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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS RAPHAEL CASAGRANDE DE OLIVEIRA WAGNER PEREIRA BARBOSA EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA E DO TREINAMENTO COM SOBRECARGA NA FORÇA E HIPERTROFIA MUSCULARES EM MODELO ANIMAL VITÓRIA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

RAPHAEL CASAGRANDE DE OLIVEIRA

WAGNER PEREIRA BARBOSA

EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA E DO

TREINAMENTO COM SOBRECARGA NA FORÇA E HIPERTROFIA

MUSCULARES EM MODELO ANIMAL

VITÓRIA

2017

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RAPHAEL CASAGRANDE DE OLIVEIRA

WAGNER PEREIRA BARBOSA

EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA E DO

TREINAMENTO COM SOBRECARGA NA FORÇA E HIPERTROFIA

MUSCULARES EM MODELO ANIMAL

Trabalho apresentado ao curso de Educação Física da Universidade Federal do Espirito Santo como requisito parcial para a obtenção do título de bacharelado em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Lucas Guimarães Ferreira.

Co-orientador: Prof. Me. Leonardo Carvalho Caldas.

VITÓRIA

2017

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RAPHAEL CASAGRANDE DE OLIVEIRA

WAGNER PEREIRA BARBOSA

EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA E DO

TREINAMENTO COM SOBRECARGA NA FORÇA E HIPERTROFIA

MUSCULARES EM MODELO ANIMAL

Relatório final apresentado a Universidade Federal do Espírito Santo como parte das exigências para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Local, ___ de _____________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

______________________________ Prof. Dr. Lucas Guimarães Ferreira (orientador) ______________________________ Prof. Dr. Richard Diego Leite ______________________________ Prof. Me. Jóctan Pimentel Cordeiro

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe Waldirene Casagrande pelo apoio constante e a todos os familiares.

Raphael Casagrande de Oliveira

Dedico este trabalho aos meus pais Orion Novaes Barbosa e Rosália de Fátima Pereira e a toda família. Wagner Pereira Barbosa

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RESUMO

A cafeína tem sido utilizada no meio esportivo devido seu possível efeito

ergogênico, que parece estar relacionado com a estimulação do sistema

nervoso central (SNC) e também no músculo esquelético através de múltiplos

mecanismos que podem resultar na melhoria do desempenho no exercício. A

atuação da cafeína nas vias de sinalização da síntese e/ou degradação

proteica também tem sido investigada, apesar de dados a esse respeito serem

escassos. Estudos in vitro demonstraram que a cafeína pode influenciar a

atividade de proteínas de sinalização intracelulares envolvidas no processo de

síntese proteica e crescimento muscular em resposta ao treinamento de força.

Sendo assim, o presente estudo buscou avaliar se a ingestão crônica de

cafeína associada ao treinamento com sobrecarga em modelo animal interfere

nas respostas morfo-funcionais da musculatura estriada esquelética. Para

tanto, 30 ratos wistar adultos foram divididos em 3 grupos: 1) Controle (Con); 2)

Treinado (Tre); e 3) Treinado + cafeína. A suplementação foi administrada por

gavagem (30 mg/kg) divididas em duas doses diárias durante as 10 semanas

de treinamento. A carga conduzida absoluta foi maior após o período do

protocolo experimental somente nos grupos treinados (Tre e TrC), e não no

Con (P < 0,05), sem diferenças entre Tre e TrC. Quando avaliada a carga

conduzida em relação ao peso corporal do animal, o grupo TrC apresentou

valores superiores aos dos grupos Con e Tre (P < 0,05) ao final do protocolo

experimental. O peso final bruto dos músculos sóleo, plantar e EDL não foram

diferentes entre os grupos, mas quando normalizados pelo peso corporal, valor

significativamente superior foi observado no músculo sóleo no grupo TrC em

relação a Con e Tre (P < 0,05). Entretanto, a análise histológica destes

músculos não revelou diferenças na área de secção transversa das fibras

musculares entre os grupos. Os resultados sugerem que a suplementação de

cafeína associada a modelo animal de treinamento com sobrecarga não alterou

a massa muscular e a força de forma significativa, apesar de alguns

parâmetros indicarem discreto efeito positivo da suplementação de cafeína.

Palavras-chave: Cafeína, hipertrofia muscular, sistema nervoso central.

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 6

2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 9

2.1 ANIMAIS E TRATAMENTO ...................................................................... 9

2.2 CONSUMO ALIMENTAR .......................................................................... 9

2.3 PERÍODO DE FAMILIARIZAÇÃO ........................................................... 10

2.4 TESTE DE CARGA MÁXIMA .................................................................. 11

2.5 PERÍODO DE TREINAMENTO............................................................... 11

2.6 COLETA E ARMAZENAMENTO DAS AMOSTRAS............................... 13

2.7 ANÁLISE HISTOLÓGICA ....................................................................... 13

2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ......................................................................... 14

3. RESULTADOS............................................................................................. 15

3.1 EFEITOS DO TREINAMENTO E DA SUPLEMENTAÇÃO COM CAFEÍNA

...................................................................................................................... 15

3.1.1 PESO CORPORAL .............................................................................. 15

3.1.2 INGESTÃO ALIMENTAR ..................................................................... 16

3.1.3 DESEMPENHO DE FORÇA ................................................................ 17

3.1.4 MÚSCULO ESQUELÉTICO ................................................................. 20

4. DISCUSSÃO: ............................................................................................... 23

5. CONCLUSÃO ............................................................................................... 30

6. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 31

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1.INTRODUÇÃO

Auxílios ergogênicos vêm sendo utilizados em larga escala nos últimos anos

tanto para melhoria do desempenho esportivo quanto para estética e saúde da

população. Possuem a capacidade de melhorar o desempenho durante a prática de

exercício e/ou melhorar as adaptações ao treinamento. Qualquer método de

treinamento, técnica psicológica, dispositivo mecânico, abordagem farmacológica e

prática nutricional pode ser entendida como um auxílio ergogênico; nos dias de hoje

tem se demonstrado um grande interesse em estudar a contribuição nutricional para

otimizar o treinamento e o desempenho atlético (PORRINI; DEL BO´, 2016).

O músculo esquelético é o maior órgão do organismo, compreendendo cerca

de ~40% da massa corpórea total. Dado a sua importância, pesquisadores tem

tentado descobrir estratégias para promover o crescimento muscular, manutenção

de massa muscular e melhora no desempenho em exercício (DEANE et al., 2017).

Portanto, para o efeito ergogênico nutricional, existe uma grande área de interesse

que envolve o papel da cafeína no metabolismo e função muscular.

A cafeína é uma das substâncias mais consumidas atualmente no mundo

pelo seu fácil acesso através de bebidas e alimentos (guaraná, chocolate, café) e

tem sido bastante utilizada como uma substancia ergogênica nutricional pelos

praticantes de atividade física. Por causa de seus efeitos, foi proibida no passado

pela World Anti Doping Agency (WADA, 2004) na categoria de estimulantes (A)

(ALTIMARI et al., 2006), porém se encontra fora da lista de substancias proibidas

desde 2004 (WADA, 2014).

A cafeína (1,3,7- trimetilxantina) é um dos compostos bioativos presente

principalmente no café, sendo reconhecida como um estimulante do sistema

nervoso central (SNC) o que acarreta numa melhora na performance cognitiva e

psicomotora do consumidor. Parece que o consumo regular de café/cafeína pode ter

um efeito protetor contra o declínio cognitivo, por exemplo na doença de Parkinson

(NANCY et al., 2017). O efeito primário da cafeína no SNC é a inibição dos

receptores de adenosina. A adenosina é uma molécula neuro-modulatória, que em

altas concentrações, pode promover um decréscimo progressivo na atividade neural

quando ligado aos receptores de adenosina. A cafeína age como um antagonista a

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esse processo fisiológico, impedindo que a adenosina se ligue nos receptores A1,

A2a e A2b. Com isso a cafeína aumenta a atividade neural. (NANCY et al., 2017)

Verifica-se que possui efeitos diretos na musculatura esquelética por meio da

mobilização de cálcio pelo retículo sarcoplasmático (ALTIMARI, 2001; ASTORINO,

2007; DAVIS, 2009; GORDON, 2010). A atuação da cafeína nas vias de sinalização

da síntese e/ou degradação proteica também tem sido investigada. Estudos

demonstraram que a cafeína, em concentrações suprafisiológicas bloqueia a via de

sinalização do mTOR (MCMAHON et al., 2005; MIWA et al., 2012). Como o mTOR é

um dos principais reguladores de síntese proteica e crescimento muscular, a cafeína

pode ter um efeito negativo na síntese proteica, prejudicando o anabolismo proteico.

Portanto a suplementação crônica de cafeína poderia prejudicar as adaptações

musculares induzidas pelo treinamento de força, particularmente no

desenvolvimento da massa muscular.

Em um recente estudo, Moore et al. (2017) investigaram os impactos da

administração de cafeína em níveis fisiológicos na sinalização anabólica do músculo

esquelético através da via mTOR, AMPK, na síntese proteica e hipertrofia muscular.

Nesse estudo verificaram que a cafeína em doses fisiológicas não impactou na

sinalização anabólica, síntese proteica e crescimento da fibra muscular, entretanto

esse estudo utilizou um modelo de sobrecarga crônica conhecido como tenotomia,

portanto diferente do treinamento de força habitualmente praticado por seres

humanos que envolve o uso de sobrecarga aguda. Outro estudo de Guo et al. (2014)

mostrou que o tratamento com o café em ratos mais velhos aumentou a taxa de

proliferação das células satélites in vitro, aumentou a síntese do DNA e a via de

sinalização da Akt. Também mostrou que o a utilização crônica do café em ratos

mais velhos, preservou a massa muscular dos membros inferiores, a força de

preensão e capacidade de regeneração dos músculos lesionados e diminuiu os

mediadores pró-inflamatórios quando comparados com o grupo controle. Esse

estudo sugere que o café ou substancias presentes no café, poderiam exercer um

efeito protetor sobre o músculo esquelético em condições de atrofia muscular, mas

não deixa claro o papel dessas substâncias nas vias de sinalização que modulam a

síntese e a degradação proteica do músculo esquelético.

Dessa forma não está claro o real papel da cafeína na hipertrofia muscular.

Verificamos que existe uma maior preocupação em avaliar o efeito agudo da cafeína

e pouco foi investigado a administração crônica e seus efeitos no desempenho. Até

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o momento foi encontrado apenas um estudo in vivo avaliando a administração

crônica da cafeína na hipertrofia muscular esquelética, porém utilizando a

sobrecarga por tenotomia que é diferente do treinamento de força praticado pelos

seres humanos. Por esse motivo optamos pelo protocolo de treinamento envolvendo

o modelo de escalada (ladder climbing), utilizando cargas progressivas. Por ser um

modelo de treinamento que depende de uma ação muscular voluntária e permite a

uma exposição do animal a um período de sobrecarga aguda, seguido por

recuperação, sendo semelhante ao que acontece no treinamento de força com seres

humanos. Considerando o pequeno número de estudos e a lacuna existente na

literatura, o presente estudo pretende investigar os efeitos da administração crônica

oral da cafeína sobre a musculatura esquelética em condições de treinamento físico,

avaliando dados morfométricos, área de secção transversa das fibras musculares e

desempenho de força.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ANIMAIS E TRATAMENTO

Foram utilizados 30 ratos Wistar adultos com peso médio de 270g e mantidos

em ciclo claro/escuro invertido de 12h aclimatados à 23ºC. Os animais

permaneceram em gaiolas coletivas com 2 a 3 animais por gaiola. Todos os animais

receberam água potável e ração padrão (Nuvilab CR-1-Nuvital®, Colombo, Paraná,

Brasil). Os animais foram pareados de acordo com o desempenho no teste de carga

máxima, como descrito na seção 2.4, e divididos em três grupos com dez animais

por grupo: 1) Grupo controle (Con); 2) Grupo treinado (Tre); 3) Grupo treinado e

suplementado com cafeína (TrC).

Os grupos foram suplementados por sonda intragástrica (gavagem) com dose

de 30mg/kg de peso corporal, de cafeína, duas vezes ao dia durante as dez

semanas de experimento. Essa dosagem foi calculada tendo por base a dose de

cafeína usualmente utilizada em estudos com humanos (3 a 9mg/kg de peso

corporal) e a fórmula proposta por Reagan-Shaw et al. (2008). Os outros grupos Con

e Tre receberam gavagem com água, estando sobre as mesmas condições

experimentais.

Os protocolos experimentais utilizados no presente estudo foram aprovados

pela Comissão de Ética para Uso de Animais (CEUA) do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (protocolo 66/2015).

2.2 CONSUMO ALIMENTAR

Todos os grupos receberam água e ração padrão “ad libidum”. A cada dois

dias 180g de ração foi ofertado e o consumo alimentar foi mensurado como a

diferença entre oferta e a sobra da ração durante 48 horas a cada semana por caixa

coletiva (2 ou 3 animais).

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2.3 PERÍODO DE FAMILIARIZAÇÃO

O período de familiarização iniciou-se uma semana antes do período de

treinamento. Todos os 30 animais foram familiarizados com o aparato de escalada

de escada (ladder climbing) realizando três séries de escalada por três dias

consecutivos sem carga adicional, conforme proposto por Cassilhas et al. (2013).

O aparato foi construído conforme proposto por Hornenberger e Farrar (2004),

em madeira medindo 110 cm de altura, com 2 centímetros entre cada degrau, com

inclinação de 80º e contendo no topo uma base para repouso do animal a cada série

realizada (Fotografia 1).

Fotografia 1 – Aparato de escalada de escada para treinamento em modelo animal.

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2.4 TESTE DE CARGA MÁXIMA

O teste de carga máxima foi realizado em três momentos. O primeiro teste de

carga máxima foi realizado após o último dia de familiarização, para divisão dos

animais em três grupos (seção 2.1) e determinação da carga de treinamento. Os

outros testes foram realizados na 5ª semana de treinamento para ajuste da carga de

treinamento e na 10ª semana de treinamento para avaliação do desempenho de

força após o período de experimento (Figura 1).

Figura 1-Desenho representativo do período de treinamento

Fam. = Período de familiarização; TCmáx = teste de carga máxima; Ses. = Sessões de treino.

O primeiro teste de carga máxima iniciou com 50% do peso corporal e a cada

tentativa completada, adicionou-se 30g, até o momento que o animal não

conseguisse atingir o topo da escada. O segundo e terceiro testes de carga máxima

seguiram a mesma progressão de cargas (30g a cada tentativa bem sucedida),

porém iniciou-se o teste com a maior carga atingida na última sessão de

treinamento.

2.5 PERÍODO DE TREINAMENTO

O grupo sedentário não participou do treinamento. Os outros dois grupos (Tre;

TrC) realizaram o protocolo de treinamento com sobrecarga adaptado a partir de

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Hornberger e Farrar (2004). O treinamento foi realizado três vezes por semana

(segunda, quarta e sexta), durante 10 semanas, totalizando 28 sessões de

treinamento (Figura 1), realizados sempre no período da tarde, durante a fase

escura do ciclo invertido de 12h.

A cada sessão de treino, os animais realizaram 4 a 5 séries de escalada com

intensidades progressivas de 50%, 75%, 90% e 100% da carga máxima

estabelecida. Após completar a 4ª série, uma última tentativa (5ª série) foi realizada

utilizando 100% da carga máxima mais um adicional de 30g, para garantir que ao

longo do tempo houvesse um aumento progressivo de carga. Caso a 5ª série fosse

completada, uma nova carga máxima era estabelecida para a próxima sessão de

treinamento.

As cargas foram construídas utilizando minério em pó armazenado em sacos

plásticos de diferentes pesos (Fotografia 2). Para fixação da carga foi utilizada fita

crepe anexada à cauda do animal e preso a um anzol.

Fotografia 2 - Modelo de carga utilizada para fixação na cauda do animal.

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2.6 COLETA E ARMAZENAMENTO DAS AMOSTRAS

Vinte e quatro horas após a última sessão de treino, os animais foram

anestesiados com ketamina (50mg/kg/ip) e xilazina (10mg/kg/ip) e eutanasiados por

decapitação. Os músculos sóleo, plantar e extensor digital longo (EDL) foram

retirados e pesados em balança analítica e depois divididos ao meio. Parte dos

tecidos foi colocada em tubos falcon contendo solução de formaldeído em 10% e

tampão fosfato-salino para fixação do material e análise histológica. A outra metade

dos tecidos foi submetida à secagem em estufa sob temperatura de 60 ± 5ºC por 48

horas.

2.7 ANÁLISE HISTOLÓGICA

Após a fixação do material em formaldeído, o tecido foi submetido a etapa de

inclusão do material em parafina. A etapa de inclusão compreendeu três fases: 1)

Desidratação: para retirada da água dos tecidos e a substituição por álcool; 2)

Diafanização: para substituição do álcool presente nos tecidos por xilol; 3)

Impregnação: para substituição do xilol por parafina fundida em pequenos blocos.

Todas essas fases foram realizadas com processador automático. Após a inclusão

do material em parafina, um micrótomo (Leica® RM2145) foi utilizado para realizar

cortes de 5 micrômetros do tecido, que foram posteriormente transferidos para

lâminas de vidro apropriadas e submetidas a coloração com hematoxilina e eosina

(HE). As lâminas foram fotografadas utilizando o microscópio óptico com uma lente

objetiva de aumento de vinte vezes. As imagens foram digitalizadas e analisadas

usando o software Image Pro Plus, versão 3.01. A área de seção transversa média

das fibras musculares foi determinada a partir da circunferência de 250 fibras por

animal.

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2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Todos os dados foram avaliados para a distribuição de normalidade de acordo

com o teste Shapiro-Wilk. Dados que apresentaram coeficiente de variação elevado

foram testados quanto à presença de outliers, utilizando o Grubbs’ test (disponível

em: http://www.graphpad.com/quickcalcs/grubbs1/).

A análise estatística foi dividida em dois momentos. Primeiro foi avaliado se

todos os grupos antes do período de intervenção estavam distribuídos de forma

homogênea para as variáveis peso corporal e desempenho de força. Para essa

análise, foi utilizada a análise de variância (ANOVA) one-way ou Kruskal Wallis, de

acordo com o resultado do teste de normalidade.

No segundo momento, foi avaliado o resultado do protocolo de treinamento

em conjunto com a suplementação. Para as variáveis coletadas em um único

momento do tempo (ex: peso muscular, área de secção transversa, nº de séries) foi

utilizado ANOVA one way ou Kruskal Wallis de acordo com o resultado do teste de

normalidade. Para as variáveis coletadas em 2 momentos do tempo (pré e pós

protocolo de experimento) foi utilizado ANOVA two way com medidas repetidas para

tempo. Quando necessário o pós-teste Tukey foi utilizado.

Para análise de área de secção transversa das fibras musculares foi

calculado a média de 250 fibras por animal com sete animais por grupo. Todos os

resultados obtidos foram expressos em média e desvio padrão. As conclusões

estatísticas são discutidas ao nível de significância de 5%. Para análise estatística

utilizou-se o software GraphPad Prism versão 6.01.

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3. RESULTADOS

Inicialmente todos os animais foram pareados de acordo com o teste de

carga máxima e depois distribuídos de forma aleatória para os grupos de

intervenção. Como esperado no momento pré-intervenção, os grupos não

apresentaram diferença estatística para as variáveis, peso corporal, carga

conduzida (carga fixada à cauda) e carga total (carga fixada à cauda mais o

peso corporal) como demonstrado na Tabela (1).

Tabela 1– Peso corporal e desempenho de força basal dos grupos experimentais.

3.1 EFEITOS DO TREINAMENTO E DA SUPLEMENTAÇÃO COM CAFEÍNA

3.1.1 PESO CORPORAL

Análise estatística indicou efeito principal para tempo (p < 0.0001) e interação

(p = 0.0019). Esses resultados indicam que todos os grupos ganharam peso após 10

semanas de treinamento quando comparados de pré-treino e pós-treino. Além disso,

a análise pós-teste indicou um menor peso corporal do grupo TrC quando

comparado ao grupo controle. Entretanto não houve diferença entre os grupos

treinados e controle após a 10ª semana de treinamento (Figura 2).

Con Tre TrC

Peso Corporal (g) 271,8 ± 57,3 274,1 ± 49,4 269,2 ± 43,6

Carga conduzida (g) 215,0 ± 56,4 212,0 ± 48,0 209,0 ± 63,0

Carga total (g) 469,3 ± 127,1 468,4 ± 112,5 462,7 ± 113,1

Dados expressos em média ± desvio-padrão. Con = Controle; Tre = Treinado;

TrC = Treinado e cafeína. Dados foram avaliados por ANOVA one-way ou

KrusKal-Wallis (para carga total) de acordo com resultado do teste de

normalidade Shapiro-wilk test.

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Figura 2- peso corporal após a 10 ° semana de treinamento

Pe

so

co

rp

ora

l (g

)

Pré

tre

ino

s t

rein

o

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

C o n

T re

T rC

#

*

Legenda: * = Efeito principal significativo (p < 0.05) para o fator tempo; # = diferença significativa (p <

0.05) vs. Con para o mesmo momento do tempo.

3.1.2 INGESTÃO ALIMENTAR

Foi encontrada diferença estatística (p = 0,0068) com o menor consumo

alimentar nos grupos Tre = 245,6 ±11,6g e TrC = 245,8 ± 15,8g quando comparados

ao Con = 270,8 ± 26,9g para o consumo alimentar. O consumo médio diário para o

grupo Con foi de 27,1 ± 2,7g, o grupo Tre foi de 24,6 ± 1,2g, e para o grupo TrC foi

de 24,6 ± 1,6g.

Tabela 2– controle do peso corporal e ingestão alimentar durante 10 semanas de treinamento

Con Tre TrC

Peso corporal (g) 495,0 ± 58,8 456,8 ± 45,2 408,4 ± 51,0

Consumo alimentar (g) 270,8 ± 26,9 245,6 ± 11,6* 245,8 ± 15,8*

Consumo médio diário (g) 27,1 ± 2,7 24,6 ± 1,2 24,6 ± 1,6

Grupos

Dados expressos em média ± desvio-padrão a partir de 10 animais

por grupo. Con = Controle Tre = Treinado; TrC = Treinado e cafeína;

* = p < 0,05 vs. Grupo Con. Dados avaliados por ANOVA two-way.

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3.1.3 DESEMPENHO DE FORÇA

Para avaliação do desempenho de força os resultados foram divididos em: 1)

Carga conduzida (carga fixada à cauda do animal); 2) Carga total (carga fixada à

cauda do animal somado ao peso corporal) e 3) Carga Relativa (carga conduzida ÷

peso corporal). Os testes foram realizados em 2 momentos: pré-treinamento, e 10ª

semana de treinamento.

Para o desempenho de carga conduzida, ambos os grupos apresentaram

ganho de força ao longo do tempo (efeito principal para tempo, p < 0,0001). Também

foi encontrada diferença estatística na 10ª semana de treinamento (p< 0,05, quando

comparado com o grupo Con (383,0 ± 67,0g) vs. os grupos Tre (813,0 ± 122,8g) e

TrC (907,0 ± 156,8g). Entretanto, não houve diferença estatística entre os grupos

Tre e TrC (Figura 3)

Figura 3- Carga conduzida fixada a cauda durante o teste de carga máxima

Ca

rg

a c

on

du

zid

a (

g)

Pré

tre

ino

s t

rein

o

0

5 0 0

1 0 0 0

1 5 0 0

C o n

T re

T rC

#

#

*

Legenda: * = Efeito principal significativo (p < 0.05) para o fator tempo; # = diferença

significativa (p < 0.05) vs. Con para o mesmo momento do tempo.

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Para o desempenho de carga total, os resultados foram semelhantes, sendo

encontrado efeito principal significativo para o treinamento (p < 0,0001), com ambos

os grupos apresentando ganho de força ao longo do tempo, entretanto maiores

ganhos de força foram observados nos grupos treinados, grupo Con (878,0 ± 81,0g)

vs. Tre (1269,8± 143,4g) e TrC (1315,4 ± 163,1g). Entretanto não houve diferença

estatística entre os grupos Tre vs. TrC. (Figura 4)

Figura 4 - Carga total (carga fixada a calda + peso corporal)

Ca

rg

a t

ota

l (g

)

Pré

tre

ino

s t

rein

o

0

5 0 0

1 0 0 0

1 5 0 0

2 0 0 0

C o n

T re

T rC

##

*

Legenda:*= Diferença significativa intragrupo (p < 0.05) vs. pré-treino; # = diferença

significativa (p < 0.05) vs. Con para o mesmo momento do tempo.

Para a avaliação da carga relativa apenas os grupos Tre e TrC apresentaram

diferenças significativas (p < 0,0001) quando comparados os valores pré-treino vs.

pós-treino, não sendo visualizada alteração para o grupo Con. Ao analisarmos

apenas o período pós-treino foram encontradas diferenças significativas (p < 0,001)

entre o grupo Tre e TrC em relação ao grupo controle e também entre os grupos Tre

vs. TrC (p=0,002) demonstrando que em relação a carga relativa o grupo

suplementado com cafeína obteve maiores ganhos de força relativa (Figura 5,6,7 e

8).

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Figura 5 – carga relativa (carga conduzida/peso corporal)

ca

rg

a c

on

du

zid

a

pe

so

co

rp

ora

l

Pré

tre

ino

s t

rein

o

0

1

2

3

C o n

T re

T rC#

*

#

Legenda: * = Efeito principal significativo (p < 0.05) para o fator tempo; # = diferença

significativa (p < 0.05) vs. Con para o mesmo momento do tempo. † = diferença significativa (p <

0.05) vs. Tre para o mesmo momento do tempo.

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20

3.1.4 MÚSCULO ESQUELÉTICO

Não foram encontradas diferenças estatísticas para as análises: 1) Peso do

músculo; 2) Peso do músculo normalizado pelo comprimento da tíbia; 3) Peso seco

(%), para os músculos sóleo, plantar e EDL (todos os valores de p ≥ 0,05).

Entretanto, quando o peso do músculo foi normalizado pelo peso corporal, para o

músculo sóleo foi encontrado uma diferença estatística entre o grupo Con vs. TrC

(p=0,03) Tabela 3.

Tabela 3– Análise morfometria do efeito do protocolo de treinamento nos músculos sóleo, plantar e E

Quando analisada a área de secção transversa das fibras musculares, não

foram encontradas diferenças para o músculo sóleo (p = 0,752) e plantar (p =

0,7797) entre os grupos (Figuras 9 a 12).

Con Tre TrC

Peso do sóleo (mg) 192,9 ± 22,9 183,3 ± 18,3 183,0 ± 32,4

Peso do plantar (mg) 414,5 ± 70,5 383,0 ± 47,8 380,6 ± 63,5

Peso do EDL (mg) 179,4 ± 47,2 176,4 ± 23,4 179,4 ± 22,7

Peso sóleo / peso corporal (%) 0,039 ± 0,005 0,040 ± 0,003 0,045 ± 0,005*

Peso plantar / peso corporal (%) 0,084 ± 0,009 0,084 ± 0,011 0,093 ± 0,010

Peso EDL / peso corporal (%) 0,037 ± 0,009 0,039 ± 0,006 0,044 ± 0,004

Comprimento da tíbia (mm) 42,6 ± 1,0 42,1 ± 0,9 41,3 ± 1,1

Sóleo / tíbia (mg/mm) 4,5 ± 0,5 4,3 ± 0,4 4,4 ± 0,7

Plantar / tíbia (mg/mm) 9,7 ± 1,5 9,1 ± 1,1 9,2 ± 1,4

EDL / tíbia (mg/mm) 4,2 ± 1,1 4,2 ± 0,5 4,3 ± 0,5

Peso seco - músculo sóleo (%) 27,8 ± 2,1 29,9 ± 3,0 27,3 ± 2,8

Peso seco - músculo plantar (%) 27,4 ± 2,9 26,9 ± 1,3 26,1 ± 1,6

Peso seco - músculo EDL (%) 26,5 ± 0,9 27,4 ± 1,6 27,0 ± 1,7

Grupos

Dados expressos em média ± desvio-padrão a partir de 10 animais por grupo. Con =

Controle; Tre = Treinado; TrC = Treinado e cafeína; * = p < 0,05 vs. grupo Con.

Dados avaliados por ANOVA one-way ou Kruskal-wallis quando aproriado.

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Figura 6- AST do músculo sóleo

Áre

a d

e s

ec

çã

o t

ra

ns

ve

rs

a (

m²)

C o n T r e T r C

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

Figura 7- AST do músculo plantar

Áre

a d

e s

ec

çã

o t

ra

ns

ve

rs

a (

m²)

C o n T r e T r C

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

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CONTROLE TREINADO TREINADO E CAFEÍNA

Figura 8 – Músculo sóleo dos grupos controle; treinado e treinado com cafeína observado em corte

transversal a partir de um microscópio com lente de aumento de 20 vezes.

CONTROLE TREINADO TREINADO E CAFEÍNA

Figura 9 – Músculo plantar dos grupos controle; treinado e treinado com cafeína observado em corte transversal a

partir de um microscópio óptico com lente objetiva de aumento de 20 vezes.

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4. DISCUSSÃO:

A hipótese desse estudo era que a cafeína pudesse aumentar a atividade da

via mTOR por meio da estimulação da síntese proteica provocando aumento da

massa muscular e força. Os resultados principais mostraram que a suplementação

com cafeína associada ao treinamento não induziu alterações na massa muscular e

somente foram visualizadas alterações no desempenho de força quando foram

observados os dados de carga relativa.

Ganhos de força foram observados ao longo do tempo independente do

treinamento, que podem ser observados quando avaliado para carga conduzida ou

carga absoluta, porém com maiores ganhos de força para os grupos treinados. Além

disso, quando avaliado a carga relativa não foram observadas alterações para o

grupo controle, indicando que esse grupo teve ganho de força proporcional ao ganho

de seu peso corporal. Para os grupos treinados (Tre, TrC) foram observados

maiores ganhos de força para a carga relativa o que sugere uma possível adaptação

neural induzida pelo treinamento. Quando avaliado para a carga relativa o grupo TrC

apresentou um maior ganho de força quando comparado ao grupo Tre o que sugere

que a cafeína pode ter um efeito positivo nas adaptações de força provocadas pelo

treinamento.

A cafeína parece antagonizar com receptores de adenosina A1, A2a e A2b,

tanto central e periférico, esses receptores participam das vias de sinalização

noiceptivas. Com isso temos a hipótese que a cafeína possa ter um efeito de

hipoalgesia durante a prática do protocolo de teste. Outro efeito ergogênico é que

aparentemente a cafeína age sobre o retículo sarcoplasmático e com isso existe o

aumento da permeabilidade ao cálcio, o mineral fica mais disponível para que ocorra

o processo de contração muscular (ROY et al., 1994).

Estudos investigando o efeito da cafeína têm encontrado aumento na força

máxima, no número de repetições executadas e no volume de treinamento (ARAZI;

DEHLAVINEJAD; GHOLIZADEH, 2016; DUNCAN; OXFORD, 2011), embora outros

estudos tenham falhado em demonstrar aumento de força e resistência muscular

(ASTORINO; ROHMANN; FIRTH, 2007; BOND et al., 1986; MARTINEZ et al., 2016).

O efeito ergogênico da cafeína está associado à ingestão aguda, sendo ainda pouco

conhecido o efeito crônico sobre o desempenho.

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Outros estudos também se preocuparam em demonstrar os efeitos da

ingestão de cafeína no desempenho em treinamento resistido. Jozo Grgic e Pavle

Mikulic (2017) utilizando 17 homens com experiência em treinamento de força,

demonstraram em seu estudo que a ingestão aguda de 6 mg kg-1 de cafeína pode

melhorar a força e diminuir a percepção de esforço nos membros inferiores de

homens com experiência em treinamento resistido. Contudo não foi encontrado um

efeito benéfico da cafeína no desempenho de força para os membros superiores.

Pinto e Tarnopolsky (1997) através de estimulação elétrica dos músculos

dorsiflexores de homens e mulheres, observaram um aumento significativo de força

máxima após a ingestão de cafeína. No entanto, no estudo de Hespel et al. (2002),

não foi visualizada uma melhora significativa na força de contração máxima mediada

por estimulação elétrica, porém intermitente, após a ingestão de cafeína pré-esforço

(60 minutos). Entretanto, nesse mesmo estudo, foi observado um efeito positivo da

cafeína crônicamente (3 dias seguidos), proporcionando uma melhora significativa

na força de contração máxima, no tempo de contração e relaxamento do músculo

quadríceps.

É esperado que o treinamento de força promova ganho de força e hipertrofia,

foi observado nos resultados um maior ganho de peso do músculo sóleo quando

normalizado pelo peso corporal entre o grupo TrC vs Con. Entretanto, quando

analisada a área de secção transversa do músculo não foi encontrado diferença

para nenhum dos grupos, indicando que não houve hipertrofia com esse protocolo

de treinamento. A hipótese do presente estudo era que a suplementação com

cafeína teria apenas um efeito potencializador na hipertrofia do músculo esquelético,

porém com a incapacidade do protocolo de treinamento em estimular o aumento da

massa muscular o efeito potencializador da suplementação pode não ter ocorrido

principalmente por este motivo.

Alguns estudos mostram os efeitos da cafeína sobre as vias de sinalização

intracelular do músculo esquelético. Jensen et al., 2007; Raney; Turcotte, 2008;

Egawa et al., 2009, demonstraram em seus estudos in vitro que a cafeína pode

estimular a proteína AMPK. Além disso, a ativação da AMPK pode inibir a ativação

da via da mTOR em resposta a contrações do músculo esquelético por meio de

estimulação elétrica (THOMSON et al., 2008), o que poderia resultar na atenuação

da ativação desta via, e consequentemente, na hipertrofia muscular em resposta ao

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treinamento com sobrecarga. Com o objetivo de testar essa hipótese, Moore et al.

(2017) utilizaram um modelo de sobrecarga crônica (tenotomia), capaz de induzir

hipertrofia de 15%, em combinação com a ingestão de cafeína. Todavia, os autores

não observaram alterações na massa muscular dos animais tratados com cafeína

durante o período de 2 semanas. Este estudo também não conseguiu encontrar

alterações na atividade da via mTOR. Nesse mesmo estudo, utilizando

camundongos submetidos à contração muscular por estímulos elétricos e tratados

com cafeína por injeção intraperitoneal, não foram observados diferenças na síntese

proteica e fosforilação das proteínas p70S6K, S6 ou 4EBP1(downstream da mTOR),

entre os grupos cafeína e controle. Portanto a cafeína não foi capaz de afetar a

atividade da mTOR, síntese proteica e a hipertrofia muscular induzida por

sobrecarga. Os achados de Moore et al. (2017) corroboram com os resultados desse

estudo, portanto a suplementação crônica de cafeína não altera a resposta da

massa muscular em resposta a sobrecarga crônica ou aguda.

Entretanto, outros estudos sugerem que os compostos químicos do café

oferecem um efeito protetor sobre o músculo esquelético em condições de atrofia

muscular. Durante o envelhecimento acontece a perda de massa muscular

progressiva conhecida como sarcopenia, Este processo acontece devido ao

desequilibro entre síntese e degradação proteica, ou por causa de apoptose e

processos de regeneração ou até mesmo um conjunto desses fatores (COMBARET

et al., 2009; FAN et al., 2016). O café é rico em cafeína e outros compostos

químicos, parece contribuir para a atenuação da sarcopenia. Alguns estudos em

modelos animais observaram que o café é capaz de aumentar a taxa de proliferação

celular de células satélites e melhorar a capacidade de regeneração muscular (GUO

et al.,2014). Foi observado que o tratamento com café estimula a autofagia no

músculo esquelético, o que pode contribuir com a regulação da degradação proteica

(DIRKS-NAYLOR, 2015; FAN et al., 2016). Portanto, a atenuação dessas alterações

metabólicas pode contribuir com a manutenção da massa muscular durante o

envelhecimento.

O protocolo de treinamento utilizado envolveu o modelo de escalada (ladder

climbing), utilizando cargas progressivas. Foi escolhido esse modelo por ser um

modelo de treinamento que depende de uma ação muscular voluntária e permite a

exposição do animal a um período de sobrecarga aguda, seguido por um período de

recuperação, semelhante ao que acontece no treinamento de força com seres

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humanos, diferente dos modelos não voluntários por estimulas elétricos ou

procedimentos cirúrgicos de ablação e tenotomia (CHOLEWA et al., 2014;

HORNBERGER; FARRAR, 2004; NETO et al., 2016).

O padrão de movimento durante a escalada envolve a ação muscular tanto

dos membros anteriores quanto dos posteriores (NASCIMENTO et al., 2013) com

adaptações musculares observadas em ambos os membros (NETO et al., 2016). Em

relação ao membro posterior, aumentos de massa muscular foram encontrados em

diversos músculos como, gastrocnêmio, quadríceps, flexor longo do halux (FHL),

extensor digital longo (EDL), sóleo e plantar (CASSILHAS et al., 2013; DUNCAN;

WILLIAMS; LYNCH, 1998; JUNG et al., 2015; LEE et al., 2004; TANG et al., 2014).

O presente estudo optou analisar os músculos dos membros posteriores,

sóleo por ter predomínio de fibras tipo I (fibras de contração lenta), plantar com

predomínio de fibras tipo ll (fibras de contração rápida) e o EDL com predomínio de

fibras tipo ll, porém com ação muscular oposta, ou seja, ação de extensão plantar

(DESCHENES et al., 2015; DIMOV; DIMOV, 2007; SOUKUP; ZACHAROVA;

SMERDU, 2002). No presente estudo não foram encontradas alterações nas

massas desses músculos após o protocolo de treinamento, o que está de acordo

com parte da literatura que também não observou essas alterações após o

treinamento com o modelo escalada de escada (DENCHENES et al., 2016).

(DESCHENES et al., 2015; DESCHENES; JUDELSON; KRAEMER, 2000; NETO et

al., 2016). Diversos fatores podem ter contribuído para a divergência nos resultados.

Por exemplo, diferentes protocolos de treinamento têm sido utilizados, incluindo

variações em relação à frequência de treinamento, duração do treinamento, número

de escaladas, intensidade do treinamento e tipo de padronização da intensidade que

pode ser realizada em relação ao peso corporal ou ao desempenho de força do

animal (NETO et al., 2016).

O protocolo de treinamento utilizado no presente estudo foi adaptado de

Hornberger et al. (2014). O protocolo de Hornberger et al. (2014) foi realizado

durante 8 semanas, com uma sessão a cada 3 dias, totalizando 20 sessões. A cada

sessão foram realizadas de 4 a 9 escalas, com 50%, 75%, 90% e 100% da carga

máxima até a 4ª série, a partir da 5ª série foram adicionados 30g a cada tentativa

bem sucedida. A hipertrofia de músculos dos membros posteriores foi observada em

estudos que utilizaram esse mesmo protocolo de treinamento (LEE et al., 2004) ou

adaptado para três vezes por semana (JUNG et al., 2015). A principal diferença em

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relação ao protocolo utilizado no presente estudo foi em relação ao número de

tentativas realizadas após a 4ª série. Apenas uma tentativa foi realizada, resultando

em 5 séries totais, o que poderia sugerir que número de escaladas, e

consequentemente o volume de treinamento diário, foram menores nesse estudo.

Infelizmente os estudos acima citados não ofereceram informações sobre o número

de escaladas totais completadas. Dados a partir do estudo piloto usando o protocolo

de Hornberger et al. (2014), encontrou que a média diária de escaladas foi de 4,2

por sessão de treino. Esse resultado é semelhante ao número de escaladas

realizado a partir desse experimento para todos os grupos treinados (T = 4,3; TC =

4,5; TAC = 4,5; TCAC = 4,3). Portanto, o número de escaldas e volume de

treinamento diário não parece ser o principal motivo das diferenças observadas.

Além disso, o protocolo utilizado no presente estudo teve duração de 10 semanas

com um total de 28 sessões de treino, portanto um volume 40% maior, se levado em

consideração o período total de treinamento.

O estudo de Cassilhas et al. (2013) também mostrou que o protocolo de

escalada de escada é efetivo para induzir hipertrofia em diferentes músculos do

membro posterior incluindo o músculo plantar com aumentos de 38% na área de

secção transversa das fibras musculares. O protocolo de treinamento utilizou o peso

corporal como referência de carga, utilizando 8 séries de escalada, a 1ª e 2ª série

com 50%, 3ª e 4ª série com 75%, 5ª e 6ª série com 90% e 7ª e 8ª série com 100%

do peso corporal. O treinamento foi realizado 5 vezes por semana durante 8

semanas. As comparações para volume de treinamento são difíceis de ser

realizadas, porque embora esse estudo apresentasse maior número de séries e

maior número de sessões, eles utilizaram o peso corporal como referência de carga.

Portanto, a carga de treinamento utilizada foi inferior ao utilizado em nosso

protocolo. No presente estudo, a carga conduzida ao final do treinamento

correspondeu a 178% do peso corporal e mesmo assim não foi suficiente para

estimular a hipertrofia muscular. Outros estudos usando intensidades inferiores

também têm encontrado hipertrofia. Por exemplo, Hellyer et al. (2012) utilizou ratos

Sprague-Dawley treinados 3 vezes por semana durante 10 semanas, realizando 3

séries de 10 escaladas. A intensidade variou de 0% a 80% do peso corporal, com

aumentos progressivos a cada semana, iniciando com apenas o peso corporal (0%)

e atingindo uma carga adicional de 80% na 10ª semana de treinamento. Os autores

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observaram aumentos de 10 a 20% na área de secção transversa do FHL para os

diferentes tipos de fibras (I,IIa, IIb e IIx).

Estudos que observaram a hipertrofia muscular permitindo acesso livre à

ração e água para ambos os grupos (sedentário e treinado) não mensuraram o

consumo alimentar (BEGUE et al., 2013; CASSILHAS et al., 2013; HELLYER et al.,

2012; NASCIMENTO et al., 2013) ou não encontraram diferença para o consumo

entre os grupos (JUNG et al., 2015). Dentro dos estudos que avaliaram a hipertrofia

muscular, até onde se tem conhecimento, o presente estudo foi o primeiro a

encontrar menor consumo alimentar no grupo treinado com o modelo de escada.

Portanto é possível que a ausência da hipertrofia muscular no nosso estudo em

conjunto com Deschenes et al. (2000), Deschenes et al. (2015), e Neto et al. (2013),

possam estar relacionados a um menor consumo alimentar no grupo treinado,

provocando um balanço energético negativo e interferindo nos ganhos de massa

muscular. Infelizmente os estudos acima citados não mensuraram o consumo

alimentar.

O estudo de Racotta et al. 1994 observou que a cafeína pode reduzir a

ingestão alimentar e o peso corporal em ratos. Entretanto a perda de peso não

parece estar associada ao consumo uma vez que os resultados do presente estudo

não encontraram uma diferença entre os grupos (Tre e TrC).

De fato, as alterações no balanço energético e na ingestão alimentar tem sido

uma preocupação a partir de estudos com modelos animais submetidos ao

treinamento. Parte dos estudos que observaram ganhos de hipertrofia com o

protocolo de treinamento em escalada de escada criaram estratégias para igualar o

consumo alimentar. Foi o caso dos estudos de Hornberger et al. (2014) e Lee et al.

(2004). O grupo treinado teve acesso livre a ração e água, enquanto o grupo

sedentário teve o acesso restrito a ração, de forma a igualar o consumo calórico em

relação ao grupo treinado.

A análise pós-teste indicou que todos os grupos ganharam peso após a 10ª

semana de treinamento, porém apenas os animais suplementados com cafeína

tiveram um menor ganho de peso quando comparados ao grupo controle, uma

hipótese sugerida é que a ingestão de cafeína poderia aumentar a taxa metabólica

de repouso (TMR).

Vários estudos verificaram que há um efeito benéfico da cafeína no dispêndio

energético. Leblanc et al. 1985 realizou um estudo com 16 jovens divididos em dois

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grupos igualmente entre os que eram treinados e não treinados. Ambos os grupos

consumiram café contendo 4 mg/kg de cafeína na sua composição, o resultado

encontrado foi que houve aumento da taxa metabólica de repouso (TMR) em ambos

os grupos, de modo que o aumento foi ainda maior no grupo treinado (p<0.05).

Outro estudo realizado por Poehlman et al. 1985 verificou que 300 mg de cafeína em

14 homens treinados em 10 não treinados levou ao aumento da TMR. Este efeito

parece estar associado com o aumento de ácidos graxos livres no plasma em

conjunto com uma queda do quociente respiratório o que resulta em uma

potencialização da oxidação lipídica. O menor ganho de peso só foi observado

quando o treinamento foi associado à cafeína. Dado as limitações do desenho

metodológico desse estudo não é possível fazer inferência sobre o papel da cafeína

de forma isolada para a redução do peso corporal.

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5. CONCLUSÃO

Os resultados principais desse estudo mostraram que a ingestão de cafeína

associada ao treinamento com sobrecarga não estimula aumentos na massa

muscular e que a cafeína pode ter um efeito positivo nas adaptações de força

provocadas pelo treinamento. Os resultados secundários apontam que ratos jovens

apresentam ganhos de força ao longo do tempo que são independentes do

treinamento. Entretanto maiores ganhos de força são encontrados nos grupos

treinados. O protocolo de treinamento adotado provocou reduções no consumo

alimentar dos ratos treinados e pode ter contribuído para a ausência de hipertrofia

muscular nesses grupos.

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