ph=7 neutro É a mÃe!

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INA REFORMA CURRICULAR: ENTRE O CLARO E O ESCURO Impressões de Representante Discente do Colegiado sobre o processo de aprovação da nova matriz curricular “Durante quase uma década falou-se muito sobre a mudança curricular, mas os documentos levados às reuniões do Colegiado eram, sob muitas perspectivas, infundados. Ao analisarmos todo o material que seria votado na reunião do órgão, no dia 17/11/2010, nós - representantes do DAAB - não compreendíamos como seria possível: aprovar uma matriz curricular sem discutir seus princípios; criar disciplinas sem conceber seus programas; retirar carga horária do ciclo pré-clínico sem refletir como os conteúdos previstos para esta etapa do curso seriam abordados; ou prever uma integração entre diferentes disciplinas, ministradas por professores que em dez anos de Reforma não conseguiram se encontrar (...) Página 12 REGISTROS DA GESTÃO RECEPÇÃO DA 141ª TURMA; INTERNET SEM FIO NA SEDE DO DAAB; COBEM 2011; REENCONTRO; AGENDA... Página 19 FM EM FOCO CONFIRA OS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO SOBRE A BIBLIOTECA BAETA VIANNA VEJA DEMANDAS DOS ATLETAS DA FM-UFMG E A CONQUISTA DO DAAB QUE OS BENEFICIARÁ ENTENDA O QUE SERÁ O NOVO CÓDIGO DE CONVIVÊNCIA DISCENTE DA UFMG Páginas 14-16 +SAÚDE PÚBLICA O NOSSO HC E A EBSERH? ENTENDA UM POUCO MAIS SOBRE O PROJETO DE LEI QUE PODE ALTERAR A GESTÃO E SERVIÇOS DO SUS. Página 6 +POLÍTICA PROFESSOR APOLO HERINGER CONTA SOBRE A POLÍTICA VIVENCIADA NO DAAB E PROPÕE REFLEXÕES Páginas 4 -5 +DARTES PARTICIPE DO FESTIVAL MEDICINA E VEJA OS TALENTOS REVELADOS PELO MEDSTOCK... DICAS DE FILMES E LIVROS Páginas 17-18 + CIÊNCIA ITU NA INFÂNCIA? VAMOS REVISAR? Página 8 A Noite Estrelada. Vincent Van Gogh, 1889. Óleo em tela 73,7 × 92,1 cm.

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EDIÇÃO #2 1º SEMESTRE, 2011

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Page 1: pH=7 NEUTRO É A MÃE!

INA

REFORMA CURRICULAR: ENTRE O CLARO E O ESCUROImpressões de Representante Discente do Colegiado sobre oprocesso de aprovação da nova matriz curricular

“Durante quase uma década falou-se muito sobre a mudança curricular, mas os documentos levados às reuniões do Colegiado eram, sob muitas perspectivas, infundados. Ao analisarmos todo o material que seria votado na reunião do órgão, no dia 17/11/2010, nós - representantes do DAAB - não compreendíamos como seria possível: aprovar uma matriz curricular sem discutir seus princípios; criar disciplinas sem conceber seus programas; retirar carga horária do ciclopré-clínico sem refletir como os conteúdos previstos para esta etapa do curso seriam abordados; ou prever uma integração entre diferentes disciplinas, ministradas por professores que em dez anos de Reforma não conseguiram se encontrar (...)

Página 12

REGISTROS DA GESTÃORECEPÇÃO DA 141ª TURMA;

INTERNET SEM FIO NA SEDE DO DAAB;

COBEM 2011; REENCONTRO;

AGENDA...

Página 19

FM EM FOCOCONFIRA OS RESULTADOS DO

QUESTIONÁRIO SOBRE A BIBLIOTECA BAETA VIANNA

VEJA DEMANDAS DOS ATLETAS DA

FM-UFMG E A CONQUISTA DO DAAB QUE OS BENEFICIARÁ

ENTENDA O QUE SERÁ O NOVO CÓDIGO DE CONVIVÊNCIA DISCENTE

DA UFMG

Páginas 14-16

+SAÚDE PÚBLICAO NOSSO HC E A EBSERH?

ENTENDA UM POUCO MAIS SOBRE O PROJETO DE LEI

QUE PODE ALTERAR A GESTÃO E SERVIÇOS DO SUS.

Página 6

+POLÍTICAPROFESSOR APOLO HERINGER CONTA SOBRE A POLÍTICA

VIVENCIADA NO DAAB E PROPÕE REFLEXÕES

Páginas 4 -5

+DARTESPARTICIPE DO FESTIVAL

MEDICINA E VEJA OS TALENTOS REVELADOS

PELO MEDSTOCK...

DICAS DE FILMES E LIVROS

Páginas 17-18

+ CIÊNCIAITU NA INFÂNCIA? VAMOS REVISAR?

Página 8

A Noite Estrelada. Vincent Van Gogh, 1889. Óleo em tela 73,7 × 92,1 cm.

Page 2: pH=7 NEUTRO É A MÃE!

2EDITORIAL

PALAVRA DO ESTUDANTE

EXPEDIENTELugar comum de muitos discursos e debates da

Centenária Faculdade de Medicina, o currículo da graduação continua sendo um assunto polêmico! Nos corredores de nossa escola não é raro escutarmos professores e alunos proferindo frases como: “não entendo porque tal disciplina continua a ser ministrada desta forma” ou “essas aulas não servem pra nada”. Diante de tanta gente entendida do assunto, por que repetimos em novas matrizes curriculares os mesmos problemas relatados desde a década de 1950?

Repetir problemas e soluções talvez seja uma das atitudes mais comuns na história de um país (de uma Faculdade e de um corpo discente) que não se preocupa em conservar e divulgar, aos mais novos, a profundidade do seu passado. Para reestruturar este importante veículo de comunicação estudantil, nos debruçamos por pastas repletas de jornais antigos... Pudemos perceber o quanto nossa Faculdade vive em círculos e retorna aos mesmos pontos de partida! O que para alguns poderia ser desanimador, para nós reafirma a importância de conservarmos o Jornal pH 7 e de tê-lo como referência. Vale relembrar o primeiro editorial do Jornal, de abril de 1946:

“Sou neutro. Contudo aceito soluções com concentração de hidrogênio maior ou menor. Todos os que quiserem colocar em mim, soluções

Pudera a foice não dimanar de um pratoGenuflexo, sal da terra agora sou, espero este partoAturdido, este féretro não espera concubina florMundo, encontrei o fim na tua destra de rapina, toma-me alvor!

Anátema da caridade, serpenteia teu lucroTuas esmeraldas, tua bélica pompa, eis o teu fulcro!No fulgir do amanhecer, serei brasão da estultíciaDa vida no lauto da fome de vil permanência

Tenho olhos famintos a me fitarUm átimo, um suspiro, para este talhe abandonarAlusão a todos vós, algozes do berço humanoRebentos de Marte, herdeiros da paz do cálice romano

Sobre minha fronte o pó, meu cerneComungo com Nana, arrebata-me, endureceNestas asas em Omulu um portalAreia em vida forma um vitral

Espelho tisnado pelos títeres do egoísmoXangô,oh Xangô! Finda tal determinismoDo pretenso forte, parasita do fracoReis de ninguém, denso simulacro

Moribundo, sou manjar, sou ceiaDas Minas de Angola sou ouro que encandeiaDas Serras de Leoa, sou diamanteDos machados de Ruanda, sou infante

Ossos em calunga se transmutamLâminas em Ogum e orações em Oxalá permutamNão tenho mais fome, corto os céus com o vento, ablação do meu viverCalo-me, mas esta efígie, poucos poderão esquecer

Ambulância, sirene,teve manifestaçãomeio passe estudantilque esperar: Ah! Ah! Ah! Tarifa cara!

Ambulância; Pacientedormiu sono merecido,havia lutado muito,que sentado, não pagava the pass.

REQUISIÇÃO PARA CURSAR A DISCIPLINA ELETIVA “VÍDEO E ARTE”ALUNO DA FM-UFMG, QUE SE DESTACOU NA DISPUTA POR CRÉDITOS.Atualmente com certeza, o mundo digital invadiu o nosso cotidiano, a nossa vida em todas as ocasiões... O mundo e a vida estão registrados em fotos digitais pelas diversas câmeras, aonde vamos encontramos os flashes até mesmo na luz do dia. Porém, o registro dos movimentos traz a realidade a tona, a verdade por de traz da expressão humana e movimento dos objetos e de toda natureza. Através do Vídeo em forma de arte é possível registrar o humano, complementando assim o entendimento e a visualização obtidos na medicina. Gostaria muito de fazer esta disciplina para complementar meu conteúdo pessoal e para produzir cada vez mais.

O Jornal ph7 é uma publicação semestral,com tiragem de 4.000 exemplares. Os

artigos assinados são de responsabilidadede seus autores não refletindo,

necessariamente, a opinião do jornal.Serviços e produtos anunciados são deresponsabilidade dos anunciantes. Para

reproduzir conteúdos deste jornal, énecessário obter autorização da Gestão

Centenário- DAAB 2010/2011.Envie seu texto: [email protected]

GESTÃO CENTENÁRIO | D.A.A.B. 2010/2011 - DERRADEIROS

Coordenador Geral:Guilherme Messias Mendes Lima

Secretários Gerais :Marcel Assis Quintão

Marcos Vinícios Porto Roldão

Coordenadora de Finanças:Clarice Semião Coimbra

Coordenadores de Comunicação:Clarice Semião CoimbraErickson Ferreira Gontijo

Coordenadores Culturais:Brenda Freitas Costa

Danilo Messias Mendes LimaSérgio Renato Araújo Freitas

Coordenadores de Ensino Médico:Clarice Semião Coimbra

Coordenadores de Infra-estrutura:Alander Cristiano Silveira

Izabela Cristina Almeida Duarte

Coordenador de Movimento Estudantil:Wilton Batista de Santana Junior

Coordenadores de Relações Internacionais:Isabela Rodrigues Tavares

Coordenadora de Representação Discente em Órgãos Colegiados:Tais Soares Carvalho

JORNAL ph7 – 1º Semestre de 2011

Captação de Matérias:Brenda Corrêa GodoiMarcel Assis QuintãoTais Soares Carvalho

Wilton Batista de Santana Junior

Captação de Recursos:Guilherme Messias Mendes Lima

Clarice Semião Coimbra

Designer e Diagramação:Bia Braz

Editora:Clarice Semião Coimbra

Clarice Coimbra

DEAMBULÂNCIA ESTUDANTIL

O VÔO

Daniel Trindade | Acadêmico da FM- UFMG

Edson José Alves | Acadêmico da FM- UFMG

Kevi

n C

arte

r

para os nossos problemas, poderão fazê-lo, mas, não obstante minha neutralidade tenho preferência para os pH diferentes de 7. Tenho verdadeiro horror à frieza da neutralidade. Causam-me repulsa artigos com capacidade de tamponamento: neutralizam tudo: precipitam tudo, por tudo reduzir ao ponto isoelétrico: nunca permitem um pH ideal para garantir uma determinada reação...

Minha existência depende única e exclusivamente dos alunos desta Faculdade, se bem que conte com a colaboração de ex-alunos e professores. Fui criado por alunos e aproveito a oportunidade para apelar, mesmo aos meus fundadores, a todos os alunos, atuais e futuros, para que façam tudo de modo a garantir-me uma longa existência.

Garanto que lhes serei muito útil.” Nesta edição, desistimos de reinventar a roda e

você poderá conferir assuntos, que como as discussões sobre o currículo médico, são velhos conhecidos do pH 7, entre eles: reflexões sobre o papel do Movimento Estudantil; conquistas do DAAB em órgãos colegiados; propostas autoritárias vindas da Reitoria da UFMG; deficiências de nossa Biblioteca; festivais e concursos culturais promovidos pelos estudantes...

Fique a vontade!

Page 3: pH=7 NEUTRO É A MÃE!

3+POLÍTICA

No dia 7 de abril, data em que se comemora o Dia Mundial da Saúde, médicos de todo o país se mobilizaram para suspender atendimentos e procedimentos eletivos de planos e seguros de saúde. Pacientes previamente agendados tiveram seus compromissos remarcados, sendo apenas os casos de urgência e emergência tratados. A mobilização nacional, organizada pela Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina e Federação Nacional dos Médicos, reivindicou reajustes dos honorários médicos, melhorias nas condições de trabalho e implantação plena da Classificação Brasileira de Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) 2010 e regularização dos contratos com as operadoras de planos de saúde.

A insatisfação dos médicos com os planos de saúde não é recente. Ao longo dos últimos meses, foram vários os sinais de que a crise se instalava no segmento. Protestos e reclamações aconteceram em diferentes estados, envolvendo diversas especialidades. No entanto, a situação continuou a mesma: baixos honorários, ausência de reposição das perdas acumuladas e interferências das operadoras na autonomia dos médicos.

Sabedores da importância de inserir e informar precocemente os acadêmicos de Medicina acerca da realidade médica atual, o DALM e o DAAB representaram os estudantes

DAAB E DALM APOIARAM A PARALISAÇÃO DE 7 DE ABRIL: MÉDICOS ALERTAM CONTRA ABUSOS DE PLANOS DE SAÚDEJosué Lessa | Acadêmico da FCMMG

Provisório. Aquilo que não se instaura de maneira definitiva no tempo ou espaço. Acreditamos no canto do Ipiranga, desconfiamos de cinqüenta anos em cinco, e hoje essa idéia de modè não convence mais ninguém. O executivo brasileiro assumiu que o Brasil é realmente o país do futuro e, dessa forma, progredimos a passos largos como um sistema federativo posturalmente paliativo desde a restauração do regime democrático. O abuso das Medidas Provisórias (MPs) pelos presidentes da república levanta questões sobre o entendimento dos poderes estatais. Apesar de não acreditar na utopia de populares interessados nos significados e impactos do abuso de MPs nos mandatos presidenciais, o que assusta é alienação do chefe maior do Estado sobre esse artifício. O interesse do povo no legislativo não ultrapassa o voto descompromissado a cada eleição, o famoso “odeio política”, ou ainda, “deputados são todos ladrões”. Os presidentes que deveriam mobilizar bancadas, congregar a oposição e negociar os projetos de planos de governo, dão coro ao isolamento do congresso e criaram um poder unilateral de curta duração: a monarquia das Medidas Provisórias. Entretanto, muito mais frágil que um castelo medieval, um governo pautado em atalhos constitucionais constrói sua casa com lonas e palafitas.

Interino. Tão criticadas pela oposição,

O BRASIL PROVISÓRIODanilo Messias | Acadêmico da FM-UFMG

as MPs se tornam a menina dos olhos dos que alcançam a presidência. Como técnicos interinos, sem o peso de vencer e sem a cobrança da torcida, os presidentes criam um esquema tático com apenas um atacante e deixam no banco de reservas o Congresso Nacional. Lula, por exemplo, usou mais de 300 vezes esse doping administrativo, e se tornou um dos artilheiros dessa disputa. Antes, crítico do artifício, o petista fez o papel daquele moleque perna-de-pau que com a bola embaixo do braço escolhe quem joga e quem fica de fora. Mas o jeitinho brasileiro não é uma idiossincrasia lulista. A prática costumeira vem de Sarney; passou como uma lancha por Collor; freou um pouco com o vagaroso Itamar; e então, um olheiro de talentos, com bico grande e penas azuis, achou a estrela: FHC - o fenômeno. E os deputados e senadores? Estes fazem às vezes dos medalhões, gordos e ricos de Europa, do campeonato brasileiro. Contentam-se em jogar de vez em quando e em dar muitas entrevistas. E seguem a carreira com salários, pompas de gabinete e bolsas diversas de auxílio ao político carente, tudo para manter suas legislaturas a reboque do imperioso executivo.

Transitório. A câmara é o espelho da população em Brasília: diversas caras; várias opiniões; credos; caráter; e absurdos da sociedade estão representados nessa casa.

Na teoria, o papel dos deputados é legislar sobre os assuntos de interesse público bem como fiscalizar o executivo. Na prática, os presidentes têm eliminado a pluraridade de votos no âmbito federal, sadia ao processo democrático, ao inundar o diário oficial com desmandos que vencem em 60 dias e tem sobrevida de mais tantos. Além disso, as MPs são votadas em regime especial no congresso, o que sobrecarrega nossos eficientes e esforçados representantes. O resultado é a construção de uma base governamental temporária e em áreas de risco. Nos momentos de chuva e intempéries do legislativo, muitas medidas não são efetivadas e o planalto tem que refazer o barraco.

A constituição prevê que MPs são adotadas em regime de relevância e urgência, com força de lei. Inicialmente, funcionam, para tal efeito, a despeito de legislativo, que participa e estabelece seu crivo em momento posterior. Retiraram então de todas as agonias e urgências, elevaram do deserto das negociações e conchavos do legislativo. Sussuraram ao pé do ouvido, como um diabo que alfineta as almas preguiçosas - “por que passar fome, sede e ainda pagar mensalões tão altos, venha comigo que lhe darei tudo” . E eles foram, beberam da água milagrosa e mais de uma vez. E essa é a história de como a Praça dos Três virou dos Dois Poderes.

de Medicina mineiros durante o Ato de protesto na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O apoio e a participação dos Diretórios nas lutas por melhorias das condições de

trabalho da classe são diretrizes adotadas pelas gestões atuais, entendendo que os frutos serão certamente revertidos na qualidade do atendimento da população.

DAs apoiam protesto organizado por entidades médicas

Page 4: pH=7 NEUTRO É A MÃE!

4 +POLÍTICA

Em 1963 fui aprovado no vestibular e comecei de imediato a fazer o curso de medicina. O presidente do Brasil era João Goulart. Ele fora eleito vice-presidente em 1961, mas com a renúncia de Jânio Quadros assumiu o governo. Jânio governou o Brasil por menos de um ano. Nessa época o vice era votado também, tanto que Jânio e Jango eram de chapas diferentes. Jânio foi um excêntrico populista, jogava farinha nos ombros para dizer que tinhas caspas e se identificar com o povão. Parecia doido, era vesgo e usava tudo isso politicamente, cultivava um sotaque engraçado, era considerado bom administrador em São Paulo, vivia criticando a burocracia. Foi eleito tendo uma vassoura como símbolo, prometendo fazer uma limpeza na casa! Presidente, ele tentou proibir as mini-saias, criou um uniforme para os funcionários públicos federais, condecorou Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, mandou o vice para visitar a China, um país comunista que era considerado terrorista na época e renunciou. Parece que tentou um golpe, para ter plenos poderes, e dizia-se que se aconselhava muito com bebidas alcoólicas. Acontece que o general Geisel, ministro da Guerra não gostou do jeito dele governar e junto com o Congresso Nacional sua renúncia foi aceita rapidamente e o assunto foi liquidado. Mas como Jango era acusado de ser simpático aos comunistas e estava na China a mando de Jânio, houve uma tentativa de golpe civil-militar para cassar o suspeito vice Jango. Deu errado, pois Brizola governador do RS conseguiu o apoio do Exército gaúcho e comandou a resistência exigindo a posse de João Goulart, numa memorável campanha pela legalidade. O aconteceu após longas semanas de crise que negociou o fim do presidencialismo e aprovação em tempo recorde do regime parlamentarista pelo Congresso Nacional, evitando uma guerra civil. Assim o golpe militar foi adiado.

Pois bem, nós calouros de 1963 havíamos vivido e, no meu caso, participado dessa crise, que tomou conta do Brasil em 1961. João Goulart era um rico fazendeiro gaúcho, apoiado pelos trabalhadores, bonachão e carismático e nos seus poucos anos de governo interrompido no dia primeiro de abril (verdade!) de 1964 pelo golpe militar criou vários projetos para reformas sociais básicas e criou uma atmosfera nacionalista e de entusiasmo no país, de enfrentamento da hegemonia dos EEUU e das elites internas tradicionais. O Brasil ficou dividido entre nacionalistas apoiando as reformas sociais para distribuição de renda e criação de mercado interno e os chamados entreguistas apoiando a continuidade da hegemonia dos EEUU e o golpe militar, no contexto da guerra fria.

A EXTENSÃO DO EU PARA PROJETAR O NOSSOApolo Heringer Lisboa | Idealizador e Coordenador do Projeto Manuelzão e Professor da FM- UFMG

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e o DAAB passaram a ser perseguidos pelo regime militar e muitos estudantes foram presos. A diretoria da Faculdade apoiava o golpe militar. O DAAB foi contra e por isso invadido por tropas do Exército. Assumi, era vice, a presidência do DAAB, com a desistência do então presidente. Rapidamente os militares controlaram tudo no país e não houve guerra civil com teria havido em 1961. A Igreja Católica e as Igrejas Evangélicas apoiaram o golpe militar e foram raras as exceções de discordâncias nesses meios religiosos, nesse primeiro momento. Foi nesse contexto que vivemos a transição da democracia para a ditadura e o ano letivo de 1964 começou com a ocupação militar do DAAB e prisão de muitos estudantes em todo o Brasil. Fui preso 30 dias depois, por ter lançado um manifesto contra o golpe e mobilizado os estudantes de medicina.

Desde os anos 50, e graças aos médicos parasitologistas como Samuel Pessoa, Amilcar Viana Martins e outros, entre médicos e escritores conhecidos, como Monteiro Lobato e o seu personagem Jeca Tatu, Euclides da Cunha com Os Sertões, Josué de Castro em Geografia da Fome e escritores do Partido Comunista como Jorge Amado e Graciliano Ramos, que os estudantes do Brasil já vinham denunciando a miséria no campo, o caráter perverso das endemias rurais associadas ao velho sistema de poder fundado no monopólio da propriedade da terra e do modelo exportador de produtos primários. A falta de saneamento rural, de respeito pelo trabalhador e os privilégios sociais de uma extrema minoria, geraram levas de migrantes procurando empregos e escolas ou doentes chegando a Belo Horizonte e Barbacena, lotando os hospitais gerais das Clínicas, Santa Casa de Misericórdia e os hospitais psiquiátricos Raul Soares e de Barbacena. Os estudantes de medicina sentiam isso no seu dia a dia e se mobilizavam. O nosso Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), publicou por volta de 1964 um texto mimeografado sobre as Endemias Rurais em Minas Gerais, coordenado pelo nosso colega goiano Henrique Santillo, presidente da União Estadual de Estudantes de Minas Gerais. Santillo foi um dos principais líderes estudantis da Greve do Terço, que marcou a história da Universidade. A Greve do Terço antecedeu o golpe militar de 1964 e era uma manifestação congênere a diversas outras comuns em outras áreas da sociedade, no quadro das lutas pelas reformas de base da sociedade brasileira no governo Goulart.

Santillo foi o articulador do meu nome na chapa que venceu em 1963 a eleição do DAAB, logo que passei no vestibular. Eu já era conhecido dos estudantes por atividades anteriores ao vestibular,

denunciando a tentativa de controle econômico da seleção no vestibular. O Centro de Memória da Medicina, liderado pelo professor João Amilcar Salgado, é uma fonte importante de consultas sobre a história da Faculdade de Medicina. O DAAB não conservou seus documentos por falta da cultura de conservação da memória histórica, mal que é generalizado em nossa sociedade, e em segundo lugar, pela devassa das forças de repressão. A referida greve do terço reivindicava ter 1/3 de docentes na composição da Congregação e outros Conselhos da Universidade Brasileira. Hoje, uma regra equivocada marginalizou o voto estudantil e dos funcionários técnico-administrativos, negando a paridade e contribuindo para fazer desabar a participação política dos estudantes, até então propulsores de mudanças na universidade. Diversos fatores se conjuminaram e fortaleceram o conservadorismo burocrático- corporativo e conceitual entre nós.

Boa parte da classe média começou a se manifestar contra a ditadura, com liderança dos estudantes, intelectuais e artistas. Os operários ficaram desorganizados, anulados e temendo o desemprego. A Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) foi colocada na ilegalidade e seus líderes presos. Houve nos anos seguintes tentativas de reorganização das entidades estudantis, passeatas gigantes, repressão, censura aos artistas e de alguns jornalistas. Até que começou a resistência armada com incipiente guerrilha urbana. Houve seqüestros de embaixadores de países ricos que haviam apoiado o golpe militar, para serem trocados por presos políticos, como também invasão de quartéis para conseguir armas, assalto a bancos para financiar a derrubada dos militares. Em Minas Gerais se organizou a COLINA - Comandos de Libertação Nacional, e outros grupos, com intensa participação de estudantes, muitos dos quais foram torturados e mortos. A tortura dos presos políticos atingiu níveis dantescos. A ordem jurídica democrática havia ruído, o país viveu o terrorismo de estado e a resistência da juventude massacrada. Tudo piorou ainda mais com o golpe dentro do golpe, no dia 13 de dezembro de 1968, quando foi decretado o Ato Institucional 5.

No meu caso, esperei durante muitos anos o dia em que receberia o diploma de médico para poder ajudar os pobres e doentes. A ditadura nos mostrou que a pobreza era necessidade estrutural do sistema, pois os lucros advinham da mão de obra barata, do excesso de gente desempregada aceitando salários vis, a maioria sem carteira de trabalho assinada. Mudar essa situação era proibido, era subversão da ordem! A saúde não era para todos. Era um privilégio. Foi aí

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5+POLÍTICAque surgiram muitas lideranças estudantis acreditando que sem uma revolução social os médicos não dariam conta da missão e que a doença era política programada na esfera da macroeconomia internacional.

Quando dei por mim já era metade estudante de medicina e metade militante da causa libertária e socialista. A juventude internacional lutava contra as ditaduras, as guerras e pela mudança dos costumes. Os movimentos hippies se espalharam pelo mundo, os negros tomaram atitudes desafiadoras como o Black Power, a rebeldia contra os dogmas, a conquista da liberdade sexual e a convicção de que deveríamos mudar tudo, foi um furacão que percorreu os campus e as ruas do mundo nos anos 60. A guerra contra o Vietnam levada a cabo pelos EEUU e a defesa de Cuba ameaçada de invasão e por sabotagens fez crescer a mobilização geral.

Foram colhidas vitórias de longo prazo, ocorreram mudanças nas cabeças das pessoas, amargamos derrotas, exílios, torturas e mortes.

A história se faz por ondas, como eras geológicas acumulando camadas após camadas e lentamente a vida vai se transformando. Mas nós temos pressa enquanto o tempo trabalha noutra dimensão. Muitos rebeldes na juventude viram a casaca depois e se tornam conservadores, vendendo a alma e perdendo o brilho dos olhos. Mas a história não pára, os acontecimentos nos formam, os anos passam. Sempre haverá

Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/8584595137405086Twitter:http://twitter.com/#!/ApoloHeringerBlog: www.apoloheringerlisboa.wordpress.com

polarizações. Os problemas hoje são um pouco diferentes, as conjunturas históricas evoluem, as tecnologias nos conectaram mundialmente, tudo está ligado com tudo. Acredito que hoje estamos com melhores condições para tudo.

O que fazer em cada época? As pessoas decidem lendo, estudando, escrevendo, conversando e revendo atitudes. As instituições passam e as pessoas continuam, pois a reprodução torna eterna a vida. As instituições precisam ser recicladas de forma cada vez mais intensa, pois viram lixo rapidamente.

Algumas coisas me preocupam hoje. Os estudantes precisam ser ouvidos, para isso precisam se mobilizar e começar por mudar a sua Universidade, conquistando vez e voz. Os estudantes aceitaram ser marginalizados dos centros de decisão sendo que no passado foram os propulsores de grandes transformações. A estrutura departamental e a divisão por unidades brecam a evolução do pensamento transdisciplinar e nos tornam cativos de rituais da estrutura de poder. De outro lado, as entidades estudantis não podem ser aparelhadas por grupos organizados em torno de ideologias políticas, muitas vezes anacrônicas, que visam doutrinar os estudantes a serviço de partidos, em vez de debater e expressar seus anseios, gerando uma liderança autêntica. A época dos partidos chegou ao fim, uma nova forma de democracia precisa ser criada usando novas idéias e novas tecnologias.

Na atual conjuntura histórica, as questões sócio-ambientais e filosóficas assumem um espaço fundamental, incluindo na agenda política internacional temas transversais e complexos. Não será possível resolver as principais contradições contemporâneas através das velhas fórmulas dominantes na sociologia do século XX, de um mundo que se supunha regido pela simplicidade, pela continuidade e pela previsibilidade e que girava exclusivamente em torno de disputas pelo poder político entre países e classes sociais.

Nosso tempo seria muito beneficiado com uma organização estudantil internacional pensando com sua própria cabeça as interconexões locais e globais.

Jovens contra a homofobia na UFMG | 2011

Greve de residentes | 2010

E a FM-UFMG formando sujeitos “a-políticos”?

Paciente: o ensino da medicina da UFMG | 2002

FONTES: www.manuelzao.ufmg.br | www.siaapm.cultura.mg.gov.br | www.em.com.br | www.ufmg.br | http://movebr.wikidot.com/anos-70:iii-ene

Fundação do Projeto Manuelzão | 1997

MURAL: POLÍTICO?MURAL: POLÍTICO?

Encontro de DAs no COBREM | 2011

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6 +SAÚDE PÚBLICA

O Projeto de Lei 1749/11 (PL1749/11), derivado da expirada Medida Provisória 520 (MP520) - que propôs a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A. (EBSERH), reflete um processo histórico de ausência de concursos públicos para reposição de funcionalismo e a concomitante contratação de funcionários via Fundações (FUNDEP, no caso do Hospital das Clínicas da UFMG). Essa situação levou, primeiramente, a um quadro em que grande parte da verba de custeio é consumida por esses funcionários terceirizados, o que inviabilizou o auto-investimento e acarretou diversos problemas estruturais nos Hospitais Universitários (HU’s); e segundo, a um parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) que classificou a situação como ilegal e estipulou o dia 31/12/2010 como prazo máximo para substituição dos funcionários terceirizados por funcionários concursados.

Próximo ao fim do prazo estipulado pelo TCU, o Governo propôs a criação da EBSERH que apresenta vários aspectos questionáveis, como a lógica de metas, a contratação de profissionais via Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o ataque à autonomia universitária e, principalmente, a abertura de brechas para que os HU’s se tornem hospitais de dupla porta, o que constitui uma afronta ao princípio básico da igualdade do Sistema Único de Saúde (SUS).

O NOSSO HC E A EBSERH? Marcel Quintão | Acadêmico da FM-UFMG

A lógica da produtividade e das metas aplicadas aos HU’s fará desses hospitais prestadores de serviço, sendo que sua função primordial de formação médica de qualidade – essencial para a manutenção do SUS – ficará em segundo plano. Afinal, quando se pensa em formação não se pode primar por metas quantitativas, como proposto pelo texto da PL1749, pois os alunos, obviamente, durante seu aprendizado, consomem muito mais que o profissional.

A possibilidade de contratação de funcionários via CLT implica à instabilidade do empregado, menores salários, menor capacidade de reivindicação, piores condições de trabalho e, conseqüentemente, ausência de vínculo com a instituição e alta rotatividade de funcionários. Essa ausência de vínculo favorece ainda mais a simples prestação de serviços em detrimento da formação médica – o que pode ser percebido pela postura que alguns dos funcionários contratados do HC-UFMG têm diante dos alunos da graduação em medicina.

O texto da PL1749 explicita, ainda, que a EBSERH administrará todos os HU’s e possibilitará que estes tenham vínculos externos à Universidade, possibilitando o investimento privado nas pesquisas. Com isso, as pesquisas “de ponta” em saúde desenvolvidas nesses hospitais estarão à mercê de convênios com entidades cujo interesse

pode não ser o desenvolvimento de tecnologia para o bem estar social. O distanciamento da Universidade da Gestão dos HU’s pode acarretar a perda da obrigatoriedade do tripé ensino-pesquisa-extensão, o que mais uma vez favorece que essas instituições passem a ser meras prestadoras de serviço. Pode-se inferir também, que a criação de uma empresa nacional para gerir os HU’s afasta a gestão das peculiaridades regionais e, principalmente, mascara um problema enfrentado pela saúde pública no país: os baixos recursos investidos.

Por fim, a PL 1749 adota como modelo de gestão o Hospital das Clínicas de Porto Alegre em que há reserva de vaga para o setor privado, como já aconteceu no nosso HC. Nesses casos, os pacientes privados em geral possuem melhores serviços de hotelaria, melhor assistência, além de serem comuns denúncias de que os procedimentos de pacientes privados são priorizados, até porque a ausência de atualização da tabela de procedimentos do SUS torna a “concorrência” desigual. Devemos relembrar que os pacientes privados em geral não são acessíveis aos alunos, constituindo o ato discriminatório e imoral do uso dos pacientes pobres para o aprendizado dos serviços que serão prestados aos mais ricos. Assim, esse projeto de lei, nos moldes como foi feito, é uma afronta não só a ideologia do SUS, mas à ética e moral médicas.

http://www.fundacaodireito.net/docs_pdf/tcu_acordao_1520-2006.pdf | http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=1055.29081https://contas.tcu.gov.br/pls/apex/f?p=175:11:2229872414127157::NO::P11_NO_SELECIONADO:0_7_700_343_3476http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6370/Trabalho-terceirizado-no-ambito-da-administracao-publica-federal-analise-de-acordao-do-TCU

O D.A.A.B, diante a Medida Provisória 520 (MP520/2010), realizou, inicialmente, um levantamento bibliográfico e discussões entre os membros. Em seguida, realizamos uma “mesa redonda” sobre o assunto, para que o debate fosse capilarizado para todos os estudantes da FM- UFMG. Nesse espaço, contamos com a participação da Vice Diretora Geral do Hospital das Clínicas (HC) – Profª. Luciana de Gouvêa Viana; do Pro-Reitor de Recursos Humanos da UFMG – Profº. Lucas José Bretas dos Santos; da representante dos funcionários do HC – Enfª. Leonor Gonçalves; e do Profº. do Departamento de Medicina Preventiva e Social (FM-UFMG) e consultor do Instituto Brasileiro para Estudo e Desenvolvimento do Setor de Saúde (IBEDESS)- César Vieira.

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8 +CIÊNCIA

A infecção do trato urinário (ITU) é uma entidade com expressiva presença na nosologia pediátrica; em torno de 3% das meninas e 1,1% dos meninos apresentam pelo menos um episódio sintomático nos primeiros 11 anos de vida. A apresentação clínica da ITU é heterogênea, variando de bacteriúria assintomática à pielonefrite aguda, podendo chegar a um quadro de urossépsis em recém nascidos e lactentes jovens. Vários fatores influenciam nessa apresentação clínica como grupo etário, localização da infecção, presença de alterações anatômicas no trato urinário e número de infecções anteriores. A confirmação do diagnóstico é feita pela cultura da urina que evidenciará a proliferação de microorganismos no trato urinário. A adequada coleta de urina é essencial, evitando-se resultados falso-positivos.

ABORDAGEM DA CRIANÇA COM ITU CONFIRMADAA abordagem dos quadros de ITU envolve dois aspectos

fundamentais que devem acontecer sequencialmente: a erradicação bacteriana e o estudo morfo-funcional do trato urinário, no qual procura-se identificar alterações anatômicas e ou funcionais do trato urinário que facilitem a colonização bacteriana e que podem representar fatores predisponentes de lesão dos parênquimas renais.

Tratamento erradicador (quadro 1) - Deve ser iniciado imediatamente após a coleta da urina. A bactéria que mais freqüentemente causa infecção urinária é a E.coli, seguida das outras enterobactérias. O antibiótico escolhido deve ter espectro adequado, não ser nefrotóxico, ter boa eliminação renal e sabor agradável e poder ser administrado por via oral. O tempo médio de duração do tratamento é de 10 dias (7 a 14 dias). Em até 72 a 96 horas deve haver recuperação clínica do paciente, com alívio dos sintomas e desaparecimento da febre.

Tratamento profilático (quadro 2) - Depois de completado o tratamento da ITU e no decorrer da investigação de possíveis alterações do trato urinário, a criança será mantida em quimioprofilaxia, iniciada imediatamente após o término do tratamento erradicador. As drogas mais usadas são: nitrofurantoína e sulfametoxazol + trimetoprim. Seu objetivo é prevenir recidivas de ITU, eliminando-se um dos principais fatores associados à gênese das lesões do parênquima renal. A quimioprofilaxia está indicada durante a investigação morfo-funcional do trato urinário (após o primeiro episódio de ITU), diante do diagnóstico de anomalias obstrutivas do trato urinário (até a correção cirúrgica), na presença de refluxo e em crianças com recidivas freqüentes da ITU (mesmo sem alterações do estudo morfo-funcional).

Avaliação morfo-funcional do trato urinário - Está indicada após o primeiro episódio bem documentado de infecção urinária, em qualquer idade e para ambos os sexos. Sua necessidade é justificada pela prevalência de malformações congênitas, especialmente refluxo vésico-ureteral (25% a 50% das crianças avaliadas após um surto de ITU). A avaliação por imagens do trato urinário deve ser um método complementar ao diagnóstico clínico e laboratorial, onde o julgamento clínico é de fundamental importância. Ela não deve substituir uma criteriosa investigação clínica, incluindo anamnese completa e exame físico cuidadoso. Não há um método único que permita a avaliação do trato urinário de forma completa, devendo-se, portanto, conjugar diferentes métodos de forma complementar, sendo os mais importantes:

INFECÇÃO URINÁRIA NA INFÂNCIALuiz Sérgio Bahia Cardoso1| Eduardo Araújo Oliveira2 | Eleonora Moreira Lima2 | José Maria Penido Silva3 | José Silvério Santos Diniz4

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1.Prof. Assistente Depto de Pediatria - UFMG - Especialista em Nefrologia Pediátrica | 2.Prof. Adjunto - Doutor Depto de Pediatria - UFMG | 3.Prof. Assistente - Mestre Depto de Pediatria - UFMG | 4.Prof. Emérito - Depto de Pediatria - UFMG

DIRETRIZES PARA INVESTIGAÇÃOA abordagem propedêutica dos pacientes portadores de ITU deve

ser particularizada a cada caso. Os dados da anamnese e do exame físico são importantes para a tomada de decisão quanto a sua necessidade, evitando-se exames invasivos desnecessários. Em nossa diretriz, as crianças foram estratificadas de acordo com a idade, tendo como ponto de corte 2 anos, pois há maior chance de se detectar as anomalias do trato urinário em lactentes. É importante que a abordagem dessas crianças e adolescentes seja centrada na avaliação clínica periódica, objetivando-se o seu desenvolvimento global adequado e a prevenção das recidivas de ITU.

Algoritmo para investigação do trato urinário após episódio documentado de ITUUS: ultra-som; UCM: uretrocistografia miccional; UE: urografia excretora; DMSA: cintilografia estática; DTPA: cintilografia dinâmica; RVU: refluxo vésico-ureteral*As alterações no exame ultra-sonográfico podem sugerir os exames subseqüentes. Ver os comentários no texto para esclarecer as possibilidades de diagnóstico e indicação do estudo mais apropriado

Algoritmo para investigação do trato urinário após episódio documentado de ITUUS: ultra-som; UCM: uretrocistografia miccional; UE: urografia excretora; DMSA: cintilografia estática; DTPA: cintilografia dinâmica; RVU: refluxo vésico-ureteral*As alterações no exame ultra-sonográfico podem sugerir os exames subseqüentes. Ver os comentários no texto para esclarecer as possibilidades de diagnóstico e indicação do estudo mais apropriado

QUADRO1QUADRO1

QUADRO2QUADRO2

As Infecções no Trato Urinário (ITUs) são descritas como a principal causa de encaminhamento para o serviço terciário (34% de todas as causas) e a terceira razão para a internação pediátrica no SUS de Belo Horizonte (atrás apenas de infecções respiratórias agudas e crises asmáticas). Além disso, o diagnóstico correto das ITUs na faixa etária mais afetada (até 24 meses) é um desafio para profissional de saúde. A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, em parceria com a Unidade de Nefrologia Pediátrica do HC-UFMG, tem discutido o problema e proposto as seguintes alternativas: treinamento de técnicos para coleta adequada da urina; transporte adequado do material biológico para os laboratórios de referência;  e o aprimoramento dos exames ultrassonográficos oferecidos pela rede, já que o método de imagem é essencial na avaliação inicial da criança com ITU comprovada. Com essas ações, há a expectativa de redução de exames desnecessários e de alto custo para a rede pública e de aprimoramento no diagnóstico e na abordagem das crianças com ITU.

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9EM FORMAÇÃOMEDICINA DA UFMG RECEBE 49º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA

No ano de seu Centenário, a Faculdade de Medicina da UFMG assumiu um compromisso de responsabilidade com a comunidade médica do país. Pela primeira vez desde que foi criado, em 1963, o Congresso Brasileiro de Educação Médica (Cobem) terá sede em Belo Horizonte e será organizado pela Unidade em parceria com a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem). O evento acontecerá entre os dias 12 e 15 de novembro de 2011, no Campus Pampulha.

Com previsão de receber cerca de três mil pessoas – entre estudantes, professores, profissionais da saúde   e pesquisadores - o 49º Cobem terá, nesta edição, o tema “Educação Médica: o desafio de integrar, humanizar e avaliar”.

“O tema do Congresso foi pensado a partir dos grandes desafios que as instituições de ensino enfrentam na formação dos futuros médicos. Além disso, também queremos refletir sobre os efeitos nos cursos das diretrizes curriculares nacionais, aprovadas há dez anos”, adianta Eliane Dias Gontijo, da Comissão Organizadora.

Quatro eixos temáticos compõem o Congresso: estratégias educacionais; valorização e desenvolvimento do docente; processos educativos. Um quinto eixo de humanidades foi definido para integrar os outros quatro e, assim, proporcionar, diariamente, atividades culturais aos participantes, como sessões de cinema comentadas, exposições de fotos, vídeos, charges e quadrinhos, e até flash mob.

Na programação, estão previstas conferências de cada eixo, além de simpósios, debates, fóruns, exposição de pôsteres e colóquios. Compondo o pré-congresso, em 11 de novembro, haverá ainda mini-cursos e oficinas. Neste ano de 2011, uma novidade: os congressistas poderão escolher entre as opções de simpósios ou debates, mediante prévia inscrição. Dessa forma, pretende-se evitar a superlotação das salas e garantir a todos uma participação efetiva das atividades.

CRIAÇÃO DA ABEMEmbora o Cobem nunca tenha sido sediado em Belo Horizonte, foi na

Faculdade de Medicina da UFMG que nasceu, em 1962, a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), responsável, anualmente, por promover o Congresso. Em 1965, com a criação do cargo de Diretor Executivo, a sede da entidade foi transferida para o Rio de Janeiro, onde se mantém até hoje.

A sociedade civil, composta por sócios institucionais, faculdades, escolas, centros instituições e cursos, foi concebida com o objetivo de promover o aperfeiçoamento do estudo, teorias, processos de ingresso e de avaliação do ensino-aprendizagem.

A partir daí, criou-se então o Congresso Brasileiro de Educação Médica, oportunidade, a cada ano, para reunir os setores interessados e debater os rumos e transformações do ensino médico no Brasil.

Larissa Nunes | Jornalista do Cobem 2011

SERVIÇO:Os interessados em participar e saber mais sobre o 49º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA podem acompanhar o site www.cobem2011.com.br e também os perfis em redes sociais do evento.

TWITTER: www.twitter.com/cobem2011 | FACEBOOK: Cobem UFMG | LINKEDIN: Cobem 2011 | E-MAIL: [email protected]

NÚMEROS COBEM:2009 – Curitiba (PR): 3.113 congressistas | 1.053 trabalhos 2010 – Goiânia (GO): 3.248 congressistas | 831 trabalhos

Até o dia 14 de agosto, será possível inscrever trabalhos pelo site do Cobem 2011. São duas modalidades de resumo no formato expandido, isto é, com até 3.200 caracteres: relatos de experiências e trabalhos científicos. Dos materiais inscritos e aceitos, 30% serão selecionados para colóquio. Os demais serão apresentados como pôsteres. Os resumos também serão publicados em suplemento da Revista Brasileira de Educação Médica, versão eletrônica.

Para os estudantes de graduação Medicina, o 49º Cobem guarda ainda dois incentivos: um concurso de vídeos e um outro de ensaios, integrante do Prêmio Abem, com o tema “O desenvolvimento da responsabilidade social e a educação médica”.

“O objetivo é que o aluno explore o tema do compromisso com a escola de Medicina, o seu caráter humanístico e a sua subjetividade nesta criação”, afirma Daniel Trindade, coordenador da Comissão de Premiação e Concursos, sobre o concurso de vídeos, que ainda não tem premiação definida. No segundo caso, os vencedores farão apresentações orais, além de receberem diploma e terem seus publicados na Revista Brasileira de Educação Médica.

INSCRIÇÕES:INSCRIÇÕES:

CONFIRACONFIRA

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10 MURAL DAS LIGAS

Dois fatos importantes para a história da radiologia brasileira, ocorridos em Minas Gerais, podem servir de incentivo aos alunos que se interessam por essa ciência capaz de integrar tão fascinantemente a medicina à física...

Um deles é a instalação do primeiro aparelho de Raios X da América Latina, em 1897, na cidade de Formiga (MG). O equipamento, fabricado pela Siemens com bobinas de Rhumkorff de 70 cm e tubos tipo Crookes, veio da Alemanha a pedido do médico Dr. José Carlos Ferreira Pires. Como a cidade não contava com eletricidade o aparelho funcionava usando baterias, pilhas e gasolina. A primeira chapa radiográfica foi de um corpo estranho na mão do então ministro Lauro Muller, um de seus primeiros clientes. Nesta época, uma radiografia de tórax durava cerca de 30 minutos e o paciente era exposto a uma enorme quantidade de radiação.

O Dr. Pires publicou vários trabalhos na área de Radiologia e Radioterapia, entre eles:

ph7 Como surgiu a idéia da criação da liga? Quais “passos” foram percorridos? RR A Liga Acadêmica de Diagnóstico por Imagem (LIDI) foi idealizada pelos coordenadores docentes que, sendo professores da matéria Radiologia I, perceberam que a carga horária do curso de Radiologia era muito escassa e idealizaram uma liga com o objetivo de fornecer aos alunos interessados um espaço para aprender mais e participar de pesquisas científicas sobre o assunto.

ph7 Quem são os coordenadores docentes e discentes?RR Os coordenadores docentes são os professores João Paulo Matushita e Reginaldo Figueiredo, professores do departamento de Propedêutica que ministram a disciplina de Radiologia I. Os coordenadores discentes são os alunos Rafael Gusmão Rocha e Sérgio Renato Araújo Freitas, presidente e vice-presidente da liga, respectivamente.

ph7 A Liga já foi reconhecida pela FM-UFMG?RR Ainda não. Para criar uma liga acadêmica na UFMG é necessário passar por vários processos burocráticos, como a aprovação do estatuto da liga na Câmara Departamental a qual está vinculada, aprovação pelo Sistema de Extensão (SIEX) e pelo Centro de Extensão (CENEX).

UM POUCO DA HISTÓRIA DA RADIOLOGIA NO BRASIL

Lançamento da Pedra Fundamental do Instituto Radium

ph7 Qual a previsão para o início das atividades da Liga? Quais as formas de seleção?RR A previsão de início da LIDI é para o primeiro semestre de 2012. O processo de seleção será feito por prova após comparecimento no I Simpósio de Diagnóstico por Imagem, que será realizado  em março de 2012.

ph7 Que benefícios um aluno teria em participar? Como a liga dialogará com as disciplinas de radiologia do nosso currículo?RR Além da creditação por atividade de extensão, tentaremos oferecer aos participantes a possibilidade de aprofundar seus conhecimentos na área de diagnóstico por imagem através de projetos de iniciação científica, desenvolvimento de jornadas acadêmicas, acompanhamento de casos clínicos do HC, interação com outras ligas dessa e de diversas áreas, entre outras atividades. A LIDI tem como um de seus objetivos dialogar com as disciplinas de radiologia, complementando e aprofundando os assuntos abordados nas mesmas.

ph7 Haverá alguma atividade prática na liga ou serão apenas reuniões teóricas? RR Uma das propostas da LIDI é desenvolver estágios e parcerias com hospitais e clínicas de Belo Horizonte para oferecer aos participantes a oportunidade de acompanhar os profissionais da radiologia e, assim, melhorar a compreensão do dia-a-dia do trabalho nessa área e aumentar o contato com a tecnologia do diagnóstico por imagem. Queremos também criar um banco de dados no qual os alunos teriam a possibilidade de praticar a análise de diversos exames, adquirindo conhecimento sobre as mais variadas patologias.

O Jornal pH=7 entrevistou o aluno Rafael Gusmão Rocha, um dos organizadores da Liga Acadêmica de Diagnóstico por Imagem (LIDI), para conhecer um pouco mais sobre essa futura Liga da FM-UFMG que poderá ajudar na formação de novos sujeitos da história da radiologia no Brasil. Confira as perguntas e respostas abaixo...

“Localização de corpos estranhos pelos raios X“ - no final do século XIX; “Diagnóstico das aortites pelos raios X “- em 1900; “Perigo da ação dos raios X sobre os tecidos”- em 1901; “Possibilidade da ação profunda dos raios X”- em 1902; e “Técnica radiológica do tubo gastrointestinal com emprego de radiopacos” - em 1911. Tal pesquisador contribuiu muito para o progresso da radiologia no país e recebeu prêmios e homenagens nacionais e internacionais.

O outro fato ilustre é a criação, em 1922, do Instituto do Radium. Esse projeto foi impulsionado pelo Prof. Eduardo Borges da Costa, como tentativa de iniciar a luta contra o câncer no Brasil e estudar o radium e os raios X. Em 1926, o Instituto recebeu a visita da cientista Marie Curie e de sua filha Irene. Madame Curie proferiu, na ocasião, uma palestra sobre a radioatividade e suas aplicações na medicina.

Em 1950, o Instituto do Radium passou a chamar-se Instituto Borges da Costa, em homenagem a seu primeiro diretor e fundador. O prédio passou por um longo período em situação precária, chegou a ser desativado

e a ficar fechado. Depois, foi ocupado por estudantes da UFMG e usado como moradia. Apenas em 2003, o Instituto voltou a funcionar como centro de procedimentos

médicos e tratamento de pacientes oncológicos, integrando o complexo do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG).

ENTREVISTAENTREVISTA

Prédio do Hospital Borges da Costa | 2011

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11

A bandeira branca, a pomba da paz, o uso do branco no Réveillon são exemplos de que essa cor está sempre associada a idéias positivas na sociedade. Mas qual a origem do uso do branco pelos médicos e profissionais de saúde?

Tudo começou no final do século XIX, com a enfermeira inglesa Florence Nightingale. Ela iniciou uma campanha para melhoria da higiene, principalmente nos hospitais, enfrentando os hábitos inadequados mais arraigados da sociedade de seu tempo. Organizou e sistematizou o corpo de pessoal de auxílio médico, conferindo categoria profissional à enfermagem, até então exercida em sua maioria pelas irmãs de caridade. Por isso, ela é conhecida como patrona da enfermagem. Dentre várias reformas, ela propôs que, para uma melhor observação da higiene nos meios médicos, todo profissional de saúde passasse a vestir branco, pois facilitava a visualização de manchas, sujeiras, respingos de sangue e outras substâncias. A campanha floresceu e paulatinamente o branco uniformiza todos os campos da área da saúde. Mas tudo o que ela conseguiu foi com o respaldo das descobertas sobre micro-organismos e métodos de anti e assepsia da época. Ignaz Semmelweis (1818-1865) foi um dos que tentou provar que a falta de assepsia dos médicos matava os pacientes, sendo incompreendido e hostilizado por seus colegas de profissão. Somente Pasteur (1822-1895), na segunda metade do século XIX, conseguiria demonstrar definitivamente a letalidade dos agentes microbianos, tornando incontestável a necessidade de assepsia e limpeza dos ambientes hospitalares.

Entretanto, nem sempre foi assim. Na Grécia, os sacerdotes do templo de Asclépio - Deus grego da Medicina - já se vestiam com

Uma tendência? O xadrez veio pra ficar, agora de uma vez por todas a Balena é verde e branco. Depois que a fachada do ICB foi tomada pela maior bandeira da história da medicina, a turma 1-3-8 chegou para mudar mais um ambiente; Para o ICB deixamos de lado os xingos, as ofensas e o repúdio. Saímos com amor, dedicação e orgulho da Federal. O Local nos presenteou com as primeiras bolsas de iniciações científicas e monitorias, com o início da sensação de ser médico e com muito conhecimento. Será que curso de medicina não precisa mesmo do ICB? Quem se arrisca a se graduar em quatro anos para não perder tempo na Pampulha?

O adeus contou com agradecimento especial aos que mais nos ensinaram: funcionários do Xerox ou “xeroxes”! Não poderíamos esquecer a gangue: Maisa,

O BRANCO E A MEDICINA

A XADREZ

MODA

Brenda Godoi | Acadêmica da FM - UFMG

Erickson Ferreira Gontijo | Acadêmico da FM-UFMG

roupas dessa cor para indicar pureza espiritual. Na Idade Média, a medicina era exercida principalmente pelos monges e outras ordens religiosas. Mais tarde, na Idade Moderna, o vestuário tornou-se sofisticado e os homens de destaque abusavam da exuberância das vestes, usando inclusive perucas cacheadas e avantajadas golas brancas. Esses trajes nada tinham a ver com a profissão, eram apenas acessórios da moda. Nessa época, a mancha de sangue na roupa do médico-cirurgião era uma espécie de status, significando que se tratava de um bom profissional. No final do XVII, após a Revolução Francesa, com o advento da gravata, as roupas tornaram-se mais simples e sóbrias. Isso é ilustrado pela pintura, Primeira anestesia com éter, que retrata a experiência ocorrida em 1846. Nela, o médico aparece

em uma indumentária escura. O uso do branco só foi de fato consagrado no final do século XIX, data em que os médicos começam a aparecer nas obras de arte vestidos de branco com maior freqüência. Atualmente, o uso do branco é instituído em muitos locais por meio de normativas.

Embora esteja ainda muito associado à limpeza, sabe-se que um tecido branco aparentemente limpo pode estar muito mais infectado que um outro escuro. A escolha do branco encontra-se muito mais atrelada ao exercício da profissão médica do que de fato à higiene. Por isso, muitos profissionais, mesmo que trabalhem com roupas do seu dia-a-dia, não abrem mão do uso do jaleco. O uso do branco atualmente tornou-se um elemento social indicativo da profissão da área da saúde.

Primeira anestesia com éter (1894) Robert C. Hinckley (1853 – 1940). Óleo sobre tela, 243 x 292 cm. Biblioteca Médica de Boston. (Cambridge).

Diego (Tiago) e Jade; ou da simpatia do Tuti! Todos sempre atenciosos nos deram capítulos, artigos, fotos, aulas, aquela espiada se as notas saíram e, claro, os “bilhetes de consulta rápida”. Todos receberam presentes simbólicos: cestas de guloseimas.

Turma 138

Ao ICB iniciamos a Campanha dos Jalecos, recolhendo doações que serão entregues na primeira semana aula, até o momento recebemos 35 unidades, que serão úteis nos momentos de esquecimento, afinal as aulas, as pesquisas, e o ICB não podem parar.

À galera eclética, diversa e única da Pampulha fica o agradecimento pelos ótimos momentos, obrigado por tudo, pois se não fosse o ICB ser como ele é, A CAMINHADA ETÍLICA: ao Infinity e além, não seria tão INESQUECIVELMENTE INDESCRITÍVEL como foi.

Obrigado a toda turma 1-3-8, obrigado a todos que ainda caminharão conosco.

Ainda bem que o ICB não é INFINITY!Obrigado pelos dois primeiros anos do resto das nossas vidas.

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12 R-DOCS COMUNICAM

Para quem acaba de chegar ou ficou dez anos ministrando aulas no consultório particular, a Faculdade de Medicina da UFMG se encontra em Reforma Curricular, desde 2002. Durante esse longo período, formaram-se comissões de docentes e alunos para construir o novo currículo da graduação. Muitos encontros, seminários, questionários e recursos financeiros (cedidos pela Organização Pan-Americana de Saúde) foram despendidos.

Durante quase uma década falou-se muito sobre a mudança curricular, mas os documentos levados às reuniões do Colegiado eram, sob muitas perspectivas, infundados. Ao analisarmos todo o material que seria votado na reunião do órgão, no dia 17/11/2010, nós- representantes do DAAB- não compreendíamos como seria possível: aprovar uma matriz curricular sem discutir seus princípios; criar disciplinas sem conceber seus programas; retirar carga horária do ciclo pré-clínico sem refletir como os conteúdos previstos para esta etapa do curso seriam abordados; ou prever uma integração entre diferentes disciplinas, ministradas por professores que em dez anos de Reforma não conseguiram se encontrar. Diante disso, pleiteamos o adiamento da pauta “Projeto do novo currículo- votação da versão final encaminhada pela Comissão de Sistematização da Reforma Curricular” para o dia 15 de dezembro de 2011.

Durante um mês, nos reunimos com alguns professores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), coordenadores do Colegiado, docentes que haviam idealizado novas disciplinas e alunos que exerciam representações discentes nos departamentos da FM-UFMG. Trabalhávamos em regime de urgência e, por isso, focamos em: reduzir a compactação do ciclo básico e compreender como seriam ministradas as disciplinas recém-criadas. Dessa forma, aprovaríamos a matriz e acrescentaríamos destaques ao seu conteúdo.

No dia 15 de dezembro, a reunião iniciou-se com uma tensão absurda (houve até cerceamento de direitos de resposta) e se estendeu por mais de oito horas. Não aceitávamos como alguns professores do ciclo clínico se mantinham calados e aéreos (outros preocupados apenas com o horário ou com o lanche), enquanto os docentes do ICB desabafavam “este Colegiado não vê o ICB como parte da medicina” e expressavam dúvidas fundamentais como “não sabemos qual conteúdo será dado” ou “este assunto não foi amplamente discutido neste Colegiado”. Nós, alunos, reclamávamos da falta de atas do processo de Reforma e identificávamos que a formatação dos documentos em análise era tão precária, que continha erros de ortografia e cópias em Power Point. O resultado disso foi à aprovação dos documentos, com mais de 70 destaques, ou seja, mais de 70 pontos controversos e até absurdos.

O despreparo de alguns docentes foi revelado pelos argumentos usados durante as discussões, entre eles: “os alunos tem que pegar ônibus mesmo, será importante para interagir com a sociedade”- professora defendendo uma matriz que, desde o primeiro período, faria o aluno se deslocar para a área hospitalar, Pampulha e Centros de Saúde da periferia de Belo Horizonte; “vocês deviam é passar as férias na Biblioteca e não no Colegiado”- outra docente incomodada com as queixas e propostas da Representação Estudantil; “vocês estão reclamando do aumento da carga horária global, mas deveriam saber que a medicina é um sacerdócio” – um dos mestres ignorando o nosso alerta de que o novo currículo prejudicaria (ainda mais) a qualidade de vida dos estudantes; ou “sabemos que a matriz tem falhas, mas devemos aprová-la e promover alterações continuamente” – este cometeu o erro de afirmar que o currículo deve ser testado em 160 ou 320 cobaias e defendeu a ilusão de que em nossa escola as mudanças são contínuas e fáceis. Triste, não?!

Em março de 2011, o Colegiado voltou a se reunir para discutir e “aprovar os destaques da Reforma Curricular”. Nós conseguimos alterar os pontos mais problemáticos... Retiramos a disciplina Iniciação à Atenção Básica a Saúde (IAPS) do primeiro período para deslocar a Genética (do segundo para o primeiro semestre da graduação) e a Imunologia (do terceiro para o segundo período). Dessa forma, o terceiro período ficou mais ameno e ganhou mais um turno livre. Além disso, aumentamos a carga horária da disciplina Primeiros Socorros e solicitamos que as disciplinas da modalidade ensino à distância (EAD) fossem incluídas na carga horária. Quanto ao ciclo clínico, acreditamos que o aumento da carga horária de internatos e estágios será benéfico, principalmente por introduzir estágios em especialidades e Atenção Primária.

Algumas demandas antigas dos alunos foram contempladas, como: junção da fisiologia com a biofísica e ampliação do ensino da primeira por um ano; interlocução (pelo menos no papel) entre a anatomia e a radiologia e, entre a patologia geral e anatomia patológica. Entre as novas disciplinas, acreditamos que a introdução de conteúdos relacionados à metodologia científica e pesquisa bibliográfica ou à ética poderão contribuir muito para a formação médica de qualidade.

Os documentos aprovados no Colegiado do Curso Médico, também foram sancionados na Congregação, e agora necessitam do aceite de instâncias da Universidade e da anuência dos Departamentos da FM-UFMG e do ICB para serem colocados em prática. Questões importantes, como programas de disciplinas, metodologias e quadros de horários ainda serão discutidos. No DAAB, os interessados poderão acessar documentos da Reforma Curricular e, na próxima edição do Jornal pH 7, serão descritos disciplinas e programas do novo currículo médico.

REFORMA CURRICULAR: ENTRE O CLARO E O ESCUROImpressões de Representante Discente do Colegiado sobre oprocesso de aprovação da nova matriz curricularClarice Coimbra | Acadêmica da FM - UFMG

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14 FM EM FOCOESPORTES NA FACULDADE DE MEDICINA: QUAIS AS PRINCIPAIS DEMANDAS DOS NOSSOS ATLETAS?

Aprendemos a receitar todos os dias nos ambulatórios da rede HC-UFMG um pouquinho de saúde para nossos pacientes... Saúde que ultrapassa pílulas e injeções... Alcançada com o suor e a persistência, que a prática de exercícios físicos exige.

Diante dos clientes, defendemos a saúde. E longe deles? Como administramos o nosso tempo? Como incluir em nossa rotina as atividades físicas? O Jornal pH = 7, entrevistou os coordenadores dos grupos de esportes coletivos, formados por alunos da Faculdade de Medicina (FM), para compreender quais são as principais demandas e expectativas dos nossos atletas.

Aproximadamente, 130 estudantes da escola treinam esportes coletivos, uma vez na semana. Dentre os esportes, o handebol feminino é o que agrega mais atletas, com 25 integrantes. Além dos treinos semanais, os atletas representam a Faculdade em competições esportivas estaduais e nacionais.

A maioria dos atletas da escola está insatisfeita com a falta de incentivo aos esportes coletivos, principalmente no que tange a dificuldade de encontrar um espaço físico adequado para os treinos. A aluna Mariana Palma, coordenadora do Futsal Feminino, relata a dificuldade do time em encontrar quadras em Belo Horizonte. A equipe de Mariana teve que interromper os treinos no último ano, pelo custo elevado dos espaços físicos disponíveis.

Para coordenador do Futebol de Campo, Henrique da Costa, uma estrutura física que poderia ser mais aproveitada é o Centro Esportivo Universitário (CEU) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Henrique conta que, no local, um campo está sendo construído. No entanto, o grupo não sabe se poderá utilizar o espaço ou se ele será para o público externo, que freqüenta o CEU.

Alguns dos atletas entrevistados sugeriram que a FM criasse um projeto para incentivar a prática de esportes por seus alunos e funcionários. Segundo Helena Marques, coordenadora do Handebol Feminino, a comunidade acadêmica se preocupa cada vez mais em aumentar o número de créditos cursados na graduação com matérias optativas, ligas, estágios e jornadas acadêmicas. Entretanto, para a aluna a prática da medicina depende também da relação interpessoal e de capacidades comunicativas, que podem ser adquiridas com a prática de esportes coletivos.

Os alunos Leandro Nunes e Juan Bernard, do Vôlei Masculino, sugerem que “como incentivo seria válido  algum reconhecimento, em termos curriculares, para a prática de esportes nas equipes da Medicina”. Já Brenda Costa, do Vôlei Feminino, ressalta que a ajuda mútua entre diferentes equipes poderia beneficiar todos os atletas: “na hora de dizer que somos a melhor de Minas e do Brasil a galera bate no peito pra dizer sou da UFMG, mas esquece de apoiar e erguer um time que está precisando.” Ela cita a necessidade de uma coordenação que una as equipes para conseguir quadras melhores, patrocínios, bolas, camisas e outros benefícios.

CONQUISTA DO D.A.A.B. QUE BENEFICIARÁ NOSSOS ATLETAS:

A Gestão Centenário (DAAB - 2010/2011) conseguiu, no dia 01/06/2011, que o Colegiado da Graduação em Medicina reconhecesse a participação em equipes esportivas

como atividade complementar geradora de créditos. O D.A.A.B comunicará às coordenações das equipes como será o controle da freqüência dos atletas. Dessa forma, todo aluno da FM-UFMG que participar assiduamente dos treinos

esportivos, durante um ano, terá a possibilidade de receber dois créditos curriculares.

Da esquerda para direita: (1) Equipe do Handebol Feminino; (2) Atletas do Vôlei Masculino; (3) Integrantes do Handebol Masculino; (4) Equipe de atletismo da FM-UFMG; (5) Atletas do Futebol de Campo; (6) Times de Basquete Feminino e Masculino.

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15FM EM FOCO

Há bastante tempo, não raro, temos nos deparado com situações de desrespeito, violência e abuso perpetradas por alunos e profissionais graduados nesta instituição, a Faculdade de Medicina da UFMG. Basta acessarmos jornais de grande circulação do estado e do país, que lá encontraremos: “Calote de R$ 200 mil em turma de medicina - o principal suspeito do desvio, segundo os próprios alunos, é o tesoureiro da comissão.” – (Super Notícias – 04/01/2011), ou então: “Estudante da UFMG é preso por assaltar ônibus - O estudante, de 18 anos, que cursa o primeiro período de medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi preso em flagrante na noite desta quinta-feira, após assaltar o cobrador e 14 passageiros de um ônibus.” – (Jornal Estado de Minas – 04/08/2005). De forma igualmente aterradora, encontramos: “Recém-formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a jovem médica, aos 26 anos, tem a carreira promissora abalada pelo suposto envolvimento no macabro assassinato de dois empresários encontrados decapitados e carbonizados no último sábado.” (Jornal Estado de Minas – 17/04/2010) e, por último, a notícia mais recente: “O estudante de Medicina da UFMG confessou ter esfaqueado a colega de sala na madrugada do último domingo (20), no Bairro Salgado Filho.” (Jornal Hoje em Dia – 22/03/2011).

Quando notícias como essas saltam diante de nós, surge revolta, dor, inconformismo e também dúvidas: em que situação se encontra a saúde mental do estudante de Medicina? Em um local destinado à promoção da saúde, em que momento o nosso olhar se volta para o bem-estar psíquico do médico em formação? E acreditamos que, diante de tantas e tão graves evidências, não é mais possível ignorar os conflitos, doenças e angústias vividos por quem escolheu a Medicina como profissão.

É de responsabilidade desta Universidade não só a qualidade técnica do profissional que está sendo formado, mas também a qualidade psíquica. A maioria dos estudantes de Medicina está entristecida e indignada com os acontecimentos relatados. Em especial, com o ocorrido mais recente – tentativa de homicídio envolvendo dois colegas de turma em março deste ano. Sendo assim, além do nosso repúdio aos atos de violência, julgamos igualmente importante debater alternativas.

A primeira questão é como identificar um acadêmico que esteja em sofrimento mental. A Faculdade de Medicina disponibiliza aos estudantes o NAPEM (Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes de Medicina), cujo objetivo é ajudar os alunos a superar dificuldades encontradas durante o curso médico. Porém, o acesso é voluntário e, desta forma, há estudantes com problemas graves que não chegam ao local, não procuram ajuda. O mesmo Núcleo também oferece o programa de Tutoria, que visa oferecer espaço para a elaboração de questões suscitadas pela clínica, mas que é oferecido somente ao quinto período e através de discussões em grupo, que não permitem trabalhar as demandas individuais. Sendo assim, os meios existentes, apesar de prestarem uma ajuda imensa à comunidade, não são totalmente efetivos na busca do estudante enfermo e, além disso, necessitam de ampliar a sua atuação.

Outra questão é como manejar o estudante já diagnosticado com uma alteração psíquica importante. Seria adequado e justo excluí-lo da Universidade, impedindo-o de exercer a

Até os alunos mais distraídos já devem ter percebido que há muita gente na UFMG incomodada com a falta de segurança e com os atos de violência e indisciplina. Toda essa preocupação se faz necessária e também é corroborada pelos absurdos que nossa sociedade assiste além dos muros da Universidade. Entretanto, as atitudes que a Reitoria tem escolhido para manter a ordem podem prejudicar a vida estudantil e retroceder conquistas, arduamente alcançadas por nossos veteranos. O passado do nosso país não nos faz esquecer que a restrição da liberdade transforma os disciplinadores em agressores.

Primeiro a medida provisória, melhor dizendo a Portaria nº 034 (20 de abril de 2011) que proibiu a realização de festas na UFMG. Mas o que é uma festa? Proibir festas é a melhor maneira de evitar a venda de drogas ou atos de descriminação e violência na Universidade? Nem precisa ser pedagogo para dizer que não. Se educar fosse tão fácil assim, nossa espécie não cometeria todas as atrocidades diariamente noticiadas pelos Datenas e pelo Super.

Agora, a maior surpresa está por vir... Será o novo Código de Convivência Discente, prestes a ser aprovado pelo Conselho Universitário (órgão colegiado superior da UFMG). Este documento já estava previsto pelo Regimento Geral da Universidade, porém nenhum aluno no máximo de sua criatividade poderia imaginar que ele seria proposto de forma tão reacionária.

Reacionário porque foi construído por meia dúzia de pessoas e será aplicável a todos os discentes (até aqueles com matrícula trancada ou que cometeram transgressões como vestibulando). Reacionário porque, contrariando toda a tendência jurista da construção de normas mais amplas, o Código terá quase setenta e cinco artigos e vários incisos. Reacionário porque derruba toda a luta estudantil para participação em órgãos colegiados ao definir a criação de comissões sumariantes e disciplinares formadas apenas por docentes e técnicos administrativos,

CARTA ABERTA À COMUNIDADE DA FM-UFMG EM DEFESA DA SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES

NOVO CÓDIGO DE CONVIVÊNCIA DISCENTE DA UFMG

Paula Januzzi | Acadêmica da FM-UFMG, com o apoio do DAAB*. Medicina? Ou seria mais adequado, de acordo com os princípios éticos da prática médica, propor alternativas terapêuticas e acompanhá-lo durante o processo de adoecimento? E ainda, o que fazer com os casos para os quais as alternativas terapêuticas não são eficazes? É preciso lidar com a angústia e a dor do outro e não simplesmente fingir que não existe.

Desta forma, gostaríamos de convidar a diretoria desta Universidade, os estudantes, os professores, os profissionais médicos e a sociedade a pensar. Pensar com autonomia e interesse sobre a qualidade de vida do médico

e do estudante. Propor formas de cuidar das pessoas, o bem maior desta instituição. Apostar no tão difundido e tão pouco praticado modelo bio-psico-social, de teoria belíssima e ignorada na prática. Discutir, debater formas de melhorar o desenvolvimento psíquico do estudante médico.

O compromisso de uma Universidade não é com a formação de técnicos. Em especial, tratando-se do profissional médico, a missão é formar pessoas de aguçada consciência crítica, atentas ao bem-estar do outro, solidárias à enfermidade e, sobretudo, capazes de novos olhares sobre o homem e aquilo que o adoece.

sem a presença de discentes. As normas propostas ameaçam a

participação dos alunos nos órgãos condutores da Universidade (como colegiados dos cursos e congregações das Faculdades) uma vez que eles perderão seus cargos de representação estudantil durante o cumprimento de penalidades, que serão decorrentes de processos instaurados pelos diretores das unidades às quais estão vinculados. As perseguições políticas poderão se proliferar pela UFMG... E o pior é que com a velocidade da nossa justiça, o aluno poderá ter muito trabalho e verá sua graduação ser adiada, até conseguir provar sua inocência.

Aqueles que gostam de uma fofoca ou são afeitos a não levar desaforo para casa precisarão se conter, pois poderão ser repreendidos pela “intimidação de alguém com palavra, gesto ou outro meio simbólico” ou “exposição de alguém a situação vexatória ou a qualquer forma de humilhação e constrangimento”. O Código prevê desde notificações por escrito a cancelamento do registro acadêmico, com possibilidade de estabelecimento de novo vínculo com a UFMG apenas após cinco anos. Além disso, estabelece que durante as suspensões do discente às atividades acadêmicas todos os atos e aproveitamentos acadêmicos serão anulados.

Outro absurdo presente na proposta de Código de Convivência Discente: todos os processos disciplinares serão anexados e assinalados à documentação do aluno (isto é, ao seu histórico escolar)! Com isso, a Universidade estenderá as punições ao aluno pelo resto de sua vida e contrariará um princípio básico do sistema judiciário de nosso país, que acredita na remissão do culpado após o cumprimento de sua pena.

O Jornal pH=7 aproveita os últimos instantes de plena liberdade para alertá-lo... Caso você sonhe com um protesto de estudantes nus por um currículo melhor ou pense em xingar a mãe de quem planeja um internato rural de doze meses... Aproveite o tempo que resta ou convença seus colegas a lutarem pelos que ainda virão.

* O DAAB realizou, no dia 26/04/2011, uma Assembléia Geral com os estudantes da FM-UFMG para discutir posturas e ações que deveriam ser tomadas diante da agressão sofrida pela estudante Maria Luiza Costa Pinto. Todos os alunos presentes votaram a favor da publicação desta carta-aberta, além de outros encaminhamentos.

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16 FM EM FOCOA BIBLIOTECA NOSSA DE CADA DIA Wilton Santana e Izabela Duarte | Acadêmicos da FM- UFMG

PESQUISA DE OPINIÃO Entre os dias 11 de abril e 13 de maio o DAAB realizou, através de

questionários, uma pesquisa de satisfação sobre a biblioteca J. Baeta Vianna, do Campus Saúde. Estudantes de vários cursos e outros usuários responderam ao questionário. Aqui, divulgaremos somente os dados referentes aos estudantes de medicina. No site do DAAB - www.daab.org.br - você encontrará, em breve, a divulgação completa da pesquisa. No total, 529 estudantes de medicina responderam ao questionário.

As deficiências na nossa biblioteca são notórias e a pesquisa só confirmou que elas realmente existem. A Gestão Centenário considera de extrema importância que os estudantes, professores e direções dos cursos do Campus Saúde dêem mais atenção à nossa biblioteca. Alguns dos problemas revelados pela pesquisa foram: a conversa excessiva dos alunos, talvez devido à falta de mais salas para estudo em grupo e de uma postura mais rígida da chefia da biblioteca; as deficiências do acervo que ocasionam enorme tempo de reserva para alguns títulos; livros que “somem” (estão disponíveis no sistema, mas não são encontrados nas estantes); o horário de funcionamento que não atende a demanda dos alunos, principalmente dos estudantes dos cursos noturnos; e o calor excessivo na maior parte do ano.

AÇÕES E EXPECTATIVASA Gestão Centenário tem alguns projetos para biblioteca, entre

eles:

Entretanto, para que esses projetos se concretizem e os problemas sejam sanados, precisamos de uma postura ativa dos estudantes: preservar e lutar por melhorias na biblioteca é ampliar a qualidade da nossa formação!

Nós temos nos reunido com o Professor Geraldo Brasileiro, que foi designado pela Diretoria da Faculdade de Medicina para avaliar as deficiências da nossa biblioteca. No dia 26 de maio apresentamos ao Prof. Brasileiro o resultado da pesquisa de opinião realizada pelo DAAB. Nessa oportunidade ele nos informou que participaria de uma reunião, no dia 31/05, com a arquiteta da Faculdade e as coordenadoras da Biblioteca Baeta Vianna para discutir reformas de espaços físicos. Como membros do DAAB e representantes dos estudantes de medicina, pedimos para participar do encontro, o que foi prontamente aceito pelo professor.

Para nossa surpresa e constrangimento no início da reunião solicitaram que a mesma ocorresse sem nossa presença, uma vez que não tínhamos sido citados no ofício de convocação para a reunião! Mera formalidade! Havia algum receio por parte da coordenação da

biblioteca de que nós participássemos da reunião? Porém, constrangido também ficou o Professor Geraldo Brasileiro, que

reagiu de forma semelhante aos momentos em que é desrespeitado pelos alunos que conversam durante suas aulas. Constrangimento desnecessário a alguém que se dedica tanto a esta Faculdade. Alguém que se mostrou extremamente receptivo aos representantes do DAAB. Alguém que se preocupa com a formação acadêmica dos estudantes.

Por outro lado, é lamentável que os estudantes tenham sido tratados dessa forma. Há muitos anos a representação estudantil na nossa Faculdade está calada. E agora que surge um grupo interessado nos problemas da Faculdade, em torná-la cada vez melhor, em levar à direção as demandas dos estudantes, somos premiados com “vocês não são bem vindos”.

Consideramos profundamente desrespeitosa a atitude da coordenação da biblioteca. Porém, tal atitude é um estímulo a mais para que prossigamos com nossos projetos e um indício muito forte de que estamos no caminho certo, já que nossa presença incomodou tanto. A necessidade de mudanças é mais que visível e urgente. Junte-se a nós!

Sala de informática fechada...prejuízo para alunos!

Precisamos cuidar melhor deles!

CONFIRA ALGUNS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO:CONFIRA ALGUNS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO:

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17DARTESFESTIVAL MEDICINA

SUGESTÕES DE FILMES E LIVROS

Você sabe o que é? É o Festival do Centenário que virou Festival Medicina... Um evento que ocorreria no Campus Pampulha e que agora irá ocorrer no Chevrolet Hall... Que esteve previsto para os dias 16 de abril, 14 de maio e 18 de junho... E agora será, sem mais mudanças, no dia 24 de setembro de 2011.

O processo pode ter sido enriquecido por várias transformações, mas não se desvinculou do objetivo principal: “divulgar aspectos e momentos relevantes da história centenária da Faculdade de Medicina (FM) da UFMG e refletir, por meio de diferentes manifestações artísticas, sobre o caráter humano da profissão médica”. O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (D.A.A.B.) se sente no dever de contribuir para a comemoração do jubileu de 100 anos da Faculdade de forma reflexiva e inclusiva, dando voz e movimento ao que os estudantes (do passado e do presente) produzem e anseiam. O D.A.A.B. quer ir além das “fachadas” de Medicina que se praticam por ai; planeja uma comemoração que não será ufanista nem silenciadora...

Italo Calvino (importante escritor italiano do Século XX) questionava: “Quem somos nós? Quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras e imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras”. Talvez seja isso... O Festival Medicina como um momento para editarmos a escolha de ser médico, graduado pela FM-UFMG.

“A Antropologia da alegoria da calúnia” Ely Bonini (Artear Editora): O livro é uma reflexão sobre o quadro “Alegoria da Calúnia”, da pintora mineira Irma Renault. É uma oportunidade para que o leitor reflita sobre si e sua própria natureza, já que os autores transpõem questões sociais para a pintura, como um aspecto moralmente questionável do humano - a sua habilidade para “caluniar”.

“Ambulatria Pediatorial” Alunos da turma 131: versão cômica do Best Seller “Pediatria Ambulatorial”, velho conhecido de todos os alunos da FM-UFMG.

•Oficinas gratuitas de Dança de Rua para adolescentes estagiários da FM-UFMG, com o professor da Companhia Primeiro Ato - Fabrício Donato (oferecidas de março a junho de 2011);

•Oficinas gratuitas de Percussão e Ritmos Brasileiros para alunos da FM-UFMG, com o professor Paulo Geraldo - “PG” (oferecidas de março a junho de 2011);

•Oficinas gratuitas de Bolero, com a professora e bailarina Eva Paula Abreu (oferecidas nos meses de março, abril e maio de 2011);

•Concurso de Bandas MedStock (veja reportagem na próxima página);

•Entrevistas com estudantes e professores sobre a escolha da profissão médica;

•Construção de vídeos reflexivos sobre a saúde mental, o papel da extensão universitária, entre outros.

INICIATIVAS E AÇÕES PROMOVIDAS PELO PROJETO FESTIVAL MEDICINA:INICIATIVAS E AÇÕES PROMOVIDAS PELO PROJETO FESTIVAL MEDICINA:

PREZADO(A) COLEGA, ACREDITE NESTA

RECOMENDAÇÃO: LEVE OS SEUS PAIS! ELES

MERECEM CONHECER UM POUCO DA FACULDADE

ANTES DA SUA COLAÇÃO DE GRAU...

“O segredo dos seus olhos” (El Secreto de Sus Ojos) - Argentina, Espanha (2009): a despeito de todas as diferenças no futebol, precisamos assumir que o cinema Argentino tem sensibilidade e plasticidade da melhor qualidade. Um filme que revisa lembranças, questiona a justiça e reafirma o verdadeiro amor. Além desse roteiro, segundo os cinéfilos mais aplicados, é tecnicamente perfeito.

“Quebrando o Tabu”Brasil (2011): discute a descriminalização das drogas sem argumentos intangíveis ou tendenciosos que costumam dominar as conversas sobre o assunto. O documentário é um mosaico de idéias, costurado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dirigido pelo cineasta Fernando Grostein Andrade. Bill Clinton, Jimmy Carter e ex-chefes de Estado, como da Colômbia, do México e da Suíça, revelam porque mudaram de opinião sobre um assunto que precisa ser discutido e esclarecido.

“O Castelo Animado” (Hauru No Ugoku Shiro) - Japão, EUA (2004): dirigida por Hayao Miyazaki (o mesmo do premiado filme “A Viagem de Chihiro”), esta animação é uma boa amostra do perfeccionismo oriental. Aparentemente, um simples roteiro: “após ser amaldiçoada, uma jovem de 18 anos passa a ter 90 anos. Ela foge e consegue emprego no castelo de um mágico”...

“Guia politicamente incorreto da história do Brasil” Leonardo Narloch (editora Leya/ edição ampliada): O livro é um questionamento à história que apreendemos na escola, com sua verdades polidas e recheadas de mocinhos e bandidos. O autor tenta nos convencer que “zumbi dos palmares teve escravos” ou que “os índios eram destruidores das florestas”, com documentos e bibliografias. Com isso, a obra auxilia na construção de pensamentos críticos e cidadãos menos doutrináveis... Deveria ser incluído no material didático de muitos brasileirinhos!

•Show com a Banda Hocus Poccus;

•Peça de Ballet Clássico sobre a relação médico-paciente;

•Shows com as quatro bandas finalistas do Concurso de Bandas MEDSTOCK;

•Apresentação de ato teatral do Show Medicina;

•Música clássica e instrumental;

•Apresentação do grupo de percussão – Psicose;

•Arte circense;

•Coreografias de Dança de Rua e Dança de Salão...

UM POUCO DA PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL MEDICINA:UM POUCO DA PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL MEDICINA:

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•Mesmo depois de ficarmos, até o dia 20 de dezembro de 2010, acertando o projeto para concorrermos ao Edital 2010 da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, não conseguimos o benefício;

•Portaria do Reitor que proibiu “festas” na UFMG;

•Dificuldades de financiamento;

•Escassez de espaços para reunião de mais de 3.000 pessoas em Belo Horizonte;

•Disputa por data (sábado livre) nas agendas dos espaços que comportariam o evento.

“DESCULPAS” PARA OS ATRASOS:“DESCULPAS” PARA OS ATRASOS:

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18 DARTESCONCURSO DE BANDAS MEDSTOCK: MÚSICA DE QUALIDADE E TALENTOS QUE DEVERIAM ORGULHAR A UFMG!

Todos aqueles que passaram pelo Studio Bar, nos dias 12 e 13 de maio de 2011, encantaram- se pela qualidade do Concurso de Bandas MEDSTOCK, promovido pelo DAAB. O evento integra as comemorações do Centenário da Faculdade de Medicina da UFMG, uma vez que selecionou quatro Bandas que se apresentarão no FESTIVAL MEDICINA (dia 24 de setembro, no Chevrolet Hall) e concorrerão a prêmios de até R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Para participar do Concurso, a Banda deveria ter um estudante da UFMG como membro e canções próprias. Além disso, os músicos deveriam acertar seus instrumentos e executar as canções selecionadas em apenas 30 minutos de constante avaliação. Dois dos finalistas foram escolhidos pelo júri técnico - as bandas Urucum na Cara e Viramundo- e dois por voto popular, os grupos DeDocs e A Fase Rosa.

O coordenador do evento e integrante do DAAB, Sérgio Renato Araújo, informou que toda a dedicação empenhada na organização foi compensada pela qualidade das bandas concorrentes. Certamente, essa opinião é corroborada pelo rock contagiante da banda Absinto Muito e pelas cantigas, com influências folclóricas, do grupo Orfeu e os Alquimistas. O talento do Projeto Saravá em transformar histórias (como a da Alice no país das maravilhas) em samba de bom gosto, também merece o nosso destaque.

O MEDSTOCK impressionou, ainda, pelo profissionalismo de muitos concorrentes, como a Banda Os-3 (destaque em música instrumental e improviso) que revelou um pouco sobre a preparação de seus integrantes: “Antes de qualquer coisa, há a preparação que podemos chamar de acadêmica. Os três integrantes da Banda têm conhecimentos musicais amplos, adquiridos em boas escolas de Belo Horizonte, como CEFAR e Escola de Música da UFMG. Em seguida, podemos citar a constante preparação da banda enquanto conjunto.” O grupo informou também que se dedica à preparação corporal e busca “transcender o limite da simples execução musical, prezando sempre pela interação intensa com o público.”

BANDA VIRAMUNDO...Confira uma das letras da banda que fez sucesso no Festival MEDSTOCK: O Último Mequetrefe (de Pedro Henrique Martins):

“Nunca pensei em ser sem ter que viver para valer,andar no rumo certo até que eu possa enxergarO que sonhei sem perceber que saí do lugarpara ver bem mais de perto”

BANDA DEDOCS...A banda formou-se durante confraternizações da 130ª Turma de Medicina da UFMG. Seus três integrantes, que concluíram a graduação meses após a competição, conquistaram a platéia com os versos da música “Uai” (de Mirhel Fraga): “Eu olho da janela e vejo no quintal o verde pelo chãoE as estórias dos fantasmas lá na praça da estaçãoNo mercado central encontro tudo pra venderE pra me completar tenho que encontrar você... ehSó me falta você...

Uai é uai... Uai é uai... Uai é uai, uai, uai...”

BANDA A FASE ROSA...As referências (à arquitetura, política e MBP) fizeram as letras da Banda serem as mais comentadas entre o público: despertaram curiosidade e emoção. Entre elas, a música “Em cada esquina” com seu refrão: “Nas curvas de Oscar, um novo mundo, o mundo lá fora”. Vale destacar, ainda, o seguinte trecho da canção “Instante Eterno”:

“A vida cruza o teu olhar, preste admiração, pois será o quanto os teus segundos vão durar.O tempo nunca vai parar, vamos guardar,o espaço em um frasco e eternizar, o instante enquanto ele durar.”

BANDA URUCUM NA CARA...O grupo Urucum na Cara atua há nove anos no cenário musical independente de Belo Horizonte. Com músicas que envolvem elementos da cultura popular afro-brasileira e da Música Brasileira, a principal busca é trabalhar com um repertório autoral e arranjos produzidos em processos de criação coletiva. O resultado disso é uma música quase sempre dançante, com arranjos arrojados, sempre procurando novas tendências na música, experimentando misturas inusitadas proveniente das referências estéticas de seus integrantes. As referências artísticas vem da musicalidade de Minas, porém se debruçam pra além desses horizontes e assimilam o encontro dessa sonoridade própria do grupo com a música de vários compositores brasileiros, tais como: Milton Nascimento, Sergio Santos, Sergio Pererê, Tom Zé, Gilberto Gil e outros.

Dedocs

A fase rosa

Urucum na cara

Viramundo

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RECEPÇÃO DA 141ª TURMAA novidade desse semestre foi a retomada, pelo D.A.A.B., do cerimonial dos eventos da Recepção de Calouros. Construímos “detalhe por detalhe”: grade de programação; convites, telefonemas e agradecimentos aos palestrantes; exibição do documentário Sicko e condução de debate sobre sistemas de saúde; visita a centros de saúde pelo “Projeto da janela lateral”; apresentação de diferentes setores, projetos e grupos da FM-UFMG; e interação com os colegas que chegaram cheios de sonhos e esperança... O melhor retorno, certamente, foi disposição dos alunos recebidos em acolher seus futuros calouros da 142ª Turma.

REGISTROS DA GESTÃO CENTENÁRIO

VINHADA DO 1º SEMESTRE/2011: A banda MAMONAS COVER (DIET MUSIC) resgatou lembranças e celebrou a alegria com canções inesquecíveis, entre elas: “Pelados em Santos”; “ Sabão Crá- crá”; e “Vira-vira”. Os músicos, vindos também de Guarulhos, exibiram performances e fantasias conhecidas desde os tempos da infância!

PARTICIPAÇÃO NOS EVENTOS DA DENEM: Integrantes da Gestão Centenário e outros alunos da FM-UFMG participaram do Congresso Brasileiro de Estudantes de Medicina (COBREM) e do Encontro Científico de Estudantes de Medicina (ECEM), ambos organizados pela Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM). O primeiro ocorreu em Maceió/ AL (entre os dias 24 e 31 de janeiro de 2011), com o tema “Educação para além dos muros”. O evento, apesar de exaustivo, promoveu a integração de estudantes de várias partes do país e discussões sobre questões sociais e políticas relevantes. A metodologia da “árvore de problemas”, antiga em reuniões de grupos de resistência, foi repetidamente construída. O D.A.A.B. tinha a maior delegação do COBREM, com 18 alunos da FM- UFMG que resistiram às 72 horas de viagem. O ECEM ocorreu em Uberlândia/ MG, entre 17 e 24 de 2011, e contou com infra-estrutura e recepção mais acolhedoras. Entretanto, os espaços de discussão de Maceió foram substituídos por muitos momentos de doutrinação sobre o tema central “Saúde: Direito ou Mercadoria?”. Já as oficinas, agradaram os mais diversos gostos, com propostas de temas como: Agitação e Propaganda; Mística; Clown; Processo de Formação de Consciência; Concepção do Movimento Estudantil; As Ligas no Divã; Mobilização estudantil nas escolas pagas; Qualidade de Vida do Estudante de Medicina; Gênero + Feminismo. Outro aspecto agradável do evento foi dividir os espaços do Campus da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com os músicos, de diversos países, participantes do Movimento Internacional da Música de Uberlândia (MIMU). Violinos, flautas e violão-celos estavam em todos os cantos da Universidade, alcançando o tom certo para todos os concertos programados pelo encontro.

ELEIÇÕES DO DAAB:Nos dias 25 e 26 de maio de 2011 ocorreram as eleições para diretoria do DAAB. Foi a terceira eleição consecutiva em que havia apenas uma chapa inscrita. Desmobilização, falta de compromisso, preguiça ou satisfação com o trabalho realizado pelos colegas? Acreditamos que a última alternativa é a mais condizente com a realidade: a “chapa Centenário II” foi eleita com 98% dos votos válidos! Tomou posse, então, a Gestão Centenário II (composta por 32 membros), renovada, experiente e com ainda maior ímpeto de lutar por nossos anseios!

PARTICIPAÇÕES EM ÓRGÃOS COLEGIADOS: Nos últimos dois semestres, os RDOCs (indicados pelo DAAB) participaram de inúmeras discussões, tais como:

•Aprovação da nova matriz curricular do curso médico; •Revisão das atividades integralizadoras de créditos e dos estágios extracurriculares; •Criação e estabelecimento das funções de coordenadores de períodos; •Aprovação do novo Regimento Interno da Faculdade; •Discussões sobre a gestão e finanças do Hospital das Clínicas; •EBSERH; •Falta de anestesistas no HC- UFMG...

No final do mês de agosto serão divulgadas novas vagas de RDOCs, fique atento! O exercício de uma representação estudantil consciente e resistente será fundamental nos próximos semestres, já que todos os departamentos da Faculdade terão que se adequar ao novo currículo que está por vir...

PROJETOS PARA COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DA FM-UFMG: Festival Medicina porque acreditamos que “A arte vence a monotonia das coisas assim como a esperança vence a monotonia dos dias” (Gilbert Keith Chesterton) (volte à página 18); 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM): o DAAB tem participado ativamente na construção deste evento que discute inúmeros aspectos da formação médica e promove o encontro de mais de 3.000 estudantes e docentes(volte à página 9); Resgatar a parcela da história de nossa escola que foi registrada pelos jornais e documentos do DAAB; Reencontro dos eternos integrantes do DAAB: escutar histórias e sugestões de quem esteve no Diretório em outros tempos...

MELHORIAS DA INFRA-ESTRUTURA DA SEDE SOCIAL: No último semestre adquirimos: nova grelha para piso para área externa; mesas e cadeiras de madeira; ar-condicionado para sala de trabalho da gestão do DAAB; internet sem fio para usuários da Sede. Recebemos a doação de um freezer do acadêmico Guilherme Canabrava, da 135ª Turma da FM-UFMG. Para os próximos meses, estão previstas as seguintes melhorias: instalação de computadores na sala de reuniões; pintura da sede social; abertura do espaço “D.A.OTI”...

AGOSTO: Recepção da 142ª Turma da FM-UFMG e Vinhada; Reencontro DAAB.

SETEMBRO: Festival Medicina; Seminário de Saúde Pública.

OUTUBRO: Encontro Regional dos Estudantes de Medicina (EREM); Festa “A Queda dos Muros” (FM- UFMG e FCMMG); Festa “Início, meio e fim”.

NOVEMBRO: 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica...

AGENDA PARA 2011AGENDA PARA 2011

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Condições de pagamento:• Desconto de 5% nas compras à vista com cheque, dinheiro ou cartão de débito;• Para cooperados, desconto de 7% nas compras à vista com cheque ou dinheiro; desconto não

cumulativo com o anterior;• Acima de 40 reais, cheque para 30 dias ou 2x sem juros no cheque ou no cartão;• Acima de 100 reais, 3x sem juros no cheque ou no cartão.

• Os descontos não estão disponíveis nos livros ou outros produtos que já estejam em promoção.

Isenção na taxa de cooperação:de 8/8/2011 a 31/8/2011, o aluno que se cooperar ao Sicoob Credicom ficará isento

da taxa de cooperação para se associar à Coopmed.

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1.

Ginecologia Ambulatorial De R$ 284,00por r$220,00

Medicina Laboratorial para o ClínicoDe R$ 224,00por r$180,00

Manual de Rotinas em Obstetrícia e Medicina Fetal De R$ 48,00por r$ 35,00

PediatriaAmbulatorial De R$190,00por r$100,00

Fundamentos em Clínica Cirúrgica De R$ 180,00por r$ 90,00

Pediatria Hospitalare de UrgênciaDe R$ 56,00por r$ 35,00

Fundamentos de Ortopedia e Traumatologia De R$ 208,00por r$150,00

Clínica Cirúrgica Pediátrica: Guia Prático de ConsultaDe R$ 96,00por r$ 70,00

Puericultura Rotinas de Ambulatório de PediatriaDe R$ 30,00por r$ 20,00

Introdução a Estatística Médica De R$ 44,00por r$ 35,00

Estatística na área de saúdeDe R$ 104,00por r$ 85,00

Noções Básicas de Obstetrícia De R$ 280,00por r$ 230,00

Princípios Básicos de Geriatria e Gerontologia De R$ 215,00por r$170,00

Feridas:como tratar De R$ 68,00por r$ 50,00

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