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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL -
PDE
ADRIANA DO PILAR RUPPRECHT ZABLONSKY
ORIENTADOR: PROFº. DRº. PAULO RICARDO ROSS
UNIDADE DIDÁTICA
O COMPUTADOR E A INTERNET COMO INSTRUMENTOS DE UMA NOVA
CONCEPÇÃO DO CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
CURITIBA
2011
ADRIANA DO PILAR RUPPRECHT ZABLONSKY
UNIDADE DIDÁTICA
O COMPUTADOR E A INTERNET COMO INSTRUMENTOS DE UMA NOVA
CONCEPÇÃO DO CONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Unidade Didática apresentado como requisito parcial de avaliação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, à Secretaria de Estado da Educação, Superintendência da Educação, Diretoria de Políticas e Programas Educacionais, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Paulo Ricardo Ross.
CURITIBA
2011
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.........................................................05
UM POUCO SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL...07
A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL...........................09
VYGOTSKY E A APRENDIZAGEM....................12
O COMPUTADOR...............................................15
A INTERNET......................................................18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................20
“Deve-se sempre ter em mente que toda a
criança com deficiência é antes de tudo
uma criança e somente depois uma criança
deficiente. Não se deve perceber na criança
com deficiência apenas o defeito, os
“gramas” de doença e não se notar os
“quilogramas” de saúde que a criança
possui. Do ponto de vista psicológico e
pedagógico deve-se tratar a criança com
deficiência da mesma maneira que a
normal.” (VYGOTSKY )
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“Podemos aceitar que nossas crianças sejam
vítimas do destino, mas jamais aceitaremos que sejam
vítimas de nossas negligências”.
J.F. Kennedy
APRESENTAÇÃO
Este trabalho refere-se à Produção Didático-pedagógico apresentado em formato de
Unidade Didática, contendo um texto que objetiva subsidiar o professor sobre a função do
computador e da internet como instrumentos de ampliação das capacidades no processo
de aquisição do conhecimento na educação dos alunos com deficiência intelectual, para
ser discutido com um grupo de professores da Escola de Educação Especial Nilza
Tartuce – Unidade Passaúna em Curitiba.
“Os professores são os principais agentes de inovação educacional. Sem eles
nenhuma mudança persiste, nenhuma transformação é possível”1. Sem dúvida, o
professor é o responsável pelas transformações na educação. É este profissional que
pode garantir reforçar e favorecer o desenvolvimento da pessoa com deficiência
intelectual que tem, como qualquer outra, dificuldades e potencialidades.
Para que ocorra a aprendizagem do aluno com deficiência intelectual o professor
precisa conhecer as teorias de aprendizagem. Estas teorias podem auxiliar o professor
na mediação do processo ensino-aprendizagem. As pessoas com deficiência aprendem
de várias formas. A escola precisa garantir que a aprendizagem ocorra e o computador
pode vir a auxiliar ou potencializar a aprendizagem deste aluno, desde que o professor
conheça ou domine o uso desta tecnologia.
1 CANDAU, Vera Maria F. Informática na educação: um desafio. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, v. 20 (98/99), p. 14-23, jan./abr. 1991.
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Segundo Ross, (2003)
... Portanto, o professor não é aquele que faz nascer o
conhecimento, mas aquele que pode organizar os caminhos, os instrumentos para conhecer, para aprender. O professor é aquele que amplia os braços mentais dos alunos e de si próprio para que ambos se apropriem, compreendam não apenas o já conhecido, mas aquilo que precisa ser conhecido em face das necessidades do contexto social de cada época. (pág. 15)
A proposta deste trabalho é apresentar de forma simples e esclarecedoras
questões teórico-conceituais, com reflexões, sugestões de bibliografias, vídeos e sites dos
temas referentes à educação especial, deficiência intelectual, aprendizagem, Vygotsky,
computador, programas Paint, Power - Point e a internet.
Segundo Moran, (2010)
“Trabalhar com tecnologia é uma revolução, precisamos mudar os paradigmas que mantêm professores e alunos distantes. Caso isso não aconteça daremos somente um “verniz” de modernismo sem alterar o que realmente queremos o “essencial”.Podemos rever, melhorar e ainda ampliar a forma de aprender e ensinar através da internet.”
Este documento não esgota a temática sobre o uso do computador e da internet
para alunos com deficiência intelectual, mas, tem por finalidade, orientar os professores
da modalidade de educação especial, sobre o seu trabalho para a construção de uma
escola onde seus alunos tenham acesso a tecnologias como o computador e a internet
que possibilitam conexões, imagens e fontes que ultrapassam o limite físico do espaço
que ocupam.
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“ A educação tem raízes amargas,
mas os seus frutos são doces.”
“Aristóteles"
UM POUCO SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL
Para falar de educação especial é preciso conhecer um pouco da história.
O início da história da educação especial pelo final do século XVIII, caracterizado
pela ignorância e a rejeição da pessoa com deficiência. Na Antiguidade, a força física era
muito valorizada, as pessoas “diferentes”, os deficientes não podiam fazer parte deste
grupo e eram exterminadas pelo fato de não acompanharem o seu grupo.
Segundo documento do MEC (1997 pg. 147) na antigüidade e no período
conhecido como Idade Média, os portadores deficiência eram vistos de várias formas:
sacrificados, como um mal a ser evitado;
privilegiados, como detentores de poderes;
perseguidos e evitados, como possuídos pelo demônio ou por representantes do
mal;
protegidos e isolados, como insanos e indefesos;
lamentados, como reparadores de pecados cometidos contra Deus.
O marco na educação especial no Brasil entre 1854 e 1857 foi a criação do Imperial
Instituto dos Meninos Cegos e do Instituto dos Surdos-mudos, na cidade do Rio de
Janeiro.
Nas décadas de 30 e 40 aconteceram muitas mudanças na educação brasileira,
como, por exemplo, a expansão do ensino primário e secundário, a fundação da
Universidade de São Paulo etc. Podemos dizer que a educação do deficiente mental
ainda não era considerada um problema a ser resolvido. Neste período a preocupação
era com as reformas na educação da pessoa normal.
A década de 50 foi marcada por discussões sobre os objetivos e qualidade dos
serviços educacionais especiais. No Brasil acontecia uma rápida expansão das classes e
escolas especiais nas escolas públicas e de escolas especiais comunitárias privadas e
sem fins lucrativos. O número de estabelecimentos de ensino especial aumentou entre
1950 e 1959, sendo que a maioria destes eram públicos em escolas regulares.
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Em 1967, a Sociedade Pestalozzi do Brasil, criada em 1945, já contava com 16
instituições por todo o país. Criada em 1954, a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais já contava também com 16 instituições em 1962. Nessa época, foi criada a
Federação Nacional das APAES (FENAPAES) que, em 1963, realizou seu primeiro
congresso (MENDES, 1995). Em 1960 foi criada a “Campanha Nacional de Educação e
Reabilitação de Deficientes Mentais” (CADEME). A CADEME tinha por finalidade
promover em todo território Nacional, a “educação, treinamento, reabilitação e assistência
educacional das crianças retardadas e outros deficientes mentais de qualquer idade ou
sexo” (MAZZOTTA, 1996, p. 52).
Nos anos 60, ocorreu a maior expansão no número de escolas de ensino especial
já vista no país. Em 1969, havia mais de 800 estabelecimentos de ensino especial para
deficientes mentais, cerca de quatro vezes mais do que a quantidade existente no ano de
1960.
Em 1970, aconteceu a institucionalização da educação especial, em 1973, com a
criação do Centro Nacional da Educação Especial
Os anos 80 a educação teve seu maior impulso, com a luta pelos direitos das
pessoas com deficiência. A partir daí vários documentos e leis para a defesa da Pessoa
com Deficiência surgiram.
Na década de 90 o Brasil, precisamente em 1996 foi organizada a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (Lei N.º 9.394/96) assegura aos alunos com necessidades
especiais currículos, métodos, recursos educativos e organização específicos, para
atender às suas necessidades específicas
A partir daí vários documentos e leis para a defesa da Pessoa com Deficiência
surgiram.
SUGESTÃO DE LEITURA, FILMES E SITES:
BRASIL. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 20 de dezembro de 1996. Disponível em http://planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: histórias e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996.
ROSS, P. R.;GUIMARÃES, M. História da educação especial. Curitiba: Ibepex, 2003.v. 1.
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“Deficiência é não enxergar nas
pessoas, as suas verdadeiras
eficiências.”
Ronne Paulo de Magalhães
A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Em 1995 o simpósio INTELLECTUAL DISABILITY: PROGRAMS, POLICIES,
AND PLANNING FOR THE FUTURE da Organização das Nações Unidas – ONU, altera o
termo deficiência mental por deficiência intelectual, no sentido de diferenciar mais
claramente a deficiência mental da doença mental (quadros psiquiátricos não
necessariamente associados a déficit intelectual).
Segundo Sassaki a partir da Declaração de Montreal sobre Deficiência
Intelectual aprovada em 06/10/2004 pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004),
em conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o termo “deficiência
mental” passou a ser “deficiência intelectual”. É mais apropriado o termo intelectual por
referir-se ao funcionamento do intelecto especificamente e não ao funcionamento da
mente como um todo. Antes, em 1992, a Associação Americana de Deficiência Mental
adotou uma nova conceituação da deficiência intelectual (até então denominada
“deficiência mental”), considerando não mais por um traço absoluto da pessoa que a tem
e sim como um atributo que interage com seu meio físico e humano, o qual deve adaptar-
se às necessidades especiais dessa pessoa, provendo-lhe o apoio intermitente, limitado,
extensivo ou permanente de que ela necessita para funcionar em 10 áreas de habilidades
adaptativas: comunicação, autocuidado, habilidades sociais, vida familiar, uso
comunitário, autonomia, saúde, e segurança, funcionalidade acadêmica, lazer e trabalho.
Mantoan (apud MARQUES, 2001, p. 81) resume da seguinte forma os aspectos
estruturais e funcionais dos sujeitos com deficiência intelectual:
Os deficientes mentais configuram uma condição intelectual análoga a uma
construção inacabada, mas, até o nível em que conseguem evoluir
intelectualmente, essa evolução se apresenta como sendo similar a das
pessoas normais mais novas;
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embora possuam esquemas de assimilação equivalentes aos normais mais
jovens, os deficientes mentais mostram-se inferiores às pessoas normais,
em face da resolução de situações-problema, ou seja, na colocação em
prática de seus instrumentos cognitivos;
apesar de se definir por paradas definitivas e uma lentidão significativa no
progresso intelectual, a inteligência dos deficientes mentais testemunha uma
certa plasticidade ao reagir satisfatoriamente à solicitação adequada do
meio.
Segundo Mantoan (Revista Escola, ed. 223) "Não adianta insistir em falar a mesma
coisa várias vezes. Não se trata de reforço. Ele precisa desenvolver a habilidade de
prestar atenção com estratégias diferenciadas para, depois, entender o conteúdo",
O objetivo é, que sempre que possível o aluno esteja participando do grupo. A
tarefa deve iniciar de forma mais fácil para que ele se sinta capaz de executá-la, mas
sempre com um desafio. "A própria sequência de exercícios parecidos e agradáveis já vai
ajudá-lo a aumentar de forma considerável a capacidade de se concentrar",.(Mantoan,
Revista Escola, Ed 223).
Segundo URBANEK, ROSS (2010 p. 171): “... a organização da proposta pedagógica é a base para o sucesso da
aprendizagem e deve ser feita com responsabilidade,conhecimento e comprometimento. O bom planejamento auxilia o professor a ver a inclusão como algo possível e fácil de ser administrado no dia a dia, assim todos os seus benefícios são estendidos aos educandos. É preciso promover as mudanças, as adequações, a acessibilidade à comunicação, o usufruto das conquistas humanas: os recursos tecnológicos, os espaços das redes sociais, o compartilhar dos territórios reais e imaginários, o exercício das escolhas, da crítica, o direito à construção da história, a ocupação do lugar possível no contexto familiar, no mundo do trabalho, nas trocas sociais, a proclamação de suas aspirações na política, a celebração de sua existência pela contemplação e reconhecimento de sua própria obra.’
Alunos com deficiência intelectual precisam de espaço organizado, rotina,
atividades lógicas e regras. Como a sala de aula tem muitos elementos - colegas,
professor, quadro-negro, livros e materiais, focar o raciocínio fica ainda mais difícil.
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CURIOSIDADE
O assassinato de crianças com deficiência ainda é uma realidade em, pelo menos,
20 etnias indígenas brasileiras. Tanto no Parque do Xingu (MT), como em
Maracaju(MS), elas são consideradas frutos da promiscuidade da mãe e trazem
consigo má sorte. A sentença é serem enterradas vivas, sufocadas com folhas,
envenenadas ou abandonadas na floresta até morrer. Hakani seria mais uma se
seu irmão não tivesse enfrentado toda tribo para salvá-la. Aos cinco anos não
andava, tinha aparência de um bebê de sete meses.Seus pais se suicidaram por se
recusarem a matá-la. Hakani foi adotada por uma antropóloga. Hoje, tem 15 anos
e fez recentemente um intercâmbio nos Estados Unidos com os pais adotivos.Não
existe estatística oficial sobre a quantidade de crianças indígenas mortas por
ano.(Revista Sentidos nº 62, 2011)
SUGESTÃO DE LEITURA, FILMES E SITES:
SASSAKI, Romeu K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de janeiro: WVA,
1997.
Conceito de deficiência http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v34n1/1388.pdf
Formas criativas para estimular a mente de alunos com deficiência http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-especial/formas-criativas-estimular-mente-deficientes-intelectuais-476406.shtml
Cada um aprende de um jeito http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-
especial/cada-aprende-jeito-424484.shtml
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"O conhecimento partilhado em igualdade de condições,
com todos, deve ser a motivação de nossa existência"
(anônimo)
VYGOTSKY E A APRENDIZAGEM
Lev Semenovitch Vygotsky, foi um psocólogo bielo russo, faleceu muito jovem
em 1934, aos 37 anos por tuberculose. Defendia a idéia de que o desnvolvimento
intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. Mas
seus estudos foram descobertos pelo meio acadêmico após muitos anos após sua morte.
Suas contribuições tiveram maior enfoque na pedagogia e psicologia, não existe um
método, mas, Vygotsky desenvolveu a Zona de Desenvolvimento Proximal que se
relaciona com a diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha e aquilo que, é
capaz de aprender e fazer com a ajuda de uma pessoa mais experiente. A interação
social é fundamental no desenvolvimento cognitivo da criança.
Vygotsky dá importância à dimensão social, interpessoal, na construção do sujeito
psicológico. Para ele a aprendizagem é muito mais do que a capacidade de pensar, é a
aquisição de muitas capacidades para pensar sobre várias coisas.
Em seu livro A formação social da mente,1987, Vygotsky destaca o
desenvolvimento humano como processo de apropriação, por parte do indivíduo, das
experiências presentes no mundo em que vive, na sua cultura, enfatiza, ainda, a
importância da ação, da linguagem e dos processos interativos, na construção das
estruturas mentais superiores. Daí a importância do acesso aos recursos tecnológicos
oferecidos aos alunos com deficiência intelectual em processo de alfabetização,
influenciam determinantemente nos processos de aprendizagem da pessoa.
Segundo Vygotsky, o processo de formação humana acontece em relações entre
o ser humano e os outros seres humanos, mediados por instrumentos, signos e
símbolos. Os elementos mediadores permitem que ocorra aprendizagem e favorece o
desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Este processo ocorre pela
internalização que significa a reconstrução interna de uma operação externa. (vygotsky,
1984, p.110)
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Essa perspectiva leva-nos a refletir sobre a qualidade desses elementos que se
interpõem entre os seres humanos. Se o ser humano depende de outras circunstâncias
para entrar em ação, isto é, em transformação, então, isso significa que ninguém aprende
sozinho. Aprender, beneficiar-se dos instrumentos, signos e símbolos não é um processo
natural e espontâneo. O ser humano necessita de mediações adequadas à possibilidade
de usufruto e de interação social.
O computador, softwares interativos e a internet representam as formas
tecnológicas mais desenvolvidas. Este é um dos principais requisitos para ampliar o poder
de comunicação e de aprendizagem de toda pessoa. Mas não bastam os instrumentos
adequados. É preciso conhecer as estratégias pedagógicas, as mediações que propiciem
ao aluno a condição de sujeito, de autor do que aprende.
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PARA REFLETIR.....
Segundo Vygotsky, ( 1998) a criança com deficiência não é menos desenvolvida
do que as crianças ditas “normais”, porém, é uma criança que se desenvolve de
outra forma. Assim, não podemos compará-las com as demais crianças, pois cada
pessoa se desenvolve de forma única.
Você acredita nesta afirmação?
O que nós professores precisamos fazer para que nossos alunos com deficiência
intelectual possam se desenvolver como as ditas “normais”?
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SUGESTÃO DE LEITURA, FILMES E SITES:
Filme “ As borboletas de Zagorsky” É um documentário produzido pela BBC, em 1992,
que trata do trabalho desenvolvido em uma escola russa, com crianças cegas surdas,
inspirada nos estudos de Lev Semenovitch Vygotsky. A obra tem 40 minutos de duração
e se passa na cidade de Zagorsky, a 80 km de Moscou. (Wikipédia). Vale a pena assistir!
BARROCO, Sonia Mari S. A educação especial do novo homem soviético e a psicologia de L.S. VIGOTSKI: implicações e contribuições para a psicologia e a educação atuais. Tese de Doutorado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Paulista Julio Mesquita Filho – Campus Araraquara 2007. Disponível em:
http://www.vigotski.net/ditebras/barroco.pdf
VYGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
VYGOTSKY, Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1998. No site www.vigotski.net/ditebras/barroco.pdf você encontra vários textos, teses e comentários sobre Vygotsky.
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“Eu não temo os computadores.
Eu temo a ausência deles”
Isaac Asimov
O COMPUTADOR
O computador exerce uma forte influência no processo de aprendizagem, é
importante proporcionar aos educandos acesso a esta ferramenta e sem dúvida o
professor é o responsável por esta apresentação. Oportunizar aos educadores
familiarizarem-se com o computador como instrumento que possibilita que a construção
do conhecimento aconteça sob uma nova ótica é de fundamental importância.
A informática na educação brasileira surgiu na década de 80, liderada por
Papert que liderou um movimento que se denominou Filosofia e Linguagem LOGO. Suas
idéias defendiam o computador como instrumento que transformava conceitos complexos,
permitindo que a criança trabalhasse estes conceitos de maneira simples e prazerosa.
Num olhar histórico sobre a introdução da informática nas escolas brasileiras, ela tem sido
utilizada em duas perspectivas. A perspectiva instrucional onde o computador é objeto de
estudo. O aluno usa o computador para adquirir conceitos computacionais como
princípios de funcionamento do computador e noções de programação. “Na perspectiva
construtivista o computador é usado como recurso.” O termo construtivismo está
relacionado a denominação construtivista, Papert que trabalhou com Piaget denominou
esta teoria embasada na teoria Piagetiana.” (BRITO 2008 p. 48)
O computador na educação especial torna-se um recurso fundamental, pois,
promove a interação e o intercâmbio, favorecendo o desenvolvimento do aluno com
deficiência intelectual. Este instrumento é capaz de promover uma forma diferente de
trabalhar conteúdos de várias disciplinas promovendo a interdisciplinaridade sob uma
nova perspectiva.
Utilizando-se dos conceitos de Vigotski onde a aprendizagem é muito mais do que
a capacidade de pensar, é a aquisição de muitas capacidades para pensar sobre várias
coisas. As pessoas com deficiência intelectual aprendem de várias formas. O computador
pode vir a auxiliar ou potencializar a aprendizagem deste aluno, desde que conheça o
professor tenha conhecimentos básicos em informática e teorias de aprendizagem.
Segundo Demo, (2007)
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“O que se aprende na escola precisa ser significativo
para a vida. Ler o mundo para dar conta do mundo, eis o grande desfio. Aí surge a necessidade de o professor ter conhecimento do uso do computador e da internet para “ o que se aprende na escola ser significativo para a vida”. (pág. 24).
Ainda segundo (Demo, 2007, pag.32). Preparar nossos alunos para inclusão no
mercado de trabalho também inclui o conhecimento em informática. “Para trabalhar em
um ambiente interessante, atualizado e compensador saber informática é como se fosse
alfabetização, ou seja, simples pressuposto”.
Mas, para que o professor possa apropriar-se dessa tecnologia, é preciso mobilizar
a escola oferecendo um laboratório de informática adequado e momentos para reflexão
para que na sua prática diária ele possa garantir que ocorra a aprendizagem. Se um dos
objetivos do uso do computador no ensino é de ser um agente transformador, o professor
deve ser capacitado para assumir o papel de mediador da construção do conhecimento
pelo aluno.
Segundo as Diretrizes Curriculares para a Educação Especial do Estado do Paraná
(2006) a rede de apoio constitui um conjunto de serviços, ofertados pela escola e
comunidade em geral, para dar respostas educativas às dificuldades de aprendizagem
apresentadas pelos alunos com necessidades educacionais especiais. Considerando este
conceito a informática é mais um recurso para dar respostas às dificuldades dos alunos
com deficiência intelectual.
Em minha prática profissional como professora por quinze anos na área de
Educação Especial, por dois, atuei como professora de informática e percebi que o
computador traz ao profissional da educação especial uma ferramenta de apoio, um
suporte a mais que garante ao aluno vivenciar, conhecer, compreender e interagir com o
conhecimento que se constrói no contexto escolar.
Programas como o Paint, que é utilizado para a criação de desenhos simples e
também para a edição de imagens, pode ser trabalhado para o domínio do mouse sem
que o aluno perceba que pode desenhar e dominar o mouse para utilizar o computador.
O Power Point é utilizado para criação/edição apresentação de um determinado
tema e exibição de apresentações gráficas, podem ser trabalhados com os alunos. Este
programa permite que o professor faça seus alunos escrever e depois editar seus textos,
de uma forma prazerosa.
O Word pode ser utilizado a qualquer momento pois permite a digitação de
pequenos textos com o tamanho de letra que o professor jugar necessário.
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PARA REFLETIR
Você professor da educação especial, acredita que o computador é um recurso
a mais que pode ser utilizado para a aprendizagem de alunos com deficiência
intelectual?
De que forma podemos utilizar este instrumento como recurso na
aprendizagem de nossos alunos?
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SUGESTÃO DE LEITURA, FILMES E SITES
Um livro interessante que cita várias tecnologias que o professor pode utilizar em suas
aulas.
BRITO, Gláucia da Silva e Ivonélia da Purificação Educação e novas tecnologias um
re-pensar. 2ª. Edição .Curitiba Pr. Ibepx, 2008.
Pedro Demo mostra que a tecnologia tem avançado e inovado, entretanto, a pedagogia
continua estagnada.
DEMO, Pedro. Formação permanente e tecnologias educacionais. Petrópolis,
tecnologias educacionais. Petrópolis, RJ: vozes,2006.
Livros encontrados no www.books.google.com que tratam da tecnologia
KENSKI, Vani M. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da informação. Campinas
SP Papirus, 2007
MORAN, José Manoel. Educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá.
Campinas, SP, 2007
Para o trabalho com o Power Point http://www.cultura.ufpa.br/dicas/ms/pp-int.htm
Quinze dicas para trabalhar com o Power Piont
http://www.infowester.com/dicasppoint.php
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"A Internet nos ajuda, mas ela
sozinha não dá conta da complexidade do
aprender"
José Manoel Moran
A INTERNET
De acordo com NEVADO (2006) “o papel do professor no contexto educacional é
proporcionar, mediar e intermediar o crescimento cognitivo e afetivo de seus educandos,
explorando através de experiências em sala de aula situações que os façam interagir,
trocar informações, indagar, debater e raciocinar sobre os conteúdos que fazem parte do
currículo". O conhecimento gera uma relação dialógica entre educando e professor.
A internet no Brasil surgiu em 1988, ligava universidades no Brasil com instituições
nos Estados Unidos, neste mesmo ano o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas) começou a testar o serviço de internet não acadêmica e não governamental,
e em 1992 foi aberto ao público. Os investimentos aumentaram em 1997, com o aumento
de acessos a rede e a necessidade de infra-estrutura.
A rede mundial de computadores, Internet, ocupa um espaço cada vez maior na
vida das pessoas. Não só possibilita a busca de informações, como a interação das
pessoas. “Navegar” na Internet pode ser comparado a viajar para algum lugar
desconhecido.
Segundo Moran(2010):
“A internet é uma projeção de tudo que o ser humano faz
de bom e de ruim. Ela tem tudo de mais interessante,
resolve um monte de problemas, como pagar contas sem
filas. Tem mil vantagens de comodidade de acesso. Ao
mesmo tempo, o ser humano coloca ali diversas
aberrações, tanto do imaginário quanto das situações
reais. .....A solução não está principalmente em bloquear
ou em não falar disso. Temos que aprender a lidar com
as tecnologias. Orientar, acompanhar, porque uma
criança pode envolver-se em situações complicadas. A
criança, quando percebe que os pais e professores
confiam nela e se preocupam, mostra quais sites
costuma visitar, ou logo aponta alguma situação anormal.
A internet é um meio rico de possibilidades e de
problemas. E a escola é um espaço privilegiado de
aprendizagem, a saber, fazer essas escolhas.”
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Ensinar a filtrar o que é bom e ruim na internet é a grande missão dos profissionais
de educação e da família, pois não podemos deixar de lado o hábito de leitura de um livro,
se o professor consegue dosar estes dois atos ele tem em suas mãos o poder de ensinar
e de aprender com seus alunos.
Da internet podemos nos valer de sites que são possíveis baixar jogos que nos
auxiliem no processo de alfabetização de nossos alunos com deficiência intelectual.
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PARA REFLETIR
De que forma poderemos utilizar a internet com nossos alunos com
deficiência intelectual para despertar o gosto pela pesquisa.
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SUGESTÕES DE LEITURA E SITES
As Teorias de Aprendizagem e os Recursos da Internet Auxiliando o Professor na Construção do Conhecimento. Disponível em: http://scholar.google.com.br/scholar?q=SER+conhecimento+e+aprendizado+cooperativo&hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1&oi=scholart
Livros encontrados no WWW.books.google.com
Nesta obra a autora parte da idéia de que o tema “Educação e Tecnologia” deve ser abordado de forma simples e esclarecedora, sem deixar de fazer uma reflexão sobre os grandes avanços que as tecnologias podem oferecer à educação. KENSKI, Vani M. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da informação. Campinas
SP Papirus, 2007
Com a afirmação de que “a escola é pouco atraente, o autor traça um paralelo sobre a educação que temos e a que desejamos para nossos alunos.
MORAN, José Manoel. Educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. Campinas, SP, 2007
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AS BORBOLETAS DE ZAGORSK. Série Os transformadores. Grã Bretanha: BBC, 1992
– São Paulo: Televisão Cultura, Fundação Padre Anchieta, 1992. (Documentário: Vídeo).
BARROCO, Sonia Mari S. A educação especial do novo homem soviético e a
psicologia de L.S. VIGOTSKI: implicações e contribuições para a psicologia e a
educação atuais. Tese de Doutorado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em
Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Paulista Julio
Mesquita Filho – Campus Araraquara 2007. Disponível em:
http://www.vigotski.net/ditebras/barroco.pdf Acesso em 20/06/2011.
BRITO, Gláucia da Silva e PURIFICAÇÃO,Ivonélia da Educação e novas tecnologias
um re-pensar. 2ª. Edição .Curitiba Pr. Ibepx, 2008.
DEMO, Pedro. O Porvir: desafios das linguagens do século XXI. Curitiba, Pr. Ibepex
2007.
CANDAU, Vera Maria F. Informática na educação: um desafio. Tecnologia
Educacional, Rio de Janeiro, v. 20 (98/99), p. 14-23, jan./abr. 1991.
HURBANEK, Dinéia. ROSS, Paulo Ricardo. Educação Inclusiva. Curitiba: Fael, 2010
MORAES, Claudia Gislene B. A interdisciplinaridade na educação de alunos com
deficiência intelectual em processo de alfabetização e letramento. Disponível em
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/ Acesso em 03/03/2011.
MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São
Paulo: Cortez, 1996.
MENDES, E. G. Deficiência mental: a construção científica de um conceito e a realidade
educacional. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. São Paulo, 1995
MORAN, José Manoel. Entrevista. Disponível em:
http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0025.asp Acesso em 02/02/2011.
MOURA, Ana Maria M. AZEVEDO, Ana Maria P., MEHLECKE, Querte As teorias da
aprendizagem e os recursos da internet auxiliando o professor na construção do
conhecimento. Disponível em:
http://scholar.google.com.br/scholar?q=SER+conhecimento+e+aprendizado+cooperativo&
21
hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1&oi=scholart Acesso em 04/06/2011.
NEVADO, Rosane A. et ali. Nós no Mundo: objetos de aprendizagem voltado para o 1º
ciclo do Ensino Fundamental. Revista Novas Tecnologias na Educação, CINTED,
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