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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTEUNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ DO PARANÁ

CampusCampus de Bandeirantes de Bandeirantes

REAPROVEITAMENTO DO ÓLEO DE FRITURAS NA PRODUÇÃO DE SABÃO

SÓLIDO E LÍQUIDO

Jorge Garcia da Silva 1

Ms. Fabiano Gonçalves Costa2

RESUMO

Considerando à dificuldade de se realizar experimentos nas escolas, e a necessidade de buscar estratégias que proporcionem motivação frente às teorias e conceitos de Biologia, pretendeu-se neste trabalho a adoção de alternativas para experimentos que utilizassem materiais de baixo custo ou reaproveitável, a fim de ampliar os conhecimentos e despertar ainda mais o interesse dos alunos. Assim, os objetivos foram trabalhar conceitos a partir da prática; observar a reação de produção do sabão como aspectos biológicos e químicos; e discutir os aspectos ambientais causados pelo despejo de óleos usados em frituras no meio ambiente. A metodologia contemplou a pesquisa-ação, trabalhando através do método qualitativo, considerando uma abordagem dedutiva, partindo do geral para o particular – informações sobre o aproveitamento do óleo comestível descartável para posteriormente utilizá-lo em aulas práticas. A implementação e a conclusão mostraram ser possível trabalhar conceitos científicos com atividades práticas a partir de materiais disponíveis no dia-a-dia ao mesmo tempo em que se despertou a conscientização para a reutilização de produtos descartáveis, tornando os alunos disseminadores dessa prática junto à sua comunidade.

Palavras-Chave: Biologia. Óleos vegetais. Poluição. Meio Ambiente. Sabão.

1 Professor de Ciências, Biologia e Química, do Colégio Estadual Dr. Ubaldino do Amaral – EFM. Especialização em Instrumentalização no Ensino de Ciências. Professor PDE Turma 2010. [email protected]. 2 Professor Orientador da Universidade Estadual do Norte do Paraná. Mestre. [email protected]

1 INTRODUÇÃO

Considerando à dificuldade de realizar experimentos nas escolas e a

necessidade de buscar estratégias que proporcionem motivação frente as teorias

e conceitos de Química, procura-se neste projeto alternativas para experimentos

que utilizem materiais de baixo custo ou reaproveitável, ampliando os

conhecimentos e despertando ainda mais o interesse dos alunos, de forma que

eles, possam produzir para o consumo próprio ou ainda obter lucro com a sua

venda.

Convive-se diariamente com descarte de materiais utilizados nas mais

diversas atividades e dentre eles o óleo comestível. Como pensar em um

problema relevante e transformar ações em soluções para este problema? Como

a reciclagem desse produto pode ser uma possibilidade de estratégia para

implementação das estruturas do conhecimento científico em diversos níveis de

aplicação e diversos conceitos envolvidos? Assim tem-se como objetivos:

trabalhar os conceitos da Biologia a partir da prática; planejar aulas de reciclagem

do óleo comestível para fabricação de sabão artesanal e de baixo custo; observar

a reação de produção do sabão como aspectos biológicos e químicos; discutir os

aspectos ambientais causados pelo despejo de óleos usados em frituras no meio

ambiente; levar o aluno a entender a importância da utilização do sabão em dia a

dia a higiene, limpeza doméstica e outras; e compreender a relação do

reaproveitamento do óleo de cozinha com biocombustível.

2 EM BUSCA DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Como professor atuante, constata-se que as propostas dominantes de

políticas de educação básica (fundamental de nove anos; período integral),

formação técnico-profissional e processos de qualificação, a requalificação e

reversão centrados nas perspectivas das habilidades básicas (de conhecimentos,

atitudes e de gestão da qualidade), novas competências para a empregabilidade,

e em grande parte as análises e pesquisas que buscam explicitar esta nova

demanda face à reestruturação produtiva e a nova ordem mundial tem colocado

obrigatoriamente a educação sob novos paradigmas.

A partir desses pressupostos o papel do professor vem se transformando e

muitos já sentiram que precisam mudar a sua maneira de ensinar, procurando se

adaptar ao ritmo e às experiências educacionais desses novos tempos; desejando

oferecer um ensino de qualidade, adequado às novas exigências sociais e

profissionais.

A formação de um educador competente não é suficiente. É preciso que a competência técnica esteja fundamentada num compromisso político, porque a competência depende de um ponto de vista de classe, ou, se quiserem, de um ponto de vista antropológico que sustente uma visão de mundo a construir. (GADOTTI, 1995, p. 47).

O professor para a educação atual deve ser o planejador, o condutor do

processo de aprendizagem, o grande incentivador e administrador da busca de

conhecimento por parte dos alunos, sem professor não há recursos materiais ou

tecnologia que funcione.

[...] é necessário promover grande remembramento dos conhecimentos oriundos das ciências naturais, a fim de situar a condição humana no mundo, dos conhecimentos derivados das ciências humanas para colocar em evidência a multidimensionalidade e a complexidade humanas, bem como integrar (na educação do futuro) a contribuição inestimável das humanidades, não somente a filosofia e a história, mas também a literatura, a poesia, as artes. (MORIN, 2001, p. 48).

Para que isso ocorra, ele também deve correr atrás das mudanças,

trabalhar, o mundo globalizado não precisa mais de saberes fragmentados,

professores, como qualquer outro profissional, devem estar permanentemente

sintonizados com tudo que acontece ao seu redor e não apenas no campo

circunscrito de usa área.

A preparação para uma participação ativa na vida de cidadão tornou-se

para a educação uma missão de caráter geral, uma vez que os princípios

democráticos se expandiram pelo mundo. Pode-se distinguir a este propósito,

vários níveis de intervenção que nunca democracia moderna, deveriam completar-

se mutuamente.

Por outro lado, sendo a educação para a cidadania e democracia, por

excelência, uma educação que não se limita ao espaço e tempo da educação

formal, é preciso implicar diretamente nela as famílias e os outros membros da

comunidade.

A prática pedagógica de ensino-aprendizagem necessita de meios nunca

antes disponíveis, para a circulação e armazenamento de informações e para a

comunicação neste século submeterá a educação a uma dura obrigação que pode

transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer

evolutivos, adaptando à civilização cognitiva, pois são as bases das competências

atuais.

Desta forma como fui abordado na justificativa, se faz necessário buscar

estratégias metodológicas com um diferencial competitivo na educação

contemporânea, uma capacitação docente que implica na otimização do processo

ensino-aprendizagem.

Processo ensino-aprendizagem. Segundo Batro (apud SANT´ ANNA, 1979,

p. 159), no sentido estrito, só existe aprendizagem na medida em que um

resultado (conhecimento ou execução) é adquirido em função da experiência,

sendo pois uma aquisição em função da experiência, que as desenvolve no

tempo; no sentido lato, é a união de aprendizagem (sentido estrito) e dos

processos de equilibração.

Por sua vez Gagné (apud SANT´ANNA, 1979, p.159) afirma que “é uma

modificação do comportamento que pode ser retida e não pode ser simplesmente

atribuída ao desenvolvimento; por meio da aprendizagem o indivíduo se torna

capaz de fazer algo que não fazia antes”. Entretanto, é difícil apresentar uma

definição satisfatória de aprender, porque existem tantas interpretações quantas

teorias psicológicas e pedagógicas a respeito (Behaviorismo, Gestalt dentre

outras).

Entretanto, as estratégias na educação devem ser, segundo Gimeno (apud

COLL; PALACIOS; MARCHESI, 1993, p.320), “motivadoras, de apoio à

apresentação do conteúdo e estruturadora”.

Portanto, estratégias de aprendizagem podem ser definidas como

operações ou procedimentos que os alunos utilizam para aprender. A escolha e

métodos e técnicas didáticas é uma etapa importante do planejamento de ensino.

Nessa escolha o professor deve seguir alguns critérios, como por exemplo:

Objetivos educacionais: os métodos e técnicas são os veículos usados pelo professor para criar situações e abordar conteúdos que permitam ao aluno viver as experiências necessárias para alcançar os objetivos (mudanças cognitivas, afetivas, motoras). Por isso, os métodos e técnicas devem variar segundo os objetivos. Experiência didática do professor: ao selecionar uma técnica.Tipo de aluno: ao escolher uma técnica deve-se levar em conta vários aspectos relativos aos alunos: idade, maturidade, interesses, características psicológicas, entre outros. Tempo disponível: ao pretender utilizar métodos e técnicas mais complexos, o professor deve deixar o trabalho pela metade por falta de tempo. Condições físicas: a mesma observação feita com relação ao tempo é válida para as condições físicas. Se não existem condições físicas ( espaço, recursos, etc.) para usar uma técnica desejável usa se outras menos desejáveis. É melhor ser realista a ser ater ao que é impossível e não ao que seria ideal. Estrutura do assunto é um tipo de aprendizagem envolvido: Cada assunto tem uma estrutura diferente que exija também um tipo de aprendizagem diferente. A aprendizagem de uma serie de fatos e datas não envolve os mesmos processos mentais de aprendizagem de tórias, e princípios, conceitos. (PILETTI, 1986, P.139-140).

Se os tipos de aprendizagem são diferentes de acordo com a estrutura do

assunto, as técnicas a serem utilizadas também os serão. Há, ainda, outros

aspectos importantes que devem ser considerados como exemplo:

- Integração: Nenhum método e nenhuma técnica sozinha são suficientes, pois é preciso que haja integração de diferentes métodos e técnicas. Assim, numa mesma aula, o professor procurará utilizar a técnica expositiva, de perguntas e respostas o estudo dirigido, o trabalho em grupo e assim por diante;

- Flexibilidade: O professor deve ter a capacidade para a perceber quando um método ou uma técnica não funciona e ao mesmo tempo, apresentar flexibilidade suficiente para mudá-la;- Criatividade: Neste sentido, a criatividade é muito importante. A partir do que foi estudado, pode-se criar métodos e técnicas mais adequadas para cada situação concreta. (PILLETI, 1986, p.139-140).

A criatividade não é algo inato. Ela pode ser desenvolvida através de

cursos, leituras, etc. Para desenvolver o comportamento criativo com relação a

método e técnicas, o professor deve:

a) Evitar a rotina e a mecanização;b) Manter uma atitude de constante experimentação;c) Substituir uma metodologia de regras por uma metodologia fundamentada numa visão científica da conduta humana, norteada por valores e idéias que sejam uma opção livre e segura do professor como educador e como agente de mudança social. (PILETTI, 1986, p. 139-140).

Neste contexto tem sido de suma importância a coleta de dados sobre o

desempenho de aprendizagem dos alunos, portanto a diversidade de instrumentos

e técnicas avaliativas proporcionadas pelos métodos é fundamental para orientar

as intervenções para orientar as intervenções para a melhoria dos resultados

desejados.

A Secretaria de Educação do Paraná por sua vez recomenda que os

professores ao escolherem os instrumentos deve-se considerar também de que

maneira se dará o encaminhamento metodológico (como será realizado na

prática) e os critérios de avaliação, considerando que esse último depende de

estratégias que:

ofereçam desafios, situações-problema a serem resolvidas;

sejam contextualizadas, coerentes com as expectativas de ensino e

aprendizagem;

possibilitem a identificação de conhecimento do aluno e as estratégias por

ele empregadas.

Observando que, atualmente emprega-se na área da educação o termo

“estratégia” como significado de “meios” para se conseguir um objetivo, alcançar

um resultado, por isso ele não aparece nas citações antigas.

Possibilitem que o aluno reflita, elabore hipóteses, expresse seu

pensamento.

Permitam que o aluno aprenda com o erro.

Exponha, com clareza, o que e como se pretende avaliar.

Dessa forma

[...] o conhecimento, a capacidade de processar e selecionar informações, a criatividade e a iniciativa, constituem matérias-primas vitais o desenvolvimento e a educacionais, com a finalidade de torná-los mais eficientes e equitativos no preparo de uma nova cidadania, capaz de enfrentar a revolução tecnológica no processo produtivo e seus desdobramentos políticos, sociais e éticos. (MELLO, 2000, p. 43).

Portanto, compreende-se que a educação nesse contexto não deve se

prender à métodos e recursos tradicionais pois as próprias estratégias significam

reeleituras de um mesma questão.

2.1 ÓLEO COMESTÍVEL X APONIFICAÇÃO: UM BINÔMIO QUE DÁ CERTO

NAS AULAS DE BIOLOGIA

Buscando uma alternativa para o descarte do óleo comestível, coloca-se

uma estratégia para a aplicação na construção do processo ensino-aprendizado

das ciências, o reaproveitamento desse material na produção de sabões em pedra

e líquido..

2.1.1 Educação Ambiental

A educação contemporânea enfrenta o desafio de adquirir novos

significados principalmente no que se refere a preservação do planeta, nesse

sentido observa-se que,

processo de construção de uma sociedade sustentável, democrática, participativa e socialmente justa, capaz de exercer efetivamente a solidariedade com as gerações presentes e futuras. Esta é uma exigência indispensável para a compreensão do binômio ‘local-global’ e para a preservação e conservação dos recursos naturais e socioculturais, patrimoniais da humanidade. (MEDINA; SANTOS,1999, p.17).

Dessa forma, a escola como instituição de ensino é o ambiente mais

apropriado para que jovens e adultos possam entrar em contato com conceitos e

idéias relevantes para o seu presente e futuro.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997),

a opção pelo trabalho com tema Meio Ambiente traz a necessidade de aquisição de conhecimentos e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um trabalho adequado junto dos alunos. Pela própria natureza da questão ambiental, a aquisição de informação sobre o tema é uma necessidade constante para todos. (BRASIL, PCN, 1997, p.47).

Assim, esse projeto vai de encontro das propostas dos desafios

Educacionais Contemporâneos, que colocam

as práticas de EA comunitárias ou populares estão geralmente, muito implicadas nos processos de desenvolvimento social local, gerando maior capacidade de perceber problemas, pesar as conseqüências ambientais das escolhas coletivas e decidir sobre a qualidade de vida

Há que se buscar novas alternativas de aprendizagem, que vislumbrem e

incorporem as mudanças pretendidas na formação deste indivíduo idealizado para

o mundo atual.

2.1 2. A Poluição Causada Pelo Óleo Comestível

O óleo de cozinha está presente nas residências, nos restaurantes, nas

lanchonetes, serve para cozer, para fritar, mas seu final geralmente é o mesmo: o

ralo da pia ou o cesto de lixo. Entretanto, os óleos vegetais, estão sendo

considerados grandes causadores de danos ao meio ambiente quando

descartados de maneira incorreta.

Os óleos e gorduras são, por definição, substâncias que não se misturam

com a água (insolúveis) e podem ser de origem animal ou vegetal. O óleo vegetal,

que é o que dá origem aos óleos de cozinha, pode ser obtido de várias plantas, ou

sementes, como a soja, milho, girassol, canola, mamona, amendoim dentre

outros.

Sua constituição química é composta por triglicerídeos, ou seja são

formados pela condensação entre glicerol e ácidos graxos. A diferença entre

gordura e óleo é tão somente seu estado físico, em que a gordura é sólida e o

óleo é líquido, ambos a uma temperatura de até 20°C.

Quando jogado diretamente no ralo da pia ou no lixo, polui córregos,

riachos, rios e o solo, além de danificar o encanamento em casa. O óleo também

interfere na passagem de luz na água, retarda o crescimento vegetal e interfere no

fluxo de água, além de impedir a transferência do oxigênio para a água o que

impede a vida nestes sistemas, ou ainda quando lançado no solo, no caso do óleo

que vai para os lixões ou aquele que vem junto com a água dos rios e se acumula

em suas margens: o óleo impermeabiliza o solo, impedindo que a água se infiltre,

piorando o problema das enchentes.

[...] Quando é jogado no solo, pode contaminar os lençóis freáticos. Quando as pessoas jogam na pia, ele vai diretamente para os córregos da região. Isso compromete toda a vida desse corpo hídrico. O óleo fica na superfície da água, diminuindo a oxigenação e a iluminação dos rios. Assim, os peixes e as plantas podem morrer. É realmente preocupante.” O agrônomo ainda explica que um litro de óleo pode contaminar aproximadamente 100 m² de água. Além disso, a decomposição do óleo de cozinha emite metano, um dos principais gases que causam o efeito estufa. Para ajudar a solucionar todos esses problemas, [...] o óleo pode ser transformado em sabão ou ração para animais, por exemplo. (GUERRA, apud LINHARES, 2010, p.1).

Portanto, se faz necessário a tomada de consciência da sociedade civil

quanto ao fato de que todos são responsáveis pelo meio ambiente, e que isto não

é obrigação apenas de governos e empresas, e sim de cada um, logo, pode-se

começar através da Educação Ambiental na escola.

2.1.3 O Aproveitamento do Óleo Como Sabão

Uma das alternativas para evitar que o óleo polua águas e solos é a

produção de sabão em pedra, detergente, biodiesel dentre outros. Interessa-nos

particularmente a produção de sabão em pedra.

O sabão é um produto utilizado diariamente sob diversas formas: barra,

líquido, pó ou pasta, e sua fabricação é de fácil execução.

A disciplina de Química utilizando o contexto do sabão, pode desenvolver os conceitos da Físio-Química, tais como: soluções (que partir do conceito de pólos e sua ação nas substâncias (princípio da são empregadas no preparo da reação que forma o sabão), colóides, conceitos ácido – base e suas reações, equilíbrios químicos, dureza da água. Na química geral: conceito de eletronegatividade associado a polaridade dos compostos químicos, tensão superficial da água, forças intermoleculares. Na química orgânica: caracterização dos compostos orgânicos e algumas reações dessas substâncias, hidrocarbonetos e termoquímica.A disciplina de Física pode desenvolver os conteúdos de eletrodinâmica, eletrostática e eletromagnetismo, sendo usados como base para a compreensão da polaridade das substâncias químicas e as forças existentes entre ela, lembrando que a caracterização de uma substância em polar e apolar é devido ao resultado da soma das forças elétricas existentes na ligações entre os átomos constituintes do composto. A eletrodinâmica ainda pode ser empregada para explicar o mecanismo de funcionamento do sabão, a remoção de sujeiras). (AZEVEDO et al, 2010, p.2).

Azevedo observa que, a síntese do produto em questão segue

praticamente o mesmo procedimento, entretanto na fabricação do sabão líquido a

quantidade de água adicionada altera a viscosidade da substância obtida no final

da reação.

Em física a hidrostática e o ramo responsável pelo estudo das propriedades

dos líquidos, assim ao desenvolver a fabricação do sabão, os docentes físicos

podem construir junto aos seus alunos os conceitos envolvidos nos diversos tipos

de líquidos, tais como: densidade, viscosidade, massa específica, Teorema de

Stevin, princípio de Pascal, ação dos líquidos na pressão total de um sistema e o

Teorema de Arquimedes.

Os líquidos também interferem no comportamento dos raios luminosos,

sendo possível à utilização das diversas características do sabão líquido para

observação desses nos raios luminosos, caracterizando a mudança da posição

aparente de um objeto em relação à viscosidade dos líquidos.

Durante a reação de saponificação ocorre a liberação de energia em forma

de calor, por ser essa exotérmica. Juntamente com os princípios da termoquímica

empregados nesse processo, podem-se aplicar os conceitos da termologia, suas

leis e construção de outras escalas de temperatura, usadas em outros países.

Através de estudos realizados pelas ciências Biológicas poder-se-ão

desenvolver os impactos gerados pelo descarte indevido do óleo comestível

residual, métodos de conservar o meio ambiente, desenvolvimento sustentável e

outros.

Portanto, ao trabalhar com a produção de sabão na escola, não se estará

apenas trabalhando Biologia, Química, mas também História (história do sabão),

Sociologia (higiene e limpeza no contexto social), Educação ambiental, e

cidadania.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A implementação do projeto contemplou a pesquisa-ação como uma

estratégia de aplicação do projeto.

A pesquisa-ação vem emergindo como uma metodologia para intervenção, desenvolvimento e mudança no âmbito de grupos, organizações e comunidades. É uma modalidade de pesquisa [...] cujo propósito é o de proporcionar a aquisição de conhecimentos claros, precisos e objetivos. (GIL, 2010, p.43)

Essa pesquisa parte do princípio do diagnóstico de um determinado

problema específico observado na realidade, “com vistas a alcançar algum

resultado prático”.

Num primeiro momento o Projeto foi apresentado à comunidade escolar

durante a Semana Pedagógica/2011.

Em sala de aula, em regime de contra-turno, foi colocado para os alunos do

2º ano do Ensino Médio, em número de 13, a justificativa e objetivos do projeto, e

da importância se desenvolver um trabalho cooperativo uma vez que haveria a

necessidade de contar com a colaboração de terceiros para guardar restos de

óleos de cozinha para a produção dos sabões. Foi passado de sala em sala

pedindo a colaboração para trazer os restos de óleos de sua casa, vizinhanças até

conseguir uma quantidade razoável de litros de óleo para iniciarmos a fabricação

de sabão.

As sequências das aulas compreenderam trabalhar com os alunos a função

do sabão e porque os antigos usavam cinzas ao invés de soda para fabricar

sabão, como a estrutura dos sabões permite que eles atuem na limpeza, na

interação simultânea com substâncias polares e apolares. Pesquisas realizadas

na Internet contemplaram as mais diversas áreas, foi possível encontrar

“sabão” nos contextos da História, Física, Química, Religião, Arte, Saúde.

Dentro dos conteúdos específicos da área foram trabalhados a

saponificação; a função do óleo e da gordura no preparo do sabão através da de

representação gráfica de reação de saponificação; como os não biodegradáveis

ou detergentes sintéticos poluem os córregos e rios, através de recursos, além do

próprio livro didático, revistas específicas, animação, filmes didáticos, slides.

Nas aulas práticas, após a coleta do óleo iniciou-se os trabalhos de

fabricação, os alunos ficaram empolgados pelas reações e misturas que

aconteciam, anotando em detalhe todo o processo, desde a preparação, coleta,

filtragem, acondicionamento também em garrafas descartáveis e colocação de

rótulos.

RECEITAS DE SABÃO

1. SABÃO LÍQUIDOIngredientes

2 litros de água1 quilo de soda (Bel) em escamas 5 litros de óleo usado4 litros de álcool (combustível)Modo de fazerDerreta a soda na água e acrescente o restante dos ingredientes; essa mistura

ficará cor de caramelo.Bata até ficar cremoso (consistência de polenta mole) e deixa descansar por 8

horas.Após, coloque no tanquinho e acrescente de 30 a 35 litros de água, batendo para

dissolver.Adicione um pouco de aroma de sua preferência, depois é só engarrafar.Obs.: a soda não pode ser trocada por outras marcas caso contrário nessa

receita não dá o ponto certo.2. SABÃO EM BARRA BRANCO Ingredientes

1 litro de soda líquida5 litros de óleo usado1 litro de detergente neutro 100 ml de qualquer essênciaModo de fazerMisture tudo e mexa por 40 minutos, depois coloque em uma forma para secar.Corte em pedaços antes que endureça demais.3. SABÃO LÍQUIDO ( MEIA RECEITA )Ingredientes18 litros de água 2 litros de álcool (combustível)3 litros de óleo limpo Meio quilo de soda em escamas (Bel)Modo de fazerMisture a soda em 1 litro de água, mexa por 5 minutos, acrescente o óleo e o

álcool e mexa por mais 10 minutos.Na seqüência acrescente mais 1 litro de água e mexa por mais 5 minutos;

acrescente o restante da água e mexa por mais 10 minutos e estará pronto.

Dominando o assunto, os próprios alunos explicaram os procedimentos

para a produção de sabões e saneando dúvidas quando da visita dos

representantes de Núcleo Regional de Educação.

Fonte: o próprio professor PDE. Fonte: o próprio professor PDE.

Fonte: o próprio professor PDE.

4 DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES

Ainda que o assunto sobre poluição, reciclagem, reaproveitamento, coleta

seletiva, estejam na ordem do dia, e a educação ambiental é uma realidade,

observa-se que ainda não há uma conscientização em nível de “urgência” em se

adotar um comportamento crítico e prático em relação à preservação do meio

ambiente. O óleo recolhido ficou aquém do esperado, ou seja, foram poucos que

se preocuparam em guardar o óleo sobrado, e a justificativa é que “era tão pouco”.

Durante a implementação foi realizado todo um embasamento teórico para

desenvolver os processos pedagógicos interdisciplinares que extrapolam os

conteúdos formais.

Como afirmam Medina e Santos (2000, p120)

Um outro efeito importante desse trabalho é verificação, por parte dos envolvidos, da importância do processo de construção interdisciplinar, [...] exige continuidade no tempo e no desenvolvimento de conhecimentos, estratégias, posturas individuais e de grupo. [...] somente se constrói ao longo dos trabalhos desenvolvidos conjuntamente e das experiências compartilhadas, que interferem na construção das próprias identidades profissionais, pessoais ético-afetivas dos sujeitos participantes.

Ou seja, trabalhou-se com alguns alunos de uma turma, num determinado

espaço de tempo, a atividades foram acompanhadas pela comunidade escolar,

resultados foram elogiados por todos. Observando que se trata-se de um projeto

que deveser contínuo, considerando que alunos novos estão sempre entrando na

escola, e esta deveria ser a primeira a se preocupar em utilizar produtos

reciclados/reaproveitados.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Otoniel de Aquino ET AL. Fabricação de sabão a partir do óleo comestível: conscientização e educação científica: conscientização científica.

Brasil. Parâmetros Curriculares Nacionais. Meio ambiente e saúde. Brasília: Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

COLL, Cesar; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Alvaro. Desenvolvimento psicológico e educação. Necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Médicas Sul, 1993.

GADOTTI, Moacir. Escola vivida, escola projetada. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995.

LINHARES, Alice. Reaproveitametno do óleo: uma saída ecológica. Disponível em: < www.juizdefora.online> . Acesso em 15 mar. 2011.

MEDINA, Naná Mininni; SANTOS, Elizabeth da Conceição. Educação ambiental. Uma metodologia participativa de formação. Petrópolis: Vozes, 1999.

MELLO, Guiomar Namo. Cidadania e competitividade. Desafios educacionais do terceiro milênio. 8.ed. São Paulo: 2000.

MORIN, Edgar Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3.ed. Tradução Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília (DF): UNESCO, 2001.

PARANÁ. Secretaria da Educação. Avaliação: um processo intencional e planejado. Curitiba: SEED, 2008.

______. Grupo de Estudos 2010. Os desafios educacionais contemporâneos. Educação ambiental no debate das idéias: elementos para uma EA crítica. Curitiba: SEED, 2010.

PILETTI, Claudino. Didática geral. São Paulo: Ática, 1986.

SANT´ANNA, Flávia Maria et. al. Dimensões básicas do ensino. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1979.