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Universidade Estadual de Londrina AMARILDO RAMOS DE ALMEIDA ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS E SERVIÇOS DE TI LONDRINA 2008

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Universidade Estadual de Londrina

AMARILDO RAMOS DE ALMEIDA

ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS E SERVIÇOS DE TI

LONDRINA 2008

AMARILDO RAMOS DE ALMEIDA

ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS E SERVIÇOS DE TI

Monografia apresentada ao Departamento de Computação da Universidade Estadual de Londrina.

Orientador: Prof. Rodolfo Miranda de Barros.

LONDRINA 2008

AMARILDO RAMOS DE ALMEIDA

ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS E SERVIÇOS DE TI

Monografia apresentada ao Departamento de Computação da Universidade Estadual de Londrina.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Ms. Rodolfo Miranda de Barros

Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Ms. Fábio Cézar Martins

Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Ms. Sérgio Akio Tanaka

Centro Universitário Filadélfia

Londrina, 11 de julho de 2008.

A Deus, meu Criador.

Aos meus pais, Antonio e Zilda, em memória.

A minha esposa Bet e meus filhos Janaína, Andréia e André.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo o que fez na minha vida e por poder conhecer o seu imenso amor.

A minha esposa Bet, que sempre me incentivou e apoiou, e aos meus filhos pela

compreensão nos momentos de ausência.

Ao professor Rodolfo, pela excelente orientação e incentivo.

Aos professores da UEL pelo respeito e dedicação no ensino.

Aos colegas de curso, pelo espírito de companheirismo e pelos laços de amizade.

A todos os amigos e pessoas que contribuíram para a realização este trabalho.

“Bem aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento”.

Provérbios 3.13

“O temor do Senhor é o princípio da ciência”. Provérbios 1.7

“Só sei que nada sei”.

Sócrates

ALMEIDA, Amarildo Ramos de. Escritório de Gerenciamento de Projetos e Serviços de TI. 2008. 110 folhas. Monografia do Curso de Especialização em Engenharia de Software e Banco de Dados – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

RESUMO

Os principais desafios enfrentados pelos desenvolvedores e gestores da área de TI são os de gerenciar efetivamente projetos e serviços sob sua responsabilidade. Pesquisas recentes mostram que apenas cerca de 30% dos projetos de TI são concluídos com sucesso, revelando o alto índice de falhas ou problemas nos projetos e a conseqüente necessidade de conduzi-los usando metodologias comprovadamente eficientes. Além disso, estima-se que manter a operação dos produtos de TI consuma em torno de 80% do tempo e dos custos totais em relação ao ciclo de vida dos mesmos, demonstrando que gerir os serviços eficazmente é também fundamental para obtenção de bons resultados. O presente estudo descreve a proposta de criação do Escritório de Gerenciamento de Projetos e Serviços (EGPS), uma unidade organizacional responsável pela coordenação dos projetos e serviços de TI sob seu controle. O trabalho apresenta também as técnicas de Gerenciamento de Projetos sugeridas no guia PMBOK, os processos e melhores práticas de Gerenciamento de Serviços definidos no modelo ITIL e o conceito de Escritório de Gerenciamento de Projetos, solução adotada por muitas organizações visando oferecer uma coordenação centralizada e especializada em ambientes que lidam com vários projetos simultâneos. Essas tecnologias compõem o EGPS de TI, o qual tem como objetivo fornecer um controle completo, integrado e abrangente aos produtos desenvolvidos e suportados pela área, a fim de aperfeiçoar os processos, aumentar a produtividade e obter melhores resultados nos negócios através da TI.

Palavras-chave: Engenharia de Software, Gerência de Projetos, EGP, ITIL, EGPS.

ALMEIDA, Amarildo Ramos de. IT Services and Projects Management Office. 2008. 110 sheets. Monografia do Curso de Especialização em Engenharia de Software e Banco de Dados – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

ABSTRACT

The main challenges faced by developers and IT managers are indeed manage projects and services under their responsibility. Recent researches show that only about 30% of the IT projects are successfully completed, revealing the high rate of failures or problems in the projects and the consequent need to lead them using methodologies proven efficient. Moreover, it is estimated that maintaining the operation of IT products consume around 80% of the time and cost in comparison to their life cycle, demonstrating that effectively manage the services is also essential for obtaining good results. This study describes the proposal to establish the Services and Projects Management Office (SPMO), an organizational unit responsible for coordinating IT projects and services under its control. The work also presents techniques of Projects Management suggested in the PMBOK guide, the processes and best practices of Services Management defined in ITIL model and the concept of Project Management Office, solution adopted for many organizations seeking to provide a centralized coordination and specialized in environments that work with several simultaneous projects. Those technologies compose the IT SPMO, that has as objective to supply a complete, integrated and including control to the developed products and supported by its area, in order to improve the processes, increase productivity and achieve better results in the business through IT.

Key words: Software Engineering, Project Management, PMO, ITIL, SPMO.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Situação dos projetos de TI em 1994 e 2004.............................................16

Figura 2. Níveis de custo e pessoal ao longo do ciclo de vida do projeto. ................24

Figura 3. Riscos do projeto durante o ciclo de vida...................................................24

Figura 4. Influência dos stakeholders e custo das mudanças durante o ciclo de vida

do projeto. .................................................................................................................25

Figura 5. Relação entre os ciclos de vida do projeto e do produto............................26

Figura 6. Relação entre os stakeholders do projeto. .................................................28

Figura 7. Ciclo PDCA. ...............................................................................................31

Figura 8. Mapeamento entre os grupos de processos e o ciclo PDCA. ....................32

Figura 9. Fluxos e interações entre os grupos de processos de GP. ........................37

Figura 10. Sobreposição e níveis de intensidade entre os grupos de processos de

GP. ............................................................................................................................38

Figura 11. Ciclo de vida estendido dos projetos........................................................40

Figura 12. Resultados esperados com o gerenciamento simultâneo dos projetos....41

Figura 13. Estrutura da ITIL.......................................................................................46

Figura 14. Processos do Gerenciamento de Serviços. .............................................47

Figura 15. Acordos e documentos para o Gerenciamento de Níveis de Serviços.....49

Figura 16. Atividades do Gerenciamento da Capacidade. ........................................50

Figura 17. Conceitos do Gerenciamento da Disponibilidade.....................................51

Figura 18. Estrutura funcional da Central de Serviços. .............................................53

Figura 19. Visão geral do Gerenciamento de Incidentes, Problemas e Mudanças. ..54

Figura 20. Itens do Gerenciamento de Configuração................................................55

Figura 21. Fluxos do Gerenciamento de Mudanças..................................................56

ix

Figura 22. Procedimentos para Controle de Versões................................................57

Figura 23. Atividades do Gerenciamento de Liberações. ..........................................57

Figura 24. Ciclo de Vida do Gerenciamento da Aplicação. .......................................60

Figura 25. Relacionamento entre a TI e o Negócio. ..................................................61

Figura 26. Estágios do Programa de Aperfeiçoamento Ininterrupto do Serviço. .......63

Figura 27. Conceito de EGP......................................................................................66

Figura 28. Modelo de EGP segundo CRAWFORD. ..................................................70

Figura 29. Modelo de EGP segundo KATE. ..............................................................70

Figura 30. Modelo de EGP segundo CASEY & PECK. .............................................70

Figura 31. Árvore de decisão para avaliação do cálculo do VME de um EGP. .........85

Figura 32. Relação entre o foco de atuação do EGP e o valor para a organização..86

Figura 33. Campo de atuação do EGPS dentro do Ciclo de Vida do Produto. .........90

Figura 34. Esquema de feedback do EGPS..............................................................91

Figura 35. Modelos de EGPS....................................................................................93

Figura 36. Proposta de estrutura interna do EGPS. ..................................................94

Figura 37. Fases de implantação do EGPS. ...........................................................101

LISTA DE TABELAS

Quadro 1. Características do projeto em relação às estruturas organizacionais.......29

Quadro 2. Organização dos processos de GP em grupos e áreas de conhecimento.

..................................................................................................................................39

Quadro 3. Tipos de EGP. ..........................................................................................69

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANO Acordo de Nível Operacional ANS Acordo de Nível de Serviço

BDGC Banco de Dados de Gerenciamento da Configuração BSD Biblioteca de Software Definitiva CA Contrato de Apoio

CCTA Central Communications and Telecom Agency (Agência Central de Comunicações e Telecomunicações)

DHD Depósito de Hardware Definitivo EGP Escritório de Gerenciamento de Projetos EGPS Escritório de Gerenciamento de Projetos e Serviços GP Gerenciamento de Projetos GS Gerenciamento de Serviços IC Item de Configuração

ITIL Information Technology Infrastructure Library (Biblioteca de Infra-estrutura em Tecnologia da Informação)

ITSMF Information Technology Service Management Fórum (Fórum de Gerenciamento de Serviços de TI)

OGC Office of Government Commerce (Escritório de Comércio do Governo) PAIS Programa de Aperfeiçoamento Ininterrupto do Serviço PDCA Plan-Do-Check-Act (Planejar, fazer, verificar e agir)

PMBOK Project Management Body Of Knowledge (Base de Conhecimento em Gerenciamento de Projeto)

PMI Project Management Institute (Instituto de Gerenciamento de Projeto) PMO Project Management Office (Escritório de Gerenciamento de Projetos) PQS Plano de Qualidade de Serviço RDM Requisição de Mudança

RUP Rational Unified Process (Processo Racional Unificado)

SPMO Service and Project Management Office (Escritório de Gerenciamento de Projetos e Serviços)

TCO Total Cost of Ownership (Custo Total de Propriedade) TI Tecnologia da Informação VE Valor Esperado VME Valor Monetário Esperado WBS Work Breakdown Structure (Estrutura Analítica do Projeto)

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ......................................................................................viii LISTA DE TABELAS ..................................................................................................x LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS....................................................................xi SUMÁRIO .................................................................................................................xii 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................14 2 OBJETIVOS...........................................................................................................18 3 JUSTIFICATIVAS ..................................................................................................19 4 METODOLOGIA ....................................................................................................20 5 GERENCIAMENTO DE PROJETOS SEGUNDO O PMBOK................................21

5.1 PROJETO .....................................................................................................22 5.2 CICLO DE VIDA DE UM PROJETO..............................................................23 5.3 ORGANIZAÇÃO DO PROJETO....................................................................27 5.4 GERENCIAMENTO DE PROJETOS.............................................................29 5.5 PROJETOS E A ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS...........................................40

6 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS COM A ITIL..................................................42 6.1 GOVERNANÇA DE TI...................................................................................43 6.2 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI ...................................................44 6.3 ITIL ................................................................................................................45

6.3.1 Gerenciamento de Serviços .................................................................46 6.3.1.1 Entrega de Serviços ....................................................................47 6.3.1.2 Suporte ao Serviço ......................................................................52

6.3.2 Gerenciamento de Segurança..............................................................58 6.3.3 Gerenciamento da Infra-estrutura de TI ...............................................58 6.3.4 Gerenciamento da Aplicação................................................................59 6.3.5 A Perspectiva do Negócio ....................................................................60 6.3.6 Planejamento para Implementar o Gerenciamento de Serviços...........61

7 ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS........................................64 7.1 CONCEITO DE EGP.....................................................................................65 7.2 MOTIVOS PARA IMPLEMENTAR UM EGP .................................................67 7.3 TIPOS OU MODELOS DE EGP....................................................................69

7.3.1 EGP de Nível 1.....................................................................................71 7.3.2 EGP de Nível 2.....................................................................................71 7.3.3 EGP de Nível 3.....................................................................................72

7.4 FUNÇÕES DE UM EGP................................................................................73 7.5 ESTRUTURA DE UM EGP ...........................................................................75 7.6 IMPLANTAÇÃO DE EGP ..............................................................................77

7.6.1 Fases de implantação ..........................................................................77 7.6.1.1 Fase de Projeto ou Planejamento................................................78 7.6.1.2 Fase de Implantação ...................................................................78 7.6.1.3 Fase de Operação .......................................................................79 7.6.1.4 Fase de Melhoria Contínua .........................................................80

7.6.2 Outra abordagem de implantação ........................................................80 7.7 FATORES DE SUCESSO NA IMPLANTAÇÃO DE EGP..............................82 7.8 BENEFÍCIOS COM A IMPLANTAÇÃO DE EGP...........................................84 7.9 O EGP E O ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ..............................................86

8 ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS E SERVIÇOS DE TI .......88

xiii

8.1 CONCEITO DE EGPS DE TI ........................................................................89 8.2 ATRIBUIÇÕES DE UM EGPS.......................................................................91 8.3 MODELOS DE EGPS....................................................................................93 8.4 ESTRUTURA DO EGPS ...............................................................................94

8.4.1 Papéis executivos e gerenciais ............................................................95 8.4.2 Papéis da Gerência de Projetos ...........................................................97 8.4.3 Papéis da Gerência de Serviços ..........................................................97

8.5 IMPLANTAÇÃO DO EGPS .........................................................................100 8.5.1 Fases de implantação ........................................................................101

8.5.1.1 Fase de Planejamento...............................................................101 8.5.1.2 Fase de Implantação .................................................................102 8.5.1.3 Fase de Operação .....................................................................102 8.5.1.4 Fase de Melhoria Contínua .......................................................103

9 CONCLUSÃO ......................................................................................................105 REFERÊNCIAS.......................................................................................................108

1 INTRODUÇÃO

No mundo atual é cada vez maior o número de organizações

dependentes de sistemas de software e de Tecnologia da Informação (TI) em todos

os ramos da sociedade. O software está presente na gestão de empresas,

automação de produtos, controle de sistemas e em praticamente toda a atividade

humana. Os principais desafios enfrentados pela indústria de software e gerentes de

TI são gerar produtos que atinjam às expectativas dos clientes, obedecendo a

prazos, custos e critérios de qualidade, e garantir a operação destes no ambiente

corporativo, por meio de processos que dêem suporte às estratégias de negócio,

agilize a tomada de decisão, reduzam a ineficiência operacional e ofereçam um

diferencial competitivo à organização.

Porém, há uma complexidade inerente ao desenvolvimento de

software e os problemas que podem surgir nessa atividade desencadearam o que

muitos observadores chamaram de “crise” ou “aflição crônica” do software. Segundo

Pressman (1995, p. 23), os problemas mais comuns que afligem a área de

desenvolvimento são: (1) a dificuldade de cumprir o cronograma e entregar o

produto dentro do prazo; (2) o software geralmente é entregue com custo maior do

que o estimado inicialmente; (3) baixa produtividade dos profissionais da área em

relação à crescente demanda por novos produtos e serviços; (4) insatisfação do

cliente com produtos que não atendem às suas reais necessidades e com altos

índices de erros, ocasionando falta de confiança quanto à qualidade; (5)

documentação precária ou inexistente acarretando problemas e impondo alto custo

de manutenção. Para superar a “crise”, Pressman aponta a adoção de uma

abordagem de engenharia ao desenvolvimento de software, aliada a uma contínua

15

melhoria de técnicas e ferramentas associadas. Uma das técnicas adotadas pela

Engenharia de Software é o Gerenciamento de Projetos (GP).

Pressman (1995, p. 55) afirma que para conduzir um projeto de

software bem-sucedido é necessário compreender o escopo do trabalho a ser feito,

os riscos envolvidos, os recursos exigidos, as tarefas que deverão ser executadas,

os marcos de referência a serem acompanhados, o esforço ou custo despendido e a

programação a ser seguida. Resende (2006) observa que tais projetos são

importantes, todavia possuem natureza de alto risco.

Para Sommerville (2003, p. 60), gerenciar projetos é necessário

porque a Engenharia de Software profissional está sempre sujeita às restrições de

orçamento e prazo. Se as atividades de GP forem aplicadas é possível que o projeto

cumpra essas restrições e seja concluído com sucesso. Por outro lado, a falta de

gerenciamento geralmente resulta no fracasso do mesmo.

Em uma pesquisa realizada em 1994 pelo The Standish Group

(1995) sobre a situação dos projetos de TI nos Estados Unidos, observou-se que

apenas 16% destes foram bem-sucedidos, ou seja, entregues dentro do prazo, custo

e especificações, 53% tiveram problemas e 31% falharam completamente. A partir

de então, mais segmentos da indústria passaram a aplicar as técnicas de GP em

suas atividades. Dados mais recentes da mesma pesquisa (2004) mostram que o

número de projetos bem-sucedidos subiu para 29%, os índices dos que falharam

caiu para 18%, porém, 53% continuaram a ter problemas com relação a

funcionalidades, atrasos ou acima orçamento. A figura 1 compara as duas fases da

pesquisa (THE STANDISH GROUP INTERNATIONAL, 2004).

16

Figura 1. Situação dos projetos de TI em 1994 e 2004. Fonte: Braxis IT Services.

Apesar dos dados apontarem uma evolução quanto ao número de

projetos bem-sucedidos, observa-se que ainda é alto o índice de falhas ou

problemas. O gerenciamento de projetos não deve ser praticado de forma arbitrária,

mas conforme técnicas reconhecidamente eficientes, dentre as quais se destacam

as recomendações do Project Management Institute (PMI) no Project Management

Body Of Knowledge (PMBOK). O PMBOK é um guia de orientação que descreve um

conjunto de conhecimentos e melhores práticas em GP. Segundo o guia, ao

empregar corretamente essas diretrizes aumentam as chances de sucesso dos

projetos. O método pode ser aplicado a todas as áreas que lidam com a atividade,

incluindo a produção de software (PMI, 2004).

O gerenciamento dos projetos de uma organização pode ser

suportado por uma unidade organizacional denominada Escritório de Gerenciamento

de Projetos (EGP). Fatores como a demanda por um gerenciamento mais eficaz, a

multiplicação do número de projetos e a crescente complexidade dos mesmos,

justificam a implantação do EGP. Este exerce a função de consolidar as atividades

17

de GP da organização, mediante a padronização de processos, divulgação de

melhores práticas e fornecimento de uma infra-estrutura para o gerenciamento

corporativo de projetos, diminuindo os índices de falhas e priorizando os mais

importantes (ANSELMO, 2002).

Além de gerenciar os projetos sob sua responsabilidade, a área de

TI está cada vez mais preocupada em buscar processos que garantam a efetividade

dos serviços por ela prestados. Pesquisas apontam que, dentro do ciclo de vida dos

produtos de TI, a operação demanda cerca de 80% do tempo e dos custos totais.

Assim, processos eficientes de Gerenciamento de Serviços (GS) são fundamentais

para obtenção de bons resultados. Ademais, os serviços de TI também devem ser

gerenciados de modo a estarem alinhados aos objetivos estratégicos da

organização.

Dentre as diversas abordagens de GS, uma das mais reconhecidas

e utilizadas pela indústria de software atualmente é a Information Technology

Infrastructure Library (ITIL), criada pelo Office of Government Commerce (OGC). O

modelo consiste em um conjunto de melhores práticas de GS de TI, e descreve os

processos necessários para gerenciar a infra-estrutura de TI de modo a garantir os

níveis de serviço acordados com os clientes de forma eficaz (MANSUR).

Este trabalho propõe a integração das técnicas de GP e GS em um

novo conceito de EGP, denominado EGPS – Escritório de Gerenciamento de

Projetos e Serviços de TI. O modelo visa contribuir para que os responsáveis pelo

desenvolvimento de software e gestores da área de TI obtenham maior sucesso em

suas atividades, com a aplicação de uma abordagem sistêmica aos processos da

organização, possibilitando à mesma, maior retorno nos investimentos em TI.

2 OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é definir um modelo de Escritório

de Gerenciamento de Projetos e Serviços de TI, o qual consiste em uma unidade

responsável por apoiar a implementação das atividades de gerenciamento de

projetos e serviços no contexto das áreas de Desenvolvimento de Software e

Tecnologia da Informação, auxiliando os responsáveis desses setores a controlar

seus projetos e serviços satisfatoriamente.

Para atingir o objetivo principal serão cumpridos os seguintes

objetivos específicos: (1) descrever as melhores práticas de GP recomendadas pelo

PMBOK; (2) identificar os processos de GS de TI segundo o modelo de referência

ITIL; (3) conceituar e detalhar o funcionamento de um EGP; (4) Descrever o conceito

e apresentar diretrizes para implantação do Escritório de Gerenciamento de Projetos

e Serviços de TI nas organizações.

3 JUSTIFICATIVAS

De forma geral, os profissionais responsáveis pelo desenvolvimento

de software têm percebido a importância de aplicar as técnicas, metodologias e

ferramentas de Gerenciamento de Projetos como base para a obtenção de sucesso

em seus empreendimentos.

Da mesma forma, com a exigência cada vez maior por parte das

corporações do retorno nos investimentos em TI e a necessidade de focar os

objetivos dos projetos aos objetivos estratégicos da organização, ganha espaço na

indústria de software a adoção de modelos de Gerenciamento de Serviços.

Além dos motivos citados acima, a ampliação do número de projetos

de TI, a crescente complexidade dos mesmos e a necessidade de agregar valor aos

projetos, alinhando-os aos objetivos de negócio das corporações, destacam a

importância da implantação do EGP no seio das organizações.

Com a descrição do funcionamento de um Escritório de

Gerenciamento de Projetos e Serviços e o detalhamento das melhores práticas de

GP e de GS, espera-se apresentar diretrizes para que as organizações possam se

basear e iniciar (ou mesmo aperfeiçoar) as práticas de GP e GS, e assim obterem

mais sucesso em suas atividades e o retorno esperado dos investimentos em TI.

4 METODOLOGIA

O presente estudo foi desenvolvido utilizando a abordagem de

pesquisa qualitativa, a qual se baseia na busca pela compreensão do contexto do

fenômeno a ser investigado utilizando várias fontes de dados que são descritas e

interpretadas indutivamente. Para isso, empregou-se também o método de pesquisa

descritiva, que consiste, segundo Cruz & Ribeiro (2004), no estudo, análise, registro

e interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador.

Para o levantamento de dados foram escolhidos os procedimentos

de pesquisa bibliográfica e documental. De acordo com Marconi & Lakatos (2003, p.

158), a pesquisa bibliográfica consiste em um apanhado geral sobre os principais

trabalhos já realizados, dotados de considerável importância e capazes de fornecer

subsídios atualizados para o entendimento do tema em estudo.

Um dos documentos pesquisados foi o PMBOK, publicado pelo PMI,

o qual trata da metodologia e melhores práticas de Gerenciamento de Projetos.

Outro documento consultado foi o guia introdutório da biblioteca ITIL, publicado

OGC, órgão responsável pelo desenvolvimento do modelo de referência ITIL. A

pesquisa bibliográfica complementou os conteúdos documentais, além de

fundamentar o conceito de EGP.

Após a coleta de dados e fundamentação teórica, passou-se para a

análise e interpretação dos mesmos. Esta atividade representa a aplicação lógica

dedutiva e indutiva do processo de investigação (MARCONI & LAKATOS, 2003), a

qual culminou com a proposta de definição do EGPS de TI, fruto da correlação entre

os temas estudados: GP, GS e EGP.

5 GERENCIAMENTO DE PROJETOS SEGUNDO O PMBOK

A disciplina de Gerenciamento de Projetos (GP) surgiu como ciência

a partir da década de 60, com a indústria bélica e aeroespacial americana. Por sua

eficácia, passou a ser adotada em diferentes áreas da engenharia. Atualmente é

aplicada em diversos setores da economia, incluindo a indústria de software. Com a

criação do Project Management Institute (PMI), em 1969, sua disseminação passou

a ocorrer com maior intensidade (MARTINS, 2005, p. 3).

O PMI é uma entidade internacional que reúne os profissionais da

área de GP e tem como objetivos promover o profissionalismo e desenvolver o

estado da arte na gestão de projetos. O principal documento produzido pelo PMI é o

Project Management Body Of Knowledge (PMBOK), um manual de procedimentos

que visa uniformizar a teoria associada à gestão de projetos (MARTINS, 2005, p. 3).

O PMBOK fornece uma visão geral sobre um conjunto de

conhecimentos e melhores práticas em GP. Amplamente reconhecido, promove um

vocabulário comum para se discutir, escrever e aplicar a atividade de GP de forma

adequada. O guia busca identificar os conceitos e práticas envolvidas, e padronizar

as terminologias e os processos empregados para esse fim (PMI, 2004, p. 3).

Este capítulo apresenta os fundamentos e práticas de GP

recomendadas pelo PMI através do PMBOK. Inicialmente é abordado o conceito de

projeto, seguido pela descrição de seu ciclo de vida e organização. Na seqüência,

busca-se compreender o que é GP e quais os processos que o compõem. Por fim,

observa-se a relação entre os projetos e as estratégias de negócio das

organizações.

22

5.1 Projeto

De acordo com o PMBOK (2004, p. 5), “um projeto é um esforço

temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”.

O fato de ser temporário indica que todo projeto tem início e fim bem

definidos, isto é, não são esforços contínuos, mas finitos, ainda que possam

demorar vários anos até serem concluídos. Um projeto é encerrado quando seus

objetivos são atingidos, quando se observa que não será possível atingi-los ou

quando não existir mais a necessidade do mesmo (PMI, 2004, p. 5).

Por outro lado, o produto, serviço ou resultado criado pelo projeto

geralmente é duradouro e exclusivo, ou seja, singular. Isso significa que, por mais

que os projetos desenvolvidos sejam parecidos, difere-se de alguma forma de outros

já executados e cada qual em particular é único. Essa característica denota que

fatores como incerteza e risco são inerentes a todo projeto (PMI, 2004, p. 5).

O PMBOK (2004, p. 6) aponta que há diferença entre os projetos e o

trabalho operacional de uma organização. O segundo consiste em operações

contínuas e repetitivas, enquanto que o primeiro em atividades temporárias e

exclusivas. Além disso, os projetos buscam atingir seus objetivos e em seguida são

terminados, ao passo que as operações têm a mesma finalidade, mas continuam

mantendo o negócio. Apesar de distintos, projetos e operações compartilham várias

características, como o fato de serem realizados por pessoas, limitados por prazos,

custos e escopo, além de necessitarem de planejamento, execução e controle.

Ainda segundo o PMBOK (2004, p. 7), projetos são freqüentemente

utilizados como um meio de atingir o plano estratégico da organização, como

23

atender uma demanda de mercado, uma necessidade organizacional, o pedido de

um cliente, um avanço tecnológico ou mesmo um requisito legal.

5.2 Ciclo de Vida de um Projeto

Um projeto pode ser subdividido em fases para oferecer melhor

controle gerencial aos responsáveis pela sua execução. O ciclo de vida define as

fases que conectam o início do mesmo ao seu final (PMI, 2004, p. 19).

Martins (2005, p. 6) esclarece que os ciclos definem a natureza das

atividades a serem realizadas em cada fase, como especificação, design,

construção e outras. Além disso, a transição de uma fase para outra normalmente

culmina com a entrega de artefatos, que geralmente são revisados e submetidos à

aprovação para garantir que estejam completos e exatos. Esses artefatos são

elementos mensuráveis e verificáveis, como uma especificação, um relatório, um

documento, um arquivo executável ou um protótipo. Geralmente, os insumos

gerados por uma fase são empregados nas fases seguintes. Todavia, uma fase

pode ser iniciada antes da aprovação de entregas anteriores, caso os riscos

envolvidos sejam considerados aceitáveis (PMI, 2004, p. 20).

O PMBOK (2004, p. 20) aponta determinadas características que

podem ser observadas durante o andamento do ciclo de vida do projeto. Uma

dessas características indica que os níveis de custo e gasto com pessoal são baixos

no início, aumentam e atingem o valor máximo durante as fases intermediárias e

caem conforme o projeto vai sendo finalizado. A figura 2 ilustra esse

comportamento.

24

Figura 2. Níveis de custo e pessoal ao longo do ciclo de vida do projeto.

Fonte: PMI, 2004.

Por outro lado, o risco de não atingir os objetivos é maior no início do

projeto, principalmente devido às incertezas. Conforme este avança e se adquire

mais conhecimento sobre o mesmo, o risco diminui progressivamente (MARTINS,

2005, p. 6).

Figura 3. Riscos do projeto durante o ciclo de vida. Fonte: MARTINS, 2005.

25

Outra característica refere-se à capacidade dos stakeholders de

influenciar as características finais do produto do projeto e o custo final do mesmo.

Esta é mais alta no início, diminuindo conforme o trabalho avança. Ao contrário, o

custo de implementação de mudanças e correções é baixo inicialmente e aumenta

com o andamento do projeto.

Figura 4. Influência dos stakeholders e custo das mudanças durante o ciclo de vida do projeto. Fonte: PMI, 2004.

O PMBOK (2004, p. 22) esclarece que as fases do ciclo de vida

fazem parte de um processo seqüencial criado para garantir o controle adequado do

projeto e atingir seu objetivo. Em certas circunstâncias, as fases podem ser divididas

em subfases, por motivo de restrições de tamanho, complexidade, riscos ou custo.

Normalmente, cada subfase possui artefatos a serem produzidos, relacionados à

fase principal, como requisitos, projeto, construção, teste, implantação e outros.

Ainda conforme o PMBOK (2004, p. 22), a conclusão de uma fase

ocorre com a revisão do trabalho realizado e dos artefatos produzidos, visando

assegurar a conformidade dos mesmos e validar o encerramento da mesma.

26

Todavia, pode-se decidir iniciar a próxima fase sem que a atual esteja

completamente concluída, realizando as atividades em paralelo. É possível ainda

tomar a decisão de encerrar a fase e não iniciar as outras, caso o projeto tenha

chegado ao fim ou o risco de continuar e não atingir os objetivos seja considerado

grande demais.

Além disso, a definição do ciclo de vida do projeto identificará as

ações a serem tomadas para fazer a transição deste e implementar seus resultados

às operações em andamento da organização.

O PMBOK (2004, p. 24) frisa que é necessário distinguir o ciclo de

vida do projeto do ciclo de vida do produto. O primeiro pode ser uma parte do

segundo, o qual é composto por outras fases que abrangem desde a identificação

da necessidade comercial do produto até o acompanhamento dos resultados após a

implantação do mesmo, como por exemplo, elaboração do Plano de Negócios,

comercialização e atualização. A figura 5 ilustra a relação entre os ciclos de vida do

projeto e do produto.

Figura 5. Relação entre os ciclos de vida do projeto e do produto. Fonte: PMI, 2004.

27

5.3 Organização do Projeto

Segundo o PMBOK (2004, p. 24), os stakeholders e a organização

executora, com seu sistema de GP, cultura, estilo, estrutura organizacional e EGP

podem exercer influência sobre os objetivos e resultados do projeto.

O guia recomenda que a equipe de GP identifique as partes

interessadas, suas necessidades, expectativas, responsabilidades e autoridade, e

controle o nível de influência dos mesmos, tanto positiva quanto negativamente, em

relação aos objetivos do projeto. Os stakeholders mais comuns são:

• Gerente do projeto: responsável pelo gerenciamento do projeto;

• Cliente ou usuário: pessoa ou organização que fará uso do produto ou

serviço do projeto;

• Organização executora: empresa responsável pela execução do projeto;

• Equipe do projeto: colaboradores que executarão o trabalho do projeto;

• Equipe de gerenciamento do projeto: encarregados diretamente

envolvidos nas atividades de gerenciamento do projeto;

• Patrocinador: Fornece os recursos financeiros para a realização do projeto;

• Influenciadores: Pessoas ou grupos que podem influenciar positiva ou

negativamente o andamento do projeto;

• EGP: Pode ter responsabilidade direta ou indireta pelo resultado do projeto,

caso exista na organização executora.

28

Figura 6. Relação entre os stakeholders do projeto.

Fonte: PMI, 2004.

A maturidade da organização executora também exerce influência

sobre a realização do projeto. Organizações cujos sistemas organizacionais são

baseados em projetos normalmente possuem sistemas de gerenciamento

coordenados para dar suporte às necessidades dos mesmos de modo efetivo,

enquanto que as que não são não os possuem. Da mesma forma, a cultura da

organização quanto a normas, crenças, expectativas, valores compartilhados,

políticas, procedimentos, hierarquia, visão ética e sistema funcional interferem

diretamente no curso do projeto. A estrutura da organização, por sua vez, afeta

também diversas características deste, dependendo se esta é funcional, matricial ou

por projeto (PMI, 2004, p. 27-31). O quadro 1 mostra algumas dessas características

e a relação destas com as diferentes estruturas organizacionais.

29

Quadro 1. Características do projeto em relação às estruturas organizacionais.

Fonte: PMI, 2004.

O PMBOK (2004, p. 32) aponta que a existência de um EGP na

organização contribui beneficamente para o sucesso dos projetos da mesma, seja

atuando como uma assessoria limitada ou como uma unidade gerencial com

autoridade delegada pela alta direção.

5.4 Gerenciamento de Projetos

“O gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento,

habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos

seus requisitos” (PMI, 2004, p. 37). Pressman (1995, p. 55) destaca que a atividade

constitui a primeira camada do processo de Engenharia de Software, pois

compreende todo o período de desenvolvimento, do início ao fim.

Segundo o PMBOK (2004, p. 37), os responsáveis pelo

gerenciamento do projeto precisam (1) selecionar os processos adequados dentro

30

dos grupos de processos de GP que atendam aos objetivos do projeto; (2) utilizar

uma abordagem definida que permita ajustar as particularidades do produto, de

modo a atender as exigências do mesmo e do projeto; (3) atender às solicitações

dos stakeholders, satisfazendo suas necessidades, desejos e expectativas; (4)

equilibrar as demandas relacionadas a prazo, custo, escopo, riscos e recursos, de

forma a produzir um resultado de qualidade.

O PMBOK (2004, p. 37) identifica os processos de GP reconhecidos

como boa prática, cuja aplicação tem demonstrado aumentar as chances de

sucesso nos projetos. Nesse contexto, um processo é definido como um conjunto de

ações associadas, realizadas para obter um ou mais resultados pré-determinados.

Cada processo descreve, organiza e gera resultados que complementam as

atividades do projeto (MARTINS, 2005, p. 7). Porém, como tais ações descritas no

PMBOK se aplicam globalmente e a qualquer setor, para cada projeto de

determinada área devem ser selecionados os processos adequados, assim como o

nível de rigor na aplicação dos mesmos.

O PMBOK (2004, p. 38) enquadra os processos em duas categorias:

(1) comuns a todos os projetos e (2) orientados ao produto. Os processos de GP

comuns a todos os projetos têm por objetivo iniciar, planejar, executar, monitorar,

controlar e encerrar um projeto. Os processos orientados ao produto visam

desenvolver o produto do projeto e são normalmente definidos pelo ciclo de vida do

mesmo (por exemplo, os processos do Rational Unified Process (RUP)). Na prática,

os processos de ambas as categorias são associados, interagem e sobrepõem-se,

exigindo que sejam minuciosamente gerenciados.

Ainda segundo o PMBOK (2004, p. 38), os processos de GP são

organizados em grupos que visam orientar e aplicar seus conhecimentos e

31

habilidades durante a realização do projeto. Os grupos de processos são: (1)

processos de iniciação; (2) processos de planejamento; (3) processos de execução;

(4) processos de controle e (5) processos de encerramento. Apesar de serem

distintos e possuírem interfaces bem definidas, estes se sobrepõem e interagem de

diversas maneiras, além de serem aplicados em alguns casos de forma iterativa.

O PMBOK (2004, p. 39) salienta que um conceito implícito para a

interação entre os processos de GP é o ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA), mostrado

na figura 7.

Figura 7. Ciclo PDCA. Fonte: PMI, 2004.

O ciclo básico é composto por ações como planejar, fazer, verificar e agir, e

interligado por resultados, de forma que o resultado de uma parte do ciclo se torna a

entrada para a outra parte. A aplicação do ciclo PDCA em conjunto com os grupos

de processos de GP e seus relacionamentos permite compreender o mecanismo de

interação entre esses grupos. Na figura 8 o mapeamento entre os dois conceitos:

32

Figura 8. Mapeamento entre os grupos de processos e o ciclo PDCA. Fonte: PMI, 2004.

Os grupos de processos planejamento, execução, monitoramento e controle

correspondem respectivamente aos componentes planejar, fazer, verificar e agir, do

ciclo PDCA.

O grupo de processos de iniciação é constituído por ações que

visam obter a autorização formal para iniciar o projeto ou uma fase deste. Alguns

desses processos são executados antes do início formal do mesmo, como a

documentação dos requisitos de negócio da organização, o estudo de viabilidade, a

descrição dos objetivos, do escopo inicial, dos prazos e dos recursos necessários.

Com o início formal do projeto, os elementos coletados passam por um refinamento

especial, o gerente do mesmo é designado, as premissas e restrições são

documentadas e incluídas nos processos originais da fase de iniciação:

• Desenvolver o Termo de Abertura do Projeto;

• Desenvolver a declaração do escopo preliminar do projeto.

33

As saídas do grupo de processos de iniciação indicam a finalidade do projeto, seus

objetivos e fronteiras. Quando o Termo de Abertura do Projeto é aprovado pelos

stakeholders, este está pronto para ser iniciado (PMI, 2004, p. 43- 44).

O grupo de processos de planejamento desenvolve o Plano de

Gerenciamento do Projeto, baseado nas informações recebidas do grupo de

processos de iniciação. As atividades de planejamento definem e detalham o escopo

do projeto, o prazo de duração do mesmo, as estimativas de custo e os riscos

associados. A determinação da equipe e seus papéis, os marcos e entregas de cada

fase ou iteração, a forma de comunicação interna e externa e os padrões de

qualidade também são documentados por esses processos (MARTINS, 2005, pág.

14). Um processo importante desse grupo é o de criação do Work Breakdown

Structure (WBS). Segundo Martins (2005, p. 26-27), o WBS é um check-list utilizado

para relacionar o conjunto de atividades que precisa ser executado para realização

do projeto. Com base no WBS, todos os elementos são planejados: escopo, tempo,

custos, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos e aquisições. O grupo de

processos de planejamento inclui:

• Desenvolver o Plano de Gerenciamento do Projeto;

• Fazer o planejamento do escopo;

• Definir o escopo;

• Criar Work Breakdown Structure (WBS);

• Relacionar as atividades;

• Indicar a seqüência de atividades;

• Estimar recursos das atividades;

• Calcular a estimativa de duração das atividades;

• Construir o cronograma;

34

• Estimar custos;

• Elaborar orçamentos;

• Estruturar os planos a respeito da qualidade;

• Planejar os recursos humanos;

• Determinar as formas de comunicação;

• Planejar o gerenciamento de riscos;

• Identificar riscos;

• Proceder à análise qualitativa de riscos;

• Realizar análise quantitativa de riscos;

• Definir plano de respostas a riscos;

• Especificar compras e aquisições;

• Organizar plano de contratações.

Segundo o PMBOK (2004, p. 46), os processos de planejamento produzem como

saída o Plano de Gerenciamento do Projeto, o qual será utilizado para guiar a

execução e o controle do mesmo. O plano deverá abranger todos os aspectos de

escopo, tecnologia, riscos, custos e prazos relacionados ao projeto.

Os processos de execução são empregados para realizar as

atividades definidas no Plano de Gerenciamento do Projeto e assim atender aos

objetivos do mesmo. As ações destes envolvem a coordenação das pessoas e dos

recursos, de modo que os pacotes de trabalho são executados pela equipe, sob a

supervisão do gerente do projeto. A comunicação entre os envolvidos e o controle

de qualidade também são praticados, assim como o gerenciamento dos riscos e a

política de aquisições junto aos fornecedores. O PMBOK (2004, p. 56) ressalta que a

maior parte dos recursos do orçamento serão gastos na implementação dos

processos de execução. O grupo é composto pelos seguintes processos:

35

• Orientar e gerenciar a execução do projeto;

• Realizar a garantia da qualidade;

• Contratar ou mobilizar a equipe do projeto;

• Desenvolver a equipe do projeto;

• Distribuir as informações;

• Solicitar respostas de fornecedores;

• Selecionar fornecedores.

O grupo de processos de monitoramento e controle é responsável

por observar a execução do projeto e, caso seja detectado algum problema, tomar

as medidas para corrigi-lo e continuar o projeto (PMI, 2004, p. 59). Martins (2005, p.

75) diz que esses processos acompanham as atividades com base no Plano de

Gerenciamento do Projeto, visando medir o progresso, comparar o planejado com o

realizado e fazer os ajustes necessários. Segundo o PMBOK (2004, p. 59), esses

processos realizam também o controle de mudanças e a recomendação de ações

preventivas. Quando as alterações impostas pelo controle afetarem os resultados do

projeto, os processos de controle poderão readequar o Plano de Gerenciamento do

Projeto. O grupo de processos de monitoramento e controle atua a partir dos

processos de planejamento e em paralelo à execução do projeto, e é formado pelos

seguintes processos:

• Monitorar e controlar o trabalho do projeto;

• Controle integrado de mudanças;

• Verificação do escopo;

• Controle do escopo;

• Controle do cronograma;

• Controle de custos;

36

• Realizar o controle da qualidade;

• Gerenciar a equipe do projeto;

• Relatório de desempenho;

• Gerenciar as partes interessadas;

• Monitoramento e controle de riscos;

• Administração de contrato.

O grupo de processos de encerramento é constituído por ações que

têm a finalidade de encerrar as atividades do projeto e entregar o produto ao cliente.

Martins (2005, p. 90) complementa que o encerramento formal deste se dá a partir

do momento que o produto é finalizado, instalado no cliente e aprovado pelos

usuários, e assim a documentação é atualizada, o resultado é registrado e o cliente

dá ciência do aceite. Segundo o mesmo autor, no encerramento do projeto a equipe

deve registrar as “lições aprendidas” com o mesmo, para melhor gerenciamento dos

próximos. Os documentos serão usados para futuras manutenções, e os resultados

medidos poderão ser usados como base para estimar novos projetos. Os processos

de encerramento são:

• Encerrar o projeto;

• Encerrar contratos.

Conforme o PMBOK (2004, p. 67), os grupos de processos estão

interligados pelos resultados que produzem. As saídas de um processo são entradas

para os outros ou são entregas do projeto. Os processos de iniciação definem os

objetivos do projeto para os processos de planejamento, que elaboram o plano de

gerenciamento a ser seguido nos processos de execução. Estes são ajustados pelos

processos de controle, até que o projeto seja finalizado através dos processos de

encerramento. A figura 9 ilustra o fluxo e algumas das interações entre os grupos:

37

Figura 9. Fluxos e interações entre os grupos de processos de GP. Fonte: PMI, 2004.

38

Embora distintos e aparentemente executados em seqüência, na prática os grupos

de processos se sobrepõem e ocorrem com diferentes níveis de intensidade durante

a realização do projeto. Essas interações são mostradas na figura 10.

Figura 10. Sobreposição e níveis de intensidade entre os grupos de processos de GP. Fonte: PMI, 2004.

Segundo Martins (2005, p. 9), todas as atividades necessárias para

o gerenciamento eficaz do projeto são detalhadamente documentadas no PMBOK,

que organiza os processos por áreas de conhecimento. As nove áreas de

conhecimento em GP definidas pelo PMBOK são: Gerenciamento de integração do

projeto, Gerenciamento do escopo, Gerenciamento de tempo, Gerenciamento de

custos, Gerenciamento da qualidade, Gerenciamento de recursos humanos,

Gerenciamento das comunicações, Gerenciamento de riscos e Gerenciamento de

aquisições do projeto. O quadro 2 apresenta a relação de processos dentro dos

cinco grupos de processos e das nove áreas de conhecimento.

39

Quadro 2. Organização dos processos de GP em grupos e áreas de conhecimento.

Fonte: PMI, 2004.

40

5.5 Projetos e a Estratégia de Negócios

De acordo com o PMBOK (2004, p. 7), projetos são freqüentemente

utilizados para implementar as estratégias de negócio das organizações. Anselmo

(2002, p. 17) diz que as estratégias organizacionais sempre têm como objetivo levar

a organização a uma posição mais vantajosa em relação a atual, e envolvem a

mudança dos processos operacionais, emprego de modernas tecnologias, novas

habilidades e outras. A figura 11 ilustra o ciclo de vida estendido dos projetos para

evolução contínua da organização.

Figura 11. Ciclo de vida estendido dos projetos. Fonte: ANSELMO, 2002.

Entretanto, organizações cujas estratégias de negócio sejam

implementadas através de projetos geralmente têm o dilema de gerenciar

simultaneamente diversos projetos. Essa situação eleva o nível de complexidade de

gerenciamento dos mesmos, em razão de projetos diferentes poderem estar sendo

executados em fases diferentes, partirem de vários e distintos ângulos de

posicionamento, necessitarem dos mesmos recursos, conflitarem uns com os outros

41

ou contribuírem de forma diferente para os objetivos do negócio (ANSELMO, 2002,

p. 18). O gerenciamento eficiente desses projetos contribuirá para a evolução da

organização de forma orquestrada, ordenada, e administrada, e não caótica.

Figura 12. Resultados esperados com o gerenciamento simultâneo dos projetos. Fonte: ANSELMO, 2002.

Assim, para obter melhores resultados, Anselmo (2002, p. 19)

aponta a necessidade de coordenar os diversos projetos de cunho estratégico da

organização por meio de ações como: (1) o alinhamento entre os mesmos; (2) o

alinhamento destes com as estratégias de negócio da organização; (3) a busca por

obtenção de resultados próximos aos esperados e (4) o reconhecimento da

dinâmica da mudança. O autor destaca o EGP como elemento importante para

organizar e implementar essas iniciativas com sucesso.

6 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS COM A ITIL

Atualmente as organizações dependem muito dos serviços de

Tecnologia da Informação e esperam que estes as auxiliem e também ofereçam

novas opções para atingir suas metas de negócio (OGC, 2006, p. 3).

Segundo Magalhães & Pinheiro (2007, p. 22), fatores como: (1) a

competitividade baseada no diferencial existente entre os produtos; (2) clientes com

necessidades e expectativas que mudam constantemente; (3) evolução tecnológica

crescente; (4) ciclo de vida de produtos ou serviços cada vez mais reduzidos; (5)

necessidade de sintonia com a demanda de mercado; e outros, influenciam tanto os

responsáveis pela produção e comercialização, quanto os gestores da área de TI,

visto que esta está inserida diretamente em quase todos os processos do negócio.

Os autores ressaltam a importância da adoção de uma abordagem que maximize a

eficiência e a efetividade do valor criado pela área de TI para a organização, de

forma a proporcionar um real aumento da produtividade.

Weill & Ross (2006, p. 2, 14) dizem que certas organizações obtêm

melhor desempenho que outras porque implementam uma Governança de TI

eficiente para o suporte de suas estratégias. A Governança de TI é composta de

diversos frameworks de melhores práticas de mercado das mais diversas áreas,

dentre elas a de Gerenciamento de Serviços (GS).

Magalhães & Pinheiro (2007, p. 26) afirmam que o Gerenciamento

de Serviços de TI é fundamental para a indústria de desenvolvimento de software,

pois permite à mesma obter resultados como: (1) capacidade para entregar serviços

de TI em meio à mudança nos negócios; (2) redução de custos de propriedade

através da otimização e utilização apropriada dos recursos de TI; (3) maior

43

possibilidade de atender as necessidades dos clientes quanto aos níveis de serviço

acordados; (4) maior eficiência na prestação dos serviços; (5) alinhamento dos

objetivos da área de TI com as metas de negócio da organização; (6) maior

condição de medir e comparar os níveis de serviço prestados com os níveis

acordados interna e externamente; (7) identificação e justificativa dos custos da

prestação dos serviços de TI.

Segundo os mesmos autores, a Information Technology

Infrastructure Library (ITIL), oferece excelente suporte para o Gerenciamento de

Serviços de TI, com destaque para os processos de Suporte ao Serviço e Entrega

de Serviços. Criada pelo Office of Government Commerce (OGC), Departamento de

Comércio do Governo [Britânico], a ITIL tem por objetivo disseminar as melhores

práticas de Gerenciamento de Serviços de TI, tendo como base a qualidade do

serviço e o desenvolvimento de processos eficazes e eficientes. Cada processo

cobre atividades da área de TI, como desenvolvimento do serviço, gerenciamento de

infra-estrutura, oferta e suporte de serviços.

Este capítulo visa detalhar o Gerenciamento de Serviços segundo o

modelo ITIL. Com esses conteúdos pretende-se destacar a importância da aplicação

dos princípios de GS nas organizações e contribuir para que os gestores da área de

TI prestem serviços eficientes e de qualidade, auferindo valor com a mesma

mediante a implementação das estratégias corporativas.

6.1 Governança de TI

De acordo com Santos (2008, p. 1), a Governança de TI é a área

mais crítica dentro do âmbito da Governança Corporativa. Um dos principais fatores

44

que justificam essa afirmação é a forte dependência dos negócios em relação a TI. A

Governança atua no sentido de tornar conhecidos os valores e a importância

estratégica da TI, de forma a suportar as operações e implementar as metas para

atender o crescimento e a expansão dos negócios (BESERRA & FILHO, 2007, p. 3).

A Governança de TI visa alinhar a área de TI com a organização, de

forma que seus recursos sejam empregados para explorar oportunidades e

maximizar os benefícios em relação aos negócios, assim como extrair maior valor da

TI para concretizar metas de desempenho corporativo.

A evolução do conceito abriu espaço para o surgimento de diversos

modelos de Governança de TI, os quais indicam a necessidade de adoção de

melhores práticas para atingir a eficiência desejada na gestão estratégica da área de

TI. Dentre eles, destaca-se o de Gerenciamento de Serviços de TI.

6.2 Gerenciamento de serviços de TI

“O Gerenciamento de Serviços de TI tem por objetivo prover um

serviço com qualidade e alinhado às necessidades do negócio, buscando sempre

uma redução de custos em longo prazo” (WIKIPÉDIA).

Magalhães & Pinheiro (2007, p. 29) dizem que o Gerenciamento de

Serviços constitui-se em um instrumento pelo qual a área de TI adota uma atitude

pró-ativa e ajustada às necessidades da organização, contribuindo para evidenciar

sua participação na geração de valor do negócio.

Os mesmos autores (2007, p. 34) afirmam categoricamente que a

área de TI necessita estabelecer quais serviços ela entrega para a organização, qual

45

o valor destes para a execução da estratégia de negócio e como garantir que sejam

entregues dentro dos níveis acordados com clientes e usuários.

O Gerenciamento de Serviços consiste em uma atividade orientada

a processos, os quais têm por objetivo contribuir para a qualidade e efetividade dos

serviços de TI. Estes são fundamentais para o sucesso do setor, pois a oferta de

serviços está relacionada a todo o gerenciamento, manutenção e operação da infra-

estrutura de TI da organização (OGC, 2006).

6.3 ITIL

A Information Technology Infrastructure Library (ITIL) é a abordagem

para o Gerenciamento de Serviços de TI mais empregada pelas organizações a

nível mundial. A ITIL consiste em um abrangente e coeso conjunto de melhores

práticas comprovadas de Gerenciamento de Serviços de TI, tendo como base a

qualidade do serviço e o uso de processos eficientes e eficazes (OGC, 2006, p. 21).

A ITIL foi criada na década de 1980 pela Central Communications

and Telecom Agency (CCTA), atual Office of Government Commerce (OGC),

visando suprir a demanda por serviços de TI com qualidade, e que atendam às

exigências e expectativas dos clientes. A primeira versão, formada por cerca de 40

livros, descrevia sobre áreas específicas da manutenção e operação da infra-

estrutura de TI. A segunda versão, totalmente revisada e reformulada é composta de

sete volumes. A partir da década de 1990 a ITIL se tornou um padrão internacional

(norma BS-15000) incorporado à norma ISO 9000. O esforço de atualização e

divulgação da ITIL está a cargo do Information Technology Service Management

46

Fórum (ITSMF), fórum independente e internacionalmente reconhecido, formado por

órgãos públicos, empresas, instituições de ensino, usuários e profissionais.

De acordo com Magalhães & Pinheiro (2007, p. 30), a ITIL promove

uma abordagem qualitativa para o uso efetivo da infra-estrutura de TI, com o objetivo

de agregar valor para o negócio através da redução de custos pelo aumento da

eficiência na entrega e suporte dos serviços de TI, permitindo que a área concentre

seus esforços em novos projetos que atendam as estratégias organizacionais.

A ITIL apresenta a base para estruturar e organizar o

Gerenciamento de Serviços de TI, definindo os processos a serem por ele

incorporados. Entretanto, o modelo não descreve como essas atividades devem ser

implementadas, pois isso pode diferir de uma organização para outra (OGC, 2006, p.

25). A figura 13 apresenta a estrutura da ITIL.

Figura 13. Estrutura da ITIL.

Fonte: OGC, 2006.

6.3.1 Gerenciamento de Serviços

No centro da estrutura dos processos da ITIL está o Gerenciamento

de Serviços, composto pelo Suporte ao Serviço (Service Support) e pela Entrega de

Serviços (Service Delivery). Magalhães & Pinheiro (2007, p. 30) classificam esses

47

processos como táticos (Entrega de Serviços) e operacionais (Suporte ao Serviço).

Os processos do nível tático tratam do relacionamento entre a área de TI e os

clientes, e buscam garantir o cumprimento dos acordos efetuados com os mesmos.

Os processos do nível operacional são responsáveis por manter os serviços de TI

sob as condições acordadas com os clientes.

Figura 14. Processos do Gerenciamento de Serviços. Fonte: MAGALHÃES & PINHEIRO, 2007.

6.3.1.1 Entrega de Serviços

Segundo o OGC (2006, p. 26), a Entrega de Serviços é composta

pelos serviços que o cliente necessita para dar suporte aos negócios e as atividades

necessárias para o fornecimento dos mesmos. Os processos dessa área tratam do

planejamento dos serviços que serão executados pela organização e da melhoria

dos já entregues e em operação. São eles: Gerenciamento de Níveis de Serviço;

48

Gerenciamento Financeiro; Gerenciamento da Capacidade; Gerenciamento da

Disponibilidade e o Gerenciamento da Continuidade dos Serviços de TI.

6.3.1.1.1 Gerenciamento de Níveis de Serviço

O objetivo deste processo é fechar acordos com o cliente sobre o

tipo e a qualidade dos serviços de TI a serem entregues, e implementá-los. Segundo

o OGC (2006, p. 116) os acordos mais comuns tratados pelo processo são:

• Acordo de Nível de Serviço (ANS): Contrato entre a organização e o cliente

que especifica os serviços a serem fornecidos. É elaborado usando termos

não técnicos, apontando as necessidades e expectativas do cliente, servindo

de parâmetro para medir e ajustar os serviços a serem prestados.

• Acordo de Nível Operacional (ANO): Acordo celebrado entre os

departamentos de TI, visando o fornecimento de serviços internos. Neste são

detalhados os elementos de serviço a serem realizados por cada

departamento e que serão necessários para fornecimento do serviço como

um todo, normalmente acordado com o cliente através do ANS.

• Contrato de Apoio (CA): Contrato entre a organização de TI e o fornecedor

externo. Abrange as atividades a serem realizadas por terceiros, e que serão

necessárias para o fornecimento do serviço como um todo, normalmente

acordado com o cliente através do ANS.

• Plano de Qualidade de Serviço (PQS): Define os parâmetros e metas dos

processos de GS e do gerenciamento operacional, avaliando-os através de

indicadores de desempenho. Assim como o ANS define os serviços que serão

fornecidos, o PQS estabelece como estes deverão ser fornecidos.

49

Figura 15. Acordos e documentos para o Gerenciamento de Níveis de Serviços. Fonte: OGC, 2006.

Para o adequado gerenciamento dos níveis de serviço, será preciso

obter informações sobre as necessidades e expectativas do cliente, as facilidades

oferecidas pela área de TI e os recursos financeiros disponíveis.

6.3.1.1.2 Gerenciamento Financeiro

O Gerenciamento Financeiro visa mensurar e demonstrar os custos

de todos os serviços de TI, permitindo aos gestores avaliar e tomar decisões

sensatas dentro da relação custo/benefício, sobre a infra-estrutura e a prestação de

tais serviços. A determinação do custo real dos serviços de TI é importante, pois

reflete e exerce influência direta na elaboração dos orçamentos dos mesmos. O

Gerenciamento Financeiro apresenta diversos métodos de cobrança, bem como

demais aspectos orçamentários.

50

6.3.1.1.3 Gerenciamento da Capacidade

Esse processo desenvolve o Plano de Capacidade, disponibilizando

os recursos de infra-estrutura de TI no momento e volume adequado conforme a

necessidade e a um custo apropriado. Para isso, devem ser identificados os serviços

mais importantes para a manutenção do negócio, e efetuar o planejamento e o

monitoramento da demanda de forma que os níveis de serviço acordados sejam

cumpridos. Além disso, o Gerenciamento da Capacidade envolve a alocação de

recursos, a avaliação do desempenho, o balanceamento da carga de trabalho, a

modelagem, o planejamento da capacidade e o dimensionamento das aplicações.

Figura 16. Atividades do Gerenciamento da Capacidade. Fonte: OGC, 2006.

6.3.1.1.4 Gerenciamento da Disponibilidade

O Gerenciamento da Disponibilidade busca garantir que os recursos

de TI estejam sempre disponíveis conforme os níveis acordados com o cliente, de

forma a haver pouco downtime e rápida recuperação. Para atingir esse objetivo, o

processo de Gerenciamento da Disponibilidade atua em diversas frentes, como na

51

otimização da manutenção, redução de incidentes, aumento da confiabilidade,

garantia da sustentabilidade, manutenção preventiva e inspeções programadas.

Figura 17. Conceitos do Gerenciamento da Disponibilidade. Fonte: OGC, 2006.

6.3.1.1.5 Gerenciamento da Continuidade dos Serviços de TI

Este processo trata do estabelecimento de medidas de contingência

e recuperação dos serviços em caso de ocorrência de acidentes ou desastres,

incluindo as iniciativas para prevenção dos mesmos. O processo descreve técnicas

para garantir a continuidade do serviço mesmo após a ocorrência de um desastre,

segundo parâmetros acordado com o cliente.

52

6.3.1.2 Suporte ao Serviço

O Suporte ao Serviço compreende as atividades necessárias para

garantir a operação e manutenção dos serviços de TI em uso pela organização. Os

processos da área buscam dar o suporte adequado para que as atividades e o

negócio continuem conforme as condições acordadas com o cliente (MAGALHÃES

& PINHEIRO, 2007, p. 67). Compõem o Suporte ao Serviço: Central de Serviços;

Gerenciamento de Incidentes; Gerenciamento de Problemas; Gerenciamento da

Configuração; Gerenciamento de Mudanças e o Gerenciamento de Liberações.

6.3.1.2.1 Central de Serviços

Estabelece o contato entre o usuário e a organização de TI. Ao

contrário dos demais elementos da ITIL, a Central de Serviços não é um processo,

mas uma unidade ou departamento responsável pelo suporte ao usuário. A Central

de Serviços registra os chamados para resolução de incidentes e os encaminha aos

responsáveis pelo atendimento. Algumas Centrais de Serviços provêem alto nível de

serviço, podendo resolver grande parte dos incidentes durante o período do

atendimento, agilizando a retomada do serviço e reduzindo a carga de trabalho de

outros departamentos de TI, à medida que filtra questões não pertinentes e que

podem ser facilmente respondidas, repassando aos departamentos especializados

apenas o que é realmente necessário.

A Central de Serviços controla também os chamados internos do

setor de TI, tanto por incidentes que tenham sido detectados, quanto por solicitações

de serviço requisitadas entre setores distintos da área.

53

Figura 18. Estrutura funcional da Central de Serviços. Fonte: OGC, 2006.

6.3.1.2.2 Gerenciamento de Incidentes

Este processo visa resolver os incidentes envolvendo os serviços de

TI de forma a restabelecê-los no menor prazo possível. Um incidente é definido pela

ITIL como eventos que não dizem respeito ao funcionamento normal de um serviço,

e que causem sua interrupção ou redução de qualidade. Estes podem ser erros de

hardware/software ou Requisições de Serviço (solicitação de suporte ou alterações

que não sejam causadas por falha na infra-estrutura de TI).

Os chamados referentes aos incidentes são registrados,

classificados e encaminhados aos setores adequados. O andamento do chamado é

monitorado até a resolução do incidente, sendo posteriormente encerrado. O

Gerenciamento de Incidentes geralmente é parte da atribuição da Central de

Serviços, por envolver o contato entre o usuário e os diversos setores da área de TI.

54

6.3.1.2.3 Gerenciamento de Problemas

Busca identificar a raiz de um incidente e resolvê-lo definitivamente,

evitando sua reincidência. Ao contrário do Gerenciamento de Incidentes, que

procura resolver o incidente e restaurar rapidamente o serviço, o Gerenciamento de

Problemas leva o tempo que for necessário para resolver determinado problema.

O processo investiga o Banco de Dados de Incidentes e a infra-

estrutura de TI visando encontrar indícios de falhas reais e potenciais na oferta de

serviços. Ao identificar a causa e a solução do problema, este passa a constar na

lista de “erros conhecidos”, e é corrigido normalmente mediante uma Requisição de

Mudança (RDM). Além disso, o Gerenciamento de Problemas cuida da prevenção

das falhas por trás dos incidentes ou por identificação de fragilidades na infra-

estrutura de TI, corrigindo-as e assim evitando que estas venham a ocorrer.

Figura 19. Visão geral do Gerenciamento de Incidentes, Problemas e Mudanças. Fonte: OGC, 2006.

55

6.3.1.2.4 Gerenciamento da Configuração

Controla toda a infra-estrutura de TI, incluindo componentes físicos e

lógicos usados para o gerenciamento dos serviços. O processo registra todos os

itens da infra-estrutura de TI, chamados de Itens de Configuração (ICs), e seus

relacionamentos, em um Banco de Dados de Gerenciamento da Configuração

(BDGC), monitorando o estado desses componentes, suas versões, atualizações e

licenciamento. O Gerenciamento da Configuração contribui para demonstrar o valor

econômico dos serviços de TI, fornecendo informações precisas sobre a infra-

estrutura disponível a outros processos de negócio.

Figura 20. Itens do Gerenciamento de Configuração. Fonte: OGC, 2006.

6.3.1.2.5 Gerenciamento de Mudanças

O Gerenciamento de Mudanças controla as alterações na infra-

estrutura de TI, implementadas tanto como medidas corretivas, ou seja, para corrigir

56

erros, quanto para a introdução de novas funcionalidades ou serviços, visando o

aperfeiçoamento da capacidade técnica da estrutura de TI e a implementação das

mudanças nos serviços, exigidas pela necessidade de modificação nos negócios.

O processo tem por objetivo analisar as mudanças e garantir que, ao

serem aplicadas, causem o menor impacto adverso possível nos serviços em

funcionamento, limitando o surgimento de novos erros. Normalmente envolvem a

execução de outros processos, como o Gerenciamento da Configuração e o

Gerenciamento de Liberações.

A implementação das mudanças é realizada dentro de um caminho

específico cujo fluxo abrange a definição, planejamento, construção, teste,

aceitação, implantação e avaliação.

Figura 21. Fluxos do Gerenciamento de Mudanças. Fonte: OGC, 2006.

6.3.1.2.6 Gerenciamento de Liberações

O Gerenciamento de Liberações administra a implementação das

liberações no ambiente de produção da organização. Uma liberação é composta por

um ou mais Itens de Configuração (ICs) novos ou alterados, testados e aprovados.

57

Normalmente esta implementa uma alteração definida por uma Requisição de

Mudança (RDM). Esse processo tem por objetivo garantir a integridade do ambiente

de produção, usando procedimentos formais e verificações para incluir novas

versões ou restaurar versões anteriores, caso seja necessário.

Figura 22. Procedimentos para Controle de Versões. Fonte: OGC, 2006.

O Gerenciamento de Liberações registra todas as liberações em

bases de dados específicas, como na Biblioteca de Software Definitiva (BSD), para

as alterações de software, no Depósito de Hardware Definitivo (DHD), para as

modificações de hardware, e no Banco de Dados de Gerenciamento de

Configuração (BDGC), mantido pelo processo de Gerenciamento da Configuração.

Figura 23. Atividades do Gerenciamento de Liberações. Fonte: OGC, 2006.

58

6.3.2 Gerenciamento de Segurança

O Gerenciamento de Segurança visa controlar e proteger o fluxo de

informações da organização, impedindo o acesso e o uso não-autorizado das

mesmas. Com a utilização crescente da Internet, das Intranets, das redes de

computadores, do comércio eletrônico e dos sistemas Web, aumentam os riscos de

invasão, roubo de informações, fraudes e todo tipo de crime praticado através de

meios eletrônicos. A segurança é um aspecto de qualidade essencial do

gerenciamento, e compreende a invulnerabilidade a riscos conhecidos e a busca

pela mitigação de riscos desconhecidos.

Os requisitos de Segurança da Informação pertinentes ao negócio

envolvem tanto os clientes quanto os provedores de serviço, de forma que devem

ser considerados e constar no Acordo de Níveis de Serviço (ANS) estabelecido entre

as partes. As atividades do processo visam proteger o valor da informação em

termos de confidencialidade (controle de acesso), integridade (precisão, inteireza e

pontualidade da informação) e disponibilidade (possibilidade de acessar a

informação em qualquer ocasião definida).

O Gerenciamento de Segurança adota medidas para garantir que os

aspectos de segurança dos serviços sejam sempre fornecidos no nível acordado

com o cliente e a manutenção do funcionamento ininterrupto da organização.

6.3.3 Gerenciamento da Infra-estrutura de TI

O Gerenciamento da Infra-estrutura de TI tem por objetivo

disponibilizar uma infra-estrutura adequada às necessidades do negócio e da

organização, a um custo aceitável. As atividades do processo incluem:

59

• Desenho: Elaborar a arquitetura a ser empregada para a construção da

infra-estrutura tecnológica;

• Planejamento: Definir o plano para aquisição, instalação, e distribuição dos

elementos que constituirão a infra-estrutura tecnológica da organização, de

acordo com as necessidades do negócio;

• Implementação: Aplicação do planejamento, com a instalação e entrega de

todos os componentes definidos no plano.

• Operação: Uso da infra-estrutura tecnológica estabelecida para a realização

dos objetivos do negócio, mantendo sob controle os níveis de desempenho e

capacidade, em sintonia com as necessidades do mesmo.

• Suporte: Manter o funcionamento dos componentes da infra-estrutura de TI,

e contribuir para a ampliação da oferta de serviços da organização.

O processo é importante tanto para garantir o alinhamento da infra-

estrutura com as necessidades do negócio, quanto para avaliar e controlar o Total

Cost of Ownership (TCO), ou seja, o Custo Total de Propriedade. Segundo

Magalhães & Pinheiro (2007, p. 81), a avaliação do TCO é importante, pois permite

à organização controlar os custos (incluindo aquisição, gerenciamento e suporte),

definir os níveis de prioridade dos investimentos na área de TI e assim tomar

decisões tecnologicamente viáveis.

6.3.4 Gerenciamento da Aplicação

O Gerenciamento da Aplicação é o processo utilizado para controlar

todo o ciclo de vida das aplicações, desde a análise e desenvolvimento até o

60

gerenciamento dos serviços fornecidos pela mesma, proporcionando à organização

flexibilidade para implementar as mudanças requeridas pelo negócio.

O processo compreende o levantamento de requisitos, a definição

do projeto e a construção ou aquisição de uma aplicação que será utilizada para

atender às necessidades da organização. Gerenciamento dos serviços, por sua vez,

inclui as atividades de implantação, operação, suporte e otimização da aplicação,

garantindo que a mesma forneça os níveis de serviço acordados com o cliente.

O processo de Gerenciamento da Aplicação utiliza essa abordagem

abrangente visando a integração entre os processos de desenvolvimento e de

gerenciamento de serviços, a fim de oferecer um serviço ininterrupto e de qualidade.

Figura 24. Ciclo de Vida do Gerenciamento da Aplicação.

Fonte: OGC, 2006.

6.3.5 A Perspectiva do Negócio

A abordagem da Perspectiva do Negócio visa conscientizar os

envolvidos com o fornecimento dos serviços, quanto ao valor e importância destes

para o sucesso dos negócios. As ações para promover essa compreensão orientam

as equipes do setor de TI de que elas são partes integrantes do ambiente total do

negócio, e não entidades separadas. O conceito enfatiza a mudança de paradigma

61

com relação ao papel da TI dentro da estrutura da organização, de cuidador, para

parceiro do negócio.

Segundo a ITIL, para disseminar a Perspectiva do Negócio devem-

se estabelecer relacionamentos efetivos entre a TI e o negócio, assim como

promover o ajuste entre a oferta de serviços e as atividades da empresa, com a

intenção de entregar serviços de qualidade. Os envolvidos com a TI devem ter a

visão de como agregar valor da mesma dentro da cadeia do negócio, bem como a

atitude de considerar os objetivos deste em todas as suas atividades.

Figura 25. Relacionamento entre a TI e o Negócio.

Fonte: OGC, 2006.

6.3.6 Planejamento para Implementar o Gerenciamento de Serviços

Este processo descreve o planejamento e as ações para implantar

ou aperfeiçoar a prática de GS na organização, segundo a abordagem da ITIL.

Todos os aspectos relacionados a Pessoas, Cultura, Processos e Tecnologia

precisam ser levados em conta ao adotar a prática de GS no contexto

62

organizacional. Para implementar ou aperfeiçoar a atividade, o processo recomenda

a técnica denominada Programa de Aperfeiçoamento Ininterrupto do Serviço (PAIS).

O programa é composto por 6 fases iterativas, nomeadas em forma

de perguntas, as quais são:

1. Qual é a visão? Descreve a intenção do programa quanto a seus objetivos,

enfatizando o comprometimento e a motivação do pessoal com a adoção de uma

visão de gerenciamento voltada para os negócios;

2. Onde estamos agora? Identifica a situação atual da organização, tanto do ponto

de vista do negócio quanto da tecnologia, bem como os níveis de maturidade, as

categorias de responsáveis envolvidos e os processos e ferramentas em uso

pela organização, auxiliando o programa a compreender a complexidade e o

esforço necessários para atingir os objetivos definidos conforme a visão.

3. Onde queremos estar? Especifica as atribuições e características que a

organização de TI almeja possuir para se tornar uma organização alinhada com o

negócio, incluindo a avaliação do impacto, as metas a serem cumpridas, os

custos e benefícios, os riscos e as oportunidades do aperfeiçoamento.

4. Como chegamos aonde queremos estar? Indica como as mudanças serão

realizadas, e o que deverá ser feito para chegar onde se quer estar.

Normalmente abrange a escolha do ponto de partida (por onde começar), o

esclarecimento dos envolvidos quanto às modificações que serão

implementadas, a mudança organizacional e cultural, o estabelecimento de

atribuições e responsabilidades aos envolvidos, o treinamento do pessoal, o

gerenciamento do processo e aperfeiçoamento das ferramentas.

63

5. Como verificamos se os marcos foram atingidos? Avalia se os objetivos e

marcos planejados foram atingidos, com base em alvos mensuráveis, auditorias,

revisões, indicadores de desempenho e pesquisas de satisfação do cliente.

6. Como mantemos o impulso? Atua no sentido de manter os aperfeiçoamentos

obtidos com a implementação do programa. Para isso, indica a

institucionalização das mudanças, monitoração contínua, revisão dos processos

e das métricas, melhoria freqüente da qualidade, ajuste contínuo da TI com o

negócio e o compartilhamento da base de conhecimento entre os envolvidos.

Figura 26. Estágios do Programa de Aperfeiçoamento Ininterrupto do Serviço. Fonte: OGC, 2006.

7 ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS

A Tecnologia da Informação tornou-se um importante componente

estratégico para as organizações, que carecem de flexibilidade e capacidade para

responder a um mercado globalizado e em constante mudança. Porém, a promoção

da TI a um lugar estratégico, causou um aumento da complexidade de seu

ambiente, exigindo uma estrutura de gestão especializada, visando obter melhor

aproveitamento e alinhamento aos objetivos do negócio (COSTA, 2007, p. 1).

Como os projetos de TI implementam tais estratégias, as

organizações têm observado um aumento do número de projetos sob sua

responsabilidade e, conseqüentemente, a importância de gerenciá-los de forma

centralizada, integrada e padronizada. Para suprir essas demandas e principalmente

agregar o valor da TI através do alinhamento dos objetivos dos projetos às metas de

negócio das organizações, surgiu o conceito de Project Management Office (PMO)

ou Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP) (COSTA, 2007, p. 1 apud

FURUMO et al., 2005).

Segundo Martins (2005, p. 94), um EGP consiste em uma área ou

setor que fornece suporte e orientação aos gerentes de projetos, dirigentes e

gerentes funcionais envolvidos com os projetos da organização, gerando maior

consistência na aplicação de métodos, práticas e padrões de GP.

Este capítulo descreve de forma detalhada o conceito de EGP, os

motivos para sua implementação, suas principais atribuições, os tipos ou modelos

mais comuns, sua estrutura interna, as vantagens da adoção e as diretrizes para

implantar e tornar o EGP alinhado às estratégias de negócio da corporação.

65

7.1 Conceito de EGP

De acordo com o PMBOK (2004, p. 17), um EGP “é uma unidade

organizacional que centraliza e coordena o gerenciamento de projetos sob seu

domínio”. O EGP proporciona a simplificação, facilidade e otimização à atividade de

GP em corporações que controlam muitos projetos simultaneamente, aliviando o

trabalho dos gerentes de projeto ao compartilhar o planejamento, acompanhamento

e execução das tarefas relacionadas a estes (PRADO, 1999, p. 2).

Anselmo (2002, p. 20 apud RAD & RAGHAVAN, 2000) afirma que

um EGP é uma entidade organizacional cuja missão é prover o foco institucional nos

procedimentos de gerência de projetos, registrando e aplicando as experiências e

lições aprendidas durante as atividades de GP. Além disso, tem a função de

organizar e padronizar as práticas diversificadas de GP, definindo processos e

padrões repetíveis e estruturas para medição e verificação do cumprimento destes

(ANSELMO, 2002, p. 21 apud DUGGALL, 2001).

Segundo o mesmo autor (2002, p. 21), um EGP pode atuar também

como um provedor de recursos de GP, mantendo um repositório de serviços,

profissionais, processos, métodos e ferramentas de apoio. O autor complementa

afirmando que o EGP é uma divisão física ou virtual composta por profissionais

especializados em GP, com a função de atuar como um centro de excelência em

gestão de projetos (ANSELMO, 2002, p. 21).

Para Sbragia, Rodrigues & Gonzáles (2007, p. 4), o EGP atua como

uma unidade responsável pelos processos de gestão de projetos, passando a ser a

casa dos gerentes de projetos, que lhes dá o respaldo necessário para gerenciar

seus empreendimentos dentro do prazo, custo e qualidade requeridos. Segundo os

66

mesmos autores, o escritório pode atuar também como um elo de ligação entre o

gerente de projeto e a alta administração, implementando um sistema de feedback

que permite o aperfeiçoamento contínuo da disciplina no seio da organização. A

figura 27 ilustra o papel de um EGP.

Figura 27. Conceito de EGP. Fonte: SBRAGIA, RODRIGUES & GONZÁLES, 2007.

Conforme o PMBOK (2004, p. 17), um EGP pode operar tanto em

funções de apoio ao gerenciamento de projetos, na forma de treinamento, software,

políticas padronizadas e procedimentos, quanto no gerenciamento efetivo de um

projeto. Ao EGP pode ser delegada a autoridade para desempenhar o papel de

stakeholder com poder de decisão em cada fase do mesmo, visando manter a

consistência destes aos objetivos do negócio. Além disso, o EGP pode estar

envolvido na gestão do pessoal que participa dos projetos.

O PMBOK (2004, p. 18) cita várias características importantes de um

EGP, dentre as quais:

67

• Coordenação e compartilhamento de recursos entre projetos a cargo do EGP;

• Desenvolvimento de metodologia, melhores práticas e normas de GP;

• Centralização e gerenciamento das informações para políticas,

procedimentos, modelos e outras documentações do projeto;

• Gerenciamento de configuração centralizado;

• Repositório e gerenciamento centralizados para riscos compartilhados e

exclusivos para todos os projetos;

• Operação e gerenciamento de ferramentas do projeto, como software de GP,

para toda a organização;

• Coordenação central de gerenciamento das comunicações entre projetos;

• Uma plataforma de aconselhamento para gerentes de projetos;

• Monitoramento de todos os prazos e orçamentos dos projetos;

• Coordenação dos padrões de qualidade globais do projeto entre o gerente de

projetos e qualquer pessoal interno ou externo de qualidade ou organização

de normalização.

7.2 Motivos para implementar um EGP

A implementação do EGP em uma organização é motivada por

diversos fatores, os quais estão relacionados ao sucesso dos projetos, ao

cumprimento dos objetivos organizacionais e à eficácia do EGP, comprovada

através de pesquisas.

Anselmo (2002, p. 26 apud CRAWFORD, 2001) cita alguns dos

fatores que motivam a utilização do EGP e estão diretamente relacionados ao

sucesso dos projetos, os quais são:

68

• Conscientização dos Gerentes de Projeto quanto às diretrizes estratégicas da

organização e enfoque à realização dos projetos em conformidade com estas;

• Melhoria das ações de monitoramento e controle, evitando que a decisão de

interromper ou corrigir projetos mal conduzidos aconteça tarde demais,

quando parte dos recursos foi consumida;

• Treinamento adequado dos gestores;

• Comprometimento e entendimento por parte da alta administração quanto à

importância dos projetos;

• Estabelecimento de procedimentos, processos e ferramentas, e ampla

divulgação dos mesmos.

Costa (2007, p. 6 apud PRADO & MATOS, 2004) destaca a relação

entre a origem dos projetos e as metas para atender as estratégias de negócio das

organizações. Segundo o autor, os projetos estão associados ao cumprimento de

metas estratégicas da corporação, e para gerenciá-los e mantê-los focados no

atendimento a essas metas é importante manter uma coordenação centralizada e

controlada por um EGP.

Segundo Anselmo (2002, p. 26), um outro fator que tem motivado a

implementação do EGP é o aumento da taxa de sucesso dos projetos

organizacionais, verificado através de pesquisas, como a pesquisa CHAOS 2001, do

Standish Group, que revelou um aumento de 30% no índice de sucesso dos

projetos, em comparação ao mesmo levantamento realizado em 1994. Conforme a

pesquisa, o crescimento ocorreu devido à melhoria no gerenciamento de projetos

obtida com a implantação do EGP nas organizações.

69

7.3 Tipos ou modelos de EGP

De acordo com Sbragia, Rodrigues & Gonzáles (2007, p. 6), há

vários modelos de EGP definidos na literatura. O que distingue cada um em relação

ao outro, são os diferentes graus de autoridade e responsabilidade. A escolha do

modelo mais adequado depende da maturidade da organização em relação à

disciplina, e da estrutura organizacional da mesma, dentre outros fatores.

Segundo os mesmos autores, não há um modelo padrão de EGP

que atenda a todas as necessidades de todos, mas cada organização deve definir o

que melhor se adapte à sua realidade. Apesar da diversidade de modelos, a maior

parte dos autores divide o EGP em 3 tipos principais, apresentados conforme o

quadro e as figuras a seguir:

AUTOR NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3

CRAWFORD Escritório de Controle de Projetos

Escritório de projetos de uma área do negócio

Escritório Estratégico de Projetos

KATE Escritório de Suporte de Projetos

Escritório de Projetos e Programas

Escritório de Governança de Projetos e Programas

CASEY & PECK Estação Meteorológica Torre de Controle Repositório de Recursos

Quadro 3. Tipos de EGP.

70

Figura 28. Modelo de EGP segundo CRAWFORD.

Fonte: ANSELMO, 2002.

Figura 29. Modelo de EGP segundo KATE.

Fonte: ANSELMO, 2002.

Figura 30. Modelo de EGP segundo CASEY & PECK.

Fonte: ANSELMO, 2002.

71

7.3.1 EGP de Nível 1

Este tipo de EGP tem a atribuição de emitir relatórios padronizados a

respeito dos projetos, sem influenciar a forma como estão sendo conduzidos. Esses

relatórios auxiliam os gerentes de projetos a monitorar o progresso, identificar os

riscos e controlar o orçamento (ANSELMO, 2002, p. 29-31).

Um EGP de nível 1 pode estar envolvido em projetos de média

complexidade ou em empreendimentos únicos de grande complexidade, e tem a

responsabilidade de manter a base de dados histórica sobre os mesmos e as lições

aprendidas com estes (SBRAGIA, RODRIGUES & GONZÁLES, 2007, p. 7).

Anselmo (2002, p. 31) afirma que este modelo de EGP trabalha no

nível operacional, auxiliando os gerentes de projetos e seus times nas atividades do

dia-a-dia relacionadas aos projetos, contribuindo para que os mesmos alcancem

suas metas. Apesar de aparentemente simples, um EGP de nível 1 é importante,

pois suas funções definem a freqüência, o formato, o método de entrega e as

ferramentas necessárias para os relatórios de planejamento.

7.3.2 EGP de Nível 2

Um EGP de nível 2 agrega e amplia o conceito e as atribuições do

EGP de nível 1, com autoridade para influir no andamento dos projetos e

estabelecer as diretrizes a serem cumpridas por seus gerentes.

Esse tipo de EGP tem a responsabilidade de definir a metodologia

de GP da organização, incluindo a gestão de riscos e do escopo, a definição dos

papéis e responsabilidades, a forma de comunicação, o processo e as ferramentas

de GP para cada projeto, bem como assegurar que a mesma seja corretamente

72

seguida e constantemente aprimorada (SBRAGIA, RODRIGUES & GONZÁLES,

2007, p. 7).

Anselmo (2002, p. 33 apud CASEY & PECK, 2001) diz que um EGP

de nível 2 geralmente é utilizado para controlar projetos grandes ou vários médios e

pequenos, possuindo também as seguintes funções:

• Promover treinamentos em GP;

• Fixar padrões e métricas de GP, e verificar seu cumprimento;

• Proporcionar o alinhamento dos projetos às estratégias do setor;

• Manter o histórico das lições aprendidas e aplicá-las em projetos novos;

• Padronizar ferramentas de GP;

• Prover mecanismos para gerenciamento de mudanças;

• Dar suporte e orientação para projetos com problemas.

Para implantar um EGP de nível 2, a organização deve ser capaz de

coordenar o gerenciamento de recursos, orçamentos e cronogramas, mantendo a

consistência dos processos nos projetos de forma integrada. Por estar situado

geralmente no nível departamental ou divisional, esse modelo de EGP preocupa-se

com a eficiência na gestão dos recursos entre os diversos projetos, com a

integração de tempo e orçamento entre os mesmos, buscando impor um padrão de

excelência de gestão de projetos nesse nível (ANSELMO, 2002, p. 34).

7.3.3 EGP de Nível 3

Esta modalidade de EGP atua no nível estratégico da organização,

estabelecendo e gerenciando as políticas de GP para todos os projetos da mesma,

73

cuidando da gestão do portfolio corporativo e do alinhamento dos objetivos dos

projetos aos objetivos organizacionais (ANSELMO, 2002 p. 35).

Segundo o mesmo autor, um EGP de nível 3 possui, dentre outras,

as seguintes atribuições:

• Fornecer todas as funções de um EGP de nível 2;

• Estabelecer padrões de GP a serem seguidos por toda a organização;

• Identificar e priorizar os projetos mais importantes no contexto organizacional;

• Efetuar a gestão de recursos em nível corporativo;

• Definir políticas de treinamento e desenvolvimento dos gestores de projetos;

• Monitorar os projetos utilizando um sistema de controle;

• Atuar na análise e revisão de projetos;

• Manter uma base de conhecimento em GP da organização, armazenando e

provendo informações a respeito dos objetivos dos projetos, orçamentos,

progresso e história, tanto durante o ciclo de vida do mesmo como depois, na

forma de lições aprendidas.

No nível 3, o EGP geralmente é considerado um centro de

excelência em GP, por conduzir e orientar os gerentes de projetos e demais

envolvidos a alcançar seus resultados de maneira mais eficiente, provendo a

coordenação e visão necessária para selecionar, priorizar e monitorar projetos e

programas que contribuam para o cumprimento da estratégia organizacional.

7.4 Funções de um EGP

De acordo com Anselmo (2002, p. 37), as funções atribuídas a um

EGP podem ser organizadas em duas categorias: Processos e Pessoas.

74

As funções relacionadas aos Processos abrangem as atividades

necessárias para implementar a metodologia de gerenciamento de projetos definida

pelo EGP. Algumas dessas funções são relacionadas a seguir:

Estabelecer programações e cronogramas;

Elaborar e emitir relatórios;

Prestar suporte na escolha e operação de softwares;

Arquivar a documentação e demais informações;

Gerenciar as mudanças;

Auxiliar na elaboração de propostas comerciais;

Dar assistência na fase inicial e ao longo da execução dos projetos;

Orientar na recuperação de projetos com problemas;

Auxiliar na elaboração do plano de riscos;

Elaborar, desenvolver, e aprimorar a metodologia de GP da organização;

Estabelecer e garantir o uso de padrões e melhores práticas de GP;

Manter a base de dados histórica dos projetos com as lições aprendidas;

Promover o alinhamento dos projetos às estratégias corporativas;

Efetuar a priorização de projetos;

Conduzir a gestão de portfolio;

Proporcionar meios para obter a garantia de qualidade.

As funções que dizem respeito às Pessoas consistem basicamente

nas ações a serem realizadas para recrutar, manter e gerenciar os profissionais que

estarão diretamente envolvidos com o gerenciamento dos projetos e com o EGP.

São algumas dessas funções:

Assessorar a alta administração quanto aos projetos;

Contratar ou escolher os gerentes de projetos, e avaliar seu desempenho;

75

Elaborar e aplicar planos de carreira e políticas salariais aos gerentes de

projeto;

Acompanhar o desenvolvimento dos profissionais;

Definir funções e responsabilidades do gerente de projetos;

Auxiliar na contratação de fornecedores externos;

Desenvolver um plano para identificar e utilizar recursos, capacidades,

competências e habilidades;

Participar de reuniões com os stakeholders;

Coordenar programas de treinamento visando capacitação e certificação;

Transferir conhecimento;

Atuar na resolução de conflitos;

Definir os papéis de GP na estrutura organizacional.

O autor frisa que buscar o equilíbrio na aplicação das funções de

ambas as categorias é um fator de sucesso para o EGP.

7.5 Estrutura de um EGP

Segundo Prado (1999, p. 5), a estrutura interna de um EGP varia

conforme o porte do mesmo, de modo que os diversos papéis existentes podem ser

exercidos por uma ou várias pessoas. Um EGP típico possui, dentre outros, os

seguintes papéis:

• Diretor do EGP: Responsável pela atuação do EGP na organização, com

autoridade formalmente constituída. Relaciona-se, por um lado, com a alta

administração, reportando à mesma as informações a respeito dos projetos

em andamento e seus resultados em favor dos negócios, buscando o

76

comprometimento e o apoio desta na forma de investimentos e priorização de

recursos. Além disso, o diretor participa das decisões e do planejamento

estratégico corporativo, comunicando a visão, o escopo e os benefícios do

EGP para toda a organização. Por outro lado, mantém contato com os

gerentes de projetos, gerentes funcionais envolvidos com projetos e demais

membros do EGP, coordenando as atividades destes em prol do bom

andamento dos trabalhos, do cumprimento das metodologias e padrões, do

aprimoramento das habilidades dos envolvidos em GP, da obtenção de

resultados positivos observáveis e mensuráveis, além de resolver os

impasses entre as partes;

• Especialista em Gerenciamento de Projetos: Assessora a execução dos

projetos, realiza tarefas administrativas, emite relatórios, define ou aplica

padrões e regras, verifica a consistência entre os mesmos, avalia propostas,

elabora treinamentos, cuida do controle de qualidade dos projetos,

desenvolve, aplica e aperfeiçoa metodologias ou processos e faz auditoria em

projetos, dentre outras funções;

• Especialista em Software e Documentação: Dá suporte, treinamento e

assessoria aos usuários nas ferramentas informatizadas, softwares de

gerenciamento de projetos, manutenção de banco de dados históricos e de

lições aprendidas, arquivamento de documentação, desenvolvimento de

novos aplicativos de gerenciamento e controle, etc.;

• Gerente de Projeto: A missão do gerente de projeto é realizar com sucesso

os projetos sob sua responsabilidade, cumprindo os objetivos de cada um

dentro do prazo, orçamento e escopo definidos. O Gerente de projeto reporta

ao diretor do EGP, ao patrocinador do projeto e demais interessados as

77

informações relativas ao andamento dos mesmos, e é dotado de autoridade e

poder decisório no âmbito dos projetos por ele coordenados, sempre

buscando resolver os problemas e apresentar resultados satisfatórios.

7.6 Implantação de EGP

Conforme Gerhard (2004, p. 33, apud BLOCK, 1998), a implantação

satisfatória de um EGP demanda um esforço conjunto de toda a organização, e deve

ser feita mediante um planejamento cuidadoso, para ser bem sucedido.

Anselmo (2002, p. 52 apud CRAWFORD, 2000) afirma que a

implantação envolve um processo de gestão de mudanças, incluindo a modificação

da cultura organizacional, a qual envolve as crenças e valores a respeito do

trabalho, dos estilos de gerenciamento, das regras de negócio, dos processos, das

formas de decisão, comunicação e reconhecimento, bem como a relação com

clientes e critérios de qualidade. Segundo o autor, é necessário conhecer e trabalhar

a mudança da cultura organizacional, a fim de que as alterações necessárias para a

implantação do EGP possam ser realizadas com sucesso. Uma forma de amenizar o

impacto dessas mudanças é implantar o EGP por partes ou em fases.

7.6.1 Fases de implantação

A literatura não aponta um consenso quanto às fases e a ordem das

atividades necessárias para a implantação de um EGP. No entanto, alguns autores

como Gerhard (2004, p. 34 apud DINSMORE, 1999) e Anselmo (2002, p. 53 apud

VALERIANO, 2001) sugerem a implantação do EGP em quatro fases: Projeto ou

78

Planejamento; Implantação; Operação e Melhoria Contínua. O último autor

apresenta ainda uma outra abordagem para implantação do EGP, baseada na

imediata obtenção de valor, com a implementação mais simples a curto prazo,

sendo aprimorada e aprofundada a longo prazo.

7.6.1.1 Fase de Projeto ou Planejamento

A primeira fase para a implantação é a de projeto. Gerhard (2004, p.

34 apud VALERIANO, 2002) ressalta a importância de considerar a implementação

de um EGP como um projeto, e nesse aspecto, a fase de planejamento é de suma

importância, pois estabelece os fundamentos sobre os quais o mesmo será inserido.

Nesse sentido, uma das primeiras atividades é a designação do

gerente que será responsável pelo projeto de implantação do EGP, e que

futuramente poderá se tornar o diretor do mesmo. Este ficará encarregado de

elaborar o projeto, determinando as necessidades e formas de supri-las, assim como

as atribuições do EGP a curto e longo prazo (ANSELMO, 2002, p. 54).

Gerhard (2004, p. 35 apud DINSMORE, 1999) afirma que o projeto

deve definir os objetivos do EGP, seu porte, os esforços para o mesmo entrar em

operação, os recursos necessários, os custos envolvidos, os prazos e os riscos, bem

como o plano de comunicação para as fases de implantação e pós-implantação.

7.6.1.2 Fase de Implantação

Nesta fase são obtidos os recursos necessários ao funcionamento

do escritório, conforme determinado pelo projeto. Além disso, a equipe é formada e

79

a estrutura física e administrativa do escritório é montada, de forma que o mesmo

esteja pronto para iniciar os trabalhos. Porém, antes de entrar em operação, a

equipe deve ser treinada nos processos estabelecidos, de preferência em projetos

reais que servirão como pilotos para as primeiras avaliações, correções e ajustes

(GERHARD, 2004, p. 35 apud VALERIANO, 2002).

O mesmo autor destaca, ainda, a necessidade de dar especial

atenção a pontos específicos e importantes da fase de implantação, como a infra-

estrutura de hardware, software e redes, as quais devem ser compatíveis e

apropriadas para o porte do EGP escolhido e para a realização eficiente de seus

trabalhos (armazenagem, emissão de relatórios, etc.). Outro ponto de suma

importância refere-se à determinação da metodologia e dos procedimentos padrão,

os quais devem convergir para um processo comum de gerenciamento dos projetos.

Finalmente, é preciso levar em consideração as pessoas, o poder e a política,

adotando uma estratégia de envolvimento e convergência dos participantes, de

modo que seus interesses e opiniões sejam considerados e não desprezados.

7.6.1.3 Fase de Operação

Após ser implantado e verificado que os processos e a equipe estão

em conformidade, o EGP passa a entrar em operação, atendendo os primeiros

projetos e ampliando o número destes com o passar do tempo e o aumento de sua

experiência. Anselmo (2002, p. 54) lembra que nessa fase é importante que os

procedimentos e processos sejam acompanhados, avaliados, e ajustados conforme

a necessidade.

80

7.6.1.4 Fase de Melhoria Contínua

Ao entrar em operação, o EGP passa a cumprir o papel para o qual

foi designado. A fase de melhoria contínua tem o propósito de ampliar a eficiência do

escritório, através do aprimoramento dos processos, atualização de ferramentas,

softwares e meios de comunicação, reciclagem da equipe, utilização de novas

metodologias e obtenção de melhores resultados com lições aprendidas

(ANSELMO, 2002, p. 54). Gerhard (2004, p. 35) acrescenta que o refinamento das

habilidades e funções do EGP também ocorre nessa fase, assim como o esforço

para entregar melhores produtos.

7.6.2 Outra abordagem de implantação

Conforme citado anteriormente, Anselmo (2002, p. 54 apud

BRIDGES & CRAWFORD, 2000) apresenta uma outra abordagem para implantação

de EGP, que consiste na implantação inicial de um escritório mais simples, focado

na rápida obtenção de valor e atendimento das necessidades do negócio, porém,

com um plano de implantação de longo prazo, baseado na maturidade dos

processos repetíveis e padronizados gerados.

Para que essa abordagem seja viável, o autor também recomenda a

divisão em quatro fases distintas:

• Preparar o terreno: Consiste em planejar as iniciativas de curto e longo

prazo, com o estabelecimento de objetivos a serem atingidos, levando em

conta a situação atual da organização quanto à maturidade da mesma em

GP. Nessa fase acontecem também, as reuniões com os stakeholders, a

81

montagem da equipe e a preparação da estratégia de comunicação, e termina

com a aprovação dos planos e a continuidade do processo.

• Começar com as iniciativas de curto prazo: Nessa fase o EGP entra em

operação, com a alocação da equipe e a divulgação para toda a organização

a respeito do EGP e de suas responsabilidades. As iniciativas de curto prazo,

definidas anteriormente, são imediatamente colocadas em prática, as quais

devem evidenciar resultados rápidos, como a catalogação dos projetos; o

suporte para novos projetos; a especificação de modelos e padrões; a

consolidação de relatórios e indicadores; adoção de metodologias e

treinamentos para equipes de projetos. Essa fase encerra-se quando as

iniciativas de curto prazo estiverem consolidadas e apresentando resultados.

• Caminhar com soluções de longo prazo: Com o EGP em operação e as

atividades de curto prazo assimiladas, parte-se para o cumprimento dos

objetivos de longo prazo, que consistem na melhoria das práticas de GP em

uso e no desenvolvimento da equipe. Nessa fase, os gestores do EGP se

concentram em desenvolver os processos, metodologias e métricas, em

estabelecer um programa fixo de treinamento, gerenciar os recursos,

padronizar relatórios, implementar planos de carreira, escolher ferramentas e

cuidar da gestão de portfolio e das mudanças organizacionais.

• Manter e aprimorar: As atividades dessa fase visam manter as atividades

definidas ao EGP e ajustar continuamente os processos e demais atribuições

do mesmo, visando maior eficiência e a busca de novas oportunidades que

permitam a geração de valor para a organização, por meio de implementação

rápida e em consonância com as estratégias organizacionais.

82

7.7 Fatores de Sucesso na Implantação de EGP

A literatura apresenta diversos fatores que devem ser levados em

conta para a implantação de um EGP com sucesso. São esses fatores:

1. Apoio da alta administração: O patrocínio da alta administração é

imprescindível para a formação e continuidade do EGP. A direção deve estar

sintonizada à alta gerência conservando seu apoio (GERHARD, 2004, p. 36);

2. Amparo dos stakeholders: Pode haver resistência à implementação do

EGP por diversos setores da organização, por exemplo, devido à sensação

de perda de poder por parte de áreas funcionais ou pela percepção deste

como um elemento organizacional meramente burocrático ou que intervém

nos projetos (SBRAGIA, RODRIGUES & GONZÁLES, 2007, p. 12). Devem-

se enfatizar o caráter facilitador, auxiliador e prestador de serviços do EGP

aos stakeholders, além de envolvê-los no processo, conhecer e atender suas

necessidades, expectativas e objetivos (ANSELMO, 2002, p. 50);

3. Rápida Geração de Valor: A equipe deve procurar obter, no menor tempo

possível, resultados positivos e que demonstrem os benefícios e o valor da

adoção do EGP para a organização (ANSELMO, 2002, p. 49). Conforme

Gerhard (2004, p. 37 apud VALERIANO, 2001), a qualidade e eficiência dos

serviços prestados devem satisfazer suas atribuições iniciais, senão será

mais difícil crer que poderão evoluir para atividades mais elevadas;

4. Simplicidade dos processos: Anselmo (2002, p. 49) sugere iniciar a

implementação partindo das tarefas mais simples, procurando atender as

questões mais fáceis e básicas, para futuramente se envolver com as mais

complexas. O autor não recomenda a otimização imediata de cada aspecto

83

do gerenciamento de projetos, mas aos poucos, devido à complexidade

inerente no processo quando aplicado de uma vez;

5. Comunicação eficiente: A comunicação é outro fator importante de sucesso

para a implantação de um EGP, pois a ausência da mesma causa

desinformação, expectativas infundadas, entendimento não realista e

conceitos equivocados a respeito do EGP e de seu papel na organização

(SBRAGIA, RODRIGUES & GONZÁLES, 2007, p. 12).

6. Infra-estrutura adequada: Investimentos em infra-estrutura, hardware,

software, sistemas de armazenamento, espaço físico e demais recursos são

importantes instrumentos que influenciam o trabalho e a eficiência do EGP;

7. Planejamento e coordenação eficaz: A falta de planejamento e

coordenação das ações a serem tomadas no processo de implantação e

operação do EGP pode dificultar tanto o entendimento do por parte dos

stakeholders a respeito do escopo e dos objetivos do escritório, quanto o

controle efetivo do processo de implementação.

8. Capacitação das equipes em GP: Assim como é importante investir em

infra-estrutura e tecnologia, da mesma forma se faz necessário aplicar parte

dos recursos em um plano de capacitação da toda a equipe do EGP, em face

da necessidade de manter um quadro de profissionais qualificados, tanto

para elaborar quanto para dar suporte aos projetos desenvolvidos pela

organização e supervisionados pelo EGP.

9. Aplicação correta da metodologia: A metodologia de GP escolhida deve

ser coerente, adaptada ao contexto da organização e aceita pela maioria.

Não precisa ser necessariamente nova (não reinventar a roda), mas baseada

em melhores práticas reconhecidas.

84

7.8 Benefícios com a Implantação de EGP

Segundo Anselmo (2002, p. 45 apud KATE, 2000), a implementação

de um EGP pode trazer muitas vantagens para a organização, a curto, médio e

longo prazo. “Os benefícios são claramente demonstrados, mostrando que os

projetos são finalizados no prazo, dentro do orçamento e baseado nas expectativas

dos clientes mais freqüentemente do que eram antes da implantação do EGP”.

Prado (1999, p. 10) afirma que as organizações que implantam o

EGP experimentam, com o tempo, um processo de maturidade que evolui para um

estágio de excelência em GP, e que se reflete nos envolvidos com os projetos e com

o EGP, os quais atingem um alto nível de especialização.

Outra melhoria advinda da implantação do EGP é a da

comunicação, tanto com a maior disseminação das informações obtidas entre os

projetos e as unidades de negócio da organização, quanto com a uniformização da

interação e relacionamento com os clientes (ANSELMO, 2002, p. 45).

O mesmo autor aponta outros benefícios auferidos pelo EGP, como

o compartilhamento das ferramentas e técnicas de GP entre todos os envolvidos;

maior agilidade para identificar e tratar riscos; gerenciamento de projetos mais

eficiente, com os gerentes de projetos recebendo suporte de alto nível do EGP e

aprimorando a competência e o conhecimento dos mesmos em técnicas e

metodologias de GP reconhecidamente eficientes; melhor distribuição e priorização

de recursos entre os projetos e o aperfeiçoamento da capacidade gerencial quanto

ao reconhecimento dos mais importantes e que necessitem de maior atenção

(ANSELMO, 2002, p. 45-46).

85

Anselmo (2002, p. 47 apud GOODPASTURE, 2000) sugere uma

forma de quantificar o valor dos benefícios alcançados com a adoção do EGP,

através do cálculo do Valor Monetário Esperado (VME). O VME é o valor em

dinheiro de um resultado esperado, ponderado pela probabilidade desse resultado

ocorrer. A figura 31 ilustra a árvore de decisão para avaliação do cálculo do VME de

um EGP:

Figura 31. Árvore de decisão para avaliação do cálculo do VME de um EGP. Fonte: ANSELMO, 2002.

Assim, o Valor Esperado (VE) de um EGP consiste no valor do

resultado do projeto em cada uma das situações, ponderado por sua probabilidade,

isto é:

VE[EGP] = Valor(Projeto dentro do prazo e custo) * P1 +

Valor(50% acima do custo) * P2 +

Valor(100% acima do custo) * P3

Se:

VE[EGP] + Custos operacionais do EGP > VE[Sem EGP] Então: Implantação do EGP é justificada.

O cálculo demonstra que apenas quando o valor esperado do EGP

somado aos custos operacionais do mesmo for maior que o valor esperado sem a

sua adoção é que a implantação do EGP é justificada em termos financeiros.

86

7.9 O EGP e o Alinhamento Estratégico

De acordo com Costa (2007 apud PRADO & MATOS, 2004), há uma

forte ligação entre a origem dos projetos e as metas para atendimento da estratégia

de negócio da organização. Como cada projeto está associado ao cumprimento de

uma meta, o gerenciamento desses projetos deve ser conduzido de forma a alinhar

seus objetivos aos objetivos organizacionais.

Anselmo (2002, p. 46) concorda com essa afirmação, dizendo que

quanto mais próximo estiver o foco do EGP em relação às estratégias de negócio da

organização, maior será o valor dado ao mesmo. Atuando dessa forma, o EGP

prioriza a maximização do valor da empresa e da taxa de sucesso de suas iniciativas

estratégicas. Entretanto, se o foco estiver mais próximo do nível operacional, maior

será a redução dos custos de execução, porém, menor será a percepção do valor do

EGP por parte da organização. A figura 32 permite visualizar melhor essa relação:

Figura 32. Relação entre o foco de atuação do EGP e o valor para a organização. Fonte: ANSELMO, 2002.

87

Costa (2007, p. 6) apresenta, então, algumas responsabilidades que

o EGP deve assumir e cumprir para atingir o objetivo do alinhamento estratégico dos

projetos sob sua supervisão:

• Dotar a organização de maior agilidade e flexibilidade para aceitar mudanças;

• Buscar efetivamente o alinhamento dos projetos com os negócios;

• Utilizar um vocabulário comum em toda a organização;

• Participar ativamente dos desdobramentos de metas no que se refere aos

projetos;

• Demonstrar o cumprimento de metas corporativas como resultado da

execução dos projetos;

• Garantir a aderência dos projetos de cada EGP setorial às prioridades e

metas da organização;

• Gerenciar e disseminar a cultura de GP aliada à busca pela realização das

metas organizacionais;

O mesmo autor aponta o EGP como um recurso chave para

estabelecer a competência organizacional em GP, com o papel de dar o suporte

consistente e disciplinado para seleção, priorização e gestão de recursos dos

projetos, visando mitigar os riscos da dependência dos negócios com as aplicações

de TI. Além disso, cabe ao EGP integrar o gerenciamento de projetos de TI dentro

da organização, provendo a expertise aos projetos a fim de que os mesmos

atendam às necessidades do negócio e ofereçam um diferencial competitivo à

organização em relação aos concorrentes.

8 ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS E SERVIÇOS DE TI

Os desenvolvedores de software e gestores da área de TI estão em

constante busca por técnicas, ferramentas e metodologias que os auxiliem a

gerenciar projetos e serviços, ou mesmo ofereçam novas opções para a realização

de seus objetivos organizacionais. Por razões óbvias, estes optam na maioria das

vezes, por processos ou instrumentos que sejam comprovadamente eficientes e

amplamente reconhecidos, como é o caso das tecnologias abordadas neste estudo.

Conforme observado também através deste estudo, o EGP

apresenta-se como um excelente mecanismo de apoio para a implementação das

estratégias organizacionais, especialmente em relação ao Gerenciamento dos

Projetos, proporcionando um controle centralizado, integrado e padronizado sobre

os mesmos por meio de técnicas eficientes de GP, como as descritas no PMBOK.

Da mesma forma, pôde-se observar que o Gerenciamento de

Serviços de TI, com destaque para a abordagem da ITIL, contribui significativamente

para o cumprimento e realização das estratégias da organização, exploração de

oportunidades e maximização de benefícios. Além disso, a atividade possui estreita

ligação com os projetos organizacionais, pois geralmente consiste em manter em

operação os produtos gerados por estes.

Este capítulo apresenta, então, uma abordagem de correlação entre

os conceitos estudados: Gerenciamento de Projetos e Gerenciamento de Serviços

de TI, definindo uma proposta de integração entre os mesmos em um modelo de

Escritório de Gerenciamento de Projetos e Serviços (EGPS) de TI, considerando a

íntima relação e complementaridade entre ambos e os benefícios que podem ser

obtidos com essa junção, tanto quantitativa quanto qualitativamente.

89

8.1 Conceito de EGPS de TI

O modelo proposto de EGPS de TI é definido como uma entidade

organizacional responsável pela coordenação dos projetos e serviços de TI sob seu

domínio. Em termos práticos, consiste basicamente em um EGP de TI acrescido da

disciplina de Gerenciamento de Serviços. O EGPS combina as potencialidades das

metodologias de Gerenciamento de Projetos e de Gerenciamento de Serviços ao

modelo tradicional de EGP.

Com essa integração, pretende-se estender a abrangência e o foco

de atuação do EGP, ampliando a eficiência e eficácia do mesmo em relação à

atividade de Gerenciamento de Projetos – com a adoção e aplicação dos

conhecimentos descritos e recomendados no PMBOK – e agregando também ao

mesmo, a disciplina de Gerenciamento de Serviços, com base na abordagem da

ITIL, as quais são amplamente reconhecidas como melhores práticas comprovadas

dentro de suas áreas de atuação, definindo assim um novo modelo de EGP de TI.

A missão do EGPS de TI consiste em oferecer um controle

completo, integrado e abrangente aos produtos desenvolvidos e suportados pela

área de TI da organização. Oferecer um controle completo diz respeito ao

acompanhamento gerencial a todas as etapas de produção e operação dos produtos

de TI, e não somente durante o projeto. Por ser um controle integrado, o EGPS

proporciona melhores mecanismos de avaliação e redução de custos, além do

registro de lições aprendidas, que podem ser compartilhadas em uma mesma base

de dados histórica. Com uma área de maior abrangência, os gestores do EGPS

ampliam as oportunidades e valor da TI para a organização, com a sinergia entre

suas mais importantes atribuições: gerenciar projetos e serviços.

90

A atuação do EGPS abrange a maior parte do ciclo de vida do

produto, tendo início a partir da concepção do projeto e estendendo-se por todo o

desenvolvimento, entrada em produção e vigência de operação, encerrando-se

apenas com a obsolescência ou término de utilização do produto. A figura 33 mostra

o campo de atuação do EGPS dentro do ciclo de vida do produto.

Figura 33. Campo de atuação do EGPS dentro do Ciclo de Vida do Produto.

O modelo de EGPS proposto amplia e fortalece a ligação entre a alta

administração e os gestores da área de TI, aperfeiçoando assim o sistema de

feedback existente entre os mesmos em relação ao EGP tradicional. Os relatórios

sobre os projetos organizacionais, acrescidos com as informações a respeitos dos

serviços de TI em operação na organização, aprimoram e auxiliam os gestores a

tomar decisões estratégicas sobre a TI e a respeito dos negócios, visando encontrar

o equilíbrio desejado entre o volume de recursos a ser aplicado e o retorno esperado

nos investimentos. Além disso, permitem verificar e atuar no sentido de garantir o

alinhamento entre os objetivos dos projetos e serviços aos objetivos estratégicos da

organização. A figura 34 ilustra o esquema de feedback do EGPS de TI.

91

Figura 34. Esquema de feedback do EGPS. Adaptado de: SBRAGIA, RODRIGUES & GONZÁLES, 2007.

8.2 Atribuições de um EGPS

O conjunto de atribuições de um EGPS de TI compreende as

atividades de GP e GS, dentre outras, a serem realizadas pelo mesmo visando

alcançar os níveis de eficiência e eficácia esperados para a área de TI,

demonstrando o seu valor e importância para o sucesso dos negócios.

Assim, as principais características e atribuições que um EGPS de

TI deve possuir são:

• Coordenar os projetos e serviços de TI sob seu domínio;

• Desenvolver e aplicar metodologias de GP, como as definidas no PMBOK;

• Implementar técnicas e ferramentas de GS, como os processos da ITIL;

• Exercer o controle centralizado das informações referentes aos projetos e

serviços em andamento;

• Definir e emitir relatórios sobre projetos e serviços da organização;

92

• Registrar e aplicar as experiências e lições aprendidas durante as atividades

de GP e GS;

• Definir políticas, procedimentos, modelos e demais documentos relacionados

a projetos e serviços;

• Alocar recursos entre os projetos e serviços a cargo do EGPS;

• Efetuar o gerenciamento de configuração centralizado;

• Gerenciar os meios e formas de comunicação;

• Monitorar os prazos e orçamentos dos projetos;

• Controlar custos de propriedade e de infra-estrutura de TI;

• Dar suporte aos gerentes de projetos, dirigentes e gerentes funcionais

envolvidos com os projetos e serviços;

• Promover a gestão do pessoal envolvido com os projetos e serviços;

• Apoiar o gerenciamento de projetos e serviços, com treinamentos, operação

de softwares de GP e GS e manutenção da infra-estrutura de TI;

• Alinhar metas da área de TI com os objetivos organizacionais;

• Tornar conhecidos os valores e a importância estratégica da TI;

• Suportar as operações da empresa e implementar as estratégias necessárias

para atender o crescimento e a expansão dos negócios;

• Desenvolver ou aplicar padrões que contribuam para a qualidade dos projetos

e serviços de TI;

• Agregar valor para o negócio reduzindo custos e aumentando a eficiência na

entrega e suporte dos serviços de TI;

• Desenvolver novos projetos para o atendimento às estratégias de negócio da

organização.

93

8.3 Modelos de EGPS

Assim como em um EGP tradicional, é possível definir diversos

modelos de EGPS de TI, cada qual com graus de especialização e responsabilidade

distintos. O modelo mais adequado a ser adotado varia conforme a maturidade,

cultura, estrutura organizacional, nível de atuação e disponibilidade de recursos da

organização, a qual deve escolher o tipo que melhor se adapte à sua realidade.

Tipos específicos de EGPS de TI podem ser constituídos com base

nos modelos de EGP abordados neste estudo, acrescidos da disciplina de

Gerenciamento de Serviços. Isso significa que um EGPS de Nível 1 deve possuir

atribuições e responsabilidades similares a um EGP de Nível 1, diferindo deste

apenas por incorporar as atividades de GS. O mesmo princípio aplica-se aos outros

níveis de EGPS, nos quais as atividades de GS não mudam, independentemente do

nível adotado. A figura 35 apresenta os modelos de EGPS sugeridos.

Figura 35. Modelos de EGPS.

94

8.4 Estrutura do EGPS

O EGPS de TI proposto adota o conceito de papéis funcionais em

sua definição e organização estrutural. Estes descrevem as atividades e

responsabilidades a serem exercidas para a efetiva operação do escritório. Quanto

ao número de pessoas e os papéis que cada um deve assumir, estes variam,

obviamente, de acordo com as dimensões do EGPS e da organização.

A estrutura interna de um EGPS pode ser organizada por meio da

divisão e agrupamento dos papéis conforme as áreas específicas de atuação do

mesmo, ou seja, GP e GS. Assim, cada área define os papéis a serem exercidos

visando o cumprimento e a realização de determinada atividade da mesma. À frente

de cada área deve estar um supervisor, responsável pela coordenação das

atividades. Cada supervisor deve se reportar ao diretor do EGPS, que centraliza e

exerce a gestão executiva do mesmo. A figura 36 ilustra essa estrutura:

Figura 36. Proposta de estrutura interna do EGPS.

A estrutura sugerida visa, por um lado, obter a maximização da

eficiência de cada área que abrange o EGPS, valorizando a especialização das

95

atividades e a manutenção do foco de atuação de cada área. Por outro lado, a

estrutura busca suprimir a sobrecarga de trabalho gerencial, principalmente sobre a

direção executiva, estabelecendo um modelo de gestão equilibrado e eficaz.

Assim, os papéis mais comuns em um EGPS de TI são divididos em

3 grupos: (1) papéis executivos e gerenciais; (2) papéis relacionados ao

Gerenciamento de Projetos e (3) papéis ligados ao Gerenciamento de Serviços.

8.4.1 Papéis executivos e gerenciais

• Diretor do EGPS: Exerce a gestão executiva do EGPS coordenando as

atividades de GP e GS visando atingir os objetivos do mesmo. Normalmente

integra o corpo diretor da organização, participando assim das decisões

estratégicas e administrativas da mesma com foco na visão e alinhamento

dos projetos e serviços de TI aos planos e estratégias organizacionais. O

diretor do EGPS comunica à alta administração as informações a respeito dos

projetos e serviços em curso, apresentando os resultados e vantagens

obtidas através da atuação deste em benefício dos negócios. Além disso,

empenha-se em conquistar mais investimentos e recursos ao setor, visando

ampliar e melhorar tais resultados. Ademais, o diretor relaciona-se com o

Gerente de Projetos, Gerente de Serviços e demais membros do EGPS,

supervisionando e orientando suas atividades em busca de resultados

positivos, observáveis e mensuráveis, com o emprego efetivo e correto das

metodologias e técnicas de GP e GS estabelecidas e em uso pelo escritório;

• Gerente de Projetos: Subordinado ao diretor do EGPS, coordena as

atividades de GP visando realizar com sucesso os projetos organizacionais.

96

Além de atuar sobre cada projeto em andamento, aplicando metodologias e

técnicas eficientes de GP como as diretrizes definidas no PMBOK, de forma

que os mesmos sejam desenvolvidos dentro do prazo, orçamento e escopo

determinados, o Gerente de Projetos empenha-se em promover o

alinhamento entre os objetivos dos projetos e os planos estratégicos da

organização. Reportar ao diretor do EGPS e demais interessados

informações relativas ao andamento dos projetos é outra de suas atribuições,

bem como tomar decisões sobre os mesmos e resolver os problemas que

venham a ocorrer. O Gerente de Projetos prima por apresentar resultados

satisfatórios em relação aos projetos, sempre levando em consideração as

lições aprendidas com os desenvolvidos anteriormente;

• Gerente de Serviços: Responsável pelas atividades de GS do EGPS, tem a

incumbência de manter em operação a infra-estrutura e o fornecimento dos

serviços de TI, empregando para isso métodos e procedimentos de GS

eficazes, como os processos sugeridos pela ITIL. Subordinado ao diretor do

EGPS, repassa ao mesmo e aos demais interessados, informações a respeito

da oferta de serviços, infra-estrutura, atividade de processos e resultados

alcançados, contribuindo para a geração de valor da TI, melhoria e

alinhamento dos serviços às metas de negócio da organização. Além disso, o

Gerente de Serviços mantém contato com o Gerente de Projetos, trocando

informações, fornecendo feedback a respeito dos produtos dos projetos

implementados na forma de serviços e conhecendo os detalhes dos mesmos

que permitam extrair e obter o melhor desempenho operacional possível.

97

8.4.2 Papéis da Gerência de Projetos

• Especialista em Gerenciamento de Projetos: Assessora a execução dos

projetos, realiza tarefas administrativas, emite relatórios, define ou aplica

padrões e regras, verifica a consistência entre os projetos, avalia propostas,

elabora treinamentos, cuida do controle de qualidade dos projetos,

desenvolve, aplica e aperfeiçoa metodologias ou processos e faz auditoria,

dentre outras funções;

• Especialista em Software e Documentação: Dá suporte, treinamento e

assessoria aos usuários nas ferramentas informatizadas, softwares de

gerenciamento de projetos, manutenção de banco de dados históricos e de

lições aprendidas, arquivamento de documentação, desenvolvimento de

novos aplicativos de gerenciamento e controle, etc.;

8.4.3 Papéis da Gerência de Serviços

• Gerente de Entrega de Serviços: Responsável pela execução dos

processos e atividades ligadas à Entrega de Serviço como, por exemplo, o

cumprimento dos acordos celebrados com os clientes. Supervisiona os

trabalhos dos seguintes gerentes e suas equipes: Gerente do Nível de

Serviço, Gerente da Capacidade, Gerente da Disponibilidade, Gerente da

Continuidade dos Serviços de TI e Gerente Financeiro.

• Gerente do Nível de Serviço: Responde pelo processo de Gerenciamento

do Nível de Serviço, o qual é composto de atividades como: identificar as

necessidades do cliente, definir serviços que atendas essas necessidades,

98

formalizar e celebrar contratos com estes, monitorar os níveis de serviço,

emitir relatórios gerenciais sobre os serviços e aperfeiçoá-los continuamente.

• Gerente da Capacidade: Este papel consiste em administrar o processo de

Gerenciamento da Capacidade, garantindo que o Plano de Capacidade seja

desenvolvido e mantido, além de entregar relatórios sobre o processo;

• Gerente da Disponibilidade: Conduz as atividades do processo de

Gerenciamento da Disponibilidade, mantendo os recursos de TI disponíveis

segundo os níveis de serviço acordados.

• Gerente da Continuidade dos Serviços de TI: Implementa e mantém o

processo de Gerenciamento da Continuidade dos Serviços de TI,

estabelecendo as medidas de contingência e garantia da continuidade do

serviço mesmo em situações indesejadas;

• Gerente Financeiro: Administra e elabora orçamentos, estimativas e análise

de custos, investimentos, estabelecimento de preços, contabilidade, cobrança

e demais ações referentes ao processo de gestão financeira da área de TI;

• Gerente de Suporte aos Serviços: Responsável pelos processos de Suporte

aos Serviços, os quais procuram garantir a manutenção e continuidade dos

serviços de TI em operação. Controla a atuação dos seguintes gerentes e

suas equipes: Gerente da Central de Serviços, Gerente de Incidentes,

Gerente de Problemas; Gerente de Configuração; Gerente de Mudanças e o

Gerente de Liberações.

• Gerente da Central de Serviços: Coordena a Central de Serviços em sua

missão de oferecer suporte técnico de alto nível ao usuário. Orienta a equipe

a atender de forma eficiente aos chamados internos e externos, visando a

satisfação do cliente e a obtenção de excelentes padrões de desempenho.

99

• Gerente de Incidentes: Controla as ações inerentes ao processo de

Gerenciamento de Incidentes, tais como investigação, diagnóstico, resolução

e recuperação, no sentido de resolver os incidentes ocorridos envolvendo os

serviços de TI e restabelecendo-os no menor espaço de tempo possível.

• Gerente de Problemas: Executa as atividades do Gerenciamento de

Problemas, com a intenção de identificar distúrbios que venham a causar

incidentes novos ou reincidentes, sanando-os definitivamente.

• Gerente de Configuração: Comanda o processo de Gerenciamento da

Configuração, promovendo a gestão da infra-estrutura e de todos os itens de

hardware e software usados na prestação dos serviços de TI, além de

fornecer informações precisas sobre tais elementos a todos os interessados.

• Gerente de Mudanças: Responsável pela implementação das mudanças

definidas no processo de Gerenciamento de Mudanças, incluindo as

atividades de registro, aceitação, classificação, planejamento, aprovação,

coordenação e avaliação das mudanças, reportando a quem interessar os

números e indicadores de desempenho obtidos com o processo.

• Gerente de Liberações: Atua no processo de Gerenciamento de Liberações

definindo funções e políticas de planejamento, projeto, construção,

configuração, teste, implementação, distribuição e instalação das unidades de

liberação criadas a partir das mudanças solicitadas e autorizadas.

• Gerente de Segurança: Responde pela aplicação do processo de

Gerenciamento de Segurança, com o estabelecimento de políticas e planos

de segurança, implementação das medidas definidas nos planos, avaliação

dessas implementações, manutenção e comunicação das diretrizes

envolvendo a segurança da informação.

100

8.5 Implantação do EGPS

A introdução do EGPS em uma corporação é uma importante

decisão a ser tomada visando obter melhores resultados em seus projetos e

serviços de TI, tornando-os melhor ajustados ao negócio e proporcionando

benefícios tangíveis ao mesmo. No entanto, a implantação satisfatória de um EGPS

exige um esforço conjunto de toda a organização, e deve ser feita mediante um

planejamento cuidadoso envolvendo pessoas, processos e tecnologias.

O envolvimento das pessoas no modelo de implantação implica em

uma mudança cultural quanto a crenças, atitudes e valores a respeito do trabalho,

visão gerencial, envolvimento com o negócio, relação com os clientes, processos de

trabalho, formas de comunicação e critérios de qualidade, dentre outras.

A implementação do EGPS pode sugerir a inclusão ou readequação

dos processos organizacionais visando a melhoria e o aperfeiçoamento dos mesmos

com o propósito de ajustá-los às normas de GP, GS, ou mesmo às necessidades do

negócio, tornando-os mais efetivos.

A estratégia de implantação quanto à tecnologia compreende a

adoção de ferramentas e o correto dimensionamento da infra-estrutura de TI de

modo a fornecer o suporte computacional e tecnológico adequado para a realização

das atividades pertinentes ao escritório.

Propõe-se neste trabalho um modelo de implementação por fases,

as quais possibilitam a introdução do EGPS à organização por meio de estágios que

são incrementados e evoluem a cada nova fase. A abordagem sugerida baseia-se

no modelo de implantação de EGP combinado com o Programa de Aperfeiçoamento

Ininterrupto do Serviço (PAIS) recomendado pela ITIL.

101

8.5.1 Fases de implantação

A presente abordagem de EGPS de TI sugere a adoção de um

esquema composto por 4 fases de implementação: Planejamento; Implantação;

Operação e Melhoria Contínua. Obviamente, o número de fases e os procedimentos

a serem empregados em cada uma podem variar de acordo com o tamanho, perfil e

maturidade da organização. A figura 37 ilustra as fases e principais atividades

definidas no esquema proposto:

Figura 37. Fases de implantação do EGPS.

8.5.1.1 Fase de Planejamento

A fase de planejamento é considerada uma das mais importantes

dentro do processo de implantação do EGPS. Durante a mesma são definidas as

bases sobre as quais o EGPS estará fundamentado, como a montagem da estrutura

organizacional, designação da direção executiva, determinação do escopo,

enunciação da missão e o estabelecimento dos objetivos a serem atingidos a longo,

médio e curto prazo.

Para isso, é importante fazer um levantamento da situação atual da

organização visando o reconhecimento da infra-estrutura, ferramentas, processos e

foco da TI em relação aos negócios. Com base nesse levantamento devem ser

estimados os custos e os esforços necessários para iniciar a operação do EGPS,

102

assim como a definição dos prazos, dos riscos associados e das estratégias de

comunicação e difusão da visão.

Durante essa fase deve-se também planejar as atividades das

demais fases e fixar os marcos de referência, os quais serão verificados ao longo do

estágio de implantação e permitirão avaliar o desempenho e a eficácia do processo.

8.5.1.2 Fase de Implantação

Na etapa de implantação acontece a montagem da equipe e a

instalação física do escritório conforme o plano definido na fase anterior. Com os

recursos obtidos são providenciadas as ferramentas e a infra-estrutura de hardware,

software e de rede necessárias para o EGPS entrar em operação.

Nessa fase ocorre também o treinamento da equipe com base nas

metodologias e processos definidos. Além disso, todos os envolvidos devem ser

conscientizados a respeito das mudanças organizacionais, uma vez que elas

exercem grande influência sobre o sucesso do esforço. A comunicação das

vantagens e benefícios a serem obtidos com a introdução do EGPS, bem como a

importância da participação e comprometimento de todos deve ser ressaltada com

empenho por parte dos responsáveis pela implantação, visando eliminar focos de

resistência que venham a dificultar o processo.

8.5.1.3 Fase de Operação

Ao entrar em operação o EGPS começa a atender aos primeiros

projetos e a controlar os processos de GS a pequenos passos, ampliando o número

103

destes à medida que vai ganhando mais experiência e amadurecimento. Nessa fase

são aplicadas as técnicas, ferramentas e processos de GP e GS, os quais orientam

as ações a serem realizadas segundo a metodologia adotada. Contudo, é de suma

importância manter o foco nos objetivos traçados, os quais visam o atendimento das

metas estratégicas de negócio, e não apenas preocupar-se com o cumprimento de

processos e procedimentos formais.

Ampliam-se nesse estágio as estratégias de comunicação da visão e

missão do EGPS a toda a corporação, de modo que todos sejam envolvidos e

orientados quanto às mudanças organizacionais em curso e os benefícios a serem

alcançados em decorrência das mesmas.

Para que os processos em operação sejam conduzidos

eficientemente, deve-se seguir um padrão de controle baseado na verificação,

consolidação e institucionalização dos mesmos. A atividade de verificação consiste

em monitorar e avaliar se o processo está sendo aplicado corretamente, ajustando-o

se necessário. A consolidação do processo é estabelecida a partir do momento em

que a aplicação do mesmo torna-se repetível, mensurável e plausível. Com isso, o

mesmo passa a ser institucionalizado e efetivamente utilizado pela organização.

8.5.1.4 Fase de Melhoria Contínua

A fase de melhoria contínua objetiva manter o aperfeiçoamento

constante dos processos de GP e GS implementados através do EGPS. O

dinamismo da área de TI impõe a necessidade incessante de atualização do

hardware, software, ferramentas, técnicas e recursos humanos, visando ampliar a

produtividade e eficiência do escritório.

104

O estágio de melhoria baseia-se na monitoração ininterrupta dos

processos e realização de revisões progressivas nos mesmos, permitindo que sejam

ajustados conforme necessário. O refinamento das habilidades e atividades do

EGPS contribui para a melhoria da qualidade dos projetos e serviços de TI, e

consequentemente para a obtenção de melhores resultados nos negócios.

9 CONCLUSÃO

O modelo de Escritório de Gerenciamento de Projetos e Serviços de

TI proposto revelou ser uma nova e viável opção para auxiliar os desenvolvedores

de software e gestores da área de TI a gerenciar os projetos e serviços sob sua

responsabilidade, superar os dilemas que envolvem tais atividades e contribuir para

o atendimento de seus objetivos organizacionais.

Formado a partir da composição de metodologias comprovadamente

eficientes e amplamente reconhecidas, o EGPS de TI reúne as potencialidades

dessas tecnologias com o propósito de gerar valor com a TI, aperfeiçoar os

processos, aumentar a produtividade, explorar as oportunidades e obter melhores

resultados nos negócios.

Dentre as metodologias escolhidas para compor o EGPS de TI,

destaca-se a tecnologia de Gerenciamento de Projetos definida segundo as

recomendações do guia PMBOK, a qual demonstrou contribuir efetivamente para o

sucesso dos projetos corporativos. Como os projetos são freqüentemente utilizados

para implementar as estratégias de negócio das organizações e constituem

atividades de alto risco, é de vital importância gerenciá-los satisfatoriamente. Por se

tratarem das melhores práticas de GP conhecidas e utilizadas, as diretrizes

apontadas pelo guia demonstram propiciar a realização dos projetos com êxito e

qualidade, tornando possível a conclusão dos mesmos dentro do prazo, custo e

escopo definidos.

As técnicas de Gerenciamento de Serviços compõem outra

abordagem importante incluída no conceito do EGPS. As atividades de GS, as quais

estão relacionadas a todo o controle, suporte e operação da infra-estrutura de TI,

106

incluindo a implementação de softwares obtidos como produtos gerados através dos

projetos organizacionais, evidenciam a forte dependência dos negócios em relação a

TI e a relevância do gerenciamento eficiente desses serviços para a organização. A

abordagem de GS do EGPS foi definida com base no modelo de referência ITIL, o

mais abrangente e coeso conjunto de melhores práticas comprovadas de

Gerenciamento de Serviços de TI em uso atualmente, que possui como princípios

fundamentais a qualidade do serviço e o uso de processos eficientes.

Ademais, o EGPS de TI foi concebido nos moldes do Escritório de

Gerenciamento de Projetos, o qual consiste em uma unidade organizacional que

exerce a gestão dos projetos sob sua responsabilidade, proporcionando a

simplificação, facilidade e otimização à atividade de GP em corporações que

controlam muitos projetos simultâneos. Conforme se pôde observar, o EGP

proporciona aos gestores um melhor controle gerencial sobre seus projetos, ao

organizar e padronizar tais práticas, definir processos, padrões repetíveis, métricas e

formas de verificação em uma única estrutura centralizada.

Além de assimilar as práticas de GP, GS e do EGP, o EGPS de TI

integrou os mesmos em um modelo gerencial unificado, centralizado e mais

completo, com abrangência a praticamente todas as etapas de desenvolvimento e

operação dos produtos de TI. Tais características favorecem a adoção de melhores

mecanismos para redução de custos, ampliação de oportunidades, obtenção de

vantagens nos negócios através da TI e maior garantia de alinhamento entre os

objetivos dos projetos e serviços e os objetivos estratégicos organizacionais.

A realização do presente trabalho proporcionou ao autor a

oportunidade de pesquisar, aprofundar e ampliar seu entendimento nos conceitos

estudados em sala de aula a respeito de técnicas e metodologias da área de

107

Engenharia de Software, especialmente da disciplina de Gestão de Projetos. A

atividade de pesquisa propiciou o acúmulo de experiência, aquisição de novos

conhecimentos, desenvolvimento da capacidade de investigação e a discussão e

apresentação de propostas para resolução de problemas do mundo real.

Observou-se durante a realização deste estudo que é factível a

realização de trabalhos futuros envolvendo o conceito de EGPS de TI, tanto no

sentido de comprovar sua eficácia, quanto de estendê-lo a outras áreas de atuação.

Métodos de pesquisa como, por exemplo, o Estudo de Caso, podem ser aplicados

com esse propósito, visando ratificar as vantagens de adoção do escritório,

investigar os prós e contras de sua implantação, medir o alcance do mesmo e

aprimorar seu conceito. Outras pesquisas podem avaliar a possibilidade de aplicar o

EGPS em áreas distintas da TI, especialmente em setores que lidam com projetos e

prestação de serviços.

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