universidade federal de mato grosso - ufmt …ri.ufmt.br/bitstream/1/238/1/diss_2015_gian pietro...

112
i UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT ICET/FAET/FAMEV/IB/ICHS Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos-PPGRH Análise da situação ambiental atual da Microbacia Urbana Córrego Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de enquadramento do corpo hídrico Gian Pietro Benevento Cuiabá-MT 2015

Upload: danghanh

Post on 09-Feb-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

ICET/FAET/FAMEV/IB/ICHS

Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos-PPGRH

Análise da situação ambiental atual da Microbacia Urbana Córrego

Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de

enquadramento do corpo hídrico

Gian Pietro Benevento

Cuiabá-MT

2015

ii

Gian Pietro Benevento

Análise da situação ambiental atual da Microbacia Urbana Córrego

Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de

enquadramento do corpo hídrico

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

graduação em Recursos Hídricos do Instituto

de Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal de Mato Grosso, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre

em Recursos Hídricos, área de concentração:

gestão e planejamento de recursos hídricos.

Orientadora: Prof. Dra. Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima

Cuiabá-MT

2015

iii

Análise da situação ambiental atual da Microbacia Urbana Córrego

Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de

enquadramento do corpo hídrico

Gian Pietro Benevento

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Recursos Hidricos

da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para a obtenção

do título de Mestre em Recursos Hídricos.

Aprovada por:

____________________________________

Prof. Dra. Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima

Doutor em Engenharia Civil

Departamento de Engenharia Sanitaria e Ambiental/UFMT

____________________________________

Dr. Aldecy de Almeida Santos

Doutor em Engenharia Civil

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFMT

____________________________________

Dra. Carla Maria Abido Valentini

Doutora em Agricultura Tropical

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia – IFMT – Bela Vista

iv

DEDICATÓRIA

Dedico à minha família, à minha esposa Thayana e ao meu filho

Luigi, ao meu pai Augusto Cesar Leon Bordest e à minha mãe

Raquel Correia de Souza Leon Bordest, às minhas avós Suise

Monteiro Leon Bordest e Valderez Correia de Souza, às minhas

irmãs Nicole e Yasmin, aos amigos e às pessoas que acreditaram

em mim.

v

AGRADECIMENTOS

A Deus e a minha família.

Aos Meus amigos.

Ao Meu anjo da guarda.

A minha orientadora, professora Eliana Rondon, pela paciência, orientação e

socialização de conhecimentos.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pelo

subsídio financeiro através da bolsa de estudos.

vi

O importante é ser feliz.

Autor: Desconhecido

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai e Bacia Hidrográfica da

sub-bacia do rio coxipó................................................................................................. 21

Figura 2. Localização da microbacia do córrego Urubu em relação a Sub-bacia do Rio

Coxipó........................................................................................................................... 22

Figura 3. Localização da microbacia do córrego Urubu na cidade de Cuiabá............. 23

Figura 4. Localização da ETE Jardim Universitário na Microbacia do córrego

Urubu............................................................................................................................. 23

Figura 5. Mapa Geológico da microbacia do córrego Urubu........................................ 25

Figura 6. Mapa geomorfológico da microbacia do córrego Urubu............................... 26

Figura 7. Mapa Pedológico da microbacia do córrego Urubu...................................... 27

Figura 8. Av. Fernando Correa da Costa, viaduto do Shopping 3Américas................. 31

Figura 9. Zonas de autodepuração dos cursos d’água.................................................... 46

Figura 10. Fatores interagentes no balanço de OD....................................................... 47

Figura 11. Roteiro metodológico................................................................................... 57

Figura 12. MNT inserido no SIG para efetuar tratamento............................................ 59

Figura 13. Vista de procedimentos de análises laboratoriais para monitoramento........ 62

Figura 15. Método de medição de vazão por flutuador................................................. 65

Figura 16. Mapa de evolução urbana da microbacia do córrego Urubu........................ 68

Figura 17. Estação de tratamento de água Tijucal........................................................ 69

Figura 18. Estação de Tratamento do Jardim Universitário ......................................... 69

Figura 19. Ordem da microbacia do córrego Urubu ..................................................... 72

Figura 20. Mata ciliar localizada na Av. Parque do Bairro Jd.Imperial........................ 73

Figura 21. Mata ciliar localizada próxima a ETE.......................................................... 74

Figura 22. Erosão a jusante da ETE e próximas a habitações........................................ 76

Figura 23. Bolsão de lixo próximo a nascente do córrego Urubu.................................. 77

Figura 24. Bolsão de lixo próximo a nascente do córrego Urubu.................................. 77

Figura 25. Bolsão de resíduos de construção civil próximo do córrego Urubu............. 80

Figura 26. Ligação clandestina de tubulação de esgoto no córrego Urubu................... 81

viii

Figura 27. Variação do pH e OD.................................................................................. 83

Figura 28. Variação do DBO e NKT Total................................................................... 84

Figura 29. Variação do Fósforo e ST........................................................................... 85

Figura 30. Variação de Turbidez e Col.termo............................................................... 85

Figura 31. Avenida das Torres bairro Jardim Imperial................................................ 86

Figura 32. Cruzamento entre Av. das Torres e Av. Central......................................... 87

Figura 33. Mapa da densidade habitacional................................................................. 88

Figura 34. Batimetria de uma seção do córrego Urubu................................................ 90

Figura 35. Perfil do Oxigênio Dissolvido..................................................................... 90

Figura 36. Perfil de DBO5 no curso d’água.................................................................. 91

Figura 37. Mapa dos potenciais impactos..................................................................... 94

Figura 38. Mapa das medidas mitigadoras.................................................................. 99

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Impactos ambientais nas bacias hidrográficas brasileiras............................. 30

Tabela 2. Variáveis e seus métodos de análises da água e suas funções........................ 63

Tabela 3. Parâmetros e seus métodos de análise............................................................ 63

Tabela 4. Classificação dos resíduos sólidos encontrados no córrego Urubu................ 78

Tabela 5. Dados das análises físicas, químicas e microbiológicas do córrego Urubu.... 83

Tabela 6. Caracterização do efluente a ser lançado no rio e resultados da qualidade da

água do córrego Urubu................................................................................................... 89

Tabela 7. Resultados de vazão, área transversal, velocidade média, largura e

profundidade do córrego Urubu..................................................................................... 89

x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Tratamento empregado para o esgoto gerado nos bairros da microbacia do

Urubu............................................................................................................................ 24

Quadro 2. Classes e metas progressivas de enquadramento dos corpos hídricos da Bacia

do Rio Coxipó, integrantes da Unidade de Planejamento e Gerenciamento P-4 - Alto

Rio Cuiabá, Município de Cuiabá, córrego Urubu....................................................... 39

Quadro 3. Parâmetros utilizados para calcular a Qualidade da Água.......................... 43

Quadro 4. Variação das faixas de valores de IQA entre os estados brasileiros............ 44

Quadro 5. Valores típicos de K1 em condições de laboratório (base e, 20°)................ 49

Quadro 6. Coeficientes de desoxigenação..................................................................... 49

Quadro 7. Valores típicos de K2 (base e, 20°).............................................................. 51

Quadro 8. Equações para determinação do K2 utilizando as características hidráulicas

do corpo d’água............................................................................................................. 51

Quadro 9. Métodos para obtenção dos dados fisiográficos........................................... 60

Quadro 10. Evolução urbana do Bairro Jardim Universitário...................................... 67

Quadro 11. Dados fisiográficos..................................................................................... 71

Quadro 12.Espécies de plantas do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD)

realizando pela empresa Ginco no ano de 2008............................................................. 75

Quadro 13. Classificação dos resíduos sólidos encontrados no córrego Urubu............. 78

Quadro 14. Avaliação da qualidade da água na microbacia do córrego........................ 82

xi

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DBO5 Demanda Bioquímica de Oxigênio em 5 dias

OD Oxigênio Dissolvido

K1 Coeficiente de desoxigenação

K2 Coeficiente de reareação

d Distância

t Tempo

ETA Estação de Tratamento de Água

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

IQA Índice de Qualidade da Água

JD Jardim

NBR Norma Brasileira de Regulamentação Técnica

NMP Número Mais Provável

pH Potencial Hidrogeniônico

P Fósforo total

Q Vazão

UNT Unidade de Turbidez

VERAH Vegetação, Erosão, Resíduo, Água e Habitação

ZIAS Zonas de Interesse Ambiental

xii

RESUMO

BENEVENTO, Gian Pietro. Análise da situação ambiental atual da Microbacia

Urbana Córrego Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de

enquadramento do corpo hídrico. Cuiabá-MT, 2014. 109p. Dissertação do Programa

de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Mato Grosso.

O objetivo deste trabalho foi realizar o diagnóstico ambiental da situação atual da

microbacia Hidrográfica do córrego Urubu, como subsídio de enquadramento do corpo

hídrico e propor, através de um prognóstico, metas e intervenções a serem aplicadas,

identificando os fatores determinantes para mudança do cenário atual. O diagnóstico

ambiental da microbacia foi fundamentado no método VERAH, que tem como

componentes os aspectos: Vegetação, Erosão, Resíduo, Água e Habitação, oferecendo

dados e informações capazes de contribuir na construção de prognóstico com metas e

intervenções necessárias à recuperação do corpo hídrico, e melhoria de índices

ambientais da microbacia. A microbacia está localizada em uma região que possui

situação socioambiental estável, originada quase que totalmente de ocupações

planejadas. Os resultados identificaram impactos visíveis na qualidade ambiental: a

mata ciliar que protege o córrego encontra-se com espaço respeitado, mas pouco densa

em certas regiões do córrego. Foram verificadas ocorrências erosivas ao redor da

microbacia, principalmente no trecho 3. Foram identificados vários bolsões de lixo nas

margens do córrego e nos terrenos circunvizinhos, além de lançamentos de efluentes

domésticos in natura diretamente no corpo hídrico, alterando a qualidade da água

superficial e reduzindo a capacidade de suporte deste. Ao analisar os possíveis

impactados ambientais resultantes do lançamento de efluentes domésticos da Estação de

Tratamento localizada no bairro Recanto dos Pássaros e confrontar as características

qualitativas do córrego Urubu com a legislação CONAMA nº 357/2005, identificou-se

que a qualidade da água do córrego apresenta-se como péssima de acordo com o IQA.

Os resultados dos parâmetros DBO5 e Oxigênio Dissolvido no córrego apresentaram

piores índices de qualidade na Jusante quando comparados com a Montante. Com

relação ao aspecto Habitação, a microbacia se apresenta com predominância de área

residencial e comercial, caracterizada como de alta densidade populacional. Após

determinar a capacidade suporte do córrego Urubu e a partir do estudo de

autodepuração concluiu-se que corpo hídrico não consegue autodepurar todo efluente

lançado devido à concentração elevada de matéria orgânica e a baixa vazão do córrego.

Por fim, a partir do diagnóstico da microbacia foi possível elaborar prognósticos

indicadores de melhoria da qualidade ambiental da área de estudo e sistematização de

cenários futuros propondo a reversão do quadro ambiental atual da microbacia,

adotando ações preventivas, adicionando programas que visem ao monitoramento

contínuo de forma a promover fiscalização efetiva com poder de polícia administrativa

dos órgãos públicos, aliados a programas de educação ambiental para as comunidades.

Palavras-chave: Diagnóstico ambiental, Microbacia Urbana, método VERAH,

Capacidade Suporte, autodepuração, prognóstico, enquadramento.

xiii

ABSTRACT

BENEVENTO, Gian Pietro. Analysis of the current environmental situation of the

Urban Watershed Stream Vulture and stream carrying capacity as water body of

the frame allowance. Cuiabá-MT, 2015. 109p. Master (MSc.) - Graduate Program in

Water Resources, Federal University of Mato Grosso.

The aim of this study was the environmental assessment of the current situation of the

Hydrographic watershed stream Urubu, as a framework subsidy of the water body and

to propose, through a prognosis, goals and interventions to be implemented, identifying

the determinants for change the current scenario. The environmental assessment of the

watershed was based on the method Verah, whose components aspects: vegetation,

erosion, Waste, Water and Housing, providing data and able to contribute information

on the prognosis of construction with goals and interventions necessary for the recovery

of the water body, and improvement of environmental indices of the watershed. The

watershed is located in a region with stable socio-environmental situation, it originated

almost entirely of planned occupations. The results identified visible impacts on

environmental quality: a riparian forest that protects the stream meets respected space,

but sparse in some parts of the stream. Erosive events were observed around the

watershed, especially for section 3. various pockets of waste were identified in the

stream margins and the surrounding land, and domestic effluent discharges in natura

directly into the water body, altering the quality of surface water and reducing the

ability to support this. After analyzing the possible domestic effluent discharge resulting

from environmental impacted the treatment plant located in the Birds Corner

neighborhood and confront the stream Urubu quality characteristics with CONAMA

law No 357/2005, it was found that the stream water quality presents themselves as poor

according to the IQA. The results of DBO5 and dissolved oxygen in the stream

parameters presented worse quality scores in the downstream compared with the

amount. Regarding the aspect Housing, a watershed is presented with a predominance

of residential and commercial area, characterized as high population density. After

determining the stream carrying capacity and from depuration study concluded that

water body can not autodepurar all effluent released due to the high concentration of

organic matter and low-flow stream. Finally, from the diagnosis of the watershed it was

possible to develop prognostic indicators improving the environmental quality of the

area of study and systematization of future scenarios proposing a reversal of current

environmental framework of the watershed, adopting preventive actions, adding

programs aimed at the continuous monitoring to promote effective supervision with

administrative police power of government agencies, together with environmental

education programs for communities.

Keywords: Environmental diagnosis, Watershed Urban, Verah method, support

capacity, self-purification, prognosis, framing.

xiv

xv

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18

2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 20

2.1. Objetivo Geral................................................................................................ 20

2.2. Objetivos Específicos..................................................................................... 20

3. ÁREA DE ESTUDO................................................................................................. 21

3.1. Geologia........................................................................................................ 24

3.2. Geomorfologia............................................................................................... 25

3.3. Pedologia........................................................................................................ 26

3.4. Clima.............................................................................................................. 27

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 29

4.1. Problemática das microbacias hidrográficas urbanas................................... 29

4.2. A gestão dos Recursos Hídricos.................................................................... 31

4.3.Política Nacional dos Recursos Hídricos........................................................ 33

4.4.Resolução CONAMA n°357/2005................................................................. 35

4.5.Política Estadual dos Recursos Hídricos........................................................ 36

4.6.Conselho Estadual dos Recursos Hídricos (CEHIDRO)............................... 37

4.7.Resolução N°68 de 11 de setembro de 2014................................................. 38

4.8.Métodos e técnicas utilizadas na análise ambiental de microbacias

urbanas.................................................................................................................. 39

4.8.1 MÉTODO VERAH................................................................................ 39

4.8.1.1Definição dos Aspectos – VERAH........................................................ 40

4.8.2.1Fisiografia............................................................................................ 42

4.8.3.1Índice de Qualidade da Água – IQA.................................................... 42

4.8.4.1Cálculo de IQA..................................................................................... 43

4.8.2 CAPACIDADE DE AUTODEPURAÇÃO........................................... 44

4.8.2.1 Zonas de autodepuração...................................................................... 45

4.8.2.2 Balanço de oxigênio dissolvido............................................................ 46

4.8.2.3 Modelagem para estimativa da autodepuração................................ 47

4.8.2.4Modelo de Streeter-Phelps...................................................................47

4.8.2.5 Curva do oxigênio dissolvido............................................................... 48

4.8.2.6Cinética de desoxigenação..................................................................... 48

xvi

4.8.2.7Coeficiente de desoxigenação................................................................ 48

4.8.2.8Coeficiente de remoção de DBO (kd)................................................... 49

4.8.2.9Cinética da reaeração........................................................................... 50

4.8.2.10Coeficiente de reaeração..................................................................... 50

4.8.2.11Equações do Modelo........................................................................... 51

4.8.3 CAPACIDADE SUPORTE................................................................... 53

5.MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 57

5.1.Método VERAH............................................................................................. 58

5.1.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.................................................. 58

5.1.2 TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO........................................... 58

5.1.3 FISIOGRAFIA DA MICROBACIA..................................................... 59

5.1.4 VEGETAÇÃO........................................................................................ 60

5.1.5 EROSÃO................................................................................................ 61

4.1.6 RESÍDUO............................................................................................... 61

4.1.7 ÁGUA.................................................................................................... 62

4.1.8 HABITAÇÃO........................................................................................ 64

5.2.Capacidade suporte.......................................................................................... 64

5.2.1 MEDIÇÃO DE VAZÃO......................................................................... 64

5.2.2 CÁLCULO DE GRAU DE AUTODEPURAÇÃO............................... 65

5.3. Prognóstico.................................................................................................... 66

6.APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS ....................................... 67

6.1 E

volução urbana da microbacia do córrego Urubu....................................... 67

6.2 Análise Fisiográfica da microbacia do córrego Urubu.................................... 68

6.3 Diagnóstico Ambiental da microbacia do córrego Urubu Utilizando o método

VERAH......................................................................................................................... 70

6.3.1 ANÁLISE FISIOGRÁFICA DA MICROBACIA................................. 70

6.3.2 VEGETAÇÃO........................................................................................ 73

6.3.3 EROSÃO................................................................................................ 75

6.3.4 RESÍDUOS SÓLIDOS........................................................................... 76

6.3.4.1Coleta de lixo......................................................................................... 79

6.3.4.2Resíduos da Construção Civil............................................................... 79

6.3.5 ÁGUA.................................................................................................... 80

6.3.5.1Cálculo do IQA..................................................................................... 82

xvii

6.3.5.2Comparação com a Resolução CONAMA 357.................................... 82

6.3.5 HABITAÇÃO....................................................................................... 86

6.4 Estudo Capacidade Suporte.......................................................................... 88

6.4.1 CÁLCULO DE AUTODEPURAÇÃO.............................................. 90

6.4.2. CÁLCULO DA CAPACIDADE SUPORTE..................................... 91

7. PROGNÓSTICO...................................................................................................... 93

8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................ 101

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 104

xviii

18

1. INTRODUÇÃO

As cidades brasileiras apresentam altos índices de urbanização, e na grande

maioria, de forma desordenada e crescente. A concentração da população em

determinadas regiões e cidades implica em demanda alta, tanto para o abastecimento

público, quanto para diluição de cargas poluidoras urbanas.

Segundo Santos (2013), a cidade de Cuiabá não foge dessa grande maioria, que

apresenta quase toda a sua população em áreas urbanizadas, fator que reflete em uma

ocupação de forma desordenada do solo, e com grande tendência ao aumento com

relação à poluição nas microbacias. Os córregos, ribeirões e rios que cortam a cidade,

geralmente sofrem com a urbanização e a ocupação desordenada. Em virtude disso, a

qualidade da água dos mananciais é prejudicada, a vegetação suprimida, e os canais

impermeabilizados, entre outros.

A microbacia do córrego Urubu encontra-se localizada em uma região que

possui situação socioambiental estável, originada quase que totalmente de ocupações

planejadas, mas, observaram-se impactos visíveis na qualidade ambiental, provocada

pelos bolsões de lixo nas margens do córrego e nos terrenos circunvizinhos, e

lançamentos de efluentes domésticos in natura diretamente no corpo hídrico, alterando

a qualidade da água superficial e reduzindo a capacidade suporte do mesmo, entre

outros.

Diante desse cenário, o estudo abordado neste trabalho teve o intuito de

analisar a situação ambiental atual da microbacia do córrego Urubu e também ações

necessárias para solucionar os problemas ocorridos pelo uso indevido de seu solo. O

objetivo deste estudo é a realização de um diagnóstico ambiental da situação atual dessa

microbacia, e propor, através de um prognóstico, metas e intervenções a serem

aplicadas, identificando os fatores determinantes para mudança deste cenário. Deve ser

identificada como uma problemática de extrema relevância, pois possui alta necessidade

de realizar um encadeamento de soluções para estes fatores ambientais, e, dentre eles, é

necessário identificar quais impactos estão agravando a qualidade ambiental da

microbacia, e quais ações podem ser tomadas para solucionar os problemas encontrados

e indicar os possíveis colaboradores nesse processo.

O processo de uso e ocupação do solo da microbacia do córrego Urubu, mesmo

sendo de forma planejada e contendo infraestrutura de saneamento básico, ocasiona

alguns impactos ambientais negativos, que comprometem a saúde e bem estar da

19

própria população, o que inclui os bolsões de resíduos sólidos, a degradação das áreas

de preservação permanente e cursos d’água, a poluição e alteração na qualidade da água

do córrego e a erosão das margens dos córregos. Diante desta situação, é possível

elaborar um planejamento contendo ações integradas, que indiquem ou possibilitem a

redução e a mitigação dos problemas identificados, e melhorem a qualidade

socioambiental da microbacia em questão.

A necessidade de se estudar a microbacia do córrego Urubu, evidencia-se na

condição de que se tome consciência não somente desta bacia em estudo, mas também

com relação às outras bacias urbanas existentes na cidade de Cuiabá, e que a partir deste

cenário, os órgãos responsáveis legalmente realizem ações que reduzam os impactos

causados. O que se pode notar, é que esta microbacia, mesmo após intervenções do

poder público em relação a investimento em saneamento básico, apresenta problemas

contínuos em relação à degradação ambiental. Essa é a causa da importância deste

estudo, a observação detalhada, que identifique se existem problemas remanescentes,

após a suposta “solução” dos órgãos públicos responsáveis, que seriam os projetos de

saneamento.

Os resultados da pesquisa não serão somente utilizados para informar a

população da problemática, mas também estimular um debate sobre tudo que será

exposto no trabalho. A intenção deste estudo foi construir novas concepções e soluções

a partir de opiniões diversas, para buscar a participação de pessoas interessadas e buscar

a melhoria contínua das pesquisas sobre o tema.

20

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Realizar o diagnóstico ambiental da situação atual da microbacia Hidrográfica

do córrego Urubu, como subsídio de enquadramento do corpo hídrico e propor, através

de um prognóstico, metas e intervenções a serem aplicadas, identificando os fatores

determinantes para mudança do cenário atual.

2.2. Objetivos Específicos

- Caracterizar a Microbacia fundamentando-se no método VERAH, interagindo

os aspectos de vegetação, erosão dos solos, qualidade da água, habitação e disposição

dos resíduos;

- Analisar os possíveis impactados ambientais resultantes do lançamento de

efluentes domésticos da Estação de Tratamento localizada no bairro Recanto dos

Pássaros;

- Confrontar as características qualitativas do córrego Urubu com a legislação

CONAMA nº 357/2005;

- Determinar a capacidade suporte do córrego Urubu, a partir do estudo de

autodepuração;

- Propor um prognóstico com metas e intervenções a serem aplicadas

identificando os fatores determinantes para mudança do cenário atual.

21

3. ÁREA DE ESTUDO

O estado de Mato Grosso possui três bacias hidrográficas, a Amazônica, a do

Tocantins e a do Paraguai. Na bacia do Paraguai, na porção conhecida como Alto

Paraguai (Figura 1) está inserida a Bacia do Rio Cuiabá. (PNRH, BRASIL, 2006)

O município de Cuiabá foi fundado no dia 8 de abril de 1719, ato esse

determinado por Pascoal Moreira Cabral, e o município apresenta área total 3.538,17

km², sendo 254,57 km² correspondentes à macrozona urbana (Lei, nº. 4.719/04) e

3.283,60 km² de área rural. Em 2010, segundo Censo Demográfico de 2010 (IBGE,

2013), o município abrigava uma população de 551.250 habitantes e apresentava

densidade demográfica de 156,27 habitantes por km², conforme a (figura 1).

Figura 1. Localização da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai e Bacia Hidrográfica do

Rio Cuiabá e, nesta, inserida a Sub-bacia do Rio Coxipó.

Fonte: Adaptado do PNRH-MMA, BRASI (2006).

22

Um dos principais afluentes do rio Cuiabá é o rio Coxipó (SALOMÃO e

FIGUEIREDO, 2009). De acordo com Lima (2009), o rio Coxipó possui a maior área

de drenagem dentre todas as demais sub-bacias, e tem grande importância para

população, pois é utilizado para o abastecimento público de água, contribuindo

aproximadamente com 30% do total da água abastecida no município de Cuiabá.

Na sub-bacia do rio Coxipó, encontra-se a microbacia do Urubu (Figura 2).A

área em estudo localiza-se nas Regiões Leste da cidade (Figura 3). A microbacia

abrange uma área de 2,1 km², tendo um perímetro de 7,05 km. O córrego principal tem

um comprimento total de 2,4 km, sendo 800 metros de curso d’água canalizado.

Figura 2. Localização da microbacia do córrego Urubu em relação a Sub-bacia do Rio

Coxipó.

Fonte: Benevento, G.P. (2015)

Os bairros que fazem parte da microbacia são: Recantos dos Pássaros com

população de 1.767 habitantes, Jardim Universitário com população de 2.476 habitantes

e o Jardim Imperial com população de 7.460 habitantes (IPDU, 2010). A microbacia

possui também uma porcentagem do Condomínio Belvedere. Esta área é de grande

importância, pois é nela que se localiza a nascente do córrego Urubu.

23

Figura 3 – Localização da microbacia do córrego Urubu na cidade de Cuiabá. Fonte: Benevento,G.P. (2015)

Figura 4 – Localização da ETE Jardim Universitário na microbacia do córrego Urubu.

Fonte: Benevento, G.P. (2015).

No bairro Jardim Universitário o esgoto de 600 residências é 100% coletado,

diferentemente dos outros bairros que compõem a bacia, os quais são o Jardim Imperial

e o Recanto dos Pássaros (Quadro 1).

24

Quadro 1. Tratamento empregado para o esgoto gerado nos bairros da microbacia do

Urubu.

Fonte: Perfil Socioeconômico de Cuiabá - IPDU/DPI/2010.

O processo de tratamento de esgoto concebido para esse bairro foi do tipo

Lodos Ativados com aeração prolongada. O processo Lodos Ativados é constituído de

grade para retenção de sólidos grosseiros, tanque de aeração e decantador secundário.

O Bairro Jardim Universitário é atendido por rede de abastecimento de água

originário da Estação de Tratamento de Água - ETA Tijucal.

3.1 Geologia

A Geologia predominante são as subunidades 5 e 6, e uma falha contracional

que corta a microbacia. Na Subunidade 5 (NPcu5) estão inseridos os filitos e

filitossericiticos, cinzas, prateados e esverdeados, com intercalações e lentes de

metacogiomerados (Mcg), metarenitos (Mar). São frequentes veios de quartzo, paralelos

e oblíquos e metacórceos (Mac). São freqüentes veios de quartzo, paralelos e

oblíquos,na foliação. Na Subunidade 6 (NPcu6), estão inseridos os filitos

conglomeráticos com matriz areno argilosa, contendo clastos de quartzo, filito e

quartzito, com intercalações subordinadas e metarenito.

25

Figura 5 – Mapa Geológico da microbacia do córrego Urubu.

Fonte: Adaptado de SIG Cuiabá (2006)

3.2 Geomorfologia

A microbacia do córrego Urubu apresenta somente uma forma de relevo

sobressaindo as dissecadas em Colinas Médias, que são superfície de aplanamento com

média dissecação, pequena amplitude, declividade média, interflúvios médios, topo

extensos e arredondados com perfis convexos a retilíneos. A drenagem é de densidade

média, com o padrão de drenagem subretangular a dentrítico, vales abertos e fechados.

26

Figura 6 - Mapa geomorfológico da microbacia do córrego Urubu.

Fonte: Adaptado de SIG CUIABÁ (2006)

3.3 Pedologia

A microbacia do córrego Urubu apresenta somente dois grupos pedológicos: a

FFcd e CXbd5. Do grupo FFcd6 fazem parte o plintossolo pétrico concrecionário

distrófico ou léptico, piltossolo pétrico epiconcrecionário distrófico e latossolo

vermelho-amarelo.com textura média muito cascalhenta, relevo suave ondulado. O

primeiro é identificado pela textura média muito cascalhenta, com relevo suave

ondulado. O segundo tem a textura média/argilosa, com relevo suave ondulado. O

terceiro tem a textura média, com relevo suave ondulado, todos “A” moderado, fase

cerrado tropical subcaducifólio.

27

No CXbd5 fazem parte o cambissolo háplico Tb distrófico, com textura média

muito cascalhenta e argilosa, e o latossolo vermelho-amarelo distrófico típico, com a

textura média e argilosa, ambos com “A” moderado, fase cerrado tropical

subcaducifólio, com relevo suave e ondulado.

Figura 7 – Mapa Pedológico da microbacia do córrego Urubu. Fonte: Adaptado de SIG Cuiabá (2006)

3.4 Clima

Segundo a classificação de Köppen, o clima tropical de Mato Grosso é do tipo

equatorial tropical. A temperatura média anual ultrapassa os 26ºC e ocorrem fortes

amplitudes térmicas diárias e pequenas variações médias anuais. Estas características

estão associadas a um período seco (maio a setembro), e outro chuvoso (outubro a

abril). A pluviometria média anual oscila em torno de 1350 m, com temperatura mínima

próxima a 10ºC, e máxima superior a 42ºC (MIRANDA e AMORIM, 2001).

28

Segundo Bombled (s/d) apud IPDU (2010), a cidade de Cuiabá possui um

clima essencialmente tropical continental, mas com algumas variantes típicas do lugar,

apresentando dois períodos distintos: o chuvoso, com duração de oito meses, e o seco,

com duração de quatro meses. Em especial, nos primeiros meses do período chuvoso, a

temperatura é mais elevada, frequentemente começando e terminando por ventanias

violentas acompanhadas de descargas elétricas. Nessa época do ano a pressão

atmosférica mantém-se alta, permitindo suportar as temperaturas mais elevadas,

conferindo alta umidade ao ar e, assim, apresentando um clima tropical continental

úmido. É importante destacar que no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2010 a

distribuição temporal da precipitação ocorreu de maneira diferente no município de

Cuiabá (IPDU, 2010). O primeiro ano pode ser considerado como um ano típico na

distribuição das chuvas, porém com precipitação total abaixo da precipitação média

anual (1.077,90 mm), enquanto que o ano de 2009 foi um ano mais chuvoso que a

média histórica anual.

29

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo será abordada a problemática da gestão dos Recursos Hídricos no

Brasil, com ênfase na gestão das microbacias urbanas e, em relação ao tema, os

conceitos, as metodologias aplicadas no levantamento dos dados, além da legislação

aplicável.

4.1. Problemática das Microbacias hidrográficas urbanas

A expansão urbana desordenada provoca sérios problemas às bacias

hidrográficas das cidades. O processo de urbanização acarreta inúmeras alterações

ambientais, o que modifica o funcionamento do ciclo hidrológico local, como a

diminuição da infiltração de água no solo, que pode provocar frequentes enchentes,

assoreamento dos leitos dos rios e erosões. A impermeabilização do solo pela crescente

urbanização é uma das principais causas de inundações nas grandes cidades (MORAES

et. al., 2008).

Tucci (1997) aponta que a ocupação da bacia pela população gera duas

preocupações distintas, quais sejam: o impacto do meio sobre a população através das

enchentes e o impacto do homem sobre a bacia, na preservação do meio ambiente.

Para Tucci et. al. (2003), o país apresenta de 80% a 90% da população

ocupando áreas urbanas, e esta ocupação tem ocasionado mudanças expressivas nas

fontes de abastecimento e mananciais devido à contaminação química, física e biológica

dos cursos de água, decorrente da expansão desordenada da cidade. Os problemas

ocasionados pela falta de saneamento vão desde a falta de tratamento dos efluentes

domésticos, pluviais e industriais, à coleta e tratamento do lixo gerado, além de agravar

os problemas urbanos.

Na tabela 1 estão relacionadas as causas e os respectivos efeitos que podem

ocorrer no meio ambiente.

30

Tabela 1 – Impactos ambientais nas bacias hidrográficas brasileiras – Brasil –

2003.

Fonte: TUCCI et. al. (2003).

Esses impactos ocorrem no Brasil inteiro a todo o momento, e temos como

exemplos várias microbacias urbanas na região de Cuiabá e Várzea Grande que, através

do processo de ocupação desordenada, acabaram por potencializar os problemas.

Segundo Santos (2013), o processo de evolução urbana verificado na

microbacia do córrego Três Barras localizada em Cuiabá, baseou-se em um modelo

calcado na ilegalidade e informalidade, favorecendo uma ocupação desordenada, sem

contar com acompanhamento dos serviços de forma estruturada e, ainda, subtraindo dos

bairros do seu entorno, legalmente constituídos, o suprimento de água, o que ocasionou

o desabastecimento e a intermitência no sistema, provocando conflitos e prejuízos à

essas comunidades.

Na microbacia do córrego Embauval em Várzea Grande/MT estudada por

Mattos (2014), percebe-se muitos impactos, devido à falta de saneamento básico, à

ocupação das áreas de preservação permanente, principalmente por habitações,

disposição de resíduos sólidos no meio ambiente e lançamento de efluentes de

indústrias, comércios, residências e condomínios residenciais nos mananciais

superficiais.

Na microbacia do córrego do Barbado, segundo Ventura (2011), as

características físicas da bacia de estudo demonstraram baixa suscetibilidade à

inundações,mas a análise da impermeabilização da microbacia, a litologia e o tipo de

solo raso verificado na região, apontam uma tendência para ocorrência de enchentes,

31

devido ao aumento do escoamento superficial durante eventos de chuva. O fato se

agravou com a execução de uma obra de engenharia sem contar com projetos

complementares de drenagem, o viaduto do shopping 3 Américas. A Figura 8 demonstra

as consequências da impermeabilização do solo.

Figura 8 – Av. Fernando Correa da Costa, viaduto do Shopping 3 Américas.

Fonte: Midianews, Cuiabá-MT 16/12/2014.

Pode-se afirmar que estes problemas são recorrentes nas microbacias urbanas,

e o grande vilão seria a ocupação desordenada acarretando a impermeabilização, e para

solucionar esses problemas, é necessário aplicar as técnicas de gestão dos recursos

hídricos.

4.2. A gestão dos Recursos Hídricos

A gestão dos Recursos Hídricos no Brasil iniciou-se com o Decreto

24.643/1934, conhecido como Código das Águas ou Lei das Águas, que consistia em

considerar as águas como recursos naturais renováveis. Na época, a função era

proporcionar o desenvolvimento industrial e agrícola do país, incentivando,

principalmente, a produção de energia elétrica.

Na década de oitenta, começou a prevalecer o pensamento sobre a necessidade

de um modelo de gestão integrado e descentralizado, com uma concepção de gestão em

nível de bacias hidrográficas, e, ainda, a ideia do elemento água como um bem de valor

econômico, considerando-se os usos múltiplos da água.

32

Para Tucci (1997), uma Bacia Hidrográfica é uma área de captação natural da

água de precipitação, que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída.

Compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem

formada por cursos de água que confluem, até resultar em um leito único no seu

exutório.

A concepção de gestão por bacias hidrográficas requer a interação das

dimensões ambiental, social e econômica, como se encontra definido no conceito de

sustentabilidade (HARDI e ZDAN, 1997, apud BELLEN, 2006). Dessa forma, para se

conquistar a sustentabilidade, deve-se alcançar o “bem-estar humano e dos

ecossistemas, sendo que o progresso em cada uma dessas esferas não deve ser alcançado

à custa da outra”, quando se trata de um “processo dinâmico de evolução”. (HARDI e

ZDAN, 1997, apud BELLEN, 2006).

A Constituição de 1988 e a Lei 9.433/1997, que criou o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos, buscaram o uso e o aproveitamento das águas no país,

preocupando-se com a atualização do tratamento, tendo em vista incentivar e controlar o

uso industrial e suprir as exigências do ramo hidráulico, mantendo a prioridade ao

desenvolvimento econômico, e tornando a água um bem público. Em 2006, com base na

mesma lei, foi criado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, tendo como principal

objetivo dar um tratamento gerencial, ratificando a prioridade da água para consumo

humano.

Rodrigues e Arend (2006) define gerenciamento de recursos hídricos como

ações destinadas a regular o uso e o controle dos recursos hídricos e a avaliar a

conformidade da situação atual com os princípios estabelecidos pela política de recursos

hídricos: “Essas ações refletem-se através de leis e o resultado será a fixação do que é

denominado modelo de gerenciamento ou gestão dos recursos hídricos, entendido como

a configuração administrativa usada pelo Estado para gerir esse recurso natural”.

(RODRIGUES e AREND, 2006).

O uso da água, no entanto, pode gerar possíveis conflitos entre os usuários, já

que sua qualidade e disponibilidade podem ser limitantes ao desenvolvimento das

atividades humanas ou mesmo de seu uso ambiental. Assim, a gestão dos recursos

hídricos busca a conciliação entre os possíveis usos da água na bacia. Como destacado

por Rodrigues (2013), o gerenciamento dos recursos hídricos caminha na direção de

amenizar os conflitos de usos múltiplos, de modo a atender diferentes interesses e

compatibilizar atividades econômicas, promoção do bem estar social e proteção do meio

33

ambiente. A gestão do uso múltiplo integrado deve considerar as variações sazonais e

diárias do sistema hídrico.

Como meio de controle racional do uso da água e agregada com um valor

econômico, iniciou-se a cobrança pelo uso da água, tornando uma fonte de recursos para

investimentos na gestão da água em cada bacia hidrográfica. Os comitês das bacias hoje

são compostas pelos representantes dos poderes públicos federal, estadual e municipal,

usuários, e sociedade civil.

O que se tem a observar é que o sistema de gestão ainda está muito pouco

institucionalizado, principalmente onde os mecanismos operacionais de cobrança pelo

uso da água ainda estão indefinidos, muito embora surpreenda o surgimento de novos

comitês de bacias estaduais, e preparação para novos federais. O registro que se tem é

que pelo menos 14(quatorze) Estados da federação já cuidam de suas próprias leis de

recursos hídricos, baseadas nos documentos federais existentes.

O que mais se tem discutido nos últimos anos é a dominialidade das águas

superficiais e subterrâneas. Pertence à União, quando se acham armazenadas em

reservatórios federais, e aos Estados, quando represadas nos açudes estaduais. As

transferências das águas entre Estados é outro assunto em permanente discussão, na

qual o governo federal, através da sua Agência Nacional de Águas - ANA, tem poderes.

O Código Civil também se ocupa do tema.

4.3. Política Nacional dos Recursos Hídricos

A Lei Nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que cria a Política Nacional de

Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é

produto de um longo processo de aperfeiçoamento na gestão das águas no Brasil. Esta

se ampara no conceito da água como um bem de domínio público, dotado de valor

econômico, que, em situações de escassez, os usos prioritários são o abastecimento

humano e a dessedentação de animais, e que a bacia hidrográfica é a unidade territorial

para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GARCIA JR, 2007).

Segundo Pimenta (2011), o tratamento das normas relacionadas aos recursos

hídricos deve levar em consideração a jurisdição da bacia hidrográfica, tendo como

objeto direitos e deveres, mas não a competência dos governantes. Além de que não se

pode pensar em gestão dos recursos hídricos, sem seguir os princípios das leis, pois esta

34

é a base para o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que foi o

primeiro a aceitar a bacia hidrográfica como unidade de planejamento, como uma

alteração ao ordenamento jurídico então vigente, sobre a definição de domínio.

Conceitua-se, ainda que a coordenação dos recursos hídricos deva sempre

conceder o uso múltiplo das águas, e que a gestão dos recursos hídricos deve ser

descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das

comunidades.

A implantação da Lei das Águas objetiva a sustentação da água em quantidade

e qualidade compatíveis com a associação dos usos futuros propostos, e o planejamento

de ações que minimizem os efeitos de eventos hidrológicos críticos.

As diretrizes gerais são compostas de ações integradas, entre os recursos

hídricos, o uso do solo, recursos naturais e o planejamento territorial. Verifica-se que a

Lei das Águas se direciona para a gestão participativa dos recursos hídricos com a

conexão direta entre os segmentos participantes “permitindo que usuários, a sociedade

civil organizada, as ONGs e outros organismos possam influenciar no processo de

tomada de decisão” (MOTTER e FOLETO, 2010). Segundo Granziera (2001) o

gerenciamento de uma bacia hidrográfica envolve, além de objetivos, diretrizes e

instrumentos. Antes que qualquer plano de gestão possa ser desenvolvido, os objetivos

devem ser objeto de acordo: quais usos serão protegidos, quais índices de qualidade

serão buscados, quais compromissos devem ser acertados entre os usos conflitantes.

Uma vez que os objetivos são conhecidos, é necessário buscar um caminho para realizá-

los.

Na Política, os instrumentos básicos estão discriminados, para que possam

auxiliar a sua implementação. São instrumentos da Política de Recursos Hídricos (Lei

9433/2007, Art. 5°):

I. os Planos de Recursos Hídricos;

II. o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da

água,

III. a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

IV. a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V. a compensação a municípios;

VI. o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Como o foco do trabalho é discutir o enquadramento entre os instrumentos de

gestão dos recursos hídricos, será aprofundado o assunto mais à frente.

35

Para fortalecer a qualidade adequada da água para seu uso mais exigente,

utiliza-se o enquadramento dos corpos hídricos em classes. Sendo assim, necessário, o

conhecimento dos usos da bacia, e também os hábitos dos usuários da bacia. Assim

estabelece níveis de qualidades a serem respeitados em corpos hídricos ou trechos

destes.

O Art. 9º estabelece o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo

os usos preponderantes da água, que visa a:

I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que

forem destinadas;

II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações

preventivas permanentes.

O Art. 10 estabelece as classes de corpos de água serão estabelecidas pela

legislação ambiental.

As classes de uso estão determinadas na Resolução do Conselho Nacional de

Recursos Hídricos – CONAMA n° 357 de 17/03/2005, que determinam as classes de

uso para água doce, e os procedimentos definidos pela Resolução n° 91 do Conselho

Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, de 05/11/2008.

4.4. Resolução CONAMA n°357/2005

A Resolução nº 357, de 17 de marco de 2005 do Conselho Nacional do

Meio Ambiente - CONAMA dispõe sobre a categorização dos corpos d’água e

diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e

padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providencias.

Está em vigor, desde o dia 17 de março de 2005, a Resolução n° 357 do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que, ao revogar a Portaria

020/86, reclassificou os corpos d’água e definiu novos padrões de lançamento de

efluentes.

A Resolução do CONAMA nº 357/05 dividiu as águas do território nacional

em águas doces (salinidade ≤ 0,05%), salobras (0.05% < salinidade <3,0%) e salinas

(salinidade ≥ 3,0%). Em função dos usos previstos, há 13 classes (águas doces:

classe especial e 1 a 4; águas salobras: classe especial e 1 a 3; águas salinas: classe

especial e 1 a 3). Cada classe refere-se a um agrupamento de usos com requisitos em

termos de qualidade da água (PROSAB, 2009).

36

Os padrões de qualidade das classes definidas na Resolução nº 357 estão de

certa forma inter-relacionados. Ambos foram determinados com intuito de preservar

a qualidade no corpo d’água.

A Resolução prevê, com base na Lei de Crimes Ambientais (nº 9605/1998),

pena de prisão para os administradores de empresas e Responsáveis Técnicos que

não observarem os padrões das cargas poluidoras.

4.5. Política Estadual dos Recursos Hídricos

A Lei Estadual nº 6.945, de 05 de novembro de 1997 que define a Política de

Recursos Hídricos do Estado de Mato Grosso, instituiu o Sistema Estadual de Recursos

Hídricos, entre outras providências.

A Lei também define que o abastecimento humano e a dessedentação de

animais tem prioridade sobre todos os demais usos. Assim como na Política Nacional, a

Política Estadual de Recursos Hídricos se pauta nos princípios da integração entre os

usos, incentivando os usos múltiplos da água, na adoção da bacia hidrográfica como

unidade físico-territorial de planejamento e gerenciamento e no reconhecimento do

valor econômico da água.

As normas que coordenam as ações da Política Estadual têm como alicerce, as

ações de gerenciamento integrado, descentralizado e participativo, no aspecto

econômico-sócio-ambiental da água, no apoio ao Sistema Estadual de Defesa Civil na

prevenção contra os efeitos adversos dos eventos hidrológicos, naturais e antrópicos.

Baseiam-se também no planejamento e na execução de ações que promovam o

conhecimento das disponibilidades e demandas, e na conciliação de conflitos de uso da

água.

São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos (Art. 6°):

I. o Plano Estadual de Recursos Hídricos;

II. o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da

água;

III. a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

IV. a cobrança pelo uso de recursos hídricos; e

V. o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

37

A exigência pelo uso da água e emissão de efluentes está mudando a gestão

das indústrias, departamento de água e esgoto, entre outros. Essa alteração de

comportamento exige maior controle operacional além de novas tecnologias de

tratamento.

O meio ambiente é o foco de proteção, e as resoluções visam a não

contaminação dos recursos naturais, protegendo-os de toda má utilização e

detrimento de sua qualidade para o mesmo fim.

Para que o efluente líquido seja lançado no corpo receptor, sua qualidade ele

deve respeitar às legislações ambientais. No estado de Mato Grosso deve ser

obedecida a Resolução CONAMA n° 357 de 17 de março de 2005 e a Resolução

CONAMA n° 430 de 13 maio de 2011, como padrões de qualidade para o corpo

receptor e para o lançamento de efluente, respectivamente.

4.6. Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CEHIDRO)

O Estado de Mato Grosso possui o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

É um órgão colegiado constituinte do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, que

reúne órgãos governamentais, sociedade civil e usuários, e que tem como finalidade

discutir a gestão dos recursos hídricos no Estado, para fortalecer a sua utilização e

também evitar o surgimento de conflitos futuros (MATO GROSSO, 2013).

Foi instituído pela Lei Estadual nº 6.945, de 05 de novembro de 1997 e

regulamentado atualmente pelo Decreto nº 2.707, de 28 de julho de 2010 tendo

atribuições consultivas, deliberativas, normativas e recursais. O CEHIDRO encontra-

se ativo desde o ano de 2003, sendo anteriormente regulamentado pelos Decretos nº

3.952, de 06 de março de 2002 e nº 6.822, de 30 de novembro de 2005, revogados

pelo Decreto atual.

De acordo com a Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CEHIDRO Nº 29, de 24 de setembro de 2009, são estabelecidos critérios técnicos

referentes à outorga para diluição de efluentes em corpos hídricos superficiais de

domínio do Estado de Mato Grosso. A Resolução Nº 39, de 11 de novembro de 2010

altera a Resolução nº 29.

No Art. 1º, a Resolução n° 29 estabelece critérios técnicos a serem

observados na análise dos processos de outorga para fins de diluição de efluentes em

corpos hídricos superficiais de domínio do Estado de Mato Grosso. Deverá ser

38

considerada também a Lei nº 6.945, de 05 de novembro de 1997, que dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos.

O Decreto 336, de 06 de junho de 2007, regulamentou o regime de outorga

de águas no Estado do Mato Grosso; A Resolução CEHIDRO nº 27 de 09 de julho de

2009, estabeleceu critérios para a emissão de outorga superficial de rios de domínio

do Estado de Mato Grosso; A Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos

(CNRH) nº 91 de 05 de novembro de 2008, dispõe sobre procedimentos gerais para o

enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos.

Rodrigues (2013) avaliou os usos e impactos na aplicação dos instrumentos

“outorga” e “enquadramento” para o setor de saneamento no perímetro urbano da bacia

do Rio Coxipó, no município de Cuiabá/MT e propôs o enquadramento transitório para

trechos do rio Coxipó, de forma a permitir a regularização do uso para saneamento

público. Logo após este trabalho, foram elaboradas as resoluções n°68 , 69, 70, 71 e 72

de 11 de setembro de 2014, que define a classe correspondente a ser adotada, de forma

transitória, para aplicação do instrumento de outorga, e aprova as metas progressivas

constantes. A resolução n°68 enquadra de forma transitória o córrego Urubu, que é o

foco desse estudo.

4.7. Resolução N°68 de 11 de setembro de 2014

Esta resolução estabelece a classe correspondente a ser adotada, de forma

transitória, para a implementação do instrumento de outorga, e aprova as metas

progressivas constantes no Anexo I para os trechos de corpos hídricos da bacia do Rio

Coxipó citados na mesma, pertencentes à Unidade de Planejamento e Gerenciamento P-

4 – Alto Rio Cuiabá, município de Cuiabá.

A classe empregada de forma transitória é válida somente até a aprovação do

enquadramento pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos. O córrego Urubu se

enquadra na seguinte forma nesta resolução:

39

Quadro 2.Classes e metas progressivas de enquadramento dos corpos hídricos da Bacia do

Rio Coxipó, integrantes da Unidade de Planejamento e Gerenciamento P-4 - Alto Rio

Cuiabá, Município de Cuiabá, córrego Urubu.

Trechos Classe

Concentração

Máxima

Permitida de

DBO - (mg/l)

Concentração

Máxima

Permitida de

DBO - (mg/l)

Concentração

Máxima

Permitida de

DBO - (mg/l)

Meta 5 anos Meta 10 anos

1 4 55 50 45

Fonte: Resolução n°. 68 de 11 de setembro de 2014

4.8. Métodos e técnicas utilizadas na análise ambiental de microbacias

urbanas

Na análise ambiental em microbacias podem ser utilizadas metodologias como:

Características Fisiográficas, Método VERAH e o Método de Análise do Índice de

Qualidade da Água (IQA). No entanto, para analisar as modificações no meio ambiente

nada melhor um Sistema de Informações Geográficas, SIG. O SIG deve ser

compreendido como uma vigorosa ferramenta para apoiar a tomada de decisão por parte

do usuário. A sua estrutura deve, nesse sentido, ser muito bem planejada para que a

interação homem-máquina se dê de maneira eficiente e atenda às necessidades dos

usuários (FITZ, 2008).

4.8.1 MÉTODO VERAH

A metodologia do VERAH realiza o diagnóstico ambiental da microbacia

utilizando os aspectos de vegetação, erosão, resíduos, água e habitação (OLIVEIRA

et. al., 2008) com o propósito de detectar problemas ambientais gerados pelo uso do

solo com a perspectiva de corrigi-los e/ou evitá-los. Esta metodologia foi criada por

Oliveira (2008) que, para sua aplicação deve-se delimitar a microbacia e em seguida

fazer o levantamento dos temas no local para assim ter-se o diagnóstico.

A vegetação, erosão, resíduos, água e habitação devem ser correlacionados

para identificar e priorizar os problemas existentes relacionados a cada tema. Com o

diagnóstico realizado finalizar indicando recomendações com a finalidade de

minimizar os impactos negativos causados pela antropização.

40

Oliveira et al., (2008) apud Guedes (2010) consideram o ambiente da

microbacia uma porção do meio que pode ser delimitada e diagnosticada em

separado, mantendo íntegras as relações dos aspectos.

Santos (2013) utilizou o método VERAH para diagnosticar a microbacia do

córrego Três Barras, que possui como cenário, um ambiente com baixa qualidade

ambiental, com porções legais de áreas de preservação permanente desrespeitadas,

como por exemplo das áreas verdes, o aterramento das margens do córrego, as

construções de forma ilegal de habitações, bolsões de lixo e resíduo da construção civil,

e lançamento do esgoto doméstico i-natura. Esse processo de ocupação desordenada

ocorre sem o acompanhamento da infraestrutura de saneamento básico. Que segundo o

trabalho resultou em um quadro crítico do ponto de vista do prejuízo da qualidade da

água e do desequilíbrio ambiental urbano, somando-se a esses fatores o baixo percentual

de esgoto coletado e tratado.

4.8.1.1 Definição dos Aspectos – VERAH

Vegetação: É o grupo de vegetais que existem em um determinado espaço

geográfico. Ela pode ser composta por plantas de diferentes características e em

situações geográficas bastante variadas ou plantas do mesmo táxon.

O tipo de vegetação é determinado principalmente pelo tipo de clima,

ressaltando que esta regra aplica-se somente a vegetações naturais ou nativas. No

Brasil, os principais tipos de vegetação natural são: Floresta Amazônica, Cerrado,

Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, Campos Sulinos, Mangues, Matas de Araucárias

(RODRIGUES, 2013).

Erosão: É um processo de deslocamento de terra ou de rochas de uma

superfície, podendo ocorrer por ação de fenômenos da natureza ou do ser humano.

No que se refere às ações da natureza, pode citar as chuvas como principal causadora

da erosão. Ao atingir o solo, em grande quantidade, provoca deslizamentos,

infiltrações e mudanças na consistência do terreno, deslocando volumes de terra. O

vento, a variação de temperatura e composição química do solo também causam

erosões (FONSECA, 2009).

A ação antrópica de retirar a cobertura vegetal do solo diminui a absorção

da água pelas raízes das plantas e os vazios de ar no solo, tornando-o compactado.

Por efeito da compactação do solo, ocorre a diminuição dos macroporos, tornando o

41

solo erodível, pois são estes os poros responsáveis pela infiltração da água

(MEURER, 2004).

Devido a estas ações pode ocorrer o aparecimento de ravinas e voçorocas.

Voçorocas é a evolução do processo erosivo intenso causado pela concentração de

enxurradas em depressões mal protegidas que acumulam grandes volumes de água a

uma alta velocidade.

De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (1990), elas são profundas quando

têm mais de 5m de profundidade; médias, de 1 a 5m; e pequenas, menores de 1m.

Pela área da bacia, são consideradas pequenas quando a área de drenagem for menor

do que 2 hectares; médias, de 2 a 20 hectares, e grandes, maiores de 20 hectares.

Outra forma de erosão são as ravinas, estas são de menores profundidades do que as

voçorocas.

Resíduos Sólidos: são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das atividades

humanas ou não-humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a

atividade fim de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades.

Grande parte dos resíduos é produzida nos grandes centros urbanos,

originários, principalmente, de residências, escolas, indústrias e construção civil.

Água: É uma substância química essencial para todas as formas de vida. Ela

é encontrada em oceanos, geleiras, aquíferos, rios, vapor d’água, nuvens. A água é

essencial para os humanos e para as outras formas de vida. Age como reguladora de

temperatura, dilui os sólidos e transporta nutrientes e resíduos por entre os vários

órgãos.

Habitação: No dicionário, habitação é o termo utilizado para o lugar em que

se habita; casa, lugar de morada; residência, vivenda; domicílio: habitação ampla e

confortável.

A função primordial da habitação é a de abrigo, protegendo o ser humano

das intempéries e de intrusos (ABIKO, 1995). Com o passar do tempo o homem

passou a utilizar materiais disponíveis em seu meio, tornando o abrigo cada vez mais

elaborado.

Na evolução do homem, de coletor para produtor, este passa não apenas a

produzir sua própria existência, mas também um espaço adequado e ajustado às suas

novas necessidades. A relação passiva mantida até então, entre homem e natureza,

muda e, ao longo da história, o meio ambiente sofrerá, de forma permanente

(CARLOS, 1992).

42

De acordo com Alfonsin e Fernandes (2003), a habitação desempenha três

funções: social, ambiental e econômica. A função social é o de abrigar as pessoas. Na

função ambiental é importante que estejam assegurados os princípios básicos de

infraestrutura, saúde, educação, transportes, lazer, etc., além de determinar o impacto

da habitação sobre os recursos naturais disponíveis. Com relação a economia ela

oferece novas oportunidades de geração de emprego e renda, mobiliza vários setores

da economia local e influencia os mercados imobiliários e de bens e serviços.

4.8.1.2 Fisiografia

A análise fisiográfica tem por princípio o entendimento das condições de

gênese e evolução das paisagens que apresentam estreita associação com os

processos pedogênicos, o que possibilita o reconhecimento dos tipos de solos

associados a cada paisagem (MORAES et al., 2008).

Os dados fisiográficos podem ser obtidos por meio de mapas, aerofotos,

imagem de satélite, para obtenção de as áreas, comprimentos, declividades e

coberturas do solo (SILVEIRA, 2004).

4.8.1.3Índice de Qualidade da Água – IQA

O Índice de Qualidade da Água – IQA foi criado em 1970, nos Estados Unidos.

No Brasil a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB começou utilizar

este índice após 1975 e nas décadas seguintes foi sendo utilizado por outros estados. Ele

avalia a qualidade da água de mananciais superficiais e subterrâneos. Para o cálculo são

utilizados parâmetros que demonstram indicadores de contaminação causada,

principalmente pelo lançamento de esgotos domésticos e industriais.

Para determinar o valor do IQA realiza-se a média ponderada dos parâmetros:

oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes fecais,

pH, temperatura, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais e turbidez, com seus

respectivos pesos (w), os quais foram fixados em função da sua importância para a

conformação global da qualidade da água (Quadro 3):

43

Quadro 3. Parâmetros utilizados para calcular a Qualidade da Água.

Fonte: Adaptado de BRASIL. Agência Nacional de Águas-ANA. Portal da Qualidade das

Águas. (2013)

4.8.1.4.Cálculo de IQA

O cálculo é feito por meio do produtório ponderado dos nove parâmetros,

segundo a seguinte fórmula:

(Equação 1)

Onde:

IQA = índice de qualidade da água, um número de 0 a 100;

qi= parâmetros de qualidade avaliados;

wi= peso atribuído ao parâmetro, em função de sua importância na qualidade,

entre 0 e 1.

n = número de parâmetros que entram no cálculo do IQA.

Os valores do IQA são classificados em faixas, e estes podem variar entre os

estados no Brasil. No estado de Mato Grosso, os índices aplicados são estabelecidos

conforme Quadro 4:

44

Quadro 4. Variação das faixas de valores de IQA entre os estados brasileiros.

Fonte: Alves (2012).

Contudo, esse índice apresenta limitações, pois foi desenvolvido para avaliar a

qualidade das águas, considerando como sua utilização principal, o abastecimento

público. Consequentemente, as outras atividades como as atividades agrícolas e

industriais, que também geram poluentes (ex.: metais pesados, pesticidas, compostos

orgânicos), não são analisados pelo IQA.

Além de não considerar outros parâmetros importantes, tais como os

compostos orgânicos com potencial mutagênico, os metais pesados, as substâncias que

afetam as propriedades organolépticas da água, o potencial de formação de

trihalometanos e a presença de parasitas patogênicos, como descreve Alves (2012) e

Ana (2005).

4.8.2 CAPACIDADE DE AUTODEPURAÇÃO

A autodepuração é um processo natural, no qual cargas poluidoras, de origem

orgânica, lançadas em um corpo d’água são neutralizadas.

Para Sperling (1996), a autodepuração pode ser entendida como um fenômeno

de sucessão ecológica, em que o restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, é

realizado por mecanismos essencialmente naturais.

De acordo com Stehfest (1973), a decomposição da matéria orgânica por

microrganismos aeróbios corresponde a um dos mais importantes processos integrantes

do fenômeno da autodepuração. Ele é responsável pelo decréscimo nas concentrações

de oxigênio dissolvido na água devido à respiração dos microrganismos, que por sua

vez decompõem a matéria orgânica.

Segundo Braga et al (2002), o despejo da matéria orgânica no meio aquático

pode ocasionar um desequilíbrio entre a produção e o consumo de oxigênio.

45

4.8.2.1 Zonas de autodepuração

Admite-se que o processo de autodepuração ocorre em quatro zonas

fisicamente identificáveis dentro de um rio. Estas zonas são: zona de degradação, zona

de decomposição ativa, zona de recuperação e zona de águas limpas (Figura 9).

Figura 9. Zonas de autodepuração dos cursos d’água, (adaptado de Braga, 2002).

• Zona de águas limpas - localizada em região à montante do lançamento do

efluente (caso não exista poluição anterior) e também após a zona de recuperação. Essa

região é caracterizada pela elevada concentração de oxigênio dissolvido e vida aquática

superior;

• Zona de degradação - localizada à jusante do ponto de lançamento, sendo

caracterizada por uma diminuição inicial na concentração de oxigênio dissolvido e

presença de organismos mais resistentes;

• Zona de decomposição ativa - região onde a concentração de oxigênio

dissolvido atinge o valor mínimo e a vida aquática é predominada por bactérias e fungos

(anaeróbicos);

• Zona de recuperação - região onde se inicia a etapa de restabelecimento do

equilíbrio anterior à poluição, com presença de vida aquática superior (ANDRADE,

2010).

46

4.8.2.2 Balanço de oxigênio dissolvido

Quando ocorre o lançamento de algum efluente em um curso d’água ocorre

também um consumo de OD. Isto ocorre devido ao processo de estabilização da matéria

orgânica por bactérias decompositoras aeróbias que utilizam o oxigênio.

Segundo Sperling (2007) o oxigênio dissolvido é bastante utilizado para

determinar o grau de poluição e de autodepuração de um curso d’água. Isto porque sua

medição é simples e os resultados (concentração) podem ser utilizados em modelagens

matemáticas, assunto este que será visto adiante.

O balanço de oxigênio que ocorre no fenômeno de autodepuração é

representado pela relação entre as fontes de consumo e de produção de oxigênio.

Diversos fatores intervêm no balanço de oxigênio conforme pode ser visto na Figura 10.

Figura 10. Fatores interagentes no balanço de OD, adaptado de Sperling (2007)

Os principais responsáveis pelo consumo de oxigênio nos corpos hídricos são:

- A matéria orgânica que consome oxigênio para sua estabilização, principal

constituinte dos esgotos;

47

- A demanda bentônica, formada pela matéria orgânica antes em suspensão que

sedimentou, formando o lodo de fundo, sendo também necessária sua estabilização;

- A nitrificação, que necessita da oxidação da amônia em nitritos e este em

nitratos, obtendo a forma para que o plâncton consiga assimilá-la (IMHOFF e IMHOFF,

1996).

4.8.2.3 Modelagem para estimativa da autodepuração

De acordo com Almeida (2005) os modelos de qualidade das águas são

utilizados para que se possa avaliar a qualidade da água, estimar as condições da água

ao longo do percurso do rio e simular os efeitos das cargas poluentes nos cursos

d’águas.

O objetivo de uma modelagem é determinar as variações de concentrações de

alguma carga poluente em função do espaço e do tempo, baseando-se em dados

previamente conhecidos.

Existem diversos modelos de qualidade das águas que envolvem a modelagem

de diversas substâncias. O modelo utilizado neste estudo utilizando OD e DBO é o

proposto por Streeter e Phelps em 1925.

4.8.2.4 Modelo de Streeter-Phelps

Este modelo foi um dos primeiros modelos de qualidade da água. Foi

desenvolvido em 1925 pelos pesquisadores americanos H.S. Streeter e E.B. Phelps, em

um estudo no rio Ohio, com o objetivo de aumentar a eficiência nas ações a serem

tomadas no controle da poluição das águas (NUVOLARI, 2003). Ele é bastante

utilizado, pois há necessidade de poucos parâmetros e dados de entrada, os dados

requeridos são:

Vazão do rio, a montante do lançamento (Qr);

Vazão de esgotos (Qe);

Oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento (ODr);

Oxigênio dissolvido no esgoto (ODe);

DBO5 no rio, a montante do lançamento (DBOr);

DBO5 no esgoto (DBOe);

48

Coeficiente de desoxigenação (K1);

Velocidade de percurso do rio (v);

Tempo de percurso (t);

Temperatura do líquido (T);

Concentração de Saturação do OD (Cs);

Oxigênio dissolvido mínimo permissível (ODmín).

4.8.2.5 Curva do oxigênio dissolvido

Segundo Sperling (2007) o decréscimo de oxigênio ao longo do curso d’água

pode ser conhecido através da construção da curva do oxigênio dissolvido. Na curva o

eixo vertical representa as concentrações de OD e o eixo horizontal o tempo ou a

distância de percurso.

Alguns aspectos muito importantes são obtidos através dessa curva como: onde

em que ponto do rio, se dará a recuperação do OD, após quanto tempo, a que nível

descerá o teor de OD, a que distância da origem ocorrerá este mínimo.

4.8.2.6 Cinética de desoxigenação

A cinética da reação da matéria orgânica remanescente (DBO remanescente) se

processa segundo uma reação de primeira ordem em que a taxa de mudança na

concentração é proporcional a primeira potência da concentração (SPERLING, 1996).

4.8.2.7 Coeficiente de desoxigenação

O coeficiente de desoxigenação (K1) é um parâmetro muito importante na

modelagem do OD e depende das características da matéria orgânica, da temperatura, e

da presença de substâncias inibidoras.

49

Quadro 5. Valores típicos de K1 em condições de laboratório (base e, 20°).

Origem K1 (dia-1)

Esgoto bruto concentrado 0,35 – 0,45

Esgoto bruto de baixa concentração 0,30 – 0,40

Efluente Primário 0,30 – 0,40

Efluente Secundário 0,12 – 0,24

Curso d’ água com água águas limpas 0,08 – 0,20

Fonte: Adaptado Fair et al (1973) e Arceivala (1981) apud Sperling (2007).

4.8.2.8Coeficiente de remoção de DBO (kd)

Kd é o coeficiente de desoxigenação global dos cursos d'água naturais

decorrente da degradação da DBO Carbonácea. Segundo a EPA - Environmental

ProtectionAgency (1985 apud SPERLING 2007). O Kd que representa a oxidação da

DBO no rio é maior ou igual do que K1 que representa a oxidação da DBO nas garrafas

no laboratório.

O Quadro 6 apresenta uma síntese das faixas dos valores dos coeficientes K1 e

Kd.

Quadro 6. Coeficientes de desoxigenação.

Origem K1

(Laboratório)

Kd (Rio)

Rios rasos Rios

Profundos

Curso d’água recebendo esgoto bruto concentrado 0,35-0,45 0,50 - 1,00 0,35 – 0,50

Curso d’água recebendo esgoto bruto de baixa

concentração

0,30 – 0,40 0,40 – 0,80 0,30 – 0,45

Curso d’água recebendo efluente primário 0,30 – 0,40 0,40 – 0,80 0,30 – 0,45

Curso d’água recebendo efluente secundário 0,12 – 0,24 0,12 – 0,24 0,12 – 0,24

Curso d’água com águas limpas 0,08 – 0,20 0,08 – 0,20 0,08 – 0,20

Fonte: Adaptado de Sperling (2007). Nota: rios rasos: profundidade inferior a cerca de 1 a 1,5m; rios profundos: profundidade superior a cerca

de 1 a 1,5m.

4.8.2.9 Cinética da reaeração

50

Segundo Nuvolari (2003) quando a água é exposta a um gás, ocorre uma troca

contínua de moléculas entre a fase líquida e a fase gasosa (atmosfera), e essa troca é

diretamente proporcional a pressão que o gás exerce sobre o líquido, isto é, quanto

maior a pressão, maior o fluxo de entrada de oxigênio no meio líquido.

Se a concentração de solubilidade na fase líquida for atingida, ambos os fluxos

passam a ser de igual magnitude, o que faz com que a concentração do gás em as fases

não mude.

Este equilíbrio dinâmico define a concentração de saturação (Cs) do gás na fase

líquida (SPERLING, 2007).

4.8.2.10 Coeficiente de reaeração (K2)

De acordo com Sperling (2007) a seleção do K2 tem uma maior influência nos

resultados do balanço de oxigênio dissolvido do que o coeficiente K1, pelo fato da faixa

de variação do último ser mais estreita.

Para se determinar o valor de K2 utilizam-se métodos estatísticos em que são

empregadas as concentrações de OD e diversos tempos (t) como dados de entrada.

Existem vários métodos para obtenção de um valor para o coeficiente K2. No

Quadros 7 e 8 são demonstrados os valores através da profundidade do rio e os que

podem ser obtidos em função das características hidráulicas do corpo d’água

respectivamente.

51

Quadro 7. Valores típicos de K2 (base e, 20°).

Origem K2 (dia-1)

Profundos Rasos

Pequenas lagoas 0,12 0,23

Rios vagarosos, grandes lagos 0,23 0,37

Grandes rios com baixa velocidade 0,37 0,46

Grandes rios com velocidade normal 0,46 0,69

Rios rápidos 0,69 1,15

Corredeiras e quedas d’água > 1,15 > 1,61

Fonte: Adaptado de Fair et al (1973), Arceivala (1981) apud Sperling (2007).

Quadro 8. Equações para determinação do K2 utilizando as características hidráulicas

do corpo d’água.

Autor Equação Faixa de Aplicação

O’Connor-Dobbins 3,93 x v0,5 x H-1,5 0,6m ≤ H < 4 m

0,05 m/s ≤ v < 0,8 m/s

Churchil 5 x v0,97 x H-1,67 0,6m ≤ H < 4 m

0,8 m/s ≤ v < 1,5 m/s

Owens et AL 5,3 x v0,67 x H-1,85 0,1m ≤ H < 0,6 m

0,05 m/s ≤ v < 1,5 m/s

Tsivoglou-Wallace 31,6 x v x t Q entre 0,03 e 0,3 m³/s

15,4 x v x t Q entre 0,3 e 8,5 m³/s

Fonte: Adaptado de Sperling (2007).

Onde: v = velocidade do curso d’água (m/s)

H = altura da lâmina d’água (m)

I = declividade do curso d’água (m/Km)

4.8.2.11 Equações do Modelo

Conforme descrito por Sperling (2007) as equações representativas utilizadas

no modelo de Streeter-Phelps são:

- Concentração e déficit de oxigênio no rio após a mistura com o despejo equação

numerada

52

(Equação 2)

Onde:

C0 = concentração inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/L);

Qr = vazão do rio a montante do lançamento (m³/s);

Qe = vazão de esgoto (m³/s);

ODr = concentração de oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento

dos despejos (mg/L);

ODe = concentração de oxigênio dissolvido no esgoto (mg/L).

- DBO5 e demanda última no rio após a mistura com o despejo

(Equação 3)

(Equação 4)

Onde:

DBO50 = concentração de DBO5, logo após a mistura (mg/L);

L0 = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/L);

DBOr = concentração de DBO5 no rio (mg/L);

DBOe = concentração de DBO5 no esgoto (mg/L);

KT = constante para transformação da DBO5 em DBO última (DBOu).

(Equação 5)

53

- Perfil do oxigênio dissolvido em função do tempo

(Equação 6)

- Tempo crítico

É o tempo onde ocorre a concentração mínima de oxigênio

(Equação 7)

Tc = tempo crítico, ou o tempo no qual o déficit de oxigênio é máximo (d).

(Equação 8)

4.8.3 CAPACIDADE SUPORTE

O lançamento de efluente poderá causar interferências quantitativas e

qualitativas no corpo hídrico, podendo agregar uma série de substâncias com

características físico-químicas e biológicas diferentes dos originalmente presentes no

corpo hídrico.

É necessário, conhecer os impactos qualitativos e quantitativos quando

lançados efluentes nos mananciais ao longo do tempo, dos trechos, em função de cada

parâmetro de qualidade. Após o conhecimento dos impactos individuais de cada

poluidor, é fundamental estimar o impacto cumulativo dos diversos usos nos corpos de

água.

54

De acordo com Kelman (1997) e desenvolvidos por Cardoso da Silva et al.

(2001) as interferências qualitativas no corpo hídrico são “transformadas” em

equivalentes quantitativos.

O balanço qualitativo é baseado na equação derivada da equação de balanço de

massa:

(Equação 9)

Onde:

Ca = concentração de um determinado parâmetro de qualidade no efluente;

Qa = vazão do efluente a;

Cb = concentração de um determinado parâmetro de qualidade no efluente b;

Qb = = vazão do efluente b;

Cmistura = concentração de um determinado parâmetro na mistura resultante

dos efluentes a e b.

A equação em que se baseia o balanço qualitativo é chamada de Equação de

Diluição, proposta por Kelman (1997):

(Equação 10)

Onde:

Qdil = vazão de diluição para determinado parâmetro de qualidade;

Qef = vazão do efluente que contém o parâmetro de qualidade analisado;

Cef = = concentração do parâmetro de qualidade no efluente;

Cperm = concentração permitida do parâmetro de qualidade no manancial onde

é realizado o lançamento;

Cman = concentração natural do parâmetro de qualidade no manancial onde é

realizado o lançamento.

55

A vazão de diluição (Qdil) é a vazão necessária para diluir determinada

concentração (Cef) de dado parâmetro de qualidade, de modo que a concentração

resultante (Cmistura) seja igual à concentração permitida (Cperm).

Admite-se sempre que o manancial receptor do efluente está na condição

natural de concentração do parâmetro de qualidade (Cman) em estudo. Por exemplo,

segundo Klein (1962) apud Sperling (1998), um rio bastante limpo possui uma demanda

bioquímica de oxigênio (DBO) natural de, aproximadamente, 1,0 mg/L, decorrente da

matéria orgânica oriunda de folhas e galhos de árvore, peixes mortos, fezes de animais,

etc.

Segundo Kelman (1997) a adoção da concentração natural de determinado

parâmetro de qualidade no manancial, em lugar da concentração atual, deve-se a três

razões:

a) Avaliar o quanto cada usuário comprometerá qualitativamente o manancial

em termos absolutos, de forma independente e sem a interferência de outros usuários;

b) Caso fosse adotada a concentração atual do manancial, o resultado poderia

ser negativo, significando falta de água para a diluição dos efluentes lançados. Essa

condição faz com que todas as análises retratem situações que são influenciadas pelos

usos existentes, mascarando o real efeito que determinado usuário causa ao manancial;

c) Dois usuários que fazem lançamento de efluentes com as mesmas

características qualitativas e quantitativas seriam tratados de forma distinta caso

iniciassem seus lançamentos em épocas diferentes. Ou seja, se um dos usuários

começasse seus lançamentos cinco anos depois do outro, as vazões de diluição desse

último seriam maiores, admitindo-se que nesse ínterim outros usuários também

comprometessem qualitativamente o manancial.

Ainda conforme Kelman (1997), o resultado da equação de diluição é uma

vazão do manancial, denominada Vazão de Diluição (Qdil), da qual o usuário se

“apropria” virtualmente para diluir determinado parâmetro presente em seu efluente.

Essa vazão se propaga para jusante, podendo o seu valor aumentar, diminuir, ou mesmo

se manter constante, dependendo das seguintes condições:

a) Se o parâmetro de qualidade que está sendo diluído é conservativo ou não-

conservativo;

b) Se as concentrações permitidas (Cperm) do parâmetro nos trechos de jusante

ao do lançamento sofrerão mudanças.

56

Quando do lançamento de efluentes, a Vazão de Diluição somada à vazão do

próprio efluente resulta em uma Vazão de Mistura cuja concentração final não deverá

ultrapassar determinado limite (concentração permitida – Cperm).

Na Vazão de Mistura de um determinado parâmetro de qualidade não poderá

ser diluído mais nenhum lançamento desse mesmo parâmetro, sendo possível, porém, a

sua utilização para diluição de outros parâmetros, bem como para captação.

Considerando o parâmetro DBO a concentração resultante na vazão de mistura

(Cperm) sofrerá um decaimento natural ao longo do tempo e dos trechos do manancial,

decorrente da possibilidade de autodepuração do corpo hídrico. Porém, a vazão da

mistura que este usuário torna indisponível no manancial para outras diluições do

mesmo parâmetro é chamada de Vazão Indisponível (Qindisp).

De acordo com Kelman (1997), a vazão indisponível no ponto de lançamento

(Qindisp1) é obtida pela equação abaixo:

(Equação 11)

Se a vazão indisponível total em qualquer mês, ou qualquer trecho, for maior

que a vazão remanescente (Qindisp>Qreman), significa que não há vazão suficiente

para diluir os efluentes e manter o manancial na qualidade desejada, ou na qualidade

permitida (KELMAN, 1997).

57

5. MATERIAL E MÉTODOS

Para fazer o estudo do córrego do Urubu levantou-se alguns aspectos como:

fisiográficos, sócio ambiental, infraestrutura e informações relevantes sobre a qualidade

ambiental da microbacia, com objetivo de avaliar os impactos causados pelo processo

de uso e ocupação do solo e o reflexo disso diretamente no córrego. Dessa forma, para

alcançar os objetivos propostos nesta dissertação foram definidas etapas metodológicas

apresentadas na Figura 11. Foram utilizados resultados de análises de imagem da bacia

em conjunto com levantamento de dados primários e secundários referente as variáveis

físicas e visitas in loco para observar as particularidades e efetuar as coletas para o

monitoramento qualitativo.

Figura 11 – Roteiro metodológico.

Neste item será apresentada a metodologia de pesquisa aplicada para o

desenvolvimento da dissertação. Os dados necessários para concluir os objetivos deste

trabalho são de fontes secundárias e primárias.

58

5.1. Método VERAH

O método do VERAH possui característica empírica, que compreende uma

análise integrada de cinco atributos sendo: Vegetação, Erosão, Resíduos, Água e

Habitação. Esse método de análise foi criado pelo pesquisador Antonio Manoel do

Santo Oliveira, da Universidade Guarulhos - UNG e vem sendo aplicado desde 2004.

Além de desenvolver os aplicadores ambientais, o método alia a educação a um

procedimento de gestão ambiental, aplicado a microbacias urbanas (OLIVEIRA, et.

al.,2008).

5.1.1. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O objeto de estudo é o córrego Urubu e sendo assim, a unidade geográfica

aplicada para delimitar a área de estudo é a bacia hidrográfica. Toda a microbacia do

córrego Urubu está inteiramente situada em perímetro urbano, com isso, está sofre

interferência em seu regime natural de drenagem. Como a microbacia estudada tem um

alto índice de urbanização, as construções e rede de drenagem alteram o regime de

escoamento. Em alguns trechos áreas que seriam contribuintes naturalmente para a

bacia em que faz parte, a do rio Coxipó.

5.1.2. TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

Para avaliar os impactos da urbanização na bacia foram levantados dados de

fisiografia, destinação dos resíduos sólidos, sistema de esgotamento sanitário,

vegetação, uso e ocupação do solo e dados socioeconômicos. A plataforma escolhida foi

a SPOT, por oferecer 58 imagens recentes e com resoluções espaciais que variam de

2,5m a 20m. O satélite utilizado foi o SPOT 5, com imagem de 23 de julho de 2009.

Para o tratamento foi extraída uma máscara da imagem através do polígono base que é a

área de estudo. Utilizou-se as bandas B1, B2 e B3, todas com resolução espacial de 10

metros, a resolução temporal de 26 dias e a área imaginada de 60/60 metros

(EMBRAPA, 2011).

59

Os dados secundários foram levantamentos do histórico da microbacia bem

como dados geográficos foram obtidos junto aos órgãos competentes, municipal e

estadual. Pesquisadores também contribuíram com seus estudos. As informações são

relevantes para análises e complemento dos dados primários.

Os dados primários foram produtos de técnicas de Geoprocessamento, tendo

como instrumento identificador de análise a imagem de satélite e sua classificação por

meio de chaves de identificação. Através do Modelo Numérico do Terreno (MNT) que é

uma representação matemática computacional da distribuição de um fenômeno espacial

que ocorre dentro de uma região da superfície terrestre. Dados de relevo, informação

geológicas, levantamentos de profundidades do mar ou de um rio, informação

meteorológicas e dados geofísicos e geoquímicos são exemplos típicos de fenômenos

representados por um MNT, foram obtidos os dados de altimetria, geomorfologia,

delimitação da bacia e deu apoio para obter outros dados primários, conforme a (figura

12).

Figura 12 – MNT inserido no SIG para efetuar tratamento. Fonte: O autor.

5.1.3. FISIOGRAFIA DA MICROBACIA

A fisiografia de uma bacia descreve seu formato e suas características, dados

que permitem conhecer o potencial natural de risco de enchente de um corpo hídrico.

Para conhecer a fisiografia da bacia do córrego Urubu, o SIG - ArcGIS 9.3™ foi

utilizado na delimitação da área de estudo, na área, no perímetro, na altitude máxima, na

altitude da nascente e no exutório e extensão do córrego, comprimento total dos canais,

bem como comprimento dos afluentes a margem direita e esquerda. O restante dos

60

dados fisiográficos foram determinados aplicando fórmulas específicas, inseridos os

valores levantados anteriormente, conforme a Quadro 9.

Quadro 9. Métodos para obtenção dos dados fisiográficos.

Comprimento do Rio Principal (km) SIG

Área de Drenagem (km2) SIG

Perímetro da Bacia (km) SIG

Coeficiente de Compacidade (Kc) 1,27

Fator de Forma (Kf) Kf = A/ L2

Desnível Total do Curso Principal Di-Df

Declividade Média da Bacia Cot.i-Cot.F/Compr

Comprimento da Rede de Drenagem(m) 2924

Comprimento das Curvas de Nível(m) SIG

Eqüidistância entre Cotas(m) SIG

Elevação Média da Bacia(m) 179,5

Ordem da Bacia 2

Densidade de Drenagem ( km/km2) Dd = Lt / A

Coeficiente de Manutenção (km/km2) 1,01

Índice de Circularidade (IC) IC = 12,57. A/ P2

Altitude Máxima(m) SIG

Altitude Mínima(m) SIG

Altitude Média(m) SIG

Altitude Mediana(m) SIG

Altitude mais Freqüente(m) 180

Extensão Média de Escoamento Superficial (km2) I = A/ 4.ƩL

Fonte: Fitz (2008)

5.1.4. VEGETAÇÃO

Como metodologia utilizada para avaliar o levantamento dos dados relativos à

vegetação em torno da microbacia, foi necessária realizar a classificação da imagem

utilizando o método SIG como ferramenta e levantamento em campo, onde o produto

final se encontrará representado por mapas temáticos, fotos e levantamentos de espécies

de vegetação.

61

5.1.5. EROSÃO

Com relação às erosões constatadas entorno do corpo hídrico da microbacia

analisada e para analise destes processos erosivos, se fez necessário à elaboração de um

mapa das ocorrências identificadas, por meio da classificação e interpretação de

imagens e levantamento em campo. As analises deste trabalho consistiram em descrever

essas ocorrências erosivas ao redor deste corpo hídrico, principalmente na área da

jusante da ETE. As investigações para conclusão deste estudo realizado se fezeram

mediante o uso de GPS, anotações em caderneta de campo e fotografias digitais. Para

avaliação da ocorrência erosiva, foi baseada a erosão causada por águas pluviais,

verificando de que forma ocorre o escoamento superficial ao longo das vertentes, e

através dessa forma, caracterizando os pontos de interesse quanto á suscetibilidade a

erosão laminar, em sulco, ravina ou boçoroca. Diante disso, esses pontos foram

estudados em função do funcionamento hídrico das águas infiltradas e escoadas, bem

como a presença de aquífero freático.

5.1.6. RESÍDUO

Para analise do impacto causado com o descarte de resíduos que causaram

impactos diretamente no fluxo das microbacias, foi realizado um levantamento de dados

secundários,obtidos através de consultas de relatórios de atividade como produção e

coleta de resíduos, dados em revistas, jornais, publicações das organizações, junto aos

órgãos públicos municipais, visita em “in loco” com fotografias digitais.

Após o diagnóstico dos resíduos encontrados, constatou-se especificamente a

presença de resíduos sólidos domésticos produzidos pelas residências e comércios

locais, bem como foram pontuadas as deposições de resíduos da construção civil na

Área de APP do corpo hídrico. Contudo, as maiores evidências encontradas foram

conferidas entorno da área do córrego, ao longo das vertentes demarcadas, onde foi

possível investigar acerca das principais ocorrências relativas á pratica inadequada de

descarte de lixos e resíduos sólidos e de construção civil, demonstrando dessa forma,

como está sendo realizada e aceita a coleta de lixo pela população.

62

Através dessa demonstração, foi possível visualizar o processo de descartes

irregulares, característico da excessiva evolução urbana próxima á microbacia,

percorrendo e observando em campo os pontos de interesse, e como medida de registro

uma sequência de imagens fotográficas.

5.1.7. ÁGUA

Para o levantamento dos dados relativos á qualidade da água, foi necessário

analisar e utilizar como parâmetro identificador o índice de qualidade da água IQA, que

a partir dos cálculos efetuados, pôde-se determinar a qualidade destas águas, variando

numa escala de 0 a 100. Foram realizadas cinco campanhas mensais de coleta de água

com três pontos pré-definidos, aferindo a identificação prévia em campo, tendo como

instrumento o GPS de alta precisão.

As coletas de caráter quantitativo foram realizadas mensalmente, num período

de três meses de monitoramento, de agosto de 2013 a outubro de 2013, adquiridos em

três estações distribuídas ao longo da microbacia do córrego Urubu.

Para a escolha dos pontos foi levado em consideração a necessidade de se ter

pontos estratégicos que poderiam trazer uma representatividade mais abrangente da

microbacia. Foram escolhidos três pontos de coleta: P1 – Ponto próximo a nascente, P2-

Ponto à montante da ETE e P3- Jusante da ETE.

Figura 13 – Vista de procedimentos de análises laboratoriais para monitoramento

(Laboratório Control). Fonte: Benevento, G.P. (2015)

63

Os procedimentos de coleta foram realizados de acordo com o Guia de Coleta

CETESB (2011), e para execução das análises utilizou o livro Standard Methods 22°

edição, conforme (Tabela 2).

Tabela 2. Variáveis e seus métodos de análises da água e suas funções-Brasil-2011

EQUIPAMENTOS MARCA E MODELO FUNÇÕES

Phgâmetro TECNOPON Medir pH

Sonda de Oxigênio

Dissolvido HANNA HI720 Medir OD

Incubadora de DBO QUIMIS Incubar DBO

Estuda de Secagem FANEM Secar ST

Espectrofotômetro HACH DR 6000 Leitura de fósforo e

nitrogênio

Destilador de

Nitrogênio TECNAL Destilar Nitrogênio

Digestor de

Nitrogênio TECNAL Digerir Nitrogênio

Autoclave SPLABOR Autoclavar

vidrarias

Turbidímetro HANNA Medir turbidez

Estuda Bacterológica SPLABOR Incubar Coliforme

VIDRARIAS MARCA E MODELO FUNÇÕES

Pipetas PLENALAB Pipetar

Becker PLENALAB Analisar

Tubos Hack HACH Nitrogênio

Fonte: CETESB (2011).

As variáveis físicas, químicas e microbiológicas avaliadas foram: Temperatura

do da água (°C), pH, Turbidez (uT), Oxigênio Dissolvido (mg/L), Demanda Bioquímica

de Oxigênio (mg/L), Sólidos Totais (mg/L), Nitrogênio Kjedahl Total - NTK (mg/L),

Fósforo Total (mg/L), Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL). De base para

executar as análises foi utilizado o livro Standard Methods 22° edição.

Tabela 3. Parâmetros e seus métodos de análise - Brasil - 2011

PARÂMETROS UNIDADE MÉTODO

Temperatura ºC Termométrico

pH - Potenciométrico

DBO mg/L Diluição e Incubação DBO

5, 20°C

Sólidos Totais mg/L Gravimetria

Oxigênio

Dissolvido mg/L Óptico

NKT mg/L Kjeldahl macro

Fósforo Total mg/L Persulfato e leitura

colorimétrica

64

Turbidez UNT Nefelométrico

Coliformes

Termotolerantes. NMP/100mL Tubos Múltiplos

Fonte: CETESB (2011).

5.1.8. HABITAÇÃO

Para este tema foram realizados levantamentos mediante a classificação de

imagens compondo as seguintes classes distintas: Alta Densidade de Habitação; 2)

Média Densidade de Habitação e 3) Baixa Densidade de Habitação; conforme descrito

nos itens Chaves de Identificação e em Classificação de Imagens, anteriormente

abordados.

5.2 Capacidade Suporte

Para determinar a capacidade suporte foi necessário levantar a vazão do

córrego na época mais crítica e confrontar com a qualidade da água obtida.

5.2.1. MEDIÇÃO DE VAZÃO

Para o cálculo da vazão foi utilizado o método da meia seção, em que as vazões

parciais são calculadas por meio da multiplicação da velocidade média na vertical pelo

produto da profundidade média na vertical pela soma das semidistâncias às verticais

adjacentes (vazão parcial determinada para cada região de influência de uma

determinada vertical).

Depois de tentar alternativas de medição de velocidade por métodos

consagrados optou-se pelo flutuador. O material escolhido foi madeira por ser

biodegradável e flutuante 4cm x 4cm x 1cm, essas medidas são suficientes para não

sofrer interferência do vento.

65

Figura 15 – Método de medição de vazão por flutuador. Fonte: Benevento, G.P (2015).

O flutuador foi lançado 2m antes do ponto “A” para eliminar as interferências

do impacto na água. A seção foi dividida em 3 áreas na qual os flutuadores eram

lançados no meio de cada área, atingindo assim a velocidade do centro e das laterais.

Procurou-se lançar 1 flutuador em cada área para cada cota, para calcular a velocidade

média da cota determinada, no entanto, em alguns momentos a oscilação das cotas não

permitiu lançar flutuadores em cada uma das 3 áreas. Para obtenção da vazão,

cronometrou-se o tempo que o flutuador levava para percorrer a distância do ponto A ao

ponto B em medidas de segundos (Figura 15). Logo a velocidade era dada com a

distância percorrida pelo tempo gasto pelo flutuador para percorrer o percurso.

5.2.2 CÁLCULO DE GRAU DE AUTODEPURAÇÃO

A abordagem proposta para o córrego Urubu é a verificação da capacidade de

diluição e de estabilização do oxigênio disponível e DBO ao longo do trecho estudado

no corpo receptor, considerando as vazões e concentrações de DBO e OD do efluente e

do córrego.

Para o estudo de autodepuração o modelo utilizado é o proposto por Streeter e

Phelps em 1925 e para obter o balanço qualitativo usou a equação chamada de Equação

de Diluição, proposta por Kelman (1997).

66

5.3 Prognóstico

Para a elaboração do prognóstico a partir de possíveis cenários e intervenções

que permitiu apresentar ações relacionadas às medidas mitigadoras mais adequadas no

processo de recuperação e melhoria desse corpo hídrico ou trecho dele, a fim de mitigar

os problemas ambientais diagnosticados, promovendo correções ou ainda medidas

preventivas quanto à qualidade socioambiental.

Para apresentação dos cenários a microbacia será dividida em três trechos. Os

cenários serão apresentados da seguinte forma, e serão cinco no total:

Cenário 1 – Sem intervenção de melhoria: Neste cenário será considerada

nenhuma ação de melhoria na microbacia (Situação Atual).

Cenário 2: Com intervenção de melhoria no trecho 2, com redução do efluente

gerado e destinado a galeria de águas pluviais do bairro Jardim Imperial com eficiência

redução de 50% da vazão do esgoto, vegetação e bolsões de resíduos sólidos.

Cenário 3: Com intervenção de melhoria no trecho 3, com aumento da

eficiência da ETE Jardim Universitário para entender classe 2, vegetação, bolsões de

resíduos sólidos, combate a erosão e habitação: Neste cenário será considerada uma

intervenção na eficiência do tratamento do efluente lançado proveniente da ETE Jardim

Universitário, considerando uma eficiência que atenda os limites classe II, além de

intervenções na vegetação, bolsões de resíduos sólidos, erosão e habitação.

Cenário 4 - Com melhoria relacionada a todos os impactos levantados no

diagnóstico do VERAH: Neste cenário será considerada uma intervenção no efluente

lançado proveniente do bairro Jardim Imperial, considerando 100% de redução da carga

poluidora. Também será considerada uma intervenção no na eficiência do tratamento do

efluente lançado proveniente da ETE Jardim Universitário, considerando uma eficiência

que atenda os limites classe II. Além de intervenção nos bolsões de lixo, na vegetação,

erosões e nas habitações irregulares.

67

6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados obtidos enfatizando os aspectos de

evolução urbana da microbacia, disponibilidade de infraestrutura existente quanto ao

abastecimento de água, esgotamento sanitário. Utilizando o método VERAH e o Estudo

da Capacidade Suporte do córrego Urubu para elaboração do diagnóstico ambiental da

microbacia.

6.1. Evolução urbana da Microbacia

Os bairros inseridos na microbacia tiveram uma ocupação em períodos

diferentes, com uma variação do bairro mais antigo para o mais atual pela data de

aprovação de 26 anos. Sendo o mais antigo, o bairro Parque Universitário e o mais

recente o Residencial Topázio.

Quadro 10 – Evolução urbana do Bairro Jardim Universitário.

Evolução Urbana – JD. Universitário –Cuiabá-MT

Bairro Ocupação Fonte

Acácia do Coxipó 2001/2008 29/06/2004 - Aprovação

Cohasumt 1981/1990 1983 – Aprovação

Pq. Universirário- I loteamento 1971/1980 1979 – Cuiabá na nova realidade

sócio política de MT

Quintas do Rio Coxipó – Loteamento 1981/1990 1984 – Aprovação

Residencial Topázio 2001/2008 23/12/2005

Fonte: IPDU 2010 apud Santos (2013).

Entre as datas do (Quadro 10), também foram aprovados outros residenciais

como, Acácia do Coxipó, com aprovação em 2004 e ocupação de 2001 a 2008.

Residencial Cohasumt, com aprovação em 1983 e ocupação de 1981 a 1990. Quintas

do Rio Coxipó – loteamento, com aprovação em 1983. Residencial topázio, com

aprovação em 1984 e ocupação entre 1981 a 1990. Observando a Figura 16 demonstra

estas ocupações de forma simultânea, conforme (Figura 16).

68

Figura 16 – Mapa de evolução urbana da microbacia do córrego Urubu. Fonte: Benevento.G.P.

Percebe-se que a microbacia se caracteriza por um processo ordenado

verificando a presença de bairros planejados mais recentes, por esse motivo os

problemas deveriam ser menores em relação outras microbacias com presença de

ocupação desordenada.

6.2. Infraestrutura de Saneamento Existente

Os bairros inseridos na microbacia são abastecidos pela ETA Tijucal. Esta é

uma Estação de Tratamento de Água moderna, tendo um sistema de automação que

proporciona redução dos custos operacionais e atende 100% da população inseridas na

microbacia. Sendo compostas por captação, decantação, filtragem e distribuição,

disponibilizando água de qualidade de acordo com a demanda de consumo, eliminando

os desperdícios.

69

Figura 17 – Estação de tratamento de água Tijucal Fonte: CAB ambiental

A ETA Tijucal está localizada no bairro Tijucal, o adjacente aos bairros

inseridos na microbacia do Urubu (Figura 17).

Os efluentes domésticos gerados na microbacia do córrego do Urubu, parte são

coletados e tratados e a outra parte e lançada de forma irregular nas galerias de águas

pluviais. No caso do Bairro Jardim Universitário responsável por 40% do efluente

gerado, foi planejado para possuir uma rede coletora de efluentes, assim destinando o

efluente de forma adequada. A estação de tratamento de efluentes é do tipo Lodos

Ativados. O condomínio Belvedere, por ser mais recente, e tendo que atender as

legislações Vigentes, tem um sistema coletor de efluentes, que também é destinado para

a ETE Jardim Universitário e após tratamento é lançado no córrego Urubu (Figura 18).

Figura 18. Estação de Tratamento do Jardim Universitário

Fonte: IPDU/DPI/2008, apud Santos (2013).

70

O sistema de tratamento de esgoto foi projetado para atender a vazão do Bairro

Jardim Universitário, como este não suportaria a vazão de efluentes de outro bairro sem

que houvesse uma adequação, foi estabelecido que o Belvedere investisse em uma

ampliação do sistema de tratamento, adicionando um Reator UASB.

No bairro Jardim imperial os efluentes são lançados diretamente na galeria de

águas pluviais, que acabam sendo transportados diretamente para o córrego. Essa

demanda de efluente lançado pode ocasionar vários problemas na alteração qualidade

do corpo hídrico que no decorrer do trabalho será discutido.

6.3. Diagnóstico Ambiental da Microbacia do Córrego Urubu Utilizando

o método VERAH

O diagnóstico ambiental da microbacia foi elaborado a partir da caracterização

de cada componente do método, tendo em vista o atendimento ao objetivo da pesquisa

em realizar uma análise ambiental, frente ao processo de uso e ocupação do solo. Este

método foi aplicado, em toda a área de estudo.

6.3.1. ANÁLISE FISIOGRÁFICA DA MICROBACIA

A microbacia do córrego Urubu apresenta uma área de drenagem de 2,1 km2.

Possui um comprimento total dos canais de escoamento de 2.924 Km, com a área da

bacia hidrográfica de 2,1 Km². O seu perímetro é de 7,05 km, e o comprimento do rio

principal é de 2,4 km. As altitudes da microbacia variam entre 202 m (máxima),

representando a sua nascente principal, e 152 m (mínima), representando o ponto mais

baixo, ou seja, o seu exutório. Apresentam-se, no (Quadro 11) os resultados das

principais características físicas da microbacia.

71

Quadro 11. Dados fisiográficos da microbacia córrego Urubu

DADOS FISIOGRÁFICOS VALORES

Comprimento do Rio Principal (km) 2,4

Área de Drenagem (km2) 2,1

Perímetro da Bacia (km) 7,05

Coeficiente de Compacidade (Kc) 1,27

Fator de Forma (Kf) 0,283

Desnível Total do Curso Principal 45,0

Declividade Média da Bacia 0,015

Comprimento da Rede de

Drenagem(m) 2.924,0

Comprimento das Curvas de

Nível(m) 10,0

Eqüidistância entre Cotas(m) 10,0

Elevação Média da Bacia(m) 179,5

Ordem da Bacia 2

Densidade de Drenagem ( km/km2) 1,22

Coeficiente de Manutenção (km/km2) 1,01

Índice de Circularidade (IC) 0,531

Altitude Máxima(m) 202

Altitude Mínima(m) 157

Altitude Média(m) 250

Altitude Mediana(m) 200

Altitude mais Frequente (m) 180

Extensão Média de Escoamento

Superficial (km2) 0,94

De acordo com os resultados obtidos, pode-se considerar que a microbacia do

córrego Urubu, em condições naturais, apresenta situação pouco favorável a ocorrência

de enchentes, quando determinados o coeficiente de compacidade (Kc = 1,27). Porém,

embora não tão distante da unidade (1,00), estabelecendo uma relação de conforto

quando analisado concomitante ao índice de circularidade (Ic = 0,53) e ao fator de

forma baixo (Kf = 0,28), confirmando sua forma alongada. A forma da microbacia em

seu estado natural caracteriza-se como uma forma não suscetível a enchentes, portanto,

não indicando tendências a inundações. Estes índices acabam confirmando o porquê de

não ter nenhuma ocorrência de inundação na região. Porém com a acelerada ocupação

urbana nesta área de estudo, seus aspectos físicos naturais foram alterados, contribuindo

72

com o aumento da vazão pluvial, sobrecarregando o sistema de drenagem, que coleta

boa parte da microbacia.

À densidade de drenagem encontrada na microbacia do córrego Urubu foi de

1,22 km/km2. De acordo com Sthraler (1957), apud Lima (2008), as bacias que

apresentam Dd até 5,0 km/km2 são classificadas em baixas densidades, indicando,

assim, que a microbacia em estudo possui baixa capacidade de drenagem. Valores

baixos de densidade de drenagem estão geralmente associados a regiões de rochas

permeáveis e de regime pluviométrico caracterizado por chuvas de baixa intensidade. O

desnível total do curso principal de 45,0 metros demonstra que a velocidade de

escoamento é alta, assim auxiliando na oxigenação do corpo hídrico.

Nota-se pelos resultados apresentados que a ordem do curso d’água principal é

de grandeza 2, observando suas ramificações de acordo com a (Figura 19).

Figura 19. Ordem da microbacia do córrego Urubu.

Fonte: Benevento, G.P.

As análises dos parâmetros físicos da microbacia demonstraram que não

apresenta tendências para enchentes, principalmente por ter um desnível elevado

proporcionado um escoamento rápido, porém mesmo com ações antrópicas impactantes

as suas condições naturais não fazem com que os eventos de inundação aconteçam na

mesma.

73

6.3.2. VEGETAÇÃO

Segundo Barbosa (2006), as matas ciliares possuem reconhecida importância

ecológica, pois são filtros naturais que auxiliam a retenção de defensivos agrícolas,

poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d’água. Atuam como

corredores ecológicos, pois unem fragmentos florestais, facilitam o deslocamento da

fauna e o fluxo gênico entre as populações de espécies animais e vegetais, e protegem o

solo contra os processos erosivos em regiões com topografia acidentada, sendo assim, a

microbacia do córrego Urubu tem boa parte de sua área vegetal conservada, com

delimitações das APPs totalmente respeitadas, visto que, os bairros localizados nela

foram planejados.

Figura 20 – Mata ciliar localizada na Av. Parque do Bairro Jd.Imperial,

Cuiabá-MT 29/11/2013.

A microbacia encontra-se de forma geral com a sua mata ciliar moderadamente

preservada (Figuras 21 e 22). Apesar de existir vegetação de espécies frutíferas, como

bananeiras, mangueiras, goiabeiras e em alguns trechos até plantas ornamentais, poucas

foram às espécies que sofreram a ação do homem de desmatamento, neste trecho em

estudo.

74

Figura 21 – Mata ciliar localizada próxima a ETE,

Cuiabá-MT 29/11/2013.

.

Para ter conhecimento da composição florística de como era a área dos bairros

Jardim Imperial e Jardim Universitário, realizou-se um levantamento de campo e

identificaram-se as espécies arbustivas e arbóreas como também aquelas com

características pioneiras e secundárias que subsidiaram as propostas para a área de

preservação, conforme o Quadro 12.

O desmatamento praticado pela população, com o objetivo de facilitar a

ocupação, principalmente nas áreas de APPs localizadas no trecho canalizado da

microbacia, onde foi verificado um alto movimento de pessoas passando de uma

margem à outra, pode ser uma causa do aumento do volume de escoamento superficial

da água de chuva e água servida oriundas da redução dessa vegetação.

Verifica-se que a baixa densidade de vegetação arbórea pode ser a causa do

aumento da susceptibilidade de erosão em algumas áreas próximas ao leito do corpo

hídrico, como a erosão verificada à jusante da ETE.

75

Quadro 12 – Espécies de plantas do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD)

realizando pela empresa Ginco no ano de 2008.

Fonte: PRAD/GINCO, 2008, apud Santos (2013).

6.3.3. EROSÃO

A erosão é o conjunto de processos que desagregam e transportam solo e

rochas morro abaixo ou na direção do vento. Esses processos transportam o material

alterado da superfície da Terra de um local e depositam-no em outro lugar. Como a

erosão move o material sólido alterado, novas porções de rocha fresca e inalterada vão

sendo expostas ao intemperismo (PRESS et. al., 2006). Isso ocorre nas partes mais

próximas ao exultório.

Segundo Salomão (2012) as erosões laminares são comandadas por diversos

fatores relacionados às condições naturais dos terrenos, destacando-se: a chuva, a

76

cobertura vegetal, a topografia e os tipos de solos. Em função da ocupação do solo,

esses fatores encontram-se constituídos em um trecho da microbacia conforme ocorre

na figura 22.

Figura 22 – Erosão a jusante da ETE e próximas a habitações,

Cuiabá-MT 29/11/2013.

.

No ponto observado aonde ocorre o processo erosivo, foi constatado a falta de

defesa natural do terreno, que seria a cobertura vegetal. O principal efeito que esse

agravante pode ocasionar é a baixa taxa infiltração do solo, além de que a vegetação

também auxilia na quebra de energia das águas de escoamento superficial.

6.3.4. RESÍDUOS SÓLIDOS

No decorrer do estudo, verificou-se que um dos maiores problemas

encontrados em todos os pontos representativos das amostras diagnosticadas - no alto,

médio e baixo curso do córrego principal, é o descarte inadequado dos resíduos sólidos

domésticos (lixo) e resíduos da construção civil ao longo do córrego Urubu, bem como

nas áreas de APP próximos ao corpo d’água (Figura 23 e 24).

77

Figura 23 – Bolsão de lixo próximo a nascente do córrego Urubu,

Cuiabá-MT 29/11/2013.

.

Figura 24 – Bolsão de lixo próximo a nascente do córrego Urubu,

Cuiabá-MT 29/11/2013.

.

Em campo foram observadas e levantadas as seguintes informações descritas

no Quadro 13. Este quadro apresenta os resíduos por tipo e classificados segundo a

NBR 10004, que classifica os resíduos sólidos em classe I (perigosos) e classe II (não-

perigosos). Esta classificação pode indicar o potencial poluidor do resíduo que é

disposto de forma incorreta.

78

Quadro 13 – Classificação dos resíduos sólidos encontrados no córrego Urubu.

RESÍDUOS DESTINO FINAL

(Reciclagem Interna ou

destinação final fora do âmbito

da empresa)

Nome Classe

NBR 10004 Tipos de resíduos

Lixo comum

II B

Lixo domiciliar

Segregar, para posterior doação

para associações de

recicladores

Enviar para aterros sanitários

Plásticos moles Sacos plásticos: Pretos,

brancos, cinzas.

Papel / papelão Caixas de papelão, papel,

caderno, livros

Vidro Vidro de janelas, de

louças

Madeira Caixa de madeira, resto de

móveis.

Embalagem contaminada c/

produto químico

I ou IIA

(depende do

produto

químico)

Solvetes, latas de tintas

Devolver para o fornecedor;

Reutilizar para armazenamento

de outros produtos

compatíveis, ou;

Enviar para aterros sanitários

ou incineradores licenciados.

Fonte: Adaptado de ABNT (2004)

79

Tabela 4 – Classificação dos resíduos sólidos encontrados nos bolsões – Brasil-2015

RESÍDUOS DESTINO FINAL

(Reciclagem Interna ou

destinação final fora do âmbito

da empresa)

Nome Classe

NBR 10004 Tipos de resíduos

Gramas e podas II B Restos de podas, gramas

cortadas.

Utilizar para recomposição de

área degradada

Lâmpada fluorescente I Todas as áreas da empresa

Segregar para posterior

destinação para empresas

receptoras licenciadas

Fonte: Adaptado de ABNT (2004)

6.3.4.1. Coleta de Lixo

A microbacia do córrego Urubu possui o serviço terceirizado de coleta de lixo,

sendo realizadas três vezes por semana (segundas, quartas e sextas-feiras) no período

diurno, das sete às dezessete horas, tendo como trajeto as ruas pavimentadas e não

pavimentadas, conforme informado pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos.

Em relação à limpeza urbana, nesta microbacia caracteriza-se a formação de

“bolsões de lixo”, onde são removidos, aproximadamente, três vezes ao ano, resíduos da

construção civil e móveis usados, eletrodomésticos e eletroeletrônicos em desuso

(geladeira, fogão, computador etc.), animais mortos, misturados com o lixo orgânico

doméstico. Esses bolsões, após coletados, são destinados ao aterro sanitário de Cuiabá,

localizado na estrada do Balneário Letícia, antiga estrada do Coxipó do Ouro.

6.3.4.2. Resíduos da Construção Civil

Os resíduos da construção civil, gerados na microbacia são provenientes dos

próprios moradores, que aproveitam das poucas áreas não urbanizadas para depositar

seus entulhos (Figura 25).

80

Figura 25 – Bolsão de resíduos de construção civil próximo do córrego Urubu,

Cuiabá-MT 29/11/2013.

.

Esse problema pode ser agravado, pois não há uma fiscalização neste sentido e

há falta de interesse por parte dos moradores, visto que eles acabam colaborando com os

entulhos jogados à beira do córrego, ao invés de destinarem junto à Área de Transbordo

e Triagem de Resíduos de Construção Civil (ATT), conforme preconiza a Lei municipal

no. 4.949, de 5/1/2007, que institui o sistema de gestão sustentável de resíduos da

construção civil e resíduos volumosos e o plano integrado de gerenciamento de resíduos

da construção civil, nos termos da Resolução CONAMA nº 307/2002.

A ATT é uma área que deve ser usada, sem causar danos à saúde pública e ao

meio ambiente, para triagem de resíduos recebidos, eventual transformação e posterior

remoção para adequada disposição, conforme especificações da norma brasileira NBR

15.112/2004-ABNT. A cidade de Cuiabá tem uma empresa responsável por destinar os

RSCC (Resíduos Sólidos de Construção Civil).

6.3.5. ÁGUA

A microbacia é atendida por rede de abastecimento de água originário da

Estação de Tratamento de Água - ETA Tijucal. O esgoto sanitário gerado pelas 600

residências do Bairro Jardim Universitário é cem por cento coletados e tratados

(SANTOS, 2013). Este bairro possui uma estação de tratamento de esgoto (ETE), em

81

que atende 40% da demanda da microbacia, além de receber outra demanda proveniente

do condomínio Belvedere. A vazão lançada de efluentes é de aproximadamente 95 l/s de

efluente tratado, com uma concentração de DBO de aproximadamente 56 mg/l.

O bairro Jardim Imperial não é contemplado por uma rede coletora de esgoto, e

sim por uma galeria de águas pluviais, onde os efluentes são destinados. Este efluente é

lançado nas galerias praticamente in natura, isso ocorre, pois nas residências não é

previsto um pré-tratamento para o esgoto, sendo assim o efluente é encaminhado

diretamente para o córrego sem pré-tratamento. Observa-se também algumas além das

ligações diretas de esgoto no córrego conforme a (Figura 26).

Figura 26 – Ligação clandestina de tubulação de esgoto no córrego Urubu, Cuiabá-MT

29/11/2013.

.

A microbacia possui uns pequenos condomínios não lançam efluentes no corpo

hídrico, assim não afetam a qualidade do córrego em comparação aos bairros citados

acima.

A Resolução N°68 DE 11 de Setembro de 2014 estabelece a classificação

transitória do córrego Urubu. Nela fica estabelecido que o córrego se enquadra na classe

4, e metas de redução da DBO em 10 anos, que é válida somente até a aprovação do

enquadramento pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

O objetivo do trabalho foi comparar o córrego em relação à Resolução

CONAMA 357, classe 2, onde os parâmetros comparativos são mais restritos, além de

ser considerado o ideal para conseguir revitalizar o córrego. Para auxiliar nesta

discussão foi utilizado o índice de qualidade da água (IQA) e através de gráficos um

comparativo com valores estabelecidos indicados na classe 2.

82

6.3.5.1. Cálculo do IQA

O IQA – Índice de Qualidade das Águas, que incorpora nove variáveis

consideradas relevantes para a avaliação da qualidade das águas, tendo como

determinante principal a sua utilização para abastecimento público, de forma a verificar

o grau de comprometimento para os seus diversos usos.

Quadro 14. Avaliação da qualidade da água na microbacia do córrego.

Pontos Valor do IQA Avaliação da

Qualidade da Água

Parâmetro em

MT

Nascente 80,5 BOM 70-90

Montante 37,8 RUIM 26-50

Jusante 29,82 RUIM 26-50

Os resultados de IQA obtidos nos três pontos amostrados no córrego

demonstram que a qualidade na nascente principal, no ponto (P1), já se configura como

uma qualidade boa, os pontos a montante da ETE e jusante estão com a qualidade ruim

(P2 e P3), e isto decorre da vulnerabilidade encontrada no córrego, decorrente do

lançamento inadequado do esgoto em galeria de água pluvial, que é encaminhada

diretamente ao corpo hídrico (Quadro 14).

No ponto de coleta a montante, que é próximo a nascente, a qualidade da água

se encontra em condições satisfatórias, atendendo os limites estabelecidos pela

CONAMA 357, classe II. Isso ocorre, pois não foi verificada nenhuma contribuição de

fontes poluidoras à montante do local amostrado.

6.3.5.2. Comparação com a Resolução CONAMA 357

Na Tabela 5 serão apresentados os resultados analíticos das coletas realizadas

no mês de agosto, setembro e outubro de 2013, dos pontos: Nascente (P1), Montante do

Lançamento (P2) e Jusante do Lançamento (P3) do córrego Urubu.

83

Tabela 5. Dados das análises físicas, químicas e microbiológica do córrego Urubu –

Brasil-2015

PONTO pH

OD

(mg/l)

DBO

(mg/l)

NT

K

(mg/

l)

Fósforo

(mg/l)

Sólidos

Totais

(mg/l)

Turb.

(UNT)

Col.Ter

(NMP/10

0ml)

Temp.

Água

(°C)

(1) Nascente

Media

na

7,4

6 5,5 3,1 0,15 0,58 30,2 3,0 14 26,3

(2) Montante

Media

na

7,3

8 2,73 20,2 6,6 4,7 114,5 13,0 250 28,59

(3)

Jusante

Media

na

7,3 2,2 32,3 12,2 10,1 131,4 15,5 390 29,0

Na (Figura 27) os resultados de pH, variaram de 7,3 a 7,46. O menor valor foi

obtido na jusante, pois neste local a concentração de matéria orgânica no córrego é

maior, assim há maior produção de ácidos que provocam a redução do potencial

hidrogeniônico.

Figura 27 – Variação do pH e OD.

Em relação às condições de oxigênio disponível no meio aquático, verifica-se

que apenas no ponto P1 as concentrações estão dentro do limite estabelecidos pela

Resolução CONAMA acima de 5 mg/l. Nos demais pontos, P2 e P3 verifica-se um

decaimento dos seus teores no sentido nascente-jusante e, observa-se que os valores

estão abaixo dos limites estabelecidos pela resolução, atingindo níveis de OD entre 2,2 a

84

3 mg/l no período de estiagem, indicando que o corpo hídrico não suporta a quantidade

de carga poluidora, impossibilitando de ocorrer a reaeração do mesmo. Esse decréscimo

é de acordo com que o corpo d’água vai recebendo efluentes (aumento crescente da

concentração de DBO), o oxigênio presente é consumido para a estabilização da matéria

orgânica.

A DBO apresenta concentrações crescentes no sentido montante-jusante.

Apenas no ponto P1 as concentrações estão dentro do limite estabelecidos pela

Resolução CONAMA de 5 mg/l. Nos demais pontos, P2 e P3 verifica-se a presença dos

efluentes domésticos lançados in natura no corpo receptor e da ETE. Essas

contribuições de efluentes a partir do ponto 2 elevam as concentrações para acima do

limite estabelecido pela norma, que é de 5mg/l, tornando esses trechos fora do

enquadramento classe 2 e 3. Neste caso sobra somente a classificação 4, que estabelece

DBO acima de 10mg/l, não tendo estabelecido um limite para este classificação (Figura

28).

Figura 28 – Variação do DBO e NTK.

O lançamento de efluentes domésticos provoca alteração das concentrações de

nutrientes do corpo d’água. As águas residuárias quando não tratadas possuem

concentrações representativas de fósforo e nitrogênio. Na (Figura 29) estão

demonstradas as concentrações de NTK e Fósforo. Os resultados indicam que a

nascente já apresenta alta concentração de nutrientes. A concentração de fósforo em

todos os pontos está acima de 1 mg/L (valor máximo permitido pelo CONAMA

357/05). Em um estudo sobre a qualidade da água de uma microbacia, Lucas et. al.

(2010) também observaram a variação da concentração do fósforo total ao longo do

85

tempo, e que apresentou valores acima do estabelecido pela do CONAMA (2005),

indicando potencial de eutrofização.

Figura 29 – Variação do Fósforo e ST.

À medida que o córrego Urubu vai tendo maior contribuição de água

residuárias, ocorre o aumento da concentração de sólidos totais, variando de acordo com

a Figura 31, de 80 a 131 mg/L. Além deste fator, o processo de uso e ocupação do solo

em torno do manancial com a retirada da vegetação, provoca o carreamento de material

em suspensão (Figura 30).

Figura 30 – Variação da Turbidez e Col.term.

Com relação aos números de Coliformes Termotolerantes obtidos no córrego,

estão podem ser considerados baixos, estando ambos abaixo de 1.000 NMP/100 mL.

Mas, observa-se um aumento considerável do ponto P1 para o ponto P3.

86

Mesmos com os problemas citados no parágrafo anterior a turbidez da

Nascente, Montante e Jusante encontram-se na faixa de valores de 9 a 15 UNT. Estando

estes valores bem abaixo do máximo permitido, de 100 UNT para classe 2.

A temperatura da água da Nascente à Jusante variou de 26,3 a 29ºC. Uma

causa deste aumento é a canalização do córrego. No local considerado Nascente não

possui impermeabilização diferente dos outros dois pontos, consequentemente a

temperatura da água será menor.

Dos parâmetros analisados, OD, DBO e fósforo não atenderam os padrões de

qualidade exigidos para córrego de Classe 2 de Água Doce. Os resultados destes

parâmetros enquadram o córrego no artigo 17, da resolução CONAMA 357, que

estabelece os padrões para classe 4.

6.3.6. HABITAÇÃO

A ocupação do solo no Brasil caracterizou-se pela falta de planejamento e

conseqüente destruição dos recursos naturais, devido à falsa idéia de que estes eram

inesgotáveis. Isto estimulou o chamado “desenvolvimento” desordenado, sem

compromisso com o futuro (BARBOSA, 2006). Mas a microbacia em estudo foge um

pouco desta premissa, simplesmente por fazer parte dela bairros totalmente planejados,

com estrutura de saneamento básico, galeria de águas pluviais, projeto urbanístico, e

uma ETE para atender boa parte da microbacia (Figura31).

Figura 31 – Avenida das Torres bairro Jardim Imperial, Cuiabá-MT 29/11/2014.

87

Conforme levantamento em campo, a microbacia se apresenta com

predominância de área residencial e comercial. O comércio se concentra principalmente

na Avenida das palmeiras perpendicular a avenida das Torres. A economia encontra-se

representada por pequenos comércios do ramo alimentício, como bares, lanchonetes,

restaurantes, mercados, e também algumas lojas de vestuário, papelaria, farmácias entre

outros.

Figura 32 – Cruzamento entre Av. das Torres e Av. Central, Cuiabá-MT

29/08/2014.

A microbacia possui alguns problemas socioambientais diferentes de outras

microbacias do município de Cuiabá. Os bairros inseridos foram planejados, contendo

praças, avenida parque respeitando as áreas de APP, ruas e avenidas planejadas para

uma melhor moradia. Segundo o IPDU (2010), a classe predominante é média alta,

residências bem planejadas de padrão médio.

Apresenta-se, na Figura 33, o mapa de densidade habitacional, demonstrando

as quatro classes de uso e cobertura do solo da microbacia, classificando quanto ao tipo

de cobertura vegetal e a concentração de densidade habitacional, inserida dentro da

mesma.

88

Figura 33 – Mapa da densidade habitacional. Fonte: O autor.

Observando a densidade habitacional da microbacia, verifica-se uma relação

direta entre o índice de Densidade de Habitação e a área com vegetação arbórea, uma

vez que os percentuais mais baixos de vegetação representam os mesmos bairros e

localidades mapeadas na microbacia, onde a classe densidade de habitação demonstrou

uma alta densidade.

Percebe-se também, que as áreas onde são classificadas como alta densidade,

são onde observa-se maior influencia antrópica na alteração da qualidade da água do

corpo hídrico. Principalmente por serem as regiões com maior índice de poluição

pontual, no bairro Jardim Imperial e no bairro Jardim Universitário onde está localizada

a estação de tratamento de esgoto.

6.4. Estudo da Capacidade Suporte

A Tabela 10 apresenta as características do efluente tratado conforme o projeto

do sistema de tratamento da ETE Jardim Universitário. Para a elaboração do projeto do

sistema de tratamento de efluentes foram considerados valores médios de 5 meses.

89

Tabela 6 - Caracterização do efluente a ser lançado no rio e resultados da qualidade da

água do córrego Urubu –Brasil-2015

Parâmetros Und Efluente

Tratado

Córrego Urubu

(Montante da ETE)

D.B.O. mg / l 57,13 20

Oxigênio Dissolvido mg / l 2,43 2,73

Fonte: o autor.

A vazão de esgotos considerada em estudos de autodepuração é usualmente a

vazão média, sem coeficientes para a hora e o dia de menor consumo. A vazão de

efluente segundo a medição realizada é de 0,012 m³/s (12 L/s).

Na (Tabela 7) é exposto o resultado de vazão, área transversal, velocidade

média, largura e profundidade do córrego Urubu. Com os dados de profundidade e

largura do córrego, foi realizada a batimetria de uma seção (Figura 34).

Tabela 7 - Resultados de vazão, área transversal, velocidade média, largura e

profundidade do córrego Urubu - Brasil-2015

Método da Meia seção

Descarga Líquida 0,095 m³/s ou 95 L/s

Área da Seção Transversal

A– 0,18 m² A – 0,18 m²

Velocidade Média

Vm - 0,625 m/s 0,65 m/s

Largura da Seção Transversal 1,8 m

Profundidade Média da Seção Transversal 0,15 cm

90

Figura 34. Batimetria de uma seção do córrego Urubu.

6.4.1. CÁLCULO DE AUTODEPURAÇÃO

Conforme a Figura 40, a profundidade máxima do córrego neste local é de 15

cm e largura de 180 cm. Como a medição foi no período da seca, a vazão do córrego

estava numa época crítica. No estudo foi estabelecido uma distância de percurso de 500

metros para o monitoramento das concentrações de oxigênio dissolvido (OD) e

demanda bioquímica de oxigênio (DBO), logo encontrou-se os seguintes resultados:

Ao adicionar os valores para se fazer a cálculo de autodepuração, a concentração

de OD do efluente é muito próxima a concentração do córrego, logo, no ato do

lançamento do efluente tratado, o oxigênio dissolvido do córrego decai levemente de

2,73 mg/l para 2,69 mg/l. Em menos de 500 metros o córrego não consegue assimilar a

carga de matéria orgânica. Por isso, observa-se um alto impacto em relação a

concentração de oxigênio dissolvido.

Figura 35: Perfil do Oxigênio Dissolvido, utilizando K1 = 0,24 d-1 e K2 = 0,75 d-1

91

A figura 41 demonstra que o córrego do Urubu já possui um oxigênio dissolvido

baixo à montante de 2,73 mg/l, que influência negativamente na capacidade de

autodepuração do mesmo. Isso somado com a concentração de DBO de 57,13 mg/l, e

um oxigênio dissolvido de 2,43 mg/l, demonstra que o corpo hídrico não consegue uma

reaeração suficiente para entender o mínimo estabelecido pela legislação que é de 5

mg/l, para rios de classe 2.

Figura 36. Perfil de DBO5 no curso d’água.

No caso da DBO o valor é de 20mg/l a montante, e no ato da mistura a

concentração de DBO eleva para 31,89 mg/l, contribuindo para um aumento da

concentração. No trajeto de 500 metros o corpo hídrico não consegue autodepurar o

efluente lançado isso ocorre pela contribuição elevada de matéria orgânica e a baixa

vazão do córrego.

6.4.2. CÁLCULO DA CAPACIDADE SUPORTE

De posse das concentrações de DBO do efluente tratado e do córrego Urubu (a

montante do lançamento) e as vazões de ambos, obteve-se a concentração de DBO da

mistura. O resultado foi de 24,16 mg/L. Sendo que à montante o córrego já apresentava

concentração de 20 mg/L. Assim, houve o aumento de aproximadamente 4 mg/L, este

aumento é considerado significativo, apesar da concentração do manancial anterior ao

lançamento não se comportar mais como corpo hídrico de Classe 2.

É importante ressaltar que a vazão do manancial utilizada no cálculo é

proveniente do período de estiagem, em que não houve precipitações, assim, a vazão é

muito menor do que no período chuvoso.

92

O mesmo cálculo foi feito considerando se o córrego do Urubu apresentasse

concentrasse de DBO de 1 mg/L. Com esta concentração, a DBO da mistura seria 7,29

mg/L, este resultado estaria fora do preconizado pela Resolução CONAMA nº 357, a

qual exige que a concentração de DBO de mananciais de água doce da Classe 2, seja

igual ou inferior a 5 mg/L. Isso demonstra que tratamento realizado deve ser melhorado,

para que os níveis de qualidade do efluente tratado sejam melhores.

Para calcular a vazão de diluição necessária que o córrego Urubu deve ter para

o lançamento do efluente da Estação do Jardim Universitário, foram utilizadas a vazão

do efluente, a concentração de DBO permitida (5 mg/L) e a natural (1 mg/L) do córrego

Urubu e a concentração de DBO do efluente.

Qdil = Qef X (Cef – Cperm) / (Cperm – Cman)

Qdil = 12 x (57,13 – 5) / (5 – 1)

Qdil = 156,4 L/s

O cálculo acima, mostra que para diluir a vazão de efluente de 12 L/s com

concentração de DBO de 57,13 mg/L, é necessária uma vazão de 156,4 L/s. Esta vazão

é superior a vazão obtida no período de estiagem de 95 L/s, indicando que o corpo

receptor não possui capacidade de suportar o lançamento do efluente tratado.

Para a obtenção de outorga de lançamento de efluentes, é realizado também o

cálculo da vazão indisponível. Através dele, é possível determinar quanto que

determinado usuário irá utilizar do corpo hídrico e tornará certa quantia indisponível

para outros usos. Para calculá-la realizasse a soma da vazão de diluição com a vazão do

efluente.

A vazão indisponível obtida neste estudo no período de estiagem é de 168,4

L/s. Como mencionado no parágrafo anterior, tanto a vazão de diluição como a vazão

que seria indisponível, são muito superiores a vazão que o córrego apresenta a montante

do lançamento do efluente tratado da Estação do Jardim Universitário.

93

7. PROGNÓSTICO

Neste capítulo será apresentado o prognóstico ambiental e a identificação dos

potenciais impactos ambientais levantados no diagnóstico. O estudo apresenta os

potenciais impactos, bem como as medidas mitigadoras e compensatórias, dos meios

biótico, físico e socioeconômico.

O prognóstico ambiental procurou prever e caracterizar os potenciais impactos

sob seus diversos ângulos, analisando suas magnitudes através de técnicas específicas,

com o objetivo de interpretar os elementos que se apresentam, estabelecendo a

importância de cada um dos impactos em relação aos fatores ambientais afetados, e

avaliar, por meio da importância relativa de cada, quando comparado aos demais,

propondo medidas mitigadoras e/ou compensatórias (BRASIL, 2006). Logo, a

elaboração do Prognóstico Ambiental leva em consideração as condições ambientais e

sociais emergentes, com e sem a implantação do projeto, e conduz à proposição de

medidas destinadas ao equacionamento dos potenciais impactos. Essa avaliação,

abrangendo os potenciais impactos negativos e positivos da obra, leva em conta o fator

tempo, determinando, na medida do possível, uma projeção dos potenciais impactos

imediatos, a médio e longo prazo.

Para tanto, após a realização do diagnóstico ambiental, foram identificadas as

principais intervenções em prol da recuperação da microbacia hidrográfica. Essas ações,

notadamente, serão voltadas para o saneamento ambiental, como a coleta e tratamento

de efluentes, remoção dos bolsões de resíduos sólidos, preservação da vegetação ciliar,

controle de erosões e melhoria na eficiência da Estação de Tratamento de Efluentes.

Para descrever as medidas mitigadoras da microbacia, foi necessário dividi-la

em três trechos: trecho 1, trecho 2 e trecho 3. O Trecho 1 engloba a área mais

conservada da microbacia, que nela contempla a nascente totalmente conservada, não

existindo nenhuma ação antrópica negativa. O trecho 2 contempla a parte da microbacia

onde se inicia a canalização, que se estende pelo bairro Jardim Imperial até a avenida

das Torres. O trecho 3 contempla a parte da microbacia que se estende do bairro Jardim

Universitário até o Rio Coxipó, conforme a Figura 37.

94

Figura 37. Mapa dos potenciais impactos.

O trecho 1 se encontra totalmente conservado, pois a área está inserida no

condomínio Belvedere, estando protegida de qualquer influência externa que possa

trazer danos ambientais.

No trecho 2 foram verificados impactos na qualidade da água, proveniente dos

esgotos lançados, que estão interligados à drenagem urbana, dos bolsões de resíduos

sólidos às margens do corpo hídrico e à supressão da vegetação que deveria compor a

área de preservação permanente.

No trecho 3, além dos impactos referentes aos bolsões de resíduos sólidos às

margens do córrego, tem-se o agravante do efluente lançado da Estação de Tratamento

de Esgoto Tijucal, habitações irregulares e a erosão identificada em um local.

Dessa forma, destacam-se, na Figura 37, os trechos e pontos mapeados ao longo

da área da microbacia do córrego Urubu, onde serão aplicadas tais ações de

planejamento. Nesse sentido, com base no diagnóstico ambiental, foram elaborados5

cenários, sendo eles:

95

- Cenário 1: Sem intervenção de melhoria: Neste cenário será considerada

nenhuma ação de melhoria na microbacia (Situação Atual).

Neste cenário, o córrego continua poluído, recebendo em suas águas todo tipo

de resíduos poluentes como agentes químicos, físicos e biológicos, prejudiciais ao solo,

à fauna, à flora e às atividades humanas. O lançamento dos efluentes domésticos, acima

da capacidade suporte do córrego, ameaça a biodiversidade do córrego.O bairro Jardim

Imperial possui aproximadamente 7460,0 habitantes, considerando segundo Metcalf &

Eddy (1991) que a DBO produzida por habitante é de 54 g/hab.dia, e um per capita de

consumo de água de 200 l/hab.dia. No cálculo abaixo, estima-se a vazão de efluente e a

concentração que atualmente pode ser lançada sem tratamento.

Observa-se, através do cálculo estimativo, que é lançado no córrego 13,81 l/s

de efluente doméstico com uma concentração de 337,0 mg/l. Esta concentração tem

altíssimo potencial poluidor, prejudicando a classificação do corpo hídrico. Isso ocorre,

pois o efluente não passa por nenhum tipo de tratamento e, é lançado praticamente in

natura pelas casas na galeria de águas pluviais, e também diretamente pelas ligações

clandestinas de esgoto interligadas à margem do corpo hídrico. Neste cenário, o córrego

continua recebendo esta vazão de efluente sem tratamento do bairro Jardim Imperial,

conforme a vazão e concentração encontrada acima.

Outro agravante são os bolsões de resíduos sólidos às margens do corpo

hídrico, ocasionando poluição visual do ambiente, e induzindo ao aumento do hábito de

acondicionar resíduos de forma incorreta, degradando a qualidade do corpo hídrico, que

também influencia na obstrução do leito do córrego, potencializando possíveis

inundações, e proliferação de insetos, roedores e microrganismos patogênicos.

Outro problema acentuado é a eficiência muito baixa da ETE. Esta deveria

operar com a máxima eficiência possível, para diminuir os danos ao meio ambiente.

Mas através do enquadramento provisório e classificando o córrego em classe 4, tende a

não restringir a qualidade do efluente lançado, podendo, em vez de melhorar a

qualidade gradativamente, piorá-la. Com o tempo isso pode caracterizar vários impactos

negativos para a qualidade do corpo hídrico, pois o lançamento de altas concentrações

de matéria orgânica, principalmente nas épocas de seca, em que a capacidade suporte do

córrego é muito reduzida, vai manter o córrego enquadrado em uma classificação

estagnada, sem previsão de melhoria da qualidade.

Caso a mata ciliar não seja reconstituída, podem ocorrer vários impactos

negativos para o equilíbrio ecológico, desproteção para as águas e o solo e

96

potencialização do assoreamento. As habitações irregulares caracterizam vários

impactos negativos relacionados à saúde pública e acidentes devidos às enchentes.

Observa-se que essa situação não só causa muitos danos à população e meio ambiente

que, além de não trazer melhorias, tende a piorar com o tempo.

- Cenário 2: Com intervenção de melhoria no trecho 2, com redução do

efluente gerado e destinado à galeria de águas pluviais do bairro Jardim Imperial,

com eficiência na redução de 50% do parâmetro DBO, vegetação e bolsões de

resíduos sólidos.

Neste cenário, será considerada uma intervenção somente na redução de 50%

da vazão do efluente lançado in natura no corpo hídrico do bairro Jardim Imperial,

índice a ser utilizado também na recuperação da vegetação da APP e retirada dos

bolsões de resíduos sólidos identificados às margens do corpo hídrico.

Em relação aos efluentes, haverá uma melhoria na qualidade do córrego a

montante da ETE, pois haverá somente metade da vazão de efluente considerada no

cenário 1. A partir do cálculo abaixo, considerando as mesmas variáveis anteriores,

estima-se uma vazão de efluente e uma concentração:

O cálculo acima trás a seguinte informação: caso seja feita uma intervenção

reduzindo em 50% o efluente lançado do bairro Jardim Imperial no trecho estudado,

imediatamente o córrego neste trecho poderia se enquadrar em classe 3, conforme a

CONAMA nº 357. Alterando o enquadramento a montante da ETE, as contribuições

feitas à jusante deverão atender o nosso enquadramento, restringindo-se a concentração

lançada atualmente pela ETE Jardim Universitário, e forçando o aumento imediato da

eficiência da estação, pois não deverá alterar a qualidade derivada a montante.

Os bolsões de resíduos sólidos as margens do corpo hídrico, serão retirados e

encaminhados para uma destinação correta, acabando com os impactos como: poluição

visual do ambiente, indução do hábito de acondicionar resíduos de forma incorreta,

obstrução do leito do córrego, potencialização de inundações, proliferação de insetos,

roedores, microrganismos patogênicos e redução da influência desse resíduo na

qualidade do corpo hídrico.

A mata ciliar deverá ser recomposta, auxiliando na minimização de todos

impactos negativos levantados, como: volta do equilíbrio ecológico, proteção para as

águas e o solo e minimização do assoreamento.

97

Porém, o trecho 3 continuaria com os mesmos problemas dos bolsões de

resíduos sólidos às margens do corpo hídrico, a ETE Jardim Universitário lançando

efluentes com potencial poluidor, e as áreas da mata ciliar, valas abertas decorrentes da

erosão trazendo riscos para a população transiente. Por esse motivo, a melhoria somente

do trecho 2 não será suficiente para melhorar o enquadramento do córrego, nem a

qualidade dele.

- Cenário 3: Com intervenção de melhoria no trecho 3, com aumento da

eficiência da ETE Jardim Universitário para anteceder classe 2, vegetação, bolsões

de resíduos sólidos, combate a erosão e habitação.

Neste cenário será considerada uma intervenção com melhoria na eficiência do

efluente lançado pela ETE Jardim Universitário no corpo hídrico para atender a classe 2,

também na recuperação da vegetação da APP e retirada do bolsões de resíduos sólidos

identificados as margens do corpo hídrico, combate a erosão e remoção das habitações

de risco.

Em relação ao aumento da eficiência de tratamento da ETE, ocorrerá uma

drástica melhoria na qualidade do córrego a montante da ETE, pois terá uma redução na

carga de matéria orgânica que é lançada no córrego. A partir do cálculo abaixo,

considerando vazão da ETE (12 l/s), vazão do córrego (95 l/s), estima-se uma

concentração de lançamento que atenda os limites estabelecidos pela classe 2:

O cálculo acima trás a concentração em que a ETE Jd. Universitário necessita

para não alterar a qualidade do corpo hídrico a jusante. Ressaltando que esta

concentração considera uma vazão crítica do córrego, podendo ser alterada de acordo

com um estudo mais aprofundado. Com esta adequação na ETE Jardim Universitário,

melhora a qualidade do efluente a ser lançado, assim haverá um avanço na qualidade do

mesmo, já que o lançamento de cargas de matéria orgânica reduzida aumenta

capacidade suporte do córrego de assimilar este poluente.

Os bolsões de resíduos sólidos as margens do corpo hídrico, serão retirados e

encaminhados para destinação correta, e a mata ciliar deverá ser recomposta, auxiliando

na minimização de todos impactos.

Mas a qualidade a montante continuará péssima, pois neste cenário não se

considera a intervenção no trecho 2. Por isso, a melhoria somente do trecho 3 não será

suficiente para melhorar o enquadramento do córrego, e com isso a qualidade deste.

98

- Cenário 4 - Com melhoria relacionados a todos os impactos levantados

no diagnóstico do VERAH:

Neste cenário, será considerada intervenção total em relação ao diagnóstico do

VERAH. Haverá uma drástica melhoria na qualidade do córrego, cumprindo todos os

quesitos levantados.

Considerando-se uma intervenção com redução de 100% do efluente lançado in

natura no corpo hídrico do bairro Jardim Imperial conforme o cenário 3, imediatamente

o córrego neste trecho poderia se enquadrar em classe 2, atendendo os limites

estabelecidos pela CONAMA 357 de 5mg/l de DBO.

Alterando-se o enquadramento a montante da ETE, as contribuições feitas a

jusante deverão atender o enquadramento, restringindo a concentração lançada

atualmente pela ETE Jardim Universitário, e forçando o aumento da eficiência da

estação. Segundo o cenário 4, a concentração de DBO do efluente tratado da ETE deve

ser no máximo 10mg/l para não alterar a qualidade do corpo hídrico a montante. Com

esta adequação da ETE Jardim Universitário, haverá melhoria na qualidade do corpo

hídrico, pois o lançamento de cargas de matéria orgânica reduzida melhora a capacidade

de suporte do córrego.

Os bolsões de resíduos sólidos às margens do corpo hídrico serão retirados e

encaminhados para uma destinação correta, acabando-se de vez com os impactos como:

poluição visual do ambiente, indução do hábito de acondicionar resíduos de forma

incorreta, obstrução do leito do córrego, potencialização de inundações, proliferação de

insetos, roedores, microrganismos patogênicos e redução da influência desse resíduo na

qualidade do corpo hídrico.

A mata ciliar deverá ser recomposta, auxiliando na minimização de todos

impactos negativos levantados como: volta do equilíbrio ecológico, proteção para as

águas e o solo, minimização do assoreamento. Observa-se que esta é a situação ideal

para a melhoria efetiva da microbacia, pois haverá uma melhoria a curto e longo prazo,

de forma crescente, conforme a Figura 38.

99

Figura 38. Mapa das medidas mitigadoras.

Considerando que o enquadramento expressa metas finais a serem alcançadas,

podendo ser fixadas metas progressivas intermediárias e obrigatórias, visando à sua

efetivação. Segundo a Resolução CONAMA nº 357, o enquadramento dos corpos de

água deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de

qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades futuras da comunidade,

por isso o enquadramento provisório estabelecido pela Resolução N°68 estabelece um

limite muito acima da realidade, e metas inconsistentes. Partindo-se de um limite

máximo de 55 mg/l de DBO para, após 5 anos, reduzir-se 5 mg/l, abaixando o limite

para 50 mg/l, e, logo e após 10 anos, reduzir-se para 45 mg/l, fica a impressão de que a

meta estabelecida contradiz a resolução CONAMA nº 357, que estabelece que deve

haver sempre uma melhoria continua e efetiva. Assim, o alcance da meta final seguindo

a Resolução nº 68, após 10 anos do enquadramento, não alteraria a classificação do

córrego para classe 3, sendo que este estudo mostrou que é possível melhorar a

qualidade do córrego Urubu de forma efetiva só com intervenções pontuais, a ponto de

alterar o enquadramento do corpo hídrico.

100

Os cenários foram propostos para demonstrar possíveis situações em caso de

haver as intervenções no córrego Urubu, ou até mesmo nenhuma, sendo necessário,

porém, fazer estudos mais aprofundados, contendo dados mais completos, qualitativos e

quantitativos do corpo hídrico, e levantamento de tempo necessário e custos para a

execução das intervenções. Considera-se também fazer o levantamento de outros

possíveis cenários, pois assim é viável ter mais consistência no planejamento das metas.

Estas metas devem realmente atender o interesse da população e melhorar de forma

contínua a qualidade do meio em que vive, e, através de ações conjuntas e a colaboração

de todas as esferas de poder, há grande chance de melhorar o ambiente em que a

população vive.

101

8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A microbacia do córrego Urubu possui infraestrutura de saneamento básico

com bons indicadores, como: abastecimento de água, drenagem urbana, rede coletora de

esgoto, coleta de lixo, Estação de Tratamento de Esgoto, entre outros. Através desse

estudo, foi possível chegar a algumas conclusões sobre quais os problemas que podem

ocorrer após as intervenções, e recomendar soluções pontuais e globais para mitigar os

problemas ocorridos na área de estudo. A análise ambiental da microbacia proporcionou

algumas conclusões relevantes nesse contexto:

- A microbacia, de modo geral, encontra-se com problemas que fazem parte do

processo evolutivo de uma microbacia urbana. O próximo passo é a sensibilização dos

moradores, para minimizar estes impactos a tempo e recuperar a microbacia de forma

sustentável.

- A qualidade da água do córrego apresenta-se como péssima de acordo com o

IQA, apresentando dois trechos com esta classificação. A tendência se houver o

lançamento contínuo de esgoto sem tratamento é agravar os problemas de saúde pública

e a degradação total do córrego, dificultando as intervenções positivas.

- Os resultados dos parâmetros DBO5 Oxigênio Dissolvido no córrego Urubu,

apresentaram-se piores resultados na Jusante quando comparados com a Montante.

Devido ao lançamento do esgoto da ETE, uma vez que as características qualitativas do

córrego agravaram-se em decorrência não somente da ETE, mas também da

contribuição do Bairro Jardim Universitário, que lança esgotos sanitários i-natura pela

rede de drenagem de águas pluviais. Recomenda-se a diminuição dos lançamentos de

efluentes sem tratamento.

- A mata ciliar que protege o córrego encontra-se com espaço respeitado, mas

pouco densa em certas regiões da microbacia. Recomenda-se o plantio de espécies

nativas para recompor a vegetação do local.

- A erosão verificada no trecho 3 pode trazer sérios riscos à população, além de

ser um problema que pode se agravar no caso de não haver ações mitigadoras.

Recomenda-se o plantio da vegetação que foi removida da área e a recomposição do

leito do corpo hídrico.

102

- Os bolsões de lixo podem trazer sérios problemas de saúde pública para os

moradores, além de tornar o local esteticamente feio para os habitantes e visitantes da

microbacia, entre outros problemas citados. Indica a remoção dos bolsões de lixo,

fiscalização do poder público e programa de conscientização da população.

- A Estação de Tratamento de Esgoto Jardim Universitário deve operar com

eficiência mais elevada, pois a baixa eficiência ocasiona alto impacto poluidor no corpo

hídrico. Outro problema apresentado pela baixa eficiência, que foi constatado em visita

in loco,foi o odor exalado pelo sistema devido à má operação e à falta de queimador de

gás, dimensionado para atender a demanda de gás produzida pelo sistema. Sugere-se

revisar o sistema de tratamento para evitar esses problemas que afetam o meio

socioambiental. Dessa forma, melhora o tratamento dos efluentes e reduz as emissões de

gases atmosféricos.

- Em relação ao córrego Urubu, nas questões qualitativas, os efluentes da ETE

influenciam as características qualitativas do manancial. De acordo com a Resolução

CONAMA nº 357, a eficiência mínima de tratamento é de 60%, mas se com esta

porcentagem, alterar a classificação do manancial, a eficiência deverá aumentar de

modo que o corpo hídrico continue na mesma classe verificada a montante do

lançamento. No córrego Urubu, a qualidade é péssima, restringindo assim menos a

qualidade do efluente lançado. Quanto às questões quantitativas, o córrego não suporta

na época crítica os lançamentos levando em consideração tanto a vazão como a

qualidade da sua água.

- O estudo de autodepuração demonstrou que o córrego tem capacidade de

assimilar a carga orgânica lançada pela ETE para atender a classe 2 do CONAMA nº

357, e percebe que as características qualitativas do córrego do Urubu o enquadra na

classe 4, conforme a Resolução n°68. Mas as metas estabelecidas por esta resolução não

possibilitam uma melhoria do corpo hídrico no tempo em que foi determinado, pois na

meta de 10 anos não se percebe nem a melhoria de classe. Recomenda-se que sejam

estabelecidas metas mais restritivas, para que o córrego do Urubu, em 10 anos, no

mínimo, altere sua classificação, ocasionando uma melhoria crescente.

- O cálculo da capacidade suporte do córrego demonstra que é necessário quase

o dobro da vazão utilizada do estudo, para diluir o efluente lançado pela ETE do Jardim

Universitário. Recomendando estudo mais aprofundado de vazão do corpo hídrico, para

se estabelecer restrições em algumas épocas em que a vazão do córrego não suporte o

lançamento de efluentes.

103

- A metodologia aplicada nesta pesquisa envolvendo a combinação de métodos

e ferramentas, permitiu uma integração de base de dados múltiplos, otimizando tempo,

custos e recursos humanos, propiciando uma análise ambiental integrada da microbacia,

com subsídios para elaboração de um prognóstico, que contemplou conceitos e medidas

de recuperação do corpo d’água, de acordo com cada trecho e situação diagnosticada. É

necessário um estudo de viabilidade da execução das intervenções levantadas no

trabalho.

- Para finalizar, recomenda-se adotar ações preventivas, adicionando

programas que visem ao monitoramento contínuo, proporcionando medidas preventivas

dessas áreas de proteção de forma a promover fiscalização efetiva com poder de polícia

administrativa dos órgãos públicos, aliados a programas de educação ambiental, que

sensibilizem a comunidade quanto aos danos ambientais e inúmeros prejuízos à

qualidade de vida.

104

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABERS, R.; JORGE, K. D. Descentralização da Gestão da Água: Por que os comitês de

bacia estão sendo criados. Ambiente & Sociedade. Vol. VIII nº. 2 jul./dez. 2005.

ABIKO, Alex Kenya. Serviços públicos urbanos. São Paulo, EPUSP, 1995.

ALFONSIN, B. M.; FERNANDES, E. A lei e a ilegalidade na produção do espaço

urbano. Belo Horizonte, 2003.

ALMEIDA, R.A.; ALMEIDA, N.A.M. Remoção de coliformes do esgoto por meio

de espécies vegetais. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 7, n. 03, p. 308 – 318.

2005.

ALVES, W. D. S. Qualidade de Água do Ribeirão das Abóboras no Município de

Rio Verde, Goiás. I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Campus Rio Verde

do IF-Goiano. Anais. Rio Verde/GO, Brasil. Novembro de 2012.

ANA. Panorama da Qualidade das Águas Superficiais no Brasil. 1ª edição.

Brasília/DF, Brasil. Agência Nacional das Águas, 2005.

ANDRADE, L. N. Estudo de Autodepuração. Programa de Pós Graduação em

Engenharia Ambiental, UFES. Vitória – ES. 2010.

ARCEIVALA, S. J. et al. Wastewater treatment and disposal. Marcel Dekker,

New York. (1991).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 10004:2004.

Resíduos Sólidos- Classificação, ABNT, Brasil.

BARBOSA, L. M. (Coord.). Manual para recuperação de áreas degradadas em

matas ciliares do estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica, 2006.

BELLEN, Hans Michael. Indicadores de sustentabilidade: uma análise

comparativa. 2002. 220f. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção) –

105

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em:

<http://www.tede.ufsc.br/teses/PEPS2761.pdf>. Acesso em jan. 2014.

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone,

1990

BRAGA, B., HESPANHOL,I., LOTUFO, J.G., CONEJO. Introdução à engenharia

ambiental. São Paulo: Prentice Hall. 2002.

BRASIL. Agência Nacional de Águas - ANA. Portal da qualidade das águas. 2009.

Disponível em: <http://pnqa.ana.gov.br/IndicadoresQA/IndiceQA.aspx#_ftnref10>.

Acesso em: 24 set. 2013.

BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). GEO Brasil recursos hídricos:

componente da série de relatórios sobre o estado e perspectivas do meio ambiente

no Brasil. Brasília: ANA; PNUMA, 2007. 264 p.

BRASIL. Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Diretoria de

Planejamento e Pesquisa. Coordenação Geral de Estudos e Pesquisa. Instituto de

Pesquisas Rodoviárias. Manual para atividades ambientais rodoviárias. Rio de

Janeiro, 2006.

BRASIL. Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta

o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13

de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

BRASIL. Lei n.º 9.984 de 17 julho2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional

de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos

Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, e dá outras providências.

BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL.

Programa de Integração Nacional. Folha SE. 21 Corumbá e parte da Folha SE.20. V.27.

Rio de Janeiro, 1982. (452p.)

106

BRASIL. Resolução CONAMA n.° 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem

como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras

providências.

CARLOS, Ana Fanini Alessandri. A cidade. São Paulo, Contexto, 1992.

CEHIDRO. Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Disponível em:

<http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=52&Ite

mid=97>. Acesso em 3 de set. de 2013.

Censo Demográfico de 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,

2010. Disponível em:<http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 ago. 2013.

CETESB – Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estadode

São Paulo. Cartilha institucional. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/agua/aguas-

superficiais/aguasinteriores/variaveis/aguas/variaveis_quimicas/fosforo_total.pdf>.

Acesso em: 17 ago 2013.

CUIABÁ, Prefeitura Municipal. Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano –

IPDU. Perfil Socioeconômico de Cuiabá. Vol. IV. Cuiabá: Central de Texto, 2010.

CUIABÁ. Prefeitura Municipal. Lei Complementar Nº 103 de 03 de Dezembro de

2003. Dispõe Sobre A Regulamentação dos Artigos 10 e 24 da Lei Complementar Nº

044/97 de Uso e Ocupação do Solo Urbano no Município de Cuiabá e dá Outras

Providências.

DICIONÁRIO. Dicionário OnLine De Português. Disponível em:

<http://www.dicio.com.br/habitacao/>. Acesso: 15 de agosto de 2013.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Interpretações de imagens

orbitais e constituição da base de dados geográficos. 2011. Disponível

em:<http://www.bndes.cnpm.embrapa.br/textos/c_cerrado.htm>. Acesso em: 15 de jul.

2012.

107

FONSECA, A. do C. Geoquímica dos solos. In: GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S;

BOTELHO, R. G. M.. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e

aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.

FITZ,P.R. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de

Textos,2008.

GUEDES, R.C.M. Avaliação do método de educação ambiental VERAH. 2010.

107f. Dissertação (Mestrado em Análise Geoambiental) - Centro de Pós-Graduação e

Pesquisa, Universidade Guarulhos. Guarulhos, 2002.

GRANZIERA, M. L. M. Direito de águas: disciplina jurídica de águas doces. São

Paulo: Atlas, 2001.

IMHOFF, K.; IMHOFF K. .Manual de tratamento de águas residuárias. Tradutor:

Engenheiro Max Lothar Hess.Editora Edgard Blucher LTDA. São Paulo, 1996.

KELMAN, J. Gerenciamento de Recursos Hídricos: Outorga e Cobrança. Anais do

XII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Vitória – ES. 1997.

KELMAN, J. Outorga e Cobrança dos Recursos Hídricos. In: A Cobrança pelo Uso

da Água/Antônio Carlos de Mendes Thames ET AL. São Paulo. ISBN 85-87854-02-X.

2000.

LIMA, Eliana B. N. R. Modelagem integrada para gestão da qualidade da água na

bacia do rio Cuiabá. 2001. Tese (Doutorado em Ciências em Engenharia Civil) -

Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, COPPE, Rio de Janeiro, 2001.

LIMA, J. B.; DESTRO, C. A. M.; SILVA, N. A. Demanda bioquímica de oxigênio –

DBO. In: CRRA – Manual de rotinas laboratoriais para efluentes domésticos.

Cuiabá: KCM Editora, 2012.

LUCAS, Ariovaldo A. T.; FOLEGATTI, Marcos V. and DUARTE, Sérgio

N.. Qualidade da água em uma microbacia hidrográfica do Rio Piracicaba, SP. Rev.

Bras. Eng. Agríc. Ambient. 2010, vol.14, n.9, pp. 937-943.

108

MATO GROSSO. Secretaria de Estado do Meio Ambiente-SEMA. Recursos Hídricos:

Enquadramento dos corpos d’água em classes. Publicado em 30/09/2010, com

atualização em 03/04/2012. Jornalista: JAKOBI, S. C. G. Disponível em:

<http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49&Ite

mid=268>. Acesso: 10 de junho 2013.

MATO GROSSO. Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA. Relatório

Ambiental, 2006. Disponível em: <http://www.sema.mt.gov.br>. Acesso em: 10 junho

2013.

MATO GROSSO. Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA. Relatório

Ambiental, 2006. Disponível em: http://www.sema.mt.gov.br. Acesso em 25 de ago

2013.

MATO GROSSO. SEMA, Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Resolução

CEHIDRO n° 29, de 24 de setembro de 2009. Estabelece critérios técnicos referentes

à outorga para diluição de efluentes em corpos hídricos superficiais de domínio do

Estado de Mato Grosso. Diário Oficial do estado de Mato Grosso. Cuiabá,

Publicada no D.O.E. em 25 de ago. de 2009.

MATTOS, T.A. Avaliação ambiental da microbacia do córrego embauval e

influência da ETE do condomínio residencial terra nova em várzea grande– mt,

2014. Dissertação de mestrado em Recursos Hídricos. Cuiabá/MT: UFMT, 2014.

METCALF E EDDY. Wastewater engineering. 4ª Ed., New York: MacGraw-Hill,

2003.

MEURER, E. J. Fundamentos de Química do Solo. Porto Alegre: Gênesis, 2004.

MIRANDA L. E AMORIM L. Mato Grosso, Atlas Geográfico. Entrelinhas, 2001.

MOTTER, A.F.C; FOLETO,E.M. Um olhar sobre a gestão dos recursos hídricos: o

caso do comitê de gerenciamento da bacia hidrográfica dos rios Santa Rosa, Santo

Cristo e Turvo - Noroeste do Rio Grande do Sul. Revista Perspectiva. Erechim.

v.34, n.126, p. 143-155, junho/2010

109

MORAES F.T., JIMENEZ-RUEDA, J.R. 2005b. Fisiografia da região do planalto de

Poços de Caldas, MG/SP. Rev. bras. geociências. v.38 n.1 São Paulo mar. 2008

NBR ABNT 10004: Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

NUVOLARI, A. Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso

agrícola. Edgard Blucher: São Paulo, 2003.

OLIVEIRA, A. M. S.; ANDRADE, M. R. M.; SATO, S. E.; QUEIROZ, W.

Diagnóstico Ambiental de Microbacia Urbana: Método VERAH.

GUARULHOS: Laboratório de Geoprocessamento, Universidade Guarulhos, 2008.

16p.

OLIVEIRA, A. M.; ANDRADE, M. R. M.; SATO, S. E.; QUEIROZ, W. Diagnóstico

Ambiental de Microbacia Urbana: método VERAH. Guarulhos: Laboratório de

Geoprocessamento, Universidade Guarulhos, 2008.

PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J.; JORDAN, T.H. Para Entender a Terra.

Capítulo 7- Intemperismo e erosão. Rualdo Menegat (coord.) Ed. Bookman, Porto

Alegre, RS. 2006.

PROSAB – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico. Nutrientes de esgoto

sanitário: utilização e remoção. In: Esgoto. 1ª Ed. 2009.

RODRIGUES, E.G; AREND, S.C. A política de gestão dos recursos hídricos no

Rio Grande do Sul: sua estrutura e percepção dos Comitês de Bacia

Hidrográfica. Universidade de Santa Cruz do Sul: Santa Cruz do Sul, RS, 2006.

RODRIGUES, A.C.J. Aplicação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos

“outorga” e “enquadramento” para o setor de saneamento no perímetro urbano

da bacia do rio Coxipó. Cuiabá/MT: UFMT, 2013.

ROCHA, J. P. G.; FIGUEIREDO, D. M.; SALOMÃO, F. X. T. Dinâmica hidrológica.

In: FIGUEIREDO, D. M.; SALOMÃO, F. X. de T. Bacia do Rio Cuiabá.: uma

abordagem socioambiental. Cuiabá: Entrelinhas; EdUFMT, 2009.

SALOMÃO, F. X. T.; FIGUEIREDO, D. M. Bacia do rio Cuiabá: uma abordagem

socioambiental. Cuiabá: Entrelinhas; EdUFMT, 2009.

110

SANTOS, A. B. F.; Avaliação Ambiental Da Microbacia Do Córrego Três

Barras Como Subsídio Para Elaboração De Um Prognóstico Na Área De

Influência Da Avenida Parque Em Cuiabá – MT. Programa de Pós Graduação em

Engenharia de Edificações e Ambiental. Universidade Federal de Mato Grosso.

Cuiabá/MT. 2013.

SIG CUIABÁ. Sistema de Informação Geoambiental de Cuiabá, Várzea Grande e

Entorno. Volume 1. Ministério de Minas e Energia, Secretaria de Geologia, Mineração

e Transformação Mineral, Goiânia, CPRM, 2006.

SILVA, C. E. Tratamento de Resíduos e Impactos Ambientais. Caracterização

qualitativa dos esgotos. Universidade Federal de Santa Maria-UFMG/CT/HDS.

SILVEIRA, A. L. L. Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica. In: TUCCI, Carlos E. M.;

SILVEIRA, André L. L. et al. (Orgs.). Hidrologia: ciência e aplicação. 3. ed. Porto

Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 2004.

SPERLING, V. M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. In

Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3. ed. Belo Horizonte:

UFMG, 2006.

SPERLING, V. M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. In:

Princípios básicos do tratamento de esgotos. Belo Horizonte, UFMG, 1996. v.2.

SPERLING, V. M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. In:

Lagoas de Estabilização. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2006b. 196p.

SPERLING, V. M., CHERNICHARO, C. A. L. A comparison between wastewater

treatment processes in terms of compliance with effluent quality standards.In:

ANAIS, XXVII CONGRESSO INTERAMERICANO DE INGENIERIA SANITARIA

Y AMBIENTAL, AIDIS, Porto Alegre, 3-8 Dezembro, 2000.

SPERLING, V. M., et al. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias.

In: Lodo de esgotos: tratamento e disposição final. 3. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2007.

STEHFEST, N. Modell theoretische Un tersuchungenzur Selbstreinigung von

Fliessgewaessern. KFK 1654 UF. 1973

111

STREETER, H.W.; PHELPS E.B.A Study of the Pollution and Natural Purification

of the Ohio River.Public Health Bulletin, 146. Washington D.C.: U.S. Public Health

Service. 1925.

TUCCI, C. E. M.; HESPANHOL, I.; CORDEIRO NETTO, O. de M. Cenário da

gestão da água no Brasil: uma contribuição para “visão mundial da água”. Bahia

análise & dados. Salvador: Bahia análise & dados, v. 1, n especial, 2003.

TUCCI, C.E.M. Hidrologia: ciência e aplicação. 2.ed. Porto Alegre: Editora da

Universidade. Coleção ABRH de Recursos Hídricos; Vol.4. ABRH, 1997.

VAN HAANDEL, A.C.; LETTINGA, G. Tratamento Anaeróbio de Esgotos: um

manual para regiões de clima quente. 1984.

VENTURA, R.M.G. Caracterização ambiental e hidrológica da bacia do Córrego

Barbado em Cuiabá-MT. Dissertação de mestrado em Engenharia de Edificações e

Ambiental. Cuiabá: UFMT, 2011.