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Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente APLICAÇÃO DE GEOTECNOLOGIA NA GESTÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS, MINAS GERAIS EDUARDO ROMAN ALBUQUERQUE ILHÉUS – BAHIA 2009

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Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

APLICAÇÃO DE GEOTECNOLOGIA NA GESTÃO

AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS, MINAS GERAIS

EDUARDO ROMAN ALBUQUERQUE

ILHÉUS – BAHIA

2009

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EDUARDO ROMAN ALBUQUERQUE

APLICAÇÃO DE GEOTECNOLOGIA NA GESTÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS, MINAS GERAIS

ORIENTADOR: PROF. DR. RONALDO LIMA GOMES

ILHÉUS – BAHIA

2009

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Áreas de concentração: Geotecnologia e Gestão Ambiental.

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A345 Albuquerque, Eduardo Roman. Aplicação de geotecnologia na gestão ambiental do Município de Salinas, Minas Gerais / Eduardo Roman Albuquerque. – Ilhéus, BA: UESC, 2009. vii, 75 f. : il. Orientador: Ronaldo Lima Gomes. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Programa de Pós - graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Bibliografia: f. 71-75.

1. Gestão ambiental. 2. Meio ambiente – Salinas (MG). 3. Sistema de informação geográfica. 4. Geo- tecnologia. I. Título. CDD 363.7

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APLICAÇÃO DE GEOTECNOLOGIA NA GESTÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS, MINAS GERAIS

RESUMO

De acordo com a Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente é delegado aos

Municípios brasileiros papel relevante na conservação e preservação do meio ambiente, a

partir da promoção de equilíbrio ecológico, visão de patrimônio público a ser protegido e do

uso coletivo e sustentável dos seus recursos naturais. Nesse contexto, a carência de

conhecimento das características e distribuição dos atributos ambientais tende, muitas vezes, a

ocasionar o mal uso de seus recursos naturais e uma má gestão territorial. Por outro lado, nos

últimos anos, a utilização de Geotecnologia evoluiu de forma significativa abrangendo

diferentes utilizações nas áreas de administração municipal, de infra-estrutura, de meio

ambiente e de educação, se destacando como uma importante ferramenta de gestão ambiental.

Nesse sentido, este trabalho tem como finalidade o uso de Geotecnologia para promover a

organização da base de dados espacial do Município de Salinas, norte de Minas Gerais tendo

em vista a confecção de três principais produtos: o mapa de uso e ocupação do solo, o mapa

de Área de Preservação Permanente e o mapa de Vulnerabilidade Ambiental. Os resultados

obtidos apresentam o cenário em que a cobertura vegetal da caatinga é predominante e

recobre uma área equivalente a 40% da área total do município, seguida pelo cerrado com

20% e culturas de cana de açúcar e eucaliptos com 5%. Os 35% restantes correspondem a

áreas antropizadas por pastagens, solos expostos, desmatamentos, e zonas urbanas. A

distribuição de classes de uso e ocupação aliada as características dos atributos de solos,

substrato rochosos e relevo, constituem um cenário onde 80% da área do município apresenta

vulnerabilidade ambiental alta a muito alta. Com relação às Áreas de Preservação

Permanente, o Município apresenta 263,48 Km2, 14,24% de sua área total, onde 61% das

áreas mapeadas é do tipo APP de topo de morros, seguida de APP de escarpas (19%), margem

de cursos d água (12%), encostas com declividades superiores a 45º (6,1%), margens de lagos

e reservatórios (1%) e nascentes (0,6%). Com relação as destilarias de cachaça da região a

preocupação maior está na utilização dos recursos hídricos, já que as mesmas concentram-se

próximo a cursos de água e de reservatório artificial, havendo a necessidade de fiscalização

tanto na utilização desse recurso com também dos resíduos lançados, em principal o vinhoto.

Palavras chaves: Geotecnologia; Gestão Ambiental; Meio Ambiente; Município de Salinas.

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APPLICATION IN GEOTECHNICAL ENVIRONMENTAL MANAGEMENT OF THE CITY OF SALINAS, MINAS GERAIS

ABSTRACT

According to Brazilians laws is delegated to the municipalities relevant role in the

conservation and preservation of the environment and the sustainable use of natural resources.

In this context, the lack of knowledge of the characteristics and distribution of environmental

attributes tend often lead to the misuse of natural resources and poor land management.

Moreover, in recent years, the use of Geotechnology has evolved significantly and covering

different uses in the areas of municipal administration, infrastructure, environment and

education, coming to stand out as an important tool for environmental management . Thus,

this work aims at the use of Geotechnology to promote the organization of the database space

in the city of Salinas, north of Minas Gerais, Brazil, and the construction of three main

products of the land use cover map, Permanent Protection Area and Environmental

Vulnerability map. The results present a scenario in which the vegetation of the caatinga is

predominant and covers an area equivalent to 40% of the total area of the city, followed by

cerrado with 20% and crops of sugarcane and eucalyptus with 5%. The remaining 35%

correspond to areas altered by grazing, exposed soils, deforestation, and urban areas. The

distribution of classes of use and occupancy characteristics of the combined attributes of soil,

bedrock and topography, is a scenario where 80% of the municipal area has high

environmental vulnerability to very high. With respect to Permanent Protection Areas, the

municipality has 263.48 km2, 14.24% of its total area, where 61% of the mapped areas is of

type PPA top of hills, followed by PPA in steep (19%) margin water courses (12%), with

slopes greater than 45 (6.1%), margins of lakes and reservoirs (1%) and spring (0.6%). As for

the rum distilleries of the region's major concern is the use of water resources, since they are

concentrated near water courses and artificial reservoir, with the need to monitor both the use

of a resource also to the degassing in the main vinasse.

Key-words: Environmental Management, Environmental Vulnerability mapping, Salinas-MG.

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SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................................iii ABSTRACT ......................................................................................................................... iv 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 3 2.1 Geotecnologias................................................................................................................. 3

2.1.1 Geoprocessamento .................................................................................................... 3 2.1.2 Sensoriamento Remoto.............................................................................................. 5

2.1.3 Sistemas de informação geográfica............................................................................ 8 2.2 O Uso de Geotecnologias na Gestão Ambiental................................................................ 9 2.3 Aplicações de Geotecnologias no Mapeamento de Uso e ocupação do solo .................... 11 2.4 Aplicações de Geotecnologias no Mapeamento de Áreas de Preservação Permanente .... 13 2.5 Mapas de vulnerabilidade ambiental............................................................................... 14 3 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................. 16 3.1 A Área em Estudo.......................................................................................................... 16 3.2 Levantamento Bibliográfico ........................................................................................... 17 3.3 Consolidação da Base cartográfica ................................................................................. 18 3.4 Adaptação do Modelo Digital do Terreno a partir de Imagens SRTM............................. 18

3.4.1 Hipsometria............................................................................................................. 21 3.4.2 Declividade ............................................................................................................. 23

3.5 Mapeamento de Uso e Ocupação do Solo do Município ................................................. 24 3.6 Elaboração do Mapa de Áreas de Preservação Permanentes ........................................... 26

3.6.1 Delimitação de APP de margem de cursos d´água ................................................... 26 3.6.2 APP de Nascentes.................................................................................................... 29 3.6.3 APP de Lagos e Reservatórios Artificiais ................................................................ 30 3.6.4 APP em encostas com declividades maiores que 100% ou 45°................................. 31 3.6.5 APP de Topo de Morros .......................................................................................... 32 3.6.6 APP de Tabuleiro ou Chapada................................................................................. 33

3.6.7 APP de linhas de cumeada....................................................................................... 35 3.7 Mapeamento da Vulnerabilidade Ambiental do Município ............................................. 36 3.8 Mapa de vulnerabilidade Natural.................................................................................... 37

3.8.1 Declividade ............................................................................................................. 38 3.8.2 Geologia.................................................................................................................. 38 3.8.3 Solo......................................................................................................................... 40 3.8.4 Elaboração do Mapa de Vulnerabilidade Natural ..................................................... 41 3.8.5 Mapa de vulnerabilidade Ambiental ........................................................................ 42

3.9 Mapa de Áreas de preservação permanente versus mapa de uso e ocupação ................... 44 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 45

4.1 Aspectos Climáticos....................................................................................................... 45 4.2 Substratos Rochosos....................................................................................................... 47 4.3 Reconhecimentos das Poligonais de Áreas requeridas no DNPM ................................... 48 4.4 Solos .............................................................................................................................. 51 4.5 Cobertura Vegetal .......................................................................................................... 53 4.6 Recursos hídricos ........................................................................................................... 54 4.7 Aspectos do Uso e Ocupação do Solo............................................................................. 55 4.8 A Distribuição das Áreas de Preservação Permanentes no Município de Salinas............. 57 4.9 Características de Uso e Ocupação do Solo das Áreas de Preservação Permanente ......... 58 4.11 Vulnerabilidade Ambiental das áreas de Proteção Permanente no Município de Salinas61

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4.11 Características de Uso e Ocupação do Solo, das APP e da vulnerabilidade ambiental no Entorno de Destilarias de Cachaça no Município de Salinas................................................. 62 5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 69 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 71

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INDICE DE FIGURA Figura 1 - Localização da Área em Estudo. .......................................................................... 16 Figura 2 - Municípios que fazem limite com Salinas. ........................................................... 17 Figura 3 - Recorte da Imagem SRTM referente à altimetria do município de Salinas............ 20

Figura 4 – Modelo de sombreamento do relevo (hillshade) elaborado a partir de imagem SRTM referente à altimetria................................................................................................. 21 Figura 5 - Hipsometria do município de Salinas. .................................................................. 22 Figura 6 - Declividade de Salinas. ........................................................................................ 23 Figura 7 - Imagem ETM+ bandas 3,4,5 da área de estudo. ................................................... 25 Figura 8 - Ordenação da rede de drenagem pelo método de STRAHLER. ............................ 28 Figura 9 - Geração das faixas de App de cursos d´água. ....................................................... 28 Figura 10 - Detalhe da criação de APP de cursos d´água. ..................................................... 29 Figura 11 - Detalhe de delimitação de APP de Nascentes. .................................................... 30 Figura 12 - Faixa de APP do entorno de lagos e reservatórios. ............................................. 31

Figura 13 - APP de declividades superiores ou iguais a 45 graus. ......................................... 32 Figura 14 - APP de topo de morro........................................................................................ 33 Figura 15 - APP de escarpa. ................................................................................................. 35 Figura 16 - Mapa de vulnerabilidade natural. ....................................................................... 42 Figura 17 - Mapa de uso e ocupação com valores de vulnerabilidade. .................................. 43 Figura 18 - Precipitação média anual em milímetros do município de Salinas. ..................... 46 Figura 19 - Temperatura média anual em Graus Celsius....................................................... 46 Figura 20 - Principais unidades do substrato rochoso do Município de Salinas. .................... 48 Figura 21 - Distribuição das poligonais de áreas requeridas no DNPM do município de Salinas por Substância. ........................................................................................................ 49

Figura 22 - Distribuição das poligonais de áreas requeridas no DNPM do município de Salinas por fase. ................................................................................................................... 50 Figura 23 - Distribuição da substância Granito classificado por fase..................................... 51 Figura 24 - Mapa Pedológico de Salinas............................................................................... 52 Figura 25 - Canais de drenagem da área de estudo. .............................................................. 55 Figura 26 - Mapa do uso e ocupação do solo do município de Salinas. ................................. 56 Figura 27 - Áreas de Preservação Permanente do Município. ............................................... 58 Figura 28 - Cruzamento do Mapa de Uso do Solo com o Mapa de APP do Município.......... 59 Figura 29 - Mapa de Vulnerabilidade ambiental. .................................................................. 61 Figura 30 - Destilarias de Cachaça do município de Salinas. ................................................ 63

Figura 31 - Mapa de uso versus destilarias. .......................................................................... 64 Figura 32 - Mapa de áreas de proteção permanentes versus destilarias de cachaça................ 66 Figura 33 - Mapa de vulnerabilidade ambiental e destilarias de cachaça. .............................. 67

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INDICE DE TABELA Tabela 1 - Área ocupada em cada intervalo de altitude. ........................................................ 22 Tabela 2 - Área ocupada em cada intervalo de declividade. .................................................. 23 Tabela 3 - Quantitativo da Distribuição das unidades do Substrato Rochoso......................... 47

Tabela 4 - Área total em Km2 de cada substância nas áreas requeridas no DNPM. ............... 50 Tabela 9 - Classes de Vulnerabilidade Ambiental................................................................. 61 Tabela 11 - Resultados obtidos no confronto do mapa de uso e ocupação do solo e as destilarias de .......................................................................................................................... 1 Tabela 12 - Resultados obtidos no confronto de áreas de proteção permanentes com as destilarias de cachaça. .......................................................................................................... 66

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1 INTRODUÇÃO

Existe atualmente uma tendência mundial na utilização de Geotecnologias para o

gerenciamento de informações geoambientais, em especial destacam-se os Sistemas de

Informações Geográficas (SIG) úteis para armazenamento, organização e manipulação de

dados espaciais utilizando-se das técnicas de Geoprocessamento, que vem influenciando de

maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes,

Comunicações, Energia, Planejamento Urbano e Regional e gestão ambiental.

De acordo com a Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, 2008), é

delegada ao Município relevante papel na conservação e preservação do meio ambiente,

incumbindo-se de promover o equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um

patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso

coletivo e sustentável dos seus recursos naturais. Nesse sentido, muitas das capitais brasileiras

já se utilizam de SIG para o gerenciamento e manipulação de seus dados. A cidade de Belo

Horizonte, por exemplo, utiliza SIG para inúmeras finalidades como a implantação de postos

de saúde, tipos de uso do solo, combate a proliferação de doenças endêmicas, etc. De acordo

com Oliveira (2005), Belo Horizonte tem sido um exemplo de uso bem sucedido do

Geoprocessamento na gestão municipal.

Com relação ao Município de Salinas-MG, atualmente há uma grande carência de

informações georreferenciadas relacionadas aos recursos naturais e indicadores ambientais do

município. Este fato impede que, muitas vezes, administradores municipais e pesquisadores

de instituições consultem estes dados de forma rápida e eficaz. Com o uso de geotecnologia é

possível a realização de análises mais completas e dinâmicas, destacando-se como elemento

de planejamento e gerenciamento no sentido de permitir uma visão abrangente de

administração do município e da dinâmica urbana e rural através do cruzamento de diversos

planos de informações. Outra característica marcante na utilização de SIG é a possibilidade de

vários especialistas utilizarem essa ferramenta, cada qual em sua área ou trabalharem em

grupo, atacando determinado problema. Esse tipo de interação caracteriza o uso

interdisciplinar ou multidisciplinar da ferramenta (FLORENZANO et al., 2005).

Este trabalho tem como objetivo geral, levantar e organizar, com o uso de geotecnologia, a

base de dados de informações ambientais referentes ao município de Salinas – MG. Nesta

base de dados constarão informações acerca dos atributos ambientais, a exemplo de rede de

drenagem, substrato rochoso, hipsometrias, declividades, formas de relevo, cobertura vegetal

e uso e ocupação do solo. Informações pontuais associadas a indicadores ambientais, como

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por exemplo, ocorrência de erosões/assoreamentos, pontos de lançamento de esgoto, pontos

de acumulo de lixo, desmatamentos, etc., serão incluídas na base de dados a partir de

observações de campo e de interpretação de imagens de satélite. Será ainda gerado o mapa

das Áreas de Preservação Permanentes e mapa de vulnerabilidade ambiental para serem

confrontados ao atual uso e ocupação do solo do município de Salinas e por fim serão

analisadas as características no entorno das destilarias de cachaça do Município. Para tanto, o

presente projeto tem como objetivos específicos para o seu desenvolvimento as seguintes

ações:

a) Levantar estudos ambientais e mapeamentos temáticos já realizados na área do município

de Salinas, tendo em vista a consolidação dos dados existentes;

b) Utilizar imagens de satélite LANDSAT ETM+, para caracterização dos principais

indicadores ambientais e mapeamento do uso e ocupação do solo do Município;

c) Elaborar o mapa de áreas de proteção permanentes do Município de Salinas e mapa de

vulnerabilidade ambiental;

d) Analisar o confronto de informações temáticas tendo em vista a sua utilização como

ferramenta de gestão ambiental do Município;

e) Verificar os conflitos do uso do solo, áreas de proteção permanentes e vulnerabilidade

ambiental nas destilarias de cachaça do município de Salinas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Geotecnologias

As geotecnologias podem ser definidas como sendo um conjunto de tecnologias (SIG,

Geoprocessamento, cartografia digital, sensoriamento remoto, Sistema de Posicionamento

Global), cujo fundamento principal é a coleta, processamento, análise e visualizações de

informações com referência geográfica, possuindo em seu arcabouço técnico-metodológico

premissas de processamento digital de imagens de satélites, elaboração de bancos de dados

georreferenciados, quantificação de fenômenos da natureza, entre outras análises,

proporcionando uma visão mais abrangente do ambiente numa perspectiva geossistêmica

(GUERRA, 2006).

Segundo Florenzano (2002), as geotecnologias referentes ao Sensoriamento Remoto e

aos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) estão cada vez mais interligadas. Suas

aplicações nos diferentes campos do conhecimento têm aumentado. A princípio, em

Geografia, essas tecnologias têm uma vasta aplicação. Entretanto, o potencial delas nos

estudos geográficos não tem sido suficientemente explorado. Isto ocorre em grande parte

devido à deficiência na formação inicial e à falta de formação continuada de muitos

profissionais, essencial para acompanhar os crescentes avanços tecnológicos.

As imagens obtidas através do sensoriamento remoto proporcionam uma visão de

conjunto multitemporal de extensas áreas da superfície terrestre. Esta visão sinóptica do meio

ambiente ou da paisagem possibilita estudos regionais e integrados, envolvendo vários

campos do conhecimento. Elas mostram os ambientes e a sua transformação, destacam os

impactos causados por fenômenos naturais como as inundações e a erosão do solo

(frequentemente agravados pela intervenção do homem) e antrópicos, como os

desmatamentos, as queimadas, a expansão urbana, ou outras alterações do uso e da ocupação

da terra (FLORENZANO, 2002).

2.1.1 Geoprocessamento

Segundo Rosa (1996), Geoprocessamento pode ser definido como sendo o conjunto de

tecnologias destinadas à coleta e tratamento de informações espaciais, podendo ser aplicado a

profissionais que trabalham com processamento digital de imagens, cartografia digital e SIG.

Câmara (2007) define o termo geoprocessamento como a disciplina do conhecimento

que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação

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geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de

Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional.

As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de

Informação Geográfica, permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas

fontes e ao criar Bancos de Dados Geográficos.

Segundo Câmara (2007) Geoprocessamento é uma tecnologia interdisciplinar, que

permite a convergência de diferentes disciplinas científicas para o estudo de fenômenos

ambientais e urbanos. Ou ainda, que “o espaço é uma linguagem comum” para as diferentes

disciplinas do conhecimento.

O geoprocessamento, de acordo com Rodrigues (1988), é tido como "a tecnologia de

coleta e tratamento de informações espaciais e de desenvolvimento de sistemas que as

utilizam". O emprego de técnicas de geoprocessamento tem se mostrado de grande utilidade e

eficiência, principalmente nas análises próprias aos estudos ambientais, tratando dos dados e

gerando informações de análises geográficas sob diferentes formatos, realizando o

processamento de imagens, modelagem do terreno, análise de redes, geodésia e fotogrametria,

produção cartográfica, etc.

Além de aperfeiçoar a integração dos dados, o geoprocessamento também permite o

aumento da complexidade das análises. O termo geoprocessamento tem sido frequentemente

usado como sinônimo de SIG. No Brasil, em especial, o fato é constatado em praticamente

todas as áreas de alguma forma envolvidas com a utilização dessa tecnologia.

Atualmente, percebe-se que as aplicações de geoprocessamento como ferramenta de

avaliação e planejamento vêm sofrendo incremento, tanto no meio acadêmico como no setor

privado, abrangendo desde a identificação de locais próprios à implantação de

empreendimentos (usinas de reciclagem e de geração de energia, áreas de lazer, indústrias,

estabelecimentos comerciais, etc.), a avaliação de impactos ambientais (GOES, 1995),

análises de viabilidade ou planejamento agrícola (WEBER, 1995), a fiscalização de crédito

agrícola (MOREIRA, 1990), a previsão de safras (FIGUEIREDO & COLLARES, 1993) e até

como ferramenta de apoio à decisão (VALDAMERI, 1996).

Entre as propostas metodológicas para a investigação do meio ambiente que

demonstram as potencialidades da utilização de técnicas de geoprocessamento e SIG nos

estudos ambientais, principalmente no que se refere às interações entre o meio natural e a

ação antrópica, avaliadas através do uso do solo, destacam-se alguns trabalhos, entre os quais

os de Hadlich (1997), Torezan et al. (2000), Rodrigues (2001), entre outros.

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Hadlich (1997) desenvolveu uma proposta de avaliação de riscos de contaminação dos

recursos hídricos por agrotóxicos utilizando técnicas de geoprocessamento e cartografia

digital, e aplicou-a a micro bacia hidrográfica do Córrego Garuva-Sombrio (SC). Esta

proposta é baseada no conceito de risco como resultado da interação intrínseca ao meio

natural e a ação antrópica avaliada através do uso do solo. O risco é espacializado através de

cartas de vulnerabilidade do meio (obtida a partir do cruzamento das cartas de solos, de

distância do local de aplicação do agrotóxico ao curso d’água mais próximo e de declividade)

e do uso do solo (obtida através da classificação supervisionada de imagem de satélite).

Elaborada sob a visão sistêmica, a metodologia fundamenta-se nos processos de

contaminação e no conceito de risco.

Torezan et al. (2000) aplicaram técnicas de geoprocessamento na análise de

componentes ambientais, como instrumento de planejamento de áreas com potencial de serem

exploradas por atividades de mineração de areia na bacia do Rio Bonito (SP). Foram

consideradas componentes como formações geológicas com potencial de serem explorados

por mineração, declividade, áreas urbanas, áreas de preservação permanente e fragmentos de

remanescentes de vegetação natural. Os autores utilizaram técnicas de interpretação de

imagens de sensoriamento remoto e análises em SIG, obtendo como resultado uma carta

indicando área com três classes de restrição a exploração mineral, a qual pode ser utilizada no

processo de decisões sobre o planejamento da área em questão.

Rodrigues (2001) também utilizou SIG para realizar uma avaliação do uso da terra na

parte inicial da Bacia do Rio Pardo, em Botucatu/Pardinho (SP), visando subsídios para o

planejamento adequado do uso na área.

2.1.2 Sensoriamento Remoto

Segundo Rosa (1995), o sensoriamento remoto pode ser definido, de uma maneira

ampla como sendo a forma de se obter informações de um objeto ou alvo, sem que haja

contato físico com o mesmo. As informações são obtidas utilizando-se a radiação

eletromagnética, geradas por fontes naturais como o Sol e a Terra, ou por fontes artificiais

como, por exemplo, Radar.

Segundo Costa (2001), Sensoriamento Remoto é a ciência e a arte de obter

informações com um objeto de uma área terrestre ou um fenômeno qualquer, mediante análise

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de dados obtidos com um aparelho sensível que não está em contato direto com o alvo para o

qual está direcionado.

Para Curran (1985) o Sensoriamento Remoto ampliou a capacidade do homem em

obter informações sobre os recursos naturais e o meio ambiente, colocando-se como mais uma

ferramenta complementar para facilitar trabalhos temáticos e de levantamento.

Neste contexto Rocha (2000), afirma que “o Sensoriamento Remoto pode ser definido

como a aplicação de dispositivos que, colocados em aeronaves ou satélites, nos permitem

obter informações sobre objetos ou fenômenos da superfície da Terra, sem contato físico com

eles”.

O Sensoriamento Remoto consiste na utilização de sensores para aquisição de

informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto entre eles. Os sensores

são equipamentos capazes de coletar energia proveniente do objeto, convertê-la em sinal

passível de ser registrado e apresentá-lo em forma adequada à extração de informação

(NOVO, 1992), utilizando como principal fonte de energia a radiação eletromagnética, sendo

as principais disponíveis pelo sol e a própria terra.

Através do sensoriamento remoto, é possível identificar características de diferentes

materiais superficiais. Isto porque estes materiais possuem comportamentos diversos nos

vários comprimentos de onda do espectro eletromagnético. Sendo este a distribuição da

radiação eletromagnética (gerada por ondas produzidas pela oscilação ou aceleração de uma

carga elétrica) em um contínuo, que se estende desde onda de freqüência extremamente alta

(comprimento de onda curto) até as ondas de freqüência extremamente baixa (comprimento

de onda longo).

Neste sentido, as imagens de Sensoriamento Remoto têm a seu favor a periodicidade,

fato que permite a geração de mapas de qualquer parte da superfície terrestre sempre

atualizado, tanto no que se refere a dados quantitativos como qualitativos. Neste sentido, o

potencial de aplicação do Sensoriamento Remoto para o mapeamento dos recursos naturais é

inegável, especialmente em levantamentos de uso da terra.

Na detecção remota existem diversas técnicas que permitem extrair informações das

imagens de satélite para caracterizar a ocupação do solo. A técnica de classificação permite

transformar uma imagem de satélite numa carta temática, os objetos da superfície são

agrupados de acordo com características espectrais, espaciais ou temporais homogêneas,

atribuindo-se a cada pixel uma determinada classe ou categoria predefinida (BAIO, 1996).

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Segundo Caetano (2002), os primeiros passos para a extração de informação temática

de imagens de satélite consistem na definição de uma nomenclatura, também designado de

esquema de classificação da cartografia a produzir.

Podem distinguir-se os sistemas de classificação de nomenclaturas em dois tipos base:

o hierárquico e o não-hierárquico. A maioria apresenta sistemas hierárquicos, pois são

sistemas mais consistentes. Têm a capacidade de incluir diferentes níveis de informação,

começando com classes gerais, subdivindo-se, sistematicamente, em subclasses mais

detalhadas. Em cada nível, as classes são mutuamente exclusivas e independentes, sendo que,

as classes mais altas apresentam critérios de caráter geral, e sempre que se desce no nível, o

número e a complexidade dos critérios aumentam (GREGÓRIO, 2000).

A opção por um determinado sistema de nomenclatura deverá ter em consideração o

estudo em causa, a unidade mínima identificável, a escala de produção, a disponibilidade e

natureza da informação de base e ainda as respectivas características espectrais, espaciais e

temporais. As classes da nomenclatura devem ter uma terminologia clara e bem definida, por

forma a evitar termos vagos, devendo estar adaptadas aos futuros utilizadores (PERDIGÃO,

1997).

A razão pela qual as imagens de satélite podem, e são, utilizadas para a produção de

cartografia temática está relacionada com a forma diferenciada com que as várias ocupações

do solo refletem a energia solar. Os elementos da paisagem apresentam diferentes refletâncias

nas diferentes freqüências do espectro eletromagnético, sendo a quantidade de energia

refletida medida pelos sensores instalados em satélites. As zonas do espectro que têm sido

mais utilizadas em detecção remota são: o visível, que inclui o azul, verde e vermelho, o

infravermelho próximo e o infravermelho médio (RICHARDS, 1986).

As imagens captadas por satélites estão disponíveis em formato digital e encontram se

estruturadas em matrizes regulares, em que cada quadrícula corresponde a uma área do

terreno. Em cada pixel é registrado um vetor de valores, números digitais (ND), em que cada

valor corresponde à quantidade de energia refletida pelos objetos da superfície, em diferentes

gamas do espectro magnético. Esta energia refletida é medida por sensores digitais instalados

a bordo de satélites de acordo com as suas características técnicas: resolução espacial

(tamanho do pixel), espectral (número de bandas e largura de cada banda do espectro

eletromagnético a que um sensor é sensível), rádio métrica (número máximo possível de ND

por canal) e temporal (RICHARDS, 1986).

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2.1.3 Sistemas de informação geográfica

Dados geográficos são informações definidas por atributos espaciais que descrevem

forma e localização de um objeto, associado aos atributos descritivos deste mesmo objeto

(SENDRA, 1997). Os sistemas que realizam o tratamento computacional dos dados

geográficos são sistemas de informação geográfica (SIG) (CÂMARA, 1993).

Os SIG são sistemas cujas principais características são: "integrar, numa única base de

dados, informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados de censo e de

cadastro urbano e rural, imagens de satélites e modelos numéricos de terrenos; combinar as

várias informações, através de algoritmos de manipulação, para gerar mapeamentos

derivados; consultar, recuperar, visualizar e imprimir o conteúdo da base de dados

geocodificados" (CÂMARA, 1993)

Segundo Câmara (2005) o que distingue um SIG de outros tipos de sistemas de

informação é a possibilidade de se realizar análises espaciais. A combinação de parâmetros de

naturezas distintas busca fazer simulações sobre os fenômenos do mundo real, inferindo

possíveis ocorrências de eventos de interesse.

Um exemplo é o caso de Belo Horizonte onde o geoprocessamento e todo o conjunto

de ferramentas que compõem o SIG vêm sendo usados para: implantação de postos de saúde,

alocar alunos às escolas mais próximas de suas casas, sair de um lugar A e chegar a um lugar

B, determinar o tipo de uso do solo em determinada área, combater a proliferação de vetores

de doenças endêmicas, como dengue e febre amarela (saneamento), determinar a qualidade de

vida da população de uma região (planejamento) (OLIVEIRA, 2005). Belo Horizonte tem

sido um exemplo do uso bem-sucedido de geoprocessamento na gestão municipal.

Do ponto de vista da aplicação, o uso de sistemas de informação geográfica (SIG)

implica em escolher as representações computacionais mais adequadas para capturar a

semântica de seu domínio de aplicação. Do ponto de vista da tecnologia, desenvolver um SIG

significa oferecer o conjunto mais amplo possível de estruturas de dados e algoritmos capazes

de representar a grande diversidade de concepções do espaço (QUEIROZ, 2006).

Devido à sua ampla gama de aplicações, onde estão incluídos temas como agricultura,

floresta, cartografia, cadastro urbano e redes de concessionárias, há pelos menos três maneiras

de utilizar SIG (ASSAD, 1993):

• Como ferramenta para produção de mapas;

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• Como suporte para análise espacial de fenômenos;

• Como um banco de dados geográficos, com função de armazenamento e

recuperação de informações espaciais.

Segundo Rosa (1996) de modo geral, pode-se definir formalmente um SIG como sendo

uma combinação de recursos humanos (peopleware) e técnicos (Hardware/Software), em

concordância com uma série de procedimentos organizacionais que proporcionam

informações com finalidade de apoiar as gestões diretivas.

Ainda segundo Rosa (1996), o objetivo geral de um SIG é servir de instrumento eficiente

para todas as áreas do conhecimento que fazem uso de mapas, possibilitando entre outras: a

integração em uma única base de dados de informações representando vários aspectos do

estudo em uma região; permitir a entrada de dados de diversas formas; combinar dados de

diferentes fontes, gerando novos tipos de informações e; gerar relatórios e documentos

gráficos de diversos tipos.

2.2 O Uso de Geotecnologias na Gestão Ambiental

Atualmente, com o desenvolvimento das geotecnologias, existe uma série de recursos

que auxiliam sobremaneira a investigação da adequação de uso do solo, sendo aplicáveis ao

planejamento geográfico e à obtenção de dados voltados ao ordenamento territorial, tanto em

níveis regionais quanto municipais (CATELANI, 2003). Nesse sentido, Ross (1994)

acrescenta que as avaliações ambientais de usos, apoiadas em técnicas de geoprocessamento e

sensoriamento remoto, são excelentes suportes técnico-científicos para a elaboração de

zoneamentos ambientais que vão dar suporte as políticas de planejamento estratégico em

qualquer nível de gerenciamento ou governo e em qualquer território político-administrativo

(nação, estado, município, fazendas, núcleos de colonização, bacias hidrográficas, áreas

metropolitanas, pólos industriais, etc).

De acordo com Medeiros (1999) qualquer que seja a metodologia utilizada nos

diagnósticos ambientais, geralmente, se fornece a idéia de um processo classificatório ou

organizacional, segundo critérios “ecológicos e econômicos” de uma porção da superfície

terrestre, considerando-se também os efeitos do desenvolvimento social e econômico.

Como exemplo de utilização de SIG aplicado ao estudo integrado do meio-ambiente, o

INPE (1992) desenvolveu no projeto MAVALE – Macrozoneamento do Vale do Paraíba e

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Litoral Norte do Estado de São Paulo, que abrangeu 40 municípios, uma metodologia para

planejamento regional. Este projeto foi realizado para dar suporte ao Consórcio para o

Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba e Litoral Norte - CODIVAP na formulação de

diretrizes para ordenamento territorial da região e, colocando à disposição da comunidade

uma metodologia de planejamento regional baseada na utilização de dados de sensoriamento

remoto orbital. Foram desenvolvidos estudos relativos aos seguintes temas:

• Geologia, pedologia, geomorfologia, cobertura vegetal, uso da terra, áreas urbanas e

sua expansão na última década, áreas favoráveis à recarga e concentração de água

subterrânea;

• Compartimentação da região em sub-bacias e estudo das relações uso da terra x

qualidade de água;

• Elaboração da aptidão agrícola das terras e diagnóstico sócio-econômico-demográfico.

Os procedimentos que envolveram o diagnóstico ambiental do meio físico e sócio-

econômico foram integrados na busca de um entendimento holístico do espaço regional e de

seus problemas inerentes ao uso e ocupação das terras.

Como exemplo dessa abordagem tem-se Bezerra (1990), que utilizaram um SIG para

produzir o diagnóstico geoambiental preliminar (não foram considerados os aspectos

socioeconômicos) do estado do Amapá, utilizando uma abordagem metodológica baseada na

análise do meio físico e biótico e identificação dos respectivos geossitemas. Nesse trabalho

foram identificadas a distribuição de seis grandes Regiões Geoambientais, sendo três

determinadas pela interdependência rocha-relevo e três por fatores climáticos atuais ou

passados, que funcionaram ou funcionam como elementos controladores da distribuição dos

solos e da vegetação. Em cada região foram definidos geossistemas e geofácies.

No trabalho desenvolvido por Martins (1993) visando o mapeamento da cobertura

vegetal e antropismo no estado do Ceará foi utilizado o conceito de sistemas ambientais para

análise e síntese dos resultados. Isto foi realizado através de um SIG, onde foram

armazenados e analisados os mapas temáticos obtidos a partir das interpretações das imagens

Landsat-TM e de outras fontes e sobre os quais foram realizados todos os cruzamentos entre

os planos de informação necessários para a consecução do trabalho.

Gerando informações auxiliares para o Planejamento no Ceará, Carvalho (1993)

identificou áreas erosivas em região semi-árida através de um SIG, utilizando dados de

sensoriamento remoto e técnicas de geoprocessamento em conjunto com a equação universal

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de perdas de solo (USLE-Universal Soil Loss Equation). O mesmo autor baseou-se no

trabalho desenvolvido na Bacia do Peixe-Paranapanema, pelo Instituto de Pesquisas

Tecnológicas da USP, em 1986 e concluíram que o SIG possibilitou a manipulação eficiente e

rápida dos fatores: erosividade das chuvas, erodibilidade dos solos, extensão de vertentes,

declividade e uso e cobertura do solo.

No desenvolvimento de uma nova aplicação de SIG, segundo Lisboa (2000) uma das

principais escolhas é a da área geográfica para a qual os dados serão coletados e analisados. A

seguir, partindo-se dos objetivos iniciais da nova aplicação, deve ser feita a identificação dos

principais temas para os quais os dados serão coletados e mantidos no banco de dados

geográfico.

Em seu trabalho de pós-graduação Catelani (2003), teve como objetivo gerar um mapa

de uso atual da terra com a delimitação das áreas cobertas com florestas, essências exóticas,

urbanas e outras construções, com base em técnicas de Sensoriamento Remoto e imagens

atuais do satélite Landsat TM do município de Santo Antônio do Pinhal, SP. Como segundo

objetivo foi gerado um mapa contendo a delimitação das “Áreas de Preservação Permanente”

com base em mapas topográficos na escala 1:50.000 e no Código Florestal e posteriores

documentos legais, através da geração de um modelo numérico do terreno. Finalmente, o

trabalho cruzou os dois mapas para avaliar o uso efetivo das áreas de preservação permanente

no município de Santo Antônio do Pinhal e apresenta uma discussão do uso de geotecnologias

na geração de mapa da legislação ambiental pertinente.

Desta forma, pode-se vincular o uso de mapas diretamente ao planejamento ambiental

de unidade administrativa. Para Santos (1990) o planejamento ocupa um lugar proeminente

dentro das projeções governamentais, especialmente o seu alcance, exige a análise de todos os

fatores que integram os quadros da infra-estrutura natural e construída de um Estado. Desta

forma, os mapas temáticos mostram a sua utilidade, como sendo ferramentas indispensáveis

para tal.

2.3 Aplicações de Geotecnologias no Mapeamento de Uso e ocupação do solo

De acordo com Santos (2003) para definir políticas ambientais, atos administrativos

e/ou econômicos, são essenciais o conhecimento atualizado da ocupação e uso do solo. Na

área da política ambiental, este tipo de dados serve de base à definição de estratégias de

gestão e ordenamento do território, bem como à aplicação de programas de desenvolvimento

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e implementação de diretivas comunitárias. Na agricultura, os dados são necessários para

calcular estatísticas, estabelecer e fiscalizar políticas de subsídio e ainda para definir políticas

futuras.

Na gestão florestal segundo Santos (2003), os dados de ocupação do solo permitem

inventariar e avaliar o estado atual do planejamento florestal. Na área da proteção ambiental,

os dados temáticos espaciais servem para estimar o estado de conservação da natureza. Na

atividade econômica, o conhecimento espacial da distribuição dos recursos naturais e

principais usos e ocupações do solo permite, por exemplo, que empresas privadas definam

novas áreas de serviços, ou melhor, localização para novas fábricas. Simultaneamente, estes

dados servem de base para produzi-la informação mais complexa sobre outros temas, como

sejam as erosões do solo, impermeabilização, fontes de retenção de carbono, etc.

Os mapas de uso e ocupação do solo podem resultar de dados recolhidos no terreno, de

fotografia aérea ou de imagens obtidas por satélites, eles devem estar disponíveis a diferentes

escalas conforme se destinem a aplicações locais, regionais ou globais. Para fins de gestão

ambiental, a nomenclatura utilizada a diferentes escalas deve permitir aos administradores a

identificação, análise e fiscalização das áreas sob a sua responsabilidade. A European

Environmental Agency (EEA) e o European Topic Centre for Land Cover (ETC/LC) (1999),

apresentam uma relação entre as escalas dos mapas de ocupação do solo e a sua finalidade.

Quadro 1 - Relação entre escala e áreas de utilizações dos mapas de ocupação do solo.

Fonte: Adaptado de EEA e ETC/LC (1999).

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Ainda de acordo com Santos (2003) a caracterização do território, em função de sua

dimensão ou utilização socioeconômica, presente e futura, permitem definir diferentes

unidades de ocupação do solo. Estas unidades ou classes (zonas agrícolas, florestais, (semi)

naturais, úmidas e massas de água) resultam de diferentes tipos de utilização do solo

(residencial, industrial, recreativo, florestal, agrícola) (CCE, 2004), a qual é muitas vezes

condicionada por alguns fenômenos naturais (fogos e inundações) ou humanos (desmatação,

reflorestação, urbanização, inundação) e consequentemente conduz a alterações das

respectivas classes de ocupação, entretanto identificadas, para uma dada posição geográfica.

Estas alterações permitem-nos afirmar que as classes de ocupação do solo apenas são

válidas durante um dado período de tempo.

A identificação das classes de ocupação do solo, num dado período e para uma

localização espacial, resulta essencialmente da aplicação de um ou vários métodos científicos

e/ou estatísticos para a classificação dos dados/informação de base utilizado (JARS, 1996).

O maior ou menor detalhe da caracterização da ocupação do solo (características e

número das unidades taxonômicas) depende das resoluções espaciais, espectrais e temporais

utilizadas.

Em se tratando do estudo da paisagem de uma região, a metodologia desenvolvida por

Ross (1994) que apresenta a cartografia como instrumento de apoio para uma análise

integrada do meio físico-biótico e socioeconômico no intuito de representar uma síntese,

mostra-se a melhor para a confecção das cartas temáticas e a análise dos dados gerados a

partir de produtos de sensoriamento remoto proporcionaram uma retrospectiva dos espaços da

área total de um determinado Município.

2.4 Aplicações de Geotecnologias no Mapeamento de Áreas de Preservação Permanente

Castelani (2007) mapeou as Áreas de Preservação Permanente (APP) do município de

Santo Antônio do Pinhal, SP, apoiado na utilização de técnicas computacionais de

geoprocessamento e no tratamento de informações espaciais contidas em documento

cartográfico oficial da Federação (Cartas Topográficas do IBGE na Escala de (1:50.000). Os

resultados da análise e o mapeamento das áreas de preservação permanente do município de

Santo Antônio do Pinhal demonstraram, em especial, duas situações de maior atenção: em

primeiro lugar, destaca-se que as APP abrangem uma área de 7.218 ha, equivalentes a 52,2%

da área total do município, um aspecto muito positivo do ponto de vista ambiental, porém

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extremamente restritivo em relação ao uso do solo. Em segundo, a ocorrência de APP de

Topo de Morro em uma área de 4.227 ha, correspondentes a 30,7% da área total do

município, o que demonstra o caráter restritivo ao uso da terra imposto por essa classe de

APP, especialmente em regiões com relevo ondulado como no domínio dos Mares de Morros

em que se insere a área estudada.

Caldas (2007) trabalhou com o objetivo de delimitar, através de técnicas de

geoprocessamento para delimitar APP e avaliar o conflito existente entre a legislação

ambiental e a presença ou ausência de cobertura florestal no município de Jaraguá do Sul, em

Santa Catarina. Foram utilizadas cartas vetorizadas, imagem de satélite e fotos aéreas para

gerar dados da cobertura florestal e das APP da rede de drenagem, das nascentes, das linhas

de cumeada, dos morros, das montanhas e das áreas com declividade superior a 45º.

2.5 Mapas de vulnerabilidade ambiental

As avaliações de áreas vulneráveis são ferramentas muito importantes para a

elaboração e atualização de novas informações a respeito das características ambientais dos

municípios, além de auxiliarem em ações multidisciplinares, que poderão dar subsídios a

planos diretores municipais. Neste sentido, o diagnóstico vem como uma tentativa importante

para criação de instrumentos que contribuam para o planejamento do município

(SAKAMOTO, 2006).

No trabalho realizado por Sakamoto (2006), foram adotados alguns procedimentos de

Avaliação de Vulnerabilidade Ambiental (AVA), para indicar diretrizes que minimizem os

impactos ambientais, através da elaboração de mapeamentos dos aspectos físico-naturais das

áreas degradadas em decorrência do uso inadequado do solo em áreas rurais e urbanas, o

objetivo geral desse trabalho foi avaliar as vulnerabilidades ambientais do Município de Ponta

Porã, tendo como temáticas prioritárias o uso do solo, o Plano Diretor e o gerenciamento de

áreas de risco.

Em outro trabalho realizado por Silva & Maniesi (2005), foi feita a elaboração dos

mapas temáticos, as informações foram disponibilizadas no banco de dados geográficos na

forma de geocampos temáticos como representantes da distribuição espacial de uma variável

possuidora de valores em todos os pontos pertencentes a uma região geográfica, num dado

tempo. Em seguida foram atribuídos valores numéricos relativos a vulnerabilidade a erosão

para cada uma das classes de cada um dos geocampos temáticos. Em seguida, os geocampos

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temáticos foram convertidos em geocampo numéricos através das operações de ponderação,

representando a vulnerabilidade à erosão de cada um dos temas. A seguir, através de uma

operação aritmética, gerou-se um novo geocampo numérico representando o valor médio da

vulnerabilidade dos quatro geocampos numéricos, tendo como resultado o mapa de

vulnerabilidade média dos temas abordados anteriormente.

No trabalho realizado por Crepani et al. (1996), é proposta uma nova metodologia,

onde é possível gerar cartas de vulnerabilidade natural à perda de solo para subsidiar o

Zoneamento Ecológico - Econômico da Amazônia e de outras regiões do país, para tal foi

usado o conceito de Ecodinâmica (Tricart, 1977) e da potencialidade para estudos integrados

das imagens de satélite que permitem uma visão sinótica, repetitiva e holística da paisagem.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 A Área em Estudo

O município de Salinas localiza-se na região norte e semi-árida do Estado de Minas

Gerais (Figura 1). Possui aproximadamente 1.891,33 Km² de área total, sendo que destes

40,46 Km² de zona urbana e 1.850,87 Km² de zona rural, com uma população de 37.370

habitantes (IBGE, 2007). É um dos municípios que formam o polígono das secas, sob

jurisdição da SUDENE, segundo Brandão (1994). As coordenadas geográficas da sede

municipal de Salinas, de acordo com o IBGE são 16° 10’ 13” de latitude sul e 42° 17’ 25” de

longitude oeste. A altitude da cidade é de 389 metros acima do nível do mar.

Figura 1 - Localização da Área em Estudo. Fonte: Elaborada a partir de dados do IBGE – www.ibge.com.br (2009)

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O município de Salinas possui sete municípios limítrofes que são Rio Pardo de Minas,

Taioberias, Santa Cruz de Salinas, Novorizonte, Fruta de Leite, Comercinho e Rubelita

(Figura 2).

Figura 2 - Municípios que fazem limite com Salinas. Fonte: Elaborada a partir de dados do IBGE – www.ibge.com.br (2009)

3.2 Levantamento Bibliográfico

Inicialmente foram sistematizados os trabalhos de pesquisa, monografias e

dissertações desenvolvidas com temáticas específicas dentro do contexto do Município de

Salinas. Além disso, serão pesquisadas as principais bases bibliográficas que abordem a

temática relacionada ao uso de SIG em Planejamento Municipal.

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3.3 Consolidação da Base cartográfica

Os produtos cartográficos fornecidos pelo órgão oficial de mapeamento sistemático, o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são amplamente utilizados para

inserção de dados geográficos em sistemas de informação. Dessa forma, a análise da visão

desse órgão, quanto à representatividade de elementos em diversas escalas, constitui relevante

ferramenta para compreensão de como fica a representação de detalhes nas cartas topográficas

que são comumente digitalizadas e manipuladas nos banco de dados geográficos.

Em função da área do Município e dos trabalhos de cobertura plani-altimétrica

existentes, os trabalhos de cartografia foram desenvolvidos na escala 1:100.000 com a

utilização e adaptação dos dados das folhas topográficas SE-23-X-B-III (Salinas), SD-23-Z-

D-VI (Taiobeiras), SD-24-Y-IV (Curral de Dentro), SE-24-V-A-I (Comercinho), SE-23-X-B-

II (Padre Carvalho) e SD-23-Z-D-V (Rio Pardo). A manipulação dos dados digitais da base

cartográfica foi realizado com a utilização do ArcGIS 9.2 ® conforme descrito a seguir:

• Aquisição dos arquivos vetoriais, no formato DGN, cartas topográficas

vetoriais do mapeamento sistemático em escala 1:100.000 do IBGE;

• Definição do sistema de coordenadas e a unidade padrão, utilizando o Software

ArcCatalog do pacote de software ArcGis versão 9.2,dependendo da nomenclatura da folha

South America 1969 UTM Zone 23S para Salinas, Taiobeiras, Rio Pardo e Padre Carvalho ou

South America 1969 UTM Zone 24S para Curral de Dentro e Comercinho;

• Modificar unidade linear de 1 para 1000 já que as cartas do IBGE estão em

Kilometer, neste momento o software cria um arquivo com extensão *.prj;

• Conversão dos arquivos para extensão *.SHP, utilizando a ferramenta

Conversion Tools > To Shapefile do ArcToolbox.;

• Para unir as cartas foi usada a função merge;

• Intersecção com o polígono do limite do município.

3.4 Adaptação do Modelo Digital do Terreno a partir de Imagens SRTM

O projeto TOPODATA oferece dados topográficos e suas derivações básicas em

cobertura nacional elaborado a partir dos dados SRTM disponibilizados pelo USGS pela

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internet (INPE, 2009). Os dados estão estruturados em quadrículas compatíveis com a

articulação 1:250.000, portanto, em folhas de 1o de latitude por 1,5o de longitude. Os arquivos

foram nomeados seguindo-se uma única notação para cada conjunto de arquivos de uma

mesma folha. As folhas estão identificadas seguindo o prefixo de 6 letras LA_LON, em que

LA é a latitude do canto superior esquerdo da quadrícula e LON sua longitude, na seguinte

notação: nn5 quando longitude for nn graus e 30’ e nn_ quando a coordenada for nn graus

inteiros (INPE, 2009).

Neste trabalho foram utilizados os arquivos 15_42, 15_435, 16_42, 15_435,

originalmente no formato *.img, sendo posteriormente necessária a conversão para um

formato em que o SIG (ARCGIS 9.2) pudesse manipular, para tanto utilizou-se o software

IDRISI, com o uso de seus recursos básicos.

A forma trivial de conversão foi feita com as opções via menu “file/IDRISI file

conversion”, em que os planos são armazenados em arquivos típicos de Idrisi (*.img/*.doc),

logo após utilizando o software ArcMap, uniu-se os arquivo selecionando ArcToolbox > Data

Management Tools > Raster > Mosaic to New Raster.

Do exposto, o SRTM referente ao Município de Salinas sofreu uma transformação de

sistemas de referência usando os parâmetros oficiais brasileiros de conversão entre os dois

sistemas (WGS84 para SAD69), pois o SRTM é referenciado ao World Geodetic System 1984

-WGS84. O passo seguinte consistiu em recortar o arquivo em função do limite de Salinas,

utilizando a carta do IBGE referente ao limite, para isso utilizou-se o software ARCMAP

selecionando ArcToolbox > Spatial Analyts Tools > Extraction > Extract by Mask (a máscara

é o polígono do município) (Figura 3).

Segundo Valeriano (2008), existe numerosas possibilidades de representar a

distribuição da altimetria em função da área em estudo. Para algumas averiguações simples,

pode-se usar a codificação em níveis de cinza, tanto direta (valores baixos escuros) como

invertida (valores altos escuros). A observação do relevo sob escalas de cinza, embora

operacionalmente simples, é limitada pelo número de faixas de percepção visual humana.

Supondo uma capacidade de distinguir 10 níveis de cinza, um relevo de amplitude de 500m,

por exemplo, terá em cada faixa perceptível uma amplitude de 50m. Quaisquer feições dentro

desta amplitude, mesmo que suficientemente extensas para serem enxergadas, passarão

despercebidas dentro de uma única faixa de percepção. Dessa forma, utilizando o arquivo

SRTM referente à altimetria de Salinas gerou-se uma análise visual dos dados altimetricos a

partir da geração de relevo sombreado (shaded relief ou analytical hillshading), recurso

também disponível na maioria dos SIG. Neste, é possível controlar a posição do iluminante e

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o exagero vertical, de modo a perceber feições sutis como a rugosidade do modelo, entre

outras. A percepção do relevo se dá pela distribuição da luminosidade em função da

geometria de iluminação (ângulos zenital e azimutal de iluminação) relativa à geometria da

superfície (ângulos zenital e azimutal de exposição), em cada pixel (Figura 3).

Figura 3 - Recorte da Imagem SRTM referente à altimetria do município de Salinas.

Fonte: Elaborada a partir de dados do INPE – www.inpe.br (2009)

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Figura 4 – Modelo de sombreamento do relevo (hillshade) elaborado a partir de imagem

SRTM referente à altimetria.

Fonte: Elaborada a partir de dados do INPE – www.inpe.br (2009)

3.4.1 Hipsometria

Em função da escala de trabalho (1:100.000) a análise do Modelo Digital do Terreno

permitiu a seleção de cinco classes altimetricas, conforme apresentadas na Figura 5.

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Figura 5 - Hipsometria do município de Salinas. Fonte: Elaborada a partir de dados do INPE – www.dsr.inpe.br/topodata (2009).

Com a análise da Figura 5 é possível visualizar as variações de altitude do relevo no

município de Salinas. Nota-se a ocorrência marcante do vale do Rio Salinas onde suas áreas

mais baixas estão localizadas a 389m subindo continuadamente em direção aos topos em

altitudes que alcançam 1.024m. A Tabela 1 apresenta a distribuição em área e em

porcentagem das diferentes classes de hipsometria encontradas.

Tabela 1 - Área ocupada em cada intervalo de altitude.

Hipsometria Área Km2 %

390 – 549 329,15 17,33 549 – 645 500,13 26,33 645 – 749 377,72 19,88 749 – 852 418,09 22,01 852 – 1024 274,64 14,46

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3.4.2 Declividade

Para obtenção da declividade utilizou-se do arquivo de declividade numérica do

projeto TOPODATA para em seguida serem hierarquizadas em cinco categorias que

representam segundo Ross (2004), valores já conhecidos de limites críticos de geotecnia,

como mostrado na Figura 6.

Figura 6 - Declividade de Salinas.

Fonte: Elaborada a partir de dados do INPE – www.dsr.inpe.br/topodata (2009).

Tabela 2 - Área ocupada em cada intervalo de declividade.

Declividade em graus Área Km2 %

0 – 6 771,7 33,33 6 – 12 707,17 26,67 12 – 20 321,17 20,00 20 – 30 60,97 13,33 > 30 4,81 6,67

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3.5 Mapeamento de Uso e Ocupação do Solo do Município

Para classificação do uso e ocupação optou-se pela classificação de imagens do sensor

remoto ETM +, mais precisamente a cena 217/71 com data de 15 de outubro de 2002, obtida

no Instituto Nacional de Pesquisa (INPE). A imagem é composta por 8 bandas espectrais,

onde foi usado as bandas 3,4,5 para confecção do mapa de uso e ocupação do solo do

município de Salinas.

As bandas utilizadas foram as 3(R), 4(G) e 5(B) partindo dos seguintes pressupostos:

A banda 3 apresenta grande absorção, ficando escura, permitindo bom contraste entre áreas

ocupadas com vegetação e aquelas sem vegetação.(Exemplo: solo exposto, estradas e área

urbana). Apresenta bom contraste entre tipos de cobertura vegetal. (exemplo: campo, cerrado

e floresta). A banda 4 caracteriza bem os corpos de água que absorvem muita energia, ficando

escuros, permitindo o mapeamento da rede de drenagem e delineamento de corpos d’água. A

vegetação verde, densa e uniforme reflete muita energia nesta banda, aparecendo bem clara

nas imagens. Apresenta, ainda, sensibilidade a morfologia do terreno, permitindo a obtenção

de informações sobre a geomorfologia, solos e geologia. Já a banda 5 apresenta sensibilidade

ao teor da umidade das plantas, servindo para observar estresse na vegetação, causado por

desequilíbrio hídrico. Esta banda sofre perturbações em caso de ocorrer excesso de chuva

antes da obtenção da cena pelo satélite (INPE, 2009).

Para a correção atmosférica da imagem de satélite foi utilizado o modelo ATCOR do

software Erdas Imagine 9.1 que utiliza dados referentes aos sensores e às condições

atmosféricas no momento da aquisição da imagem.

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Figura 7 - Imagem ETM+ bandas 3,4,5 da área de estudo.

Fonte: Elaborada a partir de dados do INPE – www.inpe.br (2009)

A imagem foi analisada mediante o emprego do software ERDAS IMAGINE, versão

9.1., a partir do método de classificação supervisionado, em que foi gerado, inicialmente, um

mapa da Área de Interesse (AOI) e posteriormente o mapa de uso e ocupação do solo.

De forma geral, a técnica de classificação supervisionada consiste na criação

assinaturas multi-espectrais, as quais constituem critérios para a classificação do uso do solo

de acordo com modelos de distribuição estatística multivariada.

Para a identificação das redes viárias, drenagem e outros pontos de controle foram

utilizados as cartas topográficas do IBGE, para a identificação da vegetação, culturas e uso do

solo foi feito algumas coletas de pontos em campo com auxilio de um GPS. Com essa

pesquisa em campo obteve 57 pontos, onde foi observada a ocorrência de cada uma das

classes na área do município com auxilio do GPS de marca GARMIM ETREX VISTA, entre

esses pontos poderão ser identificados dois tipos de vegetação: Cerrado e Caatinga, não foi

possível encontrar floresta atlântica. A área onde existia floresta atlântica foi totalmente

desmatada. Foram identificados também áreas com culturas de eucalipto (usado na indústria

de carvão) e canaviais (usados na indústria de cachaça), além de ser observadas áreas com

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pastagens, solos expostos e área antropizadas (cidades, desmatamentos), tais pontos

auxiliaram na confecção do mapa de uso e ocupação do solo.

Foram mapeados os principais tipos de uso e formas de ocupação do solo do

município de Salinas sendo as classes adaptadas da proposta de Ross (1994) que classifica os

usos e a ocupação em cinco categorias principais:

• Áreas vegetais com coberturas densas (Cerrado);

• Mata nativa (Caatinga);

• Terrenos impermeabilizados por edifícios, asfalto (área urbana), área com

proteção esparsa, pastagens, solo exposto e áreas desmatadas (Antropizado);

• Culturas como eucalipto e cana (Culturas);

• Porções de água (Água).

3.6 Elaboração do Mapa de Áreas de Preservação Permanentes

O mapeamento das Áreas de Preservação Permanente (APP) do município de Salinas

tem como intuito a produção de um documento cartográfico voltado a subsidiar as ações das

autoridades ambientais responsáveis pela preservação destas áreas. Nesse contexto, esta

atividade tem o objetivo de delimitar as APPs, na escala de 1:100.000, apoiado na utilização

de técnicas e das ferramentas computacionais de Geoprocessamento e no tratamento de

informações espaciais contidas em documento cartográfico oficial da Federação (Cartas

Topográficas do IBGE na Escala de 1:100.000), como limite municipal, imagens SRTM

obtidos no INPE através de seu projeto TOPODATA, além de imagem do sensor LANDSAT

7 obtido gratuitamente no INPE. Este mapa deverá conter os polígonos de APP - Áreas de

preservação permanente conforme normatizados na Resolução CONAMA n. 303, de 20 de

março de 2002.

3.6.1 Delimitação de APP de margem de cursos d´água

É considerada área de preservação permanente a faixa marginal, medida a partir do

nível mais alto, em projeção horizontal, com largura mínima, de:

a) trinta metros, para o curso d`água com menos de dez metros de largura;

b) cinqüenta metros, para o curso d`água com dez a cinqüenta metros de largura;

c) cem metros, para o curso d`água com cinqüenta a duzentos metros de largura;

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d) duzentos metros, para o curso d`água com duzentos a seiscentos metros de largura;

e) quinhentos metros, para o curso d`água com mais de seiscentos metros de largura;

Para delimitação das APP de cursos d´água foi necessário seguir alguns

procedimentos, conforme apresentados abaixo:

a) Criação de uma máscara dos polígonos das represas - Com auxílio da ETM+ foi

desenhado o contorno das represas principais de Salinas em um shapefile criado

antecipadamente, nele consta a represa de Salinas, Bananal e uma parte da represa de

Caraíbas;

b) Extração do arquivo SRTM os polígonos das represas;

c) Definir a rede de drenagem do município de Salinas a partir do arquivo SRTM;

d) Classificar a rede de drenagem de acordo com o método de STRAHLER 1952 com a

utilização do ARCGIS 9.2® ( Figura 8);

e) Para definição da dimensão da faixa marginal de preservação para atendimento a

legislação, foi usada a ordem dos canais de drenagem em observação e medição dos

cursos de água na imagem Landsat 7 notou-se que, para a drenagem de ordem 1 e 2 não

ultrapassam a largura de 10 metros, e dessa forma em atendimento a legislação possuem

faixa marginal de APP de 30m em ambas as margens. Para as classes 3 e 4 considerou-se

que a rede de drenagem possui largura entre 10 e 50 metros, portanto APP marginal de

50m. Já para a classe 5 enquadram-se aquelas drenagem de largura entre 50 e 200m com

área de APP de 100m para cada uma das margens (Figuras 9 e 10).

Para calcular a área total de APP de cursos d´água foi necessário unir todas as APP, de

30m, 50m e 100m utilizando o comando merge do ArcMap obtendo-se uma área de 85,57

Km2 total.

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Figura 8 - Ordenação da rede de drenagem pelo método de STRAHLER.

Figura 9 - Geração das faixas de App de cursos d´água.

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Figura 10 - Detalhe da criação de APP de cursos d´água.

3.6.2 APP de Nascentes

É considerada área de preservação Permanente ao redor de nascente ou olho d`água,

ainda que intermitente, com raio mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em

cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte. Em princípio para gerar as APP das nascentes foi

usada a extensão do ARCGIS chamada XTOOLS PRO para converter malha de hidrografia

gerada com o arquivo SRTM em pontos. Na conversão do shape do tipo linha para ponto

existe a opção de gerar apenas ponto do final das linhas (“End point”), escolhida essa opção

foi então criado um novo shapefile do tipo ponto dos finais das linhas.

O próximo passo foi fazer uma varredura manual à procura de ponto que possam estar

errados e eliminando-os com o arquivo em modo de edição. O próximo procedimento foi à

geração buffer de 50 metros de diâmetro em cada nascente, como pode ser observado na

Figura 11. A área total de APP de nascente foi de 4,56 Km2.

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Figura 11 - Detalhe de delimitação de APP de Nascentes.

3.6.3 APP de Lagos e Reservatórios Artificiais

Todas as áreas com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos

reservatórios artificiais, será de trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas

urbanas consolidadas e cem metros para áreas rurais.

Na área de estudo, em trabalho de campo, notou-se que a ocorrência de lagos e lagoas

naturais são mínimas, por esse motivo foi descartado essa APP. No caso de Salinas a grande

centralização das água estão nas represas construídas na década de 90.

Em observação de campo verificou-se que nenhuma das represas está situada em áreas

urbanas consolidadas, portanto foi criado buffer de 100m para todas as represas (Figura 12).

As APP´s de lagos e reservatórios artificiais possui uma área de aproximadamente 7,47 Km2.

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Figura 12 - Faixa de APP do entorno de lagos e reservatórios.

3.6.4 APP em encostas com declividades maiores que 100% ou 45°

Toda encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou quarenta e

cinco graus na linha de maior declive é considerada área de preservação permanente.

A partir do arquivo de declividade obtido no INPE em seu projeto TOPODATA foi

possível usar o processo de extração da classe de interesses e conversão em polígono, para

obtenção da área total.

Para conseguir calcular a área total da APP de declividade foi necessário converter o

arquivo SRTM (RASTER) em um shapefile de polígono, em seguida selecionado todos os

polígonos que possuam declividade maior ou igual a 45 graus e utilizando a ferramenta merge

foi feita a fusão dos polígonos, obtendo uma área de 43,15 Km2 (Figura 13).

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Figura 13 - APP de declividades superiores ou iguais a 45 graus.

3.6.5 APP de Topo de Morros

Todos os topos de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível

correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação à base, são

considerados Áreas de Preservação Permanente.

O artigo 2° da lei n. 4.771 do código florestal brasileiro, considera de preservação

permanente, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas no topo de morros,

montes, montanhas e serras.

Na área de estudo a geoforma encontrada é a de morro, que segundo o CONAMA em

sua Resolução n° 303 define a elevação de terreno com cota do topo em relação à base entre

50 m e 300 m. Desta maneira, delimitou-se as áreas de preservação situadas no terço superior

dos morros.

Para facilitar a demarcação das APPs foram identificados os topos de morros, sendo

feito através da inversão do MDT. Posteriormente, utilizou o comando Sinks em arctoolsbox

> spatial analyst tools > Hydrology > no ArcMap do pacote ArcGis 9.2, para poder

identificar as depressões, que na verdade serão os topos de morros, após a demarcação dos

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topos de morros, criou-se um novo shapefile chamado app_morro, do tipo Polígono, com o

objetivo de marcar o terço superior de cada elevação que seja maior de 50m e menor de 300m

identicados como sendo morros e com elevação maior que 300m como sendo montanha.

Foi necessária a geração das curvas de nível, para tal usou-se o comando contour da

extensão 3D analyst do Software ARCGIS. Utilizando a curva de nível, a rede de drenagem,

os cumes e o mapa de hipsometria foi possível manualmente identificar cada um dos morros,

sua base e calcular o terço superior. O terço superior de cada morro foi então demarcado em

um shapefile criado antecipadamente e em modo de edição seguindo a isolinha

correspondente ao da curva de nível.

Figura 14 - APP de topo de morro.

Na delimitação das APP´s de topo de morro foram gerados 140 polígonos, que

possuem uma área total de 42,13 Km2.

3.6.6 APP de Tabuleiro ou Chapada

Na área do município é freqüente a ocorrência de tabuleiro ou chapada e segundo

CONAMA (2002), tabuleiro ou chapada são paisagens de topografia plana, com declividade

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média inferior a dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a dez

hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes

superfícies a mais de seiscentos metros de altitude.

Na ocorrência de paisagens do tipo tabuleiro ou chapada foi necessário traçar sua

escarpa, que é segundo CONAMA (2002), é a rampa de terrenos com inclinação igual ou

superior a quarenta e cinco graus, que delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto,

estando limitada no topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no sopé por

ruptura negativa de declividade, englobando os depósitos de colúvio que se localizam

próximo ao sopé da escarpa.

Assim sendo a escarpa é a quebra de ruptura entre o topo plano e a base. Na área do

Município as escarpas estão associadas às áreas de declividade superiores a 45 graus ou

100%.

A grande diferença entre o mapa de APP de 45 graus e o de escarpas é a de que a APP

de escarpa não se restringe apenas a faixa de declividade superior a 100%. Conforme

definição abaixo a APP de escarpa possui no mínimo uma espessura de 100m que vai do topo

até a base do morro (Figura 16).

Dessa forma, para gerar os polígonos de APP de escarpa foi usado das áreas de

declividades superiores a 45 graus e delimitado um polígono (faixa) que vá do topo até a base

e inclua a zona de declividade superior a 45 graus. A área encontrada de APP de escarpa foi

de 133,15 KM2.

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Figura 15 - APP de escarpa.

3.6.7 APP de linhas de cumeada

São consideradas áreas de preservação permanente as linhas de cumeada, em área

delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura, em relação à base,

do pico mais baixo da cumeada, fixando-se a curva de nível para cada segmento da linha de

cumeada equivalente a mil metros.

Na ocorrência de dois ou mais morros ou montanhas cujos cumes estejam separados

entre si por distâncias inferiores a quinhentos metros, a área de preservação permanente

abrangerá o conjunto de morros ou montanhas, delimitada a partir da curva de nível

correspondente a dois terços da altura em relação à base do morro ou montanha de menor

altura do conjunto, aplicando-se o que segue:

I – agrupam-se os morros ou montanhas cuja proximidade seja de até quinhentos

metros entre sues topos;

II – identifica-se o menor morro ou montanha;

III – traça-se uma linha na curva de nível correspondente a dois terços deste;

IV – considera-se de preservação permanente toda área acima deste nível.

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Na delimitação das APP´s de topo de morro, quando observada a proximidade entre

morros era utilizada a ferramenta measure da barra de ferramentas Tools do Software

ArcMap, se observado a distância menor ou igual a quinhentos metros foi feito o agrupamento

dos morros traçando uma linha na curva de nível correspondente a dois terços.

3.7 Mapeamento da Vulnerabilidade Ambiental do Município

Para mapeamento da vulnerabilidade ambiental do município de Salinas foi feito o

cruzamento do mapa de vulnerabilidade natural com o mapa de uso e ocupação do solo. Nesta

metodologia primeiramente é realizada a reinterpretação das informações temáticas

disponíveis (mapas geológicos, pedológicos, de cobertura vegetal e uso da terra) sobre as

imagens de satélite utilizadas como “âncora”, logo após é feita a classificação do grau de

vulnerabilidade de cada unidade territorial baseada nos processos de morfogênese (é o

processo de modelagem do relevo em sistemas naturais, geralmente associado em ambientes

de depósito de material) e pedogênese (processo no qual determinado solo é formado, assim

como suas características e sua evolução na paisagem). A vulnerabilidade é expressa pela

atribuição de valores (de 1 a 3, num total de 21 valores) para cada unidade de paisagem. Com

este procedimento metodológico é possível elaborar cartas de vulnerabilidade natural à perda

de solo a partir de um banco de dados contendo as informações básicas do meio físico e de

uso da terra de uma determinada região (CREPANI et al.,1996).

Quadro 2 - Avaliação da estabilidade das categorias.

Fonte: CREPANI et al., 1996.

A integração dos dados do meio físico, do uso e ocupação do solo, legislação e

classificação das áreas quanto à tipologia e grau de processos envolvidos na vulnerabilidade

ambiental. O Mapa Temático de Vulnerabilidade Natural será obtido a partir dos cruzamentos

entre os mapas de: Declividade, Geologia e Pedologia, respectivamente.

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Finalmente, para se obter o mapa de vulnerabilidade natural é feito a superposição

dos mapas temáticos de cada unidade de paisagem natural em ambiente digital, atribuindo-se

pesos e notas para as características de importância ambiental de cada mapa.

A contribuição da Geologia para a análise e definição da categoria morfodinâmica da

unidade de paisagem natural compreende as informações relativas à história da evolução

geológica do ambiente onde a unidade se encontra, e as informações relativas ao grau de

coesão das rochas que a compõem. Por grau de coesão das rochas entende-se a intensidade da

ligação entre os minerais ou partículas que as constituem (CREPANI et al., 1996).

Como toda rocha é um agregado de minerais, sua resistência ao intemperismo vai

depender da resistência ao intemperismo dos minerais que a compõem (o que depende da

natureza das ligações entre os átomos dos diferentes elementos químicos que os constituem),

bem como da resistência à desagregação entre os minerais (o que vai depender da natureza

das forças que juntaram as partículas, cristais ou grãos). O grau de coesão das rochas é a

informação básica da Geologia a ser integrada a partir da Ecodinâmica, uma vez que em

rochas pouco coesas prevalecem os processos modificadores das formas de relevo, enquanto

que nas rochas bastante coesas prevalecem os processos de formação de solos (CREPANI et

al., 1996)..

A Pedologia participa da caracterização morfodinâmica das unidades de paisagem

natural fornecendo o indicador básico da posição ocupada pela unidade dentro da escala

gradativa da Ecodinâmica: a maturidade dos solos. A maturidade dos solos, produto direto do

balanço morfogênese/pedogênese, indica claramente se prevalecem os processos erosivos da

morfogênese que geram solos jovens, pouco desenvolvidos, ou se, no outro extremo, as

condições de estabilidade permitem o predomínio dos processos de pedogênese gerando solos

maduros, lixiviados e bem desenvolvidos (CREPANI et al., 1996).

3.8 Mapa de vulnerabilidade Natural

O Mapa Temático de Vulnerabilidade Natural foi obtido a partir dos cruzamentos

entre os mapas temáticos de: Declividade, Geologia e Solos, respectivamente. Esses mapas

foram submetidos ao Sistema de Informação Geográfica ARCMAP do pacote de software

ARCGIS 9.2® para manipulação dos dados. Para o cruzamento, primeiramente, foi atribuído

valores para cada classe de cada tema, utilizando a proposta de CREPANI et al. (1996).

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3.8.1 Declividade

A Carta de Declividade foi criada com auxílio da imagem de radar SRTM no software

ARCMAP e seguindo os valores de vulnerabilidade, como pode ser observado no Quadro 3.

Quadro 3 - Classes de declividade e os respectivos valores da escala de vulnerabilidade.

Fonte: CREPANI et al., 1996.

Utilizando a função Con (conditional) na calculadora Raster do ArcGis foi possível

com a utilização do RASTER de declividade (slope) retirar cada uma das classes e inserir

valores de vulnerabilidade. Esta função testa se uma condição fornecida pelo usuário é

verdadeira ou falsa e baseado nisto executa diferentes tarefas, por exemplo a classe

morfométrica baixa, que vai de 2 até 6, uso-se a função na calculadora de Raster do ARCGIS:

[baixa]=con([slope]>=2&[slope]<6). Com esse exemplo foi possivel obter um novo GRID

chamado baixa contendo as declividade entre 2 e 6 %.

Após o procedimento de identificação de cada GRID, foi necessário converter cada

um em SHAPEFILE de polígono utilizando a extensão SPATIAL ANALYST, para poder

manipular suas tabelas e inserir valores de vulnerabilidade, colocando então a tabela em modo

de edição. Posteriormente uniram-se os arquivos e transformou-os em GRID.

3.8.2 Geologia

Para identificar as principais unidades geológicas do município foi feito consultas ao

sítio da CPRM – Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais, mais precisamente ao

denominado Projeto GEOBANK que contém, em formato digital, o mapa geológico estadual

de Minas Gerais, em escala 1:1.000.000.

Identificaram-se as seguintes classes:

a) Aglomerado, Laterita, Depósitos de areia, Depósitos de argila;

b) Granito;

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c) Granitóide;

d) Metadiamictito, Quartzito ferruginoso, Grafita xisto, Rocha metapelítica;

e) Metadiamictito, Quartzito ferruginoso, Rocha metapsamítica;

f) Xisto, Formação ferrífera bandada (BIF'S), Rocha calcissilicática, Rocha

metaultramafito, Rocha metamáfica, Metarcóseo;

g) Xisto, Metaconglomerado, Metagrauvaca.

Quadro 4 - Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns.

Fonte: CREPANI et al., 1996.

Seguindo a Quadro 4 é possível classificar as rochas identificadas no município de

Salinas, segundo sua vulnerabilidade, sendo: Aglomerado, Laterita, Depósitos de areia,

Depósitos de argila (2,7); Granito (1,1); Granitóide (1,1); Metadiamictito, Quartzito

ferruginoso, Grafita xisto, Rocha metapelítica (1,0); Metadiamictito, Quartzito ferruginoso,

Rocha metapsamítica (1,0); Xisto, Formação ferrífera bandada (BIF'S), Rocha calcissilicática,

Rocha metaultramafito, Rocha metamáfica, Metarcóseo (2,5); Xisto, Metaconglomerado,

Metagrauvaca (2,6).

Para inserir os valores de vulnerabilidade de cada classe de rocha foi necessário

adicionar um novo Field na tabela e colocá-la em modo de edição, para então inserir os

respectivos valores. Posteriormente o arquivo foi transformado em GRID.

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3.8.3 Solo

Para identificação dos principais tipos de solo do município foi consultado a base de

dados do GEOMINAS onde foi possível encontrar as seguintes classes de solos:

a) Cambissolo;

b) Latossolo Vermelho Amarelo;

c) Latossolo Vermelho Escuro;

d) Solo Litólico;

e) Solo Podzólico.

Quadro 5 - Valores de vulnerabilidade/estabilidade dos solos.

Fonte: CREPANI et al., 1996.

Seguindo a Quadro 5, podemos então identificar a vulnerabilidade de cada classe de

solo do município de Salinas, sendo: Cambissolo (2,5); Latossolo Vermelho Amarelo (1,0);

Latossolo Vermelho Escuro (1,0); Solo Litólico (3,0); Solo Podzólico (2,0).

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Para inserir os valores de vulnerabilidade de cada classe de solo foi necessário

adicionar um novo Field na tabela e colocá-la em modo de edição, para então inserir os

respectivos valores. Posteriormente o arquivo foi transformado em GRID.

3.8.4 Elaboração do Mapa de Vulnerabilidade Natural

Para elaboração do mapa de vulnerabilidade natural foi necessário aplicar

individualmente aos temas, declividade, Solos e Geologia valores de risco para que fossem

analisados em conjunto com os mapas temáticos gerados da área de estudo de cada tema

através do Software ARGIS 9.2 com a função RASTER CALCULATOR, permitindo o

tratamento dos dados e as análises da vulnerabilidade natural.

Para medir a vulnerabilidade natural foi necessário calcular a eq. (1).

[VN] = (0,5*[DECLI])+(0,3*[GEO])+(0,2*[SOLO]) (1)

Onde: VN = mapa de vulnerabilidade natural

DECLIVIDADE = vulnerabilidade para o tema declividade

GEO = vulnerabilidade para o tema geologia

SOLO = vulnerabilidade para o tema solo

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Na eq. (1) é possível notar que em cada tema foi estipulado um peso de grau de

importância na questão de vulnerabilidade natural, ao invés de simplesmente calcular a média

aritmética entre os valores (Figura 17).

Figura 16 - Mapa de vulnerabilidade natural.

3.8.5 Mapa de vulnerabilidade Ambiental

Para confecção do Mapa de Vulnerabilidade Potencial ou ambiental é feito o

cruzamento do mapa de vulnerabilidade natural e Mapa de uso e ocupação do solo. Para isso

ser possível foi necessário dar valor de vulnerabilidade para cada classe do mapa de uso do

solo, sendo elas: caatinga, cerrado, antropizado, água e cultura.

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Quadro 6 - Valor de Vulnerabilidade para cada classe de uso de solo.

Fonte: Ribeiro, F. L. & Campos, S., 1996.

Seguindo a Quadro 6 podem-se dar valores para as classes, sendo caatinga (3,0),

cerrado (1,0), antropizado (3,0), água (1,5) e cultura (3,0).

Figura 17 - Mapa de uso e ocupação com valores de vulnerabilidade.

No mapa de uso de solo após cada uma das classes receberem valor de

vulnerabilidade, observa-se que grande parte da área total está ocupada pelo valor 3,0 pelo

fato que três das cinco classes receberam este valor (Figura 18). A classe cultura recebeu 3,0

por que grande parte das culturas cultivadas na região serem de ciclo anual, antropizado por

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ser uma classe que identifica áreas que sofreram alguma ação do homem e a classe caatinga

por ser uma vegetação que possui a característica de não oferecer uma cobertura satisfatória

ao solo. As classes água e cerrado receberam valores entre 1,5 e 1,0, respectivamente por

serem classes que não interferem com a morfologia do solo.

Para a elaboração do mapa de vulnerabilidade ambiental foi necessário o cruzamento

do mapa de vulnerabilidade natural com o mapa de uso e ocupação do solo, usando a

calculadora de RASTER do ARCMAP e a eq. (2).

[VA] = ([VN]+[MU])/2 (2)

Onde: VA = mapa de vulnerabilidade ambiental

VN = vulnerabilidade natural

MU = Mapa de uso e ocupação do solo

3.9 Mapa de Áreas de preservação permanente versus mapa de uso e ocupação

O cruzamento do mapa de uso e ocupação do solo e mapa de áreas de preservação

permanentes (APP) foi feito utilizando o software ARCMAP do pacote ARCGIS 9.2®, que

como resultado gerou um novo mapa contendo informações de quais classes de uso do solo se

encontram nas APP, com intuito de verificar se é respeitada a legislação ambiental das áreas

de proteção permanentes no Município, gerando informações de grande importância para

tomadas de decisões dos gestores responsáveis.

O foco da análise deverá ser o estudo da classe antropizada e com algum tipo de

cultivo, pois elas trazem informações a respeito do descumprimento da legislação ambiental

de APP.

A verificação de conflitos do uso do solo em relação à legislação ambiental das

destilarias de cachaça do município de Salinas foi feita criando buffer de 200 metros em cada

ponto de destilaria e posteriormente a intersecção desses círculos criados com o mapa gerado

do cruzamento do mapa de uso e ocupação do solo e mapa de APP, utilizando o software

ARCMAP do pacote ARCGIS 9.2®.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Aspectos Climáticos

A área do Município de Salinas possui índices pluviométricos de médias anuais de

1000 mm diminuindo gradativamente para noroeste. A maior incidência de chuvas ocorre no

período de março a abril. Já a umidade relativa do ar é de 63% em média. No nível da estação

local a pressão atmosférica é de 962,1, a medida de insolação é escassa, apresentando valor de

média anual de 1.980 horas (BRANDÃO, 1994).

Segundo o Programa Integrado de Uso da Tecnologia de Geoprocessamento pelos

Órgãos do Estado de Minas Gerais, através de seu projeto GEOMINAS foi possível adquirir

informações do estado de Minas Gerais em formato shapefile da precipitação anual média,

temperatura média anual, entre outros tipos de informação. Verifica-se na Figura 19 a

precipitação anual do município de Salinas, onde apenas uma pequena região possui

precipitação menor que 1000 mm, o restante da área do município possui precipitação média

entre 1000 e 1200 mm.

Observa-se na Figura 20 que o município de Salinas possui temperaturas que variam

dos 22 a 24 graus Celsius, havendo regiões onde esta temperatura eleva-se acima dos 24 graus

Celsius.

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Figura 18 - Precipitação média anual em milímetros do município de Salinas.

Fonte: Elaborada a partir de dados do GEOMINAS – www.geominas.mg.gov.br (2009).

Figura 19 - Temperatura média anual em Graus Celsius.

Fonte: Elaborada a partir de dados do GEOMINAS – www.geominas.mg.gov.br (2009).

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4.2 Substratos Rochosos

Para identificação dos dados da distribuição espacial do substrato rochoso do

Município foram realizadas consultas ao sítio da CPRM – Companhia de Pesquisa e Recursos

Minerais, mais precisamente ao denominado Projeto GEOBANK que contém, em formato

digital, o mapa geológico estadual de Minas Gerais, em escala 1:1.000.000.

De forma geral, conforme exposto na Figuras 21, as principais litologias do Município

estão associadas a ocorrência de metassedimentos datados do proterozóico inferior a médio do

Grupo Macaúbas que divide-se em Formação Nova Aurora (metadiamictitos e filitos),

Formação Chapada Acauã (metadiamictitos e mica-xistos) e a Formação Ribeirão da Folha

(mica xisto, metagrauvaca com ocorrência de intrusivas máficas). O proterozóico superior é

representado pelos metassedimentos (metagrauvacas, metarenito, metaconglomerados e mica-

xistos) da Formação Salinas. Intrusivas calcialcalinas de idade paleozóica estão representadas

na área pelos granitóides Água Boa e Medina-Maristela com representações de granitos

(dominante), sienitos, granodioritos e monzonitos, com hornblenda, biotita, titanita, magnetita

e allanita, localmente orientados. As coberturas detríticas, em parte colúvio-eluviais e,

eventualmente, laterítas, recobrem parte das seqüências anteriores e ocupam, em geral, as

cotas mais elevadas. Para esses sedimentos pode-se atribuir uma origem residual pela atuação

de ciclo erosivo em rochas mais antigas, resultando na desagregação, alteração e laterização.

Esses depósitos superficiais são caracterizados por sedimentos diversificados, tanto na sua

composição, quanto na sua distribuição; via de regra são formados de cascalho fino, areia,

material síltico-argiloso, e porções limonitizadas, em finas camadas ou em blocos e

concreções. A Tabela 3 apresenta os quantitativos da distribuição dos diferentes litotipos na

área do Município.

Tabela 3 - Quantitativo da Distribuição das unidades do Substrato Rochoso. Substrato rochoso Área (Km2)

Coberturas Detríticas 160,82

Granitóide Água Boa 608,74

Granitóide Médina-Maristela 0,12

Formação Chapada Acauã 71,40

Formação Nova Aurora 34,30

Formação Ribeirão da Folha 212,02

Formação Salinas 794,42

Total Geral 1881,83

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Figura 20 - Principais unidades do substrato rochoso do Município de Salinas.

Fonte: Elaborada a partir de dados do GEOBANK – www.geobank.sa.cprm.gov.br (2009).

4.3 Reconhecimentos das Poligonais de Áreas requeridas no DNPM

O DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral é o órgão federal

responsável pelo gerenciamento dos recursos minerais no País. Dessa forma, uma de suas

atribuições e regulamentar e regularizar a utilização do subsolo brasileiro como

potencialidade a exploração mineral. Para tanto, áreas potenciais de exploração devem ser

cadastradas neste órgão desde a sua fase de pesquisa até a lavra. Nesse sentido, o DNPM

disponibiliza em seu “website” consultas sobre a existência de áreas requeridas nos diversos

municípios brasileiros. A Figura 21 apresenta as áreas das poligonais requeridas para as

diferentes substâncias na área em estudo.

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Figura 21 - Distribuição das poligonais de áreas requeridas no DNPM do município de Salinas por Substância. Fonte: Elaborada a partir de dados do GEOBANK – www.geobank.sa.cprm.gov.br (2009).

De acordo com a Figura 22, no município de Salinas foram identificadas 461 áreas

requeridas. Destas, 235 foram requeridas para a substância granito, o que equivale a uma área

de 459,66 Km2 ou 55% de um total de áreas requeridas de 835,76 Km2 (Tabela 2).

Do banco de dados avaliado observa-se ainda que 59,91% das áreas requeridas estão

autorizadas para pesquisa, 29,78% estão sendo requeridas para pesquisa, 7,51% está

disponível e licenciados apenas 0,20% (Figura 23).

A partir desses dados extraídos e formatados é possível fazer o cruzamento de

informações para obtenção de novos dados, por exemplo, quais as fases da substância Granito

ou quais substâncias estão licenciadas em determinada região.

Com exemplo a figura 24 mostra a distribuição dos polígonos das áreas requeridas no

DNPM para substância Granito classificada por fase.

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Tabela 4 - Área total em Km2 de cada substância nas áreas requeridas no DNPM. Substância Área Km2 % do Total de Áreas Requeridas

Areia 12,51 1.50

Argila 1,16 0.14

Argila Refratária 8,44 1.01

Caulim 90,65 10.85

Conglomerado 9,94 1.19

Feldspato 2,14 0.26

Fosfato 5,99 0.72

Gnaisse 0,36 0.04

Granito 459,66 55.00

Minério De Berílio 15,14 1.81

Minério De Cobre 6,74 0.81

Minério De Ferro 98,46 11.78

Minério De Lítio 17,34 2.07

Minério De Manganês 10,07 1.20

Minério De Ouro 49,87 5.97

Quartzo 27,15 3.25

Quartzo Industrial 19,66 2.35

Turmalina 0,46 0.06

Total geral 835,76 100.00

Figura 22 - Distribuição das poligonais de áreas requeridas no DNPM do município de Salinas por fase. Fonte: Elaborada a partir de dados do GEOBANK – www.geobank.sa.cprm.gov.br (2009).

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Figura 23 - Distribuição da substância Granito classificado por fase.

Fonte: Elaborada a partir de dados do GEOBANK – www.geobank.sa.cprm.gov.br (2009).

4.4 Solos

Na base de dados do GEOMINAS está disponível para download o mapa do solo do

Estado de Minas Gerais. Com posse desse mapa foi possível fazer a intersecção com o os

limites do Município de Salinas (Tabela 5). Dessa forma, de acordo com a Figura 24 os tipos

predominantes de solos na área em estudo são:

- Cambissolo é um tipo de solo com menor profundidade, ainda em processo de

desenvolvimento e com material de origem na massa do solo;

- Latossolos Vermelho Amarelo Distrófico caracterizados por apresentarem cores que

variam do vermelho ao amarelo, normalmente profundos, porosos, friáveis e fortemente

drenados;

- Latossolos Vermelho Escuro com textura argilosa e média, profundos, friáveis e

porosos podendo ser Álicos, Distróficos e Eutróficos;

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- litossolos que constituem uma família de solos rasos, rochosos, colocados

imediatamente sobre a rocha, não apresentando, portanto, horizontes pedológicos

diferenciados. Podem ser eutróficos ou distróficos;

- Podzólicos Vermelho Amarelo Distrófico com textura argilosa fase pedregosa e não

pedregosa.

Tabela 5 - Área ocupada em cada classes de solos. Tipo de Solo Área (KM2) %

Cambissolo Eutrófico 0,05 0,03

Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico 107,23 5,64

Latossolo Vermelho Escuro Distrófico 227,28 11,96

Latossolo Vermelho Escuro Eutrófico 973,60 51,25

Solo Litólico Distrófico 15,70 0,83

Solo Podzólico Distrófico 575,78 30,31

Figura 24 - Mapa Pedológico de Salinas.

Fonte: Elaborada a partir de dados do GEOMINAS – www.geominas.mg.gov.br/ (2009).

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4.5 Cobertura Vegetal

De forma geral o Município de Salinas apresenta-se incluso em zona de transição entre

o bioma da Caatinga e do cerrado, apresentando, nos terrenos mais altos e ao longo dos rios,

áreas de vegetação mais densa de cobertura Florestal (BRANDÃO, 1994).

Levando em conta as formações de dois complexos em conjunto, pode-se agrupá-los,

segundo o porte alcançado, em formações florestais e não florestais. (BRANDÃO, 1994). As

formações florestais são formadas pela ocorrência de florestas subcaducifólia e pela caatinga

arbórea. As formações não florestais estão representadas na área pela caatinga arbustiva-

arbórea e pelo cerrado.

As formações florestais subcaducifólias ocorrem dispersas em manchas situadas nos

terrenos relativamente mais altos ao longo dos rios, quase sempre confrontando com a mata

perenifólia/subperenifólia. Mostram geralmente dois estratos distintos, arbustos, subarbustos e

ervas. Já a caatinga arbórea apresenta formas distintas, conforme sua posição no relevo e as

modificações edáficas decorrentes, mostrando composição florísticas variada, densidade

uniforme, ou agrupamentos arbóreos interrompidos por áreas a descoberto, apresentando,

portanto, fito-fisinomia variável. A Caatinga arbórea densa é a mais freqüente no município

de Salinas, ela é constituída por maciços, cujas manchas são bastante freqüentes em relação às

outras formas de Caatinga. Apresenta árvores de altura variando entre 6 e 12 m,

irregularmente espaçadas, de fustes finos em relação às suas alturas. Estrato arbustivo variado

em espécies, numerosos cipós, algumas cactáceas, bromeliáceas e gramíneas. Das árvores de

ocorrência comum podemos destacar a Cansação, Catigueira, Faveiro, Pau Branco, Pau Ferro,

ambucarana-de-cambão, Barriguda de espinho, Canjão e Pimentira. Entre os arbustos

destacam-se o Três-marias, Velame, Mandacuru e a Caroá (BRANDÃO, 1994).

A Caatinga arbustiva-arbórea é constituída por arvoretas geralmente espinhosas, com

poucas lianas, raríssimas espífitas e algumas cactáceas, ocorrendo quase sempre sobre

terrenos arenosos, geralmente sobre latossolos Vermelho-Amarelos. Representando o estrato

arbóreo, que é raro e esparso, onde pode-se encontrar: Catinqueiras, Jacarezinho, Cansanção,

entre outras; estrato intermediário representado por Unha-de-gato, Mofumbo, Mandioca-

brava, Murici e Quiabenta. Exemplares de Neoglaziovia vagiogata e Bromelia laciniosa Mart.

Entre as trepadeiras aparecem Getiranas, Tingui e Feijão-bravo (BRANDÃO, 1994).

Já o cerrado na área apresenta várias gradações, em função das variações em altura,

densidade e composição florística do estrato superior, como também do inferior. Entre as

espécies vegetais ocorrem o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a

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sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de

capim, como o capim-flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou

córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas

estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às

nascentes de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de burit. (BRANDÃO,

1994).

Segundo Gonçalves (1997), a vegetação de caatinga em geral recobre áreas de

Cambissolos, em fundos de vales e nos relevos de dissecação topograficamente situados

abaixo do nível de topo das chapadas.

A ocupação humana procurou, em princípio, instalar-se ao longo dos rios,

aproveitando-se das planícies e terraços aluviais, mais planos, e beneficiando-se da maior

oferta de água para praticar atividades agrícolas de subsistência. A vegetação ciliar que ocorre

em estreitas faixas ao longo dos canais de drenagem foi, portanto, muito descaracterizada pelo

homem. (GONÇALVES, 1997)

Os reflorestamentos de espécies exóticas (eucaliptus e pinus) estendem-se por grandes

tratos dos relevos tabulares recobertos por latossolos. No trecho de transição da Alta para a

Média Bacia verifica-se a intercalação das formações de cerrado e caatinga. No entanto, a

caatinga nos arredores de Salinas está hoje bastante descaracterizada, tendo assumido porte

arbustivo, com uma fisionomia de vegetação secundária, degradada pela ação antrópica

(GONÇALVES, 1997).

4.6 Recursos hídricos

O Município de Salinas está localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha,

mais precisamente englobando a sub-bacia do Rio Salinas.

Segundo Gonçalves (1997), o Rio Salinas recebe pela margem esquerda um grande

número de pequenos afluentes intermitentes, provenientes de formações litológicas de baixa

permeabilidade e porosidade. Por outro lado, os tributários da margem direita caracterizam-se

por serem todos perenes e de águas sem restrições ao uso doméstico, destacando-se os

ribeirões do Fogo e Matrona. As águas do Rio Salinas são em geral escuras e de turbidez

elevada, com alta presença de coliformes fecais.

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Figura 25 - Canais de drenagem da área de estudo.

Fonte: Elaborada a partir de dados do IBGE – www.ibge.com.br (2009)

4.7 Aspectos do Uso e Ocupação do Solo

O mapa de uso e ocupação gerado a partir da metodologia estabelecida pode ser

observado na Figura 26.

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Figura 26 - Mapa do uso e ocupação do solo do município de Salinas.

De acordo com o mapeamento de Uso e Ocupação do solo a caatinga aparece com

maior freqüência com cerca de 40% da área total do município e ocupando 719,11 Km2,

sendo localizada nas áreas mais planas e com escassez de água. As áreas antropizadas ocupam

aproximadamente 34% com 624,54 Km2, essas áreas estão distribuídas de forma

desordenadas na área do município. O cerrado ocupa cerca de 20% da área total do município

e 356,55 Km2 de extensão, localiza-se em áreas mais úmidas, geralmente no alto de morros e

montanhas. As porções de água aparecem em menos de 1% da área e estão concentradas nas

barragens localizadas no município, ocupando uma área de 11,68 Km2. Em relação a

agricultura se destacam as culturas de eucalipto e cana de açúcar e estas juntas com outras de

curto ciclo como feijão e amendoim aparecem com cerca de 5% e ocupam uma área de 94

Km2, destaca-se o eucalipto em áreas mais secas e planas e a cana em vales (Tabela 6).

Tabela 6 - Área ocupada em cada classe de uso e ocupação.

Classes de Uso e Ocupação do Solo Área Km2 %

Áreas de Cerrado 356,55 19.74 Áreas de Caatinga 719,11 39.82 Áreas Antropizadas 624,54 34.58

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Áreas de Cultivo 94,00 5.21 Lâmina D´água 11,68 0.65

4.8 A Distribuição das Áreas de Preservação Permanentes no Município de Salinas

Com a fusão das APP utilizando a função merge do ARCGIS foi possível calcular a

área total de APP do município que é 263,48 Km2, sendo equivalente a 14,24% da área total

do Município (Figura 27). Observa-se uma diferença com a soma total de cada APP como

mostrado na Tabela 7, isso ocorre pelo motivo de algumas APP se sobreporem umas as

outras.

Tabela 7 - Porcentagem em relação à área total do município de cada APP.

APP Área (Km2) Porcentagem (%)

Cursos d´água 85,57 27,08 Reservatórios artificiais 7,47 2,36 Nascentes 4,56 1,44 Topo de morro e linhas de cumeada 42,13 13,33 Declividade >= 45° 43,15 13,65 Escarpa 133,2 42,13 TOTAL 316,03 100

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Figura 27 - Áreas de Preservação Permanente do Município.

4.9 Características de Uso e Ocupação do Solo das Áreas de Preservação Permanente

Para o conhecimento das características de Uso e Ocupação do Solo presentes nas

Áreas de Preservação Permanentes foi realizado o cruzamento das informações contidas nos

mapas de distribuição de APP e de classes de uso do solo a partir da utilização da ferramenta

intersect do ARCMAP (Figura 28).

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Figura 28 - Cruzamento do Mapa de Uso do Solo com o Mapa de APP do Município.

A Tabela 8 apresenta a distribuição das classes de Uso do solo contida em cada Área

de Preservação Permanente.

Tabela 8 - Percentual de cada classe de Uso e Ocupação do solo em cada tipo de APP. Caatinga Cerrado Antropizado Culturas Água Total APP/USO

Km2 % Km2 % Km2 % Km2 % Km2 % Km2

Margem de cursos d´água

28,16 32,91 8,15 9,53 44,85 52,41 4,36 5,09 0,06 0,07 85,57

Nascentes 1,75 38,36 0,56 12,24 2,07 45,46 0,18 3,94 0,00 0,00 4,56

Reservatórios Artificiais

2,99 40,01 0,15 1,98 4,11 55,02 0,21 2,82 0,01 0,17 7,47

Declividades> 100% ou 45°

25,75 59,67 7,86 18,21 7,41 17,17 2,13 4,93 0,00 0,01 43,15

Topo de Morros

27,91 66,25 5,87 13,94 7,58 17,99 0,77 1,82 0,00 0,00 42,13

Tabuleiro ou Chapada

74,71 56,09 26,95 20,23 24,12 18,11 7,34 5,51 0,08 0,06 133,20

Total de Km2 161,27 49,54 90,14 14,98 0,16 316,08

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A análise deve-se preocupar com áreas antropizadas e com culturas, ou seja, que

sofrem ou sofreram alguma ação do homem. Nota-se que nas APP de margem de cursos

d´água é a que mais sofre ação do homem com um total de 90,14 KM2 de área antropizada e

14,98 KM2 de área com culturas, ou seja, representada por áreas urbanas, solos exposto e

pastagens ou plantio de culturas, isso confirma observação de campo que a população tende a

ocupar áreas ao longo dos rios, outro fato confirmado nesse cruzamento é a questão da classe

culturas aparecer nesse cruzamento, isso por um motivo simples, a falta de água na região, e

as culturas principalmente cana de açúcar ser cultivada nos vales da região, perto dos cursos

d´água.

Outra analise que confirma o trabalho em campo é o fato da APP de tabuleiro ou

chapada possuir uma extensão tão significativa em relação as classe antropizado e culturas,

sendo uma extensão de 24,13 KM2 e 7,34 KM2, respectivamente, isso se da pelo fato que a

cultura de cana de açúcar, principal na região, ser usada pelas destilarias de cachaça como

matéria prima, serem cultivadas nos vales da região, utilizando-se das encostas de morro. A

cana de açúcar é uma cultura de ciclo de um ano, isso confirma que algumas das áreas

possuam solo exposto, aguardando novo plantio.

Fazendo uma analise do total de áreas ocupado em todas as APP´s em relação as

classe antropizado e culturas, chega-se a uma extensão de 90,14 KM2 e 14,98 KM2, dando um

total de 105,12 KM2, fato preocupante e necessário de tomada de ação para recuperação e

fiscalização por parte dos gestores municipais, já que segundo o Novo Código Florestal

Complementado pela Medida Provisória 2.166-67/01é competências e Instrumentos do

MUNICÍPIO:

• Definir as APP no zoneamento (uso do solo) municipal do Plano Diretor;

• Fiscalizar as APP e as áreas de Reserva Legal (órgão municipal);

• Criar programa para incentivar e potencializar as reservas legais;

• Autorizar a localização e o manejo da área de reserva legal, quando o município

possuir convênio com o Estado (órgão municipal de meio ambiente).

4.10 – Mapa de vulnerabilidade Ambiental

A Tabela 9 apresenta a distribuição em área das vulnerabilidades no Município de

Salinas-MG. De acordo com a Tabela cerca de 80% da área do municio apresenta

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vulnerabilidade ambiental alta a muito alta em função de controle dos domínios de uso e

ocupação da caatinga e das áreas de cultivo e antropizadas.

Tabela 5 - Classes de Vulnerabilidade Ambiental.

Classes Vulnerabilidade % da Área do Município 1-1,5 Baixa 17,39 1,5-2 Média 1,58 2-2,5 Alta 75,25 2,5-3 Muito Alta 5,78

Figura 29 - Mapa de Vulnerabilidade ambiental.

4.11 Vulnerabilidade Ambiental das áreas de Proteção Permanente no Município de

Salinas

No cruzamento de informações entre o mapa de vulnerabilidade ambiental com o

mapa de APP, geraram novas informações que identificam a vulnerabilidade das áreas de

proteção permanente, observado na tabela 10.

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Tabela 10 - Área de cada APP em relação aos intervalos de vulnerabilidade ambiental.

1,0-1,5 1,5-2,0 2,0-2,5 2,5-3,0 Total APP/VA

Km2 % Km2 % Km2 % Km2 % Km2

Margem de cursos d´água

6,14 7,18 0,32 0,37 74,56 87,13 4,55 5,32 85,57

Nascentes 0,51 11,24 0,00 0,00 4,05 88,76 0,00 0,00 4,56 Lagos e Reservatórios Artificiais

0,19 2,50 0,00 0,00 7,28 97,50 0,00 0,00 7,47

Encostas com declividades maiores que 100% ou 45°

4,11 9,52 0,15 0,36 34,88 80,83 4,01 9,29 43,15

Topo de Morros

45,60 10,55 8,38 1,94 378,32 87,51 0,00 0,00 432,30

Tabuleiro ou Chapada

23,69 17,79 3,20 2,40 93,36 70,11 12,90 9,69 133,15

Total de Km2 80,25 12,05 592,45 21,45 706,20

Ao se analisar as vulnerabilidades ambientais contidas nos polígonos de áreas de

Preservação Permanentes (Tabela 10), atesta-se um cenário em que todos os tipos de APP

possuem mais de 80% de sua área com classes de vulnerabilidade ambiental alta a muito alta.

Ressaltando-se o caso da APP de Margem de lagos e reservatórios com cerca de 97% de suas

áreas com alta a muito alta vulnerabilidade ambiental.

4.11 Características de Uso e Ocupação do Solo, das APP e da vulnerabilidade ambiental no Entorno de Destilarias de Cachaça no Município de Salinas

A análise das características de Uso e Ocupação do Solo, APP e vulnerabilidade

ambiental no entorno das destilarias ocorrentes no município de Salinas foi baseada em duas

etapas: espacialização das destilarias de cachaça e cruzamento de cada mapa com cada

destilaria.

Para espacialização das destilarias de cachaça foram coletadas em campo as

coordenadas geográficas de cada uma das destilarias que estão na área do município com

auxilio do GPS de marca GARMIM ETREX VISTA.

Foram identificadas 16 destilarias que serão identificadas pela letra “D” seguida de

uma enumeração em ordem crescente começando de 1, como mostrado na Figura 30.

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Figura 30 - Destilarias de Cachaça do município de Salinas.

Em seguida, utilizando o software ArcMap, realizou-se cruzamentos do mapa de uso e

ocupação do solo e cada destilaria de cachaça. Para cada ponto de destilaria foi gerado um

buffer de 200 metros para demarcar sua abrangência, considerando que em média uma

destilaria ocupa aproximadamente 120.000,00 m2 ou 12 hectares, a Figura 31 mostra

distribuição das destilarias nas classe de uso do solo e na tabela 11 os resultados obtidos no

confronto de cada destilaria de cachaça com o mapa de uso e ocupação.

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Figura 31 - Mapa de uso versus destilarias.

Tabela 11 - Resultados obtidos no confronto do mapa de uso e ocupação do solo e as destilarias de cachaça.

CAATINGA CERRADO ANTROPIZADO ÁGUA CULTURA DEST/USO

(m2) % (m2) % (m2) % (m2) % (m2) %

D1 66770,65 53,11 0,00 0,00 58957,06 46,89 0,00 0,00 0,00 0,00

D2 9393,45 7,47 722,57 0,57 115611,68 91,95 0,00 0,00 0,00 0,00

D3 710,33 0,56 0,00 0,00 122886,40 97,74 0,00 0,00 2130,98 1,69

D4 8523,91 6,78 0,00 0,00 102286,95 81,36 0,00 0,00 14916,85 11,86

D5 28413,04 22,60 0,00 0,00 97314,67 77,40 0,00 0,00 0,00 0,00

D6 6392,93 5,08 0,00 0,00 93763,03 74,58 0,00 0,00 25571,74 20,34

D7 36128,65 28,74 3612,87 2,87 85263,62 67,82 0,00 0,00 722,57 0,57

D8 98735,32 78,53 0,00 0,00 26992,39 21,47 0,00 0,00 0,00 0,00

D9 27702,71 22,03 9944,56 7,91 88080,43 70,06 0,00 0,00 0,00 0,00

D10 15627,17 12,43 19178,80 15,25 85949,45 68,36 0,00 0,00 4972,28 3,95

D11 14206,52 11,30 1420,65 1,13 103707,60 82,49 4261,96 3,39 2130,98 1,69

D12 14206,52 11,30 4972,28 3,95 105838,58 84,18 0,00 0,00 710,33 0,56

D13 12075,54 9,60 0,00 0,00 107259,23 85,31 0,00 0,00 6392,93 5,08

D14 10654,89 8,47 10654,89 8,47 96604,34 76,84 0,00 0,00 7813,59 6,21

D15 13496,19 10,73 1420,65 1,13 110100,53 87,57 0,00 0,00 710,33 0,56

D16 4437,45 3,53 0,00 0,00 116113,23 92,35 0,00 0,00 5177,02 4,12

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Tabela 6 - Resultados obtidos no confronto do mapa de uso e ocupação do solo e as destilarias de cachaça. Total 367475,28 51927,28 1516729,19 4261,96 71249,59

Observa-se na tabela 11 que a classe antropizado aparece com maior área de ocupação

entre as destilarias, isso se explica por essa classe de uso ser as áreas de pastagens, edificações

e solos expostos que é provável existir no entorno de uma destilaria de cachaça. Em seguida é

possível verificar que a classe caatinga aparece com maior área, por se tratar da mata nativa

da região, ela se encontra distribuída em toda área do município. A classe cultura surgiu em

terceiro com maior área, como as destilarias de cachaça usam com matéria prima a cana de

açúcar e normal a ocorrência próxima das destilarias de plantio das mesmas. A classe cerrado

aparece em quarto, essa classe se tratar de áreas vegetais com coberturas densas, as destilarias

que contem essa classe são justamente as que estão instaladas em alto de morros, onde é

normal a ocorrência desse tipo de vegetação na região. E por último na destilaria

D11encontra-se uma área de porção de água, essa destilaria esta localizada próxima a represa

de Salinas.

O outro cruzamento realizado foi entre as áreas de proteção permanentes e cada uma

das destilarias de cachaça do município, para isso foi considerado a seguinte nomenclatura

para as áreas de proteção permanentes: APP1 para APP de margens de cursos de água; APP2

para APP de nascentes, APP3 para APP em encosta com declividade maior que 45° ou 100%,

APP4 para APP de topo de morro e linhas de cumeada, APP5 para APP de escarpa e APP6

para APP de nascentes.

Na figura 32 possível observar a distribuição das destilarias de cachaça em relação as

áreas de proteção permanentes do município e na Tabela 12 mostra o resultado do confronto

entre APP e destilarias.

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Figura 32 - Mapa de áreas de proteção permanentes versus destilarias de cachaça.

Tabela 7 - Resultados obtidos no confronto de áreas de proteção permanentes com as destilarias de cachaça.

APP1 APP2 APP3 APP4 APP5 APP6 DEST/APP

(m2) % (m2) % (m2) % (m2) % (m2) % (m2) %

D1 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D2 16773,21 13,34 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D3 22138,94 17,61 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D4 5300,96 4,22 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D6 58275,46 46,35 6073,65 4,83 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D7 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D8 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 25487,76 20,27

D9 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D10 15298,98 12,17 7857,93 6,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 37017,92 29,44

D12 3822,63 3,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D13 46,29 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D14 21617,36 17,19 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

D16 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

TOTAL 143273,85 13931,58 0,00 0,00 0,00 62505,69

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Observa-se na Tabela 12 que somente em três classes de áreas de proteção

permanentes ocorreram à presença de destilarias, a de margens de cursos de água, de

nascentes e de reservatórios artificiais. As destilarias D2, D3, D4, D6, D10, D12 e D14 estão

instaladas próximas a cursos de água e infligem à lei florestal no que diz respeito à APP de

margens de cursos de água, e as destilarias D6 e D10 ocupam ainda APP de nascentes. As

destilarias D8 e D11 estão ocupando APP de reservatórios artificiais, por estar instalada

próxima a represa de Salinas.

As avaliações de áreas vulneráveis das destilarias de cachaça do município de Salinas

foram obtidas do cruzamento de mapa de vulnerabilidade ambiental e os pontos de cada

destilaria com buffer de 200 m, permitindo a elaboração e atualização de novas informações a

respeito das características ambientais das destilarias.

Figura 33 - Mapa de vulnerabilidade ambiental e destilarias de cachaça.

No confronto entre as destilarias de cachaça e o mapa de vulnerabilidade natural

apenas a destilaria D14 possui em sua área de abrangência classificação diferente das outras

destilarias, possuindo 33,23% de área na classe de vulnerabilidade entre 1,0 e 1,5, 7,22% na

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classe entre 1,5 e 2,0 e o restante na classe entre 2,0 e 2,5, que equivale a 59,55% de sua área

de abrangência. O resto das destilaras possuíram classificação de vulnerabilidade entre 2,0 e

2,5.

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5 CONCLUSÕES

O método adotado proporcionou, em princípio, a organização de informações

temáticas secundárias do município que anteriormente encontravam-se dissolvidas em

diversas bases de dados, bem como a interpretação de dados primários a partir da aplicação de

técnicas de classificação de imagens de satélite. Estes planos de informações foram utilizados

como elementos indispensáveis no processo de cruzamentos de dados tendo em vista a

elaboração da distribuição das áreas de preservação permanente e de classes de

vulnerabilidade do município.

Os dados secundários levantados constaram de informações digitais de substrato

rochoso, solos, declividades, hipsometria, áreas requeridas no DNPM, dentre outros. A

organização destes dados, por si só, já possuem relevância quando organizados e divulgados

para o poder público municipal. O cenário de uso e ocupação do solo, obtido a partir do

tratamento de imagens de satélite, também se destaca como importante aliado no

conhecimento do atual quadro de distribuição e ocupação do solo municipal.

O mapeamento do uso e ocupação do solo do município de Salinas apresenta o cenário

em que a cobertura vegetal da Caatinga é predominante e recobre uma área equivalente a 40%

da área total do município. Já o cerrado corresponde a cerca de 20%. Dessa forma, os 40%

restantes dividem-se em áreas antropizadas por zona urbana e solos expostos (34%) e 5% por

culturas com predomínio de cana de açucar e plantações de eucaliptos. As áreas de superfície

aquática como a rede de drenagem e as barragens do município perfazem o 1% restante.

Com relação ao mapeamento das Áreas de Preservação Permanentes estes

promoveram o conhecimento de suas dimensões com relação à área total do município, bem

como o seu estado de uso e ocupação e preservação ambiental. Para o conhecimento da

distribuição espacial das APP técnicas utilizando sistemas de informações geográficas foram

utilizadas no sentido de delimitação e conhecimento do conteúdo de uso. Dessa forma o

município de Salinas apresenta o cenário em que 61% das áreas de APP mapeadas é do tipo

APP de topo de morros, seguidas de APP de escarpas e de margem de cursos d água,

respectivamente 19% e 12%. Encostas com declividades superiores a 45º (6,1%), margens de

lagos e reservatórios (1%) e nascentes (0,6%) perfazem os demais tipos de APP. A análise das

classes de uso e ocupação contidas nos polígonos de APP demonstram que as APP de

margem de cursos d água é reservatórios são as que mais sofrem a interferência humana com

cerca de 58% de suas áreas ocupadas pelas classes antropizada e de cultura, ou seja,

representada por áreas urbanas, solos exposto, pastagens ou plantio de culturas. As APP de

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nascentes apresentam um cenário em que cerca de 50% de sua área apresenta-se antropizada

ou ocupada por culturas. Já as APP de Encostas, Topos de Morros e escarpas apresentam-se

em melhor estado de conservação visto que suas áreas antropizadas e de cultivo perfazem

22%, 20% e 24%, respectivamente.

O mapa de vulnerabilidade ambiental destaca-se como instrumento de auxílio à

avaliação da situação ambiental atual do município frente ao processo de ocupação. A

metodologia adotada em sua confecção aborda procedimentos consagrados no estudo de

fragilidades ambientais que, de forma geral, se baseia na atribuição de pesos a atributos físico-

ambientais a exemplo de declividades, substrato rochoso e solos e sua inter-relação com o

processo de uso e ocupação. Neste contexto, o estudo das fragilidades ambientais do

município de Salinas apresenta o quadro em que cerca de 80% da área do município apresenta

vulnerabilidade ambiental alta a muito alta em função, principalmente, da expressividade das

áreas antropizadas e culturas (aproximadamente 40% da área total do município).

Por fim, ao se analisar a vulnerabilidade ambiental contidas nos polígonos de áreas de

Preservação Permanente atesta-se que todos os tipos de APP possuem mais de 80% de sua

área com classes de vulnerabilidade ambiental alta a muito alta. Ressaltando-se o caso da APP

de Margem de lagos e reservatórios com 97% de suas áreas com alta a muito alta

vulnerabilidade ambiental.

Em relação à análise das destilarias de cachaça do município mostrou-se uma

preocupação em relação aos recursos hídricos, pois todas estão instaladas próximas a rios ou

reservatórios artificiais, tendo a necessidade de fiscalização de sua utilização e principalmente

dos resíduos lançados, em principal o vinhoto. Na questão de vulnerabilidade ambiental as

destilarias seguem a preocupação do município em geral, tendo em sua maioria áreas

moderadamente vulnerável, sendo necessária alguma atitude para inverter tal situação.

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