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Universidade Federal de Itajubá Instituto de Recursos Naturais ENGENHARIA HÍDRICA APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS. O CASO DO CENTRO DE EXCELÊNCIA EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ Igor Renan Braga dos Santos Itajubá MG 2015

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Universidade Federal de Itajubá Instituto de Recursos Naturais

ENGENHARIA HÍDRICA

APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS. O CASO DO CENTRO DE EXCELÊNCIA EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Igor Renan Braga dos Santos

Itajubá – MG 2015

APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS. O CASO DO CENTRO DE

EXCELÊNCIA EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ.

Igor Renan Braga dos Santos

Monografia submetida à banca examinadora do Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Hídrico.

Orientador(a): Prof. Dr. Roberto Alves de Almeida.

Itajubá - MG 2015

A Deus, por tudo que me proporcionou...

AGRADECIMENTOS

Se hoje escrevo estas singelas palavras, devo esta oportunidade à Deus, que

me concedeu uma família abençoada e amigos extraordinários, dentre eles, minha

irmã, Sophia, a qual comprovou que apoio e juventude andam juntos, e Carolina, a

qual disponibilizou uma imensa parcela de seu tempo para elaboração deste.

Agradeço a cada um que contribuiu de alguma forma para meu sucesso, pois sei

que na vida nada se faz sozinho. Agradeço principalmente a meus pais, José

Roberto e Nilva, os quais sempre estiveram ao meu lado. À direita tenho meu pai,

exemplo de força, raça, superação e fé. Meu braço direito independente do tamanho

da batalha. À esquerda tenho minha mãe, mulher de um coração sem tamanho.

Com ela aprendi a ter educação, respeito e principalmente, humildade. Estes dois

seres humanos, com toda simplicidade do mundo, me deram duas coisas

extremamente valiosas e eternas: humildade e fé. E com isso, tenho certeza que o

mundo só está à minha espera para ser conquistado.

“Sou apenas um humano. Da mesma forma que um tubarão branco é apenas um peixe”

(Zlatan Ibrahimovic).

RESUMO

A crescente escassez de água superficial enfrentada atualmente pelas regiões mais populosas do Brasil tem comprometido o abastecimento de água para o consumo urbano. Torna-se necessário, cada vez mais, a criação de alternativas que contornem essa carência e venham suprir esta demanda. A captação e o aproveitamento de água pluvial surge como a principal alternativa para contorno deste entrave. Este trabalho tem como objetivo analisar a viabilidade técnica e econômica da utilização de um sistema de aproveitamento de água pluvial para fins não potáveis, cuja aplicação de conceitos e normas foral aplicadas no prédio do Centro de Excelência em Eficiência Energética (EXCEN), do campus de Itajubá/MG, da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). A metodologia utilizada neste estudo está baseada na metodologia citada pela Agência Nacional de Águas (2005), para projeto de sistemas de coleta, tratamento e uso de água pluvial, e na NBR 15527/2007 que trata do aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para coleta de água destinada para fins não potáveis. Além disso, para avaliação benefício/custo do sistema de aproveitamento de água de chuva utilizou-se a metodologia apresentada por Tomaz (2009). Como no prédio do Excen já existe um sistema construído foi identificada a necessidade da instalação de dispositivo para remoção de detritos, a implantação de reservatório de descarte de escoamento inicial, a implantação dos sistemas de tratamento (filtros, unidades para desinfecção e correção de pH), e a implantação das unidades de bombeamento. Para o processo de filtração, analisou-se a implantação de dois tipos de filtros: um pré-filtro e Gartenfilter XL Garten, a título de comparação. É economizado aproximadamente 450 m³ ao ano, o que corresponde a 71% do volume demandado para os vasos sanitários. O retorno dos investimentos para que haja essa economia é rápido, sendo aproximadamente 5 meses, caso se utilize o Filtro Garden, e 2 meses, para o pré-filtro. Palavras-chave: escassez hídrica; aproveitamento de água pluvial; normalização.

LISTA DE FIGURAS Figura 4.1 – Representação esquemática das formas construtivas propostas por Herrmann & Schmida (1999). .................................................................................... 24 Figura 6.1 – Localização da área em estudo: Centro de Excelência em Eficiência Energética ................................................................................................................. 39 Figura 6.2 – Zoneamento climático da mesorregião sul e sudoeste do estado de Minas Gerais, conforme classificação climática de Koppen & Geiger (1928) ........... 41 Figura 6.3 – Classificação climática da região a qual se insere a área em estudo, segundo Nimer (1979) ............................................................................................... 43 Figura 6.4 – Localização dos postos pluviométricos selecionados. .......................... 44 Figura 6.5 – Dados pluviométricos médios mensais dos postos selecionados. ........ 46

Figura 6.6 – Séries históricas dos dados de precipitação total anual referente aos postos selecionados. ................................................................................................. 47

Figura 6.7 – Método da isoietas para a região da área em estudo. .......................... 48 Figura 6.8 – Aplicação da metodologia de análise da consistência dos dados do posto base selecionado. ............................................................................................ 49 Figura 6.9 – Distribuição pluvial mensal do Posto São João de Itajubá (código 2245083). .................................................................................................................. 50 Figura 6.10 – Dias chuvosos do Posto São João de Itajubá (código 2245083). ....... 51

Figura 6.11 – Representação da área de coleta mediante a superfície de telhados. 52 Figura 6.12 – Válvulas de descarga (Modelo 1 e Modelo 2) e Mictório, da esquerda pra direita, respectivamente. ..................................................................................... 55

Figura 6.13 – Representação esquemática do descarte de parte da área de captação realizado uma das caixas de inspeção ...................................................................... 57

Figura 6.14 – Vista em corte do EXCEN com a localização dos reservatórios de armazenamento do sistema de aproveitamento existente. ....................................... 57 Figura 6.15 – Vista em planta do prédio do EXCEN com a localização dos reservatórios de armazenamento do sistema existente. ........................................... 58 Figura 6.16 – Vista em planta do reservatório subterrâneo de armazenamento ....... 59

Figura 6.17 – Vista em corte do reservatório subterrâneo de armazenamento ......... 60 Figura 6.18 – Vista em planta do reservatório superior de armazenamento ............. 61

Figura 6.19 - Detalhamento do diagnóstico referente ao reservatório subterrâneo de armazenamento ........................................................................................................ 63 Figura 6.20 – Dimensionamento do reservatório pelo método gráfico de Rippl para demanda constante ................................................................................................... 66 Figura 6.21 – Representação do tipo de cobertura da área de captação, do dispositivo para remoção de detritos, e de sua aplicação, respectivamente. ............ 71

Figura 6.22 – Representação esquemática em planta da adaptação necessária para o reservatório de descarte de escoamento inicial ..................................................... 73 Figura 6.23 – Representação esquemática em corte da adaptação necessária para o reservatório de descarte de escoamento inicial. ....................................................... 74 Figura 6.24 – Dispositivo de remoção de detritos selecionado para o sistema existente. ................................................................................................................... 76

Figura 6.25 – Representação do sistema existente com a implantação do pré-filtro 78 Figura 6.26 – Exemplificação de um clorador flutuante para o sistema existente. ... 79 Figura 6.27 – Exemplificação de medidores de ph e cloro disponível. ...................... 79 Figura 6.28 – Informações gerais da bomba hidráulica (código 245003) disponibilizada ........................................................................................................... 80 Figura 6.29 – Informações gerais da bomba hidráulica (código 245011) disponibilizada ........................................................................................................... 81

Figura 6.30 – Informações gerais da bomba hidráulica solar (código 200006) disponibilizada ........................................................................................................... 81 Figura 6.31 – Informações gerais de operação e curva de desempenho da bomba hidráulica (código 245003) . ...................................................................................... 82 Figura 6.32 – Informações gerais de operação e curva de desempenho da bomba hidráulica (código 245011). ....................................................................................... 82

Figura 6.33 – Relação altura e vazão para o ponto ótimo da bomba hidráulica solar (código 200006). Fonte: Kyocera (2015) ................................................................... 83 Figura 6.34 – Representação esquemática da automatização do sistema por meio de chave-boia. ................................................................................................................ 85

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Valores de coeficiente de runoff observados por diferentes autores. ... 28 Tabela 5.2 – Coeficiente de runoff adotados para o aproveitamento de água pluvial em alguns países ...................................................................................................... 29 Tabela 5.3 – Valores médios de consumo mensal de água não potável para diversos usos. .......................................................................................................................... 30 Tabela 5.4 – Sistemas de tratamento recomendados em função dos usos potenciais .................................................................................................................................. 31 Tabela 6.1 – Informações gerais dos postos pluviométricos selecionados ............... 45 Tabela 6.2 – Potencial de captação de água pluvial na área em estudo. ................. 54

Tabela 6.3 – Identificação dos pontos de consumo no EXCEN ................................ 54

Tabela 6.4 – Caracterização dos pontos de consumo no EXCEN. ........................... 55

Tabela 6.5 – Estimativa da demanda para o EXCEN. ............................................... 56 Tabela 6.6 – Dimensionamento do reservatório pelo método de Rippl para demanda constante. .................................................................................................................. 65 Tabela 6.7 – Aplicação do Método da Simulação para o reservatório existente considerando a média mensal das precipitações. ..................................................... 68 Tabela 6.8 – Dimensionamento do reservatório de acordo com o método utilizado . 69

Tabela 6.9 – Granulometria recomendada de pedregulho para pré-filtros de escoamento ascendente. .......................................................................................... 77 Tabela 6.10 – Produtos químicos mais comuns utilizados no tratamento de água para correção de pH. ................................................................................................. 80 Tabela 6.11 – Vazão de operação das bombas disponibilizadas para uma altura de recalque de 24m. ....................................................................................................... 84 Tabela 6.12 – Estimativas dos custos envolvidos para realização das adequações necessárias. (1ª alternativa: utilização do pré-filtro) .................................................. 86 Tabela 6.13 – Estimativas dos custos envolvidos para realização das adequações necessárias. (1ª alternativa: utilização do filtro Gartenfilter XL DN 150) ................... 86

Tabela 6.14 – Payback para as duas alternativas de investimento ........................... 87

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANA Agência Nacional de Águas

ASA Articulação no Semiárido Brasileiro

COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais

DN Diâmetro Nominal

EXCEN Centro de Excelência em Eficiência Energética

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MG Minas Gerais

P1MC Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência no

Semiárido – Um milhão de Cisternas Rurais

P1+2 Uma Terra e Duas águas

PURAE Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações

SP São Paulo

UNIFEI Universidade Federal de Itajubá

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 11

2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 11

2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 11

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 11

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 14

4.1 Problemática da escassez da água ............................................................. 14

4.2 Contexto histórico sobre aproveitamento de água pluvial ............................ 16

4.3 Panorama mundial sobre aproveitamento de água pluvial........................... 18

4.4 Panorama nacional sobre aproveitamento de água pluvial .......................... 19

4.5 Principais componentes do sistema de aproveitamento de água pluvial ..... 21

5. METODOLOGIA ................................................................................................ 25

5.1 Determinação da precipitação média local (estudo pluviométrico) .............. 25

5.2 Determinação da área de coleta .................................................................. 27

5.3 Determinação do coeficiente de escoamento superficial ............................. 28

5.4 Determinação do potencial de captação de água pluvial ............................. 29

5.5 Identificação dos usos da água (demanda e qualidade) e o estabelecimento do sistema de tratamento necessário .................................................................... 30

5.6 Projeto do reservatório de descarte e do reservatório de armazenamento .. 32

5.7 Projetos de sistema complementares (grades, filtros, etc.) .......................... 37

6. ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 38

6.1 Caracterização da área em estudo .............................................................. 38

6.2 Diagnóstico do sistema existente ................................................................. 43

6.2.1 Determinação da pluviosidade média (estudo pluviométrico). ............... 43

6.2.2 Determinação da área de coleta ............................................................ 51

6.2.3 Determinação do coeficiente de escoamento superficial ....................... 53

6.2.4 Determinação do potencial de captação ................................................ 53

6.2.5 Identificação dos usos da água (demanda e qualidade) e o estabelecimento do sistema de tratamento necessário...................................... 54

6.2.6 Unidades do reservatório de descarte e do reservatório de armazenamento ................................................................................................. 56

6.2.7 Unidades de sistemas complementares (grades, filtros,...) ................... 61

6.3 Avaliação do dimensionamento do reservatório ........................................... 64

6.4 Adequações necessárias no sistema ........................................................... 70

6.4.1 Dispositivo para remoção de detritos ..................................................... 70

6.4.2 Implantação de um dispositivo ou reservatório de descarte (ou autolimpeza) de escoamento inicial ................................................................... 72

6.4.3 Implantação dos sistemas de tratamento .............................................. 75

6.4.4 Implantação das unidades de bombeamento ........................................ 80

6.5 Análise econômica ....................................................................................... 85

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 89

10

1. INTRODUÇÃO

A crescente escassez de água superficial enfrentada atualmente pelas

regiões mais populosas do Brasil tem comprometido o abastecimento de água para

o consumo urbano. Torna-se necessário, cada vez mais, a criação de alternativas

que contribuam para suprir a demanda. A captação e o aproveitamento de água

pluvial surge como a principal alternativa para contorno deste entrave. Porém muitas

vezes a população atingida, induzida a investir no aproveitamento da água de chuva,

utiliza incorretamente este volume, inclusive para usos potáveis, contrariando a

legislação vigente. Esta alternativa reduz a dependência do consumidor em relação

à concessionária local, devido ao racionamento, bem como reduz o impacto da

despesa com água no orçamento familiar. O mesmo comportamento se verifica em

empresas comerciais e industriais, que entendem que o suprimento pela

concessionária representa um risco para seus negócios. Portanto, a utilização de

água pluvial tende a ser incorporada ao cotidiano das famílias e das empresas em

áreas sob risco de escassez de água tratada.

O presente trabalho tem como objetivo estudar a viabilidade técnica e

econômica do aproveitamento de água pluvial, considerando fatores como índice

pluviométrico e área de captação. Por outro lado esta alternativa de suprimento

requer investimentos e tem custos operacionais que devem ser considerados

quando economicamente comparado à tarifa da concessionária. Outro ponto a ser

considerado é que embora haja redução da despesa com o suprimento de água da

concessionária, o mesmo não ocorre com a parcela de esgoto, pois a

concessionária poderá proceder a sua medição e a cobrança proporcional.

Como estudo de caso, o prédio do Centro de Excelência em Eficiência

Energética (EXCEN), localizado no campus de Itajubá da Universidade Federal de

Itajubá (UNIFEI), foi construído incorporando a captação e uso não potável de água

de chuva, sem considerar a norma e diretrizes e ainda não foi colocado em

operação. Agora vão ser estudadas as adequações necessárias para enquadrá-lo à

norma NBR 15527/07. Este trabalho está alinhado à Instrução Normativa 10/2012 do

Ministério do Planejamento, a qual estabeleceu regras para elaboração de um Plano

de Gestão e Logística Sustentável na Administração Pública Federal que envolve,

entre outras coisas, a eficiência hídrica e a redução de custeio dos órgãos da

administração direta e indireta no âmbito federal.

11

O trabalho será dividido nos seguintes capítulos principais: pesquisa

bibliográfica para identificação do estado da arte em sistemas de aproveitamento de

água pluvial; diagnóstico do sistema existente na área de estudo; avaliação técnica e

econômica tendo em vista a adequação deste sistema às normas vigentes.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a viabilidade técnica e econômica

da adaptação de um sistema de aproveitamento de água pluvial para fins não

potáveis às normas vigentes, assim como aos tipos de sistemas de aproveitamento

existente. Para isto, utilizou-se o prédio do Centro de Excelência em Eficiência

Energética (EXCEN), do campus de Itajubá/MG, da Universidade Federal de Itajubá

(UNIFEI).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o estado da arte do sistema de aproveitamento de água pluvial

existente;

Identificar as adequações necessárias do sistema existente à norma NBR

15527/2007;

Analisar a utilização do volume de água pluvial do sistema para usos não

potáveis após o tratamento adequado, como por exemplo, descargas em bacias

sanitárias, irrigação e limpezas de pátios;

Contribuir para aumentar essa conscientização sobre a necessidade de

conservação de água e difusão da técnica de captação e aproveitamento de

água pluvial.

3. JUSTIFICATIVA

Segundo Annecchini (2005), vários locais no mundo vêm sofrendo com a

escassez hídrica, tendo como principais condicionantes o desenvolvimento

desordenado de cidades, o crescimento populacional e industrial e a utilização

indiscriminada dos recursos hídricos, com a poluição e o desperdício. Gera-se,

portanto, um aumento na demanda por água e, consequentemente, uma diminuição

12

na disponibilidade deste recurso. Com isso, a necessidade de encontrar meios de

conservar os recursos hídricos é cada vez maior, tornando-se um desafio pelo fato

da demanda crescer desenfreadamente, associado à desigualdade natural na

distribuição dos recursos hídricos pelo mundo. Dentre as diversas práticas,

tecnologias e incentivos de conservação da água, encontra-se a captação da água

de chuva, que como salienta Barros (2000), trata-se de uma prática milenar, utilizada

no mundo todo.

A técnica de aproveitamento de água pluvial depende de aspectos

fundamentais para ser implantada, que variam de local para local, como a qualidade

e a quantidade de chuva. Ela tem se difundido e se consolidado como uma forma

de mitigar os diversos problemas ambientais causados pelo aumento da demanda

de água. Com o aproveitamento da água de chuva e sua utilização para fins não

potáveis há uma consequente preservação dos recursos naturais, mais

especificamente dos recursos hídricos, como a sua destinação para irrigação de

gramados, jardins e plantas ornamentais, permitindo sua condução ao lençol

freático, preservando o seu ciclo natural; seja na lavagem de pisos, carros,

máquinas; e ainda nas bacias sanitárias, reduzindo o consumo de água e

contribuindo, deste modo, para a utilização sustentável. Além disto, a técnica de

aproveitamento de água pluvial ameniza os diversos impactos negativos

ocasionados pela falta de medidas de controle de poluição e de gestão ambiental,

não só em áreas urbanas, mas também em áreas rurais. (TOMAZ, 2009; BARROS,

2000).

A captação da água de chuva reduz a dependência excessiva das fontes

superficiais de abastecimento. Nas áreas urbanas, o uso de água potável para fins

não potáveis é um contrassenso. Estudos indicam que a economia de água tratada

pela concessionária pode chegar a 15% com o reaproveitamento da chuva para uso

residencial e comercial (TOMAZ, 2005).

Além do mais, a implantação de um sistema de água pluvial é uma alternativa

para escapar das elevadas tarifas de água de concessionárias públicas. No entanto,

o benefício econômico alcançado não se limita à redução do custo associado ao

consumo de água potável, mas abrange a gestão e a otimização do volumes

consumidos e respectivas taxas, na qual se assenta a conjugação de fatores como a

redução do volume de água de saneamento e do valor associado à taxa de

13

saneamento aplicada, uma vez que esta se encontra normalmente indexada ao valor

de água potável consumida.

O aproveitamento de água pluvial, segundo Tomaz (2009), permite a criação

de uma reserva estratégica de água, útil em períodos de carência hídrica na qual há

instabilidade do fornecimento de água pública ou interrupção temporária do

fornecimento. Ainda segundo o mesmo autor, a implantação de um sistema de

aproveitamento de água pluvial é motivada em locais onde a estiagem é maior que 5

meses, ou o índice de aridez seja menor ou igual a 0,50 ou com disponibilidade

hídrica menor que 1200 m³/habitante ano. Para estes locais, a necessidade em

buscar alternativas de fornecimento de água tornou-se o principal fator de incentivo

desta técnica.

Durante chuvas intensas, o sistema de captação de água pluvial permite a

minimização do escoamento superficial, ou seja, ameniza o pico do hidrograma e

reduz o alto volume de água sobre os equipamentos de gestão pluvial, mitigando

problemas com inundações. Com isso, assegura-se com maior eficácia a segurança

tanto do tráfego de veículos quanto dos pedestres, durante as inundações, evitando

prejuízos econômicos aos municípios e seus cidadãos. (TOMAZ, 2009)

A conscientização e a sensibilidade da necessidade da conservação da água

pela população é um dos principais motivos que, para Tomaz (2009), levam a

decisão de se realizar o aproveitamento de água de chuva. Assim, é necessário que

se incentive à população a realizar o correto aproveitamento da água da chuva, e

que, idealmente, toda casa urbana tenha pelo menos um sistema simples de

aproveitamento de água pluvial, visto a facilidade e a flexibilidade de instalação e

intervenção humana reduzida. Diante de tantas vantagens econômicas, técnicas e

ambientais, a elaboração deste trabalho visa contribuir para aumentar essa

conscientização.

14

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 PROBLEMÁTICA DA ESCASSEZ DA ÁGUA

A água é um recurso de inigualável importância em qualquer área de estudo,

tais como saúde pública, economia, ambiental, climática, química e até mesmo em

tecnologias. Nota-se que a disponibilidade deste recurso interfere em diversos

fatores ligados ao dia-a-dia como exemplificado, respectivamente, a seguir: na

propagação de doenças, produção agropecuária (p.e. na gestão hídrica para

irrigação, fator essencial no aumento da produtividade), manutenção dos

ecossistemas, caracterização dos climas de diferentes regiões, solubilidade de

componentes químicos, resfriamento de máquinas e motores. No entanto, nem

sempre esta importância foi reconhecida, houve um tempo em que as pessoas viam

a água como recurso infinito, sempre abundante.

Silva (2014) explica que apesar do planeta ter um volume aproximado de

1,386 bilhões de km³ de água, 97,5% dele é água salgada e 2,5% é água doce,

sendo que cerca de 69% da água doce estão contidos em geleiras, neves, gelos e

subsolos muito profundos. Ou seja, menos de 1/3 da água doce está disponível e é

de fácil acesso (disponível em rios, lagos, aquíferos subterrâneos, entre outros). Em

determinados locais do mundo, como regiões áridas e semiáridas, a água sempre foi

escassa e, portanto, considerada fator limitante para o desenvolvimento e,

principalmente, para a subsistência local, ou seja, era um problema considerado

grave, mas natural para estas regiões.

Segundo a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), a água foi

considerada um recurso finito e vulnerável apenas em 1993, na Conferência de

Dublin. Embora já existissem pesquisas relacionadas a esta questão, o novo

conceito para a água estimulou ainda mais o estudo da origem do problema e

criação de alternativas, tecnologias e novas metodologias para contorná-lo, de forma

que desde então houve um crescimento na quantidade de trabalhos relacionado à

disponibilidade e qualidade da água.

Sherbinin (1997 apud VENDRAMEL; KÖHLER, 2002) chama atenção para o

constante aumento da demanda mundial por recursos hídricos, principalmente

devido ao crescimento demográfico e da urbanização e, segundo este autor, estima-

se que por volta de 2025 o consumo da água superficial disponível alcance 70% do

total. Por outro lado não só a quantidade do consumo, mas também a qualidade da

15

água disponível tem se tornado um problema. Aliado ao crescimento demográfico

desenfreado e a falta de planejamento dos recursos hídricos, a utilização dos rios

para a diluição efluentes urbanos e a utilização da água de boa qualidade para fins

não-potáveis são apenas alguns exemplos deste entrave. (VENDRAMEL; KÖHLER,

2002). Maia Neto (1997), afirmou que pelos valores ecológico, social e econômico e

pela questão de segurança nacional, a água já era considerada um recurso escasso

e estratégico no fim do século XX.

A escassez de água é um problema enfrentado por diversos países há muito

tempo, dados de Paz et al. (2000) mostram que naquele ano 26 países enfrentavam

problemas relacionados à seca crônica. No mesmo trabalho, há informação de que,

naquela época, os organismos internacionais já alertavam que a extrema falta de

água poderá atingir, aproximadamente, 2,8 bilhões de pessoas ate 2025. Isto

demonstrava que estudos deveriam ser feitos, de modo que os governos e

organizações criassem e aplicassem medidas para contornar o problema ou, ao

menos, minimizar as consequências dele. É relevante ressaltar que a escassez de

água tende a aumentar no decorrer dos anos Paz et al., (2000)

Na escala mundial, a demanda hídrica estava estimada, em 1996, em 5.692 km

3 ano

-1 (aproveitamento potencial viável estimado em 14 mil km

3 ano

-1)

contra uma oferta de 3.745 km3 ano

-1, ou seja, a oferta hídrica mundial só

atendia a cerca de 66% dos usos múltiplos. Mantendo-se as taxas de consumo e se considerando um crescimento populacional à razão geométrica de 1,6% a.a., o esgotamento da potencialidade de recursos hídricos pode ser referenciado por volta do ano 2053.

Segundo CONFEA (2011), o Brasil possui cerca de 12% de toda água doce

do planeta, porém 68,5% está no norte do país, onde há apenas 7,4% da população,

ou seja, ainda em países considerados “privilegiados” em recursos hídricos, pode

existir a má distribuição deste e a consequente escassez em algumas regiões. No

caso do Brasil, o Nordeste é a região brasileira mais afetada pela escassez de água,

deixando os mais de 8 milhões de habitantes do semiárido em uma situação

insustentável.

Não se sabe ao certo a magnitude que esta escassez atingirá. Villiers (2002)

cita em seu trabalho que mesmo os mais otimistas, os quais não acreditam em um

“apocalipse da água”, creem que a crise é real. Ainda neste mesmo trabalho, o autor

salienta que deve existir só três alternativas para escapar desta crise – além de uma

hipotética quarta solução, roubar água dos outros – que são:

16

Providenciar mais água (seja “fazendo-a” a partir da água do mar, seja buscando-a em outros lugares por meio da engenharia ou dos desvios; usar menos água (através de inovações tecnológicas, de preços adequados, boa administração e conservação); ou usando-se a mesma quantidade, mas com menos pessoas (ou seja, atalhar a crise limitando drasticamente o aumento populacional).

Ainda no contexto destas alternativas, no intuito de providenciar mais água,

há o uso de fontes alternativas de suprimento, visando principalmente o

abastecimento dos pontos de consumo de água não potável, na busca da

sustentabilidade hídrica. Dentre as fontes alternativas pode-se citar o

aproveitamento da água da chuva, o reuso de águas servidas e a dessalinização da

água do mar. (ANNECCHINI, 2005)

Destaca-se o aproveitamento da água da chuva como fonte alternativa de

suprimento principalmente pela sua simplicidade. Outro fator é a dominialidade

dessas águas. Mediante a edição da Lei 9433/97 que derrogou o Decreto 24.643/34,

mais conhecido como Código das Águas, têm-se no artigo 103 que o direito de uso

destas águas independe de outorga “Os que usufruem do local onde a chuva cai

diretamente, tem o direito de livre dispor delas, salvo existindo direito em sentido

contrário” (RIBAS, 2007). Ou seja, conforme Granziera (2001), á agua da chuva não

se submete ao regime das águas públicas.

4.2 CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL

Como abordado neste trabalho, apesar de ser um problema crescente no

decorrer dos anos, a escassez de água é conhecida há muito tempo em

determinadas regiões do planeta. Isto fez com que os povos de tais regiões fossem

se adequando e desenvolvendo técnicas de aproveitamento de água pluvial para

fins agrícolas, industriais, domésticos e até mesmo para consumo. A literatura

apresenta informações de diferentes civilizações antigas ao redor do planeta, sem

contato entre si, que utilizavam técnicas semelhantes para coleta das águas pluviais

e atribuindo, em geral, a mesma finalidade para o uso destas águas.

A engenhosidade dos sistemas antigos de captação de água de chuva é tão

grande que, como salienta Silva et al. (1998), muitos ainda são utilizados, como os

das civilizações localizadas em regiões semiáridas do mundo, como no Norte da

África e Ásia. Recentemente, também foram encontrados tanques no norte do Egito

que continuam sendo utilizados (JAQUES, 2005).

17

Dentre as evidências destes sistemas, destacam-se as que ocorreram na era

a.C., muito antes da existência de qualquer técnica ou método de instalação de um

sistema de coleta e aproveitamento de água pluvial. May (2009) citou um exemplo

de sistema datado há mais de 4 mil anos no deserto de Negev, e no mesmo trabalho

comentou que na era romana, já eram construídos sistemas sofisticados para este

fim.

Tomaz (2009) destaca o caso da ilha de Creta, em que inúmeros

reservatórios foram escavados em rochas anteriores a 3000 a.C., que aproveitavam

a água da chuva para consumo humano e, em 2750 a.C., já havia sinais de uso da

água de chuva na Mesopotâmia. Conforme o mesmo autor, em 850 a.C., na Pedra

Moabita, encontrada no Oriente Médio, o rei sugeria que um reservatório fosse feito

em cada casa para aproveitamento da água de chuva.

As civilizações antigas da América Latina – Incas, Maias e Astecas – também

faziam uso de água de chuva (ANAYA-GARDUÑO, 2001). Uma justificativa para o

uso por tais civilizações é que, em certas regiões do continente, os recursos naturais

disponíveis eram escassos. Por esta razão elas tiveram que desenvolver técnicas e

métodos para suprir as necessidades, e isto só foi permitido pelo alto padrão

intelectual delas. Neste contexto, Gnadlinger (2000) afirma que, no século X, a

agricultura do povo Maia era baseada na coleta de águas pluviais por meio de

cisternas.

Na Europa o aproveitamento de água já é bem difundido, mas quando

comparada às civilizações citadas anteriormente é mais recente. A sede dos

Templários, localizada em Portugal, tinha dois reservatórios com esta finalidade,

cuja construção teve início em março de 1160 (TOMAZ, 2009). O mesmo autor

afirmou que na Alemanha o sistema de aproveitamento de água pluvial começou a

ser implantado em 1980, com fins não potáveis (irrigação, descarga de bacias

sanitárias, uso industrial, entre outros).

18

4.3 PANORAMA MUNDIAL SOBRE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL

Atualmente, desenvolvem-se metodologias para coleta e aproveitamento de

água pluvial não só para casos de escassez, mas também para reduzir em cidades

os problemas de inundação, diminuir a dependência da concessionária de

abastecimento de água local e, consequentemente, driblar as altas tarifas cobradas

por esta. Desta forma, a cada ano, nota-se o surgimento de novas tecnologias que

visam não só o aproveitamento de água pluvial, mas o manejo hídrico em geral,

embora haja muito a ser aprimorado (PETRY; BOERIU, 2000).

Os países que se destacam pela utilização do sistema de captação de água

de chuva são: o Japão, México, a Alemanha, Austrália e os Estados Unidos (SILVA,

2014). A implantação destes sistemas vem sendo incentivada em grande parte

destes países. Tais incentivos acontecem por meio de financiamentos oferecidos

pelo governo, programas de auxílio financeiro e diminuição de taxas na instalação.

Conforme Schmidt (2001), a legislação na Alemanha inclui taxas devido à

introdução de água de chuva no sistema público de esgoto. Isto é um estímulo

financeiro para os proprietários, que economizam a taxa ao implantar o sistema de

coleta de água pluvial (MAY, 2009). Na Austrália a utilização do sistema de coleta e

aproveitamento de água de chuva é intensa de tal forma que a economia gerada no

consumo de uma residência é de 45% e na agricultura, este benefício alcança 65%

(GARDNER; COOMBES; MARKS, 2002).

Embora ainda não exista uma regulamentação federal para o aproveitamento

de águas pluviais nos Estados Unidos, a Environmental Protection Agency (EPA) –

Serviço de Proteção Ambiental afirma que há mais de 2000 mil reservatórios

destinado a este fim (TOMAZ, 2009). No país o uso das águas pluviais é destinado à

irrigação de jardins e hortas, lavagem de veículos, descarga de vasos sanitários e

resfriamento evaporativo (GELT, 2009; MOFFA, 1996). O estado que se destaca no

assunto é a Califórnia, que foi um dos primeiros a desenvolver, por exemplo,

regulamentação para reuso de água com fins agrícolas. (GELT, 2009)

No Japão o uso e coleta de águas pluviais preveem a diminuição do risco de

inundações urbanas, devido ao grande índice de superfícies pavimentadas, e

favorece a economia de água potável, substituindo o uso para irrigação, descargas

sanitárias, sistema de combate a incêndios, entre outros (KITA, 1999). No país, em

1995, também foi construído um edifício de eficiente qualidade ecológica, que realiza

19

a captação de água da chuva em um reservatório enterrado com volume de 1 milhão

de litros (TOMAZ, 1998).Tal edifício reaproveita águas de lavatórios, torneiras e

máquinas de lavar, de forma que a alimentação dos vasos sanitários é feita com

esta água reaproveitada juntamente com a água não-potável de chuva.

No Reino Unido cerca de 30% da água potável consumida é utilizada em

descarga sanitária (FEWKES, 1999), por este motivo o incentivo da utilização de

água pluvial tem sido intensificado, para que a água potável seja substituída e

economizada (MAY, 2009). A mesma autora afirma que, na Holanda, para evitar que

os canais que rodeiam a cidade transbordem, a água da chuva é coletada e,

posteriormente, é utilizada em irrigação e abastecimento de fontes ornamentais.

Conforme Vidal (2002), em 1703 um equipamento com filtro de areia e com um

reservatório de tratamento e armazenamento de água pluvial foi desenvolvido na

França.

4.4 PANORAMA NACIONAL SOBRE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL

O Brasil, por ser um país com grande extensão territorial, possui diferentes

climas e, portanto, condições diferentes para a população de cada uma destas

regiões. O aproveitamento de água de chuva ainda é algo recente no país, já que

extensa parte de seu território é caracterizado pela Floresta Amazônica e Mata

Atlântica, ou seja, regiões onde não eram necessárias engenhosidades para

captação de água da chuva. Por esta razão, a região do país onde este conceito é

mais difundido é a árida e semiárida do Nordeste, Giacchini (2003), afirma que

objetivo é suprir a carência de água potável nos períodos de estiagem. Nesta região,

durante períodos de estiagem, há necessidade de longas caminhadas para busca de

água, de forma que uma alternativa é a utilização de água imprópria para consumo.

Neste contexto, a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) idealizou o

Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência no Semiárido – Um

milhão de Cisternas Rurais (P1MC). O objetivo central do projeto é a construção de

cisternas e conscientização com relação ao uso da água, o Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS (BRASIL, 2008) destaca a

abrangência do programa e cita como um dos objetivos:

Possibilitar à população do semiárido o acesso a uma estrutura simples e eficiente de captação de água da chuva e de aproveitamento sustentável de recursos pluviais, bem como fomentar a formação e a capacitação para a convivência sustentável com o Semiárido.

20

Gomes e Pena (2012) afirmaram que o P1MC até 2012 já havia beneficiado

aproximadamente 1.200.000 pessoas no semiárido brasileiro. Segundo os mesmos

autores, em 2007 a ASA ampliou a perspectiva do programa criando o projeto Uma

Terra e Duas águas (P1+2). Desta forma, o P1MC era voltado para a construção de

cisternas de armazenamento de água potável (consumo humano) e o P1+2 estava

ligado ao manejo hídrico em vista da produção de alimentos (água não potável).

Paralelo a isto, a partir de 1980, o conceito de conservação de água foi

introduzido no país (PROSAB, 2009), este conceito visa união da diminuição do

consumo e desperdício com a oferta de água proveniente do aproveitamento de

águas pluviais e de reuso de água cinza. Nota-se que são duas finalidades

diferentes (subsistência no semiárido e inibição do desperdício em outras regiões),

porém com a mesma solução: o aproveitamento de água pluvial.

O sistema de coleta e aproveitamento de águas pluviais é utilizado há anos

em determinadas regiões do país, porém a legislação, com as diretrizes para uso

não potável em edificações, só existe desde 2007, sendo ela a NBR 1557/2007 -

“Aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não

potáveis”. Na norma são abordados conceitos importantes para a implantação de

sistema de captação de água da chuva, bem como condições gerais sobre a

concepção e manutenção deste sistema, calhas e condutores, reservatório de

descarte, reservatório de águas pluviais, qualidade da água e bombeamento. É

importante ressaltar que a norma visa apenas o uso não potável da água de chuva,

mesmo que o tratamento e os padrões de qualidade sejam mais restritivos.

Antes desta norma, alguns municípios e estados já discutiam a implantação

de critérios ambientais em leis, como mencionado por Jaques (2005), que

exemplificou em seu trabalho com Curitiba e São Paulo. Nestes casos específicos o

aproveitamento da água de chuva visa não só a economia de água potável em vista

da escassez, bem como a minimização de problemas com inundações.

Conforme o autor, a lei municipal de Curitiba Nº. 10.785 de 18/09/03 criou o

Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações – PURAE, cujo

objetivo é conscientizar a população sobre a importância da conservação e induzi-

los ao uso racional, conservação e utilização de fontes alternativas para captação de

água nas novas edificações. Esta lei tratou da implantação de sistemas de captação

de água da chuva. Em São Paulo, o decreto 12.342 de 27/09/78, determina que não

21

se pode introduzir água pluvial na rede de esgoto e misturar água não potável com

água potável ou ter interligação ao sistema público. Por fim, nota-se que as leis e

decretos já visavam a regulamentar o sistema de captação e aproveitamento de

água de chuva.

4.5 PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL

O sistema de aproveitamento da água da chuva é considerado um sistema

descentralizado de suprimento de água, cujo objetivo é conservar os recursos

hídricos, reduzindo o consumo de água potável (KOENIG, 2003). Este sistema é, na

maioria das vezes, voltado para fins não potáveis, dado a complexidade do

tratamento que a água deve ter para que a qualidade seja garantida. Tomaz (2009)

não recomenda em hipótese alguma a transformação da água de chuva em água

potável em áreas urbanas, isto se deve à poluição do ar que diminui muito a

qualidade da água. Desta forma, a água fornecida pelas concessionárias de

abastecimento de água é insubstituível. Porém existem lugares que não possuem

infraestrutura e utilizam água pluvial para o próprio consumo.

Um sistema típico de aproveitamento de água pluvial em edificações, para

fins não potáveis, capta a água da chuva que cai sobre as superfícies e a direciona

para reservatórios de armazenamento superficiais ou subsuperficiais para posterior

utilização. Sendo assim, estes sistemas são formados basicamente pela área de

captação (geralmente coberturas), os componentes de transporte (calhas e

condutores verticais), o reservatório e alguns componentes adicionais, como

detalhado a seguir:

Área de captação pode ser área de telhado, mais comum, ou solo no entorno

do sistema, em que as superfícies impermeabilizadas estão no nível do chão

(calçada, estacionamento ou pátios). Lee et al. (2000), citam em seu trabalho que

a coleta de água de chuva é feita por meio de superfície de telhados ou de

superfícies no solo, sendo que o sistema de coleta de chuva por superfície de

telhados é considerado mais simples, e na maioria das vezes, produz uma água

de melhor qualidade se comparado aos sistemas que coletam água de

superfícies no solo.

22

Calhas e condutores (tubulação) é responsável pela condução da água da

área de captação até o reservatório. Existem algumas normas específicas com

recomendações para as calhas e condutores:

ABNT NBR 10844/1989: Observar o período de retorno escolhido, a vazão

de projeto e a intensidade pluviométrica.

ABNT NBR 12213/1992: Instalação de dispositivos para remoção de

detritos.

ABNT NBR 15527/2007: Instalação no sistema de aproveitamento de água

de chuva de um dispositivo, podendo este ser automático, para o descarte

da água de escoamento inicial, ou seja, aquela proveniente da área de

captação suficiente para carregar a poeira, fuligem, folhas, galhos e

detritos. Na falta de dados, recomenda-se o descarte de 2 mm da

precipitação inicial.

Reservatório de armazenamento. Para sua determinação é necessário um

estudo mais aprofundado, já que a precipitação média local e demanda de água

devem ser bem conhecidas para se calcular o volume mínimo do reservatório.

Ele pode ser dividido em duas partes:

Reservatório inferior: armazenamento da água a ser bombeada para os

reservatórios superiores;

Reservatório superior: armazenamento da água para posterior utilização para

fins não potáveis.

Assim como dito acima, o reservatório de armazenamento pode ser subterrâneo

(onde seria feito o recalque da água coletada com o auxilio de bombeamento para o

reservatório superior, de onde segue aos pontos de consumo por gravidade) ou

aéreo seguindo também do reservatório superior por gravidade. Pode ser ainda feita

a captação da água diretamente do reservatório inferior, com auxílio de uma bomba

pressurizada, quando os pontos de consumo são acionados (AQUASTOCK, 2015).

O reservatório também possui uma regulamentação dada pela ABNT:

ABNT NBR 12217/1994: Devem ser considerados no projeto: extravasor,

dispositivo de esgotamento, cobertura, inspeção, ventilação e segurança.

ABNT NBR 15527/2007: Minimização do turbilhonamento, dificultando a

ressupensão de sólidos e o arraste de materiais flutuantes. A retirada de água

23

do reservatório deve ser realizada próxima à superfície, recomendando-se, a

15 cm desta.

Componentes adicionais são utilizados para auxiliar no tratamento da água

coletada. Os dispositivos para remoção de detritos, tais como telas, filtros e

grades, são utilizados para remover materiais grosseiros, como folhas e galhos, e

impedem a entrada de roedores. São instalados tanto na área de captação,

condutores horizontais e verticais, quanto no reservatório de armazenamento.

Também incluem-se como componentes adicionais o dispositivo para eliminação

de escoamento inicial, também conhecido como sistema de first-flush. A câmara

de sedimentação é empregada na remoção de sujeiras e contaminantes, sendo

empregada antes da condução para o reservatório de armazenamento.

Dependendo de como a água será utilizada, pode-se empregar outros sistemas

de tratamento para melhorar a qualidade da água.

Existem diversas formas de se construir um sistema de aproveitamento de

água pluvial. Herrmann & Schimda (1999) destacam em seu trabalho as quatro

formas, que serão descritas a seguir:

Sistema de fluxo total: Toda a chuva coletada pela superfície de captação é

direcionada ao reservatório de armazenamento, passando antes por um filtro ou

por uma tela. A chuva que extravasa do reservatório é direcionada ao sistema de

drenagem.

Sistema com derivação: Com objetivo de descartar a primeira chuva, uma

derivação é instalada na tubulação vertical de descida da água, direcionando-a

ao sistema de drenagem. Em alguns casos, instala-se um filtro ou uma tela na

derivação. Assim como no sistema descrito anteriormente, a chuva que extravasa

do reservatório é direcionada ao sistema de drenagem.

Sistema com volume adicional de retenção: Além de armazenar o volume de

chuva necessário para o suprimento da demanda, o reservatório deve ser maior

para conseguir armazenar um volume adicional com o objetivo de evitar

inundações. Neste sistema, uma válvula regula a saída de água correspondente

ao volume adicional de retenção para o sistema de drenagem.

Sistema com infiltração no solo: Toda a água da chuva coletada é direcionada

ao reservatório de armazenamento, passando antes por um filtro ou por uma tela.

24

O volume de chuva que extravasa do reservatório é direcionado a um sistema de

infiltração de água no solo.

Figura 4.1 – Representação esquemática das formas construtivas propostas por Herrmann & Schmida (1999).

Fonte: Herrmann & Schmida (1999)

25

5. METODOLOGIA

A metodologia deste estudo está baseada na citada pela Agência Nacional de

Águas (2005), para projeto de sistemas de coleta, tratamento e uso de água pluvial,

e na NBR 15527/2007: aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins

não potáveis (ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007),

que fornece os requisitos para a concepção de um sistema de coleta de água pluvial

em áreas urbanas e para fins não potáveis. A metodologia envolve as seguintes

etapas:

Determinação da precipitação média local, ou seja, a realização de um estudo

pluviométrico da região de interesse;

Determinação da área de coleta;

Determinação do coeficiente de escoamento superficial;

Determinação do potencial de captação de água pluvial;

Identificação dos usos da água (demanda e qualidade) e o estabelecimento do

sistema de tratamento necessário;

Projeto do reservatório de descarte e do reservatório de armazenamento;

Projeto de sistemas complementares (grades, filtros, etc.)

A metodologia prevista baseou-se também no estudo da NBR 15527/2007

para a identificação de possíveis adequações visando atender esta normatização.

Além disso, para avaliação do sistema de aproveitamento de água de chuva quanto

à relação benefício/custo, utilizou-se a metodologia apresentada por Tomaz (2009),

o qual apresenta uma melhor descrição sobre esta.

5.1 DETERMINAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO MÉDIA LOCAL (ESTUDO PLUVIOMÉTRICO)

A concepção do projeto do sistema de coleta de água de chuva inclui também

os estudos das séries históricas e sintéticas das precipitações da região na qual será

implantado o projeto, conforme requisitado pela ABNT (2007). Em um estudo

pluviométrico, torna-se essencial a disponibilidade de séries históricas que permitam

a avaliação da disponibilidade de precipitação na bacia, o que para Tucci (2012), é

fator determinante para quantificar, entre outros usos, a necessidade de

abastecimento de água, doméstico ou industrial, e consequentemente, de fontes

alternativas de suprimento, como o aproveitamento de água pluvial.

26

A Agência Nacional de Águas (ANA), órgão responsável pelo monitoramento

hidrometeorológico no Brasil, mantem e disponibiliza um banco de dados

constantemente atualizado com todas as informações coletadas pela rede

hidrometeorológica, as quais se encontram disponíveis em dois sistemas: o Sistema

de Informações Hidrológicas (HidroWeb) e o Sistema Nacional de Informações sobre

Recursos Hídricos (SNIRH). Este banco de dados também possui o cadastro

atualizado de todas as estações hidrometeorológicas instaladas em todo o território

nacional, estejam elas em operação ou desativadas, sendo possível também,

identificar quais as entidades responsáveis pela manutenção e operação dos postos.

Esta importante ferramenta disponibiliza informações facilitando a obtenção de

dados hidrometeorológicos, necessários ao desenvolvimento de diversos projetos.

Com isso, em um estudo pluviométrico, a disponibilidade das séries históricas é

garantida não somente quando o monitoramento dos postos pluviométricos é

realizada pela ANA, mas também, quando as entidades responsáveis pelo

monitoramento repassam as séries observadas à este órgão responsável.

A partir da seleção dos postos pluviométricos e das respectivas séries

históricas da região de interesse, os quais estão disponibilizados nos bancos de

dados supramencionados, realiza-se a análise dos dados de precipitação. Sabe-se

que o objetivo dos postos pluviométricos é o de obter uma série ininterrupta de

precipitações ao longo dos anos, porém em qualquer caso pode ocorrer a existência

de períodos com falhas nas observações ou sem informações, devido a problemas

com os aparelhos de registro e/ou com o operador do posto. Assim, os dados de

precipitação coletados devem ser submetidos a um tratamento antes de serem

utilizados. Para a grande maioria dos problemas hidrológicos, este tratamento é

estatístico, o qual consiste na identificação e correção desses erros, ou seja, no

preenchimento de falhas de acordo com o período em que estas se encontram.

(TUCCI, 2012).

A metodologia utilizada para preenchimento de falhas trata-se de um método

mais simplificado, sugerido por Tucci (2012), e normalmente utilizado para o

preenchimento de séries mensais ou anuais de precipitações: o método de da média

aritmética, o qual visa à homogeneização do período de informações e à análise

estatística das precipitações. A escolha desta metodologia deu-se ao fato de que o

preenchimento efetuado por ela é simples e o resultado estatístico da precipitação

27

não sofre significativamente com suas limitações. No trabalho do referido autor, há

uma descrição mais detalhada desta metodologia. Salienta-se que para a aplicação

deste método, deve-se selecionar postos vizinhos que estão inseridos numa região

climatológica semelhante ao posto preenchido.

Ainda de acordo com a metodologia prevista por Tucci (2012), após o

preenchimento da série, é necessário analisar a consistência que esta série possui

dentro de uma visão regional, ou seja, comprovar o grau de homogeneidade dos

dados disponíveis de um determinado posto com relação às observações

registradas em postos vizinhos, sendo estes localizados em região

climatologicamente semelhante. A metodologia utilizada neste estudo para a

verificação da consistência dos dados é a mesma sugerida pelo auto, trata-se do

método da Dupla Massa, a qual segundo o mesmo é uma pratica comum no Brasil.

Salienta-se que este método é válido apenas para séries mensais ou anuais.

Finalmente, conforme a ponderação realizada das observações pontuais

disponíveis, ou seja, a partir das estimativas obtidas pelo método de tratamento de

dados das estações pluviométricas, a caracterização da pluviosidade média num

local é dada por meio do Método das Isoeitas, o qual é sugerido por Tucci (2012),

que apresenta uma descrição detalhada deste procedimento. A vantagem deste

método é que, quando se realiza a interpolação para o traçado das isoietas, leva-se

em consideração a disposição espacial dos postos pluviométricos na bacia e

também o seu relevo, ao permitir o ajustamento do traçado por ele.

5.2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE COLETA

A metodologia para a determinação da área de coleta, no caso da captação

por meio da superfície de telhados, os quais podem ser inclinados, pouco inclinados

ou planos, deve ser realizada em projeção horizontal, como requisitado pela NBR

10844/1989: Instalações prediais de águas pluviais. (ABNT - ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989) e salientado na NBR 15527/2007:

Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos

(ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007).

28

5.3 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL

A metodologia para determinação do coeficiente de escoamento superficial,

também conhecido como coeficiente de runoff, é dada em função do material da

superfície de captação, assim como de sua inclinação, e do acabamento da área de

coleta. (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2005; TOMAZ, 2009). A NBR

15527/2007 define este coeficiente como a relação entre o volume total de

escoamento superficial e o volume total precipitado, conforme a superfície, ou seja,

ele implica na porcentagem de aproveitamento do volume de água pluvial.

A determinação do melhor coeficiente a ser utilizado é dada por intermédio de

pesquisa bibliográfica, avaliando os diversos estudos realizados nesta área e suas

ponderações. Annecchini (2005) observou os valores de coeficiente de runoff

adotado por diferentes autores para diferentes materiais das superfícies de telhado

da área de captação, conforme pode ser observado a seguir.

Tabela 5.1 – Valores de coeficiente de runoff observados por diferentes autores. Fonte: adaptado de Annecchini (2005)

Material Coeficiente de Escoamento

Autores

Telha cerâmica 0,80 a 0,90 Hofknes (1981) e Frasier (1975) apud May (2004)

0,75 a 0,90 Van den Bossche (1997) apud Vaes e Berlamont (1999)

Telhas corrugadas de metal

0,70 a 0,90 Hofknes (1981) e Frasier (1975)

Telha esmaltada 0,90 a 0,95 Van den Bossche (1997) apud Vaes e Berlamont (1999)

Telha metálica 0,70 a 0,90 Hofknes (1981) e Frasier (1975) apud May (2004)

0,85 Khan (2001)

Plástico 0,94 Khan (2001)

Betume 0,80 a 0,95 Van den Bossche (1997) apud Vaes e Berlamont (1999)

Telhados verdes 0,27 Khan (2001)

Superfície pavimentada

0,40 a 0,90 Wilken (1978) apud Tomaz (2003)

0,68 Khan (2001)

Na Tabela 5.2, Pacey e Cullis (1996) sugeriram o coeficiente de runoff

utilizado em alguns países.

29

Tabela 5.2 – Coeficiente de runoff adotados para o aproveitamento de água pluvial em alguns países Fonte: Pacey e Cullis (1996)

Locais Coeficiente de Runoff

Flórida 0,67

Alemanha 0,75

Austrália 0,80

Ilhas Virgens 0,85

Tomaz (2009) realizou um estudo detalhado dos diversos valores de

coeficiente de runoff encontrados na literatura, e sugere que, para o Brasil, o melhor

valor a ser adotado é de 0,80.

5.4 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL

A determinação do potencial de captação de água pluvial, ou seja, o volume

de água de chuva aproveitável depende de fatores como precipitação, área de

captação, coeficiente de escoamento e eficiência do sistema de captação, sendo

calculada, consoante a NBR 15527/2007, pela seguinte equação:

𝑉 = 𝑃. 𝐴. 𝐶. 𝜂𝑓𝑐

Onde:

V – volume anual, mensal ou diário de água de chuva aproveitável (L);

P – precipitação média anual, mensal ou diária (mm);

A – área de coleta (m²);

C – coeficiente de escoamento superficial de cobertura – coef. de runoff

(adimensional);

ηfc – eficiência do sistema de captação – considerando o dispositivo de

descarte de sólidos e o desvio de escoamento inicial (em percentual).

Conforme salienta Palmier (2003), muito deve ser aperfeiçoado com futuras

pesquisas quanto aos aspectos técnicos dos projetos de captação de água de

chuva, principalmente quanto ao desenvolvimento de metodologias para a avaliação

da eficiência do sistema de captação, visto que atualmente não há nenhuma

metodologia visando este aspecto.

30

5.5 IDENTIFICAÇÃO DOS USOS DA ÁGUA (DEMANDA E QUALIDADE) E O ESTABELECIMENTO DO SISTEMA DE TRATAMENTO NECESSÁRIO

Conforme a NBR 15527/2007 para concepção de um projeto de coleta de

água de chuva, é necessário que se determine: o alcance do projeto, geralmente

definido pelo projetista, visto que no Brasil não existe padronização quanto à este

aspecto; a população que utiliza a água de chuva e a determinação da demanda, ou

seja, para quais finalidades este volume será destinado e quais pessoas se

beneficiarão.

Tomaz (2009) apresenta uma metodologia para estimativa do consumo de

água não potável usando parâmetros da engenharia, os quais nem sempre são

facilmente aplicados visto que o grande volume de informações necessárias nem

sempre estão disponíveis. Portanto, para estimativa da demanda neste trabalho,

aplicou-se essa conceituação apresentada por Tomaz (2009), incorporada à

identificação dos pontos de consumo e de suas respectivas particularidades.

Os parâmetros apresentados pelo referido autor em seu trabalho são dados

estimados, visto que infelizmente, como o mesmo salienta, não existem pesquisas

sobre estes aspectos em nosso país. Estas estimativas foram baseadas em dados

disponíveis nos Estados Unidos e na Alemanha, em que a média de consumo de

água é semelhante ao nosso país. Para efeitos de cálculos rápidos, este autor

elaborou a Tabela 5.3, a qual está disposta a seguir, fornecendo valores médios de

consumo mensal de água não potável relativo a bacias sanitárias, como uso interno,

e irrigação de gramado, como uso externo.

Tabela 5.3 – Valores médios de consumo mensal de água não potável para diversos usos. Fonte: adaptado de Tomaz (2005)

Consumo mensal nas bacias sanitárias em função do número de

funcionários

Consumo mensal de gramado ou pátio em função da área do pátio ou do

gramado

Func. Consumo mês Grama ou pátio Consumo mês

(quant.) (m³) (m²) (m³)

5 5 50 1 10 9 100 2 15 14 150 2 20 18 200 3 25 23 250 4 30 27 300 5 35 32 350 6 40 36 400 6 45 41 450 7

31

Consumo mensal nas bacias sanitárias em função do número de

funcionários

Consumo mensal de gramado ou pátio em função da área do pátio ou do

gramado

Func. Consumo mês Grama ou pátio Consumo mês

(quant.) (m³) (m²) (m³)

50 45 500 8 55 50 550 9 60 54 600 10 65 59 650 10 70 63 700 11 75 68 750 12 80 72 800 13 85 77 850 14 90 81 900 14 95 86 950 15

100 90 1000 16

O estabelecimento do sistema de tratamento necessário se faz de acordo

com a identificação do uso da água, ou seja, a sua destinação. A metodologia

utilizada para este estabelecimento foi adaptada de acordo com a sugerida pela

ANA (2005), a qual é apresentada de forma sucinta na Tabela 5.4, disposta a seguir.

Tabela 5.4 – Sistemas de tratamento recomendados em função dos usos potenciais

Fonte: adaptado de ANA (2005)

Usos Potenciais Fonte alternativa: pluvial

Lavagem de roupas

A + B + F + G

Descargas em bacias sanitárias

Limpeza de pisos

Irrigação, rega de jardins

Lavagem de veículos

Uso ornamental Tratamentos convencionais: A – sistema físico: gradeamento. B – sistema físico: sedimentação e filtração simples através de decantador e filtro de areia. C – sistema físico: filtração através de um filtro de camada dupla (areia + antracito). D – sistema físico-químico: coagulação, floculação, decantação ou flotação. E – sistema aeróbio de tratamento biológico lodos ativados. F – desinfecção G – correção de pH.

Logo, conclui-se que para usos potenciais não potáveis, como os citados na

tabela acima, a partir do aproveitamento de água pluvial, necessita-se de um

tratamento simplicado, contendo sistemas físicos de gradeamento, sedimentação e

filtração simples (através de decantador e filtro de areia), desinfecção e correção de

pH.

32

O sistema físico de gradeamento sugerido pela ANA (2005) corresponde aos

dispositivos de remoção de detritos, os quais devem atender aos critérios de

dimensionamento estabelecidos pela NBR 12213/1992. Já a metodologia utilizada

para análises quanto aos sistemas físicos de sedimentação e filtração simples é

referente à Libânio (2010). Caso utilizem-se filtros de areia ou pré-filtros, estes

podem necessitar de grades, seja para suporte físico, seja para auxílio no

procedimento. Os critérios e dimensionamento destas grades podem ser observados

em Tomaz (2009). Para os processos de desinfecção e correção de pH, utilizou-se

Richter e Azevedo Netto (2003).

5.6 PROJETO DO RESERVATÓRIO DE DESCARTE E DO RESERVATÓRIO DE ARMAZENAMENTO

A ABNT por intermédio da NBR 15527/2007 recomenda a instalação no

sistema de aproveitamento de água de chuva de um dispositivo para o descarte da

água de escoamento inicial, ou seja, aquela proveniente da área de captação

suficiente para carregar a poeira, fuligem, folhas, galhos e detritos. O reservatório de

descarte destina-se à retenção temporária e posterior descarte da água coletada

nessa fase inicial da precipitação, também conhecida por first flush. Algumas

técnicas para a realização deste descarte, segundo a ANA (2005), podem ser

utilizadas, entre as quais, tonéis, reservatórios de descarte (ou autolimpeza) com

boia, dispositivos automáticos, como sugerido pela própria NBR 15527/2007, dentre

outras.

O volume de descarte inicial é determinado em função da qualidade da água

durante as fases iniciais da precipitação, que ocorrem após diferentes períodos de

estiagem. Esta caracterização fornece elementos para o cálculo do reservatório de

descarte. Porém Tomaz (2009) salienta que é difícil encontrar uma metodologia para

essa caracterização e posterior dimensionamento, sendo, portanto, baseada em

regra prática. Na falta de dados, a NBR 15527/2007 recomenda o descarte de 2mm

da precipitação inicial, ou seja, 2 litros/m² de área de captação. O tempo estimado

para a retirada do volume do descarte inicial é estimado por Tomaz (2009) em

aproximadamente 10 minutos.

33

A metodologia para dimensionamento do volume do reservatório de

armazenamento (ou acumulação), conforme fornecido pela NBR 15527/2007, deve

ser admitida com base em critérios técnicos, econômicos e ambientais, levando em

conta as boas práticas da engenharia. Os métodos apresentados pela mesma

normalização são: Método de Rippl; Método da Simulação; Método Azevedo Neto;

Método prático alemão; Método prático inglês e Método prático australiano. Todos

estes métodos serão explanados a seguir, salientando-se que todo cálculo de

volume de chuva aproveitável no tempo t, solicitado nos métodos, é realizado

conforme indicado no item 5.4.

Método de Rippl

Neste método, podem-se utilizar séries históricas mensais ou diárias.

𝑆(𝑡) = 𝐷(𝑡) − 𝑄(𝑡)

𝑉 = ∑ 𝑆(𝑡), somente para valores S(t) > 0.

Sendo que: ∑ 𝐷(𝑡) < ∑ 𝑄(𝑡)

Onde:

S(t) é o volume de água no reservatório no tempo t;

Q(t) é o volume de chuva aproveitável no tempo t;

D(t) é a demanda ou consumo no tempo t;

V é o volume do reservatório.

Método da Simulação

Neste método, desconsidera-se a evaporação da água e realizam-se duas

hipóteses básicas: o reservatório está em seu nível máximo no início da contagem

do tempo “t” e os dados históricos são representativos para as condições futuras.

McMahon (1993) diz que este método tem quatro atributos importantes:

É simples de ser usado e facilmente entendido

O uso de dados históricos incorpora os períodos críticos da seca

A análise pode usar dados diários ou mensais (mais usada) e

Problemas sazonais e complicados são tomados em conta no uso da série

histórica

34

Supõe-se conhecido o volume do reservatório, bem como a demanda. Assim,

para um determinado mês, aplica-se a equação da continuidade a um reservatório

finito:

𝑆(𝑡) = 𝑄(𝑡) + 𝑆(𝑡−1) − 𝐷(𝑡)

Sendo que: 0 ≤ 𝑆(𝑡) ≤ 𝑉

Onde:

S(t) é o volume de água no reservatório no tempo t;

S(t+1) é o volume de água no reservatório no tempo t - 1;

Q(t) é o volume de chuva aproveitável no tempo t;

D(t) é a demanda ou consumo no tempo t;

V é o volume do reservatório.

Tomaz (2009) e McMahon (1993) sugerem, respectivamente, o cálculo da

confiança (reliability) e da confiança volumétrica para este método. A confiança (Rr)

representa a proporção do tempo que o reservatório atende a demanda. Pode ser

analisado como o complemento da falha (Pr). A melhor definição de falha (Pr), para

Tomaz (2009), é a relação entre o número de meses que o reservatório não atendeu

a demanda (Nr) e o número total de meses (N), ou seja, 12. Portanto, a confiança

pode ser determinada pela seguinte equação:

𝑅𝑟 = (1 − 𝑃𝑟)

Onde:

Pr é a falha; e pode ser determinada pela equação:

𝑃𝑟 = 𝑁𝑟 𝑁⁄

Onde:

Nr é o número de meses em que o reservatório não atendeu à demanda;

N é o número de meses considerado, geralmente 12 meses.

35

A confiabilidade volumétrica é estabelecida pela relação entre o volume de

chuva que é aproveitado e o volume da demanda, ou seja, é determinada pela

seguinte equação:

𝑅𝑣 = 100 . 𝑉𝑠 𝑉𝑑⁄

Onde:

Vs é o volume da água de chuva;

Vd é o volume da demanda.

Método Azevedo Neto

O Método de Azevedo Neto, também conhecido por Método prático brasileiro,

sugere o aproveitamento máximo de 50% da precipitação anual, em função do

escoamento superficial assim como de perdas inerentes ao sistema. Assim, o

volume de chuva é obtido pela seguinte equação:

𝑉 = 0,042 . 𝑃 . 𝐴 . 𝑇

Onde:

P é o volume numérico da precipitação média anual [mm];

T é o volume numérico do número de meses de pouca chuva ou seca;

A é o valor numérico da área de coleta em projeção [m²];

V é o volume de água aproveitável e o volume de água do reservatório [L].

Método prático alemão

Trata-se de um método empírico no qual se admite o menor valor do volume

do reservatório, 6% do volume anual de consumo ou 6% do volume anual de

precipitação aproveitável.

𝑉𝑎 = 𝑚𝑖𝑛(𝑉; 𝐷). 0,06

Onde:

V é o valor numérico do volume aproveitável de água de chuva anual,

expresso em litros;

D é o valor numérico da demanda anual da água não potável, expresso em

litros;

36

Va é o valor numérico adotado do volume de água do reservatório, expresso

em litros.

Método prático inglês

O método prático Inglês caracteriza-se por sua origem empírica, não

considerando na sua formulação o período de seca. Com isso, o volume de chuva é

obtido pela seguinte equação:

𝑉 = 0,05 . 𝑃 . 𝐴

Onde:

P é o valor numérico da precipitação média anual, expresso em milímetros;

A é o valor numérico da área de coleta em projeção, expresso em metros

quadrados;

V é o valor numérico do volume de água aproveitável e o volume de água da

cisterna, expresso em litros.

Método prático australiano

O cálculo do volume do reservatório é realizado por tentativas, até que sejam

utilizados valores otimizados de confiança e volume do reservatório.

𝑉(𝑡) = 𝑉(𝑡−1) + 𝑄(𝑡) − 𝐷(𝑡)

Onde:

Q(t) é o volume mensal produzido pela chuva no mês t;

V(t) é o volume de água que está no tanque no fim do mês t;

V(t-1) é o volume de água que está no tanque no início do mês t; e

D(t) é a demanda mensal.

Observações:

Quando (𝑉(𝑡−1) + 𝑄(𝑡) − 𝐷) < 0, então o 𝑉(𝑡) = 0

O volume do tanque escolhido será T.

37

Recomenda-se que os valores de confiança estejam entre 90% e 99%. A

confiança aqui utilizada é a mesma sugerida por McMahon (1993) e pode ser

determinada pela seguinte equação:

𝐶𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑛ç𝑎 = (1 − 𝑃𝑟)

Onde:

Pr é a falha; e pode ser determinada pela equação a seguir.

𝑃𝑟 = 𝑁𝑟 𝑁⁄

Onde:

Nr é o número de meses em que o reservatório não atendeu à demanda, isto

é, quando 𝑉(𝑡) = 0

N é o número de meses considerado, geralmente 12 meses;

5.7 PROJETOS DE SISTEMA COMPLEMENTARES (GRADES, FILTROS, ETC.)

Os sistemas complementares são compostos de condutores horizontais

(calhas) e verticais, que transportam as águas pluviais coletadas até os reservatórios

de armazenamento, após a passagem pelos reservatórios de descarte. A

metodologia, exigências e critérios necessários para estas calhas e condutores

estão fornecidos na NBR 10844/1989. Podem, também, ser colocados juntos às

calhas ou nas tubulações verticais, dispositivos para remoção de detritos, que

podem ser grades ou filtros retentores de folhas, galhos ou quaisquer materiais

grosseiros. Estes dispositivos devem atender a NBR 12213/1992. Estes dispositivos

correspondem ao sistema físico de gradeamento mencionado no item 5.5. Estão

incluídos ainda nos sistemas complementares os sistemas de distribuição de águas

pluviais tratadas, após as unidades de tratamento. Esses sistemas incluem as

unidades de recalque, as respectivas linhas de distribuição de água tratada e

eventuais reservatórios de distribuição complementares, os quais devem atender

respectivamente, à NBR 12214/1992 e para os dois últimos itens supramencionados

à NBR 5626/1998.

38

6. ESTUDO DE CASO

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

A área em estudo trata-se do prédio do Centro de Excelência em Eficiência

Energética (EXCEN), localizado no campus da Universidade Federal de Itajubá

(UNIFEI), em Itajubá/MG, o qual já possui um sistema de aproveitamento de água

de chuva, porém inativo (Figura 6.1). A inauguração deste prédio atual do EXCEN

deu-se em dezembro de 2006, resultado da parceira entre a Eletrobrás, Cemig,

Ministério de Minas e Energia e a Universidade Federal de Itajubá, buscando

promover o uso eficiente da energia, apresentando diversas inovações como

monitoramento de informações energéticas, sistema inteligente de condicionamento

ambiental, sistema de aproveitamento de água de chuva, como mencionado, e

aproveitamento de iluminação natural. Como se tratava de um projeto inovador para

sua época e pioneiro na América Latina, realizado antes mesmo da existência de

normas a respeito deste tipo de sistema de aproveitamento de água de chuva, o

mesmo necessita de adequações para o seu perfeito funcionamento. Visto que este

sistema nunca entrou em funcionamento, necessita-se da realização de um

diagnóstico operacional do sistema construído, o qual será abordado posteriormente

neste trabalho.

Como pode ser observado na Figura 6.1, a área de estudo está inserida na

região sudeste do território brasileiro, a qual apresenta um clima diversificado devido

aos fatores geográficos, como latitude, longitude e topografia, e aos fatores de

ordem dinâmica como as frentes frias (ABREU; BARROSO, 2003). A região é

considera, por Nilmer (1979), como unidade climatológica por ser zona de equilíbrio

dinâmico entre as correntes perturbadas de altas tropicais e altas polares. Portanto

devido ao encontro das correntes, a climatologia regional apresenta características

de transição. Com isso, a combinação de linhas de instabilidade, de advecção de

umidade e frentes frias estacionárias, favorece a forte convecção e

consequentemente contribui para os altos índices pluviométricos na região (ABREU,

1998).

39

Figura 6.1 – Localização da área em estudo: Centro de Excelência em Eficiência Energética Fonte: confecção própria

Segundo Mattos (2004), nas latitudes temperadas, apesar de apresentarem

quatro estações mais ou menos definidas observam-se dois períodos de maior

destaque. O período em que as chuvas são mais abundantes e outro mais seco ou

pouco chuvoso. Assim, estas estações são mais definidas em função da variação de

temperatura durante todo o ano. Porém, devido aos sistemas de circulação

atmosférica, as temperaturas, como as máximas no verão e as mínimas no inverno,

são de grande destaque. Isso pode ser verificado na análise da variabilidade térmica

das estações em que ocorrem anos em que o verão é extremamente quente e longo

e outro em que o inverno é muito rigoroso (MATTOS, 2004)

As superfícies do sul de Minas Gerais também influenciam a caracterização

climática local. Locais como a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar apresentam

maiores latitudes regionais e altas frequências de correntes de ar de origem polar.

Além disso, em condições normais, o clima da região é influenciado pela massa de ar

Tropical Atlântica, oriundas do Anticiclone do Atlântico Sul (centro de alta pressão)

que causam a ocorrência de bom tempo. Porém, o avanço da frente fria do

Anticiclone Polar Móvel coloca em contato a massa Polar Atlântica com as massas

40

tropicais e equatoriais que provocam grande instabilidade e precipitações

generalizadas intermitentes e duradouras (MATTOS, 2004).

As instabilidades, descritas anteriormente, ficam mais expressivas durante os

meses de verão quando o sistema de circulação faz baixar a massa Equatorial

Continental (proveniente da Amazônia e Pantanal), de grande instabilidade

convectiva, provocando chuvas na região, mesmo sem a presença de Frentes Frias,

localizadas e de alta intensidade. Durante o inverno as precipitações são bem mais

reduzidas devido ao maior domínio da massa mais estável, a massa Tropical

Atlântica, e ao menor suprimento de vapor de água na atmosfera (MATTOS, 2004).

A classificação climática, segundo Grisollet, baseia-se na delimitação de áreas

no qual ocorre uma sucessão habitual de conjunto de elementos que acabam por

caracterizar a atmosfera (NIMER, 1979). Koppen, p. e., pressupõe-se que a

vegetação natural, de cada grande região da Terra, é essencialmente uma expressão

do clima que nela prevalece (SAMPAIO et al., 2010.). Com a finalidade de ordenar as

grandes quantidades de informações, facilitando a rápida recuperação e a

comunicação, para os diferentes objetivos de estudos, são descritos, classificados e

mapeados as regiões climáticas em diferentes tipos utilizando dados de temperatura,

precipitação, vegetação, altitude, longitude, latitude e evapotranspiração.

Assim, segundo o mapeamento realizado por Sá Junior (2009) no Estado de

Minas Gerais, encontram-se três grupos de classificação climática - o clima Tropical,

Árido e Ocênico – e cinco classes (Am, Aw, BSh, Cwa e Cwb). A classe de maior

representatividade encontrada foi de Aw (Clima Tropical com Estação seca de

Inverno), com cerca de 67% da área total do estado, seguida de 21% da classe Cwa

(Clima Temperado úmido com Inverno Seco e Verão Quente) e 11% da Cwb (Clima

Temperado Úmido com Inverno Seco e Verão Temperado). As classes climáticas Am

e BSh, Cima Tropical de Monção e Clima Árido das Estepes Quentes de Baixa

Latitude E Altitude respectivamente, apresentaram menos de 1%, conforme

representado na Figura X.

41

Figura 6.2 – Zoneamento climático da mesorregião sul e sudoeste do estado de Minas Gerais, conforme classificação climática de Koppen & Geiger (1928)

Fonte: Sá Júnior (2009)

A classificação de Koppen-Geiger utiliza como base dados valores médios

anuais e mensais de temperatura do ar e da precipitação, além de considerar a

vegetação para a determinação dos seus limites. Portanto, segundo a sua

classificação o clima predominante na área do município de Itajubá é do tipo “Cwb” –

Clima Temperado Úmido com Inverno Seco e Verão Morno (SAMPAIO et al., 2010.).

Na classificação do grupo climático de Koppen-Geiger, a letra “C” indica o

clima temperado ou temperado quente, com climas mesotérmicos de grandes

amplitudes térmicas anuais, temperatura média do ar dos três meses mais frios

42

compreendida entre -3ºC e 18ºC, temperatura média do mês mais quente superior a

10ºC e estações de verão e inverno bem definidas. A letra “w”, indicador de

pluviosidade, mostra a tendência de chuvas de verão e precipitação média inferior a

60 mm na estação seca. E a letra “b”, indicador de temperatura do ar, está

associada a um verão temperado com temperatura média do ar no mês mais quente

inferior a 22ºC e nos quatro meses mais quentes superiores a 10ºC (SÁ JUNIOR,

2009).

Thornthwaite propôs outra classificação associando aos parâmetros citados

anteriormente o conceito de evapotranspiração potencial por meio de balanço hídrico

identificando a capacidade de armazenamento de água pelo solo. Segundo esta

classificação o município é predominantemente do tipo B4 – Úmido com índice de

umidade entre 80 a 100. As temperaturas amenas favorecem menor demanda de

evapotranspiração, o que condiciona valores do índice de umidade de Thornthwaite

mais elevados. Estas condições favorecem melhoria na disponibilidade dos recursos

hídricos naturais, condicionando um maior desenvolvimento para essas regiões

(CARVALHO, et al, 2008).

Uma terceira forma de classificação foi proposta por Nimer com o intuito de

organizar o campo das classificações e abranger a maior quantidade de detalhes dos

mesmos. Esta além de considerar a distribuição geográfica dos diversos tipos de

vegetação também considera solos e uso da terra (NIMER, 1979)

Assim, segundo Nimer (1979), Figura 6.3, o município possui duas subclasses

do Mesotérmico Brando (Superúmido com subseca; e o Úmido com 1 a 3 meses

secos). E uma considerável área na classe Subquente, úmido com 1 a 2 meses

secos.

As três classificações climáticas apresentadas são válidas e complementares

na área de estudo, apresentando apenas diversificações nas variáveis

meteorológicas e climatológicas a serem combinadas nas suas determinações de

classes, sendo dependente do objetivo a que se destina cada autor.

43

Figura 6.3 – Classificação climática da região a qual se insere a área em estudo, segundo Nimer (1979)

Fonte: confecção própria

6.2 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA EXISTENTE

6.2.1 Determinação da pluviosidade média (estudo pluviométrico).

Para caracterização da pluviosidade média com séries históricas, utilizou-se o

banco de dados disponibilizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) mediante o

sistema de informações hidrológicas Hidroweb. Os postos pluviométricos, dos quais

se obtiveram as séries, foram selecionados com o intuito de caracterizar não apenas

a área de estudo, mas também a região na qual se insere para a melhor

representatividade de análise. Sendo assim, selecionou-se 16 postos, os quais

possuem sua localização identificada na Figura 6.4, com informações gerais

disponíveis na

Tabela 6.1. Dois postos, Delfim Moreira (código 2245064) e Brasópolis (código

2245070), foram descartados por apresentar um grande período de falhas, e um

posto (código 2245048) não possuía dados.

44

Figura 6.4 – Localização dos postos pluviométricos selecionados. Fonte: confecção própria

45

Tabela 6.1 – Informações gerais dos postos pluviométricos selecionados

CÓDIGO NOME BACIA SUB-BACIA ESTADO MUNICÍPIO LAT. S LONG. W ALTITUDE

(m)

2245000 Santa Rita do Sapucaí Rio Paraná Rio Grande MG Santa Rita do Sapucaí 22º15'05" 45º42'32" 820

2245007 Cachoeira Paulista Atlântico, Trecho Leste Rio Paraíba do Sul SP Cachoeira Paulista 22º39'42" 45º00'45" 511

2245010 Fazenda da Guarda Rio Paraná Rio Grande SP Campos do Jordão 22º41'20" 45º28'53" 1501

2245011 São Bento do Sapucaí Rio Paraná Rio Grande SP São Bento do Sapucaí 22º41'09" 45º44'07" 895

2245032 Guaratinguetá Atlântico, Trecho Leste Rio Paraíba do Sul SP Guaratinguetá 22º48'44" 45º10'57" 519

2245065 Cristina - Montante Rio Paraná Rio Grande MG Cristina 22º12'37" 45º15'57" 990

2245066 Conceição dos Ouros Rio Paraná Rio Grande MG Conceição dos Ouros 22º24'51" 45º47'27" 850

2245074 Careaçu Rio Paraná Rio Grande MG Careaçu 22º03'10" 45º41'56" 812

2245080 Virgínia Rio Paraná Rio Grande MG Virgínia 22º20'17" 45º05'26" 930

2245083 São João de Itajubá Rio Paraná Rio Grande MG Itajubá 22º22'32" 45º26'49" 845

2245084 Bairro do Analdino Rio Paraná Rio Grande MG Consolação 22º33'56" 45º53'00" 880

2245086 Pontedo Rodrigues Rio Paraná Rio Grande MG Pouso Alegre 22º23'09" 45º53'05" 876

2245087 Bairro Santa Cruz Rio Paraná Rio Grande MG Delfim Moreira 22º24'25" 45º12'54" 1083

2245088 Maria da Fé Rio Paraná Rio Grande MG Maria da Fé 22º18'53" 45º22'23" 1200

2245090 Conceição das Pedras Rio Paraná Rio Grande MG Conceição das Pedras 22º09'44" 45º27'29" 536

2245104 Sapucaí-Mirim Rio Paraná Rio Grande MG Sapucaí-Mirim 22º44'43" 45º44'41" -

46

Devido à ausência de séries homogêneas e contínuas, optou-se pelo

tratamento dos dados, realizando o preenchimento de falhas pelo método da média

aritmética, conforme proposto por Tucci (2012). Verificou-se a consistência dos

dados obtidos por meio do Método da Dupla Massa, também sugerido pelo mesmo

autor. Na Figura 6.5, é possível identificar a pluviosidade média mensal registrada

em cada posto pluviométrico, assim como a média de todos os postos selecionados

para esta região.

Figura 6.5 – Dados pluviométricos médios mensais dos postos selecionados. Fonte: confecção própria

Do ponto de vista da disponibilidade da água de chuva nesta região, conforme

observado na Figura 6.5, verifica-se que a maior oferta hídrica ocorre nos meses de

outubro a março, cujas médias de precipitação são superiores a 125 mm, enquanto

os meses de abril a setembro correspondem ao período de estiagem, com

precipitações inferiores à 80 mm. Os maiores eventos pluviométricos estão dispostos

geralmente em dezembro e janeiro, com médias mensais de 264mm e 243mm,

respectivamente.

Na Figura 6.6, estão dispostos os valores de precipitação anual dos postos

selecionados. Estes valores são referentes ao período de 1976 a 2013, visto que

neste intervalo todos os postos pluviométricos selecionados possuem dados.

264,19

197,76 168,72

74,12 56,14

35,71 29,46 29,95

70,54

125,96

167,91

243,69

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Plu

vio

sid

ad

e M

éd

ia M

en

sal [m

m]

2245000 2245007 2245010 22450112245032 2245065 2245066 22450742245080 2245083 2245084 22450862245087 2245088 2245090 2245104Média Regional

47

Figura 6.6 – Séries históricas dos dados de precipitação total anual referente aos postos selecionados. Fonte: confecção própria

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Pluviosidade Anual [mm]

2245000 2245007 2245011 22450322245065 2245066 2245074 22450802245083 2245084 2245086 22450872245088 2245090 2245104 Média Regional

48

Pela análise das séries históricas de todos os postos pluviométricos

selecionados, referente ao período supramencionado, estima-se que a pluviosidade

média anual desta região se encontra na ordem de 1512,5 mm.ano-1. Este valor

apresentou-se coerente com os encontrados na literatura. Souza et al, (2013), p. e.,

apresentou em seu trabalho uma pluviosidade média de 1490,5 mm ao ano.

A linha de tendência para o período de 1976 a 2013 mostra que há redução

nos valores pluviométricos, porém quando a análise se restringe aos últimos 15 anos

deste período, houve um aumento. No entanto, ainda que se analisem o

comportamento das séries históricas, não há como garantir que suas projeções

estejam corretas, visto se tratar de condições climáticas imprevisíveis dependentes

de fatores complexos.

Para determinação da precipitação média anual na área de estudo, utilizou-se

o método das isoietas, sugerido por Tucci (2012), com auxílio do software ArcGis. A

aplicação desta metodologia, a partir de dados de precipitações médias anuais,

pode ser observada na Figura 6.7.

Figura 6.7 – Método da isoietas para a região da área em estudo. Fonte: confecção própria

49

Para determinação do posto base para análise na área de estudo, selecionou-

se aquele que possuía maior compatibilidade com os postos pluviométricos

próximos da região e melhor consistência nos dados, além de apresentar

características e condições similares à área de estudo. A metodologia utilizada para

a análise da consistência dos dados dos postos, conforme já mencionado, foi o

Método da Dupla-Massa. A aplicação desta metodologia para o posto selecionado

pode ser observada na Figura 6.8. O posto pluviométrico selecionado para o estudo

da área de interesse é o posto nomeado de São João de Itajubá (código 2245083),

com coordenadas 22º 22’ 32’’ S e 45º 26’ 49’’ W, na altitude de 845 metros, com

dados no período de 1966 a 2014.

Figura 6.8 – Aplicação da metodologia de análise da consistência dos dados do posto base selecionado.

Fonte: confecção própria

Quanto à análise do regime pluvial do posto São João de Itajubá (código

2245083), ou seja, à disponibilidade pluviométrica mensal, percebe-se uma

distribuição irregular durante o ano, similar ao apresentado pela média dos postos

em toda a região. Portanto, dois períodos no ano se destacam: o mais chuvoso, de

outubro a março, com pluviosidade média mensal superior à 125 mm, e o de

estiagem, de abril a setembro, com precipitações médias mensais inferiores à 80

R² = 0,9989

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600Pre

cip

ita

çã

o m

éd

ia m

en

sa

l a

cu

mu

lad

a [

mm

]

Precipitação média mensam acumulada - Média das estações da região [mm]

Posto São João de Itajubá (2245083)

50

mm. Esta análise está representada na Figura 6.9, disposta a seguir, na qual

também é possível perceber o comportamento médio de todos os postos

selecionados na região quanto à pluviosidade média mensal.

Figura 6.9 – Distribuição pluvial mensal do Posto São João de Itajubá (código 2245083). Fonte: confecção própria

Quanto ao número de dias em que ocorreu precipitação, o posto São João de

Itajubá (código 2245083) permite uma análise similar à realizada sobre os valores de

precipitação média mensal. Os meses que apresentaram mais dias chuvosos,

conforme pode ser observado na Figura 6.10, foram os de janeiro e dezembro, com

uma média de 16 e 15 dias chuvosos, respectivamente. No período de estiagem, de

junho a agosto, a média encontrada foi de 3 dias de chuva para cada mês.

0

50

100

150

200

250

300

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pre

cip

itação

Méd

ia M

en

sal [m

m]

2245083 Média regional

51

Figura 6.10 – Dias chuvosos do Posto São João de Itajubá (código 2245083). Fonte: confecção própria

6.2.2 Determinação da área de coleta

Como mencionado, o sistema de aproveitamento de água pluvial existente

nunca entrou em funcionamento, logo, todas as plantas do projeto executivo do

Centro de Excelência em Eficiência Energética foram fornecidas pelo mesmo para

auxiliar na realização de um diagnóstico operacional do sistema construído. A partir

de visita em campo, verificou-se que a técnica utilizada pelo sistema existente no

EXCEN é a de coleta superficial de água da chuva por intermédio da superfície de

telhados, sendo estes, a área de captação, fator essencial na avaliação da

capacidade de captação de água. A superfície de telhados encontrada é plana, não

necessitando, portanto, da realização de projeção horizontal, conforme requisitado

pela NBR10844/1989: Instalações prediais de águas pluviais.

Além das plantas do projeto executivo fornecidas pelo EXCEN, a

determinação da área de telhado (área de captação) foi realizada por meio do

conhecimento prévio da localização dos pontos de captação nessa área e da

identificação da respectiva tubulação de condução ao reservatório de acumulação.

No sistema existente, a área de captação foi dividida em duas partes, com áreas de

210,47m² e 599,04m². Portanto, duas tubulações, cada uma com um diâmetro de 6

polegadas (ou 150mm), são responsáveis pelo abastecimento do reservatório de

acumulação. (Figura 6.11). Assim, o sistema de aproveitamento de água pluvial

conta com uma área total de captação de 809,51m².

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Dia

s C

hu

vo

so

s

2245083 Média Regional

52

Figura 6.11 – Representação da área de coleta mediante a superfície de telhados.

53

6.2.3 Determinação do coeficiente de escoamento superficial

Sabe-se que todo o volume de água de chuva captado e aproveitado não é o

mesmo que o precipitado. Há perdas devido à limpeza do telhado, assim como no

processo de autolimpeza, perdas por evaporação, dentre outras. Para efeito de

cálculo, utiliza-se o coeficiente de escoamento superficial, ou coeficiente de runoff,

que estabelece o quociente entre a água que escoa superficialmente pelo total de

água precipitado. O tipo de cobertura encontrada na área de captação do sistema

existente é laje impermeabilizada de concreto com telhas de aço galvanizado. Como

nenhum dos valores dispostos na Tabela 5.1 é sugerido para este tipo de material,

adotou-se, neste caso, o valor utilizado para o coeficiente de runoff sugerido por

(TOMAZ, 2009), o qual foi indicado como o melhor valor a ser adotado para o Brasil,

que é de 0,80. Ainda segundo o mesmo autor, os valores de coeficiente de runoff na

literatura encontram-se entre 0,70 a 0,90. Logo, este se trata de um valor médio, não

influenciado de forma significativa em qualquer tipo de análise.

6.2.4 Determinação do potencial de captação

O potencial de captação de água pluvial foi determinado de acordo com a

metodologia descrita no item 5.4.

Utilizou-se para esta determinação dados de precipitação média mensal, visto

que a área em estudo apresenta uma distribuição irregular de chuvas durante o ano,

conforme salientado na Figura 6.9. Os dados utilizados foram disponibilizados pela

estação São João de Itajubá, a qual foi determinada como posto base deste estudo,

conforme explanado no estudo pluviométrico realizado (item 6.2.1). A área de coleta

e o coeficiente de escoamento superficial foram especificados nos itens 6.2.2 e

6.2.3, respectivamente.

Considerou-se, para fins de cálculo, a eficiência do sistema de captação de

aproximadamente 90%. Como foi frisado na metodologia deste trabalho, não existem

ainda na literatura métodos que permitam avaliar e apresentar estimativas para este

fator, logo, para sua determinação, baseou-se na experiência do projetista.

Os valores encontrados para a determinação do potencial existente nesta

área em estudo podem ser observados na Tabela 6.2, disposta a seguir.

54

Tabela 6.2 – Potencial de captação de água pluvial na área em estudo.

Análise mensal do potencial de captação de água pluvial

Meses Precipitação Média [mm] Potencial de Captação [m³]

Janeiro 247,62 144,33

Fevereiro 173,89 101,35

Março 150,88 87,94

Abril 71,50 41,67

Maio 58,72 34,23

Junho 34,69 20,22

Julho 30,34 17,68

Agosto 32,07 18,69

Setembro 80,59 46,97

Outubro 123,10 71,75

Novembro 164,94 96,14

Dezembro 232,42 135,46

No entanto, sabe-se que nem sempre é viável a utilização de todo o potencial

existente, seja por critérios econômicos ou técnicos, havendo a necessidade da

avaliação do consumo para evitar a ociosidade de operação do sistema, buscando

sempre aliar armazenamento e consumo.

6.2.5 Identificação dos usos da água (demanda e qualidade) e o

estabelecimento do sistema de tratamento necessário

Por intermédio da planta hidro-sanitária do projeto executivo, disponibilizada

pelo EXCEN, identificou-se que a destinação projetada para a água pluvial coletada

é para uso em bacias sanitárias. Sendo assim, estes pontos de consumo foram

identificados e caracterizados para a realização de uma estimativa da demanda. As

informações obtidas por intermédio deste processo, assim como a ilustração destes

pontos, estão dispostas nas tabelas e figura a seguir.

Tabela 6.3 – Identificação dos pontos de consumo no EXCEN

Pontos de consumo

Classificação Quantidade Válvula de Descarga Mictório

Modelo Qtd. Modelo Qtd.

Banheiro 5 Modelo 1 6 Modelo 1 2

Modelo 2 6

55

A tabela a seguir apresenta valores típicos de consumo de água em bacias

sanitárias e mictórios utilizados no EXCEN.

Tabela 6.4 – Caracterização dos pontos de consumo no EXCEN. Fonte: Docol (2015), Hydra (2015) e Icasa (2015)

Pontos de consumo

Válvula de Descarga Mictório

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 1

Marca Docol Hydra Marca Icasa

Modelo - Caixa

acoplada Modelo

Sifonado com mecanismo

Faixa de pressão [kgf/cm²]*

0,2 a 6 - Faixa de pressão [kgf/cm²]*

0,2 a 4

Bitola [pol.] 1 ¼” - Diâmetro [pol.] ½’’

Consumo por acionamento [L]

13 6 Consumo por acionamento [L]

2

*Considerando funcionamento perfeito

Figura 6.12 – Válvulas de descarga (Modelo 1 e Modelo 2) e Mictório, da esquerda pra direita, respectivamente.

Fonte: Docol (2015), Hydra (2015) e Icasa (2015)

A estimativa da demanda foi estabelecida, portanto, de acordo com o

consumo médio por acionamento de cada um dos pontos de consumo

supramencionados. Realizou-se uma pesquisa para estimar a ocupação do EXCEN

e sua distribuição ao longo do dia. Concluiu-se que no EXCEN há em média

aproximadamente 70 pessoas, as quais se distribuem das 07h às 22h. Para

estimativa da demanda, considerou-se que cada pessoa aciona a descarga pelo

menos 3 vezes ao dia. Isso resulta numa média de acionamento de 15 vezes para

56

cada ponto de consumo ao dia. Logo, a estimativa a partir do procedimento citado

para o EXCEN pode ser observada na Tabela 6.5, a seguir.

Tabela 6.5 – Estimativa da demanda para o EXCEN.

Estimativa da demanda

Ponto de consumo Quantidade Consumo por

acionamento [L] Número médio

de acionamento

Válvula de descarga

Modelo 1 6 13 15

Modelo 2 6 6 15

Mictório Modelo 1 2 2 15

Estimativa da demanda: 1.770 [L/dia] = 53.100 [L/mês] = 53,10 [m³/mês]

A estimativa da demanda por meio do procedimento supramencionado

apresenta-se coerente com a aplicação da metodologia apresentada na Tabela 5.3,

para efeito de cálculos rápidos.

O estabelecimento do sistema de tratamento necessário, visto que o uso

potencial de projeto para o EXCEN é a descarga sanitária, se faz com base na

metodologia já mencionada e sugerida pela ANA (2005), a qual estabelece que para

este tipo de destinação necessita-se de sistemas de gradeamento, sedimentação e

filtração simples (através de decantador e filtro de areia), desinfecção e correção de

pH. Como o sistema existente de aproveitamento de água pluvial encontra-se

inoperante, não foi identificado, durante visitas em campo, nenhum dos sistemas

necessários para o tratamento.

6.2.6 Unidades do reservatório de descarte e do reservatório de

armazenamento

A partir de visita em campo e da análise das plantas do projeto executivo

disponibilizadas pelo EXCEN, constatou-se que o sistema não apresenta

reservatório de descarte. Ainda que tenha caixas de inspeção, durante a condução

da água coletada para o reservatório, e que em uma dessas caixas, responsável

pela condução de uma parcela da área de captação, permita o descarte do

escoamento inicial, este volume descartado é mínimo. A representação esquemática

deste descarte pode ser observada na Figura 6.13 a seguir.

Constatou-se também que o sistema é composto por um reservatório de

armazenamento subterrâneo e um reservatório superior, do qual se faz necessário

um conjunto moto-bomba, a ser definido, para a realização do recalque da água

57

coletada. O reservatório subterrâneo localiza-se no fundo do prédio do EXCEN,

enquanto o superior está localizado na parte mais alta do telhado. (Figura 6.15 e

Figura 6.14)

Figura 6.13 – Representação esquemática do descarte de parte da área de captação realizado uma das caixas de inspeção

Figura 6.14 – Vista em corte do EXCEN com a localização dos reservatórios de armazenamento do sistema de aproveitamento existente.

SAIDA

58

Figura 6.15 – Vista em planta do prédio do EXCEN com a localização dos reservatórios de armazenamento do sistema existente.

O reservatório subterrâneo (ou inferior) é composto por 4 tanques, sendo o

último deles isolado, não possuindo tubulações de entrada, subentendendo-se sua

utilização de projeto como casa de máquinas. Caso não seja possível sua utilização

para este fim, o mesmo pode ser até inutilizado, por meio de concretagem. (Figura

6.16 e Figura 6.17). O reservatório superior (ou caixa d’água) é composto por 3

tanques, sendo o primeiro destinado ao sistema de aproveitamento de água de

chuva, e os outros dois, independentes do sistema, destinados para água potável.

Atualmente, somente o último tanque é utilizado, operando com água fornecida pela

COPASA. (Figura 6.18).

As dimensões destes reservatórios, tanto o subterrâneo quanto o superior,

foram determinadas por meio de medições com uma trena. Visto que o sistema

encontra-se inoperante, sem um conjunto moto-bomba para a realização do recalque

da água coletada para o reservatório superior e sua posterior utilização, o

59

reservatório subterrâneo encontra-se permanentemente em seu nível máximo de

armazenamento. Com isso, os tanques pertencentes a este reservatório foram

previamente esgotados com o auxilio de uma bomba hidráulica, de modo a

possibilitar a medição. A representação esquemática de ambos os reservatórios, a

partir das medidas tomadas, podem ser observada nas figuras a seguir.

Figura 6.16 – Vista em planta do reservatório subterrâneo de armazenamento

60

Figura 6.17 – Vista em corte do reservatório subterrâneo de armazenamento

20

95

VA

R.

15

5 5

75

20

Lado E

sq. 50

Lado D

ir. 60

90

300

190

280

200

215

105

20

193

61

Figura 6.18 – Vista em planta do reservatório superior de armazenamento

Para determinação da função de cada um dos tanques que compõem o

reservatório subterrâneo, assim como do seu volume útil, fez-se necessário a

análise das calhas e condutores (tubulações) deste sistema. Portanto, a abordagem

realizada para estas unidades de sistemas complementares está disposta a seguir,

no item 6.2.7.

6.2.7 Unidades de sistemas complementares (grades, filtros,...)

Quanto às unidades de sistemas complementares, constatou-se que as

calhas, condutores horizontais e verticais estão de acordo com a respectiva norma

citada na metodologia. (5.7. Projetos de sistema complementares (grades, filtros,

etc.)). No entanto, não foi identificado nenhum dispositivo para remoção de detritos,

sendo necessário, portanto, sua instalação para que o sistema de aproveitamento de

água pluvial opere adequadamente. Salienta-se que este dispositivo deve atender a

norma NBR 12213/1992, conforme mencionado na metodologia supramencionada.

As calhas e condutores (tubulações) no sistema de aproveitamento existente

possuem as seguintes finalidades: condução da água coletada na área de captação

153158

520

305

380

410

150

62

(telhados) para o reservatório subterrâneo de acumulação; eliminação do volume

excedente; e a realização do recalque da água coletada para o reservatório superior.

A identificação dessas tubulações e suas finalidades no sistema foi realizada com o

auxílio de corantes diluídos em um jato d’água. Detectaram-se todos os pontos de

captação no telhado, assim como a tubulação de recalque para o reservatório

superior, e atribuíram-lhes diferentes cores. Assim, a identificação se fez mediante o

acompanhamento da entrada da lâmina d’água no reservatório subterrâneo. Para

determinação do destino do volume que extravasa ao reservatório, aplicou-se a

mesma técnica, acompanhando as caixas de inspeção ao entorno.

Por meio deste procedimento, concluiu-se que toda água captada pelos

telhados tem como destino o segundo tanque do reservatório subterrâneo, o qual

funciona também para decantação e reserva bruta, visto que o terceiro tanque, de

maiores proporções, funciona como um reservatório de acumulação. Subentende-se

que o primeiro tanque é destinado ao descarte do excesso de água que chega ao

sistema, visto a existência do dreno neste. Todo volume descartado por este dreno

direciona-se ao sistema de drenagem pluvial. Como já mencionado, salienta-se que

o quarto tanque é isolado do sistema.

Com isso, temos que o volume de armazenamento de água pluvial é de 11,5

m³ no reservatório subterrâneo e de 8,5 m³ no reservatório superior, totalizando 20

m³.

Quanto aos sistemas de distribuição de águas pluviais tratadas, ou seja, as

unidades de recalque, as respectivas linhas de distribuição de água tratada e

eventuais reservatórios de distribuição, pode-se constatar, por meio da análise das

plantas do projeto executivo disponibilizadas pelo EXCEN e visitas em campo, que o

sistema existente não conta com reservatórios de distribuição, nem com as unidades

de recalque. Além disso, verificou-se que todas as linhas de distribuição de água

tratada atendem à NBR 12214/1992.

63

Figura 6.19 - Detalhamento do diagnóstico referente ao reservatório subterrâneo de armazenamento

64

6.3 AVALIAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO

A avaliação do dimensionamento do reservatório de armazenamento foi

realizada de acordo com os métodos apresentados no item 5.6.

Método de Rippl

Para aplicação do método de Rippl, sugerido pela NBR 15527/2007, utilizou-

se também Tomaz (2009) como forma de auxílio nos cálculos práticos. Os valores

encontrados para esta aplicação estão disponíveis na

Tabela 6.6. Ainda como outra forma de abordagem, aplicou-se este mesmo

método, porém de forma gráfica, o qual está representado na Figura 6.20. Verificou-

se que o volume total da demanda é inferior ao volume total de chuva, ou seja,

tecnicamente é viável implantar um sistema de aproveitamento de água pluvial que

supra esta demanda de água não potável (

Tabela 6.6). No entanto, para este fim, as dimensões do(s) reservatório(s) de

armazenamento deveriam comportar um volume de 140m³. Esta estimava pode ser

observada pela análise referente ao maior valor da coluna Diferença Acumulada da

Tabela 6.6, conforme sugere Tomaz (2009). Nota-se que um reservatório

nessas proporções esbarra na limitação de espaço físico e na análise da viabilidade

econômica deste empreendimento.

Por meio do diagnóstico do sistema existente, verificou-se que o reservatório

dimensionado armazena um volume de 23m³. Portanto, partindo-se deste mesmo

método de Rippl, o reservatório atenderia uma demanda de 25,5 m³, correspondente

a aproximadamente 43% da demanda mensal existente. Com isso, tem-se que para

uma análise mensal, o reservatório existente encontra-se subdimensionado.

Pelo método gráfico de Rippl, pode-se realizar a mesma análise quanto ao

volume de armazenamento necessário para suprir a demanda, no entanto, com

melhor visualização. Para isto, basta realizar a projeção da reta de consumo, por

meio de retas paralelas no ponto mais baixo e mais alto da curva de volume médio

mensal de chuva.

65

Tabela 6.6 – Dimensionamento do reservatório pelo método de Rippl para demanda constante.

Meses

Chuva média mensal

Demanda constante

mensal

Área de captação

Potencial de captação

Diferença Diferença acumulada

Obs.: Pmed mensal Dconst. mensal A Vmed mensal Dconst mensal - Vmed mensal

(Dconst mensal - Vmed mensal) dos valores positivos

[mm] [m³] [m³] [m³] [m³] [m³]

Jan 247,62 53,1 809,51 144,33 -91,23 E

Fev 173,89 53,1 809,51 101,35 -48,25 E

Mar 150,88 53,1 809,51 87,94 -34,84 E

Abr 71,50 53,1 809,51 41,67 11,43 11,43 D

Mai 58,72 53,1 809,51 34,23 18,87 30,30 D

Jun 34,69 53,1 809,51 20,22 32,88 63,18 D

Jul 30,34 53,1 809,51 17,68 35,42 98,60 D

Ago 32,07 53,1 809,51 18,69 34,41 133,01 D

Set 80,59 53,1 809,51 46,97 6,13 139,14 D

Out 123,10 53,1 809,51 71,75 -18,65 120,49 S

Nov 164,94 53,1 809,51 96,14 -43,04 77,45 E

Dez 232,42 53,1 809,51 135,46 -82,36 -4,91 E

Anual 1400,75 637,2 [m³/ano] 816,42 [m³/ano]

E: água escoando pelo extravasor. D: nível de água baixando S: nível de água subindo

66

Figura 6.20 – Dimensionamento do reservatório pelo método gráfico de Rippl para demanda constante

Método da Simulação

A análise de simulação do reservatório por este método é realizada por meio

de tentativas e erros, pois se supõe que seja conhecido o volume do reservatório,

bem como a demanda. No entanto, para este caso, visto tratar-se de um sistema

existente, estes dois fatores são realmente conhecidos, portanto, este método

simulará a condição com parâmetros reais do sistema.

Para este método considera-se que o reservatório está cheio no início da

contagem do tempo “t” e os dados históricos são representativos de condições

futuras. Visto todo estudo realizado para o diagnóstico deste sistema, ambas as

considerações são verdadeiras, não se tratando apenas de critérios hipotéticos.

Com isso, esta simulação incorpora análises referentes a problemas sazonais, e

principalmente aos períodos críticos da seca.

Conforme indicado no método de Rippl, o método da simulação apontou a

viabilidade técnica da implantação de um sistema de aproveitamento de chuva para

suprir toda a demanda de água não potável, visto que o volume total desta é inferior

ao volume total de chuva. No entanto, esbarra-se nos mesmos entraves

supracitados.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Vo

lum

e [

m³]

Tempo [meses]

Consumo Acumulado Chuva acumulada

139,14

67

Nota-se, com a aplicação do método da simulação, que no sistema há

overflow de 383 m³ no ano, sendo necessários 116 m³ de água de outra fonte, no

caso, da concessionária vigente, para suprir a demanda do reservatório durante o

ano. A confiança, ou reability, sugerido por Tomaz (2009), para este reservatório é

de 58%, ou seja, apresenta 42% de falha, não suprindo a demanda em 5 dos 12

meses do ano. Já a confiabilidade volumétrica, apresentada por McMahon (1993),

estabelece a relação entre o volume de chuva que é aproveitado e o volume da

demanda. O volume de chuva aproveitado neste sistema é o potencial total de chuva

no ano (816,42 m³), descontado do overflow (383 m³) e do volume total de

suprimento no ano (116 m³). Com isso, a confiabilidade volumétrica deste

reservatório é de 50%.

68

Tabela 6.7 – Aplicação do Método da Simulação para o reservatório existente considerando a média mensal das precipitações.

Meses

Precipitação Demanda

mensal constante

Área de Captação

Potencial de

captação

Volume fixado do

reservatório

Volume do reservatório

no tempo t -1

Volume do reservatório no tempo t

Overflow Suprimento

de água externo

P D A Qt V St - 1 St Ov S

[mm] [m³] [m³] [m³] [m³] [m³] [m³] [m³] [m³]

Jan 247,62 53,1 809,51 144,33 23 0 23 91 0

Fev 173,89 53,1 809,51 101,35 23 23 23 71 0

Mar 150,88 53,1 809,51 87,94 23 23 23 58 0

Abr 71,50 53,1 809,51 41,67 23 23 12 0 0

Mai 58,72 53,1 809,51 34,23 23 12 -7 0 7

Jun 34,69 53,1 809,51 20,22 23 0 -33 0 33

Jul 30,34 53,1 809,51 17,68 23 0 -35 0 35

Ago 32,07 53,1 809,51 18,69 23 0 -34 0 34

Set 80,59 53,1 809,51 46,97 23 0 -6 0 6

Out 123,10 53,1 809,51 71,75 23 0 19 0 0

Nov 164,94 53,1 809,51 96,14 23 19 23 62 0

Dez 232,42 53,1 809,51 135,46 23 23 23 101 0

Anual 1400,75 637,2 816,42 383 116

69

Método Azevedo Neto, Método prático alemão, Método prático inglês e

Método prático australiano.

Os seguintes métodos foram apresentados juntos por se tratar de métodos

simplificados e de fácil aplicação: Método Azevedo Neto; Método prático alemão;

Método prático inglês e Método prático australiano. Procura-se com suas aplicações

comparar seus resultados com o tamanho do reservatório existente, e assim

identificar as considerações realizadas em cada método.

Tabela 6.8 – Dimensionamento do reservatório de acordo com o método utilizado

Método Utilizado Volume do reservatório (m3)

Método Azevedo Neto 286

Método prático alemão 38

Método prático inglês 57

Método prático australiano 134* *Obs.: Valor otimizado para o intervalo de confiança entre 90% e 99%

Nota-se a divergência entre os dimensionamentos dos referidos métodos. Isto

se deve principalmente ao fato das diferentes concepções abordadas em cada um

destes. Além disto, estes métodos não consideram possíveis interferências na bacia

hidrográfica.

Constatou-se para os métodos Azevedo Neto e prático australiano

apresentam o mesmo entrave encontrado no Método de Rippl, ou seja, a construção

de um reservatório nessas proporções torna-se inviável devido a fatores como

limitação de espaço físico e análise econômica do empreendimento. O valor elevado

de volume do reservatório de armazenamento sugerido no dimensionamento do

método Azevedo Neto deve-se ao fato deste desconsiderar um fator importante: a

demanda. Com isso, o reservatório dimensionado por intermédio deste método corre

o risco de sofrer com ociosidade.

Quanto ao Método prático alemão, o dimensionamento foi realizado em

relação à demanda, visto que o volume total da demanda é inferior ao volume total

de chuva. Salienta-se, no entanto, para este método, que para casos no qual o

volume de chuva aproveitável é consideravelmente inferior à demanda, o

reservatório necessitará de suprimento por outra fonte, pois não atenderá toda a

demanda. Portanto, é necessário avaliar se é viável economicamente sua

implantação. No entanto, a vantagem deste método é evitar o

superdimensionamento do reservatório. Nota-se que o volume de armazenamento

70

indicado por meio deste dimensionamento é inferior a demanda determinada, logo,

ele não suprirá toda ela, necessitando de fontes externas.

O método prático inglês, apesar de empírico, não considera o período de

seca, portanto, em regiões com distribuição irregular de chuvas, este apresenta

limitações. Com isso, o reservatório de armazenamento pode ficar suscetível a

períodos de ociosidade ou de não atendimento a demanda.

6.4 ADEQUAÇÕES NECESSÁRIAS NO SISTEMA

De acordo com a revisão bibliográfica realizada sobre sistemas de

aproveitamento de água de chuva, suas possíveis formas construtivas e seus

componentes típicos, constatou-se que o sistema de aproveitamento existente não

se enquadra em nenhuma classificação, portanto, tornam-se necessárias

adequações visando este enquadramento. O sistema de aproveitamento de água

pluvial existente aproxima-se do sistema de fluxo total, segundo a classificação

mencionada por Herrmann & Schimida (1999). No entanto, aliado a esse

enquadramento, procura-se também determinar as adequações necessárias para

atendimento à NBR 15527/2007. Portanto, como a mesma sugere, um sistema de

aproveitamento de água pluvial necessita da instalação de dispositivo ou

reservatório de descarte de escoamento inicial. Com isso, optou-se por adequar o

sistema atual a um sistema com derivação, conforme determinado por Herrmann &

Schimida (1999).

As adequações necessárias, portanto, para enquadramento desse sistema

existente na classificação proposta por Herrmann & Schimida (1999) e para

atendimento das exigências impostas na NBR 15527/2007 são: a instalação de

dispositivo para remoção de detritos; implantação de um dispositivo ou reservatório

de descarte de escoamento inicial; implantação dos sistemas de tratamento (filtros

de areia e unidades para desinfecção e correção de pH); e implantação das

unidades de bombeamento. Todos os procedimentos, assim como critérios para

essas adequações, estão descritas a seguir.

6.4.1 Dispositivo para remoção de detritos

O dispositivo para remoção de detritos, ou seja, o correspondente ao sistema

físico de gradeamento, mencionado no item 5.5, pode ser instalado junto às calhas

71

ou nas tubulações verticais. Estes podem ser grades ou filtros retentores de folhas,

galhos ou quaisquer materiais grosseiros. Por meio da avaliação do diagnóstico

realizado, constatou-se que o tipo de cobertura encontrada na área de captação do

sistema existente é laje impermeabilizada de concreto, com telhas de aço

galvanizado. Logo, tornou-se mais fácil a instalação de grades (ou telas) no início

das tubulações verticais existentes nas calhas de concreto. O ideal é que o material

dessas grades (ou telas) seja aço ou alumínio para que assim evite a entrada não só

de materiais grosseiros, mas também de roedores no sistema. Salienta-se também a

importância da implantação de telas nas tubulações de entrada no reservatório.

Figura 6.21 – Representação do tipo de cobertura da área de captação, do dispositivo para remoção de detritos, e de sua aplicação, respectivamente.

Fonte: SupraFirst (2015)

72

6.4.2 Implantação de um dispositivo ou reservatório de descarte (ou

autolimpeza) de escoamento inicial

Há diversas técnicas para a realização do descarte da água de escoamento

inicial, também conhecido como first flush, tais como tonéis, reservatórios de

descarte (ou autolimpeza), com torneira bóia, dispositivos automáticos, dentre

outras. Visto o sistema já apresentar um tanque projetado para overflow do sistema,

este foi, portanto, adequado para se tornar reservatório de descarte, ou seja, para a

retenção temporária e posterior descarte da água coletada nessa fase inicial da

precipitação. Portanto, a técnica escolhida para o sistema existente é a de

reservatório de descarte (ou autolimpeza).

Na falta de dados para o dimensionamento do volume do reservatório de

descarte, a NBR 15527/2007 recomenda o descarte de 2mm da precipitação inicial,

ou seja, 2 litros/m² de área de captação. Como o sistema existente conta com uma

área de captação na ordem de 800 m², o reservatório de descarte deverá comportar

um volume de aproximadamente 1600 L, ou seja, 1,60 m³. No entanto, o referido

tanque que será adequado para esta função possui um volume total máximo de 1,50

m³, sendo que parte deste volume não será aproveitável devido o posicionamento

das tubulações de entrada e passagem de saída de água. Assim, caso, deseja-se a

adequação à norma mencionada, sugere-se o aumento deste reservatório de

descarte. Considerando o posicionamento ideal tanto da tubulação de entrada (DN =

150mm) quanto da passagem de saída (tubulação de DN = 150mm ou uma fenda

como a atual com altura de 15cm), admitindo-se uma folga em função dos métodos

construtivos de 5 cm, o tanque atual apresenta um volume útil de aproximadamente

1,30m³. (Figura 6.22 e Figura 6.23). Para adequação à norma, necessitaria de um

aumento de 30m³ neste volume. Porém, a literatura indica que este valor de 2mm de

descarte de escoamento inicial é apontado para cidades com grande poluição

atmosférica, ou seja, a NBR 15527/2007 adota uma postura conservadora nesta

análise. Autores como Tomaz (2010) buscam ainda uma maneira de se calcular

realmente o first flush, baseado em critérios como declividade, material e intensidade

pluviométrica. Os valores apontados por este e outros autores na literatura estão no

intervalo de 1mm a 2mm. Portanto, adotando-se esta faixa de referência, o atual

tanque não necessita de adequações, visto realizar a eliminação de uma lâmina de

aproximadamente 1,6mm do escoamento inicial.

73

Figura 6.22 – Representação esquemática em planta da adaptação necessária para o reservatório de descarte de escoamento inicial

4515701545

15

100

20

130

10

60

20

400

20

80

20

20 150 20

74

Figura 6.23 – Representação esquemática em corte da adaptação necessária para o reservatório de descarte de escoamento inicial.

20

95

VA

R.

15

5 5

75

20

90

300

190

280

215

105

20

75

Nota-se que para a operação deste tipo de técnica, mantém-se o dreno

fechado, realizando o esvaziamento do reservatório diariamente (nos dias chuvosos)

por meio de sua abertura. Para Tomaz (2009) o first flush existe quando a

precipitação cai num telhado seco num período mínimo de três dias. Portanto, o

esvaziamento poderá se dar também em função do período estabelecido por esta

definição. A NBR 15527/2007 sugere que, quando possível, esta técnica seja

automatizada. Para tal finalidade, este procedimento pode ser realizado por meio de

uma chave-boia, ou de sensores de nível, com o acionamento de um conjunto

motor-bomba. No entanto, com isto, será gerado um consumo de eletricidade. A

análise econômica dirá se é viável está implantação.

6.4.3 Implantação dos sistemas de tratamento

A metodologia estabelecida pela ANA (2005) sugere além do gradeamento,

os sistemas físicos de sedimentação e filtração simples (por meio de decantador e

filtro, respectivamente), assim como, a desinfecção e correção de pH, para o

tratamento da água pluvial. No entanto, como abordado no diagnóstico do sistema, o

segundo tanque do reservatório subterrâneo de acumulação realiza a função de

decantação, logo, esta unidade física de sedimentação já está determinada. Quanto

ao processo de filtração, este pode ser realizado por dois métodos distintos. O

primeiro, a partir da utilização de filtros adaptados para este tipo de aproveitamento;

e o segundo, através de filtro de areia ou pré-filtro. O que determinará a escolha

dentre estes métodos é a análise econômica.

Quanto à utilização dos filtros adaptados, sugere-se que o dispositivo seja

colocado no final da tubulação vertical, devido maior facilidade de instalação e

manutenção dentro os dispositivos disponíveis no mercado. Ou seja, ele se

localizará dentro do reservatório.

O dispositivo encontrado que atende as condições do sistema existente (área

de captação ≈ 800m²; entrada de duas tubulações com DN = 150mm), além da NBR

12213/1992, trata-se do Gartenfilter XL DN 150, conforme Figura X. O overflow

emergencial deste dispositivo poderá ser conduzido para o reservatório de descarte

de escoamento inicial, já interligado nesta tubulação.

76

Figura 6.24 – Dispositivo de remoção de detritos selecionado para o sistema existente. Fonte: Rainwater-shop (2015)

Quanto à implantação do filtro de areia ou pré-filtro, optou-se por um pré-filtro

lento de fluxo ascendente, devido o intuito de se minimizar o aporte de sedimentos e

este ter como característica a evolução gradual da perda de carga. Além disto, a

disposição dos tanques do sistema já se apresenta propícia para aplicação deste

tipo de pré-filtro.

O funcionamento do sistema com a utilização deste pré-filtro ocorre da

seguinte maneira, visto que neste existe um dispositivo para eliminação de detritos:

entre a entrada e a saída de água existem pedregulhos que servem como material

filtrante. Pode-se contar com uma única camada na qual as subcamadas se

sobrepõem, usualmente três espessuras de 0,3m a 0,4m, ou três camadas

contíguas com granulometria decrescente no sentido do escoamento de 0,8 a 1,0m.

Passando por elas, a água é direcionada ao tanque de armazenamento de água

tratada, onde é bombeada até o reservatório superior, o qual alimenta o sistema de

distribuição. A granulometria recomendada das três camadas de pedregulho para

pré-filtros de escoamento ascendente está disposta na tabela a seguir.

77

Tabela 6.9 – Granulometria recomendada de pedregulho para pré-filtros de escoamento ascendente. Fonte: Libânio (2010)

Camada Granulometria (mm)*

Granulometria (mm)**

1ª camada 25 a 12,5 18 a 12

2ª camada 12,5 a 6,3 12 a 8

3ª camada 6,3 a 3,2 4 a 8 *Valencia (1992) **Wegelin (1994)

Na Figura 6.25, há uma representação do sistema com a implantação do pré-

filtro estabelecido. Considerando, portanto, que a espessura das camadas seja de

0,3m, conforme mencionado, será necessário um volume de 0,3m³ referente a cada

granulometria para composição do pré-filtro.

Dentre os métodos de desinfecção apresentados por Richter e Azevedo

Netoo (2003), optou-se pela cloração. Além de este ser o melhor tipo de tratamento

para os fins a que se propõe este sistema, visto seu bom índice de desinfecção

aliado ao baixo custo, há a facilidade de sua comercialização. O cloro, o qual possui

a propriedade de permanecer por um longo tempo na água por seu efeito residual,

pode ser granulado, em pastilhas (dissolução rápida ou lenta) ou líquido. O tempo de

contato do cloro com a água, deve ser de, no mínimo, 30 minutos e sua dosagem,

de 2 ppm, para que se mantenha um residual de 0,5 mg de cloro por litro de água.

(SNATURAL, 2015)

Para o procedimento de cloração, determinou-se a utilização de um clorador

flutuante, principalmente por se tratar de um mecanismo simples e de fácil aplicação

em reservatórios. Além disto, a flutuação garante a difusão do cloro por todo o

reservatório e o processo é continuamente renovado por meio da movimentação do

clorador. Seu emprego, comum também em piscinas, cisternas e caixas d’água, é de

baixo custo e reduz gastos com manutenção. Este equipamento, como pode ser

observado na Figura 6.26, consiste em um recipiente flutuante, o qual apresenta

orifícios que se encontram submersos. Insere-se o cloro, sob formas de tabletes ou

pastilhas, no clorador. Este fica flutuando no reservatório, enquanto água penetra

pelos orifícios submersos e dissolve gradualmente os tabletes de cloro. (VIEIRA;

MENDONÇA, 2011)

78

Figura 6.25 – Representação do sistema existente com a implantação do pré-filtro

20

95

VA

R.

15

5 5

75

20

90

300

215

105

20

30

30

30

79

Figura 6.26 – Exemplificação de um clorador flutuante para o sistema existente. Fonte: SNatural (2015)

A correção de pH é essencial, visto que, caso o nível do pH não esteja no

intervalo ideal (entre 7,2 e 7,6), pode-se comprometer a eficácia da etapa de

desinfecção. Portanto, para verificação deste parâmetro, adequou-se a utilização de

medidores, os quais são compostos de um estojo específico que permitem não só a

análise de nível de pH, como também a de cloro disponível, tornando-se, portanto,

um instrumento auxiliar no procedimento de desinfecção. Uma exemplificação deste

tipo de medidor pode ser observada na figura a seguir.

Figura 6.27 – Exemplificação de medidores de ph e cloro disponível. Fonte: Genco (2015)

80

Após a analise do pH, a sua correção é realizada por meio da aplicação de

produtos químicos, os quais são de fácil comercialização. A Tabela 6.10 apresenta

os produtos químicos mais comuns utilizados no tratamento de água para correção

de pH.

Tabela 6.10 – Produtos químicos mais comuns utilizados no tratamento de água para correção de pH. Fonte: adaptado de SNatural (2015)

Ajuste de pH

Cal Hidratada Carbonato de sódio Hidróxido de sódio

Gás carbônico Polifosfatos de sódio

A ABNT (2007) recomenda que o reservatório deva ser limpo e desinfetado

com solução de hipoclorito de sódio, no mínimo uma vez por ano.

6.4.4 Implantação das unidades de bombeamento

As unidades do bombeamento foram definidas de acordo com a as máquinas

disponibilizadas pela Universidade Federal de Itajubá. As informações gerais destas

três máquinas, sendo duas delas movidas a energia elétrica, e uma, a solar, estão

dispostas nas figuras a seguir.

Figura 6.28 – Informações gerais da bomba hidráulica (código 245003) disponibilizada

81

Figura 6.29 – Informações gerais da bomba hidráulica (código 245011) disponibilizada

Figura 6.30 – Informações gerais da bomba hidráulica solar (código 200006) disponibilizada

Para seleção e determinação do modo de operação destas máquinas,

necessitou-se da obtenção das respectivas curvas características, as quais

estabelecem a relação entre altura e vazão. Para as bombas hidráulicas, código

245003 e 245011, essa obtenção foi possível, assim como das características de

operação, que podem ser visualizadas nas Figura 6.31 e Figura 6.32, a seguir. Já

para a bomba hidráulica solar código 200006, a curva característica não foi

encontrada, no entanto, obteve-se a relação entre altura e vazão para o ponto ótimo

de operação desta, a qual pode ser observada na Figura 6.33. Assim, tomou-se

como referência para análise essa relação estabelecida, considerando que a

máquina operará em condições ótimas.

82

Figura 6.31 – Informações gerais de operação e curva de desempenho da bomba hidráulica (código 245003) . Fonte: Worker (2015)

Figura 6.32 – Informações gerais de operação e curva de desempenho da bomba hidráulica (código 245011). Fonte: Worker (2015)

83

Figura 6.33 – Relação altura e vazão para o ponto ótimo da bomba hidráulica solar (código 200006). Fonte: Kyocera (2015)

84

Visto que o bombeamento do reservatório inferior para o superior estabelece

uma altura de 24m, as bombas hidráulicas disponibilizadas operarão, de acordo com

as curvas supramencionadas, com as seguintes vazões de saída, dispostas na

Tabela 6.11, a seguir.

Tabela 6.11 – Vazão de operação das bombas disponibilizadas para uma altura de recalque de 24m.

Máquina disponibilizada Vazão de operação [m³/h]

Bomba hidráulica (código 245003) 4,0

Bomba hidráulica (código 245011) 1,8

Bomba hidráulica solar (código 200006) 2,4

Visto que o reservatório inferior apresenta um volume máximo de

armazenamento de água pluvial de 11,5 m³, a bomba hidráulica (código 245003)

seria suficiente para realizar o recalque deste volume. Assim, sugere-se a colocação

da bomba hidráulica solar (código 200006) em stand by, visto possíveis falhas

mecânicas, necessidade de reparos ou até mesmo interrupção no fornecimento de

energia elétrica pela concessionária vigente, visto se tratar de uma bomba solar. A

bomba hidráulica (código 245011) poderá ser destinada ao esvaziamento do

reservatório de descarte, caso se opte por essa forma de eliminação.

A automatização do sistema de bombeamento pode ser realizada por meio de

chave-boia, ou seja, pela inserção de um dispositivo de controle para o acionamento

da bomba hidráulica. Este equipamento possibilita a ligação do motor da bomba

hidráulica quando o reservatório superior estiver vazio e o reservatório inferior

estiver cheio. Na Figura 6.34, há uma representação esquemática do funcionamento

deste sistema.

85

Figura 6.34 – Representação esquemática da automatização do sistema por meio de chave-boia. Fonte: Tomaz (2010)

6.5 ANÁLISE ECONÔMICA

Para a análise econômica da adequação do sistema, realizou-se uma

estimativa inicial dos custos envolvidos. Estas estimativas foram realizadas para as

duas alternativas propostas de filtragem, ou seja, com a utilização do pré-filtro ou

com a aquisição do filtro Gartenfilter XL DN150. Este procedimento pode ser

observado nas Tabela 6.12 e Tabela 6.13, a seguir:

86

Tabela 6.12 – Estimativas dos custos envolvidos para realização das adequações necessárias. (1ª alternativa: utilização do pré-filtro)

Adequação necessária Custo unitário Qtd Custo Total

Dispositivo de remoção de detritos 8 R$/unid. 8 unid. R$ 64,00

Reservatório de descarte de escoamento inicial

- Junção da tubulação de entrada

Tubulação (DN: 150 mm, Compr.: 3m) 100 R$/unid, 1 unid. R$ 100,00

Luva Simples (DN: 150 mm) 25 R$/unid. 2 unid. R$ 50,00

Junção Simples (DN: 150 x 150 mm) 100 R$/unid. 1 unid. R$ 100,00

- Obra civil

Reboco da passagem existente* 18 R$/m² 0,5m² R$ 9,00

Pré filtro

1ª camada (18 a 12 mm) – Brita nº 0 96 R$/m³ 0,3 m³ R$ 28,80

2ª camada (12 a 8 mm) – Seixo de ½’’ a ¼‘’ Cascalho médio

100 R$/m³ 0,3 m³ R$ 30,00

3ª camada (4 a 8 mm) – Seixo de ¼’’ a 18⁄ ‘’

Cascalho fino 100 R$/m³ 0,3 m³ R$ 30,00

Gradeamento 200 R$/unid 1 unid R$ 200,00

Clorador Flutuante 20 R$/unid 1 unid R$ 20,00

Medidor de pH 50 R$/unid 1 unid R$ 50,00

Produtos para correção do pH 20 R$/unid 1 unid R$ 20,00

TOTAL R$ 701,80

*Reboco paulista com cimento, cal e área 1:3:6

Tabela 6.13 – Estimativas dos custos envolvidos para realização das adequações necessárias. (1ª alternativa: utilização do filtro Gartenfilter XL DN 150)

Adequação necessária Custo unitário Qtd Custo Total

Dispositivo de remoção de detritos 8 R$/unid. 8 unid. R$ 64,00

Reservatório de descarte de escoamento inicial

- Junção da tubulação de entrada

Tubulação (DN: 150 mm, Compr.: 3m) 100 R$/unid, 1 unid. R$ 100,00

Luva Simples (DN: 150 mm) 25 R$/unid. 2 unid. R$ 50,00

Junção Simples (DN: 150 x 150 mm) 100 R$/unid. 1 unid. R$ 100,00

- Obra civil

Reboco da passagem existente* 18 R$/m² 0,5m² R$ 9,00

Filtro Gartenfilter XL DN 150 1000 R$/unid. 1 unid. R$ 1000,00

Gradeamento 200 R$/unid 1 unid R$ 200,00

Clorador Flutuante 20 R$/unid 1 unid R$ 20,00

Medidor de pH 50 R$/unid 1 unid R$ 50,00

Produtos para correção do pH 20 R$/unid 1 unid R$ 20,00

TOTAL R$ 1613,00

*Reboco paulista com cimento, cal e área 1:3:6

87

Calculou-se o payback para as duas alternativas de investimento, e apesar de

se tratar de um método simplificado de análise, reflete uma visão geral do tempo que

o investimento inicial será reposto. Este procedimento pode ser observado na

Tabela 6.14, a seguir:

Tabela 6.14 – Payback para as duas alternativas de investimento

Parâmetros analisados Valores

Volume de água aproveitada em um ano 452,06 [m³]

Custos realizados (Filtro Gartenfilter) 1613,00 [R$]

Custos realizados (Pré-filtro) 701,80 [R$]

Tarifas públicas Água Esgoto Total

4,80 [R$/m³] 4,31 [R$/m³] 9,10 [R$/m³]

Volume aproveitado [m³/ano] x Tarifa Total [R$/m³] 4115 [R$/ano]

Custos envolvidos [R$]/Custo economizado [R$/ano] (Filtro Garden) 0,39 [ano] ≈ 5 [meses]

Custos envolvidos [R$]/Custo economizado [R$/ano] (Pré-Filtro) 0,17 [ano] ≈ 2 [meses]

Nota-que é economizado aproximadamente 450 m³ ao ano, o que

corresponde a 71% do volume demandado para os vasos sanitários. O retorno dos

investimentos para que haja essa economia é rápido, sendo aproximadamente 5

meses, caso se utilize o Filtro Garden, e 2 meses, para o pré-filtro. Isto se deve ao

fato de que foram considerados apenas os investimentos para a realização das

adequações, ou seja, o real custo total do sistema não foi analisado. Tomaz (2009)

sugere que o retorno dos investimentos para sistemas de aproveitamento de água

pluvial não deva ultrapassar de 15 a 20 anos.

Ainda que o método payback não inclua em sua análise, fatores como

manutenção e operação, consumo de energia elétrica para o bombeamento, dentre

outros, é possível concluir que há uma redução de despesas referentes ao

abastecimento de água fornecido pela concessionária vigente. Esta redução pode

apresentar estimativa de valores na ordem de R$ 4000,00 por ano. No entanto, o

benefício não se concentra apenas na área econômica, mas também técnica, visto

que é um contrassenso utilizar água potável para descarga em bacias sanitárias,

enfatizando a sustentabilidade na utilização dos recursos hídricos. Logo, torna-se

cada vez mais necessário, alternativas e investimentos deste tipo que tragam

benefícios não só a sociedade, mas também ao meio ambiente.

88

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os sistemas de coleta e aproveitamento de águas pluviais requerem cuidados

gerais, ou seja, manutenção, e características construtivas que permitam não só a

segurança do abastecimento, mas também a manutenção da qualidade da água

armazenada e níveis operacionais adequados e econômicos. (AGÊNCIA NACIONAL

DE ÁGUAS, 2005). Para tal, pode ressaltar os seguintes itens:

Manter a tampa dos reservatórios, assim como das caixas de inspeção existentes

fechadas. Evita-se, assim, além de possíveis contaminações bem como a

entrada de animais no reservatório, a incidência da luz solar e do calor,

impedindo a proliferação de algas e microorganismos;

A manutenção de todo o sistema deve ser realizada da seguinte maneira:

dispositivos de descarte de detritos – inspeção mensal e limpeza trimestral;

dispositivo de descarte do escoamento inicial (reservatório de descarte) –

limpeza mensal; calhas e condutores – manutenção semestral; dispositivos de

desinfecção e unidades de bombeamento – manutenção mensal; e reservatório –

limpeza e desinfecção anual.

A qualidade da água distribuída deverá ser submetida a um processo de

monitoramento programado. Sugere-se também que seja realizado um estudo

mais detalhado sobre a qualidade da água captada.

Como sugestões para trabalhos futuros, recomenda-se:

A medição dos parâmetros físico-quimicos para uma análise mais detalhada

sobre a qualidade da água no reservatório;

A realização de um estudo sobre a viabilidade do aumento da capacidade de

armazenamento do reservatório;

A realização de um estudo mais detalhado sobre a demanda de água no Centro

de Excelência em Eficiência Energética (EXCEN).

89

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