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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR
COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR
CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO NORDESTE
Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares
BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO ATMOSFÉRICO
EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE REAPROVEITAMENTO DE
BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS
JOSÉ FERNANDO LOUREIRO NETO
Orientadora: Dra. Eliane Valentim Honorato
Orientador: Dr. Clovis Abrahão Hazin
Recife, PE
Março, 2015
JOSÉ FERNANDO LOUREIRO NETO
BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO
ATMOSFÉRICO EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE
REAPROVEITAMENTO DE BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Tecnologias Energéticas e
Nucleares como requisito para obtenção do
título de Mestre em Ciências, Área de
Concentração: Dosimetria e Instrumentação
Nuclear.
Orientadora: Dra. Eliane Valentim Honorato
Orientador: Dr. Clovis Abrahão Hazin
Recife, PE
Março, 2015
Catalogação na fonte
Bibliotecária Margareth Malta, CRB-4 / 1198
L892b Loureiro Neto, José Fernando.
Biomonitoração da presença de chumbo atmosférico em decorrência de
atividades de reaproveitamento de baterias chumbo-ácidas / José Fernando
Loureiro Neto. - Recife: O Autor, 2015.
50 folhas, il., gráfs., tabs.
Orientadora: Profa. Dra. Eliane Valentim Honorato.
Coorientador: Prof. Dr. Clovis Abrahão Hazin.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.
Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares -
PROTEN, 2015.
Inclui Referências.
1. Energia Nuclear. 2. Biomonitoração. 3. Chumbo. 4. Tillandsia. 5.
Belo Jardim. I. Honorato, Eliane Valentim. (Orientadora). II. Hazin,
Clovis Abrahão. (Coorientador). III. Título.
UFPE
612.01448 CDD (22. ed.) BCTG/2015-159
BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO
ATMOSFÉRICO EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE
REAPROVEITAMENTO DE BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS
José Fernando Loureiro Neto
APROVADA EM: 13.03.2015
ORIENTADORA: Profa. Dra. Eliane Valentim Honorato
ORIENTADOR: Prof. Dr. Clovis Abrahão Hazin
COMISSÃO EXAMINADORA:
___________________________________________________
Prof. Dr. Rômulo Simões Cezar Menezes – DEN/UFPE
___________________________________________________
Dr. Patrícia Brandão da Silveira - (CRCN-NE/CNEN)
___________________________________________________
Prof. Dr. Elvis Joacir de França – CRCN-NE/CNEN
Visto e permitida a impressão
____________________________________
Coordenador(a) do PROTEN/DEN/UFPE
Um passo à frente e você não
está mais no mesmo lugar.
Chico Science
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Clarissa Pessoa, pelo apoio e presença em minha vida.
Aos meus irmãos e família.
À Dra. Eliane Valentim Honorato pela orientação desta dissertação.
Aos amigos da SEMAMB, Thiago, Fernanda, Adriana, Amanda, Raphael, Emerson,
Paulo, Fábio, Elvis, entre tantos outros pelos momentos de descontração e ajuda.
Ao Colégio Rosa Gattorno pela concessão da licença.
A Secretaria do PROTEN.
A CAPES pela concessão da bolsa.
A todos os professores que ajudaram a ampliar o meu conhecimento.
BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO ATMOSFÉRICO
EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE REAPROVEITAMENTO DE
BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS
Orientação: Dra. Eliane Valentim Honorato
Orientação: Dr. Clovis Abrahão Hazin
Resumo
A emissão de poluentes atmosféricos, decorrente do crescimento industrial, tem acarretado degradações ambientais que afetam a saúde e a qualidade de vida das pessoas. Nas últimas décadas, tem-se observado um aumento gradativo da preocupação, em diversos setores da sociedade, com a poluição atmosférica. A indústria de reciclagem de baterias chumbo-ácidas é um exemplo de atividade antrópica potencialmente poluidora. Dentro deste contexto, a utilização de organismos vivos como ferramentas da avaliação da qualidade do ar (biomonitores) tem despertado grande interesse pelo baixo custo na sua utilização e a possibilidade de monitorar a presença de poluentes em longos intervalos de tempo bem como a monitoração de vários locais, simultaneamente. No presente trabalho, Tillandsia recurvata L., uma bromélia epífita, foi usada como biomonitor de poluição atmosférica por chumbo (Pb) em Belo Jardim, Pernambuco, tendo em vista que este município se destaca como polo industrial de reciclagem de baterias chumbo-ácidas, processo que oferece riscos de contaminação ambiental para as regiões externas da área de produção. As amostras de Tillandsia recurvata L. foram coletadas em um local considerado não poluído e foram expostas por períodos de aproximadamente três meses em cinco pontos distintos do município ao longo de um ano, a fim de avaliar a concentração de chumbo atmosférico. Após a exposição, as concentrações de chumbo foram determinadas pela técnica de espectrometria de massa por plasma indutivo (ICP-MS). Os resultados obtidos indicam um expressivo aumento nas concentrações deste analito em áreas próximas a uma recicladora informal das baterias chumbo-ácidas em relação a outras localidades da região. Palavras-chave: Biomonitoração; Chumbo; Tillandsia, Belo Jardim.
BIOMONITORAÇÃO DA PRESENÇA DE CHUMBO ATMOSFÉRICO
EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADES DE REAPROVEITAMENTO DE
BATERIAS CHUMBO-ÁCIDAS
Adviser: Dra. Eliane Valentim Honorato
Adviser: Dr. Clovis Abrahão Hazin
Abstract
The emission of atmospheric pollutants, due to the industrial growth has caused environmental degradation that affects the health and quality of life. In recent decades, it has seen a gradual increase of concern in various sectors of society, to air pollution. The recycling of lead-acid battery industry is an example of potentially polluting human activity. Within this context, the use of living organisms as tools of the assessment air quality (biomonitors) has attracted great interest due low cost in use and the ability to monitor the presence of pollutants over long time intervals and monitoring of various sites simultaneously. In this study, Tillandsia recurvata L., an epiphyte bromeliad, was used as biomonitor air pollution by lead (Pb) in Belo Jardim, Pernambuco, considering that this city stands out as an industrial hub of recycling lead-acid batteries, process offering environmental contamination risks to the external regions of the production area. Samples Tillandsia recurvata L. were collected at a local considered non-polluted and exposed for periods of about three months at five different points along the municipality a year in order to assess the concentration of atmospheric lead. After exposure, lead concentrations were determined by mass spectrometry by inductively coupled plasma (ICP-MS). The results indicate a significant increase in the concentrations of this analyte in areas near an informal recycling of lead-acid batteries compared to other locations in the region. Keywords: Biomonitoring; Lead; Tillandsia; Belo Jardim.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Exemplar de Tillandsia recurvata L 22
Figura 2 – Tillandsia recurvata L. em seu ambiente natural, Gravatá - PE 23
Figura 3 – Fases de desenvolvimento de Tillandsia recurvata L. (A) Planta jovem com dois
pares de folhas. (B) Planta juvenil com quatro brotos laterais. (C) Planta adulta
apresentando quatro ramos bem desenvolvidos. (D) Ramo floral de uma planta. (E)
Ramo com capsula de sementes. Em D e E outros ramos da planta inteira foram
omitidos. 24
Figura 4 – Detalhe da célula escudo de Tillandsia 26
Figura 5 – Diagrama esquemático do ICP-MS. 29
Figura 6 - Localização do município de Belo Jardim – PE. 30
Figura 7 – Bolsa de náilon contendo o biomonitor Tillandsia recurvata L 31
Figura 8 – Figura 8: Distribuição dos biomonitores no município de Belo Jardim. (1)
Fundição informal de baterias; (2) Fundição formal de baterias; (3) Barragem
Pedro Moura; (4) IFPE – Campus Belo Jardim e (5) Fazenda Escola IFPE –
Campus Belo Jardim. 32
Figura 9 – Concentração média (mg.kg-1) de chumbo acumulada em Tillandsia recurvata L.
em Belo Jardim - 37
Figura 10: Enriquecimento em concentração de chumbo nas plantas de Tillandsia recurvata
L. 38
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classificação dos poluentes atmosféricos 14
Tabela 2 – Composição média de uma bateria chumbo-ácida 17
Tabela 3 – Principais poluentes atmosféricos da reciclagem de baterias chumbo-ácidas (g.kg-1
de chumbo refinado). . 17
Tabela 4 – Concentração de chumbo obtido para o material de referência IAEA – 336
LICHEN 35
Tabela 5 – Concentração de chumbo (mg.kg-1) (µ ± SD) em Tillandsia recurvata L. dispostas
no município de Belo Jardim – PE e submetidas a diferentes períodos de
exposição 35
Sumário
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 13
2.1. Poluição Atmosférica .............................................................................................. 13
2.2. Reciclagem de Bateria ............................................................................................ 16
2.3. Biomonitoração ....................................................................................................... 19
2.4. Tillandsia como monitor ambiental ...................................................................... 20
2.4.1. Tillandsia recurvata L. ........................................................................................ 21
2.4.2. Biologia de Tillandsia L. ..................................................................................... 25
2.5. Método de Análise Quantitativo ............................................................................ 26
2.5.1. Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado .................. 27
3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 30
3.1 Município de Belo Jardim .................................................................................. 30
3.2 Coleta e preparação dos biomonitores ............................................................. 31
3.3 Estudo do acúmulo de elementos na espécie biomonitora .............................. 32
3.4 Análise por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado 33
3.5 Cálculo da concentração de enriquecimento (RCE): ....................................... 33
3.6 Análise Estatística ............................................................................................... 34
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 35
4.1 Análise por ICP-MS do Material de Referência IAEA – 336 LICHEN. ....... 35
4.2 Análise das amostras por ICP-MS .................................................................... 35
5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42
11
1. INTRODUÇÃO
O crescimento industrial e o aumento populacional têm acarretado degradações
ambientais que afetam a saúde e a qualidade de vida das pessoas (HARRISON et al., 1997;
PANDEY et al., 1998). A emissão de poluentes, decorrentes exatamente deste crescimento
industrial e populacional interferem nos ciclos da natureza, contaminando o ar, os recursos
hídricos, o solo e a biota.
Nas últimas décadas, tem-se observado um aumento gradativo da preocupação, em
diversos setores da sociedade, com a poluição atmosférica. Estudos apontam esta poluição
como um grave problema ambiental e de saúde pública, principalmente no começo do século
XX (BRAGA et al., 2007; DA CUNHA et al., 2007; GODOI et al., 2010).
A indústria de reciclagem de baterias chumbo-ácidas é um exemplo de atividade
antrópica potencialmente poluidora, devido à presença de ácido e metais contidos nas
baterias, à emissão de gases e particulados decorrentes do próprio processo de produção, e
ainda pela escória resultante da reciclagem.
O município de Belo Jardim - PE, localizado no agreste nordestino, distante 186 km
da capital estadual, Recife, destaca-se como um importante polo industrial de produção e
reciclagem de baterias chumbo-ácidas. A produção deste tipo de bateria utiliza como matéria
prima o chumbo na forma inorgânica, uma substância de elevada toxicidade, o que evidencia
a importância do controle das escórias geradas (OLGA, 2003). Além disso, atividades de
reaproveitamento de baterias chumbo-ácidas realizadas pela população local que processam o
chumbo decorrente do reaproveitamento de baterias sem obediência as normas legais podem
contribuir para o aumento da dispersão deste e de outros metais no ambiente.
Segundo Smodiš & Bleise (2002), existem duas formas de monitoração da qualidade
do ar: (1) pela coleta de material particulado em suspensão, precipitação e deposição
atmosférica total, ou (2) pelo uso de biomonitores adequados. Os biomonitores apresentam
muitas vantagens em comparação ao uso de instrumentos convencionalmente utilizados,
como baixo custo, a possibilidade de integrar poluentes em intervalos de tempo maiores e
monitoração de vários locais, simultaneamente (FIGUEIREDO et al., 2001). As plantas
epífitas, por exemplo, são eficientes biomonitores de poluição atmosférica, visto que muitas
espécies retiram seus nutrientes da atmosfera (FIGUEIREDO et al., 2001; BRIGHIGNA et
al., 2002).
12
Espécies do gênero Tillandsia são muito comuns no Hemisfério Sul e têm sido
frequentemente usadas para biomonitoração de metais traço atmosférico por serem
considerados um adequado bioindicador devido as suas caracteristicas fisiológicas. Estas
espécies possuem metabolismo ácido das Crassuláceas e apresentam hábito epifitico (sem
contato com o solo), absorvendo seus nutrientes diretamente da atmosfera por deposição seca
ou úmida (VIANNA et al., 2010).
Assim, o presente projeto tem como objetivo a avaliação da concentração de chumbo
no ar associada ao processo de reciclagem de baterias chumbo-ácidas no município de Belo
Jardim – PE, utilizando a espécie Tillandsia recurvata L. (Bromeliaceae) como biomonitor.
Trata-se do primeiro trabalho de biomonitoração ativa da dispersão de elementos químicos
associada à reciclagem de baterias no Estado de Pernambuco.
13
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Poluição Atmosférica
Uma grande quantidade de substâncias residuais, efluentes e energia são introduzidas
no meio ambiente através de várias fontes (AKINOLA & EKIYOYO, 2006). Diversas
substâncias químicas são lançadas na atmosfera de forma contínua, alterando com o passar do
tempo a sua composição inicial e, por consequência, comprometendo a qualidade do ar
(ALENCAR, 2008). Segundo Raven et al. (1995), a poluição atmosférica consiste na
presença de gases, líquidos ou sólidos na atmosfera em níveis bastante significativos, de
forma a causar dano ao ser humano, animais, plantas, micro-organismos e materiais.
Desde a revolução industrial, em meados do século XVIII, os níveis de poluição
atmosférica vêm aumentando de forma significativa. Aliado ao progresso, o crescimento
populacional, a urbanização e o aumento da frota de veículos automotivos, tem-se observado
também um progressivo aumento na taxa de emissões de poluentes atmosféricos (GODOI et
al., 2010). Estudos têm apontado esta poluição como um grave problema de saúde pública,
com o aumento da incidência de doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer,
principalmente no começo do século XX (BRAGA et al., 2007), além do impacto sobre o
meio ambiente (DA CUNHA et al., 2007; GODOI et al., 2010).
Os processos de industrialização e urbanização, ocorridos com maior intensidade a
partir do século XX, são os principais responsáveis pelo aumento da poluição do ar. A queima
de combustíveis fósseis e atividades industriais geram materiais particulados e diversos
poluentes atmosféricos como ozônio, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e dióxidos
de enxofre, que podem impactar a qualidade de vida da população, principalmente o sistema
respiratório, devido à inalação destes poluentes (BRAGA et al., 2007; CASTRO et al., 2007;
CANSARAN-DUMAN, 2011).
Os poluentes atmosféricos são classificados em função de sua origem, estado físico e
classe química (ASSUNÇÃO, 1998) (Tabela 1). Em função do seu estado físico eles podem
ser classificados em dois grandes grupos: material particulado e vapores e gases. Quanto à
classe química, os poluentes atmosféricos classificam-se como poluentes orgânicos e
inorgânicos. E quanto a sua origem os poluentes dividem-se em primários e secundários. Os
poluentes primários são aqueles emitidos diretamente pelas fontes geradoras na atmosfera.
Fazem parte deste grupo os materiais particulados, dióxido de enxofre, monóxido de carbono,
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óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. Poluentes secundários, por sua vez, são aqueles
produzidos através de reações químicas entre poluentes primários e componentes
atmosféricos normais. O ozônio e o trióxido de enxofre são exemplos de poluentes
secundários.
Tabela 1: Classificação dos poluentes atmosféricos.
Classificação Exemplos
Material Particulado Poeiras, fumos, fumaça, névoas.
Gases e Vapores CO, CO2, SO2, O3, NOX, HC*, NH3, Cl, H2S.
Poluentes primários CO, SO2, Cl, NH3, H2S, CH4, mercaptanas.
Poluentes secundários O3, aldeídos, sulfatos, ácidos orgânicos, nitratos orgânicos.
Poluentes orgânicos HC, aldeídos, ácidos orgânicos, nitratos orgânicos, partículas
orgânicas.
Poluentes inorgânicos CO, CO2, Cl, SO2, NOX, poeira mineral, névoas ácidas e
alcalinas.
Compostos de enxofre SO2, SO3, H2S, sulfatos.
Compostos nitrogenados NO, NO2, HNO3, NH3, nitratos.
Carbonados orgânicos HC, aldeídos, álcoois.
Compostos halogenados HCl, HF, CFC**, cloretos, fluoretos.
Óxidos de carbono CO, CO2.
*: Hidrocarbonetos; **: Clorofluorcarbono.
Fonte: ASSUNÇÃO (1998)
O material particulado é caracterizado como material em suspensão formado por uma
combinação de fração sólida e/ou líquida no ar (LANDSBERGER & BIEGALSK, 1995).
Além disso, Vasconcelos (1996) define o material particulado como sendo qualquer
substância, exceto água pura, que existe no estado sólido ou líquido na atmosfera, que, sob
condições normais, possui dimensões microscópicas a submicroscópicas, porém maior que as
dimensões moleculares.
Segundo a classificação citada por Assunção (1998), o chumbo enquadra-se na
categoria de material particulado, sendo um tipo de fumo. O fumo é caracterizado como
partículas sólidas formadas por condensação ou sublimação de substâncias gasosas originadas
da vaporização/sublimação de sólidos. As partículas formadas são de pequeno tamanho, em
15
geral de formato mais esférico. Os fumos metálicos (chumbo, zinco, alumínio, etc.) e fumos
de cloreto de amônia são alguns exemplos.
As partículas em suspensão causam perturbação ao ambiente, como danos aos vegetais
e danos às construções, pois, antes de serem removidas por mecanismos de depuração,
permanecem por longos períodos na atmosfera, por apresentarem espécies químicas tóxicas
em sua superfície, como metais pesados e compostos orgânicos de baixa pressão de vapor.
Portanto, as partículas, além de poluentes, atuam como veículo de disseminação de outros
poluentes, em provável efeito sinérgico (MELO, 1997). Os metais tóxicos também podem se
associar ao material particulado atmosférico, podendo ser absorvidos nos tecidos pulmonares
durante a respiração sendo, portanto, nocivos à saúde. (QUITERIO et al., 2004). Dessa forma,
os metais interferem nas funções biológicas, afetando o desenvolvimento normal e o
crescimento de tecidos do corpo, bem como seu adequado funcionamento (MOHANRAJ et
al., 2004; MAGALHÃES, 2005).
A emissão dos poluentes atmosféricos pode ocorrer por agentes naturais ou
antropogênicos. Como exemplos de fontes naturais de poluentes atmosféricos temos as
emissões de gases provocadas por erupções vulcânicas, pela decomposição de vegetais e
animais, ressuspensão de poeira do solo pelos ventos, a formação de gás metano em pântanos,
os aerosóis marinhos, a formação de ozônio devido a descargas elétricas na atmosfera, os
incêndios naturais em florestas e os pólens de plantas (MAGALHÃES, 2005).
São exemplos de fontes antropogênicas de poluentes atmosféricos a queima de
combustíveis tais como etanol, gasolina, diesel ou qualquer outro tipo de combustível,
queimadas na agricultura, incineração de lixo, poeiras fugitivas e diferentes processos e
operações industriais (MAGALHÃES, 2005).
Além da inalação da poluição atmosférica, os seres humanos também podem ser
expostos a estes poluentes através da contaminação de alimentos e água (BARBOSA JR et
al., 2005) sendo então absorvidos pela via gastrointestinal, além dos resíduos de atividades
industriais, como as geradas pela reciclagem de metais e indústrias de baterias. As emissões
atmosféricas, provenientes de fundições de metais, indústrias químicas e fábricas de baterias
automotivas, são as principais fontes de contaminação do ambiente pelo chumbo
(FERNANDES et al., 2011).
16
2.2. Reciclagem de Bateria
A indústria de baterias chumbo-ácidas e a reciclagem de tais baterias são responsáveis
pela emissão de diversos metais (principalmente o chumbo) durante o seu processamento em
fundições, no qual ocorre a emissão de gases tóxicos à atmosfera, principalmente quando não
se utilizam filtros de ar durante o processo. Estes gases podem provocar a contaminação do
ar, solo e corpos d'água.
No Brasil, apesar do chumbo ter sido retirado da gasolina e a maioria das minas de
explotação ter sido desativada, boa parte da contaminação ambiental causada por este metal
continua a ser mantida através do grande número de pequenas indústrias informais de
reciclagem de baterias que, geralmente, funcionam próximas a residências, constituindo-se
em uma fonte de exposição para áreas urbanas. Além disso, a maioria dos operários destas
indústrias trabalha irregularmente, de modo que a magnitude do problema não se encontra
documentada (MINOZZO et al. 2008).
O crescimento da economia mundial nos últimos anos tem provocado uma demanda
por bens de consumo, razão pela qual tem aumentado a capacidade produtiva das indústrias e,
consequentemente, a necessidade de matérias primas. A indústria automobilística brasileira
tem crescido significativamente, aumentando assim a demanda por baterias tipo chumbo-
ácida, para alimentação dos sistemas elétricos.
As indústrias de reciclagem de baterias chumbo-ácidas são potencialmente poluidoras,
devido à presença de ácido e metais nas baterias (Tabela 2), pela emissão de gases e
particulados decorrentes do próprio processo de produção (Tabela 3), e ainda pelo resíduo
(escória) resultante da reciclagem (MATOS & FERREIRA, 2007).
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Tabela 2: Composição média de uma bateria chumbo-ácida.
Componentes Massa (%)
Chumbo 61,2
Água 13,3
Ácido sulfúrico puro 9,6
Caixa de polipropileno 8,2
Grelha metálica (Sb, Sn, As) 2,1
Polietileno (separadores) 2,0
Conexões (Cu) 0,3
Outros materiais (plásticos, papel, madeira, PVC) 3,3
Fonte: JOLLY & RHIN (1994); BRITO (2008).
Tabela 3: Principais poluentes atmosféricos da reciclagem de baterias chumbo-ácidas (g.kg-1 de
chumbo refinado).
Poluentes atmosféricos g/kg
Emissão fugitiva1 de H2SO4 Não determinado
Emissão fugitiva de Pb Não determinado
Pb 0,027
Particulados 0,48
Óxidos de nitrogênio (NOX) 2,15
Dióxidos de enxofre (SO2) 4,2
Monóxido de carbono (CO) 0,005
Dióxido de carbono (CO2) 604,5
Fonte: SALOMONE et al. (2005)
Todavia, para o ambiente, a reciclagem ainda é mais viável que a explotação. Os
problemas ambientais ligados ao processo de reciclagem podem ser minimizados por
neutralização dos ácidos, deposição da escória em aterro industrial, e escolha adequada de
filtros para retenção de gases e particulados. Já para explotação do metal, os problemas
ambientais são maiores e muitas vezes sem reversão, e com alto custo de produção (MATOS
& FERREIRA, 2007).
1Emissões fugitivas são as emissões de gases ou vapores de equipamentos sob pressão que ocorrem devido a vazamentos e outras libertações involuntárias ou irregular de gases, principalmente a partir das atividades industriais. São emissões de difícil controle que afetam não só a qualidade do ar local, como podem em certos casos por em perigo trabalhadores e instalações.
18
As baterias automotivas são normalmente do tipo chumbo-ácido, o que as classifica
como produto de elevado risco ambiental. Se descartadas inadequadamente, estas baterias
poderão acarretar efeitos negativos sobre os seres vivos em geral, devido à sua toxidez e seu
efeito acumulativo no organismo. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA,
através da Resolução N° 401/2008, trata da questão relacionada com o descarte de pilhas e
baterias usadas e de sua disposição final.
A escória, gerada durante o processo de reciclagem de baterias automotivas, se
descartada aleatoriamente no ambiente, provoca a precipitação, a adsorção e o transporte dos
vários elementos que compõe a escória, principalmente o chumbo. Cada compartimento do
ecossistema possui uma capacidade adsortiva própria e, uma vez ultrapassada, o metal fica
potencialmente disponível para ser absorvido pelas cadeias alimentares (FERNANDES, et al.,
2011).
A contaminação do ambiente pelo chumbo tem origem, principalmente, nas emissões
atmosféricas provenientes de fundições de metais, fábricas de baterias automotivas e
indústrias químicas (principalmente quando não utilizam filtros de ar durante o processo
industrial). O ar é o principal meio de transporte e distribuição desse metal, não sendo,
entretanto, menos importantes as contaminações decorrentes dos insumos agrícolas ou
deposições de rejeitos industriais (escórias) com altas concentrações deste elemento
(FERNANDES et al., 2011).
O processo de reciclagem do chumbo de baterias automotivas passa por quatro
estágios: trituração e separação do plástico, fusão do chumbo em forno rotativo, com a
posterior separação e destinação da escória de fundição e o refino do chumbo. Como
subprodutos do processo obtêm-se uma solução eletrolítica que deve ser tratada em uma
estação de tratamento de efluentes (ETE), a escória de fundição gerada deve ser armazenada
em um aterro de resíduos perigosos controlado e os particulados geralmente são armazenados
em um baghouse2 e reutilizados no processo devido à sua alta concentração de chumbo.
No processo de reciclagem de baterias, existem duas linhas categóricas de produção: a
formal, que segue às normas legais, e as informais, que não estão comprometidas com a
legislação vigente. As recicladoras informais apresentam instalações precárias, não possuem
planejamento ou cuidados com a purificação do ar, geralmente são encontradas próximas às
cidades e lançam suas escórias nas suas proximidades. Dessa forma, estas recicladoras
2 Baghouse: nome genérico para Equipamento de Controle de Poluição Atmosférica que é projetado para o uso de filtros, na captura de poeiras, separação e processo de filtragem.
19
informais são fontes de emissão de chumbo e outros metais para o ambiente externo e
representam um grande risco para a população local (QUITERIO et al., 2006).
2.3. Biomonitoração
O aumento progressivo nas emissões de metais no ambiente, principalmente em
decorrência das atividades humanas, tem despertado o interesse da sociedade como
consequência dos malefícios que esses poluentes ocasionam aos ecossistemas e à saúde
humana. A ocorrência de regiões com elevadas concentrações de tais elementos, no Brasil,
torna-se cada vez mais frequente e preocupante (ALVES et al., 2008).
Para a avaliação da poluição atmosférica, os métodos físico-químicos convencionais
como amostragem de ar e análise de particulado, amostragem de água de chuva e análise do
elemento poluidor, entre outros, requerem custos elevados de implantação, operação e
manutenção. Diante disto, o uso de organismos vivos como biomonitores de poluição
atmosférica tem sido uma alternativa bastante utilizada na literatura internacional
(ALENCAR, 2008).
Em meados do século passado, iniciou-se o processo de utilização de organismos
vivos como método auxiliar de detecção de alterações na qualidade do ambiente, denominado
de biomonitoramento, que se constitui em método experimental indireto de verificação da
presença de poluentes numa determinada área. Os organismos vivos utilizados são conhecidos
como biomonitores, e respondem ao estresse a que se encontram submetidos por
modificações nos seus ciclos vitais ou pela acumulação de poluentes (GARTY, KLOOG &
COHEN, 1998; CARRERAS & PIGNATA, 2001; CARNEIRO, 2004; CARNEIRO &
TAKAYANAGUI, 2009).
A informação do biomonitor, utilizando-se plantas ou animais, por exemplo, é
comumente deduzida através de mudanças no seu comportamento (composição das espécies
e/ou riqueza, resposta fisiológica ou ecológica, morfologia) ou das concentrações de
substâncias especificas nos tecidos (SZCZEPANIAK & BIZIUK, 2003). Aliado a uma
seleção adequada dos organismos a serem utilizados como biomonitores, a grande vantagem
do biomonitoramento está relacionada, principalmente, com a ocorrência permanente e
comum do organismo no campo, mesmo em áreas remotas, a facilidade de amostragem, e a
ausência de qualquer equipamento técnico de custo elevado necessário à realização da
monitoração (WOLTERBEEK, 2002).
20
Os biomonitores podem ser utilizados de forma passiva, quando já habitam a área de
estudo; ou em método ativo, quando são introduzidos de forma controlada no ambiente a ser
investigado (DOMINGOS et al., 1998; SILVA et al., 2000; SUMITA et al., 2003; SMODIŠ
et al., 2004).
Os liquens, os musgos e certas plantas superiores, destacam-se dentre os organismos
utilizados como bioindicadores. No caso de plantas superiores, estas podem apresentar
alterações típicas nas folhas, perdas foliares, redução de crescimento, alterações nos padrões
de floração, ou ainda, alterações na frequência e abundância de populações quando expostas a
poluentes atmosféricos (CARNEIRO & TAKAYANAGUI, 2009).
2.4. Tillandsia como monitor ambiental
As plantas epífitas apresentam-se como excelentes ferramentas para a biomonitoração
da contaminação atmosférica. Por obterem minerais e nutrientes do ar e não de um substrato,
pode-se afirmar que os elementos acumulados nesses organismos refletem a composição
atmosférica local (FIGUEIREDO et al., 2001; BRIGHIGNA et al., 2002; WOLTERBEEK,
2002; ELIAS et al., 2006; FONSECA et al., 2007; CARNEIRO & TAKAYANAGUI, 2009;
GARCÍA et al., 2009; SANTOS, 2011). Essa característica favorece a utilização desses
organismos como uma ferramenta de baixo custo para a avaliação da deposição atmosférica
de elementos traços em vários países.
Malm et al. (1998) utilizaram Tillandsia usneoides para avaliar os níveis de mercúrio
em um local de comércio de ouro na Amazônia. As concentrações desse elemento
encontradas nos transplantes foram elevadas, atingindo valores até 300 vezes maiores do que
das amostras controle. Esta espécie também foi empregada como monitora da contaminação
atmosférica de mercúrio oriundo de indústrias no Rio de Janeiro (CALASANS & MALM,
1997), e na avaliação de ocorrência de alterações no padrão de contaminantes presentes na
atmosfera de uma região da Flórida, EUA, em um intervalo de 24 anos (HUSK et al., 2004).
Os resultados obtidos mostraram que as concentrações de Ca, Mg, K e Cu diminuíram nesses
organismos, enquanto a concentração de Fe aumentou.
Pignata et al. (2002) utilizaram T. capillaris na avaliação da qualidade do ar na cidade
de Córdoba, Argentina, a fim de verificar tanto suas respostas fisiológicas quanto sua
capacidade de acumular metais pesados em seus tecidos. Bedregal et al. (2009) utilizaram T.
capillaris para a monitoração da qualidade do ar na cidade de Lima, no Peru, e identificaram
21
que as principais fontes de poluição eram as atividades industriais e o trânsito de veículos.
Carreras et al. (2009) verificaram uma relação entre o número de casos de problemas
respiratórios em crianças e o teor de metais acumulados em Tillandsia capillaris.
Brighigna et al. (1997) utilizaram uma espécie de Tillandsia para avaliar a poluição
causada pelo tráfego de veículos na capital da Costa Rica, por meio da quantificação dos
metais Pb, Cu, Cd, nesses organismos. Empregando duas espécies de Tillandsia (Tillandsia
caput-medusae e T. bulbosa), Brighigna et al. (2002) realizaram a monitoração de
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos na cidade de Florença, Itália.
Bermudez et al. (2008) avaliaram a capacidade de bioacumulação e a resposta aos
poluentes de três espécies de Tillandsia e uma de líquen, em três tipos de ambiente, na
Argentina: rural, urbano e industrial. A espécie que se mostrou mais eficiente em acumular
metais pesados foi Tillandsia recurvata L.
Os estudos citados anteriormente, portanto, confirmam a expressiva utilização de
plantas do gênero Tillandsia na monitoração da contaminação atmosférica.
2.4.1. Tillandsia recurvata L.
Tillandsia recurvata L. (Figura 1) é uma bromélia epífita cujas raízes são reduzidas ou
estão ausentes, apresentando apenas a função de fixação da planta ao substrato (árvores, fios
de eletricidade, telhados, rochas, dentre outros), não desempenhando o papel absortivo,
característico de plantas terrestres ou parasitas. Elas possuem forma de crescimento altamente
especializada, com escamas epidérmicas foliares capazes de absorver água e nutrientes
diretamente da atmosfera (MANETTI et al., 2009).
22
Figura 1: Exemplar de Tillandsia recurvata L.
Fonte: PATRICK et al. (1995) apud SANTOS (2011)
A T. recurvata L. é uma planta epífita que apresenta folhas recurvadas, com 3 a 6 cm
de comprimento, cujas margens são lisas, geralmente de cor cinza. Inflorescência com 1,2 a
1,5 cm, com até três floras; flores com cerca de 0,8 cm de comprimento, subséssil; três
sépalas soldadas na base, três pétalas livres com três estames, carpelo com 1 cm de
comprimento, estigma menor que 0,1 cm de comprimento e ovário ínfero. É uma planta
nativa, ocorrendo do sudeste dos Estados Unidos da América (EUA) até a Argentina.
Aproxima-se taxonomicamente de T. streptocarpa, mas pode ser separada pelo porte menor,
enquanto que de T. loliacea se separa pelas folhas recurvadas (MACIEL, 2009).
A Tillandsia recurvata L. é também chamada de “musgo bola”, por causa do hábito
que esta espécie tem de se enrolar em torno do local onde se fixa, dando assim uma aparência
de bola (Figura 2).
23
Figura 2: Tillandsia recurvata L. em seu ambiente natural, Gravatá - PE.
Fonte: Autor (2014)
A sequência de desenvolvimento (Figura 3) da T. recurvata L. segue o padrão típico
de crescimento e desenvolvimento em seu habitat natural. A germinação das sementes ocorre
imediatamente após a semeadura. As plantas jovens de Tillandsia têm dois pares de folhas
que se desenvolvem ao longo de um eixo primário. A dominância apical é fracamente
observada nesta fase, e logo surgem os brotos laterais, a partir do eixo primário, conferindo
um padrão de ramificação. O surgimento da forma adulta é caracterizado pelo crescimento
dos brotos laterais, cada um deles constituído de quatro pares de folhas (MERCIER &
ENDRES, 1999).
24
Figura 3: Fases de desenvolvimento de Tillandsia recurvata L. (A) Planta jovem com dois pares
de folhas. (B) Planta juvenil com quatro brotos laterais. (C) Planta adulta apresentando quatro
ramos bem desenvolvidos. (D) Ramo floral de uma planta. (E) Ramo com capsula de sementes.
Em D e E outros ramos da planta inteira foram omitidos.
Fonte: MECIER & ENDRES (1999)
Em geral, as bromélias do gênero Tillandsia iniciam a floração cinco a oito anos após
a fase de plântulas. O desenvolvimento das cápsulas de sementes é acompanhado por uma
deterioração progressiva da planta-mãe, que morre lentamente. Quando está em declínio,
porém, crescem ramificações de uma ou mais gemas axilares. Assim, a planta continua a ser
perpetuada por uma sequência de brotações axilares (MERCIER & ENDRES, 1999).
25
2.4.2. Biologia de Tillandsia L.
As bromélias são uma grande família de Monocotiledôneas peculiares da flora
neotropical. Essas plantas alcançaram um alto grau na vida epifítica no gênero Tillandsia L.
(BRIGHIGNA et al., 1997). O nome científico da família foi dado por Carolus Linnaeus
(CARL VON LINNÉ, 1707-1778, pai do Sistema Binomial de classificação) em homenagem
ao cientista sueco Olaf Bromelius. Já o nome do gênero, Tillandsia, deriva do nome de outro
cientista, Elias Tillands (FRACARO, 2004).
A capacidade das espécies de Tillandsia L. de sobreviver em condições extremas está
baseada nas suas características morfológicas e fisiológicas. No gênero Tillandsia L., as raízes
são reduzidas ou ausentes e possuem como função a fixação no substrato suporte, ao invés de
absorver água e nutrientes. O caule e as folhas são completamente cobertos por escamas que
protegem os estômatos da desidratação e são notavelmente higroscópicos, sendo responsáveis
pela maior parte da absorção de aerossóis e água e, portanto, dos nutrientes neles dissolvidos.
As escamas aumentam significativamente a superfície de absorção da planta e a proteção
contra a desidratação. A Tillandsia L. utiliza o metabolismo ácido crassuláceo (CAM), que
reduz a perda de água fechando os estômatos durante o dia, quando a temperatura e pressão
de vapor são altas, e abrindo-os à noite, absorvendo o vapor de água e o CO2 atmosférico
(AMADO FILHO et al., 2002).
Cada escama da Tillandsia L. tem um “caule” e, acima dele, uma “blindagem” (Figura
4). O caule consiste de 5-6 células superpostas situadas no fundo da epiderme, de modo que
as duas mais fundas estão em contato direto com o clorênquima mesófilo. As numerosas
células da blindagem ficam na superfície da folha em anéis concêntricos, sendo os mais
externos (asas) de extensão variável, dependendo da espécie. As asas das escamas podem
também ser consideradas uma característica taxonômica (NOGUEIRA, 2006).
26
Figura 4: Detalhe da célula escudo e dos tricomas de Tillandsia.
Fonte: BRIGHIGNA et al. (1997)
Além do papel conhecido de absorvedor, as escamas representam o meio natural pelo
qual a planta realiza várias funções. Isto depende tanto da abundância das escamas, por
unidade de superfície, como do desenvolvimento da área das asas. Quando as asas são viradas
para cima, refletem a claridade, criam um microhabitat muito resguardado para micróbios
(entre eles as bactérias fixadoras de nitrogênio), retêm a umidade do ar, aerossóis e poeira
ressuspensa (BRIGHIGNA et al., 1997; FIORATO, 2009).
No presente trabalho foi realizada a biomonitoração da qualidade do ar relativo a
presença de chumbo no município de Belo Jardim, Pernambuco, utilizando a espécie de
planta epífita Tillandsia recurvata L. como biomonitor. Trata-se do primeiro trabalho de
biomonitoração ativa da dispersão de elementos químicos associada à reciclagem de baterias
no Estado de Pernambuco.
O método de biomonitoração ativa foi empregado, tendo em vista a ausência de um
levantamento prévio das espécies de plantas epífitas que ocorrem na região, o que inviabiliza
a realização de um estudo empregando organismos que já ocorram no local (biomonitoração
passiva), cuja eficiência como biomonitores esteja comprovada.
2.5. Método de Análise Quantitativo
Um dos tipos de métodos analíticos quantitativos mais utilizados são os métodos
espectroscópicos de análise. Eles são baseados na medida da quantidade de radiação
produzida ou absorvida pelas moléculas ou átomos nos quais se está interessado. Tais
métodos têm sido as ferramentas mais vastamente empregadas para a elucidação de estruturas
27
moleculares, assim como na determinação qualitativa e quantitativa de compostos orgânicos e
inorgânicos (SKOOG et al., 2007).
Os métodos espectroscópicos atômicos podem ser utilizados na determinação
qualitativa e quantitativa de uma vasta quantidade de elementos químicos. Esses métodos
possuem limites de detecção baixos, são rápidos e, geralmente, altamente seletivos. (SKOOG
et al., 2007).
Outro tipo de método analítico quantitativo é a espectrometria de massas, que é uma
técnica analítica que permite separar espécies iônicas pela razão massa/carga (m/z). Sua
capacidade de identificação é usada tanto para análises qualitativas, quanto para análises
quantitativas de íons de elementos compostos simples e de moléculas complexas. Em
comparação com métodos espectroscópicos atômicos ópticos, apresenta como vantagens:
limites de detecção que são, para muitos elementos, três ordens de grandeza menores,
espectros mais simples e mais de mais fáceis interpretações e a capacidade de medir razões
isotópicas. Porém, tem como desvantagens o alto custo do instrumento e certos tipos de
interferências (NUNES, 2009; SKOOG, HOLLER & NIEMAN, 2002).
2.5.1. Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado
A espectrometria de massas com fonte de plasma indutivamente acoplada (ICP-MS)
possui alta sensibilidade e precisão, sendo capaz de detectar a presença de determinados
elementos, como o chumbo, na faixa de concentração de partes por trilhão (µg.kg-1). O
sistema ICP-MS tem se tornado mais fácil de configurar para análises de rotina, podendo ser
totalmente automatizado (MONTEIRO-NETO, 2013).
Um espectrômetro de massas com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS)
(Figura 5) possui cinco partes principais, são elas o sistema de introdução de amostras, em
geral um nebulizador; a fonte de íons, no caso o plasma indutivamente acoplado (ICP); a
interface de focalização dos íons (cone de amostragem e skimmer); o sistema analisador de
massas (quadrupolo) e o sistema de detecção de íons (detector multiplicador de elétrons)
(NUNES, 2009).
Em geral, no ICP-MS as amostras são introduzidas como líquido, por apresentar
melhores condições de homogeneidade, facilidade de manipulação e disponibilidade de
soluções de referência para calibração, porém, em alguns casos, podem também ser
introduzidas amostras sólidas e gasosas. O sistema de introdução mais usual contém uma
28
bomba peristáltica, que leva a amostra até um nebulizador, que transforma a amostra líquida
em um aerossol fino, que é levado à câmara de nebulização onde as gotas maiores separam-se
das menores e são descartadas (> 95% do volume da amostra). Um fluxo de argônio carrega,
então, a amostra vaporizada até a tocha do ICP (NUNES, 2009).
O plasma acoplado indutivamente, por ter uma alta temperatura (em geral entre 6.000
-8.000 K), é uma fonte apropriada para a ionização de espécies elementares. Ele é formado a
partir de uma radiofrequência gerada por um filamento metálico (bobina) que fica no topo da
tocha. Campos elétricos e magnéticos oscilantes são gerados permitindo a excitação do
elemento químico, assim formando íons (NUNES, 2009).
Na tocha tem-se a formação do plasma e nele a amostra sofre de forma bastante rápida
os processos de dessolvatação, vaporização, atomização e ionização. Ela consiste de três
tubos concêntricos para o transporte de gás. O gás interno, chamado de gás de arraste, é
responsável por transportar a amostra até o plasma. O fluxo auxiliar presente no tubo
intermediário tem a função de estabilizar o plasma durante a introdução da amostra. Enquanto
que o fluxo de gás externo é responsável pela proteção das paredes da tocha, impedindo o
superaquecimento da mesma (SKOOG et al., 2007).
Os íons formados no ICP são levados até o espectrômetro de massas (MS) por meio de
uma interface com bomba de vácuo de triplo estágio. Tais íons encontram-se à pressão
atmosférica no plasma e são extraídos por meio de um cone de amostragem de platina, que se
encontra a baixa pressão e possui entrada de cerca de 1,0 mm de diâmetro. Após passar pelo
primeiro cone, o gás se expande por causa da baixa pressão, passa por um segundo cone,
chamado skimmer, e grande parte do argônio é bombeada para fora. Por fim, o feixe de íons
se expande novamente e passa por um terceiro cone, chamado hype skimmer, sendo
focalizados e seguindo para o sistema analisador de massas (quadrupolo). (JARVIS, GRAY e
HOUK, 1992).
A função primordial da interface é minimizar a perda de íons por meio da redução de
pressão e densidade do feixe de íons.
O analisador de massas é um quadrupolo, que consiste de quatro hastes condutoras
equidistantes e paralelas, posicionadas em torno de um eixo central, onde ocorrerá o
transporte dos íons. As hastes opostas são conectadas eletricamente, sendo um par submetido
a diferenças de potenciais alternadas e carregado negativamente e outro submetido a
diferenças de potencias contínuas e carregado positivamente (MONTEIRO-NETO, 2013).
Os íons positivos aproximam-se aceleradamente em direção à haste carregada
negativamente. Quando ocorre a alternância da polaridade, os íons afastam-se do cilindro,
29
seguindo assim uma trajetória helicoidal. A intensidade do potencial elétrico produz
trajetórias diferentes nos íons, dependendo da razão massa/carga que essas partículas
possuem. Assim, ocorre a formação de uma trajetória estável, que carrega o íon até o detector,
ou a formação de uma trajetória não ressonante, que causa o escape ou a colisão dos íons com
os cilindros. Por meio desse mecanismo torna-se possível selecionar o íon com razão
massa/carga de interesse e a eliminar os interferentes (GINÉ-ROSIAS, 1999).
Nas versões mais atuais de ICP-MS utiliza-se um sistema de detecção de vários íons,
um por vezes, como o multiplicador de íons, no qual os íons que atingem sua superfície fazem
ejetar elétrons, que, a cada impacto, ejetam mais elétrons formando uma cascata (NUNES,
2009).
Figura 5: Diagrama esquemático do ICP-MS.
Fonte: GERVASIO et al. (2003)
30
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Município de Belo Jardim
O estudo foi conduzido no município de Belo Jardim, no agreste pernambucano
(Figura 6), distante 186 km da capital, na microrregião do vale do Ipojuca, limitando-se ao
norte com o município de Brejo da Madre de Deus, ao sul com São Bento do Una, a leste com
Tacaimbó, e a oeste por Sanharó. Constituído por três distritos (Água Fria, Serra do Vento e
Xucuru), Belo Jardim tem uma área de 754 km² e altitude de 617 metros. Sua população em
2014, segundo o IBGE, era de 75.186 habitantes. De clima predominantemente quente,
semiárido, este município apresenta uma temperatura em torno de 23 °C e precipitação média
anual de 700 mm entre os meses de março e julho e ventos alísios predominantes (IBGE,
2010).
Figura 6: Localização do município de Belo Jardim - PE.
Fonte: IBGE (2010)
A hidrografia de Belo Jardim é formada pelos rios Bitury, Tabocas, Taboquinha e
Ipojuca. O município de Belo Jardim tem como principais atividades a agroindústria, com
maior potencialidade de desenvolvimento para produtos alimentícios e avicultura. Além disso,
este município comporta também a matriz de uma importante indústria do segmento
automotivo voltada à produção de acumuladores de chumbo-ácido, além de empresas do ramo
alimentício e da construção civil.
O Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP) realizou em Belo Jardim em agosto
de 1991, exames laboratoriais em 51 operários de duas empresas que trabalham com
31
fabricação e reciclagem de baterias automotivas, e constatou que 63% dos examinados
apresentavam níveis de chumbo acima de 60 µg.dL-1, índice biológico máximo permitido pela
Norma Regulamentadora nº 7, Portaria nº 24/1994 do Ministério do Trabalho (MOREIRA &
MOREIRA, 2004), demonstrando a importância da monitoração do ar naquela região.
3.2 Coleta e preparação dos biomonitores
Os exemplares a serem utilizados em experimentos de biomonitoração devem ser
coletados em locais considerados livres de fontes potenciais de poluentes atmosféricos. Sendo
assim, a coleta da planta epífita Tillandsia recurvata L. foi realizada no município de Gravatá
(8°75’42” S, 35°29’12” O), região agreste de Pernambuco, local de ocorrência natural da
espécie e que não apresenta fontes conhecidas de contaminação por chumbo.
Antes da exposição, cada biomonitor foi levado ao laboratório para limpeza,
separando-o de qualquer material estranho que pudesse gerar interferência nos resultados
posteriores e armazenado no laboratório em caixas de papelão à temperatura ambiente até a
data da sua exposição. Cada unidade experimental foi composta por aproximadamente 12 g
do biomonitor selecionado, devidamente acondicionado em bolsas de náilon, com malha de 3
mm, apresentando 20 x 20 cm de área (Figura 7). A abertura de malha do tecido permitiu o
contato dos biomonitores com a atmosfera circundante.
Figura 7: Bolsa de náilon contendo o biomonitor Tillandsia recurvata L.
Fonte: Autor (2014)
32
3.3 Estudo do acúmulo de elementos na espécie biomonitora
Com o objetivo de avaliar o padrão de acúmulo do chumbo, os exemplares de
Tillandsia recurvata L. foram colocados na área de estudo conforme disposição indicada no
mapa (Figura 8). Duas bolsas de náilon contendo o biomonitor por ponto analisado foram
dispostas a uma altura de aproximadamente 1,5 m do solo por um período de
aproximadamente três meses, e colocadas novas bolsas após o período de exposição.
A escolha dos pontos foi realizada com base na proximidade de fontes emissoras de
poluentes de interesse, além de locais onde existe a possibilidade de influência das fontes
emissoras de chumbo.
Figura 8: Distribuição dos biomonitores no município de Belo Jardim. (1) Fundição informal de
baterias; (2) Fundição formal de baterias; (3) Barragem Pedro Moura; (4) IFPE – Campus Belo
Jardim e (5) Fazenda Escola IFPE – Campus Belo
Jardim.
Fonte: GOOGLE (2015)
A quantificação de chumbo foi realizada por espectrometria de massa por plasma
indutivamente acoplado (IPC-MS) em triplicata para as amostras expostas.
33
3.4 Análise por espectrometria de massa com plasma indutivamente
acoplado
O chumbo foi analisado por espectrometria de massa com plasma indutivamente
acoplado (ICP-MS), devido a alta sensibilidade desta técnica. Foi utilizado para a
quantificação do Pb um ICP-MS da marca Perkin Elmer NexION 300, equipado com uma
câmara padrão de spray e um nebulizador.
Na preparação das amostras para a análise, o material biológico exposto foi seco em
estufa a aproximadamente 50 ºC (BRIGHIGNA et al., 1997) e pulverizadas com o auxílio de
almofariz e pistilo, utilizando nitrogênio líquido para acelerar o processo (moagem
criogênica) (KRUG, 2010; PLANK, 1992; KALRA, 1998). Em seguida, cerca de 0,5 g de
cada amostra foi digerida com 10 mL de ácido nítrico (HNO3) P.A. utilizando um forno
micro-ondas com temperatura de 150 ºC por 15 min. Após sua digestão em micro-ondas, as
amostras foram diluídas em HNO3 P.A. a 0,2% e o seu volume completado para 80 mL de
solução ácida. A solução resultante foi levada ao ICP-MS para quantificação do metal de
interesse.
A calibração do equipamento foi realizada utilizando-se uma solução padrão
multielementar contendo 1 mg.kg-¹ de chumbo. A curva de calibração foi construída com uma
solução multielementar de concentração 1000 mg.kg-¹, diluída na concentração específica do
elemento a ser analisado.
As soluções das amostras foram analisadas em triplicatas analíticas e o controle de
qualidade dos resultados obtidos pelo método aplicado foi avaliado pela leitura do material de
referência IAEA - 336 LICHEN da IAEA, pelo mesmo método empregado para a preparação
das amostras.
3.5 Cálculo da concentração de enriquecimento (RCE):
A concentração de enriquecimento tem sido usada por mais de 30 anos a fim de
estimar a contribuição antropogênica para a concentração total de metais presentes numa
amostra (REIMANN E CARITAT, 2005), e, pode ser obtido pela seguinte equação (Equação
1):
34
Equação 1;
Onde:
RCE = Enriquecimento (%) da concentração de chumbo;
CEA = Concentração de chumbo na amostra;
CEC = Concentração de chumbo na amostra controle.
Foi calculado o enriquecimento do Pb nas amostras analisadas a fim de se verificar o
impacto da presença deste analito no ambiente.
3.6 Análise Estatística
O tratamento estatístico utilizado neste trabalho empregou os programas Excel e
Análise de Variância (ANOVA) do software Statistic versão 5.0. A ANOVA visa
fundamentalmente verificar se existe uma diferença significativa entre as médias e se os
fatores exercem influência em alguma varável dependente. Nesta análise é realizado um teste
hipótese sob normalidade e homocedasticidade, onde a hipótese nula considera médias iguais
para todas as amostras testadas. Através do valor de probabilidade ou valor p avalia-se a
probabilidade desta hipótese estar correta (JOHNSON, 1998). Neste trabalho foi utilizado um
nível de significância de 0,05 para o teste.
35
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise por ICP-MS do Material de Referência IAEA – 336
LICHEN.
Na Tabela 4 é apresentado o resultado da média aritmética da concentração do
elemento chumbo em triplicata, seu desvio padrão e o valor certificado para o material de
referência IAEA – 336 LICHEN.
Tabela 4: Concentração de chumbo obtido para o material de referência IAEA – 336 LICHEN.
Elemento Valor observado (n=3) Valor certificado
Pb (mg.kg-1) 4,61 ± 0,11 4,9 (4,3-5,5)*
*Valor informado.
Conforme a Tabela 4 é possível perceber-se que a metodologia utilizada mostrou-se
bastante eficiente nas condições laboratoriais. O resultado obtido apresentou um erro relativo
percentual de 5,91% demonstrando a boa precisão do método para a quantificação do
chumbo.
4.2 Análise das amostras por ICP-MS
O resultado da análise da Tillandsia recurvata L. coletada na área considerada livre
(Gravatá) de fontes emissoras do elemento chumbo e após o período de exposição no
município de Belo Jardim – PE é apresentado na Tabela 5.
Tabela 5: Concentrações de chumbo (mg.kg-1) (µ ± SD) em amostras de Tillandsia recurvata L.
dispostas no município de Belo Jardim – PE e submetidas a diferentes períodos de exposição.
Área limpa Gravatá
(controle)
Período de exposição
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5
1,19 ± 0,02
11/12-03/13 2,65 ± 0,30 3,77 ± 0,69 3,78 ± 0,40 2,45 ± 0,35 3,12 ± 0,10
03/13-06/13 4,51 ± 0,79 4,63 ± 0,47 3,30 ± 0,02 ----- -----
06/13-11/13 3,15 ± 0,46 4,84 ± 0,40 2,22 ± 0,09 3,90 ± 0,00 -----
11/13-02/14 1,25 ± 0,14 4,17 ± 0,33 2,36 ± 0,28 ----- 3,26 ± 0,75
36
A concentração de Pb encontrada na amostra controle foi inferior ao comumente
encontrado em outros trabalhos usando Tillandsias como biomonitor, 1,19 mg.kg-1, como no
trabalho de Santos (2011) que encontrou concentrações 23 mg.kg-1, possivelmente pelo local
ser isolado e longe de fontes emissoras de chumbo conhecidas dificultando a sua exposição ao
metal.
Em todos os pontos as concentrações de chumbo verificadas nas plantas expostas
foram maiores que as plantas coletadas no local considerado como livre deste poluente
(Figura 9). Este resultado indica que a região sofre um aporte maior de chumbo na atmosfera
em relação à região controle. O aumento de chumbo na atmosfera pode ser um indício de
contaminação atmosférica por atividades antrópicas desenvolvidas na região. Situações
semelhantes de poluição atmosférica por atividades industriais têm sido reportadas por muitos
autores em diversas localidades (EL-HASAN et al., 2002; ROSSINI & MINGORANCE,
2006). É importante ressaltar que essa região, anteriormente avaliada por PAIVA (2005),
apresentou concentrações significativas do Pb em amostras de sedimentos (220,32 mg.kg-1),
bem superior ao permitido pela resolução CONAMA 344/04 (35 mg.kg-1) para as amostras de
sedimento, mostrando que a região apresenta uma elevada concentração deste elemento no
ambiente e que esta contaminação pode está sendo ocasionada por deposição atmosférica.
37
Figura 9: Concentração média (mg.kg-1) de chumbo acumulada em Tillandsia recurvata L. em
Belo Jardim –PE.
(1) Fundição informal de baterias; (2) Fundição formal de baterias; (3) Barragem Pedro Moura; (4) IFPE
– Campus Belo Jardim e (5) Fazenda Escola IFPE – Campus Belo.
Nas amostras de Tillandsia recurvata L. expostas próxima a uma recicladora informal
de baterias (ponto 1) foi encontrada uma concentração de chumbo bastante significativa no
segundo período de amostragem, onde a concentração atingiu valor de 4,51 ± 0,79 mg.kg-1. A
maior concentração neste ponto ocorreu no outono, período de maior pluviosidade na região.
As precipitações podem ter favorecido a remoção das partículas em suspensão por deposição
úmida (MAGALHÃES et al, 2010), dificultando a dispersão do chumbo para locais distantes
das fontes emissoras de chumbo.
Não houve diferença significativa entre a primeira e a terceira amostragem para este
ponto (ANOVA, p < 0,0000), e a última amostragem apresentou a menor concentração para o
chumbo. A diferença entre as concentrações de chumbo para este ponto pode ser explicada
devido à sazonalidade de atividade informal, ocorrendo um maior aproveitamento de baterias
em determinadas épocas do ano devido à disponibilidade de matéria prima, o que pode
explicar a sua baixa concentração na quarta coleta.
Para o local próximo a fundição formal de baterias não houve diferença significativa
entre as épocas de estudo, o funcionamento contínuo da fundição de baterias e o seu grande
porte pode explicar as concentrações elevadas durante todo o ano neste ponto.
38
Na barragem Pedro Moura (ponto 3) foi encontrada diferença significativa entre a
primeira e a última coleta (ANOVA, p = 0,0000). O local onde se encontra a barragem Pedro
Moura aparentemente apresenta essa diferença na concentração de chumbo devido às
condições meteorológicas, que são influenciadas pelos índices de pluviosidade e direção e
intensidade dos ventos, que podem dificultar a dispersão de chumbo atmosférico para esta
região.
Com relação ao primeiro período de coleta (11/12 – 03/13), a fundição informal e a
fundição formal diferem significativamente quanto à concentração de chumbo encontrada nas
Tillandsia recurvata L. (ANOVA, p = 0,0000), tendo o ponto próximo à fundição formal de
baterias apresentado concentrações de chumbo aproximadamente 42% maior que a fundição
informal. Isto, novamente, pode ser consequência do grande porte da fundição formal em
relação a outra.
A figura 10 mostra o enriquecimento em concentração do elemento chumbo nas
plantas de T. recurvata L. expostas nos locais de monitoramento em relação à concentração
na planta no local de controle durante o período de monitoramento.
Figura 10: Enriquecimento em concentração de chumbo nas plantas de Tillandsia recurvata L.
(1) Fundição informal de baterias; (2) Fundição formal de baterias; (3) Barragem Pedro Moura; (4) IFPE
– Campus Belo Jardim e (5) Fazenda Escola IFPE – Campus Belo.
Nas amostras da primeira exposição os pontos 2 e 3, que correspondem
respectivamente ao local próximo à fundição formal e a barragem Pedro Moura, apresentaram
39
um enriquecimento maior que os demais pontos, ambos apresentando um enriquecimento em
concentração de 216,81%. Com base neste resultado, a atividade industrial localizada próxima
ao ponto 2 é uma possível causa do aumento da concentração de chumbo atmosférico. O
ponto 3 cujo fator de enriquecimento foi igual ao ponto 2, demonstra sofrer influência da
atividade industrial localizada no ponto 2, devido aos ventos predominantes que carregam o
material particulado para este ponto, principalmente em períodos de baixa pluviosidade. Paiva
(2005) indicou a existência de um processo de contaminação atmosférica por chumbo no
sentido noroeste da região em detrimento predominância da direção dos ventos.
Nos resultados encontrados na segunda coleta, os pontos 1 e 2 apresentaram os
maiores coeficientes de enriquecimento de chumbo, não apresentando diferença significativa
entre eles (ANOVA, p < 0,00076). Isso se deve à proximidade das fontes emissoras dos
poluentes atmosféricos. O alto índice de chuva na segunda coleta pode explicar a redução da
concentração de chumbo acumulada no ponto 3, que acredita-se sofrer influência direta da
atividade de reciclagem de baterias desenvolvidas nos pontos 1 e 2.
Esperava-se que as amostras dos pontos 1 e 2, que correspondem aos locais próximos
às fundições informal e formal respectivamente, apresentassem concentrações elevadas
durante todo o ano, visto que exercem a mesma atividade. Entretanto, é observado que no
local próximo à fundição formal (ponto 2) as concentrações mantiveram-se elevadas durante
todo o ano, que é explicado pelo funcionamento constante durante todo o período,
apresentando concentrações de até 387% maior que o ponto 1. Essa diferença indica que a
atividade antrópica desenvolvida próximo a este ponto gera um impacto sobre a atmosfera
mais significativo que a fundição informal, o que não era de se esperar, pois se acreditava que
no processo de reaproveitamento informal de baterias, devido à falta de fiscalização e não
obediências das normas reguladoras de processamento do ponto 1, o impacto sobre o
ambiente fosse maior.
O ponto 4 apresentou um enriquecimento maior da concentração de chumbo na
terceira amostragem, possivelmente pela mudança da direção do vento na região nesta época,
o que coincide também com a baixa concentração de chumbo no ponto 3, indicando que o
particulado também influência a qualidade do ar no IFPE – Campus Belo Jardim. Os níveis de
chumbo encontrados em Tillandsia recurvata L. não diferem significativamente entre os
pontos 1, 3 e 4 (ANOVA; p < 0,0000), porém diferem significativamente do ponto 2, no neste
período de amostragem (06/13 – 11/13).
No ultimo período de amostragem (11/13 – 02/14), a fundição formal não diferiu
significativamente da barragem Pedro Moura (ponto 3) e do Campus IFPE – Belo Jardim
40
(ANOVA; p < 0,0000). Em mais um momento a atividade antrópica desenvolvida próxima ao
ponto 2 se mostra como a mais provável fonte de chumbo atmosférico a influenciar outro
ponto do município.
O ponto 5 também sofre um aporte deste material particulado, possivelmente das
emissões geradas próximas aos ponto 1 e ponto 2, onde funcionam uma fundição informal e
fundição formal de baterias respectivamente, devido a influência das correntes de ar. A
velocidade e a direção dos ventos são fenômenos importantes para a dispersão de poluentes
atmosféricos numa escala local segundo autores como Godish (1985), Baumbach (1996) e
André et al. (2000).
No ponto 5 correspondente a Fazenda Escola IFPE – Campus Belo jardim –PE, ocorre
a criação de bovinos para a produção de leite. A produção de leite nesta fazenda é fornecida
ao refeitório do IFPE e consumida pelos alunos (comunicação pessoal), o que pode se tornar
outro meio de contaminação de chumbo pela população local. Vários casos de intoxicação de
bovinos por exposição ambiental com chumbo estão relatados na literatura (BAARS et al.,
1992; MURTA et al., 1993; SHARMA et al., 1982; ZIEGLER et al., 1978).
As concentrações de chumbo variaram de 1,25 mg.kg-1 à 4,84 mg.kg-1. Embora os
processos naturais e antropogênicos sejam responsáveis pela liberação de chumbo no
ambiente, a contribuição antropogênica é predominante (PAOLIELLO & CHASIN, 2001) nos
dias atuais. Os valores encontrados são semelhantes aos determinados por diversos autores na
literatura. Cansaran-Duman e colaboradores (2012) em estudo de poluição por tráfico veicular
realizado na Turquia, determinou valores de 4,70 mg.kg-1, Carballeira & Fernández (2002)
usando um musgo para avaliar a concentração de chumbo próximo a uma usina termoelétrica
na Espanha encontrou valores de 4,27 mg.kg-1, Loppia & Pirintos (2003) estudando a
concentração de metais em florestas que sofrem influência da poluição atmosférica causada
por industrias e veículos distantes até 10 km, determinaram valores que variam de 3,8 a 14,9
mg.kg-1 na Itália e Santos (2011) avaliando o ar em decorrência da queima da cana-de-açúcar
em uma Reserva Ecológica no Estado de Pernambuco usando Tillandsia recurvata L.
determinou concentrações que variaram de 11,05 a 34 mg.kg-1.
41
5. CONCLUSÃO
A biomonitoração utilizando a planta epífita Tillandsia recurvata L. se mostrou uma
ferramenta adequada para a avaliação da poluição atmosférica por chumbo provenientes do
reaproveitamento de baterias chumbo-ácidas no município de Belo Jardim – PE. Como
principais vantagens, o método empregado apresenta baixo custo para a sua realização e pode
monitorar áreas extensas e remotas, como exemplo a região estudada.
O trabalho gerou dados relevantes que confirmam a dispersão de quantidades
significativas do chumbo no ar, gerada pelo reaproveitamento de baterias chumbo-ácidas,
além de ser o primeiro resultado de biomonitoração ativa da dispersão do chumbo associada à
indústria de chumbo na região.
A contaminação atmosférica retratada neste estudo deve ser vista como base para que
medidas mitigadoras sejam tomadas para minimizar a dispersão deste metal na região, tendo
em vista que este elemento além de depreciar a qualidade do ar, pode vir a causar doenças
respiratórias ou chegar ao homem através de outras vias de contaminação como água e
plantas, visto que este município é uma importante bacia leiteira e produtora de hortaliças.
42
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