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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DOUTORADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO SAMIR ELIAS KALIL LION A PERSPECTIVA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE O PODER ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO Salvador 2015

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    INSTITUTO DE CINCIA DA INFORMAO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA DA INFORMAO

    DOUTORADO EM CINCIA DA INFORMAO

    SAMIR ELIAS KALIL LION

    A PERSPECTIVA POLTICA: UM ESTUDO SOBRE O PODER

    ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAO

    Salvador

    2015

    http://www.portal.ufba.br/http://www.portal.ufba.br/

  • SAMIR ELIAS KALIL LION

    A PERSPECTIVA POLTICA: UM ESTUDO SOBRE O PODER

    ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAO

    Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Cincia da

    Informao do Programa de Ps-Graduao em Cincia da

    Informao da Universidade Federal da Bahia

    PPGCI/UFBA como requisito para a obteno de grau de

    Doutor em Cincia da Informao.

    Orientadora: Profa Dr

    a Zeny Duarte de Miranda

    Salvador

    2015

  • L763 Lion, Samir Elias Kalil.

    A perspectiva poltica: um estudo sobre o poder organizacional em

    unidades de informao / Samir Elias Kalil Lion - 2015.

    512.f. il.

    Tese (Doutorado em Cincia da Informao) Universidade Federal da

    Bahia, Instituto de Cincia da Informao, 2015.

    Orientadora: Profa Dr

    a Zeny Duarte de Miranda.

    1. Administrao-unidade de informao. 2. Unidade de

    informao- sistema organizacional I. Ttulo.

    CDU 005.58

  • TERMO DE APROVAO

    SAMIR ELIAS KALIL LION

    A PERSPECTIVA POLTICA: UM ESTUDO SOBRE O PODER

    ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAO

    Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Cincia da Informao do Programa de Ps-

    Graduao em Cincia da Informao da Universidade Federal da Bahia PPGCI/UFBA

    como requisito para a obteno de grau de Doutor em Cincia da Informao.

    ___________________________________________

    Profa. DRa. Zeny Duarte de Miranda - Orientadora

    Universidade Federal da Bahia

    ___________________________________________

    Profa. DR. Cludio Paixo Anastcio de Paula - Membro externo titular

    Universidade Federal de Minas Gerais

    ___________________________________________

    Ernani Marques dos Santos - Membro externo titular

    Universidade Federal da Bahia

    _________________________________________

    Egnaldo Barbosa Pellegrino - Membro externo titular

    Universidade do Estado da Bahia

    _________________________________________

    Lidia Maria Batista Brando Toutain - Membro interno titular

    Universidade Federal da Bahia

    Salvador

    2015

  • AGRADECIMENTOS

    Oh Deus! Sou-lhe grato por esta vitria. Pai celeste, tudo se d pela Tua misericrdia, nada existe

    seno pela Tua benevolncia. Em rabe, dizemos: ALR U HAKBAR, U LA HILARR IL ALR

    (Deus o altssimo, pelo que no existe, no existiu e em nenhum tempo existir outro diante de Ti).

    Sou grato a minha moma ( me), mulher forte que criou quatro filhos sem a presena do meu pai

    e se doou inteiramente aos filhos, por vezes ou quase sempre, esquecendo-se de si prpria.

    Sou grato a meu pai que, mesmo morrendo quando eu tinha 14 anos de idade, soube conduzir seus

    filhos na senda reta, deixando consolidado que a famlia vem em primeiro lugar, provendo-os de

    carter e equilbrio. Meu pai dizia: justo que voc d mais de si a outros do que a sua famlia?

    Desse jeito, como voc pode dizer que ama seu pai, sua me e seus irmos?. Quando Boba ( -

    papai) dizia isso para mim, eu no entendia, no era maduro para entender as coisas da vida, porm

    quando a experincia vem a gente comea a entender. Boba no queria dizer que no devemos dar

    ateno aos outros, pelo contrrio, devemos respeitar todas as pessoas. Ele queria dizer que devemos

    ter coerncia nas nossas palavras e aes, ou seja, podemos sustentar que amamos nossa famlia se

    damos mais ateno aos outros do que a nosso pai, me e irmos? Boba, esse ensinamento seu a

    lanterna da minha existncia. (DEUS manda: honra teu pai e tua me...).

    Sou grato a todos os meus irmos (Munir, Nadim e Naim), que de fato so irmos no sentido de

    comungarmos o amor fraterno e tambm aos sobrinhos (Mariana, Soussan, Elias, Haifa e Laila). A

    vida desagrega os nossos, nos separa, mas essa separao, no corao daqueles que amam sua famlia,

    apenas geogrfica. Boba me dava um graveto e dizia quebre e eu quebrava, no entendia aquilo,

    era muito fcil quebrar um graveto. Boba me dava dois gravetos e mandava quebr-los, eu obedecia,

    ainda era fcil. Deu-me quatro gravetos e ordenou o mesmo, mas no consegui quebrar mesmo

    empreendendo toda a minha fora de criana. Ento Boba disse para mim e para meus irmos: juntos

    vocs no quebram. Boba, esse seu ensinamento a lanterna de seus filhos. (DEUS manda: primeiro

    vai reconciliar-te com teu irmo, e depois volta e apresenta a tua oferta...).

    Sou grato a minha namorada Adriana que com amor e carinho suportou as inmeras dificuldades e

    ausncias necessrias consecuo do presente trabalho, alm de ser grande incentivadora.

    Sou especialmente grato ao Prof. Dr. Joo Carlos Salles Pires da Silva, que gentil e amigavelmente

    compareceu minha Qualificao e minha Defesa. Estimado professor, muito obrigado.

    Sou grato aos membros da banca: Prof. Dr. Egnaldo Pelegrino, Prof. Dr. Claudio Paixo Anastcio de

    Paula, Prof. Dr. Ernani Marques dos Santos, Prof. Dra. Ldia Maria Batista Brando Toutain, Prof

    Dra. Maria Teresa Navarro de Britto Matos e Prof Dra. Mnica de Aguiar Mac Allister da Silva. Meu

    especial obrigado ao Prof. Dr Jair Sampaio Soares Jnior. Sou grato a toda famlia PPGCI/UFBA que, de alguma forma contribuiu para esta vitria, em especial

    Avelino, Karoline e Marilene, amigos e facilitadores.

    Sou grato aos professores tanto do PPGCI quanto da Graduao em Arquivologia, graduao minha

    em curso, que nos conduzem no caminho do saber, saber construtivo, saber que levamos para toda a

    vida.

    Sou imensamente grato a minha orientadora, Profa. Dra. Zeny Duarte de Miranda, pessoa amvel,

    amiga e fraterna, de fato uma educadora no grande sentido da palavra. Tive uma grande sorte em te ter

    como orientadora, querida professora. Obrigado pela confiana!

    Sou grato aos meus amigos-irmos: Wagner, Zeca, Antnio Souza, Celi, Marco, Babi, Vagna, Levi,

    Snia, Jaqueline, Aidil, Daniel, Carlos (CCI/UFBA), Carlos (PROAD/UFBA), Magno, Paulo Barros,

    Luis Sacramento, Jailton, Romria, Derlita, Reijane, Conceio, Valdineia, Adriana (PROAD/UFBA),

    Cristiano, Clia Bina, Jeovane, Fabio Cruz, Hosana, Lucio, Louize, Daiane, bem como a todos os

    amigos que esqueci de citar. A todos vocs estendo a minha estima, considerao e amor.

    Enfim, muito obrigado a todos por esta vitria.

  • RESUMO

    Objetivo Geral - Prope-se analisar o poder organizacional em Unidades de Informao sob

    a perspectiva poltica da Administrao.

    Objetivos Especficos - Mensura a liderana em unidades de informao, identificando quais

    os estilos de funcionamento de liderana organizacional (individualista, afiliativo,

    empreendedor ou um estilo de funcionamento de liderana burocrtico). Mensura o poder da

    estrutura/cargo/autoridade, identificando quais as bases estruturais de poder (base estrutural

    de poder legtimo; de coero; de recompensa; e base estrutural de poder de percia). Mensura

    o conflito/retaliao, identificando quais os fatores que podem gerar o conflito/retaliao pelo

    no acesso ao poder organizacional (fator de conflito/retaliao afetivo e fator de

    conflito/retaliao conativo). Mensura a comunicao/informao entre membros das equipes

    de trabalho em Unidades de Informao, identificando a existncia de interdependncia de

    tarefas e interdependncia de resultados entre os membros das equipes.

    Metodologia - Trata-se de um estudo que apresenta resultados em mais de uma unidade de

    informao que so separados sem correlaes entre si. Os contornos foram buscados em

    referncias tanto da rea da Cincia da Informao quanto da Cincia da Administrao para

    embasar os temas componentes da perspectiva poltica que tem o foco na anlise do poder

    organizacional em unidades de informao. Questionrios para a anlise do poder

    organizacional foram aplicados a uma amostra de 4 bibliotecarios-chefe das Bibliotecas

    Universitrias (BUs) do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia

    (SIBI/UFBA) e a 4 coordenadores do Arquivo Pblico do Estado da Bahia (APEB), gerando

    resultados para cada uma delas. Estes resultados, que so apresentados e discutidos em

    separado, apontaram algumas fragilidades tanto no SIBI/UFBA quanto no APEB em relao

    ao poder organizacional.

    Concluses - Conclui-se para as BUs do SIBI/UFBA que estas possuem um poder mais

    centrado no cargo, atravs do exerccio da autoridade, e menos distribudo pelos membros das

    equipes de trabalho porque a anlise dos elementos constituintes do poder organizacional

    indica um exerccio de poder mais pautado na estrutura/cargo/autoridade do que nos

    princpios de liderana, embora haja um significativo potencial para a liderana, com grande

    potencial de conflito/retaliao afetivo (alto grau de insatisfao), mas isso no compromete o

    alcance de resultados por haver um alto grau de interdependncia de tarefas e resultados pela

    existncia de uma comunicao/informao transparente entre os membros das equipes de

    trabalho. Conclui-se para o APEB que este possui um poder mais centrado no cargo, atravs

    do exerccio da autoridade, e menos distribudo pelos membros das equipes de trabalho. Nesta

    instituio, a anlise dos elementos constituintes do poder organizacional indica um exerccio

    de poder mais pautado na estrutura/cargo/autoridade do que nos princpios de liderana, com

    potenciais conflitos/retaliao de cunho afetivo (insatisfaes latentes) e baixo grau de

    alcance de tarefas e resultados pela existncia de uma comunicao restrita da informao

    entre membros das equipes de trabalho. Estas fragilidades, mais do que pontos fracos, so

    oportunidades de aprimoramento da gesto das unidades de informao estudadas, e isso

    que o presente trabalho demonstra, ou seja, que aes de melhoria na liderana, na estrutura

    de poder, no conflito organizacional e na comunicao/informao entre os membros das

    equipes de trabalho podem, de fato, conduzir a uma maior eficincia na gesto.

    Palavras-chave: Biblioteca universitria-Poder Organizacional. Arquivo-Poder

    organizacional. Liderana. Estrutura-Cargo-Autoridade. Conflito-

    Retaliao. Comunicao e Informao-Equipes de trabalho.

  • ABSTRACT

    General Objective - The overall objective of this thesis is to analyze the organizational power in

    Information Units under the political perspective of Management Science.

    Specific Objectives - The following specific objectives we have: a) Measure the leadership in

    Information Units, identifying the organization's operating styles (individualistic, affiliative,

    entrepreneur or a bureaucratic leadership style of functioning); b) Measure the power of structure /

    function / authority, identifying the structural bases of power (structural basis of legitimate power,

    coercion, reward, and structural basis of skill power); c) Measure the conflict / retaliation, identifying

    the factors that may cause the conflict / retaliation for no access to organizational power (affective

    conflict factor or conative conflict factor) and d) Measuring the communication / information among

    members of work teams in Information Units, identifying the existence of interdependence in the tasks

    and interdependence of results between team members.

    Methodology - This research is a multiple case study to present results in more than one unit of

    information, results that are separated without correlations with each other. The contours were sought

    in Information Science and Management Science references to support the policy perspective

    component themes that has the focus on the analysis of organizational power in information

    units.Questionnaires for the analysis of organizational power were applied to 4 librarians chief of the

    University Libraries (BUs) of the Library System of the Federal University of Bahia (SIBI / UFBA)

    and to 4 coordinators of the Public Archives of the State of Bahia (APEB), generating results for each

    of them. These results, which are presented and discussed separately, pointed out some weaknesses in

    the SIBI / UFBA and APEB in relation to organizational power.

    Conclusions - It is concluded that the University Libraries of the Federal University of Bahia Library

    System (SIBI/UFBA) have an organizational power more focused on the head, through the exercise of

    authority, and less distributed by members of work teams because power analysis organizational

    indicates a exercise of power more guided to the structure / function / authority than in the principles

    of leadership, although SIBI/UFBA has significant potential for leadership, with great potential for

    conflicts of affective nature (high degree of dissatisfaction), but it does not compromise the

    achievement of results, because there is in the SIBI/UFBA a high degree of interdependence in the

    execution of operations and in achieving results because there is a transparent communication and

    information among members of work teams. It concludes that the Public Archives of the State of

    Bahia (APEB) has a more focused organizational power in head, through the exercise of authority, and

    less distributed by members of work teams because the analysis of organizational power indicates the

    power of exercise more founded on the structure/function/ authority than in the principles of

    leadership, with potential conflicts of affective nature (latent dissatisfaction) and low degree of

    execution of operations and in achieving results, because there is in the APEB a restricted

    communication of information between members of teams work. These weaknesses, rather than

    weaknesses are opportunities for improvement of the management of these information units, and

    that's what this paper demonstrates, that improvement actions in the lead, actions to improve the

    distribution of positions in the hierarchical structure, improvement actions to resolve organizational

    conflicts and actions to improve the communication and information among members of work teams

    can actually lead to greater efficiency in working with the information.

    Keywords: University library-Organizational Power. Archive-Organizational Power.

    Leadership. Structure-Authority. Conflict-Retaliation. Communication and

    Information-teams work.

    .

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    APL

    APEB

    Arranjo Produtivo Local

    Arquivo Pblico do Estado da Bahia

    BUs Bibliotecas Universitrias

    CI Cincia da Informao

    CLT

    CONARQ

    Consolidao das Leis do Trabalho

    Conselho Nacional de Arquivos

    EBPS Escala de Bases do Poder do Supervisor

    EEFO Escala de Estilos de Funcionamento Organizacional

    EIR Escala de Interdependncia de Resultados

    EIT Escala de Interdependncia de Tarefas

    ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Cincia da Informao

    ICHUB Instituto de Cultura Hispnica

    ICS Instituto de Cincias Sociais

    IENA Instituto de Estudos Norte-Americanos

    IES Instituies de Ensino Superior

    IFES Instituies Federais de Ensino Superior

    IFs Institutos Federais

    LCP Least Preferred Coworker

    MARO Medida de Atitude em relao Retaliao Organizacional

    MBE Medicina Baseada em Evidncias

    RH Recursos Humanos

    SBUFRGS Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Rio

    Grande do Sul

    SCIB Servio de Infomaes Bibliogrficas

    SIBI Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia

    SIC Sistema de Inteligncia Competitiva SNBU Seminrio Nacional de Bibliotecas Universitrias

    TCU Tribunal de Contas da Unio

    TIC Tecnologias da Informao e Comunicao

  • LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS

    Figura 1 Representao do modelo cognitivo de Ingwersen ________________________ 39

    Figura 2 Representao do modelo original de comunicao de Shannon e Weaver _____ 90

    Quadro 1 Interfaces estratgicas contemporneas _______________________________ 108

    Quadro 2 Viso estratgica ________________________________________________ 110

    Quadro 3 Anlise estratgica para as unidades de informao _____________________ 118

    Quadro 4 Componentes de anlise estratgica para as unidades de informao ________ 119

    Quadro 5 Flexibilidade estrutural ___________________________________________ 130

    Quadro 6 Processo produtivo ______________________________________________ 135

    Quadro 7 Recursos humanos _______________________________________________ 153

    Quadro 8 Cultura na organizao ___________________________________________ 156

    Quadro 9 Poder na organizao _____________________________________________ 166

    Quadro 10 Perspectivas de anlise organizacional ______________________________ 174

    Quadro 11 Limites dos Componentes de Anlise do Poder organizacional ___________ 182

    Quadro 12 Limites dos Componentes de Anlise Poltica do Poder organizacional para

    Unidades de Informao ____________________________________________________ 276

    Quadro 13 Componentes de anlise e unidades de anlise poltica do poder organizacional

    para as unidades de informao. ______________________________________________ 278

    Quadro 14 Roteiro da aplicao dos questionrios no Sistema de Bibliotecas da

    Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ___________________________________ 339

    Quadro 15 Roteiro da aplicao dos questionrios no Arquivo Pblico do Estado da Bahia -

    APEB __________________________________________________________________ 339

    Quadro 16 Esquema das conexes entre afirmativas e unidades de anlise, e destas com os

    componentes de anlise e conduzindo perspectiva poltica. _______________________ 340

    Tabela 1 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Estilo de Funcionamento

    Organizacional (EEFO) para mensurar a liderana nas BUs do SIBI/UFBA

    ________________________________________________________________________347

    Tabela 2 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Estilo de Funcionamento

    Organizacional (EEFO) para mensurar a liderana nas coordenaes do Arquivo Pblico do

    Estado da BahiaAPEB__ __352

    Tabela 3 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Empreendedor

    das BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________________368

    Tabela 4- Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Afiliativo das

    BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 371

    Tabela 5- Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Individualista das

    BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 373

    Tabela 6 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Burocrtico das

    BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 376

    Tabela 7 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Afiliativo nas

    coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 380

    Tabela 8 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Empreendedor

    nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __________________ 383

  • Tabela 9 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Burocrtico nas

    coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 385

    Tabela 10 - Distribuio percentual do Estilo de Funcionamento de Liderana Individualista

    nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __________________ 388

    Tabela 11 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Bases do Poder do

    Supervisor (EBPS) para mensurar o poder da estrutura/cargo nas BUs do SIBI/UFBA ___ 394

    Tabela 12 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Bases do Poder do

    Supervisor (EBPS) para mensurar o poder da estrutura/cargo nas coordenaes do Arquivo

    Pblico do Estado da Bahia APEB __________________________________________ 397

    Tabela 13 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Percia das BUs do

    SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 402

    Tabela 14 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder Legitimo das BUs do

    SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 405

    Tabela 15 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Recompensa das BUs do

    SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 408

    Tabela 16 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Coero das BUs do

    SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 410

    Tabela 17 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Percia nas coordenaes

    do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ________________________________ 413

    Tabela 18 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Recompensa nas

    coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 419

    Tabela 19 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Legtimo nas

    coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 421

    Tabela 20 - Distribuio percentual da Base Estrutural de Poder de Coero nas coordenaes

    do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ________________________________ 423

    Tabela 21 - Distribuio percentual das afirmativas da Medida de Atitude em relao

    Retaliao Organizacional (MARO) para mensurar o conflito/retaliao nas BUs do

    SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 427

    Tabela 22 - Distribuio percentual das afirmativas da Medida de Atitude em relao

    Retaliao Organizacional (MARO) para mensurar o conflito/retaliao nas coordenaes do

    Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ___________________________________ 429

    Tabela 23 - Distribuio percentual do Fator de Conflito/Retaliao Afetivo das BUs do

    SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 436

    Tabela 24 - Distribuio percentual do Fator de Conflito/Retaliao Conativo das BUs do

    SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 438

    Tabela 25 - Distribuio percentual do Fator de Conflito/Retaliao Afetivo das coordenaes

    do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ________________________________ 442

    Tabela 26 - Distribuio percentual do Fator de Conflito/Retaliao Conativo das

    coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 445

    Tabela 27 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Interdependncia de Tarefas

    (EIT) e da Escala de Interdependncia de resultados (EIR) da comunicao/informao entre

    os membros das equipes de trabalho das BUs do SIBI/UFBA_______________________ 449

    Tabela 28 - Distribuio percentual das afirmativas da Escala de Interdependncia de Tarefas

    (EIT) e da Escala de Interdependncia de resultados (EIR) da comunicao/informao entre

  • os membros das equipes de trabalho nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da

    Bahia APEB ____________________________________________________________ 451

    Tabela 29 - Distribuio percentual da Interdependncia de Tarefas entre os membros das

    equipes de trabalho das BUs do SIBI/UFBA ____________________________________ 458

    Tabela 30 - Distribuio percentual da Interdependncia de Resultados entre os membros das

    equipes de trabalho das BUs do SIBI/UFBA ____________________________________ 460

    Tabela 31 - Distribuio percentual da Interdependncia de Resultados entre os membros das

    equipes de trabalho nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __ 464

    Tabela 32 - Distribuio percentual da Interdependncia de Tarefas entre os membros das

    equipes de trabalho nas coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __ 467

    Tabela 33- Distribuio percentual dos totais do poder organizacional para as BUs do

    SIBI/UFBA ______________________________________________________________ 472

    Tabela 34- Distribuio percentual dos totais para os estilos de funcionamento da liderana

    das BUs do SIBI/UFBA ____________________________________________________ 473

    Tabela 35 - Distribuio percentual dos totais para o Poder da Estrutura Organizacional das

    BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 475

    Tabela 36 - Distribuio percentual dos totais para o Conflito/Retaliao Organizacional das

    BUs do SIBI/UFBA _______________________________________________________ 477

    Tabela 37 - Distribuio percentual dos totais para a comunicao/informao entre os

    membros das equipes de trabalho das BUs do SIBI/UFBA _________________________ 478

    Tabela 38- Distribuio percentual dos totais do poder organizacional para as coordenaes

    do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ________________________________ 480

    Tabela 39- Distribuio percentual dos totais para os estilos de funcionamento da liderana

    das coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB __________________ 481

    Tabela 40 - Distribuio percentual dos totais para o Poder da Estrutura Organizacional das

    coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 483

    Tabela 41 - Distribuio percentual dos totais para o Conflito/Retaliao Organizacional das

    coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB _____________________ 485

    Tabela 42 - Distribuio percentual dos totais para a comunicao/informao entre os

    membros das equipes de trabalho das coordenaes do Arquivo Pblico do Estado da Bahia

    APEB __________________________________________________________________ 486

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................................... 15

    2 REFERENCIAL TERICO .............................................................................................. 22

    2.1 INFORMAO E PODER................................................................................................24

    2.1.1 Informao ..................................................................................................................... 33

    2.1.1.1 Recuperao da informao.......................................................................................... 35

    2.1.1.2 Classificao da informao ......................................................................................... 41

    2.1.1.3 Unidades de Informao ............................................................................................... 51

    2.1.1.3.1 Algumas caracteristicas de Unidades de Informao Pblicas ................................. 57

    2.1.2 Poder (poltica)............................... ................................................................................ 62

    2.1.2.1 Liderana ...................................................................................................................... 67

    2.1.2.2 Estrutura hierrquica de poder: conceito, concepo de Poder, reproduo e uso de

    Poder, relao de Poder ............................................................................................................ 71

    2.1.2.3 Conflitos de Poder - no acesso ao Poder..................................................................... 78

    2.1.2.4 Comunicao e informao (dependncia de tarefas e resultos) .................................. 86

    2.1.3 Consideraes parciais .................................................................................................. 94

    2.2 PERSPECTIVA POLTICA DENTRO DAS PERSPECTIVAS ANALTICAS DA

    ADMINISTRAO E AS PRTICAS GESTORAS EM UNIDADES DE

    INFORMAO............................ ........................................................................................... 97

    2.2.1 A Perspectiva Estratgica ........................................................................................... 104

    2.2.2 A Perspectiva Estrutural............................................................................................. 121

    2.2.3 A Perspectiva Tecnolgica .......................................................................................... 131

    2.2.4 Gesto de Pessoas e gesto por Competncias na rea da CI .................................. 136

    2.2.5 A Perspectiva Humana ................................................................................................ 148

    2.2.6 A Perspectiva Cultural ................................................................................................ 154

    2.2.7 A Perspectiva Poltica .................................................................................................. 157

    2.2.8 Consideraes parciais ................................................................................................ 173

    2.3 A PERSPECTIVA POLTICA DA ADMINISTRAO COMO INSTRUMENTO DE

    ANLISE DO PODER ORGANIZACIONAL EM UNIDADES DE INFORMAO....... 175

    2.3.1 Liderana ...................................................................................................................... 184

    2.3.2 Estrutura de poder................... ................................................................................... 221

    2.3.3 Conflitos de poder pelo no acesso ao poder ............................................................. 236

  • 2.3.4 Comunicao e informao entre os membros das equipes de trabalho ................ 257

    2.3.5 Juntando as partes ....................................................................................................... 276

    2.4 UNIDADES DE INFORMAO PESQUISADAS ...................................................... 279

    2.4.1 O Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA .......... 281

    2.4.2 O Arquivo Pblico do Estado da Bahia - APEB ....................................................... 290

    3 TRAADO METODOLGICO DA PESQUISA......................................................... 300

    3.1 DELINEAMENTO...................... ..................................................................................... 302

    3.2 OBJETIVOS................................. .................................................................................... 311

    3.2.1 Pergunta de Partida que evidencia o Problema de Pesquisa................................. .. 312

    3.2.2 Objetivos Especficos................................. .................................................................. 313

    3.2.3 No adoo de Hipteses................................. ............................................................ 314

    3.3 UNIVERSO E AMOSTRA........... ................................................................................... 316

    3.4 INTRUMENTO DA PESQUISA: O QUESTIONRIO ................................................. 324

    3.4.1 Validao da Escala de Estilos de Funcionamento Organizacional

    (EEFO)................................................ ................................................................................... 326

    3.4.2 Validao da Escala de Bases de Poder do Supervisor

    (EBPS).................................................................................................................................... 330

    3.4.3 Validao da Medida de Atitude em Relao Retaliao Organizacional

    (MARO)............................................. .................................................................................... 332

    3.4.4 Validao da Escala de Interdependncia de Tarefas (EIT) e Escala de

    Interdepndncia de Resultados (EIR)................................. .............................................. 334

    3.4.5 Validade Interna e Validade Externa................................. ....................................... 336

    3.5 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................... 339

    4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS .......................................... 345

    4.1 LIDERANA................................ ................................................................................... 345

    4.1.1 Resultados do poder organizacional pautado na liderana atravs dos estilos de

    funcionamento organizacional das bibliotecas universitrias do Sistema de Bibliotecas da

    Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ....................................................................... 347

    4.1.2 Resultados do poder organizacional pautado na liderana atravs dos estilos de

    funcionamento organizacional do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ................ 352

    4.1.3 Discusso dos resultados ............................................................................................... 357

    4.1.4 Os estilos de funcionamento de liderana organizacional das bibliotecas universitrias

    do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ........................ 368

    4.1.5 Os estilos de funcionamento de liderana organizacional do Arquivo Pblico do Estado

    da Bahia APEB .................................................................................................................... 380

  • 4.2 ESTRUTURA DE PODER..................... ......................................................................... 391

    4.2.1 Resultados do poder organizacional pautado na estrutura das bibliotecas universitrias

    do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ........................ 393

    4.2.2 Resultados do poder organizacional pautado na estrutura do Arquivo Pblico do Estado

    da Bahia APEB .................................................................................................................... 396

    4.2.3 Discusso dos resultados ............................................................................................... 399

    4.2.4 As bases estruturais de poder organizacional das bibliotecas universitrias do Sistema de

    Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ................................................ 402

    4.2.5 As bases estruturais de poder organizacional do Arquivo Pblico do Estado da Bahia

    APEB ...................................................................................................................................... 412

    4.3 CONFLITOS DE PODER PELO NO ACESSO AO PODER ...................................... 425

    4.3.1 Resultados do poder organizacional pautado nos fatores de conflito/retaliao das

    bibliotecas universitrias do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia

    SIBI/UFBA ............................................................................................................................. 427

    4.3.2 Resultados do poder organizacional pautado nos fatores de conflito/retaliao do

    Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ....................................................................... 429

    4.3.3 Discusso dos resultados ............................................................................................... 431

    4.3.4 Fator de conflito/retaliao afetivo e fator de conflito/retaliao conativo das bibliotecas

    universitrias do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA .. 435

    4.3.5 Fator de conflito/retaliao afetivo e fator de conflito/retaliao conativo do Arquivo

    Pblico do Estado da Bahia APEB ...................................................................................... 441

    4.4 COMUNICAO E INFORMAO NAS EQUIPES DE TRABALHO ..................... 448

    4.4.1 Resultados do poder organizacional pautado na comunicao/informao entre os

    membros das equipes de trabalho das bibliotecas universitrias do Sistema de Bibliotecas da

    Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA ....................................................................... 449

    4.4.2 Resultados do poder organizacional pautado na comunicao/informao entre os

    membros das equipes de trabalho do Arquivo Pblico do Estado da Bahia APEB ............ 451

    4.4.3 Discusso dos resultados ............................................................................................... 453

    4.4.4 Interdependncia de tarefas e interdependncia de resultados das bibliotecas

    universitrias do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia SIBI/UFBA .. 458

    4.4.5 Interdependncia de tarefas e interdependncia de resultados do Arquivo Pblico do

    Estado da Bahia APEB ........................................................................................................ 464

  • 5 ANLISE CONCLUSIVA................................................................................................ 406

    5.1 ANLISE CONCLUSIVA RESPOSTA PARA A PERGUNTA DE

    PARTIDA/PROBLEMA DE PESQUISA DAS BUs DO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA SIBI/UFBA........................ ............................ 471

    5.1.1 Poder organizacional pautado na liderana atravs dos estilos de funcionamento

    organizacional ............................................................. ........................................................... 473

    5.1.2 Poder organizacional pautado na estrutura .................................................................... 475

    5.1.3 Poder organizacional pautado nos fatores de conflito/retaliao .................................. 477

    5.1.4 Poder organizacional pautado na comunicao/informao entre os membros das

    equipes de trabalho................................................ ................................................................. 478

    5.2 ANLISE CONCLUSIVA - RESPOSTA PARA A PERGUNTA DE

    PARTIDA/PROBLEMA DE PESQUISA DO ARQUIVO PBLICO DO ESTADO DA

    BAHIA APEB..............................................................................................479

    5.2.1 Poder organizacional pautado na liderana atravs dos estilos de funcionamento

    organizacional ............................................................. ........................................................... 481

    5.2.2 Poder organizacional pautado na estrutura .................................................................... 483

    5.2.3 Poder organizacional pautado nos fatores de conflito/retaliao .................................. 485

    5.2.4 Poder organizacional pautado na comunicao/informao entre os membros das

    equipes de trabalho................................................ ................................................................. 486

    6 CONSIDERAES FINAIS............... ............................................................................. 487

    6.1 RECOMENDAES E SUGESTES............................................................................ 491

    6.2 LIMITAES DA PESQUISA............................... ........................................................ 498

    REFERNCIAS.................................................................................................................... 499

    APNDICE A (QUESTIONRIO) .................................................................................... 508

  • 15

    1 INTRODUO

    As organizaes, ao longo de sua existncia, deparam-se com a busca incessante por

    novos modelos de gesto que possibilitem melhores condies de trabalho, atentando

    inclusive para fatores voltados para a rea de recursos humanos. Estas organizaes visam a

    uma maior excelncia nas atividades organizacionais, o que conduz crena de que quanto

    melhor a relao homem-trabalho, mais qualidade - incluindo tambm os aspectos

    relacionados quantidade ter os resultados da organizao.

    Temas como poder, clima organizacional, cultura, envolvimento com o

    trabalho, equipes de trabalho, valores, sade e satisfao no trabalho, justia e

    identificao organizacional, estilos de funcionamento organizacional etc, tm se colocado

    como ferramentas fundamentais neste processo. E tais elementos, no mbito das organizaes,

    no podem permanecer dissociados do cotidiano das unidades de informao (arquivos,

    bibliotecas, museus, centros de documentao, servios de informao).

    Mesmo as percepes do senso comum, corroborado posteriormente pela cincia,

    apontam para o fato de que um ambiente de trabalho no-saudvel gera dificuldades de se

    manter a produtividade na fora de trabalho. E esta problemtica tambm atinge as unidades

    de informao. Principalmente nas unidades pblicas de informao, como as bibliotecas

    pblicas, a falta de investimentos e incentivos contribui para uma imagem negativa de

    qualquer organismo pblico junto ao cidado. Portanto, a melhoria das condies de trabalho

    poderia estimular positivamente seus profissionais, por exemplo, os bibliotecrios e os

    servidores das bibliotecas pblicas, no desempenho das suas atividades e na consequente

    melhoria dessa imagem. Alis, a melhoria das condies de trabalho, em todas as dimenses,

    sempre bem-vinda em qualquer tipo de organizao.

    Em unidades de informao (arquivos, bibliotecas, museus etc.), o atendimento as

    necessidades do usurio, o desenvolvimento/tratamento eficiente da documentao, colees e

    acervo, bem como a plena disseminao da informao so resultados esperados pela prpria

    organizao e pelo usurio. Para tanto, faz-se necessrio promover aes permanentes

    voltadas para constante aperfeioamento da relao homem-trabalho-ambiente. Pois, segundo

    Barbalho (2012), reunir, organizar e disponibilizar irrestritamente a informao registrada de

    modo a contribuir para a gerao de indivduos conscientes e crticos, a funo destas

  • 16

    instituies culturais, cujo carter democrtico de dar acesso ao conhecimento, caracteriza sua

    ao social. Tomando como exemplo a unidade de informao bibliotecria (alm da arquivstica e

    museolgica), a autora afirma que uma cidadela do saber, abrigando em seu espao informaes

    registradas sob os mais variados suportes, possibilitando a fruio do saber, o prazer da leitura, o

    usufruto da cidadania, a aprendizagem duradoura, o desenvolvimento cultural e o crescimento

    intelectual do indivduo.

    E isso pode ser estendido para todos os espaos que trabalham com a informao, pois,

    como organismos partcipes da vida social, contribuem para a construo da memria coletiva

    de modo a oferecer ao cidado um lcus de conhecimento e cultura.

    Assim a unidade de informao

    [...] necessita: a) Reconhecer sua intencionalidade poltica e social que a

    torna fundamental para a construo e manuteno de uma sociedade

    saudvel, equilibrada e dinmica; b) Possuir um acervo que responda s

    demandas informacionais, bem como meios para mant-lo atualizado; c)

    Estabelecer os mecanismos para sua organizao e sistematizao de forma a

    ser um sistema articulado da representao do conhecimento; d) Conhecer

    sua comunidade de usurios, reais ou potenciais, de modo a contemplar suas

    necessidades; e e) Ter um espao, fsico ou virtual, para expor seu acervo,

    atender a seus usurios e desenvolver suas atividades. (BARBALHO, 2012,

    p.9).

    Com base na afirmao acima, a investigao acerca das questes do poder

    organizacional em unidades de informao poder contribuir para uma reflexo sobre as aes

    de melhoria na perspectiva poltica dos recursos humanos desse tipo de organizao, e qui

    no quadro do funcionalismo pblico. De igual modo, na forma como as pessoas percebem as

    situaes ou a maneira com as quais os seus esforos pessoais e profissionais podem

    modificar o seu ambiente de trabalho, principalmente no que tange: aos estilos de

    funcionamento de liderana organizacional, s bases estruturais de poder organizacional, aos

    fatores de conflito/retaliao pelo no acesso ao poder e dependncia de tarefas e resultados

    entre os membros de equipes de trabalho.

    Em uma pesquisa, Lion (2010) investigou a eficincia estratgica do Sistema de

    Bibliotecas da Universidade Federal da Bahia - SIBI/UFBA, a partir da percepo dos seus

    servidores, coletando dados junto a uma amostra de 34 (trinta e quatro) bibliotecrios-chefes e

    o Diretor do SIBI/UFBA. Ali foram descritas seis perspectivas da Cincia da Administrao

    para a anlise organizacional (Perspectiva Estratgica, Perspectiva Estrutural, Perspectiva

    Tecnolgica, Perspectiva Humana, Perspectiva Cultural e Perspectiva Politica). Destas o autor

    desenvolveu a perspectiva estratgica aplicada ao SIBI/UFBA, de modo que as demais

    perspectivas careceriam de serem pesquisadas em unidades de informao.

  • 17

    Dentro dessa perspectiva estratgica da Administrao aplicada a unidades de

    informao (neste caso o SIBI/UFBA), o autor mensurou, entre outros, a atitude de aliar

    estrategicamente do Sistema, que so as interrelaes entre as bibliotecas do sistema. Cujos

    dados tem uma forte interface com a rea de recursos humanos - RH.

    A atitude de aliar estrategicamente significa cooptar os diversos saberes dispersos

    nos setores da biblioteca ou nas bibliotecas do SIBI/UFBA para obter cooperao. Nesse

    sentido, a pesquisa identificou sinais de precariedade das relaes humanas no que tange s

    interaes verticais e horizontais.

    [...] os dados indicam que para 11,8% dos respondentes, todas as bibliotecas

    tm participao ativa no conselho gestor do SIBI/UFBA, [...] S 8,8% dos

    respondentes concordam que existe grande cooperao entre as bibliotecas

    do SIBI/UFBA, [...] A existncia de grande cooperao entre as bibliotecas

    do SIBI e a biblioteca central (ou de forma equivalente, o SIBI/UFBA)

    encontra concordncia em 35,3% dos bibliotecrios-chefe, [...] Para 32,4%

    dos bibliotecrios-chefe, so freqentes as reunies do gestor do SIBI/UFBA

    e as bibliotecas setoriais, [...] E, a existncia de total interao entre as

    bibliotecas do SIBI/UFBA encontra concordncia em 14,7% dos

    bibliotecrios-chefe. (LION, 2010, p.83).

    O outro significado de aliar estrategicamente, dentro da perspectiva estratgica da

    administrao aplicada a unidades de informao na pesquisa de Lion, refere-se construo

    de parcerias mltiplas entre os setores da biblioteca e nas bibliotecas do Sistema para obter

    cooperao construindo parcerias e compartilhando experincias exitosas. Onde a pesquisa

    tambm sinaliza certa precariedade nas relaes humanas.

    [...] os dados indicam que para 35,3% dos bibliotecrios-chefe, todas as

    bibliotecas trabalham comprometidas com a misso do SIBI/UFBA, [...]

    Quanto a construo de parcerias entre os setores da biblioteca ser uma

    prtica comum, s 20,6% dos respondentes concordam totalmente, [...] A

    construo de parcerias entre as bibliotecas do SIBI/UFBA como sendo uma

    prtica comum encontra concordncia em 20,6% dos bibliotecrios-chefe,

    [...] S 2,9% dos respondentes concordam que as bibliotecas adotam como

    prtica comum reunies para troca de experincias, [...] E, 14,7% dos

    respondentes concordam que as bibliotecas compartilham seus

    procedimentos e experincias com as demais bibliotecas. (LION, 2010,

    p.85).

    Estes dados justificam a presente pesquisa e corroboram a importncia de polticas

    de Recursos Humanos para unidades de informao (incluindo o SIBI/UFBA). As

    perspectivas que tm conexo com os recursos humanos so a perspectiva humana, cultural e

  • 18

    poltica. Decidiu-se, pois, como limitao do tema, pesquisar a perspectiva poltica da

    administrao em unidades de informao, que tem conexo com o poder organizacional.

    Isso se constitui em um primeiro delineamento desta tese, ou um primeiro recorte

    epistemolgico. Para completar tal recorte houve um segundo delineamento, que foi atingido

    com os limites epistemolgicos dados pelos autores, ao longo da construo do marco terico,

    que trazem as seguintes bases para esta tese.

    Na seo 2.1, os entendimentos entre a informao e o poder, discutiu amplamente

    estes nexos e suas possveis causalidades para subsidiar a anlise do poder organizacional em

    unidades de informao, levando concluso de que informao conhecimento, e

    conhecimento poder, pois uma informao desprovida de sentido meramente um dado,

    algo que existe no real, mas no o transforma. S quando o ser cognocente apodera-se desse

    dado que ele o transforma em conhecimento, num processo simblico de infinitas

    ressignifices que caracterizam o ser humano como tal. Este ser se junta a outros iguais para

    formar a trama social, que lhe identitria, e da estabelecer relaes de classe e dominao,

    bem como de contingncias e organizacionais. A informao, portanto, preexiste, existe e

    ps-existe, ora como ela prpria, ora como poder e ora como conhecimento. Se a informao

    conhecimento e o conhecimento poder, ento a informao poder. Ou seja, a assimetria

    da informao em ambientes organizacionais, bem como o ambiente externo, um elemento

    que gera incerteza: quem for capaz de diminuir a incerteza ter mais informaes e

    consequentemente mais poder. Ou seja, as organizaes atuam em um ambiente incerto,

    portanto a capacidade de controlar tal incerteza representa uma fonte potencial de poder. Por

    conseguinte, a informao adentra os seres sociais transformando-os e se transformando em

    conhecimento. Este, aliando-se a habilidades e atitudes, produz competncias, que podem ser

    pessoais ou organizacionais.

    Na seo 2.2, os entendimentos entre as perspectivas da administrao e as prticas

    gestoras em unidades de informao, destacou que a perspectiva poltica, junto com a

    perspectiva cultural e humana, forma a gesto de pessoas nas organizaes. Isso possibilitou

    encontrar um nexo causal entre essas prticas gestoras e as perspectivas da administrao

    (Perspectiva Estratgica, Perspectiva Estrutural, Perspectiva Tecnolgica, Perspectiva

    Humana, Perspectiva Cultural e Perspectiva Poltica), sob a tica da Cincia da Informao e

    da Cincia da Administrao, levando concluses para a construo de conceitos-chave

    entre as perspectivas da administrao e as prticas gestoras em unidades de informao.

    Na seo 2.3, os entendimentos da perspectiva poltica da administrao

    possibilitaram a construo de um esquema terico para viabilizar a anlise do poder

  • 19

    organizacional em unidades de informao que, para ser atingido, teria de mensurar e

    identificar os seguintes elementos: Liderana (estilos de funcionamento da liderana

    organizacional); Estrutura de Poder (poder centrado na autoridade do cargo); Conflitos de

    Poder (retaliao pelo no acesso ao poder); e dependncia de tarefas e resultados, que est na

    comunicao e informao entre os membros das equipes de trabalho, no sentido de haver

    uma alta ou baixa interrelao (dependncia) de tarefas e resultados entre seus membros.

    A Escala de Estilos de Funcionamento Organizacional (EEFO) foi usada nesta tese

    para mensurar a liderana em Unidades de Informao e identificar os estilos de

    funcionamento de liderana organizacional. Isso auxiliou a alcanar o primeiro objetivo

    especfico: Mensurar a liderana em Unidades de Informao, identificando qual, ou quais, o

    (s) estilo (s) de funcionamento de liderana organizacional, a saber - estilo de funcionamento

    de liderana individualista; estilo de funcionamento de liderana afiliativo; estilo de

    funcionamento de liderana empreendedor; e estilo de funcionamento de liderana

    burocrtico.

    Vrios podem ser aqueles que assumem posies de lideres em unidades de

    informao, podem ser arquivista-chefe, bibliotecrio-chefe, muselogo-chefe, chefe de

    atendimento, chefe do arquivo circulante ou protocolo, chefe do servio de referncia, curador

    etc. Mas nesta tese no se avalia to somente os lideres, mas sim, a equipe (lideres e

    liderados), levando identificao dos estilos de funcionamento coletivamente aceitos, estilos

    estes que so esculpidos dentro da cultura organizacional. Ou seja, atravs da Escala de

    Estilos de Funcionamento Organizacional (EEFO), acredita-se que possvel identificar os

    estilos de funcionamento coletivamente aceitos nas unidades de informao pesquisadas e dai

    construir uma anlise dos estilos de liderana (e no dos lideres somente). Isso porque o

    funcionamento organizacional supe formas coletivas de pensar, agir e sentir a organizao,

    presentes nas equipes de trabalho; e que prova disso a prpria existncia da organizao,

    isto , se arquivos, bibliotecas e museus abrem suas portas todos os dias, significa que os

    chefes emitem ordens que so aceitas pelos subordinados dentro de uma negociao constante

    das dimenses aceitveis, significa portanto que h um exerccio constante de distribuio do

    poder centrado no cargo. Dito de outra forma, nesta tese, a liderana se constitui em um

    processo social que usa os recursos dos liderados e no somente a centralizao dos recursos

    de poder, que originalmente est na autoridade do cargo, ou em atitudes dos chefes para forar

    a obedincia dos seus subordinados (como por exemplo, contraposio ao no poder de

    outros, valorizao de interesses coincidentes, comunicao e informaes restritivas).

  • 20

    A Escala de Bases de Poder do Supervisor (EBPS) foi usada nesta tese para mensurar

    o poder da estrutura/cargo em Unidades de Informao e identificar as bases de poder

    organizacional. Isso ajudou no alcance do segundo objetivo especfico: Mensurar o poder da

    estrutura/cargo em Unidades de Informao, identificando qual, ou quais, a (s) base (s)

    estrutural de poder, a saber - base estrutural de poder legtimo; base estrutural de poder de

    coero; base estrutural de poder de recompensa; e base estrutural de poder de percia.

    No mbito desta tese, entende-se que gerentes de unidades de informao que

    utilizam a autoridade que o cargo a eles confere, esto usando o poder na perspectiva da

    cultura organizacional, ou seja, o poder que aceito, ratificado ou retificado pelo coletivo.

    Isto , atravs da Escala de Bases do Poder do Supervisor (EBPS), possvel identificar as

    bases sobre as quais se assentam a autoridade que coletivamente aceita nos arquivos,

    bibliotecas e museus, indo alm do poder centrado no chefe. Isso porque o funcionamento

    organizacional supe formas coletivas de sentir, pensar e agir a organizao, presentes nas

    equipes de trabalho; e que prova disso a prpria existncia da organizao, pois se a unidade

    de informao abre suas portas todos os dias, significa que os chefes exercem na verdade a

    autoridade que aceita pelos subordinados dentro de uma negociao constante das

    dimenses aceitveis, significa, portanto que h um exerccio constante de distribuio do

    poder centrado no cargo. Dito de outra forma, a Escala de Bases do Poder do Supervisor

    (EBPS), apesar de trazer o nome supervisor em sua nomenclatura, estuda as relaes entre

    supervisor e supervisionados e no somente o supervisor, isso porque se baseia no modelo de

    French e Raven, de 1959, que estuda o poder em uma perspectiva social e o prprio Martins

    (2008), autor da EBPS, assevera que as relaes entre chefes e subordinados so relaes

    sociais, porque, segundo Clegg e Hardy (2001, p.266), a aceitao da estrutura como arena

    poltica deriva da literatura da psicologia social, desenvolvida por Emerson (1962) e que [...]

    exemplos incluem French e Raven (1968). Portanto, nesta tese acredita-se que a EBPS capta

    a autoridade que o cargo possui, esta autoridade se constitui em um processo social que usa o

    equilbrio entre a aceitao dos subordinados e os recursos de poder do cargo, os cargos por

    sua vez se constituem em um design formal da organizao que a estrutura hierrquica.

    Logo a EBPS permite analisar o poder da organizao pautado na estrutura hierrquica.

    A Medida de Atitude em relao Retaliao Organizacional (MARO) foi usada

    nesta pesquisa para mensurar o conflito/retaliao em Unidades de Informao e identificar os

    fatores de conflito/retaliao organizacional. Isso possibilitou alcanar o terceiro objetivo

    especfico: Mensurar o conflito/retaliao em Unidades de Informao, identificando qual, ou

    quais, o (s) fator (s) que pode gerar o conflito/retaliao pelo no acesso ao poder

  • 21

    organizacional, a saber - fator de conflito/retaliao afetivo e fator de conflito/retaliao

    conativo.

    A Escala de Interdependncia de Tarefas (EIT) e a Escala de Interdependncia de

    Resultados (EIR) foram usadas aqui para mensurar a comunicao/informao entre membros

    das equipes de trabalho em Unidades de Informao e identificar a interdependncia de

    tarefas e a interdependncia de resultados entre os membros das equipes. . Isso viabilizou

    alcanar o ltimo e quarto objetivo especfico desta tese: Mensurar a

    comunicao/informao entre membros das equipes de trabalho em Unidades de Informao,

    identificando a existncia de interdependncia de tarefas e interdependncia de resultados

    entre os membros das equipes.

    Estas bases permitiram a construo do marco terico desta tese para atingir um

    objetivo, qual seja: analisar o poder organizacional em Unidades de Informao sob a

    perspectiva poltica da Administrao. Para nortear este objetivo mais geral comum se

    colocar o tema em forma de pergunta de partida, pois assim fica mais claro direcionar a

    pesquisa, no sentido de responder a esta pergunta inicial. Assim, os resultados desta tese

    buscaram respostas para a seguinte pergunta de partida que evidencia o problema de

    pesquisa: A anlise dos elementos constituintes do poder organizacional (liderana,

    poder da estrutura/cargo/autoridade, conflitos/retaliao e comunicao/informao

    entre membros das equipes de trabalho) nas unidades de informao pesquisadas

    indicam um poder centrado no cargo, atravs do exerccio da autoridade, ou

    distribudo pelos membros das equipes de trabalho?

    Essa pergunta foi usada para nortear o objetivo geral, que analisar o poder

    organizacional em unidades de informao sob a perspectiva poltica da Administrao. Para

    alcanar o objetivo geral foram utilizados os quatro objetivos especficos j discorridos.

    Para atingir os objetivos especficos e, por conseguinte, o objetivo geral, auxiliando

    nas respostas pergunta de partida, foi utilizado um questionrio, aplicado junto s unidades

    de informao pesquisadas, que tiveram como amostra: 4 bibliotecrios-chefe das BUs do

    SIBI/UFBA e 4 coordenadores das 5 coordenaes existentes no APEB.

    Para apresentar detalhadamente o processo de pesquisa, as reflexes e a construo

    terica, na sequncia a esta introduo o leitor encontrar o referencial terico desenvolvido e

    a apresentao da metodologia adotada e as consideraes finais alcanadas a partir da

    apresentao e discusso dos resultados.

  • 22

    2 REFERENCIAL TERICO

    O intuito do presente captulo consubstanciar todos os entendimentos necessrios

    que deram suporte a consecuo da presente tese. Para tal foi dividido em quatro sesses, que

    so: 2.1 informao e poder; 2.2 a perspectiva poltica dentro das perspectivas analticas da

    administrao e as prticas gestoras em unidades de informao; 2.3 tomando a perspectiva

    poltica da administrao como elemento para a anlise do poder organizacional em unidades

    de informao; e a ltima seo, 2.4 as unidades de informao pesquisadas.

    As Unidades de Informao (Arquivos, Bibliotecas, Museus, Centros de

    Documentao, Servios de Informao) so sobremaneira importantes para o

    desenvolvimento de toda a sociedade e isso fica mais premente quando esto ligadas aos

    ambientes de produo do saber, como o caso das Universidades e Governos. Tais

    organizaes que trabalham com a informao, possuem grande responsabilidade para com o

    usurio e para com a comunidade que a cerca. Nesse sentido, estudar o poder organizacional

    em unidades de informao assume um papel fundamental.

    Em sntese, do presente captulo se conclui que a anlise do poder organizacional

    pautado na liderana, em unidades de informao, deve ser entendida como um processo

    social que usa os recursos dos liderados, e no somente a centralizao dos recursos de poder

    (poder da autoridade do cargo, contraposio ao no poder de outros, valorizao de

    interesses coincidentes, comunicao e informaes restritivas). Tendo como unidades de

    anlise os estilos de funcionamento de liderana organizacional, que so: estilo de

    funcionamento de liderana individualista (baseado na liderana do trao pessoal), estilo de

    funcionamento de liderana afiliativo (baseado na abordagem do estilo ou liderana

    comportamental), estilo de funcionamento de liderana empreendedor (baseado na liderana

    situacional/contingencial), e estilo de funcionamento de liderana burocrtico (baseado na

    liderana transacional).

    Se conclui tambm que a anlise do poder organizacional pautado na estrutura de

    poder, em unidades de informao, deve ser entendida como o que tem na autoridade do

    cargo uma fonte importante, mas tambm como um poder distribudo pelas equipes de

    trabalho (que conduz a uma reproduo e uso mais equitativo do poder, gerando uma relao

    e viso positiva de poder). Tendo como unidades de anlise as bases estruturais de poder

  • 23

    organizacional, que so: base estrutural de poder legtimo (baseado no poder legtimo), base

    estrutural de poder de coero (baseado no poder de coero), base estrutural de poder de

    recompensa (baseado no poder de recompensa), e base estrutural de poder de percia (baseado

    no poder de percia).

    De igual modo, deste captulo se conclui que a anlise do poder organizacional

    pautado nos conflitos de poder, em unidades de informao, deve ser entendida como

    distribuio dos recursos de poder no sentido de solucionar, ou minimizar, atitudes e desejos

    de conflitos e retaliaes para com a unidade de informao (atravs da participao como

    forma de integrar recursos polticos e gerar maior autonomia de gesto), evitando, assim,

    disputas, diretas ou veladas, pela ocupao de posies na estrutura formal (disputas por

    cargos e chefias) onde s so valorizados os interesses coincidentes. Tendo como unidades de

    anlise os fatores de retaliao pelo no acesso ao poder organizacional, que so: fator de

    conflito/retaliao afetivo (baseado na atitude de retaliao afetivo) e fator de

    conflito/retaliao conativo (baseado na atitude de retaliao conativo).

    Por ltimo, este captulo traz a concluso de que a anlise do poder organizacional

    pautado na comunicao e informao, em unidades de informao, deve ser entendida no

    sentido de que se a comunicao/informao for transparente e intensa entre os membros das

    equipes de trabalho, haver um alto grau de dependncia de tarefas e um alto grau de

    resultados alcanados, afastando-se de um baixo grau de consecuo dos objetivos da

    organizao devido a uma m formao de equipes pela existncia de uma comunicao

    restrita da informao. Tendo como unidades de anlise a dependncia entre os membros das

    equipes de trabalho, que so: dependncia de tarefas (baseado na interdependncia de tarefas)

    e dependncia de resultados (baseado na interdependncia de resultados).

  • 24

    2.1 INFORMAO E PODER

    Neste primeiro pargrafo apresentamos a sntese deste sub-item. Nesta seo so

    buscados os entendimentos entre a informao e o poder, discutindo amplamente estes nexos

    e suas possveis causalidades para subsidiar a anlise do poder organizacional em unidades de

    informao, levando concluso de que informao conhecimento, e conhecimento

    poder, pois uma informao desprovida de sentido meramente um dado, algo que existe no

    real, mas no o transforma. S quando o ser cognocente apodera-se desse dado que ele o

    transforma em conhecimento, num processo simblico de infinitas ressignifices que

    caracterizam o ser humano como tal. Este ser se junta a outros iguais para formar a trama

    social, que lhe identitria, e da estabelecer relaes de classe e dominao, bem como de

    contingncias e organizacionais. A informao, portanto, preexiste, existe e ps-existe, ora

    como ela prpria, ora como poder e ora como conhecimento. Se a informao

    conhecimento e o conhecimento poder, ento a informao poder. Ou seja, a assimetria da

    informao em ambientes organizacionais, bem como o ambiente externo, um elemento que

    gera incerteza: quem for capaz de diminuir a incerteza ter mais informaes e

    consequentemente mais poder. Ou seja, as organizaes atuam em um ambiente incerto,

    portanto a capacidade de controlar tal incerteza representa uma fonte potencial de poder. Por

    conseguinte, a informao adentra os seres sociais transformando-os e se transformando em

    conhecimento. Este, aliando-se a habilidades e atitudes, produz competncias, que podem ser

    pessoais ou organizacionais.

    Informao o objeto da Cincia da Informao CI. Segundo Lima (2003), essa

    rea nasceu formalmente em 1962, em uma reunio do Georgia Institute of Tecnology, da

    necessidade de se dar conta do grande volume informacional surgido a partir da revoluo

    tcnico-cientifica posterior II Guerra Mundial, onde as reas do conhecimento humano

    passaram a demandar um nvel de organizao da informao. Desde ento muitos so os

    conceitos para a CI.

    Borko (1968) alerta que a CI a disciplina que investiga as propriedades e o

    comportamento informacional, as foras que governam os fluxos de informao e os

    significados do processamento da informao, visando a acessibilidade e a usabilidade. A CI

    est ligada ao corpo de conhecimentos relativos origem, coleta, organizao, armazenagem,

    recuperao, interpretao, transmisso e uso da informao. Ela tem, prossegue o autor, tanto

  • 25

    um componente de cincia pura, atravs de pesquisa dos fundamentos, sem atentar para sua

    aplicao, quanto um componente de cincia aplicada, ao desenvolver produtos e servios.

    Isso significa dizer que, partindo-se de Borko, dever haver, por parte da CI, uma

    preocupao com a origem, organizao, tratamento, armazenamento da informao para sua

    posterior recuperao, transformao e uso pelo usurio. Incluindo-se as pesquisas: tanto em

    sistemas naturais como artificiais, em sistemas de programao e informao, em mediao

    entre humanos, em registros fsicos de valor histrico, entre outros. Para tal, j se percebe a

    natura interdisciplinar da CI, que para dar conta do seu trabalho com a informao requer

    relacionamentos com reas como a matemtica, lgica, lingustica, psicologia, comunicao,

    artes grficas, biblioteconomia, arquivologia, museologia e, aquilo que est no mbito da

    presente pesquisa, com a Administrao.

    Em 1980, Foskett afirmava que a CI uma disciplina que surge de uma fertilizao

    cruzada de ideias que incluem a velha arte da biblioteconomia, a nova arte da computao, as

    artes dos novos meios de comunicao e aquelas cincias como psicologia e lingustica que,

    em sua forma moderna, tm a ver diretamente com todos os problemas da comunicao a

    transformao do conhecimento organizado. Ou seja, com o decorrer do tempo entre Borko e

    Foskett, tornou-se mais claro a natureza interdisciplinar da CI, provando que ela tem a

    informao como essncia, interpenetrando-se e se interconectando com os ramos do

    conhecimento humano que produzem informao e que portanto necessitam prementemente

    da organizao dessa informao. A partir de Foskett possvel inferir que h uma forte

    correlao entre informao e conhecimento, num sentido, e conhecimento e informao, em

    outro sentido.

    Em 1996, Saracevic apontou que a CI um campo dedicado s questes cientficas e

    prtica profissional voltada para os problemas da efetiva comunicao do conhecimento e de

    seus registros entre os seres humanos, no contexto social, institucional ou individual do uso e

    das necessidades de informao. No tratamento destas questes so consideradas de particular

    interesse as vantagens das modernas tecnologias informacionais.

    De Foskett at Saracevic h um reforo para a interconexo entre informao e

    conhecimento, transparecendo que nos anos de 1990 a percepo da importncia das novas

    tecnologias para o a rea da CI j estava bastante clara. A partir de Saracevic possvel

    vislumbrar o aparecimento do usurio como plo importante no trabalho com a informao,

    pois o autor traz uma dimenso social para o uso da informao, alm de tangenciar o

    profissional da informao e citar o termo necessidades informacionais.

  • 26

    Barreto (2007) salienta que o conhecimento, destino da informao, organizado em

    estruturas mentais por meio das quais um sujeito assimila a coisa informao. Conhecer

    um ato de interpretao individual, uma apropriao do objeto informao pelas estruturas

    mentais de cada sujeito. Estruturas mentais no so pr-formatadas, no sentido de serem

    programadas nos genes. As estruturas mentais so construdas pelo sujeito sensvel, que

    percebe o meio. A gerao do conhecimento uma reconstruo das estruturas mentais do

    indivduo realizado atravs da sua competncia cognitiva, ou seja, uma modificao em seu

    estoque mental de saber acumulado, resultante de uma interao com uma forma de

    informao. Esta reconstruo pode alterar o estado de conhecimento do indivduo, ou porque

    aumenta seu estoque de saber acumulado, ou porque sedimenta o saber j estocado, ou porque

    reformula o saber anteriormente estocado. Ou seja, a partir de Barreto possvel verificar o

    usurio como um dos protagonistas da CI, pois de nada adianta organizar a informao sem

    que ela possa ser recuperada, e quem recupera a informao o usurio que a usar, dentro da

    sua estrutura cognitiva, para atender a alguma necessidade informacional.

    Outra inferncia que se faz a partir de Barreto, e que reforado por Almeida Jnior

    (2009), : se a informao capaz de ou aumentar o estoque de saber acumulado do usurio,

    ou de sedimentar o seu saber j estocado, ou de reformular o saber anteriormente estocado,

    porque o usurio est em um estado de incerteza. Ou, conforme Ingwersen e Belkin, em um

    estado anmalo de conhecimento. Dito de outra forma: o usurio percebe uma lacuna

    informacional em sua estrutura mental que no pode ser preenchida pelas suas lembranas,

    experincias e nem pela sua capacidade de deduo, da ele dispara o processo mental de

    busca pela informao, que ocorrer fora da sua mente.

    Bellotto (1998) acrescenta, em relao informao, que a informao arquivstica

    tem a especificidade de ter um cunho jurdico-administrativo, alm de ser relativa ao

    funcionamento das organizaes e entidades. E apresenta, em geral, outras formas com que a

    informao se apresenta: a) a informao jornalstica, que a da mdia em geral, b) a

    informao tcnico-cientifica, que trabalha e registra o conhecimento humano e c) a

    informao sociocultural, que trabalha e registra os aspectos relativos a cultura, sociedade e

    vida das pessoas.

    [A informao] pode ser vislumbrada em vrios nveis, a saber: linearmente

    entre emissor/autor e receptor/usurio; conflituosamente entre emissor/autor

    e receptor/usurio (envolve questionamentos e comumente processos de

    dominao do primeiro sobre o segundo); da relao entre dados e

    informao; da mensagem concebida para a informao (construo de

    sentidos ou compreenso de um fenmeno); da informao para o

    conhecimento. Historicamente, em especial a partir da dcada de 1960, a

  • 27

    informao tem sido concebida em termos poltico-institucionais

    (representaes de cunho governamental em esfera federal, estadual,

    municipal, parceria pblica e/ou privada de natureza nacional-internacional)

    e poltico-cientficos (elaborao de polticas/programas/modelos de

    informao de carter pblico e privado). (SILVA; GOMES, 2013, p.7-8).

    A informao, para Bellotto, pode assumir ainda algumas acepes: pode ser

    considerada tudo o que o receptor recolhe, ou se apercebe, antes que nele se verifique

    qualquer processo intelectual, segundo Desantes Guanter (1987); pode ser o conhecimento

    escrito/gravado sob forma escrita, impressa, numrica, oral ou audiovisual, segundo Le

    Coadic (1996), ou a ao e o efeito de comunicar dados, segundo Veja de Deza (1996); pode

    ser coisa ou objeto mais do que processo ou conhecimento, conforme Buckland (1991), ou,

    segundo Lopes (1996), a informao pode ser qualquer atribuio do pensamento humano

    sobre a natureza e a sociedade, desde que verbalizada ou registrada. Dentro das inmeras

    acepes e especificidades que tem a informao, Bellotto traz um importante entendimento

    sobre o objeto da Cincia da Informao.

    Em qualquer destas abordagens apercebemo-nos de que a informao

    necessita de um veculo, de um suporte para ser transferida, para ser

    registrada e conhecida posteriormente sua produo. A informao seria,

    portanto, uma substncia, uma matria que passa pelo processo de

    comunicao para chegar a um receptor e os seus pblicos de interesse. [...]

    na vastssima rea da informao/comunicao/documentao definem-se

    campos especficos marcados pela diversidade da informao quanto sua

    natureza, seu armazenamento, sua disseminao e seus pblicos de interesse.

    (BELLOTTO, 1998, p.22).

    Repare-se que esse importante entendimento de Bellotto encontra amparo em Borko,

    Foskett, Saracevic e Barreto. E tem a ver, de forma visceral, com a organizao da informao

    para sua posterior recuperao, pois, como dito, de nada adianta organizar uma informao

    que no pode ser recuperada. Da a necessidade de se dar ateno para a natureza,

    armazenamento e disseminao da informao para que possa haver a recuperao da

    informao pelos seus pblicos de interesse, ou seja, como salienta Smit (2004), para que

    ocorra o milagre da CI.

    Isso porque, segundo Silva (2002), o oceano de informaes pelo qual navega a

    humanidade pode apresentar um saber organizado medida que os contedos atendam ao

    pblico no que este demandar, no que lhe faz sentido, afinal, a possibilidade de mudana de

    site, de canal ou de dial d ao indivduo moderno a prpria escolha da construo do saber.

    A partir de Bellotto, Borko, Foskett e Saracevic se pode inferir que a organizao da

    informao condio indispensvel para sua posterior recuperao, pois de nada adianta

  • 28

    organizar uma informao que no pode ser recuperada. E a partir de Barreto e Almeida

    Junior se pode inferir que o ser cognocente (usurio) busca a informao movido por um

    estado de incerteza.

    A busca pela informao a partir de um estado de incerteza tambm ocorre no

    ambiente organizacional (incluindo as unidades de informao enquanto organizaes).

    Trabalhadores em seu ambiente laboral lidam basicamente com fluxos informacionais nos

    seus processos de trabalhos, portanto lidam com incertezas, incompletudes de conhecimento,

    assimetria de informaes. Com isso, possvel prever que, no ambiente laboral, aquele que

    detm informao, aquele que tem conhecimento, aquele que detm algum nvel de poder.

    De modo que, em maior ou menor nvel, nas organizaes, informao, conhecimento e poder

    so quase sinnimos.

    A informao enquanto poder (ou o poder da informao) est na sua materialidade.

    Nesse sentido, Frohmann (2008) traz o exemplo dos registros psiquitricos. Estes so

    produzidos e disponibilizados em instituies psiquitricas, cujas rotinas e processos

    adicionam peso e massa aos registros. Conforme os registros se movem entre os

    departamentos da instituio, eles disparam eventos que os faro migrar para instituies

    legais. Por isso, os registros so admitidos em procedimentos e processos judiciais, nos quais

    tm repercusses importantes. Um registro psiquitrico autenticado legalmente, prossegue o

    autor, tem mais peso e impacto do que aquele que ainda no migrou para a arena legal. E at

    estes possuem alguma importncia simplesmente por estarem sujeitos a uma divulgao legal.

    Para Frohmann, alm do carter pblico e social da informao, o seu conceito de

    materialidade muito mais rico, porque muito do carter pblico e social da informao

    depende da sua materialidade. O autor expressa que sem a ateno materialidade, grande

    parte das consideraes sociais, culturais, polticas e ticas, to importantes para os estudos da

    informao, se perdem. O conceito de materialidade da informao consegue, pois, conciliar o

    conceito de informao com os estudos das prticas pblicas e sociais, ou seja, uma ponte

    que liga a informao e as prticas pblicas e sociais. Tal conceito importante quando se

    deseja investigar o que fazem os sistemas de informao que so materializaes dos eventos

    cognitivos das mentes dos membros das equipes laborais.

    [...] conceito de informao num sentido imaterial, presente numa mente,

    implica a limitao dos estudos dos efeitos dos regimes de informao a

    investigaes de mudanas na conscincia individual. De acordo com esse

    modo de pensar, os efeitos sociais e pblicos dos sistemas de informao

    tornam-se refns da questo de quantos indivduos so afetados. Se a

  • 29

    conscincia de muitas pessoas se modifica, ento, de acordo com essa forma

    de pensar, um fenmeno social aconteceu. (FROHMANN, 2008, p.21).

    Essa imaterialidade da informao ainda latente na psiqu do ser cognocente, apesar

    de importante, insuficiente para dar conta, mensurar ou perceber os aspectos pblicos,

    polticos, organizacionais e sociais da informao. De modo que na materialidade que reside

    um dos poderes da informao, quando esta se materializa que se pode perceber as

    incertezas e incompletudes da mente que levaram busca da informao, para que a sua

    transformao possa preencher alguma necessidade de uso nos espaos da vida, sejam eles

    pblicos ou organizacionais, pois todos so espaos construdos socialmente.

    O autor denomina essa imaterialidade de conceito mentalista da informao, que

    aquele no qual a informao concebida como algo que est presente na mente em estado de

    compreenso (seja essa proveniente da leitura de um documento, da leitura de mundo ou de

    outros meios) que privilegia os estudos da informao focados nos indivduos como agentes

    de atividades e prticas do interesse dos estudos da informao.

    Para Frohmann a abordagem mentalista, que se correlaciona imaterialidade da

    informao, insuficiente porque os indivduos no so os agentes primrios dos aspectos

    sociais, polticos, pblicos, econmicos e culturais e organizacionais da informao, o que

    torna necessrio uma abordagem materializada para explicar a informao nesses aspectos.

    Tal materialidade encontrada tambm em Buckland (1991), que enuncia a informao em

    trs nveis: a informao como `coisa`, a informao como `processo` e a informao como

    `conhecimento`. A informao-como-coisa atribuda aos objetos materializada e, portanto,

    possui a qualidade de conhecimento comunicado, algo que informa, podendo ser

    materializada, por exemplo, nos documentos. (FERREIRA; ALMEIDA JNIOR, 2013,

    p.160).

    A materialidade da informao, ou a coisificao da informao, o momento em

    que ela sai do ambiente intimo de significao e ressignificao do sujeito (sua mente) e,

    ganhando a liberdade que prpria do pensar, adentra em outras mentes para dar continuidade

    a esse ciclo infinito de construo de saberes, pois uma informao desprovida de sentido

    meramente um dado, algo que existe no real, mas no o transforma. A materialidade da

    informao pode ser considerada, pois, como a manifestao do saber que construdo

    coletivamente.

    No sentido de a informao enquanto poder (ou o poder da informao) se manifesta

    na sua materialidade, outro autor referenciado Foucault. Segundo Junior e Elias (2011), ao

    considerarmos a filosofia de Michel Foucault e sua intensa reflexo sobre a questo do poder

  • 30

    e seus instrumentos (aparelhos, dispositivos e discurso) nos diversos contextos sociais, torna-

    se evidente e anloga a questo da constituio e acumulao de acervos documentais

    orgnicos numa perspectiva de assegurar a materialidade de um discurso na constituio de

    um poder.

    Os instrumentos so o registro do discurso, uma forma de ligar mentes, desejos,

    significados, paixes etc., uma forma de materializar o pensado, de transmiti-lo, no s aos

    contemporneos, mas tambm aos que no vivem mais.

    Foucault (2007) esclarece, ainda, o papel definidor das ideologias nas

    prticas discursivas [...]. Vale ressaltar que as prticas discursivas so vistas

    pelo autor como intrnsecas ao saber [...]. Outro ponto fundamental de

    influncia da ideologia a formao dos objetos [aparelhos, dispositivos,

    documentos] - o autor lembra que os objetos a que se direcionam o discurso

    e o prprio ato de se produzir discurso sobre determinado objeto so fruto de

    um conjunto de relaes determinadas. (ZILLER; CARDOSO, 2008, p.2).

    As prticas discursivas esto no mbito dos estudos da anlise do discurso. Segundo

    Fontanella et al. (2008), os tericos da Anlise do Discurso defendem que se l na fala de um

    indivduo o discurso do grupo e o seu prprio discurso. Discurso mais no sentido da forma

    original pela qual esse discurso mais amplo foi assimilado e organizado pelo indivduo, do

    que no sentido de ter sido construdo fora de um contexto histrico e interacional,

    independente das condies de sua produo e das determinaes histricas e sociais de sua

    formao.

    Aquilo que se percebe como individualizaes da fala, segundo os autores, seriam

    diferenas nas nuances que a linguagem adquire ao ser assimilada s vivncias pessoais e aos

    contornos que o enunciado adquire, determinados pelas condies imediatas da enunciao.

    Onde se diz, de onde se diz e para quem se diz definem para o sujeito o que pode, o que deve

    e como pode ser dito naquele momento e situao. Mas as possibilidades de um indivduo

    dizer so limitadas pelo tempo e espao social a que pertence, o que o leva a ser identificado

    como pertencente a um determinado grupo.

    Assim as prticas discursivas se relacionam com a materialidade da informao, as

    semelhanas destas indicaro, na perspectiva social, o discurso do grupo, da formao social

    qual pertence o sujeito, e na perspectiva psicanaltica indicaro estruturas do aparelho

    psquico mais universais ou gerais. Mas as diferenas marcaro as vivncias pessoais e as

    condies imediatas de produo da fala e, com sua materialidade, o registro da informao.

  • 31

    Junior e Elias destacam, em relao materialidade da informao, que uma das

    primeiras anlises feitas por Foucault sobre a construo e funo dos arquivos e documentos

    foi no livro Arqueologia do Saber, publicado em 1969, onde se dedica ao estudo da utilizao

    e propriedade do arquivo segundo sua viso terica a partir de metodologias de pesquisa

    utilizadas em obras anteriores. Onde, tambm, para chegar s definies sobre o arquivo,

    apresenta uma construo que inicialmente baseia-se na construo do signo e da palavra, a

    partir dessa anlise gradativa vai identificando as funes, construes e utilizaes do

    arquivo e do documento, que so materialidades da informao.

    A abordagem de Foucault acerca dessa materialidade (o arquivo), no sentido da

    construo dos saberes, sugere-a como dispositivo de afirmao/construo desses saberes,

    relativizando a questo do documento como um monumento repleto de intenes, e portanto

    de poder. Nessa viso, Foucault traz o documento (registro, matria) como sendo um

    instrumento historicizado e que, portanto, uma representao de uma ideia forjada de um

    fato/legado ocorrido verdadeiro no passado, ento o historiador teria o papel de transform-lo

    (trabalhando a informao), oferecendo-lhe uma elaborao (matria), um estatuto (registro).

    A partir desta perspectiva o registro/materialidade (arquivo), at ento rgido e custodial,

    perde sua pureza e imutabilidade e passa se tornar algo malevel, que se transforma

    conforme a manipulao (materializao de mais informaes). (JUNIOR; ELIAS, 2011).

    A partir de Frohmann, Buckland e Foucault, e mais especificamente de Bellotto e

    Frohmann, pode-se inferir que, alm da incerteza (estado anmalo do conhecimento), a

    materialidade da informao a transforma em poder. Dito de outra forma, a incerteza gera a

    materialidade e necessita dela para preencher outras incertezas numa dialtica infinita, isto ,

    o ser cognocente apodera-se do dado e o transforma em conhecimento, num processo

    simblico de infinitas ressignifices que caracterizam o ser humano como tal.

    Arajo e Melo (2007) acrescentam que as reflexes de Bourdieu (1977) nos levam a

    considerar que o fenmeno informacional (gerao, tratamento, acesso, recepo e uso) um

    fenmeno cuja natureza se expressa atravs de poderes. Assim, a expresso informao

    poder pode e deve ser refletida em termos mais crticos, no sentido de que o poder da

    informao tambm um poder simblico estruturado a partir de construes coletivas, que

    so capitais culturais manifestados nos campos socais por meio do capital simblico, da

    competncia lingustica e do discurso. Silva e Morigi (2008, p.5-6) reforam que

    Bourdieu (1989) analisa os sistemas simblicos [...] quando afirma: Sabe-se

    que os indivduos e os grupos investem nas lutas de classificao todo o seu

    ser social, tudo o que define a ideia que eles tm deles prprios, todo o

  • 32

    impensado pelo qual eles se constituem como ns por oposio a eles aos

    outros a ao qual esto ligados por uma adeso quase corporal. isto que

    explica a fora mobilizadora excepcional de tudo o que toca identidade

    (BOURDIEU, 1989, p.124).

    Silveira (2000) concorda com Arajo e Melo (2007) quando afirma que o