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CARLA DAIANE COSTA DUTRA
ILHÉUS, BAHIA
2009
Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento
e Meio Ambiente
Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
SANEAMENTO, SAÚDE INFANTIL E INDICADORES
EPIDEMIOLÓGICOS NA BAHIA: uma perspectiva de análise
através de sistemas de informação
CARLA DAIANE COSTA DUTRA
SANEAMENTO, SAÚDE INFANTIL E INDICADORES
EPIDEMIOLÓGICOS NA BAHIA: uma perspectiva de análise
através de sistemas de informação
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.
Orientadora: Profª. Drª. Adélia M. C. de Melo Pinheiro
D978 Dutra, Carla Daiane Costa. Saneamento, saúde infantil e indicadores epide- miológicos na Bahia: uma perspectiva de análise através de sistemas de informação / Carla Daiane Costa Dutra. – Ilhéus, BA: UESC, 2009. xvii, 131f. : il. ; anexos Orientadora: Adélia M. C. de Melo Pinheiro. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Programa de Pós - graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Inclui bibliografia.
1. Saúde ambiental. 2. Saneamento. 3. Indicado- res de saúde. 4. Crianças – Desenvolvimento. 5. Sistemas de recuperação da informação – Saúde pública. I. Título. CDD 363.7
Dedico este trabalho à minha pequena Letícia
fonte de alegria e motivo supremo do meu viver e à
minha querida mãe D. Célia, pessoa que me orgulho
e que sempre colocou como prioridade para seus
filhos o acesso à educação.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que esteve ao meu lado em todas as tormentas, perdas, sofrimentos
e angústias desse período. Sei que tudo isso foi muito pouco, para que pudesse me
tornar uma pessoa melhor. Tudo que tenho e que sou... Dou graças a ti Senhor!
À minha família pelo incentivo à educação através de muitas batalhas.
Aos meus irmãos Alanna Dutra pela sensibilidade e exemplo de vida e Sad
pela sensatez e pureza de ser o que é. Como também aos meus irmãos de coração
Wanderson Santana, Michelle Ebling, Leonardo Santana, Soraya Neves e Fabrício
Santana, Tia Dida, Tio Albérico, Leonardinho e D. Vânia, pessoas as quais sempre
me incentivaram, torceram, oraram e vibraram com minhas vitórias.
Ao constante ombro amigo e apoio confortante das minhas amigas-irmãs
Patrícia Monteiro e Nayara Carvalho.
A Alessandro por ter se tornado um companheiro de lutas e de derrotas... e
através do seu infinito amor por nossa filha, me possibilitou tantas ausências.
Obrigada por todo amparo e por participar da minha vida...
À minha filhinha Letícia, princesa Alegria, que mesmo tão pequena sempre
preocupada com minha saúde, rezava para que terminasse “os mestrados”.
A competência cativante, paciência e incentivo inigualável da minha
orientadora Drª. Adélia Pinheiro, pessoa jamais terei palavras para agradecer sua
imensa boa vontade em me ajudar a definir o objeto desse estudo, por ter me
amparado sempre que eu “permitisse” e principalmente por ter possibilitado que
defendesse e terminasse o mestrado.
Ao Dr. Juarez Pereira Dias por sua preciosas contribuições na conclusão do
trabalho.
Ao PRODEMA/UESC pelo apoio e compreensão... em especial ao
Coordenador do Mestrado Professor Neylor Calazans pela sensibilidade e ajuda
constante.
À franqueza, objetividade e profundidade com que Professor Julio Guzman
me brindou em nossos produtivos encontros, sempre me deixando aprendizados
relevantes.
A Wildes pela paciência com o “papagaio” presenteado e ajuda imprescindível
para análise dos dados.
À pureza e sensibilidade com que Natiane Carvalho me recebeu e me
aconchegou com suas orientações e palavras de alívio.
À Cida Santa Fé pelos socorros constantes e incentivo essencial. Obrigada
por ser minha eterna professora.
A Marrocos pela ajuda e esclarecimentos no momento certo.
Aos colegas do mestrado que infelizmente não tive oportunidade de conviver
por muito mais tempo, mas que sempre tiveram um carinho muito grande e incentivo
constante, e em especial à Gustavo Franco, Yuri, Silvia Kimo, Mônica e Hellen pelo
coleguismo e apoio inesquecível.
Às amigas Mariluce Bonfim, Fabíola Farias, Roberta Caldas, Roberta Albano,
Carol, Camila Brito e demais familiares pela compreensão das ausências, pelos
lamentos das tantas coisas não ditas, pelos tantos brindes não dados nessa longa
submersão.
À tia Mare pelos cuidados prestados durante minha recuperação do acidente
e estimulo na volta ao mestrado.
Aos alunos da UESC, Facsul e Faculdade de Ilhéus pelos ensinamentos
constantes e carinhoso amparo.
Aos colegas de trabalho que se transformaram em amigos e cúmplices me
ofertando apoio inesquecível.
À Secretaria de Saúde de Ilhéus, em especial à todos os profissionais do
CADHII, por ter permitido minha ausência em alguns momentos possibilitando meu
crescimento profissional e finalização do mestrado.
Ao meu pai (in memória) e à minha amiga querida Caroline Mafra (in
memória) que partiram durante o mestrado para o plano superior, mas que direta ou
indiretamente contribuíram para que pudesse enxergar a vida de forma diferente,
encarasse os obstáculos com mais cuidado, possibilitando assim uma grandiosa
reflexão sobre os reais valores nessa vida.
À UESC por ter me recebido mais uma vez de braços abertos.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Percentual das formas de abastecimento de água em domicílios, segundo as Grandes Regiões – Brasil – 2000.
Pg. 32
Figura 2. Distribuição percentual dos municípios segundo porte de populacional, Bahia, 2006.
Pg. 33
Figura 3. Evolução da extensão da rede de esgoto sanitário, segundo as Grandes Regiões – Brasil – 1989/2000. (Fonte: IBGE, 2007)
Pg. 33
Figura 4. Lixão segundo o estrato populacional – 2000. (Fonte: IBGE, 2007.)
Pg. 34
Figura 5. Sinergismo multifatorial na determinação das doenças diarréicas. (Fonte: ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 2003)
Pg. 42
Figura 6. Divisão político administrativa da Bahia por macrorregionais segundo o PDR e distribuição dos municípios participantes da pesquisa.
Pg. 57
Figura 7. Metodologia utilizada na análise estatística dos indicadores,
epidemiológicos, socioambientais e de gastos públicos.
Pg. 66
Figura 8. Média percentual do tipo de abastecimento de água disponível para os domicílios dos municípis em estudo, no Estado da Bahia, no ano de 2006
Pg. 72
Figura 9. Média percentual do tipo de abastecimento de água disponível para os domicílios dos municípios com PPR, participantes do estudo, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 74
Figura 10. Média percentual da situação do tratamento da água de consumo no domicílio nos municípios participantes do estudo, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 75
Figura 11. Média percentual da situação do tratamento da água de consumo no domicílio dos municípios com PPR, participantes do estudo, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 75
Figura 12. Média percentual da situação do destino dos dejetos dos domicílios, nos municípios estudados, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 76
Figura 13. Média percentual da situação do destino dos dejetos dos domicílios, nos municípios estudados, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 77
Figura 14. Média percentual da situação do destino do lixo dos domicílios nos municípios participantes do estudo, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 79
Figura 15. Média percentual da situação do destino do lixo dos domicílios nos municípios com PPR, participantes do estudo, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 80
Figura 16. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA e o percentual de cobertura de abastecimento de água (ICA) dos domicílios nos municípios estudados, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 87
Figura 17. Regressão linear simples entre e o índice de internamento por DDA e o cobertura de rede de esgoto (ICE) dos domicílios nos municípios estudados, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 88
Figura 18. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA e o gasto municipal per capta em saúde dos domicílios nos municípios estudados, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Pg. 92
Figura 19. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA e % de recursos municipais aplicados em saúde dos domicílios nos municípios com PPR, participantes do estudo, no ano de 2006.
Pg. 94
Figura 20. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA e gasto municipal per capta em saúde dos domicílios nos municípios com PPR participantes do estudo, no ano de 2006.
Pg. 95
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. População atendida por rede de esgoto sanitário, segundo o Brasil e Unidades da Federação, no ano 2000 (Fonte: IBGE, 2007)
Pg. 31
Tabela 2. Municípios participantes da pesquisa, distribuídos por macrorregiões, com número de habitantes segundo IBGE, no ano 2000 e percentual de cobertura do PSF em 2006, seguindo numeração exposta na figura 06
Pg. 58
Tabela 3. Número de equipes de PSF e cobertura populacional no Estado da Bahia. Período de julho de 1998 a dezembro de 2006 (Fonte: Departamento da Atenção Básica/Ministério da Saúde, 2007.)
Pg. 69
Tabela 4. Casos confirmados por Município de Residência e Faixa Etária, por residência, classe etiológica Hepatite Vírus A, na Bahia, no ano de 2006.
Pg. 81
Tabela 5. Distribuição percentual das internações por grupo de causas do Cid 10, por local de residência na Bahia em 2006
Pg. 83
Tabela 6. Estatística descritiva dos indicadores, para os 52 municípios com 100% de cobertura do PSF no Estado da Bahia, no ano de 2006
Pg. 85
Tabela 7. Matriz de correlação de Pearson, dos indicadores para os 52 municípios com 100% de cobertura do PSF no Estado da Bahia.
Pg. 86
Tabela 8. Remuneração por serviços produzidos pela média e alta complexidade, atenção básica e ações estratégicas, nos anos de 2004, 2005 e 2006, com valores per capita em reais
Pg. 91
Tabela 9. Coeficiente de correlação de Pearson, dos indicadores para os 9 municípios com mais de 70% da população no meio rural.
Pg. 93
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1. Tabela 01 - Número de Pessoas Cobertas por Plano de Saúde, nos Municípios da Bahia com 100% de Cobertura de PSF, em 2006
Pg. 114
Anexo 2. Tabela 02 - Taxa de internamento por doenças diarréicas agudas por residência com faixa etária menor que cinco anos de idade, nos municípios da Bahia com 100% de cobertura de PSF
Pg. 116
Anexo 3. Tabela 03 - Abastecimento de água nos municípios da Bahia com cobertura 100% PSF, no ano 2006
Pg. 117
Anexo 4. Tabela 04 - Situação do tratamento da água nos domicílios dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano 2006
Pg. 118
Anexo 5. Tabela 05 - Destino dos dejetos nos municípios com cobertura de 100% PSF, no ano 2006
Pg. 119
Anexo 6. Tabela 06 - Destino do lixo nos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
Pg. 120
Anexo 7. Tabela 07 - Distribuição por faixa etária para menores de cinco anos por, nos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
Pg. 121
Anexo 8. Tabela 08 - Número de óbitos absolutos em < 1 ano por residência, nos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
Pg. 122
Anexo 9. Tabela 09 - Indicadores da Atenção Básica/ Pactuação, dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
Pg. 123
Anexo 10. Tabela 10 - Percentual de recursos próprios aplicados em saúde segundo recomendações da Emenda Constitucional 29 (EC 29), dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006.
Pg. 126
Anexo 11. Tabela 11 - Gasto total per capta com saúde, em reais, dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006.
Pg. 128
Anexo 12. Frente da ficha utilizada pelo Agente Comunitário de Saúde para cadastro do domicílio contendo informações sobre os moradores.
Pg. 130
Anexo 13. Verso da ficha utilizada pelo Agente Comunitário de Saúde para cadastro do domicílio. Informações sobre moradia e saneamento, e outra informações.
Pg. 131
LISTA DE ABREVIATURAS
ACS – Agentes Comunitários de Saúde
CENEPI – Centro Nacional de Epidemiologia
DDA – Doença Diarréica Aguda
DO - Declaração de Óbito
DRSAI – Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado
EC - Emenda Constituticional
ESF – Equipe de Saúde da Família
HAV - Vírus da Hepatite A
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICA - cobertura de abastecimento de água
ICE - cobertura de rede de esgoto
IDB - Indicadores Básicos do Brasil
OMS – Organização Mundial de Saúde
OPAS – Organização Pan – Americana de Saúde
PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar
PPR – População Predominantemente Rural
PSF – Programa de Saúde da Família
SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica
SIH – Sistema de Informação Hospitalizações
SIM – Sistema de Informação de Mortalidade
SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SINASC – Sistema de Informação de Nascidos Vivos
SIOPS - Sistema de Informação de sobre Orçamentos Públicos em Saúde
SIS – Sistemas de Informação em Saúde
SUS - Sistema Único de Saúde
TRO – Terapia de Rehidratação Oral
USF – Unidade de Saúde da Família
SANEAMENTO, SAÚDE INFANTIL E INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS NA BAHIA: uma perspectiva de análise através de sistemas de informação
RESUMO
Mesmo parecendo óbvia a relação entre saúde e meio ambiente, ainda não é um dado concreto no que diz respeito à efetividade das políticas públicas de nosso país, principalmente no que tange as carências observadas na cobertura do serviço de saneamento. Com isso, as crianças são as que mais sofrem com essa situação. Diante dessa problemática, nos últimos anos vem se ampliando o interesse em utilizar bancos de dados originados dos Sistemas de Informação em Saúde, realizando análises acerca da situação de saúde infantil no Brasil e em diversos países. O presente estudo avaliou as possíveis relações entre as condições de saneamento e saúde infantil em municípios com 100% de cobertura do Programa de Saúde da Família, no Estado da Bahia, no ano de 2006. Foi delineado pelo estudo epidemiológico do tipo ecológico, através da descrição dos internamentos por doenças diarréicas agudas e alguns agravos de notificação compulsória em crianças menores de cinco anos de idade, das características sociossanitárias, através de sistemas de informação para que assim correlacionarmos os indicadores epidemiológicos encontrados com os indicadores de gastos públicos, socioambientais e de saúde infantil desses municípios. Através das análises estatísticas descritivas e análises de regressão linear simples tivemos como resultado uma situação de saneamento básico, ao qual pode aumentar o risco para adoecimentos por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado e em especial às doenças diarréicas. Além disso, pode-se afirmar que o uso coerente dos recursos destinados à saúde nos municípios e a melhoria e ampliação do saneamento básico contribui para a prevenção de doenças diarréicas e melhoria da saúde infantil nos municípios estudados e principalmente para aqueles que vivem na zona rural.
Palavras – chave: Saúde Infantil; Saneamento; Indicadores Epidemiológicos; Sistemas de Informação.
SANITATION, CHILD HEALTH AND EPIDEMIOLOGICAL INDICATORS IN BAHIA: a perspective of analysis through information systems
ABSTRACT
Even seeming quite obvious the relationship between health and environment it is not yet a concrete data regarding the effectiveness of public policy in our country, especially in terms of shortcomings observed in the coverage of the sanitation service. Thus, the children are the ones who suffer the most with this situation. Faced with this problem in recent years has been increasing interest in the use of data banks originated in Health Information Systems, conducting analysis on the situation of child health in Brazil and in several countries. This study evaluated the possible relations amid the conditions of sanitation and child health in municipalities with 100% of the Family Health Program coverage in the state of Bahia in 2006. Was delineated by epidemiological study of ecological type, through description the internment of compulsory notification aggravations in less than five-year-old children, of the social and sanitation health characteristics through information systems to make it possible to connect the epidemiological with the social environment, public spending and child health indicators of these municipalities. Throughout the descriptive statistical analysis and simple linear regression analysis was simple a situation as a result of poor sanitation, which may increase the risk for diseases related to illness environmental sanitation and inadequate especially to diarrheal diseases. Moreover, one can say that the consistent use of resources for health in the districts and improvement and expansion of basic sanitation contribute to the prevention of diarrheal diseases and improve child health in the cities studied, and especially for those living in the countryside.
Keywords: Child Health; Sanitation; Epidemiologic Indicators; Information Systems
SUMÁRIO
Resumo XVI
Abstract XVII
1. INTRODUÇÃO 19
2. REVISÃO DE LITERATURA 23
2.1 Saúde e meio ambiente: aspectos históricos conceituais 23
2.2 Saneamento básico, o atual cenário e sua relação com a
saúde infantil 30
2.3 A água como agente para veiculação de doenças 39
2.4 Estratégias de ação voltadas para melhoria da saúde e qualidade de vida
46
2.5 Os sistemas de informação em saúde e sua utilidade para análises de saúde infantil
49
3. METODOLOGIA 53
3.1 Delineamento epidemiológico 53
3.2 Universo do estudo 55
3.3 Base de informações 59
3.4 Coleta de dados secundários 60
3.5 Variáveis utilizadas para análise dos dados 62
3.6 Análise dos dados 64
3.7 Critérios éticos 66
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 68
4.1 Caracterização socioambiental dos municípios em estudo 68
4.2 Descrição das doenças diarréicas e agravos de notificação
nos municípios estudados 80
4.3 Análises dos indicadores epidemiológicos e sua correlação com indicadores socioambientais, de gastos públicos e de saúde infantil.
84
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 97
REFERÊNCIAS 101
ANEXOS 113
1 INTRODUÇÃO
Na Constituição Federal Brasileira (cap. 2, seção II, art. 196) a saúde é vista
como direito de todos pressupondo sua garantia mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de adoecer, o acesso universal e as
dimensões de promoção, proteção e recuperação no âmbito dos serviços. (BRASIL,
1998).
A Lei 8.080 (art. 2. parágrafo 3) dispõe sobre a saúde e seus fatores
determinantes e condicionantes, destacando entre outros o meio ambiente e o
saneamento. (BRASIL, 2007a).
Existe assim uma preocupação no que diz respeito à interferência do meio
ambiente na saúde pública e da importância de se criar um ambiente com condições
saudáveis através do saneamento ambiental.
O Saneamento Básico é denominado como “(...) o conjunto de ações
socioeconômicas que tem como objetivo alcançar Salubridade Ambiental, por meio
de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos,
líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem
urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras
especializadas com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana
e rural”. (FUNASA, 2001)
Sabe-se que as crianças são o grupo mais sensível a essa situação, pois a
morbidade infantil, em especial após 28 dias de vida, está intimamente ligada às
causas advindas da relação entre a criança e o seu meio ambiente. Diarréia,
infecção respiratória aguda e doenças preveníveis por imunização são as maiores
causas de adoecimento, podendo levar a morte, neste período. Como destacam
Rouquayrol e Almeida Filho (2003) são doenças passíveis de prevenção onde se
tem baixo custo relativo.
Contudo o acesso ao saneamento básico é um problema global. Diversos
países entram no terceiro milênio ressuscitando patologias infecciosas do início do
século XX, estando as transmissões relacionadas ao meio ambiente insatisfatório
que, em sua grande maioria, como as diarréias, cólera, dengue e outras, poderiam
ser prevenidas com medidas simples como a educação em saúde e medidas
higiênicas.
Apesar da transição demográfica e epidemiológica, resultante da melhoria
das condições de vida, dos avanços na medicina e na saúde pública, os padrões de
adoecimento por doenças infecto parasitárias ainda encontra-se bastante expressivo
no Brasil.
Necessário se faz integrar então, as informações relativas aos setores de
saneamento e meio ambiente (abastecimento de água, esgotamento sanitário e
resíduos sólidos), poluição e contaminação hídrica, com as informações do setor
saúde, tendo como objetivo contribuir para a redução da ocorrência de doenças.
O avanço da tecnologia e da era de informática, bem como o acesso
apropriado por sistemas computacionais, mais simples e econômicos alavancaram a
utilização de Sistemas de Informação em Saúde (SIS) como ferramenta para
monitoramento e avaliação das ações de saúde no país.
A vantagem dos dados administrativo, contábeis dentre outros na área de
saúde é disponibilizarem um grande volume de informações com reduzido tempo
entre a ocorrência do evento e seu registro, sem custos adicionais.
Por isso para Queiroz (2006), Almeida (1997), Mendes et al (2000), Neri
(2004) a utilização dos SIS como fonte para monitoramento das doenças de
veiculação hídrica é de grande importância e mostram que a morbimortalidade por
doenças diarréicas, febre tifóide e hepatite A são indicadores importantes para a
saúde pública, pela capacidade de resposta a diversas alterações nas condições de
saneamento, qualidade dos alimentos, hábitos higiênicos e comportamentais de uma
comunidade.
Cabe destacar que os SIS têm a vantagem de produzir importantes dados
demográficos, socioeconômicos, culturais, relativos ao meio ambiente, bem como
referentes à mortalidade e morbidade, como o Sistema de Informação da Atenção
Básica (SIAB-SUS).
O SIAB foi criado para auxiliar o acompanhamento e avaliação das atividades
realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) os quais atuam no
Programa de Saúde da Família (PSF), eleito como estratégia principal para
reorientação do modelo assistencial vigente, está fundamentado perspectiva da
vigilância da saúde atuando sobre os fatores determinantes e condicionantes do
perfil de saúde da população brasileira.
Além disso, outros SIS têm a abrangência nacional, como o Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM) que dá a possibilidade de traçar o perfil de
mortalidade nos diferentes níveis do Sistema. Já o Sistema de Internação Hospitalar
(SIH) fornece informações diagnósticas, demográficas e geográficas para cada
internação hospitalar coberta pelo SUS possibilitando o conhecimento acerca de
doenças. Além de oferecer a possibilidade de comparar e analisar os gastos com
saúde nos municípios e Estados através do Sistema de Informação de sobre
Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS).
Diante da importância de estudos que possam expressar a realidade vivida foi
prevista assim, uma análise a partir dos Sistemas de Informação em Saúde SIAB,
SIM, SIH e SIOPS para estudar a situação dos menores de cinco anos de idade
acometidos por doenças de transmissão fecal-oral.
Além disso, reconhecemos a necessidade da avaliação constante dos
indicadores epidemiológicos básicos de saúde e dos possíveis avanços alcançados
com o trabalho desenvolvido pelas Unidades de Saúde da Família (USF), atrelado
também a motivação pessoal e profissional por ter trabalhado diretamente em
alguns municípios na Coordenação do PSF e ver diariamente como as crianças são
tão expostas às condicionantes ambientais que podem levá-las ao adoecimento,
tivemos o interesse em desenvolver uma pesquisa desta magnitude. O desafio
talvez seja trabalhar com dados oriundos de diversas instituições governamentais,
geradas por diferentes SIS.
Tendo como objeto a relação entre a saúde infantil e o saneamento através
das informações obtidas dos SIS, este estudo busca responder à seguinte
indagação: o quanto as condições sociossanitárias podem estar relacionadas ao
perfil de morbimortalidade por doenças relacionadas ao meio ambiente insatisfatório,
em especial das doenças diarréicas e doenças de notificação compulsória com via
de transmissão fecal-oral, das crianças menores de cinco anos de idade nos
municípios baianos com cobertura de 100% de PSF?
E com o intuito de atingir o objetivo geral do estudo: Avaliar possíveis
relações entre as condições de saneamento e condições de saúde infantil em
municípios com 100% de cobertura do Programa de Saúde da Família, no
Estado da Bahia, no ano de 2006, teve-se como objetivos específicos: a)
Caracterizar as condições socioambientais dos municípios com 100% de cobertura
de PSF no Estado da Bahia; b) Descrever as doenças diarréicas e os agravos de
notificação Febre Tifóide e Hepatite A; e c) Correlacionar os indicadores
epidemiológicos encontrados com os indicadores socioambientais, de gastos
públicos e de saúde infantil.
A partir da indagação levantada o presente estudo teve a intenção de gerar
informações para o Estado que possam subsidiar tanto gestores quanto à
sociedade, na construção de políticas públicas que propiciem a melhoria da
qualidade de vida da população em especial, das crianças menores de cinco anos,
no que tange à Saúde da Criança, Vigilância à Saúde, bem como melhoria da
gestão e administração de recursos públicos com diminuição dos gastos em
internamento hospitalar e compra de medicamentos, contribuindo assim para o
desenvolvimento Estadual.
Através da divulgação de resultados teremos a possibilidade de impulsionar
mecanismos de controle social, conforme mencionado por SABROZA & LEAL (1992)
que a difusão das informações permite a construção de um conhecimento coletivo e,
transformado em opinião pública, é capaz de atuar, na presença de mecanismos de
participação democrática, como força de transformação social.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura explicita as categorias desveladas pelo objeto de
pesquisa, a saber: saúde e meio ambiente: aspectos históricos conceituais;
saneamento básico, o atual cenário no Brasil e sua relação com a saúde infantil; a
água como agente para veiculação de doenças; Estratégias de ação voltadas para
melhoria da saúde e qualidade de vida e os sistemas de informação em saúde e sua
utilidade para análises da saúde infantil.
2.1 Saúde e meio ambiente: aspectos históricos e conceituais
A percepção de que existe relação entre saúde e ambiente é antiga, porém só
recentemente foi dada maior ênfase a essa questão. Desde tempos remotos que o
homem questiona quais possíveis causas de adoecimento da sociedade.
De acordo com Rosen (1994), a maioria das doenças – com ênfase variada
de acordo com o tempo e espaço – estiveram assim relacionas com a natureza da
vida da sociedade, com a situação do ambiente físico ou a disponibilidade de água,
alimento, assistência médica e capacidade de trabalho.
O mesmo autor relata que os médicos gregos do período greco-romano,
também, eram filósofos naturais e tinham o entendimento de que a doença era uma
conseqüência da desarmonia entre homem e ambiente; daí a preocupação dos
mesmos em não lidar, somente, com os problemas de saúde, mas investigar a
constituição do universo e compreender as relações entre homem e natureza.
Lacaz et.al. (1972) enfatizam que, para se entender a interação de uma
doença, em qualquer população humana, faz-se necessário avaliar o homem no seu
ambiente físico, biológico e socioeconômico. O autor traz, apesar do contexto
histórico de décadas atrás, concepções atuais, de que o enfermo é analisado sob a
ótica da Geografia Médica, que não só se preocupa em considerar apenas o “agente
etiológico” para a ocorrência da doença, mas considera, também, os fatores
geográficos, humanos ou sociais e os biológicos.
O século XX foi marcado pela destruição ambiental causada pela ostensiva
intervenção humana sobre a natureza. O modelo de desenvolvimento econômico
adotado, o aquecimento da atividade industrial, o aumento populacional, a
devastação das florestas, as grandes correntes migratórias de populações indo
habitar as periferias das grandes cidades, dentre outros, levaram a uma profunda
degradação das condições ambientais, afetando de forma negativa a qualidade de
vida dos seres do planeta, deixando à mostra os vínculos indissolúveis entre
desenvolvimento, ambiente e saúde.
Apesar da Saúde Pública, ao longo da história ter apresentado concepções
diferentes de saúde e do ambiente, hoje ela percebe a saúde como sinônimo de
qualidade de vida, onde essa relação é resultado das demandas colocadas pela
sociedade e que essas relações estabelecidas entre o homem e o meio, são o cerne
da determinação da saúde coletiva (COSTA, 2002).
A partir da segunda metade do século passado, o mundo tomou consciência
de que os efeitos provocados pela agressão ambiental não se restringem a
determinados lugares e nem obedecem a limites fronteiriços e que, portanto, deve
haver uma responsabilidade comum no seu uso, obrigando a se pensar em um
sistema globalizado que vislumbre soluções compartilhadas.
Desde a I Conferência Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em
1972, em Estocolmo, a idéia de sustentabilidade ambiental passou a ser associada à
idéia de durabilidade ou manutenção dos componentes ambientais através do
tempo. Tal compreensão parece adequada quando o ambiente diz respeito aos
elementos bióticos e abióticos, mas não é suficiente quando entram em jogo os
seres humanos. Para estes, não basta garantir a conservação da espécie através do
tempo. Do ponto de vista ético, deve ser assegurada a dignidade e a possibilidade
de realização da personalidade e dos sonhos individuais e coletivos dos humanos.
De acordo com a Lei N° 6.938, de 31 de agosto de 1981, a qual dispõe sobre
a Política Nacional do Meio Ambiente, define-se, no seu art. 3°, o ambiente como
sendo “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”
(BRASIL, 1981). Nesta relação dos seres humanos com os demais componentes
ambientais residem os riscos da insustentabilidade ambiental.
O Capítulo VI da Constituição Federal do Brasil é dedicado ao Meio
Ambiente, garantindo acesso a um meio ambiente ecologicamente equilibrado,
essencial à qualidade de vida sadia, cabendo ao poder público e a sociedade
preservá - lo, para as gerações atuais e futuras. (BRASIL, 1988)
A Legislação Federal no artigo. 3º da Lei 6.938/81 e complementada pela Lei
n°. 7.804/89 tenta de forma mais abrangente trazer o conceito de meio ambiente
como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”,
reconhecendo também as relações entre os indivíduos e o meio, e produto dessas
relações para a sociedade. (BRASIL, 1981; BRASIL, 1989)
A Reforma Sanitária surgiu a partir da insatisfação de grupos de sanitaristas
que questionavam o modelo de saúde pública, implementado naquela época que era
baseado na emergente Medicina Preventiva, norte-americana.
Com o processo de redemocratização da década de 1980, se consolidou
sendo responsável pela democratização do sistema de saúde brasileiro com a
incorporação do capítulo da saúde na Constituição Federal de 1988 e lançou as
bases para a construção do Sistema Único de Saúde – SUS.
Nesse contexto, ganham força e importância às ações voltadas para a saúde
ambiental, tendo em vista o elo existente entre a ação humana sobre a natureza e
dessa sobre os seres vivos.
Pode-se dizer que o marco histórico para esse novo pensar foi a Conferência
das Nações Unidas, sediada em Estocolmo, em 1972, quando, pela primeira vez, a
comunidade internacional se reuniu para discutir o meio ambiente no âmbito global e
as necessidades de mudanças no modelo de desenvolvimento vigente. Conforme
Becker (1992), na Conferência de Estocolmo houve a preocupação em se instituir
regras para a preservação do ambiente planetário.
Em 1978, na Conferência de Alma Ata, definiu a meta “Saúde para todos até
o ano 2000” Em 1983, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento, sendo que em 1987 a Comissão publicou o documento “Nosso
Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland. Esse relatório,
dentre outras coisas, legou ao mundo, o hoje tão apregoado conceito de
Desenvolvimento Sustentável. Desde então, o conceito de desenvolvimento
sustentável tem sido largamente difundido como uma forma de desenvolvimento
econômico que atenda às necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das futuras gerações em suprirem suas necessidades. (CAPORALI,
1997).
Com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, 1992 (Rio/92) compromissos firmados entre diversos países
assumiram o desafio de adotar políticas visando a um novo modelo de
desenvolvimento econômico, capaz de promover uma economia mais eficiente,
melhor distribuída em nível mundial e que tivesse a preocupação com o equilíbrio e
a conservação do meio ambiente.
Outros dois eventos importantes aconteceram em 1993, com a reunião de
chefes de Estado do continente americano em Salvador, Bahia; e a Cúpula das
Américas, Miami, EUA, em 1994, contribuíram para a discussão das questões
relativas à saúde e ao meio ambiente.
Em 1995, o Brasil apresentou, na Conferência Pan-americana de Saúde e
Ambiente no Contexto do Desenvolvimento Sustentável (Copasad), conseqüência
da Rio/ 92, o seu “Plano Nacional de Saúde e Desenvolvimento Sustentável”, o qual
trazia diretrizes de implementação de ações integradas entre as áreas de saúde e
meio ambiente, nele compreendidos recursos hídricos e saneamento.
No Brasil, o modelo de desenvolvimento econômico adotado é desigual,
“deixa à mostra” os reflexos negativos sobre o meio ambiente e a qualidade de vida.
É coerente dizer que esse modelo de desenvolvimento impõe ao homem condições
aviltantes de vida, como também favorece a degradação ambiental, por meio da
exploração predatória e indiscriminada dos recursos naturais e isso, por sua vez, vai
causar impacto direto na condição de saúde e bem-estar da população.
Além disso, a distribuição de renda e serviços encontra-se desigual nas
regiões brasileiras, acentuando ainda mais a problemática.
Para a melhoria da qualidade vida e um retardo na degradação do meio
ambiente, seria interessante o investimento em tecnologias simples, no que tange a
ampliação de redes de atendimento às comunidades carentes para informação, bem
como a promoção em saúde, ampliação da rede de atendimento à comunidade de
forma mais equânime possível além de uma reestruturação da rede serviços de
saneamento básico, pois mesmo com a ampliação que ocorreu ao longo dos últimos
dez anos, o acesso ainda é desigual e quando acessível, o serviço prestado é
precário.
Buss (1992) reforça que a exclusão das grandes massas dos frutos do
crescimento econômico e a ausência das reformas estruturais de base necessárias
(sobretudo a reforma agrária, a educacional e a fiscal) traz como conseqüência, uma
condição de morbimortalidade, em que há a adição das doenças do
subdesenvolvimento com as oriundas da industrialização e da urbanização. Aliadas
a esses fatores, a insuficiência dos serviços de saneamento, a aglomeração humana
em determinadas áreas e a habitação inadequada, colaboram para o surgimento de
doenças como: dengue, malária, cólera, leptospirose, filariose, febre amarela que
têm relação direta com o ambiente degradado.
Porém, só bem recentemente, a problemática de abastecimento de água e
esgotamento sanitário foi olhada sob a ótica ambiental, muito embora essa já fosse
uma preocupação na América Latina desde o século XIX.
Já é notória a ocorrência de uma transição demográfica (com a diminuição
das taxas de natalidade, aumento da expectativa de vida e melhorias das condições
de vida, bem como avanços da medicina e na saúde pública gerando modificações
na estrutura etária em todo mundo) como também no Brasil.
Diante dessa mudança de perfil, observa-se nos últimos anos, que a
finalidade dos projetos de saneamento tem saído de sua concepção sanitária
clássica, recaindo em uma abordagem ambiental, que visa não só a promover a
saúde do homem, mas, também a conservação dos meios físico e biótico (SOARES
et al., 2002).
A compreensão das relações entre saneamento, saúde pública e meio
ambiente constitui etapa primordial no desenvolvimento de um modelo de
planejamento capaz de nortear políticas que visem ao bem estar das pessoas e a
preservação do ambiente.
Conforme consta no documento elaborado para a Conferência Pan-
Americana de Saúde e Ambiente no Contexto do Desenvolvimento Sustentável de
1995, determinadas doenças típicas do passado e do subdesenvolvimento que
ressurgem no contexto atual, afetam não só as áreas rurais como regiões urbanas
do país.
Faz-se então necessário, integrar as informações relativas aos setores de
saneamento e meio ambiente com as informações do setor de saúde, tendo o
objetivo de contribuir para a redução das ocorrências de doenças.
2.2 Saneamento básico, o atual cenário no Brasil e sua relação com a saúde
infantil
Os serviços de saneamento básico são essenciais à vida, geram impactos
positivos com relação à preservação da saúde, ao meio ambiente e,
conseqüentemente, proporcionam bem-estar e qualidade de vida às pessoas.
No Brasil o saneamento ainda é incipiente e irregular, apesar de existir uma
política que estruture e oriente a questão, encontra-se ainda insuficiente no interior
do Brasil, bem como nos grandes centros, gerando uma dívida social com a
população, atingindo principalmente os menos favorecidos economicamente
(BRASIL, 2003)
Estudos revelam a deficiência em relação à universalização da prestação dos
serviços de saneamento, bem como a dificuldade para manter o nível de
atendimento já alcançado. Sem dúvida alguma, a falta de uma política efetiva à
ascendente urbanização, nas últimas décadas, corrobora para aumentar o déficit no
atendimento inerente aos serviços de saneamento (FUNASA, 2006).
A ausência ou deficiência desses serviços constitui risco à saúde pública,
afetando as taxas de internações hospitalares e mortalidade infantil. Também
interfere, negativamente, no meio ambiente, acentuando a poluição das águas e,
conseqüentemente, provocando a escassez dos recursos hídricos limitando seus
múltiplos usos.
Portanto, só mediante a universalização dos serviços de saneamento básico,
que englobem o abastecimento de água, os serviços de esgotamento sanitário, a
coleta e tratamento dos resíduos sólidos, a drenagem urbana e o controle de vetores
e reservatórios que propiciam a proliferação de doenças transmissíveis, vai ser
possível ofertar às pessoas o direito a uma vida digna, com qualidade, em harmonia
com o meio ambiente sadio.
Para Abicalil (2002), a prestação dos serviços de saneamento é uma
obrigação do Estado, que pode ser realizada diretamente ou através de concessão
ou permissão.
Segundo o Ministro das Cidades Olívio Dutra atualmente existe no Brasil 45
milhões de pessoas sem acesso à água tratada, 83 milhões de pessoas sem esgoto
tratado e 15 milhões de pessoas sem nenhum atendimento para recolher o lixo.
(BRASIL, 2007b)
Conforme pode se constatar na Tabela 1, as Regiões Norte e Nordeste são
as que apresentam os menores percentuais de acesso ao esgotamento sanitário,
inclusive ficando abaixo da média do País.
Tabela 1. Percentual da população atendida por rede de esgoto sanitário, segundo Unidades da Federação, no ano 2000
Brasil e Unidades da Federação População atendida
(%)
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro- Oeste
Brasil
2,8
17,7
63,6
26,1
33,1
40,0
Fonte: IBGE, 2007
Para as regiões, que apresentam os piores índices de abastecimento de água
através da rede geral pública, sobressai um percentual elevado de domicílios
abastecido através de poço, nascente ou outras formas de abastecimento que,
englobam: água armazenada em reservatório, água de chuva, carro-pipa, poço ou
nascente, localizados fora do terreno ou da propriedade (Figura 1).
Figura 1. Percentual das formas de abastecimento de água em domicílios no Brasil e Regiões. 2000.
Além disso, quanto maior o número de habitantes, maior será a abrangência
do serviço no município. Sendo assim, os maiores problemas de abastecimento de
água são perceptíveis nos municípios da Federação com até 20.000 habitantes.
(IBGE, 2007) A Bahia possui mais da metade dos seus municípios com menos de
20.000 habitantes, como vem reafirmar a Figura 2, a importância da efetividade das
Políticas de Saneamento no Estado.
Brasil e Regiões
Fonte: IBGE, 2007.
Figura 2. Distribuição percentual dos municípios segundo porte populacional, Bahia, 2006.
Além da distribuição incipiente de água, a rede de esgoto sanitário é quase
inexistente para a população da região Norte. Com exceção da região sudeste, o
índice de cobertura das demais fica abaixo da media nacional.
Quanto à rede coletora de esgoto, na Figura 3 mostra que a região Sudeste
foi à única que teve uma extensão considerável observada nos últimos dois Censos
realizados pelo IBGE de 1989 e 2000.
Figura 3. Evolução da extensão da rede de esgoto sanitário, segundo as Grandes Regiões Brasil – 1989/2000.
Fonte: IBGE, 2007.
Expansão em
Estima-se que, mais de 60% do esgoto coletado não seja tratado, sendo
despejado “in natura” nos corpos hídricos ou no solo, comprometendo
maleficamente o meio ambiente e o homem. A região Sudeste continua com as
melhores condições, sendo que de 1989 a 2000 foi à única que empreendeu um
aumento mais significativo, tanto na quantidade de volume de esgoto coletado
quanto na quantidade de esgoto tratado (na ordem de 48% e 50% respectivamente).
Nos Estados, a esfera municipal é responsável pela coleta do lixo, onde
muitos municípios acabam terceirizando o serviço para empresas privadas de coleta
de lixo. Mas mesmo com essa iniciativa, no Brasil, ainda é muito comum a presença
de “LIXÃO” nos municípios pequenos com população de até 20.000 habitantes,
principalmente os situados nas regiões Norte e Nordeste. (Figura 4)
Figura 4. Lixão segundo o estrato populacional – 2000. Fonte: IBGE, 2007.
Com relação ao lixo doméstico não coletado, grande parte é queimado,
jogado em terreno baldio ou cursos d’água ou lixões. Quanto à quantidade de
aterros sanitários existentes para dispor adequadamente o lixo coletado, é bastante
incipiente. A maior parte encontra-se em municípios com mais de 100.000
habitantes situados na Região Sudeste (GOMES ET. AL, 2005).
No que diz respeito à coleta seletiva do lixo, a população ainda não participa
ativamente, talvez por falta de conscientização e conhecimentos. Sua prática está
restrita quase que, totalmente, às Regiões Sul e Sudeste e a alguns poucos
municípios da região Nordeste, porém de forma retraída (GIATTI, 2004).
Camargo e Santos (2002) levantam a questão do Brasil não possuir um
serviço de saneamento universalizado, como uma conseqüência de sua baixa renda
per capita e da má utilização dos parcos recursos direcionados para o setor. As
autoras mencionam uma pesquisa realizada em 1998, mostrando que os países que
alcançaram a chamada universalização (maior parte dos países da União Européia,
Estados Unidos e Canadá), apresentaram renda per capita superior a US$
20.000/ano.
Apesar do cenário desanimador a área do saneamento atravessa agora um
momento de possibilidades, de novas formulações conceituais e de metodologias,
onde pode levar o país a uma melhoria no diz respeito o desenvolvimento das
Políticas de Saneamento com a promulgação da lei 11.445/20071 (BRASIL, 2007c)
1 A lei traz como princípios fundamentais: a universalização do acesso; integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados; abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente; disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado;adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais; articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o
que traz a construção de um novo quadro institucional para a área, mais efetivo no
atendimento aos interesses da população, e bem mais claro no que diz respeito o
aspecto teórico para obter os efeitos das várias opções político – institucionais
disponíveis neste instrumento.
2.2.1 Saneamento e saúde infantil
O conceito ampliado de saúde surge a partir da crise do paradigma
biomédico2, década de 70, em resolver as questões de saúde que se aprofundavam
com o agravamento das iniqüidades sociais e degradação ambiental decorrentes da
sociedade pós-industrializada.
A Organização Mundial de Saúde - OMS trouxe então o conceito ampliado de
saúde como um completo estado de bem – estar físico, mental, social e não
meramente a ausência de doença. (WHO, 2007)
Diante disso e tendo essa visão ampliada sobre saúde, o conhecimento
detalhado das estruturas e dinâmicas ambientais permite identificar as relações
entre o adoecimento e as condições e formas em que ocorrem estas interações
homem-ambiente. Com isso pode-se determinar, assim, a produção das chamadas
“situações de risco ambiental”, bem como a exposição específica de populações
particulares, em especial as crianças. (Brasil, 2003)
saneamento básico seja fator determinante; eficiência e sustentabilidade econômica; utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados; controle social; segurança, qualidade e regularidade; integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos. 2 Modelo assistencial médico – privatista, de cunho curativista e fundamentado no conceito biomédico de saúde, com a concepção de saúde e doença biológica, mecanicista, reducionista, fragmentada, com predomínio da clínica epidemiológica unicausal. Maiores esclarecimentos em SILVA JR, A. G. Modelos Tecnoassistenciais em Saúde: O Debate no Campo da Saúde Coletiva. Saúde em Debate. Série Didática. Editora Hucitec: São Paulo, 1998.
A OPAS (2001), citando o relatório “Situação Global de Suprimento de Água e
Saneamento”, produzido pela OMS e UNICEF em 2000, relata que 2,4 bilhões de
pessoas, em todo o mundo, não vivem em condições aceitáveis de saneamento,
enquanto 1,1 bilhão de pessoas não tem acesso a um adequado abastecimento de
água. Esse mesmo relatório menciona que ocorrem, no mundo, 04 (quatro) bilhões
de casos de diarréia por ano, com 2,2 milhões de mortes, a maioria entre crianças
de até cinco anos.
Minayo et al. (2002), menciona que o relatório da United Nations Comission
on Environment and Development (UNCED) da Rio-92, propondo a Agenda 21 como
plano de ação para o desenvolvimento sustentável, abrangeu a idéia de que as
necessidades essenciais de saúde das populações deveriam ser urgentemente
focalizadas, dentro de um marco que articulasse suas relações com os fatores
ambientais considerados na sua complexidade e inter-relações físicas, biológicas,
químicas e socais.
A compreensão da relação entre saneamento, saúde pública e meio ambiente
constitui etapa primordial no desenvolvimento de um modelo de planejamento capaz
de nortear políticas que visem ao bem estar das crianças e a preservação do
ambiente.
Estudos demonstram que saneamento básico adequado e água tratada
podem reduzir em torno de 20% a 80% as taxas de morbidade e mortalidade
ocasionadas pelas doenças de veiculação hídrica (GENSER, 2007).
Estudo realizado por Teixeira & Heller (2004) aponta para a importância da
boa cobertura e qualidade dos serviços de abastecimento de água do sistema
público e a eliminação da disposição de esgotos nos terrenos ou nas ruas por meio
de redes coletoras.
Essas ações acima citadas seriam boas opções para adequar o serviço, pois
risco de helmintoses intestinais é alto, (neste estudo a prevalência encontrada foi de
21,38% para crianças entre um ano e cinco anos incompletos) principalmente em
crianças entre dois e cinco anos incompletos.
Além das helmintoses, outras doenças infecciosas podem estar associadas
ao abastecimento de água deficiente, esgotamento sanitário inadequado,
contaminação por resíduos sólidos ou condições precárias de moradia.
Cairncross et al. (1997) Apud Queiroz (2006) distinguem dois domínios de
transmissão das doenças infecciosas: o domínio público e o domínio doméstico.
Eles salientam o quão importante é essa divisão porque o controle da transmissão
de cada tipo de infecção exige intervenções diferentes. As infecções alvejadas pelo
saneamento tais como as diarréias, são transmitidas geralmente em ambos os
domínios, sendo necessárias intervenções em ambos para controlar efetivamente a
transmissão.
Silva et al (2007) em seu estudo afirmou que as localidades sob risco de
hepatite apresentam maiores médias de domicílios cujos responsáveis não são
alfabetizados, têm renda mensal de até dois salários mínimos .
Estudos sobre as a relação existente entre o saneamento e as doenças
transmissíveis por veiculação hídrica e transmissão fecal-oral (hepatite A, febre
Tifóide e Leptospirose) além das diarréias são de extrema importância devido ao
grande risco de complicações para crianças aumentando a chance de
internamentos, onerando os custos para os serviços de saúde.
Segundo dados da Fundação Nacional de Saúde (2002), há um grupo de
Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado - DRSAI 3, que
3 Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado-DRSAI, composto pelas diarréias decorrentes de protozoários; bactérias, vírus e helmintos; Febres entéricas; Hepatite A; Dengue;
repercutem nas crianças menores de cinco anos, especialmente doenças diarréicas.
Para esse grupo observa-se que, entre 1995 e 2002, o número de crianças com
menos de um ano de idade internado por doenças diarréicas diminuiu 44%
(provavelmente devido à ampliação do acesso aos serviços de saúde) (DATASUS,
1995-2002). Os óbitos correspondentes a estas mesmas internações diminuíram
77% (provavelmente devido à eficácia das medidas instituídas). (BRASIL, 2007 d).
2.3 A água como agente para veiculação de doenças
A água é um recurso primordial para a existência humana, fundamental para
qualidade de vida das pessoas e preservação do meio ambiente. Contudo é
importante considerar seu potencial como veículo para aquisição de doenças.
A OPAS (2001) apud Neri (2004) apontou as enfermidades de maior
incidência relacionadas com a qualidade de água nos países da América Latina e
Caribe:
− Amebíase e febre tifóide, endêmicas em muitos países;
− A infecção por Entamoeba histolystica, é identificada como a causa de
algumas epidemias devido à contaminação do abastecimento de águas residuárias;
− Hepatite viral, cuja incidência é maior que 20 casos por 100.000 habitantes
nos países da América do Sul;
Sem a adoção de medidas que promovam a melhoria ou implantação de
sistemas de distribuição de água tratada, coleta e tratamento de esgotos, coleta de
resíduos sólidos, drenagem urbana e controle da poluição, torna-se impossível Febre Amarela, Leishmanioses; Filariose linfática; Malária; Doença de Chagas; Esquistossomose; Leptospirose; Tracoma e Doenças de Pele (micoses).
combater as doenças, principalmente aquelas que proliferam devido à carência de
saneamento.
Segundo Cairncross e Feachem (1990) apud Heller (1997), a classificação
ambiental das doenças relacionadas à água originam-se segundo os mecanismos
de transmissão em que a água está envolvida e são agrupadas em quatro
categorias : Transmissão Hídrica (transmissão transmissão hídrica ou relacionada
com a higiene- fecal-oral), Relacionada com a higiene (infecções da pele e dos olhos
e outras), Associada à água (por penetração na pele e por ingestão) e Transmissão
através de vetores que se relacionam com a água (picadura próxima à água e
procriam na água).
De qualquer forma, independente das características epidemiológicas das
doenças ligadas à água, as principais medidas para seu controle estão relacionadas
com a higiene, saneamento básico e educação ambiental, através da melhoria
habitacional, do abastecimento de água, destino e tratamento adequado dos dejetos,
identificação e eliminação dos locais propícios para a procriação de insetos vetores.
As doenças de transmissão fecal oral com manifestações diarréicas, febris ou
ictéricas representam grande índice no Brasil e principalmente nas regiões Norte e
Nordeste do país. Estas doenças são reflexos das condições de saneamento
ambiental, associado às geográficas e socioeconômicas e, portanto na avaliação da
situação saúde doença e fatores de risco a abordagem multidisciplinar simultânea é
a ideal (GUIMARÃES, 2001).
A Organização Mundial de Saúde (2008) divulgou estudo que revela que 28
mil pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência de doenças provocadas por
água contaminada, condições sanitárias precárias e falta de higiene.
2.3.1 Doenças Diarréicas Agudas, Hepatite A e Febre Tifóide
Constitui-se como sintoma de diversas patologias, a diarréia. Cada qual com
seus respectivos fatores de riscos, mas com significado em termos de saúde pública
relevante, principalmente no que tange o adoecimento de crianças menores de cinco
anos de idade.
A diarréia aguda é uma doença que se caracteriza pela diminuição da
consistência das fezes e/ou aumento no número de evacuações. Com freqüência é
acompanhada de vômitos, febre e dor abdominal, podendo apresentar muco e
sangue – disenteria. Em geral é auto delimitada, tendendo a curar-se
espontaneamente, num período de até 14 dias e sua gravidade depende da
presença e intensidade de desidratação. Ocorrendo mais de três evacuações /dia o
quadro pode ser considerada diarréia, porém deve-se levar em consideração o
hábito intestinal de cada pessoa. Os casos com duração superior a 14 dias são
considerados crônicos (Silva, 1999).
Segundo dados de Brasil (2003) os indivíduos mais afetados são os menores
de 5 anos, com maior incidência nos menores de 24 meses, nas áreas mais
carentes, e entre os de 24 a 48 meses, nas áreas mais desenvolvidas. A elevação
do número de casos ocorre em certas épocas do ano, está relacionada ao aumento
da temperatura e associada ao regime de chuvas, turismo, migração, colheita
agrícola, ente outros.
Dentre os fatores predisponentes citam-se o desmame precoce e a
desnutrição, sendo que essa última mantém uma relação de causa e efeito recíproca
com a diarréia. Nos adultos, costuma ocorrer em surtos, geralmente por fonte
comum.
Por tratar-se de uma doença que costuma ter sua importância subestimada
pela população, apenas parte dos casos, geralmente os mais graves, buscam
atendimento nos serviços de saúde.
Almeida Filho & Rouquayrol (2003), demonstram na Figura 5 a estruturação
interativa dos fatores que conduzem às doenças diarréicas e as mantêm. Os autores
apontam a importância para a interação, ali representadas por setas, que explicam a
razão pela qual as doenças diarréicas constituem causa básica da mortalidade
infantil.
Figura 5. Sinergismo multifatorial na determinação das doenças diarréicas. Fonte: ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 2003.
A maior parte das doenças diarréicas agudas (DDA) é causada por diferentes
agentes enteropatogênicos como vírus e bactérias, podendo ainda ter os parasitas
como agentes etiológicos, os quais contaminam homens e mulheres por meio da
boca, podendo estar presentes na água ou em alimentos.
2.3.1.1 A Hepatite A e sua relação com o meio ambiente
Estudo feito pela Organização Mundial da Saúde alerta que água
contaminada ainda é um vilão para a saúde pública. Doenças como Hepatite A,
Cólera e Febre Tifóide que podem ser prevenidas por meio de vacinação são
responsáveis por 2,3% das mortes no Brasil (BRASIL, 2005b).
Os índices de mortes provocadas por água contaminada e condições
precárias de higiene e saneamento no Brasil não são dos piores países do mundo. A
taxa de mortalidade por essas causas é de 2,3%, um número alto quando
comparado ao de países como Áustria, Itália e Dinamarca onde apenas 0,1% das
mortes registradas são em decorrência de consumo de água contaminada (COSTA,
2002) .
A Hepatite A é um doença cujo modo de transmissão se dá por via fecal-oral,
através da ingestão de vírus em alimentos ou água contaminados, geralmente, em
países onde o saneamento básico é deficiente, ou existem péssimas condições
socioeconômicas e atinge crianças na primeira década da vida.
Os estudos sobre a Hepatite A tornam-se assim um importante indicador da
qualidade da água e das condições ambientais de uma determinada região, por se
tratar de doença de veiculação hídrica. (ALMEIDA, 1997).
As manifestações clínicas da hepatite A na fase pré-ictérica são
caracterizadas por mal-estar, cefaléia, febre baixa, fadiga intensa, fraqueza nos
órgãos, náuseas, artralgia, vômitos, dor abdominal e aversão a alguns alimentos.
Conforme Silva (2001) apud Neri (2004), a fase da icterícia e colúria ocorre
dentro de uma a duas semanas após início do período prodrômico, em mais de 90%
dos pacientes, e a icterícia começa desaparecer na fase de convalescência,
podendo persistir de quatro a seis semanas.
Apesar da recuperação da Hepatite A ser rápida, em torno de quatro a seis
dias, algumas pessoas podem ter a doença de forma mais demorada, estendendo-
se por até um ano, tendo a idade como fator importante, pois a chance de morte é
aumenta se a doença é adquirida a partir dos quarenta anos de idade. (SILVA, 2001)
O vírus da Hepatite A é inativado pela fervura de pelo menos 20 minutos
cloração, luz ultravioleta e por formalina (1:4000) (MEDRONHO et. al., 1999).
No Brasil a Hepatite A é endêmica e acomete com freqüência as crianças,
adolescentes e adultos jovens, com variação entre as regiões.
Neri (2004) analisou a incidência da Hepatite A em populações que habitam o
ecossistema amazônico conhecido, regionalmente, como Ressaca. Para isso,
utilizaram-se dados de saúde, socioeconômicos e ambientais. Pode-se assim
constatar que as áreas que apresentaram as maiores concentrações de Hepatite A
foram àquelas onde as pessoas mais atingidas são as residentes em áreas onde as
condições de saneamento básico são precárias.
2.3.1.2 Febre tifóide e os riscos para a saúde infantil
A febre tifóide é uma doença bacteriana aguda, distribuída no mundo
associada a baixos níveis socioeconômicos, relacionando-se com precariedade das
condições de higiene pessoal e ambiental. (BRASIL, 2005 b). Portanto, nas áreas
onde o acesso ao saneamento básico e ao abastecimento de água é limitado,
estima-se que há uma maior freqüência da doença.
A febre tifóide é uma infecção causada pela bactéria Salmonella typhi. A
doença é contraída pela ingestão de água e alimentos contaminados pelas fezes ou
urina de uma pessoa que foi infectada por este microorganismo. Ao entrar no
organismo humano, a bactéria normalmente se aloja no intestino, onde se reproduz
e causa infecção (MEDRONHO, 2006).
Após 5 a 21 dias de incubação, os doentes começam a sentir fadiga, dor de
cabeça, febre e dores abdominais. Em seguida, podem aparecer manchas
avermelhadas pelo corpo. Crianças maiores e adultos apresentam, em geral, prisão
de ventre. Já as crianças mais novas têm diarréia. Quando não provoca sintomas
clássicos, a febre tifóide é freqüentemente confundida com malária, dengue, gripe e
outras doenças que provocam estados febris. O diagnóstico é confirmado por exame
de cultura do sangue (hemocultura) ou de cultura de medula óssea (SILVA, 2007).
Apesar de seu tratamento ocorrer fundamentalmente no nível ambulatorial, e
só quando houver necessidade a internação deve ser feita, nos casos que ocorre
perfuração intestinal, hemorragia ou toxemia severa, a doença pode levar à morte.
De acordo com a OMS, em 2004, foram registrados 21 milhões de casos de
febre tifóide no mundo, resultando na morte de 600 mil pessoas. A doença está
associada a níveis sócio-econômicos baixos e situação precária de saneamento
básico, higiene pessoal e ambiental (BRASIL, 2005 a).
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1996 e 2005
ocorreram 7.921 casos concentrados na sua maioria em locais com condições
precárias de saneamento das regiões Norte (3416 casos) e Nordeste (4.004 casos).
(BRASIL,2008)
2.4 Estratégias de ação voltadas para melhoria da saúde ambiental e qualidade
de vida
Com a relação entre saúde e qualidade de vida, para Ferraz (1998) e
Augusto (2003), veio o desafio perante a sociedade, e em especial, para os
profissionais de saúde e instituições prestadoras de serviços de saúde em se
responsabilizarem por atuar como mediadores dessa relação e de seus diversos
interesses.
Diante dessa problemática e da perspectiva de programas inspirados no
conceito ampliado de saúde, na incorporação de qualidade de vida, surgem no Brasil
o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) 4 em 1991, e o Programa de
Saúde da Família (PSF) em 1994.
O Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição Federal de
1988, caracteriza o PSF como estratégia principal para reorientação do modelo
assistencial vigente, fundamentado na perspectiva da vigilância da saúde atuando
sobre os fatores determinantes e condicionantes do perfil de saúde da população
brasileira.
Atuando através de uma equipe multiprofissional, o PSF tem os Agentes
Comunitários de Saúde (ACS), pessoas preparadas da própria comunidade. Estes
são vistos como “elo” de ligação entre a comunidade e PSF/Sistema de Saúde, para
transmitir informações básicas de saúde à população, promovendo atenção primária
para prevenção de doenças. Além disso, através do cadastramento das famílias
adstritas, são fornecidos importantes dados demográficos, socioeconômicos,
culturais, relativos ao meio ambiente, bem como referentes à mortalidade e
morbidade. (Brasil, 1998; Jorge & Gotlieb, 2000).
Tanto o PACS quanto o PSF foram idealizados para aproximar o serviço de
saúde da comunidade, gerando uma quantidade significativa de dados, que estão
reunidos no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB). Esse sistema produz
relatórios, com informações voltadas para as condições de saúde da população
4 Nas normas e diretrizes dos ACS, documento que orienta as ações do PACS, está escrito que dentre as atribuições dos ACS, mais ligadas ao objeto em questão nesta pesquisa, estão: “a realização do cadastramento das famílias das áreas de abrangência do Programa de Saúde da Família, participação na realização do diagnóstico demográfico e na definição do perfil sócio econômico da comunidade, na descrição do perfil do meio ambiente da área de abrangência, na realização levantamento das condições de saneamento básico e realização do mapeamento da sua área de abrangência, atualização das fichas de cadastramento dos componentes das famílias, promoção de aleitamento exclusivo, identificação e encaminhamento das gestantes para o serviço de pré-natal na unidade de saúde de referência e seu acompanhamento através de visitas domiciliares periódicas para monitoramento das gestantes, priorizando os aspectos do desenvolvimento da gestação, seguimento do pré – natal sinais e sintomas de risco na gestação, nutrição, incentivo e preparo para o aleitamento materno e preparo para o parto; além de mobilizar a comunidade visando promover a participação popular e melhorias do meio ambiente”. (BRASIL, 1998)
atendida. Desde dados relativos a acometimento de diarréia por faixa etária até
informações relacionadas aos moradores e domicílios visitados pelo ACS, cujo
objetivo é permitir conhecer a realidade sociossanitária da população acompanhada,
avaliar a adequação dos serviços de saúde oferecidos, readequá-los sempre que
necessário, visando, em última análise, melhoria da qualidade dos serviços de
saúde prestados. (Brasil, 2004)
A OPAS (1999) reafirma a importância de estratégias que possam levar
melhoria de qualidade de vida para populações que são diretamente afetadas por
problemas ambientais urbanos e rurais, como a falta de acesso a saneamento
básico, contaminação atmosférica (industrial e doméstica), contaminação acústica,
contaminação da água, abastecimento de água potável, resíduos sólidos, uso
indevido do solo, vetores de doença, ruas sem pavimentação, segurança e
qualidade dos alimentos, incinerações não autorizadas, falta de áreas verdes,
manejo inadequado dos canais de drenagem, desastres naturais (enchentes) e
emergências químicas, dentre outros que repercutem diretamente sobre as
condições de vida e saúde das pessoas.
Na Agenda 21 o capítulo seis trata da relação saúde e ambiente, prevendo o
fortalecimento da promoção da saúde. E através da universalização no Brasil do
Programa Saúde da Família - PSF, além da identificação de fatores ambientais que
prejudiquem a saúde da população, reafirma-se a preocupação em trazer o conceito
ampliado de saúde, para mais próximo da comunidade. (Minayo & Miranda, 2002)
Porém a avaliação dos efeitos das medidas de saneamento ambiental sobre a
morbimortalidade infantil é de difícil realização, e os resultados são dependentes de
uma série de fatores, como os demográficos, socioeconômicos, coberturas por
serviços de saúde etc. (BLUM & FEACHEM, 1983 apud TEIXEIRA & PUGIRUM,
2005)
Contudo vale ressaltar que a morbidade associada à deficiência ou
inexistência de saneamento ambiental e por conseqüência a melhoria da saúde
devido à implantação de tais medidas continua sendo objeto de discussão em
estudos em todo o mundo e no Brasil. (CAIRNCROSS & FEACHEM, 1990;
MORAES, 1997; HELLER, 1997; GUIMARÃES et al, 2001; COSTA et al, 2005;
TEIXEIRA & PUGIRUM, 2005; HELLER & CASTRO, 2007) .
Porém, mesmo tendo um número bastante significativo de estudos que
envolvam a temática, vale ressaltar que a questão ambiental é pouco trabalhada no
que mostra o estudo realizado por Ianni e Quitério (2006). O PSF possui papel
fundamental para a prevenção e monitoramento das doenças diarréicas em crianças
menores de dois anos, bem como na educação e promoção em saúde no que tange
as informações sobre as DRSAI e educação ambiental dentro das ações
desenvolvidas pelos ACS.
2.5 Sistemas de informação em saúde e sua utilidade para a saúde infantil
A municipalização do sistema de saúde trouxe mudanças grandes e
significativas nos sistemas de informação, tanto em sua operacionalização como em
seu tratamento.
Os municípios são à base de produção da maioria das informações hoje
utilizadas por todos os níveis de gestão do SUS, advindas das Unidades de Saúde.
Entre as principais fontes de informação no Brasil estão o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE e os grandes sistemas informacionais ligados às
principais políticas sob responsabilidade dos ministérios, o qual o correspondente da
Saúde é o DATASUS.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, órgão do Ministério do
Planejamento, produz, analisa, coordena e consolida as informações estatísticas; e
geográficas; tem ainda por função a estruturação e implantação de um sistema das
informações ambientais; documentação e disseminação de informações;
coordenação dos sistemas estatístico e cartográfico nacional. O IBGE é o órgão
responsável pelo Censo Demográfico e pela produção da Pesquisa Nacional de
Amostra Domiciliar (PNAD), importantes fontes que permitem traçar o perfil do país,
admitindo cortes etários e por região.
O DATASUS é um órgão de informática de âmbito nacional responsável por
prover os órgãos do Sistema Único de Saúde de sistemas de informação, reunindo
273 sistemas informacionais.
Dentre estes se destaca os dados de saúde disponíveis on-line para dados de
mortalidade, de doenças de notificação compulsória e dados assistenciais, de
financiamento e da produção de serviços por estados e municípios.
O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) tem como características a
coleta dados sobre óbitos; tem abrangência nacional; fornece informações sobre o
perfil de mortalidade nos diferentes níveis do SUS; o documento padrão para
entrada de dados é a Declaração de Óbito (DO); é um dos mais consolidados e
confiáveis do país; possui problemas relativos à subnotificação e o correto
preenchimento da DO. (GOMES, 2001; FRIAS, 2005)
A mortalidade infantil no Brasil, embora tenha apresentando declínio nas
últimas décadas, ainda tem nas doenças diarréicas uma importante causa.
Excetuando-se as causas mal definidas, as diarréias ocupam sistematicamente o
segundo ou terceiro lugar, superadas pelas afecções do período perinatal e
infecções respiratórias. Considerando a qualidade do preenchimento das
declarações de óbito quanto à causa básica, e o sub-registro de nascimentos e dos
óbitos precoces, supõe-se que os valores estejam ainda subestimados. (Brasil,
2007d)
Entretanto, as causas mal-definidas de óbitos no Brasil ainda são muito
elevadas, o que compromete a qualidade da informação por causa de morte. Dessa
forma justifica-se estudos que possam avaliar as condições de morbimortalidade por
doenças diarréias em crianças menores de cinco anos de idade utilizando os SIS
como ferramenta de análise.
O Sistema de Internação Hospitalar (SIH) abrange as informações sobre os
serviços prestados pelos hospitais próprios e credenciados ao SUS em regime de
internação hospitalar. É de registro contínuo, constituindo-se em uma ferramenta
valiosa para o monitoramento e estudos epidemiológicos; um sistema de informação
não universal, que processa anualmente mais de 10 milhões de internações.
Esse sistema é a fonte secundária de dados, resultado da transcrição do
anotado nos prontuários médico, o qual identifica apenas a parcela da população
que precisa ser internada; é um sistema de informações e cobrança – é através dele
que as internações realizadas são pagas aos hospitais, permitindo avaliar o nível de
resolutividade da rede básica. Possibilitando assim a produção do conhecimento no
campo da saúde coletiva (BRASIL, 2005b)
O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) foi criado para auxiliar o
acompanhamento e avaliação das atividades realizadas pelos ACS, agregando e
processando dados advindos das visitas domiciliares, bem como do atendimento
médico e de enfermagem realizado na unidade de saúde e nos domicílios (BRASIL,
2000) Fornecendo assim importantes dados demográficos, socioeconômicos,
culturais, relativos ao meio ambiente, bem como referentes à mortalidade e
morbidade. (Brasil, 1998; Jorge & Gotlieb, 2000)
O Sistema de Informação sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), foi
criado em 2000, na perspectiva do acompanhamento financeiro a partir da
aplicabilidade da Emenda Constituticional5 (EC) nº. 29/2000. O SIOPS permite
comparações e análises, fornece indicadores sobre os gastos com saúde per capta,
sobre disposição dos recursos transferidos e próprios aplicados na saúde dos
municípios e Estados; e dá a receita própria aplicada em saúde e composição
desses gastos. (Financiamento do SUS citado por Rocha et al, 2006)
5 Foi criada com o objetivo de garantir as condições necessárias para que se alcance o equilíbrio entre as demandas da população por serviços de saúde e os recursos necessários para seu financeiros, alterando a Constituição Federal de 1998, quanto à vinculação dos recursos pelos diversos níveis de governo – União, Estados e Municípios – estabelecendo a base de cálculo e percentuais mínimos de recursos orçamentários a serem aplicados em ações e serviços de saúde. (Rocha et al, 2006)
3 METODOLOGIA
Para alcançar os objetivos propostos desta pesquisa, foram adotados os
seguintes procedimentos metodológicos:
3.1 Delineamento epidemiológico
A pesquisa utilizou a metodologia quantitativa, descritiva, exploratória,
delineada pelo estudo epidemiológico do tipo ecológico, o qual avalia como os
contextos social e ambiental podem contribuir para o surgimento de um agravo à
saúde num período de tempo e em populações geograficamente definidas,
objetivando identificar padrões de distribuição espacial do evento, gerando hipóteses
de uma possível etiologia ambiental relacionada às características da população.
(Medronho, 2006)
No que se refere aos métodos de investigação Câmara (2003) afirma que a
metodologia epidemiológica é utilizada em Saúde Ambiental para descrever, analisar
ou interferir na relação entre a exposição a poluentes ambientais e/ou na ocorrência
de efeitos adversos para a saúde das populações. Da mesma forma que nos outros
campos de conhecimento e de atuação da Saúde Coletiva, descreve a ocorrência
dos efeitos adversos para a saúde, analisa a associação ou relação de causalidade
entre exposição a fatores do ambiente com índices de morbidade e mortalidade ou
contribui para ações/intervenções com o intuito de mitigar ou prevenir estes efeitos
adversos.
Quanto ao estudo ecológico, este tipo de estudo caracteriza-se por estudar
grupos e não indivíduos. A análise ecológica de dados ambientais e epidemiológicos
pode permitir, mais que uma verificação de associações entre fenômenos, uma
melhor compreensão do contexto em que se produzem os processos sócio-
espaciais, a saúde desse grupo é mais do que a soma da saúde de indivíduos, uma
forma da saúde pública e epidemiologia caminharem tendo como objeto o grupo
num contexto ambiental.
Entretanto, os estudos ecológicos possuem como nos outros modelos,
vantagens e limitações.
Os autores Almeida Filho & Rouquayrol (2003) mostram que os estudos
ecológicos possuem como vantagens a facilidade de execução e o baixo custo
relativo, devido à utilização de fontes de dados secundários já disponíveis e em
grande volume, além de se destacar a sua simplicidade analítica e capacidade de
geração de hipóteses.
Contudo Almeida Filho e Rouquayrol (2003) alertam para as possíveis
limitações devido ao seu baixo poder analítico e a vulnerabilidade à chamada
“falácia ecológica”.
Para os autores supracitados a falácia ecológica consiste:
“na admissão de que os coeficientes de uma dada área referem-se à população total dessa área, quando na verdade, implicam uma média da variação por subgrupos com características internas diferentes, ou seja, uma suposição de que os mesmos indivíduos são simultaneamente portadores do problema de saúde e do atributo associado”.
Dessa forma vale ressaltar a importância do controle coerente das variáveis
para evitar a potencialização de fatores de confundimento, utilizando dados
agrupados em unidades geográficas menores quanto for possível para torná-las
mais homogêneas, bem como avaliar o grau de confiabilidade da fonte dos dados
utilizados, e prever a aplicação coerente dos resultados tendo em vista seus
objetivos.
O modelo ecológico, por se basear na idéia do inter-relacionamento entre
fatores, tem sido apontado como recurso teórico avançado para o estudo de
determinação de doenças na expectativa de integrar o conhecimento biológico e
social. Dessa forma os efeitos da agregação nesses estudos são de grande
importância e valor para a evidência de processos que muitas vezes se estudados
individualmente, produzem efeitos imperceptíveis.
3.2 Universo do estudo
Foram analisadas as informações contidas nos Sistemas de Informação em
Saúde SIAB, SIH, SIM e SIOPS de todos os municípios que apresentaram cobertura
de 100% da população da Estratégia Saúde da Família - ESF do Estado da Bahia no
ano de 2006.
3.2.1 Áreas geográficas abrangidas
O Estado da Bahia está situado na região Nordeste do País, com uma
extensão geográfica de 567.295.3 Km², ocupando 6,64% do território nacional e
36,33% da Região Nordeste. Possui uma população de 13.950.125 milhões de
habitantes (IBGE 2006).
Politicamente o Estado está dividido em 417 municípios, subdividido em 9
Macrorregiões de Saúde, que correspondem a grandes áreas com características
físicas e socioeconômicas relativamente peculiares, correspondendo: norte,
nordeste, centro – norte, centro – oeste, oeste, centro – leste, leste, sudoeste, sul e
extremo – sul.
O universo da pesquisa foi composto por 52 municípios distribuídos em 8 das
9 macrorregiões de acordo com o Plano Diretor de Regionalização6 (PDR) da Bahia
como mostra a Figura 5.
Do total dos municípios baianos, 61,68% tem menos de 20.000 habitantes,
com densidade demográfica média de 23,2 habitantes/km² e a taxa de urbanização
em 2000 foi de 67,1%. O crescimento demográfico entre 1991 e 2000 foi de 1,1% ao
ano. (IBGE, 2000)
Os municípios participantes do estudo apresentam população variando de
2.958 a 49.172 habitantes7, onde cerca de 90% dos municípios possuem uma
população abaixo de 20.000 habitantes,
6 A NOAS 01/01 estabelece em suas diretrizes o fortalecimento da descentralização de forma
hierarquizada e regionalizada. Para tanto foi instituído o Plano Diretor de regionalização - PDR que
estabelece o desenho da regionalização. O PDR propõe a divisão do Estado em regiões de saúde
visando à organização da assistência de maneira a garantir o acesso aos cidadãos, o mais próximo
possível de sua residência, às ações e serviços de saúde em qualquer nível de atenção. (BRASIL,
2002)
O Estado apresenta a situação semelhante à desigualdade social existente no
País. Apesar de alguns indicadores apontarem para uma melhoria de situação,
como a queda, entre 1992 e 1999, da proporção de famílias vivendo com
rendimentos mensais inferiores a dois salários mínimos, mantém praticamente
estável o percentual de famílias sem rendimentos (BAHIA, 2007). Em 1999, apenas
6,4 % das famílias atingiam o patamar de mais de 10 salários mínimos (BAHIA,
2007).
O processo de urbanização da Bahia é marcado, por um lado, pela
concentração de parcela expressiva da população urbana na Capital – Única cidade
do Estado a ultrapassar a marca de 500 mil habitantes - e, por outro, pela dispersão
desta população em centenas de centros urbanos de pequeno porte.
7 Ressaltamos que esses dados são meramente ilustrativos, pois o foco da pesquisa se constitui a partir dos aglomerados humanos, cerne dos estudos ecológicos.
Figura 6. Divisão político administrativa da Bahia por macrorregionais segundo o PDR e distribuição dos municípios participantes da pesquisa.
No que se refere à divisão proposta pelas macrorregionais, a distribuição dos
municípios pesquisados segue na Tabela 02 seguindo a numeração exposta na
Figura 06.
Tabela 2. Municípios participantes da pesquisa, com número de habitantes segundo IBGE, no ano 2006 e percentual de cobertura do PSF seguindo numeração exposta na figura 06
(Continua) 1 Andaraí 13.588 100,8 2 Barrocas 12.962 104,4 3 Biritinga 14.649 107,3 4 Bonito 14.244 119,3 5 Ibiquera 3.502 106,9 6 Ichu 3.374 179,3 7 Itaeté 13.792 112,7 8 Marcionílio Souza 8.640 129,0
CENTRO LESTE
CENTRO – LESTE
CENTRO – NORTE
EXTREMO SUL
LESTE
NORDESTE
NORTE
OESTE
SUDOESTE
SUL
MUNICÍPIOS COM > 70% DA POPULAÇÃO RESIDINDO NA ZONA RURAL
CENTRO – LESTE
CENTRO – NORTE
EXTREMO SUL
LESTE
NORDESTE
NORTE
OESTE
SUDOESTE
SUL
MUNICÍPIOS COM > 70% DA POPULAÇÃO RESIDINDO NA ZONA RURAL
9 Nova Fátima 5.388 109,7 10 Retirolândia 10.588 115,8 11 São Domingos 7.235 110,1 12 São Gonçalo dos Campos 29.004 109,1 13 Tanquinho 5.380 128,5 14 Teodoro Sampaio 8.355 105,4 15 Aratuípe 8.803 103,5 16 Cabaceiras do Paraguaçu 16.302 105,4 17 Dom Macedo Costa 3.634 107,8 18 Elísio Medrado 7.870 104,1 19 Laje 20.548 100,7 20 Madre de Deus 14.144 124,3 21 Nova Itarana 6.554 105,9 22 Santa Teresinha 8.575 109,6 23 São Felipe 20.319 100,1 24 Varzedo 8.676 108,3
LESTE
25 Itaguaçu da Bahia 8.702 129,0 26 Quixabeira 6.168 112,2 27 São José do Jacuípe 5.638 135,0
CENTRO NORTE
28 Canápolis 9.942 104,6 29 Catolândia 2.958 118,7 30 Cristópolis 12.664 102,4 31 Ipupiara 8.916 101,5 32 São Félix do Coribe 11.641 110,6
OESTE
33 Banzaê 10.910 100,8 34 Catu 49.172 106,4 35 Ribeira do Amparo 13.868 104,9
NORDESTE
36 Dom Basílio 10.942 108,1 37 Firmino Alves 4.909 101,7 38 Pindaí 14.693 103,6
SUDOESTE
Fonte: DATASUS/Ministério da Saúde /IBGE, 2007.
Tabela 2. Municípios participantes da pesquisa, com número de habitantes segundo IBGE, no ano 2006 e percentual de cobertura do PSF seguindo numeração exposta na figura 06 acima (Conclusão)
39 Almadina 6.279 103,3 40 Barro Preto 7.126 102,5 41 Cairu 8.594 145,6 42 Camacan 26.640 130,5 43 Irajuba 6.363 106,4 44 Itagi 14.684 103,1 45 Itaquara 8.363 104,9 46 Jussari 6.880 100,2 47 Lafaiete Coutinho 3.345 118,9 48 Nilo Peçanha 10.414 114,2 49 Nova Ibiá 4.700 139,5 50 São José da Vitória 4.318 150,7 51 Uruçuca 12.609 126,8
SUL
52 Medeiros Neto 19.887 101,9 EXTREMO SUL
Fonte: DATASUS/Ministério da Saúde /IBGE, 2007.
3.3 Base de informações
A base de informações foi composta por dados secundários, disponíveis para
o ano de 2006, provenientes do DATASUS/Ministério da Saúde (Brasil, 2007d). Foi
verificado que as variáveis independentes não estavam correlacionadas entre si e,
portanto essa conduta garante a adequação do modelo proposto pelo estudo.
3.3.1 A utilização dos SIS
Os SIS apresentam-se como instrumentos imprescindíveis para desencadear
processos de análise dentro do campo da saúde coletiva e podem ser também
considerados como ferramenta ativa na verificação da relação entre adoecimento
com o meio ambiente.
Tendo como objeto deste estudo e para o alcance dos objetivos propostos
utilizamos os SIS: SIAB-SUS, SIH-SUS, SIM-SUS e SIOPS-SUS.
3.4 Coleta dos dados secundários
A coleta dos dados se deu em quatro etapas descritas resumidamente:
a) Reconhecimento da área do estudo: seleção dos municípios com cobertura
de 100%de PSF. Através do SIAB-SUS, disponível em meio eletrônico
internet: http://www.datasus.gov.br, sendo assim consolidados os dados por
municípios e tabulados em tabelas.
b) Descrição dos dados referente á mortalidade infantil: descrição dos dados
referentes à mortalidade infantil, 2006 e cálculo de taxa de mortalidade infantil
(número de óbitos de crianças menores de um ano de idade por 1.000
nascidos vivos); descrição dos dados referentes à mortalidade em menores
de cinco anos de idade, 2006 (% total de mortes em crianças menores de
cinco anos de idade); descrição dos dados referentes à mortalidade por
enfermidades diarréicas agudas em menores de cinco anos de idade, 2006
(% de mortes em crianças menores de cinco anos por enfermidades
infecciosas intestinais); descrição dos dados referentes à mortalidade por
Febre Tifóide e Hepatite A em crianças menores de cinco anos, através dos
dados secundários retirados do SIM-SUS;
c) Descrição dos dados referentes à morbidade infantil: descrição dos dados
referentes à morbidade por Febre Tifóide, Hepatite A em crianças menores de
cinco anos de idade; Descrição dos dados referentes a internamento pelos
agravos febre tifóide e Hepatite A em crianças menores de cinco anos de
idade, através dos dados secundários retirados dos SIH-SUS;
d) Descrição dos indicadores demográficos, socioambientais, de gastos públicos
em saúde através dos SIAB-SUS e SIOPS.
É sabido que os censos populacionais produzem informações imprescindíveis
e constituem a única fonte de referência, contudo o IBGE, instituição responsável
pelo Censo Demográfico Brasileiro, só realiza o censo a cada 10 anos, o último
realizado no ano de 2000. Quanto à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
nos traz dados gerais referentes aos Estados e amostragem de alguns municípios.
Diante do fato justificou-se também a necessidade de trabalhar como os
dados do SIAB-SUS. Quanto às informações referentes a esses dados, tivemos
como pressuposto as diretrizes do PSF onde através dos ACS, que agregam as
informações necessárias através da ficha de cadastro das famílias (Ficha A)8, essa
fichas são atualizadas com freqüência e consolidadas em um banco de dados do
SIAB-SUS, possibilitando uma visão mais atual da situação de saneamento dos
municípios que participaram do estudo, e não descartando a facilidade do acesso.
Quanto à confiabilidade dos dados gerados pelo SIAB-SUS e demais
Sistemas de Informação em Saúde utilizados na pesquisa, SIM-SUS, SIH-SUS e
SIOPS- SUS tivemos como preocupação agrupar os dados correspondentes a
mesma base temporal. Keinert (2002) aponta em seu estudo de avaliação de
sistemas locais de informação, que a “experiência” DATASUS como um sistema de
média acessibilidade (facilidade de acesso à sede física da experiência, para fins
de visita ou realização de entrevistas), de média validade (grau de proximidade
entre o conceito e a medida; sua capacidade de medir o fato) e alta relevância (diz
respeito à pertinência desse indicador para a tomada de decisão a cerca dos
problemas sociais).
Vale ressaltar que vários estudos demonstram a importância da utilização dos
SIS. O trabalho realizado por Bittencourt et al 2006 aponta a importância da
aplicação dos dados do SIH-SUS em análises das questões de saúde coletiva. Com
a análise de 76 publicações envolvendo a temática, os autores demonstram a
necessidade de análises voltadas para as regiões Norte e Nordeste, já que destes
trabalhos avaliados, 96,7% se referiam aos municípios localizados na região sudeste
do Brasil.
Estudos como os de Lira et al (2000) e Mendes et al (2000) apontam grande
potencialidade dos SIH-SUS para o monitoramento da Febre Tifóide e Doenças
Diarréicas Agudas. 8 Ficha de cadastro que contém informações correspondentes aos domicílios visitados pelos ACS, bem como
informações sobre a família visitada. Em BRASIL, Ministério da Saúde. Sistema de Informação da Atenção
Básica: SIAB: Indicadores 2004, Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
Dessa forma acreditamos que todos os Sistemas de Informação contidos na
base DATASUS/Ministério da Saúde, possuem apesar de falhas esperadas na
alimentação dos respectivos sistemas, uma importância fundamental no
desenvolvimento de estudos de perfil epidemiológico, além de ser uma excelente
ferramenta gerencial de assistência aos programas de saúde da criança.
3.5 Variáveis utilizadas para análise dos dados
De acordo como os dados retirados dos sistemas de informação em saúde
SIAB-SUS, SIH-SUS, SIOPS-SUS e SIM-SUS classificamos as variáveis de acordo
como os seguintes indicadores:
a) Indicadores socioambientais e suas variáveis
As informações foram colhidas do SIAB-SUS através dos dados registrados
na Ficha A (instrumento de trabalho dos ACS) no PSF:
- Percentual de abastecimento de água por rede pública, por poço ou
nascente e outros;
- Percentual de tratamento de água no domicílio por filtração, fervura,
cloração ou sem tratamento;
- Percentual do destino do lixo por coleta; queimado ou enterrado; e a céu
aberto;
- Percentual do destino dos esgotos: coleta por rede pública; fossa; e a céu
aberto.
b) Indicadores de gastos públicos em saúde e suas variáveis
As informações foram colhidas a partir dos dados registrados no SIOPS-SUS:
- Gasto municipal per capta em saúde;
- Percentual do gasto municipal aplicado em saúde.
c) Indicadores de saúde infantil e suas variáveis
As informações foram colhidas a partir dos dados registrados no SIM-SUS e
SIH-SUS:
- mortalidade por enfermidades diarréicas agudas em menores de cinco anos
de idade;
- mortalidade por Febre Tifóide em crianças menores de cinco anos;
- mortalidade por Hepatite A em crianças menores de cinco anos;
- número de internamentos por enfermidades diarréicas agudas em menores
de cinco anos de idade;
- número de internamentos por Febre Tifóide em crianças menores de cinco
anos;
- número de internamentos por Hepatite A em crianças menores de cinco
anos.
3.6 Análise dos dados
As formas de análise de um estudo ecológico podem ser resumidas conforme
Almeida Filho e Rouquayrol (2003) e Triola (1999), através da análise gráfica;
comparação de indicadores; análises de correlação linear (univariada e
multivariada).
Neste estudo, de acordo como as variáveis elencadas e partindo do
conhecimento da cadeia de transmissão fecal-oral das doenças abordadas pelo
estudo, salientando a associação à sua transmissão aos baixos níveis
socioeconômicos, além das condições de saneamento, higiene pessoal e ambiental
e partindo do delineamento epidemiológico ecológico justificou-se a análise dos
dados a partir das três etapas abaixo:
Na primeira etapa foi construído um banco de dados composto por todos os
indicadores epidemiológico e sócio sanitários por município. Na segunda etapa a
partir do banco de dados construído, foram feitas análises estatísticas descritivas
referentes aos indicadores para todos os municípios estudados, a partir dos
seguintes parâmetros (números de dados, média, moda, coeficiente de variação,
variância, desvio padrão, variação (mínimo e máximo), de forma a avaliar suas
principais características;
Dessa forma não perdendo de vista os objetivos propostos para avaliação da
relação entre as variáveis independentes com as variáveis dependentes, o estudo
utilizou a correlação de Pearson, bem como de indicadores de condições de vida e
indicadores de condições de saúde, cerne da pesquisa.
Por isso na terceira etapa foram realizadas análises de regressão linear
simples para os indicadores socioambientais e suas variáveis (condição de
abastecimento de água: por rede pública, por poço ou nascente e outros; tipo de
tratamento de água no domicílio: por filtração, fervura, cloração ou sem
tratamento; destino do lixo: por coleta; queimado ou enterrado; e a céu aberto;
destino dos esgotos: coleta por rede pública; fossa; e a céu aberto); indicadores de
gastos públicos em saúde e suas variáveis: (gasto municipal per capta em saúde;
percentual municipal aplicado em saúde); indicadores de saúde infantil e suas
variáveis: mortalidade por enfermidades diarréicas agudas em menores de cinco
anos de idade; mortalidade por Febre Tifóide em crianças menores de cinco anos;
mortalidade por Hepatite A em crianças menores de cinco anos; morbidade
expressa pelo número de internamentos por enfermidades diarréicas agudas, por
Febre Tifóide e por Hepatite A em crianças menores de cinco anos.
Foram realizadas regressões lineares dos indicadores epidemiológicos mais
apropriados versus os indicadores socioambientais, de gastos públicos em saúde e
saúde infantil, um por um, de modo a avaliar as relações entre os indicadores
epidemiológicos – que são as variáveis dependentes – (morbimortalidade por
doenças diarréicas, febre tifóide e hepatite A) e os demais indicadores – variáveis
independentes, conforme esquema demonstrado na figura 07, ilustra as análises
propostas.
Figura 07 – Metodologia utilizada na análise estatística dos indicadores, epidemiológicos,
socioambientais e de gastos públicos.
As regressões lineares foram realizadas em nível de 5% de significância (p <
0,05). A descrição, correção e análise dos dados coletados foram tratadas através
do software Statitical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 10.0 e
expressos através dos mapas de dispersão para melhor visualização das análises.
3.7 Critérios éticos
O protocolo de pesquisa não foi submetido a um pelo Comitê de Ética em
Pesquisas por se tratar de um estudo epidemiológico ecológico, observacional no
campo da ciência aplicada, onde as informações foram obtidas de fonte de
informação de domínio público, a partir de dados secundários, sem nenhum conflito
de interesse associado, não envolvendo seres humanos.
Análise descritiva dos indicadores
Análise entre indicadores da mesma natureza
RReeggrreessssããoo LLiinneeaarr ssiimmpplleess
Análise entre os indicadores Seleção de indicadores com p-valor<=0,05
RReeggrreessssããoo lliinneeaarr ““uumm aa uumm””
EPIDEMIOLÓGICOS Morbimortalidade
SOCIOAMBIENTAIS E
GASTOS PÚBLICOS
As condições socioambientais dos municípios estudados serão descritas a
seguir considerando os aspectos levantados através dos dados extraídos do
DATASUS, do SIAB-SUS, que traz as Fichas A (fichas de cadastramento das
famílias cobertas pelo PSF) as quais contêm informações referentes às condições
de moradia, saneamento além dos dados sócio demográficos.
4.1.1 Indicadores Socioambientais
A população estimada para os municípios estudados com base na estimativa
do IBGE (2006) foi de aproximadamente 577.451 habitantes. Com base nos
achados do SIAB 2006, tivemos um total de 640.897 pessoas cadastradas,
correspondendo 10,98% a mais, do número de pessoas referentes à estimativa do
IBGE para o correspondente ano.
O PSF foi implantado na Bahia partir de 1997 com apenas uma equipe. Em
1998 o estado possuía 38 equipes do PSF e em 2001 conseguiu alcançar a marca
de 601 equipes. Até o final do ano de 2006 encontrava-se com 2.204 equipes,
dando cobertura a 51,15% da população total do estado. (Tabela 3)
Tabela 3. Número de equipes de PSF e cobertura populacional no Estado da Bahia. Período de julho
de 1998 a dezembro de 2006.
Ano Nº de ESF no SIAB % de Cobertura Populacional do PSF
População Correspondente
1998 38 0,95 12.709.744 1999 82 2,23 12.709.744 2000 318 6,56 12.993.011 2001 601 15,41 13.214.114 2002 867 21,75 13.214.114 2003 1.094 27,24 13.323.212 2004 1.336 32,2 13.458.616 2005 1.892 46,13 13.458.616 2006 2.204 51,15 13.883.730
Fonte: Departamento da Atenção Básica/Ministério da Saúde, 2007.
Os dados extraídos do SIAB trazem consolidadas as informações referentes
ao atendimento prestado pelo PSF, que está voltado à população em geral,
independente da sua condição social, os dados estão no Anexo I (Brasil, 2008). Se
partirmos do pressuposto de que a grande maioria das pessoas que utilizam o
sistema público de saúde são aqueles que não possuem plano de saúde,
encontramos situação semelhante nos municípios estudados, onde apenas 3,23%
das pessoas cadastradas no PSF possuem plano de saúde privado.
Quanto ao percentual de urbanização, número de pessoas que vivem em
área urbana nos municípios estudados, foi encontrado uma média de 55%. Esse
dado expressa uma média inferior ao da realidade encontrada em todo Estado, que
apresenta segundo dados do IBGE (2006), cerca de 67,1% de urbanização. Contudo
é interessante ressaltar que 17% dos municípios estudados (Biritinga, Cabaceiras
do Paraguaçu, Cairú, Laje, Nilo Peçanha, Pindaí, Ribeira do Amparo, São
Gonçalo dos Campos e São José do Jacuípe) possuíam mais de 70% de sua
população residindo na zona rural no ano de 2006.
É importante reconhecer diante destes fatos as possíveis dificuldades
enfrentadas por essas comunidades, principalmente no que diz respeito à situação
de pobreza, baixa densidade populacional e situação deficiente de saneamento
ambiental como reforçam estudos realizados por Orrico & Gunther (2002), Prado
(2008). Além disso, os custos de captação de água para comunidades residentes
na zona rural são relativamente altos, acarretando na falta de acesso à água tratada
na zona rural, como aponta Orrico & Gunther (2002).
Dessa forma destaca-se o risco para o desenvolvimento de doenças
relacionadas ao meio ambiente insatisfatório nesses municípios, e para não
perdermos a oportunidade de explorar esses dados, justificou-se a realização da
estratificação dos dados referente às condições socioambientais, epidemiológicas e
de gasto públicos desses municípios, que classificamos assim pela denominação de
municípios com população predominantemente rural (PPR) para que pudéssemos
comparar as duas realidades estudadas.
No que se refere à distribuição por faixa etária, nota-se o predomínio
de jovens na faixa etária dos 20 aos 39 anos de idade tanto no conjunto total de
municípios, quanto nos municípios PPR. Essa tendência é a mesma encontrada na
pirâmide etária baiana e brasileira no mesmo período (BAHIA,2007).
Quanto ao total de pessoas alfabetizadas maior de 15 anos nos municípios
estudados é acima de 69% e nos municípios com PPR esse dado também foi
semelhante, média de 60 %. Contudo, vale ressaltar que esse percentual é abaixo
do que foi encontrado como referência para o Estado da Bahia que apresenta uma
taxa de alfabetização de 85,2% e o Brasil apresenta 87,9% com variações entre as
regiões segundo dados do IBGE (2000).
É importante ressaltar que os dados relacionados à alfabetização advindos da
Ficha A do SIAB, são coletados tendo em consideração o critério utilizado pelo
SIAB, onde considera – se alfabetizado, o indivíduo que é capaz de escrever o
próprio nome. O IBGE utiliza os critérios definidos pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO onde a pessoa é
considerada alfabetizada quando é capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete
simples no idioma que conhece (IBGE, 2007).
Portanto, adotando – se um critério mais rígido para considerar uma pessoa
alfabetizada, como ser capaz de ler e interpretar um pequeno texto, o percentual de
alfabetizados seria bem inferior ao que se encontra nos dados gerados pelo SIAB.
Dessa forma, é possível considerar, certa limitação do SIAB quanto às
informações sobre alfabetização e a informação gerada com esse dado é bastante
preocupante, haja vista a importância do nível educacional da comunidade, no que
tange às práticas de promoção em saúde para a melhoria das ações voltadas para a
prevenção de doenças. Além disso, estudos realizados por Gomes et al (2005),
Vanderlei et al (2003) e Teixeira & Heller (2005) alertam sobre a ocorrência
freqüente de diarréia entre as crianças de mães com pouca ou nenhuma
escolaridade, que vivem em famílias de baixa renda.
4.1.2 Indicadores de Saneamento Básico
Os dados relacionados ao saneamento foram retirados, do SIAB, como foi
descrito anteriormente, correspondendo às informações referentes ao abastecimento
de água para os domicílios, o destino de dejetos (fezes e urina), destino do lixo,
além do tratamento da água no domicílio.
4.1.2.1 Acesso e qualidade da água nos domicílios
A disponibilidade de água potável para consumo humano é um dos
problemas ambientais urbanos e que apresenta maior destaque na zona rural. Nas
áreas periféricas urbanas a distribuição de água pela rede pública é intermitente e
apresenta muitas vezes intervalos de 02 semanas para distribuição. Com isso
muitas famílias acabam armazenando a água em condições inadequadas.
Na Figura 8 nota-se que 38.5 % das famílias dos municípios estudados,
atendida pelo PSF, utilizam fonte de água não canalizada de poços ou nascentes e
outros tipos de fonte. Esse fato nos leva a acreditar que essa população está
exposta ao risco destas fontes alternativas de abastecimento estarem contaminadas,
principalmente daquelas que não sofrem qualquer tipo de tratamento. Além disso, se
a água proveniente dessas fontes não tiver tratamento antes do consumo, pode
aumentar os riscos de desenvolver doenças, principalmente para a faixa etária
estudada.
Figura 8. Média percentual do tipo de abastecimento de água disponível para os domicílios dos municípios participantes do estudo do Estado da Bahia, no ano de 2006. E se formos comparar essa situação apresentada com a do Brasil segundo
dados do IBGE (2000) os indicadores de saneamento apontam para uma cobertura
nacional de quase 90% dos domicílios da área urbana, embora ainda apresente
grandes disparidades regionais. O acesso à rede de abastecimento de água não
garante a qualidade da água recebida. Por conta da intermitência do abastecimento,
muitas pessoas acabam sendo obrigadas a recorrer a formas alternativas de
armazenamento que geram risco para a saúde. Apenas 45% do país têm água
fluoretada, enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam 70%, os índices da
região Norte e Nordeste, são de 7,8% e 16,6% respectivamente (IBGE, 2000).
No que tange às comunidades rurais, a busca de fontes alternativas de água
e a disposição de esgotos e resíduos a céu aberto e em corpos d’água é muito
comum, aumentando as chances da poluição ambiental e os riscos à saúde (Orrico
& Gunther, 2002).
Na Figura 9 observa-se a situação preocupante dos municípios com PPR,
pois metade dessa população tem como forma de abastecimento de água, fontes
alternativas como poços, nascentes e outras formas de abastecimento não
confiáveis.
Prado (2008) realizou um estudo em comunidades rurais em um município de
Minas Gerais e apontou em seus dados preliminares que a água que foi utilizada
pela população apresentou níveis microbiológicos para coliformes fecais e
Escherichia coli em desacordo com a legislação nacional, revelando a possibilidade
de riscos e impacto à saúde.
Figura 9. Média percentual do tipo de abastecimento de água disponível para os domicílios dos municípios com PPR, participantes do estudo no Estado da Bahia, no ano de
2006.
Quanto à situação de tratamento da água no domicílio, a Figura 10 mostra
realidade preocupante, pois 24,4% dos domicílios dos municípios estudados não
realizam nenhum tipo de tratamento na água de consumo. As crianças, menores de
05 anos de idade ficam expostas à contaminação por doenças de veiculação hídrica,
reafirmando o risco de adoecimento para essa faixa etária.
Pinho (2001) e Valença (2003) em estudos sobre a qualidade da água em
localidades de perímetros urbanos de municípios do interior da Bahia encontraram
índices elevados de organismos patogênicos intestinais (coliformes fecais). E
alertam para os riscos de doenças por veiculação hídrica quando essa água é
utilizada sem nenhum tratamento.
Figura 10. Média percentual da situação do tratamento da água de consumo no domicílio nos municípios participantes do estudo no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Essa situação fica mais complicada quando observada nos municípios com
PPR, onde 34,5% dessa população não fazem nenhum tipo de tratamento na água
de consumo no domicílio. (Figura 11).
Figura 11. Média percentual da situação do tratamento da água de consumo no domicílio dos municípios com PPR, participantes do estudo do Estado da Bahia, no ano de 2006.
Fonte: SIAB/DATASUS, 2007
Fonte: SIAB/DATASUS, 2007
Esse tipo de estudo nos traz o alerta para o fato de que o tratamento da água
no domicílio possui ligação direta com a saúde das pessoas, e mesmo na
possibilidade de acesso ao serviço de abastecimento público de água os riscos
ainda persistem frente à possibilidade de contaminação no percurso. Borchardt et al
(2003) e Orrico & Gunther (2003) reafirmam esses riscos em seus estudos
realizados sobre a utilização de fossas sépticas.
4.1.2.2 Esgotamento Sanitário
O esgotamento sanitário em uma comunidade é de grande valia na
prevenção de doenças como aponta o estudo de Miranda (2002). Em relação ao
destino dos dejetos 30,9% das famílias estudadas depositam a urina e as fezes à
céu aberto, expondo as pessoas à doenças, e contribuindo para a contaminação de
fontes alternativas de abastecimento de água. (Figura 12)
Figura 12. Média percentual da situação do destino dos dejetos dos domicílios, nos municípios estudados no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Como ponto a ser ressaltado, 47,6% das famílias fazem uso de fossas. Em
alguns municípios (cerca de 23% dos pesquisados) possuem mais de 70% de suas
famílias com fossas, que nem sempre obedecem as corretas determinações de
construção e tratamento, tornando a situação ainda mais preocupante, no que diz
respeito às Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI)
em crianças menores de cinco anos.
No Brasil o esgotamento sanitário advindo da rede geral e/ou fossa séptica é
um serviço precário. Nos domicílios rurais essa situação é ainda mais grave,
atendendo apenas 12,9%. Há uma elevada proporção de domicílios sem qualquer
tipo de instalação sanitária ou banheiro, com destaque para a disparidade existente
entre zona urbana com 8,3% e na zona rural com o percentual é de 35,7% dos
domicílios sem tais instalações (Brasil, 2007b).
Figura 13. Média percentual da situação do destino dos dejetos dos domicílios, nos municípios estudados com PPR, no Estado da Bahia, no ano de 2006.
A situação encontrada nos municipios com PPR estudados, não é diferente,
como aponta a Figura 13, onde 51,9 % utilizam fossas sépticas e 41,5% dos seus
domicílios, os moradores depositam dejetos à céu aberto, agravando ainda mais o
quadro supra citado.
No estudo realizado por Borchardt et al (2003) com populações rurais em uma
cidade, no Estado do Winsconsin, Estados Unidos, demonstra o risco atribuído à
densidade de fossas sépticas em determinado espaço, para diarréias por vírus e
bactérias. Foi identificado o incremento de 8% nas diarréias virais para cada fossa
séptica adicional para uma área de 640 acres e um incremento de 22% para as
diarréias bacterianas por fossa adicional para uma área de 40 acres. Há uma
sugestão de que esses sistemas de esgoto são uma importante fonte de
contaminação do solo e da água, tendo seus efeitos multiplicados pela dificuldade
de manutenção e idade das instalações.
Quanto aos danos para o meio ambiente, como quase metade dos domicílios
utilizam-se de fossas sépticas, deve se chamar a atenção para a correta disposição
para a não contaminação do ambiente já que Sperling (2005) alerta que, na
implantação das fossas sépticas, o nível da água subterrânea deve se encontrar em
uma profundidade adequada para evitar contaminação do aquífero freático.
Se compararmos os dados apresentados com os dados encontrados na
Bahia nos últimos dez anos podemos reafirmar a necessidade de melhorias no que
diz respeito ao tratamento do esgoto. Nos últimos a cobertura de coleta de dejetos
pela rede pública nos domicílios passou de 28,5% em 1996 para 55.8% em 2005
(IBGE / PNAD, 2005), contudo o esgoto ainda tem como destino final o rios e lagos
disponíveis nesses municípios como aponta estudo de Bahia (2005). Esse tipo de
estudo mostra a importância ampliação e melhoria da infra – estrutura na disposição
final de resíduos sólidos e efluentes líquidos.
Freitas e Porto (2006) trazem à necessidade de se repensar a distribuição de
recursos para provimento de ações voltadas para o saneamento básico local, pois
mesmo com a literatura científica apontando a relação existente entre saneamento e
saúde os investimentos são feitos, mas não se reconhece a equidade nessa
assistência, reforçando as injustiças ambientais em diversas áreas que já se
encontram em situações precárias.
4.1.2.3 Destino do Lixo
Quanto ao destino do lixo 26,1% dos domicílios dos municípios pesquisados
jogam o lixo a céu aberto e 24,6% queimam o lixo, como traz a Figura 14.
De acordo com um documento da Atenção Primária Ambiental elaborado pela
OPAS (1999), constitui-se em um problema urbano e rural as incinerações não
autorizadas, contribuindo mais uma vez para disseminação de doenças,
aumentando riscos de acidentes e contribuindo para a degradação ambiental.
Figura 14. Média percentual da situação do destino do lixo dos domicílios nos municípios participantes do estudo no Estado da Bahia, no ano de 2006.
No quesito coleta de lixo apenas 31,9% dos domicílios rurais os têm como
demonstra a Figura 15.
Figura 15. Média percentual da situação do destino do lixo dos domicílios nos municípios com PPR, participantes do estudo, no ano de 2006.
Diante da realidade exposta onde fica visível o risco de disseminação de
doenças para a população estudada, afirmamos a necessidade de melhorias nesses
municípios no que diz respeito à ampliação de serviços de saneamento básico bem
como ações redobradas de monitoramento de DRSAI para faixa etária de menores
de cinco anos.
4.2 Descrição das doenças diarréicas e agravos de notificação nos municípios
estudados
Considerado os registros do ano de 2006 encontrados no DATASUS, através
do SIM, SINAN e SIH, o número de casos encontrados de doenças diarréicas, Febre
Tifóide e Hepatite A foi inexpressivo e corresponde uma realidade encontrada no
restante do Estado da Bahia.
A taxa de mortalidade infantil dos municípios estudados variou entre 1,2
mortes/1.000 nascidos vivos (no município de Canápolis) e 9,7 mortes / 1.000
nascidos vivos no município de São José da Vitória, bem maior que a média
encontrada na Bahia, que foi de 4,8 / 1.000 nascidos vivos no ano de 2006.
Não houve mortes em menores de cinco anos de idade por Febre Tifóide e
Hepatite A nos municípios e período estudado. As mortes confirmadas por doenças
diarréicas agudas na faixa etária em questão não ultrapassaram um caso por
município (Irajuba, Itaji, Lage, Marcionílio Souza, Barrocas e Madre de Deus),
reafirmando o que foi discutido quanto a queda da ocorrência de mortalidade por
doenças infecto – parasitárias.
Em relação ao agravo Hepatite A, o número encontrado de casos foi pequeno
se comparado ao número total de casos da Bahia (Tabela 4).
Tabela 4. Casos confirmados por Munic. Residência e Faixa Etária, de Hepatite Vírus A, Bahia, 2006.
Munic. Residência <1 Ano 1-4 5-9
10-14
15-19
20-39
40-59
60-64
65-69
70-79
80 e + Total
Andaraí 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Cairu 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Camacan 0 4 4 1 0 1 0 0 0 0 0 10 Canápolis 0 5 6 2 2 0 0 0 0 0 0 15 Itagi 0 1 2 0 0 2 0 0 0 0 0 5 Itaquara 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 Medeiros Neto 1 1 1 2 0 1 0 0 0 0 0 6 São Gonçalo dos Campos 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 3 São José do Jacuípe 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Varzedo 0 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 4 Total 2 16 16 6 2 5 2 0 1 0 0 50 Total na Bahia 33 250 523 262 114 149 41 8 3 2 5 1390
Fonte: Sinan/DATASUS, 2008.
Quanto aos achados referentes aos internamentos por Febre Tifóide e
Hepatite A, o número é inexpressivo, apenas um caso de Hepatite A em São
Domingos e um caso em São Felix do Coribe.
No que se refere aos internamentos por doenças diarréicas por local de
residência, nos municípios estudados e na faixa etária de menores de 05 anos, os
dados apontam uma situação diferente da encontrada na mortalidade por doenças
diarréicas agudas – DDA.
A média percentual de internamentos por DDA na Bahia em 2006 foi de
23,8%, uma média parecida com a encontrada nos municípios estudados de 24,7%,
e se comparado ao percentual de internamentos por Grupos de Causas – algumas
doenças infecciosas e parasitárias, no referente ano e faixa etária estudada
correspondem a um número similar, como mostra a Tabela 5.
É importante salientar, que o número de internações por DDA é elevado, se
comparado ao número total de internamentos na faixa etária estudada. Mais de 32%
dos municípios estudados apresentaram um percentual de internamentos por DDA
maior de que 30%.
Dessa forma pode – se deduzir que os gastos relacionados aos
internamentos por DDA foram elevados, onde ocorreu um total de 1.637
internamentos nos municípios estudados, tendo como base o município de
residência. Além disso, o número de internamentos por algumas doenças
infecciosas e parasitárias na Bahia também expressa situação semelhante como
apontou a Tabela 5.
Cuidados básicos como tratamento por rehidratação oral – TRO, a melhoria
dos cuidados de higiene dispensados às crianças menores de 05 anos e tratamento
da água para consumo, poderiam evitar as complicações advindas da diarréia que
levaram essas crianças a serem internadas. Além disso, como os municípios
estudados são cobertos com 100% de PSF, a atuação dos ACS é de fundamental
importância para prevenção e combate das DDA e demais DRSAI.
Tabela 5. Distribuição percentual das internações por grupo de causas do CID 10 por faixa etária, Bahia, 2006.
Capítulo CID < 1 1 a 4 5 a 9 10 a 14
15 a 19
20 a 49
50 a 64
65 e mais
60 e mais Total
Algumas doenças infecciosas e parasitárias
25,2
29,4
20,0
16,8
6,0
6,8
11,6
13,4
13,0
12,0
Doenças sangue órgãos hemat. e transtornos imunitários
0,3
0,5
0,9
1,0
0,4
0,4
0,6
0,7
0,7
0,5
Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas
2,3
1,9
1,4
1,3
0,5
1,3
4,9
6,0
5,7
2,2
Doenças do sist. Nervoso 1,1
0,8
1,2
1,3
0,5
0,9
1,6
1,7
1,6
1,1
Doenças do olho e anexos 0,1
0,3
0,7
0,6
0,2
0,5
3,8
5,0
5,0
1,2
Doenças do aparelho circulatório
0,2
0,2
0,5
1,2
0,9
5,5
22,7
26,5
26,1
7,8
Doenças do aparelho respiratório
32,8
44,5
34,3
24,1
6,7
6,8
14,0
18,1
17,2
15,6
Doenças do aparelho digestivo
3,3
7,3
11,7
9,6
4,0
9,4
13,6
8,7
9,5
8,9
Doenças da pele e do tecido subcutâneo
1,2
1,7
2,2
2,2
0,8
1,1
1,6
1,5
1,5
1,3
Doenças sistema osteomuscular e tecido conjuntivo
0,1
0,4
2,1
3,6
1,2
2,1
2,9
2,3
2,3
1,9
Doenças do aparelho geniturinário
1,0
2,6
4,9
4,9
3,4
9,5
6,4
4,5
4,7
6,7
Gravidez, parto e puerpério
0,0
-
-
10,1
66,9
39,9
0,3
0,2
0,2
25,4
Algumas afec. originadas período perinatal
27,8
3,7
1,9
1,1
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
1,9
Sintomas sinais e achados anormais, exames clínicos e laboratoriais
0,6
0,5
0,7
0,8
0,4
1,0
1,9
2,2
2,2
1,1
Lesões envenenamento e outras conseqüências e causas externas
0,9
3,0
10,7
13,6
5,4
6,4
4,8
3,6
3,7
5,7
Causas externas de morbidade e mortalidade
-
-
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Contatos com serviços de saúde
0,1
0,3
1,6
2,0
0,5
0,9
0,4
0,2
0,2
0,7
CID 10ª Revisão não disponível ou não preenchido
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
4.3 Análises dos Indicadores epidemiológicos de saúde infantil e sua
correlação com indicadores socioambientais e gastos públicos
A seguir, serão descritos os resultados obtidos através da análise da
correlação feita a partir de regressão linear simples realizada entre a variável
morbidade por doenças diarréicas agudas – DDA (indicador epidemiológico) e as
demais variáveis:
- Variáveis e indicadores socioambientais
- Variáveis e indicadores de gastos públicos em saúde
As variáveis de mortalidade por doenças diarréicas, febre tifóide e hepatite A
não foram utilizadas considerando que os números de casos encontrados nos SIS
não foram significativos no universo dos municípios estudados, não causando
impactos na saúde da faixa etária estudada. O mesmo ocorreu com os dados
referentes aos internamentos por febre tifóide e hepatite A.
Diante desse fato, todas as análises realizadas a partir da regressão linear
simples terão como variáveis independentes indicadores socioambientais e o
percentual de recursos aplicados à saúde e variável dependente internamentos por
DDA.
4.3.1 Morbidade por doenças diarréicas agudas e sua relação com o meio ambiente
4.3.1.1 Variação dos indicadores para o conjunto dos municípios estudados
Estão apresentadas na Tabela 6 as principais características dos indicadores
relacionados para o conjunto dos municípios estudados.
O indicador com menor coeficiente de variação foi o percentual de famílias
sem tratamento de água de consumo no domicílio - 13% - e o de maior variação foi
encontrado no percentual de famílias com destino dos dejetos por rede de esgoto –
132,2%.
Tabela 6. Estatística descritiva dos indicadores, para os 52 municípios com 100% de cobertura do PSF no Estado da Bahia, no ano de 2006
Observações: (*) Desvio padrão (**) Coeficiente de variação
Indicador N Média Mediana DP* CV** % de Internações por DDA p/ 10.000 hab. (DDA ano 2006) em < 5 anos 52 24,7 25,3 13,9 50,2 Taxa de mortalidade Infantil Geral (por 1.000 nascidos vivos) 52 5,5 5,4 1, 746 31,7
% de Famílias c/ abastecimento de água 52 61,3 60,9 18, 423 30,1
% de Famílias que consomem água de poço 52 27,5 21,0 18, 882 68,8
% de Abastecimento de água (outros) 52 11,2 5,6 11,886 105,7
% de Cobertura das famílias coleta de lixo 52 49,2 46,1 22, 378 45,4
% de Famílias queimam lixo 52 24,6 21,8 15, 162 61,5
% de Famílias lixo céu a aberto 52 26,1 22,0 16, 117 61,7
Média anual consulta por habitantes 52 1,9 1,7 1, 027 54,6
% de recursos aplicados em saúde 46 19,0 18,1 3, 611 19,0
Gasto municipal per capta em saúde 46 256,4 229,7 142, 299 55,5
% Destino dos dejetos por rede esgoto 52 21,5 4,2 28, 369 132,2
% Destino dos dejetos por fossa 52 47,6 48,3 24, 977 52,5
% Destino dos dejetos céu aberto 52 31,0 27,6 16, 619 53,7
% de Famílias c/ água sem tratamento 52 24,4 19,9 14,4 13,0
A média percentual de internações por DDA por 10.000 habitantes foi de
24,7%. Se comparado esse dado ao Estado da Bahia, no mesmo período, temos um
percentual bastante semelhante de 23,8%.
De acordo com Heller (1997), as doenças diarréicas apresentam capacidade
de resposta às alterações nas condições de saneamento, uma vez que estas são
doenças redutíveis por saneamento.
Na Tabela 7 estão os resultados dos cálculos de correlação de Pearson (onde
N=52, o valor crítico para correlação de Pearson α = 0,05 é 0,254) de modo a
permitir a avaliação da consistência dos dados levantados, tal como proposto no
item metodologia.
Tabela 7. Matriz de correlação de Pearson, dos indicadores para os 52 municípios com 100% de cobertura do PSF no Estado da Bahia.
DDA ano 2006
% Fam Abast água
Recursos apl. em saúde
Gastos municipais per capta
% Corb. Rede esg.
% agua s/ trat.
% familia lixo coletado
DDA ano 2006 1,0 -0,148 -0,1 -0,257 -0,127 0,025 -0,084
% Fam Abast água 1,0 -0,073 0,226 0,594 -0,107 0,717
Recursos apl. Em saúde 1,0 0,112 -0,192 0,184 -0,289 Gastos municipais per capta 1,0 0,283 -0,067 0,205
% Corb. Rede esg. 1,0 -0,148 0,751
% agua s/ trat. 1,0 -0,368
% familia lixo coletado 1,0 Obs. Para o N= 52, o valor critico para a correlação de Pearson com α = 0,05 é 0,254
As variáveis que apresentaram a significância estatística foram: percentual de
famílias com lixo coletado, destino dos dejetos por rede de esgoto e gasto municipal
per capta.
Os indicadores cobertura por sistemas de rede de esgoto e cobertura por
sistemas de abastecimento de água; percentual de domicílios com lixo coletado e
cobertura por sistemas de abastecimento de água apresentaram o coeficiente
positivo. Mostrando uma relação diretamente proporcional. É necessário levar em
consideração que as variáveis com significância estatística apresentam altos valores
de Coeficiente de Variação (50,2% a 132,2%) e isso interfere no ajuste que é feito
aos dados para se obter o valor do coeficiente de correlação entre as variáveis
dependentes e independentes.
Porém, ao se fazer a regressão linear simples entre o percentual de
internamentos por DDA e o percentual de cobertura de sistemas de abastecimento
de água e também sistemas de rede de esgoto, não houve uma correlação entre
essas variáveis como demonstra as Figuras 16 e 17.
y = -0,1113x + 31,488R2 = 0,0218
0
10
20
30
40
50
60
0 20 40 60 80 100 120
ICA (%)
Ind
ice
de
mo
rbid
ade
(in
tern
ação
po
r d
oen
ças
dia
rrei
cas
%)
Figura 16. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA, e o
percentual de cobertura de abastecimento de água (ICA) dos domicílios, nos municípios estudados no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Essa situação encontrada como aponta Bittencourt et al (2006) pode ser
justificada, pelo fato de ainda existir um número elevado internamentos por causas
mal definidas no Brasil e nos Estados do Norte e Nordeste. Além disso, outros
fatores não abordados no estudo podem estar ajudando para o internamento por
DDA, como aponta Rouquayrol (1993), que alerta para a estruturação de fatores
condicionantes da doença, denominada multifatorialidade, que não um simples
resultado de justaposição. A associação dos fatores é sinérgica, isto é, dois fatores
estruturados aumentam o risco da doença mais do que faria a sua simples soma.
y = -0,0621x + 25,995R2 = 0,0161
0
10
20
30
40
50
60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
ICE (%)
Ind
ice
de
mo
rbid
ade
(in
tern
ação
po
r d
oen
ças
dia
rrei
cas%
)
Figura 17. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA e a cobertura de rede de esgoto (ICE) dos domicílios, nos municípios estudados no Estado da Bahia, no ano de 2006.
Contudo vale ressaltar que apesar de não haver estatisticamente a correlação
entre as variáveis supracitadas, o risco para os municípios estudados é elevado para
a ocorrência de DDA e demais doenças de veiculação hídrica, por todos os fatores
citados anteriormente, pela concentração elevada de fossas sépticas.
Nos municípios com PPR a situação é semelhante a supracitada como
reforça o estudo realizado por Macêdo (2008) que mostrou que as águas de fossas
sépticas, quando há ocorrência de chuvas intensas ou o lençol freático está muito
aflorado, não se infiltram o suficiente e se misturam às águas das chuvas na
superfície do solo, gerando uma situação de risco à saúde dos moradores, assim
como a exposição pelo contato físico com a água contaminada oriunda dos cursos
de água que margeiam a vila estuda.
Além disso, a taxa de internamento por DDA em crianças menores de cinco
anos, no ano de 2006, foi elevada em alguns dos municípios estudados. Na Bahia a
taxa era de 24,3/10.000 habitantes, em 2006. Esse dado foi maior em mais de 45%
dos municípios estudados, onde alguns deles tiveram um taxa de internamento por
DDA em < 5 anos, de mais de 105/10.000 habitantes.
Dessa forma são importantes ainda as investigações acerca da morbidade
diarréica associada à deficiência ou inexistência de saneamento ambiental e por
conseqüência a melhoria da saúde devido à implantação de tais medidas tem sido
objeto de discussão em estudos em todo o mundo e no Brasil. (Cairncross &
Feachem, 1990; Moraes, 1997; Heller, 1997; Guimarães et al, 2001; Costa et al,
2005; Teixeira & Pogrom, 2005; Heller & Castro, 2007)
Essa realidade não é somente brasileira, sendo encontrada em diversos
países, principalmente os países em desenvolvimento, onde muitos entram no
terceiro milênio ressuscitando patologias do início do século XX, as quais, em sua
maioria, preveníveis, decorrentes da falta de saneamento, como as diarréias, cólera,
dengue e outras. Vale ressaltar as altas taxas de mortalidade infantil em decorrência
destas doenças encontradas nesses países. (Pgnatti, 2004; Teixeira & Pungirum,
2005)
As seguintes variáveis apresentaram o coeficiente negativo: percentual de
famílias com lixo coletado e percentual de famílias que consomem água sem
tratamento. Essa correlação é bastante positiva, já que quanto mais famílias
dispõem de coleta lixo, menos famílias utilizam de água sem tratamento em seus
domicílios.
Também apresentaram o coeficiente negativo as variáveis: Percentual de
famílias com lixo coletado e percentual de recursos aplicados em saúde. Esse dado
mostra que quanto mais recursos foram aplicados em saúde, os municípios
estudados apresentaram menor percentual de domicílios com lixo coletado. No que
diz respeito à disposição do lixo, principalmente na zona rural, o acesso a coleta de
lixo era praticamente inexistente.
A aplicação coerente, dos recursos destinados à saúde nos municípios é
primordial, mas é interessante salientar que, faz-se necessária a intersetorialidade
para uma melhor atuação dentro das Secretarias de Saúde, principalmente no que
tange as DRSAI, haja vista a multifatorialidade das DDA, bem como a visão
ampliada de saúde que é tão difundida e tão pouco operacionalizada.
Dessa forma, recursos devem ser direcionados para ações intersetoriais e
bem como a otimização de mecanismos de coleta, armazenamento e
beneficiamento do lixo, para prevenir a proliferação de doenças.
Estudos demonstram a importância da aplicação adequada do recurso
destinado à saúde, para assim prevenir os internamentos por DRSA. Infelizmente
estes mesmos estudos relatam que o país ainda não está preparado para a
otimização dos recursos, haja vista o montante de dinheiro que é gasto com
internamentos hospitalares. (Costa et al, 2002; Costa et al, 2005)
� Gasto municipal per capta em saúde e percentual de internação por DDA.
Um estudo de Costa et al (2002) sobre os impactos das doenças relacionadas
ao Saneamento Ambiental Inadequado - DRSAI sobre saúde e Sistema Único de
Saúde no Brasil, a partir da morbimortalidade, gastos hospitalares em saúde e
ocupação da rede hospitalar mostrou que as DRSAI exercem um impacto muito
grande no quadro de morbimortalidade e serviços de saúde no país, principalmente
nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, o grupo de causas diarréia foi
responsável por mais de 50% dos óbitos e mais de 90% das internações por DRSAI
no período de 1996 e 1999, no Brasil, correspondendo a um gasto hospitalar total na
ordem de R$ 400 milhões.
Porém como aponta a Tabela 8, no Estado da Bahia ainda é visível que a
distribuição de gastos é desordenada, já que a porta de entrada dos serviços de
saúde deveria ser a atenção básica, mas a procura continua sendo, muitas vezes
pelos hospitais como primeira escolha.
Tabela 8. Remuneração por serviços produzidos pela média e alta complexidade, atenção básica ações estratégicas, nos anos de 2004, 2005 e 2006, com valores per capita em reais
Valores per capita (R$)
Transferências Ano
Remuneração por serviços produzidos
Média e alta complexidade
Atenção básica Ações estratégicas
Total
2004 -
63,85
30,46
7,07
101,38
2005 -
66,01
35,50
8,36
109,87
2006 -
67,03
41,13
7,71
115,88
Fonte: SIH/SUS, SIA/SUS e Fundo Nacional de Saúde
Porém, ao se fazer a regressão linear simples entre o gasto municipal per
capta em saúde e percentual de internação por DDA, não houve uma correlação
entre essas variáveis como demonstra a Figura 18.
y = -0,0249x + 30,249
R2 = 0,0662
0
10
20
30
40
50
60
0 200 400 600 800 1000 1200
Gasto municipal per capta em saúde (R$)
Ind
içe
de
mo
rbid
ade
(in
tern
açõ
es p
or
do
ença
s d
iarr
eica
s%)
Figura 18. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA e o gasto
municipal per capta em saúde dos domicílios, nos municípios estudados no Estado da Bahia, no ano de 2006.
.
Observa-se no mapa de dispersão uma concentração dos valores entre R$
145,00 e R$ 349,00, no que diz respeito ao valor aplicado per capta em saúde, pelos
municípios estudados.
O menor valor gasto foi de R$ 145,82 per capta em Quixabeira e o maior foi
de R$ 1.099,20 per capta em Madre Deus. Onde o PIB per capta no ano de 2006 foi
de R$ 2.412,51 e R$ 9.011,74 respectivamente. (DATASUS, 2008; BAHIA, 2007)
Rocha et al (2006) demonstram em estudo realizado no Estado da Bahia, no
período de 2000 a 2003, que mais de 80% dos municípios baianos aplicaram o
mínimo em saúde e que os municípios com menor renda per capta e menor faixa
populacional foram os que mais aplicaram em saúde.
Vale ressaltar que Madre de Deus apesar de aplicar uma boa quantia em
saúde, seu PIB per capta é um dos maiores dos 52 municípios estudados e Catu
possui o maior PIB per capta e é um dos municípios que menos aplica em saúde.
4.3.1.1 Variação dos indicadores para o conjunto dos municípios com população
predominantemente rural
Na Tabela 9 estão os cálculos de correlação de Pearson (onde N=52, o valor
crítico para correlação de Pearson α = 0,05 é 0, 666) de modo a permitir a avaliação
da consistência dos dados levantados, tal como proposto no item metodologia.
Tabela 9. Coeficiente de correlação de Pearson, dos indicadores para os 09 municípios com mais de 70% da população no meio rural.
DDA ano 2006
% Fam Abast água
Recursos apl. em saúde
Gastos municipais per capta
% Corb. Rede esg.
% agua s/ trat.
% familia lixo coletado
DDA ano 2006 1,0 0,307 0,615 0,649 -0,204 0,044 0,204
% Fam Abast água 1,0 -0,468 0,417 0,425 -0,195 0,883
Recursos apl. Em saúde 1,0 0,040 -0,345 0,859 -0,367 Gastos municipais per capta 1,0 0,045 -0,421 0,422
% Corb. Rede esg. 1,0 -0,289 0,441
% agua s/ trat. 1,0 -0,411
% familia lixo coletado 1,0 Obs. Para o N= 9, o valor critico para a correlação de Pearson com α = 0,05 é 0, 666
As variáveis que apresentaram a significância estatística foram: Percentual de
famílias com lixo coletado e percentual de famílias sem tratamento da água de
consumo.
O indicador percentual de famílias com lixo coletado e cobertura por sistemas
de abastecimento de água apresentaram coeficiente positivo. Mostrando uma
relação diretamente proporcional.
Essa correlação é bastante positiva, já que podemos considerar que quanto
mais famílias dispõem de coleta lixo, mais famílias têm acesso à cobertura por
sistemas de abastecimento de água. Demonstrando que apesar dos municípios
serem PPR, a população possui acesso aos serviços supracitados. Contudo, vale
relembrar que os dados do SIAB do ano de 2006, demonstram que 50% das famílias
desses municípios têm acesso ao abastecimento de água e apenas 18% têm acesso
à coleta de lixo.
Quanto ao percentual de famílias sem tratamento da água de consumo e a
variável recursos aplicados em saúde apresentaram o coeficiente positivo.
Mostrando uma relação diretamente proporcional. Quanto à regressão linear simples
realizada entre o percentual de internamentos por DDA e o percentual de cobertura
de sistemas de abastecimento de água, sistemas de rede de esgoto e coleta de lixo,
gasto municipal per capta, percentual de famílias sem tratamento da água no
domicílio não houve uma correlação entre essas variáveis.
y = 4,4979x - 51,185R2 = 0,3781
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 5 10 15 20 25
% recursos aplicados em saúde
Indic
e de
morb
idad
e (inte
rnaç
ões
por
doença
s d
iarr
eicas
%)
Figura 19. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA e % de recursos municipais aplicados em saúde dos domicílios nos municípios com PPR, participantes do estudo, no ano de 2006.
O percentual de recursos aplicados em saúde apresentou correlação com o
percentual de internamentos por DDA em crianças menores de cinco anos de idade
(Figura 19), com um coeficiente de 0, 378, indicando que a quantidade de recursos
aplicadas em saúde é de suma importância para a promoção da saúde e em
contrapartida na diminuição e queda do número de internamentos por DDA na faixa
etária estudada. O número baixo de municípios analizados favoreceu para os
resultados obtidos.
O mesmo se observa na Figura 20, onde se observa que o gasto municipal
per capta em saúde apresentou correlação com o percentual de internamentos por
DDA em crianças menores de cinco anos de idade, com um coeficiente de 0, 378,
indicando que quanto maior o gasto municipal per capta em saúde, melhor para
diminuir o número de internamentos por DDA na faixa etária estudada.
y = 0,2737x - 35,93
R2 = 0,4213
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 50 100 150 200 250 300
Gasto municipal per capta em saúde %
Indic
e de
morb
idad
e (inte
rnaã
o p
or
doen
ças
dia
rrei
cas
%)
Figura 20. Regressão linear simples entre o índice de internamento por DDA e gasto municipal per capta em saúde dos domicílios nos municípios com PPR participantes do estudo, no ano de 2006.
Contudo é importante salientar que esse gasto deve estar voltado em ações
que visem à promoção em saúde e prevenção das doenças, no intuito da melhoria
da qualidade de vida da população. Muitos municípios que possuem maior
capacidade econômica não alocam quantidades de seus recursos financeiros
devidamente, e assim não conseguem garantir os direitos propostos pelo SUS.
(Rocha et al, 2006; Machado, 2003) .
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto e de acordo com análise dos dados, visualizamos
possibilidade de contaminação da água e do solo, no que diz respeito à disposição
de resíduos sólidos, destino final de dejetos e uso indevido de água de consumo
contribuindo assim para a degradação ambiental e disseminação de doenças para a
população em estudo, principalmente para as crianças, menores de 05 anos de
idade.
Tendo como base o percentual de urbanização dos municípios, a pesquisa
identificou-se uma média de 55% da população residente na zona rural, contudo
foram identificados 09 (nove) municípios com População Predominantemente Rural
– PPR, municípios que possuíam mais de 70% de sua população residindo na zona
rural no ano de 2006, os quais cerca de metade dos domicílios estudados eram
providos de abastecimento de água de fontes alternativas como poços, nascentes e
outras formas de abastecimento não confiáveis.
Nos domicílios dos municípios da Bahia estudados em 2006 apontaram que
38.5 % das famílias assistidas pelo PSF utilizavam em 2006 fonte de água não
canalizada de poços ou nascentes e outros tipos de fonte,
A situação apontada reforça a necessidade de se reconhecer as dificuldades
enfrentadas por essas comunidades, principalmente no custo para se captação água
para consumo humano e do desenvolvimento de estudos para conhecer e/ou
identificar mecanismos que possam resolver ou melhorar o abastecimento e orientar
a população sobre a necessidade de consumir água potável.
A situação ainda é preocupante se analisarmos o tratamento da água no
domicílio dos municípios estudados onde 24,4% dos domicílios não realizam
nenhum tipo de tratamento na água de consumo. Nos municípios com PPR não
apresentou situação diferente onde 34,5% dessa população não fazem nenhum tipo
de tratamento na água de consumo no domicílio.
Em relação ao destino dos dejetos 30,9% dos domicílios dos municípios
estudados depositam a urina e as fezes à céu aberto, expondo as pessoas à
doenças, e possivelmente pode contribuir para a contaminação de fontes
alternativas de abastecimento de água. Fato que 47,6% dos domicílios fazem uso
de fossas e em alguns municípios (cerca de 23% dos pesquisados) possuem mais
de 70% de suas famílias com fossas, que nem sempre obedecem as corretas
determinações de construção e tratamento.
A situação encontrada nos municipios estudados com PPR, não é diferente,
onde 51,9 % utilizam fossas sépticas e 41,5% dos seus domicílios, os moradores
depositam dejetos à céu aberto, agravando ainda mais o quadro supra citado.
Quanto ao destino do lixo 26,1% dos domicílios dos municípios pesquisados
jogam o lixo a céu aberto e 24,6% queimam o lixo, como também nos domicílios dos
municípios com PPR apenas 31,9% possuem coleta de lixo.
É notória a necessidade da melhoria e ampliação do acesso aos serviços de
saneamento básico, apesar dos dados amostrais encontrados no IBGE trazerem
melhorias nesse setor, como ampliação de tratamento de águas residuárias, retirada
de depósitos de resíduos urbanos a céu aberto.
São necessárias ações redobradas para o monitoramento e detecção de
doenças relacionadas ao meio ambiente insatisfatório nos municípios estudados.
O Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB utilizado pelas Equipes
de Saúde da Família não contemplam todos os problemas ambientais, mas possui
informações valiosas no que tange as informações sobre saneamento básico.
Apesar de a pesquisa apontar para a queda da ocorrência de mortalidade por
doenças infecto-parasitárias, em especial a Febre Tifóide, Hepatite A e doenças
diarréicas é importante enfatizar que o número de internações por DDA é elevado,
se comparado ao número total de internamentos na faixa etária estudada. Mais de
32% dos municípios estudados apresentaram um percentual de internamentos por
DDA maior de que 30%.
Quanto a correlação entre as variáveis sugeridas vale lembrar que o estudo
apontou para a aplicação incoerente dos recursos destinados à saúde nos
municípios estudados. O percentual de recursos aplicados em saúde apresentou
correlação com o percentual de internamentos por DDA em crianças menores de
cinco anos de idade, indicando que a quantidade de recursos aplicadas em saúde é
de suma importância para a promoção da saúde e em contrapartida na diminuição e
queda do número de internamentos por DDA na faixa etária estudada. Relembramos
que número baixo de municípios analizados favoreceu para os resultados obtidos.
Tendo em vista a importância da atuação do PSF na promoção da saúde, já
que os municípios estudados possuírem 100% de cobertura de PSF, os cuidados
básicos como tratamento por rehidratação oral – TRO, a melhoria dos cuidados de
higiene dispensados às crianças menores de 05 anos e tratamento da água para
consumo, poderiam ser priorizadas para evitar as complicações advindas da diarréia
que levaram essas crianças a serem internadas.
É importante realizar outros estudos relacionados aos impactos provocados
pelo uso indevido do meio ambiente, bem como estudos sobre análise da qualidade
da água de consumo nesses municípios e importante também a realização de
estudos sobre a práxis de toda a ESF e em especial dos ACS no que se refere às
intervenções sobre o território que atuam e o meio ambiente; georreferenciamento
de informações dos SIS disponíveis.
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ANEXO 01 Tabela 1. Número de Pessoas Cobertas por Plano de Saúde, nos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, em 2006 (CONTINUAÇÃO)
Municípios
Número de Pessoas
Cadastradas no SIAB na Área Urbana
Pessoas Cobertas
Com Plano de Saúde na Área Urbana
Número de Pessoas
Cadastradas no SIAB na Área Rural
Pessoas Cobertas
Com Plano de Saúde na Área Rural
Número Total de Pessoas Cadastradas no SIAB
Número Total
Pessoas Cobertas
Com Plano de Saúde
Bahia 6516078 192233 4014065 34409 10530143 226642 Almadina 3966 23 2522 3 6488 26
Andaraí 7949 237 5747 9 13696 246
Aratuípe 5703 239 3406 56 9109 295
Banzaê 5601 24 5400 4 11001 28
Barro Preto 6234 122 1070 5 7304 127
Barrocas 6609 586 6926 153 13535 739
Biritinga 3358 485 12697 170 16055 655
Bonito 9238 90 7755 3 16993 93 Cabaceiras do Paraguaçu 3340 11 13898 0 17238 11
Cairu 2749 26 9760 84 12509 110
Camacan 30211 185 4552 8 34763 193
Canápolis 5878 22 4519 12 10397 34
Catolândia 3512 34 0 0 3512 34
Catu 38864 5462 13477 622 52341 6084
Cristópolis 6165 101 6865 15 13030 116
Dom Basílio 5916 511 5908 194 11824 705
Dom Macedo Costa 2918 128 999 29 3917 157
Elísio Medrado 6582 173 1611 2 8193 175
Firmino Alves 2891 110 2100 6 4991 116
Ibiquera 3744 27 0 0 3744 27
Ichu 5105 522 1502 7 6607 529
Ipupiara 6047 102 2999 56 9046 158
Irajuba 3594 116 3173 17 6767 133
Itaeté 7586 52 7954 21 15540 73
Itagi 11458 277 3685 9 15143 286
Itaguaçu da Bahia 4655 61 6571 2 11226 63
Itaquara 3341 64 5430 36 8771 100
Jussari 5274 76 1734 7 7008 83
Lafaiete Coutinho 2193 242 1785 308 3978 550
Laje 6101 151 16039 4 22140 155
Madre de Deus 17574 1188 0 0 17574 1188
Marcionílio Souza 6487 115 4661 25 11148 140
Medeiros Neto 15628 553 6119 34 21747 587
Nilo Peçanha 2803 9091 1 11894 662
Nova Fátima 2998 323 2910 112 5908 435
Nova Ibiá 3271 93 3288 0 6559 93
Nova Itarana 2783 17 4516 47 7299 64 Fonte: SIAB/ DATASUS,2007.
Tabela 1. Número de Pessoas Cobertas por Plano de Saúde, nos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, em 2006 (CONCLUSÃO)
Municípios
Número de Pessoas
Cadastradas no SIAB na
Área Urbana
Pessoas Cobertas
Com Plano de Saúde na Área Urbana
Número de Pessoas
Cadastradas no SIAB na Área Rural
Pessoas Cobertas
Com Plano de Saúde na Área Rural
Número Total de Pessoas Cadastradas no SIAB
Número Total
Pessoas Cobertas
Com Plano de Saúde
Pindaí 3670 107 11544 20 15214 127
Quixabeira 5856 79 3417 1 9273 80
Retirolândia 6856 361 5403 139 12259 500
Ribeira do Amparo 3843 110 10700 16 14543 126
Santa Teresinha 4023 109 6015 23 10038 132
São Domingos 5502 270 2749 78 8251 348
São Felipe 8692 493 11637 84 20329 577
São Félix do Coribe 9716 5 3153 0 12869 5 São Gonçalo dos Campos 7931 513 23725 732 31656 1245
São José da Vitória 3110 64 3396 24 6506 88 São José do Jacuípe 434 0 8986 44 9420 44
Tanquinho 3906 131 3398 221 7304 352
Teodoro Sampaio 5103 228 3700 80 8803 308
Uruçuca 15565 660 3914 10 19479 670
Varzedo 4445 28 4953 26 9398 54 Fonte: SIAB/ DATASUS/,2007
ANEXO 02
Tabela 2. Taxa de internamento por doenças diarréicas agudas por residência com faixa etária menor que cinco anos de idade, nos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF no ano de 2006
Município <5
anos Tx internamento (DDA)
< 05 anos 1 Almadina 619 43,0 2 Andaraí 1758 13,5 3 Aratuípe 1030 29,0 4 Banzaê 1251 21,5 5 Barro Preto 712 25,0 6 Barrocas 1308 16,3 7 Biritinga 1615 22,9 8 Bonito 2135 17,7 9 Cabaceiras do Paraguaçu 1968 37,4
10 Cairu 1034 41,1 11 Camacan 2972 47,1 12 Canápolis 1143 67,4 13 Catolândia 264 4,9 14 Catu 4200 30,5 15 Cristópolis 1219 36,0 16 Dom Basílio 955 15,5 17 Dom Macedo Costa 272 35,8 18 Elísio Medrado 604 57,8 19 Firmino Alves 453 43,3 20 Ibiquera 342 26,0 21 Ichu 326 15,6 22 Ipupiara 763 37,9 23 Irajuba 704 38,0 24 Itaeté 1701 27,2 25 Itagi 1612 29,8 26 Itaguaçu da Bahia 1122 19,2 27 Itaquara 834 10,9 28 Jussari 683 15,7 29 Lafaiete Coutinho 239 18,9 30 Laje 2107 58,7 31 Madre de Deus 1388 36,7 32 Marcionílio Souza 1012 24,7 33 Medeiros Neto 1857 24,7 34 Nilo Peçanha 1182 17,5 35 Nova Fátima 468 48,6 36 Nova Ibiá 464 13,1 37 Nova Itarana 816 32,0 38 Pindaí 1320 39,9 39 Quixabeira 662 32,6 40 Retirolândia 1004 21,2 41 Ribeira do Amparo 1707 26,5 42 Santa Teresinha 855 15,8 43 São Domingos 631 19,9 44 São Felipe 1821 60,9 45 São Félix do Coribe 1171 17,9 46 São Gonçalo dos Campos 2881 25,1 47 São José da Vitória 495 30,4 48 São José do Jacuípe 547 38,1 49 Tanquinho 484 26,8 50 Teodoro Sampaio 759 25,7 51 Uruçuca 1230 30,6 52 Varzedo 801 18,2
Total de Pessoas da Bahia 11,7 Fonte: IBGE/ DATASUS/ SIH
ANEXO 03 Tabela 3. Abastecimento de água nos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, em 2006
Nº. Município Nº_Famílias Ab_água-rede_públic
Ab_água-poço/nascen
Ab_água-outros
1 Almadina 1782 1399 300 83 2 Andaraí 3269 1573 1004 692 3 Aratuípe 2172 1149 987 36 4 Banzaê 2890 2610 229 51 5 Barro Preto 2021 1464 491 66 6 Barrocas 3684 2135 833 716 7 Biritinga 3826 1938 1673 215 8 Bonito 3889 1859 1830 200 9 Cabaceiras do Paraguaçu 4137 1259 2593 285
10 Cairu 3616 2859 667 90 11 Camacan 8625 7960 459 206 12 Canápolis 2556 1275 961 320 13 Catolândia 912 631 261 20 14 Catu 14421 11829 2355 237 15 Cristópolis 3360 2428 699 233 16 Dom Basílio 2860 1682 496 682 17 Dom Macedo Costa 1150 467 675 8 18 Elísio Medrado 2420 861 1524 35 19 Firmino Alves 1435 1346 81 8 20 291260 Ibiquera 969 369 206 394 21 Ichu 1714 933 95 686 22 Ipupiara 2586 2231 204 150 23 Irajuba 1925 982 611 332 24 Itaeté 3901 2214 620 1067 25 Itagi 3776 2435 1169 172 26 Itaguaçu da Bahia 2616 1688 799 129 27 Itaquara 2330 1521 680 129 28 Jussari 1934 1603 281 50 29 Lafaiete Coutinho 1151 637 249 265 30 Laje 5274 1656 3230 388 31 Madre de Deus 4836 4788 3 45 32 Marcionílio Souza 2818 1814 405 599 33 Medeiros Neto 5900 5461 347 92 34 Nilo Peçanha 3231 1534 1437 260 35 Nova Fátima 1723 1009 203 511 36 Nova Ibiá 1863 730 1125 8 37 Nova Itarana 1810 1317 284 209 38 Pindaí 3779 1536 2092 151 39 Quixabeira 2063 1318 168 577 40 Retirolândia 3432 1659 385 1388 41 Ribeira do Amparo 3647 1462 1788 397 42 Santa Teresinha 2631 1849 429 353 43 São Domingos 2431 1626 94 711 44 São Felipe 5483 1942 3474 67 45 São Félix do Coribe 3040 2394 476 170 46 São Gonçalo dos Campos 7898 4461 3165 272 47 São José da Vitória 1781 1334 323 124 48 São José do Jacuípe 2076 825 417 834 49 Tanquinho 1809 1273 331 205 50 Teodoro Sampaio 2486 1564 822 100 51 Uruçuca 4073 3362 487 224 52 Varzedo 2615 763 1751 101
Total na Bahia 1609658 1138192 324284 146731 Fonte: SIAB/DATA SUS, 2007
ANEXO 04 Tabela 4. Situação do tratamento da água nos domicílios dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano 2006
Município Nº_Famílias Trat.Água_ Filtrada
Trat.Água_ Fervida Trat.Água_Clorad
Sem Trat.
1 Almadina 1782 1233 17 4 528 2 Andaraí 3269 968 18 2128 155 3 Aratuípe 2172 786 45 816 525 4 Banzaê 2890 1671 5 85 1129 5 Barro Preto 2021 1561 19 113 328 6 Barrocas 3684 2097 15 386 1186 7 Biritinga 3826 1661 25 499 1641 8 Bonito 3889 2049 38 125 1677
9 Cabaceiras do Paraguaçu 4137 3147 88 137 765
10 Cairu 3616 2082 150 646 738 11 Camacan 8625 6360 86 535 1644 12 Canápolis 2556 937 55 297 1267 13 Catolândia 912 147 3 690 72 14 Catu 14421 9035 194 781 4411 15 Cristópolis 3360 1231 35 385 1709 16 Dom Basílio 2860 2386 23 76 375 17 Dom Macedo Costa 1150 967 5 58 120 18 Elísio Medrado 2420 2168 6 39 207 19 Firmino Alves 1435 1219 5 25 186 20 291260 Ibiquera 969 697 6 132 134 21 Ichu 1714 1142 4 232 336 22 Ipupiara 2586 2417 8 51 109 23 Irajuba 1925 1290 3 145 487 24 Itaeté 3901 2648 18 446 789 25 Itagi 3776 3333 33 69 341 26 Itaguaçu da Bahia 2616 603 34 171 1808 27 Itaquara 2330 1831 24 31 444 28 Jussari 1934 1253 10 26 645 29 Lafaiete Coutinho 1151 979 10 19 143 30 Laje 5274 3594 48 362 1270 31 Madre de Deus 4836 3330 46 398 1062 32 Marcionílio Souza 2818 1829 15 505 469 33 Medeiros Neto 5900 5162 28 291 419 34 Nilo Peçanha 3231 1843 59 205 1124 35 Nova Fátima 1723 1174 5 266 278 36 Nova Ibiá 1863 1351 13 74 425 37 Nova Itarana 1810 1079 7 473 251 38 Pindaí 3779 1894 45 425 1414 39 Quixabeira 2063 1448 22 154 439 40 Retirolândia 3432 2695 12 229 496 41 Ribeira do Amparo 3647 1061 30 283 2273 42 Santa Teresinha 2631 1321 32 828 450 43 São Domingos 2431 1774 5 181 471 44 São Felipe 5483 4141 64 427 851 45 São Félix do Coribe 3040 2368 36 66 570 46 São Gonçalo Campos 7898 5007 93 592 2206 47 São José da Vitória 1781 887 20 389 485 48 São José do Jacuípe 2076 887 16 302 871 49 Tanquinho 1809 1101 19 323 366 50 Teodoro Sampaio 2486 1120 21 68 1277 51 Uruçuca 4073 2656 92 623 702 52 Varzedo 2615 1480 14 634 487
Total na Bahia 1609658 1020346 24465 160114 404475 Fonte: SIAB/DATA SUS, 2007.
ANEXO 05 Tabela 5. Destino dos dejetos nos municípios com cobertura de 100% PSF, no ano 2006
Município Nº_Famílias Fez.Urina-esgoto Fez.Urina-fossa Fez.Urina-céu_ab
1 Almadina 1782 1392 195 195 2 Andaraí 3269 478 1227 1564 3 Aratuípe 2172 788 475 909 4 Banzaê 2890 6 2447 437 5 Barro Preto 2021 1296 468 257 6 Barrocas 3684 36 2411 1237 7 Biritinga 3826 235 1748 1843 8 Bonito 3889 25 2863 1001 9 Cabaceiras do Paraguaçu 4137 47 3309 781
10 Cairu 3616 736 1938 942 11 Camacan 8625 6984 487 1154 12 Canápolis 2556 108 1010 1438 13 Catolândia 912 6 604 302 14 Catu 14421 8124 3767 2530 15 Cristópolis 3360 0 2090 1270 16 Dom Basílio 2860 6 1697 1157 17 Dom Macedo Costa 1150 51 799 300 18 Elísio Medrado 2420 0 2144 276 19 Firmino Alves 1435 1112 48 275 20 291260 Ibiquera 969 4 604 361 21 Ichu 1714 6 1187 521 22 Ipupiara 2586 2 2056 527 23 Irajuba 1925 4 1422 499 24 Itaeté 3901 50 2263 1588 25 Itagi 3776 9 413 3354 26 Itaguaçu da Bahia 2616 12 1171 1433 27 Itaquara 2330 1128 713 489 28 Jussari 1934 1384 227 323 29 Lafaiete Coutinho 1151 357 483 311 30 Laje 5274 662 1505 3105 31 Madre de Deus 4836 4168 298 370 32 Marcionílio Souza 2818 11 1801 1006 33 Medeiros Neto 5900 3854 1701 345 34 Nilo Peçanha 3231 927 544 1760 35 Nova Fátima 1723 468 697 558 36 Nova Ibiá 1863 756 354 753 37 Nova Itarana 1810 11 1453 346 38 Pindaí 3779 25 1925 1829 39 Quixabeira 2063 7 1474 582 40 Retirolândia 3432 78 2251 1103 41 Ribeira do Amparo 3647 33 1628 1986 42 Santa Teresinha 2631 31 1493 1107 43 São Domingos 2431 971 543 917 44 São Felipe 5483 231 4127 1125 45 São Félix do Coribe 3040 80 2481 479 46 São Gonçalo dos Campos 7898 197 6744 957 47 São José da Vitória 1781 1112 372 297 48 São José do Jacuípe 2076 134 855 1087 49 Tanquinho 1809 851 590 368 50 Teodoro Sampaio 2486 191 1668 627 51 Uruçuca 4073 3075 630 368 52 Varzedo 2615 2 1545 1068 Total da Bahia 1609658 481414 740513 387477 Fonte: Siab, DATASUS, 2007.
ANEXO 06
Tabela 6. Destino do lixo nos municípios da Bahia com cobertura de 100% de PSF, em 2006.
Município Nº_Famílias Lixo-queim/enterr Lixo-céu_aberto
Lixo-coletado
1 Almadina 1782 226 182 1374 2 Andaraí 3269 1097 691 1481 3 Aratuípe 2172 566 634 972 4 Banzaê 2890 1178 673 1039 5 Barro Preto 2021 418 290 1313 6 Barrocas 3684 1311 1429 944 7 Biritinga 3826 1584 1555 687 8 Bonito 3889 680 1210 1999 9 Cabaceiras do Paraguaçu 4137 2304 958 875
10 Cairu 3616 409 475 2732 11 Camacan 8625 307 945 7373 12 Canápolis 2556 211 1675 670 13 Catolândia 912 560 115 237 14 Catu 14421 1236 1968 11217 15 Cristópolis 3360 934 1558 868 16 Dom Basílio 2860 1775 505 580 17 Dom Macedo Costa 1150 389 312 449 18 Elísio Medrado 2420 715 970 735 19 Firmino Alves 1435 109 149 1177 20 Ibiquera 969 392 188 389 21 Ichu 1714 358 637 719 22 Ipupiara 2586 657 238 1690 23 Irajuba 1925 810 311 804 24 Itaeté 3901 1573 853 1475 25 Itagi 3776 807 592 2377 26 Itaguaçu da Bahia 2616 795 1586 235 27 Itaquara 2330 551 354 1425 28 Jussari 1934 176 254 1504 29 Lafaiete Coutinho 1151 364 181 606 30 Laje 5274 1366 3028 880 31 Madre de Deus 4836 49 169 4618 32 Marcionílio Souza 2818 629 866 1323 33 Medeiros Neto 5900 686 171 5043 34 Nilo Peçanha 3231 340 1787 1104 35 Nova Fátima 1723 316 397 1010 36 Nova Ibiá 1863 322 780 761 37 Nova Itarana 1810 336 361 1113 38 Pindaí 3779 602 2563 613 39 Quixabeira 2063 285 565 1213 40 Retirolândia 3432 517 986 1929 41 Ribeira do Amparo 3647 1297 1641 709 42 Santa Teresinha 2631 1597 400 634 43 São Domingos 2431 234 579 1618 44 São Felipe 5483 1953 1159 2371 45 São Félix do Coribe 3040 495 479 2066
46 São Gonçalo dos Campos 7898 2591 1173 4134
47 São José da Vitória 1781 115 393 1273 48 São José do Jacuípe 2076 374 1008 694 49 Tanquinho 1809 407 179 1223 50 Teodoro Sampaio 2486 345 651 1490 51 Uruçuca 4073 88 294 3691 52 Varzedo 2615 902 945 768 Total na Bahia 1609658 272327 326929 1010157 Fonte: SIAB/DATASUS, 2007.
ANEXO 07 Tabela 7. Distribuição por faixa etária para menores de cinco anos por, nos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
Município
Menor 1 ano
1 a 4 anos
<5 anos
1 Almadina 134 485 619 2 Andaraí 371 1387 1758 3 Aratuípe 194 836 1030 4 Banzaê 250 1001 1251 5 Barro Preto 107 605 712 6 Barrocas 295 1013 1308 7 Biritinga 327 1288 1615 8 Bonito 404 1731 2135 9 Cabaceiras do Paraguaçu 394 1574 1968
10 Cairu 176 858 1034 11 Camacan 583 2389 2972 12 Canápolis 207 936 1143 13 Catolândia 55 209 264 14 Catu 839 3361 4200 15 Cristópolis 195 1024 1219 16 Dom Basílio 212 743 955 17 Dom Macedo Costa 60 212 272 18 Elísio Medrado 113 491 604 19 Firmino Alves 85 368 453 20 Ibiquera 58 284 342 21 Ichu 63 263 326 22 Ipupiara 153 610 763 23 Irajuba 140 564 704 24 Itaeté 348 1353 1701 25 Itagi 304 1308 1612 26 Itaguaçu da Bahia 212 910 1122 27 Itaquara 161 673 834 28 Jussari 136 547 683 29 Lafaiete Coutinho 49 190 239 30 Laje 409 1698 2107 31 Madre de Deus 232 1156 1388 32 Marcionílio Souza 189 823 1012 33 Medeiros Neto 353 1504 1857 34 Nilo Peçanha 234 948 1182 35 Nova Fátima 94 374 468 36 Nova Ibiá 94 370 464 37 Nova Itarana 177 639 816 38 Pindaí 290 1030 1320 39 Quixabeira 128 534 662 40 Retirolândia 189 815 1004 41 Ribeira do Amparo 342 1365 1707 42 Santa Teresinha 164 691 855 43 São Domingos 124 507 631 44 São Felipe 369 1452 1821 45 São Félix do Coribe 241 930 1171 46 São Gonçalo dos Campos 609 2272 2881 47 São José da Vitória 118 377 495 48 São José do Jacuípe 89 458 547 49 Tanquinho 88 396 484 50 Teodoro Sampaio 163 596 759 51 Uruçuca 223 1007 1230 52 Varzedo 161 640 801
Total de Pessoas da Bahia 280444 1126453 Fonte: DATASUS/ SIH
ANEXO 08 Tabela 8. Número de óbitos absolutos em < 1 ano por residência, nos municípios da Bahia com 100% de cobertura PSF, no ano de 2006
Município pop <1ano Total de óbitos em <1 ano 1 Almadina 134 4 2 Andaraí 371 4 3 Aratuípe 194 2 4 Banzaê 250 2 5 Barro Preto 107 3 6 Barrocas 295 3 7 Biritinga 327 6 8 Bonito 404 2 9 Cabaceiras do Paraguaçu 394 5
10 Cairu 176 3 11 Camacan 583 13 12 Canápolis 207 2 13 Catolândia 55 2 14 Catu 839 13 15 Cristópolis 195 2 16 Dom Basílio 212 2 17 Dom Macedo Costa 60 1 18 Elísio Medrado 113 3 19 Firmino Alves 85 5 20 Ibiquera 58 2 21 Ichu 63 2 22 Ipupiara 153 3 23 Irajuba 140 4 24 Itaeté 348 8 25 Itagi 304 9 26 Itaguaçu da Bahia 212 3 27 Itaquara 161 4 28 Jussari 136 1 29 Lafaiete Coutinho 49 3 30 Laje 409 7 31 Madre de Deus 232 7 32 Marcionílio Souza 189 4 33 Medeiros Neto 353 4 34 Nilo Peçanha 234 2 35 Nova Fátima 94 2 36 Nova Ibiá 94 1 37 Nova Itarana 177 1 38 Pindaí 290 4 39 Quixabeira 128 3 40 Retirolândia 189 4 41 Ribeira do Amparo 342 1 42 Santa Teresinha 164 1 43 São Domingos 124 7 44 São Felipe 369 6 45 São Félix do Coribe 241 4 46 São Gonçalo dos Campos 609 9 47 São José da Vitória 118 4 48 São José do Jacuípe 89 8 49 Tanquinho 88 1 50 Teodoro Sampaio 163 3 51 Uruçuca 223 12 52 Varzedo 161 5
Total 280444 4668 Fonte: IBGE/ DATASUS/ SIH
ANEXO 09
Tabela 9. Indicadores da Atenção Básica/ Pactuação, dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006 (CONTINUAÇÃO)
Saúde da Criança
UF: Bahia
População de referência
Proporção
população coberta pelo PSF
Número absolut
o de óbitos
em < 01 ano de idade
Coeficiente de
mortalidade infantil
Proporção de
nascidos vivos com baixo
peso ao nascer
Proporção de
óbitos em
menores 01 ano causas
mal definidas
Tx intern (DDA) < 05 anos
Nº absoluto óbitos neonat tardios
Taxa de mortalidade infantil
neo
Proporção de
nascidos vivos de mães c/
4 ou mais
consultas pré-natal
Média anual de consultas médicas por habitante nas especialidade
s básicas
Média mensal de
visitas domiciliare
s por família
Ano/Fonte 2006 0 2005 2005 2005 2005 2006 2005 2005 2005 2006 2006
Municípios IBGE SIAB SIM SIM/SINASC SINASC SIM SIH/SUS SIM SIM/ SINASC
SINASC SIA/SUS SIA/SUS
Almadina 6.279 103,3 2 18,4 12,8 - 4,9 - - 61,5 1,34 0,79 Andaraí 13.588 100,8 3 12,3 5,3 - 50,1 - - 51,2 1,07 0,97 Aratuípe 8.803 103,5 4 28,6 14,3 - 29,1 - - 75,7 1,50 0,77 Banzaê 10.910 100,8 8 38,5 5,3 62,5 17,6 - - 56,7 1,67 1,07 Barro Preto 7.126 102,5 1 12,1 3,6 - 19,7 - - 75,9 2,41 1,18 Barrocas 12.962 104,4 2 13,3 8,0 50,0 46,6 - - 72,9 1,16 1,54 Biritinga 14.649 107,3 2 9,9 8,9 50,0 35,9 - - 69,0 1,33 0,72 Bonito 14.244 119,3 9 31,4 4,9 11,1 5,6 1 3,5 68,6 - - Cabaceiras do Paraguaçu
16.302 105,4 4 12,4 5,9 25,0 8,6 - - 81,7 2,47 1,36
Cairu 8.594 145,6 2 9,6 7,2 - 43,5 - - 81,7 2,51 0,16 Camacan 26.640 130,5 28 40,7 8,4 7,1 66,3 2 2,9 57,4 1,93 0,70 Canápolis 9.942 104,6 4 21,6 2,2 - 37,6 - - 78,9 5,58 1,46 Catolândia 2.958 118,7 - - 2,1 - 3,8 - - 93,6 1,59 0,79 Catu 49.172 106,4 15 18,8 7,8 - 5,7 1 1,3 84,7 1,57 1,13 Cristópolis 12.664 102,4 3 15,8 7,4 33,3 17,2 - - 87,9 1,68 0,94 Dom Basílio 10.942 108,1 2 11,6 4,1 - 30,4 - - 90,2 1,70 0,84 Dom Macedo Costa 3.634 107,8 - - 7,0 - 7,4 - - 94,7 2,87 1,11 Elísio Medrado 7.870 104,1 2 23,5 4,7 - 59,6 - - 92,9 1,88 1,52 Firmino Alves 4.909 101,7 2 30,8 12,3 - 22,1 1 15,4 80,0 1,26 2,35 291260 Ibiquera 3.502 106,9 - - 7,1 - 17,5 - - 75,0 1,20 0,60
Ichu 3.374 179,3 3 32,6 9,8 - 85,9 1 10,9 69,6 4,52 2,42
Tabela 9. Indicadores da Atenção Básica/ Pactuação, dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
(CONTINUAÇÃO)
Saúde da Criança
UF: Bahia
População de referência
Proporção
população coberta pelo PSF
Número absolut
o de óbitos
em < 01 ano de idade
Coeficiente de
mortalidade infantil
Proporção de
nascidos vivos com baixo
peso ao nascer
Proporção de
óbitos em
menores 01 ano causas
mal definidas
Tx intern (DDA) < 05 anos
Nº absoluto óbitos neonat tardios
Taxa de mortalidade infantil
neo
Proporção de
nascidos vivos de mães c/
4 ou mais
consultas pré-natal
Média anual de consultas médicas por habitante nas especialidade
s básicas
Média mensal de
visitas domiciliare
s por família
Ipupiara 8.916 101,5 5 35,0 5,6 - 40,6 1 7,0 99,3 1,04 1,27 Irajuba 6.363 106,4 4 33,9 7,6 - 79,6 1 8,5 61,9 0,15 0,12 Itaeté 13.792 112,7 11 36,4 2,7 18,2 1,2 - - 65,6 2,40 1,65 Itagi 14.684 103,1 11 30,1 6,0 18,2 55,2 - - 68,2 1,34 0,77 Itaguaçu da Bahia
8.702 129,0 6 28,0 5,1 - 84,7 1 4,7 45,3 1,23 0,53
Itaquara 8.363 104,9 3 22,4 10,5 33,3 20,4 - - 62,7 1,49 0,70 Jussari 6.880 100,2 3 22,7 11,4 - 26,4 1 7,6 66,7 2,16 0,61 Lafaiete Coutinho 3.345 118,9 3 65,2 17,4 - 4,2 - - 82,6 1,48 0,33 Laje 20.548 100,7 10 23,3 7,0 - 17,6 - - 83,7 2,73 1,01 Madre de Deus 14.144 124,3 4 12,4 6,8 - 2,9 - - 88,2 3,03 2,37 Marcionílio Souza 8.640 129,0 1 4,7 3,3 - 24,7 - - 68,7 0,52 0,72 Medeiros Neto 19.887 101,9 7 14,7 4,4 28,6 0,5 3 6,3 78,4 2,33 1,60 Nilo Peçanha 10.414 114,2 1 4,3 7,3 - 15,2 - - 67,0 4,06 1,58 Nova Fátima 5.388 109,7 - - 6,2 - 29,9 - - 82,5 1,70 0,85 Nova Itarana 6.554 105,9 2 21,7 6,5 - 15,9 - - 54,4 0,46 0,96 Pindaí 14.693 103,6 1 5,1 5,6 - 65,9 - - 78,7 0,63 0,67 Quixabeira 6.168 112,2 1 8,2 5,7 - 30,2 - - 81,2 2,61 3,27 Retirolândia 10.588 115,8 6 29,3 6,8 - 46,8 1 4,9 89,8 2,04 1,12 Ribeira do Amparo 13.868 104,9 5 20,1 4,0 20,0 5,3 - - 75,1 1,62 1,05 Santa Teresinha 8.575 109,6 3 20,3 4,1 - 4,7 1 6,8 86,5 2,30 1,21 São Domingos 7.235 110,1 1 7,4 3,7 - 106,2 1 7,4 94,9 0,76 0,41
São Felipe 20.319 100,1 3 9,9 6,3 - 12,6 - - 81,8 0,91 0,96 Tabela 9. Indicadores da Atenção Básica/ Pactuação, dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
(CONCLUSÃO)
Saúde da Criança
UF: Bahia
População de referência
Proporção
população coberta pelo PSF
Número absolut
o de óbitos
em < 01 ano de idade
Coeficiente de
mortalidade infantil
Proporção de
nascidos vivos com baixo
peso ao nascer
Proporção de
óbitos em
menores 01 ano causas
mal definidas
Tx intern (DDA) < 05 anos
Nº absoluto óbitos neonat tardios
Taxa de mortalidade infantil
neo
Proporção de
nascidos vivos de mães c/
4 ou mais
consultas pré-natal
Média anual de consultas médicas por habitante nas especialidade
s básicas
Média mensal de
visitas domiciliare
s por família
São Félix do Coribe 11.641 110,6 1 4,6 3,6 - 53,0 - - 90,0 1,52 0,32 São Gonçalo dos Campos
29.004 109,1 8 16,2 7,5 - 50,7 1 2,0 72,9 1,79 0,33
São José da Vitória 4.318 150,7 9 57,7 12,2 33,3 34,3 2 12,8 53,2 2,70 1,62 São José do Jacuípe 5.638 135,0 6 34,3 3,4 - 78,6 - - 84,0 1,89 2,65 Tanquinho 5.380 128,5 1 7,9 7,1 - 109,5 - - 53,5 2,34 1,65 Teodoro Sampaio 8.355 105,4 2 17,4 2,6 - - - - 63,5 1,12 1,13 Uruçuca 12.609 126,8 13 31,7 10,0 7,7 11,4 1 2,4 57,3 3,09 1,15 Varzedo 8.676 108,3 3 24,8 10,7 - 3,8 - - 87,6 2,73 1,41 Total Estado da Bahia
13.950.125 44,6 5.023 21,7 7,8 5,1 24,3 618 2,7 75,8 1,20 0,66 Fonte: IBGE/ DATASUS/ SIH
ANEXO 10
Tabela 10. Percentual de recursos próprios aplicados em saúde, segundo recomendações da Emenda Constitucional 29 (EC 29), dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
(CONTINUAÇÃO) Municípios % de recursos próprios aplicados em saúde (EC 29)
Almadina 17,2 Andaraí 19,2 Aratuípe 19,3 Banzaê 17,3 Barro Preto 20,1 Barrocas NI Biritinga NI Bonito 20,3 Cabaceiras do Paraguaçu NF Cairu 15,8 Camacan 15,8 Canápolis 15,1 Catolândia 16,3 Catu 22,2 Cristópolis 31,9 Dom Basílio 22,8 Dom Macedo Costa 19,6 Elísio Medrado 15,5 Firmino Alves 16,9 Ibiquera 14,2 Ichu 26,6 Ipupiara 17,6 Irajuba 21,9 Itaeté 17,5 Itagi 16,4 Itaguaçu da Bahia NI Itaquara 17 Jussari 18,1 Lafaiete Coutinho 22,9 Laje 16,4 Madre de Deus 18,2 Marcionílio Souza 26,5 Medeiros Neto 16,5 Nilo Peçanha 16,6 Nova Fátima 16,5 Nova Ibiá 20,6 Nova Itarana 18,2 Pindaí NI Quixabeira 17,3 Retirolândia 21,1 Ribeira do Amparo NI Santa Teresinha 26,1 São Domingos 21,8 São Felipe 16,8 Fonte: SIOPS/DICS/SESAB, 2007.
(*) NI – Não Informado
Tabela 10. Percentual de Recursos Próprios Aplicados em saúde segundo recomendações da Emenda Constitucional 29 (EC 29), dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
(CONCLUSÃO) Municípios % de recursos próprios aplicados em saúde (EC 29)
São Félix do Coribe 13,8 São Gonçalo dos Campos 16,1 São José da Vitória 16,3 São José do Jacuípe 20,1 Tanquinho 18,4 Teodoro Sampaio 19,4 Uruçuca 18 Varzedo 21,3 Fonte: SIOPS/DICS/SESAB, 2007.
(*) NI – Não Informado
ANEXO 11
Tabela 11. Gasto total municipal percapta com saúde, em reais, dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006
(CONTINUAÇÃO) Municípios Gasto Total Municipal Per Capta em Saúde (R$)
Andaraí 200,4 Aratuípe 168,9 Banzaê 208,3 Barro Preto 256,8 Barrocas NI Biritinga NI Bonito 195,84 Cabaceiras do Paraguaçu NI Cairu 266,73 Camacan 167,62 Canápolis 255,47 Catolândia 333,05 Catu 208,41 Cristópolis 213,4 Dom Basílio 242,47 Dom Macedo Costa 349,98 Elísio Medrado 199,22 Firmino Alves 228,78 Ibiquera 243,42 Ichu 418,07 Ipupiara 179,86 Irajuba 398,76 Itaeté 289,24 Itagi 179,59 Itaguaçu da Bahia NI Itaquara 209,68 Jussari 251,18 Lafaiete Coutinho 408,02 Laje 230,59 Madre de Deus 1099,2 Marcionílio Souza 237,06 Medeiros Neto 317,39 Nilo Peçanha 192,42 Nova Fátima 238,78 Nova Ibiá 297,78 Nova Itarana 188,41 Fonte: SIOPS, 2007
(NI) - Não Informado
Tabela 11. Gasto total municipal percapta com saúde, em reais, dos municípios da Bahia com cobertura de 100% PSF, no ano de 2006 (CONCLUSÃO)
Municípios Gasto Total Municipal Per Capta em Saúde (R$) Retirolândia 203,16 Ribeira do Amparo NI Santa Teresinha 272,49 São Domingos 237,5 São Felipe 159,72 São Félix do Coribe 161,81 São Gonçalo dos Campos 195,91 São José da Vitória 242,89 São José do Jacuípe 232,35 Tanquinho 274,79 Teodoro Sampaio 190,39 Uruçuca 210,05 Varzedo 182,11 Fonte: SIOPS, 2007 (NI) - Não Informado
ANEXO 12 Frente da ficha utilizada pelo Agente Comunitário de Saúde para cadastro do domicílio contendo informações sobre os moradores.