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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA DALIANE DA SILVA RODRIGUES ESTRUTURA POPULACIONAL DE UM REBANHO MORADA NOVA VARIEDADE BRANCA NO ESTADO DO CEARÁ FORTALEZA 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

DALIANE DA SILVA RODRIGUES

ESTRUTURA POPULACIONAL DE UM REBANHO MORADA NOVA VARIEDADE BRANCA NO ESTADO DO CEARÁ

FORTALEZA 2009

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DALIANE DA SILVA RODRIGUES

ESTRUTURA POPULACIONAL DE UM REBANHO MORADA NOVA VARIEDADE BRANCA NO ESTADO DO CEARÁ

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Zootecnia Área de Concentração: Produção e Melhoramento Animal.

Orientadora: Profª. Drª. Sônia Maria Pinheiro de Oliveira. Co-orientadora: Profª. Drª. Maria Norma Ribeiro.

FORTALEZA 2009

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R611e Rodrigues, Daliane da Silva Estrutura populacional de um rebanho morada nova variedade branca no Estado do Ceará / Daliane da Silva Rodrigues, 2009.

45 f. ; il. color. enc.

Orientadora: Profa. Dra. Sônia Maria Pinheiro de Oliveira Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Norma Ribeiro Área de concentração: Produção e Melhoramento Animal

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias. Depto. de Zootecnia, Fortaleza, 2009.

1. Conservação 2. Diversidade genética 3. Ovinos 4. Consangüinidade I. Oliveira, Sônia Maria Pinheiro (orient.) II. Ribeiro, Maria Norma (co-orient.) III. Universidade Federal do Ceará – Programa de Pós-Graduação em Zootecnia IV. Título

CDD 636.08

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DALIANE DA SILVA RODRIGUES

ESTRUTURA POPULACIONAL DE UM REBANHO MORADA NOVA VARIEDADE BRANCA NO ESTADO DO CEARÁ

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Zootecnia Área de concentração: Produção e Melhoramento Animal.

Aprovada em ____/____/________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Profª. Drª. Sônia Maria Pinheiro de Oliveira (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará - UFC

___________________________________________________ Profª. Drª. Maria Norma Ribeiro (Co-orientadora)

Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

___________________________________________________ Prof. Dr. Francisco de Assis Melo Lima Universidade Federal do Ceará - UFC

____________________________________________________ Profª. Drª. Diana Magalhães de Oliveira Universidade Estadual do Ceará – UECE

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais que sempre me apoiaram em

minhas decisões, aos meus irmãos e ao meu

namorado por todo incentivo.

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AGRADECIMENTOS Á Deus, por sua existência em meu viver, pelas bênçãos alcançadas mesmo quando não sou merecedora e principalmente por ter proporcionado fatos para que eu pudesse conhecê-lo um pouco a mais. A ti SENHOR muito obrigada! Aos meus pais, Dijerson e Eliane que sempre estiveram ao meu lado me dando todo apoio necessário. Ao meu Namorado Bruno Rafael, pelos momentos de carinho, compreensão e incentivo, mesmo quando distante. Te Amo! Aos meus irmãos, Danielly e Digerson Jr. pela torcida e apoio que me deram. Aos meus avôs, tios (as) e primos (as) pelo incentivo, tornando-me mais confiante. À Universidade Federal do Ceará – UFC, especialmente ao Departamento de Zootecnia por ter disponibilizado dados da fazendo do Curu para realização da presente Dissertação e pela oportunidade de realizar o curso de Mestrado, o qual representa o alcance de mais um dos meus objetivos. À minha Orientadora professora Drª. Sônia Maria Pinheiro de Oliveira, pela orientação, confiança, paciência e amizade durante todo o curso. À minha Co-orientadora professora Drª. Maria Norma Ribeiro (UFRPE), por quem passei a ter grande admiração como pessoa e profissional. Agradeço por todo acompanhamento dado na Dissertação desde o projeto à escrita final. Aos professores, Drº. Francisco de Assis Melo Lima (UFC), e Drª. Diana Magalhães de Oliveira (UECE), pela participação e sugestões na banca examinadora. Ao Coordenador do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará - UFC, professor Breno Magalhães Freitas, pelo apoio logo em minha chegada ao Mestrado. À Francisca Bezerra, secretária da Pós – Graduação da Universidade Federal do Ceará – UFC, agradeço por todos os serviços e atenção prestados por todos estes anos. Aos colegas de Pós – Graduação (UFC) em especial à Kassiana Adriano pela sua amizade, momentos de descontração e pelo presente amiga que me deu: “Sônia Bastos”; ao Leonardo Hunaldo pela amizade, conselhos e incentivos; ao Willian Mochel e Cutrim Jr. pela ajuda dada quando cheguei a Fortaleza apresentando Elinete Pereira, hoje, minha amiga; à Juliana Constantino por toda ajuda quando precisei me ausentar por motivos de viagem; à Ariane Albuquerque e Diogo Melo que mesmo sendo colegas de Graduação (UFAL) passei a conhecê-los melhor na Pós (UFC), agradeço pelos incentivos e demonstração de amizade e à Leonília Ferreira pelo auxílio na tabulação dos dados para Dissertação. Aos alunos de Graduação em Zootecnia (UFC), Maitê; Sávio e Pedro pela ajuda na tabulação dos dados para Dissertação.

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Às colegas da Pós – Graduação em Zootecnia (UFRPE), Rosália; Eulália e Núbia por terem sido prestativas no curto período e após o período que estive em Recife e a Erika da Pós – Graduação em Botânica (UFRPE), pela hospedagem em sua casa. Às minhas amigas (Cearenses) que dividi apartamento e boa parte do tempo em que estive em Fortaleza, Elinete Pereira pelos momentos de companheirismo e a sua mãe Mª dos Anjos por ter sido como uma mãe para mim em suas passagens por Fortaleza; Sônia Bastos por toda sua bondade e conselhos sábios; Kercya Paloma (agregada) pelos momentos de descontração e alegria transmitida e Lígia Maria pelos momentos de convívio. Aos colegas de graduação e amigos, Tâmara Lúcia; Daniella Alves e Nelson Vieira, pelo apoio e incentivo dado durante a Pós – Graduação. Á FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela concessão da bolsa no período de estudo.

MUITO OBRIGADA A TODOS!!

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a estrutura de uma população de ovinos da raça Morada Nova variedade branca no Estado do Ceará. Os dados foram provenientes do fichário de controle zootécnico do Projeto de Melhoramento de Ovinos da Raça Morada Nova variedade branca, do Departamento de Zootecnia, no período de 1970 a 1987, referentes a registros de 2403 animais, sendo 922 machos e 1481 fêmeas. Foram estimados o tamanho efetivo (Ne), coeficiente de consanguinidade (F) e parentesco médio (AR) dos indivíduos, tamanho efetivo de fundadores e de ancestrais (fa e fe), intervalo de gerações (IEG), integridade dos pedigrees e estatísticas F de Wright. Os resultados obtidos evidenciaram que houve ocorrência de perdas do material genético de origem e o uso intensivo de animais aparentados dentro do rebanho no período estudado. Para os machos, a média estimada do intervalo de geração foi satisfatória e, para as fêmeas, apresentou média inferior. Já, os valores médios estimados de AR sofreram pequenas variações na população, com exceção dos primeiros cinco anos de registro. Também, observou-se subdivisão na população, devido ao uso mais intenso de alguns reprodutores, proporcionando, assim, isolamento genético no rebanho. Portanto, concluiu-se que este rebanho de ovinos da raça Morada Nova variedade branca encontrava-se em estado crítico no período estudado, necessitando de gestão que possibilitasse a sua preservação e conservação. Palavras Chaves: conservação, diversidade genética, ovinos, consanguinidade.

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ABSTRACT The present work has the purpose of evaluating the structure of a population of Morada Nova sheep breed from State of Ceará. Data were collected from the file to control the breeding of Sheep Improvement Project for the Morada Nova Breed white variety, of the Department of Animal Science in the period from 1970 to 1987 for records of 2,403 animals, (922 males and 1,481 females). The effective size (Ne), coefficient of consanguinity (F) and average relatedness coefficient (AR) individuals, effective size of founders and ancestors (fa and fe), generation interval (IEG), integrity of pedigrees and Wright’s F statistics have been estimated. We could observe the occurrence of loss of original genetic material and the intensive use of related animals among the sheep. The obtained generation interval average for males was satisfactory, although for females the averages had lower magnitudes. The estimated AR medium rates had few variations in population, except for the first five years of record. We could observe subdivision in population due to the more intense use of some breeding animals causing genetic isolation among flock. Therefore, we came to the conclusion that this flock was in a critical situation during the period of this study, and it needs a focused administration in preservation and conservation. Key Words: conservation, genetic diversity, sheep, inbreeding.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ovinos da raça Morada Nova variedade branca .....................................................18

Figura 2 - Contribuição acumulada de ancestrais para a população. ......................................32 Figura 3 - Distribuição dos animais da raça Morada Nova variedade branca por sexo,

macho (MA) e fêmea (FE) e números efetivos (Ne) de acordo com o ano de nascimento ..............................................................................................................33

Figura 4 - Evolução das médias do incremento da consanguinidade (F) e coeficiente

médio de parentesco (AR) em toda população.......................................................36 Figura 5 - Coeficiente médio de parentesco para fundadores (AR_fund) e de toda

população (AR_pop) por ano .................................................................................37 Figura 6 - Consanguinidade média obtida considerando toda população (FP) e para o

grupo de animais consangüíneos (FC), no período estudado .................................38 Figura 7 - Consanguinidade média obtida considerando toda população (FP) e para as

três últimas gerações (3G), no período estudado....................................................38 Figura 8 - Estrutura do pedigree do rebanho Morado Nova, variedade branca. .....................40 Figura 9 - Médias de gerações máximas (Gen_max) e completas (Gen_com) traçadas por

ano. .........................................................................................................................41

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Resumo dos parâmetros populacionais do rebanho Morada Nova, variedade

branca da UFC........................................................................................................31 Tabela 2 - Números médios de pai, mãe e de filhos (MF) utilizados como reprodutores e

números efetivos por ano........................................................................................33 Tabela 3 - Número de animais, taxa de consanguinidade (F), porcentagem de indivíduos

consanguíneos (POR), coeficientes para animais consanguíneos (FC) e médio de parentesco (AR) e números efetivos (Ne) por geração completa ......................34

Tabela 4 - Número de animais, taxa de consanguinidade (F), porcentagem de indivíduos

consanguíneos (POR), coeficientes para animais consanguíneos (FC) e médio de parentesco (AR) e números efetivos (Ne) por geração máxima........................34

Tabela 5 - Via de transmissão genética, médias e erros-padrão para o intervalo de

geração....................................................................................................................35

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

• FAO - Organização das nações unidas para agricultura e alimentação

• Ne - Número efetivo

• fe - Número efetivo de fundadores

• fa - Número efetivo de ancestrais

• ∆F - Aumento da consanguinidade

• F - Taxa de consanguinidade

• AR - Coeficiente médio de parentesco

• FIT - Índice de fixação nos indivíduos da população

• FIS - Índice de fixação intra população

• FST - Índice de fixação entre população

• IEG - Intervalo de geração

• FP - Coeficiente de consanguinidade para toda população

• FC - Coeficiente de consanguinidade para animais consanguineos

• POR - Porcentagem de indivíduos consanguineos

• AR_fund - Coeficiente médio de parentesco para fundadores

• AR_pop - Coeficiente médio de parentesco para toda população

• Gen_max - Médias de gerações máximas

• Gen_com - Médias de gerações completas

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SUMÁRIO RESUMO.................................................................................................................................08 ABSTRACT ............................................................................................................................09 LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................10 LISTA DE TABELAS............................................................................................................11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...........................................................................12 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................15 2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................17

2.1 Histórico da Raça Morada Nova............................................................................17

2.2 Conservação de Recursos Genéticos de Ovinos....................................................18

2.3 Estrutura Populacional ...........................................................................................20

2.3.1 Número Efetivo e Consanguinidade .............................................................21

2.3.2 Coeficiente Médio de Parentesco (AR) .........................................................23

2.3.3 Estatísticas F de Wright .................................................................................24

2.3.4 Integridade dos Pedigrees ..............................................................................26

2.4 Programa ENDOG ..................................................................................................26

3. MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................27

3.1 Descrição dos dados.................................................................................................27

3.2 Análise dos dados.....................................................................................................28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................31

4.1 Censo e números efetivos de fundadores (fe) e ancestrais (fa) ............................31

4.2 Números efetivos......................................................................................................32

4.3 Intervalo de geração ................................................................................................35

4.4 Consanguinidade e coeficiente médio de parentesco (AR) ..................................36

4.5 Integridade dos pedigrees .......................................................................................39

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4.6 Subdivisão da população.........................................................................................41

5. CONCLUSÕES...................................................................................................................42 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................43

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, os ovinos foram introduzidos na época da colonização. Desde então,

esses animais foram se adaptando as condições locais e, adquiriram características únicas,

dando origem as raças nativas. Essas raças são de extrema importância, notadamente para as

populações de baixa renda da região, por serem mais resistentes aos parasitas e apresentar

menor exigência nutricional, havendo melhor proveito de alimentos com baixa qualidade,

sendo importantes componentes para produzir com menor custo e assegurando melhoria da

qualidade de vida de numerosas comunidades rurais.

No Nordeste brasileiro, o rebanho de ovinos é formado principalmente pelas raças

deslanadas e seus mestiços. A raça Morada Nova é uma das principais raças nativas

deslanadas, explorada para carne e pele de alta qualidade.

A maioria das raças nativas ainda sobrevive mesmo que grande parte tenha sido

absorvida por raças exóticas através da inadequada exploração a que esses rebanhos são

submetidos. A justificativa pode ser dada pela carência de pessoas capacitadas e técnicas

adequadas, aliada a falta de informação produtiva, principalmente no manejo reprodutivo que,

concomitantemente a ausência do controle zootécnico, resulta em perdas econômicas e

produtivas e aumento da taxa de consangüinidade.

A necessidade de preservação e conservação da diversidade genética constitui

recursos necessários para lidar no presente e no futuro com mudanças previsíveis como

exigências de evolução no mercado de produtos animais, bem como a necessidade de ajustes

na genética do animal para se adaptar às mudanças de ambiente.

Na literatura, são raros os artigos de estrutura de populações em ovinos a partir de

dados de pedigree, em virtude da falta de controle de registros genelógicos na maioria destes

rebanhos, sendo este o primeiro estudo realizado no Brasil.

O estudo de populações é um importante fator para analisar a variabilidade

genética inter e intrapopulacional medida pela taxa de consanguinidade. O conhecimento da

diversidade genética de uma população é a base para programas de melhoramento e de

conservação eficientes. O número efetivo, a taxa de consangüinidade e o intervalo de gerações

são os principais parâmetros para se avaliar a situação de risco de uma raça. Somente com

base nesses parâmetros, pode-se estabelecer um plano de gestão apropriado visando a

preservação e conservação de uma raça.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o estado de conservação de um rebanho de

ovinos da raça Morada Nova variedade branca no Estado do Ceará, mediante o cálculo do

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tamanho efetivo, número efetivo de fundadores e de ancestrais, coeficiente médio de

parentesco entre os indivíduos, intervalo de gerações e taxas de consanguinidade da

população, bem como, determinar as estatísticas F de Wright como forma de observar a

possível subdivisão da população.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Histórico da Raça Morada Nova

Em virtude das condições de ambiente (clima, solo, vegetação) da região

Nordeste, as principais raças e grupos genéticos ovinos criados nesta região pertencem ao

grupo dos deslanados. Os primeiros animais introduzidos no Brasil, provavelmente, eram

lanados. Estes animais e outros importados ao longo de nossa história sofreram um processo

de adaptação que culminou com a perda da lã (VILELLA et al., 2005).

Embora a origem dos ovinos da raça Morada Nova não seja bem definida, Pereira

(2004) relatou que esta é uma raça naturalizada e formada no Nordeste. Segundo Vilella et al.,

(2005), entre os anos de 1937 e 1938, o Professor e Zootecnista Otávio Domingues, visitando

o município de Morada Nova, no estado do Ceará, observou a presença de animais

deslanados, de pelagem vermelha, de queixo curto, olhos pequenos e o rabo com ponta branca

e que nos anos seguintes observou mais exemplares nos municípios de Quixadá,

Quixeramobim, Crateús, Sobral, Tauá, além de outras cidades do interior cearense. Em

virtude de ter feito a primeira observação no município de Morada Nova, Otávio Domingues

registrou este ovino deslanado com o nome de Morada Nova.

Atualmente, os ovinos da raça Morada Nova constituem-se numa das principais

raças nativas. São animais de pequeno porte, rústicos e prolíficos (PEREIRA, 2004), com

exploração para carne e pele, as quais são altamente apreciadas nos mercados nacional e

internacional. São animais desprovidos de lã, pelagem vermelha ou branca e pele de excelente

qualidade (PEREIRA, 2004 e ARCO, 2008). Os animais da variedade vermelha apresentam

pelagem vermelha em suas diversas tonalidades, cor mais clara na região do períneo, bolsa

escrotal, úbere e cabeça, pele escura, espessa, elástica e recoberta de pêlos curtos, finos e

ásperos. Já os de variedade branca apresentam pelagem branca, sendo permissíveis mucosas e

cascos claros. (ARCO, 2008).

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Figura 1 – Ovinos da raça Morada Nova variedade branca.

Alguns rebanhos de ovinos da raça Morada Nova variedade branca podem ser

encontrados no estado do Ceará. Mesmo com pouca atenção dada a essa variedade podemos

encontrar na literatura pesquisas realizadas com análises de Desempenho e Estimativas de

Parâmetros Genéticos como os de Pereira et al. (1987); Oliveira, (1992) e Maciel, (2003) e

em Biotecnologia com Lopes Júnior (2005).

2.2 Conservação de Recursos Genéticos de Ovinos

A produção de ovinos no Brasil é baseada no uso de recursos genéticos de países

temperados, com o objetivo de melhorar os índices produtivos dos rebanhos locais. Segundo

Bermejo (2006) no que se diz respeito á pecuária Ibero-americana existe uma elevada

dependência tecnológica do exterior, onde predomina os sistemas intensivos de produção, que

não são sustentáveis. Para Gandini et al. (2004) em muitos países em desenvolvimento, houve

uma tendência para o abandono da grande variedade de recursos locais em favor das raças

exóticas e seus cruzamentos. Porém, as raças locais, por haver sofrido seleção durante séculos

são mais adaptadas às condições ambientais em que se vivem quando comparadas com

exóticas (GAMA, 2006).

Em toda América Latina, existe a idéia de que um criador progressista e bem

informado deve acompanhar a tendência do mercado, pois argumentar em defesa dos recursos

genéticos nativos significa atraso, ignorância, retrocesso, conservadorismo e primitivismo.

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Entretanto, a importância desses recursos para o abastecimento de matérias primas em zonas

de condições climáticas extremas, recursos alimentícios escassos e grande incidência de

enfermidades contagiosas e parasitarias, é indiscutível (SIERRA e CASTRO, 2007).

De acordo com Matos (2000), houve grande crescimento do interesse pela

exploração de raças nativas, devido essencialmente às suas características, notadamente a

adaptação às condições edafo-climáticas locais mais ou menos adversas. Para Gama (2006),

uma das importâncias dos recursos genético animal é a sua contribuição para a manutenção de

comunidades locais, frequentemente dependentes da produção animal em zonas marginais

para a sua sobrevivência.

No Nordeste brasileiro, embora não exista um censo que estratifique por raças ou

tipos nativos os ovinos existentes na região, estima-se que cerca de 85 a 90% do rebanho seja,

de animais de raças deslanadas padronizadas (AZEVEDO et al., 2008), sendo a maioria

desses constituída por rebanhos nativos como: Santa Inês, Morada Nova, Somalis Brasileira,

Cariri, além de alguns núcleos da raça Rabo Largo e seus mestiços, decorrentes de

cruzamentos desordenados. Nessa região ainda não há estudos direcionados à estrutura de

população, bem como, à conservação em ovinos. Porém, esses rebanhos apresentam certo

índice de consangüinidade devido ao fato de não haver reposição periódica dos reprodutores.

O processo de declínio e extinção das raças locais é ainda pouco conhecido,

porque vários fatores e interações que provavelmente estão envolvidos e, também porque uma

quantidade limitada de dados está disponível para analisar o fenômeno (DANELL et al.,

2001). O aumento da taxa de perda de raças e os limitados recursos disponíveis exigirão

algum grau de prioridade de ações, e um aspecto deste processo é o risco de extinção.

A evidência do risco de extinção seguramente nos fornece provas sobre a erosão

da diversidade de uma raça. Diante dessa realidade, o desenvolvimento de tecnologias

adequadas para a recuperação e uso dos recursos genéticos e programas adequados que

potencialize a utilização dos germoplasmas a serem conservados, torna-se medida prioritária

uma vez que se, não forem adotadas pode-se chegar a situações extremas como a extinção de

raças (SALLES et al., 2008).

A relativa importância de estratégias de ação pode diferir significativamente entre

países e regiões, pois o peso relativo aplicado vai dependerá dos recursos locais (espécies e

raças), sistemas de produção e ambientes envolvidos (FAO, 2007). Para tanto, políticas

devem ser aplicadas aos recursos genéticos locais, tornando-os economicamente viável não

apenas aos grandes sistemas de produção comercial, mas pela agregação de valor aos

produtos derivados, levando-se em conta as necessidades socioeconômicas dos pequenos e

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tradicionais agricultores, que são os principais guardiões das raças mais marginalizadas

(SETSHWAELO, 2002).

Para Hill (2002), uma das justificativas para a conservação inclui uma possível

tendência na incorporação de reprodutores em programas para criar ou renovar variação e na

utilização de possíveis novos ambientes ou nichos de mercado para responder à demanda dos

consumidores e na preservação cultural.

Com o objetivo de manter a diversidade genética, duas técnicas de conservação:

são usadas: ex situ ou a in situ (ALDERSON e BODÓ, 1992) devendo-se sempre dar

prioridade a conservação in situ, incluindo registros de produção.

2.3 Estrutura Populacional

Uma população do ponto de vista genético é um conjunto de genes que se formam

ao longo do tempo e que depende de muitos processos, dentre eles, seleção, mutação

migração e deriva genética. Além disso, os genes que deram origem a uma determinada

população também influenciam na sua estrutura ao longo das gerações.

Com o fim de obter o nível de preservação da diversidade genética em populações

fechadas, são feitas estimativas com base na probabilidade de origem do gene (CABALLERO

e TORO, 2000). De acordo com Boichard et al. (1997), essas análises são mais eficientes na

predição da variabilidade genética porque são menos sensíveis as falhas ou perdas de

informações dos pedigrees.

Contudo, quando se trabalha com informações de registros genealógicos é

possível encontrar os primeiros contribuintes da população estudada, voltando até um

ancestral sem genealogia conhecida, denominado fundador. A preservação da diversidade

genética dos fundadores até a população atual pode ser medida pelo balanço da contribuição

dos fundadores por meio do numero efetivo de fundadores (fe).

A estimação do número efetivo de ancestrais (fa), fundadores ou não, proposto

por Boichard et al. (1997), explica a completa diversidade genética da população e o efeito do

gargalo de garrafa (bottlenecks) em populações, que é a redução drástica no número de

indivíduos de uma geração para outra, sendo a maior causa de perdas genéticas em

populações fechadas. Entre outras, perdas alélicas tornam-se desvantajosa, quando uma rápida

adaptação ao novo ambiente é necessária (NEI, 1975).

As populações, muitas vezes pelo tipo de acasalamento adotado apresentam-se em

níveis de hierarquia, dividindo-se em subpopulações. Segundo Cervantes et al. (2008a) é

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comum às populações de animais domésticos apresentarem algum grau de subdivisão, devido

aos acasalamentos preferenciais de indivíduos.

Em conseqüência da fragmentação da população, os subgrupos têm o número de

indivíduos reduzido em relação à toda população, o que favorece ao aumento de genótipos

homozigotos ao decorrer das gerações (LAAT, 2001 e CERVANTES et al., 2008a). Desse

modo, os efeitos da prática da seleção contínua, conjugada à subdivisão populacional, podem

resultar em um aumento da probabilidade de acasalamento de indivíduos aparentados, com

efeitos indesejáveis sobre os índices produtivos e, principalmente, sobre os índices

reprodutivos dos rebanhos (POGGIAN, 2008).

2.3.1 Número Efetivo e Consanguinidade

O número efetivo (Ne) e a consanguinidade são os principais parâmetros para se

definir a situação de risco de uma população, sendo seus conhecimentos de fundamental

importância para a conservação de uma raça.

O Ne é definido como tamanho ideal de uma população onde os animais que se

acasalam contribuem igualmente para o aumento da consangüinidade na próxima geração.

Assim, a determinação do Ne de uma população permite avaliar sua diversidade genética, cuja

quantificação numa população ou espécie é de extrema importância para a conservação da sua

genética.

O número efetivo (Ne) de uma população é importante para a compreensão dos

efeitos de variação do número de machos e fêmeas e do tamanho da família sobre a deriva

genética e sobre a consanguinidade. No entanto, é o parâmetro que resume a magnitude da

deriva genética e a probabilidade da ocorrência de aumento da consanguinidade que ocorre

numa população (POGGIAN, 2008).

O número efetivo de animais em um rebanho pode ser obtido conforme descrito

por Wright (1923): F2

1

∆=Ne , onde ∆F = aumento de consanguinidade. O número efetivo

pode ser obtido, além das taxas de consangüinidade, através do número de machos e fêmeas

adultos aptos a se acasalarem. Logo, o número de animais em idade reprodutiva em uma

população geralmente é maior que o número de animais que realmente contribuem

geneticamente para a próxima geração (LAAT, 2001). Segundo Alderson e Bodó (1992),

NfNm

NfNmNe

+

×=4

, onde Nm = número de machos e Nf = número de fêmeas.

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Hill (1972), propôs a estimativa do Ne pela variância do tamanho das famílias

como:

+

+

++

+

++= 2 22

22

2

),cov(2216

1),cov(22

16

11fffmmfmm fffm

M

F

M

F

FLF

Mmfmm

F

M

MLNeσσσσ

em que: M = número de pais no período; F = número de mães no período; L = intervalo médio

de geração; σ2mm = variância do número de filhos por pai; σ2mf = variância do número de

filhas por pai; σ2fm = variância do número de filhos por mãe; σ2ff = variância do número de

filhas por mãe; cov (mm, mf) = covariância do número de filhos de ambos os sexos por pai;

cov (fm, ff) = covariância do número de filhos de ambos os sexos por mãe.

Em populações em que se conhece o pedigree dos indivíduos que a compõem o

Ne determinado pelas taxas de consangüinidade é mais confiável. Entretanto, para Gutiérrez

et al. (2008) a maior parte das metodologias aplicadas para calcular o número efetivo, através

da sobreposição de gerações, é também afetada pela falta de integridade nos pedigrees.

A consanguinidade é a probabilidade que dois indivíduos têm de possuir alelos

idênticos pelo fato de terem um ascendente comum e é representada pela letra F e é calculada

de acordo com Meuwissen e Luo (1992). Contudo, o cálculo de coeficiente de

consanguinidade é muito sensível à qualidade das informações dos pedigrees (BOICHARD et

al., 2007). As estimativas são sempre mais confiáveis quanto maior é a integridade dos

pedigrees utilizados.

Elevadas taxas de consanguinidade em uma população estão diretamente

associadas a uma baixa diversidade genética. No Brasil, Lima et al. (2007), estudando

demografia em caprinos de raças nativas, avaliaram a situação de risco das populações de

caprinos nativos no Estado da Paraíba e observaram Ne’s abaixo de 50, indicativo de que os

rebanhos estudados encontram-se ameaçados de extinção, segundo os critérios da FAO.

O limitado tamanho da população leva tanto a redução na variabilidade genética

dentro de populações em cada loci como a consanguinidade devido ao inevitável

acasalamento entre parentes (HILL, 2002). Logo, o incremento na taxa de consanguinidade ao

longo das gerações poderá acarretar em grandes problemas para a população, uma vez que

alguns genes são perdidos (LIMA, 2005). O principal efeito genético da consanguinidade é

aumentar a probabilidade de homozigose, às vezes aumentando a frequência de genótipos

deletérios recessivos, podendo reduzir o desempenho fenotípico em características de

importância econômica (POGGIAN, 2008; NAVARRO, 2008). Além disso, a

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consanguinidade promove redução na capacidade adaptativa das raças/espécies diminuindo

sua capacidade de responder às adversidades de ambientes em gerações futuras.

São raros os artigos de estrutura de populações em ovinos a partir de dados de

pedigree, em virtude da falta do controle de registros genealógicos na maioria dos rebanhos,

sendo este o primeiro estudo realizado no Brasil. Na Espanha Goyache et al. (2003),

trabalhando com ovinos da raça Xalda, encontraram consanguinidade média de 1,54% em

toda população, sendo os maiores valores obtidos para machos (2,01%) do que para fêmeas

(1,45%). No Brasil, alguns estudos dessa natureza foram feitos com bovinos, como o de Faria

et al. (2004) com a raça Sindi que encontraram consanguinidade de 10,13% no período

estudado, indicando diminuição da variabilidade genética na raça. Cervantes et al. (2008b)

trabalhando com estrutura populacional de cavalo Árabe Espanhol, observaram incremento do

coeficiente de consanguinidade ao reconstruir a genealogia no período de 1985 a 2004,

variando de 0, no início dos registros, à 9,8%, assim demonstrando a dependência deste

parâmetro a quantidade de informações do pedigree, além da subestimação em populações

pequenas.

2.3.2 Coeficiente Médio de Parentesco (AR)

O coeficiente médio de parentesco (AR) é a probabilidade de um alelo escolhido

ao acaso na população pertencer a um de terminado indivíduo.

Para medir a variabilidade genética e conhecer as conseqüências da política de

acasalamentos utilizadas em uma população, uma das informações mais significantes procede

das análises da contribuição genética, atribuídas pelo coeficiente médio de parentesco, de

fundadores e ancestrais (NAVARRO, 2008). O AR pode ser utilizado como alternativa ou

complemento ao coeficiente de consanguinidade para prever a consanguinidade de uma

população a longo prazo, porque leva em consideração a porcentagem do pedigree completo

originado de um fundador (GUTIÉRREZ e GOYACHE, 2005). Assim, apresenta valor maior

à medida que se produz mais descendente (LAAT, 2001) e por isso pode ser usado como

índice para manter o estoque genético original, bem como, comparar a consanguinidade entre

subpopulações (GOYACHE et al., 2003).

Como vantagem, o AR pode ser utilizado como uma medida da consanguinidade

entre subpopulações e, assim servir de ferramenta para a gestão de populações através do uso

de animais com menores valores de AR, na reprodução. Entretanto, em se tratando de uma

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ferramenta, seu uso deve ser associado aos demais parâmetros como consanguinidade,

número efetivo de fundadores e intervalo de gerações.

O uso do AR como ferramenta para gestão de populações em risco é bem recente.

Em ovinos da raça Xalda foram encontrados AR de 1,8% para toda população (GOYACHE et

al., 2003). Em cavalos Árabe Espanhol observaram-se valores que variaram de 0,2 para

11,6% no período de 1895 a 2004 (CERVANTES et al., 2008). Já GUTIÉRREZ et al., (2003)

trabalhando com oito raças bovinas, encontraram médias de 0,10% a 0,73% para as raças

Avileña-Negra Ibérica, Asturiana de los Valles, Morucha, Bruna dels Pirineus, Asturiana de

La Montaña e Alistana e 1,58 e 1,70% para as raças Pirenaica e Sayaguesa, repectivamente.

Esse mesmo grupo de pesquisadores (GUTIÉRREZ et al., 2005) encontraram média de AR de

3,76% em jumentos da Catalunha. Os valores encontrados indicam a necessidade de

monitoramento dos acasalamentos no intuito de manter a maior diversidade possível das raças

utilizando animais com menores valores de AR.

2.3.3 Estatísticas F de Wright

As estatísticas F são o FIS, FIT e FST, sendo FIT, o índice de fixação ou coeficiente

de consangüinidade em toda a população, O Fst, é o índice de fixação ou coeficiente de

consangüinidade entre populações, isto é, devido à subdivisão e FIS, índice de fixação ou

coeficiente de consangüinidade intrapopulacional, isto é, consanguinidade média entre

indivíduos dentro de toda população (OLIVEIRA, 2007). Se o Fit é nulo, é indicativo de

deficiência de heterozigotos na população. O Fis nulo também indica baixa variação genética

na população. Quando o Fst varia entre 0 e 0,05 indica pouca diferenciação genética na

população; de 0,05 a 0,15 é indicativo de moderada diferenciação e, considera-se que existe

grande diferenciação genética na população quando esses valores estão entre 0,15 e 0,25.

Estes parâmetros são úteis para definir a estrutura genética de populações com

base nas informações de pedigree a partir do cálculo da distância mínima de Nei (NEI, 1987)

e estatísticas F (WRIGHT, 1978) para cada subpopulação. Caballero e Toro (2000, 2002)

formalizaram as ferramentas de pedigree necessárias para a análise da diferenciação genética

em populações subdivididas, iniciando com o coeficiente médio de parentesco entre dois

indivíduos (fij) de duas subpopulações, i e j, de uma dada metapopulação incluindo todos os

pares Ni x Nj.

Para uma dada subpopulação i, o parentesco médio é dada por fii, o autoparentesco

como si e o coeficiente médio de consangüinidade como sendo Fi = 2si – 1. Com base nesses

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parâmetros calcula-se a distância média entre indivíduos das sub-populações i e j como sendo

Dij = [( si + sj ) /2 ] – fij. A partir destes parâmetros e médias correspondentes para toda a

metapopulação, será obtida a distância genética entre as subpopulações i e j (NEI, 1987),

conforme Dij= Dij – [(Dii + Djj ) / 2] = [ (fii + fjj ) /2] - fij , e a média da metapopulação inteira

como: 2

, 1

T

n

i jiijj

N

NNDD

∑=

=−−

, de acordo com Caballero e Toro (2000, 2002).

Finalmente, as estatísticas F de Wright (1978) foram obtidas como: FIS= −

f

fF

1

~

,

FST=f

ff

1

~

= f

D

−1 e FIT= ~

~~

1 f

fF

− onde,

~

f e ~

F são, respectivamente, o coeficiente de

parentesco e o coeficiente de consanguinidade para a metapopulação e, f , o parentesco

médio dentro de subpopulação.

O FST quantifica o grau de divergência entre populações. Freqüências alélicas

iguais em todas as populações irão causar FST = 0. Já para FIT e FIS, valores negativos ou

próximos de zero indicam que há variabilidade genética na população devido a presença de

maior número de animais heterozigotos, enquanto que valores distantes de zero indicam

maiores níveis de homozigose na população (OLIVEIRA, 2007).

Em estudos com população simulada foram encontrados FST de 0,25 (TORO et

al., 2008) e 0,12 em simulação de população isolada (FERNÁNDEZ et al., 2008). Para

Gutiérrez et al., (2005) em estudo com informações genealógicas de jumentos Catalunha

encontraram baixa diferenciação genética na população com valor de FST = 0,0083. Já

Caballero e Toro, (2002) estudando caracterização molecular de raças encontraram FIS =

−0,0775, FST = 0,1897, FIT = 0,1268, demonstrando baixa taxa de homozigoze individual

dentro das subpopulações e apresentando grande diferenciação genética entre as

subpopulações.

Em ovinos da raça Merino, Azor et al. (2008) encontraram baixa variação

genética entre os indivíduos da população e aproximação genética entre as populações com

valores de 0,025; 0,067 e 0,09 para FST, FIS e FIT, respectivamente. Resultados semelhantes

foram encontrados em bovinos da raça Criollo Casanare da Colômbia que apresentaram FST =

0,033; FIS = 0,069 e FIT = 0,1 (SASTRE, 2003).

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2.3.4 Integridade dos Pedigrees

O índice de integridade de pedigree é muito utilizado para avaliar a quantidade de

descendentes presentes em cada geração de determinado indivíduo proporcionando

porcentagens de pais, avós, bisavós, etc., em uma representação gráfica das gerações mais

recentes, distinguindo as vias paternas e maternas (MAcCLUER et al., 1983; NAVARRO,

2008). Isso é particularmente importante em estudos de estrutura de populações, uma vez que

a qualidade e precisão das estimativas dos parâmetros dependem da qualidade dos pedigrees

disponíveis, tais como informações errôneas, pedigree incompleto e introdução recente de

animais na população Acarretando a subestimação ou a superestimação da consanguinidade

(BOICHARD et al., 1997; GOYACHE et al., 2003) e assim, dificultando as interpretações.

Navarro (2008) trabalhando com estrutura populacional de cavalo Árabe observou um

incremento do coeficiente de consanguinidade ao reconstruir a genealogia, demonstrando a

dependência deste parâmetro a quantidade de informações do pedigree.

2.4 Programa ENDOG

O ENDOG é um software que deriva de um conjunto de rotinas de linguagem. O

programa é utilizado para análises de dados de pedigrees sendo possível monitorar

acasalamentos de animais abrangendo a variabilidade genética (GUTIÉRREZ e GOYACHE,

2008). Entre as versões tem-se a 2.0 que era utilizada para cálculos descritos por Goyache et

al., (2003). Na versão 3.2 do programa foi incluída a possibilidade de cálculo de estatísticas F

(WRIGHT, 1978). A versão 4.0 apresenta algumas melhorias como o cálculo da endogamia, a

avaliação da integridade do pedigree e a estimativa do tamanho efetivo da população estudada

a partir da variância de família. A versão mais recente do ENDOG (4.5) de 2008 inclue

algumas melhorias, como análise do Ne usando regressão e a formula de Hills (1972) na

variância de família, especialmente na análise individual de consanguinidade e coeficiente de

consanguinidade parcial (LACY et al., 1996).

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27

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Descrição dos dados

Os dados utilizados neste estudo foram oriundos de um rebanho de ovinos da raça

Morada Nova variedade branca, criados na Fazenda Experimental do Vale do Curu,

pertencente ao Centro de Ciências Agrária da Universidade Federal Ceará, situada no

município de Pentecoste no Estado do Ceará.

A fazenda localiza-se a 105 km a Nordeste da cidade de Fortaleza, a uma altitude

média de 70 metros acima do nível do mar, entre os paralelos 3°35’ e 4°00’ de latitude Sul e

os meridianos 39°30’ a Oeste de GREENWCE. A região é considerada zona de transição

entre o Litoral e o Sertão

O clima, de acordo com classificação de KOPEN, é o tipo Aw’, quente e úmido,

caracterizado por duas estações distintas: a chuvosa, de Janeiro a Junho e a seca, de Julho a

Dezembro.

Os dados analisados foram provenientes do fichário de controle zootécnico do

Projeto de Melhoramento de Ovinos da Raça Morada Nova variedade branca, do

Departamento de Zootecnia, no período de 1970 a 1987 referentes a registros de 2403

animais, sendo, 922 machos e 1481 fêmeas. Por não haver registros de informações do

rebanho após 1987, não foi possível o estudo da estrutura populacional desta data até o

momento atual.

Foi realizada a análise de estrutura de todo o rebanho, dentro e entre gerações.

Para tanto, os animais foram identificados pelo dia, mês e ano de nascimento, bem como, pai

e mãe quando essa informação continha no registro.

Indivíduos cujos pais eram conhecidos, mas tinham datas de nascimento

desconhecidas, tiveram a data de nascimento estimada com base nas datas de nascimento em

seus ancestrais e descendentes de modo que pudessem ser incluídos a uma geração após seus

pais e anterior aos seus filhos.

Os animais avaliados foram criados em pastagem nativa melhorada e pastagem

cultivada. Na estação seca, os animais receberam suplementação alimentar que consistia, na

maioria das vezes, de capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum), feno de sorgo

forrageiro (Sorghum bicolor), feno de cunha (Clitoria ternarea) e o feno de leucena

(Leucaena Leucocephala). Todos os animais tinham a sua disposição sal comum e

suplementação mineral durante todo o ano.

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Todos os animais eram vermifugados sistematicamente, sendo a primeira

vermifugação no início da época seca, a segunda na primeira quinzena de Dezembro antes da

chuva e a terceira no período chuvoso.

Os reprodutores eram mantidos em piquetes próprios e as fêmeas tinham acesso às

pastagens pela manhã e retornavam aos apriscos à tarde. Durante a estação de monta, foram

usados rufiões no período de 60 dias para detecção do cio. No sistema de acasalamento foi

usado 1 reprodutor para 20 fêmeas e rotação de reprodutores para evitar consanguinidade no

rebanho.

3.2 Análise dos dados

As análises dos dados foram realizadas utilizando o programa ENDOG v4.5

(GUTIÉRREZ e GOYACHE, 2008), mediante o cálculo dos seguintes parâmetros:

• Consanguinidade e número efetivo (Ne)

O aumento da consanguinidade (∆F) foi calculado para cada geração através da

clássica fórmula: ∆F= 1

1

1 −

t

tt

F

FF, onde Ft e Ft-1 são a média de consanguinidade na geração ith .

O número efetivo da população (Ne) foi calculado por duas vias: uma em função do ∆F

através da fórmula Ne =F2

1

∆, para cada geração, onde Ft > Ft-1 caracterizou

aproximadamente o efeito da consangüinidade estreita e larga. Ne é definido como o número

de animais reprodutores que contribuiriam para o atual aumento da consangüinidade se eles

contribuíssem igualmente para a geração seguinte. A outra forma do Ne obtida foi pela

variância do tamanho das famílias como:

+

+

++

+

++= 2 22

22

2

),cov(2216

1),cov(22

16

11fffmmfmm fffm

M

F

M

F

FLF

Mmfmm

F

M

MLNeσσσσ

Onde o tamanho da família é caracterizado pelos números de filho e filhas que se matem para

a reprodução (James, 1977).

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• Coeficiente médio de parentesco (AR)

Esse coeficiente foi obtido mediante o uso de um algorítmo que permite obter um

vetor c’ definido como:

c' = (1/n) 1'A [1]

Onde: A é o numerador da matriz de parentesco de tamanho n x n. Por outro lado, o

numerador da matriz de parentesco pode ser obtido da matriz P onde Pij é igual a 1 se j é pai

de i e 0 caso não seja, o que define os pais dos animais (QUAAS, 1976), por meio de:

A = ( I - ½ P )-1 D ( I - ½ P' ) -1 [2]

Onde D é uma matriz diagonal com elementos não zero obtidos por:

dii = 1 - ¼ ajj - ¼ akk [3]

j e k são os pais do indivíduo i

De [2], A ( I - ½ P' ) = ( I - ½ P ) -1 D

Pré-multiplicando por (1/n) 1’:

(1/n) 1' A ( I - ½ P' ) = (1/n) 1' ( I - ½ P ) -1 D

e usando [1]:

c' ( I - ½ P' ) = (1/n) 1' ( I - ½ P ) -1 D

Multiplicando c’ entre parênteses e isolando c’:

c' = (1/n) 1' ( I - ½ P ) -1 D + ½ c' P' [4]

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• Integridade dos Pedigrees

Foi obtido de acordo com MacCluer et al., (1983). Foram traçados os números de

gerações totalmente determinadas, o número máximo de gerações determinadas e as gerações

completas para cada animal no pedigree. O primeiro é definido como aqueles que separam a

prole da geração mais distante onde os ancestrais 2g do indivíduo são conhecidos. Os

ancestrais sem pais conhecidos foram considerados como fundadores (geração 0). O segundo

é o número de gerações que separam o indivíduo de seu antecessor mais distante. As gerações

completas equivalentes foram computadas como a soma sobre todos os ancestrais conhecidos

dos termos calculados como a soma de (1/2)n onde n é o número de gerações que separam o

indivíduo de cada ancestral conhecido (MAIGNEL et al., 1996).

• Número efetivo de fundadores e de ancestrais

Foi calculado para avaliar a concentração de animais e genes originais segundo

(BOICHARD et al., 1997). É calculado como: ∑=

= f

kk

e

qf

1

2

1 onde, qk é a probabilidade do

gene originar-se do ancestral k. Como explicado acima, o cálculo é feito utilizando-se os

coeficientes AR dos indivíduos fundadores; o parâmetro fe, calculado equivale ao calculado

de acordo com James (1972) se a população referência utilizada apresenta pedigree completo.

O fa é calculado de maneira similar ao número efetivo de fundadores: ∑=

= a

jj

a

qf

1

2

1onde, qj

é a contribuição marginal de um ancestral j, que é a contribuição genética dada por um

ancestral que não é explicada por outros ancestrais escolhidos anteriormente. Os dois últimos

parâmetros são inicialmente calculados tendo como referência a população daqueles animais

no pedigree com ambos os pais conhecidos. As estatísticas F de Wright foram calculadas de

acordo com

• Intervalo de Gerações (IEG)

Este parâmetro, definido pela idade média dos pais ao nascimento da progênie, foi

calculado por quatro vias (pai-filho, pai-filha, mãe-filho e mãe-filha) utilizando as datas de

nascimento de cada indivíduo e dos seus pais.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Censo e números efetivos de fundadores (fe) e ancestrais (fa)

Na Tabela 1 encontra-se um resumo da estrutura da população estudada. De 2403

animais estudados no rebanho apenas 19,9% são ancestrais e, destes, apenas 2,1% foram

responsáveis pela diversidade genética do rebanho no período estudado.

Tabela 1 – Resumo dos parâmetros populacionais do rebanho Morada Nova, variedade branca

da UFC.

Tamanho da população analisada 2403 Tamanho da população referência 1926 Número de ancestrais 477

Número efetivo de fundadores 20 Número efetivo de ancestrais 20 Número de ancestral que contribui na população 253

Número de ancestral que explica 50% da variabilidade genética 10

Números efetivos médios de fundadores (fe) e ancestrais (fa) foi igual, de modo

que a relação entre fe/fa é igual a 1. Esse resultado diferiu do que freqüentemente se encontra

na literatura onde prevalece fa com valor inferior ou igual ao fe. Isto se deve, provavelmente,

ao fato de que os fundadores aparecem em mais vias de transmissão genética do que os

ancestrais conforme citam Reis Filho (2006) e Poggian (2008). Estes parâmetros explicam

como o uso abusivo de determinados indivíduos reprodutores pode contribuir para redução

considerável da diversidade genética de uma população (GUTIÉRREZ et al., 2003),

apresentado o efeito conhecido como gargalo de garrafa (bottleneck). Esse fenômeno é

agravado com o número efetivo de fundadores e de ancestrais que são muito inferiores a

população fundadora como um todo, além de que 50% da genética do rebanho concentra-se

em 10 ancestrais apenas, contribuindo para um grave afunilamento genético. Em ovinos da

raça Xalda, Goyache et al. (2003) observaram ocorrência desse efeito cujo valor razão de fe/fa

foi de 2,02 e Poggian (2008), em bovinos da raça Guzerá, de 3,15. Os resultados encontrados

por esses autores indicam de que houve restrição no uso de determinados animais como

reprodutores no período estudado.

Na Figura 2, têm-se a descrição detalhada da evolução do número de ancestrais,

onde 50% da variabilidade genética é explicadas por apenas 4,0% deles, indicando uso

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32

excessivo de determinados reprodutores. Logo, metade da população referência foi

constituída por um número relativamente baixo de ancestrais, medida que contribui para uma

perda de material genético e conseqüente afunilamento genético ou gargalo genético

(bottleneck). Esse fenômeno é comum e freqüente em populações pequenas como apontam

estudos realizados por Azor et al.,( 2008) na raça Merina, Gutiérrez et al., (2003) em bovinos

e Laat (2001) com equinos.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1 13 25 37 49 61 73 85 97 109 121 133 145 157 169 181 193 205 217 229 241 253

Número de ancestrais

Figura 2 – Contribuição acumulada de ancestrais para a população.

4.2 Números efetivos

Podemos observar na Tabela 2 que os machos, mesmo apresentando menor

proporção, tiveram números médios de filhos por ano maiores que as fêmeas. Isso se deve a

fatores fisiológicos reprodutivos para cada sexo, podendo a ovelha reproduzir uma média de

apenas 1,5 filho por ano, já o carneiro acima de 20 por ano em monta natural. Por outro lado,

o uso excessivo de determinados machos é evidente, onde de cerca de 51 machos nascidos

anualmente, apenas três foram utilizados como reprodutores por ano, indicativo de falta de

plano adequado de gestão genética na população. Observa-se que os números efetivos (Ne)

obtidos variaram ao longo dos anos de acordo com os números dos pais e relação

macho:fêmea, uma vez que os Ne’s da Tabela 2 foi estimado em função das variações do

tamanho da família dentro de cada período. Em decorrência do limitado número de

reprodutores utilizados na reprodução foram observados números efetivos aquém dos ideais,

com uma média de 27,29, e valor máximo de 49,06, estando abaixo do mínimo recomendado

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pela FAO que é de 50, para que se garanta manutenção da máxima variabilidade genética ao

longo das gerações. Faria et al. (2001), estimaram Ne através da variância do tamanho da

família e obteve ganhos satisfatórios em bovinos da raça Gir, variando de 3 à 70 apresentando

aumento do número de reprodutores de 135 à 219, respectivamente para o período de estudo.

Na Figura 3 é observada a evolução dos números efetivos por ano de nascimento

de machos e fêmeas, sendo estimados em função do ∆F, onde observa-se decréscimo do Ne

em função do aumento no número de proles. Porém, esse fato se procedeu ao limitado número

de reprodutores utilizados para o acasalamento prevalecendo ao aumento da consanguinidade,

fato que só contribui para a perda da diversidade genética.

Tabela 2 - Números médios de pai, mãe e de filhos (MF) utilizados como reprodutores e números efetivos por ano.

Machos Fêmeas

Ano pai MF mãe MF Ne 1970 13 9,46 64 1,38 42,96 1974 3 8 11 1,64 10,94 1975 3 9,67 19 1,47 29,99 1976 1 1 23 1,43 14,83 1977 1 12 20 1,15 21,03 1978 3 4,67 20 1,15 43,59 1979 1 10 21 1,14 15,26 1980 2 2 7 1 49,06 1981 2 4,5 3 1 17,95

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

Ano

MA

FE

Ne

Figura 3 - Distribuição dos animais da raça Morada Nova variedade branca por sexo, macho

(MA) e fêmea (FE) e números efetivos (Ne) de acordo com o ano de nascimento.

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34

Nas Tabelas 3 e 4, encontram-se os valores de consanguinidade calculado para os

animais que têm todo seu pedigree conhecido (geração completa) e para toda a população,

respectivamente.

A percentagem de animais consanguíneos variou de cerca de 4% na segunda

geração até 41% (Tabela 3), com conseqüente aumento da consanguinidade e do AR, ao

longo das gerações (Tabelas 3 e 4).

Observa-se na Tabela 4 que os valores de F mantiveram-se em níveis mínimos até

a quinta geração quando teve um incremento considerável, como consequência da redução no

Ne. Para geração máxima os valores de Ne também variaram em função do ∆F, com

decréscimo acentuado ao longo das gerações. Esse fato colabora para perdas genéticas, pois

uma vez diminuído o Ne há perda de material genético, indicando ausência completa de um

plano de gestão para o rebanho.

Tabela 3 – Número de animais, taxa de consanguinidade (F), porcentagem de indivíduos consanguíneos (POR), coeficientes para animais consanguíneos (FC) e médio de parentesco (AR) e números efetivos (Ne) por geração completa.

Geração N F POR FC AR Ne

0 477 0 0,008 1 1338 0,005 0,039 0,135 0,044 95,2 2 541 0,037 0,412 0,090 0,063 15,6 3 47 0,108 1 0,108 0,086 6,7

Tabela 4 - Número de animais, taxa de consanguinidade (F), porcentagem de indivíduos consanguíneos (POR), coeficientes para animais consanguíneos (FC) e médio de parentesco (AR) e números efetivos (Ne) por geração máxima.

Geração N F POR FC AR Ne

0 280 0 0,003 1 481 0 0,037 2 554 0,012 0,067 0,179 0,050 41,8 3 566 0,024 0,224 0,108 0,054 40,4 4 436 0,024 0,287 0,084 0,048 20,8 5 86 0,016 0,384 0,041 0,039 31,3

Atualmente, a população estudada encontra-se em situação muito mais crítica,

totalmente descaracterizada e sem plano de gestão genética desde o ano 1987. Há necessidade

de reorganização do rebanho e definição de um plano de recuperação, dada a sua importância

como recurso genético local e nacional.

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Semelhantemente, Faria et al., (2004), analisando a estrutura genética da raça

Sindi, encontraram altas variações de Ne (161; 20; 14 e 9) e taxas de consanguinidade

crescentes do primeiro ao último período, constatando, também, a falta de plano de gestão

genética para o rebanho.

Ainda vale ressaltar que Gutiérrez et al. (2008), trabalhando com diferentes

estimativas do Ne, concluíram que estimativas obtidas a partir do ∆F, são mais estáveis ao

longo das gerações em comparação com outros métodos, independentemente da situação

particular dos arquivos de pedigree analisados.

4.3 Intervalo de geração

Intervalos médios de gerações (IEG) e idade dos pais ao nascimento da progênie

com números de observação e erro-padrão são encontrados na Tabela 5. A média geral para

intervalo de geração foi aproximadamente de 5 anos, com valores maiores na linha pai-filho e

mãe-filha. Levando em conta que a vida útil de ovinos são de 6 anos para machos e de até 8

anos para fêmeas, os valores do IEG não foram satisfatórios para a linha mãe com média de

3,95 anos, havendo pouco tempo de permanência das reprodutoras no rebanho fazendo com

que tenham pouco tempo para contribuir com seus genes. Para linha pai, a média foi de 5,98

anos. Esse valor é satisfatório já que a maior permanência de animais em reprodução deve ser

a máxima possível em rebanhos alvo de programas de conservação. Porém, ao se manter o

IEG em níveis máximos, deve-se ter um cuidado mais rigoroso dos acasalamentos, para

controle da consanguinidade. Assim, um plano de gestão adequado deve ter como meta

aumentar número efetivo, aumentar intervalo de gerações com maior controle nos

acasalamentos de forma a evitar acasalamentos consanguíneos.

Tabela 5 – Via de transmissão genética, médias e erros-padrão para o intervalo de gerações.

Intervalo de gerações (anos) Número Média Erro-Padrão Pai-filho 31 6,24 0,65 Pai-filha 225 5,71 0,23 Mãe-filho 33 3,56 0,39 Mãe-filha 240 4,34 0,16 Total 529 4,98 0,13

Intervalos de geração muito menores foram encontrados por Goyache et al. (2003)

em ovinos da raça Xalda com valores de 2,77 e 3,17 para a linha pai e mãe, respectivamente.

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36

E na espécie bovina da raça Guzerá, Poggian (2008) encontrou média de 7,48 para as vias de

transmissões, sendo 7,57 na linha paterna e 7,28 na linha materna.

4.4 Consanguinidade e coeficiente médio de parentesco (AR)

A relação entre a taxa de consanguinidade (F) e o coeficiente médio de parentesco

(AR) apresentados na Figura 4 indica que nos primeiros quatro anos o F foi igual a zero, já

que nesse período estão incluídos animais sem registros (fundadores), considerando-os como

não consanguíneos. Entre os anos de 1970 e 1971 as médias de AR tiveram considerável

aumento de 0,5 para 4,8%, indicando que animais nascidos nessa época tiveram grande

contribuição genética na população. Já entre os anos de 1971 a 1973 houve um decréscimo

desse valor chegando a 0,4%. No entanto, esses valores foram devido, principalmente, à falta

de informações de registros que favorecem os cálculos do que, fruto de uma gestão adequada

uma vez, que nos anos seguintes esse valor aumentou para 4,4%. A partir de 1975 os valores

de F se mantiveram abaixo de 1%. Goyache et al. (2003) em estudo com ovinos da raça Xalda

encontraram valores de F nulos durante um período de três anos e AR inferiores a 2%. O

AR, em gestão de rebanhos, é um parâmetro novo e muito importante para populações em

risco. Animais com menores coeficiente médio de parentesco devem ser preferidos para

acasalamentos, pois permite maior participação de animais que estão sendo pouco utilizados e

essa medida, contribui para diminuir a consanguinidade do rebanho bem como evita possíveis

perdas de material genético.

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

ano

F

AR

Figura 4 - Evolução das médias do incremento da consanguinidade (F) e coeficiente médio de

parentesco (AR) em toda população.

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37

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

Ano

AR_fund

AR_pop

Figura 5 - Coeficiente médio de parentesco para fundadores (AR_fund) e de toda população

(AR_pop) por ano.

Percebe-se nesta figura intensa contribuição de fundadores nos primeiros três

anos, com exceção do ano de 1971, por haver registro de apenas dois fundadores. A

contribuição genética de toda população seguiu valores próximos ao dos fundadores somente

na época em que foi incluído fundadores e apresentados baixos registros de natalidade, em

1970 com 0,5% para ambos e 1973 com 0,2% e 0,4% para AR_fun e AR_pop,

respectivamente. Após esse período, observou-se diminuição na contribuição dos fundadores

ao longo do tempo, possivelmente pela maior participação de ancestrais (não fundadores).

Na Figura 6, encontra-se a consanguinidade considerando toda população (FP) e

para o grupo de animais apenas consanguíneos (FC). Percebe-se que maior proporção de

animais consanguíneos foi observada em 1975, indicando ausência de controle de

consanguinidade neste ano. Por outro lado, nos últimos cinco anos de registro houve

decréscimo acentuado para o FC, atingindo valores próximos aos de FP, apresentando

menores níveis de consanguinidade. Ainda assim, no mesmo período, os valores dos Ne’s são

preocupantes com média de 33,28. Semelhantemente, Gutiérrez et al. (2003) encontraram

aproximação entre os FC e FP nos últimos anos de estudo, para seis raças de bovinos.

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38

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

ano

FP

FC

Figura 6 – Consanguinidade média obtida considerando toda população (FP) e para o grupo

de animais consangüíneos (FC), no período estudado.

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

ano

FP

F3G

Figura 7 - Consanguinidade média obtida considerando toda população (FP) e para as três

últimas gerações (3G), no período estudado

A evolução da consanguinidade de toda população confrontada com as três

últimas gerações é apresentada na Figura 7. Observa-se nesta figura que até o ano de 1980 os

valores de consanguinidade apresentaram a mesma tendência, isso porque até determinado

período é considerado todo o pedigree para ambos os parâmetros. Quando se analisa apenas as

últimas três gerações os valores aumentam por ter sido incluído apenas registros do período

de 1980 a 1987. Contudo, os níveis de consanguinidade do rebanho avaliados nas três últimas

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gerações, apesar de sofrer aumento e depois diminuição, apresentaram comportamento

semelhante ao longo das gerações indicando que não houve grandes mudanças no plano de

gestão da população ao longo dos anos. Esses mesmos resultados foram obtidos por Gutiérrez

et al. (2003), em estudo com bovinos de raças espanholas, mostrando diferenças mínimas

entre a consanguinidade de toda população e das três últimas gerações consideradas.

4.5 Integridade dos pedigrees

A análise de dados dessa natureza com base em pedigrees completos é fundamental, uma vez

que todos os parâmetros são estimados com base neles. Portanto, esses parâmetros serão tanto

mais precisos quanto mais completos sejam os pedigrees.

Na Figura 8 são mostradas as percentagens de pais, avós, bisavós, trisavós e

tetravós conhecidas na população estudada. Percebe-se que se têm informações até a quinta

geração, com maior quantidade de pedigrees conhecidos até a terceira geração com perda

drástica de informações nas quarta e quinta gerações. Mais de 80% dos pais são conhecidos, o

que é um dado interessante já que o grau de integridade dos pedigrees é determinante da

qualidade dos parâmetros estimados. Em toda população, 283 (11,78%) são fundadores, sendo

maior parte deles concentrados nas últimas gerações, momento em que se iniciaram os

registros do rebanho e com média de pais conhecidos de apenas 0,3% no mesmo período,

decorrentes da perda de mais de 20% de pais conhecidos por geração.

Na Figura 9 verifica-se que houve pouca variação na quantidade de gerações

completas (pai e mãe conhecidos) durante o período estudado. Observa-se, no entanto,

aumento de gerações máximas por ano, indicativo de pouco ou nenhum controle dos

pedigrees ao longo dos anos. Outro fato que pode ter contribuído para esse quadro deve-se a

provável inclusão de animais sem registros no rebanho, fato que contribui para estimativas

errôneas dos parâmetros que permitem avaliar a estrutura de população.

Deste modo, houve incremento de consanguinidade ao reconstruir a genealogia,

demonstrando dependência deste parâmetro à quantidade do pedigree conhecido. Os valores

de F acumulados para as últimas gerações no pedigree foram 10,8% para completas contra

1,6% para máximas. Apesar do valor do grupo da geração máxima apresentar bons indícios de

gestão, já que grande proporção de indivíduos são não aparentados, isso não tornou-se

realidade pelo fato de ter diminuído o número de registro no rebanho, passando a ter apenas

86 animais.

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Figura 8 – Estrutura do pedigree do rebanho Morado Nova, variedade branca.

2.403 animais

88,1% mãe

80,4% pai

45,4% avó

43,4% avô

50,4%

47,6% avô

22,5%

18,8%

17,6%

17,6%

22,8%

21,8%

17,6%

6,7%

6,7%

1,7%

6,7%

7,2%

3,8%

5,3%

5,3%

5,2%

2,9%

4,8%

4,7%

6,6%

6,5%

6,9%

3,7%

1%

1%

0 0,2%

0,2%

0 1,2%

1,2%

0 0 0 0,6%

0,6%

0,1%

0,1%

0,1%

0,1%

0 0,1%

0,1%

0,8%

0,2%

0,2%

0,2%

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41

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,51970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

Ano

Gen_max

Gen_com

Figura 9 - Médias de gerações máximas (Gen_max) e completas (Gen_com) traçadas por ano.

4.6 Subdivisão da população

Os valores obtidos para FST, FIS e FIT foram 0,20031, -0,259788 e -0,007791,

respectivamente. O valor de FST indicou haver subdivisão na população no período de estudo

com grande diferenciação genética. No entanto, a presença de heterozigotos na população é

alta, como indica os valores de FIS e FIT negativos.

Ao contrário deste estudo, Faria (2002), estudando estrutura genética de raças

zebuínas no Brasil encontrou pouca diferenciação genética na população com valores de Fst e

Fis de 0,0028 e 0,0201 na raça Gir; 0,0155 e 0,0154 na raça Gir Mocho; 0,0045 e 0,0299 na

raça Indubrasil; 0,0157 e 0,0053 na raça Nelore e 0,0056 e 0,0045 na raça Nelore Mocho,

respectivamente. Isso é indicativo de que existe um bom manejo genético nesses rebanhos.

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5. CONCLUSÕES

O uso abusivo de reprodutores pode ter contribuído para redução considerável da

diversidade genética.

Em geral, os valores de coeficiente médio de parentesco foram estáveis ao longo

dos anos

Observou-se subdivisão na população devido ao uso desequilibrado dos

reprodutores

O rebanho encontrava-se em estado crítico no período estudado, necessitando de

gestão que vise a sua preservação e conservação.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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