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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CURSO DE AGRONOMIA
INTERFERÊNCIA DE CAPIM – AMARGOSO (DIGITARIA INSULARIS) NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DA SOJA
Gabriel Berton Ferreira
SINOP – MT
Março – 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CURSO DE AGRONOMIA
INTERFERÊNCIA DE CAPIM – AMARGOSO (DIGITARIA INSULARIS) NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DA SOJA
Gabriel Berton Ferreira
Orientador: Ednaldo Antonio de Andrade
Co-orientador: Carlos Vinício Vieira
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Agronomia do ICAA/CUS/UFMT, como parte das exigências para a obtenção do Grau de Bacharel em Agronomia.
SINOP – MT
Março – 2018
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
F383i Ferreira, Gabriel Berton. Interferência de Capim - Amargoso (Digitaria insularis) no
desenvolvimento da cultura da soja / Gabriel Berton Ferreira. -- 2018
1 f. : il. color. ; 30 cm.
Orientador: Ednaldo Antônio de Andrade. Co-orientador: Carlos Vinício Vieira.
TCC (graduação em Agronomia) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais,Sinop, 2018.
Inclui bibliografia.
1. soja. 2. capim - amargoso. 3. interferência. 4. competição.
I. Título.
Lista de Tabelas
Tabela 1. Descrição dos estádios fenológicos da Soja ................................................................ 12
Tabela 2. Análise físico química do solo utilizado no estudo, Sinop- MT 2017. ......................... 17
Tabela 3.Esquema da análise de variância, para os parâmetros Área foliar, Altura, e dimensão
da raiz da soja: ............................................................................................................................. 19
Lista de Gráficos
Gráfico 1 Comparação de médias para a área foliar da soja: ..................................................... 20
Gráfico 2. Comparação de médias para altura de planta da soja: .............................................. 21
Gráfico 3. Comparação de médias para comprimento de raiz da soja: ...................................... 22
Gráfico 4. Comparação de médias para volume de raiz: ............................................................ 23
Gráfico 5. Comparação de médias para massa fresca de parte aérea: ....................................... 24
Gráfico 6. Comparação de médias para massa fresca de raiz: .................................................... 24
Gráfico 7. Comparação de medias para massa seca de parte aérea: ......................................... 25
Gráfico 8. Comparação de médias para massa seca de raiz: ...................................................... 26
RESUMO
Um estudo foi realizado com o objetivo de verificar a influência do capim-
amargoso (Digitaria insularis) sobre as plantas de soja. Para tanto, considerou-se o
delineamento inteiramente casualizado no esquema fatorial 5x3, com 4 repetições, em
condições controladas (casa de vegetação). O primeiro fator consistia de uma planta de
soja em convivência com plantas de capim-amargoso, sendo T0: a testemunha (apenas
a plantas de soja), T1: uma planta de soja e uma planta de capim-amargoso, T2: Uma
planta de soja e duas plantas de capim-amargoso, T3: uma planta de soja e 3 plantas
de capim-amargoso e T4: uma planta de soja e 4 plantas de capim-amargoso. As
avaliações ocorreram em três momentos, aos 10, 25 e 35 dias após a emergência das
plantas de soja, que compreendeu nos estádios fisiológicos V2, V5 e R2. Os parâmetros
analisados foram: altura de planta, comprimento de raiz, área foliar, volume de raiz,
massa fresca de parte aérea e raiz e massa seca de parte aérea e raiz. Houve
interferência da planta daninha em estudo na cultura da soja, podendo ser observado
pelos parâmetros avaliados, sendo a maior interferência causada pelos tratamentos três
e quatro que consistiam, respectivamente, em três e quatro plantas daninhas em
convivência com a soja.
Palavras chave: Soja, Digitaria insularis, interferência;
ABSTRACT
A study was carried out to verify the influence of amaranthgrass (Digitaria
insularis) on soybean plants. For this, the design was completely randomized in the
factorial scheme 5x3, with 4 replications, under controlled conditions (greenhouse). The
first factor consisted of a soybean plant living with bittergrass plants, with T0: the control
(soybean plants only), T1: a soybean plant and a bittergrass plant, T2: A plant soybean
and two plants of bittergrass, T3: a soybean plant and 3 plants of bittergrass and T4: a
soybean plant and 4 plants of bittergrass. The evaluations occurred at three times, at 10,
25 and 35 days after emergence of soybean plants, which comprised the physiological
stages V2, V5 and R2. The parameters analyzed were: plant height, root length, leaf
area, root volume, fresh shoot and root mass, and dry shoot and shoot mass. There was
interference of the weed in a study in the soybean crop, being able to be observed by
the evaluated parameters, being the greater interference caused by the treatments three
and four that consisted, respectively, in three and four weeds in coexistence with the
soybean.
Key words: Soybean, Digitaria insularis, interference;
Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................ 11
2.1SOJA (Glycine Max) ............................................................................................................ 11
2.2 CAPIM- AMARGOSO (Digitaria insularis (L.)) .................................................................... 12
2.3 INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS A CULTURA DA SOJA (Glycine Max) ................. 13
2.4 ALELOPATIA ....................................................................................................................... 15
2.5 FATORES FISIOLÓGICOS AFETADOS POR INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS ......... 16
3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................... 17
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................. 19
5. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 28
9
1. INTRODUÇÃO
A soja é uma cultura que promoveu mudanças drásticas na produção brasileira
a partir de 1960, principalmente pelas suas características, podendo servir como adubo
– verde e forragem na alimentação animal, o seu óleo é utilizado para alimentação
humana, biodiesel e etc, além disso o farelo serve para alimentação animal (BEZERRA,
A. R. G, et. al 2015).
Existe ainda a perspectiva de que esta cultura se destaque ainda mais no Brasil,
tornando mais lucrativa, pois haverá aumento de demanda e países como Argentina e
EUA não possui capacidade de aumentar áreas de plantio como o Brasil (BEZERRA, A.
R. G, et. al 2015).
A sua produção pode ser afetada por fatores climáticos, já que para se obter o
desenvolvimento esperado a condição climática deve ser atendida, além disso existe os
manejos a serem aplicados: época de plantio, adubação, controle de pragas e doenças,
daninhas (FLORES, M.F 2016).
As plantas daninhas se encaixam em um dos fatores, no qual os agricultores
necessitam de atenção safra após safra, isto se deve as suas características e
capacidades, que superam as culturas agrícolas, limitando a produtividade. Isto ocorre
por conta de vários fatores, dentre eles a competição pelos recursos naturais, a exemplo
disso os nutrientes, pois as daninhas como qualquer outra planta possuem suas
exigências por nutrientes, água, CO2, luz e etc (VASCONCELOS, M. C. C et. al 2012).
A superioridade destas plantas sobre as culturas se dá pelas características
morfológicas e fisiológicas, devido ao seu crescimento e desenvolvimento ser voltado à
sobrevivência, estabelecimento e perpetuação das espécies. Enquanto as culturas por
sofrerem o processo de melhoramento genético, são domesticadas com o intuito de
serem produtivas, consequentemente, há alterações na constituição genética, cujo foco
está na produtividade. Outras variáveis também sofrerão alterações, no caso a planta
perde sua rusticidade, deixando de ser competitiva, sendo mais vulnerável a stress e a
interferência tanto de fatores bióticos, quanto abióticos (CARVALHO, L. B 2013).
O grau de interferência pode ser definido pela resultante do prejuízo que a
comunidade infestante pode causar à planta cultivada, seja de forma direta, por
competição, alelopatia e interferência na colheita, ou indiretamente, hospedando insetos
e patógenos nocivos à cultura. Conforme (PITELLI 1985), um dos fatores mais
importantes que afetam o grau de interferência entre as plantas daninhas e cultivadas é
o período em que elas conjuntamente disputam os recursos limitados do meio. De
maneira geral, pode-se dizer que, quanto maior for o período de convivência da cultura
10
com a comunidade infestante, maior será o grau de interferência no desenvolvimento
de ambas.
Cada cultura possui um período crítico de convivência com a população de
plantas daninhas, na soja existem divergências entre autores quanto ao período exato,
no entanto (VAN ACKER et. al 1993) obteve o resultado que em média a cultura da soja
necessita ficar livre entre 9 a 38 dias após sua emergência, que significa entre estádio
V2 ao R3.
De acordo com (VAN ACKER et. al 1993) os dias de competição variam com a
época de semeadura, cultivar, tipo de solo, clima, dentre outros fatores, mas sempre
haverá semelhança quanto ao estádio de desenvolvimento da cultura.
O capim-amargoso (Digitaria insularis) é uma planta daninha que vem crescendo
em importância na agricultura brasileira a cada ano, podendo ser responsável por
grande parte de um baixo rendimento da cultura, gerando prejuízos na produtividade e
aumento no custo de produção (FRATINE, G. et. al 2016). Estes prejuízos também
poderão ser verificados nos aspectos fisiológicos das plantas de soja, impedindo seu
desenvolvimento normal tanto em parte aérea quanto em raiz.
OBJETIVOS GERAIS:
Observar a interferência de Capim- Amargoso (Digitaria insularis) sobre a cultura da
Soja sob diferentes níveis populacionais, levando em conta fatores fisiológicos;
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Avaliar os parâmetros de crescimento e desenvolvimento das plantas de soja sob
diferentes populações de Capim- Amargoso (Digitaria insularis);
11
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1SOJA (Glycine Max)
A principal oleaginosa cultivada em todo o mundo, sendo o carro-chefe na
produção agrícola brasileira, motivado não só pelas condições propícias ao
desenvolvimento, mas pela crescente demanda por este produto ao mercado externo
(EMBRAPA, 2017). O Brasil atualmente ocupa a segunda posição em termos de
produção, e de acordo com o primeiro levantamento para safra 17/18 estima- se área
plantada variando entre 34.466,4 a 35.208,3 milhões de hectares plantados, aumento
de 0,8 % em relação à safra anterior e produção média nacional de 3.075 Kg/ ha, queda
de 8,6 % em relação à safra 16/17 (CONAB,2017).
A condição climática favorável a essa cultura depende de uma temperatura
variando entre 20 a 30° C, sendo a temperatura ótima de 25° C, sua necessidade hídrica
varia com o manejo, e as característica da cultura causando uma variação de 550 a 700
mm para realizar seu ciclo, a maior demanda hídrica ocorre em período formação e
enchimento de grãos, e fotoperíodo varia para cada cultivar, quanto ao período de
juvenilidade, que é o período as quais estas não respondem aos períodos de luz,
havendo apenas crescimento vegetativo (FARIAS, J.R.B. 2007).
As plantas sejam elas daninhas ou as cultivadas visando sua exploração para a
atividade econômica, necessitam dos recursos disponíveis do meio para realizarem seu
ciclo, o que as diferem são a eficiência de como estas fazem seu uso seja estes (água,
CO2, nutrientes, luz).
Todas as plantas realizam a fotossíntese, com o propósito de gerar biomassa
por meio da fixação de carbono presente na atmosfera, a soja diferente das plantas
daninhas especificamente ao ‘Capim-amargoso’ são plantas denominadas C3, fixando
o carbono pelo ciclo de Calvin, os primeiros produtos estáveis da fotossíntese é uma
cadeia composta por três carbonos, e sua enzima Rubisco tem menor afinidade com o
CO2 que a PEPcase das plantas C4, pois o ponto de compensação mínima de CO2 é 40
ppm diferentemente a PEPcase ser de 5 a 10 ppm, além disso existe a fotorrespiração
nestas plantas provocando desvantagens competitivas (KLUGE, R. A et. al 2014).
Possuindo uma capacidade efetiva de captar carbono menor que as plantas C4,
as C3 acarretam também menor capacidade de utilizar a água disponível de forma mais
efetiva, já que necessitarão manter por mais tempo os seus estômatos abertos,
propiciando a perda de água na forma de vapor, em condições de estresse hídrico é
visível estas atingirem o ponto de murcha permanente antes das plantas daninhas
(BUCKERIDGE, M. 2010).
12
Alguns trabalhos nos informam que a produção da soja é afetada diretamente
pela população de plantas daninhas. (GAZZIERO, D. L. P. et. al 2012) em trabalho
desenvolvido pela Embrapa Soja obteve perda de 44 % na produção da cultura contento
uma população de 4 a 8 plantas daninhas por m2. (DENADAI, J. et. al 2015) concluiu
que o controle pré-emergente de capim amargoso evita perdas na produtividade,
necessitando estar sempre orientado ao melhor método de controle a esta espécie de
daninhas que ganha importância a cada safra.
Para se ter uma orientação quanto ao desenvolvimento da cultura e facilitar as
tomadas de decisões quanto aos manejos, se desenvolveu uma padronização e além
disso foi descrito os estádios fenológicos desta cultura, sendo dividido em vegetativo e
reprodutivo. Podendo ser observado na tabela abaixo.
Tabela 1. Descrição dos estádios fenológicos da Soja
Estádios Denominação
VE Cotilédones acima da superfície do solo
VC Emergência a cotilédones abertos
V1 Folhas unifolioladas abertas
V2 Primeiro trifólio aberto
V3 Segundo trifólio aberto
V4 Terceiro trifólio aberto
V5 Quarto trifólio aberto
V6 Quinto trifólio aberto
R1 Início da floração, 50 % plantas com flor aberta
R2 Floração plena
R3 Início da formação de vagens, vagens com 5 mm
R4 Etapa final do crescimento de vagens 2 a 4 cm
R5 Início do desenvolvimento dos grãos à etapa final
R6 Enchimento completo das vagens
R7 Maturação fisiológica: 1 vagem madura
R8 Maturação plena 95% das vagens maduras
FONTE: MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) 2013.
2.2 CAPIM- AMARGOSO (Digitaria insularis (L.))
O capim-amargoso (Digitaria insularis) tem a capacidade de emergir e se
desenvolver praticamente o ano inteiro nas diferentes condições climáticas, uma vez
estabelecida com a formação de rizomas, a dificuldade de controle dessa espécie
aumenta muito. (DENADAI, J. et. al 2015). Além disto a capacidade de emergência e
13
desenvolvimento durante todo ano a condiciona como uma das plantas daninhas mais
competitivas, apresentando alto grau de interferência.
É uma espécie perene, herbácea, entouceirada, ereta, rizomatosa, de colmos
estriados, com 50 a 100 cm de altura (KISSMANN & GROTH, 1997), e altamente
competitiva. O que a torna com uma dificuldade natural de controle desta espécie, e em
decorrência da grande plasticidade fenotípica existem mecanismos que conferem a
resistência de biótipos de D. insularis ao glyphosate, à causa das suas constantes
aplicações durante um longo período sem utilizar outros métodos de controle, a pressão
de seleção é muito maior, acarretando na seleção dos biótipos resistentes, sendo este,
um dos principais mecanismos da resistência (POWLES, 2008). O primeiro caso
relatado sobre um biótipo do capim-amargoso resistente ao herbicida glyphosate foi em
2006 no Paraguai (HEAP, 2011).
Esse fato está relacionado a mais lenta absorção do herbicida, a mais rápida
metabolização em ácido aminometilfosfônico (AMPA), glioxilato e sarcosinae, também
à menor translocação do herbicida em plantas do biótipo resistente em relação ao
susceptível, mesmo em plantas novas com 3 a 4 folhas (CARVALHO et al., 2011). O
ponto chave no incremento da ocorrência de D. insularis é que, uma vez que a planta
esteja estabelecida com o início da formação dos rizomas e posterior formação de
grandes touceiras, o controle torna-se muito mais difícil. Acredita-se que os rizomas
formados pelas plantas sejam ricos em amido, constituindo uma barreira para
translocação do herbicida e fonte de reserva, permitindo rápida rebrota das plantas
tratadas (MACHADO et al., 2008).
2.3 INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS A CULTURA DA SOJA (Glycine
Max)
De acordo com (PITELLI & DURIGAN 1984), definem o período anterior a
interferência (PAI) sendo o período que a partir da emergência da cultura, esta pode
conviver com as plantas daninhas sem causar prejuízos e logo não afetando sua
produtividade, o período total de prevenção da interferência (PTPI) é considerado por
eles o período que se inicia a partir da emergência da cultura, necessitando realizar
controle das plantas daninhas para que a cultura possa manifestar todo seu potencial
de produtividade. O intervalo compreendido entre esses dois períodos é o período crítico
para prevenção da interferência (PCPI).
A interferência depende de fatores ligados à comunidade infestante que são
estes, composição especifica, densidade e distribuição, e os fatores ligados a própria
14
cultura: espécie, variedade ou cultivar, espaçamento e densidade de plantio, além disso
existe influência da época e extensão do período de convivência (PITELLI, R.A 1985).
Culminando em competição, alelopatia, parasitismo, e depreciação do produto.
A competição é uma interação entre seres vivos em que há prejuízo para ambos
os indivíduos envolvidos. Sendo que só haverá competição quando ao menos um
recurso estiver limitado no meio. Caso o meio forneça o recurso em quantidade
suficiente para atender a demanda de ambos os indivíduos, o simples fato de estarem
convivendo não garante que a competição vai se estabelecer (CARVALHO, L.B, 2013).
Como se sabe todos os manejos feitos na lavoura, dentre eles a adubação são visando
atender apenas a demanda da cultura, logo na existência das plantas daninhas ocorrerá
a competição. Os principais recursos que geram a competição (água, nutrientes, CO2 e
luz).
O grau de competição entre plantas daninhas e cultura pode ser alterado em
função do período em que a comunidade estiver disputando determinado recurso. No
início do ciclo de desenvolvimento, a cultura e as plantas daninhas podem conviver por
um determinado período sem que ocorram danos à produtividade da cultura
(BRIGHENTI et al., 2004). Pois o meio é capaz de fornecer os recursos de crescimento
necessários à comunidade infestante e a cultura (VELINI, 1992).
Na competição entre plantas daninhas e plantas cultivadas, ambas as partes são
prejudicadas, porém as daninhas sempre levam vantagem competitiva por
apresentarem uma maior habilidade no aproveitamento dos elementos vitais
disponíveis. Essas plantas possuem a capacidade de acumular nutrientes em seus
tecidos vegetais, em quantidades muito maiores do que as plantas cultivadas. O
conteúdo médio das plantas daninhas é de aproximadamente duas vezes mais
nitrogênio, 1,6 vezes mais fósforo, 3,5 vezes mais potássio, 7,6 vezes mais cálcio e 3,3
vezes mais magnésio que as plantas cultivadas. (LORENZI, 2008). Porém esses valores
variam de espécie para espécie, de acordo com as exigências e capacidade dessas
plantas em absorvê-los.
Diversos autores ressaltam ainda que a época e extensão desses períodos
podem ser afetadas por diversos fatores, entre os quais se destaca a adubação mineral,
principalmente a nitrogenada, que pode favorecer tanto o crescimento da cultura quanto
das plantas daninhas. Dessa maneira, os períodos críticos de interferência poderão ser
reduzidos ou estendidos, afetando o período ideal para ser realizado o controle da
comunidade infestante.
15
2.4 ALELOPATIA
É uma forma de causar interferência, porém ocorre de maneira da competição,
pois na competição há a redução de um ou mais fatores ambientais primordiais para o
desenvolvimento das espécies em um mesmo ecossistema, enquanto que na alelopatia
adiciona-se um fator ao meio, que são as substâncias aleloquímicas (RODRIGUES, N.C
2016).
Quando essas substâncias são liberadas em quantidades suficientes causam
efeitos em diferentes processos fisiológicos da planta como: inibição da germinação,
assimilação de nutrientes, crescimento de plântulas, respiração, fotossíntese, síntese
proteica, atividade enzimática e permeabilidade da membrana celular, afetando
crescimento e desenvolvimento de plantas já estabelecidas e, ainda, no
desenvolvimento de microrganismos (RODRIGUES, N. C 2016).
Essas substâncias são oriundas de processos metabólicos secundários da
planta e em geral maior parte dos mesmos são sintetizados nas folhas, são quatro
principais vias de síntese: via do ácido malônico, via do ácido chiquímico, via do ácido
mevalônico, via do ácido 3-fosfoglicérico. Destas vias originam as substâncias
alelopáticas de três grupos terpenos, grupos fenólicos e nitrogenados. (SEDIYAMA. T
et al 2015).
A liberação ocorre por volatilização, compostos voláteis ou por lixiviação,
exsudação radicular e decomposição dos restos vegetais, na qual os compostos são
liberados na forma líquida.
O processo de liberação ocorre da seguinte forma: na lixiviação, as substâncias
são solúveis em água, sendo lixiviadas pela chuva, da parte aérea da planta, das raízes
ou, mesmo, dos resíduos vegetais que estão em processo de decomposição para o
solo. Havendo a exsudação radicular os aleloquímicos são liberados na rizosfera,
atuando nas interações entre plantas a na ação de microrganismos. E na liberação de
compostos por decomposição, ocorrerá a ação dos microrganismos, de maneira direta
ou indireta (RODRIGUES, N. C 2016).
Os processos alelopáticos podem ser vistos de forma positiva ou negativa.
Preferencialmente é visto causando interferência no desenvolvimento das culturas de
interesse, onde se avalia possíveis substâncias presentes em plantas daninhas que
causem efeitos alelopático sobre as culturas. Segundo Guidotti et al. (2013), a exposição
de plântulas de soja a dopamina, reduziu o comprimento das raízes e também diminuiu
o peso, tanto da raiz fresca quanto da raiz seca.
16
Em trabalho realizado por (MOREIRA, G. C et. al 2012) foi verificado que as
plantas de Capim- Amargoso não promoveu interferência alelopática na germinação de
soja, através de substâncias extraídas de folhas e colmos.
Os estudos hoje buscam usar isso a favor do agricultor e ambiente, onde estas
substâncias podem servir para geração de herbicidas naturais.
2.5 FATORES FISIOLÓGICOS AFETADOS POR INTERFERÊNCIA DE PLANTAS
DANINHAS
Quando a cultura está submetida a interferência por plantas daninhas ocorre
prejuízos que acarretam em perda de produtividade, sendo este o fator mais
evidenciado nos estudos, porém por trás disto existe os processos no qual culminará
em perda de produção.
A soja, apesar de menos eficiente na extração de água do solo do que algumas
plantas daninhas (PROCÓPIO et al., 2004), apresenta maior eficiência no uso da
radiação que outras (SANTOS et al., 2003). Contudo, as plantas daninhas apresentam
grande capacidade competitiva em campo, em razão da maior densidade populacional
e da melhor utilização de outros recursos como água e nutrientes (PROCÓPIO et al.,
2004, 2004; FERREIRA et al., 2011), tal fato pode ser explicado pelas diferenças
relacionadas às características fisiológicas e outro fator que entra em questão é o
melhoramento genético, já que as plantas cultivadas sofrem com programas de
melhoramento visando agregar qualidades agronômicas (número de vagens, número
de grãos por vagem, massa de grãos), logo estas deixam de ser rústicas e perdem o
poder competitivo por recursos (BRIGHENTI, A.M et. al 2011).
A atividade fotossintética pode sofrer alterações indiretas pela competição com
plantas daninhas, exemplo da competição por água que leva a uma deficiência hídrica,
em que a cultura reduz as perdas de água pelo fechamento dos estômatos, reduzindo
o influxo de CO2 e a fotossíntese pela deficiência desse substrato (FLOSS, 2008).
Em estudo realizado por (FERREIRA, E. A et.al 2015) pode ser observado que
na presença de competição, a planta de soja fecha seus estômatos, na tentativa de
evitar estresse hídrico, consequentemente haverá diminuição das trocas gasosas,
afetando negativamente a taxa fotossintética que também irá diminuir.
O fato dos estômatos se fecharem culminou também em menor acúmulo de
massa seca, dependendo da densidade das plantas daninhas, essa redução chega a
90 %.
17
3. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na casa de vegetação da Universidade Federal de
Mato Grosso, situada no município de Sinop, MT. A cidade está localizada a 11º 50’ de
latitude Sul e 55º 38’ de longitude Oeste, com uma altitude média de 380 metros.
Segundo a KÖPPEN e GEIGER o clima da região é o AW, com temperatura média anual
de 25ºC e precipitação de 1818 mm.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC), no esquema
fatorial 5x3 (5 tratamentos e 3 tempos), com 4 repetições. Para a avaliação dos
parâmetros da soja, os tratamentos foram os seguintes:
T0 = Uma planta de soja (TESTEMUNHA)
T1 = Uma planta de soja + uma planta de Digitaria insularis
T2 = Uma planta de soja + duas plantas de Digitaria insularis
T3 = Uma planta de soja + três plantas de Digitaria insularis
T4 = Uma planta de soja + quatro plantas de Digitaria insularis.
O experimento começou com 12 vasos para cada tratamento, sendo que em
cada tempo (avaliação) foram utilizados apenas 4 que formaram as repetições de cada
tratamento.
Utilizou-se vasos de plástico com capacidade de 10 L, preenchidos com solo de
textura argilosa, cuja análise química é apresentada na tabela 2.
Tabela 2. Análise físico química do solo utilizado no estudo, Sinop- MT
2017.
Análise Granulométrica
Areia Silte Argila Classificação
Textural
26,50% 19,60% 53,90% Argiloso
Análise Química
pH M.O P H + K Ca Mg SB CTC V %
CaCO3 g/dm3 mg/dm3 --------------------------cmolc/dm3---------------------------
4,7 16,68 2,68 4,67 0,05 2,49 0,48 3,02 7,69 39,27
A análise de solo foi realizada de acordo com a metodologia de (RAIJ et. al 2001)
e as quantificações foram no Laboratório de Análises de Solos obtida pela Tabela1. O
estudo se iniciou em outubro sendo realizado o preenchimento dos vasos, o plantio das
sementes de Capim- Amargoso ocorreu antes da Soja, pois as sementes de plantas
daninhas possuem a característica de dormência e quiescência, ou seja, mesmo em
18
condições ambientais favoráveis estas não germinam (CARVALHO, L. B, 2013), foram
coletadas in situ em campos de lavoura próximo a região. Após a germinação das
plantas daninhas e desenvolvimento inicial desta foi feito a eliminação do número
excedente de planta dependendo do tratamento, após ocorreu o plantio da soja (LG
60177 IPRO), uma cultivar com tecnologia intacta, com ciclo de 105 dias, altamente
produtiva. Além disso foi adubado com formulado 4-14-8 com 6,35 gramas por vaso,
atingindo os níveis adequados ao desenvolvimento da cultura.
As avaliações ocorreram aos 10, 25, 35 dias após a emergência da soja, pois de
acordo com (VAN ACKER et. al 1993) a média do período crítico a interferência de
competição na soja ocorre entre 9 a 38 dias após a emergência, foi coletada uma planta
em cada repetição, as quais as variáveis analisadas foram: altura das plantas,
comprimento de raiz, volume de raiz, massa fresca de parte aérea e raiz e área foliar.
Nos dias que foi realizado as análises necessitou de retirar as plantas fazendo
uso de água, pois as plantas não podiam ser arrancadas, já que se feito isso culminaria
em destruição das raízes, interferindo no resultado, além disso foi utilizado peneiras
para reter algumas raízes que viessem a quebrar. Após isso iniciou as medições da
altura de planta e raízes. Depois foram desprendidas as folhas das plantas para
mensuração da área foliar, e por último a pesagem em balança de precisão da massa
fresca da parte aérea e raiz de forma separada.
A área foliar foi obtida por auxílio do integrador de análise foliar através do
equipamento (Li- cor 3100), quantificando em cm2 área foliar das plantas. O volume de
raiz através da metodologia descrita por (BASSO 1999), onde se utiliza uma proveta
com volume conhecido, sendo preenchida por água e posteriormente será inserida a
raiz, a variação do volume de água será referente ao volume de raiz, assim a cada uma
ml medido na proveta é equivalente a um cm3 de raiz.
Os materiais foram separados em parte aérea e raiz e colocados em sacos de
papel e posteriormente pesados em balança analítica de precisão obtendo a massa
fresca, após isso foram colocados em estufa para obter massa seca, o método utilizado
foi o convencional, por estufas de circulação forçada de ar com temperatura em torno
de 65° C, levando em média 48 a 72 horas (NARASIMHALU, P 1982).
As mensurações das plantas tanto sua altura como dimensões de raízes foram
realizadas por meio de régua milimetrada.
Análise Estatística
Os dados foram submetidos a análise de variância pelo teste F (p<0,05) e as
médias comparadas pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade.
19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela apresenta o esquema da análise de variância, segundo o esquema
fatorial para alguns parâmetros da soja. É possível observar efeito significativo em todas
as causas de variação (p<0,05).
Tabela 3.Esquema da análise de variância, para os parâmetros Área foliar,
Altura, e dimensão da raiz da soja:
FV GL
Significância (p-valor)
Área Foliar (cm2) Altura (cm) Comprimento raiz (cm)
Avaliação (A) 2 0,0000 0,0000 0,0000
Tratamentos (T) 4 0,0000 0,0000 0,0000
A x T 8 0,0335 0,0001 0,0000
Coeficiente de variação (%) 22,61 9,32 19,90
Por meio da análise de variância, os parâmetros de desenvolvimento área foliar,
altura e comprimento da raiz da planta de soja foram significativos nas épocas que
houve a avaliação e para os tratamentos a nível de 1% de probabilidade.
Houve interação entre as fontes de variação avaliação (A) e tratamento (T) sendo
a nível de 5 % de probabilidade para área foliar e a 1% para altura e dimensão de raiz.
No gráfico 1 mostra o desdobramento da interação para a área foliar da soja.
Percebe-se que a partir da segunda avaliação os tratamentos não apresentaram
comportamentos semelhantes, havendo redução da área foliar da soja quando em
convivência com plantas de Digitaria insularis. Demonstrando que a soja diferente das
daninhas direciona seus fotoassimilados para parte aérea no intuito de promover
fechamento do dossel e logo causar sombreamento nas daninhas (GALON, L et al
2009).
Para a primeira avaliação não houve diferença significativa, pois, a primeira
observação ocorreu 10 dias após a germinação, estando a soja em estádio V2. Desta
forma este período que decorreu se compreende ao período anterior a interferência
(PAI), ao qual as plantas daninhas não ocasionam interferência a cultura.
A formação de folhas define a habilidade do dossel em interceptar a radiação
fotossinteticamente ativa, sendo considerado fator determinante no acúmulo de massa
seca pelas plantas (SILVA et al., 2004).
20
Gráfico 1 Comparação de médias para a área foliar da soja:
* diferença significativa à 5% de probabilidade pelo Teste de Skott-Knott
No gráfico 2 são apresentados os resultados quanto à altura de plantas. Houve
interferência apenas na segunda avaliação, podendo observar que quanto maior a
população da planta daninha maior redução de altura da cultura. Na primeira e terceira
não houve diferença dos tratamentos em relação a testemunha. Esse resultado pode
ser atribuído a alterações na qualidade e intensidade da luz incidente sobre as plantas
de soja, que irão afetar o desenvolvimento das plantas cultivadas (Ballare & Casal,
2000). Fazendo com que as plantas de soja sejam estimuladas a crescerem em altura,
numa tentativa de evitar a superioridade das daninhas na competição, captando o
máximo da radiação disponível e sombreando as plantas daninhas, no caso Capim-
Amargoso (GALON, L et al 2009). Este crescimento de plantas de soja quando em
convívio com Digitaria insularis foi realizado por alongamento das células, ocasionado
estiolamento, podendo ser observado no parâmetro massa seca de parte aérea (gráfico
7), onde as plantas tendo mesma altura, apresentavam massa seca, ou seja carbono
fixado pela fotossíntese, em quantidades inferiores. Isto pode culminar ao final do ciclo
as plantas estarem sujeitas ao tombamento e acamamento.
144,49 157,17120,16 117,58
80,85
464,17
365,27*333,01*
277,7* 269,54*
794,94755,19 740,65
587,69*
451,34*
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0 1 2 3 4
Área Foliar (cm2)
primeira segunda terceira
21
Gráfico 2. Comparação de médias para altura de planta da soja:
* diferença significativa à 5% de probabilidade pelo Teste de Skott-Knott
No que diz respeito à comprimento de raiz, não houve variação significativa entre
as avaliações para os tratamentos 2 e 3. Quando se comparou os tratamentos na
primeira avaliação, os tratamentos 2 e 3 apresentaram comprimento de raiz superior
aos demais tratamentos, como a avaliação ocorreu 10 dias após a germinação,
compreendendo ao (PAI), não houve ação da planta daninha e por conta deste cultivo
ser feito dentro de casa de vegetação com condições ideais ao desenvolvimento
inicialmente não foram necessárias as plantas investirem em raiz. Na segunda e terceira
avaliação foi observado que a presença da planta daninha interferiu no desenvolvimento
da raiz, quanto maior a população de Capim- amargoso maior a interferência e menor o
desenvolvimento da raiz da soja. Segundo (PROCÓPIO, S.O et al 2004) ocorre porque
diferentes das plantas daninhas que em seu desenvolvimento inicial dirige seus
fotoassimilados para raiz no intuito de atingir maior profundida de solos as plantas
cultivadas buscam desenvolvimento de parte aérea.
3127,25 25,75
23,5 25,75
46,543,25
33,75*37,25*
26,25*
5253,75 53,25 53,5
50
0
10
20
30
40
50
60
0 1 2 3 4
Altura de Planta
primeira segunda terceira
22
Gráfico 3. Comparação de médias para comprimento de raiz da soja:
* diferença significativa à 5% de probabilidade pelo Teste de Skott-Knott
Na tabela 4 é mostrado o esquema da análise de variância para os parâmetros:
Volume, Massa fresca da parte aérea e da raiz. Observa-se que em todos os fatores
houve efeito significativo dos fatores de forma isolada e também da interação (p<0,05).
Tabela 4. Esquema da análise de variância, para os parâmetros Volume de
raiz, Massa fresca da parte aérea e Massa fresca da raiz das plantas de soja:
FV GL
Significância (p-valor)
Volume (cm3) M F Aérea (g) M F Raiz (g)
Avaliação (A) 2 0,0000 0,0000 0,0000
Tratamentos (T) 4 0,0000 0,0000 0,0000
A x T 8 0,0000 0,0000 0,0036
Coeficiente de variação (%) 21,66 24,35 43,76
Assim como na dimensão de raiz, o volume de raiz (gráfico 4) da soja para
primeira e segunda avaliação não se configurou efeito da interferência da planta daninha
em estudo.
Na terceira avaliação ficou evidenciado a interferência da intensidade de plantas
daninhas em relação do volume de raiz da soja, em que os tratamentos 3 e 4
apresentaram menores volumes de raiz quando comparado aos demais tratamentos.
28*24,75*
43,2537,25
18,75*
52,5
38,75*
30,25* 28,25*22,25*
65
53,75*
37,75*35* 35,25*
0
10
20
30
40
50
60
70
0 1 2 3 4
Comprimento de Raiz (cm)
primeira segunda terceira
23
Gráfico 4. Comparação de médias para volume de raiz:
* diferença significativa à 5% de probabilidade pelo Teste de Skott-Knott
No que tange a massa fresca da parte aérea da soja (gráfico 5), percebe a
interferência da soja a partir da segunda avaliação, quando da comparação dos
tratamentos. Diferente do que ocorreu no parâmetro de análise de raiz a cultura da soja
se desenvolveu ao longo do ciclo sua parte aérea, isto pode ser observado pelas letras
minúsculas em todos os tratamentos.
Isto se justifica porque ao contraria das plantas daninhas a soja não investe seu
desenvolvimento inicial em raiz e sim na sua parte aérea, numa tentativa de promover
o sombreamento das plantas invasoras.
O tratamento que causou maior interferência foi o 4 com maior número de
Capim- Amargoso em convivência com a soja.
Por meio dos parâmetros que da raiz e da altura de planta nos indica que a soja
não teve seu desenvolvimento inicial focado em desenvolvimento de raiz, neste estudo
que foi realizado em casa de vegetação o único recurso limitante que gera competição
foi os nutrientes, isto porque foi feita a adubação para atender a exigências apenas da
soja, desta forma a cultura teve um menor aproveitamento deste culminando em menor
massa fresca na presença do capim amargoso.
As plantas daninhas beneficiam-se mais das adubações do que as espécies
cultivadas, por absorverem os nutrientes com maior eficiência e em maior quantidade.
Assim, a adubação pode estimular o maior crescimento de plantas daninhas, reduzindo
ainda mais a produtividade da cultura econômica (FLECK, N. G. 1992).
2* 2*
3,17 3
1*
5,5
4* 3,75*4,5
3*
10
9
7*
4* 3,75*
0
2
4
6
8
10
12
0 1 2 3 4
Volume de Raiz (cm3)
primeira segunda terceira
24
Gráfico 5. Comparação de médias para massa fresca de parte aérea:
* diferença significativa à 5% de probabilidade pelo Teste de Skott-Knott
O comportamento dos tratamentos no que diz respeito à Massa fresca de raiz
(gráfico 6) foi semelhante nas duas primeiras avaliações. Na terceira avaliação a
testemunha apresentou maior valor de massa seca da raiz quando comparada aos
demais tratamentos, evidenciando a ação do capim amargoso sobre a soja.
Gráfico 6. Comparação de médias para massa fresca de raiz:
* diferença significativa à 5% de probabilidade pelo Teste de Skott-Knott
4,58 4,25 3,48 3,62,52
13,47
9,46* 9,41*7,51*
4,56*
23,41
20,5 20,47
15,52*
9,03*
0
5
10
15
20
25
0 1 2 3 4
Massa fresca de parte aérea (gramas)
primeira segunda terceira
2,59 2,99
1,552,53
0,66
6,47
4,26 4,2
2,8 2,45
12,78
6,7*
7,73*
4,12*3,22*
0
2
4
6
8
10
12
14
0 1 2 3 4
Massa fresca de Raiz (gramas)
primeira segunda terceira
25
Na tabela 5 é apresentado o esquema de análise de variância para os
parâmetros: massa seca da parte aérea e da raiz das plantas de soja. Houve efeito
significativo para todas as fontes de variação testadas (p<0,05).
Tabela 5. Esquema da análise de variância, para os parâmetros, Massa seca
da parte aérea e Massa seca da raiz das plantas de soja:
FV GL
Significância (p-valor)
Massa seca da parte aérea Massa seca da raiz
Avaliação (A) 2 0,0000 0,0000
Tratamentos (T) 4 0,0000 0,0000
A x T 8 0,0008 0,0043
Coeficiente de Variação (%) 24,31 42,93
No gráfico 7 tem-se as informações quanto a massa seca da parte aérea.
Na segunda avaliação vê-se claramente a interferência da Digitaria insularis, pois a
testemunha apresentou maior valor de massa seca, já na terceira avaliação, o
tratamento com 4 plantas de capim-amargoso em convivência com a soja (T4), foi o que
apresentou o menor valor. Radosevich et al.1997, explicam que a presença da planta
daninha no meio, faz com que os recursos disponíveis se tornem escassos gerando a
competição, sendo o suficiente para que a planta de soja entre em estresse para
realização do acúmulo de matéria seca.
Gráfico 7. Comparação de medias para massa seca de parte aérea:
* diferença significativa à 5% de probabilidade pelo Teste de Skott-Knott
1,16 1,07 0,88 0,90,63
3,37
2,37* 2,35*1,87*
1,16*
5,86
5,13 5,12
3,89*
2,26*
0
1
2
3
4
5
6
7
0 1 2 3 4
Massa seca de parte aérea (gramas)
primeira segunda terceira
26
A massa seca de raiz (gráfico 8) apresento a mesma resposta que a parte aérea,
não havendo interferência de Digitaria insularis sobre a soja independentemente do
nível populacional na primeira avaliação. Isto é explicado por VAN ACKER et. al 1993,
na qual a planta de soja pode ter o convívio com as plantas daninhas nos primeiros 9
dias após a emergência sem haver interferência.
Na segunda avaliação a interferência foi vista em todos tratamentos, os quais
diferiram da testemunha e na última avaliação a maior interferência foi gerada pelos
tratamentos 3 e 4. Além disso pode ser observado que os tratamentos 3 e 4 os acúmulos
de massa seca da soja foi estático, não tendo aumento ao longo do ciclo. Por meio do
estudo de (MACHADO, A.F.L. et al 2006), as plantas de Digitaria insularis, realizam
acúmulo de matéria seca de raiz, pois após os 45 dias de desenvolvimento estas entram
em estádio reprodutivo necessitando da formação de rizomas para realizarem a
perpetuação da espécie. Isto culminou no não desenvolvimento das raízes da planta de
soja.
Gráfico 8. Comparação de médias para massa seca de raiz:
* diferença significativa à 5% de probabilidade pelo Teste de Skott-Knott
0,65 0,75
0,390,64
0,17
1,72
1,12* 1,05*
0,71* 0,61*
3,2
1,68*1,93*
1,05*0,83*
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 1 2 3 4
Massa seca de raiz (gramas)
primeira segunda terceira
27
5. CONCLUSÃO
Pode se concluir por meio deste estudo que a presença de Digitaria insularis
(Capim - Amargoso), interfere significativamente no desenvolvimento da cultura da Soja,
podendo ser observado pelos parâmetros de desenvolvimento, sendo essa interferência
devido ao efeito da ação da competição e/ou alelopatia.
O convívio com apenas uma planta de Digitaria insularis já é o suficiente para
que haja interferência sobre a planta de soja, sendo que os níveis de população que
geraram maior competição, culminando em maior interferência, foram na presença de 3
e 4 plantas daninhas por vaso.
28
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