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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DE UM ALGORITMO ITERATIVO PARA A AVALIAÇÃO DE DESLOCAMENTOS ESTRUTURAIS ATRAVÉS DE IMAGENS RAFAELLE PIAZZAROLI FINOTTI AMARAL JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA DA UFJF 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DE UM ALGORITMO ITERATIVO PARA A

AVALIAÇÃO DE DESLOCAMENTOS ESTRUTURAIS ATRAVÉS DE IMAGENS

RAFAELLE PIAZZAROLI FINOTTI AMARAL

JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UFJF

2014

IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DE UM ALGORITMO ITERATIVO PARA A

AVALIAÇÃO DE DESLOCAMENTOS ESTRUTURAIS ATRAVÉS DE IMAGENS

Trabalho Final de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Engenharia Civil da

Universidade Federal de Juiz de Fora, como

requisito parcial à obtenção do título de

Engenheira Civil.

Área de Conhecimento: Processamento de

imagens para avaliação de deslocamentos

estruturais.

Orientador: Flávio de Souza Barbosa

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia da UFJF

2014

IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DE UM ALGORITMO ITERATIVO PARA A

AVALIAÇÃO DE DESLOCAMENTOS ESTRUTURAIS ATRAVÉS DE IMAGENS

RAFAELLE PIAZZAROLI FINOTTI AMARAL

Trabalho Final de Curso submetido à banca examinadora constituída de acordo com o Artigo

9o do Capítulo IV das Normas de Trabalho Final de Curso estabelecidas pelo Colegiado do

Curso de Engenharia Civil, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de

Engenheira Civil.

Aprovado em: 21/07/2014

Por:

_____________________________________

Prof. Flávio de Souza Barbosa (orientador)

_____________________________________

Prof. Alexandre Abrahão Cury

_____________________________________

Prof. Fernando Marques de Almeida Nogueira

Dedico este trabalho a Deus,

criador do universo. Também o faço

aos meus pais, os quais amo muito.

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, que permitiu que tudo isso acontecesse ао longo dе minha

vida, е nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos é o maior

mestre quе alguém pode conhecer.

À Santa Rita de Cássia, a qual sou devota e várias vezes recorri em momentos de necessidade.

Aos meus pais, Devailton e Cleide, meus maiores exemplos e a quem devo tudo que sou,

obrigada pelo amor incondicional, incentivo e apoio à minha formação desde sempre. Vocês

são únicos e meu agradecimento é eterno.

Aos meus irmãos, Renan e Rafael, pela amizade, afeto e companheirismo. Em especial ao

meu irmão Renan, que esteve presente ao longo desses cinco anos me ajudando de diversas

maneiras e que se fez presente em todos os momentos.

Aos meus familiares que sempre acreditaram muito em mim e me ajudaram no que foi

preciso.

Aos meus amigos de Extrema, que sempre estiveram ao meu lado. Às minhas queridas

Eduarda, Raquel e Lídian, que fizeram parte da minha formação e se tornaram grandes

amigas, que levarei para toda vida.

Ao meu namorado Bruno, que me incentivou, acompanhou e me ajudou nesta jornada.

Obrigada pelo amor, amizade, carinho e principalmente paciência.

Agradeço imensamente ao meu querido orientador Flávio Barbosa, por acreditar em mim, por

sua paciência e apoio, e a quem tanto devo pelo meu crescimento acadêmico.

À FAPEMIG por ter investido em mim, cedendo uma bolsa de iniciação científica para essa

pesquisa.

E finalmente, agradeço à Universidade Federal de Juiz de Fora por oferecer acesso ao ensino

superior com qualidade, e a todos os meus professores da Faculdade de Engenharia por

transmitirem conhecimento, me ajudando chegar até aqui.

Resumo

IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DE UM ALGORITMO ITERATIVO PARA A

AVALIAÇÃO DE DESLOCAMENTOS ESTRUTURAIS ATRAVÉS DE IMAGENS

Rafaelle Piazzaroli Finotti Amaral

Julho/2014

Orientador: Flávio de Souza Barbosa

Nos últimos anos, o desenvolvimento da tecnologia tem contribuído de forma

significativa na área de Engenharia Civil. Um exemplo desse avanço é o Processamento

Digital de Imagens (PDI) que é, de fato, de apropriada aplicação em diversas situações. Uma

delas é o emprego de imagens na análise de deslocamentos estruturais, substituindo sensores -

extensômetros e acelerômetros - que necessitam estar sempre em contato direto com a

estrutura analisada. Quando se necessita determinar deslocamentos em lugares de difícil

instalação de sensores, a câmera digital pode então ser de grande utilidade.

Desta forma, busca-se neste trabalho implementar e validar um código computacional

baseado no Método dos Mínimos Quadrados e de Newton-Raphson que, partindo-se de

imagens da estrutura monitorada, seja capaz de calcular o deslocamento em alguns pontos de

interesse.

Os resultados obtidos mostram que os deslocamentos calculados com o algoritmo

desenvolvido aproximam-se bastante aos deslocamentos reais, e a partir desses dados, pode-se

afirmar que o Processamento Digital de Imagens é uma ferramenta capaz de ajudar a

Engenharia Civil na análise do comportamento dinâmico das estruturas.

Sumário

Capítulo 1

Introdução .............................................................................................................................................. 5

1.1 Motivação ................................................................................................................................ 5

1.2 Objetivo ................................................................................................................................... 9

1.3 Escopo ................................................................................................................................... 10

Capítulo 2

O Processamento Digital de Imagens ................................................................................................ 11

2.1 Representação da Imagem Digital ......................................................................................... 11

2.2 Aquisição da Imagem Digital ................................................................................................ 14

2.3 Referencial Espaço-Imagem e Referencial Espaço-Objeto ................................................... 15

2.4 Técnicas de segmentação no Processamento da Imagem Digital ......................................... 16

2.4.1 Limiarização ou Binarização ......................................................................................... 16

2.4.2 Detecção de Bordas ....................................................................................................... 18

Capítulo 3

Métodos Núméricos ............................................................................................................................. 19

3.1 Método dos Mínimos Quadrados .......................................................................................... 19

3.2 Método de Newton-Raphson ................................................................................................. 24

3.2.1 Newton-Raphson para uma variável ............................................................................. 24

3.2.2 Newton-Raphson para múltiplas variáveis .................................................................... 28

3.3 Método dos Mínimos Quadrados e Newton-Raphson para uma circunferência ................... 30

Capítulo 4

Aplicação dos métodos numéricos ao processamento de imagens no cálculo dos deslocamentos 33

4.1 Algoritmo: Processamento de imagens ................................................................................. 33

4.2 Algoritmo: Métodos Numéricos ............................................................................................ 34

Capítulo 5

Validação da Metodologia .................................................................................................................. 36

Capítulo 6

Conclusões ............................................................................................................................................ 41

Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 42

ANEXO A .................................................................................................................................... 44

5

Capítulo 1

Introdução

1.1 Motivação

O projeto de uma obra de engenharia deve ser elaborado visando uma vantajosa

relação custo-benefício, aliando especificações técnicas, qualidade, segurança e bom

desempenho. A estrutura deve resistir aos diversos carregamentos e ações que irão atuar ao

longo de toda sua vida útil.

Peso próprio e cargas permanentes, concentradas ou distribuídas, são ações que

originam respostas estáticas, ou seja, permanecem constantes ao longo do tempo. Já as ações

que variam no tempo como vento, tráfego de veículos, sismos, entre outros, são chamadas de

ações dinâmicas.

A análise feita para ações estáticas é bem mais simplificada do que para ações

dinâmicas e, geralmente, já é o suficiente para definir e interpretar o comportamento da

estrutura. Porém, com o avanço das tecnologias de materiais e equipamentos utilizados na

engenharia, as estruturas vêm se tornando cada vez mais esbeltas, leves e flexíveis, tendendo a

apresentar problemas de caráter dinâmico, obrigando assim a um conhecimento mais

detalhado sobre o seu desempenho estrutural. Por esses motivos, o desenvolvimento do estudo

de deslocamentos e vibrações das estruturas se faz de suma importância.

Pode-se citar o caso da construção de pontes, que são projetadas com peças mais

esbeltas e maiores, em que o estudo da dinâmica torna-se imprescindível para evitar

fenômenos de ressonância - como o que ocorreu na ponte de Tacoma Narrows, EUA (figura

1), levando-a a ruptura; na ponte do Milênio, Londres, Inglaterra; e na ponte Rio-Niterói, no

Brasil - além de reduzir o efeito de fadiga e proporcionar segurança e conforto aos usuários.

6

Figura 1: Ponte de Tacoma Narrows. Foto de University of Washington Libraries. Special

Collections Division [1].

Os edifícios também podem ser citados no estudo da dinâmica, principalmente quanto

às ações relacionadas ao vento, já que atualmente verifica-se uma tendência, nas construções,

de alturas cada vez mais elevadas (figura 2).

Figura 2: Edifícios mais altos do mundo. Extraída da internet [2].

7

Também é necessário se conhecer o comportamento dinâmico em estruturas

ferroviárias. As rodas do trem, quando entram em contato com o trilho, exercem uma pressão

sobre ele, acarretando vibrações e causando fadiga nos trilhos, comprometendo assim a

segurança da via.

Diversos trabalhos já foram feitos nessa área, com aplicação do Processamento Digital

de Imagens visando o cálculo dos deslocamentos e, que obtiveram bons resultados. Pode-se

citar o trabalho realizado por BARBOSA, S. F. et al. [3], onde se monitorou duas passarelas

de pedestres, ambas as estruturas formadas por vigas treliçadas e tabuleiro de concreto, uma

em Brasília – DF e outra em João Pessoa – PB, conforme mostra a figura 3 abaixo:

a) Joao Pessoa, PB – Brasil

c) Alvos utilizados no monitoramento via

câmera.

b) Brasília, DF - Brasil

d) Câmera de alta definição utilizada. uh

Figura 3: Monitoramento de passarelas com vigas treliçadas e tabuleiro de concreto.

Extraída de BARBOSA, F. S. et al. [3].

8

Outro exemplo é o trabalho de ROCHA, S. S. & BARBOSA, F. S. [4], mostrado na

figura 4, onde foi estudado o comportamento dinâmico das estruturas ferroviárias quando

submetidas à passagem de um trem, aplicando-se também as técnicas de processamento de

imagens para obtenção dos dados experimentais.

a) Esquema do ensaio realizado

b) Foto da filmagem realizada.

Figura 4: Monitoramento de estrutura ferroviária. Extraída de ROCHA, S. S. & BARBOSA,

F. S. [4].

Tem-se também, utilizando teoria semelhante aos exemplos anteriores, o estudo de

OLIVEIRA, M. H. Z. et al. [5], onde se calculou os deslocamentos de uma viga engastada e

livre, conforme ilustrado na figura 5.

9

Figura 5: Monitoramento de uma viga metálica. Extraída de OLIVEIRA, M. H. Z. et al. [5].

Tendo em vista os pontos explicitados anteriormente, a proposta do presente trabalho é

facilitar a análise dos deslocamentos nas estruturas em geral, instalando-se um alvo circular

na estrutura, e por meio do Processamento Digital de Imagens, identificar seus problemas

dinâmicos. Neste trabalho, utiliza-se a câmera digital como ferramenta de monitoramento,

substituindo sensores como extensômetros e acelerômetros, já que estes precisam estar

sempre em contato direto com a estrutura analisada. Portanto, quando se necessita determinar

os deslocamentos em lugares de difícil instalação dos sensores, a câmera digital pode ser de

grande utilidade.

1.2 Objetivo

O presente trabalho visa apresentar e validar um algoritmo cuja função é processar as

imagens, geradas sinteticamente, de um alvo circular instalado em um modelo estrutural

monitorado, e assim calcular os deslocamentos do modelo na região de interesse. Para tanto,

utilizou-se técnicas de segmentação do Processamento Digital de Imagens, a fim de se

evidenciar os pontos da borda do círculo e, posteriormente, utilizou-se o Método dos Mínimos

Quadrados e o Método de Newton-Raphson, para aproximar os pontos da borda a uma curva

que os represente da melhor forma e calcular a posição do círculo.

10

1.3 Escopo

O primeiro capítulo deste trabalho traz uma breve apresentação do tema, sua

importância e motivação.

No segundo capítulo, introduziu-se o conceito do Processamento Digital de Imagens,

abordando os fundamentos utilizados na concepção do algoritmo.

O terceiro capítulo trata da teoria dos métodos numéricos envolvidos nos cálculos

realizados pelo algoritmo, o Método dos Mínimos Quadrados e o Método de Newton-

Raphson.

O quarto capítulo tem o propósito de explicar o algoritmo do trabalho, mostrando

como foram utilizados o processamento de imagens e os métodos numéricos apresentados

para cálculo de deslocamentos.

Com o objetivo de validar a metodologia apresentada, o quinto capítulo expõe a

aplicação do algoritmo em um vídeo sintético e compara os resultados dos deslocamentos

calculados pelo programa com os deslocamentos reais.

No sexto e último capítulo são expostas as conclusões e considerações finais.

No anexo A, encontra-se o código em do algoritmo em Matlab.

11

Capítulo 2

O Processamento Digital de Imagens

O principal objetivo de realizar o processamento de uma imagem é modelá-la de

acordo com o necessário para aplicações em casos específicos. Essa modelagem consiste na

utilização de técnicas que visam evidenciar e aperfeiçoar pontos de interesse de acordo com a

finalidade.

Neste capítulo serão abordados os principais conceitos envolvidos na aquisição digital

de imagens, sua representação e processamento utilizados neste trabalho, de acordo com

VILELA, A. R. [6] e GONZALEZ, R. C. & WOODS, R. E. [7].

2.1 Representação da Imagem Digital

A imagem pode ser entendida como uma função bidimensional de intensidade de luz

( , )f i j em que o valor de f no ponto de coordenadas ( , )i j é proporcional à intensidade de

luz ou de brilho da imagem neste mesmo ponto. O valor de ( , )f i j está relacionado à energia

irradiada pela fonte e a capacidade de reflexão da superfície iluminada.

Para a representação da imagem é necessário definir seus eixos coordenados. A figura

6 apresenta a convenção do sistema de eixos adotado neste trabalho e que é chamado de

referencial de tela.

12

Figura 6: Convenção do sistema de eixos. Adaptada da internet [8].

Em uma imagem monocromática, o valor da intensidade de f em ( , )i j representa o

nível de cinza L da imagem no respectivo ponto e está definido no intervalo min max[ , ]L L

sendo minL e maxL os valores mínimo e máximo que f pode assumir, onde minL

corresponde ao preto, maxL ao branco e os valores intermediários a estes são níveis de cinza

variando do preto ao branco.

Para que essa imagem seja digitalizada sua função ( , )f i j deve ser discretizada

através da aproximação por elementos igualmente espaçados dispostos em uma matriz

N xM , onde *,i j N , com 1 i N e 1 j M , como mostrado na equação abaixo:

1,1 1,2 1,

2,1 2,2 2,,

,1 ,2 ,

f f f M

f f f Mf i j

f N f N f N M

(2.1.1)

13

Os elementos desta matriz são denominados, em inglês, de picture elements, mais

popularmente conhecidos como pixels. Logo, uma imagem digital monocromática pode ser

representada por uma matriz cujos índices i e j determinam a posição do pixel e o

correspondente valor do elemento na matriz identifica o valor da escala de cinza nesse pixel.

A quantidade de pixels em uma imagem determina proporcionalmente a qualidade da

sua resolução, ou seja, quanto maior a sua discretização espacial (discretização em pixels),

maior é o tamanho da imagem e, consequentemente, maior a sua qualidade. Pode-se fazer

também a discretização em amplitude, em que a função ( , )f i j é discretizada dividindo-se o

intervalo contínuo max[0, ]L em 2n partes, onde n indica o número de bits usados para

representar a intensidade. Um pixel com 2n níveis de cinza utiliza n bits de memória. O

tamanho da imagem varia com a sua finalidade e deve ser escolhida a fim de se ter uma boa

discretização. As figuras 7 e 8 a seguir exemplificam alguns diferentes níveis de discretização

tanto em pixels quanto em amplitude, respectivamente.

a) 512 x 512 b) 64 x 64 c) 16 x 16

Figura 7: Imagens discretizadas em pixels. Extraído de VILELA, A. R. [6].

14

a) 256 cores – 8 bits b) 8 cores – 3 bits c) 2 cores – 1 bits

Figura 8: Imagens discretizadas em amplitude. Extraído de VILELA, A. R. [6].

2.2 Aquisição da Imagem Digital

O processo de captação de imagens se dá por meio de um dispositivo que recebe a

luminosidade refletida pelo objeto e a converte em imagem, conforme ilustrado na figura 9.

Figura 9: Processo de aquisição da imagem digitalizada. Adaptado de GONZALEZ, R. C. &

WOODS, R. E. [7].

Nesse dispositivo de aquisição de imagens são usados sensores como mostrado abaixo,

na figura 10 (a), que transformam a energia luminosa incidente na superfície do sensor em

uma onda de voltagem proporcional à intensidade dessa energia, formando um pixel. O plano

sensor de uma câmera é formado por uma matriz desses sensores, figura 10 (b).

15

a) Detalhe de um sensor de imagem.

b) Matriz de sensores.

Figura 10: Detalhes dos sensores de imagem. Adaptado de GONZALEZ, R. C. &

WOODS, R. E. [7].

2.3 Referencial Espaço-Imagem e Referencial Espaço-Objeto

São sistemas de eixos adotados para um mapeamento de pontos. Quando tais pontos

estiverem contidos no espaço tridimensional da cena o sistema de eixos é chamado de

Referencial Espaço-Objeto e quando estiverem na reprodução da cena, ou seja, na imagem, é

denominado de Referencial Espaço-Imagem. Esses referenciais estão exemplificados na

figura 11, onde ,X Y e Z são os eixos no espaço objeto; ,x y e z são os eixos no espaço-

imagem; i e j representam os eixos coordenados no referencial de tela (item 2.1, figura 6);

, e k são os ângulos de rotação em torno dos eixos no espaço objeto; CP representa o

centro de perspectiva da câmera e f a distância focal, ou seja, distância entre o ponto de

formação da imagem e o CP .

Figura 11: Referencial Espaço-Objeto e Referencial Espaço-Imagem.

Extraído de VILELA, A. R. [6].

16

Assim sendo, a partir das coordenadas do referencial de tela (figura 6), podem-se ter as

seguintes coordenadas no referencial espaço-imagem:

2

2

x

y

x i N E

y M j E

z f

(2.3.1)

- ,x y e z são as coordenadas no referencial espaço-imagem;

- i e j são as coordenadas no referencial de tela;

- N e M são as dimensões horizontal e vertical da imagem em pixels;

- xE e yE são fatores de escala nas direções x e y ;

- f é a distância focal.

2.4 Técnicas de segmentação no Processamento da Imagem Digital

Na aquisição e reconhecimento de imagens, a representação da imagem em variados

tons de cinza ou em inúmeras cores não é suficiente, é preciso também identificar regiões de

interesse, para que possa ser melhor analisada em uma aplicação específica. Os

procedimentos utilizados para dividir a imagem em diferentes regiões e explicitar as que são

de importância são chamados de técnicas de segmentação. Segundo FACON, J. [9], a

segmentação tem os objetivos de extrair determinada região e dividir a imagem em um

conjunto de partes disjuntas, onde a união forma a imagem inteira.

São inúmeras as técnicas de segmentação e elas são utilizadas de acordo com a

finalidade de cada imagem. A seguir serão apresentadas duas técnicas importantes no escopo

deste trabalho.

2.4.1 Limiarização ou Binarização

A limiarização tem como princípio separar o primeiro plano do fundo, fazendo com

que haja somente dois valores possíveis para cada pixel. Consiste, ainda, em atribuir um

mesmo valor a todos os pixels pertencentes ao primeiro plano e outro valor para os pixels

17

referentes ao plano de fundo. Tem-se assim a chamada imagem binária, ou seja, imagem em

preto e branco.

A técnica da limiarização é baseada na utilização do histograma. O histograma é um

gráfico que representa a frequência dos níveis de tonalidade das cores que formam a imagem.

Admitindo a ocorrência de níveis de cinza da figura 12 (a), define-se um limiar T que separa

os pixels em dois grupos, onde:

Se ,f i j T é classificado como ponto do objeto, (2.3.2)

,f i j T é classificado como ponto do fundo. (2.3.3)

para qualquer ponto ,i j .

A figura 12 (b) mostra o resultado do processo de limiarização aplicado na imagem da

figura 12 (a).

a) Imagem monocromática. Extraída de

PERES, L. M. [10].

b) Imagem binária. Extraída de

PERES, L. M. [10].

Figura 12: Exemplo de aplicação da técnica de Limiarização.

18

2.4.2 Detecção de Bordas

Quando se quer definir área, perímetro e forma da imagem, as técnicas de detecção de

bordas são as mais indicadas. O processo de detecção de bordas consiste em algoritmos de

localização e realce dos pixels da borda, ou seja, algoritmos que procuram mudanças bruscas

de cor ou tons de cinza dos pixels vizinhos, e depois disso realizam o aumento do contraste

entre a borda e o fundo da imagem usando um operador de diferenciação que amplifica as

altas frequências, como os operadores de Roberts, Prewitt e Sobel apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Operadores utilizados nos algoritmos de detecção de bordas.

No algoritmo do presente trabalho foram utilizados os operadores de Sobel. O filtro é

aplicado por derivada utilizando esses operadores, os quais realizam uma convolução na

imagem, detectando assim a sua borda, como ilustrado nas figuras 13 (a) e 13 (b).

a) Imagem Binária

b) Borda da Imagem Binária

Figura 13: Exemplo de aplicação do filtro de Sobel.

19

Capítulo 3

Métodos Núméricos

Na elaboração do algoritmo que será exposto neste trabalho foi utilizado o Método dos

Mínimos Quadrados e posteriormente o Método de Newton-Raphson, para ajustar os pontos

da borda do alvo circular e calcular a posição de seu centro respectivamente. Este capítulo

abrange a explicação desses dois métodos numéricos e foi escrito tendo como base a

referência RUGGIERO, M. A. G. & LOPES, V. L. R. [11].

3.1 Método dos Mínimos Quadrados

O Método dos Mínimos Quadrados (MMQ) é um método de otimização matemática

que permite encontrar o melhor ajuste para um conjunto de pontos que minimize a soma dos

quadrados dos resíduos. Resíduo pode ser entendido como a diferença entre o valor estimado

e o valor observado.

Sejam os pontos 1 1 2 2, , , , , ,m mx f x x f x x f x e que possam ser

aproximados por uma função de grau polinomial n , com m n , em que a função

aproximada é dada por:

1 1 2 2 n nz x a g x a g x a g x (3.1.1)

Onde as funções 1 2, , , ng x g x g x são determinadas da seguinte maneira:

1, com i=1, 2, 3, ..., n

i

ig x (3.1.2)

O objetivo é determinar coeficientes 1 2, , , na a a tais que a função (3.1.1) se

aproxime ao máximo da função inicial do problema ( )f x , conforme mostra a figura 14

abaixo:

20

Figura 14: Reta ajustada a um conjunto de pontos.

O método dos mínimos quadrados consiste em determinar 1 2, , , na a a de tal forma

que a soma dos quadrados dos resíduos seja mínima. Assim, tem-se:

2

1 2

1

, , ,m

n k k

k

F a a a f x z x (3.1.3)

2

1 2 1 1 2 2

1

, , ,m

n k k k n n k

k

F a a a f x a g x a g x a g x (3.1.4)

Usando o cálculo diferencial, iguala-se a zero a derivada parcial da função F em

relação a cada coeficiente a , para obter um ponto de mínimo:

1 2

1 1 2 2

1, , ,

0 2 .

n

m

k k k n n k j k

kj a a a

dFf x a g x a g x a g x g x

da

(3.1.5)

onde 1,2, ,j n

Rearranjando (3.1.5) separando as variáveis das constantes, tem-se:

21

1 1 1 1 1

1 1 1

2 1 2 1 2

1 1 1

1 1

1 1 1

m m m

k k k k n k k n

k k k

m m m

k k k k n k k n

k k k

m m m

k n k n k k n k n k n

k k k

f x g x g x g x a g x g x a

f x g x g x g x a g x g x a

f x g x g x g x a g x g x a

(3.1.6)

A equação (3.1.6) é um sistema de equações lineares e pode ser escrito na forma

matricial .G A B :

11 1 12 2 1 1

21 1 22 2 2 2

1 1 2 2

n n

n n

n n nn n n

g a g a g a b

g a g a g a b

g a g a g a b

(3.1.7)

Onde:

1 1 1 2 1

1 1 1

2 1 2 2 2

1 1 1

1 2

1 1 1

m m m

k k k k k n k

k k k

m m m

k k k k k n k

k k k

m m m

n k k n k k n k n k

k k k

g x g x g x g x g x g x

g x g x g x g x g x g x

g x g x g x g x g x g x

G ;

1

2

n

a

a

a

A ; e

1

1

2

1

1

m

k k

k

m

k k

k

m

k n k

k

f x g x

f x g x

f x g x

B .

22

Para uma reta, a qual se deseja encontrar uma boa aproximação para uma dada

quantidade de pontos, faz-se:

Equação da reta:

y ax b (3.1.8)

As coordenadas ,x y dos pontos escritos na forma de matriz:

Coordenadas x :

1

2

1

1

1n

x

x

x

K

Coordenadas y :

1

2

n

y

y

y

Y

Como as incógnitas do problema são os valores de a e b , tem-se: a

bX . Logo:

K X Y (3.1.9)

1

X K Y (3.1.10)

Mas a equação (3.1.10) não é válida já que a matriz K não é invertível, pois não é

quadrada. Deve-se então aplicar um conjunto de operações na equação (3.1.9) a fim de tornar

K invertível. Sendo assim:

T T

K K X K Y (3.1.11)

T T

K K X K Y (3.1.12)

23

1 1

T T T TK K K K X K K K Y (3.1.13)

1

T TX K K K Y (3.1.14)

Onde em (3.1.14) a multiplicação das matrizes na seguinte ordem 1

T TK K K é

chamada de pseudo-inversa de K .

Exemplo:

ALGORITMO MMQ (para uma reta)

INÍCIO

Insere matriz 2n x

K {coordenadas x dos pontos}

Insere matriz 1n x

Y {coordenadas y dos pontos}

2 1x

pseudo inversaX K Y

1,1 2,1

x xY K

Plotar ,K Y {visualiza a reta ajustada}

FIM

Exemplo numérico:

Encontrar a reta que melhor aproxime o conjunto de pontos com as seguintes coordenadas:

1 2 3 4 5(2,10); (3,8); (5,5); (6,3); (8,1)P P P P P e 6 (10, 2)P .

Aplicando o ALGORITMO MMQ tem-se:

2 1 10

3 1 8

5 1 5

6 1 3

8 1 1

10 1 2

K Y

24

1,47

12,50X

1,47 12,50Y K

FIM

A figura 15 mostra a resposta gráfica da reta ajustada ao conjunto dos pontos do

exemplo numérico:

Figura 15: Gráfico da reta ajustada pelo ALGORITMO MMQ.

3.2 Método de Newton-Raphson

O Método de Newton-Raphson (MNR) é um processo iterativo utilizado para obter

zeros de funções através do cálculo da derivada da função em um ponto estimado

inicialmente. Cada iteração utiliza resultados das iterações anteriores e realizam verificações a

fim de confirmar se o resultado obtido está próximo do valor esperado por meio de um

critério de parada.

3.2.1 Newton-Raphson para uma variável

Seja uma função f x na qual se deseja encontrar o valor de x onde 0f x no

intervalo ,c d . A proposta do método é achar uma função g x tal que 0g x , onde

x é a raiz de f x e ,x c d .

25

Considerando a figura 16 abaixo, onde 0 0,x f x são as coordenadas da interseção

da reta tangente no ponto escolhido da função f x , cuja equação é dada por:

g x ax b (3.2.1)

Figura 16: Método de Newton-Raphson graficamente.

Como a derivada de f x por definição é a inclinação da reta no ponto, tem-se que:

'

0a f x (3.2.2)

Substituindo a inclinação dada pela equação (3.2.2) e as coordenadas 0 0,x f x

em (3.2.1):

'

0 0 0.f x f x x b (3.2.3)

Isolando b em (3.2.3):

'

0 0 0.b f x f x x (3.2.4)

26

E substituindo (3.2.2) e (3.2.4) em g x :

' '

0 0 0 0. .g x f x x f x f x x (3.2.5)

Como se quer encontrar o valor de x quando 0g x , tem-se:

'

0 1 0 0. 0f x x x f x (3.2.6)

Isolando 1x , a equação final se apresenta assim:

'

1 0 0 0x x f x f x (3.2.7)

Para „ n ‟ iterações:

'

1 1 1n n n nx x f x f x (3.2.8)

Em resumo, o método calcula a raiz de uma função a partir de uma estimativa inicial,

realizando iterações com cada um dos valores das raízes obtidas das retas tangentes até se

determinar um valor suficientemente próximo da raiz exata. Cabe ressaltar que uma das

condições de convergência do método é que ao se estipular um valor inicial, este se encontre

em um intervalo centrado na raiz. Caso contrário, o método pode não convergir para valor

algum.

Exemplo:

ALGORITMO MNR

INÍCIO

1n

Escolhe 1nx {estimativa}

Escolhe TOLERÂNCIA

Faça enquanto 2

1n nx x TOLERÂNCIA

Calcula 1nf x

27

Calcula '

1nf x

1

1 '

1

n

n n

n

f xx x

f x

1n n

Fim enquanto

Raiz = nx

FIM

Exemplo numérico:

Calcular a raiz de 2 10f x x x , usando o Newton-Raphson com estimativa inicial

0 4x e tolerância 510 .

Aplicando o ALGORITMO MNR tem-se:

INÍCIO

1n

0 4x

TOLERÂNCIA = 510

Faça enquanto 2

1n nx x TOLERÂNCIA

0 10f x

'

0 9f x

1

104

9x

2n

5n

Fim enquanto

FIM

Segue abaixo a tabela com valores de todas as iterações:

28

n 1nx 1nf x

'

nf x nx 2

1n nx x

1 4 10 9 2,888889 1,111111

2 2,888889 1,234568 6,777778 2,70674 0,182149

3 2,70674 0,033178 6,413479 2,701566 0,005173

4 2,701566 2,68E-05 6,403133 2,701562 4,18E-06

Tabela 2: Valores do exemplo numérico utilizando o ALGORITMO MNR.

3.2.2 Newton-Raphson para múltiplas variáveis

Optou-se neste trabalho por, inicialmente, descrever o MNR para múltiplas variáveis

para o caso particular onde o número de incógnitas do problema é igual ao número de

equações disponíveis, para depois apresentar a generalização do método para o caso onde o

número de incógnitas é menor que o número de equações.

Considerando um círculo onde se deseja calcular as coordenadas 0 0,x y do centro e

o valor r do raio, a partir de três pontos 1 1,x y , 2 2,x y e 3 3,x y , tem-se as seguintes

funções:

2 2 2

1 1 0 1 0 0f x x y y r (3.2.9)

2 2 2

2 2 0 2 0 0f x x y y r (3.2.10)

2 2 2

3 3 0 3 0 0f x x y y r (3.2.11)

O método para três incógnitas é decorrente da equação (3.2.8), utilizando-se matrizes,

e se apresenta da seguinte forma:

1

1 0 0 0X X J X F X (3.2.12)

Onde:

29

0

1 0

1

1

1

x

y

r

X , é a matriz das raízes das funções 1f , 2f e 3f ;

0

0 0

0

0

0

x

y

r

X , é a matriz dos valores que são estimados inicialmente;

1 1 1

0 0

2 2 20

0 0

3 3 3

0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

f f f

x y r

f f f

x y r

f f f

x y r

J X , é a matriz jacobiana de 0X ;

1 0

0 2 0

3 0

f

f

f

X

F X X

X

, é a matriz das funções nos pontos da matriz 0X .

A matriz jacobiana é a matriz cujos elementos são derivadas parciais de primeira

ordem de uma função de múltiplas variáveis.

Generalizando a equação (3.2.12) para n iterações e mais de três incógnitas, quando o

número de equações m é igual ao número de incógnitas, tem-se:

1

1 1 1n n n nX X J X F X (3.2.13)

Onde:

30

1

2

n

n

n

m n

x

x

x

X ;

1 1

2 1

1

1

n

n

n

m n

x

x

x

X ;

1 1

1 1 1

1

1 1 1

n m n

n

m m

n m n

f f

x x

f f

x x

J X e

1 1

2 1

1

1

n

n

n

m n

f

f

f

X

XF X

X

.

3.3 Método dos Mínimos Quadrados e Newton-Raphson para uma

circunferência

Quando se trata de um problema não linear de ajuste de curvas tem-se:

Número de equações Número de incógnitas;

Impossibilidade de solução direta.

Nesses casos, pode-se aplicar o MMQ para otimizar a curva que melhor ajusta um

dado conjunto de pontos, acoplado ao MNR para se obter a solução do problema não-linear.

Seja, agora, uma circunferência a qual se quer ajustar a melhor curva utilizando mais

de três pontos de sua borda, onde as incógnitas continuam sendo 0x , 0y e r . Em

consequência do maior número de pontos têm-se mais equações 3m :

2 2 2

1 1 0 1 0 0f x x y y r

2 2 2

0 0 0m m mf x x y y r

31

Pode-se partir da equação (3.2.12), porém a matriz jacobiana, neste caso, não tem

inversa por não ser quadrada, e por isso é necessário manipulá-la, assim como na equação

(3.1.9) do MMQ. Pré-multiplicando a inversa pela sua matriz de origem se obtém uma matriz

identidade, logo:

0 1 0 0 0J X X J X X F X (3.3.1)

A seguir, multiplica-se a equação (3.3.1) por 0

TJ X e, posteriormente, por

1

0 0

TJ X J X :

1

0 0 0 0 1

1 1

0 0 0 0 0 0 0 0 0

T T

T T T T

J X J X J X J X X

J X J X J X J X X J X J X J X F X

(3.3.2)

Sendo assim:

1

1 0 0 0 0 0

T TX X J X J X J X F X (3.3.3)

A equação (3.3.3) é a equação final obtida utilizando-se simultaneamente o MMQ e o

MNR, em que 1

0 0 0

T TJ X J X J X é a pseudo-inversa de 0J X . Generalizando

(3.3.3) para „ n ‟ iterações, tem-se:

1

1 1 1 1 1

T T

n n n n n nX X J X J X J X F X (3.3.4)

Onde:

32

0( )

0( )

( )

n

n n

n

x

y

r

X ,

0( 1)

1 0( 1)

( 1)

n

n n

n

x

y

r

X ,

1 1 1

0 1 0 1 0 1

1

0 1 0 1 0 1

n n n

n

m m m

n n n

f f f

x y r

f f f

x y r

J X ,

1

0 1 0 1

11

0 1 0 1

1

0 1 0 1

m

n n

T mn

n n

m

n n

f f

x x

f f

y y

f f

r r

J X e

1 1

2 1

1

1

n

n

n

m n

f

f

f

X

XF X

X

.

33

Capítulo 4

Aplicação dos métodos numéricos ao processamento de imagens

no cálculo dos deslocamentos

O algoritmo desenvolvido neste trabalho tem por objetivo calcular os deslocamentos

estruturais partindo-se de uma sequência de imagens de um “alvo” circular colocado em uma

estrutura, a fim de registrar seus deslocamentos. O programa foi desenvolvido em Matlab e,

inicialmente, foi considerado um vídeo hipotético com imagens de um círculo cheio

deslocando-se verticalmente, de baixo para cima. A princípio, a curva foi aproximada

utilizando três pontos da borda do círculo; posteriormente, quatro pontos e, por último foi

aproximada por todos os pontos.

Neste capítulo será abordado como foi utilizada a teoria de processamento de imagens

e dos métodos numéricos na elaboração do algoritmo, exposto no anexo A.

4.1 Algoritmo: Processamento de imagens

Após o reconhecimento do vídeo pelo MATLAB, foi aplicada a binarização e

detectada a borda pelo filtro de Sobel, como já explicado no item 2.3 do capítulo 2. Ressalta-

se que neste trabalho não foi desenvolvido o algoritmo de binarização e do filtro de Sobel. As

seguintes funções já existentes no MATLAB foram utilizadas:

2   - Binarizaçãoim bwB A

, „ ‟ - Detecção de bordasedge sobelBsobel B

Onde: A é a matriz dos pontos da imagem original;

B é a matriz da imagem binarizada; e

Bsobel é a matriz da imagem, com os pontos da borda detectados.

34

Para os pixels da borda (elementos da matriz de valor igual a um) foi feita a

transformação de coordenadas do referencial de tela para coordenadas no referencial espaço-

imagem, utilizando a equação (2.3.1) apresentada no capítulo 2.

4.2 Algoritmo: Métodos Numéricos

Uma vez obtidas as coordenadas da imagem no referencial de imagem, partiu-se para a

aproximação dos pontos em uma curva que melhor os represente.

Inicialmente, escreveu-se a equação da circunferência utilizando as “ n ” coordenadas

,x y :

Para i de 1 até n faça

2 2 2i i xc i yc Rf x y

Fim

Onde: f = vetor das funções;

x = vetor de coordenadas x da imagem;

y = vetor de coordenadas y da imagem;

xc = coordenada x do centro da circunferência;

yc = coordenada y do centro da circunferência;

R = raio da circunferência.

Calcula-se a matriz Jacobiana de f em relação as incógnitas xc , yc e R aplicando

“jacobian”, uma função que faz parte da biblioteca do MATLAB:

C = jacobian ,f v

Onde: , ,xc yc Rv ;

C= é a matriz Jacobiana de f em função de xc , yc e R

35

Atribui-se valores iniciais para xc , yc e R , e adota-se uma tolerância, pois como se

quer aproximar um conjunto de pontos à uma circunferência que possui mais equações que

incógnitas, utiliza-se a equação (3.3.4) apresentada no capítulo 3 (MMQ + NR). Segue parte

correspondente do algoritmo:

1i

1.5xc i

1.5yc i

10R i

xc i

yc i

R i

v

Faça enquanto DIFERENÇA>TOLERÂNCIA

av v

1

T Tv v C C C f

DIFERENÇA = SOMA2

av v

1 1xc i v

1 2yc i v

1 3R i v

1i i

Fim

Finalmente, converteram-se as coordenadas do referencial espaço-imagem para o

referencial de tela, encontrando assim, a posição do centro do círculo. Os valores de saída do

algoritmo estão em pixels, e para obtê-los em centímetros ou milímetros, basta multiplicá-los

pelo valor da medida do pixel. No caso deste trabalho: 1 pixel = 0,0847 mm.

Repetindo-se as etapas apresentadas anteriormente para todos os quadros do vídeo, é

possível calcular todos os deslocamentos sofridos pelo alvo circular.

36

Capítulo 5

Validação da Metodologia

Seja um modelo reduzido de uma plataforma de petróleo mostrado na figura 17:

Figura 17: Modelo reduzido de uma plataforma de petróleo. Extraída da internet [12].

Admitindo-se um teste dinâmico realizado no modelo da plataforma da figura 17, onde

foram introduzidas forças provenientes do mar, tem-se movimentos do modelo estrutural no

plano horizontal. Esses movimentos poderiam ter sido captados por uma câmera, o que

permitiria avaliar os deslocamentos horizontais da estrutura.

Considerando que o vídeo gerado artificialmente, simula os movimentos filmados de

um alvo colocado sobre a plataforma, busca-se validar a metodologia proposta. A figura 18

ilustra o vídeo com os movimentos da plataforma:

37

Figura 18: Movimento do alvo ao longo do tempo.

A posição final do alvo é a mesma posição de início, e seu deslocamento foi

representado em 84 quadros ao longo de 16 segundos.

Para o primeiro quadro, foram obtidos os seguintes resultados:

Coordenadas calculada pelo algoritmo: 20,37 mmx ; y = 11,48 mm e r = 2,51 mm .

Coordenadas reais: 20,32 mmx ; y = 11,43 mm e r = 2,50 mm .

Os resultados obtidos pelo algoritmo para o todo o vídeo em questão estão

apresentados nas figuras 19, 20 e 21, comparados aos dados dos deslocamentos reais do alvo.

A figura 22 mostra a margem de erro dos resultados, fazendo-se a diferença entre os valores

calculados pelo algoritmo e os valores de referência. Fez-se também o cálculo da média

dessas diferenças e desvio padrão, que resultaram em:

diferença diferençaX 0,05 mmY

0,0147 mmx e 0,0143 mmy

38

Onde: diferençaX é a média da diferença entre os valores calculados pelo algoritmo e os

valores de referência em relação ao eixo x;

diferençaY é a média da diferença entre os valores calculados pelo algoritmo e os

valores de referência em relação ao eixo y;

x é o desvio padrão medido em relação ao eixo x;

y é o desvio padrão medido em relação ao eixo y.

Figura 19: Gráfico do deslocamento do centro do círculo (X x Y )c c .

39

Figura 20: Gráfico do deslocamento X do centro do círculo em função do tempo.

Figura 21: Gráfico do deslocamento Y do centro do círculo em função do tempo.

40

Figura 22: Gráfico dos erros dos valores X e Y .

41

Capítulo 6

Conclusões

Foi apresentado neste trabalho o estudo e o desenvolvimento de um algoritmo que, de

forma iterativa, calcula deslocamentos estruturais através do processamento das imagens de

um alvo instalado na estrutura.

Com os resultados obtidos da aplicação do algoritmo no vídeo gerado sinteticamente,

apresentados no capítulo 5, pode-se observar que o código desenvolvido teve bom

desempenho e realizou, de forma bastante satisfatória, os cálculos dos deslocamentos da

suposta estrutura.

Ressalta-se que o estudo aqui realizado só levou em consideração a posição do plano

sensor da câmera paralela ao plano do alvo, ou seja, para outras posições os deslocamentos

calculados pelo algoritmo não estarão corretos. Cabe alertar também que a câmera deve ser

instalada a uma distância suficientemente longe da estrutura a ser analisada, para que não haja

influência dos movimentos na câmera, acarretando assim, erro nas medidas.

Pode-se dizer que o assunto aqui abordado é uma pequena parte introdutória ao estudo

realizado por CARDOSO, R. A. [13], visto que, os conceitos apresentados aqui são bem

menos refinados, porém fundamentais para o entendimento e continuação do referido

trabalho.

42

Referências Bibliográficas

[1] University of Washington Libraries. Special Collections Division. Foto UW21413.

http://digitalcollections.lib.washington.edu/. Acessado dia 05/07/2014.

[2] http://www.fernandonardelli.com.br/cool-hunting/arranha-ceus/. Acessado dia 05/07/2014.

[3] BARBOSA, F. S. et al. “Uma análise comparativa do comportamento dinâmico de

passarelas para pedestres”. XXXV Jornadas Sul Americanas de Engenharia Estrutural, 2012.

[4] ROCHA, S. S. & BARBOSA, F. S. “Modelagem computacional da interação veículo-

estrutura em vias férreas”. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008.

[5] OLIVEIRA, M. H. Z. et al. “Simulação numérica e avaliação do comportamento dinâmico

de estruturas via processamento de imagens”. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2009.

[6] VILELA, A. R. “Uma metodologia para reconstrução de superfícies a partir de luz

estruturada”. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008.

[7] GONZALEZ, R. C. & WOODS, R. E. “Digital Image Processing, Second Edition”.

Prentice Hall, 2002.

[8]http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI244964-18535,00-

ARTE+GATOS+EM+VARIOS+CLIQUES+CONFIRA.html. Acessado dia 14/05/2014.

[9] FACON, J. “Processamento e análise de imagens”. Dissertação de Mestrado, Pontifícia

Universidades Católica do Paraná, 2002.

[10] PERES, L. M. “Aplicação de processamento de imagens a problemas de engenharia

civil”. Trabalho Final de Curso, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2010.

[11] RUGGIERO, M. A. G. & LOPES, V. L. R. “Cálculo Numérico Aspectos Teóricos e

Computacionais, 2ª edição”. Pearson Makron Books, 2009.

43

[12] http://comciencia.br/comciencia/?section=3&noticia=604. Acessado dia 24/07/2014.

[13] CARDOSO, R. A. “Desenvolvimento de um sistema de monitoração de estruturas

através de imagens digitalizadas”. Trabalho Final de Curso, Universidade Federal de Juiz de

Fora, 2013.

[14] ALBUQUERQUE, M. P. “Processamento de Imagens: Métodos e Análises”

CBTF/MCT.

[15] http://www.mathworks.com/products/image/.

[16] PET ELÉTRICA . “Apostila de Matlab”. Universidade Federal do Ceará, 2010.

44

ANEXO A

% ************************************** % UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA % FACULDADE DE ENGENHARIA % **************************************

% ----------------------------------------------------- % ALGORITMO DE AVALIAÇÃO DE DESLOCAMENTOS ESTRUTURAIS % -----------------------------------------------------

% Desenvolvido por: Rafaelle P. Finotti Amaral % Orientador: Flávio de Souza Barbosa

clear all obj=VideoReader('TCC1.avi'); M4D=read(obj); q=1; for k=(6:6:504) frame= M4D(:,:,1,k);%k indica qual frame que está sendo analisado

Bsobel=edge(frame,'sobel');

%Agora pega-se todos os pontos da borda detectada anteriormente z=0; [n,m]=size(Bsobel); for j=1:m for i=1:n if Bsobel(i,j)==1 z=z+1; x=(j-n/2)*1; y=((m/2)-i)*1; K(z)=x; Y(z)=y; end end end

%Aqui começa a parte de Newton-Raphson syms xc yc R; %Equação do círculo para os pontos: c=length(K); for i=1:c f(i)=((K(i)-xc)^2)+((Y(i)-yc)^2)-R^2; end f=f'; f=conj(f); v=[xc,yc,R]; C=jacobian(f,v);

i=1; Xc(i)=1.5;%estimativa Yc(i)=1.5;%estimativa RR(i)=50;%estimativa X=[Xc(i);Yc(i);RR(i)];

45

tol=10e-10; diferenca=100;

while diferenca>tol C1=subs(C,'xc',Xc(i)); C2=subs(C1,'yc',Yc(i)); C3=subs(C2,'R',RR(i));

for j=1:c fl(j)=subs(f(j),'xc',Xc(i)); fll(j)=subs(fl(j),'yc',Yc(i)); flll(j,1)=subs(fll(j),'R',RR(i)); end

F=flll; Xa=X; X=X-(inv((C3')*C3))*(C3')*F; diferenca=sum(sqrt((X-Xa).^2)); Xc(i+1)=X(1); Yc(i+1)=X(2); RR(i+1)=X(3); i=i+1; end

ii(q)=X(1)+(n/2);%medida dada em pixels jj(q)=(m/2)-X(2);%medida dada em pixels Raio(q)=X(3);%medida dada em pixels

cx(q)=double(ii(q)); cy(q)=double(jj(q)); Raioc(q)=double(Raio(q));

q=q+1;

end

%Aqui transforma-se as medidas de pixels para milímetros: cxmm=cx*0.0847; cymm=cy*0.0847; Raiomm=Raioc*0.0847;