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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
FÁBIO LUTGENS DE SOUZA
PROJETO DE REDUÇÃO DE CONSUMO DE TINTAS EM UMA EMPRESA
PRODUTORA DE AÇO PRÉ-PINTADO
CURITIBA
2016
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FÁBIO LUTGENS DE SOUZA
PROJETO DE REDUÇÃO DE CONSUMO DE TINTAS EM UMA EMPRESA
PRODUTORA DE AÇO PRÉ-PINTADO
Monografia apresentada à disciplina TP024 –
Trabalho de Conclusão de Curso II – Como
requisito parcial à conclusão do Curso de
Engenharia de Produção, Setor de
Tecnologia, Universidade Federal do Paraná
Orientadora: Prof.a Dr.a Izabel Cristina Zattar
CURITIBA
2016
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RESUMO
O aço pré-pintado é uma solução eficiente para a indústria de construção civil e linha
branca, uma vez que substitui o aço que após perfilado e conformado é pintado por
meio de métodos menos eficientes. O aço pré-pintado é uma bobina metálica coberta
com uma camada de tinta que permite conformação mecânica sem que a camada de
tinta se quebre ou perca as características exigidas para a aplicação industrial. Em
uma empresa produtora de aço pré-pintado, é muito importante que se controle o
consumo de tinta que é aplicada sobre o produto para que suas qualidades técnicas
sejam atendidas e custos com matéria prima controlados. O presente trabalho utilizou
o MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) para compreender, realizar
experimentos, analisar resultados e criar ferramentas que permitissem que uma
empresa produtora de aço pré-pintado fosse capaz reduzir o consumo de tintas. Os
principais objetos de estudo foram o processo de aplicação de tinta em uma linha de
coil coating, as variáveis que influenciam no consumo de tintas e o processo de
medição de espessura de camada. Diferentes métodos de medição foram avaliados
no intuito de determinar o método mais adequado e diminuir o consumo de tinta
utilizando o controle do processo de aplicação de tinta. Métricas de controle de
camada e consumo de tintas foram criadas e comparadas em gráficos que
possibilitaram identificar quais tintas possuíam descontrole de medição e anomalias
técnicas. O método de medição de camada por gravimetria foi corrigido, eliminando
erros que causavam variabilidade na execução do ensaio. O projeto foi capaz de gerar
uma redução no consumo de tintas de mais de R$ 1 milhão em oito meses de
implantação das ações na empresa estudada.
Palavras-chave: Consumo de tintas, medição de camada de tinta, aço pré-pintado.
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ABSTRACT
The prepainted steel is a solution for the civil construction industry and home
appliance, it replaces the steel that after mechanical conforming is painted by less
efficient methods. The prepainted steel is a coil covered by a film of coating that allows
mechanical conforming with no losses of technical characteristics or fracture of the
painting, ready for industrial use. In a prepainted steel company, it is very important for
quality specifications and coating consumption that the volume of coating applied over
steel is controlled. This paper utilized the MASP (Method of Analysis and
Troubleshooting) to understand, design experiments, analyze results, and create tools
for a prepainted steel producer to reduce coating consumption. The painting process
in a coil coating line, variables that influence the coatings usage, and measurement
system of dry film thickness were the main points studied. Different methodologies for
DFT (dry film thickness) measurement were evaluated in order to determine the most
appropriate method and reduce coating usage through painting process control.
Metrics for controlling film thickness and coatings consumption were created and
compared in charts that identify what coatings have measuring uncontrolled and
technical irregularities. The DFT gravimetric method was adjusted, eliminating errors
that created variability on the execution of the test. The project was able to reduce
coatings consumption, saving over USD 350 thousands in eight months since the
implementation of the actions proposed for the company.
Keywords: Coating consumption, dry film thickness measurement, prepainted steel.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 1.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 8 1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 8
1.3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 8 1.4. LIMITAÇÕES ................................................................................................. 9
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 10 2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 11 2.1. AÇO PRÉ-PINTADO E SUAS APLICAÇÕES .............................................. 11 2.2. O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE AÇO PRÉ-PINTADO ....................... 15 2.3. O FUNCIONAMENTO DA PINTURA CONTÍNUA POR MEIO DE ROLOS . 17
2.4. MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE ALTURA DE CAMADA SECA DE TINTAS .. 19 2.4.1. Pré-Riscador (Took Gauge) ................................................................... 19
2.4.2. Cratera Produzida por Uma Broca ......................................................... 21 2.4.3. Micrômetro ............................................................................................. 23
2.5. PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE TINTAS ............................................... 23 2.5.1. Pré-Mistura ............................................................................................ 24 2.5.2. Moagem ................................................................................................. 25
2.5.3. Completagem ........................................................................................ 26
2.5.4. Filtragem ................................................................................................ 26 2.5.5. Envase ................................................................................................... 26 2.6. TINTAS POLIÉSTER ................................................................................... 26 2.7. PRIMERS ..................................................................................................... 28
2.8. QUALIDADE ................................................................................................ 31
2.8.1. Controle Estatístico de Processo .............................................................. 32 2.8.2. Causas de Variabilidades ......................................................................... 33 2.8.3. ANOVA – Análise de Variância ................................................................. 35
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 37 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 40
4.1. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................. 40 4.1.1. Cálculo do consumo .............................................................................. 40
4.1.2. Tintas de maior volume ......................................................................... 42 4.2. OBSERVAÇÃO ............................................................................................ 47 4.2.1. Variáveis importantes do processo de pintura ....................................... 47 4.2.2. Variáveis importantes da medição de espessura da camada ................ 48 4.2.3. Discussão sobre possíveis causas do problema ................................... 53
4.3. ANÁLISE ...................................................................................................... 54 4.3.1. Diagrama de causa e efeito (Ishikawa) .................................................. 54 4.3.2. Experimento de comparação entre valores de espessura de amostras de
começo e fim de bobina ......................................................................... 59
4.3.3. Variação entre diferentes métodos de medição..................................... 64 4.3.4. Análise do desvio padrão dos métodos de medição de camada por
gravimetria e DJH. ................................................................................. 69 4.3.5. Análise do consumo esperado e consumo real das tintas mais utilizadas
da linha de pintura ................................................................................. 71 4.3.6. Impacto do teor de sólidos por volume no consumo .............................. 74
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4.3.7. Investigação sobre o ensaio de gravimetria .......................................... 76 4.3.8. Densidade seca ..................................................................................... 80 4.3.9. Tendência de resultado no ensaio de gravimetria ................................. 81 4.4. DEFINIÇÃO DAS AÇÕES ............................................................................ 90 4.5. EXECUÇÃO DAS AÇÕES ........................................................................... 91
4.5.1. Ferramentas criadas .............................................................................. 91 4.5.2. Ferramentas existentes mantidas .......................................................... 94 4.5.3. Alterações em ferramentas e mudança de atitude ................................ 95 4.6. VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DAS AÇÕES ................................................ 98 4.7. PADRONIZAÇÃO ....................................................................................... 103
5. CONCLUSÃO .................................................................................................. 105
6. TRABALHOS FUTUROS ................................................................................. 108 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 109
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1. INTRODUÇÃO
Segundo Heindrichs (2000), o aço-pré pintado é responsável por suprir
demandas da indústria da construção civil, linha branca e uma pequena parcela de
soluções diferenciadas utilizando aço com cobertura de tintas especiais. O aço pré-
pintado substitui o aço que é perfilado ou conformado e posteriormente pintado por
meio de métodos menos eficientes como pintura industrial por meio de pistola
pneumática e pistola airless.
O consumo de tintas durante o processo de pintura necessita de controle uma
vez que o produto pré-pintado exige, dentre várias especificações de produto, que a
altura da camada de tinta esteja em um intervalo ideal para a garantia de sua
qualidade. Ao mesmo tempo, é desejável que o processo esteja controlado e tenha
desempenho econômico, isto é, encontre-se próximo do limite de especificação do
produto, para que haja economia de tinta. (ASTM, 2016)
A área a ser pintada e a altura final da camada de tinta especificada definem o
volume que será gasto no processo de pintura. Dessa forma, é essencial utilizar
métodos de medição de camada para observar constantemente a altura da camada
de tinta aplicada sobre o aço. A camada de tinta do aço pré-pintado tem dimensões
muito pequenas, em média 25 mícrons, tornando sua medição muito difícil.
Atualmente existem vários métodos de medição de camada de tinta para alcances
diversos. Os métodos e equipamentos existentes para medição de camada em aço
pré-pintado exigem grande precisão e são influenciadores do consumo de tintas.
(LOMAX, 2016).
No desenvolvimento do projeto de redução de consumo de tintas o Método de
Análise e Solução de Problemas (MASP) criado por Hitoshi Kume (1992) apresentou
grande afinidade com as necessidades que o projeto. Devido a necessidade de se
observar diversas fontes de problemas de forma flexível, Menezes (2013) propõe que
o MASP seja utilizado como metodologia e estrutura para a solução de problemas
dessa natureza.
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1.1. OBJETIVO GERAL
Controlar e reduzir o consumo de tintas em uma empresa produtora de aço
plano pré-pintado, por meio do controle estatístico da espessura de camada e
monitoramento do consumo das principais tintas utilizadas no processo de pré-pintura
continua.
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar os principais conceitos sobre o processo de produção de aço
pré-pintado, produção de tintas, características e tintas poliéster,
primers, métodos de medição de espessura de tinta e ferramentas da
qualidade;
Definir as variáveis para o controle de espessura de camada na
aplicação de tinta;
Analisar o consumo e a espessura média das tintas mais utilizadas na
empresa do estudo de caso ao longo do ano de 2015;
Propor ferramentas e técnicas de monitoramento e solução de
problemas, para o controle do consumo de tintas; e
Verificar a eficácia das ações propostas.
1.3. JUSTIFICATIVA
Montgomery (2009) ressalta a importância e vantagens de organizações que
investem recursos na melhoria da qualidade:
A qualidade se tornou estratégia de negócio e as organizações que têm sucesso em aperfeiçoar a qualidade podem aumentar sua produtividade, penetração no mercado e alcançar lucratividade e forte vantagem competitiva. (MONTGOMERY, 2009, prefácio).
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O controle adequado da camada de tinta aplicada sobre o aço é essencial para
aprovação da qualidade do produto pré-pintado. O excesso e falta de tinta podem
ocasionar mudança de tonalidade da cor do produto ou mesmo a prematura oxidação
do aço, caso a camada de primer não esteja de acordo com suas especificações.
Segundo Montgomery (2009), reduzir o desvio padrão de um processo permite
que a sua média seja posicionada em patamares mais econômicos. A garantia da
qualidade da aplicação e erradicação de erros na metodologia de ensaio de espessura
de camada com excelência é capaz de gerar redução de consumo de tinta e,
consequentemente, vantagem sobre os competidores.
A indústria de aço pré-pintado tem como o segundo insumo mais caro para a
produção de seus produtos as tintas de fundo (primers) e acabamento, só perdendo
para o custo do aço, elemento principal do produto. Em uma produção de 120.000
toneladas de aço pré pintado no ano, mais de 2 milhões de litros de tinta podem ser
utilizados para a produção de tamanha demanda, somando praticamente R$ 30
milhões em custo com tintas no ano. Se uma economia de 1% for alcançada no
consumo de tintas, pode-se obter R$ 300.000,00 no período para uma produção de
120 mil toneladas de aço pré-pintado. Portanto, fica evidente que ganhos com
economia de tinta são extremamente significativos para a eficiência de custos do
produto em uma empresa produtora de aço pré-pintado.
1.4. LIMITAÇÕES
Alguns dados foram omitidos para preservar o conteúdo particular da empresa
do estudo de caso. Nomes de fornecedores, tintas e valores monetários não puderam
ser utilizados. Portanto, nomes genéricos foram empregados para que a exigência de
confidencialidade da empresa fosse respeitada.
Um estudo de confiabilidade estatística de alguns experimentos não foi
previamente realizado devido a urgência de melhoria que o projeto exigiu. Portanto, a
definição prévia de número de amostras e número diversificado de tintas a serem
analisadas não foram realizados, porém isso não compromete a credibilidade dos
resultados das análises, haja vista o resultado que o projeto trouxe à empresa.
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1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo já
apresentado definiu os objetivos geral e específicos do trabalho, exibiu uma
justificativa que diz respeito sobre a significância da economia com tintas em uma
empresa de produção de aço pré-pintado e as delimitações do estudo. O segundo
capítulo apresenta uma revisão da literatura na qual o leitor pode conhecer o produto,
suas aplicações, tamanho de mercado e como e uma explicação sobre o processo
produtivo. Também é possível entender como a camada de tinta é medida segundo
métodos normatizados. A revisão da literatura ainda apresenta um panorama de como
tintas são fabricadas e uma introdução ao controle da qualidade, com sua história e
ferramentas importantes que fazem parte da empresa estudada. O terceiro capítulo
explicita a estruturação da metodologia empregada no projeto, assim como a
aplicação da mesma para o problema estudado. No quarto capítulo são apresentados
ao leitor os passos da metodologia MASP aplicados ao trabalho em tela. Por fim, o
quinto capítulo apresenta uma conclusão do documento e relata quais foram os
objetivos atingidos, ganhos que o projeto foi capaz de alcançar e trabalhos futuros.
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2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. AÇO PRÉ-PINTADO E SUAS APLICAÇÕES
Soluções em aço galvanizado pré-pintado são produtos existentes para atender
majoritariamente dois tipos de mercado: construção civil e linha branca. Existem
outras aplicações para o aço pré-pintado, porém em volume muito pequeno e/ou ainda
estão em desenvolvimento.
Segundo Tekno (2016) a primeira linha de produção de aço pré-pintado foi
inaugurada no Brasil em 1976, distribuindo produtos principalmente na região de São
Paulo.
O aço pré-pintado substitui o aço pintado pós conformação mecânica. A
facilidade que ele traz é imensa, pois não é necessário que haja o processo de pintura
peça por peça assim que o material é conformado. O aço pré-pintado chega até o
cliente em forma de bobinas (figura 1) ou chapas (figura 2), que em seguida são
cortadas, caso em forma de bobinas, conformadas e montadas da forma que o cliente
necessitar.
FIGURA 1 – BOBINAS DE AÇO PRÉ-PINTADO
FONTE: ALLIANCEMETALPRODUCTS (2016).
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FIGURA 2 – CHAPAS DE AÇO PRÉ-PINTADO
FONTE: WXHY (2016).
Heindrichs (2000) ressalta a grande aceitação do aço pré-pintado no mercado
de construção civil, atuando como a aplicação mais utilizada mundo afora. O autor
menciona uma grande vantagem que o aço pré-pintado possui, o custo-benefício que
o processo de produção contínuo promove, assim como uma solução mais amigável
ao meio ambiente.
Segundo Jaconis (2009), Nos EUA e Europa, a aceitação do aço pré-pintado
ainda é maior em relação ao Brasil, apesar do crescimento do conhecimento e troca
do aço pós-pintado para o aço pré-pintado em diversas aplicações de clientes
brasileiros dos ramos industriais citados.
O aço pré-pintado em forma de blanks e bobinas é convertido em produtos para
o mercado de linha branca e construção civil. As figuras 3 e 4 mostram exemplos de
aplicação no produto acabado.
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FIGURA 3 – PRODUTOS DE LINHA BRANCA MANUFATURADOS A PARTIR DE AÇO PRÉ-PINTADO
FONTE: R7 (2016).
FIGURA 4 – TELHAS DE AÇO PRÉ-PINTADO
FONTE: CONSTRUCTALIA (2016).
Usualmente, o aço pré-pintado é composto de várias camadas que permitem o
desempenho adequado do produto final. A figura 5 ilustra a finalidade de cada camada
e suas composições.
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FIGURA 5 – COMPOSIÇÃO DO AÇO PRÉ-PINTADO
FONTE: Adaptado de STRUCTURAL-STEELBUILDING (2016).
Estima-se que o volume mundial de aço pré-pintado produzido em 2008 foi de
16 a 18,5 milhões de toneladas (para todos os tipos de substratos), sendo 5,2 milhões
de toneladas destinadas para os EUA, 5 milhões para a Europa e de 5,8 a 9,4 milhões
para o resto do mundo. (JACONIS, 2009)
Jaconis (2009) analisou o mercado em 2008 e identificou que o mercado
brasileiro divide o consumo de aço pré-pintado em 3 grupos com as seguintes
proporções: 60% destinado a construção civil, 32% destinado a linha branca (home
appliance) e 8% destinado a outros tipos de aplicações.
O Brasil se diferencia no mix mundial, comparado ao mercado americano, onde
57% do aço pré-pintado consumido no país é destinado para aplicações de construção
civil, em segundo lugar, com 22%, tem-se outras aplicações, bem diferente do volume
do mesmo grupo para o mercado brasileiro. Por último, tem-se 21% do mercado
destinado a linha branca. A tendência para o resto do mundo segue o mesmo padrão
americano, com pequenas diferenças nos valores de volume para construção civil e
outros. A divisão do mix mundial 0e brasileiro de aço pré-pintado do ano de 2008 pode
ser observada na figura 6.
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FIGURA 6 – MIX DE APLICAÇÃO DE AÇO PRÉ-PINTADO NO MUNDO
FONTE: Adaptado de JACONIS (2009)
Segundo a empresa de pesquisa Markets and Markets (2016), estima-se que
o mercado mundial de tintas específicas para pintura de aço e alumínio pré-pintado
foi de US$ 4,45 bilhões no ano de 2014 e prevê que o tamanho desse mercado seja
de US$ 6,41 bilhões em 2019.
2.2. O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE AÇO PRÉ-PINTADO
De acordo com Misurelli (2002) uma linha de Coil Coating (termo americano
para aço pré-pintado) pode ser descrita em quatro partes:
Seção de Entrada;
Seção de Pré-Tratamento;
Processo;
Seção de Saída.
O diagrama da figura 7 representa uma linha contínua de pré-pintura típica de
forma simplificada.
57% 60% 58%
21%
32%
15%
22%8%
27%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Mercado Americano Mercado Brasileiro Resto do Mundo
Outros
Linha Branca
Construção Civil
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FIGURA 7 – LINHA TÍPICA DE COIL COATING
FONTE: MISURELLI (2002)
Na sequência, são explicadas as etapas que compõem o processo de pintura
do aço pré-pintado (FRIEDERSDORF et al., 2002; ROBERTS, 1978).
A entrada é a seção onde bobinas de aço que serão pintadas e posteriormente
são desenroladas em uma das desenroladeiras da linha. Para que o processo seja
contínuo, ou seja, não pare para que uma bobina seja pintada após a outra, o final de
uma bobina é grampeada no começo de outra. Enquanto o grampeamento é
realizado, o acumulador de entrada funciona como buffer do processo, alimentando
as secções seguintes com velocidade igual à do processo, uma vez que a seção de
entrada se encontra parada para a efetuação do grampeamento.
A tira metálica que passa pela seção de limpeza sofre ação de soluções
alcalinas para realização do desengraxe de sua superfície. Após o desengraxe, a tira
recebe um banho de fosfato de zinco que melhora a superfície, promovendo,
principalmente, aderência da tinta sob a superfície da bobina. Uma camada de selante
químico, composto de uma mistura de cromo ou titânio é aplicada sobre a tira,
aumentando sua capacidade de resistência a corrosão. Após esses processos de
preparação da superfície metálica citados, a tira metálica está pronta para receber a
primeira tinta do processo, o primer. Por meio de rolos imersos em uma bandeja de
tinta, a tinta é transferida para a tira com acabamento e controle de camada e
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aparência uniforme. A tira, já com camada de primer em ambas as faces ou somente
na superior, segue para a estufa de primer, onde seu PMT (a temperatura e tempo de
cura ideal de uma tinta) é alcançado. Após a cura do primer, a tira é resfriada através
do resfriador de água e posteriormente secada por meio de rolos squeegee (rolos de
borracha que “espremem” a tira) e sopradores de ar quente. Em seguida, a tira retorna
para a área de pintura, chamada de coater, onde pode-se aplicar diversos tipos e
cores de tintas de acabamento, por meio do mesmo sistema de aplicação de primer.
Assim que a tira recebe a camada de tinta de acabamento na face superior e, se
necessário, inferior o processo é encaminhado para a estufa de acabamento,
alcançando seu PMT e posterior resfriamento.
É muito importante que a velocidade do processo se mantenha constante e a
temperatura das estufas, velocidade dos rolos, tensão mecânica da linha e outros
parâmetros do processo estejam controlados para que o processo desempenhe bem.
Por fim a tira passa pelo acumulador de saída, área de inspeção visual, tesoura
e enroladeira. Para que uma bobina seja separada da outra, a seção de saída para,
fazendo com que o processo alimente o acumulador de saída, que funciona como o
segundo buffer do processo. Só assim uma bobina é separada de outra por meio de
cortes da tesoura, possibilitando que uma bobina seja retirada da enroladeira e a
seguinte passe a ser enrolada. Assim que o processo de divisão de bobinas termina,
a velocidade de enrolamento da seção de saída aumenta, tornando-se superior a
velocidade do processo, fazendo com que o acumulador de saída retorne a sua
posição inicial. (FRIEDERSDORF et al., 2002; ROBERTS, 1978)
2.3. O FUNCIONAMENTO DA PINTURA CONTÍNUA POR MEIO DE ROLOS
O processo de pintura contínua aplicado as linhas de Coil Coating garante um
controle de camada e aspecto de pintura muito preciso. A aplicação de tinta é
realizada por meio do contato do rolo alimentador com a tinta depositada sob uma
bandeja. Em seguida o rolo alimentador transfere a tinta captada para o rolo aplicador,
um rolo de material emborrachado. O rolo aplicador transfere a fina camada de tinta
presente em sua face para a tira metálica que corre apoiada em outro rolo chamado
de rolo de encosto. (ACUMETER LABORATORIES INC. 1984).
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18
A descrição do arranjo pode ser visualizada na figura 8.
FIGURA 8 – DISPOSIÇÃO DO CONJUNTO DE ROLOS DE PINTURA DE AÇO PRÉ-PINTADO
FONTE: ROBERTS (1978)
Roberts (1978) menciona em sua obra que existem coaters de Coil Coating no
mundo que utilizam uma técnica totalmente diferente da descrita anteriormente. Essas
empresas utilizam pintura eletrostática para coberturas mais finas e sprays de ar para
pintura de acabamento. Muitas linhas de Coil Coating utilizam cinco conjuntos de rolos
alimentador/captador para realizar o processo de pintura. Dois conjuntos para
cobertura de primer inferior e superior e um conjunto para aplicação de tinta de
acabamento na face superior em paralelo com dois conjuntos de aplicação de tinta de
acabamento na face superior e inferior.
O arranjo utilizado nas linhas modernas possibilita que trocas de cores sejam
feitas em paralelo utilizando dois coaters para aplicação de tinta de acabamento na
face superior. Esse arranjo permite flexibilidade limitada a produção de aço pré-
pintado, uma vez que evita paradas recorrentes para setup das cores a serem
pintadas ao longo do tempo. (HOHN et al. 2010).
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19
Segundo Hohn et al. (2010), o processo é de certa forma limitado, pois
dependendo da sequência de produção é possível que paradas sejam necessárias
devido a diversos motivos: para troca dos rolos aplicadores de tinta, devido a largura
das tiras em sequência; tempo de produção de uma determinada ordem de venda;
PMTs diferentes de tintas; incompatibilidade de área de seção transversal de bobinas
em sequência e diferentes especificações de cor na face inferior de ordens de
produção subsequentes.
2.4. MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE ALTURA DE CAMADA SECA DE TINTAS
Existem poucos métodos de medição de camada de tinta sobre aço pré-pintado
disponíveis na literatura. A ASTM International (American Society of the International
Association for Testing and Materials) é responsável por organizar e gerir normas
relacionadas a testes em produtos, materiais, sistemas e serviços. Muitas empresas
ligadas a cadeia de produtiva de Coil Coating utilizam normas da ASTM para validar
a qualidade e certificações do produto pré-pintado que produzem ou demandam.
A ASTM possui normas para medição de altura de camada seca de tinta por
meio de alguns instrumentos e técnicas. As metodologias apresentadas a seguir são
todas oriundas de metodologias padrão de testes e práticas padrão criadas pela
ASTM. Essas normas são aceitas e utilizadas por diversas empresas de Coil Coating
no Brasil e no mundo.
2.4.1. Pré-Riscador (Took Gauge)
A prática padrão da ASTM D4138 – 07ª (2013) descreve o método de medição
de altura de camada seca de tintas por meio de um equipamento chamado pré-
riscador. O método consiste em tomar amostras de aço pré-pintado da linha de
produção e submete-las a ensaios destrutivos da seguinte forma: a amostra é
marcada por um ou vários riscos de canetão atômico e em seguida o pré-riscador, que
consiste em uma lâmina com ângulo conhecido acoplada à uma base metálica, é
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20
manualmente utilizado por um inspetor que corta a superfície da amostra na região do
risco de canetão, fazendo com que as camadas de tinta de acabamento, primer e
substrato fiquem expostas.
A figura 9, retirada da norma, é capaz de evidenciar como o ângulo de corte do
pré-riscador é importante para definir a altura das camadas de tinta.
FIGURA 9 – CORTE FRONTAL DO ÂNGULO DE CORTE DO PRÉ-RISCADOR
FONTE: ASTM D4138 – 07ª (2013).
Um exemplo real da imagem visualizada através da lupa graduada pode ser
encontrado na figura 10.
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21
FIGURA 10 – VISTA SUPERIOR DO ÂNGULO DE CORTE DO PRÉ-RISCADOR E ESCALA EM MILS
FONTE: ASTM D4138 – 07ª (2013).
Em seguida, o inspetor analisa o corte através de uma lupa com lente
graduada, procurando a largura das camadas de tinta de acabamento e primer.
2.4.2. Cratera Produzida por Uma Broca
A metodologia padrão de teste ASTM D5796-10 (2015) de altura de camada
seca de tintas por meio de um dispositivo de broca consiste em tomar amostras da
linha de produção e submete-las a ensaios destrutivos da seguinte forma: a amostra
é furada por uma broca muito precisa e pequena, gerando uma pequena cratera em
sua superfície. Essa broca tem um ângulo de corte conhecido que fura a amostra de
aço pré-pintado com um perfil de um cone invertido. A amostra é analisada em um
microscópio, possibilitando que o inspetor possa ver o desenho do furo em uma vista
superior assim como medir suas dimensões. Assim que as medições são feitas, o
software retorna o valor da altura da camada de tinta presente na amostra. A figura
11 demonstra um esquema do corte realizado pela broca.
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22
FIGURA 11 – CORTE FRONTAL DO ÂNGULO DE CORTE DA BROCA
FONTE: ASTM D5796-10 (2015).
Um exemplo de imagem real do microscópio (figura 12) exibe sob uma vista
superior a cratera e as camadas de tinta de acabamento, primer e substrato.
FIGURA 12 – VISTA SUPERIOR DA CRATERA PROVOCADA PELA BROCA E MEDIÇÃO DE
CAMADA DE PRIMER E ACABAMENTO EM MILS
FONTE: ASTM D5796-10 (2015).
O inspetor não utilizou canetão atômico para destacar o perfil de corte da broca,
mas, como no método do pré-riscador, é possível utilizar a marcação do canetão para
facilitar a aferição.
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23
2.4.3. Micrômetro
A metodologia padrão de teste ASTM D1005-95 (2013) de altura de camada
seca de tintas por meio de micrômetro consiste em tomar amostras da linha de
produção e submete-las a ensaios destrutivos. É possível utilizar uma estrutura
vertical para apoio do micrômetro ou utilizar o instrumento segurando com as mãos.
A espessura da amostra pintada é medida em um primeiro momento, em seguida a
tinta da amostra é removida com agente removedor e tem sua espessura medida
novamente. Pela diferença de espessura é possível determinar a altura de camada de
tinta total da amostra. Outra variação do método consiste em remover anteriormente
a película de tinta sem deforma-la. Em seguida, a película tem sua espessura
diretamente medida pelo micrômetro de bancada vertical ou móvel.
2.5. PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE TINTAS
O processo de fabricação de tintas é composto por processos de quebra de
grãos de pigmentos e adição de solventes e resinas. Para que os componentes de
uma tinta se juntem de forma harmoniosa e sejam capazes de adquirir propriedades
que se espera de uma tinta, pode-se definir cinco etapas de produção até que a tinta
esteja pronta para o consumo. Segundo Fazenda (1995) são elas, respectivamente:
Pré-mistura;
Moagem;
Completagem;
Filtragem;
Envase.
A figura 13 ilustra as etapas de produção de tintas de forma simplificada.
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24
FIGURA 13 – FLUXO DE PRODUÇÃO DE TINTAS
FONTE: FAZENDA (2005).
2.5.1. Pré-Mistura
Nesse processo a mistura de pigmento, resina e solvente é submetida a ação
cisalhante de um agitador, chamado de disco dispersor, no intuito de formar uma
mistura chamada de base de moagem. O pigmento é a agente da tinta que promove
a cor desejada ao produto. A resina tem uma função ligante do composto, no intuito
de promover aderência e aspecto plástico/sólido da tinta ao secar e curar. O solvente
é chamado de veículo, pelo fato de permitir que a tinta permaneça líquida enquanto
haja sua presença no composto. (FAZENDA, 2005).
A figura 14 mostra a composição de uma tinta à base de solvente. Pode-se
observar o elemento volátil da composição, o veículo, e os elementos não-voláteis,
que representam o produto final da tinta após secagem.
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25
FIGURA 14 – COMPOSIÇÃO DA TINTA
FONTE: Adaptado de FAZENDA (2005).
De acordo com Goldschimidt (2003), a mistura dos três componentes é agitada
em condições ideais para que o pigmento possa ser disperso de forma homogenia na
mistura, alcançando tamanho suficiente de grão para que a base de moagem possa
ir para a próxima etapa de fabricação da tinta, a moagem.
2.5.2. Moagem
A moagem tem o objetivo de reduzir ainda mais o tamanho dos grãos de
pigmento da base de moagem. Essa etapa pode ser realizada por meio de algumas
técnicas diferentes. Talbert (2008) cita cinco equipamentos capazes de realizar a
etapa de moagem: o moinho de bolas, moinho vertical, moinho horizontal, moinho de
areia, e moinho de rolos. O autor revela detalhes importantes sobre funcionamento,
variáveis de processo, agentes de moagem, vantagens e desvantagens de cada uma
das técnicas. Segundo Fazenda (2005), o moinho horizontal apresenta grande
aceitação no mercado desde sua invenção em 1948. O autor também menciona que
essa técnica oferece vantagens e desempenho superior perante as demais.
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26
2.5.3. Completagem
Na etapa de completagem, o produto proveniente da moagem é misturado em
condições ideais enquanto testado para que as especificações da tinta sejam
alcançadas. Normalmente, é nessa etapa em que aditivos são adicionados à mistura
a fim de promover aspecto ideal para a tinta facilitando sua aplicação futura. Durante
a completagem, a tinta recebe adição de solventes, resinas e/ou pigmentos para que
ajustes finos sejam realizados, permitindo o alcance da qualidade ideal do produto
(FAZENDA, 2005).
2.5.4. Filtragem
A filtragem é a etapa em que a tinta está completamente mistura e é submetida
a um processo de filtragem para a separação de grãos de pigmentos maiores e
partículas estranhas do produto final. (TALBERT, 2008).
2.5.5. Envase
O envase é realizado assim que o produto está pronto e conforme
especificação. A tinta é envasada de acordo com o volume acordado entre cliente e
empresa.
2.6. TINTAS POLIÉSTER
Segundo Jaconis (2009) tintas são: “... produtos formulados para serem
aplicados sobre superfície de substrato com finalidade de revesti-lo.”. O autor
menciona que as funções de uma tinta são:
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27
Proteger o substrato contra agentes físico químicos externos, que são:
o Umidade;
o Névoa salina;
o Ácido;
o Álcalis;
o Oxigênio atmosférico;
o Radiação ultravioleta e
o Outros.
Melhorar a característica estética do substrato
Promover cor, aspecto e brilho conforme especificação.
Tintas poliéster são tintas que possuem em sua composição a presença de
resina poliéster. Para aplicações de resina poliéster em tintas, é comum ser utilizada
resina poliéster saturada, pois ela permite a manipulação do composto plástico
durante a aplicação de tinta, devido sua característica termoplástica. Sua cadeia
molecular é formada por simples ligações entre átomos de carbono que definem tipos
de ácidos diferentes das resinas poliéster insaturadas, com ligações duplas entre os
átomos de carbono, caracterizando um produto termofixo. (EMBRAPOL, 2016).
Segundo Goldschmidt (2003), a resina é o componente plástico de uma tinta e
pode ser constituída de polímeros e oligoméricos. A resina é o veículo do pigmento.
Assim que tintas poliéster termoplásticas têm sua temperatura elevada,
atingindo o ponto em que a cadeia plástica reage, a cura da resina acontece, não
sendo mais possível que o composto volte ao seu estado original. (PAINT CENTER,
2016)
Portanto, as tintas poliéster usadas na aplicação de aço pré-pintado produzido
em linhas contínuas de pintura têm a necessidade de serem termoplásticas.
Fazenda (2005) exibe um diagrama (figura 15) capaz de fornecer uma tomada
de decisão bem razoável ao selecionar resinas termoplásticas ou termofixas.
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28
FIGURA 15 – DIAGRAMA PARA DECIDIR QUAL TIPO DE TINTA USAR
FONTE: FAZENDA (2005).
Fica evidente a coerência pela escolha de tintas termoplásticas na indústria de
produção de aço pré-pintado. É muito importante que o processo de secagem e cura
seja rápido, a aplicabilidade sobre o aço seja ideal e que a tinta tenha custo reduzido.
2.7. PRIMERS
Segundo Talbert (2008), o primer é uma tinta base que preenche a superfície
que se deseja realizar a pintura, proporcionando uma área mais uniforme para a
subsequente aplicação da tinta de acabamento. Primers tem função química
anticorrosiva e garante uma maior aderência da tinta de acabamento à superfície a
ser revestida. O primer também é responsável por proporcionar uma superfície de cor
uniforme para que a tinta de acabamento alcance uniformidade em relação à cor
desejada.
Fazenda (2005) exibe uma relação importante sobre a concentração
volumétrica de pigmentos de uma tinta. Essa propriedade é capaz de definir se uma
tinta tem as características de uma tinta de acabamento ou primer. A concentração
volumétrica de pigmentos (PVC) é a fração volumétrica de pigmentos presente em um
volume total de sólidos da película de tinta seca e pode ser definida segundo a
equação 1:
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29
𝑃𝑉𝐶 =𝑉𝑝
𝑉𝑝+ 𝑉𝑣 × 100 (1)
Onde,
𝑉𝑝 = Volume de pigmento;
𝑉𝑣 = Volume de veículo sólido.
O CPVC é a concentração volumétrica de pigmentos crítica e representa o
ponto no qual o veículo de uma tinta preenche todos os vazios da composição, onde
ocorre uma significativa alteração das propriedades da película de tinta seca. A
equação 2 define o cálculo do CPVC.
𝐶𝑃𝑉𝐶 =𝑉𝑝
𝑉𝑝+ 𝑉𝑣𝑎 × 100 (2)
Onde,
𝑉𝑝 = Volume de pigmento;
𝑉𝑣𝑎 = Volume de veículo absorvido.
O gráfico 1 de Fazenda (2005) demonstra a caracterização da funcionalidade
de uma tinta em função do PVC:
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30
GRÁFICO 1 – FUNÇÃO PRINCIPAL DE UMA TINTA DE ACORDO COM PVC
FONTE: FAZENDA (2005).
Segundo Fazenda (2005), alguns autores denotam a relação entre PVC e
CPVC utilizando a letra grega lambda (𝛬). O parâmetro 𝛬 que relaciona PVC e CPVC
pode ser expressado pela equação 3:
𝛬 = 𝑃𝑉𝐶
𝐶𝑃𝑉𝐶 (3)
Tal relação é utilizada para classificar tintas e suas diversas aplicações.
Fazenda (2005) exibe em seu obra uma tabela com diversos valores de 𝛬 e
classificação de tintas e propriedades esperadas. Essas relações podem ser
observadas por meio da tabela 1.
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31
TABELA 1 – RELAÇÃO ENTRE VALORES DE Λ E PROPRIEDADES ESPERADAS DE UMA TINTA
FONTE: FAZENDA (2005).
2.8. QUALIDADE
O conceito de qualidade, sob uma definição mais abrangente, pode ser
entendido como a forma que um produto atende suas expectativas ao uso
(MONTGOMERY; RUNGER, 2012).
Segundo Deming (1990), a qualidade é um atributo que só pode ser mensurado
pelo usuário, somente o cliente pode avaliar suas conformidades.
Taguchi et al.(1990) ressalta o conceito da variação da qualidade, que pode ser
avaliada pela função perda. Os autores apresentam a ideia de que a variação do valor
alvo de um atributo avaliado pela qualidade em um produto/serviço gera perdas para
quem consome e para a sociedade em geral. Os autores ainda acentuam que para
reduzir a perda de qualidade é preciso reduzir a variabilidade estatística de um atributo
avaliado pela qualidade, e não somente atender a especificação do atributo.
Uma definição moderna sobre qualidade, segundo Montgomery (2009), pode
ser entendida como: “qualidade é inversamente proporcional a variabilidade.”.
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32
Montgomery (2009) exibe o conceito de que métodos de controle de qualidade
estão intimamente ligados à utilização de estatística para garantir e controlar a
qualidade de produtos e serviços. Segundo Duncan (1986), a primeira aparição do
conceito da carta de controle estatístico, formalmente aceita pela literatura, foi
registrada por Walter A. Shewhart em 1924. A carta era utilizada para realizar
inspeções de qualidade em amostras como uma alternativa para inspeção total de
produtos.
Em 1946 foi formada a Sociedade Americana de Controle de Qualidade com o
objetivo de promover a utilização de técnicas de melhoramento da qualidade para
produtos e serviços. (DUNCAN, 1986).
Em 1970, a competitividade do mercado de automóveis americano perante o
mercado mundial estava em níveis baixíssimos. Perante essa situação, a indústria
americana passou a ter grande utilização de ferramentas de controle de qualidade
para se reerguer perante os competidores. (MONTGOMERY, 2009)
2.8.1. Controle Estatístico de Processo
Segundo Montgomery (2009), a carta de controle estatístico de processo (carta
CEP) é considerada como a ferramenta primária para o controle de qualidade de
produtos e serviços. A carta CEP é um gráfico que exibe médias de medições
realizadas em amostras de um processo ao longo do tempo. Por meio do gráfico 2 é
possível observar que existe a linha central e limites de controle superior e inferior. A
linha central, a média, exibe o valor esperado para a métrica caso não existam fontes
de variação no processo. Os limites inferior e superior são definidos a partir de um
estudo de capacidade do processo, que explora métricas e conceitos estatísticos de
variabilidade.
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33
GRÁFICO 2 – EXEMPLO DE CARTA DE CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO.
FONTE: MONTGOMERY (2009).
O objetivo principal do controle estatístico de processo é detectar a presença
de causas especiais de variabilidade no processo. Assim, ações corretivas podem ser
tomadas o mais rápido possível, controlando o processo antes que ele fique fora de
controle ou, ao menos, minimizando o número de não conformidades.
(MONTGOMERY, 2009)
Nesse trabalho, foi essencial a utilização e aprimoramento da carta CEP para
que os objetivos do projeto de redução de custos com tintas fossem alcançados.
2.8.2. Causas de Variabilidades
Drain (1998) explica que por mais bem comissionado e cuidadosamente
controlado um processo for, sempre existiram fontes de variabilidade. Esse tipo de
fonte variabilidade é definido como causa comum de variabilidade. Causas comuns
fazem que os valores medidos de um atributo medido tenham variações pequenas
esperadas do processo. Quando o processo se encontra livre de outras fontes de
variabilidade a não ser causas comuns, diz-se que ele está sob controle.
A figura 16 mostra um exemplo de carta CEP sob controle.
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34
FIGURA 16 – PROCESSO COM CAUSAS COMUNS DE VARIABILIDADE E,
CONSEQUENTEMENTE, SOB CONTROLE
FONTE: Adaptado de DRAIN (1998).
Segundo Montgomery (2009), causas de variabilidade em um processo de
produção podem surgir majoritariamente de três causas de variação: matéria prima,
erro de operação e ajustes e parâmetros de equipamento fora de controle. Esse tipo
de variabilidade, em sua maioria, gera grande variação da métrica analisada e é
registrada com maior intensidade quando comparada a causas comuns de
variabilidade. Portanto, esses tipos de causas de variabilidade são chamadas de
causas especiais. Sempre que um processo apresentar causas especiais de
variabilidade, o mesmo pode ser definido como fora de controle.
A figura 17 mostra um exemplo de carta CEP fora de controle.
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35
FIGURA 17 – PROCESSO COM CAUSAS COMUNS E ESPECIAIS DE VARIABILIDADE E,
CONSEQUENTEMENTE, FORA DE CONTROLE
FONTE: Adaptado de DRAIN (1998).
2.8.3. ANOVA – Análise de Variância
Segundo Minitab (2016), a análise de variância (ANOVA) é um teste que
verifica se duas ou mais populações estatísticas são iguais. Essa técnica examina a
média e variação de uma resposta em diferentes níveis de fatores e constata a
influência de um ou mais fatores sobre a resposta, de forma individual ou combinada
dos fatores.
A ANOVA é utilizada quando se deseja averiguar se dois grupos amostrais
apresentam diferenças reais, decorrentes de diferença populacional significativa, ou
diferenças causais que não são decorrentes de causas especiais e sem de
variabilidade amostral. (MILONE, 2009).
Para a realização do teste de ANOVA, algumas exigências são requeridas: é
preciso que a variável analisada seja contínua e que ela seja medida sob pelo menos
um fator categórico com dois ou mais níveis. É aconselhável que a variável analisada
siga distribuição normal com variação igual entre os fatores. Quando a variável não
seguir distribuição normal, é possível normatizar os dados para que haja aderência a
distribuição normal. Mesmo que o registro da variável não siga distribuição normal e
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36
não seja feita a normatização, é possível que a ANOVA seja feita, desde que os
registros da variável em cada fator não sigam distribuições altamente assimétricas ou
variações muito diferentes entre fatores. (MONTGOMERY, 2009; BURDICK, et al,
2005)
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37
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho, utilizou-se a metodologia MASP (Método de
Análise e Solução de Problemas). O MASP é um modelo prescritivo de solução de
problemas, ou seja, ele prescreve as etapas de solução de problemas. O MASP faz
parte de um conjunto de ferramentas do Total Quality Control, um conceito de
qualidade empregado originalmente pela Toyota no Japão. (CAMPOS, 2004).
O MASP apresentado da forma mais detalhada e que posteriormente teve
grande aceitação foi proposto por Hitoshi Kume em sua obra The QC Story. In:
Statistical methods for quality improvement. O MASP foi popularizado no Brasil por
Falconi Vicente Campos. (CAMPOS, 2004)
Segundo Kume (1992), o MASP é um caminho ordenado, dividido em passos
e sub-passos para a escolha do problema, análise das causas fundamentais,
determinação e planejamento das ações que consistem na solução, verificação e
padronização da melhoria.
O método foi escolhido pois ele se adequa bem as necessidades que o
problema impõe. Verificou-se que muitas possíveis causas poderiam estar
ocasionando o problema de consumo de tintas e, portanto, o MASP como um método
flexível, facilitaria a priorização e divisão do problema em partes analisáveis. A ABDI
(Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) indica a utilização do MASP para
problemas dessa natureza. (MENEZES, 2013).
A figura 18 apresenta as etapas da metodologia para a execução do MASP.
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38
FIGURA 18 – METODOLOGIA MASP
FONTE: O Autor (2016).
O MASP foi aplicado ao projeto de redução de custos com tintas na empresa
estudada. Na figura 19, pode-se visualizar cada etapa do método de forma aplicada
ao problema do presente trabalho.
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39
FIGURA 19 – METODOLOGIA MASP APLICADA AO PROBLEMA.
FONTE: O Autor (2016).
Fluxograma Fase Objetivo
1 Identificação
Identificar quando o problema de rendimento de tintas se
iniciou e quais as tintas que têm apresentado mau
desempenho de rendimento.
2 ObservaçãoInvestigar quais as variáveis que impactam no controle de
processo de aplicação de tinta e medição de camada de tinta
3 Análise
A partir das investigações e questionamentos inciais feitos na
fase de observação, desenhar um diagrama de ishikawa para
elencar possíveis causas do problema. Em seguida, analisar
cada possível causa de forma estruturada avaliando os
resultados das análises para tomar a decisão de investigar
outra possível causa ou não.
4 Plano de Ação
A partir dos resultados das análises, criar ferramentas para
controle de desempenho de rendimento das tintas de maior
volume de pintura da empresa e eliminar as causas de
problemas de descontrole de camada, método de medição e
matéria prima
5 Ação Utilizar as ferramentas de controle propostas na fase 4
6 Verificação Verificar a eficácia das ferramentas de controle criadas
7 Padronização
Realizar acompanhamento semanal e mensal do indicador.
Escrever relatórios mensais para a coordenaçãoe e gerência
da empresa.
8 Conclusão
Escrever um relatório descrevendo o método de solução de
problemas para a empresa e compartilhar as experiências em
seu fórum digital.
OK?
N
S
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40
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Uma linha de pré-pintura contínua é responsável por garantir que a aplicação
da camada de primer e tinta de acabamento esteja conforme especificação e também
por garantir a eficiência desse processo, trabalhando dentro das especificações de
forma econômica.
O consumo de tintas, o indicador da empresa que controla o gasto com tintas,
é uma métrica capaz de mostrar de forma geral como foi o desempenho de economia
com tintas em um determinado período de tempo.
4.1.1. Cálculo do consumo
O consumo é dado pela relação entre o volume de tinta utilizado e o volume de
tinta calculado para uma aplicação. A equação 4, que define o consumo, pode ser
expressa como:
𝐶 =𝑉𝑟
𝑉𝑡 (4)
C = Consumo;
𝑉𝑟= Volume real;
𝑉𝑡 = Volume teórico.
O volume real é o valor gasto de tinta no processo, depende diretamente da
espessura da camada e teor de sólidos por volume real da tinta. Já o volume teórico
é um cálculo baseado em algumas variáveis que definem a quantidade de tinta a ser
aplicada sobre a tira. O cálculo é feito segundo a equação 5.
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41
𝑉𝑡 = 𝐴∗ℎ
𝑆𝑉∗10 (5)
A = Área a ser pintada (m²);
h = Espessura média da camada de tinta (μm);
SV = Sólidos por volume da tinta.
O produto pré-pintado possui especificações técnicas de espessura de camada
que devem ser respeitadas para garantir a produção com qualidade. Em geral, a
camada de primer possui média de 5 μm com tolerância de 1 μm para mais ou para
menos. Já a camada de acabamento tem camada média de 20 μm com tolerância de
2 μm para mais ou para menos. Um produto com essas características é considerado
aceito pela qualidade. Portanto o limite de eficiência de consumo para primer utilizado
em uma ordem de produção é de 80% e para tintas de acabamento é de 90%, caso
contrário, essa ordem de produção possui regiões da superfície de tinta que têm
espessura menor do que a especificada. É claro que se deve levar em consideração
a variabilidade intrínseca da espessura de camada de tinta, portanto seria incorreto
dizer que é possível atingir tais níveis de consumo, pois existiriam muitas regiões da
tira de pré-pintado com camada fora da especificação. Frente a isto, o consumo ideal
praticado pela empresa possui níveis que respeitam tal variabilidade do processo para
manter produtos dentro de seus limites de especificação.
A gerência determinou uma meta para consumo geral de tintas da linha de
pintura nos anos de 2015 e 2016. A meta foi fixada em 94,5%, ou seja, se o volume
teórico de tinta a ser utilizada em todas as ordens de produção fosse de 100 litros e o
volume de tinta real utilizado para executar todas as ordens de produção fosse de
94,5 litros, a gerência estaria satisfeita, pois na média, todas as ordens de produção
ficaram com a camada de tinta dentro da especificação e ainda houve economia de
tinta.
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42
Verificou-se que em agosto de 2014, esse indicador passou a registrar valores
fora da meta estipulada pela gerência da empresa. O desempenho do indicador piorou
ainda mais ao longo do ano de 2015, com exceção do mês de janeiro. O gráfico 3,
apresenta historicamente o desempenho do indicador de consumo de tintas. A linha
verde representa a meta determinada pela gerência. Como já explicado, quanto menor
o valor dessa métrica, melhor.
GRÁFICO 3 – CONSUMO DE TINTAS A PARTIR DO ANO DE 2013
FONTE: O Autor (2016).
4.1.2. Tintas de maior volume
Por meio de um gráfico de pareto que exibe os volumes de tintas utilizadas no
ano de 2015 (gráfico 4), a equipe foi capaz de identificar as tintas que possuiam o
maior impacto sobre o indicador de consumo. Cinco tintas compõem 63,4% do volume
de produção da linha de pintura. São elas: primer 1, acabamento 1, acabamento 2,
acabamento 3 e primer 2.
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43
GRÁFICO 4 – PARETO DAS TINTAS MAIS UTILIZADAS NO ANO DE 2015 NA LINHA DE PINTURA
FONTE: O Autor (2016).
QUADRO 1 – AS 5 TINTAS MAIS UTILIZADAS EM 2015
# Tinta %
1 Primer 1 15,0%
2 Acabamento 1 14,9%
3 Acabamento 2 13,5%
4 Acabamento 3 12,7%
5 Primer 2 7,3%
Total 63,4% FONTE: O Autor (2016).
Sabendo do impacto que os gastos com essas tintas têm, um gráfico que exibe
o consumo em cada período do ano foi criado para cada uma das tintas
individualmente no intuito de identificar os períodos de pior desempenho. Os gráficos
das cinco tintas de maior volume podem ser visualizados a seguir.
0.0%
10.0%
20.0%
30.0%
40.0%
50.0%
60.0%
70.0%
80.0%
90.0%
100.0%
0
50,000
100,000
150,000
200,000
250,000
300,000
350,000
400,000P
RIM
ER 1
AC
AB
AM
ENTO
1
AC
AB
AM
ENTO
2
AC
AB
AM
ENTO
3
PR
IMER
2
AC
AB
AM
ENTO
4
AC
AB
AM
ENTO
5
AC
AB
AM
ENTO
6
AC
AB
AM
ENTO
7
AC
AB
AM
ENTO
8
AC
AB
AM
ENTO
9
PR
IMER
3
AC
AB
AM
ENTO
10
AC
AB
AM
ENTO
11
AC
AB
AM
ENTO
12
AC
AB
AM
ENTO
13
Vo
lum
e (
L)
Pareto de tintas de maior volume em 2015
Volume (L)
% Produção Acum.
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44
Tintas de cobertura (Primer):
GRÁFICO 5 – CONSUMO MENSAL DAS TINTAS PRIMER DE MAIOR VOLUME.
FONTE: O Autor (2016).
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45
Tintas de acabamento:
GRÁFICO 6 – CONSUMO MENSAL DAS TINTAS DE ACABAMENTO DE MAIOR VOLUME
FONTE: O Autor (2016).
A tinta de acabamento 4 foi outra tinta que chamou atenção pelo mau
desempenho. Apesar do volume total de tinta programado para suas ordens não ter
sido muito grande quando comparado as outras tintas de maior volume, seu consumo
foi a cima do necessário e muito além do previsto. É possível perceber isso
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46
comparando esses valores com os de outras tintas de grande volume utilizadas em
2015, conforme quadro 2.
QUADRO 2 – CONSUMO DE 2015 DAS TINTAS DA LINHA DE PINTURA ORDENADAS POR
VALOR DE CONSUMO
FONTE: O Autor (2016).
As ordens de produção dessa tinta não tiveram volume do mês de janeiro a
julho de 2015, elas foram produzidas durante um período específico do ano e
obtiveram desempenho de consumo mensal muito fora do desejável, muito acima da
meta de 94,5% (gráfico 7).
Cor Vol. Teórico(L) Teórico - Real (L) Rendimento (%)
ACABAMENTO 4 116,218 -6,582 105.66%
PRIMER 1 338,486 -3,227 100.95%
ACABAMENTO 1 341,295 3,045 99.11%
PRIMER 3 60,101 3,850 93.59%
ACABAMENTO 6 75,100 4,470 94.05%
ACABAMENTO 9 69,563 7,013 89.92%
ACABAMENTO 7 74,242 7,482 89.92%
ACABAMENTO 3 297,414 7,654 97.43%
ACABAMENTO 5 108,806 15,406 85.84%
ACABAMENTO 2 325,157 17,777 94.53%
PRIMER 2 189,691 24,546 87.06%
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47
GRÁFICO 7 – CONSUMO MENSAL DA TINTA DE ACABAMENTO 4 NO ANO DE 2015
FONTE: O Autor (2016).
Portanto, observando o consumo das tintas de maior volume de produção, foi
possível identificar as tintas que mais contribuiram para o mau desempenho do
indicador.
4.2. OBSERVAÇÃO
4.2.1. Variáveis importantes do processo de pintura
Como foi observado na equação 5, as variáveis que compõem o cálculo da
quantidade de tinta a ser utilizada para cobrir uma área determinada são: espessura
da camada e o teor de sólidos por volume. Portanto, é importante que esses dois
valores sejam controlados e obtidos com precisão.
Para tintas de acabamento, outra variável que influencia na espessura da
camada é o padrão de cor do produto. Para que a especificação de cor seja atingida,
é comum que os operadores da linha de pintura utilizem a espessura da camada de
acabamento para ajustar a cor de acabamento. Essa situação acontece quando todos
os ajustes técnicos de adição de pigmento em um lote de tinta e temperatura de cura
já foram feitos e, mesmo assim, a cobertura de tinta não atinge o padrão de cor
exigido. Então, como um último recurso, é necessário que a espessura da camada
seja aumentada, permanecendo fora da especificação de camada, para que o produto
entre em especificação de cor. Para a qualidade do produto, não existe nenhum
problema na situação de espessura de camada ultrapassando o limite superior de
especificação, portanto abre-se mão da especificação de camada para estar de
acordo com o padrão de cor, que por sua vez é crítico. Esse é um problema de matéria
prima com responsabilidade de correção designada ao fornecedor de tintas. Esse
problema é tratado através da abertura de relatórios de não-conformidade.
O processo de pintura contínua por meio de rolos possui uma variação de
camada aplicada instrínseca ao processo, assim como qualquer outro processo
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48
produtivo. Contudo, o processo, se controlado de forma correta, tem grande
capacidade de se manter constante e atingir níveis aceitáveis de variabilidade. A
pressão entre os rolos alimentador e aplicador, também chamada de pressão Nip, tem
grande influência sobre a quantidade de tinta transferida para o rolo aplicador. Por sua
vez, o rolo aplicador exerce uma pressão sobre a tira metálica e o rolo de encosto,
chamada de pressão Kiss, e transfere a tinta para a tira metálica. A pressão Nip tem
grande influência sobre a espessura da camada de tinta. Outra variável que possui
ação sobre a espessura da camada é a viscosidade da tinta. Quanto mais viscosa,
maior é a quantidade de tinta transferida dos rolos para a tira, o que,
consequentemente, resulta em uma espessura maior.
O coater da linha de pintura sempre possuiu células de carga que auxiliam os
operadores a realizar ajustes de pressão nos rolos. Em relação à viscosidade, os
operadores utilizam um copo padrão que mede o tempo de escorrimento das tintas.
O copo padrão é um copo Zahn #4, utilizado na indústria como método alternativo
para medição de viscosidade. Caso necessário, é possível diminuir a viscosidade por
meio da adição de solvente à tinta. Apesar do controle do tempo de escorrimento das
tintas existir na empresa de estudo de caso, esses valores não eram registraos ao
longo do tempo em nenhuma base de dados, o que não permitia a análise histórica
dos valores pela operação do coater e nem staff da linha de pintura.
4.2.2. Variáveis importantes da medição de espessura da camada
A linha de pintura possui alguns métodos de medição de espessura de camada
de tinta que podem ser utilizados para a verificação da conformidade do produto. A
empresa chama esses métodos de: furador DJH, Gravimetria e Took Gauge. O
método validado e atualmente implantado para verificação de camada de acabamento
é o DJH, sendo que em caso de mau funcionamento do DJH o Took Gauge é utilizado
em seu lugar. Para medição de camada de primer, é utilizado o método de
Gravimetria.
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49
4.2.2.1. DJH
O método é assim chamado no dia a dia da operação pois esse é o nome da
empresa que desenvolveu o equipamento. O método foi desenvolvido pela empresa
DJH Designs e consiste em realizar um furo muito preciso com uma broca pequena e
especial, gerando uma pequena cratera na superfície da amostra. Essa broca tem um
ângulo de corte conhecido que fura a amostra de aço pré-pintado com um perfil de um
cone invertido. A amostra é analisada em um microscópio que possibilita que o
operador veja o desenho do furo em uma vista superior assim como medir suas
dimensões. Assim que as medições são feitas, o software retorna o valor da altura da
camada de tinta presente na amostra. As figuras 20, 21 e 22 mostram a composição
do conjunto DJH e um exemplo de uma medição de uma amostra.
FIGURA 20 – MICROSCÓPIO, COMPUTADOR E FURADOR DJH PARA ANÁLISE DA
CRATERA
FONTE: O Autor (2016).
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50
FIGURA 21 – FURADOR DJH E AMOSTRA
FONTE: O Autor (2016).
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51
FIGURA 22 – IMAGEM DA CRATERA GERADA PELO FURADOR DJH
FONTE: O Autor (2016).
A imagem da cratera é visualizada pelo microscópio e oito medidas da camada
total são aferidas. A parte azul da imagem mostra a superfície da amostra pintada com
pincel atômico. Isso é feito para oferecer contraste entre o final da circunferência que
a broca faz e a parte plana que não foi agredida pela broca. A parte branca é a tinta
de acabamento, a parte amarela/verde é o primer. A parte escura representa o
substrato e o aço. Para garantir a confiabilidade do equipamento, é extremamente
importante garantir que ele esteja calibrado e que a broca de furação tenha o ângulo
de corte correto e em boas condições. Outro ponto importante ao realizar o método é
a assertividade do operador ao medir no software os limites entre aço e primer e
acabamento e canetão atômico.
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52
4.2.2.2. Gravimetria
O ensaio de gravimetria consiste em tomar amostras de aço pré pintado com
área conhecida e remover toda a tinta da face que se deseja obter o valor de
espessura de camada, pesando a amostra antes e depois da remoção da tinta. A
remoção da tinta, comumente chamada de decapagem, acontece por meio do contato
da área com tinta da amostra e um reagente especial. Sabendo a diferença de massa
da amostra antes e depois da remoção da tinta, é possível determinar a massa de
tinta que estava sobre a superfície. Conhecendo o valor de densidade seca e massa
de tinta, pode-se definir a espessura da camada. As figuras 23 e 24 mostram como a
amostra é retirada da linha de produção e o método de execução do ensaio de
gravimetria.
FIGURA 23 – ILUSTRAÇÃO DA REGIÃO DE AMOSTRAGEM DO PRODUTO PRÉ-PINTADO
FONTE: O Autor (2016).
FIGURA 24 – REMOÇÃO DA TINTA E COMO SUA MASSA É DETERMINADA
FONTE: O Autor (2016).
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53
O ensaio de gravimetria está sujeito a muitos fatores que podem influenciar
negativamente em seu resultado se não controlado. A balança deve estar
devidamente calibrada, o método de decapagem não deve alterar a massa do corpo
de prova, nenhuma partícula externa pode ser adicionada a massa do corpo de prova
no momento da pesagem e a densidade seca, valor usado para encontrar a altura da
camada, deve ser corretamente determinado.
A densidade de camada de primer é calculada utilizando a equação 6.
𝑑 =𝑚
𝑣 (6)
Na equação 6, d é o valor da densidade seca do primer analisado. O valor de
m na expressão é o valor da massa encontrado no ensaio. O volume v pode ser
representado como a área A da amostra multiplicado pela altura da camada h, obtendo
então a equação 7.
ℎ =𝑚
𝑑∗𝐴 (7)
4.2.3. Discussão sobre possíveis causas do problema
Sabendo da influência das variáveis listadas anteriormente, a equipe discutiu
sobre várias ocorrências, observações e experiências do passado que poderiam estar
relacionadas com o problema. Inicialmente, algumas possibilidades foram levantadas:
O método de análise de camada DJH não é confiável;
Região de retirada de amostra não representa o processo em estado estável;
Operadores estão trabalhando com a camada muito alta para não correr risco
de sair do limite inferior de especificação;
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54
Operadores estão trabalhando com a camada muito alta devido a tintas que
não atingem o padrão de cor.
Grande variação gerada por erros no ensaio de gravimetria;
Densidade do primer 1 está errada.
A partir desses relatos, a equipe foi capaz de definir uma série de possíveis
causas do problema do consumo.
4.3. ANÁLISE
Para iniciar as investigações nas possíveis causas do problema, uma
adaptação do diagrama de Ishikawa foi elaborado para auxiliar a equipe na exploração
das causas fundamentais.
4.3.1. Diagrama de causa e efeito (Ishikawa)
FIGURA 25 – ADAPTAÇÃO DO DIAGRAMA DE ISHIKAWA DO PROBLEMA
FONTE: O Autor (2016).
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55
4.3.1.1. Máquina
Parâmetros do coater variam
Não existia registro histórico para os operadores e staff sobre viscosidade e
camada de tinta. Também não existia nenhuma ferramenta gráfica capaz de mostrar
o desempenho das duas variáveis ao longo do tempo. Isso poderia fazer com que a
operação tivesse de trabalhar de uma forma mais cômoda, aumentando a camada.
Perfil do rolo inconsistente
Existia a possibilidade de que o rolo aplicador tivesse sua densidade ou
diâmetro não constante ao longo de sua largura. Isso devido a forma que o PU,
material envolvente do rolo, é revestido e retificado.
4.3.1.2. Método
Variação no método de gravimetria
O ensaio de gravimetria em laboratório é executado decapando uma face da
amostra por vez, caso houver camada de primer na face inferior. Para isso, existem
três técnicas possíveis de serem utilizadas para completar o ensaio. Peculiaridades
entre as técnicas poderiam ser fontes de erro para o ensaio.
Amostra não representa o processo
A retirada de amostras acontece na seção de saída da linha. Após a passagem
da emenda, uma amostra com aplicação de primer é retirada do processo e, em
seguida, uma amostra de primer e acabamento. Por conta do desencosto do rolo
aplicador de tinta para a passagem da emenda e posterior encosto do rolo após sua
passagem, variação de pressão e quantidade de tinta nos rolos é gerada e parte do
produto deve ser descartado para que uma amostra seja retirada para teste em uma
região com o processo estabilizado. Seria possível que a quantidade descartada de
produto não fosse suficiente e amostras estivessem sendo retiradas de uma região de
aplicação de tinta instável.
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56
Número de amostras insuficiente
A variação de camada ao longo do sentido de laminação causa variabilidade
na espessura de tinta. Apenas uma amostra por bobina é retirada para testes de
espessura de primer e acabamento. Esse número de amostras pode ser insuficiente.
4.3.1.3. Mão-de-obra
Influência do operador no método de gravimetria
Cada operador de cada turno possui uma forma diferente de realizar o ensaio
de gravimetria, isso poderia ser fonte de variação na medição de camada de primer.
Manuseio gera variabilidade
O manuseio das amostras ao leva-las para o laboratório e durante o ensaio
sem os devidos cuidados poderiam estar ocasionando alterações na massa do corpo
de prova, ocasionando resultados falsos.
Orientação de economia não é atendida
O staff da linha de pintura orienta a operação sobre a importância de manter a
camada próxima dos limites inferiores de especificação e controle. Porém, é possível
que o consumo de tintas não esteja alcançando índices esperados devido ao não
atendimento da orientação de economia por parte da operação, que não é capaz de
manter o controle de camada estável no mínimo possível.
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57
4.3.1.4. Externo
Especificação da tinta errada
Seria possível que os valores de teor de sólidos por volume, sólidos por massa
e densidade líquida da tinta estivessem errados, fazendo com que o cálculo da
densidade seca, principalmente para o primer 1 que apresenta consumo ruim, aferisse
uma camada falsa, maior do que a real.
Cálculo do consumo de tintas errado
A forma com que o cálculo de consumo de tintas é realizado poderia ter sido
alterada em algum momento da história da empresa, fazendo com que seu valor a
partir do ano de 2014 fosse calculado de forma diferente.
4.3.1.5. Matéria Prima
Características técnicas da tinta não seguem especificação
A matéria prima para pigmentação, resina ou teor de solventes presentes nas
tintas em algum momento podem ter sido substituídas pelo fornecedor. Isso teria
impacto nas características físico-químicas da tinta, fazendo com que o teor de sólidos
por volume, sólidos por massa, densidade líquida e densidade seca tivessem
mudanças em seus valores.
Material deforma/cede ao furar
Seria possível que certos tipos de tinta ou revestimento de galvalume
estivessem sendo deformados ao sofrer ação cortante da broca do DJH.
Espessura do aço varia
A espessura do aço revestido com galvalume ou zinco possuem rugosidades
conhecidas. É questionável que o produto galvalume e zincado tenham perfis
distintos, os quais possam ter mais capacidade para acumular primer sobre a
superfície a ser pintada mais em um tipo de substrato do que em outro.
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58
4.3.1.6. Medição
Calibração errada
A balança analítica do laboratório e o DJH devem ser calibrados
periodicamente. O intervalo com que as calibrações são realizadas pode ser
insuficiente ou mesmo a calibração poderia estar sendo feita de forma errada.
Método dos 4 pontos insuficiente
Para medir a espessura de camada de tinta pelo DJH, os operadores podem
utilizar uma ferramenta de medição do software que mede quatro ou oito regiões da
imagem. Por ser mais rápido, os inspetores de qualidade utilizam a ferramenta de
quatro pontos. Essa atitude pode desrespeitar a precisão exigida do processo,
gerando mais variação no valor encontrado.
Iluminação precária do DJH
A iluminação necessária para análise da cratera pode ser insuficiente, trazendo
resultados tendenciosos para as análises de camada de acabamento.
Ilusão por perspectiva
Ao posicionar uma câmera sobre um objeto a ser observado, se as lentes e
sistema ótico não forem adequados para a utilização é possível que a imagem se
destorça dependendo da posição relativa entre o objeto e a câmera. Isso poderia
causar um resultado falso na medição.
Broca do DJH perde calibração
A broca utilizada para fazer a cratera na amostra durante a realização do ensaio
do DJH pode ter o ângulo de corte alterado sob uso contínuo. Isso poderia ocasionar
um erro sistêmico na medição de camada de acabamento que depende do desgaste
do ângulo da broca.
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59
4.3.1.7. Escolha das causas a serem investigadas
Em novembro de 2015, alguns experimentos e análises foram propostos pela
equipe iniciando o processo de investigação das causas do problema de consumo de
tinta. Algumas ações já haviam sido implantadas no começo de 2015, como a
utilização da carta CEP para espessura de camada e viscosidade, assim como um
plano de calibração mais ajustado as necessidades do DJH. Portanto, parte das
possíveis causas já possuiam uma ação e outras não chamavam tanta atenção. No
diagrama de Ishikawa da figura 25, as causas marcadas em vermelho representam
causas que seriam investigadas pela equipe.
A equipe decidiu iniciar as investigações pelas causas que mais apresentavam
frequência de reclamação e essenciais para a credibilidade das análises
subsequentes. Portanto, foi necessário averiguar primeiramente se a região de
retirada de amostras representava o processo estabilizado e se as leituras de
espessura de camada aferidas pelos equipamentos e métodos implantados eram
confiáveis.
4.3.2. Experimento de comparação entre valores de espessura de amostras
de começo e fim de bobina
Por meio desse experimento, duas possíveis causas do problema puderam ser
postas a prova, a estabilidade do processo na região de retirada de amostras e a
variabilidade entre diferentes métodos de medição.
4.3.2.1. Região de retirada de amostras
A região de retirada de amostras para a verificação da camada de tinta é um
ponto importante que deve ser levado em consideração. A hipótese é de que aquele
pequeno pedaço do produto represente a ordem de produção em sua integralidade.
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60
Portanto, é de extrema importância que o ponto em que as amostras são retiradas
esteja com as variáveis do processo estabilizadas, assim representando da melhor
maneira possível as características técnicas daquela ordem de produção.
Essa hipótese de que as variáveis do processo podem não estar estabilizadas
é justificada pelo seguinte fato: as amostras são retiradas da produção no começo de
uma bobina, consequentemente, logo após a emenda entre a bobina que terminou de
passar na linha e a bobina que está em processo no presente momento. No processo
de aplicação de tinta que acontece nos coaters, é importante que os rolos de aplicação
de tinta deixem de fazer contato com a tira na passagem da emenda. Se isso não
acontecer a emenda, que é um grampeamento feito entre as duas bobinas, marca os
rolos aplicadores fazendo com que a aplicação de tinta fique falha. Nesse processo
de abertura dos cabeçotes na passagem da emenda, as variáveis do processo de
pressão dos rolos se alteram. Assim que a emenda passa e os rolos aplicadores
voltam a manter contato com a tira, a pressão entre os rolos e a quantidade de tinta
acumulada nos mesmos leva um determinado tempo para se estabilizar nos padrões
pré-determinados do processo. Dessa forma, se as amostras forem tomadas em um
momento em que a aplicação de tinta não esteja completamente estabilizada, os
valores encontrados nos ensaios não representaram o processo estabilizado.
4.3.2.2. O experimento
Para verificar se a região de retirada de amostras tem potencial para
representar o processo, a equipe desenvolveu um experimento onde a região atual de
retirada de amostra é comparada a uma região onde se tem certeza que as variáveis
do processo estão estabilizadas. A região com variáveis estabilizada mais
conveniente para se retirar amostras sem interferir no processo é o final da bobina
anterior na sequência de produção, isso porque os parâmetros estão estáveis até o
último instante em que existe contato entre o rolo e a tira. A instabilidade se dá
instantes depois do contato entre o rolo com a próxima bobina da sequência passando
por um período de recuperação das variáveis do processo pré-determinados. A equipe
pratica uma distância de estabilização de aproximadamente 15 metros. A partir daí
uma amostra pode ser retirada para ser ensaiada.
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61
O experimento consiste em ensaiar pares de amostras consecutivas de
começo e fim de bobina e comparar os valores de camada apresentados por elas. A
hipótese que as amostras representam o processo estabilizado é confirmada quando
o valor da amostra de começo de bobina é suficientemente próximo quando
comparado ao da amostra de fim de bobina. A figura 26 representa a região de retirada
de amostras de começo e fim de bobina.
FIGURA 26 – REGIÕES DE COMEÇO E FIM DE BOBINA EM PARES PARA COMPARAÇÃO DA
ESTABILIDADE DE AMOSTRAS DE COMEÇO DE BOBINA.
FONTE: O Autor (2016).
4.3.2.3. Resultados
Nesse ensaio foram comparados os pares de amostras com todos os métodos
de ensaio de altura de camada de tinta já mencionados. Contudo, foram considerados
apenas os resultados obtidos pelo DJH e gravimetria por conta da precisão dos dois
métodos. Foi possível fazer a análise de 15 pares de amostras para o ensaio de
gravimetria e 21 pares de amostras paro o ensaio DJH. Os gráficos juntamente com
os quadros e resultados são expostos nas figuras 27 e 28.
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62
FIGURA 27 – DESVIO DO VALOR DE CAMADA ENCONTRADA EM PARES DE AMOSTRAS DE
COMEÇO E FIM DE BOBINA PELO MÉTODO GRAVIMETRIA
FONTE: O Autor (2016).
FIGURA 28 – DESVIO DO VALOR DE CAMADA ENCONTRADA EM PARES DE AMOSTRAS DE
COMEÇO E FIM DE BOBINA PELO MÉTODO DJH
FONTE: O Autor (2016).
Pode-se realizar um teste ANOVA para verificar se existe diferença significativa
entre valores de espessura de camada encontrados em amostras de começo e fim de
bobina medidas por um mesmo método. A hipótese de que não existe diferença entre
valores de amostras de começo e fim de bobina pode ser aceita com 95% de confiança
caso o valor de F < Fcrit e valor-P maior > 0,05. Em contrapartida, a hipótese de que
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63
existe diferença significativa entre os valores de amostras de começo e fim de bobina
pode ser aceita com 95% de confiança caso o valor de F > Fcrit e valor-P < 0,05. Os
resultados dos testes ANOVA para medições realizadas pelo ensaio de gravimetria e
DJH, respectivamente, estão dispostos nas tabelas 2 e 3.
TABELA 2 – ANOVA PARA COMEÇO E FIM DE BOBINA PELO GRAVIMETRIA
FONTE: O Autor (2016).
RESUMO
Grupo Contagem Soma Média Variância
Começo Gravimetria 15 363,1215 24,2081 1,975824
Fim Gravimetria 15 360,6283 24,04189 1,331468
ANOVA
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 0,207201 1 0,207201 0,1253 0,726008 4,195972
Dentro dos grupos 46,3021 28 1,653646
Total 46,5093 29
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64
TABELA 3 – ANOVA PARA COMEÇO E FIM DE BOBINA PELO DJH
FONTE: O Autor (2016).
Os resultados do teste ANOVA indicam que não existe diferença significativa
entre amostras de começo e fim de bobina.
4.3.3. Variação entre diferentes métodos de medição
Por meio do mesmo experimento descrito na seção 4.3.2., foi possível
comparar os valores encontrados pelos métodos de medição de camada gravimetria,
DJH, Took Gauge e micrômetro. Os dois primeiros são os métodos validados e
implantados pela qualidade atualmente. O Took Gauge é o método utilizado para
medir camada de acabamento quando o DJH está fora de funcionamento e o
micrômetro é um método alternativo.
4.3.3.1. O experimento
O experimento consiste em tomar amostras do processo e medir a camada
total de tinta em uma determinada região utilizando os quatro métodos citados. A
comparação entre eles foi feita assumindo que os resultados do método de gravimetria
RESUMO
Grupo Contagem Soma Média Variância
Começo DJH 21 493,45 23,49762 1,955619
Fim DJH 21 485,65 23,12619 4,752405
ANOVA
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 1,448571 1 1,448571 0,431892 0,514826 4,084746
Dentro dos grupos 134,1605 40 3,354012
Total 135,609 41
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65
eram os mais confiáveis. Essa premissa é embasada em informações da NCCA -
National Coil Coating Assiciation, EUA, órgão que reúne os produtores de aço pré-
pintado de todo o mundo no intuito de compartilhar informações e obter benefício
mútuo entre associados.
O método DJH já foi explicado na integra na seção 4.2.2.1. Contudo, esse
método é utilizado para determinar a camada de acabamento somente. Para
determinar a camada de acabamento pelo método de gravimetria, um método
semelhante ao descrito na seção 4.2.2.2. foi executado, com as seguintes
adequações: No ensaio de gravimetria, duas amostras por região eram tomadas, uma
com somente primer e outra contendo primer e acabamento. As amostras eram
submetidas a pesagem e posterior decapagem. Sabendo a diferença de massa antes
e depois da decapagem, é possível determinar a quantidade de primer e de
acabamento, separadamente.
A figura 29 ilustra as regiões onde as amostras devem ser retiradas e a figura
30 o procedimento do ensaio.
FIGURA 29 – EMENDA ENTRE BOBINAS ONDE SÃO RETIRADAS AMOSTRAS DE TRÊS
REGIÕES DE CAMADA TOTAL DE TINTA E CAMADA DE PRIMER
FONTE: O Autor (2016).
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66
FIGURA 30 – ENSAIO DE GRAVIMETRIA PARA CAMADA DE PRIMER E CAMADA TOTAL
(PRIMER E ACABAMENTO)
FONTE: O Autor (2016).
4.3.3.2. Micrômetro
O ensaio de espessura de camada utilizando o micrômetro é feito no mesmo
momento que o ensaio de gravimetria. O valor da espessura da amostra é verificado
em dois pontos pré-determinados, o registro é feito e em seguida a amostra é
decapada. Após a decapagem, a espessura da amostra é registrada novamente.
Então, tem-se a medida da espessura da camada de tinta que foi removida pela
diferença entre os dois registros.
4.3.3.3. Took Gauge
O Took Gauge é um ensaio para a verificação da espessura da tinta que tem
um princípio parecido com o ensaio do DJH. Uma lâmina com ângulo de corte realiza
uma secção na superfície do aço pré-pintado. Então, esse corte é analisado por meio
de um microscópio com lente graduada, pelo qual é possível identificar e medir a
camada total de tinta pelo mesmo princípio trigonométrico que o DJH encontra o valor
da altura da camada.
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67
4.3.3.4. Resultados
Como já mencionado anteriormente, o valor mais correto, o qual está sendo
comparando aos demais métodos, é o valor obtido pelo método de gravimetria. Foram
tomadas 33 amostras de tipos de tintas de acabamento, primers e substratos
diferentes. Nos gráficos 7, 8 e 9 é possível verificar a aderência ao resultado correto
(método de gravimetria representado pela linha verde) de cada método ao avaliar a
espessura de camada das 33 amostras.
GRÁFICO 7 – GRÁFICO DE PRECISÃO DO MÉTODO DO DJH COM RESPECTIVA MÉDIA E
DESVIO PADRÃO DO ERRO EM RELAÇÃO AO ENSAIO DE GRAVIMETRIA
FONTE: O Autor (2016).
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68
GRÁFICO 8 – GRÁFICO DE PRECISÃO DO MÉTODO DO MICRÔMETRO COM RESPECTIVA
MÉDIA E DESVIO PADRÃO DO ERRO EM RELAÇÃO AO ENSAIO DE GRAVIMETRIA
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 9 – GRÁFICO DE PRECISÃO DO MÉTODO DO TOOK GAUGE COM RESPECTIVA
MÉDIA E DESVIO PADRÃO DO ERRO EM RELAÇÃO AO ENSAIO DE GRAVIMETRIA
FONTE: O Autor (2016).
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69
As amostras utilizadas no ensaio foram amostras de tintas de acabamento 4, 1
e 2 e primers 1 e 3.
O método que obteve mais aderência aos valores esperados pelo ensaio de
gravimetria foi o DJH. Os demais não obtiveram desempenho esperado. Com isso,
pode-se concluir que o DJH é capaz de medir com precisão aceitável camadas de
acabamento.
4.3.4. Análise do desvio padrão dos métodos de medição de camada por
gravimetria e DJH.
Um experimento foi realizado com o intuito de verificar o desvio padrão dos
métodos de medição de camada DJH e gravimetria.
4.3.4.1. O experimento
O experimento consistiu em coletar uma amostra da linha de produção e retirar
3 amostras de primer e 7 amostras de camada total, primer e acabamento, do mesmo
sentido de laminação, tanto para lado motor (esquerdo) e lado operador (direito) de
um pedaço de fim de bobina. As amostras de camada total foram verificadas através
do DJH e método de gravimetria. Entretanto, as amostras de primer, somente pelo
método de gravimetria. A figura 31 ilustra a retirada de amostras do experimento.
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70
FIGURA 31 – O EXPERIMENTO. RETIRADA DE AMOSTRAS PARA GRAVIMETRIA E DJH
FONTE: O Autor (2016).
4.3.4.2. Resultados
Conhecendo os valores de densidade seca das tintas analisadas foi possível
calcular os valores de camada total pelo método de gravimetria. Os registros de
camada pelos métodos de gravimetria e DJH estão dispostos no quadro 3, juntamente
de seus respectivos desvios padrão e médias:
QUADRO 3 – RESULTADO DA ESPESSURA DE CAMADA DO EXPERIMENTO PARA ENCONTRAR
DESVIO PADRÃO DOS MÉTODOS DJH E GRAVIMETRIA.
Grav Total DJH Total
Amostra L esq. L dir. Amostra L esq. L dir.
1 19,83 20,59 1 23,2 23,5
2 20,04 20,48 2 22,1 23,5
3 19,75 20,51 3 22,2 23,0
4 19,88 20,84 4 21,6 22,3
5 19,80 20,51 5 23,3 24,0
6 19,84 20,36 6 21,5 22,7
7 19,88 20,61 7 22,1 22,9
Média 19,86 20,56 Média 22,29 23,13
DesvPad 0,09 0,15 DesvPad 0,71 0,57
FONTE: O Autor (2016).
Pode-se notar que o desvio padrão do ensaio de gravimetria é muito menor do
que o desvio padrão encontrado no ensaio pelo DJH. Contudo, é possível perceber
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71
uma grande diferença entre as médias de camada encontradas por cada método. Era
esperado que seus valores fossem muito próximos, porém existe uma grande
diferença entre eles, provavelmente causada pelo valor de densidade seca utilizado
para a tinta de acabamento. Esse resultado demonstra que pode existir um erro
causado pelo valor de densidade seca utilizado para os ensaios de gravimetria no
momento da conversão da camada de tinta de acabamento.
4.3.5. Análise do consumo esperado e consumo real das tintas mais
utilizadas da linha de pintura
A equipe considerou razoável comparar a média dos valores de camada
registrados pela inspeção e o consumo de tintas de cada período de 2015, no intuito
de identificar se existe alguma tinta que foge do comportamento esperado. Para poder
realizar tal comparação, o valor médio de camada precisa ser transformado em
consumo, esse valor foi chamado de consumo esperado. Para encontrar esse valor,
pode-se utilizar as equações 4 e 5 onde o volume real de tinta tem “h” como a camada
média registrada e o volume teórico tem “h” como o valor padrão, que é o valor médio
da espessura de camada da especificação. Sendo assim, pode-se obter a equação 8.
𝐶𝑒 =𝐴∗𝐶𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎𝑀é𝑑𝑖𝑎𝑅𝑒𝑔𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎
𝑆𝑉∗10𝐴∗𝐶𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜
𝑆𝑉∗10
(8)
Simplificando a equação 8, tem-se então a equação 9:
𝐶𝑒 =𝐶𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎𝑀é𝑑𝑖𝑎𝑅𝑒𝑔𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎
𝐶𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜 (9)
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72
Dessa forma, pode-se representar em um gráfico o valor do consumo esperado
segundo a camada aplicada para cada tinta em cada mês do ano de 2015. Os gráficos
das tintas mais utilizadas em 2015 estão representados nos gráficos de 10 a 15.
GRÁFICO 10 – CONSUMO REAL E ESPERADO DE ACORDO COM A CAMADA MÉDIA DO
PRIMER 2 NO ANO DE 2015
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 11 – CONSUMO REAL E ESPERADO DE ACORDO COM A CAMADA MÉDIA DO
PRIMER 1 NO ANO DE 2015
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 12 – CONSUMO REAL E ESPERADO DE ACORDO COM A CAMADA MÉDIA DO
ACABAMENTO 2 NO ANO DE 2015
FONTE: O Autor (2016).
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73
GRÁFICO 13 – CONSUMO REAL E ESPERADO DE ACORDO COM A CAMADA MÉDIA DO
ACABAMENTO 1 NO ANO DE 2015
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 14 – CONSUMO REAL E ESPERADO DE ACORDO COM A CAMADA MÉDIA DO
ACABAMENTO 3 NO ANO DE 2015
FONTE: O Autor (2016).
.
GRÁFICO 15 – CONSUMO REAL E ESPERADO DE ACORDO COM A CAMADA MÉDIA DO
ACABAMENTO 4 NO ANO DE 2015
FONTE: O Autor (2016).
Identificou-se que algumas tintas têm desempenhos peculiares. Comparando
os dois primers, facilmente se vê que o primer 2 tem um consumo melhor do que o
esperado pela camada aplicada. Em contrapartida, o primer 1 obteve desempenho
ruim durante todos os meses, melhorando a partir de maio, após a correção de seu
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74
valor de densidade seca pelo departamento da qualidade na época. As tintas de
acabamento obtiveram desempenho esperado e dentro de condições aceitáveis que
não chamam tanto a atenção quanto os valores de consumo dos primers, com
exceção a tinta de acabamento 4, que teve consumo muito alto no início de produção
de suas ordens e foi melhorando ao longo do tempo devido à correção das
características técnicas da tinta que permitem a aderência ao seu padrão de cor.
4.3.6. Impacto do teor de sólidos por volume no consumo
O encontro dos valores de consumo real e consumo esperado significa que o
gasto de tintas condiz com a camada medida. É aceitável que alguns desencontros
das duas linhas aconteçam devido ao valor de sólidos por volume da tinta, o que pode
significar uma variação do consumo real de no máximo 4% para mais ou para menos
se o valor de sólidos por volume variar dentro dos limites de especificação. Diante
disso, foram verificados os valores do teor de sólidos por volume providenciados pelo
fornecedor, assim como os valores encontrados por meio de ensaios realizados no
laboratório da empresa de cada lote, comparando-os com o consumo do período
correspondente. Foi possível verificar que ajustando o consumo real ao valor de
sólidos por volume de cada lote, os valores de consumo esperado e consumo real se
ajustam, ficando muito próximos, com exceção ao primer 1 que, após correção,
aumenta ainda mais a diferença de consumo real e esperado. As figuras 32 e 33
mostram como o reajuste pelo valor de sólidos por volume seria capaz de corrigir os
valores de consumo real corretamente para o primer 2 e erroneamente para o primer
1.
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75
FIGURA 32 – AJUSTE DE SÓLIDOS POR VOLUME NO CONSUMO DO PRIMER 2
FONTE: O Autor (2016).
FIGURA 33 – AJUSTE DE SÓLIDOS POR VOLUME NO CONSUMO DO PRIMER 1
FONTE: O Autor (2016).
Essa análise abriu outras frentes de investigação que tinham como objetivo
encontrar a causa raiz do consumo ruim do primer 1, almejando ações para obter um
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76
melhor consumo tal qual ao desempenho do primer 2. Deste modo, foi iniciado um
trabalho de investigação sobre o comportamento dos primers 1 e 2 perante o ensaio
de gravimetria e possível alteração no valor de densidade seca do primer 1.
4.3.7. Investigação sobre o ensaio de gravimetria
O ensaio de gravimetria possui algumas peculiaridades que chamou atenção
da equipe quanto a geração de erros. Para que o efeito do reagente seja efetivo, é
necessário que somente a face a ser analisada seja exposta ao reagente. Para tanto,
uma ferramenta é utilizada para isolar o corpo de prova. Essa ferramenta é chamada
de Guko, uma borracha cônica que, ao posicionar o corpo de prova em seu interior,
ela é capaz de vedar a região anterior do corpo de prova, permitindo que a reação
aconteça somente na face superior. Portanto, em amostras que possuem camada de
primer em ambas as faces, superior e inferior, é necessário que a decapagem ocorra
em uma face por vez, para assim determinar individualmente a sua espessura.
Pelo fato do Guko ser feito de borracha, suas paredes internas ficam
desgastadas com o uso, fazendo com que ele perca a capacidade de isolar o corpo
de prova (CP). Diante disso o laboratório da empresa se vê obrigado a utilizar um
método alternativo para verificar a camada de primer quando o Guko não pode ser
utilizado. Esse método consiste em tomar duas amostras da mesma tira, lixar a face
inferior em uma amostra e na outra lixar a face superior, eliminando completamente o
primer presente na face lixada. Feito isso, a amostra é mergulhada por um tempo em
um béquer que contém o reagente, removendo a camada de primer da face com
primer remanescente.
Fato é que a ação do reagente é efetiva à face que se deseja decapar e à face
lixada do corpo de prova. É possível que partículas de sujeira, selante ou revestimento
de zinco ou galvalume seja removido e não considerados no cálculo da espessura da
camada.
Portanto, a equipe achou relevante realizar um experimento sujeitando
diferentes tipos de substrato, sem primer algum, à ação do reagente, verificando seus
valores de massa ao longo do tempo.
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77
4.3.7.1. O ensaio
A equipe percebeu três variações do método de decapagem:
Utilizando o Guko;
Pela variação do método utilizando o béquer com uma das faces do
CP lixadas;
E outra muito semelhante à última, que acontece quando a amostra
não possui tinta alguma na face inferior e o laboratorista tem a opção
de utilizar o béquer sem que o CP seja lixado na face anterior.
A figura 34 mostra as variações existentes do método.
FIGURA 34 – AS TRÊS DIFERENTES TÉCNICAS DE DECAPAGEM
FONTE: O Autor (2016).
Portanto, três amostras de cada tipo de aço utilizadas na linha de pintura sem
a presença de tinta em ambas as faces foram submetidas à ação do reagente. Isso
se repetiu em cada uma das variações do método. A variação de massa foi medida
em intervalos de tempo pré-determinados (0,5; 1,5; 2,5; 4; 7; 11; e 21 minutos).
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78
FIGURA 35 – MÉTODO DE EXPERIMENTAÇÃO DOS PRODUTOS DA LINHA DE
PINTURA PERANTE AS 3 TÉCNICAS DE DECAPAGEM
FONTE: O Autor (2016).
Com a diferença de massa encontrada entre os intervalos de tempo, foi
possível calcular o quanto ela significaria em espessura de camada de primer, obtendo
então o erro de cada uma das variações do método.
Para a realização do cálculo, foi utilizado um valor de 1,60 g/cm³ para o valor
de densidade seca (conforme especificação do fabricante de tintas) e área padrão do
CP do ensaio.
4.3.7.2. Resultados
Foi verificado que existe diferença de perda de massa entre as variações do
método de decapagem propostas. Por meio dos gráficos 16, 17 e 18 é possível
perceber que a ação do reagente à face indesejada, seja ela lixada ou não, falsamente
aumenta o valor de espessura de camada encontrados pelas variações utilizando o
béquer. Também é possível perceber em todas as variações do método de
decapagem que o substrato que mais sofre influência da ação do reagente é o LB
Zincado. Vale ressaltar que esse substrato é o único que possui fosfato de zinco em
suas faces superior e inferior.
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79
GRÁFICO 16 – ERRO ADICIONADO AO MÉTODO PELA TÉCNICA USANDO O GUKO DURANTE A
EXPOSIÇÃO DAS AMOSTRAS AO REAGENTE
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 17 – ERRO ADICIONADO AO MÉTODO PELA TÉCNICA USANDO O BÉQUER DURANTE
A EXPOSIÇÃO DAS AMOSTRAS AO REAGENTE
FONTE: O Autor (2016).
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80
GRÁFICO 18 – ERRO ADICIONADO AO MÉTODO PELA TÉCNICA USANDO O BÉQUER DURANTE
A EXPOSIÇÃO DAS AMOSTRAS LIXADAS EM UMA DAS FACES AO REAGENTE
FONTE: O Autor (2016).
Portanto, é possível concluir que a espessura da camada de ordens de
produção de linha branca pode estar sofrendo influência da variação do método de
decapagem no momento da execução do ensaio pela equipe do laboratório da
empresa.
4.3.8. Densidade seca
Para averiguar o valor de densidade seca do primer 1, uma técnica
experimental foi utilizada, o método da película descrito pela ABNT NBR 8621. O
método consiste em introduzir pequenas partículas de primer curado dentro de um
picnômetro com água destilada. Tendo conhecimento da massa do picnômetro vazio,
massa do picnômetro com água destilada e massa de pedaços de primer é possível
encontrar experimentalmente a densidade seca do primer analisado.
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81
4.3.8.1. Resultados
O ensaio foi executado, gerando os resultados dispostos no quadro 4:
QUADRO 4 – RESULTADO DA DETERMINAÇÃO DE DENSIDADE SECA DE PRIMERS
FONTE: O Autor (2016).
Os resultados encontrados tiveram comportamento fora do esperado pela
equipe, pois para que o consumo do primer 1 tenha o desempenho ruim durante o
segundo semestre de 2015, o valor esperado para o ensaio deveria ter sido menor do
que 1,58 que é o valor utilizado atualmente. Nos quatro ensaios realizados foi
encontrado o valor médio de 1,80. O impacto que a troca do valor da densidade seca
teria sobre o consumo dessa tinta seria negativo. Se a correção fosse feita no gráfico
da série histórica de 2015 a curva do consumo real se moveria para cima, se afastando
ainda mais do consumo esperado.
A equipe decidiu postergar o estudo da densidade seca dos primers para
quando houvesse a possibilidade de averiguar tais valores por meio de outro método
de determinação de densidade seca, o Método do Disco (Petrobrás N-1358A e ASTM
D 2697).
4.3.9. Tendência de resultado no ensaio de gravimetria
Ao verificar que a técnica de decapagem utilizada no ensaio de gravimetria
pode influenciar no valor de espessura de camada encontrado pelo método, a equipe
decidiu verificar a existência de alguma tendência de resultados da análise de camada
de primer comparando registros de ensaio por diferentes turnos.
Ensaio1 Ensaio2 Ensaio3 Ensaio4 Ensaio5
Tinta PHD2 PHD2 PHD2 Primer LB PHD2
Densidade experimental 1.77 1.82 1.79 1.61 1.84
Densidade segundo fornecedor 1.58 1.58 1.58 1.585 1.58
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82
Para isso, foram coletados dados referentes a registros de espessura de
camada dos dois tipos de primers principais, 1 e 2, de todas as amostras da produção
do período de novembro de 2015 a junho de 2016.
A equipe considerou interessante analisar os dados separando amostras
ensaiadas na passagem do turno de uma equipe para outra, chamadas de inter-turno
e amostras pertencentes a uma série de ensaios produzidos no mesmo turno,
chamadas de intra-turno. Dessa forma, seria possível identificar algum tipo de padrão
no qual um turno tem tendência de medição quando comparado ao turno seguinte.
Essa possibilidade é razoável, uma vez que na passagem de turnos os parâmetros do
controle da aplicação de tinta não mudam. Portanto, o turno seguinte deveria
encontrar um valor parecido com o valor da última amostra, ensaiada pelo turno
anterior. Um exemplo do que foi descrito acima está disposto na figura 36 que
representa graficamente a situação de amostras inter-turno e intra-turno, na qual
existe tendência de medição entre os turnos A e C. No exemplo proposto o turno C
mede a cima do valor real e o turno A mede corretamente.
FIGURA 36 – PRESUPOSTO DE TENDÊNCIA DE MEDIÇÃO ENTRE O TURNO A E C
FONTE: O Autor (2016).
O movimento oscilante das amostras demonstra como cada turno recebe uma
amostra do turno anterior e encontra um valor muito acima ou abaixo do valor alvo de
camada. Perante isso, os parâmetros de aplicação de tinta são alterados para que a
espessura entre em uma faixa confortável de trabalho (valores intra-turno turno).
Assim que existe a troca de turno, o turno seguinte, que mede diferentemente do turno
anterior, percebe o valor fora da faixa confortável de trabalho e pede ajuste novamente
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83
de camada para que o valor entre na faixa. Então, essa dinâmica se repete
continuamente.
Por meio da análise dos dados, foi possível produzir histogramas com
frequências de espessura de camada encontras por cada turno, medindo face inferior
e face superior para valores inter e intra-turno. Um exemplo do grupo de histogramas
produzido pela equipe pode ser visualizado na figura 37, o mesmo foi reproduzido
para todos os turnos.
FIGURA 37– EXEMPLO DE HISTOGRAMA DE CAMADA ENCONTRADA PELO ENSAIO DE
GRAVIMETRIA
FONTE: O Autor (2016).
Bloco Freqüência
3,6 0
3,8 1
4 1
4,2 10
4,4 12
4,6 25
4,8 21
5 15
5,2 17
5,4 15
5,6 3
5,8 10
6 7
6,2 2
6,4 0
6,6 0
6,8 0 Inter OS Inter MS
7 1 Média 4,887429 4,891857
Mais 0 DesvPad 0,539776 0,543703
Total 140
0
5
10
15
20
25
30
3,6
3,8 4
4,2
4,4
4,6
4,8 5
5,2
5,4
5,6
5,8 6
6,2
6,4
6,6
6,8 7
Ma
is
Fre
qü
ên
cia
Bloco
Inter Turno FACE SUPERIOR
Freqüência
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84
FIGURA 38 – EXEMPLO DE HISTOGRAMA DE CAMADA ENCONTRADA PELO ENSAIO DE
GRAVIMETRIA PARA MEDIDAS DIVERSAS (SUPERIOR, INFERIOR, INTRA E INTER TURNO)
FONTE: O Autor (2016).
Diante de tantos histogramas, a equipe encontrou dificuldade para analisar 24
gráficos e detectar tendências de medição de forma sucinta por meio de comparações
visuais. Novamente a equipe utilizou a técnica estatística para comparação entre
grupos amostrais denominada ANOVA. No teste de análise de variância a equipe
compreendeu que era relevante realizar os seguintes testes:
Para primer 1 e 2, individualmente:
o Existe tendência de medição para valores de camada encontrados entre
os quatro turnos que a empresa tem?
o Existe tendência de medição entre valores de camada de face superior
e inferior?
4.3.9.1. Resultados
Ao realizar os testes de ANOVA para medição tendenciosa de valores de
camada encontrados entre os turnos, encontrou-se os seguintes resultados para o
primer 2.
Bloco Freqüência Bloco Freqüência Bloco Freqüência
3,6 0 3,6 0 3,6 0
3,8 1 3,8 1 3,8 2
4 1 4 1 4 2
4,2 10 4,2 9 4,2 19
4,4 12 4,4 12 4,4 24
4,6 25 4,6 21 4,6 46
4,8 21 4,8 17 4,8 38
5 15 5 15 5 30
5,2 17 5,2 17 5,2 34
5,4 15 5,4 9 5,4 24
5,6 3 5,6 10 5,6 13
5,8 10 5,8 3 5,8 13
6 7 6 4 6 11
6,2 2 6,2 0 6,2 2
6,4 0 6,4 1 6,4 1
6,6 0 6,6 1 6,6 1
6,8 0 Inter OS Inter MS 6,8 0 Inter OI Inter MI 6,8 0 Agregado
7 1 4,887429 4,891857 7 1 4,858689 4,889836 7 2 4,882481
Mais 0 0,539776 0,543703 Mais 0 0,524492 0,559364 Mais 0 0,538998
140 122 262
Bloco Freqüência Bloco Freqüência Bloco Freqüência
3,6 3 3,6 4 3,6 7
3,8 1 3,8 2 3,8 3
4 4 4 7 4 11
4,2 14 4,2 11 4,2 25
4,4 24 4,4 26 4,4 50
4,6 35 4,6 46 4,6 81
4,8 63 4,8 57 4,8 120
5 37 5 43 5 80
5,2 39 5,2 17 5,2 56
5,4 19 5,4 18 5,4 37
5,6 13 5,6 9 5,6 22
5,8 10 5,8 5 5,8 15
6 8 6 0 6 8
6,2 2 6,2 1 6,2 3
6,4 0 6,4 4 6,4 4
6,6 0 6,6 0 6,6 0
6,8 0 Intra OS Intra MS 6,8 0 Intra OI Intra MI 6,8 0 Agregado
7 0 4,891667 4,834855 7 0 4,784016 4,756614 7 0 4,818717
Mais 4 0,558251 0,559787 Mais 4 0,593914 0,589995 Mais 8 0,575727
276 254 530
792,00
1102,00
0
5
10
15
20
25
30
3,6
3,8 4
4,2
4,4
4,6
4,8 5
5,2
5,4
5,6
5,8 6
6,2
6,4
6,6
6,8 7
Ma
is
Fre
qü
ên
cia
Bloco
Inter Turno SUPERIOR
Freqüência
0
5
10
15
20
25
3,6
3,8 4
4,2
4,4
4,6
4,8 5
5,2
5,4
5,6
5,8 6
6,2
6,4
6,6
6,8 7
Ma
is
Fre
qü
ên
cia
Bloco
Inter Turno INFERIOR
Freqüência
0
10
20
30
40
50
60
70
3,6
3,8 4
4,2
4,4
4,6
4,8 5
5,2
5,4
5,6
5,8 6
6,2
6,4
6,6
6,8 7
Ma
is
Fre
qü
ên
cia
Bloco
Intra Turno SUPERIOR
Freqüência
0
10
20
30
40
50
60
3,6
3,8 4
4,2
4,4
4,6
4,8 5
5,2
5,4
5,6
5,8 6
6,2
6,4
6,6
6,8 7
Ma
is
Fre
qü
ên
cia
Bloco
Intra Turno INFERIOR
Freqüência
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
3,6
3,8 4
4,2
4,4
4,6
4,8 5
5,2
5,4
5,6
5,8 6
6,2
6,4
6,6
6,8 7
Ma
is
Fre
qü
ên
cia
Bloco
Inter Turno Total (S+I)
Freqüência
0
20
40
60
80
100
120
140
3,6
3,8 4
4,2
4,4
4,6
4,8 5
5,2
5,4
5,6
5,8 6
6,2
6,4
6,6
6,8 7
Ma
is
Fre
qü
ên
cia
Bloco
Intra Turno (S+I)
Freqüência
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85
QUADRO 5 – RESULTADO DOS TESTES DE ANOVA PARA DIFERENÇA ENTRE TURNOS
A, B, C e D PARA O PRIMER 2
Primer 2
AxBxCxD (H1 ou H0)
Superior Inferior Agregado
Inter 1 1 1
Intra 0 1 0
AxBxCxD (P-valor)
Superior Inferior Agregado
Inter 0,0011 0,029 0,00001
Intra 0,059 0,0029 0,06
FONTE: O Autor (2016).
No quadro 5 os valores 1 ou 0 representam o resultado do teste, 1 caso exista
diferença significativa entre os grupos e 0 caso não exista diferença significativa entre
os grupos. Nas linhas inferiores do quadros de teste de ANOVA, o P-valor encontrado
para cada teste é exibido, demonstrando o nível de aceitação da hipótese.
Interpretando os resultados, é possível verificar grande evidência para aceitar
a hipótese que existe diferença de média de camada verificada nas trocas de turno
entre as equipes de trabalho (inter-turno). Isso se confirma observando os resultados
para face superior, inferior, assim como considerando os dois grupos juntamente,
representado pelo agregado. Na situação de medidas intra-turno, há grande evidência
para aceitar a hipótese que existe diferença de média de camada de face inferior
encontrada por diferentes equipes de trabalho. Apesar do mesmo não ocorrer para a
comparação da face superior e no agregado, ambos os testes quase obtiveram o P-
valor que aceita H1, que é de 0,05.
O mesmo foi realizado para o primer 1, com os seguintes resultados.
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86
QUADRO 6 – RESULTADO DOS TESTES DE ANOVA PARA DIFERENÇA ENTRE
TURNOS A, B, C e D DE PRIMER 1
Primer 1
AxBxCxD (H1 ou H0)
Superior Inferior Agregado
Inter 0 1 1
Intra 1 1 1
AxBxCxD (P-valor)
Superior Inferior Agregado
Inter 0,1 0,006 0,0047
Intra 0,0000002 0,0000002 5,59E-14
FONTE: O Autor (2016).
Interpretando os resultados, é possível verificar grande evidência para aceitar
a hipótese que existe diferença de média de camada verificada nas trocas de turno
entre as equipes de trabalho (inter-turno). Isso se confirma observando os resultados
para face, inferior e no agregado, porém H1 é rejeitada para amostras de face
superior. Na situação de medidas intra-turno, há grande evidência para aceitar a
hipótese que existe diferença de média de camada de face inferior medida entre as
equipes de trabalho, com valores de P-valor extremamente pequenos, evidenciando
a diferença entre as médias dos turnos.
Diante dos resultados dos testes para os dois tipos de primers é possível inferir
que, possivelmente, as equipes de trabalho estejam utilizando técnicas de decapagem
diferentes na maioria das amostras, refletindo em uma diferença considerável do
resultado do ensaio e, consequentemente, aumentando o desvio padrão do processo
devido às correções subsequentes dos parâmetros de aplicação do primer.
4.3.9.2. Tendência de camada da face superior e inferior
Ao realizar os testes de ANOVA para medição tendenciosa de valores de
camada de face superior e inferior, encontrou-se os seguintes resultados para o primer
2.
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87
QUADRO 7 – RESULTADO DOS TESTES DE ANOVA PARA DIFERENÇA ENTRE
FACE SUPERIOR E INFERIOR PRIMER 2
Primer 2
Superior x Inferior (H1 ou H0)
Inter Intra
A 1 1
B 1 1
C 1 1
D 1 1
Superior x Inferior (P-valor)
Inter Intra
A 0,003 0,0022
B 0,0007 0,011
C 0,000002 0,000003
D 0,000003 3,51E-12
FONTE: O Autor (2016).
Interpretando os resultados, é possível perceber que para todos os turnos
existe diferença significativa entre média dos valores de camada de face superior e
inferir, para amostras tanto inter-turno quanto para amostras intra-turno.
O mesmo teste foi realizado para o primer 1 e os seguintes resultados foram
encontrados:
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88
QUADRO 8 – RESULTADO DOS TESTES DE ANOVA PARA DIFERENÇA ENTRE
FACE SUPERIOR E INFERIOR PRIMER 1
Primer 1
Superior x Inferior (H1 ou H0)
Inter Intra
A 0 0
B 0 0
C 1 0
D 0 0
Superior x Inferior (P-valor)
Inter Intra
A 0,81 0,06
B 0,34 0,11
C 0,046 0,17
D 0,140 0,18
FONTE: O Autor (2016).
Interpretando os resultados, pode-se dizer que não existe diferença entre o
valor de camada de primer 1 encontrado pelas equipes de trabalho, com exceção a
equipe de trabalho do turno C ao realizar o teste para amostras inter-turno.
Ao tentar encontrar explicação para os resultados encontrados, uma hipótese
pode ser avaliada. Ao realizar o ensaio de decapagem em amostras que possuem
primer nas faces superior e inferior, o laboratorista tem a opção de utilizar o Guko para
a decapagem da face superior e, novamente, utilizar o Guko para a decapagem da
face inferior. Em contrapartida, o laboratorista pode utilizaro Guko para a decapagem
da face superior, mas em seguida ele tem a opção de mergulhar a amostra
diretamente no béquer para decapagem da face remanescente, a inferior. A segunda
opção descrita é mais interessante em questões de facilidade e rapidez do ensaio.
Existe uma grande possibilidade evidenciada pelo teste de ANOVA em conjunto com
os resultados do experimento descrito na seção 4.3.7 que a segunda opção descrita
acima esteja sendo utilizada pelo laboratório por todas as equipes de trabalho. Isso
faria com que a média de camada de primer da face inferior fosse maior que média
da face superior.
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89
As médias dos valores de camada para face inferior e superior para primer 2 e
1, respectivamente, podem ser observadas pelos gráficos 19 e 20, fortalecendo a
aceitação da hipótese citada anteriormente.
GRÁFICO 19 – MÉDIA DE CAMADA INFERIOR E SUPERIOR ENCONTRADA PARA O
PRIMER 2
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 20 – MÉDIA DE CAMADA INFERIOR E SUPERIOR ENCONTRADA PARA O
PRIMER 1
FONTE: O Autor (2016).
4.30
4.40
4.50
4.60
4.70
4.80
4.90
5.00
5.10
Sup Inter Sup Intra Inf Inter Inf Intra
µm
Diferença de camada SUP x INF e Diferença de camada LO x LM
Primer 2
LO
LM
4.30
4.40
4.50
4.60
4.70
4.80
4.90
5.00
5.10
Sup Inter Sup Intra Inf Inter Inf Intra
µm
Diferença de camada SUP x INF e Diferença de camada LO x LM
Primer 1
LO
LM
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90
Dessa forma, fica evidente a necessidade de readequação da metodologia de
ensaio de altura de camada de primer.
4.4. DEFINIÇÃO DAS AÇÕES
O projeto de redução de custos com tintas abriu várias frentes de pesquisa e
investigação. Por meio das análises foi possível entender aspectos relacionados à
economia com tintas e agir em prol do objetivo. Perante os resultados a equipe
percebeu a necessidade de criar, manter e alterar ferramentas de monitoramento para
auxílio no gerenciamento de ações capazes de reduzir o consumo de tintas.
Ficou muito clara a necessidade de economizar nas tintas mais utilizadas pela
linha de pintura e que apresentam anomalias que impactam no consumo. As tintas de
acabamento 1 e 2 poderiam ter suas médias de camada reduzidas. A tinta de
acabamento 4 apresentou complicações técnicas para concordância com o padrão de
cor, por isso foi necessária a aplicação de espessura de camada superior ao padrão,
fazendo com que seu consumo fosse tão ruim. O desempenho dessa tinta poderia ser
melhorado por meio de tratativa imediata com o fornecedor de tintas. Possibilidades
de estabilização do desempenho do primer 1 também foram encontradas no intuito de
diminuir a camada média de aplicação.
As ferramentas criadas foram:
Gráfico de consumo real x consumo esperado;
Ferramentas de gestão a vista para operadores;
Aplicativo de gerenciamento do consumo para o staff da linha de pintura.
As ferramentas já existentes e mantidas que tem o poder de auxiliar na redução
de custos com tintas são:
Relatórios de não-conformidade;
Planilha de consumo de tintas;
Discussão sobre consumo de tintas diário durante reunião matinal;
Calibração periódica do DJH.
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91
Por fim, as ações de alteração em ferramentas e também mudança de atitude
da equipe foram:
Mudança da técnica de ensaio de gravimetria, padronizando o uso do
Guko em todas as situações;
Comprometimento total com relatórios de não-conformidade
relacionadas a tintas por parte da empresa e fornecedor de tintas;
Mudança dos limites superior e inferior de controle das cartas CEP de
acabamento e primer;
Treinamento intensivo com os operadores sobre preenchimento da
carta CEP;
Comprometimento em manter o DJH calibrado e em utilização, evitando
a substituição do método de medição de camada de acabamento pelo
Took Gauge;
Utilização da planilha de consumo de tintas como ferramenta de
monitoramento.
Orientação com operadores do coater e inspeção sobre necessidade de
economia com tintas.
4.5. EXECUÇÃO DAS AÇÕES
4.5.1. Ferramentas criadas
Gráfico de consumo real x consumo esperado
Os gráficos de comparação entre o consumo real e o consumo esperado
segundo a média de camada aplicada das tintas mais utilizadas na linha de pintura,
utilizada na análise da seção 4.3.5, passaram a servir como ferramenta de apoio da
equipe. Com o monitoramento mês a mês dos gráficos foi possível perceber
comportamentos anormais de algumas tintas e verificar a eficácia das ações tomadas
posteriormente. Essa ferramenta foi criada no mês de dezembro de 2015.
Um exemplo do gráfico atualizado para a tinta acabamento 3 pode ser
visualizado no gráfico 21.
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92
GRÁFICO 21 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO REAL E ESPERADO AO LONGO DO ANO DE 2015
E 2016 PARA TINTA DE ACABAMENTO 3
FONTE: O Autor (2016).
Ferramentas de gestão à vista para operadores
Um gráfico foi criado para auxiliar os operadores no controle de gastos de
tintas. Esse gráfico mostra a camada média aplicada por cada turno, das tintas mais
utilizadas na linha de pintura. O gráfico compara a média de camada de todos os
turnos dos quatro últimos dias trabalhados por cada equipe. Uma reta foi adicionada
aos gráficos, representando a meta para cada tinta.
Dessa forma, os operadores conseguem ter uma visão geral do quanto ainda
é possível economizar comparado o desempenho de sua equipe ao de outras e
também em relação à meta estabelecida pela gerência. A ferramenta de gestão à vista
foi implantada em janeiro de 2016.
Um exemplo dos gráficos que são exibidos para a operação na sala de
inspeção da linha de pintura pode ser observado na figura 39, que traz um exemplo
da ferramenta gestão à vista do mês de abril de 2016. O gráfico mostra a camada
média por turno das 5 tintas de maior volume do ano e a sexta tinta mais frequente
em volume do mês. Ao final, o consumo acumulado ao longo do mês é exibido para
controle da equipe.
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93
FIGURA 39 – EXEMPLO DA FERRAMENTA GESTÃO À VISTA PARA OS INSPETORES
CONTROLAREM A ECONOMIA DE TINTAS
FONTE: A equipe da linha de pintura (2016).
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94
Aplicativo de gerenciamento do consumo de tintas para o staff da linha
de pintura
O aplicativo que gera os gráficos da ferramenta de gestão à vista para os
operadores é o mesmo aplicativo utilizado pelo staff para o controle e gerenciamento
do consumo de tintas da linha de pintura. A ferramenta é capaz de gerar gráficos de
controle individuais para cada tinta, servido como instrumento de comparação com o
consumo diário de cada tinta discutido nas reuniões matutinas.
4.5.2. Ferramentas existentes mantidas
Reatório de não-conformidade
Os relatórios de não-conformidade atuam na solução de problemas técnicos de
tintas que impactam na espessura da camada e sólidos por volume. Como visto,
ambos têm grande influência sobre o consumo de tintas.
Planilha de consumo de tintas
A planilha de consumo de tintas tem o registro da quantidade de tinta prevista
e gasta durante o ano todo, para todas as tintas. Essa ferramenta é fundamental para
o controle de gastos com tintas.
Discussão sobre consumo de tintas diário durante reunião matinal
Quando o consumo de tintas passou a ter desempenho ruim antes de 2015, a
equipe da linha de pintura passou a relatar diariamente nas reuniões matinais o
consumo individual das tintas utilizadas no dia anterior. Isso contribuiu muito para a
observação de padrões de consumo que algumas tintas têm e também na
identificação e discussão dos problemas.
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95
Calibração periódica do DJH.
O DJH passou a ter mais atenção em relação à sua calibração e manutenção
a partir do segundo semestre de 2015. Assim, a precisão da leitura de camada
aumentou e passou a ser mais confiável pela equipe da linha de pintura e
departamento de qualidade.
4.5.3. Alterações em ferramentas e mudança de atitude
Mudança da técnica de ensaio de gravimetria, padronizando o uso do
Guko
A técnica de decapagem utilizada no ensaio de espessura de camada de primer
foi padronizada, fazendo com que todos os ensaios fossem realizados com auxílio do
Guko, independentemente da possibilidade de utilização do béquer para a decapagem
ou não. A padronização entrou em vigor a partir do mês de agosto de 2016.
Comprometimento total com os relatórios de não-conformidade
relacionadas a tintas por parte da empresa e fornecedor de tintas
A equipe da linha de pintura, juntamente com o departamento de qualidade
passou a ter uma postura mais incisiva com relação ao não atendimento dos relatórios
de não-conformidade por parte do fornecedor. Somente através da correção técnica
das propriedades químicas que garantem o atendimento da tinta aos seus padrões
seria possível manter a camada de tinta conforme especificação juntamente da
economia esperada.
Mudança dos limites superior e inferior de controle das cartas CEP de
acabamento e primer
A carta CEP teve seus limites de controle alterados a partir do janeiro de 2016
passando a ter valores de limite inferior e superior, respectivamente, de 4,1 e 5,35 μm
para primers e 18,1 e 19,7 para tintas de acabamento.
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96
Treinamento intensivo com os operadores sobre preenchimento da carta
CEP
Durante a implantação das cartas CEP, os operadores tiveram certa dificuldade
de trabalhar com o sistema para lançar os registros de camada e viscosidade. Frente
a isso, a equipe foi treinada pelo departamento de qualidade e ajustes foram feitos
para facilitar a usabilidade do sistema. O treinamento também serviu para ressaltar a
importância e riqueza da ferramenta para a operação da linha de pintura.
Comprometimento total em manter o DJH calibrado e em utilização,
evitando a substituição do método de medição de acabamento para o
Took Gauge
A equipe realizou um trabalho de concientização com o operadores da
inspeção a respeito da importância em manter o DJH ativo e calibrado. A equipe de
inspetores foi informada de que sempre que o DJH apresentar problemas e necessitar
de calibração não periódica o departamento de qualidade deve ser chamado e o staff
da linha de pintura deve ser avisado.
Utilização da planilha de consumo de tintas como ferramenta de
monitoramento
A planilha de consumo de tintas mensal era utilizada para realizar o lançamento
dos consumos de tintas para controlar o indicador final do mês e ano, assim como
reportar ao departamento financeiro sobre as quantidades gastas de cada tinta. A
equipe mantinha uma planilha com o consumo acumulado anual, porém sem analisar
as informações contídas nela. Utilizando essa planilha, foi possível criar ferramentas
gráficas que permitem a detecção de oportunidades de melhoria com economia de
tintas. As figura 40 demonstra o pequeno poder de análise que a planilha
proporcionava antes das alterações gráficas feitas na mesma. A figura 41 exibe como
a ferramenta é utilizada atualmente.
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97
FIGURA 40 – PLANILHA DE CONSUMO ANUAL ANTES DAS ALTERAÇÕES GRÁFICAS
FONTE: A equipe da linha de pintura
FIGURA 41 – PLANILHA DE CONSUMO ANUAL DEPOIS DAS ALTERAÇÕES GRÁFICAS
FONTE: O Autor (2016).
Orientação com operadores sobre a necessidade de economia com
tintas
A equipe foi orientada pelo pessoal do staff da linha de pintura sobre a
necessidade de economizar com o consumo de tintas. Os inspetores receberam
orientações para manter os valores de espessura de camada sempre próximos ao
limite inferior de controle. A equipe insistiu para que esse objetivo fizesse parte do dia
a dia dos inspetores, para que eles se sentissem responsáveis pelo desempenho do
indicador de consumo de tintas.
![Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ FÁBIO LUTGENS DE SOUZA - UFPR · no intuito de determinar o método mais adequado e diminuir o consumo de tinta ... observar diversas fontes de problemas](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052517/5bf28c0009d3f2a65c8b74ff/html5/thumbnails/98.jpg)
98
4.6. VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DAS AÇÕES
O projeto de controle e economia do consumo de tintas teve início em
novembro de 2015. Muitas das ações que proporcionaram melhora no indicador de
consumo foram implantadas em dezembro. Portanto, para efeito de comparação, o
período pós-ações foi considerado de dezembro de 2015 a julho de 2016, totalizando
oito meses, e o período que antecedeu as ações foi considerado de igual tamanho e
mais recente possível, portanto de abril a novembro de 2015.
O gráfico 22 exibe o indicador de desempenho dos anos de 2015 e 2016. É
possível visualizar que o desempenho do consumo melhorou a partir do final do ano
de 2015.
GRÁFICO 22 – DESEMPENHO DO INDICADOR DE CONSUMO ANTES E DEPOIS DAS AÇÕES
FONTE: O Autor (2016).
Por meio da ferramenta gráfica criada na planilha anual de consumo de tintas
é possível perceber a economia gerada pelas ações do projeto no ano de 2016. O
consumo das tintas de maior volume aumentou, tendo desempenhos expressivos com
as tintas:
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99
Primer 1;
Acabamento 1;
Acabamento 2.
Acabamento 3;
Acabamento 4;
Isso pode ser confirmado comparando o consumo anual das tintas mais
utilizadas da linha de pintura em 2015 e 2016. O quadro 9 exibe o ganho em consumo
obtido após a instauração das ações.
QUADRO 9 – COMPARAÇÃO INDIVIDUAL DO CONSUMO DAS PRINCIPAIS TINTAS DA LINHA DE
PINTURA DE 2015 E 2016
FONTE: O Autor (2016).
É possóvel confirmar a eficácia das ações tomadas através de uma das
ferramentas de comparação criadas pela equipe, o gráfico de consumo esperado e
rendimendo real. Analisando individualmente cada tinta, é observada uma leve
diminuição da camada média aplicada em algumas tintas como as tintas de
acabamento 3, 1 e 4. Os gráficos 23 ao 28 exibem o desempenho do consumo das
tintas mais utilizadas da linha da pintura antes e após as ações.
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100
GRÁFICO 23 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO REAL E ESPERADO AO LONGO DO ANO DE 2015
E 2016 PARA A TINTA PRIMER 2
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 24 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO REAL E ESPERADO AO LONGO DO ANO DE 2015
E 2016 PARA A TINTA PRIMER 1
FONTE: O Autor (2016).
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101
GRÁFICO 25 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO REAL E ESPERADO AO LONGO DO ANO DE 2015
E 2016 PARA A TINTA DE ACABAMENTO 2
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 26 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO REAL E ESPERADO AO LONGO DO ANO DE 2015
E 2016 PARA A TINTA DE ACABAMENTO 1
FONTE: O Autor (2016).
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102
GRÁFICO 27 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO REAL E ESPERADO AO LONGO DO ANO DE 2015
E 2016 PARA A TINTA DE ACABAMENTO 3
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 28 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO REAL E ESPERADO AO LONGO DO ANO DE 2015
E 2016 PARA A TINTA DE ACABAMENTO 4
FONTE: O Autor (2016).
Diante dos gráficos, é difícil saber qual foi o ganho médio de cada período,
Portanto, os pontos de cada mês foram agrupados, formando a média do consumo
esperado e real antes e depois das ações. O gráfico 29 exibe a diferença de camada
média aplicada entre os períodos e em seguida o gráfico 30 mostra a diferença do
consumo real no mesmo período.
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103
GRÁFICO 29 – COMPARAÇÃO DA CAMADA MÉDIA APLICADA DAS TOP 6 CORES ANTES
E DEPOIS DAS AÇÕES
FONTE: O Autor (2016).
GRÁFICO 29 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO REAL DAS TOP 6 CORES ANTES E DEPOIS
DAS AÇÕES
FONTE: O Autor (2016).
4.7. PADRONIZAÇÃO
A Padronização das ações ocorreu utilizando as seguintes ferramentas:
Gráficos de gestão a vista: ferramenta de auxílio diário dos operadores para
controle de espessura de camada;
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104
Cartas CEP: os inspetores de qualidade precisam realizar o preenchimento das
cartas, agora com os limites de controle reajustados;
Acompanhamento mensal do gráfico de consumo real e esperado das cinco
tintas mais utilizadas na linha de pintura;
Utilização da pontuação dos fornecedores gerada pelos relatórios de não-
conformidade para controle da assertividade das ações do fornecedor de tintas.
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105
5. CONCLUSÃO
Com a competição pelo mercado de aço pré-pintado tão acirrada devido à crise
política e econômica dos anos de 2015 e 2016, e o excesso de oferta de aço no
mundo, majoritariamente influenciada pelos estoques da gigante mundial do aço a
China, é de grande importância que hajam esforços para reduzir custos para garantir
a sobrevivência da empresa frente aos competidores. “Ninguém ganha mercado
pisando no freio. “A crise incentiva à eficiência e seleciona quem fica e quem
desaparece do mercado”, a frase de José Galló (Época Negócios, 2014), presidente
de uma grande empresa brasileira, define bem qual a estratégia que deve ser tomada
pelas empresas para continuar no mercado. A melhoria contínua é capaz de
proporcionar uma saída para permanecer competitivo em tempos de crise.
Por meio da metodologia MASP foi possível identificar as seis tintas de maior
volume de produção na pintura do aço pré-pintado e observar seus consumos reais
ao longo do ano de 2015. A partir disso, variáveis importantes do processo de
aplicação de tintas em coil coating e medicão de camada foram estudadas pelo
projeto.
Na análise do problema, as possíveis causas abordadas foram analisadas uma
a uma. Verificou-se a representabilidade das amostras retiradas da linha de produção.
Diferentes métodos de medição de camada foram utilizados para medir as mesmas
amostras, mostrando que os métodos DJH e gravimetria eram os mais precisos.
Gráficos de comparação entre o consumo real e esperado segundo camada registrada
foram criados, proporcionando o entendimento de quais tintas representavam
comportamento anormal. O impacto do teor de sólidos por volume foi levado em
consideração, mostrando que a correção pelo seu valor real influenciaria pouco na
correção do consumo real e com comportamento ainda mais errôneo para o primer 1.
Em seguida, o ensaio de gravimetria foi exposto a um experimento para identificar
possíveis erros no método. Por meio do experimento, foi possível notar que o primer
2 sofre grande variação de resposta dependendo da técnica de decapagem de primer
utilizada no momento do ensaio. A densidade seca dos primers 1 e 2 foram analisadas
experimentalmente através do método da película, porém os resultados não foram
suficientes e um método alternativo foi proposto para a determinação da densidade
seca, porém não executado.
![Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ FÁBIO LUTGENS DE SOUZA - UFPR · no intuito de determinar o método mais adequado e diminuir o consumo de tinta ... observar diversas fontes de problemas](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052517/5bf28c0009d3f2a65c8b74ff/html5/thumbnails/106.jpg)
106
Por fim, a tendência de medição de camada de primer, segundo ensaio de
gravimetria, foi analisada a partir da análise de variância dos registros de camada de
produção. Por meio da ANOVA foi possível identificar que os resultados de camada
estavam sendo influenciados pela equipe de trabalho que realizava o ensaio e tipo de
primer, evidenciando a necessidade de padronizar a técnica de decapagem do ensaio
de gravimetria.
As análises mostraram a importância de controlar o consumo das tintas mais
utilizadas na empresa e corrigir os desvios do ensaio de gravimetria. Para isso,
gráficos de controle de consumo real e esperado foram elaborados para a série
histórica de 2015 e atualizados a cada mês. Essa ferramenta foi capaz de mostrar
comportamentos anormais das tintas mais utilizadas e comparar o consumo esperado
e real do passado e após o início do projeto. Um relatório mensal foi adotado para que
a equipe da linha de pintura e qualidade ficassem a par do consumo de tintas. Por
meio dos gráficos criados, o staff da linha de pintura foi capaz de definir metas de
média de camada para cada tinta e orientar a equipe de trabalho para que a camada
de tinta fosse controlada com mais vigor.
Após a descoberta da influência das diferentes técnicas de decapagem, uma
reunião com as equipes da qualidade e laboratório foi convocada para mostrar os
resultados das análises e padronizar o método de ensaio de camada de primer. O
departamento da qualidade autorizou a diminuição dos limites de controle das
camadas de primer e tinta de acabamento. Nenhuma reclamação de clientes a
respeito de camada de tinta baixa foi registrada antes do início das ações e, após as
alterações, o registro de reclamações continuou nulo.
Por meio dos resultados das análises do projeto foi possível entender mais
sobre o processo de pintura e medição de espessura de camada de tinta. Os trabalhos
de pesquisa possibilitaram uma profundidade maior das atividades realizadas na linha
de pintura garantindo as especificações do produto e gerando economia para a
empresa.
O projeto de redução de consumo de tintas foi capaz de colocar o indicador de
consumo, que teve um desempenho ruim por muito tempo, em patamares nunca
alcançados antes. Atualmente o consumo de tintas está estabilizado em um
desempenho superior ao estipulado pela gerência. A redução do consumo de tintas
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possibilitou uma economia de mais de R$ 1 milhão de reais em um período 8 meses
de ações.
O projeto quebrou muitos paradigmas e mitos existentes, em particular a
respeito dos equipamentos e métodos de medição de camada de tinta. É importante
ressaltar a aproximação da linha de pintura e departamento de qualidade e laboratório
da empresa, assim como um alinhamento das relações entre o staff da linha de pintura
com a equipe de operação da mesma e o fornecedor de tintas.
Claramente, o projeto foi muito positivo em relação à solução do problema de
consumo de tintas, gerando economia para a organização, assim como
proporcionando maior conhecimento técnico sobre o processo de pintura contínua em
aço plano.
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6. TRABALHOS FUTUROS
Sugere-se que a equipe da empresa do estudo de caso continue com os
estudos de densidade seca dos primers para que esse valor seja obtido por meio de
outros métodos experimentais. Caso isso aconteça, a assertividade desse valor é
capaz de gerar o encontro dos valores de consumo real e consumo esperado,
possibilitando maior controle e redução do consumo dessas tintas.
Outra necessidade que o projeto identificou foi a falta de acesso e
confiabilidade dos estudos de repetitividade e reprodutibilidade dos ensaios de
gravimetria e DJH. Segundo o departamento de qualidade, tal estudo foi feito há anos
atrás para o atendimento de uma norma de qualidade. Com as alterações na
metodologia de ensaio de gravimetria, é interessante realizar o estudo para entender
qual o impacto que as mudanças geraram em variabilidade no ensaio e comparar com
resultados antigos.
A equipe da empresa acredita que a compra de viscosímetros para análise on
time da viscosidade das tintas em processo pode aumentar a capabilidade do
processo, mantendo seus valores praticamente fixos em níveis de viscosidade ideais.
Isso iria diminuir ainda mais a variabilidade gerada por causa comum no processo.
Para tanto, é necessário realizar um estudo de retorno de investimento, haja vista o
preço elevado e vasta gama de viscosímetros existentes no mercado.
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