDUSTRY
Cintia Regina Amaral El Chaer
August 2015
Advisor Elaine Garrido Vazquez
The Construction strategic sector of the Brazilian economy is one of the fastest
generates impacts on the environment through emissions of greenhouse gases
(GHGs) and its share of utmost importance in mitigation processes of environmental
impacts The objective of this paper is to develop a proposal for quantification of
emission of gas (GHG) focusing on the construction industry in addition to offering
models for compensating this emissions through forestry plantation The methodology
adopted was the one presented by GHG Protocol and SINDUSCON-SP focused on
construction The main processes have been identified such as the fabrication process
of the materials transportation of these materials material waste and using of the
building In order to compensate the GHG emissions carbon neutralization programs
were suggested such as The Carbon Neutral Program IDESAM Based on analysis
and research it is expected that the construction industry comes to establishing
strategies to combat climate changing Basic principles should be followed inventory
the GHG emissions apply reduction strategies at the key processes and compensate
emissions through the forest planting
Keywords Greenhouse gases GHG Protocol neutralization compensation of GHG
emissions
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
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naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
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espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
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atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
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altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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Protocol Curitiba UFPR Laboratoacuterio de Inventaacuterio Florestal Instituto Ecoplan PELD
2013
SINDUSCON ndash SINDICATO DA INDUacuteSTRIA DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL DO ESTADO
DE SAtildeO PAULO Guia Metodoloacutegico para Inventaacuterios de Emissotildees e Gases de Efeito
Estufa na Construccedilatildeo Civil Satildeo Paulo 74p 2013 Disponiacutevel emlt
httpwwwsindusconspcombrdownloadsprodservpublicacoesguia_gee_i_pad_e_w
ebpdfgt Acesso em 10072015
SOUZA JUNIOR SANTOS MENDONCcedilA FARIA MARQUES Arquitetura de Terra
Alternativa Sustentaacutevel para os Impactos Ambientais Causados pela Construccedilatildeo Civil
E-xacta Belo Horizonte 2014
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UNEP ndash UNITED NATIONS ENVIRONMENTAL PROGRAMME Avaliaccedilatildeo de Poliacuteticas
Puacuteblicas para Reduccedilatildeo da Emissatildeo de Gases de Efeito Estufa em Edificaccedilotildees
Relatoacuterio PNUMA ndash Iniciativa para Edificaccedilotildees e Construccedilotildees Sustentaacuteveis
Universidade da Europa Central Budapeste 106p 2007
ix
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo 1
11 Consideraccedilotildees Inicias 1
12 Objetivo 2
13 Justificativa 2
14 Metodologia Empregada 3
15 Estrutura do trabalho 4
2 Revisatildeo Bibliograacutefica 5
21 Mudanccedilas Climaacuteticas 5
211 Visatildeo Global 5
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia 11
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global 16
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2 20
231 Ciclo do Carbono 20
232 Liberaccedilatildeo do CO2 22
24 O Protocolo de Kyoto 24
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo 30
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil 30
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo 32
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos 34
x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
7
naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
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espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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x
313 Uso dos Edifiacutecios 36
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) 40
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol 43
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa 44
341 O Sequestro de Carbono 45
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM 47
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM 47
42 Meacutetodo Empregado 50
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica 53
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica 55
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees 56
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal 57
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo dos GEEs
para o Setor da Construccedilatildeo Civil 62
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil 63
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees 63
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio 66
52 Fatores de Emissotildees 67
53 Caacutelculo de Emissotildees 71
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis 72
xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
7
naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
8
espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
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mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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xi
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica 73
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos 73
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis 75
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil 75
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta 76
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal 80
6 Consideraccedilotildees Finais 83
Referecircncias Bibliograacuteficas 85
1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
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naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
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espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
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atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
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altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
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mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
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Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
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emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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1
1 Introduccedilatildeo
11 Consideraccedilotildees Inicias
O desenvolvimento socioeconocircmico do mundo moderno combinado com o
crescimento populacional tem levado agrave aceleraccedilatildeo do uso dos recursos naturais Um
dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases
de efeito estufa (GEEs) na atmosfera muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do
planeta Este acuacutemulo de gases estaacute gerando o fenocircmeno das Mudanccedilas Climaacuteticas
cujo impacto tem sido apontado com ecircnfase pela comunidade cientiacutefica internacional
Segundo o SINDUSCON-SP (2013) eacute um novo panorama que se abre como um
desafio para a gestatildeo das atividades econocircmicas ao redor do mundo com novos
riscos e oportunidades para as empresas tornando-se vital a criaccedilatildeo de novas
estrateacutegias para tratar a sustentabilidade dos negoacutecios
A Construccedilatildeo Civil setor estrateacutegico da economia brasileira eacute um dos que
mais gera impactos no meio ambiente sendo sua participaccedilatildeo de extrema importacircncia
nos processos de mitigaccedilatildeo dos impactos ambientais Ao longo do Seacuteculo XXI as
Mudanccedilas Climaacuteticas Globais poderatildeo causar variaccedilotildees na quantidade e distribuiccedilatildeo
de precipitaccedilotildees nas temperaturas meacutedias e extremas entre outras mudanccedilas no
regime climaacutetico (IPCC 2013)
Neste contexto vaacuterias empresas do setor tecircm tomado iniciativas na direccedilatildeo de
estabelecer processos de gestatildeo de suas emissotildees a iniciar pela realizaccedilatildeo e
publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases de efeito estufa e prosseguindo por
medidas de gestatildeo para a sua reduccedilatildeo
O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de
quantificaccedilotildees de emissotildees para empreendimentos da Construccedilatildeo Civil e propor
modelos de compensaccedilatildeo de emissotildees por meio de plantios florestais Esta teacutecnica
2
possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo utilizado como principal
meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs
Segundo KRUG (2004 apud FLIZIKOWSKI 2012) reflorestamento eacute a
conversatildeo induzida diretamente pelo homem de aacuterea natildeo florestada para aacuterea
florestada por meio do plantio de espeacutecies florestais
O Brasil por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal possui um bom
potencial para estes tipos de projetos com destaque para a Amazocircnia Aleacutem disso
existem muitas aacutereas degradadas que podem se prestar bem aos propoacutesitos dos
potenciais projetos trazendo impactos sociais positivos aleacutem dos benefiacutecios
econocircmicos e ambientais jaacute preconizados
12 Objetivo
O objetivo do presente trabalho eacute apresentar uma proposta de caacutelculo de
emissotildees de gases de efeito estufa para o setor da Construccedilatildeo Civil e propor modelos
de compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal Estimular o setor da
Construccedilatildeo Civil a estabelecer estrateacutegias de combate agraves mudanccedilas climaacuteticas
inventariar e quantificar as emissotildees de gases do efeito estufa aplicar estrateacutegias de
reduccedilatildeo nos processos chaves
13 Justificativa
A ideia de consciecircncia ambiental deve ser cada vez mais compreendida e
disseminada pelo ser humano de forma que o crescimento socioeconocircmico da
sociedade esteja sempre relacionado com o desenvolvimento sustentaacutevel Assim a
induacutestria da construccedilatildeo civil responsaacutevel por significativos impactos ambientais
torna-se fundamental pela busca de um melhor desempenho e reduccedilotildees destes
danos
3
Os dados relacionados agrave induacutestria da construccedilatildeo civil satildeo alarmantes segundo
o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) o setor eacute
responsaacutevel por cerca de 30 a 40 do consumo mundial de energia nas edificaccedilotildees
Jaacute o Brasil se encontra em sexto lugar no ranking mundial de emissatildeo de CO2 pela
construccedilatildeo civil devido agrave utilizaccedilatildeo intensa de recursos durante a construccedilatildeo e
operaccedilatildeo (FREITAS 2007)
Eacute essencial que uma intervenccedilatildeo seja feita no setor com foco em medidas de
combate as alteraccedilotildees climaacuteticas atraveacutes da elaboraccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees
de GEEs aplicaccedilatildeo de estrateacutegias de reduccedilatildeo em suas principais atividades e
compensaccedilatildeo das emissotildees por meio do plantio florestal O Programa Carbono
Neutro IDESAM aborda tais questotildees com a proposta de compensar as emissotildees de
gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais sendo um
modelo a ser seguido por diferentes instituiccedilotildees principalmente a Construccedilatildeo Civil
14 Metodologia Empregada
A metodologia de pesquisa adotada foi baseada nas principais formas de
emissatildeo de gases do efeito estufa pela Construccedilatildeo Civil com ecircnfase na emissatildeo de
carbono responsaacuteveis pelas interferecircncias climaacuteticas As principais etapas para
compreensatildeo e quantificaccedilatildeo dessas emissotildees foram fornecidas baseadas no GHG
Protocol e no SINDUSCON-SP de forma a estimular o setor da construccedilatildeo a elaborar
inventaacuterios de GEEs e assim desenvolver estrateacutegias para reduccedilatildeo da emissatildeo
destes gases como exemplificado pelo Programa Carbono Neutro IDESAM
Para a realizaccedilatildeo do trabalho foram consultados livros artigos e teses a fim de
oferecer a informaccedilatildeo necessaacuteria ao entendimento do tema
4
15 Estrutura do trabalho
Este trabalho estaacute estruturado em seis capiacutetulos contando com as
consideraccedilotildees iniciais e finais e mais quatro partes que integram o corpo do trabalho
Neste primeiro capiacutetulo temos a introduccedilatildeo ao tema apresentado os objetivos
que se pretende alcanccedilar com a realizaccedilatildeo deste estudo as justificativas que levaram
ao desenvolvimento do presente trabalho e a metodologia aplicada
Segue-se a esta introduccedilatildeo o segundo capiacutetulo no qual satildeo apresentados
aspectos diversos como as mudanccedilas climaacuteticas o Efeito Estufa e o Aquecimento
Global as formas de liberaccedilatildeo do Carbono na atmosfera e o Protocolo de Kyoto
O terceiro capiacutetulo apresenta as formas de poluiccedilatildeo pela Construccedilatildeo Civil e
suas principais fontes de emissotildees dos gases do efeito estufa tais como a produccedilatildeo
de materiais na construccedilatildeo o transporte de materiais e resiacuteduos e o uso do edifiacutecio
Em sequecircncia eacute apresentado o GHG Protocol no qual objetiva incentivar as empresas
a inventariar as emissotildees e o plantio de aacutervores que atuam no sequestro do Carbono
No quarto capiacutetulo eacute apresentado o Programa Carbono Neutro IDESAM
projeto capaz de neutralizar as emissotildees de gases do Efeito Estufa atraveacutes do plantio
florestal Os detalhes do projeto o meacutetodo dos caacutelculos das emissotildees e a forma de
compensaccedilatildeo satildeo apresentados ao longo do capiacutetulo
O capiacutetulo cinco apresenta uma proposta de como quantificar as principais
emissotildees geradas pela Construccedilatildeo Civil com diretrizes e ferramentas de caacutelculo de
emissotildees de CO2 A Proposta foi customizada atraveacutes da metodologia do GHG
Protocol e referecircncias do SINDUSCON-SP
No sexto e uacuteltimo capiacutetulo estatildeo as consideraccedilotildees finais seguidas das
referecircncias bibliograacuteficas
5
2 Revisatildeo Bibliograacutefica
21 Mudanccedilas Climaacuteticas
211 Visatildeo Global
Quanto mais o tempo passa maiores satildeo as evidecircncias de que as accedilotildees
humanas estatildeo interferindo no clima Bilhotildees de pessoas consumindo volumes
crescentes de produtos jaacute comeccedilam a afetar a composiccedilatildeo quiacutemica da atmosfera que
protege os habitantes do planeta
Apesar das incertezas envolvidas a partir da deacutecada de 1950 diversas
mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido observadas em diferentes regiotildees do planeta a
atmosfera e os oceanos se aqueceram os niacuteveis do mar aumentaram e as
concentraccedilotildees de gases de efeito estufa (GEEs) aumentaram (IPCC 2013)
Figura 1 Anomalias das temperaturas globais em maio de 2013 relativas ao periacuteodo base 1981-2010
(Fonte wwwapolo11com 2015)
6
O aumento da temperatura e as diferentes variaccedilotildees regionais na Terra satildeo
fatores preocupantes como mostrado na Figura 1 as evidentes anomalias de
temperaturas globais do mecircs de maio de 2013 com relaccedilatildeo ao periacuteodo base 1981-
2010 Observa-se que enquanto algumas regiotildees apresentaram um aquecimento
muito maior que a meacutedia global outros registraram um resfriamento bem significativo
O clima da Terra eacute regulado por diversos elementos e processos que envolvem o
fluxo de radiaccedilatildeo solar a atmosfera e a superfiacutecie terrestre Satildeo cinco os
componentes principais a Atmosfera uma camada de ar dividida em sete faixas que
envolve nosso planeta e eacute extremamente fina quando comparada ao raio terrestre a
Hidrosfera representada pelas aacuteguas oceacircnicas e continentais a Criosfera
constituindo as camadas de gelo e neve na superfiacutecie da Terra a Superfiacutecie Terrestre
e Biosfera ou seja crosta terrestre onde se encontram os seres vivos e por uacuteltimo a
Radiaccedilatildeo Solar onde todas as interaccedilotildees entre os outros quatro componentes
mencionados acontecem devido agrave incidecircncia de tal fenocircmeno Em siacutentese nesse
contexto observa-se que tudo o que ocorre na Terra eacute causado e influenciado pelo
brilho do Sol
Para um melhor entendimento sobre esses fenocircmenos alguns conceitos usuais
sobre mudanccedilas climaacuteticas devem ser considerados Clima eacute normalmente definido
como a descriccedilatildeo estatiacutestica do tempo em termos de meacutedia e variaccedilotildees de
quantidades relevantes por periacuteodos de vaacuterias deacutecadas Tais quantidades satildeo na
maioria das vezes temperatura precipitaccedilatildeo e vento Clima tambeacutem eacute definido como a
descriccedilatildeo do estado do sistema climaacutetico (IPCC 2013)
Mudanccedilas climaacuteticas referem-se a mudanccedilas no estado do clima que podem ser
identificadas (por exemplo por meio de testes estatiacutesticos) por alteraccedilotildees na meacutedia
eou variaccedilatildeo de suas propriedades e que persiste durante um longo periacuteodo
tipicamente deacutecadas ou mais A mudanccedila climaacutetica pode ocorrer devido a processos
7
naturais ou forccedilas externas ou devido a mudanccedilas antropogecircnicas persistentes na
composiccedilatildeo da atmosfera ou no uso da terra (IPCC 2007 apud Machado 2013)
O clima da Terra natildeo eacute uma constante e apresenta variaccedilotildees draacutesticas em
decorrecircncia de processos naturais como ocorreu nas eras glaciais onde boa parte do
planeta foi coberto por gelo O sistema climaacutetico terrestre responde a desequiliacutebrios
energeacuteticos chamados de forccedilantes climaacuteticas e suas causas podem ser classificadas
como naturais (internas e externas) e antroacutepicas (devido a atividades humanas)
A influecircncia externa eacute caracterizada pelas causas originadas fora do globo
terrestre como as de origens solares que vai desde a variaccedilatildeo de energia do sol que
chega a Terra ateacute a variaccedilatildeo da proacutepria oacuterbita terrestre
As causas de origem interna acontecem devido agrave deriva dos continentes (nos
quais aproximam-se ou afastam-se dos polos) por partiacuteculas emitidas pelos vulcotildees
(aerossoacuteis que refletem a luz solar impedindo que uma parte chega agrave superfiacutecie) e
tambeacutem pelas oscilaccedilotildees perioacutedicas conhecidos como El Nintildeo e La Nintildea que afetam
o hemisfeacuterio sul e o Brasil
Os forccedilantes antroacutepicos satildeo causados principalmente pela queima de
combustiacuteveis foacutesseis e o desmatamento nos quais intensificam a concentraccedilatildeo de
gases de efeito estufa na atmosfera Assim no sistema climaacutetico nota-se que todos
esses elementos estatildeo interligados e quando algum sofre modificaccedilatildeo os demais
tambeacutem satildeo alterados
Quando existe um balanccedilo entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfiacutecie terrestre o clima se manteacutem praticamente inalterado
Entretanto o balanccedilo de energia pode ser alterado de vaacuterias formas (MMA 2013
apud Machado 2013) por mudanccedila na quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie
terrestre por mudanccedila na oacuterbita da Terra ou do proacuteprio Sol por mudanccedila na
quantidade de energia que chega agrave superfiacutecie terrestre e eacute refletida de volta ao
8
espaccedilo devido agrave presenccedila de nuvens ou de partiacuteculas na atmosfera (tambeacutem
chamadas de aerossoacuteis que resultam de queimadas por exemplo) e finalmente
graccedilas agrave alteraccedilatildeo na quantidade de energia reemitida de volta ao espaccedilo com maior
comprimento de onda devido a mudanccedilas na concentraccedilatildeo de gases do efeito estufa
(GEEs) na atmosfera
O Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) eacute um oacutergatildeo da
ONU criado em 1988 com a funccedilatildeo de avaliar o estado atual do conhecimento
cientiacutefico sobre mudanccedilas climaacuteticas e seus potenciais impactos ambientais e
socioeconocircmicos Sob o ponto de vista oficial o IPCC diz que o problema em questatildeo
natildeo deve sequer ser motivo de discussatildeo em termos de sua existecircncia ou natildeo pois eacute
mais do que comprovada a seacuterie de mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos
tempos e a participaccedilatildeo do ser humano nesse processo
De acordo com o IPCC a emissatildeo de gases do efeito estufa provenientes de
atividades humanas cresceram 70 entre 1970 e 2004 Do total de emissotildees
antropogecircnicas 77 correspondiam ao dioacutexido de carbono que no mesmo periacuteodo
teve um aumento de 21 para 38 giga toneladas (Gt) onde 1 tonelada de carbono eacute
aproximadamente o que emite um carro popular (com o uso de gasolina) durante um
ano (wwwghgprotocolbrasilcombr 2015)
Segundo o Programa Brasileiro CHG Protocol o aumento de emissotildees de dioacutexido
de carbono equivalente foi bem maior no periacuteodo de 1995 a 2004 do que de 1970 a
1994 Os setores que mais contribuiacuteram para o aumento de emissotildees foram energia
transporte e a induacutestria (com ecircnfase para a Construccedilatildeo Civil) e em um ritmo menor os
edifiacutecios comerciais e residenciais e o setor florestal e da agricultura
Atualmente estima-se que o planeta estaacute proacuteximo aos 50Gt de CO2e e poderaacute
chegar a 61Gt em 2020 e 70Gt em 2030 Discute-se sobre a capacidade da Terra de
absorver tais emissotildees e nuacutemeros cientiacuteficos apontam que tais emissotildees estatildeo
9
atualmente cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade (entre 6 e 9 GtCO2)
em um processo que teve iniacutecio em meados do seacuteculo XIX com a Revoluccedilatildeo
Industrial (httpcms-ghgherokuappcom 2015)
Dados levantados por cientistas vinculados ao IPCC afirmam que o seacuteculo XX em
razatildeo dos desdobramentos ambientais das Revoluccedilotildees Industriais foi o periacuteodo mais
quente da histoacuteria desde o teacutermino da uacuteltima glaciaccedilatildeo com um aumento meacutedio de
07ordmC nas temperaturas de todo o planeta Ainda segundo o oacutergatildeo as previsotildees para
o seacuteculo XXI natildeo satildeo animadoras pois haveraacute a elevaccedilatildeo de mais 1ordmC em caso de
preservaccedilatildeo da atmosfera ou de 18 a 4ordmC em um cenaacuterio mais pessimista que
apresente maior poluiccedilatildeo
Figura 2 Simulaccedilatildeo do aumento meacutedio regional de temperatura previsto pelos modelos compilados pelo
IPCC para trecircs cenaacuterios de emissotildees diferentes (B1 A1B E A2) e para as escalas temporais de 2020-
2029 e 2090-2099 (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
A Figura 2 mostra os possiacuteveis aumentos de temperatura e as diferenccedilas
regionais em funccedilatildeo das diferentes quantidades de emissotildees ao longo dos anos
paras as escalas temporais de 2020-2029 e 2090-2099 Essas variaccedilotildees tecircm afetado
o clima o ciclo hidroloacutegico e os eventos extremos com impactos na disponibilidade
10
dos recursos hiacutedricos em acircmbito global e regional podendo causar quedas
importantes na taxa de precipitaccedilatildeo e afetando diferentes aacutereas do globo terrestre
Se as incertezas satildeo grandes no que diz respeito agraves estimativas de meacutedias
globais satildeo ainda maiores quando se produzem avaliaccedilotildees regionais do aumento de
temperatura Acredita-se que essa elevaccedilatildeo natildeo seraacute igual para as vaacuterias regiotildees do
globo onde as aacutereas de altas latitudes (como o Aacutertico e a Antaacutertica) sofreratildeo
aquecimento mais pronunciado e as regiotildees continentais sofreratildeo aquecimento maior
do que as oceacircnicas (httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
De forma geral jaacute satildeo diversos os impactos observados devido agraves mudanccedilas
climaacuteticas conforme relata o IPCC (2014a) em muitas regiotildees a mudanccedila de
precipitaccedilatildeo ou derretimento de neve e gelo estatildeo alterando os sistemas hidroloacutegicos
afetando os recursos hiacutedricos em termos de quantidade e qualidade muitas espeacutecies
terrestres aquaacuteticas e marinhas mudaram sua distribuiccedilatildeo geograacutefica atividades
sazonais padrotildees de migraccedilatildeo abundacircncia e interaccedilotildees intraespeciacuteficas em resposta
agraves mudanccedilas climaacuteticas em curso para a produccedilatildeo agriacutecola com base em muitos
estudos que abrangem uma ampla gama de regiotildees e culturas os impactos negativos
das mudanccedilas climaacuteticas sobre tecircm sido mais comuns do que os impactos positivos
impactos oriundos de eventos climaacuteticos extremos como por exemplo ondas de calor
secas inundaccedilotildees ciclones e incecircndios florestais revelam a significativa
vulnerabilidade e a exposiccedilatildeo de alguns ecossistemas - e de muitos sistemas
humanos - agrave variabilidade climaacutetica atual
Dessa forma os fatos citados evidenciam os diversos impactos ambientais que
ocorrem atualmente em diferentes regiotildees do planeta e ainda o possiacutevel agravamento
desses diferentes quadros devido aos fortes desdobramentos das Mudanccedilas
Climaacuteticas agravados principalmente pelas accedilotildees humanas
11
212 Regiotildees do Brasil e Amazocircnia
Como todo o resto do mundo o Brasil tambeacutem estaacute exposto agraves mudanccedilas do
clima atuais e mais ainda agraves que se projetam para o futuro O Brasil possui um vasto
territoacuterio com diferenccedilas regionais pronunciadas das quais algumas satildeo
particularmente vulneraacuteveis aos eventos climaacuteticos extremos As aacutereas mais
vulneraacuteveis compreendem a Amazocircnia e a regiatildeo Nordeste conforme registrado
no Relatoacuterio de Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE 2011)
Uma das projeccedilotildees eacute a que diz respeito a maior ocorrecircncia de extremos
climaacuteticos tais como secas veranicos vendavais tempestades severas inundaccedilotildees
dentre outros com alta probabilidade de aumento em um planeta mais aquecido A
ocorrecircncia de eventos extremos registrados no Brasil nos uacuteltimos anos com todas as
suas graviacutessimas consequecircncias sociais e ambientais ilustra bem a necessidade de
uma estrateacutegia de adaptaccedilatildeo para o paiacutes nos vaacuterios setores de atividades econocircmicas
(VINCENT et al 2005 MARENGO et al 2009 apud PBMC 2015)
Eventos extremos como a seca de 2005 no oeste e sudoeste da Amazocircnia e o
furacatildeo Catarina no sul do paiacutes em 2004 podem se tornar mais frequentes ateacute o final
do seacuteculo XXI num cenaacuterio futuro de aquecimento global devido agrave intensificaccedilatildeo do
efeito estufa ocasionados pelas altas emissotildees de CO2 na atmosfera do planeta
No Brasil a temperatura meacutedia aumentou aproximadamente 075degC ateacute o final
do seacuteculo XX considerando a meacutedia anual entre 1961-90 de 249degC (mostrado na
Figura 3) sendo 1998 o ano mais quente com aumento de ateacute 095ordmC em relaccedilatildeo agrave
normal climatoloacutegica de 249ordmC De fato os 11 anos considerados 1995-2006 (com
exceccedilatildeo de 1996) estatildeo entre os mais quentes no periacuteodo instrumental (MARENGO et
al 2007)
12
Figura 3 Anomalias de temperatura (superior) e chuva (inferior) para o Brasil no periacuteodo 1901-1998
(Fonte MARENGO et al 2007)
No Brasil o clima ficaraacute mais quente (com aumento gradativo e variaacutevel da
temperatura meacutedia em todas as regiotildees do paiacutes entre 1oC e 6oC ateacute 2100) e o regime
de chuvas tambeacutem vai mudar as precipitaccedilotildees diminuiratildeo significativamente em
grande parte das regiotildees central Norte e Nordeste do paiacutes e aumentaratildeo nas regiotildees
Sul e Sudeste eacute o que aponta o primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional(RAN1)
lanccedilado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC)
O relatoacuterio ainda aponta que como o Brasil eacute um paiacutes de dimensotildees
continentais as mudanccedilas climaacuteticas natildeo afetaratildeo da mesma forma todas as regiotildees
De modo geral eacute possiacutevel perceber um aumento nas temperaturas em todo o paiacutes
poreacutem com intensidades diferentes em cada regiatildeo Jaacute o regime de chuvas seraacute
diferente com regiotildees tendo diminuiccedilatildeo no volume de precipitaccedilotildees e outras tendo
aumento
Assim como o verificado nas previsotildees mundiais o Brasil e sua populaccedilatildeo
tendem a sofrer diferentes consequecircncias das mudanccedilas climaacuteticas de acordo com a
regiatildeo O Quadro 1 mostra os possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros derivados das
anaacutelises dos modelos do IPCC e do relatoacuterio do Clima do INPE para os cenaacuterios de
13
altas (A2) emissotildees e baixas (B2) emissotildees assim como seus impactos em niacutevel
global
Quadro 1 Possiacuteveis cenaacuterios climaacuteticos futuros para as regiotildees brasileiras
RegiatildeoProjeccedilatildeo do clima futuro
ALTAS EMISSOtildeES (A2)
Projeccedilatildeo do clima futuro
BAIXAS EMISSOtildeES (B2)Possiacuteveis impactos
Norte
(inclusive Amazocircnia)
4 a 8degC mais quente com
reduccedilatildeo de 15 a 20 do
volume de chuvas atrasos na
estaccedilatildeo chuvosa e possiacuteveis
aumentos na frequecircncia de
extremos de chuva no oeste da
Amazocircnia
3 a 5degC mais quente com
reduccedilatildeo de 5 a 15 nas
chuvas O impacto natildeo eacute muito
diferente daquele previsto pelo
cenaacuterio A2
Impactos na biodiversidade risco da floresta
ser substituiacuteda por outro tipo de vegetaccedilatildeo
(tipo Cerrado) Baixos niacuteveis dos rios
amazocircnicos podendo afetar o transporte
Risco de incecircndios florestais devido ao ar
mais seco e quente Impactos no transporte
de umidade atmosfeacuterica para as regiotildees Sul
e Sudeste com consequecircncias para a
agricultura e geraccedilatildeo de energia
hidroeleacutetricas
Nordeste
2 a 4degC mais quente 15 a
20 mais seco Diminuiccedilatildeo dos
niacuteveis dos accediludes
1 a 3degC mais quente com
reduccedilatildeo de ateacute 15 no volume
da chuva Diminuiccedilatildeo do niacutevel
dos accediludes
Aumento das secas especialmente no semi-
aacuterido Imactos na agricultura de subsistecircncia
e na sauacutede Perda da biodiversidade da
caatinga Risco de desertificaccedilatildeo Migraccedilatildeo
para outras regiotildees pode aumentar
(refugiados do clima) Chuvas intensas
podem aumentar o risco de deslizamentos
podendo afetar as populaccedilotildees que moram
em morros desmatados enchentes urbanas
mais intensas
Sudeste
3 a 6degC mais quente Eventos
extremos de chuvas seca e
temperatura mais frequentes e
intensos
2 a 3degC mais quente
Consequecircncias semelhantes agraves
do cenaacuterio A2
Imapcto na agricultura na biodiversidade na
sauacutede da populaccedilatildeo e na geraccedilatildeo de
energia Eventos de extremos de chuvas
mais intensos aumentam o risco de
deslizamento podendo afetar populaccedilotildees
que moram em morros desmatados
enchentes urbanas mais intensas
Centro-Oeste3 a 6degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
2 a 4degC mais quente Risco de
veranicos mais intensos
Reduccedilatildeo da biodiversidade no Pantanal e do
Cerrado Impacto na agricultura e na
geraccedilatildeo de energia hidroeleacutetrica
Sul
2 a 4degC mais quente com
aumento das chuvas de 5 a
10 Aumento no volume das
chuvas e na forma dos eventos
intensos de chuva Alta
evaporaccedilatildeo devido ao calor
podendo afetar o balanccedilo
hiacutedrico Extremos de
temperatura mais intensos
causando um inverno mais
quente com poucos eventos
intensos de geadas
1 a 3degC mais quente aumento
das chuvas de ateacute 5 As
consequecircncias satildeo parecidas
com as do cenaacuterio A2 embora
a intensidade possa variar
Extremo de chuva mais frequente aumenta o
risco de deslizamentos podendo afetar as
populaccedilotildees que moram em morros
desmatados enchentes urbanas mais
intensas Imapcto na sauacutede da populaccedilatildeo
na agricultura e na geraccedilatildeo de energia
Risco (ainda pouco provaacutevel) de mais
eventos de ciclones extratropicais
(Fonte Adaptado httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Uma das regiotildees brasileiras mais sensiacuteveis agrave questatildeo das mudanccedilas climaacuteticas
eacute a Amazocircnia Esse ecossistema tem se mostrado muito menos robusto do que se
acreditava a alguns anos atraacutes e estaacute sob intensa pressatildeo devido principalmente a
14
fatores como o desordenado processo de ocupaccedilatildeo com desmatamento acelerado e
as alteraccedilotildees na temperatura e precipitaccedilatildeo resultantes das mudanccedilas climaacuteticas
A Amazocircnia eacute importante para o balanccedilo global de carbono por seu papel na
captaccedilatildeo do carbono proveniente da atmosfera e sua absorccedilatildeo pelas aacutervores e pelo
solo A Floresta Amazocircnica tambeacutem desempenha um papel crucial no clima da
Ameacuterica do Sul por seu efeito no ciclo hidroloacutegico regional A floresta interage com a
atmosfera para regular a umidade no interior da bacia ajuda a direcionar a circulaccedilatildeo
atmosfeacuterica nos troacutepicos ao absorver energia e reciclar aproximadamente metade das
chuvas que caem nela (INPE 2011)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estudaram cenaacuterios
futuros de desmatamento caso as taxas continuem seguindo o padratildeo atual e as
poliacuteticas puacuteblicas de ocupaccedilatildeo continuem as mesmas Observa-se que a aacuterea
desmatada em vermelho com o cenaacuterio das poliacuteticas atuais poderia chegar a
2698735kmsup2 (Figura 4a) o que corresponde a cerca de 45 da Amazocircnia brasileira
Esse desmatamento tenderia a emitir para a atmosfera cerca de 33 milhotildees de
toneladas de carbono (GtC) o que corresponde a mais de 5 anos de todo o
combustiacutevel foacutessil queimado no planeta (ARTAXO 2008)
Figuras 4a e 4b Diferentes situaccedilotildees para as aacutereas desmatadas em vermelho conforme poliacuteticas
puacuteblicas de ocupaccedilatildeo (Fonte wwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
15
Em outro cenaacuterio possiacutevel (Figura 4b) os pesquisadores apresentaram uma
simulaccedilatildeo das previsotildees das regiotildees que seriam desmatadas ateacute 2050 se uma poliacutetica
efetiva de governanccedila fosse implantada na regiatildeo Amazocircnica A emissatildeo de carbono
seria reduzida para 17GtC e a aacuterea desmatada seria da ordem de 1655734kmsup2
Deve-se ressaltar que mesmo no cenaacuterio mais positivo ainda se prevecirc um
desmatamento expressivo da regiatildeo
Do ponto de vista de previsatildeo de temperatura observa-se que no cenaacuterio B2 do
IPCC (o mais otimista agrave esquerda da Figura 5) durante o periacuteodo chuvoso na
Amazocircnia que vai de dezembro a fevereiro a temperatura poderia aumentar da
ordem de 3-4ordmC em algumas regiotildees mas o crescimento meacutedio possivelmente seria
da ordem de 2ordmC Para o cenaacuterio A2 (que implica pouca reduccedilatildeo nas emissotildees e a
continuidade de uso intensivo de combustiacuteveis foacutesseis e estaacute representado agrave direita da
Figura 5) o aumento de temperatura para algumas regiotildees poderia ser da ordem de 5
a 6ordmC - particularmente na regiatildeo leste da floresta amazocircnica
Figura 5 Simulaccedilotildees de aumento de temperatura no final do seacuteculo na Ameacuterica do Sul para o periacuteodo de
dezembro a fevereiro A figura agrave esquerda conteacutem os resultados para o cenaacuterio B2 do IPCC mais
otimista a figura agrave direita para o cenaacuterio A2 do IPCC mais pessimista (Fonte
httpwwwmudancasclimaticasandiorgbr 2015)
Esse aumento forte de temperatura tornaria o ecossistema amazocircnico mais
suscetiacutevel a queimadas Por essa razatildeo algumas regiotildees da parte leste poderiam
sofrer uma perda consideraacutevel de aacuterea florestal Com menor disponibilidade de aacutegua
16
maiores temperaturas e maior evapotranspiraccedilatildeo poderia natildeo ser possiacutevel sustentar
ecologicamente uma floresta tropical chuvosa De igual forma o ecossistema
amazocircnico possivelmente acabaria sofrendo em parte de seu territoacuterio do Leste um
processo de savanizaccedilatildeo (ARTAXO 2008) ou seja de forma acelerada parte da
maior floresta tropical do mundo ganharia contorno de cerrado perdendo capacidade
de armazenar carbono importante processo para contenccedilatildeo do aquecimento global
Eacute importante salientar mais uma vez as grandes incertezas inerentes a essas
simulaccedilotildees climaacuteticas e seus possiacuteveis efeitos Os modelos climaacuteticos ainda satildeo
bastante limitados e os novos conhecimentos continuamente agregados podem alterar
os resultados destes cenaacuterios
22 Efeito Estufa X Aquecimento Global
Apesar de ser um tema atual a abordagem feita entre Efeito Estufa e
Aquecimento Global ainda gera certa confusatildeo conceitual pois na maioria dos casos
satildeo denominados para designar a mesma coisa
Efeito estufa eacute o fenocircmeno natural responsaacutevel pelo aquecimento teacutermico no
qual a Terra eacute capaz de manter sua temperatura constante e assim permitir que a vida
possa existir A atmosfera terrestre eacute composta por uma seacuterie de camadas gasosas
que se sobrepotildeem uma a outra Satildeo elas a exosfera a termosfera a mesosfera a
estratosfera e a troposfera Tais camadas se organizam em uma dinacircmica pautada por
uma loacutegica natural possibilitando o perfeito funcionamento da terra
O sol eacute a principal fonte de energia para a superfiacutecie da Terra emitindo
radiaccedilatildeo com diversos comprimentos de onda O Vapor drsquoaacutegua (H2O) dioacutexido de
carbono (CO2) oacutexido nitroso (N2O) metano (CH4) e ozocircnio (O3) satildeo os principais
GEEs definidos como constituintes gasosos da atmosfera naturais e antroacutepicos que
absorvem e emitem radiaccedilatildeo em comprimentos de onda especiacuteficos dentro do
17
espectro da radiaccedilatildeo teacutermica infravermelha emitida pela superfiacutecie da Terra pela
atmosfera em si e por nuvens (IPCC 2007 segundo Machado 2013) Aleacutem desses
haacute certo nuacutemero de GEEs produzidos pelo homem como os halocarbonetos e outras
substacircncias contendo cloro e bromo
Os GEEs satildeo capazes de formar uma espeacutecie de redoma de ar na qual
permite que a radiaccedilatildeo solar (ultravioleta) entre e se transforme em calor mas
impedem que esse calor na forma de radiaccedilatildeo infravermelha volte para o espaccedilo
como esquematizado na Figura 6
Figura 6 Efeito Estufa e os diferentes tipos de radiaccedilatildeo (Fonte httpwwwcmqvorg 2015)
A radiaccedilatildeo ultravioleta por possuir comprimento de onda menor consegue
atravessar a atmosfera aquecendo o solo a vegetaccedilatildeo o mar e a proacutepria atmosfera
provocando efeitos como a evaporaccedilatildeo de aacutegua (formaccedilatildeo de nuvens e chuvas)
ventos e correntes oceacircnicas A superfiacutecie da Terra ao absorver essa energia que
chega irradia calor de volta para o espaccedilo atraveacutes de radiaccedilatildeo infravermelho com
comprimentos de ondas bem maiores do que a radiaccedilatildeo ultravioleta daiacute a maior
dificuldade da energia sair da atmosfera do que entrar Ou seja por possuir
comprimento de onda menor a energia que chega agrave Terra consegue entrar com maior
18
facilidade do que sair jaacute que fica retida pelos interstiacutecios existentes entre os gases que
compotildeem a atmosfera A radiaccedilatildeo infravermelha entatildeo eacute capturada pelos GEEs que
se aquecem e aumentam a temperatura do ar
A forma em que estaacute composto atualmente o sistema Terra ndash Atmosfera deve
se manter em equiliacutebrio de modo que toda a energia que entra seja igual a emitida de
volta para o espaccedilo caracterizando assim o balanccedilo energeacutetico De toda a radiaccedilatildeo
solar que atinge a Terra 30 eacute refletida antes de atingir o solo e 70 eacute absorvida e
convertida em calor
A troca de energia entre a superfiacutecie e a atmosfera manteacutem as atuais
condiccedilotildees que proporcionam uma temperatura meacutedia global proacutexima agrave superfiacutecie de
14ordmC pois se natildeo existissem naturalmente a temperatura meacutedia do planeta seria
muito baixa da ordem de 18ordmC negativos (MMA 2013 apud Machado 2013)
Contudo se houver um aumento da concentraccedilatildeo de CO2 poderaacute ocorrer um aumento
do efeito estufa e portanto sairaacute menos radiaccedilatildeo do que entra Essa diferenccedila
causaraacute o aquecimento da baixa atmosfera aumentando a temperatura meacutedia da
Terra e causando possiacuteveis desequiliacutebrios ambientais
As concentraccedilotildees atmosfeacutericas globais de CO2 CH4 e N2O aumentaram
acentuadamente como resultado das atividades humanas desde 1750 e hoje excedem
em muito os valores preacute-industriais determinados a partir de amostras de gelo que
abrangem muitos milhares de anos Os aumentos globais na concentraccedilatildeo de CO2 satildeo
consequecircncia principalmente das emissotildees pelo uso de combustiacuteveis foacutesseis e
mudanccedilas no uso da terra enquanto os de CH4 e N2O satildeo principalmente atribuiacutedos agrave
agricultura (IPCC 2007 apud Machado 2013)
Tal agravamento do efeito estufa desestabiliza o equiliacutebrio energeacutetico do planeta e
gera o fenocircmeno conhecido como aquecimento global Sendo assim aquecimento
19
global eacute um problema climaacutetico que designa o aumento das temperaturas meacutedias do
planeta ao longo dos uacuteltimos tempos devido a intensificaccedilatildeo do efeito estufa
As principais causas do aquecimento global estatildeo relacionadas com as praacuteticas
humanas realizadas de maneira natildeo sustentaacutevel ou seja sem garantir a existecircncia
dos recursos e do meio ambiente para as geraccedilotildees futuras Assim formas de
degradaccedilatildeo ao meio natural como a poluiccedilatildeo as queimadas e o desmatamento
estariam na lista dos principais elementos causadores desse problema climaacutetico
De maneira geral a comunidade mundial jaacute aceitou que a influecircncia antroacutepica
sobre o aquecimento global eacute uma realidade e que eacute responsabilidade de todos
contribuiacuterem para a reduccedilatildeo de seus impactos negativos Sob o ponto de vista oficial
para o principal oacutergatildeo responsaacutevel pela sistematizaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de estudos
relacionados com o aquecimento global (IPCC) eacute mais do que comprovada a seacuterie de
mudanccedilas climaacuteticas ocorridas nos uacuteltimos tempos e a participaccedilatildeo do ser humano
nesse processo
Caso natildeo haja um retrocesso na emissatildeo de gases o fenocircmeno do
aquecimento global ocasionaraacute em uma infinidade de modificaccedilotildees no espaccedilo natural
e automaticamente na vida do homem Dentre as possiacuteveis alteraccedilotildees as principais
satildeo mudanccedilas climaacuteticas draacutesticas onde lugares de temperaturas extremamente frias
sofrem elevaccedilotildees e aacutereas uacutemidas enfrentam periacuteodos de estiagem o fenocircmeno pode
levar aacutereas cultivaacuteveis e feacuterteis a entrar em um processo de desertificaccedilatildeo aumento
significativo na incidecircncia de grandes tempestades furacotildees ou tufotildees e tornados
perda de espeacutecies da fauna e flora em distintos domiacutenios naturais do planeta
contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e
consequentemente provocar uma elevaccedilatildeo global nos niacuteveis dos oceanos
20
23 O Carbono e as Emissotildees de CO2
231 Ciclo do Carbono
O carbono eacute um elemento quiacutemico de grande importacircncia para os seres vivos
pois participa da composiccedilatildeo quiacutemica de todos os componentes orgacircnicos e de uma
grande parcela dos inorgacircnicos O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos
estaacute presente no ambiente combinado ao oxigecircnio e formando as moleacuteculas de gaacutes
carbocircnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas aacuteguas dos mares oceanos rios
e lagos Eacute encontrado sob as formas de diamante grafite carvatildeo hulha antracito
oacutexidos dioacutexidos hidratos
Removido da atmosfera pela fotossiacutentese o carbono do CO2 eacute incorporado aos
seres vivos quando os vegetais utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e
bicarbonatos dissolvidos na aacutegua realizam a fotossiacutentese Assim o carbono desses
compostos eacute utilizado na siacutentese de compostos orgacircnicos que vatildeo suprir os seres
vivos Da mesma maneira as bacteacuterias que realizam quimiossiacutentese fabricam suas
substacircncias orgacircnicas a partir do CO2 Os compostos orgacircnicos mais comumente
formados satildeo os accediluacutecares (carboidratos) mas aleacutem deles as plantas satildeo capazes de
produzir proteiacutenas lipiacutedeos e ceras em geral (ROSA et al 2003)
O ciclo do carbono (Figura 7) pelas plantas pode seguir diferentes caminhos
pela respiraccedilatildeo atraveacutes do qual eacute devolvido na forma de CO2 repassado para os
animais superiores via cadeia alimentar pela morte e decomposiccedilatildeo dos vegetais
volta a ser CO2 absorvido pelas plantas e convertido em accediluacutecar pelo processo de
fotossiacutentese
Em relaccedilatildeo aos animais o carbono eacute adquirido de forma direta ou indireta do
reino vegetal durante a sua alimentaccedilatildeo Assim os animais herbiacutevoros recebem dos
vegetais os compostos orgacircnicos e atraveacutes do seu metabolismo satildeo capazes de
21
sintetizar e ateacute transformaacute-los em novos tipos de produtos O mesmo ocorre com os
animais carniacutevoros que se alimentam dos herbiacutevoros e assim sucessivamente
Figura 7 Os diferentes caminhos do Ciclo do Carbono (httpclaudioauerblogspotcombr201305ciclo-
do-carbonohtml agosto 2015)
O ciclo do carbono (Figura 7) para os animais assim como os das plantas
tambeacutem pode seguir diferentes caminhos pela respiraccedilatildeo eacute devolvido na forma de
CO2 passagem para outro animal via nutriccedilatildeo pela morte e decomposiccedilatildeo dos
animais volta a ser CO2 os animais comem as plantas e ao decomporem os accediluacutecares
liberam carbono na atmosfera oceanos e solo (ROSA et al 2003)
Outro mecanismo de retorno do carbono ao ambiente eacute por intermeacutedio da
combustatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (gasolina oacuteleo diesel gaacutes natural) Outra forma eacute
a troca entre os oceanos e a atmosfera que acontece em ambos os sentidos na
interaccedilatildeo entre o ar e a aacutegua Aleacutem desses o desmatamento e a queima de florestas
satildeo outras formas de devoluccedilatildeo nos quais acarretam seacuterios danos ao ambiente
ocasionando grandes variaccedilotildees no ecossistema do planeta
22
232 Liberaccedilatildeo do CO2
O gaacutes carbocircnico existente na atmosfera eacute essencialmente originado pelo
processo de respiraccedilatildeo (79) Pode ser gerado pela queima de materiais orgacircnicos
combustiacuteveis foacutesseis (gasolina querosene oacuteleo diesel etc) ou natildeo (aacutelcool oacuteleos
vegetais) Pode ainda ser resultado da atividade vulcacircnica Os solos ricos em mateacuteria
orgacircnica em decomposiccedilatildeo (pacircntanos) apresentam grande concentraccedilatildeo de CO2
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a atividade humana no planeta tem como
resultado o aumento da concentraccedilatildeo de gases como o CO2 CH4 e N2O gases esses
que reduzem a transparecircncia da atmosfera para a dissipaccedilatildeo da energia emitida na
Terra Medidas da concentraccedilatildeo de CO2 no ar preso em geleiras formadas haacute
centenas de milhares de anos (cuja idade eacute tratada como carbono 14 a partir dos
foacutesseis orgacircnicos presentes) mostram que apoacutes o iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial por
volta de 1750 a concentraccedilatildeo desse gaacutes comeccedilou a subir rapidamente como
demonstrado na Figura 8
Figura 8 Evoluccedilatildeo da concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera (Fonte IPCC 2007)
O IPCC apresenta em seu Quarto Relatoacuterio em evidecircncias paleoclimaacuteticas
(largura de aneacuteis de aacutervores investigaccedilatildeo em concentraccedilatildeo de gases dentro de blocos
23
de gelo) que o aquecimento global eacute anormal considerando os uacuteltimos 13000 anos As
aacutereas atingidas pelos ciacuterculos polares somente estiveram mais quentes em periacuteodos
anteriores a 125x103 anos O documento do IPCC ainda aponta que caso ocorra o
derretimento de todo o volume de gelo polar haveria um aumento de 4 a 6 metros do
niacutevel do mar (ONU 2007a apud LOBO 2010)
O Relatoacuterio apontou ainda que a concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono aumenta
de 280ppm preacute-industrial para 379ppm em 2005 Os valores medidos para 2005
ultrapassam significativamente a faixa natural de concentraccedilatildeo atmosfeacuterica desde os
650000 uacuteltimos anos que variou entre 180ppm a 300ppm Apesar das alteraccedilotildees de
crescimento anual das concentraccedilotildees de CO2 a taxa anual de crescimento da
concentraccedilatildeo de dioacutexido de carbono foi maior nos dez anos (1995-2005 meacutedia 19
ppm por ano) do que foi desde o comeccedilo da mediccedilatildeo contiacutenua e direta da atmosfera
entre 1960 a 2005 a meacutedia de 14 ppm por ano (ONU 2007a apud LOBO 2010)
Segundo Agopyan e Jhon (2012) a principal fonte de emissatildeo desses gases eacute
a atraveacutes da liberaccedilatildeo para a atmosfera de carbono que estava preso na crosta
terrestre pela queima de combustiacuteveis foacutesseis como carvatildeo mineral ou petroacuteleo a
queima ou apodrecimento de florestas nativas e o manejo do solo
Aleacutem desses vaacuterios outros processos geram a liberaccedilatildeo do Carbono tais como a
destruiccedilatildeo de matas nativas que durante seu processo de formaccedilatildeo fixaram carbono
na forma de biomassa bem como outras mudanccedilas no uso do solo a decomposiccedilatildeo
de carbonatos especialmente do calcaacuterio (CaOCO2) sendo o dioacutexido de carbono
44 da massa total de calcaacuterio que ocorre principalmente nos fornos de cimento de
accedilo e de cal o metano (CH4) tem como principais fontes a decomposiccedilatildeo de mateacuteria
orgacircnica em aterros sanitaacuterios o tratamento de esgotos a produccedilatildeo o processamento
e a queima de combustiacuteveis o oacutexido nitroso (N20) advindo de atividades agriacutecolas na
queima de combustiacuteveis inclusive a madeira (AGOPYAN e JHON 2012)
24
O gaacutes carbocircnico presente na atmosfera eacute importante componente do efeito estufa
como jaacute mencionado ao longo deste trabalho Desse modo a questatildeo preocupante eacute a
intensificaccedilatildeo do efeito estufa em relaccedilatildeo aos niacuteveis atuais O CO2 tem causado
polecircmica quanto agrave quantidade emitida e principal local e fontes de emissatildeo aleacutem da
necessidade de se controlar tais emissotildees Isso ocorre devido ao aumento de sua
concentraccedilatildeo na atmosfera (cerca de 05 ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera
que eacute de ateacute 200 anos
Assim a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissotildees
de gases estufa eacute incontestaacutevel como exemplo o Protocolo de Kyoto pois a gradual
intensificaccedilatildeo de emissatildeo desses gases causa um grande risco e graves
consequecircncias para toda humanidade
24 O Protocolo de Kyoto
Furacotildees ciclones tufotildees tsunamis ondas de calor tempestades enchentes
famiacutelias desabrigadas casas destruiacutedas mortes doenccedilas mudanccedilas climaacuteticas satildeo
alguns dos repetidos eventos ao redor do mundo que vem acontecendo nas uacuteltimas
deacutecadas Grande parte desses acontecimentos eacute resultado do aquecimento global e
do efeito estufa causados pelas accedilotildees humanas que colocam em risco natildeo soacute as
geraccedilotildees futuras como tambeacutem os animais e a natureza
Com todo esse cenaacuterio eacute preciso que haja mudanccedila nos haacutebitos dos indiviacuteduos
Empresas induacutestrias e governos aleacutem de influentes possuem papel fundamental no
processo de fiscalizar mobilizar tomarem medidas mitigadoras e conscientizar a
todos para o bem comum
Finalmente na deacutecada de 1980 as evidecircncias cientiacuteficas relacionando as
emissotildees de gases de efeito estufa causadas por atividades antroacutepicas com o
aquecimento global comeccedilaram a despertar o interesse puacuteblico para o problema das
25
mudanccedilas no clima e suas futuras implicaccedilotildees no planeta Terra Assim devido agrave
preocupaccedilatildeo com as questotildees ambientais globais a mudanccedila climaacutetica foi introduzida
na agenda poliacutetica mundial e este tema vem assumindo um papel central nos uacuteltimos
tempos
Em junho de 1988 em Toronto no Canadaacute realizou-se a Conferecircncia Mundial
sobre Mudanccedilas Atmosfeacuterica que dentre outros aspectos estabeleceu o Painel
Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica (IPCC) que em 1990 publicou o seu
Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo afirmando que a mudanccedila climaacutetica representaria
uma ameaccedila a humanidade Cinco anos depois no seu Segundo Relatoacuterio de
Avaliaccedilatildeo o IPCC sugere evidecircncias que indicam uma niacutetida influecircncia do homem
sobre o clima
Em 1992 ocorre a aprovaccedilatildeo do texto da Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees
Unidas sobre Mudanccedila Climaacutetica e Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CQNUMC) que foi aberta agraves assinaturas de todos os
chefes de estado presentes durante a Cuacutepula da Terra no Rio de Janeiro conhecida
como Eco 92 onde na ocasiatildeo 154 paiacuteses (mais Uniatildeo Europeia) assinaram a
Convenccedilatildeo
Com base no princiacutepio das ldquoresponsabilidades comuns poreacutem diferenciadasrdquo a
Convenccedilatildeo estabeleceu compromissos distintos para cada grupo de paiacuteses seguindo
a noccedilatildeo de que somente por meio da cooperaccedilatildeo internacional poderaacute ser resolvido
um problema da magnitude do aquecimento global Este princiacutepio se baseia ainda nas
condiccedilotildees socioeconocircmicas dos diversos paiacuteses e seus niacuteveis de desenvolvimento
nos quais iratildeo refletir diretamente nas emissotildees de GEEs na atmosfera sendo esses
alvos de accedilotildees mais radicais e imediatas para amenizar o problema
Desse modo foram divididos dois grupos o primeiro denominado paiacuteses Partes
Anexo I composto pelos paiacuteses pertencentes em 1992 agrave OCDE ndash Organizaccedilatildeo para a
26
Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico e tambeacutem pelas antigas repuacuteblicas
socialistas da Uniatildeo Sovieacutetica O segundo grupo denominado paiacuteses Partes natildeo-
Anexo I agrega os paiacuteses em desenvolvimento que natildeo possuem compromissos de
reduccedilatildeo mas ficam obrigados a elaborarem inventaacuterios nacionais de emissotildees de
carbono
Assim foi estabelecido que os paiacuteses do chamado Anexo I deveriam adotar
poliacuteticas e medidas de mitigaccedilatildeo capazes de fazer com que seus niacuteveis de emissatildeo
antroacutepica de GEEs retornassem aos niacuteveis de 1990 Esta Convenccedilatildeo natildeo determina
como atingir este objetivo mas estabelece mecanismos que possibilitem negociaccedilotildees
em torno dos instrumentos necessaacuterios para que ele seja alcanccedilado
Infelizmente este compromisso assumido pelos paiacuteses do Anexo I natildeo foi
honrado correndo inclusive em alguns paiacuteses um crescimento das emissotildees de CO2
Com base no princiacutepio das responsabilidades comuns poreacutem diferenciadas soacute foi
definido na Terceira Conferecircncia das Partes (COP 3) realizado na cidade de Kyoto em
1997 no Japatildeo um protocolo ou outro instrumento legal com metas quantitativas de
reduccedilatildeo de GEEs (PEREIRA 2003 apud MACHADO 2006)
O documento denominado de Protocolo de Kyoto foi aprovado contando com
representantes de 159 naccedilotildees que culminou na adoccedilatildeo por consenso deste protocolo
que ficou como um dos marcos mais importante desde a criaccedilatildeo da CQNUMC no
combate agrave mudanccedila climaacutetica O Protocolo lista os seis GEEs que por serem os mais
importantes relacionados a atividades humanas teratildeo metas quantificadas de reduccedilatildeo
de emissotildees satildeo eles dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) oacutexido nitroso (N2O)
hidrofluorcarbonos (HFCs) perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6) ndash
com destaque para o dioacutexido de carbono (CO2)
Estes compromissos foram estabelecidos de forma diferenciada agraves partes do
Anexo I (como um leilatildeo no qual cada paiacutes ofereceu suas metas ndash vide Tabela 1)
27
utilizando como base o ano de 1990 e estatildeo compreendidos em intervalos que variam
entre uma reduccedilatildeo de 8 e um aumento de 10 das emissotildees dos gases listados -
metas que devem ser atingidas entre 2008 e 2012 (PEREIRA 2003 apud MACHADO
2006) Paiacuteses em franco desenvolvimento como Brasil Meacutexico Argentina Iacutendia e
principalmente China natildeo receberam metas de reduccedilatildeo no momento descrito
Tabela 1 Anexo B do Protocolo de Kyoto - Compromissos quantificados de limitaccedilatildeo ou reduccedilatildeo de
emissotildees base 1990
(Fonte MACHADO et al 2006)
O Protocolo de Kyoto com intuito de ajudar os paiacuteses pertencentes ao Anexo I a
cumprirem suas metas estabeleceu os chamados mecanismos de flexibilidade com
objetivo de permitir maior eficiecircncia econocircmica na mitigaccedilatildeo do efeito estufa
Satildeo trecircs os mecanismos criados (CHANG 2003 apud MACHADO 2006) a
Implementaccedilatildeo Conjunta que permite maior flexibilidade aos paiacuteses do Anexo I para
investirem entre si no cumprimento de seus compromissos de reduccedilatildeo o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos paiacuteses industrializados financiar
projetos que ajudem na reduccedilatildeo de emissatildeo em paiacuteses em desenvolvimento e receber
creacuteditos de maneira a cumprir o seu compromisso de reduccedilatildeo de emissatildeo o Mercado
Internacional das Emissotildees que possibilita aos paiacuteses do Anexo I comercializarem
28
entre si as quotas de emissatildeo e os adquiridos atraveacutes do MDL em paiacuteses em
desenvolvimento
Dos trecircs apenas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) refere-se
diretamente aos paiacuteses em desenvolvimento no qual consiste no financiamento de
projetos que possam gerar reduccedilotildees certificadas de emissatildeo permitindo a
transferecircncia de recursos financeiros e tecnologia para os paiacuteses em desenvolvimento
e a posteriori a contabilizaccedilatildeo do creacutedito pela reduccedilatildeo da emissatildeo de GEEs para os
Estados responsaacuteveis pela transferecircncia destes recursos
Vale ressaltar que o objetivo destes de flexibilizaccedilatildeo eacute ajudar as partes a
cumprirem as metas e portanto satildeo agraves accedilotildees domeacutesticas ou seja somente uma
parte das reduccedilotildees de emissotildees de GEEs quantificadas no Protocolo de Kyoto pode
ser alcanccedilada pelo uso desses mecanismos
Em 2012 ano de expiraccedilatildeo do primeiro acordo do Protocolo de Kyoto ocorreu
em Doha no Catar a 18ordf Conferecircncia das Partes (COP 18) na Convenccedilatildeo-Quadro
das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima com o objetivo de prorrogar a validade
do Protocolo ateacute 2020 No entanto Japatildeo Ruacutessia Canadaacute e Nova Zelacircndia se
recusaram a assinaacute-lo porque queriam que paiacuteses emergentes como a Iacutendia a China e o
Brasil tambeacutem tivessem metas a cumprir o que natildeo eacute previsto pelo documento
Os Estados Unidos assinaram mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto Dessa
forma o grupo comprometido com as metas do protocolo se reduz a 36 paiacuteses Austraacutelia
Noruega Suiacuteccedila Ucracircnia e todos os integrantes da Uniatildeo Europeia Juntos eles
respondem por apenas cerca de 15 do total de emissotildees de gases estufa de todo o
mundo
Em dezembro de 2015 liacutederes mundiais diplomatas e corporaccedilotildees se reuniratildeo
na capital francesa durante a Convenccedilatildeo do Clima das Naccedilotildees Unidas a COP21 para
definir o tamanho do esforccedilo que cada paiacutes deveraacute empreender para reduzir as
29
emissotildees de carbono e se adaptar ao aquecimento global a partir de 2020 O maior
desafio dos negociadores seraacute incluir os dois maiores poluidores do planeta a China e os
Estados Unidos
Em 2015 completou 10 anos da entrada em vigor do acordo mundial que visa
reduzir a emissatildeo de gases do efeito estufa Poreacutem segundo pesquisadores o acordo
natildeo atingiu seus objetivos iniciais pois entre os anos de 2005 e 2012 houve um
aumento da emissatildeo mundial destes gases
Por outro lado especialistas em clima afirmam que o pacto gerou alguns
benefiacutecios Estes estudiosos dizem que se natildeo houvesse o Protocolo de Kyoto a
emissatildeo de gases do efeito estufa teria sido muito maior aumentando os efeitos
nocivos do aquecimento global no planeta O Protocolo tambeacutem foi beneacutefico no
sentido de incentivar a adoccedilatildeo de medidas governamentais praacuteticas como o objetivo
de diminuir os impactos climaacuteticos negativos Tambeacutem foi positivo pois alertou a
populaccedilatildeo mundial para o problema das mudanccedilas climaacuteticas aleacutem de estimular o uso
de fontes de energia limpa (eoacutelica e solar) O maior desafio ainda estaacute em
conscientizar e mobilizar todos os paiacuteses participarem de acordos e para assim
diminuiacuterem suas emissotildees
30
3 Construccedilatildeo Civil e Poluiccedilatildeo
31 Principais Emissotildees pela Construccedilatildeo Civil
A induacutestria da construccedilatildeo civil eacute muito importante no cenaacuterio industrial mundial e
claro brasileiro natildeo soacute pela grande quantidade de recursos financeiros que movimenta
e na geraccedilatildeo de empregos mas pelo grande volume de energia e recursos naturais
que utiliza Eacute notoacuterio o papel fundamental que o setor tem no desenvolvimento do
paiacutes e seu papel essencial para o atendimento dos objetivos globais do
desenvolvimento sustentaacutevel
A induacutestria da construccedilatildeo eacute uma das atividades humanas que mais consome
recursos naturais sendo um dos setores da economia que mais gera impacto sobre o
meio ambiente Estima-se internacionalmente que entre 50 e 75 dos recursos
naturais existentes satildeo consumidos por esse setor com responsabilidade por grande
parte dos resiacuteduos consumo de energia e emissotildees atmosfeacutericas produzidas (LAERA
2012)
O impacto ambiental da Construccedilatildeo Civil depende de toda uma enorme cadeia
produtiva extraccedilatildeo de mateacuterias-primas produccedilatildeo e transporte de materiais e
componentes concepccedilatildeo e projetos execuccedilatildeo (construccedilatildeo) praacuteticas de uso e
manutenccedilatildeo e ao final da vida uacutetil a demoliccedilatildeodesmontagem aleacutem da destinaccedilatildeo de
resiacuteduos gerados ao longo da vida uacutetil (AGOPYAN e JOHN 2011)
As emissotildees de gases de efeito estufa provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo
associadas principalmente aos processos industriais como uso de energia durante o
ciclo de vida do edifiacutecio aos oriundos da extraccedilatildeo das mateacuterias-primas dos materiais
de construccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo da construccedilatildeo de edifiacutecios uso e operaccedilatildeo
do edifiacutecio disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e no transporte de materiais (BESSA 2010
apud FLIZIKOWSKI 2012)
31
A cadeia produtiva de mateacuterias e componentes de construccedilatildeo isoladamente
tem impacto significativo que precisa ser mitigado tendo um peso grande em termos
de emissotildees de carbono A gama de produtos ofertados limita as opccedilotildees para
projetistas e consumidores influenciando no impacto ambiental de edifiacutecios e obras ao
longo do seu ciclo de vida
Na induacutestria da construccedilatildeo civil o setor de produccedilatildeo de cimento eacute citado como
responsaacutevel por 2 (SOARES 1998) a 7 (TOLEDO FILHO REGO 2002) de todas
as emissotildees de CO2 Nas obras civis o concreto eacute o elemento mais utilizado sendo o
material mais consumido pela humanidade apoacutes a aacutegua (ISAIA e GASTALDINI 2004)
Em relaccedilatildeo ao consumo de energia as emissotildees de CO2 das induacutestrias de construccedilatildeo
correspondem nas cidades europeias a aproximadamente 30 do total de emissotildees
(BARBOSA et al 2003 apud LAERA 2012)
Aleacutem do consumo de grande quantidade de recursos naturais natildeo renovaacuteveis a
construccedilatildeo civil no modelo atual eacute responsaacutevel tambeacutem pela produccedilatildeo de resiacuteduos e
desperdiacutecio de grande parte desses recursos ao longo do processo de produccedilatildeo
Estima-se que os resiacuteduos da construccedilatildeo e demoliccedilatildeo representam mais de 50 da
massa de resiacuteduos soacutelidos urbanos (JOHN 2000 apud LAERA 2012)
Estudos da induacutestria de construccedilatildeo na Beacutelgica elaborados pelo IDD
demonstram que os materiais de construccedilatildeo cimento cal accedilo (ferro) areia e brita
(retirada e transporte) ceracircmica vermelha e PVC satildeo os que apresentam maiores
iacutendices de emissotildees dos gases causadores do efeito estufa De acordo ainda com o
IDD o concreto apresenta a maior quantidade de emissatildeo de CO2 para os principais
materiais de construccedilatildeo utilizados em uma residecircncia (LAERA 2012)
32
311 Produccedilatildeo de Materiais na Construccedilatildeo
No processo de produccedilatildeo dos materiais podem ocorrer trecircs principais fatores
de emissotildees de gases do efeito estufa tais como a decomposiccedilatildeo do calcaacuterio no
processo de calcinaccedilatildeo o uso de combustiacutevel foacutessil na produccedilatildeo e transporte de
materiais ateacute o destino final
A maior parte dos materiais industrializados passa pelo processo de
calcinaccedilatildeo nome dado a reaccedilatildeo quiacutemica de decomposiccedilatildeo teacutermica usada para
transformar o calcaacuterio (CaCO3) em cal virgem (CaO) liberando gaacutes carbocircnico (CO2)
Materiais ceracircmicos cimento accedilo vidro alumiacutenio satildeo alguns exemplos dos materiais
mais utilizados pela construccedilatildeo civil nos quais passam pelo processo de calcinaccedilatildeo
Normalmente para o alcance das altas temperaturas satildeo utilizados derivados
do petroacuteleo e o carvatildeo mineral energia foacutessil natildeo renovaacutevel Para algumas situaccedilotildees
tambeacutem eacute utilizado a lenha obtida atraveacutes do desmatamento Em todos os casos o
combustiacutevel utilizado emite e aumenta a concentraccedilatildeo de CO2 na atmosfera
A decomposiccedilatildeo do calcaacuterio em altos fornos a altas temperaturas eacute uma fonte
importante de CO2 para a Construccedilatildeo Civil Cada tonelada de calcaacuteria libera 440 kg de
CO2 e gera apenas 560 kg de material Materiais vitais para a construccedilatildeo como o
cimento o accedilo e a cal hidratada dependem desse processo Em consequecircncia o
cimento ndash material artificial de maior consumo no mundo ndash eacute responsaacutevel por
aproximadamente 5 das emissotildees de CO2 antropogecircnico (AGOPYAN e JOHN
2011)
Radicchi (2002) salienta que o principal material para construccedilatildeo e segundo
produto mais vendido no mundo eacute o cimento Mas a utilizaccedilatildeo desse material gera um
grande impacto ambiental em todo seu ciclo de vida A induacutestria de cimento eacute
responsaacutevel por 7 de emissatildeo de gaacutes carbocircnico na atmosfera soacute no Brasil satildeo
lanccedilados 228 milhotildees de toneladas por ano (SOUZA 2014)
33
Os impactos ambientais gerados pela produccedilatildeo do cimento comeccedilam na sua
extraccedilatildeo no processo de mineraccedilatildeo da rocha calcaacuteria prejudicando o ecossistema
local Pela queima desse material no processo de calcinaccedilatildeo liberando o gaacutes
carbocircnico que eacute um dos principais causadores do efeito estufa E no transporte do
cimento que eacute feito geralmente por caminhotildees que consomem quantidades elevadas
de combustiacuteveis como a gasolina e o oacuteleo diesel (AMDA 2011 apud SOUZA 2014)
Componentes ceracircmicos tambeacutem satildeo consumidos em grandes escalas pelo
setor da construccedilatildeo Durante sua produccedilatildeo o processo envolve a calcinaccedilatildeo da argila
onde haacute consumo de energia teacutermica e eleacutetrica gerando emissotildees de CO2 e consumo
de aacutegua Loyola (2010) salienta que o principal problema deste sistema produtivo eacute a
degradaccedilatildeo de aacutereas causada pela extraccedilatildeo de argila ilegal e seu posterior abandono
apoacutes o esgotamento da jazida Segundo o autor a extraccedilatildeo ilegal eacute um fator agravante
devido agrave matildeo de obra natildeo qualificada para uma boa lavra (SOUZA 2014) O setor eacute
altamente informal e dados estatiacutesticos satildeo escassos O Inventaacuterio nacional estima
que as emissotildees diretas de CO2 devidas as queimas de combustiacutevel foacutesseis do setor
ceracircmico representem cerca de 025 das emissotildees nacionais totais ou pouco mais
de 1 excetuadas as relativas mudanccedilas do uso do solo e florestas (AGOPYAN e
JOHN 2011)
A transformaccedilatildeo do mineacuterio de ferro em accedilo eacute realizada a partir da induacutestria
sideruacutergica de maneira que o mineacuterio possa ser usado comercialmente O mineacuterio
(FeO) eacute aquecido em fornos especiais conhecidos como altos fornos em presenccedila de
carbono (sob a forma de coque ou carvatildeo vegetal) e de fundentes que satildeo
adicionados para auxiliar a produzir a escoacuteria que por sua vez eacute formada de
materiais indesejaacuteveis ao processo de fabricaccedilatildeo
O objetivo desta primeira etapa eacute reduzir ao maacuteximo o teor de oxigecircnio da
composiccedilatildeo FeO A partir disso obteacutem se o ferro-gusa O accedilo por fim seraacute o
34
resultado da descarbonataccedilatildeo do ferro gusa ou seja eacute produzido a partir deste
controlando-se o teor de carbono para no maacuteximo 2 A partir desse processo forma-
se entatildeo uma liga metaacutelica constituiacuteda basicamente de ferro e carbono (FERRAZ
2003 apud SOUZA 2014)
O setor sideruacutergico provoca grandes impactos de poluiccedilatildeo atmosfeacuterica Emite
uma seacuterie de oacutexidos de enxofre (SOx) gaacutes sulfiacutedrico (H2S) oacutexidos de nitrogecircnio (NOx)
monoacutexido de carbono (CO) dioacutexido de carbono (CO2) metano (CH4) etano (C2H6)
material particulado e diferentes hidrocarbonetos orgacircnicos como o benzeno
Ressaltando que o CO2 e CH4 contribuem para o aumento da quantidade de carbono
na atmosfera e resultando em mudanccedilas climaacuteticas (MILANEZ PORTO 2008 apud
SOUZA 2014)
O accedilo eacute responsaacutevel globalmente por algo entre 6 e 7 das emissotildees de CO2
mas apenas uma parcela eacute destinada para a Construccedilatildeo Civil O IPCC estima que em
meacutedia o accedilo brasileiro emita 125t CO2t de produto valor mais baixo do relatoacuterio fato
atribuiacutedo a grande participaccedilatildeo da aciaria de arco eleacutetrico que ao reciclar sucata
utilizando a energia eleacutetrica limpa apresenta emissotildees de CO2 ateacute 50 inferiores agrave
produccedilatildeo via alto-forno e aciaria (AGOPYAN e JOHN 2011) Os accedilos para o concreto
armado no Brasil satildeo produzidos quase que exclusivamente em aciaria de arco
eleacutetrico usando elevado teor de sucata e energia limpa que apresentam emissotildees
significativamente menores
312 Transporte de Materiais e Resiacuteduos
O sistema de transporte estaacute relacionado diretamente com o crescimento do
setor econocircmico no qual estimula o mercado de movimentaccedilatildeo de cargas e
passageiros acarretando no aumento das emissotildees atmosfeacutericas Uma importante
parcela dessas emissotildees estaacute associada a necessidade de deslocamento de materiais
e resiacuteduos gerados pela construccedilatildeo pois estes representam uma grande fraccedilatildeo do
35
fluxo de materiais Muitos produtos da construccedilatildeo satildeo transportados em longas
distacircncias por rodovias utilizando o diesel como principal combustiacutevel
As crescentes taxas de urbanizaccedilatildeo a deficiecircncia de poliacuteticas puacuteblicas de
transporte em massa a retomada do crescimento econocircmico inclusive com incentivos
agrave produccedilatildeo e consumo de veiacuteculos tem implicado em um aumento expressivo da
motorizaccedilatildeo individual (automoacuteveis e motociclos) e apontam para cenaacuterios futuros de
forte expansatildeo dessa frota
O mesmo vale para a frota de veiacuteculos pesados cuja logiacutestica baseada
prioritariamente no transporte por caminhotildees relega os planos de menor expressatildeo
modais como o ferroviaacuterio e o aquaviaacuterio nos quais satildeo de grande eficiecircncia na
distribuiccedilatildeo de mercadorias e bens em um paiacutes com dimensotildees continentais como o
Brasil
Figura 9 Porcentual relativo da participaccedilatildeo dos diferentes modais no transporte de cargas no Brasil
(Fonte wwwmmagovbr 2015)
A movimentaccedilatildeo de cargas no paiacutes ainda eacute prioritariamente dependente do
transporte rodoviaacuterio como mostra a Figura 9 Mesmo que os nuacutemeros tenham
pequenas diferenccedilas entre si a participaccedilatildeo porcentual do transporte rodoviaacuterio estaacute
36
entre 611 (ANTT 2006) e 59 segundo o Ministeacuterio dos Transportes em seu PNLT
- Plano Nacional de Logiacutestica de Transportes Para ambas as instituiccedilotildees o modal
ferroviaacuterio contribui com algo entre 207 e 24 da carga transportada contra cerca de
13 do hidroviaacuterio 4 do dutoviaacuterio e 04 do aeroviaacuterio como mostrado na figura 9
acima (httpwwwmmagovbr 2015)
O crescente aumento da frota no paiacutes e as condiccedilotildees precaacuterias de sua
manutenccedilatildeo evidenciam a problemaacutetica nos niacuteveis de emissatildeo de gases agravantes
da poluiccedilatildeo Os principais poluentes veiculares satildeo o monoacutexido de carbono (CO)
oacutexidos de nitrogecircnio (NOx) hidrocarbonetos (HC) material particulado (MP) aldeiacutedos
(CHO) oacutexidos de enxofre (SOx) e compostos de chumbo (Pb) Tambeacutem se deve
considerar o dioacutexido de carbono (CO2) que embora natildeo seja considerado um poluente
devido agrave sua baixa toxidade deve ser levado em consideraccedilatildeo pois compotildee os gases
que contribuem para o efeito estufa
313 Uso dos Edifiacutecios
Satildeo vaacuterios os aspectos ambientais identificados durante o ciclo de vida de um
edifiacutecio cujo impacto ambiental eacute a poluiccedilatildeo A interaccedilatildeo do empreendimento com o
meio ambiente ocorre em momentos distintos de sua existecircncia e envolve diferentes
agentes e etapas da cadeia produtiva (DEGANI e CARDOSO 2002) comeccedilando pelo
Planejamento fase inicial onde satildeo feitos estudos de viabilidade fiacutesica econocircmica e
financeira e a elaboraccedilatildeo do projeto e especificaccedilotildees a Implantaccedilatildeo eacute a fase da
construccedilatildeo produccedilatildeo do produto edifiacutecio na fase de Uso ocorre a operaccedilatildeo do
empreendimento jaacute ocupado pelos seus usuaacuterios na fase de Manutenccedilatildeo ocorre
necessidade de reposiccedilatildeo de componentes correccedilatildeo de falhas de execuccedilatildeo e
patologias ou ainda a modernizaccedilatildeo do edifiacutecio e por fim a fase de Demoliccedilatildeo onde o
edifiacutecio seraacute inutilizado ocorrendo o processo de desmonte
37
Segundo a NBR ISO 140011996 aspecto ambiental eacute o elemento das
atividades produtos ou serviccedilos de uma organizaccedilatildeo que pode interagir com o meio
ambiente Impacto ambiental eacute qualquer modificaccedilatildeo do meio ambiente adversa ou
beneacutefica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviccedilos de
uma organizaccedilatildeo Complementando segundo a NBR ISO 140041996 A relaccedilatildeo entre
aspectos ambientais e impactos eacute uma relaccedilatildeo de causa e efeito Um impacto
ambiental se refere agrave alteraccedilatildeo que ocorre no meio ambiente como um resultado do
aspecto (DEGANI e CARDOSO 2002)
Quadro 2 Principais impactos ambientais para o meio Fiacutesico Bioacutetico e Socioeconocircmico
Fonte autor adaptado (DEGANI e CARDOSO 2002)
Analisando as atividades presentes para todas as fases do ciclo de vida dos
edifiacutecios residenciais foram avaliados os efeitos diretos sobre o meio ambiente e
38
identificados trecircs significativos impactos ambientais impacto no meio fiacutesico impacto
no meio bioacutetico e impacto no meio soacutecio econocircmico segundo (DEGANI e CARDOSO
2002) como listados no Quadro 2
Quanto a poluiccedilatildeo eacute de extrema importacircncia a atmosfeacuterica na qual pode ser
observada nas diferentes fases a emissatildeo de materiais particulado respiraacutevel nas
fases de implantaccedilatildeo e demoliccedilatildeo emissatildeo de CO2 e CFC provenientes das possiacuteveis
ocorrecircncias de incecircndios perfuraccedilotildees de equipamentos e alguns utensiacutelios
domeacutesticos nas fases de uso manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo e poluiccedilatildeo sonora nas fases
de implantaccedilatildeo manutenccedilatildeo e demoliccedilatildeo causando desconforto agrave comunidade
vizinha Na fase do uso do edifiacutecio acontece a poluiccedilatildeo do ar interior pois gera a
criaccedilatildeo de ambientes internos poluiacutedos pelo condicionamento do ar das atividades
relacionadas ao uso e da operaccedilatildeo de equipamentos e produtos de limpeza poeira
dentre outros (DEGANI e CARDOSO 2002)
Estima-se que em niacutevel global o uso dos edifiacutecios seja responsaacutevel por 25
das emissotildees de CO2 incluindo as emissotildees diretas - queima de combustiacuteveis foacutesseis
para fins de condicionamento ambiental e indiretas - emissotildees associadas agrave
eletricidade adquirida por terceiros
No entanto as questotildees locais satildeo determinantes da contribuiccedilatildeo do uso do
edifiacutecio para a emissatildeo de CO2 O grau de difusatildeo de sistemas de condicionamento
ambiental artificial ndash seja aquecimento ou refrigeraccedilatildeo (fatores associados natildeo
somente ao clima mas tambeacutem a condiccedilotildees de renda) praacuteticas construtivas e
aspectos culturais bem como a natureza dos combustiacuteveis utilizados em cada regiatildeo
satildeo fatores que influenciam (AGOPYAN e JOHN 2011)
A matriz energeacutetica utilizada para a geraccedilatildeo de eletricidade eacute determinante no
que diz respeito agraves emissotildees de GEEs dados de um estudo publicado em 2003
39
comparam as emissotildees da cadeia completa dos diferentes sistemas de geraccedilatildeo de
eletricidade por tipo de fonte assim resumidas na Figura 10
Figura 10 Emissotildees GEEs por fonte de geraccedilatildeo no Brasil (wwwbrasil-economia-governoorgbr 2015)
No consumo de energia eleacutetrica a Construccedilatildeo Civil influecircncia nos aspectos
relativos agrave iluminaccedilatildeo condicionamento ambiental (ventilaccedilatildeo aquecimento eleacutetrico e
ar condicionado) aquecimento de aacutegua e operaccedilatildeo de equipamentos (elevadores
aparelhos domeacutesticos aquecedores de aacutegua)
Tabela 2 Consumo de eletricidade nas diferentes regiotildees brasileiras
Fonte autor adaptado (AGOPYAN e JOHN 2011)
Na Tabela 2 observa-se o potencial de contribuiccedilatildeo do setor que depende muito
das caracteriacutesticas regionais de consumo de energia A parcela da Construccedilatildeo
mostrada na tabela eacute a soma de aacutegua quente iluminaccedilatildeo e ar condicionado
40
Segundo Agopyan e John (2012) espera-se que o consumo de eletricidade
pelos edifiacutecios brasileiros dobre ateacute o ano de 2030 simultaneamente que a geraccedilatildeo
de eletricidade a partir da biomassa cresccedila 7 ao ano o que multiplicaria por 5 a
intensidade de CO2 da eletricidade aumentando as emissotildees globais do setor eleacutetrico
por um fator de 10
Nos dias de hoje existe uma tendecircncia de movimentaccedilatildeo de setor de projetos
em direccedilatildeo agrave melhoria do desempenho do edifiacutecio quanto agrave sustentabilidade Investir
na fase de planejamento de um projeto eacute fundamental para a elaboraccedilatildeo de um
edifiacutecio pois natildeo prevecirc um acreacutescimo no seu custo e sim um desenho apurado
que garanta seu melhor desempenho (teacutermico acuacutestico iluminaccedilatildeo) sendo essas
accedilotildees mais baratas e de maior eficaacutecia para o meio ambiente e a sociedade
32 Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG)
No iniacutecio de 1998 diferentes entidades se reuniram com o objetivo de
desenvolver normas internacionais de monitoramento e comunicaccedilatildeo de emissotildees de
GEEs e de promovecirc-las globalmente de forma a incentivar a adoccedilatildeo dessas medidas
uniformemente A parceria de negoacutecios entre diferentes organizaccedilotildees natildeo
governamentais (ONGs) governos e outras entidades reunidos pelo World Resources
Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
promoveu a iniciativa de Protocolo de Gases de Efeito Estufa conhecido mundialmente
como Greenhouse Gas Protocol Initiative ndash GHG (FLIZIKOWSKI 2012)
Diversos relatoacuterios corporativos tecircm sido desenvolvidos pelo GHG com diretrizes
de quantificaccedilatildeo de emissotildees nas quais satildeo apresentadas para empresas e para
todos os tipos de organizaccedilatildeo que queiram inventariar as suas emissotildees de GEEs De
acordo com o GHG as Normas Corporativas de Transparecircncia e Contabilizaccedilatildeo do
Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative foram
41
criadas dentro de uma perspectiva de negoacutecio para o desenvolvimento de inventaacuterios
de emissotildees de GEEs
Segundo (FLIZIKOWSKI 2012) as normas constantes nesse processo visam a
(a) Ajudar empresas instituiccedilotildees e oacutergatildeos a preparar seu inventaacuterio GEEs que
represente um registro justo e verdadeiro das suas emissotildees por meio da utilizaccedilatildeo
de princiacutepios e abordagens padronizadas (b) Simplificar e reduzir os custos da
compilaccedilatildeo de um inventaacuterio de GEEs (c) Fornecer informaccedilotildees necessaacuterias para a
construccedilatildeo de uma estrateacutegia eficaz na gestatildeo e reduccedilatildeo das emissotildees de GEEs agraves
aacutereas de negoacutecios (d) Prestar informaccedilatildeo necessaacuteria de maneira a facilitar a
participaccedilatildeo em programas voluntaacuterios e obrigatoacuterios de GEEs (e) Aumentar a
conformidade e transparecircncia dos registros e relatoacuterios de GEEs entre as vaacuterias
empresas e programas de GEEs
Para que as metas sejam atingidas conceitos e instruccedilotildees extremamente
importantes devem ser considerados pelas corporaccedilotildees de acordo com o Protocolo
de Efeito Estufa baseando-se na relevacircncia integralidade consistecircncia transparecircncia
e exatidatildeo
De acordo com o GHG Protocol (2003) cinco passos baacutesicos devem ser
seguidos para a elaboraccedilatildeo de inventaacuterios corporativos com o intuito de se alcanccedilar
os objetivos 1 Definiccedilatildeo dos limites operacionais e organizacionais do inventaacuterio 2
Coleta de dados das atividades que resultam na emissatildeo de GEEs 3 Caacutelculo das
emissotildees 4 Adoccedilatildeo de estrateacutegias de gestatildeo como aumento de eficiecircncia projetos
para creacuteditos de carbono introduccedilatildeo de novas linhas de produtos mudanccedila de
fornecedor entre outros 5 Apresentaccedilatildeo dos resultados
O Protocolo ainda define alguns limites para a elaboraccedilatildeo do inventaacuterio a serem
seguidos (1) Limites Geograacuteficos o limite geograacutefico delimita o territoacuterio onde as
emissotildees seratildeo levantadas (2) Limites Organizacionais a organizaccedilatildeo pode ser
42
composta por uma ou mais instalaccedilotildees e para efeitos de contabilidade de GEEs
dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes
envolvidas Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados define-se a
abordagem para a realizaccedilatildeo da quantificaccedilatildeo de emissotildees de GEEs (3) Limites
Operacionais O limite operacional vem apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais
A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites operacionais o que
envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas operaccedilotildees classificando-as
como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o escopo para contabilizaccedilatildeo e
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo definidos como escopo 1 escopo
2 e escopo 3
Figura 11 - Detalhamento dos 3 escopos do GHG Protocol (Programa Brasileiro de GHG Protocol)
Na Figura 11 podem ser observados os trecircs escopos Escopo 1 Satildeo as
emissotildees diretas de GEEs da proacutepria empresa ou instituiccedilatildeo (emissotildees fiacutesicas)
incluindo as emissotildees da queima de combustiacutevel os processos de fabricaccedilatildeo e o
transporte de propriedade da empresa Escopo 2 Emissotildees de GEEs indiretas
liacutequidas a partir de importaccedilotildees e exportaccedilotildees de energia como eacute o caso da
eletricidade Escopo 3 contempla todas as outras fontes de emissatildeo que possam ser
43
atribuiacuteveis agrave accedilatildeo da empresa Exemplo disso eacute a inclusatildeo de viagens de negoacutecios de
funcionaacuterios e o transporte de produtos em veiacuteculos que natildeo pertenccedilam agrave empresa a
terceirizaccedilatildeo de atividades centrais e atividades de disposiccedilatildeogerenciamento de
resiacuteduos (FLIZIKOWSKI 2012)
Para estimular e implementar atividades de reduccedilatildeo de emissotildees em um paiacutes eacute
preciso que todos os setores da economia estejam engajados neste mesmo processo
Assim tanto os paiacuteses como as instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas precisam investir no
levantamento e conhecimento destes nuacutemeros e conhecer a origem dessas emissotildees
(GHG Protocol 2003)
33 O Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimular a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de inventaacuterios de emissotildees de gases do
efeito estufa proporcionando aos participantes acesso a instrumentos e padrotildees de
qualidade internacional
Em 2008 o meacutetodo foi adaptado ao contexto nacional em uma parceria do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas (FGV) World Resources
Institute (WRI) Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (CEBDS) e o World Business Council
for Sustainable Development (WBSCD) (FLIZIKOWSKI 2012)
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo GHG Protocol no Brasil acontece de forma adaptada ao
contexto nacional O Programa Brasileiro organiza grupos de trabalho junto agraves
empresas participantes para o aperfeiccediloamento do meacutetodo e desenvolvimento de
novas ferramentas para a contabilizaccedilatildeo de emissotildees de GEEs de acordo com a
realidade brasileira
44
Deste modo o Programa Brasileiro GHG Protocol apoia empresas para realizaccedilatildeo
de seus inventaacuterios incluindo os seguintes aspectos contabilizaccedilatildeo caacutelculo
elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de relatoacuterio de GEEs em base voluntaacuteria capacitaccedilatildeo de
empresas e organizaccedilotildees na temaacutetica de inventaacuterios e temas correlatos plataforma
web para divulgaccedilatildeo puacuteblica dos inventaacuterios espaccedilo de intercacircmbio de informaccedilotildees
entre instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas e modelos de gestatildeo
Outras caracteriacutesticas dessa ferramenta destacam-se o seu caraacuteter modular e
flexiacutevel a neutralidade em termos de poliacuteticas ou programas e ainda o fato de ser
baseada em um amplo processo de consulta puacuteblica
34 Compensaccedilatildeo de Gases do Efeito Estufa
De acordo com o dicionaacuterio Houaiss o termo neutralizaccedilatildeo eacute o ato de tornar algo
neutro extinguir anular tornaacute-lo inofensivo ou inativo A palavra compensaccedilatildeo por
sua vez entende-se como equilibrar suprir falta de algo contrabalanccedilar-se
(HOUAISS 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
O aumento do dioacutexido de carbono um dos gases constituintes da atmosfera
responsaacuteveis pelo aumento do efeito estufa e da temperatura global tem sido uma
crescente preocupaccedilatildeo de governantes cientistas e da sociedade como um todo
Este aumento de CO2 deve-se principalmente a atividades antropogecircnicas
seguidas pela mudanccedila do uso da terra com reduccedilatildeo da capacidade de
armazenamento de carbono na biomassa O conceito de sequestro de carbono foi
consagrado pela Conferecircncia de Kyoto em 1997 com a finalidade de conter e reverter
o acuacutemulo de CO2 na atmosfera visando a diminuiccedilatildeo do efeito estufa
45
341 O Sequestro de Carbono
O sequestro do carbono refere-se ao mecanismo de mitigaccedilatildeo bioloacutegica das
aacutervores de absorver o CO2 do ar e fixaacute-lo em forma de mateacuteria lenhosa A forma mais
comum desse processo eacute naturalmente realizada pelas florestas nas quais absorvem
grandes quantidades de CO2 presentes na atmosfera Na fase de crescimento as
plantas realizam a fotossiacutentese processo que usa a energia da radiaccedilatildeo solar (luz do
sol) para converter o CO2 e aacutegua em accediluacutecares agrave base de carbono como glicose A
fotossiacutentese tambeacutem libera oxigecircnio na atmosfera que eacute necessaacuterio para a respiraccedilatildeo
de do homem das plantas e animais
CO2 + H2O + Energia rarr Glicose (C6H12O6) +O2 (Eq 1)
A fotossiacutentese eacute responsaacutevel por cerca de metade do carbono extraiacutedo da
atmosfera e a Figura 12 abaixo mostra um aspecto interessante de como a
fotossiacutentese afeta os niacuteveis atmosfeacutericos de CO2
Figura 12 Curva de Keeling concentraccedilotildees de CO2 atmosfeacutericos medidos em Mauna Loa Havai Mauna
Loa Observatory (Fonte httpsptwikipediaorgwikiCiclo_do_carbono 2015)
Na Figura 12 observa-se o crescimento dos niacuteveis de CO2 desde 1958 Esses
aumentos ocorrem durante o outono e o inverno no Hemisfeacuterio Norte atingindo o pico
um pouco antes da primavera onde as concentraccedilotildees de CO2 diminuem durante a
46
primavera e o veratildeo Isso ocorre porque durante a estaccedilatildeo de plantio as plantas
estatildeo absorvendo mais CO2 do que liberando atraveacutes da respiraccedilatildeo
As aacutervores deciacuteduas (plantas que perdem suas folhas em determinada eacutepoca do
ano) produzem folhas e plantas sazonais como o capim que nascem Durante o
outono e o inverno o capim morre e essas aacutervores ficam inativas e deixam de
funcionar como sequestradoras de CO2 caracterizando as linhas onduladas do graacutefico
da Figura 12 Jaacute as plantas tropicais absorvem CO2 ao longo do ano No Hemisfeacuterio
Sul as estaccedilotildees satildeo opostas Poreacutem como o Hemisfeacuterio Norte tem uma aacuterea terrestre
muito maior o efeito liacutequido mundial eacute que as plantas proporcionam um sequestro
maior de CO2 durante a primavera e o veratildeo do que durante o outono e o inverno
O gaacutes carbocircnico absorvido pelas plantas tem dois destinos simultacircneos uma
parte fica retida no interior do vegetal na forma de biomassa alimentos ou fibras e a
outra seria devolvida para atmosfera pelo processo da respiraccedilatildeo Neste sentido
tecnologias que selecionem plantas com maior habilidade em sequestrar o carbono
poderiam contribuir para reduzir a concentraccedilatildeo deste gaacutes na atmosfera Como jaacute
mencionado o ciclo do carbono mostra que satildeo diversos os contribuintes na emissatildeo
de gaacutes carbocircnico e que somente atraveacutes da fotossiacutentese ocorre absorccedilatildeo e o seu
aproveitamento na formaccedilatildeo de biomassa identificando as causas para o acuacutemulo de
carbono na atmosfera
Portanto eacute importante conceber a ideia de que o aumento das aacutereas de florestas
(principalmente as florestas tropicais) eacute essencial para o sequestro de carbono na
atmosfera contribuindo assim como uma medida mitigadora aos crescentes niacuteveis de
emissatildeo de CO2 sendo este o principal agravante do efeito estufa
47
4 O Programa Carbono Neutro IDESAM
41 Apresentaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro IDESAM
Para melhor compreensatildeo dos conceitos apresentados foi escolhido como
estudo de caso o Programa Carbono Neutro realizado pelo IDESAM um programa de
compensaccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa por meio da recomposiccedilatildeo
florestal de aacutereas degradadas na Reserva do Uatumatilde localizada na regiatildeo do Estado
do Amazonas O programa funciona atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) que possibilitam natildeo soacute o sequestro de CO2 da atmosfera mas
tambeacutem uma seacuterie de benefiacutecios socioambientais como seguranccedila alimentar e
geraccedilatildeo de renda para os moradores da reserva
Figura 13 IDESAM e o Programa Carbono Neutro (Fonte httpwwwidesamorgbr 2015)
O IDESAM Instituto de Conservaccedilatildeo e Desenvolvimento Sustentaacutevel do
Amazonas eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos fundada no ano
de 2004 de caraacuteter independente e dirigida sob regime privado A sede do instituto
estaacute localizada na cidade de Manaus capital do Estado do Amazonas Com um pouco
mais de 10 anos de atuaccedilatildeo o IDESAM desenvolve um trabalho integrado
compreendendo uma atuaccedilatildeo de base no contato com produtores rurais e
comunidades tradicionais ateacute a formulaccedilatildeo de poliacuteticas internacionais atuando junto a
organizaccedilotildees que trabalham com clima e desenvolvimento sustentaacutevel
48
Os recursos financeiros do IDESAM satildeo obtidos por meio de doaccedilotildees e
contratos de pesquisa e satildeo investidos em programas focados na prevenccedilatildeo e
reduccedilatildeo do desmatamento mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas erradicaccedilatildeo da
pobreza promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo florestal e manejo dos recursos naturais Todas as
atividades programas e fundos arrecadados pelo Instituto satildeo monitorados por
conselhos e auditorias independentes
O principal objetivo da Instituiccedilatildeo eacute promover a valorizaccedilatildeo e o uso sustentaacutevel
de recursos naturais na Amazocircnia buscando sempre alternativas
para a conservaccedilatildeo ambiental o desenvolvimento social e a mitigaccedilatildeo das mudanccedilas
climaacuteticas O IDESAM atua com diversos programas complementares atraveacutes de
pesquisas estudos cientiacuteficos e atividades de campos executados por uma equipe de
profissionais que atuam na coordenaccedilatildeo e execuccedilatildeo de projetos voltados agrave
conservaccedilatildeo e o desenvolvimento sustentaacutevel para a regiatildeo amazocircnica
Os projetos do IDESAM estatildeo distribuiacutedos em 5 programas complementares (1)
Mudanccedilas Climaacuteticas (2) Manejo Florestal (3) Gestatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo
(4) Produccedilatildeo Rural Sustentaacutevel (PPRS) (5) Carbono Neutro (PCN) As pesquisas
estudos cientiacuteficos e atividades de campo satildeo implementados por uma equipe
diversificada de profissionais e contribuem para estimular a discussatildeo e o debate na
busca de soluccedilotildees criativas e apropriadas para os desafios sociais e ambientais da
Amazocircnia
O Programa Carbono Neutro IDESAM foi criado em 2010 com a proposta de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes da implantaccedilatildeo de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) em aacutereas degradadas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS do Uatumatilde) localizada na regiatildeo nordeste do Estado do
Amazonas
49
A Reserva de Desenvolvimento Sustentaacutevel do Uatumatilde (RDS) eacute uma
modalidade de Unidade de Conservaccedilatildeo que abriga populaccedilotildees cuja existecircncia
baseia-se em sistemas sustentaacuteveis de exploraccedilatildeo dos recursos naturais
desenvolvidos ao longo de geraccedilotildees e adaptados agraves condiccedilotildees ecoloacutegicas locais e
especiacuteficas de forma a exercer o papel de proteccedilatildeo da natureza e manutenccedilatildeo da
diversidade bioloacutegica
A RDS estaacute localizada na regiatildeo meacutedio do Rio Amazonas (Figura 14) a 380 km
de Manaus e eacute a primeira Unidade de Conservaccedilatildeo do Brasil que possui uma
estrateacutegia de gestatildeo a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos ambientais para auxiliar sua
implementaccedilatildeo Como exemplo o Programa Carbono Neutro IDESAM que consiste
na implantaccedilatildeo de Sistemas Agroflorestais em aacutereas degradas em Unidade de
Conservaccedilatildeo como forma de compensar as emissotildees dos participantes do programa
Figura 14 Localizaccedilatildeo da RDS Uatumatilde e os SAFs (wwwidesamcombr 2015)
O objetivo principal dos SAFs eacute de otimizar o uso da terra conciliando a
produccedilatildeo florestal com a produccedilatildeo de alimentos conservando o solo e diminuindo a
pressatildeo pelo uso da terra para produccedilatildeo agriacutecola Satildeo aacutereas de vegetaccedilatildeo
secundaacuteria sem expressatildeo econocircmica e social que podem ser reabilitadas e usadas
50
racionalmente por meio de praacuteticas agroflorestais Os Sistemas Agroflorestais
implantados na Reserva satildeo baseados no conhecimento tradicional do uso do solo e
nas teacutecnicas agroecoloacutegicas para os climas tropicais
Em fevereiro de 2015 surgiu a oportunidade de conhecer de perto o IDESAM e
o Programa Carbono Neutro Assim durante uma semana tive a experiecircncia de visitar
a Sede do IDESAM (Figura 15) conhecer as principais pessoas envolvidas e
acompanhar de perto a atuaccedilatildeo do Programa Carbono Neutro Junto com o
Coordenador do PCN Flaacutevio Cremonesi e de uma equipe especializada do IDESAM
fui ateacute a RDS do Uatumatilde conheci as comunidades ribeirinhas tradicionais e participei
do plantio de mudas em um dos SAFs
Figura 15 Na sede do IDESAM em Manaus com o Coordenador de Projetos do Programa Carbono
Neutro Flaacutevio Cremonesi (terceiro da esquerda para direita) e o Secretaacuterio Executivo Adjunto do IDESAM
Mariano Cenamo (quinto da esquerda para direita) Fonte arquivo pessoal
42 Meacutetodo Empregado
O IDESAM possui soluccedilotildees para pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que inventariarem
suas emissotildees de gases de efeito estufa e tem auxiliado os clientes a identificar
51
potenciais de projetos de reduccedilatildeo certificada de emissotildees e adotar estrateacutegias e
metas para uma economia de baixo carbono
Para traccedilar estrateacutegias de baixo carbono dos participantes do programa eacute
necessaacuterio antes conhecer o volume de gases de efeito estufa que eacute emitido por suas
atividades Esta estimativa eacute realizada a partir do inventaacuterio de emissotildees realizado
com base em metodologias internacionalmente reconhecidas como a ABNT NBR ISO
140642007 e o GHG Protocol - Programa Brasileiro
Figura 16 Os trecircs pilares para a neutralizaccedilatildeo das emissotildees de GEEs (Fonte autor adaptado
wwwnaturacombr 2015)
Uma das accedilotildees possiacuteveis (Figura 16) a partir do conhecimento do volume de
emissotildees de gases do efeito estufa eacute implementar medidas e processos de reduccedilatildeo
de emissotildees das principais atividades analisadas No caso de emissotildees inevitaacuteveis a
neutralizaccedilatildeo de carbono pode ocorrer atraveacutes do uso de Reduccedilotildees Verificadas de
Emissotildees - os creacuteditos de carbono - assegurando assim uma accedilatildeo real e concreta no
combate ao aquecimento global atraveacutes do Programa Carbono Neutro
Na Figura 17 observa-se as principais etapas do Programa Carbono Neutro
IDESAM
52
Figura 17 Principais etapas do Programa Carbono Neutro (Fonte wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
As atividades do Programa Carbono Neutro satildeo divididas em etapas (1) O
passo inicial eacute o contato com o potencial cliente (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) para
apresentaccedilatildeo das possibilidades de carboneutralizaccedilatildeo (2) Satildeo feitos os Inventaacuterios
de emissotildees de gases de efeito estufa para aqueles interessados em realizar a
compensaccedilatildeo de suas emissotildees (3) Com o inventaacuterio de carbono em toneladas
de CO2 chega-se a quantidade de aacutervores nativas em si com a aacuterea que seraacute
recuperada e a elaboraccedilatildeo da proposta e orccedilamento (4) Assinatura do contrato entre
o cliente e o Programa Carbono Neutro IDESAM no prazo de 1 ano exceto eventos e
produtos realizados pontualmente (5) Envio do material publicitaacuterio (banner
certificado e selo de certificaccedilatildeo com o identificador exclusivo para o posterior
monitoramento online (6) Eacute feito a mensuraccedilatildeo da pegada de carbono individual
atraveacutes da calculadora online de emissotildees (pessoas fiacutesicas) ou por caacutelculos baseados
no GHG Protocol (pessoas juriacutedicas) (7) Produccedilatildeo das mudas de aacutervores preparo do
solo e plantio das aacutervores via sistema agroflorestal na Reserva do Uatumatilde em
parceria com os comunitaacuterios (7) Monitoramento ao longo dos anos seguintes (em
meacutedia 2 anos apoacutes a execuccedilatildeo do plantio) a equipe teacutecnica do IDESAM realiza o
53
monitoramento (in locu) das aacutervores (8) Renovaccedilatildeo com o vencimento do contrato de
certificaccedilatildeo com o Programa Carbono Neutro IDESAM (carbononeutroorgbr 2015)
Eacute importante ressaltar os diversos benefiacutecios gerados pela compensaccedilatildeo de
emissotildees de CO2 tais como o combate ao aquecimento global - as aacutervores absorvem
carbono durante o seu crescimento conservaccedilatildeo da biodiversidade brasileira - a
floresta fornece alimento e proteccedilatildeo aos animais manutenccedilatildeo de serviccedilos ambientais
- conservaccedilatildeo de recursos como a aacutegua o solo e o clima conscientizaccedilatildeo da
sociedade - sobre a importacircncia da recomposiccedilatildeo florestal mudanccedila de
comportamento no ambiente corporativo - os empresaacuterios e os colaboradores satildeo
sensibilizados sobre a importacircncia do tema geraccedilatildeo de renda no campo - os
agricultores satildeo remunerados para execuccedilatildeo dos projetos monitoramento online dos
restauros florestais - o acompanhamento do desenvolvimento das aacutervores pode ser
feito pelo site do IDESAM
43 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Fiacutesica
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora
Uma vez consolidado o levantamento dos fatores de emissotildees os caacutelculos por
tipo de emissatildeo satildeo estabelecidos Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs
variam entre as diversas foacutermulas e de acordo com realidade brasileira utilizando-se a
calculadora de carbono A calculadora de emissotildees do Programa Carbono Neutro
IDESAM (PCN) foi desenvolvida com base nos guias do GHG Protocol e utilizando
fontes de dados e fatores de emissatildeo disponibilizados pelo Ministeacuterio de Ciecircncia e
Tecnologia (MCT) CETESB Eletrobraacutes e IPCC
54
A unidade internacional de medida de gases de efeito estufa eacute a tonelada
meacutetrica de gaacutes carbocircnico equivalente (tCO2e) ou seja todos os gases classificados
como causadores de efeito estufa satildeo comunicados com base em um uacutenico gaacutes o
CO2
Figura 18 Calculadora online para caacutelculo das emissotildees por pessoas fiacutesicas disponiacutevel no site do
IDESAM (Fonte wwwidesamorgbrcarbononeutrocalculadora 2015)
Para o caso de pessoa fiacutesica a ferramenta mais apropriada para o caacutelculo das
emissotildees pode ser feita pelo proacuteprio site do IDESAM atraveacutes da calculadora online
mostrada na Figura 18 Todos os caacutelculos satildeo feitos para o periacuteodo miacutenimo de um
ano sendo realizado um quantitativo das emissotildees de CO2 para este intervalo de
tempo para posteriormente realizar a compensaccedilatildeo anual
55
Basicamente no inventaacuterio (caacutelculo) satildeo considerados diversos fatores que
variam de acordo com os haacutebitos estilo de vida e logiacutesticas diaacuterias como uso de
veiacuteculos motores (conforme a cilindrada e o combustiacutevel utilizado) eou eleacutetricos eou
transporte puacuteblico (Km rodados) consumo de aacutegua (litros ou m3) consumo de gaacutes
(m3) papel impresso (em kg) consumo eleacutetrico (Kwh) viagens aeacutereas (distacircncia em
Km entre a origem e o destino) dentre outras que sejam relevantes para cada pessoa
individualmente (carbononeutroorgbr 2015)
44 Caacutelculo de Emissatildeo Pessoa Juriacutedica
O aumento do interesse e investimento em programas socioambientais no setor
privado eacute acompanhado pela necessidade de padronizaccedilatildeo dos criteacuterios processos e
normas de comunicaccedilatildeo associados a projetos dessa natureza Atualmente o
envolvimento das empresas e suas marcas com iniciativas socioambientais eacute uma
tendecircncia de mercado onde 85 da populaccedilatildeo considera o problema urgente e
anseiam medidas imediatas (httpwwwcbftcombr 2015)
No caso de empresas ou instituiccedilotildees para o caacutelculo de emissotildees deveraacute ser
realizada uma reuniatildeo preferencialmente presencial com os responsaacuteveis diretos
corporativos para definir qual o escopo empresarial que esteja sendo
carboneutralizado Obrigatoriamente o periacuteodo inventariado deveraacute ser 1 ano (12
meses)
Os caacutelculos de emissotildees pelo Programa Carbono Neutro IDESAM satildeo feitos
baseados no GHG Protocol onde toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada de
acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende da
fonte emissora Na elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para meios corporativos
fatores como o ramo da atividade da empresa o nuacutemero de funcionaacuterios a frota de
veiacuteculos fontes de energia utilizada aacuterea de ocupaccedilatildeo da empresa viagens aeacutereas
geradas satildeo algumas das atividades consideradas
56
45 Participantes do Programa e os Nuacutemeros de Emissotildees
A Tabela 3 mostra a referecircncia de todos os clientes participantes do PCN
IDESAM para o ano de 2014 Dados como os coacutedigos (usados no monitoramento
online) o tipo de selos de certificaccedilatildeo (empresa pessoa fiacutesica produto siteblog e
evento) para a carboneutralizaccedilatildeo seguido das respectivas quantidades de aacutervores
as toneladas de carbono (tCO2) o tamanho da aacuterea reflorestada (m2) e a localizaccedilatildeo
do SAF (1 ateacute 11) na Reserva do Uatumatilde (AM) estatildeo disponibilizados na Tabela 3
Tabela 3 Nuacutemeros teacutecnicos relativos agraves emissotildees dos clientes no ano de 2014
(Fonte wwwidesamcombr 2015)
57
No total para o ano de 2014 (Tabela 3) chegou-se aos seguintes nuacutemeros 15
participantes do programa 3460 aacutervores plantadas 124560 tCO2 compensados e
41520 m2 de aacuterea reflorestada Observa-se que o programa abrange diferentes perfis
de clientes desde pessoas fiacutesicas ateacute eventos empresas blogs entre outros
Para o caso particular da minha viagem fiz parte do acompanhamento e plantio
das 36 mudas referentes agrave compensaccedilatildeo de 1296tCO2 da instituiccedilatildeo PCN1411
evidenciada em azul na Tabela 3
46 Compensaccedilatildeo de Emissotildees Atraveacutes do Plantio Florestal
A neutralizaccedilatildeo de carbono pode ser considerada como uma forma de
mitigaccedilatildeo ambiental em que empresas instituiccedilotildees e cidadatildeos tecircm a possibilidade de
compensar suas emissotildees de CO2 (Netto et al 2008 apud FLIZIKOWSKI 2012)
Por sua vez Ramseur (2008 apud FLIZIKOWSKI 2012) relata que a inclusatildeo
de programas de compensaccedilotildees fornece benefiacutecios atrativos como o incentivo para
os paiacuteses natildeo regulamentados para gerar programas de reduccedilatildeo de emissotildees e
oportunidades de expansatildeo de emissatildeo de conformidade para entidades
regulamentadas Com esse objetivo as empresas tecircm implantado projetos de
reflorestamento que visam agrave remoccedilatildeo de CO2 da atmosfera atraveacutes da fixaccedilatildeo de
carbono na biomassa
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa de qualquer atividade humana ndash
visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito estufa
durante o seu crescimento (wwwiniciativaverdeorgbr 2015)
O plantio de aacutervores possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs Como
58
proposta de compensaccedilatildeo para estes gases o Programa Carbono Neutro IDESAM
utiliza o sequestro de carbono florestal por meio de plantio de florestas A quantidade
de emissotildees calculadas nas fases anteriores eacute transformada em nuacutemero de aacutervores a
serem plantadas nos SAFs na Reserva do Uatumatilde
Os SAFs fazem parte das diretrizes centrais do Programa Carbono Neutro
IDESAM e podem ser implantados na recuperaccedilatildeo de aacutereas alteradas por atividades
agriacutecolas malsucedidas contribuindo assim para a reduccedilatildeo da pressatildeo por
desmatamento em novas aacutereas de floresta (Figuras 19a e 19b) Esse modelo de
conversatildeo agriacutecola gera reduccedilotildees de emissotildees que contribuem para mitigar as
alteraccedilotildees climaacuteticas
Figuras 19a e 19b Aacuterea desmatada na RDS Uatumatilde na qual seraacute utilizada como uma das SAFs e em
seguida uma aacuterea jaacute reflorestada com mudas do Programa Carbono Neutro IDESAM (Fonte
wwwidesamorgbr 2015)
O principal objetivo do Programa eacute perenizar a produccedilatildeo agriacutecola e florestal
local atraveacutes de um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono de forma a
gerar creacuteditos de carbono para compensar a emissatildeo dos parceiros interessados
Aleacutem de reter o carbono disponiacutevel na atmosfera o gaacutes no ar pode agravar o
aquecimento global as aacutervores nativas contribuem para a preservaccedilatildeo da
biodiversidade dos recursos hiacutedricos e da conservaccedilatildeo do solo Como os
59
trabalhadores do campo satildeo os contratados para fazerem os plantios as aacutervores
ainda tecircm o valor social de gerar renda para os comunitaacuterios
As mudas de aacutervores plantadas satildeo de espeacutecies arboacutereas lenhosas (frutiacuteferas
eou madeireiras) com cultivos agriacutecolas de forma a gerar lucro para os comunitaacuterios
(Figuras 20a e 20b) Aleacutem disso a diversidade de espeacutecies permite a obtenccedilatildeo de um
nuacutemero maior de produtos a partir de uma mesma unidade de aacuterea tanto para a
subsistecircncia da famiacutelia quanto para o mercado garantindo geraccedilatildeo de renda e
seguranccedila alimentar para os produtores envolvidos no Programa (Figuras 21a e 21b)
Figuras 20a e 20b Viveiros aonde satildeo produzidos as mudas que seratildeo plantadas nos SAFs (Fonte
arquivo pessoal)
Figuras 21a e 21b Mudas de Cacau sendo plantadas com a ajuda dos comunitaacuterios (Fonte arquivo
pessoal)
60
Com o passar do tempo as aacutervores comeccedilam a recompor a aacuterea desmatada
atraem os animais nativos evitam a erosatildeo do solo preservam a aacutegua e datildeo abrigo
para outras espeacutecies de plantas Dentre as diversas espeacutecies utilizadas tem-se
cacau guaranaacute accedilaiacute e algumas para extrair oacuteleo como a de Andiroba e Copaiacuteba
Apoacutes o plantio das mudas de aacutervores o monitoramento e o acompanhamento
teacutecnico das aacutereas reflorestadas podem ser feitos pelo cliente de forma a acompanhar
o desenvolvimento do Sistema Agroflorestal e os benefiacutecios ao clima e agraves
comunidades tradicionais Placas de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos referentes aos
clientes do PCN IDESAM satildeo fixados nas aacutereas de plantio (Figura 22)
Figura 22 Placa de identificaccedilatildeo e dados teacutecnicos do PCN IDESAM fixadas em uma das aacutereas de plantio
com destaque para a instituiccedilatildeo Dupla Carioca na qual fiz parte do plantio das mudas (Fonte arquivo
pessoal)
Atraveacutes desta identificaccedilatildeo (ID) uacutenica e exclusiva para cada cliente
carboneutralizado pode-se acompanhar via internet a localizaccedilatildeo do plantio das
aacutervores na Reserva do Uatumatilde (AM) aleacutem das informaccedilotildees teacutecnicas e os
comunitaacuterios beneficiados Decorrente disso o cliente poderaacute compartilhar
61
publicamente a dinacircmica com o Programa Carbono Neutro IDESAM com quem
considerar estrateacutegico
O Programa Carbono Neutro IDESAM disponibiliza ferramentas de
comunicaccedilatildeo aacutegeis agregando o peso da iniciativa socioambiental a marca das
empresas parceiras Ele eacute uma oacutetima ferramenta de marketing Dentro das empresas
ganha cunho motivacional melhorando a integraccedilatildeo dos funcionaacuterios atraveacutes da
inserccedilatildeo de um tema comum a todos
Cada participante do programa recebe um Certificado de neutralizaccedilatildeo de
carbono com o nuacutemero de aacutervores plantadas e a quantidade de gases do efeito estufa
compensada (Figura 23) As certificaccedilotildees remetem o conceito de consciecircncia
ambiental que para o caso de pessoa juriacutedica mostra aos clientes que a empresa tem
investido em accedilotildees a favor do meio ambiente
Pode ainda ser usado em materiais de comunicaccedilatildeo da empresa constatando
a participaccedilatildeo no Programa Carbono Neutro e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees dos
GEEs tendo um diferencial e maior visibilidade no mercado
Figuras 23 O selo Carbono Neutro IDESAM para cada tipo de cliente (carbononeutroorgbr 2015)
62
5 Proposta de Elaboraccedilatildeo de Inventaacuterios de Emissotildees e Compensaccedilatildeo
dos GEEs para o Setor da Construccedilatildeo Civil
Nos uacuteltimos anos as mudanccedilas climaacuteticas tecircm sido constantemente enfatizadas
pelos diferentes canais da sociedade civil causando preocupaccedilatildeo aos governos agrave
populaccedilatildeo e aos cientistas em todo o mundo Um dos pontos criacuteticos neste sentido eacute o
aumento exponencial da concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera
muito acima da capacidade de assimilaccedilatildeo do planeta
Essas alteraccedilotildees do clima podem estar relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo
de gases de efeito estufa (GEEs) responsaacuteveis pelo aquecimento da temperatura na
Terra Os GEEs satildeo compostos principalmente pelo dioacutexido de carbono (CO2) metano
(CH4) oacutexido nitroso (N2O) hidrofluorcarbonos (HFC) perfluorcarbonos (PFC) e
hexafluoreto de enxofre (SF6) (UNFCCC 2013 apud SANQUETA 2013) embora
outros gases tambeacutem tenham essa propriedade
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da construccedilatildeo civil As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil estatildeo associadas agrave
extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de construccedilatildeo aos processos de
fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida durante o ciclo de vida da obra agrave
operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo final dos resiacuteduos e do
transporte de materiais (BESSA 2010 apud SANQUETA 2013)
Por meio do Protocolo de Kyoto foram estabelecidas metas entre os paiacuteses
signataacuterios com vistas a uma reduccedilatildeo gradativa das emissotildees dos gases do efeito
estufa O documento determinava que as naccedilotildees buscassem cooperaccedilatildeo e
compartilhamento de experiecircncia para combater os efeitos adversos do clima
Considerada a inviabilidade tecnoloacutegica e social de cessatildeo imediata de emissatildeo
desses poluentes foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que na
realidade eacute um sistema de auditoria para implantar e manter projetos de reduccedilatildeo ou
63
remoccedilatildeo dos gases responsaacuteveis pelas mudanccedilas climaacuteticas (RIBEIRO 2005 apud
LOBO 2010)
A gestatildeo de carbono estaacute se tornando um aspecto cada vez mais visiacutevel e
essencial no mercado onde muitas empresas de diversos setores jaacute tecircm tomado
importantes iniciativas para lidar com suas emissotildees A cadeia produtiva da
construccedilatildeo tem um peso grande em termos de emissotildees de carbono e torna-se
fundamental para o atendimento dos objetivos globais do desenvolvimento
sustentaacutevel
O principal desafio do estudo em questatildeo eacute estimular o setor da Construccedilatildeo Civil
na qual tem um peso grande em termos de emissatildeo de carbono a elaborar o
inventaacuterio de GEEs para o posterior desenvolvimento de estrateacutegias para reduccedilatildeo da
emissatildeo destes gases O GHG Protocol - ferramenta utilizada para entender
quantificar e gerenciar emissotildees de GEEs junto com o SINDUSCON-SP foram
utilizados como base para a elaboraccedilatildeo da proposta de compensaccedilatildeo de gases para a
Construccedilatildeo Civil
51 Customizaccedilatildeo do GHG Protocol para a Construccedilatildeo Civil
511 Limites e Diretrizes dos Inventaacuterios de Emissotildees
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees eacute de suma importacircncia para as
instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de efeito estufa e o
volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A partir deste
monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o objetivo de
promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da organizaccedilatildeo
O inventaacuterio de emissotildees eacute elaborado a partir de normas e metodologias
internacionais como a ABNT NBR ISO 140642007 IPCC e o GHG Protocol Para sua
64
elaboraccedilatildeo e desenvolvimento eacute requerido que sejam seguidas algumas etapas e
requisitos a fim de se ter um documento passiacutevel de verificaccedilatildeo compatibilidade e
comparaccedilatildeo com outros inventaacuterios
As estrateacutegias corporativas para a nova economia de Baixo Carbono devem
integrar o planejamento a implementaccedilatildeo e a operaccedilatildeo das atividades empresariais e
industriais de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentaacutevel da empresa A
elaboraccedilatildeo desses inventaacuterios e a colocaccedilatildeo em praacutetica de medidas para efetivamente
reduzir as emissotildees de GEEs tornam-se praticamente obrigatoacuterias quando se pensa
na possibilidade de fixaccedilatildeo de metas de reduccedilatildeo de emissotildees mesmo que ainda natildeo
obrigatoacuterias
O inventaacuterio de emissotildees de gases do efeito estufa aleacutem de ser importante para a
empresa ou inventariado saber qual o seu impacto com relaccedilatildeo ao clima traz diversos
benefiacutecios (a) O reconhecimento do mercado (fornecedor e consumidor) como
empresa preocupada com o impacto ambiental de suas atividades (b) A possibilidade
de compensaccedilatildeo das emissotildees jaacute que a quantificaccedilatildeo ou inventaacuterio das emissotildees de
gases de efeito estufa eacute o primeiro passo para a criaccedilatildeo de um plano de gestatildeo e
reduccedilatildeo dessas emissotildees (c) O diagnoacutestico das emissotildees e de ineficiecircncias internas
pois identifica oportunidades de melhorias na eficiecircncia operacional e
consequentemente para a reduccedilatildeo nos custos (d) A oportunidade de prever e
incorporar os impactos socioambientais de longo prazo no planejamento financeiro
incentiva a adoccedilatildeo de praacuteticas sustentaacuteveis em todo o mercado
Em junho de 2013 O Guia Inventaacuterio de Emissotildees de Gases de Efeito Estufa na
Construccedilatildeo Civil ndash Setor Edificaccedilotildees foi elaborado pelo SINDUSCON-SP em parceria
com grandes empresas construtoras e incorporadoras do setor da construccedilatildeo com o
objetivo de padronizar os criteacuterios a serem considerados durante o ciclo de vida
do empreendimento e a metodologia de caacutelculo a ser utilizada para se elaborar o
65
inventaacuterio de GEEs das obras A intenccedilatildeo deste projeto eacute antecipar o setor agraves normas
e regulamentaccedilotildees cada vez mais comuns que estatildeo ditando as novas diretrizes
sobre emissotildees de carbono no Brasil
O guia publicado pelo SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a
calcular as emissotildees de carbono durante todo o ciclo de vida do empreendimento
Nesta primeira versatildeo o guia se limita a considerar as emissotildees da fabricaccedilatildeo e
transporte dos materiais assim como a execuccedilatildeo da obra propriamente dita Nas
proacuteximas ediccedilotildees do guia este escopo de emissotildees se estenderaacute desde o periacuteodo de
uso e manutenccedilatildeo do empreendimento ateacute seu destino final seja o retrofit do preacutedio
ou sua demoliccedilatildeo
Figura 24 Fases para a elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEE pela Construccedilatildeo Civil
(wwwsindusconspcombr agosto 2015)
Com estas novas diretrizes o SINDUSCON-SP pretende estimular todo o setor da
construccedilatildeo civil uma vez que grande parte das emissotildees acontece na fabricaccedilatildeo dos
66
materiais utilizados na obra convocando assim toda a cadeia de fornecedores a iniciar
a gestatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa de seus processos Esta certamente
eacute uma iniciativa pioneira que iraacute amadurecer bastante nos proacuteximos anos resultando
em grandes avanccedilos e maior eficiecircncia para todo o setor
O SINDUSCON-SP recomenda que o usuaacuterio siga a sequecircncia esquematizada na
Figura 24 parana elaboraccedilatildeo do Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs Fase 1
Identificaccedilatildeo dos Usos do Inventaacuterio Fase 2 Definiccedilatildeo de limites organizacionais
Fase 3 Definiccedilatildeo de limites operacionais Fase 4 Monitoramento de dados de
atividade Fase 5 Caacutelculo Fase 6 Relatoacuterio
Por fim um dos desdobramentos mais significativos dos Inventaacuterios de emissotildees eacute
que estes permitem o caacutelculo de contribuiccedilotildees de emissatildeo de CO2 equivalentes de
uma determinada atividade A avaliaccedilatildeo de emissatildeo equivalente de dioacutexido de
carbono por uma atividade antroacutepica tem implicaccedilotildees em medidas de mitigaccedilatildeo para
alteraccedilotildees climaacuteticas apontadas pelo IPCC (ONU 2007a apud LOBO 2010) e para
mecanismos de desenvolvimento limpo comercializado em forma de creacutedito de
carbono
512 Anaacutelise e Resultados do Inventaacuterio
Identificar as entradas e saiacutedas de dados do sistema delimitado na fase da
elaboraccedilatildeo do inventaacuterio eacute a finalidade da anaacutelise do inventaacuterio baseado na loacutegica de
Lavoisier ldquoNada se cria nada se perde tudo se transformardquo Nesta fase se faz um
balanccedilo de dados de entrada e saiacuteda do sistema
Neste momento de estudo a anaacutelise do ciclo de vida da Construccedilatildeo Civil
delimita a visatildeo ampla do uso de recursos de mateacuterias-primas energia e recursos
hiacutedricos A anaacutelise do inventaacuterio mede a quantidade de recursos utilizados e os
resiacuteduos gerados pela atividade pesquisada
67
Na etapa de avaliaccedilatildeo de impacto os dados coletados na fase antecessora
seratildeo avaliados com o objetivo de se encontrar as consequecircncias dos pressupostos
identificados (DRUCZCZ 2002 apud LOBO 2010)
A anaacutelise de dados possibilita a identificaccedilatildeo de consumo energeacutetico e a
emissatildeo de CO2 na atmosfera na transformaccedilatildeo da mateacuteria-prima Os
desdobramentos desses dados se datildeo na avaliaccedilatildeo de impactos causados onde no
caso da emissatildeo de dioacutexido de carbono eacute o aquecimento global
A fase de interpretaccedilatildeo dos dados eacute a siacutentese dos resultados obtidos nas fases
anteriores do estudo O inventaacuterio de emissotildees de CO2 eacute uma sequecircncia desde os
objetivos definidos na fase de elaboraccedilatildeo do escopo dos dados coletados na anaacutelise
de dados e da avaliaccedilatildeo dos impactos Eacute o momento de reflexatildeo criacutetica quando se
questiona do escopo agrave natureza dos dados (LOBO 2010)
52 Fatores de Emissotildees
O fator de emissatildeo eacute a relaccedilatildeo entre a quantidade de poluiccedilatildeo gerada e a
quantidade de mateacuteria-prima transformada ou queimada de acordo com a sua
especificidade Estes fatores servem para calcular uma estimativa das emissotildees
provenientes de vaacuterias fontes de poluiccedilatildeo do ar
Para os caacutelculos de carbono foi desenvolvida uma planilha eletrocircnica junto agrave
ferramenta do Visual Basic aplicado por base a metodologia do GHG Protocol Cada
planilha foi programada utilizando a foacutermula e o fator de emissatildeo para a quantificaccedilatildeo
da emissatildeo apresentando no final a emissatildeo por escopo e sua sumarizaccedilatildeo
(SANQUETTA 2013)
Determinadas atividades com potencial poluidor contecircm um fator de emissatildeo
que expressa quatildeo intensiva eacute a atividade em termos de emissatildeo de GEEs retratando
68
a quantidade desses gases emitida por certa unidade de atividade (FLIZIKOWSKI
2012)
Na determinaccedilatildeo dos fatores foram utilizados os guias de inventaacuterios de
emissatildeo do IPCC e o Programa Brasileiro de GHG Protocol Esses serviram como
complementaccedilatildeo para a metodologia a fim de criar cenaacuterios comparativos Os fatores
de emissatildeo utilizados satildeo baseados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
Para a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos a escolha do fator fixo de emissatildeo
depende principalmente da composiccedilatildeo dos resiacuteduos gerados Neste sentido o
principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradado (COD) contido em
cada material adotados com base na metodologia do IPCC (2006b) na Tabela 4 a
seguir
Tabela 4 Porcentagem de COD - Carbono orgacircnico degradaacutevel para diferentes tipos de resiacuteduos
Fonte (IPCC 2006b)
Na Tabela 5 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo para os respectivos
combustiacuteveis
69
Tabela 5 Fatores de emissatildeo para combustiacuteveis foacutesseis
Fonte (GHG Protocol 2011)
Os fatores de emissatildeo para o consumo de energia eleacutetrica foram baseados no
Sistema Interligado Nacional (SIN) valores calculados e fornecidos pelo Ministeacuterio de
Ciecircncia e Tecnologia (MCT 2011 apud SANQUETTA 2013) Na Tabela 6 estatildeo
descritos os valores utilizados para o caacutelculo da energia eleacutetrica
Tabela 6 Fatores de emissatildeo (tCO2MWh) do Sistema Interligado Nacional - SIN
Fonte (FLIZIKOWSKI 2012)
Os fatores de emissotildees por fontes moacuteveis incluem viagens de aviatildeo O
Programa Brasileiro de GHG Protocol reuniu diferentes pesquisas relacionadas a
emissotildees de viagens de negoacutecios utilizando o aviatildeo como meio de transporte
Os fatores de emissatildeo tiveram como base estudos realizados pelo DEFRA
(Department for Environment Food and Rural Affairs) que os separam entre
70
transporte de passageiros e de carga No presente trabalho foram consideradas
apenas as emissotildees por voos de passageiros De acordo com o relatoacuterio do DEFRA
divulgado em 2010 os fatores de emissotildees desenvolvidos baseiam-se em combustiacutevel
para aeronaves tiacutepicas em distacircncias de viagem conforme o guia de inventaacuterio de
emissotildees atmosfeacutericas da EMEPCORINAIR de 2006 Essas informaccedilotildees satildeo
combinadas com os dados da Civil Aviation Authority (CAA) da capacidade meacutedia da
aeronave de assento os fatores de carga e anual de passageiros - km e aeronaves
km para 2006 (SANQUETTA 2013)
No entanto eacute sugerida uma elevaccedilatildeo entre 10 a 12 para considerar as
variaccedilotildees de consumo de combustiacutevel subida cruzeiro descida Estes fatores satildeo
derivados pela abordagem CORINAIR a qual eacute apropriada para garantir coerecircncia
com a estimativa das emissotildees da aviaccedilatildeo no Reino Unido como relatado em
consonacircncia com o Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC)
Ainda deve-se considerar um aumento de 10 por recomendaccedilatildeo da CORINAIR
para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessaacuterios nos
periacuteodos de traacutefego intenso fator denominado Great Circle Distances (GCD) (DEFRA
2010 apud SANQUETTA 2013)
Tabela 7 Fatores de emissatildeo meacutedios para viagens aeacutereas referentes aos anos de 2007 2008
2009 e revisados para 2010
(Fonte SANQUETA 2013)
71
Na Tabela 7 estatildeo apresentados os fatores de emissatildeo que devem ser aplicados
nos caacutelculos de emissotildees de acordo com o ano e os tipos de voos Os fatores de
correccedilatildeo de 10 e 9 natildeo estatildeo incluiacutedos nos fatores de emissatildeo
53 Caacutelculo de Emissotildees
De acordo com GHG Protocol (2003) toda emissatildeo de GEEs deve ser calculada
de acordo com o fator de emissatildeo da atividade em estudo cuja intensidade depende
da fonte emissora Os meacutetodos de caacutelculo das emissotildees de GEEs variam entre as
diversas foacutermulas e requerem conhecimentos detalhados quanto agraves informaccedilotildees
necessaacuterias
No caso da Construccedilatildeo Civil o GHG Protocol provecirc diretrizes para a
concepccedilatildeo de inventaacuterios corporativos trabalhando conforme os limites operacionais e
organizacionais Deste modo a quantificaccedilatildeo das emissotildees de GEEs dependeraacute da
estrutura da empresa e do relacionamento desta com as partes envolvidas
Para a customizaccedilatildeo da ferramenta de caacutelculo consideraram-se as seguintes
fontes de emissatildeo emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes fixas
emissatildeo pelo consumo de combustiacuteveis foacutesseis por fontes moacuteveis emissatildeo pela
geraccedilatildeo de resiacuteduos emissatildeo pela aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica emissatildeo pelos
materiais utilizados na construccedilatildeo civil
O limite organizacional estaacute associado agraves operaccedilotildees na construccedilatildeo civil
divididos em diretos e indiretos Os diretos englobam o consumo de materiais de
construccedilatildeo utilizados na obra e os combustiacuteveis foacutesseis usados em seus transportes
Os indiretos abrangem o consumo de combustiacuteveis foacutesseis dentro da empresa por
meio de equipamentos e veiacuteculos proacuteprios aquisiccedilatildeo de energia eleacutetrica geraccedilatildeo de
resiacuteduos soacutelidos dentro da empresa
72
Jaacute os limites operacionais vecircm apoacutes a determinaccedilatildeo dos limites
organizacionais A empresa deveraacute estabelecer e documentar seus limites
operacionais o que envolve a identificaccedilatildeo das emissotildees associadas agraves suas
operaccedilotildees classificando-as como emissotildees diretas ou indiretas e selecionando o
escopo para contabilizaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees os quais satildeo
definidos como escopo 1 escopo 2 e escopo 3
A organizaccedilatildeo das ferramentas de escopo eacute identificada na Figura 25 como
exemplo
Figura 25 organizaccedilatildeo da ferramenta em escopos (Fonte GHG Protocol 2003)
531 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Combustiacuteveis
A metodologia considera os dados de consumo do combustiacutevel de acordo com
os fatores de emissatildeo de GEEs liberados O valor das emissotildees de CO2 para os
combustiacuteveis eacute obtido pela Equaccedilatildeo 2 (FLIZIKOWSKI 2012)
73
Emissotildees = km FEa (Eq 2)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de CO2 em kg km-1 a = tipo de combustiacutevel
km = Distacircncia percorrida pela fonte moacutevel
532 Caacutelculo de Emissotildees para o Consumo de Energia Eleacutetrica
Para o caacutelculo das emissotildees da energia eleacutetrica consumida utiliza-se a
Equaccedilatildeo 3
Emissotildees tCO2e= EE FE (Eq 3)
Onde
Emissotildees = emissatildeo de CO2e (t)
FE = fator de emissatildeo de emissatildeo nacional (tCO2MWh)
EE = energia eleacutetrica (MWh)
533 Caacutelculo de Emissatildeo para a Geraccedilatildeo de Resiacuteduos
Os resiacuteduos soacutelidos urbanos satildeo encaminhados aos aterros lixotildees ou agrave
incineraccedilatildeo onde o processo de decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica gera o gaacutes de
efeito estufa metano (CH4) Para o caacutelculo deste gaacutes adotou-se a metodologia descrita
pelo IPCC (2006b) uma vez que o GHG natildeo descreve uma foacutermula especiacutefica para
este tipo de quantificaccedilatildeo (SANQUETTA 2013)
74
O meacutetodo de quantificaccedilatildeo eacute composto por variaacuteveis fundamentais para o
caacutelculo cujo principal paracircmetro avaliado eacute o Carbono Orgacircnico Degradaacutevel (COD)
contido em cada material
As Equaccedilotildees 4 e 5 mostram como calcular a quantidade de metano gerada
para os resiacuteduos
Lo = COD f 1612 (Eq 4)
Onde
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
COD = carbono orgacircnico degradado (t Cresiacuteduo)
f = fator de concentraccedilatildeo de metano no biogaacutes gerado
1612 = razatildeo de conversatildeo de carbono (C) a metano (CH4)
CH4 = (Lo (1 - ox) m) (Eq 5)
Onde
CH4 = emissotildees de metano (t)
Lo = potencial de geraccedilatildeo de metano (t)
m = massa de resiacuteduo (t)
ox = fator de oxidaccedilatildeo
Para o desenvolvimento do caacutelculo de emissotildees para a geraccedilatildeo de resiacuteduos o
IPCC (2006b) sugere algumas constantes a fraccedilatildeo de metano no aterro (f) refere-se
ao fator de correccedilatildeo de metano no aterro que o IPCC define como 50 ou seja igual
a 05 o fator de oxidaccedilatildeo (ox) reflete a quantidade de metano que eacute oxidada no solo
75
ou em outro material presente no aterro por inexistir um valor internacionalmente
aceito aplica-se a recomendaccedilatildeo do IPCC (2006b) no caso ox = 0 fraccedilatildeo de DOC
que decompotildee (DOCf) o valor sugerido pelo IPCC eacute de 05
534 Caacutelculo Emissatildeo para Consumo de Combustiacuteveis Fontes Moacuteveis
As emissotildees pelo transporte aeacutereo ocorrem pela queima de combustiacutevel em
aeronaves A metodologia utilizada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol eacute descrita
pela equaccedilatildeo 6 sendo
E = (D x FE) 1000 (Eq 6)
Onde
E = emissotildees de CO2e (t)
D = distacircncia (km)
FE = fator de emissatildeo (kg GEEspassageirokm)
1000 = conversatildeo de kg para tonelada
Conforme a recomendaccedilatildeo de DEFRA (2010) as distacircncias percorridas devem
sofrer um acreacutescimo de 9 sobre a quilometragem calculada em referecircncia aos
desvios de percurso que um aviatildeo tende a fazer em uma rota aeacuterea natildeo linear o qual
natildeo estaacute contemplado nos fatores de emissatildeo Para a ferramenta de calculadora de
emissotildees o fator 9 foi incluiacutedo nos caacutelculos (SANQUETTA 2013)
535 Emissatildeo pelos Materiais de Construccedilatildeo Civil
Para contabilizaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo civil o trabalho de LOBO
(2010) foi adotado como base para a quantificaccedilatildeo de emissotildees O autor fundamentou
seu trabalho por meio de uma anaacutelise energeacutetica considerando as principais fases e os
requisitos gerais de energia mais significativos
76
O limite de anaacutelise energeacutetica adotado foi o 2o niacutevel da IFIAS - que engloba
cerca de 90 do consumo energeacutetico incluindo a extraccedilatildeo de mateacuterias-primas
fabricaccedilatildeo transporte e perdas na geraccedilatildeo e transformaccedilatildeo de energia - e o ciclo de
vida da edificaccedilatildeo foi avaliado ateacute a fase de conclusatildeo da obra
A delimitaccedilatildeo de serviccedilos analisados se deve agrave ferramenta proposta por LOBO
(2010) que tambeacutem determinou a planilha de referecircncia e modelo a ser aplicado
atraveacutes do quantitativo de sua obra Foi utilizado o CO2e embutido que foi calculado
com base na discriminaccedilatildeo dos consumos energeacuteticos sem fontes primaacuterias e com os
respectivos fatores de geraccedilatildeo de CO2e obtidos na literatura e em dados institucionais
Aleacutem da geraccedilatildeo de energia satildeo consideradas tambeacutem as reaccedilotildees especiacuteficas
dos processos de fabricaccedilatildeo dos materiais de construccedilatildeo que promovam liberaccedilatildeo de
CO2e
A somatoacuteria das emissotildees foi desenvolvida separadamente atraveacutes da
delimitaccedilatildeo de escopos a equaccedilatildeo 7 apresenta o caacutelculo
Emissatildeo total = Escopo 1 + Escopo 2 + Escopo 3 (Eq 7)
Onde
Escopo 1 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 1 (tCO2e)
Escopo 2 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 2 (tCO2e)
Escopo 3 = Fontes de emissatildeo delimitadas pelo escopo 3 (tCO2e)
54 Validaccedilatildeo da Ferramenta
Com a finalidade de analisar a eficiecircncia e quantificar o CO2e (dioacutexido de
carbono) em toneladas emitidas no meio ambiente pela construccedilatildeo civil foi aplicado o
meacutetodo de caacutelculo apresentado em uma obra especiacutefica Deste modo foi utilizado o
77
trabalho de Sanquetta (2013) onde foi realizada pesquisa de natureza aplicada
atraveacutes de uma abordagem quanti-qualitativa com objetivo exploratoacuterio e na forma de
um estudo de caso
O empreendimento utilizado para a aplicaccedilatildeo dos caacutelculos foi na ampliaccedilatildeo de
um shopping localizado no municiacutepio de Curitiba - Paranaacute cujos dados foram
disponibilizados pela empresa de construccedilatildeo civil Sustentaacutebil A ampliaccedilatildeo do
shopping foi de 6045792 msup2 sendo basicamente no espaccedilo do estacionamento
(SANQUETTA 2013)
O Protocolo estabelece que a escolha do ano-base seja feita com dados que
melhor apresentem a realidade da empresa sobre uma dada atividade Desta maneira
o ano base do estudo abordado foi o de 2010 apesar de a obra ter sido realizada no
periacuteodo de janeiro de 2010 a abril de 2011 No entanto deve se considerar que o
inventaacuterio eacute de uma obra sendo este ano bastante variaacutevel De acordo com os limites
operacionais da empresa foram considerados os trecircs escopos estabelecidos pela
metodologia As divisotildees destes escopos e a descriccedilatildeo especiacutefica da contemplaccedilatildeo de
cada um deles estatildeo apresentadas segundo Sanquetta (2013)
Tabela 8 Consumo de combustiacutevel durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
78
No escopo 1 foram incluiacutedas as emissotildees da queima de combustiacutevel pelos
equipamentos utilizados na obra e os resiacuteduos soacutelidos gerados dentro da empresa
Durante a obra foram utilizados somente equipamentos para o desenvolvimento da
construccedilatildeo todos movidos a diesel
Na Tabela 8 estatildeo apresentados os consumos de combustiacuteveis foacutesseis de
cada equipamento utilizado Por se tratar de uma obra de construccedilatildeo civil os resiacuteduos
gerados foram em sua maioria material de escritoacuterio e resiacuteduos de construccedilatildeo civil A
Tabela 9 apresenta os tipos de resiacuteduos e suas respectivas quantidades
Tabela 9 Quantidade de resiacuteduos gerados durante a obra
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
Para o escopo 2 foram considerados todos os kWh utilizados durante a obra
originaacuterios de iluminaccedilatildeo para os escritoacuterios de salas utilizadas pela empresa e do
consumo de energia pelos equipamentos
Tabela 10 Quantidade de kWh utilizados durante a obra por ano e mecircs
(Fonte Sustentaacutebil 2011 apud SANQUETA 2013)
79
O consumo em kWh pelo shopping foi coletado antes do iniacutecio da obra para
que se obtivesse uma estimativa durante toda a construccedilatildeo Na Tabela 10 estaacute
apresentado o consumo de energia eleacutetrica durante a obra
O escopo 3 consiste em todas as outras fontes de emissatildeo indiretas que
possam ser atribuiacutedas agrave accedilatildeo da empresa sendo neste estudo consideradas as
emissotildees provenientes de todos os materiais de construccedilatildeo utilizados durante a obra
a lista completa de materiais esta apresentada em FLIZIKOWSKI (2012) Por se tratar
de muitos materiais foram apresentadas apenas as quantidades por procedimentos
conforme a divisatildeo da ferramenta
As emissotildees do escopo 3 satildeo provenientes dos materiais de construccedilatildeo analisadas
pela ferramenta desenvolvida por LOBO (2010) a qual separa as emissotildees de acordo
com as instalaccedilotildees da obra sendo desta maneira apresentadas na Tabela 11
Tabela 11 Emissotildees provenientes dos materiais de construccedilatildeo civil (tCO2e)
(Fonte LOBO 2010)
80
Ao aplicar a calculadora de carbono obteve-se o Inventaacuterio de Emissotildees de GEEs
da obra de ampliaccedilatildeo do shopping Nesse caso para o escopo 1 a emissatildeo foi de
11460 tCO2e oriunda do consumo de combustiacuteveis por fontes fixas isto eacute apenas o
consumo de oacuteleo diesel Os resiacuteduos soacutelidos determinaram uma emissatildeo de 003
tCH4 o que equivale a 056 tCO2e O escopo 1 resultou numa emissatildeo de 11516
tCO2e para a obra em estudo
O escopo 2 refletiu uma emissatildeo total de 043 tCO2e sendo 036 tCO2e para o ano
de 2010 e 0068 tCO2e para o ano de 2011 Os meses contabilizados neste escopo
foram de acordo com a duraccedilatildeo da obra a qual foi construiacuteda entre janeiro de 2010 e
abril de 2011
De acordo com todas as instalaccedilotildees a obra apresentou uma emissatildeo de
11905837tCO2e O escopo 3 eacute opcional o que implica em uma decisatildeo quanto a sua
inclusatildeo e seu conteuacutedo O criteacuterio para esta decisatildeo deve ser baseado nos princiacutepios
da empresa relacionado agrave relevacircncia destas emissotildees e ao grau de influecircncia e
gestatildeo que a empresa tem sobre elas (SANQUETTA 2013)
Segundo Sanquetta (2013) com os resultados obtidos eacute notaacutevel o destaque das
emissotildees provenientes do escopo 3 decorrentes principalmente da fabricaccedilatildeo dos
materiais de construccedilatildeo civil Diante da relevacircncia das emissotildees fica evidente a
importacircncia de se contemplar este escopo em inventaacuterios de emissotildees aplicados no
setor de construccedilatildeo civil
55 Compensaccedilatildeo de Gases pela Recomposiccedilatildeo Florestal
As aacutervores no espaccedilo urbano tecircm o potencial para fazer uma contribuiccedilatildeo
importante agrave reduccedilatildeo de carbono atmosfeacuterico embora seja somente parte de uma
soluccedilatildeo para minimizar riscos da mudanccedila do clima
81
No contexto da melhoria da qualidade ambiental urbana as aacutervores representam
um importante papel com base nos benefiacutecios ambientais por elas proporcionados
principalmente os relacionados agrave dinacircmica do CO2 no ambiente urbano A crescente
preocupaccedilatildeo mundial com a modificaccedilatildeo do clima global tem resultado na
manifestaccedilatildeo cada vez maior do interesse em plantios de aacutervores com vistas agrave
reduccedilatildeo do niacutevel de CO2 atmosfeacuterico (DWYER et al 1992 apud LAERA 2012)
A conservaccedilatildeo de estoques de carbono nos solos florestas e outros tipos de
vegetaccedilatildeo a preservaccedilatildeo de florestas nativas a implantaccedilatildeo de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas satildeo algumas outras accedilotildees que
contribuem para a reduccedilatildeo da concentraccedilatildeo do CO2 na atmosfera (JUNIOR 2004)
A recomposiccedilatildeo florestal eacute o plantio de vegetaccedilatildeo nativa de determinada regiatildeo
com o objetivo de recompor o que foi desmatado e ao mesmo tempo tambeacutem de
compensar as emissotildees de gases de efeito estufa (GEEs) de qualquer atividade
humana ndash visto que cada aacutervore absorve carbono um dos gases causadores do efeito
estufa durante o seu crescimento
O plantio de florestas possui relaccedilatildeo direta com as mudanccedilas climaacuteticas sendo
utilizado como principal meacutetodo de compensaccedilatildeo de emissotildees de GEEs De acordo
com Corte (2010 apud FLIZIKOWSKI 2012) o Brasil possui um bom potencial para
projetos florestais por apresentar muitas regiotildees com vocaccedilatildeo florestal (com oacutetima
produtividade silvicultural) Aleacutem disso existem muitas aacutereas degradadas que podem
se prestar bem aos propoacutesitos do Protocolo de Quioto
Nos dias de hoje existem diversos projetos em andamento que visam
sequestrar carbono nos quais satildeo motivados por diversas fatores como por exemplo
a manutenccedilatildeo do microclima local geraccedilatildeo de bancos de carbono a fim de serem
comercializados por vias de creacuteditos de carbono ou ainda como forma de
compensaccedilatildeo de pelo lanccedilamento de compostos carbocircnicos na atmosfera atraveacutes de
82
atividades industriais Normalmente satildeo utilizadas aacutereas de florestas que estejam
sendo recompostas ou ainda preservadas com vistas no acuacutemulo de carbono na
biomassa vegetal impedindo que o carbono se acumule na atmosfera
Todos esses potenciais projetos poderatildeo trazer impactos sociais positivos
aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos e ambientais jaacute preconizados No intuito de contribuir
com o meio ambiente e combater a mudanccedila do clima empresas tecircm utilizado
teacutecnicas como restauraccedilatildeo florestal recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas e
reflorestamento utilizando espeacutecies exoacuteticas para realizar essas compensaccedilotildees de
GEEs atmosfeacutericas
A mitigaccedilatildeo das mudanccedilas climaacuteticas pela Construccedilatildeo Civil por sua vez
consiste na substituiccedilatildeo de atividades por alternativas que tenham por objetivo
eliminar ou atenuar a emissatildeo de GEEs numa dada atividade ou empreendimento
Uma vez que essa reduccedilatildeo natildeo eacute um processo executado de forma raacutepida buscou-se
um meio de compensaacute-la atraveacutes do plantio de aacutervores
Assim apoacutes a quantificaccedilatildeo das emissotildees por determinado empreendimento
do setor conforme modelo de caacutelculo proposto a quantidade de tCO2 eacute convertida em
nuacutemero de mudas de aacutervores sendo capazes de compensar as emissotildees de GEEs
gerados para o determinado periacuteodo de tempo calculado
83
6 Consideraccedilotildees Finais
As mudanccedilas climaacuteticas em nosso planeta satildeo influenciadas natildeo soacute por accedilotildees
naturais mas principalmente pelo homem no qual pode contribuir significantemente
caso natildeo tome conhecimento sobre os possiacuteveis impactos causados por suas
atividades e natildeo reverta suas accedilotildees Essas alteraccedilotildees do clima podem estar
relacionadas ao aumento de concentraccedilatildeo de gases de efeito estufa responsaacuteveis
pelo aquecimento global
Um setor que se destaca como importante emissor de GEEs nos dias de hoje eacute o
da Construccedilatildeo Civil sendo este um grande gerador de emissotildees de gases de efeito
estufa As emissotildees provenientes da construccedilatildeo civil apresentadas ao longo deste
trabalho estatildeo associadas agrave extraccedilatildeo das mateacuterias-primas usadas nos materiais de
construccedilatildeo aos processos de fabricaccedilatildeo desses materiais agrave energia dispendida
durante o ciclo de vida da obra agrave operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da obra aleacutem da disposiccedilatildeo
final dos resiacuteduos e do transporte de materiais
O setor da construccedilatildeo em geral eacute marcado pelo conservadorismo e apresenta
barreiras agrave inovaccedilatildeo Entretanto o setor jaacute experimenta a concorrecircncia e a
necessidade de desenvolver estrateacutegias de racionalizaccedilatildeo e ganhos de
competitividade Por esses motivos o setor da construccedilatildeo movimenta-se no sentido
de identificar os danos ambientais que suas atividades causam e propor soluccedilotildees que
aumentem a competitividade com adaptaccedilatildeo das praacuteticas construtivas ao paradigma
ambiental
Vecircm sendo desenvolvidas metodologias especiacuteficas de quantificaccedilatildeo de emissotildees
de GEEs para diferentes setores da economia chamados de Inventaacuterios de Emissotildees
de GEEs O Programa Brasileiro GHG Protocol tem como objetivo estimar a cultura
corporativa para a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo dos inventaacuterios de emissotildees de GEEs Em
conjunto o SINDUSCON-SP instrui as empreiteiras e construtoras a calcular as
84
emissotildees de carbono durante o ciclo de vida do empreendimento Os dois seguem
uma linha comum poreacutem cada um com suas especificaccedilotildees
Com o intuito de padronizaacute-los em funccedilatildeo das diferentes escalas de realizaccedilatildeo foi
realizado neste trabalho uma proposta para Construccedilatildeo Civil com diretrizes e
ferramentas de caacutelculo de emissotildees de CO2 A Proposta customizada da metodologia
do GHG Protocol eacute aplicaacutevel a todos os tipos de obras do setor de construccedilatildeo civil
variando de acordo com a delimitaccedilatildeo dos escopos
A elaboraccedilatildeo do inventaacuterio de emissotildees para a Construccedilatildeo Civil eacute de extrema
relevacircncia para as instituiccedilotildees compreenderem o perfil de suas emissotildees de gases de
efeito estufa e o volume de emissotildees que suas atividades emitem na atmosfera A
partir deste monitoramento eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo de accedilotildees consistentes com o
objetivo de promover metas de reduccedilatildeo e a neutralizaccedilatildeo das emissotildees da
organizaccedilatildeo
A possibilidade de agregar valor agraves florestas plantadas com o emergente mercado
de creacuteditos de carbono e de contribuir para reduccedilatildeo nas emissotildees de CO2 na
atmosfera criam perspectivas otimistas de expansatildeo para o setor florestal brasileiro
As aacutervores exercem um importante papel frente agrave mudanccedila do clima funcionando
como sumidouros de carbono Projetos como o Programa Carbono Neutro IDESAM eacute
uma oacutetima alternativa para empresas da Construccedilatildeo Civil neutralizarem suas
emissotildees amenizando assim os danos causados durante todo seu ciclo de vida no
meio ambiente
De uma forma geral eacute importante que empresas natildeo utilizem apenas o modelo
proposto de compensaccedilatildeo e sim em conjunto com estrateacutegias de reduccedilatildeo e
compensaccedilatildeo de suas emissotildees criando assim uma gestatildeo de carbono
85
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