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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências Farmacêuticas Determinação de Parâmetros Físico-Químicos em Laranjas ‘Valência’ por Métodos Não - Destrutivos Karla Rodrigues Borba Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição para obtenção do título de Mestre em Alimentos e Nutrição. Área de Concentração: Ciência de Alimentos. Orientador: Prof. Dr. Marcos David Ferreira Coorientador: Dra. Poliana Cristina Spricigo Araraquara 2016

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Page 1: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” · Todavia, a utilização de MIR para a predição de sacarose, glicose e açúcares totais apresentaram baixos erros

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Determinação de Parâmetros Físico-Químicos em Laranjas ‘Valência’ por Métodos Não-

Destrutivos

Karla Rodrigues Borba

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição para obtenção do título de Mestre em Alimentos e Nutrição. Área de Concentração: Ciência de Alimentos. Orientador: Prof. Dr. Marcos David Ferreira Coorientador: Dra. Poliana Cristina Spricigo

Araraquara 2016

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Determinação de Parâmetros Físico-Químicos

em Laranjas ‘Valência’ por Métodos Não-Destrutivos

Karla Rodrigues Borba

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição para obtenção do título de Mestre em Alimentos e Nutrição. Área de Concentração: Ciência de Alimentos. Orientador: Prof. Dr. Marcos David Ferreira Coorientador: Dra. Poliana Cristina Spricigo

Araraquara 2016

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Determinação de Parâmetros Físico-Químicos em Laranjas ‘Valência’ por Métodos Não-

Destrutivos

Karla Rodrigues Borba

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i

Dedico à minha família e ao meu amor Ricardo Verhaeg.

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ii

Agradecimentos

Ao professor Dr. Marcos David Ferreira pela orientação ao longo de todo o

mestrado.

À Dra. Poliana Cristina Spricigo pela confiança, amizade e coorientação.

Ao professor Dr. Luiz Alberto Colnago pelos ensinamentos.

Aos analistas, bolsistas e estagiários da Embrapa Instrumentação pelo apoio

durante a realização dos experimentos. Em especial: Joana, Silviane,

Milene, Gabrielle e Karla.

À Faculdade de Ciências Farmacêuticas - UNESP.

À Embrapa Instrumentação pela infraestrutura.

À empresa Citrosuco pelas laranjas fornecidas.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,

pela bolsa concedida.

À Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pelo

auxílio financeiro processo 13/23479-0.

Obrigada!

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Resumo

Objetivo: Alguns atributos em sua composição química e física, como teor de sólidos solúveis (SST), pH (potencial hidrogeniônico), ácidos orgânicos, açúcares e cor são utilizados como parâmetros na aferição da qualidade de frutas. Os métodos utilizados, nos dias atuais, para a análise da qualidade destes produtos são invasivos, que demandam tempo, muitas amostras, reagentes e geram resíduos. Técnicas não destrutivas, como a espectroscopia no infravermelho e de ressonância magnética nuclear, têm sido propostas para avaliar qualidade em frutas e hortaliças. Este projeto teve como objetivo: desenvolver um modelo de calibração, a partir da espectroscopia de infravermelho de médio e próximo, e ressonância magnética com o auxílio das ferramentas quimiométricas PCA (análises de componentes principais) e PLS (Regressão em mínimos quadrados parciais) com a utilização do programa computacional Pirouette versão 4.5, para estimar parâmetros físico-químicos da qualidade de laranjas da variedade ‘Valência’. Métodos: Foram coletadas um total de 450 laranjas de cultivo comercial no interior de São Paulo, transportadas para a Embrapa Instrumentação, São Carlos, SP e em laboratório foram selecionadas, higienizadas e sanitizadas. Em seguida foram realizadas análises espectroscópicas de infravermelho médio (MIR) e próximo (NIR) e de ressonância magnética nuclear (RMN). Logo após realizadas as análises não destrutivas as laranjas foram analisadas com métodos de referência para os parâmetros de qualidade. Os sinais espectroscópicos foram processados e os modelos de predição foram construídos. Com os sinais de NIR e MIR foram desenvolvidos modelos PLS para determinação de: SST, pH, massa fresca, vitamina C, ácido cítrico e açucares. Para os sinais de decaimento de RMN foram construídos modelos para SST, pH e massa fresca. Resultados: Para a predição de SST o modelo PLS – NIR mostrou melhor resultado, com SEP 0,74 °BRIX e coeficiente de correlação de 0,75. O parâmetro que apresentou melhor aplicação com a técnica de RMN-dt foi para determinação de massa fresca, com SEP 21,41 gramas e r = 0,82. A determinação do pH foi mais precisa com o modelo PLS-MIR, onde observou-se SEP de 0,20 e r = 0,86. Para a predição de vitamina C e ácido cítrico tanto o NIR quanto o MIR resultaram em modelos com aplicabilidade. O modelo mais preciso foi o desenvolvido com sinas de MIR, com coeficiente de correlação de Pearson (r) de 0,81 e erro quadrático médio de predição (RMESP) de 7,51 para vitamina C e 0,82 e 3,36 para ácido cítrico. Em relação a predição de açúcares o NIR não resultou em modelos precisos. Todavia, a utilização de MIR para a predição de sacarose, glicose e açúcares totais apresentaram baixos erros de predição 11,69, 7,79 e 24,28 (g L-1) e coeficientes de correlação de forte a moderado. Conclusão: A aplicação de espectroscopia na determinação de parâmetros de qualidade mostrou-se uma possível alternativa na análise de qualidade de laranjas sem que seja necessária a destruição das amostras. Palavras-chave: Espectroscopia. Infravermelho, ressonância magnética nuclear. Qualidade de laranja intacta. Quimiometria. PLS.

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Abstract

Objective: Some attributes in their chemical and physical composition, as soluble solids content (SSC), pH (hydrogen potential), organic acids, sugars and color are used as parameters in measuring the quality of fruit. The methods used nowadays, to analyze the quality of these products are invasive, requiring time, many samples, reagents and generate waste. Non-destructive techniques such as infrared spectroscopy and nuclear magnetic resonance, have been proposed to evaluate quality in fruits and vegetables because they allow rapid implementation of measurements without sample preparation. This project aimed to: develop a calibration model by near ande mid-infrared spectroscopy and nuclear magnetic resonance with the aid of chemometric tools PCA (principal component analysis) and PLS (regression in partial least squares) with use of the computer program Pirouette version 4.5, to estimate physical-chemical parameters of quality oranges from ‘Valencia’ variety. Methodology: A total of 450 commercial cultivation oranges were collected in São Paulo, transported to Embrapa Instrumentation, São Carlos/SP, and in laboratory were selected, cleaned and sanitized. Then spectroscopic analysis near (NIR) and mid-infrared (MIR), and nuclear magnetic resonance (NMR) were made. After performed the non-destructive analysis, the oranges were analyzed with reference methods for quality parameters. Spectroscopic data were processed and prediction models were developed to determinith MIR and NIR signal PLS models were developed to determine SSC, pH, fresh weight, vitamin C, citric acid and sugars. For the NMR signal decay models were constructed to SSC, pH and fresh weight. Results: For SSC prediction PLS model - NIR showed better results, with RMSEP (mean squared prediction error) 0.74 °BRIX and 0.75 correlation coefficient. The parameter that showed better application with DT- NMR technique was to determine fresh weight with RMSEP 21.41 grams and r = 0.82. The determination of pH was more accurate with the PLS-MIR model where there was RMSEP 0.20 and r = 0.86. For the prediction of vitamin C and citric acid as both the MIR NIR models resulted in applicability. The most accurate model was developed with MIR, with Pearson's correlation coefficient (r) of 0.81 and RMESP of 7.51 for vitamin C and 0.82 and 3.36 for Citric acid. Regarding the prediction of sugars NIR did not result in accurate models. However, the use of MIR for the prediction of sucrose, glucose and total sugars were low prediction errors 11.69, 7.79 and 24.28 (g L-1) and strong correlation coefficients to moderate.Conclusion: The application of spectroscopy to determining quality parameters proved to be a viable alternative in quality analysis oranges without destruction of samples. Key-words: Spectroscopy; Infrared, nuclear magnetic resonance; orange quality intact; chemometrics; PLS.

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Lista de Abreviaturas e Siglas

ATR (Reflectância Total Atenuada, do inglês Attenuated total reflectance)

°BRIX (Unidade do teor de sólidos solúveis)

CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo)

CIE (Comission Internationale de l'Éclairage)

CLAE (Cromatografia líquida de alta eficiência)

FAO (Food and Agricultural Organization)

FT (Transformada de Fourier)

IAC (Instituto agronômico de Campinas)

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

MIR (Infravermelho médio, do inglês Middle Infrared)

NIR (Infravermelho próximo, do inglês Near Infrared)

PC (Componente principal, do inglês Principal components)

PCA (Análise por componentes principais, do inglês Principal component

analysis)

PIB (Produto Interno Bruto)

PLS (Regressão por mínimos quadrados parciais, do inglês Partial least

squares)

r: Coeficiente de correlação de Pearson

r cal: Coeficiente de correlação de Pearson para calibração

r Val: Coeficiente de correlação de Pearson para validação

RMN (Ressonância magnética nuclear)

RMN-dt (Ressonância magnética nuclear no domínio do tempo)

RMSEC (Erro padrão da calibração, do inglês Standart error of calibration)

RMSEP (Erro padrão da predição, do inglês Standart error of prediction)

RMSEV (Erro padrão da validação, do inglês Standart error of validation)

RPD (Desvio do resíduo de predição, do inglês Standart derivation ratio)

SST (Teor de sólidos solúveis)

USDA (United States Departament of Agriculture)

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Lista de Tabelas e Quadros

Capítulo 1. Página Tabela 1. Número amostral utilizados nos conjuntos de calibração com validação interna e de predição.

28

Tabela 2. Resultados da caracterização das amostras de laranja. 32 Tabela 3. Análise estatística dos conjuntos de calibração com validação interna e predição: média, desvio padrão e intervalo de dados.

38

Tabela 4. Estatística dos modelos PLS de calibração construídos com os sinais analíticos de NIR e MIR para os parâmetros vitamina C e ácido cítrico.

39

Tabela 5. Estatística dos modelos de predição para NIR e MIR para os parâmetros vitamina C e ácido cítrico.

40

Tabela 6. Estatística dos modelos PLS de calibração construídos com os sinais analíticos de NIR e MIR para os parâmetros sacarose, glicose, frutose, açúcares totais e redutores (g L-1).

42

Tabela 7. Estatística dos modelos de predição PLS- MIR para os parâmetros sacarose, glicose, frutose, açúcares totais e redutores.

43

Capítulo 2. Tabela 1. Número amostral utilizados nos conjuntos de calibração com validação interna e de predição.

56

Tabela 2. Resultados da caracterização das amostras de laranja. 61 Tabela 3. Análise estatística dos conjuntos de calibração com validação interna e predição: média, desvio padrão e intervalo de dados.

62

Tabela 4. Resultados dos modelos PLS construídos com os sinais analíticos de NIR, MIR e RMN.

69

Tabela 5. Resultados da validação externa (predição) dos modelos PLS construídos com os sinais analíticos de NIR, MIR e RMN.

70

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Lista de Figuras

Capítulo 1. Página Figura 1. Espectro de NIR originais (A) com a divisão dos conjuntos de varáveis; (B) espectros NIR com aplicação de SNV e 1ª derivada (25); espectros de MIR originais (C) com a divisão dos conjuntos de variáveis; (D) espectros MIR normalizados e com a aplicação de 1ª derivada (5).

35

Capítulo 2. Figura 1. Gráfico do potencial de modelagem das variáveis de MIR depois da PCA.

63

Figura 2. Análise de componentes principais realizada para SST, pH e massa com 4 classes de colheitas pré-definidas.

64

Figura 3. PCA com decaimentos de RMN com duas classes de SST. 65 Figura 4. Decaimento CPMG de duas laranjas com teor de sólidos solúveis (SST) distintos.

66

Figura 5. Análise de componentes principais das amostras de laranja com os espectros de (A) RMN com as duas classes de massa fresca, (B) NIR com as duas classes de SST e (C) MIR com as duas classes de pH.

67

Figura 6. Espectros de MIR de laranjas com diferentes valores de pH. 69 Figura 7: Gráficos dos valores medidos pelas análises de referência e preditos pelos modelos PLS. (A) PLS - NIR para SST, (B) PLS - MIR para pH e (C) PLS - RMN para massa fresca.

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Sumário

Página

Resumo Iii

Abstract Iv

Lista de Abreviaturas, Siglas e Sinônimos V

Lista de Tabelas e Quadros Vi

Lista de Figuras Vii

Introdução 9

Capítulo 1. Aplicação de espectroscopia de infravermelho próximo (NIR) e médio (MIR) para determinação de teor de vitamina c, ácido cítrico e açúcares em laranja ‘Valência’ intacta

22

Introdução 25

Material e Métodos 27

Resultados e Discussão 32

Conclusões 43

Referências 44

Capítulo 2. Aplicação das técnicas não-destrutivas de espectroscopia de infravermelho próximo (NIR) e médio (MIR) e de ressonância magnética nuclear no domínio do tempo (RMN-dt) para determinação de parâmetros de qualidade em laranjas.

50

Introdução 53

Material e Métodos 56

Resultados e Discussão 60

Conclusões 73

Referências 74

Considerações Finais 80

Referências 82

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Introdução

As atividades da agroindústria brasileira representam cerca de 30%

do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços

produzidos no país. Neste contexto, 35% da mão de obra do Brasil está

relacionada com este ramo de atividade, que incluem, dentre outras, etapas

de pós-colheita, processamento e distribuição. Dentro da agroindústria, a

fruticultura tem forte participação, abrangendo 11,5% do PIB agrícola e 3,45

% do PIB nacional (1).

O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas no mundo, ficando atrás

apenas da China e Índia (2). A laranja é a fruta de maior produção nacional,

onde a maior parte da produção é direcionada a produção de suco (3). A

maior parte das laranjas produzidas no Brasil vai para a produção de suco,

que no cenário mundial detém 50% da produção e exporta 98% do que

produz apresentando 85% de participação no mercado mundial (4).

Fruta, não climatérica, que pertence ao gênero Citrus, dentro da

família Rutaceae (5). Dentre as variedades de laranja cultivadas destaca-se

a variedade ‘Valência’ que apresenta frutos ovalados, com casca

ligeiramente grossa, tem suco de coloração amarelo forte e adocicado (6).

Os frutos dessa variedade são destinados tanto para o consumo in natura

quanto para preparo de suco em indústrias.

O controle da qualidade da fruta garante que o produto final satisfaça

as exigências e requisitos do mercado. Produtos hortícolas são classificados

de acordo com parâmetros internos e externos. Alguns atributos em sua

composição química e física, como acidez total titulável, pH, teor de sólidos

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solúveis, textura, cor e valores nutritivos são utilizados como parâmetros de

qualidade, além de serem importantes, também, na determinação do ponto

de maturação do fruto (7).

Muitos desses parâmetros de qualidade apresentam metodologias de

análise complexas e demoradas, como por exemplo, a quantificação de

açúcares e ácido orgânicos. Um dos métodos para se obter o teor destes

parâmetros é a técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), a

qual requer tempo, reagentes e mão de obra especializada. Além da

necessidade de um número amplo de amostras e de destruição delas.

Por sua vez, o teor de sólidos solúveis (SST) é um parâmetro químico

de qualidade importante e comumente utilizado na avaliação de laranjas (4).

Tanto em frutas climatéricas, quanto em não climatéricas, como a laranja, o

ponto de colheita é definido pelo teor de sólidos solúveis. O balanço de

açúcares e ácidos contidos na polpa da fruta conferem o sabor que pode ser

agradável ou não ao consumidor. Nos frutos cítricos como a laranja, os

requisitos de qualidade são baseados, principalmente, em cor e teor de

sólidos solúveis (8).

Na agroindústria o teor de sólidos solúveis é utilizado desde a

colheita, participam da formação do valor do produto colhido, para o controle

da matéria-prima, processo e qualidade do produto final. É um atributo que,

de acordo com as propostas da Agenda 2015 de Coordenação e contratos

do setor de citros, pode ser usados como parâmetro para pagamentos de

agricultores (4). Portanto, é imprescindível um monitoramento minucioso

desse parâmetro de qualidade. Laranjas com teor de sólidos solúveis abaixo

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de 10° BRIX não podem ser comercializadas, sendo que o ideal é que as

laranjas estejam na faixa de 10° a 13° BRIX que caracteriza sucos

adocicados (9).

A análise de SST é rotineiramente realizada em refratômetros.

Contudo, apenas 85% do resultado de sólidos solúveis obtido por um

refratômetro é de fato açúcar, sendo o restante composto por ácidos

orgânicos, vitaminas, fenólicos, dentre outros (7). A realização de análises

específicas de açúcar resultaria em um valor mais exato da quantidade de

açúcar no fruto. Porém essas análises requerem acesso a equipamento,

demanda alta de tempo e mão de obra. Portanto, não seriam acessíveis em

grande escala de processamento.

Outro parâmetro de qualidade utilizado para avaliação de citros é o

potencial hidrogeniônico (pH). O pH, juntamente com o SST, é uma

propriedade significativa no suco de laranja podendo afetar a aceitação pelo

consumidor. A escala de pH designa as concentrações de H+ presentes na

solução (10), representando a intensidade das soluções ácidas com valores

abaixo de 6 ou alcalinas com valores de pH acima de 6.

Além de propriedades físico-químicas, as propriedades nutricionais

também apresentam grande importância na avaliação da qualidade dos

frutos. Atualmente, existe a tendência de buscar uma alimentação mais

saudável com alimentos naturais (11), classificações e avaliações a partir de

parâmetros nutricionais, como teor de ácido ascórbico, podem aumentar a

valoração de laranjas, principalmente na indústria de suco. O ácido

ascórbico, molécula de ácido orgânico que apresenta capacidade

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antioxidante (12), não é sintetizado pelo organismo humano, tornando

essencial sua ingestão. As frutas cítricas, apesar de apresentarem baixas

concentrações, são consideradas boas fontes de ácido ascórbico devido a

seu alto consumo diário (7). O ácido cítrico, outro ácido orgânico com

capacidade antioxidante, também está presente nos constituintes do suco de

laranja. Essa molécula proporciona um sabor ácido e refrescante no suco

(12).

Juntamente com os ácidos orgânicos, os açúcares são utilizados

como critério de avaliação do “flavor” das frutas. “Flavor”, em inglês, é

utilizado para designar o conjunto de características do paladar e do olfato

dos alimentos. (7), representando o aroma e sabor da fruta. Os açúcares

são os principais componentes do teor de sólidos solúveis em laranjas (13) e

são responsáveis pela doçura do fruto. O teor de açúcar geralmente

aumenta, por meio de processos biossintéticos, com o amadurecimento das

frutas (7).

Atualmente, os métodos mais utilizados para a análise da qualidade

de frutas são destrutivos. Esse tipo de metodologia destrutiva requer

despesas mais elevadas com amostras e reagentes, além de demandar

muito tempo para análise e mão de obra. Métodos não destrutivos, onde a

manipulação da amostra é a mínima possível, representam uma alternativa

para analisar e garantir o controle de qualidade de frutas e hortaliças. Esse

tipo de metodologia requer quantidade inferior de amostras, garante que

sejam feitas análises em um mesmo lote ao longo do período pós-colheita,

são análises muito rápidas (levando no máximo 1 ou 2 minutos)

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demandando menos mão de obra. Também, pode apresentar as

seguintes vantagens: 1) possibilita o monitoramento e análise instantânea de

parâmetros de qualidade em campo tornando possível desenvolver melhores

estratégias de colheita; 2) durante a etapa de distribuição a utilização de

métodos não destrutivos pode ser uma ferramenta útil para os distribuidores

e consumidores, possibilitando verificar com rapidez e facilidade se o

produto atende as características desejadas (14).

Técnicas não destrutivas, como a espectroscopia no infravermelho,

médio (MIR) e próximo (NIR) e de ressonância magnética nuclear (RMN),

têm sido propostas para avaliar características representativas de qualidade

em frutas, pois permitem rápida execução das medições, com potencial para

estimar vários atributos de qualidade simultaneamente além da possibilidade

de repetir as medições nas mesmas amostras (15,16). Para as regiões do

infravermelho é possível realizar medidas em amostras em todos os estados

da matéria como, gases, líquidos e sólidos (17).

A espectroscopia no infravermelho e de ressonância magnética

nuclear, aliadas com técnicas quimiométricas, podem ser uma alternativa

para desenvolvimento de métodos de análises rápidos e precisos de

parâmetros de qualidade complexos. Desta forma, com grande potencial

para monitoramento da qualidade de produtos vegetais em linhas de

processamento. A espectroscopia é o estudo da interação da radiação

eletromagnética com a matéria, essa radiação pode ser dividida (18) em

regiões de energia.

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A radiação de infravermelho corresponde à parte do espectro

eletromagnético situada entre a região do visível e das micro-ondas,

subdivido em infravermelho próximo (4000 – 12500 cm-1), infravermelho

médio (400 – 4000 cm-1) e distante (100 – 400 cm-1) (18). O comprimento de

onda de uma absorção depende das massas relativas dos átomos, das

constantes de força das ligações e da geometria das moléculas (19). Desta

forma, essa técnica detecta a radiação que é absorvida pelas ligações

moleculares. A utilização da espectroscopia no infravermelho para

determinação de composição de alimentos está relacionada quase que

exclusivamente à região no infravermelho médio e próximo, (20).

Para que as moléculas absorvam a radiação de infravermelho, capaz

de variar a amplitude de um de seus movimentos, vibracional ou rotacional,

é necessário que ocorram variações no momento dipolo, que pode ser

ocasionado pelo movimento vibracional ou rotacional. Somente nessas

condições o campo elétrico alternado da radiação é capaz de interagir com a

molécula (21). Durante a vibração ou rotação de uma molécula homonuclear

(O2, N2 ou Cl2) não ocorre variação no momento de dipolo, portanto essas

moléculas não absorvem radiação no infravermelho (17,22).

O instrumento que obtém o espectro de absorção no infravermelho de

um composto é chamado de espectrômetro de infravermelho (ou apenas

espectrofotômetro) (23). Existem alguns tipos de espectrofotômetro, os dois

mais utilizados em laboratórios químicos são os dispersivo e o de

transformada de Fourier (FT). Apesar dos dois apresentarem espectros

quase idênticos, os espectrofotômetros FT produzem os espectros muito

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mais rapidamente do que os dispersivos e são, atualmente, o principal

instrumento empregado para medidas no infravermelho (19,23).

A utilização de instrumentos com FT apresenta algumas vantagens,

uma delas é o fato dos instrumentos com FT possuírem poucos elementos

ópticos e não apresentarem fendas que atenuem a radiação. Com isso, a

potência radiante que atinge o detector é muito maior do que com

instrumentos dispersivos e a razão sinal/ruído observada é maior (23,24).

Os espectros de NIR são complexos, pois contém informações de

sobretons e suas combinações. Isso torna os espectros na faixa NIR muito

mais sobrecarregados o que dificulta a atribuição de bandas específicas de

absorção (25,26) e pode tornar difícil a interpretação de espectros de

misturas complexas como frutas e vegetais. Levando a necessidade de

recorrer a métodos estatísticos multivariados para gerar modelos utilizando

muitos comprimentos de onda (27).

As principais aplicações da espectroscopia na região do infravermelho

próximo (NIR) se encontram na análise quantitativa e qualitativa de materiais

industriais e agrícolas e no controle de processos (20). Sendo que a grande

desvantagem dessa técnica é a baixa sensibilidade dos constituintes em

menores concentrações (22,28) e pelo fato da difusão de luz ser maior na

faixa NIR, alguns fatores como a estrutura física do produto e a presença de

água na amostra podem influenciar na aquisição dos espectros (25).

Muitos estudos mostraram a viabilidade e eficiência na utilização do

infravermelho próximo (NIR) na predição da qualidade interna de frutas.

Modelos de calibração, a partir da análise dos espectros obtidos por

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infravermelho próximo, foram desenvolvidos para estimar firmeza e sólidos

solúveis, de forma não destrutiva, em pêssegos (29) e citros (14,30–32).

A região do infravermelho médio (MIR) é a principal região da

espectroscopia vibracional. Espectros de MIR fornecem informações de

frequência de vibrações moleculares fundamentais (33), que envolvem o

estado fundamental e o primeiro estado vibracional excitado (34). Essa

técnica permite a identificação de moléculas orgânicas e a caracterização de

grupos funcionais, tais como polissacarídeos (26).

No início a região de MIR era aplicada para análise qualitativa de

compostos orgânicos, relacionada principalmente à identificação de ligações

moleculares. Com o desenvolvimento de espectrofotômetros com FT houve

um aumento no número e tipo de aplicações da espectroscopia na região do

MIR (34). Passando, a partir desse momento, a ser usado também para

análise quantitativa de amostras complexas por absorção (15).

Com maior resolução, os espectros obtidos na região do MIR

apresentam picos bem definidos, facilitando a interpretação de seus sinais.

Sua faixa espectral é bastante útil para a identificação de compostos, aonde

pequenas diferenças na estrutura e na constituição das moléculas resultam

em mudanças significativas do perfil e na distribuição dos picos de absorção,

tornando possível a identificação de um composto orgânico comparando seu

espectro com banco de dados pré-existentes (35).

A técnica de MIR tem se mostrado adequada no auxílio em análises

de qualidade de alimentos. Nos últimos anos vem crescendo o número de

pesquisas sobre MIR na avaliação de produtos alimentícios. Isso se deve

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pela versatilidade para desenvolver novos procedimentos de medida não

invasivos, rápidos e preditivos associados a métodos estatísticos

multivariados.

Apesar do espectro de infravermelho médio (MIR) ser o mais utilizado

na química orgânica, pois fornece informações diversas que auxiliam na

análise da composição das moléculas químicas, existem ainda poucos

estudos que relatam o uso de MIR para determinar composição de frutas e

hortaliças intactas (36,37).

Métodos com espectroscopia de MIR são aplicados com sucesso para

estimar a composição de várias amostras de alimentos, principalmente de

produtos líquidos como sucos (38). Snyder et al., 2014, determinou a

composição percentual no suco de uva, Macedo (2013) identificou e

quantificou adulteração em leite bovino, Allendorf, Subramanian, and

Rodriguez-Saona (2012) monitoraram variações químicas decorrentes do

processo de oxidação em óleos comestíveis e quantificaram o teor de ácidos

graxos, Rodriguez-Saona (2011) quantificou carotenóides em suco de

tomates e (43) analisou amostras de suco de tomate e conseguiu

determinar o teor de sólidos solúveis, pH, glicose, frutose e viscosidade.

Todavia, ainda existem poucos estudos de modelos com MIR para

avaliar a qualidade de frutas e hortaliças intactas, pois relaciona-se a

capacidade de penetração das ondas, a qual está muitas vezes relacionada

a espessura da casca (24) . Skoog et al. (2002) afirmam ser possível realizar

medidas de amostras com MIR em muitos estados, inclusive o sólido.

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18

Ao comparar a utilização da técnica de MIR e NIR na análise de

ácidos orgânicos (ácido cítrico e ácido málico) e açúcares (sacarose, frutose

e glicose) em amostras liofilizadas de maracujá De Oliveira et al. (2014)

encontrou que modelos de MIR tiveram melhores resultados do que aqueles

construídos com NIR.

Outra técnica espectroscópica que pode ser uma opção não

destrutiva de análise de qualidade é a ressonância magnética nuclear

(RMN). Proposta por Wolfgang Pauli, 1924, ao constatar que certos núcleos

atômicos apresentavam propriedades magnéticas, ou seja, comportavam-se

como pequenos imãs e que a exposição destes a um campo magnético

deveria levar a um desdobramento de seus níveis de energia (44).

A espectroscopia de RMN se fundamenta no registro da interação da

radiação eletromagnética na região de rádio frequência, 4 a 900 MHz, com

núcleos atômicos (22). Os núcleos absorvem radiação eletromagnética

quando expostos a um campo magnético intenso. A técnica de RMN permite

a observação de núcleos com momento magnético nuclear ou spin ≠ 0 (45).

A espectroscopia de RMN pode ser subdividida em aplicações em alta

e baixa resolução. Espectrômetros de baixo campo (ou baixa resolução),

também chamada de RMN no domínio do tempo (RMN-dt) vêm sendo

utilizados para análise de qualidade em laboratórios (40). A rapidez na

análise sem necessidade de destruição da amostra e possibilidade de se

realizar análises sem preparo da amostra, além da facilidade na execução,

são as principais vantagens dos espectrômetros de baixo campo sobre os

métodos convencionais de análise (40). A técnica de RMN vem sendo

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19

aplicada na análise de alimentos como na determinação de adulteração em

leites (46) e azeites (47) e também na análise de parâmetros de qualidade

em frutas como SST em ameixas (48) e atributos sensoriais (48) e qualidade

físico-química (50) em laranjas.

As técnicas de espectroscopia geram sinais com muitas variáveis e,

portanto, são dependentes de técnicas estatísticas apropriadas para o

processamento destes sinais (51). É necessário o desenvolvimento de

modelos de calibração que tornem possível a determinação do

comportamento de um sistema como um todo.

Para isso a quimiometria é utilizada, onde são aplicados métodos

matemáticos e estatísticos com a finalidade de delinear procedimentos

experimentais para encontrar a máxima informação química relevante com

os dados obtidos (52). Com essa técnica se torna possível o

desenvolvimento de modelos que possam predizer propriedades a partir da

análise de outras.

Com o crescente aumento de estudos de técnicas instrumentais mais

sofisticadas para análises internas de alimentos se tornou possível, e

necessário, métodos mais complexos para tratamento dos dados, que

possam relacionar os sinais obtidos com os resultados desejados. Na

técnica do Infravermelho, a bandas que aparecem nos espectros são

resultados de sobreposições e combinações de bandas de absorção, que

geram um alto índice de sinais, para a leitura, ou determinação das

concentrações dos componentes, destes sinais existe a necessidade de

utilizar técnicas quimiométricas por análise multivariada (23).

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20

Dentre as diversas áreas da quimiometria podemos citar quatro

principais: planejamento e otimização de experimentos, pré-tratamentos

matemáticos, métodos de classificação e métodos de regressão ou

calibração multivariada. De uma maneira geral, calibração multivariada é

composta por três etapas: calibração, predição e validação (53).

A regressão em mínimos quadrados parciais (do inglês, Partial Least

Squares) é um método, de calibração multivariada, muito utilizado em

quimiometria. Com ele é possível calibrar para o componente desejado

enquanto modelagem implícita das outras fontes de variação (53). O PLS é

um método matemático baseado em uma relação linear entre as variáveis

instrumentais (X) e as variáveis de interesse (Y) (54). Na construção dos

modelos PLS, X e Y são decompostas simultaneamente em uma soma de h

variáveis latentes. Onde X é uma matriz n x p onde n é o numero de

amostras e p o número de variáveis de medida (absorbância em

determinados comprimentos de ondas, por exemplo) e Y é um vetor da

propriedade de interesse a ser medida pelo modelo (52,55).

A análise de componentes principais (do inglês, Principal Component

Analysis) é a base dos métodos de calibração, é uma maneira de identificar

a relação entre características extraídas de dados, muito útil, quando os

vetores de características têm muitas dimensões. A PCA é uma técnica de

estatística multivariada que transforma um conjunto de variáveis originais em

outro conjunto de variáveis da mesma dimensão, denominadas de

componentes principais (56). A primeira componente principal (PC1) é o

arranjo que melhor representa a distribuição dos dados e a segunda

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21

componente principal (PC2) é traçada no sentido ortogonal à primeira, com o

objetivo de descrever a maior porcentagem possível da variação não

explicada pela PC1 (55). Cada componente principal é uma combinação

linear de todas as variáveis originais, são independentes entre si e são

estimados com o propósito de reter o máximo de informação da variação

total contida nos dados (56).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização de técnicas não

destrutivas, como tecnologia da espectroscopia de infravermelho médio e

próximo e de ressonância magnética nuclear, associadas a ferramentas

quimiométricas na análise dos padrões de qualidade interna de frutas

inteiras, utilizando como modelo a laranja. Para tanto foi realizada a

associação, por métodos quimiométricos, dos sinais obtidos pela

espectroscopia de infravermelho médio (MIR), próximo (NIR) e de

ressonância magnética nuclear (RMN) com medidas físico-químicas: teor de

sólidos solúveis, pH, teor de ácido ascórbico, teor de ácido cítrico, açúcares

totais e redutores obtidos de laranjas ao longo do período pós-colheita e

desenvolvidos modelos de calibração, aplicando a regressão por mínimos

quadrados parciais (PLS), para estimar essas características físico-químicas.

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22

Capítulo 1.

Aplicação de espectroscopia de infravermelho próximo (NIR) e médio

(MIR) para determinação de teor de vitamina c, ácido cítrico e açúcares

em laranja ‘Valência’ intacta.

Artigo enviado para publicação em 10 de junho de 2016 para a revista

Postharvest Biology and Technology: An International Journal.

ISSN:0925-5214

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23

Aplicação de espectroscopia de infravermelho próximo (NIR) e médio

(MIR) para determinação de teor de vitamina C, ácido cítrico e açúcares

em laranja ‘Valência’ intacta.

BORBA,K.R.a, SPRICIGO,P.C.b; FERREIRA, M.D.c

aDepartment of Food and Nutrition, School of Pharmaceutical Sciences, São Paulo State University-

UNESP, Rodovia Araraquara – Jaú, Km 1, Araraquara-SP, 14801-902, Brazil. bDepartment of Plant Science, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, University of São

Paulo, Avenida Pádua Dias, 11, Piracicaba-SP, 13418-900, Brazil. cEmbrapa Instrumentação, Rua XV de Novembro, 1452, São Carlos-SP, 13561-206, Brazil.

RESUMO

Técnicas de espectroscopia como infravermelho podem ser utilizadas

como ferramentas para análises não destrutivas da qualidade interna de

frutas. Os métodos convencionais de análise de qualidade são em sua

grande maioria destrutivas e demandam muito tempo e recurso. Este estudo

avaliou e comparou as técnicas de espectroscopia de infravermelho próximo

(NIR) e médio (MIR) juntamente com a utilização de calibração multivariada

na determinação de vitamina C, ácido cítrico e açúcares totais e redutores.

Os sinais dos espectros obtidos foram analisados e utilizados para a

construção de modelos de predição por regressão de mínimos quadrados

parciais (PLS). Na construção dos modelos de regressão as laranjas foram

dividas em dois conjuntos de dados: conjunto de calibração e validação

interna e o de validação externa. Os sinais de NIR e MIR foram obtidos por

técnica de reflectância e processados para diminuir o ruído. Para a predição

de vitamina C e ácido cítrico tanto o NIR quanto o MIR resultaram em

modelos com aplicabilidade. O modelo mais preciso foi o desenvolvido com

sinas de MIR, com coeficiente de correlação de Pearson (r) de 0,81 e erro

quadrático médio de predição (RMESP) de 7,51 para vitamina C e 0,82 e

3,36 para ácido cítrico. Em relação a predição de açúcares o NIR não

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24

resultou em modelos precisos. Todavia, a utilização de MIR para a predição

de sacarose, glicose e açúcares totais apresentaram baixos erros de

predição 11,69, 7,79 e 24,28 (g L-1) e coeficientes de correlação de forte a

moderado. Desta forma, é possível concluir, que técnicas de infravermelho

podem ser aplicadas para determinação de parâmetros de qualidade interna

em laranjas de forma não destrutiva.

Palavas-chave: análise não destrutiva; qualidade; quimiometria; PLS.

ABSTRACT

Spectroscopic techniques such as infrared may be used as tools for

non-destructive analyses of the inner quality of fruits. Conventional quality

evaluation methods are mostly destructive and require excessive amounts of

resources and time. This study evaluated and compared the near-infrared

(NIR) and mid-infrared (MIR) spectroscopic techniques through multivariate

calibration in order to determine vitamin C, citric acid, and total and reducing

sugars in oranges. The acquired spectra signals were analyzed and used to

build up prediction models based on partial least squares (PLS) regression.

To assemble the regression models, oranges were divided into two data sets:

calibration plus internal validation set as well as external validation set. The

NIR and MIR signals were acquired by reflectance and then processed to

reduce noise. For predicting vitamin C and citric acid, both NIR and MIR

resulted in applicable models. The most accurate model relied upon MIR

signals and presented Pearson's correlation coefficient (r) of 0.81 as well as

root-mean-square error of prediction (RMSEP) of 7.51 for vitamin C. For citric

acid, r and RMSEP values were 0.82 and 3.36, respectively. Concerning

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25

sugar prediction, NIR did not lead to accurate models. However, MIR

presented low prediction errors (11.69, 7.79, and 24.28 g L-1) as well as

strong to moderate correlation coefficients for the predictions of sucrose,

glucose, and total sugars. Therefore, it is possible to conclude that infrared

techniques can be applied to determine inner quality parameters of oranges

in a non-destructive fashion.

Key-words: Non-destructive analyses; quality; chemometrics; PLS.

1. Introdução

A laranja é considerada a principal espécie de citros no mundo em

função de sua importância comercial e industrial. O Brasil é, mundialmente,

o maior produtor de laranja, com aproximadamente 25,2% da produção

mundial (1,2). A maior parte da produção é direcionada a produção de suco,

para 2015/16, a safra é estimada em 16,7 milhões de toneladas (3). A

qualidade da fruta tem enorme significância no grau de aceitabilidade pelo

consumidor e envolve parâmetros sensoriais, físicos, valores nutritivos e

constituintes químicos (4).

Devido as suas inúmeras propriedades nutricionais o consumo de

laranja é importante na alimentação diária (5). O conteúdo de ácido

ascórbico é um dos mais importantes critérios na avaliação do valor

nutricional de laranjas (6), pois se trata de um ácido orgânico que apresenta

capacidade antioxidante (7) e não é sintetizado pelo ser humano, desta

forma, havendo a necessidade de sua ingestão durante a dieta. O ácido

cítrico, também apresenta capacidade antioxidante, sendo o ácido orgânico

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26

presente no suco de laranja o qual proporciona a característica ácida e

refrescante (7).

Os açúcares também apresentam grande importância na qualidade

de laranjas, e representam 85% do teor de sólidos solúveis que é

comumente utilizado para classificação durante a comercialização de citros

(8). Os principais açúcares presentes no suco de laranja são a sacarose e os

açúcares redutores frutose e glicose. O balanço entre açúcares e ácidos

orgânicos contidos na polpa da fruta confere o sabor que pode ser agradável

ou não ao consumidor (9).

Os métodos analíticos convencionais para determinação destes

parâmetros são destrutivos e necessitam de tempo, reagentes, pessoal

treinado e geram resíduos. Além disso, por se tratar de uma técnica

destrutiva as análises são feitas em um número limitado de amostras, que

podem não ser representativo da variação real existente no conjunto total

(10).

A técnica de espectroscopia de infravermelho tem mostrado boa

aplicabilidade para análises de parâmetros de qualidade de frutas. As

maiores vantagens da utilização de infravermelho próximo (NIR) e médio

(MIR) estão no fato de ser uma análise rápida, levando alguns segundos, e

de se tratar de um método não destrutivo (10). Além de tornar possível, junto

com ferramentas quimiométricas, a determinação de vários parâmetros

simultaneamente.

Vários estudos utilizaram a técnica de infravermelho para determinar

parâmetros internos de qualidade em frutas. Por exemplo, com a utilização

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27

de NIR na determinação de SST e acidez de forma não destrutiva em laranja

(11,12) pêssego (13) e maçã (14). Ainda com NIR outros estudos

determinaram vitamina C em maçãs (14) e laranjas (15). A técnica de MIR

não vem sido utilizada para análise de frutas intactas, essa técnica ainda

está restrita para análise de polpas e sucos de frutas. Por exemplo, na

análise de açúcares totais e redutores em polpa de maracujá e damasco

(16).

Ainda não existem estudos comparativos entre a utilização de NIR e

MIR em análise de parâmetros internos de laranjas intactas. O objetivo deste

estudo foi utilizar técnicas de NIR e MIR em conjunto com o método

quimiométrico de regressão de mínimos quadrados parciais (PLSR) para

desenvolver modelos para determinação da qualidade interna, ácido

ascórbico, cítrico e açúcares, de laranjas do cultivar ‘Valência’ intactas.

2. Material e métodos

2.1 Material vegetal

As laranjas (Citrus sinensis) do cultivar ‘Valência’ foram colhidas em 3

etapas durante a safra de 2015 (no início, meio e final da safra), em cultivo

comercial no interior de São Paulo, Brasil. Em laboratório, as frutas foram

sanitizadas, selecionadas por ausência de defeitos e doenças e

armazenadas sob 12° C ± 1,5 e 90% ± 5 de UR. Um total de 407 laranjas

foram colhidas, onde 327 frutas foram utilizadas para a construção dos

modelos de determinação e 80 laranjas foram utilizadas exclusivamente para

caracterização das amostras. Os conjuntos de calibração com validação

interna e de validação externa estão apresentados na tabela 1.

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Tabela 1: Número amostral utilizados nos conjuntos de calibração com validação

interna e de predição.

Método Parâmetro Cal + Validação interna (n) Validação externa (n)

NIR Ácidos orgânicos 228 98 Açúcares 140 60 MIR Ácidos orgânicos 229 98 Açúcares 139 60

Caracterização das amostras

A frutas do conjunto de caracterização foram analisadas quanto sua

massa fresca, diâmetro equatorial, coloração da casca, teor de sólidos

solúveis (SST) e potencial hidrogeniônico (pH).

Os frutos foram pesados individualmente em balança eletrônica Marte

AS 2000C, com precisão de 0,01 g, os valores foram expressos em gramas.

Foram realizadas medidas do diâmetro transversal, que corresponde à

medida equatorial, com o auxílio de um paquímetro digital modelo Mitutoyo

com exatidão de ± 0,02 mm.

Com a utilização do colorímetro, HunterLab MiniScan XE Plus, com

amostras avaliadas no sistema L, a* e b* (color space) proposto pela

Comission Internationale de l'Éclairage (CIE), foi feita a análise da coloração

da casca dos frutos para sua caracterização, com duas medições na região

equatorial de cada fruto. Os resultados foram expressos em ângulo hue (oh).

O SST foi quantificado inserindo-se alíquotas de 2 – 3 mL das

amostras processadas de cada laranja. A análise foi realizada em triplicata

em refratômetro de bancada Atago RX-5000cx, os resultados foram

expressos em °BRIX (17). A medida do pH foi realizada pela imersão do

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29

eletrodo do equipamento QX 1500 QUALSTRON em 20 mL da amostra

extraída de cada laranja.

2.3 Infravermelho próximo (NIR)

Para obtenção dos os espectros de NIR as laranjas foram analisadas

por reflectância pelo espectrômetro de infravermelho comercial, modelo

Spectrum 100N (Perkin-Elmer Corp, Norwalk, CT). Os espectros foram

coletados na região entre 4000-10000 cm-1 com resolução de 32 cm-1 e 32

varreduras cada para melhorar a relação sinal-ruído. A análise foi realizada

em triplicata através do contato da região equatorial da fruta inteira com o

cristal do equipamento.

2.4 Infravermelho médio (MIR)

Os espectros de MIR foram coletados pelo espectrômetro Agilent

Cary 630 FTIR na região entre 650-4000 cm-1 com resolução de 16 cm-1 e

64 varreduras, para melhorar a relação sinal-ruído. Quatro espectros foram

adquiridos através do contato da região equatorial da fruta inteira com casca,

com o cristal do acessório de reflectância total atenuada (ATR, do inglês

Attenuated total reflectance). Para a construção dos modelos foi utilizado a

média dos 4 espectros.

2.2 Análises de referência

As análises químicas de referência foram realizadas para

posteriormente desenvolver modelos de regressão que correlacionam os

resultados de referência com os sinais espectroscópicos das análises de

NIR e MIR.

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30

Ácido ascórbico e cítrico

Os ácidos L-ascórbico e cítrico foram determinados por técnica de

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), adaptado de KELEBEK

(2009), por meio do cromatógrafo líquido modelo Varian com coluna Agilent

C18 (2,5x25mm, 5micro m), detector Ultravioleta-Visível ajustado para leitura

a 254nm (ácido L-ascórbico) e 214nm (ácido cítrico) e tampão fosfato

(molaridade) pH 2,5 como fase móvel. A vazão da fase móvel foi de 1,0 mL

min-1 e o volume de injeção de 20 µL. Foi utilizado o ácido L - ascórbico

(pureza >= 99%) obtido de Sigma Life Science como padrão e o ácido cítrico

(≥99,5%) da marca Babsynth produtos para laboratório Ltda.

Após a extração do suco, as amostras foram levadas a volume

conhecido com ácido metafofosfórico 3% (m/v), filtradas em unidades

filtrantes descartáveis teflon hidrofílico (porosidade de 0,45 µm) e protegidas

da luz para evitar a degradação dos ácidos orgânicos. As análises foram

realizadas em duplicatas.

Açúcares totais e redutores

As análises de açúcares totais e redutores foram realizadas pela

técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), adaptado de

KELEBEK (2009), com cromatógrafo líquido modelo Varian equipado com

coluna Amino HPX 87H e detector de índice de refração (IR). A coluna foi

mantida a temperatura ambiente (25°C), utilizando-se como fase móvel o

ácido sulfúrico (H2SO4 0,5 mM) com vazão de 0,6 mL min-1 com volume de

injeção de 20 µL para cada amostra.

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31

As amostras do suco de cada laranja foram extraídas e armazenadas

sob temperatura de -28°C. Previamente às análises as amostras foram

descongeladas, diluídas na razão 1:10 com água ultrapura (Milli- Q®) e

filtradas em unidades filtrantes descartáveis de teflon hidrofílico de

porosidade 0,45 µm. Foram utilizadas sacarose (pureza ≥ 99%), D – glicose

(pureza ≥ 99,5%) e D – frutose (pureza ≥ 99%) da marca Sigma Life Science

como padrões.

2.5 Processamento dos dados

As análises quimiométricas foram realizadas pelos softwares Origin

8.1 (OriginLab, Northampton, MA, USA) e Pirouette v.4.5) Infometrix, Inc.

Bothell – WA).

Os espectros de NIR foram centrados na média e realizados os pré-

processamento: Variação Normal Padrão (SNV) e derivada de primeira

ordem com janela de 21 pontos. Os sinais espectroscópicos de MIR foram

centrados na média, normalizados (0-1) e foi aplicada a primeira derivada

com 5 pontos de janela.

Foi feita a regressão por mínimos quadrados parciais (PLS), para isso

foram construídas matrizes onde os sinais analíticos (espectros) referentes

ao infravermelho próximo e médio foram utilizados para a construção da

matriz X, contendo as variáveis independentes. A matriz Y foi construída

com os dados obtidos pelas análises químicas de referência, com dados

relacionados as variáveis dependentes. A regressão por mínimos quadrados

parciais foi feita para obtenção da correlação entre os espectros e os dados

de qualidade dos frutos. Para a construção dos modelos PLS de cada

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parâmetro de qualidade o conjunto total de dados foi dividido,por meio de

algoritimo randômico, em dois grupos. Um grupo destinado a construção do

modelo PLS de calibração e validação interna com teste de validação interna

cruzada leave-one-out, com 70% dos dados totais e o outro grupo foi

utilizado na construção do modelo PLS de validação externa contendo 30%

dos dados totais.

A avaliação dos modelos foi feita a partir da análise dos coeficientes

de correlação de Pearson (r) da calibração (r Cal), validação (r Val) e predição

(R), assim como, dos erros quadráticos médios de calibração (RMSEC),

validação (RMSEV) e predição (RMSEP); e no desvio do resíduo de

predição (RPD).

3. Resultados e discussão

Caracterização das amostras

Os dados estatísticos relativos à caracterização das amostras de

laranjas provenientes de floradas distintas estão sumarizados na tabela 2 . A

colheita de laranjas em primeira e quarta florada, da mesma safra, permitiu a

observação de uma grande amplitude na variação de massa fresca,

diâmetro e coloração externa dos frutos. Essas variações em frutos da

mesma safra são comuns, e relacionam-se diretamente com os estados

nutricionais e hormonais das plantas, e com as condições ambientais

durante o desenvolvimento da laranja (19).

Tabela 2: Resultados da caracterização das amostras de laranja.

Média ± dp Intervalo

Massa (g) 188,04 ± 41,28 93,72 - 282,23

Diâmetro (mm) 71,17 ± 4,18 63,80 - 80,38

Coloração flavedo (°hue) 91,99 ± 10,07 76,00 - 108,62

SST (°BRIX) 8,18 ± 1,03 4,80 - 11,48

pH 3,47 ± 0,39 3,47 - 4,23 *dp= desvio padrão da média

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Os valores de massa fresca estão próximos aos descritos por

ARRUDA e colaboradores (2009) em estudos conduzidos em pomares

brasileiros para descrever a qualidade físico-química de laranjas ‘Valência’.

Esses resultados estão de acordo também com aqueles de massa fresca

descritos por Magwaza et al. (2013), que avaliaram qualidade de laranjas

‘Valência’ por meio de espectroscopia (NIR). Por sua vez, Bai et al. (2016)

obtiveram valores de até 153 g por fruto em pomares americanos, o que se

diferencia dos resultados aferidos neste presente estudo. Em relação à

classificação de laranjas pelo seu diâmetro equatorial as laranjas utilizadas

pertenciam as classes 3 (80 – 93 mm), 6 ( 70 – 80 mm) 12 ( 56 – 63 mm), de

acordo com a classificação feita a partir de padrões determinados pelo

CODEX (23).

A avaliação da coloração externa está de acordo com os valores de

ºhue apresentados por Arruda et al. (2009) e Miranda et al. (2015). O ângulo

ºhue foi utilizado como parâmetro para acompanhar a coloração da casca,

podendo variar de 0° a 360°. Resultados de coloração entre 60° e 150°

representam frutos de com flavedos amarelados até verdes,

respectivamente (25). Neste estudo, frutos com ângulo de 76º foram os mais

amarelados nas coletas entre floradas, enquanto que frutos que

apresentaram ângulo de 109º foram os mais esverdeados.

O teor de sólidos solúveis, medida indireta do grau de doçura do suco

(26) apresentou amplitude e valor médio de acordo com o encontrado na

literatura (11,19).

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34

O pH é um importante parâmetro de qualidade, principalmente para o

suco de laranja, ele, juntamente com os valores de acidez titulável, fornece

informação da acidez da fruta. Observa-se que a média de pH foi de 3,47,

valores de pH acima de 3,5 podem caracterizar frutas menos ácidas,

enquanto que aquelas com pH abaixo desse valor caracterizam frutos ácidos

(27).

Espectros de NIR e MIR

A Figura 1 apresenta os espectros de reflectância do NIR sem

processamento e com a aplicação de centralização na média, SNV e

primeira derivada com 25 pontos de janela. Também são mostrados os

espectros de MIR sem pré-processamentos e após centralização na média,

normalização (0-1) e aplicação da primeira derivada com 5 pontos de janela.

Nota-se que os processamentos corrigiram os problemas de variação da

linha de base e espalhamento de luz dos espectros e também evidenciaram

os picos antes sobrepostos, notadamente nos espectros de NIR.

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35

Figura 1: Espectro de NIR originais (A) com a divisão dos conjuntos de varáveis;

(B) espectros NIR com aplicação de SNV e 1ª derivada (25); espectros de MIR originais (C)

com a divisão dos conjuntos de variáveis; (D) espectros MIR normalizados e com a

aplicação de 1ª derivada (5).

Os modelos PLS com espectros de NIR foram construídos com dois

conjuntos diferentes de variáveis: NIR 1, onde o intervalo de 6400 a 5600

cm-1 foi excluído, pois essa região apresenta ruídos e sobreposições de

absorção de moléculas sem correlação com os parâmetros de qualidade

analisados; NIR 2, exclusão das variáveis dos intervalos entre 10000 – 9600

cm-1 (região característica da absorção de RNH2), 6400-5600 cm-1 e 4400-

4000cm-1 (região de absorção de N-H) (28,29).

Nos dois conjuntos de variáveis para NIR observam-se dois picos

acentuados nos sinais. O primeiro ocorre em 7000 cm-1 e o segundo ocorre

em 5000 cm-1, caracterizando regiões do estiramento assimétrico do OH e

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36

combinações de dobragens (30). Essas regiões estão relacionadas,

principalmente, a absorção de água e ácidos orgânicos, e são consideradas

regiões de importância para as análises de vitamina C e ácido cítrico.

Para os espectros de MIR dois conjuntos de variáveis também foram

testados: MIR 1, utilizando-se todas as 450 variáveis, sem exclusão; MIR 2,

variáveis dos intervalos de 3656 a 4000 cm-1 e 2777 a 1773 cm-1 foram

excluídas. Pois nessas regiões existem ruídos aleatórios os quais podem

influenciar a correlação entre os sinais espectroscópicos com as medidas de

referência (28,31).

O grupo hidroxila (O-H), que está presente em moléculas como álcool,

ácidos orgânicos e água, tem forte absorção no intervalo de 3200 a 3600 cm-

1(32). O intervalo entre 1790 e 1706 cm-1 é associado ao estiramento dos

grupos C=O e C=C (28) e as bandas entre 1500 e 900 cm-1 são dominadas

por grupos de estiramento C-C e C-O (33). Mais especificamente, as regiões

no intervalo de 1650 e 1850 cm-1 são associadas ao grupo carbonila (34),

encontrados nos aldeídos e cetonas, constituintes de moléculas de

monossacarídeos (35). Yang e colaboradores, (2002), analisando soluções

de vitamina C observaram uma forte correlação entre os picos entre 3500-

3000 cm-1 e 17500 – 1000 cm-1 com as diferentes concentrações do ácido.

O pico de absorção localizado entre X e Y cm-1 é característico de

moléculas com ligações C-H, esse tipo de ligação é característico de

lipídeos. No caso da técnica de MIR a taxa de penetração da radiação é

muito baixa, pouco micrometros diferente da técnica de NIR que pode

penetrar de 2-3 mm na amostra (10). Portanto os modelos de predição irão

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37

correlacionar os atributos do suco com alguns constituintes da casca do

fruto, como por exemplo a composição de óleos essenciais, por isso a

importância em manter as regiões de absorção do espectro de MIR

características de lipídeos.

Análises de referência

Os valores de média, desvio padrão e amplitude dos dados para cada

um dos parâmetros analisados nos conjuntos de calibração com validação

interna e predição estão apresentados na tabela 3. Os resultados mostram a

grande amplitude de variação de cada parâmetro avaliado e utilizado para o

conjunto de calibração e de predição na construção dos modelos de

regressão. Tal amplitude é essencial para que os modelos apresentem

aplicabilidade, uma vez que a regressão precisa ser calibrada com amostras

que representem a variação real existente (36,37).

As médias de cada parâmetro químico nos conjuntos de calibração

com validação interna e predição de NIR e MIR não apresentaram

diferenças significativas (p>0,05). Portanto, os conjuntos apresentaram

valores de média e amplitude equivalentes.

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38

Tabela 3: Análise estatística dos conjuntos de calibração com validação

interna e predição: média, desvio padrão e intervalo de dados.

Calibração e Validação

interna Predição

Parâmetro Método N Média ± dp Intervalo

N Média ± dp Intervalo

Vit C (mg 100 mL-1

) NIR 230 41,25 ±14,65 17,56 – 107,46

99 44,07 ±18,02 17,56 – 114,40

MIR 229 40,92 ±14,81 17,56 – 114,40

99 42,10 ±14,98 21,54 – 107,46

Ácido cítrico (g L-1

) NIR 230 11,56 ±6,25 4,10 – 40,25

99 12,27 ±7,13 4,25 – 40,25

MIR 229 11,47 ±6,31 4,10 – 40,25

99 12,00 ±6,47 4,90 – 40,25

Sacarose (g L-1

) NIR 140 52,09 ±17,83 23,63 – 113,07

- - -

MIR 139 52,84 ±16,83 21,80 – 92,98

60 53,43 ±18,79 23,63 – 113,06

Glicose (g L-1

) NIR 140 43,83 ±11,29 25,04 – 77,09

- - -

MIR 139 44,60 ±11,07 25,35 – 77,09

60 44,61 ±10,63 25,35 – 65,20

Frutose (g L-1

) NIR 140 38,71 ±8,38 24,15 – 65,60

- - -

MIR 139 39,22 ±8,32 24,15 – 65,60

- - -

Totais (g L-1

) NIR 140 134,65 ±34,92 77,98 – 223,63

- - -

MIR 139 136,38 ±33,51 72,30 – 216,73

- - -

Redutores (g L-1

) NIR 140 82,55 ±19,16 49,51 – 137,43

- - -

MIR 139 83,83 ±18,86 49,51 – 137,43 60 84,34 17,87 50,66 – 118,61

N: universo amostral; dp: desvio padrão.

Modelos PLS para vitamina C e ácido cítrico

Os resultados estatísticos dos modelos PLS desenvolvidos com os

sinais de NIR e MIR para determinação dos parâmetros vitamina C e ácido

cítrico estão apresentados na Tabela 4.

. A precisão e aplicabilidade dos modelos foram avaliadas

observando-se os valores dos erros (RMSEC e RMSEV) e do coeficiente de

correlação de Pearson, onde modelos mais adequados são aqueles com

menores erros e forte correlação.

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39

Tabela 4: Estatística dos modelos PLS de calibração construídos com os

sinais analíticos de NIR e MIR para os parâmetros vitamina C e ácido cítrico.

Calibração e validação interna

Parâmetro Método Intervalo de onda (cm-1

) N F RMSEV Rval RMSEC Rcal

Vit C NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000 (NIR1)

230 9 8,65 0,74 7,63 0,81

(mg 100 mL-1

) NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2)

230 10 10,72 0,72 8,93 0,82

MIR 4000 – 500 (MIR1) 229 10 9,72 0,75 8,26 0,84

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2)

229 10 10,34 0,78 8,97 0,82

Ácido Cítrico NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000

(NIR1) 230 7 3,72 0,76 3,43 0,81

(g L-1

) NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2)

230 8 4,19 0,77 3,73 0,83

MIR 4000 – 500 (MIR1) 229 8 3,68 0,81 3,42 0,85

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2)

229 10 3,79 0,80 3,28 0,86

RMSEV e RMSEC = erros quadráticos médios da validação e calibração; r Val e r Cal = coeficiente de

correlação de Pearson da validação e calibração; n = universo amostral; F = fatores.

A escolha dos número de fatores foi feita a partir da observação dos

valores de RMSEC e RMSEV, onde o número de fator adequado foi o que

apresentou menores valores de erros (38).

Com a aplicação de NIR os modelos desenvolvidos com as variáveis

do grupo NIR 1 apresentaram menores RMSEV, que foram de 8,65 para

vitamina C e 3,72 para o ácido cítrico, em relação ao conjunto NIR2 que

apresentou RMSEV de 10,72 e 4,19 para os mesmos parâmetros. Para os

RMSEV dos modelos PLS-MIR foram observados valores menores para

vitamina C e ácido cítrico (9,72 e 3,68) quando utilizados os conjuntos MIR1

de variáveis. Todos os modelos de calibração com validação interna

apresentaram forte correlação, r > 0,70. A escolha do número de fatores foi

feita a partir da observação dos valores de RMSEC, RMSEV e RMSEP,

onde o número de fator adequado foi o que apresentou os menores valores

de erro (38).

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40

Os resultados estatísticos da etapa de predição estão apresentados

na tabela 5. As duas técnicas apresentaram resultados adequados durante a

etapa de predição. Porém, a técnica de NIR tem como característica

espectros mais sobrecarregados, contendo muitas combinações de

absorções com picos não bem definidos. Essa característica pode ter

dificultado a correlação entre os sinais e os parâmetros de qualidade

(10,36,39).

Tabela 5: Estatística dos modelos de predição para NIR e MIR para os

parâmetros vitamina C e ácido cítrico.

Predição

Parâmetro Método Intervalo de onda n F RMSEP R RPD

Vit C NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000 (NIR1)

99 9 13,42 0,69 1,37

(mg 100 mL-1

) NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2)

99 9 9,49 0,71 1,32

MIR 4000 – 500 (MIR1) 99 5 9,21 0,76 1,60

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2)

99 9 7,51 0,81 1,63

Ácido Cítrico NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000 (NIR1)

99 9 4,77 0,74 1,50

(g L-1

) NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2)

99 7 3,88 0,75 1,35

MIR 4000 – 500 (MIR1) 99 8 3,70 0,78 1,68

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2)

99 8 3,36 0,82 1,83

RMSEP = erros quadráticos médios de predição; r = coeficiente de correlação de Pearson da predição; n = universo amostral; F = fatores; RPD = desvio do resíduo de predição.

A utilização da técnica de NIR para determinar ácido cítrico e vitamina

C em laranjas intactas vem sido avaliada em alguns estudos. Como no

trabalho realizado por Miyamoto e colaboradoes (1998) para determinação

de ácido cítrico de laranjas intactas com NIR onde os modelos PLS

desenvolvidos apresentaram correlação de Pearson de 0,83. Em outro

estudo, Pissard e colaboradores (2013) desenvolvendo modelos para

determinação de vitamina C em maçãs utilizando NIR obtiveram r = 0,89.

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41

A técnica de MIR mostrou os melhores modelos, com RMSEP = 7,51

e r = 0,81 para vitamina C e RMSEP = 3,36 e r de 0,82 para ácido cítrico.

Além disso, estes modelos resultaram em RPD dentro da faixa de 1,50 -

2,00 que determina o poder de discriminação de valores altos e baixos (10).

No caso de MIR, não existem outros estudos sobre sua utilização em

análises não destrutivas em laranjas.

Modelos PLS açúcares

Para determinação de açúcares os modelos construídos com os

dados de NIR não foram validados para a etapa de predição, apresentando

baixa correlação (r < 0,70) e RMSEV elevados para todos os parâmetros

tabela 6. A técnica de MIR se mostrou apropriada para determinação de

sacarose, glicose e açúcares totais. Os modelos de calibração

desenvolvidos com a utilização dos espectros do conjunto MIR1 para

sacarose, glicose e açúcares totais apresentaram as correlações mais fortes

(0,75, 0,70 e 0,72, respectivamente) e RMSEV mais baixos (11,12, 7,76 e

23,15 g L-1, respectivamente) quando comparados com os resultados dos

modelos de pra MIR2.

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42

Tabela 6: Estatística dos modelos PLS de calibração construídos com os sinais analíticos de NIR e MIR para os parâmetros sacarose, glicose, frutose, açúcares totais e redutores (g L

-1).

Calibração e validação interna

Parâmetro Método Intervalo de onda (cm-1

) N F RMSEV Rval RMSEC Rcal

Sacarose NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000 (NIR1)

140 7 14,25 0,56 12,64 0,70

NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2) 140 8 14,49 0,67 12,57 0,71

MIR 4000 – 500 (MIR1) 139 7 11,12 0,75 9,21 0,84

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2) 139 6 11,94 0,70 10,65 0,78

Glicose NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000 (NIR1)

140 2 10,02 0,35 9,80 0,34

NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2) 140 3 10,76 0,36 10,50 0,43

MIR 4000 – 500 (MIR1) 139 6 7,96 0,70 6,92 0,79

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2) 139 6 8,82 0,65 7,85 0,75

Frutose NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000 (NIR1)

140 3 7,75 0,15 7,62 0,26

NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2) 140 3 8,39 0,05 8,20 0,21

MIR 4000 – 500 (MIR1) 139 6 6,42 0,64 5,68 0,74

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2) 139 10 6,84 0,63 5,30 0,80

Totais NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000 (NIR1)

140 3 30,28 0,40 26,91 0,46

NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2) 140 3 31,32 0,41 30,58 0,47

MIR 4000 – 500 (MIR1) 139 6 23,15 0,72 20,48 0,80

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2) 139 6 25,55 0,67 22,73 0,76

Redutores NIR 10000 – 6500 e 5600 – 4000 (NIR1)

140 3 17,40 0,26 16,98 0,35

NIR 9060 - 6400 e 5600 – 4400 (NIR2) 140 3 18,72 0,30 18,28 0,33

MIR 4000 – 500 (MIR1) 139 6 14,11 0,57 12,38 0,77

MIR 3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2) 139 6 15,42 0,62 13,76 0,73

RMSEV e RMSEC = erros quadráticos médios da validação e calibração; r Val e r Cal = coeficiente de correlação de Pearson da validação e calibração; n = universo amostral; F = fatores.

Após a validação externa os melhores modelos foram os construídos

com as variáveis MIR 2, onde apresentaram valores de erro de predição

mais baixos e forte correlação, tabela 7. Mesmo com a utilização de MIR na

análise da fruta intacta para determinação de parâmetros internos de frutas

ainda sendo pouco difundida, esta técnica apresentou bons resultados. O

modelo para determinação de sacarose, com RMSEP = 11,69 e r = 0,78,

apresentou RPD de 1,60 mostrando seu poder em separar amostrar com

alta concentração de sacarose de amostras com baixa concentração.

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43

Tabela 7: Estatística dos modelos de predição PLS- MIR para os parâmetros

sacarose, glicose, frutose, açúcares totais e redutores.

Predição

Parâmetro Intervalo de onda (cm-1

) N F RMSEP R RPD

Sacarose 4000 – 500 (MIR1) 60 8 14,45 0,62 1,28

3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2) 60 10 11,69 0,78 1,60

Glicose 4000 – 500 (MIR1) 60 8 9,45 0,61 1,35

3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2) 60 6 7,79 0,68 1,35

Totais 4000 – 500 (MIR1) 60 8 28,61 0,60 1,14

3656 – 2777 e 1773 – 500 (MIR2) 60 9 24,28 0,70 1,38

RMSEP = raiz média do erro padrão da predição; r = coeficiente de correlação de Pearson da predição; n

= universo amostral; F = fatores; RPD = desvio do resíduo de predição.

4. Conclusões

A aplicabilidade das técnicas espectroscópica NIR e MIR para

determinar vitamina C, ácido cítrico e açúcares em laranjas intactas foi

avaliada. Assim como, o desempenho de calibração e de predição dos

modelos PLS desenvolvidos com diferentes regiões do espectro. Em relação

à determinação de açúcares, a técnica de NIR não resultou em modelos

precisos. Já a utilização de MIR para a predição de sacarose, glicose e

açúcares totais apresentaram baixos erros de predição 11,69, 7,79 e 24,28

(g L-1) e coeficientes de correlação de forte a moderado.

A partir dos resultados obtidos no presente trabalho pode ser

apontado que as técnicas de NIR e MIR mostraram-se métodos adequados

para determinação de vitamina C e ácido cítrico em laranjas intactas. A

técnica de MIR apresentou resultado mais preciso, representado por

menores valores de RMSEP e correlações mais fortes para vitamina C e

para ácido cítrico.

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Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer a agência brasileira FAPESP (processo

projeto 13/23479-0) e a CAPES pelo suporte financeiro para esse trabalho.

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50

Capítulo 2.

Aplicação e comparação das técnicas não destrutivas de

espectroscopia de infravermelho próximo (NIR) e médio (MIR) e de

ressonância magnética nuclear no domínio do tempo (RMN-dt) para

determinação de parâmetros de qualidade em laranjas.

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51

Aplicação das técnicas não destrutivas de espectroscopia no

infravermelho próximo (NIR) e médio (MIR) e de ressonância magnética

nuclear no domínio do tempo (RMN-dt) para determinação de

parâmetros de qualidade em laranjas.

Karla Rodrigues Borba1 Poliana Cristina Spricigo2

Luiz Alberto Colnago3 Marcos David Ferreira 4

1Faculdade de Ciências Farmacêuticas – UNESP, Araraquara – Brasil. 2Universidade de São Paulo – USP, Piracicaba – Brasil 3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, São Carlos – Brasil. 4Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, São Carlos – Brasil.

RESUMO

Técnicas de espectroscopia como infravermelho – próximo e médio -

e ressonância magnética nuclear, podem ser utilizadas para analisar a

qualidade de frutas intactas. O teor de sólidos solúveis (SST) e pH são

alguns dos principais parâmetros utilizados na determinação de qualidade

em laranjas. Este estudo avaliou as técnicas de espectroscopia de

infravermelho próximo (NIR), médio (MIR) e de ressonância magnética

nuclear (RMN-dt) juntamente com a utilização de calibração multivariada

para determinação rápida de SST, pH e massa fresca em laranjas intactas.

Os sinais dos espectros obtidos foram analisados e utilizados para a

construção de modelos de predição por regressão de mínimos quadrados

parciais (PLS). Na construção dos modelos de regressão as laranjas foram

divididas em dois conjuntos de dados, conjunto de calibração e validação

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interna e o de validação externa. Os sinais de NIR e MIR foram obtidos por

técnica de reflectância e os sinais de decaimento do RMN-dt por sequência

de Carr-Purcell-Meiboom-Gill (CPMG). Para a predição de SST o modelo

PLS – NIR mostrou melhor resultado, com SEP 0,74° BRIX e r de 0,75. A

determinação de massa fresca foi mais adequada com a aplicação da

técnica de RMN-dt, com SEP 21,41 gramas e r = 0,82. Para a determinação

do pH o modelo PLS-MIR foi mais preciso, onde observou-se SEP de 0,20 e

r = 0,86. De acordo com os resultados obtidos a aplicação das técnicas de

NIR, MIR e RMN para a determinação de SST, pH e massa fresca mostrou-

se uma alternativa pertinente para a análise não destrutiva de qualidade em

laranjas.

Palavras-chave: Citrus sinensis; quimiometria; sólidos solúveis; pH; massa

fresca.

ABSTRACT

Spectroscopic techniques such as infrared - near and medium - and

nuclear magnetic resonance can be used to analyze the quality of intact fruit.

The soluble solids (TSS) and pH are some of the main quality parameters in

oranges. This study evaluated and compared the near infrared spectroscopy

technique (NIR), medium (MIR) and nuclear magnetic resonance (NMR dt)

with the use of multivariate calibration for rapid determination of TSS, pH and

fresh weight in intact oranges . The signs of the spectra obtained were

analyzed and used to build regression models for prediction of partial least

squares (PLS). In the construction of the regression models oranges were

divided into two sets of data and internal calibration set and validation

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external validation. The signals NIR and MIR were obtained by reflectance

technique and decay of the NMR signal DT by sequence Carr-Purcell-

Meiboom-Gill (CPMG). For SST prediction PLS model - NIR showed better

results, with EPS 0.74 ° BRIX and r 0.75. The determination of fresh mass

was more suitable to the application of NMR-dt technique, SEP 21.41 grams

and r = 0.82. To determine the pH-MIR PLS model is more accurate where

there was SEP r = 0.20 and 0.86. According to the results of the application

of NIR techniques, NMR and MIR for the determination of TSS, pH and fresh

weight showed a relevant alternative for the nondestructive examination

quality oranges.

Keywords: Citrus sinensis; chemometrics; Soluble solids; pH; fresh pasta

1. Introdução

O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo, responsável por

aproximadamente 25,2% da produção mundial (1,2). A laranja pode ser

destinada tanto ao consumo in natura quanto para o processamento de

suco, sendo que grande parte da produção nacional é direcionada a

produção de suco. O consumo de laranja, assim como das demais frutas,

está diretamente relacionado a sua qualidade. A qualidade dos frutos de

laranja depende de atributos como acidez total titulável, pH, teor de sólidos

solúveis, textura, cor e valores nutritivos (3).

O teor de sólidos solúveis (SST) é um indicador de qualidade

amplamente adotado no setor industrial. Trata-se de uma referência de

qualidade desde a colheita do fruto - onde assume o papel de ferramenta de

decisão do ponto de colheita - até como parâmetro de valoração das

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laranjas. O conteúdo de sólidos solúveis tem efeito direto nas propriedades

físicas e reológicas do suco de laranja, e juntamente com as características

de temperatura dos processos e a distribuição e tamanho das partículas de

sua matéria-prima, é fundamental no desenvolvimento de seus produtos

derivados (4). Outro parâmetro de qualidade utilizado para avaliação de

citros é o potencial hidrogeniônico (pH). A escala de pH designa as

concentrações de H+ presentes na solução (5), representando a intensidade

das condições ácidas ou alcalinas do meio. A concentração de ácidos em

produtos cítricos tem envolvimento direto com a qualidade dos frutos e seus

derivados, e em balanço adequado com o conteúdo de sólidos solúveis,

proporciona o sabor desejado pelos consumidores (6)

O controle da qualidade é etapa chave para que o produto final

satisfaça as exigências do consumidor e requisitos do mercado (6). Os

métodos analíticos convencionais para determinação de SST e pH em sua

maioria são métodos destrutivos. A necessidade da destruição da amostra

limita o número de frutos que compõe o universo amostral, onde a

representação da variação real existente no conjunto total pode ficar

comprometida (7). Além disso, as análises convencionais demandam

elevado tempo e mão de obra para a execução da extração e sua

determinação, o que pode onerar o sistema de garantia de qualidade (6).

Uma alternativa no controle de qualidade direcionado aos frutos de

laranja é a aplicação de técnicas de espectroscopia no infravermelho e de

ressonância magnética nuclear. Estas técnicas possibilitam análises de

qualidade rápidas, não destrutivas e que não demandam a preparação de

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amostras (7). Sendo assim, o monitoramento da qualidade de produtos

vegetais em linhas de processamento pode ser aperfeiçoado, permitindo

amostragens de alta confiabilidade em menor espaço de tempo.

A faixa do infravermelho é dividida em três regiões: infravermelho

próximo (4000 – 12500 cm-1), infravermelho médio (400 – 4000 cm-1) e

distante (100 – 400 cm-1) (8). Estudos mostraram aplicabilidade da técnica

de NIR para análise de sólidos solúveis, de forma não destrutiva, em

pêssegos (9) e citros (10–13). A técnica de MIR foi aplicada com sucesso

para estimar a composição de várias amostras de alimentos, principalmente

de produtos líquidos como sucos, leites e óleos (14–17).

A espectroscopia de RMN estuda a interação da radiação

eletromagnética na região de rádio frequência, 4 a 900 MHz, com núcleos

atômicos (18). Os núcleos absorvem radiação eletromagnética quando

expostos a um campo magnético intenso, a técnica de RMN permite a

observação de núcleos com momento magnético nuclear ou spin ≠ 0 (19).

Essa técnica pode ser subdividida em aplicações em alta e baixa

resolução. Espectrômetros de baixo campo (ou baixa resolução) vêm sendo

utilizados para análise de qualidade em laboratórios (20). Neste caso, as

medidas são baseadas principalmente no tempo de relaxação e por isso, a

técnica também é conhecida como RMN no domínio do tempo (RMN-dt)

(21). Esse método de análise vem sido aplicado a diferentes tipos de

alimentos e finalidades. Como adulteração em leites (22) e azeites (23) e na

análise de parâmetros de qualidade em frutas como SST em ameixas

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(PEREIRAa et al. 2013) e atributos sensoriais (FLORES et al. 2016) e

qualidade físico-química (26) em laranjas.

O objetivo deste estudo foi utilizar técnicas espectroscópicas de

infravermelho próximo (NIR) e médio (MIR) e ressonância magnética nuclear

(RMN) em conjunto com o método quimiométrico de regressão de mínimos

quadrados parciais (PLS) para desenvolver modelos para determinação de

SST, pH e massa fresca em laranjas intactas do cultivar ‘Valência’.

2. Material e métodos

2.1 Amostras

Laranjas do cultivar ‘Valência’ - de primeira e quarta florada - foram

colhidas em 4 etapas durante a safra de 2015/2016 em cultivo comercial no

interior do estado de São Paulo, Brasil. Um total de 535 laranjas foi colhido,

onde 80 laranjas foram utilizadas para a caracterização do conjunto amostral

e o restante utilizado para a construção dos modelos PLS. Os conjuntos de

calibração com validação interna e de validação externa estão apresentados

na tabela 1. As frutas foram sanitizadas, selecionadas por ausência de

defeitos e doenças e armazenadas sob temperatura controlada em câmara-

fria a 12 ±1 °C e 90% UR.

Tabela 1: Número amostral utilizados nos conjuntos de calibração com validação

interna e de predição.

Método Cal + Validação interna (n) Validação externa (n)

NIR

MIR

RMN

311

311

282

134

134

122 NIR: Infravermelho próximo, MIR: infravermelho médio e Cal: calibração.

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57

2.2 Caracterização das amostras

Um conjunto de laranjas (n = 80) foi utilizado para a caracterização

das amostras. Essas frutas foram analisadas quanto ao diâmetro equatorial

e coloração do flavedo (casca).

O diâmetro equatorial foi determinado com o auxílio de paquímetro

digital modelo Mitutoyo com exatidão de ± 0,02 mm, e os resultados foram

expresso em mm.

A coloração do flavedo foi aferida com colorímetro, HunterLab

MiniScan XE Plus, com amostras avaliadas no sistema L*, a* e b* (color

space) proposto pela Comission Internationale de l'Éclairage (CIE), com

duas medições na região equatorial de cada fruto. Os resultados foram

expressos em ângulo hue (oh).

2.3 Infravermelho próximo (NIR) e médio (MIR)

Para obtenção dos os espectros de NIR as laranjas foram analisadas

por reflectância pelo espectrômetro de infravermelho comercial, modelo

Spectrum 100N (Perkin-Elmer Corp, Norwalk, CT). Os espectros foram

coletados na região entre 4000-10000 cm-1 com resolução de 32 cm-1 e 32

varreduras cada para melhorar a relação sinal-ruído. A análise foi realizada

em triplicata através do contato da região equatorial da fruta inteira com

casca com o cristal do equipamento.

Os espectros de MIR foram coletados pelo espectrômetro Agilent

Cary 630 FTIR na região entre 650-4000 cm-1 com resolução de 16 cm-1 e

64 varreduras, para melhorar a relação sinal-ruído. Quatro espectros foram

adquiridos por do contato da região equatorial da fruta inteira com casca,

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58

com o cristal do acessório de reflectância total atenuada (ATR, do inglês

Attenuated total reflectance). Para a construção dos modelos foi utilizado a

média dos 4 espectros.

2.4 Ressonância magnética nuclear no domínio do tempo

(RMN-dt)

As laranjas foram analisadas com espectrômetro de RMN (Spinlock

Magnetic Resonance Solution, Cordoba, Argentina) equipado com um ímã

permanente, campo magnético estático (B0), de 0,23 T (9 MHz para 1H), com

10 cm de diâmetro e 10 cm de comprimento. A sequência CPMG

desenvolvida por Carr-Purcell-Meibom-Gill foi utilizada, onde a sequência de

pulsos gerou um decaimento exponencial com tempo de relaxação

transversal (T2). Os parâmetros da CPMG foram: pulsos de 90° e 180°, com

um total de 1500 ecos com 8 varreduras para a aquisição dos sinais. A

análise foi realizada em condições controladas de temperatura (21 ± 1 °C).

2.5 Análises de referência

As análises químicas de referência foram realizadas para desenvolver

os modelos de regressão que correlacionam os sinais analíticos

(espectroscópicos) com os resultados de referência.

Massa fresca

Os frutos foram pesados individualmente em balança eletrônica Marte

AS 2000C, com precisão de 0,01 g. Os valores foram expressos em gramas.

Teor de sólidos solúveis

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O teor de sólidos solúveis foi quantificado inserindo-se alíquotas de 2

– 3 mL das amostras processadas, em triplicata, em refratômetro de

bancada Atago RX-5000cx. Os resultados foram expressos em ºBrix (AOAC

1992 - método 932.12).

Potencial hidrogeniônico

A medida foi realizada com a imersão do eletrodo do equipamento QX

1500 QUALSTRON em 20 mL do suco de laranja extraído de cada amostra.

2.6 Processamento dos dados

Os sinais analíticos de NIR, MIR e RMN em conjunto com os dados

de referência foram analisados com a utilização dos programas

computacionais Origin 8.1 (OriginLab, Northampton, MA, USA) e Pirouette

v.4.5) Infometrix, Inc. Bothell – WA. Foram realizadas análise de

componentes principais (PCA) e regressão por mínimos quadrados parciais

(PLS).

A análise de componentes principais (PCA) foi realizada com a

finalidade de detectar característica de separação do conjunto total de

laranjas em grupos distintos, assim como separação das laranjas com

utilização dos sinais espectroscópicos. E também para observar quais

variáveis espectroscópicas apresentavam maior correlação com os valores

de referência.

Os espectros de NIR foram centrados na média, foi aplicada a

variação normal padrão (SNV) e a primeira derivada com 25 pontos. Nos

dados de MIR foi aplicada a centralização na média, normalização (0-1) e

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primeira derivada com 5 pontos. Já os dados de RMN foram normalizados

(0-1) e suavizados com o filtro Savitzky-Golay (21).

Para a aplicação da regressão por mínimos quadrados parciais (PLS)

foram construídas matrizes onde os sinais analíticos (espectros) de NIR,

MIR e RMN-dt foram utilizados para a construção da matriz X, contendo as

variáveis independentes. A matriz Y foi construída com os dados obtidos

pelas análises químicas de referência, que são as variáveis dependentes. A

aplicação do PLS nas matrizes X e Y foi realizada para obtenção da

correlação entre os espectros e os dados de qualidade dos frutos. Para a

construção dos modelos PLS de cada parâmetro de qualidade o conjunto

total de dados foi dividido aleatoriamente em dois grupos. Onde 70% dos

dados formaram o grupo de calibração e validação interna (com teste de

validação interna cruzada leave-one-out) os outros 30% formaram o conjunto

de validação externa (ou predição).

A aplicação do método de PLS resulta em valores que possibilitam a

avaliação da precisão e aplicabilidade dos modelos construídos. Esses

resultados são: coeficientes de correlação de Pearson (r) da calibração (r

Cal), validação (r Val) e predição (r), assim como, os erros quadráticos médios

da calibração (RMSEC), validação (RMSEV) e predição (RMSEP).

3. Resultados e discussão

3.1 Caracterização das amostras

Os resultados da caracterização das amostras de laranjas estão

apresentados na tabela 2. De acordo com padrões de diâmetro equatorial

determinados pelo CODEX as laranjas utilizadas neste estudo pertenciam as

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classes 3 (80 – 93 mm), 6 ( 70 – 80 mm) 12 ( 56 – 63 mm) (28). A grande

variação no diâmetro e coloração deve-se a utilização de laranjas de

floradas distintas.

Tabela 2: Resultados da caracterização das amostras de laranja.

Média ± dp Intervalo

Diâmetro (mm) 71,17 ± 4,18 63,80 - 80,38

Coloração flavedo (°hue) 91,99 ± 10,07 76,00 - 108,62

Dp = desvio padrão

Observando a amplitude de variação do ângulo hue pode-se observar

que foram utilizados frutos desde mais verdes (76,00°) até frutos com

coloração amarela acentuada (108,62°). Esses valores estão de acordo com

os valores do ângulo hue apresentados por Arruda et al. (2009) e Miranda et

al. (2015). A variação da cor da casca de laranja está relacionada com os

diferentes estádios de maturação dos frutos em cada período de colheita.

Esta alta variabilidade torna o universo amostral efetivamente representativo,

sendo reflexo da variação real existente no campo.

3.2 Análises de referência

Para que os modelos de regressão desenvolvidos apresentem

aplicabilidade é necessário que o conjunto utilizado na calibração e predição

apresente amplitude mais próxima da variação real existente (7,26). Os

resultados das análises químicas de referência, tabela 3, mostram uma

grande amplitude de variação para os parâmetros pH e massa fresca

avaliados e utilizados para a criação dos modelos PLS nos conjuntos de

calibração/validação interna e de predição.

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62

Tabela 3: Análise estatística dos conjuntos de calibração com validação

interna e predição: média, desvio padrão e intervalo de dados.

Calibração e Validação Predição

Parâmetro Método N Média ± dp Intervalo N Média ± dp Intervalo

NIR 312 8,18± 1,03 4,80 - 11,48

134 8,18± 1,12 4,50 - 10,95

SST (° BRIX) MIR 311 8,18± 1,03 5,46 - 11,48

134 8,17± 1,14 4,50 - 11,13

RMN 282 8,25± 1,04 4,50 - 11,13

122 7,96± 1,05 4,80 - 10,34

NIR 312 3,61± 0,40 2,67 - 4,79

134 3,57± 0,42 2,73 - 4,97

pH MIR 311 3,59± 0,42 2,76 - 4,97

134 3,60± 0,37 2,72 - 4,15

RMN 282 3,6± 0,41 2,67 - 4,97

122 3,63± 0,38 2,70 - 4,79

Massa fresca (g) NIR 312 195,91± 40,12 93,72 - 282,69

134 194,95± 40,18 100,33- 286,49

MIR 311 194,99± 40,98 93,72 - 286,49

134 196,99± 38,22 100,33 - 282,69

RMN 282 194,15± 40,08 93,72 - 286,49

122 200,21± 37,40 106,33 - 270,26

SST = teor de sólidos solúveis; N = universo amostral; dp = desvio padrão.

No caso dos sólidos solúveis a variação da qualidade das amostras

diferiu da relatada em trabalhos similares (30,31). A alta incidência de

chuvas durante o período de cultivo das laranjas pode ter influenciado os

frutos deste conjunto. O teor de SST do suco das laranjas depende do

estádio de maturação em que os frutos foram colhidos, das condições

climáticas em que se desenvolveram e da diferença entre as cultivares (32).

O pH médio foi de 3,60, caracterizando frutos menos ácidos de acordo com

TING (1969). Para este autor, valores de pH acima de 3,5 são parâmetro

para identificação de frutos cítricos relativamente menos ácidos.

Os resultados de massa fresca apresentaram amplitude de variação

de 93,72 até 286,69 g. Estes valores estão próximos aos encontrados por

ARRUDA e colaboradores (2009) em estudos da qualidade físico-química de

laranjas ‘Valência’ e de Magwaza e colaboradores (2013) ao avaliar por meio

de NIR a qualidade de laranjas da mesma variedade.

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63

Os valores médios de todos os parâmetros não apresentaram

diferença significativa (p < 0,05) entre as técnicas diferentes, sinalizando que

os conjuntos de calibração e predição apresentavam-se equivalentes.

3.3 Análise de Componentes Principais (PCA)

A análise de componentes principais com os espectros de MIR

mostrou o potencial de modelagem de cada variável (figura 1), com os

valores da potência de modelagem de cada uma das 450 variáveis foi

possível realizar a seleção delas. Quanto mais próximo de 1 maior o

potencial daquela variável no modelo. Foi realizada a exclusão das variáveis

dos intervalos de 3656 a 4000 cm-1 e 2777 a 1773 cm-1, pois está região de

absorção resultou em potenciais de modelagem abaixo de 0,4, portanto, não

apresentam relação com os parâmetros de qualidade avaliados.

Figura 1: Gráfico do potencial de modelagem das variáveis de MIR depois da PCA.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Po

de

r d

e m

od

ela

ge

m

Nْ mero de onda (cm-1)

Excluídas

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64

Foi realizada a PCA para os parâmetros de referência (SST, pH e

massa) onde as amostras foram classificadas de acordo com o período de

colheita (colheita1, 2, 3 e 4) com a finalidade de observar se ocorreria uma

separação das amostras para esses parâmetros devido ao ponto de

maturação da fruta. Diferentes pré-processamentos foram aplicados,

buscando obter melhor separação entre as classes. Os melhores resultados

foram obtidos com a centralização na média, que padroniza e facilita a

visualização dos dados (NICOLAI, 2007). Na figura 2 é possível observar

que o período da colheita não separou totalmente as amostras e que a

componente principal 1 foi responsável por explicar 99,9% da variação

encontrada no modelo.

Figura 2: Análise de componentes principais realizada para SST, pH e massa com 4 classes

de colheitas pré-definidas.

Para a PCA realizada com os sinais espectroscópicos foram criadas

classes para os parâmetros SST, pH e massa fresca. A análise realizada

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

-100 -50 0 50 100

PC

2 (

0.1

%)

PC 1 (99.9%)

Colheita 1

Colheita 2

Colheita 3

Colheita 4

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65

com os decaimentos de RMN para o parâmetro teor de sólidos solúveis

mostrou que a CP 1 separou as classes 1 e 2 em dois grupos com 91,6% de

explicação da variação. Onde a classe 1 correspondeu a amostras abaixo da

média (8,25° BRIX) de SST e a classe 2 foi composta por frutos que

apresentaram valores acima ou iguais a média (Figura 3). A separação das

classes não foi mais acentuada, pois a amplitude de variação de SST do

conjunto total de amostras não abrangeu toda variantes necessárias para

isto fosse possível. Com isso algumas amostras exibiam similaridades

mesmo estando em classes distintas.

Figura 3: Gráfico de scores da PCA realizada com os sinais de decaimento de RMN com duas

classes de SST.

A separação verificada na tabela 2 pode ser atribuída a diferentes

tempos de decaimentos CPMG obtidos por RMN-dt em laranjas contendo

teores de sólidos solúveis distintos. Quanto maior o teor de SST em um

sistema menor será o tempo de decaimento CPMG (PEREIRA, 2014), pois

-0,6

-0,4

-0,2

-1E-15

0,2

0,4

0,6

-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2

PC

2 (

6,5

%)

PC 1 (91,6%)

Classe 1

Classe 2

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66

altera a viscosidade da água dentro do sistema ou fruta. Isso é observado na

Figura 4 onde temos o tempo de decaimento CPMG dependente do tempo

de relaxação transversal (T2) para duas laranjas distintas, uma com alto teor

de SST (11,13° BRIX) e outra com baixo (4,5° BRIX).

Figura 4: Decaimento CPMG de duas laranjas com teor de sólidos solúveis (SST) distintos.

A Figura 5 apresenta a Análise de Componentes Principais de NIR-

SST, MIR-pH e RMN-massa. Na figura 4A, temos a PCA obtida com os

sinais de RMN para o parâmetro de qualidade massa fresca dos frutos. Na

classe 1 foram representadas as laranjas que apresentavam massa fresca

acima da média (194 g) enquanto que a classe 2 compreendeu aquelas

abaixo ou iguais a média. Observou-se que a componente principal 1 é

responsável por explicar 91,6% da variação do modelo. Os sinais das

amostras apresentaram-se similares, ou seja, a distribuição das amostras, a

partir dos tempos de decaimentos CPMG, não apresentou separação em

laranjas com mais ou menos massa fresca.

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Inte

nsid

ad

e

Tempo (µs)

4.5° BRIX

11.13° BRIX

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67

Figura 5: Análise de componentes principais das amostras de laranja com os espectros de (A) RMN com as duas classes de massa fresca, (B) NIR com as duas classes de SST e (C) MIR com as duas classes de pH.

-0,6

-0,4

-0,2

-1E-15

0,2

0,4

0,6

-1,5 -0,5 0,5 1,5

PC

2 (

6.5

%)

PC 1 (91.6%)

A

Classe 1

Classe 2

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

-0,06 -0,01 0,04 0,09

PC

2 (

14

,6%

)

PC 1 (80.1%)

B

Classe 1

Classe 2

-0,03

-0,02

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

-0,03 -0,01 0,01 0,03

PC

2 (

31

.3%

)

PC 1 (37.8%)

C

Classe 1

Classe 2

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68

Os resultados da PCA feita com os espectros de Infravermelho

próximo, figura 4B, não mostrou separação das amostras nas classes pré-

definidas. A classe 1 representou as laranjas com SST acima da de 8,18°

BRIX e as amostras da classe 2 foram compostas por frutos com SST

abaixo ou igual a média. A CP 1 foi responsável por explicar 80,1% da

variação total encontrada.

A PCA com os espectros de MIR com classificação para o valor de pH,

figura 4C, mostrou uma tendência de separação entre as classes com pH

acima e abaixo da média (3,59), classe 1 e 2 respectivamente. Porém, a

componente principal 1 explica uma porcentagem pequena da variação,

37,8%. Na figura 6 estão os espectros de MIR de laranja com altos valores

de pH (4,9 e 4,7) e amostras com baixos valores (2,7 e 2,74), observa-se

que os picos de absorbância são mais intensos nos espectros de amostras

que apresentavam sucos mais ácidos. Laranjas com menor pH apresentam

uma maior concentração de íons H+ do que aquelas com valores mais altos

de pH, menos ácidas.

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69

Figura 6: Espectros de MIR de laranjas com diferentes valores de pH.

3.4 Modelos PLS NIR, MIR e RMN: SST, pH e massa fresca

Os resultados dos modelos PLS desenvolvidos para cada parâmetro

com as diferentes técnicas não destrutivas estão descritos na Tabela 4.

Nota-se que os modelos PLS apresentaram forte correlação de Pearson (0,7

> rVal < 0,9) entre os valores preditos pelo modelo e os medidos pelas

análises de referência.

Tabela 4: Resultados dos modelos PLS construídos com os sinais analíticos de NIR, MIR e RMN.

Calibração e validação interna

Parâmetro Método N Fatores RMSEC r Cal RMSEV r Val

NIR 312 10 0,76 0,81 0,67 0,76

SST (°BRIX) MIR 311 10 0,75 0,69 0,87 0,55

RMN 282 5 0,82 0,63 0,87 0,55

NIR 312 7 0,26 0,78 0,27 0,74

pH MIR 311 9 0,20 0,88 0,22 0,86

RMN 282 4 0,28 0,73 0,29 0,70

NIR 312 8 24,53 0,80 26,44 0,75

Massa fresca (g) MIR 311 8 24,24 0,81 25,83 0,78

RMN 282 5 22,93 0,82 23,90 0,80

SST = Sólidos solúveis totais; RMSEV e RMSEC = erros quadráticos médios de validação e calibração; r Val e r Cal =

coeficiente de correlação de Pearson da validação e calibração; n = universo amostral.

0 100 200 300 400 500

0.00

0.02

0.04

0.06

0.08

0.10

0.12

0.14

Abso

rbâ

ncia

Nْ mero de onda (cm-1)

2,70

4,90

4,70

2,74

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70

Na etapa de calibração apenas os modelos MIR e RMN para sólidos

solúveis não apresentaram coeficiente de correlação forte (acima de 0,70).

Porém, como os resultados dos erros quadráticos médios de validação

interna foram baixos foi realizada a etapa de predição (ou validação

externa).

Os resultados da validação externa dos modelos desenvolvidos estão

na tabela 5. É possível observar os valores de erros quadráticos médios de

predição e coeficiente de correlação, dois resultados importantes para

avaliação dos modelos de predição.

Tabela 5: Resultados da validação externa (predição) dos modelos PLS construídos

com os sinais analíticos de NIR, MIR e RMN.

Predição

Parâmetro Método N Fatores RMSEP R

NIR 134 10 0,74 0,75

SST (°BRIX) MIR 134 10 0,96 0,55

RMN 122 5 0,86 0,61

NIR 134 7 0,25 0,80

pH MIR 134 9 0,20 0,86

RMN 122 4 0,27 0,72

NIR 134 8 28,02 0,73

Massa (g) MIR 134 8 25,55 0,76

RMN 122 5 21,41 0,82

SST = Sólidos solúveis totais; SEP = erro padrão da predição; r = coeficiente de correlação de Pearson da predição; n = universo amostral.

Para cada parâmetro uma técnica distinta resultou em um modelo

mais preciso e com maior correlação. A Figura 5 mostras os gráficos dos

valores preditos pelos modelos e os valores medidos pelas análises de

referência para os modelos mais precisos para cada parâmetro de

qualidade.

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71

Figura 5: Gráficos dos valores medidos pelas análises de referência e preditos pelos

modelos PLS. (A) PLS - NIR para SST, (B) PLS - MIR para pH e (C) PLS - RMN para massa fresca.

4 5 6 7 8 9 10 11 12

5

6

7

8

9

10

Pre

dic

ted

(°B

RIX

)

Measured (°BRIX)

2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 3.6 3.8 4.0 4.2

2.4

2.6

2.8

3.0

3.2

3.4

3.6

3.8

4.0

4.2

4.4

Pre

dic

ted

(p

H)

Measured (pH)

100 120 140 160 180 200 220 240 260 280

100

120

140

160

180

200

220

240

260

Pre

dic

ted

(g

)

Measured (g)

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72

Em relação à determinação de SST a aplicação de NIR resultou em

um modelo de predição com RMSEP mais baixo, 0,74º BRIX, e em uma

correlação mais forte com r 0,75. Outros estudos demonstram a

aplicabilidade desta técnica em determinar o teor de sólidos solúveis em

frutas intactas. LIU e colaboradores (2010), Pissard (2013), SÁNCHEZ

(2012) e FLORES (2015) avaliaram a técnica de NIR na construção de

modelos para determinar conteúdo de açúcar em laranjas intactas e

obtiveram resultados positivos, assim como o deste estudo. Utilizando outros

modelos vegetais, Nascimento e colaboradores (2016) desenvolveram um

modelo robusto para predição de SST em pêssegos, com RMSEP = 1,02 e

coeficiente de correlação de 0,67. Oliveira (2014) avaliou a aplicação de

NIR para determinar SST em tomates e damascos intactos.

Mesmo apresentando coeficientes de correlação moderados (0,55 e

0,61) as técnicas de MIR e RMN apresentaram modelos com erros baixos.

Deste modo, essas técnicas apresentaram aplicabilidade na análise de

qualidade de frutas intactas. Flores e colaboradores (2016) aplicando RMN-

dt construíram modelos com poder de aplicação na classificação de laranjas

intactas em duas classes de SST e Pereira e colaboraderes (2013) e Zion e

colaboradores (1995) classificaram ameixas intactas de acordo com seu teor

de doçura (utilizando o valor de SST).

Para a determinação do potencial hidrogeniônico os três métodos

avaliados apresentaram modelos de predição com valores baixos de

RMSEP e forte correlação entre os sinais espectrais e os valores de

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73

referência. Resultando assim em modelos de regressão com fortes

correlações e precisão.

Dentre os métodos, a técnica de MIR apresentou o melhor resultado

na determinação do pH de laranjas intactas. Os modelos PLS – MIR

desenvolvidos para esse parâmetro possuem erro de predição de 0,20 e

uma forte correlação de 0,86. Poucos estudos existem com a aplicação de

MIR para determinar atributos de qualidade em frutas intactas. Estes

resultados estão de acordo com o encontrado por FLORES (2015), onde

determinou o pH por MIR em laranjas ‘Valência’ e ‘Hamlin” intactas.

Em relação aos modelos para determinar a massa fresca das

laranjas, as três técnicas se mostraram adequadas. Contudo, a aplicação de

RMN resultou em um modelo de regressão com RMSEP mais baixo, 21,41

gramas, forte correlação de Pearson, r = 0,82. A utilização destes modelos

para determinação da massa fresca pode ser útil em uma linha de produção

onde apenas uma leitura poderia resultar na determinação de todos os

parâmetros ao mesmo tempo, sem a necessidade de se realizar a pesagem

separadamente.

4. Conclusões

Para cada determinação de qualidade em laranjas intactas - SS, pH e

massa fresca - uma técnica distinta de espectroscopia obteve os melhores

resultados. Para a determinação do teor de sólidos solúveis a aplicação de

NIR foi mais adequada (RMSEP = 0,74° BRIX e r = 0,75). Para pH o modelo

com menor RMSEP (0,20) e maior correlação (0,86) foi aquele construído

com o MIR, enquanto que para a determinação de massa fresca a RMN se

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74

mostrou mais adequada com RMSEP de 21,41 gramas e r 0,82 . Os

modelos PLS desenvolvidos resultaram em alta correlação e valores de

erros baixos

A aplicação das técnicas de NIR, MIR e RMN na determinação de

SST, pH e massa fresca mostrou-se uma alternativa na análise de qualidade

não destrutivas de laranjas intactas.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de São Paulo (FAPESP - 13/23479-0) e a Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte financeiro.

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80

Considerações Finais

Este estudo resultou na comprovação de que as técnicas

espectroscópicas podem ser uma forma alternativa aplicável e rápida

para analisar parâmetros de qualidade em laranjas intactas. Sendo que

cada técnica mostrou maior adequabilidade para uma determinada

análise de qualidade.

A aplicabilidade das técnicas espectroscópica de NIR e MIR para

determinar vitamina C, ácido cítrico e açúcares em laranjas intactas foi

avaliada. Assim como, o desempenho de calibração e de predição dos

modelos PLS desenvolvidos com diferentes regiões do espectro. Em

relação à determinação de açúcares, a técnica de NIR não resultou em

modelos precisos. Já a utilização de MIR para a predição de sacarose,

glicose e açúcares totais apresentaram baixos erros de predição 11,69,

7,79 e 24,28 (g L-1) e coeficientes de correlação de forte a moderado.

A partir dos resultados obtidos pode ser apontado que as técnicas de

NIR e MIR mostraram-se métodos adequados para determinação de

vitamina C e ácido cítrico em laranjas intactas. A técnica de MIR

apresentou resultado mais preciso, representado por menores valores de

RMSEP e correlações mais fortes para vitamina C e para ácido cítrico.

A aplicação das técnicas de NIR, MIR e RMN na determinação de

SST, pH e massa fresca foi e mostrou-se uma possível alternativa na

análise de qualidade de laranjas sem que seja necessária a destruição

das amostras. Os modelos PLS desenvolvidos para estes parâmetros

resultaram em alta correlação e valores de erros baixos.

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81

Cada uma das técnicas se mostrou mais apropriada a um parâmetro

distinto. Para determinar o teor de sólidos solúveis a aplicação de NIR se

mostrou mais adequada (RMSEP = 0,74 °BRIX e r = 0,75), para pH o

modelo com menor RMSEP (0,20) e maior correlação (0,86) foi aquele

construído com o MIR e para a determinação de massa fresca a RMN se

mostrou mais adequada com RMSEP de 21,41 gramas e r de 0,82 .

Page 86: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” · Todavia, a utilização de MIR para a predição de sacarose, glicose e açúcares totais apresentaram baixos erros

82

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