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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PADRONIZAÇÃO, ATIVIDADE BIOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS À BASE DE Ximenia americana L. MARIANA TRYCIA BRASILEIRO RECIFE, 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PADRONIZAÇÃO, ATIVIDADE BIOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE

FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS À BASE DE Ximenia americana L.

MARIANA TRYCIA BRASILEIRO

RECIFE, 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PADRONIZAÇÃO, ATIVIDADE BIOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE

FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS À BASE DE Ximenia americana L.

MARIANA TRYCIA BRASILEIRO Orientador: Prof°. Dr. Pedro José Rolim Neto Co-orientador: Profª. Dra. Karina Perreli Randau

RECIFE, 2008

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de mestre em Ciências Farmacêuticas.

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Brasileiro, Mariana Trycia

Padronização, atividade biológica e desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de Ximenia americana L. / Mariana Trycia Brasileiro. – Recife: O Autor, 2008.

xiv, 98 folhas: il., fig., tab., quadros.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CCS. Farmácia, 2008.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Ximenia americana L. 2. Farmacologia 3. Farmacotécnica. I.Título.

615.014 CDU (2.ed.) UFPE 615.321 CDD (22.ed.) CCS2008-030

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Reitor

Amaro Henrique Pessoa Lins

Vice-Reitor

Gilson Edmar Gonçalves e Silva

Pró-Reitor para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação

Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

Diretor do Centro de Ciências da Saúde

José Thadeu Pinheiro

Vice-Diretor do Centro de Ciências da Saúde

Márcio Antônio de Andrade Coelho Gueiros

Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas

Jane Sheila Higino

Vice-Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas

Samuel Daniel de Souza Filho

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Pedro José Rolim Neto

Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Beate Saegesser Santos

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Dedicatória

Aos meus pais, pelo amor incondicional

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A Deus, por todas as alegrias e bênçãos da minha vida, e por mais um projeto realizado. À Universidade Federal de Pernambuco, em particular ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, pela oportunidade de realização deste curso. Ao meu orientador, Prof. Dr. Pedro José Rolim Neto, pela oportunidade, orientação e apoio. A minha co-orientadora, Prof. Dra. Karina Perreli Randau, pela dedicação, orientação e tão importante amizade. Aos meu pais, Edmar e Lourdinha, pelo incentivo, carinho e investimento, e aos meus irmãos, que apesar de distantes sei que torcem pelo meu sucesso. Ao meu amor, Ricardo, por todo carinho, paciência e companheirismo em toda essa etapa. À Amanda, por toda dedicação e ajuda tão importantes para o trabalho. Aos amigos que fiz nessa jornada, Ádley e Jeckson, que tanto me ajudaram na realização deste trabalho. Às minhas amigas, Kássie, Priscila e Adriana, por todo o apoio e alegrias vividas juntas. Às minhas amigas, Iara, Mônica e Márcia, pelo acolhimento quando da minha chegada à Recife, pelo apoio e pela amizade. Aos colegas do LTM (Laboratório de Tecnologia de Medicamentos), pelo apoio e convivência, especialmente a Aíla, Sara, Alexandre, Januária, Luciana, Francy, Larissa, Magaly, Regina, Keyla, Mônica, Lamartine, Diego, Lariza, Roberto, Flávia, Danilo e Otávio. À Prof. Dra. Ivone Antônia de Souza e à Prof. Dra. Rejane Magalhães de Mendonça Pimentel, pela ajuda na realização de algumas análises. À Gustavo Campos Pereira, pelo fornecimento da matéria-prima (X. americana L.), indispensável para a realização deste trabalho. À CAPES, pelo apoio financeiro para a realização desta pesquisa.

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"A felicidade não depende do que nos falta,

mas do bom uso que fazemos do que temos."

Thomas Hardy.

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SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas e Siglas................................................................................................ix

Lista de Símbolos...................................................................................................................x

Lista de Figuras......................................................................................................................xi

Lista de Tabelas e Quadros...................................................................................................xii

Resumo................................................................................................................................xiii

Abstract................................................................................................................................xiv

Introdução...............................................................................................................................1

Objetivos.................................................................................................................................4

Geral........................................................................................................................................5

Específicos..............................................................................................................................5

Capítulo I - Ximenia americana L.: botânica, química e farmacologia no interesse da

tecnologia farmacêutica (Artigo submetido à Revista Brasileira de Farmácia)......................6

Capítulo II - Padronização Farmacognóstica das cascas do caule de Ximenia americana L

(Olacaceae) para utilização no desenvolvimento de fitoterápicos (Artigo submetido à

Revista Latin American Journal of Pharmacy).....................................................................19

Capítulo III - Determinação da atividade antioxidante in vitro de Ximenia americana L.

(Artigo a ser submetido à Revista LWT)..............................................................................34

Capítulo IV – Atividade cicatrizante do extrato da casca do caule de Ximenia americana L.

veiculado em forma farmacêutica semi-sólida (Artigo submetido à Revista Brasileira de

Ciências Farmacêuticas).......................................................................................................51

Capítulo V – Tecnologia de obtenção de fitoterápico à base de Ximenia americana L.

(Artigo a ser submetido à Revista Brasileira de Farmácia)...................................................70

Conclusões e Perspectivas.....................................................................................................92

Referências Bibliográficas....................................................................................................95

Anexos...................................................................................................................................98

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ANOVA: Análise de Variância

CCD: Cromatografia em Camada Delgada

CV:Coeficiente de variação

DP: Desvio Padrão

DPPH: 1,1 –difenil-2-picrilhidrazil

EROS:Espécies reativas de oxigênio

GL:Graus de liberdade

IPA: Instituto de Pesquisas Agropecuárias

LTM: Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos

Ph: Potencial de hidrogênio iônico

PE: Pernambuco

UFPE: Universidade Federal de Pernambuco

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LISTA DE SÍMBOLOS

%: porcentagem

mL: mililitro

µL: microlitro

L: litro

µg: micrograma

mg: miligrama

g: grama

M: molar

mM: milimolar

nm: nanômetro

Mo: molibidênio

Min: minuto

H: hora

R2: coeficiente de correlação

m/v: porcentagem massa por volume

cP: centipoise

±: mais ou menos

®: marca registrada

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LISTA DE FIGURAS Capítulo I Figura 1: A: Hábito; B: Folhas; C: Caule lenhoso; D: Flor e espinho; E: Fruto de Ximenia americana L..........................................................................................................................11 Capítulo II Figura 1: Caule de Ximenia americana L. (Olacaceae). A. Vista transversal do córtex, mostrando início da formação da periderme. B. Córtex mostrando colênquima angular. C. Tecidos de condução em arranjo colateral, dispostos em anel. D. Fibras com paredes espessadas e lignificadas na medula. E-H. Elementos de condução, mostrando espessamento helicoidal em G. H. Célula com prolongamento de parede (seta). eva – elemento de vaso agrupado; evp – elemento de vaso com prolongamento; evr – elemento de vaso com parede terminal reta; p – prolongamento. Barras: A,B = 100 μm; C = 300 μm; D = 30 μm; E-H = 50 μm..........................................................................................................28 Capítulo III Figura 1. Percentual de inibição do radical DPPH pelo extrato etanólico a 70% em função do tempo................................................................................................................................44 Figura 2. Percentual de inibição do radical DPPH pelo extrato etanólico a 90% em função do tempo................................................................................................................................45 Figura 3. Percentual de inibição do radical DPPH pelo extrato acetônico a 70% em função do tempo................................................................................................................................45 Figura 4. Percentual de inibição da oxidação pelo Peróxido de Hidrogênio........................47 Capítulo IV Figura 1. Cauterização com ponta esférica de bisturi elétrico..............................................60 Figura 2. Aplicação por via tópica........................................................................................60 Capítulo V Figura 1. Gel de Carbopol com extrato etanólico (1) e Gel de carbopol com extrato glicólico (2) submetido à estabilidade acelerada (AC) e à estabilidade de longa duração (LD) no período de 3 meses..................................................................................................80 Figura 2. Gel-creme com extrato etanólico (3) e Gel-creme com extrato glicólico (4) submetido à estabilidade acelerada (AC) e à estabilidade de longa duração (LD) no período de 3 meses.............................................................................................................................82 Figura 3. Pomada de Polietilenoglicol submetida à estabilidade acelerada (AC) e à estabilidade de longa duração (LD) no período de 3 meses..................................................84 Figura 4. Linearidade do método verificando a regressão das três curvas de calibração.....85

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LISTA DE TABELAS E QUADROS Capítulo II Tabela 1. Determinação do teor de fenóis totais em extratos do caule de Ximenia americana L. (Olacaceae).......................................................................................................................30 Capítulo III Tabela 1. Teor de fenóis totais dos diferentes extratos de X. Americana L..........................43 Tabela 2. Capacidade de seqüestrar o radical DPPH (% de inibição)..................................44 Tabela 3. Atividade antioxidante total dos extratos etanólicos (70% e 90%) e acetônico (70%) de X. americana em AAR% rutina............................................................................46 Tabela 4. Atividade antioxidante pelo método do peróxido de hidrogênio(H2O2)...............47 Capítulo IV Tabela 1. Formulação do gel-creme......................................................................................58

Quadro 1. Grupos de animais e esquemas de tratamento para o estudo de cicatrização......59 Tabela 2. Controle de qualidade do gel-creme de Ximenia americana L.............................62 Quadro 2. Resultados da avaliação macroscópica do grupo controle negativo....................63 Quadro 3. Resultados da avaliação macroscópica do grupo controle positivo.....................64 Quadro 4. Resultados da avaliação macroscópica do grupo teste.........................................64 Capítulo V Tabela 1. Lotes de bancada dos géis.....................................................................................75 Tabela 2. Lotes de bancada dos géis-creme..........................................................................75 Tabela 3. Lote de bancada da pomada..................................................................................76 Tabela 4. Teor de Fenóis de extrato glicólico e extrato etanólico.........................................79 Tabela 5. Controle de qualidade (pH, viscosidade e teor) da forma farmacêutica gel com extrato etanólico e com extrato glicólico..............................................................................81 Tabela 6. Controle de qualidade (pH, viscosidade e teor) da forma farmacêutica gel-creme com extrato etanólico e com extrato glicólico......................................................................83 Tabela 7. Controle de qualidade (pH, viscosidade e teor) da forma farmacêutica pomada com extrato glicólico.............................................................................................................84 Tabela 8. Dados das curvas de calibração para a determinação da linearidade do método..85 Tabela 9. Resultados da análise de variância para a linearidade...........................................86 Tabela 10. Determinação dos resultados estatísticos da Exatidão de acordo com o teste t de Student...................................................................................................................................87 Tabela 11. Teste t de student: duas amostras presumindo variâncias equivalentes – Robustez da realização ou não de sonicação durante a diluição da amostra.........................87 Tabela 12. Avaliação através da ANOVA dos diferentes tempos de reação usados no parâmetro robustez................................................................................................................88 Tabela 13. Resultados da Repetitividade..............................................................................88 Tabela 14. ANOVA precisão intermediária..........................................................................89

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RESUMO

PADRONIZAÇÃO, ATIVIDADE BIOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE

FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS À BASE DE Ximenia americana L.

Ximenia americana L. é uma planta comumente encontrada nas regiões tropicais e

temperadas do mundo e bastante utilizada na Nigéria para o tratamento da malária e de

diversas infecções na pele. A sua casca, avermelhada e lisa, apresenta diversas atividades e

está sendo usada para diversos fins, como para infecções na pele, hemorróidas e

inflamações das mucosas. O presente trabalho objetivou a padronização do extrato da casca

do caule de X. americana proveniente de Serra Talhada (PE), a determinação das suas

atividades antioxidante e cicatrizante, o desenvolvimento e estabilidade de formas

farmacêuticas semi-sólidas à base desses extratos e a validação da metodologia analítica.

Na etapa fitoquímica da padronização do extrato evidenciou-se a presença de taninos

condensados, saponinas e açúcares redutores. O doseamento dos fenóis totais foi realizado

através do reagente de Folin & Ciocalteau em extratos etanol: água (70:30 e 90:10) e

acetona: água (70:30), onde verificou-se teores de 16,45%, 12,9% e 16,44%

respectivamente, correlacionado-se com a atividade antioxidante verificada pelo método do

peróxido de hidrogênio, do DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil) e do molibidênio. A planta

apresentou atividade cicatrizante do ponto de vista macroscópico em relação ao padrão D-

pantenol, demonstrando ter capacidade de aumentar a velocidade de cicatrização de feridas.

As diferentes formulações semi-sólidas foram submetidas ao estudo de estabilidade

acelerado e de longa duração e foram avaliadas ao longo dos 3 primeiros meses. O método

de doseamento de fenóis totais em forma farmacêutica foi validado e demonstrou atender

aos requisitos exigidos pela legislação brasileira em vigor, RE nº 899, da Agência Nacional

de Vigilância Sanitária.

Palavras-chave: Ximenia americana, padronização, atividades biológicas, formulações.

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ABSTRACT

STANDARTIZATION, BIOLOGICAL ACTIVITY AND DEVELOPMENT OF

SEMI-SOLID PHARMACEUTICAL FORMS BASED ON Ximenia americana L.

Ximenia American L. is a plant commonly found in tropical and temperate regions of the

world and much used in Nigeria for the treatment of malaria and various infections in the

skin. Its bark, red and smooth, offers various activities and is being used for various

purposes, such as for skin infections, hemorrhoids and inflammation of the mucous

membranes. This work aimed to standardize the extract of the bark of the stem of X.

americana from Serra Talhada (PE), the determination of their antioxidant activity and

healing, the development and stability of semi-solid pharmaceutical forms based on these

extract, and validation of analytical methodology. In step phytochemical the standardization

of the extract showed up the presence of condensed tannins, saponins and reducing sugars.

The determination of total phenols was conducted through the reagent of Folin &

Ciocalteau in extracts ethanol: water (70:30 and 90:10) and acetone: water (70:30), where it

was found levels of 16,45%, 12,9% and 16,44% respectively, correlated with the

antioxidant activity verified by the method of hydrogen peroxide, the DPPH (1,1-diphenyl-

2-picrilhidrazil) and the molibidênio. The plant presented healing activity of the

macroscopic point of view in relation to the standard D-pantenol, demonstrating be able to

speed the healing of wounds. The different semi-solid formulations were undergone to

accelerated study of stability and long term and have been evaluated over the first 3

months. The method of determination of total phenols in pharmaceutical form was

validated and proved to serve requirements demanded by the Brazilian legislation, RE no

899, the ANVISA.

Keywords: Ximenia americana, standardization, biological activities, formulations.

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BRASILEIRO, M. T. Padronização, atividade biológica e desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de Ximenia americana L.

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BRASILEIRO, M. T. Padronização, atividade biológica e desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de Ximenia americana L.

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INTRODUÇÃO

Especialmente nas últimas duas décadas, a humanidade vem despertando para a

relevância dos produtos naturais para a recuperação e manutenção da saúde. Assim,

devido ao crescimento da população mundial, especialmente na camada dos idosos, ao

estresse da vida moderna e a deficiência das terapias, o homem se volta para a natureza

em busca de soluções para os problemas que o aflige, especialmente problemas de saúde

(NEWALL, ANDERSON & PHILLIPSON, 2002).

As plantas medicinais e seus derivados em muitos países, principalmente

naqueles em desenvolvimento, têm seu uso disseminado por grande parte da população

(LASHARI, 1984; YAMADA, 1998; VASCONCELOS, 2003). O Brasil inclui-se entre

os países de maior biodiversidade mundial, abrigando cerca de 50 mil espécies de

plantas superiores, das quais apenas uma pequena parcela tem sido pesquisada

cientificamente quanto ao seu potencial de produção de fármacos (BRASIL, 2006).

Atualmente, muitas atividades farmacológicas de plantas de uso popular estão

sendo estudadas, entre elas podemos citar a Ximenia americana, que é uma planta

comumente encontrada na África, Índia, Nova Zelândia, América Central e América do

Sul (SACANDE & VAUTIER, 2006). É uma espécie cosmopolita tropical com

ocorrência silvestre, inclusive nos tabuleiros litorâneos do nordeste do Brasil (MATOS,

2007). A sua casca, avermelhada e lisa, apresenta diversas atividades e vem sendo usada

para diversos fins, como no tratamento da lepra, da malária, da dor de cabeça, como

moluscicida, nas infecções da pele, hemorróidas e inflamações das mucosas. A ação

cicatrizante relatada na literatura pode ser justificada pela presença de algumas

substâncias como os taninos (VERAS & MORAIS, 2004).

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As plantas medicinais, que têm avaliadas a sua eficácia terapêutica e a

toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente

aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde

(MARTINS et al., 1998). O uso inadequado dos constituintes de plantas medicinais

pode causar danos à saúde do paciente ou fazer com que a substância terapêutica não

tenha o efeito esperado. Justifica-se, portanto, nosso interesse em padronizar extratos,

avaliar tóxico-farmacologicamente em ensaios pré-clínicos e veicular em forma

farmacêutica com adequado estudo de estabilidade.

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OBJETIVOS

Geral

Padronização, estudo farmacológico e desenvolvimento de formas farmacêuticas

semi-sólidas utilizando a casca do caule de Ximenia americana L.

Específicos

• Identificação botânica da espécie;

• Padronização botânica da espécie;

• Padronização do extrato;

• Avaliação da atividade antioxidante do extrato;

• Avaliação da toxicidade e da atividade cicatrizante do extrato;

• Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas (gel, gel-creme e

pomada) à base de extrato etanólico e glicólico de Ximenia americana;

• Estudo de estabilidade acelerado e de longa duração das formas farmacêuticas

desenvolvidas;

• Validação da metodologia analítica para determinação do teor do princípio ativo

na forma farmacêutica.

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Ximenia americana L.: BOTÂNICA, QUÍMICA E FARMACOLOGIA NO INTERESSE DA TECNOLOGIA FARMACÊUTICA

(Artigo submetido à Revista Brasileira de Farmácia)

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Ximenia americana L.: botânica, química e farmacologia no interesse da tecnologia farmacêutica

Ximenia americana L.: botany, chemistry and pharmacology in the interest of pharmaceutical technology

Mariana Trycia Brasileiro1, Amanda Alencar do Egito2, Januária Guedes de Lima2,

Karina Perrelli Randau3, Gustavo Campos Pereira2, Pedro José Rolim Neto4*.

RESUMO Ximenia americana é uma planta cosmopolita tropical com ocorrência silvestre, no

nordeste do Brasil, utilizada na medicina popular principalmente para o tratamento da

dor de estômago, sífilis, reumatismo, câncer e infecções da boca. Estudos realizados

com a espécie foram compilados objetivando registrar o nível de conhecimento

disponível sobre a planta, incluindo sua caracterização botânica, seus constituintes

químicos e suas propriedades farmacológicas, itens indispensáveis a sua utilização na

tecnologia farmacêutica. Sua atividade antimicrobiana em diferentes microorganismos e

sua atividade antiinflamatória, antialérgica, e seus efeitos vasoprotetores tornam a planta

uma promissora fonte de matéria-prima para a utilização na produção de medicamentos

fitoterápicos.

Palavras-chave: Ximenia americana, farmacobotânica, tecnologia farmacêutica.

1 Aluna do Mestrado em Ciências Farmacêuticas, Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos, Departamento de Ciências Farmacêuticas, UFPE. 2 Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos, Departamento de Ciências Farmacêuticas, UFPE. 3 Pesquisadora do Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos e do Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, UFPE. 4* Docente do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos, UFPE. Endereço: Av. Prof. Arthur de Sá s/n, Cidade Universitária, 50740-521 Recife-PE, Brasil. E-mail: [email protected]

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BRASILEIRO, M. T. Padronização, atividade biológica e desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de Ximenia americana L.

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ABSTRACT Ximenia americana is a cosmopolitan tropical plant with wild occurrence in northeast

Brazil, primarily used in popular medicine for the treatment of pain in the stomach,

syphilis, rheumatism, cancer and mouth infections. Studies with the species were

compiled aiming register the level of knowledge available on the plant, including its

characterization botany, its chemical constituents and their pharmacological properties,

essential items for use in pharmaceutical technology. The antimicrobial activity in

different microorganisms and its antiinflammatory activity, antialergic, and its

vasoprotector effects make the plant a promising source of material for use in the

production of medicines phytotherapeutic. Keywords: Ximenia americana,

pharmacobotany, pharmaceutical technology.

INTRODUCAO

Ximenia americana é comumente encontrada na África, Índia, Nova Zelândia,

América Central e América do Sul (SACANDE & VAUTIER, 2006). É uma planta

cosmopolita tropical com ocorrência silvestre, inclusive nos tabuleiros litorâneos do

nordeste do Brasil (MATOS, 2007).Ximenia americana vem sendo bastante utilizada na

Nigéria para fins medicinais (OGUNLEYE & IBITOYE, 2003); é utilizada na medicina

popular para o tratamento da dor de estômago, sífilis, reumatismo, câncer e infecções da

boca (MWANGI et al., 1994).

Os frutos de X. americana são ricos em vitamina C, constituindo-se em um

importante componente da dieta; são ingeridos puros, na forma de geléia ou de xarope.

A sua casca, avermelhada e lisa, apresenta diversas atividades e vem sendo usada para

diversos fins, como no tratamento da lepra, da malária, da dor de cabeça, como

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BRASILEIRO, M. T. Padronização, atividade biológica e desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de Ximenia americana L.

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moluscicida, nas infecções da pele, hemorróidas e inflamações das mucosas. A ação

cicatrizante relatada na literatura pode ser justificada pela presença de algumas

substâncias como os taninos (VERAS & MORAIS, 2004).

Sua madeira, de cor rósea, é compacta e leve, muito elástica, bastante durável,

fácil de trabalhar e bastante utilizada como cabo de ferramentas e de instrumentos

agrícolas. As flores desempenham um importante papel na indústria de perfumaria. Das

sementes assadas faz-se um pó que serve para misturar ao sagu e fazer pão (BRAGA,

1976; PIO-CORREA, 1984).

As suas sementes são consideradas purgativas e muito saborosas, possuem um

óleo viscoso, o qual é usado como tempero; os indígenas de alguns países africanos

usam para untar o corpo e os cabelos (PIO-CORREA, 1984). O óleo da semente é

comestível e usado na culinária, no entanto, seu principal uso é como emoliente, óleo

capilar, condicionador e hidratante para a pele, na fabricação de sabonetes e como

componente de batons e lubrificantes (REZANKA & SIGLER, 2007).

DESENVOLVIMENTO

BOTANICA

A família Olacaceae possui distribuição pantropical, compreendendo 27 gêneros

com, aproximadamente, 200 espécies; seus representantes são plantas lenhosas, árvores

ou arbustos. No Brasil encontram-se, aproximadamente, 13 gêneros e cerca de 60

espécies, sendo os de maior número de espécies os gêneros Heisteria, Ximenia,

Liriosma e Schoepfia. No Brasil, os gêneros e espécies de Olacaceae são mais comuns

na Amazônia, fora desta região destacam-se os gêneros Ximenia e Heisteria. A espécie

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mais comum deste primeiro gênero é X. americana, que apresenta ampla distribuição

em diversos ecossistemas florestais (JOLY, 2002; SOUZA & LORENZI, 2005).

Embora muitas das Olacaceae possuam porte arbóreo, sem qualquer evidência

externa de que sejam hemiparasitas, existem referências de que diversos exemplares

desta família apresentam este tipo de hábito, como exemplo: Olax, Ptychopetalum,

Schoepfia e Ximenia (JOLY, 2002; SOUZA & LORENZI, 2005).

O gênero Ximenia apresenta diversas espécies como X. pubescens, X. parviflora,

X. caffra, X. americana, X. perrieri, X. intermedia e X. coriacea. Entre essas espécies, a

X. caffra se destaca por ser utilizada na Tanzânia para o tratamento da menstruação

irregular, reumatismo e câncer (CHHABRA & UISO, 1990) e, na província de

Limpopo, no Sul da África, para o tratamento da diarréia (MATHABE et al., 2006).

Segundo Matos (2007), X. americana é caracterizada como arbusto de 3-4

metros de altura ou árvore pequena espinhosa, de casca fina, avermelhada ou cinza, lisa

ou pouco rugosa, com folhas pequenas, simples, inteiras, alternas, pecioladas, oblongas,

glabras e flores branco-amareladas, aromáticas, com as pétalas recurvadas, dispostas em

racemos curtos, axilares ou terminais (Figura 1). Tem frutos aromáticos, do tipo drupa

subglobosa de cor amarelo alaranjado, medindo de 1,5 a 2 cm de diâmetro, envolvendo

uma única semente com amêndoa branca. Apresenta polpa de consistência firme e sabor

doce (EROMOSELE & EROMOSELE, 2002). As sinonímias de nomes vulgares mais

usadas são: ameixa-do-mato, ababuí, ameixeira-do-brasil, ameixa-do-brasil, ambuí,

ameixa-da-bahia, ameixa-da-terra, ameixa-de-espinho, ameixa-do-pará, limão-bravo-do-

brejo, sândalo-do-Brasil, umbu-bravo ou ximenia. Em Angola é conhecida, ainda, pelos

nomes de ganzi, lumeque, mepeque, muinje, munjaque, omupeque e umpeque

(WIKIPEDIA, 2007).

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Principais sinonímias botânicas: Amyris arborescens P. Browne, Heymassoli

inermis Aubl., Heymassoli spinosa Aubl., Pimecaria odorata Raf., Ximenia aculeata

Crantz, X. americana fo. inermis (Aubl.) Engl., X. americana fo. inermis S. Moore, X.

americana var. ovata DC., X. arborescens Tussac ex Walp., X. fluminensis M. Roem.,

X. inermis L., X. montana Macfad., X. multiflora Jacq., X. oblonga Lam. ex Hemsl., X.

spinosa Salisb., X. verrucosa M. Roem (PLANTAMED, 2007).

Figura 1: A: Hábito; B: Folhas; C: Caule lenhoso; D: Flor e espinho; E: Fruto de Ximenia americana L.

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QUIMICA

James et al. (2007) realizaram uma pesquisa acerca dos constituintes químicos

de X. americana utilizando extratos aquosos e metanólicos das folhas, da casca do caule

e da raiz. Os resultados indicaram que os constituintes presentes na planta foram

carboidratos, na forma de açúcares, e amido solúvel, exceto para o extrato aquoso das

folhas. Saponinas, taninos, flavonóides, glicosídios cardiotônicos e antraquinonas

estiveram presentes em todos os extratos, exceto nos extratos das folhas, onde não

foram encontradas antraquinonas. Observações semelhantes foram relatadas por

Ogunleye e Ibitoye (2003), que também detectaram a presença de flavonóides e taninos

nos extratos das folhas, enquanto que os alcalóides e antraquinonas estiveram ausentes.

Mevy et al. (2006) estudaram o óleo volátil das folhas de X. americana

utilizando GC-MS e identificaram 33 componentes, representando 98% do total do óleo.

O óleo estudado continha em sua composição, 69% de compostos aromáticos, 12,5% de

compostos lipídicos e 13% de terpenos. O constituinte encontrado em maior quantidade

foi o benzaldeído (63,5%), seguido pelo cianeto de benzila (13%) e isoforona (3,5%).

Este último composto já teve atividade carcinogênica relatada por outros autores, o que

contraria o uso tradicional da planta para o tratamento do câncer.

A análise fitoquímica do fruto registra para as amêndoas das sementes um teor

de 70% de óleo fixo viscoso, amarelo, derivado de ácidos graxos. Das raízes foi

extraído, também, um óleo contendo os ácidos graxos acetilênicos com 18 átomos de

carbono: tarírico (octadeca-5-inóico) e outro composto acetilênico recém descrito na

literatura: (10Z, 14E, 16E-octadeca-10,14,16-triene-12-inóico). As suas cascas

apresentam elevado teor de taninos ainda não identificados quimicamente (MATOS,

2007).

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Eromosele & Eromosele (2002) estudaram a composição dos ácidos graxos das

sementes de X. americana baseados em análises preliminares, indicando que o óleo

poderia conter níveis significativos de ácidos graxos insaturados. Eles identificaram dez

ácidos graxos, dos quais sete eram insaturados. Os estudos detectaram que o óleo

contém ácidos graxos essenciais como o linoléico (1,34%), o linolênico (10,31%) e o

araquidônico (0,6%), conferindo ao óleo um considerável valor nutricional, além de

variados níveis de ácidos graxos insaturados de alto peso molecular. Segundo

Eromosele & Paschal (2003), o óleo das sementes de X. americana apresenta

características físico-químicas que sugerem potenciais aplicações para ele, pois

apresenta redução de apenas 5% na densidade quando submetido a variações de

temperatura entre 30 e 70ºC e uma elevada viscosidade a 30ºC. Esses óleos vegetais têm

sua importância aumentada não apenas pelo valor nutricional, mas também pelo uso na

indústria de produtos cosméticos, além do uso como lubrificantes e como resina para

tintas.

Freiberger et al. (1998), avaliaram o conteúdo nutricional de folhas comestíveis

de sete plantas silvestres da Nigéria, entre elas a X. americana. Eles descobriram que as

folhas contém grande quantidade de cálcio (32 mg.g-1) e de magnésio (14 mg.g-1), e

pequena quantidade de ferro (107 µg.g-1), manganês (39,4-49,8 µg.g-1) e proteínas

(7,87%). As folhas também continham altos níveis de palmitatos, dos quais muitas das

estruturas lípídicas são derivadas.

ATIVIDADE BIOLÓGICA

Segundo Quintans et al. (2002), já foram isolados metabólitos secundários de X.

americana que podem ser responsáveis pelo possível efeito anticonvulsivante. Estes

mesmos autores realizaram estudos acerca da atividade anticonvulsivante do extrato

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etanólico bruto da planta em camundongos albinos Swiss, demonstrando que ele

provoca um aumento na latência para o aparecimento das convulsões, sendo, portanto,

um forte indicativo de uma ação anticonvulsivante.

Voss, Eyol & Berger (2006) investigaram a atividade antineoplásica de vários

extratos da planta in vitro. Eles realizaram um estudo químico-farmacológico da planta

que permitiu o isolamento de material protéico com ação antineoplásica no ensaio com

o modelo de câncer de colo-retal em ratos, cuja estrutura química foi caracterizada por

análise espectrométrica de massas, com a detecção da presença de um peptídeo com

cadeia de 11 aminoácidos.

Uchoa et al., (2006) avaliou a atividade moluscicida da casca de X. americana

frente ao caramujo adulto Biomphalaria glabrata e observou que a madeira do caule

apresenta atividade moluscicida significativa.

Fatope, Adoum & Takeda (2000) estudaram a atividade pesticida do extrato das

raízes e de ramos da X. americana. Durante o teste com os extratos da planta, eles

observaram que os extratos preparados com solventes menos polares foram mais ativos

no teste de letalidade em camarões e que as frações ativas de X. americana não são

letais para crisálidas e percevejos adultos. Elas apenas podem ser usadas para a

supressão da população através da destruição dos ovos viáveis.

James et al. (2007) compararam a atividade antimicrobiana de extratos aquosos e

metanólicos de X. americana (casca do caule, folhas e raiz) frente a microorganismos

patogênicos isolados de pacientes no Departamento de Microbiologia da Universidade

de Ahmadu Bello, na Nigéria. Os microorganismos testados foram Staphylococcus

aureus, Salmonella typhi, Escherischia coli, Shigella flexneri e Klebsiella pneumoniae.

A atividade do extrato metanólico da raiz foi mais pronunciada em Klebsiella

pneumoniae e Staphylococcus aureus, principalmente quando comparada com o extrato

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metanólico das folhas e do caule. Não existiu diferença significativa entre a atividade do

extrato metanólico e aquoso das folhas e caule frente à Shigella flexneri. A atividade

antimicrobiana observada pode ser atribuída à presença de taninos e flavonóides; esta

atividade foi anteriormente relatada por WILD & FASEL (1969) e ERAH et al. (1996).

Omer & Elnima (2003) testaram a atividade antimicrobiana e antifúngica dos

extratos clorofórmicos, metanólicos e aquosos da casca do caule, das folhas e das raízes

de X. americana e concluíram que o extrato metanólico foi o mais ativo e o aquoso

também mostrou elevada atividade. Os microorganismos Staphylococcus aureus foram

as bactérias mais susceptíveis, enquanto que Candida albicans foi o fungo de maior

resistência aos extratos testados. Segundo Matos (2007), ensaios para avaliação da

atividade antimicrobiana mostraram que o extrato das folhas é ativo contra Escherischia

coli, Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans.

Koné et al. (2004) realizaram um estudo com extratos etanólicos de 50 plantas

medicinais pertencentes a 31 famílias diferentes utilizadas como remédios tradicionais

para doenças bacterianas. O extrato das raízes de X. americana foi testado e comprovou

ser um dos 10 extratos que apresentou maior atividade contra Enterococcus faecalis e

Streptococcus pyogenes.

CONCLUSOES

Ximenia americana ainda é uma espécie pouco investigada cientificamente,

porém é bastante utilizada na medicina popular, principalmente em países como a

Nigéria e África do Sul. Sua atividade antimicrobiana em diferentes microorganismos

pode ser parcialmente atribuída aos seus constituintes químicos, como os taninos, que

vêm sendo tradicionalmente usados, principalmente para a proteção de superfícies

inflamadas. A presença de polifenóis pode ser um forte indicativo da sua atividade

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antiinflamatória, antialérgica, antibacteriana, antifúngica, além de seus efeitos

vasoprotetores. Neste contexto, a planta passa a ser uma promissora fonte de matéria-

prima para a utilização na produção de medicamentos fitoterápicos. Situação esta

desejada pela Política Nacional de Medicamentos como contribuição ao Sistema Único

de Saúde (SUS).

AGRADECIMENTOS

A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio financeiro na realização desta pesquisa.

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PADRONIZAÇÃO FARMACOGNÓSTICA DAS CASCAS DO CAULE DE Ximenia

americana L (OLACACEAE) PARA UTILIZAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE

FITOTERÁPICOS

(Artigo submetido à Revista Latin American Journal of Pharmacy)

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Padronização Farmacognóstica das cascas do caule de Ximenia americana L

(Olacaceae) para utilização no desenvolvimento de fitoterápicos

Mariana Trycia Brasileiro1, Amanda Alencar do Egito1, Karina Perrelli Randau1, Clébio Pereira Ferreira2, Rejane Magalhães de Mendonça Pimentel2, Gustavo Campos Pereira1,

Pedro José Rolim Neto*1.

1 Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos, Departamento de Ciências

Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, 50.740-521, CDU, Recife,

PE, Brasil, 2 Laboratório de Fitomorfologia Funcional, Departamento de Botânica; Universidade

Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, 52171-900, Dois Irmãos, Recife, PE, Brasil.

RESUMO

Ximenia americana L. um representante da família Olacaceae que ocorre nas regiões do

semi-árido do nordeste do Brasil. Suas cascas são utilizadas como cicatrizante, no

tratamento da malária, entre outros. Este estudo objetivou a padronização das cascas de

X. americana, permitindo o reconhecimento seguro desta espécie. Foram realizadas

análises microscópicas das cascas do caule, juntamente com a histoquímica, perfil

fitoquímico, teor de fenóis totais, e os testes de pureza: determinação do teor de cinzas

totais, cinzas insolúveis em ácido e determinação da perda por dessecação. Os

resultados obtidos podem ser utilizados como parâmetros no controle de qualidade de

matérias-primas para um futuro fitoterápico.

Palavras-chave: fitoterápicos, padronização, Ximenia americana.

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ABSTRACT

Ximenia americana L. is a representative of the Olacaceae family that occurs in the

semi-arid regions of Northeast Brazil. Its bark is used for healing in the treatment of

malaria, amongst others. The objective of this study is the standardization of the bark of

the X. americana, so as to permit a positive recognition of this species. Microscopical

analyses of the bark were carried out, together with a histochemical, phytochemical

profile of total phenol content and purity tests: determination of total ash content, ashes

that are insoluble in acid and determination of loss by drying. The results that were

obtained can be used as parameters in quality control of raw material for future

phytotherapy.

Key words: phytoterapics, standardization, Ximenia americana.

INTRODUÇÃO

A Família Olacaceae possui distribuição pantropical, compreendendo 27 gêneros

e aproximadamente 200 espécies, sendo seus representantes plantas lenhosas, árvores ou

arbustos. No Brasil encontram-se aproximadamente 13 gêneros e cerca de 60 espécies,

sendo o gênero Ximenia um dos maiores em número de espécies (JOLY, 2002; SOUZA

& LORENZI, 2005).

X. americana é uma planta cosmopolita tropical com ocorrência silvestre

inclusive nos tabuleiros litorâneos do nordeste do Brasil (MATOS, 2007).

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O gênero Ximenia é utilizado popularmente para fins medicinais, como o

tratamento de menstruação irregular, reumatismo, câncer, infecções da boca, dor de

estômago, sífilis, (CHHABRA & UISO, 1990; MWANGI et al., 1994; OGUNLEYE &

IBITOYE, 2003) e para o tratamento da diarréia (MATHABE et al., 2006). Sua casca é

utilizada para o tratamento da lepra, da malária, da dor de cabeça, como moluscicida,

para infecções da pele, hemorróidas e inflamações das mucosas. A ação cicatrizante

relatada na literatura pode ser justificada pela presença de algumas substâncias com essa

atividade como os taninos (VERAS & MORAIS, 2004).

O presente estudo objetivou a padronização botânica e química das cascas de

Ximenia americana, identificando caracteres diagnósticos que permitam o

reconhecimento seguro desta espécie.

MATERIAL E MÉTODOS

Droga vegetal

Amostras da espécie de X. americana foram coletadas em Serra Talhada-PE. O

material testemunho foi depositado no Herbário Dárdano de Andrade Lima da Empresa

Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA –73349).

Análise macroscópica e microscópica do pó das cascas do caule

A caracterização macro e microscópica das cascas foi realizada utilizando-se

material fresco e fixado em FAA 50 (formaldeído, ácido acético, etanol, água,

5:5:45:45).

Lâminas semipermanentes foram confeccionadas de macerados obtidos de

fragmentos de casca com aproximadamente 1 cm de comprimento, imersos em uma

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mistura de ácido crômico e ácido nítrico na proporção de 1:1. Os fragmentos foram

mantidos nesta solução por um período de 24 horas e a solução foi trocada toda vez que

se tornava escura. As amostras foram lavadas em água destilada sucessivas vezes e

lavadas em solução de álcool a 50%, e coradas com safranina alcoólica a 1% em etanol

por 24 horas. Em seguida foram lavadas três vezes em etanol a 30% para a retirada do

excesso do corante. O material macerado foi montado em glicerina aquosa a 60%

(KRAUS & ARDUIM, 1997).

Uma amostra de macerado foi utilizada para realizar medições do comprimento

e largura dos principais elementos celulares, como vasos de xilema, fibras e células de

parênquima.

Observações e análises foram feitas em imagens digitais a partir do programa de

análise de imagens, Image Tool (WILCOX et al., 2002). As barras foram determinadas

de imagens de uma lamina micrometrada nas mesmas condições das imagens dos cortes

histológicos da planta.

Análise histoquímica

Secções transversais da casca do caule, foram utilizadas para as análises

histoquímicas. Alcalóides foram testados com reagente de Wagner (FURR &

MAHLBERG, 1981), amido com lugol (JOHANSEN, 1940), compostos fenólicos

gerais com cloreto férrico (JOHANSEN, 1940), lignina com floroglucina ácida

(KRAUS & ARDUIM, 1997) e lipídeos, cutina e suberina com Sudan III (SASS, 1951)

e proantocianidinas (taninos) com vanilina clorídrica (RICCO et al., 2002). A

verificação da presença de iridóides foi feita com uma mistura de vanilina sulfúrica a

2% em etanol e ácido sulfúrico em solução alcoólica a 5% na proporção de 1:1.

Fragmentos frescos do caule, cortados à mão livre, foram colocados em uma lâmina e

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secos em papel absorvente para eliminação do excesso de água. Os fragmentos foram

mantidos entre lâmina e lamínula e levados à estufa a 100º C por um período de 5 min,

seguida de observação em microscópio óptico.

A cor produzida na lâmina foi fotografada em diferentes aumentos usando

câmera digital (Sony W5) e microscópio óptico (Olympus).

Perfil Fitoquímico

Para o perfil fitoquímico, foi preparado um extrato metanolico a 20% (m/v) de

amostra por maceração durante 48 horas. Alíquotas de 10 μL foram analisadas por

cromatografia em camada delgada (placas de gel de sílica Merck - Alemanha,

Art.105554) para análise da presença de grupos de metabólitos, empregando-se diversas

fases móveis e reveladores específicos (HARBORNE, 1998; WAGNER & BLADT,

1996; XAVIER et al., 2002; SENA FILHO et al., 2006).

Preparação dos extratos

Amostras de 5g de casca do caule de Ximenia americana foram submetidas a

maceração durante 24 horas com diferentes misturas de 100 mL etanol:água 90:10,

etanol:água 70:30 e acetona:água 70:30. Os extratos obtidos foram evaporados, o

rendimento foi calculado e posteriormente determinou-se o teor de fenóis totais.

Determinação dos fenóis totais

Foi construída uma curva padrão, utilizando como substância de referência o

ácido tânico. Alíquotas de 2, 4, 6, 8, 10 e 12 mL da solução aquosa de ácido tânico a

100 µg/mL, foram transferidas para balões volumétricos de 100 mL e adicionados 2,5

mL de Folin-Ciocalteau. Após 2 minutos, foram adicionados 10 mL de solução de

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carbonato de sódio 15% e o volume foi completado com água destilada. As soluções

foram deixadas em repouso por 30 minutos e foram lidas a 760 nm. As amostras foram

preparadas utilizando 3 mL dos extratos hidroalcoólicos de X. americana a 2 mg/mL. O

branco do sistema foi preparado da mesma forma, sem a alíquota da amostra.

Testes de pureza

Nos testes de pureza, as determinações da perda por dessecação, do teor de

cinzas totais e de cinzas insolúveis em ácido foram realizadas segundo a Farmacopéia

Brasileira IV edição (2000).

Determinação da perda por dessecação

A determinação da perda por dessecação foi feita em três amostras de 3 g de

droga vegetal em pesa-filtro, previamente tarado, as quais foram colocadas em estufa a

105° C por 2 horas, resfriadas em dessecador por 30 min., repetindo-se o processo até

peso constante.

Teor de cinzas totais

Para a determinação do teor de Cinzas totais, três amostras de 3 g da droga

vegetal foram acondicionadas em cadinhos de porcelana previamente pesados e foram

carbonizadas em mufla a 400° C por 4-5 horas; resfriadas em dessecador e pesadas até

obtenção de valor constante. Calculou-se o teor de cinzas totais pela diferença entre o

peso do conjunto cadinho e amostra, antes e após a incineração.

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Cinzas insolúveis em ácido

A determinação das cinzas insolúveis em ácido foi realizada em 25 mL de ácido

clorídrico a 10% em cadinho contendo resíduos das cinzas totais, fervidos por 5 min,

filtrado duas vezes em papel de filtro com tarja preta. Após lavagem do papel de filtro

com água fervente até obter pH neutro, acondicionou-se o papel de filtro em um

segundo cadinho tarado e pesado. Carbonizou-se a 100°C na mufla por 4-5 horas, até

peso constante, resfriou-se no dessecador e pesou-se o cadinho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

X. americana pode ser caracterizada como arbusto de 3-4 metros de altura ou

árvore pequena espinhosa, de casca fina, avermelhada ou cinza, lisa ou pouco rugosa,

com folhas pequenas, simples, inteiras, alternas, pecioladas, oblongas, glabras e flores

branco-amareladas, aromáticas, com as pétalas recurvadas, dispostas em racemos

curtos, axilares ou terminais. Tem frutos aromáticos, do tipo drupa subglobosa de cor

amarelo alaranjado, medindo de 1,5 a 2 cm de diâmetro, envolvendo uma única semente

com amêndoa branca. Apresenta polpa de consistência firme e sabor doce (PIO

CORREA, 1978; EROMOSELE & EROMOSELE, 2002, MATOS 2007).

Em vista transversal, o caule mostrou-se com contorno cilíndrico (Fig. 1A); o

córtex está constituído por células colenquimáticas do tipo lamelar, seguidas por

parênquima fundamental (Fig. 1B). Em estrutura secundária, o feixe vascular, do tipo

colateral, está disposto em anel (Fig. 1C). O desenvolvimento da periderme é tardio,

iniciando-se após o início da atividade do câmbio no cilindro vascular (Fig. 1A).

Cilindro vascular delimitado por periciclo constituído por grupos esparsos de

fibras com paredes espessadas (Fig. 1A,B). A região medular está constituída por

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células lignificadas, com paredes mostrando variados graus de espessamento; algumas

delas estão agrupadas e se destacam pelo maior espessamento de suas paredes (Fig. 1D).

As células do floema e parênquima cortical repletas de compostos fenólicos.

Idioblastos contendo lipídeos estão presentes no parênquima cortical e no parênquima

do floema.

O macerado do caule (Fig. 1E-H) mostrou tipos celulares comuns, com algumas

particularidades. As fibras agrupadas presentes na medula permanecem assim, mesmo

após o processo de maceração (Fig. 1F) para dissociação celular; estas células são

ligeiramente alongadas, curtas com pontoações arredondadas. Na Figura H é observado

um prolongamento da parede em uma destas células, por onde elas se prendem entre si.

Os elementos de vaso do xilema mostraram tipos variados: 1 – vasos longos com

paredes terminais oblíquas com prolongamentos de tamanhos discrepantes; 2 – vasos

alongados, curtos e fechados, agrupados, ligados entre si por prolongamentos nas

paredes laterais (Fig. 1H); 3 – vasos longos e estreitos com paredes terminais oblíquas,

placas de perfuração simples e espessamento helicoidal; 4 – células alongadas,

cilíndricas com paredes terminais retas e placa de perfuração simples (Fig. 1H).

Foi abundante a presença de fibras alongadas longitudinalmente e três tipos de

células de xilema: tipo 1- vasos com ambas as paredes terminais retas de comprimento

variado; tipo 2- vasos com uma parede terminal reta e a outra transversa sem

prolongamentos e; tipo 3- vasos com paredes terminais tangenciais com

prolongamentos. As células de parênquima se mostraram alongadas.

Os testes histoquímicos confirmaram a presença de amido no parênquima cortical

e em células parenquimáticas do floema; compostos fenólicos foram detectados em

células do parênquima medular e no floema. Taninos foram detectados por vanilina

clorídrica em células do parênquima cortical, medular e floema; vanilina sulfúrica

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marcou fracamente a presença de taninos nas células do parênquima dos raios

medulares. As células do súber foram fortemente marcadas por sudan III, indicando a

presença de suberina. Lignina foi fortemente marcada nos elementos de vaso no xilema

e fibras, entretanto, foi fracamente marcada nos grupos de fibras que constituem o

periciclo.

Figura 1. Caule de Ximenia americana L. (Olacaceae). A. Vista transversal do córtex,

mostrando início da formação da periderme. B. Córtex mostrando colênquima angular.

C. Tecidos de condução em arranjo colateral, dispostos em anel. D. Fibras com paredes

espessadas e lignificadas na medula. E-H. Elementos de condução, mostrando

espessamento helicoidal em G. H. Célula com prolongamento de parede (seta). eva –

elemento de vaso agrupado; evp – elemento de vaso com prolongamento; evr –

elemento de vaso com parede terminal reta; p – prolongamento. Barras: A,B = 100 μm;

C = 300 μm; D = 30 μm; E-H = 50 μm.

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A mistura etanol: água (70:30) foi a que resultou em maior rendimento para as

cascas, seguido da mistura acetona:água (70:30) e finalizando com a mistura

etanol:água (90:10). Os extratos com maior percentual de água foram os que obtiveram

um melhor rendimento.

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Para a determinação do teor de fenóis totais, a partir da solução extrativa à 5%,

não houve diferença significativa de melhor rendimento entre as misturas etanol:água

(70:30) e acetona:água (70:30), mas quando se utilizou etanol:água (90:10) o

rendimento dessa extração foi de 12,9% (Tabela 1).

Tabela 1: Determinação do teor de fenóis totais em extratos do caule de Ximenia

americana L. (Olacaceae).

Sistemas binários Rendimento dos extratos Teor de fenóis totais

etanol:água 90:10 25.8% 12.9%

etanol:água 70:30 34.8% 16.45%

acetona:água 70:30 32.28% 16.44%

O perfil fitoquímico evidenciou a presença de um elevado teor de taninos do tipo

proantocianidinas condensadas, de saponinas e de açúcares redutores. Mono e

sesquiterpenos, triterpenos e esteróides, alcalóides, cumarinas, flavonóides,

fenilpropanóides, e derivados cinâmicos não foram detectados.

Todos os testes de pureza realizados ficaram dentro das normas preconizadas

pela Farmacopéia Brasileira e WHO (1998). No ensaio da perda por dessecação, o

resultado obtido (12%) encontra-se dentro do valor recomendando para cascas que é de

8 a 14% proporcionando assim uma redução no ataque por fungos, bactérias e enzimas

(OLIVEIRA et al, 1998). Em relação ao teor de cinzas o percentual foi de 10% e o teor

de cinzas insolúvel em ácido clorídrico de 0,38%.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos podem ser empregados como parâmetros no controle de

qualidade de matérias-primas a base de X. americana para fitoterápicos. A casca do

caule de X. americana L, apresentou fibras alongadas longitudinalmente e três tipos de

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células de xilema: tipo 1- vasos com ambas as paredes terminais retas de comprimento

variado; tipo 2- vasos com uma parede terminal reta e a outra transversa sem

prolongamentos e; tipo 3- vasos com paredes terminais tangenciais com

prolongamentos. As células de parênquima se mostraram alongadas.

A presença predominante de taninos se mostra promissora para uso como

marcadores fitoquímicos. Os testes farmacopéicos contribuem para a especificação da

droga vegetal garantindo uma padronização da matéria –prima para utilização em

produtos fitoterápicos. As informações disponíveis na literatura acerca da morfologia e

anatomia de espécies de Ximenia são escassas, restringindo-se à caracterização da

família Olacaceae; o parênquima é do tipo apotraqueal (WATSON & DALLWITZ,

2007). Deste modo, todas as informações acerca da anatomia desta espécie são inéditas.

AGRADECIMENTOS

À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo

apoio financeiro na realização desta pesquisa.

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DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE IN VITRO DE Ximenia

americana L.

(Artigo a ser submetido à Revista LWT)

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Determinação da atividade antioxidante in vitro de Ximenia americana L.

Mariana Trycia Brasileiro1, Amanda Alencar Egito1, Alexandre Bezerra Galindo1,

Jeckson Luiz da Silva1, Karina Perreli Randau1,2, Pedro José Rolim Neto1*.

1 Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos, Departamento de Ciências

Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, UFPE.

2 Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas,

Universidade Federal de Pernambuco, UFPE.

RESUMO

No organismo humano, a atividade metabólica normal produz constantemente radicais

livres. A produção de radicais livres é controlada nos seres vivos por diversos

compostos antioxidantes os quais podem ter origem endógena ou serem provenientes da

dieta alimentar e outras fontes. Destas últimas destacam-se tocoferóis (vitamina E),

ácido ascórbico (vitamina C), polifenóis, selênio e carotenóides. O objetivo deste

trabalho foi avaliar a capacidade antioxidante da casca do caule de Ximenia americana

L. por diferentes métodos e correlacionar essa atividade com o teor de fenóis totais

presente. Para isto, foram preparados extratos da casca do caule de X. americana (etanol

70% e 90%, e acetona 70%) que tiveram seus fenóis totais doseados utilizando-se o

reagente de Folin & Ciocalteau. A atividade antioxidante foi verificada através do

método do radical livre DPPH• (1,1-difenil-2-picrilhidrazil), do método do

fosfomolibdênio e do peróxido de hidrogênio. O extrato etanol 70% apresentou maior

capacidade antioxidante em todos os métodos empregados, assim como também

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apresentou um maior teor de fenóis totais. A planta estudada apresentou considerável

atividade antioxidante comprovada por três diferentes métodos, nos diferentes extratos

estudados.

Palavras-chave: Ximenia americana, fenóis totais, atividade antioxidante.

ABSTRACT

In the human body, the normal metabolic activity produces free radicals constantly. The

production of free radicals in living beings is controlled by several antioxidant

compounds which can be caused endogenous or be from diet and other sources. Of

these latter it is tocopherols (vitamin E), ascorbic acid (vitamin C), polyphenols, selênio

and carotenoids. The objective of this work was to evaluate the antioxidant capacity of

the stem bark of Ximenia American L. By different methods and this activity correlate

with the level of total phenols present. For this, extracts were prepared from the bark of

the stem of X. American (ethanol 70% and 90%, and acetone 70%) who have had their

total phenols assayed using the reagent of Folin & Ciocalteau. The antioxidant activity

was verified by the method of radical free DPPH• (1,1-difenil-2-picrilhidrazil), the

method of fosfomolibdênio and of hydrogen peroxide. The extract ethanol 70%

presented greater antioxidant capacity in all the methods employed, and also had a

higher content of total phenols. The plant studied presented considerable activity

antioxidant proven by three different methods in different extracts studied.

Keywords: Ximenia americana, total phenols, antioxidant activity

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1- INTRODUÇAO

Há muito tempo, as plantas tem sido avaliadas para auxiliar na manutenção da

saúde humana, especialmente na ultima década (KUMAR et al., 2005). A constatação

de que os vegetais possuem substâncias biologicamente ativas que trazem benefícios à

saúde ou efeitos fisiológicos desejáveis tem impulsionado estudos sobre as suas

propriedades (MELO et al., 2006).

No organismo humano, a atividade metabólica normal produz constantemente

radicais livres. Estas moléculas, geradas in vivo, reagem com DNA, RNA, proteínas e

outras substâncias oxidáveis, promovendo danos que podem contribuir para o

envelhecimento e a instalação de doenças degenerativas como câncer, aterosclerose,

artrite reumática, entre outras (MELO et al., 2006). A produção de radicais livres é

controlada nos seres vivos por diversos compostos antioxidantes os quais podem ter

origem endógena ou serem provenientes da dieta alimentar e outras fontes. Destas

últimas destacam-se tocoferóis (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C), polifenóis,

selênio e carotenóides (SOUSA et al., 2007). Atualmente, o interesse em encontrar

antioxidantes de ocorrência natural tem aumentado consideravelmente tanto para o uso

em alimentos como em medicamentos (KUMARAN & KARUNAKARAN, 2007).

Os compostos fenólicos, constituintes de um amplo e complexo grupo de

fitoquímicos, são produtos secundários do metabolismo vegetal que apresentam em sua

estrutura pelo menos um anel aromático com uma ou mais hidroxilas, o que possibilita

atuarem como agentes redutores, exercendo proteção ao organismo contra o "stress"

oxidativo (SCALBERT & WILLIAMSON, 2000). A formação de radicais livres é

controlada por vários compostos conhecidos como antioxidantes. O mecanismo de ação

dos antioxidantes não é muito claro devido à existência de uma variedade muito grande

desses agentes (MELO et al., 2006). Alguns compostos fenólicos não se apresentam em

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forma livre nos tecidos vegetais. São aqueles presentes sob a forma de polímeros, na

qual estão os taninos e as ligninas. Os taninos são compostos de alto peso molecular,

que classificam-se em dois grupos, baseados em seu tipo estrutural: taninos

hidrolisáveis e taninos condensados. Os primeiros contêm um núcleo central de glicose

ou um álcool poliídrico, esterificado com ácido gálico ou elágico, e são prontamente

hidrolisáveis com ácidos, bases ou enzimas. Os outros são polímeros de catequina e/ou

leucoantocianidina, não prontamente hidrolisáveis por tratamento ácido (SOARES,

2002).

Recentes estudos tem investigado a potente atividade de produtos à base de

plantas como agente antioxidante para várias doenças induzidas por radicais livres

(HOU et al., 2003; TUNG et al., 2007). Paralelamente, tem sido determinado que o

efeito antioxidante dessas plantas é comumente atribuído aos compostos fenólicos,

como os flavonóides, ácidos fenólicos, taninos e diterpenos (CHUNG et al., 1998;

PIETTA, 2000; TUNG et al., 2007).

Ximenia americana L. é uma planta comumente encontrada nas regiões tropicais

e temperadas do mundo e bastante usada na Nigéria para o tratamento da malária e de

diversas infecções na pele (OGUNLEYE & IBITOYE, 2003). Várias partes da planta

como o fruto, a casca da árvore, a folha e suas raízes são utilizadas na medicina popular

como matéria-prima para o tratamento de diversas patologias. A sua casca, avermelhada

e lisa, apresenta várias atividades e está sendo usada para diversos fins, como para o

tratamento da lepra, da malária, da dor de cabeça, como moluscicida, para infecções da

pele, hemorróidas e inflamações das mucosas (VERAS & MORAIS, 2004). Devido as

suas propriedades medicinais, a fitoquímica da Ximenia americana tem sido investigada

por vários autores (MEVY et al., 2006).

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O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade antioxidante de extratos da

casca do caule de Ximenia americana L. por diferentes métodos e correlacionar essa

atividade com o teor de fenóis totais.

2- MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Preparação dos extratos

As amostras do caule da Ximenia americana L. foram coletadas na cidade de

Serra Talhada (PE). Os extratos foram preparados a 5%(m/v) da casca da planta,

utilizando álcool etílico 90%, álcool etílico 70% e acetona 70% em água, por maceração

durante 48 h. Após isto, foram filtrados e acondicionados em frasco de vidro âmbar.

2.2. Determinação dos fenóis totais

O teor de fenóis totais foi determinado pelo método de Folin & Ciocalteau

(1927). O reagente consiste da mistura dos ácidos fosfomolibídico e fosfotunguístico,

no qual o molibdênio e o tungstênio encontram-se no estado de oxidação 6+, porém, em

presença de certos agentes redutores, como os compostos fenólicos, formam-se os

chamados molibdênio azul e tungstênio azul, nos quais a média do estado de oxidação

dos metais está entre 5 e 6 e cuja coloração permite a determinação da concentração das

substâncias a 760 nm (KUSKOSKI et al., 2006; SOUSA et al., 2007).

Foi construída uma curva padrão, utilizando como substância de referência o

ácido tânico. Alíquotas de 2, 4, 6, 8, 10 e 12 mL da solução aquosa de ácido tânico a

100 µg/mL foram transferidas para balões volumétricos de 100 mL e adicionados 2,5

mL de Folin-Ciocalteau. Após 2 minutos, foram adicionados 10 mL de solução de

carbonato de sódio 15% e o volume foi completado com água destilada. As soluções

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40

foram deixadas em repouso por 30 minutos e foram lidas a 760 nm. As amostras foram

preparadas utilizando 3 mL dos extratos hidroalcoólicos (70 e 90%) e do extrato

acetônico (70%) de X. americana a 2 mg/mL. O branco do sistema foi preparado da

mesma forma, sem a alíquota do extrato.

2.3. Atividade antioxidante

2.3.1. Análise qualitativa

Os extratos de X. americana (álcool etílico 90%, álcool etílico 70% e acetona

70% a 5% m/v) foram analisados por cromatografia em camada delgada (CCD), usando

rutina como padrão positivo. A fase móvel utilizada foi: AcOEt- HCOOH-AcOH- H2O

(100:0.2:0.2:0.2v/v) e AcOEt- HCOOH-AcOH- H2O (100:0.3:0.3:0.3 v/v). Após

secagem, foram nebulizadas com solução a 0,4 mM do radical DPPH em MeOH. As

placas foram observadas até o aparecimento de manchas amarelas sob fundo de

coloração púrpura, indicativa de possível atividade antioxidante (SOLER-RIVAS et al.,

2000).

2.3.2. Método do radical livre DPPH• (1,1-difenil-2-picrilhidrazil)

Foi preparada uma solução estoque de DPPH em metanol na concentração de 0,4

mM. A partir desta, foram feitas diluições de 0.2, 0.1, 0.05, 0.025 e 0.0125 mM. A

curva de calibração foi construída a partir dos valores da absorbância a 517 nm de todas

as soluções.

Alíquotas (0,4 mL) das soluções metanólicas de X. americana, preparadas a

partir dos extratos hidroalcoólicos (70% e 90%) e acetônico (70%) , com concentrações

totais de X. americana de 25, 50 e 100 μg/mL, foram colocadas em diferentes tubos de

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41

ensaio. Em seguida, 3,6 mL da solução de DPPH em metanol (0,05 mM) foram

adicionados e, após agitação, os tubos foram deixados em repouso ao abrigo da luz. Ao

final de 15, 30, 45 e 60 min, a absorbância foi medida a 517nm e a capacidade de

seqüestrar o radical, expressa como percentual de inibição, foi calculada de acordo com

a seguinte equação matemática:

% inibição = Abs controle – Abs da amostra x 100 Abs controle

Onde: Abs controle = absorbância do controle (solução de DPPH sem antioxidante)

Abs amostra = absorbância da amostra a ser testada

O mesmo procedimento foi realizado empregando-se soluções metanólicas de

padrão rutina, nas concentrações de 12.5, 25.0, 50.0, 100.0 e 200.0 μg/mL, para a

construção de uma curva padrão (MELO et al., 2006).

2.3.3. Determinação da capacidade antioxidante total

A atividade antioxidante dos extratos foi avaliada pelo método do

fosfomolibdênio, descrito por Prieto, Pineda e Aguilar (1999). O ensaio baseia-se na

redução do Mo(VI) – Mo(V) pelo extrato e subseqüente formação do complexo verde

de fosfato/Mo(V). A 0,6 mL das soluções metanólicas (25, 50 e 100 μg/mL) foram

adicionados 6 mL da solução reagente (ácido sulfúrico 0,6 M, fosfato de sódio 28 mM e

molibdato de amônio 4 mM). Os tubos contendo a solução reacional foram incubados a

95oC por 90 minutos. Em seguida, a absorbância da solução foi medida a 695 nm,

usando como branco uma solução contendo metanol no lugar do extrato. A atividade

antioxidante foi expressa em atividade antioxidante relativa ao padrão rutina (AAR%),

dada pela fórmula (KUMARAN & KARUKUMARAN, 2007):

AAR% = Abs (amostra) – Abs (branco) x 100 Abs (rutina) – Abs (branco)

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42

2.3.4. Método do Peróxido de Hidrogênio

Uma solução (4 mM) de peróxido de hidrogênio foi preparada em tampão

fosfato (pH 7,4). A concentração de peróxido de hidrogênio foi determinada por

espectrofotometria no comprimento de onda de 230 nm, usando absortividade molar de

81 (mol/L)-1 cm-1 (YEN & CHEN, 1995). Às soluções metanólicas de X. americana (25,

50 e 100 μg/mL), adicionou-se a solução de peróxido de hidrogênio (0,6 mL). Após 10

minutos de reação, à temperatura ambiente (25ºC), realizou-se leitura em

espectrofotômetro, em comprimento de onda de 230 nm, contra solução branco

contendo o extrato em tampão sem peróxido de hidrogênio. A atividade antioxidante foi

expressa em percentual conforme a seguinte fórmula:

(%) = 1 – (Abs da amostra – Abs branco) x 100 Abs controle

2.3.5. Análise estatística

Os experimentos foram realizados em triplicata. A análise de variância

(ANOVA) e o teste de Tukey foram utilizados para a análise estatística. Valores de

p≤0,05 foram considerados como indicativos de significância.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Teor de fenóis totais

Na determinação dos fenóis totais observou-se que o maior teor foi encontrado

no extrato etanólico à 70%, seguido do acetônico à 70% e do etanólico 90%, conforme

mostra a Tabela 1.

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43

3.2. Análise qualitativa

A avaliação preliminar qualitativa dos extratos por CCD, revelada com solução

metanólica a 0,4 mM de DPPH, revelou a presença de substâncias com atividade

antioxidante, evidenciadas pela presença de manchas amarelas sobre fundo púrpuro,

resultantes da redução do radical DPPH. Porém, nos extratos a 70%, a existência de

substâncias com atividade antioxidante ficou mais evidente.

3.3. Método do radical livre DPPH

Entre os métodos químicos aplicados para determinar a capacidade antioxidante

de um composto em capturar radicais livres, o método DPPH• (1,1,-difenil-2-

picrilhidrazil) é um dos mais utilizados por ser considerado prático, rápido e estável

(KUSKOSKI et al., 2006).

A equação da curva de calibração do DPPH foi A = 10,489C + 0,0053, onde A é

a absorbância no comprimento de onda de 517 nm e C corresponde à concentração de

DPPH, e o coeficiente de correlação R2 = 0,9999. As amostras testadas foram obtidas a

partir dos extratos hidroalcoólicos a 70 e 90%, e acetônico à 70%.

Tipos de extratos

Abs Média

Eq. de Ác. Tânico(µg)

Teor de fenóis %

Etanol 70% 0,903 9,875 16,46

Etanol 90% 0,723 7,74 12,9

Acetona 70% 0,902 9,867 16,44

Tabela 1: Teor de fenóis totais dos diferentes extratos de X. Americana L.

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44

A capacidade de seqüestrar o radical DPPH, expressa em % de inibição exibida

pelos extratos e padrão rutina nas concentrações de 25, 50 e 100 µg/mL e no intervalo

de tempo entre 0-60 min, encontra-se na Tabela 2.

Todas as amostras de X. americana apresentaram atividade seqüestradora do

radical DPPH e essa atividade foi crescente à medida que se aumentou a concentração

da amostra, conforme pode ser observado nas Figuras 1, 2 e 3.

Tabela 2: Capacidade de seqüestrar o radical DPPH (% de inibição)

*Letras iguais, na mesma coluna e numa mesma concentração, indicam que, no nível de 5%, não há diferença estatisticamente significativa entre as respectivas médias pelo teste de Tukey.

0

10

20

30

40

50

60

70

15 min 30 min 45 min 60min

Tempo

% d

e in

ibiç

ão

[ ] de 25µg/mL[ ] de 50µg/mL[ ] de 100µg/mL

15 min 30 min 45 min 60 min Amostras [ ] de 25 µg/mL*

Médias Signif Médias Signif Médias Signif Médias Signif Rutina 37,48 a 39,74 a 41,62 a 43,29 a

Ximenia EtOH 70% 28,79 b 29,34 b 29,91 b 30,88 b Ximenia EtOH 90% 26,88 bc 26,97 b 26,55 bc 26,81 b

Ximenia Acetona 70% 27,39 bc 27,60 b 29,34 b 30,16 b [ ] de 50 µg/mL*

Rutina 58,99 a 62,75 a 65,26 a 66,94 a Ximenia EtOH 70% 34,23 b 34,99 b 37,26 b 37,44 b Ximenia EtOH 90% 33,18 b 31,60 b 32,48 b 33,04 b

Ximenia Acetona 70% 34,22 b 33,46 b 33,76 b 36,73 b [ ] de 100 µg/mL*

Rutina 81,8 a 84,07 a 84,31 a 84,52 a Ximenia EtOH 70% 58,08 b 60,24 b 60,34 b 62,19 b Ximenia EtOH 90% 54,39 b 52,99 b 53,49 b 55,29 b

Ximenia Acetona 70% 55,57 b 57,03 b 56,75 b 57,24 b

Figura 1. Percentual de inibição do radical DPPH pelo extrato etanólico a 70% em função do tempo.

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45

0

10

20

30

40

50

60

15 min 30 min 45 min 60min

Tempo

% d

e in

ibiç

ão

[ ] de 25µg/mL[ ] de 50µg/mL[ ] de 100µg/mL

0

10

20

30

40

50

60

70

15 min 30 min 45 min 60min

Tempo

% d

e in

ibiç

ão

[ ] de 25µg/mL[ ] de 50µg/mL[ ] de 100µg/mL

Segundo alguns autores, o tempo de medida de reação entre o radical e a amostra

de 30 minutos é suficiente, embora outros autores determinem 20 minutos (KUSKOSKI

et al., 2006). Foram avaliados os intervalos de 15, 30, 45 60 minutos de reação, porém a

análise estatística revela que não há diferenças significativas entre as determinações

efetuadas nos diferentes intervalos de tempo para uma mesma concentração de amostra.

Figura 2. Percentual de inibição do radical DPPH pelo extrato etanólico a 90% em função do tempo.

Figura 3. Percentual de inibição do radical DPPH pelo extrato acetônico a 70% em função do tempo.

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46

3.4. Determinação da capacidade antioxidante total

O método fosfomolibdênio é baseado na redução do Mo(VI) para Mo(V), pelo

composto antioxidante, e formação do complexo verde fosfato/Mo(V), o qual tem

absorção máxima a 695 nm (KUMARAN & KARUKUMARAN, 2007).

A atividade antioxidante total dos extratos etanólicos 70 e 90% e acetônico 70%

de X. americana 25, 50 e 100 µg/mL é mostrada na Tabela 3. Os resultados estão

expressos em atividade antioxidante relativa ao padrão rutina (AAR% rutina). O estudo

revelou que a atividade antioxidante cresceu com o aumento da concentração da

amostra e foi maior para o extrato etanólico 70%, seguido do acetônico 70% e por

último do etanólico 90%, porém não houve diferença estatisticamente significativa entre

os dois primeiros.

*Letras iguais, na mesma coluna e numa mesma concentração, indicam que, no nível de 5%, não há diferença estatisticamente significativa entre as respectivas médias pelo teste de Tukey.

Teste Tukey a 5% - 25 µg/mL Amostras AAR% rutina Signif*

Padrão Rutina 100,00 a Ximenia EtOH 70% 22,47 b Ximenia EtOH 90% 15,20 c Ximenia Acetona 70% 21,70 b

Teste Tukey a 5% - 50 µg/mL Amostras AAR% rutina Signif*

Padrão Rutina 100,00 a Ximenia EtOH 70% 32,96 b Ximenia EtOH 90% 21,77 c Ximenia Acetona 70% 28,62 b

Teste Tukey a 5% - 100 µg/mL Amostras AAR% rutina Signif*

Padrão Rutina 100 a Ximenia EtOH 70% 61,42 b Ximenia EtOH 90% 37,62 c Ximenia Acetona 70% 57,30 b

Tabela 3: Atividade antioxidante total dos extratos etanólicos (70% e 90%) e acetônico (70%) de X. americana em AAR% rutina

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47

3.5. Método do Peróxido de Hidrogênio

Assim como nos outros métodos, a atividade antioxidante foi maior para o

extrato etanólico 70% e menor para o extrato etanólico 90% (Tabela 4 e Figura 4). A

capacidade de inibir o efeito oxidativo do H2O2 através deste método, também

demonstrou correlação com o teor de fenóis encontrado anteriormente.

0,00 5,00

10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00

25µg/mL 50µg/mL 100µg/mL

Concentração

% d

e in

ibiç

ão

Ximenia Etanol 70%Ximenia Etanol 90%Ximenia Acetona 70%

Teste Tukey a 5% - 25 µg/mL Médias Signif Padrão Rutina 100,00 a Ximénia EtOH 70% 45,81 b Ximénia EtOH 90% 31,33 c Ximénia Acetona 70% 40,71 bc

Teste Tukey a 5% - 50 µg/mL Médias Signif Padrão Rutina 100,00 a Ximénia EtOH 70% 45,92 b Ximénia EtOH 90% 31,37 c Ximénia Acetona 70% 40,86 bc

Teste Tukey a 5% - 100 µg/mL Médias Signif Padrão Rutina 100,00 a Ximénia EtOH 70% 43,26 b Ximénia EtOH 90% 30,35 c Ximénia Acetona 70% 40,10 bc

Tabela 4: Atividade antioxidante pelo método do peróxido de hidrogênio(H2O2)

Figura 4. Percentual de inibição da oxidação pelo Peróxido de Hidrogênio

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48

4- CONCLUSÃO

A Ximenia americana estudada apresentou considerável atividade antioxidante

comprovada por três diferentes métodos, nos diferentes extratos estudados (Etanol 70%

e 90%, e Acetona 70%). O teor de fenóis totais variou conforme o tipo e a concentração

do líquido extrator utilizado, sendo maior para extratos etanólicos à 70%, seguido do

acêtonico à 70% e do etanólico 90%. O extrato etanólico a 70% apresentou maior

capacidade antioxidante em todos os métodos empregados, assim como também

apresentou um maior teor de fenóis totais, porém diferenças estatisticamente

significativas praticamente não foram verificadas quando este foi comparado ao extrato

acetônico 70%. Para o tempo médio de reação no método do DPPH, a análise estatística

revelou que não houve diferenças estatisticamente significativas entre as determinações

efetuadas nos diferentes intervalos de tempo para uma mesma concentração de amostra.

5- AGRADECIMENTOS

À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo

apoio financeiro na realização desta pesquisa.

6- BIBLIOGRAFIA

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51

ATIVIDADE CICATRIZANTE DO EXTRATO DA CASCA DO CAULE DE Ximenia americana L. VEICULADO EM FORMA FARMACÊUTICA SEMI-SÓLIDA

(Artigo submetido à Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas)

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52

Atividade cicatrizante do extrato da casca do caule de Ximenia americana L.

veiculado em forma farmacêutica semi-sólida

Mariana Trycia Brasileiro1, Amanda Alencar do Egito1, Alexandre Bezerra Galindo1,

Karina Perrelli Randau1,2; Sérgio Lécio Albuquerque Nóbrega3, Ivone Antônia de

Souza3; Gustavo Campos Pereira1; Pedro José Rolim Neto1*.

1 Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos, Departamento de Ciências

Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, UFPE. 2 Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas,

Universidade Federal de Pernambuco, UFPE. 3 Departamento de Antibióticos, Universidade Federal de Pernambuco, UFPE.

RESUMO

A descoberta de substâncias que possam modelar a resposta à agressão tecidual tem sido

objeto de pesquisas, havendo, atualmente, um crescente interesse em produtos

medicinais naturais com este tipo de atividade. Este trabalho objetivou realizar o perfil

fitoquímico, estudar a toxicidade aguda e avaliar a atividade cicatrizante in vivo de gel-

creme à base do extrato da casca do caule de X. americana L. O screanning fitoquímico

foi realizado em placas cromatográficas Merck. Para o estudo de toxicidade aguda

foram selecionados camundongos machos albinos Swiss (Mus muscullus) e para a

atividade cicatrizante foram utilizados ratos Wistar (Rattus norvegicus) machos adultos

onde o gel-creme desenvolvido foi testado. O ensaio fitoquímico evidenciou a presença

de açúcares redutores, saponinas e taninos condensáveis. A planta apresentou atividade

cicatrizante do ponto de vista macroscópico em relação ao padrão D-pantenol,

demonstrando ter capacidade de aumentar a velocidade de cicatrização de feridas,

podendo assim tornar-se uma potencial fonte de matéria-prima para produção de

medicamentos fitoterápicos.

Palavras-chave: Ximenia americana, gel-creme, cicatrização.

1* Endereço: Av. Prof. Arthur de Sá s/n, Cidade Universitária, 50740-521 Recife-PE, Brasil. E-mail: [email protected]

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ABSTRACT The discovery of substances that may shape the answer to aggression tissue has been the

subject of research, there is currently a growing interest in natural medicinal products

with this type of activity. This work objectives achieve the phytochemical profile, acute

toxicity study and evaluate the in vivo activity scarring cream to the base of the extract

from the bark of the stem of X. americana L. The phytochemical profile was conducted

in Merck chromatography plates. For the study of acute toxicity were selected Swiss

albino male mice (Mus muscullus) and the activity scarring were used Wistar rats

(Rattus norvegicus) adult male where the cream developed has been tested. The

phytochemical profile showed the presence of reducing sugars, saponins and

condensable tannin. X. Americana showed activity scarring in macroscopic point of

view in relation to the standard D-pantenol, demonstrating be capable increasing the

speed of healing wounds and could thus become a potential source of raw material to

medicines production phytotherapeutical produts.

Keywords: Ximenia Americana, cream, healing.

1- INTRODUÇÃO

A cicatrização de feridas consiste em uma perfeita e coordenada seqüência de

eventos celulares e moleculares que interagem para que ocorra a repavimentação e a

reconstituição do tecido (MANDELBAUM et al., 2003). O processo de reparo ocorre

com o objetivo de restaurar a integridade anatômica e funcional do tecido

(CARVALHO, 2002). Nos organismos superiores, o reparo do tecido pode ocorrer de

duas formas: regeneração com a reposição de atividade funcional ou cicatrização com

restabelecimento da homeostasia do tecido e perda da atividade funcional pela formação

de cicatriz fibrótica (BALBINO et al., 2005).

A cicatrização é um processo biológico dinâmico, bem ordenado, didaticamente

dividido nas seguintes fases: hemostasia, fase inflamatória, fase proliferativa ou de

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granulação e fase de remodelação da matriz extracelular (BRANSKI et al., 2005;

SHIMIZU, 2005). A cicatrização pode ocorrer por primeira, segunda intenção ou ainda

fechamento primário retardado, na dependência do tipo de ferida, localização,

contaminação e viabilidade do tecido (KENT LLOYD, 1992). Para que um ferimento

seja curado com êxito, os eventos devem suceder-se em uma seqüência apropriada e o

resultado final é geralmente uma cicatriz de tecido conjuntivo (CARVALHO, 2002).

Logo após o tecido ser lesionado, uma cobertura primária composta por fibrina

restabelece a hemostase e fornece um ambiente para que as plaquetas secretem fatores

de crescimento (FCs), citocinas e elementos da matriz extracelular (MEC). Estes

mediadores do processo inflamatório recrutam macrófagos e neutrófilos, os quais

secretam diversos fatores específicos que orquestram as fases seguintes do processo de

reparação tecidual (SANTORO & GAUDINO, 2005).

A inflamação é conduzida pela ação de substâncias químicas auto-elaboradas

chamadas autacóides, que atuam como mediadores químicos responsáveis pelas

alterações morfofuncionais próprias de tecidos inflamados. O gatilho disparador das

reações bioquímicas é a histamina e a serotonina, dois autacóides com estrutura protéica

apresentando intensa atividade farmacológica sobre os vasos sanguíneos sendo por isso

chamados vasoativos (GREGORI, 1996).

Na fase inflamatória, os neutrófilos aderem-se ao local da lesão poucas horas

após ocorrer a injúria, através de quimiotaxia por mediadores liberados por plaquetas,

células pertencentes ao sistema imune, microrganismos ou ainda devido à ativação do

complemento (PARK & BARBUL, 2004; SZPADERSKA & DIPIETRO, 2005). Além

de sua função fagocitária, os neutrófilos possuem ação pró-inflamatória pela liberação

de citocinas que ativam fibroblastos e queratinócitos. Caso a ferida não esteja

severamente infectada, em poucos dias o número de neutrófilos diminui devido à

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fagocitose por macrófagos (MARTIN, 1997; WERNER & GROSE, 2003). Depois de

um ou dois dias, monócitos teciduais se infiltram e entram no local da lesão, se

diferenciando em macrófagos que participam e concluem o processo inflamatório

(SCHÄFFER et al., 1996).

Os macrófagos possuem função essencial na continuidade do processo

cicatricial, por secretarem fatores de crescimento, promovendo não só a proliferação

celular e síntese protéica, como também a produção de componentes da matriz

extracelular. Estas células também estimulam a proliferação de linfócitos e liberação de

citocinas (IBA et al., 2004; SZPADERSKA & DIPIETRO, 2005), que provocam o

influxo de neutrófilos, bem como a migração e proliferação de células endoteliais,

fibroblastos e células indiferenciadas que começarão a repopular o sítio da lesão

(DANTAS, 2000).

Durante a fase proliferativa observam-se o surgimento do tecido de granulação,

reepitelização e contração da ferida, os quais desempenham papéis importantes na

cicatrização normal. São vários os fatores responsáveis pela formação do tecido de

granulação. Embora os fatores de crescimento desempenhem um papel crucial na

migração e diferenciação das células necessárias à formação desse tecido, os

macrófagos presentes na ferida e as plaquetas capturadas no trombo são, provavelmente,

os principais contribuintes para o processo (CARVALHO, 2002).

A remodelação ocorre durante a fase final do processo reparatório e pode

continuar durante alguns meses, observando-se síntese, depósito, contração e

remodelação da matriz extracelular (MEC) neoformada. (PILCHER et al., 1999;

GRINNELL, 2003). A cicatriz passa a apresentar a forma de uma massa fibrótica

acrescida de fibras colágenas. Observa-se apoptose dos fibroblastos e das células

endoteliais, e os eosinófilos aparecem nas últimas fases da reparação, possivelmente

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devido a fatores de crescimento. Os anexos da pele, como folículos pilosos e glândulas

sudoríparas sofrem regeneração limitada; a coloração da cicatriz é pálida, pois a

regeneração dos melanócitos é deficitária (DIPIETRO & BURNS, 2003).

Apesar do desenvolvimento nas áreas de síntese orgânica, biologia molecular e

biologia industrial, parte dos fármacos empregados na cicatrização permanece sendo

obtida de matérias-primas naturais (AQUINO et al., 2006). No tratamento de feridas,

tem-se intensificado a pesquisa de produtos naturais para auxiliar a cicatrização, como o

óleo de copaíba (CORRÊA, 1984; EURIDES & MAZZANTI, 1995), papaína

(SANCHEZ NETO et al., 1993), açúcar (PRATA et al., 1988), colágeno (ABRAMO,

1990) e vitamina A (BONDI, 1989). Por isso, a descoberta de substâncias que possam

modelar a resposta à agressão tecidual tem sido objeto de pesquisas (BATISTA et al.,

2006), havendo, atualmente, um crescente interesse em produtos medicinais naturais

(RAHAL et al., 2001). Este trabalho objetivou realizar o perfil fitoquímico, estudar a

toxicidade aguda e avaliar a atividade cicatrizante in vivo de gel-creme à base do extrato

da casca do caule de X. americana L.

2- MATERIAL E MÉTODOS

2.1- Identificação da espécie e preparo do material botânico

Ximenia americana L. foi coletada na cidade de Serra Talhada (PE) e

devidamente identificada no herbário do CCS (Centro de Ciências da Saúde) da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e no herbário do IPA (Instituto de

Pesquisas Agropecuárias de Pernambuco). O material botânico foi submetido a secagem

em estufa com ar circulante à uma temperatura de aproximadamente 35ºC por 5 horas,

em seguida foi triturado em forrageira e padronizado em malha de 40-50 mesh.

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2.2- Perfil fitoquímico

Para o perfil fitoquímico de Ximenia americana L. foi preparado um extrato

metanólico a 20% (m/v) de amostra por maceração durante 48 h. Após esse tempo, o

extrato foi filtrado e acondicionado em frasco de vidro âmbar. Alíquotas de 10 µL do

extrato foram submetidas à Cromatografia em Camada Delgada (placas de gel de sílica

Merck - Alemanha, Art.105554) para análise da presença de grupos de metabólitos

secundários, empregando-se diversas fases móveis e reveladores específicos

(HARBORNE, 1998; WAGNER & BLADT, 1996; XAVIER et al., 2002; SENA

FILHO et al., 2006).

2.3- Estudo da toxicidade aguda

Para a realização do protocolo experimental para o estudo de toxicidade aguda

da X. americana L., foram selecionados camundongos machos albinos Swiss (Mus

muscullus) com idade entre 2-3 meses e peso entre 25 a 35 g que foram mantidos antes

e durante o período experimental em gaiolas plásticas de polipropileno. Os animais

foram mantidos sob condições controladas de iluminação (ciclo de 12 horas

claro/escuro) e temperatura (22±2ºC). Doses de 750 mg/Kg, 1000 mg/kg, 1.500 mg/kg e

1.800 mg/Kg do extrato etanólico da planta seco em rotaevaporador foram

redispersados em água destilada e aplicados por via intra-peritonial. A avaliação da

toxicidade aguda do extrato de Ximenia americana L. foi realizada através da

observação de efeitos gerais sugestivos de ação sobre o sistema nervoso central e

periférico dos camundongos, a partir dos quais foi feita uma estimativa da DL50.

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2.4- Desenvolvimento da forma farmacêutica gel-creme

Para a realização do estudo da atividade cicatrizante, foi preparado um gel creme

para a veiculação do extrato, conforme formulação descrita na Tabela 1. O Permulen®

(TR-1) foi disperso em óleo mineral e em seguida acrescentou-se o Novemer (EC-1) até

homogeneização. Em outro recipiente, dissolveu-se o Silsense (DW-18) em água

destilada e esta mistura foi adicionada a anterior. Procedeu-se agitação até completa

homogeneização. Por último, adicionaram-se os conservantes, previamente dissolvidos

em álcool, e o extrato seco de X. americana L. à 5% dissolvido em propilenoglicol.

Tabela 1. Formulação do gel-creme

Componentes Quantidade

(%)

Permulen (TR-1)® 0,4

Novemer (EC-1) 2,0

Silsense (DW-18) 1,0

Óleo mineral 4,0

Nipagim 0,18

Nipazol 0,02

Extrato seco de X. americana L. 5%

Bissulfito de sódio 0,02

Álcool etílico q.s

Propilenoglicol q.s

Água destilada q.s.p. 100

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2.5- Estudo de cicatrização in vivo

Foi realizado com ratos Wistar (Rattus norvegicus) machos adultos, com idade

de 2-3 meses e peso entre 180-250 g, os quais foram mantidos durante o período

experimental em gaiolas plásticas (polipropileno), forradas com maravalha trocada a

cada dois dias.

Os animais foram divididos em três grupos de cinco animais cada, conforme

descrito no Quadro 1. Após marcados e pesados, todos foram anestesiados com 0,2

mL, para cada 100 g de peso corpóreo, com uma mistura de 1:1 dos anestésicos

ketamina a 5% e xilazina a 2%. A administração da solução anestésica foi realizada por

via intramuscular em região de pata posterior esquerda do animal, sendo utilizadas para

isso agulhas de insulina e seringas de 1,0 mL.

Quadro 1. Grupos de animais e esquemas de tratamento para o estudo de cicatrização

Grupo I

(controle negativo)

Animais tratados com placebo (gel-creme sem extrato de X.

americana L.)

Grupo II

(controle positivo)

Animais tratados com D-pantenol

Grupo III

(teste)

Animais tratados com gel-creme à base de X. americana L.

Em seguida, procedeu-se a tricotomia do dorso dos animais, os quais foram

postos em decúbito dorsal sobre mesa operatória com campo cirúrgico estéril, para a

realização da assepsia do dorso com álcool iodado a 0,3%. Posteriormente, foram

realizadas as cauterizações (queimaduras), utilizando-se, para este fim, a ponta esférica

de um bisturi elétrico (Figura 1), o qual proporcionou um dano tecidual cutâneo

(queimadura de 3º grau) de 0,3 cm de diâmetro e uma profundidade que atingiu os

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tecidos subcutâneos, porém preservando a fascia muscular da região, conforme descrito

por Martorelli (2006).

Figura 1. Cauterização com ponta esférica de bisturi elétrico

O tratamento dos animais foi realizado conforme determinado para cada grupo.

As aplicações (controle positivo, controle negativo ou amostra teste) foram realizadas

com uma posologia padrão, por via tópica, e realizada a cada 24 horas durante 14 dias,

conforme mostra Figura 2.

Figura 2. Aplicação por via tópica

Após 03, 07 e 14 dias de tratamento, os animais foram sedados para que fossem

realizadas fotografias da região do ferimento e para a análise macroscópica das fases de

cicatrização.

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As avaliações macroscópicas das feridas foram realizadas em todos os animais,

sendo os critérios de avaliação previamente estabelecidos nos seguintes padrões:

presença de infecção, presença de halo hiperêmico, formação de crosta cicatricial,

presença de borda necrótica, fundo sangrante da ferida e cicatriz final (MARTORELLI,

2006).

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1- Perfil Fitoquímico

O ensaio fitoquímico do caule de X. americana L. evidenciou a presença de

açúcares redutores, saponinas e proantocianidinas condensadas (taninos condensáveis).

Não foi detectada a presença de alcalóides, iridóides, monoterpenos e sesquiterpenos,

triterpenos e esteróides, flavonóides, cumarinas, derivados cinâmicos e antraquinonas.

A presença de açúcares, saponinas e taninos corrobora com James et al (2007), que

também os encontrou em extrato metanólico do caule de X. americana coletada na

Nigéria. Este mesmo autor também verificou no mesmo extrato a presença de

flavonóides. A ausência deste no nosso extrato pode estar relacionada aos fenômenos

de sazonalidade ou até mesmo ao próprio local de coleta, fatores estes que podem

ocasionar diferenças na presença de metabólitos secundários em uma mesma espécie

submetida a diferentes condições.

3.2- Estudo da toxicidade aguda

Em todas as doses testadas, foi verificado um aumento na freqüência respiratória

dos camundongos, ereção de cauda, piloereção, movimento circular, movimento de

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fuga, agitação, abaixamento dos membros posteriores, palidez, posição de ataque,

postura em garra, diarréia e diurese, além de movimento estereotipado, estando estes

efeitos relacionados a provável ação da planta sobre o sistema nervoso periférico. A

dose responsável pela morte de 100% dos camundongos foi a de 1.800 mg/Kg e a que

matou 50% dos animais foi a de 750 mg/Kg de peso do animal.

3.3- Forma farmacêutica e o controle de qualidade

O gel-creme obtido apresentou-se com coloração marrom-avermelhado e

aparentemente estável.

Foram realizados os seguintes testes de controle de qualidade para a forma

farmacêutica: teor de fenóis totais pelo método Folin Ciocalteau (FOLIN &

CIOCALTEAU, 1927), com o resultado obtido em equivalentes de ácido tânico; pH; e

viscosidade utilizando spindle número 7 (sete) e velocidade 12 (doze) rotações por

minuto. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Controle de qualidade do gel-creme de Ximenia americana L.

Teor (% de equiv. em ácido

tânico) Viscosidade (cP) pH

1,894 70.000 5,83

3.4- Estudo de cicatrização in vivo

O cálculo da quantidade de extrato que foi incorporada no gel-creme está

baseado na estimativa da DL50 (750 mg/Kg), que representa aproximadamente 10%

desta dose. A concentração final foi de 50 mg de extrato seco / grama de gel-creme.

Na fase inicial (3 dias), foi verificada a ação do produto na etapa de inflamação

aguda. Verificamos que, na fase intermediária, a reparação conjuntiva, através da

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deposição extracelular de colágeno, ficou demonstrada a eficácia do creme à base de

extrato da casca do caule de X. americana L., dada a rapidez do processo cicatricial

seguido da regressão do processo inflamatório. Esta fase intermediária é que divide o

processo de cicatrização, com a reparação conjuntiva e inflamação crônica, que se

caracteriza pelo infiltrado mononuclear.

A última etapa permite avaliar a qualidade do tecido cicatricial, presença ou

ausência de fibrose e falha na recomposição do tecido. Observamos excelente qualidade

do tecido cicatricial na região dorsal dos animais tratados, quando comparados com o

grupo controle. Os Quadros 2, 3 e 4 trazem os resultados das avaliações macroscópicas

dos grupos controle negativo, controle positivo e teste realizados nos 3º, 7º e 14º dias de

tratamento.

Quadro 2. Resultados da avaliação macroscópica do grupo controle negativo

Dias de Tratamento Aspectos

Macroscópicos 3 7 14

Infecção ausente ausente sem vestígios

Halo hiperêmico presente visível ausente

Bordas necróticas ausente ausente ausente

Crosta espessa visível ausente

Fundo sangrante vestígios não verificado ausente

Cicatriz final ausente ausente ausente

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Quadro 3. Resultados da avaliação macroscópica do grupo controle positivo

Dias de Tratamento Aspectos

Macroscópicos 3 7 14

Infecção ausente ausente ausente

Halo hiperêmico discreto ausente ausente

Bordas necróticas não verificadas ausente não verificadas

Crosta vestígios ausente ausente

Fundo sangrante espessa sem vestígios recuperado

Cicatriz final espessa normal pêlo recuperado

Quadro 4. Resultados da avaliação macroscópica do grupo teste

Dias de Tratamento Aspectos

Macroscópicos 3 7 14

Infecção ausente ausente ausente

Halo hiperêmico vestígios ausente ausente

Bordas necróticas ausente ausente ausente

Crosta ausente ausente ausente

Fundo sangrante ausente ausente ausente

Cicatriz final não verificada sem vestígios pêlo recuperado

Os resultados obtidos no ensaio de cicatrização relacionam-se com os resultados

do perfil fitoquímico e concordam com os relatos da literatura, que atribuem aos taninos

as propriedades de regeneração tecidual, cicatrização de úlceras, feridas e queimaduras.

Segundo Santos & Mello (2004), os taninos são responsáveis pela formação de uma

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camada protetora (complexo tanino-proteína e/ou polissacarídeo) sobre a pele ou

mucosa danificada e a formação desta camada favorece o processo de cicatrização.

4- CONCLUSÃO

A partir do estudo da atividade cicatrizante in vivo, evidenciou-se que o extrato

da casca do caule de Ximenia americana coletada na cidade de Serra Talhada (PE)

apresentou atividade cicatrizante do ponto de vista macroscópico em relação ao padrão

D-pantenol. A planta demonstrou ter capacidade de aumentar a velocidade de

cicatrização de feridas, podendo tornar-se uma potencial fonte de matéria-prima para

produção de medicamentos fitoterápicos.

5- AGRADECIMENTOS

A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo

apoio financeiro na realização desta pesquisa.

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TECNOLOGIA DE OBTENÇÃO DE FITOTERÁPICO À BASE DE Ximenia

americana L.

(Artigo a ser submetido à Revista Brasileira de Farmácia)

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Tecnologia de obtenção de fitoterápico à base de Ximenia americana L.

Mariana Trycia Brasileiro1, Amanda Alencar do Egito1, Karina Perrelli Randau1,2;

Jeckson Luiz da Silva1, Severino Granjeiro Júnior3; Pedro José Rolim Neto1*.

1 Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos, Departamento de Ciências

Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, UFPE.

2 Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas,

Universidade Federal de Pernambuco, UFPE.

3 Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco - LAFEPE

RESUMO

As preparações farmacêuticas semi-sólidas incluem as pomadas, as emulsões cremosas,

os géis e as espumas rígidas. A propriedade que lhes é comum é a capacidade de adesão

à superfície de aplicação. Ximenia americana é uma planta comumente encontrada nas

regiões tropicais e temperadas do mundo cuja ação cicatrizante relatada na literatura

pode ser justificada pela presença de taninos. O objetivo deste trabalho foi o

desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de Ximenia americana, a

realização do estudo de estabilidade destas formulações e a validação da metodologia

analítica para o doseamento do princípio ativo na formulação. Foram preparados dois

tipos de extratos, um etanólico (etanol : água 50%) e um glicólico (polietilenoglicol:

água 50%) que foram doseados e incorporados em diferentes formulações (gel, gel-

creme e pomada) de modo a obter-se um teor final de equivalentes em ác.tanico de 2%.

As formulações foram submetidas ao estudo de estabilidade acelerado e de longa

duração e a metodologia de doseamento dos taninos na forma farmacêutica foi

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devidamente validada. O extrato etanólico não se comportou de maneira satisfatória em

nenhuma das formulações, devido a problemas de viscosidade e teor, enquanto que o

extrato glicólico apresentou características muito boas em se tratando da formulação de

gel de carbopol, podendo ser uma formulação promissora no desenvolvimento de um

medicamento à base de X. americana.

Palavras-chave: Ximenia americana, semi-sólidos, validação de método.

INTRODUÇÃO

Novos fármacos podem ser descobertos a partir de várias fontes naturais ou

sintetizados em laboratório. Ao longo da história, as plantas têm servido como

reservatório de potenciais novos fármacos. Algumas das principais contribuições para a

terapia medicamentosa moderna podem ser atribuídas à conversão bem-sucedida da

medicina popular em medicamentos eficazes (ANSEL, ALLEN JR & POPOVICH,

2007).

Ximenia americana é uma planta comumente encontrada nas regiões tropicais e

temperadas do mundo e bastante usada na Nigéria para o tratamento da malária e de

diversas infecções na pele (OGUNLEYE & IBITOYE, 2003). A sua casca, avermelhada

e lisa, apresenta diversas atividades e está sendo usada para diversos fins, como para o

tratamento da lepra, da malária, da dor de cabeça, como moluscicida, para infecções da

pele, hemorróidas e inflamações das mucosas. A ação cicatrizante relatada na literatura

pode ser justificada pela presença de algumas substâncias com essa atividade como os

taninos (VERAS & MORAIS, 2004). Os taninos no processo de cicatrização precipitam

as proteínas dos tecidos lesados, formando um revestimento protetor que favorece a sua

regeneração (HEIJMEN et al., 1997; PANIZZA et al., 1998).

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O interesse por drogas com alto teor de taninos obtidas de plantas medicinais

tem aumentado nos últimos anos, tanto para uso humano quanto veterinário, pois elas

seriam potenciais promotores de cura no tratamento de feridas e queimaduras de tecidos

epiteliais (FERNANDEZ et al., 2002).

As preparações farmacêuticas semi-sólidas incluem as pomadas, as emulsões

cremosas, os géis e as espumas rígidas. A propriedade que lhes é comum é a capacidade

de adesão à superfície de aplicação por um uso. Esta adesão deve-se ao seu

comportamento reológico plástico, que permite aos semi-sólidos manter a sua forma e

aderir como um filme até a aplicação de uma força externa, caso em que deformam e

fluem. (LACHMAN et al., 2001).

As pomadas são preparações destinadas à aplicação sobre a pele ou membranas

mucosas e suas bases podem ser hidrofóbicas, de absorção, removíveis por água ou

bases hidrossolúveis (ANSEL, ALLEN JR & POPOVICH, 2007). O gel-creme é uma

preparação que apresenta características de ambas as preparações: gel e creme. Podem

ser constituídas de uma preparação geleificada na qual incorpora-se um polímero

emulsificante Permulen® ou Emulsome® ou um emulsificante em conjunto com uma

fase oleosa que pode ser um óleo mineral ou vegetal (GOODRICH, 1997; SILVA,

1999), enquanto que os géis apresentam estruturas contínuas em que um polímero

constrói uma matriz tridimensional por meio do líquido hidrofílico (AULTON, 2005).

A seleção da base a ser utilizada na formulação irá depender não só da influência

do fármaco sobre a consistência ou outras propriedades da base, como também da

estabilidade do fármaco na base (ANSEL, ALLEN JR &POPOVICH, 2007).

O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-

sólidas à base de Ximenia americana, a realização do estudo de estabilidade destas

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formulações e a validação da metodologia analítica para o doseamento do princípio

ativo na formulação.

MATERIAL E MÉTODOS

Preparação dos extratos

Foram preparados por maceração durante 48h, diferentes extratos etanólicos e

glicólicos de X. americana à 20% (m/v) utilizando-se como solventes o etanol em água

(1:1) e o polietilenoglicol 400 em água (1:1). Em seguida, os extratos foram doseados

utilizando-se a metodologia de Folin & Ciocalteau (1927).

Doseamento dos extratos

Foi construída uma curva padrão, utilizando como substância de referência o

ácido tânico. Alíquotas de 2, 4, 6, 8, 10 e 12 mL da solução aquosa de ácido tânico a

100 µg.mL-1 foram transferidas para balões volumétricos de 100 mL e adicionados 2,5

mL de Folin-Ciocalteau. Após 2 minutos, foram adicionados 10 mL de solução de

carbonato de sódio 15% e o volume foi completado com água destilada. As soluções

foram deixadas em repouso por 30 minutos e foram lidas a 760 nm. As amostras foram

preparadas utilizando 3 mL dos extratos etanólicos e glicólicos de Ximenia americana a

2mg/mL. O branco do sistema foi preparado da mesma forma, sem a alíquota da

amostra.

Preparação das formulações

As formulações foram preparadas objetivando-se uma concentração final de 2%

de equivalentes em ácido tânico no produto final. Foram formulados: gel de carbopol,

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gel- creme com o polímero Permulen® e pomada de polietilenoglicol conforme mostra

as tabelas 1, 2 e 3.

Tabela 1. Lotes de bancada dos géis

Lotes de Bancada Componentes L1 L2 Carbopol 910 1% 1%

Nipagin 0,18% 0,18% Nipazol 0,02% 0,02%

Bissulfito de sódio 0,02% 0,02% Extrato etanólico de X. americana 59% - Extrato glicólico de X. americana - 57%

Álcool etílico q.s q.s Trietanolamina q.s q.s

Água destilada q.s.p. 100% 100%

Os géis foram obtidos pela adição do nipagin e nipazol (previamente dissolvidos

em álcool etílico) e do bissulfito de sódio à água sob agitação constante. Em seguida, o

extrato foi acrescentado, e o carbopol foi adicionado pouco a pouco até completa

homogeneização. Logo após, fez-se à adição da trietanolamina em quantidade suficiente

para se obter pH entre 6,0-6,5. O gel foi acondicionado em recipiente plástico

hermeticamente fechado.

Tabela 2. Lotes de bancada dos géis-creme

Lotes de Bancada Componentes L1 L2 Permulen® (TR-1) 0,4% 0,4% Novemer (EC-1) 2,0% 2,0% Silsense (DW-18) 1,0% 1,0%

Óleo mineral 4,0% 4,0% Nipagin 0,18% 0,18% Nipazol 0,02% 0,02%

Bissulfito de sódio 0,02% 0,02% Extrato etanólico de X. americana 59% - Extrato glicólico de X. americana - 57%

Álcool etílico q.s q.s Água destilada q.s.p. 100% 100%

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O Permulen® (TR-1) foi disperso em óleo mineral. Em seguida, acrescentou-se

o novemer (EC-1) até homogeneização. Em outro recipiente, dissolveu-se o silsense em

água destilada e esta mistura foi adicionada a anterior. Procedeu-se agitação até

completa homogeneização. Por último, adicionaram-se o Nipagin e Nipazol,

previamente dissolvidos em álcool etílico, o bissulfito de sódio e o extrato de X.

americana. O gel-creme foi acondicionado em recipiente plástico hermeticamente

fechado.

Tabela 3. Lote de bancada da pomada

Lote de Bancada Componentes L1 Polietilenoglicol (PEG 4.000) 41%

Nipagin 0,18% Nipazol 0,02%

Bissulfito de sódio 0,02% Propilenoglicol 2% Álcool etílico q.s

Extrato glicólico de X. americana 57%

O polietilenoglicol (PEG 4.000) foi fundido e acrescentou-se o Nipagin e o

Nipazol dissolvidos em álcool etílico e depois o Bissulfito de sódio dissolvido em água

sob agitação. Em seguida, o extrato foi acrescentado. Esperou-se resfriar e acrescentou-

se o propilenoglicol. A pomada foi acondicionada em recipiente plástico

hermeticamente fechado.

Estudo de Estabilidade

O estudo foi realizado em câmara climática devidamente certificada em

temperatura e umidade adequadas, conforme preconiza a resolução RE nº 1 de 29 de

julho de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. No estudo de estabilidade

acelerado, a câmara climática foi certificada à temperatura de 40ºC e umidade ± 75% e

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no de longa duração à temperatura de 30ºC e umidade de ±75%. As amostras foram

analisadas conforme preconiza a RE nº 01.

Controle de Qualidade

Todas as formulações foram submetidas aos testes de Controle de Qualidade.

Foram avaliados os parâmetros: cor, aspecto, pH, viscosidade e teor.

Validação do método analítico para doseamento dos fenóis totais em forma

farmacêutica

A validação da metodologia analítica foi realizada na formulação de gel de

carbopol com extrato glicólico (à base de polietilenoglicol: água). O teor de fenóis

totais foi determinado utilizando-se o reagente de Folin & Ciocalteau. Foi realizada uma

validação onde foram avaliados os parâmetros: linearidade, limite de detecção, limite de

quantificação, robustez, exatidão e precisão nos níveis de repetitividade e precisão

intermediária.

Preparação das amostras

As amostras foram preparadas pesando-se 1g da formulação gel de carbopol com

extrato glicólico e diluindo-se em balão volumétrico de 100 mL. Alíquotas de 3 mL

foram tomadas para a realização da reação de Folin & Ciocalteau.

Linearidade

A linearidade foi avaliada através do tratamento dos dados por regressão linear

pelo método dos mínimos quadrados dos pontos médios de 3 (três) curvas de calibração

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autênticas, contendo seis concentrações equivalentes a 2, 4, 6, 8, 10 e 12 µg/mL de

ácido tânico.

Limite de Detecção (LD) e Limite de Quantificação(LQ)

Os limites de detecção e o de quantificação foram calculados pela divisão do

desvio padrão dos coeficientes lineares das três curvas de calibração do ensaio de

linearidade pela média dos coeficientes angulares destas respectivas curvas e

multiplicado por 3,0 e 10,0 respectivamente (Resolução RE nº 899, 2003).

Robustez

A robustez do método avaliou as seguintes variáveis: uso ou não da sonicação na

preparação da amostra durante a diluição e tempo de reação. A avaliação dos resultados

foi realizada através da análise estatística utilizando o teste t de student e a ANOVA.

Precisão

A precisão foi avaliada nos níveis: repetitividade e precisão intermediária. A

repetitividade foi determinada pela análise de seis amostras individuais (sextuplicata). A

precisão intermediária foi determinada em dois dias por dois analistas diferentes. Os

resultados foram expressos através do coeficiente de variação entre as amostras (CV).

Exatidão

A exatidão do método foi avaliada a partir da análise de amostras em

concentrações conhecidas do extrato de Ximenia americana equivalentes a 50, 100 e

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150% da concentração teórica analisada. Os resultados foram avaliados através do teste

t de student.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Doseamento dos extratos

No doseamento dos extratos constatou-se um maior teor de fenóis totais no

extrato glicólico quando comparado com o extrato etanólico conforme mostra Tabela 4.

Este doseamento permitiu calcular a quantidade de extrato necessária para cada

preparação (57% quando usado o extrato glicólico e 59% quando usado o extrato

etanólico) para se obter uma forma farmacêutica final com 2% de equivalentes em ácido

tânico.

Tabela 4. Teor de Fenóis de extrato glicólico e extrato etanólico

Estudo de estabilidade das formulações e controle de qualidade

Após o período de estudo de três meses, algumas preparações apresentaram

algumas modificações conforme mostram as Figuras 1, 2 e 3 e as Tabelas 5, 6 e 7.

Extratos ABS

Média % de equivalentes ác.

Tânico na planta % no extrato à 20% Polietilenoglicol 50% 0,953 17,45 3,49

Etanol 50% 0,929 16,97 3,39

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Figura 1. Gel de Carbopol com extrato etanólico (1) e Gel de carbopol com extrato

glicólico (2) submetido à estabilidade acelerada (AC) e à estabilidade de longa duração

(LD) no período de 3 meses.

Todas as preparações de gel de carbopol apresentaram-se com aspecto

homogêneo durante o estudo, exceto a preparação com extrato etanólico submetida à

estabilidade acelerada (1AC), que formou um aspecto grumoso como mostra a Figura

1AC 1LD

2AC 2LD

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1. O odor característico de cada extrato e a cor castanho-escura permaneceram em todas

as preparações. O pH, a viscosidade e o teor estão descritos na Tabela 5.

Tabela 5. Controle de qualidade (pH, viscosidade e teor) da forma farmacêutica gel

com extrato etanólico e com extrato glicólico.

T0 = Tempo zero T1 (AC) = Estabilidade acelerada aos 3 meses T1 (LD) = Estabilidade de longa duração aos 3 meses

Nas duas formulações houve diminuição do pH das amostras, principalmente

quando se tratou do estudo acelerado. Em se tratando de viscosidade, a preparação com

extrato glicólico manteve uma boa faixa de viscosidade durante o estudo ao contrário da

preparação com extrato etanólico, que apresentou uma grande elevação no estudo

acelerado. No aspecto do teor, a formulação glicólica demonstrou maior estabilidade

que a formulação etanólica, principalmente quando se tratou do estudo acelerado.

Parâmetros pH Viscosidade(cP) Teor(%) Formulações

T0 T1(AC) T1(LD) T0 T1(AC) T1(LD) T0 T1(AC) T1(LD)Gel +Extrato

etanólico 6,22 5,09 5,48 79.000 200.000 70.000 100% 63,90% 93,50%Gel +Extrato

glicólico 6,06 5,59 5,86 80.000 67.000 70.500 100% 87,40% 93,80%

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Figura 2. Gel-creme com extrato etanólico (3) e Gel-creme com extrato glicólico (4)

submetido à estabilidade acelerada (AC) e à estabilidade de longa duração (LD) no

período de 3 meses.

Todas as preparações de creme apresentaram-se com aspecto homogêneo

durante o estudo de estabilidade de longa duração, porém a não homogeneidade foi

presente nas amostras submetidas ao estudo de estabilidade acelerado (3AC e 4AC). O

odor característico de cada extrato e a cor castanho-escura permaneceram em todas as

3AC 3LD

4AC 4LD

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preparações, com exceção da amostra 3LD que apresentou uma pequena mudança de

coloração. O pH, a viscosidade e o teor estão descritos na Tabela 6.

Tabela 6. Controle de qualidade (pH, viscosidade e teor) da forma farmacêutica gel-

creme com extrato etanólico e com extrato glicólico.

Parâmetros pH Viscosidade (cP) Teor (%) Formulações

T0 T1(AC) T1(LD) T0 T1(AC) T1(LD) T0 T1(AC) T1(LD)Gel-

creme+Extrato etanólico 5,83 5,13 5,38 79.000 86.000 78.000 100% 88,20% 85,20%

Gel-creme+Extrato

glicólico 6,11 5,68 5,76 78.000 20.000 35.000 100% 88,70% 88,40% T0 = Tempo zero T1 (AC) = Estabilidade acelerada aos 3 meses T1 (LD) = Estabilidade de longa duração aos 3 meses

Nas duas formulações houve reduções no pH das amostras, principalmente

quando se tratou do estudo acelerado. Em se tratando de viscosidade, a preparação com

extrato etanólico manteve uma boa faixa de viscosidade durante o estudo ao contrário

da preparação com extrato glicólico, que apresentou uma grande perda de viscosidade

tanto no estudo acelerado como no estudo de longa duração. No aspecto do teor,

praticamente não houve diferença entre as formulações, exceto no estudo de longa

duração da formulação com extrato etanólico que o teor foi um pouco menor.

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Figura 3. Pomada de Polietilenoglicol submetida à estabilidade acelerada (AC) e à

estabilidade de longa duração (LD) no período de 3 meses.

Na pomada, as duas amostras perderam sua forma provavelmente devido à ação

da temperatura. Em relação ao odor e cor, tanto a submetida a estabilidade acelerada

quando a submetida a longa duração continuaram apresentando o odor característico do

extrato e a cor castanho-escura. O pH, a viscosidade e o teor estão descritos na Tabela

7.

Tabela 7. Controle de qualidade (pH, viscosidade e teor) da forma farmacêutica

pomada com extrato glicólico.

Parâmetros pH Viscosidade(cP) Teor(%) Formulação

T0 T1(AC) T1(LD) T0 T1(AC) T1(LD) T0 T1(AC) T1(LD)Pomada de

Polietilenoglicol 7,18 6,93 7,05 150.000 9.000 11.000 100% 97,50% 97,20%

A pomada de polietilenoglicol comportou-se de maneira satisfatória em relação

ao pH e ao teor, mas teve uma enorme diminuição da sua viscosidade tanto no estudo

acelerado como no estudo de longa duração.

5AC 5LD

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Validação da metodologia analítica do gel com extrato glicólico

Linearidade

Os resultados do estudo da linearidade estão agrupados na tabela 8, assim como

a média dos pontos estudados.

Tabela 8. Dados das curvas de calibração para a determinação da linearidade do método

Absorbâncias Conc.Teórica µg de ácido

tânico Curva 1 Curva 2 Curva 3 Média D. P. CV%

2,000 0,214 0,216 0,219 0,216 0,003 1,16 4,000 0,406 0,404 0,423 0,411 0,010 2,54 6,000 0,560 0,568 0,584 0,571 0,012 2,14 8,000 0,722 0,754 0,751 0,742 0,018 2,38 10,000 0,856 0,890 0,915 0,887 0,030 3,34 12,000 1,012 1,062 1,070 1,048 0,031 3,00

Os resultados dos pontos das três curvas de linearidade foram plotados na figura

4 e pelo método dos mínimos quadrados obteve-se a equação da reta y = 0,0823x +

0,0701.

Figura 4. Linearidade do método verificando a regressão das três curvas de calibração

y = 0,0823x + 0,0701R2 = 0,9982

0,00,10,20,30,40,50,60,70,80,91,0

0 2 4 6 8 10 12Concentração (µg/mL)

Abs

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A análise de regressão linear pelo método dos mínimos quadrados demonstrou

um coeficiente de correlação R2= 0,9982 valor que comprova a linearidade do método.

A partir da análise de variância (Tabela 9) podemos verificar a linearidade do

método e a significância estatística da curva ajustada. As análises de variância dos

dados demonstraram que o método é linear, na faixa de concentração testada e que não

há falta de ajuste do modelo com 95% de confiança.

Tabela 9. Resultados da análise de variância para a linearidade

SQ= Soma quadrática; GL= Graus de Liberdade; MQ= Média quadrática

Limite de Quantificação (LQ) e Limite de Detecção (LD)

Uma vez observada a linearidade do método, foram calculados os valores de LD

e LQ utilizando a média do desvio padrão (DP) do primeiro ponto da reta e coeficientes

angulares (ic).

LQ = DP x 10/ ic LQ = 0,003x 10 / 0,0823 = 0,36452µg/mL

LD = DP x 3/ ic LD = 0,003 x 3 / 0,0823 = 0,10936µg/mL

Os limites LD e LQ obtidos de acordo com o tratamento descrito, demonstram

que o método é bastante sensível e que da ordem de grandeza com que foi obtido pode

servir como um excelente critério de aceitação.

Fonte SQ GL MQ F F-crítico Modelo 1,420909886 1 1,420909886 3068,136 4,4940

Residual 0,007409892 16 0,000463118 Curva Linear Falta de ajuste 0,002525892 4 0,000631473 1,551531 3,2592

Erro puro 0,004884 12 0,000407 Não há falta de ajuste Total 1,428319778 17 0,08401881

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Exatidão

A exatidão do método foi comprovada pelo estudo de três concentrações

diferentes (50%, 100%, 150%) e o percentual de recuperação nas três concentrações

analisadas encontrou-se dentro dos limites como mostram os resultados da Tabela 10.

O estudo estatístico aplicado foi o teste t de Student o qual demonstrou que o T

calculado foi menor que o t tabelado comprovando que não houve diferença

estatisticamente significativa entre as médias das três concentrações analisadas.

Tabela 10. Determinação dos resultados estatísticos da Exatidão de acordo com o teste t

de Student

TEORICO PRATICO T CALC T TABELADO 50% 47,26 2,5

100% 94,90 3,89 4,3 150% 143,16 3,41

Robustez

Para o parâmetro realização ou não de sonicação analisado durante o estudo da

robustez, verificou-se estatisticamente através do Teste t de student para duas amostras

presumindo variâncias equivalentes, (Tabela 11) que não há diferença significativa

entre os resultados, admitindo-se um nível de 95% de intervalo de confiança entre a

média das concentrações.

Tabela 11. Teste t de student: duas amostras presumindo variâncias equivalentes –

Robustez da realização ou não de sonicação durante a diluição da amostra

Sem sonicação Com sonicação Média 0,4473 0,4406 Variância 0,00003733 0,00003233 Stat t 1,383428928 P(T<=t) bi-caudal 0,238731614 t crítico bi-caudal 2,776450856

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Na avaliação da influência do tempo de reação, observou-se que não há

diferenças estatisticamente significativas entre as amostras e entre o tempo de leitura da

reação pesquisado.

Tabela 12. Avaliação através da ANOVA dos diferentes tempos de reação usados no

parâmetro robustez

ANOVA Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Entre grupos 8,95556E-05 2 4,47778E-

05 0,568406 0,594211 5,143253

Dentro dos grupos 0,000472667 6 7,87778E-

05 Total 0,000562222 8

Precisão

*Repetitividade

Observando-se os resultados expostos na Tabela 13, podemos observar que o

método tem uma boa repetitividade, visto que o coeficiente de variação 0,69% é inferior

ao especificado pela Resolução RE nº 899 vigente, que especifica o limite do

coeficiente de variação de 5,0%.

Tabela 13. Resultados da Repetitividade

Amostras Abs Concentração% 1 0,442 105,9952038 2 0,454 108,8729017 3 0,446 106,9544365 4 0,439 105,2757794 5 0,445 106,7146283 6 0,441 105,7553957

MÉDIA 0,4417 105,9153 DESAPD 0,00305505 0,73262601 CV% 0,691709539 0,691709539

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*Precisão intermediária

O estudo da precisão do método entre ensaios demonstrou que não há diferenças

estatisticamente significativas entre as amostras pesquisadas individualmente (Tabela

14) em pequeno intervalo de tempo, tanto para dias diferentes, quanto para analistas

diferentes de acordo com a ANOVA. A precisão entre dias e entre analistas foi realizada

e os resultados encontrados demonstram que mesmo havendo pequenas variações entre

dias e entre analistas, estas se enquadram dentro dos limites especificados.

Tabela 14. ANOVA precisão intermediária

ANOVA Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Linhas 1,80067E-05 2 9,00333E-

06 1,18413 0,368594 5,143253Colunas 0,00004641 3 0,00001547 2,034634 0,210606 4,757063

Erro 4,562E-05 6 7,60333E-

06 Total 0,000110037 11

CONCLUSÃO

Através do desenvolvimento de diferentes formulações utilizando o extrato

etanólico e glicólico de X. americana, concluiu-se que os extratos comportaram-se de

maneira diferente nas três formulações. O extrato etanólico não se comportou de

maneira satisfatória em nenhuma das formulações, devido à problemas de viscosidade e

teor, enquanto que o extrato glicólico apresentou características muito boas em se

tratando da formulação de gel de carbopol, podendo ser uma formulação promissora no

desenvolvimento de um medicamento à base de X. americana.

O método de doseamento do extrato glicólico em gel foi validado, pois

apresentou exatidão, precisão, robustez e linearidade requeridos para um método

analítico. Os resultados obtidos mostram que o método atende aos requisitos de Boas

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Práticas de Laboratório, pois apresentou a confiabilidade exigida para um método

analítico.

AGRADECIMENTOS

À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo

apoio financeiro na realização desta pesquisa.

BIBLIOGRAFIA

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CONCLUSÕES

♦ Ximenia americana é bastante utilizada na medicina popular, principalmente em

países da África e no sertão nordestino, porém pouco investigada

cientificamente;

♦ A presença predominante de polifenois do tipo taninos condensados observada

durante a padronização se mostra promissora para uso destes como marcadores

fitoquímicos.

♦ Os testes de autenticidade, pureza e integridade contribuíram para a

padronização da droga vegetal, fornecendo parâmetros essenciais no controle de

qualidade de matérias-primas para um futuro medicamento fitoterápico;

♦ A casca do caule da Ximenia americana estudada apresentou considerável

atividade antioxidante, comprovada por três diferentes métodos, nos diferentes

extratos estudados;

♦ A planta demonstrou ter capacidade de aumentar a velocidade de cicatrização de

feridas, apresentando atividade cicatrizante do ponto de vista macroscópico em

relação ao padrão D-pantenol;

♦ O extrato etanólico não se comportou de maneira satisfatória em nenhuma das

formulações, enquanto que o extrato glicólico apresentou características

adequadas em se tratando da formulação de gel de carbopol, podendo ser uma

formulação promissora no desenvolvimento de um medicamento à base de X.

americana.

♦ O método de doseamento na forma farmacêutica foi validado, apresentando a

confiabilidade exigida por um método analítico.

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PERSPECTIVAS

♦ Realização do estudo de sazonalidade da planta;

♦ Conclusão do teste de atividade cicatrizante com a realização da parte

histológica;

♦ Continuação do estudo de estabilidade acelerado e do estudo de estabilidade de

longa duração da forma farmacêutica gel de carbopol com extrato glicólico;

♦ Realização de uma otimização nas formulações testadas;

♦ Preparação de extratos secos (nebolizados e liofilizados) para incorporação em

diferentes formulações;

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ISSN 0370-372x

Rio de Janeiro, 31 dezembro de 2007.

Prezado (a) Prof. (a) Pedro José Rolim Neto, comunicamos o recebimento do trabalho intitulado: “Ximenia americana L.: botânica, química e farmacologia no interesse da tecnologia farmacêutica”, do qual o senhor é o autor correspondente. O trabalho recebeu o N°131/2007 e foi encaminhado para os revisores da Revista Brasileira de Farmácia, que farão uma análise a fim de orientar o parecer do corpo editorial. Tão logo tenhamos uma resposta, entraremos em contato.

Atenciosamente, Prof. Nuno Álvares Pereira Diretor da Revista Editor

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Latin American Journal of Pharmacy (formerly Acta Farmacéutica Bonaerense)

A scientific journal of the College of Pharmacists of Buenos Aires Province, Argentina Calle 5 Nº 966, 1900 La Plata, Argentina (http://www.actafarmbonaerense.com.ar)

La Plata, 15 de diciembre de 2007 Prof. Dr. Pedro José Rolim Neto Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos - LTM/ Departamento de Farmácia Universidade Federal de Pernambuco, Av: Professor Artur de Sá, S/N, Cidade Universitária, 50740-521, Recife - PE, Brasil E-mail: [email protected]

Ref.: LAJP 1405-07 Estimado Dr. Rolim Neto:

Tengo el agrado de dirigirme a usted con el objeto de poner en su conocimiento que en la fecha hemos dado entrada a su trabajo “Pharmacognostic standardization of Ximenia americana L. (Olacaceae) bark for utilization in the development of phytotherapics”, de Autor(es): Mariana T. Brasileiro, Amanda A. Egito, Karina P. Randau, Clébio P. Ferreira, Rejane M.M. Pimentel, Gustavo C. Pereira, Pedro J. Rolim Neto*. El trabajo ya ha sido remitido a los árbitros, cuya opinión le haremos conocer oportunamente.

Al tiempo de agradecer su colaboración, hago propicia la oportunidad para

saludarlo con las expresiones de mi mayor consideración.

Dr. Néstor O. Caffini, Editor E-mail: [email protected]

.