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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE Mirza Mello Souza O EDIFÍCIO HOSPITALAR SUSTENTÁVEL: O REUSO DE ÁGUA PLUVIAL PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE BELÉM PA. SALVADOR-BAHIA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ARQUITETURA

ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE

SAÚDE

Mirza Mello Souza

O EDIFÍCIO HOSPITALAR SUSTENTÁVEL: O REUSO DE ÁGUA

PLUVIAL PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM

ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE NO

MUNICÍPIO DE BELÉM – PA.

SALVADOR-BAHIA

2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ARQUITETURA

ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE

SAÚDE

Mirza Mello Souza

O EDIFÍCIO HOSPITALAR SUSTENTÁVEL: O REUSO DE ÁGUA

PLUVIAL PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM

ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE NO

MUNICÍPIO DE BELÉM – PA.

Monografia apresentada a Curso de Especialização da

Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da

Bahia, como requisito parcial para a obtenção do Título de

Especialista em Arquitetura em Sistemas de Saúde.

Orientadora: Márcia Maria Lisbôa Carramenha. MSc.

SALVADOR-BAHIA

2010

Souza, Mirza Mello,

O Edifício Hospitalar Sustentável: o reuso de água pluvial

para fins não potáveis em EAS no município de Belém – Pa/Mirza

Mello Souza – Salvador: Mirza Souza, 2010.

78f.: il.

Monografia (Especialização) – Programa de Pós-Graduação em

Arquitetura.

Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura , 2010.

1. Arquitetura Hospitalar

2. Arquitetura e Saúde

I. Título II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura

III. Monografia.

Mirza Mello Souza

O EDIFÍCIO HOSPITALAR SUSTENTÁVEL: O REUSO DE ÁGUA

PLUVIAL PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM

ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE NO

MUNICÍPIO DE BELÉM – PA.

MONOGRAFIA ESPECIALIZAÇÃO

submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de

ESPECIALISTA EM ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE

à

Câmara de Ensino de Pós-Graduação e Pesquisa

da

Universidade Federal da Bahia

Aprovado: Comissão Examinadora

...........................................................

...........................................................

...........................................................

Data da Aprovação: ......./......./......... Conceito:

À minha sócia e mãe Cleonice, que durante

todos esses anos esteve ao meu lado trocando

experiências e conhecimentos.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, por todos os momentos deste trabalho.

Aos meus pais, Cleonice e Netto por estarem sempre ao meu lado, sabendo da minha

capacidade.

Ao meu colega de trabalho Joaquim Augusto Meira por ter sido meu amigo e parceiro

durante esta jornada.

À professora Márcia Carramenha, por ter dedicado seu tempo a me guiar no

desenvolvimento deste trabalho.

A todos os professores e mestres por sua orientação e dedicação.

Agradeço especialmente, ao professor Antônio Pedro de Carvalho pelos seus

ensinamentos e pela oportunidade de fazer este curso.

Aos amigos e todas as pessoas que me apoiaram para que este trabalho acontecesse.

RESUMO

Neste trabalho é apresentado como a água potável é um recurso natural finito, e como

alguns países já sofrem com a sua escassez. O Brasil é um país com abundância de água

potável, entretanto há regiões que sofrem com a escassez devido à má distribuição deste

recurso, à alta densidade populacional nos centros urbanos e à degradação dos recursos

hídricos existentes. O futuro da humanidade depende do estabelecimento de políticas de

desenvolvimento sustentável, entre elas o de reúso de águas pluviais. O alto índice

pluviométrico nas regiões de clima quente e úmido torna o município de Belém

potencialmente propício para utilização de sistemas captação e reúso de águas pluviais

para fins não potáveis nas edificações, dentre elas os Estabelecimentos Assistenciais de

Saúde (EAS), principalmente o Edifício Hospitalar. O propósito desta pesquisa é

apresentar quais as principais estratégias e aplicações são possíveis para o reúso da

água pluvial em regiões de alto índice pluviométrico, visando o conceito do Edifício

Hospitalar Sustentável. O método empregado nesta pesquisa utilizou o levantamento de

referencial teórico e a análise dos dados coletados, identificando soluções arquitetônicas

e propondo a formação de uma literatura específica para os EAS. Os dados obtidos

permitiram a aplicação do Estudo de Caso do Hospital Regional de Referência em

Oncologia em Castanhal, no Estado do Pará, de forma a comparar o consumo de água

para fins não-potáveis na edificação e a disponibilidade pluviométrica da região

utilizando o reúso de água pluvial.

Palavras-chave: Edifício Hospitalar Sustentável. Estabelecimento Assistencial de Saúde.

Reúso. Água pluvial.

ABSTRACT

In this paper it´s shown how potable water is a finite natural resource, and how some countries

suffer with its rareness. Brazil beholds a great volume of potable water, however some regions

lack in distribution networks for this resource, the high demographic rates and the degradation

of the existing resources. The future of mankind depends directly on the establishment of

sustainable development policies, amongst which the ones concerning rainwater reuse. The high

levels of rainwater precipitation in the hot and humid equatorial regions, turns de the city of

Belém into a potential user of collection and reuse systems for non-potable use of rainwater

harvested in buildings, such as healthcare facilities. The main purpose of this research paper is

to present the principal strategies along with its applications, that are possible to implement in

order to use rainwater in regions with high rates of rain precipitation, willing the so called

sustainable healthcare facility. The method applied in this research used a theoretical reference

bibliographic survey and the analysis of the data collected, identifying design solutions towards

the formation of a technical literature on healthcare facilities. The data obtained allowed the use

of a study case about de the oncology reference regional hospital in the city of Castanhal, state

of Pará, in order to compare the water consumption for non-potable use in the building and the

rainfall water availability for its reuse.

Key-Words: Sustainable Hospital Building. Healthcare Facilities. Reuse. Rainwater

SUMÁRIO

LISTA DE GRÁFICOS ...............................................................................................................9

LISTA DE QUADROS .............................................................................................................. 10

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... 11

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 12

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13

2. RECURSOS NATURAIS: ÁGUA ..................................................................................... 15

2.1 A ÁGUA NO MUNDO .............................................................................................. 16

2.2 ÁGUA NO BRASIL................................................................................................... 18

3. PERSPECTIVA HISTÓRICA: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................... 20

3.1 NORMATIZAÇÃO .................................................................................................... 23

4. CONDIÇÕES HIGROTÉRMICAS EM BELÉM, NO ESTADO DO PARÁ .................... 29

4.1 ASPECTOS GERAIS: ESTADO DO PARÁ ........................................................... 29

4.2 ASPECTOS CLIMÁTICOS EM BELÉM (PA) ....................................................... 31

5. ÁGUA PLUVIAL PARA FINS NÃO-POTÁVEIS: PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS PARA

O EAS ........................................................................................................................................ 40

5.1 EAS: USO URBANO NÃO-POTÁVEL E USO INDUSTRIAL ............................... 44

5.1.1 Descarga em Bacias Sanitárias e Mictórios ........................................................ 45

5.1.2 Lavagem de Pisos, Calçadas e Irrigação Paisagística ......................................... 45

5.1.3 Lavagem de Veículos ......................................................................................... 46

5.1.4 Reserva de Prevenção e Combate à Incêndio ...................................................... 46

5.1.5 Refrigeração: ...................................................................................................... 47

5.1.6 Alimentação de Caldeiras ................................................................................... 49

5.2 CAPTAÇÃO .............................................................................................................. 52

5.3 TRATAMENTO ........................................................................................................ 54

5.4 ARMAZENAMENTO ............................................................................................... 59

6. SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS PARA EDIFICÍOS HOSPITALARES EM REGIÕES

COM ALTO INDICE PLUVIOMÉTRICO ............................................................................... 61

6.1 ESTUDO DE CASO: HOSPITAL REGIONAL DE REFERÊNCIA EM

ONCOLOGIA, CASTANHAL (PA) ..................................................................................... 62

6.1.1 Captação ............................................................................................................. 62

6.1.2 Tratamento.......................................................................................................... 67

6.1.3 Descarga em Bacias Sanitárias e Mictórios ........................................................ 67

6.1.4 Lavagem de Pisos, Calçadas e Irrigação Paisagística ......................................... 68

6.1.5 Lavagem de Veículos ......................................................................................... 70

6.1.6 Reserva de Prevenção e Combate à Incêndio ...................................................... 70

6.1.7 Refrigeração ....................................................................................................... 71

6.1.8 Alimentação de Caldeiras ................................................................................... 73

6.1.9 Armazenamento .................................................................................................. 74

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 77

ANEXOS....................................................................................................................... ...............82

9

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Rosa dos ventos, freqüência de ocorrência da brisa predominante em Belém .......... 32

Gráfico 2 - Direção do vento ...................................................................................................... 32

Gráfico 3 - Velocidade do vento ................................................................................................ 33

Gráfico 4 - Distribuição da temperatura durante o ano (°C) em Belém ...................................... 33

Gráfico 5 - Freqüência de Ocorrência da Iluminância em Plano Horizontal em Belém ............. 34

Gráfico 6 - Variação da umidade relativa mês mais quente e mês mais frio (%) em Belém ....... 35

Gráfico 7 - Distribuição de precipitação mensal em Belém........................................................ 36

Gráfico 8 - Precipitação máxima em 24hs em Belém ................................................................. 37

Gráfico 9 - Carta Bioclimática ................................................................................................... 38

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Bacias hidrográficas brasileiras ................................................................................ 18

Quadro 2 - Marcos Ambientalista pós 2ª Guerra Mundial .......................................................... 21

Quadro 3 - Águas Salinas ........................................................................................................... 25

Quadro 4 - Águas Salobras ......................................................................................................... 25

Quadro 5 - Águas Doces ............................................................................................................ 26

Quadro 6 - Principais contaminantes em função da origem da água .......................................... 42

Quadro 7 - Tipos de Consumo Urbano ....................................................................................... 43

Quadro 8 - Sistemas de tratamento recomendados em função dos usos potenciais .................... 57

Quadro 9 - Principais categorias de contaminantes presentes na água e tecnologias para sua

remoção ...................................................................................................................................... 58

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Os maiores rios do mundo .......................................................................................... 17

Tabela 2 - Distribuição dos recursos hídricos, da área superficial e da população (% do total do

Brasil) ........................................................................................................................................ 19

Tabela 3: Padrão de Qualidade recomendado para Água de Resfriamento e Geração de Vapor 51

12

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo hidrológico ....................................................................................................... 15

Figura 2 - Um mundo sedento .................................................................................................... 16

Figura 3 - Mapa do Brasil dividido por Regiões ......................................................................... 29

Figura 4 - Unidades Climáticas do Brasil ................................................................................... 31

Figura 5 - Sistema de resfriamento da água ................................................................................ 48

Figura 6 - Torre de Resfriamento ............................................................................................... 49

Figura 7 - Caldeira ..................................................................................................................... 50

Figura 8 - Desenho esquemático do sistema de captação de água de chuva em residências ....... 53

Figura 9 - Representação das etapas de clarificação da água ...................................................... 55

Figura 10 - Processo de Filtração e Cloração ............................................................................. 56

Figura 11 - Cobertura Roll on .................................................................................................... 63

Figura 12 – Instalação modular da cobertura verde .................................................................... 63

Figura 13 - Laje de cobertura verde............................................................................................ 64

Figura 14 - Área de Cobertura, de irrigação paisagística e de lavagem de pisos e veículos........ 65

Figura 15 - Irrigação por aspersão .............................................................................................. 69

Figura 16 - Rede de abastecimento de torres de resfriamento e alimentação para o Chiller ....... 72

Figura 17 - Rede de alimentação de caldeiras e distribuição para unidades consumidoras. ........ 73

13

1. INTRODUÇÃO

O esgotamento dos recursos naturais no planeta Terra é uma das principais

preocupações na atualidade, visto que o futuro da humanidade depende de políticas de

desenvolvimento sustentável a serem adotadas para solucionar ou retardar este

problema. A sustentabilidade depende do equilíbrio resultante da inter-relação entre os

aspectos econômicos, sociais e ambientais.

A água doce corresponde a 2,5% do total disponível no Planeta, dos quais

apenas 0,3% encontram-se em rios e lagos distribuídos desigualmente nos continentes.

No Brasil, a abundância de águas pluviais na Região Amazônica torna o

município de Belém potencialmente propício para a utilização de sistemas de captação e

reúso de águas pluviais para fins não potáveis nas edificações, dentre elas o Edifício

Hospitalar, o que pode ser incentivado pela adoção de políticas públicas direcionadas

para o desenvolvimento sustentável.

Encontrar soluções sustentáveis desde a elaboração do projeto é uma das

premissas para ser atingido o conceito do Edifício Hospitalar Sustentável.

O Objeto de estudo deste trabalho é a reutilização da água pluvial visando a

sustentabilidade no Edifício Hospitalar no município de Belém. Foi direcionado pelo

questionamento: Quais as principais estratégias e aplicações possíveis de reuso de água

pluvial em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) a fim de contribuir para a

sua sustentabilidade ambiental em regiões de alto índice pluviométrico?

A finalidade deste trabalho é determinar quais as principais estratégias e

aplicações possíveis de reúso da água pluvial em EAS no município de Belém, visando

o conceito do Edifício Hospitalar Sustentável, realizando o levantamento de referências

sobre as estratégias de reúso da água pluvial em EAS e avaliando quais estratégias

apresentam melhor custo-benefício para serem aplicadas a fim de contribuir para a

sustentabilidade ambiental em regiões de alto índice pluviométrico.

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica para conceituar e relacionar

os assuntos desenvolvidos, sendo estes divididos em: a escassez da água,

14

desenvolvimento sustentável, dados sobre o município de Belém e o Edifício Hospitalar

Sustentável. Foram seguidos os seguintes procedimentos metodológicos:

Levantamento de referencial teórico:

Análise de Manuais da Agência Nacional das Águas;

Programas Nacionais e Internacionais de Sustentabilidade

Livros relacionados com o tema;

Regulamentos técnicos;

Normas;

Pesquisas na internet sobre artigos relacionados ao tema

Análise dos dados coletados

O diretor-geral da UNESCO, Koichiro Matsuura afirmou que “As reservas de

água estão diminuindo, enquanto a demanda cresce de forma dramática, em um ritmo

insustentável” (COSTA et al., 2007).

Baseado no levantamento de referencial teórico obtido, este trabalho se propõe a

identificar soluções arquitetônicas que nortearão projetos de edifícios hospitalares em

regiões com pluviosidade abundante e, conseqüentemente, contribuir com dados para a

adoção de políticas públicas direcionadas a apresentar alternativas para aproveitar este

potencial.

15

2. RECURSOS NATURAIS: ÁGUA

A água tem uma enorme importância na natureza, sendo uma substância vital

que faz parte de todas as matérias do ambiente natural ou antrópico. Está ligada

diretamente à identidade dos ambientes e paisagens, formando e regenerando os rios, os

oceanos, os desertos e as florestas, sendo indispensável como recurso natural renovável.

É de suma importância para o desenvolvimento dos ecossistemas, e conseqüentemente é

um fator vital para a população mundial (COSTA et al., 2007).

A água é reciclada na natureza por meio da variação de seus estados físicos, sob

forma líquida ou sólida. A presença de água em maior ou menor quantidade durante um

ciclo é decorrente das variações climáticas, geográficas e pluviométricas que

determinam as características dos diversos ambientes. Atingem as superfícies dos

oceanos, mares, continentes e ilhas na forma de vapor, neblina, chuva ou neve (Figura

1), tornando-se um recurso renovável e móvel, mantendo constantemente seu volume no

planeta (COSTA et al., 2007).

Figura 1 - Ciclo hidrológico

Fonte: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc21/v21a10.pdf>, 2010, p.48.

16

2.1 A ÁGUA NO MUNDO

A água é um recurso natural finito. Em sua maior extensão, cerca de três quartos

da superfície, a Terra é coberta por este fluído, o que a faz ser também chamada de

“Planeta Água”. É através da percolação, do escoamento superficial e da infiltração

pelo solo que a precipitação pluvial interage com a superfície terrestre. De acordo com

Rebouças et al (2008), a quantidade de água na Terra tem permanecido constante nos

últimos 500 milhões de anos, algo em torno de 1.386 milhões de km³, dos quais, do

volume total estocado nos principais reservatórios de água, 97,5% formam os oceanos e

os mares e somente 2,5% constituem-se de água doce (Figura 2).

Figura 2 - Um mundo sedento

Fonte: <http://www.istoe.com.br/reportagens/58846_NOSSO+BEM+MAIS+PRECIOSO>, 2010.

Entretanto, a maior parcela desta água doce encontra-se nas calotas e geleiras

polares ou no subsolo, sendo acessível apenas 1% de água doce disponível.

(REBOUÇAS et al., 2008). Segundo Costa et al (2007), os volumes de água

encontrados nos rios e lagos de água doce são os mananciais mais acessíveis a serem

utilizados pelo ser humano para irrigação e usos gerais, somando aproximadamente 200

mil km³ e, de acordo com as previsões, para uma população mundial de 5 a 6 bilhões de

habitantes é possível que em 30 ou 40 anos este volume de águas superficiais se esgote.

Conforme demonstrado na Tabela 1, os maiores rios do planeta estão inseridos

parcialmente ou totalmente nas regiões úmidas. Países como México, Hungria, Índia,

China, Tailândia e Estados Unidos encontram-se em situação crítica e onze países da

17

África e nove do Oriente Médio já não têm água. Considera-se que 500 m³/hab.ano

significa “escassez de água” e 1.000 m³ per capita/ano representa uma condição de

“estresse da água” (FALKENMARK, 1986 apud COSTA et al., 2007).

Tabela 1- Os maiores rios do mundo

Rios Precipitação

(mm/ano)

Evapotranspiração

(mm/ano)

Lâmina

escoada

(mm/ano)

Descarga

média (m³/s)

Amazonas 2.150 1.062 1.088 212.000

La Plata 1.240 808 432 42.400

Congo 1.551 1.224 337 38.800

Orinoco 1.990 1.107 883 28.000

Mekong 1.570 1.047 523 13.500

Irrawaddy 1.970 992 978 13.400 Fonte: IHP/UNESCO (1991, apud Costa et al., 2007, p.5).

A qualidade da água potável de um país depende das precipitações anuais, ou

seja, da quantidade de chuva que cai sobre o solo. Embora o índice pluviométrico em

alguns países seja muito superior ao consumo anual, perde-se por evaporação e por

transpiração das plantas entre 50% a 60%, sendo esta água classificada como não

potável, isto é, não é própria para o consumo humano. O agravante é a distribuição

irregular e os péssimos sistemas empregados para coletá-la, sendo inutilizada devido à

contaminação e à poluição (KONYA, 1981).

De acordo com Keeler e Burke (2010), desde os primórdios da humanidade, o

homem aprendeu a exaurir os recursos naturais, e esta conduta permeia por toda a nossa

história, e usualmente resulta na extinção de comunidades devido ao esgotamento destes

recursos, levando ao colapso diversas sociedades primitivas.

Como conseqüência e, apesar da grande quantidade de água potencialmente

disponível, a escassez da água tem sido uma praga ao longo da história e, atualmente, é

ainda mais preocupante (KONYA, 1981).

18

2.2 ÁGUA NO BRASIL

De acordo com dados de 2009 da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), o Brasil é considerado o 5º país em extensão territorial, com área de

8.514.876 km², correspondendo a uma ocupação territorial de 47,7% da América do Sul

e 20,8% das Américas, com uma população de 193.733.795 habitantes.

O Brasil é um país de clima predominantemente quente e úmido, propiciando

uma rede hidrográfica formada por inúmeros rios com grandes volumes de água que

correspondem a 55.457 km² de seu território, o que equivale a 1,66% da superfície do

Planeta. Em sua maior parte são rios perenes, ou seja, não são extintos no período de

seca, entretanto no sertão nordestino – região semi-árida – existem rios temporários

(Ministério das Relações Exteriores, 2001, apud COSTA et al., 2007). Estes rios

formam quatro principais bacias hidrográficas: Amazônica no norte do país, Prata ou

Platina no sul, São Francisco a leste e Tocantins a oeste. Em sua maioria, são rios que

deságuam diretamente no mar, com exceção do rio Tietê em São Paulo. O Rio

Amazonas tem suas nascentes na cordilheira dos Andes com água proveniente do

derretimento das geleiras da cordilheira (Quadro 1).

Bacias Hidrográficas Área (km²) Principais afluentes

Bacia Amazônica 3.889.489,60 > 7.000

Bacia do Prata 1.393.115,60

formada pelo rios

Paraná, Paraguai e

Uruguai

Bacia do São Francisco 645.876,60 São Francisco

Bacia do Tocantins 808.150,10 Tocantins Quadro 1 - Bacias hidrográficas brasileiras

Fonte: Costa et al.( 2007, p.8).

Apesar da abundância de rios no Brasil, algumas regiões padecem com escassez

de água devido à má distribuição destes recursos no território brasileiro e à degradação

dos recursos hídricos disponíveis. A Tabela 2 a seguir demonstra a má distribuição da

população, onde cresce exageradamente a densidade populacional concentrada em áreas

pouco providas de recursos hídricos e a ocupação desordenada do solo urbano que

agrava os efeitos das enchentes afetando a população e suas atividades econômicas

(COSTA et al., 2007).

19

Tabela 2 - Distribuição dos recursos hídricos, da área superficial e da população (% do total do Brasil)

Região Recursos hídricos Superfície População

Norte 68,50 45,30 6,98

Centro-Oeste 15,70 18,80 6,41

Sul 6,50 6,80 15,05

Sudeste 6,00 10,80 42,65

Nordeste 3,30 18,30 28,91

SOMA 100,00 100,00 100,00 Fonte: Uniágua (2006 apud Costa et al., 2007, p.11).

Segundo Costa et al. (2007), a degradação dos recursos hídricos é conseqüência

do falho sistema de drenagem, da ineficiente coleta e tratamento da água residual, da

grande poluição atmosférica, da inapropriada destinação dos resíduos sólidos, da falta

de conscientização ambiental da população, empresários e governantes, enfim são os

resultados da imprudência da sociedade que causam os grandes impactos ambientais.

À medida que a demanda por este recurso cresce, o gerenciamento e uma melhor

atuação política são necessários e indispensáveis, de maneira que se deve promover uma

administração dinâmica e efetiva na fiscalização e controle de uso e proteção da água e

do solo (COSTA et al., 2007).

20

3. PERSPECTIVA HISTÓRICA: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A mecanização dos processos produtivos decorrente da Revolução Industrial,

que provocou a transição internacional da sociedade rural, com economia de

subsistência, para a sociedade industrializada com ritmo de vida acelerado, causou,

durante muito tempo e em muitos continentes, o surgimento dos conflitos sociais

ligados diretamente aos impactos ambientais. A natureza passou a ser vista como um

objeto, como um produto agrícola e econômico (KEELER; BURKE, 2010).

Em escala internacional, o pensamento ambientalista (auxiliado por acordos

intergovernamentais ocasionais) surgiu em uma arena política muito diferente da atual.

As primeiras conferências enfatizaram a proteção de espécies de vida selvagem em

troca de pesquisas científicas. Congressos de pesquisas científicas também eram

realizados regularmente, ainda que no início não buscassem regulamentação (KEELER;

BURKE, 2010).

O desenvolvimento sustentável visa a redução de três problemas: a desigualdade

social, o crescimento econômico ilimitado e a escassez dos recursos naturais do planeta,

ou seja, sendo estes os principais problemas que ameaçam a sobrevivência da

humanidade e que dependem diretamente de uma ação conjunta entre governos,

corporações e sociedade para serem solucionados.

Na década de 1930, a política do New Deal, do Presidente Franklin Roosevelt,

buscou, entre outros atos, proteger e administrar os recursos ambientais. Roosevelt

também fundou o National Resources Board (Conselho de Recursos Nacionais) por

decreto lei em 1934. O objetivo do órgão era informar:

(...) os aspectos físicos, sociais, governamentais e econômicos das políticas

públicas para o desenvolvimento e o uso da terra, da água e de outros

recursos nacionais, alem de outros temas relacionados que, ocasionalmente,

possam ser solicitados pelo Presidente (ROOSEVELT, 1930, apud

KEELER; BURKE, 2010, p.40).

Trazendo outros avanços, o Presidente Harry Trumam estabeleceu a Comissão

de Políticas Materiais do Presidente (President’s Materials Policy Comission – também

conhecida como Paley Comission). O relatório da Comissão Paley (1952) defendeu a

conservação e a utilização de estratégias alternativas a fim de promover o crescimento

econômico. Ele se voltou para o empreendimento privado com supervisão

21

governamental, buscando criar novas tecnologias como o aquecimento de água pelo sol

e a tecnologia de energia solar (KEELER; BURKE, 2010).

Marcos Ambientalistas após a Segunda Guerra

Mundial

1948: A organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) fundou a

União Internacional para a Preservação da Natureza

(IUPN) na Suíça e na Bélgica.

1949: A IUPN organizou a Conferencia Cientifica

das Nações Unidas sobre a Conservação e a Utilização de

Recursos, em Nova York.

1956: A IUPN se tornou a União Internacional para

a Conservação da Natureza (ICUN) e dos Recursos

Naturais, devido ao engajamento de cientistas e

ecologistas.

1960: O WWF (World Wildlife Fund) se tornou o

segmento financeiro da ICUN. Quadro 2 - Marcos Ambientalista pós 2ª Guerra Mundial

Fonte: Keeler e Burke (2010, p.41).

O equilíbrio entre a economia, a sociedade e o meio ambiente são atualmente as

grandes preocupações da sociedade. Estas preocupações tiveram início na década de 60:

(...) com a publicação, em 1962, da obra de Rachel Louise Carson:

Primavera Silenciosa, denunciando a contaminação do ambiente por

resíduos tóxicos resultantes de defensivos agrícolas, despertou para

necessidade da discussão sobre os impactos ambientais decorrentes das

atividades industriais e, na seqüência, das atividades geradoras de resíduos

perigosos, dentre estes os Serviços de Saúde (CARRAMENHA, 2005,

p.48).

E culminaram em 1972, em Estocolmo na Suécia, quando a Conferência das

Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, permitiu a oportunidade de adequação de

progresso econômico com administração racional dos recursos naturais aliado à

proposta de aplicação de princípios a nível mundial, caracterizando-se como o início das

discussões da questão ambiental (CARRAMENHA, 2005).

A partir deste marco, estas três questões economia, sociedade e meio ambiente,

passaram a ser vistas em conjunto.

De acordo com a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável

(FBDS), em 1972, por ocasião da Conferência de Estocolmo, foi criado o Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Este foi o primeiro grande evento de

escala mundial, em que a expressão sustentabilidade transforma-se no símbolo do

22

conceito de desenvolvimento sustentável e tem como princípio uma sociedade com

sistema social justo, economicamente próspero e ambientalmente equilibrado. A

proposta da sustentabilidade é integrar estes três aspectos, equilibrando-os e respeitando

sua interdependência.

Nos anos seguintes à Conferência, aumentou consideravelmente o número de

estudos e organizações relacionadas às questões socioambientais, buscando estabelecer

um modelo de desenvolvimento sustentável.

Em 1984, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou Comissão Mundial de

Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), e realizou em Genebra a Comissão de

Bruntland, destacando as principais questões relacionadas à população, alimentação,

energia, indústria, saúde das espécies e dos ecossistemas entre outros.

O desenvolvimento sustentável visa a redução de três problemas: a desigualdade

social, o crescimento econômico ilimitado e a escassez dos recursos naturais do planeta,

sendo estes os principais problemas que ameaçam a sobrevivência da humanidade e que

dependem diretamente de uma ação conjunta entre governos, corporações e sociedade

para serem solucionados.

Em 1987 é realizado o Protocolo de Montreal para Substâncias que Destroem a

Camada de Ozônio (Montreal Protocolo n Substances that Deplete the Ozone Layer),

resultando em melhorias nas práticas de construção e gestão de edificações (KEELER;

BURKE, 2010).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em 1992, aconteceu a

“Cúpula da Terra” no Rio de Janeiro, mais conhecida como Eco-92 organizada pela

ONU, na qual foram elaborados documentos importantes, tais como:

A Declaração do Rio: contendo 26 princípios de precaução para o

desenvolvimento sustentável.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas

(Framework Convention on Climate Change): resultando no Protocolo de

Quioto, que exige dos países o comprometimento na redução dos gases

de efeito estufa, incluindo o dióxido de carbono (CO2), ou comercializem

suas emissões quando necessário.

23

A Agenda 21: foram estabelecidos objetivos, planos de ação e estratégias

de implantação para a sustentabilidade.

A Declaração de Princípios das Florestas (Statement of Forest

Principles): abordando o assunto de práticas florestais sustentáveis em

escala internacional.

A Convenção sobre Diversidade Biológica (Convention on Biological

Diversity): sobre a preservação de espécies.

A partir desta, seguiram-se as demais conferências e documentos, objetivando

estabelecer padrões, metas (Cúpula do Milênio da ONU, 2000), reduções de emissão de

gases (Carbon Disclosure Project, 2003), critérios de análise de risco socioambiental

(Princípios do Equador I e II, 2003 e 2006 respectivamente), definindo as

responsabilidades dos governantes e das empresas.

3.1 NORMATIZAÇÃO

De acordo com a Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica (ANAB,

200?), as atividades da construção civil têm enorme impacto no meio ambiente, e

conseqüentemente no indivíduo, consumindo anualmente:

40% dos recursos naturais e da energia produzida

34% do consumo de água

55% do consumo de madeira não certificada

67% da massa total de resíduos sólidos urbanos e 50% do volume total de

resíduos (ANAB, 200?, [s.p.])

Portanto, é evidente que a responsabilidade ética no setor da construção civil

determina a qualidade do meio-ambiente, pois construir de maneira sustentável envolve

um grupo multidisciplinar, que vai do arquiteto ao usuário, do administrador público ao

empresário e do produtor ao varejista. O modelo de sustentabilidade da Construção

Civil, segundo a ANAB (200?, [s.p.]) deve seguir dez princípios básicos:

Minimizar o impacto ambiental das construções.

24

Promover comunidades sustentáveis.

Promover a saúde e o bem-estar do homem.

Priorizar a longevidade da construção, durabilidade e adaptabilidade.

Utilizar materiais de baixo impacto ambiental.

Promover a conservação e uso racional da água.

Promover a eficiência energética, o uso racional de energia e as fontes de energia

renovável.

Minimizar a produção de resíduos e promover a reciclagem.

Não utilizar produtos tóxicos. Usar preferencialmente ecoprodutos.

Promover a educação ambiental, o consumo consciente e a preservação da cultura

De acordo com estudos realizados pelo Green Building Council (2003 apud

ANAB, 200?, [s.p.]), a cada US$1 investido na construção de edifícios sustentáveis

retorna US$15 em 20 anos:

74% – Saúde e produtividade dos ocupantes

14% - Operação e manutenção

09% - Energia

02% - Emissões

01% - Água (GREEN BUILDING COUNCIL, 2003 apud ANAB, 200?, [s.p.]).

Um investimento de 2% no projeto, em média, resulta em economia de até 20%

no custo total da construção (GREEN BUILDING COUNCIL, 2003 apud ANAB, 200?,

[s.p.]). No âmbito internacional, países da União Européia, entre outros, se

comprometeram em definir parâmetros de eco eficiência para novas obras e reformas,

entre os quais se determina:

O consumo máximo de água por instalação e o uso obrigatório de dispositivo

economizador;

Limitação para a perda térmica das aberturas com vidro;

Contribuição mínima de energia solar para aquecimento de água ( uso de boiller);

Isolamento acústico mínimo 48 dB para as paredes;

Criação de um sistema de pontos com referência a uso de pré-fabricados, reciclagem,

reuso de água, energias renováveis, ventilação natural, sendo que todas as obras devem

atingir um mínimo de pontos (GREEN BUILDING COUNCIL, 2003 apud ANAB,

200?, [s.p.]).

No Brasil, o Decreto nº 24.643, de 10 de Julho de 1934, denominado “Código

das Águas”, foi uma das primeiras normas que tratou designadamente da água. Neste

foram especificados os diversos tipo de água presentes no Território Nacional, os

critérios para o seu aproveitamento e as condições relacionadas às autorizações para

25

derivação, abordando também a questão da contaminação dos corpos d’água

(MIERZWA, 2002 apud CETESB, 1992b).

Destaca-se também o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a

resolução nº 20 de 18 de Julho de 1986, que classifica as águas doces, salobras e salinas,

determina o respectivo uso que deve ser dada às mesmas e os padrões de qualidade que

devem ser apresentados para cada classe, sendo um dos principais instrumentos para

controlar a degradação da qualidade dos recursos hídricos. De acordo com esta

resolução as águas são classificadas conforme indicados nos quadros 03, 04 e 05

apresentadas a seguir:

Classe Principais Usos

Recreação de contato primário

Classe 5 Proteção das comunidades aquáticas

Criação natural e/ou intensiva de espécies

destinadas à alimentação humana

Navegação comercial

Classe 6 Harmonia paisagística

Recreação de contato secundário

Quadro 3 - Águas Salinas

Fonte: Vivacqua (2005, p.129).

Classe Principais Usos

Classe 7 Recreação de contato primário

Proteção das comunidades aquáticas

Criação natural e/ou intensiva de espécies

destinadas à alimentação humana

Classe 8 Navegação comercial

Harmonia paisagística

Recreação de contato secundário

Quadro 4 - Águas Salobras

Fonte: Vivacqua (2005, p.129).

26

Classes Principais Usos

Classe

Especial Abastecimento doméstico sem prévia

desinfecção

Preservação do equilíbrio natural das

comunidades aquáticas

Classe 1 Abastecimento doméstico após tratamento

simplificado

Proteção das comunidades aquáticas

Recreação de contato primário (natação,

esqui aquático e mergulho)

Irrigação de hortaliças que são consumidas

cruas e de frutas que se desenvolvem rentes

ao solo e que sejam ingeridas cruas sem

remoção de película

Criação natural e/ou intensiva (aqüicultura),

de espécies destinadas à alimentação humana

Classe 2 Abastecimento doméstico após tratamento

convencional

Proteção das comunidades aquáticas

Recreação de contato primário

Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas

Criação natural e/ou intensiva de espécies

destinadas à alimentação humana

Classe 3 Abastecimento doméstico após tratamento

convencional

À irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas

e forrageiras

À dessedentação de animais

Classe 4 Navegação

Harmonia paisagística

Usos menos exigentes

Quadro 5 - Águas Doces

Fonte: Vivacqua (2005, p.129).

Fink (2003, p.456) afirma que “a Classe Especial é a única que não pode ser

indicada para reúso, já que por sua natureza, as águas pertencentes a esta classe são

reservadas ao uso primário inicial”.

A Lei nº 9.433, de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos

Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, criando

diretrizes gerais, planos de ação, o sistema de informação, cria o gerenciamento de

recursos hídricos, cria o Conselho Nacional e as Agências de Água, estabelecendo os

27

conceitos largamente definidos na Agenda 21, como o reconhecimento dos recursos

naturais como bens econômicos e seu uso racional (VIVACQUA, 2005).

A ABNT NBR 13.969 de 1997 direciona sobre o tratamento de águas e efluentes

para reúso considerando sobre seus aspectos relativos, tais como: técnicas de reúso

local; volume de esgoto a ser reutilizado; manual de operação e treinamento dos

responsáveis; sistema de reservação e de distribuição; grau de tratamento necessário e

planejamento do sistema de reúso.

O CONAMA, através da Resolução n.º 307/2002, torna obrigatória em todos os

municípios do Brasil a implantação de Planos Integrados de Gerenciamento de Resíduos

da Construção Civil, assim como a adoção de medidas para minimizar a geração, com

reutilização ou reciclagem. Assim como as Normas ABNT NBR 15.112/2004 a

15.116/2004 para regulamentação da gestão de Resíduos sólidos.

A ABNT NBR 15.527 de outubro de 2007 é a única norma brasileira que

fornece requisitos sobre o aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não

potáveis, recomendando o uso após o tratamento apropriado para a descarga de

sanitários, lavagem de veículos, limpeza de calçadas, ruas e pátios, irrigação de

gramados e plantas ornamentais e usos industriais. Esta norma relaciona, também, o

sistema de captação, o descarte e a qualidade da água.

A água de reúso deve ser classificada do mesmo modo que a classificação das

águas, pois esta é feita de acordo com o seu uso, assim condiciona da mesma forma seu

reúso (FINK, 2003).

O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo

(SindusCon-SP), publicou em 2005, o Manual de Conservação e Reúso de Águas em

Edificações, que determina as exigências mínimas para o uso da água não-potável em

diferentes atividades (SINDUSCON, 2005).

A Agência Nacional de Água (ANA) juntamente com a Federação das Indústrias

do Estado de São Paulo (FIESP) e o Centro Internacional de Referência em Reúso de

Água (CIRRA) desenvolveu o Manual de Conservação e Reúso de Água para a

Indústria (2004), orientando os programas de conservação e reúso, com a sistematização

de planos de ações e gestão de água, apresentando as possibilidades de uso de água

28

pluvial, subterrânea e reúso de água, visando a redução de consumo mais comuns na

indústria, tais como: o consumo humano, matéria-prima, fluído de

aquecimento/resfriamento, geração de energia, combate à incêndio, higienização de

ambientes e irrigação paisagística entre outros (VIVACQUA, 2005).

29

4. CONDIÇÕES HIGROTÉRMICAS EM BELÉM, NO ESTADO DO PARÁ

Segundo Moreira e Sene (2004) um conjunto de fatores climáticos como, por

exemplo: a latitude; a altitude; as massas de ar; a continentalidade; a maritimidade; as

correntes marítimas; o relevo; a vegetação; e a urbanização; é o que determina o clima,

ou seja, a conjunção de diversos fatores é responsável pelo comportamento da pressão

atmosférica, da umidade e da temperatura.

4.1 ASPECTOS GERAIS: ESTADO DO PARÁ

O Estado do Pará localiza-se na Região Norte do Brasil, limitando-se pelas

Regiões Nordeste e Centro-Oeste. De acordo com a Figura 3, faz ainda limite com o

Suriname e o Amapá (Norte), com o oceano Atlântico (Nordeste), com o Maranhão

(Leste), com o Tocantins (Sudeste), com o Mato Grosso (Sul), com o Amazonas (Oeste)

e com Roraima e a Guiana (Noroeste). Sendo o segundo maior estado do Brasil em área

territorial, com 1.248.042 km² (IBGE, 2009).

Figura 3 - Mapa do Brasil dividido por Regiões

Fonte: <http://www.mercuri.com.br/mapa_brasil_regioes.gif>, 2009.

30

Segundo a Secretaria de Planejamento de Orçamento e Finanças (SEPOF, 2004)

e o IBGE (2007), o Pará, cuja capital é Belém, possui uma população de 7.065.573

habitantes de acordo com o censo Demográfico de 2007, possuindo uma densidade

populacional de 5,66 habitantes/km², com um Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH) de 0,72. Tem o Produto Interno Bruto de R$ 44.376 bilhões e o PIB Per Capita

de R$ 4.992,00.

O Estado está dividido em 143 municípios, dentre os quais, destacam-se: Belém,

Castanhal, Santarém, Altamira, Marabá, Barcarena, Ananindeua, Tucuruí, Bragança,

Paragominas, Parauapebas e Redenção, constituindo pólos de desenvolvimento e

integração regional.

De acordo com Konya (1981), as zonas de clima úmido e quente têm as

seguintes características:

A vegetação é exuberante e densa, com crescimento rápido e de difícil

controle.

Pequenas variações de estação durante o ano, caracterizado por períodos

com mais ou menos chuva e ocasionais períodos de seca, que

corresponde a um a três meses de seca no ano.

Os períodos mais quentes são os que apresentam o céu nublado, com uma

temperatura praticamente constante, apresenta variação máxima anual de

mais ou menos 8°C, e a temperatura máxima anual durante o dia é de

30°C, e durante a noite atinge por volta de 24°C.

A umidade é alta durante a maior parte do ano, sendo a umidade relativa

anual de 65%, variando de 55% até 100% em alguns períodos do ano, e a

pressão do vapor mantém-se constante entre 2.500 e 3.000 N/m².

A precipitação média anual é alta, com chuvas diárias, que

freqüentemente ocorrem durante a tarde acompanhada de descargas

elétricas. O índice pluviométrico anual varia de 2.500 a 3.000 mm. Nos

meses mais úmidos podem exceder de 500 mm e durante uma hora de

chuva podem cair em uma hora 50 mm ou mais.

31

Figura 4 - Unidades Climáticas do Brasil

Fonte: Moreira e Sene (2004, p.105).

O Estado do Pará encontra-se na zona de clima classificada como equatorial

quente e úmido, como se pode observar na Figura 4 apresentada acima, possuindo todas

as características definidas por Konya (1981).

4.2 ASPECTOS CLIMÁTICOS EM BELÉM (PA)

Belém, capital do Pará, está situada na Região Norte do Brasil, em que

compreende grande parte da denominada Região Amazônica, a qual representa a maior

extensão de floresta quente e úmida do planeta.

32

Gráfico 1 - Rosa dos ventos, freqüência de ocorrência da brisa predominante em Belém

Fonte: Autor (composição utilizando o software SOL-AR do LabEEE / UFSC, 2010).

Esta região é cortada pela Linha do Equador, com baixas altitudes e possui

quatro sistemas de circulação atmosférica, sendo estes: ventos de Nordeste (NE) a Leste

(L) acompanhados de ventos estáveis; ventos de Oeste (O) da massa equatorial

continental; ventos de Norte (N) da Convergência (CIT); e ventos de Sul (S) do

anticiclone Polar (Gráfico 1). Estes três últimos são responsáveis pela instabilidade e

chuvas na região (MEIRA; SOUZA, 2010).

Gráfico 2 - Direção do vento

Fonte: Climaticus 4.2, 2005.

33

A ventilação predominante provém do primeiro quadrante (NE), tendo maior

freqüência e velocidade proveniente da direção Leste (L) - conforme pode ser

visualizado no Gráfico 2 - com velocidade média de 3,0m/s em praticamente todos os

meses do ano, com exceção dos meses de janeiro, fevereiro e maio que atinge a

velocidade média de 2,5m/s.

Gráfico 3 - Velocidade do vento

Fonte: Climaticus 4.2, 2005.

Essa variação de 0,5m/s não constitui diferença marcante que justifique o

aproveitamento das direções secundárias, conforme pode ser observado no Gráfico 3.

Gráfico 4 - Distribuição da temperatura durante o ano (°C) em Belém

Fonte: Climaticus 4.2, 2005.

Belém está situada na latitude de -01º27’21, próxima à Linha do Equador,

apresenta alto nível de radiação solar ao longo do ano e no horário de 12 às 18 horas

34

tem temperatura variável entre 32°C e 34°C, conforme pode ser observado no Gráfico 4

acima.

Segundo Meira e Souza (2010) esta condição climática uniforme faz com que as

edificações sejam concebidas de maneira que seus espaços internos e seus usuários

desenvolvam suas atividades sem que haja grande variação anual dos efeitos externos.

Gráfico 5 - Freqüência de Ocorrência da Iluminância em Plano Horizontal em Belém

Fonte: Climaticus 4.2, 2005.

O nível de Iluminância natural no plano horizontal desobstruído é determinado

em função de variáveis, como nebulosidade, chuvas, etc. No entanto, o Gráfico 5

apresentado mostra uma relação real da freqüência da ocorrência com o nível de

Iluminância, por exemplo: em 50% das horas do dia tem-se 35klux no plano horizontal

(MEIRA; SOUZA, 2010).

Segundo Konya (1981), a definição de umidade atmosférica se refere à

quantidade de vapor de água na atmosfera como resultado da evaporação das superfícies

de água, da umidade do terreno e da transpiração das plantas. A distribuição de vapor

não é uniforme, variando diretamente segundo a radiação solar anual e a temperatura

média, sendo maior nas regiões tropicais e menor nos pólos. Para expressar o conteúdo

da umidade do ar, utilizam-se termos distintos como: umidade absoluta, umidade

relativa, umidade específica e pressão de vapor apresentados a seguir:

A umidade absoluta é definida através do peso da água que há em um

determinado volume do ar (g/m³).

35

A umidade específica é o peso da água que há em um determinado peso

do ar (g/kg).

A pressão do vapor é a proporção atmosférica total que se deve

unicamente ao vapor de água, variando de – 2 milibares nas regiões frias

e desertas e de 15 a 20 milibares nas regiões tropicais quentes úmidas.

Influenciando na evaporação (suor) do corpo humano.

A umidade relativa do ar varia de acordo com a temperatura e influencia

no comportamento dos materiais de construção e no índice de

deterioração dos mesmos.

Por outro lado, a umidade relativa, como conseqüência das variações diárias a

anuais da temperatura do ar, sofre grandes variações, enquanto que a pressão do ar se

mantém constante (KONYA, 1981).

No município de Belém a umidade relativa do ar atinge em alguns meses do ano

quase 100% no período que compreende o horário entre as 02:00 e 08:00 e de 20:00 as

00:00 (Gráfico 6).

Gráfico 6 - Variação da umidade relativa mês mais quente e mês mais frio (%) em Belém

Fonte: Climaticus 4.2, 2005.

De acordo com Konya (1981), a formação de nuvens em grande escala e as

precipitações são conseqüência do chamado arrefecimento das massas de ar, que

dependem da estabilidade do ar no sentido vertical. Os movimentos de convecção do ar,

originados pelo aquecimento das massas de ar em contato com superfícies quentes,

36

produzem as correntes verticais de ar, as nuvens e as precipitações. As precipitações por

convergência se devem à elevação do ar, em movimentos turbulentos ou de rotação, nas

regiões formadas por zonas de baixa pressão, em que o ar quente sobe acima da massa

de ar frio, e origina a chuva de forma gradual, suave, de duração, atingindo uma ampla

região. As tormentas, as chuvas intensas e o granizo são característicos das zonas de

clima úmido e quente.

O nível de precipitação anual é de 2.893,10 milímetros no litoral do Pará, onde

está situada a capital Belém, enquanto que no leste do estado a ordem é de 1.500 a

1.700mm, em superior a cidades como São Paulo e Rio de Janeiro que apresentam

respectivamente 1.454,80 milímetros e 1.172,90 milímetros anuais. A precipitação

mensal é acima de 400 mm nos meses de fevereiro e março e acima de 300 mm, nos

meses de janeiro, abril e maio, período que corresponde ao “inverno” no Norte do país

(Gráfico 7).

Gráfico 7 - Distribuição de precipitação mensal em Belém

Fonte: Climaticus 4.2, 2005.

Além da precipitação total em cada mês do ano, é importante saber a quantidade

de chuva durante o período máximo de 24 horas, de forma que o arquiteto, ao projetar,

possa determinar a probabilidade do vento impulsionar a chuva, se o edifício está

situado em zona de granizo, prevendo a drenagem e cobertura adequadas, incluindo o

dimensionamento de calhas e das áreas pavimentadas (KONYA, 1981).

37

Gráfico 8 - Precipitação máxima em 24hs em Belém

Fonte: Climaticus 4.2, 2005.

Em Belém, a precipitação máxima pelo período de 24 horas foi registrada nos

meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, julho e dezembro. Deve-se analisar que,

apesar da precipitação mensal ser elevada apenas em cinco meses do ano, o período de

24 horas de chuva apresenta-se elevado em sete meses, mas durante os outros meses não

há total suspensão de chuva em qualquer mês do ano (Gráfico 8).

Quando se observa os níveis de umidade e temperatura de bulbo seco

associados, é importante que se utilize a carta bioclimática (Gráfico 9) para que se possa

adotar as estratégias necessárias nos espaços interiores da edificação atingindo níveis de

habitabilidade dentro da Zona de Conforto Higrotérmico (ZC). Devido a semelhança de

latitudes será utilizada carta de Belém (MEIRA; SOUZA, 2010).

Percebe-se a partir do gráfico gerado que mais de 70% das horas do dia

encontram-se na Zona de Condicionamento Artificial (CA), visto que o horário das 12

às 18hs com temperatura de 30° a 32° corresponde a 25% das horas do dia e, quando a

temperatura está acima de 26° com a massa de vapor acima de 20g/kg já sai da Zona de

Ventilação (ZV) e entra na CA.

Segundo Meira e Souza (2010), a edificação deverá captar a ventilação natural

no período em que se encontra na ZV e utilizar o condicionamento mecânico nos

demais períodos para atingir os níveis de conforto aceitáveis. Percebe-se também que o

uso de espelhos d’água para resfriamento evaporativo não devem ser aplicados às

edificações da região devido ao alto nível de umidade relativa do ar. As altas

38

temperaturas e níveis de umidade favorecem a presença de insetos (mosquitos entre

outros), fungos e mofos (KONYA, 1981)

Onde:

ZC – Zona de conforto;

ZV – Zona de ventilação;

RE – Zona de resfriamento evaporativo;

MTR – Zona de massa térmica para resfriamento;

CA – Zona de condicionamento artificial;

U – Zona de umidificação;

MTA – Zona de massa térmica para aquecimento;

ASP – Zona de aquecimento solar passivo;

AA – Zona de aquecimento artificial

Gráfico 9 - Carta Bioclimática

Fonte: Climaticus 4.2, 2005.

É necessário então, que sejam adotadas estratégias para que os espaços das

edificações ventilados naturalmente permaneçam estanques à entrada de água pluvial

39

por suas aberturas e que a captação desta seja reutilizada na edificação. Uma

preocupação a ser levada em conta pelo alto nível de pluviosidade no terreno é a

destinação das águas superficiais, haja vista que a topografia plana característica

predominante em Belém, não é propícia para o seu escoamento natural, exigindo que

este mesmo terreno possua grande permeabilidade permitindo a percolação sem que

ocorra acúmulo ou empoçamentos (MEIRA; SOUZA, 2010).

40

5. ÁGUA PLUVIAL PARA FINS NÃO-POTÁVEIS: PRINCIPAIS

ESTRATÉGIAS PARA O EAS

É necessário se fazer a distinção entre água potável: aquela destinada a consumo

orgânico, como aquela destinada à irrigação, consumo animal e humano e água não

potável, chamada por David (2003) de água ordinária, como aquela destinada à limpeza,

produção industrial, sistema de arrefecimento, descarga, entre outros. David (2003)

afirma que conhecer e admitir esta distinção, entre potável e não potável é crucial para

se tratar a questão da água no Brasil, além de reconhecer o fato histórico de que o uso

da água está conectado ao saneamento básico no País, apesar de serem serviços

distintos: coleta e tratamento de esgotos e o sistema de abastecimento de água,

dificultando dar tratamento apropriado ao tema.

Fink (2003) afirma que é preciso estabelecer princípios capazes de definir os

contornos normativos e apresenta possíveis proposições para reflexão, tais como:

a. O uso das águas exige políticas internas dos países. É preciso que as

legislações internas, por meio de políticas públicas, garantam a

qualidade dos recursos hídricos para as populações (FINK, 2003, p.453)

b. Nenhuma água de melhor qualidade deveria ser usada para fins menos

exigentes, a menos que haja excedente. É a afirmação de que o reúso da

água é o próprio instrumento destinado ao completo aproveitamento da

água como recurso ambiental, econômico e social (FINK, 2003, p.454).

c. O reúso potável direto deve ser a última forma de reúso de água, e é

indiscutivelmente aquele que maiores riscos pode trazer à saúde pública

(FINK, 2003, p.455)

Segundo David (2003), é preciso compreender que o ciclo de fornecimento de

água é um sistema aberto a novas propostas e soluções, com ciclos distintos de água,

saneamento e consumo.

O ciclo da água já exposto, passa pela evaporação, precipitação, captação, e

atualmente, tratamento, armazenamento e distribuição indistinta para todo e qualquer

uso, muitas vezes sem controle, haja vista o desequilíbrio ocorrido no Mar Cáspio em

decorrência da exploração desordenada deste recurso.

David faz algumas anotações à respeito:

a. A água hoje utilizada pelo homem é captada em lagos, rios e fontes e

represada para posterior tratamento e distribuição.

41

b. A água também é captada pela natureza, que a trata através de um

sistema de filtros naturais e a armazena em lagos e rios subterrâneos,

que hoje são explorados pelo homem e cuja capacidade de reposição é

limitada pela lentidão do processo de filtragem natural

d. O homem se utiliza desta água para consumo em um “ciclo de

saneamento” (DAVID, 2003, p.5)

No ciclo de saneamento David coloca a tentativa de “domar” a utilização, que

compreende: “tratar a água captada, distribuí-la e resgatar o produto final de sua

utilização (esgotamento sanitário) e devolvê-la para a natureza da forma mais próxima

possível da originalmente encontrada” (DAVID, 2003, p.5).

O ciclo do consumo limita-se basicamente ao ciclo de saneamento. Cabe então

otimizar e potencializar sua distribuição.

Para que as águas pluviais sejam aproveitadas, faz-se necessário um projeto

específico dimensionando os reservatórios, as cisternas, assim como os demais

componentes do sistema, calculando a demanda a ser atendida e as características

pluviométricas do local (Manual de Conservação e Reúso de Água para a Indústria,

2004). Porém, para serem utilizadas, as águas pluviais devem estar sob uma gestão de

qualidade e quantidade. O sistema de águas pluviais é geralmente composto pelos

seguintes itens:

Reservatórios e/ou cisternas, desde que o reservatório de água potável

não seja misturado com águas de diferentes características (ABNT NBR

5.626/1998);

Sistema de pressurização ou de recalque, com abastecimento direto dos

pontos de consumo;

Filtros separadores de sólidos e líquidos;

Rede exclusiva de tubos e conexões, identificadas de forma visível e sem

que ocorra cruzamento das instalações;

By pass para entrada de água de outra fonte no caso de um eventual

suprimento do sistema.

42

A água não precisa de tratamento avançado quando utilizada para fins menos

nobres, como irrigação paisagística e lavagem de calçadas, portanto há uma redução

considerável no consumo de água com padrão de qualidade mais nobre.

O Manual de Conservação e Reúso de Água para a Indústria (2004) afirma que a

água pluvial para fins não potáveis tem diferentes usos e finalidades, devendo

apresentar padrões de qualidade compatíveis com as atividades a serem desenvolvidas.

Devido à presença de uma ampla variedade de organismos vivos, de substâncias

químicas e materiais considerados contaminantes, é necessário que esta seja utilizada de

forma adequada, passando por processos e operações de tratamento para a remoção dos

contaminantes presentes. O Quadro 6 abaixo apresenta os principais contaminantes

presentes na água em função de sua origem.

* Depende das características do reservatório.

Quadro 6 - Principais contaminantes em função da origem da água

Fonte: Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (2004, p.85).

A Ambiente Brasil (2010) apresenta diversas aplicações da água reciclada, tais

como:

Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de

domínio de auto-estradas, campus universitários, cinturões verdes,

gramados residenciais.

Irrigação de campos para cultivos: plantio de forrageiras, plantas fibrosas

e de grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais,

proteção contra geadas.

Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de

processamento.

43

Recarga de aqüíferos: recarga de aqüíferos potáveis, controle de intrusão

marinha, controle de recalques de subsolo.

Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, combate ao fogo,

descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de

veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus, etc.

Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação

em pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca.

Usos diversos: aqüicultura, construções, controle de poeira,

dessedentação de animais.

O Quadro 7 demonstra que para o abastecimento de uma localidade são

consideradas várias formas de consumo urbano: doméstico, comercial, industrial,

público, especiais e perdas e desperdícios.

Quadro 7 - Tipos de Consumo Urbano

Fonte: adaptado de Neto, A. J. M. (1998 apud Costa et al. 2007, p.18).

44

Costa et al. (2007) afirma que para o uso industrial, a qualidade da água pode

variar de acordo com custo benefício de cada tipo de aplicação e os estudos de causas e

efeitos da impureza. Para a água de reúso deverá ser considerado o mesmo padrão de

qualidade da água relacionado ao tipo de consumo.

Portanto, de acordo com os diferentes usos e classificações apresentadas acima,

e devido à falta de literatura específica sobre o Edifício Hospitalar, classifica-se o

Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) como Uso Industrial e Uso Urbano não-

potável, pois as atividades desenvolvidas dentro deste envolvem as estratégias

desenvolvidas a seguir.

5.1 EAS: USO URBANO NÃO-POTÁVEL E USO INDUSTRIAL

O Manual de Conservação e Reúso de Águas em Edificações do SindusCon-SP

(2005) apresenta os padrões de qualidade da água para reúso, dividindo as atividades de

uso doméstico em quatro classes a seguir:

Classe 1: descarga de bacias sanitárias, lavagem de pisos e fins

ornamentais, lavagem de roupas e veículos.

Classe 2 : lavagem de agregados e preparação de concreto.

Classe 3: irrigação de áreas verdes e rega de jardins

Classe 4: resfriamento de equipamentos de ar condicionado (torres de

resfriamento)

O reúso urbano para fins não-potáveis implica em riscos menores e considera-se

como a primeira opção de aplicação urbana, entretanto devem ser tomados cuidados

específicos, garantindo a saúde pública, quando a prática de reúso envolve contato

direto com o usuário, tais como: descargas sanitárias, lavagens de veículos, irrigação de

gramados, de parques e jardins, reserva de proteção contra incêndio, sistemas

decorativos e lavagens de ruas (HESPANHOL, 1999).

45

O objetivo de empregar o reúso é maximizar a eficiência dos recursos naturais,

trazendo benefícios à imagem da empresa, pela adoção de postura de desenvolvimento

sustentável, garantindo qualidade na água tratada, viabilizando um sistema fechado,

com o mínimo rejeito de efluentes, com a garantia de abastecimento, tornando a

empresa independente das instabilidades do fornecimento do sistema público (COSTA

et al., 2007).

Costa et al. (2007) afirma que há, para o reúso de águas pluviais, uma grande

diversidade de aplicações em função da variedade de processos e requisitos específicos

de qualidade e quantidade para a água, tais como o resfriamento, alimentação de

caldeiras, processos sanitários, produção de água quente ou vapor, entre outros, e que

cada caso deve ser estudado.

5.1.1 Descarga em Bacias Sanitárias e Mictórios

De acordo com o Manual do SindusCon-SP (2005), a água de descarga em

bacias sanitárias e mictórios não deve ter mau-cheiro, nem ser abrasiva, não pode

manchar superfícies, nem deteriorar os metais sanitários e não deve propiciar a

contaminação ou a infecção por bactérias ou vírus que prejudiquem a saúde humana.

A ABNT NBR 13.969 de 1997 determina que, para a descarga em vasos

sanitários, a água deverá apresentar turbidez inferior a 10 e coliformes fecais inferiores

a 500NMP/100ml. O tratamento por filtro aeróbio submerso seguido de filtração de

areia e desinfecção por cloração são satisfatórios para atingir o grau de qualidade

exigido.

5.1.2 Lavagem de Pisos, Calçadas e Irrigação Paisagística

Segundo o Manual do SindusCon-SP (2005), a água de irrigação, rega de jardim

e lavagem de pisos não deve apresentar mau-cheiro, nem ser abrasiva, não pode

manchar superfícies, nem propiciar a contaminação ou a infecção por bactérias ou vírus

que prejudiquem a saúde humana e não deve conter componentes que estimulem o

crescimento de pragas e nem prejudiquem ou agridem as plantas.

46

A ABNT NBR 13.969/97 define que para a lavagem de pisos, calçadas e

irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e canais de fins paisagísticos, com exceção

dos chafarizes, a água deverá apresentar turbidez inferior a 5, coliformes fecais

inferiores a 500NMP/100ml e cloro residual superior a 0,5 mg/L. O tratamento

biológico aeróbio seguido de filtração de areia ou de membrana filtrante e desinfecção

são satisfatórios para se atingir o grau de qualidade exigido.

5.1.3 Lavagem de Veículos

A ABNT NBR 13.969/97 estabelece que para a lavagem de carros e outros usos

– incluindo chafarizes - que têm contato direto com o usuário, possibilitam a aspiração

de aerossóis pelo operador, deve atingir os requisitos mínimos para seu uso, tais como:

turbidez inferior a 5; coliforme fecal inferior a 200 NMP/100 ml; sólidos dissolvidos

totais inferiores a 200 mg/L; pH entre 6.0 e 8.0 e cloro residual entre 0,5 mg/L e 1,5

mg/L.

O Manual do SindusCon-SP (2005) orienta que a água utilizada para lavagem

de veículos não deve apresentar mau-cheiro, nem ser abrasiva, não pode manchar

superfícies, nem propiciar a contaminação ou a infecção por bactérias ou vírus que

prejudiquem a saúde humana e não deve conter sais ou substâncias remanescentes após

a secagem.

O tratamento deve ser iniciado com filtro aeróbio submerso, seguido por

filtração convencional de areia e carvão ativado ou por membrana filtrante e, por fim, a

cloração.

5.1.4 Reserva de Prevenção e Combate à Incêndio

O sistema de incêndio em áreas urbanas é tipicamente dimensionado com base

nos requisitos das normas vigentes do Corpo de Bombeiros. Konya (1981) afirma que o

fluxo de água necessário para a prevenção e combate a incêndio aumenta

consideravelmente o volume de água requerido a qualquer momento no reservatório,

aumentando também o tamanho do encanamento e encarecendo o sistema ao ser

47

aplicado em uma residência, porém no caso do Edifício Hospitalar, o ideal é a existência

de uma área de armazenamento própria para a reserva técnica de incêndio, ou seja, o

custo de ter um reservatório específico para esta finalidade já está incluído no valor do

metro quadrado (m²) da construção.

Não é previsto na ABNT NBR 13.969/97 o reúso de águas pluviais para

prevenção e combate a incêndio, porém se o sistema de reúso apresentar as qualidades

exigidas, com base na norma vigente, a água pode ser direcionada para este fim.

Contanto que o reservatório que também acumula água para consumo normal da

edificação deve ser adequado para preservar a qualidade da água, conforme a ABNT

NBR 5.626/98 e a capacidade efetiva do reservatório devem ser mantidas

permanentemente.

Por ter contato direto com o usuário será considerado o mesmo tratamento

exigido para a lavagem de carros, em que a água deve passar inicialmente por um

aeróbio submerso, seguido por filtração convencional de areia e carvão ativado ou por

membrana filtrante e, por fim, a cloração para a desinfecção da água.

5.1.5 Refrigeração:

As Centrais de Água Gelada (Chiller) são equipamentos também chamados de

Resfriadores de Líquidos, utilizando a água como fluído intermediário para fins de

condicionamento do ar. Esta água resfriada, com temperatura de ±7ºC é direcionada

para as Unidades Condicionadoras, mais conhecidas como "Fan Coils" (MEIRA;

SOUZA, 2010).

A Central de Água Gelada deve ser instalada em área própria para esta

finalidade, assim como todo o sistema de distribuição de água gelada, controle e sistema

de água de condensação para equipamentos de condensação a água, painéis elétricos de

segurança e bombas de recalque. É através dos “Fan Coils” que circula a água gelada,

que passa por uma serpentina, composto de um ventilador e um sistema de filtragem do

ar.

De acordo com Cortinovis e Song (2006), muitas vezes a água é utilizada como

fluido de resfriamento, pois há necessidade de remover a carga térmica de um

48

determinado processo. Devido à preocupação com o meio ambiente, a água aquecida

que provém dos resfriadores deve ser reutilizada. Para isto, é necessário que ocorra o

resfriamento da água, submetendo-a a Torre de Resfriamento e retornando a mesma ao

circuito dos resfriadores de processo. A Figura 5 apresenta um típico esquema deste

sistema com trocadores de calor e torre de resfriamento.

Figura 5 - Sistema de resfriamento da água

Fonte: Khoe (2010, p.31).

A principal contribuição para o resfriamento da água na Torre de Resfriamento é

dada pela recirculação de parte dessa água evaporada – transferência de massa da fase

líquida (água) para a fase gasosa (ar) – causando a diminuição na temperatura que flui

ao longo da torre de resfriamento (Figura 6). Cortinovis e Song (2006) afirmam que

“isso ocorre porque a água para evaporar precisa de calor latente, e esse calor é retirado

da própria água que escoa ao pela torre.”

49

Deve-se considerar durante a fase de projetação e instalação deste sistema a

direção dos ventos na locação das torres de resfriamento, a fim de evitar problemas de

recirculação e interferência comuns à situação, tais como: a proximidade de fontes de

calor que podem prejudicar seu funcionamento; a recirculação que ocorre quando o ar

que está entrando na torre é contaminado pelo ar quente e úmido que está saindo da

mesma torre devido a direção dos ventos; a interferência que ocorre quando o ar de

entrada de uma torre é contaminado pelo ar de saída de outra torre; assim como a

formação de neblina (fog) que acontece quando o vapor de água de saída da torre entra

em contato com o ar ambiente que está mais frio é condensado em pequenas gotas,

deixando o ar supersaturado (CORTINOVIS; SONG, 2006).

Figura 6 - Torre de Resfriamento

Fonte:< http://www.aiqdobrasil.com.br/servicos.php>, 2010.

Desta maneira observa-se que, a água do processo de resfriamento pode ser

alimentada pelo reservatório de água pluvial – tratada com o padrão de qualidade

exigido pelas normas vigentes – assim como deve ser reutilizada no mesmo processo,

ocorrendo uma economia considerável no consumo deste recurso natural.

5.1.6 Alimentação de Caldeiras

As caldeiras, também conhecidas como “boilers” são os equipamentos

destinados à produção de vapor saturado ou superaquecido, assim como equipamentos

de aquecimento e transferência de calor sem produção de vapor (Figura 7).

50

Através de uma série de normas, códigos e legislações, a caldeira tem seu

projeto, sua operação e sua manutenção padronizados e fiscalizados. Por ser um

equipamento de alto custo e de grande responsabilidade, para o desenvolvimento deste

projeto utiliza-se no Brasil o código da American Society of Mechanical Engineers

(ASME, 1979), e faz-se necessário que este seja desenvolvido por um engenheiro

mecânico habilitado, com experiência nesta área.

Figura 7 - Caldeira

Fonte: <http://www.saude.sc.gov.br/noticias/novo/fotos%202004/caldeira.htm>, 2010.

A qualidade da água disponível para que ocorra uma operação segura e eficiente

de uma caldeira é extremamente importante. A presença de diversas impurezas na água,

tais como: sais, óxidos/ hidróxidos, gases, argila, material orgânico, óleos, entre outros é

o motivo de nunca ser encontrada totalmente pura na natureza, causando problemas na

água para geração de vapor, resultando na formação de incrustações, corrosão e

deposição de materiais sólidos nas tubulações, nos tanques e outros equipamentos, e

conseqüentemente, ocasionando efeitos danosos ao processo produtivo (Costa et al.,

2007).

A qualidade da água potável não pode ser associada à qualidade da água para

geração de vapor, pois o padrão de potabilidade é fundamentado na presença de

microrganismos, enquanto que a água ideal para uso em caldeiras é que não contenha

nenhuma substância dissolvida, tornando-se inadequada para o consumo humano

(BUCKMAN, 1997).

De acordo com a ASME (1979), a água para geração de vapor deve conter as

seguintes características:

51

Menor quantidade possível de sais e óxidos dissolvidos;

Ausência de oxigênio e outros gases dissolvidos;

Isenta de materiais em suspensão;

Ausência de materiais orgânicos;

Temperatura elevada;

pH adequado - faixa alcalina (ASME, 1979, [s.p.]);

Conforme apresentado por Crook (1993 apud Manual de Conservação e Reúso

de Água para a Indústria, 2004), na Tabela 3, o padrão de qualidade recomendado para

água de resfriamento e geração de vapor é:

Tabela 3: Padrão de Qualidade recomendado para Água de Resfriamento e Geração de Vapor

Fonte: Crook (1996, apud Manual de Conservação e Reúso de Água para a Indústria, 2004, p.27).

Deve ser realizado um tratamento preliminar na água de reposição da caldeira,

evitando desta forma que as impurezas adentrem o sistema. Os tratamentos preliminares

52

para a água de caldeira são a clarificação, a filtração e a cloração, objetivando a retirada

de impurezas mais visíveis, como a turbidez, sólidos em suspensão e material orgânico,

e iniciando após estas etapas, caso necessário, tratamentos complementares aprimorados

para a eliminação total do material dissolvido.

O grau de qualidade da água para a utilização como fluido de resfriamento é

menos restritivo, onde se deve considerar a proteção e a vida útil dos equipamentos com

os quais entrarão em contato com a água, enquanto que o padrão de qualidade para a

água na forma de vapor deve ser elevado (COSTA et al. 2007) .

5.2 CAPTAÇÃO

Costa et al. (2007) afirma que o volume de água pluvial captada em um

determinado local depende diretamente de diversos fatores, tais como: a localização

geográfica do ponto de amostragem, as condições metereológicas (intensidade, duração,

estação, etc), a qualidade do ar, a presença de vegetação, a poluição atmosférica, a

proximidade com o oceano (se apresenta elementos como sódio, potássio, magnésio,

cloro e cálcio), a distância da costa (se apresenta partículas de solo e de origem

biológica) ou se apresenta em centros urbanos e pólos industriais (com alta

concentração de dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, chumbo, zinco, entre outros).

Konya (1981) informa que, depois de fazer o levantamento do índice

pluviométrico mensal do local, deve-se calcular a quantidade de água que se pode

recolher e, assim, definir o tamanho do reservatório de armazenamento. As águas

recolhida das superfícies pavimentadas (pátios, calçadas) podem ser armazenadas em

separado das águas procedentes da cobertura.

O calculo diário de consumo aproximado por pessoa deve ser feito para estimar

a quantidade de água que se pode recolher. Desta forma, será possível decidir o uso que

se vai dar à água pluvial, praticamente sem tratamento dispendioso podendo ser

utilizada para o jardim, para lavagem de pisos e veículos ou para descarga de sanitários

e mictórios (KONYA, 1981).

53

Figura 8 - Desenho esquemático do sistema de captação de água de chuva em residências

Fonte: <http://www.clareando.com.br/interno.asp?conteudo=solucoes>, 2010.

As coberturas utilizadas para recolher as águas pluviais devem ser construídas

com materiais adequados e deve ser feita a manutenção programada para reduzir ao

mínimo o risco de contaminação. (Konya, 1981).

As calhas devem ser protegidas contra corrosão e constituídas de materiais

atóxicos. Segundo Costa et al. (2007) as calhas devem direcionar a água ao reservatório

intermediário, chamado de reservatório de auto-limpeza, em que são feitos os devidos

tratamentos, e podem variar desde a sedimentação simples, filtração e cloração até

tratamentos em níveis mais avançados, para que o efluente siga para o reservatório de

armazenamento (Figura 8).

Uma pesquisa apresentada pela Universidade da Malásia sobre a coleta de águas

pluviais evidenciou que somente os primeiros volumes de água da chuva carreiam

ácidos, microorganismos entre outros poluentes, e que com pouco tempo de

54

precipitação esta já adquire características de água destilada, podendo ser armazenada

nos reservatórios (UNIAGUA, 2005).

De acordo com Costa et al. (2007), deve ser feito o descarte da primeira água

para garantir a melhor qualidade da água pluvial coletada, isto é, inicialmente a chuva

deve limpar a área de captação sendo somente armazenados os volumes de água

seguintes após a lavagem da superfície.

5.3 TRATAMENTO

A purificação é necessária somente para eliminar as partículas e impurezas que

se encontram em suspensão, que podem influenciar no sabor, e também para eliminar as

bactérias. Um dos métodos de purificação da água é por destilação, outra alternativa é a

filtração, que normalmente passa através de um filtro de areia para eliminar a maior

parte dos sólidos em suspensão e bactérias e posteriormente por uma esterilização. Em

habitações a solução mais prática utilizada tem sido uma filtradora especial – um

cilindro cerâmico com prata ativada conectado a uma torneira – é muito mais eficaz

produzindo uma água de alta pureza (Konya, 1981).

Segundo Manual da Indústria (2004), deve ser combinada duas ou mais técnicas

de tratamento de forma a obter o grau de qualidade exigido na água a ser definida com

base nas características da água captada e dos seus possíveis usos.

Cortinovis e Song (2006) afirmam que na água utilizada nas torres de

resfriamento o tratamento químico é indispensável, pois a existência de sais dissolvidos,

sólidos e matéria orgânica em suspensão contribuem para a proliferação de algas,

bactérias e fungos causando prejuízos à operação, ao desempenho térmico da rede de

troca de calor, provocando queda da eficiência, deformação e desprendimento do

recheio da torre de resfriamento. Em sistemas de resfriamento semi-abertos o reúso é

relativamente simples, devendo apenas tratar os efluentes de forma a evitar a corrosão, a

formação de depósitos, o crescimento de microorganismos e a formação excessiva de

escuma (COSTA et al., 2007).

Há variados métodos de tratamento para o reúso de águas pluviais, em que os

processos mais empregados são apresentados a seguir.

55

O Filtro aeróbio submerso é composto pelo reator biológico aeróbio e uma

câmara de sedimentação, permitindo a despoluição e o reaproveitamento das águas de

efluentes, Deve-se prever um pré-tratamento com gradeamento para não permitir a

entrada de galhos e outros materiais orgânicos de maior porte.

No processo de clarificação, com a adição de produtos específicos, tais como: o

sulfato de alumínio, cloreto férrico, polímeros de acrilamida, policloretos de alumínio

(PACs), taninos modificados, entre outros, ocorre a coagulação e a floculação das

impurezas, aglutinando-as através de interações eletrostáticas e promovendo a formação

de flocos, maiores e mais densos que se sedimentarão e serão eliminados (ASME,

1979). Na Figura 9 observa-se este processo.

Figura 9 - Representação das etapas de clarificação da água

Fonte: <http://www.tratamentodeagua.com.br/curso>, 2010.

Após a clarificação, tem-se o processo de filtração, em que a água pluvial será

filtrada em leito de areia, com a utilização de filtros que funcionam por gravidade ou

pressão (ASME, 1979).

O processo de clarificação, filtração e cloração é o tratamento preliminar

indicado para água de alimentação das caldeiras. Caso seja necessário, ao término destes

processos, a água deverá ser submetida a tratamentos complementares, tais como:

processo de troca iônica por abrandamento ou por desmineralização ou processo de

ormose reversa ou processo de destilação (ASME, 1979). Cada caso deverá ser estudado

conforme as características físicas, químicas e biológicas desejada para uso da água

pluvial recolhida.

No processo de filtração a água passa por filtros formados de camadas de areia

com glanulometria diferentes, seixos, carvão ativado, pedras de variados tamanhos, para

que os flocos e os microorganismos patogênicos fiquem retidos no filtro (Figura 10). A

limpeza dos filtros é feita por um processo chamado de reversão, isto é, a lavagem é

realizada com água tratada em fluxo inverso (UENF, 2010).

56

Figura 10 - Processo de Filtração e Cloração

Fonte: <http://www.uenf.br/uenf/centros/cct/qambiental/ag_tratagua.html>, 2010.

No caso de lavagem de veículos, reserva de incêndio, água de resfriamento,

alimentação de caldeiras e outros usos que tenham contato direto com o usuário, a

filtração ocorrerá com areia e carvão ativado, em casos como a descarga de bacias

sanitárias, lavagem de pisos e irrigação paisagística não é necessário o uso de carvão

ativado, somente o filtro de areia é suficiente para atingir o padrão de qualidade exigido

pela ABNT NBR 13.969/97.

De acordo com Costa et al. (2007), o tratamento por membrana filtrante pode

substituir a filtração convencional (areia, carvão ativado, seixo, etc) onde faz-se

necessário uma alta qualidade da água. A porosidade da membrana é feita de acordo

com as características da água que se quer obter.

A desinfecção, também chamada de cloração, é o processo de purificação da

água através da aplicação de cloro para a eliminação de bactérias patogênicas, ou seja,

para a destruição de microorganismos causadores de doenças. O processo de cloração

poderá ser feito após o processo de clarificação e filtração para que seja feita uma

desinfecção da água (ASME, 1979).

A correção do pH da água é feita com a aplicação de dosagem de cal hidratada

ou carbonato de sódio, que tem como objetivo neutralizar o pH ácido (pH < 4), muitas

vezes provenientes de “chuvas ácidas” de maneira a preservar a rede de encanamentos

de distribuição de água, evitando assim a corrosão e incrustações na tubulação. A

Portaria n.º 518, de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde estabelece que o pH

57

ideal deve ser entre 6.0 e 9,5 para consumo humano, entretanto a ABNT NBR

13.969/97 estabelece que o pH encontre-se entre 6.0 e 8.0 para contato direto com o

usuário.

Os sistemas de tratamento recomendados em função dos usos potenciais e fontes

alternativas de água também são relacionados no Manual do SindusCon-SP (2005),

apresentados no Quadro 8 abaixo:

USOS

POTENCIAIS

FONTES ALTERNATIVAS DE ÁGUA

Pluvial Drenagem Máquina de lavar

roupas Lavatório + chuveiro

Lavagem de

roupas

A + B + F + G

C ou D + F

(D ou E) + B + F + G (D ou E) + B + F + G

Descargas em

bacias sanitárias

Limpeza de pisos

Irrigação, rega de

jardins C + F + G

Lavagem de

veículos C ou D + F + G

Uso ornamental

Os sistemas de tratamento sugeridos devem ser verificados para cada caso específico.

OBS: Para os fins relacionados à construção civil e refrigeração de maquinas os

tratamentos devem ser avaliados a cada caso particular.

Tratamentos convencionais:

A = sistema físico: gradeamento

B = sistema físico: sedimentação e filtração simples através de decantador e filtro de

areia.

C = sistema físico: filtração através de um filtro de camada dupla (areia + antracito)

D = sistema físico-químico: coagulação, floculação, decantação ou flotação.

E = sistema aeróbio de tratamento biológico iodos ativados

F = desinfecção

G = correção de pH.

Quadro 8 - Sistemas de tratamento recomendados em função dos usos potenciais

Fonte: Manual de Conservação e Reuso de Águas em Edificações (2005, p.69).

O Manual da Indústria (2004) apresenta as tecnologias para remoção dos

principais contaminantes presentes na água, conforme se observa no Quadro 9 abaixo:

58

Quadro 9 - Principais categorias de contaminantes presentes na água e tecnologias para sua remoção

Fonte: Manual de Conservação e Reúso de Água para a Indústria (2004, p.86).

Pode-se conseguir uma grande economia com o estudo do emprego de diferentes

métodos de eliminação de resíduos e com a redução do desperdício de água potável

utilizada nas descargas de sanitários, sendo o ideal reutilizar a água proveniente das

chuvas (Konya, 1981).

Tanto no uso para fins urbanos não-potáveis quanto no uso industrial há

existência de uma base de dados extensa relacionando as principais tecnologias de

tratamento disponíveis, assim como uma gama de equipamentos e sistemas de

tratamento de água são comercializados, com capacidade de purificar a água nos

59

diversos padrões de qualidade estabelecidos. Portanto, a questão relacionada ao

tratamento de água para fins não-potáveis não é uma condição limitante para o

desenvolvimento de políticas sustentáveis que visam à promoção do uso racional deste

recurso.

5.4 ARMAZENAMENTO

As cisternas ou reservatórios podem ser pré-fabricados, e podem ser locadas

enterradas sobre o terreno ou no pavimento técnico abaixo da cobertura. Devem ser

muito bem cobertas e seladas para impedir a entrada de insetos, devendo ter um

pequeno respirador coberto por uma tela fina para que o ar da água possa sair, assim

como ter uma inclinação no fundo em direção ao dreno para facilitar a sua limpeza. O

melhor é que a água passe através de filtro e câmara de sedimentação para impedir que

entre no depósito excrementos de pássaros e matérias orgânicas (KONYA, 1981).

As cisternas devem possuir extravasor, descarga de fundo com declive para

escoamento, entrada alternativa de água do serviço público, entrada de água proveniente

da chuva, assim como ter acesso para realizar a manutenção. E deverá ser instalada uma

bomba flutuante de forma a encaminhar a água proveniente da chuva para o reservatório

especial de água não potável designado a fornecer as águas para descargas de vasos

sanitários, para a irrigação, para as torres de resfriamento, para a alimentação das

caldeiras, para lavagem de pisos e veículos (COSTA et al., 2007).

Costa et al. (2007) informa que para evitar o desenvolvimento de algas, o

reservatório deve ser estanque a luz, com a tampa de inspeção hermeticamente fechada,

e com grade na saída do extravasor de forma a evitar a entrada de pequenos animais. A

limpeza deve ser realizada periodicamente para remover a lama existente, através da

descarga de fundo. Se houver suspeita de contaminação é necessária a adição de

hipoclorito de sódio a 10% ou de água sanitária.

Para atender à ABNT NBR 13.969/97 todo o sistema de reservação e

distribuição para reúso devem ser identificados de forma clara e evidente para não

ocorrer misturas com o sistema de água potável fornecido pela concessionária e não

60

ocasionar erros quanto ao uso, sinalizando através de placas de advertência em locais

estratégicos e nas torneiras, além de cores diferenciadas nas tubulações e tanques de

reservas distintas da água própria para consumo humano. E todo o sistema de

reservação deve ser dimensionado para atender uma demanda de duas horas de água no

pico da demanda diária.

A opção por reservatórios de armazenamento distintos de águas pluviais deve

ocorrer quando existirem casos de usos múltiplos de reúso com diferentes padrões de

qualidade exigidos. Em que é necessário a clara identificação das classes de qualidade

nos reservatórios e nos sistemas de distribuição (ABNT NBR 13.969/97).

61

6. SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS PARA EDIFICÍOS HOSPITALARES

EM REGIÕES COM ALTO INDICE PLUVIOMÉTRICO

Em janeiro de 1992, foi publicado o Green Healthcare Construction Guidance

Statement feita American Society for Healthcare Engineering (ASHE), dando início ao

conceito de Edifício Hospitalar Sustentável, orientando sobre a implementação da

sustentabilidade na concepção do projeto, durante a construção e no funcionamento da

edificação hospitalar e apresentando o uso de práticas e princípios sustentáveis, tais

como: o uso de águas cinzas e o reúso de águas pluviais através da limpeza química,

controlando as infecções e cumprindo os requisitos das normas sanitárias vigentes.

Segundo dados estatísticos levantados pelo Center on Climate Change, o

Protocolo de Quioto teve uma grande importância no que diz respeito ao estudo das

edificações, pois estas são responsáveis por 43% das emissões de dióxido de carbono

dos Estados Unidos, como resultado de sua construção, dos agentes refrigerantes e do

uso de sistemas de energia, contribuindo em 5% as edificações industriais, em 17% as

comerciais e em 21% as edificações habitacionais.

No projeto do Edifício Hospitalar as soluções arquitetônicas adotadas para a

economia de água potável ao reutilizar as águas pluviais para atender diversos os mais

sistemas, de acordo com as estratégias apresentadas no capítulo 5, é considerável e

viável, o que pode ser verificado no Estudo de Caso apresentado a seguir de um

Hospital Regional de Referência em Oncologia localizado em Castanhal, no Estado do

Pará (Projeto no Anexo I).

Foi realizada um consulta na Vigilância Sanitária (VISA) do Estado do Pará, e

constatou-se a inexistência de normatização sobre o reúso de águas pluviais, e esta

informou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) somente

reconhece como parâmetros para o desenvolvimento de projetos com água de reúso os

critérios adotados no CONAMA através de resoluções.

62

6.1 ESTUDO DE CASO: HOSPITAL REGIONAL DE REFERÊNCIA EM

ONCOLOGIA, CASTANHAL (PA)

O hospital a ser estudado foi projetado pelos arquitetos Mirza Mello Souza e

Joaquim Augusto Meira como Trabalho Final apresentado ao Curso de Especialização

da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial

para a obtenção de Título de Especialista em Arquitetura em Sistemas de Saúde, em

2010.

Projetado com capacidade para 180 leitos, sendo 120 leitos das 03 clínicas

básicas, 10 leitos de UTI para pacientes externos, 10 leitos de UTI para pacientes

oncológicos, 10 leitos de internação semi-intensiva e 30 leitos de cuidados paliativos,

com previsão de ampliação de mais 30 leitos, resultando em 210 leitos.

Para efeito de estudo do terreno localizado na cidade de Castanhal, foram

considerados os dados informados no Capítulo 4 – Condições Higrotérmicas em Belém

no Estado do Pará – pois a capital encontra-se na latitude de -01º27’21” enquanto que

Castanhal está na latitude de -01º17’38”, ou seja, há apenas uma diferença mínima entre

as duas cidades em relação à Linha do Equador, mantendo as mesmas características

climáticas. Também foram utilizados como referência os dados pluviométricos, a

informação sobre a ventilação e a existência de uma carta bioclimática para (MEIRA;

SOUZA, 2010).

6.1.1 Captação

Neste Estudo de Caso optou-se pela escolha de dois sistemas de cobertura como

forma de captação de águas pluviais, conforme explicados a seguir.

O primeiro sistema é o Roll-on (Figura 11), que vence grandes espaços, e

necessita de pouca inclinação para o escoamento da água na cobertura. É formado por

um conjunto de treliças metálicas (montadas no sentido transversal da edificação) e por

lâminas em aço galvanizado em forma de calha por onde a água escoa naturalmente até

suas extremidades (MEIRA; SOUZA, 2010).

63

Figura 11 - Cobertura Roll on

Fonte: < http://www.aecweb.com.br/sistema-integrado-de-cobertura-metalica-roll-

on/tematicos/artigos/2000/6>, 2010.

O segundo sistema adotado é o da cobertura verde, constituído

fundamentalmente pelos seguintes componentes: laje impermeabilizada, manta de

impermeabilização, cobertura vegetal com plantas de pequeno porte e camada drenante.

Figura 12 – Instalação modular da cobertura verde

Fonte: Viggiano (2010, p.35).

Viggiano (2010) apresenta o sistema de cobertura verde de instalação modular,

onde seus componentes são acomodados em placas tipo colméia removíveis

64

preenchidas com substrato apoiadas em suportes especiais, formando um colchão de ar

entre as placas de vegetação e a laje impermeabilizada, podendo ser retirados facilitando

a manutenção e a substituição (Figura 12).

Neste Estudo de Caso, a captação de água de chuva é feita por tubos de dreno

posicionados na direção dos pilares, seguindo a modulação estrutural – 7,20 x 7,20

metros - adotado para este EAS, de maneira a não interferir nas fachadas.

Segundo Viggiano (2008 apud VIGGIANO, 2010), a cobertura verde retarda e

cria uma reserva de água da chuva para aproveitamento, reduzindo as enchentes,

amenizando a incidência das chamadas “ilhas de calor” nos grandes centros urbanos,

considerado um ótimo recurso para a climatização natural das edificações e apresenta,

também, uma alternativa de plantio de alimentos no ambiente urbano.

De acordo com Meira e Souza (2010), este sistema diminui em 40% a

transferência de calor aos ambientes internos, reduzindo o custo de climatização

artificial da edificação, além de ser composto por diversos elementos filtrantes, dispensa

o uso de tratamento adicional para a retirada de partículas sólidas, reduzindo o custo no

sistema de captação e tratamento de águas pluviais.

Figura 13 - Laje de cobertura verde

Fonte:<http://1.bp.blogspot.com/_Big3XWClZvE/S9omjPe0MAI/AAAAAAAAAu0/3xFPWfdkODw/s1

600/edicao-110-telhado-verde-ecologico.jpg>, 2010.

Meira e Souza (2010) optaram por utilizar a cobertura verde como uma grande

praça em que os usuários teriam acesso como área de contemplação e lazer, podendo ser

desenvolvidas diversas atividades ao ar livre, atribuindo ao EAS um grau de

65

humanização importante para o processo de cura dos pacientes ali internados (Figura

13).

Figura 14 - Área de Cobertura, de irrigação paisagística e de lavagem de pisos e veículos

Fonte: Autora, 2010.

A figura 14 demonstra quais serão as áreas de cobertura que captarão água

pluvial, com a cobertura rool-on e a cobertura verde, a localização das caldeiras, a área

destinada a locação das torres de resfriamento, a área que será considerada para a

66

irrigação paisagística, assim como lavagem de pisos e calçadas, o número de

ambulâncias para o cálculo da lavagem de veículos e por fim, a localização da cisterna e

do reservatório elevado.

Viggiano (2010) apresenta instruções sobre como dimensionar um sistema de

aproveitamento de água pluvial, explicando passo a passo as etapas deste processo.

Como o princípio do sistema é a captação, deve-se ter a informação do índice de

precipitação anual da cidade, em que neste Estudo de Caso a cidade é Castanhal e a

precipitação anual é de 2.893,10mm, ou seja, 2.893,10 litros/m², e multiplicar pela área

de cobertura, têm-se assim:

Cobertura roll-on 01: 2.893,10 litros/m² x 4.771,00 m² (área de

cobertura), tem-se um total de 13.802.980,10 litros ao ano ou 138.029

m³.

Cobertura roll-on 02 (unidade de internação): 2.893,10 litros/m² x

1.448,60m² (área da cobertura), totalizando em 4.190.944,66 litros, ou

seja, 41.909 m³ captados ao ano.

Cobertura verde: 2.893,10 litros/m² x 3.620,53 m² (área da cobertura),

chega-se ao total de 10.474.55,34 litros, isto é, 104.745 m³ captados ao

ano.

Deve ser considerado uma perda de 10% (dez por cento) no sistema de captação

devido à filtragem, ou seja, a água do descarte, portanto tem-se um fator de eficiência de

90% (noventa por cento), calcula-se assim:

Cobertura roll’on 01: 138.029 m³ captados ao ano x 90% (fator de

eficiência) = 124.226 m³ ao ano.

Cobertura roll-on 02: 41.909 m³ captados ao ano x 90% (fator de

eficiência) = 37.718 m³ ao ano.

Cobertura verde: 104.745 m³ captados ao ano x 90% (fator de eficiência)

= 94.270 m³ ao ano.

67

Como resultado, pode-se obter um volume total anual de água pelo sistema de

captação de 256.214 m³, portanto é de extrema importância que este recurso natural

proveniente das chuvas seja captado de forma a abastecer e fornecer o sistema de água

não-potável, reduzindo consideravelmente o uso desnecessário de água potável.

6.1.2 Tratamento

O primeiro sistema de coleta de águas pluviais – cobertura roll-on – será feito

por calhas, e através de tubulação, será direcionado para a Estação de Tratamento,

passando pelo processo de clarificação, de filtração e de cloração, de forma a retirar

todos os sólidos em suspensão, turbidez, matéria orgânica, entre outros e direcionados

para um reservatório que fornecerá a demanda de água necessária para o funcionamento

das caldeiras, das torres de resfriamento e lavagem de veículos. A água de alimentação

das caldeiras passará pelo processo complementar de desmineralização da água antes de

chegar às caldeiras.

No segundo sistema de captação de água da chuva – cobertura verde – não será

previsto nenhum tratamento adicional, pois a própria vegetação já funciona como um

elemento de filtração, e fornecerá as águas das descargas das bacias sanitárias, a

irrigação dos jardins e a lavagem de pisos.

6.1.3 Descarga em Bacias Sanitárias e Mictórios

Ao ser utilizado como base, o projeto do hospital com 60 quartos contendo 02

leitos em cada – enfermaria – resultando em 120 leitos e 30 quartos com 01 leito –

cuidados paliativos – totalizando em 90 quartos e 150 pacientes internados, tem-se 01

acompanhante por paciente, resultando em 150 acompanhantes, totalizando em 300

usuários/dia na Unidade de Internação, observam-se os seguintes resultados:

Ao considerar o acionamento de descarga de uma bacia sanitária com

caixa acoplada de 6 litros, sendo 04 descargas diárias por paciente

internado, têm-se um total de consumo de 7.200 litros/dia, 50.400

litros/semana, 216.000 litros/mês e 2.592.000 litros/ano;

68

Ao utilizar o sistema dual flush de descarga de 3 e 6 litros, considerando

03 acionamentos com 3 litros e 1 acionamento com 6 litros, tem-se um

total de 4.500 litros/dia, 31.500 litros/semana, 135.000 litros/mês e

1.620.000 litros/ano;

Foram adotados, neste Estudo Caso, os equipamentos com tecnologia avançada,

porém dentro da realidade mercadológica do local onde será implantado, tais como:

bacia sanitária dual flush e mictório com acionamento hidromecânico.

O reservatório para atender apenas à demanda de descarga de bacias sanitárias

da Unidade de Internação, com uma reserva de fornecimento para dois dias referente a

9.000 litros, deve ter capacidade de no mínimo 9,0 metros cúbicos (m³).

Entretanto, no cálculo apresentado não foram considerados os dados de

acionamento dos mictórios e nem de todas as bacias sanitárias previstas para este EAS,

sendo apresentado apenas para efeito de comparação de economia deste recurso natural.

Como resultado, pode-se obter uma economia de 37,5% apenas pela

especificação de equipamento, reduzindo assim as capacidades necessárias dos

reservatórios, tanto de água pluvial quanto de água potável. Portanto é importante não

apenas reutilizar, mas também utilizar melhores tecnologias nos equipamentos, além de

prever estas mudanças desde a concepção do projeto.

6.1.4 Lavagem de Pisos, Calçadas e Irrigação Paisagística

A eficácia do sistema de irrigação escolhido para a manutenção das áreas

ajardinadas é o que determina a economia no consumo de água, pois sistemas mal

projetados podem ocasionar grandes perdas por evaporação, por irrigação de áreas

calçadas, encharcamento da vegetação e altos custos para realizar a manutenção. O

funcionamento básico de um sistema de irrigação é composto por bombeamento,

reservatório, programação de horário e pontos de irrigação (VIGGIANO, 2010).

Durante o verão, para reduzir a perda por evaporação, a irrigação dos jardins e

praças devem ser feitas no início da manhã e no final da tarde (SABESP, 2010).

69

Viggiano (2010) descreve o método de irrigação por aspersão, em que o ramal

principal é diretamente ligado aos aspersores ou microtubos fazendo a distribuição da

água e os jatos liberados pelos aspersores podem variar de espessura e intensidade de

acordo com as particularidades do sistema de bombeamento e do bico escolhido (Figura

15). O sistema por aspersão é ideal para grandes áreas ajardinadas e gramados,

entretanto deve-se ter cuidado para que os jatos de água não se sobreponham

indevidamente e não desperdicem água irrigando as áreas de calçamento.

Figura 15 - Irrigação por aspersão

Fonte: Viggiano (2010, p.37).

A estimativa de consumo médio de água para a lavagem de pisos e calçadas é de

1 litro/m² e de 1,5 litros/m² na irrigação de jardins (TOMAZ, 2000 apud VIGGIANO,

2010). No Estudo de Caso têm-se os seguintes resultados:

Ao considerar 03 lavagens de pisos e calçadas por semana em uma área

de 7.046m², tem-se 7.046 x 1,5 x 03 lavagens/semana = 31.707

litros/semana.

Ao utilizar o sistema de irrigação paisagística em uma área de 11.992 m²,

tem-se o seguinte cálculo: 11.992 x 1,0 x 03 dias = 35.976 litros/semana.

Observa-se que as áreas consideradas para a estimativa de lavagem de pisos e

calçadas são as indicadas na Figura 14 no Subtítulo 6.1.1., página 63.

O investimento em programas de educação e de conscientização ambiental dos

usuários/funcionários do Hospital resulta em uma economia de aproximadamente 80%

70

no consumo de água para lavagem de calçadas e pisos, pois o uso de vassouras para a

limpeza das calçadas e o uso de baldes de água com produtos químicos para a limpeza

dos pisos reduz a praticamente zero o desperdício deste precioso recurso natural.

Assim como se deve lembrar que durante o inverno “estação das chuvas”, a rega

somente será efetuada caso não haja precipitação por dois dias consecutivos, havendo

uma considerável redução no consumo de água potável.

6.1.5 Lavagem de Veículos

Segundo Tomaz (2000), a estimativa de consumo médio de água para a lavagem

de um veículo é de 100 litros/auto. Levando em consideração que neste Estudo de Caso

existem 04 vagas destinadas ao estacionamento de ambulâncias, observam-se os

seguintes resultados:

Estima-se uma média de 04 lavagens por semana em cada ambulância, e

tem-se um total de consumo de 1.600 litros/semana.

O número de lavagens semanais nas ambulâncias considerado neste cálculo pode

variar para mais ou para menos, conforme os tipos de enfermidades apresentadas no

transporte de seus pacientes. Entretanto as superfícies internas do veículo devem ser

limpas e desinfetadas após a realização do transporte de paciente.

6.1.6 Reserva de Prevenção e Combate à Incêndio

De acordo com a ABNT NBR 12.693/93 que institui sobre os sistemas de

proteção por extintores de incêndio, a ABNT NBR 13.714/00 que estabelece sobre

sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndios e a ABNT NBR

10.897/2003 que determina sobre sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers) entre

outras normas devem ser observadas.

O projeto de prevenção e combate à incêndio deve ser desenvolvido por um

profissional habilitado com título de especialista em Segurança do Trabalho e deve ser

71

aprovado pelo Corpo de Bombeiros. Portanto não foi possível calcular a quantidade de

água de reserva será necessária.

6.1.7 Refrigeração

A escolha e o projeto de um sistema de água gelada são vinculados diretamente

à atuação de um engenheiro mecânico para o desenvolvimento do Projeto de

Climatização de um EAS e sua instalação deve ser feita por mão de obra qualificada. O

projeto deve ser especificado com rigor e detalhamento adequado para não haver

dúvidas durante o desenvolvimento da obra, da mesma forma que todos os quesitos

envolvidos devem ser esclarecidos.

O sistema de climatização adotado no Estudo de Caso analisado foi o de

expansão indireta por Chiller a água, de onde a água pluvial tratada é resfriada e

transportada por meio de tubulação especifica até a unidade consumidora. Em cada um

dos setores ou ambientes específicos, previu-se a instalação de uma máquina do tipo

Fan Coil (ventilador + serpentina), que será abastecida por meio de uma rede de dutos

instalados sobre o forro onde serão instalados os difusores de insuflamento de ar e as

grelhas de retorno. Conforme norma especifica (ABNT NBR 7.256/82), as grelhas de

retorno são responsáveis por manter o ciclo de resfriamento do ar, pois de acordo com

as exigências normativas, há casos dentro do hospital em que o ar interior deve ser

totalmente renovado com o ar exterior, não podendo ser recirculado (MEIRA; SOUZA,

2010).

Há, também, níveis de pureza exigidos pela norma vigente onde se faz

imprescindível um rigor maior na qualidade do ar, sendo necessária a instalação de

filtros.

As instalações de climatização são grandes geradoras de ruído e vibração, sendo

indispensável à adoção de medidas para diminuir seus efeitos, de forma a não prejudicar

os ocupantes da edificação.

Neste Estudo de Caso não foi possível calcular a quantidade de água necessária

para o funcionamento do sistema, já que este depende de uma seleção e um projeto

específico.

72

No hospital estudado o Chiller à água e a Torre de Resfriamento foram

localizados no pavimento técnico acima da Unidade de Urgência e Emergência, a Torre

de Resfriamento fica localizada em área descoberta, próxima a Central de Água Gelada,

em que a entrada de ar atmosférico limpo do exterior da edificação deve estar distante

de quaisquer fontes de ar contaminado, como vapores e gases nocivos a saúde, além de

áreas onde sejam manipulados produtos biológicos infectados (MEIRA; SOUZA,

2010). A Figura 16 demonstra a aplicação e localização destes no Edifício Hospitalar.

Figura 16 - Rede de abastecimento de torres de resfriamento e alimentação para o Chiller

Fonte: Autora, 2010.

73

6.1.8 Alimentação de Caldeiras

As unidades que mais requisitam a utilização de uma rede de vapor são as de

Processamento de Roupas, a Central de Material Esterilizado (CME) e o Serviço de

Nutrição e Dietética (Figura 17).

A tubulação designada a conduzir o vapor até seus postos de utilização será

instalada em pipe racks ou leitos aparentes, tendo proteção termo-isolante, de modo a

evitar queimaduras por contato inadvertido.

Não foi possível calcular a quantidade de água necessária por dia para o

funcionamento das caldeiras, pois este projeto somente poderá ser desenvolvido por um

engenheiro mecânico habilitado e capacitado.

Figura 17 - Rede de alimentação de caldeiras e distribuição para unidades consumidoras.

Fonte: Autora, 2010.

74

Neste EAS, devido à adoção do partido arquitetônico horizontal nas unidades de

apoio, propõe-se a instalação de uma unidade de geração de vapor em área edificada

com cobertura, acesso restrito de pessoas, situada a uma distância mínima de vinte

metros – de acordo com a legislação vigente – de qualquer outra edificação com

ocupação humana ou que seja abrigue material inflamável, devido ao seu alto risco de

explosão (MEIRA; SOUZA, 2010). Assim, a localização das caldeiras deve ficar

próxima as suas principais fontes consumidoras, reduzindo desta forma a perda do

vapor e o encarecimento das instalações e da manutenção.

6.1.9 Armazenamento

Segundo Meira e Souza (2010), os reservatórios foram projetados com dois

compartimentos integrados, porém com possibilidade de vedação para manutenção e

limpeza, sem que haja a suspensão completa do abastecimento de água à edificação. A

água será armazenada em um reservatório elevado e será distribuída por efeito da

gravidade, minimizando os custos de pressurização da rede. A tubulação terá uma

prumada geral em que será direcionada para cada unidade consumidora através das

redes de abastecimento auxiliares controlada por registros de gaveta.

Viggiano (2010) descreve as etapas para dimensionar o reservatório

estabelecendo a autonomia do sistema para uma semana, ou seja, quantas semanas o

reservatório de água pluvial funcionará com autonomia quando as chuvas reduzirem ou

cessarem totalmente.

A primeira etapa é estimar o consumo de água não potável durante uma semana.

Neste Estudo de Caso foram levantados os seguintes quantitativos:

Bacia sanitária da Unidade de Internação: 31.500 litros/semana.

Irrigação paisagística: 37.976 litros/semana.

Lavagem de ambulâncias: 1.600 litros/semana.

Lavagem de pisos e calçadas: 31.707 litros/semana.

Reserva e combate à incêndio: não foi possível estimar.

75

Água de refrigeração: não foi possível estimar.

Alimentação de caldeiras: não foi possível estimar.

Total de 102.783 litros/semana.

Na segunda etapa calcula-se a média de precipitação nos meses mais chuvosos

para saber a capacidade de armazenamento de água excedente. De acordo com os dados

de precipitação informados para a cidade de Castanhal, a média de precipitação nos

meses mais chuvosos é de 377 litros/m² ao mês (média de janeiro, fevereiro, março,

abril e maio), obtêm-se os seguintes resultados:

Média de captação da semana da cobertura verde é de 377 litros/m² x

3.620,53 m² (área da cobertura verde) x 0,90 (perda pela eficiência do

sistema) = 1.228.266 litros/4semanas = 307.066 litros/semana.

Média de captação da semana da cobertura roll’on 01 é de 377 litros/m² x

4.771,00m² (área da cobertura) x 0,90 (perda pela eficiência do sistema)

= 1.618.800 litros/4semanas = 404.700 litros/semana.

Média de captação da semana da cobertura roll’on 02 é de 377 litros/m² x

1.448,60m² (área da cobertura) x 0,90 (perda pela eficiência do sistema)

= 491.509 litros/4semanas = 122.877 litros/semana.

Tem-se um total da média de captação de água pluvial de 834.643 litros/semana

e apresenta um excedente de 731.860 litros para ser aplicado nos demais sistemas que

não foram ser dimensionados.

76

7. CONCLUSÃO

O estímulo para a criação de novas técnicas de reúso e a adoção de políticas

públicas para o desenvolvimento sustentável depende urgentemente da conscientização

da sociedade de que a água é um recurso finito

“O reúso de água está contemplado indiretamente no direito positivo brasileiro,

em especial nas leis da Política Nacional do Meio Ambiente – 6.938/81 – e na Política

de Recursos Hídricos – 9.443/97” afirma Fink (2003, p.457), complementando que

as agências e órgãos de controle ambiental podem adicionar outros padrões de uso,

controle e qualidade, tornando mais severos os definidos pelas resoluções, classificando

as águas para uso e reúso de modo a analisar as particularidades de cada local (FINK,

2003).

O uso da tecnologia ambiental ultrapassa o conceito de análise do custo x

benefício, pois o desenvolvimento sustentável é uma via de “mão única”, em que a

sociedade não deve regredir e sim dar continuidade ao estabelecimento de novos

critérios e tecnologias para o sistema de reúso de água e minimização de consumo dos

recursos naturais. O sistema de reúso da água deve ser reconhecido como uma das

opções mais inteligentes, de forma a reduzir o desperdício dos recursos hídricos em

atividades com fins não potáveis.

É de extrema importância acabar com o pré-conceito existente de que o Hospital

é uma edificação consumidora e doente, e que técnicas como o reúso da água para a

alimentação das caldeiras e para as Torres de Resfriamento não podem ser utilizadas no

Edifício Hospitalar. Deve-se sim ter o controle rigoroso sobre a qualidade desta água

captada e tratada, com a realização de manutenção preventiva e programada para que

não cause problemas à saúde dos usuários.

Como resultado do Estudo de Caso apresentado, conclui-se que a adoção de um

sistema de reúso de água pluvial torna todo o sistema de abastecimento de água para

fins não-potáveis independente e autônomo da concessionária nas regiões que

apresentam alto índice pluviométrico, excedendo a necessidade de consumo, tornando o

Edifício Hospitalar um lugar de cura, não só para seus usuários para também para toda a

humanidade.

77

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