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  • Regimes de Neutro em Mdia Tenso emSubestaes de Distribuio de EnergiaEltrica

    HUGO RICARDO DOS SANTOS TAVARESJaneiro de 2013

  • Regimes de Neutro em Mdia Tenso

    em Subestaes de Distribuio de

    Energia Eltrica

    Hugo Ricardo dos Santos Tavares

    Dissertao realizada no mbito do

    Mestrado em Engenharia Eletrotcnica Sistemas Eltricos de Energia

    sob orientao do Professora Doutora Teresa Nogueira e Engo. Jorge Santos

    Instituto Superior de Engenharia do Porto

    Departamento de Engenharia Eletrotcnica e de Computadores

    Rua Dr. Antnio Bernardino de Almeida, 431, 4200 - 072 Porto, Portugal

    Janeiro 2013

  • i

    Nunca tenha a certeza de nada, porque

    a Sabedoria comea com a dvida.

    (Sigmund Freud)

  • ii

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Gostava de agradecer em primeiro lugar aos meus orientadores, Professora Doutora

    Teresa Nogueira do Instituto Superior de Engenharia do Porto e Engenheiro Jorge Santos

    da EDP Distribuio pela preciosa ajuda nesta fase final da concluso do mestrado.

    Aos meus Pais e Irm.

    Ao Engenheiro Ricardo Prata e Eduardo Quaresma da EDP Distribuio de Lisboa

    pela disponibilidade e dvidas esclarecidas relativas ao software DPLAN.

    Ao Engenheiro Frantisek Zak da empresa EGE da Republica Checa pelas dvidas

    esclarecidas por correio eletrnico e por toda a informao disponibilizada.

    A todos os meus colegas do Instituto Superior de Engenharia do Porto, pelos

    momentos de trabalho na sala I203, pelo apoio e interesse demonstrado ao longo destes

    ltimos meses.

    EDP pela oportunidade para a realizao da minha dissertao.

    A todos os que de algum modo contriburam para que pudesse realizar este trabalho,

    o meu sincero reconhecimento e profunda gratido!

  • iv

  • v

    RESUMO

    A existncia do regime de neutro em subestaes de distribuio de energia eltrica

    essencial para o bom funcionamento de toda a rede. Existe um vasto leque de opes no

    que diz respeito aos regimes de neutro. Cada opo tem as suas vantagens e

    desvantagens, e cabe s empresas do setor eltrico a escolha do regime de neutro mais

    adequado em funo das caratersticas da rede. A escolha do regime de neutro tem

    influncia direta no desempenho global de toda a rede de mdia tenso.

    O principal objetivo desta dissertao o estudo e a anlise das vantagens e

    inconvenientes dos vrios regimes de neutro: neutro isolado, neutro impedante, ligado

    diretamente terra, neutro ressonante, analisando as suas vantagens e inconvenientes.

    feito um estudo aprofundado do regime de neutro ressonante, tambm designado por

    regime de neutro com a Bobine de Petersen. Este trabalho descreve, ainda, de forma

    sucinta a situao de Portugal relativamente aos regimes de neutro que utiliza e a sua

    perspetiva futura.

    Por fim apresentado um caso de estudo, que diz respeito a uma rede de mdia

    tenso (30 kV) alimentada pela subestao de Serpa. Foram estudados os regimes de

    neutro como a bobine de Petersen, reatncia de neutro e neutro isolado. Foi tambm

    estudada a influncia na ocorrncia de um defeito fase-terra e a influncia na ocorrncia de

    defeitos francos e resistivos em vrios pontos da rede.

  • vi

  • vii

    ABSTRACT

    The existence of the neutral earthing in distribution substations of electricity is

    essential to the proper functioning of the entire network. There is a wide range of options in

    neutral earthing. Each option has its advantages and disadvantages and it is up to the

    electric companies to choose the most appropriate system depending on the characteristics

    of the network. The choice of the neutral earthing has a direct influence on the overall

    performance of the entire medium voltage network.

    The main objective of this dissertation is the study and analysis of the advantages

    and disadvantages of the various neutral earthing: isolated neutral, neutral impedant,

    connected directly to earth, resonant grounding, analyzing their advantages and drawbacks.

    A thorough study of the resonant grounding, also called the neutral earthing with the

    Petersen Coil, was made. This study also briefly describes the situation of neutral earthing

    and its future perspective in Portugal.

    We present the study of a network of medium voltage (30 kV) fed by Serpas

    substation. We studied neutral earthing, as Petersen coil, reactor and neutral ungrounded.

    The influence on the occurrence of a phase to ground fault, the frank and resistive defects at

    several points of the network were also studied.

  • viii

  • ix

    NDICE

    AGRADECIMENTOS.................................................................................................................................. iii

    RESUMO ................................................................................................................................................... v

    ABSTRACT ............................................................................................................................................... vii

    NDICE ...................................................................................................................................................... ix

    NDICE DE FIGURAS ................................................................................................................................ xii

    NDICE DE TABELAS ............................................................................................................................... xiv

    ABREVIATURAS ...................................................................................................................................... xvi

    SIMBOLOGIA......................................................................................................................................... xvii

    Captulo 1 ................................................................................................................................................. 1

    Introduo ................................................................................................................................................ 1

    1.1 Enquadramento ..................................................................................................................... 1

    1.2 Objetivos do Trabalho ........................................................................................................... 2

    1.3 Estrutura da Dissertao ...................................................................................................... 3

    Captulo 2 ................................................................................................................................................. 5

    Regimes de neutro ................................................................................................................................... 5

    2.1 Introduo ............................................................................................................................... 5

    2.1.1 Impacto nas caratersticas de operao .................................................................... 8

    2.1.2 Impacto nas especificaes construtivas da rede .................................................... 8

    2.2 Regimes de neutro ................................................................................................................ 9

    2.2.1 Sistemas com 3 condutores ....................................................................................... 10

    2.2.2 Sistemas com 4 condutores ....................................................................................... 11

    2.2.3 Vantagens e desvantagens dos diversos Regimes de Neutro ............................. 14

    2.2.4 Ligaes do Regime de Neutro ................................................................................. 15

    2.2.5 Dificuldades e critrios de seleo ........................................................................... 15

    2.2.6 Neutro isolado e sistema de proteo ...................................................................... 17

    2.2.7 Neutro ligado diretamente terra ............................................................................. 20

    2.2.7.1 Sem o sistema de limitao do potencial terra (Neutro no distribudo): .. 21

    2.2.7.2 Com o sistema de limitao do potencial terra (Neutro distribudo): ......... 21

    2.2.7.3 Funo de proteo .................................................................................... 23

    2.2.8 Neutro ligado terra por impedncia ....................................................................... 24

    2.2.8.1 Reatncia de Neutro e sistema de proteo ............................................... 25

    2.2.8.2 Resistncia de Neutro e sistema de proteo ............................................. 27

    2.2.8.3 Bobine de Petersen ou Neutro ressonante ................................................. 30

  • x

    Aplicaes da Bobine de Petersen ......................................................................................................... 37

    3.1 Situao existente na rede portuguesa ........................................................................... 37

    3.2 Mudanas de Regime de Neutro ...................................................................................... 37

    3.3 Necessidade do Neutro Ressonante ................................................................................ 38

    3.4 Implementao do Neutro Ressonante em Portugal ..................................................... 40

    3.5 Anlise de sistemas de distribuio compensados ........................................................ 41

    3.6 Caratersticas da Bobine de Petersen ............................................................................. 41

    3.6.1 Regulao Contnua: .................................................................................................. 43

    3.6.2 Caratersticas tcnicas ............................................................................................... 44

    3.6.3 Caratersticas de configurao .................................................................................. 45

    3.6.3.1 Intervalos de funcionamento da impedncia ............................................... 45

    3.6.3.2 Intervalos de funcionamento da corrente de neutro .................................... 46

    3.6.4 Correntes de defeitos admissveis ............................................................................ 47

    3.6.5 Transformador para injeo de corrente homopolar para sintonizao da

    bobine 47

    3.6.6 Comando de controlo da bobine de Petersen ........................................................ 47

    3.7 Sistema de proteo para o Neutro Ressonante ........................................................... 48

    3.8 Deteo de defeitos terra com o rel 7SN60 da SIEMENS ...................................... 50

    3.8.1 Proteo de defeitos sensveis terra ..................................................................... 55

    3.8.2 Proteo sensvel Watimtrico .................................................................................. 55

    3.9 Mtodos de deteo de defeitos terra para redes de distribuio usando a bobine

    de Petersen ...................................................................................................................................... 57

    3.9.1 Deteo da tenso ...................................................................................................... 59

    3.9.2 Mtodo Wattimtrico ................................................................................................... 59

    3.10 Novos mtodos de deteo de defeitos terra para redes de distribuio usando a

    bobine de Petersen ......................................................................................................................... 61

    3.10.1 Mtodo da Condutncia ............................................................................................. 61

    3.10.2 Mtodo da Condutncia Incremental........................................................................ 62

    3.11 Custo da Bobine de Petersen ............................................................................................ 63

    3.11.1 Caratersticas da bobine de Petersen ...................................................................... 63

    3.11.2 Dimensionamento da potncia reativa da bobine .................................................. 63

    Captulo 4 ............................................................................................................................................... 65

    Anlise de um caso de estudo .......................................................................................................... 65

    4.1 Introduo ............................................................................................................................. 65

    4.2 Modelizao da bobine de Petersen ................................................................................ 65

    4.3 Rede de estudo .................................................................................................................... 66

  • xi

    4.3.1 Defeitos Francos .......................................................................................................... 68

    4.3.2 Defeitos resistivos ....................................................................................................... 72

    4.3.2.1 Defeitos resistivos (10 Ohms) ..................................................................... 72

    4.3.2.2 Defeitos resistivos (100 Ohms) ................................................................... 75

    4.3.2.3 Defeitos resistivos (500 Ohms) ................................................................... 78

    4.3.2.4 Defeitos resistivos (1000 Ohms) ................................................................. 80

    Capitulo 5 ............................................................................................................................................... 85

    Concluses ........................................................................................................................................... 85

    5.1 Concluses ........................................................................................................................... 85

    5.2 Trabalhos futuros a realizar ............................................................................................... 86

    BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................... 87

  • xii

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1 - Ponto de Neutro de um Sistema Trifsico ligado em Estrela ................................................5

    Figura 2.2 - Circuito equivalente de defeito terra .............................................................................. 15

    Figura 2.3 - Corrente defeito capacitiva num sistema de neutro isolado ............................................. 18

    Figura 2.4 - Deteo de um defeito ....................................................................................................... 19

    Figura 2.5 Defeito terra no regime de neutro ligado diretamente terra...................................... 20

    Figura 2.6- Esquema do regime de neutro com o neutro no distribudo ........................................... 21

    Figura 2.7 - Esquema do regime de neutro com o neutro distribudo.................................................. 22

    Figura 2.8 - Proteo de defeitos terra 51N ....................................................................................... 23

    Figura 2.9 - Reatncia de neutro com o neutro acessivel ..................................................................... 25

    Figura 2.10 - Reatncia de neutro sem o neutro acessvel ................................................................... 27

    Figura 2.11 - Defeito terra no regime de neutro ligado terra por uma resistncia......................... 27

    Figura 2.12 - Transformador monofsico com carga resistiva .............................................................. 28

    Figura 2.13 - Proteo de defeitos terra ............................................................................................ 29

    Figura 2.14 - Princpio de funcionamento da Bobine de Petersen ....................................................... 31

    Figura 2.15 - Defeito terra usando a bobine de Peterson .................................................................. 34

    Figura 2.16 - Vetor das correntes durante um defeito terra.............................................................. 35

    Figura 3.1 Defeito usando Bobine de Petersen .................................................................................. 42

    Figura 3.2 - Bobine de Petersen, Exemplo da EGE ................................................................................ 43

    Figura 3.3 - Descrio pormenorizada da Bobine de Petersen (Modelo ASR 1.6 da EGE) .................... 43

    Figura 3.4 - Esquema pormenorizado do interior da Bobine de Petersen ............................................ 44

    Figura 3.5 - Diagrama esquemtico da Bobine de Petersen ................................................................. 47

    Figura 3.6 - Tenses normais de funcionamento .................................................................................. 49

    Figura 3.7 - Tenses do sistema em caso de defeito ............................................................................ 49

    Figura 3.8 Rel de deteo de defeitos terra (7SN60) da SIEMENS ................................................ 50

    Figura 3.9 - Esquema de ligao dos equipamentos de medio da corrente ..................................... 51

    Figura 3.10 - Funcionamento do rel em caso de um defeito .............................................................. 51

    Figura 3.11 - Sistema com defeito no regime de neutro com a bobine de Petersen ........................... 52

    Figura 3.12 Distribuio das correntes na fase C durante um defeito numa rede radial .................. 53

    Figura 3.13 Fase C com defeito terra no regime usando a bobine de Petersen: Caso terico Sem

    resistncia presentes no XL ou XC ......................................................................................................... 53

    Figura 3.14 Correntes residuais homopolares ................................................................................... 54

    Figura 3.15 - Fase C com defeito terra no regime usando a bobine de Petersen: Caso pratica Com

    resistncia presentes no XL ou XC ......................................................................................................... 54

    Figura 3.16 - Componentes resistivas da corrente ............................................................................... 56

    Figura 3.17 - Diagrama fasorial tpico para defeitos terra e caratersticas de operao do rel

    watimtrico (32 W) usado em sistemas compensados ........................................................................ 60

    Figura 3.18 - Diagrama lgico simplificado de um elemento do rel watimtrico (32 W) ................... 60

    Figura 3.19 - Elemento da condutncia incremental (32C) caratersticas de operao ....................... 62

    Figura 3.20 - Diagrama Lgico Simplificado de um Elemento de Condutncia Incremental (32C) ...... 63

    Figura 4.1 - Configurao da Bobine de Petersen limitando a corrente de defeito a 40 A .................. 66

    Figura 4.2 Rede de estudo com os pontos em anlise ....................................................................... 67

    Figura 4.3 - Rede em defeito com o percurso da corrente de defeito .................................................. 68

    Figura 4.4 Valores das tenses para defeitos francos ........................................................................ 71

  • xiii

    Figura 4.5 - Valores das Tenses para defeitos resistivos (10 Ohms) ................................................... 75

    Figura 4.6 - Valores das tenses para defeitos resistivos (100 Ohms) .................................................. 77

    Figura 4.7 Valores das tenses para defeitos resistivos (500 Ohms) ................................................. 80

    Figura 4.8 Valores das tenses para defeitos resistivos (1000 Ohms) ............................................... 82

  • xiv

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 2.1 Diferenas entre os regimes de neutro ...............................................................................9

    Tabela 2.2 - Regimes de Neutro no Mundo .......................................................................................... 13

    Tabela 2.3 - Resumo das vantagens e desvantagens dos regimes de neutro ....................................... 14

    Tabela 3.1 Intervalo de impedncia da bobine de Petersen .............................................................. 46

    Tabela 3.2 Valores admissveis para a corrente de neutro ................................................................ 46

    Tabela 4.1 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 40 A ............................................ 69

    Tabela 4.2 - Valores de corrente para bobine de Petersen limitado a 40 A ......................................... 69

    Tabela 4.3 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 20 A ............................................ 69

    Tabela 4.4 - Valores de corrente para bobine de Petersen limitado a 20 A ......................................... 69

    Tabela 4.5 - Valores de tenso com a reatncia de neutro .................................................................. 70

    Tabela 4.6 - Valores da corrente de defeito com a reatncia de neutro .............................................. 70

    Tabela 4.7 - Valores de tenso com o neutro isolado ........................................................................... 70

    Tabela 4.8 - Valores da corrente de defeito com o neutro isolado ...................................................... 70

    Tabela 4.9 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 40 A ............................................ 72

    Tabela 4.10 - Valores da corrente de defeito para bobine de Petersen limitado a 40 A ...................... 73

    Tabela 4.11 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 20 A .......................................... 73

    Tabela 4.12 - Valores da corrente de defeito para bobine de Petersen limitado a 20 A ...................... 73

    Tabela 4.13 - Valores de tenso com a reatncia de neutro ................................................................ 73

    Tabela 4.14 - Valores da corrente de defeito com a reatncia de neutro ............................................ 74

    Tabela 4.15 - Valores de tenso com o neutro isolado ......................................................................... 74

    Tabela 4.16 - Valores da corrente de defeito com o neutro isolado .................................................... 74

    Tabela 4.17 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 40 A .......................................... 75

    Tabela 4.18 - Valores de corrente para bobine de Petersen limitado a 40 A ....................................... 75

    Tabela 4.19 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 20 A .......................................... 76

    Tabela 4.20 - Valores de corrente para bobine de Petersen limitado a 20 A ....................................... 76

    Tabela 4.21 - Valores de tenso com a reatncia de neutro ................................................................ 76

    Tabela 4.22 - Valores da corrente de defeito com a reatncia de neutro ............................................ 76

    Tabela 4.23 - Valores de tenso com o neutro isolado ......................................................................... 77

    Tabela 4.24 - Valores da corrente de defeito com o neutro isolado .................................................... 77

    Tabela 4.25 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 40 A .......................................... 78

    Tabela 4.26 - Valores de corrente para bobine de Petersen limitado a 40 A ....................................... 78

    Tabela 4.27 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 20 A .......................................... 78

    Tabela 4.28 - Valores de corrente para bobine de Petersen limitado a 20 A ....................................... 78

    Tabela 4.29 - Valores de tenso com a reatncia de neutro ................................................................ 79

    Tabela 4.30 - Valores da corrente de defeito com a reatncia de neutro ............................................ 79

    Tabela 4.31 - Valores de tenso com o neutro isolado ......................................................................... 79

    Tabela 4.32 - Valores da corrente de defeito com o neutro isolado .................................................... 79

    Tabela 4.33 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 40 A .......................................... 80

    Tabela 4.34 - Valores de corrente para bobine de Petersen limitado a 40 A ....................................... 80

    Tabela 4.35 - Valores de tenso para bobine de Petersen limitado a 20 A .......................................... 81

    Tabela 4.36 - Valores de corrente para bobine de Petersen limitado a 20 A ....................................... 81

    Tabela 4.37 - Valores de tenso com a reatncia de neutro ................................................................ 81

    Tabela 4.38 - Valores da corrente de defeito com a reatncia de neutro ............................................ 81

  • xv

    Tabela 4.39 - Valores de tenso com o neutro isolado ......................................................................... 82

    Tabela 4.40 - Valores da corrente de defeito com o neutro isolado .................................................... 82

  • xvi

    ABREVIATURAS

    A - Ampere

    ANSI - American National Standards Institute

    AT - Alta Tenso

    BT - Baixa Tenso

    CAIDI - Costumer Average Interruption Duration Index

    EDF - Eletricidade de Frana

    EDP - Energias de Portugal

    ERSE - Entidade Reguladora Dos Servios Energticos

    DGEG - Direo Geral de Energia Geologia

    DMIC - ndice de Durao Mdia de Interrupo no Cliente

    DMIS - ndice de Durao Mdia de Interrupo do Sistema

    IDMT - Tempo Mnimo Inverso Definido

    kV - Quilovolt

    MT - Mdia Tenso

    PTs - Postos de Transformao

    PURN - Programa de Uniformizao de Regimes de Neutro

    RND - Rede Nacional de Distribuio

    RQS - Regulamento da Qualidade de Servio

    SAIDI - System Average Interruption Duration Index

    SEN - Sistema Eltrico Nacional

    TI - Transformadores de Intensidade

    TT - Transformadores de Tenso

  • xvii

    SIMBOLOGIA

    % - Percentagem

    - Ohm

    3I0 - Corrente homopolar

    C - Capacidade da fase em relao terra

    I1 - Corrente da fase 1

    I2 - Corrente da fase 2

    I3 - Corrente da fase 3

    Ic - Corrente capacitiva

    Id - Corrente de defeito

    Ik1 - Corrente de curto-circuito (Fase Terra)

    IL - Corrente no ponto de neutro

    ILN - Circulao de corrente no neutro na reatncia de neutro

    In - Corrente nominal

    IN - Circulao da corrente no neutro ligado diretamente terra

    I0 - Corrente homopolar

    IR - Corrente resistiva

    IRN - Circulao de corrente no neutro na resistncia de neutro

    IrsdA - Corrente residual A

    IrsdB - Corrente residual B

    L1 - Fase 1 do sistema

    L2 - Fase 2 do sistema

    L3 - Fase 3 do sistema

    LN - Reatncia de neutro

    N - Condutor de Neutro

    R - Resistncia

    RN - Resistncia de Neutro

    - Tenso Nominal

  • xviii

    V - Tenso simples

    V0 - Tenso residual

    V0 - Tenso homopolar

    X - Reatncia

    Z - Impedncia

    ZN - Impedncia entre o ponto neutro e a terra

  • INTRODUO

    1

    Captulo 1

    Introduo

    1.1 Enquadramento

    A energia eltrica tem uma importncia decisiva como fator de

    desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida das populaes, mas as atividades

    inerentes sua produo e distribuio podem ter efeitos ambientais menos positivos.

    Em Portugal, a EDP distribuio do grupo EDP opera na atividade de

    distribuio de eletricidade.

    As redes de distribuio so constitudas por linhas areas e cabos

    subterrneos AT (60 kV), MT (30 kV, 15 kV e 10 kV) e ainda em BT (400/230 V), por

    subestaes, postos de transformao e os demais equipamentos necessrios para a

    sua explorao. A iluminao pblica includa nas redes de distribuio (E.D.P,

    2012).

    A liberalizao no setor de energia, implicou a adaptao da empresa s novas

    condies do mercado, assim imps como principal objetivo aumentar o grau de

    satisfao dos clientes e a sua fidelizao, privilegiando o aumento da qualidade de

    servio prestado. Assim sendo, a escolha do regime de neutro pode influenciar

    bastante este indicador.

    A produo de eletricidade nos grandes centros produtores no por si s

    suficiente sendo necessrio criar infraestruturas para transportar a energia eltrica at

    ao consumidor final. A distncia geogrfica entre os centros produtores e os

    consumidores finais, a irregularidade das cargas e a impossibilidade de armazenar

    energia eltrica tornou evidente a necessidade de criar uma rede com a capacidade de

    transmisso a longas distncias (Puret, 1992).

    Os sistemas eltricos em MT abastecem as subestaes que vo fornecer os

    consumidores finais. Estas redes so normalmente emalhadas, mas so operadas em

    estrutura radial. Esta estrutura realmente favorvel em condies normais de

    operao visto que permite uma rpida localizao de defeitos. A topologia radial pode

    ser alcanada atravs da abertura de um conjunto de interruptores-seccionadores

    localizados em partes estratgicas da rede. As novas tecnologias de automao,

    permitem o uso de interruptores-seccionadores, bem como o de outros aparelhos

    telecomandados distncia a partir dos centros de conduo. Desta forma

  • CAPTULO 1

    2

    as empresas de distribuio so capazes de alterar o layout das redes MT atravs

    de reconfiguraes peridicas (Zizzo, 2010).

    O regime de neutro, ou a ligao intencional da fase ou do neutro terra, tem

    como objetivo controlar a tenso para a terra, dentro de limites aceitveis. Tambm

    fornece um fluxo de corrente que ir permitir a deteo de uma ligao indesejada

    entre os condutores do sistema e a terra, ou seja, um defeito terra. A origem desta

    ligao indesejada geralmente resultado de quebras de isolamento. A energia

    libertada num defeito terra pode conduzir a um processo de interrupes, avarias em

    equipamentos, incndios e riscos de exploso (Cochran, 2012).

    O regime de neutro usado na operao das redes de distribuio desempenha

    um papel muito importante porque as instalaes eltricas requerem um mtodo de

    ligao terra apropriado (Zamora, 2004). A seleo do regime de neutro influencia o

    comportamento do sistema de distribuio no decorrer de um defeito, sendo o regime

    de neutro adotado como um dos sistemas de proteo. O objetivo principal o de

    assegurar a segurana de pessoas e bens e garantir uma elevada continuidade de

    servio, com o objetivo de conseguir ndices de qualidade de servio aceitveis,

    diminuir as avarias e choques trmicos dos equipamentos, reduzir as interferncias

    nos sistemas de comunicao. Este regime possibilita, ainda, a rpida deteo e

    eliminao de defeitos ((Roberts, 2001); (Zamora, 2004)).

    1.2 Objetivos do Trabalho

    Esta dissertao surge do interesse da E.D.P perceber o modo de

    funcionamento do regime de neutro usando a bobine de Petersen, de avaliar sistemas

    de proteo e deteo de defeitos aplicando este regime de neutro s novas

    subestaes em Portugal continental. Pretende-se, ainda, estudar os diversos regimes

    de neutro, analisando as diferenas entre eles.

    Sintetizam-se, agora, os objetivos da dissertao:

    Identificao das opes de regimes de neutro existente e suas

    vantagens e desvantagens;

    Anlise da situao existente na rede portuguesa;

    Estudo da introduo ao regime de neutro usando a bobine de Petersen

    na rede portuguesa: vantagens e constrangimentos, caraterizao

    tcnica das bobines, dos sistemas de proteo e deteo de defeitos;

    Caso de estudo de uma rede usando o software DPLAN.

  • INTRODUO

    3

    1.3 Estrutura da Dissertao

    A dissertao composta por 5 captulos. No 1 captulo feita uma breve

    introduo ao SEN, aos regimes de neutro e descrita a estrutura da dissertao.

    No captulo 2 so discutidos os vrios regimes de neutro existentes para redes

    de distribuio em mdia tenso analisando as vantagens e desvantagens, as

    diversas configuraes existentes e os sistemas de proteo associado a cada regime.

    O captulo 3 dedicado em especial a um regime de neutro, o neutro

    ressonante. feita uma anlise pormenorizada a este regime, e so ainda abordados

    os sistemas de proteo e os mtodos de deteo de defeitos a ele associados. Tal

    como o regime de neutro utilizado em Portugal e quais as tendncias para o futuro.

    O 4 captulo diz respeito a um caso de estudo que serve de apoio para o

    desenvolvimento desta dissertao. Foi estudado o impacto dos diversos regimes de

    neutro em caso de defeitos francos e resistivos relativamente ao valor da tenso na

    fase de defeito, nas fases ss e a corrente de defeito.

    Por fim, no captulo 5 sero descritas as concluses gerais desta dissertao

    com sugestes de potenciais trabalhos a realizar no futuro.

  • 4

  • REGIMES DE NEUTRO

    5

    Captulo 2

    Regimes de neutro

    2.1 Introduo

    Quando se fala dos regimes de neutro h, necessariamente, que abordar as

    suas vantagens e desvantagens que lhes so inerentes. Deve existir um compromisso

    de forma a que o regime de neutro adotado assegure a segurana de pessoas e bens,

    mantenha a qualidade de servio em ndices satisfatrios evitando sanses

    econmicas para a empresa fornecedora do servio. O regime de neutro

    implementado nas subestaes de distribuio de energia eltrica que determina as

    caratersticas dos defeitos terra (Clement, 1993).

    Em qualquer sistema trifsico existem trs tenses que se podem medir entre

    cada fase e um ponto comum, denominado Ponto de Neutro. O neutro

    normalmente o ponto onde esto ligadas as trs fases do sistema (Figura 2.1) (Prv,

    2006).

    Figura 2.1 - Ponto de Neutro de um Sistema Trifsico ligado em Estrela

    O neutro pode ou no estar acessvel ou distribudo. O regime de neutro em

    subestaes AT/MT, e a escolha se o condutor de neutro ou no distribudo

    (distino entre 3 ou 4 condutores) tem influncia direta num vasto conjunto de

    parmetros da rede. Em alguns pases o neutro em MT no distribudo, como

    acontece em Portugal, contudo o neutro em BT normalmente distribudo. Em

    instalaes eltricas o neutro pode ser ligado terra ou no. por esta razo que se

    fala sobre os regimes de neutro. O neutro pode ser ligado diretamente terra ou

    atravs de uma resistncia/reatncia. No primeiro caso dizemos que o neutro ligado

  • CAPTULO 2

    6

    diretamente terra e no segundo caso ligado atravs de uma impedncia. Pode,

    ainda, tratar-se de neutro isolado quando no existe nenhuma ligao fsica entre o

    neutro e a terra.

    Em redes de distribuio, o regime de neutro desempenha um papel muito

    importante. Quando ocorre uma falha no isolamento ou uma fase entra acidentalmente

    em contacto com a terra, os valores das correntes de defeito que podem ser

    produzidas, as tenses de contacto e as sobretenses esto estreitamente

    relacionados com o regime de neutro adotado. O neutro ligado diretamente terra

    limita fortemente as sobretenses mas causa correntes de defeito muito elevadas, ao

    invs no regime de neutro isolado as correntes de defeitos so mais baixas mas

    favorecem sobretenses elevadas.

    Em qualquer instalao, a continuidade de servio no caso de um defeito de

    isolamento est diretamente relacionado com o regime de neutro. O neutro isolado

    permite continuidade de servio durante um defeito, contrariamente o neutro ligado

    diretamente terra ou o neutro ligado terra atravs de uma baixa impedncia origina

    disparo ao primeiro defeito. A extenso de prejuzos de alguns equipamentos, tais

    como motores e geradores quando expostos a um defeito tambm depende do regime

    de neutro adotado (Prv, 2006).

    H alguns objetivos bsicos a considerar na escolha do regime de neutro para

    um qualquer sistema. So eles ((Cochran, 2012); (IEEE, 2000)):

    As tenses nominais e o grau de proteo contra descargas

    atmosfricas;

    Limitao de sobretenses;

    Seletividade e sensibilidade dos defeitos terra;

    Limitar a corrente de defeito terra;

    Segurana das pessoas e animais;

    Reduo na frequncia de defeitos;

    Reduo da manuteno quer em custos e tempo;

    Facilidade na deteo dos defeitos terra.

    A topologia de uma rede eltrica caraterizada por todas as fases que

    envolvem a atividade da energia eltrica na distribuio pblica (Layout, proteo e

    operao). Na prtica, para o distribuidor, definir a topologia, significa assumir alguns

    fatores fsicos e simultaneamente ter em considerao os objetivos traados e alguns

  • REGIMES DE NEUTRO

    7

    condicionalismos tcnicos (Puret, 1992). A escolha da topologia depende dos

    seguintes objetivos:

    Garantir a segurana de pessoas e bens;

    Atingir um nvel pr-definido para a qualidade de servio;

    Produzir a rentabilidade esperada.

    A escolha do regime de terra define, entre outras coisas, as sobretenses e as

    sobreintensidades de defeito terra que podem ser encontrados na rede. Estes dois

    parmetros so contraditrios, uma vez que para obter valores baixos de corrente de

    defeito, conduz a valores elevados de tenso e vice-versa. Estes valores colocam

    restries eltricas que o equipamento tem de suportar, contudo optar por uma

    determinada configurao da rede, podemos simultaneamente escolher as diversas

    protees existentes para aquela configurao e modo de operao (Puret, 1992).

    As redes pblicas de distribuio, em MT, so construdas com base em dois

    parmetros fundamentais que influenciam a maioria dos componentes bem como o

    seu funcionamento. Estes parmetros so o regime de neutro e a tenso de

    funcionamento. A escolha destes dois parmetros tem um impacto muito importante

    em toda a rede de distribuio, e muito difcil, seno mesmo impossvel ou

    economicamente no vivel alter-los posteriormente. Por isso essencial

    compreender perfeitamente a influncia destas decises noutros parmetros da rede,

    tais como os sistemas de protees, a segurana, os defeitos, entre outros (Fulchiron,

    2001)).

    O valor da corrente de defeito terra, no caso de o defeito ser entre fase-terra,

    determinado principalmente pela impedncia do regime de neutro e pelas

    capacidades entre as fases condutoras e a terra, presentes na rede de distribuio.

    A tenso de contacto e de passo so dois aspetos que dizem respeito

    segurana das pessoas na proximidade do defeito eltrico. Estes valores de tenses

    esto diretamente relacionados com o valor das correntes de defeito e as impedncias

    por onde a corrente de defeito circula.

    No nvel de sobretenses, o regime de neutro tem um efeito na frequncia de

    sobretenses em ambiente industrial quando ocorrem defeitos, tambm na amplitude

    e amortecimento de fenmenos oscilatrios ou transitrios.

    Relativamente ao nvel das perturbaes nas redes vizinhas, em caso de redes

    areas, a corrente de defeito origina um forte campo magntico. So induzidas

    tenses nas redes vizinhas, redes de telecomunicaes, redes cabladas (Cabos com

    Cobre). O nvel de tenso pode ser considerado inaceitvel se colocar em risco a

  • CAPTULO 2

    8

    operao normal ou at o isolamento dos equipamentos vizinhos. Antes da instalao

    de novas linhas MT, devem ser realizados estudos de compatibilidade

    eletromagntica (Fulchiron, 2001).

    2.1.1 Impacto nas caratersticas de operao

    Um vasto conjunto de critrios de operao afetado, tambm, pelo regime de

    neutro (Fulchiron, 2001):

    A durao permitida em cada defeito terra (extenso do perigo e

    segurana);

    O comportamento da formao dos arcos em ambiente externo (se

    auto-extinguvel ou no);

    Os mtodos usados para localizar os defeitos na rede;

    As flutuaes nas tenses na extremidade das cargas durante o defeito;

    O nmero e a durao dos defeitos sentidos pelos clientes;

    A possibilidade e a facilidade de reconfigurao da rede depois de um

    incidente.

    2.1.2 Impacto nas especificaes construtivas da rede

    O regime de neutro tem uma importante influncia nos aspetos construtivos

    das redes (Fulchiron, 2001):

    Os valores das impedncias de ligao terra tm de ser adaptadas

    corrente de defeito;

    Os condutores afetados pelos defeitos devem possuir uma adequada

    resistncia trmica;

    O isolamento dos condutores e dos equipamentos deve ter em

    considerao as sobretenses influenciadas pelo regime de neutro.

    A possibilidade de defeitos terra sempre uma questo pertinente, uma vez

    que os defeitos que afetam vrias fases no so influenciados pelo regime de neutro

    existente.

    A Tabela 2.1 contm uma lista significativa dos efeitos gerados pela escolha

    inicial dos regimes de neutro e mostra vrios fatores diretamente relacionados com os

    valores da corrente de defeito ((Fulchiron, 2001); (Roberts, 2001)). O mesmo se aplica

  • REGIMES DE NEUTRO

    9

    segurana das pessoas (tenso de passo e de contacto), cavas de tenso,

    compatibilidade eletromagntica com os circuitos vizinhos (redes de

    telecomunicaes) e avarias no local do defeito. Estes factos vm confirmar que no

    existe um regime de neutro perfeito j que as vantagens e desvantagens esto

    distribudas pelos diversos regimes (Fulchiron, 2001).

    Tabela 2.1 Diferenas entre os regimes de neutro

    Regime de

    Neutro Isolado Bobine de Petersen Impedante

    Ligado Diretamente

    terra

    Corrente do

    defeito

    Relacionado com

    a Capacitncia: 2

    a 200 A

    Quase nulo, depende

    da afinao e fator da

    qualidade (< 40 A)

    Dependendo da

    impedncia:

    100 A a 2000 A

    Elevado: 2 a 25 kA,

    varia com o local

    Perigosidade Baixo Quase nula Depende da

    impedncia Elevada

    Restries Algumas

    sobretenses Calor na bobine

    Calor na

    impedncia

    Trmicas e

    eletrodinmicas

    Sistema de

    protees Difcil Complexa Fcil (Tempo) Fcil (Corrente)

    Nvel de

    isolamento

    necessrio

    Fase - Fase Fase - Fase Fase - Fase1

    Fase - Neutro2 Fase - Neutro

    A importncia relativa destas vantagens varia consoante a rede em questo

    seja constituda por linhas areas ou com cabos subterrneos, varia o comprimento da

    rede, entre outros fatores. Uma deciso bem pensada pode ser prudente para o futuro,

    uma vez que a rede com os anos tende a evoluir e podem ser necessrias novas

    alteraes.

    2.2 Regimes de neutro

    As redes podem ser classificadas em duas grandes categorias (Fulchiron,

    2001):

    Redes com o neutro distribudo (4 condutores).

    Redes com o neutro no distribudo (3 condutores).

    1 Usando uma resistncia de neutro

    2 Usando reatncia de neutro

  • CAPTULO 2

    10

    Em teoria, cada uma destas duas categorias pode usar diferentes regimes de

    neutro com vrios valores de impedncias. De facto, todas as redes com 4 condutores

    usam o regime de neutro ligado diretamente terra. O condutor de neutro pode ser

    ligado diretamente terra atravs de vrios pontos na rede e desta forma nunca

    apresenta tenses perigosas. Esta configurao usada nos Estados Unidos, com

    maior predominncia no norte da Amrica, mas tambm em certas regies do sul da

    Amrica, Austrlia e alguns pases influenciados pelos Estados Unidos da Amrica.

    Redes com 3 condutores usam 4 tipos de regimes de terras (Fulchiron, 2001):

    Neutro ligado diretamente terra (Gr-Bretanha, Espanha, entre outros)

    Neutro impedante (Frana, Alemanha, Espanha, Portugal, entre outros)

    Bobine de Peterson (Alemanha, Hungria, Polnia, entre outros)

    Neutro isolado (Espanha, Sucia, Noruega, Itlia, China, entre outros)

    Estas escolhas so feitas com base nas caratersticas do local de

    implementao, nomeadamente com a tipologia da rede, que pode ser area ou

    subterrnea. As alteraes do regime de neutro so possveis, mas acarretam

    enormes encargos financeiros, sobretudo no que diz respeito mudana de

    equipamentos e aos recursos humanos utilizados.

    2.2.1 Sistemas com 3 condutores

    Neste sistema, o condutor neutro no distribudo e assim sendo no est

    disponvel para os utilizadores. As cargas, mesmo sendo monofsicas s podem ser

    ligadas s fases da rede. Esta soluo no gera qualquer corrente no condutor de

    neutro, excluindo qualquer desequilbrio capacitivo nas fases condutoras, que num

    sistema com estas caratersticas zero. Em redes com o neutro no distribudo, as

    cargas so obrigatoriamente colocadas entre as fases e quando existe a ligao do

    neutro, no circula nenhuma corrente atravs dele. Esta situao puramente terica

    uma vez que correntes capacitivas que existem entre as fases condutoras e a terra

    nunca esto perfeitamente equilibradas. Este desequilbrio devido diferente

    geometria nas linhas areas, ao interior dos transformadores, entre outros fatores.

    Contudo, quando a rede construda, o distribuidor tem em conta a troca dos

    condutores ao longo de cada alimentador, a contnua corrente residual de cada fonte

    de alimentao pode ser reduzida em menos de 1 A, ou at menos quando se usa o

    neutro isolado. Este tipo de corrente residual natural pode ser usada para encontrar a

  • REGIMES DE NEUTRO

    11

    presena de baixos valores de correntes provenientes de defeitos vindos das

    subestaes (Fulchiron, 2001).

    O ponto de neutro da rede, continua disponvel exclusivamente para o

    distribuidor, podendo ser ligado uma impedncia de qualquer valor ou tipo. Na prtica

    so usados 4 regimes de neutros, o isolado, bobine de Petersen, impedante ou o

    ligado diretamente terra. Se o valor da impedncia do regime de neutro significante

    comparado com a impedncia da rede, a impedncia homopolar resultante determina

    o valor mximo da corrente de curto-circuito terra.

    Para o clculo da impedncia homopolar da rede, a impedncia de neutro

    dever ser considerada como estando em paralelo com as capacidades fase-terra da

    rede. Estas capacidades podem tomar valores elevados, o que contribuir

    significativamente para o valor da corrente de curto-circuito fase-terra. No entanto,

    como no existe corrente residual durante a explorao normal da rede, os

    curto-circuitos fase-terra podem ser detetados na subestao.

    Dependendo da impedncia de neutro, a proteo adotada pode variar, mas

    no existe a obrigao tcnica de usar dispositivos de proteo descentralizada. O

    sistema de proteo pode permanecer simples, com a vantagem que no requer

    alteraes se for alterada a estrutura da rede (Fulchiron, 2001).

    2.2.2 Sistemas com 4 condutores

    Sistemas com 4 condutores so caraterizados pela distribuio do condutor de

    neutro. Esta configurao usada nos Estados Unidos da Amrica e alguns pases

    influenciados pela Amrica do Norte e sujeitos regulamentao do Instituto Nacional

    de Estandardizao Americana (ANSI). A distribuio do condutor de neutro permite

    que as cargas monofsicas sejam alimentadas, entre a fase e o neutro. Em condies

    normais de operao, a utilizao de uma fase, no totalmente controlada pelo

    distribuidor, o que resulta na presena de uma corrente no condutor de neutro ou na

    terra. Devido ligao direta terra, a corrente de defeito limitada principalmente

    pela impedncia da rede, distncia entre o transformador AT/MT e a localizao do

    defeito. Esta situao exige o uso de uma proteo descentralizada, que seja capaz

    de identificar pequenos intervalos de corrente conforme aumenta a distncia, e que

    seja coordenada ao mesmo tempo. O sistema de protees resultante complexo e

    inadequado para a reconfigurao da rede em caso de um incidente (Fulchiron, 2001).

    A escolha do regime de neutro para sistemas eltricos tem sido tpico de uma

    acesa controvrsia devido ao facto de ser impossvel encontrar um compromisso para

    os diversos regimes. A experincia adquirida permite fazer uma escolha mais correta

  • CAPTULO 2

    12

    de acordo com as restries tcnicas de cada sistema de neutro. Este captulo

    compara os diferentes regimes de neutro, distinguindo-se pela ligao do ponto de

    neutro e a tcnica de funcionamento usada [Schneider-2008].

    No existe um regime de neutro normalizado, isto significa que cada pas,

    empresa fornecedora do servio, usa o regime de neutro que considera mais

    vantajoso. possvel encontrar pelo mundo todo os diversos regimes de neutro

    adotados (Puret, 1992):

    Neutro isolado

    Neutro ligado diretamente terra

    Neutro distribudo

    Neutro no distribudo

    Neutro ligado terra por impedncia

    Neutro ressonante

    A escolha do regime de neutro adotado depende (Clement, 1993):

    Das caratersticas do sistema de mdia tenso:

    Nvel de Tenso

    Sistema subterrneo ou areo

    Comprimento da rede

    Nmero e a topologia dos defeitos que afetam o sistema

    Resistividade do solo

    Dos objetivos para a sua utilizao:

    Valores de sobretenses admissveis que garantam a

    coordenao do isolamento dos equipamentos e a segurana das

    pessoas

    Padro de fornecimento

    Limitao dos fenmenos de induo aos sistemas vizinhos

    Legislao em vigor.

    Comparao entre os custos dos diferentes mtodos e seus graus de

    eficincia.

    Como j foi referido, nenhum destes regimes usado dominantemente pelo

    mundo, alguns so especficos de alguns pases, no entanto podem ser usados mais

    que um regime de neutro dentro do mesmo pas ou at mesmo pela empresa

    distribuidora de eletricidade (Tabela 2.2) ((Puret, 1992); (Roberts, 2001)). No entanto,

  • REGIMES DE NEUTRO

    13

    a escolha do regime de neutro tem sempre em considerao os custos da instalao e

    de operao.

    Tabela 2.2 - Regimes de Neutro no Mundo

    Regime

    de

    Neutro

    Neutro ligado

    terra (Neutro

    distribudo)

    Neutro ligado

    terra (Neutro

    no distribudo)

    Neutro ligado

    terra por

    impedncia

    Neutro

    ressonante

    Neutro

    Isolado

    Pa

    se

    s

    Austrlia X

    Canada X

    Espanha X X X X

    Frana X

    Japo X

    Estados Unidos X

    Itlia X

    Alemanha X X

    Irlanda X

    Gr-Bretanha X

    Amrica Latina X

    China X

    Per X

    Rssia X

    Portugal X

    Israel X

    A escolha do regime de neutro influencia o desempenho da rede de distribuio

    e a escolha das protees a utilizar. As principais diferenas entre os diversos regimes

    de neutro esto relacionadas com o comportamento da rede em caso de um defeito

    terra (Puret, 1992).

    Estas diferenas traduzem-se em termos reais para ((Puret, 1992)):

    A facilidade na deteo de defeitos;

    A segurana para as pessoas e bens;

    Os impactos nos equipamentos eletrotcnicos.

  • CAPTULO 2

    14

    2.2.3 Vantagens e desvantagens dos diversos Regimes de Neutro

    Tabela 2.3 - Resumo das vantagens e desvantagens dos regimes de neutro

    Regime de neutro Vantagens Desvantagens

    Neutro ligado diretamente

    terra

    (Neutro distribudo)

    Alimentao monofsica

    e trifsica

    Elevada qualidade nos eletrodos

    de terra utlizados

    Sistema complexo de protees

    Elevados valores de corrente de

    defeito

    Neutro ligado diretamente

    terra

    (Neutro no distribudo)

    Fcil deteo de defeitos Elevados valores de corrente de

    defeito

    Reatncia de Neutro

    Limitao das

    sobretenses

    Limita a corrente de

    defeito

    Impossvel operao da rede em

    caso de defeito

    No permite a autoextino de

    correntes de defeito

    Neutro Impedante

    (Comparado com o

    neutro ligado terra)

    Limita a corrente de

    defeito

    Sistema mais complexo de

    protees

    (Comparado com o

    neutro isolado) Reduz sobretenses

    Valores superiores de corrente de

    defeito

    Neutro Ressonante Autoextino de

    correntes de defeito Sistema complexo de protees

    Neutro Isolado Limita a corrente de

    defeito Elevadas sobretenses

    Existe um vasto conjunto de regimes de neutro que se podem aplicar nas redes

    de distribuio de mdia tenso por todo o mundo. Desde o neutro ligado diretamente

    terra com o neutro no distribudo (Reino Unido), neutro ligado diretamente terra

    mas no qual o neutro se encontra distribudo (Estados Unidos e Canad), neutro

    isolado (Itlia, Japo e Irlanda), neutro impedante (Frana e Espanha) ou neutro

    ressonante (Alemanha, Escandinvia, Frana) (Griffel, 1997).

    Antigamente, as grandes empresas faziam as suas escolhas iniciais

    baseando-se apenas em aspetos econmicos e tcnicos, deixando para segundo

    plano questes como a segurana e a qualidade no fornecimento de energia eltrica,

    enquanto que agora estas so de extrema relevncia. A implementao do regime de

    neutro depende das caratersticas fsicas da rede de mdia tenso (comprimento da

  • REGIMES DE NEUTRO

    15

    rede, rede area/subterrnea), da densidade e tipos de carga a alimentar e da

    qualidade dos eltrodos de terra (Griffel, 1997).

    Como j foi visto, existe uma vasta panplia de regimes de neutro que podem

    ser utilizados, sendo que cada um apresenta vantagens e desvantagens, e custos

    diferentes consoante a soluo adotada.

    2.2.4 Ligaes do Regime de Neutro

    O condutor de neutro pode ser ligado terra atravs de 5 maneiras diferentes,

    de acordo com o tipo (Capacitivo, resistivo ou indutivo) e com valor (0 at ) da

    impedncia ZN a utilizar na ligao entre o neutro e a terra (Figura 2.2)

    [Schneider-2008].

    ZN , Neutro Isolado, no existe ligao terra.

    ZN est relacionado com a resistncia com um valor bastante elevado.

    ZN est relacionado com a reatncia, normalmente com um valor baixo.

    ZN est relacionado com a bobine de compensao (Bobine de Petersen),

    designado para compensar sistemas capacitivos.

    ZN 0, o neutro ligado diretamente terra.

    Figura 2.2 - Circuito equivalente de defeito terra

    2.2.5 Dificuldades e critrios de seleo

    So vrios os critrios de seleo a considerar, nomeadamente

    [Schneider-2008]:

    Consideraes tcnicas (Funcionamento do sistema de potncia,

    sobretenses, correntes de defeito);

  • CAPTULO 2

    16

    Consideraes operacionais (continuidade de servio, manuteno);

    Custos (Investimentos e despesas operacionais);

    Local e mtodos usados.

    As sobretenses excessivas so originadas na ocorrncia de um defeito, sendo

    um problema que pode causar a rutura dieltrica do material isolador, causando curto-

    circuitos e podem ter diversas origens, nomeadamente [Schneider-2008]:

    Descargas atmosfricas a que todos os equipamentos exteriores esto

    sujeitos;

    Sobretenses de origem interna causadas por comutaes e situaes

    crticas, como situaes de ressonncia;

    Sobretenses resultantes de defeitos terra e a sua eliminao.

    O principal objetivo dos sistemas de protees evitar que os valores elevados

    da corrente de defeito sejam atenuados o mais rpido possvel. A corrente

    normalmente muito elevada e produz uma srie de consequncias relacionadas com

    os seguintes aspetos [Schneider-2008].

    Danos causados por arco eltrico no ponto de defeito, nomeadamente a

    fuso de componentes em mquinas eltricas rotativas;

    Limite trmico da proteo do cabo;

    Tamanho e custo da resistncia de terra;

    Induo em circuitos adjacentes de telecomunicaes;

    Perigo para as pessoas, originado pelo potencial aumento de exposio

    s partes condutoras.

    Infelizmente, otimizar um destes requisitos implica, automaticamente, a

    desvantagem de outro. Tipicamente dois tipos de regimes de neutro acentuam este

    contraste:

    Neutro isolado, elimina o fluxo da corrente de defeito terra atravs do

    neutro mas origina sobretenses elevadas.

    Neutro ligado diretamente terra, que reduz ao mnimo as

    sobretenses, mas em contrapartida origina elevados valores de

    corrente.

  • REGIMES DE NEUTRO

    17

    Para as consideraes operacionais, de acordo com o regime de neutro

    adotado:

    Operao da rede pode ou no ser possvel aps uma falha que tenha

    ocorrido;

    As tenses de contacto so diferentes;

    A seletividade das protees podem ser fcil ou difcil implementao.

    2.2.6 Neutro isolado e sistema de proteo

    Diz-se que uma rede tem o regime de neutro isolado quando no existe

    qualquer tipo de ligao fsica entre o ponto de neutro do transformador MT e a terra

    (Figura 2.3) [Schneider-2008]. A tenso mdia da rede em relao com a terra ento

    fixada pela impedncia entre condutores e a terra. Esta impedncia inclui a

    capacidade das linhas e dos cabos, a qual predominante, mas tambm as

    impedncias de fuga dos diversos componentes (descarregadores de sobretenses,

    sensores, entre outros) e as dos defeitos (Fulchiron, 2001). A tenso residual, que a

    soma vetorial da tenso composta das 3 fases, nunca na totalidade nula. Fazer a

    monitorizao desta tenso pode ser uma tima soluo, o que nos indica a qualidade

    do isolamento, desde que qualquer defeito entre a fase e a terra cause um forte

    desequilbrio entre a impedncia e o aumento da tenso residual. No entanto, esta

    informao comum a toda a rede, no significando que seja possvel detetar o

    defeito (Fulchiron, 2001).

    Este regime usado principalmente em linhas areas e pouco extensas. Para

    sistemas com grandes distncias, a capacidade das linhas terra de tal forma

    elevada, que faz com que a corrente se eleve de tal forma que origina uma situao

    extremamente perigosa. A rede tem ser isolada entre as fases e a terra devido

    tenso entre as linhas (Griffel, 1997).

    A corrente de defeito pode ser demonstrada por , onde:

    C a capacitncia entre a fase e a terra

    a frequncia angular do sistema definido por

    V a tenso simples

  • CAPTULO 2

    18

    Figura 2.3 - Corrente defeito capacitiva num sistema de neutro isolado

    A corrente de defeito pode permanecer por um longo perodo de tempo, sem

    causar prejuzos, desde que seja inferior a alguns amperes. No necessitam de ser

    tomadas aes para corrigir o primeiro defeito, tornando esta soluo vantajosa por

    manter a continuidade de servios, porm, isso acarreta as seguintes

    consequncias [Schneider-2008]:

    O isolamento tem de ser monitorizado constantemente e os defeitos que

    ainda no foram resolvidos devem ser indicados num dispositivo de

    monitorizao de isolamento ou por uma unidade de proteo de

    deslocamento do ponto de neutro;

    A deteo de defeitos requer equipamento automtico bastante

    complexo para uma identificao rpida da fase em defeito e a

    permanncia de pessoal qualificado para operar com o equipamento;

    Se o primeiro defeito no for eliminado, se ocorrer o segundo defeito

    numa fase distinta, vai causar um curto-circuito entre as duas fases, a

    qual ser eliminada pelas unidades de proteo.

    A principal vantagem a continuidade de servio, uma vez que a corrente de

    defeito baixa e no suficiente para provocar o disparo automtico das protees. O

    disparo, nestas circunstncias s acontece ao segundo defeito [Schneider-2008].

    Quanto s desvantagens, existe a incapacidade para eliminar uma sobretenso

    transitria atravs da terra, que pode ser um grande problema se a sobretenso for

    demasiado elevada. A monitorizao do isolamento obrigatria, com a indicao do

    primeiro defeito. necessrio ter uma equipa qualificada com o equipamento

    necessrio para a deteo do primeiro defeito. A implementao das protees para

  • REGIMES DE NEUTRO

    19

    deteo do primeiro defeito uma tarefa difcil e existem riscos de sobretenses

    criadas por ferro-ressonncia [Schneider-2008].

    A origem do defeito tem de ser detetada por uma unidade direcional de

    proteo (67N) de defeitos terra (Figura 2.4). Esta proteo implementada pela

    comparao do ngulo de deslocamento entre a tenso residual e a corrente residual,

    da fase em defeito com as fases saudveis.

    Figura 2.4 - Deteo de um defeito

    A corrente medida por um ncleo toroidal, Transformador de Intensidade (TI)

    e a atuao das protees definida do seguinte modo [Schneider-2008]:

    Evitar disparos intempestivos

    Inferior soma de todas as correntes capacitivas de todos os outros

    circuitos

    Isto faz com que seja bastante difcil detetar defeitos em sistemas eltricos de

    pequena dimenso, que tm apenas algumas centenas de metros de

    comprimento [Schneider-2008]. No caso de um defeito, a tenso entre fase e terra

    zero para a fase em questo e nas outras 2 fases ss a tenso igual tenso

    composta. As correntes presentes nas capacidades entre fase-terra das 3 fases

    condutoras, no so equilibradas, uma corrente residual diferente de zero, circula pela

  • CAPTULO 2

    20

    rede. A utilizao de um dispositivo de proteo contra sobreintensidades no se

    traduz numa soluo simples e eficiente para detetar quais os condutores em defeito.

    Redes com o neutro isolado podem ser usadas mesmo com um defeito, defeito

    este detetado mas no eliminado. Este modo de operao usado por vezes para

    melhorar a continuidade de servio, mas desta forma impossvel localizar o defeito

    enquanto os clientes estiverem a ser alimentados. O risco associado a operar a rede

    com um defeito, o de ocorrer um segundo defeito noutra fase, este segundo defeito

    cria um curto-circuito que coloca as fases ss submetidas a tenses

    compostas (Fulchiron, 2001).

    Este regime usado frequentemente nos sistemas pblicos de distribuio do

    Japo, Espanha e Itlia e em ambientes industriais (15 kV) que necessitam de uma

    elevada continuidade de servio, neste caso a referncia terra efetuada pela

    capacidade da linha. A deteo de defeitos pode no ser uma tarefa fcil e um defeito

    muito resistivo pode passar despercebido por vrios perodos de tempo (Griffel, 1997).

    Um defeito fase-terra apenas produz uma corrente de baixa intensidade atravs as

    capacidades fase-terra das fases ss [Schneider-2008].

    2.2.7 Neutro ligado diretamente terra

    Ligao eltrica entre a terra e o ponto neutro com impedncia

    nula [Schneider-2008].

    Figura 2.5 Defeito terra no regime de neutro ligado diretamente terra

    Este regime de neutro pode ser interpretado como sendo um caso especial de

    neutro impedante, visto ser ligado terra atravs de condutor de impedncia

    praticamente nula. Esta impedncia exclusiva da rede (origem e linhas), o defeito e o

    retorno pela terra fixam a intensidade do defeito. Portanto, na generalidade a

  • REGIMES DE NEUTRO

    21

    intensidade da corrente da grande maioria dos defeitos pode apresentar variaes

    significantes dependendo do local e do tipo de defeito, e como consequncia isso

    conduz a uma difcil reconfigurao da rede (Fulchiron, 2001).

    Neste caso a tenso simples aplicada ao defeito, o potencial permanece igual

    ao potencial da terra. Na ocorrncia de um defeito libertada uma grande quantidade

    de energia (Griffel, 1997).

    Desde que o regime de neutro no tenha nenhuma impedncia limitadora, a

    corrente de defeito fase-terra praticamente um curto-circuito fase-neutro, valor que

    demasiado elevado, e o disparo das protees ocorre ao primeiro defeito de

    isolamento [Schneider-2008]. Este sistema pode ser implementado de dois modos

    diferentes, dependendo se o neutro ou no distribudo (Griffel, 1997).

    2.2.7.1 Sem o sistema de limitao do potencial terra (Neutro no

    distribudo):

    Esta tcnica usada sobretudo no Reino Unido. A ocorrncia de um defeito

    apresenta valores elevados de correntes de defeito, o que facilita os dispositivos de

    proteo que monitorizam constantemente a corrente nas fases de alimentao. O

    nvel de isolamento requerido baixo, no entanto a energia libertada no local de

    defeito muito elevada. Isto origina uma rpida atuao dos sistemas de protees o

    que deixa de assegurar uma boa continuidade de servio (Griffel, 1997).

    Figura 2.6- Esquema do regime de neutro com o neutro no distribudo

    2.2.7.2 Com o sistema de limitao do potencial terra (Neutro

    distribudo):

    Este tipo de configurao usado principalmente nos Estados Unidos e

    Canad. O neutro est acessvel e distribudo por vrios pontos. Os defeitos so

    detetados atravs da monitorizao das correntes nas diversas fases, geralmente

    atravs de dispositivos simples. O nvel de isolamento da rede limitado pela linha de

  • CAPTULO 2

    22

    neutro, este regime de neutro permite alimentao de cargas monofsicas (Griffel,

    1997).

    Quando ocorre um defeito libertada uma grande quantidade de energia, por

    isso tem de ser eliminado o mais rpido possvel. Se a corrente de defeito no for

    ligeiramente superior corrente das cargas, a deteo do defeito torna-se numa tarefa

    mais difcil. Este problema tem dado origem a solues inovadoras, como por exemplo

    a deteo de arcos eltricos e a deteo de defeitos muito resistivos.

    Nesta soluo preciso ter especial ateno na colocao dos eletrodos de

    terra e verificar que todos os eletrodos esto interligados entre si (Griffel, 1997).

    Figura 2.7 - Esquema do regime de neutro com o neutro distribudo

    As principais vantagens da utilizao deste regime so as sintetizadas de

    seguida:

    Sistema ideal para a eliminao de sobretenses;

    Equipamento com isolamento dimensionado para a tenso entre

    fase-neutro (tenses simples) pode ser utilizado;

    Unidades de proteo especficas no so necessrias: as protees

    comuns de sobreintensidade de uma fase podem ser usadas para

    eliminar defeitos [Schneider-2008].

    Relativamente s desvantagens podemos enumerar as seguintes:

    Este sistema apresenta todos os inconvenientes e riscos de elevadas

    correntes de defeitos terra: perturbaes e avarias elevadas do

    sistema;

    Continuidade de servio no existe em caso de defeito;

    O perigo para as pessoas muito elevado durante o defeito, uma vez

    que as tenses de contacto originadas so elevadas [Schneider-2008].

  • REGIMES DE NEUTRO

    23

    2.2.7.3 Funo de proteo

    Os defeitos impedantes so detetados pelo atraso da unidade de proteo de

    defeitos terra (ANSI 51N), que calcula ou mede atravs de 3 TI a corrente residual,

    definido na gama da corrente nominal (Figura 2.8) [Schneider-2008].

    Figura 2.8 - Proteo de defeitos terra 51N

    Atravs da adoo de detetores com limites o mais baixo possvel, concebidos

    para diagnosticar defeitos terra , tambm, possvel detetar defeitos

    resistivos (Fulchiron, 2001). A deteo de defeitos muito simples, muitas vezes a

    mesma proteo pode ser usada em defeitos fase-terra. O funcionamento do detetor

    de defeitos muito simples, indicando qual a fase em que se encontra o detetor de

    sobreintensidade ou possivelmente o detetor de sobreintensidade residual. Neste

    regime, quando os defeitos so de elevada intensidade, eles podem traduzir-se num

    perigo acrescido. Por fim, desejvel escolher curtos intervalos de tempo na

    interveno das protees. Esta situao, associada necessidade sempre

    presente para a seletividade de uma rede de distribuio, favorece o uso

    de protees IDMT (muitas vezes conhecido como proteo de "tempo

    inverso") (Fulchiron, 2001).

    Este regime de neutro no usado na Europa em sistemas de distribuio

    areos ou subterrneos MT, mas o sistema que predomina no norte da

    Amrica. Nos sistemas norte americanos (linhas areas), outras vantagens justificam

    estas opes [Schneider-2008]:

    Condutor de neutro distribudo

    3 fases ou 2 fases + neutro ou 1 fase + neutro.

    A utilizao do condutor neutro como um condutor de proteo com

    ligao terra em cada extremo da rede de distribuio.

  • CAPTULO 2

    24

    Este regime deve ser usado quando a potncia de curto-circuito

    baixa [Schneider-2008].

    2.2.8 Neutro ligado terra por impedncia

    Esta tcnica consiste em colocar uma impedncia, uma resistncia, bobine ou

    reatncia entre o neutro e a terra. usado em pases como a Portugal, Espanha e

    Frana. Com este regime de neutro consegue-se reduzir a corrente de defeito, estes

    so ainda detetados de forma segura, precisa e rpida. A rede tem ser isolada entre

    as fases e a terra devido tenso entre as fases (Griffel, 1997).

    Para esta rede, inserida uma impedncia, normalmente resistiva, na ligao

    de neutro terra. Pode incluir tambm uma parte indutiva, a fim de compensar

    parcialmente a contribuio capacitiva da rede.

    O valor da impedncia sempre alto comparado com a impedncia das linhas

    e, portanto, a corrente de defeito do regime ligado diretamente terra varia de acordo

    com o local onde o defeito ocorre, esta corrente aproximadamente na ordem das

    centenas de amperes, de 100 A at 2000 A. Este elevado valor da corrente de defeito,

    assim como a preponderncia dos componentes que circulam na impedncia de

    neutro, tornam mais fcil a deteo de defeitos terra (Fulchiron, 2001):

    O dispositivo de proteo, do tipo sobreintensidades residuais, com

    valores limites suficientemente elevados, no so afetados por

    fenmenos transitrios ou capacitivos, funcionando corretamente

    nessas redes;

    A seletividade nas fases condutoras fcil devido ao valor significativo

    da corrente de defeito e a seletividade entre os dispositivos de proteo

    dispostas em cascata obtido com base no tempo de operao,

    contudo a existncia de defeitos impedantes terra, que no so

    insignificantes quando comparado com o neutro impedante torna

    desejvel a procura de outras solues, contra disparos intempestivos.

    Para defeitos com elevados valores de impedncia, os dispositivos de

    proteo de corrente residual e dispositivos adicionais, tais como

    sistemas de deteo automtica com controlo sobre vrias linhas, so

    colocados nas subestaes.

    Em diversas situaes, quando a carga est a jusante da proteo, a proteo

    contra defeitos diretos terra pode ser realizada por dispositivos de sobreintensidade

  • REGIMES DE NEUTRO

    25

    em cada fase. Esta a principal razo porque muitos distribuidores no colocam

    protees de corrente residual nestes circuitos. Localizar defeitos nestas redes pode

    ser fcil pelo simples facto, de poderem ser usados detetores com preos acessveis,

    os quais so capazes de detetar defeitos diretos terra. A sua limitada sensibilidade,

    significa que certos defeitos com impedncia elevada embora diagnosticados pelos

    dispositivos de proteo da subestao de origem, podem no atuar devido a valores

    de correntes muito baixos. possvel ento escolher parametrizaes com valores

    mais baixos, com o inconveniente de causar sinalizaes desnecessrios, uma vez

    que a operao no intencional de um detetor de defeitos geralmente no tem

    consequncias significativas (Fulchiron, 2001).

    No regime de neutro ligado terra atravs de uma impedncia podemos usar

    os seguintes limitadores de corrente:

    2.2.8.1 Reatncia de Neutro e sistema de proteo

    A reatncia colocada entre o ponto de neutro e a terra. Para sistemas de

    energia com tenses superiores a 40 kV, melhor usar a reatncia do que uma

    impedncia resistiva devido quantidade de calor que se liberta em caso de defeito

    terra (Figura 2.9) [Schneider-2008].

    Figura 2.9 - Reatncia de neutro com o neutro acessivel

    Uma impedncia indutiva limita a corrente de defeito Ik1 e favorece a

    eliminao das sobretenses. Contudo, as protees tm de atuar automaticamente

    ao primeiro defeito. Para reduzir as comutaes e permitir uma fcil deteo, a

    corrente que circula na reatncia (ILN) tem de ser superior a IC (corrente capacitiva)

  • CAPTULO 2

    26

    do sistema. Em sistemas de distribuio so usualmente usados valores entre 300 A3

    e 1000 A 4 , isto porque so mais fceis de detetar e permitem a eliminao de

    sobretenses.

    As principais vantagens da utilizao deste regime so as sintetizadas de

    seguida:

    Este sistema limita a amplitude de correntes de defeito;

    As protees so fceis de implementar se a limitao da corrente for

    superior corrente capacitiva no sistema;

    A bobine possui baixa resistncia e no dissipa grande quantidade de

    energia trmica, assim sendo o tamanho pode ser reduzido;

    Em sistemas de AT, esta soluo mais benfica que a resistncia de

    terra [Schneider-2008].

    Relativamente s desvantagens podemos enumerar as seguintes:

    A continuidade de servio degradada, o defeito tem de ser eliminado o

    mais rpido possvel assim que ocorre;

    Quando os defeitos so eliminados, podem ocorrer sobretenses

    elevadas devido ressonncia que pode ocorrer entre as capacidades

    e a reatncia da rede de distribuio [Schneider-2008].

    Se o ponto de neutro est acessvel, a reatncia colocada entre o neutro e a

    terra. Quando o neutro no est acessvel, ou quando o sistema de protees

    demostra que apropriado, deve ser criado um neutro artificial atravs da reatncia

    ligada ao barramento que consiste numa ligao em ZigZag da reatncia com o neutro

    acessvel (Figura 2.10). Em Portugal Continental a rede MT constituda com

    reatncias de neutro em ZigZag.

    A impedncia entre as duas partes dos enrolamentos essencialmente

    indutiva e com baixo valor e limita os valores da corrente de defeito para valores

    superiores a 100 A. Nos sistemas AT para reduzir a amplitude da corrente de defeito

    pode ser colocada uma resistncia entre a reatncia e a terra [Schneider-2008].

    3 Linhas areas ou mistas

    4 Linhas subterrneas

  • REGIMES DE NEUTRO

    27

    Figura 2.10 - Reatncia de neutro sem o neutro acessvel

    As protees podem ser configuradas para 10 a 20 % da corrente mxima de

    defeito. A funo de proteo menos restritiva do que no caso de neutro usando uma

    resistncia, especialmente considerando o elevado valor de ILN dado que o IC

    menor [Schneider-2008].

    2.2.8.2 Resistncia de Neutro e sistema de proteo

    Neste caso colocada uma resistncia entre o ponto de neutro e a terra. Neste

    tipo de sistema de neutro, a impedncia resistiva limita a corrente de defeito terra

    IK1 e permite uma situao satisfatria na eliminao de sobretenses. Este regime

    de neutro e utilizado em sistemas de distribuio pblicos e industriais em

    MT [Schneider-2008].

    Figura 2.11 - Defeito terra no regime de neutro ligado terra por uma resistncia

  • CAPTULO 2

    28

    Contudo, as protees tm de atuar automaticamente ao primeiro defeito. Em

    sistemas de energia que alimentam mquinas rotativas, o valor da resistncia

    calculado de modo a que o valor da corrente de defeito IK1 oscile entre os 15 A e os

    50 A. Em sistemas de distribuio de energia, so utilizados valores mais

    elevados (100 A a 300 A) uma vez que so mais fcil de detetar e permitem a

    eliminao sobretenses resultantes de descargas atmosfricas [Schneider-2008].

    As principais vantagens da utilizao deste regime so as sintetizadas de

    seguida:

    Este sistema apresenta um bom compromisso entre a baixa corrente de

    defeito e fcil eliminao de sobretenses;

    No exige equipamento com isolamento fase-terra dimensionado para

    tenses compostas (fase-fase);

    Os sistemas de proteo so simples, seletivos e a corrente

    limitada [Schneider-2008].

    Relativamente s desvantagens podemos enumerar as seguintes:

    A continuidade de servio bastante afetada e os defeitos terra tm

    de ser eliminados o mais rpido possvel, disparo ao 1 defeito;

    Quanto maior a tenso e a corrente a limitar, maior sero os custos da

    resistncia de ligao terra [Schneider-2008].

    Se o ponto de neutro estiver acessvel (Ligao em estrela), a resistncia de

    terra deve ser ligada entre o neutro e a terra (Figura 2.11) ou atravs de

    um transformador monofsico com uma carga resistiva equivalente no enrolamento

    secundrio (Figura 2.12) [Schneider-2008].

    Figura 2.12 - Transformador monofsico com carga resistiva

  • REGIMES DE NEUTRO

    29

    Quando neutro no est acessvel (Ligao em triangulo), ou se aps uma

    anlise ao sistema de protees se constata que apropriado, criado um neutro

    artificial usando o zero sequence generator5 ligado ao barramento que consiste num

    transformador especial com um valor de reatncia homopolar muito

    reduzido [Schneider-2008].

    Para a deteo da corrente de defeito Ik1 que um valor baixo, so

    necessrias outras protees, exceto a de mxima intensidade de corrente. As

    protees de defeitos terra detetam a corrente de defeito [Schneider-2008]:

    Diretamente na ligao do neutro terra (Figura 2.13 1)

    Nas 3 fases, individualmente ou em conjunto (Figura 2.13 2, 3).

    Figura 2.13 - Proteo de defeitos terra

    O intervalo das protees definido de acordo com a corrente Ik1 que

    calculada sem ter em ateno o sistema de alimentao e a ligao da impedncia em

    conformidade com 2 regras [Schneider-2008]:

    1,3 Vezes a corrente capacitiva a jusante do sistema de proteo;

    Configurando uma gama entre 10 a 20 % do valor mximo de corrente

    de defeito terra.

    5 Transformador trifsico usado para criar o ponto de neutro num sistema eltrico para o regime de

    neutro

  • CAPTULO 2

    30

    2.2.8.3 Bobine de Petersen ou Neutro ressonante

    A utilizao deste regime de neutro em redes areas e mistas em MT implica a

    instalao da bobine de Petersen nas subestaes AT/MT (Escalier, 2001). A bobine

    de Petersen, que recebeu o nome do seu criador, Waldemar Petersen em 1916

    tambm conhecida como supressora de arcos, neutralizadora de defeitos ou bobine de

    extino. Sistemas com este regime de neutro so tambm conhecidos como neutro

    ressonante ou sistema compensado ([Schneider-2008]; (Grid, 2002)).

    A bobine Petersen normalmente ligada ao neutro do transformador de

    distribuio ou ligada ao transformador em zigzag, de modo a que a corrente de

    defeito seja praticamente nula quando ocorre um defeito ((Roberts, 2001);

    [Schneider-2008]), a contribuio para a corrente de defeito, da corrente da

    capacidade das linhas (onde um defeito terra circula desde um condutor saudvel

    para a terra) compensada pela corrente da bobine (Griffel, 1997). O valor da

    indutncia na bobine de Petersen tem de ser igual ao valor das capacidades da rede,

    a qual pode variar, tal como quando ocorrem comutaes na rede. Quando isso

    acontece o sistema est completamente compensado, ou 100 % sintonizado. Os

    controladores modernos monitorizam constantemente a tenso homopolar e detetam

    qualquer alterao que ocorra nas capacidades da rede. O controlador ajusta-se

    automaticamente para o novo nvel, garantindo que a bobine de Petersen est

    corretamente sintonizada para neutralizar qualquer defeito terra que possa ocorrer.

    Esta rpida limitao da corrente defeito ocorre automaticamente sem qualquer

    interveno de outro sistema ((HV Power, 2012) ; (Roberts, 2001)).

    Se a frequncia de ressonncia do circuito coincidir com a frequncia do

    sistema, o circuito est sintonizado, permanece no defeito um baixo valor de corrente

    devido as perdas ativas da bobine (Griffel, 1997). Se a indutncia da bobine no se

    igualar capacitncia do sistema, o sistema no est de sintonizado. Assim sendo o

    sistema pode estar sobrecompensado ou subcompensado, dependendo da relao

    entre a indutncia e a capacitncia. Por outras palavras, um sistema que no est

    100% sintonizado tem duas condies possveis de operao (Roberts, 2001):

    Indutncia > Capacitncia -> Sistema sobrecompensado

    Capacitncia < Indutncia -> Sistema subcompensado

    A rede ligada terra atravs de uma bobine, cuja reatncia normalmente

    igual capacitncia do sistema. Sob estas condies, um defeito monofsico no

  • REGIMES DE NEUTRO

    31

    origina um defeito em condies estacionrias. Este efeito assemelha-se mais a um

    sistema isolado (Grid, 2002).

    A rede chamada Tuned ou ligada terra atravs de uma bobine de

    Petersen, quando o ponto de neutro ligado terra e existe uma bobine de elevada

    qualidade cujo valor da indutncia ajustado para manter a sintonizao (condio

    de ressonncia) est colocado entre as capacidades da rede e a bobine (Figura

    2.14) (Fulchiron, 2001).

    Figura 2.14 - Princpio de funcionamento da Bobine de Petersen

    Quando ocorre um defeito:

    Quando as fases da rede esto ligadas terra, esta sintonizao resulta num

    valor muito baixo da corrente de defeito ( ). Esta corrente apenas devido

    imperfeio na sintonizao, o desequilbrio capacitivo entre as fases e as perdas

    resistivas da bobine (Fulchiron, 2001).

    A amplitude normal para este tipo de defeitos de poucos amperes (2 A

    at 20 A). A condio de ressonncia expressa da seguinte forma , onde:

    L - Indutncia

    C - Capacidades (Soma das 3 fases)

    - Frequncia Angular ( )

    Redes de 50 Hz

  • CAPTULO 2

    32

    Quando a reatncia de terra e capacitncia do sistema de eltrico esto

    sintonizados ( ) [Schneider-2008]:

    A corrente de defeito mnima;

    A corrente resistiva;

    O defeito autoextingue-se.

    Se a condio de ressonncia for mantida, durante as variaes de

    configurao da rede ou durante as alteraes climticas, isso implica que a bobine

    seja ajustada de forma expedita. A sintonizao feita, geralmente, atravs de um

    sistema de controlo automtico (Fulchiron, 2001).

    Este regime de neutro utilizado principalmente no norte e leste da europa. A

    rede tem de ser isolada entre as fases e a terra devido tenso entre as linhas. A

    energia dissipada durante o defeito facilmente controlada e de baixo valor se o

    desfasamento for pequeno. A fim de alcanar este objetivo, um sistema automtico

    muitas vezes utilizado com o intuito de seguir as variaes das capacidades devido a

    alteraes frequentes na tipologia da rede.

    A deteo de defeitos torna-se uma tarefa difcil de executar, isto porque no

    se pode apoiar na proteo de sobreintensidades. A tecnologia usada nos sistemas de

    proteo antigos era bastante complexa e ineficiente em termos de fiabilidade e de

    sensibilidade. Muitas vezes, durante defeitos terra, o fornecimento de energia

    continuava operacional, o sistema exigia sistemas redundantes o que tornava a

    operao do sistema bastante complicada. No entanto a qualidade de servio

    mostrava-se excelente (Griffel, 1997).

    Este regime permite que os arcos eltricos se autoextingam evitando a

    religao das protees (Griffel, 1997). A Bobine de Petersen deve ser empregue com

    o objetivo de reduzir ao mnimo a corrente produzida por um defeito fase-terra.

    Devido sua resistncia interna, a bobine no consegue anular completamente

    a corrente de defeito, circula sempre uma corrente residual impossvel de anular. Essa

    corrente residual no preocupante, quando inferior a um certo limite, isto porque,

    nestas condies, o arco eltrico extingue-se facilmente. Uma vez que a configurao

    da rede varivel, possvel compensar as variaes das capacidades terra das

    linhas e, naturalmente, o valor das correntes de defeito atravs da variao da

    indutncia da bobine de Petersen (E.D.P, 2012a).

    Estudos recentes, revelam que a bobine de Petersen apresenta uma elevada

    eficincia quando comparada com sistemas de neutro ligado diretamente terra ou

  • REGIMES DE NEUTRO

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    neutro isolado (E.D.P, 2012a). Este regime usa-se em sistemas de distribuio

    pblicos e industriais em MT com elevada corrente capacitiva [Schneider-2008].

    A maior vantagem deste regime de neutro a autoextino da maior parte dos

    defeitos. Oferece ainda uma boa continuidade de servio para redes que possuem

    muitas linhas areas. natural que as falhas de isolamento dos equipamentos e dos

    cabos, especialmente os subterrneos, no beneficiem deste comportamento. Alm

    disso, redes com este regime de neutro podem suportar os defeitos, como acontece

    com o regime de neutro isolado. O limite desta operao est n