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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO OLIMPIA LIMA SILVA FILHA Zootecnista AREIA - PB DEZEMBRO - 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO

OLIMPIA LIMA SILVA FILHA Zootecnista

AREIA - PB DEZEMBRO - 2006

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO

OLIMPIA LIMA SILVA FILHA

AREIA - PB DEZEMBRO – 2006

OLIMPIA LIMA SILVA FILHA

CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO

Comitê de Orientação: Prof. Dr. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho – Orientador Principal Ph.D. José Robson Bezerra Sereno Profª. Drª. Ludmila da Paz Gomes da Silva

AREIA - PB DEZEMBRO - 2006

Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, do qual participa a Universidade Federal da Paraíba, a Universidade Federal Rural de Pernambuco e a Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia. Área de Concentração: Produção Animal.

S586c Silva Filha, Olímpia Lima

Caracterização da criação de suínos locais no Curimataú Paraibano. / Olímpia Lima Silva Filha. – Areia: PPGZ/CCA/UFPB, 2006.

157f.: il. Tese (Doutorado em Zootecnia) pelo Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal da Paraíba. Área de Concentração: Produção Animal. Orientador: Edgard Cavalcanti Pimenta Filho.

1. Suínos nativos - morfologia. 2. Socioeconomia. 3. Nordeste brasileiro. I. Pimenta Filho, Edgard Cavalcanti (Orient.). II. Título.

CDU: 636.4(043.2)

Ficha Catalográfica elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB. Bibliotecária: Márcia Maria Marques CRB4 – 1409

OLIMPIA LIMA SILVA FILHA

CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO

tese defendida e aprovada pela Comissão Examinadora em 15 de dezembro de 2006. Comissão Examinadora:

________________________________________ Dr. Jorge Vitor Ludke

Embrapa Suínos e Aves

________________________________________ Profª. Drª. Maria Norma Ribeiro

Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE Departamento de Zootecnia/PDIZ

__________________________________________ Profª. Drª. Ludmila da Paz Gomes da Silva Universidade Federal da Paraíba - UFPB

Departamento de Zootecnia/CCA

___________________________________________ Prof. Dr. Walter Esfrain Pereira

Universidade Federal da Paraíba - UFPB Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais/CCA/PDIZ

________________________________________ Prof. Dr. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho Universidade Federal da Paraíba - UFPB Departamento de Zootecnia/CCA/PDIZ

Presidente

AREIA-PB DEZEMBRO – 2006

A minha maior e mais profunda homenagem à mulher que representa o maior

exemplo para minha vida, com sua dedicação integral e demonstração de resiliência

durante todos os momentos de minha existência, especialmente os mais difíceis,

independente da distância física. Em especial, a eterna gratidão à minha amável

Mainha!

Diante de minha riqueza materna, não poderia deixar de explicitar minha

eterna gratidão também a uma mulher muito mais que minha cunhada, que sempre

destinou atenção especial à minha formação e aos meus estudos, minha segunda Mãe,

Carminha.

Minha Homenagem!

A Robson, meu esposo, pela sua paciência, amizade, companheirismo e amor,

Dedico

AGRADECIMENTOS

A DEUS! Pelo Dom da vida!

A todos os familiares e amigos que, direta ou indiretamente participaram desta

minha caminhada acadêmica, me incentivando através de seus carinhos e agouros de

sucesso.

À paciência, amizade, orientação incondicional desde os tempos antecedidos ao

doutorado e pelos valiosos conselhos, Sereno (Embrapa Cerrados), você tem todo o

meu reconhecimento e agradecimento fraterno e profissional.

À UFPB, através do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, pela

concessão deste curso, e pelo apoio acadêmico de todos os professores que tiveram

envolvimento na minha formação, incluindo a UFRPE, principalmente a professora

Norma. Em especial ao Professor Edgard, por ter me assumido como sua orientada, ter

confiado em mim à execução desta pesquisa e, pela sua valiosa orientação e amizade.

Aos colegas do curso e durante o percurso, pela amizade, companheirismo e apoio.

Ao amigo, o Professor Juanvi - Universidade de Córdoba (UCO),

Departamento de Genética (Espanha) - pelos seus conselhos, amizade, exemplo e

empolgação na área de Conservação de Recursos Genéticos Animais. E a todos os

amigos conquistados na UCO.

Ao BNB, através do técnico do FUNDECI/ETENE Luciano J. Feijão Ximenes,

pela sua contribuição, fornecimento de dados e compreensão da necessidade dos

mesmos.

À EMEPA, na pessoa de Graça, pelo empréstimo de equipamento.

À AS-PTA/PB, na pessoa de Marilene Melo, pela confiança e apoio no trabalho

executado em Casserengue.

Aos Sindicatos dos Trabalhos Rurais (STR) de cada município estudado, pelo

suporte oferecido e, em especial a Maria do STR de Casserengue.

Aos alunos da graduação em Zootecnia da UFBP/CCA, Davi (atualmente

cursando mestrado em São Paulo), Jaene, Angelo e Carol, pelo acompanhamento em

todo o trabalho e, consequentemente, respectiva construção de suas monografias.

Em especial, a todos os criadores de suínos locais que foram os co-autores mais

importantes desta obra!

MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS A TODOS!

BIOGRAFIA

Olímpia Lima Silva Filha, filha de Edvaldo Magalhães Silva (in memorian) e Olímpia Lima Silva, nascida em 13 de junho de 1973.

Graduou-se em Zootecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (2001), em Itapetinga/BA.

Concluiu o mestrado em Zootecnia, com concentração em Nutrição Animal, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2002), em Recife/PE.

Especializou-se em “Conservación y Utilización de Las Razas de Animales Domésticos en Sistemas de Explotación Tradicionales” pela Universidade de Córdoba, Espanha (2005).

Ingressando no doutorado em Zootecnia, com concentração na área de Produção Animal e na linha de pesquisa de Conservação de Recursos Genéticos Animais, pela Universidade Federal da Paraíba, Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia em 2004, concluindo em 2006.

Atualmente é Professora Assistente da Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL.

"É apenas com o coração que se vê bem. O essencial é invisível aos olhos” (Antoine de Saint-Exupéry).

SUMÁRIO

Página

LISTA DE FIGURAS................................................................................................. xii

LISTA DE TABELAS................................................................................................ xiv

LISTA DE GRÁFICOS.............................................................................................. xvii

RESUMO GERAL...................................................................................................... xviii

ABSTRACT................................................................................................................ xix

CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................................

CAPÍTULO I - CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO

CURIMATAÚ PARAIBANO....................................................................................

INTRODUÇÃO..........................................................................................................

Sistemas de Produção Tradicionais.......................................................

1. Subsistemas de Produção................................................................................

2. Suinocultura de Subsistência..........................................................................

3. Conservação e Uso Sustentável dos Suínos Locais........................................

4. Análise Multivariada como Ferramenta para Caracterização Animal e de

Sistemas de Criação com Vistas à Conservação de Raças..............................

CONSIDERAÇÕES GERAIS....................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................

CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E DE EXTERIOR DE

SUÍNOS LOCAIS DA PARAÍBA, BRASIL.............................................................

Resumo........................................................................................................................

Abstract.......................................................................................................................

INTRODUÇÃO..........................................................................................................

MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................

1. Material...........................................................................................................

1.1 Municípios Pesquisados............................................................................

2. Métodos...........................................................................................................

2.1 Variáveis Biométricas...............................................................................

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2.2 Índices Zoométricos..................................................................................

3. Análises Estatísticas........................................................................................

3.1 Análises de Variância Univariadas...........................................................

3.2 Análises de Variância Multivariadas........................................................

RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................

1. Características Biométricas.............................................................................

1.1 Análises Multivariadadas..........................................................................

2. Características do Exterior dos Animais.........................................................

CONCLUSÕES..........................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................

CAPÍTULO III – CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE

SUÍNOS LOCAIS NA MICRORREGIÃO DO CURIMATAÚ PARAIBANO........

Resumo........................................................................................................................

Abstract.......................................................................................................................

INTRODUÇÃO..........................................................................................................

MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................

1. Material...........................................................................................................

1.1 Municípios Pesquisados............................................................................

2. Métodos...........................................................................................................

RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................

1. Produção de Suínos.........................................................................................

1.1 Sistemas de Criação..................................................................................

1.2 Tempo de Permanência na Atividade e Comercialização.........................

1.3 Manejo Reprodutivo.................................................................................

1.4 Manejo Alimentar.....................................................................................

1.5 Instalações e Equipamentos......................................................................

1.6 Manejo Sanitário.......................................................................................

2. Outras Explorações Zootécnicas.....................................................................

3. Situação Socioeconômica...............................................................................

CONCLUSÕES..........................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................

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CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................

ANEXOS....................................................................................................................

ANEXO 1. CAPÍTULO II. Questionário....................................................................

Tabelas...........................................................................

ANEXO 2. CAPÍTULO II. Figuras............................................................................

ANEXO 3. CAPÍTULO II. Tipos de Orelha e Perfil Cefálico...................................

ANEXO 4. CAPÍTULO II. Caracterização das Raças Nacionais...............................

ANEXO 5. CAPÍTULO III. Figuras...........................................................................

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109

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119

131

xii

LISTA DE FIGURAS

Capítulo II

Página

Figura A. Mapa do Estado da Paraíba, destacando a microrregião do Curimataú......

Figura B. Mapa da microrregião do Curimataú, Paraíba.............................................

Figura C. Mesorregiões do Estado da Paraíba.............................................................

Figura D. Hipômetro....................................................................................................

Figura E. Estimativa de peso do suíno, 2006...............................................................

Figura F. Matriz amamentando, sem raça definida, em Barra de Santa

Rosa/PB..................................................................................................

Figura 1. Suíno criado na corda, Remígio/PB.............................................................

Figura 2. Criação coletiva de suíno, não proprietários da terra, Cuité/PB........................

29

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117

117

Capítulo III

Figura A. Caracterização multidimensional dos criadores de suínos na microrregião

do Curimataú Paraibano............................................................................

Figura 1. Criação coletiva de suíno, proprietários da terra, Barra de Santa

Rosa/PB.....................................................................................................

Figura 2. Criação coletiva de suíno, não proprietários da terra, Cuité/PB........................

84

131

131

xiii

Figura 3. Cobertura de suíno, em Barra de Santa Rosa/PB.........................................

Figura 4. Manejo precário dos leitões, Barra de Santa Rosa/PB.................................

Figura 5. Resíduos da alimentação humana para fornecimento aos suínos.................

Figura 6. Suíno amarrado alimentando-se de abóbora em Barra de Santa

Rosa/PB.....................................................................................................

Figura 7. Criação consorciada em Tacima/PB....................................................................

Figura 8. Criação consorciada em Tacima/PB............................................................

Figuras 9 e 9a. Água da rede pública fornecida aos suínos, Barra de Santa Rosa/PB..........

Figura 10. Instalações rústicas e improvisadas em Barra de Santa Rosa/PB..............

Figura 11. Instalações rústicas e improvisadas em Tacima/PB...................................

Figura 12. Instalação para gestação em Cuité/PB.......................................................

Figura 13 Condições precárias de manejo sanitário, Cuité/PB....................................

Figura 14. Condições precárias de manejo sanitário, Barra de Santa Rosa/PB...........

Figuras 15 e 15a. Suíno amarrado em corda com ferimento no pescoço,

Casserengue/PB.......................................................................

Figura 16. Suíno amarrado em corda com ferimento no pescoço, Tacima/PB...........

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FOTO

: SIL

VA

FIL

HA

, O. L

, 200

6.

xiv

LISTA DE TABELAS

Capítulo II

Tabela 1. Características das principais raças de suínos nacionais.............................

Tabela 2. Número de criatórios por município estudado e suas respectivas áreas,

em percentual................................................................................................

Tabela 3. Representação do número de visitas aos criatórios por dia trabalhado.......

Tabela 4. Estatística descritiva e comparação de médias das variáveis biométricas

(cm), por município na microrregião do Curimataú Paraibano....................

Tabela 5. Peso corporal estimado (kg) e índices zoométricos (%) dos suínos locais,

por município na microrregião do Curimataú Paraibano.............................

Tabela 6. Resumo das análises de variância considerando os efeitos do município e

sexo das variáveis zoométricas estudadas...................................................

Tabela 7. Autovetores e seus respectivos autovalores explicados pelos cinco

componentes principais (CP) das medidas morfométricas dos suínos

locais encontrados no Curimataú Paraibano.................................................

Tabela 8. Autovetores e percentuais de variância explicados pelos componentes

principais (CP) das medidas morfométricas dos suínos locais encontrados

no Curimataú Paraibano...............................................................................

Tabela 9. Valores de F das distancias D2 de Mahalanobis entre os quatro

municípios, baseado nos estudos das variáveis morfológicas dos suínos

locais...........................................................................................................

Tabela 10. Coeficientes canônicos para as variáveis Can1 e Can 2............................

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xv

Tabela 11. Centróides das variáveis canônicas, para os municípios Cuité, Barra de

Santa Rosa, Remígio e Tacima...................................................................

Tabela 12. Freqüência das variáveis: perfil cefálico e tipo de orelha, para

caracterização fenotípica dos suínos na região do Curimataú/PB..........

Tabela 13. Freqüência observada do número de pares de tetas dos suínos locais do

Curimataú/PB............................................................................................

Tabela 14. Características das variáveis perfil cefálico, tipo de orelha e pares de

tetas, das raças nacionais........................................................................

Tabela 15. Freqüência (%) das variáveis de coloração: pelagem, mucosas, pernas e

pés, para caracterização fenotípica dos suínos na região do

Curimataú/PB............................................................................................

Tabela 16. Coloração da pelagem, das mucosas e das pernas e pés, entre os

municípios do Curimataú Paraibano.......................................................

54

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Capítulo III

Tabela 1. Produtores de suínos dos cinco municípios estudados e seus respectivos

locais de criação, em percentual..................................................................

Tabela 2. Distribuição de freqüência dos criadores de suínos locais da zona rural,

possuindo de 0,03 a 5 ha, na microrregião do Curimataú Paraibano............

Tabela 3. Efetivo suinícola encontrado, efetivo oficial, área geográfica e razão de

suínos/km2, para cada município estudado..................................................

Tabela 4. Efetivo suinícola e respectiva densidade populacional para todos os

74

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xvi

municípios da microrregião do Curimataú Paraibano.................................

Tabela 5. Distribuição das variáveis em função dos resultados de sua dimensão, na

análise de ACM.............................................................................................

Tabela 6. Disponibilidade de instalações e respectivo percentual de material de

construção das mesmas para a criação de suínos na microrregião do

Curimataú Paraibano.....................................................................................

Tabela 7. Disponibilidade de máquinas e equipamentos para a criação de suínos na

microrregião do Curimataú Paraibano.........................................................

Tabela 8. Quantidade e respectivo percentual de outros animais produzidos pelas

famílias na microrregião do Curimataú Paraibano......................................

Tabela 9. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) 2000, referente

aos municípios estudados na microrregião do Curimataú Paraibano............

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xvii

LISTA DE GRÁFICOS

Capítulo II

Página

Gráfico 1. Efetivo suinícola nos municípios estudados (IBGE, 2003) na

microrregião do Curimataú Paraibano...................................................

Gráfico 2. Dispersão dos municípios com base nos escores médios das duas

primeiras variáveis canônicas (VC1 e VC2).............................................

33

55

Capítulo III

Gráfico 1. Percentual dos criadores pesquisados e suas respectivas áreas....................

Gráfico 2. Distribuição de freqüência do tamanho das propriedades (ha) visitadas no

Curimataú Paraibano...................................................................................

Gráfico 3. Classificação dos criadores de suínos locais no Curimataú Paraibano........

Gráfico 4. Distribuição dos criadores de suínos locais da zona rural, na microrregião

do Curimataú Paraibano..............................................................................

Gráfico 5. Representação percentual da quantidade de suínos criados, na região do

Curimataú Paraibano...................................................................................

Gráfico 6. Distribuição de freqüência das principais rendas das famílias produtoras,

na microrregião do Curimataú Paraibano, 2006.......................................

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75

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xviii

RESUMO GERAL

Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar morfologicamente os suínos locais do Curimataú Paraibano, conhecer a tipologia dos criadores, os sistemas de produção, as tecnologias adotadas e a sócioeconomia praticada. Para a caracterização morfológica, foram realizadas (1) análises biométricas, através das variáveis: comprimentos da cabeça, focinho, orelha, pescoço, garupa, pernil e do corpo, larguras da cabeça, focinho, orelha, peito, entre as escápulas e da garupa, distância inter-orbital, alturas: perna, dorso, cernelha, garupa e inserção de cauda, perímetros: torácico, abdominal e canela; (2) do exterior desses animais e (3) dos índices zoométricos. Utilizou-se estatística descritiva, ANOVA, análise de componentes principais (PCA), análise de variáveis canônicas e D2

de Mahalanobis. Para caracterização dos criadores, dos sistemas de produção, tecnologias e sócioeconomia, foram avaliadas as informações obtidas a partir de um questionário semi-estruturado aplicado a 215 criadores nos municípios de Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, envolvendo 54 variáveis, analisadas mediante estatística descritiva e análise de correspondência múltipla. Os agrupamentos populacionais suínos diferiram no formato corporal, indicando os de Tacima como os maiores, seguidos dos de Cuité e Barra de Santa Rosa, enquanto os animais de Remígio foram os menores. Caracterizaram-se, na sua maioria, por possuir perfil cefálico subconcavilíneo e predominaram os tipos de orelha ibérica e céltica. Os suínos locais se diferenciavam entre os municípios estudados, demonstrando que os oriundos de Cuité eram morfologicamente diferentes e bem distintos dos demais, seguidos pelo grupo de Tacima, Remígio e Barra de Santa Rosa. Observou-se que as propriedades possuíam um tamanho médio de 7 ha e que 91,6 % dos produtores praticavam sistema extensivo com contenção; 5,1 % semi-extensivo e 3,3 % criavam soltos. Dos entrevistados, 74,7 % representou as criações com um a cinco suínos. Verificou-se uma participação de 54,5 % de mão-de-obra feminina. Em relação ao tempo de permanência no setor/criação de suínos, 66,6 % representou aqueles que criavam há mais de cinco anos. Sobre os manejos reprodutivo, alimentar e sanitário, todos eram precários, quase inexistentes. As instalações eram rústicas e improvisadas. Verificou-se a importância socioeconômica desta criação no potencial para geração de renda, pois 11,8 %, 44,3 %, 43,4 % e 0,5 % têm estes animais como primeira, segunda, terceira e única importância econômica, respectivamente.

Palavras-chave: 1. Suínos locais; 2. Morfologia; 3. Sócioeconomia; 4. Nordeste brasileiro.

xix

ABSTRACT

This research had as objective to characterize morphologically Curimataú Paraibano local swine, to know the creator’s typology, the production systems, the adopted technologies and to partner practiced economy. For the morphologic characterization, they were accomplished (1) analyses biometrics, through the variables: lengths of the head, snout, ear, neck, croup, ham and of the body, widths of the head, snout, ear, chest, among the scapulas and of the croup, orbital enter distance, heights: leg, back, wither, croup and tail insert, perimeters: thorax, abdominal and it cinnamon; (2) of the exterior of these animals and (3) of the indexes zoometrics. It were used the descriptive statistics, ANOVA, analysis of main components (PCA), analysis of canonical variables and D2 of Mahalanobis. For the creator’s characterization, of the production systems, technologies and partner economical, they were appraised the information obtained starting from a questionnaire semi-structured applied to 215 creators in the municipal districts of Casserengue, Cuité, Barra of Rosa Saint, Remígio and Tacima, involving 54 variables, analyzed by descriptive statistics and analysis of multiple correspondence. The groupings population swine differed in the corporal format, indicating the one of Tacima as the largest, followed by the one of Cuité and Barra of Rosa Saint, while the animals of Remígio were the smallest ones. They were characterized, in your majority, for possessing profile cephalic sub concave and the types of Iberian and Celtic ear prevailed. The local swine differed among the studied cities, demonstrating that the originating from of Cuité were different morphologically and very different from the others, followed for the group of Tacima, Remígio and Barra of Rosa Saint. It was observed that the properties possessed a medium size of 7 there is and that 91.6% of the producer’s practiced extensive system with contention; 5.1% semi-extensive and 3.3% created loosened. Of the interviewees, 74.7% represented the creations with one to five swine. A participation of 54.5% of feminine labor was verified. In relation to the time of permanence in the section/creation of swine, 66.6% represented those that created has more than five years. On the handlings reproductive, alimentary and sanitary, all were precarious, almost inexistent. The installations were rustic and improvised. The importance partner economical of this creation was verified in the potential for generation of income, because 11.8%, 44.3%, 43.4% and 0.5% have these you encourage as first, second, third and only economical importance, respectively.

Key-word: 1. Local swine; 2. Morphology; 3. Partner economy; 4. Brazilian northeast.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Iniciar um trabalho de caracterização morfológica e de sistema de produção dos

suínos locais no Nordeste brasileiro foi um grande desafio do ponto de vista técnico-

científico e operacional, além de uma oportunidade de encarar a realidade vivida pelos

criadores desses animais e poder confirmar a urgente necessidade de pesquisas que

possibilitem aprofundar o conhecimento dos recursos genéticos animais locais ainda

existentes, sua importância econômica, sociocultural e como patrimônio genético para a

região. São informações fundamentais para o planejamento de sua preservação e/ou

conservação.

Nos países em desenvolvimento, as iniciativas orientadas para promover a

sustentabilidade agrícola e animal são muito recentes. Os enfoques das políticas de

promoção do desenvolvimento sustentável estão, de forma quase generalizada,

assentados no encorajamento a uma agricultura que promova a biodiversidade e

provoque o mínimo impacto ambiental possível.

Muitas famílias de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento dependem

diretamente de espécies animais locais e da biodiversidade do ecossistema para os seus

sustentos. Em muitas regiões, os recursos genéticos animais (RGA) se constituem em

um componente vital desta biodiversidade, onde milhões de pessoas dependem de seus

animais para prover parte, ou suas necessidades diárias completas. Esses sistemas

tradicionais, especialmente os situados em regiões com restrições ambientais e

socioeconômicas importantes, em função de suas deficiências precisarem ser supridas

rapidamente, requerem que os RGA sejam flexíveis, resistentes e diversos.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

2

Os sistemas de produção dos pequenos agricultores do interior da Paraíba estão

em transformação, por causa da degradação dos recursos naturais e do contexto

socioeconômico complexo e em crise. O primeiro objetivo dos produtores é a sua

capitalização e buscam-na através de suas culturas vegetais e animais.

Nos sistemas de criação dos pequenos agricultores paraibanos existe

flexibilidade da gestão dos rebanhos e das áreas forrageiras, onde as famílias criam

diversas espécies pecuárias, como bovinos, caprinos, ovinos, suínos e aves, em

subsistemas, na maioria das vezes associando-os às disponibilidades agrícolas. Esses

rebanhos geralmente são dotados de resistência às adversidades ambientais, à escassez

de alimentos e às possíveis enfermidades a que ficam expostos.

Entretanto, sobre os suínos locais na Paraíba, praticamente as informações são

inexistentes, necessitando esta espécie de cuidados especiais e maior atenção, pois os

agricultores quando os possuem são em pequenas quantidades e, se não houverem

estudos voltados para a conservação desta espécie, sua extinção será inevitável.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

3

CAPÍTULO I

REFERENCIAL TEÓRICO

CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO

CURIMATAÚ PARAIBANO

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

4

INTRODUÇÃO

A carne suína é a mais produzida e mais consumida no mundo, tornando-se uma

das mais importantes fontes de proteína animal, tendo como os maiores produtores

mundiais: China, União Européia, Estados Unidos, Brasil e Canadá. Em relação às

exportações mundiais, o Brasil permanece na quarta colocação com uma estimativa para

2006 de 700 mil toneladas de carcaças, enquanto os primeiros colocados: União

Européia, Estados Unidos e Canadá, com uma estimativa para 2006 de 1.102, 1.115 e

1.000 mil toneladas de carcaças, respectivamente, segundo ABIPECS (2006).

Discorrer sobre a suinocultura no Brasil torna-se relativamente fácil do ponto de

vista comercial, como se observa através da produção e exportação mundial de carne

suína. No País, concentrando-se nas regiões Sul e Sudeste, apresenta uma cadeia

produtiva moderna, igualável aos países desenvolvidos, geralmente gerenciada pelas

agroindústrias processadoras de carne.

A estimativa de produção total (industrial e de subsistência) de carne suína para

2006 e 2007 no Brasil, segundo os dados de Embrapa Suínos e Aves (2006), é de

2.884,9 e 2.987 mil toneladas, respectivamente. Desse total, a estimativa de produção de

carne suína de subsistência para os mesmos anos é de 393 e 390 mil toneladas,

respectivamente. Já a industrial a estimativa é de 2.491 (2006) e 2.597 (2007) mil

toneladas. A produção industrial representa 86,9 % da produção total no País e a de

subsistência, apesar de menor numericamente, com 13,1 %, se concentrando também

nas regiões Sul e Sudeste, é bastante representativa e significante para a população que

a produz, tendo importância comercial para o Brasil.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

5

A suinocultura é uma atividade com predomínio em pequenas e médias

propriedades rurais brasileiras, sendo que 81,7 % dos suínos são criados em unidades de

até 100 hectares. A atividade encontra-se presente em 46,5 % dos 5,8 milhões de

propriedades existentes no país, empregando mão-de-obra familiar, constituindo

importante fonte de renda e um dos fatores de estabilidade social no meio rural

(Anualpec, 2001).

A região Nordeste detém um rebanho muito grande, com 8,75 milhões de

cabeças, o que correspondem a 23% do total do Brasil, segundo dados do IBGE (2003),

e tem uma importância social e econômica expressiva para alguns estados desta região.

Segundo Miele e Machado (2005), a cadeia produtiva de carne suína no Brasil

apresenta um dos melhores desempenhos econômicos no cenário internacional, com um

aumento expressivo nos volumes e valores produzidos e exportados. Esse desempenho

se deve aos avanços tecnológicos e organizacionais das últimas décadas.

Os diversos agentes que compõem a cadeia produtiva da suinocultura nacional

têm discutido a necessidade de implementar mecanismos de coordenação para adequar

os volumes ofertados à demanda interna e externa. Um desses mecanismos é a geração,

disponibilização e utilização de dados e informações acerca da produção atual e futura

de suínos para o abate e de carne suína para o consumo interno e a exportação (Miele e

Machado, 2005).

Existe uma pesquisa para o levantamento sistemático da produção e abate de

suínos (LSPS), envolvendo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e

Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), em conjunto com a Embrapa Suínos e Aves e

diversas organizações de representação nas principais regiões produtoras. Observando

que o processo adotado leva em conta a estrutura organizacional predominante em cada

região, porém, para as principais regiões produtoras.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

6

O LSPS, conforme Miele e Machado (2005) é uma pesquisa de previsão e

acompanhamento conjuntural da suinocultura brasileira, que tem como objetivo

fornecer estimativas dos abates e da produção de carne suína, a partir do alojamento de

matrizes, da sua produtividade e do peso médio da carcaça.

Os dados para realização do LSPS somente se encontram disponíveis em

suinoculturas desenvolvidas ou industriais, o que demonstra a importância do LSPS

para estes suinocultores. Mas, em relação à suinocultura de subsistência faltam dados

para nortear uma pesquisa que dê suporte a esta atividade, consequentemente, à

população que dela depende.

A suinocultura de subsistência tem interferência direta na vida da população que

a produz e automaticamente se beneficia dela. Quando se trata desta atividade, já não se

torna tão fácil uma análise mais profunda, pela falta de dados e informações,

especialmente em função da alta expressividade da produção industrial brasileira

encobrindo a importância da suinocultura de subsistência; pela ausência de pesquisas e

pela pequena preocupação dos órgãos públicos e de fomento à pesquisa com estes

animais.

Mais da metade da população nordestina depende diretamente do meio rural, o

qual apresenta particularidades interessantes a serem estudadas, como a identificação do

efetivo suíno local ainda existente. Sabe-se que os suínos locais são grandes

agregadores de riquezas e precursores de desenvolvimento regional, pois reúne sua fácil

adaptabilidade às adversidades do meio, utilizando os alimentos oferecidos pelo

ecossistema natural, transformando-os em proteína de alta qualidade.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

7

SISTEMAS DE PRODUÇÃO TRADICIONAIS

A discussão sobre os sistemas de produção tradicionais, neste trabalho, inicia-se

na evolução do setor agropecuário no último meio século, envolvendo a produção

animal, a utilização dos recursos genéticos locais nos sistemas tradicionais, a

importância dos suínos locais dentro desses sistemas e a qualidade do produto oriundo

de uma suinocultura tradicional aliado às exigências do mercado consumidor.

A modernização do setor agropecuário nos últimos 50 anos tem compartilhado

de uma alta especialização das produções, segundo García Trujillo (1998), dedicando-se

a grandes áreas de cultivo de poucas espécies vegetais, assim como a separação dos

setores agrícola e pecuário. A tendência do setor pecuário é a concentração de um

grande número de animais, em geral especializados e de altos requerimentos, criados em

sistemas intensivos de manejo e alimentação, com alta inversão de capital.

No modelo da suinocultura industrial, as granjas, em sua maioria, não produzem

os alimentos que são consumidos. Nos sistemas de produção tradicionais, ao contrário,

existe aproveitamento de tudo o que se produz, tanto vegetal quanto animal,

comercializando somente o excedente desta produção.

Geralmente, as espécies animais exploradas nos sistemas extensivos de produção

animal correspondem a genótipos nativos adaptados ao ambiente natural (Martín

Bellido et al., 2001). Corroborando, González (2003) afirma que a exploração extensiva,

propriamente dita, constitui um sistema tradicional de manejo baseado no

aproveitamento dos recursos naturais que, com novos aportes, tem permanecido através

dos tempos graças à adaptabilidade de determinadas raças animais.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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Os animais nativos, especialmente os suínos locais, têm a capacidade de

aproveitamento dos diferentes alimentos oferecidos pelos sistemas tradicionais, que

geralmente são pequenas produções envolvendo agricultura e poucos animais criados ao

redor da casa. Quando os excedentes da produção agrícola são suficientes, além da

comercialização, os pequenos produtores guardam para sua mantença e para o consumo

animal.

No mundo, a perda de biodiversidade é atualmente motivo de grande

preocupação; o conhecimento dos sistemas de produção de suínos tradicionais e das

medidas que se adotam para melhorá-los constituem alternativas válidas para conservar

os recursos genéticos animais (Pérez et al., 2005).

Para se dispor de um sistema de produção de suínos locais voltados para a

sustentabilidade do ambiente e das famílias produtoras, é necessária toda uma

sistemática pré-estabelecida para acompanhamento da criação, tarefa ainda pouco

desenvolvida no Brasil, especialmente no Nordeste. Isso decorre do fato dessa

exploração ser exercida, em sua maioria, por pequenos produtores (as) e agricultores

(as) familiares e não haver trabalhos disponíveis para delinear a forma de administração

desses sistemas nem associações de criadores dos suínos locais.

Por serem animais onívoros, os suínos possuem a capacidade de, além do

aproveitamento da produção agrícola, como excedente e/ou como perdas para

comercialização e consumo humano, a utilização dos resíduos da alimentação humana.

Isso lhes conferindo uma capacidade extraordinária de transformar as mais variadas

fontes de alimentação em proteína animal de boa qualidade.

Os suínos das criações tradicionais, na maioria das vezes, segundo Ortiz e

Sánchez (2001) recebem alimentação desequilibrada, não obstante, sua rusticidade e

instinto de sobrevivência lhes permitir encontrar uma dieta que assegure sua produção e

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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reprodução, aportando energia e proteína para a dieta humana. Corroborando, Köhler-

Rollefson (2004) afirma que cada vez está mais claro que os animais adaptados às

condições locais e mantidos de forma extensiva, sem alimentação balanceada e sem

profilaxia das enfermidades, rendem mais que os animais exóticos importados nas

mesmas condições.

São numerosos os trabalhos que atribuem aos sistemas de produção de suínos

tradicionais um impacto social transcendente, conforme Aparício et al. (2004). As

pequenas propriedades pecuárias empregam mais pessoas que as grandes, entendendo-

se que estas priorizam a automatização e tecnologias dos serviços, diminuindo mão-de-

obra enquanto que, considerando o efeito multiplicador sobre o setor e sobre os serviços

daquelas propriedades pequenas, geralmente estes serviços são distribuídos e os

pequenos produtores gastam mais na própria comunidade local.

O auge que as explorações extensivas experimentaram na década de 90 esteve

motivado tanto pela eficácia da espécie suína no aproveitamento dos recursos que

oferecia o ecossistema, como pela demanda de produtos de origem natural, sociais e

culturalmente muito reconhecidos na atualidade (Gónzalez, 2003).

A produção suína atualmente está cada vez mais influenciada por critérios de

qualidade. Quando se adota um sistema de qualidade, boas práticas de manejo e bem-

estar animal diminuem os riscos para a saúde animal e para a humana. Os fatores

relacionados à saúde dos animais, segurança alimentar, critérios ambientais, normas de

bem-estar animal e qualidade do produto, na atualidade, são atributos exigidos pelos

consumidores ao adquirir produtos da carne suína. Le Roy (2002) constata que, como o

contexto econômico da produção de suínos sofreu grandes transformações, estas novas

características têm que ser levadas em conta pelos criadores, como também a imagem

que esta dá à produção, que então poderiam se tornar objetivos da seleção.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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Portanto, a escolha dos suínos para a criação em sistemas tradicionais deve estar

relacionada à rusticidade e adaptabilidade destes animais ao ambiente que se deseja

criá-los.

1. SUBSISTEMAS DE PRODUÇÃO

Unidades produtivas familiares se tornam complexas por serem compostas de

uma combinação de sistemas, necessários às produções praticadas, animal e/ou vegetal.

Dentro de cada unidade produtiva familiar, entende-se por subsistemas de produção esta

combinação dos sistemas produzidos.

A criação animal na microrregião do Curimataú é praticada por quase todas as

pequenas unidades produtivas familiares, mesmo que essa criação signifique de uma a

três cabeças manejadas na corda (Japiot, 1995). Apenas alguns produtores criam ovinos,

caprinos e suínos e nos quintais domésticos é freqüente a presença de pequenos plantéis

de aves (Pertesen et al., 2002).

A pequena propriedade rural ou situada nos municípios genuinamente rurais, em

geral, apresenta uma combinação dos subsistemas, como exemplo, uma criação de

suínos amarrados na corda e pequenos plantéis de aves. Conforme Sidersky (s/d) é

muito difícil encontrar unidades familiares de apenas um subsistema. E, em alguns

casos, os espaços podem fazer parte, simultaneamente, de mais de um subsistema: as

capoeiras, que são fonte de lenha e madeira e, ao mesmo tempo, fonte de forragem para

os rebanhos; um roçado de milho e feijão faz parte do subsistema das culturas anuais,

mas, concomitantemente, fornece alimentação para os rebanhos.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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Estes subsistemas se combinam de maneira diferenciada em função de diversos

critérios utilizados pelas famílias produtoras.

Em relação à criação de suínos locais no Curimataú, a predominância das

culturas anuais ou perenes, favorece a criação destes animais com as sobras ou perdas

das culturas vegetais. E um dos critérios que determina a forma em que os subsistemas

se combinam, segundo Sidersky (s/d), é o socioeconômico.

2. SUINOCULTURA DE SUBSISTÊNCIA

Na região Nordeste, onde mais da metade da população depende do meio rural, a

suinocultura de subsistência, com os devidos cuidados zootécnicos e ambientais, pode

se tornar uma atividade ecológica e, futuramente, com alto valor agregado. Para

fundamentar este pensamento, considera-se a afirmação de Delgado (2005) de que a

pecuária ecológica integra todas as atividades que têm como finalidade a produção de

alimentos de origem animal, sem empregar substâncias químicas artificiais nem

organismos modificados geneticamente (OMG), evitando a deterioração do ambiente e

assegurando o bem-estar animal.

Portanto, as famílias produtoras dos suínos locais, também chamados de

suinocultura de subsistência, respeitando os sistemas ecológicos e observando que todas

as criações animais fazem parte dos subsistemas utilizados, teriam melhores condições

de promover uma criação animal, com maior equilíbrio ambiental, além de uma

sócioeconomia mais estável, oriunda do valor agregado ao produto ecológico.

Machado (1967), em seus estudos sobre suinocultura brasileira, já reconhecia

serem precárias as produções dos suínos nativos, mesmo enfatizando a enorme

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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rusticidade. Salientava, ainda, a necessidade de se buscar combinações de cruzamentos

para obter animais capazes de reproduzir e produzir adequadamente.

Na escolha das raças ou grupos genéticos, deve-se ter em conta a capacidade de

adaptação dos animais às condições locais, a sua vitalidade e a sua resistência às

doenças, pelo que se deve dar preferência aos nativos (Rodrigues, 2003). Concordando,

Delgado (2005) afirma que as raças que melhor se adaptam aos sistemas ecológicos são

as nativas, selecionadas pela sua rusticidade e adaptação a diversos ecossistemas, raças

fortemente integradas na cultura e meio natural das regiões.

É difícil convencer os produtores que os animais que são vistos como inferiores

constituem-se, de fato um valioso recurso genético. Entretanto, para que este

convencimento ocorra, há necessidade da dissolução dos mitos e que as informações

técnicas e de “marketing” da carne sejam agregadas ao valor final dos produtos no

mercado. Para tanto, as campanhas públicas de conscientização são necessárias no apoio

às atividades de conservação e biodiversidade local, tornando-se uma questão

fundamental no processo.

3. CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DOS SUÍNOS LOCAIS

Um programa de conservação dos suínos locais deve priorizar, entre outras

ações, a valorização de características peculiares a esses animais e que são

frequentemente negligenciadas. Isso poderia dar às raças em questão uma extrema

competitividade, contribuindo também para o aparecimento de criadores comerciais das

raças locais, como um recurso destinado para o setor menos favorecido

economicamente.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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As formas de produção de suínos locais e a organização social, conforme Dutra

Júnior (2004) conduzem à manutenção, ao aumento da fertilidade do solo, a

conservação dos outros recursos naturais e à permanência e estabilidade dos valores

culturais das populações rurais.

Sabendo-se que a região Nordeste representa 49,7 % da agricultura familiar

nacional (Guanziroli e Cardim, 2000) e 81,7 % dos suínos no País são criados em

unidades com até 100 ha, supõe-se que estes animais façam parte dos subsistemas da

agricultura familiar nordestina.

A produção de suínos em 2004, no Nordeste, ficou na segunda colocação com

21 % do total nacional, perdendo apenas para os 45 % da região Sul (IBGE, 2006). O

incentivo à produção de suínos locais nestas propriedades, com uma tecnologia local e

voltada para uma exploração ecológica, poderá trazer grandes vantagens de renda e

fixação do homem ao campo, além da conservação do patrimônio genético suíno.

A criação de suínos no Estado da Paraíba é realizada, na sua maioria, em

instalações rústicas, muitas vezes limitadas a “fundo de quintal”. O Estado possuía um

efetivo suinícola de 143.995 cabeças em 2004 (IBGE, 2006) indicando que esta

atividade pode ser incentivada, trabalhada de forma a não degradar o meio ambiente,

aproveitando a situação de criação familiar para formação dos pequenos produtores,

com incentivo à melhoria no manejo e condições de criação, conservação do patrimônio

genético suíno e, conseqüentemente, agregação de valor ao produto.

Considerando que a carne suína é a mais consumida no mundo, 98,5 bilhões de

toneladas por ano (Roppa, 2004) e considerando todos os problemas que o sistema

convencional de produção tem enfrentado, a carne suína orgânica produzida no Brasil

teria grande chance de ganhar a preferência dos consumidores dos paises desenvolvidos,

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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onde existe um mercado promissor para tal produto, segundo afirma Dutra Júnior

(2004).

Faz-se necessária a caracterização do atual sistema de produção de suínos locais,

principalmente no Nordeste Brasileiro, para que novas propostas e políticas de

conservação sejam elaboradas e adotadas com a finalidade de proporcionar melhorias

nas criações de suínos em sistemas tradicionais e na qualidade de vida das populações

carentes na Região.

4. ANÁLISE MULTIVARIADA COMO FERRAMENTA PARA

CARACTERIZAÇÃO ANIMAL E DE SISTEMAS DE CRIAÇÃO COM VISTAS

À CONSERVAÇÃO DE RAÇAS

Para analisar o que cerca as produções animais e seus sistemas de criação,

visando a conservação das raças ali existentes, necessita-se identificar todos os

acontecimentos, sejam eles técnicos, históricos ou sociais, que envolvem um grande

número de variáveis. De acordo com Moita Neto (2004), para estabelecer relações e

encontrar ou propor soluções, é necessário controlar, manipular e medir as variáveis que

são consideradas relevantes ao entendimento do sistema analisado.

A maior dificuldade em traduzir as informações obtidas em conhecimento,

segundo Moita Neto (2004), é de natureza epistemológica: a ciência não conhece a

realidade, apenas a representa através de modelos e teorias dos diversos ramos do

conhecimento. Outra dificuldade implica e condiciona a pesquisa a uma “padronização”

metodológica. Um aspecto essencial desta padronização é a avaliação estatística das

informações.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

15

A estatística descritiva de uma variável quantitativa define perfeitamente uma

população. Em primeiro lugar tem-se a média como principal estatística descritiva de

tendência central e, em segundo lugar, as outras estatísticas como desvio padrão, erro

típico da média e a categoria ou classe que informam sobre as margens em que se

movem os valores variáveis e a magnitude de sua variação (Cabello, 2004).

Delgado et al. (1991) afirmam que as análises de variância para caracterização

animal permitem detectar em cada variável estudada as possíveis diferenças

significativas existentes entre as variedades ou, pelo contrário, informam a

homogeneidade estatística entre os distintos grupos de animais estudados.

A análise multivariada, por necessitar de ferramentas estatísticas que apresentem

uma visão global do sistema estudado, corresponde a um grande número de métodos e

técnicas que utilizam, simultaneamente, todas as variáveis na interpretação teórica do

conjunto de dados (Moita Neto, 2004). Desta forma, quando se considera um conjunto

de variáveis, as informações obtidas a partir de análises de característica única podem

ser incompletas, principalmente quando há correlação entre as variáveis, sendo, nestes

casos, de grande interesse o uso de análises multivariadas, segundo Souza et al. (2000).

As análises multivariadas são ferramentas analíticas que permitem uma

percepção bastante significativa acerca de fenômenos complexos envolvendo múltiplas

dimensões, identificando certos padrões básicos que emergem de uma profusão de

variáveis em interação (IATROS, s/d).

Existem diferentes técnicas multivariadas que podem ser utilizadas para diversas

finalidades específicas. Estas técnicas, conforme Inácio et at. (2002) são muito eficazes

para a exploração de relações estruturais entre grande quantidade de variáveis, sendo

uma ferramenta importante em estudos ambientais interdisciplinares.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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Segundo Inácio et al (2002), para explorar dados de caracterização animal e de

sistemas de produção de uma maneira analítica e quantitativa, utilizam-se como

ferramentas muitos procedimentos estatísticos exploratórios, conhecidos, em seu

conjunto, como análises multivariadas. Elas objetivam reduzir um grande número de

variáveis a poucas dimensões com o mínimo de perda de informação, permitindo a

detecção dos principais padrões de similaridade, de associação e de correlação entre as

variáveis (Inácio et al., 2002).

A rigor, segundo IATROS (s/d), esse conjunto inclui a Regressão Linear

Múltipla e as técnicas de Regressão Não-Linear, mas também muitas outras, tais como

Análise de Variância (ANOVA), Análise Fatorial, Análise de Aglomerados (Cluster

Analysis) e Escalonamento Multidimensional.

Ribeiro Júnior (2001) afirma que a análise de componentes principais, conhecida

por ACM, tem como objetivo a obtenção de um pequeno número de combinações

lineares (componentes principais) de um conjunto de variáveis que retenham o máximo

possível da informação contida nas variáveis originais. Freqüentemente, um pequeno

número de componentes pode ser usado, em lugar das variáveis originais, nas análises

de regressões, análises de agrupamentos, etc.

Os componentes são extraídos na ordem do mais explicativo para o menos

explicativo. Teoricamente o número de componentes é sempre igual ao número de

variáveis. Entretanto, alguns poucos componentes são responsáveis por grande parte da

explicação total (Ribeiro Júnior, 2001).

A análise de variáveis canônicas, atendendo a critérios multivariados, como

explica Cabello (2004), permite utilizar a variação, geradas pelas distintas variáveis

medidas em trabalhos de caracterização animal, para estabelecer agrupamentos no

espaço das distintas subpopulações. Desta maneira, facilita a compreensão da

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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morfologia dos agrupamentos populacionais dos animais estudados. A definição

espacial das variáveis canônicas é de máxima eficiência para a diferenciação

morfométrica de populações sob estudo de caracterização.

No entanto, analisar as diferentes situações encontradas nas criações animais não

é uma tarefa fácil, em função da complexidade de sistemas de produção animais e

agrícolas. Portanto, a caracterização animal e de sistemas de produção visando à

conservação zoogenética têm à sua disposição ferramentas estatísticas para uma

avaliação com maior precisão das variáveis e da complexidade que as envolve.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os suínos locais são animais explorados como fonte de proteína animal e como

uma forma de poupança, a ser utilizada em um determinado momento estratégico e

como fonte de renda familiar. Apesar de sua criação e importância, pouco se conhece a

respeito da caracterização dos sistemas de produção e tecnologias aplicadas pelas

famílias produtoras que se encontram no Nordeste do Brasil. Portanto, é de suma

importância o incentivo a realizações de ações e pesquisas voltadas para o

conhecimento dos sistemas de produções suinícolas praticados no interior do Nordeste

brasileiro, carente dessas informações.

O Nordeste por suas características edafoclimáticas, não teria condições de

competir em igualdade de condições com a suinocultura tradicional ou industrial, com

as regiões produtoras de grãos. Porém, deve-se pensar na suinocultura nordestina como

uma atividade diferenciada, em manejo, alimentação, instalações e qualidade dos

produtos, oriundos de uma produção tradicional, de forma que seja adaptável e rentável

dentro da realidade regional. É possível criar alternativas de exploração de suínos locais

no Nordeste brasileiro, com pesquisa e desenvolvimento de tecnologias adequadas ao

local.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

21

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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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CAPÍTULO II

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E DE EXTERIOR DE SUÍNOS

LOCAIS DA PARAÍBA, BRASIL

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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RESUMO

Com o objetivo de caracterizar morfologicamente os suínos locais no Curimataú Paraibano, foram realizadas (1) análises biométricas, através das variáveis: comprimentos da cabeça, focinho, orelha, pescoço, garupa, pernil e do corpo, larguras da cabeça, focinho, orelha, peito, entre as escápulas e da garupa, distância inter-orbital, alturas: perna, dorso, cernelha, garupa e inserção de cauda, perímetros: torácico, abdominal e canela; (2) do exterior desses animais e (3) dos índices zoométricos. Utilizou-se a estatística descritiva e a ANOVA para identificar em quais as variáveis se detecta uma dispersão significativa entre os agrupamentos populacionais de suínos encontrados. Para se conhecer o quanto estes são semelhantes segundo as variáveis avaliadas, utilizou-se análise de componentes principais (PCA), análise de variáveis canônicas e D2

de Mahalanobis. Os agrupamentos populacionais dos suínos da região do Curimataú Paraibano diferiram no formato corporal, sendo os animais provenientes de Tacima os maiores, seguidos dos de Cuité e Barra de Santa Rosa, enquanto os animais da região de Remígio foram menores. Caracterizaram-se, na sua maioria, por possuir um perfil cefálico subconcavilíneo e predominam os tipos de orelha ibérica e céltica, assemelhando-se mais aos tipos das raças nacionais Canastra, Moura, Piau e Monteiro. Os suínos locais se diferenciavam entre os municípios estudados, demonstrando que os oriundos de Cuité eram morfologicamente diferentes e bem distintos dos demais, seguidos pelos grupos de Tacima, Remígio e Barra de Santa Rosa. Estes dados são os primeiros registros na região, recomendando-se pesquisas de caracterização genética para se concluir definitivamente sobre a caracterização dos suínos locais no Curimataú Paraibano. Palavras-chave: Suínos, conservação animal, morfologia, Nordeste brasileiro.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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ABSTRACT

This work had as objective to characterize morphologically Curimataú Paraibano local swine, they were accomplished (1) analyses biometrics, through the variables: lengths of the head, snout, ear, neck, croup, ham and of the body, widths of the head, snout, ear, chest, among the scapulas and of the croup, orbital enter distance, heights: leg, back, wither, croup and tail insert, perimeters: thorax, abdominal and it cinnamon; (2) of the exterior of these animals and (3) of the indexes zoometrics. It were used the descriptive statistics and ANOVA to identify which the variables if it detects a significant dispersion among the population groupings of found swine. To know itself as these are similar according to the appraised variables, analysis of main components was used (PCA), analysis of canonical variables and D2 of Mahalanobis. The population groupings of the swine of Curimataú Paraibano area differed in the corporal format, being the coming animals of Tacima the largest, followed by the one of Cuité and Barra of Santa Rosa, while the animals of the area of Remígio were smaller. They were characterized, in your majority, for possessing a profile cephalic sub concave and the types of Iberian and Celtic ear prevailed, resembling each other more to the national races Canastra, Moura, Piau and Monteiro. The local swine differed among the studied cities, demonstrating that the originating from of Cuité were different morphologically and very different from the others, followed for the groups of Tacima, Remígio and Barra of Santa Rosa. These data are the first registrations in the area, being recommended researches of genetic characterization to end definitively about the characterization of the local swine in Curimataú Paraibano. Key-word: Swine, animal conservation, morphology, Brazilian Northeast.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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INTRODUÇÃO

Os animais trazidos para o Brasil na época da colonização portuguesa se

multiplicaram e, ao longo dos séculos, segundo Mariante et al. (1999), têm sido

submetidos a um amplo processo de seleção natural, adquirindo características

adaptativas e/ou produtivas para as diversas situações ambientais encontradas no país e

têm se transformado nas raças locais, como são conhecidas.

Por volta de três séculos depois do descobrimento, muitos criadores começaram

a importar animais do continente europeu, buscando maior produtividade (Mariante et

al., 1999), fato este que vem ao longo dos anos contribuindo para a situação atual em

que se encontram os animais, perfeitamente adaptados às condições ambientais a que

foram submetidos, a ponto de apresentarem características específicas dessas condições.

A seleção natural a que foram impostas essas raças deve ter promovido uma

adaptação mais eficiente ao meio natural, pressupondo-se a ocorrência de alterações

fisiológicas e comportamentais para sua sobrevivência ao ambiente atual. O estudo

dessas alterações é importante para a caracterização de determinada espécie.

Seguindo o conceito de raça,

[...] Quando se discute sobre uma raça, a idéia principal é se ela é pura ou não. Quando o que se deve procurar saber é se ela está adaptada ou é capaz de se adaptar ao clima e condições em que pretendemos criá-la. Sim, porque o que deve nos interessar é a produção econômica dos animais – e esta depende fundamentalmente de sua adaptação. Lembremo-nos de que a adaptação é à base da definição da Zootecnia. .... Além disto, a variabilidade natural dos animais determina certa evolução no processo de formação das raças, donde não apresentaram aquela fixidez, que tanto se procura nelas... Assim a raça está longe de ser uma coisa estática, pois é um estágio no seguimento evolutivo de certa população em constante processo de adaptação ao ambiente (Domingues, 1984, p.51-52).

No Nordeste brasileiro, ainda são encontradas populações de suínos, oriundos

daqueles trazidos pelos colonizadores. Apresentam pelagem, tamanho e características

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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morfológicas diversas, são rústicos e muito menos exigentes em alimentação e manejo

que os das raças melhoradas (Carvalho, 2000).

A caracterização morfológica dos suínos locais na região do Curimataú

Paraibano é um trabalho pioneiro realizado pela equipe da UFPB/CCA. Ressaltam-se

aqui, dois aspectos de grande importância: a) a contribuição socioeconômica destes

animais para os seus criadores; b) a preocupação com a diluição genética que, ao longo

dos anos, as populações de suínos locais vêm sofrendo, podendo inclusive não existir

mais, em muitas regiões, os suínos das raças nacionais e sim agrupamentos genéticos

ainda desconhecidos que, podem estar formando novas raças. Segundo Domingues

(1984), raça é uma concepção estabelecida pelos criadores, através do que se chama de

“padrão racial”. Corroborando com esses conceitos,

[...] raça é um conceito técnico-científico, identificador e diferenciador de um grupo de animais, através de uma série de características (morfológicas, produtivas, psicológicas, de adaptação, etc.) que são transmitidas a descendência, mantendo por outra parte certa variabilidade e dinâmica evolutiva (Sierra Alfranca, 2001).

A utilização das raças exóticas em cruzamentos com os animais locais foi

promovendo mudanças nas características morfológicas das raças de suínos existentes

atualmente no Brasil.

A caracterização morfológica tem grande importância dentro dos programas de

conservação de recursos genéticos animais (RGA) pois possibilita diferenciar os grupos

genéticos dentro das espécies, baseando-se nas variáveis quantitativas e qualitativas.

Possivelmente, esta segunda categoria tem sido sempre mais utilizada pela facilidade de

observações, estabelecendo-se, assim, diferença de classificação dos grupos genéticos

através dessas variáveis. Deve-se ter em mente que, para se obter uma caracterização

racial completa, é necessário analisar os aspectos morfológicos (quantitativos e

qualitativos), produtivos funcionais, reprodutivos e de comportamento, além dos

aspectos genéticos, conforme Barba (2005). Entretanto, as características de produção,

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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bem como as características reprodutivas dos suínos locais dificilmente estarão

disponíveis no Nordeste Brasileiro, devido ao fato de que a grande maioria dos

criadores não realiza o controle zootécnico dos rebanhos (Oliveira et al., 2002).

Segundo Barba (2005), desde seu início, a Zootecnia tem considerado as

caracterizações morfológica e produtiva como base fundamental para o conhecimento

das produções animais. Deste ponto de vista, para a conservação dos recursos genéticos

animais, é imprescindível obter esta informação com os seguintes objetivos gerais: (1)

Conhecimento das características da população com vistas a sua definição, descrição e

diferenciação frente às demais e, em especial, para ressaltar aqueles valores genuínos

que lhe conferem características peculiares; (2) Separação de subpopulações

perfeitamente diferenciadas que se agrupam dentro de um mesmo grupo racial como:

variedades, estirpes, adaptações ecológicas existentes dentro de uma raça ou a

possibilidade de diferentes raças englobadas sob a mesma denominação, como é o caso

das “crioulas” na Ibero-américa.

A principal razão para a conservação dessas raças é que sem intervenção

apropriada, espécies inteiras poderão perder a flexibilidade para adaptar-se a

circunstâncias variáveis como: enfermidades, demandas do mercado, entre outras, e

diminuir seus níveis de produção (Martinez e Vega-Pla, 2002).

Vale ressaltar que dois fatores foram extremamente importantes na construção

deste trabalho: a escassez de referências bibliográficas sobre as características

morfológicas dos suínos locais na região Nordeste, e um sistema de produção diferente

em cada município estudado.

A partir desta pesquisa, ficará caracterizada de maneira pioneira, a diversidade

intra-racial dos agrupamentos populacionais dos suínos estudados no Curimataú

Paraibano, do ponto de vista do exterior desses animais. Posteriormente, deverão se

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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realizar os estudos para os aspectos genéticos, produtivos, centrados nos pesos e

crescimento ao longo das distintas fases da vida destes animais, assim como as

características de carcaça, as reprodutivas e de comportamento, dando continuidade a

uma caracterização completa destes animais.

Este trabalho teve como objetivo iniciar a caracterização dos grupos de suínos

locais encontrados no Curimataú Paraibano, visando obter subsídios para a

caracterização morfológica dos animais existentes na região.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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MATERIAL E MÉTODOS

1. MATERIAL

Esta pesquisa foi realizada na microrregião do Curimataú Paraibano, nos

municípios de Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Campo de Santana

(ou Tacima), os quais representam 28 % do total dos municípios da microrregião

(Figuras A e B), que possui 18 municípios.

Figura A. Mapa do Estado da Paraíba, destacando a microrregião do Curimataú.

O estudo morfológico dos suínos locais foi realizado em 215 criatórios nos cinco

municípios citados, durante o período compreendido entre abril de 2005 até junho de

2006.

Estado da Paraíba. Sem escala.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

30

Figura B. Mapa da microrregião do Curimataú, Paraíba.

Para o estudo morfológico (Adaptado a partir de Delgado et al., 2000 e Cabello,

2004), coletaram-se informações biométricas e relacionadas ao exterior de 109 suínos,

sendo 75 fêmeas (F) e 34 machos (M). Deste total, 33 (17 F e 16 M), 25 (16 F e 9 M),

20 (17 F e 3 M), 14 (11 F e 3 M) e 17 (14 F e 3 M) foram medidos nos municípios de

Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, respectivamente.

As principais características relativas às raças dos suínos nacionais e que foram

utilizadas como referencial para a avaliação dos suínos locais encontrados na

microrregião do Curimataú Paraibano encontram-se no Anexo 1, Tabela 1.

1

2

3

4

5

LEGENDA:

1. Casserengue 2. Cuité 3. Barra de Santa Rosa 4. Remígio 5. Campo de Santana (ou Tacima)

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

31

1.1 MUNICÍPIOS PESQUISADOS

O Estado da Paraíba possui 56.439,838 km2, distribuídos entre 223 municípios,

com uma população estimada em 3.595.886 habitantes (IBGE, 2005). No censo

demográfico do ano 2000 (IBGE, 2000), 71,06% localizavam-se no espaço urbano e

28,94% na zona rural. Considerando os municípios extremos no Estado, o mesmo situa-

se entre as coordenadas geográficas de Latitude Sul: 6º 04’ 07’’ em São José do Brejo

da Cruz e 8º 24’ 56’’ em São Sebastião do Umbuzeiro e de Longitude Oeste: 34º 47’

55’’ em João Pessoa e 38º 46’ 00’’ em Cachoeira dos Índios (Google Earth, 2006). Está

dividido em quatro mesorregiões (Figura C): Sertão Paraibano, Borborema, Agreste

Paraibano e Mata Paraibana (Mesorregiões da Paraíba, 2006). A mesorregião do

Agreste Paraibano, na qual estão inseridos os municípios pesquisados, é formada por

oito microrregiões: Brejo Paraibano, Campina Grande, Curimataú Ocidental, Curimataú

Oriental, Esperança, Guarabira, Itabaiana e Umbuzeiro (Mesorregião do Agreste

Paraibano, 2006).

Considerou-se nesta pesquisa as duas microrregiões do Curimataú, Ocidental e

Oriental, como uma única microrregião: Curimataú Paraibano, facilitando a análise.

Esta microrregião abrange uma área de 5.242 km2 segundo IBGE (2005) e possui 18

municípios, dos quais foram selecionados cinco, representando 28% do total. Estes

cinco totalizam 2.186 km2. Portanto geograficamente, foram estudados 41,7 % da área

da microrregião do Curimataú Paraibano.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

32

Figura C. Mesorregiões do Estado da Paraíba. Fonte: Mesorregião do Agreste Paraibano (2006).

Os critérios para a seleção da microrregião do Curimataú Paraibano foram:

• Em função da operacionalização dentro de uma limitação geográfica

relativamente próxima, buscou-se a região em que o Centro de Ciências Agrárias

(CCA), localizado em Areia/PB, microrregião do Brejo Paraibano, não estivesse

geograficamente inserido, já que os suínos exóticos ali produzidos,

provavelmente poderiam ter influenciado na genética dos rebanhos mais

próximos;

• Considerou-se o efetivo suinícola de cada município para sua seleção, visto que

os municípios selecionados segundo relatório do MA/SAIA (2001/2002)

possuíam uma população de suínos no período 2001/2002 de: 427, 1.460, 838,

656 e 723 em Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima,

respectivamente, e, conforme os dados mais recentes do IBGE (2003) possuíam:

341, 1.780, 1.650, 639 e 365, respectivamente. Totalizando em 4.104 cabeças de

suínos para os dados do MA/SAIA (2001/2002) e 4.775 para os do IBGE (2003),

Sertão Paraibano.

Borborema.

Agreste Paraibano.

Mata Paraibana.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

33

sendo utilizado os dados mais atualizados, os do IBGE (2003), com os quais

pode-se observar a representação no Gráfico 1;

341

1.7801.650

639

365

0200400600800

10001200140016001800

Efetivo Suinícola

(IBGE, 2003)

Cassere

ngue

Cuité

Barra S

ta Rosa

Remígio

Tacima

Gráfico 1. Efetivo suinícola nos municípios estudados (IBGE, 2003) na

microrregião do Curimataú Paraibano.

• Com efetivos em quantidades diferenciadas, procurou-se representar desta

maneira, os municípios através de sua heterogeneidade quantitativa,

conhecendo-se assim as características fenotípicas e os agrupamentos dos suínos

em cada situação;

• Além destes critérios, a escolha pela microrregião do Curimataú Paraibano se

deu pela viabilidade de execução em razão da ausência de financiamentos para a

realização desta pesquisa.

2. MÉTODOS

Após diversas articulações e acertos com a organização não governamental

Assessoria a Serviços e Projetos em Agricultura Alternativa da Paraíba (AS-PTA/PB) e

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR), foi realizada toda a coleta de dados,

totalizando 87 dias trabalhados, sendo 18, 16, 17, 24 e 12, para: Casserengue, Cuité,

Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, respectivamente.

A falta de associações de criadores de suínos locais ou qualquer outra forma de

organização dos mesmos representa um grande entrave para a existência de controle

destes animais. Por não existir organizações destes criadores, não se conhecia a

localização dos suínos locais, que seria o ideal para uma seleção aleatória por

amostragem.

Esta inexistência foi um fator preponderante para acionar os STR’s que

ofereceram um suporte no sentido de reunir os criadores de suínos de cada município.

Após a seleção dos municípios, organizaram-se reuniões abertas para toda a

comunidade local, com o apoio dos STR’s, para se conhecer os produtores ou,

simplesmente, os criadores de suínos, independente de suas atividades, de serem

trabalhadores rurais, agricultores familiares ou não. A partir daí, foram selecionados

todos os que participaram destas reuniões ou foram avisados posteriormente e se

dispuseram a colaborar com a pesquisa.

As informações foram obtidas dos questionários semi-estruturados aplicados aos

criadores e as variáveis morfológicas das observações e mensurações realizadas nos

animais. Trabalho este conduzido pessoalmente pela Zootecnista responsável por esta

pesquisa, acompanhada por bolsistas do PIBIC/CNPq e por alunos voluntários do curso

de Zootecnia do CCA/UFPB, Areia/PB. No município de Casserengue, dispunha-se da

colaboração de alguns funcionários do STR local e de técnicos da AS-PTA/PB.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

35

2.1 VARIÁVEIS BIOMÉTRICAS

Para seleção dos animais a serem mensurados neste estudo, foram definidos

alguns critérios, os quais foram subjetivos, levando-se em consideração a inexistência

de registros zootécnicos: (1) idade, preferencialmente acima dos seis meses; (2) sem

grau de parentesco próximo entre os animais selecionados; (3) de pelagem com

predominância no município.

Para a caracterização do exterior dos animais foram avaliadas oito variáveis: tipo

de orelha, perfil cefálico, pelagem, mucosas, pernas e pés, número de tetas, cerdas e

sexo. Para a caracterização biométrica foram mensuradas 22 variáveis (em cm):

comprimento da cabeça (COC), largura da cabeça (LAC), distância inter-orbital (DO),

comprimento do focinho (COF), largura do focinho (LAF), comprimento da orelha

(COO), largura da orelha (LAO), comprimento do pescoço (CP), largura do peito

(LAP), largura entre as escápulas (LAE), comprimento da garupa (COG), largura da

garupa (LAG), comprimento do pernil (COP), alturas: perna (AP), dorso (AD), cernelha

(AC), garupa (AG) e inserção de cauda (AIC), perímetros: torácico (PT), abdominal

(PA) e canela (PC), e comprimento do corpo (CC), utilizando-se para tais mensurações

uma fita métrica e um hipômetro (Figura D).

Figura D. Hipômetro

O peso foi estimado mediante as medidas biométricas (transformadas em

metros) PT e CC (Figura E), conforme Correa (2005), utilizando-se a equação abaixo:

Peso = [(PT x PT) x CC] x 69,3.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

36

Figura E. Estimativa de peso do suíno, 2006.

As variáveis biométricas mensuradas, adaptadas a partir de Delgado et al. (2000)

e Cabello (2004), foram coletadas da seguinte maneira:

COC: Distância medida desde a protuberância occipital externa até a ponta do

focinho. Mensurada com fita métrica;

LAC: Distância medida entre ambas as apófises do temporal. Medida realizada

com hipômetro;

DO: Distância medida entre ambas as apófises do frontal. Medida realizada com

hipômetro;

COF: Distância medida desde a sutura fronto-nasal até a extremidade do

focinho. Medida realizada com hipômetro;

LAF: Distância medida entre a base de ambos os caninos. Medida realizada com

hipômetro;

FOTO

: SIL

VA

FIL

HA

, O. L

, 200

6.

FOTO

: SIL

VA

FIL

HA

, O. L

,

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

37

COO: Distância medida entre o ponto central da base da orelha e o vértice da

mesma. Medida realizada com fita métrica;

LAO: Distância medida entre ambas as bordas da orelha. Medida realizada com

fita métrica;

CP: Distância medida desde o final da base da orelha até o início da paleta.

Medida realizada com fita métrica ou hipômetro;

LAP: Distância medida entre ambas as inserções dos pernis dianteiros. Medida

realizada com fita métrica;

LAE: Distância medida entre ambas as tuberosidades externas das escápulas.

Medida realizada com hipômetro;

COG: Distância medida desde a tuberosidade ilíaca externa (ponta da anca) até a

ponta da nádega. Medida realizada com hipômetro;

LAG: Distância medida entre ambas as tuberosidades ilíacas externas. Medida

realizada com hipômetro;

COP: Distância medida desde a terminação da região da nádega até a ponta de

conversão. Medida realizada com fita métrica;

AP: Distância vertical existente entre o solo e a extremidade final da garupa.

Medida realizada com hipômetro;

AD: Distância medida desde o solo até o ponto mais culminante do dorso.

Mensurada com hipômetro;

AC: Distância medida desde o solo até o ponto mais culminante da cernelha.

Mensurada com hipômetro;

AG: Distância vertical existente desde o solo até o ponto de união da região

lombar com a garupa. Medida realizada com hipômetro;

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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AIC: Distância vertical existente entre o solo e a base de implantação da cauda.

Medida realizada com hipômetro;

PT: Rodeando o corpo na região torácica. Mensurada com fita métrica;

PA: Rodeando o corpo na região lombar. Mensurada com fita métrica;

PC: Rodeando o terço médio do metacarpo. Mensurada com fita métrica;

CC: Distância desde a base do occiptal até a vértebra coccígea. Mensurada com

fita métrica.

2.2 ÍNDICES ZOOMÉTRICOS

Para a avaliação racial e funcional dos animais estudados, utilizaram-se cinco

índices zoométricos conforme Cabello (2004):

Índice Cefálico (ICE): Quociente entre a LAC e a COC multiplicada por 100;

Índice Facial (IFA): Quociente existente entre a COF e a COC multiplicada por

100;

Índice Pélvico (IPE): Expresso como o cociente entre a LAG e a COG

multiplicada por 100;

Índice de Compacidade (ICO): Quociente entre a AC e o peso estimado;

Índice de Carga da Canela (ICC): Expresso como quociente entre o PC e o peso

estimado.

Os três índices: cefálico, facial e pélvico, segundo Cabello (2004) são utilizados

frequentemente como indicadores de diagnóstico racial, enquanto os demais são índices

funcionais, informando a orientação produtiva da população estudada.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

39

3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os dados coletados foram inicialmente armazenados num banco de dados,

realizando-se uma depuração mais consistente dos dados por meio de filtragem e

eliminação das células sem dados. Em seguida, utilizou-se o Statistical Analysis System

for Windows (SAS, 1999), para execução das análises estatísticas.

Realizou-se a análise estatística através da análise univariada e, posteriormente,

utilizou-se a multivariada.

Levou-se em consideração o tipo de amostragem estratificada realizada em

função da distribuição geográfica dos municípios dentro da microrregião do Curimataú

Paraibano e dos efetivos suinícolas ali encontrados.

3.1 ANÁLISES DE VARIÂNCIA UNIVARIADAS

Foram obtidas, inicialmente, estatísticas descritivas da amostra. Os dados

quantitativos foram submetidos à ANOVA e à comparação de médias através do teste

de Duncan, admitindo-se um nível de probabilidade de 5 %. Empregou-se o modelo

estatístico:

Yij

= μ + ci + Є

ij.

Onde:

Yij

= Valor observado no animalj, na cidadei,

μ = Média geral,

ci = Efeito da cidade e,

Єij= Erro aleatório.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

40

Utilizou-se a análise univariada para quantificar em que variáveis haveria

dispersão significativa entre os agrupamentos populacionais de suínos estudados.

3.2 ANÁLISES DE VARIÂNCIA MULTIVARIADAS

Para se conhecer as combinações lineares existentes no conjunto de variáveis

estudadas utilizou-se a análise por componentes principais (PCA), através do programa

estatístico SAS (1999).

Realizou-se, além da PCA, a análise de “variáveis canônicas”1 para um total de

109 suínos. Consistiu na transformação de variáveis originais em variáveis padronizadas

e não correlacionadas, com a característica de manter o princípio do processo de

conglomeração com base na distância D2 de Mahalanobis e de levar em consideração

tanto a matriz de covariâncias residuais quanto a de covariâncias fenotípicas das

características avaliadas, conforme Cabello (2004). Seguindo a metodologia utilizada

por Cabello (2004), descrita a seguir.

Os índices zoométricos foram excluídos desta análise multivariada porque são

variáveis compostas formadas em função de variáveis corporais diretas, o que

provocaria uma incidência negativa de redundância das variáveis, algo que a análise de

variáveis canônicas é muito sensível.

Utilizou-se o teste Wilks Lambda, definida como a razão para a discriminação

total que se comporta como a razão do determinante da matriz de variância-covariância

dentro dos grupos sobre o determinante da matriz de variância-covariância total.

(λ) Wilks Lambda = det (W)/ det (T)

_______________________ 1 Permite utilizar a variação das distintas variáveis medidas. Desta maneira, facilita a compreensão da morfologia dos agrupamentos suínos aqui estudados.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

41

O parâmetro Lambda parcial se comporta como o incremento multiplicativo em

lambda que resulta da adição da variável respectiva:

Lambda parcial = lambda depois adição / lambda antes adição.

Os valores de λ foram transformados usando a seguinte expressão:

F = [(n – q – p) / (q – 1)]* [1 – λparcial/ λparcial].

Onde:

n = Número de casos;

q = Número de grupos;

p = Número de variáveis.

Em seguida, calculou-se as distâncias D2 de Mahalanobis entre os agrupamentos

populacionais estudados, com base nas variáveis originais. Finalmente realizou-se uma

representação gráfica da apresentação de uma análise “cluster”, através do teste de

Tocher (SAEG, 2001), utilizando as distâncias individuais de Mahalanobis calculadas.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

42

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de criatórios por município e suas respectivas áreas estão

apresentados na Tabela 2. Dos 215 criatórios, 113 foram na área rural e 102 na área

urbana, representando 53 % e 47 %, respectivamente.

Tabela 2. Número de criatórios por município estudado e suas respectivas áreas, em

percentual Casserengue Cuité Barra de

Sta. Rosa Remígio Tacima Total

Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % % Rural 15 60 20 54 31 69 41 70,7 7 14 53 Urbana 10 40 17 46 14 31 17 29,3 43 86 47 TOTAL 25 100 37 100 45 100 58 100 50 100 100

As visitas aos criatórios demandaram 87 dias de trabalho, perfazendo uma média

de 17,4 dias por município, atendendo-se 2,5 criatórios/dia (Tabela 3). O processo era

dinâmico e estava diretamente relacionado individualmente com cada município

estudado e com suas próprias características, seja pelo número de criadores e de suínos

existentes, seja pelos modelos de criação, ou, ainda, pelo tipo de atividade que

caracterizava cada município.

O número de visitas aos criatórios/dia/município (Tabela 3) demonstra o grau de

dificuldade para realização das visitas, especialmente quando houve necessidade de

maior deslocamento entre os sítios ou propriedades rurais. O número de visitas aos

criatórios/dia foi menor em Casserengue, Cuité, Remígio e Barra de Santa Rosa, com

1,4; 2,3; 2,4 e 2,6 criatórios/dia, respectivamente, enquanto que, em Tacima, município

que os criadores se concentravam dentro e/ou próximo da sede, foram 4,2 criatórios/dia.

Deve-se levar em consideração o pequeno número de técnicos envolvidos nas coletas,

sendo dois ou três por coleta, no máximo, fato este que também impossibilitou a

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

43

realização de maior número de visitas aos criatórios por dia.

Tabela 3. Representação do número de visitas aos criatórios por dia trabalhado Municípios Nº visitas Nº dias

trabalhadosNº médio visitas/dia

% visitas nas zonas rurais

Casserengue 25 18 1,4 60 Cuité 37 16 2,3 54 Barra de Sta. Rosa 45 17 2,6 69 Remígio 58 24 2,4 70,7 Tacima 50 12 4,2 14 TOTAL 215 87 2,5 52,6

1. CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS

No momento das coletas dos dados biométricos, alguns animais estudados se

mostravam extremamente nervosos e agressivos, dificultando algumas coletas e

impedindo outras, especialmente pela falta de equipamento para contenção. Em razão

dessa condição, foi possível efetuar as medidas das variáveis biométricas em 109 suínos

(34 M e 75 F) encontrados nos municípios de Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e

Tacima, excetuando Casserengue pela ausência destes dados.

A análise de agrupamento dos animais estudados não foi possível por não se

conhecer a identidade deles, quais as raças ou grupos genéticos existentes no universo

estudado. Por esta razão, as análises estatísticas foram realizadas tendo os municípios

como nível para as variáveis biométricas e de exterior dos animais.

Estão apresentadas, na Tabela 4, as médias das variáveis biométricas estudadas,

separadas por município.

Observou-se diferença significativa (P<0,05) nas variáveis: LAC, DO, COF,

LAF, CP, LAP, COG, COP, PC e CC (Tabela 4). Além das prováveis diferenças

genéticas, proporcionadas por distintas composições raciais, deve ser considerada a

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

44

influência do ambiente, decorrente, principalmente, dos diferentes sistemas de manejo

utilizados. Há que se ressaltar, também, alguma possibilidade de influência de

diferenças de idade em razão de não existir qualquer controle zootécnico. É comum

nessas condições de criação confundir as idades quando o parâmetro referencial é o

tamanho do animal.

Tabela 4. Estatística descritiva e comparação de médias das variáveis biométricas (cm), por município na microrregião do Curimataú Paraibano

Cuité (n = 12)

Barra de Santa Rosa (n = 20)

Remígio (n = 14)

Tacima (n = 17)

Var.

± D.P ± D.P ± D.P ± D.P COC 29,16 ± 4,42 29,77 ± 4,74 32,06 ± 5,33 28,92

± 5,23

LAC 8,29bc ± 1,94 9,41b

a ± 2,29 7,70

c ± 1,16 10,51

a ± 2,27

DO 6,83ba ± 2,34 6,79b

a ± 1,50 5,61

b ± 0,73 7,88

a ± 1,77

COF 14,41a ± 5,22 10,08

b ± 2,48 10,42

b ± 2,84 12,70b

a ± 3,41

LAF 8,10ba ± 2,30 8,67

a ± 1,35 7,10

b ± 1,19 7,55b

a ± 1,53

COO 18,73 ± 3,34 19,71 ± 3,71 20,12 ± 4,29 18,82 ± 3,64

LAO 12,87 ± 1,54 13,67 ± 2,35 13,42 ± 2,48 12,31 ± 2,18 CP 8,65b

a ± 2,65 8,07b

a ± 2,76 6,72

b ± 1,13 8,91

a ± 3,10

LAP 6,94b ± 2,89 7,02

b ± 1,26 5,71

b ± 0,84 13,20

a ± 5,27

LAE 20,54 ± 6,53 21,54 ± 4,06 22,88 ± 5,08 23,47 ± 4,90 COG 19,18

a ± 3,48 14,19

b ± 3,98 15,54

b ± 4,05 18,44

a ± 2,84

LAG 18,09 ± 6,12 20,38 ± 3,40 21,14 ± 4,30 21,48 ± 4,63 COP 22,87

a ± 5,18 13,67

c ± 3,99 14,75

c ± 3,88 18,30

b ± 5,35

AP 50,09 ± 8,82 44,73 ± 6,41 45,77 ± 7,76 46,02 ± 10,72 AD 64,56 ± 9,82 64,53 ± 9,50 68,27 ± 11,36 67,48 ± 9,28 AC 61,80 ± 9,74 60,30 ± 9,20 62,54 ± 11,09 62,43 ± 8,68 AG 66,03 ± 10,60 67,24 ± 9,09 70,20 ± 10,84 68,79 ± 9,71 AIC 51,09 ± 11,29 53,50 ± 7,90 55,27 ± 10,68 54,78 ± 7,71 PT 96,60 ± 13,48 96,83 ± 14,43 107,50 ± 27,78 105,23 ± 17,74 PA 107,36 ± 17,43 112,15 ± 17,07 115,42 ± 24,93 114,29 ± 21,03 PC 13,66

b ± 5,04 15,30b

a ± 2,35 15,64b

a ± 3,27 17,47

a ± 2,69

CC 116,17a ± 19,15 99,61

b ± 20,25 104,70b

a ± 22,85 119,58

a ± 19,60

Letras diferentes nas linhas indicam diferença significativa (P<0.05) pelo teste de Duncan. n = Número de observações, Var = Variáveis de estudo.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

45

Para as raças nacionais, não foram localizados na literatura os dados

biométricos, impedindo uma comparação entre e com as mesmas.

Quando cruzadas somente as informações das dez variáveis que representaram

diferenças estatísticas (em negrito), verificou-se que o município de Tacima obteve

nove médias maiores aos demais municípios, exceto para a variável COP, enquanto o

município de Remígio obteve oito médias inferiores, exceto para as variáveis PC e CC

(Tabela 4), indicando que, dos municípios estudados, os animais de Tacima são os de

maior porte, seguidos dos de Cuité e Barra de Santa Rosa. Os de Remígio são os de

menor porte.

As maiores médias encontradas nesta pesquisa para as variáveis LAC, DO, COF,

LAF, COG e COP foram: 10,51; 7,88; 14,41; 8,67; 19,18; e 22,87 cm, respectivamente.

Comparando-se estas medidas biométricas com as relatadas por Cabello (2004) na

caracterização de oito variedades dos suínos Ibéricos, observou-se que os maiores

animais encontrados no Curimataú Paraibano foram bem menores que os menores das

variedades Ibéricas (12,50; 10,25; 17,50; 14,00; 29,75 e 33,00 cm, respectivamente). As

medidas LAC, COF e COG, observadas por Hurtado e González (2002), na Venezuela,

com valores médios de 11,44; 24,42; e 21,37 cm, respectivamente, também foram

superiores aos encontrados nos suínos locais do Curimataú Paraibano.

Revidatti et al. (2005) em seu estudo morfoestrutural dos suínos na Província de

Corrientes, na Argentina, relataram médias de 13,91 e 23,68 cm, para LAC e COG,

respectivamente. Em estudo efetuado por Barba et al. (1998), os suínos cubanos machos

apresentaram, para as mesmas características, médias de 15,48 e 27,45 cm,

respectivamente. As maiores médias mensuradas para estas medidas nos suínos da

microrregião do Curimataú foram 10,51 e 19,18 cm, revelando que estes animais

também foram menores que os animais da Argentina e Cuba.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

46

Em relação à variável PC, verificou-se que as maiores e menores medidas se

assemelharam às encontradas por Cabello (2004), Revidatti et al. (2005) e Barba et al.

(1998). A maior média de PC (17,47 cm) foi encontrada no município de Tacima e a

menor (13,66 cm) no município de Cuité. Os animais locais mensurados por Hurtado e

González (2002) na Venezuela, apresentaram para esta mesma variável, 19,59 cm,

indicando serem os animais venezuelanos de maior porte.

Segundo Hurtado e González (2002), o perímetro da canela permite inferir sobre

o desenvolvimento esquelético dos animais. Portanto, os resultados obtidos através das

mensurações nos animais da microrregião do Curimataú Paraibano, indicaram animais

não muito tardios, já que apresentaram semelhanças com os encontrados por Cabello

(2004) e os suínos Ibéricos por ele mensurados são de porte médio a grande.

Na Tabela 5 encontram-se os resultados das estatísticas descritivas por

município, correspondentes aos pesos estimados e índices zoométricos, onde são

relacionados os valores médios, coeficientes de variação e desvio padrão dessas

variáveis.

O peso foi a variável que demonstrou o maior coeficiente de variação e o maior

desvio padrão (Tabela 5) quando comparada às demais variáveis. Provavelmente em

função das diferentes idades dos animais, que foi impossível de controlar por não existir

registros zootécnicos indicando as devidas datas de nascimento; da heterogeneidade de

condição corporal encontrada nos mesmos, impossibilitando selecioná-los pelo peso; e

por não ter sido possível utilizar uma balança para obter os pesos, que foram estimados,

incorrendo em até 3 % de variação nesta estimativa do peso.

Verificou-se diferença significativa (P<0,05) na variação proporcionada pelos

municípios para os valores médios dos índices cefálico, facial e pélvico, com 31,18 %,

39,52 % e 127,79 %, respectivamente.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

47

Tabela 5. Peso corporal estimado (kg) e índices zoométricos (%) dos suínos locais, por município na microrregião do Curimataú Paraibano

PESO ICE IFA IPE ICO ICC

LOCAL CV DV CV DV CV DV CV DV CV DV CV DV 1 79,33 55,02 43,6 - - - - - - - - - 50,99 71,93 36,6 - - -

2 73,34 37,65 27,6 29,26bc 17,06 4,9 49,41ª 34,91 17,2 86,53c 34,76 30,0 45,33 44,87 20,3 10,77 60,14 6,4

3 66,38 41,76 27,7 32,07ba 24,79 7,9 33,79bc 19,81 6,6 149,81ª 19,27 28,8 40,82 51,75 21,1 10,67 53,83 5,7

4 91,52 76,50 70,0 24,31c 14,27 3,4 32,52c 21,41 6,9 140,25ba 19,49 27,3 62,91 87,09 54,7 15,79 89,07 14,0

5 97,48 43,30 42,2 37,38ª 30,41 11,3 44,48ba 29,84 13,2 120,32b 24,64 29,6 63,46 50,85 32,2 17,83 52,23 9,3

geral 81,22ns 54,40 31,18* 25,14 39,52* 28,98 127,79* 22,67 52,38ns 66,88 13,91ns 67,50

R2 0,06 0,26 0,27 0,40 0,06 0,10

Legenda: 1 = Casserengue; 2 = Cuité; 3 = Barra de Santa Rosa; 4 = Remígio e, 5 = Tacima. ICE = Índice Cefálico; IFA = Índice Facial; IPE = Índice Pélvico; ICO = Índice de Compacidade; ICC = Índice de Carga de Canela. CV = Coeficiente de Variação; DV = Desvio Padrão; * = Diferenças significativas (P<0,05) pelo teste de Duncan.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

48

Segundo Cabello (2004), atenção deve ser dada ao índice cefálico (ICE) como

melhor indicador da expressão do diagnóstico racial. Considerando o ICE dos suínos

mensurados na microrregião do Curimataú Paraibano, destacaram-se com os maiores

ICE os de Tacima, com 37,38 %, e com os menores os de Remígio com 24,31 %, sendo

iguais estatisticamente os de Cuité e Barra de Santa Rosa. Por não ter encontrado

disponíveis na literatura os dados do ICE para as raças nacionais, impossibilitou uma

comparação dos resultados obtidos neste trabalho com possíveis semelhanças aos suínos

das raças nacionais.

O suíno Ibérico Canário mensurado por López Fernández et al. (1992) nas ilhas

Gran Canária (Espanha), apresentou os seguintes ICE: 42,97 % nos machos e 39,24 %

nas fêmeas, afirmando serem animais ultraconcavilíneos. Barba et al. (1998)

encontraram para o suíno local Cubano 46,13 % e 44,94 %, para machos e fêmeas,

respectivamente. Revidatti et al. (2005) relataram 53,23 % para a média do ICE dos

suínos da província de Corrientes, Argentina. Enquanto Hurtado e González (2002)

encontraram 34,18 % para a média do ICE dos suínos locais da Venezuela, sem

separação por sexo.

Estes resultados diferenciam-se dos encontrados na microrregião do Curimataú

Paraibano, apenas apontando alguma semelhança dos animais paraibanos com os

venezuelanos para o ICE. Isso poderia ser explicado pela origem comum, visto que os

suínos foram trazidos pelos colonizadores espanhóis, para os dois países. Segundo

Aparício (1960) citado por Barba et al. (1998), as coincidências para as medidas da

cabeça poderiam ser explicadas pelas características cefálicas, pois são muito constantes

em cada raça e são pouco afetadas pelo meio ambiente.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

49

Como pode ser observado na Tabela 5, para o peso estimado não houve

diferença significativa. Os índices funcionais de compacidade e de carga de canela

forneceram valores médios de 52,38 % e 13,91 %, não apresentando diferenças

significativas. Para o ICO verificou-se que era bem inferior ao apresentado por

Revidatti et al. (2005) no valor de 104,43 %, evidenciando que os animais aqui

estudados são menores que os da província de Corrientes (Argentina).

Possivelmente o ICO e o ICC não apresentaram diferenças significativas devido

à alta variabilidade dos animais quanto à composição racial, ao sexo, idade e peso e às

dificuldades na coleta dos dados que compõem as variáveis necessárias para construção

destes índices.

A maior dificuldade encontrada para as mensurações foi na contenção dos

animais. Ao aproximar-se deles, sempre provocava algum estresse e mal-estar nos

mesmos, tornando-os agressivos, fato que pode ter implicado em medidas menos

precisas.

López Fernández et al. (1992) encontraram o índice corporal de 73,46 % e 75,62

% para machos e fêmeas, respectivamente, enquanto Hurtado e González (2002)

encontraram 87,17 de média. Todos estes resultados são superiores aos encontrados nos

suínos da microrregião do Curimataú Paraibano.

Em relação ao coeficiente de variação, dos dados apresentados neste trabalho, a

alta variação pode ser explicada em decorrência da impossibilidade de controle na idade

e nos pesos dos animais; da influência que os diferentes ambientes exerciam sobre os

animais; bem como dos diferentes tipos de sistemas de manejo utilizados, independente

do local estudado.

Na Tabela 6 estão expressos os resultados da análise de variância univariada dos

efeitos fixos entre os municípios e entre os sexos para as variáveis estudadas,

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

50

destacando a diferença significativa (P<0,05) entre os municípios para: LAC, DO, COF,

LAF, CP, LAP, LAE, COG, COP, AP, PC e CC. Entre os sexos observou-se diferença

significativa (P<0.05) para: COC, COO, AC, PT e PA, manifestando desta forma o

dimorfismo sexual que apresentaram estes animais, ainda que em cinco variáveis

apenas.

Tabela 6. Resumo das análises de variância considerando os efeitos do município e

sexo das variáveis zoométricas estudadas VARIÁVEIS MUNICÍPIO

Valor de F Valor de P SEXO

Valor de F Valor de P COC 1,49 0,2267 8,03 0,0063 LAC 5,56 0,0018 0,04 0,8415 DO 4,95 0,0040 0,02 0,8794

COF 4,94 0,0041 1,83 0,1822 LAF 3,11 0,0337 0,75 0,3895 COO 0,53 0,6632 8,38 0,0054 LAO 1,25 0,2998 1,06 0,3071 CP 304,82 0,0001 2,44 0,1217

LAP 16,23 0,0001 2,69 0,1053 LAE 6,87 0,0001 1,72 0,1938 COG 6,30 0,0009 0,71 0,4028 LAG 1,37 0,2605 1,26 0,2664 COP 10,32 0,0001 0,07 0,7893 AP 6,59 0,0001 3,31 0,0724 AD 0,51 0,7249 1,52 0,2217 AC 0,32 0,8664 4,09 0,0463 AG 0,46 0,7146 0,92 0,3416 AIC 0,50 0,6822 2,73 0,1041 PT 1,18 0,3265 6,31 0,0140 PA 0,35 0,8399 5,42 0,0223 PC 2,96 0,0405 0,81 0,3731 CC 2,63 0,0402 3,68 0,0587

Em relação ao sexo, das 22 variáveis mensuradas, somente cinco apresentaram

diferença significativa (P<0,05). Isto pode ter ocorrido, provavelmente, pela

impossibilidade de controle na idade dos animais mensurados, pois não havia registros

de nascimentos dos mesmos, nem animais suficientes para selecionar um número ideal

de machos e fêmeas, tornando inevitável as coletas de dados sem seleção dos animais,

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

51

inclusive existindo mais dados referentes às matrizes medidas, algumas em períodos

diferentes de gestação, do que dos reprodutores.

Com as diferenças apresentadas para o município e para o sexo, se constatou um

comportamento heterogêneo para a população estudada.

Os suínos locais de outros países, notadamente os utilizados em comparações

neste trabalho, são, indiscutivelmente, de maior conformação corporal, mais pesados e

com características próprias das raças nativas de seu país, quando comparados aos

animais estudados na Paraíba. Os animais europeus são intermediários, entre os célticos

e os asiáticos, estes dois fundadores daqueles.

As diferenças encontradas quando se compara os suínos de diferentes regiões e

países são peculiares a cada região, devido às adaptações ao longo dos anos ao ambiente

em que estão inseridos. Os suínos locais encontrados no Curimataú Paraibano possuem

características próprias, distinguindo-se dos animais nativos de outros países.

1.1 ANÁLISES MULTIVARIADAS

As variáveis biométricas dos suínos locais do Curimataú Paraibano foram

analisadas pela técnica multivariada de análises de componentes principais, com os

autovalores discriminando cinco componentes principais (CP), que representaram 80,8

% da variação total dos dados. Os autovetores agruparam as medidas de: altura do

dorso, cernelha, garupa, perímetro abdominal, comprimento do corpo, altura de inserção

de cauda, perímetro torácico, perímetro de canela, largura entre escápulas, largura da

garupa, comprimento da orelha e altura da perna no primeiro CP1. As medidas

comprimento do pernil, comprimento do pescoço, comprimento do focinho,

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

52

comprimento da garupa, largura do peito e distância inter-orbital foram agrupadas em

CP2. As larguras do focinho e da cabeça em CP3. A medida comprimento da cabeça em

CP4 e a medida largura da orelha em CP5 (Tabela 7).

Os agrupamentos dos cinco CP corresponderam a 49,2 %, 11,5 %, 8,2 %, 7,2 %

e 4,7 %, para cada CP, respectivamente, como pode ser observado na Tabela 8.

Tabela 7. Autovetores e seus respectivos autovalores explicados pelos cinco

componentes principais (CP) das medidas morfométricas dos suínos locais encontrados no Curimataú Paraibano

Autovalores Autovetores CP1 CP2 CP3 CP4 CP5

Altura da cernelha 0,28 Altura do dorso 0,28 Altura da garupa 0,28 Perímetro abdominal 0,26 Comprimento do corpo 0,26 Altura de inserção da cauda 0,25 Perímetro torácico 0,25 Perímetro de canela 0,24 Largura entre escápulas 0,23 Largura da garupa 0,23 Comprimento de orelha 0,22 Altura da perna 0,20 Comprimento do pernil 0,39 Comprimento do pescoço 0,34 Comprimento do focinho 0,31 Comprimento da garupa 0,31 Largura do peito 0,30 Distância inter-orbital 0,28 Largura do focinho 0,52 Largura da cabeça 0,48 Comprimento da cabeça 0,47 Largura da orelha 0,49 Tabela 8. Autovetores e percentuais de variância explicados pelos componentes

principais (CP) das medidas morfométricas dos suínos locais encontrados no Curimataú Paraibano

Componente principal

Autovalor Autovalor acumulado

% Total da variância

% da Variância acumulado

CP1 10,8278 10,8278 49,22 49,22 CP2 2,5259 13,3537 11,48 60,70 CP3 1,7932 15,1469 8,15 68,85 CP4 1,5856 16,7325 7,21 76,06 CP5 1,0312 17,7637 4,69 80,75

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

53

A análise de variáveis canônicas (VC) foi realizada com quatros municípios:

Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, uma vez que estes proporcionaram o

tamanho amostral suficiente para a análise estatística desta natureza com as garantias

requeridas pela mesma.

Na Tabela 9 encontram-se os resultados das distâncias D2 de Mahalanobis entre

os municípios estudados. Observou-se a existência de proximidade entre os animais dos

municípios Barra de Santa Rosa e Remígio, assim como um isolamento do agrupamento

populacional encontrado no município de Cuité, que forma um grupo distinto dos

demais.

Tabela 9. Valores de F das distâncias D2 de Mahalanobis entre os quatro municípios, baseado nas variáveis morfológicas dos suínos locais

Municípios Cuité Barra Stª Rosa Remígio Tacima Cuité 0 6,59** 6,39** 7,27** Barra Stª Rosa 0 2,23* 4,30** Remígio 0 3,65** Tacima 0 ** - Significativo pelo teste F (P<0,01); * - Significativo pelo teste F (P<0,05).

Ao analisar as variáveis canônicas observou-se que a Can1 acumulou 51 % da

variância total, tendo como principais variáveis discriminantes a AC, a COP e a AIC,

com +1,53; +1,15 e -1,62; respectivamente (Tabela 10). Portanto, à medida que aumenta

a altura da cernelha e o comprimento do pernil, diminui a altura de inserção de cauda,

demonstrando que possuem uma correlação negativa nos animais estudados.

A Can2 agrupou 34 % da variância total, tendo o PA como principal variável

discriminante, com autovetor de -1,69. À medida que se aumenta o perímetro

abdominal, os tamanhos das demais variáveis diminuem.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

54

Tabela 10. Coeficientes canônicos para as variáveis Can1 e Can 2 Varáveis Can1 Can2

COC -0.48 -0.39 LAC -0.24 0.23 DO 0.21 -0.27

COF 0.72 0.35 LAF 0.74 -0.26 COO -0.68 -0.11 LAO 0.50 -0.11 CP 0.06 0.23

LAP -0.88 0.82 LAE -0.75 0.33 COG 0.00 0.66 LAG 0.05 0.53 COP 1.14 -0.14 AP 0.02 -0.67 AD -0.84 -0.78 AC 1.53 0.58 AG -0.01 -0.90 AIC -1.61 0.64 PT -0.41 0.74 PA 0.85 -1.69 PC -0.54 0.14 CC 0.67 0.79

A análise de Cluster (Tabela 11 e Gráfico 2) demonstra claramente uma

proximidade das características morfológicas entre os suínos locais criados nos

municípios de Barra de Santa Rosa e Remígio. A maior distância entre os agrupamentos

populacionais estudados encontra-se entre os municípios de Cuité e Tacima,

destacando-se Cuité. Confirmando, portanto, os resultados obtidos através da distância

D2 de Mahalanobis.

Tabela 11. Centróides das variáveis canônicas, para os municípios Cuité, Barra de Santa

Rosa, Remígio e Tacima Cidade Can1 Can2

Cuité 4,62 0,26 Barra de Santa Rosa -0,83 -1,53 Remígio -1,18 -1,16 Tacima -1,36 2,66

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

55

Os coeficientes das variáveis nas duas principais variáveis canônicas (Can1 e

Can2), respondendo por 85 % do total da variância, formados para a discriminação dos

agrupamentos populacionais dos suínos no Curimataú Paraibano caracterizando-se

como se segue.

Cuité

Barra de Sta. Rosa

Remígio

Tacima

-2

-1

0

1

2

3

4

5

-2 -1 0 1 2 3 4 5

VC1

VC2

Gráfico 2. Dispersão dos municípios com base nos escores médios das duas

primeiras variáveis canônicas (VC1 e VC2).

Contatou-se com a dispersão dos agrupamentos populacionais dos suínos no

Curimataú Paraibano, distribuídos nos quatro municípios, que os suínos encontrados em

Cuité se mantiveram bem distantes dos demais, diferenciando-se em conformação

corporal, seguidos dos de Tacima e dos de Remígio e de Barra de Santa Rosa, sendo que

estes dois últimos municípios se aglomeravam, os animais eram mais parecidos entre si.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

56

2. CARACTERÍSTICAS DO EXTERIOR DOS ANIMAIS

Os resultados obtidos da distribuição de freqüência relacionados ao exterior dos

animais para as variáveis perfil cefálico e tipo de orelha (Anexo 3) indicaram que os

animais estudados, em sua maioria, possuíam um perfil cefálico subconcavilíneo, se

destacando com 58,7 %. Os do tipo de orelha ibérico e céltico representaram 47,3 % e

30 %, respectivamente (Tabela 12). Ao comparar estes resultados às raças nacionais

(Anexo 4), observou-se que os suínos analisados no Curimataú Paraibano demonstraram

semelhança com os animais das raças Canastra, Moura, Nilo, Piau e Tatu. Em relação

ao tipo de orelha, verificou-se que existe uma grande variação nas raças nacionais.

Tabela 12. Freqüência das variáveis: perfil cefálico e tipo de orelha, para caracterização fenotípica dos suínos na região do Curimataú/PB

Perfil Cefálico Tipo de Orelha Municípios C R Sc Uc A AI C CA CI I

1 23,5 %

23,5 %

50 % 3 % 12 % - 41 % - - 47 %

2 8 % 24 % 68 % - 16 % 4 % 12 % - 12 % 56 % 3 26 % 5 % 69 % - 10 % - 35 % - - 55 % 4 - 36 % 64 % - 14 % - 57 % - - 29 % 5 - 47 % 47 % 6 % 17 % 12 % 6 % 6 % 18 % 41 %

N Total 15 28 64 2 15 3 33 1 6 52 FREQUÊNCIA

MÉDIA % 13,76 25,69 58,72 1,83 13,64 2,73 30,0 0,91 5,45 47,28

Legenda: 1 = Casserengue; 2 = Cuité; 3 = Barra de Santa Rosa; 4 = Remígio e, 5 = Tacima. C – Concavilíneo; R – Retilíneo; Sc – Subconcavilíneo; Uc – Ultraconcavilíneo. A – Asiática; AI – Intermediária entre Asiática e Ibérica; C – Céltica; CA - Intermediária entre Céltica e Asiática; CI - Intermediária entre Céltica e Ibérica; I – Ibérica. N = número de observações.

Observou-se a presença de cerdas em todos os animais estudados, variando

apenas a sua coloração conforme a pelagem do animal. Para esta variável, pode-se

verificar alguma semelhança com as raças nacionais Canastra, Canastrão, Caruncho,

Monteiro, Moura, Piau e Sorocaba, devido ao fato de todas estas terem cerdas presentes.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

57

Já as raças nacionais Pirapetinga, Nilo e Tatu não possuem cerdas ou são raras para as

duas últimas.

Para a variável número de pares de tetas, demonstrada na Tabela 13, verificou-se

que 5 %, 33 %, 50 % e 11,5 % dos animais estudados possuíam 4, 5, 6 e 7 pares de

tetas, respectivamente. Quando comparados ao número de tetas das raças nacionais, as

raças Piau, Pirapetinga, Nilo, Caruncho, Canastrão e Canastra possuem 5 pares de tetas

funcionais, enquanto que as raças Moura e Sorocaba, 6 pares. Portanto observa-se que,

em relação a esta variável a metade dos animais estudados converge para as raças com 6

pares, seguido de 33 % para as com 5 pares. Não foi encontrada na literatura disponível

a distribuição de freqüência desta variável para as raças nacionais, dificultando desta

forma uma discussão aprofundada a respeito do assunto.

Tabela 13. Freqüência observada do número de pares de tetas dos suínos locais do Curimataú/PB

Pares de tetas Freqüência observada Percentual

04 4 5,13 05 26 33,33 06 39 50,00 07 9 11,54

Freqüência perdida ou não observada: 33

Encontram-se os dados das raças nacionais para as características das variáveis:

perfil cefálico, tipo de orelha e pares de tetas, no Anexo 1, Tabela 14.

Observou-se que as maiores freqüências para perfil cefálico, na região do

Curimataú Paraibano, coincidiram com as raças nacionais Canastra, Moura, Piau e

Monteiro.

Em relação ao tipo de orelha, constatou-se que existe predominância do tipo

Ibérico em quatro dos municípios estudados, exceto Remígio que se destacou com o

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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tipo Céltico. As raças nacionais que mais se assemelharam para esta variável aos

animais da região do Curimataú Paraibano foram: Canastra, Canastrão, Piau e Monteiro.

Provavelmente, pode ter existido alguma destas raças na formação dos agrupamentos

genéticos existentes atualmente no Curimataú Paraibano, exteriorizando através do

fenótipo o genótipo das raças formadoras.

Para a comparação com os pares de tetas observados, verificou-se que os

percentuais acima de 50 % foram localizados nos municípios de Remígio e Tacima,

indicando uma tendência para a raça nacional Moura. Os percentuais para os demais

municípios ficaram iguais ou menores que 45 %.

Com relação à variável coloração da pelagem (Tabela 15), observou-se grande

variação das cores, com maior predominância para a preta, com 36,4 %, seguida da

categoria manchada, com 27,3 %, e esta pode ser vista com diversas combinações de

cores diferentes (vermelhas com manchas brancas ou pretas; creme com manchas pretas

ou brancas ou vermelhas). Verificando-se para as categorias: branca, creme, castanho,

preta com faixa branca e creme com faixa branca uma representação de 0,9 %; 8,2 %;

14,5 %; 11,8 % e 0,9 %, respectivamente.

Tabela 15. Freqüência (%) das variáveis de coloração: pelagem, mucosas, pernas e pés, para caracterização fenotípica dos suínos na região do Curimataú/PB

Municípios Cor da Pelagem (n) Cor das Mucosas(n)

Cor das Pernas e Pés (n)

1 2 3 4 5 6 7 C E D C E M Casserengue 11 5 1 7 5 4 1 3 31 1 3 16 5 Cuité 11 9 - - 3 2 - 2 23 - 7 12 4 Barra Stª Rosa 2 16 - 1 - 1 - 9 10 - 1 - 4 Remígio 3 7 - - 1 3 - 2 12 - - - 4 Tacima 3 3 - 1 7 3 - 2 13 - 2 - 4 N Total 30 40 1 9 16 13 1 18 89 1 13 28 21 FREQUÊNCIA % 27,30 36,36 0,91 8,18 14,55 11,82 0,91 16,67 82,41 0,93 20,97 45,16 33,87

Legenda: 1 – Manchada; 2 – Preta; 3 – Branca; 4 – Creme ou amarelada; 5 – Castanho (arroxeada ou vermelha); 6 – Preta com Faixa Branca; 7 – Creme com Faixa Branca. C – Clara; E – Escura (preta); D – Despigmentada; M - Mista.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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Verificou-se que as variações da pelagem manchada se assemelhavam com as

seguintes raças nacionais com pelagem manchada: Canastrão, Caruncho e Piau,

possuindo (1) pelagem preta uniforme com manchas vermelhas ou brancas; (2) pelagem

branca-creme com manchas pretas e mais raramente vermelhas ou brancas e; (3)

pelagem branca-creme com manchas pretas, variando em brancas, pretas ou vermelhas,

para as três raças, respectivamente.

Observa-se na Figura F as combinações de cores diferenciadas na mesma prole

encontrada numa das criações coletivas, em Barra de Santa Rosa.

Figura F. Matriz amamentando, sem raça definida, em Barra de Santa Rosa/PB.

Na Tabela 16 foram expostos os dados mais representativos para as variáveis de

coloração da pelagem, das mucosas e das pernas e pés, para cada município, através dos

quais se observa que houve maior expressão fenotípica para a coloração da pelagem

preta, seguida da manchada, convergindo para todas as raças nacionais comparadas.

Em relação à variável coloração da pelagem, ela é bastante diversificada nas

raças nacionais, sabendo-se que a Canastra, Canastrão, Caruncho, Moura, Piau e

FOT

O: S

ILV

A F

ILH

A, O

. L,

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

60

Monteiro possuem as colorações das pelagens: (1) Preta ou Castanha (vermelha); (2)

Preta, Castanha (vermelha) ou Manchada; (3) Manchada ou Preta; (4) Preta; (5)

Manchada e; (6) Preta, respectivamente, e na seqüência de importância para

caracterização racial de cada uma delas, sendo a primeira a cor predominante, seguido

das possíveis variações toleradas.

Tabela 16. Coloração da pelagem, das mucosas e das pernas e pés, entre os municípios do Curimataú Paraibano

Municípios Coloração da Pelagem

Coloração das Mucosas

Coloração das Pernas e Pés

Casserengue 1 E E Cuité 1 e 2 E E Barra de Santa Rosa 2 E e C M Remígio 2 E M Tacima 5 E M Legenda: Coloração da pelagem: 1 – Manchada; 2 – Preta; 3 – Branca; 4 – Amarelada ou creme; 5 – Arroxeada ou vermelha; 6 – Preta com Faixa Branca; 7 – Creme com Faixa Branca. Coloração das mucosas, pernas e pés: C – Clara; E – Escura (preta); D – Despigmentada; M - Mista.

Para as variáveis coloração das mucosas e coloração das pernas e pés (Tabela

15), a categoria que obteve uma maior freqüência foi a escura com 82,4 % e 45,2 %,

respectivamente.

Não foram encontrados para as variáveis coloração das mucosas e das pernas e

pés os dados referentes às raças nacionais. Portanto, para estas, somente está disponível

a coloração da pelagem.

Ao observar as semelhanças das quatro variáveis acima analisadas, verifica-se

que as raças nacionais Canastra, Moura, Piau e Monteiro obtiveram igualmente três

variáveis semelhantes, enquanto que as raças Canastrão e Caruncho, somente uma

observação, cada.

Sobre os suínos locais Mamelados e Cascos de Mula, foram encontrados alguns

exemplares destes agrupamentos genéticos, sendo três Mamelados e quatro reprodutores

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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Cascos de Mula, além de seus descendentes com menos de 1 mês de vida, distribuídos

entre os cinco municípios estudados.

Os Mamelados são assim chamados por possuírem mamelas, que são apêndices

pendurados, inseridos na base do pescoço. Segundo Castro e Fernández (2004), é uma

característica fortemente associada a suínos descendentes dos Ibéricos, já que estes e

outros animais do tronco Mediterrâneo as apresentam, sendo raras no tronco Celta.

Em relação aos Cascos de Mula ou de Burro, a característica que diferencia estes

animais dos demais suínos é a sindáctilia (dedos fundidos), como têm os muares.

Afirmam Castro e Fernández (2004) que alguns autores atribuem o Brasil como

país de origem desta raça, baseando-se em que nos tempos coloniais já existiam e foram

levados aos Estados Unidos, onde formaram a raça Mulefoot e do Brasil, passaram

também para o Uruguai.

A principal característica de coloração da pelagem permite agrupar os suínos

locais da microrregião do Curimataú Paraibano em duas categorias: preta e manchada.

Para as demais características:

Orelhas: predominavam os tipos ibérico e céltico;

Corpo: de tamanho pequeno a médio, magro e pouco volumoso;

Perfil cefálico: subconcavilíneo;

Membros: médios, em relação ao corpo;

Prolificidade: não foi possível obter informações mais precisas por falta

de controle dos criadores, porém observou-se que o número de crias era

similar ao número de tetas, resultando em leitegadas menores e menos

pesadas, possivelmente pelas limitações nutricionais e de manejo;

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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Número de tetas: a maioria possuía entre 5 e 6 pares de tetas;

Rusticidade: eram animais que possuíam grande rusticidade, adaptados

às condições ambientais e criados sem um manejo adequado ou

específico.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

63

CONCLUSÕES

Os suínos estudados na microrregião do Curimataú Paraibano possuíam

diferenças morfológicas que demonstraram a possível influência genética de várias

raças ou grupos genéticos distintos, na sua formação, ainda desconhecidos sob o ponto

de vista da caracterização genética.

Observou-se que os suínos mais se assemelharam ao exterior das raças nacionais

Canastra, Moura, Piau e Monteiro.

Os agrupamentos populacionais dos suínos locais se diferenciaram entre os

municípios, indicando possíveis agrupamentos populacionais independentes, que só

poderão ser identificados após uma seqüência de pesquisas de caracterização desses

grupos, especialmente a genética. Se não houver essa seqüência rápida, provavelmente

perder-se-á rapidamente o que poderia representar um novo grupo genético suíno,

importante para a região.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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CAPÍTULO III

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NA

MICRORREGIÃO DO CURIMATAÚ PARAIBANO

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi caracterizar a criação de suínos locais, tecnologias adotadas, assim como a sócioeconomia praticada na microrregião do Curimataú Paraibano. As informações foram obtidas a partir de um questionário semi-estruturado aplicado a 215 criadores nos seguintes municípios: Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, envolvendo 54 variáveis, analisadas mediante estatística descritiva e análise de correspondência múltipla, utilizando o pacote estatístico SAS. Para o tamanho com média de 7 ha/propriedade verificou-se que 16 %, 22,3 %, 7 %, 4,6 % , 2,3 % e 0,5 %, possuíam 0,03 a 1; 1,5 a 5; 5,5 a 10; 11 a 50; 50,5 a 85 e 368 ha, respectivamente. 91,6 % dos produtores praticavam sistema extensivo com contenção; 5,1 % semi-extensivo, e 3,3 % criavam soltos. Foi computado um total de 1.100 suínos, representando 74,7 %, 14,5 %, 7,9 % e 2,9 % dos criadores com um a cinco, seis a 10, 11 a 19 e, 22 a 71 suínos, respectivamente, com participação de 54,5 % de mão-de-obra feminina. Em relação ao tempo de permanência no setor/criação de suínos, 66,6 % representou àqueles que criavam há mais de cinco anos, demonstrando uma atividade de experiência na região. Sobre os manejos: 64,5 % não praticavam o reprodutivo; a maioria utilizava resíduos da alimentação humana para fornecimento aos suínos; 15 % afirmaram praticar manejo sanitário e, 98 % não tratavam os efluentes e dejetos. As instalações eram rústicas e improvisadas. Dos entrevistados apenas 2,3 % afirmaram ter assistência técnica. Verificou-se a importância socioeconômica desta criação no potencial para geração de renda, pois 11,8 %, 44,3 %, 43,4 % e 0,5 % têm estes animais como primeira, segunda, terceira e única importância econômica, respectivamente. Além de servir como provimento de proteína animal, como uma cultura tradicional e preservação de recursos genéticos suínos. Palavras-chave: Modelo de criação, suínos locais, Curimataú Paraibano, sócioeconomia.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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ABSTRACT

The objective of this research was to characterize the creation of local swine, adopted technologies, as well as to partner economy found in Curimataú Paraibano micro area. The information were obtained starting from a questionnaire semi-structured applied to 215 creators in the cities: Casserengue, Cuité, Barra of Santa Rosa, Remígio and Tacima, involving 54 variables, analyzed by descriptive statistics and analysis of multiple correspondence, using the SAS statistical package. For the size of the property it was verified that 16 %, 22.3 %, 7 %, 4.6 %, 2.3 % and 0.5 %, held 0.03 at 1; 1.5 at 5; 5.5 at 10; 11 at 50; 50.5 at 85 and, 368 ha respectively, with an average of 7 ha/property. 91.6 % of the producers practiced extensive system with contention; 5.1 % semi-extensive, and 3.3 % created loosened. A total of 1.100 swine was computed, representing 74.7 %, 14.5 %, 7.9 % and 2.9 % the creator’s with one to five, six to 10, 11 to 19 and, 22 to 71 swine, respectively, with participation of 54.5 % of feminine labor. In relation to the time of permanence in the section/creation of swine, 66.6% represented the ones that they created the more than five years, demonstrating an activity of experience in the area. On the handlings: 64.5 % didn't practice the reproductive; most used residues of the human feeding for supply to the swine; 15 % affirmed to practice sanitary handling and, 98 % didn't treat the residues and dejections. The installations were rustic and improvised. Of the interviewees 2.3 % only affirmed to have technical attendance. The importance partner economical of this creation was verified in the potential for generation of income, because 11.8 %, 44.3 %, 43.4 % and 0.5 % have these you encourage as first, second, third and only economical importance, respectively. Besides serving as provision of animal protein, as a traditional culture and preservation of resources genetic swine.

Key-word: Creation model, local swine, Curimataú Paraibano, partner economical.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

69

INTRODUÇÃO

No Brasil existem granjas que utilizam tecnologia avançada, apresentando níveis

indistinguíveis dos praticados nos paises desenvolvidos. Porém, grande parte dos suínos

é produzida em sistemas tradicionais, com limitada atenção aos principais fatores de

produção, caracterizando-se por uma atividade de subsistência familiar, mas que

desenvolve um papel de grande importância socioeconômica, sobretudo, para os

pequenos produtores rurais. Segundo Egito et al. (2004), estas populações de suínos são

constituídas por raças “locais” que diferem das raças especializadas criadas em sistemas

intensivos e com alta tecnologia.

Segundo Pérez et al. (2005), a perda da biodiversidade mundial é motivo de

grande preocupação. Porém, devem-se levar em conta que a manutenção da

agrobiodiversidade se sustenta atendendo a argumentos históricos, culturais, políticos e,

sobretudo, econômicos, ecológicos e os notadamente biológicos (Maijala, 1974;

Alderson, 1981; Rodero et al., 1994, citados por Cabello, 2004). Nesse sentido, o

conhecimento dos sistemas de produção de suínos tradicionais e das medidas que se

adotam para melhorá-los constituem alternativas válidas para conservar os recursos

genéticos animais. Apesar de sua importância, o número de pesquisas e o nível de

conhecimento técnico-científico a respeito dos suínos nativos é pequeno (Egito et al;

2004).

Os modelos de sistemas de criação de suínos, segundo Nicolaiewsky et al.

(1998) podem ser: (1) extensivos e (2) intensivos. Entretanto, Sereno e Sereno (2000)

afirmam que os sistemas de exploração tradicional utilizados no Brasil dependem da

região, recursos humanos e econômicos envolvidos, extensão da terra e tipo do animal.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

70

Entretanto, de acordo com o IBGE os conceitos obtidos, são: (1) extensivos; (2) semi-

intensivos e (3) intensivos.

Sobre o sistema extensivo de criação, Nicolaiewsky et al. (1998) afirmaram que

os suínos ficavam soltos, sem preocupação com produtividade ou economicidade, não

havendo controle técnico sobre a criação e os animais de diferentes categorias

permanecem juntos numa mesma área e disputam, entre eles, o mesmo alimento. Na

criação intensiva, acumulava trabalho e capital em terreno relativamente restrito,

apresentava produtividade e economicidade, podendo ser para utilizada para

subsistência, gerando renda familiar.

Os sistemas tradicionais de produção suína permitem responder adequadamente

às necessidades produtivas, mediante o aproveitamento de recursos locais e de raças,

nativas e/ou melhoradas, cumprindo as exigências de qualidade, bem-estar animal e

ambiental (Aparício et al., 2004).

Na Espanha, um forte exemplo do sucesso deste tipo de criação suína é

demonstrado por Moreno (1999), afirmando que, tradicionalmente a exploração do

suíno Ibérico estava diretamente ligada ao aproveitamento de grandes extensões de terra

mediante pastoreio. Isto determinava forçosamente uma produção estacional que era

dada pela disponibilidade de belotas (frutos da Encina (Quercus ilex), árvore nativa da

Espanha) no campo para a terminação dos suínos. Da mesma maneira, toda a indústria

do suíno Ibérico tinha uma produção do tipo estacional, em que o abate se concentrava

entre dezembro e abril.

Conforme Bote (1999), a perfeita sincronia do suíno Ibérico com a

disponibilidade de belotas é que, precisamente nos meses procedentes a este período,

tem lugar ao amadurecimento desses frutos, que se prolonga desde o início de novembro

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

71

até final de fevereiro. Na época da superprodução, que constitui o amadurecimento da

belota, se aproveita para a terminação ou engorda do suíno.

Os sistemas extensivos de produção suína se baseiam na capacidade destes

animais em aproveitar eficazmente os recursos naturais mediante pastoreio.

Este trabalho teve como objetivo realizar a caracterização do modelo de

produção de suínos locais, com a identificação das tecnologias adotadas e a respectiva

avaliação dos aspectos socioeconômicos, na microrregião do Curimataú Paraibano.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

72

MATERIAL E MÉTODOS

1. MATERIAL

A pesquisa foi realizada na microrregião do Curimataú Paraibano, conforme

descrição no Capítulo II, utilizando os dados específicos do questionário semi-

estruturado (Anexo 1) para caracterização do modelo de produção, tecnologias adotadas

e a situação socioeconômica das famílias produtoras.

1.1 MUNICÍPIOS PESQUISADOS

Os critérios para a seleção da microrregião do Curimataú Paraibano e,

consequentemente os municípios, foram descritos no Capítulo II.

Procurou-se representar os municípios através dos rebanhos suínos de diferentes

tamanhos e realidades técnicas dos criadores, conhecendo-se assim a tecnologia

empregada na criação de suínos em cada situação. Nas visitas realizadas aos criatórios,

verificou-se também a existência de outras explorações zootécnicas.

2. MÉTODOS

As informações foram obtidas a partir das entrevistas realizadas com 215

criadores de suínos nos cinco municípios, envolvendo 54 variáveis, compreendendo

questões sobre: tamanho da propriedade, situação de posse, local da criação, sistema de

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

73

criação, importância econômica da criação, intensidade da criação, número e categoria

de suínos criados, destino da produção suinícola, outras atividades zootécnicas,

assistência técnica, instalações, equipamentos, dentre outras que estão apresentadas no

Questionário (Anexo 1).

Os dados coletados foram analisados através da estatística descritiva

(quantitativos) e da distribuição de freqüência (qualitativos) exposto no Capítulo II.

Em relação à análise multivariada, para realizar a tipologia de indivíduos,

utilizou-se o método de análise de correspondência múltipla (ACM), sendo realizada

através do pacote estatístico SAS (1999).

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

74

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A discussão aqui apresentada diz respeito à tipologia e caracterização dos

modelos de criação de suínos locais encontrados no Curimataú Paraibano, assim como

aspectos socioeconômicos dos respectivos criadores, com o intuito de apoiar o processo

de planejamento e desenvolvimento sustentável desta atividade na região.

Verifica-se no Gráfico 1 que 38 % das propriedades apresentavam área inferior a

cinco hectares. O único produtor que informou 368 ha não era proprietário, trabalhava

na propriedade e podia criar seus animais ali. Dos 215 produtores, 47 % não souberam

informar o tamanho da propriedade. Este percentual representava a quantidade de

criadores de suínos locais na área urbana (Tabela 1), em que os animais eram criados,

geralmente, nos fundos de seus quintais ou ao redor da casa.

Tabela 1. Produtores de suínos dos cinco municípios estudados e seus respectivos

locais de criação Casserengue Cuité Barra de

Sta. Rosa Remígio Tacima Total

Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % % Rural 15 60 20 54 31 69 41 70,7 7 14 53 Urbana 10 40 17 46 14 31 17 29,3 43 86 47 TOTAL 25 100 37 100 45 100 58 100 50 100 100

Observou-se que 113 criadores produziam em área rural e 102 em área urbana

(Gráfico 1), evidenciando que a maioria dos criadores encontrados localizava-se nos

sítios e arredores dos municípios, proximidade esta considerada como área rural.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

75

Gráfico 1. Percentual dos criadores pesquisados e suas respectivas áreas.

Os resultados para o tamanho da propriedade (Gráfico 2) indicam que a maioria

dos criadores pesquisados na região do Curimataú é considerada pequeno produtor, com

uma média geral de 7 ha por propriedade. Para calcular com mais precisão esta média

eliminou-se o dado de 368 ha, que representava apenas um criador que não era o

proprietário e nem tampouco representativo da região, sendo, portanto, considerado um

dado discrepante.

0

5

10

15

20

25

Tamanho da propriedade (ha)

Freq

üênc

ia r

elat

iva

(%)

0,03 a 11,5 a 55,5 a 1011 a 5050,5 a 85368

Gráfico 2. Distribuição de freqüência do tamanho das propriedades (ha)

pesquisadas no Curimataú Paraibano.

Rural (n = 113) 53%

Urbano (n = 102)47%

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

76

Do ponto de vista conceitual a agricultura familiar não pode ser definida a partir

do tamanho do estabelecimento, pois a extensão máxima é determinada pelo que a

família pode explorar com base em seu “próprio trabalho”1 associado à tecnologia de

que dispõe (Guanziroli e Cardim, 2000). Contudo, pela falta de estudos que referenciem

uma classificação adequada e contextualizada voltada para a criação de suínos locais,

optou-se inicialmente em utilizar uma tipologia comum, em relação ao tamanho da

propriedade, para facilitar o entendimento dimensional quando se trata desta criação.

Portanto, para primeira elucidação dos questionamentos sobre a criação dos

suínos locais, utilizou-se uma classificação simples para seus criadores, pelo tamanho

das propriedades visitadas em: A) aqueles que possuíam até 5 ha, os quais totalizavam

38,3 %; B) de 5,5 até 10 ha, totalizando 7 %; C) de 11 a 85 ha, representados por 6,9 %;

e, D) os criadores que criavam os suínos em área urbana, representando 47,4 % (Gráfico

3).

Gráfico 3. Classificação dos criadores de suínos locais no Curimataú Paraibano.

________________________________________ 1. A maioria dos autores elege o uso da força de trabalho como a principal variável a ser considerada na conceituação da categoria de produtor como agricultor familiar. Isso independente do tamanho da propriedade e do uso de tecnologia.

47,4 %

6,9 % 7 %

38,3 % ABCD

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

77

Ao mesmo tempo em que eram pequenos produtores, 77,5 % eram proprietários

das terras que praticavam a agricultura e criavam seus animais, independente das

espécies produzidas. O restante foi distribuído em: (1) não proprietários, (2) sistema

coletivo de criação de suínos (Anexo 5), independente de serem proprietários ou não e,

(3) outros, com 8 %, 13 % e 1,5 %, respectivamente.

Utilizando apenas os criadores da zona rural, que representavam 52,6 %, para

uma análise da distribuição dos mesmos na referida zona, considerando-se o tamanho da

propriedade, observou-se que 72,6 %, 13,2 %, 13,3 % e 0,9 % dos criadores de suínos

locais possuíam de 0,03 a 5, de 5,5 a 10, de 11 a 85 e 368 ha, respectivamente (Gráfico

4).

72,6%

0,9%13,3%

13,2% 0,03 a 5 ha 5,5 a 10 ha 11 a 85 ha 368 ha

Gráfico 4. Distribuição dos criatórios de suínos locais da zona rural, na microrregião do Curimataú Paraibano, de acordo com o tamanho da propriedade.

Esta distribuição indicou uma maioria (72,6 %) dos criatórios com pequenas

áreas de terra, no máximo chegando a 5 ha, nas quais realizavam todas as suas

atividades agrícolas e pecuárias, para a sobrevivência de suas famílias. Ao demonstrar a

distribuição de freqüência (Tabela 2) dessa maioria, verificou-se que 13; 15; 11 e 17

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

78

criadores possuíam 0,5; 1; 3 e 4 ha, respectivamente, concentrando-se desta maneira as

áreas de terra para suas atividades agropecuárias.

Tabela 2. Distribuição de freqüência dos criadores de suínos locais da zona rural, possuindo de 0,03 a 5 ha, na microrregião do Curimataú Paraibano

Área (ha) Quantidade Percentual Acumulado 0,03 1 0,9 0,9 0,25 2 1,8 2,7 0,37 1 0,9 3,5 0,5 13 11,5 15,0 0,75 1 0,9 15,9 0,8 1 0,9 16,8 1 15 13,3 30,1

1,5 6 5,3 35,4 2 9 8,0 43,4

2,5 1 0,9 44,2 3 11 9,7 53,9

3,5 1 0,9 54,8 4 17 15,0 69,8 5 3 2,8 72,6

A área média dos estabelecimentos familiares nacional é muito inferior à dos

patronais, sendo 26 ha e 433 ha, respectivamente, apresentando também grande variação

entre as regiões, relacionada ao processo histórico de ocupação da terra. Enquanto a

área média entre os familiares do Nordeste é de 16,6 ha, no Centro-Oeste é de 84,5 ha.

(Guanziroli e Cardim, 2000).

Ao comparar a área média dos estabelecimentos familiares no Nordeste com a

encontrada na microrregião do Curimataú Paraibano, observou-se que esta, com apenas

7 ha, é muito inferior.

Sobre a criação coletiva, verificou-se que os criadores de suínos locais em Cuité

não eram proprietários da terra em que criavam seus animais, enquanto que no

município Barra de Santa Rosa ocorria o contrário, mesmo ambos criando em sistema

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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coletivo, os deste município eram proprietários de seus criatórios.

1. PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Na Tabela 3 encontram-se os dados para o efetivo suinícola encontrado durante a

pesquisa e os dados oficiais referentes a estes efetivos.

Tabela 3. Efetivo suinícola encontrado, efetivo oficial, área geográfica e razão de suínos/km2, para cada município estudado

Municípios Efetivo encontrado

Efetivo IBGE (2003)

%

Área km2

Razão Suínos/km2

Habitantes IBGE (2005)

Razão Suínos/Hab.

1 117 341 34,3 201 1,7 7.208 0,05 2 199 1.780 11,2 735 2,4 19.435 0,09 3 252 1.650 15,3 852 1,9 12.189 0,13 4 372 639 58,2 178 2,2 14.737 0,04 5 160 365 43,8 247 1,5 8.750 0,04

TOTAIS 1.100 4.775 23,0 2.186 2,2 62.319 0,08 Legenda: 1 = Casserengue, 2 = Cuité; 3 = Barra de Santa Rosa; 4 = Remígio; 5 = Tacima.

Verificou-se que os municípios pesquisados na microrregião do Curimataú

Paraibano possuíam 4.775 cabeças de suínos em 2003 (IBGE, 2006), correspondendo a

3,3 % do rebanho estadual, com as razões de suínos/km2 e suínos/habitante de 2,2 e

0,08, respectivamente (Tabela 3).

Estes dados revelam que a produção de suínos é uma atividade pouco expressiva

nos municípios estudados, especialmente quando se observa a razão suínos/habitante.

Portanto, demonstra-se que essa atividade não exerce influência, numa avaliação

macroeconômica, sobre os sistemas de produção animal. Ao contrário desta avaliação

macro, verificou-se que estes poucos suínos, mantidos por alguns criadores, fazem uma

diferença positiva no orçamento familiar e no fornecimento de proteína de origem

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

80

animal para a própria família. Estes dados revelam que os suínos nesta região

desempenham maior valor social que econômico em termos de produção animal

estadual.

Observa-se na Tabela 4 que toda a microrregião do Curimataú Paraibano possuía

13.563 cabeças de suínos e uma densidade populacional de 205.892 habitantes,

representando uma razão de 0,07 suínos/habitante, enquanto que a média desta mesma

razão para os municípios estudados foi maior, com 0,08. O efetivo suíno do universo

estudado representou 35,2 % de toda a microrregião pesquisada.

Tabela 4. Efetivo suinícola e respectivo número de habitantes para todos os municípios

da microrregião do Curimataú Paraibano Curimataú Oriental Curimataú Ocidental

Município Efetivo Número de Município Efetivo Densidade Suíno Habitantes Suíno PopulacionalAraruna 1.110 17.326 Algodão de Jandaíra 684 2.358Cacimba de Dentro 1.600 16.281 Arara 343 12.558Casserengue 341 7.208 Barra de Santa Rosa 1.650 12.189Dona Inês 320 11.345 Cuité 1.780 19.435Riachão 235 3.013 Damião 431 4.427Solânea 1.670 31.957 Nova Floresta 371 10.777Tacima 365 8.750 Olivedos 157 3.070 Pocinhos 948 15.117 Remígio 639 14.737 Soledade 394 12.616 Sossego 525 2.728 5.641 95.880 7.922 110.012

Fonte: Adaptado do IBGE (2003).

Apesar de inexpressiva a criação de suínos nos municípios estudados, verificou-

se que a população pesquisada vivia em municípios genuinamente rurais, ainda que

considerado como áreas urbanas, e esta característica rural facilitava a criação desses

animais, principalmente na maioria dos sítios, sempre próximos aos municípios e/ou ao

redor dos mesmos, indicando uma criação exercida pela população com aproveitamento

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

81

de suas atividades rurais.

Considerando suas atividades rurais e a pouca expressividade da criação de

suínos locais, as famílias criadoras detêm um grande potencial para esta criação, visto a

maioria estar localizada na zona rural, possuir atividades agrícolas, que contribuem

significativamente no fornecimento de alimentação aos suínos, especialmente por esta

espécie ser onívora e aproveitar, inclusive os resíduos da alimentação humana, além de

uma possível intensificação na criação sem degradar o meio ambiente, podendo ainda

contribuir para a conservação dos recursos genéticos suínos do local.

Ao observar a produção de suínos no Estado da Paraíba, tomando por base os

dados do IBGE, verificou-se que houve declínio na produção estadual, de 301 mil

cabeças em 1990 para 144 mil em 2004. Considerando o declínio de mais de 50 %,

supõe-se a existência de um maior potencial de criação e possibilidades de

intensificação, pouco explorado atualmente, devido à carência de incentivos,

especialmente para os criadores familiares, que são responsáveis pela maioria do

rebanho no Estado.

1.1 SISTEMAS DE CRIAÇÃO

Baseando-se nos modelos de sistemas de criação extensivos e intensivos

(Nicolaiewsky et al., 1998), verificou-se que 91,6 % dos produtores praticavam o

sistema extensivo com contenção. Visto que não se pode considerar o sistema de criação

como intensivo apenas pelo fato de estarem os animais presos ou contidos por todo o

período de criação, ao mesmo tempo em que eram criados sem preocupação com

produtividade e sem controles zootécnicos.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

82

Estes animais eram mantidos presos em chiqueiros ou amarrados em cordas por

falta de área para criá-los em piquetes e, principalmente, para evitar que embrenhassem

pelos roçados da própria propriedade e dos vizinhos.

Uma parte dos produtores criava seus suínos amarrados em cordas (16,8 %),

outra em chiqueiros e/ou amarrados em corda (74,3 %) e o restante, em contenção total

(0,5 %). Entretanto, 5,1 % criavam em sistema semi-extensivo ou misto: soltos e

amarrados na corda e/ou em chiqueiro, enquanto que apenas, 3,3 % afirmaram criar seus

animais soltos.

Silva Filha et al. (2005) caracterizando a criação de suínos locais na Paraíba

afirmaram que, grande parte dos suínos é produzida em sistemas próprios da região,

como a criação destes animais amarrados em corda.

A maioria dos produtores da microrregião estudada efetuava em suas criações as

fases de crescimento e terminação (50,5 %); o ciclo completo (38,8 %); seguido da fase

de crescimento (5,6 %) e, terminação (5,1 %).

Foi computado nesta pesquisa para a microrregião do Curimataú Paraibano um

total de 1.100 suínos, com a representatividade de 74,7 %, 14,5 %, 7,9 % e 2,9 % dos

criadores entrevistados criando de um a cinco, de seis a 10, de 11 a 19 e, de 22 a 71

animais, respectivamente (Gráfico 5). Estes dados revelam que se podem considerar os

entrevistados como pequenos produtores familiares, pois em sua maioria chegam a

caracterização do modelo de produção de suínos locais e das tecnologias adotadas na

microrregião do Curimataú Paraibano, que consiste em criar, no máximo, cinco cabeças

de suínos.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

83

Gráfico 5. Representação percentual da quantidade de suínos criados, na

região do Curimataú Paraibano.

Para o estudo de sistemas de produção, segundo Mangabeira (2002), o método

de análise de correspondência múltipla (ACM) vem demonstrando eficácia, pois se

caracteriza por ser multidimensional em oposição às estatísticas descritivas univariadas

que tratam uma variável por vez.

Através da ACM utilizada na avaliação do sistema de produção dos suínos locais

na microrregião do Curimataú Paraibano, observou-se uma distinção entre os grupos

(Figura A), analisando-se concomitantemente as seguintes variáveis:

Do sistema de produção: extensivo sem contenção, extensivo com

contenção e semi-extensivo; e,

Importância econômica da criação de suínos para as famílias

pesquisadas: primeira, segunda, terceira e única importância.

74,7%

14,5%

7,9% 2,9%

1 A 5

6 A 10

11 A 19 22 A 71

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

84

__________________________________________________________________ Dim2 4.0 ˆ * extsc ˆ 3.5 ˆ ˆ 88 85 * 84 3.0 ˆ 4 ˆ 180 105 * 86 2.5 ˆ 2.0 ˆ ˆ 1.5 ˆ ˆ 1.0 ˆ ˆ * t 1691491 0.5 ˆ 1127120 183 * 16 ˆ 203 * 196 1021513 1361019 0.0 ˆ s142028 173 158 * sext ˆ 194** 212* extcc 151 * 10 1776207 199 167 -0.5 ˆ ˆ -1.0 ˆ 116106 104 ˆ 150 * 124 35 * 2 1495156 168 -1.5 ˆ * 25 ˆ * p -2.0 ˆ * u ˆ -2.5 ˆ ˆ ___________________________________________________________________ -2.5 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 Dim1

Figura A. Caracterização multidimensional dos criadores de suínos na microrregião do Curimataú Paraibano.

Legenda: extsc = extensivo sem contenção; extcc = extensivo com contenção; sext = semi-extensivo; u = única; p = primeira; s = segunda; t = terceira.

Baseando-se no resultado do Gráfico 6, identificou-se um grupo distinto com

cinco variáveis: sistema extensivo com contenção, sistema semi-extensivo, primeira,

segunda e terceira importância econômica, para o qual se atribuiu a classificação I.

Estas variáveis representam a dimensão 1 (Dim1) da ACM. Enquanto que na Dim2 foi

identificada a variável sistema extensivo sem contenção, formando o grupo II e, na

Dim3 a variável de importância econômica única para os criadores, caracterizando o

grupo III (Tabela 5).

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

85

Tabela 5. Distribuição das variáveis em função dos resultados de sua dimensão, através da ACM

Variáveis Dim1 Dim2 Dim3 Primeira importância 0,17 Segunda importância 0,50 Terceira importância 0,21 Única importância 0,02 0,93 Extensivo sem contenção 0,00 0,53 Extensivo com contenção 0,40 Semi-extensivo 0,56

Observou-se que as variáveis que formaram a Dim1 estão estreitamente

relacionadas do ponto de vista da pequena produção, já que 91,6 % dos criadores de

suínos locais praticavam o sistema extensivo com contenção e 5,1 % o sistema semi-

extensivo, sendo os suínos para a maioria destes criadores uma importante fonte de

renda familiar, aliada à utilização de restos da agricultura na alimentação dos animais.

Enquanto que apenas 3,3 % afirmaram criar seus animais soltos, caracterizando um

grupo diferenciado dos demais. O mesmo ocorreu com um único criador que afirmou

que os suínos é a única fonte de renda familiar.

1.2 TEMPO DE PERMANÊNCIA NA ATIVIDADE E COMERCIALIZAÇÃO

De acordo com os resultados obtidos em relação ao tempo de permanência na

criação de suínos na microrregião do Curimataú Paraibano, 33,4 % representa os

criadores que estão na atividade suinícola no período de até quatro anos e 66,6 % entre

cinco e mais de 50 anos, evidenciando que os produtores têm experiência de, no

mínimo, cinco anos. Logo, há que se aproveitarem os conhecimentos destes criadores de

suínos locais para a manutenção deste patrimônio genético, que vem servindo durante

muitos anos desde a sobrevivência das famílias produtoras até o prazer que muitos

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

86

afirmaram ter em criá-los, resistindo a muitas adversidades do meio, sociais, comerciais

e econômicas.

Verificou-se que 11,7 % dos entrevistados afirmaram que além de

comercializarem diretamente os animais vivos e/ou a carne, mantinha a produção para o

próprio consumo. O processo de abate desses animais geralmente era efetuado nos

próprios domicílios. Os 88,3 % restantes não produziam para o consumo nem abate,

somente para comercialização.

A comercialização de suínos no universo estudado demonstrou certa

vulnerabilidade, visto que era praticada sem avaliação de custo/benefício ou

preocupação com o mercado, ao mesmo tempo em que os comerciantes intermediários,

conhecidos como “marchantes” faziam sua própria lei de mercado, oferecendo aos

criadores, automaticamente os fornecedores, preços muito inferiores aos praticados na

venda da carne suína no mercado, acarretando, na maioria das vezes, em prejuízo para

os criadores, especialmente porque estes mesmos eram os compradores da carne no

mercado.

Os criadores envolvidos na pesquisa tinham na criação suinícola além da

tradição, passada de pais para filhos, o prazer pela mesma. Talvez estes dois fatores,

tradição e prazer pela criação, tenham sido responsáveis por 88,3 % praticar a

comercialização sem muita preocupação com as leis de mercado, ainda que,

possivelmente acarretando em prejuízos.

Outro fator importante na continuidade desta atividade é o aproveitamento dos

excedentes agrícolas e resíduos da alimentação humana, que implica em redução quase

que total de gastos com a alimentação dos suínos. Este custo, aparentemente zero, da

alimentação, faz supor que existe lucro na comercialização dos suínos na microrregião

do Curimataú Paraibano. O que nem sempre é verdadeiro, pois os criadores reclamam

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

87

muito do preço da venda dos animais, que é muito baixo e que não compensa criá-los,

fato este que induz à desistência de muitos pela atividade.

Ao analisar o mercado econômico em si, ele é regido pelas suas leis que seguem

a vários critérios de oferta e de procura, por exemplo, quanto mais produtos no mercado

seu preço tende a ser menor, e o contrário também, menos produto mais elevado o

preço. No caso dos suínos locais, 88,3 % dos criadores praticavam a comercialização de

seus suínos sem calcular custo/benefício e visando uma margem de lucros ou um

aumento na arrecadação financeira familiar que, da maneira que era praticada, dava uma

falsa impressão de custo zero e na realidade, não resultava em concretos lucros.

Deve-se ter em mente que, a economia não é assistencialista nem filantrópica, é

para produzir bens e riquezas para seus empresários, no caso os criadores de suínos

locais, consequentemente para o país.

Se a comercialização dos suínos girar em torno da economia, deveria se

considerar que toda mercadoria tem um custo de produção e todo produto tem um preço

que obedece às leis da oferta e da procura. Ocorre que os criadores familiares não detêm

tais informações sobre o mercado, necessitando, portanto, serem mais bem informados

para continuar na atividade, com obtenção de lucros e agregação de valor ao produto.

Para uma avaliação comercial e econômica da atividade suinícola, necessita-se

de mais estudos, incluindo uma avaliação de mercado local, para servir de base e

incentivo ao planejamento e à melhoria dos sistemas de criação, conseqüentemente à

conservação dos suínos locais paraibanos.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

88

1.3 MANEJO REPRODUTIVO

Em relação ao manejo zootécnico, foi constatado que 64,5 % não praticavam o

manejo reprodutivo, 32,2 % afirmaram praticar a monta controlada e apenas 3,3 % a

monta natural a campo. Estes resultados convergem para os anteriormente expostos em

relação aos 38,8 % que praticavam o ciclo completo, podendo então, dentro de suas

explorações, praticarem o manejo reprodutivo. Observa-se no Anexo 5 (Figura 3) a

cobertura entre os suínos, sem nenhum controle, com os animais soltos.

Praticamente, 100% dos produtores adquiriam, comercializavam, doavam,

presenteavam um familiar e ou emprestavam seus reprodutores dentro do próprio

município, demonstrando a possível existência de endogamia dentro do rebanho,

promovido pelo provável alto grau de parentesco entre os animais do próprio local.

Como a maioria dos entrevistados não praticava o manejo reprodutivo, não

possuía nenhum controle ou escrituração zootécnica, não sabia informar sobre tamanho

da leitegada nem os pesos da leitegada ao nascer ou ao desmame. Não houve

disponibilidade de dados que possibilitassem uma estimativa da prolificidade ou

qualquer outro parâmetro zootécnico para se avaliar a eficiência reprodutiva destes

agrupamentos populacionais suínos.

Segundo Rydhmer (2000), no aspecto econômico, o tamanho da leitegada é a

característica reprodutiva mais importante e já é considerada em vários programas de

melhoramento.

Durante o período do nascimento até a desmama dos leitões, principalmente nos

estágios iniciais de lactação, ocorre grande porcentagem de perdas, indicando que este

período é crítico, especialmente sob os aspectos relacionados com alimentação, manejo,

cuidados higiênico-sanitários, instalações e equipamentos (Lima et al., 1997). Diante da

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

89

importância significativa de um acompanhamento e adequado manejo reprodutivo,

conclui-se pela necessidade de promover uma formação mais técnica dos criadores,

ressaltando-se os cuidados na reprodução e manejo da leitegada, de modo que os

mesmos possam usufruir dos seus suínos sem, contudo, degradá-los. Pois se observou

condição precária no manejo dos leitões (Anexo 5, Figura 4).

1.4 MANEJO ALIMENTAR

Na amostra analisada, 99,3 % dos criadores praticavam agricultura e todos os

que a praticavam, além do consumo e comercialização do excedente, aproveitavam as

sobras e desperdícios para a alimentação animal, especialmente para os suínos.

O manejo alimentar era praticado de forma precária, sem controle nutricional

nem sanitário da alimentação fornecida. Observou-se que 75,2 % produziam na

propriedade e/ou adquiriam fora dela os alimentos que forneciam aos suínos; 19,2 %

adquiriam fora e somente 5,6 % produziam na própria propriedade. Incluídos na

aquisição externa estão os resíduos da alimentação humana (Anexo 5, Figura 5). Estes

não implicavam em custos financeiros, pois, geralmente, eram coletados nas residências

dos vizinhos, sendo que 99 % dos entrevistados forneciam resíduos da alimentação

humana sem qualquer critério de conservação antes do fornecimento.

Para aqueles que produziam os alimentos fornecidos aos suínos na própria

propriedade (milho, feijão, fava, abóbora) e ou adquiriam fora dela, observou-se que,

devido as suas atividades serem essencialmente agrárias, de todo o excedente da

comercialização era reservado uma parte para o próprio consumo e outra parte para o

consumo animal (Anexo 5, Figura 6). Daí, ser impossível mensurar a quantidade

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

90

destinada ao consumo familiar e ao consumo animal, especialmente para aqueles

animais criados ao redor da casa ou no fundo de quintal, como galinhas, suínos,

caprinos e ovinos (Anexo 5, Figuras 7 e 8).

Os suínos locais estudados demonstraram uma adaptação à alimentação

disponível na região, manifestando habilidade em aproveitar os alimentos

particularmente fibrosos, oriundos da agricultura familiar, os pastos, quando

disponíveis, os frutos das leguminosas e os resíduos da alimentação humana.

Observou-se que os criadores forneciam todo e qualquer alimento aos suínos,

independente da qualidade higiênico-sanitária, fato este que interfere diretamente em

todo o desenvolvimento do rebanho e, consequentemente afeta de alguma forma os seus

criadores.

O uso indiscriminado dos alimentos fornecidos aos animais, sem o mínimo

cuidado higiênico-sanitário, deve gerar redução no desempenho produtivo,

consequentemente dos lucros, oriundos dos baixos preços de venda aos marchantes.

Diminuindo a produtividade dos suínos, automaticamente reduz a produção de carne

disponível para utilização pelos criadores, tanto para comercialização quanto para seu

próprio consumo.

Além dos prejuízos já citados, existem possibilidades dos criadores adquirirem

alguma zoonose devido à falta de adequado manejo alimentar e sanitário.

A origem da água utilizada na criação de suínos era na sua maioria (71,03 %) da

rede pública de fornecimento (Anexo 5, Figuras 9 e 9a), portanto água tratada,

evidenciando que estas criações encontravam-se dentro da área urbana ou muito

próxima, facilitando o uso da água da rede pública. Verificando-se que 52,6 % dos

criadores estavam situados na zona rural e utilizavam água tratada da rede pública, que

chegavam, geralmente, às propriedades através de carros-pipas, pode-se constatar que as

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

91

propriedades rurais estavam sempre nos arredores ou muito próximos aos centros

urbanos.

Observou-se que 28,97 % dos criadores reservavam água das chuvas nas

cisternas, ou através de poços artesanais, barreiros e cacimbas.

1.5 INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

Quase na sua totalidade, as instalações eram rústicas e improvisadas das mais

variadas formas (Anexo 5, Figuras 10 e 11). Apenas 1,4 % possuía instalações mais

adequadas, podendo encontrar ambientes para serviço, gestação (Anexo 5, Figura 12),

maternidade, crescimento e ou terminação. Verifica-se na Tabela 6 a disponibilidade de

instalações para as criações de suínos e o respectivo material utilizado na construção das

mesmas, demonstrando que a 77,6 % utilizava o conhecido chiqueiro para criar seus

animais.

Tabela 6. Disponibilidade de instalações e respectivo percentual de material de

construção das mesmas para a criação de suínos na microrregião do Curimataú Paraibano

Instalação % Piso % Teto % Parede % Corda 14,5 Cimento 36,8 Ar livre 21,0 Agave 12,0 Chiqueiro 77,6 Cimento e

terra 1,0 Lona 3,4 Cerca 31,0

Nenhuma 6,0 Nenhuma 21,5 Nenhuma 21,5 Nenhuma 21,5 G, M, C, T 1,4 Terra 34,0 Palha 15,8 Tijolo 25,0 Solto 0,5 Pedra 5,3 Telha 33,5 Ripa 2,4 100,0 Outros 1,4 Outros 4,8 Outros 8,1 Legenda: G = gestação; M = maternidade; C = crescimento; T = terminação.

Quanto ao material utilizado na construção das instalações (Tabela 6), para o

piso, 36,8 %; 34 %; 5,3 % e; 1 % utilizava cimento, terra batida, pedra e uma mistura de

cimento e terra, respectivamente. Para o teto, 33,5 %; 15,8 % e; 3,4 % cobriam suas

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

92

instalações com telha de barro ou amianto, palha e lona, respectivamente. Enquanto que

para a parede, apenas 25 % era de alvenaria (tijolo) e os demais cercavam seus

chiqueiros com arame e materiais disponíveis na região, especialmente agave.

Sobre a disponibilidade de máquinas e equipamentos, observou-se que 84,8 %

dos criadores de suínos desta microrregião não possuíam máquinas e/ou equipamentos

(Tabela 7). O município que apresentou melhor condição técnica no que se refere à

existência de equipamentos foi Remígio, com 15,5 %, seguido de Casserengue com 12,5

%. Explica-se o maior percentual para Remígio em função das condições de poucos

criadores neste município, com maior concentração de suínos (Gráfico 5), possuindo

entre 22 a 71 animais.

Tabela 7. Disponibilidade de máquinas e equipamentos para a criação de suínos na

microrregião do Curimataú Paraibano Município Sim % Não % Casserengue 3 12,5 21 87,5 Cuité - - 37 100 Barra Sta. Rosa 1 2,2 44 97,8 Remígio 9 15,5 49 84,8 Tacima 2 4 48 96 TOTAL 15 7 199 93

Portanto, os criadores de suínos locais na microrregião do Curimataú Paraibano,

no que diz respeito à tecnologia em instalações e equipamentos, empregada na produção

de suínos, é mínima ou quase nula, sendo efetuada de maneira simples, rústica e com o

maior aproveitamento possível dos materiais disponíveis no próprio local, a exemplo do

agave, evitando custos desnecessários.

Esta pouca inversão de capital em tecnologias e em máquinas e equipamentos

deve estar associado ao limitado capital dos criadores, que geralmente possuem de um a

cinco suínos manejados no fundo do quintal ou arredor da casa, o que representa 74,7 %

dos criadores pesquisados, somada à baixa capacidade de responder economicamente a

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

93

maiores investimentos na criação de suínos.

1.6 MANEJO SANITÁRIO

Para o manejo sanitário, apenas 15 % afirmaram praticá-lo rotineiramente,

enquanto que 50,9 % não praticavam e 34,1 % praticavam eventualmente. Para os que

praticavam eventual ou rotineiramente, ministravam remédios naturais (6,9 %), a

exemplo do alho ou ervas, e outros medicamentos como, antibióticos, vacinas,

vermífugos (16,5 %). Do total de criadores entrevistados, 76,6 % não forneciam

medicamentos aos suínos.

Em relação aos efluentes e dejetos oriundos da produção suinícola na

microrregião estudada, a situação é bastante precária, pois 98 % dos entrevistados não

os tratavam. Somente 2 % promoviam algum tipo de tratamento a estes resíduos e

limpeza das baias (Anexo 5, Figura 12), situação preocupante do ponto de vista

ambiental, principalmente porque 91,6 % dos criadores possuíam o sistema extensivo

com contenção, ainda que com poucos animais. Reduzir a geração de resíduos na

criação de suínos através do manejo nutricional eficiente e do manejo da água na

propriedade, conforme Fávero (2003) diminui o potencial poluente dos resíduos.

Na maioria das criações visitadas (84,1 %) era efetuada a deposição direta das

fezes no solo. Os demais utilizavam o esterco como adubo na agricultura, ou enterravam

ou depositavam no esgoto urbano.

Os dejetos, afirma Fávero (2003), devem prioritariamente ser usados como

adubo orgânico, respeitando sempre as limitações impostas pelo solo, água e planta.

Quando isso não for possível há necessidade de tratar os dejetos adequadamente, de

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

94

maneira que não ofereçam riscos de poluição quando retornarem à natureza. Portanto,

uma minoria que utilizava os dejetos na agricultura, estava agindo de maneira menos

prejudicial ao meio ambiente, pois certamente não asseguravam um tempo mínimo de

retenção de 30 dias para a decomposição dos dejetos em sistemas anaeróbios ativos,

nem o devido afastamento dos corpos d’água, antes de utilizá-los como fertilizante.

Para um adequado manejo dos dejetos, Pedroso-de-Paiva (2006) indica algumas

alternativas de simples implantação e baixo custo, como o revestimento de esterqueiras

com materiais alternativos. Além da produtividade e competitividade econômica,

qualquer sistema de produção deve primar pela proteção ambiental, não somente pela

exigência legal, mas também por proporcionar maior qualidade de vida a população

rural e urbana (Fávero, 2003).

Contudo, estas indicações técnicas tornam-se complicadas e bastante complexas

para os criadores de suínos da microrregião do Curimataú Paraibano, haja vista que, em

geral, estas criações são pequenas e rústicas, para subsistência ou como uma maneira

extra de poupar. Além da falta de conhecimento técnico, lhes faltam orientação,

assistência e condições financeiras para uma adequada inversão de capital, para, no

mínimo, promover uma adaptação desejável em suas criações, envolvendo desde as

instalações com o máximo de aproveitamento de materiais rústicos e regionais até um

completo e adequado manejo.

A execução destas indicações técnicas, para tornarem-se viáveis à produção

local, exigiria o envolvimento de órgãos públicos, pesquisadores, técnicos, zootecnistas,

médicos veterinários e afins, envolvidos com o processo de criação de suínos locais,

para uma formação dos criadores, ao mesmo tempo em que preocupados com a

conservação destes animais, automaticamente com o desenvolvimento socioeconômico

das famílias produtoras.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

95

De todos os entrevistados, 79,9 % não assumiram qualquer tipo de problema de

ordem sanitária na criação, mesmo sendo visível as condições precárias de manejo

sanitário (Figuras 13 e 14), especialmente a proliferação de moscas. Entretanto, 9,9 %

admitiram ter havido mortes ou incidência de febre, os restantes reconheceram outros

tipos de problemas, como diarréia, tosse, sarna e verminoses.

Quanto ao controle de insetos nas instalações suinícolas, é necessário observar

primeiro as causas da proliferação nas criações que, segundo Pedroso-de-Paiva (2006),

continua sendo as falhas no manejo dos dejetos. A colocação desse material em câmaras

de compostagem, ou o simples “cobrir com lona plástica”, dão um fim a este ponto de

criação de moscas.

A biossegurança segundo Fávero (2003) se refere ao conjunto de normas e

procedimentos destinados a evitar a entrada de agentes infecciosos como: vírus,

bactérias, fungos e parasitas no rebanho, bem como controlar sua disseminação entre os

diferentes setores ou grupos de animais dentro do sistema de produção.

Porém, todos os procedimentos necessários para manter a biossegurança como:

isolamento, localização da granja, acesso, embarcadouro/desembarcadouro de suínos,

transporte de animais, transporte de rações e insumos, introdução de animais na granja,

origem dos animais, quarentena, adaptação, controle de vetores, roedores, insetos e,

destino de animais mortos, deveria ser de conhecimento mais acessível aos criadores de

suínos locais, a fim de contribuir com sua organização e com a conservação deste

patrimônio genético animal e financeiro, pois não se pode desconsiderar a verdadeira

utilização desses animais como subsistência, fonte de proteína de origem animal, além

da renda extra.

Sem acesso às informações torna-se impossível qualquer forma de controle ou

procedimento para evitar a entrada dos agentes patogênicos no rebanho.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

96

O sistema de criação de suínos locais amarrados em corda, utilizado pelos

criadores na microrregião do Curimataú Paraibano provoca lesões nos pescoços dos

animais, que pode se transformar em um vetor para transmissão de doenças, como pode

ser observado nas Figuras 15 e 15a (Anexo 5).

Dos 215 criadores entrevistados, 2,3 % afirmaram ter assistência técnica, 15,7 %

eventualmente e 82 % assumiram não receber nenhuma forma de assistência técnica,

nem dos órgãos públicos nem assistência privada. Estes números são alarmantes uma

vez que seria praticamente impossível promover melhorias no manejo sanitário sem o

devido conhecimento e acompanhamento técnico.

2. OUTRAS EXPLORAÇÕES ZOOTÉCNICAS

Além dos suínos, os pequenos produtores criavam outras espécies animais como:

aves, bovinos, ovinos e caprinos, sem esquecer dos animais de companhia como cães e

gatos (Tabela 8).

Tabela 8. Quantidade e respectivo percentual de outros animais produzidos pelas famílias na microrregião do Curimataú Paraibano

Aves Bovinos Ovinos Caprinos Caninos Felinos Quantidade 151 80 44 25 135 98

% 70,2 37,2 20,5 11,6 62,8 45,6

Observa-se que 70,2 % dos criadores de suínos da microrregião do Curimataú

Paraibano criavam aves (Tabela 8), também para produção de carne e ovos para o

próprio consumo, além de fonte de renda extra. Seguido em número pela criação dos

bovinos, ovinos e caprinos, de grande importância para a agricultura familiar dentro do

universo pesquisado, principalmente pelo fornecimento de leite e carne.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

97

Foram encontradas poucas criações de bovinos, ovinos e caprinos na

microrregião estudada, demonstrando que, principalmente os ovinos e caprinos, não

correspondem à principal criação animal. Estão inseridos no contexto agropecuário,

porém em menor quantidade, ao contrário do que se pensava, provavelmente pela maior

exigência em alimentação, especialmente em pastos, o que não condiz com a realidade

dos pequenos agricultores familiares, uma vez que sobrevivem também da agricultura.

Portanto, mantêm seus poucos bovinos, ovinos e caprinos nos arredores da residência, a

fim de fornecer-lhes provimento de carne e leite.

A baixa freqüência de bovinos, ovinos e caprinos evidencia que, possivelmente

pode existir um maior potencial na microrregião estudada para a criação de suínos

locais, pois estes animais não são tão exigentes quanto os três primeiros em alimentação

e possuem a capacidade de transformar diversos alimentos em proteína, inclusive os

resíduos da alimentação humana, o que não é verdadeiro para os demais. Além de não

concorrer com a agricultura e aproveitar as sobras e desperdícios desta, somando-se à

fonte de renda e de alimentação para as famílias produtoras.

Verificou-se que 62,8 % e 45,6 % dos criadores tinham animais de estimação e

companhia, como cães e gatos, respectivamente.

Para alimentação de todos esses animais, as famílias produtoras se valiam das

produções agrícolas, além dos restos das refeições humanas e das aquisições de farelos

de milho, de arroz, de trigo e de algodão.

Quando analisado os dados para a prática de outras explorações zootécnicas, 94

% dos produtores afirmaram que praticavam estas explorações e somente 6 % não a

praticavam. Foi observado que, as criações de suínos locais dentro da área urbana dos

municípios, especialmente nos quintais das residências ou nos terrenos próximos,

geralmente era consorciada com outros animais, Figuras 7 e 8 (Anexo 5).

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

98

3. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA

A importância econômica da criação dos suínos para as famílias produtoras no

Curimataú Paraibano verificada neste estudo, situa-se entre segundo e terceiro lugar na

fonte de renda familiar destes produtores, não podendo ser desprezado seu potencial

para a geração de renda, pois foi observado que 11,8 %, 44,3 %, 43,4 % e 0,5 % têm

estes animais como primeira, segunda, terceira e única importância econômica,

respectivamente.

Em relação à renda principal das famílias produtoras (Gráfico 6), verifica-se que

26,62 %, 15,58 %, 14,29 % e 9,09 % provêm da aposentadoria, salário, agricultura e

programas federais de assistência social (bolsa escola, bolsa família), respectivamente.

De maneira geral, estas principais fontes de renda são responsáveis pela manutenção de

todos os membros da família. Os outros 29,22 % correspondem à renda oriunda de

diversas atividades exercidas e/ou fontes, concomitantemente, como a agrícola e a

pecuária, mais a aposentadoria e o comércio, as atividades dos autônomos. Enfim,

diversas atividades de menor expressão percentual no universo estudado, porém não

menos importantes financeiramente.

Os programas federais de assistência social têm uma boa representatividade

dentro do universo pesquisado demonstrando sua importância, uma vez que está

trazendo subsídios para atenuar a condição de fome, miséria e pobreza da população

referencial. Em contrapartida, os governos federal, estadual e municipal têm inteira

responsabilidade em, além dos programas assistencialistas, que são de ordem imediata,

promover o desenvolvimento rural sustentável.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

99

9,15,2

26,6

14,3 15,6

29,2

0

5

10

15

20

25

30

35

Principal renda

Freq

üênc

ia r

elat

iva

%

Programa AssistênciaSocial (PAS)Agricultura + PAS

Aposentadoria

Agricultura

Salário

Diversos

Gráfico 6. Distribuição de freqüência das principais rendas das famílias

produtoras, na microrregião do Curimataú Paraibano, 2006.

Ao somar as duas principais fontes de renda em percentual, 26,6 % mais 29,2 %

da aposentadoria e diversos, respectivamente, obtêm 55,8 %, perfazendo a maioria.

Observou-se que as famílias produtoras de suínos locais, eram pessoas com baixa renda,

mantidas pelos patriarcas ou matriarcas, através de suas aposentadorias (26,6 %) e ou

sobreviviam de diversas pequenas fontes, conseguidas concomitantemente.

Grande parte dos suínos criados no Nordeste do Brasil é produzida em sistemas

próprios da região, geralmente amarrados em corda, caracterizando-se numa atividade

de subsistência familiar que desenvolve um papel de grande importância

socioeconômica, sobretudo, para populações que vivem no meio rural, afirmam Silva

Filha et al. (2006).

Quando Silva et al. (2005) avaliaram a condição socioeconômica dos

suinocultores do Estado de Pernambuco, encontraram tanto nos núcleos urbanos como

rurais problemas como falta de conhecimento, de infra-estrutura, assistência técnica e

subsídios. Os autores afirmaram que cabe aos órgãos competentes e entidades

representativas, promoverem programas que assistam aos criadores, oferecendo-lhes

melhores condições para o exercício da atividade.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

100

Os suínos locais participam de maneira significativa na produção familiar,

especialmente pela fácil adaptabilidade às diversas condições, nem sempre favorável à

exploração do potencial animal, mesmo assim, contribuem para a diversificação de

produtos, segundo Silva Filha et al. (2006). E esta diversidade promove aumento de

renda para as famílias produtoras.

Esta atividade poderia deixar de ser apenas uma atividade de subsistência e

passar a gerar maiores rendas para as famílias produtoras, se explorada em seu potencial

dentro das condições regionais.

A importância do gênero2 na criação dos suínos locais advém da divisão de

tarefas dentro das famílias, onde as mulheres geralmente são as responsáveis pelas

criações que ficam ao redor da casa, como aves e suínos, e os homens com a

responsabilidade nas criações que dependem de uma maior área para sua produção. A

criação dos suínos tem promovido uma margem maior na renda familiar, especialmente

destinada aos gastos de influência feminina, como aquisição de roupas, calçados,

remédios e produtos pessoais, muitas vezes não computados na contabilidade (despesas

e receitas) familiar.

Na microrregião do Curimataú Paraibano, tanto a presença das mulheres quanto

a dos homens é marcante na produção de suínos e na produção agrícola, representada

por 31 % e 22 % das observações, respectivamente. Sendo que 47 % corresponderam

aos dois gêneros exercendo as atividades de produção nas famílias pesquisadas. Estes

resultados evidenciam que as mulheres têm uma participação efetiva nos trabalhos de

produção agrícola e suinícola, além do doméstico.

O desenvolvimento rural surge como alternativa aos problemas do mundo rural,

e através dele se leva em consideração diversas estratégias nas quais é fundamental que

___________________________________________ 2. Gênero é uma construção social por meio da qual se define o que é “apropriado” para o sexo feminino e masculino (Moreno et al., s/d).

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

101

estejam também envolvidas as mulheres e os jovens (Moreno et al., s/d). Especialmente

na produção de suínos locais, que se observa a participação ativa das mulheres e dos

mais jovens nesta atividade. Afirmam Moreno et al. (s/d) que, com a associação dos

conceitos “gênero” e “desenvolvimento” se pretende que tanto as mulheres como os

homens se envolvam e atuem de forma ativa e coordenada através da elaboração e

promoção de seus próprios projetos de desenvolvimento, beneficiando-se de maneira

eqüitativa.

A preocupação de integrar as mulheres e jovens no desenvolvimento, parte do

convencimento de que este deve estar centrado na população local, destinado a ela e

realizado por ela, baseando-se nas necessidades, problemas e participação da população

(Moreno et al., s/d). Se os suínos locais são criados, abatidos, comercializados e/ou

consumidos dentre seus próprios criadores e população local, nada mais justo que se

pensar no envolvimento, acompanhado do respectivo desenvolvimento de toda a

família.

O índice de desenvolvimento humano (IDH) é um índice criado pelas

Organizações das Nações Unidas (ONU) com a intenção de “medir” esse

desenvolvimento, calculado pela combinação de três indicadores: esperança de vida ao

nascer, alfabetização de adultos, escolarização e renda per capta (PIB).

Atualmente, todos os Estados brasileiros estão acima da linha média de

desenvolvimento, que é o 0,5 (sendo o máximo 1).

Nos anos 70, o IDH do Brasil era 0,494 e o da região Nordeste, 0,299. O avanço,

numericamente, chega a mais de 132 %, e as diferenças, entre uma década e outra, são

visíveis, mas a situação da Paraíba ainda não é boa. Em 1970, o Estado ocupava a

última posição no ranking; a situação melhorou em 1996, quando passou para a 24ª

posição, onde continua, com base no IDH de 2000, de 0,678. Essa melhoria no IDH

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

102

reflete, principalmente, a evolução nos Estados mais pobres (Jornal da Paraíba, 2006).

Na Tabela 9 encontram-se os IDH-M para os municípios de Remígio, Cuité,

Barra de Santa Rosa, Tacima e Casserengue, sendo todos inferiores ao IHD-M da

capital João Pessoa. Casserengue possuía, conforme esta tabela uma das piores

colocações de todo o Estado, já que chegou a posição de 220º colocado no ranking

estadual, haja vista que o mesmo possui 223 municípios, perdendo apenas para Natuba,

Curral de Cima e Cacimbas, respectivamente.

Tabela 9. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) 2000, referente aos municípios estudados na microrregião do Curimataú Paraibano

Município Índice de educação (IDHM-E)

Índice de PIB (IDHM-R)

Índice Municipal (IDH-M)

Ranking por UF

Ranking Nacional

João Pessoa 0,885 0,743 0,783 1 985 Remígio 0,673 0,528 0,612 62 4443 Cuité 0,679 0,517 0,588 113 4863 Barra de Sta Rosa 0,661 0,477 0,575 135 5047 Tacima 0,602 0,466 0,548 198 5322 Casserengue 0,559 0,420 0,513 220 5466 Fonte: PNUD, 2006.

A Paraíba tem hoje um dos piores índices do País, juntamente com Alagoas

(0,633), Maranhão (0,647), Piauí (0,673) e Sergipe (0,687), conforme dados do PNUD

(2006).

Já os cinco Estados com maiores IDH no Brasil são, respectivamente, Distrito

Federal (0,844), São Paulo (0,814), Rio Grande do Sul (0,809), Santa Catarina (0,806) e

Rio de Janeiro (0,802), situando-se na faixa de alto desenvolvimento humano. Todos os

demais se encontram na categoria de médio desenvolvimento humano.

Realizando um confronto na produção de suínos no Nordeste com o IDH,

observou-se que os Estados com menores produções suinícolas são: Pernambuco, Rio

Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe com, 6%; 2 %; 2 %; 2 %; e 1 %,

respectivamente, enquanto os menores IDH se concentravam na Paraíba, Alagoas,

Maranhão, Piauí e Sergipe. Portanto, os três Estados: Paraíba, Alagoas e Sergipe

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

103

poderiam realizar uma auto-avaliação crítica de suas pequenas produções rurais e logo

perceberiam que a suinocultura está presente, como outras culturas zootécnicas, e que

são capazes de promover o desenvolvimento de suas famílias produtoras, desde que

bem planejadas, enxergando a biodiversidade como um importante fator de

desenvolvimento sustentável.

A suinocultura local pode ajudar a melhorar o IHD-M dos municípios da

microrregião do Curimataú Paraibano se for incentivada dentro de princípios de

sustentabilidade do sistema de criação, para além de melhorar a renda de seus criadores,

aumentaria o fornecimento de proteína de origem animal de excelente qualidade,

promoveria uma renda a mais para as famílias produtoras, podendo também representar

a conservação dos recursos genéticos suínos no Estado da Paraíba, outrora esquecidos.

A situação desconfortável em relação ao IDH tem razões de ser, afinal, segundo

dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2002 (IBGE) as diferenças de

qualidade de vida entre os mais ricos e os mais pobres continuam grandes (Jornal da

Paraíba, 2006).

De acordo com o estudo, nos domicílios dos 10 % mais ricos do Estado, 63 %

tinham acesso ao saneamento básico adequado, ou seja, ligados à rede geral de esgotos,

com abastecimento de água por rede geral, e 3,1 % dos que são empregados têm

carteira. Já entre os 40 % mais pobres da Paraíba, 78,2 % vivem em domicílios sem

estrutura sanitária adequada.

Se 78,2 % dos domicílios paraibanos vivem sem estrutura sanitária adequada

para sua própria família, como desejar que a criação de suínos locais tenha o mínimo

necessário de tratamento sanitário? Antes, a realidade exige que se promova o

desenvolvimento das pessoas e, certamente que a suinocultura local poderá contribuir.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

104

Na cadeia da suinocultura, segundo Fávero (2003), o produtor historicamente é

o elo mais fraco, é o mais desorganizado, o mais descapitalizado e com menor grau de

profissionalização. O grande número de pequenas unidades produtoras de suínos, bem

como sua dispersão geográfica, dificulta a organização dos produtores, enfraquecendo o

poder de negociação no processo de determinação dos preços. Entretanto, Moreira (s/d)

afirma que a suinocultura dentro da cadeia produtiva animal, no Nordeste, possui uma

importância subestimada pela sociedade. Considerar a criação de suínos como atividade

meramente de subsistência, é negar a função social e econômica que esta atividade

possui.

Para uma mudança da imagem que a criação de suínos locais possui

atualmente, é necessário mostrar quais as vantagens que este ramo da pecuária possui,

quando criada de maneira racional e planejada.

O estabelecimento de uma política pública de difusão de conhecimento aos

pequenos criadores de suínos locais, de abastecimento de insumos, principalmente de

milho, melhoria na organização da produção, evitando excesso de oferta, e o

crescimento do mercado interno e externo para a carne suína local, poderão garantir

melhores preços para o suíno, consequentemente melhor remuneração para seus

criadores, tornando a atividade menos vulnerável do ponto de vista econômico.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

105

CONCLUSÕES

Os criadores de suínos na microrregião do Curimataú Paraibano criam seus

animais em situações precárias de manejo zootécnico, em sua maioria, por falta de

conhecimento de técnicas que possibilitem, de maneira adequada, uma criação

satisfatória, com o mínimo desejado, dentro de suas possibilidades e realidade local.

Os suínos locais estudados, mesmo em situações precárias e adversas, fornecem

proteína de origem animal e renda aos seus criadores.

A microrregião analisada possui um potencial para criação dos suínos locais,

maior do que o atualmente explorado.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.

108

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O suíno local encontrado na microrregião do Curimataú Paraibano forma uma

população muito heterogênea, que de forma natural tem sobrevivido a distintas

condições ambientais e limitações nutricionais.

Estes resultados servem como orientação inicial para uma completa

caracterização morfológica dos suínos da região pesquisada, principalmente pela total

ausência destas informações a respeito dos suínos locais na Paraíba, demonstrando que

existe uma carência enorme de informações do ponto de vista da avaliação fenotípica

destes animais, para posteriormente traçar um plano de conservação genética.

Devido à dinâmica dos sistemas de produção encontrados e a rápida utilização

dos animais pelas famílias produtoras, seja para comercialização (informal, direta ou

indiretamente) seja para o próprio consumo, os suínos locais são abatidos

frequentemente e poucas famílias possuem os reprodutores, detalhe importante a ser

observado na continuação de pesquisas para a caracterização genética e produtiva destes

animais no Curimataú Paraibano.

Com o potencial para criação dos suínos locais observado nesta pesquisa, deve

ser incentivado e intensificado de forma a não degradar os recursos genéticos suínos

nem o ambiente.

A importância socioeconômica da criação dos suínos para as famílias produtoras

no Curimataú Paraibano deverá ser valorizada e aproveitada para o aumento na geração

de renda, como provimento de proteína animal de boa qualidade, como uma cultura

tradicional e preservação de recursos genéticos suínos.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 109

ANEXOS

ANEXO 1. CAPÍTULO II : Questionário

1. DADOS GERAIS: IDENTIF. DO PRODUTOR:___________ (Com código: letra (cidade) e número) Nome do(a) Criador(a): ___________________________________________________ Ano de Nascimento: ______________ ou Idade:___________ Endereço: ___________________________________________________________________________ Município: _______________________________________________ Estado: ____CEP:____________ Casa Própria: ____________ Casa Alugada: _____________ Nome da Propriedade (Sítio): ____________________________________________________________ Localização: __________________________________________________________________________ Distância aproximada do Centro do Município: __________________km. Tamanho da propriedade (ha): ________________ Situação da Propriedade (Sítio): Dono Empregado Arrendatário Parceiro Ocupante Outro:_________ OBS:________________________________________________________________________________ Pessoas no total e por idade que trabalham na produção de suínos: Faixa etária Fem. Masc. Total 0-12 anos 13-18 anos Acima de 19 Total Outros animais criados ou presentes na propriedade: De produção: Quant. Bovinos de carne Bovinos de leite Ovinos Caprinos Aves Outros (especificar) 2. DADOS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA: Produção Agrícola: O que planta: Consumo Cons. Animal Comércio Milho Feijão macassa Feijão_____________ Jerimum Abóbora ( para animal) Fava OBS (peso da saca/tipo):____________________________________

De trabalho: Quant. Bovinos Eqüinos Asininos Outros (especificar)

De companhia: Quant Caninos Felinos Aves Silvestres domesticados

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 110

3. PRODUÇÃO DE SUÍNOS: Quantos animais você têm e quais são?

Categoria Suínos Locais Suínos Exóticos TotalLeitões (L) (nasc. até desm.) M: F: M: F: Crescimento (C) (desm. até 30kg) M: F: M: F: Terminação (T) (30kg até abate) M: F: M: F: Matrizes (M) Varrões (V) (cachaço / reprodutor) Total M: F: M: F:

3.1 DESTINO DA PRODUÇÃO DE SUÍNOS: Para que você cria? Categoria Venda direta Venda ao marchante Venda a outros Troca Consumo próprio Leitões Desmama à 60kg Gordos (+ 60kg) Refugos Carne fresca Reprodutores Matrizes

De onde vem a maior renda da família (fonte)?______________________________________________ Se da agricultura, especificar qual?________________________________________________________ Se da produção animal, especificar qual?____________________________________________________ Importância dos suínos na economia global da propriedade (Família):

Único Primeiro Segundo Terceiro Ciclo: Completo Crescimento Terminação Confinamento: Intensidade:

Misto (quais):____________________________________ OBS:________________________________________________________________________________ 3.2 DADOS DO PLANTEL SUÍNO: Especificar suíno que cria pela denominação popular local (ex.: Baé, Comum, Preto, Casco de Mula, etc) ____________________________________________________________________________________. Desde quando os possui (tempo de criação)? ______________________________ Como e onde os conseguiu? ______________________________________________________________ Conhece alguma característica particular destas raças? _________________________________________ _____________________________________________________________________________________ SE FOR MARCHANTE: Onde abate os animais?_____________________________________________ Onde vende?__________________________ Vende carne fresca, salgada, como? __________________ ____________________________________________________________________________________ 3.3 MANEJO REPRODUTIVO:

Monta controlada Monta a campo Inseminação OBS (assistência e qual):________________________________________________________________ Qual o cuidado especial com a parideira (matriz)? ____________________________________________ Caso não tenha o varrão (reprodutor), como e onde faz a cruza?__________________________________ _____________________________________________________________________________________ Qual o tipo (raça) do reprodutor?__________________________________________________________ Idade ao primeiro serviço (fêmeas): ________________________ (machos): _______________________

Intens. Semi-intens. Extens. Chiqu. Misto Solto Corda

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 111

Sistema de parição: Estacional Continuo Leitões/porca/ano:________ Leitões/porca/parto:________ Nati-vivos/porca/parto: ________ Nati-mortos/porca/parto: __________ Parto/matriz/ano:__________ Idade a desmama: ______ Peso a desmama:_______ Idade a castração:_______ Peso a castração: ______ Quando as fêmeas apresentam cio-fértil: ___________________ O que é feito quando apresentam cio várias vezes: ____________________________________________ Causas de descarte dos reprodutores (machos e fêmeas): _______________________________________ _____________________________________________________________________________________Cuidados especiais com os reprodutores (machos e fêmeas): ____________________________________ _____________________________________________________________________________________ Cuidados especiais com os leitões após nascimento (aplicação Fe, cauda, dentes, umbigo, alimentação): _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________. Idade, peso e nº de animais mortos após desmama: ___________________________________________. OBS:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.4 MANEJO ALIMENTAR: Origem do alimento: Tipo: Inverno Verão

Ração balanceada (ração comercial) Grãos (quais):___________________________________________ Pasto natural (capim):_____________________________________ Concentrados protéicos animais (farinha de carne ou sangue) Concentrados protéicos vegetais (farelo de soja, de algodão) Resíduos e subprodutos (restos refeições domésticas, bagaços) 1. 2. 3.

Origem da água utilizada para a produção (rede, poço, açude): __________________________________. 3.5 MANEJO SANITÁRIO: Planos sanitários implantados:

*(especificar)__________________________________________ Caso forneça remédio natural, qual e para que:_______________________________________________ Problemas sanitários ocorridos no último ano: Problema Categoria afetada

Tratamento de efluentes: Destino final de efluentes: Deposição direta Fertilização Policultivos* Reuso da água ** Outros ***

*especificar___________________________________________________________________________ **espacificar______________________________***especificar________________________________

Produzidos na propriedade Adquiridos fora

De rotina Eventuais Nenhum

Tipo: Vacinações Antiparasitários Antibióticos Vitamínicos Minerais Outros * Período:

Especificar

Sim Não

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 112

Assistência técnica: Permanente:_______ Eventual:__________ Profissional atuante: * especificar_______________________________________

Zootecnista Veterinário Agrônomo Téc. Agropec. Outro * Nenhum Há inspeção por algum órgão: Qual:____________________ 3.6 INSTALAÇÕES Tipo: Serviço (reprodução) Refugio Gestação Embarcadouro Lactação/Maternidade Galpões Desmama / creche Multiuso Crescimento Piquetes (pasto) Terminação Outra * * (especificar)______________ Disponibilidade de máquinas e equipamentos:

Quais: __________________________

Materiais utilizados nos chiqueiros e/ou instalações: Pisos Tetos Paredes

QUAIS OS PROBLEMAS QUE ENCONTRA PARA A CRIAÇÃO DOS SUÍNOS? ____________________________________________________________________________ TEM ALGUMA OUTRA INFORMAÇÃO SOBRE A CRIAÇÃO DOS SUÍNOS? ____________________________________________________________________________

Sim Não

Sim Não

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 113

4. IDENTIFICAÇÃO DE PLANTÉIS DE SUÍNOS DE RAÇAS LOCAIS (1 formulário/animal) IDENTIF. PRODUTOR E DO ANIMAL:___________

(Com código: letra e número, seguindo a seqüência a partir do Produtor) OS ANIMAIS DESTA RAÇA TÊM O SEGUINTE PERFIL:

Identificar qual é a raça (nome usado pelo

criador): ____________________ Outro perfil (especificar) ________________________________________

OS ANIMAIS DESTA RAÇA TÊM O SEGUINTE TIPO DE ORELHA:

Outro tipo (especificar): ____________________________________

SEXO: M_____F_____ IDADE: _____________ OS ANIMAIS DESTA RAÇA TÊM AS SEGUINTES MEDIDAS BIOMÉTRICAS: Tamanho (cm): Comprimento da Cabeça (desde a protuberância occipital até a ponta do focinho):__________ Largura da Cabeça (entre ambas as apófises do temporal): ____________ Distância inter-orbital (entre ambas as apófises do frontal): _______________ Comprimento do focinho ou cara (desde a sutura frontonasal até a ponta do focinho): ________________ Largura do focinho (distância existente entre a base dos dentes): ___________________ Comprimento da orelha: ________________ Largura da orelha: _________________________ Comprimento do Pescoço:_______ Peito:_______ Largura entre as escápulas:___________________ Comprimento da garupa (desde a ponta da anca até a ponta da nádega):________________ Largura da garupa ((entre ambas as tuberosidades ilíacas externas):_________________ Comprimento do pernil (desde o término da nádega até a ponta de conversão): _________________ Comprimento (cm) do corpo: ___________ Altura (cm): Pernas:______________ Dorso:_____________ Cernelha:________________ Garupa:________________ Altura na inserção da calda:____________ Perímetro (cm): Toráxico:__________ Abdominal:__________ Canela (mocotó):________________

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 114

Pelagem:

*especificar________________________________ **especificar_______________________________

Cerdas: Coloração: Mucosas: e Pés (pernas):________________________ Tetas (unidade): FORMULÁRIO PREENCHIDO POR: _____________________________________________________ Município: ______________________Estado:____, ______/______/______

Preta Cinza Arroxeada Pintada* Outra **

Presentes Raras Ausentes

Escura Clara Manchada Despigmentada

6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 115

ANEXO 1. CAPÍTULO II : Tabelas

Tabela 1. Características das principais raças de suínos nacionais Nome usual Sinonímia Origem étnica Pelagem Tipo de

orelha Perfil

cefálico Canastra Meia Perna (PE)

Ou Maxambomba (MG/GO)

Alentenjana (Pen. Ibérica). Transtagana (Pen. Ibérica) Alentenjana x Berkshire

Predomina a preta, permitindo a avermelhada. Cerdas finas e uniformes.

Ibérico Côncavo subcôncavo

Canastrão Junqueira (SP/MG), Capitão Chico, Zabunba (BA/SE)

Bizarra (Pen. Ibérica), Beiroa (Pen. Ibérica) Canastra x Large Black

Preta uniforme. Pintas vermelhas ou manchas brancas, no corpo e pés (tolerada). Cerdas abundantes..

Céltico Côncavo

Caruncho Piau Pequeno, Caruncho Vermelho,

Carunchinho

Piau x Tatu. Variedade menor do piau, variedade do Tatu. Cruzamento entre canastra e small White.

Branca-creme manchas pretas, e mais raramente, vermelha e branca. Preta tolerada.

Asiático a Ibérico

Côncavo ultracôncavo

Moura Mouro, Pereira, Estrela, Estrelense

Canastra com Duroc, Canastra x Canastrão x Yorkshire

Tordilha; às vezes rosilha. Cerdas pretas e brancas, entremeadas, distribuídas uniformemente pelo corpo.

Ibérico a Céltico

Retilíneo e subcôncavo

Nilo Nilo - canastra

Obscura. Canastra x Tatu. Semelhante à raça pelada de Teano; subraça Napolitana.

Preta, geralmente pelada, às vezes com manchas brancas no corpo e extremidades (indesejável). Cerdas ralas e finas (raro).

Ibérico Subcôncavo Retilíneo

Piau Piau “São Carlos”, Piau “Uberaba”

Cruzamentos entre as raças Poland China, Duroc, Canastra, Canastrão.

Branca-creme com manchas pretas. Variação três pintas (branca, preta e vermelha) tolerada.

Ibérico (São Carlos), Asiático (Uberaba)

Retilíneo Subcôncavo

Pirapitinga Pirapetinga, Mandi

Cruzamento entre Nilo e Tatu.

Preta ou arroxeada. Cerdas ausentes.

Asiático Retilíneo

Tatu Baé, Baié, Macau, Perna Curta

Raças chinesas (Siamesa e Conchinchina) e indochinesas introduzidas em Portugal com o nome de Macau.

Preta. Cerdas pouco abundantes

Asiático Subcôncavo

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 116

Monteiro Suínos domésticos trazidos pelos colonizadores, que se tornaram silvestres.

Uma só cor, geralmente preta ou marrom escuro, sem pintas nem manchas.

Ibérico Retilíneo

Sorocaba Resultado: 3/8 Caruncho vermelho, 3/8 Tamworth (inglesa) e 2/8 Duroc

Fonte: Adaptado de EMBRAPA/CENARGEN (1990).

Tabela 14. Características das variáveis perfil cefálico, tipo de orelha e pares de tetas, das raças nacionais

Variáveis Canastra Canastrão Caruncho Moura Piau Monteiro Perfil

cefálico C e Sc C C e Uc R e Sc R e Sc R

Tipo de orelha

I C A a I (AI) I a C (CI) I e A I

Pares de tetas

05 pares 05pares 05 pares 06 pares 05 pares sem inf.

Legenda: C – Concavilíneo; R – Retilíneo; Sc – Subconcavilíneo; Uc – Ultraconcavilíneo. A – Asiática; AI – Intermediária entre Asiática e Ibérica; C – Céltica; CA - Intermediária entre Céltica e Asiática; CI - Intermediária entre Céltica e Ibérica; I – Ibérica. Fonte: Adaptado de EMBRAPA/CENARGEN (1990).

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 117

ANEXO 2. CAPÍTULO II: Figuras

Figura 2. Criação coletiva de suíno, não proprietários da terra, Cuité/PB.

FOT

O: S

ILV

A F

ILH

A, O

. L, 2

006.

Figura 1. Suíno criado na corda, Remígio/PB.

FOT

O: S

ILV

A F

ILH

A, O

. L, 2

006.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 118

ANEXO 3. CAPÍTULO II: Tipos de Orelha e Perfil Cefálico Tipos de Orelhas: Asiático Céltico Ibérico (para cima) (caída) (intermediária) Perfil Cefálico:

Retilíneo Concavilíneo

Ultra-concavilíneo Sub-côncavilíneo

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ANEXO 4. CAPÍTULO II: Caracterização das Raças Nacionais Canastra Outras denominações da raça: Meia Perna (PE) ou Maxambomba (MG/GO).

Características da raça: Cabeça: tamanho médio, perfil subcôncavo ou côncavo; focinho de comprimento e grossura medianos. Orelhas: tipo ibérico. Cernelha: cheia; largura semelhante a do dorso; não proeminente. Pescoço: curto; cheio; levemente arqueado. Espáduas: largas; sobre os antebraços. Dorso e lombo: largos, ligeiramente arqueados, em harmonia com as costelas, paletas, flancos, ancas e cernelha. Costados: largos; espessos. Barriga: cheias; arqueadas; mínimo 10 tetas funcionais. Garupa: comprida; acompanhando a largura do dorso com formato arredondado Pernil: desenvolvido; descido até o jarrete. Membros: compridos; fortes; normalmente aprumados. Cerdas: finas; distribuídas uniformemente. Pele: preta. Pelagem: predominante a preta, podendo haver castanhos (roxo) com pelos finos e uniformes.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 120

Canastrão Outras denominações da raça: Junqueira (SP/MG), Capitão Chico ou Zabumba(BA/SE). Características da raça: Cabeça: tamanho médio; perfil côncavo; focinho de comprimento mediano, fronte larga, deprimida no centro; papada cheia e arredondada, proporção mediana. Orelhas: tipo céltico. Pescoço: mediano, não muito cheio, apresentando, não raro, leve arqueamento. Dorso e lombo: largos, ligeiramente arqueados, sobretudo nos animais adultos. Costados: largos; espessos; lisos; profundos. Barriga: volumosa e magra; mínimo 10 tetas funcionais. Garupa: comprimento médio; estreita; inclinada; arredondada. Pernil: desenvolvido; descido até o jarrete; magro. Membros: compridos; fortes; normalmente aprumados. Cerdas: abundantes; escuras; mais concentradas na linha superior do corpo. Pele: escura. Pelagem: preta e uniforme; vermelha ou com pintas/manchas brancas (tolerada) .

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 121

Caruncho Outras denominações da raça: Piau Pequeno, Caruncho Vermelho ou Carunchinho. Características da raça: Cabeça: tamanho pequeno, perfil côncavo ou ultracôncavo (indesejável); focinho curto e grosso; papada pronunciada. Orelhas: tipo ibérico ou asiático. Pescoço: curto e grosso. Espáduas: longas e cheias não passando da linha do dorso. Dorso e lombo: retos, de comprimento e largura mediana. Costados: profundos e espessos. Barriga: cheia e arqueada, mínimo de 10 tetas funcionais. Garupa: curta e arredondada. Pernil: curto, largo e profundo. Membros: curtos, ossatura leve, forte tendência à flexão. Cerdas: lisas, abundantes e distribuídas uniformemente pelo corpo. Pele: escura. Pelagem: branca-creme (areia), com manchas pretas, e mais raramente, roxa e branca. Preta (tolerada).

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 122

Monteiro Características da raça: Cabeça: tamanho mediano; perfil retilíneo; mandíbulas inferior e superior largas; nariz largo e fino; olhos grandes. Orelhas: tipo ibérico. Pescoço: mediano a largo, sem pregas, em harmonia com a linha de cima e as regiões do tronco e da cabeça. Estatura: média. Dorso e lombo: em harmonia com as espáduas. Costados: planos. Barriga: não é muito volumosa. Garupa e cauda: garupa inclinada e cauda de longitude mediana, implantada baixa, fina e terminando com alguns pêlos, são sempre retas. Pernil: bem cheios, largos, densos e sem pregas. Membros: finos, de longitude média;antebraços largos e musculosos; movimentos livres e desembaraçados. Cerdas: medianamente abundantes, escuras e mais concentradas na linha superior do corpo. Pele: negra, sem pregas. Pelagem: uma só cor, geralmente preta ou marrom escuro, sem pintas ou manchas.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 123

Moura Outras denominações da raça: Mouro, Pereira, Estrela ou Estrelense. Características da raça: Cabeça: tamanho médio, perfil retilíneo e subcôncavo; focinho mediano e grosso; papada leve. Orelhas: tamanho médio, caídas, forma ibérica, intermediárias, entre céltico e asiático. Pescoço: curto e forte, sem ser grosso, bem implantado na paleta. Espáduas: largas, compridas, cheias, descidas sobre os antebraços. Dorso e lombo: largos, compridos, ligeiramente arqueados, em harmonia com a garupa, costelas e cernelha. Costados: profundos e largos. Barriga: levemente convexa; mínimo 12 tetas funcionais. Garupa: comprida; acompanhando a curvatura e a largura do lombo à cauda. Pernil: comprido; moderadamente largo; não muito descido. Membros: de proporções medianas; ossos médios e firmes, bem aprumados. Cerdas: lisas e distribuídas uniformemente pelo corpo. Pele: preta Pelagem: variando de tordilho claro ao negro; às vezes apresentando estrias; geralmente apresentando estrela branca entre os olhos.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 124

Nilo Outra denominação da raça: Nilo – canastra. Características da raça: Cabeça: tamanho médio; leve; perfil subcôncavo a retilíneo; testa larga; focinho de comprimento ,médio e fino; olhos grandes; pouco proeminentes e afastados. Orelhas: peladas; finas; tipo ibérico. Pescoço: curto; cheio;levemente arqueado, em harmonia com o tronco. Cernelha: larga; cheia; mesma largura do dorso. Espáduas: largas, cheias, descidas sobre os antebraços. Dorso e lombo: largos, em harmonia com as espáduas, flanco, anca e cernelha. Costados: largura mediana; não muito profundo. Barriga: cheia;profunda;mínimo de 10 tetas funcionais. Garupa: levemente inclinada e arredondada. Pernil:cheio; largo; profundo. Cerdas: ausentes; muito ralas (toleradas). Pele: preta. Pelagem: preta, às vezes com manchas brancas no corpo e extremidades (indesejável).

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 125

Piau Outras denominações da raça: Piau “São Carlos” ou Piau “Uberaba”. Características da raça: Cabeça: tamanho médio, perfil retilíneo ou subcôncavo; focinho mediano; pouca papada. Orelhas: tipo ibérica no Piau “São Carlos; tipo asiática no Piau “Uberaba”. Pescoço: comprimento mediano; cheio em proporção ao ombro; boa inserção. Espáduas: longas; medianamente niveladas e cheias; acompanhando a largura do dorso. Cernelha: larga; cheia; acompanhando o dorso. Dorso e lombo: largura e comprimentos médios; às vezes ligeiramente arqueados. Costados: profundos e espessos. Barriga: cheia; levemente arqueada; mínimo 10 tetas funcionais. Garupa: comprimento médio a arredondado. Pernil: comprido; moderadamente largo; descido. Membros: ossatura média; porém resistente; às vezes apresentando fragilidade nos tendões. Cerdas: lisas; uniformemente distribuídas pelo corpo. Pele: escura. Pelagem: branca a creme (areia); com manchas pretas; variação “3 pintas”( branca, preta, vermelha ou roxa) ( tolerada).

Piau Uberaba

Piau Uberaba

Piau São Carlos Piau São Carlos

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 126

Pirapitinga Outras denominações da raça: Pirapetinga e Mandi. Características da raça: Cabeça: tamanho médio; enrugada; perfil retilíneo; focinho comprido; fronte larga e olhos salientes; pouca papada. Orelhas: tipo asiático. Pescoço: comprimento mediano. Cernelha: cheia; às vezes destacada no dorso. Espáduas: longas; cheias. Dorso e lombo: longos; tendência à lordose. Costados: profundos e largos. Barriga: cheia; arqueada; mínimo 10 tetas funcionais. Garupa: curta; arredondada. Pernil:curto; estreito; arredondado. Membros: ossatura fina; tendões fracos; tendência à flexão. Cerdas: ausentes. Pele: preta ou arroxeada com tendência ao enrugamento. Pelagem: preta ou arroxeada.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 127

Tatu Outras denominações: Baé, Baié, Macau ou Perna Curta. Características da raça: Cabeça: tamanho pequeno a mediano; perfil subcôncavo; fronte larga e abaulada, focinho curto e reto; bochechas grandes. Orelhas: tipo asiático. Pescoço: curto; medianamente grosso. Cernelha: larga; mesma largura do dorso. Espáduas: cheias; medianamente nivelada. Dorso e lombo: largos; curtos; retos. Costados: arqueados e profundos. Barriga: bem desenvolvida.. Garupa: cheia e arredondada. Pernil: curto e arredondado. Membros: curtos; ossatura fina; aprumos regulares, cascos pequenos. Cerdas: pretas; pouco abundantes. Pele: preta. Pelagem: preta.

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 128

Sorocaba

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 129

SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 130

Casco de Mula

Suínos encontrados em Barra de Santa Rosa/PB, 2006.

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ANEXO 5. CAPÍTULO III: Figuras

Figura 1. Criação coletiva de suíno, proprietários da terra, Barra de Santa Rosa/PB.

Figura 2. Criação coletiva de suíno, não proprietários da terra, Cuité/PB.

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Figura 3. Cobertura de suíno, em Barra de Santa Rosa/PB.

Figura 4. Manejo precário dos leitões, Barra de Santa Rosa/PB.

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Figura 5. Resíduos da alimentação humana para fornecimento aos suínos.

Figura 6. Suíno amarrado alimentando-se de abóbora em Barra de Santa Rosa/PB.

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Figura 7. Criação consorciada em Tacima/PB. Figura 8. Criação consorciada em Tacima/PB.

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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 135

Figuras 9 e 9a. Água da rede pública fornecida aos suínos, Barra de Santa Rosa/PB.

Figura 10. Instalações rústicas e improvisadas em Barra de Santa Rosa/PB.

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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 136

Figura 11. Instalações rústicas e improvisadas em Tacima/PB.

Figura 12. Instalação para gestação em Cuité/PB.

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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 137

Figura 13 Condições precárias de manejo sanitário, Cuité/PB. Figura 14. Condições precárias de manejo sanitário, Barra de Santa Rosa/PB.

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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 138

Figuras 15 e 15a. Suíno amarrado em corda com ferimento no pescoço,

Casserengue/PB.

Figura 16. Suíno amarrado em corda com ferimento no pescoço, Tacima/PB.

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