universidade federal de pernambuco - livros grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf ·...

181
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS ASPECTOS DIMENSIONAIS DE CÓDIGOS DE OBRAS E EDIFICAÇÕES SOB O ENFOQUE DA ERGONOMIA DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UFPE PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE POR ROSAMARIA GOMES DO MONTE Orientador: Profª. Vilma Maria Villarouco Santos, DSc. RECIFE, MAIO / 2006.

Upload: lekiet

Post on 27-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS ASPECTOS

DIMENSIONAIS DE CÓDIGOS DE OBRAS E

EDIFICAÇÕES SOB O ENFOQUE DA ERGONOMIA

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UFPE

PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

POR

ROSAMARIA GOMES DO MONTE

Orientador: Profª. Vilma Maria Villarouco Santos, DSc.

RECIFE, MAIO / 2006.

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

ii

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

iii

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

iv

Dedico este trabalho

às minhas duas filhas e ao meu marido pelo

apoio, ânimo e paciência que dispensaram a mim

nesta etapa da minha vida.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter forcas para continuar nesta luta da vida, aumentando a cada dia

a minha fé. À minha Nossa Senhora pela manutenção da minha perseverança e alegria de

viver.

Aos meus pais, agradeço pelo carinho e dedicação por toda a minha vida. E aos meus

irmãos por todo o amor que deles recebo.

À minha amiga e orientadora a professora Vilma Villarouco, pelas palavras sempre

carinhosas, competência e estímulo no desenvolvimento deste trabalho.

A todos os professores do curso que contribuíram para minha formação acadêmica no

mestrado e aos meus colegas de estudo.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

vi

RESUMO

A presente dissertação de mestrado em Engenharia de Produção tem como objetivo,

analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras de

cinco importantes capitais brasileiras, de todas as regiões do Brasil, a partir dos princípios da

ergonomia e da antropometria. Foram investigados, especificamente, os fatores determinantes

para a definição desses parâmetros e as conseqüências dessa utilização nos espaços

habitacionais. Os dados obtidos foram apropriados em um estudo de caso, que adotou como

modelo para análise uma situação real, de um apartamento localizado em um bairro de classe

média alta no Recife. Esta fase do trabalho é abordada à luz de princípios da ergonomia, o que

exacerba as áreas diminutas da unidade habitacional avaliada. As dimensões estabelecidas

pelas legislações estudadas foram aplicadas neste apartamento-modelo sendo analisadas e

comparadas com um modelo do Código de Obras. Os resultados obtidos demonstraram que,

nas legislações estudadas, os aspectos dimensionais não estão sendo priorizados pelos

legisladores, apresentando falhas que podem comprometer a usabilidade do espaço

habitacional. Observou-se ainda, que quanto maior o município, menores são os parâmetros

estabelecidos pela legislação reguladora, demonstrando-se que as necessidades reais dos

moradores são suprimidas em detrimento às prioridades do mercado.

Palavras-Chave- Código de Obras e Edificações, ergonomia do ambiente construído,

antropometria, dimensionamento habitacional, apartamentos.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

vii

ABSTRACT

This present masters study in Production Engineering comparatively analyses the

minimum dimensions established by the Building Code from five important brazilian capitals,

from every region in Brazil, according to ergonomics and anthropometry principles. Have

been investigated, specifically, the determinative factors to the definition of these parameters

and the consequences of its use on habitation spaces. The data obtained were applied in a case

study, which used as a model for analysis a real situation, from an apartment located in an

upper middle class neighborhood in Recife. This phase of the study is boarded with

ergonomics principles, which emphasizes the small areas from the habitation unit evaluated.

The established dimensions from the studied legislations were applied on the model-

apartment analyzed and compared with the Building Code model. The obtained results

demonstrated that, in the studied legislations, the dimensional aspects are not being prioritized

by the legislators, presenting flaws that may compromise the use of the habitation space. It

was also observed that, the larger the city is, the smaller are the established parameters by the

regulating legislation, demonstrating that the real needs of the inhabitants are suppressed in

relation to the priorities of the market.

Key words- Buildings and Constructions Code, ergonomics of the built environment,

anthropometry, housing dimensions, apartments.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

viii

SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................................vi

ABSTRACT.............................................................................................................................vii

LISTA DE FIGURAS.............................................. .................................................................x

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................1

1.1 APRESENTAÇÃO.....................................................................................................1

1.2 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO .......................................3

1.3 HIPÓTESE GERAL. ..................................................................................................7

1.4 OBJETIVOS... ............................................................................................................7

1.4.1 Objetivo Geral ........................................................................................................7

1.4.2 Objetivos Específicos..............................................................................................7

1.5 METODOLOGIA.......................................................................................................8

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ...............................................................................9

2 REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................11

2.1 HOMEM E HABITAÇÃO- ENTENDENDO O ESPAÇO .....................................11

2.1.1 Casa, equipamento de morar e seu usuário .........................................................13

2.1.2 A influência da habitação no comportamento humano........................................15

2.1.3 A evolução do espaço habitacional..... .................................................................18

2.1.4 A arte de projetar..................................................................................................27

2.2 QUESTÕES ERGONÔMICAS................................................................................30

2.2.1 Origens e conceitos...............................................................................................31

2.2.2 Apreciação ergonômica...... ..................................................................................34

2.2.3 Considerações Antropométricas...........................................................................44

2.2.4 Contribuições da ergonomia e antropometria à arquitetura... ............................50

2.3 DIMENSIONAMENTO E HABITAÇÕES MÍNIMAS ..........................................54

2.3.1 O dimensionamento dos espaços habitacionais ...................................................54

2.3.2 A questão das habitações mínimas...... .................................................................72

2.4 OS ASPECTOS LEGISLACIONAIS ......................................................................78

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

ix

2.4.1 Conceituação da Lei .............................................................................................78

3 O ESTUDO REALIZADO.............................................................................................86

3.1 O MODELO DE REFERÊNCIA DA PESQUISA..................................................86

3.2 OS CÓDIGOS DE OBRAS E EDIFICAÇÕES................................ .......................89

3.3 O TRABALHO DESENVOLVIDO.........................................................................90

3.3.1 Os cinco códigos escolhidos .................................................................................92

3.3.2 Os parâmetros dimensionais mínimos segundo os códigos ................................96

3.4 OS RESULTADOS ENCONTRADOS .................................................................107

3.4.1 Os COE e o apartamento-modelo.......................................................................107

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................124

4.1 CONCLUSÕES ......................................................................................................124

4.2 RECOMENDAÇÕES .............................................................................................128

4.2.1 Sugestões para futuras pesquisas .......................................................................129

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................131

ANEXOS ................................................................................................................................140

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Casas burguesas............................................................................................................20

Figura 2.2 – Sala do período colonial...............................................................................................24

Figura 2.3 – Banheiro portátil...........................................................................................................25

Figura 2.4 – Planta de layout do apartamento - modelo...................................................................36

Figura 2.5 – Caracterização e posição serial do sistema..................................................................38

Figura 2.6 – Delimitação ilustrada dos problemas...........................................................................40

Figura 2.7 – Quadro de formulação dos problemas..........................................................................41

Figura 2.8 – Quadro de distribuição de freqüência da população....................................................48

Figura 2.9 – Cânone de proporções anatômicas...............................................................................54

Figura 2.10 – Modulor de Le Corbusier............................................................................................54

Figura 2.11 – Quarto da atualidade..................................................................................................55

Figura 2.12 – Zonas do espaço pessoal.............................................................................................62

Figura 2.13 – Relação entre os espaços livres da Sala de Estar.......................................................64

Figura 2.14 – Relação entre os espaços livres da Sala de Estar.......................................................65

Figura 2.15 – Relação entre os espaços livres Sala de Jantar..........................................................66

Figura 2.16 – Relação entre os espaços livres Sala de Jantar..........................................................66

Figura 2.17 – Relação entre os espaços livres da área de Repouso..................................................67

Figura 2.18 – Relação entre os espaços livres da área de Repouso..................................................68

Figura 2.19 – Relação entre os espaços livres da área de Repouso..................................................68

Figura 2.20 – Relação entre os espaços livres da área de Repouso..................................................68

Figura 2.21 – Relação entre os espaços livres da área da Cozinha..................................................69

Figura 2.22 – Relação entre os espaços livres da área da Cozinha..................................................70

Figura 2.23 – Relação entre os espaços livres da área do Banheiro................................................71

Figura 2.24 – Relação entre os espaços livres da área do Banheiro................................................71

Figura 2.25 – Relação entre os espaços livres da área do Banheiro................................................72

Figura 2.26 – Relação entre os espaços livres da área do Banheiro................................................72

Figura 2.27 – Métodos dos arquitetos modernistas..........................................................................74

Figura 2.28 – Unidade de habitação de Marselha............................................................................76

Figura 2.29 – Unidade de habitação de Marselha............................................................................76

Figura 2.30 – Edifício Holiday, Recife - PE......................................................................................78

Figura 2.31 – Edifício Holiday, Recife - PE......................................................................................78

Figura 2.32 – Habitações proletárias................................................................................................80

Figura 2.33 – Habitações proletárias................................................................................................80

Figura 2.34 – Cortiço de Nova York..................................................................................................81

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

xi

Figura 2.35 – Cortiço no Brasil.........................................................................................................81

Figura 2.36 – Planta da casa dos imigrantes....................................................................................82

Figura 3.1 – Artigo 25 do modelo do Código de Obras....................................................................87

Figura 3.2 – Tabela comparativa dos 5 códigos.............................................................................106

Figura 3.3 – Figura dos modelos antropométricos.........................................................................107

Figura 3.4 – Figura dos modelos antropométricos.........................................................................108

Figura 3.5 – Planta da Sala de Estar com parâmetros dimensionais dos COE .............................109

Figura 3.6 – Planta da Sala de Estar com modelos antropométricos.............................................110

Figura 3.7 – Foto de situação real na Sala de Estar.......................................................................111

Figura 3.8 – Foto de situação real na Sala de Estar.......................................................................111

Figura 3.9 – Foto de situação real na Sala de Estar.......................................................................111

Figura 3.10 – Foto de situação real na Sala de Jantar...................................................................111

Figura 3.11 – Planta do Quarto de Casal com parâmetros dimensionais dos COE ......................112

Figura 3.12 – Planta do Quarto de Casal com modelos antropométricos......................................112

Figura 3.13 – Foto de situação real do Quarto de Casal................................................................113

Figura 3.14 – Foto de situação real do Quarto de Casal................................................................113

Figura 3.15 – Foto de situação real do Quarto de Casal................................................................113

Figura 3.16 – Planta do Quarto dos Filhos com parâmetros dimensionais dos COE ...................114

Figura 3.17 – Planta do Quarto dos Filhos com modelos antropométricos...................................114

Figura 3.18 – Foto de situação real do Quarto dos Filhos.............................................................115

Figura 3.19 – Foto de situação real do Quarto dos Filhos.............................................................115

Figura 3.20 – Planta do Quarto de Serviço com parâmetros dimensionais dos COE ...................116

Figura 3.21 – Planta do Quarto de Serviço com modelos antropométricos....................................116

Figura 3.22 – Planta do Banheiro Social com parâmetros dimensionais dos COE........................118

Figura 3.23 – Planta do Banheiro Social com modelos antropométricos.......................................118

Figura 3.24 – Foto de situação real do Banheiro Social.................................................................119

Figura 3.25 – Foto de situação real do Banheiro Social.................................................................119

Figura 3.26 – Planta do Banheiro de Serviço com parâmetros dimensionais dos COE.................120

Figura 3.27 – Planta do Banheiro de Serviço com modelos antropométricos................................120

Figura 3.28 – Planta da Cozinha e A. Serviço com parâmetros dimensionais dos COE................121

Figura 3.29 – Planta da Cozinha e A. Serviço com modelos antropométricos...............................121

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Ao morar em cavernas, o homem já demonstrava uma certa habilidade em adaptar as

suas necessidades ao espaço de abrigo. Le Corbusier (1994), afirmava que, o instinto

primordial de todo ser vivo é de se assegurar um abrigo, entretanto, ainda hoje as diversas

classes ativas da sociedade não têm mais um abrigo conveniente, nem o operário, nem o

intelectual. Lemos (1994), ressalta a prodigiosa arquitetura vernácula dos esquimós, que, com

apenas um material disponível, o gelo, consegue um abrigo correto. Ou melhor, com o

mínimo de recursos, o máximo de comodidade. Para o autor, “essa lição está presente em

todas as chamadas arquiteturas primitivas”.

Hoje, apesar de toda a evolução, o homem contemporâneo continua em processo de

adaptação das suas demandas, que crescem em sentido inversamente proporcional aos espaços

que decrescem, desconsiderando o indivíduo.

Nesse sentido, verifica-se que pouco tem sido feito, na área da relação entre os

espaços edificados e o homem realizando atividades da vida cotidiana. Apesar dos diversos

estudos e descobertas sobre as proporções e o uso das dimensões do corpo humano, que

servem de apoio ao projeto de arquitetura, na prática, verifica-se a pouca utilização desses

materiais. Tais estudos e descobertas, seriam impulsionadores da promoção da qualidade

desses espaços edificados, com especial destaque ao espaço de morar.

O homem passa a maior parte da sua existência na habitação. Apesar de grande parte

desse tempo ser passado dormindo, as atividades habitacionais constituem-se em uma das

maiores ocupações do ser humano ao longo de sua vida. Ademais, crescem as tarefas

desenvolvidas na habitação, onde devido ao avanço das tecnologias de informação, muitas

atividades profissionais são realizadas em casa.

Nesse contexto, os ergonomistas vêm contribuindo nessa área abordando questões

concernentes à adaptabilidade dos ambientes às necessidades dos indivíduos, que podem

interferir, de forma positiva ou negativa, na realização de suas tarefas e atividades.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

2

Sob esse enfoque, cita-se Villarouco (2002), que propõe “Entendemos que olhar um

projeto como olhos de ergonomista é antever sua utilização, é conjugar condicionantes físicos,

cognitivos, antropométricos, psicossociais e culturais, objetivando identificar variáveis não

atendidas pelo produto proposto.”

Concordando, Círico (2001), afirma que a arquitetura ao utilizar os conceitos da

ergonomia, agrega informações complementares que irão contribuir para um melhor resultado

nos projetos de apartamentos.

Essa visão sistêmica do espaço construído, contribui inequivocamente, no sentido em

que a adequação e usabilidade dos espaços aos usuários podem produzir edifícios

ergonomicamente adequados, favorecendo o bom desempenho das atividades e ainda,

reduzindo o sofrimento.

Há mais acidentes dentro de casa do que fora, sendo estes acidentes relativamente

mais numerosos do que aqueles que ocorrem no trabalho ou no trânsito (IIDA, 1990). No

entanto, a literatura mostra que, os ergonomistas têm demonstrado uma preocupação maior

com o setor produtivo do que com o habitacional, sendo este, uma ramificação mais recente

dos estudos ergonômicos, razão pela qual, os princípios da ergonomia do ambiente construído

ao habitat humano, ainda carecem de aprofundamento e maiores aplicações nesta área.

Isso demonstra que, apesar de diversos esforços envidados no equacionamento de

tais questões, os estudos de arquitetura e os projetos de espaços edificados, ainda encontram-

se à margem das abordagens ergonômica e cognitiva, ficando tais aspectos, ausentes do

processo de formação de muitos arquitetos. Tais fatos, poderão resultar em projetos

inadequados que desconsideram variáveis relevantes, como as necessidades reais dos

usuários, para uma melhoria da qualidade de vida dos habitantes.

Além disso, a tendência do mercado imobiliário tem sido a priorização dos aspectos

econômicos, onde a busca por uma maior lucratividade vem resultando, cada vez mais, em

construções nas quais, os ambientes são reduzidos a dimensões incompatíveis com as

proporções do corpo humano e a sua usabilidade.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

3

Observa-se, portanto, que o conforto e as cond ições mínimas de habitabilidade dos

usuários são relegados a segundo plano, quando são analisados os limites para o

dimensionamento mínimo permitido pelas normas municipais, para a regularização das

edificações. Tais fatores, configuram-se no principal problema a ser aprofundado nesta

pesquisa, uma vez que podem comprometer, não apenas a usabilidade do espaço habitacional,

como também, a confiabilidade de todo o sistema que envolve o homem em atividade.

Sob tais premissas, este trabalho direciona o seu enfoque à problemática da

inadequação dimensional, de espaços habitacionais, vistos pelo prisma da facilitação

proporcionada aos usuários na realização das atividades a que se destinam. Insere-se na área

da ergonomia do espaço construído e utiliza-se do método da análise ergonômica da

abordagem sistêmica do sistema homem-tarefa-máquina, proposto por Moraes (2000).

Em síntese, aborda as questões relativas à interface do ser humano-atividade-

ambiente enfatizando os aspectos dimensionais que estão relacionadas ao conforto físico,

psicológico e cognitivo dos usuários.

A meta principal da pesquisa foi avaliar comparativamente os parâmetros

dimensionais de alguns ambientes da habitação, estabelecidos pelos Códigos de Obras e

Edificações (COE) vigentes em cinco importantes capitais, uma em cada região do Brasil.

Essa análise, procurou conduzir a um melhor conhecimento dos aspectos que consideram o

homem como referência principal projetual, alertando sobre as conseqüências da inadaptação

do usuário ao seu espaço habitacional.

1.2 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO

A importância do estudo relaciona-se com a qualidade do projeto e da habitação, uma

vez que, a tendência crescente em compactar os espaços habitacionais, vem prejudicando a

sua usabilidade e o bem-estar dos moradores, que devem ser considerados na sua total

complexidade, ou seja, em seus aspectos físicos, psicossociais, cognitivos e culturais.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

4

Neste contexto, Guimarães & Cavalcanti (2001) apud Círico (2001), alertam que a

especulação imobiliária optou pelo predomínio do fator econômico, ao construir um maior

número de unidades pelo menor preço, mesmo que esta equação, implique em um decréscimo

da qualidade de vida dos futuros moradores.

Tal constatação assume proporções mais significativas quando se considera que o

arquiteto ao projetar edifícios de apartamentos, diferentemente de quando projeta residências

unifamiliares, elabora o projeto para usuários desconhecidos, levando em conta uma série de

necessidades, onde prevalecem, na maioria das vezes, as prioridades do empreendedor.

Para o investidor, o fator de relevância é a lucratividade e a boa aceitação do produto

no mercado. O dimensionamento dos apartamentos e o seu programa de necessidades são

determinados após um estudo mercadológico, o qua l, na maioria das vezes, é feito de maneira

intuitiva, onde são desprezados diversos fatores essenciais ao bem-estar dos futuros usuários.

Também são mensurados os potenciais construtivos do terreno, juntamente com as

condicionantes dos códigos de obras e zoneamento dos municípios.

Nesses aspectos, Círico (2001) coloca que o usuário final deste imóvel, juntamente

com suas necessidades de moradia e suas possibilidades de aquisição, raramente são levados

em consideração, pois, as poucas pesquisas realizadas nesta área, estão voltadas para o

potencial de compra por parte dos usuários, e por carências apresentadas em certos setores do

mercado habitacional.

Com o intuito de viabilizar o empreendimento, existe uma forte tendência em

compactar, cada vez mais, os apartamentos, devido a um significativo aumento do valor dos

terrenos das grandes cidades. Entretanto, inversamente à diminuição desses espaços, há um

acréscimo de atividades desenvolvidas no interior dessas habitações, somados a um aumento

do número de banheiros e de eletrodomésticos que precisam ser acomodados, de maneira a

permitir condições mínimas de usabilidade. No aumento das necessidades espaciais deve-se

ainda ressaltar a elevação das dimensões humanas, como resultado da melhoria dos fatores

socioeconômicos.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

5

Ainda, os municípios brasileiros vêm passando, nas últimas décadas, por um rápido

crescimento das áreas urbanas, adensamento e mudança dos processos construtivos, o que

certamente, exige a revisão dos Códigos existentes. Bahia & Guedes (1997), justificam que, a

revisão deve-se também ao fato de que, apenas no ano de 1997, foram instalados 533 novos

municípios em todo o país, cujas características e necessidades precisam ser consideradas.

Geralmente, os compradores e futuros usuários de apartamentos utilizam, como

referência, os materiais promocionais de venda, fornecidos pelas empresas do setor

imobiliário, que são as plantas ilustradas do apartamento mobiliado. Algumas vezes, mesmo

com capacidade de compra compatível com as necessidades, o futuro morador não possui

experiência na leitura de uma planta de vendas. Além disso, Círico (2001), coloca que na

maioria dos casos não representam a realidade, pois, quando confrontamos estas plantas com

o que foi construído, observamos saliências de pilares e tubulações que invadem o espaço

projetado, e também, os móveis que o usuário já possui ou encontra no mercado, nem sempre

têm as mesmas dimensões daqueles que ilustram a planta promocional.

Como conseqüência, “Vários consumidores compraram apartamentos em função da

quantidade de dormitórios, mas abriram mão deste número em função da utilização funcional

do espaço” (CIRICO, 2001).

Além disso, a grande maioria dos usuários, ao escolherem um apartamento na

ocasião da compra, não possui capacidade e experiência para observar se o imóvel será

adequado às necessidades da família, agregando-se ainda, que nem sempre, o poder aquisitivo

é compatível com tais necessidades. Com tais ocorrências, os moradores terão que se adaptar

ao novo imóvel onde irão habitar. A existência de inadequação poderá resultar em diversos

tipos de constrangimentos, alguns demonstrados nas reformas da planta original dos

apartamentos. Tais reformas, feitas pelos moradores sem orientação profissional, podem

acarretar em graves acidentes, tais como os desabamentos de prédios do tipo “caixão.”

Portanto, é relevante a conscientização dos profissionais envolvidos no projeto,

sobre os prejuízos causados aos usuários, ao se conceber projetos que não contemplem as

orientações ergonômicas.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

6

Villarouco (2002), ressalta que uma arquitetura ergonomicamente adequada, sempre

visará ajustar a situação projetual ao homem e nunca o sentido inverso, evidenciando-se

assim, a importância da elaboração de um projeto arquitetônico, que garanta o desempenho

das atividades domésticas com qualidade e conforto para todos os usuários, de uma forma

ampla abrangendo, inclusive, as diferenças individuais.

Boueri &.Lopes (2004), afirmam que “o estudo dos ambientes residenciais é uma

necessidade constante, uma vez que a anatomia dos espaços residenciais acompanha as

evoluções sociais da população tendo sua demanda de necessidades modificadas

constantemente ao longo do tempo.”

A presente pesquisa, ao enfocar a problemática citada, visa contribuir com a redução

dos erros projetuais pois, acorde Villarouco (2001), as abordagens ergonômicas têm ficado

ausentes no processo de formação de muitos arquitetos incrementando a possibilidade da

produção de projetos inadequados.

Essa carência do enfoque da ergonomia, em significativa parcela dos cursos de

arquitetura, das faculdades brasileiras e de estudos ergonômicos aplicados às atividades

habitacionais, que avaliem as capacidades e as limitações humanas na utilização dos

ambientes residenciais, não favorece aos arquitetos uma solução de compromisso com as

necessidades reais dos usuários. Entretanto, há uma tendência mundial do novo conceito do

Desenho Universal ou Projeto sem Barreiras, que objetiva uma abordagem mais completa,

respeitando as diferenças e capacidades individuais de todos os usuários.

“O Desenho Universal, movimento que surgiu nos EUA nos anos 60, abrange

produtos e edifícios acessíveis e utilizados por todos, inclusive os portadores de deficiências.

Este Desenho tem um apelo para as massas, não abrangendo, apenas, as pessoas com

deficiências, mas os idosos, e também os jovens, crianças, levando em consideração as

diferenças entre homens e mulheres” (STEINFIELD, 1994 apud COSTA, MACIEL E

MONTE, 2002).

Ademais, a ergonomia repousa seu foco no ambiente em uso, avaliando a adequação

ao desenvolvimento das tarefas e atividades por ele abrigadas. A falta de uma boa organização

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

7

espacial e de um arranjo físico coerente com a distribuição dos seus componentes dificulta a

realização das atividades cotidianas domésticas nos ambientes habitacionais, podendo afetar a

produtividade dos usuários e a sua vida em diversos aspectos.

É preciso, então, um novo olhar para a habitação, que leve além do simples levantar

de paredes como ocorre atualmente. É necessário pensar no espaço e como ele será utilizado

por seus usuários (LÚCIO COSTA apud BENEVOLO, 1972).

Tais considerações, levam a hipotetizar que a busca por uma arquitetura

ergonomicamente adequada favorece a qualidade habitacional, num mercado extremamente

competitivo e despreocupado com tais questões. E, qualidade, hoje em dia, não pode ser

apenas uma meta das empresas, e sim, uma condição vital para que estas se mantenham

ativas.

1.3 HIPÓTESE GERAL

A aplicabilidade das dimensões mínimas dos edifícios residenciais, permitidas pelos

Códigos de Obras e Edificações vigentes, nos municípios brasileiros, não consegue garantir as

condições mínimas de habitabilidade e qualidade de vida aos moradores dos apartamentos

com áreas reduzidas.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivos gerais

Analisar comparativamente os parâmetros dimensionais mínimos permitidos pelos

Códigos de Obras e Edificações de capitais das cinco regiões brasileiras.

1.4.2 Objetivos específicos

? Pesquisar a relação homem-espaço edificado, analisando as condições em que se

desenvolvem as tarefas e atividades domésticas nos ambientes dos apartamentos com

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

8

áreas reduzidas, e, compreendendo os aspectos ergonômicos relacionados ao

dimensionamento dos ambientes habitacionais;

? Compilar os dados dos Códigos de Obras e Edificações vigentes dos municípios de

Recife, Brasília, Curitiba, Manaus e São Paulo, respectivamente, com interferência

direta sobre o dimensionamento dos ambientes em habitações;

? Aplicar os dados obtidos nos itens anteriores em avaliação de uma situação real.

1.5 METODOLOGIA

Toda e qualquer investigação moldada em caráter científico, sustenta-se em

metodologias que orientam e dão suporte à sua condução, uma vez que o estudo científico

necessita de uma análise sistemática que proporcione a obtenção de resultados (BARROS,

2005).

Baseando-se em Lakatos (2002), esta pesquisa utiliza-se do método de abordagem

indutivo, que parte dos conceitos retirados do referencial teórico e da análise das legislações

estudadas, em direção às constatações obtidas pela pesquisa. O método de procedimento é o

estudo de caso, realizado em um apartamento real de classe media na cidade de Recife onde

foram feitas análises comparativas de cinco COE de capitais brasileiras. A técnica utilizada,

que corresponde à parte prática da coleta de dados, é a da observação direta intensiva, que se

utiliza da observação de determinados aspectos da realidade dos moradores em apartamentos

com dimensões reduzidas.

Por ser um estudo que envolve questões muito amplas, a análise do

dimensionamento em apartamentos, recomenda-se à opção por uma pesquisa de campo

exploratória ou qualitativa. Tal escolha deve-se ao fato do produto habitacional possuir

características muito específicas, o que o torna um produto complexo, considerado único, não

seriado, com um custo de investimento muito alto e de longa duração (COSTA, 2005).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

9

Apesar desta pesquisa eleger como enfoque o dimensionamento habitacional, vários

aspectos concernentes ao tema, tais como, os atributos do conforto ambiental (térmico,

lumínico e acústico), o sistema construtivo-tecnológico, os aspectos cognitivos da psicologia

ambiental e do comportamento, e os métodos e técnicas utilizados na avaliação Pós-Ocupação

(APO) e Avaliação Pré-Projeto (APP) não fazem parte do escopo deste trabalho.

A pesquisa escolheu para amostra que é intencional, os Códigos de Obras de cinco

municípios, um em cada região do Brasil. Os COE escolhidos foram os de: Recife, Brasília,

Curitiba, Manaus e São Paulo. A coleta de dados foi feita com ajuda do meio digital, através

de sites informativos disponíveis sobre as respectivas cidades e materiais bibliográficos.

O presente trabalho, com enfoque teórico-analítico, iniciada com uma revisão

bibliográfica à problemática citada, visa corroborar com a redução dos erros projetuais pois,

acorde Villarouco (2001), as abordagens ergonômicas têm ficado ausentes no processo de

formação de muitos arquitetos ficando evidentes na produção de projetos inadequados.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

A dissertação está estruturada em quatro capítulos, além desta introdução:

Capítulo 2 - Revisão da literatura: Apresenta a estrutura conceitual do trabalho. Versa, no

geral, sobre o homem e a habitação, entendendo o espaço construído. Descrevem-se as

origens das habitações coletivas, as habitações multifamiliares- o edifício de apartamentos e

uma breve ambientação histórico-econômica dos fatores que influenciaram seu processo

evolutivo. Expõem-se as questões ergonômicas, introduzindo a ergonomia de concepção

como ferramenta projetual. Apresenta-se a Ergonomia do Ambiente Construído e demonstra-

se uma etapa da Intervenção Ergonomizadora. Expõem-se as considerações antropométricas

como parâmetro para o dimensionamento baseado na utilização das dimensões humanas. Por

fim, inicia-se uma abordagem sobre os aspectos legislacionais, discorrendo sobre as origens

das legislações edificatórias, suas aplicações e conceitos.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

10

Capítulo 3 – O estudo realizado: relaciona-se com a pesquisa feita sobre as legislações

municipais- o Código de Obras e Edificações, mais especificamente as questões dimensionais

dos ambientes internos das habitações. Demonstra-se e o modelo de referência da pesquisa

analisando-se comparativamente com os COE estudados, culminando com um quadro resumo

dos parâmetros estabelecidos pelas legislações.

Capítulo 4 - Conclusões e Recomendações: Evidencia as considerações finais do estudo,

limitações e sugestões para os futuros trabalhos sobre as questões dimensionais dos COE

vigentes no Brasil.

Além dos capítulos citados, ao final, são apresentadas as referências bibliográficas

(Capítulo 5), e os anexos.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

11

2 REVISÃO DA LITERATURA

Para uma análise ergonômica dos parâmetros mínimos, dos ambientes internos dos

apartamentos, estabelecidos pelos Códigos de Obras de cinco municípios brasileiros, realizou-

se uma revisão bibliográfica sobre a influência das habitações nos seus usuários.

Em primeiro lugar, foi feito um resumo histórico sobre o espaço habitacional e a sua

importância na vida das pessoas. Mostrou-se também a evolução das habitações, bem como,

das necessidades de seus moradores. Em segundo lugar, abordou-se alguns conceitos como a

ergonomia do espaço construído, bem como, a sua evolução e importância na sociedade e na

qualidade do espaço arquitetônico.

Posteriormente elaborou-se uma revisão bibliográfica.

2.1 HOMEM E HABITAÇÃO - ENTENDENDO O ESPAÇO

Introduzindo este tópico e para melhor entender o espaço arquitetônico ou ambiente

construído, considerou-se relevante colocar alguns conceitos, citados por Malard (2002), em

sua abordagem fenomenológica:

? O homem é ser-no-mundo, portanto homem e espaço são uma unidade indivisível;

? Todos os eventos humanos ocorrem no espaço, essa espacialização da existência

humana é o espaço arquitetônico ou ambiente construído;

? O espaço arquitetônico é o palco do espetáculo do cotidiano, o espaço vivido;

? O espaço vivido é o espaço experimentado, forjado pelos eventos humanos, é

subjetivo;

? O espaço geométrico é um construto intelectual, é subjetivo. A distância vivida e

geométrica são conceitos distintos pelas mesmas razões;

? Espacialização é a expressão no espaço da interação entre eventos e coisas. São as

atividades desenvolvidas pelo homem no espaço.

Ainda segundo a autora, o espaço arquitetônico pode ser considerado em três níveis:

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

12

1. O nível simbólico: são criados espaços que possam espacializar os desejos a

vontade humana. As questões podem ser resumidas em “Para que é?”

2. O nível de uso, ou funcional: diz respeito à maneira como as coisas devem ser

organizadas nas espacializações. As questões podem ser resumidas em: “Como

isto funciona?”

3. O nível tecnológico: o conhecimento e técnicas usadas pelo homem para

organizar as coisas nas espacializações. As questões podem ser resumidas em:

“Como fazer isto?”

Malard (2002), considera também que, “a boa arquitetura seria aquela que

contemple, de modo equilibrado os três níveis.” Aponta que existem muitos casos, em que

alguns níveis são priorizados em detrimento a outros e que, “no caso dos projetos

habitacionais, não há duvida de que o equilíbrio deve ser perseguido no seu limite.”

As citações anteriores evidenciam a estreita relação entre o homem e seu espaço

vivencial. Tal relação torna-se ainda mais enfatizada quando o foco repousa no espaço

habitação, onde o usuário detém o poder de interferir, transformar, reconfigurar, visto que,

trata-se do seu espaço particular.

Entretanto, a habitação é uma estrutura complexa com amplos contextos, sentidos e

conotações. Essencialmente, é o espaço construído pelo homem para sua proteção dos

excessos atmosféricos e para proporcionar- lhe um abrigo agradável e favorável às suas

necessidades humanas.

“A habitação representa, além do sentimento de abrigo e segurança, o local onde as

características do indivíduo podem ser observadas, estando manifestas em detalhes pessoais

ou da família que o habita” (VILLAROUCO, 2001).

“A habitação está destinada para o homem dormir, comer, repousar, meditar, se

distrair, amar, realizar tarefas domésticas, ler, cozinhar, se banhar e nela se sujeita a padecer

da maioria das lesões físicas de sua vida. O tempo empregado nestas ocupações e a

predisposição para fadigas e acidentes expressam a relevante importância com os cuidados

interfaciais” (PANERO & ZELNIK, 1998).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

13

A diversidade das atividades humanas que se observam no interior da habitação é

bastante ampla e diversificada. Segundo Iida (1990), envolve não só adultos como crianças e

pessoas idosas, havendo uma predominância do elemento feminino.

Vários são os espaços construídos pelo e para o homem, porém “é no espaço

destinado à moradia dos seres humanos onde os usuários apropriam o espaço, transformando-

o segundo as suas necessidades, buscando encontrar sua identidade, fazendo prevalecer o seu

direito à privacidade e ao convívio familiar” (CÍRICO, 2001).

O espaço habitacional transcende ao espaço geométrico que o representa como uma

realidade visível, e adquire, valores além da racionalidade. Sua organização está intimamente

relacionada às outras dimensões do viver, como condição para satisfazer o homem na sua total

complexidade, através dos seus aspectos físicos, culturais, psicossociais e cognitivos.

2.1.1 Casa, equipamento de morar e seu usuário

Alguns autores fazem distinção entre os conceitos de Casa e Lar. Para Malard

(2002), Casa é um objeto e Lar é uma relação emocional.

Para Loureiro & Amorim (2002), “a Casa pode ser descrita como um organismo

subdividido em zonas que estruturam as atividades domésticas de uma maneira particular,

cada uma dedicada a um conjunto de atividades e relacionada a um grupo de atores.”

Folz (2003), afirma que Casa é a casca protetora, é o invólucro que divide tanto

espaços internos como espaços externos. É o ente físico. Para ela, a mesma Casa (o espaço

físico), pode se transformar em Moradias com diferentes características, cujos Hábitos de Uso

dos moradores ou usuários são a Tônica da mudança.

Corbusier (1923) declarou resumida e tecnicamente que “a casa é a máquina de

morar.” Enquanto Bachelard (1969) apud Malard (2002) cita poeticamente que “a casa é o

feliz espaço onde o homem se defende das forças adversas; é o espaço que o homem ama.”

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

14

Finalmente para Martucci (1990) apud Folz (2003), à união entre Casa e Moradia, integradas

ao espaço urbano, dá-se o nome de Habitação.

Iniciando este tópico com definições diversas acerca da moradia, enfatiza-se a larga

abrangência do fenômeno habitar. Nele, homem e espaço interagem numa relação de

interferência onde um e outro transforma e é transformado.

Morar é o sinônimo de habitar; é mais do que estar sob um abrigo: é estar enraizado

num lugar seguro e pertencer àquele lugar. A edificação que o homem habita deve possibilitar

que a relação com o morar ocorra e seja plenamente experimentada. Essa essência é chamada

de habitabilidade. Para Loureiro & Amorim (2002), “a moradia ideal é um lugar seguro, que

proporciona bem-estar, protegido das vistas dos outros e que abriga todos os sonhos de ter um

lugar: a casa do homem é o seu castelo.”

Acerca do conceito de habitabilidade, Almeida (1995) define: “Se habitar é

característica fundamental da vida humana, os edifícios que o homem habita devem permitir

que o relacionamento entre o edifício e as pessoas seja uma experiência plena. As

características essenciais de um edifício são a essência do edifício que pode ser denominada

de habitabilidade. Quando algum aspecto da habitabilidade é prejudicado, a experiência de

habitar é negativamente afetada.”

“Para se sentir em casa, o homem precisa se mover ao redor para realizar as suas

atividades cotidianas. Os diversos espaços da casa devem pois, conter todos os acessórios que

são necessários estarem ali, para a plena realização do morar” (MALARD, 2002).

Para ser habitável, a casa deve oferecer espaço suficiente para o morador, como

também todos os utensílios que são necessários ao desempenho das atividades cotidianas. A

casa tem que funcionar. Os fenômenos que são revelados no processo de morar são,

basicamente, os de Territorialidade, Privacidade, Identidade e Ambiência.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

15

2.1.2 A influência da habitação no comportamento humano

Os espaços habitacionais influenciam de forma determinante e, sobre múltiplos

aspectos, o dia-a-dia dos moradores, marcando profundamente a sua qualidade de vida, e as

suas expectativas e possibilidades de desenvolvimento futuro.

Para Figueiredo & Mont’alvão (2003), “o ambiente construído deixou de ser apenas

abrigo e proteção contra as intempéries, para se adaptar às necessidades do homem

contemporâneo.”

Canter & Kenny apud Almeida (1995), afirmam que, “se não tiver uma compreensão

do papel do ambiente físico na vida das pessoas, torna-se extremamente difícil saber quais

aspectos do ambiente medir e como discutir a significância de qualquer relação encontrada

entre o ambiente e a ação ou experiência humana.”

“O homem cria espaços para suas atividades e atribui a eles significados. Ou seja,

para cada tipo de atividade, o espaço possui uma forma arquitetônica que lhe corresponde, por

exemplo, a sala de jantar,cozinha, quarto de dormir, sala de TV, ler, etc” (MALARD, 2002).

“A moléstia de nossas cidades e habitações é o triste resultado da nossa incapacidade

de colocarmos as necessidades humanas acima das necessidades econômicas e industriais”

(GROPIUS, 1994) apud (FOLZ, 2003). Ainda, para Le Corbusier (1994), “temos uma nova

óptica e uma nova vida social, porém, não adaptamos a casa a isto.”

Neste sentido, identifica-se a produção do espaço arquitetônico de morar, como

resultado de um processo conduzido pelas necessidades sociais e culturais do Homem. Tais

necessidades, determinam os espaços e atendem a uma série muito ampla de parâmetros

econômicos, políticos, ideológicos, produtivos e tecnológicos que, definem, desde o estilo da

construção, até o dimensionamento e a quantidade dos ambientes.

Por estas razões, “a casa reflete o modo de vida de seus usuários e de uma maneira

mais abrangente, a sociedade da qual esses usuários fazem parte, ao mesmo tempo em que é

sua geradora” (Veríssimo & Bittar, 1999), demonstrando assim, a relação da evolução da

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

16

moradia como um reflexo da evolução humana que, segundo Círico (2001), cria novas

técnicas de projetar e construir, transforma os hábitos de habitar dos seres humanos, bem

como impõe novas necessidades e costumes.

Bins Ely (2003) apud Figueiredo & Mont’alvão (2003) entende que, “as

características do ambiente podem dificultar ou facilitar a realização das atividades”. Existe

uma ação e reação entre o ambiente e o comportamento humano, de tal forma que um

influencia o outro mutuamente. São citados exemplos, em que, ambientes inadequados às

necessidades dos indivíduos induzem a atos de vandalismo, baixa produtividade, estresse

psicológico, etc. Entretanto, quando as aspirações dos usuários são satisfeitas, observa-se uma

interação harmoniosa entre ambiente e homem.

Le Corbusier, (1994) afirmava: “somos infelizes por habitar casas indignas porque

elas arruínam nossa saúde e nossa moral” A desconsideração dos aspectos referentes às

necessidades dos usuários dos apartamentos, ainda na fase de projeto, conduz a insatisfações

das mais diversas origens; torna o espaço conflitante com os requisitos humanos e favorece,

muitas vezes, modificações com reformas por parte dos usuários insatisfeitos, expondo a

edificação, e sua própria vida, a graves riscos.

Para Círico (2001), “quando o usuário não tem atendido algumas das necessidades

de espaço, podem ocorrer danos na sua saúde física causada por falta de conforto, onde o

corpo não consegue o necessário repouso, ou ainda por acidentes domésticos causados pelo

conflito na distribuição dos móveis em espaços diminutos. Também podem surgir danos na

sua saúde mental, com o aparecimento de frustrações, ansiedade e claustrofobia.”

A relação do usuário com o espaço construído é destacada pelos requisitos físicos

referentes à sua condição humana e às mudanças causadas pela sua evolução, sendo estas

resultantes da própria variação etária, das questões físico-ambientais e dos avanços

tecnológicos.

Quando moradores de diferentes faixas etárias vivenciam o mesmo espaço, precisam

adaptá- los para esta convivência. ”As maneiras como as pessoas utilizam as diferentes

dependências da casa também diferem significativamente. Uma pesquisa demonstrou, que as

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

17

leituras de livros eram feitas, 50% na sala de estar, 24% no quarto de dormir, 6% na cozinha e

assim por diante” (IIDA, 1990).

“Muitas famílias mudam de tamanho ao longo do tempo, primeiro se expandindo e

depois se contraindo, e a menos que a família tenha condições de mudar para outra casa, em

cada estágio de sua evolução – e poucas podem fazer isto – a flexibilidade do espaço é

essencial para possibilitar novos arranjos” (BOUERI, 1996).

As crianças ao crescerem necessitam de mais espaços para estudo e lazer. Ao

atingirem a fase adulta, à busca da privacidade e o desejo da conquista do seu próprio espaço

habitacional pode gerar vazios na habitação de origem. Por outro lado, os pais sempre buscam

uma área de extensão do trabalho, e por fim, os idosos buscam espaços para terapia

ocupacional, Círico (2001), demonstrando que, a necessidade de espaço do usuário, varia

conforme evolui sua vida e sua evolução física.

Nas questões físico-ambientais são destacados os condicionantes naturais e a

salubridade, através das reações corpóreas associadas à adequada ventilação, iluminação,

conforto térmico e acústico, ao bom dimensionamento espacial, além do entorno, que interfere

na qualidade do habitar. Tudo isto depende não só das condições climáticas do local, mas

também da orientação e construção dos edifícios.

Ainda neste aspecto, destaca-se o crescimento urbano que causa a elevação nos

custos dos terrenos, gerando a compactação dos apartamentos e uma acentuada redução dos

seus espaços. Por outro lado, devido às questões tecnológicas, há uma necessidade do

aumento nos espaços para acomodar um número, cada vez maior, de variados

eletrodomésticos, que possibilitam, nos tempos modernos, a simplificação das atividades

domésticas, devido à escassez de mão-de-obra. Pode-se ainda notar, um aumento do número

de banheiros por unidades (CAMBIAGHI & BAPTISTA apud CIRICO, 2001).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

18

2.1.3 A evolução do espaço habitacional

A evolução do espaço de morar relaciona-se com as transformações da família, que

correspondem ao início do desenvolvimento industrial e a mudança do papel da mulher na

sociedade que freqüentemente, alavanca essas transformações.

Para Loureiro & Amorim (2002), a família moderna ou nuclear, já não é

predominante na nossa sociedade. A sociedade brasileira, hoje, é multifacetada, formada por

diversas composições familiares: famílias monoparentais, os casais sem filhos, ou as famílias

ampliadas, fruto de várias uniões conjugais.

Lemos (1994), questiona que, antigamente a casa do rico diferenciava-se da do

pobre quantitativamente e não, qualitativamente como hoje. Para ele, “é difícil de se aceitar a

idéia de que um pescador humilde do nordeste more no seu mocambo de palha em melhores

condições de conforto ambiental que um operário qualificado ou profissional liberal de uma

grande metrópole.”

2.1.3.1 A habitação verticalizada

Nos anos 20, surge um novo conceito de moradia no Brasil: os edifícios de

apartamentos, que eram edificações de vários pavimentos, com algumas unidades por andar.

Estas possibilidades segundo Reis Filho (1995), foram advindas do aperfeiçoamento das

estruturas de concreto armado e da mecanização dos transportes verticais (elevadores).

Os edifícios de apartamento são estruturas coletivas de caráter habitacional criados

para atender as necessidades do homem moderno de se abrigar com mais segurança e

principalmente de potencializar construtivamente o terreno onde será realizado o

empreendimento.

Este tipo de habitação coletiva começava a aparecer nas grandes cidades devido ao

aumento da população urbana de menor poder aquisitivo, e a saturação das regiões centrais da

cidade. Estas edificações, pertencentes às famílias tradicionais e de posses, eram alugadas às

pessoas de classe média. Contudo, esta verticalização seria aceita com relutância, pois os

edifícios eram considerados cortiços verticais. Com o intuito de convencer o público do

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

19

caráter respeitoso deste tipo de habitação, os edifícios “resultavam em um empilhamento de

reproduções de casas ou palacetes isolados” (CAMARGO, 2003).

Na década de 30 as habitações verticais multifamiliares são muito encontradas. As

plantas não apresentam modificações em relação às ut ilizadas em residências, sendo casas

empilhadas com o mesmo organograma, necessitando da ajuda do elevador.

Ao longo dos anos 40, o edifício de apartamentos se populariza, abrigando a classe

média e segmentos mais baixos da população que ocupam os conjuntos habitacionais.

Segundo Camargo (2003), “com a promulgação da Lei do Inquilinato, em 1942, o aluguel

deixou de ser uma atividade rentável, passando-se a construir para vender.”.Para ela, “o

conceito de conforto era vigente na época”.

Note-se na Figura abaixo (2.1), a hierarquização das primeiras habitações verticais,

onde as diferentes classes eram separadas por andares.

Figura 2.1: Foto das casas burguesas verticais

Fonte: (CAMARGO,2003)

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

20

A partir dos anos 50, o modo americano de viver, o american-way-life, que era

copiado pelas classes mais sofisticadas da população, passou a ser conhecido pelas classes

economicamente inferiores. Consolidada a “modernidade”, os espaços ficaram mais

integrados (CAMARGO, 2003).

Grandes conjuntos habitacionais serão produzidos nos anos 50. A especulação

imobiliária, encarrega-se de criar os edifícios de apartamentos conjugados de quarto e sala

associados a uma cozinha e um banheiro mínimos freqüentemente ocupados por várias

pessoas. Sampaio (2002) coloca que, foi nessa década, que surgiram os espaços

multifuncionais conhecidos como apartamentos tipo kitchenettes e, alguns grandes conjuntos

verticais, que traziam a concepção da unidade de habitação de Le Corbusier.

Ainda Sampaio (2002), afirma que as kitchenettes surgiram através de solução

ardilosa, muito freqüente naquela época, utilizada pelos empresários que construíam unidades

mínimas para habitações que seriam aprovadas na prefeitura como hotel.

Nos primeiros anos da década de 50 os apartamentos mínimos, bem como o edifício-

conjunto, fazem parte, portanto, de uma fase em que o mercado destinado à venda de imóveis

estava se consolidando e havia demanda por soluções habitacionais. Como exemplo, os

edifícios Copan (SP) e JK (Belo Horizonte).

Até os anos 60. pouco se inovou no modo de morar. A especulação imobiliária

estava bastante fortalecida. Camargo (2003) aponta que, um dos aspectos mais nocivos dessa

especulação, foi “a produção em série dos apartamentos, cuja arquitetura passou à gradativa

desconsideração pelas reais necessidades ou qualidade de vida dos usuários, dentro do seu

espaço doméstico”. Afirma que: os espaços internos ainda continuavam generosos,

especialmente as áreas sociais; e que as varandas foram integradas às salas onde surgiram os

extensos panos de vidro encaixilhados por esquadrias de alumínio.

Na década de 70, os edifícios, grandes construções de muitos andares, tomam lugar

definitivo nos grandes centros. A especulação imobiliária expõe condomínios e edifícios

habitacionais dotados de toda proteção para que os de fora não se habilitem a entrar e os de

dentro não sejam incentivados a sair. A qualidade de vida é apenas insinuada e não realizada.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

21

Para Loureiro & Amorim (2002), a violência urbana é um dos fatores

preponderantes para transformar o apartamento na expressão máxima dessa nova forma de

habitar.

Nessa década, “Houve o retorno das varandas que passaram a ser um mero apêndice

do setor social” (CAMARGO, 2003).

Veríssimo & Bittar (1999) evolui em sua análise, referenciando que a segurança,

conforto e lazer são relevantes nos anos 80 e 90. Assiste-se à expansão dos Flats, onde o

usuário só teria o trabalho de ir e vir. As funções acumuladas incorporam mais uma: o

trabalhar em casa, realizada por profissionais liberais e prestadores de serviços, que utilizam o

microcomputador, presente cada vez mais no cotidiano das pessoas.

Observa-se que nos anos 90, com o sistema condominial de construir os usuários

administram o empreendimento juntamente com a empresa construtora e podem interferir no

projeto, remodelando o espaço para melhor adequá- lo às suas necessidades. Assim, o custo

inicial do imóvel é reduzido possibilitando investir mais no luxo e em materiais de

acabamento de primeira linha.

Camargo (2003) expõe que: uma das maiores preocupações do mercado nas décadas

de 80 e 90, com a intensificação da especulação imobiliária, era compatibilizar o preço dos

terrenos disponíveis, com as expectativas da classe média. Essa reação do mercado, traduziu-

se ao longo das últimas décadas, “em unidades habitacionais cada vez menores e mais

desprovidas de equipamentos.”

Para muitos, morar em apartamentos significa simplificar a vida, torná-la mais

econômica e dispensar alguns serviços próprios das habitações térreas. Entretanto para Lemos

(1976), apud Sampaio (2002), esses apartamentos dificilmente dispensavam os serviços de

uma empregada domestica. A existência de “despensa” nas plantas freqüentemente encobre

um cômodo de empregada, incompatível com os mínimos legais de 6m². uma peculiaridade

brasileira de segregar os serviçais.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

22

2.1.3.2 Componentes da habitação verticalizada

Fundamentado em referências historiográficas, principalmente nos autores

Veríssimo & Bittar (1999), apresenta-se abaixo, os setores da habitação no Brasil, bem como,

suas evoluções.

Os ambientes que compõem as áreas privativas das edificações, para efeito de

organização de idéias, cada setor foi associado aos seus ambientes principais: social /sala;

íntimo/quarto-banheiro; serviço/cozinha.

Os ambientes da residência são agrupados em setores para estabelecer relações

físicas que permitam bom funcionamento e fluxo ideal. Seus setores tradicionais são: área

social, áreas íntimas e área de serviço.

? Área social

Este setor faz a transição entre as áreas comuns da edificação e a área privativa do

interior doméstico, sendo organizado para receber, e para refletir no visitante boa impressão.

Nos primeiros edifícios de apartamentos adotava-se a prática da utilização de vários

aposentos para o setor social. Somente na segunda metade do século XX, com a influência

americana e a obsessão da racionalização do espaço, vamos encontrar uma compactação

desses aposentos chegando-se quase à sala única.

Entretanto, para Camargo (2003), na década de 30, “o setor social continuava

rebuscadamente decorado e destinado a ser visto e admirado pelas visitas, como nas casas

patriarcais.”

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

23

? Sala

É o centro do setor social e nunca perdeu sua característica principal de receber,

mesmo quando integrada ao jantar.

No final dos anos 70, os edifícios tomam lugar de destaque nos grandes centros.

Porém, é a segurança, que nos anos 80, irá alterar as novas moradias e antigos valores. O setor

social, em muitas ocasiões, vai até localizar-se exteriormente à residência: as salas de festas,

as piscinas, os salões de jogos etc. O contato social será estabelecido, sem intimidade, como

no período colonial. (Figura 2.2)

? Área íntima

Este setor é um universo velado, preconceituoso, repleto de símbolos e tabus,

raramente revelado ao visitante. Para adentrar neste setor são necessários o convite e a

autorização da família.

Evolui bastante desde a alcova colonial, com urinóis e jarras como banheiros, às

suítes com banheiros privativos, verdadeiros cenários de culto ao corpo, no final do século

XX.

Figura 2.2:A sala no período colonial, restrita aos negócios.

Fonte: COSTA;MACIEL;MONTE. (2002)

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

24

? Quarto

As antigas alcovas, com o passar dos anos, transformaram-se em quartos quase

sempre acoplados ao banheiro, chamados de suítes. Apenas no final da década de 50, a

habitação é melhor setorizada, criando-se uma compacta zona íntima. Em alguns casos, os

quartos/suítes têm sua função primordial alterada pelos seus ocupantes, com o intuito de

preservarem a intimidade, transformando-os em sala de estar, estudo, trabalho ou brinquedos.

Esse fato, ocorrerá principalmente nos apartamentos, devido à superposição de função dos

compartimentos diante da exigüidade de espaço disponível.

Na década de 70, e início dos anos 80, o crescimento das cidades, a especulação

imobiliária, a necessidade de construir mais, e não melhor, reduzem cada vez mais as áreas

utilizadas dos compartimentos, inversamente proporciona is ao aumento de suas funções.

? Banheiro

Este espaço varia com o tempo, desde sua quase inexistência, ao aposento de

destaque e símbolo de status do proprietário. Antes localizados nos fundos dos quintais,

começam a se aproximar da residência acoplada às cozinhas, para centralizar o abastecimento

de água, até se sofisticarem na década de 20. Na Figura 2.3, exemplo de banheiro portátil.

Nos edifícios da década de 30 o banheiro é privativo para cada unidade habitacional,

diferente de alguns modelos europeus. Até o final da década de 50 observa-se nas residências,

apenas um banheiro, na zona íntima próximo à circulação, junto aos quartos.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

25

Na década de 60 utiliza-se mais de um banheiro. Os anos 70, com sua valorização do

corpo e da higiene íntima e a ascensão da indústria nacional de materiais sanitários, colocam o

banheiro em verdadeiro destaque.

Surge a febre das “suítes”, para cada morador, além do lavabo no setor social e o

banheiro para os hóspedes. Nas décadas seguintes observa-se uma verdadeira mitificação do

espaço para a higiene, associada ao culto do corpo.

? Área de serviço

Freqüentemente encontra-se uma superposição de funções nos diversos

compartimentos deste setor: cozinha, copa, dependência de empregados e área de serviços.

Figura 2.3: O “Tigre” (Banheiro portátil).

Fonte: (COSTA;MACIEL;MONTE, 2002).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

26

? Cozinha

Apresentam diversas alterações em tamanho e implantação da casa em decorrência

das mudanças sociais, modificação de mão-de-obra e o aparecimento de novos produtos

manufaturados.

Com os edifícios de apartamentos, as cozinhas vão atingir dimensões mínimas e

racionalização máxima. Na década de 40 as geladeiras, importadas, são a sensação do

mercado. Às inovações tecnológicas vão se juntando a eficiência dos postos de

abastecimentos. Não é mais preciso tanto espaço para armazenagem, pois a família diminuiu e

os produtos estão próximos.

Nos anos 50, as cozinhas reduzem-se, nos “kitchenettes”, a improváveis espaços

onde, com muito esforço e imaginação seria possível acomodar um refrigerador e um fogão.

Com o ingresso definitivo da mulher no mercado de trabalho a cozinha racionaliza-se

possibilitando uma menor permanência e maior otimização das atividades.

A cozinha automatiza-se nos anos 70. Com a “eletromodernização”, nos anos 80,

perde o seu papel de coração da casa e se transforma em um mero depositário de aparelhos de

última geração para o preparo de congelados. Dos anos 90 até os dias atuais, sua aparência

tem se sofisticado, adquirindo, muitas vezes, “status” de um ambiente social.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

27

2.1.4 A arte de projetar

“A arquitetura é uma das mais urgentes necessidades do homem, visto que a casa

sempre foi o indispensável e primeiro instrumento que ele se forjou.” (LE CORBUSIER,

1967).

“Arquitetura é a vontade da época traduzida em espaço.” (LUDWIG MIES VAN

DER ROHE 1886-1969, apud LEMOS, 1994).

Lemos (1994), introduziu na definição de arquitetura o conceito de partido, que seria, “a

conseqüência formal derivada de uma série de condicionantes ou determinantes”. Para o

arquiteto, tais determinantes do partido seriam:

? A técnica construtiva, segundo os recursos locais, tanto humanos, como materiais;

? O clima;

? As condições físicas e topográficas do local da intervenção;

? O programa das necessidades, segundo os usos, costumes populares ou conveniência

do empreendedor;

? As condições financeiras do empreendedor dentro do quadro econômico da sociedade;

? A legislação regulamentadora e/ou as normas sociais e/ou as regras da funcionalidade.

Tais determinantes, induziram o autor à síntese de que, “Queira-se ou não, cada povo, em

cada região, terá a sua própria arquitetura.”

Pela natureza de seu ofício e pelo sentido de sua formação profissional, o arquiteto é o

indivíduo capacitado a prever e antecipar graficamente as soluções de organização do espaço

(CAMBIAGHI & BAPTISTA, apud CÍRICO, 2001). Ainda, é o profissional responsável

pelas questões dimensionais que promoverão os sentimentos de conforto ou conflitos

experimentados pelos usuários da sua obra.

Para Lúcio Costa apud Sampaio (2002), a principal tarefa do arquiteto na sociedade

contemporânea seria delimitar e ordenar o espaço construído, não em função do lucro

imobiliário, e sim, visando à eficiência de sua utilização e, principalmente, o bem-estar

individual dos usuários. Almeida (2002), afirma que a atividade projetual consiste na espinha

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

28

dorsal do trabalho do arquiteto. Ainda, evidencia que o panorama da produção anual de

arquitetura tem apresentado problemas de qualidade, tanto na formação, como na prática do

arquiteto brasileiro.

Entretanto, na prática, a importância do arquiteto na fase de elaboração do projeto é

sobrepujada em relação à do empreendedor. Este fato foi evidenciado por Santos (1997) apud

Círico (2001), onde para o autor, o empreendedor é a figura principal de um projeto, pois é

dele a responsabilidade das decisões ma is importantes, tais como definição dos objetivos,

contratação de técnicos, decisão de investir, controle e pagamento de todo o processo.

Em concordância com tais fatos, Círico (2001) afirma que o processo decisório envolve a

meta que o empreendedor define para seu empreendimento, repassando ao arquiteto as suas

necessidades, afim de viabilizar uma obra a ser comercializada, com o intuito de atender

determinada faixa de mercado, onde se supõe, que o usuário final tem determinada

necessidade de espaço. Para ele, “algumas vezes, o arquiteto interfere nesse processo

decisório, quando no processo projetual, apresenta soluções que aparentemente irão

proporcionar vantagens econômicas ao empreendedor.”

Tais problemas, podem ser evidenciados, em grande parte, nos edifícios que

habitamos uma vez que, nem sempre o arquiteto cumpre o seu papel, deixando de lado as

necessidades do morador em detrimento dos interesses do empreendedor.

É válido ressaltar a advertência de Almeida (1995), de que os edifícios são produtos

de longa durabilidade e requerem altos investimentos para serem construídos. Assim, havendo

erros, aos custos humanos podem somar-se altos custos financeiros.

Para Círico (2001), diferentemente de uma casa, onde todos os usuários participam e

opinam sobre suas necessidades e desejos, o projeto edifícios de apartamentos é desenvolvido

sem que o arquiteto conheça os usuários, procurando atender as necessidades ditadas pelo

empreendedor. Para o autor, o arquiteto quando projeta para uma empresa, um edifício

residencial, ele é induzido naturalmente a raciocinar pelo lado empresarial, e desta forma, ele

estará com o seu processo decisório voltado para atingir a faixa de mercado para a qual está

sendo projetado o edifício.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

29

A solução para esta demanda é o principal fator de redução das áreas dos

apartamentos. Tais posturas são resultantes da extrema otimização dos espaços que irão

compor o imóvel para que o empreendimento seja viável e obtenha sucesso comercial,

traduzido aqui, por venda total das unidades e lucro para o empreendedor.

As necessidades reais dos usuários não são priorizadas nas relações empresariais. O

resultado desta equação, quase sempre, é um projeto com ambientes de dimensões

minimizadas. Tais situações causam diversas dificuldades e constrangimentos físicos àqueles

que se relacionam e vivenciam estes espaços e como o edifício, pelas suas próprias

características, impõe limitações quanto às alterações físicas espaciais, contribuem para um

maior reflexo desses problemas nos usuários.

Esses conflitos podem ser estudados e avaliados nos domínios da ergonomia, que

utilizada como ferramenta de auxílio à arquitetura, pode favorecer os projetos arquitetônicos

e, conseqüentemente, a qualidade de vida dos futuros usuários dos espaços.

Tais conhecimentos, associados à habilidade do profissional, podem criar ambientes,

onde os requerimentos ergonômicos estejam adequados ao desenvolvimento das tarefas e

atividades e, onde as aplicações desses princípios, tornarão os ambientes humanos mais bem

resolvidos, seguros e confortáveis

Círico (2002) afirma que, através da íntima relação entre ergonomia e arquitetura, é

possível induzir qualidade, não apenas, na fase de elaboração do projeto arquitetônico, mas

também, na usabilidade do imóvel concebido sobre os preceitos da ergonomia.

Para a obtenção da qualidade projetual deve-se, segundo Menezes (1993) apud

Círico (2002), partir do princípio que, uma edificação é um produto e que, em seu interior,

diversas atividades são desenvolvidas. A qualidade deve ser perseguida desde o início, ou

melhor, para que um produto tenha qualidade o seu projeto não pode ser deficiente.

Através da união entre o arquiteto e o empreendedor, quando da elaboração de um

produto (projeto) com qualidade, poderão contribuir para uma maior satisfação e

conseqüentemente numa melhoria da qualidade de vida dos usuários desses edifícios.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

30

Contribuindo para a obtenção dessa qualidade, Villarouco (2001) afirma que, a

ergonomia destaca-se como necessidade fundamental, no sentido de contribuir para que,

através do uso de suas ferramentas e métodos possam ser detectados e solucionados os

problemas que possam comprometer o bom desempenho do produto.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

31

2.2 QUESTÕES ERGONÔMICAS

2.2.1 Origens e conceitos

Estudos demonstram que, ainda no desenvolvimento das espécies, o homem já

tentava adaptar as suas ferramentas para melhor desempenhar as suas tarefas. A abordagem de

Christensen apud Ergoweb, embasa a remota motivação do homem em criar ou selecionar

objetos que tornem as suas tarefas mais fáceis para serem realizadas e executadas com mais

conforto.

“A preocupação de adaptar os objetos artificiais e o ambiente natural ao homem

sempre esteve presente desde os tempos da produção artesanal, não-mecanizada” (IIDA,

2000).

Do mesmo modo, desde suas origens, o homem tem moldado o ambiente natural

para que, este, seja adequado às suas necessidades de moradia, indispensáveis para a sua

sobrevivência. Para Gregotti (1972), o habitar é, de qualquer modo, a maneira como os

homens estão sobre a terra, sendo esta condição uma proposta e uma hipótese para esta

existência.

Os processos de adaptação das ferramentas e dos ambientes ao homem foram

evoluindo de forma gradativa e sucessiva, acompanhando os avanços da evolução. “Teve

impulso em função do desenvolvimento tecnológico do século XX e intensificaram-se durante

a segunda guerra mundial onde se ressaltaram as incompatibilidades entre o progresso

humano e o técnico. Nesta época,” exacerbaram-se as incompatibilidades entre o humano e o

tecnológico, já que os equipamentos militares exigiam dos operadores decisões rápidas e

execução de atividades novas em condições críticas” (MORAES & MONT’ALVÃO, 2000).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

32

Ainda, para Moraes & Mont’Alvão (2000), “enquanto a produção se dava de modo

artesanal, era possível obter formas úteis, funcionais e ergonômicas sem excessivos requisitos

projetuais, no entanto, a produção em série, impossibilita técnica e economicamente a

compatibilização e a adequação de produtos a partir do uso e de adaptações sucessivas.”

Evidenciava-se assim a necessidade de estudos mais sistemáticos do trabalho, que

começaram a ser realizados a partir do século passado. Os conflitos entre os homens e as

máquinas de guerra levaram os engenheiros a buscar uma interação com os psicólogos e os

fisiólogos interessados em adequar equipamentos, ambientes e tarefas ao homem.

Ilida (1990), afirma que a ergonomia nasceu no dia 12 de julho de 1949, na

Inglaterra, com a criação da primeira sociedade de Ergonomia “Ergonomics Research

Society”. Nesse dia, cientistas e pesquisadores reuniram-se interessados em discutir e

formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência.

Atribui-se a denominação da disciplina “ergonomics” do grego “ergo” (trabalho)

“nomics” (normas, regras) ao psicólogo inglês MUFFEL. Nos EUA foi adotada a

denominação de “Human Factors” ou “Human Enginiering”, porém, a origem do termo

ergonomia remonta a 1857. O polonês W. Jastrezbowski intitulou uma de suas obras “Esboço

da ergonomia ou ciência do trabalho baseada sobre as verdadeiras avaliações das ciências da

natureza” (GUIMARÃES, 2000).

“A ergonomia é uma área de conhecimento focada no usuário que utiliza vários

métodos de pesquisa das ciências sociais para avaliar a relação humana com suas atividades e

tudo o que envolve esta relação, de uma maneira bem aprofundada” (MORAES &

MONT’ALVÃO, 2000).

O campo de atuação da ergonomia foi se estendendo com o surgimento de sistemas,

cada vez mais complexos, que necessitam considerar, na sua projetação, os fatores humanos

para sua utilização, podendo evitar disfunções nas metas estabelecidas.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

33

Inicialmente, as aplicações da ergonomia se restringiram à indústria e aos setores

militar e espacial. Recentemente, expandiram-se para a agricultura, os setores de serviços e à

vida diária do cidadão comum.

Atualmente, a ergonomia praticamente difundiu-se em todo o mundo através de

instituições de ensino e pesquisa e, eventos nacionais e internacionais, específicos da área.

“Entretanto, o acervo de conhecimentos já disponível em ergonomia, se fosse dominado e

aplicado pela sociedade, certamente daria uma contribuição importante para reduzir o

sofrimento dos trabalhadores e melhorar a produtividade e condições de vida em geral”

(IIDA, 2000).

Para Villarouco (2002), o campo de intervenção do ergonomista é complexo e exige

conhecimentos de diferentes áreas, devendo se apoiar em conhecimentos multidisciplinares,

tais como, antropometria, psicologia ambiental, fisiologia, entre outros.

Note-se também, uma tendência na avaliação de atividades do cotidiano, antes

pouco abordadas, pois não estavam entre as atividades do sistema de produção, como por

exemplo, as atividades do setor de serviços e o estudo de trabalhos domésticos.

Por ser o enfoque deste estudo o dimensionamento em apartamentos, tais questões irão

recair, mais especificamente, no domínio da especialização da ergonomia do ambiente

construído, definida como a área específica da ergonomia que trata de questões relacionadas

ao projeto e avaliação do ambiente físico, local onde as atividades humanas ocorrem.

A ergonomia do ambiente construído, um ramo recente da ergonomia, toma o

homem como referencial, uma vez que, todas as ações humanas acontecem no espaço,

estabelecendo-se um relacionamento inseparável entre o homem e o espaço. Para Martins

(2000), “os ambientes são, por natureza, local de troca e de convívio humano.”

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

34

De acordo com Takaki (2005), apud Costa (2005), no âmbito do ambiente

construído, a ergonomia engloba disciplinas que relacionem o elemento humano ao ambiente,

no sentido de adequar os espaços aos usuários através da interface ser humano-atividade-

ambiente.

Para Martins (2005) apud Costa (2005), nos domínios da ergonomia do ambiente

construído, podem ser considerados o uso do espaço interior e urbano, os conceitos de espaço

público e privado, as barreiras arquitetônicas, a apreensão do espaço, os mapas cognitivos, a

navegação e circulação no espaço arquitetural, os sistemas de informação e comunicação, a

acessibilidade e o design universal, relacionando às atividades de trabalho, de serviços e de

lazer.

2.2.2 Apreciação ergonômica

? Introdução

De acordo com Figueiredo & Mont’Alvão (2003), à medida que os estudos sobre a

relação humano-comportamento aumentam, a influência sobre o ambiente construído, no

comportamento humano, torna-se mais relevante. A abrangência dos estudos ergonômicos,

com seu enfoque no usuário, resultam numa importante contribuição, uma vez que, aborda as

conseqüências do espaço sobre o homem, apontando os constrangimentos sofridos pelo

usuário e quais os custos humanos deles resultantes.

Entre as várias metodologias aplicadas atualmente, este estudo demonstra a

Intervenção Ergonomizadora de Moraes (2003), uma vez que “é amplamente aplicada por sua

abrangência metodológica e sua sistemática na prática investigativa” (FIGUEIREDO &

MONT’ALVÃO, 2003).

As grandes etapas da Intervenção Ergonomizadora são: Apreciação Ergonômica;

Diagnose Ergonômica; Projetação Ergonômica; Avaliação, Validação e/ou Testes

Ergonômicos e Detalhamento Ergonômico e Otimização. Podendo compreender em uma

proposta: a Apreciação Ergonômica; a Apreciação e a Diagnose Ergonômica; a Apreciação, a

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

35

Diagnose e a Projetação Ergonômica; a Apreciação Ergonômica, a Diagnose Ergonômica, a

Projetação Ergonômica e a Avaliação (MORAES & MONT’ALVÃO, 2000).

A avaliação ergonômica, demonstrada nesta pesquisa, compreende a etapa de

apreciação ergonômica que, ainda segundo Moraes & Mont’Alvão (2000), é descrita como

uma fase exploratória para mapear os problemas ergonômicos e consiste na Sistematização do

Sistema Homem-Tarefa-Máquina, neste caso como Homem-Tarefa-Ambiente, e na

delimitação dos problemas ergonômicos-posturais, informacionais, acionais, cognitivos,

comunicacionais, interacionais, deslocacionais, movimentacionais, operacionais, espaciais e

físicos ambientais.

Como demonstração de uso da metodologia, é colocado aqui o resumo de uma

avaliação ergonômica de ambiente construído, anteriormente realizada, que se fundamentou

no método da Intervenção Ergonomizadora. Optou-se pela descrição desse caso, como base às

análises realizadas nesta atual pesquisa, na medida em que, os Códigos de Obras e

Edificações vigentes dos municípios brasileiros, ao permitirem ambientes subdimensiondos,

podem provocar situações identificadas neste estudo. Além disso, a bibliografia sobre o tema

é ainda escassa.

? Apresentação do objeto de estudo- o apartamento- modelo

O estudo de caso mostrado a seguir, é resultado de uma investigação desenvolvida

durante o curso de Especialização em Ergonomia do Departamento de Design da UFPE, em

2002, baseado na metodologia da intervenção ergonomizadora. Uma das conclusões obtidas

através da monografia foi a confirmação da relevância da ergonomia no ambiente construído,

quando existir a intenção de fazer ambientes adequados aos usuários.

O objeto de estudo em questão, foi um apartamento de um edifício residencial

multifamiliar, com 84 unidades habitacionais, com 66,13m² de área útil e localizado no bairro

do Pina, na cidade do Recife, estado de Pernambuco, Brasil.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

36

O apartamento estudado, foi construído e incorporado por uma das construtoras mais

respeitadas e sólidas do Recife, tendo sido projetado por um profissional de referência no

setor, estando localizado na área mais cara da cidade.

Os ocupantes moradores deste apartamento, na ocasião da pesquisa, eram cinco: um

casal com idade de 22 e 30 anos, estando a esposa grávida do seu terceiro filho; uma filha

com idade de 7 anos; um filho com idade de quatro anos; e a funcionária doméstica com idade

de 20 anos.

O apartamento tem nove cômodos, sendo composto por sala para dois ambientes;

varanda; dois quartos sociais; um banheiro social; cozinha, com abertura para sala; área de

serviço; quarto e banheiro de serviço.

A Figura 2.4, ilustra a planta baixa do apartamento com os equipamentos e o Layout

dos ambientes. O arranjo físico do mobiliário foi definido pelos próprios moradores com os

móveis que existiam no apartamento que estes ocuparam anteriormente, o qual possuía uma

área construída maior.

A referida pesquisa não abrangeu todos os ambientes do imóvel, somente aqueles

que toda edificação deverá, necessariamente, possuir de acordo com a Lei de Edificações e

Instalações da Cidade do Recife, que são os seguintes: sala, quartos e banheiro sociais e

cozinha.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

37

? Resultados

A etapa da apreciação ergonômica é descrita, segundo (Moraes & Mont’Alvão,

2000), como uma fase exploratória para mapear os problemas ergonômicos e, consiste na

Sistematização do Sistema Homem-Tarefa-Máquina e na delimitação dos problemas.

Para a coleta de dados, foram feitas visitas ao apartamento tipo escolhido para o

estudo de caso, a fim de comprovar as hipóteses e objetivos da proposta, através da avaliação

do trabalho real dos moradores interagindo nos ambientes habitacionais.

As atividades cotidianas destes usuários foram observadas sendo acompanhadas de

entrevistas ocasionais ou não estruturadas e registros fotográficos. Tal levantamento foi

analisado para o parecer ergonômico que compreendeu: a apresentação ilustrada dos

problemas, a modelagem e as disfunções do sistema Homem-Tarefa-Espaço Habitacional.

Concluiu-se esta etapa com a hierarquização dos problemas, a partir dos custos humanos;

sugestões preliminares de melhoria e as predições que foram relacionadas à provável causa do

problema estudado.

Figura 2.4: Planta baixa do apartamento

com layout do mobiliário.

Fonte: COSTA;MACIEL;MONTE,(2002)

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

38

? Sistematização do Sistema Homem-Tarefa-Ambiente

Na sistematização foram elaborados modelos do sistema pesquisado que consistiram

em: caracterização do sistema, posição serial do sistema, ordenação hierárquica, expansão do

sistema, modelagem comunicacional do sistema, fluxograma funcional ação-decisão e tabela

de função-informação-ação. A partir da compreensão do sistema, através dos modelos,

chegou-se à sua problematização. (Figura 2.5)

? Problematização

Esta etapa tratou da definição clara e objetiva do problema. Bunge apud Moraes &

Mont’Alvão (2000) subdivide a problematização do problema em três fases: o

reconhecimento do problema, a delimitação do problema e a formulação do problema,

abordados a seguir.

Figura 2.5: Caracterização e Posição Serial do Sistema.

Fonte: (COSTA;MACIEL;MONTE,2002)

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

39

? Apresentação do problema

O espaço do apartamento apresentou-se defasado em relação às necessidades físicas

da família. Tendo apenas dois quartos na área social, os filhos, de diferentes sexos, não eram

acomodados separadamente. O problema seria maior após o nascimento do filho que estava

para nascer, na ocasião da pesquisa. Observou-se que, o projeto original foi mantido sem

quaisquer alterações.

Todo mobiliário foi aproveitado da moradia anterior, acarretando vários problemas

para acomodá- los. Alguns móveis mostraram-se superdimensionados no exercício de

adaptação ao novo espaço, obstruindo janelas, prejudicando a circulação nos ambientes e

dificultando as atividades cotidianas, inclusive a limpeza. Outro comprometimento desta má

adaptação é relativo ao desconforto causado pelo conseqüente prejuízo à iluminação e

ventilação natural.

Observou-se ainda, que quatro ambientes do apartamento são iluminados e

ventilados indiretamente através de outros ambientes. São os dois banheiros, a cozinha e a

área de serviço. Neste último, esta deficiência impede a secagem das roupas prejudicando a

finalização da tarefa.

Quanto às questões relacionadas aos aspectos psicológicos, evidenciou-se a sensação

de claustrofobia, devido ao medo dos usuários de estarem limitados dentro dos ambientes

mais reduzidos e menos adaptados ergonomicamente.

Quanto às questões do dimensionamento espacial, os moradores vivenciavam

problemas comprometendo o conforto, a segurança e o desenvolvimento das atividades no

apartamento. Verificou-se que cada ambiente, através de sua denominação, apresentou

funções e situações problemáticas físicas distintas. As atividades foram avaliadas na

delimitação dos problemas e os constrangimentos, no quadro de formulação dos problemas.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

40

? Delimitação ilustrada dos problemas

Evidenciaram-se problemas vivenciados pelos moradores, com elementos,

equipamentos, mobiliários e objetos que compõem os espaços habitacionais, pois estes

acessórios muitas vezes não correspondem às suas necessidades para a realização de suas

atividades ou são inadequados às condições espaciais dos ambientes. Neste aspecto, podem

ocorrer situações que comprometam o conforto e a segurança dos usuários ou a qualidade

desta interação. A Figura 2.6, ilustra alguns desses problemas onde foram delimitados,

explicitados e divididos em categorias.

Parecer ergonômico

Como conclusão da etapa da apreciação, o parecer ergonômico representa uma

síntese dos problemas observados e determinados pelo quadro de formulação dos problemas

da priorização dos problemas para as sugestões preliminares de melhoria, predições e

conclusões. Para sintetizar a problematização, foram estruturados os principais problemas, os

requisitos do sistema, os constrangimentos sobre o morador, os custos humanos da tarefa e as

restrições do sistema através do quadro de formulação dos problemas. (Figura 2.7)

INTERFACIAL A localização do aparelho de som e dos CDs no móvel faz com que a moradora flexione o tronco, a cabeça e as pernas. ACIONAL Dificuldade de acessar e visualizar os subsistemas do equipamento.

TAXONOMIA DE PROBLEMAS

ÁREA SOCIAL : SALA

Figura 2.6: Delimitação ilustrada dos problemas.

Fonte: (COSTA;MACIEL;MONTE,2002)

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

41

Classe de Problemas

Requisitos Constrangimento da tarefa

Custos Humanos

Disfunção do sistema

Sugestões Restrições

INTERFACIAL ?TV na área social fora do ângulo de visão dos moradores.

?Colocar o equipamento no envoltório de visão dos usuários.

?Incômodo causado por posturas inadequadas assumidas.

?Fadiga na coluna e no pescoço. ?Desconforto físico.

?Interrupção da atividade. ?Improvisos: uso de almofadas.

?Novo arranjo físico. ?Suporte para a TV girar.

?Recursos financeiros. ?Não consideração do problema.

?Falta mobiliário que viabilize as atividades das crianças.

?Considerar a independência e a autonomia das crianças.

?Posturas desconfortáveis ?Dispêndio de grande esforço físico. ?Dificuldade de movimentos.

?Sensação de incapacidade e dependência. ?Cansaço nos braços. ?Dores localizadas.

?Improvisos: uso de almofadas no assento. ?Alimento derramado. ?Dentes mal escovados.

?Mobiliário com subsistemas ajustáveis. ?Pódio para ajudar o alcance no balcão.

?Não consideração do problema. ?Recursos financeiros.

ESPACIAL / ARQUITETURAL DE INTERIOR ?Falta espaço e o arranjo do mobiliário prejudica as atividades cotidianas.

?Projeto arquitetônico que considere todas as necessidades e restrições dos usuários.

?Dificuldade de deslocamento e acesso ao mobiliário. ?Movimentos e posturas inadequados.

?Dores musculares generalizadas. ?Traumatismos. ?Ansiedade. ?Estresse. ?Perda de equilíbrio.

?Acidentes. ?Dificuldade para realização da tarefa. ?Inviabilização de acessos. ?Desconforto físico.

?Projeto arquitetônico ergonômico. ?Novo arranjo físico.

?Recursos financeiros. ?Negligência do projeto arquitetônico. ?Permissividade do código de obras da cidade.

?Não adequação entre o tamanho do mobiliário e os ambientes

?Substituição do mobiliário.

?Dificuldades de movimentos e posturas prejudiciais. ?Bloqueio de janelas e portas

?Desconforto músculo esquelético. ?Traumatismos. ?Desconforto térmico e luminoso.

?Inviabilização de acessos. ?Espaços restritos para realização das atividades.

?Adquirir mobiliário compatível com os ambientes. ?Projeto de interiores

?Recursos financeiros.

?Falta local apropriado para guardar e acondicionar alimentos e utensílios.

?Móveis específicos e no envoltório de alcance dos usuários.

?Movimentos inadequados e posturas prejudiciais. ?Redução da área de trabalho.

?Fadiga nos músculos das costas. ?Dores localizadas.

?Improvisos. ?Dificuldade de realização das tarefas. ?Acidentes.

?Adquirir mobiliário compatível.

?Recursos financeiros ?Não existe priorização de necessidades.

?Bloqueio de porta e janela pelo mobiliário.

?Substituição do mobiliário.

?Mal estar físico ambiental. ?Dificuldade de acesso.

?Sudorese. ?Desconforto térmico e luminoso.

?Ventilação e iluminação sacrificadas. ?Uso de ventilação mecânica.

?Adquirir mobiliário compatível com o espaço.

?Recursos financeiros.

ACIDENTÁRIO ?A cama da criança está sob a janela.

?Reposicionar a cama.

?Exposição da criança ao perigo.

?Perda de equilíbrio. ?Morte.

?Riscos iminentes de quedas.

?Novo arranjo físico do quarto. ?Rede de proteção.

?Não consideração do problema de segurança.

?Falta de equipamento para acessar locais fora do alcance.

?Equipamento que viabilize o equilíbrio, a segurança e a execução das atividades.

?Insegurança ?Restrições de movimentos.

?Perda de equilíbrio. ?Traumatismo. ?Ansiedade.

?Improvisos. ?Quedas. ?Acidentes. ?Tarefas mal realizadas.

?Adquirir escadas com protetores anti derrapantes.

?Não consideração do problema.

DE ACESSIBILIDADE ?Acesso restrito à janela sacrificando seu uso e limpeza.

?Promover o acesso.

?Posturas inadequadas. ?Flexão das costas e extensão dos braços.

?Dispêndio de grande esforço para realização das tarefas. ?Distensão muscular

?Dificuldade de acesso e limpeza. ?Tarefas mal realizadas.

?Novo arranjo físico. ?Projeto de arquitetura de interiores.

?Não consideração do problema.

Figura 2.7 :Quadro de formulação do problema.

Fonte: (COSTA;MACIEL;MONTE,2002)

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

42

? Priorização e consolidação do problema

O quadro de formulação do problema demonstrou que houve uma maior incidência de

problemas espaciais/arquiteturais de interiores, seguidos de problemas interfaciais e

acidentários. As demais situações com menores incidências são igualmente relevantes para o

bem estar dos moradores no apartamento estudado.

O dimensionamento de alguns ambientes aquém dos limites mínimos tolerados pelas

normas, o arranjo físico e o mobiliário inadequado são caracterizações do tipo

espaciais/arquiteturais de interiores. Tais dificuldades mereceram atenção especial, pois,

geram muitos desconfortos físicos e psicológicos que vão desde dores musculares localizadas

ate traumatismos e acidentes diversos. Através do auxílio da ergonomia, estes problemas

foram tomados como prioritários e mais graves.

? Predições

As predições são suposições e portanto, tomou-se como hipótese, que, somente uma

arquitetura com um dimensionamento ergonomicamente adequado e um arranjo físico

coerente, pode favorecer o desenvolvimento, sem restrições, das atividades habitacionais nos

apartamentos com áreas reduzidas, pois nesta tipologia, os espaços são definidos sem se

conhecerem previamente os usuários.

Deste modo, com relação ao apartamento estudado, a partir dos registros

comportamentais objetivou-se:

? Verificar a possibilidade de contratação de um arquiteto para elaborar um projeto de

ambientação.

? Ter argumentos sobre a necessidade da aquisição e substituição de diversos móveis.

? Observar criteriosamente as necessidades das crianças para favorecer sua

independência e autonomia.

? Ter argumentos para sugerir possíveis reformas, com alterações de alvenaria, para

acomodar melhor o bebê esperado.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

43

? Sugestões preliminares de melhoria

Com base na análise dos problemas ergonômicos detectados durante as observações

realizadas, nas verbalizações dos moradores e nos registros fotográficos, foram sugeridos para

o caso analisado:

? Novo arranjo para a sala, favorecendo o deslocamento dos usuários e o ângulo de

visão da TV.

? Substituição do mobiliário do quarto do casal, favorecendo o deslocamento dos

usuários, o giro da porta e o desbloqueio da janela.

? Novo arranjo para o quarto das crianças, incluindo local para as atividades de estudo e

substituição das camas por um beliche.

? Aquisição de mobiliário e equipamentos com sistemas ajustáveis às características e

necessidades das crianças.

? Considerar a acomodação do bebê esperado.

? Aquisição de mobiliário e acessório para acomodar adequadamente os utensílios da

cozinha e do banheiro.

? Posicionar o porta-papel higiênico e a lixeira do banheiro de forma que facilite o seu

alcance e sua visualização pelos usuários.

? Implementar o conforto térmico naqueles ambientes com iluminação e ventilação

indiretas.

? Conclusões relacionadas ao estudo de caso

A intervenção realizada demonstrou que, o dimensionamento físico reduzido do

apartamento analisado e seu mobiliário, desfavorecem o desempenho, pelos moradores, das

atividades diárias de vivência e manutenção. Tais problemas, causam desconforto térmico e

luminoso, interferem no fluxo e no bem-estar físico dos usuários.

A pesquisa concluiu que, em qualquer projeto de ambiente construído é imprescindível

o total conhecimento das tarefas a ser por ele abrigada, e ter como foco principal o usuário do

ambiente considerando suas características e necessidades. Aponta que, o diagnóstico

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

44

preliminar mais cabível para o caso, visando contribuir com a redução de tais problemas, seria

dar uma atenção especial às necessidades dos moradores. Sugere a elaboração de um projeto

de interiores, com o envolvimento e a participação dos moradores, considerando suas

experiências e necessidades, visto que as contribuições da ergonomia começam com o óbvio e

urgente.

Ainda, o estudo de caso demonstrou a relevância do ambiente no comportamento

humano e, a importância de considerar as investigações sobre esta relação, para o ato de

projetação.

2.2.3 Considerações Antropométricas

? Origem e conceitos

De origem grega, o termo Antropometria, foi criado e divulgado pelo matemático

belga Quetlet (BARROS, 2005), e vem de anthropo, que significa homem, e metry que

significa medida (CÍRICO, 2001).

“Antropometria é uma disciplina baseada na Antropologia Física, que estuda as

dimensões dos segmentos corporais do ser humano” (SOARES, 2000).

“A antropometria trata de medidas físicas do corpo humano” (IIDA, 2000).

Barros (2004), deixa explícito a Antropometria como uma ciência humana básica,

contribuindo para a ergonomia que, por sua vez, contribui, com seus dados, conceitos e

métodos, para o processo projetual.

O estudo das proporções do corpo humano, relacionadas a um estudo artístico,

começou a se manifestar já nas antigas civilizações egípcias. Entretanto, é no período

renascentista que surgem os artistas ligados aos cientistas. A exemplo desse fato, cita-se o

desenho da figura humana, de Leonardo da Vinci, baseado no trabalho do arquiteto Vitruvius,

que se tornou o Cânone de Proporções Anatômicas.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

45

Com o impulso da produção em massa a partir da década de 40, a preocupação com

a antropometria teve um incremento, visto que até então, as medidas antropométricas visavam

apenas determinar as grandezas médias da população. Posteriormente, as variações e os

alcances de movimentos passaram a ser considerados.

No Brasil, na década de 50, houve o aumento da preocupação em se estabelecer

padrões nacionais antropométricos. Outrossim, com a globalização da economia, tais

preocupações passaram a ser mais relevantes. Para Iida (1998), apud Círico (2001), “com o

crescente volume de comércio internacional, pensa-se hoje em determinar os padrões

mundiais de medidas antropométricas.”

Atualmente, no Brasil, não existem medidas normalizadas da população, havendo

apenas, algumas pesquisas parciais, podendo ser destacada, a pesquisa realizada pelo Instituto

Nacional de Tecnologia- INT, em 1998 (BARROS 2004).

Tais fatos justificam a afirmação de Moraes (1994) apud Barros (2004), onde “a

utilização de dados antropométricos não representativos de toda população brasileira

apresenta mais riscos que o uso de dados antropométricos representativos de toda população

estrangeira.”

As dimensões do corpo humano de maior uso no desenho dos interiores são dois

tipos: estruturais e funcionais. As dimensões estruturais são denominadas estáticas e são a

cabeça, o tronco e as extremidades em posição estática. As dimensões funcionais, chamadas

de dinâmicas, como sugere o termo, são medidas tomadas em posições de trabalho durante o

movimento de certas atividades (PANERO & ZELNIK 1998).

A antropometria pode se subdividir em estática, que compreende as dimensões

físicas do corpo humano parado ou, com poucos movimentos, e a antropometria dinâmica que

mede os alcances dos movimentos. Entretanto, Panero e Zelnik (1998) destacam que a grande

maioria dos dados antropométricos disponíveis são baseados em medidas estáticas mais

relacionadas com o término das atividades. A capacidade de alongar-se é um fator que

influencia a dinâmica da atividade, influenciando de alguma forma o movimento. Neste

contexto, Costa (2005) afirma que, cabe ao projetista ficar atento às limitações inerentes aos

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

46

dados estruturais tentando conciliar a sua natureza estática com a realidade dinâmica dos

movimentos corporais.

Lopes & Boueri (2004), consideram que Panero e Zelnik são uns dos responsáveis

por uma visão moderna da antropometria, relacionada à idéia surgida na década de 50 de que

o tamanho do homem deve ser considerado no projeto.

? Diferenças individuais e o aumento das dimensões

A antropometria, por estudar concretamente as medidas do corpo, estabelece as

diferenças dos indivíduos, grupos, etc. Desde a viagem de Marco Polo (1273-1295), foi

revelada a existência de um grande número de raças que diferiam bastante entre as proporções

das diferentes partes do corpo. (PANERO & ZELNIK, 1998). Não obstante, tais diferenças

vêm sendo estudadas desde a antiguidade.

As medidas antropométricas de um povo podem se modificar com a época. Segundo

Guimarães (2001) apud Costa (2005), as armaduras dos europeus da Idade Média, com altura

média de 1.50m e o cockpit de um avião Spitfire, da Segunda Guerra Mundial, são

incompatíveis com a estatura dos soldados atuais.

Estas variações nas proporções do corpo ocorreram para a adaptação climática,

sendo fatores determinantes nas diferenças físicas do corpo humano: os aspectos relacionados

à nutrição, atenção com a saúde e a prática de esportes, ou seja, a melhoria da qualidade de

vida (GUIMARÃES, 2000).

De acordo com tais afirmações, Iida (1990) cita que, os hábitos alimentares, a saúde

e a prática de esportes podem fazer as pessoas crescer. Para o autor observou-se um

crescimento de até 8cm na estatura média do homem em apenas uma década, entretanto as

proporções corporais não se modificaram.

Em concordância, Soares (2000) cita que, os seres humanos apresentam características

físicas diversas dependentes do país de origem, sexo, idade, classe social, raça e etnia, dieta e

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

47

saúde, atividades físicas (esporte e exercícios), etc. Estudos estatísticos comprovam que, sob o

ponto de vista da antropometria, as diferenças mais importantes entre os grupos populacionais

não são o tamanho dos membros em si, mas a proporção entre as diferentes partes do corpo.

Segundo Panero e Zelnik (1998), também há possibilidade de variações nas dimensões

corporais dentro de um mesmo país. Estudos socioeconômicos revelam diferença significativa

na estatura entre pessoas de diferentes profissões. Boueri (1999) apud Costa (2005), afirma

que dados antropométrico do IBGE mostram em 1975 diferenças na estatura do ser humano,

da mesma faixa etária, nas diversas regiões geográficas do Brasil.

Guimarães (2001) apud Costa (2005), destaca que em reportagem publicada pela

revista Época, uma pesquisa do IBGE mostrou que a estatura da população brasileira atingiu,

em menos de dez anos, entre 1989 e 1997, uma altura média de 1,70 metro, crescendo em

média 2 centímetros neste período.

Evidencia-se que tais fatos apresentados, enfatizam o argumento de que o aumento da

estatura de algumas populações é inverso à diminuição, dos parâmetros dimensionais dos

ambientes internos em apartamentos, podendo acarretar em graves prejuízos. Ademais fica

claro que o sistema produtivo- imobiliário, ainda não considera essa relevante constatação no

dimensionamento dos apartamentos da atualidade. Outrossim, estudos demonstram que a

indústria de confecção de vestuário já considera tais transformações.

? A falácia do homem médio

Aparentemente ao considerarmos a média dimensional da população estaríamos

atendendo aos requisitos de uma maioria populacional. No entanto, Soares (2000) cita que

“ninguém é médio em relação a todas as dimensões, e poucas pessoas o são para algumas. É o

que se costuma denominar de “Falácia do Homem Médio”, pois este homem não existe e

poucos têm dimensões equivalentes para vários segmentos corporais.”

Para Granddjean (1998), como não é possível projetar espaços de trabalho que

atendam às pessoas extremas, mais alta ou mais baixa,. na ergonomia trabalha-se com a

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

48

parcela de 95% da coletividade, às vezes ate 90%. Esta parcela chama-se de percentil 95%, ou

se for o caso 90%. Isto significa que os extremos 2,5% maiores e 2% menores são

desconsiderados, pois a curva de distribuição das dimensões apresenta grande deformação nos

extremos dos gráficos (Figura 2.8).

Nesse contexto, Guimarães (2001) apud Costa (2005) afirma que, um projeto que

atenda a 100% é técnica e economicamente inviável, para atendimento dos poucos usuários

situados nos extremos da curva de distribuição.

Bridger (1995) apud Barros (2004) apresenta dois conceitos básicos para aplicação

de dados antropométricos. Os conceitos de Dimensões Mínimas e Dimensões Máximas. Para o

autor as dimensões máximas são as medidas referentes aos percentis (95°, 97,5° e 99°). Estas

dimensões, geralmente determinam os espaços mínimos necessários, como os espaços para

circulação, as medidas dos vãos de porta, etc. Já as dimensões mínimas, o autor referiu-se às

medidas dos menores percentis (1°, 1,25° e 5°). Tais dimensões determinam os alcances

máximos necessários, como altura da fechadura de porta.

De acordo com Panero e Zelnik (2002) apud Costa (2005), a interface entre usuário e

ambiente projetado, ou adaptado aos seres humanos, deve garantir conforto, segurança e uma

Figura 2.8: Distribuição de freqüência da

estatura do homem.

Fonte: (COSTA;MACIEL;MONTE,2002).

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

49

vivência eficiente. As alturas das superfícies de trabalho, os espaços livres para circulação

entre os móveis, as alturas de prateleiras em apartamentos, as larguras de corredores, tudo

isso deve refletir as configurações das dimensões corporais. Em geral, projeta-se para grupo

de usuários bastante variado, ou então, uma população específica crianças, idosos, portadores

de deficiência física. Entretanto, as necessidades desses usuários, só poderão ser atendidas de

forma adequada reconhecendo-se o estudo das dimensões corporais e suas implicações

ergonômicas.

Cada projeto requer a seleção dos dados antropométricos adequados e relacionados aos

percentis específicos. Para Panero e Zelnik (1998), se o projeto requer que o usuário alcance

algo, o dado referente ao alcance do braço, deve selecionar o percentil 5. Esse dado indica que

5% da população alcança uma distância menor, enquanto que 95%, ou a grande maioria terá

maiores graus de alcance.

Conclui-se que ao atender o usuário com menor capacidade de alcance, usuário de

maior capacidade de alcance logo será atendido, entretanto o oposto não é verdadeiro. Para

Costa (2005), se o requisito do projeto é definir espaços livres ou altura de passagem, a lógica

é adequá- los aos usuários com maiores dimensões, assim o menor também será favorecido.

Nesse caso, o oposto tampouco é verdadeiro.

Quando se projeta para uma faixa da população, sem poder levar em conta estes

aspectos abordados, é indispensável que o profissional busque uma solução de compromisso

que privilegiem as situações que envolvam maiores riscos ou desconfortos.

Os edifícios são construídos para pessoas e para serem habitados por elas. Sendo

assim, no projeto arquitetônico, as dimensões e os movimentos do corpo humano são os

determinantes da forma e tamanho dos equipamentos, mobiliário e espaços ou pelo menos

deveriam ser (BOUERI, 1999 apud COSTA, 2005).

Entretanto, para Costa (2005), os dados antropométricos, nunca devem ser encarados

como método infalível para as questões dimensionais. Tais dados devem ser relacionados

como uma das várias fontes de informação ou ferramentas disponíveis para o projeto. A

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

50

dimensão corporal é apenas uma das inúmeras configurações humanas que têm impacto na

fixação das dimensões dos espaços.

2.2.4 Contribuições da ergonomia e antropometria à arquitetura

O objetivo da ergonomia de concepção de locais e espaços de trabalhos é fornecer ao

arquiteto uma descrição das características importantes das atividades, as quais ele levará em

consideração na definição dos locais: espaços, proximidades, etc (VILLAROUCO, 2001).

De acordo com Almeida (2001), a importância do ambiente como fator que pode

facilitar ou impedir determinada atividade ou comportamento, é traduzida pela abordagem do

espaço como um recurso. “Assim, a ergonomia deixaria de cumprir papel somente corretivo

para crescer como ergonomia de concepção, propondo uma melhor utilização do espaço.”

Para a ergonomia de concepção, a intervenção ocorre na fase inicial da projetação do

ambiente. Para Iida (1990), “Numa situação ideal, a ergonomia deve ser aplicada desde as

etapas iniciais do projeto de uma máquina, ambiente ou local de trabalho. Estas devem

sempre incluir o ser humano como um de seus componentes.”

A ergonomia é uma valiosa ferramenta principalmente no processo de projetar

habitações coletivas. Vale ressaltar que os projetos devem atender a uma ampla maioria da

população, considerando-se as diferenças individuais. Entretanto a tendência é priorizar o

maior aproveitamento do solo urbano comprometendo a definição dimensional nas

edificações.

Moraes e Bins Ely apud Figueiredo e Mont’alvão (2003) “sugerem que a melhor

estratégia para unir ergonomia e arquitetura ocorre durante o exercício projetual.” Nessa

direção Villarouco (2001), pondera que a ergonomia com seu foco centrado no usuário, pode

fornecer ao ato projetual a percepção global, necessária, à consecução de espaços mais

eficazes.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

51

Almeida (2001), aponta que a relação entre arquitetura e ergonomia são mutuamente

enriquecedoras, caracterizando-se transdisciplinares. Afirma que, pelo viés do estudo

ergonômico é possível compreender as atividades humanas e seus requisitos de projeto.

Já Iida (1990), ressalta que os projetos de edifícios com enfoque ergonômico, devem

iniciar considerando-se as necessidades humanas das tarefas e das organizações sociais, para

se chegar à configuração do edifício. Para ele, “o projeto deve ser realizado de dentro para

fora.”

Uma arquitetura ergonomicamente adequada, sempre visará ajustar a situação

projetual ao homem e nunca o sentido inverso. Portanto, tal arquitetura tem como elemento

principal o usuário, devendo-se considerar seus aspectos físicos culturais, psicossociais e

cognitivos (VILLAROUCO, 2002).

Devido à industrialização, a maior parte dos eventos humanos ocorre no ambiente

construído, o que aumenta a responsabilidade daqueles que projetam os espaços físicos.

Sendo assim, o arquiteto que é responsável, na maioria das vezes, pela configuração desses

espaços, assume papel fundamental na melhoria da qualidade de vida dessa população

usuária.

Nesse contexto, deve-se seguir na busca por projetos de arquitetura que melhor

atendam às necessidades de moradia dos usuários, utilizando-se como elemento diferenciador

a Ergonomia e a Antropometria. Com estas informações, esses profissionais poderão

desenvolver os futuros projetos voltados para habitação dita coletiva, com atributos e

elementos facilitadores para que estes espaços possam ser mais facilmente adaptados às

necessidades dos usuários (CÍRICO, 2001).

A antropometria é uma excelente ferramenta para auxiliar a arquitetura e também a

ergonomia no correto dimensionamento dos espaços, pois possibilita a utilização da escala

humana.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

52

Ainda, a arquitetura ao envolver-se com a ergonomia, atribui-se ao projeto, relações

antropométricas nas questões dimensionais, e aspectos ergonômicos que permitem alcançar

uma melhor satisfação das necessidades do usuário.

Para Mafra (1996), as técnicas antropométricas permitiram mesurar as dimensões

corporais de uma população significativa, obtendo ao final, dimensões apropriadas para se

projetar objetos e espaços. O autor afirma que, a partir desse banco de dados antropométricos,

os profissionais de projetos puderam melhorar o planejamento dos espaços.

No processo projetual arquitetônico, a aplicação da antropometria é feita através da

utilização das dimensões corporais e movimentos do corpo humano, subsídios estes,

utilizados na busca para determinar a forma e o dimensionamento apropriado aos espaços,

bem como dos seus equipamentos e mobiliários. Es ta relação pode ser traduzida na ergonomia

como a interface, ou adequação física, entre o corpo humano e tais elementos para possibilitar

a boa integração entre ambos.

De acordo com Barros (2004), “os dados antropométricos podem ser utilizados

como ponto de partida para o desenvolvimento de produtos projetados para o uso pelo ou em

torno dos usuários, operadores e manutenidores.”

Para Neuffert (1974), tudo que o homem cria é destinado ao seu uso pessoal e as

dimensões do que fabrica devem, por isso, estar intimamente relacionadas com as de seu

corpo. e aconselha que todos os que projetam devem conhecer o espaço que o homem

necessita para se deslocar bem, o tamanho dos utensílios que o homem usa, para poder

determinar as dimensões dos móveis e dos espaços destinados a contê- los.

O conhecimento do tamanho e das dimensões do corpo são os fatores humanos mais

importantes para a boa adaptação ergonômica do usuário ao espaço, garantindo uma utilização

de uso adequado, cômodo e seguro.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

53

Os dados antropométricos devem ser utilizados quando o projeto abranger a

interface do corpo humano com os componentes físicos no espaço. São essenciais, por

exemplo: para o dimensionamento das alturas de bancadas e mesas de trabalho; as distâncias

de alcance no plano horizontal, onde se define o trabalho; no espaçamento em torno destas,

para que o trabalho possa ser bem realizado e ainda nos alcances verticais.

Entretanto Villarouco (2002), ressalta a distinção entre a ergonomia e a

antropometria, uma vez que não é possível projetar um espaço ergonomicamente adequado,

levando-se em conta apenas as preocupações antropométricas. De fato, a antropometria é

apenas um dos fatores humanos que pode ser utilizado como ferramenta de trabalho e

consulta no dimensionamento dos espaços interiores, porém, não é o único. Pois, a ergonomia

sempre considera o homem na sua total complexidade e, além do aspecto físico, preocupa-se

com o psicológico e o cognitivo.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

54

2.3 Dimensionamento e habitações mínimas

2.3.1 O dimensionamento dos espaços habitacionais

A questão do dimensionamento dos espaços habitacionais é um dos vários pontos

discutidos na eterna busca pelo espaço ideal da moradia.

Boueri & Battistuzzi (2004) demonstram que, historicamente, a preocupação básica

da Humanidade com a figura humana, sempre fora mais estética, mais envolvida com

proporções que com medidas e funções absolutas. Ressaltam que, uma das poucas

preocupações com a adequação dos espaços edificados às dimensões do corpo humano, foi

observada, no período da Renascença, através do cálculo e dimensionamento das escadas pelo

arquiteto francês, Blondel.

Entre os pesquisadores que apresentaram estudos relacionando as medidas do corpo

humano, pode se citar: J. Goddefroy (1854), com A teoria das medidas do corpo humano

segundo a idade e o sexo (CÍRICO, 2001), (Figura 2.9), e o Modulor de Le Corbusier em

1945 (BENEVOLO, 1976), (Figura 2.10).

Fig.2.9a

Fig.2.9b

Figura 2.9 :Cânone de proporções

anatômicas:

Fonte: (CÍRICO,2001)

Figura 2.10 :Modulor de Le Corbusier.

Fonte: (BENEVOLO, 1976)

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

55

Ressalte-se, entretanto, que o homem deve ser sempre a referência para

dimensionamento dos ambientes, devendo ser considerada a relação dos usuários com os

componentes e mobiliários necessários para desenvolver as atividades habitacionais nos

compartimentos pela possibilidade de utilização real destes, colaborando assim, para reduzir

os erros projetuais.

No entanto, “após a segunda grande guerra, as casas começaram a sofrer uma

redução de seus espaços, com o objetivo de abrigar um maior número de pessoas em uma

menor área” (MAFRA 1996).

Conforme já exposto, diversos foram os aspectos, responsáveis pela compactação

das áreas de construção das habitações, bem como, as modificações nos ambientes, que

passaram a ter novas funções e várias atividades distintas, muitas vezes, sendo realizadas em

um mesmo espaço. Citando Veríssimo & Bittar (1999), “hoje, para várias camadas da

população, o quarto de dormir é sala de visitas, escritório, sala de estudos, local de trabalho e

ocasionalmente lugar de descanso e do amor. E, apenas nos apartamentos de luxo, consegue-

se amenizar essa mistura de atividades. Valores que passam a ser símbolo de bem-estar,”

(Figura 2.11).

Anuncia-se que, na vida moderna, a diminuição dos espaços internos das habitações,

incompatível com o aumento das funções, requer soluções e propostas inovadoras, que nem

sempre são acessíveis a todas as camadas da população.

Figura 2.11: Quarto da atualidade.

Fonte: (COSTA;MACIEL;MONTE,2002).

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

56

Agravando ainda mais o panorama atual, a redução dos espaços habitacionais é

inversamente proporcional ao aumento das dimensões do corpo humano, conforme abordado

neste capitulo, (item 2.3.2).

Para Mafra (1996), é neste momento que ocorrerem falhas no planejamento das

construções. Os espaços passam a ser inadequados para acomodar os usuários e estes passam

a considerá- los, do ponto de vista do projeto, pouco apropriados às funções a que se destinam

(repouso, lazer, cozinhar, etc).

Estudos recentes comprovaram a existência de uma correlação positiva, entre o

dimensionamento e o arranjo do espaço, com o comportamento das pessoas e grupos usuários

destes ambientes (IIDA, 1990).

Numa abordagem projetual correta, o dimensionamento dos espaços habitacionais

deve ser moldado em função das atividades ali desenvolvidas, do alojamento do mobiliário e

equipamentos necessários, para o pleno desempenho da função dos ambientes, estando

acompanhado de espaço suficiente para sua boa utilização e a circulação entre eles.

“Todos os que projetam devem saber a razão por que se adotam certas medidas, que

parecem escolhidas ao acaso. Devem saber as relações entre os membros de um homem

normal e qual é o espaço que necessita para se deslocar, para trabalhar e para descansar.

Devem conhecer o tamanho dos objetos, utensílios, etc, que o homem usa, para poder

determinar as dimensões convenientes dos móveis ou das peças destinadas a conte- los.

Devem conhecer o espaço que o homem necessita entre os vários móveis para trabalhar com

comodidade e sem espaços desperdiçados nos diversos ambientes. Devem conhecer a melhor

colocação desses móveis, para permitir que o homem trabalhe com gosto e eficiência ou

repouse convenientemente. Finalmente, devem conhecer as dimensões dos espaços mínimos

que o homem utiliza, pois esta compreensão contribui para criar uma noção correta de escala

auxiliando a encontrar as dimensões convenientes para muitos casos” (NEUFERT, 1974).

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

57

Entretanto, o que ocorre na prática de muitos arquitetos, ao atribuírem as dimensões

dos ambientes internos dos apartamentos, levam em conta apenas fatores adquiridos em

função da técnica; das restrições estabelecidas pelo código de obras; e das sugestões do

cliente construtor, desconsiderando algumas características e necessidades do futuro morador.

Ademais, segundo Folz (2003), “O conhecimento dos fatores que afetam o

julgamento das dimensões físicas de um cômodo pode ajudar a descobrir soluções para

aumentar a sensação de espaço, mesmo sem acréscimo de superfície.” E tal dado encontra-se

intimamente relacionado à percepção espacial.

Nesse sentido o recurso de ambiente integrado pode ser utilizado como uma

possibilidade de evitar compartimentos mínimos. Podendo-se assim, reduzir a sensação de

confinamento nos espaços ou a sensação de claustrofobia. Assim, já se observa com

freqüência em apartamentos, a sala de estar conjugada ao jantar; a copa à cozinha; a cozinha à

sala e a área de serviço à cozinha. Menos freqüente, porém encontrada, é o quarto conjugado à

sala, sendo adotado nos Flats, porém, ainda utilizando-se divisórias móveis.

? Arranjo físico

Conceitua-se como sendo a distribuição espacial dos elementos que compõem o

espaço habitacional, sejam estes componentes que integram o projeto arquitetônico, como as

conexões (portas e janelas), ou aqueles que se incorporam ao espaço interno, como o

mobiliário e os equipamentos (balcões, bacias sanitárias e etc), sendo relevante na prevenção

de conflitos físicos, psicológicos e cognitivos, podendo evitar acidentes, de todas as ordens, e

desconforto.

Na arquitetura é também conhecido como layout, sendo um dos principais objetos da

especialidade da arquitetura de interiores. Assume um papel relevante na prevenção de

conflitos físicos, psicológicos e cognitivos, podendo evitar acidentes de todas as ordens e

desconfortos gerais.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

58

Para Le Corbusier, os interiores da habitação deveriam adequar-se às novas

condicionantes da vida moderna: nomadismo urbano, flexibilização de usos e a mecanização

das tarefas diárias. Para isso é necessário se pensar na padronização das casas, na planta livre

com divisórias deslocáveis, na integração dos espaços, no mobiliário entendido como

equipamento: a máquina de morar. A decoração, para ele, não tem nada a ver com a

arquitetura. Preconizava uma arquitetura pura, nítida, clara, limpa e sã. Conclamava os

usuários a exigir o vazio dos interiores de suas novas moradias. Tais reflexões de 1948, até

hoje, são pertinentes, relevantes e atuais, no entanto a “abrangência de suas afirmações ainda

não se efetivou” (COSTA,2004).

A funcionalidade de um ambiente está vinculada aos seus arranjos, definidos a partir

das atividades que se processam nestes locais, para oferecer melhor condição de

aproveitamento na relação dos espaços com o mobiliário e os objetos do cotidiano da casa,

permitindo a usabilidade destes pelo usuário.

Para Folz (2003), “o arranjo dos móveis ou sua qualidade de projeto pode ajudar a

diminuir essa sensação de congestionamento na habitação mínima.”

Sendo a forma como o espaço está organizado para atender as necessidades dos

usuários, o arranjo físico colabora com a qualidade habitacional. Torna-se muito importante

para os espaços reduzidos, e possibilita, ou não, o uso de forma mais diversificada destes

locais, onde nestes casos, geralmente, precisa-se adotar a verticalização das áreas de trabalho.

Segundo Cambiaghi & Baptista apud Círico (2001), para a otimização do uso de

cada ambiente é preciso levar em conta os seguintes aspectos:

? As áreas de circulação devem estar claramente destacadas das áreas funcionais;

? As aberturas de portas devem ser localizadas de forma a não dificultar e impedir o uso

adequado de cada ambiente;

As aberturas, principalmente de janelas, devem estar locadas de tal sorte que permita

distribuir o mobiliário sem dificultar o acesso a elas.

REIS e LAY (1998), afirmam que, os aspectos de dimensionamento espacial têm

uma importância para o uso adequado dos espaços. Ressaltam que, para um arranjo adequado

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

59

do mobiliário, num determinado ambiente, é preciso que sejam considerados o comprimento

das paredes e a localização das portas e janelas. Tais aspectos, também são relevantes, em

ambientes com área generosa.

“O conceito de Flexibilidade Planejada, ou seja, quando mais de uma opção de layout

é oferecida ao cliente no processo de divulgação e comercialização de apartamentos, permite

acomodar melhor os novos e diversificados arranjos familiares e pode encurtar a distância

entre o projeto básico inicial e aquilo que realmente o cliente idealiza” (BRANDÃO, 1998

apud COSTA,2004).

“Objetivos de um bom layout : evitar riscos de acidentes e incidentes; evitar doenças

ocupacionais; melhorar as condições ambientais; aumentar a motivação e a satisfação dos

trabalhadores; melhorar a ocupação dos espaços; aumentar a produção; reduzir o tempo de

manufatura; reduzir os custos indiretos; melhorar a utilização dos equipamentos e da mão-de-

obra; reduzir a movimentação e o manuseio de materiais; melhorar a supervisão; diminuir os

congestionamentos; melhorar a qualidade; melhorar a flexibilidade; outros” (COUTO, 1995

apud LIMA, 2002).

? Espaço mínimo na habitação

“Noção de mínimo é dado como o conjunto das condições em que a sociedade

permite em cada fase da evolução, satisfazer as exigências físicas e psicossomáticas das

atividades e as características antropométricas e mecânica das ações do espaço habitável”

(PORTAS apud BOUERI et all, 2004).

Para Folz (2003), o congestionamento é um dos principais problemas enfrentados

pelos moradores de habitações com dimensões mínimas. Aborda que os indicadores podem

ser mensurados através, da área construída por morador, do número de pessoas por dormitório

ou pelo número de pessoas por cômodo.

Acerca do indicador da área construída por morador, Rosso (1980) apud Folz

(2003), determinou que, abaixo de 14m²/pessoa a probabilidade de perturbações à saúde física

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

60

e mental seria maior. Entre 12 e 14m²/pessoa ele considerou como limite crítico, de 8 a

10m²/pessoa, como limite patológico e abaixo de 8m²/pessoa as condições (físicas e mentais)

seriam fatalmente prejudicadas. Tais indicadores são considerados por Folz (2003) como

polêmicos e controversos.

Em concordância Cardia (1981) afirma que, ao se estabelecer áreas mínimas em

função do número de pessoas, e não por cômodo específico, ignora-se que as necessidades de

espaço variam de acordo com as atividades a serem desempenhadas e do que as pessoas

fazem, podem fazer e deveriam fazer dentro daqueles espaços habitáveis. Ignora-se seu modo

de vida, seus hábitos e costumes e suas prioridades.

Folz (2003), considera que não é o bastante quantificar apenas a área mínima

necessária por cômodos de uma habitação, deve-se também, considerar outras variáveis, uma

vez que, “a percepção do espaço pode ser afetada pela atividade a ser desenvolvida, pelos

costumes e hábitos no uso do espaço, pelas características físicas especificas de determinado

espaço e mesmo pelo mobiliário que está equipando esse espaço.”

Lopes e Boueri (2004) elaboraram um inventário dimensional, onde foram expostos

os resultados de dez manuais de arquitetura, de renomados autores, com o objetivo de analisar

o dimensionamento dos espaços das habitações. Para os arquitetos, o dimensionamento desses

espaços recebe influência direta das atividades neles exercidas, que definem a função e a

composição do mobiliário e dos equipamentos de cada ambiente.

“O espaço da casa, para transformar-se em moradia, precisa atender a certos valores

e expectativas que os moradores têm em relação a uma habitação e que estão condicionados a

aspectos sócio-culturais” (FOLZ, 2003).

? O espaço pessoal

Baseando-se em alguns autores, esta pesquisa aborda o conceito de espaço pessoal

devido a sua relevância para relação ser humano-atividade-ambiente.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

61

Para Iida (1990), apesar dos espaços necessários ao ser humano serem bem

conhecidos, o homem precisa de um espaço adicional em torno do seu corpo, para sentir-se

bem psicologicamente. Surge a teoria do espaço pessoal, uma espécie de envoltório em torno

do corpo humano, seguindo-o para todas as partes.

Experiências realizadas em laboratórios, constataram que a invasão do espaço

pessoal provoca desconforto e estado de “stress”, refletindo-se na redução do desempenho.

Nos casos de espaços com dimensões reduzidas, onde não são respeitadas essas dimensões

pessoais, podem provocar sensações de desconforto e perda na produtividade.

Serão demonstradas na Figura 2.12, as dimensões e ilustrações do espaço pessoal

sugeridas pelos autores Oborne e Heath (1979) apud Iida (1990): Os autores sugerem qua tro

zonas:

? Intimo (0 a 45cm)- reservado para contatos físicos com as pessoas de maior

intimidade;

? Pessoal (45 a 120cm)- para contatos amigáveis com pessoas conhecidas;

? Social (120 a 360cm)- para relacionamento profissional com colegas de trabalhos e

eventos sociais;

? Público (acima de 360cm)- distância a ser mantida dos desconhecidos.

Vale ressaltar, que essas fronteiras e dimensões, acima abordadas, não são rígidas,

uma vez que, podem variar com o sexo, status, personalidade, idade e características físicas

do individuo.

Iida (1990), afirma que, é mais aceitável a proximidade entre pessoas pela lateral do

que frontal, concluindo-se que, os espaços frontais devem ser maiores. Portanto, no caso de

projetos onde a questão do espaço é crítica, é preferível reduzir esse espaço lateralmente,

podendo fazer uso de artifícios decorativos, tais como espelhos, na tentativa de diminuir as

sensações desagradáveis e prejudiciais aos usuários desses espaços.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

62

? O espaço de atividades

Para Boueri (1999),.este espaço é conceituado como a superfície necessária e

suficiente para que as pessoas desenvolvam qualquer atividade na habitação, sem a

interferência de mobiliário, equipamento ou de outras pessoas. Apesar do autor afirmar que tal

estudo sempre foi uma preocupação na elaboração dos projetos habitacionais, nota-se que na

prática, nem sempre são consideradas as atividades e equipamentos necessários para o

perfeito dimensionamento dos ambientes.

As posturas corporais, adotadas no desenvolvimento de uma atividade, determinam a

necessidade espacial para a realização da tarefa. Ao se determinar o conjunto dos espaços de

atividades que ocorrem em um ambiente, é possível dimensiona-lo e avaliá- lo em projetos e

também nas edificações existentes (BOUERI, 1999).

Boueri (1999), recomenda a utilização das dimensões extremas do corpo humano no

limite superior (percentil 95%) e limite inferior (percentil 5%) para se obter maior

confiabilidade no dimensionamento, podendo variar conforme a tipologia física dos usuários.

Salvo algumas exceções, admitisse o seguinte procedimento:

Figura 2.12: Zonas de espaço pessoal.

Fonte: (OBORNE E HEATH, 1979) apud (IIDA, 1990)

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

63

? Atividade de alcance - Adota-se valores do limite inferior, pois se uma pessoa pequena

alcançar todos alcançarão;

? Atividade de passagem e amplitude – Adota-se valores do limite superior, pois se uma

pessoa grande passar todos passarão.

A simulação dimensional do espaço de atividades é uma técnica que colabora com o

adequado dimensionamento dos ambientes, pois favorece a usabilidade dos espaços e a

interface que relaciona as medidas do corpo humano às atividades e aos equipamentos que

fazem parte do espaço.

Através de ilustrações gráficas serão simulados espaços de atividades. As principais

situações de uso, nos principais ambientes da habitação, serão abordadas como

recomendações para projetos habitacionais. Para Costa (2005), as várias atividades e o

mobiliário, associados aos principais ambientes de um apartamento, resultam em diversas

possibilidades interfaciais.

As simulações demonstradas foram extraídas do livro dos arquitetos Julius Panero e

Martin Zelnik (1998), adaptados por Círico (2001) e pela autora desta pesquisa. Esta pesquisa

considera tais dados como referência, para abordar os parâmetros mínimos dos ambientes

internos em apartamentos estabelecidos pelos COE estudados.

O referido livro é considerado, por alguns autores, como um manual de arquitetura, no

qual o dimensionamento do ambiente é obtido a partir de um estudo das relações do

dimensionamento humano com os espaços da edificação. Entretanto Costa (2005), considera

essa fonte secundária devido à inserção de medidas antropométricas da população masculina

brasileira relacionados aos dados da pesquisa do INT (1998) (BARROS, 2004). O mesmo

autor justifica tal decisão, uma vez que algumas variáveis antropométricas do estudo, quando

cruzadas, coincidem ou aproximam-se das variáveis de um levantamento e análise

antropométrica feito na cidade do Recife por Barros (2004).

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

64

? Área de estar

A interface que mais se sobressai nos espaços de Estar é a dos usuários e a cadeira ou

o sofá, a livre circulação em torno dos acentos e a situação com a mesa baixa entre o corpo

humano e os componentes físicos presentes.

Observe-se na Figura 2.13 os espaços necessários para uma circulação livre entre os

espaços de acentos com a mesa central, com o usuário sentado

Na simulação da Figura 2.14, em vista superior, demonstra a dimensões mínimas para

a perfeita circulação nos cantos entre os acentos da sala de estar. Neste caso, devem ser

consideradas as pessoas com percentil 95.

Figura 2.13: relação entre os espaços livres na área de estar.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud (CÍRICO, 2001)

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

65

? Área de refeições

Na relação entre as dimensões humanas e os espaços de Jantar, são relevantes para o

dimensionamento dos ambientes no projeto arquitetônico especialmente a área admissível em

torno da mesa e o número de pessoas que as dimensões da mesa podem acomodar. Para tal,

deve-se considerar o espaço ocupado pela cadeira e o espaço para circulação livre que separa

a cadeira da parede. Bem como, a possibilidade das pessoas afastarem as cadeiras ao sentar e

ao levantar da mesa. Na Figura 2.15, pode-se observar em vista superior esta situação com

uma mesa quadrada para quatro pessoas.

Figura 2.14: Relação entre os espaços

livres na área de estar.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud

(CÍRICO, 2001).

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

66

Na simulação abaixo, pode-se observar a mesma situação anterior em elevação.

Demonstra-se neste caso, a altura ideal de uma luminária pendente de forma que não obstrua a

visão dos usuários. (Figura 2.16)

Figura 2.15: relação entre os espaços livres na área de jantar.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud(CÍRICO, 2001).

Figura 2.16: Relação entre os espaços livres na área de jantar.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud (CÍRICO, 2001)

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

67

? Área de repouso

Na área dos dormitórios a cama é o componente mais importante nas relações com as

dimensões humanas, sobressaindo-se também o guarda-roupa. Na distribuição do mobiliário,

a fim de favorecer todas as atividades pertinentes a este ambiente, recomenda-se espaço

suficiente de circulação, sem esquecer no entanto, do espaço suficiente para a limpeza,

manutenção e arrumação.

Para Círico (2001), a área de repouso pode ser projetada para um casal ou mais

pessoas, não devendo esquecer, independente do que se pretende em ralação a esse espaço,

que a distribuição das camas, beliches, bancadas e armários deve respeitar as zonas de

trabalho e circulação para todas as atividades pertinentes a essa área.

Círico (2001), adverte que muitas são as relações básicas de antropometria

desconsideradas nos espaços de dormir quando os arquitetos estão em busca de espaços

compactos e econômicos.

Figura 2.17: Relação entre os espaços livres na área de repouso.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud (CÍRICO, 2001).

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

68

A Figura 2.17 demonstra, em planta baixa, o espaço que o corpo humano necessita em

relação à superfície da cama. Devem ser consideradas as posições que o corpo toma durante o

sono ampliam notavelmente este espaço simulado.

Não se deve desconsiderar, entre outras considerações, a altura ideal dos cabides nos

armários, a circulação entre a cama e o armário, a necessidade das pessoas em se abaixar para

poder se vestir e a vista para o exterior, como observado nas Figuras 2.18; 2.19; 2.20.

Figura 2.18: Relação entre os

espaços livres na área de repouso.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud

(CÍRICO, 2001).

Figura 2.19: Relação entre os

espaços livres na área de repouso.

Fonte: Adaptado de (PANERO;

ZELNIK,1998)

Figura 2.20: Relação entre os

espaços livres na área de repouso.

Fonte: Adaptado de (PANERO;

ZELNIK, 1998).

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

69

? Área de cozinha

Nos espaços para cozinhar predominam as atividades de pé. Panero & Zelnik, (1998),

citam que os itens mais relevantes que devem ser considerados no projeto da cozinha são os

relativos à altura das suas superfícies de trabalho, largura e acessibilidade aos armários altos e

baixos e ainda as posições abertas das portas dos armários e eletrodomésticos que invadem o

espaço de circulação. Tudo isto deve ser uma resposta à dimensão humana para que seja

adequada a interface entre o usuário e o espaço interior.

A figura 2.21, demonstra em planta baixa, as distancias horizontais para a área da pia e

utilização de eletrodomésticos, bem como, as distancias mínimas para a circulação,

considerando-se uma situação de trabalho. Observe-se também na figura 2.22, a altura do

balcão, e o espaço apropriado entre armários e os equipamentos distribuídos na referida área.

Figura 2.21: Relação entre os espaços livres na área da cozinha.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud (CÍRICO, 2001)

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

70

? Área de banheiro Panero & Zelnik (1998) apud Costa (2005), alertam que o banheiro é a área

habitacional onde a aplicação das dimensões humanas em relação ao ambiente é mais

desconsiderada. Para os autores as considerações fundamentais da antropometria devem ser

aplicadas com mais atenção nos banheiros para favorecer a interface dos usuários com o

espaço.

A Figura 2.23, expõe alguns parâmetros dimensionais para lavatórios indicando as

variações para homens, mulheres e crianças. Na Figura 2.24, são demonstradas, em planta

baixa, as larguras horizontais propostas para o lavatório. Pode-se observar os usuários na

tarefa de lavar o rosto e o necessário espaço para a circulação livre da zona de atividade.

Nas Figuras 2.25 e 2.26, são demonstradas, em planta baixa, as larguras horizontais

propostas para a área da bacia sanitária.. Pode-se observar os usuários ao usar o sanitário e o

espaço necessário para a circulação livre da zona de atividade.

Figura 2.22: Relação entre os espaços livres na área da cozinha.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud (CÍRICO, 2001)

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

71

Figura 2.24: Relação entre os espaços livres na área

do banheiro.

Fonte: (PANERO; ZELNIK) apud (CÍRICO, 2001)

Figura 2.23: Relação entre os espaços livres na área do banheiro.

Fonte: PANERO; ZELNIK apud CÍRICO, (2001)

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

72

2.3.2 A questão das habitações mínimas

No movimento modernista, as questões dimensionais das habitações, os problemas e

as necessidades de padrões de vida mínimos aceitáveis, eram tema de destaque nas

exposições, nos CIAMs (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) e no Brasil, no

Congresso de Habitação, durante os anos 20 e 30. Para os arquitetos modernistas, a função

suplantava a forma das edificações.

Nas exposições de Weissenhof, em 1927, e “Wohnung und Werkraum”, em 1929,

foram exibidos modelos de conjuntos habitacionais, nos quais os arquitetos modernistas

destacavam as questões sociais, na tentativa de adaptar os projetos habitacionais às condições

da vida moderna.

Figura 2.25: Relação entre os espaços livres na área

do banheiro.

Fonte: adaptado de (PANERO; ZELNIK, 1998).

Figura 2.26: Relação entre os espaços livres na área

do banheiro.

Fonte: adaptado de (PANERO; ZELNIK, 1998).

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

73

Em 1928, no 1º CIAM, em Frankfurt, o arquiteto Walter Gropius, fundador da

Bauhaus, já demonstrava a sua preocupação com o dimensionamento mínimo das habitações.

Afirmava que, “a solução para a habitação não pode ser uma simples redução de uma casa de

maior área, e, qualquer alternativa resultante da miséria não pode servir de parâmetro. Para se

conseguir resultados válidos e biologicamente justificados, dados históricos devem ser

analisados para encontrar o espaço que, mesmo mínimo, satisfaça as necessidades vitais do

ser humano” (BOUERI, 2004).

Segundo Giedion (1930) apud Toledo (2001), o II CIAM em 1929, foi sistematizado

por quatro informes independentes: Walter Gropius dos fundamentos físicos e Pierre

Jeanneret (que representou Le Corbusier) das possibilidades construtivas existentes, e

trataram dos detalhes da casa para o nível de vida mínimo; e Hans Schimidt tratou dos

estatutos da construção.

Ainda Giedion (1931) apud Toledo (2001), aborda as questões do III Congresso que

tratou da quantificação e investigação da capacidade das diferentes formas de construção, bem

como, das formas de composição mistas com a colaboração de mestres internacionais da

arquitetura. Cita que Gropius reafirmou que o homem precisava de luz,ar e mobilidade.

O II e III CIAM trataram de questões relativas a padrões de habitabilidade. Nesse

período, o arquiteto franco-suíço Le Corbusier, companheiro de Gropius, dedicou-se

especialmente às questões habitacionais, cujos escritos o tornaram “herói do modernismo.”

(SAMPAIO, 2002).

Para os arquitetos modernistas, o processo produtivo das moradias deveria ser feito

industrialmente em larga escala; e funcionais. Por conta dos CIAM tornaram-se conhecidas

pesquisas importantes no estudo da relação entre o homem e o espaço construído como as de

Alexander Klein e Ernest Neufert e o estudo da aplicabilidade da antropometria no estudo das

normas da habitação do arquiteto português Nuno Portas. Boueri et all (2004), aplicaram tais

métodos em um apartamento em São Paulo, demonstrados na Figura (2.27).

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

74

Ainda, para Boueri et all (2004), é nítida a constatação de que além do corpo humano

usado como unidade de medida e de referência de escala e proporção da edificação, também,

o conhecimento da dinâmica do movimento e comportamento do homem, e não somente de

suas dimensões, é imprescindível ao projeto arquitetônico na busca de uma melhor relação

entre o edifício e o espaço edificado.

? O conceito moderno de morar - Existenzminimum

Surgem novos conceitos criados pelos arquitetos modernistas, particularmente os

alemães da Bauhaus, em relação a uma nova forma de morar: a preocupação dos técnicos em

definir necessidades mínimas (Existenzminimum, de Gropius) e a unidade habitacional como

concepção de vida de uma comunidade.

“A idéia de ter residências para todos, independente da classe social e da fortuna, a

construção em série, a combinação de um único imóvel das residências e seus

Figura 2.27: Aplicação dos métodos dos arquitetos modernistas.

Fonte:( BOUERI et all, 2004)

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

75

prolongamentos, isto é, os equipamentos necessários à vida cotidiana como comércio,

creches, escolas, instalações esportivas, levava ao ideal de economia em termos de área

construída, de materiais, do problema de dimensionamentos mínimos existenzminimum, do

espaço adequado” (SAMPAIO, 2002).

Evidenciou-se, a partir dos CIAM, que a moradia deveria ser o ponto de partida para

um novo conceito de cidade, significando que “a cidade deveria ser pensada a partir a escala

humana e das necessidades da maioria de seus moradores” (SAMPAIO, 2002).

Fica evidente a preocupação dos arquitetos modernistas com as questões dimensionais

das habitações que podem afetar a qualidade de vida dos moradores das grandes metrópoles.

Entretanto, o que se evidencia, quase um século depois, é o engessamento de tais esforços,

havendo em muitos casos um retrocesso, onde são vistas habitações com dimensões que

desconsideram as necessidades e dimensões mínimas do homem. Abaixo, mais uma prova de

estudos daquela época que trataram das questões dos níveis de vida mínimo em uma

habitação.

O conceito de unidade de habitação de Le Corbusier

Le Corbusier enfatizou a idéia de standard, da multiplicação de unidades

habitacionais em série, que deveriam estar em sincronia com a realidade da sociedade urbana

de massas. Havia para ele, um elemento mínimo projetável da cidade, denominado de unidade

da habitação.

O arquiteto não se ateve apenas ao estudo da unidade mínima da habitação, para ele,

“pela articulação de muitas células compunham-se espaços para os quais deveriam ser

planejados todos os serviços necessários à vida” (SAMPAIO, 2002). Estes espaços deveriam

ser o prolongamento da habitação, exercendo funções complementares à célula e, estando

próximos à moradia.

A Unidade de Habitação de Marselha é a obra síntese de Le Corbusier, construída

entre os anos de 1947 e 1950, na qual ele pode demonstrar uma nova maneira de morar. Um

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

76

edifício projetado para atender a 1600 moradores em unidades habitacionais com núcleos

familiares de 1 a 10 pessoas, (Figuras 2.28 e 2.29).

Figura 2.28: Unité de Marselha:perspectiva isométrica.

Fonte: (SAMPAIO, 2002).

Figura 2.29: Unité de Marselha:vista e planta dos 2 alojamentos.

Fonte: (BENEVOLO, 1972).

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

77

Para Segre apud Sampaio (2002), este edifício foi o mais importante da arquitetura

moderna européia da década de 50. O programa original e complexo de uma unidade urbana,

organizada de modo a conter vários elementos essenciais à vida moderna, com serviços de

primeira necessidade (creche e posto de saúde) e áreas de lazer e atividades terciárias, como

comércio, restaurante e serviço de hotelaria.

O grande mestre da arquitetura moderna também ressaltou em seu projeto, a função

distância-tempo do deslocamento, a qual contribuía para mais uma melhoria na qualidade de

vida dos moradores das grandes cidades. O projeto incorporava todos os complementos

necessários para uma comunidade viver comodamente, dispondo de tudo necessário ao

alcance de um trajeto a pé, por meio de escadas e elevadores.

No Brasil, algumas experiências basearam-se apenas na concepção espacial da

proposta de Corbusier. Os exemplos que mais se assemelharam ao modelo paradigmático do

arquiteto, distorciam o propósito principal, como relata Sampaio: “os serviços e demais

comodidades não são extensões da moradia, mas espaços concebidos desvinculados da

moradia, destinados a serem vendidos como espaços comerciais e voltados para o público

consumidor da cidade, graças à localização muita bem escolhida para o empreendimento.”

Em todas as experiências nacionais, que se tornaram alternativa tipológica na década

de 50, houve adaptações em relação ao conceito original de Le Corbusier. Citam-se alguns

ícones: o Conjunto JK, em Belo Horizonte; o Edifício Copan, em São Paulo e o edifício

Holiday, em Recife, (Figuras: 2.30 e 2.31).

Devido à alta lucratividade, uma vez que as unidades mínimas propiciavam um

máximo aproveitamento do terreno, essa tipologia de habitação foi empregada com profusão

no Brasil. Para Sampaio (2002), fica evidente que “para o projetista e para os investidores

desses empreendimentos o que estava em jogo era a rentabilidade do capital por meio de uma

obra a bom preço e a inserção no mercado de compra e venda que garantiria o retorno dos

recursos empatados. O resultado espacial obtido demonstra o calculo econômico empresarial

levado às ultimas conseqüências, sem levar em consideração o uso.”

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

78

2.4 Os Aspectos legislacionais

2.4.1 Conceituação da Lei

Medina (1996) expõe o conceito, “A figura da Lei pode ser entendida, genérica e

modernamente, como um meio de consenso para regular as relações humanas, suas

representações sociais- na dimensão mais ampla que o conceito possa alcançar- e as relações

do homem com o seu meio.”

? Um breve histórico das Legislações Urbanas e Edificatórias

Este texto sobre as legislações das edificações, fundamenta-se em fatos históricos

revelados por diversos autores, apoiando-se principalmente, nos relatos do arquiteto paulista

Carlos A. C. Lemos.

Juntamente com a evolução das habitações, surgiram os problemas com a má

execução destas moradias, obrigando os governantes a promover instrumentos de controle e

fiscalização das construções. Para Círico (2001), os primeiros documentos que comprovam

Figuras 2.30 e 2.31: Edifício Holiday, Recife/PE:foto e planta.

Fonte: (SAMPAIO, 2002).

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

79

esta fiscalização, são os artigos do Código de Hamurabi, que datam de 2.083 AC, citados a

seguir por (ALTAVILA, 2004):

Em relação aos engenheiros construtores, a legislação babilônica não admitia

negligência profissional:

Art.229- Se um arquiteto, constrói para alguém e não o faz solidamente e a casa que

ele construiu cai e fere de morte o proprietário, esse arquiteto deverá ser morto.

Art.233- Se um arquiteto constrói para alguém uma casa e não a leva ao fim, se as

paredes são viçosas, o arquiteto deverá à sua custa consolidar as paredes.”

“Art.230- Se fere de morte o filho do proprietário deverá ser morto o filho do

arquiteto” (CÍRICO, 2001).

As primeiras leis, referentes ao uso do solo, surgiram com o objetivo de uniformizar,

dentro das regras estéticas da época, as construções importantes no contexto urbano,

notadamente, a partir do Renascimento. No Brasil, são inúmeros os exemplos dessas leis em

cidades como: Salvador, Ouro Preto e São Luis do Paraitinga.

Para Toledo (2001), as origens da legislação urbanística e edificatória do Brasil

remontam à legislação portuguesa. Algumas normas, presentes nos códigos lusitanos foram

importantes para a definição de uma ordem urbanística Brasileira.

A primeira crise habitacional, ocorrida no final do século XVIII, nos principais

centros industriais, Inglaterra e Franca, acarretaram em epidemias que dizimaram parte da

população urbana. Com o agravamento da situação, as autoridades começaram a se preocupar

com as condições sanitárias das cidades.

Verifica-se um consenso entre os autores que, foram as péssimas condições de

higiene, principalmente das habitações proletárias, que provocaram as leis e os códigos

incidindo diretamente na composição arquitetônica, (Figuras 2.32 e 2.33).

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

80

Segundo Benévolo (1972), a moderna legislação urbanística, teve como precedente a

legislação sanitária. O higienismo foi tema nos debates da comunidade científica

internacional, no final do século XIX.

Para Folz (2003), as diversas leis baixadas pelos governos europeus que apoiavam a

iniciativa privada, não conseguiram resolver o problema da escassez habitacional, agravado

pela Primeira Guerra Mundial, no inicio do século XX.

Ainda Folz (2003), afirma que, nas Américas, além da criação de leis e de órgãos

públicos, as questões habitacionais foram discutidas no Primeiro Congresso Pan-Americano

de Vivienda Popular , em Buenos Aires, no ano de 1939.

? As Legislações Brasileiras

A legislação sanitária européia inspirou os códigos sanitários brasileiros,

principalmente as leis inglesas, de 1844 e 1846, para Londres e arredores, e a lei francesa da

higiene residencial, de 1850 (TOLEDO, 2002).

No Brasil, havia uma proliferação dos cortiços, que foram moradias promíscuas

surgidas a partir da enorme carência das habitações acessíveis à grande massa proletária da

Figuras 2.32 e 2.33: Bairros operários de Londres.

Fonte: (FOLZ, 2003).

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

81

cidade em crescimento, semelhantes às nossas favelas da atualidade. Apesar de combatido

pelas autoridades, esse tipo de moradia atraiu os especuladores que perceberam, “o máximo

de rendimento com o mínimo de terreno” (LEMOS ,1989).

Em 1885 os cortiços eram condenados e seus projetos eram dificilmente, aprovados

pela prefeitura. Entretanto, por falta de legislação apropriada, Lemos (1989), demonstra que,

“a permissão ficava à mercê dos critérios personalistas dos fiscais de obras,” (Figuras: 2.34 e

2.35).

Tal situação foi regularizada através do Código de Posturas do Município de São

Paulo, em 1886, que regulamentava, em seu Capitulo VI, as normas referentes às condições

mínimas dos Cortiços, Casas de Operários e Cubículos, onde cada habitação deveria possuir,

no mínimo, três cômodos com área mínima de 10,00m², com exceção dos cortiços, cujas

unidades eram de 5,50m². O fato de referenciar os cortiços, contrariou os técnicos, uma vez

que, tornava evidente uma aceitação do referido tipo de habitação. Mais uma vez, “os

construtores de cortiços conseguiram influenciar os Vereadores da Câmara, porque os

pareceres contrários nem sequer foram ouvidos” (LEMOS, 1989).

Figura 2.34: Foto de um cortiço em Nova York.

Fonte: (FOLZ, 2003)

Figura 2.35: Foto atual de um cortiço no Brasil.

Fonte: (LEMOS, 1989).

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

82

Por volta de 1890, com a falta de moradias e as péssimas condições de higiene nas

pequenas habitações proletárias, devido à especulação imobiliária, pela primeira vez, os

programas habitacionais passam a fazer parte das cogitações legais e, legisla-se, sobre

dimensões mínimas dos cômodos, cita-se: o Código Sanitário de 1894 e, mais tarde, a lei

municipal 498 de 1900. Entretanto, “a Prefeitura não consegue ter o domínio completo da

situação. Cada um construía o que pudesse da forma que quisesse” (LEMOS ,1989).

Na Figura 2.36, note-se que a planta de uma casa de imigrante, datada de 1903, já

continha o carimbo da Prefeitura de São Paulo. Observe-se que os cômodos não possuíam

janelas. Os COE surgiram para melhorar as condições de salubridade no interio r das moradias

proletárias.

A partir da segunda metade do século passado, as leis exigiam a modernização das

construções. Especialistas do mundo todo, inclusive em congressos internacionais,

reivindicavam dos legisladores, posturas relacionadas ao conforto ambiental dos ambientes

internos das edificações.

Aos poucos, a construção foi se modernizando, com o surgimento do concreto

armado, havendo uma transformação nas cidades através dos edifícios comerciais e

residenciais. Neste contexto, em São Paulo, na década de 30, foi promulgado o Código de

Obras de Artur Sabóia, um código pioneiro numa série de conceitos ligados à higiene da

habitação. Lemos (1989), revela que era um código considerado como inibidor do

Figura 2.36: Planta casa própria de

imigrante.

Fonte: LEMOS, (1989).

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

83

desenvolvimento vertical da cidade, uma vez que limitava a altura dos prédios, em beneficio

da ventilação e iluminação no interior das edificações.

Até os dias de hoje, muitos Modelos e Códigos de Obras de municípios brasileiros,

utiliza-se dos parâmetros dimensionais mínimos, estabelecidos pelo Código de Artur Sabóia.

Em 1960, os especuladores conseguiram mudanças no código em vigor, depois de pressionar

as autoridades a destituir as baixas alturas dos edifícios, que julgavam inconvenientes. Lemos

afirma que, “se o código não tivesse sido revogado, a cidade seria outra”.

Entende-se que as legislações foram criadas com o intuito de proteger uma

população das péssimas condições de habitabilidade, acarretadas pelo advento da revolução

industrial, entretanto, fica evidente, neste breve histórico, que o poder dos especuladores

influenciou sobremaneira os governantes dos centros urbanos, sobrepujando os interesses e

benefícios de uma população urbana carente de moradias dignas.

Assegura-se que, nos dias atuais a iniciativa privada, ainda continua pressionando as

autoridades em busca de uma maior lucratividade em detrimento das necessidades dos

moradores das habitações dos grandes centros urbanos. Até quando as autoridades irão ceder

e colocar o interesse econômico acima dos homens?

? Os modelos brasileiros dos Códigos de Obras e Edificações

Para Toledo (2002), os atuais Códigos Municipais de Edificações Brasileiros, ainda

guardam resquícios dos antigos Códigos Sanitários, o Código de Posturas Municipais e dos

Planos Diretores de Zoneamento. Essa influência pode ser vista nos formatos e índices

técnicos; nos capítulos relacionados à iluminação, ventilação e dimensionamento dos

ambientes internos das habitações de alguns COE de cidades brasileiras.

O Modelo de Código de Obras do IBAM foi o primeiro modelo nacional, elaborado

em 1969, data da 3ªedição., o qual recebeu influência do Manual do Legislador e

Administrador Público Municipal do Estado de Minas Gerais, de 1956 (TOLEDO, 2002).

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

84

Ainda Toledo (2002), descreve a importância , na década de 70, do Modelo do Código

de Obras para Pequenos e Médios Municípios, pelo convênio SERPHAU/SUDAM, por sua

abrangência nacional, bem como, o Código de Edificações de São Paulo, pelo seu nível de

detalhamento, seguidos do novo Modelo do Código de Obras do IBAM, 2ª edição. Com o

passar dos tempos, surgiram algumas proposições dos COE onde foram inseridos novos

enfoques, dentre eles, o Conforto Ambiental e as questões de Acessibilidade.

Convém citar, também, o Modelo de Código de Obras oferecido pela SUDESUL,

Secretaria do Estado do Planejamento (PR) e FAMEPAR (1997), às administrações

municipais dos Estados do Paraná, Sta Catarina e R.Grande do Sul. Para o referido modelo, o

COE “compõe a legislação básica na existência de um município, constituindo-se num dos

Diplomas mais relevantes.”

Em geral, esses modelos oferecidos por alguns Estados, tratam das questões

dimensionais das habitações de forma pouco abrangente e explicativa, deixando dúvidas para

quem os utiliza.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

CAPÍTULO 3

O ESTUDO REALIZADO

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

86

3 O ESTUDO REALIZADO

Neste capítulo são apresentados os dados obtidos na pesquisa das dimensões mínimas

contidas nos Códigos de Obras e Edificações (COE) de cinco capitais, uma, em cada região

do Brasil. O primeiro subtítulo relata as origens e funções das legislações municipais. No

segundo subtítulo, é feito um resumo geral, dos cinco COE escolhidos, bem como, uma

análise dos aspectos dimensionais. Por último, simula-se as dimensões mínimas estabelecidas

pelos COE em um apartamento com a ajuda de um modelo antropométrico.

3.1 O MODELO DE REFERÊNCIA DA PESQUISA

O Modelo de Código de Obras e Edificações (MCO) em vigor, desenvolvido pelo

convênio IBAM/PROCEL, datado de 1997, tem como objetivo fazer uma releitura do Código

de Obras e aborda questões emergentes tais como: conforto ambiental, a conservação de

energia e acessibilidade integral (BAHIA, 1997).

Ainda, reforça a importância dos COE para as prefeituras, no sentido de assegurar

uma melhor qualidade de vida para os habitantes. O modelo adverte que os COE devem ser

revisados e simplificados, devido ao significativo aumento de municípios, bem como, as

transformações no ambiente urbano, o que torna esses instrumentos ultrapassados.

Por ser uma referência nacional, citado por diversos autores em suas pesquisas

científicas, esta pesquisa, analisa alguns aspectos do M.CO, referentes às habitações, e

compara-os com os COE escolhidos para objetos de estudo:

? No Art.59, cap.VII do item “Modelo de Projeto de Lei”, classifica os compartimentos

onde: as salas, os cômodos destinados ao preparo ou consumo de alimentos (cozinha),

e ao repouso são considerados como ambientes de permanência prolongada e, os

banheiros, lavabos, circulações e depósitos são considerados como compartimentos de

utilização transitória.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

87

? No cap.VI, no item “Modelo de Regulamento Proposto” são estabelecidas, a partir do

seu uso, as dimensões e áreas mínimas para todos os ambientes. Recomenda-se no

Art.25, que “os compartimentos de permanência prolongada, exceto cozinha, deverão

ter área útil mínima de 9.00m², de tal forma que permitam a inscrição de um círculo de

2.00m de diâmetro em qualquer região de sua área de piso”. E no Art.26, que “os

compartimentos de permanência transitória deverão ter área útil de 1.50m²”. (Figura

3.1)

Figura 3.1:Art. 25 do M.C.O

Fonte: Modelo do Código de Obras( IBAM, 1997).

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

88

Em relação aos artigos citados são relevantes alguns aspectos:

1. Como ponto positivo, todos os cômodos (quartos) são generalizados, não fazendo

distinção aos quartos de “serviço ou empregada”. Entretanto, essa distinção é comum

em diversos códigos de obras brasileiros, que estabelecem dimensões, muitas vezes

absurdas, para os usuários desses aposentos;

2. É costume nos Códigos de Obras de muitos municípios, a classificação da cozinha

como compartimento de permanência transitória. O MCO sugere a classificação deste

ambiente, como de permanência prolongada e, adverte que, as atividades ali

realizadas, requerem um tempo maior do que o usualmente a ela destinado. Tal fato,

constitui-se de suma importância para os elaboradores dessas legislações;

3. O fato do modelo sugerir uma área mínima para os ambientes de permanência

prolongada (9,00m²), observou-se uma falha no diâmetro do circulo inscrito na área do

piso (2,00m) sugerida para alguns desses ambientes, que se aplicada inviabiliza a

utilização dos ambientes;

4. Note-se, que não são feitas referências às áreas de serviço (serviços de lavagem e

limpeza), evidenciando-se uma falha, uma vez que, não são estabelecidas, nem ao

menos, uma classificação para tais ambientes;

5. Quanto à cozinha, apesar de ser considerada como compartimento de permanência

prolongada, o modelo não faz referência aos seus parâmetros dimensionais mínimos,

apenas, exclui o ambiente dos 9,00m² recomendados.

Atribui-se, que esse modelo, apesar de ser uma referência nacional, tem sido pouco

utilizado pelos legisladores dos municípios brasileiros.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

89

3.2 OS CÓDIGOS DE OBRAS E EDIFICAÇÕES

O Código de Obras e Edificações (COE) é um instrumento municipal regulador dos

espaços edificados e seu entorno, constituindo-se o veículo ideal à garantia da qualidade

ambiental. Por tratar das questões relativas à estrutura, função, forma, segurança e salubridade

das construções, deve também garantir o direito do indivíduo a áreas condizentes com as

atividades que serão desenvolvidas, evitando assim, a ocorrênc ia de procedimentos que atuem

de forma danosa ao equilíbrio físico e psicológico dos usuários (Instituto Brasileiro de

Administração Municipal, IBAM, 1997).

Para Toledo (2002), o COE é um dos instrumentos do Plano Diretor (obrigatório para

cidades com mais de vinte mil habitantes- art.182 da Constituição Brasileira) e tem por

objetivo estabelecer normas técnicas para a execução dos diversos tipos de construção.

As normas técnicas sobre edificações estão contidas nestes Códigos, qualificados

como Leis Complementares, que definem os procedimentos de aprovação de projetos e

licenças para a execução de obras, além de parâmetros para a fiscalização do andamento das

obras e aplicação de penalidades.

O município, ao elaborar o seu Código, deverá levar em contas as características e

problemas locais, adaptando o Modelo à sua realidade (IBAM, 1997).

Seu campo de ação é restrito aos aspectos construtivos da edificação propriamente

dita. E, suas diretrizes, complementam-se e devem estar integradas com outros instrumentos

urbanísticos.

Ainda para o IBAM, o Código de Obras e Edificações é aprovado por lei municipal. A

forma como este documento será aprovado no Município deverá estar definida na Lei

Orgânica Municipal- LOM. Caso a LOM seja omissa, o próprio Município poderá definir sua

forma de atuação através de lei complementar ou ordinária.

O IBAM ressalta que, o município deverá observar, ainda, outras normas existentes

em distintos níveis de governo que tratam de princípios, concepção e técnicas construtivas.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

90

São referentes à construção civil e emitida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas -

ABNT, as normas do Ministério do Trabalho, o Código Civil, o Código das Águas, o

regulamento do Corpo de Bombeiros, assim como as normas e regulamentos das

concessionárias dos serviços de energia elétrica, gás, água e esgoto.

Para construir ou reformar é necessário à contratação de um profissional habilitado,

que se responsabilize pelo projeto e/ou obra, sendo a apresentação de um projeto

arquitetônico um requisito indispensável.

Ao se responsabilizar tecnicamente, o profissional assume o compromisso de cumprir

todas as normas e leis vigentes e, os projetos, serão aprovados, somente, quando atenderem

todos os requisitos estabelecidos.

3.3 O TRABALHO DESENVOLVIDO

A pesquisa insere-se no campo da Ergonomia do Ambiente Construído que

considera o homem no seu espaço habitacional edificado. Foram considerados os atributos

dimensionais fornecidos pela Antropometria, uma vez que, “a Arquitetura trata da criação de

espaços pré-dimensionados a serem utilizados pelo homem” (CÍRICO, 2001).

A pesquisa analisa e compara, sob os aspectos da ergonomia, os limites mínimos

para o dimensionamento dos apartamentos, estabelecidos pelos Códigos de Obras e

Edificações vigentes, de cinco capitais brasileiras, considerando-se as necessidades de seus

usuários, sua adaptabilidade e eficiência. Justifica-se a análise em apartamentos, por se tratar

de uma tipologia de uso habitacional, onde as dimensões são mais reduzidas.

Foram abordados apenas alguns dos ambientes que poderão ser projetados para um

apartamento. Os ambientes de permanência prolongada (quartos), os de permanência

transitória (salas de estar e cozinha) e os de higiene (banheiros e área de serviço).

Este estudo enfoca o dimensionamento espacial, representado pela sua configuração

projetual, nos espaços internos dos apartamentos. A escolha por investigar as dimensões dos

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

91

espaços dessa tipologia de habitação, deveu-se ao fato da intensa oferta e procura por este tipo

de produto, de sua crescente compactação e, também, por abrigar uma grande diversificação

de arranjos familiares, podendo interferir de formas positivas ou negativamente na qualidade

de vida dos habitantes.

Demais aspectos relevantes, considerados pelas Le is Municipais estudadas, como:

iluminação, ventilação, conforto térmico e acústico, segurança, durabilidade, entre outros, não

fazem parte do escopo deste trabalho.

A pesquisa delimitou-se ao estudo dos Códigos de Obras de cinco municípios, um

em cada região do Brasil. Razões circunstanciais levaram à escolha das cidades, explanadas

abaixo:

? Recife- Além de ser uma importante cidade da região Nordeste, com expressivo

desenvolvimento imobiliário; a pesquisa utilizou-se do código de obras dessa cidade

como modelo e referência para a análise proposta. Outra razão para a escolha, deve-se

ao fato de ser o centro urbano onde reside a pesquisadora;

? Brasília- O Distrito Federal, a capital do País, está fase de grande desenvolvimento

imobiliário, fato que distorce da idéia inicial dos seus criadores, despertando a

curiosidade da pesquisadora devido às suas especificidades;

? Curitiba- Além de ser uma importante cidade da região Sul, é uma referência mundial

em qualidade de vida, podendo servir de modelo para os demais municípios;

? Manaus - Trata-se do maior município da região Norte, estando o mercado imobiliário

em fase de expansão;

? São Paulo- A escolha deveu-se ao fato de ser a maior cidade do País e possuir o maior

e mais diversificado mercado imobiliário brasileiro. Foi o mais importante cenário da

expansão industrial e urbana ocorrida no Brasil, além de possuir um grande número de

habitações verticalizadas;

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

92

3.3.1 Os cinco COE escolhidos

Conforme justificado anteriormente, os COE escolhidos para análise, referem-se às

cidades: Recife, Brasília, Curitiba, Manaus e São Paulo, os quais serão argüidos

respectivamente e posteriormente, será demonstrada uma tabela (Figura 3.2) na qual estão

contidos todos os parâmetros mínimos estabelecidos pelos referidos códigos de obras.

? A Lei Municipal de Edificações e Instalações na Cidade do Recife

Esta pesquisa expõe, apenas, a legislação Recifense de forma mais abrangente,

demonstrando aspectos que, quase sempre, estão contidos nos demais códigos escolhidos,

com o intuito de simplificar a explanação.

A legislação municipal necessária à execução de uma obra regular, construída de

acordo com as aprovações e licenças dos órgãos públicos competentes, é a Lei n° 16.292/97

que regula as atividades de edificações e instalações no município do Recife. Este instrumento

estabelece normas de como se deve construir na cidade visando sua melhor organização e a

função social da propriedade urbana, através da qual se busca assegurar níveis mínimos de

habitabilidade e qualidade nas edificações. Para efeito desta Lei é considerado:

Para efeito desta Lei é considerado:

I - Edificação – Estrutura física e rígida para abrigar e acomodar pessoas,

animais e equipamentos.

II - Instalação – Sistema composto por materiais e equipamentos necessários

para assegurar o funcionamento e a segurança dos edifícios.

O procedimento para a elaboração desta Lei é iniciado pela SEPLAM (Secretaria de

Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente) que a envia para um conselho do movimento

urbano constituído de 26 membros representantes de diversas entidades para apreciação e

votação. Em seguida, é encaminhada para a Câmara dos Vereadores os quais votarão e, se for

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

93

o caso, elaborarão emendas. Por fim, é apresentada ao prefeito que poderá vetar alguns artigos

e depois sancioná- la.

O controle do uso e ocupação do solo urbano, na cidade do Recife, é efetuado pela

DIRCON através de 06 (seis) Coordenadorias Regionais, cada uma com sua área de

atendimento, prestando serviços nas áreas de licenciamento e fiscalização de projetos e obras,

entre outros. É também, local de consulta e esclarecimentos desta legislação municipal, caso o

profissional contratado não as possua.

? A Lei Municipal de Edificações e Instalações do Distrito Federal

Através da Assessoria de Comunicação (ASCOM), representada pelo Administrador

de Brasília, foi possível localizar, por meio digital, a legislação vigente do Distrito Federal.

O Código de Edificações do Distrito Federal, Lei n° 2.105 de 08 de outubro de 1998,

foi decretado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (DODF de 09.10.1998) e

sancionado pelo Governador do Distrito Federal. Revoga o Decreto nº 596, de 8 de março de

1967 - Código de Edificações de Brasília.

A referida lei, em seu Art. 2º, CAPÍTULO I, objetiva estabelecer padrões de qualidade

dos espaços edificados que satisfaçam as condições mínimas de segurança, conforto, higiene e

saúde dos usuários e demais cidadãos, por meio da determinação de procedimentos

administrativos e parâmetros técnicos que serão observados pela administração pública e

pelos demais interessados e envolvidos no projeto, na execução de obras e na utilização das

edificações, (ANEXO 3.2).

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

94

? A Lei Municipal de Edificações e Instalações na Cidade de Curitiba

De acordo com as informações do setor executivo de informações do IPPUC, foi

possível localizar por meio digital, a legislação em vigor, a Lei nº 11.095 de 08 de julho de

2004, que é denominada de Código de Posturas. A legislação anterior era denominada de

Código de Obras e Posturas.

O referido código é orientado por instrumentos legais como, a portaria de

nº024/2002 da Secretaria Municipal do Urbanismo, que orienta por tipo de uso de obra.

A Lei foi aprovada pela Câmara Municipal de Curitiba e sancionada pelo Prefeito

Municipal.

? A Lei Municipal de Edificações e Instalações na Cidade de Manaus

Através da Assessoria do IMPLURB (Instituto Municipal de Planejamento Urbano)

foi possível localizar, no site da Prefeitura Municipal de Manaus, em Planejamento Urbano, o

link do Plano Diretor do Município (PDM).

A Prefeitura informa que o PDM é um marco para a cidade, um instrumento

atualizado para planejar o crescimento e também, estimular a verticalização urbana.

O Plano Diretor Urbano e Ambiental, a Lei nº 671 de 04 de novembro de 2002,

estabelece diretrizes para o desenvolvimento da Cidade de Manaus e regulamenta o Código de

Obras e Edificações em vigor do Município. Foi decretado pelo Poder Legislativo e

sancionado pelo Prefeito Municipal de Manaus.

O Departamento de Aprovação de Edificações – Aprov, é o Departamento da

Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano – SEHAB, que tem a competência para

aprovar projetos e regularizar as construções destinadas ao uso residencial.

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

95

A legislação aponta que, o COE define as normas relativas aos usos e atividades e à

intensidade de ocupação, visando à qualidade de vida da população.

? A Lei Municipal de Edificações e Instalações na Cidade de São Paulo

Através do setor de informações do APROVATENDE do Município de São Paulo,

foi possível localizar o site da prefeitura, “plantas on line,” no qual está contida a lei de

Edificações da cidade de SP.

O Código de Obras em vigor, a Lei nº 11.228, de 25 de junho de 1992, foi

regulamentada pelo Decreto n° 32.329 em 23 de setembro de 1992. A legislação revoga a Lei

anterior de n°8.266/75.

O Departamento de Aprovação de Edificações – APROV, é o Departamento da

Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano – SEHAB, que tem a competência para

aprovar projetos e regularizar as construções destinadas ao uso residencial.

A SEHAB cuida de todo tipo de ocupação territorial no município e é responsável,

por exemplo, pelas condições de moradia, pela segurança de edificações e pelo uso do solo

em São Paulo.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

96

3.3.2 Os parâmetros dimensionais mínimos segundo os COE

Os ambientes mínimos são aqueles que se apresentam com proporções dimensionais,

estabelecidas pelas normas da Lei Municipal, exigidas como mínimas, para que o projeto

arquitetônico seja aceito e aprovado pelos órgãos competentes e fiscalizadores. Têm como

fundamento à função social da propriedade urbana, tentar assegurar à população níveis

mínimos de habitabilidade.

De acordo com as legislações que regulam as atividades de edificações e instalações

dos Municípios, as edificações designadas ao uso habitacional deverão possuir,

necessariamente, ambientes para: estar, repouso, alimentação e higiene e acorde IBAM

(1997), são classificados, conforme o tipo de atividade a que se destinam em: Unifamiliar

(corresponde a uma única unidade habitacional por lote) e Multifamiliar (corresponde a mais

de uma unidade, que podem estar agrupadas em sentido horizontal ou vertical, dispondo de

áreas e instalações comuns que garantam seu funcionamento).

Os parâmetros dimensionais estabelecidas pelos COE, em seus artigos e tabelas,

servem de referencial aos arquitetos para a elaboração dos projetos, respaldando-os

legalmente nas questões do dimensionamento dos ambientes.

? Os ambientes mínimos da Cidade do Recife

A versão anterior desta legislação foi de 1961 e, estabelecia dimensões e áreas

mínimas distintas para todos os compartimentos residenciais. O dimensionamento mínimo de

cada ambiente era definido pela possibilidade de inscrição em seu piso de um círculo com

diâmetro determinado pelas denominações de uso daqueles. No entanto, a área mínima

exigida era sempre maior do que a resultante da inserção daquela figura. Os banheiros tinham

suas áreas definidas pela quantidade de peças propostas.

A atual, foi de 29 de Janeiro de 1997 e, manteve o mesmo método para o

dimensionamento mínimo de cada ambiente, entretanto, não são estabelecidas as áreas

mínimas dos compartimentos, excetuando-se, os compartimentos dos banheiros. As áreas são

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

97

obtidas, diretamente, pela área resultante das dimensões mínimas estabelecidos pela

legislação para os círculos inscritos na área do piso. Sendo assim, todos os ambientes, com

exceção dos banheiros, tiveram a possibilidade de redução de suas áreas.

No caso dos banheiros, esta exceção é devido ao fato de precisarem atender às

determinações de outras normas referentes ao CPRH (Centro de Preservação dos Recursos

Hídricos) que também requerem que estes ambientes sejam submetidos à sua aprovação.

Cada nova versão desta legislação, vem reduzindo os parâmetros dimensionais

mínimos a serem obedecidos. Tal fato, de graves conseqüências, foi esclarecido em entrevista

verbalizada com a chefia de técnicos da elaboração desta lei, na ocasião de pesquisa feita

anteriormente, como sendo devido aos problemas da atualidade tais como: diminuição do

poder aquisitivo da população, condições mundiais de redução dos espaços e, principalmente,

à pressão por parte do setor empresarial local, ansioso por uma lei mais flexível e menos

conservadora.

A referida Lei, classifica os ambientes conforme o uso aos quais se destinam, em:

ambiente de permanência prolongada e ambiente de permanência transitória. Dormitórios e

salas, em geral, são considerados como ambientes de permanência prolongada. Banheiros,

cozinhas, copas, áreas de serviço, depósitos e circulações são considerados como

compartimentos de utilização transitória, ver (ANEXO, 3.1).

Na Cidade do Recife, os compartimentos de permanência prolongada deverão

permitir a inscrição de um círculo de 2.40m de diâmetro na região do piso. Já nos

compartimentos de permanência transitória, o diâmetro deste círculo, varia de acordo com a

denominação dos ambientes que estão definidos na tabela da referida Lei.

Verifica-se, que, o código recifense não segue as recomendações do Modelo IBAM.

Abaixo, algumas considerações:

? Quanto aos compartimentos de permanência prolongada, a área mínima estabelecida

de 5,76m², resultante da área do círculo inscrito (2,40m), é muito inferior aos 9,00m²

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

98

sugeridos pelo M.CO. Tais áreas, aplicadas em salas e quartos, comprometem a

usabilidade;

? Não é considerada a área útil de 1,50m², sugerida pelo M.CO; para os

compartimentos de permanência transitória. Para os banheiros são estabelecidos

0,90m² por peça sanitária, o que contraria os investidores (ou construtores), que

julgam estes parâmetros abusivos. Em contrapartida, admite-se, para tais ambientes,

uma medida mínima de 0,90m, do circulo inscrito. Para os ambientes, despensa e

depósito uma medida de 0,80m. Como os usuários podem fazer uso de ambientes que

admitem certas medidas?

Sendo um instrumento de extrema importância, nota-se uma despreocupação com os

requisitos ergonômicos. Uma vez que, os ambientes apresentem tais dimensões, tornar-se-ão

sem possibilidade de garantir a mínima condição de habitabilidade. Este fato deve servir de

alerta, pois, conforme Capítulo I Art. 4º da referida Lei, ver (ANEXO 3.1), tem como

fundamento assegurar à população níveis mínimos de habitabilidade e qualidade das

edificações e instalações .

A variada gama de proteção aos usuários que o COE contempla está longe de

garantir a satisfação de habitabilidade que um imóvel possa oferecer, pois, conforme

verificamos vêm sofrendo mudanças que consideram as pressões dos empresários

interessados em construir mais, com áreas cada vez menores.

? Os ambientes mínimos de Brasília

A referida lei, no Art. 89, classifica os compartimentos ou ambientes conforme sua

utilização em: os de permanência prolongada, de permanência transitória e de utilização

especial, ver (ANEXO 3.2).

A lei define os compartimentos ou ambientes de utilização especial, como aqueles

que apresentam características e condições de uso diferenciadas daquelas definidas para os

compartimentos ou ambientes de permanência prolongada ou transitória.

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

99

Repouso, estar, preparo ou consumo de alimentos (cozinha) e serviços de lavagem e

limpeza (área de serviço) são considerados como ambientes de permanência prolongada. Os

compartimentos para higiene pessoal (banheiros) e circulações são considerados como

compartimentos de utilização transitória.

Note-se que a legislação de Brasília segue as recomendações do M.CO, classificando a

cozinha como ambiente de permanência prolongada. É válido ressaltar que, as áreas de

serviço, também, são consideradas como ambientes de permanência prolongada.

Os parâmetros mínimos de dimensionamento dos compartimentos de permanência

prolongada e transitória, são definidos pelas áreas mínimas e pelo diâmetro do círculo inscrito

na região do piso, que variam de acordo com a denominação dos ambientes, os quais estão

definidos na tabela da referida Lei, ver (ANEXO 3.2).

Verifica-se que, em relação às questões dimensionais de alguns ambientes, o COE do

Distrito Federal, vai além das recomendações do M.CO sugeridas para os compartimentos de

permanência prolongada:

? As áreas mínimas estabelecidas pela referida legislação,.são maiores do que as áreas

sugeridas pelo Modelo (9,00m²), com exceção dos “demais dormitórios” e “dormitório

empregado” , cujas áreas são de 8,00m² e 4,00m² respectivamente;

? É válido ressaltar, a distinção dos ambientes de repouso: 1°, 2°, “demais dormitórios”

e dormitório de empregado, bem como, os seus respectivos parâmetros mínimos

estabelecidos pela legislação do nosso Distrito Federal. É notória a hierarquização e

distinção desses ambientes, sem quaisquer justificativas;

Os parâmetros estabelecidos para os compartimentos de permanência transitória não

seguem as orientações do MCO, área útil de 1.50m². Em relação a estes ambientes, cita-se

abaixo alguns aspectos da legislação da Capital Federal:

? Aos banheiros, apresentam-se três classificações: banheiros, banheiro de serviço e

lavabo. Em relação aos dois primeiros, atribui-se que, os parâmetros mínimos de

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

100

quaisquer ambientes não podem ser diferenciados dependendo do status do usuário.

Em relação ao lavabo, justifica-se um padrão diferenciado;

? Não é estabelecida a área mínima para os banheiros, apenas o diâmetro de 1,10m. Tal

fato, deixa margem, podendo resultar em ambientes com dimensões diminutas (1,21m²

área resultante do diâmetro), podendo prejudicar a usabilidade;

? O código faz distinção ao banheiro de empregado, com dimensão menor que o anterior

(1,00m). Entretanto, considera uma área mínima de 1,60m², que poderá ser maior que

o BWC anterior;

? Referencia-se o lavabo, estabelecendo uma dimensão mínima de 0,80m, que se

aplicada inviabiliza a utilização de tal ambiente;

? Não são estabelecidas áreas para os depósitos, cujas dimensões são de acordo com a

finalidade a que se destinam;

? Ressalta-se a observação feita para que os diâmetros inscritos dos banheiros deverão

ser livres de quaisquer obstáculos. Tal fato é de suma importância, uma vez que,

comumente, a dimensão permitida é reduzida ainda mais, em função do aparecimento

de estruturas e tubulações no ato da construção do edifício. Entretanto, tal observação

deveria referir-se a todos os ambientes da habitação.

No Parágrafo único, do Art. 2°, da referida legislação, “os padrões de qualidade de

que trata este artigo serão majorados em benefício do consumidor e do usuário das

edificações, sempre que possível”.

Nota-se neste parágrafo e no objetivo do artigo, uma preocupação focada no usuário

e consumidor, no sentido de estabelecer os padrões de qualidade das edificações. Entretanto,

os legisladores precisam estar mais atentos para algumas questões que foram abordadas, neste

item, desta pesquisa.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

101

? Os ambientes mínimos de Curitiba

Os compartimentos das habitações e suas dimensões mínimas são tratados no

CAPÍTULO XX, nas seções I e II respectivamente, ver (ANEXO 3.3).

A legislação de Curitiba não apresenta classificação dos compartimentos e, atesta,

em seu Art.156, que “o destino dos compartimentos não será considerado apenas pela sua

designação no projeto, mas também pela sua finalidade lógica, decorrente da disposição em

planta.” Ou seja, não basta denominar e dimensionar o ambiente conforme o estabelecido, é

preciso ter lógica para tal classificação. Sendo assim, não deverão ser aprovados os projetos

de apartamentos que denominam, na planta, o quarto de serviço como depósito, manobra

utilizada com freqüência em alguns municípios.

A TABELA II-A- RESIDÊNCIAS (ver ANEXO 3.3), que contém os

dimensionamentos mínimos dos ambientes das habitações, faz parte do decreto municipal

731/69, Regulamento de Edificações. Observe-se que:

? Diferencia-se a “sala de estar” da “sala de refeições”, bem como, os seus parâmetros

dimensionais mínimos, entretanto, não deixa claro os parâmetros para estes ambientes,

quando forem conjugados. As áreas mínimas estabelecidas para tais, não estão de

acordo com os Verifica-se que as áreas mínimas estabelecidas, dos ambientes das salas

separados, não condizem com a sugestão do M.CO (9,00m²). Entretanto, os círculos

inscritos (2,40) de ambas as salas, estabelece dimensão acima da sugerida pelo M.CO

(2,00m);

? Os quartos são denominados de 1° quartos e demais quartos, o que se constitui num

ponto positivo, uma vez que, faz-se distinção apenas para o quarto principal, que

normalmente abriga o casal. Em relação aos banheiros, também é positivo,

denominando-se apenas um tipo;

? O círculo inscrito estabelecido para os “demais quartos” (2,00m), não compromete o

pleno desenvolvimento das atividades, uma vez que, via de regra, não deverão abrigar

o casal da residência;

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

102

? Verifica-se, em relação às dimensões sugeridas pelo Modelo IBAM, que: na cozinha, a

área mínima estabelecida (4,00m²) corresponde à sugerida, entretanto, a dimensão do

círculo inscrito (1,50m) é inferior ao sugerido (2,00m). Em relação ao banheiro, a área

mínima estabelecida é igual à sugerida.

Apesar de estabelecer alguns parâmetros dimensionais que podem comprometer a

usabilidade do espaço, nota-se, uma preocupação, da referida legislação, em assegurar

espaços adequados aos seus usuários, como pode ser visto no Art.159, onde: “todos os

compartimentos deverão ter formas e dimensões adequadas à sua função ou à atividade

pretendida.”

? Os ambientes mínimos de Manaus

Os compartimentos das habitações e suas dimensões mínimas são tratados no Título

III (Das Disposições Gerais para as Edificações), Capítulo I (Das Condições de Conforto,

Habitabilidade e Segurança Geral nas Edificações), e insere-se a Seção I (Dos

Compartimentos), a qual contém os artigos que tratam das questões dimensionais da

habitação, ver (ANEXO 3.4).

No Art.52, da legislação de Manaus, “os compartimentos são classificados segundo

a função preponderante neles exercida, que determinará seu dimensionamento mínimo.” Fala-

se no Art.55, nos ambientes de permanência prolongada e transitória, entretanto, não estão

explícitos quais são estes ambientes.

As dimensões mínimas dos compartimentos das habitações são tratadas no Art.53,

sobre o qual são feitas algumas ponderações, ver (ANEXO 3.4):

? Apresenta-se distinção entre os quartos e quartos de serviço, onde no segundo, o

círculo inscrito estabelecido (2,00m), compromete o pleno desenvolvimento das

atividades;

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

103

? Nos incisos V e VII, nota-se uma diferenciação, inclusive dos parâmetros de: áreas de

serviços e área de serviço, entretanto, não é especificada esta diferenciação.

Verifica-se, em relação às dimensões sugeridas pelo Modelo IBAM, que:

? Na sala e “quartos”, a área mínima estabelecida (9,00m²) corresponde à sugerida,

entretanto, as dimensões estabelecidas aos círculos inscritos (2,70 m e 2,50m) são

superiores ao sugerido (2,00m), o que se constitui num fator excelente. Tal fato não se

repete no “quarto de serviço”, no qual a área mínima estabelecida é de 4,00m²;

? Em relação à cozinha, a área mínima (6,00m²) estabelecida é superior e o diâmetro do

circulo do piso é igual ao sugerido (2,00m);

? Já para os banheiros, estabelece-se uma área mínima (2,80m²) muito superior à

recomendada (1,50m²). Quanto à dimensão do círculo inscrito (1,20m), mais uma vez,

favorece o referido código em relação ao modelo, uma vez que não apresenta tal

sugestão.

Apesar de estabelecer alguns parâmetros dimensionais que podem comprometer a

usabilidade do espaço, nota-se, uma preocupação, da referida legislação, em assegurar

espaços adequados aos seus usuários, como pode ser visto num trecho do Art.51, onde: “os

compartimentos e ambientes deverão ser posicionados na edificação e dimensionados de

forma a proporcionar conforto ambiental.”

? Os ambientes mínimos de São Paulo

Na Seção 11.1-CLASSIFICAÇÃO E DIMENSIONAMENTO, da referida lei,

classifica-se os compartimentos em “GRUPOS”, em razão da função exercida, que

determinará seu dimensionamento mínimo. (ver ANEXO 3.5)

Os compartimentos de repouso, estar e estudo classificam-se no GRUPO A. Os

compartimentos habitacionais destinados a cozinhas, copas, lavanderias e depósitos em geral

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

104

(com área superior a 2,50m²),. classificam-se no GRUPO C. Estão incluídos no GRUPO D, as

instalações sanitárias, os vestiários, as áreas de circulação em geral e os depósitos (com área

igual ou inferior a 2,50m²), e todos os compartimentos, que pela natureza da atividade ali

exercida, deva dispor de iluminação e ventilação artificiais.

Verifica-se que, a legislação de São Paulo, não segue as recomendações do Modelo

IBAM, seguindo abaixo algumas observações, ver (ANEXO 3.5):

? Quanto aos compartimentos do GRUPO A, a área mínima estabelecida (5,00m²) é

muito inferior aos 9,00m² sugeridos pelo M.CO. Em relação ao círculo inscrito na área

do piso (2,00m) estabelecido, repete-se a mesma dimensão sugerida pelo modelo

(MCO). Tais áreas, se aplicadas em salas e quartos (casal), comprometem a

usabilidade dos espaços; prejudicando a qualidade de vida de seus usuários;

? Quanto aos compartimentos do GRUPO C, nota-se que a cozinha não obtém a mesma

classificação e dimensões das salas e quartos, sugeridos pelo M.CO. O código não

estabelece área mínima para tais ambientes, o que se atribui uma área mínima de

1,44m², resultante da área do círculo inscrito estabelecido (1,20m). Como podem ser

realizadas as atividades numa cozinha e lavanderia que admitem certas dimensões?

? Em relação aos compartimentos do GRUPO D, o código não estabelece área mínima

para tais ambientes, o que se atribui uma área mínima de 0,64m², resultante da área do

círculo inscrito estabelecido (0,80m).Ainda, não são consideradas as medidas

sugeridas pelo M.CO (1,50m²). Como podem ser realizadas as atividades em

ambientes, como os sanitários, que admitem certas dimensões?

? A legislação não faz distinção aos quartos e banheiros de serviços o que se constitui

num ponto positivo.

Apesar de estabelecer alguns parâmetros dimensionais que podem comprometer a

usabilidade do espaço, nota-se, uma preocupação, da referida legislação, em assegurar

espaços adequados aos seus usuários, como pode ser visto num trecho do ANEXO I onde, “os

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

105

compartimentos e ambientes deverão ser posicionados na edificação e dimensionados de

forma a proporcionar conforto ambiental.”

Esta pesquisa apresenta um resumo dos parâmetros mínimos acima abordados, em

uma tabela, demonstrados em cores diferenciadas por cidades: (Figura 3.2)

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

106

Tabela comparativa dos parâmetros dimensionais mínimos estabelecidos

pelos COE estudados.(Figura 3.2)

CIDADES

AMBIENTES RECIFE S.PAULO BRASÍLIA CURITIBA MANAUS

ÁREA(m²) 5,00(1) 12,00(1) 8,00(1) e

6,00(2) 9,00(1)

SALAESTAR(1)

SALA REFEIÇÕES(2) Conter

Círculo(0m) 2,40 (1) 2,00 2,85 2,40 2,70

ÁREA(m²) 5,00(1) 10,00(2) 9,00(1) 9,00(1) QUARTOS/REPOUSO

DORMITÓRIO(1)/

1°QUARTO(2)

Conter

Círculo(0m) 2,40(1) 2,00 2,40 2,40 2,50

ÁREA(m²) 9,00(1)/

8,00(2) 6,00(2)

2°QUARTO(1)

DEMAIS QUARTOS(2) Conter

Círculo(0m) 2,40 2,00

ÁREA(m²) 4,00 6,00 DORMITÓRIO

EMPREGADO/

QUARTO SERVIÇO

Conter

Círculo(0m) 1,80 2,00 largura

ÁREA(m²) >2,50(1)

e (2) 5,00(1)

4,00 (1)

e (2) 6,00(1)

COZINHA(1)/

COPA(2) Conter

Círculo(0m) 1,60(1) e (2) 1,20 1,80 1,50 2,00

ÁREA (m²) >2,50(3) 4,00(1) 4,00(3)

2,50(1) e

3,00(2)

ÁREA DE SERVIÇO(1)

ÁREAS DE

SERVIÇO(2)

LAVANDERIA(3)

Conter

Círculo (0m) 0,90(1) 1,20 1,50 1,50 1,20

ÁREA (m²)

1,00 (1PEÇA)

3,20(4PEÇAS)

OU(+4PEÇAS

0,80/PEÇA

€2,50

1,50 2,80

BANHEIROS/

SANITÁRIOS Conter

Círculo (0m) 0,90 0,80 1,10 (*) 1,00 1,20

ÁREA (m²) 1,60 2,00 BANHEIRO

EMPREGADO/

SERVIÇO

Conter

Círculo (0m) 1,00(*) 1,00

ÁREA

(m²)

>2,50(1) e

€2,50(3)

DEPÓSITO(1)/

DEPÓSITOS(2)

DESPENSA(3) Conter

Círculo

(0m)

0,80(1)

E (3)

1,20(1) e

0,80(2)

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

107

3.4 OS RESULTADOS ENCONTRADOS

3.4.1 Os COE e o apartamento-modelo

Neste subitem, os parâmetros mínimos estabelecidas pelos cinco COE estudados,

foram aplicadas nos ambientes do apartamento- modelo em plantas baixas específicas para

cada ambiente. Tais parâmetros são representados por círculos de cores diferenciadas

correspondentes aos códigos de cada cidade contidos na legenda das figuras de cada ambiente

estudado.

Ainda, os ambientes observados do apartamento estudado, delimitados no subitem

2.2.2 pag. 35, foram analisados separadamente e demonstrados em plantas baixas específicas

nas quais simulou-se a realização de tarefas, através de um modelo antropométrico.

? Aplicação de método para avaliação dos ambientes

Para a elaboração do modelo antropométrico da figura humana, em planta baixa, teve-

se como base as medidas sugeridas por Panero & Zelnik (1998). Os modelos antropométricos

alteram a cor dependendo da gravidade do problema. Os autores Barros, Takaki e Villarouco

(2004), determinam que a figura humana em vermelho representa as inadequações

antropométricas, em verde as situações permitidas, ou seja, situações de conforto para

mobilidade, e laranja (amarelo) as situações de risco, configuradas na figura abaixo, que

representa algumas posições da figura humana: (Figura 3.3)

Figura 3.3: Modelos Antropométricos da figura humana : Adaptado de BARROS, TAKAI e VILLAROUCO (2004).

A B C

61 cm

92 c

m

61 cm

89 c

m

61 cm33 c

m

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

108

Observou-se o layout existente e as principais variáveis antropométricas relacionadas

aos ângulos de alcance, áreas de circulação interna, e espaço mínimo para utilização do

mobiliário existente. Ainda, considerou os condicionantes antropométricos discutidos no

Capítulo 2 (subitem 2.3.1, p. 64 a 72), determinados pelos mesmos autores Panero & Zelnik

(1998), à situação real dos ambientes observados do apartamento, representados na planta

baixa pelos círculos pontilhados (COSTA, 2005), demonstrados na figura abaixo: (Figura 3.4)

Ao confrontar tais dados, analisaram-se os problemas existentes e, como resultado,

obteve-se uma lista de requisitos mínimos relacionados às variáveis que devem ser levadas em

consideração no projeto de habitações (BARROS, TAKAKI e VILLAROUCO, 2004).

Para tais análises, utilizou-se o software CAD (Computer Aid Design) para

manipulação e estudo da planta do apartamento.

? Análise dos ambientes do apartamento-modelo

A seguir, serão analisados separadamente os ambientes escolhidos do apartamento-

modelo. O estudo de caso demonstrado em capitulo anterior (subitem 2.2.2, p.34 a 44) na

apreciação ergonômica, demonstrou na prática que a aplicação das dimensões mínimas

permitidas pela legislação do município de Recife, está em desacordo com as condições

mínimas de habitabilidade. Tais fatos serão confrontados com os parâmetros mínimos

estabelecidos pelos outros códigos estudados. Em alguns casos, foram aproveitadas as fotos

utilizadas na apreciação ergonômica de Costa, Maciel e Monte (2002), com intuito de melhor

demonstrar os problemas encontrados.

Figura 3.4: Modelo da figura humana com os condicionantes antropométricos do referencial teórico: Fonte: AUTORA

121.9cm

DC

76.2 cm

BA

101.6cm 116.8cm

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

109

? Sala de Estar/ Refeições

Conforme Figura 3.5, a Sala, com 14.13m², com área útil superior a todas àquelas

que se obtêm como resultante das especificações mínimas estabelecidas pelas cinco

legislações. Além disso, tem atendido todos os círculos de dimensões mínimas.

Conforme Figura 3.6, em relação ao arranjo físico, o mesmo pode ser melhorado,

com possibilidades de otimização, entretanto, nenhuma permite atendimento aos padrões

citados na literatura especializada. Devido ao aproveitamento do mobiliário, o tamanho de

alguns móveis é desproporcional em relação ao espaço, porém o mesmo encontrou-se

adequado às necessidades da família, na ocasião da pesquisa realizada. A mesa de jantar,

apesar de proporcional, foi posicionada inclinada para facilitar a circulação, com o intuito de

abrigar o maior número de pessoas.

Figura 3.5: Planta baixa da sala com os círculos inscritos estabelecidos pelos COE estudados

Fonte: AUTORA

SALA ESTAR/JANTAR

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

110

Ainda de acordo com a Figura 3.6, demonstrada na planta baixa analisada,

observaram-se os seguintes aspectos:

? Na sala de estar, nota-se a ausência de espaço para as pernas de um indivíduo sentado

no sofá, dada pela presença de um outro sofá situado em frente, que compromete a

circulação do usuário (ver fotos: Figuras 3.7 e 3.9).

? Pode-se observar ainda, a posição desconfortável dos moradores para assistir

televisão devido à falta de espaço adequado para tal atividade, exigindo uma

permanente rotação do pescoço a fim de permitir um ângulo de visão confortável (ver

foto: Figura 3.8).

Figura 3.6: Planta baixa da sala com os modelos antropométricos

Fonte: AUTORA

SALA ESTAR/JANTAR

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

111

? Neste ambiente, até uma conversa entre pessoas sentadas nos sofás exige torção do

tronco ou cabeça, promovendo desconforto ou ate mesmo conseqüências mais graves

em casos de maior permanência postural (ver foto: Figura 3.7).

? Na sala de Jantar, observa-se a ausência de espaço para circulação em torno do

mobiliário (mesa de jantar), impedindo a movimentação adequada para os usuários

(ver foto: Figura 3.10);

Figura 3.10: Falta de espaço para circulação.

Fonte: COSTA, MACIEL E MONTE (2002)

Figura 3.9: Falta de espaço para circulação.

Fonte: COSTA, MACIEL E MONTE (2002)

Figura 3.7: Ausência de espaço para as pernas.

Fonte: (COSTA, MACIEL E MONTE, 2002)

Figura 3.8:Posição inadequada para assistir TV.

Fonte: (COSTA, MACIEL E MONTE, 2002)

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

112

Conforme foi dito, apesar desse ambiente atender à quase todos os parâmetros dos COE

estudados, vê-se que os mesmos estão inadequados para suas funções, estando inadequados

ergonomicamente, o que necessita de uma revisão desses parâmetros.

? Quarto do Casal

Conforme Figura 3.11, o quarto do casal tem 8.40m² de área útil. São denominados

pelos códigos como, dormitório, repouso, ou 1° quarto. Tal valor é: maior que as áreas

estabelecidas pelos COE de Recife e São Paulo; semelhante aos de Curitiba (9,00m²) e

Manaus (9,00m²); e inferior ao de Brasília (10,00m²). Entretanto, em relação ao diâmetro dos

círculos, apenas não atende ao COE de Manaus. Observe-se que, devido à saliência do pilar,

reduziu-se a largura do quarto para 2.30m em um grande trecho, ficando desconforme com

todas as normas, exceto a de São Paulo que admite uma dimensão mínima de 2,00m, o que é

preocupante. Tal fato ocorre com grande freqüência na execução do projeto, quando aparecem

elementos construtivos, do tipo pilares e tubulações, que diminuem ainda mais as dimensões

mínimas.

Figura 3.11: Planta baixa do quarto

do casal com os círculos inscritos

estabelecidos pelos COE estudados.

Fonte: AUTORA

QUARTO DE CASAL

Figura 3.12: Planta baixa do quarto do

casal com os modelos antropométricos

Fonte: AUTORA

QUARTO DE CASAL

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

113

Conforme Figura 3.12, em relação ao arranjo físico, o mesmo pode ser melhorado,

com possibilidades de otimização, entretanto, nenhuma permite atendimento aos padrões de

conforto citados na literatura especializada. Devido ao aproveitamento do mobiliário, o

tamanho de alguns móveis é desproporcional em relação ao espaço, porém o mesmo está de

acordo com as necessidades dos usuários, na ocasião da pesquisa realizada. A cama, apesar de

confortável, era superdimensionada para o quarto, impedindo o giro da porta e dificultando a

circulação no ambiente. A janela em “L”, foi praticamente toda obstruída pelo guarda-roupa,

sacrificando muito a circulação e comprometendo o conforto ambiental. O espaço livre

apresentou-se restrito para as demais atividades, como se vestir, assistir televisão, trabalhar,

limpar e arrumar o quarto.(ver fotos: figuras 3.13; 3.14 e 3.15)

Figura 3.13: Área insuficiente para circulação.

Fonte: (COSTA, MACIEL e MONTE, 2002)

Figura 3.14: Área insuficiente para utilização

do guarda-roupa.

Fonte: (COSTA, MACIEL e MONTE, 2002)

Figura 3.15: Obstrução da janela pelo mobiliário

Fonte: (COSTA, MACIEL e MONTE, 2002)

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

114

Nota-se que, apesar desse ambiente atender à maioria dos parâmetros dos COE

estudados, vê-se que o mesmo tem a sua usabilidade comprometida. O fato mais grave deve-

se às dimensões mínimas do círculo estabelecidas, principalmente a de São Paulo que, se

aplicada, desconsidera os requisitos ergonômicos para utilização desse ambiente, o que

necessita urgentemente de uma revisão. Quanto às questões do aparecimento indevido de

elementos construtivos após a construção, é preciso que as legislações estejam atentas a

despeito do COE do Distrito Federal, que discorre sobre o assunto no subitem 3.3.2. p.101,

deste Capítulo.

? Quarto dos Filhos

Conforme Figura 3.16, o quarto dos filhos tem 7.26m² de área útil. Em alguns

códigos é denominado como, demais quartos ou 2° quarto (figura 3.2). Nas questões

dimensionais apresentou a mesma problemática do anterior, inclusive na questão do

aparecimento de estrutura (pilar). Por apresentar mobiliários e funções diferenciadas do

quarto de casal, admite-se dimensões menores que o anterior, fato que ocorre nas legislações

de Brasília, Curitiba e Manaus. Os códigos de Recife e São Paulo não estabelecem parâmetros

dimensionais diferenciados para os ambientes de permanência prolongada.(ver tabela: figura

3.2)

Figura 3.16: Planta baixa do quarto dos filhos com os

círculos inscritos estabelecidos pelos COE estudados.

Fonte: AUTORA

QUARTO DOS FILHOS

Figura 3.17: Planta baixa do quarto dos

filhos com os modelos antropométricos.

Fonte: AUTORA

QUARTO DOS FILHOS

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

115

Conforme Figura 3.17, em relação ao arranjo físico, o mesmo pode ser melhorado,

com possibilidades de otimização, principalmente se forem trocadas as camas pelos tipos bi-

cama ou beliche. A função de estudo não pôde ser acomodada neste ambiente, sendo

improvisada na sala. A janela foi praticamente toda obstruída pela cama, comprometendo o

conforto ambiental e expondo a criança ao risco de queda (ver fotos: Figuras 3.18 e 3.19). A

circulação apresentou-se muito sacrificada, ficando o espaço livre restrito para as demais

atividades, como se vestir, brincar, limpar e arrumar o quarto.

Nota-se pelo que foi exposto, que à luz dos parâmetros dimensionais mínimos

estabelecidos pelas legislações estudadas, este ambiente pode ter suas funções comprometidas

se abrigar mais de uma pessoa, afetando a usabilidade do espaço. Além disso, a problemática

pode ser ainda mais agravada, quando acatada a dimensão mínima de 2,00m estabelecida

pelos códigos de Curitiba e São Paulo. Tal fato aponta também à necessidade urgente de

revisão de tais questões.

Figura 3.18: Obstrução da janela pelo

mobiliário dificultando a atividade.

Fonte: (COSTA, MACIEL e MONTE, 2002)

Figura 3.19: Obstrução da janela pelo mobiliário

colocando o usuário em risco de vida.

Fonte: (COSTA, MACIEL e MONTE, 2002)

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

116

? Quarto de serviço

Este ambiente recebe denominação e parâmetros dimensionais diferenciados em

apenas dois códigos. No DF ele é chamado de dormitório de empregado e em Manaus quarto

de serviço (ver tabela Figura 3.2).

Conforme figura (Figura 3.20), o quarto de serviço, com uma área útil de 4,62m²,

tem seu dimensionamento inadequado aos parâmetros do COE local devido à impossibilidade

de inscrição de um círculo com diâmetro de 2.40m em seu piso e, à área resultante do mesmo

5,76m². A área mínima utilizada também é inadequada aos demais códigos. Em relação aos

diâmetros dos círculos permitidos, a dimensão utilizada (2,00m) encontra-se adequada a todos

os códigos, com exceção do código do Recife. (ver tabela Figura 3.2).

Em relação ao arranjo físico (ver Figura 3.21), o mesmo pode ser melhorado apenas,

se o armário for suspenso acima da área da cama, o que é inadequado por prejudicar o acesso,

além de demandar esforço físico adicional para o seu alcance. Note-se que a função de estudo

não pôde ser acomodada neste ambiente, sendo improvisada na cozinha. A janela foi

Figura 3.21: Planta baixa do quarto de serviço

com os modelos antropométricos.

Fonte: AUTORA

Figura 3.20: Planta baixa do quarto de serviço

com os círculos inscritos estabelecidos pelos

COE estudados. Fonte: AUTORA

QUARTO DE SERVIÇO QUARTO DE SERVIÇO

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

117

praticamente toda obstruída pela cama. A circulação apresentou-se muito sacrificada, ficando

o mínimo espaço livre para todas as demais atividades, como se vestir, assistir televisão,

limpar e arrumar o quarto.

Conforme já comentado, as necessidades mínimas de uma funcionária doméstica

que reside num apartamento são as mesmas dos donos da casa, entretanto, as legislações

estudadas admitem para tais ambientes, parâmetros diferenciados o que demonstra um grave

preconceito.

Observe-se também, que o único código, cujos parâmetros mínimos não se

adequaram ao ambiente demonstrado, foi recifense. Tal fato de suma importância, denota que

a denominação do ambiente foi alterada para depósito, a fim de possibilitar a aprovação do

projeto. Denominado como quarto, não seria aceito, demonstrando assim, que a Lei Municipal

recifense é desatenta com este tipo de favorecimento, pois a função de determinados cômodos

pode ser deduzida pela sua proporção, vocação e configuração em planta. Tal fato é

referenciado no código de Curitiba, neste Capítulo (subitem 3.3.2 p. 101), alertando para a

possibilidade deste tipo de manobras.

Tal fato, confirmou que os arquitetos, quando projetam para uma empresa, tendem

naturalmente a raciocinar pelo lado empresarial, e podem definir espaços que não atendam ao

uso para os quais foram projetados (COSTA, MACIEL e MONTE, 2002). O que levaria um

arquiteto a projetar cubículos em condições desumanas, muitas vezes sem luz direta e espaços

irrisórios senão o interesse econômico do cliente empresário? Até quando os legisladores vão

fechar os olhos para tais questões?

? Banheiro Social

Este ambiente é denominado pelos códigos como banheiros ou sanitários. Conforme

Figura 3.22, o banheiro social, com três peças sanitárias, tem área útil de 2.47m², um pouco

inferior às áreas mínimas estabelecidas dos códigos de Recife, São Paulo e Manaus. Note-se

que a legislação de Curitiba admite a menor área para esse ambiente e o código do DF não

estabelece tal parâmetro. A dimensão mínima (1,05m) desse ambiente no apartamento

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

118

estudado está em conformidade com os códigos de Recife, Curitiba e São Paulo, pois é

possível inserir um círculo de 105cm de diâmetro em seu piso. (ver tabela, Figura 3.2).

Todavia, tais dimensões são inadmissíveis para a perfeita usabilidade do espaço, como

veremos na figura abaixo.

De acordo com a Figura 3.23, em relação ao arranjo físico, não existe possibilidade

de melhoria devido às dimensões diminutas utilizadas para o espaço. Para possibilitar o giro

da porta, a largura do balcão foi reduzida nas extremidades. O Box possui 67cm em uma das

suas dimensões, o mínimo admissível pelos requisitos do CPRH, na legislação recifense, é de

70cm, (ver ANEXO 3.1), os demais códigos não estabelecem tal dimensão. Note-se a

dificuldade da usuária na utilização do Box (ver foto Figura 3.24). Ventilado e iluminado

através de outro ambiente, a área de serviço, que também não possui aberturas para o exterior

tornando crítica as condições de conforto físico. A circulação apresentou-se muito sacrificada,

ficando o espaço livre restrito para todas as atividades às quais o ambiente se propõe.

Observe-se que a bancada de mármore foi recortada para poder ser utilizada devido à reduzida

dimensão do banheiro, (ver foto Figura 3.25).

Figura 3.22: Planta baixa do banheiro social com os círculos inscritos estabelecidos pelos COE estudados: Fonte: AUTORA

Figura 3.23: Planta baixa do banheiro social com os modelos antropométricos Fonte: AUTORA

BWC SOCIAL BWC SOCIAL

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

119

Observou-se que este espaço não atende às observações antropométricas e

ergonômicas ressaltadas no referencial teórico. As dimensões impõem sacrifícios aos usuários

na realização das atividades específicas do compartimento, e considerando uso de apenas um

indivíduo, e, impossível, se o mesmo se o mesmo precisar de ajuda, a exemplo de pessoas

idosas. Tais constatações corroboram a urgência de revisão de parâmetros dimensionais nas

legislações abordadas.

? Banheiro de Serviço

Este ambiente recebe denominação e parâmetros dimensionais diferenciados em

apenas dois códigos. No DF ele é chamado de banheiro de empregado e, em Manaus,

banheiro de serviço (ver tabela, Figura 3.2).

Conforme planta (Figura 3.26) o banheiro de serviço, assim denominado pela

pesquisa, com duas peças sanitárias, tem área útil de 1,90m², inferior às áreas mínimas

estabelecidas pelos códigos de São Paulo e Manaus. A dimensão mínima (0,95m) desse

ambiente, no apartamento estudado, está em conformidade com os códigos de Recife, e São

Paulo, pois é possível inserir um círculo de 95cm de diâmetro em seu piso. (ver tabela, figura

Figura 3.24: Espaço insuficiente para a atividade

Fonte: (COSTA, MACIEL e MONTE, 2002)

Figura 3.25: Bancada recortada para possibilitar o giro

da porta

Fonte: (COSTA, MACIEL e MONTE, 2002)

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

120

3.2). O referido ambiente apresentou as mesmas problemáticas do anterior, tanto nas questões

dimensionais, quanto ao conforto ambiental e arranjo físico (Figura 3.27).

Note-se, que o banheiro do apartamento estudado, possui apenas duas pecas

sanitárias: um box para chuveiro e uma bacia sanitária. Tal fato justifica-se, porque a

legislação recifense estabelece a área resultante para tais ambientes, de acordo com o

somatório do número de peças sanitárias (0,80m²). Entretanto, tal legislação abre um

precedente para outro artifício, prejudicando a usuária, no caso, a empregada doméstica, que

não tem o direito mínimo a uma pia para lavar o rosto e escovar os dentes. Em muitos casos

essa tarefa é realizada numa pia, colocada na área de serviço ou mesmo, no tanque de lavar

roupas.

? Cozinha

Conforme planta (Figura 3.28), a cozinha é um dos ambientes mais amplos da

habitação. Com 5.91m² de área útil atende às questões do dimensionamento mínimo resultante

da possibilidade de inscrição dos círculos inscritos em seu piso em todas as legislações, com

exceção do código de Manaus (ver tabela, Figura 3.2).

Figura 3.26: Planta baixa do banheiro de serviço com os círculos inscritos estabelecidos pelos COE estudados. Fonte: AUTORA

Figura 3.27: Planta baixa do banheiro serviço com os modelos antropométricos. Fonte: AUTORA

BWC SERVIÇO BWC SERVIÇO

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

121

Avaliando o arranjo físico, (Figura 3.29), identifica-se a possibilidade de ser

melhorado, apenas, se tiver armários suspensos. Note-se que a geladeira, quando utilizada,

interfere na circulação do ambiente. Outro ponto de atenção é na passagem para a área de

serviço, que fica comprometida quando o fogão está sendo utilizado, podendo provocar

acidentes. O ambiente recebe ventilação e iluminação através da sala não tendo aberturas para

o exterior, afetando o conforto ambiental. Observe-se que a cozinha, apesar de adequar-se, em

alguns casos com folga, aos parâmetros mínimos estabelecidos pelas legislações, não oferece

espaço confortável para o perfeito uso dos eletrodomésticos utilizados nos dias de hoje. No

COZINHA

ÁREA DE SERVIÇO

Figura 3.29: Planta baixa da cozinha/ área de serviço do apartamento-modelo com os condicionantes e modelos antropométricos adaptados à uma situação real do ambiente. FONTE: AUTORA.

Figura 3.28: Planta baixa da cozinha/ área de serviço do apartamento-modelo com a inscrição dos círculos que definem as dimensões mínimas dos ambientes exigidos pelos COE estudados.. FONTE:AUTORA.

COZINHA

ÁREA DE SERVIÇO

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

122

caso dos parâmetros estabelecidos pelo código de São Paulo, que admite uma dimensão

mínima do circulo de 1,20m (ver tabela Figura 3.2), ao considerar que um fogão, possui em

média 0,70m de profundidade, certifica-se a inadequação de tal dimensão, comprometendo as

atividades deste ambiente.

? Área de Serviço

Este ambiente recebe denominações diferenciadas podendo ser chamado de

lavanderia nos códigos de Curitiba e São Paulo. A legislação de Manaus distingue área de

serviço e áreas de serviço, com parâmetros diferenciados sem as respectivas justificativas,

suscitando dúvidas. (ver tabela, Figura 3.2)

Conforme planta (Figura 3.28), a área de serviço, com 2,60m² de área útil atende às

questões do dimensionamento mínimo resultante da possibilidade de inscrição dos círculos

inscritos em seu piso nas legislações de Recife, Manaus e São Paulo.

Em relação ao arranjo físico (figura 3.29), compreende-se que a única possibilidade de

melhorias é através de armários ou prateleiras suspensos. Note-se que a máquina de lavar e o

tanque, quando utilizados, interferem na circulação do ambiente que recebe ventilação e

iluminação através do corredor externo, não tendo aberturas para o exterior, comprometendo a

secagem de roupas, bem como, o conforto ambiental. Observe-se que a área de serviço, apesar

de adequar-se aos parâmetros mínimos estabelecidos, de três, dos cinco códigos estudados,

não oferece espaço para a função de passar roupas, o que é indispensável para o perfeito

funcionamento de um lar. Na ocasião da pesquisa, a roupa da família era lavada e passada

fora do apartamento, devido às precárias condições de utilização oferecidas pelo espaço. Tal

situação é favorecida pela legislação de Recife que admite uma dimensão mínima de 0,90m

para tal compartimento sem considerar que uma máquina de lavar possui, em média, 0,80m de

profundidade. Como as pessoas podem circular num ambiente com tais dimensões?

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

CAPÍTULO 4

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

124

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O objetivo deste último capítulo é estabelecer as conclusões finais retiradas da

pesquisa, dando ênfase aos objetivos propostos no sentido de avaliar se os mesmos foram

alcançados. Não obstante, será respondida as hipótese lançada no início desta pesquisa,

considerando-se os parâmetros dimensionais estabelecidos pelos COE escolhidos. Para este

fim o capitulo foi estruturado em dois itens. No primeiro item apresentam-se as conclusões

quanto aos objetivos traçados e as hipóteses delineadas. No segundo item, encerra-se esta

dissertação com a apresentação de recomendações e sugestões para trabalhos de pesquisa

futuros.

4.1 CONCLUSÕES

Nos parágrafos que se seguem serão apresentadas as principais conclusões extraídas

do trabalho. Ressalta-se que as mesmas não devem ser generalizadas, uma vez que, obteve-se

apenas cinco amostras dos COE dos municípios brasileiros. Entretanto considera-se um

indicativo de ordem qualitativa sobre a situação-problema.

Os aspectos dimensionais das habitações foram tema de debate dos arquitetos

modernistas, no início do século passado, entretanto, nos dias de hoje, parecem ter sido

esquecidos. Estudos demonstram que, atualmente o que determina o dimensionamento da área

privativa de um apartamento é o poder aquisitivo do mercado.

Como conseqüência, vem crescendo a demanda por habitações com dimensões cada

vez mais reduzidas nas grandes cidades, quer produzidas pelo poder público ou privado, as

quais não parecem atender aos anseios da população, onde não são assegurados os níveis

mínimos de habitabilidade. Entretanto, conclui-se que devem ser considerados alguns

aspectos:

? Uma das principais causas deste problema, deve-se ao fato da capacidade de compra

dos usuários não ser compatível às suas necessidades;

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

125

? O fato da maioria dos imóveis ser ofertado ao mercado sob o ponto de vista do

construtor;

? Os parâmetros dimensionais permitidos pelas legislações municipais vigentes

incompatíveis com as necessidades do morador. Por outro lado, o status que o imóvel

pode proporcionar ao usuário, sua localização e seu entorno, ainda são grandes

atrativos de compra. Estes aspectos, quando privilegiados, definem a escolha em

detrimento das preocupações com as dimensões dos espaços.

Também se evidenciou que, o arranjo físico é fundamental na ocupação dos apartamentos

reduzidos, possibilitando a acomodação de diversas atividades em um mesmo espaço e a

verticalização de algumas tarefas, sem prejudicar o seu desempenho. Nem sempre se contrata

um profissional para projetar esta adequação. O usuário, quase sempre, se mostra

despreparado para tal exercício podendo adquirir mobiliário incompatível às características

dos espaços ou desfavorece o desenvolvimento das atividades.

Quanto aos prejuízos causados aos moradores pelo subdimensionamento dos

ambientes internos dos apartamentos, é válido ressaltar alguns impactos causados por essa

inadequação:

? Os problemas posturais ocasionados pela ausência de espaço adequado ao mobiliário;

? Os riscos de acidentes, principalmente com crianças provocados pelos mobiliários

próximos às janelas e aberturas;

? O stress causado pela vivência em espaço confinado;

? A impossibilidade de locais para as brincadeiras das crianças;

? A falta de espaço adequado para tarefas domésticas como: passar roupa e costurar;

? A dificuldade de concentração para a realização de trabalhos e estudos;

? A perda de privacidade.

No que concerne às legislações edificatórias, fatos históricos demonstram que as

mesmas surgiram devido às questões higienistas, com o intuito de melhorar as condições de

salubridade das habitações proletárias, nas cidades industrializadas. Constatou-se durante sua

evolução, que o especulador imobiliário influenciou sobremaneira os governantes,

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

126

interferindo inclusive, nas questões dimensionais das habitações. Tal fato continua a ser

repetido nos dias atuais.

Quanto às legislações brasileiras, em particular, os Códigos de Obras e Edificações

escolhidos para análise, verificaram-se alguns aspectos relativos às questões dimensionais:

? O COE, que seria o elemento orientador para a elaboração de projetos, faz poucas

recomendações sobre os parâmetros mínimos dos compartimentos das habitações. Tais

questões relevantes, são pouco explícitas, às vezes mal formuladas, suscitando dúvidas

em diversos aspectos. Em alguns casos, devido à ma elaboração, a legislação favorece

manobras perniciosas por parte dos elaboradores dos projetos habitacionais, com o

intuito de aumentar o lucro em detrimento de benefícios para os moradores;

? Não existe uma padronização dos parâmetros estabelecidos pelos COE, o que leva a

crer que as necessidades mínimas dos usuários das habitações variam de acordo com

as especificidades do município ou de seus legisladores;

? Esta pesquisa revelou que, quanto mais populoso o município, menores são os

parâmetros estabelecidos pelos COE. Tal fato, sugere que as necessidades mínimas

dos moradores das grandes cidades são menores, conforme demonstrado nos códigos

das cidades de Recife e São Paulo, quando comparados com os demais em análise;

? As legislações fazem distinção dos parâmetros mínimos das casas populares, descritos

quase sempre em parágrafos diferenciados. Apesar de não ser a tipologia focada nesta

pesquisa, identifica-se procedimento discriminante, uma vez que as necessidades

mínimas dos moradores no interior das habitações devem ser as mesmas, independente

das classes sociais. A realidade demonstra que, para os elaboradores das habitações

diminutas é unânime a opinião de que uma casa maior custa caro, demonstrando

assim, que as pessoas menos abastadas devem se contentar com moradias de qualquer

tamanho;

? Observou-se ainda, que o apartamento escolhido como modelo não violou a grande

maioria dos parâmetros dimensionais estabelecidos pelos cinco códigos estudados,

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

127

entretanto, verificou-se que o imóvel não atendeu aos requisitos ergonômicos

aceitáveis para a garantia da qualidade de vida;

? Evidenciou-se a importância da ergonomia, apoiada nos dados dimensionais da

antropometria, na melhoria do bem estar e da qualidade de vida dos usuários de

apartamentos com áreas reduzidas. Espera-se que através das simulações ilustradas no

apartamento-modelo, possa-se sensibilizar os legisladores no sentido de rever alguns

parâmetros dimensionais.

Finalizando-se esta pesquisa, pode-se corroborar o pensamento de Círico (2001),

quando propõe que o projeto arquitetônico para edifícios de apartamentos, com áreas

reduzidas, deve ser bem equacionado para possibilitar condições de uso real aos ambientes.

Conclui-se que não basta simplesmente projetar apartamentos com espaços maiores, mas,

sobretudo organizá- los de tal maneira que sua inter-relação permita que os usuários possam

dispô-los de modo a que suas diferentes necessidades possam ser atendidas sem o uso de

reformas que impliquem em demolições, a fim de permitir que o espaço habitável possa ser

adaptado ao usuário e não o contrário.

4.2 RECOMENDAÇÕES

Na sociedade moderna, as le is também oferecem uma variada gama de proteções ao

usuário, mas está muito longe de garantir a satisfação de habitabilidade que um imóvel possa

oferecer (CÍRICO,2001).

Neste sentido, os municípios brasileiros que vêm passando por grandes

transformações e crescimento das áreas urbanas, adensamentos, mudança dos processos

construtivos, aponta à exigência da revisão dos Códigos existentes, já ultrapassados por essa

dinâmica (IBAM, 1997).

Destacam-se os aspectos dimensionais dos Códigos de Obras municipais que devem

ser discutidos e revisados, uma vez que, a adoção dos limites estabelecidos hoje, leva à

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

128

condições de uso real dos cômodos muito precárias. Outrossim, invoca-se a participação dos

usuários devido ao fato de possuírem o conhecimento da realidade vivenciada. Cardia (1981)

revela que, “nenhum conjunto de padrões foi criado por consumidores.”

O arquiteto tem participação relevante na contínua busca para atender às

necessidades de moradia dos usuários, solucionar os problemas espaciais e favorecer esta

adaptação. Espera-se que esse compromisso deva ser iniciado desde a fase de projeto, com a

inserção da ergonomia, para a garantia dos requisitos mínimos para a habitabilidade.

A busca da dimensão humana é o objetivo tanto da arquitetura quanto da ergonomia,

no entanto, deve ser sempre associada aos aspectos psicológicos e cognitivos atendendo

assim, todas as necessidades dos usuários, para possibilitar uma arquitetura ergonomicamente

adequada e favorecer a todos, sem restrições.

O arranjo físico espacial do mobiliário e componentes do espaço é fundamental para

favorecer as atividades nos ambientes reduzidos. Logo, os arquitetos, ao projetarem

apartamentos com estas condições, devem pensar no posicionamento das portas e janelas, de

modo que, suas localizações contribuam para a melhor adequação da mobília que,

necessariamente, cada ambiente deverão possuir.

4.2.1 Sugestões para futuras pesquisas

Sugere-se que alguns trabalhos possam dar continuidade a esta pesquisa sobre os

aspectos dimensionais dos ambientes dos apartamentos. Espera-se que a revisão bibliográfica

iniciada, bem como, o banco de dados possa servir de base para a iniciação destes estudos.

Estabelece-se a seguir algumas sugestões que podem complementar os possíveis

desdobramentos das sugestões de trabalhos futuros:

1 O desenvolvimento de um método para estabelecer normas ou padrões a serem

aplicados como parâmetro dimensional ergonômico nos espaços internos de

apartamentos;

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

129

2 Um modelo de COE padrão para todos os municípios, que garanta as condições

mínimas de habitabilidade;

3 Pesquisa do nível de satisfação dos moradores dos moradores de apartamentos com

dimensões reduzidas. Utilizando-se uma abordagem psicológica ou cognitiva que pode

ser utilizada no entendimento dos complexos conflitos do homem com os ambientes

destinados à sua moradia no seu sentido mais amplo;

Um estudo que relacione os acidentes domésticos com problemas de layout gerados pelo

subitem 3.4.

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

130

CAPÍTULO 5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

131

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Maristela M. de (1995). Análise das Interações Entre o Homem e o Ambiente

– Estudo de Caso em Agência Bancária. 1995. 87 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de

Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1995. Disponível em:

>http://www.eps.ufsc.br/disserta/maristela/index.htm<. Acesso em: 21 de jun. de 2001.

________. Da experiência ambiental ao projeto arquitetônico: um estudo sobre o caminho

do conhecimento na arquitetura. 2001. 219 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de

Santa Catarina, Florianópolis, 2001. Disponível em:

>http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/1325.pdf<. Acesso em: 8 de agos.de 2005.

________Ergonomia e Arquitetura, uma vinculação transdiciplinar- In: VII CONGRESSO

LATINO AMERICANO DE ERGONOMIA – I SEMINÁRIO BRASILEIRO DE

ACESSIBILIDADE INTEGRAL – XII CONGRESSO BRASILEIRO DE ERGONOMIA,

2002, Recife. Anais... Recife: Associação Brasileira de Ergonomia, 2002. 1 CD-ROM.

ALTAVILA, Jayme: Origem dos direitos dos povos. 10ª edição- Icone Editora, 2004.

AYRES, Gabriel: Código de Obras “Arthur Sabóia”. 4ª edição- edições LEP LTDA, 1954.

AZEVEDO, Antonio Carlos Thyse: Modelo de Código de Obras para pequenos

municípios. Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU)/ Superintendência do

Desenvolvimento da Amazônia (SUDAN). Brasília: SERFHAU, 1973. 32p.

BAHIA, Sérgio Rodrigues; GUEDES, Paula de Azevedo; THOMÉ, Mabele Rose Vieira e LA

ROVERE, Ana Lúcia Nadalutti: Modelo para Elaboração de Código de Obras e

Edificações IBAM/PROCEL. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Administração

Municipal (IBAM), 1997. 151p.

Page 146: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

132

BARROS, Bruno Xavier da Silva. Análise antropométrica usando fotogrametria digital.

2004. 135 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de

Pernambuco, Recife, 2004.

BARROS, Bruno X. S; TAKAKI, Emika; VILLAROUCO, Vilma: Variáveis

Antropométricas relevantes no projeto de habitações sociais. Pôster em exposição no XIII

Congresso Brasileiro de Ergonomia, Fortaleza, 2004.

BARROS, Emerson de Souza: Aplicação da Lean Construction no setor de edificações: um

estudo multicaso. 137f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade

Federal de Pernambuco, Recife,2005.

BENEVOLO, L. Introdução à Arquitetura : São Paulo, Editora Mestre Jou, 1972.

BOUERI FILHO, José Jorge. Espaço de atividades: Apostila de aula do Curso de

Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo - FAU, Departamento de Tecnologia e Arquitetura, 1999.

________; KENCHIAN, Alexandre; BATTISTUZZI, Renata: Dimensionamento dos

ambientes da habitação. In: II FORUM BRASILEIRO DE ERGONOMIA- I CONGRESSO

BRASILEIRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM ERGONOMIA – XIII CONGRESSO

BRASILEIRO DE ERGONOMIA, 2004, Fortaleza. Anais.. Associação Brasileira de

Ergonomia, 2004. 1 CD-ROM.

________; LOPES, Mª Valéria: Inventario dimensional dos ambientes da habitação dos

manuais de arquitetura. apartamentos: contribuição à ergonomia do Ambiente Construído. In:

II FORUM BRASILEIRO DE ERGONOMIA- I CONGRESSO BRASILEIRO DE

INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM ERGONOMIA – XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE

ERGONOMIA, 2004, Fortaleza. Anais.. Associação Brasileira de Ergonomia, 2004. 1 CD-

ROM.

________; NICHOLL, A.R: Dimensionamento de equipamentos e mobiliários da habitação-

Revista Assentamentos Humanos; v3,n1,pg75-92. Marília-SP, 2001.

Page 147: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

133

CAMARGO, Érica Nogueira de. Desenho e uso do espaço habitável do apartamento

metropolitano na virada do século 21: um olhar sobre o tipo “dois - dormitórios” na cidade

de São Paulo. 2003. 213 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade de São

Paulo – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 2003. Disponível em:

>http://www.teses.usp.br<. Acesso em 10 de agos. de 2005.

CARDIA, Nancy das Graças. A exigência de adaptação ao modo de vida: dimensionamento

de espaços na moradia. In: SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO, 1981, São Paulo. Anais...

São Paulo: IPT, 1981. Disponível em: >http://www.infohab.org.br<. Acesso em 08 set. 2005.

CÍRICO, Luiz Alberto. Por dentro do espaço habitável: uma avaliação ergonômica de

apartamentos e seus reflexos nos usuários. 2001. 140 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia

de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

>http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/5158.pdf<. Acesso em: 10 de mar. de 2001.

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DE BRASÍLIA

LEI Nº 2.105, de 8 de outubro de 1998- Dispõe sobre o Código de Edificações do Distrito

Federal.-publicada no DODF de 09.10.1998. Disponível em:

>http://www.fazenda.df.gov.br/aplicacoes/legislacao/legislacao/Te laSaidaDocumento.cfm?txt

Numero=2105&txtAno=1998&txtTipo=5&txtParte<.

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DE CURITIBA

LEI N° 11.095 de 08 de julho de 2004, Código de Posturas; Portaria de nº024/2002.

Disponível em: >http://www.ippuc.org.br<.

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DE MANAUS

LEI N°671 de 04 de novembro de 2002. Plano Diretor Urbano e Ambiental, estabelece

diretrizes para o desenvolvimento da Cidade e regulamenta o Código de Obras e

Edificações em vigor do Município de Manaus. Disponível em:

>http//www.pmmm.am.gov.br.<

Page 148: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

134

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DO RECIFE

LEI Nº 16.292/97 de Fevereiro de 1997 – Regula as atividades de Edificações e

Instalações, no município do Recife, e dá outras providencias - Publicada no Diário

Oficial do Município de 31 e 01/02/1997.

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DE SÃO PAULO

LEI N°11.228, de 25 de junho de 1992. Regulamentada pelo Decreto n° 32.329 em 23 de

setembro de 1992. Disponível

em>http://www6.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/habitacao/legislacao/codigo_de_obras_e_edi

ficacoes/0002<.

COSTA, Lourival: Discussão sobre a definição dimensional em apartamentos :

contribuição à ergonomia do Ambiente Construído. Dissertação de mestrado- Departamento

de Design –UFPE; Recife, 2005.

________; MARTINS, Laura Bezerra: Reflexões sobre o dimensionamento em apartamentos:

contribuição à ergonomia do Ambiente Construído. In: II FORUM BRASILEIRO DE

ERGONOMIA- I CONGRESSO BRASILEIRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM

ERGONOMIA – XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ERGONOMIA, 2004, Fortaleza.

Anais.. Associação Brasileira de Ergonomia, 2004. 1 CD-ROM.

COSTA, Lourival; MACIEL, Maria Lecticia; Monte, Rosamaria do. “Apertamento”: estudo

ergonômico das dimensões em apartamentos. 2002. 87f. Monografia de Especialização

Ergonomia – Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2002.

FIGUEIREDO, Juliane; MONT’ALVÃO, Cláudia; RIBEIRO, Lúcia;: A ergonomia na

arquitetura, acrescentando conhecimentos no projeto de ambiente construído. Trabalho

apresentado no I Seminário Nacional sobre Ensino e Pesquisa em Projeto de Arquitetura,

PPGAU – UFRN. Natal, 2003. Disponível em: >http://infohab.org.br<. Acesso em 08 de set.

2005.

Page 149: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

135

FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA AOS MUNICÍPIOS DO ESTADO PARANÁ –

FAMEPAR; Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul – SUDESUL; Secretaria

do Estado do Planejamento (PR): Modelo de Código de Obras – FAMEPAR. Curitiba,

1997. 54p.

FOLZ, Rosana Rita. Mobiliário na habitação popular: discussões de alternativas para

melhoria da habitabilidade. São Carlos: RiMa, 2003.

GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia – adaptando o trabalho ao homem: Porto

Alegre: Artes Médicas, 1998.

GROPIUS, Walter. Bauhaus: Nova arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1994.

GUIMARÃES, Lia Buarque de Macedo. Antropometria. In: GUIMARÃES, Lia Buarque de

Macedo. (Ed.). Ergonomia do produto v.1. Porto Alegre: FEENG/UFRGS/EE/PPGEP

(Série Monográfica Ergonomia), 2000-2001.

________: História da Ergonomia. In Ergonomia de Processo v.1. Porto Alegre: Programa

de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFRS, 2000.

IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blücher, 1990.

KLEIN, Alexander. Vivienda mínima. Barcelona, G. Gili, 1980.

LARA, Fernando. (In) disciplina: Considerações sobre a autonomia do Ensino de Projetos. In:

LARA, Fernando; MARQUES, Sônia (Org.). Projetar – desafios e conquistas da pesquisa e

do ensino de projeto. Rio de Janeiro: EVC, 2003.

LE CORBUSIER, 1887-1965; JEANNERET-GRIS, Charles E: Por uma arquitetura.

5 ed. São Paulo. Perspectiva, 1994. 2005p.

Page 150: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

136

LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Prefácio. In: SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de. (Org.) A

promoção privada de habitação econômica e a arquitetura moderna 1930 – 1964. São

Carlos: RiMa, 2002.

________: O que é Arquitetura? São Paulo, 7ª edição, Brasiliense. Coleção Primeiros

Passos, 1994.

________: Alvenaria Burguesa. São Paulo, 2ª edição revista e ampliada, Nobel, 1989.

LIMA, Flávia: Check- List para adequação ergonômica de um ambiente usando estudantes e

profissionais da área de design de interiores. In: VII CONGRESSO LATINO AMERICANO

DE ERGONOMIA – I SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ACESSIBILIDADE INTEGRAL –

XII CONGRESSO BRASILEIRO DE ERGONOMIA, 2002, Recife. Anais... Recife:

Associação Brasileira de Ergonomia, 2002. 1 CD-ROM.

LOUREIRO, Cláudia; AMORIM, Luiz Manuel do Eirado. A moradia dos sonhos – onde e

como morar. Revista Arte e Comunicação, Recife, ano 8, n. 7, p. 131-153, Abril 2002.

MAFRA, Simone Caldas Tavares. Analisando a funcionalidade a partir da afetividade :

um estudo de caso em cozinhas residenciais. 1996. f. Dissertação (Mestrado em Engenharia

de Produção) – Universidade Federal de Santa

Catarina,Florianópolis,1996.>http://www.eps.ufsc.br/disserta96/mafra/index/index.htm<

.Acesso em: 21 de jun. de 2001.

MALARD, Mª Lúcia: Avaliação Pós- Ocupação, participação de usuários na melhoria da

qualidade dos projetos habitacionais: uma abordagem fenomenológica com apoio do Estudo

Virtual de Arquitetura- EVA; FINEP, Minas Gerais, 2002. Coletânea HABITARE.

Disponível em: >http://www.infohab.org.br<. Acesso em 08 set. 2005.

Page 151: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

137

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. São Paulo:

Atlas, 2002.

MARTINS, Laura Bezerra. Ergonomia e ambientes físicos: acessibilidade. Apostila do 2º

Curso de Especialização em Ergonomia. Universidade Federal de Pernambuco. Recife,

2000.

MEDINA, Luciano Lacerda: A legislação de uso e ocupação do solo do Recife como

instrumento de desenho urbano. 153f. Dissertação (Mestrado de Desenvolvimento Urbano-

MDU). Universidade Federal de Pernambuco, Recife,1996.

MORAES, Anamaria de: Ergonomia: Arte, Ciência ou Tecnologia? . Rio de Janeiro: LEUI

Laboratório de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces em Sistemas Humano-Tecnologia,

2000. In: I ENCONTRO PAN-AMERICANO DE ERGONOMIA– X CONGRESSO

BRASILEIRO DE ERGONOMIA, 2000, Rio de Janeiro. Anais... Recife: Associação

Brasileira de Ergonomia, 2000. 1 CD-ROM.

________; MONT’ALVÃO, Cláudia: Ergonomia: Conceitos e Aplicação. Rio de Janeiro: 2º

edição ampliada. Série Oficina. Ed. 2AB, 2000.

________; FRISONI, Bianka Cappuci (2001). Ergodesign: produtos e processos. Rio de

Janeiro: Ed. 2AB

NEUFERT, Ernest: Arte de Projetar em Arquitetura. São Paulo: 4º edição. Ed. G. Gili do

Brasil, 1974.

PANERO, Julius e ZELNIK, Martin Las Dimensiones Humanas en los Especios

Interiores: Estándares Antropométricos. Barcelona: 8º Edição. Ediciones G. Gili, 1998

PORTAS, Nuno. Funções e exigências de áreas da habitação. Lisboa: MOP Laboratório

Nacional de Engenharia Civil, 1969.

REIS FILHO, Nestor Goulard: Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: 7? Edição. Ed.

Perspectiva S.A. 1995.

Page 152: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

138

REIS, Antonio Tarcisio; LAY, Maria Cristina. Tipos arquitetônicos e dimensões dos espaços

da habitação social. Revista Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 2, n. 3, p.7 – 24, Jul./

Set. 2002. Disponível em: >http://www.infohab.org.br<. Acesso em 05 set. 2003.

SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de: A promoção Privada da Habitação Econômica e a

Arquitetura moderna em São Paulo 1930/1964. In: SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de.

(Org.). A promoção privada de habitação econômica e a Arquitetura Moderna 1930 – 1964.

São Carlos: RiMa, 2002.

SILVA, Elvan: Uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre: Ed. da

Universidade/UFRGS, 1998.

SOARES, Marcelo Márcio: Antropometria: dimensionamento da interface homem-máquina:

In: SOARES, Marcelo Márcio. (org.). Antropometria. Apostila do 2º Curso de

Especialização em Ergonomia. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2000.

TOLEDO, Alexandre Márcio: Ventilação natural e conforto térmico em dormitórios :

aspectos bioclimáticos para uma revisão do Codigo de obras e Edificações de Maceió.

Dissertação de mestrado- Porto Alegre, RS. UFRGS, 2001.

________: Ventilação natural dos edifícios residenciais : os Códigos de Edificações

brasileiros em discussão. Artigo técnico. NUTAU. Natal- RN, 2002. Disponível em:

>http://www.infohab.org.br<. Acesso em 05 set. 2003.

VERISSIMO, Francisco Salvador; BITTAR, William Seba Mallmann: 500 anos da casa no

Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.

VILLAROUCO, Vilma Maria: Modelo de Avaliação de Projetos: Enfoque Cognitivo e

Ergonômico. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,

2001.

VILLAROUCO, Vilma Maria. Avaliação ergonômica do projeto arquitetônico: In: VII

CONGRESSO LATINO AMERICANO DE ERGONOMIA – I SEMINÁRIO BRASILEIRO

Page 153: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

139

DE ACESSIBILIDADE INTEGRAL – XII CONGRESSO BRASILEIRO DE

ERGONOMIA, 2002, Recife. Anais... Recife: Associação Brasileira de Ergonomia, 2002a. 1

CD-ROM.

________ Arquitetura ergonomicamente adequada. Boletim da Associação Brasileira de

Ergonomia – ABERGO, Recife, p. 4, Jan/Abril. 2002b.

Page 154: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

140

ANEXOS

Nº DESCRIÇÃO ................................................................................................................PG

3.1 CÓDIGO DE OBRAS DO RECIFE ..........................................................................141

3.2 CÓDIGO DE OBRAS DO DISTRITO FEDERAL...................................................148

3.3 CÓDIGO DE OBRAS DE CURITIBA.......................................................................154

3.4 CÓDIGO DE OBRAS DE MANAUS ........................................................................157

3.5 CÓDIGO DE OBRAS DE SÃO PAULO ...................................................................163

Page 155: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

141

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DO RECIFE

? ALGUNS CAPÍTULOS DA LEI REFERENTES À PESQUISA

SCANEAR PÁG 143

Page 156: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

142

Page 157: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

143

SCANEAR PÁG 144 b

Page 158: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

144

Page 159: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

145

Page 160: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

146

? TABELA DE DIMENSIONAMENTO

Page 161: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

147

Page 162: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

148

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DO DISTRITO FEDERAL

? ALGUNS CAPÍTULOS DA LEI REFERENTES À PESQUISA:

LEI Nº 2.105, DE 8 DE OUTUBRO DE 1998 DODF DE 09.10.1998

(VIDE - Lei nº 2.516, de 31 de dezembro de 1999) (VIDE - Lei n° 3.419 de 4 de agosto de 2004)

(VIDE - Decreto nº 25.441 de 13 de dezembro de 2004) (VIDE - Decreto nº 25.856 de 18 de maio de 2005)

Dispõe sobre o Código de Edificações

do Distrito Federal.

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL. FAÇO SABER QUE A CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CAPÍTULO I DO OBJETO DO CÓDIGO

Art. 1º O Código de Edificações do Distrito Federal disciplina toda e qualquer obra de construção, modificação ou demolição de edificações na área do Distrito Federal, bem como o licenciamento das obras de engenharia e arquitetura. Art. 2º O Código de Edificações do Distrito Federal objetiva estabelecer padrões de qualidade dos espaços edificados que satisfaçam as condições mínimas de segurança, conforto, higiene e saúde dos usuários e demais cidadãos, por meio da determinação de procedimentos administrativos e parâmetros técnicos que serão observados pela administração pública e pelos demais interessados e envolvidos no projeto, na execução de obras e na utilização das edificações. Parágrafo único. Os padrões de qualidade de que trata este artigo serão majorados em benefício do

consumidor e do usuário das edificações, sempre que possível.

x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.

Page 163: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

149

CAPÍTULO III

DOS ASPECTOS GERAIS DAS EDIFICAÇÕES

Seção I Dos Compartimentos

Art. 86. Os compartimentos estarão de acordo com os parâmetros técnicos correspondentes às funções que neles serão desempenhadas, conforme estabelecido nos Anexos I, II e III. Art. 87. As funções referidas no artigo anterior podem ocorrer em ambientes sem compartimentação física, desde que: I - seja apresentado memorial descritivo que relacione os compartimentos ou ambientes; II - seja anotada, no projeto de arquitetura apresentado para aprovação, a possibilidade ou não de compartimentação futura; III - sejam preservados os parâmetros técnicos mínimos exigidos para cada compartimento; IV - a área dos ambientes não compartimentados seja acrescida do percentual de quinze por cento, referente a paredes e circulações horizontais. Parágrafo único. Na hipótese da não compartimentação dos locais destinados a estar e consumo de alimentos ou a preparo de alimentos e serviços de lavagem e limpeza, será exigido apenas o disposto no inciso III. Art. 88. Os compartimentos ou ambientes obedecerão a parâmetros mínimos de: I - área de piso; II - pé-direito; III - vãos de aeração e iluminação; IV - vãos de acesso; V - dimensões de compartimentos e de elementos construtivos. Parágrafo único. Os parâmetros mínimos de dimensionamento são definidos nos Anexos I, II e III. Art. 89. Os compartimentos ou ambientes, conforme sua utilização, são classificados como: I - de permanência prolongada; II - de permanência transitória; III - de utilização especial. Art. 90. Os compartimentos ou ambientes de permanência prolongada são aqueles utilizados para, pelo menos, uma das seguintes funções: I - repouso;

Page 164: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

150

II - estar ou lazer; III - preparo ou consumo de alimentos; IV - trabalho, ensino ou estudo; V - reunião ou recreação; VI - prática de esporte ou exercício físico; VII - tratamento ou recuperação de saúde; VIII - serviços de lavagem e limpeza. Art. 91. Os compartimentos ou ambientes de permanência transitória são aqueles utilizados para, pelo menos, uma das seguintes funções: I - circulação e acesso de pessoas; II - higiene pessoal; III - guarda de veículos. Art. 92. Os compartimentos ou ambientes de utilização especial são aqueles que apresentam características e condições de uso diferenciadas daquelas definidas para os compartimentos ou ambientes de permanência prolongada ou transitória. Parágrafo único. Os parâmetros técnicos dos compartimentos ou ambientes referidos neste artigo são determinados pelas respectivas necessidades funcionais, obedecida a legislação pertinente. Art. 93. As áreas dos compartimentos de unidade domiciliar econômica poderão ter, no mínimo, setenta e cinco por cento das áreas definidas para unidades domiciliares constantes do Anexo I, com exceção de banheiro, lavabo, banheiro e dormitório de empregado. § 1º Para o cálculo da área mínima dos dormitórios, será utilizada a área do primeiro dormitório constante do Anexo I. § 2º As dimensões mínimas dos compartimentos destinados a estar poderão ser reduzidas para dois metros e sessenta centímetros e as de preparo de alimentos, para um metro e sessenta centímetros. § 3° Nas unidades domiciliares econômicas do tipo célula, inseridas em programas governamentais de interesse social, o serviço de lavagem e limpeza poderá constituir-se de, no mínimo, um tanque, sendo dispensada, para esse compartimento, a aplicação do disposto no anexo I, no que se refere à área e à dimensão mínima. (INSERIDO - Lei nº 2.516, de 31 de dezembro de 1999) Art. 94. É admitida a construção de unidade domiciliar denominada apartamento conjugado, desde que a área total dos compartimentos conjugados corresponda ao somatório da área do maior compartimento, acrescida de sessenta por cento da área de cada um dos compartimentos, obedecidos os parâmetros constantes do Anexo I desta Lei. § 1º Para o cálculo da área a que se refere o caput serão consideradas as áreas do primeiro dormitório e do primeiro banheiro, constantes do Anexo I.

Page 165: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

151

§ 2º É vedada a compartimentação física dos ambientes conjugados. Art. 95. Fica facultada a existência de compartimento de utilização coletiva para lavagem de roupas, situado em áreas comuns de habitação coletiva e de habitação coletiva econômica, mantidos os compartimentos da unidade domiciliar especificados no art. 3º, LXIII. Art. 96. O revestimento dos pisos, paredes, tetos e forros dos compartimentos ou ambientes será definido de acordo com a destinação e utilização dos mesmos, conforme estabelecido nos Anexos I, II e III. Art. 97. As circulações horizontais e verticais e os vestíbulos das edificações obedecerão aos parâmetros mínimos de dimensionamento relacionados às funções neles desempenhadas, conforme estabelecido nos Anexos I, II e III. Art. 98. As escadas e rampas de uso comum possuirão corrimão: I - em um dos lados quando a largura for de até um metro e vinte centímetros; II - em ambos os lados quando a largura for superior a um metro e vinte centímetros e inferior a quatro metros; III - duplo intermediário quando a largura for igual ou superior a quatro metros.

? TABELA DE DIMENSIONAMENTO

Page 166: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

152

PARÂMETROS MÍNIMOS

COMPARTIMENTOS OU AMBIENTES

ÁREA m2

DIMEN- SÃO m

AERAÇÃO / ILUMINAÇÃO

PÉ- DIREITO

m

VÃO DE

ACESSO m

REVEST.

PAREDE

REVEST.

PISO

OBSERVAÇÕES

SALA DE ESTAR 12,00 2,85 1/8 2,50 0,80 _ _ DORMITÓRIOS E

COMPARTIMENTOS COM MÚLTIPLAS DENOMINAÇÕES

OU REVERSÍVEIS

1º)10,00

2º) 9,00

demais 8,00

2,40

1/8

2,50

1º) 0,80

demais 0,70

_

_

DORMITÓRIO EMPREGADO

4,00 1,80 1/8 2,50 0,70 _ _ COZINHA 5,00 1,80 1/8 2,50 0,80 lavável lavável

ÁREA DE

SERVIÇO

4,00

1,50

1/10

2,50

0,80

lavável

lavável

_ -quando conjugada com a cozinha não pode aerar e

iluminar quarto e banheiro de empregado.

-sem quarto de empregado

acrescer 25% em sua área.

BANHEIRO

(1º)

_

1,10(*)

1/10(*)

2,25

0,80

lavável

lavável

_ -revestimento das paredes do box- lavável e impermeável

altura mínima = 1,50m.

BANHEIRO

EMPREGADO 1,60 1,00(*) 1/10(*) 2,25 0,60 lavável lavável

LAVABO

1,20

0,80

duto

200mm(*)

2,25

0,60

_

_

DEPÓSITO

OU SÓTÃO

_ _ _ _ _ _ _ _ -de acordo com a finalidade

a que se destina.

CIRCULAÇÃO _ 0,80 _ 2,25 _ _ _ _ -acima de 8m dimensão

mínima igual a 10% do

comprimento. ESCADA

CURVILÍNEA OU RETILÍNEA

_ 1ª) 0,80 _ 2,25 _ _ _ -curvilínea de uso restrito -

no mínimo 0,60m de raio.

ABRIGOS,

VARANDAS, GARAGENS

_ _ _ 2,25 _ _ _

Page 167: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

153

Notas :

1) áreas expressas em metro quadrado; 5) diâmetro do

banheiro é inscrito e livre de quaisquer obstáculos;

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DE CURITIBA

? TABELA DE DIMENSIONAMENTO

Page 168: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

154

? ALGUNS CAPÍTULOS DA LEI REFERENTES À PESQUISA:

Page 169: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

155

SCANEAR PÁG 155

Page 170: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

156

Page 171: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

157

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DE MANAUS

? PARÂMETROS DIMENSIONAIS MÍNIMOS ESTABELECIDOS:

Page 172: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

158

Planejamento urbano-plano diretor- Lei nº672/2002 pag 88 Diário Oficial do Município de Manaus terça-feira, 05 de novembro de 2002.

Art. 51 - Os compartimentos e ambientes

deverão ser posicionados na edificação e dimensionados de forma a proporcionar conforto

ambiental, térmico e acústico, e proteção contra a umidade, obtida pelo adequado

dimensionamento e emprego dos materiais das paredes, cobertura, pavimento e aberturas,

bem como das instalações e equipamentos.

Art. 52 - Os compartimentos das edificações, para os fins deste Código, são classificados

segundo a função preponderante neles exercida, que determinará seu dimensionamento

mínimo e necessidade adequada de ventilação e iluminação.

Art. 53 - Os compartimentos deverão atender aos seguinte itens:

I - salas - área mínima de 9,00m 2 (nove metros quadrados), de tal forma que permita a

inscrição de um círculo de 2,70m (dois metros e setenta centímetros) em qualquer região de

sua área de piso;

II - quartos - área mínima de 9,00m 2 (nove metros quadrados), de tal forma que permita a

inscrição de um círculo de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) em qualquer região de

sua área de piso;

III - quartos de serviços - área mínima de 6,00m 2 (seis metros quadrados) e largura mínima

de 2,00m (dois metros).

IV - cozinhas - área mínima de 6,00m 2 (seis metros quadrados), de modo a permitir a

inscrição de um círculo de 2,00m (dois metros) em qualquer região de sua área de piso;

V - áreas de serviços - área mínima de 3,00m 2 (três metros quadrados), de modo a permitir a

inscrição de um círculo de 1,20m (um metro e vinte centímetros) em qualquer região de sua

área de piso;

Page 173: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

159

VI – banheiros - área mínima de 2,80m 2 (dois metros e oitenta centímetros quadrados), de

modo a permitir a inscrição de um círculo de 1,20m (um metro e vinte centímetros) em

qualquer região de sua área de piso.(Alterado pelo Art. 12º da Lei 751 de 07/01/04, D.O.M. Nº 956)

VII área de serviço área mínima de 2,50 m 2 (dois metros e cinqüenta centímetros

quadrados), de modo a permitir a inscrição de um círculo de 1,20m (um metro e vinte

centímetros) em qualquer região de sua área de piso;

(Incluído pelo Art. 12º da Lei 751 de 07/01/04, D.O.M. Nº 956)

VIII banheiro de serviço área mínima de 2,00m 2 (dois metros quadrados), de modo a

permitir a inscrição de um círculo de 1,00 (um metro) em qualquer região de sua área de piso;

(Incluído pelo Art. 12º da Lei 751 de 07/01/04, D.O.M. Nº 956)

IX lavabo área mínima de 1,30m 2 (um metro e trinta centímetros quadrados), de modo a

permitir a inscrição de um círculo de 1,00m (um metro) em qualquer região de sua área de

piso. (Incluído pelo Art. 12º da Lei 751 de 07/01/04, D.O.M. Nº 956)

X.X.X.X.X.X.X.X.X

? ALGUNS CAPÍTULOS DA LEI REFERENTES À PESQUISA

Page 174: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

160

Page 175: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

161

Page 176: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

162

CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES DE SÃO PAULO

? ALGUNS CAPÍTULOS DA LEI REFERENTES À PESQUISA: Seção 11.1-CLASSIFICAÇÃO E DIMENSIONAMENTO CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES

Page 177: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

163

LEI DECRETO

Seção 11.1-CLASSIFICAÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Seção 11.A - CLASSIFICAÇÃO, DIMENSIONAMENTO E ABERTURAS

Os compartimentos das edificações classificar-se-ão em "GRUPOS", em razão da função exercida, que determinará seu dimensionamento mínimo e a necessidade de aeração e insolação naturais. Ver RESOLUCAO CEUSO 075-95 11.1.1-Classificar-se-ão no "GRUPO A" aqueles destinados a: a) repouso, em edificações destinadas a atividades habitacional ou de prestação de serviços de saúde e de educação; b) estar, em edificações destinadas a atividade habitacional; c) estudo, em edificações destinadas a atividades habitacional ou de prestação de serviços de educação em estabelecimentos de ensino até o nível de segundo grau. 11.1.1.1-Quando situados no volume "Vs", estes compartimentos terão, obrigatoriamente, sua aeração e insolação proporcionadas pelo espaço livre "I". 11.1.1.2-Salvo disposição de caráter mais restritivo constante em legislação específica, o dimensionamento deverá respeitar os mínimos de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) de pé-direito e 5,00m2 (cinco metros quadrados) de área e possibilitar a inscrição de um círculo com 2,00m (dois metros) de diâmetro no plano do piso. 11.1.2-Classificar-se-ão no "GRUPO B" aqueles destinados a: a) repouso, em edificações destinadas a prestação de serviços de hospedagem; b) estudo, em edificações destinadas a prestação de serviços de educação, salvo os estabelecimentos de ensino até o nível de segundo grau; c) trabalho, reunião, espera e prática de exercício físico ou esporte, em edificações em geral. 11.1.2.1-Quando situados no volume "Vs", estes compartimentos terão, preferencialmente, sua aeração e insolação proporcionadas pelo espaço livre "I". Quando voltados unicamente para a faixa livre "A", deverão ter sua aeração e insolação suplementadas por meios artificiais de renovação de ar e iluminação. 11.1.2.2-Salvo disposição de caráter mais restritivo constante em legislação própria, o dimensionamento deverá respeitar o mínimo de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) de pé-direito e possibilitar a inscrição de um círculo com 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros) de diâmetro no plano do piso.

Page 178: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

164

11.1.3-Classificar-se-ão no "GRUPO C" aqueles destinados a: a) depósitos em geral, com área superior a 2,50m2 (dois metros e cinqüenta decímetros quadrados); b) cozinhas, copas e lavanderias. 11.1.3.1-Quando situados no volume "Vs", estes compartimentos poderão ter aeração e insolação proporcionadas apenas pela faixa livre "A". 11.1.3.2-Salvo disposição de caráter mais restritivo constante em legislação própria, o dimensionamento deverá respeitar o mínimo de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) de pé-direito e possibilitar a inscrição de um círculo com 1,20m (um metro e vinte centímetros) de diâmetro no plano do piso. 11.1.4-Classificar-se-ão no "GRUPO D" os compartimentos destinados a ambientes que não necessitam de aeração e insolação naturais. 11.1.4.1-Incluir-se-ão no "GRUPO D" as instalações sanitárias e os vestiários, as áreas de circulação em geral, os depósitos com área igual ou inferior a 2,50m2 (dois metros e cinqüenta decímetros quadrados) e todo e qualquer compartimento que, pela natureza da atividade ali exercida, deva dispor de meios mecânicos e artificiais de ventilação e iluminação. 11.1.4.2-Salvo disposição de caráter mais restritivo constante em legislação própria, o dimensionamento deverá respeitar o mínimo de 2,30m (dois metros e trinta centímetros) de pé-direito e possibilitar a inscrição de um círculo com 0,80m (oitenta centímetros) de diâmetro no plano do piso. 11.1.4.3-Os compartimentos destinados a abrigar equipamentos terão pé-direito compatível com sua função. 11.1.5-Os compartimentos que necessitarem de cuidados higiênicos e sanitários especiais deverão ser dotados de revestimentos adequados à impermeabilidade e resistência à freqüente limpeza. 11.1.6-Os compartimentos destinados a abrigar serviços de lavagem, lubrificação e pintura serão executados de modo a não permitir a dispersão do material em suspensão utilizado no serviço.

? TABELA DE DIMENSIONAMENTO

Page 179: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

165

DIMENSIONAMENTO MÍNIMO

AERAÇÃO E INSOLAÇÃO NO VOLUME

"VS"PORPORCIONADAS POR

ABERTURAS (% DA ÁREA)

(1) GRUPO USO DA

EDIFICA- ÇÃO

COMPAR TIMENTO

Pé direito

(m)

Área (m²)

Conter círculo (0m)

Insolação Ventilação

Habitação Repouso Estar

Estudo

15% e

7,5% e

Saúde Repouso

2,50 5,00 2,00 Espaço

"I" 0,60m² 0,30m²

Educação Repouso

"A"

Educação até 2º. Grau

Estudo

Hospedagem Repouso

Educação exceto 2º

Grau Estudo

"B"

Qualquer uso

Trabalho, reunião, espera

esportes

2,50

------

1,50

Espaço "I" ou Faixa "A"

(2)

15% e mínimo

0,60m²

7,5% e mínimo

0,30m²

"C" Qualquer

uso

Cozinha Copa

Lavanderia Depósito

> 2,50m²

2,50 ------ 1,20 Faixa "A"

10% e mínimo 0,60m²

5% e mínimo 0,30m²

"D" Qualquer

uso

Sanitários Vestiários Circulação Depósitos £ 2,50m²

Outros (3)

2,30 (4)

------ 0,80 Faixa "A"

Ou (5) ------

5% e mínimo 0,30m²

Page 180: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 181: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp009265.pdf · analisar comparativamente as dimensões mínimas estabelecidas pelos Códigos de Obras

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo