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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ANA CAROLINE DA SILVEIRA DIAS DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA: uma sequência didática para o ensino médio utilizando histórias em quadrinhos Macaé 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ANA CAROLINE DA SILVEIRA DIAS

DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA: uma sequência didática para o ensino médio utilizando

histórias em quadrinhos

Macaé

2018

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DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA: uma sequência didática para o ensino médio utilizando

histórias em quadrinhos

Ana Caroline da Silveira Dias

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ensino de Física IF/Macaé no

Curso de Mestrado Nacional Profissional em Ensino de

Física, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientadores:

Dr. Raphael Nunes Púpio Maia

Dra. Irina Nasteva

Macaé

2018

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FICHA CATALOGRÁFICA

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DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA: uma sequência didática para o ensino médio utilizando

histórias em quadrinhos

Ana Caroline da Silveira Dias

Orientadores:

Dr. Raphael Nunes Púpio Maia

Dra. Irina Nasteva

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física

IF/Macaé no Curso de Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF), como

parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física

Aprovada em 17 de dezembro de 2018

Macaé

2018

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A Otto, futuro habitante deste planeta.

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AGRADECIMENTOS

Muitas foram as pessoas que fizeram parte direta ou indiretamente na realização deste

trabalho. Agradeço a todas elas e em especial a equipe de docentes do curso de pós-graduação

por todos os saberes compartilhados e “puxões de orelha” necessários à minha formação; aos

meus incansáveis orientadores Raphael Púpio e Irina Nasteva, pela paciência e pelas preciosas

contribuições que nortearam o desenvolvimento deste trabalho; a João Américo, por estar

sempre comigo. Sozinha teria sido muito mais difícil. Agradeço também a Odaiana Freitas,

amiga de todas as horas, por me emprestar seus ouvidos e seu tempo, permitindo desabafar

sobre as mais variadas inquietações; ao Vinicius Murici por se importar e pelos materiais

doados; a CAPES pelo apoio financeiro fornecido através da bolsa de pesquisa.

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Se quiseres colher em curto prazo: plante cereais;

Se quiseres colher em longo prazo: plante árvores frutíferas;

Mas se quiseres colher por toda a vida: treine e eduque o homem.

Provérbio Chinês

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RESUMO

DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA: uma sequência didática para o ensino médio utilizando

histórias em quadrinhos

Ana Caroline da Silveira Dias

Orientador(es):

Raphael Nunes Púpio Maia

Irina Nasteva

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física

IF/Macaé no Curso de Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF), como

parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física

O presente trabalho versa sobre uma sequência didática para tratar de alguns tópicos de

física quântica no ensino médio, tendo sido desenvolvida com o intuito de mediar a construção

de conceitos como efeito fotoelétrico e dualidade onda-partícula e para tal, utilizou uma história

em quadrinhos (HQ) que descreve experimentos com o eletroscópio de dupla folha e o

interferômetro de Mach-Zehnder, a partir de diálogos entre um professor e dois alunos. A HQ

foi organizada para ser aplicada em 4 aulas e as avaliações foram principalmente de cunho

teórico. Os resultados revelam que parte dos alunos apresentam defasagem em matemática

básica, mas se mostraram capazes de imitar a HQ e extrapolar o que foi aprendido à outras

situações-problemas. Para além disso, sugerem que o uso de materiais alternativos pode se

mostrar satisfatório no sentido de apresentar tópicos de física considerados como de difícil

compreensão tornando o ensino de física mais atrativo e prazeroso.

Palavras-chave: Ensino de Física, Dualidade Onda-partícula, História em Quadrinhos.

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ABSTRACT

WAVE-PARTICLE DUALITY: a didactic sequence to secondary education using comics

Ana Caroline da Silveira Dias

Supervisor(s):

Raphael Nunes Púpio Maia

Irina Nasteva

Master’s Degree dissertation presented to Physics Teaching Post-Graduation Program

IF/Macaé (Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física IF/Macaé) in the Physics Teaching

Professional National Master’s Degree Course (Curso de Mestrado Nacional Profissional em

Ensino de Física (MNPEF)), as part of the necessary requirements to obtain the title of Master

of Physics Teaching.

This work presents a didactic sequence to handle some topics of quantum physics in

secondary education. It was developed with the aim to mediate a construction of concepts such

as photoelectric effect and wave-particle duality, and to do so, it utilized a comic book that

describes experiments with a gold-leaf electroscope and with a Mach-Zehnder interferometer,

based on dialogues between a teacher and two students. The comic book was organized to be

used in 4 classes and the assessments were mainly theoretical. The outcomes reveal that part of

the students show lack of basic mathematics knowledge, but they are able to imitate the comic

book and use what was learned in different problem-situations. Besides that, the results suggest

that the use of alternative materials can be satisfactory by way of presenting physics topics

considered difficult, changing physics teaching into something more attractive and pleasing.

Keywords: Physics Teaching, Wave-Particle Duality, Comics.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esquema representativo de um eletroscópio de dupla folha (a) carregado

negativamente; (b) sendo descarregado por luz ultravioleta. ................................................. 27

Figura 2 Esquema ilustrativo da experiência de Philipp Lenard. .................................. 28

Figura 3 Gráfico que relaciona diferença de potencial aplicada e intensidade de luz

incidente. .......................................................................................................................... 29

Figura 4 Relação entre o potencial de corte e a frequência de luz incidente. ................. 32

Figura 5 Representação esquemática e em cores fantasia de um Interferômetro de Mach-

Zehnder .......................................................................................................................... 33

Figura 6 Representação esquemática de um feixe transmitido e refletido pelo primeiro

divisor de feixes e suas trajetórias no IMZ. ............................................................................ 34

Figura 7 Esquema representativo e em cores fantasia das trajetórias descritas pelos feixes

no IMZ. .......................................................................................................................... 35

Figura 8 Esquema representativo e em cores fantasia de um IMZ com três detectores e em

regime monofotônico. ............................................................................................................. 36

Figura 9 Fotografia da HQ na versão impressa .............................................................. 48

Figura 10 Número de erros e acertos na avaliação 1 – Turma A ..................................... 50

Figura 11 Número de erros e acertos na avaliação 1, questão 2 – Turma A. ................... 51

Figura 12 Número de erros e acertos na avaliação 1 – Turma B ..................................... 51

Figura 13 Número de erros e acertos na avaliação 1, questão 2 – Turma B. ................... 52

Figura 14 Número de erros e acertos na avaliação 2 – Turmas A e B ............................. 53

Figura 15 Número de erros e acertos nas questões 4 e 7 da avaliação 3 – Turma A ....... 54

Figura 16 Número de erros e acertos na questão 8 da avaliação 3 – Turma B ................ 55

Figura 17 Número de erros e acertos na 1ª parte da avaliação 4 – Turmas A e B ........... 56

Figura 18 Interpretação para dualidade onda-partícula que os alunos julgam mais

satisfatória – Turmas A e B .................................................................................................... 57

Figura 19 Parte da HQ que os alunos mais gostaram – Turmas A e B ............................ 58

Figura 20 Parte da HQ que os alunos menos gostaram – Turmas A e B ......................... 59

Figura 21 Tópico de maior dificuldade na HQ – Turmas A e B ..................................... 59

Figura 22 Preferência na modalidade de distribuição da HQ – Turmas A e B ................ 60

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Comparativo entre os conteúdos apresentados nos livros didáticos................... 23

Quadro 2 Comparativo entre os problemas apresentados pela descrição do efeito fotoelétrico

pela teoria clássica e a explicação de acordo com a tese da quantização da energia proposta por

Einstein. ............................................................................................................................ 31

Quadro 3 Relação entre História em Quadrinhos desenvolvida e sequência didática mínima

proposta pela SEEDUC. .......................................................................................................... 45

Quadro 4 Cronograma de aplicação da sequência didática. ............................................... 48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPR Einstein-Podolsky-Rosen

HQ História em Quadrinhos

IMZ Interferômetro de Mach-Zehnder

MQ Mecânica Quântica

MNPEF Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física

MPEF Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física

MEC Ministério da Educação

PCN+ Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares

Nacionais

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PNLD Plano Nacional do Livro Didático

ZDP Zona de Desenvolvimento Proximal

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ................................................................................ 16

1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ......................................................................... 16

1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................................ 18

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 19

2.1 ENSINO DE FÍSICA: UM PANORAMA ATUAL ............................................... 19

2.2 A NATUREZA DA LUZ E OS LIVROS DIDÁTICOS ........................................ 20

2.2.1 Pietrocola: Uma Abordagem Diferente ............................................................... 24

2.3 O USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS (HQS) COMO FERRAMENTA DE

ENSINO................................................................................................................................. 25

3 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA ..... 27

3.1 EFEITO FOTOELÉTRICO .................................................................................... 27

3.2 DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA ..................................................................... 32

3.3 O INTERFERÔMETRO DE MACH-ZEHNDER E OS PRESSUPOSTOS

BÁSICOS DA FÍSICA QUÂNTICA ................................................................................... 33

3.4 A INTERPRETAÇÃO DE COPENHAGUE .......................................................... 38

4 METODOLOGIA ................................................................................................. 40

4.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ................................................................................. 40

4.1.1 Objetivos Específicos ............................................................................................. 40

4.2 SUJEITOS DA PESQUISA .................................................................................... 40

4.3 LOCAL DA INTERVENÇÃO ............................................................................... 41

4.4 A DISCIPLINA DE FÍSICA NA ESCOLA ............................................................ 42

4.5 O OBJETO EDUCACIONAL ................................................................................ 42

4.5.1 O Objeto Educacional e a Teoria de Aprendizagem Norteadora ..................... 42

4.5.2 A História em Quadrinhos.................................................................................... 45

4.5.2.1 O Desenvolvimento da Arte Gráfica ....................................................................... 46

4.5.3 A Avaliação ............................................................................................................ 47

4.6 A APLICAÇÃO DO OBJETO EDUCACIONAL .................................................. 48

5 RESULTADOS ...................................................................................................... 50

5.1 AVALIAÇÃO 1 ...................................................................................................... 50

5.2 AVALIAÇÃO 2 ...................................................................................................... 52

5.3 AVALIAÇÃO 3 ...................................................................................................... 53

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5.4 AVALIAÇÃO 4 ...................................................................................................... 56

5.4.1 1ª Parte ................................................................................................................... 56

5.4.2 2ª parte - Avaliação da HQ ................................................................................... 58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 61

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 63

APÊNDICE A – PLANOS DE AULA APLICADOS AS TURMAS .................................. 67

APÊNDICE B – AVALIAÇÕES APLICADAS ÀS TURMAS ........................................... 79

APÊNDICE C – OBJETO EDUCACIONAL N° 01 – HISTÓRIA EM QUADRINHOS ...

............................................................................................................................................... 98

APÊNDICE D – OBJETO EDUCACIONAL N° 02 – ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO

DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS ................................................................................... 139

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1 INTRODUÇÃO

Luz pode ser entendida de diferentes maneiras. Uma criança poderia dizer que luz é tudo

o que ilumina, ou ainda que é aquilo que sai de uma lâmpada quando acionamos o interruptor.

Numa definição mais sofisticada, Bohr (1995, p. 06) trata a luz como “uma transmissão de

energia entre corpos materiais à distância”. Compreender o comportamento da luz é uma tarefa

que desafiou a ciência durante muitos séculos e tem suas origens na Grécia antiga, quando

filósofos como Platão (427 – 347 aC), tentando entender como o ser humano era capaz de

enxergar, propôs que os objetos visíveis emitiam partículas luminosas que podiam ser captadas

pelos olhos. Aristóteles (384 – 322 aC) por outro lado, pensava que para ser capaz de enxergar

era necessário que saísse dos olhos uma onda vibratória, que atingia os objetos e tornava-os

visíveis. Ainda que de maneira muito rudimentar, é possível perceber entre esses filósofos duas

concepções completamente distintas acerca do que é luz: uma apresentando um caráter

corpuscular e outra propondo que a luz seja de natureza ondulatória.

O avanço da ciência possibilitou um estudo mais aprofundado sobre o assunto e à medida

que novas evidências experimentais iam surgindo, essas duas teorias tornavam-se bem mais

elaboradas. Até o final do século XVII, “a óptica geométrica e a fabricação de lentes eram bem

compreendidas, mas a natureza da luz era ainda um mistério” (RIBEIRO et al, 2016, p. 07). Em

1690, Huygens propôs que a luz deveria se comportar como pulsos não periódicos propagados

pelo Éter (MOURA, 2016). Essa ideia, apesar de ainda não tratar da natureza ondulatória tal

como conhecemos hoje, permitiu que Huygens explicasse de maneira satisfatória a reflexão e

a refração.

Na contramão das ideias de Huygens, Newton, em 1704, publica Óptica e neste trabalho

adota uma concepção corpuscular para a luz sem que, no entanto, a defenda abertamente.

Apesar de Huygens e Newton terem feito publicações em datas próximas, a influência do

segundo na comunidade científica da época, garantiu que seus trabalhos tivessem mais

notoriedade e, consequentemente, que a teoria corpuscular fosse aceita por um bom tempo.

Cem anos depois, em 1800 (PIRES, 2011), os trabalhos de Thomas Young colocavam a teoria

ondulatória em evidência. Ele mostrou que quando um feixe de luz atravessava uma fenda, um

padrão de interferência era produzido num anteparo. A partir daí fortes evidências

experimentais, tais como os trabalhos de Fresnel (1826), que em colaboração com Arago

permitiram chegar à conclusão de que “as ondas luminosas eram transversais e a polarização

passou a ser explicada em termos da teoria ondulatória” (PIRES, 2011, p. 265) e Foucault, que

em 1862 mostrou que a velocidade da luz era menor na água que no ar (PIRES, 2011),

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corroboravam para a consolidação da teoria ondulatória. Estas comprovações ratificavam as

previsões de Huygens. A partir de 1862, Maxwell iniciava uma série de publicações sobre o

Eletromagnetismo, indicando que a luz poderia ser explicada através da teoria ondulatória.

Uma grande reviravolta na história levantou questionamentos sobre até que ponto a teoria

ondulatória era suficiente para explicar o comportamento da luz. Em 1888 (NUSSENZVEIG,

1997, p. 02), procurando encontrar uma comprovação física das ondas eletromagnéticas de

Maxwell, Hertz descobriu acidentalmente o efeito fotoelétrico. Na época ele não conseguiu

explicar o que estava acontecendo e, em 1902 Phillipp Lenard estudando raios catódicos

percebeu que

“... aumentada a intensidade da luz – graças, por exemplo, a colocar-se a sua fonte em

posição mais próxima à das placas de metal – não aumentava a energia dos elétrons

ejetados, mas apenas seu número. Do ponto de vista ondulatório, isso era um

mistério.” (BERNSTEIN, 1975, p. 163).

O efeito fotoelétrico poderia ser explicado pela teoria ondulatória se a energia dos elétrons

aumentasse junto com a intensidade da luz. A explicação adequada para este fenômeno foi dada

por Einstein, em 1905 (BERNSTEIN, 1975) a partir do princípio de quantização da energia e

lhe rendeu o prêmio Nobel em 1921. Milikan, em 1916 (BERNSTEIN, 1975) fez os primeiros

estudos quantitativos sobre o assunto comprovando a equação de Einstein para o efeito

fotoelétrico.

Os trabalhos de Hertz, Einstein, Milikan e Lenard vão na contramão da teoria ondulatória.

A ideia de que a luz assume quantidades discretas de energia não se encaixa na tese de luz

enquanto algo contínuo como proposto pela teoria ondulatória. Como afirma Feynman, a luz

“Comporta-se de uma maneira própria e inimitável, que tecnicamente podemos chamar de

maneira quântica, que difere de tudo o que vocês já viram”. (FEYNMAN, 2012, p.134).

Esta maneira quântica a qual Feynman se refere, trata-se do conceito de dualidade onda-

partícula, havendo na literatura diferentes maneiras de se interpretar este termo. Bohr, por

exemplo, assume que a dualidade pressupõe fenômenos complementares, enquanto Heisenberg

defende o princípio da incerteza. Hugh Everett, por outro lado propõe a tese dos estados

relativos, que mais tarde De Witt apelidou de Muitos Mundos.

O estudo da natureza da luz é componente curricular do ensino médio e faz parte do

escopo deste trabalho.

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1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Feynman (2008, p 37.2) e Pessoa Junior (2003, p. 01) afirmam ser a dualidade onda-

partícula a essência de toda a mecânica quântica. No entanto, onda e partícula são duas

características antagônicas do ponto de vista clássico e por consequência, difíceis de serem

conciliadas. Assimilar o que este termo traz em si não é uma tarefa trivial, uma vez que o tema

não é intuitivo como as ideias de velocidade e posição, por exemplo.

O estudo da natureza da luz é um dos componentes curriculares de física para o ensino

médio (BRASIL, 2006, p.75). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 2000,

p. 22) propõem que o ensino de física nas escolas não deveria limitar-se à resolução de equações

desvinculadas das práticas cotidianas do aluno, uma vez que a partir delas torna-se mais fácil

contextualizar o tema e torná-lo significativo, ultrapassando as barreiras da sala de aula. No

entanto, dadas as particularidades que o tema encerra, aproximar o comportamento quântico da

realidade do educando não é algo trivial, restando ao educador criar estratégias alternativas que

despertem a curiosidade e motivem o aluno a querer aprender sobre o assunto.

A matriz curricular das escolas estaduais do Rio de Janeiro (RIO DE JANEIRO, 2012)

insere o estudo da natureza da luz no 4° bimestre do 3º ano do ensino médio. Nesta etapa do

processo, os alunos encontram-se perto de concluírem a educação básica e, na maioria das

vezes, possuem o conceito (nota) mínimo para aprovação. Isso reflete em alunos um pouco

desmotivados pois, embora o quesito nota não deva ser critério para que eles queiram estudar,

na prática é um dos pontos que os tornam mais compromissados com os saberes escolares.

O questionamento que surge a partir dos pontos expostos nesta seção é: como fazer com

que estudantes concluintes do ensino médio se sintam motivados e compreendam a natureza da

luz?

1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Diversas são as propostas alternativas para o estudo da natureza da luz e inserção de

tópicos de mecânica quântica no ensino médio.

Coelho e Borges (2006) propõem acessar o entendimento dos estudantes sobre o tema

através de perguntas abertas numa abordagem inspirada nas ideias de Jerome Bruner, que

defende ser possível ensinar qualquer coisa a uma criança desde que respeitada a sua etapa de

desenvolvimento. Desta maneira foi utilizado um currículo recursivo com 134 estudantes, ao

longo de um ano em uma Instituição Federal de Ensino. Os resultados mostram ter havido

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evolução nas respostas dos alunos para modelos cientificamente apropriados sendo possível,

porém encontrar alguns casos de não distinção entre teoria eletromagnética e corpuscular com

a hipótese do quantum de energia.

Silva e Kawamura (2001) relatam o estudo da natureza da luz a partir da óptica em uma

turma de segundo ano do ensino médio, numa escola estadual em São Paulo. Nesta turma, o

trabalho se deu a partir de textos de divulgação científica aplicados ao longo de 11 atividades.

Tais textos foram inseridos no intuito de explicar alguns questionamentos previamente

estabelecidos e resultaram num bom aproveitamento por parte dos estudantes tanto no quesito

aprendizagem dos tópicos definidos, quanto na motivação à aprendizagem.

Pereira e Ostermann (2009), apesar de não apresentarem resultados no que tange à

aplicação de uma estratégia de ensino em sala de aula, propõem que os conceitos de física

quântica podem ser introduzidos no ensino médio a partir do estudo com o Interferômetro de

Mach-Zehnder (IMZ). Sugerem que isso possa ser feito recorrendo-se a simulações

computacionais.

Ostermann e Ricci (2004) relatam o desenvolvimento de uma unidade conceitual sobre

mecânica quântica voltada para professores de ensino médio, ao longo de um semestre no curso

de Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física (MPEF) da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. Esta unidade conceitual engloba atividades experimentais de baixo custo, a

utilização de simulações computacionais com o IMZ e o experimento da fenda dupla. Os

autores relatam que neste trabalho ficou evidente haver certa deficiência conceitual nestes

tópicos por parte dos professores, bem como significativa melhora na compreensão dos

conceitos básicos de física quântica em decorrência do tipo de abordagem que receberam ao

longo da aplicação da unidade conceitual.

Diante do que foi apresentado, é possível perceber que há propostas não tradicionais de

se trabalhar a natureza da luz e em consequência, conceitos básicos de física quântica. No

entanto, não fica muito claro na literatura, a existência de materiais que possam ser utilizados

por professores e/ou alunos ao longo do processo de aprendizagem do tema. Em consonância

com os trabalhos aqui apresentados e no intuito de contribuir para que estes tópicos possam de

fato chegar às escolas públicas de educação básica, o presente trabalho tem por finalidade

apresentar um objeto educacional que possa mediar o processo de aprendizagem dos tópicos

referentes à natureza da luz.

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1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

O primeiro capítulo aqui apresentado buscou situar o leitor sobre os pontos básicos que

justificam este trabalho. O capítulo seguinte faz uma revisão da literatura, apresentando as

diferentes abordagens existentes nos livros didáticos para este tópico, bem como a proposta de

inserção de Histórias em Quadrinhos (HQs) como facilitadoras do processo de aprendizagem.

O terceiro capítulo expõe tópicos da mecânica quântica, fazendo uma explanação breve sobre

o efeito fotoelétrico, a dualidade onda-partícula e o IMZ. O quarto capítulo é uma descrição da

metodologia aqui utilizada. Trata tanto dos aspectos da teoria da aprendizagem que nortearam

o desenvolvimento do objeto educacional, bem como da descrição do público alvo e as

possibilidades de aplicação em sala de aula. O quinto capítulo consiste na apresentação dos

resultados obtidos que se encontram divididos ao longo de quatro atividades avaliativas, e o

sexto encerra este trabalho fazendo as considerações finais. O objeto educacional desenvolvido

que inclui uma HQ, um guia de aplicação e atividades avaliativas se encontram nos apêndices

desta dissertação.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ENSINO DE FÍSICA: UM PANORAMA ATUAL

Os objetivos do ensino de física nas escolas brasileiras do século XXI destoam da maneira

com a qual os conteúdos foram tradicionalmente inseridos, ou seja, através de fórmulas

matemáticas aplicadas em problemas fechados e descontextualizados.

Como afirma Pietrocola

Embora exista consciência por parte de alunos e professores de que a Física é uma

ciência da natureza e que relatos de experiências, observações, laboratórios e dados

empíricos, etc., abundam nos livros e nos discursos didáticos, as atividades escolares

acabam por se restringir às aplicações de formalismos matemáticos e aos exercícios

numéricos extraídos das teorias. (PIETROCOLA, 2002, p.04)

Recorrer ao uso de fórmulas matemáticas é importante, uma vez que esta é uma maneira

de representar determinada lei física e, além disso, seu uso quase sempre possibilita fazer

previsões quando dadas às condições iniciais do sistema. No entanto, tal prática não pode ser

um fim em si mesma, uma vez que para se compreender a totalidade de um fenômeno é preciso

interpretá-lo. Um aluno pode facilmente usar a segunda lei de Newton para calcular o módulo

da força resultante aplicada sobre um corpo, porém o número obtido como resposta não revela

sua direção e sentido.

É necessário, portanto, pensar o ensino de física nas escolas de educação básica para além

de uma mera aplicação de fórmulas em problemas fechados. Nesse sentido, as orientações

curriculares para o ensino médio, assim como os demais documentos elaborados pelo governo

federal (PCNs, PCN+) que orientam o ensino de física nas escolas do país, destacam que o

principal objetivo desta disciplina é

[...] assegurar que a competência investigativa resgate o espírito questionador, o

desejo de conhecer o mundo em que se habita. Não apenas de forma pragmática, como

aplicação imediata, mas expandindo a compreensão do mundo, a fim de propor novas

questões e, talvez, encontrar soluções. Ao se ensinar física devem-se estimular as

perguntas e não somente dar respostas a situações idealizadas (BRASIL, 2006, p. 53).

Deve-se destacar também, que o objetivo de se escolarizar um indivíduo ultrapassa as

barreiras da simples transmissão dos saberes escolares. Tal fato pode ser evidenciado a partir

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, onde se destaca que dentre as finalidades do ensino

médio está

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[...] a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar

aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições

de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; O aprimoramento do educando como

pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia

intelectual e do pensamento crítico; A compreensão dos fundamentos científico-

tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino

de cada disciplina. (BRASIL, 1996, art. 35)

A partir dos pressupostos apresentados, pensamos que o ensino de física deve possuir

como horizonte o espírito crítico e questionador acerca do mundo. É nesse sentido que se faz

necessário pensar a inserção de tópicos de física moderna no ensino médio e repensar as

maneiras às quais não só estes, mas também o currículo como um todo é levado ao estudante,

uma vez que a simples “matematização” dos fenômenos físicos não atende aos objetivos

almejados.

No âmbito do Estado do Rio de Janeiro, região onde esta pesquisa foi desenvolvida, o

Currículo Mínimo propõe que sejam discutidos “os modelos para a explicação da natureza luz,

vivenciando a ciência como algo dinâmico em sua construção” (RIO DE JANEIRO, 2012).

Essa proposta é componente curricular do 3° ano do ensino médio.

Assim, subentende-se que o aluno deve compreender os fenômenos ondulatórios que

endossam a característica eletromagnética da luz. Para além disso, que deve também conhecer

fatos relevantes da história da ciência que colocam as características corpusculares da luz no

debate sobre sua real natureza. Por fim, espera-se que estes sejam inseridos nas discussões mais

recentes, que analisam a luz numa perspectiva da mecânica quântica.

2.2 A NATUREZA DA LUZ E OS LIVROS DIDÁTICOS

Dentro da proposta apresentada na seção anterior, cumpre verificar de que maneira os

livros didáticos apresentam os tópicos referentes à natureza da luz, uma vez que este será o

material base utilizado pelos professores e alunos na sala de aula. Assim, foram analisadas dez

coleções de livros didáticos autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC) para o triênio

2018-2020 e que compõem o Plano Nacional do Livro Didático (PNLD).

A coleção Ser protagonista (VÁLIO et. al., 2016), traz no volume 2 uma unidade que

tem por finalidade tratar dos conteúdos referentes à óptica geométrica e, logo no primeiro

capítulo há uma pequena seção destinada a tratar da natureza da luz, onde se informa que a luz

é um tipo de onda eletromagnética, havendo vários modelos para descrever sua natureza, sendo

importante considerar a dualidade onda-partícula, sem que, no entanto, haja uma discussão

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acerca das implicações deste conceito. No final do capítulo subsequente, há um box intitulado

“Física tem história” e que trata das principais descobertas dos séculos XVII e XVIII. Nele é

possível perceber um confronto entre os modelos ondulatório e corpuscular. O volume 3 da

coleção tem uma seção no capítulo referente à indução eletromagnética para tratar das ondas

eletromagnéticas, onde se encontram dois parágrafos apresentando as descobertas de Thomas

Young e Maxwell para validar a teoria ondulatória da luz. Num capítulo mais adiante, o efeito

fotoelétrico e a catástrofe do ultravioleta são apresentadas e após isso há uma seção para tratar

da dualidade onda-partícula. Há aqui apenas apresentação da interpretação de Copenhague sem

que se faça uma discussão sobre a possibilidade de haver outras interpretações possíveis para o

tema.

Guimarães, Piqueira e Carron (2016), no volume 2 de sua coleção introduzindo o estudo

da óptica definem luz como sendo uma radiação eletromagnética. No entanto, é somente no

volume 3 que o conceito de radiação é apresentado. No capítulo referente às ondas

eletromagnéticas, os fenômenos de difração, interferência e polarização são relembrados,

mostrando como a luz se comporta nessas situações. O capítulo que trata da física moderna

aborda a quantização da energia, seguida da apresentação do efeito fotoelétrico, dualidade onda-

partícula à luz da escola de Copenhague. Há um parágrafo nesta seção indicando ter havido

resistência por parte de um grupo de físicos em relação a esta interpretação e o paradoxo

Einstein-Podolsky-Rosen1 (EPR) é citado. No entanto, há de se destacar que esta discussão não

se estende, sendo apenas uma pequena observação sobre o tópico.

Ao introduzir o estudo da óptica no volume 2 Bonjorno e outros (2016) fazem uma

introdução acerca do que é luz, discutem as contribuições de Newton e Huygens para a

existência de duas teorias distintas e finalizam a seção argumentando que a Mecânica Quântica

(MQ) conseguiu conciliar os dois modelos através do conceito de dualidade onda-partícula. No

volume 3, o efeito fotoelétrico é apresentado e há um parágrafo breve afirmando que a

descoberta deste fenômeno retoma o debate sobre a natureza da luz. Ainda no mesmo capítulo

o conceito de dualidade onda-partícula e o princípio de complementaridade são apresentados.

BISCUOLA e outros (2016) apresentam os estudos de óptica e ondulatória no volume 2

de sua coleção, definindo a luz como uma onda eletromagnética. No volume 3, o capítulo que

trata da física moderna tem uma seção específica para apresentar as radiações eletromagnéticas

1 Artigo publicado em 1935 por Einstein, Podolsky e Rosen, criticando a interpretação de Copenhague.

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sob a ótica da ondulatória e depois, numa nova seção, sob a ótica quântica, seguida de um breve

estudo sobre o efeito fotoelétrico, dualidade onda-partícula e o princípio da complementaridade.

Ao introduzir o estudo da ondulatória no volume 2, Torres e outros (2016) definem a luz

como sendo uma onda eletromagnética. No capítulo que apresenta os conteúdos de óptica

geométrica, há um box narrando alguns aspectos históricos referentes à natureza da luz,

perpassando pela teoria ondulatória, corpuscular, até se chegar ao conceito de dualidade onda-

partícula. O volume 3 traz um estudo das ondas eletromagnéticas e apresenta o efeito

fotoelétrico, dualidade onda-partícula e o princípio da complementaridade no capítulo de física

quântica.

A coleção Conexões com a Física (MARTINI et al., 2016) traz no volume 2 o estudo de

óptica e ondulatória. No volume 3, o capítulo que trata das ondas eletromagnéticas, apresenta a

luz enquanto onda. Na unidade referente à física moderna, o efeito fotoelétrico é apresentado e

junto com a ideia de quantização de energia, um modelo corpuscular para a luz se revela. Ainda

neste capítulo a dualidade onda-partícula é analisada a partir do experimento de dupla fenda de

Young, seguida do princípio da incerteza descrevendo este comportamento como probabilista,

deixando implícita no texto a interpretação de Copenhague como única possibilidade para

responder às indagações referentes à natureza da luz.

Yamamoto e Fuke (2017) na abertura do capítulo que inicia o estudo da óptica, no volume

2, apresenta um breve histórico sobre a natureza da luz indicando que ela apresenta um caráter

dual, sendo que na sequência dos capítulos é dado enfoque no seu caráter ondulatório. Ainda

nesta parte da óptica há um box aprofundando o debate sobre o conceito de dualidade a partir

da ideia de quantização de energia. Ao iniciar o estudo da refração são apresentadas as ideias

corpusculares e ondulatórias para este fenômeno, mostrando que uma análise corpuscular

levaria a conclusões equivocadas sobre o mesmo. No volume 3, o efeito fotoelétrico é

apresentado, seguido da dualidade onda-partícula, princípio da complementaridade e princípio

da incerteza.

Luz (et al., 2017) no volume 2, quando está a tratar dos conceitos de óptica geométrica,

apresenta o modelo corpuscular de Newton e o ondulatório. Seguindo a ideia de que o modelo

ondulatório se mostrou mais adequado para descrever os fenômenos apresentados, ao fazer um

estudo dos tópicos de ondulatória o livro apresenta os conceitos de difração, interferência e

polarização para a luz. No volume 3 da coleção o efeito fotoelétrico é apresentado havendo uma

discussão de como este fenômeno não pode ser explicado pela teoria ondulatória. A partir disto

é apresentada a ideia de quantização da energia. O livro não apresenta a dualidade onda-

partícula.

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A coleção Compreendendo a Física de Alberto Gaspar (2017) apresenta no volume 2 um

capítulo intitulado “Ondas Luminosas” onde é iniciado o estudo da óptica geométrica. O

capítulo que trata da refração luminosa apresenta as ideias de Newton para explicar o fenômeno,

finalizando com uma discussão sobre como o decorrer da história provocou questionamentos

no que tange à natureza da luz. Mais adiante há um capítulo intitulado “Óptica Ondulatória”

onde os conceitos de interferência, difração e polarização são apresentados. Ao longo dos

capítulos há caixas de texto anexas e algumas trazem informações sobre a natureza da luz. Uma

delas justifica o fato de a refração ser tratada do ponto de vista ondulatório, outra, trata dos

fótons e a natureza corpuscular da luz enquanto uma terceira, resgata aspectos históricos. No

volume 3, há um capítulo intitulado “Das ondas eletromagnéticas aos fótons”, onde o efeito

fotoelétrico e a dualidade onda-partícula são apresentados. O autor utiliza o experimento da

fenda dupla de Young para explicar a dualidade dando um enfoque ao caráter probabilístico da

MQ. Num capítulo mais adiante onde se propõe apresentar os tópicos da MQ, o princípio da

incerteza é apresentado.

A sequência na qual os conteúdos são apresentados nestes exemplares foi organizada no

quadro que segue:

Autor – Coleção Vol

Revisão

Histórica sobre

a natureza da

luz

Experimento

da dupla

fenda

Dualidade

onda-

partícula

Efeito

Fotoelétrico IMZ

Diferentes

interpretações

para a dualidade

onda-partícula

Interpretação

de

Copenhague

BISCUOLA et al. –

Física

2

3

BONJORNO et al.

– Física

2

3

VÁLIO et al.- Ser

Protagonista:

Física.

2

3

GASPAR -

Compreendendo a

Física

2

3

GUIMARÃES et

al. – Física

2

3

MARTINI et al. -

Conexões com a

Física

2

3

LUZ et al - Física

Contexto e

Aplicações

2

3

PIETROCOLA et

al. Física em

Contextos

2

3

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Quadro 1: Comparativo entre os conteúdos apresentados nos livros didáticos

O que se pode depreender deste breve levantamento é que de um modo geral, tópicos

referentes à natureza da luz são citados de maneira introdutória ou anexa aos capítulos que

vislumbram tratar da óptica geométrica. É de se notar também que os livros se mostram

insuficientes na tentativa de discutir como devemos entender a luz. O comportamento

ondulatório é apresentado num volume, enquanto a ideia de quantização de energia e o

comportamento corpuscular, noutro, sem que se faça uma conexão entre os dois. Quanto ao

conceito de dualidade, este é apresentado de maneira descritiva sem haver discussões sobre seu

significado. Outra característica que merece destaque é que a interpretação de Copenhague é

posta como consensual na comunidade científica, fato que entra em discordância com as

diversas interpretações que podem ser encontradas na literatura2.

2.2.1 Pietrocola: Uma Abordagem Diferente

Na seção anterior foi possível perceber haver um padrão na sequência com a qual os

tópicos sobre a natureza da luz são apresentados. Assim, de um modo geral, os livros

apresentam primeiro os tópicos de óptica geométrica e ondulatória e no volume seguinte tratam

das radiações eletromagnéticas e dos aspectos da física moderna.

A coleção Física Conceitos e Contextos de Pietrocola (et al., 2016) segue um caminho

parecido, apresentando no volume 2 uma unidade chamada Imagem e Som, onde aspectos da

formação de imagens e da acústica são discutidos. No entanto, é possível perceber que o volume

3 da coleção leva o aluno a compreender que a luz pode ser descrita por diferentes modelos. O

capítulo 6 intitulado “A Luz como onda e as Telecomunicações”, trata dos fenômenos

ondulatórios e os capítulos seguintes falam da radiação de corpo negro e dos espectros de

emissão e absorção da luz. No capítulo 8 os alunos são apresentados ao debate sobre a natureza

da luz, onde os modelos corpuscular e ondulatório são confrontados. A partir daí são discutidos

tópicos de relatividade restrita e em seguida é falado sobre o efeito fotoelétrico. Uma seção

2 Ver PESSOA JR (2003).

TORRES et al. -

Física Ciência e Tecnologia

2

3

YAMAMOTO, K;

FUKE, L. - Física

para o Ensino Médio

2

3

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chamada “O que é luz afinal? ” compila o tema fazendo uma revisão de tudo o que foi discutido

nos capítulos anteriores, estimulando a curiosidade sobre qual modelo descreve a luz de forma

satisfatória. A partir daí a dualidade onda-partícula é apresentada e as diferentes interpretações

da mecânica quântica para este conceito são discutidas através do IMZ.

2.3 O USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS (HQs) COMO FERRAMENTA DE

ENSINO

Dentre os diversos recursos alternativos que podem ser utilizados na sala de aula como

motivadores no processo de ensino-aprendizagem, podemos citar as HQs. Barbosa (et al., 2006)

fala em diversas vantagens em se utilizar este recurso, dentre eles o fato de as HQs aumentarem

a motivação dos estudantes tornando-os mais propensos à participação em aula e a “interligação

do texto com a imagem, ampliar a compreensão de conceitos de uma forma que qualquer um

desses códigos, isoladamente, teria dificuldades para atingir”. (BARBOSA et al., 2006, p.22)

No que se refere ao ensino de física Caruso e Freitas (2009) relatam o desenvolvimento

de tirinhas como auxiliadores na aprendizagem de tópicos de relatividade, enquanto Souza e

Viana (2014) utilizam uma série de tirinhas que acompanhadas de questões problematizadoras

permitiram tratar dos tópicos da óptica geométrica. Pereira e Oliveira (2016) discorrem sobre o

uso de HQs incorporados a uma sequência didática para o estudo de cinemática numa escola

estadual.

No âmbito do programa do MNPEF, é possível encontrar algumas produções que se

utilizam de HQs na sala de aula tais como SANTOS (2018), que relata o desenvolvimento de

uma HQ para levar aos estudantes de física tópicos relacionados aos neutrinos; RAMOS (2018),

que selecionou HQs que pudessem ser utilizadas para tratar do estudo da física térmica, no

ensino médio; GONÇALVES (2016) que disserta sobre a utilização de HQs na Educação de

Jovens e Adultos.

Para além de trabalhos aplicados a um pequeno grupo, é possível encontrar na literatura

projetos que têm por finalidade fornecer livros-texto em formato de HQs, como é o caso do

projeto História da Ciência em Quadrinhos3 que vem sendo feito na Universidade Federal de

Ouro Preto e desenvolve HQs em formato impresso para serem doados às escolas públicas a

fim de serem utilizados como material de apoio às aulas de ciências. Outro projeto que merece

3 http://www.leds.ufop.br/hqciencia/; Acesso em 25/04/2018.

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ser destacado é a publicação (em 2006) de mangás4 pela editora Novatec no intuito de

apresentar tópicos de física.

Diante do exposto nesta e nas demais seções deste capítulo pensamos que a utilização de

histórias em quadrinhos para tratar da natureza da luz, apresenta-se como um recurso didático

que pode ser enriquecedor no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que os recursos

visuais e a estrutura de uma história podem motivar os estudantes à leitura, aguçando sua

curiosidade e instruindo-os ao mesmo tempo.

4https://s3.novatec.com.br/downloads/amostras/amostra-manga-fisica.pdf; Acesso em 25/04/2018.

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3 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA

Decidimos examinar um fenômeno que é impossível, absolutamente impossível, de

ser explicado por qualquer modo clássico, e que vai direto ao cerne da mecânica

quântica. Na verdade, ele contém o único mistério. Não podemos explicar o mistério

no tocante à “explicação” de como ele funciona. Contaremos como ele funciona. Ao

contar a você como ele funciona, iremos falar sobre as peculiaridades básicas de toda

a mecânica quântica. (FEYNMAN, 2008, p. 37-2)

3.1 EFEITO FOTOELÉTRICO

Numa tentativa de encontrar um formalismo que justificasse a catástrofe do ultravioleta,

Max Planck, em 1900, propõe que a troca de energia num corpo negro se dê em quantidades

discretas. Tal afirmativa implicava em romper com a tese de que a energia para um sistema

clássico poderia assumir qualquer valor entre 0 e infinito. Ao contrário, o que se teria seriam

valores que satisfizessem a relação:

𝐸 = 𝑛ℎ𝜈, (I)

onde n corresponde a um número natural, h é uma constante denominada constante de Planck

e ν é a frequência da oscilação.

Foram as ideias de Planck que permitiram Einstein explicar o efeito fotoelétrico e lhe

renderam o prêmio Nobel em 1921. Tal fenômeno, nada mais é do que a “emissão de elétrons

de uma superfície metálica, devido a incidência de luz sobre ela” (EISBERG, 1979, p 51) tendo

sido descoberto de maneira acidental por Heinrich Hertz, em 1887, quando tentava demonstrar

a validade dos trabalhos de Maxwell.

Para melhor compreender este fenômeno considere um eletroscópio de dupla folha que

fora inicialmente eletrizado negativamente, como mostrado na figura 1.a. A experiência revela

que este será descarregado se uma luz ultravioleta incidir sobre ele (figura 1.b).

a)

b)

Figura 1: Esquema representativo de um eletroscópio de dupla folha (a) carregado negativamente; (b)

sendo descarregado por luz ultravioleta. Fonte: Elaborado pela autora.

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Do ponto de vista clássico, poderia se supor que aumentada a intensidade (I) do feixe de

luz incidente, ocorreria também um aumento na amplitude do campo elétrico oscilante (Erms),

uma vez que a primeira é diretamente proporcional ao quadrado da segunda, como mostrado na

equação a seguir:

𝐼 = 1

2𝑐𝜀0𝐸𝑟𝑚𝑠

2 ,5 (II)

onde c é a velocidade da luz no vácuo e ε0 é a permissividade elétrica do vácuo.

Se o campo elétrico do feixe de luz incidente força os elétrons a vibrarem na mesma

frequência que a onda, poderíamos esperar que quando a amplitude fosse suficientemente alta,

os elétrons seriam arrancados do metal e quanto maior o valor da intensidade, maior a energia

com que esses elétrons seriam ejetados.

Um experimento mais acurado sobre o efeito fotoelétrico foi feito por Philipp Lenard e

lhe rendeu o Nobel em 1905 (LENARD, 1906). Nele alguns dos elétrons arrancados de uma

placa de alumínio podiam ser detectados numa outra placa, colocada próxima à primeira. Neste

caso, uma diferença de potencial (V) era verificada e consequentemente havia passagem de

corrente, que podia ser aferida com um amperímetro (i). A figura 2, esquematiza esta situação:

Figura 2: Esquema ilustrativo da experiência de Philipp Lenard.

Fonte: NUSSENZVEIG (1997, p. 250)

A primeira conclusão que se pode depreender deste experimento é que quanto maior a

intensidade luminosa, mais elétrons serão arrancados do metal e consequentemente, maior

também será a corrente medida pelo amperímetro.

Se for colocada uma bateria, de modo que a placa onde a luz incide corresponda a um

catodo e a outra, um anodo, àqueles elétrons que estavam sendo arrancados do metal seriam

5 Para mais detalhes ver NUSSENZVEIG - 03 (2007, p. 274-279).

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acelerados em direção a outra placa. Se a diferença de potencial estabelecida for muito grande,

a corrente medida irá saturar para um determinado valor, no qual todos os elétrons arrancados

da primeira placa consigam atingir a segunda.

No entanto, se a polaridade da bateria for invertida, o valor da corrente não cai

imediatamente a zero. Isso sugere que os elétrons são arrancados da placa com uma determinada

energia cinética dada por:

𝐸𝑐 = 𝑞. 𝑉, (III)

onde q corresponde à carga do elétron e V a diferença de potencial estabelecida. De acordo com

o princípio de conservação da energia este valor deve corresponder à diferença entre a energia

fornecida pela luz (E) e o trabalho necessário para arrancar o elétron do metal representado

por 𝜙 (também chamado de função trabalho). Assim, para o caso de um único fóton transferindo

toda sua energia a um único elétron, teremos que:

𝐸𝑐 = 𝐸 − 𝜙. (IV)

Na situação descrita os elétrons arrancados do metal seriam freados, porém

eventualmente alguns conseguiriam atingir à placa oposta. Se a diferença de potencial for

aumentada um pouco mais, ainda com polaridade invertida, haveria um instante para o qual

nenhum elétron conseguiria atingir à placa oposta. Essa diferença de potencial limite é

denominada potencial de freamento e a experiência revela que independente da intensidade da

luz incidente, o valor deste potencial será o mesmo, como mostrado na figura 3 e

consequentemente a energia cinética máxima com a qual os elétrons poderão ser arrancados

também será a mesma.

Figura 3: Gráfico que relaciona diferença de potencial aplicada e intensidade de luz incidente. Fonte:

NUSSENZVEIG (1997, p. 250).

Assim, o número de elétrons arrancados aumenta quando há um aumento na intensidade

de luz incidente sem que, no entanto, haja variação na energia cinética com a qual são emitidos.

Tal fato não poderia ser explicado através de uma descrição clássica. Bernstein (1975, p. 163)

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para exemplificar como estes resultados eram insatisfatórios, utiliza uma analogia mecânica

com nadadores alinhados em uma praia e expostos a ondas. Segundo ele, era como se

“aumentada a força da onda, o efeito não fosse o de derrubar mais violentamente os nadadores,

mas, antes, o de derrubar maior número deles, com impacto exatamente igual ao causado pela

onda menor”.

Outra conclusão que pode ser obtida deste experimento se refere ao tempo de absorção

de energia pelos elétrons. De acordo com a descrição clássica, estes absorvem energia até que

estejam excitados o suficiente a ponto de saltarem do metal. Se a intensidade luminosa é baixa,

então a amplitude do campo elétrico também é, de modo que a transferência de energia para o

elétron deveria acontecer num ritmo menor. Na prática, porém o que se percebe é que este

processo é instantâneo.

Uma terceira conclusão estranha à teoria ondulatória refere-se à faixa de frequência para

a qual o efeito fotoelétrico pode ser observado, pois o mesmo deveria ocorrer para qualquer

valor de frequência uma vez que, em tese, somente a intensidade da luz influencia na emissão

ou não de elétrons do metal. No entanto, mais uma vez a experiência revela o contrário. O efeito

fotoelétrico só é observado a partir de determinada faixa de frequência e isso depende do metal

que está sendo utilizado. Essa frequência mínima é chamada de frequência de corte.

Em resumo, apresentamos três aspectos que não podiam ser explicados pela teoria

ondulatória:

Tempo de emissão fotoelétrica;

Energia cinética constante em função do potencial de freamento ser constante;

Frequência de corte.

Como já mencionado anteriormente, a explicação que conseguia justificar de maneira

satisfatória o efeito fotoelétrico veio de Einstein, em 1905. Para ele não só as trocas de energia

seriam quantizadas, como proposto por Planck, mas a própria energia assumia quantidades

discretas, ou seja, a luz seria composta por “pacotinhos” de energia denominados quanta que

mais tarde, em 1926, passariam a ser chamados de fótons por Gilbert Newton Lewis

(EBERHARDT, 2017, p. 931).

Assim, quando a luz incide sobre o cátodo na experiência de Lenard, ou sobre o

eletroscópio, os elétrons do metal absorvem fótons com energia proporcional à frequência, de

modo que

𝐸 = ℎ𝜈 (V)

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Partindo dessa premissa, todas as evidências experimentais apresentadas acima podem

ser satisfeitas.

Problema Explicação de acordo com a hipótese da quantização de

energia proposta por Einstein

Tempo de emissão

fotoelétrica;

Basta que um fóton seja absorvido por um elétron para

que ocorra a emissão fotoelétrica, não se fazendo necessário

aguardar determinado intervalo de tempo para que o

fenômeno ocorra.

Energia cinética;

Cada elétron receberá energia de um único fóton, de

modo que a energia cinética máxima com a qual eles poderão

ser arrancados do metal será dada pela equação IV, que pode

ser reescrita na forma

𝑞. 𝑉 = ℎ𝜈 − 𝜙 (VI)

Repare que não há nesta maneira de apresentar o

problema, nenhuma dependência entre o potencial de

freamento e a intensidade de luz incidente, de modo que este

depende apenas da energia com a qual o fóton incide sobre

ele. Assim, independente da intensidade luminosa o potencial

de corte deverá apresentar sempre o mesmo valor e em

consequência, a energia cinética máxima será constante.

Frequência de corte.

Se a energia dos fótons for menor que a função trabalho

do metal, não haverá emissão fotoelétrica. Caso contrário o

efeito fotoelétrico ocorrerá.

Quadro 2: Comparativo entre os problemas apresentados pela descrição do efeito fotoelétrico pela teoria clássica

e a explicação de acordo com a tese da quantização da energia proposta por Einstein. Fonte: elaborado pela autora.

Para além das experiências de Lenard, Einstein propôs que

“Se a fórmula (equação VI) deduzida é correta, um gráfico de Vf, em função da

frequência da luz incidente, deve resultar numa reta, cujo coeficiente angular deve ser

independente da natureza da substância iluminada”. (NUSSENZVEIG, 2010, p. 252)

A confirmação experimental desta hipótese apresentada por Einstein veio em 1926, por

Millikan e está representada na figura 4:

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Figura 4: Relação entre o potencial de corte e a frequência de luz incidente.

Fonte: NUSSENZVEIG (1997, p. 253).

Essa sequência de eventos novamente coloca em xeque a natureza da luz, que até então

os fatos experimentais indicavam ser de origem ondulatória. O desenvolvimento da teoria

quântica levou os físicos a reverem suas concepções e outros experimentos corroboraram para

que um novo modelo pudesse colocar um ponto final nesta discussão. Trata-se da dualidade

onda-partícula.

3.2 DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA

A descoberta da quantização de energia levou a profundas transformações na maneira

com a qual os físicos compreendiam a matéria e a luz. A equação V traz em si uma característica

um tanto inusitada: a de que a energia dos fótons assume quantidades discretas. Isso significa

que uma onda, entidade física contínua, é responsável por uma grandeza discreta, a energia. No

entanto, algo não pode ser contínuo e discreto ao mesmo tempo. Como afirma Feynman, “é

nesse sentido que a luz pode ser entendida como partícula. Essa unidade mínima de energia,

ao qual chamamos fótons possui propriedades que não podem ser explicadas assumindo

apenas as características discretas” (2012, p. 134).

Osvaldo Pessoa Junior apresenta duas maneiras para definir dualidade onda-partícula,

uma a qual denomina versão fraca:

Para qualquer objeto microscópico, pode-se realizar um experimento tipicamente

ondulatório (como um de interferência), mas a detecção sempre se dá através de uma

troca pontual de um pacote mínimo de energia (PESSOA JR, 2003, p.03)

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e outra a qual denomina versão forte e que está arraigada à Interpretação de Copenhague, que

será apresentada mais adiante neste capítulo:

Um sistema quântico ou exibe aspectos corpusculares (seguindo trajetórias bem

definidas), ou aspectos ondulatórios (como a formação de um padrão de interferência),

dependendo do arranjo experimental, mas nunca ambos ao mesmo tempo. (PESSOA

JR, 2003, p.18)

Na abertura deste capítulo foi utilizada uma epígrafe de Richard Feynman na qual, ele se

propõe a explicar um experimento que permite compreender o significado do termo dualidade

onda-partícula. Fazemos o mesmo neste trabalho. No entanto, ao invés de seguir os “passos”

de Feynman apresentando o experimento da dupla fenda de Young, utilizamos aqui uma

abordagem mais moderna deste experimento e que nos permite chegar às mesmas conclusões.

Seguindo a linha de autores como Osvaldo Pessoa Jr (2003), Alexsandro Pereira e Fernanda

Ostermann (2009) abordaremos o tema a partir do IMZ.

3.3 O INTERFERÔMETRO DE MACH-ZEHNDER E OS PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA

FÍSICA QUÂNTICA

O IMZ, consiste de um experimento desenvolvido por volta de 1892, de maneira

independente por Ludwig Zehnder e Ludwig Mach. A figura 5 mostra uma representação ideal

de como funciona o aparelho, sendo constituído de dois espelhos semi-refletores, que refletem

50% do feixe incidente e transmitem os 50% restantes, dois espelhos que refletem toda a luz

incidente, uma fonte emissora de luz coerente, como um laser por exemplo e dois detectores,

que emitem um sinal luminoso quando fótons o atingem. O detector A emite um sinal luminoso

verde quando isso ocorre, enquanto o detector B, vermelha.

Figura 5: Representação esquemática e em cores fantasia de um Interferômetro de Mach-Zehnder

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Ao permitir que um feixe de luz adentre no interferômetro, o primeiro divisor de feixes

reflete 50% da luz incidente e transmite os outros 50%, de maneira que o feixe possa descrever

duas trajetórias distintas. No esquema representado pela figura 6, o feixe transmitido descreve

a trajetória 1 enquanto o feixe refletido descreve a trajetória 2.

Figura 6: Representação esquemática de um feixe transmitido e refletido pelo primeiro divisor de feixes e suas

trajetórias no IMZ. Fonte: elaborado pela autora.

No segundo divisor de feixes, toda a luz incidente se recombina, podendo haver detecção

em A ou em B.

Ao realizar esta experiência, apenas o detector A sinaliza a presença de luz e, no regime

clássico, isso pode ser explicado recorrendo-se ao eletromagnetismo, que trata a luz como uma

onda eletromagnética. Isso significa que um feixe de luz laser monocromática, quando incide

no interferômetro, tem um campo elétrico que pode ser descrito através da relação:

�⃗� = 𝐸0⃗⃗⃗⃗ 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 + 𝜙), (VII)

onde 𝐸0⃗⃗⃗⃗ corresponde a amplitude do campo elétrico, k é o número de onda, ω é a frequência

angular e é a fase da onda. Como toda função senoidal, haverá máximos e mínimos de

amplitude para o campo elétrico. É sabido também que quando duas ondas em fase se

superpõem ocorre uma interferência 100% construtiva. Por outro lado, se duas ondas em

oposição de fase se superpõem ocorrerá interferência 100% destrutiva. Para além disso, vale

lembrar que para um espelho 100% refletor a luz nele incidente sofrerá uma defasagem

equivalente a π (NUSSENZVEIG, 1997, p.113), enquanto que em um divisor de feixes, a

reflexão resultará numa defasagem de π/2 (DEGIORGIO, 1980).

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Dito isto analisemos novamente o interferômetro: a parte do feixe que segue pela

trajetória 1, sofre um deslocamento de fase equivalente a 3π/2 para que seja detectada em A, e

π para que seja detectada em B, enquanto que a parte do feixe que segue pela trajetória 2, sofre

um deslocamento de fase igual a 3π/2 para que seja detectada em A e 2π para que seja detectada

em B, conforme ilustrado na figura 7:

Figura 7: Esquema representativo e em cores fantasia das trajetórias descritas pelos feixes no IMZ. Fonte:

elaborado pela autora.

Quando os feixes que seguem pelas trajetórias 1 e 2 chegam ao segundo divisor de feixes,

ocorrerá uma superposição construtiva no detector A e destrutiva no detector B, resultando em

detecção apenas em A.

Se o Interferômetro é colocado em regime quântico, ou seja, com os fótons sendo

inseridos individualmente no aparato experimental, deveríamos a priori considerar que metade

dos fótons seriam detectados em A e a outra metade em B, uma vez que são unidades mínimas

de luz e, portanto, indivisíveis, tornando impossível haver interferências no aparato

experimental. No entanto, a experiência revela que apenas o detector A continua acendendo.

Isso significa que de alguma maneira fótons, ainda que incidam um a um no

interferômetro continuam sofrendo interferência. É nesse ponto que se encontra uma das bases

da física quântica, ao qual denominamos dualidade onda-partícula.

Recorrendo ao formalismo da MQ pode-se afirmar que cada trajetória possível para os

fótons descreverem dentro do interferômetro corresponde a um estado, que pode ser

representado por um vetor no espaço de Hilbert. Na notação de Dirac, representamos esse

estado por um ket |𝜓1⟩ ou |𝜓2⟩. Esses estados evoluem de maneira linear e determinística de

acordo com a equação de Schroedinger:

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iℏd

dt|ψ(t)⟩ = H(t)|ψ(t)⟩ , (VIII)

onde i é um número complexo, ħ é uma constante, |ψ(t)⟩ é o vetor de estado e H(t) é o

observável associado com a energia total do sistema.

Quando o fóton passa pelo primeiro divisor de feixes, não se sabe que trajetória ele irá

descrever. Assume-se então que o fóton se encontra em uma superposição de todos os estados

possíveis, que matematicamente corresponde à soma dos estados |𝜓1⟩ e |𝜓2⟩, de modo

que |𝜓⟩ = 1

√2|𝜓1⟩ +

𝑖

√2|𝜓2⟩.

Se fosse colocado um terceiro detector num dos braços do interferômetro como indicado

na figura 8, teoricamente seria possível prever por qual caminho rumou o fóton, uma vez que,

se houvesse detecção em C, então o fóton teria seguido por 1, caso contrário, 2.

Figura 8: Esquema representativo e em cores fantasia de um IMZ com três detectores e em regime

monofotônico. Fonte: elaborado pela autora.

A experiência, no entanto, revela que após atravessar o primeiro divisor de feixes há uma

superposição de estados que desaparece no instante em que se sabe qual trajetória o fóton

descreveu. Assim o padrão de interferência dá lugar a uma detecção corpuscular, com 50% dos

fótons em A e 50% em B. Dito de outro modo, pode-se afirmar que ao efetuar uma medida

sobre a trajetória do fóton, a superposição de estados será destruída, fazendo com que haja

detecção localizada num auto-estado do Observável em questão, ou seja, “a passagem de uma

superposição de estados para um estado específico é feita por um operador de projeção e, assim,

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essa redução de estado (ou redução do pacote de onda) acontece de acordo com o postulado de

projeção” 6,7 (FREITAS; FREIRE JR, 2008, p. 2307-3).

Diante do exposto nota-se que há duas possibilidades de evolução do estado de um

sistema: a primeira é a evolução de acordo com equação de Schroedinger e a segunda, a redução

de estado, que ocorrerá quando houver uma tentativa de medir a posição do fóton e que será

descrita pelo postulado da projeção.

O que foi apresentado até aqui é o que o formalismo da mecânica quântica pode revelar

sobre a experiência com fótons no IMZ. Mas como entender o significado desta experiência?

O que acontece no momento da detecção para que o fóton sofra uma redução de estado? Estes

e outros questionamentos não pertencem ao escopo do formalismo. São na verdade, questões

de âmbito interpretativo que surgem naturalmente na tentativa de atribuir significado ao que foi

estudado.

Jammer (1974, p.10) salienta que uma teoria física será formada minimamente por dois

componentes: um formalismo abstrato e um conjunto de regras de correspondência, sendo o

primeiro

(...) the logical skeleton of the theory, is a deductive, usually axiomatized calculus

devoid of any empirical meaning; it contains, apart from logical constants and

mathematical expressions, nonlogical (descriptive) terms, like "particle" and "state

function," which, as their name indicates, do not belong to the vocabulary of formal

logic but characterize the specific content of the subject under discussion. Although

the names of these nonlogical terms are generally highly suggestive of physical

significance, the terms have no meaning other than that resulting from the place they

occupy in the texture of F (formalism) (1974, p.10).

São as regras de correspondência que darão

(...) an internal coherence among the descriptive features of the theory and endows

it thereby with explanatory and predictive power. The proposal of such a principle is

usually also called an "interpretation" (JAMMER, 1974, p.10)

Pessoa Jr (2006, p.05) fala em dezenas de interpretações diferentes da Teoria Quântica.

Nos restringiremos aqui apenas a Interpretação de Copenhague, uma vez que esta é a

interpretação ortodoxa.

6 Se a medição da grandeza física 𝒜 é realizada no sistema que se encontra no estado |ψ⟩ der o resultado an, o

estado do sistema imediatamente após a medição é a projeção normalizada Pn|ψ⟩

√⟨ψ|Pn|ψ⟩

, de |ψ⟩ no subespaço

associado com an.

7 Uma discussão avançada sobre Mecânica Quântica foge ao escopo desta dissertação. No entanto, é possível

encontrar os postulados da Mecânica Quântica em COHEN-TANNOUDJI et. al (1977, p. 214-223).

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3.4 A INTERPRETAÇÃO DE COPENHAGUE

Majoritariamente foram as ideias de Bohr que deram origem a esta interpretação, tendo

havido colaboração de diversos físicos, tais com Heisenberg, Einstein, Dirac etc. Baseia-se no

princípio da complementaridade apresentado pela primeira vez em 1927 no Congresso

Internacional de Física realizado em Como na Itália (PESSOA JR, 2003, p.91).

Como destacam Camara e Simon (2015, p.230), Bohr nunca deu uma definição clara do

que significa o termo complementaridade, havendo apenas um vasto material que explica o

tema das mais variadas formas. Pessoa Jr (2003, p.93) fazendo alusão ao trabalho de

Weizsäcker (1955) afirma haver três tipos de complementaridade ao longo da obra de Bohr,

sendo a que mais se volta aos propósitos deste trabalho, a complementaridade entre partícula e

onda já apresentada no início deste capítulo como sendo a versão forte para a dualidade onda-

partícula. Segundo o autor

Um experimento pode ser compreendido em um quadro corpuscular, ou em um

quadro ondulatório, mas nunca nos dois ao mesmo tempo. Ou seja, se houver padrões

de interferência, não pode haver inferência sobre trajetórias (retrodição), e vice-versa.

Além desta “exclusão mútua”, essas duas descrições “exaurem” a descrição do objeto

(PESSOA JR, 2006, p. 98).

Esta definição exprime bem o que se observa no IMZ. De acordo com a montagem

experimental é possível verificar um comportamento ondulatório ou corpuscular, mas nunca

ambos ao mesmo tempo.

Aproximadamente na mesma época em que Bohr desenvolveu o princípio de

complementaridade, Heisenberg postulou o princípio de incerteza aplicável a grandezas que

não comutam, como posição e momento por exemplo, de forma que “a precisão de nossa

medida está inerentemente limitada pelo processo de medida em si” (EISBERG, 1979, p.98),

de modo que,

∆𝑃𝑥. ∆𝑥 ≥ ħ

2, (IX)

onde Px e x são as incertezas do momento e posição, respectivamente.

Como afirma Pessoa Jr (2003, p.77), isto significa que para prever o resultado da medição

de um observável será necessário diminuir a previsibilidade de outro.

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No que se refere à medida8 de um observável, a interpretação da complementaridade

prevê que “não se pode analisar um processo de medida, não há nada que possa ir além da

complementaridade dos conceitos clássicos” (NETO, 2010, p.17). Dito de outro modo, não faz

sentido perguntar como era o estado de um sistema antes que seja feita uma medida, uma vez

que é ela quem irá revelar o estado do sistema cabendo ao formalismo realizar as previsões

estatísticas, afinal este é o objetivo básico da física quântica. Sendo assim o postulado da

projeção encerra qualquer discussão sobre as possíveis trajetórias adotadas pelos fótons no

IMZ.

Quanto à linguagem própria da mecânica quântica, Pessoa Jr (2003, p.92) ressalta que é

necessário utilizar atributos da física clássica para descrever a aparelhagem experimental e os

resultados das medições de maneira que conceitos próprios da mecânica quântica, tais como

“‘superposição de auto-estados associados a um observável’ não podem ser aplicados aos

aparelhos macroscópicos enquanto eles são usados na medição”. Desta maneira surge o

questionamento de em que ponto se deve separar o clássico e o quântico, que para Bohr pode

ser respondido assumindo que este corte deverá ser feito a partir do momento em que se fizer

necessário utilizar a complementaridade.

8 A interpretação dos Estados Relativos desenvolvida por Hugh Everett em 1957 (NETO, 2010, p.74) busca

explicar o comportamento quântico a partir da evolução temporal da equação de Schroedinger sem que seja

necessário recorrer à ideia de redução de estado ao se realizar uma medida por um observador externo. Esta

interpretação, mais tarde (1973) foi apelidada de Muitos Mundos por Bryce DeWitt. Para mais detalhes ver

EVERETT (1973); FREITAS e FREIRE JR (2008).

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4 METODOLOGIA

4.1 OBJETIVOS DA PESQUISA

Diante dos pressupostos apresentados nos capítulos anteriores, o presente trabalho teve

por objetivo fazer com que os estudantes do ensino médio compreendessem a ciência como um

processo dinâmico de construção do conhecimento, percebendo a natureza não intuitiva da

física quântica.

4.1.1 Objetivos Específicos

• Tornar o ensino de física mais atraente, utilizando uma proposta didática motivadora;

• Desenvolver um material didático para explicar a natureza da luz no ensino médio,

utilizando histórias em quadrinhos;

• Desenvolver uma sequência didática, compatível com o planejamento do estado do Rio

de Janeiro, no qual esse material possa ser inserido;

• Construir com os estudantes o conceito de dualidade onda-partícula, apresentando

aspectos históricos que possam ser relevantes neste processo;

• Apresentar a Interpretação de Copenhague fazendo com que os alunos entendam que

esta não é única, havendo na literatura interpretações alternativas, como por exemplo a

interpretação dos muitos mundos.

4.2 SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos dessa pesquisa foram 60 alunos, matriculados em duas turmas do 3° ano do

ensino médio regular de uma escola pertencente à rede estadual do Rio de Janeiro. No geral, os

alunos possuem entre 16 e 18 anos e boa parte destes alunos se encontra envolvida em

atividades extracurriculares, tais como projeto jovem-aprendiz, cursos de inglês, pré-

vestibulares e cursos técnicos. Há ainda uma parcela deste grupo que trabalha sem que

necessariamente contribuam com a renda familiar.

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4.3 LOCAL DA INTERVENÇÃO

O local onde o objeto educacional foi aplicado corresponde à uma escola estadual situada

em uma área urbana do Município de Rio das Ostras, região norte do Estado do Rio de Janeiro.

Localiza-se em um bairro populoso, pertencente a uma comunidade bastante heterogênea,

constituída por grupos sociais de diferentes níveis socioeconômicos.

Por estar localizada em uma cidade da região petrolífera que apresenta um considerável

crescimento demográfico e econômico, a escola além de atender alunos do Ensino Fundamental

advindos do município de Rio das Ostras, recebe também alunos oriundos de diferentes regiões

do Estado do Rio de Janeiro e de outros Estados do Brasil, o que exige uma proposta pedagógica

que atenda às diferenças culturais e de nível de conhecimento diversificados.

A instituição oferta a modalidade de ensino médio regular a 1397 alunos, distribuídos ao

longo de três turnos e faz parte do pequeno número de escolas existentes no município. De

141.1179 habitantes há apenas 5 instituições que ofertam ensino médio na região, sendo uma

municipal10 e as demais estaduais, resultando em salas de aula com uma média de 35 – 40

alunos por turma. Dadas as circunstâncias do município, a escola recebe alunos de bairros

distantes e que por vezes precisam realizar um grande deslocamento para chegar ao local.

No que se refere à infraestrutura as salas de aula são amplas e a escola conta com

laboratório de ciências e informática e biblioteca. No entanto, o projeto de desmonte da

educação básica, que também afeta as escolas do Rio de Janeiro, em consonância com o estado

de calamidade decretado pelo atual governador, tem trazido uma situação de desgaste à escola.

É possível notar que a maioria das salas de aula se encontra com os aparelhos de ar condicionado

ruins e poucos ventiladores, resultando em ambientes cheios e quentes, o que por sua vez, traz

incômodos e possíveis distrações ao processo de ensino-aprendizagem. Apesar de grande

esforço da equipe diretiva, é possível também perceber poucos computadores funcionando no

laboratório de informática, bem como escassos recursos ao laboratório de ciências, que não

possui bancada, sendo boa parte dos materiais de física disponível no espaço, construídos com

materiais de baixo custo.

9 Dado populacional estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtido no site

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/rio-das-ostras/panorama. Acesso em 11/05/2018.

10 Dado obtido em https://www.riodasostras.rj.gov.br/educacao/unidadesescolares.html. Acesso em 11/05/2018.

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4.4 A DISCIPLINA DE FÍSICA NA ESCOLA

No que se refere à disciplina de física, esta é ofertada ao longo de dois tempos, totalizando

100 minutos semanais. Como a escola funciona em regime bimestral, isso garante um total de

20 aulas (10 encontros) ao longo do bimestre. Considerando que o Projeto Político Pedagógico

da escola exige no mínimo 3 avaliações bem como suas respectivas atividades de recuperação,

se forem reservadas as aulas destinadas às avaliações formais como provas e testes, restam em

média 5 ou 6 encontros para que os tópicos previstos no currículo mínimo sejam desenvolvidos.

Fica, portanto, evidente, ser este tempo bem apertado para este fim.

4.5 O OBJETO EDUCACIONAL

O objeto educacional desenvolvido inclui uma História em quadrinhos, uma série de

avaliações e um material de apoio, que visa instruir o professor sobre as maneiras com as quais

ele pode utilizar a HQ em sala de aula. As seções a seguir detalham o desenvolvimento e

aplicação do objeto em questão.

4.5.1 O Objeto Educacional e a Teoria de Aprendizagem Norteadora

O objeto educacional foi desenvolvido inspirado nos ideais sócio-interacionistas de Lev

Vigotski11. Alberto Gaspar (2014) aponta que uma metodologia de ensino fundamentada nesses

pressupostos

[...] deveria apoiar-se fundamentalmente na promoção de interações sociais em sala

de aula: através delas, o professor, como parceiro mais capaz, orientaria sua conduta

no sentido de:

1. Respeitar os limites da ZDI12 dos alunos para que eles possam aprender;

2. Motivar seus alunos, para que eles queiram aprender;

3. Deixar-se imitar por seus alunos, para que eles consigam começar a aprender.

(GASPAR, 2014, p. 204)

11 Há na literatura diversas maneira de se grafar o nome de Vigotski. Optamos por utilizar a maneira aportuguesada

por ser esta, recorrente nas publicações de ensino. Nas referências bibliográficas citadas no trabalho, manteremos

a grafia, tal como se apresenta no material analisado.

12 O autor utiliza a abreviação ZDI para se referir à Zona de desenvolvimento imediato. Preferimos, no entanto,

seguindo o livro A Formação Social da Mente, utilizar o termo Zona de desenvolvimento proximal (ZDP).

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Compreender as nuances que a citação apresentada traz em si, implica em explicitar

alguns aspectos da teoria de Vigotski que podem ser aplicados a educação. Desta maneira,

quando Gaspar fala em respeitar os limites da ZDI, refere-se à zona de desenvolvimento

proximal (ZDP), que pode ser definida como “a diferença entre o nível das tarefas realizáveis

com o auxílio dos adultos e o nível das tarefas que podem desenvolver-se com uma atividade

independente” (VIGOTSKII, 2006, p. 112). Chaiklin (2011), ao tratar da ZDP ressalta ser

necessário cuidado em relação a este conceito pois uma definição livresca pode gerar

interpretações inadequadas em relação ao tema. Assim, deve-se deixar claro que a ZDP

[...] é uma forma de se referir tanto às funções que estão se desenvolvendo

ontogeneticamente em um dado (objetivo) período etário quanto ao estado atual de

desenvolvimento de uma criança em relação às funções que idealmente precisam ser

realizadas (subjetivamente). (CHAIKLIN, 2011, p. 667).

Assim, um trabalho de ensino que se apoie nos fundamentos teóricos de Vigotski não terá

por finalidade identificar a ZDP de cada um dos estudantes, mas apresentar conteúdos que os

alunos sozinhos não seriam capazes de desenvolver. É nesse sentido que se dá a interação com

sujeitos mais capazes. O professor, assumindo este papel na sala de aula e “orientando-se apenas

pelo bom senso, pode atingir todos os seus alunos: basta trabalhar um pouco além do que avalia

ser o estágio atual de desenvolvimento”. (GASPAR, 2014, p. 198)

No que se refere ao quesito motivação, a teoria de Vigotski pressupõe que o processo de

aprendizagem dos saberes escolares se inicia muito antes da sala de aula. O aluno possui

conhecimentos prévios advindos do seu cotidiano, que muitas das vezes destoam do conceito

científico. Transformar senso comum em saber científico, implica na ocorrência de uma

reestruturação cerebral que só acontecerá se houver fortes motivos para que o indivíduo

abandone suas concepções iniciais. Como afirma Vigotski

[...] a análise determinista do pensamento pressupõe necessariamente a revelação dos

motivos, necessidades, interesses, motivações e tendências motrizes do pensamento,

que lhe orientam o movimento nesse ou naquele aspecto. (VIGOTSKY, 2000, p. 16)

O próprio pensamento não nasce de outro pensamento mas do campo da nossa

consciência que o motiva, que abrange os nossos pendores e necessidades, os nossos

interesses e motivações, os nossos afetos e emoções. Por trás do pensamento existe

uma tendência afetiva e volitiva. (VIGOTSKY, 2000, p. 479)

Nesse sentido a HQ foi desenvolvida de tal modo que o aluno seja levado a perceber que

uma descrição meramente corpuscular, ou ondulatória não se mostram suficientes para explicar

o comportamento da luz sendo levado a reestruturar seu pensamento de forma a considerar a

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necessidade de um modelo alternativo para explicar o fenômeno. É a partir daí que o signo

onda-partícula será apresentado.

O último quesito apresentado por Gaspar seria a importância da imitação para que os

alunos consigam começar a aprender. Tal proposta parte da premissa de que “para imitar, é

preciso ter alguma possibilidade de passar do que eu sei fazer para o que não sei” (VIGOTSKY,

2000, p. 328). Dito de outro modo, se uma pessoa que possui conhecimentos básicos em álgebra

se depara com um problema que não consegue resolver e, na tentativa de elucidá-lo recorre a

uma resolução que utiliza conhecimentos avançados sobre o tema, não conseguirá sanar sua

dúvida, uma vez que tal abordagem encontra-se muito além de suas capacidades. Assim é a

partir da imitação que o ser humano aprende e extrapola o que foi adquirido para outras

situações.

Na criança, ao contrário, o desenvolvimento decorrente da colaboração via imitação,

que é a fonte do surgimento de todas as propriedades especificamente humanas da

consciência, o desenvolvimento decorrente da aprendizagem é o fato fundamental.

Assim, o momento central para toda a psicologia da aprendizagem é a possibilidade

de que a colaboração se eleve a um grau superior de possibilidades intelectuais, a

possibilidade de passar daquilo que a criança consegue fazer para aquilo que ela não

consegue por meio da imitação. Nisto se baseia toda a importância da aprendizagem

para o desenvolvimento, e é isto o que constitui o conteúdo do conceito de zona de

desenvolvimento imediato. A imitação, se concebida em sentido amplo, é a forma

principal em que se realiza a influência da aprendizagem sobre o desenvolvimento. A

aprendizagem da fala, a aprendizagem na escola se organiza amplamente com base na

imitação. Porque na escola a criança não aprende o que sabe fazer sozinha mas o que

ainda não sabe e lhe vem a ser acessível em colaboração com o professor e sob sua

orientação. O fundamental na aprendizagem é justamente o fato de que a criança

aprende o novo. Por isso a zona de desenvolvimento imediato, que determina esse

campo das transições acessíveis a criança, é a que representa o momento mais

determinante na relação da aprendizagem com o desenvolvimento. (VIGOTSKY,

2000, p. 331)

É partindo desta premissa que a HQ apresenta o IMZ aos alunos. A partir do momento

em que se tornem capazes de compreender seu funcionamento, uma série de situações-problema

no IMZ será apresentada. Se os alunos não se mostrarem capazes de imitar o que lhes foi

apresentado no primeiro momento, significará que o signo onda-partícula está além de sua ZDP.

Por outro lado, se for possível perceber que a solução do problema pode ser imitada, então

provavelmente os alunos estarão internalizando este novo conceito.

Cabe destacar que para teoria sócio-interacionista a internalização de conceitos perpassa

pela construção social do mesmo, uma vez que “todas as funções no desenvolvimento da

criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual [...] Todas

as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos humanos” (VYGOTSKI,

1991, p. 41) e tal processo se dá num longo período de tempo.

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Em suma, a HQ, partindo das concepções prévias acerca do que é luz, bem como das

ideias básicas de ondulatória, tem por finalidade ser uma mediadora na internalização do signo

onda-partícula, e para tal se utiliza do IMZ como um motivador que leve o estudante a perceber

que uma descrição unicamente corpuscular ou ondulatória não são suficientes para explicar o

comportamento da luz, fazendo com que reestruturem seus pensamentos no sentido de aceitar

a necessidade de um modelo alternativo para descrever o fenômeno. Compreenderemos ter

iniciado o processo de internalização do novo signo, caso os alunos consigam imitar o que foi

apresentado na HQ aplicando o conceito de complementaridade à situações-problema com o

IMZ.

4.5.2 A História em Quadrinhos

A HQ se desenvolve a partir do diálogo entre dois estudantes: Lui e Gueco e um professor,

que questionado sobre o que significa luz, resolve contá-los uma história. Nela são incluídos

aspectos históricos que levaram ao surgimento do conceito de dualidade onda-partícula. O

caminho que o professor delineia até atingir o seu objetivo final, que é apresentar o conceito de

dualidade, perpassa por 3 eixos centrais, que correspondem à estrutura básica proposta pelo

currículo. A relação entre a HQ desenvolvida e a proposta didática do currículo mínimo se

encontra resumida no quadro a seguir:

Proposta estadual História em Quadrinhos

Competências e Habilidades Sequência didática mínima

1. Compreender as

propriedades das ondas

e como elas explicam

fenômenos presentes

em nosso cotidiano.

2. Discutir modelos para a

explicação da natureza

luz, vivenciando a

ciência como algo

dinâmico em sua

construção.

1. Aula 1: Fenômenos

Ondulatórios

2. Aula 2: Fenômenos

Ondulatórios

3. Aula 3: Efeito

fotoelétrico e

Dualidade onda-

partícula

Aula 1: Resgate histórico

sobre aspectos referentes à

natureza da luz e fenômenos

ondulatórios;

Aula 2: Efeito Fotoelétrico;

Aula 3: Dualidade Onda-

partícula;

Aula 4: Possíveis

interpretações para a

dualidade onda-partícula.

Quadro 3: Relação entre História em Quadrinhos desenvolvida e sequência didática mínima proposta pela

SEEDUC. Fonte: Elaborado pela autora

Assim, num primeiro momento é feita uma revisão sobre os fenômenos ondulatórios, que

a priori os alunos já foram apresentados. A partir de então os personagens são levados a perceber

que o modelo ondulatório da luz não é eficiente na tentativa de explicar o efeito fotoelétrico.

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46

Nesta altura da história espera-se que o leitor seja levado pela curiosidade a ler os próximos

dois capítulos, que segue com o personagem professor levando os alunos ao laboratório da

escola, onde se encontra o IMZ. O conceito de dualidade onda-partícula é apresentado à luz

deste experimento. A história divide o tratamento do interferômetro em duas partes: na primeira

é feita uma análise da luz em regime clássico e em seguida, em regime quântico.

Uma vez que o aluno é apresentado ao regime monofotônico, ele poderá perceber que o

modelo atual, utilizado para explicar o comportamento da luz é a dualidade-onda partícula. No

entanto ao fazer isso, a história tem o cuidado de levar o leitor a perceber que este conceito,

apesar de atender ao formalismo da mecânica quântica encontra diferentes interpretações no

campo científico. Com a finalidade de ilustrar essas diferentes interpretações o aluno é

apresentado a interpretação ortodoxa e a interpretação dos Muitos Mundos.

4.5.2.1 O Desenvolvimento da Arte Gráfica

A arte gráfica foi elaborada através da plataforma Pixton13, que corresponde a um site

próprio para o desenvolvimento de HQs e conta com versões gratuita e paga de

desenvolvimento. Trata-se de um site de fácil utilização com uma quantidade significativa de

recursos onde inicialmente são montados os personagens, seguido da escolha do cenário. Feitos

estes ajustes iniciais, o usuário pode facilmente escolher diferentes posições e expressões para

os personagens sem que se faça necessário redesenhá-los em cada tirinha desenvolvida.

Apesar de oferecer recursos variados como inserção de imagens e um banco de objetos

que podem ser adicionados a história, para atender as necessidades específicas deste trabalho

estes objetos se mostraram insuficientes. É de se esperar que não haveria um IMZ ou um

eletroscópio disponível no banco de objetos do site. Nestes casos, uma possibilidade seria

montá-los a partir de figuras geométricas ali disponíveis, tais como retângulos, círculos,

trapézios etc. No entanto, tal processo seria demasiado longo. Visando otimizar o tempo de

desenvolvimento deste trabalho, recorremos ao uso de um outro banco de dados: o Creative

Commons que oferece uma infinidade de imagens vetoriais gratuitas e que são compatíveis com

o formato de arquivos da Pixton. Os objetos do Creative Commons puderam ser acessados

através do Pixabay14, que se trata de um site de buscas próprio para este fim. Com estas duas

13 https://www.pixton.com/br/

14 https://pixabay.com/pt/

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47

ferramentas em conjunto foi possível elaborar a HQ que corresponde ao apêndice 3 deste

trabalho.

4.5.3 A Avaliação

Como já mencionado na seção 4.5.2, a sequência didática desenvolvida inclui um mínimo

de 4 aulas para aplicação das HQs. Assim foram desenvolvidas 4 avaliações, sendo uma para

cada aula e cada uma, contendo uma finalidade específica.

A primeira conta com questões objetivas retiradas de livros didáticos sobre fenômenos

ondulatórios e pretende revisar esses conceitos que foram estudados pelos alunos no bimestre

anterior. Para além disso, há uma questão aberta, onde o aluno deverá explicitar sua concepção

prévia acerca do que é luz. Esta mesma pergunta será feita na última avaliação a fim de

comparar os resultados e verificar se houve mudança em sua concepção. A avaliação se encerra

com um jogo de palavras cruzadas, cujo objetivo é, além de contribuir para a revisão dos

fenômenos ondulatórios já estudados, verificar indiretamente se a linguagem das HQs está

acessível aos estudantes. Serve também para verificar se estes são capazes de identificar

elementos num texto, recurso que será indispensável para execução da sequência didática.

A segunda avaliação refere-se ao estudo do efeito fotoelétrico e tem por objetivo verificar

se os alunos foram capazes de descrever este fenômeno adotando um modelo corpuscular para

a luz. A avaliação inclui questões discursivas sobre um experimento realizado na HQ, bem

como questões de cunho matemático também retiradas de livros didáticos, que cumprem com

a abordagem padrão adotada nas escolas para o estudo da função trabalho.

A terceira avaliação consiste de problemas abertos com o IMZ. Os alunos deverão

identificar em cada um deles, que comportamento a luz está adotando no experimento. O

objetivo é verificar se eles estão internalizando o signo onda-partícula.

A quarta avaliação, é um desfecho sobre as principais ideias estudadas no bimestre e uma

avaliação da HQ propriamente. Na primeira parte os alunos deverão responder a perguntas

abertas sobre o que é luz, como ele entende a dualidade onda-partícula, o que é a interpretação

de Copenhague e o que é a interpretação dos Muitos Mundos. Na segunda parte os alunos

deverão expressar sua opinião sobre o uso deste material ao longo do bimestre.

As avaliações correspondem ao Apêndice 2 deste trabalho.

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48

4.6 A APLICAÇÃO DO OBJETO EDUCACIONAL

Visando atender aos requisitos mínimos do material do estado, a sequência didática foi

organizada ao longo de quatro aulas de cem minutos, onde cada uma se deu numa semana

diferente, resultando num período de aplicação de um mês, como mostrado no quadro a seguir:

Tema da aula aplicada Data de

aplicação

Revisão de fenômenos ondulatórios (Início

da aplicação do OE)

24/10/2017

Efeito Fotoelétrico 31/10/2017

Interferômetro de Mach-Zehnder (Análise

Clássica e quântica)

07/11/2017

Interferômetro de Mach – Zehnder

(Interpretações da mecânica quântica)

14/11/2017

Quadro 4: Cronograma de aplicação da sequência didática. Fonte: elaborado pelo autor.

Como já apresentado anteriormente, uma vez que se trata do conteúdo aplicado no

quarto bimestre, antes que o mês de dezembro fosse iniciado esta sequência didática já havia

sido encerrada, garantindo maior participação dos estudantes ao longo das aulas. Terminado o

mês de novembro, àqueles alunos que já possuíssem nota suficiente para aprovação deixariam

de frequentar a escola.

As HQs foram distribuídas aos alunos em 2 volumes, em formato impresso e em cores,

como mostrado na figura 9. Cada aluno recebeu um exemplar do mesmo. A escolha por

distribuição em dois volumes se deve à premissa de que ao final da segunda aula o aluno

provavelmente se encontraria curioso para saber o final da história e caso tivesse todo o material

disponível em mãos poderia realizar uma leitura precipitada que, em tese diminuiria o interesse

no restante das aulas.

Figura 9: Fotografia da HQ na versão impressa

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A sequência didática foi aplicada em duas turmas, A e B, com perfis parecidos. Em

ambas havia grupos de alunos com bom rendimento, alunos com baixa frequência ou ainda

alunos descompromissados. Estes mesmos grupos também podiam ser organizados em alunos

bons, medianos e regulares, sendo, portanto, consideradas turmas heterogêneas, em termos de

predisposição à assimilação de saberes escolares.

Os planos de aula narrando a maneira com a qual as aulas foram desenvolvidas se

encontram no apêndice 1 deste trabalho.

Cabe destacar que havendo possibilidade de a HQ ser trabalhada em mais aulas,

recomenda-se fortemente que assim o faça, visto que quatro aulas de cem minutos

correspondem a um tempo muito curto para que o aluno possa “digerir” todos os aspectos

necessários ao aprendizado do tema.

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50

5 RESULTADOS

Neste capítulo apresentamos as impressões obtidas a partir da aplicação do objeto

educacional supramencionado nos capítulos anteriores e, uma vez que o espaço amostral é

pequeno, optamos por não utilizar porcentagens nas análises gráficas. Ao invés disso,

utilizamos o número de alunos. As seções seguem a cronologia das avaliações trabalhadas em

sala.

Antes de descrever os resultados obtidos é importante destacar que todos os alunos

estudaram ondas eletromagnéticas e o espectro de luz visível no bimestre anterior (3° bimestre)

e em decorrência disso, quando indagados sobre o que é luz, metade do grupo apresentou a luz

como sendo uma onda eletromagnética, revelando ter havido aprendizagem dos tópicos

passados.

5.1 AVALIAÇÃO 1

A primeira avaliação apresentava questões de ondulatória retiradas de livros didáticos e

uma palavra cruzada, que poderia ser respondida quase que integralmente a partir de

informações apresentadas na HQ. Nesta avaliação os resultados obtidos com as turmas A e B

foram parcialmente divergentes e por essa razão fizemos uma análise separada para cada turma.

A figura 10 apresenta o número de acertos e erros para a turma A nesta avaliação sendo

possível perceber que houve um número expressivo de alunos respondendo de maneira

insatisfatória a pergunta número 2 do questionário. Nela os alunos deveriam julgar quais itens

eram verdadeiros ou falsos em relação aos fenômenos ondulatórios.

Figura 10: Gráfico contendo os números de erros e acertos na avaliação 1 – Turma A

27

7

2932 32 32

5

25

3

0

5

10

15

20

25

30

35

Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Palavras

Cruzadas

Núm

ero d

e al

unos

Avaliação 1 - Turma A

Total de Acertos Total de Erros

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Alunos que responderam 3 ou mais itens de modo incorreto tiveram a questão considerada

como errada. Dentre os principais tópicos respondidos erroneamente estão os itens 2, 3 e 4,

como se pode observar na figura 11.

Figura 11: Gráfico contendo os números de erros e acertos na avaliação 1, questão 2 – Turma A.

Em relação à turma B a figura 12 revela que os erros foram mais expressivos na questão

1, cujo objetivo era identificar a alternativa que explicasse corretamente a trajetória da luz entre

objeto e observador para que uma pessoa possa ser capaz de enxergar as coisas.

Figura 12: Gráfico contendo os números de erros e acertos na avaliação 1 – Turma B

No que se refere à questão 2, apesar de ter havido um número maior de acertos em

comparação com a turma A estes não correspondem a um acerto integral, uma vez que houve

itens marcados de maneira incorreta. Assim, a figura 13 mostra que os itens 2 e 4 também foram

32

5 3 5

30

27 29 27

2

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5Núm

ero

de

alun

os

Itens da questão

Questão 2 - Avaliação 1 - Turma A

Total de Acertos Total de Erros

2027

32 3329

35

158

3 26

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Palavras

Cruzadas

Núm

ero d

e al

unos

Avaliação 1 - Turma B

Total de Acertos Total de Erros

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objeto de erro para este grupo, o que indica a necessidade de explorar melhor esses aspectos,

caso haja tempo no planejamento bimestral para este fim.

Figura 13: Gráfico contendo os números de erros e acertos na avaliação 1, questão 2 – Turma B.

Em relação às palavras cruzadas, ambas as turmas realizaram a tarefa sem dificuldades

nos levando a crer que a linguagem adotada nas HQs se mostrou acessível aos alunos e que os

mesmos são capazes de identificar elementos presentes num texto.

5.2 AVALIAÇÃO 2

No que se refere a avaliação 2 a figura 14 apresenta os números de erros e acertos por

questão. Nela os alunos deveriam responder perguntas sobre o efeito fotoelétrico, sendo as

questões de 1 a 3 fenomenológicas e as questões 4 e 5, aplicações de exercícios numéricos sobre

o tema.

31

11

25

11

28

4

24

10

24

7

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 2 3 4 5

Núm

ero d

e al

unos

Itens da questão

Questão 2 - Avaliação 1 - Turma B

Total de acertos Total de erros

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Figura 14: Gráfico contendo os números de erros e acertos na avaliação 2 – Turmas A e B

É possível perceber que há um número acentuado de erros na questão cinco, itens a e b.

Nesta questão os alunos deveriam usar a equação da função trabalho para determinar se haveria

efeito fotoelétrico numa determinada frequência, bem como identificar a frequência mais baixa

da luz incidente capaz de arrancar elétrons de um metal. Boa parte dos alunos que erraram, o

fizeram por equívocos em operações matemáticas, o que revela a defasagem que acompanha

esses alunos ao longo de sua carreira escolar.

Outro item que obteve considerável número de erros, foi a questão 1-b, onde após terem

lido os quadrinhos e analisado a experiência do eletroscópio sendo descarregado por uma luz,

deveriam responder o que aconteceria se fosse utilizada luz branca, ao invés de ultravioleta. Os

alunos que erraram este item disseram que a luz branca não iria descarregar o eletroscópio

porque o comprimento de onda era menor. Tal resposta deixa subentendido haver confusão

entre o conceito de frequência e comprimento de onda.

5.3 AVALIAÇÃO 3

Esta avaliação tratava da dualidade onda-partícula e os alunos deveriam usar o princípio

da indistinguibilidade de trajetórias para determinar qual o comportamento do fóton no IMZ

em cada situação-problema. Como os resultados das turmas foram divergentes, utilizamos o

mesmo critério adotado para avaliação 1 e analisamos separadamente cada uma.

5948

6353 53

66

3120

819

4

14 14

1

3647

0

10

20

30

40

50

60

70

80

item a item b item c item a item b

questão 1 questão 2 questão 3 questão 4 questão 5

Núm

ero d

e al

unos

Avaliação 2 - Turmas A e B

Total de acertos Total de erros

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A primeira, A, apresentou um número expressivo de erros nas questões 4 e 7, como se

nota na figura 15.

Figura 15: Gráfico contendo os números de erros e acertos nas questões 4 e 7 da avaliação 3 – Turma A

O curioso é que a questão 4, corresponde exatamente à situação-problema apresentada na

HQ. Nela, os alunos se deparavam com o IMZ constituído com dois divisores de feixes e era

de se esperar que para esta situação, os alunos reconhecessem a impossibilidade de identificar

a trajetória do fóton, sinalizando que em decorrência disso o comportamento para o mesmo

seria ondulatório e assim o fizeram, havendo apenas 3 alunos identificado que o comportamento

seria corpuscular. No entanto, quando se pede para escrever o porquê de o comportamento ser

ondulatório, cerca de 1/3 da turma não conseguiu apresentar uma justificativa plausível para

tal.

Agrupamos as respostas apresentadas em duas categorias: aqueles que disseram que o

comportamento seria ondulatório, uma vez que era possível identificar a trajetória (7 alunos) e

aqueles que não conseguiram utilizar argumentos suficientes para formular uma resposta que

se sustentasse.

É importante salientar que os alunos que identificaram um comportamento corpuscular

para o fóton justificaram essa afirmativa dizendo que conseguiam saber sua trajetória. Isso

significa que apesar do erro, possuem clareza sobre a ideia de indistinguibilidade de trajetórias,

havendo deficiência no entendimento do problema propriamente dito.

29

21

6 6

29

20

3 4

3

11

26 26

3

12

29 28

0

5

10

15

20

25

30

35

item a justif. item b justif. item a justif. item b justif.

Questão 4 Questão 7

Núm

ero d

e al

uno

s

Avaliação 3 - Turma A

Total de acertos Total de erros

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Ainda sobre a questão 4, quando perguntados sobre qual caminho rumou o fóton, 26

alunos apontaram uma das trajetórias possíveis, mesmo que no item anterior tivessem afirmado

não ser possível identificar a trajetória.

No item justificativa, os argumentos apresentados revelam confusão entre os conceitos

de onda e partícula, o que de certo modo é um indicativo de que os alunos não utilizaram o

conceito de dualidade onda-partícula.

Em relação à questão 7, outro problema com o interferômetro era apresentado e mais uma

vez esperava-se que, dada a impossibilidade de identificar a trajetória desenvolvida pelo fóton,

os alunos deveriam afirmar que se tratava de um comportamento ondulatório. O gráfico mostra

que isso de fato ocorreu e apenas 3 alunos identificaram o comportamento como corpuscular.

No entanto, no item justificativa, 12 alunos tiveram dificuldades em explicar o porquê de haver

identificado o comportamento como sendo ondulatório.

No que se refere ao item B, a quantidade de erros foi ainda mais expressiva, havendo

apenas 3 alunos identificado a impossibilidade de se reconhecer a trajetória do fóton. As

justificativas apresentadas nos levam a supor que haveria por parte dos alunos falta de

entendimento sobre o que poderia configurar um comportamento dual.

Sobre a turma B, podemos afirmar ter havido bom desempenho na execução da atividade,

havendo dificuldades significativas na questão 8, como mostrado na figura 16. Ela apresentava

um análogo da questão 4, com exceção do segundo divisor de feixes, o que por sua vez, tornava

possível identificar a trajetória do fóton.

Figura 16: Gráfico contendo os números de erros e acertos na questão 8 da avaliação 3 – Turma B

Em média, metade dos alunos afirmaram que neste experimento o fóton se comportaria

como onda e justificaram tal fato afirmando não ser possível identificar a trajetória. Mais uma

1115

10 10

1410

15 15

0

5

10

15

20

25

30

item a justif. item b justif.

Questão 8

Núm

ero d

e al

un

os

Avaliação 3 - Turma B

Total de acertos Total de erros

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vez, isso mostra clareza por parte dos alunos entre a correlação indistinguibilidade de trajetórias

e fenômeno ondulatório e pode ser confirmado pelo item b, onde 15 alunos marcaram a opção

“Não é possível saber a trajetória do fóton”. Os mesmos justificaram tal fato, a partir de frases

que se adequariam à uma descrição ondulatória para o problema.

O que se pode depreender deste resultado é que talvez, tenha havido confusão entre as

questões 4 e 8, de modo que, a não percepção de remoção do segundo divisor de feixes, tenha

levado os alunos a supor que se tratava do mesmo problema.

5.4 AVALIAÇÃO 4

Esta avaliação pode ser dividida em duas partes: a primeira faz um apanhado dos

principais itens abordados na sequência didática e a segunda, refere-se às impressões que os

alunos tiveram ao longo das aulas.

5.4.1 1ª Parte

Em acordo com a avaliação 3, é possível perceber na figura 17 que a turma A apresentou

significativo número de erros na questão 1. Nela os alunos deveriam responder e justificar se

existe a possibilidade de determinar a trajetória do fóton e verificar um fenômeno ondulatório.

Figura 17: Gráfico contendo os números de erros e acertos na 1ª parte da avaliação 4 – Turmas A e B

2025

30

2125 25 24

21

12 1

2

5

71 8

4

0

5

10

15

20

25

30

35

Turma A Turma B Turma A Turma B Turma A Turma B Turma A Turma B

Questão 1 Questão 3 Questão 4 Questão 5

Núm

ero d

e al

unos

Avaliação 4 - Parte 1 - Turmas A e B

Total de acertos Total de erros

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Alguns alunos (5) não responderam este item. Quanto aos que responderam, para algumas

respostas apresentadas, entendemos que o aluno associou a ideia de trajetória a um fenômeno

corpuscular, mas não foi capaz de assimilar que determinação de trajetórias e comportamento

ondulatório são fenômenos excludentes. Um pequeno número de alunos (3) não foi capaz de

formular uma resposta coerente e, para esta situação, entendemos que se tratam de alunos

incapazes de acompanhar as atividades, uma vez que os mesmos apresentaram elevado número

de erros em todas as avaliações.

Sobre a questão 4, os alunos deveriam explicar a interpretação de Copenhague. 7 alunos

apresentaram respostas equivocadas e evasivas, nos levando a crer que não possuíam domínio

sobre o tema.

A questão 5 pedia para que os alunos explicassem a interpretação dos Muitos Mundos. 8

alunos da turma A e 4 alunos da B não conseguiram apresentar uma resposta satisfatória para

esta pergunta e quando perguntados sobre qual das interpretações julgavam mais adequada para

explicar a dualidade onda-partícula, a maioria optou pela interpretação ortodoxa como

mostrado na figura 18.

Figura 18: Interpretação para dualidade onda-partícula que os alunos julgam mais satisfatória – Turmas A e B

A questão 2 foi deixada para o final desta discussão porque retoma ao que foi apresentado

no início do capítulo. Nela os alunos deveriam novamente responder à pergunta “o que é luz?”

e dadas as discussões ocorridas ao longo das aulas, esperava-se que respondessem algo

relacionado à dualidade onda-partícula, uma vez que as HQs encaminhavam para isso. Metade

do grupo, apresentou respostas que envolviam os conceitos novos estudados, sendo em sua

maioria respostas relacionadas ao conceito de dualidade onda-partícula e alguns (7 no total),

respostas que relacionavam luz ao conceito de fóton. Todos os demais apresentaram respostas

20

12

15

10

0

5

10

15

20

25

Copenhague Muitos Mundos

Núm

ero d

e al

unos

Questão 6 - Avaliação 4 - Turmas A e B

Turma A Turma B

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que indicavam que a luz seria uma onda eletromagnética, havendo ainda um pequeno grupo

que apresentou respostas associadas ao senso comum.

Assim, alguns alunos se mostraram capazes de responder o que é dualidade onda-

partícula, interpretação de Copenhague e interpretação dos Muitos Mundos. Alguns também

foram também capazes de resolver situações-problemas que o levavam a perceber a

complementaridade num fóton. Mas quando indagados sobre o que é luz, parte do grupo

pareceu ignorar o que foi estudado no bimestre.

Os resultados mostrados até aqui encerram o escopo de avaliação dos saberes escolares

que poderiam ser adquiridos com a utilização da sequência didática apresentada neste trabalho

e, até certo ponto se mostram satisfatórios no sentido de fomentar a discussão sobre a natureza

da luz, apresentando a dualidade-onda partícula numa perspectiva que insira o aluno nos debates

recentes sobre as possibilidades de interpretação de um fenômeno físico, coisa que muitas vezes

acaba desaparecendo em meio a tantas resoluções de problemas matemáticos.

5.4.2 2ª parte - Avaliação da HQ

A segunda parte da avaliação 4, como já mencionado anteriormente, trata da maneira

como os alunos perceberam o uso de histórias em quadrinhos como ferramenta de ensino e

nesse sentido, os resultados foram bem positivos.

Todos os alunos se mostraram favoráveis ao uso de HQ na sala de aula. Quando

perguntados sobre qual parte mais gostaram, as respostas foram diversas e se encontram na

figura 19.

Figura 19: Parte da HQ que os alunos mais gostaram – Turmas A e B

14

4

2 34

5

8

34

2 1

6

4

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Interpretações o que é luz Efeito

Fotoelétrico

Nenhuma Tudo imz Fenômenos

Ondu.

Núm

ero d

e al

unos

Questão 8 - Avaliação 4 - Turmas A e B

Turma A Turma B

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O mesmo ocorreu para a pergunta sobre qual parte menos gostaram, conforme mostrado

na figura 20.

Figura 20: Parte da HQ que os alunos menos gostaram – Turmas A e B

É possível perceber que muitos alunos não gostaram da parte referente ao efeito

fotoelétrico, fato que pode ser explicado pela pergunta seguinte (figura 21), onde os alunos

deveriam dizer quais as dificuldades tiveram ao longo do bimestre.

Figura 21: Tópico de maior dificuldade na HQ – Turmas A e B

No quesito nível de dificuldade que o tema encerra, foi pedido aos alunos que atribuíssem

um número de 0 a 10 para que mensurassem o quão difícil foi a aprendizagem dos tópicos

3

22

42 11

75 5

3 2 20

5

10

15

20

25

Não sei Efeito

Fotoelétrico

Nenhuma Fenômenos

Ond.

imz Tudo Interpretações

Núm

ero d

e al

unos

Questão 9 - Avaliação 4 - Turmas A e B

Turma A Turma B

4

6

3 1

18

5

3 3

14

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Interpretações O que é luz Nenhuma Fenômenos

Ondulatórios

Contas

Núm

ero d

e al

unos

Questão 10 - Avaliação 4 - Turmas A e B

Turma A Turma B

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60

trabalhados no bimestre. Em relação a isso na turma A metade dos alunos (16) atribuíram uma

nota menor ou igual a 5, o que revela que esta parcela do grupo não apresentou dificuldades

significativas. Apesar de a turma B ter apresentado um desempenho melhor nas avaliações,

cerca de 2/3 da turma atribuiu notas maiores que 5, o que significa que apesar do bom

desempenho, tiveram mais dificuldades do que A.

A questão 12 perguntava em quais tópicos de física os alunos achavam que seria

interessante utilizar HQ, e surgiram respostas diversas, tais como estudo da mecânica,

astronomia, relatividade, eletrodinâmica etc, o que sugere que as HQs foram bem recebidas

pelas turmas e que esta proposta didática pode ser estendida a outros temas.

Na questão 13, os alunos deveriam sinalizar sua preferência em relação à distribuição da

HQ em material impresso ou digital, para que pudessem utilizar o celular em sala de aula. A

figura 22 mostra que em sua maioria os alunos preferem a versão impressa e alguns justificaram

afirmando que a preferência é em decorrência de que fazendo assim, haveria um estímulo maior

a leitura e evitaria as possíveis distrações que um celular poderia trazer.

Figura 22: Preferência na modalidade de distribuição da HQ – Turmas A e B

No mais, havia espaço para que o grupo pudesse fazer comentários e sugestões, no

entanto, nenhum dos comentários se mostrou proveitoso para ser apresentado neste trabalho.

9

19

4

7

16

20

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Celular Impressa Ambos

Núm

ero d

e al

unos

Questão 13 - Avaliação 4 - Turmas A e B

Turma A Turma B

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61

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apresentamos no capítulo 2 um levantamento dos livros didáticos utilizados no ensino de

tópicos referentes à natureza da luz e, apoiados no livro do Pietrocola (2016), desenvolvemos

uma HQ e uma sequência didática que pudesse inserir o tema proposto de modo mais atraente

aos alunos concluintes do ensino médio. Os aspectos de física moderna apresentados na HQ

foram discutidos no capítulo 3, enquanto que a metodologia adotada no desenvolvimento do

objeto educacional, bem como, as ideias essenciais da teoria sócio-interacionista de Vigotski,

foram explicitados no capítulo 4.

O objeto educacional se mostrou satisfatório no sentido de apresentar aos alunos um

material não tradicional, que pudesse tornar a aprendizagem do tema mais atraente e que os

levasse a debater sobre o comportamento da luz, conhecendo o efeito fotoelétrico e o conceito

de dualidade onda-partícula.

A avaliação 2 mostrou haver uma defasagem em conhecimentos de matemática básica. O

irônico neste resultado é que muitas vezes os saberes de física trabalhados nas escolas ficam

atrelados quase que exclusivamente à resolução de problemas numéricos, o que nos leva a

compreender o porquê desta disciplina causar ojeriza a certos alunos: estes não são bons em

resolver problemas, mas talvez possam pensar os fenômenos a partir de uma análise conceitual.

É claro que não propomos aqui extinguir o tratamento matemático. O que se sugere é que nestes

espaços onde há uma defasagem muito grande, talvez a disciplina possa ser mais bem

aproveitada se forem discutidos os porquês dos fenômenos, como mostramos ser possível para

os tópicos do último bimestre.

Sobre o conceito onda-partícula, a sequência didática apresenta onda e partícula como

fenômenos complementares e excludentes, e nesse sentido, pudemos notar que parte dos alunos

conseguiu atingir a este objetivo, uma vez que se mostraram capazes de reproduzir a HQ e

extrapolar o uso do IMZ a outras situações-problema, como mostrado na avaliação 3. Mesmo

acreditando ser ilusória a proposta de que todos os alunos consigam atingir aos objetivos

propostos, sabemos que aprender requer tempo e que 4 encontros não são suficientes para que

os estudantes sejam capazes de “digerir” tudo o que é necessário para compreender o conceito

de dualidade. Nesse sentido ratificamos que havendo possibilidade de se trabalhar estes tópicos

num período maior de tempo, que assim o faça, pois tal medida poderá levar a resultados

positivos mais expressivos do que este trabalho encerra.

Por fim, destacamos que a atividade foi muito bem recebida pelos alunos que participaram

das aulas, fato que foi verificado na segunda parte da avaliação 4, onde todos os alunos

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indicaram ter gostado de trabalhar com HQs e sugeriram extrapolar a metodologia para outros

tópicos da física. Isto indica que novas abordagens para ensinar física podem ser bem recebidas

pela classe, além de proporcionar um ambiente de sala de aula que possa de fato ser significativo

na construção dos saberes escolares.

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63

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Médio a partir de um Interferômetro Virtual de Mach-Zehnder. XVIII Simpósio Nacional de

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Mestrado Profissional em Ensino de Física - Universidade Estadual de Santa Cruz. Bahia, 2018.

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quadrinhos. Dissertação: Mestrado Profissional em Ensino de Física - Universidade Estadual

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Científica em Sala de Aula. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 18, n. 3, p. 316-

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entre a Reversão da Imagem em um Espelho Plano. Caderno Brasileiro de Ensino de Física,

v. 31, n. 3, p. 601-613, 2014.

TORRES, C. M. et al. Física: Ciência e Tecnologia. V. 02 e 03, 4 ed. São Paulo: Moderna,

2016.

VÁLIO, A. B. M. et al. Ser Protagonista: Física, 3° ano. V. 02 e 03, 3 ed. São Paulo: Edições

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VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e

aprendizagem. 10 ed. São Paulo: Ícone, 2006.

VIGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. 1 ed. São Paulo: Martins

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APÊNDICE A – PLANOS DE AULA APLICADOS ÀS TURMAS

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1

AULA 1

Ano Letivo: 2017

1. Identificação

Disciplina: Física

Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano

Professora: Ana Caroline Dias

Conteúdo: Introdução ao estudo da Natureza da luz e breve recapitulação dos fenômenos

ondulatórios

Número de aulas: duas aulas de 50 minutos

2. Objetivos

2.1. Objetivos gerais

Nesta aula os alunos deverão ser inseridos no debate sobre a natureza da luz revisitando

alguns conceitos de ondulatória trabalhados no bimestre anterior.

2.2. Objetivos específicos

Rever os conceitos de reflexão recorrendo à noção de fase de uma onda;

Rever os conceitos de difração e interferência bem como o experimento da

fenda dupla de Young utilizando o princípio de Huygens;

Rever o conceito de polarização da luz;

Fomentar o debate sobre a natureza da luz fazendo um breve resgate histórico

sobre as primeiras ideias referentes ao tema;

3. Pré-requisitos

Ter frequentado às aulas do terceiro bimestre referentes à ondulatória sabendo,

portanto o que é uma onda eletromagnética bem como suas características

fundamentais, tais como período, frequência, amplitude, fase e velocidade;

4. Organização do conteúdo

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2

5. Recursos utilizados

Parte 1 da História em quadrinhos;

6. Aplicação do conhecimento

Inicialmente os alunos farão a leitura da parte 1 da história em quadrinhos (HQ) e ao final

da página 2, o professor irá instigar os alunos perguntando o que eles acham que a luz deva ser.

As teses apresentadas pelos alunos serão anotadas na lousa, para discussão posterior.

A leitura da HQ será retomada e, ao término da primeira parte o professor fará uma

explanação no quadro dos dois modelos rudimentares sobre a natureza da luz apresentados no

texto, relacionando-o às concepções prévias apresentadas pelos alunos. Ao final desta parte, o

professor dando continuidade à explanação dos conteúdos irá revisitar os fenômenos

ondulatórios estudados no bimestre anterior, sempre que possível, fazendo alusão à HQ.

7. Avaliação

Num primeiro momento a avaliação será individual e ocorrerá após a explanação do

professor, onde os alunos responderão as perguntas sobre fenômenos ondulatórios, que se

encontram na avaliação 1. Ao término desta atividade, os mesmos se organizarão em duplas e

responderão a uma palavra-cruzada que envolve tanto os aspectos da leitura que fizeram da HQ,

quanto dos tópicos trabalhados no bimestre anterior.

8. Referências Bibliográficas

BONJORNO, J. R.; RAMOS, C. M.; PRADO, E. P.; BONJORNO, V.; BONJORNO, M. A.;

CASEMIRO, R. Física. V. 02, 3 ed. São Paulo: FTD, 2016.

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3

PIETROCOLA, M.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; ROMERO, T. R. Física em Contextos.

Vol. 03, 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

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AULA 2

Ano Letivo: 2017

1. Identificação

Disciplina: Física

Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano

Professora: Ana Caroline Dias

Conteúdo: Efeito fotoelétrico

Número de aulas: duas aulas de 50 minutos

2. Objetivos

2.1. Objetivos gerais

Nesta aula os alunos deverão ser apresentados ao efeito fotoelétrico a partir da análise se

um experimento com o eletroscópio de dupla folha.

2.2. Objetivos específicos

Compreender a ideia de quantização de energia e o conceito de fóton;

Compreender a equação de quantização da energia, sendo capazes de perceber

a dependência entre a frequência de luz emitida e a energia dos fótons

individuais;

Compreender o conceito de função trabalho;

Aplicar a equação de quantização de energia a problemas pertinentes ao tema.

Perceber a relevância deste fenômeno na discussão sobre a natureza da luz.

3. Pré-requisitos

Conhecer as características básicas de uma onda, tais como, frequência,

amplitude, comprimento de onda e velocidade;

Serem capazes de utilizar fórmulas matemáticas na resolução de exercícios.

4. Organização do conteúdo

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5. Recursos utilizados

Parte 2 da História em quadrinhos;

Vídeo de demonstração qualitativa do efeito fotoelétrico (Professor Thomas Braun);

Simulação computacional;

Datashow;

Computador.

6. Aplicação do conhecimento

1º - Inicialmente os alunos assistirão ao vídeo demonstrativo do efeito fotoelétrico15.

2º - Os alunos serão orientados a ler a parte dois da História em quadrinhos.

3º - O professor fará uma explanação do efeito fotoelétrico e apresentará a simulação

computacional onde poderá mostrar a independência do fenômeno com a

intensidade da luz, bem como a dependência da emissão fotoelétrica com a

frequência de luz incidente apresentando a equação de quantização da energia.

4º - Os alunos responderão as questões de cunho teórico contidas na avaliação 2.

5º - O professor discutirá a equação de conservação da energia e orientará os alunos

a responderem às questões numéricas que se encontram na avaliação 2.

7. Avaliação

Os alunos responderão as questões que se encontram na avaliação 2, de acordo com a

descrição apresentada no tópico anterior.

15 Se possível seria interessante o professor reproduzir este experimento em sala de aula.

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8. Referências Bibliográficas

PIETROCOLA, M.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; ROMERO, T. R. Física em Contextos.

Vol. 03, 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

Demonstração qualitativa do efeito fotoelétrico, utilizando um eletroscópio. Produção de

Thomas Braun. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=G6YfSsrOewI> Acesso

em 15 jan. 2017;

Simulação computacional do efeito fotoelétrico. Disponível em

<https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/photoelectric> Acesso em 15 jan. 2017;

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7

AULA 3

Ano Letivo: 2017

1. Identificação

Disciplina: Física

Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano

Professora: Ana Caroline Dias

Conteúdo: Dualidade onda-partícula

Número de aulas: duas aulas de 50 minutos

2. Objetivos

2.1. Objetivos gerais

Nesta aula os alunos deverão ser apresentados ao conceito de dualidade onda-partícula

sob à luz da Interpretação de Copenhague.

2.2. Objetivos específicos

Conhecer a Interpretação de Copenhague para a dualidade onda-partícula.

Compreender o princípio da indistinguibilidade de trajetórias analisando o

Interferômetro de Mach-Zehnder;

3. Pré-requisitos

Conhecimentos básicos de ondulatória;

Compreender o conceito e fóton.

4. Organização do conteúdo

5. Recursos utilizados

Partes 3 e 4 da História em quadrinhos;

6. Aplicação do conhecimento

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1º - O professor fará uma leitura dinâmica das partes 3 e 4 (até o final da página 34

somente) da História em quadrinhos;

2º - O professor fará uma explanação breve, sobre o que acabaram de ler e responder

a eventuais dúvidas que podem ter surgido nos alunos.

3º - Os alunos responderão a avaliação 3.

7. Avaliação

Os alunos responderão as questões que se encontram na avaliação 3, onde serão

apresentados problemas diversificados com o interferômetro de Mach-Zehnder. Tais atividades

poderão ser respondidas em dupla ou individualmente.

8. Referências Bibliográficas

PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,

2003.

PESSOA JR, O. Interferometria, Interpretação e Intuição: Uma Introdução Conceitual à Física

Quântica. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 19, n. 1, p. 27 – 48, 1997.

PIETROCOLA, M.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; ROMERO, T. R. Física em Contextos.

v. 3, 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

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9

AULA 4

Ano Letivo: 2017

1. Identificação

Disciplina: Física

Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano

Professora: Ana Caroline Dias

Conteúdo: Interpretação de Copenhague e Interpretação dos Muitos Mundos

Número de aulas: duas aulas de 50 minutos

2. Objetivos

2.1. Objetivos gerais

Apresentar a Interpretação de Copenhague fazendo com que os alunos entendam que esta

não é única, havendo na literatura interpretações alternativas, como por exemplo a Interpretação

dos Muitos Mundos.

2.2. Objetivos específicos

Fomentar o debate sobre a natureza da luz fazendo um resgate histórico sobre

as primeiras ideias referentes ao tema;

Resgatar o conceito de dualidade onda-partícula;

Apresentar os principais aspectos da Interpretação de Copenhague;

Apresentar a Interpretação dos muitos mundos;

3. Pré-requisitos

Conhecer os fenômenos ondulatórios.

Compreender o conceito de fóton;

Compreender o conceito de dualidade onda-partícula.

4. Organização do conteúdo

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5. Recursos utilizados

Final da Parte 4 da História em quadrinhos (Pág. 35 a 37);

6. Aplicação do conhecimento

1º - O professor fará um resgate de tudo o que foi apresentado nas aulas anteriores:

modelo corpuscular e ondulatório, apresentando as principais ideias sobre o

assunto, seguindo com uma recapitulação do efeito fotoelétrico e o conceito de

fóton, enfatizando de que maneira essa descoberta trazia à tona o debate sobre a

natureza da luz. Ao final desta etapa, o professor falará do conceito de dualidade

onda-partícula, destacando a Interpretação de Copenhague e os princípios de

complementaridade e incerteza;

2º - Leitura do final da HQ (pág 35 a 37); 3º - O professor deverá argumentar que a interpretação de Copenhague, apesar de ser

a mais usual, não é a única que tenta dar significado aos resultados experimentais

obtidos com o Interferômetro de Mach-Zehnder, por exemplo e que é possível

encontrar diversas outras explicações para tal, dentre elas a interpretação dos

muitos mundos, explicando de modo breve o que seria a ideia de universos

paralelos que aparece frequentemente em filmes de ficção científica;

4º - Ao final, os alunos deverão responder o questionário 4.

7. Avaliação

Os alunos responderão as questões que se encontram na avaliação 4 e se dividem em duas

partes: a primeira (questões 1 a 6), corresponde a uma revisão do que foi estudado ao longo das

4 aulas aqui apresentadas, enquanto que a segunda parte (questões 7 a 15) se refere a uma

avaliação do objeto educacional aplicado.

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11

8. Referências Bibliográficas

PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,

2003.

PESSOA JR, O. Interferometria, Interpretação e Intuição: Uma Introdução Conceitual à Física

Quântica. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 19, n. 1, p. 27 – 48, 1997.

PIETROCOLA, M.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; ROMERO, T. R. Física em Contextos.

v. 3, 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

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79

APÊNDICE B – AVALIAÇÕES APLICADAS ÀS TURMAS

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1

AVALIAÇÃO 1

1. (UFMG) Marília e Dirceu estão em uma praça iluminada por uma única lâmpada.

Assinale a alternativa em que estão CORRETAMENTE representados os feixes de luz que

permitem a Dirceu ver Marília.

2. (BONJORNO - Adaptado) Com relação aos fenômenos ondulatórios e seus efeitos,

julgue a veracidade dos itens a seguir:

(1) A difração só ocorre em ondas transversais.

(2) Polarização é um fenômeno que ocorre com diversos tipos de onda.

(3) A difração por uma única abertura, no tratamento de Huygens, é equivalente a uma

interferência de muitas fontes puntiformes distribuídas sobre a abertura.

(4) Dois movimentos ondulatórios ficam, em dado instante, em oposição quando a diferença

de fase entre eles corresponde a um número inteiro de meio comprimento de onda.

(5) O efeito de difração de ondas é mais acentuado quando estas passam através de aberturas

de tamanho menor ou comparável ao comprimento de onda.

Olá! Já que revisitamos

alguns fenômenos

ondulatórios, que tal

resolver uns exercícios

sobre o assunto? Mão a

obra!

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2

3. (UFV) Um aparelho de rádio R recebe simultaneamente os sinais direto e refletido em

uma camada atmosférica, provenientes de uma emissora E. Quando a camada está a uma altura

H, o sinal é forte; à medida que a camada se desloca verticalmente a partir dessa posição, o

sinal enfraquece gradualmente, passa por um mínimo e recupera gradativamente o valor inicial.

Esse fenômeno se deve à

(A) Difração, pois a facilidade para o sinal contornar a camada é função da altura.

(B) Variação do índice de refração da camada, que depende de sua altura em relação ao

nível da terra.

(C) Interferência entre os sinais direto e refletido, construtiva, quando o sinal for máximo,

e destrutiva, quando o sinal for mínimo.

(D) Absorção do sinal pela camada, que depende de sua altura em relação à terra.

(E) Variação do índice de reflexão da camada, o qual é uma função da altura.

4. (UFG) As ondas eletromagnéticas geradas pela fonte de um forno de micro-ondas têm

uma frequência bem característica, e, ao serem refletidas pelas paredes internas do forno, criam

um ambiente de ondas estacionárias. O cozimento (ou esquentamento) ocorre devido ao fato de

as moléculas constituintes do alimento, sendo a de água a principal delas, absorverem energia

dessas ondas e passarem a vibrar com a mesma frequência das ondas emitidas pelo tubo gerador

do forno. O fenômeno físico que explica o funcionamento do forno de micro-ondas é a

(A) Ressonância.

(B) Interferência.

(C) Difração.

(D) Polarização.

(E) Absorção.

5. (PUC) A figura a seguir representa um feixe de luz propagando-se da esquerda para a

direita, incidindo em dois anteparos: o primeiro com dois pequenos orifícios e o segundo,

opaco. Neste, forma-se uma série de franjas claras e escuras.

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3

Os fenômenos responsáveis pelo aparecimento das franjas são, sucessivamente:

(A) Refração e interferência.

(B) Polarização e interferência.

(C) Reflexão e difração.

(D) Difração e Polarização.

(E) Difração e Interferência.

6. Baseado na história em quadrinhos, encontre as palavras que preenchem as lacunas a

seguir:

1. Concepção de luz segundo Aristóteles;

2. Fez um estudo da luz numa perspectiva corpuscular;

3. Fenômeno ondulatório responsável pelo bloqueio e amplificação de sinais

eletromagnéticos;

4. Fenômeno ondulatório que justifica o fato de uma pessoa conseguir ouvir outra,

mesmo que ambas estejam separadas por um muro.

5. Estudo das ondas sonoras;

6. Primeira concepção sobre a natureza da luz;

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4

7. Quando uma onda passa por um polaroide dizemos que ela está ______________;

8. Quando ondas sofrem reflexão num anteparo fixo há mudança de ___________;

9. Fenômeno em que um sistema físico recebe energia por meio de excitações de

frequência igual a uma de suas frequências naturais de vibração;

10. Característica de uma onda que é alterada quando há refração;

11. Ondas mecânicas e eletromagnéticas transportam _________________;

12. Tipo de interferência onde ocorre um aumento na amplitude da onda;

13. Propôs que a luz poderia ser uma espécie de onda;

14. Cientista que unificou eletricidade e magnetismo e conseguiu estimar o valor da

velocidade da luz;

15. Ondas eletromagnéticas podem se propagar no ____________.

GABARITO

1. A

2.

(1) F

(2) F

(3) V

(4) V

(5) V

3. C

4. A

5. E

6.

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5

AVALIAÇÃO 2

1. Baseado no que você aprendeu sobre efeito fotoelétrico, responda:

a) Porque a luz ultravioleta descarregou o eletroscópio?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

b) Se fosse utilizada luz branca, ao invés de utilizar a luz ultravioleta, o eletroscópio seria

descarregado de igual maneira? Justifique sua resposta:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

c) Se o eletroscópio fosse carregado positivamente, a lâmpada ultravioleta seria capaz de

descarregá-lo? Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre o efeito fotoelétrico.

I. O efeito fotoelétrico consiste na emissão de elétrons por uma superfície metálica

atingida por radiação eletromagnética.

II. O efeito fotoelétrico pode ser explicado satisfatoriamente com a adoção de um modelo

corpuscular para a luz.

III. Uma superfície metálica fotossensível somente emite fotoelétrons quando a frequência

da luz incidente excede um certo valor mínimo, que depende do metal.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas I e II.

d) Apenas I e III.

e) I, II e III. (correta)

Olá pessoal! Nessa aula estudamos o

efeito fotoelétrico e por isso, separei

algumas atividades que o ajudarão a

elucidar o tema. Divirta-se!

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3. (UFSC) Dispõe-se de uma placa metálica M e de uma esferinha metálica P, muito leve,

suspensa por um fio isolante, ambas inicialmente neutras e isoladas. Um feixe de luz violeta

incide sobre a placa, e, logo em seguida, a bolinha é atraída. Repetindo-se a operação com a luz

vermelha, isso não ocorre.

Sobre esses fenômenos é correto afirmar que:

01) A intensidade da luz vermelha foi menor que aquela da luz violeta.

02) A placa M, ao ser iluminada pelo feixe de luz violeta, ficou eletrizada.

04) A placa M estava pintada com tinta violeta.

08) A massa das partículas luminosas do feixe violeta é maior do que a do feixe vermelho.

16) O fóton de luz violeta tem maior energia que o fóton de luz vermelha.

32) Aumentando-se o tempo de iluminação da placa M com luz vermelha, ela passaria a atrair

a esferinha P.

4. (PIETROCOLA) Um elétron, ao retornar de uma órbita mais afastada do núcleo para

uma órbita mais próxima dele, emite uma luz visível de frequência igual a 4,0.1014 Hz. Qual o

valor da energia dessa luz emitida?

5. (UFC) A função trabalho de um dado metal é 2,5 eV.

a) Verifique se ocorre emissão fotoelétrica quando sobre esse metal incide luz de

comprimento de onda λ = 6,0.10-7m. A constante de Planck é h = 4,2.10-15 eVs e a velocidade

da luz no vácuo é c = 3.108 m/s.

b) Qual é a frequência mais baixa da luz incidente capaz de arrancar elétrons do metal?

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GABARITO

1.

(A) Os fótons da luz ultravioleta possuem alta energia e a absorção dos fótons pelos elétrons

do eletroscópio, faz com que esses elétrons adquiram energia cinética suficiente para que

saltem do metal descarregando o eletroscópio.

(B) Não. A luz branca possui uma frequência menor do que a ultravioleta e, como

consequência sua energia é menor. Se um elétron absorve um fóton da luz branca, não

conseguirá energia cinética suficiente para que ocorra emissão fotoelétrica

(C) Não. Pois o efeito fotoelétrico ocorre a partir da emissão de elétrons do metal. Se o

eletroscópio está carregado positivamente então há falta de elétrons no material, impedindo que

o fenômeno ocorra.

3.

(1)F

(2) F

(4) F

(8) F

(16) V

(32) F

4.

Dados:

h = 6,62.10-34 J.s

ν = 4.1014 Hz

𝐸 = ℎ. 𝜈 𝐸 = 6,62. 10−34. 4. 1014

𝐸 = 26,48. 10−20 𝐸 = 2,65. 10−19𝐽

5.

(A)

Dados:

= 2,5 eV

λ = 6,0.10-7m

h = 4,2.10-15 eVs

c = 3.108 m/s

sabendo que

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𝑐 = 𝜆. 𝜈

𝜈 = 𝑐

𝜆

𝜈 =3. 108

6. 10−7

𝜈 = 0,5. 1015 𝜈 = 5. 1014 𝐻𝑧

𝐸𝑐 = 𝐸 − 𝜙 𝐸𝑐 = ℎ. 𝜈 − 𝜙 𝐸𝑐 = 4,2. 10−15. 5. 1014 − 2,5 𝐸𝑐 = 21. 10−1 − 2,5 𝐸𝑐 = 2,1 − 2,5 𝐸𝑐 = − 0,4 𝑒𝑉

O valor encontrado para a energia cinética não é válido. Isto significa que não ocorrerá

emissão fotoelétrica.

(B)

Se a função trabalho do metal é 2,5 eV, isso significa que seria necessário que a energia que

os elétrons precisam absorver tem que ser maior que este valor, portanto:

𝐸 = 2,5 𝑒𝑉 Mas,

𝐸 = ℎ. 𝜈

2,5 = 4,2. 10−15. 𝜈

𝜈 = 2,5

4,2. 10−15

𝜈 = 0,59. 1015 𝜈 = 5,9. 1014𝐻𝑧

A luz deveria possuir frequência maior que 5,9. 1014𝐻𝑧

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AVALIAÇÃO 3

1. É possível saber a trajetória do fóton e verificar uma figura de interferência nos

anteparos do Interferômetro de Mach-Zehnder? Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2. No esquema a seguir um único fóton atinge um detector que acende luz verde:

a) Nessa situação há dúvida sobre a trajetória que o fóton descreveu até atingir o detector?

( ) Sim

( ) Não

b) Verificamos qual comportamento para o fóton?

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. O aparato experimental consiste de fótons incidindo um a um num divisor de feixes,

havendo no final dois detectores: um que acende luz verde e outro, vermelha.

Agora que já estudamos a dualidade onda-partícula

e o interferômetro de Mach-Zehnder, tente

identificar o comportamento do fóton para os casos

apresentados a seguir e lembre-se que o

interferômetro está em regime quântico.

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O que vamos observar?

Nesse experimento os fótons serão detectados tanto em A como em B, mas nunca ao mesmo

tempo.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória do

fóton

Explique porque isso acontece:

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

4. Nesse experimento há dois divisores de feixes, permitindo aos fótons rumarem, um a

um por duas trajetórias distintas e, em consequência, serem detectados em A ou B.

O que vamos observar?

Apenas o detector que emite luz verde acenderá.

Detector A

Detector B

Detector B

Detector A

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a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

__________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória

do fóton

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

__________________________________

5. Agora temos três divisores de feixes permitindo aos fótons rumarem um a um, por

quatro trajetórias diferentes e, em consequência, serem detectados em A, B, C ou D.

O que vamos observar?

Nesse experimento os fótons serão detectados em qualquer um dos quatro detectores, mas

nunca haverá detecção em mais de um ao mesmo tempo.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Trajetória C

( ) Trajetória D

( ) Não é possível saber a trajetória

do fóton

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

Detector A

Detector B

Detector C

Detector D

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6. Este experimento possui três detectores. Um deles é colocado ao longo da primeira

trajetória. Assim, quando a luz azul se acende é possível saber que o fóton passou por este

caminho.

O que vamos observar?

Verifica-se que tanto o detector A, quanto o B se acendem, mas nunca ao mesmo tempo.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória

do fóton

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

7. Nesse experimento um conjunto de espelhos aumenta o tamanho do percurso B,

fazendo com que as trajetórias A e B tenham comprimentos diferentes.

Detector A

Detector B

Detector C

Detector A

Detector B

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O que vamos observar?

Apenas o detector que emite luz vermelha acende.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

__________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória

do fóton

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

8. Este experimento é parecido com o que foi apresentado no item 2. No entanto, assim

que o fóton passa pelo primeiro divisor de feixes o segundo divisor é retirado como mostrado

na figura:

O que vamos observar?

Verifica-se que tanto o detector A, quanto o B se acendem, mas nunca ao mesmo tempo.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

__________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória

do fóton

Explique porque isso acontece:

__________________________________

__________________________________

Detector B

Detector A

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GABARITO

1. Não. Pelo princípio da indistinguibilidade de trajetórias, só se pode identificar um

comportamento ondulatório, como a interferência por exemplo, se não for possível determinar

a trajetória do fóton.

2.

(A) Não

(B) Partícula

Explique por que isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

3.

(A)

Partícula

Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

(B)

Trajetória A

Trajetória B

Explique porque isso acontece: Quando a luz vermelha acende, sabemos que o fóton seguiu

pela trajetória A. Por outro lado, quando a luz verde acende, sabemos que ele seguiu por B.

4.

(A)

Onda

Explique porque isso acontece: Não é possível descrever a trajetória do fóton

(B)

Não é possível descrever a trajetória do fóton

Explique porque isso acontece: Se o fóton seguir pela trajetória A ou B poderá atingir o

detector A.

5.

(A)

Partícula

Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

(B)

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Trajetória A

Trajetória B

Trajetória C

Trajetória D

Explique porque isso acontece: Se o detector A acende, significa que o fóton desenvolveu a

trajetória A. Se o detector B acende, então o fóton foi por B. O mesmo vale para as trajetórias

C e D.

6.

(A)

Partícula

Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

(B)

Trajetória A

Trajetória B

Explique porque isso acontece: Quando o detector C acende sabemos que o fóton seguiu pela

trajetória A. Caso o mesmo detector não acenda, o fóton terá seguido pela trajetória B.

7.

(A)

Onda

Explique porque isso acontece: Não é possível saber qual trajetória o fóton desenvolveu

(B)

Não é possível saber a trajetória do fóton

Explique porque isso acontece: Tanto o caminho A, como o caminho B, levam o fóton ao

detector B, não sendo possível identificar sua trajetória.

8.

(A)

Partícula

Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

(B)

Trajetória A

Trajetória B

Explique porque isso acontece: Se o detector A acende, significa que o fóton desenvolveu a

trajetória A. Se o detector B acende, então o fóton foi por B.

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AVALIAÇÃO 4

1. É possível saber qual a trajetória do fóton e ao mesmo tempo verificar um fenômeno

ondulatório? Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2. O que é luz?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. Como você entende a dualidade onda-partícula?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4. Explique com suas palavras a Interpretação de Copenhague:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

5. Explique com suas palavras a Interpretação dos Muitos Mundos:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6. Qual das intepretações para a dualidade onda-partícula você julga mais satisfatória a fim

de explicar o comportamento dos fótons?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

7. Você gostou de utilizar histórias em quadrinhos para estudar física na escola?

( ) Sim

( ) Não

8. De qual parte da matéria você gostou mais? Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9. De qual parte da matéria você gostou menos? Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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10. Que dificuldades você teve nos tópicos trabalhados ao longo do bimestre?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11. Escolha um número de 0 a 10 para mensurar a dificuldade que você teve ao longo do

bimestre:

________

12. De todos os tópicos de física que você estudou ao longo do ensino médio, em qual/quais

você acha que seria legal utilizar histórias em quadrinhos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

13. Você acha que seria melhor as histórias em quadrinhos serem disponibilizadas através

do celular ou prefere que seja utilizada a versão impressa?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

14. Gostaria de acrescentar alguma sugestão para a aplicação de histórias em quadrinhos no

futuro?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

15. Gostaria de fazer algum comentário?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

GABARITO

1. Não. Pelo princípio da indistinguibilidade de trajetórias, só se pode identificar um

comportamento ondulatório se não for possível determinar a trajetória do fóton.

Até a próxima

pessoal!

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2. Espera-se que os alunos apresentem respostas que relacionem luz ao conceito de fóton,

de radiação eletromagnética, ou ainda em termos de dualidade onda-partícula.

3. A luz pode apresentar tanto características ondulatórias como interferência, difração e

polarização, por exemplo, quanto corpusculares, como no caso do efeito fotoelétrico. No

entanto, nunca será possível verificar os dois aspectos simultaneamente.

4. Espera-se que os alunos falem do princípio de complementaridade e/ou do princípio de

incerteza

5. Espera-se que os alunos falem desta interpretação sob a óptica do fenômeno acontecer

simultaneamente em vários “Universos”, sendo cada Universo uma das possibilidades

de ocorrência do evento.

As questões 6 a 15 são de cunho pessoal, não cabendo gabarito a esta parte da avaliação.

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APÊNDICE C – OBJETO EDUCACIONAL N° 01 – HISTÓRIA EM QUADRINHOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Ana Caroline da Silveira Dias

HISTÓRIA EM QUADRINHOS

Macaé

2018

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HISTÓRIA EM QUADRINHOS

Ana Caroline da Silveira Dias

Material instrucional associado à dissertação de Mestrado de Ana Caroline da Silveira Dias

apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física do Campus UFRJ-Macaé,

vinculado ao Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientadores:

Raphael Nunes Púpio Maia

Irina Nasteva

Macaé

2018

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Ana Caroline Dias © 2017 PIXTON.COM

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Agradecimentos

Diversas pessoas contribuíram para a elaboração deste material. Agradeço a todas elas e, em particular, aos

professores Raphael Nunes Púpio Maia e Irina Nasteva por fornecerem material bibliográfico e pacientemente

realizarem a revisão do texto; João Américo Alexandrini pelas ideias e confecção de parte da arte gráfica.

Referências utilizadas na elaboração do roteiro

Analogia mecânica entre o efeito fotoelétrico e as ondas do mar: BERNSTEIN, Jeremy. As Idéias de

Einstein. Editora Cultrix, São Paulo,1975.

Interferômetro de Mach Zehnder: IMZ, SCARANI, V. Quantum Physics: A First Encounter:

Interference, Entanglement, Únd Reality. Oxford, 2006.

Demonstração do Efeito Fotoelétrico utilizando o Eletroscópio e a Lâmpada de Mercúrio: PIETROCOLA,

M. O.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; FRANCO, T. R. Física - Conceitos e contextos: pessoal, social e

histórico, v. 3. 1 ed. São Paulo: FTD, 2013.

Créditos das imagens

Página 07

Quadrinho 02 - http://www.nova-acropole.pt/images/images/Plato.jpg

Quadrinho 03 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/39/GodfreyKneller-IsaacNewton-1689.jpg

Página 08 Quadrinho 02 - http://www.psicologiamsn.com/wp-content/uploads/2015/09/aristoteles-final.jpg

Quadrinho 04 - http://www.psicologiamsn.com/wp-content/uploads/2015/09/aristoteles-final.jpg

Página 09 Quadrinho 02 - http://i.ytimg.com/vi/fjaPGkOX-wo/maxresdefault.jpg

Página 11 Quadrinho 01 - https://www.sciencenews.org/sites/default/files/2017/05/main/articles/051817_EC_tractor-

beam_main_FREE.jpg

Quadrinho 02 - www.one-

school.net/Malaysia/UniversityandCollege/SPM/revisioncard/physics/wave/images/polarization.png

Quadrinho 04 - http://www.technologycorp.com.au/wp-content/uploads/2015/09/PORTRAIT-James-Clerk-

Maxwell.jpg

Página 12

Quadrinho 02 - https://en.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Hertz#/media/File:Heinrich_Rudolf_Hertz.jpg

Página 18 Quadrinho 03 - http://www.abc.net.au/news/image/3742030-1x1-940x940.jpg

Página 26 Quadrinho 01 - https://media1.britannica.com/eb-media/50/190450-131-527BAEF7.jpg

Página 28

Quadrinho 06 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6d/Niels_Bohr.jpg/200px-

Niels_Bohr.jpg

Página 29 Quadrinho 01 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f8/Bundesarchiv_Bild183-

R57262%2C_Werner_Heisenberg.jpg/200px-Bundesarchiv_Bild183-R57262%2C_Werner_Heisenberg.jpg

Quadrinho 03 - http://1.bp.blogspot.com/-

uutKrl7v1Po/Vk3n8p3MG3I/AAAAAAAADuY/6kmGPWWS36Y/s1600/double-slit-experiment-large1.jpg

Página 30 Quadrinho 03 - http://1.bp.blogspot.com/-

uutKrl7v1Po/Vk3n8p3MG3I/AAAAAAAADuY/6kmGPWWS36Y/s1600/double-slit-experiment-large1.jpg

Página 35 Quadrinho 01 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/c/cf/Hugh-Everett.jpg

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2

Pág. 03

Pág. 13

Pág. 20

Pág. 26

- Fenômenos Ondulatórios

- Efeito Fotoelétrico

- Interferômetro de Mach-Zehnder

(Regime Clássico)

- Interferômetro de Mach-Zehnder

(Regime Quântico)

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APÊNDICE D – OBJETO EDUCACIONAL N° 02 – ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO

DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Ana Caroline da Silveira Dias

ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Macaé

2018

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ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Ana Caroline da Silveira Dias

Material instrucional associado à dissertação de Mestrado de Ana Caroline da Silveira Dias

apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física do Campus UFRJ-Macaé,

vinculado ao Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientadores:

Raphael Nunes Púpio Maia

Irina Nasteva

Macaé

2018

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 03

ESTRUTURA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA ................................................................... 04

O QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA TRABAHAR ESTE TEMA EM SALA DE AULA

............................................................................................................................................. 05

Aspectos históricos sobre a natureza da luz ........................................................................ 05

Efeito Fotoelétrico ............................................................................................................... 07

Dualidade onda-partícula ..................................................................................................... 12

O interferômetro de Mach-Zehnder e os pressupostos básicos da física quântica ............. 12

A Interpretação de Copenhague .......................................................................................... 16

SUGESTÃO DE APLICAÇÃO DAS AULAS ................................................................... 19

Aula 1: Introdução ao estudo da Natureza da luz e breve recapitulação dos fenômenos

ondulatórios ................................................................................................................ 19

Aula 2: Efeito fotoelétrico ................................................................................................... 21

Aula 3: Dualidade onda-partícula ........................................................................................ 22

Aula 4: Interpretação de Copenhague e Interpretação dos Muitos Mundos........................ 23

AVALIAÇÕES APLICADAS ............................................................................................ 26

Avaliação 1 ................................................................................................................ 26

Avaliação 2 ................................................................................................................ 30

Avaliação 3 ................................................................................................................ 34

Avaliação 4 ................................................................................................................ 41

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3

APRESENTAÇÃO

Caro professor,

Este material foi desenvolvido com o intuito de orientá-lo na utilização da História em

Quadrinhos (HQ) que lhe foi apresentada. É importante deixar claro que não temos como meta

oferecer um manual de instruções, afinal somente o próprio professor é capaz de identificar que

estratégia de ensino será melhor aproveitada pela turma. Ao contrário, o que queremos é mostrar

uma possibilidade de aplicação e, caso julgue o método utilizado satisfatório, adote a proposta e

dissemine boas práticas educativas.

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ESTRUTURA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Este material foi desenvolvido a fim de atender a proposta curricular do 4° bimestre de

física, do terceiro ano, do ensino médio no estado do Rio de Janeiro e foi pensado numa proposta

mínima de quatro aulas. O quadro a seguir, faz um comparativo entre a proposta do estado e a

sequência didática que desenvolvemos:

Proposta do Estado do Rio de Janeiro

História em Quadrinhos Competências e

Habilidades

Sequência didática mínima

1. Compreender as

propriedades das

ondas e como elas

explicam fenômenos

presentes em nosso

cotidiano.

2. Discutir modelos para

a explicação da

natureza luz,

vivenciando a ciência

como algo dinâmico

em sua construção.

1. Aula 1: Fenômenos

Ondulatórios

2. Aula 2: Fenômenos

Ondulatórios

3. Aula 3: Efeito

fotoelétrico e

Dualidade onda-

partícula

Aula 1: Resgate histórico

sobre aspectos referentes à

natureza da luz e

fenômenos ondulatórios;

Aula 2: Efeito

Fotoelétrico;

Aula 3: Dualidade Onda-

partícula;

Aula 4: Possíveis

interpretações para a

dualidade onda-partícula.

Quadro: Relação entre História em Quadrinhos desenvolvida e sequência didática mínima

proposta pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado pela autora

É importante frisar que quatro aulas é um número muito pequeno para se trabalhar os

assuntos propostos com a profundidade que julgamos adequada. Por isso, sugerimos que, caso o

planejamento didático permita um número maior de aulas, assim o faça e incremente as

avaliações aqui apresentadas com outras questões de cunho teórico ou algébrico que possam ser

pertinentes ao tema, afinal, restringimos nossas avaliações a um número pequeno de questões,

para que fosse possível se adequar ao cronograma.

Destacamos que este material não se restringe ao currículo do estado do Rio de Janeiro,

podendo ser adaptado a qualquer escola que esteja trabalhando o tema. No que se refere à maneira

de disponibilizar a HQ, acreditamos que a divulgação impressa pode ser muito proveitosa.

Contudo é mais prática a divulgação por meio eletrônico. Por fim, salientamos que não havendo

possibilidade de divulgação nas maneiras apresentadas, sugerimos uma última estratégia: a

apresentação da HQ em Datashow, para leitura simultânea.

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5

O QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA TRABAHAR ESTE TEMA EM SALA DE

AULA

ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE A NATUREZA DA LUZ

Luz pode ser entendida de diferentes maneiras. Uma criança poderia dizer que luz é tudo o

que ilumina, ou ainda que é aquilo que sai de uma lâmpada quando acionamos o interruptor.

Numa definição mais sofisticada, Bohr (1995, p. 06) trata a luz como “uma transmissão de

energia entre corpos materiais à distância”. Compreender o comportamento da luz é uma tarefa

que desafiou a ciência durante muitos séculos e tem suas origens na Grécia antiga, quando

filósofos como Platão (427 – 347 aC), tentando entender como o ser humano era capaz de

enxergar, propôs que os objetos visíveis emitiam partículas luminosas que podiam ser captadas

pelos olhos. Aristóteles (384 – 322 aC) por outro lado, pensava que para ser capaz de enxergar

era necessário que saísse dos olhos uma onda vibratória, que atingia os objetos e tornava-os

visíveis. Ainda que de maneira muito rudimentar, é possível perceber entre esses filósofos duas

concepções completamente distintas acerca do que é luz: uma apresentando um caráter

corpuscular e outra propondo que a luz seja de natureza ondulatória.

O avanço da ciência possibilitou um estudo mais aprofundado sobre o assunto e à medida

que novas evidências experimentais iam surgindo, essas duas teorias tornavam-se bem mais

elaboradas. Até o final do século XVII, “a óptica geométrica e a fabricação de lentes eram bem

compreendidas, mas a natureza da luz era ainda um mistério” (RIBEIRO et al, 2016, p. 07). Em

1690, Huygens propôs que a luz deveria se comportar como pulsos não periódicos propagados

pelo Éter (MOURA, 2016). Essa ideia, apesar de ainda não tratar da natureza ondulatória tal

como conhecemos hoje, permitiu que Huygens explicasse de maneira satisfatória a reflexão e a

refração.

Na contramão das ideias de Huygens, Newton, em 1704, publica Óptica e neste trabalho

adota uma concepção corpuscular para a luz sem que, no entanto, a defenda abertamente. Apesar

de Huygens e Newton terem feito publicações em datas próximas, a influência do segundo na

comunidade científica da época, garantiu que seus trabalhos tivessem mais notoriedade e,

consequentemente, que a teoria corpuscular fosse aceita por um bom tempo.

Cem anos depois, em 1800 (PIRES, 2011), os trabalhos de Thomas Young colocavam a teoria

ondulatória em evidência. Ele mostrou que quando um feixe de luz atravessava uma fenda, um

padrão de interferência era produzido num anteparo. A partir daí fortes evidências experimentais,

tais como os trabalhos de Fresnel (1826), que em colaboração com Arago permitiram chegar à

conclusão de que “as ondas luminosas eram transversais e a polarização passou a ser explicada

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em termos da teoria ondulatória” (PIRES, 2011, p. 265) e Foucault, que em 1862 mostrou que a

velocidade da luz era menor na água que no ar (PIRES, 2011), corroboravam para a consolidação

da teoria ondulatória. Estas comprovações ratificavam as previsões de Huygens. A partir de 1862,

Maxwell iniciava uma série de publicações sobre o Eletromagnetismo, indicando que a luz

poderia ser explicada através da teoria ondulatória.

Uma grande reviravolta na história levantou questionamentos sobre até que ponto a teoria

ondulatória era suficiente para explicar o comportamento da luz. Em 1888 (NUSSENZVEIG,

1997, p. 02), procurando encontrar uma comprovação física das ondas eletromagnéticas de

Maxwell, Hertz descobriu acidentalmente o efeito fotoelétrico. Na época ele não conseguiu

explicar o que estava acontecendo e, em 1902 Phillipp Lenard estudando raios catódicos

percebeu que

“... aumentada a intensidade da luz – graças, por exemplo, a colocar-se a sua fonte em

posição mais próxima à das placas de metal – não aumentava a energia dos elétrons

ejetados, mas apenas seu número. Do ponto de vista ondulatório, isso era um mistério.”

(BERNSTEIN, 1975, p. 163).

O efeito fotoelétrico poderia ser explicado pela teoria ondulatória se a energia dos elétrons

aumentasse junto com a intensidade da luz. A explicação adequada para este fenômeno foi dada

por Einstein, em 1905 (BERNSTEIN, 1975) a partir do princípio de quantização da energia e lhe

rendeu o prêmio Nobel em 1921. Milikan, em 1916 (BERNSTEIN, 1975) fez os primeiros

estudos quantitativos sobre o assunto comprovando a equação de Einstein para o efeito

fotoelétrico.

Os trabalhos de Hertz, Einstein, Milikan e Lenard vão na contramão da teoria ondulatória.

A ideia de que a luz assume quantidades discretas de energia não se encaixa na tese de luz

enquanto algo contínuo como proposto pela teoria ondulatória. Como afirma Feynman, a luz

“Comporta-se de uma maneira própria e inimitável, que tecnicamente podemos chamar de

maneira quântica, que difere de tudo o que vocês já viram”. (FEYNMAN, 2012, p.134).

Esta maneira quântica a qual Feynman se refere, trata-se do conceito de dualidade onda-partícula,

havendo na literatura diferentes maneiras de se interpretar este termo. Bohr, por exemplo, assume

que a dualidade pressupõe fenômenos complementares, enquanto Heisenberg defende o princípio

da incerteza. Hugh Everett, por outro lado propõe a tese dos estados relativos, que mais tarde De

Witt apelidou de Muitos Mundos.

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7

EFEITO FOTOELÉTRICO

Numa tentativa de encontrar um formalismo que justificasse a catástrofe do ultravioleta,

Max Planck, em 1900, propõe que a troca de energia num corpo negro se dê em quantidades

discretas. Tal afirmativa implicava em romper com a tese de que a energia para um sistema

clássico poderia assumir qualquer valor entre 0 e infinito. Ao contrário, o que se teria seriam

valores que satisfizessem a relação:

𝐸 = 𝑛ℎ𝜈, (I)

onde n corresponde a um número natural, h é uma constante denominada constante de Planck e

ν é a frequência da oscilação.

Foram as ideias de Planck que permitiram Einstein explicar o efeito fotoelétrico e lhe

renderam o prêmio Nobel em 1921. Tal fenômeno, nada mais é do que a “emissão de elétrons de

uma superfície metálica, devido a incidência de luz sobre ela” (EISBERG, 1979, p 51) tendo sido

descoberto de maneira acidental por Heinrich Hertz, em 1887, quando tentava demonstrar a

validade dos trabalhos de Maxwell.

Para melhor compreender este fenômeno considere um eletroscópio de dupla folha que fora

inicialmente eletrizado negativamente, como mostrado na figura 1.a. A experiência revela que

este será descarregado se uma luz ultravioleta incidir sobre ele (figura 1.b).

a)

b)

Figura 1: Esquema representativo de um eletroscópio de dupla folha (a) carregado negativamente; (b) sendo

descarregado por luz ultravioleta. Fonte: Elaborado pela autora.

Do ponto de vista clássico, poderia se supor que aumentada a intensidade (I) do feixe de

luz incidente, ocorreria também um aumento na amplitude do campo elétrico oscilante (Erms),

uma vez que a primeira é diretamente proporcional ao quadrado da segunda, como mostrado na

equação a seguir:

𝐼 = 1

2𝑐𝜀0𝐸𝑟𝑚𝑠

2 ,16 (II)

16 Para mais detalhes ver NUSSENZVEIG – 03 (2007. Seção 12.5)

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8

onde c é a velocidade da luz no vácuo e ε0 é a permissividade elétrica do vácuo.

Se o campo elétrico do feixe de luz incidente força os elétrons a vibrarem na mesma

frequência que a onda, poderíamos esperar que quando a amplitude fosse suficientemente alta,

os elétrons seriam arrancados do metal e quanto maior o valor da intensidade, maior a energia

com que esses elétrons seriam ejetados.

Um experimento mais acurado sobre o efeito fotoelétrico foi feito por Philipp Lenard e lhe

rendeu o Nobel em 1905 (LENARD, 1906). Nele alguns dos elétrons arrancados de uma placa

de alumínio podiam ser detectados numa outra placa, colocada próxima à primeira. Neste caso,

uma diferença de potencial (V) era verificada e consequentemente havia passagem de corrente,

que podia ser aferida com um amperímetro (i). A figura 2, esquematiza esta situação:

Figura 2: Esquema ilustrativo da experiência de Philipp Lenard.

Fonte: NUSSENZVEIG (1997, p. 250)

A primeira conclusão que se pode depreender deste experimento é que quanto maior a

intensidade luminosa, mais elétrons serão arrancados do metal e consequentemente, maior

também será a corrente medida pelo amperímetro.

Se for colocada uma bateria, de modo que a placa onde a luz incide corresponda a um

catodo e a outra, um anodo, àqueles elétrons que estavam sendo arrancados do metal seriam

acelerados em direção a outra placa. Se a diferença de potencial estabelecida for muito grande, a

corrente medida irá saturar para um determinado valor, no qual todos os elétrons arrancados da

primeira placa consigam atingir a segunda.

No entanto, se a polaridade da bateria for invertida, o valor da corrente não cai

imediatamente a zero. Isso sugere que os elétrons são arrancados da placa com uma determinada

energia cinética dada por:

𝐸𝑐 = 𝑞. 𝑉, (III)

onde q corresponde à carga do elétron e V a diferença de potencial estabelecida. De acordo com

o princípio de conservação da energia este valor deve corresponder à diferença entre a energia

fornecida pela luz (E) e o trabalho necessário para arrancar o elétron do metal representado por 𝜙

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(também chamado de função trabalho). Assim, para o caso de um único fóton transferindo toda

sua energia a um único elétron, teremos que:

𝐸𝑐 = 𝐸 − 𝜙. (IV)

Na situação descrita os elétrons arrancados do metal seriam freados, porém eventualmente

alguns conseguiriam atingir à placa oposta. Se a diferença de potencial for aumentada um pouco

mais, ainda com polaridade invertida, haveria um instante para o qual nenhum elétron conseguiria

atingir à placa oposta. Essa diferença de potencial limite é denominada potencial de freamento e

a experiência revela que independente da intensidade da luz incidente, o valor deste potencial

será o mesmo, como mostrado na figura 3 e consequentemente a energia cinética máxima com a

qual os elétrons poderão ser arrancados também será a mesma.

Figura 3: Gráfico que relaciona diferença de potencial aplicada e intensidade de luz incidente. Fonte:

NUSSENZVEIG (1997, p. 250).

Assim, o número de elétrons arrancados aumenta quando há um aumento na intensidade

de luz incidente sem que, no entanto, haja variação na energia cinética com a qual são emitidos.

Tal fato não poderia ser explicado através de uma descrição clássica. Bernstein (1975, p. 163)

para exemplificar como estes resultados eram insatisfatórios, utiliza uma analogia mecânica com

nadadores alinhados em uma praia e expostos a ondas. Segundo ele, era como se “aumentada a

força da onda, o efeito não fosse o de derrubar mais violentamente os nadadores, mas, antes, o

de derrubar maior número deles, com impacto exatamente igual ao causado pela onda menor”.

Outra conclusão que pode ser obtida deste experimento se refere ao tempo de absorção de

energia pelos elétrons. De acordo com a descrição clássica, estes absorvem energia até que

estejam excitados o suficiente a ponto de saltarem do metal. Se a intensidade luminosa é baixa,

então a amplitude do campo elétrico também é, de modo que a transferência de energia para o

elétron deveria acontecer num ritmo menor. Na prática, porém o que se percebe é que este

processo é instantâneo.

Uma terceira conclusão estranha à teoria ondulatória refere-se à faixa de frequência para a

qual o efeito fotoelétrico pode ser observado, pois o mesmo deveria ocorrer para qualquer valor

de frequência uma vez que, em tese, somente a intensidade da luz influencia na emissão ou não

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de elétrons do metal. No entanto, mais uma vez a experiência revela o contrário. O efeito

fotoelétrico só é observado a partir de determinada faixa de frequência e isso depende do metal

que está sendo utilizado. Essa frequência mínima é chamada de frequência de corte.

Em resumo, apresentamos três aspectos que não podiam ser explicados pela teoria

ondulatória:

Tempo de emissão fotoelétrica;

Energia cinética constante em função do potencial de freamento ser constante;

Frequência de corte.

Como já mencionado anteriormente, a explicação que conseguia justificar de maneira

satisfatória o efeito fotoelétrico veio de Einstein, em 1905. Para ele não só as trocas de energia

seriam quantizadas, como proposto por Planck, mas a própria energia assumia quantidades

discretas, ou seja, a luz seria composta por “pacotinhos” de energia denominados quanta que

mais tarde, em 1926, passariam a ser chamados de fótons por Gilbert Newton Lewis

(EBERHARDT, 2017, p. 931).

Assim, quando a luz incide sobre o cátodo na experiência de Lenard, ou sobre o

eletroscópio, os elétrons do metal absorvem fótons com energia proporcional à frequência, de

modo que

𝐸 = ℎ𝜈 (V)

Partindo dessa premissa, todas as evidências experimentais apresentadas acima podem ser

satisfeitas.

Problema Explicação de acordo com a hipótese da quantização de

energia proposta por Einstein

Tempo de emissão

fotoelétrica;

Basta que um fóton seja absorvido por um elétron para

que ocorra a emissão fotoelétrica, não se fazendo necessário

aguardar determinado intervalo de tempo para que o

fenômeno ocorra.

Energia cinética;

Cada elétron receberá energia de um único fóton, de

modo que a energia cinética máxima com a qual eles poderão

ser arrancados do metal será dada pela equação IV, que pode

ser reescrita na forma

𝑞. 𝑉 = ℎ𝜈 − 𝜙 (VI)

Repare que não há nesta maneira de apresentar o

problema, nenhuma dependência entre o potencial de

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freamento e a intensidade de luz incidente, de modo que este

depende apenas da energia com a qual o fóton incide sobre

ele. Assim, independente da intensidade luminosa o potencial

de corte deverá apresentar sempre o mesmo valor e em

consequência, a energia cinética máxima será constante.

Frequência de corte.

Se a energia dos fótons for menor que a função trabalho

do metal, não haverá emissão fotoelétrica. Caso contrário o

efeito fotoelétrico ocorrerá.

Quadro 2: Comparativo entre os problemas apresentados pela descrição do efeito fotoelétrico pela teoria clássica e

a explicação de acordo com a tese da quantização da energia proposta por Einstein. Fonte: elaborado pela autora.

Para além das experiências de Lenard, Einstein propôs que

“Se a fórmula (equação VI) deduzida é correta, um gráfico de Vf, em função da

frequência da luz incidente, deve resultar numa reta, cujo coeficiente angular deve ser

independente da natureza da substância iluminada”. (NUSSENZVEIG, 2010, p. 252)

A confirmação experimental desta hipótese apresentada por Einstein veio em 1926, por

Millikan e está representada na figura 4:

Figura 4: Relação entre o potencial de corte e a frequência de luz incidente.

Fonte: NUSSENZVEIG (1997, p. 253).

Essa sequência de eventos novamente coloca em xeque a natureza da luz, que até então os

fatos experimentais indicavam ser de origem ondulatória. O desenvolvimento da teoria quântica

levou os físicos a reverem suas concepções e outros experimentos corroboraram para que um

novo modelo pudesse colocar um ponto final nesta discussão. Trata-se da dualidade onda-

partícula.

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DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA

A descoberta da quantização de energia levou a profundas transformações na maneira com

a qual os físicos compreendiam a matéria e a luz. A equação V traz em si uma característica um

tanto inusitada: a de que a energia dos fótons assume quantidades discretas. Isso significa que

uma onda, entidade física contínua, é responsável por uma grandeza discreta, a energia. No

entanto, algo não pode ser contínuo e discreto ao mesmo tempo. Como afirma Feynman, “é nesse

sentido que a luz pode ser entendida como partícula. Essa unidade mínima de energia, ao qual

chamamos fótons possui propriedades que não podem ser explicadas assumindo apenas as

características discretas” (2012, p. 134).

Osvaldo Pessoa Junior apresenta duas maneiras para definir dualidade onda-partícula, uma a qual

denomina versão fraca:

Para qualquer objeto microscópico, pode-se realizar um experimento tipicamente

ondulatório (como um de interferência), mas a detecção sempre se dá através de uma

troca pontual de um pacote mínimo de energia (PESSOA JR, 2003, p.03)

e outra a qual denomina versão forte e que está arraigada à Interpretação de Copenhague, que

será apresentada mais adiante neste capítulo:

Um sistema quântico ou exibe aspectos corpusculares (seguindo trajetórias bem

definidas), ou aspectos ondulatórios (como a formação de um padrão de interferência),

dependendo do arranjo experimental, mas nunca ambos ao mesmo tempo. (PESSOA

JR, 2003, p.18)

O INTERFERÔMETRO DE MACH-ZEHNDER E OS PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA

FÍSICA QUÂNTICA

O IMZ, consiste de um experimento desenvolvido por volta de 1892, de maneira

independente por Ludwig Zehnder e Ludwig Mach. A figura 5 mostra uma representação ideal

de como funciona o aparelho, sendo constituído de dois espelhos semi-refletores, que refletem

50% do feixe incidente e transmitem os 50% restantes, dois espelhos que refletem toda a luz

incidente, uma fonte emissora de luz coerente, como um laser por exemplo e dois detectores, que

emitem um sinal luminoso quando fótons o atingem. O detector A emite um sinal luminoso verde

quando isso ocorre, enquanto o detector B, vermelha.

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Figura 5: Representação esquemática e em cores fantasia de um Interferômetro de Mach-Zehnder

Ao permitir que um feixe de luz adentre no interferômetro, o primeiro divisor de feixes

reflete 50% da luz incidente e transmite os outros 50%, de maneira que o feixe possa descrever

duas trajetórias distintas. No esquema representado pela figura 6, o feixe transmitido descreve a

trajetória 1 enquanto o feixe refletido descreve a trajetória 2.

Figura 6: Representação esquemática de um feixe transmitido e refletido pelo primeiro divisor de feixes e suas

trajetórias no IMZ. Fonte: elaborado pela autora.

No segundo divisor de feixes, toda a luz incidente se recombina, podendo haver detecção

em A ou em B.

Ao realizar esta experiência, apenas o detector A sinaliza a presença de luz e, no regime

clássico, isso pode ser explicado recorrendo-se ao eletromagnetismo, que trata a luz como uma

onda eletromagnética. Isso significa que um feixe de luz laser monocromática, quando incide no

interferômetro, tem um campo elétrico que pode ser descrito através da relação:

�⃗� = 𝐸0⃗⃗⃗⃗ 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 + 𝜙), (VII)

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onde 𝐸0⃗⃗⃗⃗ corresponde a amplitude do campo elétrico, k é o número de onda, ω é a frequência

angular e é a fase da onda. Como toda função senoidal, haverá máximos e mínimos de

amplitude para o campo elétrico. É sabido também que quando duas ondas em fase se superpõem

ocorre uma interferência 100% construtiva. Por outro lado, se duas ondas em oposição de fase se

superpõem ocorrerá interferência 100% destrutiva. Para além disso, vale lembrar que para um

espelho 100% refletor a luz nele incidente sofrerá uma defasagem equivalente a π

(NUSSENZVEIG, 1997, p.113), enquanto que em um divisor de feixes, a reflexão resultará numa

defasagem de π/2 (DEGIORGIO, 1980).

Dito isto analisemos novamente o interferômetro: a parte do feixe que segue pela trajetória

1, sofre um deslocamento de fase equivalente a 3π/2 para que seja detectada em A, e π para que

seja detectada em B, enquanto que a parte do feixe que segue pela trajetória 2, sofre um

deslocamento de fase igual a 3π/2 para que seja detectada em A e 2π para que seja detectada em

B, conforme ilustrado na figura 7:

Figura 7: Esquema representativo e em cores fantasia das trajetórias descritas pelos feixes no IMZ. Fonte:

elaborado pela autora.

Quando os feixes que seguem pelas trajetórias 1 e 2 chegam ao segundo divisor de feixes,

ocorrerá uma superposição construtiva no detector A e destrutiva no detector B, resultando em

detecção apenas em A.

Se o Interferômetro é colocado em regime quântico, ou seja, com os fótons sendo inseridos

individualmente no aparato experimental, deveríamos a priori considerar que metade dos fótons

seriam detectados em A e a outra metade em B, uma vez que são unidades mínimas de luz e,

portanto, indivisíveis, tornando impossível haver interferências no aparato experimental. No

entanto, a experiência revela que apenas o detector A continua acendendo.

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Isso significa que de alguma maneira fótons, ainda que incidam um a um no interferômetro

continuam sofrendo interferência. É nesse ponto que se encontra uma das bases da física

quântica, ao qual denominamos dualidade onda-partícula.

Recorrendo ao formalismo da MQ pode-se afirmar que cada trajetória possível para os

fótons descreverem dentro do interferômetro corresponde a um estado, que pode ser representado

por um vetor no espaço de Hilbert. Na notação de Dirac, representamos esse estado por um ket

|𝜓1⟩ ou |𝜓2⟩. Esses estados evoluem de maneira linear e determinística de acordo com a equação

de Schroedinger:

iℏd

dt|ψ(t)⟩ = H(t)|ψ(t)⟩ , (VIII)

onde i é um número complexo, ħ é uma constante, |ψ(t)⟩ é o vetor de estado e H(t) é o observável

associado com a energia total do sistema.

Quando o fóton passa pelo primeiro divisor de feixes, não se sabe que trajetória ele irá

descrever. Assume-se então que o fóton se encontra em uma superposição de todos os estados

possíveis, que matematicamente corresponde à soma dos estados |𝜓1⟩ e |𝜓2⟩, de modo que |𝜓⟩ =

1

√2|𝜓1⟩ +

𝑖

√2|𝜓2⟩.

Se fosse colocado um terceiro detector num dos braços do interferômetro como indicado

na figura 8, teoricamente seria possível prever por qual caminho rumou o fóton, uma vez que, se

houvesse detecção em C, então o fóton teria seguido por 1, caso contrário, 2.

Figura 8: Esquema representativo e em cores fantasia de um IMZ com três detectores e em regime monofotônico.

Fonte: elaborado pela autora.

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A experiência, no entanto, revela que após atravessar o primeiro divisor de feixes há uma

superposição de estados que desaparece no instante em que se sabe qual trajetória o fóton

descreveu. Assim o padrão de interferência dá lugar a uma detecção corpuscular, com 50% dos

fótons em A e 50% em B. Dito de outro modo, pode-se afirmar que ao efetuar uma medida sobre

a trajetória do fóton, a superposição de estados será destruída, fazendo com que haja detecção

localizada num auto-estado do Observável em questão, ou seja, “a passagem de uma

superposição de estados para um estado específico é feita por um operador de projeção e, assim,

essa redução de estado (ou redução do pacote de onda) acontece de acordo com o postulado de

projeção”17 (FREITAS; FREIRE JR, 2008, p. 2307-3).

Diante do exposto nota-se que há duas possibilidades de evolução do estado de um sistema:

a primeira é a evolução de acordo com equação de Schroedinger e a segunda, a redução de estado,

que ocorrerá quando houver uma tentativa de medir a posição do fóton e que será descrita pelo

postulado da projeção.

O que foi apresentado até aqui é o que o formalismo da mecânica quântica pode revelar

sobre a experiência com fótons no IMZ. Mas como entender o significado desta experiência? O

que acontece no momento da detecção para que o fóton sofra uma redução de estado? Estes e

outros questionamentos não pertencem ao escopo do formalismo. São na verdade, questões de

âmbito interpretativo que surgem naturalmente na tentativa de atribuir significado ao que foi

estudado.

Jammer (1974, p.10) salienta que uma teoria física será formada minimamente por dois

componentes: um formalismo abstrato e um conjunto de regras de correspondência, sendo o

primeiro

(...) o esqueleto lógico da teoria, um cálculo dedutivo, geralmente axiomatizado,

desprovido de qualquer significado empírico; contém, além de constantes lógicas e

expressões matemáticas, termos não-lógicos (descritivos), como "partícula" e "função

de estado", que, como seu nome indica, não pertencem ao vocabulário da lógica normal,

mas caracterizam o conteúdo específico do assunto em discussão. Embora os nomes

desses termos não lógicos sejam geralmente altamente sugestivos de significância

física, os termos não têm outro significado além daquele resultante do lugar que ocupam

na no corpo de F (formalismo)” (1974, p.10).

São as regras de correspondência que darão

(...) uma coerência interna entre as características descritivas da teoria, dotando-a,

assim, de poder explicativo e preditivo. A proposta de tal princípio é usualmente

também chamada de "interpretação" (JAMMER, 1974, p.10)

17 Se a medição da grandeza física 𝒜 é realizada no sistema que se encontra no estado |ψ⟩ der o resultado an, o

estado do sistema imediatamente após a medição é a projeção normalizada Pn|ψ⟩

√⟨ψ|Pn|ψ⟩

, de |ψ⟩ no subespaço

associado com an.

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Pessoa Jr (2006, p.05) fala em dezenas de interpretações diferentes da Teoria Quântica.

Nos restringiremos aqui apenas a Interpretação de Copenhague, uma vez que esta é a

interpretação ortodoxa.

A INTERPRETAÇÃO DE COPENHAGUE

Majoritariamente foram as ideias de Bohr que deram origem a esta interpretação, tendo

havido colaboração de diversos físicos, tais com Heisenberg, Einstein, Dirac etc. Baseia-se no

princípio da complementaridade apresentado pela primeira vez em 1927 no Congresso

Internacional de Física realizado em Como na Itália (PESSOA JR, 2006, p.91).

Como destacam Camara e Simon (2015, p.230), Bohr nunca deu uma definição clara do

que significa o termo complementaridade, havendo apenas um vasto material que explica o tema

das mais variadas formas. Pessoa Jr (2006, p.93) fazendo alusão ao trabalho de Weizsäcker

(1955) afirma haver três tipos de complementaridade ao longo da obra de Bohr, sendo a que mais

se volta aos propósitos deste trabalho, a complementaridade entre partícula e onda já apresentada

no início deste capítulo como sendo a versão forte para a dualidade onda-partícula. Segundo o

autor

Um experimento pode ser compreendido em um quadro corpuscular, ou em um quadro

ondulatório, mas nunca nos dois ao mesmo tempo. Ou seja, se houver padrões de

interferência, não pode haver inferência sobre trajetórias (retrodição), e vice-versa.

Além desta “exclusão mútua”, essas duas descrições “exaurem” a descrição do objeto

(PESSOA JR, 2006, p. 98).

Esta definição exprime bem o que se observa no IMZ. De acordo com a montagem

experimental é possível verificar um comportamento ondulatório ou corpuscular, mas nunca

ambos ao mesmo tempo.

Aproximadamente na mesma época em que Bohr desenvolveu o princípio de

complementaridade, Heisenberg postulou o princípio de incerteza aplicável a grandezas que não

comutam, como posição e momento por exemplo, de forma que “a precisão de nossa medida está

inerentemente limitada pelo processo de medida em si” (EISBERG, 1979, p.98), de modo que,

∆𝑃𝑥. ∆𝑥 ≥ ħ

2, (IX)

onde Px e x são as incertezas do momento e posição, respectivamente.

Como afirma Pessoa Jr (2006, p.77), isto significa que para prever o resultado da medição

de um observável será necessário diminuir a previsibilidade de outro.

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No que se refere à medida18 de um observável, a interpretação da complementaridade

prevê que “não se pode analisar um processo de medida, não há nada que possa ir além da

complementaridade dos conceitos clássicos” (NETO, 2010, p.17). Dito de outro modo, não faz

sentido perguntar como era o estado de um sistema antes que seja feita uma medida, uma vez

que é ela quem irá revelar o estado do sistema cabendo ao formalismo realizar as previsões

estatísticas, afinal este é o objetivo básico da física quântica. Sendo assim o postulado da projeção

encerra qualquer discussão sobre as possíveis trajetórias adotadas pelos fótons no IMZ.

Quanto à linguagem própria da mecânica quântica, Pessoa Jr (2006, p.92) ressalta que é

necessário utilizar atributos da física clássica para descrever a aparelhagem experimental e os

resultados das medições de maneira que conceitos próprios da mecânica quântica, tais como

“‘superposição de auto-estados associados a um observável’ não podem ser aplicados aos

aparelhos macroscópicos enquanto eles são usados na medição”. Desta maneira surge o

questionamento de em que ponto se deve separar o clássico e o quântico, que para Bohr pode ser

respondido assumindo que este corte deverá ser feito a partir do momento em que se fizer

necessário utilizar a complementaridade.

18 A interpretação dos Estados Relativos desenvolvida por Hugh Everett em 1957 (NETO, p.74) busca explicar o comportamento

quântico a partir da evolução temporal da equação de Schroedinger sem que seja necessário recorrer à ideia de redução de estado

ao se realizar uma medida por um observador externo. Esta interpretação, mais tarde (1973) foi apelidada de Muitos Mundos por

Bryce DeWitt,

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SUGESTÃO DE APLICAÇÃO DAS AULAS

Disciplina: Física

Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano

Número de aulas: duas aulas de 50 minutos

AULA 1: Introdução ao estudo da Natureza da luz e breve recapitulação dos fenômenos

ondulatórios

1. Objetivos

1.1. Objetivos gerais

Nesta aula os alunos deverão ser inseridos no debate sobre a natureza da luz revisitando alguns

conceitos de ondulatória trabalhados no bimestre anterior.

1.2. Objetivos específicos

Rever os conceitos de reflexão recorrendo à noção de fase de uma onda;

Rever os conceitos de difração e interferência bem como o experimento da fenda

dupla de Young utilizando o princípio de Huygens;

Rever o conceito de polarização da luz;

Fomentar o debate sobre a natureza da luz fazendo um breve resgate histórico

sobre as primeiras ideias referentes ao tema;

2. Pré-requisitos

Ter frequentado às aulas do terceiro bimestre referentes à ondulatória sabendo,

portanto o que é uma onda eletromagnética bem como suas características

fundamentais, tais como período, frequência, amplitude, fase e velocidade;

3. Organização do conteúdo

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4. Recursos utilizados

Parte 1 da História em quadrinhos;

5. Aplicação do conhecimento

Inicialmente os alunos farão a leitura da parte 1 da história em quadrinhos (HQ) e ao final da

página 2, o professor irá instigar os alunos perguntando o que eles acham que a luz deva ser. As

teses apresentadas pelos alunos serão anotadas na lousa, para discussão posterior.

A leitura da HQ será retomada e, ao término da primeira parte o professor fará uma explanação

no quadro dos dois modelos rudimentares sobre a natureza da luz apresentados no texto,

relacionando-o às concepções prévias apresentadas pelos alunos. Ao final desta parte, o professor

dando continuidade à explanação dos conteúdos irá revisitar os fenômenos ondulatórios

estudados no bimestre anterior, sempre que possível, fazendo alusão à HQ.

6. Avaliação

Num primeiro momento a avaliação será individual e ocorrerá após a explanação do professor,

onde os alunos responderão as perguntas sobre fenômenos ondulatórios, que se encontram na

avaliação 1. Ao término desta atividade, os mesmos se organizarão em duplas e responderão a

uma palavra-cruzada que envolve tanto os aspectos da leitura que fizeram da HQ, quanto dos

tópicos trabalhados no bimestre anterior.

7. Referências Bibliográficas

BONJORNO, J. R.; RAMOS, C. M.; PRADO, E. P.; BONJORNO, V.; BONJORNO, M. A.;

CASEMIRO, R. Física. V. 02, 3 ed. São Paulo: FTD, 2016.

PIETROCOLA, M.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; ROMERO, T. R. Física em Contextos.

Vol. 03, 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

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AULA 2: Efeito fotoelétrico

1. Objetivos

1.1. Objetivos gerais

Nesta aula os alunos deverão ser apresentados ao efeito fotoelétrico a partir da análise se um

experimento com o eletroscópio de dupla folha.

1.2. Objetivos específicos

Compreender a ideia de quantização de energia e o conceito de fóton;

Compreender a equação de quantização da energia, sendo capazes de perceber a

dependência entre a frequência de luz emitida e a energia dos fótons individuais;

Compreender o conceito de função trabalho;

Aplicar a equação de quantização de energia a problemas pertinentes ao tema.

Perceber a relevância deste fenômeno na discussão sobre a natureza da luz.

2. Pré-requisitos

Conhecer as características básicas de uma onda, tais como, frequência,

amplitude, comprimento de onda e velocidade;

Serem capazes de utilizar fórmulas matemáticas na resolução de exercícios.

3. Organização do conteúdo

4. Recursos utilizados

Parte 2 da História em quadrinhos;

Vídeo de demonstração qualitativa do efeito fotoelétrico (Professor Thomas Braun);

Simulação computacional;

Datashow;

Computador.

5. Aplicação do conhecimento

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6º - Inicialmente os alunos assistirão ao vídeo demonstrativo do efeito fotoelétrico19.

7º - Os alunos serão orientados a ler a parte dois da História em quadrinhos.

8º - O professor fará uma explanação do efeito fotoelétrico e apresentará a simulação

computacional onde poderá mostrar a independência do fenômeno com a

intensidade da luz, bem como a dependência da emissão fotoelétrica com a

frequência de luz incidente apresentando a equação de quantização da energia.

9º - Os alunos responderão as questões de cunho teórico contidas na avaliação 2.

10º - O professor discutirá a equação de conservação da energia e orientará os

alunos a responderem às questões numéricas que se encontram na avaliação 2.

6. Avaliação

Os alunos responderão as questões que se encontram na avaliação 2, de acordo com a descrição

apresentada no tópico anterior.

7. Referências Bibliográficas

PIETROCOLA, M.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; ROMERO, T. R. Física em Contextos.

Vol. 03, 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

Demonstração qualitativa do efeito fotoelétrico, utilizando um eletroscópio. Produção de

Thomas Braun. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=G6YfSsrOewI> Acesso

em 15 jan. 2017;

Simulação computacional do efeito fotoelétrico. Disponível em

<https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/photoelectric> Acesso em 15 jan. 2017;

AULA 3: Dualidade onda-partícula

1. Objetivos

1.1. Objetivos gerais

Nesta aula os alunos deverão ser apresentados ao conceito de dualidade onda-partícula sob à luz

da Interpretação de Copenhague.

1.2. Objetivos específicos

Conhecer a Interpretação de Copenhague para a dualidade onda-partícula.

Compreender o princípio da indistinguibilidade de trajetórias analisando o

Interferômetro de Mach-Zehnder;

2. Pré-requisitos

Conhecimentos básicos de ondulatória;

Compreender o conceito e fóton.

3. Organização do conteúdo

19 Se possível seria interessante o professor reproduzir este experimento em sala de aula.

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4. Recursos utilizados

Partes 3 e 4 da História em quadrinhos;

5. Aplicação do conhecimento

4º - O professor fará uma leitura dinâmica das partes 3 e 4 (até o final da página 34

somente) da História em quadrinhos;

5º - O professor fará uma explanação breve, sobre o que acabaram de ler e responder a

eventuais dúvidas que podem ter surgido nos alunos.

6º - Os alunos responderão a avaliação 3.

6. Avaliação

Os alunos responderão as questões que se encontram na avaliação 3, onde serão apresentados

problemas diversificados com o interferômetro de Mach-Zehnder. Tais atividades poderão ser

respondidas em dupla ou individualmente.

7. Referências Bibliográficas

PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,

2003.

PESSOA JR, O. Interferometria, Interpretação e Intuição: Uma Introdução Conceitual à Física

Quântica. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 19, n. 1, p. 27 – 48, 1997.

PIETROCOLA, M.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; ROMERO, T. R. Física em Contextos. v.

3, 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

AULA 4: Interpretação de Copenhague e Interpretação dos Muitos Mundos

1. Objetivos

1.1. Objetivos gerais

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Apresentar a Interpretação de Copenhague fazendo com que os alunos entendam que esta não é

única, havendo na literatura interpretações alternativas, como por exemplo a Interpretação dos

Muitos Mundos.

1.2. Objetivos específicos

Fomentar o debate sobre a natureza da luz fazendo um resgate histórico sobre as

primeiras ideias referentes ao tema;

Resgatar o conceito de dualidade onda-partícula;

Apresentar os principais aspectos da Interpretação de Copenhague;

Apresentar a Interpretação dos muitos mundos;

2. Pré-requisitos

Conhecer os fenômenos ondulatórios.

Compreender o conceito de fóton;

Compreender o conceito de dualidade onda-partícula.

3. Organização do conteúdo

4. Recursos utilizados

Final da Parte 4 da História em quadrinhos (Pág. 35 a 37);

5. Aplicação do conhecimento

5º - O professor fará um resgate de tudo o que foi apresentado nas aulas anteriores:

modelo corpuscular e ondulatório, apresentando as principais ideias sobre o

assunto, seguindo com uma recapitulação do efeito fotoelétrico e o conceito de

fóton, enfatizando de que maneira essa descoberta trazia à tona o debate sobre a

natureza da luz. Ao final desta etapa, o professor falará do conceito de dualidade

onda-partícula, destacando a Interpretação de Copenhague e os princípios de

complementaridade e incerteza;

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6º - Leitura do final da HQ (pág 35 a 37);

7º - O professor deverá argumentar que a interpretação de Copenhague, apesar de ser

a mais usual, não é a única que tenta dar significado aos resultados experimentais

obtidos com o Interferômetro de Mach-Zehnder, por exemplo e que é possível

encontrar diversas outras explicações para tal, dentre elas a interpretação dos muitos

mundos, explicando de modo breve o que seria a ideia de universos paralelos que

aparece frequentemente em filmes de ficção científica;

8º - Ao final, os alunos deverão responder o questionário 4.

6. Avaliação

Os alunos responderão as questões que se encontram na avaliação 4 e consistem de perguntas

abertas sobre os principais tópicos trabalhados nas 4 aulas.

7. Referências Bibliográficas

PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,

2003.

PESSOA JR, O. Interferometria, Interpretação e Intuição: Uma Introdução Conceitual à Física

Quântica. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 19, n. 1, p. 27 – 48, 1997.

PIETROCOLA, M.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; ROMERO, T. R. Física em Contextos. v.

3, 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.

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AVALIAÇÕES APLICADAS

AVALIAÇÃO 1

1. (UFMG) Marília e Dirceu estão em uma praça iluminada por uma única lâmpada.

Assinale a alternativa em que estão CORRETAMENTE representados os feixes de luz

que permitem a Dirceu ver Marília.

2. (BONJORNO - Adaptado) Com relação aos fenômenos ondulatórios e seus efeitos, julgue

a veracidade dos itens a seguir:

(1) A difração só ocorre em ondas transversais.

(2) Polarização é um fenômeno que ocorre com diversos tipos de onda.

(3) A difração por uma única abertura, no tratamento de Huygens, é equivalente a uma

interferência de muitas fontes puntiformes distribuídas sobre a abertura.

(4) Dois movimentos ondulatórios ficam, em dado instante, em oposição quando a diferença

de fase entre eles corresponde a um número inteiro de meio comprimento de onda.

(5) O efeito de difração de ondas é mais acentuado quando estas passam através de aberturas

de tamanho menor ou comparável ao comprimento de onda.

3. (UFV) Um aparelho de rádio R recebe simultaneamente os sinais direto e refletido em

uma camada atmosférica, provenientes de uma emissora E. Quando a camada está a uma altura

H, o sinal é forte; à medida que a camada se desloca verticalmente a partir dessa posição, o sinal

enfraquece gradualmente, passa por um mínimo e recupera gradativamente o valor inicial.

Olá! Já que revisitamos

alguns fenômenos

ondulatórios, que tal

resolver uns exercícios

sobre o assunto? Mão a

obra!

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Esse fenômeno se deve à

(A) Difração, pois a facilidade para o sinal contornar a camada é função da altura.

(B) Variação do índice de refração da camada, que depende de sua altura em relação ao nível

da terra.

(C) Interferência entre os sinais direto e refletido, construtiva, quando o sinal for máximo, e

destrutiva, quando o sinal for mínimo.

(D) Absorção do sinal pela camada, que depende de sua altura em relação à terra.

(E) Variação do índice de reflexão da camada, o qual é uma função da altura.

4. (UFG) As ondas eletromagnéticas geradas pela fonte de um forno de micro-ondas têm

uma frequência bem característica, e, ao serem refletidas pelas paredes internas do forno, criam

um ambiente de ondas estacionárias. O cozimento (ou esquentamento) ocorre devido ao fato de

as moléculas constituintes do alimento, sendo a de água a principal delas, absorverem energia

dessas ondas e passarem a vibrar com a mesma frequência das ondas emitidas pelo tubo gerador

do forno. O fenômeno físico que explica o funcionamento do forno de micro-ondas é a

(A) Ressonância.

(B) Interferência.

(C) Difração.

(D) Polarização.

(E) Absorção.

5. (PUC) A figura a seguir representa um feixe de luz propagando-se da esquerda para a

direita, incidindo em dois anteparos: o primeiro com dois pequenos orifícios e o segundo, opaco.

Neste, forma-se uma série de franjas claras e escuras.

Os fenômenos responsáveis pelo aparecimento das franjas são, sucessivamente:

(A) Refração e interferência.

(B) Polarização e interferência.

(C) Reflexão e difração.

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(D) Difração e Polarização.

(E) Difração e Interferência.

6. Baseado na história em quadrinhos, encontre as palavras que preenchem as lacunas a

seguir:

1. Concepção de luz segundo Aristóteles;

2. Fez um estudo da luz numa perspectiva corpuscular;

3. Fenômeno ondulatório responsável pelo bloqueio e amplificação de sinais

eletromagnéticos;

4. Fenômeno ondulatório que justifica o fato de uma pessoa conseguir ouvir outra, mesmo

que ambas estejam separadas por um muro.

5. Estudo das ondas sonoras;

6. Primeira concepção sobre a natureza da luz;

7. Quando uma onda passa por um polaroide dizemos que ela está ______________;

8. Quando ondas sofrem reflexão num anteparo fixo há mudança de ___________;

9. Fenômeno em que um sistema físico recebe energia por meio de excitações de

frequência igual a uma de suas frequências naturais de vibração;

10. Característica de uma onda que é alterada quando há refração;

11. Ondas mecânicas e eletromagnéticas transportam _________________;

12. Tipo de interferência onde ocorre um aumento na amplitude da onda;

13. Propôs que a luz poderia ser uma espécie de onda;

14. Cientista que unificou eletricidade e magnetismo e conseguiu estimar o valor da

velocidade da luz;

15. Ondas eletromagnéticas podem se propagar no ____________.

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GABARITO

1. A

2.

(1) F

(2) F

(3) V

(4) V

(5) V

3. C

4. A

5. E

6.

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AVALIAÇÃO 2

1. Baseado no que você aprendeu sobre efeito fotoelétrico, responda:

a) Porque a luz ultravioleta descarregou o eletroscópio?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

b) Se fosse utilizada luz branca, ao invés de utilizar a luz ultravioleta, o eletroscópio seria

descarregado de igual maneira? Justifique sua resposta:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

c) Se o eletroscópio fosse carregado positivamente, a lâmpada ultravioleta seria capaz de

descarregá-lo? Justifique:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre o efeito fotoelétrico.

IV. O efeito fotoelétrico consiste na emissão de elétrons por uma superfície metálica atingida

por radiação eletromagnética.

V. O efeito fotoelétrico pode ser explicado satisfatoriamente com a adoção de um modelo

corpuscular para a luz.

VI. Uma superfície metálica fotossensível somente emite fotoelétrons quando a frequência

da luz incidente excede um certo valor mínimo, que depende do metal.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas I e II.

d) Apenas I e III.

e) I, II e III. (correta)

Olá pessoal! Nessa aula estudamos o

efeito fotoelétrico e por isso, separei

algumas atividades que o ajudarão a

elucidar o tema. Divirta-se!

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3. (UFSC) Dispõe-se de uma placa metálica M e de uma esferinha metálica P, muito leve,

suspensa por um fio isolante, ambas inicialmente neutras e isoladas. Um feixe de luz violeta

incide sobre a placa, e, logo em seguida, a bolinha é atraída. Repetindo-se a operação com a luz

vermelha, isso não ocorre.

Sobre esses fenômenos é correto afirmar que:

03) A intensidade da luz vermelha foi menor que aquela da luz violeta.

04) A placa M, ao ser iluminada pelo feixe de luz violeta, ficou eletrizada.

04) A placa M estava pintada com tinta violeta.

08) A massa das partículas luminosas do feixe violeta é maior do que a do feixe vermelho.

16) O fóton de luz violeta tem maior energia que o fóton de luz vermelha.

32) Aumentando-se o tempo de iluminação da placa M com luz vermelha, ela passaria a atrair a

esferinha P.

4. (PIETROCOLA) Um elétron, ao retornar de uma órbita mais afastada do núcleo para uma

órbita mais próxima dele, emite uma luz visível de frequência igual a 4,0.1014 Hz. Qual o valor

da energia dessa luz emitida?

5. (UFC) A função trabalho de um dado metal é 2,5 eV.

a) Verifique se ocorre emissão fotoelétrica quando sobre esse metal incide luz de

comprimento de onda λ = 6,0.10-7m. A constante de Planck é h = 4,2.10-15 eVs e a velocidade da

luz no vácuo é c = 3.108 m/s.

b) Qual é a frequência mais baixa da luz incidente capaz de arrancar elétrons do metal?

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GABARITO

1.

(A) Os fótons da luz ultravioleta possuem alta energia e a absorção dos fótons pelos elétrons do

eletroscópio, faz com que esses elétrons adquiram energia cinética suficiente para que saltem

do metal descarregando o eletroscópio.

(B) Não. A luz branca possui uma frequência menor do que a ultravioleta e, como

consequência sua energia é menor. Se um elétron absorve um fóton da luz branca, não

conseguirá energia cinética suficiente para que ocorra emissão fotoelétrica

(C) Não. Pois o efeito fotoelétrico ocorre a partir da emissão de elétrons do metal. Se o

eletroscópio está carregado positivamente então há falta de elétrons no material, impedindo que

o fenômeno ocorra.

3.

(1)F

(2) F

(4) F

(8) F

(16) V

(32) F

4.

Dados:

h = 6,62.10-34 J.s

ν = 4.1014 Hz

𝐸 = ℎ. 𝜈 𝐸 = 6,62. 10−34. 4. 1014

𝐸 = 26,48. 10−20 𝐸 = 2,65. 10−19𝐽

5.

(A)

Dados:

= 2,5 eV

λ = 6,0.10-7m

h = 4,2.10-15 eVs

c = 3.108 m/s

sabendo que

𝑐 = 𝜆. 𝜈

𝜈 = 𝑐

𝜆

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𝜈 =3. 108

6. 10−7

𝜈 = 0,5. 1015 𝜈 = 5. 1014 𝐻𝑧

𝐸𝑐 = 𝐸 − 𝜙 𝐸𝑐 = ℎ. 𝜈 − 𝜙 𝐸𝑐 = 4,2. 10−15. 5. 1014 − 2,5 𝐸𝑐 = 21. 10−1 − 2,5 𝐸𝑐 = 2,1 − 2,5 𝐸𝑐 = − 0,4 𝑒𝑉

O valor encontrado para a energia cinética não é válido. Isto significa que não ocorrerá emissão

fotoelétrica.

(B)

Se a função trabalho do metal é 2,5 eV, isso significa que seria necessário que a energia que

os elétrons precisam absorver tem que ser maior que este valor, portanto:

𝐸 = 2,5 𝑒𝑉 Mas,

𝐸 = ℎ. 𝜈

2,5 = 4,2. 10−15. 𝜈

𝜈 = 2,5

4,2. 10−15

𝜈 = 0,59. 1015 𝜈 = 5,9. 1014𝐻𝑧

A luz deveria possuir frequência maior que 5,9. 1014𝐻𝑧

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AVALIAÇÃO 3

1. É possível saber a trajetória do fóton e verificar uma figura de interferência nos anteparos

do Interferômetro de Mach-Zehnder? Justifique:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. No esquema a seguir um único fóton atinge um detector que acende luz verde:

a) Nessa situação há dúvida sobre a trajetória que o fóton descreveu até atingir o

detector?

( ) Sim

( ) Não

b) Verificamos qual comportamento para o fóton?

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

3. O aparato experimental consiste de fótons incidindo um a um num divisor de feixes,

havendo no final dois detectores: um que acende luz verde e outro, vermelha.

Agora que já estudamos a dualidade

onda-partícula e o interferômetro de

Mach-Zehnder, tente identificar o

comportamento do fóton para os casos

apresentados a seguir e lembre-se que o

interferômetro está em regime quântico.

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O que vamos observar?

Nesse experimento os fótons serão detectados tanto em A como em B, mas nunca ao mesmo

tempo.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória do

fóton

Explique porque isso acontece:

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_________________________________

4. Nesse experimento há dois divisores de feixes, permitindo aos fótons rumarem, um a um

por duas trajetórias distintas e, em consequência, serem detectados em A ou B.

O que vamos observar?

Apenas o detector que emite luz verde acenderá.

Detector A

Detector B

Detector B

Detector A

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36

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

___________________________________

___________________________________

___________________________________

___________________________________

______________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória do

fóton

Explique porque isso acontece:

___________________________________

___________________________________

___________________________________

_______________________________

5. Agora temos três divisores de feixes permitindo aos fótons rumarem um a um, por

quatro trajetórias diferentes e, em consequência, serem detectados em A, B, C ou D.

O que vamos observar?

Nesse experimento os fótons serão detectados em qualquer um dos quatro detectores, mas

nunca haverá detecção em mais de um ao mesmo tempo.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Trajetória C

( ) Trajetória D

( ) Não é possível saber a trajetória do

fóton

Explique porque isso acontece:

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Detector A

Detector B

Detector C

Detector D

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6. Este experimento possui três detectores. Um deles é colocado ao longo da primeira

trajetória. Assim, quando a luz azul se acende é possível saber que o fóton passou por este

caminho.

O que vamos observar?

Verifica-se que tanto o detector A, quanto o B se acendem, mas nunca ao mesmo tempo.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

___________________________________

___________________________________

___________________________________

___________________________________

___________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória do

fóton

Explique porque isso acontece:

___________________________________

___________________________________

___________________________________

___________________________________

__________________________________

7. Nesse experimento um conjunto de espelhos aumenta o tamanho do percurso B, fazendo

com que as trajetórias A e B tenham comprimentos diferentes.

Detector A

Detector B

Detector C

Detector A

Detector B

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O que vamos observar?

Apenas o detector que emite luz vermelha acende.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

___________________________________

___________________________________

___________________________________

___________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória do

fóton

Explique porque isso acontece:

___________________________________

___________________________________

___________________________________

8. Este experimento é parecido com o que foi apresentado no item 2. No entanto, assim que

o fóton passa pelo primeiro divisor de feixes o segundo divisor é retirado como mostrado na

figura:

O que vamos observar?

Verifica-se que tanto o detector A, quanto o B se acendem, mas nunca ao mesmo tempo.

a) Nessa situação o fóton se comporta

como:

( ) Partícula

( ) Onda

Explique porque isso acontece:

___________________________________

___________________________________

___________________________________

___________________________________

___________________________________

b) Por qual caminho rumou o fóton?

( ) Trajetória A

( ) Trajetória B

( ) Não é possível saber a trajetória do

fóton

Explique porque isso acontece:

___________________________________

___________________________________

___________________________________

___________________________________

Detector B

Detector A

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GABARITO

1. Não. Pelo princípio da indistinguibilidade de trajetórias, só se pode identificar um

comportamento ondulatório, como a interferência por exemplo, se não for possível determinar a

trajetória do fóton.

2.

(A) Não

(B) Partícula

Explique por que isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

3.

(A)

Partícula

Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

(B)

Trajetória A

Trajetória B

Explique porque isso acontece: Quando a luz vermelha acende, sabemos que o fóton seguiu

pela trajetória A. Por outro lado, quando a luz verde acende, sabemos que ele seguiu por B.

4.

(A)

Onda

Explique porque isso acontece: Não é possível descrever a trajetória do fóton

(B)

Não é possível descrever a trajetória do fóton

Explique porque isso acontece: Se o fóton seguir pela trajetória A ou B poderá atingir o

detector A.

5.

(A)

Partícula

Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

(B)

Trajetória A

Trajetória B

Trajetória C

Trajetória D

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Explique porque isso acontece: Se o detector A acende, significa que o fóton desenvolveu a

trajetória A. Se o detector B acende, então o fóton foi por B. O mesmo vale para as trajetórias C

e D.

6.

(A)

Partícula

Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

(B)

Trajetória A

Trajetória B

Explique porque isso acontece: Quando o detector C acende sabemos que o fóton seguiu pela

trajetória A. Caso o mesmo detector não acenda, o fóton terá seguido pela trajetória B.

7.

(A)

Onda

Explique porque isso acontece: Não é possível saber qual trajetória o fóton desenvolveu

(B)

Não é possível saber a trajetória do fóton

Explique porque isso acontece: Tanto o caminho A, como o caminho B, levam o fóton ao

detector B, não sendo possível identificar sua trajetória.

8.

(A)

Partícula

Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se

comportando como partícula.

(B)

Trajetória A

Trajetória B

Explique porque isso acontece: Se o detector A acende, significa que o fóton desenvolveu a

trajetória A. Se o detector B acende, então o fóton foi por B.

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AVALIAÇÃO 4

1. É possível saber qual a trajetória do fóton e ao mesmo tempo verificar um fenômeno

ondulatório? Justifique:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2. O que é luz?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

3. Como você entende a dualidade onda-partícula?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

4. Explique com suas palavras a Interpretação de Copenhague:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

5. Explique com suas palavras a Interpretação dos Muitos Mundos:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

6. Qual das intepretações para a

dualidade onda-partícula você julga mais

satisfatória a fim de explicar o

comportamento dos fótons?

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

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GABARITO

1. Não. Pelo princípio da indistinguibilidade de trajetórias, só se pode identificar um

comportamento ondulatório se não for possível determinar a trajetória do fóton.

2. Espera-se que os alunos apresentem respostas que relacionem luz ao conceito de fóton, de

radiação eletromagnética, ou ainda em termos de dualidade onda-partícula.

3. A luz pode apresentar tanto características ondulatórias como interferência, difração e

polarização, por exemplo, quanto corpusculares, como no caso do efeito fotoelétrico. No

entanto, nunca será possível verificar os dois aspectos simultaneamente.

4. Espera-se que os alunos falem do princípio de complementaridade e/ou do princípio de

incerteza

5. Espera-se que os alunos falem desta interpretação sob a óptica do fenômeno acontecer

simultaneamente em vários “Universos”, sendo cada Universo uma das possibilidades de

ocorrência do evento.