universidade federal de goiÁs engenharia de …misturas para alimentos temos misturas para pudim,...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ENGENHARIA DE ALIMENTOS
Camila Mota
Natália Dourado
Priscylla Ferreira
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
DESENVOLVIMENTO DE UMA MISTURA DE BOLO DE
MILHO COM SUBSTITUIÇÃO DO LEITE EM PÓ POR
SORO DE LEITE EM PÓ
Goiânia - 2009
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Camila Motta
Natália Dourado
Priscylla Ferreira
DESENVOLVIMENTO DE UMA MISTURA DE BOLO DE
MILHO COM SUBSTITUIÇÃO DO LEITE EM PÓ POR
SORO DE LEITE EM PÓ
Orientador: Prof. Adriana Régia Marques de Souza
Co-orientador: Prof. Celso José de Moura
Goiânia-2009
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Alimentos à Universidade Federal de Goiás UFG, para obtenção do Título de Engenheiro de Alimentos.
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Camila Motta
Natália Dourado
Priscylla Ferreira
MISTURA DE BOLO COM SUBSTITUIÇÃO DO LEITE
POR SORO DE LEITE
Aprovado em _______ de _________ de __________, pela Banca Examinadora
constituída pelos Seguintes professores:
_____________________________
Profа. Dra. Adriana R. Marques de Souza
(Orientadora)
______________________________
Prof. Celso José Moura
(Co-orientador)
_______________________________
Prof. Célia Lopes Torres
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradecemos a Deus, por nos permitir tomar as decisões
corretas e nos fortalecer nos momentos de dificuldade, desanimo e
desentendimento.
A nossa família e amigos, por acreditar que seriamos capazes.
Agradecemos aos nossos professores, pelo tempo que passamos juntos em
sala de aula e também fora dela, a amizade que sempre nos concederam e ao
conhecimento que nos passaram e ensinaram a buscar.
Agradecemos, em especial, a nossa orientadora e ao nosso co-orientador,
pela contribuição para um bom aprendizado e desenvolvimento de nossos
conhecimentos e com isso nos tornar grandes profissionais.
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EPÍGRAFE
“Para se conhecer a sabedoria e a instrução;
para se entenderem as palavras da prudência.”
“Para se receber a instrução do
entendimento, a justiça, o juízo e a equidade.”
“Para dar aos simples prudência e aos
jovens conhecimento e bom siso.”
“Para o sábio ouvir e crescer em
sabedoria, e o entendido adquirir sábios
conselhos.” (Provérbios 1: 2, 3, 4 e 5)
“Para se conhecer a sabedoria e a
instrução; para se entenderem as palavras
da prudência.”
“Para se receber a instrução do
entendimento, a justiça, o juízo e a
equidade.”
“Para dar aos simples prudência e
aos jovens conhecimento e bom siso.”
“Para o sábio ouvir e crescer em
sabedoria, e o entendido adquirir sábios
conselhos.” (Provérbios 1: 2, 3, 4 e 5)
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS............................................................................................... VIII
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. IX
LISTA DE QUADROS................................................................................................ X
RESUMO................................................................................................................... X
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................... 2
2.1 Transformações dos hábitos alimentares e a tendência de consumo de
produtos prontos, semi prontos e misturas para alimento
.......................................................................................................................... 2
2.2 Leite..............................................................................................................4
2.2.1 Composição química............................................................................... 5
2.2.1.1 Proteínas ...............................................................................................5
2.2.1.2 Lactose...................................................................................................7
2.2.1.3 Gordura..................................................................................................8
2.3 Soro de leite.................................................................................................9
2.3.1 Composição química do soro de leite......................................................11
2.3.2 Proteínas do soro.....................................................................................11
3. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................15
3.1 Matéria prima...............................................................................................15
3.2 Metodologias..............................................................................................15
3.2.1 Desenvolvimento da mistura de bolo com leite em pó e da mistura com
soro em pó...........................................................................................................15
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3.2.2 Preparo das massas de bolos ..................................................................15
3.2.3 Análise físico-química - Composição centesimal......................................16
3.2.4 Avaliação Sensorial...................................................................................16
3.2.5 Análises Estatísticas.................................................................................17
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................18
4.1 Custo final das misturas de bolo com leite em pó e soro de leite em pó...18
4.2 Características tecnológicas das massas de bolos preparadas................18
4.3 Composição centesimal das misturas de bolo com leite em pó e soro em
pó.....................................................................................................................19
4.4 Análise sensorial das massas de bolo elaboradas por meio das misturas
em ...................................................................................................................21
4.4.1 Teste de aceitação das massas feitas por meio das misturas em pó
desenvolvidas..................................................................................................21
4.4.2 Avaliação da intenção de consumo das misturas de bolo com soro em
pó e com leite em pó........................................................................................22
5. CONCLUSÃO........................................................................................................24
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...........................................................................25
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Custo final das misturas de bolo com leite e soro em
pó............................................................................................................................ 18
Tabela 2. Vantagens e desvantagens tecnológicas do bolo com soro de leite em
pó..............................................................................................................................19
Tabela 3. Composição centesimal em porção de 100g das misturas de bolo com
leite em pó e soro de leite em pó.............................................................................20
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuição das mulheres ocupadas em janeiro de 2003 e de 2008 (%)... 3
Figura 2. Estrutura química de α e β lactose.............................................................. 7
Figura 3. Fluxograma do preparo de massas de misturas de bolo tradicionais e da
mistura de bolo com soro de leite em
pó................................................................................................................................15
Figura 4. Ficha de Análise Sensorial..........................................................................17
Figura 5. Porcentagem dos dados obtidos pela escala hedônica de 9 pontos do
teste de aceitação..................................................................................................... 21
Figura 6. Percentual de intenção de consumo da MBSL......................................... 22
Figura 7. Percentual de intenção de consumo MBL................................................. 23
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Características químicas da caseína e proteínas do soro......................... 6
Quadro 2. Informações nutricionais do soro de leite em pó........................................10
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MOTA. G.C.; DOURADO. N.; FERREIRA. P. Desenvolvimento de uma mistura de
bolo de milho com substituição do leite em pó por soro de leite em pó. Trabalho
de Conclusão de Curso – Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal
de Goiás.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma de mistura de bolo substituindo o leite
em pó pelo soro de leite em pó, analisar suas características tecnológicas, custo final
e avaliar a aceitação do bolo obtido, através da mistura em pó. Foram formuladas
duas misturas de bolo, uma com leite em pó e outra com soro em pó, as duas com
mesma quantidade de ingredientes. Para a análise sensorial foi realizado um teste
de aceitação e intenção de consumo e amostras das duas misturas foram
submetidas a análises físico-químicas para se obter a composição centesimal
dessas amostras, sendo todos os resultados avaliados estatisticamente. Dentre as
análises físico-químicas realizadas destacaram-se a redução do teor de proteína e
de gordura saturada da mistura de bolo de soro de leite em relação à mistura de
bolo com leite, contudo as proteínas do soro apresentaram menor custo e
importantes propriedades funcionais e nutricionais. As massas de bolo preparadas a
partir das misturas em pó não apresentaram diferença de aceitação entre os
provadores, que também mostraram intenção de consumo desses produtos. Dessa
forma, o soro de leite em pó apresentou-se como uma excelente matéria prima para
substituir o leite em pó na formulação da mistura de bolo de milho. Esta, também
apresentou vantagens quanto ao preparo do bolo em relação às misturas
tradicionais já encontradas em mercados.
Palavras – chave: mistura de bolo; aceitação; soro de leite; leite.
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1. INTRODUÇÃO
Os hábitos de consumo alimentar vêm passando por intensas transformações
ocasionadas pelo ritmo acelerado das grandes cidades, a crescente participação da
mulher no mercado de trabalho e também pelo aumento de pessoas solteiras que
vivem sozinhas. Com essas mudanças, cresce uma demanda por produtos
alimentícios de fácil e rápido preparo que valorizem o tempo do consumidor.
Dentro desse contexto de praticidade, a indústria de alimentos proporciona
aos mercados consumidores os produtos prontos, semi-prontos e as misturas em pó
que se ajustam a essa nova tendência de consumo entre a população.
Os produtos prontos ou semi-prontos são aqueles que não necessitam da adição de
mais ingredientes para seu preparo, podendo sofrer aquecimento ou cozimento
posterior. E as misturas em pó são produtos que exigem a adição de outros
ingredientes, podendo requerer aquecimento ou cozimento.
Entre os produtos prontos e semi prontos encontramos os congelados como
lasanha, pão de queijo, nuggetes, hambúrgueres, pizzas e como exemplo de
misturas para alimentos temos misturas para pudim, mistura para sopas, misturas
para bolo entre outros.
As misturas para bolo encontradas no mercado necessitam do acréscimo de ovos,
leite e margarina. O desenvolvimento de uma mistura para bolo que incluísse em
sua composição o ovo em pó, leite em pó ou soro de leite em pó resultaria em uma
mistura que prescinde a adição de ovos e leite, o que seria de grande interesse para
o consumidor como também para a indústria de alimentos.
A escolha por soro de leite em pó para compor a formulação de uma mistura para
bolo também acarretaria na redução dos custos finais do produto, tendo em vista,
que o soro de leite é um subproduto do leite, de baixo valor comercial, contudo com
alto valor nutricional.
Então, os objetivos deste trabalho foram desenvolver uma mistura de bolo
substituindo o leite em pó por soro de leite em pó, analisar suas características
tecnológicas, custo final e avaliar a aceitação do bolo obtido através da mistura.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Transformações dos hábitos alimentares e a tendência de consumo de
produtos prontos, semi prontos e misturas para alimentos.
Os hábitos alimentares estão mudando de acordo com estilo de vida das
pessoas. Nantes, et al. (1999) afirmam que a falta de tempo para o preparo das
refeições em casa e a crescente preocupação com a saúde e a qualidade de vida,
tem sido os maiores motivadores desta situação. O consumidor está exigindo, cada
vez mais, um alimento saudável, de sabor agradável e preparo rápido. Então para
atender a essa necessidade, os produtos prontos ou semi prontos e as misturas em
pó são uma alternativa.
Pesquisas realizadas por Scaranzi (2007) mostram que uma rede de
supermercados, considerada como uma das maiores do país, registra um
crescimento de 10% ao ano no consumo de pratos semi prontos.
De acordo com (BRASIL, 2005), alimentos semi prontos ou prontos para o
consumo, são os alimentos preparados ou pré-cozidos ou cozidos, que para o seu
consumo não necessitam da adição de outro(s) ingrediente(s), podendo requerer
aquecimento ou cozimento complementar, já as misturas para o preparo de
alimentos são os produtos obtidos pela combinação de ingredientes, destinados ao
preparo de alimentos pelo consumidor com a adição de outro(s) ingrediente(s).
Podem requerer aquecimento ou cozimento e o produto resultante após o preparo,
de acordo com as instruções do fabricante, deve ser aquele mencionado na
designação da mistura.
Hoje em dia a culinária tornou-se muito mais simples que tempos atrás. E os
bolos que exigiam horas de preparo foram “apressados” pela vida moderna para
apenas alguns minutos. Essa facilidade tem sido o motor de importantes indústrias
que apostam nas misturas para bolos com o intuito de atender as necessidades
dos consumidores. E a cada dia, cresce a quantidade de variedades e sabores. Seja
doce ou salgado, o certo é que as misturas para bolos conquistaram os
supermercadistas e consumidores, alcançando dimensões expressivas no mercado
(RENAULT, 2006).
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De acordo com números apresentados pela ABIMA o segmento de misturas
para bolo está em franco crescimento. Em 1994, os brasileiros compraram 25 mil
toneladas do produto e três anos depois esse numero dobrou (51 mil toneladas). No
entanto, ainda segundo números da ABIMA, o consumo per capita no Brasil para o
produto é 0,6 pacotes por habitante, enquanto que em países como a Ásia esse
número sobe para 50 pacotes, o que demonstra que o mercado deve continuar em
expansão (BRASIL, 2004)
Dentro desse novo cenário de consumidores, que não dispõe de tempo para
preparar refeições devido a obrigações de trabalho e compromissos do dia a dia, se
destacam as mulheres, deixando seus lares para ingressar no mercado de trabalho,
como também, o crescente número de pessoas solteiras.
As mulheres predominam entre os que procuram trabalho. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2008), em janeiro de 2008 a taxa de
desocupação entre as mulheres foi de 10,1% e de 6,2% entre os homens. Em
relação a janeiro de 2003 observou-se queda na taxa de desocupação entre homens
e mulheres, sendo que entre elas essa queda foi de 3,4 pontos percentuais,
enquanto que entre os homens essa redução foi de 3,2 pontos percentuais.
Em estatísticas apresentadas pelo IBGE (2008) a escolaridade das mulheres
permanece mais alta que a dos homens. Entre as mulheres trabalhadoras (Figura 1),
51,3% possuíam 11 anos ou mais de estudo em janeiro de 2003, contra 59,9% em
janeiro de 2008. Entre os homens, esses mesmos níveis de escolaridade eram de
41,9% e 51,9%, respectivamente, nos meses de janeiro de 2003 e de 2008.
Figura 1. Distribuição das mulheres ocupadas em janeiro de 2003 e de 2008 (%).
Fonte: IBGE, 2008.
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Segundo o IBGE, no Brasil, aproximadamente 44% (74.994.159) da
população (169 milhões de pessoas) é solteira, sendo que, a partir dos trinta anos,
são 18.745.663 habitantes, o equivalente a 11% do total. Essa nova tendência que
têm mudado os padrões tradicionais da população é observada atentamente pelo
comércio, cada vez mais voltado ao público dos "solitários". Nos supermercados,
cada vez mais cresce o número de produtos para os solteiros (MONTEIRO, 2008).
Esse novo público consumidor, junto com outras parcelas da população, além
de produtos práticos, tem se preocupado com a alimentação e a saúde. O
consumidor tem mostrado preferência cada vez maior por alimentos que possam
trazer algum benefício adicional à sua saúde em relação aos produtos
tradicionalmente comercializados, vem exigindo alimentos nutritivos (ZIEGLER;
SGARBIERI, 2009). Segundo o Ministério da Saúde, o aumento das taxas de
sobrepeso e de obesidade no mundo inteiro torna a adoção de uma alimentação
saudável um tema cada vez mais preocupante pelas graves conseqüências que uma
alimentação inadequada pode trazer à saúde. Conhecer o papel de determinados
alimentos no funcionamento do corpo, evitar outros ricos em açúcar, gorduras e sal
e saber a melhor forma de compor as refeições contribui bastante para uma rotina
com mais saúde.
Dentre uma imensa variedade de alimentos a que se atribuem qualidades
nutricionais e benéficas a saúde, se encontra o leite, como essencial em uma
alimentação saudável. O leite de vaca e seus derivados, como o soro de leite, são
responsáveis por 80% do cálcio necessário para uma dieta equilibrada.
Acrescentando, o produto tem ainda proteínas essenciais à boa saúde, vitamina A e
fósforo (DALLAS, 1999).
2.2 Leite
Segundo ORDOÑEZ (2005), o leite é o produto integral, não alterado nem
adulterado e sem colostro, procedente da ordenha higiênica, regular, completa e
ininterrupta das fêmeas domésticas saudáveis e bem-alimentadas.
Do ponto de vista biológico, o leite é produto da secreção das glândulas
mamárias de fêmeas mamíferas, cuja função é alimentar os recém-nascidos. E pela
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físico-química, o leite é uma mistura homogênea de grande número de substâncias
(lactose, glicerídeos, proteínas, sais, etc.), das quais algumas estão em emulsão,
algumas em suspensão e outras em dissolução verdadeira (proteínas do soro,
lactose, etc.) (ORDÓÑEZ, 2005).
2.2.1 Composição química
O leite de vaca contém aproximadamente 87,3 % de água, 3,8 % de gordura,
4,9 % de lactose, 0,72 % de cinzas e 3,3 % de proteínas (principalmente caseína e
albumina) minerais e vitaminas (A, D, B12) (GAUCHE, 2007), além de ser uma fonte
rica de cálcio, riboflavina e niacina (MARCHIORI, 2006).
A proporção de cada componente varia com a alimentação da vaca, que
corresponde a 50% das variações de gordura e proteínas do leite, mas não afeta o
teor de lactose. A espécie do animal, período de lactação, clima, manejo, também
contribuem para variações dos constituintes do leite (GONZALES; DURR;
FONTANELI, 2001).
2.2.1.1 Proteínas
As proteínas lácteas são de origem animal e se encontram entre as mais
consumidas pelo homem. Possuem alto valor nutritivo e pela facilidade de seu
isolamento, são as mais estudadas e das quais se conhecem a estrutura primária de
quase todas as suas frações e sub-frações (FURTADO, 1998). Elas são divididas
em dois grandes grupos: as caseínas, insolúveis em pH 4,6 e 20ºC, e as proteínas
do soro (DALLAS, 1999). As caseínas e as proteínas do soro apresentam diferenças
quanto à origem e características químicas (Quadro 1).
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Quadro 1. Características químicas da caseína e proteínas do soro.
Características químicas Caseínas Proteínas
do soro
Solubilidade a pH 4,6 Não Sim
Coagulação por quimosina Sim Não
Termorresistência Sim Não
Fósforo Sim Não
Enxofre 0,8% 1,7%
Estado Coloidal Em
dissolução
Fonte: ORDÓÑEZ, 2005.
Entre as proteínas do leite, a mais importante é a caseína, que corresponde a
cerca de 85% das proteínas lácteas. A caseína possui algumas variações (α, β, γ, k)
todas similares na estrutura, que formam micelas, grânulos insolúveis, enquanto que
as demais proteínas do leite estão solúveis. As moléculas individuais de caseína não
são muito solúveis no leite, no entanto, os grânulos de micela de caseína mantêm
uma suspensão colóide no leite. Se a estrutura micelar é quebrada, as micelas se
separam e a caseína fica insolúvel, formando o coalho, usado na fabricação de
queijos (GONZÁLEZ; CAMPOS, 2003).
A estrutura micelar da caseína é importante na digestão do leite no estômago
e no intestino. As micelas de caseína contêm água e minerais, principalmente cálcio
e fósforo. A caseína é um dos mais abundantes componentes orgânicos do leite,
junto com a lactose e a gordura. (GONZÁLEZ, 2001; GONZÁLEZ; CAMPOS, 2003).
Evidências recentes sustentam a teoria de que as proteínas do leite, incluindo
as proteínas do soro, além do seu valor biológico, possuem peptídeos bioativos, que
atuam como agentes antimicrobianos, anti-hipertensivos, reguladores da função
imune, assim como fatores de crescimento (HARAGUCHI; ABREU; PAULA, 2006).
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2.2.1.2 Lactose
A lactose, que corresponde cerca de 5% do leite bovino, é um dissacarídeo
formado por um resto de D-glicose e outro de D-galactose unidos por uma ligação β-
1,4-glicosídica (ORDÓÑEZ, 2005) e existe naturalmente nas formas α-lactose e β-
lactose, (Figura 2) (MONTES, 2004).
Figura 2. Estrutura química de α e β lactose.
Fonte: MONTES, 2004.
A lactose é o açúcar característico do leite e em seus derivados. É extraída do
soro originado da fabricação de queijos, na forma de um pó branco e cristalino,
facilmente modificado ou processado, não higroscópico e solúvel em água
(MONTES, 2004). É cerca de dez vezes menos solúvel que a sacarose. Tal
característica pode causar cristalização e, consequentemente, problemas
tecnológicos durante o processamento de alguns produtos, contudo, a sua hidrólise
possibilita a obtenção de um xarope mais doce contendo glicose e galactose e
diminui problemas com cristalização (BECKER, 2009).
A lactose é responsável pela melhor absorção do cálcio e fósforo, reduzindo a
necessidade de ingestão de vitamina D presente em outros alimentos (MACHADO,
et al., 2008) contribuindo para a firmeza da musculatura infantil, além de ser um
excelente absorvedor de aromas e corantes e veículo para adoçantes artificiais,
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como aspartame e sacarina, pois possui baixo poder edulcorante (ORDÓÑEZ, 2005;
MONTES, 2004).
É um ingrediente que confere diferentes características funcionais (melhora
viscosidade ou textura, evita cristalização) em produtos alimentícios, sendo
encontrado em chocolates, produtos lácteos e de confeitaria. É usada para retardar
a cristalização de outros açúcares, como a sacarose e tem capacidade de adsorver
aromas e realçar sabores (MONTES, 2004). Na indústria de alimentos também é
utilizada como ingrediente em fórmulas infantis e na indústria farmacêutica, como
excipiente de medicamentos. Na forma natural, a lactose é muito utilizada como
substrato para a fermentação por microrganismos selecionados, originando diversos
produtos, tais como a bebida Láctea fermentada (ALVES, 2007).
2.2.1.3 Gordura
Outro componente do leite bovino é a gordura com concentração entre 3,2 e
6% É o constituinte que mais sofre variações em razão de alimentação, raça,
estação do ano e período de lactação, composto por várias classes de lipídeos,
sendo os triglicerídeos os mais abundantes (98%). Existe, ainda, uma grande
variedade de ácidos graxos livres, sendo que os principais são o ácido palmítico e
ácido oléico (ORDÓÑEZ, 2005).
A gordura encontra-se dispersa no leite em forma de glóbulos esféricos, que
são constituídos de um núcleo central que contém a gordura, envolvidos por uma
película lipoprotéica (ORDÓÑEZ, 2005). A gordura presente no leite tem uma
tendência a separar-se formando uma capa superficial (especialmente nos tanques
de fermentação durante o período de incubação) (ALVES, 2007).
Para prevenir essa separação, a homogeneização do leite cru, que pode ser
feita antes ou após a pasteurização, deve ser realizada em velocidade elevada, ou
seja, o leite precisa passar por um pequeno orifício em alta pressão para misturar
corretamente o conteúdo do tanque, aumentar a viscosidade, favorecer a lipólise e a
ação de enzimas, diminuindo o tamanho dos glóbulos de gordura, estabilizando as
proteínas, etc (ALVES, 2007).
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2.3 Soro de leite
O soro é um subrpoduto do queijo, obtido da coagulação das caseínas
(PINTADO; MALCATA, 1999) e representa em torno de 85-95% do volume do leite,
retendo 55% dos seus nutrientes (IMAMURA; MADRONA, 2008).
O Lactossoro possui alto valor nutricional, rico em proteínas (que possuem
elevado teor de aminoácidos essenciais, destacando-se no conteúdo em sulfurados)
e cálcio, elementos capazes de atuar como antioxidantes, anticarcinogênicos e
repositores minerais e energéticos, além de combaterem o colesterol ruim e, em
concentrações específicas, a hipertensão (CAPITANI, et al., 2005; IMAMURA;
MADRONA, 2008).
Grandes volumes de soro ainda são desperdiçados ou direcionados a
sistemas de tratamento de efluentes com baixa eficiência, contaminando os corpos
receptores, gerando problemas ambientais como a demanda bioquímica de oxigênio
de 30.000 a 50.000 mg/L (ALMEIDA; BONASSI; ROÇA, 2001).
Em decorrência dos problemas enfrentados pelas indústrias para efetuarem o
tratamento do soro como resíduo industrial, adequando-o às exigências dos órgãos
de inspeção e saúde pública, começaram na década de 60 os testes de
aproveitamento para o soro de queijo (IMAMURA; MADRONA, 2008).
Nos últimos anos, tem-se notado a tendência à substituição do leite pelo soro,
na fabricação dos mais diversos produtos, tanto por questões econômicas, quanto
por vantagens qualitativas proporcionadas pela utilização do soro, tais como
melhoria nas qualidades gustativas e na textura, emulsificação, estabilidade, na
dispersibilidade em misturas secas, na ação anti-aglutinante, no aumento do
potencial nutritivo e na maior vida-de-prateleira (NIKAEDO; AMARAL; PENNA,
2004). Mesmo com secagem do soro de leite para obtenção do produto em pó,
essas características são mantidas (VALDUGA, 2003).
O soro de leite em pó, segundo Ministério da saúde sob n° 012/1235, é o
produto obtido da fabricação do queijo, sem adição de sal, concentrado por
evaporador a vácuo e seco através do processo tipo spray drier. Devido às suas
numerosas propriedades funcionais, como agente de escurecimento e de volume,
formador de espuma e pela capacidade de retenção de água, o soro em pó é
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utilizado em uma variedade de indústrias de alimentos (NIKAEDO; AMARAL;
PENNA, 2004).
A secagem por atomização (spray dryer) do soro de leite para obtenção do
produto em pó está entre as diversas tecnologias para o aproveitamento deste tipo
de produto. Neste processo, os nutrientes são preservados quase que
completamente (Quadro 2). Além disso, a concentração do soro gera produtos
protéicos que, ao serem utilizados como ingredientes, melhoram as propriedades
funcionais (viscosidade, solubilidade, geleificação, emulsificação, formação de
espuma e estabilidade) dos alimentos (VALDUGA, 2006).
Quadro 2. Informações nutricionais do soro de leite em pó.
Porção de 100g
Carboidratos 74g
Calorias 350 Kcal
Proteínas 11g
Gorduras totais 1,0g
Gorduras Trans 0,0g
Gorduras saturadas 0,5g
Colesterol 6mg
Cálcio 796mg
Sódio 1080mg
Ferro 0,90mg
Fonte: Ministério da Saúde sob n° 012/1235.
A concentração do soro (WPCs, concentrados protéicos) envolve alto custo
de produção sendo considerado inviável pelas indústrias nacionais. Por outro lado, o
custo relativamente alto do leite desnatado em pó tem aumentado o interesse na
busca de fontes alternativas para o suprimento de sólidos não gordurosos do leite na
formulação de diversos produtos (VALDUGA, et al., 2006).
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2.3.1 Composição química do soro de leite
O valor nutricional do soro é elevado, pois apresentam entre 0,6-1,0% de sais
minerais, 4,6% de lactose, 0,5% de gordura e 0,8 % de proteínas (20% das
proteínas totais do leite), principalmente betalactoglobulina, alfa-lactoalbumina, de
excelente valor biológico, imunoglobulinas e outras proteínas menores (ALVES,
2007).
Apesar de o soro apresentar normalmente estas características, seu sabor,
ligeiramente ácido ou doce, e a sua composição dependem do tipo e do processo de
fabricação do queijo (ALVES, 2007), do tratamento que o soro sofre após estar
separado do coalho (pasteurização, pré-concentração e remoção de partículas de
caseína) e das espécies produtoras e sua alimentação (RODRIGUES, 2001).
2.3.2 Proteínas do soro
A partir da década de 70, os cientistas passaram a estudar as propriedades
das proteínas do soro. Em 1971, o consumo dessas proteínas foi relacionado como
parte importante no tratamento e prevenção de flatulências, prisão de ventre e
putrefação intestinal. Evidências recentes sustentam a teoria de que as proteínas do
leite, incluindo as proteínas do soro, além de seu alto valor biológico, possuem
peptídeos bioativos, que atuam como agentes antimicrobianos, anti-hipertensivos,
reguladores da função imune, assim como fatores de crescimento (HARAGUCHI;
ABREU; PAULA, 2008).
Formado por uma mistura de proteínas e diversas propriedades funcionais
(como emulsificação, aeração, formação de gel), o soro de leite bovino tem potencial
considerável de utilizações, necessitando de processamento para tornar-se o
ingrediente protéico adequado para uma utilização específica. Países como Estados
Unidos, Austrália, Canadá e Nova Zelândia e nações da União Européia processam
este subproduto reconhecendo-o como ingrediente funcional e agregando valor à
linha de produção da indústria láctea. (SILVA; BOLINI, 2006).
As principais proteínas do soro são: β-lactoglobulina (β-Lg) e α-lactoalbumina
(α-La). O soro de leite também contém, em menor quantidade, outras proteínas e
peptídeos com propriedades importantes (MOURA, 2009).
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A β-lactoglobulina (β-Lg) é a proteína presente em maior quantidade (50%)
no soro de leite bovino, organizada em 15% da estrutura protéica como alfa-hélice,
43% de beta-pregueada e 47% de estrutura não-organizada (ANTUNES, 2003)A
estrutura da β-lactoglobulina, do tipo lipocalina, forma uma espécie de cálice de
caráter hidrofóbico que lhe confere propriedades funcionais de grande aplicação na
indústria de alimentos, como capacidade de emulsificação, formação de espuma,
geleificação e ligação de aroma e sabor (IMAMURA; MADRONA, 2008).
O tratamento térmico, dessa proteína induz uma mudança conformacional
que resulta na exposição do grupo tiol reativo. Esse grupo tiol pode formar ligações
dissulfeto com outras proteínas que contém cisteína. A formação de ligações
dissulfeto intermoleculares é essencial para a formação de géis de proteínas do soro
induzidos termicamente e para uma estrutura de espuma estável. É uma proteína
que faz ligação com retinol (transporte de vitamina A) e ainda é sugerido que a β-Lg
possua a função de proteína ligadora de lipídios ou ácidos graxos (AGUIAR; CORÓ;
PEDRÃO., 2005).
A α-lactalbumina, constituída de uma cadeia com α-hélice e β-pregueada,
constitui 2% das proteínas totais do leite e 22% das proteínas do soro. É a única
proteína do soro capaz de se ligar ao cálcio (a ligação cálcio estabiliza a proteína) e
seu alto teor de triptofano apresenta benefícios na regulação do sono e melhora do
humor. A α-lactalbumina é semelhante à lisozima do ovo, levando em conta o poder
emulsificante (ANTUNES, 2003; MOURA, 2009).
As proteínas do soro apresentam algumas vantagens em relação às
caseínas. Diferenças fundamentais no metabolismo e na ação fisiológica dessas
proteínas baseiam-se na propriedade das proteínas do soro de não sofrerem
alterações conformacionais pelos ácidos estomacais. Ao atingirem o intestino
delgado são rapidamente digeridas e seus aminoácidos absorvidos, elevando
rapidamente a concentração aminoacídica do plasma e estimulando a síntese de
proteínas nos tecidos. Além disso, também foram relacionadas com a prevenção do
câncer de próstata (VALDUGA, et al., 2006).
As proteínas do soro apresentam características físico-químicas que resultam
em importantes propriedades funcionais para aplicações alimentares, tais como boa
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solubilidade em água, capacidade de transportar pequenas moléculas lipofílicas (β-
lactoglobulina) e íons (lactoferrina), ação tensoativa que permite a obtenção e
estabilização de sistemas bifásicos (emulsões e espuma), propriedades gelificantes,
que possibilitam a retenção de grandes quantidades de água e outras pequenas
moléculas dentro da matriz, conferindo estabilidade aos alimentos (TORRES, 2005).
A capacidade gelificante destas proteínas é desejável, pois a gelificação protéica é
parte essencial da formação das propriedades de textura dos alimentos (GAUCHE,
2007).
Como exemplo de aplicações das proteínas do soro temos a substituição do
leite desnatado em sorvete por sólidos de soro de leite, uma vez que, além do ganho
biológico por conter as proteínas relacionadas com a prevenção do câncer de
próstata, confere melhoria das propriedades funcionais (viscosidade, solubilidade,
gelificação, emulsifcação, formação de espuma, estabilidade) e reduz custos do
produto final (SILVA; BOLINI, 2006).
SGARBIERI (2004) relatou várias atividades dessas proteínas como:
imunomoduladora (imunoglobulinas); antimicrobiana (lactoferrina; lactoperoxidase;
α-lactalbumina e imunoglobulinas); antiviral (lactoferricina); anticancerígena
(concentrado de proteínas do soro; lactoferrina; β-lactoglobulina); antiúlcera
(concentrado de proteínas do soro; α-lactalbumina) e proteção ao sistema
cardiovascular.
Em relação aos aspectos nutricionais e fisiológicos, as proteínas do soro do
leite podem ser usadas em aplicações nutricionais, como fórmulas enterais e
infantis; na forma de proteínas nativas ou pré-digeridas contribuindo com o ganho de
peso em pacientes pós-cirúrgicos, geriátricos e imobilizados; em dietas de alimentos
de baixa caloria; e na substituição de gordura, ou na formulação de alimentos e
bebidas saudáveis (CAPITANI, et al., 2005). Além disso, elas têm maior valor
biológico de todas as proteínas naturais, apresentam sabor muito brando e custo
razoável (BRANDÃO, 2004).
A Whey protein (WPC), também conhecida como proteína concentrada ou
isolada do soro de leite, é obtida após a secagem e concentração do soro e por
apresentar efeitos de espessante, emulsificante e antialérgico, é indispensável na
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14
manipulação de diversos produtos, tais como laticínios, produtos cárneos,
fórmulas infantis e produtos de panificação (BERNO.; SPOTO.; CANNIATTI-
BRAZACA, 2007).
A recuperação das proteínas do soro é uma prática largamente utilizada nos
países desenvolvidos na produção de concentrados e isolados protéicos
(PINTADO.; MALCATA, 1999). Os concentrados protéicos de soro são também
conhecidos pelas aplicações devido à variável funcionalidade e aroma (NIKAEDO;
AMARAL; PENNA, 2004). Atualmente, os concentrados de soro são utilizados em
produtos de panificação, sobremesas congeladas, chocolates, fórmulas infantis,
produtos à base de queijo, bebidas nutricionais, leites fermentados e diversidade de
alimentos processados (VALDUGA, 2006).
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15
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Matéria prima
O soro de leite em pó (5Kg) foi doado pela empresa Leit Bom, localizada no
município de São Luís dos Montes Belos (GO). O soro de leite recebido foi,
primeiramente, envasado de forma adequada em uma seladora manual, para evitar
contaminação e controle de umidade do produto e armazenada no laboratório de
laticínios no setor de tecnologia da UFG, em uma caixa de plástico em temperatura
ambiente.
3.2 Metodologias
3.2.1 Desenvolvimento da mistura de bolo com leite em pó e da mistura
com soro em pó.
As duas misturas de bolo foram formuladas com as mesmas quantidades de
ingredientes, sendo estes misturados e envasados em embalagem laminada.
3.2.2 Preparo das massas de bolos
Por meio das misturas desenvolvidas foram preparadas as massas de
bolos,conforme a figura 4 abaixo, que também mostra uma comparação entre o
preparo de massas de misturas de bolos tradicionais, já encontradas em mercado,
com o da mistura de bolo com soro de leite em pó.
Figura 3. Fluxograma do preparo de massas de misturas de bolo tradicionais e
da mistura de bolo com soro de leite em pó.
3 ovos
150 mL de leite
Mistura de bolo tradicional
70g de margarina
40 min Forno
Mistura de bolo com soro de leite em pó/ Mistura de bolo com leite em
pó
145 mL de água
140g de margarina
50 min Forno
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16
3.2.3 Análise físico-química - Composição centesimal
As análises físico-químicas foram realizadas no Centro de Pesquisa de
Alimentos (CPA) da Universidade Federal de Góias, Goiânia. Foram realizadas em
triplicata as seguintes análises segundo o Instituto Adolfo Lutz (1985): extração
direta por soxhlet – lipídeos; resíduo por incineração – cinzas; perda por dessecação
– umidade; carboidratos. A análise de fibra foi feita pelo método Scharrer e
Krushner, segundo BERTOIDO (1997); proteína foi determinada pelo método de
Kjeldahl pela AOAC (Association of Official Analytical chemists); Para gordura
saturada e trans foi utilizada espectróscopia de reflectância no infravermelho
próximo (NIRS).
3.2.4 Avaliação Sensorial
A análise sensorial ocorreu no laboratório do Setor de Tecnologia de
Alimentos da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade
Federal de Goiás e foi realizada com o objetivo de avaliar a aceitação entre as
misturas de bolo com Soro e com Leite. Foi realizado um teste de aceitação (figura
5) com escala hedônica variando de um (desgostei extremamente) a nove (gostei
extremamente). As análises foram realizadas com uma equipe de 40 provadores,
não-treinados, composta por professores, alunos e funcionários da UFG acima
mencionada que, também, responderam se consumiriam ou não produtos do tipo
mistura de bolo.
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17
Figura 4. Ficha de Análise Sensorial.
Fonte: Adolfo Lutz (1985)
3.2.5 Análises Estatísticas
Os resultados do teste de aceitação foram avaliados estatisticamente
pela análise de variância, ANOVA e os dados foram rodados com programa
Estatística (2000) e os dados da composição centesimal foram avaliados pelo
programa Sisvar (2000).
Amostra: Julgador: Data:
Você está recebendo uma amostra. Avalie segundo o grau de gostar ou desgostar,
utilizando a escala abaixo.
( 9 ) gostei extremamente
( 8 ) gostei moderadamente
( 7 ) gostei regularmente
( 6 ) gostei ligeiramente
( 5 ) não gostei, nem desgostei
( 4 ) desgostei ligeiramente
( 3 ) desgostei regularmente
( 2 ) desgostei moderadamente
( 1 ) desgostei extremamente
( )
Você consumiria esse tipo de produto? Sim ( ) Não ( )
Comentários:
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Custo final das misturas de bolo com leite em pó e soro de leite em pó
Tabela 1. Custo final das misturas de bolo com leite e soro em pó.
Formulação Quantidade Preço (R$)
MBSL 1Kg 1,48
MBL 1Kg 4,03
Como mostra a tabela 1 acima, a mistura de bolo com soro de leite em pó
(MBSL) (1Kg) teve um custo de 1,48 reais e a mistura com leite em pó (MBL) (1Kg)
custou 4,03 reais, mostrando uma redução de 2,55 reais do produto com soro leite
em pó em relação ao produto original, ou seja, uma substituição viável
economicamente.
A MBSL desenvolvida, além do baixo custo final, também apresentou outro ponto
relevante em sua formulação quando se trata dos ingredientes que são adicionados
para o preparo de uma massa de bolo a partir de uma mistura em pó. Para preparar
a massa de uma mistura de bolo tradicional é necessária a adição de ovos, leite e
margarina, enquanto que para a massa da MBSL foi feita apenas a adição de água e
margarina.
Essa diferença entre os ingredientes adicionados em uma mistura tradicional e na
mistura com soro em pó, também, implica em uma redução de custo para o
consumidor durante o preparo da massa de bolo, haja visto, que não terá que
adicionar leite e ovos.
4.2 Características tecnológicas das massas de bolos preparadas
Com o preparo das massas de bolo a partir das misturas em pó foi possível
relacionar as vantagens e desvantagens tecnológicas da massa de bolo obtida a
partir da mistura de bolo com soro em pó, como mostra a Tabela 2 abaixo.
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19
Tabela 2. Vantagens e desvantagens tecnológicas do bolo com soro de leite em pó.
Vantagens Desvantagens
Cor mais caramelo Menor aeração
Leve arenosidade Massa mais dura
Maior umidade Menor crescimento da massa
Maior cremosidade e doçura
As características verificadas no bolo com soro em pó podem ser justificadas
por algumas propriedades funcionais das proteínas do soro lácteo, como capacidade
de emulsificação, formação de espuma, geleificação e ligação de aroma e sabor
(IMAMURA; MADRONA, 2008). A principal propriedade funcional da parte protéica
do soro é capacidade de geleificação, da β-lactoglobulina, que arrasta quantidades
de água e de compostos não-protéicos. Essa característica faz com que melhore o
mouthfeel, ajudando a lubrificar e conferir ao produto a textura lisa e cremosa típica
de gordura (MING, 1998).
A cor caramelo de um produto é devido a reação de Mailard que ocorre entre
um aminoácido e um açúcar redutor. A cor mais caramelizada do bolo com soro de
leite em pó é explicada pela reação de Mailard que acontece entre as proteínas do
soro de leite e a lactose, sabendo que essas proteínas são mais reativas devido a
sua conformação espacial, tornando-as menos estáveis, ou seja, mais sensíveis a
reação de caramelização (MOURA, 2009)
Contudo, um produto com proteína de soro não é tão aerado como o produto
original, pois as proteínas do soro de leite (PSL) retêm umidade e não reagem com o
amido, envolvendo o colapso das proteínas dentro da matriz de amido, causando
aumento da dureza, além de expansão reduzida, ou seja, uma massa que não
cresce demasiadamente (BRANDÃO, 2004).
4.3 Composição centesimal das misturas de bolo com leite em pó e soro em pó
Os resultados das análises físico-químicas das misturas de bolo são
apresentados na tabela 3.
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20
Tabela 3. Composição centesimal em porção de 100g das misturas de
bolo com leite em pó e soro de leite em pó.
Análises Mistura de bolo com Leite em pó
(g)
Mistura de bolo com Soro de leite em pó
(g)
Umidade 4,5a 5,4a
Cinzas 4,2a 3,7b
Proteína 17,0a 12,2b
Fibras 1,6a 1,2b
Lipídeos 3,0a 2,8b
Gordura Trans 0 0
Gordura saturada 1,3a 0,8b
Carboidratos 69,6b 74,6ª
Valor calórico 373,7a Kcal 372,9a Kcal
*Letras diferentes em uma mesma linha representam diferença a um nível
de significância de 5%.
Estatiscamente, as formulações com soro em pó e com leite em pó não
apresentaram diferença quanto ao teor de umidade e valor calórico. Quanto às
outras análises, todas apresentaram diferença entre as amostras ao nível de 5% de
significância.
A mistura de bolo com soro de leite em pó apresentou menores teores de
proteínas, fibras e gordura saturada. O teor de proteína inferior na mistura de bolo
com soro em pó já era esperado e justificável, sabendo-se que as proteínas do soro
de leite representam 20% das proteínas totais do leite enquanto que a caseína
representa 85% (GONZÁLEZ, 2001). No entanto, apesar de participarem em menor
quantidade, as proteínas do soro possuem características físico-químicas que lhes
conferem propriedades funcionais interessantes para aplicações alimentares, como
por exemplo, efeitos espessante e emulsificante (BERNO; SPOTO; CANNIATTI-
BRAZACA , 2007).
-
21
Quanto ao teor de lipídeos, a mistura de bolo com soro em pó (MBSL)
apresentou uma redução de mais de 25% de gordura saturada, contudo, em relação
ao teor de lipídeos totais, a redução foi um pouco menor.
Essa redução de gordura saturada na MBSL é significativa na composição
dessa mistura, pois se sabe que os ácidos graxos saturados (AGS) são a principal
causa alimentar da elevação do colesterol ruim, o LDL, que então leva a problemas
cardiovasculares (MARCONDELLI., MARANGON., SCHMITZ.,2004).
4.4 Análise sensorial das massas de bolo elaboradas por meio das misturas
em pó
4.4.1 Teste de aceitação das massas feitas por meio das misturas em pó
desenvolvidas
0
10
20
30
40
1 2 3 4 5 6 7 8 9
MBL
MBSL
Figura 5. Porcentagem dos dados obtidos pela escala hedônica de 9 pontos do teste
de aceitação.
A figura 5, mostra um gráfico das porcentagens de cada ponto da escala
hedônica de 9 pontos usada no teste de aceitação, que representa o quanto que o
provador gostou ou desgostou da massas de bolo com leite em pó (MBL) e da
massa de bolo com soro em pó (MBSL).
Então, pode-se observar que tanto para MBL quanto para a MBSL tiveram
aceitação entre os pontos 6 e 9 da escala hedônica, onde 6 é o gostei ligeiramente e
o 9 gostei extremamente.
-
22
Os resultados da análise de variância dos dados mostrados na figura 6
demonstraram não haver diferença de aceitação, ao nível de significância de 5%,
entre as massas de bolo formuladas com soro de leite em pó e com leite em pó
entre os provadores.
4.4.2 Avaliação da intenção de consumo das misturas de bolo com soro
em pó e com leite em pó
Através da avaliação de intenção de consumo da mistura de bolo com soro de
leite (MBSL) e da mistura de bolo com leite (MBL), observou-se que mais de 80%
dos provadores tem intenção de consumir estes produtos, conforme Figura 6 e 7.
95%
sim
5%
não
Mistura de bolo com soro de
leite
Figura 6. Percentual de intenção de consumo da MBSL.
-
23
82%
sim
18%
não
Mistura de bolo com
leite
Figura 7. Percentual de intenção de consumo MBL.
-
24
5. CONCLUSÃO
• A mistura de bolo de milho desenvolvida apresentou grande
vantagem quanto aos ingredientes adicionados para o preparo da
massa de bolo, haja visto, que exigiu apenas a adição de água e
margarina, enquanto que as misturas já existentes em mercado,
necessitam da adição de leite, ovos e, geralmente, margarina.
• O desenvolvimento da mistura de bolo de milho com soro em pó,
além de apresentar uma formulação que proporcionou a redução
de custos para sua produção, também apresenta vantagens para o
consumidor, que irá gastar menos para comprar a mistura e para
preparar a massa de bolo a partir da mistura em pó.
• A substituição do leite em pó pelo soro em pó na formulação da
mistura de bolo de milho se mostrou viável não só
economicamente como também quanto às características
tecnológicas apresentadas pela massa do bolo obtido.
• Pelo teste de aceitação aplicado foi verificado que,
estatisticamente, não houve diferença de aceitação entre as
massas de bolo com soro em pó e leite em pó.
-
25
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