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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC CNPq e PIBIC UFPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : Fevereiro/2010 a Agosto/2010 ( ) PARCIAL (X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: As Relações Raciais e a Escola no Estado Pará: análise dos processos escolares, no âmbito dos novos marcos legais”. Nome do Orientador: Wilma de Nazaré Baía Coelho Titulação do Orientador: Doutorado Faculdade de Ciências da Educação Pedagogia. Unidade: Instituto de Ciências da Educação ICED. Título do Plano de Trabalho: A Educação Fundamental Privada e a formação para a diversidade étnico-racial representações de alunos de 7ª séries de duas escolas privadas sobre o Brasil e a diversidade” Nome do Bolsista: FELIPE LEONARDO TEIXEIRA DE ANDRADE Tipo de Bolsa: (X) CNPq ( ) PIBIC/UFPA ( )PARD/UFPA 2010 - Renovação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –

PIBIC CNPq e PIBIC UFPA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Período : Fevereiro/2010 a Agosto/2010

( ) PARCIAL

(X) FINAL

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do Projeto de Pesquisa:

“As Relações Raciais e a Escola no Estado Pará: análise dos processos escolares, no

âmbito dos novos marcos legais”.

Nome do Orientador: Wilma de Nazaré Baía Coelho

Titulação do Orientador: Doutorado

Faculdade de Ciências da Educação – Pedagogia.

Unidade: Instituto de Ciências da Educação – ICED.

Título do Plano de Trabalho: “A Educação Fundamental Privada e a formação para a

diversidade étnico-racial – representações de alunos de 7ª séries de duas escolas

privadas sobre o Brasil e a diversidade”

Nome do Bolsista: FELIPE LEONARDO TEIXEIRA DE ANDRADE

Tipo de Bolsa: (X) CNPq

( ) PIBIC/UFPA

( )PARD/UFPA – 2010 - Renovação

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Sumário

1. Introdução...........................................................................................3

2. Justificativa..........................................................................................4

3. Objetivos (geral e específicos)............................................................5

4. Materiais e métodos............................................................................6

5. Resultados............................................................................................8

6. Publicações..........................................................................................18

7. Conclusão............................................................................................19

8. Referências bibliográficas..................................................................21

9. Dificuldades.........................................................................................22

10. Parecer do orientador.........................................................................23

11. Anexo...................................................................................................24

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1. Introdução

Neste relatório final, na apresentação dos resultados, dá conta do objetivo geral

do plano de trabalho: investigar as representações que os alunos da 7ª série do Ensino

Fundamental, de duas escolas particulares da região metropolitana de Belém, as Escolas

A e B, têm sobre o Brasil e sua diversidade étnico-racial. Assim, retomamos, em linhas

gerais, os resultados apresentados no relatório parcial e os complementamos com os

avanços conseguidos neste relatório final. Aquele relatório preocupou-se em tratar do

planejamento escolar e a relação com a Lei nº 10.639/2003, a partir dos documentos

escolares das escolas investigadas, bem como levando em conta as atividades didáticas,

perceber quais as representações dos alunos da 7ª série sobre a diversidade étnico-racial

da sociedade brasileira. Neste relatório, apresenta-se o perfil sócio-econômico cultural

dos alunos e professores, com os dados obtidos por meio da aplicação do questionário

sócio-econômico, e a observação não-participante da prática pedagógica nas aulas de

História da Escola A1.

Ambas as escolas ficam localizadas na região metropolitana de Belém. A Escola

A no bairro do Distrito Industrial, localizado no município de Ananindeua, é uma região

periférica, marcada pela pouca oferta de serviços básicos como saneamento,

asfaltamento ou transporte público, com forte influência da criminalidade e da

violência. Enquanto que a Escola B, em Nazaré, no município de Belém, está alocada

no centro da cidade, em um bairro de classe média alta, no qual há o oferecimento de

forma adequada de todos os serviços públicos, do saneamento ao transporte, e a

violência e a criminalidade acabam tendo menor incidência por conta da maior oferta de

segurança pública e privada. Essas são basicamente as diferenças entre as duas escolas

particulares investigadas. Pesquisamos o lugar destas instituições nas avaliações oficiais

da Educação Básica, como IDEB, SAEB, Provinha Brasil e ENEM, mas não

encontramos qualquer dado relativo às escolas.

1 O processo de observações não-participantes da escola em questão foi realizado em conjunto com a

atividade disciplinar de “Prática de Ensino IV”, disciplina ministrada pela coordenadora da pesquisa em

uma turma de Licenciatura e Bacharelado em História da Universidade Federal do Pará. Por conta da

especificidade do trabalho realizado pelos alunos no que concerne ao direcionamento das atividades na

instituição à disciplina de História, não foi possível a realização das mesmas nas outras duas disciplinas

(Língua Portuguesa e Artes), as quais, no entanto, foram contempladas por meio dos outros instrumentos

da pesquisa. Enquanto que, na Escola B, as observações não foram procedidas por conta da

incompatibilidade do calendário escolar e o período de observação na escola, que recaiu nos momentos de

avaliação semestral e efemérides escolares.

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Desta maneira, com o fim de dar conta do objetivo deste plano de trabalho,

utilizamos como referenciais teóricos as formulações de Roger Chartier e Pierre

Bourdieu. De acordo com Chartier (1990; 1991), representação se constitui em uma

leitura, uma forma de ver a realidade, edificada a partir de um contexto sócio-histórico

marcado por contradições e conflitos, que busca construir identidades e distinções que

contribuam com a estigmatização e subalternidade de grupos marginalizados. Por outro

lado, conforme Pierre Bourdieu (1996; 1999; 2000), o campo educacional é uma

instância social estratégica que contribui, ao lado do direito e da mídia, por exemplo,

com a reprodução de uma determinada forma dominante de conceber as relações na

sociedade, o que ele chama de cultura dominante – a partir dessa formulação estrutural,

é que Bourdieu pensa a dinâmica desta cultura nas práticas sociais, a partir de suas

noções conceituais de dominação e violência simbólica.

Assim, este relatório pretende dar conta do objetivo geral do plano de trabalho,

bem como das atividades que ainda não tinham sido objeto de exposição no relatório

parcial, como a observação não-participante e perfil sócio-econômico cultural dos

alunos e professores.

2. Justificativa

As políticas públicas de Ações Afirmativas promovidas pelo Estado Brasileiro,

voltadas para a questão étnico-racial, datam das duas últimas décadas do século XX.

Entretanto, elas ocorreram por conta das pressões da sociedade civil organizada,

representadas, por um lado, pelo movimento negro, e por outro, pelos intelectuais

negros inseridos nas universidades. Quer pela produção acadêmica, quer pela

mobilização e protesto nas ruas, estes agentes apresentavam a mesma problemática: o

racismo estrutural que orienta as práticas sociais na sociedade brasileira. Requerendo a

mesma solução: políticas públicas que combatessem o racismo em setores estratégicos

da sociedade brasileira, como o mercado de trabalho e o campo educacional.

É nesse contexto que surge na presente década, o “conjunto jurídico”,

encabeçado pela Lei n° 10. 639/2003, que trata da questão étnico-racial no campo

educacional brasileiro. A Lei regulamenta, em linhas gerais, a veiculação de conteúdos

referentes a História da África e Cultura Afro-Brasileira, nos currículos de todas a

modalidades de ensino da educação brasileira, sobretudo, da Educação Básica, com o

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objetivo afirmar a contribuição africana e de seus descendentes para a construção da

História do Brasil

Nesse sentido, a contribuição desta pesquisa é precisamente avaliar até que

ponto essa legislação tem conseguido adentrar as práticas pedagógicas das escolas. Pois,

sua peculiaridade, reside em investigar as representações dos alunos da 7ª série2 do

Ensino Fundamental tem acerca do Brasil e sua diversidade. Assim, acaba por se

distanciar de outras pesquisas que se restringem a analisar as representações do livro

didático, dos professores, o perfil socioeconômico dos alunos, a violência das escolas e

a indisciplina escolar.

Outra inflexão da pesquisa consiste em não encarar possíveis manifestações de

preconceito, discriminação e racismo no universo escolar como problemáticas

relacionadas ao campo da moral e da ética, como parte da produção acadêmica faz. A

perspectiva adotada é vislumbrá-la com questão de formação, com a qual a escola tem

uma relação direta, bem como de reprodução de constructos ideológicos desfavoráveis

aos negros que estão disseminados no senso comum.

Assim, o que se pretende é considerar a produção/reprodução de determinadas

representações sobre o Brasil e sua diversidade no contexto escolar e quais as

influências que a legislação sobre a questão étnico-racial tem conseguido adentrar nas

práticas pedagógicas das escolas, já que estas são produtoras de representações,

produtoras de leituras sobre elementos que conformam a realidade social na qual as

crianças e adolescentes estão inseridos e com qual interagem.

3. Objetivos (geral e específicos)

Objetivo Geral:

Analisar as representações formuladas pelos alunos que cursam a Sétima Série

do Ensino Fundamental, de forma a avaliar o impacto das práticas instituídas

pela Lei nº. 10.639/03.

Objetivos Específicos:

2 A Lei n° 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 altera conformação do tempo de estudo no Ensino

Fundamental, na qual os alunos adentram mais cedo as séries iniciais, assim que saibam ler e escrever, e

saem mais tarde, nas séries finais do Ensino Fundamental. Neste relatório, trataremos na nomenclatura

antiga.

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Identificar os alunos da Oitava Série do Ensino Fundamental, de duas Escolas da

Rede Privada do município de Belém;

Coletar dados relativos à Educação ofertada em cada uma das escolas

escolhidas, especialmente os concernentes à Educação para a Diversidade

Étnico-Racial;

Observar a prática pedagógica de professores de História e Língua Portuguesa,

das turmas escolhidas;

Aplicar instrumentos de recolhimento de representações formuladas pelos alunos

da Sétima Série do Ensino Fundamental;

Analisar os instrumentos aplicados, de modo a sopesar o impacto da Lei nº

10.639/03.

4. Materiais e métodos

No processo de coleta de dados, utilizaram-se quatro instrumentos de pesquisa:

observação não-participante, atividades didáticas, questionário socioeconômico e

levantamento dos documentos escolares. Discorremos sobre a utilização desses

instrumentos, porém, lembrando que o efetivamente aplicado, para os fins de resultado

deste relatório, foi o levantamento de documentos, os demais, estão em processo de

aplicação e análise dos dados coletados, que serão objeto de exposição no próximo

relatório. Lembramos, ainda, que o encaminhamento teórico-metodológico desta

pesquisa já fora apresentando na introdução deste relatório, a partir das formulações de

Roger Chartier e Pierre Bourdieu.

Desta forma, a observação não-participante é entendida como uma forma de

apreender as práticas educativas que se processam dentro e fora da sala de aula.

Observando-se a dinâmica das relações estabelecidas entre os alunos, os professores e o

corpo técnico, a fim de perceber formações de grupo, interações amistosas ou de

desentendimento, ou mesmo de inclusão e exclusão. Sendo, obviamente, os agentes

escolares esclarecidos previamente sobre o caráter da observação. E o observador não

participa em hipótese alguma das relações que são observadas, é como se fosse um

corpo ausente no campo de pesquisa, ele está lá, mas não participa ou opina nas

atividades e interações estabelecidas no universo escolar (VIANNA, 2003).

As atividades didáticas consistem em questionários abertos com perguntas

diretas, e outras menos lineares, porém, todas são abertas, em que os alunos precisam

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escrever por extenso suas respostas, cujo objetivo é coletar, por meio dessas respostas,

as representações que os estudantes apresentam acerca de raça, etnia, preconceito,

discriminação etc. que estão relacionados à idéia que eles têm do Brasil e sua

diversidade.

Por sua vez, o questionário socioeconômico nos possibilita formular o perfil dos

alunos das instituições pesquisadas. Tal perfil é de fundamental importância para as

pretensões desta pesquisa, pois nos da à oportunidade de saber qual o lugar social que

os alunos da escola ocupam, bem como perceber qual o seu nível econômico, a

escolaridade dos pais e seu acesso de bens culturais entre outras variáveis. Tais aspectos

se configuram como importantes, porque um dos nossos aportes, no caso, Pierre

Bourdieu (1996; 1999; 2000), que para a análise dos processos sociais que ocorrem na

escola, leva em consideração a trajetória e herança familiar, como base importante para

a veiculação de determinados constructos ideológicos e a fundamentação das

desigualdades na escola.

Em seguida, o levantamento dos documentos escolares cujo objetivo é saber

como as escolas planejam suas ações pedagógicas. Este levantamento foi à etapa

investigativa efetivamente concluída da pesquisa, sendo que, os resultados apresentados

mais adiante, se fundamentam nos documentos levantados. Conhecer a estruturação

destes documentos é de fundamental importância, porque são eles que orientam as

práticas pedagógicas da escola. Enquanto os demais instrumentos de pesquisa buscam

apreender essas práticas como processo social, os documentos nos demonstram como

elas foram pensadas previamente, no planejamento escolar.

Finalmente, como referência para o processo de sistematização e organização

dos dados, seguiu-se as orientações de Laurence Bardin (2000), que a partir da análise

do conteúdo, apresenta a categorização ferramenta importante de organização dos

dados, e sua, posterior análise.

5. Resultados

Inicialmente, de forma sumária, retomaremos dois pontos que foram discutidos no

relatório parcial: por um lado, o planejamento escolar e a Lei nº 10.639/2003 por meio

dos documentos escolares das escolas pesquisadas; e por outro, as representações dos

Alunos da 7ª série sobre a diversidade étnico-racial no Brasil, através das atividades

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didáticas. E posteriormente, apresentarmos o perfil sócio-econômico cultural dos alunos

e professores e as observações não-participantes das aulas de História da Escola A.

Em primeiro lugar, os documentos escolares das instituições particulares

investigadas. As escolas desconhecem a legislação que trata da diversidade étnico-racial

na Educação Básica, tendo em vista que este marco legal regulamenta a obrigatoriedade

da veiculação da História da África e da Cultura Afro-Brasileira nos currículos da

Educação Básica, a qual é competência das escolas em questão, por meio do Ensino

Fundamental e Médio. A questão da diversidade étnico-racial não seja uma questão de

relevância para as pretensões educacionais das instituições pesquisadas. O que nos

parece preocupante, porque estabelecimentos que se dedicam a formação de crianças e

adolescentes, não considerar no seu planejamento pedagógico questões relacionadas ao

preconceito, discriminação, racismo, bem como a cultura africana e afro-brasileira, é no

mínimo está subtraindo conteúdos fundamentais para se formar cidadãos que saibam

valorizar e respeitar a diversidade e a diferença presentes na sociedade na qual vivem.

É nesse sentido de formar cidadãos que saibam reconhecer, valorizar e respeitar

a diferença e a diversidade étnico-racial, quer dizer, uma concepção de cidadania que

ultrapasse o binômio direitos-deveres, ou ainda, de formar o cidadão crítico e

participativo, que não tenha conhecimentos e formação para o respeito e valorização da

diversidade cultural, é que os novos marcos legais procuram engendrar, de modo a fazer

com que a educação brasileira seja uma instância que de fato forme as novas gerações

para o respeito ao outro, pois só a partir de tais atributos, conseguiremos formar

cidadãos para uma sociedade efetivamente democrática.

Desse modo, podemos inferir que a representação, de acordo com as reflexões

de Roger Chartier (1990; 1991), que as Escolas A e B acerca do Brasil e de sua

diversidade, a partir dos seus documentos escolares, pauta-se por uma concepção de

cidadania que não vislumbra diversidade étnico-racial que conforma a sociedade

brasileira. Quer dizer, quando se indica como finalidade principal da educação ofertada

nessas instituições educativas, a formação de cidadãos críticos e participativos, não é

referido entre os elementos que constituem essa formação os conhecimentos acerca da

diversidade étnico-cultural na qual é construída a sociedade em que os estudantes

vivem. Por sua vez, o respeito à diversidade e a diferença não estão nos horizontes

formativos almejados pelas escolas pesquisadas, já que as qualificações deste cidadão

que se quer engendrar são pautadas por aspectos genéricos e generalistas, sem deixar

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muito claro, no que diz respeito à consideração adequada em suas práticas sociais da

diversidade cultural que define a sociedade brasileira.

Ao lado disso, não podemos perder de vista, uma pergunta premente: por que,

mesmo com cinco anos de promulgação da Lei 10.639/03, as escolas pesquisadas não

incluíram em seus documentos escolares a legislação que versa sobre a diversidade

étnico-racial na Educação Básica? Uma de nossas hipóteses foi lançada: o

desconhecimento acerca dessa legislação. No entanto, lançamos uma outra, que

consideramos está subjacente a esse processo de desconhecimento: não considerar que

questão da diversidade étnico-racial seja importante, porque já está sendo abordada nas

disciplinas escolares, ou porque não existe preconceito, discriminação e racismo no

contexto escolar.

Nesse sentido, não podemos deixar de aventar como razão explicativa de nossas

hipóteses: o mito da democracia racial3. A partir de uma concepção de cidadania que

não considere a diversidade étnico-racial, pois se considerando que vivemos em uma

sociedade mestiça, na qual todos são iguais, a discussão sobre a temática acaba por

perder o sentido. Ou ainda, que não existe racismo na escola. Ora, se não há essa

problemática na escola, qual seria a função da abordagem da temática, já que todos são

mestiços e, por conseguinte, não a racismo entre iguais. A ausência desta temática nos

documentos escolares pode nos indicar essas reflexões.

Em razão disso, do desconhecimento ou não consideração, os documentos que

organizam as práticas pedagógicas das escolas, segundo o nosso ver, acabam por

reproduzir a cultura dominante: o mito da democracia racial. Conforme as discussões de

Pierre Bourdieu (1996; 1999; 2000), na qual a educação, junto a outros campos sociais,

como o direito e mídia, com o objetivo de reproduzir os constructos ideológicos da

cultura dominante – esses constructos acabam por orientar práticas, se desdobrando em

dominação e violência simbólica, que buscaremos perscrutar por meio das outras etapas

da pesquisa, na aplicação dos instrumentos de pesquisa; por ora, queremos perceber

3 Tal construção ideológica consiste na explicação, fundada na compreensão dos trabalhos de Gilberto

Freyre, em especial, Casa Grande e Senzala (2006), da peculiaridade da formação social brasileira, no

conjunto das demais sociedades que viveram sob o regime da escravidão. Comparado ao caso

estadunidense, que é o caso de comparação clássica, o Brasil tendeu a integração ao invés da segregação

como procedeu nos Estados Unidos. Aliás, é nessa integração, que fora traduzido para a mestiçagem, a

figura de um país mestiço, que alcançou o status de identidade nacional, que se funda a peculiaridade

brasileira. E partir dessa identidade, que se formou a crença de que em um país mestiço não a

possibilidade da existência de racismo; ora, se todos não mestiços, não existem diferenças raciais e,

portanto, não há como cometer ações de preconceito e discriminação relacionadas ao critério racial. É

necessariamente isso que informa a ausência da temática étnico-racial nos documentos da escola.

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como a escola planeja suas ações pedagógicas. Assim, as representações das escolas,

observada em suas concepções de cidadania, acerca do Brasil e sua diversidade, pela

ausência de referências étnico-raciais e da legislação que trata dessa questão na

Educação Básica, acabam por reproduzir, reiteramos pela ausência, a cultura dominante:

uma identidade mestiça (COSTA, 2001; MUNANGA, 2004; SCHWARCZ, 1994).

Em segundo lugar, as atividades didáticas (gráficos 1 a 13). Inicialmente,

destacamos a permanência de uma visão eurocêntrica, já consolidada nas visões de

mundo construídas pelas crianças e adolescentes questionados. O elemento branco

ainda aparece como representação de valores a serem alcançados e/ou conquistados.

Conforme indica Edith Piza (2000), isto pode estar relacionado ao fato de que alguns

valores, assumidos como brancos, ainda constituem os ideais identitários de grande

parte da sociedade brasileira. A Escola e o Saber Escolar mostram-se inoperantes, no

entanto, no sentido de reverter tais expectativas – sugerindo que a tanto a literatura

didática quanto pedagogos e professores trabalham no sentido de reiterar as

compreensões cristalizadas – para o bem e para mal – sobre a sociedade e seus agentes.

Indício forte nesse sentido são as formulações apresentadas sobre as populações

indígenas. Os dados coletados indicam que alunos de uma escola na Amazônia, região

que congrega a maior população indígena do Brasil, concebem o Índio conforme um

conjunto de estereótipos construídos no processo de conquista e dominação daquelas

populações. O Saber Escolar parece não atuar no sentido de reverter essa compreensão

e desenvolver junto aos alunos uma visão que perceba nas populações indígenas agentes

históricos atuantes.

Conforme apontou análise realizada recentemente,

“De maneira geral, as populações indígenas são encaradas como sociedades quase perfeitas, as

quais foram vítimas do processo de civilização, são tomadas como detentores de valores

louváveis, o que evidencia uma visão idílica sobre as populações indígenas. Essas perspectiva

as apreende como vítimas que, ainda hoje, sofrem muitas violências e reclamam seus direitos.

O ser integro, inocente, incorruptível, quase perfeito, que aparece nos livros didáticos surge,

portanto, com um tom de piedade” (COELHO et all, 2010, p. 101).

Da mesma forma que a Escola e o Saber Escolar se mostram eficientes na

manutenção de visões informadas pela apropriação de paradigmas formulados com o

objetivo de tornar branca a população brasileira e ver extirpados os traços ameríndios e

africanos, ambas se mostram habilíssimas na perpetuação das visões que delegam o

Negro ao lugar da subalternidade. As construções discursivas dos alunos sobre o Negro,

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neste segundo instrumento de coleta de dados, evidenciam a compreensão de que o

Negro constitui uma não-referência.

Mesmo se considerássemos que à Escola e ao Saber Escolar não competem

tratar de tais questões, seria de esperar que uma e outra, ao menos, desenvolvessem nos

alunos a capacidade de pensar sobre o universo que os rodeia – e pensar criticamente,

relacionando fatos, formulando juízos e percebendo diferenças e discursos como

construções históricas, como formulações construídas em dado período, com objetivos

vinculados ao momento no qual surgiram. A consideração sobre as duas últimas

questões, finalmente, evidencia que a Escola abandonou este objetivo.

Desde as séries iniciais do Ensino Fundamental, os alunos são colocados em

contato com uma narrativa sobre o passado brasileiro, profundamente influenciada pela

matriz construída no século XIX, pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

(IHGB). Concebida desde a contribuição de Von Martius, ela se mantém mais ou menos

inalterada, em função da repetição de que é objeto há mais de um século. Evidência

maior desta repetição é o fato de que os alunos informantes da pesquisa em andamento

reproduziram as linhas gerais daquela formulação, ainda que maneira muito

simplificada.

O fizeram porque tomaram conhecimento dela, tanto pela literatura didática

quanto pela fala dos professores, como milhares de alunos espalhados pro esse Brasil

imenso. O mesmo não se deu, entre eles (e também não se dá com a maior parte dos

alunos do Ensino Fundamental) com as categorias Racismo e Preconceito. Essas foram

apreendidas por meio das falas dos adultos (professores inclusive), sem que tivessem se

constituído em Saber Escolar.

As representações dos alunos sobre Branco, Índio e Negro foram apreendidas

como Saber Escolar – está nos livros e no conteúdo expresso nas lousas. Racismo e

Preconceito não. Daí a dificuldade dos alunos em abordá-los. Frases evasivas e

raciocínios incompletos. Mais uma vez, a Escola e o Saber Escolar se mostraram

incapazes de levar os seus alunos a pensarem por si mesmos. Não lhes forneceram as

habilidades cognitivas necessárias para que pudessem refletir sobre um traço do

cotidiano (sim, porque nem o racismo nem o preconceito são experiências raras no

convívio brasileiro) e formular um juízo.

A partir dos resultados obtidos por meio das atividades didáticas, acabam por

sugerir um encaminhamento para a pesquisa: ao que tudo indica a permanência da

discriminação e do preconceito no universo escolar se deve ao fato de a Escola e o

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Saber Escolar serem os maiores responsáveis pela sua reprodução intra-muros; a

eliminação dos dois vícios depende, fundamentalmente, da qualidade da Educação

ofertada.

Neste momento, passemos à observação não-participante das aulas de História

na Escola A. Assim, quanto à organização dos dados da observação estabeleceram-se

algumas categorias analíticas – tais como: Relação aluno-aluno; Relação professor-

aluno; Relação professor-técnico; Assunto; Conteúdo desenvolvido; Metodologia;

Referências; Livro didático; Disciplina-indisciplina; e Adequação à Legislação – as

quais condensam informações de determinadas práticas escolares selecionadas

previamente (BARDIN, 2001). As observações não-participantes, em si, no caso, o

procedimento de coleta de dados, registrados em diário de campo, orientou-se de acordo

com as reflexões de Heraldo Vianna (2003). Nesse sentido, detemo-nos nos dados

colhidos pelas observações na prática escolar.

As 7ª séries foram apenas observadas pela parte da manhã. As categorias de

observação que mais avultaram estão relacionadas ao trabalho docente e ao caráter

relacional entre professores e alunos. Nas aulas, o conteúdo desenvolvido não condisse

com o proposto no Plano de Curso, por meio de aula expositiva, e sim, através de leitura

do livro didático durante os horários de aula. Nesta série há maior ocorrência de alunos

querendo a explicação do professor que ocorre de forma particular (teoricamente), todos

ao redor da mesa do professor, devido a este privilegiar a leitura do livro didático em

detrimento da aula expositiva.

O filme "O grande Ditador" de Charles Chaplin foi um dos recursos utilizados.

No entanto, o professor não deu a explicação necessária. Para os alunos o filme

simplesmente faz parte da matéria, utilizando-o como conteúdo, não sendo apresentado

como referência aos alunos, quando tão somente para explicitar que se tratava de uma

critica bem humorada ao regime Nazista. Como ficou observado, o Livro didático é

utilizado como suporte para as suas aulas apenas reproduzindo o seu conteúdo, na

utilização dos textos e atividades propostas, cabendo ao professor apenas algumas

explicações do que não foi compreendido.

No tocante a adequação à Legislação, fora a sua aplicação indireta a partir da

utilização do livro didático, não se notou nenhuma adequação das aulas às orientações

dos documentos curriculares oficiais. Sobretudo, no que diz respeito à legislação que

versa sobre a diversidade étnico-racial na sala de aula, a Lei nº 10. 639/2003. Quer

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dizer, o professor não pauta a sua prática pedagógica, a partir desta ausência, para uma

educação que valorize e respeito a diferença e a diversidade no universo escolar.

Quanto ao âmbito relacional, a relação professor-aluno, se configura que alunos

não vêem no professor alguém que possui uma autoridade, no caso, intelectual. A

postura do mesmo não ajuda nesta questão, pois ele senta-se na mesa, os alunos mexem

no celular, o professor usa a mesma linguagem que os alunos. Não há, nesta relação, um

distanciamento entre professor e aluno, a pessoalidade acaba sendo o tom dando a essa

relação. Não foi percebido qualquer tipo de preferência por parte do professor de grupos

de alunos que tivesse conotação étnico-racial.

No que se refere a relação aluno-aluno, durante o período observado, também

não foi constatada a separação de alunos segundo a cor/raça. Porém as características

físicas foram ponto de partida para que alguns recebessem apelidos, bem como, apelidos

fazendo analogia aos nomes. Por exemplo: Koala, orelha, nariz, Megaman e fígado (por

não gostar de comer fígado). É perceptível entre os alunos as preferências ou os

distanciamentos estarem relacionados a aspectos físicos e a sua estigmatização pela

brincadeira e pela piada. Sendo interessante perceber que no período observado, não foi

constatado qualquer tipo de brincadeira ou piada com contornos étnico-raciais.

No concernente a disciplina-indisciplina, a indisciplina é regra, conversas

paralelas e em voz alta, e a falta de controle do professor foram marcantes durante a

observação, além da utilização de celulares, mp3, e outros. E, por fim, na relação

professor-técnico, foi constatada a resistência do professor quanto a algumas indicações

didáticas e pedagógicas propostas pela equipe técnica, como a nota ser somada as

atividades feitas no caderno e o calendário da escola prejudicar o cumprimento dos

conteúdos no tempo previsto.

E por sua vez, finalmente, o perfil sócio-econômico cultural dos alunos e

professores das escolas pesquisadas. O perfil do corpo discente e docente do Ensino

Fundamental da Escola A, no caso, da 7ª Série, bem como de algumas considerações

acerca da dinâmica escolar de sala de aula, com ênfase no lugar e no tipo de

participação que estes alunos apresentam nesta instituição.

No que diz respeito aos professores da instituição, apresentamos o conteúdo dos

questionários aplicados, com os quais se pretendeu alcançar informações de caráter

acadêmico-profissional e cultural desses profissionais e, principalmente, suas demandas

com relação à escola, à sua formação continuada e às suas perspectivas de capacitação

docente. Os questionários apresentados aos professores tiveram o objetivo de verificar a

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dimensão acadêmico-profissional/cultural-informacional, com competências e recursos

juntamente às suas experiências desenvolvidas no espaço escolar. Para efetuar esta

análise do corpo docente/técnico da escola, levou-se em consideração questões sócio-

educacionais e o desdobramento das mesmas para a diagnose das possíveis deficiências.

As análises basearam-se nos resultados de seis questionários4, e, a partir disto,

pode-se inferir que os professores graduaram-se em instituições públicas (UFPA e

UEPA), um deles ainda não concluiu a graduação e três afirmam possuir o que

consideram ser pós-graduação. Verificou-se que a escola incentiva a prática de

formação continuada para os seus profissionais, e estes o fazem com participações em

fóruns, oficinas e mini-cursos. Para planejar as aulas os professores utilizam internet,

jornais e revistas. A metodologia não foi apresentada por nenhum dos professores

pesquisados, e, ainda que afirmem fazer planejamento das aulas, o tempo dedicado ao

preparo deste mostrou-se ineficaz para a elaboração de uma aula com objetivos bem

definidos. Os recursos utilizados são livros didáticos, paradidáticos e filmes. No

entanto, alguns professores alegam que os recursos oferecidos pela escola são

insuficientes.

De acordo com o resultado verificado, no que se refere à transposição didática

(MARANDINO, 2004; VADEMARIN, 1998), concepções teóricas e avaliativas, as

respostas foram incoerentes. Portanto, percebe-se carência de conhecimento dos termos

indagados; isso também vale para o conhecimento da legislação, pois não se observa a

aplicação específica das leis nos níveis de ensino em que atuam, e aquelas que versam

sobre a diversidade étnico-racial no campo educacional.

Quanto aos alunos, por meio da análise dos questionários, é possível

diagnosticar o capital cultural do aluno, o que serve como uma importante fonte de

informação sobre as variáveis que estão associadas com o próprio desempenho

educacional da clientela presente na instituição. Todos os dados dos questionários estão

organizados em gráficos e anexados ao final do trabalho. Desta forma, serão

examinados os dados mais representativos ao processo de ensino-aprendizagem,

levando-se em consideração a estrutura familiar e a estrutura da escola (física e

educacional), respondidos pelos alunos 7ª série da instituição investigada.

44

Os questionários visavam a totalidade dos professores e técnicos ligados às séries do Ensino

Fundamental da instituição, no entanto, somente seis professores atenderam à essa solicitação. Nossas

conclusões restringem-se, então, a essa amostra dos profissionais.

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Um dos diagnósticos importantes na formação do aluno foi o expressivo número

de responsáveis com curso superior (gráfico 14) característica que pode favorecer um

maior interesse do aluno enquanto perspectiva de crescimento e conclusão dos mais

altos níveis de escolaridade. De acordo com Bourdieu (1996; 1999; 2000), o nível de

capital cultural dos pais acaba sendo legados aos filhos, favorecendo uma trajetória

escolar muito semelhante ou até melhor que a dos pais. Assim, é óbvio, que estes alunos

têm um ponto de partida muito melhor por conta da formação cultural de seus pais, e

com melhores perspectivas de ocupação de lugares sociais de prestígio.

Contudo, os dados de escolaridade não traduzem o índice de leitura dos pais

(gráfico 15), e este fator pode prejudicar o índice de leitura do alunado, o que acarreta

problemas no desempenho de algumas disciplinas que exijam um certo nível de leitura e

compreensão do aluno (gráfico 16). Pois, os alunos afirmam em sua maioria ter

dificuldades na disciplina de Geografia, cujo conteúdo necessita de leitura. Mas, como

se vê mais a frente, os alunos afirmam terem um nível razoável de leitura. De todo

modo, a formulação de Bourdieu se confirma, mesmo que os pais não tenham tanta

freqüência na leitura, a sua formação escolar acabaram por influenciar a preferência dos

filhos, no caso, os alunos pelo consumo de bens culturais, como livros, jornais e

revistas.

Apesar do alto índice de dificuldades em algumas disciplinas, a maioria desses

alunos, ainda sim, dedicam-se menos de uma hora por dia aos estudos fora da escola

(gráfico 17). Este é um dado interessante, pois os alunos apresentam condições

favoráveis para o sucesso escolar, mas tem dificuldades em algumas disciplinas, e ainda

assim, dedicam pouco tempo para o estudo fora da escola. Ao menos, percebemos uma

relação direta entre o bom desempenho das disciplinas escolares e o tempo dedicado ao

estudo fora da escola, quanto menor este tempo dedicado maior é a dificuldade no

entendimento do conteúdo das disciplinas.

Vislumbremos, ainda, outros elementos do perfil dos alunos pesquisados.

Construímos este perfil a partir de quatro variáveis: cor/raça; renda familiar;

escolaridade; e freqüência de leitura (jornais, revistas e livros). A maioria dos alunos se

autodeclararam “pardos” (54,16% - gráfico 18). Não responderam ou não sabiam a

renda familiar (55,55% - gráfico 19). A escolaridade entre os que cursaram a Educação

Infantil ficou entorno de 53,80% (gráfico 20), nunca abandonaram em 85% e nunca

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repetiram na casa dos 81,20%. A freqüência de leitura: jornais (domingo – 24,82% -

gráfico 21); revistas (semanal – 31% - gráfico 22); e livros (40,81% - gráfico 23)5.

Inferimos que os alunos se consideram “pardos” de acordo com a identidade

dominante presente na sociedade brasileira, nos quadros do mito da democracia racial.

Os dados sobre a renda família dos alunos, não são conclusivos, assim não nos permite

assegurar posições sobre o status socioeconômico dos estudantes da escola pesquisada.

Pouco mais da metade dos alunos cursaram a Educação Infantil, sendo este o momento

inicial importante para a formação das crianças; porém, em relação às porcentagens de

abandono e repetência, os alunos transpareceram uma regularidade.

Após o advento da Lei de n° 9.394\96, o fenômeno da repetência não figura

como marcador na Educação Básica. Na escola pesquisada, também não. Uma vez que

não há registro de repetência e o número daqueles que nunca abandonaram chega aos

80%, até a sua série atual. E por fim, o índice de leitura dos alunos demonstra ser

razoável, não ultrapassando os 50%, e sendo surpreendentemente maior na leitura de

livros didáticos e secundariamente a de periódicos, como jornais e revistas.

Por sua vez, a Escola B e o perfil sócio-econômico cultural dos alunos e

professores6. Não foi possível abarcar as mesmas variáveis do perfil da Escola A em

razão da incipiência de respostas as perguntas que tinham haver com cor/raça, trajetória

escolar, o nível de escolaridade e o índice de leitura dos pais e o tempo de estudo fora

da escola. Entretanto, a renda familiar e a freqüência de leitura (jornais, revistas e

livros) foram pontos comuns nos dois perfis. E outras questões avultaram, como: se os

alunos já sofreram discriminação, qual foi a atitude diante desta situação e onde/local

ocorreu tal fato.

Quanto a renda familiar 38% dos alunos vivem com rendimentos entre 5 a 9

salários (gráfico 24),. Quer dizer, um número considerável de alunos vive com uma

faixa de renda bastante confortável e sendo isso bastante compatível com o nível de

receita de estudantes de estabelecimentos particulares de ensino. São alunos, portanto,

que desfrutam de um conforto material e todas as condições favoráveis para estudar,

seja por ter condições de freqüentar um bom colégio, com o mínimo de estrutura física e

5 Para mais informações consulte os gráficos em anexo, tanto para as atividades didáticas quanto ao perfil

dos alunos. As categorias que compõe os gráficos foram construídas a partir de informações que

apresentavam um núcleo comum de referência, como orienta Bardin (2000); essas categorias por

sistematizar os dados, possibilitaram a construção dos gráficos que facilitam a sua consulta. 6 Por conta da incompatibilidade de horários da escola e a indisposição dos professores, a aplicação dos

questionários na escola ficou impossibilitado. Assim, não tivemos dados para apresentar o perfil dos

professores da instituição.

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pedagógica para um ensino de qualidade, seja por ter apoio dos pais que garantem

apenas estudar e não precisar ter outras ocupações que não estejam relacionadas ao

estudo.

Do ponto de vista da freqüência de leitura 28% dos alunos lêem o jornal (gráfico

25) raramente, 35% não responderam com que freqüência lê revista (gráfico 26) e 36%

lêem livros (gráfico 27) mensalmente. Esse é ponto importante para percebemos qual o

nível de leitura dos alunos. E nesse sentido, os estudantes parecem ser pouco

familiarizados com materiais de leitura periódicos, como jornais e revistas, e terem

maior preferência pela leitura de livros, os quais lêem todo o mês – para alunos do

Ensino Fundamental, é algo significativo. Assim, mesmo que menos da metade dos

alunos leiam livros mensalmente, consideramos que, de acordo com as suas respostas,

eles apresentam um nível de leitura bom para alunos do Ensino Fundamental. E isso de

alguma forma demonstra como o nível de renda influência no acesso a bens culturais,

no caso, livros, e a sua leitura com uma freqüência mensal.

No que se refere a questão da discriminação, se os alunos já sofreram

discriminação, 45% dos alunos afirmam nunca terem sofrido (gráfico 28). E sobre a sua

atitude frente a uma situação desse tipo, 45% não souberam dizer (gráfico 29). E por

fim, onde foi o local que sofreram o preconceito, 60% responderam “outro” (gráfico

30). As respostas dos alunos foram um tanto evasivas. E com porcentagens

significativas. É como se não houvesse casos de discriminação na escola. Se

considerarmos que a sociedade brasileira é profundamente racista, esse fenômeno não

tem ressonância na escola? Acreditamos que sim, sobretudo, quando vislumbramos as

representações que os alunos têm sobre a diversidade étnico-racial que marca o Brasil:

pautada ainda pela lógica da democracia racial. Desta forma, as respostas evasivas dos

alunos fazem sentido, eles não sofrem discriminação, não tem qualquer atitude frente a

uma ação desta natureza e não sabem o local onde isso acontece, porque acreditam o

Brasil é o país da mistura, da mestiçagem, e, portanto, é difícil identificar ações

discriminatórias entre iguais.

Em linhas gerais, percebe-se que o planejamento escolar acaba se confirmando

na prática pedagógica e nas representações dos alunos sobre o Brasil e sua diversidade

étnico-racial. Na verdade, a falta da discussão acerca da questão étnico-racial nos

documentos escolares das escolas investigadas repercute nas representações dos alunos

e na prática pedagógica da escola, sobretudo, na reprodução da lógica da democracia

racial, que em favor do elogio da mestiçagem, acaba obscurecendo a valorização e o

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respeito à diversidade e a diferença, bem como escamoteando o racismo presente na

sociedade brasileira.

6. Publicações

No prelo:

REPRESENTAÇÕES DE ALUNOS ACERCA DE COR E RAÇA NO ENSINO

FUNDAMENTAL: análises iniciais.

Revista da Universidade Católica de Goiás.

Artigo completo em anais de evento:

Título: A Lei nº 10.639/2003 e os processos escolares no Ensino Fundamental

de duas escolas públicas e duas escolas privadas de Belém - PA.

Evento: Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros – 2010 – Afro-Diáspora,

Saberes Pós-Coloniais, Poderes e Movimentos Sociais

Autores:

Profa. Dra. Wilma de Nazaré Baía Coelho (UFPA/UNAMA)

[email protected]

Co-Autores:

Felipe Tavares de Moraes (UFPA)

[email protected]

Rafaela Paiva Costa (UFPA)

[email protected]

7. Conclusões

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No relatório parcial chegamos à seguinte conclusão: os documentos escolares e

as atividades didáticas acabam por demonstrar uma concepção de cidadania que não

considera a diversidade étnico-racial no planejamento pedagógico das escolas

investigadas. Sobretudo, no que diz respeito as representações dos alunos da 7ª série dos

estabelecimentos pesquisados, que são pautadas pela lógica da democracia racial.

Com os resultados apresentados neste relatório final, a partir da observação não-

participante e o perfil dos alunos e professores das escolas particulares selecionadas, nos

complementamos os resultados do relatório anterior e alcançamos o objetivo geral do

plano de trabalho. A observação não-participante mostrou que as aulas observadas não

apresentavam a discussão étnico-racial, bem como não orientavam a seu planejamento

pela legislação que versa sobre a diversidade étnico-racial no campo educacional – a Lei

nº 10.639/2003. E o perfil dos alunos, para além das questões econômicas e culturais,

no que diz respeito à consideração da discriminação na escola, quer dizer, da não

consideração da discriminação e preconceito, que julgamos está relacionado às

representações que os alunos têm sobre a questão étnico-racial na sociedade brasileira,

sendo pautados pela democracia racial, os alunos não vêem ações discriminatórios como

tais, já que acreditam viver no país da mistura racial, da mestiçagem.

Nesse sentido, aquilo que é planejado acaba sendo praticado. A ausência dos

marcos legais, no caso, a Lei nº 10.639/2003, nos documentos escolares, que organizam

o planejamento pedagógico das escolas acabam por refletir na prática pedagógica e, por

sua vez, engendrando representações junto aos alunos sobre a realidade racial brasileira.

Tais representações, como bem demonstram as atividades didáticas, estão relacionadas à

democracia racial, no sentido da homogeneização cultural a partir da mestiçagem, bem

como a hierarquização das contribuições das matrizes raciais que formaram a sociedade

brasileira, no qual o branco é o valorizado e visto como modelo, e ao mesmo tempo,

negros e ameríndios são inferiorizados e estigmatizados.

A ausência desta discussão nos horizontes formativos das escolas investigadas

está invariavelmente relacionada à Formação de Professores. A professora Wilma

Coelho (2009a) demonstra a historicidade deste fenômeno, quando investiga a presença

do negro na formação de professores do Instituto de Educação do Estado do Pará (IEEP)

nas décadas de 1970-1980. Constata que nos processos formativos da instituição há uma

presença ausente, um não-lugar do negro tanto como sujeito quanto objeto do

conhecimento, o que, por sua vez, acaba reproduzindo a posição desigual que a

população afro-brasileira ocupa na sociedade brasileira.

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Ao lado da historicidade deste fenômeno, professora Wilma Coelho (2010) em

pesquisas recentes demonstra que essa mesma ausência, ou mesmo a presença, na

atualidade está relacionada à lógica do improviso que consiste na falta de preparo

pedagógico para lidar com a diversidade e a diferença étnico-racial na prática

pedagógica por parte dos professores. Quer dizer, a professora Wilma Coelho, nos seus

estudos, demonstra que este fenômeno tem uma historicidade, e a forma como ele se

manifesta no tempo presente, mesmo que os tempos sejam distintos, um ponto é

comum: a ausência da discussão sobre a diversidade étnico-racial na formação de

professores tem as suas repercussões na prática pedagógica na sala de aula.

Os resultados do relatório final nos encaminham para essa compreensão: a

relação entre a formação de professores e o universo escolar. A formação tem uma

posição central, pois a falta de preparo para o trabalho com a temática é responsável

pela ausência da temática no universo escolar. No nosso caso, no planejamento

pedagógico das escolas investigadas que acaba por influenciar a prática pedagógica. E

ao mesmo tempo, engendrando representações nos alunos que desconsideram a

diversidade e a diferença em favor da lógica da democracia racial. Se a formação de

professores é responsável, ela também é a ferramenta de subversão desta situação, como

defendem Wilma Coelho (2009; 2010), Nilma Lino Gomes e Petronilha Gonçalves

(2006), e Eliane Cavalleiro (2001), para que de fato de tenha uma educação para as

relações étnico-raciais na Educação Básica, e a reformulação das representações dos

alunos para a valorização e respeito da diversidade e diferença que define a sociedade

brasileira.

9. Referências Bibliográficas

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Capa edições 70, 2000.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas lingüísticas: o que falar quer dizer. São

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______. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2000.

CAVALLEIRO, Eliane (Org.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando

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CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa:

DIFEL; Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1990.

_______. O mundo como representação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 5, n. 11, p.

175-191, jan./abr. 1991.

COELHO, Wilma de Nazaré Baía. A Cor Ausente: um estudo sobre a presença do

negro na formação de professores – Pará 1970-1989. 2 ed. Belo Horizonte: Mazza

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COELHO, Wilma de Nazaré Baía; COELHO, Mauro Cezar (Org.). Raça, Cor e

Diferença: a escola e a diversidade. 2. ed. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010.

COSTA, Sérgio. A mestiçagem e seus contrários: nacionalidade e etnicidade no Brasil

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FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala: formação da família brasileira sob o

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GOMES, Nilma Lino e SILVA; Petronilha Beatriz Gonçalves (Orgs). Experiências

Étnico-Culturais para a formação de professores. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

MARANDINO, Martha. Transposição ou recontextualização? Sobre a produção de

saberes na educação em museus de ciências. Revista Brasileira de Educação, n. 26. p.

95-108, ago/2004.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Identidade Nacional

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PIZA, Edith. Brancos no Brasil? Ningúem sabe, ninguém viu. In: GUIMARÃES,

Antonio Sérgio Alfredo; HUNTLEY, Lynn. Tirando a máscara: ensaios sobre o

racismo no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 97-126.

SCHWARCZ, Lilia. O espetáculo da miscigenação. Estudos Avançados, São Paulo, v.

17, p. 15-23, 1994.

VADEMARIN, Vera. O discurso pedagógico como forma de transmissão do

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VIANNA, Heraldo Merelim. Pesquisa em educação: a observação. Brasília: Plano

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10. Dificuldades

Não houve qualquer dificuldade que seja digna de nota. A entrada na escola, o

levantamento dos documentos escolares e a aplicação dos instrumentos de pesquisa

foram procedidos com a ajuda dos agentes escolares, sempre solícitos e prestativos

quando requeridos. As observações apenas tiveram que obedecer a lógica do calendário

escolar das escolas. E dentre os documentos escolares solicitados, nem todos foram

oferecidos. Contudo, no geral, as atividades transcorreram dentro da normalidade nas

instituições pesquisadas. No que diz respeito as atividades formativas possibilitadas pela

bolsa de iniciação científica, elas possibilitaram a elevação do meu rendimento

acadêmico, seja leitura, seja na escrita, bem como, pela introdução ao meandros da

pesquisa e do processo investigativo.

11. Parecer do orientador:

O mesmo respondeu com eficiência, responsabilidade, disciplina e competência

em relação a todas as orientações a ele dirigidas ao longo da bolsa. Deste modo,

O bolsista em tela apresenta toda a competência que se espera para um

pesquisador iniciante, assim, seu desempenho foi Excelente!

12. Anexo

Gráfico 1 - Brasileiros mais bem-sucedidos.

Fonte: Pesquisa direta.

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0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

2019

17

1312

9 9

76

5 54

3 3 3

Sílvio Santos Lula Kaká Ronaldinho Xuxa

Roberto Justos Ronaldo Ivete Sangalo Gisele Büdchen Willian Bonner

Joelma (Calypso) Fafá de Belém Gugu Cláudia Leite

Gráfico 2 - Quem é a “cara” do Brasil.

Fonte: Pesquisa direta.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10 9

2 2 2

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Lula Ivete Sangalo Cazuza Djavan

Ronaldo Pelé Barack Obama Fafá de Belém

Tom Cavalcante Gilberto Gil Sílvio Santos Cláudia Leite

Maísa Marcelo D2

Gráfico 3 - O que identifica o povo brasileiro.

Fonte: Pesquisa direta.

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0

2

4

6

8

10

12

14 13

4 4 4 4

2 2 2

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

A sua cultura O carnaval Samba

Comida Danças As raças

Preconceito e discriminação Música O futebol

Personalidade forte Praias Raça negra

Belas garotas brasileiras a felicidade para comemorar Cristo Redentor e Corcovado

Alegria MPB A bandeira verde e amarela

Gráfico 4 - Os povos que formaram o Brasil.

Fonte: Pesquisa direta.

* Os indígenas teriam contribuído com: a cultura, sociedade, turismo, educação, primeiros habitantes

do Brasil, conservação do Brasil.

** Segundo os alunos, os africanos contribuíram para a formação do Brasil com: danças, capoeira,

comidas, cor, força de lutar, o trabalho escravo, religiões, artes.

*** Os portugueses teriam contribuído com: língua, especiarias, a sociedade, fez o país crescer.

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Gráfico 5 - As diferenças na Escola.

Fonte: Pesquisa direta.

Gráfico 6 - Tratamento pior ou melhor por ser diferente.

Fonte: Pesquisa direta.

Quadro 7 - O que é ser: branco, negro, indígena.

Fonte: Pesquisa direta

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BRANCO NEGRO INDÍGENA

BRANCO NEGRO INDÍGENA

Gráfico 8 - O que é ser branco.

Fonte: Pesquisa direta.

Mais claro, mais

racista, ter mais

direitos, não sofrer

discriminação, ter

poder, ser

valorizado e

respeitado,

normal.

Ter a pele escura,

ser discriminado,

humilhado,

normal, invejoso,

boçal, também ser

racista, moreno,

trabalhador digno.

Ter cultura

diferente, viver na

mata, preservar a

natureza, ser bom,

saber pescar e

caçar, ter hábitos e

vida diferentes,

andar nu, viver

isolado.

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Gráfico 9 - O que é ser índio.

Fonte: Pesquisa direta.

Gráfico 10 - O que é ser negro.

Fonte: Pesquisa direta.

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Quadro 11 - O que é Racismo e Preconceito.

Fonte: Pesquisa direta (Atividades didáticas)

Racismo Preconceito

Tratar mal/desprezar por causa da

cor/raça; discriminar os negros; se

sentir diferente; um tipo de

preconceito; não gostar de negros;

sofrer diferenciações por ser negro

ou branco; ter preconceito racial; não

respeitar a cor de outra pessoa.

Algo que muitas pessoas sentem por

muitos motivos; discriminar; mesma

coisa que racismo; não gostar de

pessoas diferentes; não gostar de

gays; não gostar de pessoas por

serem diferentes, pela aparência.

Gráfico 12 - O que é racismo.

Fonte: Pesquisa direta. (Atividades didáticas)

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Gráfico 13 - O que é preconceito.

Fonte: Pesquisa direta (Atividades didáticas)

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Gráfico 14

Escolaridade dos pais do ensino

fundamental (particular)

12%

16%

6%

12%21%

15%

2%

2% 14%

ENS. FUND. INCOMPLETO ENS. MÉDIO INCOMPLETO

ENS. SUPERIOR INCOMPLETO ENS. FUND. COMPLETO

ENS. MÉDIO COMPLETO ENSINO SUPER. COMPLETO

PÓS GRADUAÇÃO CONCLUIDO

NÃO SOUBERAM

Gráfico 15

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Índice de leitura dos pais do ensino

fundamental

23%

8%

9%6%

44%

10%

MENSAL BIMESTRAL SEMESTRAL

ANUAL NÃO LÊ NÃO SOUBERAM

Gráfico16

Disciplinas consideradas mais difíceis

7%14%

17%

30%

20%

2%3% 3%0% 4%

PORTUGUÊS MATEMÁTICA

HISTÓRIA GEOGRAFIA

LINGUA ESTRANGEIRA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

FÍSICA QUIMICA

OUTRAS MARCARAM 3 OPÇÕES SEM PREFERÊNCIA

Gráfico 17

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Horas dedicadas ao estudo fora da escola

52%37%

2% 8% 1%

MENOS DE 01 HORA POR DIA 1 A 4 HORAS POR DIA

MAIS DE 4 HORAS POR DIA NÃO COSTUMA ESTUDAR EM CASA

NÃO RESPONDERAM

Gráfico 18

Cor/Raça

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Gráfico 19

Renda familiar

Gráfico 20

Escolaridade

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Gráfico 21

Freqüência de leitura – Jornais

Gráfico 22

Freqüência de leitura – Revista

Gráfico 23

Freqüência de leitura – Livro

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Gráfico 24

Renda familiar

Gráfico 25

Frequência de leitura – Jornais

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Gráfico 26

Freqüência de leitura – Revistas

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Gráfico 27

Frequência de leitura – Livros

Gráfico 28

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Gráfico 29

Gráfico 30

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