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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO
OLIMPIA LIMA SILVA FILHA Zootecnista
AREIA - PB DEZEMBRO - 2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO
OLIMPIA LIMA SILVA FILHA
AREIA - PB DEZEMBRO – 2006
OLIMPIA LIMA SILVA FILHA
CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO
Comitê de Orientação: Prof. Dr. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho – Orientador Principal Ph.D. José Robson Bezerra Sereno Profª. Drª. Ludmila da Paz Gomes da Silva
AREIA - PB DEZEMBRO - 2006
Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, do qual participa a Universidade Federal da Paraíba, a Universidade Federal Rural de Pernambuco e a Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia. Área de Concentração: Produção Animal.
S586c Silva Filha, Olímpia Lima
Caracterização da criação de suínos locais no Curimataú Paraibano. / Olímpia Lima Silva Filha. – Areia: PPGZ/CCA/UFPB, 2006.
157f.: il. Tese (Doutorado em Zootecnia) pelo Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal da Paraíba. Área de Concentração: Produção Animal. Orientador: Edgard Cavalcanti Pimenta Filho.
1. Suínos nativos - morfologia. 2. Socioeconomia. 3. Nordeste brasileiro. I. Pimenta Filho, Edgard Cavalcanti (Orient.). II. Título.
CDU: 636.4(043.2)
Ficha Catalográfica elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB. Bibliotecária: Márcia Maria Marques CRB4 – 1409
OLIMPIA LIMA SILVA FILHA
CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO CURIMATAÚ PARAIBANO
tese defendida e aprovada pela Comissão Examinadora em 15 de dezembro de 2006. Comissão Examinadora:
________________________________________ Dr. Jorge Vitor Ludke
Embrapa Suínos e Aves
________________________________________ Profª. Drª. Maria Norma Ribeiro
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE Departamento de Zootecnia/PDIZ
__________________________________________ Profª. Drª. Ludmila da Paz Gomes da Silva Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Departamento de Zootecnia/CCA
___________________________________________ Prof. Dr. Walter Esfrain Pereira
Universidade Federal da Paraíba - UFPB Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais/CCA/PDIZ
________________________________________ Prof. Dr. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho Universidade Federal da Paraíba - UFPB Departamento de Zootecnia/CCA/PDIZ
Presidente
AREIA-PB DEZEMBRO – 2006
A minha maior e mais profunda homenagem à mulher que representa o maior
exemplo para minha vida, com sua dedicação integral e demonstração de resiliência
durante todos os momentos de minha existência, especialmente os mais difíceis,
independente da distância física. Em especial, a eterna gratidão à minha amável
Mainha!
Diante de minha riqueza materna, não poderia deixar de explicitar minha
eterna gratidão também a uma mulher muito mais que minha cunhada, que sempre
destinou atenção especial à minha formação e aos meus estudos, minha segunda Mãe,
Carminha.
Minha Homenagem!
A Robson, meu esposo, pela sua paciência, amizade, companheirismo e amor,
Dedico
AGRADECIMENTOS
A DEUS! Pelo Dom da vida!
A todos os familiares e amigos que, direta ou indiretamente participaram desta
minha caminhada acadêmica, me incentivando através de seus carinhos e agouros de
sucesso.
À paciência, amizade, orientação incondicional desde os tempos antecedidos ao
doutorado e pelos valiosos conselhos, Sereno (Embrapa Cerrados), você tem todo o
meu reconhecimento e agradecimento fraterno e profissional.
À UFPB, através do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, pela
concessão deste curso, e pelo apoio acadêmico de todos os professores que tiveram
envolvimento na minha formação, incluindo a UFRPE, principalmente a professora
Norma. Em especial ao Professor Edgard, por ter me assumido como sua orientada, ter
confiado em mim à execução desta pesquisa e, pela sua valiosa orientação e amizade.
Aos colegas do curso e durante o percurso, pela amizade, companheirismo e apoio.
Ao amigo, o Professor Juanvi - Universidade de Córdoba (UCO),
Departamento de Genética (Espanha) - pelos seus conselhos, amizade, exemplo e
empolgação na área de Conservação de Recursos Genéticos Animais. E a todos os
amigos conquistados na UCO.
Ao BNB, através do técnico do FUNDECI/ETENE Luciano J. Feijão Ximenes,
pela sua contribuição, fornecimento de dados e compreensão da necessidade dos
mesmos.
À EMEPA, na pessoa de Graça, pelo empréstimo de equipamento.
À AS-PTA/PB, na pessoa de Marilene Melo, pela confiança e apoio no trabalho
executado em Casserengue.
Aos Sindicatos dos Trabalhos Rurais (STR) de cada município estudado, pelo
suporte oferecido e, em especial a Maria do STR de Casserengue.
Aos alunos da graduação em Zootecnia da UFBP/CCA, Davi (atualmente
cursando mestrado em São Paulo), Jaene, Angelo e Carol, pelo acompanhamento em
todo o trabalho e, consequentemente, respectiva construção de suas monografias.
Em especial, a todos os criadores de suínos locais que foram os co-autores mais
importantes desta obra!
MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS A TODOS!
BIOGRAFIA
Olímpia Lima Silva Filha, filha de Edvaldo Magalhães Silva (in memorian) e Olímpia Lima Silva, nascida em 13 de junho de 1973.
Graduou-se em Zootecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (2001), em Itapetinga/BA.
Concluiu o mestrado em Zootecnia, com concentração em Nutrição Animal, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2002), em Recife/PE.
Especializou-se em “Conservación y Utilización de Las Razas de Animales Domésticos en Sistemas de Explotación Tradicionales” pela Universidade de Córdoba, Espanha (2005).
Ingressando no doutorado em Zootecnia, com concentração na área de Produção Animal e na linha de pesquisa de Conservação de Recursos Genéticos Animais, pela Universidade Federal da Paraíba, Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia em 2004, concluindo em 2006.
Atualmente é Professora Assistente da Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL.
"É apenas com o coração que se vê bem. O essencial é invisível aos olhos” (Antoine de Saint-Exupéry).
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS................................................................................................. xii
LISTA DE TABELAS................................................................................................ xiv
LISTA DE GRÁFICOS.............................................................................................. xvii
RESUMO GERAL...................................................................................................... xviii
ABSTRACT................................................................................................................ xix
CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................................
CAPÍTULO I - CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO
CURIMATAÚ PARAIBANO....................................................................................
INTRODUÇÃO..........................................................................................................
Sistemas de Produção Tradicionais.......................................................
1. Subsistemas de Produção................................................................................
2. Suinocultura de Subsistência..........................................................................
3. Conservação e Uso Sustentável dos Suínos Locais........................................
4. Análise Multivariada como Ferramenta para Caracterização Animal e de
Sistemas de Criação com Vistas à Conservação de Raças..............................
CONSIDERAÇÕES GERAIS....................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................
CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E DE EXTERIOR DE
SUÍNOS LOCAIS DA PARAÍBA, BRASIL.............................................................
Resumo........................................................................................................................
Abstract.......................................................................................................................
INTRODUÇÃO..........................................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................
1. Material...........................................................................................................
1.1 Municípios Pesquisados............................................................................
2. Métodos...........................................................................................................
2.1 Variáveis Biométricas...............................................................................
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2.2 Índices Zoométricos..................................................................................
3. Análises Estatísticas........................................................................................
3.1 Análises de Variância Univariadas...........................................................
3.2 Análises de Variância Multivariadas........................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................
1. Características Biométricas.............................................................................
1.1 Análises Multivariadadas..........................................................................
2. Características do Exterior dos Animais.........................................................
CONCLUSÕES..........................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................
CAPÍTULO III – CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE
SUÍNOS LOCAIS NA MICRORREGIÃO DO CURIMATAÚ PARAIBANO........
Resumo........................................................................................................................
Abstract.......................................................................................................................
INTRODUÇÃO..........................................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................
1. Material...........................................................................................................
1.1 Municípios Pesquisados............................................................................
2. Métodos...........................................................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................
1. Produção de Suínos.........................................................................................
1.1 Sistemas de Criação..................................................................................
1.2 Tempo de Permanência na Atividade e Comercialização.........................
1.3 Manejo Reprodutivo.................................................................................
1.4 Manejo Alimentar.....................................................................................
1.5 Instalações e Equipamentos......................................................................
1.6 Manejo Sanitário.......................................................................................
2. Outras Explorações Zootécnicas.....................................................................
3. Situação Socioeconômica...............................................................................
CONCLUSÕES..........................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................
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CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................
ANEXOS....................................................................................................................
ANEXO 1. CAPÍTULO II. Questionário....................................................................
Tabelas...........................................................................
ANEXO 2. CAPÍTULO II. Figuras............................................................................
ANEXO 3. CAPÍTULO II. Tipos de Orelha e Perfil Cefálico...................................
ANEXO 4. CAPÍTULO II. Caracterização das Raças Nacionais...............................
ANEXO 5. CAPÍTULO III. Figuras...........................................................................
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xii
LISTA DE FIGURAS
Capítulo II
Página
Figura A. Mapa do Estado da Paraíba, destacando a microrregião do Curimataú......
Figura B. Mapa da microrregião do Curimataú, Paraíba.............................................
Figura C. Mesorregiões do Estado da Paraíba.............................................................
Figura D. Hipômetro....................................................................................................
Figura E. Estimativa de peso do suíno, 2006...............................................................
Figura F. Matriz amamentando, sem raça definida, em Barra de Santa
Rosa/PB..................................................................................................
Figura 1. Suíno criado na corda, Remígio/PB.............................................................
Figura 2. Criação coletiva de suíno, não proprietários da terra, Cuité/PB........................
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Capítulo III
Figura A. Caracterização multidimensional dos criadores de suínos na microrregião
do Curimataú Paraibano............................................................................
Figura 1. Criação coletiva de suíno, proprietários da terra, Barra de Santa
Rosa/PB.....................................................................................................
Figura 2. Criação coletiva de suíno, não proprietários da terra, Cuité/PB........................
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xiii
Figura 3. Cobertura de suíno, em Barra de Santa Rosa/PB.........................................
Figura 4. Manejo precário dos leitões, Barra de Santa Rosa/PB.................................
Figura 5. Resíduos da alimentação humana para fornecimento aos suínos.................
Figura 6. Suíno amarrado alimentando-se de abóbora em Barra de Santa
Rosa/PB.....................................................................................................
Figura 7. Criação consorciada em Tacima/PB....................................................................
Figura 8. Criação consorciada em Tacima/PB............................................................
Figuras 9 e 9a. Água da rede pública fornecida aos suínos, Barra de Santa Rosa/PB..........
Figura 10. Instalações rústicas e improvisadas em Barra de Santa Rosa/PB..............
Figura 11. Instalações rústicas e improvisadas em Tacima/PB...................................
Figura 12. Instalação para gestação em Cuité/PB.......................................................
Figura 13 Condições precárias de manejo sanitário, Cuité/PB....................................
Figura 14. Condições precárias de manejo sanitário, Barra de Santa Rosa/PB...........
Figuras 15 e 15a. Suíno amarrado em corda com ferimento no pescoço,
Casserengue/PB.......................................................................
Figura 16. Suíno amarrado em corda com ferimento no pescoço, Tacima/PB...........
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FOTO
: SIL
VA
FIL
HA
, O. L
, 200
6.
xiv
LISTA DE TABELAS
Capítulo II
Tabela 1. Características das principais raças de suínos nacionais.............................
Tabela 2. Número de criatórios por município estudado e suas respectivas áreas,
em percentual................................................................................................
Tabela 3. Representação do número de visitas aos criatórios por dia trabalhado.......
Tabela 4. Estatística descritiva e comparação de médias das variáveis biométricas
(cm), por município na microrregião do Curimataú Paraibano....................
Tabela 5. Peso corporal estimado (kg) e índices zoométricos (%) dos suínos locais,
por município na microrregião do Curimataú Paraibano.............................
Tabela 6. Resumo das análises de variância considerando os efeitos do município e
sexo das variáveis zoométricas estudadas...................................................
Tabela 7. Autovetores e seus respectivos autovalores explicados pelos cinco
componentes principais (CP) das medidas morfométricas dos suínos
locais encontrados no Curimataú Paraibano.................................................
Tabela 8. Autovetores e percentuais de variância explicados pelos componentes
principais (CP) das medidas morfométricas dos suínos locais encontrados
no Curimataú Paraibano...............................................................................
Tabela 9. Valores de F das distancias D2 de Mahalanobis entre os quatro
municípios, baseado nos estudos das variáveis morfológicas dos suínos
locais...........................................................................................................
Tabela 10. Coeficientes canônicos para as variáveis Can1 e Can 2............................
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xv
Tabela 11. Centróides das variáveis canônicas, para os municípios Cuité, Barra de
Santa Rosa, Remígio e Tacima...................................................................
Tabela 12. Freqüência das variáveis: perfil cefálico e tipo de orelha, para
caracterização fenotípica dos suínos na região do Curimataú/PB..........
Tabela 13. Freqüência observada do número de pares de tetas dos suínos locais do
Curimataú/PB............................................................................................
Tabela 14. Características das variáveis perfil cefálico, tipo de orelha e pares de
tetas, das raças nacionais........................................................................
Tabela 15. Freqüência (%) das variáveis de coloração: pelagem, mucosas, pernas e
pés, para caracterização fenotípica dos suínos na região do
Curimataú/PB............................................................................................
Tabela 16. Coloração da pelagem, das mucosas e das pernas e pés, entre os
municípios do Curimataú Paraibano.......................................................
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Capítulo III
Tabela 1. Produtores de suínos dos cinco municípios estudados e seus respectivos
locais de criação, em percentual..................................................................
Tabela 2. Distribuição de freqüência dos criadores de suínos locais da zona rural,
possuindo de 0,03 a 5 ha, na microrregião do Curimataú Paraibano............
Tabela 3. Efetivo suinícola encontrado, efetivo oficial, área geográfica e razão de
suínos/km2, para cada município estudado..................................................
Tabela 4. Efetivo suinícola e respectiva densidade populacional para todos os
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xvi
municípios da microrregião do Curimataú Paraibano.................................
Tabela 5. Distribuição das variáveis em função dos resultados de sua dimensão, na
análise de ACM.............................................................................................
Tabela 6. Disponibilidade de instalações e respectivo percentual de material de
construção das mesmas para a criação de suínos na microrregião do
Curimataú Paraibano.....................................................................................
Tabela 7. Disponibilidade de máquinas e equipamentos para a criação de suínos na
microrregião do Curimataú Paraibano.........................................................
Tabela 8. Quantidade e respectivo percentual de outros animais produzidos pelas
famílias na microrregião do Curimataú Paraibano......................................
Tabela 9. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) 2000, referente
aos municípios estudados na microrregião do Curimataú Paraibano............
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xvii
LISTA DE GRÁFICOS
Capítulo II
Página
Gráfico 1. Efetivo suinícola nos municípios estudados (IBGE, 2003) na
microrregião do Curimataú Paraibano...................................................
Gráfico 2. Dispersão dos municípios com base nos escores médios das duas
primeiras variáveis canônicas (VC1 e VC2).............................................
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Capítulo III
Gráfico 1. Percentual dos criadores pesquisados e suas respectivas áreas....................
Gráfico 2. Distribuição de freqüência do tamanho das propriedades (ha) visitadas no
Curimataú Paraibano...................................................................................
Gráfico 3. Classificação dos criadores de suínos locais no Curimataú Paraibano........
Gráfico 4. Distribuição dos criadores de suínos locais da zona rural, na microrregião
do Curimataú Paraibano..............................................................................
Gráfico 5. Representação percentual da quantidade de suínos criados, na região do
Curimataú Paraibano...................................................................................
Gráfico 6. Distribuição de freqüência das principais rendas das famílias produtoras,
na microrregião do Curimataú Paraibano, 2006.......................................
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xviii
RESUMO GERAL
Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar morfologicamente os suínos locais do Curimataú Paraibano, conhecer a tipologia dos criadores, os sistemas de produção, as tecnologias adotadas e a sócioeconomia praticada. Para a caracterização morfológica, foram realizadas (1) análises biométricas, através das variáveis: comprimentos da cabeça, focinho, orelha, pescoço, garupa, pernil e do corpo, larguras da cabeça, focinho, orelha, peito, entre as escápulas e da garupa, distância inter-orbital, alturas: perna, dorso, cernelha, garupa e inserção de cauda, perímetros: torácico, abdominal e canela; (2) do exterior desses animais e (3) dos índices zoométricos. Utilizou-se estatística descritiva, ANOVA, análise de componentes principais (PCA), análise de variáveis canônicas e D2
de Mahalanobis. Para caracterização dos criadores, dos sistemas de produção, tecnologias e sócioeconomia, foram avaliadas as informações obtidas a partir de um questionário semi-estruturado aplicado a 215 criadores nos municípios de Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, envolvendo 54 variáveis, analisadas mediante estatística descritiva e análise de correspondência múltipla. Os agrupamentos populacionais suínos diferiram no formato corporal, indicando os de Tacima como os maiores, seguidos dos de Cuité e Barra de Santa Rosa, enquanto os animais de Remígio foram os menores. Caracterizaram-se, na sua maioria, por possuir perfil cefálico subconcavilíneo e predominaram os tipos de orelha ibérica e céltica. Os suínos locais se diferenciavam entre os municípios estudados, demonstrando que os oriundos de Cuité eram morfologicamente diferentes e bem distintos dos demais, seguidos pelo grupo de Tacima, Remígio e Barra de Santa Rosa. Observou-se que as propriedades possuíam um tamanho médio de 7 ha e que 91,6 % dos produtores praticavam sistema extensivo com contenção; 5,1 % semi-extensivo e 3,3 % criavam soltos. Dos entrevistados, 74,7 % representou as criações com um a cinco suínos. Verificou-se uma participação de 54,5 % de mão-de-obra feminina. Em relação ao tempo de permanência no setor/criação de suínos, 66,6 % representou aqueles que criavam há mais de cinco anos. Sobre os manejos reprodutivo, alimentar e sanitário, todos eram precários, quase inexistentes. As instalações eram rústicas e improvisadas. Verificou-se a importância socioeconômica desta criação no potencial para geração de renda, pois 11,8 %, 44,3 %, 43,4 % e 0,5 % têm estes animais como primeira, segunda, terceira e única importância econômica, respectivamente.
Palavras-chave: 1. Suínos locais; 2. Morfologia; 3. Sócioeconomia; 4. Nordeste brasileiro.
xix
ABSTRACT
This research had as objective to characterize morphologically Curimataú Paraibano local swine, to know the creator’s typology, the production systems, the adopted technologies and to partner practiced economy. For the morphologic characterization, they were accomplished (1) analyses biometrics, through the variables: lengths of the head, snout, ear, neck, croup, ham and of the body, widths of the head, snout, ear, chest, among the scapulas and of the croup, orbital enter distance, heights: leg, back, wither, croup and tail insert, perimeters: thorax, abdominal and it cinnamon; (2) of the exterior of these animals and (3) of the indexes zoometrics. It were used the descriptive statistics, ANOVA, analysis of main components (PCA), analysis of canonical variables and D2 of Mahalanobis. For the creator’s characterization, of the production systems, technologies and partner economical, they were appraised the information obtained starting from a questionnaire semi-structured applied to 215 creators in the municipal districts of Casserengue, Cuité, Barra of Rosa Saint, Remígio and Tacima, involving 54 variables, analyzed by descriptive statistics and analysis of multiple correspondence. The groupings population swine differed in the corporal format, indicating the one of Tacima as the largest, followed by the one of Cuité and Barra of Rosa Saint, while the animals of Remígio were the smallest ones. They were characterized, in your majority, for possessing profile cephalic sub concave and the types of Iberian and Celtic ear prevailed. The local swine differed among the studied cities, demonstrating that the originating from of Cuité were different morphologically and very different from the others, followed for the group of Tacima, Remígio and Barra of Rosa Saint. It was observed that the properties possessed a medium size of 7 there is and that 91.6% of the producer’s practiced extensive system with contention; 5.1% semi-extensive and 3.3% created loosened. Of the interviewees, 74.7% represented the creations with one to five swine. A participation of 54.5% of feminine labor was verified. In relation to the time of permanence in the section/creation of swine, 66.6% represented those that created has more than five years. On the handlings reproductive, alimentary and sanitary, all were precarious, almost inexistent. The installations were rustic and improvised. The importance partner economical of this creation was verified in the potential for generation of income, because 11.8%, 44.3%, 43.4% and 0.5% have these you encourage as first, second, third and only economical importance, respectively.
Key-word: 1. Local swine; 2. Morphology; 3. Partner economy; 4. Brazilian northeast.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Iniciar um trabalho de caracterização morfológica e de sistema de produção dos
suínos locais no Nordeste brasileiro foi um grande desafio do ponto de vista técnico-
científico e operacional, além de uma oportunidade de encarar a realidade vivida pelos
criadores desses animais e poder confirmar a urgente necessidade de pesquisas que
possibilitem aprofundar o conhecimento dos recursos genéticos animais locais ainda
existentes, sua importância econômica, sociocultural e como patrimônio genético para a
região. São informações fundamentais para o planejamento de sua preservação e/ou
conservação.
Nos países em desenvolvimento, as iniciativas orientadas para promover a
sustentabilidade agrícola e animal são muito recentes. Os enfoques das políticas de
promoção do desenvolvimento sustentável estão, de forma quase generalizada,
assentados no encorajamento a uma agricultura que promova a biodiversidade e
provoque o mínimo impacto ambiental possível.
Muitas famílias de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento dependem
diretamente de espécies animais locais e da biodiversidade do ecossistema para os seus
sustentos. Em muitas regiões, os recursos genéticos animais (RGA) se constituem em
um componente vital desta biodiversidade, onde milhões de pessoas dependem de seus
animais para prover parte, ou suas necessidades diárias completas. Esses sistemas
tradicionais, especialmente os situados em regiões com restrições ambientais e
socioeconômicas importantes, em função de suas deficiências precisarem ser supridas
rapidamente, requerem que os RGA sejam flexíveis, resistentes e diversos.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
2
Os sistemas de produção dos pequenos agricultores do interior da Paraíba estão
em transformação, por causa da degradação dos recursos naturais e do contexto
socioeconômico complexo e em crise. O primeiro objetivo dos produtores é a sua
capitalização e buscam-na através de suas culturas vegetais e animais.
Nos sistemas de criação dos pequenos agricultores paraibanos existe
flexibilidade da gestão dos rebanhos e das áreas forrageiras, onde as famílias criam
diversas espécies pecuárias, como bovinos, caprinos, ovinos, suínos e aves, em
subsistemas, na maioria das vezes associando-os às disponibilidades agrícolas. Esses
rebanhos geralmente são dotados de resistência às adversidades ambientais, à escassez
de alimentos e às possíveis enfermidades a que ficam expostos.
Entretanto, sobre os suínos locais na Paraíba, praticamente as informações são
inexistentes, necessitando esta espécie de cuidados especiais e maior atenção, pois os
agricultores quando os possuem são em pequenas quantidades e, se não houverem
estudos voltados para a conservação desta espécie, sua extinção será inevitável.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
3
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEÓRICO
CARACTERIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NO
CURIMATAÚ PARAIBANO
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
4
INTRODUÇÃO
A carne suína é a mais produzida e mais consumida no mundo, tornando-se uma
das mais importantes fontes de proteína animal, tendo como os maiores produtores
mundiais: China, União Européia, Estados Unidos, Brasil e Canadá. Em relação às
exportações mundiais, o Brasil permanece na quarta colocação com uma estimativa para
2006 de 700 mil toneladas de carcaças, enquanto os primeiros colocados: União
Européia, Estados Unidos e Canadá, com uma estimativa para 2006 de 1.102, 1.115 e
1.000 mil toneladas de carcaças, respectivamente, segundo ABIPECS (2006).
Discorrer sobre a suinocultura no Brasil torna-se relativamente fácil do ponto de
vista comercial, como se observa através da produção e exportação mundial de carne
suína. No País, concentrando-se nas regiões Sul e Sudeste, apresenta uma cadeia
produtiva moderna, igualável aos países desenvolvidos, geralmente gerenciada pelas
agroindústrias processadoras de carne.
A estimativa de produção total (industrial e de subsistência) de carne suína para
2006 e 2007 no Brasil, segundo os dados de Embrapa Suínos e Aves (2006), é de
2.884,9 e 2.987 mil toneladas, respectivamente. Desse total, a estimativa de produção de
carne suína de subsistência para os mesmos anos é de 393 e 390 mil toneladas,
respectivamente. Já a industrial a estimativa é de 2.491 (2006) e 2.597 (2007) mil
toneladas. A produção industrial representa 86,9 % da produção total no País e a de
subsistência, apesar de menor numericamente, com 13,1 %, se concentrando também
nas regiões Sul e Sudeste, é bastante representativa e significante para a população que
a produz, tendo importância comercial para o Brasil.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
5
A suinocultura é uma atividade com predomínio em pequenas e médias
propriedades rurais brasileiras, sendo que 81,7 % dos suínos são criados em unidades de
até 100 hectares. A atividade encontra-se presente em 46,5 % dos 5,8 milhões de
propriedades existentes no país, empregando mão-de-obra familiar, constituindo
importante fonte de renda e um dos fatores de estabilidade social no meio rural
(Anualpec, 2001).
A região Nordeste detém um rebanho muito grande, com 8,75 milhões de
cabeças, o que correspondem a 23% do total do Brasil, segundo dados do IBGE (2003),
e tem uma importância social e econômica expressiva para alguns estados desta região.
Segundo Miele e Machado (2005), a cadeia produtiva de carne suína no Brasil
apresenta um dos melhores desempenhos econômicos no cenário internacional, com um
aumento expressivo nos volumes e valores produzidos e exportados. Esse desempenho
se deve aos avanços tecnológicos e organizacionais das últimas décadas.
Os diversos agentes que compõem a cadeia produtiva da suinocultura nacional
têm discutido a necessidade de implementar mecanismos de coordenação para adequar
os volumes ofertados à demanda interna e externa. Um desses mecanismos é a geração,
disponibilização e utilização de dados e informações acerca da produção atual e futura
de suínos para o abate e de carne suína para o consumo interno e a exportação (Miele e
Machado, 2005).
Existe uma pesquisa para o levantamento sistemático da produção e abate de
suínos (LSPS), envolvendo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e
Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), em conjunto com a Embrapa Suínos e Aves e
diversas organizações de representação nas principais regiões produtoras. Observando
que o processo adotado leva em conta a estrutura organizacional predominante em cada
região, porém, para as principais regiões produtoras.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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O LSPS, conforme Miele e Machado (2005) é uma pesquisa de previsão e
acompanhamento conjuntural da suinocultura brasileira, que tem como objetivo
fornecer estimativas dos abates e da produção de carne suína, a partir do alojamento de
matrizes, da sua produtividade e do peso médio da carcaça.
Os dados para realização do LSPS somente se encontram disponíveis em
suinoculturas desenvolvidas ou industriais, o que demonstra a importância do LSPS
para estes suinocultores. Mas, em relação à suinocultura de subsistência faltam dados
para nortear uma pesquisa que dê suporte a esta atividade, consequentemente, à
população que dela depende.
A suinocultura de subsistência tem interferência direta na vida da população que
a produz e automaticamente se beneficia dela. Quando se trata desta atividade, já não se
torna tão fácil uma análise mais profunda, pela falta de dados e informações,
especialmente em função da alta expressividade da produção industrial brasileira
encobrindo a importância da suinocultura de subsistência; pela ausência de pesquisas e
pela pequena preocupação dos órgãos públicos e de fomento à pesquisa com estes
animais.
Mais da metade da população nordestina depende diretamente do meio rural, o
qual apresenta particularidades interessantes a serem estudadas, como a identificação do
efetivo suíno local ainda existente. Sabe-se que os suínos locais são grandes
agregadores de riquezas e precursores de desenvolvimento regional, pois reúne sua fácil
adaptabilidade às adversidades do meio, utilizando os alimentos oferecidos pelo
ecossistema natural, transformando-os em proteína de alta qualidade.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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SISTEMAS DE PRODUÇÃO TRADICIONAIS
A discussão sobre os sistemas de produção tradicionais, neste trabalho, inicia-se
na evolução do setor agropecuário no último meio século, envolvendo a produção
animal, a utilização dos recursos genéticos locais nos sistemas tradicionais, a
importância dos suínos locais dentro desses sistemas e a qualidade do produto oriundo
de uma suinocultura tradicional aliado às exigências do mercado consumidor.
A modernização do setor agropecuário nos últimos 50 anos tem compartilhado
de uma alta especialização das produções, segundo García Trujillo (1998), dedicando-se
a grandes áreas de cultivo de poucas espécies vegetais, assim como a separação dos
setores agrícola e pecuário. A tendência do setor pecuário é a concentração de um
grande número de animais, em geral especializados e de altos requerimentos, criados em
sistemas intensivos de manejo e alimentação, com alta inversão de capital.
No modelo da suinocultura industrial, as granjas, em sua maioria, não produzem
os alimentos que são consumidos. Nos sistemas de produção tradicionais, ao contrário,
existe aproveitamento de tudo o que se produz, tanto vegetal quanto animal,
comercializando somente o excedente desta produção.
Geralmente, as espécies animais exploradas nos sistemas extensivos de produção
animal correspondem a genótipos nativos adaptados ao ambiente natural (Martín
Bellido et al., 2001). Corroborando, González (2003) afirma que a exploração extensiva,
propriamente dita, constitui um sistema tradicional de manejo baseado no
aproveitamento dos recursos naturais que, com novos aportes, tem permanecido através
dos tempos graças à adaptabilidade de determinadas raças animais.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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Os animais nativos, especialmente os suínos locais, têm a capacidade de
aproveitamento dos diferentes alimentos oferecidos pelos sistemas tradicionais, que
geralmente são pequenas produções envolvendo agricultura e poucos animais criados ao
redor da casa. Quando os excedentes da produção agrícola são suficientes, além da
comercialização, os pequenos produtores guardam para sua mantença e para o consumo
animal.
No mundo, a perda de biodiversidade é atualmente motivo de grande
preocupação; o conhecimento dos sistemas de produção de suínos tradicionais e das
medidas que se adotam para melhorá-los constituem alternativas válidas para conservar
os recursos genéticos animais (Pérez et al., 2005).
Para se dispor de um sistema de produção de suínos locais voltados para a
sustentabilidade do ambiente e das famílias produtoras, é necessária toda uma
sistemática pré-estabelecida para acompanhamento da criação, tarefa ainda pouco
desenvolvida no Brasil, especialmente no Nordeste. Isso decorre do fato dessa
exploração ser exercida, em sua maioria, por pequenos produtores (as) e agricultores
(as) familiares e não haver trabalhos disponíveis para delinear a forma de administração
desses sistemas nem associações de criadores dos suínos locais.
Por serem animais onívoros, os suínos possuem a capacidade de, além do
aproveitamento da produção agrícola, como excedente e/ou como perdas para
comercialização e consumo humano, a utilização dos resíduos da alimentação humana.
Isso lhes conferindo uma capacidade extraordinária de transformar as mais variadas
fontes de alimentação em proteína animal de boa qualidade.
Os suínos das criações tradicionais, na maioria das vezes, segundo Ortiz e
Sánchez (2001) recebem alimentação desequilibrada, não obstante, sua rusticidade e
instinto de sobrevivência lhes permitir encontrar uma dieta que assegure sua produção e
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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reprodução, aportando energia e proteína para a dieta humana. Corroborando, Köhler-
Rollefson (2004) afirma que cada vez está mais claro que os animais adaptados às
condições locais e mantidos de forma extensiva, sem alimentação balanceada e sem
profilaxia das enfermidades, rendem mais que os animais exóticos importados nas
mesmas condições.
São numerosos os trabalhos que atribuem aos sistemas de produção de suínos
tradicionais um impacto social transcendente, conforme Aparício et al. (2004). As
pequenas propriedades pecuárias empregam mais pessoas que as grandes, entendendo-
se que estas priorizam a automatização e tecnologias dos serviços, diminuindo mão-de-
obra enquanto que, considerando o efeito multiplicador sobre o setor e sobre os serviços
daquelas propriedades pequenas, geralmente estes serviços são distribuídos e os
pequenos produtores gastam mais na própria comunidade local.
O auge que as explorações extensivas experimentaram na década de 90 esteve
motivado tanto pela eficácia da espécie suína no aproveitamento dos recursos que
oferecia o ecossistema, como pela demanda de produtos de origem natural, sociais e
culturalmente muito reconhecidos na atualidade (Gónzalez, 2003).
A produção suína atualmente está cada vez mais influenciada por critérios de
qualidade. Quando se adota um sistema de qualidade, boas práticas de manejo e bem-
estar animal diminuem os riscos para a saúde animal e para a humana. Os fatores
relacionados à saúde dos animais, segurança alimentar, critérios ambientais, normas de
bem-estar animal e qualidade do produto, na atualidade, são atributos exigidos pelos
consumidores ao adquirir produtos da carne suína. Le Roy (2002) constata que, como o
contexto econômico da produção de suínos sofreu grandes transformações, estas novas
características têm que ser levadas em conta pelos criadores, como também a imagem
que esta dá à produção, que então poderiam se tornar objetivos da seleção.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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Portanto, a escolha dos suínos para a criação em sistemas tradicionais deve estar
relacionada à rusticidade e adaptabilidade destes animais ao ambiente que se deseja
criá-los.
1. SUBSISTEMAS DE PRODUÇÃO
Unidades produtivas familiares se tornam complexas por serem compostas de
uma combinação de sistemas, necessários às produções praticadas, animal e/ou vegetal.
Dentro de cada unidade produtiva familiar, entende-se por subsistemas de produção esta
combinação dos sistemas produzidos.
A criação animal na microrregião do Curimataú é praticada por quase todas as
pequenas unidades produtivas familiares, mesmo que essa criação signifique de uma a
três cabeças manejadas na corda (Japiot, 1995). Apenas alguns produtores criam ovinos,
caprinos e suínos e nos quintais domésticos é freqüente a presença de pequenos plantéis
de aves (Pertesen et al., 2002).
A pequena propriedade rural ou situada nos municípios genuinamente rurais, em
geral, apresenta uma combinação dos subsistemas, como exemplo, uma criação de
suínos amarrados na corda e pequenos plantéis de aves. Conforme Sidersky (s/d) é
muito difícil encontrar unidades familiares de apenas um subsistema. E, em alguns
casos, os espaços podem fazer parte, simultaneamente, de mais de um subsistema: as
capoeiras, que são fonte de lenha e madeira e, ao mesmo tempo, fonte de forragem para
os rebanhos; um roçado de milho e feijão faz parte do subsistema das culturas anuais,
mas, concomitantemente, fornece alimentação para os rebanhos.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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Estes subsistemas se combinam de maneira diferenciada em função de diversos
critérios utilizados pelas famílias produtoras.
Em relação à criação de suínos locais no Curimataú, a predominância das
culturas anuais ou perenes, favorece a criação destes animais com as sobras ou perdas
das culturas vegetais. E um dos critérios que determina a forma em que os subsistemas
se combinam, segundo Sidersky (s/d), é o socioeconômico.
2. SUINOCULTURA DE SUBSISTÊNCIA
Na região Nordeste, onde mais da metade da população depende do meio rural, a
suinocultura de subsistência, com os devidos cuidados zootécnicos e ambientais, pode
se tornar uma atividade ecológica e, futuramente, com alto valor agregado. Para
fundamentar este pensamento, considera-se a afirmação de Delgado (2005) de que a
pecuária ecológica integra todas as atividades que têm como finalidade a produção de
alimentos de origem animal, sem empregar substâncias químicas artificiais nem
organismos modificados geneticamente (OMG), evitando a deterioração do ambiente e
assegurando o bem-estar animal.
Portanto, as famílias produtoras dos suínos locais, também chamados de
suinocultura de subsistência, respeitando os sistemas ecológicos e observando que todas
as criações animais fazem parte dos subsistemas utilizados, teriam melhores condições
de promover uma criação animal, com maior equilíbrio ambiental, além de uma
sócioeconomia mais estável, oriunda do valor agregado ao produto ecológico.
Machado (1967), em seus estudos sobre suinocultura brasileira, já reconhecia
serem precárias as produções dos suínos nativos, mesmo enfatizando a enorme
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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rusticidade. Salientava, ainda, a necessidade de se buscar combinações de cruzamentos
para obter animais capazes de reproduzir e produzir adequadamente.
Na escolha das raças ou grupos genéticos, deve-se ter em conta a capacidade de
adaptação dos animais às condições locais, a sua vitalidade e a sua resistência às
doenças, pelo que se deve dar preferência aos nativos (Rodrigues, 2003). Concordando,
Delgado (2005) afirma que as raças que melhor se adaptam aos sistemas ecológicos são
as nativas, selecionadas pela sua rusticidade e adaptação a diversos ecossistemas, raças
fortemente integradas na cultura e meio natural das regiões.
É difícil convencer os produtores que os animais que são vistos como inferiores
constituem-se, de fato um valioso recurso genético. Entretanto, para que este
convencimento ocorra, há necessidade da dissolução dos mitos e que as informações
técnicas e de “marketing” da carne sejam agregadas ao valor final dos produtos no
mercado. Para tanto, as campanhas públicas de conscientização são necessárias no apoio
às atividades de conservação e biodiversidade local, tornando-se uma questão
fundamental no processo.
3. CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DOS SUÍNOS LOCAIS
Um programa de conservação dos suínos locais deve priorizar, entre outras
ações, a valorização de características peculiares a esses animais e que são
frequentemente negligenciadas. Isso poderia dar às raças em questão uma extrema
competitividade, contribuindo também para o aparecimento de criadores comerciais das
raças locais, como um recurso destinado para o setor menos favorecido
economicamente.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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As formas de produção de suínos locais e a organização social, conforme Dutra
Júnior (2004) conduzem à manutenção, ao aumento da fertilidade do solo, a
conservação dos outros recursos naturais e à permanência e estabilidade dos valores
culturais das populações rurais.
Sabendo-se que a região Nordeste representa 49,7 % da agricultura familiar
nacional (Guanziroli e Cardim, 2000) e 81,7 % dos suínos no País são criados em
unidades com até 100 ha, supõe-se que estes animais façam parte dos subsistemas da
agricultura familiar nordestina.
A produção de suínos em 2004, no Nordeste, ficou na segunda colocação com
21 % do total nacional, perdendo apenas para os 45 % da região Sul (IBGE, 2006). O
incentivo à produção de suínos locais nestas propriedades, com uma tecnologia local e
voltada para uma exploração ecológica, poderá trazer grandes vantagens de renda e
fixação do homem ao campo, além da conservação do patrimônio genético suíno.
A criação de suínos no Estado da Paraíba é realizada, na sua maioria, em
instalações rústicas, muitas vezes limitadas a “fundo de quintal”. O Estado possuía um
efetivo suinícola de 143.995 cabeças em 2004 (IBGE, 2006) indicando que esta
atividade pode ser incentivada, trabalhada de forma a não degradar o meio ambiente,
aproveitando a situação de criação familiar para formação dos pequenos produtores,
com incentivo à melhoria no manejo e condições de criação, conservação do patrimônio
genético suíno e, conseqüentemente, agregação de valor ao produto.
Considerando que a carne suína é a mais consumida no mundo, 98,5 bilhões de
toneladas por ano (Roppa, 2004) e considerando todos os problemas que o sistema
convencional de produção tem enfrentado, a carne suína orgânica produzida no Brasil
teria grande chance de ganhar a preferência dos consumidores dos paises desenvolvidos,
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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onde existe um mercado promissor para tal produto, segundo afirma Dutra Júnior
(2004).
Faz-se necessária a caracterização do atual sistema de produção de suínos locais,
principalmente no Nordeste Brasileiro, para que novas propostas e políticas de
conservação sejam elaboradas e adotadas com a finalidade de proporcionar melhorias
nas criações de suínos em sistemas tradicionais e na qualidade de vida das populações
carentes na Região.
4. ANÁLISE MULTIVARIADA COMO FERRAMENTA PARA
CARACTERIZAÇÃO ANIMAL E DE SISTEMAS DE CRIAÇÃO COM VISTAS
À CONSERVAÇÃO DE RAÇAS
Para analisar o que cerca as produções animais e seus sistemas de criação,
visando a conservação das raças ali existentes, necessita-se identificar todos os
acontecimentos, sejam eles técnicos, históricos ou sociais, que envolvem um grande
número de variáveis. De acordo com Moita Neto (2004), para estabelecer relações e
encontrar ou propor soluções, é necessário controlar, manipular e medir as variáveis que
são consideradas relevantes ao entendimento do sistema analisado.
A maior dificuldade em traduzir as informações obtidas em conhecimento,
segundo Moita Neto (2004), é de natureza epistemológica: a ciência não conhece a
realidade, apenas a representa através de modelos e teorias dos diversos ramos do
conhecimento. Outra dificuldade implica e condiciona a pesquisa a uma “padronização”
metodológica. Um aspecto essencial desta padronização é a avaliação estatística das
informações.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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A estatística descritiva de uma variável quantitativa define perfeitamente uma
população. Em primeiro lugar tem-se a média como principal estatística descritiva de
tendência central e, em segundo lugar, as outras estatísticas como desvio padrão, erro
típico da média e a categoria ou classe que informam sobre as margens em que se
movem os valores variáveis e a magnitude de sua variação (Cabello, 2004).
Delgado et al. (1991) afirmam que as análises de variância para caracterização
animal permitem detectar em cada variável estudada as possíveis diferenças
significativas existentes entre as variedades ou, pelo contrário, informam a
homogeneidade estatística entre os distintos grupos de animais estudados.
A análise multivariada, por necessitar de ferramentas estatísticas que apresentem
uma visão global do sistema estudado, corresponde a um grande número de métodos e
técnicas que utilizam, simultaneamente, todas as variáveis na interpretação teórica do
conjunto de dados (Moita Neto, 2004). Desta forma, quando se considera um conjunto
de variáveis, as informações obtidas a partir de análises de característica única podem
ser incompletas, principalmente quando há correlação entre as variáveis, sendo, nestes
casos, de grande interesse o uso de análises multivariadas, segundo Souza et al. (2000).
As análises multivariadas são ferramentas analíticas que permitem uma
percepção bastante significativa acerca de fenômenos complexos envolvendo múltiplas
dimensões, identificando certos padrões básicos que emergem de uma profusão de
variáveis em interação (IATROS, s/d).
Existem diferentes técnicas multivariadas que podem ser utilizadas para diversas
finalidades específicas. Estas técnicas, conforme Inácio et at. (2002) são muito eficazes
para a exploração de relações estruturais entre grande quantidade de variáveis, sendo
uma ferramenta importante em estudos ambientais interdisciplinares.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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Segundo Inácio et al (2002), para explorar dados de caracterização animal e de
sistemas de produção de uma maneira analítica e quantitativa, utilizam-se como
ferramentas muitos procedimentos estatísticos exploratórios, conhecidos, em seu
conjunto, como análises multivariadas. Elas objetivam reduzir um grande número de
variáveis a poucas dimensões com o mínimo de perda de informação, permitindo a
detecção dos principais padrões de similaridade, de associação e de correlação entre as
variáveis (Inácio et al., 2002).
A rigor, segundo IATROS (s/d), esse conjunto inclui a Regressão Linear
Múltipla e as técnicas de Regressão Não-Linear, mas também muitas outras, tais como
Análise de Variância (ANOVA), Análise Fatorial, Análise de Aglomerados (Cluster
Analysis) e Escalonamento Multidimensional.
Ribeiro Júnior (2001) afirma que a análise de componentes principais, conhecida
por ACM, tem como objetivo a obtenção de um pequeno número de combinações
lineares (componentes principais) de um conjunto de variáveis que retenham o máximo
possível da informação contida nas variáveis originais. Freqüentemente, um pequeno
número de componentes pode ser usado, em lugar das variáveis originais, nas análises
de regressões, análises de agrupamentos, etc.
Os componentes são extraídos na ordem do mais explicativo para o menos
explicativo. Teoricamente o número de componentes é sempre igual ao número de
variáveis. Entretanto, alguns poucos componentes são responsáveis por grande parte da
explicação total (Ribeiro Júnior, 2001).
A análise de variáveis canônicas, atendendo a critérios multivariados, como
explica Cabello (2004), permite utilizar a variação, geradas pelas distintas variáveis
medidas em trabalhos de caracterização animal, para estabelecer agrupamentos no
espaço das distintas subpopulações. Desta maneira, facilita a compreensão da
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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morfologia dos agrupamentos populacionais dos animais estudados. A definição
espacial das variáveis canônicas é de máxima eficiência para a diferenciação
morfométrica de populações sob estudo de caracterização.
No entanto, analisar as diferentes situações encontradas nas criações animais não
é uma tarefa fácil, em função da complexidade de sistemas de produção animais e
agrícolas. Portanto, a caracterização animal e de sistemas de produção visando à
conservação zoogenética têm à sua disposição ferramentas estatísticas para uma
avaliação com maior precisão das variáveis e da complexidade que as envolve.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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CONSIDERAÇÕES GERAIS
Os suínos locais são animais explorados como fonte de proteína animal e como
uma forma de poupança, a ser utilizada em um determinado momento estratégico e
como fonte de renda familiar. Apesar de sua criação e importância, pouco se conhece a
respeito da caracterização dos sistemas de produção e tecnologias aplicadas pelas
famílias produtoras que se encontram no Nordeste do Brasil. Portanto, é de suma
importância o incentivo a realizações de ações e pesquisas voltadas para o
conhecimento dos sistemas de produções suinícolas praticados no interior do Nordeste
brasileiro, carente dessas informações.
O Nordeste por suas características edafoclimáticas, não teria condições de
competir em igualdade de condições com a suinocultura tradicional ou industrial, com
as regiões produtoras de grãos. Porém, deve-se pensar na suinocultura nordestina como
uma atividade diferenciada, em manejo, alimentação, instalações e qualidade dos
produtos, oriundos de uma produção tradicional, de forma que seja adaptável e rentável
dentro da realidade regional. É possível criar alternativas de exploração de suínos locais
no Nordeste brasileiro, com pesquisa e desenvolvimento de tecnologias adequadas ao
local.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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CAPÍTULO II
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E DE EXTERIOR DE SUÍNOS
LOCAIS DA PARAÍBA, BRASIL
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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RESUMO
Com o objetivo de caracterizar morfologicamente os suínos locais no Curimataú Paraibano, foram realizadas (1) análises biométricas, através das variáveis: comprimentos da cabeça, focinho, orelha, pescoço, garupa, pernil e do corpo, larguras da cabeça, focinho, orelha, peito, entre as escápulas e da garupa, distância inter-orbital, alturas: perna, dorso, cernelha, garupa e inserção de cauda, perímetros: torácico, abdominal e canela; (2) do exterior desses animais e (3) dos índices zoométricos. Utilizou-se a estatística descritiva e a ANOVA para identificar em quais as variáveis se detecta uma dispersão significativa entre os agrupamentos populacionais de suínos encontrados. Para se conhecer o quanto estes são semelhantes segundo as variáveis avaliadas, utilizou-se análise de componentes principais (PCA), análise de variáveis canônicas e D2
de Mahalanobis. Os agrupamentos populacionais dos suínos da região do Curimataú Paraibano diferiram no formato corporal, sendo os animais provenientes de Tacima os maiores, seguidos dos de Cuité e Barra de Santa Rosa, enquanto os animais da região de Remígio foram menores. Caracterizaram-se, na sua maioria, por possuir um perfil cefálico subconcavilíneo e predominam os tipos de orelha ibérica e céltica, assemelhando-se mais aos tipos das raças nacionais Canastra, Moura, Piau e Monteiro. Os suínos locais se diferenciavam entre os municípios estudados, demonstrando que os oriundos de Cuité eram morfologicamente diferentes e bem distintos dos demais, seguidos pelos grupos de Tacima, Remígio e Barra de Santa Rosa. Estes dados são os primeiros registros na região, recomendando-se pesquisas de caracterização genética para se concluir definitivamente sobre a caracterização dos suínos locais no Curimataú Paraibano. Palavras-chave: Suínos, conservação animal, morfologia, Nordeste brasileiro.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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ABSTRACT
This work had as objective to characterize morphologically Curimataú Paraibano local swine, they were accomplished (1) analyses biometrics, through the variables: lengths of the head, snout, ear, neck, croup, ham and of the body, widths of the head, snout, ear, chest, among the scapulas and of the croup, orbital enter distance, heights: leg, back, wither, croup and tail insert, perimeters: thorax, abdominal and it cinnamon; (2) of the exterior of these animals and (3) of the indexes zoometrics. It were used the descriptive statistics and ANOVA to identify which the variables if it detects a significant dispersion among the population groupings of found swine. To know itself as these are similar according to the appraised variables, analysis of main components was used (PCA), analysis of canonical variables and D2 of Mahalanobis. The population groupings of the swine of Curimataú Paraibano area differed in the corporal format, being the coming animals of Tacima the largest, followed by the one of Cuité and Barra of Santa Rosa, while the animals of the area of Remígio were smaller. They were characterized, in your majority, for possessing a profile cephalic sub concave and the types of Iberian and Celtic ear prevailed, resembling each other more to the national races Canastra, Moura, Piau and Monteiro. The local swine differed among the studied cities, demonstrating that the originating from of Cuité were different morphologically and very different from the others, followed for the groups of Tacima, Remígio and Barra of Santa Rosa. These data are the first registrations in the area, being recommended researches of genetic characterization to end definitively about the characterization of the local swine in Curimataú Paraibano. Key-word: Swine, animal conservation, morphology, Brazilian Northeast.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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INTRODUÇÃO
Os animais trazidos para o Brasil na época da colonização portuguesa se
multiplicaram e, ao longo dos séculos, segundo Mariante et al. (1999), têm sido
submetidos a um amplo processo de seleção natural, adquirindo características
adaptativas e/ou produtivas para as diversas situações ambientais encontradas no país e
têm se transformado nas raças locais, como são conhecidas.
Por volta de três séculos depois do descobrimento, muitos criadores começaram
a importar animais do continente europeu, buscando maior produtividade (Mariante et
al., 1999), fato este que vem ao longo dos anos contribuindo para a situação atual em
que se encontram os animais, perfeitamente adaptados às condições ambientais a que
foram submetidos, a ponto de apresentarem características específicas dessas condições.
A seleção natural a que foram impostas essas raças deve ter promovido uma
adaptação mais eficiente ao meio natural, pressupondo-se a ocorrência de alterações
fisiológicas e comportamentais para sua sobrevivência ao ambiente atual. O estudo
dessas alterações é importante para a caracterização de determinada espécie.
Seguindo o conceito de raça,
[...] Quando se discute sobre uma raça, a idéia principal é se ela é pura ou não. Quando o que se deve procurar saber é se ela está adaptada ou é capaz de se adaptar ao clima e condições em que pretendemos criá-la. Sim, porque o que deve nos interessar é a produção econômica dos animais – e esta depende fundamentalmente de sua adaptação. Lembremo-nos de que a adaptação é à base da definição da Zootecnia. .... Além disto, a variabilidade natural dos animais determina certa evolução no processo de formação das raças, donde não apresentaram aquela fixidez, que tanto se procura nelas... Assim a raça está longe de ser uma coisa estática, pois é um estágio no seguimento evolutivo de certa população em constante processo de adaptação ao ambiente (Domingues, 1984, p.51-52).
No Nordeste brasileiro, ainda são encontradas populações de suínos, oriundos
daqueles trazidos pelos colonizadores. Apresentam pelagem, tamanho e características
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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morfológicas diversas, são rústicos e muito menos exigentes em alimentação e manejo
que os das raças melhoradas (Carvalho, 2000).
A caracterização morfológica dos suínos locais na região do Curimataú
Paraibano é um trabalho pioneiro realizado pela equipe da UFPB/CCA. Ressaltam-se
aqui, dois aspectos de grande importância: a) a contribuição socioeconômica destes
animais para os seus criadores; b) a preocupação com a diluição genética que, ao longo
dos anos, as populações de suínos locais vêm sofrendo, podendo inclusive não existir
mais, em muitas regiões, os suínos das raças nacionais e sim agrupamentos genéticos
ainda desconhecidos que, podem estar formando novas raças. Segundo Domingues
(1984), raça é uma concepção estabelecida pelos criadores, através do que se chama de
“padrão racial”. Corroborando com esses conceitos,
[...] raça é um conceito técnico-científico, identificador e diferenciador de um grupo de animais, através de uma série de características (morfológicas, produtivas, psicológicas, de adaptação, etc.) que são transmitidas a descendência, mantendo por outra parte certa variabilidade e dinâmica evolutiva (Sierra Alfranca, 2001).
A utilização das raças exóticas em cruzamentos com os animais locais foi
promovendo mudanças nas características morfológicas das raças de suínos existentes
atualmente no Brasil.
A caracterização morfológica tem grande importância dentro dos programas de
conservação de recursos genéticos animais (RGA) pois possibilita diferenciar os grupos
genéticos dentro das espécies, baseando-se nas variáveis quantitativas e qualitativas.
Possivelmente, esta segunda categoria tem sido sempre mais utilizada pela facilidade de
observações, estabelecendo-se, assim, diferença de classificação dos grupos genéticos
através dessas variáveis. Deve-se ter em mente que, para se obter uma caracterização
racial completa, é necessário analisar os aspectos morfológicos (quantitativos e
qualitativos), produtivos funcionais, reprodutivos e de comportamento, além dos
aspectos genéticos, conforme Barba (2005). Entretanto, as características de produção,
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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bem como as características reprodutivas dos suínos locais dificilmente estarão
disponíveis no Nordeste Brasileiro, devido ao fato de que a grande maioria dos
criadores não realiza o controle zootécnico dos rebanhos (Oliveira et al., 2002).
Segundo Barba (2005), desde seu início, a Zootecnia tem considerado as
caracterizações morfológica e produtiva como base fundamental para o conhecimento
das produções animais. Deste ponto de vista, para a conservação dos recursos genéticos
animais, é imprescindível obter esta informação com os seguintes objetivos gerais: (1)
Conhecimento das características da população com vistas a sua definição, descrição e
diferenciação frente às demais e, em especial, para ressaltar aqueles valores genuínos
que lhe conferem características peculiares; (2) Separação de subpopulações
perfeitamente diferenciadas que se agrupam dentro de um mesmo grupo racial como:
variedades, estirpes, adaptações ecológicas existentes dentro de uma raça ou a
possibilidade de diferentes raças englobadas sob a mesma denominação, como é o caso
das “crioulas” na Ibero-américa.
A principal razão para a conservação dessas raças é que sem intervenção
apropriada, espécies inteiras poderão perder a flexibilidade para adaptar-se a
circunstâncias variáveis como: enfermidades, demandas do mercado, entre outras, e
diminuir seus níveis de produção (Martinez e Vega-Pla, 2002).
Vale ressaltar que dois fatores foram extremamente importantes na construção
deste trabalho: a escassez de referências bibliográficas sobre as características
morfológicas dos suínos locais na região Nordeste, e um sistema de produção diferente
em cada município estudado.
A partir desta pesquisa, ficará caracterizada de maneira pioneira, a diversidade
intra-racial dos agrupamentos populacionais dos suínos estudados no Curimataú
Paraibano, do ponto de vista do exterior desses animais. Posteriormente, deverão se
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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realizar os estudos para os aspectos genéticos, produtivos, centrados nos pesos e
crescimento ao longo das distintas fases da vida destes animais, assim como as
características de carcaça, as reprodutivas e de comportamento, dando continuidade a
uma caracterização completa destes animais.
Este trabalho teve como objetivo iniciar a caracterização dos grupos de suínos
locais encontrados no Curimataú Paraibano, visando obter subsídios para a
caracterização morfológica dos animais existentes na região.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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MATERIAL E MÉTODOS
1. MATERIAL
Esta pesquisa foi realizada na microrregião do Curimataú Paraibano, nos
municípios de Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Campo de Santana
(ou Tacima), os quais representam 28 % do total dos municípios da microrregião
(Figuras A e B), que possui 18 municípios.
Figura A. Mapa do Estado da Paraíba, destacando a microrregião do Curimataú.
O estudo morfológico dos suínos locais foi realizado em 215 criatórios nos cinco
municípios citados, durante o período compreendido entre abril de 2005 até junho de
2006.
Estado da Paraíba. Sem escala.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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Figura B. Mapa da microrregião do Curimataú, Paraíba.
Para o estudo morfológico (Adaptado a partir de Delgado et al., 2000 e Cabello,
2004), coletaram-se informações biométricas e relacionadas ao exterior de 109 suínos,
sendo 75 fêmeas (F) e 34 machos (M). Deste total, 33 (17 F e 16 M), 25 (16 F e 9 M),
20 (17 F e 3 M), 14 (11 F e 3 M) e 17 (14 F e 3 M) foram medidos nos municípios de
Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, respectivamente.
As principais características relativas às raças dos suínos nacionais e que foram
utilizadas como referencial para a avaliação dos suínos locais encontrados na
microrregião do Curimataú Paraibano encontram-se no Anexo 1, Tabela 1.
1
2
3
4
5
LEGENDA:
1. Casserengue 2. Cuité 3. Barra de Santa Rosa 4. Remígio 5. Campo de Santana (ou Tacima)
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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1.1 MUNICÍPIOS PESQUISADOS
O Estado da Paraíba possui 56.439,838 km2, distribuídos entre 223 municípios,
com uma população estimada em 3.595.886 habitantes (IBGE, 2005). No censo
demográfico do ano 2000 (IBGE, 2000), 71,06% localizavam-se no espaço urbano e
28,94% na zona rural. Considerando os municípios extremos no Estado, o mesmo situa-
se entre as coordenadas geográficas de Latitude Sul: 6º 04’ 07’’ em São José do Brejo
da Cruz e 8º 24’ 56’’ em São Sebastião do Umbuzeiro e de Longitude Oeste: 34º 47’
55’’ em João Pessoa e 38º 46’ 00’’ em Cachoeira dos Índios (Google Earth, 2006). Está
dividido em quatro mesorregiões (Figura C): Sertão Paraibano, Borborema, Agreste
Paraibano e Mata Paraibana (Mesorregiões da Paraíba, 2006). A mesorregião do
Agreste Paraibano, na qual estão inseridos os municípios pesquisados, é formada por
oito microrregiões: Brejo Paraibano, Campina Grande, Curimataú Ocidental, Curimataú
Oriental, Esperança, Guarabira, Itabaiana e Umbuzeiro (Mesorregião do Agreste
Paraibano, 2006).
Considerou-se nesta pesquisa as duas microrregiões do Curimataú, Ocidental e
Oriental, como uma única microrregião: Curimataú Paraibano, facilitando a análise.
Esta microrregião abrange uma área de 5.242 km2 segundo IBGE (2005) e possui 18
municípios, dos quais foram selecionados cinco, representando 28% do total. Estes
cinco totalizam 2.186 km2. Portanto geograficamente, foram estudados 41,7 % da área
da microrregião do Curimataú Paraibano.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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Figura C. Mesorregiões do Estado da Paraíba. Fonte: Mesorregião do Agreste Paraibano (2006).
Os critérios para a seleção da microrregião do Curimataú Paraibano foram:
• Em função da operacionalização dentro de uma limitação geográfica
relativamente próxima, buscou-se a região em que o Centro de Ciências Agrárias
(CCA), localizado em Areia/PB, microrregião do Brejo Paraibano, não estivesse
geograficamente inserido, já que os suínos exóticos ali produzidos,
provavelmente poderiam ter influenciado na genética dos rebanhos mais
próximos;
• Considerou-se o efetivo suinícola de cada município para sua seleção, visto que
os municípios selecionados segundo relatório do MA/SAIA (2001/2002)
possuíam uma população de suínos no período 2001/2002 de: 427, 1.460, 838,
656 e 723 em Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima,
respectivamente, e, conforme os dados mais recentes do IBGE (2003) possuíam:
341, 1.780, 1.650, 639 e 365, respectivamente. Totalizando em 4.104 cabeças de
suínos para os dados do MA/SAIA (2001/2002) e 4.775 para os do IBGE (2003),
Sertão Paraibano.
Borborema.
Agreste Paraibano.
Mata Paraibana.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
33
sendo utilizado os dados mais atualizados, os do IBGE (2003), com os quais
pode-se observar a representação no Gráfico 1;
341
1.7801.650
639
365
0200400600800
10001200140016001800
Efetivo Suinícola
(IBGE, 2003)
Cassere
ngue
Cuité
Barra S
ta Rosa
Remígio
Tacima
Gráfico 1. Efetivo suinícola nos municípios estudados (IBGE, 2003) na
microrregião do Curimataú Paraibano.
• Com efetivos em quantidades diferenciadas, procurou-se representar desta
maneira, os municípios através de sua heterogeneidade quantitativa,
conhecendo-se assim as características fenotípicas e os agrupamentos dos suínos
em cada situação;
• Além destes critérios, a escolha pela microrregião do Curimataú Paraibano se
deu pela viabilidade de execução em razão da ausência de financiamentos para a
realização desta pesquisa.
2. MÉTODOS
Após diversas articulações e acertos com a organização não governamental
Assessoria a Serviços e Projetos em Agricultura Alternativa da Paraíba (AS-PTA/PB) e
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR), foi realizada toda a coleta de dados,
totalizando 87 dias trabalhados, sendo 18, 16, 17, 24 e 12, para: Casserengue, Cuité,
Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, respectivamente.
A falta de associações de criadores de suínos locais ou qualquer outra forma de
organização dos mesmos representa um grande entrave para a existência de controle
destes animais. Por não existir organizações destes criadores, não se conhecia a
localização dos suínos locais, que seria o ideal para uma seleção aleatória por
amostragem.
Esta inexistência foi um fator preponderante para acionar os STR’s que
ofereceram um suporte no sentido de reunir os criadores de suínos de cada município.
Após a seleção dos municípios, organizaram-se reuniões abertas para toda a
comunidade local, com o apoio dos STR’s, para se conhecer os produtores ou,
simplesmente, os criadores de suínos, independente de suas atividades, de serem
trabalhadores rurais, agricultores familiares ou não. A partir daí, foram selecionados
todos os que participaram destas reuniões ou foram avisados posteriormente e se
dispuseram a colaborar com a pesquisa.
As informações foram obtidas dos questionários semi-estruturados aplicados aos
criadores e as variáveis morfológicas das observações e mensurações realizadas nos
animais. Trabalho este conduzido pessoalmente pela Zootecnista responsável por esta
pesquisa, acompanhada por bolsistas do PIBIC/CNPq e por alunos voluntários do curso
de Zootecnia do CCA/UFPB, Areia/PB. No município de Casserengue, dispunha-se da
colaboração de alguns funcionários do STR local e de técnicos da AS-PTA/PB.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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2.1 VARIÁVEIS BIOMÉTRICAS
Para seleção dos animais a serem mensurados neste estudo, foram definidos
alguns critérios, os quais foram subjetivos, levando-se em consideração a inexistência
de registros zootécnicos: (1) idade, preferencialmente acima dos seis meses; (2) sem
grau de parentesco próximo entre os animais selecionados; (3) de pelagem com
predominância no município.
Para a caracterização do exterior dos animais foram avaliadas oito variáveis: tipo
de orelha, perfil cefálico, pelagem, mucosas, pernas e pés, número de tetas, cerdas e
sexo. Para a caracterização biométrica foram mensuradas 22 variáveis (em cm):
comprimento da cabeça (COC), largura da cabeça (LAC), distância inter-orbital (DO),
comprimento do focinho (COF), largura do focinho (LAF), comprimento da orelha
(COO), largura da orelha (LAO), comprimento do pescoço (CP), largura do peito
(LAP), largura entre as escápulas (LAE), comprimento da garupa (COG), largura da
garupa (LAG), comprimento do pernil (COP), alturas: perna (AP), dorso (AD), cernelha
(AC), garupa (AG) e inserção de cauda (AIC), perímetros: torácico (PT), abdominal
(PA) e canela (PC), e comprimento do corpo (CC), utilizando-se para tais mensurações
uma fita métrica e um hipômetro (Figura D).
Figura D. Hipômetro
O peso foi estimado mediante as medidas biométricas (transformadas em
metros) PT e CC (Figura E), conforme Correa (2005), utilizando-se a equação abaixo:
Peso = [(PT x PT) x CC] x 69,3.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
36
Figura E. Estimativa de peso do suíno, 2006.
As variáveis biométricas mensuradas, adaptadas a partir de Delgado et al. (2000)
e Cabello (2004), foram coletadas da seguinte maneira:
COC: Distância medida desde a protuberância occipital externa até a ponta do
focinho. Mensurada com fita métrica;
LAC: Distância medida entre ambas as apófises do temporal. Medida realizada
com hipômetro;
DO: Distância medida entre ambas as apófises do frontal. Medida realizada com
hipômetro;
COF: Distância medida desde a sutura fronto-nasal até a extremidade do
focinho. Medida realizada com hipômetro;
LAF: Distância medida entre a base de ambos os caninos. Medida realizada com
hipômetro;
FOTO
: SIL
VA
FIL
HA
, O. L
, 200
6.
FOTO
: SIL
VA
FIL
HA
, O. L
,
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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COO: Distância medida entre o ponto central da base da orelha e o vértice da
mesma. Medida realizada com fita métrica;
LAO: Distância medida entre ambas as bordas da orelha. Medida realizada com
fita métrica;
CP: Distância medida desde o final da base da orelha até o início da paleta.
Medida realizada com fita métrica ou hipômetro;
LAP: Distância medida entre ambas as inserções dos pernis dianteiros. Medida
realizada com fita métrica;
LAE: Distância medida entre ambas as tuberosidades externas das escápulas.
Medida realizada com hipômetro;
COG: Distância medida desde a tuberosidade ilíaca externa (ponta da anca) até a
ponta da nádega. Medida realizada com hipômetro;
LAG: Distância medida entre ambas as tuberosidades ilíacas externas. Medida
realizada com hipômetro;
COP: Distância medida desde a terminação da região da nádega até a ponta de
conversão. Medida realizada com fita métrica;
AP: Distância vertical existente entre o solo e a extremidade final da garupa.
Medida realizada com hipômetro;
AD: Distância medida desde o solo até o ponto mais culminante do dorso.
Mensurada com hipômetro;
AC: Distância medida desde o solo até o ponto mais culminante da cernelha.
Mensurada com hipômetro;
AG: Distância vertical existente desde o solo até o ponto de união da região
lombar com a garupa. Medida realizada com hipômetro;
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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AIC: Distância vertical existente entre o solo e a base de implantação da cauda.
Medida realizada com hipômetro;
PT: Rodeando o corpo na região torácica. Mensurada com fita métrica;
PA: Rodeando o corpo na região lombar. Mensurada com fita métrica;
PC: Rodeando o terço médio do metacarpo. Mensurada com fita métrica;
CC: Distância desde a base do occiptal até a vértebra coccígea. Mensurada com
fita métrica.
2.2 ÍNDICES ZOOMÉTRICOS
Para a avaliação racial e funcional dos animais estudados, utilizaram-se cinco
índices zoométricos conforme Cabello (2004):
Índice Cefálico (ICE): Quociente entre a LAC e a COC multiplicada por 100;
Índice Facial (IFA): Quociente existente entre a COF e a COC multiplicada por
100;
Índice Pélvico (IPE): Expresso como o cociente entre a LAG e a COG
multiplicada por 100;
Índice de Compacidade (ICO): Quociente entre a AC e o peso estimado;
Índice de Carga da Canela (ICC): Expresso como quociente entre o PC e o peso
estimado.
Os três índices: cefálico, facial e pélvico, segundo Cabello (2004) são utilizados
frequentemente como indicadores de diagnóstico racial, enquanto os demais são índices
funcionais, informando a orientação produtiva da população estudada.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
39
3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os dados coletados foram inicialmente armazenados num banco de dados,
realizando-se uma depuração mais consistente dos dados por meio de filtragem e
eliminação das células sem dados. Em seguida, utilizou-se o Statistical Analysis System
for Windows (SAS, 1999), para execução das análises estatísticas.
Realizou-se a análise estatística através da análise univariada e, posteriormente,
utilizou-se a multivariada.
Levou-se em consideração o tipo de amostragem estratificada realizada em
função da distribuição geográfica dos municípios dentro da microrregião do Curimataú
Paraibano e dos efetivos suinícolas ali encontrados.
3.1 ANÁLISES DE VARIÂNCIA UNIVARIADAS
Foram obtidas, inicialmente, estatísticas descritivas da amostra. Os dados
quantitativos foram submetidos à ANOVA e à comparação de médias através do teste
de Duncan, admitindo-se um nível de probabilidade de 5 %. Empregou-se o modelo
estatístico:
Yij
= μ + ci + Є
ij.
Onde:
Yij
= Valor observado no animalj, na cidadei,
μ = Média geral,
ci = Efeito da cidade e,
Єij= Erro aleatório.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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Utilizou-se a análise univariada para quantificar em que variáveis haveria
dispersão significativa entre os agrupamentos populacionais de suínos estudados.
3.2 ANÁLISES DE VARIÂNCIA MULTIVARIADAS
Para se conhecer as combinações lineares existentes no conjunto de variáveis
estudadas utilizou-se a análise por componentes principais (PCA), através do programa
estatístico SAS (1999).
Realizou-se, além da PCA, a análise de “variáveis canônicas”1 para um total de
109 suínos. Consistiu na transformação de variáveis originais em variáveis padronizadas
e não correlacionadas, com a característica de manter o princípio do processo de
conglomeração com base na distância D2 de Mahalanobis e de levar em consideração
tanto a matriz de covariâncias residuais quanto a de covariâncias fenotípicas das
características avaliadas, conforme Cabello (2004). Seguindo a metodologia utilizada
por Cabello (2004), descrita a seguir.
Os índices zoométricos foram excluídos desta análise multivariada porque são
variáveis compostas formadas em função de variáveis corporais diretas, o que
provocaria uma incidência negativa de redundância das variáveis, algo que a análise de
variáveis canônicas é muito sensível.
Utilizou-se o teste Wilks Lambda, definida como a razão para a discriminação
total que se comporta como a razão do determinante da matriz de variância-covariância
dentro dos grupos sobre o determinante da matriz de variância-covariância total.
(λ) Wilks Lambda = det (W)/ det (T)
_______________________ 1 Permite utilizar a variação das distintas variáveis medidas. Desta maneira, facilita a compreensão da morfologia dos agrupamentos suínos aqui estudados.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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O parâmetro Lambda parcial se comporta como o incremento multiplicativo em
lambda que resulta da adição da variável respectiva:
Lambda parcial = lambda depois adição / lambda antes adição.
Os valores de λ foram transformados usando a seguinte expressão:
F = [(n – q – p) / (q – 1)]* [1 – λparcial/ λparcial].
Onde:
n = Número de casos;
q = Número de grupos;
p = Número de variáveis.
Em seguida, calculou-se as distâncias D2 de Mahalanobis entre os agrupamentos
populacionais estudados, com base nas variáveis originais. Finalmente realizou-se uma
representação gráfica da apresentação de uma análise “cluster”, através do teste de
Tocher (SAEG, 2001), utilizando as distâncias individuais de Mahalanobis calculadas.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
42
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de criatórios por município e suas respectivas áreas estão
apresentados na Tabela 2. Dos 215 criatórios, 113 foram na área rural e 102 na área
urbana, representando 53 % e 47 %, respectivamente.
Tabela 2. Número de criatórios por município estudado e suas respectivas áreas, em
percentual Casserengue Cuité Barra de
Sta. Rosa Remígio Tacima Total
Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % % Rural 15 60 20 54 31 69 41 70,7 7 14 53 Urbana 10 40 17 46 14 31 17 29,3 43 86 47 TOTAL 25 100 37 100 45 100 58 100 50 100 100
As visitas aos criatórios demandaram 87 dias de trabalho, perfazendo uma média
de 17,4 dias por município, atendendo-se 2,5 criatórios/dia (Tabela 3). O processo era
dinâmico e estava diretamente relacionado individualmente com cada município
estudado e com suas próprias características, seja pelo número de criadores e de suínos
existentes, seja pelos modelos de criação, ou, ainda, pelo tipo de atividade que
caracterizava cada município.
O número de visitas aos criatórios/dia/município (Tabela 3) demonstra o grau de
dificuldade para realização das visitas, especialmente quando houve necessidade de
maior deslocamento entre os sítios ou propriedades rurais. O número de visitas aos
criatórios/dia foi menor em Casserengue, Cuité, Remígio e Barra de Santa Rosa, com
1,4; 2,3; 2,4 e 2,6 criatórios/dia, respectivamente, enquanto que, em Tacima, município
que os criadores se concentravam dentro e/ou próximo da sede, foram 4,2 criatórios/dia.
Deve-se levar em consideração o pequeno número de técnicos envolvidos nas coletas,
sendo dois ou três por coleta, no máximo, fato este que também impossibilitou a
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
43
realização de maior número de visitas aos criatórios por dia.
Tabela 3. Representação do número de visitas aos criatórios por dia trabalhado Municípios Nº visitas Nº dias
trabalhadosNº médio visitas/dia
% visitas nas zonas rurais
Casserengue 25 18 1,4 60 Cuité 37 16 2,3 54 Barra de Sta. Rosa 45 17 2,6 69 Remígio 58 24 2,4 70,7 Tacima 50 12 4,2 14 TOTAL 215 87 2,5 52,6
1. CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS
No momento das coletas dos dados biométricos, alguns animais estudados se
mostravam extremamente nervosos e agressivos, dificultando algumas coletas e
impedindo outras, especialmente pela falta de equipamento para contenção. Em razão
dessa condição, foi possível efetuar as medidas das variáveis biométricas em 109 suínos
(34 M e 75 F) encontrados nos municípios de Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e
Tacima, excetuando Casserengue pela ausência destes dados.
A análise de agrupamento dos animais estudados não foi possível por não se
conhecer a identidade deles, quais as raças ou grupos genéticos existentes no universo
estudado. Por esta razão, as análises estatísticas foram realizadas tendo os municípios
como nível para as variáveis biométricas e de exterior dos animais.
Estão apresentadas, na Tabela 4, as médias das variáveis biométricas estudadas,
separadas por município.
Observou-se diferença significativa (P<0,05) nas variáveis: LAC, DO, COF,
LAF, CP, LAP, COG, COP, PC e CC (Tabela 4). Além das prováveis diferenças
genéticas, proporcionadas por distintas composições raciais, deve ser considerada a
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
44
influência do ambiente, decorrente, principalmente, dos diferentes sistemas de manejo
utilizados. Há que se ressaltar, também, alguma possibilidade de influência de
diferenças de idade em razão de não existir qualquer controle zootécnico. É comum
nessas condições de criação confundir as idades quando o parâmetro referencial é o
tamanho do animal.
Tabela 4. Estatística descritiva e comparação de médias das variáveis biométricas (cm), por município na microrregião do Curimataú Paraibano
Cuité (n = 12)
Barra de Santa Rosa (n = 20)
Remígio (n = 14)
Tacima (n = 17)
Var.
± D.P ± D.P ± D.P ± D.P COC 29,16 ± 4,42 29,77 ± 4,74 32,06 ± 5,33 28,92
± 5,23
LAC 8,29bc ± 1,94 9,41b
a ± 2,29 7,70
c ± 1,16 10,51
a ± 2,27
DO 6,83ba ± 2,34 6,79b
a ± 1,50 5,61
b ± 0,73 7,88
a ± 1,77
COF 14,41a ± 5,22 10,08
b ± 2,48 10,42
b ± 2,84 12,70b
a ± 3,41
LAF 8,10ba ± 2,30 8,67
a ± 1,35 7,10
b ± 1,19 7,55b
a ± 1,53
COO 18,73 ± 3,34 19,71 ± 3,71 20,12 ± 4,29 18,82 ± 3,64
LAO 12,87 ± 1,54 13,67 ± 2,35 13,42 ± 2,48 12,31 ± 2,18 CP 8,65b
a ± 2,65 8,07b
a ± 2,76 6,72
b ± 1,13 8,91
a ± 3,10
LAP 6,94b ± 2,89 7,02
b ± 1,26 5,71
b ± 0,84 13,20
a ± 5,27
LAE 20,54 ± 6,53 21,54 ± 4,06 22,88 ± 5,08 23,47 ± 4,90 COG 19,18
a ± 3,48 14,19
b ± 3,98 15,54
b ± 4,05 18,44
a ± 2,84
LAG 18,09 ± 6,12 20,38 ± 3,40 21,14 ± 4,30 21,48 ± 4,63 COP 22,87
a ± 5,18 13,67
c ± 3,99 14,75
c ± 3,88 18,30
b ± 5,35
AP 50,09 ± 8,82 44,73 ± 6,41 45,77 ± 7,76 46,02 ± 10,72 AD 64,56 ± 9,82 64,53 ± 9,50 68,27 ± 11,36 67,48 ± 9,28 AC 61,80 ± 9,74 60,30 ± 9,20 62,54 ± 11,09 62,43 ± 8,68 AG 66,03 ± 10,60 67,24 ± 9,09 70,20 ± 10,84 68,79 ± 9,71 AIC 51,09 ± 11,29 53,50 ± 7,90 55,27 ± 10,68 54,78 ± 7,71 PT 96,60 ± 13,48 96,83 ± 14,43 107,50 ± 27,78 105,23 ± 17,74 PA 107,36 ± 17,43 112,15 ± 17,07 115,42 ± 24,93 114,29 ± 21,03 PC 13,66
b ± 5,04 15,30b
a ± 2,35 15,64b
a ± 3,27 17,47
a ± 2,69
CC 116,17a ± 19,15 99,61
b ± 20,25 104,70b
a ± 22,85 119,58
a ± 19,60
Letras diferentes nas linhas indicam diferença significativa (P<0.05) pelo teste de Duncan. n = Número de observações, Var = Variáveis de estudo.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
45
Para as raças nacionais, não foram localizados na literatura os dados
biométricos, impedindo uma comparação entre e com as mesmas.
Quando cruzadas somente as informações das dez variáveis que representaram
diferenças estatísticas (em negrito), verificou-se que o município de Tacima obteve
nove médias maiores aos demais municípios, exceto para a variável COP, enquanto o
município de Remígio obteve oito médias inferiores, exceto para as variáveis PC e CC
(Tabela 4), indicando que, dos municípios estudados, os animais de Tacima são os de
maior porte, seguidos dos de Cuité e Barra de Santa Rosa. Os de Remígio são os de
menor porte.
As maiores médias encontradas nesta pesquisa para as variáveis LAC, DO, COF,
LAF, COG e COP foram: 10,51; 7,88; 14,41; 8,67; 19,18; e 22,87 cm, respectivamente.
Comparando-se estas medidas biométricas com as relatadas por Cabello (2004) na
caracterização de oito variedades dos suínos Ibéricos, observou-se que os maiores
animais encontrados no Curimataú Paraibano foram bem menores que os menores das
variedades Ibéricas (12,50; 10,25; 17,50; 14,00; 29,75 e 33,00 cm, respectivamente). As
medidas LAC, COF e COG, observadas por Hurtado e González (2002), na Venezuela,
com valores médios de 11,44; 24,42; e 21,37 cm, respectivamente, também foram
superiores aos encontrados nos suínos locais do Curimataú Paraibano.
Revidatti et al. (2005) em seu estudo morfoestrutural dos suínos na Província de
Corrientes, na Argentina, relataram médias de 13,91 e 23,68 cm, para LAC e COG,
respectivamente. Em estudo efetuado por Barba et al. (1998), os suínos cubanos machos
apresentaram, para as mesmas características, médias de 15,48 e 27,45 cm,
respectivamente. As maiores médias mensuradas para estas medidas nos suínos da
microrregião do Curimataú foram 10,51 e 19,18 cm, revelando que estes animais
também foram menores que os animais da Argentina e Cuba.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
46
Em relação à variável PC, verificou-se que as maiores e menores medidas se
assemelharam às encontradas por Cabello (2004), Revidatti et al. (2005) e Barba et al.
(1998). A maior média de PC (17,47 cm) foi encontrada no município de Tacima e a
menor (13,66 cm) no município de Cuité. Os animais locais mensurados por Hurtado e
González (2002) na Venezuela, apresentaram para esta mesma variável, 19,59 cm,
indicando serem os animais venezuelanos de maior porte.
Segundo Hurtado e González (2002), o perímetro da canela permite inferir sobre
o desenvolvimento esquelético dos animais. Portanto, os resultados obtidos através das
mensurações nos animais da microrregião do Curimataú Paraibano, indicaram animais
não muito tardios, já que apresentaram semelhanças com os encontrados por Cabello
(2004) e os suínos Ibéricos por ele mensurados são de porte médio a grande.
Na Tabela 5 encontram-se os resultados das estatísticas descritivas por
município, correspondentes aos pesos estimados e índices zoométricos, onde são
relacionados os valores médios, coeficientes de variação e desvio padrão dessas
variáveis.
O peso foi a variável que demonstrou o maior coeficiente de variação e o maior
desvio padrão (Tabela 5) quando comparada às demais variáveis. Provavelmente em
função das diferentes idades dos animais, que foi impossível de controlar por não existir
registros zootécnicos indicando as devidas datas de nascimento; da heterogeneidade de
condição corporal encontrada nos mesmos, impossibilitando selecioná-los pelo peso; e
por não ter sido possível utilizar uma balança para obter os pesos, que foram estimados,
incorrendo em até 3 % de variação nesta estimativa do peso.
Verificou-se diferença significativa (P<0,05) na variação proporcionada pelos
municípios para os valores médios dos índices cefálico, facial e pélvico, com 31,18 %,
39,52 % e 127,79 %, respectivamente.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
47
Tabela 5. Peso corporal estimado (kg) e índices zoométricos (%) dos suínos locais, por município na microrregião do Curimataú Paraibano
PESO ICE IFA IPE ICO ICC
LOCAL CV DV CV DV CV DV CV DV CV DV CV DV 1 79,33 55,02 43,6 - - - - - - - - - 50,99 71,93 36,6 - - -
2 73,34 37,65 27,6 29,26bc 17,06 4,9 49,41ª 34,91 17,2 86,53c 34,76 30,0 45,33 44,87 20,3 10,77 60,14 6,4
3 66,38 41,76 27,7 32,07ba 24,79 7,9 33,79bc 19,81 6,6 149,81ª 19,27 28,8 40,82 51,75 21,1 10,67 53,83 5,7
4 91,52 76,50 70,0 24,31c 14,27 3,4 32,52c 21,41 6,9 140,25ba 19,49 27,3 62,91 87,09 54,7 15,79 89,07 14,0
5 97,48 43,30 42,2 37,38ª 30,41 11,3 44,48ba 29,84 13,2 120,32b 24,64 29,6 63,46 50,85 32,2 17,83 52,23 9,3
geral 81,22ns 54,40 31,18* 25,14 39,52* 28,98 127,79* 22,67 52,38ns 66,88 13,91ns 67,50
R2 0,06 0,26 0,27 0,40 0,06 0,10
Legenda: 1 = Casserengue; 2 = Cuité; 3 = Barra de Santa Rosa; 4 = Remígio e, 5 = Tacima. ICE = Índice Cefálico; IFA = Índice Facial; IPE = Índice Pélvico; ICO = Índice de Compacidade; ICC = Índice de Carga de Canela. CV = Coeficiente de Variação; DV = Desvio Padrão; * = Diferenças significativas (P<0,05) pelo teste de Duncan.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
48
Segundo Cabello (2004), atenção deve ser dada ao índice cefálico (ICE) como
melhor indicador da expressão do diagnóstico racial. Considerando o ICE dos suínos
mensurados na microrregião do Curimataú Paraibano, destacaram-se com os maiores
ICE os de Tacima, com 37,38 %, e com os menores os de Remígio com 24,31 %, sendo
iguais estatisticamente os de Cuité e Barra de Santa Rosa. Por não ter encontrado
disponíveis na literatura os dados do ICE para as raças nacionais, impossibilitou uma
comparação dos resultados obtidos neste trabalho com possíveis semelhanças aos suínos
das raças nacionais.
O suíno Ibérico Canário mensurado por López Fernández et al. (1992) nas ilhas
Gran Canária (Espanha), apresentou os seguintes ICE: 42,97 % nos machos e 39,24 %
nas fêmeas, afirmando serem animais ultraconcavilíneos. Barba et al. (1998)
encontraram para o suíno local Cubano 46,13 % e 44,94 %, para machos e fêmeas,
respectivamente. Revidatti et al. (2005) relataram 53,23 % para a média do ICE dos
suínos da província de Corrientes, Argentina. Enquanto Hurtado e González (2002)
encontraram 34,18 % para a média do ICE dos suínos locais da Venezuela, sem
separação por sexo.
Estes resultados diferenciam-se dos encontrados na microrregião do Curimataú
Paraibano, apenas apontando alguma semelhança dos animais paraibanos com os
venezuelanos para o ICE. Isso poderia ser explicado pela origem comum, visto que os
suínos foram trazidos pelos colonizadores espanhóis, para os dois países. Segundo
Aparício (1960) citado por Barba et al. (1998), as coincidências para as medidas da
cabeça poderiam ser explicadas pelas características cefálicas, pois são muito constantes
em cada raça e são pouco afetadas pelo meio ambiente.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
49
Como pode ser observado na Tabela 5, para o peso estimado não houve
diferença significativa. Os índices funcionais de compacidade e de carga de canela
forneceram valores médios de 52,38 % e 13,91 %, não apresentando diferenças
significativas. Para o ICO verificou-se que era bem inferior ao apresentado por
Revidatti et al. (2005) no valor de 104,43 %, evidenciando que os animais aqui
estudados são menores que os da província de Corrientes (Argentina).
Possivelmente o ICO e o ICC não apresentaram diferenças significativas devido
à alta variabilidade dos animais quanto à composição racial, ao sexo, idade e peso e às
dificuldades na coleta dos dados que compõem as variáveis necessárias para construção
destes índices.
A maior dificuldade encontrada para as mensurações foi na contenção dos
animais. Ao aproximar-se deles, sempre provocava algum estresse e mal-estar nos
mesmos, tornando-os agressivos, fato que pode ter implicado em medidas menos
precisas.
López Fernández et al. (1992) encontraram o índice corporal de 73,46 % e 75,62
% para machos e fêmeas, respectivamente, enquanto Hurtado e González (2002)
encontraram 87,17 de média. Todos estes resultados são superiores aos encontrados nos
suínos da microrregião do Curimataú Paraibano.
Em relação ao coeficiente de variação, dos dados apresentados neste trabalho, a
alta variação pode ser explicada em decorrência da impossibilidade de controle na idade
e nos pesos dos animais; da influência que os diferentes ambientes exerciam sobre os
animais; bem como dos diferentes tipos de sistemas de manejo utilizados, independente
do local estudado.
Na Tabela 6 estão expressos os resultados da análise de variância univariada dos
efeitos fixos entre os municípios e entre os sexos para as variáveis estudadas,
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
50
destacando a diferença significativa (P<0,05) entre os municípios para: LAC, DO, COF,
LAF, CP, LAP, LAE, COG, COP, AP, PC e CC. Entre os sexos observou-se diferença
significativa (P<0.05) para: COC, COO, AC, PT e PA, manifestando desta forma o
dimorfismo sexual que apresentaram estes animais, ainda que em cinco variáveis
apenas.
Tabela 6. Resumo das análises de variância considerando os efeitos do município e
sexo das variáveis zoométricas estudadas VARIÁVEIS MUNICÍPIO
Valor de F Valor de P SEXO
Valor de F Valor de P COC 1,49 0,2267 8,03 0,0063 LAC 5,56 0,0018 0,04 0,8415 DO 4,95 0,0040 0,02 0,8794
COF 4,94 0,0041 1,83 0,1822 LAF 3,11 0,0337 0,75 0,3895 COO 0,53 0,6632 8,38 0,0054 LAO 1,25 0,2998 1,06 0,3071 CP 304,82 0,0001 2,44 0,1217
LAP 16,23 0,0001 2,69 0,1053 LAE 6,87 0,0001 1,72 0,1938 COG 6,30 0,0009 0,71 0,4028 LAG 1,37 0,2605 1,26 0,2664 COP 10,32 0,0001 0,07 0,7893 AP 6,59 0,0001 3,31 0,0724 AD 0,51 0,7249 1,52 0,2217 AC 0,32 0,8664 4,09 0,0463 AG 0,46 0,7146 0,92 0,3416 AIC 0,50 0,6822 2,73 0,1041 PT 1,18 0,3265 6,31 0,0140 PA 0,35 0,8399 5,42 0,0223 PC 2,96 0,0405 0,81 0,3731 CC 2,63 0,0402 3,68 0,0587
Em relação ao sexo, das 22 variáveis mensuradas, somente cinco apresentaram
diferença significativa (P<0,05). Isto pode ter ocorrido, provavelmente, pela
impossibilidade de controle na idade dos animais mensurados, pois não havia registros
de nascimentos dos mesmos, nem animais suficientes para selecionar um número ideal
de machos e fêmeas, tornando inevitável as coletas de dados sem seleção dos animais,
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
51
inclusive existindo mais dados referentes às matrizes medidas, algumas em períodos
diferentes de gestação, do que dos reprodutores.
Com as diferenças apresentadas para o município e para o sexo, se constatou um
comportamento heterogêneo para a população estudada.
Os suínos locais de outros países, notadamente os utilizados em comparações
neste trabalho, são, indiscutivelmente, de maior conformação corporal, mais pesados e
com características próprias das raças nativas de seu país, quando comparados aos
animais estudados na Paraíba. Os animais europeus são intermediários, entre os célticos
e os asiáticos, estes dois fundadores daqueles.
As diferenças encontradas quando se compara os suínos de diferentes regiões e
países são peculiares a cada região, devido às adaptações ao longo dos anos ao ambiente
em que estão inseridos. Os suínos locais encontrados no Curimataú Paraibano possuem
características próprias, distinguindo-se dos animais nativos de outros países.
1.1 ANÁLISES MULTIVARIADAS
As variáveis biométricas dos suínos locais do Curimataú Paraibano foram
analisadas pela técnica multivariada de análises de componentes principais, com os
autovalores discriminando cinco componentes principais (CP), que representaram 80,8
% da variação total dos dados. Os autovetores agruparam as medidas de: altura do
dorso, cernelha, garupa, perímetro abdominal, comprimento do corpo, altura de inserção
de cauda, perímetro torácico, perímetro de canela, largura entre escápulas, largura da
garupa, comprimento da orelha e altura da perna no primeiro CP1. As medidas
comprimento do pernil, comprimento do pescoço, comprimento do focinho,
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
52
comprimento da garupa, largura do peito e distância inter-orbital foram agrupadas em
CP2. As larguras do focinho e da cabeça em CP3. A medida comprimento da cabeça em
CP4 e a medida largura da orelha em CP5 (Tabela 7).
Os agrupamentos dos cinco CP corresponderam a 49,2 %, 11,5 %, 8,2 %, 7,2 %
e 4,7 %, para cada CP, respectivamente, como pode ser observado na Tabela 8.
Tabela 7. Autovetores e seus respectivos autovalores explicados pelos cinco
componentes principais (CP) das medidas morfométricas dos suínos locais encontrados no Curimataú Paraibano
Autovalores Autovetores CP1 CP2 CP3 CP4 CP5
Altura da cernelha 0,28 Altura do dorso 0,28 Altura da garupa 0,28 Perímetro abdominal 0,26 Comprimento do corpo 0,26 Altura de inserção da cauda 0,25 Perímetro torácico 0,25 Perímetro de canela 0,24 Largura entre escápulas 0,23 Largura da garupa 0,23 Comprimento de orelha 0,22 Altura da perna 0,20 Comprimento do pernil 0,39 Comprimento do pescoço 0,34 Comprimento do focinho 0,31 Comprimento da garupa 0,31 Largura do peito 0,30 Distância inter-orbital 0,28 Largura do focinho 0,52 Largura da cabeça 0,48 Comprimento da cabeça 0,47 Largura da orelha 0,49 Tabela 8. Autovetores e percentuais de variância explicados pelos componentes
principais (CP) das medidas morfométricas dos suínos locais encontrados no Curimataú Paraibano
Componente principal
Autovalor Autovalor acumulado
% Total da variância
% da Variância acumulado
CP1 10,8278 10,8278 49,22 49,22 CP2 2,5259 13,3537 11,48 60,70 CP3 1,7932 15,1469 8,15 68,85 CP4 1,5856 16,7325 7,21 76,06 CP5 1,0312 17,7637 4,69 80,75
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
53
A análise de variáveis canônicas (VC) foi realizada com quatros municípios:
Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, uma vez que estes proporcionaram o
tamanho amostral suficiente para a análise estatística desta natureza com as garantias
requeridas pela mesma.
Na Tabela 9 encontram-se os resultados das distâncias D2 de Mahalanobis entre
os municípios estudados. Observou-se a existência de proximidade entre os animais dos
municípios Barra de Santa Rosa e Remígio, assim como um isolamento do agrupamento
populacional encontrado no município de Cuité, que forma um grupo distinto dos
demais.
Tabela 9. Valores de F das distâncias D2 de Mahalanobis entre os quatro municípios, baseado nas variáveis morfológicas dos suínos locais
Municípios Cuité Barra Stª Rosa Remígio Tacima Cuité 0 6,59** 6,39** 7,27** Barra Stª Rosa 0 2,23* 4,30** Remígio 0 3,65** Tacima 0 ** - Significativo pelo teste F (P<0,01); * - Significativo pelo teste F (P<0,05).
Ao analisar as variáveis canônicas observou-se que a Can1 acumulou 51 % da
variância total, tendo como principais variáveis discriminantes a AC, a COP e a AIC,
com +1,53; +1,15 e -1,62; respectivamente (Tabela 10). Portanto, à medida que aumenta
a altura da cernelha e o comprimento do pernil, diminui a altura de inserção de cauda,
demonstrando que possuem uma correlação negativa nos animais estudados.
A Can2 agrupou 34 % da variância total, tendo o PA como principal variável
discriminante, com autovetor de -1,69. À medida que se aumenta o perímetro
abdominal, os tamanhos das demais variáveis diminuem.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
54
Tabela 10. Coeficientes canônicos para as variáveis Can1 e Can 2 Varáveis Can1 Can2
COC -0.48 -0.39 LAC -0.24 0.23 DO 0.21 -0.27
COF 0.72 0.35 LAF 0.74 -0.26 COO -0.68 -0.11 LAO 0.50 -0.11 CP 0.06 0.23
LAP -0.88 0.82 LAE -0.75 0.33 COG 0.00 0.66 LAG 0.05 0.53 COP 1.14 -0.14 AP 0.02 -0.67 AD -0.84 -0.78 AC 1.53 0.58 AG -0.01 -0.90 AIC -1.61 0.64 PT -0.41 0.74 PA 0.85 -1.69 PC -0.54 0.14 CC 0.67 0.79
A análise de Cluster (Tabela 11 e Gráfico 2) demonstra claramente uma
proximidade das características morfológicas entre os suínos locais criados nos
municípios de Barra de Santa Rosa e Remígio. A maior distância entre os agrupamentos
populacionais estudados encontra-se entre os municípios de Cuité e Tacima,
destacando-se Cuité. Confirmando, portanto, os resultados obtidos através da distância
D2 de Mahalanobis.
Tabela 11. Centróides das variáveis canônicas, para os municípios Cuité, Barra de Santa
Rosa, Remígio e Tacima Cidade Can1 Can2
Cuité 4,62 0,26 Barra de Santa Rosa -0,83 -1,53 Remígio -1,18 -1,16 Tacima -1,36 2,66
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
55
Os coeficientes das variáveis nas duas principais variáveis canônicas (Can1 e
Can2), respondendo por 85 % do total da variância, formados para a discriminação dos
agrupamentos populacionais dos suínos no Curimataú Paraibano caracterizando-se
como se segue.
Cuité
Barra de Sta. Rosa
Remígio
Tacima
-2
-1
0
1
2
3
4
5
-2 -1 0 1 2 3 4 5
VC1
VC2
Gráfico 2. Dispersão dos municípios com base nos escores médios das duas
primeiras variáveis canônicas (VC1 e VC2).
Contatou-se com a dispersão dos agrupamentos populacionais dos suínos no
Curimataú Paraibano, distribuídos nos quatro municípios, que os suínos encontrados em
Cuité se mantiveram bem distantes dos demais, diferenciando-se em conformação
corporal, seguidos dos de Tacima e dos de Remígio e de Barra de Santa Rosa, sendo que
estes dois últimos municípios se aglomeravam, os animais eram mais parecidos entre si.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
56
2. CARACTERÍSTICAS DO EXTERIOR DOS ANIMAIS
Os resultados obtidos da distribuição de freqüência relacionados ao exterior dos
animais para as variáveis perfil cefálico e tipo de orelha (Anexo 3) indicaram que os
animais estudados, em sua maioria, possuíam um perfil cefálico subconcavilíneo, se
destacando com 58,7 %. Os do tipo de orelha ibérico e céltico representaram 47,3 % e
30 %, respectivamente (Tabela 12). Ao comparar estes resultados às raças nacionais
(Anexo 4), observou-se que os suínos analisados no Curimataú Paraibano demonstraram
semelhança com os animais das raças Canastra, Moura, Nilo, Piau e Tatu. Em relação
ao tipo de orelha, verificou-se que existe uma grande variação nas raças nacionais.
Tabela 12. Freqüência das variáveis: perfil cefálico e tipo de orelha, para caracterização fenotípica dos suínos na região do Curimataú/PB
Perfil Cefálico Tipo de Orelha Municípios C R Sc Uc A AI C CA CI I
1 23,5 %
23,5 %
50 % 3 % 12 % - 41 % - - 47 %
2 8 % 24 % 68 % - 16 % 4 % 12 % - 12 % 56 % 3 26 % 5 % 69 % - 10 % - 35 % - - 55 % 4 - 36 % 64 % - 14 % - 57 % - - 29 % 5 - 47 % 47 % 6 % 17 % 12 % 6 % 6 % 18 % 41 %
N Total 15 28 64 2 15 3 33 1 6 52 FREQUÊNCIA
MÉDIA % 13,76 25,69 58,72 1,83 13,64 2,73 30,0 0,91 5,45 47,28
Legenda: 1 = Casserengue; 2 = Cuité; 3 = Barra de Santa Rosa; 4 = Remígio e, 5 = Tacima. C – Concavilíneo; R – Retilíneo; Sc – Subconcavilíneo; Uc – Ultraconcavilíneo. A – Asiática; AI – Intermediária entre Asiática e Ibérica; C – Céltica; CA - Intermediária entre Céltica e Asiática; CI - Intermediária entre Céltica e Ibérica; I – Ibérica. N = número de observações.
Observou-se a presença de cerdas em todos os animais estudados, variando
apenas a sua coloração conforme a pelagem do animal. Para esta variável, pode-se
verificar alguma semelhança com as raças nacionais Canastra, Canastrão, Caruncho,
Monteiro, Moura, Piau e Sorocaba, devido ao fato de todas estas terem cerdas presentes.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
57
Já as raças nacionais Pirapetinga, Nilo e Tatu não possuem cerdas ou são raras para as
duas últimas.
Para a variável número de pares de tetas, demonstrada na Tabela 13, verificou-se
que 5 %, 33 %, 50 % e 11,5 % dos animais estudados possuíam 4, 5, 6 e 7 pares de
tetas, respectivamente. Quando comparados ao número de tetas das raças nacionais, as
raças Piau, Pirapetinga, Nilo, Caruncho, Canastrão e Canastra possuem 5 pares de tetas
funcionais, enquanto que as raças Moura e Sorocaba, 6 pares. Portanto observa-se que,
em relação a esta variável a metade dos animais estudados converge para as raças com 6
pares, seguido de 33 % para as com 5 pares. Não foi encontrada na literatura disponível
a distribuição de freqüência desta variável para as raças nacionais, dificultando desta
forma uma discussão aprofundada a respeito do assunto.
Tabela 13. Freqüência observada do número de pares de tetas dos suínos locais do Curimataú/PB
Pares de tetas Freqüência observada Percentual
04 4 5,13 05 26 33,33 06 39 50,00 07 9 11,54
Freqüência perdida ou não observada: 33
Encontram-se os dados das raças nacionais para as características das variáveis:
perfil cefálico, tipo de orelha e pares de tetas, no Anexo 1, Tabela 14.
Observou-se que as maiores freqüências para perfil cefálico, na região do
Curimataú Paraibano, coincidiram com as raças nacionais Canastra, Moura, Piau e
Monteiro.
Em relação ao tipo de orelha, constatou-se que existe predominância do tipo
Ibérico em quatro dos municípios estudados, exceto Remígio que se destacou com o
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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tipo Céltico. As raças nacionais que mais se assemelharam para esta variável aos
animais da região do Curimataú Paraibano foram: Canastra, Canastrão, Piau e Monteiro.
Provavelmente, pode ter existido alguma destas raças na formação dos agrupamentos
genéticos existentes atualmente no Curimataú Paraibano, exteriorizando através do
fenótipo o genótipo das raças formadoras.
Para a comparação com os pares de tetas observados, verificou-se que os
percentuais acima de 50 % foram localizados nos municípios de Remígio e Tacima,
indicando uma tendência para a raça nacional Moura. Os percentuais para os demais
municípios ficaram iguais ou menores que 45 %.
Com relação à variável coloração da pelagem (Tabela 15), observou-se grande
variação das cores, com maior predominância para a preta, com 36,4 %, seguida da
categoria manchada, com 27,3 %, e esta pode ser vista com diversas combinações de
cores diferentes (vermelhas com manchas brancas ou pretas; creme com manchas pretas
ou brancas ou vermelhas). Verificando-se para as categorias: branca, creme, castanho,
preta com faixa branca e creme com faixa branca uma representação de 0,9 %; 8,2 %;
14,5 %; 11,8 % e 0,9 %, respectivamente.
Tabela 15. Freqüência (%) das variáveis de coloração: pelagem, mucosas, pernas e pés, para caracterização fenotípica dos suínos na região do Curimataú/PB
Municípios Cor da Pelagem (n) Cor das Mucosas(n)
Cor das Pernas e Pés (n)
1 2 3 4 5 6 7 C E D C E M Casserengue 11 5 1 7 5 4 1 3 31 1 3 16 5 Cuité 11 9 - - 3 2 - 2 23 - 7 12 4 Barra Stª Rosa 2 16 - 1 - 1 - 9 10 - 1 - 4 Remígio 3 7 - - 1 3 - 2 12 - - - 4 Tacima 3 3 - 1 7 3 - 2 13 - 2 - 4 N Total 30 40 1 9 16 13 1 18 89 1 13 28 21 FREQUÊNCIA % 27,30 36,36 0,91 8,18 14,55 11,82 0,91 16,67 82,41 0,93 20,97 45,16 33,87
Legenda: 1 – Manchada; 2 – Preta; 3 – Branca; 4 – Creme ou amarelada; 5 – Castanho (arroxeada ou vermelha); 6 – Preta com Faixa Branca; 7 – Creme com Faixa Branca. C – Clara; E – Escura (preta); D – Despigmentada; M - Mista.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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Verificou-se que as variações da pelagem manchada se assemelhavam com as
seguintes raças nacionais com pelagem manchada: Canastrão, Caruncho e Piau,
possuindo (1) pelagem preta uniforme com manchas vermelhas ou brancas; (2) pelagem
branca-creme com manchas pretas e mais raramente vermelhas ou brancas e; (3)
pelagem branca-creme com manchas pretas, variando em brancas, pretas ou vermelhas,
para as três raças, respectivamente.
Observa-se na Figura F as combinações de cores diferenciadas na mesma prole
encontrada numa das criações coletivas, em Barra de Santa Rosa.
Figura F. Matriz amamentando, sem raça definida, em Barra de Santa Rosa/PB.
Na Tabela 16 foram expostos os dados mais representativos para as variáveis de
coloração da pelagem, das mucosas e das pernas e pés, para cada município, através dos
quais se observa que houve maior expressão fenotípica para a coloração da pelagem
preta, seguida da manchada, convergindo para todas as raças nacionais comparadas.
Em relação à variável coloração da pelagem, ela é bastante diversificada nas
raças nacionais, sabendo-se que a Canastra, Canastrão, Caruncho, Moura, Piau e
FOT
O: S
ILV
A F
ILH
A, O
. L,
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
60
Monteiro possuem as colorações das pelagens: (1) Preta ou Castanha (vermelha); (2)
Preta, Castanha (vermelha) ou Manchada; (3) Manchada ou Preta; (4) Preta; (5)
Manchada e; (6) Preta, respectivamente, e na seqüência de importância para
caracterização racial de cada uma delas, sendo a primeira a cor predominante, seguido
das possíveis variações toleradas.
Tabela 16. Coloração da pelagem, das mucosas e das pernas e pés, entre os municípios do Curimataú Paraibano
Municípios Coloração da Pelagem
Coloração das Mucosas
Coloração das Pernas e Pés
Casserengue 1 E E Cuité 1 e 2 E E Barra de Santa Rosa 2 E e C M Remígio 2 E M Tacima 5 E M Legenda: Coloração da pelagem: 1 – Manchada; 2 – Preta; 3 – Branca; 4 – Amarelada ou creme; 5 – Arroxeada ou vermelha; 6 – Preta com Faixa Branca; 7 – Creme com Faixa Branca. Coloração das mucosas, pernas e pés: C – Clara; E – Escura (preta); D – Despigmentada; M - Mista.
Para as variáveis coloração das mucosas e coloração das pernas e pés (Tabela
15), a categoria que obteve uma maior freqüência foi a escura com 82,4 % e 45,2 %,
respectivamente.
Não foram encontrados para as variáveis coloração das mucosas e das pernas e
pés os dados referentes às raças nacionais. Portanto, para estas, somente está disponível
a coloração da pelagem.
Ao observar as semelhanças das quatro variáveis acima analisadas, verifica-se
que as raças nacionais Canastra, Moura, Piau e Monteiro obtiveram igualmente três
variáveis semelhantes, enquanto que as raças Canastrão e Caruncho, somente uma
observação, cada.
Sobre os suínos locais Mamelados e Cascos de Mula, foram encontrados alguns
exemplares destes agrupamentos genéticos, sendo três Mamelados e quatro reprodutores
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
61
Cascos de Mula, além de seus descendentes com menos de 1 mês de vida, distribuídos
entre os cinco municípios estudados.
Os Mamelados são assim chamados por possuírem mamelas, que são apêndices
pendurados, inseridos na base do pescoço. Segundo Castro e Fernández (2004), é uma
característica fortemente associada a suínos descendentes dos Ibéricos, já que estes e
outros animais do tronco Mediterrâneo as apresentam, sendo raras no tronco Celta.
Em relação aos Cascos de Mula ou de Burro, a característica que diferencia estes
animais dos demais suínos é a sindáctilia (dedos fundidos), como têm os muares.
Afirmam Castro e Fernández (2004) que alguns autores atribuem o Brasil como
país de origem desta raça, baseando-se em que nos tempos coloniais já existiam e foram
levados aos Estados Unidos, onde formaram a raça Mulefoot e do Brasil, passaram
também para o Uruguai.
A principal característica de coloração da pelagem permite agrupar os suínos
locais da microrregião do Curimataú Paraibano em duas categorias: preta e manchada.
Para as demais características:
Orelhas: predominavam os tipos ibérico e céltico;
Corpo: de tamanho pequeno a médio, magro e pouco volumoso;
Perfil cefálico: subconcavilíneo;
Membros: médios, em relação ao corpo;
Prolificidade: não foi possível obter informações mais precisas por falta
de controle dos criadores, porém observou-se que o número de crias era
similar ao número de tetas, resultando em leitegadas menores e menos
pesadas, possivelmente pelas limitações nutricionais e de manejo;
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
62
Número de tetas: a maioria possuía entre 5 e 6 pares de tetas;
Rusticidade: eram animais que possuíam grande rusticidade, adaptados
às condições ambientais e criados sem um manejo adequado ou
específico.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
63
CONCLUSÕES
Os suínos estudados na microrregião do Curimataú Paraibano possuíam
diferenças morfológicas que demonstraram a possível influência genética de várias
raças ou grupos genéticos distintos, na sua formação, ainda desconhecidos sob o ponto
de vista da caracterização genética.
Observou-se que os suínos mais se assemelharam ao exterior das raças nacionais
Canastra, Moura, Piau e Monteiro.
Os agrupamentos populacionais dos suínos locais se diferenciaram entre os
municípios, indicando possíveis agrupamentos populacionais independentes, que só
poderão ser identificados após uma seqüência de pesquisas de caracterização desses
grupos, especialmente a genética. Se não houver essa seqüência rápida, provavelmente
perder-se-á rapidamente o que poderia representar um novo grupo genético suíno,
importante para a região.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
64
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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
66
CAPÍTULO III
CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS LOCAIS NA
MICRORREGIÃO DO CURIMATAÚ PARAIBANO
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
67
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi caracterizar a criação de suínos locais, tecnologias adotadas, assim como a sócioeconomia praticada na microrregião do Curimataú Paraibano. As informações foram obtidas a partir de um questionário semi-estruturado aplicado a 215 criadores nos seguintes municípios: Casserengue, Cuité, Barra de Santa Rosa, Remígio e Tacima, envolvendo 54 variáveis, analisadas mediante estatística descritiva e análise de correspondência múltipla, utilizando o pacote estatístico SAS. Para o tamanho com média de 7 ha/propriedade verificou-se que 16 %, 22,3 %, 7 %, 4,6 % , 2,3 % e 0,5 %, possuíam 0,03 a 1; 1,5 a 5; 5,5 a 10; 11 a 50; 50,5 a 85 e 368 ha, respectivamente. 91,6 % dos produtores praticavam sistema extensivo com contenção; 5,1 % semi-extensivo, e 3,3 % criavam soltos. Foi computado um total de 1.100 suínos, representando 74,7 %, 14,5 %, 7,9 % e 2,9 % dos criadores com um a cinco, seis a 10, 11 a 19 e, 22 a 71 suínos, respectivamente, com participação de 54,5 % de mão-de-obra feminina. Em relação ao tempo de permanência no setor/criação de suínos, 66,6 % representou àqueles que criavam há mais de cinco anos, demonstrando uma atividade de experiência na região. Sobre os manejos: 64,5 % não praticavam o reprodutivo; a maioria utilizava resíduos da alimentação humana para fornecimento aos suínos; 15 % afirmaram praticar manejo sanitário e, 98 % não tratavam os efluentes e dejetos. As instalações eram rústicas e improvisadas. Dos entrevistados apenas 2,3 % afirmaram ter assistência técnica. Verificou-se a importância socioeconômica desta criação no potencial para geração de renda, pois 11,8 %, 44,3 %, 43,4 % e 0,5 % têm estes animais como primeira, segunda, terceira e única importância econômica, respectivamente. Além de servir como provimento de proteína animal, como uma cultura tradicional e preservação de recursos genéticos suínos. Palavras-chave: Modelo de criação, suínos locais, Curimataú Paraibano, sócioeconomia.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
68
ABSTRACT
The objective of this research was to characterize the creation of local swine, adopted technologies, as well as to partner economy found in Curimataú Paraibano micro area. The information were obtained starting from a questionnaire semi-structured applied to 215 creators in the cities: Casserengue, Cuité, Barra of Santa Rosa, Remígio and Tacima, involving 54 variables, analyzed by descriptive statistics and analysis of multiple correspondence, using the SAS statistical package. For the size of the property it was verified that 16 %, 22.3 %, 7 %, 4.6 %, 2.3 % and 0.5 %, held 0.03 at 1; 1.5 at 5; 5.5 at 10; 11 at 50; 50.5 at 85 and, 368 ha respectively, with an average of 7 ha/property. 91.6 % of the producers practiced extensive system with contention; 5.1 % semi-extensive, and 3.3 % created loosened. A total of 1.100 swine was computed, representing 74.7 %, 14.5 %, 7.9 % and 2.9 % the creator’s with one to five, six to 10, 11 to 19 and, 22 to 71 swine, respectively, with participation of 54.5 % of feminine labor. In relation to the time of permanence in the section/creation of swine, 66.6% represented the ones that they created the more than five years, demonstrating an activity of experience in the area. On the handlings: 64.5 % didn't practice the reproductive; most used residues of the human feeding for supply to the swine; 15 % affirmed to practice sanitary handling and, 98 % didn't treat the residues and dejections. The installations were rustic and improvised. Of the interviewees 2.3 % only affirmed to have technical attendance. The importance partner economical of this creation was verified in the potential for generation of income, because 11.8 %, 44.3 %, 43.4 % and 0.5 % have these you encourage as first, second, third and only economical importance, respectively. Besides serving as provision of animal protein, as a traditional culture and preservation of resources genetic swine.
Key-word: Creation model, local swine, Curimataú Paraibano, partner economical.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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INTRODUÇÃO
No Brasil existem granjas que utilizam tecnologia avançada, apresentando níveis
indistinguíveis dos praticados nos paises desenvolvidos. Porém, grande parte dos suínos
é produzida em sistemas tradicionais, com limitada atenção aos principais fatores de
produção, caracterizando-se por uma atividade de subsistência familiar, mas que
desenvolve um papel de grande importância socioeconômica, sobretudo, para os
pequenos produtores rurais. Segundo Egito et al. (2004), estas populações de suínos são
constituídas por raças “locais” que diferem das raças especializadas criadas em sistemas
intensivos e com alta tecnologia.
Segundo Pérez et al. (2005), a perda da biodiversidade mundial é motivo de
grande preocupação. Porém, devem-se levar em conta que a manutenção da
agrobiodiversidade se sustenta atendendo a argumentos históricos, culturais, políticos e,
sobretudo, econômicos, ecológicos e os notadamente biológicos (Maijala, 1974;
Alderson, 1981; Rodero et al., 1994, citados por Cabello, 2004). Nesse sentido, o
conhecimento dos sistemas de produção de suínos tradicionais e das medidas que se
adotam para melhorá-los constituem alternativas válidas para conservar os recursos
genéticos animais. Apesar de sua importância, o número de pesquisas e o nível de
conhecimento técnico-científico a respeito dos suínos nativos é pequeno (Egito et al;
2004).
Os modelos de sistemas de criação de suínos, segundo Nicolaiewsky et al.
(1998) podem ser: (1) extensivos e (2) intensivos. Entretanto, Sereno e Sereno (2000)
afirmam que os sistemas de exploração tradicional utilizados no Brasil dependem da
região, recursos humanos e econômicos envolvidos, extensão da terra e tipo do animal.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
70
Entretanto, de acordo com o IBGE os conceitos obtidos, são: (1) extensivos; (2) semi-
intensivos e (3) intensivos.
Sobre o sistema extensivo de criação, Nicolaiewsky et al. (1998) afirmaram que
os suínos ficavam soltos, sem preocupação com produtividade ou economicidade, não
havendo controle técnico sobre a criação e os animais de diferentes categorias
permanecem juntos numa mesma área e disputam, entre eles, o mesmo alimento. Na
criação intensiva, acumulava trabalho e capital em terreno relativamente restrito,
apresentava produtividade e economicidade, podendo ser para utilizada para
subsistência, gerando renda familiar.
Os sistemas tradicionais de produção suína permitem responder adequadamente
às necessidades produtivas, mediante o aproveitamento de recursos locais e de raças,
nativas e/ou melhoradas, cumprindo as exigências de qualidade, bem-estar animal e
ambiental (Aparício et al., 2004).
Na Espanha, um forte exemplo do sucesso deste tipo de criação suína é
demonstrado por Moreno (1999), afirmando que, tradicionalmente a exploração do
suíno Ibérico estava diretamente ligada ao aproveitamento de grandes extensões de terra
mediante pastoreio. Isto determinava forçosamente uma produção estacional que era
dada pela disponibilidade de belotas (frutos da Encina (Quercus ilex), árvore nativa da
Espanha) no campo para a terminação dos suínos. Da mesma maneira, toda a indústria
do suíno Ibérico tinha uma produção do tipo estacional, em que o abate se concentrava
entre dezembro e abril.
Conforme Bote (1999), a perfeita sincronia do suíno Ibérico com a
disponibilidade de belotas é que, precisamente nos meses procedentes a este período,
tem lugar ao amadurecimento desses frutos, que se prolonga desde o início de novembro
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
71
até final de fevereiro. Na época da superprodução, que constitui o amadurecimento da
belota, se aproveita para a terminação ou engorda do suíno.
Os sistemas extensivos de produção suína se baseiam na capacidade destes
animais em aproveitar eficazmente os recursos naturais mediante pastoreio.
Este trabalho teve como objetivo realizar a caracterização do modelo de
produção de suínos locais, com a identificação das tecnologias adotadas e a respectiva
avaliação dos aspectos socioeconômicos, na microrregião do Curimataú Paraibano.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
72
MATERIAL E MÉTODOS
1. MATERIAL
A pesquisa foi realizada na microrregião do Curimataú Paraibano, conforme
descrição no Capítulo II, utilizando os dados específicos do questionário semi-
estruturado (Anexo 1) para caracterização do modelo de produção, tecnologias adotadas
e a situação socioeconômica das famílias produtoras.
1.1 MUNICÍPIOS PESQUISADOS
Os critérios para a seleção da microrregião do Curimataú Paraibano e,
consequentemente os municípios, foram descritos no Capítulo II.
Procurou-se representar os municípios através dos rebanhos suínos de diferentes
tamanhos e realidades técnicas dos criadores, conhecendo-se assim a tecnologia
empregada na criação de suínos em cada situação. Nas visitas realizadas aos criatórios,
verificou-se também a existência de outras explorações zootécnicas.
2. MÉTODOS
As informações foram obtidas a partir das entrevistas realizadas com 215
criadores de suínos nos cinco municípios, envolvendo 54 variáveis, compreendendo
questões sobre: tamanho da propriedade, situação de posse, local da criação, sistema de
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
73
criação, importância econômica da criação, intensidade da criação, número e categoria
de suínos criados, destino da produção suinícola, outras atividades zootécnicas,
assistência técnica, instalações, equipamentos, dentre outras que estão apresentadas no
Questionário (Anexo 1).
Os dados coletados foram analisados através da estatística descritiva
(quantitativos) e da distribuição de freqüência (qualitativos) exposto no Capítulo II.
Em relação à análise multivariada, para realizar a tipologia de indivíduos,
utilizou-se o método de análise de correspondência múltipla (ACM), sendo realizada
através do pacote estatístico SAS (1999).
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
74
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A discussão aqui apresentada diz respeito à tipologia e caracterização dos
modelos de criação de suínos locais encontrados no Curimataú Paraibano, assim como
aspectos socioeconômicos dos respectivos criadores, com o intuito de apoiar o processo
de planejamento e desenvolvimento sustentável desta atividade na região.
Verifica-se no Gráfico 1 que 38 % das propriedades apresentavam área inferior a
cinco hectares. O único produtor que informou 368 ha não era proprietário, trabalhava
na propriedade e podia criar seus animais ali. Dos 215 produtores, 47 % não souberam
informar o tamanho da propriedade. Este percentual representava a quantidade de
criadores de suínos locais na área urbana (Tabela 1), em que os animais eram criados,
geralmente, nos fundos de seus quintais ou ao redor da casa.
Tabela 1. Produtores de suínos dos cinco municípios estudados e seus respectivos
locais de criação Casserengue Cuité Barra de
Sta. Rosa Remígio Tacima Total
Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % % Rural 15 60 20 54 31 69 41 70,7 7 14 53 Urbana 10 40 17 46 14 31 17 29,3 43 86 47 TOTAL 25 100 37 100 45 100 58 100 50 100 100
Observou-se que 113 criadores produziam em área rural e 102 em área urbana
(Gráfico 1), evidenciando que a maioria dos criadores encontrados localizava-se nos
sítios e arredores dos municípios, proximidade esta considerada como área rural.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
75
Gráfico 1. Percentual dos criadores pesquisados e suas respectivas áreas.
Os resultados para o tamanho da propriedade (Gráfico 2) indicam que a maioria
dos criadores pesquisados na região do Curimataú é considerada pequeno produtor, com
uma média geral de 7 ha por propriedade. Para calcular com mais precisão esta média
eliminou-se o dado de 368 ha, que representava apenas um criador que não era o
proprietário e nem tampouco representativo da região, sendo, portanto, considerado um
dado discrepante.
0
5
10
15
20
25
Tamanho da propriedade (ha)
Freq
üênc
ia r
elat
iva
(%)
0,03 a 11,5 a 55,5 a 1011 a 5050,5 a 85368
Gráfico 2. Distribuição de freqüência do tamanho das propriedades (ha)
pesquisadas no Curimataú Paraibano.
Rural (n = 113) 53%
Urbano (n = 102)47%
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
76
Do ponto de vista conceitual a agricultura familiar não pode ser definida a partir
do tamanho do estabelecimento, pois a extensão máxima é determinada pelo que a
família pode explorar com base em seu “próprio trabalho”1 associado à tecnologia de
que dispõe (Guanziroli e Cardim, 2000). Contudo, pela falta de estudos que referenciem
uma classificação adequada e contextualizada voltada para a criação de suínos locais,
optou-se inicialmente em utilizar uma tipologia comum, em relação ao tamanho da
propriedade, para facilitar o entendimento dimensional quando se trata desta criação.
Portanto, para primeira elucidação dos questionamentos sobre a criação dos
suínos locais, utilizou-se uma classificação simples para seus criadores, pelo tamanho
das propriedades visitadas em: A) aqueles que possuíam até 5 ha, os quais totalizavam
38,3 %; B) de 5,5 até 10 ha, totalizando 7 %; C) de 11 a 85 ha, representados por 6,9 %;
e, D) os criadores que criavam os suínos em área urbana, representando 47,4 % (Gráfico
3).
Gráfico 3. Classificação dos criadores de suínos locais no Curimataú Paraibano.
________________________________________ 1. A maioria dos autores elege o uso da força de trabalho como a principal variável a ser considerada na conceituação da categoria de produtor como agricultor familiar. Isso independente do tamanho da propriedade e do uso de tecnologia.
47,4 %
6,9 % 7 %
38,3 % ABCD
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
77
Ao mesmo tempo em que eram pequenos produtores, 77,5 % eram proprietários
das terras que praticavam a agricultura e criavam seus animais, independente das
espécies produzidas. O restante foi distribuído em: (1) não proprietários, (2) sistema
coletivo de criação de suínos (Anexo 5), independente de serem proprietários ou não e,
(3) outros, com 8 %, 13 % e 1,5 %, respectivamente.
Utilizando apenas os criadores da zona rural, que representavam 52,6 %, para
uma análise da distribuição dos mesmos na referida zona, considerando-se o tamanho da
propriedade, observou-se que 72,6 %, 13,2 %, 13,3 % e 0,9 % dos criadores de suínos
locais possuíam de 0,03 a 5, de 5,5 a 10, de 11 a 85 e 368 ha, respectivamente (Gráfico
4).
72,6%
0,9%13,3%
13,2% 0,03 a 5 ha 5,5 a 10 ha 11 a 85 ha 368 ha
Gráfico 4. Distribuição dos criatórios de suínos locais da zona rural, na microrregião do Curimataú Paraibano, de acordo com o tamanho da propriedade.
Esta distribuição indicou uma maioria (72,6 %) dos criatórios com pequenas
áreas de terra, no máximo chegando a 5 ha, nas quais realizavam todas as suas
atividades agrícolas e pecuárias, para a sobrevivência de suas famílias. Ao demonstrar a
distribuição de freqüência (Tabela 2) dessa maioria, verificou-se que 13; 15; 11 e 17
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
78
criadores possuíam 0,5; 1; 3 e 4 ha, respectivamente, concentrando-se desta maneira as
áreas de terra para suas atividades agropecuárias.
Tabela 2. Distribuição de freqüência dos criadores de suínos locais da zona rural, possuindo de 0,03 a 5 ha, na microrregião do Curimataú Paraibano
Área (ha) Quantidade Percentual Acumulado 0,03 1 0,9 0,9 0,25 2 1,8 2,7 0,37 1 0,9 3,5 0,5 13 11,5 15,0 0,75 1 0,9 15,9 0,8 1 0,9 16,8 1 15 13,3 30,1
1,5 6 5,3 35,4 2 9 8,0 43,4
2,5 1 0,9 44,2 3 11 9,7 53,9
3,5 1 0,9 54,8 4 17 15,0 69,8 5 3 2,8 72,6
A área média dos estabelecimentos familiares nacional é muito inferior à dos
patronais, sendo 26 ha e 433 ha, respectivamente, apresentando também grande variação
entre as regiões, relacionada ao processo histórico de ocupação da terra. Enquanto a
área média entre os familiares do Nordeste é de 16,6 ha, no Centro-Oeste é de 84,5 ha.
(Guanziroli e Cardim, 2000).
Ao comparar a área média dos estabelecimentos familiares no Nordeste com a
encontrada na microrregião do Curimataú Paraibano, observou-se que esta, com apenas
7 ha, é muito inferior.
Sobre a criação coletiva, verificou-se que os criadores de suínos locais em Cuité
não eram proprietários da terra em que criavam seus animais, enquanto que no
município Barra de Santa Rosa ocorria o contrário, mesmo ambos criando em sistema
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
79
coletivo, os deste município eram proprietários de seus criatórios.
1. PRODUÇÃO DE SUÍNOS
Na Tabela 3 encontram-se os dados para o efetivo suinícola encontrado durante a
pesquisa e os dados oficiais referentes a estes efetivos.
Tabela 3. Efetivo suinícola encontrado, efetivo oficial, área geográfica e razão de suínos/km2, para cada município estudado
Municípios Efetivo encontrado
Efetivo IBGE (2003)
%
Área km2
Razão Suínos/km2
Habitantes IBGE (2005)
Razão Suínos/Hab.
1 117 341 34,3 201 1,7 7.208 0,05 2 199 1.780 11,2 735 2,4 19.435 0,09 3 252 1.650 15,3 852 1,9 12.189 0,13 4 372 639 58,2 178 2,2 14.737 0,04 5 160 365 43,8 247 1,5 8.750 0,04
TOTAIS 1.100 4.775 23,0 2.186 2,2 62.319 0,08 Legenda: 1 = Casserengue, 2 = Cuité; 3 = Barra de Santa Rosa; 4 = Remígio; 5 = Tacima.
Verificou-se que os municípios pesquisados na microrregião do Curimataú
Paraibano possuíam 4.775 cabeças de suínos em 2003 (IBGE, 2006), correspondendo a
3,3 % do rebanho estadual, com as razões de suínos/km2 e suínos/habitante de 2,2 e
0,08, respectivamente (Tabela 3).
Estes dados revelam que a produção de suínos é uma atividade pouco expressiva
nos municípios estudados, especialmente quando se observa a razão suínos/habitante.
Portanto, demonstra-se que essa atividade não exerce influência, numa avaliação
macroeconômica, sobre os sistemas de produção animal. Ao contrário desta avaliação
macro, verificou-se que estes poucos suínos, mantidos por alguns criadores, fazem uma
diferença positiva no orçamento familiar e no fornecimento de proteína de origem
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
80
animal para a própria família. Estes dados revelam que os suínos nesta região
desempenham maior valor social que econômico em termos de produção animal
estadual.
Observa-se na Tabela 4 que toda a microrregião do Curimataú Paraibano possuía
13.563 cabeças de suínos e uma densidade populacional de 205.892 habitantes,
representando uma razão de 0,07 suínos/habitante, enquanto que a média desta mesma
razão para os municípios estudados foi maior, com 0,08. O efetivo suíno do universo
estudado representou 35,2 % de toda a microrregião pesquisada.
Tabela 4. Efetivo suinícola e respectivo número de habitantes para todos os municípios
da microrregião do Curimataú Paraibano Curimataú Oriental Curimataú Ocidental
Município Efetivo Número de Município Efetivo Densidade Suíno Habitantes Suíno PopulacionalAraruna 1.110 17.326 Algodão de Jandaíra 684 2.358Cacimba de Dentro 1.600 16.281 Arara 343 12.558Casserengue 341 7.208 Barra de Santa Rosa 1.650 12.189Dona Inês 320 11.345 Cuité 1.780 19.435Riachão 235 3.013 Damião 431 4.427Solânea 1.670 31.957 Nova Floresta 371 10.777Tacima 365 8.750 Olivedos 157 3.070 Pocinhos 948 15.117 Remígio 639 14.737 Soledade 394 12.616 Sossego 525 2.728 5.641 95.880 7.922 110.012
Fonte: Adaptado do IBGE (2003).
Apesar de inexpressiva a criação de suínos nos municípios estudados, verificou-
se que a população pesquisada vivia em municípios genuinamente rurais, ainda que
considerado como áreas urbanas, e esta característica rural facilitava a criação desses
animais, principalmente na maioria dos sítios, sempre próximos aos municípios e/ou ao
redor dos mesmos, indicando uma criação exercida pela população com aproveitamento
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
81
de suas atividades rurais.
Considerando suas atividades rurais e a pouca expressividade da criação de
suínos locais, as famílias criadoras detêm um grande potencial para esta criação, visto a
maioria estar localizada na zona rural, possuir atividades agrícolas, que contribuem
significativamente no fornecimento de alimentação aos suínos, especialmente por esta
espécie ser onívora e aproveitar, inclusive os resíduos da alimentação humana, além de
uma possível intensificação na criação sem degradar o meio ambiente, podendo ainda
contribuir para a conservação dos recursos genéticos suínos do local.
Ao observar a produção de suínos no Estado da Paraíba, tomando por base os
dados do IBGE, verificou-se que houve declínio na produção estadual, de 301 mil
cabeças em 1990 para 144 mil em 2004. Considerando o declínio de mais de 50 %,
supõe-se a existência de um maior potencial de criação e possibilidades de
intensificação, pouco explorado atualmente, devido à carência de incentivos,
especialmente para os criadores familiares, que são responsáveis pela maioria do
rebanho no Estado.
1.1 SISTEMAS DE CRIAÇÃO
Baseando-se nos modelos de sistemas de criação extensivos e intensivos
(Nicolaiewsky et al., 1998), verificou-se que 91,6 % dos produtores praticavam o
sistema extensivo com contenção. Visto que não se pode considerar o sistema de criação
como intensivo apenas pelo fato de estarem os animais presos ou contidos por todo o
período de criação, ao mesmo tempo em que eram criados sem preocupação com
produtividade e sem controles zootécnicos.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
82
Estes animais eram mantidos presos em chiqueiros ou amarrados em cordas por
falta de área para criá-los em piquetes e, principalmente, para evitar que embrenhassem
pelos roçados da própria propriedade e dos vizinhos.
Uma parte dos produtores criava seus suínos amarrados em cordas (16,8 %),
outra em chiqueiros e/ou amarrados em corda (74,3 %) e o restante, em contenção total
(0,5 %). Entretanto, 5,1 % criavam em sistema semi-extensivo ou misto: soltos e
amarrados na corda e/ou em chiqueiro, enquanto que apenas, 3,3 % afirmaram criar seus
animais soltos.
Silva Filha et al. (2005) caracterizando a criação de suínos locais na Paraíba
afirmaram que, grande parte dos suínos é produzida em sistemas próprios da região,
como a criação destes animais amarrados em corda.
A maioria dos produtores da microrregião estudada efetuava em suas criações as
fases de crescimento e terminação (50,5 %); o ciclo completo (38,8 %); seguido da fase
de crescimento (5,6 %) e, terminação (5,1 %).
Foi computado nesta pesquisa para a microrregião do Curimataú Paraibano um
total de 1.100 suínos, com a representatividade de 74,7 %, 14,5 %, 7,9 % e 2,9 % dos
criadores entrevistados criando de um a cinco, de seis a 10, de 11 a 19 e, de 22 a 71
animais, respectivamente (Gráfico 5). Estes dados revelam que se podem considerar os
entrevistados como pequenos produtores familiares, pois em sua maioria chegam a
caracterização do modelo de produção de suínos locais e das tecnologias adotadas na
microrregião do Curimataú Paraibano, que consiste em criar, no máximo, cinco cabeças
de suínos.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
83
Gráfico 5. Representação percentual da quantidade de suínos criados, na
região do Curimataú Paraibano.
Para o estudo de sistemas de produção, segundo Mangabeira (2002), o método
de análise de correspondência múltipla (ACM) vem demonstrando eficácia, pois se
caracteriza por ser multidimensional em oposição às estatísticas descritivas univariadas
que tratam uma variável por vez.
Através da ACM utilizada na avaliação do sistema de produção dos suínos locais
na microrregião do Curimataú Paraibano, observou-se uma distinção entre os grupos
(Figura A), analisando-se concomitantemente as seguintes variáveis:
Do sistema de produção: extensivo sem contenção, extensivo com
contenção e semi-extensivo; e,
Importância econômica da criação de suínos para as famílias
pesquisadas: primeira, segunda, terceira e única importância.
74,7%
14,5%
7,9% 2,9%
1 A 5
6 A 10
11 A 19 22 A 71
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
84
__________________________________________________________________ Dim2 4.0 ˆ * extsc ˆ 3.5 ˆ ˆ 88 85 * 84 3.0 ˆ 4 ˆ 180 105 * 86 2.5 ˆ 2.0 ˆ ˆ 1.5 ˆ ˆ 1.0 ˆ ˆ * t 1691491 0.5 ˆ 1127120 183 * 16 ˆ 203 * 196 1021513 1361019 0.0 ˆ s142028 173 158 * sext ˆ 194** 212* extcc 151 * 10 1776207 199 167 -0.5 ˆ ˆ -1.0 ˆ 116106 104 ˆ 150 * 124 35 * 2 1495156 168 -1.5 ˆ * 25 ˆ * p -2.0 ˆ * u ˆ -2.5 ˆ ˆ ___________________________________________________________________ -2.5 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 Dim1
Figura A. Caracterização multidimensional dos criadores de suínos na microrregião do Curimataú Paraibano.
Legenda: extsc = extensivo sem contenção; extcc = extensivo com contenção; sext = semi-extensivo; u = única; p = primeira; s = segunda; t = terceira.
Baseando-se no resultado do Gráfico 6, identificou-se um grupo distinto com
cinco variáveis: sistema extensivo com contenção, sistema semi-extensivo, primeira,
segunda e terceira importância econômica, para o qual se atribuiu a classificação I.
Estas variáveis representam a dimensão 1 (Dim1) da ACM. Enquanto que na Dim2 foi
identificada a variável sistema extensivo sem contenção, formando o grupo II e, na
Dim3 a variável de importância econômica única para os criadores, caracterizando o
grupo III (Tabela 5).
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
85
Tabela 5. Distribuição das variáveis em função dos resultados de sua dimensão, através da ACM
Variáveis Dim1 Dim2 Dim3 Primeira importância 0,17 Segunda importância 0,50 Terceira importância 0,21 Única importância 0,02 0,93 Extensivo sem contenção 0,00 0,53 Extensivo com contenção 0,40 Semi-extensivo 0,56
Observou-se que as variáveis que formaram a Dim1 estão estreitamente
relacionadas do ponto de vista da pequena produção, já que 91,6 % dos criadores de
suínos locais praticavam o sistema extensivo com contenção e 5,1 % o sistema semi-
extensivo, sendo os suínos para a maioria destes criadores uma importante fonte de
renda familiar, aliada à utilização de restos da agricultura na alimentação dos animais.
Enquanto que apenas 3,3 % afirmaram criar seus animais soltos, caracterizando um
grupo diferenciado dos demais. O mesmo ocorreu com um único criador que afirmou
que os suínos é a única fonte de renda familiar.
1.2 TEMPO DE PERMANÊNCIA NA ATIVIDADE E COMERCIALIZAÇÃO
De acordo com os resultados obtidos em relação ao tempo de permanência na
criação de suínos na microrregião do Curimataú Paraibano, 33,4 % representa os
criadores que estão na atividade suinícola no período de até quatro anos e 66,6 % entre
cinco e mais de 50 anos, evidenciando que os produtores têm experiência de, no
mínimo, cinco anos. Logo, há que se aproveitarem os conhecimentos destes criadores de
suínos locais para a manutenção deste patrimônio genético, que vem servindo durante
muitos anos desde a sobrevivência das famílias produtoras até o prazer que muitos
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
86
afirmaram ter em criá-los, resistindo a muitas adversidades do meio, sociais, comerciais
e econômicas.
Verificou-se que 11,7 % dos entrevistados afirmaram que além de
comercializarem diretamente os animais vivos e/ou a carne, mantinha a produção para o
próprio consumo. O processo de abate desses animais geralmente era efetuado nos
próprios domicílios. Os 88,3 % restantes não produziam para o consumo nem abate,
somente para comercialização.
A comercialização de suínos no universo estudado demonstrou certa
vulnerabilidade, visto que era praticada sem avaliação de custo/benefício ou
preocupação com o mercado, ao mesmo tempo em que os comerciantes intermediários,
conhecidos como “marchantes” faziam sua própria lei de mercado, oferecendo aos
criadores, automaticamente os fornecedores, preços muito inferiores aos praticados na
venda da carne suína no mercado, acarretando, na maioria das vezes, em prejuízo para
os criadores, especialmente porque estes mesmos eram os compradores da carne no
mercado.
Os criadores envolvidos na pesquisa tinham na criação suinícola além da
tradição, passada de pais para filhos, o prazer pela mesma. Talvez estes dois fatores,
tradição e prazer pela criação, tenham sido responsáveis por 88,3 % praticar a
comercialização sem muita preocupação com as leis de mercado, ainda que,
possivelmente acarretando em prejuízos.
Outro fator importante na continuidade desta atividade é o aproveitamento dos
excedentes agrícolas e resíduos da alimentação humana, que implica em redução quase
que total de gastos com a alimentação dos suínos. Este custo, aparentemente zero, da
alimentação, faz supor que existe lucro na comercialização dos suínos na microrregião
do Curimataú Paraibano. O que nem sempre é verdadeiro, pois os criadores reclamam
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
87
muito do preço da venda dos animais, que é muito baixo e que não compensa criá-los,
fato este que induz à desistência de muitos pela atividade.
Ao analisar o mercado econômico em si, ele é regido pelas suas leis que seguem
a vários critérios de oferta e de procura, por exemplo, quanto mais produtos no mercado
seu preço tende a ser menor, e o contrário também, menos produto mais elevado o
preço. No caso dos suínos locais, 88,3 % dos criadores praticavam a comercialização de
seus suínos sem calcular custo/benefício e visando uma margem de lucros ou um
aumento na arrecadação financeira familiar que, da maneira que era praticada, dava uma
falsa impressão de custo zero e na realidade, não resultava em concretos lucros.
Deve-se ter em mente que, a economia não é assistencialista nem filantrópica, é
para produzir bens e riquezas para seus empresários, no caso os criadores de suínos
locais, consequentemente para o país.
Se a comercialização dos suínos girar em torno da economia, deveria se
considerar que toda mercadoria tem um custo de produção e todo produto tem um preço
que obedece às leis da oferta e da procura. Ocorre que os criadores familiares não detêm
tais informações sobre o mercado, necessitando, portanto, serem mais bem informados
para continuar na atividade, com obtenção de lucros e agregação de valor ao produto.
Para uma avaliação comercial e econômica da atividade suinícola, necessita-se
de mais estudos, incluindo uma avaliação de mercado local, para servir de base e
incentivo ao planejamento e à melhoria dos sistemas de criação, conseqüentemente à
conservação dos suínos locais paraibanos.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
88
1.3 MANEJO REPRODUTIVO
Em relação ao manejo zootécnico, foi constatado que 64,5 % não praticavam o
manejo reprodutivo, 32,2 % afirmaram praticar a monta controlada e apenas 3,3 % a
monta natural a campo. Estes resultados convergem para os anteriormente expostos em
relação aos 38,8 % que praticavam o ciclo completo, podendo então, dentro de suas
explorações, praticarem o manejo reprodutivo. Observa-se no Anexo 5 (Figura 3) a
cobertura entre os suínos, sem nenhum controle, com os animais soltos.
Praticamente, 100% dos produtores adquiriam, comercializavam, doavam,
presenteavam um familiar e ou emprestavam seus reprodutores dentro do próprio
município, demonstrando a possível existência de endogamia dentro do rebanho,
promovido pelo provável alto grau de parentesco entre os animais do próprio local.
Como a maioria dos entrevistados não praticava o manejo reprodutivo, não
possuía nenhum controle ou escrituração zootécnica, não sabia informar sobre tamanho
da leitegada nem os pesos da leitegada ao nascer ou ao desmame. Não houve
disponibilidade de dados que possibilitassem uma estimativa da prolificidade ou
qualquer outro parâmetro zootécnico para se avaliar a eficiência reprodutiva destes
agrupamentos populacionais suínos.
Segundo Rydhmer (2000), no aspecto econômico, o tamanho da leitegada é a
característica reprodutiva mais importante e já é considerada em vários programas de
melhoramento.
Durante o período do nascimento até a desmama dos leitões, principalmente nos
estágios iniciais de lactação, ocorre grande porcentagem de perdas, indicando que este
período é crítico, especialmente sob os aspectos relacionados com alimentação, manejo,
cuidados higiênico-sanitários, instalações e equipamentos (Lima et al., 1997). Diante da
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
89
importância significativa de um acompanhamento e adequado manejo reprodutivo,
conclui-se pela necessidade de promover uma formação mais técnica dos criadores,
ressaltando-se os cuidados na reprodução e manejo da leitegada, de modo que os
mesmos possam usufruir dos seus suínos sem, contudo, degradá-los. Pois se observou
condição precária no manejo dos leitões (Anexo 5, Figura 4).
1.4 MANEJO ALIMENTAR
Na amostra analisada, 99,3 % dos criadores praticavam agricultura e todos os
que a praticavam, além do consumo e comercialização do excedente, aproveitavam as
sobras e desperdícios para a alimentação animal, especialmente para os suínos.
O manejo alimentar era praticado de forma precária, sem controle nutricional
nem sanitário da alimentação fornecida. Observou-se que 75,2 % produziam na
propriedade e/ou adquiriam fora dela os alimentos que forneciam aos suínos; 19,2 %
adquiriam fora e somente 5,6 % produziam na própria propriedade. Incluídos na
aquisição externa estão os resíduos da alimentação humana (Anexo 5, Figura 5). Estes
não implicavam em custos financeiros, pois, geralmente, eram coletados nas residências
dos vizinhos, sendo que 99 % dos entrevistados forneciam resíduos da alimentação
humana sem qualquer critério de conservação antes do fornecimento.
Para aqueles que produziam os alimentos fornecidos aos suínos na própria
propriedade (milho, feijão, fava, abóbora) e ou adquiriam fora dela, observou-se que,
devido as suas atividades serem essencialmente agrárias, de todo o excedente da
comercialização era reservado uma parte para o próprio consumo e outra parte para o
consumo animal (Anexo 5, Figura 6). Daí, ser impossível mensurar a quantidade
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
90
destinada ao consumo familiar e ao consumo animal, especialmente para aqueles
animais criados ao redor da casa ou no fundo de quintal, como galinhas, suínos,
caprinos e ovinos (Anexo 5, Figuras 7 e 8).
Os suínos locais estudados demonstraram uma adaptação à alimentação
disponível na região, manifestando habilidade em aproveitar os alimentos
particularmente fibrosos, oriundos da agricultura familiar, os pastos, quando
disponíveis, os frutos das leguminosas e os resíduos da alimentação humana.
Observou-se que os criadores forneciam todo e qualquer alimento aos suínos,
independente da qualidade higiênico-sanitária, fato este que interfere diretamente em
todo o desenvolvimento do rebanho e, consequentemente afeta de alguma forma os seus
criadores.
O uso indiscriminado dos alimentos fornecidos aos animais, sem o mínimo
cuidado higiênico-sanitário, deve gerar redução no desempenho produtivo,
consequentemente dos lucros, oriundos dos baixos preços de venda aos marchantes.
Diminuindo a produtividade dos suínos, automaticamente reduz a produção de carne
disponível para utilização pelos criadores, tanto para comercialização quanto para seu
próprio consumo.
Além dos prejuízos já citados, existem possibilidades dos criadores adquirirem
alguma zoonose devido à falta de adequado manejo alimentar e sanitário.
A origem da água utilizada na criação de suínos era na sua maioria (71,03 %) da
rede pública de fornecimento (Anexo 5, Figuras 9 e 9a), portanto água tratada,
evidenciando que estas criações encontravam-se dentro da área urbana ou muito
próxima, facilitando o uso da água da rede pública. Verificando-se que 52,6 % dos
criadores estavam situados na zona rural e utilizavam água tratada da rede pública, que
chegavam, geralmente, às propriedades através de carros-pipas, pode-se constatar que as
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
91
propriedades rurais estavam sempre nos arredores ou muito próximos aos centros
urbanos.
Observou-se que 28,97 % dos criadores reservavam água das chuvas nas
cisternas, ou através de poços artesanais, barreiros e cacimbas.
1.5 INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS
Quase na sua totalidade, as instalações eram rústicas e improvisadas das mais
variadas formas (Anexo 5, Figuras 10 e 11). Apenas 1,4 % possuía instalações mais
adequadas, podendo encontrar ambientes para serviço, gestação (Anexo 5, Figura 12),
maternidade, crescimento e ou terminação. Verifica-se na Tabela 6 a disponibilidade de
instalações para as criações de suínos e o respectivo material utilizado na construção das
mesmas, demonstrando que a 77,6 % utilizava o conhecido chiqueiro para criar seus
animais.
Tabela 6. Disponibilidade de instalações e respectivo percentual de material de
construção das mesmas para a criação de suínos na microrregião do Curimataú Paraibano
Instalação % Piso % Teto % Parede % Corda 14,5 Cimento 36,8 Ar livre 21,0 Agave 12,0 Chiqueiro 77,6 Cimento e
terra 1,0 Lona 3,4 Cerca 31,0
Nenhuma 6,0 Nenhuma 21,5 Nenhuma 21,5 Nenhuma 21,5 G, M, C, T 1,4 Terra 34,0 Palha 15,8 Tijolo 25,0 Solto 0,5 Pedra 5,3 Telha 33,5 Ripa 2,4 100,0 Outros 1,4 Outros 4,8 Outros 8,1 Legenda: G = gestação; M = maternidade; C = crescimento; T = terminação.
Quanto ao material utilizado na construção das instalações (Tabela 6), para o
piso, 36,8 %; 34 %; 5,3 % e; 1 % utilizava cimento, terra batida, pedra e uma mistura de
cimento e terra, respectivamente. Para o teto, 33,5 %; 15,8 % e; 3,4 % cobriam suas
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
92
instalações com telha de barro ou amianto, palha e lona, respectivamente. Enquanto que
para a parede, apenas 25 % era de alvenaria (tijolo) e os demais cercavam seus
chiqueiros com arame e materiais disponíveis na região, especialmente agave.
Sobre a disponibilidade de máquinas e equipamentos, observou-se que 84,8 %
dos criadores de suínos desta microrregião não possuíam máquinas e/ou equipamentos
(Tabela 7). O município que apresentou melhor condição técnica no que se refere à
existência de equipamentos foi Remígio, com 15,5 %, seguido de Casserengue com 12,5
%. Explica-se o maior percentual para Remígio em função das condições de poucos
criadores neste município, com maior concentração de suínos (Gráfico 5), possuindo
entre 22 a 71 animais.
Tabela 7. Disponibilidade de máquinas e equipamentos para a criação de suínos na
microrregião do Curimataú Paraibano Município Sim % Não % Casserengue 3 12,5 21 87,5 Cuité - - 37 100 Barra Sta. Rosa 1 2,2 44 97,8 Remígio 9 15,5 49 84,8 Tacima 2 4 48 96 TOTAL 15 7 199 93
Portanto, os criadores de suínos locais na microrregião do Curimataú Paraibano,
no que diz respeito à tecnologia em instalações e equipamentos, empregada na produção
de suínos, é mínima ou quase nula, sendo efetuada de maneira simples, rústica e com o
maior aproveitamento possível dos materiais disponíveis no próprio local, a exemplo do
agave, evitando custos desnecessários.
Esta pouca inversão de capital em tecnologias e em máquinas e equipamentos
deve estar associado ao limitado capital dos criadores, que geralmente possuem de um a
cinco suínos manejados no fundo do quintal ou arredor da casa, o que representa 74,7 %
dos criadores pesquisados, somada à baixa capacidade de responder economicamente a
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
93
maiores investimentos na criação de suínos.
1.6 MANEJO SANITÁRIO
Para o manejo sanitário, apenas 15 % afirmaram praticá-lo rotineiramente,
enquanto que 50,9 % não praticavam e 34,1 % praticavam eventualmente. Para os que
praticavam eventual ou rotineiramente, ministravam remédios naturais (6,9 %), a
exemplo do alho ou ervas, e outros medicamentos como, antibióticos, vacinas,
vermífugos (16,5 %). Do total de criadores entrevistados, 76,6 % não forneciam
medicamentos aos suínos.
Em relação aos efluentes e dejetos oriundos da produção suinícola na
microrregião estudada, a situação é bastante precária, pois 98 % dos entrevistados não
os tratavam. Somente 2 % promoviam algum tipo de tratamento a estes resíduos e
limpeza das baias (Anexo 5, Figura 12), situação preocupante do ponto de vista
ambiental, principalmente porque 91,6 % dos criadores possuíam o sistema extensivo
com contenção, ainda que com poucos animais. Reduzir a geração de resíduos na
criação de suínos através do manejo nutricional eficiente e do manejo da água na
propriedade, conforme Fávero (2003) diminui o potencial poluente dos resíduos.
Na maioria das criações visitadas (84,1 %) era efetuada a deposição direta das
fezes no solo. Os demais utilizavam o esterco como adubo na agricultura, ou enterravam
ou depositavam no esgoto urbano.
Os dejetos, afirma Fávero (2003), devem prioritariamente ser usados como
adubo orgânico, respeitando sempre as limitações impostas pelo solo, água e planta.
Quando isso não for possível há necessidade de tratar os dejetos adequadamente, de
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
94
maneira que não ofereçam riscos de poluição quando retornarem à natureza. Portanto,
uma minoria que utilizava os dejetos na agricultura, estava agindo de maneira menos
prejudicial ao meio ambiente, pois certamente não asseguravam um tempo mínimo de
retenção de 30 dias para a decomposição dos dejetos em sistemas anaeróbios ativos,
nem o devido afastamento dos corpos d’água, antes de utilizá-los como fertilizante.
Para um adequado manejo dos dejetos, Pedroso-de-Paiva (2006) indica algumas
alternativas de simples implantação e baixo custo, como o revestimento de esterqueiras
com materiais alternativos. Além da produtividade e competitividade econômica,
qualquer sistema de produção deve primar pela proteção ambiental, não somente pela
exigência legal, mas também por proporcionar maior qualidade de vida a população
rural e urbana (Fávero, 2003).
Contudo, estas indicações técnicas tornam-se complicadas e bastante complexas
para os criadores de suínos da microrregião do Curimataú Paraibano, haja vista que, em
geral, estas criações são pequenas e rústicas, para subsistência ou como uma maneira
extra de poupar. Além da falta de conhecimento técnico, lhes faltam orientação,
assistência e condições financeiras para uma adequada inversão de capital, para, no
mínimo, promover uma adaptação desejável em suas criações, envolvendo desde as
instalações com o máximo de aproveitamento de materiais rústicos e regionais até um
completo e adequado manejo.
A execução destas indicações técnicas, para tornarem-se viáveis à produção
local, exigiria o envolvimento de órgãos públicos, pesquisadores, técnicos, zootecnistas,
médicos veterinários e afins, envolvidos com o processo de criação de suínos locais,
para uma formação dos criadores, ao mesmo tempo em que preocupados com a
conservação destes animais, automaticamente com o desenvolvimento socioeconômico
das famílias produtoras.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
95
De todos os entrevistados, 79,9 % não assumiram qualquer tipo de problema de
ordem sanitária na criação, mesmo sendo visível as condições precárias de manejo
sanitário (Figuras 13 e 14), especialmente a proliferação de moscas. Entretanto, 9,9 %
admitiram ter havido mortes ou incidência de febre, os restantes reconheceram outros
tipos de problemas, como diarréia, tosse, sarna e verminoses.
Quanto ao controle de insetos nas instalações suinícolas, é necessário observar
primeiro as causas da proliferação nas criações que, segundo Pedroso-de-Paiva (2006),
continua sendo as falhas no manejo dos dejetos. A colocação desse material em câmaras
de compostagem, ou o simples “cobrir com lona plástica”, dão um fim a este ponto de
criação de moscas.
A biossegurança segundo Fávero (2003) se refere ao conjunto de normas e
procedimentos destinados a evitar a entrada de agentes infecciosos como: vírus,
bactérias, fungos e parasitas no rebanho, bem como controlar sua disseminação entre os
diferentes setores ou grupos de animais dentro do sistema de produção.
Porém, todos os procedimentos necessários para manter a biossegurança como:
isolamento, localização da granja, acesso, embarcadouro/desembarcadouro de suínos,
transporte de animais, transporte de rações e insumos, introdução de animais na granja,
origem dos animais, quarentena, adaptação, controle de vetores, roedores, insetos e,
destino de animais mortos, deveria ser de conhecimento mais acessível aos criadores de
suínos locais, a fim de contribuir com sua organização e com a conservação deste
patrimônio genético animal e financeiro, pois não se pode desconsiderar a verdadeira
utilização desses animais como subsistência, fonte de proteína de origem animal, além
da renda extra.
Sem acesso às informações torna-se impossível qualquer forma de controle ou
procedimento para evitar a entrada dos agentes patogênicos no rebanho.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
96
O sistema de criação de suínos locais amarrados em corda, utilizado pelos
criadores na microrregião do Curimataú Paraibano provoca lesões nos pescoços dos
animais, que pode se transformar em um vetor para transmissão de doenças, como pode
ser observado nas Figuras 15 e 15a (Anexo 5).
Dos 215 criadores entrevistados, 2,3 % afirmaram ter assistência técnica, 15,7 %
eventualmente e 82 % assumiram não receber nenhuma forma de assistência técnica,
nem dos órgãos públicos nem assistência privada. Estes números são alarmantes uma
vez que seria praticamente impossível promover melhorias no manejo sanitário sem o
devido conhecimento e acompanhamento técnico.
2. OUTRAS EXPLORAÇÕES ZOOTÉCNICAS
Além dos suínos, os pequenos produtores criavam outras espécies animais como:
aves, bovinos, ovinos e caprinos, sem esquecer dos animais de companhia como cães e
gatos (Tabela 8).
Tabela 8. Quantidade e respectivo percentual de outros animais produzidos pelas famílias na microrregião do Curimataú Paraibano
Aves Bovinos Ovinos Caprinos Caninos Felinos Quantidade 151 80 44 25 135 98
% 70,2 37,2 20,5 11,6 62,8 45,6
Observa-se que 70,2 % dos criadores de suínos da microrregião do Curimataú
Paraibano criavam aves (Tabela 8), também para produção de carne e ovos para o
próprio consumo, além de fonte de renda extra. Seguido em número pela criação dos
bovinos, ovinos e caprinos, de grande importância para a agricultura familiar dentro do
universo pesquisado, principalmente pelo fornecimento de leite e carne.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
97
Foram encontradas poucas criações de bovinos, ovinos e caprinos na
microrregião estudada, demonstrando que, principalmente os ovinos e caprinos, não
correspondem à principal criação animal. Estão inseridos no contexto agropecuário,
porém em menor quantidade, ao contrário do que se pensava, provavelmente pela maior
exigência em alimentação, especialmente em pastos, o que não condiz com a realidade
dos pequenos agricultores familiares, uma vez que sobrevivem também da agricultura.
Portanto, mantêm seus poucos bovinos, ovinos e caprinos nos arredores da residência, a
fim de fornecer-lhes provimento de carne e leite.
A baixa freqüência de bovinos, ovinos e caprinos evidencia que, possivelmente
pode existir um maior potencial na microrregião estudada para a criação de suínos
locais, pois estes animais não são tão exigentes quanto os três primeiros em alimentação
e possuem a capacidade de transformar diversos alimentos em proteína, inclusive os
resíduos da alimentação humana, o que não é verdadeiro para os demais. Além de não
concorrer com a agricultura e aproveitar as sobras e desperdícios desta, somando-se à
fonte de renda e de alimentação para as famílias produtoras.
Verificou-se que 62,8 % e 45,6 % dos criadores tinham animais de estimação e
companhia, como cães e gatos, respectivamente.
Para alimentação de todos esses animais, as famílias produtoras se valiam das
produções agrícolas, além dos restos das refeições humanas e das aquisições de farelos
de milho, de arroz, de trigo e de algodão.
Quando analisado os dados para a prática de outras explorações zootécnicas, 94
% dos produtores afirmaram que praticavam estas explorações e somente 6 % não a
praticavam. Foi observado que, as criações de suínos locais dentro da área urbana dos
municípios, especialmente nos quintais das residências ou nos terrenos próximos,
geralmente era consorciada com outros animais, Figuras 7 e 8 (Anexo 5).
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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3. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA
A importância econômica da criação dos suínos para as famílias produtoras no
Curimataú Paraibano verificada neste estudo, situa-se entre segundo e terceiro lugar na
fonte de renda familiar destes produtores, não podendo ser desprezado seu potencial
para a geração de renda, pois foi observado que 11,8 %, 44,3 %, 43,4 % e 0,5 % têm
estes animais como primeira, segunda, terceira e única importância econômica,
respectivamente.
Em relação à renda principal das famílias produtoras (Gráfico 6), verifica-se que
26,62 %, 15,58 %, 14,29 % e 9,09 % provêm da aposentadoria, salário, agricultura e
programas federais de assistência social (bolsa escola, bolsa família), respectivamente.
De maneira geral, estas principais fontes de renda são responsáveis pela manutenção de
todos os membros da família. Os outros 29,22 % correspondem à renda oriunda de
diversas atividades exercidas e/ou fontes, concomitantemente, como a agrícola e a
pecuária, mais a aposentadoria e o comércio, as atividades dos autônomos. Enfim,
diversas atividades de menor expressão percentual no universo estudado, porém não
menos importantes financeiramente.
Os programas federais de assistência social têm uma boa representatividade
dentro do universo pesquisado demonstrando sua importância, uma vez que está
trazendo subsídios para atenuar a condição de fome, miséria e pobreza da população
referencial. Em contrapartida, os governos federal, estadual e municipal têm inteira
responsabilidade em, além dos programas assistencialistas, que são de ordem imediata,
promover o desenvolvimento rural sustentável.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
99
9,15,2
26,6
14,3 15,6
29,2
0
5
10
15
20
25
30
35
Principal renda
Freq
üênc
ia r
elat
iva
%
Programa AssistênciaSocial (PAS)Agricultura + PAS
Aposentadoria
Agricultura
Salário
Diversos
Gráfico 6. Distribuição de freqüência das principais rendas das famílias
produtoras, na microrregião do Curimataú Paraibano, 2006.
Ao somar as duas principais fontes de renda em percentual, 26,6 % mais 29,2 %
da aposentadoria e diversos, respectivamente, obtêm 55,8 %, perfazendo a maioria.
Observou-se que as famílias produtoras de suínos locais, eram pessoas com baixa renda,
mantidas pelos patriarcas ou matriarcas, através de suas aposentadorias (26,6 %) e ou
sobreviviam de diversas pequenas fontes, conseguidas concomitantemente.
Grande parte dos suínos criados no Nordeste do Brasil é produzida em sistemas
próprios da região, geralmente amarrados em corda, caracterizando-se numa atividade
de subsistência familiar que desenvolve um papel de grande importância
socioeconômica, sobretudo, para populações que vivem no meio rural, afirmam Silva
Filha et al. (2006).
Quando Silva et al. (2005) avaliaram a condição socioeconômica dos
suinocultores do Estado de Pernambuco, encontraram tanto nos núcleos urbanos como
rurais problemas como falta de conhecimento, de infra-estrutura, assistência técnica e
subsídios. Os autores afirmaram que cabe aos órgãos competentes e entidades
representativas, promoverem programas que assistam aos criadores, oferecendo-lhes
melhores condições para o exercício da atividade.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
100
Os suínos locais participam de maneira significativa na produção familiar,
especialmente pela fácil adaptabilidade às diversas condições, nem sempre favorável à
exploração do potencial animal, mesmo assim, contribuem para a diversificação de
produtos, segundo Silva Filha et al. (2006). E esta diversidade promove aumento de
renda para as famílias produtoras.
Esta atividade poderia deixar de ser apenas uma atividade de subsistência e
passar a gerar maiores rendas para as famílias produtoras, se explorada em seu potencial
dentro das condições regionais.
A importância do gênero2 na criação dos suínos locais advém da divisão de
tarefas dentro das famílias, onde as mulheres geralmente são as responsáveis pelas
criações que ficam ao redor da casa, como aves e suínos, e os homens com a
responsabilidade nas criações que dependem de uma maior área para sua produção. A
criação dos suínos tem promovido uma margem maior na renda familiar, especialmente
destinada aos gastos de influência feminina, como aquisição de roupas, calçados,
remédios e produtos pessoais, muitas vezes não computados na contabilidade (despesas
e receitas) familiar.
Na microrregião do Curimataú Paraibano, tanto a presença das mulheres quanto
a dos homens é marcante na produção de suínos e na produção agrícola, representada
por 31 % e 22 % das observações, respectivamente. Sendo que 47 % corresponderam
aos dois gêneros exercendo as atividades de produção nas famílias pesquisadas. Estes
resultados evidenciam que as mulheres têm uma participação efetiva nos trabalhos de
produção agrícola e suinícola, além do doméstico.
O desenvolvimento rural surge como alternativa aos problemas do mundo rural,
e através dele se leva em consideração diversas estratégias nas quais é fundamental que
___________________________________________ 2. Gênero é uma construção social por meio da qual se define o que é “apropriado” para o sexo feminino e masculino (Moreno et al., s/d).
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
101
estejam também envolvidas as mulheres e os jovens (Moreno et al., s/d). Especialmente
na produção de suínos locais, que se observa a participação ativa das mulheres e dos
mais jovens nesta atividade. Afirmam Moreno et al. (s/d) que, com a associação dos
conceitos “gênero” e “desenvolvimento” se pretende que tanto as mulheres como os
homens se envolvam e atuem de forma ativa e coordenada através da elaboração e
promoção de seus próprios projetos de desenvolvimento, beneficiando-se de maneira
eqüitativa.
A preocupação de integrar as mulheres e jovens no desenvolvimento, parte do
convencimento de que este deve estar centrado na população local, destinado a ela e
realizado por ela, baseando-se nas necessidades, problemas e participação da população
(Moreno et al., s/d). Se os suínos locais são criados, abatidos, comercializados e/ou
consumidos dentre seus próprios criadores e população local, nada mais justo que se
pensar no envolvimento, acompanhado do respectivo desenvolvimento de toda a
família.
O índice de desenvolvimento humano (IDH) é um índice criado pelas
Organizações das Nações Unidas (ONU) com a intenção de “medir” esse
desenvolvimento, calculado pela combinação de três indicadores: esperança de vida ao
nascer, alfabetização de adultos, escolarização e renda per capta (PIB).
Atualmente, todos os Estados brasileiros estão acima da linha média de
desenvolvimento, que é o 0,5 (sendo o máximo 1).
Nos anos 70, o IDH do Brasil era 0,494 e o da região Nordeste, 0,299. O avanço,
numericamente, chega a mais de 132 %, e as diferenças, entre uma década e outra, são
visíveis, mas a situação da Paraíba ainda não é boa. Em 1970, o Estado ocupava a
última posição no ranking; a situação melhorou em 1996, quando passou para a 24ª
posição, onde continua, com base no IDH de 2000, de 0,678. Essa melhoria no IDH
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
102
reflete, principalmente, a evolução nos Estados mais pobres (Jornal da Paraíba, 2006).
Na Tabela 9 encontram-se os IDH-M para os municípios de Remígio, Cuité,
Barra de Santa Rosa, Tacima e Casserengue, sendo todos inferiores ao IHD-M da
capital João Pessoa. Casserengue possuía, conforme esta tabela uma das piores
colocações de todo o Estado, já que chegou a posição de 220º colocado no ranking
estadual, haja vista que o mesmo possui 223 municípios, perdendo apenas para Natuba,
Curral de Cima e Cacimbas, respectivamente.
Tabela 9. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) 2000, referente aos municípios estudados na microrregião do Curimataú Paraibano
Município Índice de educação (IDHM-E)
Índice de PIB (IDHM-R)
Índice Municipal (IDH-M)
Ranking por UF
Ranking Nacional
João Pessoa 0,885 0,743 0,783 1 985 Remígio 0,673 0,528 0,612 62 4443 Cuité 0,679 0,517 0,588 113 4863 Barra de Sta Rosa 0,661 0,477 0,575 135 5047 Tacima 0,602 0,466 0,548 198 5322 Casserengue 0,559 0,420 0,513 220 5466 Fonte: PNUD, 2006.
A Paraíba tem hoje um dos piores índices do País, juntamente com Alagoas
(0,633), Maranhão (0,647), Piauí (0,673) e Sergipe (0,687), conforme dados do PNUD
(2006).
Já os cinco Estados com maiores IDH no Brasil são, respectivamente, Distrito
Federal (0,844), São Paulo (0,814), Rio Grande do Sul (0,809), Santa Catarina (0,806) e
Rio de Janeiro (0,802), situando-se na faixa de alto desenvolvimento humano. Todos os
demais se encontram na categoria de médio desenvolvimento humano.
Realizando um confronto na produção de suínos no Nordeste com o IDH,
observou-se que os Estados com menores produções suinícolas são: Pernambuco, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe com, 6%; 2 %; 2 %; 2 %; e 1 %,
respectivamente, enquanto os menores IDH se concentravam na Paraíba, Alagoas,
Maranhão, Piauí e Sergipe. Portanto, os três Estados: Paraíba, Alagoas e Sergipe
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
103
poderiam realizar uma auto-avaliação crítica de suas pequenas produções rurais e logo
perceberiam que a suinocultura está presente, como outras culturas zootécnicas, e que
são capazes de promover o desenvolvimento de suas famílias produtoras, desde que
bem planejadas, enxergando a biodiversidade como um importante fator de
desenvolvimento sustentável.
A suinocultura local pode ajudar a melhorar o IHD-M dos municípios da
microrregião do Curimataú Paraibano se for incentivada dentro de princípios de
sustentabilidade do sistema de criação, para além de melhorar a renda de seus criadores,
aumentaria o fornecimento de proteína de origem animal de excelente qualidade,
promoveria uma renda a mais para as famílias produtoras, podendo também representar
a conservação dos recursos genéticos suínos no Estado da Paraíba, outrora esquecidos.
A situação desconfortável em relação ao IDH tem razões de ser, afinal, segundo
dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2002 (IBGE) as diferenças de
qualidade de vida entre os mais ricos e os mais pobres continuam grandes (Jornal da
Paraíba, 2006).
De acordo com o estudo, nos domicílios dos 10 % mais ricos do Estado, 63 %
tinham acesso ao saneamento básico adequado, ou seja, ligados à rede geral de esgotos,
com abastecimento de água por rede geral, e 3,1 % dos que são empregados têm
carteira. Já entre os 40 % mais pobres da Paraíba, 78,2 % vivem em domicílios sem
estrutura sanitária adequada.
Se 78,2 % dos domicílios paraibanos vivem sem estrutura sanitária adequada
para sua própria família, como desejar que a criação de suínos locais tenha o mínimo
necessário de tratamento sanitário? Antes, a realidade exige que se promova o
desenvolvimento das pessoas e, certamente que a suinocultura local poderá contribuir.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
104
Na cadeia da suinocultura, segundo Fávero (2003), o produtor historicamente é
o elo mais fraco, é o mais desorganizado, o mais descapitalizado e com menor grau de
profissionalização. O grande número de pequenas unidades produtoras de suínos, bem
como sua dispersão geográfica, dificulta a organização dos produtores, enfraquecendo o
poder de negociação no processo de determinação dos preços. Entretanto, Moreira (s/d)
afirma que a suinocultura dentro da cadeia produtiva animal, no Nordeste, possui uma
importância subestimada pela sociedade. Considerar a criação de suínos como atividade
meramente de subsistência, é negar a função social e econômica que esta atividade
possui.
Para uma mudança da imagem que a criação de suínos locais possui
atualmente, é necessário mostrar quais as vantagens que este ramo da pecuária possui,
quando criada de maneira racional e planejada.
O estabelecimento de uma política pública de difusão de conhecimento aos
pequenos criadores de suínos locais, de abastecimento de insumos, principalmente de
milho, melhoria na organização da produção, evitando excesso de oferta, e o
crescimento do mercado interno e externo para a carne suína local, poderão garantir
melhores preços para o suíno, consequentemente melhor remuneração para seus
criadores, tornando a atividade menos vulnerável do ponto de vista econômico.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
105
CONCLUSÕES
Os criadores de suínos na microrregião do Curimataú Paraibano criam seus
animais em situações precárias de manejo zootécnico, em sua maioria, por falta de
conhecimento de técnicas que possibilitem, de maneira adequada, uma criação
satisfatória, com o mínimo desejado, dentro de suas possibilidades e realidade local.
Os suínos locais estudados, mesmo em situações precárias e adversas, fornecem
proteína de origem animal e renda aos seus criadores.
A microrregião analisada possui um potencial para criação dos suínos locais,
maior do que o atualmente explorado.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O suíno local encontrado na microrregião do Curimataú Paraibano forma uma
população muito heterogênea, que de forma natural tem sobrevivido a distintas
condições ambientais e limitações nutricionais.
Estes resultados servem como orientação inicial para uma completa
caracterização morfológica dos suínos da região pesquisada, principalmente pela total
ausência destas informações a respeito dos suínos locais na Paraíba, demonstrando que
existe uma carência enorme de informações do ponto de vista da avaliação fenotípica
destes animais, para posteriormente traçar um plano de conservação genética.
Devido à dinâmica dos sistemas de produção encontrados e a rápida utilização
dos animais pelas famílias produtoras, seja para comercialização (informal, direta ou
indiretamente) seja para o próprio consumo, os suínos locais são abatidos
frequentemente e poucas famílias possuem os reprodutores, detalhe importante a ser
observado na continuação de pesquisas para a caracterização genética e produtiva destes
animais no Curimataú Paraibano.
Com o potencial para criação dos suínos locais observado nesta pesquisa, deve
ser incentivado e intensificado de forma a não degradar os recursos genéticos suínos
nem o ambiente.
A importância socioeconômica da criação dos suínos para as famílias produtoras
no Curimataú Paraibano deverá ser valorizada e aproveitada para o aumento na geração
de renda, como provimento de proteína animal de boa qualidade, como uma cultura
tradicional e preservação de recursos genéticos suínos.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 109
ANEXOS
ANEXO 1. CAPÍTULO II : Questionário
1. DADOS GERAIS: IDENTIF. DO PRODUTOR:___________ (Com código: letra (cidade) e número) Nome do(a) Criador(a): ___________________________________________________ Ano de Nascimento: ______________ ou Idade:___________ Endereço: ___________________________________________________________________________ Município: _______________________________________________ Estado: ____CEP:____________ Casa Própria: ____________ Casa Alugada: _____________ Nome da Propriedade (Sítio): ____________________________________________________________ Localização: __________________________________________________________________________ Distância aproximada do Centro do Município: __________________km. Tamanho da propriedade (ha): ________________ Situação da Propriedade (Sítio): Dono Empregado Arrendatário Parceiro Ocupante Outro:_________ OBS:________________________________________________________________________________ Pessoas no total e por idade que trabalham na produção de suínos: Faixa etária Fem. Masc. Total 0-12 anos 13-18 anos Acima de 19 Total Outros animais criados ou presentes na propriedade: De produção: Quant. Bovinos de carne Bovinos de leite Ovinos Caprinos Aves Outros (especificar) 2. DADOS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA: Produção Agrícola: O que planta: Consumo Cons. Animal Comércio Milho Feijão macassa Feijão_____________ Jerimum Abóbora ( para animal) Fava OBS (peso da saca/tipo):____________________________________
De trabalho: Quant. Bovinos Eqüinos Asininos Outros (especificar)
De companhia: Quant Caninos Felinos Aves Silvestres domesticados
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 110
3. PRODUÇÃO DE SUÍNOS: Quantos animais você têm e quais são?
Categoria Suínos Locais Suínos Exóticos TotalLeitões (L) (nasc. até desm.) M: F: M: F: Crescimento (C) (desm. até 30kg) M: F: M: F: Terminação (T) (30kg até abate) M: F: M: F: Matrizes (M) Varrões (V) (cachaço / reprodutor) Total M: F: M: F:
3.1 DESTINO DA PRODUÇÃO DE SUÍNOS: Para que você cria? Categoria Venda direta Venda ao marchante Venda a outros Troca Consumo próprio Leitões Desmama à 60kg Gordos (+ 60kg) Refugos Carne fresca Reprodutores Matrizes
De onde vem a maior renda da família (fonte)?______________________________________________ Se da agricultura, especificar qual?________________________________________________________ Se da produção animal, especificar qual?____________________________________________________ Importância dos suínos na economia global da propriedade (Família):
Único Primeiro Segundo Terceiro Ciclo: Completo Crescimento Terminação Confinamento: Intensidade:
Misto (quais):____________________________________ OBS:________________________________________________________________________________ 3.2 DADOS DO PLANTEL SUÍNO: Especificar suíno que cria pela denominação popular local (ex.: Baé, Comum, Preto, Casco de Mula, etc) ____________________________________________________________________________________. Desde quando os possui (tempo de criação)? ______________________________ Como e onde os conseguiu? ______________________________________________________________ Conhece alguma característica particular destas raças? _________________________________________ _____________________________________________________________________________________ SE FOR MARCHANTE: Onde abate os animais?_____________________________________________ Onde vende?__________________________ Vende carne fresca, salgada, como? __________________ ____________________________________________________________________________________ 3.3 MANEJO REPRODUTIVO:
Monta controlada Monta a campo Inseminação OBS (assistência e qual):________________________________________________________________ Qual o cuidado especial com a parideira (matriz)? ____________________________________________ Caso não tenha o varrão (reprodutor), como e onde faz a cruza?__________________________________ _____________________________________________________________________________________ Qual o tipo (raça) do reprodutor?__________________________________________________________ Idade ao primeiro serviço (fêmeas): ________________________ (machos): _______________________
Intens. Semi-intens. Extens. Chiqu. Misto Solto Corda
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 111
Sistema de parição: Estacional Continuo Leitões/porca/ano:________ Leitões/porca/parto:________ Nati-vivos/porca/parto: ________ Nati-mortos/porca/parto: __________ Parto/matriz/ano:__________ Idade a desmama: ______ Peso a desmama:_______ Idade a castração:_______ Peso a castração: ______ Quando as fêmeas apresentam cio-fértil: ___________________ O que é feito quando apresentam cio várias vezes: ____________________________________________ Causas de descarte dos reprodutores (machos e fêmeas): _______________________________________ _____________________________________________________________________________________Cuidados especiais com os reprodutores (machos e fêmeas): ____________________________________ _____________________________________________________________________________________ Cuidados especiais com os leitões após nascimento (aplicação Fe, cauda, dentes, umbigo, alimentação): _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________. Idade, peso e nº de animais mortos após desmama: ___________________________________________. OBS:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.4 MANEJO ALIMENTAR: Origem do alimento: Tipo: Inverno Verão
Ração balanceada (ração comercial) Grãos (quais):___________________________________________ Pasto natural (capim):_____________________________________ Concentrados protéicos animais (farinha de carne ou sangue) Concentrados protéicos vegetais (farelo de soja, de algodão) Resíduos e subprodutos (restos refeições domésticas, bagaços) 1. 2. 3.
Origem da água utilizada para a produção (rede, poço, açude): __________________________________. 3.5 MANEJO SANITÁRIO: Planos sanitários implantados:
*(especificar)__________________________________________ Caso forneça remédio natural, qual e para que:_______________________________________________ Problemas sanitários ocorridos no último ano: Problema Categoria afetada
Tratamento de efluentes: Destino final de efluentes: Deposição direta Fertilização Policultivos* Reuso da água ** Outros ***
*especificar___________________________________________________________________________ **espacificar______________________________***especificar________________________________
Produzidos na propriedade Adquiridos fora
De rotina Eventuais Nenhum
Tipo: Vacinações Antiparasitários Antibióticos Vitamínicos Minerais Outros * Período:
Especificar
Sim Não
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 112
Assistência técnica: Permanente:_______ Eventual:__________ Profissional atuante: * especificar_______________________________________
Zootecnista Veterinário Agrônomo Téc. Agropec. Outro * Nenhum Há inspeção por algum órgão: Qual:____________________ 3.6 INSTALAÇÕES Tipo: Serviço (reprodução) Refugio Gestação Embarcadouro Lactação/Maternidade Galpões Desmama / creche Multiuso Crescimento Piquetes (pasto) Terminação Outra * * (especificar)______________ Disponibilidade de máquinas e equipamentos:
Quais: __________________________
Materiais utilizados nos chiqueiros e/ou instalações: Pisos Tetos Paredes
QUAIS OS PROBLEMAS QUE ENCONTRA PARA A CRIAÇÃO DOS SUÍNOS? ____________________________________________________________________________ TEM ALGUMA OUTRA INFORMAÇÃO SOBRE A CRIAÇÃO DOS SUÍNOS? ____________________________________________________________________________
Sim Não
Sim Não
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 113
4. IDENTIFICAÇÃO DE PLANTÉIS DE SUÍNOS DE RAÇAS LOCAIS (1 formulário/animal) IDENTIF. PRODUTOR E DO ANIMAL:___________
(Com código: letra e número, seguindo a seqüência a partir do Produtor) OS ANIMAIS DESTA RAÇA TÊM O SEGUINTE PERFIL:
Identificar qual é a raça (nome usado pelo
criador): ____________________ Outro perfil (especificar) ________________________________________
OS ANIMAIS DESTA RAÇA TÊM O SEGUINTE TIPO DE ORELHA:
Outro tipo (especificar): ____________________________________
SEXO: M_____F_____ IDADE: _____________ OS ANIMAIS DESTA RAÇA TÊM AS SEGUINTES MEDIDAS BIOMÉTRICAS: Tamanho (cm): Comprimento da Cabeça (desde a protuberância occipital até a ponta do focinho):__________ Largura da Cabeça (entre ambas as apófises do temporal): ____________ Distância inter-orbital (entre ambas as apófises do frontal): _______________ Comprimento do focinho ou cara (desde a sutura frontonasal até a ponta do focinho): ________________ Largura do focinho (distância existente entre a base dos dentes): ___________________ Comprimento da orelha: ________________ Largura da orelha: _________________________ Comprimento do Pescoço:_______ Peito:_______ Largura entre as escápulas:___________________ Comprimento da garupa (desde a ponta da anca até a ponta da nádega):________________ Largura da garupa ((entre ambas as tuberosidades ilíacas externas):_________________ Comprimento do pernil (desde o término da nádega até a ponta de conversão): _________________ Comprimento (cm) do corpo: ___________ Altura (cm): Pernas:______________ Dorso:_____________ Cernelha:________________ Garupa:________________ Altura na inserção da calda:____________ Perímetro (cm): Toráxico:__________ Abdominal:__________ Canela (mocotó):________________
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 114
Pelagem:
*especificar________________________________ **especificar_______________________________
Cerdas: Coloração: Mucosas: e Pés (pernas):________________________ Tetas (unidade): FORMULÁRIO PREENCHIDO POR: _____________________________________________________ Município: ______________________Estado:____, ______/______/______
Preta Cinza Arroxeada Pintada* Outra **
Presentes Raras Ausentes
Escura Clara Manchada Despigmentada
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 115
ANEXO 1. CAPÍTULO II : Tabelas
Tabela 1. Características das principais raças de suínos nacionais Nome usual Sinonímia Origem étnica Pelagem Tipo de
orelha Perfil
cefálico Canastra Meia Perna (PE)
Ou Maxambomba (MG/GO)
Alentenjana (Pen. Ibérica). Transtagana (Pen. Ibérica) Alentenjana x Berkshire
Predomina a preta, permitindo a avermelhada. Cerdas finas e uniformes.
Ibérico Côncavo subcôncavo
Canastrão Junqueira (SP/MG), Capitão Chico, Zabunba (BA/SE)
Bizarra (Pen. Ibérica), Beiroa (Pen. Ibérica) Canastra x Large Black
Preta uniforme. Pintas vermelhas ou manchas brancas, no corpo e pés (tolerada). Cerdas abundantes..
Céltico Côncavo
Caruncho Piau Pequeno, Caruncho Vermelho,
Carunchinho
Piau x Tatu. Variedade menor do piau, variedade do Tatu. Cruzamento entre canastra e small White.
Branca-creme manchas pretas, e mais raramente, vermelha e branca. Preta tolerada.
Asiático a Ibérico
Côncavo ultracôncavo
Moura Mouro, Pereira, Estrela, Estrelense
Canastra com Duroc, Canastra x Canastrão x Yorkshire
Tordilha; às vezes rosilha. Cerdas pretas e brancas, entremeadas, distribuídas uniformemente pelo corpo.
Ibérico a Céltico
Retilíneo e subcôncavo
Nilo Nilo - canastra
Obscura. Canastra x Tatu. Semelhante à raça pelada de Teano; subraça Napolitana.
Preta, geralmente pelada, às vezes com manchas brancas no corpo e extremidades (indesejável). Cerdas ralas e finas (raro).
Ibérico Subcôncavo Retilíneo
Piau Piau “São Carlos”, Piau “Uberaba”
Cruzamentos entre as raças Poland China, Duroc, Canastra, Canastrão.
Branca-creme com manchas pretas. Variação três pintas (branca, preta e vermelha) tolerada.
Ibérico (São Carlos), Asiático (Uberaba)
Retilíneo Subcôncavo
Pirapitinga Pirapetinga, Mandi
Cruzamento entre Nilo e Tatu.
Preta ou arroxeada. Cerdas ausentes.
Asiático Retilíneo
Tatu Baé, Baié, Macau, Perna Curta
Raças chinesas (Siamesa e Conchinchina) e indochinesas introduzidas em Portugal com o nome de Macau.
Preta. Cerdas pouco abundantes
Asiático Subcôncavo
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 116
Monteiro Suínos domésticos trazidos pelos colonizadores, que se tornaram silvestres.
Uma só cor, geralmente preta ou marrom escuro, sem pintas nem manchas.
Ibérico Retilíneo
Sorocaba Resultado: 3/8 Caruncho vermelho, 3/8 Tamworth (inglesa) e 2/8 Duroc
Fonte: Adaptado de EMBRAPA/CENARGEN (1990).
Tabela 14. Características das variáveis perfil cefálico, tipo de orelha e pares de tetas, das raças nacionais
Variáveis Canastra Canastrão Caruncho Moura Piau Monteiro Perfil
cefálico C e Sc C C e Uc R e Sc R e Sc R
Tipo de orelha
I C A a I (AI) I a C (CI) I e A I
Pares de tetas
05 pares 05pares 05 pares 06 pares 05 pares sem inf.
Legenda: C – Concavilíneo; R – Retilíneo; Sc – Subconcavilíneo; Uc – Ultraconcavilíneo. A – Asiática; AI – Intermediária entre Asiática e Ibérica; C – Céltica; CA - Intermediária entre Céltica e Asiática; CI - Intermediária entre Céltica e Ibérica; I – Ibérica. Fonte: Adaptado de EMBRAPA/CENARGEN (1990).
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 117
ANEXO 2. CAPÍTULO II: Figuras
Figura 2. Criação coletiva de suíno, não proprietários da terra, Cuité/PB.
FOT
O: S
ILV
A F
ILH
A, O
. L, 2
006.
Figura 1. Suíno criado na corda, Remígio/PB.
FOT
O: S
ILV
A F
ILH
A, O
. L, 2
006.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 118
ANEXO 3. CAPÍTULO II: Tipos de Orelha e Perfil Cefálico Tipos de Orelhas: Asiático Céltico Ibérico (para cima) (caída) (intermediária) Perfil Cefálico:
Retilíneo Concavilíneo
Ultra-concavilíneo Sub-côncavilíneo
FOTO
: SIL
VA
FIL
HA
, O. L
, 200
6.
FOTO
: SIL
VA
FIL
HA
, O. L
, 200
6.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 119
ANEXO 4. CAPÍTULO II: Caracterização das Raças Nacionais Canastra Outras denominações da raça: Meia Perna (PE) ou Maxambomba (MG/GO).
Características da raça: Cabeça: tamanho médio, perfil subcôncavo ou côncavo; focinho de comprimento e grossura medianos. Orelhas: tipo ibérico. Cernelha: cheia; largura semelhante a do dorso; não proeminente. Pescoço: curto; cheio; levemente arqueado. Espáduas: largas; sobre os antebraços. Dorso e lombo: largos, ligeiramente arqueados, em harmonia com as costelas, paletas, flancos, ancas e cernelha. Costados: largos; espessos. Barriga: cheias; arqueadas; mínimo 10 tetas funcionais. Garupa: comprida; acompanhando a largura do dorso com formato arredondado Pernil: desenvolvido; descido até o jarrete. Membros: compridos; fortes; normalmente aprumados. Cerdas: finas; distribuídas uniformemente. Pele: preta. Pelagem: predominante a preta, podendo haver castanhos (roxo) com pelos finos e uniformes.
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 120
Canastrão Outras denominações da raça: Junqueira (SP/MG), Capitão Chico ou Zabumba(BA/SE). Características da raça: Cabeça: tamanho médio; perfil côncavo; focinho de comprimento mediano, fronte larga, deprimida no centro; papada cheia e arredondada, proporção mediana. Orelhas: tipo céltico. Pescoço: mediano, não muito cheio, apresentando, não raro, leve arqueamento. Dorso e lombo: largos, ligeiramente arqueados, sobretudo nos animais adultos. Costados: largos; espessos; lisos; profundos. Barriga: volumosa e magra; mínimo 10 tetas funcionais. Garupa: comprimento médio; estreita; inclinada; arredondada. Pernil: desenvolvido; descido até o jarrete; magro. Membros: compridos; fortes; normalmente aprumados. Cerdas: abundantes; escuras; mais concentradas na linha superior do corpo. Pele: escura. Pelagem: preta e uniforme; vermelha ou com pintas/manchas brancas (tolerada) .
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 121
Caruncho Outras denominações da raça: Piau Pequeno, Caruncho Vermelho ou Carunchinho. Características da raça: Cabeça: tamanho pequeno, perfil côncavo ou ultracôncavo (indesejável); focinho curto e grosso; papada pronunciada. Orelhas: tipo ibérico ou asiático. Pescoço: curto e grosso. Espáduas: longas e cheias não passando da linha do dorso. Dorso e lombo: retos, de comprimento e largura mediana. Costados: profundos e espessos. Barriga: cheia e arqueada, mínimo de 10 tetas funcionais. Garupa: curta e arredondada. Pernil: curto, largo e profundo. Membros: curtos, ossatura leve, forte tendência à flexão. Cerdas: lisas, abundantes e distribuídas uniformemente pelo corpo. Pele: escura. Pelagem: branca-creme (areia), com manchas pretas, e mais raramente, roxa e branca. Preta (tolerada).
SILVA FILHA, O. L. (2006). Caracterização da Criação de Suínos Locais no Curimataú Paraibano. 122
Monteiro Características da raça: Cabeça: tamanho mediano; perfil retilíneo; mandíbulas inferior e superior largas; nariz largo e fino; olhos grandes. Orelhas: tipo ibérico. Pescoço: mediano a largo, sem pregas, em harmonia com a linha de cima e as regiões do tronco e da cabeça. Estatura: média. Dorso e lombo: em harmonia com as espáduas. Costados: planos. Barriga: não é muito volumosa. Garupa e cauda: garupa inclinada e cauda de longitude mediana, implantada baixa, fina e terminando com alguns pêlos, são sempre retas. Pernil: bem cheios, largos, densos e sem pregas. Membros: finos, de longitude média;antebraços largos e musculosos; movimentos livres e desembaraçados. Cerdas: medianamente abundantes, escuras e mais concentradas na linha superior do corpo. Pele: negra, sem pregas. Pelagem: uma só cor, geralmente preta ou marrom escuro, sem pintas ou manchas.
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Moura Outras denominações da raça: Mouro, Pereira, Estrela ou Estrelense. Características da raça: Cabeça: tamanho médio, perfil retilíneo e subcôncavo; focinho mediano e grosso; papada leve. Orelhas: tamanho médio, caídas, forma ibérica, intermediárias, entre céltico e asiático. Pescoço: curto e forte, sem ser grosso, bem implantado na paleta. Espáduas: largas, compridas, cheias, descidas sobre os antebraços. Dorso e lombo: largos, compridos, ligeiramente arqueados, em harmonia com a garupa, costelas e cernelha. Costados: profundos e largos. Barriga: levemente convexa; mínimo 12 tetas funcionais. Garupa: comprida; acompanhando a curvatura e a largura do lombo à cauda. Pernil: comprido; moderadamente largo; não muito descido. Membros: de proporções medianas; ossos médios e firmes, bem aprumados. Cerdas: lisas e distribuídas uniformemente pelo corpo. Pele: preta Pelagem: variando de tordilho claro ao negro; às vezes apresentando estrias; geralmente apresentando estrela branca entre os olhos.
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Nilo Outra denominação da raça: Nilo – canastra. Características da raça: Cabeça: tamanho médio; leve; perfil subcôncavo a retilíneo; testa larga; focinho de comprimento ,médio e fino; olhos grandes; pouco proeminentes e afastados. Orelhas: peladas; finas; tipo ibérico. Pescoço: curto; cheio;levemente arqueado, em harmonia com o tronco. Cernelha: larga; cheia; mesma largura do dorso. Espáduas: largas, cheias, descidas sobre os antebraços. Dorso e lombo: largos, em harmonia com as espáduas, flanco, anca e cernelha. Costados: largura mediana; não muito profundo. Barriga: cheia;profunda;mínimo de 10 tetas funcionais. Garupa: levemente inclinada e arredondada. Pernil:cheio; largo; profundo. Cerdas: ausentes; muito ralas (toleradas). Pele: preta. Pelagem: preta, às vezes com manchas brancas no corpo e extremidades (indesejável).
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Piau Outras denominações da raça: Piau “São Carlos” ou Piau “Uberaba”. Características da raça: Cabeça: tamanho médio, perfil retilíneo ou subcôncavo; focinho mediano; pouca papada. Orelhas: tipo ibérica no Piau “São Carlos; tipo asiática no Piau “Uberaba”. Pescoço: comprimento mediano; cheio em proporção ao ombro; boa inserção. Espáduas: longas; medianamente niveladas e cheias; acompanhando a largura do dorso. Cernelha: larga; cheia; acompanhando o dorso. Dorso e lombo: largura e comprimentos médios; às vezes ligeiramente arqueados. Costados: profundos e espessos. Barriga: cheia; levemente arqueada; mínimo 10 tetas funcionais. Garupa: comprimento médio a arredondado. Pernil: comprido; moderadamente largo; descido. Membros: ossatura média; porém resistente; às vezes apresentando fragilidade nos tendões. Cerdas: lisas; uniformemente distribuídas pelo corpo. Pele: escura. Pelagem: branca a creme (areia); com manchas pretas; variação “3 pintas”( branca, preta, vermelha ou roxa) ( tolerada).
Piau Uberaba
Piau Uberaba
Piau São Carlos Piau São Carlos
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Pirapitinga Outras denominações da raça: Pirapetinga e Mandi. Características da raça: Cabeça: tamanho médio; enrugada; perfil retilíneo; focinho comprido; fronte larga e olhos salientes; pouca papada. Orelhas: tipo asiático. Pescoço: comprimento mediano. Cernelha: cheia; às vezes destacada no dorso. Espáduas: longas; cheias. Dorso e lombo: longos; tendência à lordose. Costados: profundos e largos. Barriga: cheia; arqueada; mínimo 10 tetas funcionais. Garupa: curta; arredondada. Pernil:curto; estreito; arredondado. Membros: ossatura fina; tendões fracos; tendência à flexão. Cerdas: ausentes. Pele: preta ou arroxeada com tendência ao enrugamento. Pelagem: preta ou arroxeada.
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Tatu Outras denominações: Baé, Baié, Macau ou Perna Curta. Características da raça: Cabeça: tamanho pequeno a mediano; perfil subcôncavo; fronte larga e abaulada, focinho curto e reto; bochechas grandes. Orelhas: tipo asiático. Pescoço: curto; medianamente grosso. Cernelha: larga; mesma largura do dorso. Espáduas: cheias; medianamente nivelada. Dorso e lombo: largos; curtos; retos. Costados: arqueados e profundos. Barriga: bem desenvolvida.. Garupa: cheia e arredondada. Pernil: curto e arredondado. Membros: curtos; ossatura fina; aprumos regulares, cascos pequenos. Cerdas: pretas; pouco abundantes. Pele: preta. Pelagem: preta.
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Sorocaba
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Casco de Mula
Suínos encontrados em Barra de Santa Rosa/PB, 2006.
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ANEXO 5. CAPÍTULO III: Figuras
Figura 1. Criação coletiva de suíno, proprietários da terra, Barra de Santa Rosa/PB.
Figura 2. Criação coletiva de suíno, não proprietários da terra, Cuité/PB.
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Figura 3. Cobertura de suíno, em Barra de Santa Rosa/PB.
Figura 4. Manejo precário dos leitões, Barra de Santa Rosa/PB.
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Figura 5. Resíduos da alimentação humana para fornecimento aos suínos.
Figura 6. Suíno amarrado alimentando-se de abóbora em Barra de Santa Rosa/PB.
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Figura 7. Criação consorciada em Tacima/PB. Figura 8. Criação consorciada em Tacima/PB.
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Figuras 9 e 9a. Água da rede pública fornecida aos suínos, Barra de Santa Rosa/PB.
Figura 10. Instalações rústicas e improvisadas em Barra de Santa Rosa/PB.
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Figura 11. Instalações rústicas e improvisadas em Tacima/PB.
Figura 12. Instalação para gestação em Cuité/PB.
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Figura 13 Condições precárias de manejo sanitário, Cuité/PB. Figura 14. Condições precárias de manejo sanitário, Barra de Santa Rosa/PB.
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Figuras 15 e 15a. Suíno amarrado em corda com ferimento no pescoço,
Casserengue/PB.
Figura 16. Suíno amarrado em corda com ferimento no pescoço, Tacima/PB.
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