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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ LUCIANA CARVALHO LACERDA FREQUÊNCIA DOS VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA E LEUCEMIA FELINA, FATORES ASSOCIADOS, ACHADOS HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E COINFECÇÕES COM Toxoplasma gondii NA MICRORREGIÃO ILHÉUS-ITABUNA BAHIA ILHÉUSBAHIA 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

LUCIANA CARVALHO LACERDA

FREQUÊNCIA DOS VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA E LEUCEMIA FELINA, FATORES ASSOCIADOS, ACHADOS HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E

COINFECÇÕES COM Toxoplasma gondii NA MICRORREGIÃO ILHÉUS-ITABUNA BAHIA

ILHÉUS– BAHIA

2015

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LUCIANA CARVALHO LACERDA

FREQUENCIA DOS VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA E LEUCEMIA FELINA, FATORES ASSOCIADOS, ACHADOS HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E

COINFECÇÕES COM Toxoplasma gondii NA MICRORREGIÃO ILHÉUS-ITABUNA BAHIA

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz como exigência para obtenção do título de Mestre em Ciência Animal. Área de concentração: Clínica e Sanidade Animal Orientador: Prof. Dr. Alexandre Dias Munhoz

ILHÉUS – BAHIA 2015

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L131 Lacerda, Luciana Carvalho. Frequência dos vírus da imunodeficiência e leu- cemia felina, fatores associados, achados hemato- lógicos, bioquímicos e coinfecções com Toxoplas- ma gondii na microrregião Ilhéus – Itabuna Bahia / Luciana Carvalho Lacerda. – Ilhéus, BA: UESC, 2015. 71f. : il.; anexos. Orientador: Alexandre Dias Munhoz. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadu- al de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Inclui referências e apêndice.

1. Gato – Doenças. 2. Imunossupressão. 3. Toxoplasma gondii. 4. Vírus. I. Título. CDD 636.80896

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LUCIANA CARVALHO LACERDA

FREQUÊNCIA DOS VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA E LEUCEMIA FELINA, FATORES ASSOCIADOS, ACHADOS HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E

COINFECÇÕES COM Toxoplasma gondii NA MICRORREGIÃO ILHÉUS-ITABUNA BAHIA

Ilhéus – BA, 27/02/2015

___________________________________

Alexandre Dias Munhoz – DSc

UESC/DCAA

(Orientador)

____________________________________

Renata Santiago Alberto Carlos – DSc

UESC/DCAA

___________________________________

Aristeu Vieira da Silva – DSc

UEFS/DCBIO

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela presença constante em minha vida e por mais essa vitória; Aos meus pais Abidias e Mirene, minhas irmãs, Juliana e Tatiana, meus amados sobrinhos Breno e Helena. Agradeço a Deus por me permitir tê-los como minha família, meu porto seguro. Vocês são a razão da minha vida; Ao Rodrigo Pinheiro, agradeço pelo amor, companheirismo e incentivos constantes. Obrigada por me fazer feliz, pelas risadas bobas, por sua tranquilidade e por estar ao meu lado nessa longa caminhada que é a vida; Ao meu orientador, Alexandre Dias Munhoz, pelo carinho e conhecimentos transmitidos. Obrigada pelo constante empenho em transformar seus orientados em profissionais exemplares e éticos; A Aísla Nascimento, Flávia Martoni, Sônia Lopo, Janaína Xavier, Mônia Andrade e Samir Hage pela amizade construída nestes dois anos de convívio intenso. Obrigada pelas tantas caronas, almoços divertidos, pela calma transmitida nos momentos difíceis. Verdadeiros anjos da guarda; Às queridas meninas da Iniciação Científica, Rebeca Dálety, Vanessa Fonseca, Fabiana Barbosa e Jéssica Freitas, tudo com vocês é mais colorido e divertido... Obrigada pela ajuda constante; A Izabela Garcia, pela generosidade no compartilhamento das amostras e por estar sempre disponível nos momentos de dúvidas; Ao Uillian Araújo, pela ajuda nas intermináveis planilhas do Excel; Aos colegas do mestrado e doutorado, Tatiani Harvey, Jamille Rodrigues, Juliana Gromboni, Daniele Rocha, Fábio Carvalho, Rodrigo Bezerra, pela ajuda e por compartilharem suas experiências, dúvidas e conhecimentos ao longo dessa jornada; Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal, pelos ensinamentos transmitidos; Aos funcionários do Hospital Veterinário da UESC que, de alguma forma, contribuíram para essa conquista; A Regina, por ter me acolhido como uma filha, e a Ingrid e Sarah, por fazerem Itabuna um lugarzinho melhor pra se viver. .

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“Desistir... eu já pensei

seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério;

é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas,

mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros,

mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.”

Cora Coralina

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FREQUÊNCIA DOS VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA E LEUCEMIA FELINA, FATORES ASSOCIADOS, ACHADOS HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E

COINFECÇÕES COM Toxoplasma gondiiNA MICRORREGIÃO ILHÉUS-ITABUNA BAHIA

RESUMO

Objetivou-se com este estudo determinar as frequências e os fatores associados às

infecções pelo vírus da imunodeficiência felina (FIV), o vírus da leucemia felina

(FeLV), a presença de alterações hematológicas e bioquímicas, bem como

coinfecções com Toxoplasma gondii nos gatos naturalmente infectados da

microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia, Brasil. Amostras de 201 gatos assintomáticos

foram submetidas aos testes de nested-PCR e ELISA para detecção dos retrovírus.

Testes sorológicos foram realizados para a detecção da presença do T. gondii. Uma

entrevista semiestruturada foi aplicada aos proprietários em busca de informações

sobre os hábitos dos animais com vistas à determinação dos fatores associados às

infecções.Os dados foram tabulados e analisados pelos programas EPIINFO 3.5.2 e

Bioestat 5.0. As variáveis com plausibilidade biológica foram submetidas à

correlação de Spearman (p≤ 0,2) para determinação da colinearidade, e

posteriormente compuseram o modelo preliminar da regressão logística não

condicional. Os valores hematimétricos e bioquímicos dos animais positivos para FIV

ou FeLV foram comparados aos valores dos animais negativos através do teste t

student ou Mann-Whitney, com intervalo de confiança de 95%. A prevalência total

foi de 6% (12/201) e 3% (6/201) para FIV e FeLV, respectivamente. Não houve

coinfecções entre os retrovírus. A sorologia revelou coinfecções entre T. gondii e FIV

ou FeLV positivos de 75% (9/12) e 50% (3/6), respectivamente. Verificou-se como

risco de infecção para o FIV o contato com outros gatos e região periurbana. Para o

FeLV não foram observados fatores associados à infecção. Os parâmetros

hematológicos não apresentaram diferenças estatísticas significativas. Entre as

análises bioquímicas, valores de bilirrubina total, direta e indireta foram

estatisticamente significativos entre os animais FIV positivos e os animais negativos.

Os resultados comprovam a presença dos dois retrovírus na região, distribuídos de

maneira heterogenia, sendo os animais FIV positivos mais predispostos a alterações

laboratoriais.

Palavras-chave: gatos, imunossupressão, retrovírus

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FREQUENCY OF IMMUNODEFICIENCY VIRUS AND FELINE LEUKEMIA, ASSOCIATED FACTORS, HEMATOLOGICAL FINDINGS, AND BIOCHEMICAL,

COINFECTIONS WITH Toxoplasma gondii IN THE MICROREGION ILHÉUS-ITABUNA BAHIA

ABSTRACT

The objective of this study was to determine the frequency and factors associated

with infection by feline immunodeficiency virus (FIV), the feline leukemia virus

(FeLV), the presence of hematological and biochemical changes, as well as co-

infections with Toxoplasma gondii in cats naturally infected the Ilhéus-Itabuna

microregion, Bahia, Brazil. Samples of 201 asymptomatic cats were submitted to

tests of nested-PCR and ELISA for detection of retroviruses. Serologic tests were

performed to detect the presence of T. gondii. A semi-structured interview was

applied to the owners for information about animal habits in order to determine the

factors associated with infections. Data were tabulated and analyzed by EPIINFO

3.5.2 and 5.0 Bioestat programs. Variables with biological plausibility were submitted

to Spearman correlation (p ≤ 0.2) to determine the collinearity, and later composed

the preliminary model of unconditional logistic regression. The hematological and

biochemical values of animals positive for FIV or FeLV were compared to the values

of the negative animals by student t test or Mann-Whitney test, with a 95%

confidence interval. The overall prevalence is 6% (12/201) and 3% (6/201) for FIV

and FeLV, respectively. There was no coinfection among retroviruses. Serology

showed coinfection of T. gondii and FIV or FeLV positive 75% (9/12) and 50% (3/6),

respectively. It was found as a risk of infection for FIV contact with other cats and

peri-urban region. For FeLV were unobserved factors associated with infection.

Hematologic parameters did not present significant differences. Among the

biochemical analysis, total direct and indirect bilirubin values were statistically

significant between the FIV positive animals and the negative animals. The results

demonstrated the presence of both retroviruses in the region, distributed

heterogeneous manner, with positive FIV most predicts to laboratory findings.

Keywords: cats, immunosuppression, retroviruses

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação do DNA pró-viral do FIV, apresentando no centro os três genes principais (gag, pol e env) e os genes acessórios (vife rev), ladeado pelas LTR nas exterminadas 5’e 3’(DUNHAM; GRAHAM, 2005, adaptado).................................................................

16

Figura 2 - Representação esquemática do DNA pró-viral do FeLV. Os LTR presentes nas extremidades, flanqueando os genes gag, pol e env (DUNHAM; GRAHAM, 2005, adaptado)..............................................

23

Figura 3 - Resultado da nested-PCR para FIV apresentando um produto de 239 pb. Coluna: 1- marcador molecular; 2- controle positivo; 3- controle negativo; 4, 5- amostras positivas..........................................

44

Figura 4 - Resultado da nested-PCR para FeLV apresentando um produto de 601 pb. Coluna: 1-marcador molecular; 2- controle positivo; 3- controle negativo; 4, 5, 6- amostras positivas......................................

45

Figura 5 - Resultado de animais positivos pelo ELISA através da detecção dos anticorpos contra o FIV e a detecção do antígeno FeLV. A: reação positiva para o FIV. B: reação positiva para o FeLV............................

45

Figura 6 - Resultado da PCR para o GAPDH. Colunas: 1- marcador molecular; 2- controle negativo; 3, 4, 5, 6, 7, 8- amostras positivas.....................

45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação dos estágios do FeLV de acordo com os diferentes métodos de diagnóstico.....................................................................

26

Tabela 2 - Frequência do FIV e FeLV no mundo, métodos de diagnóstico utilizados e tipo de população de gatos selecionada..........................

31

Tabela 3 - Frequência do FIV e FeLV no Brasil, métodos de diagnóstico utilizados e tipo de população de gatos selecionada..........................

32

Tabela 4 -

Primers utilizados nas PCRs para FIV, FeLV e GAPDH. Descrito a sequência de oligonucleotídeos, a região de origem do DNA pró-viral e o tamanho do produto amplificado...........................................

40

Tabela 5 - Diagnóstico do vírus da imunodeficiência felina pelas técnicas ELISA e nested-PCR em gatos domiciliados da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA..........................................................................................

43

Tabela 6 - Diagnóstico do vírus da leucemia felina pelas técnicas ELISA e nested-PCR em gatos domésticos da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA........................................................................................................

44

Tabela 7 - Fatores com plausibilidade biológica associados às infecções pelo FIV em gatos da microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia........................

46

Tabela 8 - Fatores com plausibilidade biológica associados às infecções pelo FeLV em gatos da microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia.....................

47

Tabela 9 - Modelo preliminar da regressão logística não-condicional dos fatores associados à infecção pelo FIV em gatos da microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia.........................................................................

48

Tabela 10 - Modelo final da regressão logística não-condicional dos fatores associados à infecção pelo FIV em gatos da microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia....................................................................................

48

Tabela 11 - Valores médios e desvio padrão dos parâmetros hematológicos dos gatos FIV positivos, FeLV positivos e negativos da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA........................................................

49

Tabela 12 - Valores médios e desvio padrão das análises bioquímicas dos gatos FIV positivose negativos da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA......................................................................................................

50

Tabela 13 - Valores médios e desvio padrão das análises bioquímicas dos gatos FeLV positivos e negativos da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA......................................................................................................

50

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LISTA DE ANEXOS E APÊNDICES

Anexo A Entrevista estruturada para determinação dos fatores associados às infecções pelos vírus da imunodeficiência felina e leucemia felina...............................................................................

69

Anexo B Protocolo de extração do DNA genômico.................................... 70

Anexo C Protocolo da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) para Toxoplasma gondii........................................................................

71

Apêndice A Tabela de colinearidade das variáveis com plausibilidade biológica para as infecções dos vírus da imunodeficiência felina e leucemia felina............................................................................

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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................. vii

ABSTRACT ............................................................................................................. viii

1INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15

2.1 Objetivo geral ................................................................................................................................................ 15

2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................................................... 15

3REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 15

3.1Vírus da imunodeficiência felina (FIV) ................................................................................................... 15

3.1.1 Vírus ........................................................................................................................................... 15

3.1.2 Subtipos ..................................................................................................................................... 17

3.1.3 Transmissão .............................................................................................................................. 17

3.1.4 Patogenia ................................................................................................................................... 18

3.1.5 Estágios Clínicos ...................................................................................................................... 19

3.1.6 Alterações Laboratoriais .......................................................................................................... 22

3.2Vírus da leucemia felina (FeLV) ............................................................................................................... 23

3.2.1 Vírus ........................................................................................................................................... 23

3.2.2 Subtipos ..................................................................................................................................... 24

3.2.3 Transmissão .............................................................................................................................. 25

3.2.4 Patogenia ................................................................................................................................... 25

3.2.5 Categorias da Infecção pelo FeLV ........................................................................................ 25

3.2.6 Alterações Laboratoriais .......................................................................................................... 29

3.3 Prevalência .................................................................................................................................................. 29

3.4 Diagnóstico ................................................................................................................................................. 33

3.5 Tratamento................................................................................................................................................... 34

3.6 Coinfecções................................................................................................................................................. 36

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 37

4.1 Local de Realização do Estudo .............................................................................................................. 37

4.2Coleta do Material Biológico .................................................................................................................... 37

4.3 Coleta de Dados ......................................................................................................................................... 37

4.4Análise Hematológica e Bioquímica ...................................................................................................... 38

4.5 Sorologia para FIV e FeLV ....................................................................................................................... 38

4.7 Realização da Reação em Cadeia da Polimerase .............................................................................. 39

4.7.1 Reação em Cadeia da Polimerase para detecção do DNA pró-viral do FIV .................. 40

4.7.2 Reação em Cadeia da Polimerase para detecção do DNA pró-viral do FeLV ............... 41

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4.7.3 Reação em Cadeia da Polimerase para o GAPDH ............................................................ 41

4.8 Revelação dos produtos da Reação em Cadeia da Polimerase .................................................... 42

4.9 Sorologia para Toxoplasma gondii ....................................................................................................... 42

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 43

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 51

7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 56

ANEXOS............................................................................................................. 69

APÊNDICE ......................................................................................................... 72

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1INTRODUÇÃO

O vírus da imunodeficiência felina (FIV) e o vírus da leucemia felina (FeLV)

são dois retrovírus clinicamente importantes que afetam a saúde de gatos

domésticos e de felinos selvagens em todo o mundo (COURCHAMP et al., 1997;

FILONI et al., 2012). Sua distribuição varia consideravelmente dependendo da

região de estudo e da população felina avaliada (LEVY et al., 2008; GLEICH et al,

2009).Os fatores associados à infecção pelo FIV e/ou FeLV estão diretamente

relacionados com as vias de transmissão do vírus e a susceptibilidade do hospedeiro

(COURCHAMP et al., 1998; HARTMANN, 2011).

Os gatos disseminam os retrovírus através da saliva infectada, seja pela

mordida ou comportamento social (LUTZ; JARRETT, 1987; BURKAHARD; DEAN,

2003), perpetuando duas doenças de alta morbidade entre os animais susceptíveis.

Os sinais clínicos variam dependendo do estágio de infecção, os mais severos são

quadros de anemia não regenerativa, desordens proliferativas como linfomas e

leucemias e distúrbios neurológicos (HOSIE et al., 2009; GREGGS et al., 2011).

Durante a fase de imunossupressão induzida pelo FIV e/ou FeLV, o

hospedeiro fica predispondo a infecções secundárias, algumas com potencial

zoonótico (BENDINELLI et al., 1995). Toxoplasma gondii é relatado como um grave

agente oportunista em felinos infectados pelos retrovírus, e esse protozoário

desempenha papel importante na saúde pública, podendo causar má formações

fetais e morte de pacientes humanos imunodeprimidos (LUCAS et al., 1998; HILL,

DUBEY, 2002)

Atualmente os testes sorológicos e moleculares são os mais utilizados na

rotina devido o fácil acesso e custo. O uso conjunto das técnicas permite o

reconhecimento de um maior número de gatos positivos em diferentes estágios de

infecção (TORRES et al., 2005; LITTLE et al., 2011).

Tendo em vista a severidade das doenças induzidas pelos vírus da

imunodeficiência felina e da leucemia felina, e a ausência de informações sobre

essas infecções no Nordeste do Brasil (que tem um contingente de

aproximadamente 3 milhões de gatos), a realização de estudos observacionais, se

justificam, para uma melhor compreensão da dinâmica da infecção por estes

agentes em gatos domésticos da região.

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15

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Determinar as frequências do vírus da imunodeficiência felina e do vírus da

leucemia felina e os fatores associados às infecções em felinos domésticos da

microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia.

2.2 Objetivos específicos

Estimar a frequência das infecções por FIV e FeLV em gatos domésticos na

microrregião de estudo;

Associar a presença do FIV e/ou FeLV com as infecções por Toxoplasma

gondii;

Determinar os fatores associados à infecção;

Avaliar o padrão hematológico e bioquímico dos animais infectados

naturalmente pelo FIV e/ou FeLV .

3REVISÃO DE LITERATURA

3.1Vírus da imunodeficiência felina (FIV)

3.1.1 Vírus

Descoberto por Pedersen e colaboradores em 1986, o vírus da

imunodeficiência felina (FIV) foi isolado pela primeira vez em um gato com sorologia

negativa para FeLV e que apresentava sinais clínicos característicos de uma

síndrome de desordem imunológica (PEDERSEN et al., 1987). Pertencente à família

Retroviridae, subfamília Orthoretrovirinae e gênero Lentivirus, o FIV é considerado

um importante modelo para estudo da patogênese das infecções pelo vírus da

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imunodeficiência humana (HIV), uma vez que possuem características biológicas

semelhantes e promovem desordens clínicas e imunológicas similares (PEDERSEN

et al., 1989; DEAN et al., 1996; BURKHARD; DEAN, 2003).

O FIV possui como material genético duas moléculas de RNA de fita simples

que pela ação da enzima transcriptase reversa e de outras enzimas dão origem a

cópias de DNA. Esse DNA pró-viral integra-se ao DNA cromossômico do hospedeiro

capacitando o vírus a se replicar junto à célula infectada. A presença desta enzima e

a inserção do DNA pró-viral no genoma são característica diferenciais dos retrovírus,

promovendo a persistência desses vírus no seu hospedeiro (JARRETT, 1999;

HOSIE et al., 2009).

O DNA pró-viral é constituído por duas regiões de longas repetições terminais

(LTR) que estão envolvidos na replicação viral, flanqueando três genes principais -

gag, pol e env - e outros dois genes acessórios - rev e vif (Figura 1) (BENDINELLI et

al., 1995).

Figura 1 - Representação do DNA pró-viral do FIV. No centro os três genes principais (gag, pol e env) e os genes acessórios (vif e rev), ladeado pelas LTR nas exterminadas 5’e 3’ (DUNHAM; GRAHAM, 2008, adaptado).

O gene gag codifica proteínas estruturais internas do vírus que incluem as

proteínas da matriz (p15), capsídeo (p24) e do nucleocapsídeo (p10). O gene pol é

responsável por enzimas envolvidas na replicação e integração, como a

transcriptase reversa, protease, dUTPase e integrase, que são importantes para a

virulência do vírus. O gene env codifica a proteína de superfície (gp95) e a proteína

transmembranosa (gp41) do envelope viral, as quais determinam a diversidade viral

(TALBOTT et al., 1989; DUNHAM; GRAHAM, 2008; HOSIE et al., 2009).

Os Lentivírus possuem genes acessórios como o rev e vif que codificam

proteínas não estruturais relevantes na regulação da expressão viral, replicação e

patogenicidade (BENDINELLI et al., 1995). Esses genes acessórios permitem uma

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replicação do vírus de forma mais eficiente, mantendo um padrão de transcrição

autônomo, independente da divisão celular, tornando o FIV um vírus mais

especializado que o FeLV (COLLADO et al., 2012).

3.1.2 Subtipos

Análises filogenéticas das sequências do gene env, região V3-V5,

identificaram cinco subtipos do FIV - A, B, C, D e E (HOSIE et al., 2009). Estudos

posteriores conseguiram a mesma classificação utilizando a região p17-p24 do gene

gag (HOHDATSU et al.,1998). Essas glicoproteínas que o gene env codificam estão

envolvidas na determinação do tropismo celular, atividade de fusão célula-vírus, e

também são alvos primários da resposta imunológica (BENDINELLE et al.,1995).

Os subtipos A, B e C são os mais distribuídos em todo o mundo sendo

possível encontrar os diferentes isolados em um mesmo continente, no entanto, é

evidente que existe um agrupamento geográfico (HOHDATSU et al.,1998; CAXITO

et al., 2006). O vírus do subtipo D foi identificado no Japão e Vietnã e o subtipo E na

Argentina e Japão (SODORA et al., 1994; KAKINUMA et al., 1995; PECORARO et

al., 1996). Estudos apontam para dois novos isolados, o subtipo F (DUARTE;

TAVARES, 2006) e o subtipo U-Nzenv (HAYWARD; RODRIGO, 2010).

No Brasil, estudos de caracterização molecular realizados nos Estados de

Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (CAXITO et al., 2006;

LARA et al., 2007; MARTINS et al., 2008; TEIXEIRA et al., 2011; SILVA et al., 2014),

identificaram apenas o subtipo B, entretanto, Marçola e colaboradores (2013) com

base em estudos no Distrito Federal, sugere a possível existência de um novo

subtipo devido a divergência genética encontrada com os outros isolados.

3.1.3 Transmissão

A principal forma de transmissão do FIV é através da inoculação do vírus por

ferimentos de mordedura durante lutas por território/comida e no acasalamento,

logo, devido ao comportamento natural, gatos machos adultos são mais susceptíveis

de serem infectados (BURKAHARD; DEAN, 2003; DUNHAM; GRAHAM, 2008).

Estudos demonstraram a presença do FIV na glândula salivar já na primeira semana

após infecção (MATTEUCCI et al., 1993).

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18

A transmissão intra-uterina de múltiplos isolados (A, B e C) já foi

demonstrada, ocorrendo uma variabilidade entre eles na prevalência da transmissão

e na distribuição das cargas pró-virais nos tecidos fetais (ROGERS;HOOVER, 2002).

Na natureza, Medeiros et al. (2012) encontraram evidencias de transmissão entre

mães FIV-positivas e filhotes, além de relatar leitegadas de tamanho menor e

presença de abortos. Acredita-se que a transmissão vertical em animais

naturalmente infectados ocorra apenas durante a fase de viremia (BURKHARD;

DEAN, 2003).

Durante o processo de nascimento, via colostro ou através dos cuidados de

enfermagem da mãe, há um grande risco de exposição desses filhotes ao FIV

(O’NEIL et al., 1996). Sellon et al. (1994) demonstraram experimentalmente a

transmissão do FIV através do leite em gatas com infecção aguda. Apesar da

disseminação venérea não estar bem documentada na natureza, gatos infectados

experimentalmente por inoculação do vírus no nariz, boca, vagina e reto

apresentaram a doença (HOSIE et al., 2009).

3.1.4 Patogenia

Após a exposição, a replicação viral ocorre primeiramente nas glândulas

salivares e nos gânglios linfáticos regionais. Estudos demonstram a presença do

vírus nos tecidos salivares e linfáticos já na primeira semana após a inoculação,

sugerindo que representem locais de início da migração e replicação do FIV

(MATTEUCCI et al., 1993). Os linfócitos T CD4 (T-helper), são as células alvos do

FIV em tecidos como timo, medula óssea, gânglios linfáticos, baço, tonsilas e

linfonodos do intestino, só depois o vírus atinge órgãos como o pulmão, fígado e rins

(BEEBE et al., 1994). A liberação de novas particulas virais, pico da viremia, ocorre

dentro de 8 a 12 semanas após a infecção (DUNHAM; GRAHAM, 2008).

Estudos da cinética das infecções pelo FIV demonstram que apesar do

tropismo por linfócitos T CD4, o receptor primário deste vírus é o CD134, sendo

possível infectar células negativas para o determinante antigênico CD4, desde que

essas sejam positivas para o CD134, tais como células CD8, linfócitos B, células

dentríticas, monócitos e macrófagos (BEEBE et al., 1994; DEAN et al., 1996;

BURKHARD; DEAN, 2003).

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Tal como o HIV, FIV é conhecido por ser altamente citopático para linfócitos T,

promovendo o declínio na porcentagem de células T CD4 e uma diminuição da

razão CD4/CD8 (JARRETT, 1999). Possíveis explicações para essa perda lenta e

progressiva dos linfócitos T CD4, não se baseiam apenas na destruição dessas

células infectadas frente à resposta imune ou induzidas pelo próprio vírus, é possível

que ocorra alterações na cinética da renovação dessa linhagem, levando ao

bloqueio da atividade mitótica das células progenitoras linfoides (TORTEN et al.,

1991, LEVY et al., 2008).

Torten et al. (1991) demonstraram a progressão da disfunção imune

provocada pelo FIV, onde nos primeiros 6 meses após a infecção, os gatos

apresentaram uma diminuição no número de linfócitos CD4 circulantes, porem

permaneciam com a capacidade de resposta frente a uma substância imunogênica,

essa resposta eficiente não foi mais observada num prazo de 25-44 meses pós-

infecção.

Nos estágios avançados da doença ocorre um deslocamento das células alvo

de linfócitos T para monócitos/macrófagos, possivelmente devido à rápida morte dos

linfócitos T, enquanto que os macrófagos são menos susceptíveis aos efeitos

citopáticos do FIV. Por conseguinte, acredita-se que a replicação nos macrófagos

deva ser importante para a persistência da infecção (BEEBE et al., 1994).

Ao longo do tempo, ambos os linfócitos CD4 e CD8 diminuem gradualmente e

a resposta imune mediada por células é mais afetada do que a imunidade humoral

(HOFMANN-LEHMANN et al., 1997). Condições inflamatórias crônicas, neoplásicas

e infecções por organismos intracelulares são mais comuns do que as infecções

controladas pelos anticorpos (BENDINELLI et al., 1995; LEVY et al., 2008).

A resposta humoral também está presente logo no início da infecção, com a

presença de altos títulos de anticorpos neutralizantes dirigidos para as principais

proteínas do núcleo e para glicoproteínas do envelope do FIV e tendem a

permanecer elevado durante todo o tempo de vida do animal infectado (TOZZINI et

al., 1993; HOSIE et al., 2009).

3.1.5 Estágios Clínicos

Apesar de o FIV possuir um tropismo celular muito mais amplo que o HIV, a

doença induzida nos gatos domésticos é semelhante em vários aspectos à

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imunodeficiência humana (BENDINELLI et al., 1995). O curso da infecção pelo FIV

pode ser estimado através da observação dos sinais clínicos apresentados pelo

paciente, quantificação da carga viral e resposta imunológica frente ao vírus, através

da contagem de células T CD4, e sua razão CD4 / CD8 (GOTO et al., 2002;

BURKHARD; DEAN, 2003).

Fase Aguda

Durante a fase inicial da infecção pelo FIV alguns gatos apresentam febre,

apatia, anorexia transitória e linfadenopatia generalizada, devido à estimulação

generalizada das células T e B nos centros germinativos dos gânglios linfáticos,

entre a terceira e sexta semana pós-infecção (PEDERSEN et al., 1989; CALLANAN

et al., 1992). Entretanto essa fase pode passar despercebida pelos proprietários,

uma vez que os sinais clínicos são discretos, o que dificulta o estabelecimento

precoce do diagnóstico (ZANUTTO et al., 2011).

Através da forte resposta celular e humoral induzida pelo FIV, a carga viral

plasmática diminui definindo o fim da fase aguda da infecção (HOSIE et al., 2009).

Fase Assintomática

Segue-se um período de meses a anos, em que a infecção é assintomática.

Fatores que influenciam a duração da fase assintomática incluem a patogenicidade

do isolado infectante, exposição a agentes patogênicos secundários, e a idade do

gato no momento da infecção (HARTMANN, 2011).

Durante este tempo, ocorre à disfunção progressiva sistema imune (LEVY et

al., 2008). Ishida et al. (1992) demonstraram que cerca de um terço dos gatos

naturalmente infectados pelo FIV na fase assintomática desenvolvem doenças

debilitantes em 2 anos, diferente do que foi observado por Hofmann-Lehmann et al.

(1997) em gatos experimentalmente infectados que tiveram uma sobrevida superior

a 6 anos.

A presença de animais assintomáticos dificulta o diagnóstico e o tratamento.

As células possuem o DNA viral, porem são negativas para o RNA viral, portanto,

são efetivamente invisíveis para terapia farmacológica e vigilância imunológica,

persistindo como fonte para a reativação viral (MURPHY et al., 2012).

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Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

Neste estágio uma alta carga viral está presente uma vez que há um declínio

de linfócitos T CD4 e T CD8, onde o sistema imune já não consegue eliminar o vírus

de maneira eficiente (GOTO et al., 2002). Este estágio terminal é geralmente

caracterizado por uma linfadenopatia persistente, infecções crônicas secundárias,

neoplasias e distúrbios neurológicos (PEDERSEN et al., 1989; ISHIDA et al., 1992),

que aparecem por volta dos 4 a 6 anos de idade (ISHIDA et al., 1992; HOSIE et al.,

2009).

Os sinais clínicos surgem como resultado direto do vírus ou como

consequência da síndrome da imunodeficiência que se associa a infecções

secundárias que incluem o complexo respiratório felino, toxoplasmose, candidíase,

hemoplasmas e demodicose, agravando o quadro clínico rapidamente (BENDINELLI

et al., 1995). Achados usuais como perda de peso, estomatite, gengivite, diarreia

geralmente estão presentes (PEDERSEN et al., 1989). Vale ressaltar que os sinais

clínicos são muito inespecíficos, e uma alta porcentagem de animais com

manifestações sugestivas de infecção pelo FIV ou por FeLV são negativos para

ambos os retrovírus (ARJONA et al., 2000).

Apesar do FIV não ser considerado um vírus indutor de neoplasias, é sabido

que gatos infectados tem maior probabilidade de desenvolver linfomas e outras

doenças mieloproliferativas (CALLANAN et al., 1996; MAGDEN et al., 2011). As

doenças neurológicas também acontecem numa parcela pequena de gatos e

provocam alterações como demência, comportamento psicótico, atraso nos reflexos

pupilares e ataxia (PEDERSEN et al., 1989; PHILLIPS et al., 1994).

Apesar de existirem diferentes maneiras de dividir os estágios clínicos da FIV,

ainda há dificuldade em fazê-lo, uma vez que não existe uma distinção clara entre as

fases em gatos naturalmente infectados, e nem todas as fases são evidentes. Além

disso, gatos com alta carga viral e sinais clínicos graves podem recuperar-se

totalmente com cuidados adequados e voltar a uma fase assintomática, diferente do

que acontece com pessoas infectadas pelo HIV (GOTO et al., 2002; HARTMANN,

2011).

A associação entre os subtipos e as manifestações clínicas ainda não está

totalmente esclarecida, especula-se que devido aos diferentes tropismos celulares

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apresentado pelos isolados do FIV, a patogenicidade e os sinais clínicos também

deverão se manifestar de formas distintas (BURKHARD; DEAN, 2003).

3.1.6 Alterações Laboratoriais

É comum a presença de citopenia como um reflexo direto do próprio vírus no

sangue periférico ou de doenças concomitantes, além das anormalidades

provocadas na medula óssea, diminuindo o número de células progenitoras e assim

alterando toda a cinética de produção das diferentes linhagens (LINENBERGER;

ABKOWITZ; 1995). Um efeito direto na granulopoiese também foi sugerido por

Callanan et al. (1992) em animais acompanhados por um período de 12 meses que

apresentavam episódios de neutropenia e linfopenia.

Eventualmente pode ocorrer neutropenia na fase aguda muitas vezes

associada a uma leve a moderada leucopenia que dura alguns dias à semanas

antes de desaparecer completamente (PEDERSEN, et al., 1989; LINEMBERGER;

ABKOWITZ, 1995). O desenvolvimento da fase terminal da infecção pelo FIV muitas

vezes é anunciado pelo reaparecimento de leucopenia associada a neutropenia e

linfopenia, e anemia moderada à severa, bem como, trombocitopenia devido a

destruição periférica das plaquetas (SHELTON et al., 1990).

Com relação a alterações bioquímicas, Hofmann-Lehmann et al. (1997),

observaram aumento dos valores de glicose e proteínas totais, sugerindo uma

mudança no metabolismo energético e uma hipergamaglobulinemia,

respectivamente; e uma diminuição nos níveis de colesterol no início da infecção e

aumento dos valores de triglicerideos na fase terminal da doença, alteração estas

atribuída ao metabolismo lipídico que sofre influência nas infecções. Devido à

estimulação desequilibrada da resposta humoral, muitos animais apresentem

deposição de imunocomplexos nos rins alterando valores de uréia e creatinina

(HOSIE et al., 2009).

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3.2Vírus da leucemia felina (FeLV)

3.2.1 Vírus

O vírus da leucemia felina partilha da mesma família e subfamília do FIV,

porém pertence ao gênero Gammaretrovirus. Partículas virais foram isoladas pela

primeira vez em 1964 por William Jarrett em um grupo de gatos com linfoma

(JARRETT et al., 1964). O FeLV foi descrito como um vírus semelhante ao vírus da

leucemia de murinos (MuLV), indicando uma possível incorporação do MuLV ao

genoma de algum ancestral do gato dando origem ao enFeLV (FeLV endógeno) e

ao FeLV exógeno presente na natureza (GREGGS et al., 2011; WILLETT; HOSIE,

2013).

O FeLV possui como material genético duas moléculas de RNA de fita

simples. O RNA é transcrito em DNA (pró-vírus) pela transcriptase reversa e é

integrado ao genoma celular. O pró-vírus contém sequências repetidas (LTR) nas

extremidades 3’e 5’ com função regulatória e de controle da expressão dos genes

virais (DUNHAM; GRAHAM, 2008). Entre as LTRs encontram-se os genes gag, pol e

env. O gene gag codifica proteínas do capsídeo (p27), da matriz (p15c) e do

nucleocapsídeo (p10), opol codifica proteínas envolvidas na replicação viral, a

transcriptase reversa e a integrase, o env codifica proteínas do envelope viral, a

proteína transmembranosa (p15E) e a proteína de superfície (gp70) (Figura 2)

(JARRETT, 1999; LUTZ, et al., 2009).

Figura 2 - Representação esquemática do DNA pró-viral do FeLV. Os LTR presentes nas extremidades, flanqueando os genes gag, pol e env(DUNHAM; GRAHAM, 2008, adaptado).

Por ser um vírus mais simples que o FIV, o FeLV utiliza de outros

mecanismos para sua manutenção além da presença da enzima transcriptase

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reversa. Esse vírus tem predileção por células que estão em processo de divisão

ativa, tais como células da medula óssea e do intestino delgado (COLLADO et al.,

2012). Além de induzir uma evasão imune através de modificações funcionais e

estruturais de uma parte das proteínas expressas pelo gene gag, sendo estas

menos reconhecidas pelos anticorpos, permitindo desta maneira que o vírus persista

sem obstáculos no seu hospedeiro (ROJKO; OLSEN, 1984; JARRETT, 1999).

3.2.2 Subtipos

A grande variabilidade do FeLV na natureza normalmente está associado com

doença grave, entretanto, esse vírus é essencialmente não-patogênico. Uma das

razões para essa patogenicidade é a alta frequência de mutações no gene env, que

codifica as proteínas de superfície, determinando variações biológicas virais como o

reconhecimento e afinidade a receptores celulares, cinética da replicação e/ou o

potencial patogênico da variante (OVERBAUGH; BANGHAM, 2001). Outro motivo é

a recombinação com genes do vírus endógeno (JARRETT, 1999). Os vírus

endógenos (enFeLV) são transmitidos horizontalmente, sendo estes, sequencias

incompletas que podem expressar proteínas virais de tempos em tempos, porém

sozinhos não dão origem a vírus viáveis (ROKJO; OLSEN, 1984; GREGGS et al.,

2011).

O FeLV-A é o subtipo mais encontrado em gatos naturalmente infectados,

sendo considerado a forma transmissível do FeLV, que recombinando-se com

sequências do enFeLV originando o subtipo-B (ROKJO; OLSEN, 1984, DUNHAM;

GRAHAM, 2008). O FeLV-C surge a partir das mutações no gene env do FeLV-

A,possivelmente devido uma resposta a pressão seletiva por parte do hospedeiro,

seja para escapar da resposta imune adaptativa ou devido a disponibilidade de

receptor nos tecidos em que o vírus se replica (STEWART et al., 2012). O subtipo-T

apresenta aproximadamente 96% de similaridade com o subgrupo A e surge a partir

de mutações na sequência da SU (gene env) do FeLV-A (DONAHUE et al., 1991).

Acredita-se que o surgimento dessas variantes do FeLV ocorra devido a

mecanismos de fuga do sistema imune, favorecendo a evolução na patogênese da

doença no hospedeiro (LAURING et al., 2001).

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3.2.3 Transmissão

O FeLV é transmitido horizontalmente através da saliva e de secreções

oronasais. A disseminação é favorecida pelo comportamento social dos felinos,

como hábitos de higiene mútua, no contato materno e na partilha de acessórios de

comida e água (LUTZ; JARRETT, 1987; GOMES-KELLER et al., 2006). Outros

fluidos corporais como fezes e urina, podem se tornar vias importantes de

transmissão em gatos que se apresentam no período de viremia (GOMES-KELLER

et al. 2009).

Fêmeas virêmicas podem infectar seus filhotes por via transplacentária ou

pela lactação. Os gatos que escapam da infecção via útero e leite, podem se infectar

durante os cuidados de limpeza realizados pela mãe (HARDY et al., 1976; ROJKO;

OLSEN, 1984).

3.2.4 Patogenia

Após a exposição, o vírus inicia a replicação nas células mononucleares do

tecido linfóide da orofaringe, que perdura de 2 a 7 dias. Através da via linfática e

sanguínea os vírus se difundem pelo organismo alcançando a medula óssea,

infectando células em processo de divisão. Nessa fase, que dura de 2 a 4 semanas,

a competência do sistema imune do animal é que determinará o curso final da

doença, caso não consiga debelar a infecção novos vírus serão produzidos e a

viremia será instalada atingindo todos os tecidos, podendo assim ser eliminado para

o ambiente (ROJKO; OLSEN, 1984, LUTZ; JARRETT, 1987).

A idade da exposição ao vírus aparece como um fator importante para o

desenvolvimento da infecção, animais com idade entre 2 à 8 meses tem 85% de se

tornarem FeLV-positivos(LUTZ et al., 2009).

3.2.5 Categorias da Infecção pelo FeLV

Uma das características marcantes do FeLV em relação a outros retrovírus

felinos é que o curso da infecção vai depender da resposta imunológica apresentada

pelo hospedeiro diante desse vírus. Se os mecanismos imunes induzidos

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extinguirem o vírus antes da medula óssea ser infectada há uma grande chance da

infecção ser eliminada (HARDY et al., 1976; JARRETT,1999).

De acordo com os resultados encontrados por Torres et al. (2005),

empregando o PCR em tempo real para a quantificação de DNA pró-viral nos

diferentes estágios da doença comparando os resultados obtidos com o do teste

para antígeno p27; juntamente com trabalhos de Hofmann-Lehmann et al. (2008)

que correlacionaram a quantificação de DNApró-viral, RNA viral, antigenemia (p27) e

isolamento viral, sugeriram a seguinte classificação para as diferentes categorias da

infecção pelo FeLV (Tabela 1).

Tabela 1 - Classificação dos estágios do FeLV de acordo com os diferentes testes.

Resultado exposição ao FeLV

Antígeno p27 no sangue

Vírus na cultura de

tecido

RNA viral no sangue

DNA proviral

no sangue Doença

Abortiva Negativo Negativo Negativo Negativo Não

Regressiva Negativo

ou Transiente

Variável

Negativo

ou Transiente

Positiva Não

Progressiva Positiva Positivo Positiva Positiva Sim

Atípica Variável Positivo Variável Variável Não

Adaptado de Levy et al., 2008.

Infecção Abortiva

Após a exposição ao vírus, alguns gatos imunocompetentes podem montar

uma resposta humoral e celular capaz de eliminar o vírus antes mesmo que ocorra a

integração ao genoma do hospedeiro. Nos testes realizados ocorre ausência de

DNA pró-viral, RNA viral, antígeno p27, do vírus em tecidos após exposição

(TORRES et al., 2005; HOFMANN-LEHMANN et al., 2008).

As infecções abortivas provavelmente advém de gato exposto a baixas doses

do FeLV (MAJOR et al., 2010), porém ainda é desconhecido quantas vezes essa

situação realmente ocorre na natureza, uma vez que parece pouco provável que os

animais consigam eliminar o vírus de todas as suas células (HARTMANN, 2011).

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Infecção Regressiva

Uma vez infectado o tecido linfóide da orofaringe, o vírus se espalha

sistemicamente atigindo a medula óssea. Durante esta fase os gatos têm resultados

positivos para testes que detectam antígeno livre no plasma (por exemplo ELISA),

porém o sistema imunológico monta uma resposta suficiente para impedir a

progressão da doença, e a antigenemia acaba dentro de semanas à meses

(HARTMANN, 2011).

Entretanto, o sistema imune não pode eliminar completamente o vírus do

corpo, uma vez que as informações para a replicação do vírus (DNA pró-viral) estão

presentes nas células progenitoras da medula óssea. Esta condição tem sido

chamada de "infecção latente". A base molecular de latência é a integração de uma

cópia do genoma viral (pró-vírus) no DNA cromossômico celular. Embora o DNA pró-

viral fique presente no genoma celular, ele não é traduzido em proteínas, e não são

formadas partículas virais infecciosas (HARTMANN, 2011). Este estado de latência

pode ser revertido, ou talvez nunca exista, e sim, uma presença muito baixa da

carga de RNA viral que não consiga ser detectado pelos testes (HOFMANN-

LEHMANN et al., 2008).

Essa fase é caracterizada por uma antigenemia transitória (RNA viral

transiente), seguido pelo estabelecimento de baixa à moderada carga de DNA pró-

viral (HOFMANN-LEHMANN et al., 2008).

Infecção Progressiva

Quando o sistema imunológico do animal não consegue deter a infecção, ela

progride com uma replicação intensa do vírus nos diferentes tecidos. Esses animais

permanecem persistentemente infectados pelo resto de suas vidas, com presença

do DNA pró-viral e RNA viral (HOFMANN-LEHMANN et al., 2008).

Infecções progressivas e regressivas podem ser distinguidas por testes

repetidos para antígenos do vírus em sangue periférico. Gatos com infecção

regressiva irão se tornar negativos, enquanto os gatos infectados progressivamente

permanecerão positivos (HARTMANN, 2011).

O prognóstico de gatos persistentemente virêmicos é reservado, destes, 70-

90% terão morrido dentro de 18 meses à 3 anos (HARDY et al., 1976). No trabalho

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de Addie et al. (2000), seis dos sete animais positivos para FeLV morreram dentro

de dois anos.

Infecção Atípica:

Observada em 10% dos gatos infectados experimentalmente. É caracterizada

por uma persistente replicação viral em locais atípicos (glândulas mamarias, bexiga,

olhos). Nesses animais, testes que detectam o antígeno podem ter resultado fraco

positivo ou podem alternar entre resultados positivos e negativos, uma vez que a

produção de antígenos pode ser baixa ou intermitente (LEVY et al., 2008).

Os animais persistentemente virêmicos apresentam como sinais clínicos

principais: doenças imunossupressivas severas, anemias não regenerativas e

neoplasias (JARRETT, 1999; HOFMANN-LEHMANN et al., 1997).

As infecções pelo FeLV induzem a um estado de imunossupressão mais

severo que o FIV, predispondo a infecções secundárias e a piora do quadro clínico

do animal. Esta se deve a perda progressiva dos linfócitos T e B, e especula-se que

o vírus também cause uma desordem mieloproliferativa, com produção de neutrófilos

ineficientes, além de impedir que os linfócitos sofram mitoses devido à ação da

p15E, proteína do envelope viral, que tem atividade imunossupressora (LAFRADO et

al., 1987; GREGGS et al., 2011).

Normalmente os quadros de anemia são acompanhados por uma diminuição

de todas as linhagens celulares, devido a alterações na função das células

infectadas ou expressão de antígenos na superfície levando a destruição

imunomediada (HARTMANN et al., 2011).

Os linfomas e as leucemias ocorrem com maior frequência nos animais FeLV

positivos, porém qualquer doença citoproliferativa pode estar associada. Acredita-se

que o desenvolvimento desses tumores tenha origem no momento da inserção do

DNA viral no genoma do hospedeiro, interrompendo ou desregulando a expressão

de proteínas envolvidas na manutenção da célula (LUTZ et al., 2009; GREGGS et

al., 2011).

O prognóstico clínico também é influenciado pelo subtipo isolado no animal.

Gatos positivos para o FeLV-A e FeLV-B têm um risco maior de desenvolver linfoma

do que gatos apenas infectados pelo FeLV-A. O FeLV-C desencadeia uma aplasia

da linhagem eritróide, desenvolvendo uma anemia arregenerativa em poucas

semanas. O FeLV-T é descrito como um forte indutor de imunodeficiência devido

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seu efeito citopático direto ou induzindo apoptose dos linfócitos T (JARRETT, 1999;

GREGGS et al., 2011; STEWART et al., 2012; WILLETT; HOSIE, 2013)

3.2.6 Alterações Laboratoriais

As doenças hematológicas mais comuns descritas em associação com FeLV

incluem anemia persistente, neutropenias cíclicas e anormalidades na contagem de

plaquetas (LINENBERGER; ABKOWITZ, 1995; JARRETT, 1999). Acredita-se que

das anemias associadas a animais FeLV positivos, apenas 10% são provocadas por

hemólise imunomediada ou por infecções secundárias por hemoparasitas, os outros

90% estão associados a mielossupressão provocada pelo vírus (STUTZER et al.,

2009).

Collado et al. (2012) observaram que animais FeLV-positivos com sinais

clínicos apresentavam uma tendência maior em ter contagens de eritrócitos

subnormais do que aqueles sem sinais. Bardshiri et al. (2011) encontraram

resultados similares, sendo a anemia, linfopenia e neutropenia as alterações mais

frequentes em gatos FeLV-positivos.

Valores alterados de aspartato aminotransferase (AST) e uréia foram

observados nos animais infectados pelo FeLV, sendo que o aumento deste ultimo

parâmetro pode ser explicado devido a deposição de imunocomplexos, levando a

disfunção renal (HOFMANN-LEHMANN et al., 1997).

3.3 Prevalência

Desde a descoberta do FIV e FeLV muitos estudos têm sido realizados em

todo o mundo determinando as prevalências que variam de 2,5 a 31,3% e de 2,3 a

30,4%, respectivamente (ARJONA et al., 2000; LEVY et al., 2006; BANDE et al.,

2012) (Tabela 2). A distribuição de animais infectados pelos retrovírus varia

consideravelmente dependendo da região geográfica, população felina avaliada e

método de diagnóstico escolhido (LEVY et al., 2008; GLEICH et al). No Brasil as

infecções por FIV e FeLV já foram detectadas por meio de pesquisas usando

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técnicas sorológicas e moleculares em gatos domésticos de origens distintas,

demostrando a presença dos dois retrovírus em diferentes estados (Tabela 3).

De acordo com Courchamp et al. (1997), uma vez introduzido o FIV na

população, este se espalha e é mantido durante os anos, enquanto o FeLV pode

desaparecer ou persistir, sendo que os dois retrovírus nunca induzem a extinção da

população. Tal fato pode ser explicado pelo baixo impacto do FIV na expectativa de

vida dos animais infectados, bem como a capacidade do FeLV extinguir a infecção

(HOFMANN-LEHMANN et al., 1997).

A prevalência das infecções pelo FeLV tem diminuído durante os últimos anos

possivelmente devido a introdução de testes de diagnósticos na rotina clínica,

permitindo assim o isolamento dos animais infectados e a vacinação dos grupos de

risco (ARJONA et al., 2000; LEVY et al., 2008; GLEICH et al., 2009). O mesmo não

é observado em alguns países como o Brasil, onde o diagnóstico para a Leucemia

Viral Felina ainda é restrito devido ao seu custo elevado, afetando diretamente a

utilização da vacina (ALMEIDA et al., 2012). Medidas de remoção e isolamento dos

animais positivos também são formas importantes de impedir a propagação dessas

doenças (LITTLE et al., 2011).

Os fatores de risco associados a presença do FIV e/ou FeLV estão

intimamente relacionados com as rotas de infecção do vírus e a susceptibilidade do

hospedeiro, por isso gatos machos, jovens, que tem acesso a rua ou que vivem em

locais com alta densidade populacional estão em maior risco de terem contato com

os agentes (COURCHAMP et al., 1998; HARTMANN, 2011).

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Tabela 2 –Frequência do FIV e FeLVno mundo, métodos de diagnóstico utilizados e tipo de população de gatos selecionadas.

País População

selecionada Método

Diagnóstico n FIV FIV (%) FeLV

FeLV (%)

FIV e FeLV

FIV e FeLV (%)

Referência

Malásia Animais doentes e

sadios ELISA 368 115 31,3% 45 12,2% 16 4,3% Bande et al., 2012

Alemanha Animais doentes e

sadios ELISA 17.472 563 3,2% 638 3,6% 42 0,2% Gleichet al., 2009

Espanha Animais sadios ELISA 180 14 8,3% 27 15,16% 2 1,1% Arjona et al., 2000

Espanha Animais doentes ELISA 115 15 13,8% 34 30,4% 3 2,6%

Japão Animais sadios ELISA 1.088 107 9,8% 32 2,9% NA NA Maruyama et al., 2003

Estados Unidos Animais doentes e

sadios ELISA 18.038 450 2,5% 414 2,3% 54 0,3% Levy et al., 2006

Japão Animais doentes e

sadios ELISA 3.323 960 28,9% NA NA NA NA Ishida, et al., 1989

NA= Não avaliado

3

1

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32

Tabela 3–Frequência do FIV e FeLVno Brasil, métodos de diagnóstico utilizados e tipo de população de gatos selecionadas.

Estado População selecionada Método

Diagnóstico n FIV FIV (%) FeLV

FeLV (%)

FIV e FeLV

FIV e FeLV (%)

Referência

Rio de Janeiro Animais atendidos em

clínica ELISA 149 25 16,70% 39 26,17% 8 5,36% Macieira et al., 2008

Distrito Federal Animais doentes e sadios nested-PCR 200 4 2% 1 0,50% 1 0,50% Marçolaet al., 2013

Distrito Federal Animais doentes e sadios nested- PCR 267 6 2,24% 53 19,85% 4 1,49% Aquino, 2012

São Paulo Animais doentes e sadios ELISA 401 47 11,7% 32 8% 1 0,25% Reche Jr. et al., 1997

São Paulo Animais doentes e sadios ELISA 302 17 5,63% 1 0,33% Sobrinho et al., 2011

Rio Grande do Sul

Animais doentes e sadios nested-PCR 70 11 15,70% NA NA NA NA Silva et al, 2014

São Paulo Animais doentes e sadios nested-PCR 454 67 14,70% NA NA NA NA Lara et al., 2008

Minas Gerais Animais de abrigo ELISA 40 NA NA 13 32,50% NA NA Teixeira et al., 2007

Rio de Janeiro Animais doentes e sadios RIFI 1094 NA NA 126 11,52% NA NA Almeida, et al., 2012

Minas Gerais Animais doentes e sadios nested-PCR 1072 NA NA 507 47,50% NA NA Coelho et al., 2011

São Paulo Animais doentes e sadios RIFI 812 NA NA 50 6,20% NA NA Jorge, et al., 2011

NA= não avaliado

32

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33

3.4 Diagnóstico

O diagnóstico das infecções por FIV e FeLV é feito pela associação dos sinais

clínicos apresentados pelo paciente com exames laboratoriais complementares

(TEIXEIRA et al., 2007), sendo importante tanto para os animais não infectados,

onde os proprietários podem tomar medidas preventivas como a vacinação e

segregação dos animais doentes, mas também é essencial o diagnóstico para

aqueles que são positivos e assim poderem receber os cuidados necessários

(ARJONA et al., 2000; LEVY et al.,2008).

Rotineiramente as infecções pelo FIV e FeLV são diagnosticadas por meio de

testes sorológicos. Para o FIV pesquisa-se anticorpos neutralizantes contra as

proteínas do capsídeo (como a p24 e p15) e uma das glicoproteínas do envelope

viral (gp41), estas podem ser detectados em 4 a 8 semanas após a infecção (HOSIE

et al.,2009; LITTLE et al., 2011). Porém resultados falto-negativos podem ser

encontrados nos animais em estágios terminais, nos quais os títulos de anticorpos

diminuem (ARJONA et al., 2007); e falso-positivos podem ocorrer em gatinhos

jovens oriundos de prole de mães positivas, devido à transferência de anticorpos

maternos através da placenta ou colostro (MORTOLA et al., 2004). Para o FeLV

utiliza-se da detecção de antígenos solúveis, proteína p27 do capsídeo, sendo

recomentado o teste 30 dias após a exposição (LITTLE et al., 2011). Um resultado

positivo pode indicar infecção transitória ou persistente, sendo indicada a repetição

do teste dentro de 30 dias, ou utilizar outra técnica de diagnóstico como a PCR

(LEVY et al., 2008).

O isolamento viral é considerado o teste ouro, e pode ser realizado para os

dois retrovírus, porém por ser mais trabalhoso e não estar disponível em todos os

laboratórios não é utilizado na rotina (LEVY et al., 2008; LITTLE et al., 2011). A

reação de imunofluorescência indireta do sangue ou medula é um teste com baixa

taxa de discrepância se comparado as outras técnicas sorológicas (MORTOLA et

al.,2004), porém sua sensibilidade é muito menor quando comparado ao isolamento

viral. Animais FeLV positivos só serão positivos para a imunofluorescência caso

ocorra a infecção da medula (segunda viremia), e o teste pode apresentar falso-

negativos em animais leucopênicos (LUTZ et al., 2009; LITTLE et al., 2011).

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A PCR para a detecção do DNA pró-viral nas células mononucleares do

sangue periférico vem sendo amplamente usado para o diagnóstico do FIV e FeLV.

Sua utilização é independentemente da presença de anticorpos para o FIV ou

viremia (RNA plasmático) para o FeLV, permitindo a identificação de gatos com

infecção latente (HOFMANN-LEHMANN et al., 2001; TORRES et al., 2005). Além

disso, o desenvolvimento da nested-PCR, com a utilização de pares de iniciadores

externos e internos permitiu o aumento da sensibilidade da técnica (MIYAZAWA;

JARRETT, 1997; HOHDATSU et al., 1998).

O desenvolvimento da PCR em tempo real contribuiu para o conhecimento da

dinâmica das infecções retrovirais (HOFMANN-LEHMANN et al., 2001), uma vez que

permite a detecção do vírus e também a quantificação do DNA e RNA viral (LUTZ et

al., 2009; LITTLE et al., 2011). Essa técnica adicionou uma nova dimensão para o

diagnóstico das infecções pelo FeLV permitindo uma classificação correta do estágio

que o animal se encontra (LUTZ et al., 2009). A dosagem da carga de RNA viral

também se mostrou como um bom marcador do estágio clínico de gatos infectados

pelo FIV, permitindo uma melhor compreensão do estado imunológico e antecipando

o possível prognóstico desses animais. Essa técnica também tem sido utilizada

como um indicador da eficácia terapêutica dos antivirais (GOTO et al., 2002).

3.5 Tratamento

Embora o FIV possa provocar uma síndrome de imunodeficiência adquirida

em gatos, aumentando os riscos de infecções oportunistas, doenças neurológicas e

tumores, a maioria dos gatos naturalmente infectados vive por muitos anos, diferente

das infecções progressivas do FeLV que estão associadas a diminuição da

expectativa de vida. Diante dessas duas doenças, cada vez mais proprietários optam

por fornecer tratamento para os seus gatos, alcançando resultados satisfatórios e

melhorando a qualidade de vida desses animais (HOSIE et al., 2009; HARTMANN,

2011).

Normalmente esses animais FIV e/ou FeLV positivos recebem tratamento de

suporte para amenizar as alterações clínicas provocadas pelas infecções

secundárias. Estas costumam responder bem aos tratamentos nas fases iniciais,

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mas tornam-se refratários com o passar do tempo, provavelmente devido à

deterioração do sistema imune (PEDERSEN et al., 1989). Callanan et al. (1992)

observaram que animais experimentalmente infectados pelo FIV apresentando febre

e apatia, responderam bem ao tratamento com antibióticos. Os corticoides são

utilizados em casos de estomatite ou doenças imunomediadas induzidas pelo FeLV

(HOSIE et al.,2009). Fluidoterapia, tranfusões de sangue, drogas antiparasitárias e

antifúgicas, entre outras, podem se fazer necessárias em animais muito debilitados

(LUTZ et al., 2009; DOMENÉCH et al., 2011).

A eficácia dos antivirais no tratamento do FIV e FeLV é limitado, muitas

dessas drogas utilizadas em seres humanos são tóxicas para gatos (HOSIE et al.,

2009), ou sua ação é transitória devido a alta frequencia de mutações virais

(BENDINELLI et al., 1995). O composto anti-retroviral mais utilizado rotineiramente é

a azidotimidina (AZT), nos retrovírus ele inibe a replicação diminuindo a carga viral,

favorecendo a melhora imunológica e o estado clínico do animal (LUTZ et al., 2009;

GÓMEZ et al., 2012), porem não há estudos bem desenhados demonstrando a

eficácia do AZT em prolongar a vida dos gatos com infecção estabelecida, além de

induzir efeitos colaterais tais como anemia, vômito e anorexia (GREGGS et al.,

2011).

Os imunomoduladores, principalmente os interferons tipo I, tem sido

propostos para o tratamento das desordens provocadas pelo HIV, e tem alcançado

uma resposta satisfatória nos animais FIV e/ou FeLV positivos. Seu mecanismo de

ação não está totalmente elucidado, porém já se sabe que induzem a expressão de

genes específicos que codificam citocinas envolvidas na imunidade inata, além de

efeitos anti-proliferativos e ações anti-inflamatórias (DOMENÉCH et al., 2011; GIL et

al., 2013).

Para o sucesso do tratamento é necessário que o diagnóstico ocorra

precocemente. Nesses animais espera-se que o sistema imune ainda esteja

totalmente funcional e que os órgãos não estejam lesionados pelas infecções, desse

modo a terapia é melhor tolerada (GÓMEZ et al., 2012).

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36

3.6 Coinfecções

É sabido que as infecções por FIV e/ou FeLV são acompanhadas por um

quadro de imunossupressão devido a alterações na contagem de linfócitos CD4 e

CD8 (COLLATO et al., 2012), que predispõem os gatos a uma variedade de

patógenos oportunistas como os hemoplasma, coccidioses, herpesvirus, calicivírus

felino e Toxoplasma gondii (ROJKO; OLSEN et al., 1984).

O Toxoplasma gondii infecta uma ampla variedade de hospedeiros, tendo os

felídeos papel importante na epidemiologia desse agente, uma vez que são os

únicos hospedeiros definitivos conhecidos que podem excretar transitoriamente

oocistos no ambiente (DUBEY, 2008). Esse protozoário quando em contato com o

hospedeiro humano imunocompetente, causa uma resposta imune celular eficaz,

não desenvolvendo sinais clínicos da doença. Porém em uma pequena porcentagem

da população a doença pode evoluir e levar a morte, principalmente em fetos de

gestantes primo infectadas e em indivíduos imunossuprimidos, por exemplo, HIV

positivos. (HILL; DUBEY, 2002).

Normalmente os gatos tem o primeiro contato com T. gondii até os 6 meses

de vida, liberando os oocistos por um curto período de tempo e depois adquirem

uma imunidade intestinal e normalmente não voltam a reeliminar os mesmos

(DUBEY, 2008). No entanto, acredita-se que os quadros de imunossupressão

desencadeados pelo FIV e FeLV possa reativar uma infecção latente pelo T. gondii,

tornando-se fatores de risco para a toxoplasmose humana(WITT et al., 1989).

Diante do possível potencial zoonótico, muitos trabalhos são realizado para

determinar as coinfecções entre o FIV e/ou FeLV e as infecções toxoplásmicas. As

soroprevalência encontradas para T. gondii, variam de 2,5%-66,6% para FIV

positivos, e 1,5%-35% FeLV positivos (LUCAS et al., 1998; AKHTARDANESH et al.,

2010, SPADA et al., 2012)

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37

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local de Realização do Estudo

O estudo foi realizado nas cidades de Ilhéus e Itabuna (latitude14º47’’S;

longitude39º02’’W e latitude14º47’’S; longitude 39º16’’W, respectivamente) inseridas

na microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia. A microrregião de Ilhéus-Itabuna pertence à

mesorregião Sul Baiano e é a microrregião da Bahia que possui o maior número de

municípios, sendo 41 no total, com área de 21.308,944km². As cidades apresentam

uma população humana de aproximadamente 473.000 habitantes (IBGE, 2010).

4.2Coleta do Material Biológico

No período de fevereiro de 2012 a abril de 2013 foram coletadas por

conveniência amostras de 201 gatos domésticos heterogêneos em idade, sexo e

raça. Foram coletados 4mL de sangue por punção venosa, cefálica ou jugular de

cada animal, sendo 1mL acondicionado em tubo com EDTA a 11% para realização

de hemograma e extração do DNA, 2 mL de sangue em tubos sem EDTA para

obtenção do soro sanguíneo para a realização de perfil bioquímico sérico e

sorologia. Os valores obtidos em todas as análises foram tabulados em pacote

Excel.

O projeto obedeceu aos princípios de bioética e bem estar animal do Comitê

de Ética no Uso dos Animais (CEUA-UESC), recebendo o número de protocolo

011/12.

4.3 Coleta de Dados

Os proprietários foram submetidos a uma entrevista semi-estruturada no

momento das coletas, em busca de informações sobre os hábitos e manejos dos

animais com vistas à determinação dos fatores associados à infecção (Anexo A).

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4.4 Análise Hematológica e Bioquímica

Para realização do hemograma completo dos animais utilizou-se o contador

automático hematológico uso veterinário (ABX VET- Horiba®). O hematócrito (VG)

foi determinado pela técnica do microhematócrito. As proteínas plasmáticas totais

foram determinadas com o auxílio do refratômetro. Os esfregaços sanguíneos foram

fixados em metanol por cinco minutos e corados com Giemsa-Doles® durante 30

minutos para a contagem da leucometria específica e observação da morfologia das

células sanguíneas. Os valores de referência utilizados foram de acordo com Jain

(1993).

Para a determinação da contagem de reticulócitos foram utilizadas partes

iguais de sangue e corante azul cresil brilhante em um tubo de ensaio levado ao

banho-maria a 37ºC por 15 minutos e confeccionado esfregaços. Foram contados

1000 eritrócitos, entre reticulócitos e células maduras em objetiva de imersão

(100%), como proposto por Harvey (2001).

Para a determinação da alanina aminotransferase (ALT), aspartato

aminotransferase (AST), gama glutamil transpeptidase (GGT), bilirrubina total, direta

e indireta, uréia e creatinina séricas, foram utilizados kits comerciais Labtest® e

analisador bioquímico Bioplus 2000. Os valores de referência foram baseados no

Kaneko (1997).

4.5 Sorologia para FIV e FeLV

Os soros obtidos foram testados para o ELISA comercial FIV Ac / FeLV Ag

Test Kit (Alere ®) e o resultado interpretado de acordo com as recomendações do

fabricante.

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4.6 Extração do DNA Genômico

Após a realização do hemograma o sangue total foi mantido a -20ºC até o

momento da extração do DNA genômico utilizando um kit comercial - QIAamp

DNA Blood Mini (Qiagen ®) seguindo o protocolo recomendado pelo fabricante

(Anexo B).

Após a extração as amostras foram submetidas à espectrofotometria

(NanoDrop®) para quantificar o DNA obtido e logo em seguida foram armazenados

em freezer a -20ºC até a realização da reação em cadeia de polimerase (PCR).

4.7 Realização da Reação em Cadeia da Polimerase

Todas as amostras foram submetidas à PCRs para FIV e FeLV. As amostras

que apresentaram resultado negativo foram submetidas a uma reação utilizando

oligonucleotídeos específicos para o gene da enzima GAPDH (gliceraldeído-3fosfato

desidrogenase), a fim de se verificar a integridade do DNA e a presença de

inibidores da PCR. Na Tabela 4 estão listadas as sequências dos oligonucleotídeos

utilizados para cada PCR. Os controles positivos para FIV e FeLV foram gentilmente

cedidos pelo Prof. João Pessoa Araújo Júnior (Departamento de Microbiologia e

Imunologia, Instituto de Biociências de Botucatu, UNESP-Botucatu, São Paulo). A

água ultra pura foi utilizada como controle negativo para verificar possíveis

contaminações dos reagentes. Todos os PCRs foram realizados no mesmo

termociclador Applied Biosytems (Veriti®).

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Tabela 4 - Primers utilizados nas PCRs para FIV, FeLV e GAPDH. Descrito a sequência de oligonucleotídeos, a região de origem no DNA pró-viral e o tamanho do produto amplificado.

Reação Sequência 5'-3' Região Produto Referência

FIV A2 AAT ATG ACT GTA TCT ACT GC gag 329pb

Hohdatsu et al.,1998 S2 TTT TCT TCT AGA GTA CTT TCT GG gag

NS TAT TCA AAC AGT AAA TGG AG gag NA CTG CTT GTT GTT CTT GAG TT gag

FeLV

U3-F ACA GCA GAA GTT TCA AGG CC U3/gag 601pb

Myiazawa; Jarrett, 1997 G-R GAC CAG TGA TCA AGG GTG AG U3/gag

U3-F(2) GCT CCC CAG TTG ACC AGA GT U3/gag G-R(2) GCT TCG GTA CCA AAC CGA AA U3/gag

GAPDH

GAPDH F CCT TCA TTG ACC TCA ACT ACAT

400pb Birkenheuer et al., 2003

GAPDH R CCA AAG TTG TCA TGG ATG ACC

4.7.1 Reação em Cadeia da Polimerase para detecção do DNA pró-viral do FIV

Sequências de oligonucleótídeos específicos do gene gag do FIV foram

utilizados na realização da nested-PCR para identificação do DNA pró-viral, gerando

um produto de 329pb (HOHDATSU et al., 1998).

As duas reações com volume final de 25µL foram compostas por: 10x tampão

de PCR; 2,0mM de MgCl2; 0,2mM de cada dNTP (dATP, dGTP, dCTP, dTTP); 1µM

de cada oligonucleotídeo iniciador;1,25 U de Taq DNA polimerase. Na primeira

reação foi adicionado 5µL do DNA da amostra a ser testada, e 2µL do produto dessa

reação foi adicionada a segunda reação para amplificação. A água ultra pura estéril

foi utilizada para completar o volume da reação.

Ambas as reações utilizaram o mesmo protocolo de amplificação com

temperatura inicial de 95°C por 5 minutos, seguidos de 30 ciclos a 95°C por 45

segundos, 58°C por 45 segundos e 72°C por 45 segundos, extensão final a 72°C por

5 minutos, protocolo segundo Marçola (2011).

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41

4.7.2 Reação em Cadeia da Polimerase para detecção do DNA pró-viral do FeLV

Para detecção do DNA pró-viral do FeLV, sequências de oligonucleotídeos

amplificam parcialmente o gene gag e a região U3 do FeLV-A, gerando um produto

de 601pb (MIYAZAWA; JARRETT, 1997).

As reações com 25µl na primeira e segunda reação da nested-PCR

continham 10x tampão de PCR; 2,0mM de MgCl2; 0,2mM de dNTPs (dATP, dGTP,

dCTP, dTTP); 0,4µMde cada oligonucleotídeo iniciador, 1,25U de Taq DNA

polimerase. Na primeira reação foi adicionado 5µL do DNA da amostra a ser testada,

e 2µL do produto dessa reação foi adicionada a segunda reação para amplificação.

A água ultra pura estéril foi utilizada para completar o volume da reação.

O protocolo no termociclador consistiu em temperatura inicial de 94°C por 7

minutos, seguida de 33 ciclos a 94°C por 55 segundos, 55,3°C por 55 segundos na

primeira reação ou 59,5°C por 55 segundos na segunda reação, e 72°C por 1 minuto

e 10 segundos; com extensão final de 72°C por 7 minutos, protocolo segundo

Guimarães (2008).

4.7.3 Reação em Cadeia da Polimerase para o GAPDH

As amostras negativas foram submetidas à PCR para o gene da enzima

GAPDH, gerando um produto de 400pb. A reação com volume final de 25µL foi

composta por 10x de tampão de PCR; 2,0mM de MgCl2; 0,2mM de cada dNTPs

(dATP, dGTP, dCTP, dTTP); 1µM de cada oligonucleotídeo iniciador, 1,25U de Taq

DNA polimerase a 5U/µL e 5µL de DNA da amostra a ser testada (BIRKENHEUER

et al., 2003).

O protocolo de amplificação foi composto de uma etapa inicial de 95°C por 5

minutos, seguida de 40 ciclos a 94°C por 30 segundos, 52°C por 1 minuto e 72°C

por 1 minuto, com extensão final de 72°C por 5 minutos.

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4.8 Revelação dos produtos da Reação em Cadeia da Polimerase

Os produtos amplificados das PCRs para FIV, FeLV e GAPDH foram

armazenados a 4°C até o momento da eletroforese em gel de agarose a 2% em

solução de corrida TE (40 mM Tris-Acetato, 2mM EDTA, pH 8), corado

posteriormente com brometo de etídio (0,5µg/mL).Foi aplicado em cada canaleta 10

µL de cada produto, acrescidos de 2 µL de tampão de amostra (glicerol 40% e azul

de bromofenol 0,02%). A corrida foi realizada a 75 V, 150 mA durante 30 min. O

tamanho dos produtos amplificados foram estimados utilizando-se um padrão de

pares de base em cada gel de corrida. A visualização dos produtos amplificados foi

realizada em transiluminador ultravioleta (UV) L.PIX (Loccus Biotecnologia) e

fotografados por um analisador de imagens acoplado.

4.9 Sorologia para Toxoplasma gondii

Para realização da sorologia para pesquisa de anticorpos contra T. gondii foi

utilizada Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), considerando como ponto de

corte a diluição de 1:64 (PINTO et al., 2009; ROSA et al., 2010). Foi utilizado

conjugado antiIgG felino Sigma (Anti-CatIgG – F4262, Sigma-Aldrich ®) na diluição

de 1:128. Para a leitura das lâminas, foi utilizado microscópio com sistema de

epifluorescência (OLYMPUS, BX 51®).

Foram consideradas positivas as reações com completa fluorescência na

periferia dos taquizoítos. As lâminas sensibilizadas com taquizoítos da cepa RH,

fixadas em formol a 10%, foram provenientes da Universidade Estadual Paulista –

UNESP, Campus Jaboticabal, bem como os controles positivo e negativo. O

protocolo de realização da RIFI encontra-se no Anexo C.

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4.10 Análise Estatística

O resultado da nested-PCR e ELISA para ambos os retrovírus, da RIFI para

T. gondii e os dados obtidos na entrevista, foram tabulados e analisados através do

programa EPI INFO versão 3.5.2, utilizando o teste qui-quadrado com correção de

Yates ou teste exato de Fisher para cada variável. A chance de ocorrer (OR) da

análise bivariada foi calculada com medidas de associação e intervalo de confiança

de 95%. As varáveis com plausibilidade biológica selecionadas foram submetidas à

correlação de Spearman (p≤ 0,2) para determinação da colinearidade, através do

programa estatístico Bioestat 5.0 (Apêndice A) e posteriormente compuseram o

modelo preliminar da regressão logística não condicional. O modelo final foi

construído através da entrada e saída das variáveis (sistema backward). Os valores

hematimétricos e bioquímicos de animais positivos e negativos para FIV e FeLV

foram comparados através do teste t student ou Mann-Whitney, com intervalo de

confiança de 95% utilizando o programa estatístico Bioestat 5.0®.

5 RESULTADOS

Dos 201 animais avaliados no presente estudo através da técnica de nested-

PCR e ELISA, 6% (12/201 - IC 3,1-10,2%) apresentaram resultados positivo para

FIV e3% (6/201 - IC 1,1%-6,4%) para FeLV. Nenhum felino foi positivo para ambos

os vírus. Nas Tabelas 5 e 6 estão apresentados os resultados descritivos completos

acerca da prevalência das infecções pelos retrovírus para ambos os testes.

Tabela 5. Diagnóstico do vírus da imunodeficiência felina pelas técnicas ELISA e nested-PCR em gatos domiciliados da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA.

nested-PCR

Positivo Negativo

Total

Positivo 7(3,5%)

4 (2%) 11 (5,5%)

ELISA

Negativo 1 (0,5%)

189(94%)

190(94,5%)

Total 8 (4%) 193(96%) 201 (100%)

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Tabela 6–Diagnóstico do vírus da leucemia felina pelas técnicas ELISA e nested-PCR em gatos domiciliados da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA.

nested-PCR

Positivo Negativo Total

Positivo 1 (0,5%)

2 (1%)

3 (1,5%)

ELISA

Negativo 3 (1,5%)

195 (97%)

197 (98,5%)

Total 4 (2%) 197 (98%) 201 (100%)

As figuras 3 e 4 apresentam produtos da amplificação na nested-PCR para o

FIV e oFeLV, respectivamente, que pode ser visualizado no gel de agarose a 2%. A

Figura 5 apresenta duas amostras positivas pelo ELISA para os retrovírus.

Figura 3 - Resultado da Nested-PCR para FIV apresentando um produto de 329pb. Colunas: 1-marcador molecular; 2-controle positivo; 3-controle negativo; 4, 5- amostras positivas.

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Figura 4 - Resultado da Nested-PCR para FeLV apresentando um produto de 601pb.Colunas: 1 marcador molecular; 2-controle positivo; 3-controle negativo; 4,5,6- amostras positivas

Figura 5 - Resultado de animais positivos pelo ELISA através da detecção dos anticorpos contra o FIV e a detecção do antígeno FeLV. A: reação positiva para o FIV. B: reação positiva para o FeLV.

Todas as amostras negativas para FIV ou FeLV, testadas para GAPDH

apresentaram um segmento de 400pb, indicando que as extrações dos DNAs foram

realizadas com êxito (Figura 6).

Figura 6 - Resultado da PCR para o GAPDH. Colunas: 1- marcador molecular; 2-controle negativo; 3,4,5,6,7,8- amostras positivas.

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A Reação de Imunofluorescência Indireta revelou um percentual de

coinfecções entre oToxoplasma gondiie os animais positivos para FIV ou FeLV de

75% (9/12) e 50% (3/6), respectivamente.

As Tabelas 7 E 8 apresentam os valores encontrados de p para as diferentes

variáveis com plausibilidade biológica para as infecções pelo FIV e FeLV,

respectivamente.

Tabela 7 - Fatores com plausibilidade biológica associados às infecções pelo FIV em gatos da microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia.

VARIÁVEIS FIV Odds ration

POSITIVOS NEGATIVOS CI 95% p

N % N %

IDADE

Maior ou igual a um 2 ano 7 7,5 86 92,5 1,6(0,5-5,4) 0,57

Menor que 2 ano 5 4,6 103 95,4

SEXO

Macho 7 6,5 100 93,5 1,2(0,3-4,1) 0,94

Fêmea 5 5,3 89 94,7

TEM RAÇA DEFINIDA

Sim 1 7,7 12 92,3 1,3(0,1-11,1) 0,56

Não 11 5,9 175 94,1

CASTRADO

Sim 3 6,7 42 93,3 1,1(0,2-4,2) 0,55

Não 9 6,0 140 94,0

EPISÓDIOS DE BRIGAS

Sim 4 5,7 66 94,3 0,8(0,2-2,9) 0,52

Não 8 6,7 112 93,3

MORDIDO POR GATO

Sim 5 8,2 56 91,8 1,5(0,4-5,1) 0,68

Não 7 5,5 121 94,5

MORA EM APARTAMENTO

Sim 1 8,3 11 91,7 1,4(0,17-12,4) 0,53

Não 11 5,8 178 94,2

TEM ACESSO A RUA

Sim 8 6,1 124 93,9 0,9(0,2-3,1) 0,54

Não 4 6,7 56 93,3

PERIURBANO

Sim 8 12,5 56 87,5 4,7(1,3-16,4) 0,01

Não 4 2,9 133 97,1 CONTATO OUTROS GATOS

Sim 11 9,9 100 90,1 8,9(1,1-70,4) 0,01

Não 1 1,2 81 98,8

CIDADE ITB 4 5,8 65 94,2

0,95(0,2-3,2) 0,6 IOS 8 6,1 124 93,9

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Tabela 8 - Fatores com plausibilidade biológica associados às infecções pelo FeLV em gatos da microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia.

VARIÁVEIS FeLV Odds ration

POSITIVOS NEGATIVOS CI 95% p

N % N %

IDADE

Maior ou igual a um 2 ano 2 2,2 91 97,8 0,57(0,1-3,2) 0,41

Menor que 2 ano 4 3,7 104 96,3

SEXO

Macho 4 3,7 103 96,3 1,7(0,3-9,9) 0,40

Fêmea 2 2,1 92 97,9

TEM RAÇA DEFINIDA

Sim 0 0 13 100 0 0,66

Não 6 3,2 180 96,8

CASTRADO

Sim 1 2,2 44 97,8 0,65(0,07-5,7) 0,57

Não 5 3,4 144 96,6

EPISÓDIOS DE BRIGAS

Sim 4 5,7 66 94,3 3,5(0,6-20) 0,13

Não 2 1,7 118 98,3

MORDIDO POR GATO

Sim 2 3,3 59 96,7 1,05(0,1-5,9) 0,63

Não 4 3,1 124 96,9

MORA EM APARTAMENTO

Sim 0 0 12 100 0 0,68

Não 6 3,2 183 96,8

TEM ACESSO À RUA

Sim 6 4,5 126 95,5 0 0,10

Não 0 0 60 100

PERIURBANO

Sim 2 3,1 62 96,9 1(0,19-6) 0,62

Não 4 2,9 133 97,1 VIVE COM OUTROS GATOS

Sim 4 3,6 107 96,4 1,4(0,2-8,3) 0,49

Não 2 2,4 80 97,6

CIDADE

ITB 0 0 69 100 0 0,07

IOS 6 4,5 126 95,5

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Nenhuma das variáveis com plausibilidade biológica apresentou colinearidade

(Apêndice A), desta maneira, sendo todas incluídas no modelo preliminar da

regressão logística não-condicional para o FIV e FeLV. As Tabelas9 e

10apresentam, respectivamente, o modelo preliminar e final da regressão logística

estabelecido para o FIV, onde as variáveis “mora em região periurbana” e “tem

contato com outros gatos” foram associadas com risco à infecção. Para FeLV

nenhuma das varáveis foi significativa na regressão logística não condicional.

Tabela 9 - Modelo preliminar da regressão logística não-condicional dos fatores

associados à infecção pelo FIV em gatos da microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia.

Variáveis Chance de ocorrer IC (95%) Valor de p

Idade ≥ 2 0,84 0,20 - 3,40 0,80

É macho 1,19 0,28 – 4,96 0,80

Tem raça definida 3,68 0,20 - 65,9 0,37

É castrado 1,18 0,21 - 6,39 0,84

Já teve episódios de brigas 0,19 0,02 - 1,59 0,12

Já foi mordido por outro gato 6,05 0,81 - 45,0 0,07

Mora em apartamento 2,35 0,11 – 48,2 0,57

Tem acesso a rua 0,75 0,14 - 3,90 0,73

Mora em região periurbana 45,74 1,14 -823,04 0,01

Tem contato com outros gatos 9,7 1,14 – 83,1 0,03

Mora em Itabuna 17,09 1,08 - 270,2 0,04

p<0,02 likelihood = 22,14

Tabela 10 - Modelo final da regressão logística não-condicional dos fatores associados à infecção pelo FIV em gatos da microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia.

Variáveis Chance de ocorrer IC (95%) Valor de p

Mora em região periurbana 4,42 1,25-15,6 0,02

Tem contato com outros gatos 8,14 1,01-65,08 0,04

p<0,0021 likelihood= 13,11

Os resultados dos hemogramas completos dos animais FIV positivos, FeLV

positivos e negativos estão listados nas Tabelas 11.Os parâmetros hematológicos

não apresentaram diferenças estatísticas.

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Tabela 11 - Valores médios e desvio padrão dos parâmetros hematológicos dos gatos FIV positivos, FeLV positivos e negativos da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA.

Parâmetros FIV (+) FELV (+) Negativos Referência

Eritrócitos (x 106/µl) 6,05±1,64a 7,40±0,87a 6,64±1,59a 5,0-10,0

Hemoglobina (g/dL) 12,09±2,77a 12,62±0,65a 12,35±2,34a 8,0-15,0

Volume Globular (%) 28,47±6,54a 32,77±4,48a 32,29±6,72a 24-45

VCM (fl) 48±8,71a 45,75±3,80a 49,78±11,2a 39-55

CHCM (%) 42,92±5,61a 37,95±4,98a 39,01±5,99a 12,5-17,5

Leucócitos (x 103/µl) 15.625±7.600a 14.800±5.412a 14.822±8.682a 5.500-19.500

Neutrófilos Bastonetes/(x 103/µl) 448,8 ± 478,8a 434,6 ± 477,7a 504,8 ± 527,4a 0-300

Neutrófilos Segmentados/(x 103/µl) 11.542,5 ±5.858a 9.569,3 ±3.872,8a 10.206,6 ±6.264,6a 2.500-12.500

Linfócitos/(x 103/µl) 3.058,0±1.935,7a 4.234,8±1.573,7a 3.561,6 ±2.379,3a 1.500 - 7.000

Eosinófilos/(x 103/µl) 220,08 ± 250,2a 59,1 ± 83,6a 97,8 ± 261,3a 0-1.500 Monócitos/(x 103/µl) 355,4 ± 200,5a 502± 318,8a 360,4± 271,7a 0-850 Basófilos/(x 103/µl) 0a 0a 7,1 ± 35,8a 0

Plaquetas/µl 269.750±198.843a 201.500±90.215a 214.174±139.559a 300.000-800.000 Valores em uma mesma linha seguidos por letras diferentes diferem (p<0,05) entre si pelo teste t student ou Mann-Whitney.

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50

Os resultados das análises bioquímicas dos animais FIV positivos e

negativos, FeLV positivos e negativos estão listados na Tabela 12 e Tabela13,

respectivamente. Entre as análises bioquímicas, valores de bilirrubina total, direta e

indireta foram estatisticamente significativos entre os animais FIV positivos e os

animais negativos

Tabela 12 - Valores médios e desvio padrão das análises bioquímicas dos gatos FIV positivos e negativos da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA.

Parâmetros FIV (+) Negativos Referência

Uréia (mg/dL) 36,8 ± 6a 35,5 ± 10,6a 42,8-64,2

Creatinina (mg/dL) 1,4 ± 0,4a 1,3 ± 0,4a 0,8-1,8

AST (UI/L) 47 ± 17,8a 39,8 ± 18,3a 6-83

ALT (UI/L) 41,7 ± 21,5a 41,4 ± 18,2a 26-43

GGT (UI/L) 2,1 ± 1,2a 2,7 ± 1,5a 1,3-5,1

Bilirrubina Total (mg/dL) 0,8 ± 0,4a 0,52 ± 0,29b 0,1-0,6

Bilirrubina Direta (mg/dL) 0,18 ± 0,17a 0,06 ± 0,06b 0-0,3

Bilirrubina Indireta (mg/dL) 0,68 ± 0,29a 0,46 ± 0,26b 0-0,5

Proteína Total soro (g/dL) 7,81 ± 0,71a 8,51 ± 8,61a 5,4-7,8 Valores em uma mesma linha seguidos por letras diferentes diferem (p<0,05) entre si pelo do teste t student ou Mann-Whitney

Tabela 13 - Valores médios e desvio padrão das análises bioquímicas dos gatos FeLV positivos e negativos da microrregião Ilhéus-Itabuna, BA.

Parâmetros FELV(+) Negativos Referência

Uréia (mg/dL) 37,8 ± 9,2a 35,5 ± 10,6a 42,8-64,2

Creatinina (mg/dL) 1,3 ± 0,2a 1,3 ± 0,4a 0,8-1,8

AST (UI/L) 39 ± 23,3a 39,8 ± 18,3a 6-83

ALT (UI/L) 47,4 ± 20,9a 41,4 ± 18,2a 26-43

GGT (UI/L) 4,3 ± 2,9a 2,7 ± 1,5a 1,3-5,1

Bilirrubina Total (mg/dL) 0,4 ± 0,2a 0,52 ± 0,29a 0,1-0,6

Bilirrubina Direta (mg/dL) 0,03 ± 0,01a 0,06 ± 0,06a 0-0,3

Bilirrubina Indireta (mg/dL) 0,41 ± 0,23a 0,46 ± 0,26a 0-0,5

Proteína Total soro (g/dL) 6,87 ± 0,40a 8,51 ± 8,61a 5,4-7,8 Valores em uma mesma linha seguidos por letras diferentes diferem (p<0,05) entre si pelo do teste t student ou Mann-Whitney

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6 DISCUSSÃO

Este é o primeiro estudo realizado na região Nordeste sobre a presença dos

vírus da imunodeficiência felina e da leucemia felina e as possíveis alterações

laboratoriais desencadeadas nos gatos portadores. Os resultados encontrados

evidenciaram uma baixa frequência tanto para o FIV e FeLV, corroborando com os

achados de outros estudos epidemiológicos que também utilizaram animais

domiciliados com ausência de sinais clínicos ou laboratoriais sugestivos de infecção

(RECHE JR et al., 1997; CAXITO et al., 2006), embora o tipo de população

selecionada (assintomático x sintomático) seja um importante fator, uma análise

multifatorial sempre se faz necessária, na explicação dos resultados das frequências

encontradas.

Desta forma, em populações de gatos saudáveis, mas com acesso irrestrito a

rua, pode-se esperar elevadas prevalências para os dois retrovírus (ARJONA et al.,

2000), entretanto no nosso estudo embora 66% dos gatos tivessem acesso a rua,

observou-se uma baixa frequência, o que caracteriza uma necessidade de ter o

acesso a rua associado ao contato com animais infectados, o que nos permite

sinalizar que a presença dos retrovírus esteja distribuída de maneira heterogênea

estando restrita a pequenas comunidades de gatos.

Procedimentos como a realização de testes rápidos para diagnóstico e

vacinação foram listadas por Gleich et al. (2009) como possíveis razões para as

baixas prevalências encontradas no seu estudo. Entretanto, essas duas condutas

ainda são pouco frequentes na região devido ao custo dos testes, associada à

carência de informação dos Veterinários sobre a dinâmica das infecções

estabelecidas pelos retrovírus. No Brasil apenas a vacina para FeLV está disponível.

Possivelmente a baixa frequência do FeLV observada no atual estudo esteja

mais atrelada aos diferentes cursos que a infecção pode desenvolver frente a

interação vírus-hospedeiro. Resultado que ratifica essa observação foi demonstrado

por Courchamp et al. (1997), onde algumas populações de gatos estavam livres de

FeLV, mesmo aquelas que sabidamente estavam regularmente em contato com o

vírus. Outros modelos preveem que a dinâmica do FeLV nas populações de gatos

dependam do tamanho da população hospedeira e do padrão de contatos dos gatos,

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52

assim populações menores de gatos teriam mais possibilidades de extinguir esse

vírus (FROMONT et al., 1998).

Macieira et al. (2008) e Coelho et al. (2011) identificaram prevalências

elevadas utilizando populações atendidas em clínicas e hospitais veterinários.

Resultado este esperado uma vez que gatos que necessitam de atendimento

médico possivelmente apresentam doença ou sintomatologia no momento da

consulta, diferindo do presente estudo que utilizou animais assintomáticos a partir de

coletas a domicílio.

Mesmo utilizando como ferramenta de diagnóstico o nested-PCR, possuindo

este uma sensibilidade maior quando comparado ao PCR, as frequências

encontradas no presente estudo foram baixas, corroborando com os achados de

Marçola (2013) que utilizou a mesma técnica e atribuiu o baixo percentual

encontrado ao pouco contato dos gatos com o vírus, uma vez que a população felina

da sua área de estudo é pequena e restrita a bairros distantes.

Com o intuito de complementaridade, o ELISA e a nested-PCR foram

realizados em todos os animais. Fatores que poderiam alterar os resultados da

prevalência foram excluídos, como animais abaixo de seis meses que ainda podem

possuir anticorpos maternos contra o FIV, e a realização do GAPDH nas amostras

negativas garantindo a integridade do DNA extraído. Nos animais FeLV-positivos o

uso das duas técnicas além de estabelecer o diagnóstico, possibilita a detecção dos

animais com infecção latente (HERRING et al., 2001; HOFMANN-LEHMANN et al.,

2001). No presente estudo, dos 6 animais positivos para o FeLV, 3 apresentaram

resultado negativo para o p27 e positivo para a nested-PCR, sugerindo infecção

regressiva/latente nesses animais

Coinfecções entre os retrovírus não foram observadas, sugerindo focos

distintos de ambas as doença ou o que é mais provável, os animais que são FIV e

FeLV positivos simultaneamente, sucumbem mais rapidamente as alterações

provocadas pelos dois retrovírus e vem a óbito mais precocemente. Estudos

realizado por Courchamp et al. (1997) corroboram com tal afirmação, relatando que

o impacto da coinfecção entre os retrovírus é maior do que a soma dos efeitos de

cada doença examinada separadamente. Esse fato se deve ao efeito sinérgico e

potencializador da FIV e FeLV, aumentando assim a taxa de mortalidade.

Uma alta associação entre o FIV e o FeLV e as infecções toxoplásmicas foi

encontrada no nosso estudo, corroborando com os achados de Lucas et al. (1998).e

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Akhtardanesh et al. (2010). Para tanto, esses autores sugeriram que embora os

gatos fossem domiciliados, estes possuíam livre acesso à rua e consequentemente

estavam predispostos a terem contato com outros gatos e a se alimentarem de

pequenas presas, características de manejo bem similares ao do presente estudo.

Prevalências menores foram encontradas por Bastos et al. (2014), que sugeriram o

uso de caixas sanitárias de areia como fator de proteção para a infecção.

Os fatores associados à infecção pelo FIV demonstram a influência da

procedência dos gatos e o modo de vida/manejo que é oferecido a estes. Na

literatura os fatores comumente vistos são sexo, idade, histórico de brigas e acesso

a rua, sendo estes relacionados à transmissão do vírus pela mordida (BURKAHARD,

DEAN, 2003). No nosso estudo o contato com outros gatos foi um fato associado a

infecção, não sendo relatados pelos proprietários comportamentos agressivos,

entretanto é possível que a variável presença de briga possa ter sido negligenciada

durante a entrevista, uma vez que pequenas lesões podem não ser notadas. Similar

ao observado por Lara et al. (2008), os animais abrigados não possuíam

comportamento agressivo, entretanto seus proprietários notavam sinais de mordida

quando retornavam para casa. No entanto, estudo de Addie et al. (2000) relata a

transmissão do FIV com regularidade sem a presença de agressões entre os gatos,

sugerindo que o contato amigável entre gatos positivos e gatos susceptíveis e o

compartilhamento de vasilhas seja também suficiente para a transmissão do vírus.

Possivelmente a presença do FIV está distribuída de maneira irregular nas

cidades do estudo, concentrando-se nas áreas periurbanas. O acesso à rua (nas

áreas urbanas e periurbanas) são similares, indicando que a presença do vírus em

maior ou menor quantidade no local estudado é determinante nos valores de

prevalência a serem encontrados. A presença de todos os animais positivos abaixo

de dois anos de idade residindo na região periurbana também reforça esta

observação, uma vez que o tempo de exposição desses animais a outros gatos

possivelmente infectados foi menor. O aspecto sociocultural dos proprietários

inseridos nessa região também devem ser levados em consideração, possivelmente

não são oferecidos a esses animais aporte nutricional e manejo sanitário adequado,

favorecendo a disseminação dessa e de outras doenças.

Devido ao número reduzido de gatos infectados pelo FeLV não foi possível a

realização do modelo de regressão logística, porém através do qui-quadrado

podemos verificar tendências que estão de acordo com o descrito na literatura.

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Todos os animais FeLV-positivos não moravam em apartamento e tinha acesso a

rua, possibilitando o contato destes com gatos infectados. Estudo que corrobora com

estes resultados listam acesso ao exterior, vivem ou tem contato com outros gatos

como fatores associados à infecção deste retrovírus (ALMEIDA et al., 2012).

A tendência observada nas infecções pelo FIV, de se mostrarem mais

prevalentes na região periurbana não foi verificada no FeLV, a ocorrência de

positividade foi similar em ambas as regiões. Diante de tal fato, sugere-se uma

dinâmica na qual a região periurbana deva apresentar um número maior de

infecções precoce, e consequentemente mais óbitos, observação essa baseada no

fato de todos os animais positivos desta região terem até 1 ano de idade; e na área

urbana, provavelmente deva haver um menor número de animais infectados, porem

com uma expectativa de vida maior para os animais positivos.

Os valores mais elevados da bilirrubina total e indireta podem estar

associados a uma hemólise intravascular devido a ligação de anticorpos e/ou

complemento a superfície dos eritrócitos como proposto por Tasker et al. (2010),

entretanto esta condição não foi associada a um quadro de anemia nos animais

(embora os animais FIV positivos tenham valores de hematócrito mais baixo, mas

dentro dos valores de referência), isto demonstra um quadro subclínico da infecção,

pois além da hemólise intravascular há também o efeito supressivo sobre as células

precursoras na medula, induzindo uma eritropoiese ineficaz, levando a quadros de

anemia arregenerativa (LINENBERGER; ABKOWITZ, 1995; HOFMANN-LEHMANN

et al., 1997). Relatos da presença de anemia em gatos FeLV-positivos estão

relacionados principalmente a infecções pelo subtipo C, e indiretamente por

infecções secundárias e neoplasias (GLEICH; HARTMANN, 2009). Contrário ao

descrito na literatura, nenhum gato apresentou hematócrito abaixo de 24%. A

ausência de anemia pode estar relacionada ao estágio de infecção apresentado por

esses animais no momento da coleta, uma vez que nas infecções

regressiva/latentes estes tendem a ter sofrido uma menor ação do vírus. A

caracterização dos subtipos não foi realizada no presente estudo, mas

possivelmente os subtipos infectantes não devam ser indutores de anemia

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7 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos durante o estudo permitem concluir que:

- Há a presença dos vírus da imunodeficiência felina e leucemia felinas na

microrregião Ilhéus-Itabuna;

- O uso das técnicas de Nested-PCR e ELISA possibilitou a identificação de animais

FeLV-positivos em diferentes momentos de infecção;

- Há elevadacoinfecção entre os animais FIV ou FeLV positivos e Toxoplasma

gondiisugere um ponto comum de infecção;

- A distinta distribuição da infecção pela FIV nas regiões urbana e periurbana

demonstra uma distribuição heterogênea deste vírus;

- Discretas alterações laboratoriais encontradas nos animais infectados pelo FIV,

demonstram a dificuldade encontrada no estabelecimento do diagnóstico no período

assintomático da doença.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

Anexo A – Entrevista estruturada para determinação dos fatores associados às

infecções pelos vírus da imunodeficiência felina e leucemia felina

Registro: ----------- - -------------

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Nome do animal: ____________________sexo:_____ data:_________________

Idade: ___________raça: _______________________ castrado: sim___não____

Endereço:___________________________________________________________

Bairro:_______________________cidade: ________________

CEP:_____________

1- O animal apresenta histórico de briga: sim_______ não ________

2- O animal foi mordido ou mordeu outro gato: sim ______ não _______

3- O animal já recebeu alguma transfusão de sangue ou derivado em sua vida até o

momento da coleta para o presente estudo sim ______ não _______

4- Presença de ectoparasita: pulgas ______miiase _______

Carrapatos _____ sarna/ácaros ________

Piolho _____ Lynxacarusradosvsky _____

Outros _________________

5- O animal mora em : casa _______ apartamento ______ sítio _______

6- O animal tem acesso à rua: sim ________ não ________

7- O animal vive com outrosgatos: sim _______ não______

8- O animal é vacinado: sim _______ não ________

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Anexo B – Protocolo de extração do DNA genômico

1- Adicionar 500µl do Tampão AP1 para um microtubo de 1,5ml (fornecido).

2- Adicionar 200-250µl de sangue total com anticoagulante. Fechar a tampa do

microtubo e misturar pelo vortex por 10 segundos.

3- Adicionar 100µl do Tampão AP2 e misturar no vortex em velocidade máxima

por 10 segundos

4- Centrifugar a 12.000x g por 20 minutos em temperatura ambiente para a

decantação de detritos celulares.

5- Colocar uma coluna de AxyPrep dentro de um microtubo de 2ml. Pipetar o

sobrenadante clarificado obtido no passo 4 dentro da coluna de AxyPrep.

Centrifugar a 12.000x g por 1 minuto.

6- Descartar o filtrado do microtubo de 2 ml. Colocar a coluna de AxyPrep de

volta dentro do microtubo de 2ml. Pipetar 700µl do Tampão W1A dentro da

coluna de AxyPrep e deixe repousar em temperatura ambiente por 2 minutos.

Centrifugar a 12.000 x g por 1 minuto.

7- Descartar o filtrado do microtubo de 2ml. Colocar a coluna de AxyPrep de

volta dentro do microtubo de 2ml. Adicionar 800µl de Tampão W2 para a

coluna de AxyPrep e centrifugar a 12.000 x g por 1 minuto.

8- Descartar o filtrado no microtubo de 2ml. Colocar a coluna de AxyPrep de

volta no microtubo de 2ml. Centrifugar a 12.000 x g por 1 minuto.

9- Coloque a coluna de AxyPrep dentro de um microtubo de 1,5ml. Adicione 80-

200µl de Tampão TE. Deixe repousar em temperatura ambiente ppor um

minuto. Centrifugue a 12000 x g por 1 minuto para diluir o DNA genomico.

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Anexo C – Protocolo da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) para

Toxoplasma gondii

Procedimentos para contagem de taquizoítos: Preencher a câmara de Neubauer com os taquizoítos. Realizar contagem em cinco dos 25 quadrantes centrais. Multiplicar o resultado por 50, o que corresponde à quantidade de taquizoítos

por L. O número ideal é de 1.500 – 2.000 taquizoítos/L para preparo do antígeno.

Diluir o material ressuspenso para uma concentração de 1.500 a 2.000

taquizoítos por L. Preparo das Lâminas:

Adicionar 10 L do antígeno em cada poço da lâmina. Secar em estufa a 37ºC por aproximadamente 30 minutos. Fixar em metanol por cinco minutos Acondicionar em lenço de papel e papel alumínio , armazenando a -20ºC, até

o momento do uso. Execução da técnica de RIFI:

Lavar as lâminas em PBS por 5 minutos. Secar as lâminas em temperatura ambiente ou estufa a 37ºC (tempo = até

secar). Diluir o soro, segundo seu ponto de corte (1:64).

Adicionar 10 L da diluição das amostras de soro.

Adicionar 10 L dos soros controles positivo e negativo. Incubar a 37ºC por 30 minutos, em câmara úmida. Lavar as lâminas duas vezes com PBS por 5 minutos. Secar as lâminas a temperatura ambiente. Diluir o conjugado com FITC (isotiocianato de fluoresceína) em solução de

PBS-Azul de Evans (0,5%), de acordo com o título determinado no Laboratório.

Adicionar 10 L do conjugado diluído em cada poço e proteger da luz. Incubar a 37ºC por 30 minutos, em câmara úmida, sempre protegendo da luz. Lavar as lâminas duas vezes com PBS por 5 minutos (protegendo da luz). Secar as lâminas a temperatura ambiente. Adicionar uma gota de glicerina entre os poços e cobrir com lamínula. Fazer a leitura em objetiva de 40x no microscópio com lâmpada de mercúrio

de alta pressão USH102 e filtro de seleção de comprimento de onda de 450 nm.

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Apêndice A – Tabela de colinearidade das variáveis com plausibilidade biológicas para as infecções pelos vírus da

imunodeficiência felina e leucemia felina.

VARIÁVEIS Idade ≥ 2 É macho Tem raça Castrado Mora em

apartamento Acesso à rua Periurbano

Vive com outros gatos

Cidade Já foi

mordido

AP

ÊN

DIC

E

Idade ≥ 2 S= -0,0957 S= -0,0642 S= 0,1754 S= 0,0854 S= 0,1542 S= -0,0095 S= -0,0323 S= 0,0477 S= 0,0321

p= 0,1777 p= 0,3663 p= 0,0129 p= 0,2293 p= 0,0292 p= 0,8942 p= 0,6501 p= 0,5074 p= 06518

É macho S= 0,0270 S= - 0,0444 S= -0,0804 S= -0,0415 S= 0,1521 S= -0,1067 S= -0,0752 S= 0,0030

p= 0,7043 p= 0,5326 p= 0,2576 p= 0,56 p= 0,0315 p= 0,1324 p= 0,2896 p= 0,9660

Tem raça S= - 0,0367 S= 0,1237 S= 0,0449 S= -0,1282 S= 0,0142 S= 0,0816 S= -0,0802

p= 0,6074 p= 0,0807 p= 0,5299 p= 0,0704 p= 0,8426 p= 0,2520 p= 0,2612

Castrado S= -0,0249 S= 0,0322 S= -0,0358 S= 0,0582 S= 0,0605 S= 0,0468

p= 0,7258 p= 0,6564 p= 0,6134 p= 0,4212 p= 0,3959 p= 0,5177

Mora em apartamento S= - 0,0583 S= -0,1185 S= -0,0222 S= 0,0095 S= -0,1122

p= 0,4119 p= 0,0946 p= 0,9753 p= 0,8943 p= 0,1137

Acesso à rua S= -0,0054 S= 0,1221 S= 0,0498 S= -0,0524

p= 0,9392 p= 0,0915 p= 0,4844 p= 0,4713

Periurbano S= -0,1120 S= -0,3851 S= 0,1043

p= 0,1141 p= < 0,0001 p= 0,1415

Vive com outros gatos S= -0,0455 S= 0,0012

p= 0,5237 p= 0,9871

Cidade S= -0,0951

p= 0,1816

Já foi mordido

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